BRUNA VIEIRA GUIMARÃES
Deodoro da Fonseca: A propaganda política do primeiro presidente do Brasil
Relatório de Qualificação apresentado para o Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Mestrado, da Universidade Metodista de São Paulo. Orientador: Prof. Dr. Adolpho C. F. Queiroz
Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo, março de 2006
2 Sumário I Parte – Apresentação 1.Autobiografia.....................................................................................................................04 2.Relatório de atividades 2.1. Disciplinas cursadas 2.1.1. Metodologia da Pesquisa em Comunicação I......................................07 2.1.2. Comunicação Empresarial – Políticas e Estratégias............................08 2.1.3. Marketing Político............................................................................10 2.1.4. Metodologia do Ensino da Comunicação............................................12 2.1.5. Políticas Públicas de Comunicação.....................................................14 2.1.6. Marketing Político Internacional.........................................................16 2.1.7. Metodologia da Pesquisa em Comunicação II....................................18 2.1.8. Redes de Comunicação, Regionalização e Globalização....................20 2.2. Disciplinas como aluna ouvinte 2.2.1. Comunicação e Comunidade...............................................................22 2.2.2. Interfaces Tecnológicas e Culturais na Com. de Mercado..................23 2.3. Estágio-docente 2.3.1. Jornalismo Comunitário......................................................................25 2.4. Produção científica.............................................................................................26 2.5. Participação em congressos 2.5.1. 3º Encontro da Rede Alfredo de Carvalho..........................................28 2.5.2. CELACOM 2005.................................................................................28 2.5.3. III ALAIC............................................................................................28 2.5.4. Encontros de Sociologia e Comunicação............................................29 2.5.5. Lattes 2 - Curso da ComTec................................................................29 2.5.6. UNESCOM 2005.................................................................................29 2.5.7. UNESCOM 2005 - Seminário de Marketing Político.........................29 2.5.8. REGIOCOM 2005...............................................................................30 2.5.9. 4º POLITICOM – Seminário Brasileiro de Marketing Político..........30 2.5.10. INTERCOM 2005.............................................................................30
3 2.5.11. V Bienal Iberoamericana de la Comunicación..................................31 2.5.12. 8º Cong. Iniciação e Produção Científica Metodista.........................31 2.5.13. Encontro de Comunicação Comunitária e Cidadania........................31 2.5.14. Seminário WACC/Unesco/Metodista de Mídia Cidadã....................31 II Parte – Projeto de Pesquisa 1.Título..................................................................................................................................32 2. Resumo..............................................................................................................................32 3. Problema...........................................................................................................................32 4. Justificativa.......................................................................................................................33 5. Metodologia......................................................................................................................33 6. Hipóteses...........................................................................................................................39 7. Cronograma.......................................................................................................................40 III Parte – Projeto de dissertação Capítulo 1. Propaganda Política e Partido Republicano 1.1. Definição de Propaganda Política......................................................................42 1.1.1.Definição de Propaganda Ideológica....................................................45 1.1.2.Definição de Marketing Político e Marketing Eleitoral.......................49 1.2.Os Manifestos Republicanos...............................................................................55 1.3.Partidos Políticos.................................................................................................59 1.3.1.O Partido Republicano..........................................................................64 1.5.Biografia político-militar de Deodoro da Fonseca..............................................70 1.4.1.Combates e Condecorações Militares...................................................71 Bibliografia...........................................................................................................................72
4 I Parte – Apresentação 1. Autobiografia BRUNA VIEIRA GUIMARÃES, 26 anos, jornalista, filha do engenheiro mecânico Paulo César Guimarães (atual oficial de Promotoria) e da enfermeira Maria de Lourdes Buono Vieira Guimarães (atual dona-de-casa), tem dois irmãos: o advogado, casado, mestre Rodrigo César Vieira Guimarães e o estudante de Direito, casado, João Paulo Vieira Guimarães Brasil. Nasci em Guaratinguetá/SP, no dia 4 de fevereiro de 1980. Estudei 11 anos numa mesma escola estadual, da pré-escola ao primeiro colegial, na E.E.P.S.G “Conselheiro Rodrigues Alves”. Fiz um ano de CEFAM, curso de magistério integral, no qual recebi meu primeiro salário mínimo. Sempre fui muito ativa, fiz capoeira por um ano, inglês durante cinco anos, entre outros. Devido à proposta de emprego de meu pai, minha família se mudou para Caraguatatuba, Litoral Norte Paulista, quando eu tinha 16 anos. Terminei o segundo grau na escola estadual “Colônia dos Pescadores”. Já sabia que queria fazer faculdade de Jornalismo, contrariada do meu pai que queria que eu fosse juíza. Também queria estudar e morar em outra cidade, por isso prestei e passei no vestibular na Universidade Metodista de Piracicaba (1998-2001), onde morei por dois anos com meus tios Flávia e Anselmo, irmã de meu pai. Desde o primeiro ano de Faculdade comecei a trabalhar para pagar a mensalidade. No segundo ano, meu pai ficou desempregado e não pode mais me auxiliar financeiramente. Fui frentista de posto de gasolina, vendedora de loja de sapato, de presentes, de cursos profissionalizantes do Microlins, até que no último ano do curso consegui um emprego na área de jornalismo. Fui até a Câmara de Vereadores da cidade e conversei um jornalista, explicando que eu precisava trabalhar na área de comunicação para colocar em prática tudo que aprendi na faculdade. Ele acabou me dando uma lista com endereços dos veículos de comunicação da cidade. Telefonei para vários e consegui emprego na Gazeta Regional, um semanário feito pelo idealista Benedito de Moura, que envolvia toda a família neste projeto que não lhe garantia nem o sustento do dia-a-dia. Trabalhei na Gazeta, ‘a minha escola prática’, de fevereiro de 2001 a maio de 2002.
5 Fui a segunda colocada na Unimep da Semana Estado de Jornalismo. Por causa deste prêmio consegui, um segundo emprego na área. De agosto de 2001 a abril de 2002, fiz Assessoria de Imprensa para a AAO (Associação de Agricultura Orgânica) uma ONG nacional com sede em São Paulo. O último semestre da faculdade foi um período acadêmico muito produtivo. Decidi sair do grupo de sala de aula que participei a faculdade toda, porque neste eu seria ‘mais uma’ integrante. Acabei integrando um grupo disperso, ao qual tive à oportunidade de demonstrar minha capacidade. O grupo de cinco pessoas produziu uma monografia, uma programa de rádio, um documentário e uma reportagem impressa sobre o tema: “As tendências do Jornalismo - Reality Show e Show Jornalístico”, empolgados com o primeiro programa na televisão brasileira neste formato, o ‘No Limite’, além do ‘Linha Direta’. Produzi o programa de rádio. Porém, restando duas semanas para a entrega da monografia, uma companheira de grupo disse que não conseguiria escrever. Em mais de 20 anos da Faculdade de Jornalismo da Unimep, nunca um grupo deixou de entregar a monografia. Assumi esta responsabilidade e em duas semanas, ‘sentada 24 horas em frente ao computador’, consegui entregar a monografia com 72 páginas. Isto porque tinha entrevistado os jornalistas e pesquisadores Bernardo Kucinski, Jair Borin, José Arbex, os apresentadores Zeca Camargo e Marcelo Rezende e o dramaturgo Rubens Rewald. Com a produção desta monografia, decidi fazer mestrado e seguir a carreira acadêmica, porém queria trabalhar mais como jornalista. Durante a faculdade participei da INTERCOM em 1999, no Rio de Janeiro, do ENECOM em 2000, Porto Alegre/RS e do II Fórum Social Mundial, também em Porto Alegre. Formada, ainda em Piracicaba, trabalhei dois meses como editora do jornal Piracicaba HOJE. Com perspectivas melhores de trabalho, voltei a morar em Caraguatatuba com meus pais em agosto de 2002. Trabalhei em jornais locais e regionais como os semanais ‘Expressão Caiçara’, ‘Noroeste News’, ‘Correio do Litoral’ e ‘Folha de Caraguá’, além de ser repórter do único diário do Litoral Norte, Imprensa Livre. Produzi boletins para sindicato e políticos. Fiz Assessoria de Imprensa do candidato a Prefeitura de Caraguatatuba, Álvaro Alencar Trindade (PMDB), segundo colocado nas eleições de 2004. Participei pela primeira vez do processo seletivo do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, em 2001. Não passei. Tentei
6 novamente em 2002, com o mesmo projeto “A Agricultura Orgânica na mídia impressa paulistana”, com a possível orientadora Drª Graça Caldas. Passei nas provas, mas não foi aprovada na entrevista. Neste ano, cursei a disciplina ‘Ciência e Comunicação’ na ECA (Escola de Comunicação e Artes) da Universidade de São Paulo. Fiz a prova do mestrado na ECA, mas não passei. Em 2003, mudei de projeto. Acabei aceitando o desafio proposto pelo meu professor de graduação Dr. Adolpho Queiroz. Passei nas provas teóricas e de línguas. Atualmente estudo a propaganda política do primeiro presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca. Tenho orgulho de fazer parte do grupo de São Bernardo e de ser bolsista CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), sem a qual, não seria possível realizar este sonho.
2. Relatório de atividades 2.1. Disciplinas cursadas 1º Semestre de 2005 Metodologia da Pesquisa em Comunicação ME – I
Professor
Nota
Drª Cicília Peruzzo
B
Comunicação Empresarial – Políticas e estratégias Dr. Wilson Bueno
A
Marketing Político
Dr. Adolpho Queiroz A
Metodologia do Ensino da Comunicação
Dr. Marques de Melo B
Políticas Públicas de Comunicação
Drª Graça Caldas
A
2º Semestre de 2005 Marketing Político Internacional
Dr. Adolpho Queiroz A
Metodologia da Pesquisa em Comunicação II
Dr. Antônio Ruótulo B
Redes de Com., Regionalização e Globalização
Drª Anamaria Fadul A Total - 24 créditos
Disciplinas como aluna ouvinte Comunicação e Comunidade
Drª Cicília Peruzzo
Interfaces Tecnológicas e Culturais na Com. de Mercado Dr. Daniel Galindo
7
Estágio docente Jornalismo Comunitário (4º Semestre Jornalismo/UMESP)Mst Margareth Pedro Vieira
2.1 Disciplinas cursadas 2.1.1. Metodologia da Pesquisa em Comunicação I– Prof. Cicília Peruzzo Com a disciplina Metodologia de Pesquisa I, tive a oportunidade de ler textos e me aprofundar nos princípios da pesquisa científica, as estratégias e processos de investigação. No curso de graduação de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, na Unimep, tive pouca base do que é um projeto científico. Nas primeiras aulas da disciplina, considerei benéficos os exemplos e aplicações dos conteúdos teóricos em sala de aula, assim como as discussões e dúvidas esclarecidas. A entrega de relatórios de leituras foi de extrema importância, pois tratavam sobre a conceituação de conhecimento científico e produção de uma dissertação. Poderia ter sido incluído nas aulas, relatos de pesquisadores mais experientes, para os mestrandos saberem como iniciar uma pesquisa acadêmica. Os seminários temáticos mostraram um panorama rápido dos métodos e técnicas de comunicação. Foi muito conteúdo para um breve período de tempo e pouca discussão sobre cada método. Consegui ler parte dos textos dos seminários. Fiquei satisfeita com a paciência e a didática da professora Cicília Peruzzo. Foram avaliados três relatórios de leitura individuais, participação em sala de aula, um seminário em grupo de quatro pessoas com entrega de relatório, três relatórios de leituras dos textos dos seminários, uma avaliação da disciplina e por fim, o pré-projeto da dissertação refeito.
Conteúdo programático Os temas abordados em sala de aula, versaram sobre os tipos de conhecimento: científico, empírico, filosófico e teológico. O conceito de pesquisa científica; as etapas de uma pesquisa: título, problema, hipóteses, objetivos (gerais e específicos), justificativa, revisão de literatura , orçamento, cronograma e referências bibliográficas. Os métodos de amostragem são divididos em amostra probabilística e não probabilística. Entende-se amostra como qualquer fração de uma população. Há diversos
8 modos de extrair as amostras, como o simples, estratificada, divisão de universo, sistemática e por área. Há amostra por conveniência, por julgamento, por cota e acidental. Quanto aos tipos de pesquisa, há pesquisa histórica, experimental e estudos comparativos. Dentre os métodos, há estudo de caso, observação participante, pesquisaação, etnografia, grupo de discussão, análise de conteúdo, estudos de recepção, audiência, entre outros.
Bibliografia básica BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. GASKELL, George & BAUER, Martín W. Para uma prestação de contas públicas: além da amostra, da fidedignidade e da validade. In: BAUER, Martin. GASKELL, George (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002. p.470-490. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994. HAGUETTE, Maria Teresa Frota. Metodologia qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 1990. p.69-92. PERUZZO, Cicília M.K. Manual para elaboração e apresentação de relatório de qualificação, dissertação de mestrado e tese de doutorado em comunicação social. São Bernardo do Campo: PÓSCOM /UMESP, 2001 (mimeo.).
