16 minute read

Palavra do Provincial

Next Article
Espiritualidade

Espiritualidade

A IGREJA GANHA UM BEM-AVENTURADO

Querido leitor, no primeiro parágrafo do número anterior da nossa Revista, falamos sobre as boas notícias do início do ano. Já no segundo parágrafo, foi comentada a importância que tem o texto bíblico de Mt 28,19-20 para a nossa Família Salvatoriana. E, o terceiro parágrafo, nos lembrava do compromisso que temos de anunciar o Divino Salvador. Estava previsto apresentar mais um texto bíblico, o de Mc 16,15, porém o faremos no próximo número da nossa revista. Hoje, queremos apresentar o que estamos vivendo enquanto Igreja e Família Salvatoriana, isto é, a beatificação do Pe. Francisco Jordan.

Advertisement

O dia em que sua Santidade, o Papa Francisco, pediu ao Cardeal da Congregação da Causa dos Santos que incluísse o nome do Pe. Francisco Jordan na lista dos Bemaventurados foi uma alegria para todos nós que formamos a Família Salvatoriana. Este anúncio foi esperado com muita expectativa e foi justamente quando a Igreja celebrava o dia do Sagrado Coração de Jesus, por quem o Pe. Francisco Jordan tinha uma devoção especial. O dia 19 de junho também nos remete ao aniversário de 85 anos da fundação da Província Salvatoriana Brasileira, instituição que congrega os religiosos salvatorianos no Brasil. A nossa alegria foi ampliada porque o milagre que possibilitou a beatificação aconteceu aqui no Brasil.

A beatificação é o reconhecimento legal que a Igreja atesta de que a pessoa viveu as virtudes heroicas, teve uma vida que se tornou referência de seguimento e fidelidade a Jesus Cristo, que seus escritos e suas palavras estavam em consonância com o sonho e o projeto de Jesus e que teve um milagre atribuído à sua intercessão.

Para que a graça seja reconhecida como milagre é preciso cumprir os seguintes pontos:

1. Que o caso não tenha explicação científica, portanto, é necessário pegar todos os exames antes e depois da graça alcançada, laudos médicos para que sejam anexados ao processo;

2. Que o efeito da cura seja duradoura. Caso a doença esteja relacionada à categoria autoimune, por exemplo, não é possível ser utilizada no processo;

3. Que a cura seja irreversível. Portanto, que seja uma cura que indique que a doença não poderá retornar;

4. Que a graça tenha sido pedida àquele candidato à santidade. Neste caso, se a pessoa pediu a intercessão de mais algum candidato a santo além daquele em questão não é considerado válido para o processo.

Lembrando que tudo isso passa por um processo criterioso, formado por várias bancas. Podemos dizer que o dia 15 de maio de 2021 ficará em nossa memória. A Igreja ganha mais um intercessor com o nome de Bem-aventurado Pe. Francisco Jordan.

Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds Diretor-Provincial

Um tesouro espiritual como herança

Por Jn. Carlos Alberto Sousa Silva, sds

No início do segundo volume do Diário Espiritual Al 1 encontra-se a seguinte expressão: “Enquanto a Rainha do céu e da terra não for enaltecida em toda parte, não podes sossegar por um único instante sequer.” Uma expressão, diga-se de passagem, muito forte, podendo ser interpretada como uma regra de ordem pessoal.

Resolvi começar este texto com essa passagem do Diário Espiritual de nosso pai fundador pois foi nela que pensei no primeiro momento ao me preparar para escrever sobre a devoção mariana de Padre Jordan. Creio que essa pequena frase guarda uma grande mensagem para nós que fazemos parte da Família Salvatoriana e que possuímos a missão de sermos conservadores do carisma do venerável pai.

