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Palavra do Provincial
Querido Leitor,
Estamos iniciando um novo ano repleto de muita esperança: a imprensa anunciando que a vacina contra a Covid-19 ficou ainda mais próxima da população; o Papa Francisco nos presenteando com a boa notícia de uma Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que acontecerá no México, entre os dias 21 a 28 de novembro. Aproxima-se a data da Beatificação do Fundador da Família Salvatoriana, Pe. Francisco Jordan. Aqui no Brasil, tivemos a alegria de acolher em janeiro deste ano, o Jn. Elivelton Gomes dos Santos como novo membro da Província Salvatoriana Brasileira. Também acompanhamos a entrada do noviciado em Manizales, na Colômbia, dos formandos brasileiros Jocimar Costa Rosa, Fabiano Maffi e Leonardo dos Santos Raimundo, e do Uruguaio Emiliano Manuel Álvarez Rodríguiz, que se juntaram com outros noviços Venezuelanos e Colombianos. Tivemos também, no início do ano, as celebrações jubilares de Vida Religiosa do Pe. Francisco Sydney, do Pe. Arno Boesing e do Pe. Renato Simoneto: 25 anos, 60 anos e 70 anos, respectivamente. Terminando o mês de fevereiro, foi a vez do Pe. Fernando Rizzardo celebrar 40 anos de Vida Presbiteral.
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Dando continuidade aos comentários dos textos-chave da Palavra de Deus sobre a fundação da Família Salvatoriana, vamos refletir sobre o trecho bíblico de Mateus 28, 19-20: “Ide, pois, e tornai discípulos meus todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos”. Em dois versículos encontramos uma grande riqueza. Logo no início, encontramos o verbo “ir”, conjugado no imperativo afirmativo. Jesus espera e deseja que os seus discípulos continuem a sua missão. É o grande apelo que o Divino Salvador faz, para que não fiquemos parados, olhando o tempo passar. Aqui, podemos dizer que o Papa Francisco partilha deste mesmo pensamento quando incentiva a Igreja a estar sempre “em saída”, para encontrar-se com os outros e dizer o quanto é importante abraçar e assumir a proposta salvadora de Jesus Cristo. Quando encontramos o trecho: “tornai discípulos meus todas as nações”, é uma forma de entender que a experiência que fazemos do amor de Deus não pode ficar retida em nós, precisamos partilhá-la com outros, para nos sentirmos salvos por Deus, que quer que tenhamos vida em abundância.
Ser batizado é assumir que somos filhos de Deus e pertencentes à Igreja deixada por Seu Filho. Com isso, somos a Igreja e assumimos a sua missão. Pelo batismo recebemos a tríplice missão de ser sacerdotes, profetas e reis. Não há dúvida de que é uma das maiores graças que podemos receber. Jesus deixou um projeto bem concreto de vida no qual podemos aprender constantemente com Ele e, se o assumimos como referência, tornamonos mais humanos e solidários. A promessa que Jesus fez antes de voltar para o Pai: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” é, para nós, a certeza de que jamais estaremos sozinhos. Pe. Francisco Jordan insistia que os salvatorianos deveriam anunciar Jesus Cristo: “Não sossegueis até que todos conheçam, amem e sirvam a Jesus, o Salvador! ”.
Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds Diretor Provincial
Beatificação de Padre Jordan
Por Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds
A Família Salvatoriana se organiza para celebrar um grande evento de sua história: a beatificação do Venerável Servo de Deus Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan. A nossa alegria também se amplia, porque o milagre, responsável pelo reconhecimento da Igreja, aconteceu no Brasil.
Numa partilha informal com Pe. Leomar Deon, sds, foi-me pedido que partilhasse um pouco sobre todo o processo e seus desdobramentos. Como se trata de uma longa e complexa história, deixo aqui registrado em rápidas pinceladas como tudo aconteceu. Estava em atendimento paroquial, naquela ocasião pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Jundiaí-SP, quando recebi com alegria a visita da senhora Gisele C. Santos, a qual veio ao meu encontro trazendo uma bela notícia. Comentou-me que sua médica, com a qual deu-se seu acompanhamento de pré-natal em sua gravidez, havia lhe dito que esta recebera um verdadeiro milagre em sua vida o qual deveria ser partilhado e testemunhado. Tal relato passo a compartilhá-lo com vocês, agora.
