ESPHERA Nº6 (Janeiro 2012)

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CURSOS

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WORKSHOPS

DESENHO

36H

FOTOGRAFIA 6H 6


Editorial Emanuel Moniz Presidente da AEFA-UTL Após algum tempo de interregno, a Esphera voltou e em força. O primeiro semestre deste mandato da AEFAUTL ficou marcado pela necessidade de arrumar a casa, foram várias os assuntos administrativos que nos levaram grande parte do tempo, por essa razão tornou-se complicado seguir o calendário para lançamento da 1ª edição desta publicação.

Índice

Contudo agora que a casa se encontra arrumada, e que os projectos estão na velocidade cruzeiro, será mais simples dar continuidade a este

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O Reitor dos Estudantes

8

Sobre uma maneira de Ser e não Ser

11

O que é a Arquitectura

14

Erasmus: o potencial de um privilégio

16

BD “ARCHITORTURE – um dia na Faculdade de Arquitetura”

19

Grande entrevista – Brandia Central

28

A Praxe Académica

projecto. O balanço do mandato será feito na próxima edição da revista, apresentando aos alunos o que envolveu o esforço e trabalho desta equipa que é voluntária e dedicada á causa. Quanto à Esphera, esta está mais leve, com temáticas mais descontraídas, fruto de uma estratégia de comunicação que remete as informações mais importantes e urgentes para uma nova ferramenta de comunicação, a Newsletter PESPECTIVAS, que vai no seu segundo número e tem por missão informar de uma forma mais simples e directa os alunos da FA-UTL. Assim sendo a Esphera torna-se uma publicação virada para o mundo académico, para a integração no mercado de trabalho, e para o report de actividades de alunos, da AEFA-UTL e da FA-UTL. Falando agora um pouco desta edição, esta fica marcada pelo desaparecimento de duas figuras preponderantes da nossa academia, o Nosso Magnífico Reitor, o Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro, e a Nossa Professora Marieta Dá Mesquita. Pelo sentimento de vazio que deixaram em todos nós a AEFA-UTL decidiu homenagear estas duas individualidades pelo seu trabalho. A grande entrevista desta edição é à Brandia Central, uma empresa consultora de Marcas, é uma entrevista extensa que espelha o grande trabalho que têm concretizado, numa área em expansão. Outro dos destaques vai para o balanço das

Ficha Técnica Coordenação Geral: Emanuel Moniz, Maria Forte, Diogo Rodrigues, Ana Sofia Guerra Redacção: Ana Sofia Guerra, Sofia Martins, Diogo Santos, João Francisco Ferreira, Emanuel Moniz, Mário Sousa, David Castanheira, André Patrão, Florian Udonta Tradução: Maria Forte, Diogo Rodrigues Coordenação Gráfica e Design: Maria Forte, Diogo Rodrigues Ilustração: Maria Forte Coordenação de Publicidade: Emanuel Moniz Convidados especiais: Filipa Trigo, Francisco Gentil Berger, Helena Pereira, Luís Palminha, Pedro George, Rui Barreiros Duarte, Mário Mandacaru, Manuel da Costa Couceiro Impressão: DOSSIER Comunicação e Imagem Lda Tiragem: 3000 Distribuição: AEFA-UTL Apoios:

Actividades de Integração Académica dos nossos colegas do primeiro ano, ficando este artigo ao cargo dos responsáveis pela comissão de praxes. Contamos também com a participação de

Faculdade de Arquitectura

alunos, á semelhança do que já vem sendo habito,

Universidadade Técnica de Lisboa

neste caso a Crónica o que é a Arquitectura e uma Banda Desenhada.

Propriedade da Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa www.aefa-utl.pt

3


4


Helena Pereira Ex-Reitora da UTL Correspondo à solicitação da Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura para escrever umas linhas na Revista Esphera com prazer acrescido pela natureza e justificação desta publicação. O Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro era, desde 2007, o Reitor da nossa Universidade Dizia-nos sempre que era preciso incutir nos mais jovens o dom de imaginar, o prazer de aprender, o gozo de descobrir, pois é um campo onde uma sociedade democrática não pode fazer quaisquer concessões. Que devemos ter presente que a ciência

O Reitor dos Estudantes

exige recursos e meios poderosos. Temos que ganhar consciência de que apostar a fundo na investigação científica é o investimento a prazo mais rentável, pois é o que mais valoriza e o que os países têm de mais valioso: a capacidade intelectual de criar, de inventar, de descobrir, de realizar. O

sentido

último

da

acção

das

Universidades encontra-se em que, para além da sua função de criação e transmissão do saber, elas têm uma missão superior: a de fazer progredir os saberes e a de servir

Emanuel Moniz

a Sociedade.

Presidente da AEFA-UTL

Para os estudantes, que dão vida à nossa Universidade e que eram também a vida

Este mandato fica marcado, desde cedo, pela triste notícia do falecimento do Magnifico Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, o Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro, uma pessoa de trato extraordinário, com uma visão futurista do que o Ensino deveria ser e com uma atenção especial para com os alunos, a qual superava largamente a barreira Docente/Aluno. Mais do que um extraordinário profissional foi um humanista, defensor das causas mais importantes para todos nós e sempre disponível para resolver qualquer questão relacionada com os Estudantes. O “Avozinho” como ficou conhecido entre nós (alunos) pela sua postura paternal, descontraída mas ao mesmo tempo interessada, deixou-nos a todos os que lidaram diretamente com ele um sentimento de vazio indescritível. Ainda que poucas tenham sido as vezes em que tenhamos privado com ele, a sua personalidade marcava-nos produndamente. Contudo e por sentir que não conseguiria estar à altura daquela que deveria ser a sua memória, solicitei a um conjunto de personalidades de vários quadrantes da UTL e da FA-UTL, que redigissem algumas palavras, perpetuando através da escrita as vivências e experiências que de uma forma mais próxima foram tendo com o nosso querido Reitor. Em nome da AEFA-UTL o obrigado pela disponibilidade demonstrada por todos estes.

do Prof. Ramôa Ribeiro foram criadas as condições que viabilizam um ensino de qualidade, em ambiência de investigação, onde

poderão

ambicionar

e

mesmo

exigir, uma formação mais apropriada à promoção do desenvolvimento pessoal, conferindo-vos capacidades de análise crítica de empreendimento e de pesquisa, fundamentais para o exercício profissional. Apostou

na

internacionalização,

nos

doutoramentos conjuntos com outras Universidades estrangeiras, na participação em projetos europeus, na atração de estudantes

estrangeiros,

a

nível

da

licenciatura, mestrado mas também de doutoramento e pós doutoramento. Apostou na qualidade de ensino e na

5


empregabilidade dos novos licenciados e mestres. Apostou na formação ao longo da vida através da Universidade Sénior. Promoveu ações de sensibilização dos jovens do secundário, através de atividades como as Rotas da Matemática, lançou uma iniciativa : Caminhos da História da Ciência, Tecnologia e Sociedade, para sensibilizar os jovens para a importância das ciências sociais e humanidades, em particular da História. Lançou a Universidade de Verão para jovens estudantes do secundário. Criou os Prémios para os melhores Alunos, para os jovens investigadores. Sempre

defendeu

aquilo

que

todos

queremos, uma Universidade coesa, com identidade, excelência científica e qualidade de ensino, empreendedora e inovadora,

os amigos têm essa enorme capacidade

financeiro, para a minha apresentação

de saber discordar – mas as dificuldades

de duas comunicações em dois eventos

foram ultrapassadas e os Estatutos da FA

científicos realizados no ano seguinte,

publicados em Julho de 2009.

nomeadamente

International

Em finais desse ano assumi a Vice-

and

na “3th

Design

presidência da escola, por nomeação do

2001” e no “5th Interdisciplinary Congress

Professor Francisco Berger, que se viria

and Exibition: Symmetry, Art and Science,”

a jubilar em Agosto de 2010, passando eu

respectivamente em Geelong e em Sydney,

a Presidente em Substituição e a partir

ambos na Austrália.

de Novembro de 2010 a Presidente

Para além de eventuais encontros de

Eleito – intensificou-se a regularidade dos

circunstância, reencontrámo-nos em 2007.

contactos com o Professor Ramôa Ribeiro,

Nessa ocasião era o Professor Ramôa

diversificando-se os assuntos no contexto

Ribeiro candidato a Reitor da Universidade

de crescentes e fortes constrangimentos

Técnica de Lisboa e, na FAUTL tentava-

financeiros da academia e do país, o bom

se sair de um período de estagnação de

senso da colaboração prevalecia, a doença

carreiras académicas e de desequilíbrios

que o atormentava fazia sentir os seus

Manuel Couceiro da Costa

científico/pedagógicos, razão

efeitos, ele ultrapassava a doença com o

Presidente da FA-UTL

me levou a procurá-lo, na qualidade de

trabalho, a amizade cresceu...

internacional, integradora e responsável com a Sociedade. A disponibilidade do nosso Reitor foi total para colaborar e apoiar as Escola na prossecução dos seus objetivos e que são de todos nós, num ambiente académico de respeito pelas diferenças de opinião e de tolerância e da Ética Universitária. Vamos sentir muito a Sua falta. Já a sentimos hoje.

6

fundamental, pelo conteúdo e pelo apoio

Conference

Mathematics

em

que

representante de um grupo de docentes

Entretanto ocorrera a candidatura ao

A História também se faz de pequenas

que pretendia a mudança, tendo sido bem

segundo mandato que, por razões óbvias

histórias. É nesse sentido que vão os

acolhido e podendo através de várias e

apoiei, invocando o exceder positivo das

meus testemunhos do convívio com este

longas conversas esclarece-lo daquela

expectativas para o primeiro mandato.

amigo, cuja amizade se construiu mais pela

situação com pormenor.