2.1.2. Comunicação Empresarial – Políticas e Estratégias
Wilson Bueno
Esta disciplina fez um panorama da Comunicação Empresarial brasileira, focando os campos administrativos e mercadológicos. O conceito de Comunicação Empresarial foi definido, assim como suas inúmeras atividades e inserção no planejamento estratégico das organizações modernas. Foram realizados debates baseados em leituras dos veículos de comunicação em geral, o impacto da prática comunicacional das empresas na sociedade, com especial atenção as questões de relacionamento com os consumidores e clientes, em suas perspectivas ética e mercadológica.
9 Noções de políticas, ações e estratégias de Comunicação Empresarial. A experiência de Wilson Bueno somada as contribuições dos alunos, enriqueceu o debate em sala de aula com exemplos reais e atuais. Cerca de 80% das aulas foram expositivas com apresentação em Power Point, o que considerei excesso. Os 20% restantes foram seminários individuais sobre um conteúdo abordado na disciplina. Não houve leitura de texto obrigatória. A avaliação da disciplina contou com uma pesquisa na internet de dez textos sobre temas relacionados à Comunicação Empresarial. Escolhi o tema: responsabilidade social. No final, cada aluno apresentou um seminário. Meu tema foi ‘Marketing Político’, o qual utilizo na dissertação.
Conteúdo Programático As organizações empresariais na sociedade da informação têm enfrentado desafios como as alterações na geopolítica mundial e a globalização das relações comerciais; revolução causada pelas novas tecnologias (convergência das mídias); conscientização crescente do consumidor; exigência de uma nova inserção na sociedade (ética e responsabilidade social); novo perfil dos canais de relacionamentos (comunicação on-line). Discutimos que os blogs são meios de expressão alternativos, porque divulgam distintas opiniões. Os sites tendem a melhorarem seus conteúdos por causa da concorrência e se sustentarem financeiramente. Um novo modelo de gestão e produção busca resultados na relação custo X benefício; deve criar níveis de fidelização visando manter os melhores talentos; investe na gestão do conhecimento no capital intelectual, emocional e outros; procura reduzir os níveis hierárquicos, aumentar o comprometimento com a comunidade, valorizar a ética e transparência; respeita à diversidade e planeja uma produção customizada sem ‘estoques’. O termo responsabilidade social virou modismo, mas deveria ser utilizado como um conceito de gestão, de filosofia do negócio. A imprensa brasileira submetida a uma leitura contemporânea revela que: há uma separação tênue entre informação e marketing, as redações estão sendo enxugadas e rejuvenescidas, a cobertura está se burocratizando (jornalismo de gabinete), e a pauta social tem crescido.
10 Bibliografia básica BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa. São Paulo: Editora Manole, 2003. BUENO, Wilson da Costa. Comunicação na era da qualidade. São Paulo: Comtexto/Unimed Amparo, 1995. DIZARD, Wilson P. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. Bibliografia utilizada no seminário de Marketing Político: MANHANELLI, Carlos Augusto. Eleição é guerra: marketing para campanhas eleitorais. São Paulo: Summus, 1992. FIGUEIREDO, Rubens. O que é marketing político. São Paulo: Brasiliense, 1994. Coleção primeiros passos. KUNTZ, Ronald Amaral. Marketing político: a eficiência a serviço do candidato. São Paulo: Global, 1982. REGO, Francisco Guadêncio Torquato do. Marketing político e governamental: um roteiro para campanhas políticas e estratégias e comunicação. 5ª ed. São Paulo: Summus, 1985. FIGUEIREDO, Ney Lima. Jogando para ganhar. 2ª ed. São Paulo: Geração Editorial, 2002. DIAS, Renato Costa. Marketing político: como ganhar uma campanha eleitoral, seguindo os ensinamentos de Sun Tzu, Maquiavel, Clausewitz. Natal (RN): Ed. do autor. 2004.
2.1.3. Marketing Político
Adolpho Queiroz
Resgate histórico da propaganda política no cenário da cultura contemporânea, contextualizando sua aplicação no Brasil e possibilitando uma visão das realidades regionais em épocas de eleição. O panorama brasileiro iniciou no Império com D. Pedro II, passou pela República Velha, período getulista, ditadura militar e pluripartidárismo atual. Aulas expositivas sobre ações de marketing político no mundo. Leituras conjuntas e debates de capítulos do livro ‘Marketing político brasileiro, ensino, pesquisa e mídia’, de Adolpho Queiroz (2005). Exemplos de santinhos impressos, spots de rádio e demais materiais de campanha de candidatos estaduais e federais utilizados nas últimas décadas no
11 Brasil, em CD que integra o livro de Renato Costa DIAS. Vídeos sobre a história política do país também foram passados em sala. A disciplina utilizou diferentes recursos didáticos. Os alunos escolheram o tema ‘marqueteiros do Brasil’ para produção de um artigo coletivo, que foi uma mesa-redonda na INTERCOM/2005. Cada aluno contribuiu no artigo final visando a excelência. A avaliação contou com participação em sala, leituras de textos e produção de um artigo, o meu intitulei “Quintino Bocaiúva: o ‘propagandista’ do movimento republicano”, enriquecendo minha pesquisa da dissertação.
Conteúdo Programático Lidos e discutidos os textos: Um campo multidisciplinar - marketing político brasileiro; a evolução do conceito de marketing político na bibliografia latino-americana; polêmicas e perspectivas do marketing político e suas dimensões científicas; o marketing político nas eleições presidenciais no Brasil e imagem pública, o slogan em campanhas políticas; e, reflexos fascistas na propaganda política do Brasil. Definição de propaganda ideológica segundo Nelson Jahr GARCIA. Apresentação de cases de Pittagate, Covas, Roseana Sarney, e cases atuais do governo Lula. Uma retrospectiva história do marketing político destaca o Rei Luiz XIV que governou a França por 78 anos. Criou moedas com seu rosto em pleno século XVI e contratou artesão para produzir peças que o lembrassem. Outros que souberam trabalhar a comunicação foram Adolf Hitler (Alemanha), Mussolini (Itália), Stalin (União Soviética), Perón (Argentina). Prudente de Moraes, primeiro presidente civil, inovou ao realizar comícios, introduziu seu retrato feito de bico de pena nos jornais, escrevia cartas pedindo voto, vestiu jaquetões que o mostrava um homem culto, cético e bem vestido. Campos Sales, ministro da Fazenda de Prudente, utilizou a maquina pública para se eleger. Criou fundos de campanha ilegais que compravam jornais e ‘jornalistas’. Getúlio Vargas colocou sua fotografia em todas repartições públicas, criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), entre outras ações. Juscelino Kubitscheck adotou a sigla JK para simplificar seu nome. Foi o primeiro que utilizou avião na campanha, seu slogan era ‘50 anos em 5’. Inaugurou Brasília.
12 Jânio Quadros adotou o símbolo da vassoura no sentido de ‘varrer a corrupção’. Passou por todos cargos políticos (vereador, prefeito, deputado e governador) para chegar a presidência. Era um criador de fatos políticos, ‘fazia espetáculos’ e usou bem a imprensa. A campanha eleitoral de Fernando Collor de Melo foi marcada pelo profissionalismo na área. O marqueteiro Duda Mendonça conseguiu na última campanha presidencial eleger Luís Inácio Lula da Silva, ressaltando a emoção nos programas partidários televisivos. Por fim, o contexto político latino-americano foi discutido, assim como o norte-americano tido como modelo.
Bibliografia básica FIGUEIREDO, Rubens. Marketing político, mitos e verdades. Coleção Estudos da Fundação Konrad Adenauer, nº 30, 1977. GARCIA, Nelson Jahr. O que é propaganda ideológica. Coleção primeiros passos. Brasiliense, 1988. QUEIROZ, Adolpho. Marketing político brasileiro, ensino, pesquisa e mídia. Intercom/Unesco, 2005. Acesso aos seguintes sites: Politicom, Compós, Intercom, Rede Alcar, ABCOP e ALAIC.
2.1.4. Metodologia do Ensino da Comunicação
José Marques de Melo
Esta foi à melhor disciplina, do ponto de vista metodológico, didático, de conteúdo, avaliação diversificada e produção acadêmica. José Marques de Melo traçou o panorama do Ensino de Comunicação tendo como base as matrizes forâneas e brasileiras. Discursou sobre os eixos da vida universitária, o ensino e a formação profissional, a pesquisa e a produção do saber, a extensão e prestação de serviço à comunidade. Pesquisa empírica sobre os projetos inovadores da pedagogia da comunicação no Brasil. Os temas analisados foram: a tradição profissionalizante do SENAC, à motivação empresarial da FAENAC, a ruptura da ECA-USP no campo do audiovisual e a ousadia midiológica da UNICAMP. A avaliação foi baseada numa resenha crítica, um ensaio analítico, um seminário em grupo do livro ‘Ideologia e poder no ensino da comunicação’(1979), outro seminário e
13 artigo científico em grupo, intitulado ‘Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário SENAC-SP’. Este artigo foi aprovado na Bienal Iberoamericana da Comunicação, apresentado em setembro no México A resenha crítica e o ensaio analítico foram um desafio para mi, pois foi a primeira vez que os produzi. Acredito que ‘só aprende a fazer, fazendo’. O livro sobre o ensino da comunicação na década de 80, trouxe um panorama geral dos currículos e do contexto da comunicação na época. As outras três obras apresentadas por grupos, formaram um panorama do ensino da comunicação no Brasil. A pouca didática dos alunos tornou os seminários cansativos e desinteressantes. A produção mais prazerosa foi o artigo sobre o SENAC, no qual visitamos o campus da universidade, entrevistamos professores, diretores e discentes, pesquisamos na internet, e escrevemos o artigo científico. Os resultados da pesquisa foram animadores, porque analisamos dois cursos inovadores na cadeira de Comunicação e Artes: Bacharelado em Fotografia e Bacharelado e Tecnólogo em Design de Multimídia.
Conteúdo Programático Os primeiros cursos universitários de jornalismo datam do início do século XX, nos Estados Unidos, em 1869 no Washington College Virginia. Contudo, houve precedido iniciativas européias, como em 1806 na Universidade de Breslau, na Alemanha. No Brasil, os modelos forâneos de ensino de jornalismo relacionam-se com as lideranças da Associação Brasileira de Imprensa em 1908, mas o projeto foi barrado pelo governo. Finalmente o primeiro curso universitário de jornalismo aprovado pelo MEC (Ministério de Educação e Cultura) foi o da Fundação Cásper Líbero em 1947. O Brasil importou os modelos forâneos no campo comunicacional, dando importância ao que acontecia nos outros países, transportando os padrões europeus –primeiramente vindos de Portugal e hoje dos Estados Unidos. Dom João VI abre os Portos aos países amigos (no caso a Inglaterra) e traz a imprensa para o Brasil em 1808. O Brasil republicano, no início do século XX, levantou a necessidade de capacitar os jornalistas. Os desafios que permanecem são a autonomia curricular relegada, a formação cultural diversificada, a interação com o sistema produtivo, a qualificação do corpo docente, e a sintonia da pós-graduação com a graduação.
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Bibliografia básica MARQUES DE MELO, José. Comunicação e modernidade: o ensino e a pesquisa nas escolas de comunicação. São Paulo: Loyola, 1991. MARQUES DE MELO, José. Universidade, cultura e comunicação no Brasil: o dilema das alternativas possíveis, In: Subdesenvolvimento, urbanização e comunicação. Petrópolis: Vozes, 1976. RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro: MEC, 1953, p.23. TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. 2ª Ed., São Paulo: Nacional, 1976.
2.1.5. Políticas Públicas de Comunicação
Graça Caldas
O diferencial da disciplina foi o amplo e atual repertório teórico. Os debates críticos proporcionaram uma visão ampliada da qualidade, utilidade e desinformação dos meios de comunicação. Lemos textos de CAPARELLI a IANNI e MARTÍN-BARBERO. O sistema de avaliação consistiu em aulas expositivas, leituras semanais de textos discutidos em sala, um seminário sobre um texto pré-determinado com fontes complementares e um artigo final, o qual intitulei “TVs Legislativas: rumo ao canal aberto”. Para este artigo, reuni textos sobre TV a Cabo e TV Legislativa, visitei a TV Legislativa da Assembléia de São Paulo, onde entrevistei diretores, repórteres e produtores dos programas. Excesso de atividades e informações. Toda aula precedia uma leitura obrigatória. No meu caso, os textos não condiziam com o tema da minha dissertação. Meu seminário foi sobre o texto da Cicília PERUZZO, “Mídia regional e local: aspectos conceituais e tendências”, o qual apliquei na minha área de atuação, jornal local e regional. A idéia da professora Graça Caldas foi os artigos produzidos num livro. Idéia louvável.
