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Palavra do Provincial

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Educação

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Querido Leitor,

Terminamos a edição passada com uma citação do Evangelho de Jo 17,3. Para os estudiosos da Bíblia, o capítulo 17 de João é muito importante porque antecede a prisão, morte e ressurreição de Jesus. Seria como a oportunidade que Jesus tem para falar ao Pai da missão que a Ele foi confiada e, de certa forma, a sua fidelidade ao projeto do Pai. Importante também notar que Jesus, nosso Divino Salvador, confidencia que formou um grupo que se tornará responsável por testemunhar tudo aquilo que Ele ensinou. E, a partir da fidelidade à missão confiada por Jesus, o ser humano já faz a experiência da vida eterna.

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Vejamos, aqui, a citação de Jo 17,3: “A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro e aquele que enviaste Jesus Cristo”. Como podemos observar, o versículo começa, justamente, dizendo o que é a vida eterna. Para Jesus, a vida eterna consiste em conhecer a Deus, Aquele que O enviou e que Ele chama de Abba (Pai). Aqui, o texto bíblico é claro quando propõe conhecer o Deus único e verdadeiro. Portanto, não há outro Deus. É impressionante como Jesus deixa claro a intimidade que Ele tem com o Pai.

Gostaria de chamar a atenção para o verbo “conhecer”. Muitas vezes escutamos as pessoas dizerem: “eu conheço tal pessoa”. Alguns “conhecem” porque é alguém que está presente na mídia, outras dizem que “conhecem” porque encontraram-se esporadicamente, outras “conhecem” e quando você pergunta como é esta pessoa, a resposta vem associada às características físicas. Enfim, como podemos ver, essas são algumas poucas formas usadas para dizer que alguém tem conhecimento de outra. Portanto, aqui fica claro que este tipo de conhecimento é muito parcial e limitado. O leitor pode ter prestado atenção que usei a expressão conhecer sempre entre aspas. Justamente para dizer que o conhecer apresentado por Jesus é bem diferente desse conhecimento. O conhecer de Jesus passa pela experiência vital da vida e não fica só no campo teórico, na dimensão da razão. O conhecer que leva a uma mudança de mentalidade, a ponto de reconhecer que não somos nada sem Deus. Padre Francisco Jordan foi muito feliz quando, ao ler o texto bíblico, compreendeu que o conhecer passa pela experiência.

Tendo presente o que foi dito até aqui, podemos dizer que, da mesma forma que Jesus Cristo conhecia o Pai, somos convidados também a conhecer o Pai pelo Filho, assumindo em nossa vida a proposta de Jesus Cristo. Para aprofundar o texto bíblico numa perspectiva salvatoriana, convido para que leiam o artigo do Pe. Paulo José Floriani,sds no site: salvatorianos.org.br, na aba espiritualidade, artigos, 29/05 “Salvos pelo conhecimento”, que é de uma clareza e nos apresenta pistas concretas de aprofundarmos o tema.

Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds Diretor Provincial

/Pe. Jordan

O que o Pe. Jordan tem a ensinar para os jovens?

Por Pe. Samuel Alves Cruz, sds

Em clima de comemoração, no último dia 19 de junho, fomos alegremente surpreendidos pela notícia de que, Sua Santidade, o Papa Francisco, autorizou a assinatura do Decreto a respeito do milagre atribuído à intercessão do nosso Venerável Pai Fundador, Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan. A autorização do Papa Francisco significa que o Padre Jordan será proclamado “Bem-Aventurado” pela Igreja e ganhará as honras dos altares e a sua veneração deixará de ser apenas privada (restrita ao ambiente interno das congregações religiosas por ele fundadas), para tornar-se pública, inclusive com a honra dos altares, quando poderão ser erigidas igrejas sob o seu patrocínio.

Apesar de Padre Francisco Jordan estar somente agora de forma oficial no caminho para a Santidade, uma vez que a Beatificação é um importante passo para a canonização, a sua vida e obra tem sido, desde sempre, uma mensagem de Deus para as mais variadas gerações, em especial para a juventude.

Em 8 de dezembro de 1881, com o nome de Sociedade Apostólica Instrutiva, a atual Sociedade do Divino Salvador (SDS) foi fundada pelo Padre Francisco Jordan. A partir do modo como encarou os desafios da sua época, o modelo da atual SDS delineou-se respondendo com ousadia, protagonismo, esperança e fé a uma sociedade cada vez mais carente de Deus, que estava abandonando o caminho divino por causa do medo e pelo incentivo desenfreado à ignorância religiosa, à indiferença e ao secularismo.

