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SOCIEDADE
PORTA DE ENTRADA
Programa de interiorização da ADRA já beneficiou 2,4 mil venezuelanos que tentam recomeçar a vida no Brasil
WENDEL LIMA
Desde que começou a crise política e humanitária na vizinha Venezuela, 4 milhões de pessoas deixaram o país, segundo a ONU. E cerca de 200 mil venezuelanos migraram para o Brasil. A principal porta de entrada desse fluxo migratório é o estado de Roraima, onde a ONU, o Exército Brasileiro e diversas ONGs, como a ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assitenciais), têm atuado num processo de interiorização desses imigrantes.
O programa da agência adventista, por exemplo, conta com parceiros nacionais e o apoio do governo dos Estados Unidos. A iniciativa nasceu com o objetivo de prover moradia, saneamento básico e trabalho para as famílias da Venezuela. Além de atender suas necessidades imediatas, a ADRA passou a investir num plano de interiorização dos venezuelanos. Das 12 mil famílias cadastradas pela triagem para ser alocadas no Brasil, a agência conseguiu beneficiar cerca de 200 em 2019. E o plano é chegar a 400 famílias interiorizadas até junho deste ano.
“Procuramos essas famílias, fazemos o cadastro delas e montamos um currículo para que elas possam concorrer a uma vaga de emprego em outra cidade que não seja a capital Boa Vista, porque lá está saturado. Temos equipes trabalhando em diversas capitais para fazer parcerias com as empresas da região. Quando uma vaga é encontrada, organizamos a viagem da família venezuelana de Roraima para onde ela vai morar. Esse voo é feito pelo Exército Brasileiro. Na sequência, procuramos uma casa perto de onde a família vai trabalhar, e o programa da ADRA paga os três primeiros meses de aluguel. Doamos também geladeira, fogão, colchão, botijão de gás e utensílios de cozinha e pedimos à igreja adventista mais próxima que apa drinhe essa família”, detalha o
Projeto visa conseguir emprego, pagar os três primeiros meses de aluguel e oferecer a mobília básica para que imigrantes se estabeleçam no Brasil
pastor Fábio Carbonaro, diretor da ADRA Brasil. Na segunda semana de março, uma comitiva formada por representantes da ADRA, do Exército e da ONU Brasil visitou empresários de Santa Catarina para firmar acordos para contratação de refugiados. “A receptividade foi ótima. Alguns deles conheciam a seriedade da ADRA e isso facilitou a negociação”, assinalou Tânia Fritoli, coordenadora do projeto de interiorização de imigrantes para a ADRA Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Entre as empresas que mostraram apoio está a fábrica de revestimentos Portobello e a rede de lojas Havan, que acertou a contratação de 22 famílias venezuelanas.
“Parabéns pelo trabalho que vocês da ADRA e do Exército estão fazendo! Vocês estão ajudando pessoas que perderam suas casas, sua cidadania e estão recomeçando em outro país”, sublinhou o empresário Luciano Hang, cofundador e proprietário da Havan.
“Estamos felizes de trabalhar dessa maneira. Esse é o método de Cristo: um evangelho vivido na prática, que atende as necessidades físicas das pessoas, como Jesus fazia, e que acaba atraindo os beneficiados a Deus por meio desse amor fraterno”, reforçou Tânia. Além das cidades catarinenses, a ADRA tem trabalhado com o processo de interiorização de imigrantes em Manaus, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre. ]