A última vez que nos encontrámos penso

assiduidade do contacto, pela consistência

Através da Assembleia da Universidade, da

ter sido no último dia em que esteve a

e valor dos gestos determinantes.

qual eu era membro eleito pela FAUTL,

trabalhar na Reitoria, alguns dias antes

Conheci o Professor Fernando Ramôa

contribui para a sua eleição para esse

de ter falecido – foi patente a coragem,

Ribeiro no ano de 2000, por ocasião da

primeiro mandato.

a dignidade e até a vontade, concretizada,

participação num júri de doutoramento,

Progredimos e no primeiro semestre

de solucionar uma questão que então lhe

de que ele era presidente e que à partida

de 2009, tivemos novo período de

coloquei.

estava envolto em polémica. Apreciar a

colaboração mais intensa, ele enquanto

Terá perdido a batalha com a doença,

sua sábia e eficaz condução dos trabalhos,

Magnifico Reitor da UTL, eu enquanto

mas ganhou o meu e certamente o de

que concluíram com o sucesso do

Presidente da Assembleia Estatutária da

muitos outros, respeito e consideração,

candidato. Nessa ocasião, prolongámos o

FAUTL. Foram tempos de luta intensa,

que consubstancio através destas histórias

diálogo através de uma conversa sobre

em que por vezes considerei que o apoio

querendo contribuir para a sua História.

investigação científica, que viria a ser

da Reitoria não era o mais adequado –


Francisco Gentil Berger Ex-Presidente da FA-UTL A um amigo Perdemos um corajoso e entusiástico amigo com o desaparecimento do nosso Professor Ramôa Ribeiro. Conheci-o durante a sua primeira candidatura a Reitor da nossa Universidade e logo achei que era um lutador decidido e diplomático. Desde então mantivemos uma relação de franca amizade em que a consideração mútua esteve sempre presente. O seu temperamento pontuado por um humor desinibido e algo irónico divertianos mesmo nas situações mais solenes. Os seus apartes sobre quaisquer assuntos, como por exemplo, os pormenores da nossa indumentária desarmava qualquer um. Era um homem bem disposto com a vida ao que pude observar no nosso convívio. A sua postura perante as adversidades e até em relação à doença que acabou por vitimá-lo é, para todos, uma lição de vida e um exemplo de coragem e determinação invulgares. Poucas vezes estivemos em desacordo, mas mesmo quando tal aconteceu, houve sempre frontalidade e desassombro na expressão dessas divergências. Recordo pois, com saudade o Magnifico Reitor Ramôa Ribeiro como o melhor Reitor que conheci ao longo de mais de trinta anos da minha vida de docente. Feneceu e findou como as árvores; De pé.

Luís Palminha Ex-Presidente AEFA-UTL O Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro foi e será para a história da Universidade Técnica de Lisboa, o Reitor dos Estudantes. Confesso que não conhecia o Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro de antemão. A primeira vez que tive oportunidade de conversar com o mesmo foi por altura da campanha eleitoral para Reitor da Universidade Técnica. Desde cedo percebi a sua humildade e capacidade para ouvir ideias e propostas, bem como

críticas, relativamente ao funcionamento da Universidade, de uma Faculdade. A sua visão para a Universidade Técnica de Lisboa conseguiu, na sua primeira eleição para Reitor, conquistar a expressa maioria do votos dos estudantes. O Professor Ramôa Ribeiro conseguiu esse feito porque era alguém que, acima de tudo, procurava consensos, inclusive, na resolução de problemas de alunos. Essa era uma qualidade do Professor Fernando Ramôa Ribeiro e os estudantes souberam reconhecer-lha. Na Universidade Técnica de Lisboa, durante os mandatos do Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro, sempre existiu um grande respeito, mútuo, entre os Presidentes das Associações de Estudantes da Universidade e o Reitor. Este respeito foi algo que se foi construindo ao longo daquilo que entendo como um percurso natural. Foi um respeito que acabou por se tornar reconhecimento, também ele mútuo, mas que o Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro fez questão de tornar público, num gesto único, premiando e distinguindo dirigentes associativos pelo seu trabalho. Ao nível de atividades, a grande maioria destas, ainda que propostas por Tunas, Grupos de Alunos e até mesmo Associações de Estudantes, viram sempre as mesmas ser apoiadas pela Universidade. Este apoio, por vezes podia nem ser monetário, mas encontrava sempre no Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro alguém que estava interessado em ajudar, interessado em desenvolver a ideia porque tinha a clareza

de ver nas ideias e atividades desenvolvidas pelos estudantes um valor acrescentado para a Universidade. Sempre disposto a defender as instituições, lembro-me bem nas semanas que antecederam a aprovação do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, que tiveram lugar imensas reuniões entre o agora chamado “G7” (o conjunto de Presidentes das Associações de Estudantes da UTL) que tinham como objectivo perceber as preocupações dos estudantes e a necessidade de salvaguardar todos os seus interesses. À aprovação do RJIES, recordo todo o seu empenho na redação dos Estatutos da Universidade e posteriormente durante a redação dos estatutos da Faculdade de Arquitetura. Durante a redação destes últimos, recordome que o Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro, sempre se dispôs a ouvir as preocupações dos estudantes da Faculdade de Arquitetura e que a fim de garantir os seus interesses não hesitou em defender os mesmos. Posso dizer, que tive a honra e o privilégio de conviver, privar e discutir variados temas, na qualidade de dirigente Associativo da Faculdade de Arquitetura, com o Professor Fernando Ramôa Ribeiro, com o qual estabeleci uma relação de profundo respeito, pela clareza, altruísmo, brilhantismo e elevação, mas acima de tudo, por perceber que era alguém que procurava o equilíbrio e a unidade para a Universidade sem descurar uma continua procura por um ensino de excelência.

7


Faculdade de Arquitectura Universidadade Técnica de Lisboa

Sobre uma maneira de Ser e não Ser Mário Sousa Aluno da FA-UTL Uma professora que transmitia o gosto pela matéria que lecionava. Esta será a maior característica que qualquer aluno recordará

Prof. Marieta Dá Mesquita 1955-2011

da Professora Marieta Dá Mesquita. A facilidade com que, numa aula, o discurso

Pedro George

amizade entre todos nós, mas foi do seu

fluía e, por vezes, divagava por outros temas,

Professor Doutor da FA-UTL

labor que resultou um trabalho de grande

demonstrava parte de um conhecimento muito maior do que aquele que tinha a

O Presidente da Faculdade de Arquitetura,

do edifício, a sua evolução e as vivências

responsabilidade de transmitir no âmbito

Prof. Manuel Couceiro, pediu-me que

da família que nele habitou e habita.

das suas disciplinas.

dissesse algumas palavras em homenagem

Defendeu-o com sucesso em 1992.

em

à nossa querida Marieta. Aceitei com

Seguiram-se anos de dedicação ao ensino

transmitir aquilo que a apaixonava, ao

honra e desgosto. Tomei o convite como

e à investigação de que resultaram artigos,

mesmo tempo que a preocupação, para

uma oportunidade para manifestar o meu

participações em livros e revistas nacionais

com aqueles a quem tinha o prazer de

e o nosso afeto por uma pessoa com

e internacionais. A Marieta representou

ensinar, nunca se perdia.

características verdadeiramente únicas.

a FA, sempre com a maior dignidade, em

A verdade é que, apenas um semestre,

Tive o prazer de conviver com a Marieta

seminários e colóquios

é pouco tempo para se conhecer um

desde que os nossos percursos se cruzaram

e no estrangeiro, tendo estabelecido

professor, mas o suficiente para, em algum

na Faculdade de Arquitetura (então ainda

relações particularmente estreitas com a

momento, nos deixar uma marca que

no Chiado) bem como no Palácio Fronteira,

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

perdurará na memória. A mim deixou-

em meados dos anos 80. Conhecemo-

Universidade de São Paulo, na pessoa do

me, e por isso agradeço à AEFA-UTL a

nos enquanto colegas e depois, mais

Prof. Murilo Machado, por quem nutria

oportunidade de puder expressar um

proximamente, pela frequência com que

um especial afeto, ele também recém

pouco o que senti por ter sido mais um

visitava o Palácio, fruto do interesse que

desaparecido.

dos seus alunos, agradecendo em nome da

manifestava em fazer dele o objeto da sua

Mas é nas relações com os seus alunos

AEFA-UTL ao professor Pedro George e

tese de doutoramento, orientada pela Profª

da FA que melhor

Rui Barreiros Duarte, a disponibilidade de

Maria João Madeira Rodrigues e para a

seus dotes de pedagoga.

nos enviarem os textos abaixo transcritos,

qual o meu Pai e o Fernando Mascarenhas

que a estes consagra é tão sóbria quanto

relembrando a “Professora Marieta”.

se disponibilizaram a ajudar no que fosse

desmedida, tão calma quanto intensa. A

possível. Desse período reforçou-se a

Marieta era uma Professora com P grande!

