Revista Internacional da Igreja Adventista do SĂŠtimo Dia
Nove m b ro 2 01 5
Procura o
e encontra a 14
Finalmente,
livres!
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O poder do pĂŁo
Foi Deus quem criou os dinossauros? 24
Nove mb ro 2015
A R T I G O
D E
C A P A
Procura o legalismo e encontra a hipocrisia
Defender nossa condição, antes de debatê-la, é uma boa ideia.
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Joseph Olstad
Ted N. C. Wilson
A Palavra de Deus é vida.
12 Por impulso ou bem pensado? D E V O C I O N A L
Gerald A. Klingbeil
O descanso sabático é mais do que um símbolo.
20 O poder do pão
A D V E N T I S T A
Jeff Couzins
Compartilhando a forma principal de hospitalidade.
M U N D I A L
F U N D A M E N T A I S
V I D A
8 Cada pessoa, um semeador V I S Ã O
14 Finalmente, livres! C R E N Ç A S
Bernd Sengewald
Nossa maneira de responder ao chamado de Cristo depende de onde estamos quando somos chamados.
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F É
E
C I Ê N C I A
Foi Deus quem criou os dinossauros?
Raúl Esperante
A Bíblia pode ou não conter a resposta.
25 Na estrada para Jericó M I S S Ã O
A D V E N T I S T A
Michael Mace
Nunca sabemos se vamos ajudar ou se seremos ajudados.
SEÇÕES 3 N O T Í C I A S
DO
MUNDO
3 Notícias breves 6 Notícia principal
11 S A Ú D E N O M U N D O Mal de Parkinson e a Levodopa
22 E S P Í R I T O D E P R O F E C I A 2 7 E S T U D O B Í B L I C O Natureza viva! Elias: uma pergunta e uma ordem 26 P E R G U N T A S B Í B L I C A S Uma questão de filiação 28 T R O C A D E I D E I A S
www.adventistworld.org On-line: disponível em 10 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. v. 11, nº- 11, Novembro de 2015.
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t i j m e n
F O T O S D A C A P A : f r e e i m a g e s . co m / v a n do b b e n b u r g h / M i r a P a v l a k o v i c
Infinda Graça
N ot í cias do M u ndo Andrew McChesney
Adventistas ajudam refugiados na Europa O próprio presidente da Divisão Transeuropeia é filho da guerra
A
Europa está lutando com a avalanche de migrantes, e os adventistas do sétimo dia de todo o continente estão mobilizando esforços para alimentar, abrigar, educar e ajudar os refugiados a começar uma vida melhor. Raafat Kamal, presidente da Divisão Transeuropeia da Igreja Adventista, disse que a crise dos migrantes reavivou lembranças de sua infância em uma das guerras no Oriente Médio. Desafiou os Como parte de uma iniciativa da adventistas a se unirem em igreja adventista em Mödling, oração e a dar todo apoio à Áustria, garotinha refugiada recebe ADRA e às igrejas adventisajuda nas tarefas escolares. tas que estão ajudando os refugiados. “Pessoalmente, vejo esse desafio como uma oportunidade de ajudar nossos visitantes e assim nos tornarmos pessoas melhores”, disse Kamal. “Essa é a beleza da generosidade e do serviço aos seres humanos necessitados.” Os líderes europeus estão se esforçando para lidar com a onda de migrantes na maioria sírios, que conseguiram chegar à Europa nos últimos meses. Muitos migrantes foram detidos por várias semanas na entrada de países situados nas fronteiras do continente, enquanto as autoridades lidavam com pilhas de pedidos de asilo. “Quando os refugiados chegam à Sérvia, estão extremamente exaustos”, disse Igor Mitrovic’, diretor da ADRA daquele país. Mitrovic’ ajudou na abertura de um centro de informação sobre asilo na capital, Belgrado, no fim de agosto. “Eles sempre dizem que as experiências que passam pelo caminho – abuso, extorsão de dinheiro, situações de quase morte e A u st r i a
inha busca por impecabilidade após meu batismo não sobreviveu um dia sequer. Após ser emergido, surgi da água com um brilho especial no rosto, alegre por ter entregado minha vida a Jesus. Após duas longas séries de estudos bíblicos, me uni a cinco dos meus colegas de classe para um culto de sábado à tarde, que encheu de felicidade meu coração de doze anos de idade. Família, amigos e colegas se aglomeravam ao meu redor, confirmando a decisão e a vida à qual eu estava me comprometendo. Mas mortal algum nunca foi muito longe na estrada da perfeição, sem pecado. No fim da tarde, enquanto nossa família caminhava em um santuário da natureza, comecei uma discussão familiar com um dos meus irmãos – sobre trabalho escolar; sobre quem trabalhava mais em casa, e outros assuntos sem importância que não eram dignos da divergência. E com uma sensação de náusea em meu estômago, percebi que eu tinha acabado de quebrar meu propósito de perfeição. Menos de três horas após eu ter entregue minha vida a Jesus, já estava com a consciência pesada por ter sido vencido por meu temperamento. Minha história é comum a milhões de cristãos e adventistas que se lembram de quando foram batizados. Esperávamos, e até críamos ingenuamente, que nunca mais iríamos pecar, e que o perdão de Cristo para nosso passado talvez não fosse mais necessário no futuro. Porém, menos de um dia após darmos nossa vida a Jesus, descobrimos mais uma vez, quanto necessitamos de Sua graça e misericórdia. É então que realmente começamos a viver nossa vida de discipulado – e não nos momentos fugazes quando não erramos conscientemente – mas nos dias, meses e anos em que nossa fragilidade é graciosamente restaurada por Jesus. Em todo o mundo adventista, mais de 3.500 pessoas estão sendo batizadas todos os dias. Caminhe ao lado delas; dê seu apoio; elogie suas boas decisões. Em seguida, os ajude a reconhecer – com você – que nunca seremos tão bons a ponto de não necessitarmos da graça, e que nunca seremos salvos por nada mais, a não ser pela justiça de Cristo.
A D R A
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N ot í cias do M u ndo de simplesmente perder a esperança – acabou sendo pior do que a destruição e as balas em seu país.” Os adventistas que estão trabalhando com a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) estão na linha de frente da crise dos migrantes. As agências da ADRA na Croácia e Eslovênia estão ativas coletando doações para os refugiados na Grécia, Macedônia e Sérvia. Um trem com dez toneladas de ajuda humanitária foi enviado para a Sérvia e 2,5 toneladas foram entregues gratuitamente na ilha grega de Lesbos pela Adria Airways, companhia aérea da Eslovênia. Os membros da Igreja Adventista estão ajudando os migrantes em muitos países da Europa, dentre eles a Áustria, Alemanha, Itália e Grã-Bretanha. “Incentivamos nossos membros a se informar com os líderes da sua igreja local e escritórios da ADRA sobre os planos e iniciativas em curso”, disse Kamal, presidente da Divisão Transeuropeia, com sede na Inglaterra e que abrange mais de 20 países europeus, incluindo a Sérvia, Hungria e Grécia. “Se não houver nenhum planejamento, incentivo os membros a iniciar um programa de apoio à ADRA e à igreja”, completou o presidente. A crise de refugiados trouxe muitas lembranças a Kamal, que cresceu no Líbano durante a guerra civil de 1975-1990. Ele perdeu familiares e amigos nos vários ataques à sua cidade. Certa vez, um foguete atingiu sua casa, destruindo o assoalho. Kamal deixou o Líbano em 1984 para cursar Administração e Teologia no Newbold College, instituição adventista de ensino, na Inglaterra. “Os refugiados estão assustados e desabrigados, e muitos têm presenciado horrores indescritíveis”, disse Kamal. “Precisamos ajudá-los. É nosso dever como seres humanos e cristãos.” n
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Alberto C. Gulfan, Jr., lembrado por seu amor ao evangelismo
Falece ex-presidente de Divisão após longa luta contra um câncer. Andrew McChesney com reportagem da Divisão do Pacífico Sul-Asiático
A
lberto C. Gulfan, Jr., evangelista apaixonado que realizava cinco a seis séries evangelísticas todos os anos, inclusive durante seus doze anos como presidente da Divisão do Pacífico SulAsiático, faleceu no dia 26 de setembro, após longa batalha contra um câncer. Ele tinha 64 anos de idade. Gulfan, adventista de berço, tinha um estilo de liderança tranquilo, humilde e amava jogar tênis. Seu jeito de ser o tornou querido entre amigos e colegas de trabalho. “Ele era um maravilhoso campeão da verdade de Deus e da proclamação do evangelho”, disse Ted N. C. Wilson, presidente mundial da igreja, em carta de condolências à esposa de Gulfan, Helen Bocala-Gulfan e seus três filhos adultos. Gulfan serviu a igreja por 42 anos, culminados, em junho de 2003, com sua eleição para presidente da Divisão do Pacífico Sul-Asiático, que abrange as Filipinas, Indonésia e outros doze países. Devido à sua doença, deixou o cargo na assembleia da Associação Geral, em julho de 2015. “Ele era um evangelista apaixonado. O evangelismo estava no seu sangue e era seu refrão constante”, disse G. T. Ng, secretário executivo da Igreja Adventista mundial, que começou a trabalhar com Gulfan como professor no Instituto
Internacional Adventista de Ensinos Avançados (AIIAS) na década de 1990. Na época, Gulfan trabalhava como presidente da União Filipina Central, cujo território incluía a escola. Myron Iseminger, sub-secretário para a Igreja Adventista mundial, disse que sempre se lembrará de sua participação em uma grande campanha evangelística realizada em vários locais na ilha filipina de Mindanao, concluída com um batismo massivo de mais de duas mil pessoas, dirigido por Gulfan. “Creio que qualquer pessoa que o conheceu concorda em declarar que o legado deixado pelo Pr. Gulfan foi sua paixão pelo evangelismo”, disse Iseminger, que por três anos trabalhou diretamente com Gulfan, como tesoureiro associado da SSD. Gulfan desempenhou várias atividades na igreja. Antes de ser eleito presidente da Divisão, foi colportorevangelista, pastor de igreja, pastor distrital, capelão e professor na área de saúde em hospital, diretor de saúde e temperança e presidente da União. “Eu gostava de sua liderança tranquila” e o admirava, disse Gerald A. Klingbeil, editor associado da Adventist Review e Adventist World, que trabalhou com Gulfan como diretor do Seminário Teológico do AIIAS, de 2006 a 2009. “Ele não era um líder barulhento, era muito humilde e sempre buscava o
Andrew McChesney
Alimentos adventistas são
dignos de um rei O novo monarca de Tonga elogia os desjejuns da coroação.
Alberto C. Gulfan Jr. em 2010. A NN
consenso, porém sabia para onde queria levar a igreja.” Ng descreveu Gulfan como “humilde não assumido”, e se lembra de como, há duas décadas, os dois gostavam de jogar tênis. “Quando jogávamos juntos, nunca o vi aborrecido por ter perdido uma partida”, disse ele. “Certamente, a igreja perdeu um homem de Deus dedicado e um valente soldado de Cristo.” Gulfan tinha memória excelente, disse Linda Mei Lin Koh, que conviveu com ele durante os nove anos em que dirigiu os ministérios da mulher, infantil e da família daquela Divisão. “Ele sabia que eu gosto muito de marang, fruta nativa das Filipinas (semelhante à jaca)”, disse Koh, atual diretora do ministério da criança para a Igreja Adventista mundial. “Sempre que eu ia à União Filipina Central para realizar treinamentos e seminários e nos encontrávamos, ele dizia que tinha pedido para alguém comprar marang para eu comer.” Alberto Cuyos Gulfan, Jr., nasceu em 1º de dezembro de 1950, em Cataingan, Masbate, Filipinas. Deixa Helen Bocala-Gulfan, sua esposa ao longo de 38 anos, que servia como diretora do ministério da mulher e coordenadora da AFAM na Divisão. Eles têm três filhos: o filho Lloyd e duas filhas, Helen Zella e Jarbien Pol; e dois netos. n
O
novo rei de Tonga aparentemente considera os alimentos produzidos pelos adventistas do sétimo dia como dignos de um rei. Milhares de convidados para a coroação do Rei Tupou VI foram servidos com cereais matinais integrais e leite de soja, tudo produzido pela gigantesca fábrica de alimentos Sanitarium Health & Wellbeing, de propriedade da Igreja Adventista. “Temos quase certeza de que esta é a primeira vez que isso acontece”, disse com entusiasmo o porta-voz da fábrica. A Sanitarium, com sede na Austrália e Nova Zelândia, despachou engradados de cereais matinais e seu leite de soja popular “So Good” (Muito Bom) para as comemorações realizadas em Nuku’alofa, capital desse reino Polinésio, formado por 177 ilhas, localizado a aproximadamente 2.400 quilômetros a nordeste da Nova Zelândia. Por três dias, alunos e funcionários do Colégio Adventista Beulah, em Tonga, serviram o desjejum para aproximadamente 4 mil dos 15 mil convidados para os onze dias de comemorações. Várias organizações, inclusive grupos da igreja, ofereceram refeições e promoveram atividades durante o evento. A Igreja Adventista ofereceu um programa especial em três pontos da capital. Começou com uma oração matinal, seguida de exercícios físicos e um
desjejum saudável. Os três locais ficaram lotados com convidados para a coroação: ministros, servidores civis, executivos e clérigos de várias denominações. O monarca de 56 anos de idade demonstrou ter apreciado tudo o que viu. “O rei, que tem um interesse especial pela saúde, ficou muito satisfeito por ter sido oferecido ao povo de Tonga um programa que promoveu os exercícios e alimentos saudáveis”, reportou a Adventist Record, do Sul do Pacífico. n E . U . A . s / W i k i co m m o n s
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dos
O l i v e r
Ma r i n h a
A n s e l
Rei Tupou VI após sua coroação em Nuku’alofa, Tonga.
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N ot í cias do M u ndo
Presidente da Igreja adere ao Ted N.C. Wilson deseja comunicar-se mais diretamente.