É por isso que o carisma salvatoriano de “conhecer e tornar conhecido Jesus Cristo como o Divino Salvador, por todos os modos e meios que a caridade de Cristo nos inspira”, continua tão necessário e atual no mundo de hoje, que não é diferente daquele do contexto histórico em que viveu o Padre Francisco Jordan. Muitos jovens estão perdidos, se auto declaram ateus ou agnósticos, afirmando a plenos pulmões que não precisam de Deus, ou pior, que Deus não existe ou que Ele morreu. Uma juventude que, muitas vezes, tende ao descomprometimento, que atravessa uma crise de liderança, preferindo fazer morada na coadjuvação.

A juventude de hoje não sabe o potencial que tem, e nem tampouco o quanto é amada por Deus, sendo, muitas vezes, tentada ao esvaziamento. Muitos jovens buscam um sentido de vida que não sabem aonde encontrá-lo, ou buscam nos lugares errados.

As nossas igrejas estão cada vez mais vazias de jovens. E, onde eles estão? Os novos nichos da juventude são as academias de ginástica, as baladas e os consultórios psicológicos. Por que estão nas academias de ginástica? Muitas vezes, na busca de uma satisfação com doses de hedonismo e vaidade, na busca de uma auto aceitação ou de ser aceito em determinado grupo ou por determinada pessoa, a partir do culto ao corpo, da atração física e da beleza externa. Por que estão nas baladas? Porque buscam preencher o vazio de sentido, ainda que com diversões e alegrias frágeis e momentâneas. Por que estão nos consultórios psicológicos? Porque buscam

o autoconhecimento, a sua identidade, a sua realização e o seu lugar no mundo. Padre Francisco Jordan foi um ser humano à frente do seu tempo. Os obstáculos e desafios o impulsionaram a querer fazer a diferença para o mundo e a sociedade na qual estava inserido. Muitas vezes, foi injustiçado e incompreendido, mas seguia o seu caminho, porque tinha convicção do que queria e da vontade de Deus em sua vida, por isso nunca se deixou abater. Tais obstáculos foram se tornando degraus para o amadurecimento e a santidade. Juventude! A verdadeira beleza que vocês tanto procuram, a socialização sadia e benfazeja, a verdadeira essência e identidade, a alegria e a felicidade de fato duradouras estão em Jesus Cristo! E o caminho proposto para chegar a Ele, que é a personificação de tudo o que necessitamos para sermos cada vez mais realizados, felizes e santos, é a comunidade por Ele fundada: a Igreja Católica Apostólica Romana. O Congresso Nacional da Família Salvatoriana, realizado entre os dias 28 e 30 de abril de 2018, na cidade de Vargem Grande Paulista – SP, definiu como uma das suas prioridades, o trabalho com as juventudes, dada a importância que elas têm para a sociedade e em consonância com os anseios da Igreja no Brasil. Enquanto Província Salvatoriana dos Padres e Irmãos, temos um belo trabalho desenvolvido junto à juventude de nossas obras, em parceria com o trabalho junto às Vocações Salvatorianas, tendo à frente os padres James Oliveira, sds e Rafael Araújo, sds, respectivamente. O que Padre Francisco Jordan e o reconhecimento de suas bem-aventuranças têm a dizer para a Juventude de hoje? A coragem de ousar ser protagonista das mudanças que beneficiam a maioria, levando uma proposta de vida integrada com Deus e com a comunidade, no amor e no respeito, constitui um caminho para a santidade. Os Santos da Igreja são pessoas que, mediante as tentações e limitações de sua vida cotidiana, reconheceram em Jesus Cristo a encarnação de Deus para a Salvação da humanidade e o único caminho a ser trilhado. É por isso que têm as suas vidas propostas como modelos a serem imitados.

“SE ALGUÉM QUER ME SEGUIR, RENUNCIE A SI MESMO, TOME A SUA CRUZ E ME SIGA. POIS QUEM QUISER SALVAR A SUA VIDA VAI PERDÊLA; E QUEM PERDER A SUA VIDA POR CAUSA DE MIM, VAI ENCONTRÁ-LA” (MT 16, 24–25).

A beatificação do Padre Francisco Jordan é como um sinal de Deus para “As grandes obras nos mostrar que o reconhecimento de uma vida santa é reservado àqueles que se dispuseram a doar a sua vida em favor dos irmãos, sendo como setas vivas florescem à sombra que apontam para o Cristo Salvador. A Santidade está ao nosso alcance e constitui da cruz!”uma possibilidade para todos nós! Ainda vale para os nossos dias a premissa: “jovem que não vive para servir, não serve para viver!”. É em Jesus Cristo e em sua Igreja que encontramos a nossa beleza, nossa identidade e essência, a verdadeira alegria e realização! O que estamos fazendo para sermos de fato testemunho e modelo para as outras pessoas? De que forma contribuímos para permanecermos eternamente ressuscitados nos corações e mentes das pessoas?

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