Notava-se

8

mérito sobre a relação entre a arquitetura

um

gosto

tremendo

em Portugal

se manifestam os A dedicação


“Uma professora que transmitia o gosto pela matéria que lecionava.” Em 2010, tardiamente a meu ver e não

Rui Barreiros Duarte

comunicação nem sempre se estabelece

por sua causa, ascendeu finalmente a

Prof. Catedrático da FA-UTL

depois de interrompido o diálogo. Signo de todos os tempos, a condição

Professora Associada. Nos últimos e difíceis tempos tinha acabado a orientação, até ao

Podemos pensar que somos “estranhos

da existência é o nosso questionamento,

último pormenor, das teses dos seus 12

numa terra estranha”, criar universos de

a dúvida e a incerteza, as decisões que

orientandos de mestrado!

estranhamento, um distanciamento sobre o

tomamos. Somos humanos e roubam-nos

É fácil falar da Marieta enquanto professora

sentido das coisas, sobre as pessoas.

o sonho - o tal que “comanda a vida” de

e investigadora, muito mais difícil será

Podemos querer entrar no encantamento

Gedeão -, e por vezes vai-se perdendo a

compreendê-la como pessoa.

e atravessar os espelhos ou olharmos de

esperança por falta de alternativa quando

Senhora de uma inigualável elegância no

fora com um sentido crítico, mas temos de

fechamos as portas de Bachelard.

trato com as pessoas, manifestava um

admitir que há algo que sempre se deforma

Al Gore dizia que havia duas políticas: a da

completo desapego pelo poder, por cargos

quando se reflete a nossa imagem: há sempre

esperança e a do terror, mas nós ficamos

ou honrarias. Era dotada de uma subtil e

um outro modo de nos questionarmos, há

no limbo insane da dúvida suspensa na

sensível inteligência que lhe permitia ler

outras realidades.

incerteza que tornaram os dias cinzentos

as relações sociais e pessoais com grande

Podemos

metodologias,

ou permanecemos prisioneiros debaixo do

clarividência, sem disso jamais tirar partido

selecionar fontes e autores, fazer a História

“céu azul de papel selado” de José Gomes

para usos ulteriores e indevidos. Era

como queremos, como ela é constituída:

Ferreira.

consciente do seu valor mas devoluta de

inclinando o sentido desde os sofistas isto

Fechamos as janelas sobre o século XX

qualquer arrogância intelectual.

é, interpretando. Mas quando introduzimos

e não abrimos outras. Apenas as fontes

No entanto, a sofisticação e civilidade do

um posicionamento ideológico que tenta

ficam límpidas: as fontes do conhecimento

seu ser aparente serviam também para inibir

ser cientificizado pelo método, dá-se a

e dos autores, as notas de rodapé. Mas

a partilha do seu íntimo maior. A Marieta,

subversão.

aqui também fomos expulsos do paraíso:

não obstante a profusão de bons e sinceros

Assim, a História pode ser contada de

podemos imaginar que vivemos felizes

amigos, era uma pessoa profundamente só!

diferentes

do

na efémera vã glória da notoriedade mas,

Na última década da sua vida encontrou

mesmo lado: o dos vencedores, de quem

para que tudo “seja eterno enquanto dure”

em João Ruella Ramos um companheiro

detém o poder manifestando para além

como dizia Vinicius de Morais, é preciso o

solidário e cúmplice, a quem certamente

das interpretações que se fazem, as

amor.

abriu portas do seu íntimo até então

representações de coisas e das ideias.

Referimo-nos a Eros, a força criadora frente

fechadas. Entre tempestades e bonanças

Ser ou não ser era o dilema: em suspenso

a Thanatos, à destruição das coisas e do seu

viveu com ele momentos de verdadeira

fica a resolução da questão shakespeareana

sentido, das pessoas e da existência. Não

felicidade, alguns por mim presenciados

pairando sobre o paradoxo e o enigma.

há vencedores nem vencidos. Falamos da

com enorme satisfação. O desaparecimento

Como jogamos os nossos valores e qual

adversidade e homenageamos os heróis

do João, há alguns meses atrás, foi um

o sentido do tempo? Entre existência e

como os antigos gregos. Parece que não

rude golpe cujo efeito nefasto só o seu

niilismo, o espírito nasce livre de pensar

podemos deixar que os media digam: “você

estoicismo e postura não permitiram que

e decidir, mas nós, apesar de procurarmos

decide”!

transparecesse, nem aos mais chegados. Os

relações fortes, há elos que se quebram

últimos meses da sua existência terão sido

deixando em suspenso cadeias, sequências

profundamente desgastantes, sem que disso

interrompidas, destruições de referências e

nos apercebêssemos.

de valores.

A morte encontrou-a num período de

Entramos na História fragmentada de

agudo cansaço e íntima solidão que não lhe

Foucault, na hipertextualidade de Derrida,

foi possível ultrapassar.

no fim do sentido da narrativa também

Marieta, descansa em paz.

destruída pela amnésia dos media, e a

incorporar

maneiras, mas

sempre

9


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“O que é a Arquitetura?” por

David Castanheira A Arquitetura advém da capacidade de

Construir é tão comum ao Homem como

no arquiteto um método de procura do

fazer um quarto, um espaço bom para

aos animais. Quando o Homem foge à

conhecimento e de si próprio.

habitar, trabalhar, aprender.Viver. Esse quarto

simples necessidade animal, o Homem

Mas uma casa é uma casa. Qual a melhor

possuirá três chaves mestras, uma de razão

cria Arquitetura. Mais que a uma função,

maneira de a fazer? Como nasce uma ideia

prática, a segunda de razão teórica e a última

necessidade, procura atingir a essência, o

arquitetónica, é questão que não nos deve

de razão poética. Numa relação intensa

desejo – “a exploração da alma humana

tirar o sono. Bastará lembrar apenas que

entre lugar, paisagem e forma, a principal

e das suas relações com o meio, as suas

a inspiração, de onde irrompem as ideias

assunção cultural será o Ser e o Tempo. O

paixões, o bem e o mal, o mundo, a carne,

criadoras, provém de um estado de tensão

conforto da forma preenche a ausência do

Deus e o Diabo” (Miguel Ângelo) – a sua

de todas as forças psíquicas do homem, da

supérfluo, sendo um ser a caminho de o ser,

realização. Procura mais que uma ginástica

concentração máxima das suas forças. A

uma forma de preencher o homem.

da forma, uma ginástica de conteúdo.

inspiração supõe antes um trabalho anterior,

“a exploração da alma humana e das suas relações com o meio, as suas paixões, o bem e o mal, o mundo, a carne, Deus e o Diabo”

Atmosferas, experiências a proporcionar. O

árduo, o qual não se reduz apenas à recolha

que o edifício quer ser?

e manipulação de dados relacionados

O que fazer então? A Arquitetura não se

diretamente com o problema a resolver.

inventa, descobre-se e redescobre-se. As

Não menos importante e propiciatório da

raízes foram plantadas algures na nossa

inspiração é, com efeito, o aprovisionamento

infância, antes de sabermos da existência

de materiais recolhidos, a propósito ou a

de tal palavra. Arquitetura. Colocamos

despropósito, da observação constante,

perguntas, descobrimos respostas. Tocar,

seletiva e estrategicamente determinada pela

ver, ouvir e cheirar a arquitetura. Recolher

motivação do arquiteto, da realidade que

experiências. É um trabalho de memória.

nos cerca. O melhor pão para a imaginação

“O tempo permanece tempo que baste a

criadora é provido por esses materiais. “A

todos os que lhe derem uso” (Leonardo Da

poesia é como a elaboração do rádio; num

Vinci). Criatividade será aquela que inculca

grama de rádio há um ano de trabalho”

11


(Maiakowski), posto isto poder-se-á dizer

um projecto partindo de quatro premissas

que não souber o que é, é porque sofreu

que uma ideia arquitetónica é um ato que

– preparação, incubação, iluminação e

um trauma. Existe uma alienação para com

irrompe da massa acumulada de fatos,

valorização. A preparação e a valorização,

a memória ou esquecimento voluntário.

movido por forças poéticas, éticas, sociais,

ambas um momento consciente da mente,

Esta falta ou ausência de memória ir-se-á

culturais, ou outras que sirvam vivências

racional, enquanto as restantes, momentos

repercutir na arquitetura, gerando má

anteriores do espaço, Memória, ela própria

indeterminados a um nível inconsciente. A

arquitetura. Uma arquitetura que também

um elemento ativo da criação.

um processo de leitura, análise, segue-se um

não saberá quem é. A memória é uma coisa

de síntese, correlação entre criatividade e

do presente, cujo referente é o passado.

cultura (forma + experiência + eu). Findado,

Falamos de memória, falamos de uma

dá-se uma valorização. Experiências de

identidade. A minha memória, a de um

arquitetura onde o material gerado seja

indivíduo, da sociedade, é a sedimentação de

criticado e sistematizado. Concebe uma

experiências e decisões do passado.

diminuição de análise e uma crescente

A recusa do presente, viver exclusivamente

valorização. Assim, os processos de projecto

no passado, melancolicamente. Ou a recusa

são sempre processos de tentativa e erro.

do passado, vivendo o presente, projectando

Na barriga do arquiteto tudo é digerido.

o futuro, conduz à compulsão, repetição de

Todos os meios lhe servem para dar corpo,

“acontecimentos”. Em última análise à criação

forma – “forma que se torna no símbolo do

de um pastiche, mesmo que inconsciente.

significado” (Frankl) – a uma ideia ou para

Sintoma do que está mal na arquitetura, o

“A identidade de pensamento e linguagem é uma identidade dialéctica de fim e meio”

formar a própria ideia arquitetónica. Deve-se

que afeta a arquitetura do ponto de vista da

“A identidade de pensamento e linguagem

recorrer com igual destreza intelectual aos

sociedade e do arquiteto. A terapia será um

é uma identidade dialética de fim e

dois pólos “tradicionais” do conhecimento, o

confrontar com a arquitetura do passado,

meio” (Della Volpe). A música é tocada. A

empírico e o racional, o físico e o metafísico,

não recusando nada. Tocar a memória, numa

arquitetura executada. Mas antes projetada.