Andrew McChesney
T
ed N. C. Wilson, presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, lançou sua conta no Twitter e no Facebook em um esforço para comunicar melhor as atividades da Igreja diretamente aos membros e a outras pessoas. Wilson disse que usaria seu Twitter (@pastortedwilson) e a página no Facebook (facebook.com/pastortedwilson) para compartilhar suas orações particulares, seus textos favoritos da Bíblia e do Espírito de Profecia, informações sobre suas atividades de evangelismo atuais, fotos e notícias de suas viagens. “Quero comunicar melhor aos membros, algumas das atividades emocionantes da Igreja”, disse Wilson. Disse ainda que os membros da Igreja serão encaminhados ao seu pastor local, igreja local e associação para mais informação sobre essas iniciativas. Wilson tem um grupo pequeno de pessoas trabalhando com ele nas mídias sociais, mas todos os posts passarão por seu escritório. Entre outras coisas, Wilson deseja usar sua página no Facebook para responder a perguntas sobre sua visão para a Igreja, sua vida espiritual e atividades. As pessoas podem enviar as perguntas para o e-mail: askpastorwilson@adventist.org. Wilson responde a três perguntas às sextas-feiras. “Que privilégio é proclamar as três mensagens angélicas à medida que a vinda de Cristo se aproxima!”, disse Wilson. n
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P i x a b ay
Facebook e ao Twitter
Deus responde a oração com uma
queda de raio No Japão, escola adventista ora por água. Andrew McChesney
D
izer que Deus respondeu a uma oração com uma poderosa queda de raio pode soar como história de proporções bíblicas, mas o diretor do internato adventista, no Japão, diz que foi exatamente isso que aconteceu em seu campus. A Escola Hiroshima Saniku Gakuin Academy, situada nas colinas próximas a Mihara, cidade a cerca de 70 Km ao leste de Hiroshima, enfrentou uma grave falta de água em seus poços antigos, o que levou professores, funcionários e cerca de 300 alunos a caírem de joelhos. Certa manhã, uma queda de raio tremenda – completada com emissão de fumaça amarela e branca – sacudiu o campus, resultando em danos equivalentes a vários milhões de dólares, mas também, fez com que jorrasse água milagrosamente dos velhos poços, disse o diretor Shiro Onoue. “Após a queda do raio, a água começou a fluir imedia-
tamente de nossos poços”, disse Onoue. “Aleluia! Sei que Deus nos ajudou.” A água dos oito poços da escola começou a secar havia vários anos, e o problema se tornou crítico durante o verão de 2014. O diretor, temendo a falta de água quando as aulas retornassem, em setembro, mandou cavar um novo poço nas colinas do campus, a aproximadamente 450 metros acima do nível do mar. “A água do colégio é deliciosa porque vem de um sistema japonês bem conservado de água natural subterrânea”, disse Onoue em declaração divulgada pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático da Igreja Adventista. Não deu água nos dois primeiros poços. Na terceira tentativa, próximo ao final do verão, atingiram um veio com água suficiente para as necessidades do campus. Mas havia um problema: O poço não estaria funcionando no início
N S D
das aulas, porque primeiro precisavam completar vários procedimentos legais e testes da qualidade da água. As aulas da Hiroshima Saniku Gakuin Academy foram iniciadas como planejado, e os alunos e o corpo docente começaram a orar fervorosamente por água. “Orávamos, todos os dias, para que Deus guiasse e protegesse nosso abastecimento de água”, disse Onoue.
Visão panorâmica da Hiroshima Saniku Gakuin Academy (escola de ensino fundamental) implantada nas colinas, cerca de 70 quilômetros ao leste de Hiroshima.
A queda do raio
O dia 4 de setembro amanheceu nublado e com trovões soando à distância. Às 10h55min, cinco minutos antes de os alunos saírem das classes para o intervalo, um estrondo ensurdecedor abalou o campus. Onoue estava assentado na diretoria, trabalhando de costas para a janela. “Rapidamente eu me virei para a janela para ver o que havia acontecido”, disse ele. “Havia fumaça amarela e branca saindo detrás do ginásio de esportes, e eu soube que o raio havia caído ali.” Todo o campus ficou sem eletricidade e os prédios ficaram no escuro. Imediatamente, Onoue ligou para o ginásio
e ficou aliviado ao ouvir que todos lá estavam bem. Ele instruiu os alunos a permanecer nos prédios, enquanto os adultos investigavam a extensão dos estragos. Descobriram que o raio não havia atingido o ginásio, mas sim uma antena de telefone celular próximo à quadra de tênis, fora do prédio. Pedaços de concreto e escombros do topo da antena estavam espalhados pelo chão após serem arrancados pela descarga elétrica. A eletricidade foi restaurada à tarde, mas outros problemas apareceram nos dias seguintes. As bombas de água, extensões do sistema telefônico, postes, sistemas de radiodifusão de emergência do campus, e os sistemas de caldeiras nas casas dos professores foram todos danificados pelo raio, disse Onoue. Foi necessário o equivalente a cinco milhões de dólares para reparar os estragos, o que foi totalmente custeado pelo seguro da escola. Mais do que só ver o lado positivo
Ao avaliar os prejuízos, professores e funcionários começaram a encontrar vários aspectos positivos. Durante aquele período de férias, a escola havia trocado todos os computadores do laboratório de informática por modelos novos, comprados pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático, no entanto, nenhum deles foi atingido. Embora algumas caldeiras das casas dos professores tenham sido danificadas, as únicas que precisaram ser substituídas eram velhas e estavam mesmo precisando de reparos. Então, um funcionário da manutenção alertou Onoue que tinha acontecido algo no abastecimento de água do campus. Preocupado, Onoue perguntou se finalmente a água tinha acabado. “Não!”, disse o funcionário. “Os poços
que não estavam produzindo água agora estão produzindo mais do que o dobro do que produziam antes!” Onoue não pôde crer no que ouviu. Ele perguntou se o medidor da água não estava avariado e mostrando medidas erradas. O funcionário disse que essa foi sua primeira preocupação também, e que tinha conferido os calibres duas vezes e constatou estarem acurados. Onoue disse que a queda do raio, que inicialmente parecia ter sido um terrível desastre, tinha se transformado em um milagre divino. “Essa descarga de energia vinda do raio, de uma só vez, permitiu que atualizássemos todos os sistemas antigos”, disse ele. “Acima de tudo, estamos gratos por vermos, em primeira mão, a obra milagrosa de Deus ao permitir que a queda de um raio atingisse um veio de água para fornecer água suficiente para abastecer nosso campus.” Já se passou mais de um ano desde a queda do raio, e nossa escola nunca mais sofreu com escassez de água. E agora, o poço novo está pronto para uso. Onoue disse que o incidente fortaleceu a crença de professores e alunos de que Deus está guiando a Hiroshima Saniku Gakuin Academy, cujas raízes vêm de uma escola bíblica inaugurada em Tóquio, em 1898. O nome da escola em japonês significa “escola de educação tríplice”, referindo-se aos aspectos mental, físico e espiritual da educação adventista. Onoue disse que encontrou conforto nas palavras do apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 15:58: “Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor” (NVI). “Essa experiência nos assegurou, mais uma vez, que Hiroshima Saniku Gakuin é, sem dúvida, uma escola construída com um propósito claramente divino”, concluiu Onoue. n
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Cada pessoa, um Ted N.C. Wilson
Há vida na Palavra de Deus
Nota do editor: Este artigo foi adaptado do sermão do Pr. Ted Wilson, proferido du rante o Concílio Anual, dia 10 de outubro de 2015, em Silver Spring, Maryland (EUA). Foram retirados os elementos do estilo oral. Para acessar a transcrição completa e vídeos, visite: www.adventistreview.org/church-news/story3336-everyone-a-sower.
E
stamos vivendo em um tempo de mudanças sem precedentes. Deus chamou a Igreja Adventista do Sétimo Dia, Seu povo remanescente, para cumprir a missão de preparar o caminho do Senhor. Assim, é necessário depender completamente dEle a fim de receber o poder do Espírito Santo com a chuva serôdia. Já estamos no tempo do último e alto clamor – a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Cristo nos chamou para seguir Seu exemplo no serviço pelos outros, proclamando Sua verdade e justiça ao mundo e anunciando Sua segunda vinda. Os membros desta igreja mundial, com quase 19 milhões de fiéis, são chamados a fazer parceria com o Semeador Divino, Jesus Cristo, na proclamação de Sua última mensagem de amor, justiça, redenção,
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e a mensagem de advertência profética para os últimos dias, proclamando o breve retorno de Cristo. Cada pessoa um semeador, todos trabalhando juntos no envolvimento total dos membros da igreja, sob a direção do Espírito Santo. A parábola do semeador
Em Marcos 4:3-9 Jesus estava falando a milhares de pessoas às margens do mar da Galileia, próximo à maravilhosa planície de Genesaré. Os ouvintes podiam ver os semeadores e colhedores ocupados plantando as sementes e colhendo os primeiros grãos. Jesus identificou as verdades do céu usando parábolas com referências simples sobre o que estava acontecendo. “Ouçam! O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves
vieram e a comeram. Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas, de forma que ela não deu fruto. Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a trinta, sessenta e até cem por um. E acrescentou: Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!” Que privilégio ouvir a Palavra de Deus, receber Suas instruções, compreender Suas diretrizes para viver uma vida de vitória por meio do poder justificador e santificador de Cristo. Defenda a Palavra de Deus
No presente século a Palavra de Deus está sendo ignorada. Está se tornando moda interpretar mal e aplicar erroneamente o que é declarado nitidamente nas Escrituras. Ela está sendo reinterpretada por aqueles que adotam a alta crítica
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M U N D I A L
Devemos ser parceiros de Deus, como semeadores da verdade. ou criticismo histórico da Bíblia – por aqueles que se colocam acima das Escrituras, fazendo interpretações segundo seus próprios padrões e abordagens. Devemos seguir e promover fielmente o método bíblico-histórico de interpretar a Bíblia, permitindo que ela se interprete a si mesma. Como adventistas do sétimo dia, devemos aderir cuidadosamente ao documento votado em 12 de outubro de 1986, no Concílio Anual realizado no Rio de Janeiro, Brasil. Esse documento, “Métodos de Estudo da Bíblia”, (www. adventist.org/en/information/official statements/documents/article/go/0/ methods-of-bible-study/) descreve detalhadamente como devemos estudar a Palavra de Deus. Devemos seguir a visão historicista da profecia e compreensão bíblica. Pastores, professores, administradores, líderes de igreja, membros – não deixem que ninguém os desvie da compreensão historicista e interpretação histórico-bíblica das Escrituras. Defendam firmemente a Palavra de Deus. A Bíblia como se lê
Atente para as seguintes instruções sobre aceitar a Bíblia como se lê: “Deus exige mais de Seus seguidores do que muitos pensam. Se não queremos fundamentar nossas esperanças do Céu num falso fundamento, precisamos aceitar o que diz a Bíblia e crer que o Senhor cumpre o que afirma.”1 “Está buscando ensinar que a vereda do Senhor deve ser sempre estritamente seguida, que Sua Palavra deve ser tomada ao pé da letra, e que os homens não devem imaginar nem planejar segundo o próprio discernimento, sem consideração para com o Seu conselho.”2 Em Profetas e Reis lemos: “Muitos não hesitam em escarnecer da Palavra de Deus. Os que creem nesta Palavra logo que a leem são postos em ridículo” (p. 185). Que tenhamos ouvidos para ouvir a
Palavra de Deus, e mente que aceite Sua Palavra como se lê, na sua forma mais simples. O semeador semeia a Palavra
O que Jesus pretendia que os discípulos e nós compreendêssemos a respeito de cada pessoa ser um semeador da preciosa verdade da Palavra de Deus? Em Marcos 4:14 Ele explica: “O semeador semeia a palavra.” Lucas 8:11 diz que a semente a ser semeada é a Palavra de Deus. As sementes têm a capacidade de germinar. Há vida na Palavra de Deus. Mateus 13:37 indica que o Semeador da boa semente é o Filho do homem, Jesus Cristo. Ele veio não como rei, mas como um semeador, falando sobre a grande colheita que resultaria após desafios e dificuldades. Jesus deixou Seu lar celestial para semear a Palavra de Deus nesta Terra. Devemos imitá-Lo sendo semeadores da verdade. “Igualmente, Seus servos precisam sair para semear [...] Assim todos os que são chamados para unir-se a Cristo, precisam deixar tudo para segui-Lo.”3 O caminho plano
Lemos em Parábolas de Jesus, que “em cada mandamento, em cada promessa da Palavra de Deus está o poder, sim, a vida de Deus, pela qual o mandamento pode ser cumprido e realizada a promessa” (p. 38). No mesmo capítulo, lemos: “Os que estudam a Palavra de Deus com o coração aberto para a iluminação do Espírito Santo, não permanecerão em trevas quanto ao seu significado” (p. 37). E na página 39, “Nos dias de Cristo, os rabinos forçavam uma construção mística sobre muitas porções das Escrituras. Porque os claros ensinos da Palavra de Deus lhes condenavam as práticas, procuravam destruir sua força. O mesmo acontece hoje em dia. Deixa-se parecer
a Palavra de Deus cheia de mistérios e trevas, para desculpar as transgressões de Sua lei. Em Seus dias, Cristo censurava essas práticas. Ensinava que a Palavra de Deus deve ser compreendida por todos. Apontava às Escrituras como de autoridade inquestionável, e devemos fazer o mesmo.” Todo pastor, professor e membro devem participar ajudando todas as pessoas a se tornarem estudantes dedicados da Palavra de Deus e então, sair e falar a outros. Todos devemos ser semeadores da Palavra – cada pessoa, um semeador. Isso significa envolvimento total dos membros da igreja na última grande proclamação das importantes mensagens de Deus. O desejo de Cristo é que sejamos Seus substitutos, como semeadores da verdade. Devemos nos animar porque, ao semearmos, muitos ouvirão e receberão a Palavra de Deus como “ouvintes de solo fértil”. Esse é um grande privilégio. Devemos todos ser semeadores para Deus, com muito respeito, humildade e dependendo completamente da Sua liderança. Devemos nos comprometer a seguir as orientações de Deus contidas em Sua preciosa Palavra, nos escritos do Espírito de Profecia, e a andar diariamente com Ele, estudando a Bíblia, orando, e assim permitindo que Ele realize em nós o reavivamento e a reforma de que necessitamos. Nos portais da eternidade
Que o tema da última assembleia da Associação Geral (2015) “Levante! Brilhe! Jesus está voltando!” seja o fundamento de tudo o que fizermos ao avançarmos para o novo quinquênio, que, embora cheio de incertezas, será ainda mais repleto da presença e direção constantes de Deus. Ele está chamando a Igreja Adventista do Sétimo Dia para uma missão e propósito singular no
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Igreja de um dia
Hastes de girassol e prédios biodegradáveis
tempo do fim, e para que estejamos unidos ao Semeador celestial. Esta igreja foi iniciada pela vontade Deus, no tempo certo, no lugar certo e pelo motivo certo, que é o cumprimento de Apocalipse 12:17 – um povo “que guarda os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus.” Estamos nos portais da eternidade. Deus quer agir em nós e por nós como semeadores da Sua Palavra. Assuma com seriedade e aceite pessoalmente esse chamado de Deus. Faça algo para Jesus! O reavivamento e a reforma são a base firme para tudo o que o Senhor quer realizar por meio de Sua igreja remanescente na proclamação das três mensagens angélicas, e ao convidarmos as pessoas a adorar ao Deus verdadeiro. Ao virmos a aproximação do tempo do fim, renovemos nossos esforços de estar envolvidos em tudo o que Deus intenta para Sua igreja remanescente – todo membro envolvido na exaltação e proclamação de Cristo, Sua Palavra, Sua justiça, Sua obra no santuário, Seu poder salvador em meio ao grande conflito, Suas três mensagens angélicas, Sua mensagem de saúde, Sua missão para os últimos dias do mundo e Sua segunda vinda em breve. Essa é a obra de semeadura, confiada pelo Céu a nós, a fim de que todos trabalhemos juntos no envolvimento total dos membros sob a direção do Espírito Santo. Em breve, olharemos para cima e veremos Jesus aparecendo nas nuvens do céu, como disse que faria. Ele virá e nos levará para casa, culminando Sua obra redentora, usando cada seguidor que estiver disposto a evangelizar o mundo para Ele. n 1 Testemunhos 2 Conselhos 3 Parábolas
para a Igreja, v. 5, p. 17. aos Pais, Professores e Estudantes, p. 353. de Jesus, p. 36-37.