Conteúdo Programático Debates produtivos em sala de aula. As reflexões versaram sobre as políticas públicas de radiodifusão no Brasil; legislação da área numa perspectiva histórica e crítica; lei eletrônica de comunicação de massa; convergência das mídias e digitalização; relações
15 de poder e grupos de pressão na formulação das políticas públicas de comunicação; influência da mídia eletrônica, principalmente a televisão aberta na (de)formação da opinião pública, construção da identidade cultural e memória coletiva; papel do emissor e do receptor; educomídia; leitura crítica da mídia; política das brechas; comunicação pública; formas alternativas de comunicação e suas perspectivas para a democratização da produção e do acesso à informação: TVs educativas, comunitárias e universitárias; emissoras do Poder Executivo (governo federal); Poder Legislativo (Senado, Assembléias e Câmaras Municipais) e Poder Judiciário; qualidade da informação: censura X controle; e informação, um bem público?
Bibliografia básica CAPARELLI, Sérgio, LIMA, Venício de. As comunicações no Brasil. Pós-globalizado: continuidade ou mudança? In CAPARELLI, Sérgio, LIMA, Venício de. Televisão. Desafios da pós-globalização. SP:Hacker, 2004, p.11-59. FERNANDES, Francisco de Assis. Mídia, cultura e cidadania. In ADAMI, Antônio, HELLER, Bárbara, CARDOSO, Haydée Dourado (orgs). Mídia, Cultura, Comunicação2. SP: Arte & Ciência, 2003, p.235-242. FERRÉZ, Joan. A informação como sedução. IN FERRÈZ, Joan. Televisão Subliminar. Socializando através de Comunicações Despercebidas. Porto Alegre:Artmed, 1998, p.157177. FRADKIN. Alexandre. Histórico da TV Pública/Educativa no Brasil. In CARMONA. Beth (org.). O desafio da TV pública: uma reflexão sobre sustentabilidade e qualidade. RJ:TVE Rede Brasil, 2003, p.56-62. GUARESCHI, Pedrinho A. (cord.). Comunicação & Controle Social. Petrópolis:Vozes, 2001, p.13-22. IANNI, Octávio. A Aldeia Global. In Teorias da Globalização. Ed.Civilização Brasileira, EJ, 1996, p.93-112. KEERCHKOVE, Derrick de. Televisão, o imaginário coletivo. In A Pele da Cultura. Lisboa: Ed. Relógio D’água, 1997, p.37-52.
16 MARTÍN-BARBERO, Jesús. Globalização comunicacional e transformação cultural. In MORAES, Denis de (org.). Por uma outra comunicação - mídia, mundialização cultural e poder. RJ: Record, 2003, p.57-86. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Televisão pública, televisão cultural: entre a renovação e a invenção. In RINCÒN, Omar (org.). Televisão pública: do consumidor ao cidadão. Tradução: Dolores Montero e Maria Carbajal, Friedrich-Erbert-Stifutung. SP, 2002, p.4179. MATUCK, Artur. A participação através do veículo TV. In MATUCK, Artur. O Potencial Dialógico da Televisão – Comunicação e arte na perspectiva do receptor. Annablume: ECA/SP, 1995, p.95-125. PERUZZO, Cicília M. Kroling. Mídia regional e local: aspectos conceituais e tendências. Comunicação e Sociedade: revista do Programa de Pós-Graduação Social. São Bernardo do Campo: Umesp, n 43, 2005, p.67-84. POPPER, Karl e COUNDRY, John. Televisão: um perigo para a democracia. Ed. Gradiva: Lisboa, 1995. RAMOS, Murilo César. Comunicação, Direitos Sociais e Políticas Públicas. In Direitos à Comunicação na Sociedade da Informação. MARQUES DE MELO, José e SATHLER, Luciano (orgs.). São Bernardo do Campo: Umesp, 2005, p.245-253. WURMAN, Richard Saul. A explosão da não informação. In Ansiedade da Informação. Ed.Associados: SP, 1991, p.35-55.
2.1.6. Marketing Político Internacional
Dr. Adolpho Queiroz
A disciplina resgatou a história política da China, enfocando o marketing político. Foi um re-descobrir deste país oriental -pouco estudado pelo ocidente-, comunista que abriu o seu mercado para o capital estrangeiro e está conseguindo grandes avanços econômicos. A dificuldade foi encontrar uma bibliografia específica de marketing político na China, no entanto, o professor e os alunos optaram por lerem livros clássicos e contemporâneos com enfoques históricos, culturais, econômicos, políticos, entre outros, a fim de compreender o passado e o presente dos chineses.
17 Do ponto de vista avaliativo, cada aluno ministrou um seminário em sala de aula, sobre um ou mais livros referente à China, seguido de debate. O panorama bibliográfico englobou desde Marco Pólo, Mao Tse Tung até Zun Tzu. Por fim, os alunos produziram o artigo ‘Propaganda política na China: História e Questões Contemporâneas’. Avalio esta produção coletiva, positiva, porque cada aluno pode contribuir com suas leituras –focando a área da comunicação-, para a elaboração de um artigo final.
Conteúdo Programático A viagem do presidente Luis Inácio Lula da Silva para a China, com uma comitiva de mais de 400 empresários, no primeiro semestre de 2005, foi a motivo impulsionador para estudar este país em crescimento. São cinco mil anos de história chinesa com destaque para a superioridade cultural, as férteis terras e as riquezas. Re-lembramos que foi este país que criou o papel 200 a.C. e a imprensa. Marco Pólo foi um viajante que relatou com fidedignidade a China dos anos 1.200 e 1.300. Esta parte histórica foi mostrada no seminário que ministrei. O comandante chinês Sun Tzu escreveu há 25 séculos A Arte da Guerra, mostrando as estratégias para vencer as guerras, se tornando referência. A revolução cultural chinesa desenvolvida nos anos 1950 e 60, sob o comando do ex-jornalista Mao Tse-Tung, foi um dos passos que o país deu no sentido de construir uma propaganda política fortemente ideologizada, onde vários métodos de comunicação foram utilizados. Com a morte de Mao Tse-Tung, em 1976, iniciou à política de modernização do país. As estratégias de propaganda políticas atuais são anunciar o desenvolvimento econômico, atrair mais investimentos estrangeiros e diminuir a presença do Estado na vida privada dos cidadãos, apesar das ações enérgicas do governo comunista quanto a temas delicados, como livre fluxo da informação e direitos humanos.
Bibliografia básica ALMOND, Mark. O livro de ouro das revoluções, movimentos políticos que mudaram o mundo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. ANDRADE, Marília e FAVRE, Luis. A comuna de Pequim, a revolta dos estudantes contra os mandarins vermelhos. São Paulo: Busca Vida, 1989.
18 BOEKHOFF, Hermann e WINZER, Fritz. Historia de la cultura oriental. Barcelona: Labor, 1968. BLOODWORTH, Dennis. A imagem da China. Rio de Janeiro: Bloch, 1969. CONY, Carlos Heitor e ALCURE, Lenira. As viagens de Marco Pólo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. GARCIA. Nelson Jahr. O que é propaganda ideológica. 6.ed.São Paulo: Brasiliense, 1986. GOEPPER, Roger. História de la cultura oriental – China, império del centro. Editorial Labor: Barcelona, 1968. GOMES, Flavio A. Um repórter na China. Porto Alegre: Garatuja, 1975. HOBLER, Dorothy e Thomas. Os grandes líderes, Chu Em-Lai. São Paulo: Nova Cultural, 1988. BRIGE, E. Mao Tse-Tung, o imperador vermelho de Pequim. São Paulo: Otto Pierre, s/d. LIU, Alan P.L. Comunicacion e intergacion nacional en la China Comunista. Barcelona: Gustavo Gilli, 1978. LULL, James. A China ligada: televisão, reforma e resistência. Tradução Fernando Rebello e Maria Claudia Coelho. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992. McNELLY, Mark. Sun Tzu e a Arte da Guerra Moderna. São Paulo: Record, 2003. PINSKY, Jaime & PINSKY, Carla Bassanezi (orgs). Faces do fanatismo. São Paulo: Contexto, 2004. POMAR, Wladimir. O enigma chinês. São Paulo: Alfa Omega, 1987. SUN TZU. A Arte da Guerra. São Paulo: Martin Claret, 2005. TSE-TUNG, Mao. O livro vermelho. Fac-simile da versão em Língua Portuguesa das edições em Línguas Estrangeiras. Pequim, 1972. ZEMIN, Jiang. Reforma e Construção da China. Tradução da Rádio Internacional da China. Rio de Janeiro: Record, 2002.
2.1.7. Metodologia da Pesquisa em Comunicação II
Antônio Ruótulo
Panorama mais aprofundado de técnicas –qualitativa e quantitativa- e métodos científicos. As primeiras aulas foram expositivas com exemplos de aplicação de métodos
19 com bibliografia principal e complementar. Inclusive com novos artigos disponibilizados em um endereço eletrônico. A clareza nas explicações e o conhecimento técnico do professor foram os destaques da disciplina. Aplicação de um teste com 37 questões, para que cada aluno avaliasse sua compreensão dos conteúdos ministrados. Nos seminários individuais, cada aluno apresentou um Pré-Projeto de Pesquisa contendo: título, problema, justificativa, propósito, método, técnica, hipóteses, amostra, coleta e análise. O professor orientou e corrigiu em sala de aula, equívocos nos pré-projetos. Devido ao excesso de conteúdo, não foi possível ler toda a bibliografia indicada. Alguns métodos poderiam ter sido mais aprofundados.
Conteúdo Programático Os assuntos explicados versaram sobre: Fundamentação e usos da pesquisa em Comunicação Social; O planejamento de projeto de pesquisa; A estratégia da pesquisa: o problema do método; A lógica do método; A instrumentação em Pesquisa de Campo; Teoria e prática de amostragem em pesquisa de campo; processamento de dados quantitativos; Análise de conteúdos e métodos experimentais; Prática de pesquisa: problemas e hipóteses; Preparação de projetos; Apresentação e crítica dos projetos.
Bibliografia básica BEVERIDGE, W. Sementes da descoberta científica. São Paulo: Edusp, 1981. BUNGE, Mario. La ciência, su método y su filosofia. Buenos Aires: Ediciones Siglo Veinte, 1988. CAMPBELL, Donald e STANLEY, Julian. Delineamentos experimentais de pesquisa. São Paulo: EPU/Edusp, 1979. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987. GODOY, Arilda Schimidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, Fundação Getúlio Vargas, v.35, n.2, p.57-63, 1995. GODOY, Arilda Schimidt. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, Fundação Getúlio Vargas, v.35, n.3, p.20-29, 1995.
20 GOODE, William e HATT, Paul. Métodos em pesquisa social. São Paulo: Nacional, 1977. HOHNSON, Homer e SOLSO, Robert. Uma introdução ao planejamento experimental em psicologia: estudo de casos. São Paulo: Pedagógica e Universitária Ltda, 1975. KRIPPENDORFF, Klaus. Metodologia de analisis de contenido. Ediciones Paidós, 1990 LEVIN, Jack. Estatística aplicada a ciências humanas. 2.ed. São Paulo: Harbra, 1987. MANN, Peter. Métodos de investigação sociológica. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. SELLTIZ, Claire et al. Métodos de pesquisa em relações sociais. São Paulo: EPU, 1974. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 1986. WHALEY, Donald e SHARON, Surratt. O espírito científico. São Paulo: EPU, 1975.
2.1.8. Redes de Comunicação, Regionalização e Globalização
Anamaria Fadul
Leitura e interpretação de quatro textos que versavam sobre rede nos sentidos etimológico da palavra, figurado e abstrato. Entrega de relatórios de leitura no seguinte modelo: definição do texto, divisão do texto, principais problemas levantados pelo autor, principais problemas levantados pelo aluno e avaliação do texto. Este relatório de leitura, apesar de ser cansativo de elaborar, é muito eficiente. Os alunos dialogaram sobre os diversos pontos de vista do autor e do texto. Definição de rede regional de comunicação, com exemplos de redes de rádio, como a Itatiaia Som Zoom Sat em Fortaleza, Rede Gaúcha Sat em Porto Alegre; de Televisão como a Rede Amazônica, a Vanguarda no Vale do Paraíba Paulista, a Rede MatoGrossense, a Rede Mirante no Maranhão, a Rede Bahia de Comunicação; redes de jornais como a Rede Anhanguera de Comunicação e a Rede Bom Dia, além de redes de internet: portais, sites, provedores. Informações de como pesquisar artigos e publicações científicas no site Google Scholar e discussão de reportagens atuais sobre a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação. Estas atividades demandaram muito tempo de aula. Alguns alunos participaram de seminários realizados pelo Jornal ‘O Estado de S.Paulo’, sobre a série de reportagens ‘Novo Mapa do Brasil’, com informações de cada região do país.