a experimentação e a lei, a prática e a teoria,

relação Tradição – Presente – Crítica, onde

O desenho é um pretexto e um produto.

o fenómeno e o número, a sensibilidade e

a tradição não é o passado. Um processo

Deve-se estimular a evocação de muitas

a razão.

de receber o que passou, o que sobreviveu.

coisas, passadas e futuras, que contribuam para a resolução do problema arquitectónico em questão. O projecto operará em função de inúmeros elementos que muitas vezes possam estar em conflito. Exigências sociais, humanas, económicas e técnicas combinadas com questões psicológicas que afetam o individuo e o grupo. Massas humanas. Forma um labirinto complexo que não pode ser

“A arte de uma nação é um sintoma da sua saúde moral”

descodificado por um processo racional ou

12

Neste triângulo, devemos considerar aquilo que vem do passado como hipótese de trabalho, pois negando essa possibilidade poderemos inventar uma excentricidade. Uma

verificação

experimentada,

um

processo crítico que verifique o que ainda tem valor no presente, é fundamental. Educar a Crítica. Verificar a validade das “coisas”. Arquitetura não deve reduzir-se a meros fatos históricos, estéticos, à novidade

mecânico.

O homem existe de um modo que faz com

ou antiguidade, mas não deve rejeitar o

Poderei então dizer, o território da

que a própria existência se lhe torne um

mandato social que o passado lhe confere.

Arquitetura não é um universo de objetos,

problema. Na resolução de um problema

Não podendo ser herdada, a tradição, é

um mundo de contemplação, mas o universo

arquitectónico, não se deve dizer que

obtida pelo trabalho.

da actividade sensível, subjetiva, prática

não existe solução, mas sim identificar o

O intemporal e o “temporal” é o que torna

do homem desde que nasce até morrer.

conjunto de melhores soluções possíveis.

as obras válidas. Mais que o passado, o

O “arquitectónico” não é pura imagem,

De uma forma sistemática, a capacidade de

sentido da história comporta a sua presença.

é um espaço percorrível, aberto a todas

medir e escolher, de valorizar é importante,

Educação à crítica é manter critérios, a

as ocorrências experimentais. Nenhuma

para através de estímulos criar critérios.

necessidade de experiências, verificar que

imagem arquitetónica é dissociável das

A Memória é a chave que nos abre a porta.

sabe bem (“Eu sinto ou não sinto”). Perceber

experiências que permitem obtê-la, e só

“A arte de uma nação é um sintoma da sua

qual a utilidade, o sentido “à minha pessoa”,

assim ela é mais imagem. “A imagem é um

saúde moral”, (Ruskin). A arquitetura, quase

reflectir o significado, aprender que gesto

ato e não uma coisa” (Satre).

sempre, espelho da sociedade, sofre certas

torna insubstituível a obra arquitetónica. O

Segundo Graham Walles, pode-se gerar

patologias, à semelhança. Uma sociedade

significado existencial, a Mensagem.


Só ganhamos algo com a arquitetura,

seja eterno. À semelhança das relações

atingindo o seu significado. Um receber de

humanas, num ponto extremo, mesmo que

uma história, ler uma história. A capacidade de gerar imagens é que nos diz que adquirimos os significados. Uma visão, compreensão do significado. Teoria. Adquire as imagens, vê as coisas. O homem como ser pensador, compreende, logo vê. Ver implica, ver a imagem de um conceito, onde chegar na compreensão da arquitetura. Para projetar boa arquitetura, só visualizamos esse projecto mediante uma antecipação teórica do que vamos gerar. Deve ser existencial, corresponder às imagens, à realidade. A cada realidade, possivelmente, várias teorias, logo devemos possuir uma imagem clara e profunda do que é a arquitetura para a transmitir. Não

existindo

uma

única

definição

de arquitetura, sabemos que uma boa

“A verdade é que, faça o homem o que fizer, tudo que ele faz tem por fim anular o tempo, suprimi-lo, e a esta supressão se chama espaço”

não sejam, deseja-se a eternidade. Não nos importamos que morram, desde que não percam o significado. Um referencial, o cosmos que rompe a homogeneidade do caos circundante. A arquitetura, é a arquitetura enquanto é monumento e conserva a memória. Lembra e defende a humanidade. Uma vez mais, lembra o passado, mas participa no presente. Arte, Poesia,Arquitetura, todos catalisadores físicos, presentes no eu da memória, tornando-a ativa. Envolve e reconduz-nos. “A arquitetura é mais eficaz em vencer o esquecimento dos homens, do que a poesia”, (Ruskin). O seu impato antropológico é a condição da humanidade, da vida, o encontro do eu, de poder ser eu, da minha humanidade. A arquitetura é a última das disciplinas humanistas, na condição de aliar

arquitetura fala por si só. À semelhança da vida, da arte, todos têm

se quando o Homem não se conhece a si

à técnica a poesia. É arte. É arte quando

necessidades comuns de beleza, verdade,

mesmo, perde a noção do eu. Por natureza

confrontado com uma obra arquitetónica

bondade, felicidade, mesmo que nunca

somos livres, questionamos acerca das

desligo-me totalmente do mundo. “Fare

toquem o seu estado de perfeição. Uma

coisas, só assim podemos realmente pensar

piacere, Fare stupore”, deleitar, espantar.

definição não unicamente subjetiva, mas

arquitetura. “A verdade é que, faça o homem

Êxtase, viagem de memórias e experiências.

intersubjetiva. Enquanto arquitetos, a nova

o que fizer, tudo que ele faz tem por fim

Simultaneamente abrigados, habitamos o

recepção de conceitos diferentes aos nossos

anular o tempo, suprimi-lo, e a esta supressão

aconchego de uma morada reconfortante.

é fundamental.

se chama espaço” (Broch).

Eu encontro-me. A experiência da arte, mais

Mas como dar uma morada à mensagem da

A experiência do espaço, é a experiência de

que a qualidade construtiva (“Firmitas”),

nossa arquitetura? Se o habitar vem antes do

um tempo dominado, algo imprescindível, se

funcional

construir, na boa arquitetura.

não vivemos escravos do tempo. A morada

(“Vernustas”), traz consigo a essência, um

O Homem pensa e habita, não constrói

é um depósito de memórias, local idílico à

conhecimento real, conhecimento de um

apenas a toca, o elementar. Com morada

interrogação constante. Assim, a noção de

significado que transparece na forma. Na

a vida do Homem é possível, tem casa e

identidade do eu é assegurada.

experiência de arquitetura, a boa arquitetura

memória. Consciência de si num lugar da

O meu desejo de ser só desejo. Um marco.

é fruto de uma relação de abertura e

Terra. Na boa arquitetura, a sua essência,

Um Espaço Sagrado. Demarcação no

aceitação. Percebo quem sou se digo tu,

consegue parar o tempo, criar um espaço

território.

não refletindo sobre mim. Uma vertigem

para me recolher, sítio de reflexão, uma

A arquitetura não existe sem o homem,

necessária a projetar. Os sentidos, qual canal

morada minha.

neste existe sem habitar. A arquitetura é um

neutro, orientam-nos. O gesto, o significado,

O habitar só se realiza realmente onde

ovo, onde se sente nascer; um ninho, algo

a mensagem.

existem condições para nós habitarmos,

próximo; uma casa, é-nos familiar, é pátria,

O que o edifício quer ser? Começa a surgir.

não é uma questão de prazer, é um juízo

relaciona-se socialmente; é universo, toda a

“A criação continua incessante ao pé dos

de sentimentos, um encontro de si consigo

essência passa por ele.

Homens, o Homem não cria, descobre”,

mesmo. Estar bem, em paz, protegido,

A arquitetura é, pois, uma coisa viva, pessoal,

(Gaudi). Superior à vontade pessoal, a boa

resguardado, seguro, onde eu posso ser eu.

orgânica, humana. Espera-se dela uma

arquitetura é uma força coletiva.

Identifico-me, é simbólica de mim, fala de

relação Homem – Arquitetura, à semelhança

Ninguém

mim. O acolhimento é a condição para o

de uma relação Homem – Mulher. Espera-se

verdadeiramente. Obedecemos, de forma

recolhimento. Uma habitação da alma.

o máximo da beleza. Algo vivo, alegre, ativo,

humilde propomos.