Ted N.C. Wilson é presi-
dente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Carrie Purkeypile
Esquerda: ANTES DA MARANATHA: Adventistas em Kainja constroem sua primeira igreja com materiais disponíveis: hastes secas de girassóis e “tijolos” de barro secos ao sol. Direita: PRONTO PARA AS PAREDES: Adventistas em Kainja queimaram tijolos para as paredes. O telhado à prova d’água garante que as paredes vão durar muitos anos. Talvez você já tenha ouvido a frase: “Floresça onde você é plantado.” O povo da pequena cidade de Kainja, Zâmbia, pode nunca ter ouvido esse refrão conhecido, mas certamente ele é vivido por eles. Kainja é cercada pelos campos de girassol. As sementes de vários alqueires de plantação de girassol são levadas para a produção de óleo em alguma cidade distante. A congregação adventista do sétimo dia tem 13 membros batizados, mas pelo menos 35 pessoas frequentam a igreja todas as semanas, e muitas delas são crianças. Até recentemente, a congregação se reunia em um prédio quase totalmente construído com hastes secas de girassol. Construir com hastes de girassóis foi certamente engenhoso, mas não foi uma boa solução para a necessidade deles. Cupim e outros insetos atacam sem clemência. Em todo o perímetro do prédio há uma grossa trilha de pó gerado pela destruição das paredes pelas pragas. O povo de Kainja tem trabalhado na produção de tijolos para construir uma igreja de verdade. Já gastaram incontáveis horas moldando e curando tijolos com o barro vermelho do local. O edifício em andamento e ainda sem telhado é impressionante, mas só até chover. Quando os tijolos de barro entram em contato com a umidade, rapidamente se desintegram, mal deixando marcas de sua existência. Para manter os tijolos sólidos, eles realmente necessitam de um telhado de metal. Mas, por pelo menos mais dois anos, a igreja de Kainja não teria recurso para financiar nem mesmo o revestimento metálico mais barato. Esse ciclo chegou ao fim quando as enormes carretas da Maranatha chegaram à cidadezinha. Em algumas horas apenas, a equipe levantou a resposta das orações daquele povo: uma estrutura de metal coberta com o que lhes faltava – um telhado sólido para os proteger do calor e da chuva. A Igreja Adventista de Kainja está em sua melhor forma e agradece a Deus todos os dias! A ASI* e Maranatha Volunteers International colaboram financiando e facilitando projetos de Igrejas de Um Dia e Escolas de Um Dia. Desde que esse projeto foi lançado em agosto de 2009, já foram construídas mais de 4.500 dessas igrejas em todo o mundo. *Associação de Empresários da Divisão Norte-Americana
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S aúde
no
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Mal de Parkinson ea
Levodopa
Peter N. Landless e Allan R. Handysides Meu colega foi diagnosticado com o mal de Parkinson e sua família está muito angustiada. Ele tem apenas 62 anos de idade e sempre foi muito ativo e brilhante na sua área. Ouvi falar de um novo método de estimulação elétrica, mas não sei se devo falar sobre ele com sua esposa.
O
mal de Parkinson é uma doença muito difícil que vai se tornar muito mais comum à medida que a população envelhece. Está previsto que o número de pessoas com Parkinson vai dobrar até 2030.1 O uso da droga Levodopa tem sido bem-sucedido para muitos, resultando em diminuição acentuada dos efeitos motores como o tremor, movimentos rígidos lentos e a inexpressividade facial característica. No Parkinson avançado, a flutuação na mobilidade se torna um problema crescente. A demência acompanha cerca de um terço dos casos de mal de Parkinson, e foi sugerido que aumentar a habilidade motora pode retardar a instalação de tal deficiência. Os neurofisiologistas têm feito experiências estimulando a região subtalâmica do cérebro há muitos anos. A estimulação elétrica do cérebro humano foi usada pela primeira vez por Scribanius Largus,2 médico da corte do imperador Cláudio. Ele usou o “peixe torpedo elétrico” para tratar dores de cabeça e gota, no ano 50 d.C. No final do século dezoito, quando a geração de corrente elétrica se tornou possível, a ideia de utilizá-la voltou a ser popular. Pacientes com mal de Parkinson têm sido um dos principais alvos de pesquisa e, em setembro de 2014, os vencedores do Prêmio de Pesquisa em Clínica Médica Lasker-KeBakey foram Alim-Louis Benabid (neurocirurgião no
Hospital da Universidade de Grenoble, França) e Mahlon DeLong (neurologista da Escola de Medicina Emory, Estados Unidos). Essa pesquisa e sua introdução prática na clínica têm melhorado a vida de milhares de pessoas com o mal de Parkinson. Estima-se que, nos Estados Unidos, um a dois por cento das pessoas com mais de 60 anos de idade, são afetadas pelo mal de Parkinson,3 e que sete a dez milhões de pessoas em todo o mundo, vivem com a doença.4 A aparência de máscara do rosto, voz suave, tremor, letra pequena, rigidez, problemas de equilíbrio e andar arrastado não são os únicos problemas causados pela doença e contribuem no sofrimento do paciente – sem mencionar o fato de que estranhos podem ser bem rudes, sugerindo que a pessoa afetada tenha deficiências mentais. Antes da Levodopa, a vida da pessoa com Parkinson era um pesadelo. O problema é que muitas vezes ocorre o período refratário, ou seja, parece que o remédio parou de funcionar. Benabid e DeLong, além de outros, têm utilizado sondas elétricas para enviar correntes elétricas rítmicas para os centros especializados do cérebro, chamados centros nervosos subtalâmicos, para ajudar a regular os movimentos. Os ritmos de baixa frequência pioram o tremor, que são diminuídos pelos pulsos mais rápidos. Ao individualizarem o estímulo
e utilizarem meticulosas técnicas de pesquisa, esses dois pesquisadores desenvolveram protocolos que têm sido usados por outros para replicar os resultados deles. Sem dúvida, você deve falar com a esposa do seu colega, e incentivá-la a estar aberta para esse tratamento. Por ser essa uma terapia de ponta e que há muito a ser descoberto ainda, é importante que ele seja tratado em instituições avançadas. A estimulação profunda do cérebro, como é chamada essa terapia, promete uma nova era na administração do mal de Parkinson, ou, pelo menos, um período de remissão que pode resultar em grande conforto. Em breve, outras doenças neurológicas também serão alvo para tal intervenção. Enquanto esperamos o tempo em que Deus fará novas todas as coisas, a possibilidade mesmo que seja de algum alívio para as doenças debilitantes como o Parkinson, é sempre uma esperança a mais! n 1 Carolyn Tanner, “A Second Honeymoon for Parkinson’s Disease?” The New England Journal of Medicine 368 (14 de fevereiro de 2013): 675, 676. 2 Michael Okum, “Deep-Brain Stimulation – Entering the Era of Human Neural – Network Modulation,” The New England Journal of Medicine 371 (9 de outubro de 2014): 1369-1373. 3 National Human Genome Research Institute, www.genome. gov/10001217. 4 Parkinson’s Disease Foundation, www.pdf.org/en/parkinson_ statistics.
Peter N. Landless, médico cardiologista nuclear, é diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral. Allan R. Handysides, médico ginecologista aposentado, foi diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral. Novembro 2015 | Adventist World
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D evocional
O
s pescadores estavam ocupados com suas redes. Um homem apareceu na praia do lago e começou a falar. Mais e mais pessoas se reuniram ao Seu redor. Em seguida, testemunharam um milagre. Voluntariamente, os pescadores deixaram suas redes e, finalmente, abandonaram seu trabalho para seguir aquele Homem. Deixaram tudo o que garantia sua sobrevivência e, sem nenhuma segurança, decidiram seguir Alguém quase desconhecido, para um futuro totalmente incerto (Mt 4:18-22)*. Alguma vez você já ficou maravilhado com essa história nos evangelhos? Pedro, André, Tiago e João simplesmente deixando tudo para seguir Jesus? Já se perguntou se você seria capaz de fazer o mesmo, espontaneamente, impulsionado pelo momento? Qual é o modelo?
Se você for como eu, teria gostado de ter um pouco mais de tempo para pensar e, acima de tudo, orar sobre uma decisão tão ousada; Iria querer saber o máximo possível sobre a pessoa que está planejando seguir. Aqui está uma boa notícia: Pedro, André, Tiago e João não se decidiram simplesmente pelo impulso do momento.
Houve um incidente, em particular, registrado em Mateus, Marcos e Lucas, que aconteceu por volta do verão do vigésimo nono ano de Jesus e cerca de um ano e meio ou dois após Ele ter iniciado o Seu ministério público.1 Esse ponto facilmente passa despercebido, mas se torna óbvio quando o texto bíblico é estudado cuidadosamente. Lemos em Mateus 4:12: “Quando Jesus ouviu que João tinha sido preso, voltou para a Galileia.” A mesma referência pode ser encontrada em Marcos 1:14, e o contexto em Lucas também deixa claro que, quando Jesus convidou os pescadores para segui-Lo, já havia começado Seu ministério na Galileia. Ele estava ativo antes da prisão de João Batista. No entanto, esse relato só é encontrado no Evangelho de João. Ali, lemos sobre o casamento em Caná (Jo 2:1-12), a primeira purificação do templo (versos 13-17), seguidos da frase sucinta: “Enquanto estava em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos viram os sinais milagrosos que Ele estava realizando e creram em Seu nome” (verso 23). João escreve sobre o encontro noturno com Nicodemos (Jo 3:1-21). Em relação a esse fato, ainda lemos: “Também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas e o povo vinha para ser batizado. (Isso se deu antes de João ser preso)” (v. 23 e 24).
