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Produtor de Alimentos e também de água

Cada vez mais, as técnicas de conservação do solo para aumentar a qualidade da infiltração da água da chuva se fazem necessárias. A assistência técnica gratuita da Emater/RS-Ascar contribui para minimizar efeitos da estiagem

O solo é uma transversalidade para todas as culturas. A qualidade de solo necessária para produzir grãos é mesma para produzir tabaco, pastagens, frutíferas e hortaliças, e também para atingir alta produtividade na agropecuária e, ao mesmo tempo, servir como filtro ambiental e como reservatório de água para os cultivos e abastecimento continuo dos mananciais d’água. Agricultores gaúchos têm enfrentado nos últimos anos as consequências do La Niña, efeito que causa invernos rigorosos e períodos de forte estiagem ou seca, interferindo diretamente na produção agrícola de verão.

Uma forma de atingir eficácia na produtividade de alimentos e ao mesmo tempo amenizar esses efeitos é investir em técnicas de manejo em recuperação e conservação do solo. O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise, explica que, quando se fala em qualidade de solo ou fertilidade, não se pode pensar que a dinâmica de funcionamento do solo é individualizada. O que deve ser considerado é que existem infinitas interações entre os aspectos biológicos, físicos e químicos que compõem a qualidade de um solo e, portanto, deve-se dar a devida atenção para que haja equilíbrio entre eles na interação e funcionamento de um solo, para que se consiga atingir um alto Índice de Qualidade do Solo (IQS).

O aporte de palhada através da diversificação de culturas, complementado com plantas de cobertura sem objetivos de colheita, ajuda a melhorar as propriedades físicas e, como consequência, há um melhor aproveitamento pelas plantas dos elementos químicos existentes no solo. “O aspecto conservacionista é outro pilar importante. Quando se conserva o solo e água na lavoura, se busca a sustentabilidade da atividade agrícola. Práticas mecânicas, como a construção de terraços ou plantio em nível, ajudam a conservar o solo e a água, mas perdem eficiência quando o solo é compactado”, explica Parise.

Quando o solo está compactado, a água das chuvas não infiltra e acaba escorrendo no terreno. “Água que escorre superficial é água perdida, já água que infiltra é água aproveitável em todos os sentidos”, ressalta Parise. O extensionista destaca ainda que o solo é um reservatório natural de água que abastece lençóis freáticos, água artesiana e nascentes, além de regular e manter estável o nível de água dos cursos hídricos. Somando-se a isso, a água que infiltra é absorvida pelas plantas através do sistema radicular e este resiste mais às estiagens, quando ocorrem.

“Isso ajuda a manter a estabilidade na produção agrícola. É preciso se pensar no agricultor também como produtor de água”, observa.

Desde 2021, na propriedade dos agricultores Charles e Ivane Waechter, no município de Sinimbu, está implantada uma Unidade de Referência Técnica (URT) de três hectares na área de conservação de solo e da água. A Unidade é uma parceria entre agricultores, Emater/RSAscar, UTC Brasil e Prefeitura. A família tem no tabaco a principal fonte de renda. Além disso, cultiva milho e feijão para alimentação dos animais e outros alimentos para o autoconsumo.

O extensionista rural da Emater/ RS-Ascar, Luís Fernando Marion, explica que as técnicas utilizadas, como rotação de culturas, descompactação do solo, curvas de nível, nunca deixam o solo descoberto e que, através do uso de espécies de cobertura e adubação verde, com mínimo revolvimento do solo, têm gerado resultados positivos na produção. “No ano passado tivemos uma situação climática muito desfavorável e mesmo

Reservação de Água é ação importante

Além de implantar ações de recuperação e conservação de solo, outra estratégia importante e que pode ser adotada pelas famílias é a construção ou instalação de cisternas. Essas estruturas consistem em reservatórios para captar e armazenar, principalmente, a água da chuva.

Entre as vantagens da construção das cisternas constam a economia de água potável, deixando-a para consumo humano, produção de alimento o ano todo, ter água em época de estiagem e com baixo custo e aproveitamento de um recurso natural disponível e, das áreas de telhado, para captação de água de chuva. “A água armazenada nessas estruturas pode ser utilizada para algumas tarefas domésticas, como regar jardins e hortas, descargas em sanitários, lavagem de áreas externas e de veículos e outras formas de utilização menos nobres. No entanto, essa água não deve ser utilizada para consumo humano, nem para cozinhar, tomar banho ou higiene pessoal”, orienta o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Elimar dos Santos.

As cisternas podem ser de alvenaria, geomembrana ou de fibra de vidro ou plástico. “O valor de cada cisterna vai depender do material utilizado para construção, do volume a assim tivemos índices de produtividade razoáveis. Com as técnicas que o produtor tem adotado com o nosso auxílio, a família está tendo resultados bastante significativos, tanto de produtividade como de qualidade da produção”, avalia. Mesmo com a estiagem, foram produzidos na URT 89 sacas de milho por hectare na safra 2021/2022. ser armazenado, do espaço onde será construído, do material utilizado nas calhas de captação, da distância da cisterna e do telhado e do tipo de filtro utilizado para descartar a primeira água do telhado”, observa. de Imprensa Emater/RS-Ascar Regional de Soledade

Para tanto, o extensionista destaca a importância do solo. “O manejo de solo é básico e precisa ser bem feito. A partir disso, outras técnicas podem ser utilizadas. Nessa propriedade, para a safra 2022/2023, foi possível realizar o plantio de milho a 50 centímetros entre linhas, uma população de plantas mais elevada, com 70 mil plantas por hectare. Isso pode ser feito quando temos uma base sólida, ou seja, com o solo bem estruturado é possível investir em alta tecnologia de cultivo”, explica. Na safra atual, a lavoura apresenta bom desenvolvimento e a expectativa é de colher entre 170 a 200 sacas por hectare.

O produtor observa com alegria os resultados obtidos. “Investimos em adubação verde e manejos orientados pela Emater e pela UTC. O manejo de solo é fácil, só precisamos seguir as orientações que nos passam. Essa era uma área difícil de trabalhar, mas com o bom manejo estamos obtendo resultados muito satisfatórios. Aos outros agricultores digo para buscarem orientação na Emater e invistam no solo, pois dá um bom retorno”, frisa Waechter.

As cisternas podem ser construídas tanto no meio rural quanto nas residências urbanas. Com o uso da água da cisterna é possível reduzir em muito o consumo de água potável. “Hoje o uso consciente da água é uma exigência mundial e a sociedade cada vez cobra mais o uso racional desse bem universal. Nesse sentido, a captação e armazenamento de água da chuva através de cisterna vem contribuir bastante para a diminuição do consumo de água potável e é uma tendência muito forte a utilização”, conclui Santos.

Para conhecer mais sobre manejos de recuperação e conservação do solo e sobre a construção de cisternas visite o Espaço Casa da Emater, na 21ª Expoagro Afubra.

Jornalista Carina Venzo Cavalheiro

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