Em janeiro de 2014, o casal Gisele C. Santos e Fernando F. da Silva soube que estavam realizando um grande sonho de serem pais. Logo no início da gravidez, Gisele foi alertada do risco que corria, ela e o feto, porque o saco gestacional estava deslocado e com princípio de hemorragia. Ao iniciar os ultrassons, foi detectado que o bebê seria anão. No sétimo mês, foi constatado um tumor de grande proporção na placenta. Foram feitos exames fora da cidade de Jundiaí, os quais apresentaram os mesmos resultados. A gravidez teria de ser interrompida pelo risco de morte do bebê e da mãe. Neste tempo, Gisele, família e amigos, pediram a intercessão de Pe. Francisco Jordan. O parto foi marcado para o dia 08 de setembro de 2014. Lembremo-nos que no dia 08 de setembro, a Igreja celebra a festa da Natividade de Nossa Senhora e, nós, a Família Salvatoriana, o aniversário de morte de Pe. Francisco Jordan. A grande alegria neste dia para eles, foi receber a notícia de que todos os prognósticos apresentados inicialmente, constatando que a criança seria anã, não se confirmaram e que o tumor na placenta tinha desaparecido. As duas situações foram confirmadas com exames médicos!
Pois bem, voltando àquele dia da visita de Gisele na secretaria paroquial, após ela ter me relatado o que aconteceu, solicitei-a que me desse autorização para conversar com os médicos cujos nomes ela havia me mencionado, bem
como uma cópia de todos os exames realizados no seu prénatal e pós-natal. Chamou-me a atenção o fato de que todos os profissionais envolvidos eram unânimes em dizer que não encontravam na literatura científica algo que pudesse justificar o acontecido.
Com os exames apresentados e os laudos apresentados pelos respectivos médicos, todo o material foi encaminhado para o postulador da Causa, Pe. Adam Teneta, sds, residente na Casa Mãe dos Salvatorianos, em Roma. Quando este tomou posse do material, levou-o a um médico indicado pela Congregação da Causa dos Santos (CGS) que, ao examinar tudo, recomendou que fosse aberto um processo na Diocese de origem onde o fato ocorreu, no caso, a Diocese de Jundiaí. A partir disso, estive com Dom Vicente Costa, Bispo da Diocese de Jundiaí e o relatei tudo, inclusive mostrandolhe o documento que veio do médico italiano. Dom Vicente recolheu todas as informações e solicitou o parecer do Dr. Eurico A. Malagodi, renomado médico em Jundiaí. Este, por sua vez, também atestou desconhecer na literatura científica um caso que se enquadrasse nesta situação. Desta forma,
Dom Vicente constituiu uma Equipe para compor o tribunal eclesiástico, a fim de recolher todo o material e os testemunhos dos envolvidos no caso.
O tribunal eclesiástico levou de novembro de 2015 a agosto de 2016 para concluir todo o trabalho. Todos os membros assumiram suas funções com muita competência e eficiência. Em agosto de 2016, Pe. Adam entregou todo o processo na Congregação para a Causa dos Santos. O processo em Roma foi concluído quando o Cardeal Angelo Becceu compareceu à audiência com Sua Santidade, o Papa Francisco, em 19 de junho de 2020, e lhe apresentou o resultado final da Banca dos Médicos e dos trabalhos dos Teólogos sobre o milagre que foi atribuído à intercessão do Pe. Francisco Jordan. Diante desse relato, posso concluir dizendo que fui agraciado por participar deste longo processo e por receber semanalmente relatos de graças alcançadas por intercessão do Pe. Francisco Jordan. Para nós, motivo de júbilo e gratidão a Deus.