Bernd Sengewald
Por
impulso ou bem
pensado? Somos chamados a seguir Jesus onde estivermos foto :
C r i st i n a
C h i r t e s
Como seres humanos, muitas vezes precisamos de um tempo, principalmente para decisões importantes. Quando Jesus foi à Galileia pela segunda vez, Sua popularidade estava tão alta entre o povo, que, quando um oficial da corte real, que morava a 25 km de onde Jesus estava, ouviu que Ele estava de volta à região, viajou de Cafarnaum a Caná para pedir a Jesus que curasse seu filho (Jo 4:45-47). Resumindo: As quatro pessoas que aparentemente deixaram tudo espontaneamente para seguir Jesus tiveram bastante tempo e várias oportunidades de conhecer seu Senhor e Salvador. Eram muito próximos dEle, viram e viveram como Ele vivia (Jo 1:35-42). Ouviram Suas pregações, viram Seus milagres e até batizaram em Seu nome (Jo 4:2). Jesus Cristo não precisava de que eles se decidissem pelo impulso. Pouco depois de Seu batismo, eles tinham sido discípulos de Jesus em meio período (Jo 1:35-51), e então, cerca de um ano e meio a dois anos depois, Ele os chamou para o discipulado em período integral.2 Como seres humanos, muitas vezes precisamos de um tempo, especialmente para decisões importantes. Jesus reconheceu esse fato com relação aos Seus discípulos. Imediatamente com Jesus
No entanto, quando Jesus chama, sempre há um “imediatamente”. Por exemplo, quando a mulher samaritana no poço de Jacó se convenceu de que estava na presença do Messias, imediatamente deixou seu pote e foi para a vila. Lá, ela falou aberta e entusiasticamente sobre sua nova crença e, como resultado, houve um grande movimento entre a população local (Jo 4:28-42). O endemoniado de Gadara, na região de Decápolis, é outro exemplo. Sua súplica para permanecer com Jesus foi recusada. Ao contrário, Jesus disse que ele fosse falar para sua família sobre o milagre ocorrido em sua vida. O homem deixou Jesus e foi por toda a região de Decápolis dando seu testemunho (Mc 5:18-20). Algum tempo depois, quando
Jesus visitou aquela região outra vez, quatro mil pessoas se reuniram para encontrá-Lo. Ele os ensinou e curou, e no segundo relato, concluiu alimentando miraculosamente a multidão. Em contraste com o milagre em que alimentou os cinco mil cuja maioria dos presentes era formada por judeus, nesse caso a maioria era de gentios, da região de Decápolis. Em outras palavras, eram da mesma região do ex-endemoniado de Gadara, que começou a testemunhar imediatamente após sua experiência com Jesus Cristo (Mt 15:29-39). Siga-Me
É importante colocar imediatamente em ação o que aprendemos com Jesus, passando a bênção para outros. Sem dúvida, essa é uma forma de responder ao “Siga-Me” de Jesus. Porém, até Jesus foi cuidadoso e Seu serviço para os outros era muito bem pensado. Ele conhece nosso coração e sabe quanto pode esperar de nós. A propósito: Você percebeu que a pregação de Jesus segue o mesmo modelo? Em Atos 1:8 Ele disse: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da Terra.” No primeiro ano e meio do Seu ministério, Jesus só pregou em Jerusalém e na Judeia. Quando a resistência dos líderes judeus se tornou muito grande, Ele levou a mensagem do Seu reino para a Galileia. No entanto, quando estava a caminho, parou em Samaria (Mt 4:12) e pregou ali. Quando a resistência na Galileia se tornou muito grande (Jo 6:66), Ele ministrava nas áreas em que os gentios viviam, inclusive na região de Decápolis (Mt 16:13).3 Quando lemos rapidamente os evangelhos, não percebemos ligações importantes e aspectos intrigantes do ministério de Jesus. Nem sempre é fácil compreender a cronologia. Mas tudo tem seu tempo e toma tempo, pois se trata de seres humanos. Ainda hoje o “siga-Me” de Cristo nos convida a entregar nossa vida completamente a Ele. Jesus sabe exatamente do que necessitamos, e quando necessitamos. n 1
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 2013), v. 5, p. 324, 325. Compare as anotações adicionais em Lucas 4 CBASD, v. 5, quadro das p. 213-215 e 226-228. 2 Ibid., p. 329. 3 Ibid., p. 450.
Bernd Sengewald é pastor do distrito de Schwäbisch Hall, no sul da Alemanha. Esse artigo foi publicado em um formato anterior no BWgung, jornal da Associação Baden-Württemberg, com sede em Stuttgart, Alemanha. November 2015 | Adventist World
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C renças
F undamentais
Gerald A. Klingbeil
NÚMERO 20
Finalmente,
livres!
Somos salvos para celebrar a libertação
E
les partem em barcos pequenos, levando centenas de pessoas que se espremem em um espaço destinado a poucas dezenas. Crianças, mulheres, homens, avôs e avós, tentando chegar a uma terra melhor. Começam sua jornada no Iraque, Síria, Líbia, Sul do Sudão, Somália, Congo ou onde o conflito, fome ou perseguição seja parte do seu cotidiano. Estão indo para a Europa, impulsionados pela esperança de um futuro melhor ou, apenas, para sobreviver. Arriscam tudo na busca pelo descanso e pela liberdade. A situação deles fala à nossa luta comum por esse descanso ilusório, o sentimento de pertencer, o reconhecimento de que, finalmente, estamos em segurança e livres. Quando vemos os barcos ao mar, enfrentando todas as adversidades, somos lembrados da nossa própria jornada para um lugar melhor, para o verdadeiro descanso.
Criados para a liberdade
É então que o sábado se torna parte da história. O sábado é a lembrança semanal do maior dom de Deus para a humanidade. De fato, é um presente para toda a criação. O sétimo dia da semana nos chama a atenção para a lembrança de dois eventos importantes na história humana. Primeiro, reconhecemos que a vida teve um princípio. As Escrituras relatam que Deus criou este mundo por meio da Sua palavra – e assim foi (Gn 1). Deus empregou seis dias para planejar e criar um ambiente deslumbrante com criaturas maravilhosas. A criação fala de um Deus que ama cores vibrantes, formatos extraordinários e a própria vida. “Lembra-te do dia do sábado” (Êx 20:8) conecta nosso coração e mente ao momento em que tudo começou. Moisés
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não incluiu nenhuma teologia ou luz nova na expressão fundamental do caráter de Deus à qual chamamos de Dez Mandamentos. Era a lembrança de uma criação perfeita, relacionamentos perfeitos e o livre-arbítrio. Infelizmente, nossos primeiros pais escolheram não confiar no Criador, com o qual se encontravam todos os sete dias da semana. É por isso que precisamos lembrar: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus[…] porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.” (versos 9-11). Descansamos porque Ele descansou. Descansamos porque ficamos maravilhados com Sua santidade e Suas bênçãos. Descansamos porque nos lembramos do Criador. Há, no entanto, outra razão importante para o descanso sabático. Após 40 anos no deserto, finalmente Israel estava pronto para entrar na Terra Prometida. Uma nova geração estava no limiar e uma vida completamente nova. Em vez de morar em tendas, iriam poder construir casas permanentes. Precisavam ouvir mais uma vez a expressão explícita do caráter de Deus. Nesse ponto entra Deuteronômio 5. Os israelitas precisavam comprometer-se pessoal e corporativamente com o Deus que havia tirado seus pais do Egito. O texto bíblico de Deuteronômio 5 é muito similar à primeira proclamação dos Dez Mandamentos na base do Monte Sinai. Contudo, há uma diferença marcante e é encontrada no mandamento crucial do sábado. Em lugar de “lembra-te”, o texto bíblico nos convida a “observar” ou “guardar” (verso 12). A observância do sábado é uma decisão consciente, não um acontecimento casual.
A observância do sábado é uma decisão consciente, não um acontecimento casual. No entanto, a maior surpresa é encontrada no motivo pelo qual devemos observar o sábado. “Lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado” (verso 15). O texto realmente deixa o implícito, explícito e procura falar à nova geração. A criação é o fundamento do sábado; liberação é a expressão mais tangível. Em cada um dos sábados seguintes, Israel (e você e eu) deveria se lembrar da verdadeira condição humana. Estávamos perdidos e fomos encontrados; éramos escravos, mas fomos libertados; fomos salvos por um Deus que não apenas molda a humanidade com Suas próprias mãos (Gn 2:7), mas que dá liberdade a eles “com poderosa mão e braço estendido” (Dt 26:8). O restante da história
Não é de admirar que Satanás esteja tão interessado em destruir o sábado.* Em vez de nos reconhecer como seres criados e nossa necessidade de salvação, ele sussurra aos nossos ouvidos a autossuficiência, justiça própria e independência. O sinal eterno da criação e salvação se tornou o centro da batalha cósmica entre o bem e o mal. Os séculos passados, e até milênios, têm sido testemunhas de conflitos muitas vezes violentos envolvendo o sábado, nos lembrando de que esse não é apenas um dia qualquer. Ao contrário, ele representa o centro do cuidado de Deus pela criação e Sua ação para salvar.
Assim, o conflito continua. Barcos carregados de pessoas desesperadas à procura de abrigo, proteção e liberdade continuam a ser lançados ao mar até o dia em que Jesus finalmente retornar. Mal, dor, destruição e abuso continuarão a ser a moeda mais difundida neste mundo enfermo pelo pecado, onde milhões estão constantemente em busca de refúgio e segurança. Portanto, cada sábado nos lembra de que somos do Senhor e de que esta vida de dor e trabalho árduo não continuará para sempre. Aquele que está o tempo todo trabalhando por Sua criação (Jo 5:17) um dia irá colocar um fim ao conflito para nos receber em Seu lugar de descanso (Hb 4): descanso de nós mesmos, descanso de nossas tentativas medíocres de sermos justos e santos, e descanso da angústia e tristeza que, em nossa existência, parece ser o natural. Então, realmente conheceremos Seu descanso sabático. E será em breve! n * Veja, por examplo, Ellen G. White, Manuscript Releases (Silver Spring, Md.: Ellen G. White Estate, 1990), v. 5, p. 88.
Gerald A. Klingbeil atua como editor associado da Adventist World. Aprecia cada sábado e espera ansiosamente o nosso primeiro sábado no Céu, ao lado de Jesus.
O Sábado O bondoso Criador, após os seis dias da criação, descansou no sétimo dia e instituiu o sábado para todas as pessoas, como memorial da criação. O quarto mandamento da imutável lei de Deus requer a observância desse sábado do sétimo dia como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o Senhor do sábado. O sábado é um dia de deleitosa comunhão com Deus e uns com os outros. É um símbolo de nossa redenção em Cristo, um sinal de nossa santificação, uma prova de nossa lealdade e um antegozo de nosso futuro eterno no reino de Deus. O sábado é o sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com Seu povo. A prazerosa observância desse tempo sagrado, de uma tarde à outra tarde, do pôr do sol ao pôr do sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de Deus. (Gn 2:1-3; Êx 20:8-11; 31:13-17; Lv 23:32; Dt 5:12-15; Is 56:5, 6; 58:13, 14; Ez 20:12, 20; Mt 12:1-12; Mc 1:32; Lc 4:16; Hb 4:1-11.) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 20
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A rtigo de C apa
Procura o
Joseph Olstad
e encontra a E
mbora corramos o risco de parecer pessoas com mente fechada, não temos tempo de considerar cada ideia nova ou ensino que atravessa nosso radar religioso. Frequentemente escolhemos o que consideramos estar fundamentado nos modelos teológicos ou paradigmas de nossa mente, que servem para moldar ou filtrar a informação. Esse modelo, por exemplo, me ajuda a enquadrar uma figura compreensível do Deus irado do Antigo Testamento com os ensinos de Jesus sobre perdoar os inimigos, no Novo Testamento. Sem um modelo, sou deixado com uma contradição, ou sou tentado a favorecer ou ignorar uma parte da Bíblia em relação à outra. Por outro lado, se um teólogo tenta me dizer que Jesus não era realmente divino, ou que os documentos do Novo Testamento são uma coleção de contrafações (na maioria das circunstâncias), nem me atrevo a considerar tais teorias. Simplesmente filtro as ideias e nem tento mudar meu paradigma para acomodar ao que considero sem sentido. Esses paradigmas são essenciais e funcionam muito bem até nos es-
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quecermos de que os estamos usando. Se isso acontece, podemos começar a filtrar inconscientemente partes importantes de informação que poderiam melhorar nossos paradigmas para refletir melhor a verdade. Pode ser que alguns cristãos, incluindo os adventistas, tenham assumido inconscientemente um paradigma que, ao ler os Evangelhos, não percebem alguns pontos cruciais levantados por Jesus. O conceito do legalismo é um desses paradigmas problemáticos que merecem ser considerados mais atentamente. Li e ouvi os contornos desse padrão em todos os lugares: Em escolas sabatinas, sermões, revistas e em conversas informais. “Os fariseus eram legalistas e ensinavam o legalismo”, “Jesus repreendeu seu legalismo e nos ensinou um novo estilo de graça e amor”; “Devemos obedecer à lei mas não realisticamente”; “Guardar o sábado é legalismo”, e assim por diante. Com esse paradigma, parece que o legalismo é uma grande ameaça aos evangelhos, de modo que as repreensões e os ensinos de Jesus são vistos como correção para o problema. Mas eu sugiro um paradigma diferente. Lembrando o ditado que diz: “Aquilo que
prende sua atenção determina o que você não percebe”, afirmo que o legalismo tem prendido tanto nossa atenção, que não percebemos a hipocrisia. Quando comecei a pensar nessa diferença, perguntei aos amigos na igreja se conheciam algum texto nos evangelhos que aborde o legalismo. Normalmente, a resposta foi silêncio ou o texto sobre “dizimar o endro e o cominho”. Talvez aquela frase tenha vindo também à sua mente. Vamos começar por aí. Considerando que o legalismo muitas vezes é definido como “guardar a lei para ser salvo”, vejamos se Mateus 23:23 é um bom exemplo desse comportamento. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”1 A repreensão
Então, pergunto: o que, exatamente, Jesus estava repreendendo? Seria o legalismo como é comumente compreendido? Não creio. De fato, em certo foto :
f r e e i m a g e s . co m / P e t e r
C a u l f i e l d
Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo. sentido, a verdade parece ser o oposto. Jesus não estava condenando os fariseus por guardarem a lei, fossem quais fossem seus motivos; Ele estava condenando sua negligência em guardar a lei. Mas Jesus não parou por aí. Ele não apenas repreendeu a negligência na guarda da lei, mas enfatizou que eles estavam negligenciando as questões mais importantes da lei. Percebeu? Segundo Jesus, os fariseus não apenas quebravam a lei, mas quebravam as leis mais importantes. Jesus também evidenciou outra dimensão de desobediência deles. É essa evidência que traz o “legalismo” à mente de muitos leitores. Eles não estavam apenas negligenciando o que era mais importante na lei, mas guardando o menos importante, de modo que aparentavam ser fiéis guardadores da lei. Essa última característica recebeu um nome especial de Jesus, que não é de “legalistas”, mas “hipócritas”, o qual Ele usou repetidamente.
