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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia

D e ze m b ro 2 01 1

Educação sem

Fronteiras 11

O

Senhor é

Maravilhoso!

Dicotomia e Devoção Divina 26

28

Descobrindo a

Alegria da Gratidão


D eze mbro 2011 IGREJA

EM

AÇÃO

Editorial............................. 3 Notícias do Mundo

H A N N A

R O D R I G U E Z

( W W U )

3 Notícias & Imagens 31 Igreja de Um Dia

D E

A R T I G O

C A P A

Educação sem Fronteiras

Por Sandra Blackmer .................................................................. 18

Visão Mundial 8 Rede de Apoio

PERGUNTAS

BÍBLICAS

De Serpentes e Serafıns ............................ 25 Por Ángel Manuel Rodríguez

Durante cinco décadas, alunos têm recebido mais do que apenas educação. ARTIGO

ESPECIAL

O Senhor é Maravilhoso! Por Gerald A. Klingbeil ............ 11 Ángel Manuel Rodrígues, ex-diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica, reflete sobre sua carreira e a sabedoria de Deus.

ESTUDO

BÍBLICO

Descobrindo a Alegria da Gratidão ..... 28 Por Mark A. Finley

VIDA

ADVENTISTA

Adventistas e o Álcool Por Peter N. Landless ..................... 14 Embora alguns estudos defendam os benefícios do álcool, os adventistas mantêm o princípio do não uso.

INTERCÂMBIO ESPÍRITO

DE

PROFECIA

Os Bons Presentes de Deus Por Ellen G. White ................. 17 Desfrutando-os do modo como Deus planejou. CRENÇAS

FUNDAMENTAIS

Olhando de Volta ao Futuro

MUNDIAL

29 Cartas 30 Lugar de Oração 31 Intercâmbio de Ideias

O Lugar das Pessoas .... 32

Por Richard W. Medina e Rubia B. Medina ................................ 23

O que significa ser parte do remanescente de Deus? DEVOCIONAL

Dicotomia e Devoção Divina

Por Maike Stepanek .................................................................... 26 Todos crescemos; isso é parte da vida do cristão.

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 7, nº 12, Dezembro de 2011.

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Adventist World | Dezembro 2011

Tradução: Sonete Magalhães Costa www.portuguese.adventistworld.org


A Igreja em Ação EDITORIAL O Senhor dos Refugiados

É

muito fácil esquecê-los, especialmente quando o mundo se encontra inundado pelas imagens alegres das festividades do Natal. Afastamo-nos dos rostos angustiados das páginas dos jornais ou das histórias de terceira mão – que ouvimos – que aconteceram “lá longe”. Famintos de nossa alegria anual, desviamos o olhar quando seus olhos parecem muito suplicantes, muito insistentes, muito abandonados. Eles são refugiados – atualmente cerca de 62 milhões em todo o mundo – um número semelhante a um por cento da população do planeta. Seu único denominador comum não é algum vínculo de raça, etnia ou situação econômica, e sim, que foram deslocados – pela guerra, fome, problemas econômicos, desastres naturais, questões ideológicas ou de “pureza”. Numa época quando a mobilidade é tão valorizada, eles têm muito dela. A “terra natal” é sempre num outro lugar – lá longe – a um dia ou uma semana de distância, atrás de arames farpados. Nós, os noventa e nove por cento que estamos seguros no abrigo da igreja, fazemos bem em nos lembrar deles. Podemos ter muito ou pouco, abundância ou escassez de

alimentos mas, pelo menos, temos um “lar”. Quer eles O conheçam ou O possuam, a Bíblia nos lembra que Jesus tem uma preocupação especial pelos refugiados deste mundo. Seus pais foram obrigados a fugir quando Ele tinha apenas algumas semanas de vida. Ele disse que “não tinha onde reclinar a cabeça”, exceto, quem sabe, sobre uma almofada emprestada em um barco no meio da tempestade. E a paz que Ele deseja dar às pessoas de boa vontade, procura dar o mais rápido possível aos “pequeninos” que, talvez, nunca a tenham experimentado. Em algum lugar, não muito distante, quem sabe a um quilômetro ou a uma milha de onde você mora, exista alguém acampado debaixo de uma ponte ou apertado dentro de uma barraca esfarrapada à espera daquele dia em que sua sorte vai mudar. Neste Natal, procure por eles, em nome do Senhor dos Refugiados, para lhes oferecer o que, certamente, Ele lhes ofereceria – uma refeição quente, um tão necessário abraço. Fazendo isso, você estará comemorando apropriadamente o aniversário do Senhor que oferece a Si mesmo como o refúgio para os desabrigados e perdidos. – Bill Knott

NOTÍCIAS DO MUNDO

Mais de

5OO Respondem ao

– S P D

PRESENÇA GIGANTE: Aproximadamente 32 mil habitantes de Honiara assistiram á última reunião da série evangelística liderada por John Carter, em setembro, nas Ilhas Salomão.

S O U T H

PA C I F I C

U N I O N

Evangelismo Público nas Ilhas Salomão ■ No maior batismo da história da Igreja Adventista do Sétimo Dia nas Ilhas Salomão, centenas de pessoas se uniram à igreja durante uma série de evangelismo público realizada por John Carter. Mais de 500 pessoas foram batizadas no rio Lunga, próximo a Honiara, no dia 17 de setembro, ocasião em que alguns homens ficaram ao lado, com varas, para afugentar qualquer crocodilo que estivesse nadando na área. Cerca de dez mil pessoas permaneceram às margens do rio numa ponte próxima, para assistir à cerimônia.

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A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO

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pessoa possa ouvir a mensagem adventista. – Phil Ward/Rede Adventista de Notícias

■ Os líderes mundiais da Igreja Adventista do Sétimo Dia votaram, no dia 9 de outubro, transferir a supervisão administrativa da Igreja no Oriente Médio, a qual estava sob a direção das divisões Transeuropeia e Euro-Africana, para a sede mundial da Igreja, localizada em Silver Spring, Maryland, EUA. A recém-formada União Missão do Grande Oriente Médio é formada por 21 países, mais de 500 milhões de pessoas, e possui 2.900 adventistas que frequentam 70 igrejas e grupos. Sob a nova organização, o Sul do Sudão é parte agora da Divisão CentroOeste Africana, e a Divisão do Pacífico Sul-Asiático supervisionará a União Paquistanesa. Culturalmente, o Paquistão pode ser mais bem atendido pela divisão que também serve o Sri Lanka e Bangladesh, informaram os líderes. A Divisão Euro-Asiática absorverá o Afeganistão. A Associação Geral (AG) supervisionará Israel e a União Missão do Grande Oriente Médio. Ela incluirá os territórios Trans-Mediterrâneos. O Sul de Chipre permanecerá na Divisão Transeuropeia. Após mais de 100 anos de esforços evangelísticos na região, relatórios indicam que a missão da Igreja continua enfrentando muitos desafios, informaram aos delegados do Concílio Anual da AG, os membros da Comissão de Avaliação, nas regiões do Grande Oriente Médio e Mediterrâneo. A decisão de anexar essa parte do Oriente Médio, de “alta prioridade”, á sede mundial da Igreja favorecerá a execução mais rápida de projetos, disse um dos membros da comissão. “Isso facilitará o trânsito de pessoal, recursos

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Unidade do Oriente Médio é Campo Ligado à Associação Geral

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A maioria das pessoas batizadas aceitou a mensagem adventista durante as reuniões de Carter, iniciadas no dia 9 de setembro, em um estádio de futebol, em Honiara. Carter falou sobre as últimas descobertas da astronomia e evidências científicas sobre a existência do Criador. Na reunião final, na noite de domingo, a audiência chegou a 32 mil pessoas, mais de um terço da população da cidade. Cerca de dois terços dos que compareceram não eram membros da Igreja Adventista, informaram os líderes do Sul do Pacífico. As reuniões causaram forte impacto na cidade, disse Danny Philip, primeiro-ministro das Ilhas Salomão, que falou no fim do encontro. “A igreja das Ilhas Salomão tem orado por reavivamento” e, segundo Wayne Boehm, presidente da Igreja Adventista nas Ilhas, “é motivo de alegria ver a atuação do Espírito de Deus em toda a nação. Continuo ouvindo histórias miraculosas de pessoas que compareceram às reuniões, algumas das quais já guardavam o sábado por iniciativa própria. Ao assistirem às pregações, sua fé foi fortalecida.” Entre os membros recém-batizados, está o ex-presidente de uma denominação protestante. “Louvamos a Deus pelo público expressivo e entusiasmado presente às reuniões evangelísticas”, disse, mais tarde, Ted N. C. Wilson, presidente mundial da IASD, ao ser entrevistado. E acrescentou: “É óbvio que muitos estejam encontrando na Bíblia respostas para os problemas atuais. De fato, Jesus é a única solução para os desafios que enfrentamos neste mundo altamente instável.” Muitos dos recém-batizados estão desejosos de frequentar uma nova igreja no Centro Adventista, de propriedade do ministério Maranatha [Maranatha Volunteers International], nas Ilhas Salomão, disse Boehm. A Igreja planeja estabelecer uma rede de rádio no país, para que cada

LÍDERES DE DIVISÃO: Bertil Wiklander, presidente da Divisão Transeuropeia, apresenta ao presidente da comissão seu apoio, bem como algumas preocupações com a proposta de ajuste na estrutura administrativa do Oriente Médio, que inclui a sua divisão. Atrás dele, Bruno Vertallier, presidente da Divisão Euro-Africana, aguarda o momento de falar. A proposta, aprovada posteriormente, também afetará sua divisão.

e ideias dos países que antes costumavam ter barreiras nas diferentes divisões”, mencionaram os líderes. A reorganização também agrupará países com culturas similares. Os membros da comissão disseram ainda que o Oriente Médio “deve ser o foco de toda a Igreja”, citando outra vantagem da mudança. Em 2010, a (AG) determinou que a comissão estudasse a obra adventista no Oriente Médio, com o objetivo de analisar a necessidade de uma reorganização territorial. Estudos históricos, demográficos e dados estatísticos parecem indicar que a Igreja cresce mais quando é supervisionada por um corpo unificado e geograficamente próximo, relataram os membros da comissão. O Oriente Médio é parte da região chamada Janela 10/40, onde vivem dois terços da população mundial. Os cristãos representam apenas um por cento. “Quero que pensem nos incríveis desafios do Oriente Médio”, disse Ted


Missão Guam-Micronésia Passa a Fazer Parte da Divisão Norte-Americana

rios vieram da América do Norte.” A região abriga 4.500 membros da Igreja Adventista, a qual também administra várias escolas fundamentais e de ensino médio, onde o grupo de professores é formado, em grande parte, por estudantes missionários. Dan Jackson, presidente da Divisão Norte-Americana, aceitou prontamente a mudança. “Ficamos sempre felizes em cooperar com os planos mundiais da Obra; por isso, abraçaremos o povo e o ministério da Missão Guam-Micronésia”, disse ele. Alberto Gulfan, presidente da Divisão do Pacífico Sul-Asiático, confirmou que seu comitê executivo havia feito vários pedidos para a mudança da supervisão de Guam-Micronésia. Na reorganização territorial feita no dia 9 de outubro, foi dada a essa divisão a reponsabilidade da supervisão administrativa do Paquistão. – Ansel Oliver/Rede Adventista de Notícias

■ A Missão de Guam-Micronésia da Igreja Adventista do Sétimo Dia, região administrativa composta pelas ilhas ocidentais do Oceano Pacífico, passará a fazer parte da Divisão Norte-Americana. Essa mudança, aprovada pela Comissão Executiva da AG, no dia 10 de outubro, transfere a supervisão administrativa da Divisão do Pacífico Sul-Asiático, com sede nas Filipinas. O território da Missão é formado pelos territórios dos Estados Unidos de Guam, os Estados Federados da Micronésia, Ilhas Marshall, Ilhas Mariana do Norte e Palau. “Há muitos anos vem se discutindo a necessidade de encaixar melhor esse território em outro lugar”, disse Myron Iseminger, subsecretário mundial da IASD. “Os regulamentos foram feitos segundo as leis americanas e muitos dos funcioná-

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GULFAN FALA: Alberto Gulfan, presidente da Divisão do Pacífico Sul-Asiático, conversa com o presidente do Concílio Anual da AG sobre a mudança da Missão Guam-Micronésia para a Divisão Norte-Americana (DNA). Dan Jackson, presidente da DNA, está sentado próximo a ele.