É sabido por todos que a Virgem Maria ocupou um lugar ímpar na vida de Pe. Jordan, as diversas preces encontradas no DE e nas meditações das Alocuções não nos deixam dúvidas sobre isso. Ora, termos um fundador cujo carisma e espiritualidade estão enraizados na base oracional mariana é uma graça para toda a Sociedade. Pe. Jordan nos deixa um legado, muito mais do que uma devoção de um sacerdote-religioso, ele nos deixa uma herança espiritual com base primeira no próprio Deus (“Enquanto ainda houver sobre a terra um único ser humano que não conhece Deus e não o ama sobre todas as coisas, não podes sossegar por um instante sequer.” DE II-I), onde consequentemente brota uma linda raiz, que é exatamente este amor, esta confiança na bemaventurada Mãe do Salvador. Interessante perceber que dentre as variantes nominativas pelas quais Pe. Jordan refere-se à Maria, ele a chama de Rainha; podemos fazer uma atrevida conclusão sobre isso: referir-se a Ela com o título de Rainha é reconhecer seu patrocínio, sua grandeza e seu poder perante Deus. Típico, obviamente, de alguém que demonstra um característico amor por Nossa Senhora.

Tudo isso que temos por herança do venerável pai é de uma beleza única. Onde nós devemos nos orgulhar por termos como fundador um homem que soube reconhecer em Maria sua humanidade e, bem mais, sua realeza divina. Contudo, uma pergunta não pode passar despercebida: o que nós (salvatorianos e salvatorianas) estamos aprendendo de toda a espiritualidade deixada por Pe. Jordan? Aqui cada um e cada uma pode fazer sua reflexão pessoal. Este questionamento deve colaborar para que possamos construir, também em nós, uma especial atenção à Virgem Maria, no que diz respeito não a uma simples ou tradicional devoção, e que, em muitos casos, já existente em nós, mas criar de maneira profunda, íntima e por meio de uma espiritualidade pela qual podemos afirmar ser também salvatoriana. Termos, de fato, um vínculo com nossa amada Mãe. E, da parte do venerável pai, temos material e exemplos suficientes para isso; de nossa parte, temos um caminho a seguir, pois a espiritualidade é um campo vasto, requer deixar muitas coisas, bem como assumir tantas outras, como fez nosso fundador; quantas coisas deixou e tantas outras teve que agregar em sua caminhada sacerdotal e fundacional.

HERANÇA ESPIRITUAL

Quando andamos em nossas diversas comunidades de trabalho, falamos para nossos irmãos e irmãs que Pe. Jordan tinha um grande amor para com a Virgem

Maria, e, de fato, estamos falando certo. Nosso povo encontrará uma grande beleza se ver em nós o mesmo amor, a mesma devoção e, melhor dizendo, a mesma espiritualidade encontrada em Pe. Jordan. Acredito que ele ficará muito feliz por estarmos assim imitando seus bons ensinamentos espirituais, adquirindo e tomando posse de sua herança espiritual.

Neste ano, no qual teremos a graça de ver o venerável pai sendo considerado beato pela Santa Igreja, é também um tempo propício para que todos nós agreguemos em nossas vidas pessoais, na vivência interna e oracional de nossas comunidades e nos mais diversos trabalhos apostólicos que realizamos os ensinamentos e exemplos deixados por ele. E, aqui, destaco a espiritualidade mariana.

“ “ELE SERÁ BEATIFICADO NO MÊS DE NOSSA SENHORA.

Interessante notar que a beatificação se dará em maio, mera casualidade? No dia em que soube da beatificação, um de meus confrades expressou com grande sentimento: “Ele será beatificado no mês de Nossa Senhora.” Já dizia o poeta desconhecido, pequenos detalhes fazem toda diferença. E, assim, a poesia se realiza na prática, um poema especial e, por que não, uma poesia oracional. O certo é que nosso coração deve ser preenchido de uma alegria contagiante e de uma gratidão ao bondoso Deus pela vida e obra de Pe. Jordan e, ainda, por ele ter sido um filho que não desprezou a bondosa Mãe, sendo tão devoto quanto amante dela.

Como disse, é um tempo divino de reconhecer os sinais de Deus para nós. Pensarmos que, este ano, podemos vivenciar as celebrações marianassalvatorianas de uma maneira única e fervorosa, e teremos oportunidades para isso: 11 de outubro, festa da Mãe do Salvador; 08 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição e fundação da Sociedade; além das festividades particulares de cada comunidade ou região. E como podemos fazer isso? Ora, as pistas já foram deixadas por nosso fundador, devemos utilizá-las, rezá-las com a comunidade, sermos colaboradores na divulgação dos méritos espirituais de um exímio exemplo de cristão e santidade.