A crise na arquitetura, na habitação, dá-

uma constante frescura, que não envelheça,

(“Utilitas”),

a

ou

consegue

estética

vencer

13


Erasmus: o potencial de um privilégio André Patrão

14

by Pingouinnobix em DeviantArt, editado por AEFA-UTL

Pensando bem, o programa Erasmus é

defesa de uma antiquada mentalidade

todavia, lamentavelmente ainda vigente – há

realmente uma promessa extraordinária!

educativa, onde se fecha o aproveitamento

outra conquista incontornável e irrefutável

Poder viver uma nova vida num novo

desta oportunidade no enquadramento

à qual Erasmus dá um colossal contributo:

Mundo durante seis meses ou até um ano

académico!

a

a construção da Pessoa. O crescimento

aventa ser nada menos que fantástico!

importância,

o

não somente do aluno, do arquitecto, mas

Sim, pensando bem, o programa Erasmus

aluno – e reconheça-se, até mesmo para

também do visitante, do turista, do amigo, do

é mesmo uma oportunidade incrível. O

as Universidades e para a sociedade

aventureiro, do sonhador, do que aprende a

que se pode aprender no contato com

pelos profissionais que recebe – ter um

viver sozinho, do que fala uma nova língua,

o desconhecido, o estranho, o inovador

grande ganho académico nesta estada

do que vê o que nunca viu, ouve o que

ou tradicional, o bom ou o mau, tudo

no estrangeiro. Muito se tira da análise à

nunca ouviu, pensa o que nunca pensou e

isto garante ao aluno evolução, à pessoa

identidade de um povo, e como as suas

descobre o que nunca imaginou. Constrói-

crescimento, ao todo um salto no seu Ser.

singulares características se manifestam na

se um Todo. Absorvendo empiricamente

Pensando bem…

obra construída; da intereação com novos

o

Mas não, não se pensa bem. Não se pensa.

métodos de trabalho e pensamento que,

racionalmente na leitura crítica dessa

Embebidos pela adrenalina da aventura e

independentemente do seu valor global,

realidade forma-se, por inteiro, uma Pessoa.

contagiados pela folgada vida contrastante

forçam a repensar e reavaliar estratégias

E o proveito pessoal e mesmo coletivo

com o crónico afogo caseiro, passa-se

rotineiras pessoais; da mistura de gente com

vindo desse progresso toca e ultrapassa o

o tempo em busca dos mais primários,

ideologias, passados, abordagens e produtos

âmbito académico, ocupando e melhorando

fáceis e superficiais agrados momentâneos

finais

todas as componentes que constituem um

que fazem de Erasmus uma mera longa

impossível de reproduzir na Universidade

indivíduo.

interrupção lectiva. São férias das quais

de casa, onde há uma herança de traços

De facto, pensando bem, o programa

pouco mais se traz que saudosa memória,

específicos seguidos pela generalidade dos

Erasmus é mais que uma promessa

compartimentada num passado sonhado

alunos; e até mesmo dos úteis contatos

extraordinária. Pensando bem, quando

sem lugar no presente, na rotina diária igual

de professores e alunos no Mundo que a

se pensa bem, é mais que uma curta

a sempre, antes e depois. E sem pensar,

qualquer momento podem intervir na vida

oportunidade isolada no tempo. Parte-se

reduz-se uma oportunidade única a uma

profissional de cada um.

de malas vazias na sede de aprender com

inconsequente recordação. Tão aquém do

Mas para além da enorme e inegável

o Mundo, regressa-se com a bagagem cheia

que podia e devia ser.

dádiva educativa implícita na experiência

do novo Mundo em nós. E em ambos os

Há muito mais no rico intuito e oferta

internacional, há outro proveito maior ainda.

casos, chega-se a algo Novo: na ida, pelo

da privilegiada experiência Erasmus. Mas

Mesmo descurada por um ultrapassado

Novo que há a ver; na vinda, pelo Novo que

não se interprete esta censura como

método de ensino puramente técnico –

há a fazer.

de

Sim,

é

crucial

uma

inquestionável mesmo,

riquíssima

para

diversidade

desconhecido

e

aperfeiçoando-se


Florian Udonta

férias agradáveis e projetos interessantes

plural de “galão”.

traduzido do original

na Universidade trabalhados de forma

Ao ser forçado a falar português na

diferente da que estávamos acostumados.

Universidade, e não tendo apenas aulas com

“Thats what everybody was telling you

Concertos, festivais de cinema e marchas,

outros alunos de ERASMUS, eu apercebi-me

before!” disse o meu vizinho em Berlim,

sempre rodeados de amigos, sempre pronto

que a maioria dos meus colegas portugueses

rindo-se, Depois de eu lhe ter contado

para fazer algo novo, para me relembrar

eram muito mais abertos a ajudar do que a

que enquanto estudava em Lisboa, eu

que “WE ARE IN ERASMUS”.

sua atitude reservada mostrava a princípio.

não frequentava os locais habituais de

Gostei de frequentar uma atmosfera “easy-

E finalmente conheci muito boas pessoas

ERASMUS. Nessa altura eu não sabia, que

going” que se criou ao aceitar as diferentes

daqui, que me ajudaram a parar de falar

depois de Barcelona, Lisboa era a segunda

formas de ensino da Universidade.

com sotaque Espanhol, mostraram-me

cidade que mais alunos de ERASMUS

Tudo isto juntamente com a aventura de

melhores campos de futebol do que aquele

recebe, e a UTL recebe aproximadamente

explorar uma cidade desconhecida, deu

na Ajuda e me persuadiram a repetir frases

200 estudantes do estrangeiro.

me uma história para contar por todos os

em português cinco vezes.

Alguns dias depois de chegar a Lisboa

sítios por onde passar.

Uma vez que a língua é a porta de entrada

apercebi-me que o meu vizinho não estava

Decidi não contrariar tudo o que me

para uma sociedade, eu recomendaria

errado. Passados cinco dias de procura

rodeava, e dar razão ao meu vizinho. “It was

às Universidades ou mesmo a todo o

de apartamentos, eu ja conhecia uma

good!”

programa ERASMUS, a obrigar os alunos

enorme quantidade de Italianos, muitos

Mas enquanto isso senti falta, como a

internacionais a terem pelo menos um nível

Brasileiros, Franceses, Búlgaros, Espanhóis,

maioria dos estudantes de ERASMUS, de

básico de português, antes de virem para cá

Colombianos... mas nenhum Português.

aprender bem português e também de

estudar, pois os professores não deveriam

É uma grande experiência estar rodeado,

conhecer a verdadeira vida de Lisboa.

ser obrigados a repetir tudo duas vezes ou

durante um ano, por pessoas de todo o

Eu nunca comi caracóis, preocupo-me mais

os estudantes portugueses serem forçados

mundo que não se interessam com os

com o Corinthians que com o Benfica, e

a ter aulas em Inglês, mesmo que isso tenha

problemas habituais da vida.

nunca fui a Cascais.

sido o que tornou possível eu estudar cá.

Estou rodeado de pessoas interessantes

Ao estar sempre rodeado pelos meus

Estou agradecido por isso!

e emocionantes, tenho um apartamento

amigos de ERASMUS “sitting in the same

Para comparar as diferentes formas de

perfeito e ótimos colegas de casa. Melhorei

boat”, é

prender-me, sentir-me

estudo eu necessitaria mais do que as

ainda as minhas capacidades boémias que já

confortável e divertir-me bastante, mas

400 palavras que disponho, por isso fico

vinham de quando estava a trabalhar como

eu acho que é uma perda sair de um país,

me com “It is different, try it yourself and

carpinteiro.

depois de um ano, sem um verdadeiro

welcome to Berlin!“

Tivemos grandes noites, e grandes ressacas,

português ou sem saber pronunciar o

fácil

by Winnyfreis em DeviantArt, editado por AEFA-UTL

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16


por Sara Filipe, #6038, em resposta ao concurso de banda desenhada da AEFA-UTL

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chilloutsession.net

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Brandia Central entrevista

FILIPA TRIGO - FT (directora geral ad-

FT: A Brandia foi uma evolução do grupo

FT: O tamanho aqui não é o relevante,

junta): A Brandia Central é uma empresa

Novo Design e Nova Publicidade e a

o relevante é a forma como estas duas

consultora de Marcas, líder em Portugal,

Central de Comunicação, que já era um

empresas tiveram uma visão de futuro em

com mais de 20 anos de experiência.

projeto também nacional, o qual integrava

relação ao negócio e às tendências que lhe

Dentro do grupo da Brandia Central

um conjunto de valências. É de notar que

dão forma. E desta grande visão e ambição

temos a n-media que é a empresa que

tinha sido também um projeto pioneiro

resultaram no grande sucesso que é hoje a

faz planeamento e compra de espaço, a

no campo da identificação das áreas da

Brandia Central.

Ipsis que é a empresa de comunicação

comunicação, desenvolvendo

e relações públicas, que faz gestão da

completamente

integradas

propostas com

uma

E: Houve projetos marcantes nesse crescimento e nessa visão?

comunicação, e ainda a ctp produção

abordagem de 360 graus. Portanto, sendo

que é a empresa do grupo que trata de

duas entidades que partilhavam uma visão

tudo o que tem a ver com a área 2D, 3D

semelhante daquilo que podia ser essa

MM: Claro que tem havido, tem havido

e audiovisual. Estão distribuídas po 3 pisos.

abordagem, tornou-se lógico este processo

sempre. A procura desses projetos é

A área onde decorreu a entrevista é toda

de fusão, dando origem à Brandia Central.

uma constante porque nós não estamos

a área da Brandia de gestão de marca. Na

O Mário trabalhou no grupo Novo Design,

vocacionados para pequenos projetos, a

zona inferior do edifício encontra-se ctp, e

passou para a Central de Comunicação,

nossa vocação é para grandes projectos o

a zona do refeitório é no piso intermédio

veio para Brandia e é posteriormente que

que conduz consequentemente a desafios

onde se encontra também a área do i-tic,

ocorre a fusão. Assim como ele, muitos

mais alargados.

a n-media encontra-se no piso superior

dos que atualmente trabalham na Brandia

junto com a área administrativa. Emprega

Central, já se tinham cruzado nas diversas

FT: Tanto que a estrutura e a metodologia

no total cerca de 180 pessoas o que se

empresas que deram origem a esta nova

de abordagem dos projetos, têm a ver

traduz numa carga mensal muito significa-

empresa.

com um processo que implica um caminho que possa congregar um conjunto de

tiva. Tal número constitui uma força de trabalho bastante importante, dedicada à

ESPHERA - E: Expliquem-nos um pouco este

áreas e de especialidades dentro

área da gestão, das marcas, da criação das

ponto de viragem de uma pequena empresa…

mesmo planeamento. No departamento

desse

estratégico reside todo o trabalho de

marcas e da gestão da comunicação. MM: Não era uma pequena empresa. É

auditoria e diagnóstico. Porque saber dar

MÁRIO MANDACARU - MM (director

curioso que ambas as empresas, tiveram

respostas é estudar os problemas na sua

da Brandia Central): a minha formação

início em 85. E os dois grupos começaram a

total profundidade, conhecer todas as suas

foi inicialmente em Comunicação Social

crescer. Portanto não há aqui uma viragem

dificuldades, todos os seus desafios, todos

referente a Marketing e Publicidade. Depois,

de uma pequena empresa que se torna

os seus pontos fortes e fracos. Este trabalho

em São Paulo fiz mais uma licenciatura em

grande, houve sim, a união de duas grandes

é um investimento que requer muitas horas

Design Gráfico, antes de vir para cá. E aqui

empresas com grandes ambições, muitas

e muita mão de obra, levando como seria

estou desde 1988.

delas comuns...

de esperar a um grande encargo financeiro.