21 Por fim, cada aluno foi incentivado a elaborar um artigo científico com análise empírica (visita) de uma rede regional de mídia. A professora corrigiu o resumo do artigo enviado ao Lusocom/2006. Meu artigo foi sobre a Rede Anhanguera de Comunicação. No dia 24 de novembro de 2005, fui a sede da RAC em Campinas, entrevistei o diretorexecutivo Marcelo Pereira e reuni material impresso sobre a rede. Esta investigação empírica, com o embasamento teórico passado em aula, foi o melhor da disciplina.
Conteúdo Programático Primeira parte: pressupostos teóricos com conceitos de rede: transporte, telecomunicações e mídia; comunicação internacional; globalização midiática e as redes de comunicação e de mídia; suportes tecnológicos - telégrafos, telefone, microonda, satélite e computador. Segunda parte: perspectivas históricas e atuais das redes internacionais com discussão de redes de notícias, agências internacionais; redes internacionais de rádio e de TV. Terceira parte: perspectivas atuais de redes nacionais: redes de jornais no Brasil; redes de rádio, origem, desenvolvimento e perspectivas; redes nacionais de TV nos EUA, União Européia e Brasil. Quarta parte: análise empírica das redes regionais de mídia, redes de jornais regionais e redes de rádios regionais - um novo modelo. Quinta e última parte: rede local, regional, nacional e internacional; redes digitais – origem e desenvolvimento; conclusão – perspectivas para as redes de comunicação e mídia.
Bibliografia FAUSTO, Boris e DEVOTO, Fernando J. Introdução. In: Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada (1850-2002). São Paulo:Editora 34, 2004. MARCON, Christian e MOINET, Nicolas. Prefacio e Introdução. In: Estratégia Rede. Caxias do Sul: EDUCAS, 2001. MATTELART, Armand. A emergência das redes técnicas de comunicação. In: Comunicação Mundo: a história das idéias e das estratégias. Petrópolis: Vozes, 1994.
22 CASTELLS, Manuel. A cultura da virtualidade real: integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas. In: Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
2.2. Disciplinas como aluna ouvinte 2.2.1. Comunicação e Comunidade
Cicília Peruzzo
Não me inscrevi como aluna regular porque estava fazendo disciplinas além das sete obrigatórias, porém o tema ‘comunidade e mídia alternativa’ me fascinou. Acabei desenvolvendo todas as atividades como uma aluna regular. A maioria das aulas foi de discussões de textos programados, proporcionando um debate rico, agradável, que fluía. O tema comunidades, comunicação comunitária e interatividade foram exemplificados e comentados de maneira envolvente. Reflexão da contribuição
do
Fórum
Social
Mundial,
de
redes
como
a
CrisBrasil.org.br;
ourmedianet.org; midiaindependente.org; e de tele-centros. No dia 31 de outubro, foi realizado o Encontro de Comunicação Comunitária e Cidadania, promovido pelo Núcleo de Estudos em Comunicação Comunitária e Local – COMUNI e GT Médio Comunitários e Ciudadania – ALAIC. A palestrante mostrou como a comunicação comunitária é praticada no Paraná. Momento rico de troca de informações acadêmicas. Deveria se repetir. Cada aluno entregou uma resenha de livro. Resenhei a obra Comunicação, identidades, migrações e culturas no Lusofonia (2005), editado por PERUZZO, M. Cicília K. e PINHO, José Benedito que será publicada na revista Comunicação & Sociedade, da Editora Metodista. Apresentação de seminário sobre o meu artigo: ‘O Movimento social ‘focolarino’ nas matérias de capa da revista Cidade Nova’. Parti de três definições de movimento social e resgatei o histórico da participação popular no Movimento dos Focolares (MF) difundido no Brasil desde 1959. Analisei as matérias de capa da revista mensal Cidade Nova, um veículo do MF que visa suscitar um protagonismo social mais consciente em seus leitores.
Conteúdo Programático
23 Conceitos de comunidade; concepções latino-americanas de comunicação horizontal; inter-relações entre comunicação, cultura e cidadania; as formas de comunicação em nível comunitário; níveis de participação da população na comunicação comunitária; a interatividade nos meios comunitários; rádio comunitária no Brasil e na América Latina; televisão comunitária; território, participação na comunicação e Cidadania; fundamentos e metodologias das práticas profissionais de relações públicas, jornalismo e publicidade no contexto das comunidades.
Bibliografia básica BUBER, M. Nova e antiga comunidade, p.33-61. In: Sobre comunidade. São Paulo:perspectiva, 1987. CASTELLS, M. Paraísos comunais. p. 21-87. Vol 2. In: Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003. FONTANELLA, F.; PRYSTON, A. Trocando figurinhas: sobre orkut, frivolidade, neotribalismo e flânerie, p.1-16. In: Intecom 2004, Porto Alegre: PUC-RS. CARNICEL, Amarildo. O jornal comunitário e a educação não-formal: experiências e reflexões. In: FUSER, Bruno (org.). Comunicação alternativa - cenários e perspectivas. Campinas:Centro de Memória – Unicamp, 2005. GOHN, M. da Glória. Movimentos Sociais no Brasil na era da participação. p. 78-89 HALLS, S. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T. (orgs). Identidade e diferença. p. 103-133, Petrópolis:Vozes, 2000. MELO, J. M. de. SATHLER (orgs.) Direitos na comunicação na sociedade da informação. São Bernardo do Campo:Umesp, 2003 PAIVA, R. Leituras possíveis de comunidade. In: Espírito comum: comunidade, mídia e globalismo. p. 65-79. Rio de Janeiro: Mauad, 2003. VIEIRA, Lizt. Cidadania e globalização. p.15-41, 4.ed., Rio de Janeiro:Record, 2000. RHEINGOLD, Howard. Comunidades virtuais, p.127-155. São Paulo:Futura, 2001.
2.2.2. Interfaces tecnológicas e culturais na comunicação de mercado Daniel Galindo
24 Minha participação nesta disciplina foi por meio de discussões em sala de aula. Não elaborei um artigo final para esta disciplina porque priorizei produções que contribuiriam com o tema da minha dissertação. No entanto, os temas envolvendo marketing e tecnologia, as animações e apresentações interativas mostradas pelo professor, envolveram os alunos. O conteúdo versou sobre: o universo em rede e populações conectadas; as relações de troca no contexto da sociedade digital; a era do acesso, a substituição do possuir pelo usar; o high-tec / high touch e as empresas e-mocionais; o consumo do sonho e a descontinuidade do consumo sem emoção; o marketing digital e as comunidades virtuais; convergência tecnológica e a comunicação de mercado; marketing emocional e marketing cultural; festas e celebrações a serviço da comunicação de mercado; o popular ou uma proposta high touch; e o consumidor deste novo milênio. Cada aula precedia a leitura de um texto que era debatido e exemplificado em sala. A principal contribuição dessa disciplina foi à análise de fenômenos contemporâneos que surgiram com a internet e influenciam a vida dos consumidores. Os alunos apresentaram seminários sobre seus artigos.
Conteúdo Programático Novas tecnologias e suas aplicações, a interatividade, a realidade virtual e as novas opções de produção e distribuição de mensagens persuasivas; a cultura áudio visual no contexto da sociedade da informação; o conhecimento e análise das novas configurações do processo produção/consumo, da massificação a customização; a busca por uma nova postura comunicacional e a construção simbólica das marcas; o reconhecimento do crescente universo icônico e da apropriação das mais diversas manifestações culturais, festas, celebrações, sejam elas populares ou suas implicações na espetacularização e envolvimento de um consumidor em constante estado de mudança.
Bibliografia básica A bibliografia da disciplina contempla cerca de 40 obras, porém cito as principais. NAISBITT, John. High tech high touch a tecnologia e nossa busca por significado. São Paulo: Ed.Cultrix, 1999.
25 RIFKIN, Jeremy. A era do acesso – a transição de mercados convencionais para networks e o nascimento de uma nova economia. São Paulo: Makron Books, 2001. WIND, Yoram. Marketing de convergência. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
2.3. Estágio docente 2.3.1. Jornalismo Comunitário
Margareth Pedro Vieira
O estágio-docente deveria ser obrigatório por que é o momento que o pesquisador/mestrando tem o primeiro contato com a prática da docência universitária. É uma oportunidade única de aprender com os erros em sala de aula tendo a vantagem de ser supervisionado pelo professor da disciplina. Agradeço a oportunidade aberta pela doutoranda Margareth Vieira. Esta experiência foi fundamental para seguir minha futura carreira acadêmica. Auxiliei a professora na disciplina ‘Jornalismo Comunitário’, com cerca de 80 alunos do quarto semestre de Jornalismo da UMESP. Preparei e ministrei aulas sobre TV comunitária, fomentei debates em sala com informações complementares e auxiliei os grupos nos trabalhos práticos. Os alunos universitários não sabiam, ou sabiam muito pouco sobre veículos de comunicação comunitários. As aulas contemplaram debates de quatro textos, apresentação de vídeos, atividades individual e em dupla. No trabalho final, seis grupos tiveram que produzir e ensinar uma comunidade/associação, a elaborar um jornal ou programa de rádio ou de TV. O resultado foi muito positivo. Alguns grupos continuarão desenvolvendo o trabalho comunitário, mesmo com o término da disciplina.
Conteúdo Programático Desenvolvimento de conceitos e funções de jornalismo popular e comunitário; mobilização social e comunicação; comunicação e ideologia; tipos de movimentos sociais; jornal impresso comunitário; rádio comunitária; televisão comunitária; jornalismo sindical.
Bibliografia básica
26 CARNICEL, Amarildo. O jornal comunitário e a educação não formal: experiências e reflexões. In FUSER, Igor (org.). Comunicação alternativa – cenários e perspectives. Campinas: PUC/Campinas/Centro de Memória da Unicamp, 2005. DORNELLES, Beatriz. Jornalismo comunitário em cidade do interior. Porto Alegre:Ed. Sagra-Luzzatto, 2004. DOWNING, John D.H. Mídia radical – rebeldia nas comunicações e movimentos sociais. São Paulo:Senac editora, 2002. FESTA, Regina e SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Comunicação popular e alternativa no Brasil. São Paulo: Paulinas, 1986. PERUZZO, Cicília M.K. Comunicação nos movimentos populares – a participação na construção da cidadania. Rio de Janeiro:Vozes, 1998. ___________________. TV Comunitária no Brasil: Histórico e participação popular na gestão e na programação. In PERUZZO, Cicília. M.K. Vozes cidadãs. São Paulo:Angellara, 2004. SANTIAGO, Claudia e GIANOTTI, Vito. Comunicação sindical- falando para milhões. Rio de Janeiro:Vozes, 1997.
2.4. Produção científica GUIMARÃES, Bruna Vieira. Floriano Peixoto, consolidador da República no Brasil. In: QUEIROZ, Adolpho (org.). Propaganda, História e Modernidade. Piracicaba: Degaspari, 2005. GT de Publicidade e Propaganda da Rede Alfredo de Carvalho.
GUIMARÃES, Bruna Vieira. Floriano Peixoto, consolidador da República no Brasil. In: Anais do 3º Encontro da Rede Alfredo de Carvalho. Novo Hamburgo/RS, 2005. 1 CDROM produzido pelo Centro Universitário Feevale.
GUIMARÃES, Bruna Vieira. A propaganda política na República Velha. In: Anais: CELACOM 2005 - IX Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação. São Bernardo do Campo: UMESP, 2005. 1 CD-ROM produzido pela
27 Cátedra Unesco/Umesp de Comunicação para o Desenvolvimento Regional. ISSN 18063500.
FERNANDES, Backer Ribeiro; GUEDES, Sandra; GUIMARÃES, Bruna Vieira; GUIMARÃES, Leninne Freitas; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário Senac-SP. In: Anais do REGIOCOM 2005 – X Colóquio Internacional de Comunicação para o Desenvolvimento Regional. Chapecó/SC, 2005. 1 CD-ROM produzido pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó - UNOCHAPECÓ. GT de Educação e Cultura.
___________________. Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário Senac-SP. In: Anais V Bienal Iberoamericana de la Comunicación. Cidade do México, 2005. 1 CD-ROM produzido pelo Centro Tecnológico de Monterrey, Campus Estado de México.
Mesa Las tecnologías como factor de la
economias del conocimiento. GUIMARÃES, Bruna Vieira. Quintino Bocaiúva, o ‘marqueteiro’ do Movimento Republicano. In: Anais do 4º POLITICOM – Seminário Brasileiro de Marketing Político. Rio Claro/SP, 2005. 1 CD-ROM produzido pelas Faculdades Claretianas de Rio Claro.
BAREL, Moisés Stefano; CARMO NETO, Honório do; GUIMARÃES, Bruna Vieira; GOMES, Ingrid; QUEIROZ, Adolpho C. F.; RODRIGUEZ, Maria Carolina; PAIXÃO, Patrícia Sheila; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Marketing Político e eleitoral: de Bocaiyva a Duda Mendonça. In: Anais INTERCOM 2005 – XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Rio de Janeiro, 2005. 1 CD-ROM produzido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Núcleo de Pesquisa de Publicidade, Propaganda e Marketing.
28 GUIMARÃES, Bruna Vieira. Ausência de espírito comunitário na imprensa do Litoral Norte de são Paulo. In: Anais do Seminário WACC/ Unesco/ Metodista de Mídia Cidadã. São Bernardo do Campo/SP, 2005. Site: http://www2.metodista.br/unesco/agora/mapa_animadores_ativistas_bruna.pdf. Acesso em: 26.dez.2005.
Publicações encaminhadas: Livro da Editora Umesp organizado por José MARQUES DE MELO, contendo o artigo: Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário Senac-SP. São Bernardo do Campo, 2006.
Resenha do Anuário Internacional de Comunicação lusófona 2005. Comunicação, identidades, Migrações e Culturas na Lusofania. In: Revista Comunicação & Sociedade / Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social; Universidade Metodista de São Paulo, ano 28, nº 45, 1º semestre de 2006. ISSN 0101-2657.
2.5. Participação em congressos 2.5.1. 3º Encontro da Rede Alfredo de Carvalho – Rede Alcar Certificado de participação e palestrante no GT de Publicidade e Propaganda. Artigo: Floriano Peixoto, consolidador da República no Brasil. Local: Novo Hamburgo/RS, Centro Universitário Feevale. Data: 14 a 16 de abril de 2005. 2.5.2. CELACOM 2005 – IX Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação Certificado de participação e palestrante no GT de Publicidade e Propaganda. Artigo: A propaganda política na República Velha. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: 9 a 11 de maio de 2005.
2.5.3. III ALAIC - Seminário Internacional Latino-Americano de Pesquisa da Comunicação Certificado de participação.
29 Local: Universidade de São Paulo, Escola de Comunicação e Artes - ECA/USP. Data: 12 a 14 de maio de 2005
2.5.4. Encontros de Sociologia e Comunicação Certificado de participação nas cinco aulas (2 horas e 30 minutos/aula), ministradas pela professora Verônica. Válido como 1 crédito. Promoção do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: abril e maio de 2005.
2.5.5. Lattes 2- Curso da ComTec - Grupo de Pesquisa Comunicação e Tecnologias Digitais Certificado de participação no curso de 1hora/aula. Promoção da Faculdade de Comunicação Multimídia – Facom. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: 1º de junho de 2005.
2.5.6. UNESCOM 2005 - II Seminário de Divulgação do Grupo Comunicacional de São Bernardo Certificado de participação nos seminários Midiologia Comparada; Internacionalização Midiática; Comunicação Integrada de Marketing; Mídia, Regional e Global no Brasil; Comunicação, Mídia e Inteligência Empresarial; Comunicação Organizacional On-Line e Marketing Político Empresarial. Válido como 1 crédito. Promoção: Cátedra Unesco/Umesp. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: abril a novembro de 2005.
2.5.7. UNESCOM 2005 - Seminário de Marketing Político Empresarial Certificado de palestrante. Artigo: China – história e cultura. De Marco Pólo a Sun Tzu.
30 Autores:
BAREL,
Moisés
Stefano;
BERTUOLO,
Claudemir;
GOMES,
Ingrid;
GONZALEZ, Daniel Bernal; GUIMARÃES, Bruna Vieira; LIMA, Aline F.; QUEIROZ, Adolpho C.F.; RODRIGUEZ, Maria Carolina; PAIXÃO, Patrícia; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: 9 de novembro de 2005. 2.5.8. REGIOCOM 2005 – X Colóquio Internacional de Comunicação para o Desenvolvimento Regional Certificado de participação e apresentação de trabalho no GT de Educação e Cultura. Artigo: Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário Senac-SP. Autores: FERNANDES, Backer Ribeiro; GUEDES, Sandra; GUIMARÃES, Bruna Vieira; GUIMARÃES, Leninne Freitas; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Local: Universidade Comunitária Regional de Chapecó/SC -UNOCHAPECÓ. Data: 10 a 12 de agosto de 2005. 2.5.9. 4º POLITICOM – Seminário Brasileiro de Marketing Político Certificado de participação e apresentação de trabalho no GT de Propaganda Política em Jornais e Revistas. Artigo: Quintino Bocaiúva, o ‘marqueteiro’ do Movimento Republicano. Local: Faculdades Claretianas de Rio Claro/SP. Data: 25 a 26 de agosto de 2005. 2.5.10. INTERCOM 2005 – XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação Certificado de congressista e expositora no Núcleo de Pesquisa de Publicidade, Propaganda e Marketing. Mesa-temática: Marketing Político e eleitoral: de Bocaiyva a Duda Mendonça.
31 Autores: BAREL, Moisés Stefano; CARMO NETO, Honório do; GUIMARÃES, Bruna Vieira; GOMES, Ingrid; QUEIROZ, Adolpho C. F.; RODRIGUEZ, Maria Carolina; PAIXÃO, Patrícia Sheila; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Data: 5 a 9 de setembro de 2005.
2.5.11. V Bienal Iberoamericana de la Comunicación Certificado de participación e ponente na mesa: Las tecnologías como factor de la economias del conocimiento. Artigo: Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário Senac-SP. Autores: FERNANDES, Backer Ribeiro; GUEDES, Sandra; GUIMARÃES, Bruna Vieira; GUIMARÃES, Leninne Freitas; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Local: Centro Tecnológico de Monterrey, Campus Estado de México, Cidade do México. Data: 20 a 22 de setembro de 2005.
2.5.12. 8º Congresso de Iniciação e Produção Científica & 7º Seminário de Extensão Metodista Certificado de participação. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: 25 a 27 de outubro de 2005.
2.5.13. Encontro de Comunicação Comunitária e Cidadania Certificado de participação. Promoção: Núcleo de Estudos em Comunicação Comunitária e Local – COMUNI e GT Médio Comunitários e Ciudadania – ALAIC. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: 31 de outubro de 2005.
2.5.14. Seminário WACC/Unesco/Metodista de Mídia Cidadã Certificado de participação como ativista.
32 Relato: A falta de espírito comunitário na imprensa do Litoral Norte Paulista. Promoção: Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional. Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo. Data: 28 a 30 de novembro de 2005 / 30 horas.
II Parte – Projeto de Pesquisa
1.Título Deodoro da Fonseca – A propaganda política do primeiro presidente do Brasil
2. Resumo Resgate da história do primeiro presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca, na ótica da propaganda política. Os objetivos são compreender a propaganda do movimento republicano, que antecedeu a proclamação da República declarada por Deodoro em 15 de novembro de 1889, e posteriormente o processo eleitoral no qual o Marechal foi escolhido presidente pelo voto indireto no dia 25 de fevereiro de 1891. Metodologicamente utilizarei a pesquisa histórica, enfatizando o trabalho bibliográfico-documental.
3. Problema O período em que Deodoro da Fonseca chegou à Presidência possui historicamente características muito diferentes do modelo de democracia atual. O momento conflituoso que antecedeu a proclamação da República foi preenchido pelas Forças Armadas, organização estruturada e coesa, que garantiu o êxito da mudança de governo. Deodoro foi escolhido pelos conspiradores da monarquia para liderar o golpe da proclamação, sem oposição de D. Pedro II, que partiu para Europa dois dias depois do 15 de novembro. Este contexto histórico é retratado por folhetins, jornais e revistas, que defendiam a causa republicana ou monarquista, e também por clubes republicanos que ajudaram a propagar o novo regime de governo. Com a Proclamação, Deodoro se torna chefe do Governo Provisório. Depois de um ano e três meses, ele assume definitivamente o cargo de
33 presidente por meio de eleições indiretas. Estes dois momentos serão aprofundados neste estudo que descobrirá qual a propaganda política que Deodoro da Fonseca utilizou para tornar-se o primeiro presidente do Brasil, enfocando o contexto histórico-político e os meios de comunicação no final do século XIX?
4. Justificativa Após 117 anos, Deodoro é lembrado em todo país por meio de ruas, avenidas, praças, estação de metrô, monumentos e até uma cidade em sua terra natal, o Estado da Alagoas, recebeu seu nome. Resgatarei um período específico das eleições presidenciais no Brasil, mais precisamente os anos de 1889 quando Deodoro proclamou a República e 1891 quando Deodoro foi eleito indiretamente ao cargo de presidente do Brasil. Resgatarei o material de propaganda política que pode ter sido utilizada na época, como panfletos políticos, manifestos, plano de governo, discursos elaborados para comícios e propaganda do candidato Deodoro da Fonseca em jornais e revistas. Enriquecerei o pensamento comunicacional brasileiro por meio do resgate da obra do ex-presidente Deodoro da Fonseca, sob o ponto de vista da propaganda política, estabelecendo novos conceitos e questionando os existentes. As publicações sobre a vida e obra de Deodoro são escassas, restringindo-se ao trabalho biográfico de alguns historiados. Este projeto avança, aperfeiçoa conceitos como o de marketing político/marketing eleitoral, propaganda ideológica, propaganda eleitoral e imagem pública. Suas interfaces com a história, sociologia, ciências políticas, antropologia, psicologia, filosofia, tem sido feito a partir de autores clássicos e contemporâneos. Estudos da década de 80 em diante no Brasil, se dedicam a discutir os conceitos de propaganda política/marketing político e eleitoral. O interesse no assunto tem aumentado em programas de pós-graduação como os da UFBA, UNB, USP, UMESP, PUC/RS, UFRJ, entre outros.
5. Metodologia
34 Método: Qualitativo Técnica: Pesquisa histórica e análise documental Farei uma pesquisa histórica com enfoque qualitativo. Segundo definição de RODRIGUES (1982, p. 21), “a pesquisa histórica é a descoberta cuidadosa, exaustiva e diligente de novos fatos históricos, a busca da documentação que prove a existência dos mesmos, permita sua incorporação ao escrito histórico ou a revisão e interpretação nova da História”. O autor complementa: “A descoberta dos fatos, da documentação, e o seu uso correto constituem a pesquisa”. O fato novo que pretendo descobrir é a propaganda que levou Deodoro a ser eleito o primeiro presidente do Brasil. Será uma nova interpretação da história, com enfoque na propaganda ideológica, baseada em documentos e jornais. A origem da expressão ‘pesquisa histórica’ segundo RODRIGUES (1983, p.21), é espanhola, “significando uma modalidade da atuação probatória no sistema processual medieval, com o fim de obter provas verídicas sobre caso controvertido”. Os resquícios da pesquisa históricos no Brasil vêm da criação do Instituto Histórico, que segundo RODRIGUES (1983, p.22), não tinha o objetivo de investigar e pesquisar. “Nas bases para a fundação do Instituto, nos seus Estatutos, se escreve coligir e metodizar os documentos”. Até hoje, a pesquisa histórica depende muito do Estado e do cuidado que este dedica à preservação documental, bem como, modernamente, nos países capitalistas, da assistência e ajuda da iniciativa privada, quer diretamente, quer por meio de fundações. No Brasil, não se conta com ajuda privada, tentada apenas, sem maiores resultados, por Assis Chateaubriand, e o Estado, que conserva mal o patrimônio histórico documental, não auxilia a investigação oficial ou privada (RODRIGUES, 1983, p.22).
Outro conceito, defendido por RICHARDSON (1989, p.199), diz que a pesquisa histórica “ocupa-se do passado do homem, e a tarefa do historiador, definida por [Walter] Borg, consiste em ‘localizar, avaliar e sintetizar sistemática e objetivamente as provas, para estabelecer os fatos e obter conclusões referentes aos acontecimentos passados’”. Portanto, com a vasta bibliografia disponível sobre a Proclamação da República, um acontecimento
35 com 117 anos, descreverei a propaganda política de Deodoro da Fonseca, ainda pouco descoberta. Apesar de apresentar pontos em comum, a pesquisa histórica e o estudo de caso, são distintos, segundo YIN (2001, p.27), o estudo de caso “reside em sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações”. Estas duas fontes de evidências, a entrevista com o personagem da pesquisa Deodoro da Fonseca e as observações do acontecimento da Proclamação da República não são possíveis por se tratarem de um fato do passado. Para DUARTE (2005), o estudo de caso, deve ter preferência quando se pretende examinar eventos contemporâneos, em situações onde não se podem manipular comportamentos relevantes e é possível empregar duas fontes de evidências, em geral não utilizadas pelo historiador, que são a observação direta e série sistemática de entrevistas (DUARTE, 2005, p.219).
Farei também uma análise documental dos meios de comunicação impressos, manifestos, panfletos, leis, charges, entre outros documentos da época, que segundo a definição de MOREIRA (2005, p.271), “compreende a identificação, a verificação e a apreciação de documentos para determinado fim”. Descobrirei como foi a cobertura da eleição e da propaganda política de Deodoro da Fonseca nos principais jornais republicanos e monarquistas tais O Correio Paulistano (1854), A Província e depois da República, O Estado de S. Paulo (1875), a Gazeta de Notícias (1875), O País (1884), A Platéia (1888), entre outros que eu encontrar disponível na Biblioteca Nacional e outros arquivos públicos que visitarei. Pesquisarei qual a linguagem desses periódicos, os recursos visuais utilizados, como as charges de Ângelo Agostini na Revista Ilustrada, dentre outras técnicas jornalísticas que ajudaram a divulgar o nome de Deodoro da Fonseca para a presidência do Brasil. Nesta análise documental que farei dos jornais impressos no final do século XIX, visando encontrar resquícios da propaganda política de Deodoro, terei a precaução de identificar as influências ocultas no órgão de informação, o papel da distribuição da publicidade, a pressão exercida pelo governo, entre outras características que identificavam a posição política do jornal.
36 MOREIRA (2005) afirma que a análise documental é um método e uma técnica ao mesmo tempo. “Método porque pressupõe o ângulo escolhido como base de uma investigação. Técnica porque é um recurso que complementa outras formas de obtenção de dados, como a entrevista e o questionário”. Ela explica que, na maioria das vezes, é um método qualitativo porque “verifica o teor, o conteúdo do material selecionado para análise”. A autora considera a fonte de análise documental mais utilizada nos estudos de comunicação, como sendo de origem secundária, ou seja, constituem conhecimento, dados ou informação já reunidos ou organizados. São fontes secundárias a mídia impressa (jornais, revistas, boletins, almanaques, catálogos) e a eletrônica (gravações magnéticas de som e vídeo, gravações digitais de áudio e imagem) e relatórios técnicos (MOREIRA, 2005, p.272).
Na visão de GIL (1987), no âmbito da pesquisa social, este é um estudo exploratório, considerado a melhor forma de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias. As pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar uma visão geral sobre determinada realidade, neste caso sobre o período que antecedeu as eleições do primeiro presidente do Brasil. Estipulei duas linhas de pesquisa: a bibliográfica e a documental. De acordo com GIL (1987, p. 48) “boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisa bibliográfica”, justamente por ela ser capaz de nos colocar em contato direto com tudo que foi escrito. A pesquisa documental segundo GIL (1987, p.51), justifica-se por explorar “materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa”. Estou realizando a pesquisa bibliografia desde quando iniciei o mestrado, no início de 2005. Na pesquisa documental, analisarei os materiais impressos jornalísticos – manifestos, jornais e revistas- do final do século XIX, ressaltando as características de propaganda política. A análise dos dados coletados na pesquisa bibliográfica se baseia nas técnicas explicadas por SEVERINO (2002), como: Análise textual – preparação do texto e seleção do material relacionando ao objeto de pesquisa; Análise temática – compreensão do material selecionado; Análise interpretativa – interpretação do material; Problematização – discussão sobre o conhecimento obtido; e Síntese Pessoal – re-elaboração e
37 desenvolvimento das reflexões pessoais confirmadas ou discordando das hipóteses e questões de pesquisa. Tânia Refina DE LUCA (2005), remete a dimensão interdisciplinar das fontes históricas, como mapas, jornais, fotografias, ilustrações, caricaturas, documentos de ministérios, escrituras de estabelecimentos, filmes de propaganda política, programas de festas públicas e particulares, homenagens, discursos, trajes especiais, discursos, entre outros. Levantarei as fontes citadas acima, que remetam a propaganda política de Deodoro da Fonseca. O número de trabalhos que se valia de jornais e revistas como fonte para o conhecimento da história no Brasil, segundo DE LUCA, era pequeno na década de 1970. Porém, a difusão da imprensa no país e o itinerário de jornais e jornalistas contava com bibliografia significativa. “Reconhecia-se, portanto, a importância de tais impressões e não era nova a preocupação de se escrever a História ‘da’ imprensa, mas relutava-se em mobiliza-los para a escrita da história ‘por meio da’ imprensa (2005, p. 111)”. DE LUCA, alerta que desde a década de 30 havia uma crítica por aceitar os impressos como fonte, pois “os jornais pareciam pouco adequados para a recuperação do passado, uma vez que essas ‘enciclopédias do cotidiano’ continham registros fragmentados do presente, realizados sob o influxo de interesses, compromissos e paixões (2005, p. 112)”. Complementarei o levantamento bibliográfico sobre Deodoro da Fonseca, pesquisando em bibliotecas universitárias e museus, utilizando livros biográficos e de História do Brasil, teses, dissertações e artigos em periódicos de assuntos correlacionados, além da pesquisa na internet. Procurarei livros e documentos sobre Deodoro da Fonseca no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Acervo Histórico do Exército, na Biblioteca Nacional, todos no Rio de Janeiro; no Museu Republicano em Itu/SP; no Museu da República no Rio de Janeiro que foi à casa de Deodoro durante a presidência, no Congresso Nacional em Brasília. Retornarei ao Museu Paulista e ao Arquivo Público do Estado de São Paulo. Outros arquivos que podem ser visitados são o CPDOC -Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, o Instituto de Estudos Brasileiros na USP -Universidade de São Paulo, o
38 Centro de Memória da Unicamp em Campinas e a Fundação Casa de Rui Barbosa no Rio de Janeiro. Nos arquivos do Poder Executivo pretendo encontrar correspondências como ofícios e requerimentos enviados por Deodoro no exercício de sua função no Exército e na Política e lista de qualificação de votantes. Nos arquivos do Poder Legislativo espero encontrar atas e nos arquivos privados, verificar documentos particulares de Deodoro, seus familiares e grupos de interesse. Inicio a pesquisa de campo sabendo que os arquivos públicos no Brasil são deficitários, segundo Carlos BACELLAR (2005, p. 24). “Cabe ao historiador desvendar onde se encontram os papéis que podem lhe servir, muitas vezes ultrapassando obstáculos burocráticos e a falta de informação organizada”. O autor continua A paciência é arma básica do pesquisador em arquivos: paciência para descobrir os documentos que deseja, e paciência para passar semanas, quando não meses ou anos, trabalhando na tarefa de cuidadosa leitura e transcrição de informações encontradas. Pesquisar em fontes, principalmente as manuscritas, requer, ainda, o empenho de aprender as técnicas de leitura paleográfica, que permitem o ‘decifrar’ dos escritos (BACELLAR, 2005, p. 53).
Outra técnica que pode vir a ser utilizada é a entrevista semi-estrutura com historiadores especialistas na Proclamação da República e comunicadores especializados na imprensa no final do século XIX. Gostaria de ressaltar que o objetivo desta dissertação não é fazer uma biografia de Deodoro da Fonseca. Não tenho a pretensão de narrar os fatos particulares das várias fases da vida do Marechal. Será um estudo biográfico enfocando a carreira militar e política de Deodoro no período específico que a propaganda política foi utilizada para elege-lo presidente do país. Este é um trabalho descritivo, que procura compreender, a partir de revisão de literatura, visitas a museus, centros de pesquisa, entrevistas, pesquisas sobre jornais da época, filmes, material e rádio e televisão, de que forma foi realizada a campanha eleitoral de Deodoro da Fonseca. Para isto, procurarei dialogar com as principais contribuições da propaganda política no campo metodológico, através dos trabalhos de Serge TCHAKHOTINE (1967), Jean Marie DOMENACH (1963) e Nelson Jahr GARCIA
39 (1986), que trabalham com o conceito de propaganda ideológica, contrapropaganda, difusão e propaganda política. Outros autores contemporâneos que trabalham com o conceito de marketing político são Carlos MANHANELLI (1992), Rubens FIGUEIREDO (1994), Ronald KUNTZ (1982), Gaudêncio Torquato do REGO (1985), Ney Lima FIGUEIREDO (2002), Renato DIAS (2004), Adolpho QUEIROZ (2005), entre outros. Adotei nesta dissertação, a biografia de Deodoro da Fonseca feita por MAGALHÃES JÚNIOR (1957), que revela detalhes da vida do Marechal no período que antecede a Proclamação da República, passando pela eleição de presidente até a sua morte. Esta foi à biografia mais completa que encontrei.
6. Hipóteses Os manifestos republicanos e seus ‘propagandistas’, as reuniões/comícios nos clubes republicanos e a carreira militar com êxito, contribuíram para Deodoro da Fonseca ter sido escolhido o proclamador da República e primeiro presidente do Brasil. Esta foi à propaganda política do Marechal, segundo a definição de DOMENACH (1963). A propaganda ideológica, segundo conceito de Nelson Jahr GARCIA (1986), do movimento republicano, foi ‘defendida’ tardiamente pelo Marechal Deodoro, que fora monarquista. A crise política no final da monarquia, unida ao bom relacionamento do imperador D. Pedro II com o Marechal do Exército Deodoro da Fonseca, propiciou a mudança de regime de governo, que passou a ser o presidencialismo. O título de generalíssimo foi dado a Deodoro devido a sua brilhante carreira militar. Este foi o ‘slogan’ de sua campanha para presidente do Brasil. O marketing político e eleitoral do Marechal ajudaram sua candidatura à presidência. A crise do Governo Provisório foi uma contra-propaganda utilizada pelos opositores de Deodoro, segundo definição de GARCIA (1986). O Conde Ouro Preto foi o principal opositor de Deodoro no período que antecedeu a Proclamação da República. O almirante Custódio José de Melo e Prudente de Moraes foram os opositores do Marechal no período que antecedeu a eleição de presidente do
40 Brasil, mais do que os outros dois candidatos à presidência, o general José Simeão de Oliveira e o almirante Eduardo Wandenkolk.
Observarei: A imagem de Deodoro da Fonseca construída pelos meios de comunicação da época. Qual foi a cobertura dos principais jornais republicanos e monarquistas na primeira eleição a Presidência. A influência do Partido Republicano e dos propagandistas da República, o jornalista Quintino Bocayuva e o professor Benjamin Constant, na vida política do Marechal; As articulações políticas que ajudaram a eleger Deodoro presidente e como os ‘deodoristas’ combateram os monarquistas e opositores do primeiro presidente do país;
7. Cronograma Período: Fevereiro de 2006 a Fevereiro de 2007
Atividades Fev Mar Abr Ma Exame de qualificação X Complemento da pesquisa X X bibliográfica Preparação dos X instrumentos para a coleta de dados (protocolo, questionário...) Entrevistas com historiadores ou familiares Levantamento de dados documentais (em museus, arquivos, bibliotecas, etc.) Continuação da coleta dados secundários (visita a casa de Deodoro no RJ) Transcrição de fitas (se houver) Exa Exame dos dados Complementação de dados Análise e interpretação dos dados
Jun Jul
Ag
Set Out Nov
X
X X
X
X
X
X
X
X X X X
X
Dez Jan Fev
41 Redação preliminar da dissertação ou tese Redação final da dissertação ou tese Entrega da dissertação ou tese
X
X X
X
III Parte – Projeção da dissertação
Introdução................................................................................................................................
Capítulo 1. Propaganda Política e Partido Republicano 1.2. Definição de Propaganda Política......................................................................42 1.1.1.Definição de Propaganda Ideológica....................................................45 1.1.2.Definição de Marketing Político e Marketing Eleitoral.......................49 1.2.Os Manifestos Republicanos...............................................................................55 1.3.Partidos Políticos.................................................................................................61 1.3.1.O Partido Republicano..........................................................................64 1.4.Biografia político-militar de Deodoro da Fonseca..............................................70 1.4.1.Combates e Condecorações Militares...................................................71
Capítulo 2. Proclamação da República 2.1. Antecedentes da Proclamação da República........................................................ 2.2. O 15 de Novembro............................................................................................... 2.3. Governo Provisório.............................................................................................. 2.4. A Constituição de 1889 e as regras eleitorais...................................................... 2.5. Os Discursos Políticos.......................................................................................... 2.6. Crises prejudicam a imagem do candidato Deodoro............................................ 2.6.1. Invasão do Jornal................................................................................... 2.6.2. Obra do Porto das Torres....................................................................... 2.6.3. Renúncia dos Ministros.......................................................................... Capítulo 3. Uso da propaganda política no período eleitoral 3.1. A Propaganda de Deodoro....................................................................................
X X
42 3.1.1. Apoio de Militares................................................................................... 3.1.2. Reuniões em Clubes e Manifestos de Apoio........................................... 3.1.3. Alianças e Reuniões de Campos Salles................................................... 3.2. A Oposição............................................................................................................. 3.2.1. O Jornal ‘Bomba’.................................................................................... 3.2.2. Atuação dos ‘Deodoristas’.......................................................................
Capítulo 4. A Cobertura das Eleições na Imprensa 4.1. Cenário da Imprensa............................................................................................... 4.1.1. Censura.................................................................................................... 4.2. Cobertura da Eleição nos Jornais Republicanos..................................................... 4.3. Cobertura da Eleição nos Jornais Monarquistas..................................................... 4.4. A Revista Ilustrada e as Charges............................................................................ 4.5. A Eleição................................................................................................................ 4.5.1. A Posse.................................................................................................... 4.5.2. A Dissolução do Congresso..................................................................... 4.6. Renúncia e Morte de Deodoro................................................................................
Conclusão................................................................................................................................. Bibliografia...........................................................................................................................72 Anexos.......................................................................................................................................
Capítulo 1. Propaganda Política e Partido Republicano
1.1 Definição de Propaganda Política Desde que existem competições políticas, isto é, desde o início do mundo, a propaganda existe e desempenha seu papel (DOMENACH, 1963, p. 8).
Propaganda Política segundo definição de DOMENACH (1963, p.9) é “uma nova técnica, que usa meios subministrados pela ciência, a fim de convencer e dirigir as massas
43 constituídas”. Ele explica que propaganda política é também “uma técnica de conjunto, coerente e que pode ser, até certo ponto, sistematizada”, sendo sucedida “ao conjunto dos meios empregados em todos os tempos pelos políticos para o triunfo de suas causas e ligado à eloqüência, à poesia, à música, a escultura, ás formas tradicionais das belas-artes”. DOMENACH defende que o intuito do propagandista é influir na atitude das massas no tocante a pontos submetidos ao impacto da propaganda, objetos da opinião. A propaganda do movimento republicano no século XIX era produzida e destinada por uma pequena massa de letrados, e divulgados pelos jornais, principalmente os republicanos. No entanto, a tocante da população, não era submetida ao impacto da causa republicana. È pertinente ressaltar que propaganda tem um significa diferente de publicidade. “A publicidade procura criar, transformar certas opiniões, empregando, em parte, meios que lhe pede emprestados (DOMENACH, 1963, p.10)”. A principal diferença segundo o autor é que a propaganda não visa objetos comerciais, e sim, políticos.
A publicidade suscita necessidades ou preferências visando a determinado produto particular, enquanto a propaganda sugere ou impõe crenças e reflexos que, amiúde, modificam o comportamento, o psiquismo e mesmo as convicções religiosas ou filosóficas. Por conseguinte, a propaganda influencia a atitude fundamental do ser humano (DOMENACH, 1963, p.10).
Nesta dissertação, refiro à propaganda republicana que ajudou a eleger Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil. Foi um movimento que mudou comportamentos e impôs o pensamento de uma nova forma de governo. As origens da propaganda política remetem ao século XX, acompanhando o desenvolvimento das técnicas de informação e de comunicação (DOMENACH, 1963, p.13). Neste início, a propaganda utilizava a escrita, palavra e imagem, como seus sustentáculos permanentes. Porém, a escrita, o mais possante veículo de propaganda, depois da invenção da imprensa, era prejudicado por seu alto preço e pela morosidade de sua distribuição; a palavra era limitada pelo alcance da voz humana; e a imagem não ia além dos desenhos ou pinturas, reproduzidos mediante custosos processos. (DOMENACH, 1963, p.15).
44 O cenário descrito acima foi o encontrado por Deodoro da Fonseca no final do século XIX. Os instrumentos de propaganda se resumiam aos jornais republicanos (escrita), vendidos ou distribuídos à elite, diagramados em seis à oito colunas, com pequeno tamanho de letra, sem nenhum atrativo ilustrativo com figura ou fotografia, a não ser os anúncios publicitários; os comícios (palavra falada) nos clubes republicanos e militares reuniam somente algumas dezenas de pessoas, com o entrave do alcance da voz. A propaganda que antecedeu o pleito eleitoral de Deodoro foi baseada no contato pessoal e nas alianças entre os políticos (imagem), visto que era uma eleição indireta, sem contar com o voto da população. Este propaganda voltada somente aos políticos votantes da primeira eleição presidencial do Brasil contraria as idéias de TCHACKOTINE (1967, p. 258), ao afirmar que o sucesso de um movimento político consiste em angariar e conscientizar um grande número de cidadãos: É evidente que um movimento político só tem a possibilidade de sucesso se suas idéias são adotadas por um número considerável de pessoas que delas se apoderem por um processo de assimilação e, além disso, quando são compreendidas e sustentadas, de maneira unânime, pela grande maioria dos adeptos desse movimento. Se essas condições estão presentes ao espírito, logo se compreende que um tal movimento político só pode obter rápido sucesso se tem uma maneira – por assim dizer estenográfica – de exprimir suas idéias, um simbolismo próprio; poderá, então ser aceito, de forma rápida e uniforme, por um grande número de pessoas.
Desconsiderando a propaganda do pleito eleitoral de Deodoro da Fonseca, e ressaltando a propaganda mais ampla do movimento republicano vigente na época, o quadro do apoio popular se modifica. O Partido Republicano de São Paulo atuava como uma poderosa força política, devido a sua vigorosa organização, sobretudo pelo prestígio moral obtido com os sucessivos triunfos. No período que antecedeu a Proclamação da República, os alicerces do governo imperial estavam abalados. Os conservadores pregavam a falência do regime, os fazendeiros, se rebelam contra a monarquia em razão da abolição da escravatura e os militares também se ressentiam. A imprensa republicana aumentava consideravelmente, sendo composta, então, por 74 jornais (MENEZES, 1974, p. 60).
45 O período da propaganda republicana não terminou com o som dos gritos populares: “Viva a República!”, no dia 15 de novembro de 1889, mas teve ecos na primeira eleição presidencial ocorrida em 25 de fevereiro de 1891, quando foram eleitos os militares Deodoro da Fonseca, como presidente e Floriano Peixoto, como vice. Somente em 1º de março de 1894, Prudente de Morais passaria a governar o país, como o primeiro presidente civil eleito através do voto direto. 1.1.1.Definição de Propaganda Ideológica Para Nelson Jahr GARCIA (1986, p.10-11), a função da propaganda ideológica é “formar a maior parte das idéias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social”. Ele explica que “as mensagens apresentam uma versão da realidade a partir da qual se propõe a necessidade de manter a sociedade nas condições em que se encontra ou de transformá-la em sua estrutura econômica, regime político ou sistema cultural”. A propaganda republicana defendeu a ideologia do sistema de governo denominado a República. Porém, poucos cidadãos se davam conta da influência desta propaganda. “Não é mais tão fácil perceber que se trata de propaganda e que há pessoas tentando convencer outras a se comportarem de determinada maneira (GARCIA, 1986, p.11)”. Por toda parte e em todos os momentos são propagadas idéias que interferem nas opiniões das pessoas sem que elas se apercebam disso. Desse modo, são levadas a agir de uma ou outra forma que lhes é imposta, mas que parece por elas escolhida livremente. Obrigada a conhecer a realidade somente naqueles aspectos que tenham sido previamente permitidos e liberados, acaba tão envolvida que não têm outra alternativa senão a de pensar e agir de acordo com o que pretendem dela (GARCIA, 1986, p.12).
GARCIA (1986, p.25) defende que uma ideologia é composta por rês tipos de idéias: as representações, os valores e as normas. Representações “são idéias a respeito de como é a realidade”. Valores “são idéias a respeito de como deve ser a realidade” e Normas “são aquelas idéias a respeito do que deve ser feito para transformar a realidade ou mantê-la nas condições em que se encontra”.
46 A ideologia republicana se baseava nos princípios democráticos como a liberdade de ação e expressão, onde o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou por meio de seus representantes livremente eleitos. O autor diferencia propaganda comercial, eleitoral e ideológica. Ele explica que a propaganda eleitoral é geralmente utilizada em vésperas de eleições. Mensagens são veiculadas nos meios de comunicação e divulgam o discurso do candidato. “Apelos pessoais, convidam a votar em determinado candidato, enaltecem suas qualidades positivas e informam sobre as obras que realizou no passado e as que irá fazer no futuro (GARCIA, 1986, p.11)”. A propaganda política exercida por Deodoro foi cautelosa. Ele chegou a fazer discursos em clubes militares pedindo apoio, mas não pedia voto diretamente. Até o momento presente desta pesquisa, não se tem registro de ‘santinhos’ com seu nome e número, mas os ‘deodoristas’ –políticos que o apoiavam- fizeram campanha para legitimálo no poder, obtendo êxito. O autor confirma esta legitimação do regime. “A propaganda encarregou-se de enaltecer os presidentes, apresentando-os como líderes os mais indicados para serem chefes de governo”. Ele afirma que “com a construção de uma imagem positiva dos presidentes, esperava-se conseguir despertar a confiança da população para suas decisões, explicações e esclarecimentos (GARCIA, 1986, p.15)”. GARCIA afirma que a propaganda ideológica pode ser exercida por meio da codificação, controle ideológico, contra propaganda e difusão. “A codificação é o processo pelo qual as idéias são transformadas em mensagens passíveis de serem transmitidas e entendidas (GARCIA, 1986, p.45)”. Os manifestos republicanos no final do período monárquico constituíam “formas de simplificação em que se encontram selecionadas e destacadas as idéias centrais de uma determinada ideologia”. O controle ideológico é exercido por: grupos da classe economicamente mais forte. Eles os utilizam para a difusão das idéias e opiniões que lhes são favoráveis, não permitindo que se propaguem ideologias contrárias ou fatos que contestem seus interesses (GARCIA, 1986, p.51).
Os jornais, tanto republicanos como monarquistas, exerceram de maneira concreta o controle ideológico em seus leitores. Cada jornal procurava evitar que “os receptores
47 possam perceber a realidade por outro prisma que não aquele que lhes é proposto. Fazem isso tanto impedindo a formação de outras ideologias como neutralizando a difusão das já existentes (GARCIA, 1986, p.51)”. Outro modo de controle ideológico exercido durante o governo provisório de Deodoro da Fonseca, foi à censura a jornais como, por exemplo, o periódico A Tribuna Liberal que teve sua redação assaltada, e deixou de circular por breves períodos. “Através dela [a censura] se definem os limites do que pode ou não ser divulgado, neutralizando-se as possibilidades de manifestações contrárias aos valores defendidos pelos governos (GARCIA, 1986, p.51)”. A contrapropaganda foi utilizada pelos monarquistas e republicanos que não conseguiram “obter o monopólio das informações através do controle ideológico, os grupos procuram neutralizar as idéias contrárias através da contrapropaganda (GARCIA, 1986, p.60)”. Ela se caracteriza pelo emprego de algumas técnicas que visam a amenizar o impacto das mensagens opostas, anulando seu efeito persuasivo. Procura colocar as idéias dos adversários em contradição com a realidade dos fatos, com outras idéias defendidas por eles próprios ou em desacordo com certos princípios e valores aceitos e arraigados entre os receptores. Outras vezes, atua de forma indireta, tentando desmoralizar as idéias, não pela indicação das contradições que envolvem, mas pela crítica à personalidade ou ao comportamento daqueles que as sustentam
(GARCIA, 1986, p.60). Os opositores de Deodoro utilizaram os desentendimentos dele com os ministros durante o Governo Provisório -que chegaram a pedir demissão coletiva- para prejudicar a imagem dele na primeira eleição presidencial do país. De personalidade forte e ditatorial, Deodoro da Fonseca gerou polêmica nas ações que acreditava, como na construção do Porto das Torres, defendido pelo militar e contrariado por Rui Barbosa e outros. As principais características de Deodoro eram “temperamento rebelde, impulsos incontrolados e revolta contra praxes anacrônicas”, segundo KOIFMAN (2002, p.20) apud WINZ. “Deodoro era dono de humor ácido. Não são poucos os relatos de suas explosões diante dos que lhe pediam favores políticos ou pessoais”. Tais características do Marechal eram utilizadas pelos “veículos de comunicação [que] constantemente, difundem charges, apelidos e sátiras que desmoralizam e desfiguram dirigentes e líderes políticos, tornando-os engraçados ou mesmo ridículos (GARCIA, 1986, p.64)”. “Quebram, assim, a imagem de respeito que estes pretendem impor e afetam o
48 conteúdo de suas afirmações”. A Revista Ilustrada foi o principal veículo no final do século XIX, divulgador de charges, principalmente as de Ângelo Agustinho. “Dentre as formas de difusão utilizadas pela propaganda ideológica, a oral, através da palavra falada, ainda é uma das mais importantes. Empregada desde a antiguidade, foi a forma preferida por inúmeros líderes (GARCIA, 1986, p.65)”. A principal ferramenta de propaganda utilizada por Deodoro e os ‘deodoristas’ foi à difusão oral nos comícios, nos discursos na Assembléia Constituinte e nas conversas informais. O discurso do Marechal era eloqüente, forte e conciso. Além disso, o discurso e a pregação constituem as únicas formas que permitem reunir um grande número de pessoas, até mesmo em grandes praças públicas, de tal forma que cada indivíduo sinta sua personalidade diluir-se na multidão, percebendo-se como parte de um todo e tendendo a acompanhar as manifestações da maioria. Tem-se aí a possibilidade de produzir uma impressão de unanimidade tão persuasiva quanto os argumentos do orador (GARCIA, 1986, p.65).