A história da fundação (da Sociedade) como sabemos, não foi um processo fácil, quantas coisas o venerável pai teve que passar suportando cada uma delas. “Ó Jesus, ó Pai dos pobres, tem compaixão de mim, porque sofro terrível perseguição!” (DE I 148.6). Por meio de seus escritos, fica evidente que sua confiança em Deus (outra característica da espiritualidade de Pe. Jordan) e, por conseguinte, na Virgem Maria (“Ó Mãe de Deus, ajuda-me! Sê minha poderosa auxiliadora! Eis-me aqui, sou teu”, DE II 117.4 Einsiedeln, 7 de agosto de 1908) são matérias suficientes para que nós tomemos estes dois pontos para a nossa vivência espiritual.

Nosso fundador demonstra uma intimidade espiritual tão estreita com Deus e com a Santíssima Mãe que, por algumas vezes, parece que rezando ele, se dirige a Deus e à Virgem Maria, no mesmo cume e instante da oração. Assim exemplifico: “Virgem Imaculada, sou teu. Ajuda-me conforme a vontade de Deus! Estou disposto a tudo, por ti, Senhor onipotente. Mostra-me a tua vontade!” (DE II-119.2 18 de outubro de 1908) e ainda “Pai onipotente e amantíssimo, ajuda-me! Levantate, ajuda-me para a tua glória e para a salvação das almas! Não tardes! Mãe celeste, Rainha do céu, santa Mãe de Deus, ajuda-me!” (DE IV-14.1 Friburgo, 7 de janeiro de 1916). Estes são apenas dois exemplos de intimidade inter-relacional que Pe. Jordan tinha com Deus e com Nossa Senhora (por meio de suas preces Pe. Jordan transparece que, a oração elevada a Deus, está diretamente ligada com a intercessão de Maria, um aspecto extremamente bonito do ponto de vista místicomariológico).

Outra riqueza que encontramos no Diário Espiritual é a variedade de títulos usados por nosso pai fundador. Poderíamos, se ainda não temos, escrever uma ladainha apenas com os nomes usados à Santíssima Virgem no DE.

Por fim, encerro esta composição utilizando uma prece escrita pelo próprio fundador: “E tu, Maria, Mãe de Deus, pelos merecimentos de nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, ajuda-me e protege-me! Não tardes!” (DEIV-32, 08 de novembro de 1916). Creio que, neste tempo tão difícil pelo qual estamos passando, a nossa prece primeira é que esta pandemia passe, que haja as condições necessárias para voltarmos a ter paz como desejamos. Coloquemos constantemente essa intenção aos pés de nosso Salvador, pois Ele pode tudo e, sob o signo da intercessão da Virgem Maria e do venerável pai, seremos, não por merecimento, mas por necessidade, atendidos. Assim seja, amém.

(A ladainha foi composta após a composição sobre a espiritualidade mariana do venerável pai fundador. As invocações utilizadas, incluindo a resposta, são todas retiradas do Diário Espiritual).

LADAINHA A NOSSA SENHORA

Deus, Pai criador, tende piedade de nós. Jesus salvador do mundo, tende piedade de nós. Espírito santo renovador, tende piedade de nós. Santíssima trindade, comunidade de amor tende piedade de nós. Ave Maria, eis-me, aqui sou teu! Virgem Maria, eis-me, aqui sou teu! Virgem potente, eis-me, aqui sou teu! Virgem de Loreto, eis-me, aqui sou teu! Mãe de Deus, eis-me, aqui sou teu! Mãe bondosa, eis-me, aqui sou teu! Mãe das dores, eis-me, aqui sou teu! Querida Mãe, eis-me, aqui sou teu! Mãe e Rainha, eis-me, aqui sou teu! Mãe do Salvador, eis-me, aqui sou teu! Minha Mãe, eis-me, aqui sou teu! Maria Santíssima, eis-me, aqui sou teu! Protetora e auxiliadora, eis-me, aqui sou teu! Minha advogada, eis-me, aqui sou teu! Minha auxiliadora, eis-me, aqui sou teu! Minha esperança, eis-me, aqui sou teu! Nossa Senhora, eis-me, aqui sou teu! Nossa Senhora da saúde, eis-me, aqui sou teu! Rainha do céu, eis-me, aqui sou teu! Ó santa, ó imaculada, eis-me, aqui sou teu! Bem-aventurada, eis-me, aqui sou teu! Ó Maria concebida sem pecado, eis-me, aqui sou teu!