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E: Fight Gravity trata-se de uma espécie de

marcante, é a Galp. Com o desenvolvimento

este entendimento tem de haver respeito

atitude ideal da empresa?

da garrafa Pluma, não foi solicitado “apenas”

mútuo e a compreensão do papel de cada

que se desenhasse uma garrafa nova, foi

um no projeto.

MM: Fight gravity é a nossa atitude perante

necessário criar um projeto de raiz, que

os desafios que encontramos. É tirar as

tem a ver com um conjunto de questões

E: Portugal importa muito e exporta muito

marcas do seu plano de conforto e levá-

de valor acrescentado. Como resultado

pouco. Um problema que tem vindo a

las a outro nível. No nosso site temos lá a

surgiu uma peça que impulsionou de forma

acentuar a crise. Em princípio, não é pela falta

metodologia do que é o elevation system,

avassaladora aquela área de negócios

de qualidade, tanto dos serviços como dos

enunciando os passos que depois são

especificamente, porque tornou muito fácil

produtos. O desenvolvimento competente da

aplicados a cada projeto de forma diferente.

para as pessoas o ir buscar uma garrafa

imagem de uma marca é um trunfo indiscutível

A metodologia começa com auditing depois

Pluma.

para o sucesso de muitos projectos a nível

tem o defining e por ai em diante. No

internacional. Poderão referir algumas marcas

entanto não precisa necessariamente seguir

E: Qual é o tipo de abordagem da Brandia

de sucesso (nacional e/ou internacional),

esses passos. Idealmente é nesse percurso

Central quanto ao cliente?

exemplo dessa coerência imagem/produto e

que nós tentamos encaminhar os projetos.

divulgação? MM: O que é importante é haver um

FT: Dentro desta lógica de metodologia, a

bom envolvimento entre a nossa equipa

MM: Concordo inteiramente com a

ideia é que nós não devemos ter uma atitude

e a equipa do cliente, isso é o traço

afirmação inicial! Portugal tem potencial

amorfa em relação àquilo que nos pedem.

fundamental.

muito maior de funcionamento de marca

É necessário questionar e é também uma

Existem casos marcantes, como foi o caso

que ainda não é explorado ou então é

tentativa de obrigar o próprio interlocutor

do Banif, onde redefinimos toda a marca.

explorado de forma incoerente. A marca

a pensar mais sobre o assunto e a pôr em

Foi um processo bastante longo e profundo,

de Portugal sofre imenso por falta de

causa até as suas próprias convicções. Com

e tivemos sempre um envolvimento muito

mais gestão dessa própria marca. Nós

esta metodologia, ou está realmente certo

significativo da parte do cliente. E isso

que funcionamos em mercados externos,

e as convicções saem fortalecidas ou não

marca muito os projetos.

como Angola e Brasil, sentimos um pouco

estando, define um novo caminho. E esse

Outro caso notável

foi o lançamento

isso. Quando dizemos que somos uma

novo caminho é muitas vezes o furo do

da Yorn. Contudo no caso da Yorn o

empresa portuguesa há de certa forma

negócio.

desenvolvimento foi mais profundo. Nós

uma certa incredibilidade. Temos de provar

é

tínhamos um elemento da Vodafone a

mais. É necessário garantir que somos

o facto de não sermos fornecedores

trabalhar connosco. É preciso que haja

bons profissionais. No fundo reconheço

de um serviço. Pelo contrário, o nosso

essa cooperação. Temos de respeitar tudo

que Portugal produz bons produtos, mas a

posicionamento é de pareceria total,

aquilo que o cliente possui de informação.

marca não tem o mesmo valor que esse

ao lado do cliente, garantindo um valor

Não podemos ignorar a informação e

mesmo produto merece. Isso forçosamente

estratégico para o negócio. Um exemplo

experiência que ele tem. Para haver garantir

tem de ser mais trabalhado.

Outro dos pontos muito importante

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FT: Por exemplo, o projeto do Euro2012 foi desenvolvido pela Brandia Central, é portanto um trabalho português. Vai ser visionado em todo o mundo, a marca estará com certeza muito evidente. (Agora ainda não, mas na altura isso irá acontecer). Outro exemplo é a marca “Wines of Portugal” que tem o objetivo de agrupar, e divulgar os vinhos, um produto nacional, de reconhecida qualidade e bastante apreciado. Contudo o produto não está ainda devidamente divulgado e identificado. Neste sentido a Brandia Central desenvolveu este trabalho que irá estar presente para acompanhar os vinhos nas ações que eles desenvolvam, nas prateleiras em que eles estejam expostos, etc… É um trabalho que tem de ser desenvolvido e que tem de envolver também toda a cadeia de ligações e interlocutores que estejam associados aos projetos já que a marca em si ainda que muito boa, se não contar com os produtos não cumprirá o seu propósito. Tem que ser viva, tem que mexer-se no mundo, tem que falar com as pessoas, e falar

envolve estar visível mas também

envolve comunicar algo especifico, que transmita os tais valores que nós queremos que as pessoas reconheçam nesse produto ou produtos específicos. Com o aparecimento desta marca, tentar-

identificação única de alguma coisa. Para

MM: Nós gostamos não só de criar a marca

se-á que essa dispersão seja controlada e

que se distinga, para que seja protagonista,

em si mas também de criar o seu universo.

estandardizada.

para que ressalte, e portanto seja visível.

Tudo o que está à volta da marca.

Outra das áreas que necessita rapidamente

Para que demonstre quais são os seus

Antes de uma marca ser lançada há

de planeamento estratégico é o calçado

atributos, e portanto seja escolhido pelo

uma sistematização dela mesma, da

português.

seu consumidor. É nesse trabalho que

sua

identidade, para que posteriormente não haja incoerência na sua aplicação.

muitas vezes, acaba por se encontrar uma E: O caso da Renova que lançou aqueles

área, um nicho, ou uma oportunidade de

produtos específicos, coloridos. Eles dirigem-

criação de um serviço, de um produto, etc.

E: Existe uma preocupação das marcas

se uma área muito específica, nunca se irá

Portanto, essa área pode ter surgido, não

portuguesas em preencher determinados

massificar, mas no entanto será que preenchem

de uma investigação industrial dentro

nichos

um nicho?

da fábrica no âmbito da gestão, mas sim

e

realidades?

Principalmente

Internacionais?

de uma auditoria muito profunda que FT: Nesse caso criámos a necessidade,

identifica uma área

MM: A marca de vinhos Wines of Portugal,

porque ela não existia. Agora, essa pergunta

origem posteriormente ao produto, que é

acho que é um caso desses. Há uma

é muito pertinente, na medida em que,

um sucesso.

dispersão enorme de foco, com várias

aquilo que nós pretendemos fazer é aportar

sub-marcas. Não há uma união, não há

valor ao negócio dos nossos clientes, e

MM : Um dos pontos de diferenciação face

um reforço de uma marca mais forte.

encontrar territórios identitários para a

à concorrência da Brandia Central, mesmo

a explorar, dando

21



a nível internacional, é a integração entre estratégia e criatividade. Em geral, ou são empresas voltadas para a estratégia, ou são empresas voltadas para a criatividade. FT: É desta união que saem potenciais grandes ideias. Se o trabalho se desenvolver num conceito de caixa fechada faltará sempre algum tipo de informação, enquanto que se as caixinhas estiverem abertas, dá-se o verdadeiro out of the box, aparecendo assim, as grandes ideias. MM: Na verdade, até a própria disposição em termos de espaço é cuidadosamente pensada para a constante sinergia entre as diversas áreas em desenvolvimento. Não existe o departamento de arquitetura, de publicidade, de Web, etc. As mesas estão

a desenvolver projetos de referência, e da

existe um nível de excelência muito elevado,

todas corridas, poderá encontrar-se um

importância desses exemplos nacionais numa

face à dimensão do mercado que temos.

Arquiteto sentado ao lado de um Web

nova geração de criadores, de designers.