Nova Região Administrativa no Brasil Reconhece Crescimento e Independência Financeira

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N. C. Wilson, lider mundial da IASD, aos delegados. “Queremos dar crédito total aos obreiros que já trabalham lá”, acrescentou. Bertil Wiklander, presidente da Divisão Transeuropeia, disse que ele e sua equipe tiveram algumas reservas sobre parte da proposta, mas dariam todo o apoio, caso ela fosse aprovada pelo corpo mundial. “Temos certa ligação pessoal com nosso povo nessa região e já gastamos muito tempo em oração com eles e por eles. Apreciamos muito o período em que trabalhamos juntos, tendo esses campos sob nossa administração. Dedicamos-lhes tempo, talentos e recursos”, disse Wiklander. Bruno Vertallier, presidente da Divisão Euro-Africana, disse que nos últimos anos redobraram seus esforços no Oriente Médio e que a mudança administrativa seria considerada difícil para algumas pessoas. “Recomendamos que o treinamento de pessoas nascidas na região receba atenção especial”, disse ele. “Pessoas maravilhosas trabalham ali atualmente e devemos acrescentar outras a elas. O grande desafio será treinar mais gente dos campos locais e lhes oferecer as melhores ferramentas possíveis para suprir as necessidades dos membros adventistas e da comunidade.” Wilson disse que a mudança é um sinal de que a região é uma prioridade para a denominação. “O Oriente Médio é um lugar singular”, temos que dar atenção especial a essa área do campo mundial. Somos muito agradecidos pelo que as divisões Euro-Africana e Transeuropeia fizeram para promover e nutrir a missão adventista na região.” Homer Trecartin, secretárioassociado da AG, foi indicado, posteriormente, para servir como presidente da recém-criada União Missão do Grande Oriente Médio; Tibor Szilvasi continuará em sua função como secretário da União. – Elizabeth Lechleitner/Rede Adventista de Notícias

■ Os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia mundial votaram, no dia 12 de outubro, dividir a União Nordeste Brasileira em dois corpos administrativos: União Missão Nordeste Brasileira e a União Missão Este Brasileira. A mudança reconhece o crescimento do número de membros e a administração impecável das finanças na região, disseram os líderes da igreja. Ela ocorre como consequência de um realinhamento similar na estrutura administrativa no Brasil, ocorrida no ano passado. A ex-União Missão Nordeste Brasileira tem aproximadamente 340 mil adventistas e um número crescente de igrejas e de escolas adventistas. O número de membros aumentou mais do que o dobro desde que a união foi criada, em 1996. Até o mês de julho deste ano, a igreja na região recebeu mais de 20 mil novos membros, cerca de três mil por mês. “Para nós, essa região tem forte

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A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO potencial de crescimento”, disse Erton Köhler, presidente da Divisão SulAmericana. “As pessoas são muito receptivas. Cremos que a nova união vai dar significativo apoio à nossa igreja na região e ajudar a cumprir a missão.” As recém-formadas uniões Nordeste e Este começarão a funcionar em 2013, com mais de cem por cento do capital operativo ideal, disse o tesoureiro assistente Joan Prestol. Nenhuma delas tem dívidas, acrescentou, e ambas estão em “excepcional” condição financeira. A Igreja Adventista no Brasil já sofreu várias reorganizações administrativas desde sua organização em 1895. A liderança da igreja reorganiza regularmente sua estrutura administrativa para acomodar o crescimento do número de membros. Recentemente, os delegados da última assembleia da Associação Geral votaram dividir a antiga União Missão Norte Brasileira em duas entidades, criando a União Missão Noroeste Brasileira. – Elizabeth Lechleitner - Rede Adventista de Notícia

Em Meio às

Turbulências da Economia Mundial, a dve n t i sta s Continuam

Doando Fi Orçamento para 2012 libera recursos Hope Channel agora é entidade

Por Elizabeth Lechleitner, Rede Adventista de Notícias

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NOVA UNIÃO: Um gráfico em PowerPoint mostra a União Sudeste Brasileira. Os líderes da igreja renomearam a ex-União Este Brasileira quando dividiram outra união em duas, criando nova região com nome semelhante. A nova união demonstra o crescimento da Igreja e a estabilidade financeira no Brasil, disseram os líderes.

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m todo o mundo, a cada sábado de 2010, os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia depositaram nas salvas de ofertas cerca de quarenta milhões de dólares, totalizando dois bilhões no fim do ano. “Para mim, isso é um milagre”, disse Juan Prestol, subtesoureiro, aos delegados do Concílio Anual, durante o relatório da tesouraria na sede mundial da Igreja, no dia 10 de outubro de 2011. “Ninguém força ninguém a fazer isso. As pessoas o fazem voluntariamente porque o Senhor as impressiona a doar. Esse é um grande testemunho”, disse Prestol, devido ao clima turbulento da economia atual. Parte desses dois bilhões de dólares em dízimos e ofertas recebidos de todo o mundo é a base do orçamento da igreja para 2012, informaram os líderes. Os delegados também votaram um orçamento de 166,7 milhões de dólares para a igreja. Um terço do aumento dessas entradas beneficiará o evangelismo, o ministério e a liderança na Janela 10/40. A igreja da Universidade de Loma Linda, a Divisão Sul- Americana e a Divisão Interamericana estão entre as instituições e entidades cujos subsídios serão reduzidos a fim de que a Igreja libere fundos para as maiores regiões do mundo ainda não alcançadas pelo evangelho, as quais se estendem do norte da África até o Oriente Médio e Ásia. A realocação de fundos recomendada em 2008 pela Comissão de Revisão de Apropriação da igreja reconhece crescimento e


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ATUALIZAÇÃO FINANCEIRA: Robert E. Lemon apresenta o relatório da tesouraria aos delegados da Igreja, no Concílio Anual da Associação Geral realizado no dia 10 de outubro de 2011. O tesoureiro disse que as alocações orçamentárias para 2012 atenderão ao aumento das necessidades financeiras de algumas áreas menos evangelizadas do mundo.

elmente para regiões não alcançadas; financeiramente emancipada

autossuficiência em algumas áreas, transferindo os recursos adicionais para suprir necessidades de outras regiões. “No passado, tínhamos a tendência de dar atenção financeira especial para regiões com alto número de membros, mas agora muitas já são capazes de carregar seu próprio peso”, disse Robert E. Lemon, tesoureiro da Associação Geral, aos delegados. A Igreja vem percebendo dramática mudança nos subsídios à medida que o número de membros adventistas cresce em todo o mundo. Entre 2006 e 2011, os recursos da igreja, vindos de fora da América do Norte, quase dobraram. Embora os dízimos da América do Norte ainda financiem a maior parte de orçamento mundial da Igreja, as finanças estão hoje mais vulneráveis às flutuações e taxas de câmbio do que em anos anteriores. O fortalecimento do dólar americano em relação a outras moedas do mundo tem um “efeito importante” da obra da Igreja em todo o mundo, disse Lemon. Quando o dólar está forte, ele garante o orçamento da Igreja, pois as regiões que recebem subsídio na moeda americana têm esse valor estendido, compensando algumas perdas, informou Lemon. Entretanto, os líderes financeiros da igreja, lidam com a situação inversa quando o dólar enfraquece. Apesar de os EUA estarem ainda emergindo da forte crise econômica, as entradas de dízimos e ofertas têm sido regulares,

o que constitui uma bênção, afirmou Lemon. Os membros da igreja sentiram a “tensão” do período de insegurança financeira, mas permaneceram fieis, disse ele. A devolução do dízimo pelos membros da América do Norte aumentou 3,5 por cento em agosto de 2011 em comparação com o mesmo período do ano passado, disse Lemon aos delgados. Fora da América do Norte, os dízimos cresceram 17 por cento no período. Embora parte desse aumento seja atribuída às taxas de câmbio, o dízimo em moedas locais também sofreu “substancial aumento”, disse ele. De igual modo, as ofertas missionárias fora da América do Norte aumentaram 20,5 por cento ou 7,2 milhões de dólares, porque o aumento da oferta atual coincidiu com taxas de câmbio favoráveis. Erika Puni, diretora do Ministério de Mordomia para a Igreja mundial, pediu ao presidente da comissão que incluísse uma linha no orçamento aprovado, expressando gratidão pelo trabalho dos líderes locais de mordomia. Educar os membros na mordomia bíblica é uma “questãochave”, disse Ted N. C. Wilson. No ano passado, os administradores da Igreja desafiaram os líderes regionais a contratar diretores de mordomia de tempo integral. “Alguns de vocês fizeram isso e creio que estão vendo um incrível retorno no investimento”, disse Wilson. Atendendo à solicitação de um delegado, Wilson se comprometeu a deixar disponíveis para a igreja mundial os relatórios financeiros num “formato eletrônico facilitado”. Para os membros que devolvem fielmente os dízimos e doam sistematicamente as ofertas, é gratificante e motivador saber como a igreja administra esses recursos, disse o delegado. No dia 20 de outubro, os delegados também votaram tornar o Hope Channel – rede de televisão oficial da Igreja – uma entidade financeiramente emancipada [autossuficiente] e fornecer um capital de giro a partir de janeiro de 2012. A rede já está incorporada separadamente. ■

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A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL

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uem ou o que moldou sua identidade de adventista do sétimo dia? Por que você escolheu fazer parte desse movimento mundial? E, indo direto ao ponto, como podemos criar uma rede de apoio para incentivar nossos jovens a desenvolver uma fé robusta e sua identidade como adventistas do sétimo dia? Essas são questões muito importantes sobre as quais todo adventista deve refletir. Influências Positivas desde Cedo

Minha decisão de ser adventista do sétimo dia foi moldada por muitas coisas e muitas pessoas, todas enviadas por Deus, as quais me influenciaram

Rede de Apoio

Distinguindo os fatores que moldam a identidade adventista a ser parte de Seu povo remanescente. Algumas dessas pessoas, cujas fisionomias ainda permanecem em minha memória, certamente nunca saberão o impacto que causaram em minha vida de jovem, em relação ao meu compromisso com a igreja. Harry Baerg, artista da revista Guide, foi meu professor da Escola Sabatina há muitos anos. Era uma pessoa fascinante. Harry foi um ilustrador muito talentoso; várias gerações de jovens adventistas e seus pais colecio-

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Por Ted N. C. Wilson

navam suas ilustrações nos periódicos da igreja e na contra capa da revista Guide. Cada semana ele apresentava várias coisas interessantes que aguçavam minha curiosidade: quebra-cabeças, histórias de animais, surpresas. Esperávamos, com ansiedade, a Escola Sabatina do sábado seguinte por causa do talento e preparo do professor. Outra pessoa que moldou minha vida foi um médico missionário, Dr. Roy Cornell, que trabalhou no Hospital Adventista Benghazi, na Líbia,

quando eu era um garoto e morava no Egito. Enquanto cuidava dos pacientes numa epidemia de pólio, contraiu a doença e ficou paralítico. Por muitos anos ele tinha o hobby de tocar clarineta, mas como não conseguia mais tocar, doou-me sua linda clarineta Buffet, por ocasião de nosso retorno aos Estados Unidos. Aquele presente ajudou a mudar minha vida. Com um instrumento de alta qualidade nas mãos, comecei a estudar clarineta e comecei a participar da orquestra do D E PA R TA M E N T O

D E

E D U C A Ç Ã O

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D N A


Columbia Union College [atualmente, Washington Adventist University], enquanto cursava a faculdade. Nossa igreja, em Takoma Park, Maryland, também tinha uma pequena orquestra. O grupo gostava de se reunir a cada semana para tocar na Escola Sabatina dos jovens. Essas amizades não se desenvolverem por acaso: Deus usou essas pessoas para conduzir minha identificação com Sua igreja. Hoje, cinquenta anos depois, ainda me lembro com carinho dessas pessoas, cujo incentivo e amizade me mantiveram unido a outros crentes. Na Igreja

As lições aprendidas na Escola Sabatina e na igreja são, certamente, importantes. Mas não devemos nos esquecer do impacto dos encontros, até dos mais breves. Os encontros que provavelmente são os mais marcantes não são os longos, com grandes conselhos, mas as breves palavras de incentivo e os sorrisos daqueles a quem os jovens respeitam e admiram. Minha própria história realça esse princípio: Preste atenção nos mais jovens. Sorria para eles e os chame pelo nome. Estenda-lhes a mão e diga: “Como está você? Estamos muito felizes por você fazer parte de nossa igreja.” Você só precisa dizer isso a fim de que seja lembrado por muito tempo pelos jovens. Cresci numa comunidade basicamente adventista. Nem toda criança tem essa oportunidade. Alguns acham que crescer nesse tipo de comunidade é um tanto restritivo, mas, para mim, a experiência foi extremamente positiva. Descobri que participar de todas as atividades da igreja, como do grupo de jovens às sextas-feiras à noite, passar o informativo das missões e ajudar nas reuniões evangelísticas – tudo isso me ajudou a criar elos com o movimento adventista. Mesmo quando as atividades não tinham o objetivo de me

inspirar, marcaram-me grandemente. Os programas me ajudaram a compreender que eu pertencia a uma organização consagrada, que tinha carinho pelas pessoas, dedicava recursos do mundo todo, alvos dignos e objetivos de âmbito mundial. Na Escola

Nem todo adventista do sétimo dia tem a oportunidade ou os recursos para obter educação cristã, mas sem dúvida, segundo a Bíblia e o Espírito de Profecia, o ideal é frequentar uma escola da igreja para a formação dessa indispensável identidade de jovem cristão. No ambiente escolar adventista, os alunos aprendem os princípios cristãos não apenas por meio das disciplinas ensinadas em sala de aula, mas tam-

situações. Aprendi a apreciar a dedicação e o compromisso deles. Eu queria ser como eles, quando crescesse. Uma Escola em Cada Igreja

Não há dúvida a respeito disso: creio plenamente na educação cristã. Penso que cada igreja precisa ter ligação com uma escola adventista, própria ou associada a outras igrejas adventistas da região, mesmo que seja uma escola com apenas uma sala de aulas. Quando era jovem, fui chamado para pastorear uma pequena com menos de cem membros. Em outros tempos, existiu uma escola adventista ali, mas morreu por falta de interesse. No entanto, encontramos um grupo de pais dedicados que valorizava a educação cristã e, em apenas oito semanas,

Nosso desejo é que todos os nossos jovens vejam Jesus com o coração bém durante o lazer. Aprendem a se relacionar uns com os outros, como reagir aos conflitos, como promover a paz. O ambiente educacional cristão revela os princípios morais e os fundamentos bíblicos que conduzem os alunos aos relacionamentos sociais. Ao refletir na minha experiência, concluí que os professores cristãos influenciaram grandemente minha vida. Todos criaram impacto, embora, na época, eu não reconhecesse. Como um jovem sujeito a ser influenciado, olhava para eles, para as instruções deles a fim de decidir como reagir em certas

reorganizamos e equipamos a escola. Os líderes da associação nos ajudaram a encontrar um professor capacitado e começamos o ano escolar com treze alunos. Aquela escola tem funcionado com sucesso por quase quarenta anos, influenciando pela fé centenas de alunos. As escolas adventistas são importantes porque fortalecem o relacionamento entre pais e filhos, criando oportunidades de envolvimento de uns com os outros, com outras famílias, com os programas da escola e com outras atividades construtivas.

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A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL A educação adventista é um catalizador para a criação de uma rede de apoio ao jovem, quer por meio de uma pequena escola ou um grande colégio. Todo o programa da escola, associado aos ministérios da igreja e às atividades dos jovens, mais o apoio dos pais em casa – esse triângulo que inclui igreja, escola e família – é grande reforço para a autoestima, para o desenvolvimento e crescimento pessoal. A escola, a igreja e o lar, quando trabalham unidos, ajudam o jovem a compreender os talentos e dons dados pelo Senhor a ele. Quando os pais dão aos filhos o presente de um lar comprometido, de tal modo que participem ativamente numa congregação fervorosa e frequentem uma escola adventista, eles os preparam para florescer como cidadãos de uma comunidade e como cidadãos do reino do Céu. Poucas coisas neste mundo exercerão mais influência no reino vindouro do que uma escola paroquial. De todo o coração, quero incentivar todas as igrejas adventistas, em todo o mundo, a fazer tudo que for possível para abrir uma escola adventista do sétimo dia, mesmo que seja associada a outras igrejas adventistas. A instrução bíblica é clara: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22:6 ARA). E a Preparação Para o “Mundo Real”?

A educação, especialmente a cristã, ajuda o jovem a compreender as perplexidades de um mundo em que as decisões difíceis irão confrontá-los em quase todas as áreas – nos relacionamentos, na escolha da profissão, no estilo de vida e, principalmente, em uma vida consagrada e de serviço. Nossos colégios e universidades dão aos alunos a compreensão de que necessitam para fazer escolhas sábias em meio a tanta contrafação. Dúvidas, inclusive desafios à fé, surgirão inevita-

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velmente e, embora a escola e a igreja desempenhem o papel mais importante na sustentação da fé, o elemento realmente mais importante de todos é a integridade da família adventista. Se o lar não estiver fundamentado numa forte base bíblica e no Espírito de Profecia, mesmo que a igreja e a escola trabalhem corajosamente, não haverá garantia de que possam remediar o que o lar não está alcançando. Durante meu crescimento, nunca ouvi meus pais dizerem coisas negativas a respeito da Bíblia ou do Espírito de Profecia. Eles só faziam comentários positivos. Nunca me desencorajaram em meu contínuo relacionamento com o Senhor; ao contrário, sempre incentivaram a minha ligação com a igreja. Muitas vezes fui abençoado pelo exemplo deles, e milhares de outras famílias seriam abençoadas se adotassem a mesma conduta. Se em nossa família evitássemos fazer comentários negativos sobre líderes, sermões ou decisões com as quais não concordamos, mas enfatizando o lado positivo e as coisas que fortalecem a fé, nossos filhos respirariam uma atmosfera de confiança, o que lhes fortaleceria a identidade como adventistas do sétimo. As crianças são como esponjas: absorvem tudo o que ouvem e vivem em casa. Quando orações são oferecidas pelos filhos e esses são elogiados por pais que compreendem a importância da formação dessa identidade adventista especial, eles avançarão na direção do fortalecimento da fé pessoal, a qual os habilitará para enfrentar todo tipo de dificuldades e tempestades da vida. Quando Há Amor e Fé no Lar

Não precisamos de gerações de adventistas identificados com a cultura do mundo. O que precisamos é de uma geração de jovens que queiram ser adventistas pelo fato de amarem a Jesus. Uma maneira importante e fácil de incentivar essa prática é separar tempo para o culto familiar – especialmente

à noite. Não permitamos que nossas atividades preferidas, como esportes, programas de televisão, internet ou conversas com os amigos se tornem o culto vespertino nos lares adventistas. Isso é de importância vital para desenvolvermos uma relação adequada com nossos filhos, conversando com eles, perguntando como passaram o dia, animando-os, valorizando suas expressões de fé. Esse culto familiar é uma das melhores oportunidades para convencer nossos filhos sobre a necessidade de desenvolver comunhão com Jesus, que Ele é o melhor amigo deles. Desde muito cedo, as crianças podem compreender seu relacionamento com o Senhor. Há vários anos, Nancy, minha esposa, estava feliz por poder passar uma hora com nossa netinha Lauren, de dois anos de idade. Quando Nancy foi pegar os óculos, nossa garotinha disse: “Nani, você não precisa de óculos, você pode ver Jesus com o coração.” Nosso desejo é que todos os nossos jovens vejam Jesus com o coração. É por isso que oferecemos a eles todas as vantagens que Deus disponibilizou para nós, na família, na igreja, na escola. É por isso que nos sacrificamos, investimos tempo e rearranjamos nossa vida de adultos, porque sabemos que é a soma dessas “pequenas coisas” que ajuda a formar em nossos filhos essa identidade adventista. Eles não assimilarão essa linda identidade só porque nós conseguimos, ou por osmose. O legado mais importante que deixaremos para nossos filhos é o desejo de escolher livremente a fé que escolhemos. Nada é mais importante do que isso, e nada nos dará maior alegria e satisfação. ■

Ted N. C. Wilson é presi-

dente da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, com sede em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos.


A R T I G O

E S P E C I A L

G

erald Klingbeil, editor associado da Adventist World, entrevistou Ángel Manuel Rodríguez, que, por muitos anos, foi diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas (BRI, sigla em inglês) da Associação Geral e se aposentou recentemente. Ángel é editor da seção Perguntas Bíblicas e, por isso, é muito conhecido pelos leitores desta revista. Eles conversaram sobre as Escrituras e a importância da teologia na vida da igreja. Pastor Rodríguez, após 19 anos de trabalho no Instituto de Pesquisas Bíblicas, 11 dos quais como diretor, o senhor se aposentou recentemente. Também trabalhou como pastor, professor universitário e administrador. Ao olhar para trás, para seu tempo de ministério, o que lhe vem à mente?

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é enhor S Maravilhoso! S A N D R A

B L A C K M E R

Por Gerald A. Klingbeil

Um olhar sobre a teologia adventista

Deus é maravilhoso! Ele sabe onde deve nos colocar e, pouco a pouco, nos molda. Isso é algo que me impressiona, bem como a meus colegas de trabalho (no BRI). Ouço as histórias deles a respeito da caminhada com o Senhor. Vejo como Ele os moldou, preparando-os para o que estão fazendo agora. Olho para trás e digo a mim mesmo: “Realmente o Senhor me dirigiu e preparou para o que Ele queria que eu fizesse.”

mundo e, de repente, passamos a ter a maior parte dos teólogos adventistas vivendo fora do mundo ocidental. Essa novidade trouxe consigo muitas bênçãos, mas, ao mesmo tempo, enfrentamos grandes desafios. Uma das coisas que decidimos fazer foi tomar medidas para que não houvesse fragmentação entre esse grande número de novos teólogos ao redor do mundo. Mencione algumas dessas medidas.

Durante os quase 20 anos em que serviu na sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o senhor viu muitas mudanças. Milhões de pessoas se uniram à igreja, a qual se tornou mais internacional. Penso que, hoje em dia, a maioria dos membros de nossa igreja fala mais o espanhol ou o português do que o inglês, francês ou qualquer outro idioma. Tem isso algum significado para a teologia adventista?

Claro que sim. A teologia adventista tornou-se mais internacional. Antes dessa explosão de crescimento, a teologia adventista era influenciada primordialmente por teólogos do Ocidente, da América do Norte, Europa e Austrália. Então, houve esse tremendo crescimento no número de membros em todo o

Uma das primeiras coisas em que pensamos foi envolver a Comissão do Instituto de Pesquisas Bíblicas (BRICOM) nesse trabalho. Essa comissão se reúne duas vezes ao ano. Ela desenvolve projetos que dizem respeito a questões teológicas e doutrinárias que requerem estudos mais profundos e à produção de material. Os membros da BRICOM, em sua maioria, eram da América do Norte, onde estavam quase todos os nossos teólogos. Com esse incrível crescimento, uma das primeiras coisas que fizemos foi abrir a BRICOM para outros teólogos não ocidentais. A igreja é mundial e não podemos trabalhar isolados da igreja mundial na área de teologia. Muitos desses teólogos são relativamente jovens.

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Construído sobre a

Maravilhosa

Graça

Dixil Rodríguez, colunista da Adventist Review, filha de Ángel Rodríguez, compartilha um lado mais pessoal de seu pai. Nunca perdemos a tradição de nossa família: os sinais de minha família. Os momentos da infância estão vívidos: culto diário e cânticos para receber o

sábado. Sempre começavam do mesmo modo. Meu pai dizia: Vamos cantar um hino. Ele conduzia. Meu pai incorporava uma história bíblica em cada melodia. Com cada harmonia musical ele nos ensinava versos bíblicos que falavam de esperança, do poder da oração e de confiança na direção divina. Deus nunca esteve longe ou ausente de nossas canções. Cantávamos juntos. O melhor conselho que recebi de meu pai foi: Coloque Deus em primeiro lugar. Você pode enfrentar dificuldades. Não se esqueça de cantar. Ele estava certo.

Essa é uma grande vantagem, pois vão servir à igreja por muitos anos ainda. Ao verem como trabalhamos juntos, tentando pesquisar questões bíblicas, teológicas e doutrinárias que afetam a unidade da igreja no mundo, tornam-se extensões, por assim dizer, em suas regiões, e tentam incentivar e manter essa unidade teológica. A segunda coisa que decidimos fazer foi capacitá-los, dizendo-lhes: “Confiamos em vocês. Vocês podem ser teólogos para sua igreja. Podemos trabalhar juntos e fazer grandes coisas pela igreja.” Assim, incentivamos as divisões a estabelecer Comissões de Pesquisas Bíblicas (BRCs), não institutos, mas comissões, em seus territórios, para trabalhar com questões teológicas relevantes para aquela divisão. Muitas divisões fizeram isso e essas comissões já estão trabalhando. Há uma comunicação constante entre a BRI e essas comissões. Onde quer que essas comissões se reúnam, um de nós está presente com eles. Quando enfrentamos tensões teológicas em nossas igrejas locais ou uniões, ouço pessoas dizerem: “Por que precisamos de tanta teologia? Por que temos que investir tanto para reunir todos esses teólogos? Não devemos nos concentrar apenas na missão e no evangelismo? O que o senhor diz a essas pessoas?

Sim, precisamos nos concentrar no evangelismo e na missão da igreja. Isso é inegociável; essa é a comissão evangélica. A questão é: Qual é o papel da reflexão teológica nessa missão? E temos que deixar claro que a reflexão teológica é parte da missão da igreja. Não é um adendo. Não é algo que a igreja faz se há um problema e temos que resolvê-lo. Não, realizar estudos bíblicos, pensar teologicamente é tão importante para a igreja como sair e fazer evangelismo. A teologia tem a função de se colocar a serviço da missão e do evangelismo, oferecendo relevância e base bíblica às ideias transmitidas pelo evangelista. Nunca separei a teologia da missão. Muitas pessoas que vão ler esta entrevista não são teólogos. Como podemos ajudar nossos “irmãos não teólogos” a pensar bíblica e teologicamente? Isso é importante ou é

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Enfrentamos dificuldades. Mas meu pai sempre me lembrava: Ele está cuidando de você. Entregue suas preocupações a Ele. E como uma lembrança final de nossa jornada juntos, como família, ele acrescentava: Em breve cantaremos outra vez. Todos os dias, meu pai me lembra de quão perto nossa voz está dos ouvidos de Deus. Para ele, Deus tem sido não apenas o Salvador, mas também um amigo poderoso e compassivo. Hoje o vejo ensinar suas netas a cantar. Nossa herança sempre será um lar construído sobre a “Maravilhosa Graça”.

uma tarefa apenas para pastores ou professores da faculdade ou universidade?

É claro, a questão é: O que queremos dizer com ‘pensando teologicamente?’ É muito simples. É ser capaz de expressar biblicamente nossa convicção, de forma racional e de modo convincente, fundamentado nas Escrituras. Essa é a necessidade. É isso o que fazemos, dependendo do conhecimento em diferentes níveis. A função dos teólogos treinados é prover materiais para que os pastores, professores de Bíblia e membros leigos possam usá-los para enriquecer sua compreensão a respeito de qualquer doutrina em particular. Depois de quarenta anos de ministério, a jubilação o coloca numa posição vantajosa. Atualmente, onde o senhor vê problemas teológicos no mundo adventista? Quais as questões que, como igreja, devemos abordar?

Quando penso nisso, parece que os temas teológicos fundamentais são e continuarão sendo eclesiologia – a doutrina da igreja. Esse sempre foi um assunto importante na igreja, o qual, devido ao grande crescimento, se tornou extremamente importante. Como nunca, estamos em contato com as religiões do mundo. Para nós, é importante interagir com eles e, para eles, é importante conhecer a Igreja Adventista, quem nós somos, o que estamos fazendo aqui, qual é nossa missão. A igreja cresceu e, consequentemente, não é mais invisível. Outras denominações não podem deixar de nos ver, porque estamos em todos os lugares. A cada dia nossa escatologia se torna mais relevante. Por essa razão, temos de ter respostas bíblicas e teológicas, respostas convincentes. Precisamos reafirmar nosso compromisso com o Salvador, o nosso compromisso com a mensagem e missão entre os membros da igreja. Eles precisam disso, pois muitos membros de nossa igreja são recém-conversos. Devido ao grande crescimento da igreja, têm surgido problemas teológicos?

O que penso ser, provavelmente, uma das mais importantes questões teológicas está relacionado aos novos conversos. Veja, o crescimento é tão rápido que se torna muito difícil nos


mantermos atualizados. Devido à velocidade, realmente precisamos parar para pensar nos perigos. E o perigo que vou mencionar é real. É o perigo de batizar pessoas vindas de diferentes tradições cristãs, ou de tradição não cristã, que não estão bem informadas sobre a mensagem bíblica. Elas recebem uma rápida introdução à mensagem adventista e são batizadas. Há pouco acompanhamento. Essas pessoas são adventistas, baseadas no pouco que conseguiram entender. Elas mantêm algumas das ideias que trouxeram consigo. Há uma espécie de sincretismo, porque nunca compreenderam bem o Adventismo. Existe diversidade doutrinária e teológica nas congregações locais. Há não muito tempo, culpávamos os teólogos. Pensávamos que eles criavam a polarização teológica e doutrinal. Há verdade nisso, não posso negar, mas esse é um fenômeno novo porque, muitas vezes, os recém-conversos não compreendem realmente o que é o Adventismo. O senhor, então, está preocupado com o discipulado bíblico?

Correto. Não é simplesmente dizer: “Oh, estou emocionado! Quero ser batizado.” Não! Tem que ver com o que é importante, ensinar a pessoa a compreender a mensagem e ser capaz de compartilhá-la com outros.

Apaixonado pelaPalavra O Dr. Artur Stele, vice-presidente da Associação Geral e atual diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas, fala sobre o ministério e paixão de Ángel Manuel Rodríguez.

Pastor Ángel, o senhor tem alguma pérola de sabedoria para nossos leitores? Algo que aprendeu e que foi importante para senhor durante tantos anos de ministério?

Bem, talvez duas coisas. Aprendi que nossa segurança em nossa peregrinação está nas Escrituras. No momento em que nos desviarmos dela, estaremos em perigo. Em momentos de dificuldade, no meu trabalho, tentando encontrar soluções, vou às Escrituras. Além da Bíblia, uso os escritos de Ellen White. Não peço desculpas por esse maravilhoso presente que o Senhor nos deu. O segundo é como lidar com as pessoas. Precisamos aprender como tratar uns aos outros. Aprender do Mestre, nosso Senhor, e Sua bondade e amor, mesmo com Seus inimigos. Aprender a escrever e falar de modo a oferecer oportunidade de reconciliação, para a compreensão comum. Mas quando o problema se refere a desentendimentos teológicos e ideias radicais dentro da igreja, temos que tomar uma posição. Não tenho medo disso. Mas sempre procuro fazê-lo de modo gentil. Não há necessidade de nos envolvermos em debates pessoais, de insultar uns aos outros e ser rudes. Tenho a convicção de que o Espírito de Deus nos conduz à bondade. ■

Conheci Ángel nos anos noventa, quando estava na Divisão Euroasiática e fui indicado para ser membro da BRICOM. Foi maravilhoso ouvir Ángel defender uma tese, apresentar um seminário, dar aulas ou falar para pastores, professores e administradores da igreja. Ele sempre foi gentil, equilibrado e comprometido com a tarefa de manter a igreja como o “povo do Livro “! Nossa

Igreja foi abençoada em todo o mundo pelo seu ministério, visitas e materiais escritos. A boa notícia é que ele não está deixando, totalmente, o BRI. Continuará sendo parte vital e vibrante do instituto! O BRI continuará seu trabalho baseado no forte alicerce deixado por Ángel Rodríguez e seus antecessores. Para obter a versão completa dessa entrevista acesse: www.adventistworld.org

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“Quando a Igreja Adventista do Sétimo Dia irá mudar sua posição sobre o uso do álcool? Essa pergunta foi dirigida a mim, durante uma viagem a trabalho, recentemente, quando tive o privilégio de falar num simpósio sobre o álcool, logo após uma conferência de profissionais da saúde. Fiquei chocado! Abundam os estudos que defendem os vários benefícios do consumo de álcool para a saúde do coração e, muitas pessoas, agora, questionam a posição de total abstinência do álcool, defendida pela igreja. A resposta simples, porém, é que a Igreja Adventista do Sétimo Dia não pode mudar sua posição, pois não é meramente um problema de saúde física; portanto, como um adventista praticante, consciente da importância da saúde deve responder? Como médico, compreendo o dilema e procurarei clarificar o assunto, a fim de ajudar as pessoas a tomar

Adventistas

Questão além da saúde pessoal Por Peter N. Landless

uma decisão bem informada, baseada em evidências, e, mais importante, no aspecto espiritual. Devemos evitar tudo que é prejudicial, inclusive – talvez especialmente – o que embota a mente e possa prejudicar nossa sensibilidade à voz do Espírito Santo, colocando em risco nosso relacionamento com nosso Senhor Jesus Cristo. Embora o consumo do álcool provoque vários riscos importantes para a saúde, o motivo primordial da abstenção permanece sendo espiritualmente moral.

Alcool

O Consumo do Álcool e a Saúde Mundial

O consumo do álcool varia muito entre os países, dependendo das tradições culturais. Há também uma disparidade entre economias desenvolvidas e emergentes. Tanto o álcool, como o fumo, são exportados para os países em desenvolvimento, acrescentando enormes encargos ao já inadequado sistema de saúde. Segundo o “Global Status Report Alcohol and Health” (Relatório da Situação Mundial sobre o Álcool e a Saúde), publicado

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pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Genebra, em fevereiro de 2011:1 ■ A cada ano, cerca de 2,5 milhões de pessoas morrem de causas relacionadas ao álcool; ■ É consumido por cinquenta e cinco por cento dos adultos; ■ Quatro por cento de todas as mortes estão relacionadas ao álcool através de ferimentos, câncer, doenças cardiovasculares e cirrose hepática; ■ Mundialmente, 6,2 por cento de mortes entre o sexo masculino estão relacionadas ao álcool e 1,1 por cento das mortes entre o sexo feminino; ■ Um entre cinco homens da Federação Russa e países vizinhos morre por causas relacionadas ao álcool. O padrão do consumo do álcool está mudando, como mencionado previamente. Os números em 2001-2005 divulgados pela OMS2 revelam que eram consumidos por ano, em todo o mundo, 6.1 litros de álcool puro por pessoa com 15


anos de idade ou mais. Essa quantidade parecia estar estável nas regiões das Américas, Europa, Leste do Mediterrâneo e Oeste do Pacífico; no entanto, aumentos acentuados foram observados na África e Sudeste da Ásia. O risco para a saúde aumenta ainda mais quando acontece o consumo excessivo de álcool, em outras palavras, quando as pessoas bebem até se embriagar. Consumo excessivo de álcool pode ser definido de forma diferente dependendo da região do mundo: nos Estados Unidos, mais de cinco doses consecutivas para o homem e mais de quatro para a mulher; na Austrália, mais de quatro doses por noite (anteriormente, mais de sete doses para o homem e cinco para a mulher). O consumo excessivo de álcool tem aumentado em muitas partes do mundo, principalmente entre os jovens, mas todos os grupos etários são afetados.3 Um livro recente sobre pesquisas e políticas públicas declara que “o álcool é um fator de risco para um grande número de doenças e problemas sociais … responsável por cerca de quatro por cento das mortes e 4,6 por cento do número de doenças no mundo, ao lado do fumo, como uma das principais causas de morte e deficiências evitáveis.”4 O álcool não é uma mercadoria comum, é perigoso. Risco do Vício

O álcool é conhecido como substância que causa dependência. A susceptibilidade (ou probabilidade) de tornar-se um alcoólatra (eufemisticamente denominado “bêbado problemático”) depende de vários fatores. A chance de desenvolver o alcoolismo durante a vida é de 13 por cento (13 pessoas em cada 100 que consomem álcool). Se houver um parente de primeiro grau (pai, mãe, tio, tia, avós) que foi dependente do álcool, esse percentual é duplicado. Se a experiência com o álcool começa antes dos 14 anos de idade, a chance de se tornar dependente do álcool sobe para mais de 40 por cento.5 Isso demonstra a importância da educação sobre o álcool desde a mais tenra idade, e de desenvolver um bom relacionamento com os jovens. Esse apoio social desenvolve resistência, habilitando o jovem a lidar com escolhas e decisões difíceis, a despeito da pressão do grupo. Outro fator adicional de proteção para jovens e velhos é a conexão com um grupo de valores, como os princípios bíblicos e caminhar com o Salvador ressurreto. O Álcool e o Câncer

O câncer é uma das principais causas de morte no mundo. Um exemplo interessante da relação entre o consumo de álcool e o câncer vem da União Europeia, onde o câncer é a segunda causa mais comum de morte, responsável por 2,5 milhões de mortes por ano. Estima-se que 10 por cento

dos casos de câncer nos homens e 3 por cento nas mulheres podem estar diretamente ligados ao uso do álcool. Estima-se ainda que 30 por cento dos cânceres nessa parte do mundo poderia ser evitado através do estilo de vida com escolhas mais saudáveis. O Eurobarometer Report de 2010 (Relatório Eurobarômetro), no entanto, descobriu que 1 em cada 5 cidadãos europeus não acredita que haja alguma relação entre o álcool e o câncer; e, 1 em 10 é totalmente ignorante do fato de que o consumo de álcool pode causar câncer.6 Infelizmente, a ignorância não nos livra das consequências. Existem fortes evidências de ligação com o álcool como causa do câncer de mama nas mulheres e do câncer do cólon tanto em homens como em mulheres. Essas descobertas foram resumidas e relatadas no World Cancer Research Fund’s (Fundo Mundial para Pesquisa do Câncer) em 2007 e 2011.7 O fator fortemente enfatizado nesse e em muitos outros relatórios científicos é que não há um limite seguro/dose de álcool que possa ser recomendado para se evitar seus efeitos cancerígenos. Isso anula qualquer recomendação do uso de álcool para benefícios da saúde, mesmo o cardíaco, porque seus efeitos colaterais são reais e perigosos. O Álcool e a Sociedade

É sabido que o uso do álcool está associado (muitas vezes casualmente) com acidentes de todos os tipos: acidentes fatais em estradas, violência doméstica, homicídio, estupro e outras atividades criminais. Em 2010, o prof. David Nutt e pesquisadores associados publicaram uma análise na prestigiada revista médica, Lancet, mostrando que no Reino Unido o álcool é mais prejudicial que a heroína e a cocaína crack. Isso porque as pesquisas se concentraram nos efeitos que essas drogas provocavam não apenas no usuário, mas também nos outros (família, comunidade e sociedade). A heroína, cocaína crack e metanfetamina foram as drogas mais prejudiciais às pessoas.8 O álcool também é a principal causa de retardamento mental evitável, no mundo. Isso, devido ao fato do álcool transpor a placenta e prejudicar o desenvolvimento cerebral do feto. Novamente, não há dose segura de consumo de álcool durante a gestação.9 O Álcool e a Saúde do Coração

Durante os últimos 30 anos, o álcool foi promovido como “saudável para o coração” e como proteção contra doença arterial coronariana. Muito tem sido escrito sobre o assunto na literatura popular e científica. Todos os estudos científicos têm sido por análises retrospectivas, o que os torna sujeitos ao que é conhecido por “confundidores”. Os confundidores são fatores que interpretam os resultados dos dados com análises mais complicadas, mas que também podem resultar em conclusões errôneas. Naimi e associados concluíram em 2005 que alguns ou todos os aparentes fatores de proteção cardíaca pelo consumo moderado do álcool podem ser devido a esses fatores confundidores.10

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V I D A

A D V E N T I S T A

Outros estudos têm mantido cautela e observado que indivíduos não-alcoólatras, incluídos em muitos desses estudos, possuíam mais fatores de risco para doenças cardíacas, tinham menos educação formal, tinham menos acesso à assistência e seguros de saúde e eram de classes sociais mais pobres.11 Alguns incluídos no grupo de não consumidores de álcool possuíam esse hábito antes de participarem nas pesquisas, e haviam parado de beber por questões de saúde. Uma publicação recente do Dr. Boris Hansel acrescenta peso à conclusão de que a real explicação para os resultados cardíacos positivos pelo consumo moderado de álcool , não é que o álcool protege, mas que em média, os consumidores moderados de álcool, estudados na pesquisa, possuem melhor estado de saúde, praticam exercício físico e cultivam um estilo de vida mais saudável que os não consumidores de álcool pesquisados. Em resumo, levando em conta os importantes riscos à saúde relacionados ao consumo do álcool, não faz sentido promover seu uso para a saúde do coração, especialmente quando há intervenções de eficácia comprovada e segura de prevenção das doenças cardíacas, tais como o exercício físico diário e uma dieta saudável. Conclusão

Às vezes persistimos lançando as redes em águas infestadas de tubarões das evidências definitivas dos perigos do álcool, buscando por evidências positivas, que não valem mais que uma sardinha, em favor do uso do álcool. Em vez disso, somos abençoados de ter um plano que oferece proteção contra os inevitáveis problemas que o álcool traz em seu rastro: boas escolhas, exercício, descanso, alimentação saudável, ar puro e luz solar, água (por dentro e por fora), confiança em Deus, convivência social, boa dose de otimismo, e, sem dúvida,

temperança que, por definição, nos encoraja a evitar totalmente tudo que seja prejudicial e a usar com sabedoria as coisas ssaudáveis e boas. A temperança vivida pelo poder capacitador de nosso querido Senhor Jesus Cristo serve como base para uma experiência cheia do Espírito, capaz de celebrar a vida livre do álcool e dos males provocados por ele. Devem, portanto, as pessoas que não bebem começar a consumir álcool? Baseado nas evidências, definitivamente não! Devem os que bebem parar de beber? Com base nas mesmas evidências, inequivocamente sim! “… Vocês não são de si mesmos; Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo” (1Co 6:19, 20, NVI). A Quem você pertence? ■ 1 www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/en. 2 www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/msbgsruprofiles.pdf. 3 Ibid. 4 Thomas Babor, Alcohol, No Ordinary Commodity, segunda edição, Oxford University Press, 2010, p 70. 5 “Richard K. Ries, Principles of Addiction Medicine, QuartaEdição, Wolters Kluwer/Lippincott & Wilkins, 2009. 6 www.eurocare.org/library/latest_news/alcohol_and_cancer_the_forgotten_link. 7 www.wcrf.org. 8 David Nutt, Drug Harms in the UK: A multi-criteria analysis, The Lancet, publicação online, 1 de novembro de 2010. 9 Timothy S. Naimi, Cardiovascular Risk Factors and Confounders Among Nondrinking and Moderate-Drinking US Adults, American Journal of Preventive Medicine, 2005; p. 28. 10 Kaye Middleton Fillmore, Moderate Alcohol Use and Reduced Mortality Risk: Systematic Error in Prospective Studies, Addiction Research and Theory, p. 1-31, preview article. 11 Boris Hansel, European Journal of Clinical Nutrition, junho 2010, no 64, p. 561-568.

Peter N. Landless é cardiologista

nuclear e diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral, em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos.

6 Consumir Álcool Razões paraNão

POR PETER LANDLESS

1. O álcool é uma substância tóxica e

4. Não existe uma dose segura de

6. As consequências do consumo de

prejudica o corpo humano. 2. O álcool, potencialmente, provoca dependência. 3. É provado que o álcool é cancerígeno – provoca vários tipos de câncer.

consumo do álcool para prevenir seus vários efeitos colaterais e consequências. 5. Qualquer suposto benefício para a saúde do coração (especificamente as doenças coronarianas) é neutralizado e eclipsado pelos danos, comprovadamente perigosos, associados ao consumo do álcool.

álcool, em todo mundo, estão crescendo e a Igreja Adventistas do Sétimo Dia tem a oportunidade e a responsabilidade de educar, promover resistência e desempenhar um papel de liderança contra o uso do álcool.