Pe. Jordan e seu projeto de vida

Por Pe. Arno Boesing, sds

A Igreja deu sinal verde para a beatificação de Pe. Jordan. Isto significa reconhecimento de sua santidade e da importância de sua vida e missão para toda a Igreja. Ele viveu numa época de profundas transformações e crises que atingiram em cheio a vida da Igreja: industrialização, consequente surgimento de aglomerados humanos, efervescência política e perseguição da Igreja, com o surgimento da “Revolução Cultural” (“Kulturkampf”). Com Bismark na Prússia e Jolly em Baden (terra de Jordan), surgiram tempos difíceis para a Igreja na Alemanha. Ela reagiu prontamente, inclusive com os “Congressos Católicos” (Katholikentage) que uniram e reuniram as lideranças católicas, bispos, padres e leigos.

Foi uma época de perseguição, muita cruz e sofrimento, que resultou num “acordar do sono profundo”. Os bispos e o clero reagiram pronta e corajosamente, e os cristãos leigos se uniram em torno de seus líderes para defender a Igreja. Houve um verdadeiro despertar de um sono profundo para a vivência da fé: bispos, padres e líderes leigos se uniram. Na época, surgiu na Europa uma série de novas congregações religiosas apostólicas, buscando reativar a vivência da fé e renovar a vida eclesial: Verbitas (na Holanda), com o Pe. Janssen; Salesianos de Dom Bosco (na Itália), Sociedade Apostólica Instrutiva (mais tarde, Sociedade do Divino Salvador - Pe. Jordan), e muitas outras mais.

Com sua Obra, em resposta aos males de seu tempo, Pe. Jordan pretende renovar a vida da Igreja, conclamando os cristãos a fazerem jus ao nome de “cristãos”, seguidores de Cristo. Para tanto era preciso, antes de tudo, voltar ao Evangelho. Somos chamados a seguir Jesus Cristo e a ninguém mais! É preciso voltar às origens da fé cristã: a partir de Jesus Cristo. Seu convite é: “Vem e segue-me!” O que Pe. Jordan pretende com sua Obra é a renovação da vida da Igreja. Questão fundamental: retorno ao Evangelho de Jesus Cristo!

MISSÃO SALVATORIANA

Ponto de partida: seguimento de JESUS CRISTO. Nosso modo de ser e agir, tudo deve ser encarado “a partir de Jesus Cristo”. Ele é nosso único Salvador, modelo inspirador. Precisamos rever o “devocionismo” que, em vez de nos aproximar, nos afasta de Jesus. Precisamos retomar o foco central. É necessário refletir, irradiar o máximo possível a imagem de Jesus Cristo, sendo fiéis seguidores dele. Foi em vista disso que Pe. Jordan fundou a Sociedade Apostólica Instrutiva (ou seja, de ensino), mais tarde Sociedade do Divino Salvador, como “união de forças” a serviço da vivência cristã. A definição mais ampla da missão salvatoriana é o seguimento de Jesus Cristo, o Divino Salvador, assemelhando-nos o mais possível a Ele, no modo de ser e de agir.

/Pe. Jordan

SER Salvatoriano: é a questão fundamental, assemelhar-se a Jesus Cristo no modo de ser. Uma macieira não produz pera e uma pereira não produz uva. O fundamental é conhecer, ser cristão, ou seja, viver em Cristo. Quem não é, não faz acontecer. Quem não é de Cristo, não produz frutos da vida cristã. O ser direciona o agir. Pe. Jordan exprime isto por meio do conceito da glória de Deus: manifestação (revelação) de Deus por meio de nosso modo de ser e agir. Se não revelarmos Deus em nosso modo de ser e viver, nosso agir se torna, no mínimo, ambíguo. Árvore má não produz frutos bons e árvore boa não produz frutos maus. Ser Salvatoriano é condição para agir como Salvatoriano. O ser qualifica o agir. Com isso, Pe. Jordan chama nossa atenção para a importância do testemunho de vida, ou seja, do exemplo que atrai e arrasta: “As palavras voam (o vento leva), o exemplo arrasta!”.