Você
E o que falar do seu legalismo ao dizimar as ervas? Será que Jesus queria que eles deixassem de dizimar? Absolutamente! Sua advertência foi para que não negligenciassem nem as questões importantes nem as “outras”, ou seja, o dízimo não devia ser negligenciado. Jesus concluiu Seu “ai de vocês hipócritas” com uma metáfora surpreendente de alguém que peneira um mosquitinho de sua água (note o singular), mas que prontamente engole um camelo grande e peludo. A insanidade dos métodos de filtrar a água é associada à hipocrisia de guardar os menores aspectos da lei enquanto transgredia os crucialmente importantes. O mais importante nas palavras de Jesus não dizia respeito ao dízimo (o mosquitinho), ao contrário, as anulações massivas da lei (o camelo). A seguir, Ele usou uma metáfora paralela sobre lindos sepulcros caiados (Mt 23:27). Mas dê uma olhadinha lá dentro e toda a beleza é esquecida diante
dos cadáveres em decomposição. As repreensões não focalizam a cal e o mosquito, mas o camelo e os ossos de homens mortos, decodificado por Jesus como “hipocrisia e ilegalidade” (Mt 23:28). Continuando na parábola de Jesus, o paradigma legalista prende nossa atenção no mosquito e na cal, enquanto que o âmago da repreensão de Jesus denomina o quadro como “hipocrisia”. De fato, o legalismo pode estar presente, mas como num paradigma, ele distorce a repreensão de Jesus aos fariseus em algo bem diferente do pretendido por Ele. Quem é o fariseu?
Ao observar mais de perto essas passagens e outras semelhantes, a figura típica do fariseu começou a se desintegrar. Os fariseus têm sido considerados como o epítome do legalismo: aqueles que obedecem a todas as leis, mas cuja obediência exaustiva está infectada por motivos caracterizados pelos méritos próprios, salvação pelas obras e para
percebeu GORILA? o
O psicólogo Arien Mack diz que: “A maioria das pessoas tem a impressão de que enxerga simplesmente o que está à sua frente e o faz meramente abrindo os olhos e olhando.” Uma experiência realizada na Universidade de Harvard demonstrou que não é esse o caso. Pediram a dois grupos de pessoas que assistissem a um jogo de basquete. Ao grupo experimental pediram que contasse o número de passes entre os times. Durante o jogo, um homem vestido de gorila entrou inesperadamente no meio da quadra e ficou visível por cinco segundos. Ao grupo de controle pediram que assistisse ao mesmo jogo sem contar os passes. Esse grupo percebeu facilmente o animal intruso; no entanto, mais da metade dos participantes que estavam contando os passes, não percebeu o gorila. Um pesquisador disse ter perguntado aos participantes: “Vocês viram alguém atravessando a tela?” Não, não viram. Quando perguntou: “Vocês viram o gorila?”, os observadores foto :
Mateus 23:24
f r e e i m a g e s . co m / t i j m e n
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do b b e n b u r g h
Joseph Olstad
disseram: “o quê?” O que aconteceu, então? Quando pediram ao grupo que contasse os passes, sua atenção foi direcionada a uma tarefa específica e o cérebro criou um modelo simplificado de uma bola, homem e movimento. O modelo, funcionando eficientemente, filtrou, ou eliminou, objetos irrelevantes, como o gorila, e fez com que os espectadores vissem somente o que esperavam ver.1 O mesmo fenômeno acontece quando lemos um texto bíblico com a expectativa de confirmar o que já conhecemos, ou nos esquecemos de que possuímos modelos poderosos que podem estar filtrando importantes dados bíblicos. Isso aconteceu com o paradigma do legalismo. Prestamos atenção ao legalismo nas páginas dos evangelhos, e não percebemos o gorila da hipocrisia ao longo do texto.
1 Citação
e análise extraída de Laurence Gonzales, Deep Survival (New York: W. W. Norton & Company, 2003), pp. 79-81.
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elevar seu prestígio pelo esforço pessoal. Quanto mais leio os evangelhos, observando cada diálogo de Jesus com eles, mais problemática se torna minha visão tradicional. Os fariseus abordados por Jesus2 precisam ser vistos como hipócritas e os principais transgressores da lei, não como moralistas e guardadores meticulosos da lei.3 A descrição de Ellen White não é tão lisonjeira como a minha. Ela escreveu que sua “aparente santidade escondia iniquidade”4 e embora fossem “extremamente escrupulosos nas observâncias rituais, sua vida era imoral e falsificada.”5 Com essa visão distinta, muitos textos bíblicos convergem e são mais bem explicados pelo paradigma da hipocrisia. Por exemplo, Jesus disse à multidão que fizesse o que os fariseus e escribas mandavam, mas que não seguissem seu exemplo por que não praticavam o que defendiam (Mt 23:2-3). Ellen White percebeu que Jesus fez essa declaração à luz de um propósito maior: “Era preciso expor mais plenamente o caráter dos sacerdotes, principais e fariseus.”6 Eles pregavam a lei, “mas não obedeciam eles próprios à lei.”7 A questão urgente é: “Jesus foi bem sucedido ao expor os fariseus?” ou, como igreja, vamos continuar repetindo que eles guardavam perfeitamente a lei quando de fato, não guardavam? Certa vez, Jesus disse sem rodeios aos que queriam matá-Lo: “nenhum de vocês lhe obedecem (à lei)” (Jo 7:19). Perceba, mais uma vez, a advertência de Cristo: “Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lc 12:1). A estratégia evangelística de João Batista, em Lucas 3, pode lançar alguma luz sobre o assunto. Se seu público tivesse sido imerso em uma teologia de salvação pelas “obras”, João teria errado o alvo no seu apelo final. Após proferir uma mensagem de arrependimento inspiradora, os ouvintes de João perguntaram: “O que devemos fazer?” (Lc 3:10). Essa seria a chance de João afastá-los
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de seu moralismo legalista. Mas não! Ele disse o que eles precisavam fazer: compartilhar sua roupa extra e seu alimento, ser correto nos impostos, não extorquir o dinheiro por meio de falsas acusações, e estar satisfeitos com seu salário (Lc 3:10-14). Em minha opinião, a ênfase dada por João, ao final, para um público voltado para as “obras”, não foi a ideal. E se os ouvintes pensassem que, fazendo aquelas obras, estariam ganhando a salvação? Obviamente, essa não era a maior preocupação. Vamos dizer que João, que era mais do que profeta, conhecia seu público mais do que nós, no século vinte e um, e sabia exatamente como terminar seu sermão. Eles precisavam se arrepender de suas obras más e começar a fazer obras boas. Incidentalmente, João puxou o falso cobertor de segurança de debaixo dos pés de seus ouvintes; um cobertor com o qual poderiam muito bem estar se aquecendo com a segurança de uma salvação falsa. Mas o cobertor não era do tipo “eu-guardo-a-lei-para-ser-salvo”; e sim um cobertor “tenho-Abraão-como-meu-pai” (Lc 3:8). No incisivo comentário seguinte de João, estava implícito que, a menos que houvesse escassez de pedras em Israel, não deviam crer que diante de Deus a etnia lhes desse um status automático para salvação. Motivos
A essa altura, alguém pode protestar: Está bem, entendi. A hipocrisia era um grande problema. Mas, em relação às leis que os fariseus e os outros guardavam, não o faziam por motivos legalistas? Isso pode muito bem ser verdade e eu não me surpreenderia se o que reforçava a guarda da lei naquele tempo fossem motivações legalistas, como pode ser o caso hoje. Mas mesmo que, pela nossa definição padrão, fosse possível provar que os fariseus eram legalistas consistentes, não é interessante que, se esse fosse o caso, Jesus repreendesse consistentemente a quebra da lei em vez
de criticar qualquer motivo legalista? Quando Jesus coloca os motivos sobre a mesa, Ele Se refere à aparência de justiça ou àquilo que provoca elogios do povo, e não de Deus? Jesus disse: “Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece o coração de vocês. Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus” (Lc 16:15), e “tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens” (Mt 23:5). Ellen White concordou: “Fazer ostentação de sua piedade, eis seu constante objetivo.”8 Jesus queria que o povo fizesse boas obras perante os olhos de Deus e não dos outros. “Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial” (Mt 6:1). Em contraste ao que alguém possa pensar, Jesus desejava que Seus ouvintes praticassem sua obediência e devoção religiosa diante de Deus, porque o antídoto da hipocrisia é fazer de Deus o único espectador da obediência. O maior sermão jamais pregado aborda esse assunto significativamente. Considere as palavras de Jesus no Sermão da Montanha (Mt 6), em que apresenta a seguinte receita: Como fazer atos de justiça sem ser hipócrita:
Escolha realizar atos religiosos/ justos (ex: doar para os pobres, orar, jejuar). Faça-o em secreto ou imperceptível a outros. Resultado: Somente o Pai verá e recompensará com justiça. Se desejar receber recompensa de outros, não do Pai, veja a receita “Como ser hipócrita”, onde os deveres religiosos são realizados com o máximo de exposição pública. Concluindo
O âmago desta reformulação é que, enquanto o legalismo for visto como o
maior problema religioso com o qual Jesus estava lidando, então a guarda da lei, mesmo que por maus motivos, estará sob ataque. Mas se a hipocrisia é a repreensão mais diferenciada e está sendo nivelada por Jesus, então a quebra da lei e a falsidade se tornam o maior problema. Leia mais uma vez os evangelhos e pergunte a si mesmo: “Que paradigma se adapta melhor às repreensões e ensinos de Jesus”? O modelo que estou sugerindo tem o potencial de libertar muitos cristãos sinceros para obedecer à lei sem que fiquem paranoicos de que irão se tornar legalistas ou fariseus durante o processo. Ao contrário, se formos ficar paranoicos, deve ser em relação à hipocrisia religiosa e seu rastro de quebra da lei. Já é hora de os ensinos de Jesus sobre hipocrisia terem um retorno glorioso. O legalismo está sob os refletores já há séculos e se esse é um problema em sua vida ou em sua igreja, confesse e, pela graça de Deus, literalmente Sua graça, arranque fora. Mas sendo bem honesto, não vejo as pessoas guardando a lei para que sejam salvas da maneira como as vejo quebrando a lei por pensarem que já estão salvas. Isso soa mais como hipocrisia do que legalismo, e torna as palavras de Jesus tão relevantes hoje como há dois mil anos. n 1 Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. Usado com permissão. 2 Devemos ter cuidado para não generalizar todo fariseu da Palestina como hipócrita. 3 Embora ambos comportamentos ocorressem ao mesmo tempo. 4 O Desejado de Todas as Nações, p. 617. 5 Ibid., p. 609. 6 Ibid., p. 612. 7 Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 98. 8 O Desejado de Todas as Nações, p. 612.
Joseph Olstad é formado pelo Instituto Internacional Adventista de Estudos Avançados e pela Universidade Andrews. Junto com a esposa e três filhas, mora em Montana, Estados Unidos.
Anthony R. Kent
Como
vivemos a
sem cair no legalismo?
O antinomianismo certamente não é a solução! O antinomianismo leva o cristão à hipocrisia com a mesma velocidade que o legalismo! Jesus, nosso Salvador, exemplifica a resposta. Ele observou todos os Dez Mandamentos, mas nunca pôde ser acusado de ter sido legalista, antinomianista nem hipócrita. Jesus disse: “Venham a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o Meu jugo e aprendam de Mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para a sua alma. Pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve” (Mt 11:28-30). Não devemos nos esquecer de que Jesus deu os Dez Mandamentos à humanidade, no Sinai (1Co 10:1-4). Ele viveu e continua vivendo esses mandamentos até hoje! A grande maioria desses mandamentos nos dizem o que não fazer. Raramente as pessoas são chamadas de legalistas por não terem outros deuses, imagens ou por não blasfemar. Cristãos que não assassinam, não cometem adultério, não roubam, não mentem nem cobiçam, dificilmente são chamados de legalistas, nem o são os filhos que honram seus pais. Então, resta apenas um mandamento: o sábado. É irônico que os cristãos que guardam o sábado do sétimo dia e levam o jugo de Jesus muitas vezes sejam chamados de legalistas, enquanto os que escolhem usar o jugo de ‘Faraó’ e fazer tijolos sete dias por semana são chamados de “livres”! Particularmente, prefiro descansar na graça e bondade de Jesus. Não é nenhum pecado nem vergonha ser chamado de “obediente”!
Anthony R. Kent é secretário associado da Associação
Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland (EUA).
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V ida
A dventista
Jeff Couzins
O
poder do
As pessoas naturais da Mauritânia, costumeiramente dividem uma mesma vasilha com pão misturado com água.
pão
A
Bíblia diz: “Não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem” (Cl 2:16, NVI); no entanto, a ideia simbólica e sociocultural do alimento vai além do que comemos. Comer envolve tanto elementos biológicos como socioculturais, e os sociólogos creem que “a refeição humana pode ser compreendida como um tipo de sistema de linguagem.”1 Essa ideia pode ser aplicada às famílias da era apostólica, onde cada pessoa da casa – família ou não – era sujeita à autoridade do pai que era o patrono de todos. Uma representação simbólica e poderosa de estar sob a liderança do pai era constatada às refeições, quando dependiam do pai para comer. Consequentemente, eram constituídas algumas práticas poderosas quanto ao comer e beber.2 Mais do que o sustento
A devoção dos apóstolos por tomarem as refeições juntos (At 2:42) descreve o estilo de vida praticado pelos cristãos do primeiro século.3 Ali, o alimento oferecia mais do que o sustento; era a maneira de desenvolver um relacionamento mais profundo entre os fiéis e seu Senhor.4 Além disso, diante das repetições frequentes sobre comer e beber nos ensinos de Jesus, associadas ao Seu desejo de tomar as refeições com pessoas marginalizadas pela sociedade dominante, temos a impressão de que, para Jesus, comer e beber em conjunto tem um significado além das funções biológicas e socioculturais.5 Quando prestamos mais atenção, percebemos que o alimento é onipresente na Bíblia, pois está em quase todos os lugares. Muitas vezes nos atemos tanto aos mandamentos e doutrinas que não percebemos o lugar que o alimento e
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a comunhão ocupam na Bíblia; entretanto, parece que, nas Escrituras, muita coisa acontece ao redor da mesa. Será que essas referências estão ali somente como uma necessidade prática, ou há alguma relevância espiritual em relação ao alimento e à comunhão? Alimento e salvação
O alimento tem um lugar no plano da salvação. Por exemplo, foi o apelo ao apetite que levou Adão e Eva a pecar comendo o fruto proibido.6 Foi também por meio do alimento que Deus nos ensinou o significado da salvação.7 Os emblemas da Santa Ceia são apenas um exemplo da ligação simbólica entre alimento e salvação. Outro exemplo é o sistema sacrificial do Antigo Testamento, que apontava para o ministério sacrificial de Cristo em suas variadas formas e funções. Por exemplo, todas as festas mais importantes no Antigo Testamento indicavam o ministério de Jesus. Uma festa não é apenas uma pequena porção de alimento; é uma refeição farta. As festas principais eram: (1) a Páscoa, que indicava a morte de Jesus Cristo; (2) o Pentecostes, que indicava o derramamento do Espírito Santo; (3) dos Tabernáculos, que indicava a segunda vinda de Jesus; e (4) o Dia da Expiação, que apontava para o juízo. No entanto, havia um propósito maior do que simplesmente ensinar o plano da salvação por meio das ofertas. O sistema sacrificial não era apenas uma mediação para o perdão dos pecadores, mas para levar o povo a se relacionar com Deus (veja Lv 9:22). As ofertas pelo pecado simbolizavam a confissão deste e o apelo à expiação por meio do perdão de Deus. Os holocaustos expressavam adoração, gratidão e dedicação a Deus. O fato de comerem juntos o sacrifício foto :
M i c h a ł
H u n i e w i c z
das ofertas de paz simbolizava a aliança com Deus e a comunhão com os outros crentes.8 As versões mais modernas da Bíblia (como a NVI) traduzem “ofertas de paz” como “ofertas de comunhão”, indicando a natureza social e cultural dessa oferta. A cerimônia de culto no Antigo Testamento culminava com uma refeição de comunhão, quando todos os adoradores dividiam os alimentos na presença de Deus. A adoração a Deus no Antigo Testamento não era completa até que todas as pessoas reunidas – profeta, sacerdote, levita e leigos – se assentassem e participassem de uma refeição em conjunto. Esse conceito de participar juntos de uma refeição continua nos relatos do Novo Testamento. Por exemplo, Jesus tinha acabado de ensinar cinco mil pessoas, porém, antes de despedi-las, Ele as alimentou. Alimento e relacionamento
Embora o alimento não possa nos salvar, pode representar nosso relacionamento com Jesus Cristo. Em Lucas 24:41, por exemplo, quando Jesus Se encontrou com Seus discípulos no cenáculo, após a ressurreição, Ele pediu comida. Em João 21:9, após Sua ressurreição, Jesus preparou uma refeição para os discípulos que estavam pescando. Em ambos os casos, Jesus, já em Sua forma ressurreta, queria estar junto dos Seus discípulos tomando uma refeição. Atos 2:42 diz: “Eles [os discípulos] se dedicavam ao ensino e à comunhão, ao partir do pão e às orações.” O partir do pão nesse verso indica que os discípulos estavam compartilhando a refeição e comungando com outros crentes. Biblicamente, alimento e comunhão andam de mãos dadas com ensinar a doutrina e orar. Entretanto, muitas vezes não percebemos essa conexão. O alimento e a comunhão não são coisas separadas e acrescentadas ao culto na igreja; ao contrário, devem ser parte do processo de adoração e do serviço ao Deus vivo. Como na cerimônia de sacrifício do Antigo Testamento, podemos dizer que o culto não está completo até que compartilhemos uma refeição na comunhão do Espírito Santo. E a comunhão também vai além disso. Em Apocalipse 3:20 Jesus diz que irá entrar e cear, ou comer, com quem abrir a porta do coração para Ele. Jesus vincula alimento e comunhão com o relacionamento com Ele. As Escrituras não dizem simplesmente que Jesus nos fará companhia, mas sim: “Entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (NVI). Participar juntos de uma refeição e da comunhão são aspectos tão importantes nos relacionamentos humanas como é nosso relacionamento com Cristo. Ao longo da história desta Terra, todos os que foram salvos, são convidados para o banquete das bodas do Cordeiro descrito em Apocalipse 19:9. Alimento e os cultos na igreja
Uma referência muito importante ligando o alimento e a comunhão à salvação, é encontrada na última ceia. Jesus tomou o pão e disse “Este é o Meu corpo” (Lc 22:19). Então
Ele tomou o cálice e disse: “Esta [...] é a nova aliança no Meu sangue” (v. 20). O fato de não participarmos de uma refeição completa durante a Santa Ceia não elimina o fato de que há uma conexão importante entre alimento e salvação. Embora o alimento não possa nos salvar, pode simbolizar nossa relação com Deus e com nossa salvação. Em 1 João 1:3 e 4 diz: “Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa.” A comunhão na igreja é mais do que passar um tempo agradável juntos. Afinal, o que trouxe o pecado ao mundo foi apenas um pequeno pedaço de fruta. Da mesma forma, o sacrifício de Jesus Cristo na cruz é simbolizado por um pedacinho de pão e um cálice pequeno de suco de uva.9 O alimento pode parecer um aspecto insignificante no vasto plano da salvação, mas, podemos argumentar que, biblicamente, o culto não está completo até que compartilhemos de alimentos juntos, em comunhão, uns com os outros e com Deus. Vemos um exemplo disso em Apocalipse 3:20, onde Jesus prometeu participar de uma refeição conosco se O convidarmos a entrar em nosso coração. Poucos “atos são mais indicativos de companheirismo e comunhão do que participar de uma refeição juntos.”10 Mas a expressão máxima de participar juntos de uma refeição é encontrada na “ideia apocalíptica da refeição escatológica, ou o banquete messiânico, a festa no Reino celestial vindouro.”11 Portanto, como estamos sujeitos à autoridade de nosso Pai do Céu, vamos tomar refeições juntos, talvez aos sábados, após o culto, em nossos lares, durante a semana, ou em piqueniques e outras reuniões sociais. Quando fazemos isso, também estamos em comunhão com Jesus até que Ele venha. n 1 Jan Michael Joncas, “Tasting the Kingdom of God: The Meal Ministry of Jesus and Its Implications for Contemporary Worship and Life,” Worship 74 (2000): 330. 2 Florence Dupont, Daily Life in Ancient Rome, trans. Christopher Woodall (Oxford: Blackwell Publishers, 1989), p. 103. 3 Robert W. Wall, “The Acts of the Apostles: Introduction, Commentary and Reflection,” in The New Interpreter’s Bible, ed. Leander E. Keck et al. (Nashville: Abingdon Press, 1995), v. 10, p. 71. 4 G.H.C. Macgregor, “The Acts of the Apostles,” in The Interpreter’s Bible, ed. George A. Buttrick et al. (Nashville: Abingdon Press, 1954), p. 50. 5 Joncas, p. 330, 331, 346-350. 6 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Casa Publicadora Brasileira), pp. 54-56. 7 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Casa Publicadora Brasileira), p. 656. 8 Siegfred H. Horn, Seventh-day Adventist Bible Dictionary (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1980). 963-966. 9 E. G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 653. 10 Francis D. Nichol, ed., The Seventh-day Adventist Bible Commentary (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1957, 1980), vol. 7, p. 763. 11 Ephraim Isaac, “The Significance of Food in Hebraic-African Thought and the Role of Fasting in the Ethiopian Church,” in Asceticism, ed. Vincent L. Wimbush and Richard Valantasis (New York: Oxford University Press, 2002), p. 331.
Jeff Couzins é pastor na Associação Norte da Inglaterra, Reino Unido.
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E S P Í R I T O
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Natureza H
á felicidade quando obedecemos a Palavra de Deus e estamos em harmonia com Sua vontade. A família governada por princípios corretos é uma testemunha do poder da fé pura e santa para o mundo, de modo que sua influência tende a ser levada para a igreja e para a sociedade. Lamentavelmente, a sociedade se encontra poluída e contaminada e seus efeitos também se propagam. A religião de Jesus é poderosa para levantar o caído e trazer à razão o imoderado, para que se assente aos pés de Jesus, em seu juízo perfeito. Se os homens tivessem mais amor ao que é simples e natural, e se preocupassem menos como que é artificial e da moda, estariam livres de muitas perplexidades da vida, encontrariam mais paz, tranquilidade e descanso do que desfrutam agora. Deus não impõe fardos pesados sobre Suas criaturas; elas os trazem sobre si mesmas por não desejarem viver em conformidade com as leis da natureza, e pelo seu anseio de satisfazer as exigências da moda. É isso que desgasta o ser humano, trazendo tensão constante sobre o corpo e a mente [...] Aquele que nos ama, fala conosco sobre Seu terno amor, por meio das obras da natureza. Elas são evidências de Sua sabedoria e poder, e são destinadas a nos impressionar com o fato de que há um Deus vivo, e podemos confiar nEle. “Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles” (Mt 6:28, 29 ARA). A mão de Deus formou cada botão de toda flor que desabrocha; foi Sua sabedoria que deu a elas sua delicada variedade
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Ellen G. White
viva!
Deus fala conosco por meio da Sua criação. de matizes. Que beleza Deus colocou nesses seres silenciosos, que hoje estão no campo, e amanhã são jogadas ao forno. Se Ele veste a tenra e frágil erva do campo, “quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?” (v. 30). O Grande Mestre e Artista
Em nossa viagem para o oeste, tentamos absorver tudo o que era novo e interessante no cenário. Olhamos o alto das montanhas com sua beleza majestosa, como muralhas rochosas assemelhando-se aos castelos antigos. Os picos dessas montanhas nos falam da indignação desolada de Deus ao vindicar a quebra de Sua lei; pois foram partidas ao meio pelas convulsões tempestuosas do dilúvio. Elas são como grandes ondas que ficaram imóveis ao som da voz de Deus — vagas enrijecidas, captadas em sua onda mais perfeita. Essas altas montanhas pertencem a Deus; Ele preside sobre Sua fortaleza rochosa. A riqueza de suas minas são dEle, como também os lugares profundos da Terra. Se você quer ver as evidências de que Deus existe, olhe ao redor, onde quer que esteja. Ele está falando aos seus sentidos e impressionando você por meio de Suas obras criadas. Deixe seu coração receber essas impressões e a natureza será para você como um livro aberto que lhe ensinará verdades
divinas por meio de coisas conhecidas. As altas árvores não serão consideradas com indiferença. Cada flor que se abre, cada folha com suas veias delicadas, darão testemunho da infinita habilidade do grande Artista Mestre. As rochas massivas e altas montanhas que se levantam à distância, não são resultado do acaso. Em silente eloquência elas falam dAquele que está assentado no alto e sublime trono do Universo. “O Senhor fez essas coisas conhecidas desde os séculos passados” (At 15:18). Todos os Seus planos são perfeitos. Que temor e reverência deveria inspirar Seu nome! Como o conhecimento de Suas obras deveria despertar nossa percepção de Seus atributos! A Rocha Eterna
Deus é a Rocha Eterna, refúgio para Seu povo, abrigo no temporal, sombra no intenso calor. Ele nos deu Suas promessas, que são mais firmes e inabaláveis do que os topos das rochas, os montes eternos. As montanhas desaparecerão, os outeiros serão removidos, mas Sua bondade não se apartará, nem Sua aliança de paz será removida daqueles cuja fé põe nEle sua confiança. Se buscássemos ajuda em Deus com a firmeza dessas montanhas rochosas e áridas que apontam para o céu acima delas, nossa fé nEle nunca seria abalada, nem nossa fidelidade à Sua santa lei.
A natureza será para você como um livro aberto que lhe ensinará verdades divinas por meio de coisas conhecidas.
Por que, então, não buscarmos as coisas que nos trazem paz? Querido irmão e irmã, por que não buscamos primeiro o reino de Deus e Sua justiça, na certeza de que nosso Pai celestial suprirá todas as nossas necessidades? Ele abrirá caminhos diante de você e tudo o que fizer será abençoado; pois Ele disse: “aos que Me honram, honrarei.” Cristo morreu pela nossa redenção. Terá Ele morrido em vão? Não tomará você Sua mão estendida para caminhar com Ele em caminhos de humildade, fé e obediência? Deus é amor e abundante em misericórdia; mas não é Seu propósito absorver aqueles que negligenciarem a foto :
i stoc k / t h i n k stoc k
grande salvação oferecida por Ele. Os longevos antediluvianos foram varridos da Terra porque invalidaram a lei divina. Deus não usará, mais uma vez, as águas dos céus e de sob a terra como arma para destruir o mundo; mas Sua vingança será derramada contra aqueles que desprezaram Sua autoridade; eles serão destruídos pelo fogo contido nas entranhas da Terra, despertados para intensa atividade por fogo vindo do céu. Então, da terra purificada brotará um hino de louvor: “Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5:13). “Grandes e admiráveis são as Tuas
obras, Senhor Deus, Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das nações!” (Ap 15:3). E todo aquele que buscou em primeiro lugar os tesouros celestes, considerando-os de valor inestimável, irá se unir à grata e triunfante linhagem. n
Este artigo foi extraído da “Notes of Travel: A Sermon on the Cars” (Notas de Viagem: Um Sermão nos Carros), publicado na Review and Herald de 24 de fevereiro de 1885. Os adventistas do sétimo dia acreditam que Ellen G. White (1827-1915) exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.
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C I Ê N C I A
Raúl Esperante
Foi Deus quem criou os
dinossauros?
A
indústria do entretenimento tem lançado no mercado produtos temáticos de dinossauros, que se tornaram muito populares. Essas criaturas gigantes que aparecem destruindo povoados inteiros com o movimento da cauda ou com um golpe das patas, prendem a imaginação. Foi Deus quem criou essas criaturas formidáveis? Por que elas não são mencionadas na Bíblia?
De onde elas vieram?
A evidência de que os dinossauros existiram é clara: já foram encontrados ossos, dentes, ovos, pegadas e até marcas de seu couro. Contudo, a figura do dinossauro revelada pela ciência é bem diferente da que foi popularizada pela indústria do entretenimento. Os paleontologistas conseguiram estudar o conteúdo do estômago e o excremento dos dinossauros, descobrindo que muitos deles, na verdade, eram herbívoros. Estudos de seus ossos e pegadas revelaram que alguns eram pequenos,
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do tamanho de um cachorro ou ovelha. Por exemplo, o Struthiomimus era do tamanho de um avestruz, e o Compsognathus não era maior que um galo. Vemos em Gênesis 1 que Deus criou os animais terrestres no sexto dia da semana da criação, e disse que todas as plantas que nascem da terra “servirão de alimento para vocês.” Os dinossauros devem ter sido incluídos, pois eram animais terrestres. Não devemos nos surpreender pelo fato de não serem especificamente mencionados na Bíblia. Primeiro, a palavra “dinossauro” não existia no tempo de Moisés. Segundo, a Bíblia não menciona muitos outros grupos de animais, como os besouros, tubarões e estrelas do mar, só menciona alguns. No fim do sexto dia da semana da criação, Deus viu que tudo era bom, até “muito bom”. Isso levanta um problema. Embora muitos dinossauros se alimentassem de plantas, alguns deles eram grandes, carnívoros ferozes e apresentavam risco à vida humana. Podemos considerar “bons” esses animais gigantes, ferozes, potencialmente comedores de seres humanos? Será que esses dinossauros carnívoros se encaixam em um mundo recém-criado, vegetariano e perfeito? A entrada do pecado e os dinossauros
O relato bíblico da Criação sugere que a maldição consequente à queda de Adão e Eva (Gn 3:14-19) causou mudanças biológicas que resultaram em mudanças na dieta e comportamento de muitos animais, surgindo o atual relacionamento competitivo, predação e parasitismo. Embora a Bíblia não descreva essas mudanças em detalhes, elas são interpretadas hoje como mo-
dificações genéticas, uma vez que, pela ciência, sabemos que mudanças tão expressivas requerem alteração genética. No entanto, não sabemos se essas mudanças ocorreram imediatamente ou ao longo de várias gerações, mas eram bem evidentes quando os dinossauros foram cobertos pelo dilúvio. Em algum ponto da história da Terra, os dinossauros desapareceram. Não existe nenhum registro histórico válido sobre a vida desses animais, embora muitos defendam o contrário. Há quem diga que as referências bíblicas sobre criaturas míticas podem ter por base memórias culturais sobre os dinossauros pré-diluvianos. No entanto são especulações sem nenhuma base de apoio. A Bíblia menciona o beemote (hipopótamo, na ARA) (Jó 40:1518) e o leviatã (Jó 41:1), que alguns interpretam como exemplos possíveis de dinossauros pós-diluvianos. Contudo, muitos estudiosos identificam o beemote como sendo provavelmente o hipopótamo, e o leviatã o crocodilo. Ambas as espécies viviam no Nilo, onde possivelmente os antigos hebreus os tivessem encontrado. A incerteza sobre a identidade das criaturas não justifica nenhuma afirmação de que os dinossauros sejam mencionados na Bíblia. A maioria dos cientistas criacionistas crê que os dinossauros desapareceram durante o dilúvio descrito em Gênesis ou pouco tempo depois, mas para compreender melhor essas criaturas, é necessário mais estudo. Para decifrar o mistério do desaparecimento dos dinossauros é necessária pesquisa profunda e cuidadosa que os cristãos com habilidade e interesse devem ser incentivados a realizar. É possível que uma pesquisa sobre os dinossauros nos leve a avanços importantes na compreensão do relato bíblico da criação e do dilúvio. n
Estados Unidos.
Raúl Esperante, Ph.D., é cientista do Instituto de Pesquisa e Geociência, e mora no sul da Califórnia, foto :
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M e l i t i
M issão
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A dventista
Michael Mace
para Jericó estrada Uma história de dois samaritanos
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ean-François Pina começou seu dia trabalhando como de costume.* Esse homem, casado, pai de um filho, foi dirigindo para o hospital, estacionou o carro e bateu o cartão de ponto. O trabalho de Pina é ajudar as pessoas, salvar vidas. A vida de seus clientes depende de sua prontidão, habilidade, segurança e rapidez. Pina dirige uma ambulância em Lille, próximo à fronteira entre a França e a Bélgica. Um chamado de rotina
Certa quinta-feira, pela manhã, Pina foi enviado para buscar Christian Nayet, de 60 anos de idade, e levá-lo ao hospital. Nayet precisava fazer uma tomografia. Quando já viajavam por cerca de uma hora, Nayet percebeu que havia algo errado com Pina, o motorista da ambulância. Ele parecia agitado. Finalmente, Pina admitiu que não estava se sentindo bem. “Meus dedos estão formigando”, disse ele. “O formigamento está subindo para seus braços?” perguntou Nayet. Quando Pina respondeu que sim, Nayet concluiu logo: ataque cardíaco! Ele pediu a Pina que parasse a ambulância. Por um segundo Nayet pensou em chamar o Service d’Aide Medicale Urgente (SAMU), mas calculou que demoraria muito para chegar e prestar socorro. Assim, Nayet deu ao motorista dois medicamentos que tinha no bolso. “Este é para aumentar a fluidez do seu sangue”, disse ele, “e este é para estabilizar o ritmo do seu coração.” foto :
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Em circunstâncias normais essa atitude seria completamente inapropriada. Mas considerando a urgência da situação, e assumindo um risco calculado, Nayet deu a Pina alguns dos seus remédios pessoais, sabendo que eram eficazes para quem estava sofrendo um ataque cardíaco. Nayet não é profissional da área médica; ele é artista e escritor. Mas vendo que Pina não mais podia dirigir a ambulância, Nayet disse: “Me dê a chave! Minha vida não está em risco; a sua está. Não tenha medo.” Quase podemos ouvir a voz de Jesus, dizendo às pessoas, mais de uma vez: “Não tenha medo; confie em Mim.” O paciente rapidamente se tornou o motorista da ambulância. “Vou correr bastante!” “Não, por favor, não corra muito”, pediu Pina. “O senhor nunca dirigiu esse veículo; não está acostumado com ele.” A despeito de sua preocupação, Pina teve de admitir que ele era então o paciente. Depois, ele ouviu a voz de Nayet: “Em dez minutos você vai estar bem!” O homem com câncer terminal estava confortando o motorista da ambulância que estava sofrendo um ataque cardíaco! Após atuar como médico, enfermeiro, farmacêutico e motorista de ambulância, Nayet assumiu o papel de confortador, bem como Jesus prometeu: “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco” (Jo 14:16). Ao assumir o volante da ambulância, Nayet só pensava em uma coisa: ir o
mais rápido que pudesse; afinal, estava dirigindo uma ambulância. Ele procurou o botão de ligar a sirene, mas não encontrou. Então piscava os faróis para sinalizar ao tráfego para abrir caminho. Quando chegaram ao hospital, Nayet chamou os médicos, que tiveram de desfibrilar Pina. Em dez minutos Pina estava sobre uma mesa de cirurgia. O médico exclamou: “Mais cinco minutos e teria sido tarde demais!” e disse a Nayet: “Você salvou a vida dele.” Quem é o próximo?
Três horas mais tarde, Nayet foi fazer sua tomografia. Ela confirmou que o câncer já havia tomado seu fígado. Calmo, Nayet dormiu bem aquela noite, com o sentimento do dever cumprido. Então, qual dos dois foi o próximo para o outro? Nayet era quem necessitava de ajuda, mas foi ele quem salvou a vida de Pina, o próximo que devia tê-lo ajudado. O bom samaritano nem sempre é quem pensamos que seja. Jesus disse: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39). Você nunca sabe; ele pode salvar sua vida! n *Esta história tem por base um evento ocorrido em abril de 2013 e reportado na página www.lavoixdunord.fr/ region/berck-un-ambulancier-suave-par-le-malade-qu-ilia36b49106n1182718.
Michael Mace é um escritor freelance, tradutor e intérprete (francês/ inglês). Ele e a esposa vivem em Lindie, Filipinas. Novembro 2015 | Adventist World
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P E R G U N T A S
B Í B L I C A S
Uma questão de Quando a Bíblia se refere a Jesus como “o Filho de Deus”, qual é o significado?
filiação
O significado desse título de Cristo tem sido uma questão muito debatida entre os cristãos. A explicação mais básica é que o Senhor encarnado nasceu da virgem Maria para ser chamado de Filho de Deus (Lc 1:32; 1Jo 5:18). Ao compartilhar minha compreensão do assunto, espero motivar você a continuar estudando. 1. Filho(s) de Deus: No Antigo Testamento a frase “filho(s) de Deus” designa três tipos de pessoas. Os seres celestiais que se reuniram com o Senhor no concílio divino são chamados “os anjos” (hebraico, “filhos de Deus”, Jó 1:6; 2:1).1 A Bíblia diz que, no momento da criação, “todos os anjos (hebraico, “filhos de Deus”) se regozijavam” (Jó 38:7). O povo de Deus é chamado de “filhos do Senhor o seu Deus” (Dt 14:1; veja também Os 2:1; Is 45:11). Eles se tornaram filhos de Deus por meio da criação e da redenção (Êx 4:22, 23). Finalmente, o rei israelita era chamado de “Filho de Deus”. (e.g., 2Sm 7:14). Deus denominava o rei como “Meu primogênito” (Sl 89:27; cf. Sl 2:7). Nesses casos, a palavra “filho” é usada figurativamente. Os seres celestiais são filhos de Deus por meio da criação; as pessoas do povo de Deus são Seus filhos por meio da criação e da redenção; e o rei se torna filho de Deus por meio de sua nomeação como rei. Na Bíblia, Deus não tem filhos por meio de concepção natural e nascimento. 2. Filiação eterna de Cristo: Cristo é o Filho eterno de Deus. Paulo escreveu que “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher”(Gl 4:4). Cristo era Filho de Deus antes de nascer de uma mulher. Por meio do Filho preexistente, Deus “fez o Universo” (Hb 1:2). No entanto, a filiação de Cristo é singular. Os cristãos nascem espiritualmente como filhos de Deus, mas o Filho nunca é descrito como sendo espiritualmente nascido de Deus; Ele é o Filho que veio diretamente do Pai (Jo 16:28). Ele tem vida em Si mesmo e é um com o Pai em vontade (Jo 14:31; 15:10), caráter (Jo 14:8-11), propósito (Jo 15:16; 16:15; 17:4-8), e natureza (Jo 8:58). Porém, é uma pessoa diferente. Estamos lidando com o uso metafórico da palavra “filho”.
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3. Significado metafórico: Em nossa humanidade, a imagem de uma criança infere algumas ideias óbvias. Primeiro, indica que a criança tem a mesma natureza de seus pais: são seres humanos. Quando Cristo é chamado de “Filho de Deus”, quer dizer que, como o Pai, Ele é um Ser divino (Jo 5:18). Segundo, a criança é diferente dos pais. A metáfora de filiação significa que, embora Cristo e o Pai possuam a mesma natureza, são pessoas diferentes, o que implica na pluralidade de pessoas dentro da Trindade. Terceiro, a relação entre pais e filhos é singular. Sua união é praticamente indissolúvel. A metáfora entretanto, é um bom símbolo para a profunda unidade existente entre os membros da Trindade (Jo 17:5). Quarto, os pais recebem a criança humana por meio do nascimento natural. No entanto, no caso da Trindade, o Filho veio do Pai, não como emanação divina nem por meio do nascimento natural, mas para realizar a obra da criação e redenção (Jo 8:42; 16:28). Não há base bíblica que apoie a ideia de que o Filho foi gerado pelo Pai na eternidade. O Filho veio do Pai mas não foi gerado por Ele. Quinto, a imagem de pai e filho não pode ser aplicada literalmente à relação divina do Pai e Filho na Trindade. O Filho não é Filho literal, natural do Pai. Uma criança natural tem um começo, enquanto que na Trindade o Filho é eterno. Quando aplicado à Trindade o termo “Filho” é usado metaforicamente. Ele transmite a ideia de pessoas distintas dentro da Trindade e a igualdade de natureza no contexto de uma eterna relação de amor. Ellen White escreveu: “O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como pessoa distinta, mas um com o Pai.”2 Esta declaração resume o propósito principal da metáfora. n 1 Os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. Usado com permissão. Direitos reservados para todo o mundo. 2 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Casa Publicadora Brasileira), vl 1, p. 247.
Antes de se aposentar, Ángel Manuel Rodríguez foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral.
Elias Uma pergunta e uma ordem Mark A. Finley
E
m um período de apostasia nacional, em Israel, Elias permaneceu fiel e obediente a Deus. Na última lição, estudamos sobre a seca em Israel, como Deus cuidou de Elias e como o profeta de Deus desafiou os profetas de Baal, no Monte Carmelo. Ficamos maravilhados com a resposta miraculosa de Deus às orações de Elias em meio à disparidade quase esmagadora. Nesta lição, estudaremos a perseverança e a humildade da fé e as decepções pelas quais o povo de fé, às vezes, passa. Em meio a tudo isso, descobriremos a maravilhosa compaixão de Deus, Sua graça abundante e Seu poder infinito.
1 Que lições aprendemos com a confiança de Elias nas promessas de Deus e sua fé que não desistiu, mesmo não recebendo respostas imediatas às suas orações? Leia 1 Reis 18:41-45. Elias enviou seu servo para o topo da montanha para observar o mar. Como não havia sinais de chuva, ele enviou o servo outra vez. Elias perseverou. Por seis vezes enviou seu servo ao topo da montanha para observar o mar. Foi somente na sétima vez que ele viu uma nuvem escura aproximadamente do tamanho da mão de um homem. A nuvem era um sinal de que a chuva estava se aproximando e que em breve os céus abririam suas comportas. Elias não desistiu de sua fé. Ele perseverou, a despeito das aparências. Ele confiou sabendo que Deus cumpriria Sua Palavra.
2 Como o apóstolo Paulo descreve a necessidade de perseverarmos apesar de nossos erros no passado, as falhas do presente, ou os enormes obstáculos? Leia as passagens a seguir e resuma sua resposta em uma frase: 1 Coríntios 9:24-28; 2 Coríntios 4:7-10; Filipenses 3:12-16. 3
Leia 1 Reis 18:45, 46. Quando a chuva começou a cair, tornando visível o que era quase impossível, que ato de bondade Elias fez ao rei Acabe? O que isso demonstra sobre o caráter do profeta? A bondade de Elias em guiar a carruagem de Acabe em meio à terrível tempestade demonstra sua humildade e gentileza. O profeta ainda respeitava a função do rei e demonstrou compaixão por alguém que queria tirar sua vida.
S e m l e r
B íblico
O tto
E studo
4 Leia Romanos 12:20, 21; veja também Provérbios 25:21, 22. Que conselho o apóstolo Paulo deu aos cristãos que estavam enfrentando perseguição em Roma? Como isso se aplica a nós? 5 Alguma vez Elias desanimou? Leia 1 Reis 19:1-4; descreva a ameaça de Acabe contra a vida de Elias e qual foi a resposta do profeta. Após passar um dia inteiro desafiando os profetas de Baal, no Monte Carmelo, e guiando a carruagem de Acabe através de uma terrível tempestade, o profeta estava física, emocional, mental e espiritualmente exausto. Em face à ameaça de morte feita por Acabe e sua terrível esposa Jezabel, Elias estava pronto a desistir.
6 Qual foi a reposta de Deus à dúvida, medo e desânimo de Elias? Leia 1 Reis 19:5-8. Deus não enviou um anjo para pregar para Elias sobre sua falta de fé ou sua necessidade de ter mais coragem. Ele enviou um mensageiro celeste com uma refeição saudável para fortalecer o corpo do profeta e uma bênção divina para seu descanso. A fé é prática. Às vezes, as pessoas necessitam muito mais de uma boa refeição saudável, de descanso e exercício do que de sermão sobre religião.
7 O que aconteceu a Elias, e qual foi a mensagem para o profeta desanimado? Leia 1 Reis 19:9-15. Elias acabou indo parar numa caverna. Deus foi Se encontrar com o profeta onde ele estava. Deus sempre nos encontra onde estamos. A resposta de Deus à dúvida de Elias foi tanto uma pergunta quanto uma ordem. A pergunta era simples e direta ao ponto: “O que você está fazendo aqui, Elias?” Em outras palavras: “Elias, Eu tenho um propósito para sua vida e você nunca verá esse propósito realizado enquanto permanecer na caverna do desânimo.” De idêntica maneira, a ordem foi simples e direta: “Saia e fique no monte.” Em outras palavras: “Não permaneça na caverna quando você pode ficar em pé na montanha.” Deus fala a cada um de nós que, às vezes, falhamos, ficamos desanimados e permanecemos na escuridão da nossa própria caverna: Eu tenho um propósito para sua vida. Eu tenho um desafio para você. Pela Minha graça, por meio da Minha força, saia da caverna e fique em pé sobre a montanha. n
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TROCA DE IDEIAS
Necessitamos de uma religião mais prática. M e l i ssa
Is h
Lizwi Alpha Ntuli, Zimbábue
Cartas
Transformações totais, experiências de humildade
Digo: “Amém!” para o artigo de Tom Ish “Transformação Total: Mais um Caminho para a Saúde” (outubro 2015). Necessitamos de uma religião mais prática. Percebi que nossa mensagem é bem conhecida em muitas regiões; no entanto, o que vai permanecer de fato é o seguinte: se a mensagem que ensinamos pode mesmo ser praticada. Lizwi Alpha Ntuli Zimbábue Quando a esperança supera a perda
Muito obrigado por publicar o artigo de Wilona Karimabadi “Quando a esperança supera a perda”(outubro de
Oraçãow
2015), mesmo tendo provocado lembranças tristes por ter crescido sem ver meus avós. Espero que meus filhos, que são muito chegados ao meu pai, nunca experimentem esse sentimento! Gershon B. Batulayan Ashanti, Gana Há 100 Anos
Tenho um comentário sobre o pequeno artigo “Há 100 Anos” (julho 2015). O padeiro cristão mencionado provavelmente seja meu tetravô Tristan Schäffer. Ele era dono de uma padaria a vapor, moderna (para aquele tempo), em Heilbronn, sudoeste da Alemanha. Por volta de 1905, ele se tornou adventista e fechava a padaria aos sábados, como descrito na revista. Em 1905 ou 1906 ele vendeu a padaria e se mudou para um lugarejo próximo a Paznan (situado no Império Germânico, hoje Polônia), onde comprou uma fazenda. Seus vizinhos, também fazendeiros, não
entendiam por que não havia porcos na sua propriedade. Schäffer usou esse assunto para testemunhar de sua fé. Vários vizinhos foram convencidos por sua explicação e também se tornaram adventistas. Mais tarde, meu bisavô Karl Schäffer se casou com uma das vizinhas batizadas. A decisão do meu tetravô de fechar a padaria causou consequências amplas e duradouras na sua família e em seus descendentes. É incrível ver como Deus usou sua história para também influenciar pessoas de lugares tão distantes. Muito obrigado por esse artigo! Rafael Schäffer Bensheim, Alemanha Uma correção necessária no artigo “Há 100 Anos” na Adventist World, julho de 2015: Em 1905 não havia Iugoslávia; naquele tempo a região era chamada de Áustria-Hungria. Andor J. Molnar Los Angeles, Califórnia (EUA)
GRATIDÃO
Como resposta às orações de muitos, foi possível eu voltar para a escola e em breve prestarei os exames de fim de semestre. Por favor, peça a Deus que me ajude a me sair bem. Tenho enfrentado desafios por guardar o sábado, e por ter ficado doente. Abraham, Tanzânia
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Por favor, ore para que minha família creia em Cristo. Meus pais não são adventistas e minhas irmãs e irmãos não sabem a que igreja devem ir. David, Maláwi
Peço oração por minha família, e para que eu consiga pagar as prestações da minha casa. Karon, Estados Unidos Agradeço a todos que oraram pelo projeto da nossa igreja. Ele está em progresso. Por favor, continuem orando por nós. Lily, Reino Unido
Benefícios de ser
Membro
Cabeça, coração e mãos
Escrevo sobre o artigo de Youssry Guirguis “A cabeça, o coração e as mãos” (abril 2015). Da perspectiva religiosa, o título do artigo é bom, mas incorreto do ponto de vista fisiológico. Embora a função circulatória tenha sido bem descrita, o coração não exerce nenhuma influência na decisão. É claro que o coração bate mais forte e mais frequente quando temos medo ou sentimos alguma emoção intensa, e nos mantém vivos para que o cérebro trabalhe bem. Na Bíblia, quando o coração é mencionado é com referência ao cérebro. Portanto, o título do artigo deveria ser “Com a mente, as mãos e o bolso.” Para muitos, o bolso (e seu conteúdo) é um “órgão” muito importante do nosso corpo, tão importante que, se usado generosamente para o benefício do evangelismo, pode produzir resultados notáveis no progresso da obra. Mas se limitarmos os interesses (e o uso de nosso bolso), poderemos atrasar a vinda do Senhor (e isso não vem do coração, mas do cérebro). Hiram Dario Rostán L ibertador San Martín, Entre Ríos, Argentina Como enviar cartas: letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque também seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.
De acordo com uma pesquisa liderada pela Universidade de Queenland, Austrália, ser membro de mais de um grupo social pode aumentar a autoestima. Quanto mais crianças, idosos e ex-residentes de albergues, se identificam com um grupo, maior é seu senso de propósito, significado e sensação de pertencer que recebem dos outros membros desses grupos. Fonte: The Rotarian f O T O :
f r e e i m a g e s . co m / B S K
INTERNET: Segundo pesquisa do Centro de Pesquisa Global Pew em Atitudes e Tendências, 64 % dos entrevistados nos países em desenvolvimento e emergentes, disseram que a Internet é uma influência positiva na educação, relacionamentos pessoais e na economia. Mas, na opinião de 42 por cento, é uma influência negativa para a moral. O uso da Internet é mais alto entre os jovens com maior nível de escolaridade, que leem em inglês e moram em países de economia mais desenvolvida.
boa OU
má?
Fonte: The Rotarian
Em breve vou prestar um exame muito importante. Já agradeço por suas orações. Clotilde, Guadalupe Por favor, ore para que Deus cure minha filha que está em um instituto do câncer, em Oslo, Noruega. Ore, também, para que meus parentes encontrem e amem a Deus. Valentina, Ucrânia
Por favor, ore para que o Senhor nos ajude a completar a construção da nossa igreja. Ore também por minhas finanças, meu casamento e meu ministério. Zock, Gabão
Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.
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Em 4 de novembro de 1904, Frank H. Westphal chegou ao Chile para atuar como superintendente da Missão. Com o crescimento do trabalho, ele se tornou o presidente da Associação do Chile, cargo que ocupou até 1916. Westphal permaneceu no Chile até que foi forçado a retornar para os Estados Unidos devido à saúde da esposa, em 1920. Os primeiros adventistas do sétimo dia no Chile podem ter sido Claude Dessignet e a esposa, que aceitaram a mensagem adventista por D. T. Bourdeau, na França, e migraram para o Chile, em 1885, se estabelecendo próximo a Traiguen, Cautín. Em 1906, a Missão tinha sete igrejas e 237 membros e chegou a 614 igrejas com 109.257 membros em 2014. Manuel de Lacunza y Diaz (1731-1801), jesuíta chileno, estava entre os primeiros escritores nas Américas a anunciar o segundo advento de Cristo, pré-milenial. Seu livro, La Venida del Mesías en Gloria y Majestad (A Vinda do Messias em Glória e Majestade) só foi impresso após sua morte, mas antes de sua morte o manuscrito do livro circulou pela Espanha e América do Sul. Sua obra levantou grande interesse entre os católicos e protestantes na Europa e nas Américas, fazendo com que muitos estivessem abertos à mensagem adventista do sétimo dia.
Em que
Eles são baratos e só tomam alguns minutos da sua rotina diária tão ocupada. Respire fundo: Assim o oxigênio é levado para o cérebro e energia para o corpo. Ouça música: Canções alegres e ritmadas fazem com que você se sinta alegre e disposto. Mexa-se: Apenas dez minutos de exercício pode energizar seu corpo por horas. Caminhe pela natureza: Estar ao ar livre aumenta a energia e vitalidade. Caminhar ao ar livre é mais eficaz no aumento dos níveis de energia do que caminhar dentro de casa.
lugar
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Beba água: Ela ajuda a regular tanto as funções do corpo como as do cérebro.
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Resposta: Os adventistas da pequena cidade de Venkatanager estado de Andhra Pradesh, sul da Índia, desenvolvem um ministério com os órfãos e outras crianças de sua comunidade. Na foto, formandos da Escola Cristã de Férias mostram, felizes, seu diploma.
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propulsores de energia
Assista a vídeos engraçados (apropriados) no YouTube: A risada aumenta a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco e equilibra os neurotransmissores do bem-estar. Veja a luz: As pessoas ficam mais alertas após serem expostas à luz forte. Lanches saudáveis: carboidratos complexos, proteína magra e gorduras saudáveis (iogurte, frutinhas vermelhas, nozes, abacate, pão integral) fornecem energia sustentável. Fonte: Women’s Health
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.
S I D
Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.
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Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott Editor Associado Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun
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Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.
Retratos do progresso A assembleia da Associação Geral realizada em San Antonio, Texas, Estados Unidos, no último mês de julho, reuniu adventistas de quase todos os países da Terra. Todas as noites foram apresentados relatórios de cada Divisão da igreja no mundo e a maioria deles está disponível na Internet. Veja como Deus está usando Seu povo para espalhar o evangelho. Divisão Centro-Leste Africana https://youtu.be/JiQxji6fJNs Divisão Euro-Asiática https://youtu.be/CYB2swKTIxw Divisão Interamericana https://youtu.be/JskXLCEWDFY Divisão Intereuropeia http://eud.adventist.org/events/events/ general-conference/ Divisão Norte-Americana https://vimeo.com/131616219 Divisão do Pacífico Norte-Asiático https://youtu.be/gsyynVbTFIM
Divisão Sul-Americana http://gc2015.adventistas.org/pt/ vlstreaming/dsa-mission-dothe-extremes/ Divisão do Sul do Pacífico https://www.hopechannel.com/watch/ changing-history-one-heart-at-a-time Divisão Sul-Africana Oceano Índico vimeo.com/133062486 Divisão Transeuropeia https://youtu.be/QUVyxqAV3-Y
Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, chair; Yutaka Inada, German Lust, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han, Gui Mo Sung Editores em Silver Spring, Maryland, EUA André Brink, Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Kimberly Luste Maran, Andrew McChesney Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Editor On-line Carlos Medley Gerente de Operações Merle Poirier Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler Conselheiro E. Edward Zinke Administrador Financeiro Kimberly Brown Assistente Administrativo Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, presidente; Bill Knott, secretário; P. D. Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Yutaka Inada, German Lust, Ray Wahlen, Ex-officio: Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Leonardo R. Asoy, Guillermo E. Biaggi, Mario Brito, Abner De Los Santos, Dan Jackson, Raafat A. Kamal, Michael F. Kaminskiy, Erton C. Köhler, Ezras Lakra, Jairyong Lee, Israel Leito, Thomas L. Lemon, Geoffrey G. Mbwana, Paul S. Ratsara, Blasious M. Ruguri, Ella Simmons, Artur A. Stele, Glenn Townend, Elie Weick-Dido Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria, México e nos Estados Unidos.
V. 11, nº- 11
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