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Os

ons B

E S P Í R I T O

Presentes de

deus Por Ellen G. White

D E

P R O F E C I A

o pouco de vinho ou cidra que uso não pode me fazer mal.” Satanás marcou tais pessoas como suas presas; ele as leva, passo a passo, e não percebem até que as correntes do hábito e do apetite estejam muito fortes para ser quebradas. Vemos o poder do apetite pela bebida forte sobre o homem; vemos quantos profissionais com pesadas responsabilidades, homens de altas posições , com talentos eminentes, de grande capacidade, sensibilidade, nervos fortes e alto poder de

A melhor maneira de desfrutá-los é do modo como Ele planejou

J

esus Cristo é o originador de toda obra missionária realizada em todo o mundo. Ele realizou milagres para curar os doentes, porém jamais realizou um milagre sequer em benefício próprio. Seu primeiro milagre foi realizado em uma festa de casamento em Caná, quando transformou água em vinho […] Com esse milagre Cristo queria ensinar que o vinho não fermentado é preferível ao fermentado. Cristo nunca criou o vinho fermentado. O vinho feito naquela ocasião era exatamente igual ao suco fresco que sai do cacho. Cristo sabia a influência do vinho fermentado, e ao dar-lhes o vinho puro, sem fermento, mostrou a única maneira segura de usar o suco da uva.1 Tenho alguns hectares de terra que, quando comprei, tinham sido destinados ao cultivo de uvas para vinho; eu, porém, não venderia nem meio quilo dessas uvas a qualquer fábrica de vinho. O dinheiro que ganharia com elas aumentaria meu lucro; mas em vez de ajudar a causa da intemperança permitindo que elas se convertessem em vinho, eu as deixaria estragar nas videiras.

Dons de Deus

Maçãs e uvas são dons de Deus; podem ser usadas de maneira excelente como artigos saudáveis de alimentação, ou podem ser desvirtuadas por serem mal empregadas. […] Encontramo-nos diante do mundo como reformadores; não demos nenhuma ocasião a que os infiéis ou os incrédulos vituperem nossa fé. Disse Cristo: “Vós sois o sal da Terra”, “Vós sois a luz do mundo.” Mostremos que nosso coração e consciência acham-se sob a influência transformadora da graça divina, e que nossa vida é governada pelos puros princípios da lei de Deus, ainda que esses princípios exijam o sacrifício dos interesses temporais.2 Para algumas pessoas, não é seguro, de modo algum, ter vinho ou cidra em sua casa. Herdaram um apetite por estimulantes, o qual Satanás pede, continuamente, que seja saciado […] Um professor de religião que ama esses estimulantes, e acostumou-se a usá-los, nunca cresce na graça… Não é Motivo de Riso

Muitos, ao relerem isso, sorrirão do alerta sobre o perigo. Dirão: “Certamente

raciocínio, sacrificar tudo pela satisfação do apetite […] Que todos os que professam crer na verdade para este tempo, e que são reformadores, ajam de acordo com sua fé [...] Devemos ser seguidores de Cristo, colocar nosso coração e influência contra toda prática do mal. Qual será nosso sentimento no dia em que os julgamentos de Deus forem derramados para encontrar os homens que se tornaram bêbados por meio de nossa influência? Estamos vivendo nos dias antitípicos do julgamento e nosso caso deve em breve ser revisto diante de Deus. Como nos levantaremos diante das cortes celestes, se as nossas ações têm incentivado o uso de estimulantes que pervertem a razão e destroem a virtude, pureza e o amor por Deus?3 ■ 1 Ellen. G. White, Cristo

Triunfante, p. 230. G. White, Temperança, p. 99-101. G. White, Advent Review and Sabbath Herald, 25 de março de 1884.

2 Ellen 3 Ellen

Os adventistas creem que Ellen G. White (1827 – 1915) exerceu o dom profético bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.

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A R T I G O D E C A PA

História do ACA

Meio século atrás, John Hamilton, professor de música e línguas, e mais noventa alunos viajaram da LSU para o Seminário Adventista Francês em Collonges-sous-Salève, cerca de oito quilômetros distante de Genebra, na divisa da Suíça com a França, para o primeiro programa ACA. Hamilton permaneceu com os estudantes durante todo o ano, enquanto estudavam o idioma francês e sua cultura. Segundo Odette Ferreira, atual diretora do programa ACA, esse número de alunos nunca foi superado.

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L A R R Y

B L A C K M E R

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orar e estudar na Espanha para se formar como professora de espanhol não era o plano profissional original de Anne Leah D. Guía. “Eu queria ser médica”, diz Guía, aluna da La Sierra University (LSU), em Riverside, Califórnia, EUA. “Estudei espanhol no ensino médio e na faculdade e meu professor frequentemente dizia que eu deveria ir para a Espanha. Eu, porém, perguntava: Por quê? Vou estudar medicina.” Guía, finalmente, sucumbiu aos apelos de seu professor e se matriculou no programa dos Adventists Colleges Abroad – ACA (Colégios Adventistas no Exterior) para estudar no Seminário Adventista de España (antigo Colégio Sagunto), em Valência, Espanha. Primeiro, ela se matriculou no curso de verão de 2009, mas antes que o curso de seis semanas terminasse, os planos para sua vida já haviam mudado. “Amei o curso”, diz Guía. “Voltei para o ano escolar de 2010-2011 e agora estou planejando lecionar espanhol.” Mesmo tendo estudado espanhol por três anos, Guía diz que, quando chegou à Espanha, tinha dificuldade para compreender a língua. Morar com pessoas que falam o espanhol e estudar o idioma em período integral, diz ela, fez toda a diferença. “Aqui você fica imerso no espanhol”, ela comenta. “Às vezes, eu até penso em espanhol. Essa é uma experiência incrível.”

Educação

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Colégio adventista comemora  anos Por Sandra Blackmer


Esquerda: BOGENHOFEN: Gabriele Vogel, diretora da escola e dos alunos do ACA, posa com balas de canhão em visita a um castelo local.

“Foi a primeira e última vez em que tantos alunos saíram de uma escola para outra no exterior”, diz Ferreira. Atualmente, um total de 350 a 400 alunos da América do Norte estuda no exterior, todos os anos, através dos cursos do ACA durante o verão ou durante o ano todo. O ACA terceiriza sete instituições que oferecem cursos de um ano de duração: ■ Campus Adventiste du Salève, em Collonges-sous-Salève, França ■ Centro Universitário Adventista de São Paulo, em São Paulo, Brasil ■ Instituto Avventista di Cultura Biblica Villa Aurora, em Florência, Itália ■ Seminario Adventista Español, em Sagunto, Espanha ■ Seminar Schloss Bogenhofen, em Bogenhofen-St. Peter am Hart, Áustria ■ Theologishe Hochschule Friedensau, em Friedensau, Alemanha ■ Universidad Adventista del Plata, em Libertador San Martín, Argentina Todas as escolas, exceto Friedensau, também oferecem cursos de verão. Os colégios adventistas na Grécia, Japão, Tailândia e Ucrânia oferecem apenas cursos de verão. A ACA é membro do Council on International Educational Exchange

Cursos Oferecidos

O curso de verão, por seis semanas, é voltado especialmente para iniciantes e concentra-se exclusivamente no aprendizado do idioma. É “quase uma lavagem cerebral no idioma para que, em pouco tempo, o aluno adquira

conhecimento suficiente para se comunicar”, diz Ferreira. Durante o ano escolar, também são oferecidos outros cursos, além do estudo da língua. Dependendo da escola, incluem-se literatura, cultura, história e arte do país. Em Villa Aurora, na Itália, estão sendo acrescentadas aulas sobre leis internacionais e europeias, e direitos humanos na Europa. “Os cursos devem preencher os requisitos acadêmicos das universidades nos Estados Unidos e as regras da Convenção Europeia”, diz Ferreira. “Os cursos também preparam os alunos para os exames requeridos pelas universidades governamentais do país. O exame é opcional, mas quem é aprovado recebe um diploma de qualificação para lecionar o idioma em qualquer parte do mundo.” Todas as universidades adventistas dos EUA são membros do Consórcio Norte-Americano do ACA. Seis delas possuem departamento de línguas e são especialmente ativas no programa: Andrews University (AU), La Sierra University (LSU), Oakwood University (OU), Pacific Union College (PUC), Southern Adventist University (SAU) e Walla Walla University (WWU). O Canadian University College também

N ATA N

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(CIEE), (Consórcio de Estudos no Exterior), o maior do mundo. Ferreira diz que aprendeu muito com o CIEE, mas acrescenta que “eles também aprenderam conosco”. “Temos a igreja atrás de nós”, explica Ferreira. “Essa é uma vantagem sobre as escolas não adventistas com programa de intercâmbio. Quando um de nossos alunos vai para uma escola ACA, tem a hospedagem e alimentação incluídas. O CIEE está sempre procurando por hospedagem, por famílias que aceitam os alunos. Nós, porém, temos os dormitórios.” Ferreira é diretora do ACA há quinze anos. Ela fala seis línguas: francês, português, espanhol, alemão, italiano e hebraico. Têm mestrado em Filologia (ciência da linguagem) e doutorado em Linguística Aplicada às línguas latinas. “Eu amo o ACA”, diz Ferreira. “O ACA é minha vida.”

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Da esquerda para a direita: Theologishe Hochschule Friedensau; Adventiste du Salève, em Collonges; Seminar Schloss Bogenhofen.

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participa, porém o governo canadense não dispõe facilmente de ajuda financeira para alunos que vão para o exterior, reduzindo o número de alunos que podem pagar para estudar fora daquele país. As instituições terceirizadas auxiliam os alunos a se inscrever nas escolas do ACA e aceitam os créditos realizados durante o ano no exterior. LSU– talvez devido à sua história com o programa– reconhece, de forma especial, o que foi realizado pelo formando das escolas do ACA, oferecendo-lhes uma faixa de formatura bordada com a bandeira do país onde estudaram. “O programa ACA é um dos melhores exemplos de conexão sinergética entre colégios”, diz Larry Blackmer, presidente da comissão do ACA e vicediretor do Departamento de Educação da Divisão Norte-Americana. “O programa oferece aos alunos universitários dos EUA créditos suficientes para receberem o título em determinado idioma, sem ter que arcar com os custos de contratação de professores de línguas. O número de matrículas tem crescido nos colégios adventistas menores, como os europeus. Todos saem ganhando, especialmente os alunos que aprendem não apenas uma segunda língua, mas como as pessoas vivem e se comunicam em uma cultura diferente da deles.”

Qual a Opinião dos Alunos?

Cada escola do ACA é única no ambiente e na cultura; elas também diferem em suas regras. Algumas mantêm as regras tradicionais nos dormitórios, como horário para dormir e restrições à mídia – televisão, acesso à Internet, etc.; outras são mais tolerantes. Essas variações, porém, não parecem afetar a experiência dos alunos do ACA. “A atmosfera das aulas e a proximidade de relacionamentos desenvolvidos aqui são inesquecíveis”, diz J. C. Carreon (LSU), que estudou em Bogenhofen, na Áustria, no ano escolar de 2010-2011. “Os professores nos incentivam; eles realmente desejam nosso sucesso. É como uma família distante de casa.” Outra vantagem do Bogenhofen, dizem os alunos, é sua localização central na Europa. Com estações de trem a curtas distâncias e situadas a apenas algumas horas de viagem de cidades como Viena, Berlin, Frankfurt e Munique, é possível aos alunos realizar muitos passeios. A diversidade no campus enriquece a experiência. Cerca de vinte nacionalidades são representadas no corpo estudantil de 150 alunos. Jeff Stahlnecker (WWU), aluno em Friedensau, na Alemanha, diz que se sentiu imediatamente aceito e envolvido no campus. “As pessoas são simpáticas e abertas ao diálogo”, diz ele. Stahlnecker admite que o isolamento de Friedensau,

N ATA N

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V I G N A

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Da esquerda para a direita: Instituto Avventista di Cultura Biblica Villa Aurora

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situado em uma floresta, às vezes é um desafio. “A cidade mais próxima está bem distante”, diz ele. Para compensar, ele se dedicou à mountain bike. “Podemos, também, participar de vários esportes e outras atividades”, conclui. “As viagens de ônibus, duas vezes por semana, até a cidade mais próxima e uma visita mensal a Berlim também ajudam a dissipar a sensação de isolamento.” A oportunidade de viajar pela Europa é um dos principais incentivos para estudar no exterior. Durante o último ano escolar, os alunos do ACA em Villa Aurora, Itália, participaram em mais de dez viagens do ACA. Entre outras, visitaram Veneza, Cicília, Nápoles, Milão e Roma. Viajar para outros países da Europa nos fins de semana e durante os recessos escolares é conveniente e barato. Em algumas companhias aéreas dentro da União Europeia, há voos que chegam a custar 20 euros, para um destino. “Se você quer aprender algo sobre você mesmo, more por algum tempo em um país estrangeiro”, diz Timothy Hucks (AU), de Rochester, Nova Iorque. “Você descobre suas reais necessidades. O modo pelo qual você vive é totalmente diferente da maneira como eles vivem a deles. Você aprende coisas como diminuir o ritmo de vida e a mudar em favor de outras pessoas.” O Villa Aurora é particularmente histórico. O prédio mais antigo do campus,

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B L A C K M E R


utilizado como dormitório feminino e refeitório, foi construído durante a Renascença, há cerca de 600 anos. Logo após a II Guerra Mundial, o terreno da escola com três prédios originais foi comprado com recursos da Oferta do Décimo Terceiro Sábado da Igreja Adventista. Antonietta Riviello, diretora do ACA na escola, diz que a arte é um dos principais incentivos de Villa Aurora. “Setenta por cento da arte de todo o mundo está na Itália”, diz ela.

O californiano Casey Bartlett (PUC), que estudou no Seminário Adventista de España (Colégio de Sagunto) na Espanha, diz que seu tempo no exterior expandiu sua visão. “Às vezes, vivemos em uma pequena caixa, mas quando você abre a caixa, descobre que há muito mais coisa ali”, diz ele. Juan Antonio López, diretor do ACA no Seminário Adventista de España, trabalha ali há mais de quarenta anos. O programa do ACA já funciona na escola N ATA N

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S I E R R A

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Acima: HOMENAGEM NA FORMATURA: La Sierra University oferece aos alunos do ACA uma faixa bordada com a bandeira do país onde estudou.