AGIR como Salvatoriano: é ser coerente, procurando ser e agir como Jesus Cristo. É procurar ser “outro Cristo”. E, o que caracterizou o agir de Cristo? Ele passava o tempo ensinando, instruindo, formando. Por isso, Pe. Jordan nos convida a seguir os passos de Jesus, “ensinando, instruindo e formando”, a fim de superar o mal paralisador da ignorância religiosa. Este é e deve ser o foco de nossa vida e missão salvatoriana, para que todos conheçam Deus e Jesus Cristo, que Ele enviou (Jo 17,3). Portanto, a missão da Família Salvatoriana é ensinar, instruir por meio do exemplo (testemunho), da palavra e da ação. No desempenho de qualquer atividade apostólica, o objetivo básico é e deve ser sempre o de ensinar, instruir. É o que Jesus ordena aos seus discípulos: “Ide, ensinai...” (cf Mt 28,19-20).

Envolvendo-se e envolvendo outros. O fiel seguimento de Jesus exige envolvimento de si mesmo e de outros na missão primeira da Igreja, que é ensinar. A questão é ensinar de modo a se envolver e a envolver outros no caminho do seguimento de Jesus Cristo. É o jeito de Jesus ensinar. Ele envolve a pessoa. Ele não só ensina, mas ensina e envolve! Com efeito, nos sinais que ele realiza, sempre envolve mandando fazer algo: apresentarse ao sacerdote, banhar-se no rio, dar metade dos bens aos pobres, não pecar mais, tomar o leito e pôr-se a caminho. Não basta ensinar, instruir: é preciso ensinar, instruir envolvendo as pessoas na missão; envolvê-las como agentes, a fim de que façam sua parte. É a dinâmica de Jesus e de seus discípulos. Ensinar de modo a envolver na missão. É o jeito de Jesus ensinar (os 12, os 72 e as multidões), enviando-os em missão. É assim que todo Salvatoriano deve ensinar. Ensinar tendo em vista o envolvimento na missão da Igreja (cf Jo 1,35-51).

/Pe. Jordan

Numa visão ampla, universal. Isto requer uma visão ampla, universal. Pe. Jordan insiste: todos, ensinando a todos, em toda parte, com todos os modos e meios que o amor de Cristo (que quer salvar a todos) inspira. O superior geral que sucedeu Pe. Jordan no governo da Sociedade se exprimiu assim: “Ensinar e envolver a todos, com o coração escancarado!”. O que importa é a salvação do ser humano, seja ele quem for. Não importa raça, cor, nacionalidade, condição social, o alvo é o ser humano a ser salvo, tendo presente a maior necessidade de salvação. O critério primeiro na escolha de nosso apostolado deve ser a necessidade e a urgência, de acordo com os dons que o Senhor nos concedeu. Daí a “opção preferencial pelos pobres”: os mais carentes de vida e salvação, tendo presente a maior necessidade de salvação e os dons que o Senhor nos concedeu para serem colocados a serviço.

Concluindo: vejamos como Pe. Jordan se exprime na Regra do Apostolado que ele escreveu em 1884, em Einsiedeln, na Suíça. Nela ele expressa o coração da missão salvatoriana, num texto todo artisticamente costurado com citações bíblicas:

Caríssimos, ensinai todos os povos, especialmente os pequeninos, a que conheçam o Deus verdadeiro e aquele que Ele enviou, Jesus Cristo.

Conjuro-vos diante de Deus e de Jesus Cristo que há de vir julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: proclamai a palavra de Deus, insisti no tempo oportuno e inoportuno, repreendei, suplicai, exortai com toda paciência e doutrina.

Ide ensinar, com destemor, ao povo toda palavra de vida eterna. Anunciai e escrevei a todos, sem cessar, a doutrina celeste. Esta é a vontade de Deus, caríssimos, que todos conheçam as verdades eternas. Suplico-vos que não vos esquiveis de anunciar todo desígnio de Deus, para que possais dizer com São Paulo: estou puro do sangue de todos.

Não deixeis, dia e noite, de exortar a cada um, até mesmo com lágrimas.

Não retenhais nada do que é útil, para anunciardes e ensinardes a todos a doutrina de Deus, publicamente e de casa em casa.

This article is from: