“O Rapaz dos Hipopótamos” Escrito por Margaret Mahy e ilustrado por Steven Kellogg Editora Horizonte
A obra “O Rapaz dos Hipopótamos” de Margaret Mahy, com ilustrações de Steven Kellogg, publicada em Portugal pela editora Horizonte, lança um olhar profundo sobre o amor de um rapaz por um animal, que não de estimação, lhe tinha muita estima. Roberto, personagem principal de uma história emocionante, é uma criança como tantas outras no nosso país, vive feliz com uma família consistente, numa casa apalaçada e de jardins muito grandes, vai e vem a pé todos os dias da escola, … Bom, talvez não seja uma criança tão igual às do nosso país, talvez seja mais feliz por ter uma família no seu verdadeiro sentido, por viver numa enorme casa e por ainda poder ir a pé para a escola sem que nada de estranho lhe aconteça… Voltando atrás, tenho que me redimir novamente, porque afinal algo de estranho acontece todos os dias a Roberto, sempre que volta a pé da escola, o estranho parece normalidade, porque vão aparecendo hipopótamos atrás dele, seguindo-o até casa. Dia após dia, um, quatro, nove, até chegar à módica e ternurenta (para um rapaz que adora animais) quantia de quarenta e três hipopótamos em casa. Sem que fossem de estimação, acreditem, que muita
estima lhes tinha. Claro, que todos os fenómenos têm explicação, mas os fenómenos de amor são muito difíceis de explicar, no entanto, o amor de Roberto por hipopótamos já era antigo, como tal, eles resolveram ir aparecendo e a cada dia Roberto era uma criança mais feliz pelas companhias que tinha. Contudo, os pais não entendiam se os hipopótamos apareciam nos jardins de sua casa vindos de um circo, de um safari africano ou simplesmente pela magia, que acontece nisto das histórias infantis… A verdade é que nestas coisas do amor, o encantamento está sempre presente, principalmente quando há sentimentos autênticos. Roberto como uma criança que sente os animais, pelo que transmitem, pela sinceridade e fragilidade, pela amizade que em troca só querem atenção, por uma vida de respeito e sem atrocidades que também merecem. Mas os seus pais não compreendiam e resolveram chamar alguém indicado para este tipo de assuntos, uma dita bruxa para desfazer no Roberto, o que amor e os valores tão bem construíram. Como em muitas histórias, também nesta, a tristeza surge com os pozinhos de perlimpimpim desta malfadada bruxa Zarofa. No final, resta-nos a consolação e alegria de saber que, embora os hipopótamos desaparecessem da vida de Roberto, não foram para um circo ou para um zoo, mas, para o seu habitat natural. E, que na vida deste rapaz, igual a tantas outras crianças, no amor que querem receber e esperam oferecer, outras tantas girafas se fizeram suas amigas e assim o Roberto, livre da doença dos hipopótamos, permaneceu com o amor por todos os animais, que sem serem de estimação, por eles tinha muita estima.
Professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico, Marco Alexandre Carvalho Bento