R E B E C C A

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Da esquerda para a direita: Universidad Adventista del Plata; Seminario Adventista Español (Sagunto).

V I G N A

há cerca de trinta anos. López aconselha os alunos que pensam estudar no exterior que aprendam o básico do idioma antes de viajar e, uma vez lá, evitem falar em sua própria língua. “Devem ficar imersos no idioma enquanto estiverem aqui”, diz López. “Ouçam rádio em espanhol. Visitem páginas da Internet em espanhol. E não tenham medo de fazer amizade ou cometer erros.” Kenneth Wright, da Flórida, frequentou O Colégio de Sagunto como aluno do ACA durante o ano escolar de 1993-1994. Depois, estudou durante um verão no Southeast Asia Union College, em Cingapura. “Foi o melhor ano do meu tempo de faculdade”, diz ele. Hoje, como representante de vendas da Medtronic Neuromodulation, Wright declara que ser fluente em espanhol é uma “grande vantagem” para sua carreira profissional. “A imersão cultural e a viagem internacional me deram uma nova perspectiva de mim mesmo e do mundo no qual vivemos”, diz ele. Eliel Cruz-López (AU) estudou em Collonges, na França, durante o ano escolar de 2010-2011. Ele descreve o local como “maravilhoso. Quando você acorda, de manhã, e vê o Lago Genebra pela janela, é simplesmente lindo.” Ele sentiu falta de algumas comodidades e conveniências do seu país, como carro e telefone celular. Para André Murray (AU), de Orlando, Flórida, a grande vantagem do Collonges é a diversidade entre os professores. “Um é polonês, outro francês e outro, alemão”, diz Murray. Todos têm um estilo diferente de ensinar – o que é vantajoso –, e isso ajuda a incorporar o aprendizado de um novo idioma que não é adquirido em livro texto.” Daniela Gelbrich, diretora do ACA no Collonges, diz que outra vantagem do ACA é que os alunos vivem em um ambiente adventista com outras pessoas que compartilham da mesma crença e valores. Ela acrescenta que o Collonges tem um “lindo campus no coração da Europa. Estamos aos pés dos Alpes. Os alunos podem esquiar e praticar o snowboard durante o inverno e caminhar

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e escalar montanha durante o verão. É uma oportunidade incrível.” Com um total de 3 mil alunos matriculados, o UAP, na Argentina, é a maior entre as escolas do ACA. Cinquenta e três alunos do ACA estudaram lá durante o ano passado. O programa é parte de seu currículo desde 1995. Haroldo Brouchy, diretor da escola do ACA, esteve intrinsecamente envolvido a maior parte desse tempo. “A habilidade de falar espanhol fluentemente, como segunda língua, abre um grande leque de oportunidades profissionais”, diz Brouchy. “Há uma grande necessidade de tradutores e intérpretes de espanhol, especialmente nos Estados Unidos, oferecendo ainda mais oportunidades de servir à igreja em várias partes do mundo.” Brouchy enfatiza a vantagem de ser parte de uma sociedade globalizada e multicultural: vários pensamentos divergentes, maior compreensão e compaixão por outras culturas. Jeena Foronda (SAU), de North

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Alcance do

Potomac, Maryland, estudou no UAP durante o ano passado. Ela descreve que viveu uma nova aventura cada dia que passou ali. “Havia muito para aprender e descobrir”, diz ela. “Permitir-me mergulhar em uma cultura diferente foi uma oportunidade da qual nunca vou me arrepender ou esquecer.” Benefícios Inesperados

Ferreira concorda com Brouchy ao dizer que os benefícios de estudar no exterior não são exclusivos para os que querem ser professores de línguas. Ter no currículo um ano de estudo no exterior pode, também, abrir portas inesperadas. Um ex-aluno do ACA, hoje advogado, que estudou por dois anos em Bogenhofen, disse a Ferreira que foi imediatamente aceito na Yale University devido aos estudos no exterior. A administração citou os anos que estudou na Áustria como condição para chamar a atenção.

C R I S T I A N

R .

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Sandra Blackmer é editoraassistente da Adventist World e mora em Silver Spring, Maryland, EUA.

PA N C O R B O

ACA

Devido às restrições dos vistos, não é possível aos alunos trabalhar durante o ano no exterior. Há, porém, a disponibilidade de estagiar, dando aulas de inglês (para os que têm essa língua como nativa) nas escolas fundamentais e de ensino médio. No Seminário Adventista de España, a aluna do ACA, Anne Leah D. Guía, lecionou espanhol para refugiados africanos morando em um abrigo chamado La Casa Nueva, que é mantido pela Igreja Católica, Departamento de Saúde da Espanha e ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais). Cristian Pancorbo, ex-aluno da escola, ajuda a administrar essa comunidade de 69 homens, que chamam o local de lar. “Temos, no abrigo, chuveiros, água, eletricidade e máquinas de lavar”, diz Pancorbo. “A água é trazida em caminhões. Damos a eles mantimento como farinha de trigo, tomates e arroz, duas vezes ao mês. O material escolar para os refugiados é muito limitado. “Eu não tenho nem quadro negro,” diz Guía. “É bem primitivo. Mas, na realidade, tudo que precisamos é uma sala e o entusiasmo para aprender um idioma diferente.”

Ferreira diz que seu próprio filho ocupa uma alta posição nas Nações Unidas graças à sua habilidade de falar mais de um idioma. “Hoje em dia, os idiomas são muito importantes”, diz Ferreira. “Temos que pensar em termos de empregos e não apenas academicamente. Muitos dos atuais líderes da igreja são ex-alunos do ACA; portanto, saber mais de uma língua é útil em todas as áreas da vida, inclusive para servir uma igreja mundial.” Para saber mais sobre Colégios Adventistas no Exterior, visite www.acanoborders.org, ou ligue para o escritório do ACA, na sede da Divisão NorteAmericana, em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos, (301) 680-6444. ■

L A R R Y

D .

B L A C K M E R

Acima: CLASSE SINGULAR: Anne Leah D. Guía, aluna do ACA com dois de seus alunos em La Casa Nueva. Direita: DIRETOR: Cristian R. Pancorbo , ex-aluno do Seminário Adventista de España, é diretor do abrigo de refugiados.


C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

NÚMERO 13

Olhando deVolta

uturo F

ao

Por Richard W. Medina e Rubia B. Medina

o remanescente de deus

T

odo ano, judeus, cristãos, muçulmanos e drusos visitam a caverna, tradicionalmente identificada como de Elias, incrustrada no Monte Carmelo, para orar por favores especiais e fazer votos a Deus. Hoje em dia, muitos têm reduzido sua vida religiosa a orações e votos a um santuário ou capela, o que é diferente de viver a mensagem encontrada na Palavra de Deus. Em contraste, a Bíblia fala do remanescente, que é uma minoria de crentes que guardam as instruções de Deus, inclusive os Dez Mandamentos, e acreditam na palavra profética ou Espírito de Profecia (Ap 12:17; 19:10; 2Pe 1:19), o qual, creem os adventistas, foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como uma forma de olhar de volta ao futuro, as narrativas do Antigo Testamento sobre o rei Acabe, Obadias e a viúva de Sarepta, ajudam-nos por meio de contrastes e comparações, a ter um vislumbre do caráter do remanescente de Deus, no tempo do fim. Transgressão da Verdade Indivisível

A admoestação “crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas, e prosperareis” sugere que

a Palavra de Deus e a palavra profética constituem uma verdade indivisível (2Cr 20:5-20).1 No caso de Acabe e seu povo, de algum modo essa verdade era ignorada. As Escrituras dizem que o povo (incluindo o rei) transgredia os “mandamentos do Senhor2, e rejeitou Elias, o profeta (1Rs 19:10, 14; 16:30; 18:18; 21:20, 22, 25). Eles adoravam Baal, chegando ao extremo de construir um templo para ele em Samaria e esculpir ídolos (madeira/pedra) com sua imagem (1Rs 16:31-33; 18:22, 24; 2Rs 10:26, 27). É provável que também profanavam o sábado. Quando tentou tomar a vinha de Nabote, o rei, os anciãos e os nobres da cidade tomaram o nome de Deus em vão, abraçaram a cobiça e se envolveram em falso testemunho, assassinato e roubo (1Rs21:8-16, 19). Embora muito mais problemático, Acabe considerava Elias como perturbador e inimigo pessoal, constantemente se opondo à sua missão (1Rs 19:1; 18:17; cf. 21:20; 22:17, 29). Em nossos relacionamentos interpessoais diários, quão frequente nos tornamos vítimas de nossas próprias ideias e ambições, resistindo viver os mandamentos? Qual é nossa atitude em relação aos conselhos do(s) profeta(s) de Deus?

Veneração do Culto à Complacência

Podemos nos questionar por que o culto a Baal era tão atrativo para Acabe e seu povo. Na antiguidade, Baal era o deus canaanita e o senhor do céu que enviava a chuva e a fertilidade. Era também o guerreiro que lutava contra Yam (deus do mar) e Mot (deus da morte). O fato de adorarem a Baal em vez de ao Senhor em Israel, demonstra que o povo cria que ele possuía poderes similares ou maiores que os de Deus. O culto a Baal demandava votos de libações e sacrifícios de animais, bem como orações. Como retribuição, ele oferecia ao adorador “liberdade moral”, uma vida licenciosa. Isso explica por que Acabe servia a Baal e fez o que era mal perante o Senhor (1Rs 21:20, 25). O resultado dessa apostasia foi severa seca e fome que atingiu até Sarepta (1Rs 17:1, 7; 18:2, 18). Parece que Baal ainda está entre nós, hoje em dia, embora vestido com novas roupas e usando o nome de ciência, tecnologia ou da indústria do entretenimento. Se ele supre minhas necessidades, se preenche minha solidão e dá segurança, deve funcionar – e os mandamentos de Deus e Sua mensagem profética podem

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C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

soar estranhas e antiquadas! Você já experimentou a superficialidade e vazio do culto à modernidade? Vivendo a Verdade Invisível

Quando a maioria tem optado por um viver egoísta, segundo Baal, o Senhor preserva um remanescente fiel. Ele diz: “deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou” (1Rs 19:18). Entre eles está Obadias, o administrador do palácio de Acabe. Ele reverenciava o Senhor desde a juventude e confiava em Seu profeta (1Rs18:3, 7, 8, 12, 16). Mesmo arriscando a vida, pois “destruindo Jezabel os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas, e de cinquenta em cinquenta os escondeu numa cova, e os sustentou com pão e água” (1Rs 18:4, 13). Da mesma forma, uma viúva não israelita, bem como sua família e vários parentes e servos, adoraram ao Senhor (1Rs 17:15, 17). Eles viviam na cidade fenícia de Sarepta, perto de Sidon (no Líbano moderno), sob o governo do pai de Jezabel, rei Etbaal (1Rs 16:31; 17:9).3 Compatível com o significado do nome do rei, Baal era o deus nacional de Sarepta. A despeito do status quo da religião, a viúva corajosamente

escolheu servir ao Senhor (verso 9). Assim, a necessidade de alimento, água, segurança, amor e estima da sua família foi amplamente suprida, quando em todos os lugares só havia desespero (versos 15 e 16). A viúva de Sarepta não era neófita. Ela sempre acreditou em Deus e estava familiarizada com a justiça retributiva divina. Ela confessou diante de Elias: “Vive o Senhor Deus” (1Rs 17:1, 12); e sofrendo pela morte súbita do filho, ela disse: “vieste tu a mim para trazeres à memória a minha iniquidade” (1Rs 17:18; cf. Sl 109:14; Is 64:8; Jr 14:10; Os 8:13; 9:9). Considerando que Acabe e seu povo transgrediam os Dez Mandamentos, essa remanescente vivia fielmente servindo a outros. As histórias da viúva de Sarepta e Obadias, em particular, estão inseridas no meio da narrativa de Acabe (1Rs 16:28-22:40) para contrastar o verdadeiro caráter de uma vida fiel com o vazio da religiosidade pagã em um tempo de polarização teológica, catástrofes naturais e instabilidade política – de alguma forma, essa lista soa bastante conhecida! Resumindo, prefiguram as pessoas que caracterizam o remanescente do tempo do fim. Ao vivermos cumprindo os mandamentos de Deus e confiando na palavra

profética, também encontramos segurança, conforto e direção na vida. O culto a “Baal”, caracterizado em qualquer forma de idolatria, pode ser atraente, mas rapidamente se transforma em uma escolha autodestrutiva. Nossa missão é viver e proclamar a verdade divina. “Em todos os tempos em todos os lugares” “o povo de Deus deve tomar posição firme sob a bandeira da verdade.”4 Esse é um chamado ao fiel remanescente! ■ 1 Todos

os textos bíblicos foram extraídos da Versão Revista e Atualizada. Conjunto “dos mandamentos do Senhor” aparece seis vezes como objeto de obediência para a conquista da terra (1Cr 28:8), como transgressão (1Sm 13:13; 2Rs 17:19; 2Cr 24:20) pelos reis e pelo povo. 3 Ironicamente, o nome Etbaal significa “com Baal.” 4 Ellen G. White, Manuscript Releases, v. 4, p. 246. 2O

Richard Medina e sua esposa são

estudantes pós-graduados na Universidade Hebraíca de Jerusalém, Israel. Richard estuda línguas semíticas e Rúbia faz estudos sobre o islamismo e Oriente Médio.

O

Remanescente e Sua

A igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente creem em Cristo; mas, nos últimos dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado para fora, a fim de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Esse remanescente anuncia a chegada da hora do juízo, proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. Essa proclamação é simbolizada pelos três anjos de Apocalipse 14; coincide com a obra de julgamento no Céu e resulta numa obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo crente é convidado a ter uma parte pessoal neste testemunho mundial. (Ap 12:17; 14:6-12; 18:1-4; 2Co 5:10; Jd 3, 14; 1Pe 1:16-19; 2Pe 3:10-14; Ap 21:1-14). – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº 13

Mıssão

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P E R G U N TA S B Í B L I C A S

P E R G U N TA :

Quem eram os serafins?