Designer, que está sentado ao lado de um

FT: Podemos

dar alguns exemplos

Designer. As equipas variam em função dos

MM: Seria injusto dizer alguns nomes, e

de trabalhos mais orientados para a

projectos, para criarem entre si um núcleo.

não dizer todos. Há muita gente a fazer

arquitetura, uma vez que estamos dentro

Há um núcleo para o Euro 2012. Há um

bom trabalho. E é curioso, porque aquando

desta área. Por exemplo a loja da Zilian, ao

núcleo mais próximo só para cuidar da

da fusão, entre a Brandia e a Central de

lado do Corte Inglês, que foi desenvolvida

Vodafone. No fundo há um núcleo para

Comunicação, houve muita gente que não

aqui, ou a loja da Vodafone.

todas as taskforces dos projetos mais

se reviu na nova empresa, e saiu. Isso foi

aprofundados de um trabalho. Há uma

muito positivo para o mercado. Começaram

MM: A Vodafone que de resto, ao nível da

flexibilidade enorme e uma interação muito

a nascer outros focos, outras empresas,

marca, é toda gerida aqui por nós, excepto

grande entre as valências todas.

outros núcleos de desenvolvimento de

a parte de eventos e comunicação. A parte

marcas e de gestão de marcas , também.

de gestão, criação das lojas, implementação,

E: Falem-nos um pouco de alguns designers

As quais cada uma à sua maneira, vieram

packaging, comunicação interna da própria

ou equipas nacionais que estiveram envolvidos

impulsionar o mercado. Neste momento

loja, é toda desenvolvida por nós. Isso facilita imenso a gestão da marca. Se tivessem para cada situação uma empresa diferente, talvez fosse muito mais complicado gerirem a marca. Aqui nós conseguimos fazer isso tudo. E: Uma vez que na nossa faculdade, a maioria dos alunos está encaminhado para arquitetura, qual é o papel e a importância do arquiteto, numa empresa mais direcionada para o design? Como se integra nesta equipa? FT: Tem um papel tão grande como qualquer um dos outros profissionais. É uma peça fundamental. Tem a ver com a questão da organização de todo um espaço,

23


as áreas têm todas de se integrar. Numa loja

sapatos com uma marca muito moderna, mas

criança que vai para uns pais, e que depois

naturalmente o responsável é o arquiteto.

com preços acessíveis, uma loja muito fácil.

vai para outros e depois para outros, vai

E portanto a transmissão desta facilidade

ficar desorientada.

MM: A arquitetura é mais uma ferramenta

dentro do espaço da loja, foi conseguida

da expressão da marca. Não somos uma

pela forma de organizar os sapatos. Em vez

E: Voltando à Vodafone, porque é uma empresa

empresa virada para o design, somos

de termos os sapatos todos por cores, que

internacional, criaram a marca em si, contudo

uma empresa de gestão de marcas.

eu gosto daquele e depois não encontro

receberam algumas orientações e bases de

Independentemente de ser design, ou

o meu número porque o que está ali é o

trabalho. Esta informação é importante para

arquitetura,

nossa

40 e eu calço o 36. Está exatamente com

manter esta linha no panorama português?

preocupação é gerir as marcas. Queremos

uma indicação gigante com o número: 35,

usar as equipas em função dos desafios.

36, 37, 38, 39, 40 e naquela fila do 35, só

MM: É sim. As directrizes da Vodafone são

O papel do arquiteto nos projetos de

estão os sapatos daquele número. Isto foi

bastante restritas mas dão margem para

desenvolvimento das marcas é justamente,

arquitetura do espaço, depois todo o layout

nós trabalharmos e criarmos sobre elas.

transpôr os valores, toda a identidade de

e as cores.

Eles têm de gerir a marca a nível mundial.

uma marca, para o universo tridimensional

O caso da Zippy é outro, a linha de roupa

Não sei se repararam mas acho que as

do espaço. Pode ser uma loja, pode ser um

de crianças da Modalfa. Já está na Arábia

lojas da Vodafone aqui em Portugal são

stand, uma fachada de um prédio, o que

Saudita, na Turquia, está a começar a viajar

mais sofisticadas do que as de Espanha

quer que seja. Existe um valor acrescentado

pelo mundo. Na Turquia será Ziddy, porque

ou de Itália. Porque a Vodafone aqui tem

que os arquitetos adicionam aos projetos.

não conseguiam pronunciar, mas em termos

um impulsionamento diferente. Ainda que

de layout de loja, toda a comunicação da

todas as regras de aplicação da marca

marca é toda desenvolvida cá.

sejam seguidas conforme o estipulado. O

ou

publicidade,

a

E: Anteriormente referiram o exemplo da

trabalho que nós aqui fazemos é a partir

Vodafone, toda a imagem que é construída à volta da marca Vodafone, é construída aqui?

MM: E outro projeto com expressão

de regras bases. Conseguimos construir

tridimensional, muito utilizada e muito

em cima, criando uma linguagem ainda

MM: É. As lojas da Vodafone são todas

importante é a ANA. Todo o mobiliário

mais apropriada ao nosso mercado mas

idealizadas aqui. A Megastore também.

da ANA foi feito cá. Expressa muito bem

seguindo as linhas mestras.

a marca, tudo o que vocês virem da ANA FT: Não faz sentido ser de outra forma,

pelos aeroportos é feito cá. A imagem

E: Voltando ao mercado nacional para

depois do cliente da marca estar habituado

gráfica, comunicação, linguagem, serviços,

designers. O mercado saturado resulta da

a ver a Vodafone comunicar de uma

equipamento, utilização dos espaços.

monopolização de projetos por alguns criativos que quase praticam o design a metro, um

determinada forma, não faria sentido nenhum ir à loja e encontrar um tipo de

E: Ou seja, pode dizer-se que a Brandia Central

design que negligencia as tais etapas que dão

comunicação completamente diferente. A

faz um acompanhamento da marca ao longo

uma imagem sólida a uma imagem de uma

loja tem de transmitir o mesmo conceito,

do tempo, não termina o seu trabalho num

marca. Reconhecem este problema?

o mesmo tipo de relação que já vem de

projecto específico? MM: Sim, daí eu ter dito que nós

outros pontos.

24

A Zilian, que se referiu anteriormente é um

MM: Idealmente sim. No fundo é como criar

não estamos vocacionados para fazer

exemplo muito engraçado, porque tinha

um bebé que vai ganhando personalidade,

trabalhinhos

como conceito vir marcar o território dos

quanto mais se orienta melhor fica. Uma

conseguimos fazer isso tudo, mas não sei

de

design.

Claro

que


se a questão do mercado estar saturado é por causa de tipo de atuação de outros designers ou porque o mercado é pequeno mesmo. Esse tipo de prática sempre houve, não é de agora e também não é só aqui. Nós temos a referência do mercado de Inglaterra, por exemplo. Quando vou a Londres reparo que há muita coisa boa, mas há muitos trabalhos de fraca qualidade. Contudo Inglaterra é um mercado gigante. Em Portugal nota-se mais esta situação porque o mercado é menor. Temos menos bons trabalhos do que lá fora, mas são bons à mesma. E não sei se o mercado está assim tão saturado como isso. Acho que há espaço, há muita coisa para ser feita ainda. FT:

As

pessoas

também

têm

de

amadurecer, não tem a ver com a perceção da real eficácia do pensar as marcas a sério. Ainda existe a tradição de que o negócio é que é importante e o resto não interessa.

levando a que Portugal atingisse um estágio

dentro das lojas sentiram uma mudança

A filosofia de que o meu produto é bom,

de maturidade completamente diferente.

brusca, um renascer. Tudo isto devido a um

e que isso é suficiente para que ele seja

Nos países nórdicos por exemplo não há

processo complexo que deu corpo e vida a

vendido ainda vai sendo uma postura

quem não pense nisto, não há negócios

uma marca que não era sentida, que estava

enraizada. Contudo o mercado evoluiu e o

com folhetos feitos em casa, isso não existe,

morta e que ninguém ligava nenhuma, era

registo hoje não se compadece de levantar

porque eles têm outra cultura, aprenderam

insignificante, e foi este reposicionamento,

da cadeira e fazer a marca acontecer. A

de outra maneira. Aqui estamos a caminhar

este dar importância, dar protagonismo

questão é esta, a marca tem que acontecer

nesse sentido. Acho que não temos que ter

com a campanha que foi feita que fez com

e para acontecer tem de existir todo este

a filosofia do miserável e do coitadinho. É

que de repente as pessoas notassem que

processo que o Mário enunciou.

perceber o que está mal e melhorar!

havia algo de diferente e começassem a

E: Esta postura que referiram sobre a

E: Retornando à área

da arquitetura: a

não procuravam por que não sabiam que

qualidade do produto garantir um o proveito

localização das lojas, no caso do Banif é algo

existia. Estas dependências passaram a

certo será ultrapassada rapidamente?

que também importa?

ter corpo, que era aquilo que não tinham

FT: Sim, o mercado está em constante

MM: Ainda que se recomende, na maioria

negócio beneficiou bastante, não só porque

mudança mas essa é uma das evoluções mais

dos casos é algo que sai fora do nosso

não foi algo que apenas afetou o público

sustentadas. Veja-se o exemplo dos cursos

controlo.

mas porque afetou também a equipa, que

querer interagir e a procurar aquilo que

anteriormente, e portanto neste caso o

se sentia sem importância nenhuma no

de Gestão que, supostamente são aqueles que colocam os empresários na rua, nem

FT: O trabalho a desenvolver na maioria

panorama financeiro, ficou motivadíssima

sequer tinham cadeiras de comunicação,

dos casos pré-existentes como as lojas

e com uma dinâmica completamente

hoje já têm. Portanto o mundo também

do Banif, é criar impacto, profundidade e

diferente.