O

significado do termo hebreu s´a-ra-ph (serafins, no plural) é incerto. A sugestão mais frequente é que seja uma derivação do verbo s´a-raph, que significa “queimar completamente”. O substantivo s´a-ra-ph significaria, então, “abrasador/ardente” Muitos creem que o termo designa uma criatura semelhante à serpente, mas isso está longe de ser exato. Precisamos examinar a evidência bíblica e os diferentes usos do mesmo termo. 1. S´era-phîm e Serpentes: Várias passagens associam s´era-phîm a serpentes. Como resultado da rebelião dos israelitas no deserto, “o Senhor enviou serpentes (s´era-phîm) venenosas” para o meio deles (Nm 21:6).1 Depois que o povo confessou seu pecado, o Senhor ordenou a Moisés: “Faça uma serpente (s´era-phîm) e coloque-a no alto de um poste” (verso 8). Nesse último verso o termo s´a-ra-ph refere-se, outra vez, à frase completa: “serpente (s´era-phîm) venenosa”. Em Deuteronômio 8:15 o deserto é descrito como “terra seca e sem água, de serpentes [na-cha-š s´ara-ph, literalmente ‘serpente serafim’] e escorpiões venenosos”. A pergunta é: Qual é o significado do termo s´a-ra-ph nessas passagens? Ele é usado como um adjetivo que designa um tipo específico de serpente. Com base no significado da forma verbal, s´a-ra-ph pode designar uma serpente cuja picada causa sensação de queimadura, inflamação severa da pele que mata a pessoa, i.e., uma serpente venenosa. 2. S´era-phîm como Seres Celestiais: Em Isaías 6, o termo s´ara ph é aplicado a seres celestiais. Devemos manter em mente alguns detalhes. Primeiro, o termo serpente não é usado nesse capítulo. Segundo, o termo é usado como substantivo. Terceiro, a forma desse ser é fundamentalmente humana. Os dois serafins tinham rosto, mãos, pés, cantavam e se comunicavam por meio de linguagem, i.e., eram seres racionais (versos 2, 6, 7). Tinham seis asas e podiam voar; eles estavam “acima” do trono de Deus, talvez pairando sobre ele ou em pé ao seu redor, como guardas reais, prontos para servir ao Senhor. Mais especificamente, sua função era proclamar a santidade do Senhor e ministrar em favor dos pecadores no templo celestial (verso 3, 7). Sua conduta expressa um espírito

De

de humildade e reverência diante da presença do Senhor. Por que eles são chamados de s´era-phîm? O verbo “queimar” (s´a-raph) pode expressar a ideia de brilho, sugerindo que os serafins eram seres angelicais de extraordinário brilho ou de aparência flamejante. Talvez o seu esplendor, as seis asas e sua posição de respeito para com o trono de Deus os distinguisse dos querubins que, muitas vezes, estão associados ao trono de Deus. 3. S´era-phîm e Seres Demoníacos: Em Isaías duas passagens associam serafim com o mal. Possivelmente, por causa da experiência de Israel no deserto. Deserto na Bíblia é símbolo de morte e de residência dos demônios. Os israelitas, que durante o tempo de Isaías estavam pedindo o apoio do Egito, eram descritos como passando pelo deserto, “atravessando uma terra hostil e severa, de leões e leoas, de víboras e serpentes velozes [s´a-raph meco-phe-ph, Por literalmente, “serpentes Ángel Manuel voadoras”]” (Is 30:6). Rodríguez Os animais podiam ser usados como símbolo de demônios (e.g., Sl 7:2; 1Pe 5:8), e o profeta podia estar sugerindo que a estrada para o Egito é o lugar em que residem os poderes demoníacos. Nesse caso, os “serafins voadores” poderiam representar os poderes dos anjos maus (veja Is 30:7, onde o Egito é identificado com Raabe, um monstro demoníaco derrotado pelo Senhor (Sl 89:10). Em Isaías 14:29, os filisteus não deviam se alegrar, porque um rei, pior que os outros, viria; ele será como um “serafim voador”. Em nenhuma das duas passagens, Isaías 30:6 e 14:29, serafim é identificado como uma serpente. Em ambos os casos ele voa e é o símbolo do pecado que poderia defender os poderes demoníacos operando através da história. Isso pode sugerir que Lúcifer era apoiado por serafins. Pelo lado positivo, pense na reverência e humildade demonstrada pelos serafins que, a despeito de sua aparência gloriosa, escolhem cobrir o corpo para proclamar que somente O que está assentado no trono é digno de toda glória. ■

Serpentes e

Serafıns

1 Todos

os textos bíblicos foram extraídos na Nova Versão Internacional.

Ángel Manuel Rodríguez é ex-diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral.

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D E V O C I O N A L

Por Maike Stepanek

P

ergunto: Alguma vez alguém puxou o tapete proverbial de debaixo dos seus pés? Se não e você sente que gostaria de passar por essa experiência, tenha um nenê. É metade da manhã de terça-feira e não estou tão atrasada, como de costume, para a consulta do Lucas com sua pediatra maravilhosa. Enquanto examina a dermatite do meu filho, que piorou recentemente, a Dra. Hwang me apresenta duas opções para meu bebê de quatro meses de idade: (a) consultar um dermatologista que prescreva uma pomade de cortisona; (b) ou tirar da minha dieta todos os produtos derivados do leite. Estremeci. Não me leve a mal. Eu morreria por meu filho. Agora, sacrificar-me para que ele seja beneficiado é outra coisa totalmente diferente. Vagamente consciente durante o resto da conversa sobre vacinas, minha mente voltou-se para a torrada quentinha, lambuzada de manteiga derretida; a granola crocante com iogurte cremoso e espesso; a pizza feita em casa, lotada de queijo e o copo suado, com leite geladinho, tudo que, aparentemente, não poderia mais desfrutar nos próximos tempos... Por um momento, imaginei a pomada sendo espalhada no braço do meu filho, resolvendo o problema. Outras crianças já sobreviveram à cortisona, não sobreviveram? Sinto-me, ao mesmo tempo, invadida por um sentimento de culpa e de pena de mim mesma. Trinta minutos, três vacinas e um monte de dinheiro mais tarde, lamento minha sorte para meu querido esposo, enquanto fechamos o carrinho e o guardamos no porta-malas do carro. Sua resposta de que já havia me dito isso, algumas semanas antes, faz com que eu

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Dicoto torça o nariz, sem que ele perceba. Lembro-me de quanto detesto quando ele está certo. E muitas vezes está certo sobre várias coisas. Suspiro. Entrego ao Senhor

Enquanto voltamos aos nossos afazeres pelo resto da tarde, não consigo parar de pensar nas coisas que eu não poderei comer. Preste atenção! Não são assim tantas as coisas que vou ter que deixar: manteiga – está bem – muita manteiga, leite, iogurte natural, queijo e creme de leite. Eu não me esqueci do chocolate, sorvete, bolo e coisas do gênero. A verdade é que já deixei de comer essas coisas há muito tempo. Vinte e quatro horas mais tarde, na hora do almoço, enquanto Lucas desfruta, alegremente, de seu leite materno sem lactose animal, eu me deparo, certamente não por acidente, com 1 Coríntios 2:9: “Todavia, como está escrito: Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” (NVI). Esse foi um daqueles momentos de clareza onde lhe são concedidos vislumbres de você mesmo e que claramente conseguimos discernir que a mão de Deus está no controle. Como num lampejo, o Senhor me apresenta a última década de minha vida, e foi como se eu O ouvisse dizer: “Você consegue enxergar agora, minha filha?” Cheguei até aqui por Sua graça e, de repente, meu futuro sem leite e derivados parece menos assustador. Senhor, já cheguei tão longe. Devido à Sua ajuda e direção, eu já cresci tanto. Obrigada! Volto o pensamento pouco mais de doze anos atrás quando era uma ‘vegan’

(vegetariano rígido, que não come nenhum alimento de origem animal) opiniosa, escrava do cigarro. A ironia da combinação nunca me afetou, até que alguém me chamou a atenção. Isso me traz à mente o ditado que diz: “Ninguém é tão cego como aquele que não quer ver.” Felizmente, porém, o Senhor nos dá Sua luz e está sempre pronto a nos guiar. Poucos anos mais tarde e uma incrível série de circunstâncias transformadoras, eu era adventista, opiniosa, autossuficiente, vegan e acima do peso, graças a enormes quantidades de chocolate, sorvete, biscoitos, bolos, tudo vegan. Mas dizia a mim mesma: Pelo menos sou vegan. Tinha me tornado quase que fanática. Dou graças porque o Senhor é bondoso e as pessoas que Ele colocou em minha vida eram amáveis, compassivas e, obviamente, sofredoras por suportar minhas explicações sobre os benefícios da vida sem lactose, expondo todos os malefícios da maneira como os animais eram criados atualmente, enfatizando as implicações teológicas de escolher sobremesas cobertas de chantilly, entre outras coisas. Vivendo com Coerência e Gratidão

Apesar de ser o melhor exemplo do que não se deve fazer (como vegan e cristã), a incoerência do meu estilo de


mia

Devoção vida não me afetava até o dia em que um vegetariano rechonchudo, de rosto redondo, explicou os benefícios para a saúde de uma dieta sem carne. Em sua recente viagem a Cingapura, havia explicado, em termos inequívocos, a uma criança que comia carne para se sentir bem, como ele era o mais saudável dos dois por causa de sua abstinência de qualquer coisa, como uma mãe! Fiquei espantada e mortificada, não com sua ignorância, mas com a minha. Após ficar horrorizada, louvei ao Senhor por ter aberto meus olhos e me esforcei para começar uma reforma. Foi quando, dois anos e meio atrás, certa manhã, após uma noite de petiscos cheios de açúcar, finalmente comecei a ver o que meu marido estava tentando me explicar havia algum tempo. À medida que, num momento, a raiva fervia dentro de mim, por nenhuma razão aparente e em outro, lágrimas quentes e inexplicáveis deslizavam pelo meu rosto, concluí que o que Brian estava me dizendo era verdade. O açúcar parecia provocar em mim um efeito colateral. Após cada indulgência adocicada, eu me

tornava um monstro que rugia ou choramingava, num lamento incômodo – são minhas palavras, não as dele – casei-me com um homem sábio. Procurei minha fiel amiga, a Internet, e pesquisei “sensibilidade ao açúcar”; lá estava, em seu inglório esplendor, toda a história da minha vida – uma comunidade inteira de indivíduos que, como eu, tinham baixos níveis de beta-endorfinas, de serotonina e de açúcar volátil no sangue. Vou poupá-lo do drama dos próximos cinco dias de sintomas de abstinência, náusea e raiva. Apenas uma semana depois, eu era uma pessoa diferente e meu esposo ganhou uma nova mulher. Mais uma vez, agradeci a Deus por sua ajuda, e daqueles que tiveram o privilégio, ou terror, de passar comigo por essa experiência, e que podem testificar da mudança que um item na alimentação pode provocar em um grupo inteiro de pessoas. As idas à sorveteria com os amigos transformaram-se em caminhadas pelo parque e outras atividades interessantes, com o benefício adicional dos quilos perdidos e das memórias para me deleitar nos próximos anos.

De fato, “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que O amam.” Sou tão grata porque Jesus não só estava disposto a morrer por mim, mas também a morrer para o ego, para o meu benefício! Só de pensar nisso, encho-me de alegria e coragem. Sem dúvida, Deus deseja o melhor para nós e que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que são chamados segundo o Seu propósito. Sempre me admira o modo como o Senhor mudou meu coração. Espero que a pele do meu filhinho não clareie tão rápido e ele ouvirá sobre a minha jornada pela vida. Desejo contar a ele sobre o seu Deus, aquele que o amou desde sua concepção, que quer o seu melhor e que muda corações e mentes para que isso aconteça. Quanto a mim, em vez de temer o futuro, estou muito animada. Só imagino o que mais o Senhor tem escondido na manga. Honestamente, acho que é alguma coisa relacionada ao exercício físico. ■

Maike Stepanek, seu

esposo Brian e o pequeno Lucas moravam em Ilsan, Coreia, quando escreveu esse artigo. Mudaram-se, recentemente, para a Tailândia, onde Brian continua seus estudos e Maike desfruta da maternidade em tempo integral, no campus da Universidade Internacional Ásia-Pacífico.

Dezembro 2011 | Adventist World

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E S T U D O

B Í B L I C O

Descobrindo a

Alegria

da D

Gratidão

uas das emoções mais positivas em nossa experiência humana são a gratidão e a alegria. Elas promovem saúde e dão vitalidade a todos os sistemas do corpo. Hans Selye, de Genebra, cientista de renome mundial já falecido, disse certa vez que, de todas as emoções, a gratidão é a mais poderosa para reduzir o estresse e promover longevidade. Não encontramos muitas pessoas de idade avançada, saudáveis, que sejam ranzinzas. Você já percebeu que somos naturalmente atraídos por pessoas que vivem uma vida de gratidão? Você pode não os ter encontrado antes, mas é naturalmente atraído por eles. No estudo deste mês, descobriremos o que a Bíblia diz sobre ter um coração agradecido e viver com espírito de gratidão.

1 Leia Salmo 95:2, 3. Descreva qual era a fonte de alegria e gratidão de Davi. Compare com Salmo 26:6, 7. 2

O que mantinha em Davi seu espírito de gratidão e louvor? Salmo 71:6.

3 Descreva qual a ligação que, segundo Paulo, existe entre graça e gratidão em 2 Coríntios 9:14. É a graça sempre suficiente para sermos agradecidos, mesmo em meio à provações? 4 Quão abrangente era o espírito de louvor e ação de graças para Paulo? Ele não enfrentava provações? “Dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:20). “Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!” (Fl 4:4).

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Adventist World | Dezembro 2011

Por Mark A. Finley

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Além de louvar a Deus por Sua bondade, que outra característica Paulo cultivou como fonte de louvor? “Como podemos ser suficientemente gratos a Deus por vocês, por toda a alegria que temos diante dEle ...?” (1Ts 3:9). “Antes de tudo, sou grato ao meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocês, porque em todo o mundo está sendo anunciada a fé que vocês têm” (Rm 1:8). Paulo via o bem nas pessoas ao seu redor e desenvolveu uma atitude de ação de graças pela amizade delas. Nas passagens acima, ele expressa sua gratidão porque as igrejas de Roma e Tessalônica eram fieis à causa de Cristo. Essa é uma boa característica a ser cultivada!

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Que outra característica Davi cultivava que resultava em um coração agradecido? Ela é ainda apropriada para o século vinte e um? “Cantando hinos de gratidão e falando de todas as Tuas maravilhas” (Sl 26:7). “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das Suas mãos” (Sl 19:1). “Eu Te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção” (Sl 139:14). Na lição deste mês estudamos a atitude de dois importantes personagens da Bíblia, Davi e Paulo. Eles tinham o coração cheio de gratidão porque sabiam que, a despeito do que acontecesse com eles, Deus estava no controle. Eles olhavam além dos desafios desta vida, para as obras de Deus e Sua Palavra. Eles O louvavam por Sua bondade revelada na criação e pelos amigos enviados por Ele. Louvavam a Deus não porque não passavam por provações, mas apesar das provações. Cultivavam coração agradecido e uma atitude alegre. A vida deles era um tributo à maravilhosa graça de Deus. Nós também podemos viver com alegria, gratidão e louvando ao Criador de todas as coisas deste mundo; Aquele que nos redimiu por meio de Jesus Cristo, que enviou amigos maravilhosos para nossa vida e cujo plano para nós é um lar eterno no Céu. Essas são razões poderosas para nos “alegrarmos sempre no Senhor.” ■


Intercâmbio Mundial C A R TA S Conheça o Futuro Agora

Gostei muito de todos os artigos da Adventist World de setembro de 2011, mas quero comentar a entrevista feita por Kimberly Luste Maran, “Conheça o Futuro”. Nunca assisti a uma assembleia da Associação Geral; por isso, talvez, não tenha compreendido a situação ali existente. No entanto, me parece que, se esses dez jovens foram delegados à assembleia, não podem ser considerados futuros líderes, mas líderes atuais. Não estavam entusiasmados em participar das reuniões e votar os itens de agenda? Em vez de relegálos ao futuro, penso que eles já estão atuando como líderes da igreja. Barbara Bailey Baltimore, Maryland, Estados Unidos Ministério da Lembrança

Apreciei o editorial de agosto de 2011, escrito por Bill Knott (“O Ministério da Lembrança”). É um grande desafio ser simples em um mundo e numa igreja tecnológicos. Quando viveu na Terra, Jesus enfrentou desafio semelhante, salvaguardando as devidas proporções. Líderes e membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia precisam aprender a ser simples. Sou médico psiquiatra e, por mais de 20 anos, escrevo artigos para revista Vida e Saúde, no Brasil (cerca de 80 mil exemplares/mês), publicada pela Casa Publicadora Brasileira, que é uma instituição adventista do sétimo dia. Para mim, escrever é participar da vida. Cesar Vasconcellos de Souza Brasil

Simplicidade é o que tanto líderes institucionais quanto membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia precisam aprender. – Cesar Vasconcellos de Souza Brasil Chamado para a Justiça de Cristo

Ted N. C. Wilson, acertou em cheio quando afirmou que “a voz dos adventistas do sétimo dia deve proclamar, acima de tudo, que só há salvação por meio de Cristo!” (veja “Wilson Abre Concílio da Primavera com Apelo para que Todos Busquem a Justiça de Cristo”, por Mark A. Kellner, junho de 2011). Wilson também declarou que não devemos nos considerar “melhores do que ninguém” ou acusar outros de “não ser santos ou perfeitos”, porque “ao pé da cruz somos todos pecadores e necessitados do Salvador”. A resposta de Wilson é clara: “Somente a justiça perfeita de Cristo justifica e santifica. [...] ela o salvará, transformará e o conservará você como verdadeiro discípulo de Cristo. Isso é algo que Jesus faz por você e em você.” John A. Durbin, Jr. Jamestown, Kentucky, EUA Procurando a Verdade

Muito obrigada por essa maravilhosa revista. Aprecio ler, de capa a capa, todos os exemplares. Todas as histórias missionárias me dão mais motivos para orar.

Fiquei interessada no artigo especial da edição de junho de 2011, intitulado “O Grande Conflito”, por Gina Wahlen, especialmente a seção “Procurando a Verdade”, sobre Wendy Luhabe, da África do Sul. Faz algum tempo, minha família e eu frequentamos uma igreja no norte de Johanesburgo, mas ainda não conhecemos muitos membros. Há algumas semanas, estávamos participando da lição da Escola Sabatina, quando alguém mencionou que nossa professora havia sido anglicana e, ao olhar para ela, imaginei que ela fosse a senhora mencionada no referido artigo. De fato, o rosto dela me pareceu familiar. Mal pude esperar o fim da lição para perguntar isso a ela. Como imaginei, ela confirmou ser Wendy. Fiquei muito feliz, pois meu pai e minha avó foram anglicanos e se converteram à fé adventista em 1926. Wendy me disse que está muito feliz na igreja. Jenny Hillier Krugersdorp, África do Sul Mais Testemunhos, por Favor!

Muito obrigada pelo bom trabalho realizado pela Adventist World. Gostei do artigo “Depois da Água: Histórias de Conversos Realmente Ligados a Jesus Após o Batismo” (abril de 2011). A matéria mostra que Deus ainda Se importa

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Intercâmbio Mundial C A R TA S com Seus filhos. Os testemunhos dessas pessoas ajudam a fortalecer a fé daqueles que passam por provações. Também ajudam os que se acham no vale da decisão, em face do convite para aceitar a Cristo e se unir à Igreja Adventista. Por favor, publiquem testemunhos como esses em todas as edições da Adventist World. Caso não haja muitos, solicitem aos leitores que enviem suas experiências. Sunday Okangba Lagos, Nigéria Reavivamento e Reforma: Mais que um Lema

Agradeço a Deus pelos artigos sobre reavivamento e reforma publicados todos os meses nesta revista. Minha preocupação é a relutância da maioria dos pastores em ajudar a orientar a igreja quanto ao assunto. Em minha associação, a necessidade de reavivamento e reforma é mencionada apenas nas grandes reuniões, com o objetivo de chamar a atenção das pessoas para o orador. Com certeza, algo deve ser

feito para levar todos os membros ao reavivamento e à reforma! Tem-se a impressão de que em alguns meses essa ênfase será esquecida e trocada por outro plano. Parece-me que estamos andando em círculos. Apelo para que as associações deixem os lemas e criem programas para que os membros da igreja abracem o conceito; caso contrário, não faremos nada. Francis T. Madondo Zimbábue

fruto da obra de Deus. É maravilhoso ver isso acontecendo. Continuem o bom trabalho! Asa Oluoch Abaga Kisumu, Quênia

Continuem Assim

Nosso conselho a esse leitor e a outros com o mesmo interesse é que entrem em contato com os escritórios da divisão, união ou associação da Igreja Adventista em sua região. Estamos felizes porque a revista está suprindo essa necessidade. – Os Editores.

Vocês e sua equipe merecem os maiores elogios pela excelente qualidade da Adventist World. Sob a direção do Espírito Santo, vocês criaram uma maravilhosa revista cristã, cuja excelência é refletida em seu formato, conteúdo e linguagem amistosa. A Igreja Adventista do mundo inteiro é evidentemente abençoada por ter uma revista com grande circulação e apelo mundial. Creio que essa revista continuará a unir ainda mais a família mundial de nossa igreja, e creio plenamente que isso é

Recebi de presente um exemplar da revista Adventist World. Todos os artigos são muito interessantes. Gostaria de recebê-la mensalmente. Obrigado! José Luís Vera Montevidéu, Uruguai

Cartas para o Editor – Envie para: letters@adventistworld.org As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.

LUGAR DE ORAÇÃO Por favor, orem para que eu encontre uma igreja adventista aqui em Marrakesh, Marrocos. Acabei de chegar de Burundi. Jipy, Marrocos Por favor, orem pelo meu filho que é alcoólatra e viciado em drogas. Isolde, Alemanha Orem por mim. Tenho problemas no trabalho e com minha família. Obrigada por sua ajuda. Martha, Ilhas Maurício

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Adventist World | Dezembro 2011

Por favor, orem por nós. Sou um dos jovens ativos de nossa igreja local. Recebi a responsabilidade de cuidar dos Desbravadores e do departamento de Comunicação. Enfrentamos dificuldade para conseguir uniformes e realizar um bazar. Orem também por minha família, pelos exames escolares para os quais estou me preparando e por um emprego. Lebang, Botsuana Desejo estudar teologia, mas o problema é a falta de recurso para estudar na universidade adventista em Mudende. Que o Senhor me ajude e responda com Sua misericórdia! Milliam, República Democrática do Congo

Minha amiga perdeu o esposo num acidente de moto. Ele tinha 26 anos e deixou dois filhos pequenos. Por favor, orem sempre por eles. Angela, Estados Unidos

Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA.


INTERCÂMBIO DE IDEIAS

“Eis que cedo venho…”

Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.

Igreja de Um Dia

Malpaso, Chiapas, México

O

s vizinhos não queriam ter uma Igreja Adventista do Sétimo Dia em lugar algum, perto de sua comunidade, na encosta da montanha. De jeito nenhum! Um deles entrou com um processo para manter a igreja distante. Outro começou a fazer campanha, esperando convencer a todos que a nova igreja no terreno baldio era uma péssima ideia. Nada, porém, funcionou. O tribunal decidiu em favor dos adventistas e um dos vizinhos mais próximos, o senhor Orlando, mudou a conversa para: “Bem, alguém podia estar construindo um bar neste lote; prefiro ouvir hinos e sermões a ouvir xingamento de bêbados.” Um dia, 26 adolescentes, voluntários do Maranatha Ultimate Workout, apareceram para levantar o prédio da igreja no terreno vazio. A maioria dos vizinhos reclamou e bateu as portas. Um deles até ameaçou se mudar. O senhor Orlando veio observar, para conferir a qualidade da construção e para ver se os garotos realmente conseguiriam construir algo direito. “Pensei que o prédio ficaria torto”, disse ele, “mas ficou perfeito!” Não contente apenas com o prédio da Igreja de um dia feita de aço e concreto, os voluntários convidaram as crianças da vizinhança para a Escola Cristã de Férias no período da tarde. Elas vieram, jogaram futebol, cantaram hinos sobre Jesus, aprenderam novas histórias da Bíblia, fizeram amigos “eternos”, entregaram o coração a Deus e trouxeram seus pais para a série evangelística, à noite. Duas semanas mais tarde, os ‘próprios’ vizinhos convidavam os voluntários para ir às suas casas abrindo-lhes as portas para ouvir as músicas da igreja. “Gosto de que a igreja adventista seja minha vizinha”, disse o senhor Orlando. A Igreja de Um Dia é um programa de colaboração entre a Igreja Adventista do Sétimo Dia, Adventist-laymen’s Services e Industries (ASI), [Federação de Empresários Adventistas] e Maranatha Volunteers International. Estas histórias chegam até você, todos os meses, por meio de Dick Duerksen, o “Contador de Histórias” da Maranatha.

Editor Administrativo Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, acessor legal. Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Kenneth Osborn; Guimo Sung; Chun, Pyung Duk Editor-Chefe Bill Knott Editores em Silver Spring, Maryland, EUA Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (associate editors), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coreia do Sul Chun, Jung Kwon; Park, Jae Man Editor On-line Carlos Medley Coordenadora Técnica Merle Poirier Colaborador Mark A. Finley Conselheiro E. Edward Zinke Assistente Executiva de Redação Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Alfredo Garcia-Marenko Atendimento ao Leitor Merle Poirier Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Fatima Ameen Consultores Ted N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Geoffrey Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S. Simmons, Alberto C. Gulfan Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander. Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 209046600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638

E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada

simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos

Estados Unidos. Vol. 7, No. 12

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O Lugar das

PESS É

G E N T I L E Z A

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C H H U A N T E A

K H A W L H R I N G

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“A conformidade com os costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo.” – Ellen White, O Grande Conflito, p. 509

CA I XA D E E N T R A D A Gostaria de enviar um parágrafo dos Testemunhos Para Igreja, de Ellen White, volume 5, p. 147: “Prefira a pobreza, a ignomínia, a separação dos amigos ou qualquer outro sofrimento, a manchar a vida com o pecado. Antes a morte que a desonra ou a transgressão da lei de Deus – esse deve ser o lema de cada cristão.” – Daniel Wendling, Alemanha

VIDA ADVENTISTA Manuel trabalhava na ferrovia. Ocupava um bom cargo e era bem remunerado. Certo dia, aceitou a Cristo e foi batizado. Então, procurou seus superiores para informar que precisava de folga aos sábados, oferecendo-se para trabalhar horas extras nos outros dias da semana. Como seu pedido foi negado e Manuel não tinha recursos para sustentar a família, passou por grandes dificuldades. Então, decidiu trabalhar como colportor, mesmo não tendo experiência nessa área. Manuel acabou se destacando como o melhor vendedor. De fato, ele ganhava mais do que na ferrovia; por isso, foi transferido para a cidade, onde lhe foi oferecida uma casa para morar. Mais tarde, ele recebeu um telegrama dos seus antigos empregadores. Eles concordaram em lhe pagar os anos trabalhados, incluindo salários, bônus e todos os benefícios. Deus é poderoso. – Flía Cano, Argentina

Na mensagem para a Santa Ceia do sábado, 1º de outubro de 2011, o pastor planejara falar sobre o relato bíblico em que o galo cantou após Pedro negar por três vezes a Seu Mestre. Para combinar com o assunto, a história das crianças seria sobre um garoto que, com seu velho galo, atravessava a fazenda do vizinho, a caminho para a escola. Mas isso era proibido. Durante a oferta, antes da história das crianças, ouviu-se inesperadamente um galo cantar três vezes. Embora não sendo uma igreja do interior, não há fazendas nas proximidades. O fato foi considerado providencial para a mensagem do dia. Mas, após a história e o sermão, o pastor soube que o canto do galo fora o toque do celular de alguém na congregação! –Terry Tracy, Centerville, Tennessee, EUA

Q U R E S H I

L U G A R

Z E E S H A N

Q U E

AS

R ESP O S TA : No estado de Mizoram, Índia, os membros do coral da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aizawl, posam com os anciãos e diretor do coral, no dia 3 de outubro de 2010, ocasião em que foi lançada a segunda edição do Hinário Adventista no idioma Mizo.


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