tem vindo a adaptar-se à mesma velocidade

visibilidade. Elas já existiam, não foi nenhuma

e portanto há ainda muitos empresários

comprada de novo, contudo as pessoas

MM: Essa inexistência do Banif, pré

que precisariam de fazer um refresh sobre

nem sabiam que as lojas estavam ali ao

rebranding era um problema, mas era

estes desenvolvimentos, para os seus

lado, passavam e aquilo não lhes dizia nada,

também uma grande oportunidade, porque

produtos ou serviços e isso seria por um

eram inexistentes, eram invisíveis e depois

o potencial para fazer tudo estava lá, sem

lado dinamizador do mercado das marcas

do processo ter sido desenvolvido as lojas

ter que se quebrar muitas coisas que

e por outro lado dinamizador de negócios,

apareceram. Foi porque as próprias pessoas

poderiam estar na raiz da marca. Outra

25


coisa que se passou foi o orgulho de

desde há algum tempo, com voluntariado

MM: É, porque muitas das vezes não se

pertencer ao Banif que passou a existir.

de profissionais do grupo que vão fazer

consegue ter um output relevante. Sem

O lançamento da marca foi inicialmente

workshops, palestras junto de escolas para

recurso a estas, claro que é preciso saber

interno porque os colaboradores são os

falar sobre temas da realidade profissional

pensar, não é só saber mexer na ferramenta

melhores embaixadores de uma marca,

e de inserção no trabalho.

e não estruturar o que se faz. Aliás

porque são eles que fazem as alteração

estimulamos muito que aqui se comece a

nas estruturas internas e querem estar a

MM: Temos também um protocolo com

trabalhar com a mão e não com o teclado.

par de tudo para não se sentirem perdidos.

algumas entidades com quem fazemos

É preciso pensar, ver e captar informações

Isso aconteceu nos anos 90, quando muitos

estágios curriculares e profissionais, por

para que depois as possamos representar.

bancos mudaram de imagem e o Banif

exemplo a Universidade Católica do Porto.

escolheu não o fazer.

Acho que é fundamental as empresas terem

E: Para finalizar, quais as expetativas

este papel de formação.

têm num recém-licenciado? Quais são as

E: Reconhecendo a dificuldade do primeiro

que

características e as valências que procuram

contacto com a vida profissional, para o recém-

E: Estes protocolos são fechados ou admitem

formado, consideram que as empresas têm

estágios de outras instituições de Ensino?

o dever e a responsabilidade de acolher e

num novo colaborador? MM: No essencial dar os 100%! No fundo

complementar a formação destes jovens que

MM: Estamos sempre abertos a receber.

o que se pretende é muito interesse,

procuram iniciar a sua vida profissional?

É importante falar com as pessoas que

muita vontade, muita ambição de crescer

chegam, à procurar de emprego ou de

e de conhecimento mas também alguma

MM: Sim, é fundamental, nós temos

estágio, independentemente de termos

humildade. Mais do que a parte técnica,

realmente uma responsabilidade social

vagas aqui ou não.

lidar com softwares e programas etc., é

enorme, o nível dos nossos profissionais

É

serve para nós podermos devolver ao

necessidades,

das

fundamental manter um bom ambiente de

e

trabalho e temos que estar bem-dispostos.

mercado tudo aquilo que nos é pedido, é

reencaminhando aqueles que não tendo

Um mau ambiente é prejudicial para nós,

fundamental, nós valorizamos imenso esse

lugar aqui, poderão ter noutros locais.

prejudicial para o trabalho que sai. Como

trabalho. É um trabalho que tem que ser

Como é um mercado pequeno conhecemo-

diz uma musica brasileira “ É muito mais

feito e tem muita pertinência, não podemos

nos todos uns aos outros, recebo todas

fácil ser triste do que alegre, é mais fácil

ter aqui estagiários que andam por aí à

as semanas uma chamada de algum amigo

criar uma nuvenzinha que se alastra

solta, não é bom para eles nem é bom para

ou solicitador pedindo designer com um

rapidamente”, por isso é fundamental saber

nós. O que nós fazemos é valorizar esses

certo perfil. Portanto basta que abracemos

gerir o talento!

estágios e fazemos questão que sejam bem

o papel social de facilitar a integração no

acompanhados.

mercado de trabalho dos recém formados

importante

estarmos

a

par

aconselhando

nestas áreas. FT: A área de enfoque da responsabilidade

26

Agradecimentos a:

social na nossa empresa é a educação. Para

E: O conhecimento de ferramentas técnicas,

Brandia Central, representada por Filipa Trigo

isso a empresa tem um protocolo com o

como por exemplo os softwares é algo logo à

e Mário Mandacaru; Margarida Farinha; João

júnior enchivement, com quem colabora

partida muito valorizado?

Francisco Ferreira.


ainda estรกs a tempo de te inscrever http://socios.aefa-utl.pt


A Praxe Académica

28

situações negativas por parte dos alunos

situações negativas, muito pelo contrário.

mais velhos para com os alunos mais

Então, em que consiste a Praxe Académica?

novos que acabam de entrar no “Mundo”

Na FA-UTL, assim como em boa parte das

Académico, tais como, abusos, humilhações,

Faculdades e Institutos Superiores, consiste

maus-tratos, faltas de respeito e tudo o que

na receção, confraternização e acima de

daí advém. Para os restantes estudantes,

tudo na integração dos alunos que acabam

Marcos Mesquita

aqueles que de facto têm conhecimento

de entrar no Ensino Superior.

Presidente Comissão Praxis

do funcionamento da Praxe Académica

Na FA-UTL, no início de cada ano letivo,

(como 90% dos alunos da Faculdade de

são dedicados quatro dias seguidos única e

As pessoas, ou grande parte das pessoas,

Arquitetura da Universidade Técnica de

exclusivamente à Praxe Académica ou se lhe

que não têm o mínimo de conhecimento

Lisboa, os outros 10% ou não querem

quisermos chamar “Receção do Caloiro”,

do que é a Praxe Académica, pensa que

participar ou simplesmente não aparecem),

dias esses que são preenchidos com todo

este Evento consiste em todo o tipo de

este Evento não implica qualquer tipo de

um conjunto de atividades para os novos


alunos. Para essas atividades poderem ser

Praxis, e consequentemente subtemas/

Praxes e o que irá desenrolar-se nos quatro

realizadas existe um grupo de pessoas

nomes para as respetivas atividades, são

dias seguintes, por parte do Presidente da

que tem o nome de Comissão de Praxis.

organizados jogos, musicas, são feitos todos

FA-UTL, do Presidente da Associação de

Por norma, este grupo é constituído por

os tipos de objetos, bonecos, máscaras e

Estudantes e o Presidente da Comissão de

70/80 alunos com duas ou mais matriculas

cartazes para os caloiros se entreterem,

Praxis. Em seguida ensinam-se as canções

liderados ou organizados, se assim se pode

organiza-se cada dia da “Receção ao

da FA-UTL e seus cursos, fazem-se jogos, o

dizer, pelos responsáveis da Comissão. O

Caloiro” até ao mais pequeno pormenor.

churrasco à hora de almoço com música e

grupo começa a juntar-se e a formar-se

Cada dia da semana da “Receção ao Caloiro”

continuam os jogos para todos se manterem

um mês antes da “Receção ao Caloiro”,

é diferente do dia a seguir. No primeiro dia

divertidos e entretidos. No segundo dia de

e durante esse mês organiza-se tudo da

todos os caloiros são recebidos de manhã e

manhã, os caloiros são organizados por

melhor maneira possível para que corra

levados para o local onde irá decorrer uma

grupos, onde têm que dar um nome ao

tudo em pleno na receção aos novos alunos.

apresentação/introdução do que é a FA-

mesmo e criar as suas próprias canções

É definido um nome/tema global para as

UTL, o que é a vida académica, o que são as

para depois do almoço percorrerem toda

29


a zona da Ajuda no Rally Tascas, cada grupo de caloiros passa nas tascas de cada curso, fazem-se ouvir, conhecem alguns dos alunos mais velhos de cada curso e sujeitam-se aos “castigos” impostos pelos mesmos. O dia acaba na FA-UTL com uma mini festa ao ar livre para convívio. O terceiro dia, provavelmente o mais importante de todos, começa com alguns jogos pela manhã e depois do almoço desenrola-se o PeddyPapper até ao Jerónimos, em que cada grupo tem que descer a Ajuda, completando pistas e desvendando enigmas, passando por “postos” constituídos por alunos mais velhos. Quando chegam ao Jerónimos os

30

caloiros são preparados para o Batismo, recebem o Diploma e assistem ao discurso solene. Em seguida os caloiros dirigem-se aos seus padrinhos de praxe para a respectiva cerimónia. Para finalizar celebra-se o Jantar do Caloiro. No quarto e último dia da parte da manhã realizam-se jogos e à tarde o Desfile do Caloiro que consiste na nomeação do Mister e Miss Caloiro, antecedendo a “festinha” que todos os alunos mais velhos sabem o que é, mas não podem comentar com os caloiros. Para finalizar, na semana seguinte concretiza-

se a tão esperada Festa do Caloiro. Termino agradecendo a participação de todos os que tornaram possível este Evento onde prevalece a animação, união e, acima de tudo, o respeito, servindo este artigo para sensibilizar a comunidade académica para o que é a realidade da Praxe Académica, acreditando convictamente que todos os que participaram nela, principalmente caloiros reconhecem não só a diversão mas principalmente a importância deste conjunto de eventos para a adaptação á vida universitária na sua plenitude.


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