Outra forma de difundir a propaganda ideológica é pela seleção de informações. Algumas maneiras de manipular os fatos segundo GARCIA (1986, p.68) é a “fragmentação da realidade, implícita na própria forma como são apresentadas as notícias”. Ele explica “Outra forma de manipulação é realizada pelo maior ou menor destaque que se dá à notícia. A página em que é colocada, a dimensão do texto, o título, o maior ou menor número de pormenores contidos na descrição permite dar aos fatos um ou outro significado”. Esta dimensão de texto, título e o discurso nos impressos, será analisada nos principais jornais republicanos e monarquistas disponíveis na Biblioteca Nacional, nos dias que antecederam o dia 25 de fevereiro de 1891, data da primeira eleição presidencial no país. GARCIA (1968, p.75) confirma outras maneiras de difundir a propaganda, por meio de “cartazes, ilustrados ou não, em cores ou em branco e preto, são bastante utilizados para afixação em muros e paredes visando transmitir algumas idéias fundamentais através de um impacto rápido”. Esta ferramenta de ‘fixar idéias’ foi apontada por SILVA (1962) quando ele explica as causas que apressaram a Proclamação da República. A questão religiosa, culminada pela prisão dos Bispos, pois a religião católica era adotada pelo Estado, a abolição da escravatura, que sacudiu os alicerces econômicos e sociais do Império, as questões militares e a propaganda republicana espalhada por todo o país pelos clubes e jornais republicanos, apressaram a queda do Império (...) (SILVA, 1962, p.28).
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Mas a verdade histórica é que sem a espada de Deodoro, sem a ação firme, embora discreta, de Benjamim Constant, sem a propaganda e a atividade política de Bocayuva, a República não teria sido proclamada e radicada no Brasil, naquele ano de 1889, tal como o foi, pacificamente (SILVA, 1962, p.32)
SILVA (1962, p.31) faz uma crítica aos historiadores Oliveira Vianna e Leôncio Basbaum –este último citado neste projeto- de ‘apoucar’ a influência da propaganda republicana para a proclamação da República. “Eles próprios referem-se ao grande número de jornais e de clubes republicanos existentes que incitavam e agrupavam os correligionários preparando a opinião pública para a aceitação do futuro regime”. O autor é mais enfático, “á vista disso não é possível aceitar a tese da ineficiência ou da insignificância da propaganda”. Além deles, inúmeros outros impressos auxiliam a difundir mensagens. “Os ‘manifestos’ explicam e defendem uma determinada posição perante certos fatos econômicos e políticos. Os ‘panfletos’ divulgam fatos, notícias ou crítica a determinadas idéias e propostas”. Também há “os ‘volantes’ que servem para difundir nomes, frases, slogans, palavras de ordem e símbolos ou para anunciar e convocar reuniões e movimentos (GARCIA, 1986, p.75)”. No final do século XIX, período analisado nesta dissertação, os manifestos republicanos foram os meios de difusão mais utilizados. Os volantes informavam as reuniões do Partido Republicano, nos clubes militares e os panfletos, eram os jornais que chegaram a tirar edição extra, nas vésperas das eleições de fevereiro de 1891, como comprova o texto abaixo: A 10 de janeiro de 1891, o redator-chefe da A Tribuna, Antônio de Medeiros, fazia circular extraordinariamente esse jornal, tirando uma edição especial, um número único, inesperado, cujo objetivo parecia ser o de historiar o ataque levado a efeito contra a sua redação a 29 de novembro do ano anterior, mas era, em verdade, um violento manifesto contra a candidatura do marechal. O panfleto de Antônio de Medeiros repercutiu no Congresso Constituinte, através de César Zama, que fez a leitura integral da primeira página de A Tribuna, de modo que ficasse constando dos anais do Congresso Constituinte o libelo de Antônio de Medeiros (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, P. 278).
Por fim, GARCIA confirma que “estátuas e bustos concretizam o prestígio daqueles que devem ser considerados heróis”. Atualmente, o primeiro presidente do Brasil, Deodoro
50 da Fonseca é lembrado no país, por meio de nomes de ruas, avenidas, praças, metrô, bustos, quadros e outros.
1.1.2.Definição de Marketing Político e Marketing Eleitoral Se Jesus apenas com a palavra falada, tendo apenas o apóstolo Paulo, como Assessor de Imprensa, e mais onze apóstolos para assessora-lo nas outras áreas, conseguiu repercussão universal, imagine hoje, o que não conseguiria se tivesse a sua disposição Jornal, Rádio e TV (DIAS, 2004, apud Roberto Dalpiac RECH). Rubens FIGUEIREDO (1994) define marketing político como sendo, um conjunto de técnicas e procedimentos que tem como objetivos adequar um candidato ao seu eleitorado potencial, procurando faze-lo, num primeiro momento, conhecido do maior numero de eleitores possível e, em seguida, mostrando-o diferente de seus adversários, obviamente melhor do que eles.
Ele diferencia marketing político e marketing eleitoral. “O marketing político é algo mais permanente, é quando o político no poder se preocupa em sintonizar sua administração com os anseios dos cidadãos. Trata-se de um trabalho de longo prazo”, expõe. “Já o marketing eleitoral aparece na hora do ‘vamos ver’, quando todos os candidatos saem á procura de um mandato”. No caso da eleição de Deodoro, ele utilizou algumas técnicas da propaganda política e ideológica, como descrito acima, o que não pode ser chamado de marketing político. Ele não procurou ser conhecido pelo maior número de eleitores possível. Foi escolhido pelos deputados da Assembléia Constituinte. O único procedimentos que ele utilizou para mostrálo melhor que seus adversários, foi a difusão oral. Na época, não existia, rádio e televisão, principais veículos de comunicação usados nas atuais campanhas eleitorais. Remetendo ao surgimento do marketing político, FIGUEIREDO (1994) afirma que a primeira vez que um candidato contratou uma agência de publicidade para fazer sua propaganda na televisão foi na campanha de 1952, nos EUA. “O candidato era o general Eisenhower que, na ocasião, foi acusado pelos seus adversários de ‘tentar se vender como se vende um sabonete’”. A profissionalização das campanhas políticas registrava reações negativas desde o início.
51 Mas foi em 1960 que o marketing político começa a ganhar contornos definitivamente modernos. “A televisão passa a desempenhar um papel preponderante nas campanhas. Foi neste ano também que os americanos assistiram um debate de candidatos à Presidência pela televisão (FIGUEIREDO, 1994)”. Naquele ano, John Kenedy, pelo Partido Democrata, e Richard Nixon, pelo Partido Republicano. No Brasil, o marketing político profissional é um fenômeno recente. “As descontinuidades do regime democrático entre nós retardaram sua utilização no país (FIGUEIREDO, 1994)”. Somente a partir das eleições presidenciais de 1982, o marketing político passou a ser utilizado com mais rigor e regularidade nas campanhas eleitorais. Apesar de ser um fenômeno recente, segundo QUEIROZ (2005, p.14), o Brasil “é exportador de mão-de-obra especializada nas áreas de produção de vídeos e áudio para campanhas eleitorais na América Latina e na Europa. Também exporta brindes. E, ao mesmo tempo tem sido fortemente influenciado por consultores internacionais”. FIGUEIREDO exemplifica que políticos como Getúlio Vargas e Jânio Quadros, por exemplo, sempre tiveram uma ‘marca’, como garantia da sua identidade com o povo. “A atuação de ambos, entretanto, pouco tinha a ver com o marketing político moderno. Tratava-se da era da quase pré-comunicação de massa”. No caso do marechal Deodoro da Fonseca o que predominou foi o seu ‘feeling pessoal’. Ele não adotou conselho de especialistas ou seguiu indicações de pesquisas, pois estes recursos não existiam na época. Adolpho QUEIROZ (2005, p.11) confirma que no final do século XIX, havia evidências de ações de marketing político. “Prudente de Moraes mandava cartas aos seus eleitores pedindo dinheiro para a campanha e votos, viajava em trens para fazer comícios e fazia da imprensa um elemento de difusão do seu nome”. O autor acima define marketing político como uma atividade multidisciplinar. Ele [o marketing político] tem interfaces com a administração, quando procura sistematizar e hierarquizar procedimentos a serem adotados por candidatos e/ou partidos (como a definição de uma agenda política pessoal ou a arrecadação de fundos para uma campanha eleitoral); com a psicologia, quando adota a persuasão como estratégia de comunicação (transformando candidatos sisudos em sorridentes, dogmáticos em populares, tristonhos em enfáticos); com a própria dimensão política, quando alinha candidatos e partidos em determinadas dimensões ideológicas (tendo que mostrar como candidatos socialistas, liberais ou socialdemocratas resolverão os problemas de emprego, educação ou saúde); e, por fim, com a publicidade eleitoral, que envolve a comunicação em diferentes veículos (tendo que mostrar conteúdos simbólicos, ‘slogans’, ‘jingles’ e discursos que funcionam como marcas registradas de uma candidatura), (QUEIROZ, 2005, p.10).
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Na classificação dos cinco tipos de candidatos de FIGUEIREDO, Deodoro da Fonseca se encaixa em dois tipos: “aquele que tem sólida base corporativa ou que fez alguma coisa importante para alguma categoria”. Deodoro como militar galgou todas as condecorações do Exército até chegar ao último posto, o de marechal; “aquele que ocupou algum cargo público importante e obteve notoriedade ou oportunidade controlar a máquina pública“. Deodoro foi presidente da província do Rio Grande do Sul, entre outras. Carlos Augusto MANHANELLI (1992), diz que o marketing eleitoral surgiu praticamente junto com o marketing. “Na fase mais antiga, os candidatos utilizavam-se de princípios básicos de divulgação para implantar sua campanha, fazendo o que seus conselheiros ou assessores, e eles próprios, achavam que seria melhor para os cidadãos”. No caso de Deodoro, nas vésperas de sua eleição, Campos Sales foi quem negociou com os demais candidatos e fechou as alianças a favor do Marechal. Outro conselheiro de Deodoro foi o Barão de Lucena, seu ministro e amigo até a morte. MANHANELLI (1992) retoma a idéia de que nas eleições na antiguidade, foram encontrados, nos escritos deixados pelos espartanos, atenienses e romanos, documentos em que se percebe, com pequenas variações, que as ações que se fazem presentes nas eleições contemporâneas repetem-se na base da Antiguidade. O autor explana sobre a diferença do marketing eleitoral e propaganda. “Na fase de propaganda, os candidatos desenvolviam esforços para ‘vender’ e ‘difundir’ as ações sociais que produziam, tentando persuadir a sociedade à ‘compra-las’ como sendo o melhor que poderia ser feito”. Já, na fase de marketing eleitoral, “primeiro o candidato procura obter informações sobre aquilo que a sociedade quer, para aí então produzir propostas sociais adequadas a estes desejos”. A definição de MANHANELLI (1992), diz que o marketing eleitoral consiste em implantar técnica de marketing político e comunicação social integrados, de forma a angariar a aprovação e simpatia da sociedade, construindo uma imagem do candidato que seja sólida e consiga transmitir confiabilidade e segurança à população elevando o seu conceito em nível de opinião pública.
Ele afirma que cabe a propaganda eleitoral criar e produzir os símbolos, músicas, cores, tipo de material condizente com o público-alvo, estudos de mídia, formas de
53 propagação das atividades do marketing. É exercer em toda plenitude a criatividade MANHANELLI (1992). Ronald Amaral KUNTZ (1982, P.15), confirma que marketing político funciona acoplado ao candidato na busca da satisfação dos votantes. A partir desta união encara-se o problema de se atingir de maneira mais eficaz o consumidor e fazer com que, da forma mais eficiente, se saibam quais suas aspirações a fim de procurar satisfaze-las sem comprometer alianças e ideologias formadas pelo candidato.
KUNTZ (1982, p.15-16) ressalta uma peculiaridade do povo brasileiro, de votar no candidato e não em seu partido. “É imprescindível que o assessor procure ressalvar qualidades ou circunstâncias que favoreçam o político sem indispô-lo com o seu partido”. Na época de Deodoro, o Partido Republicano tinha forte atuação e importância na hora da votação. No Brasil há uma divisão entre publicitários e marqueteiros, segundo KUNTZ (1982). “Na primeira delas, considera-se o partido como sendo a empresa e o candidato como um produto a ser vendido. O preço é o voto”. A outra corrente considera as características pessoais do candidato, eliminando ou retocando apenas os seus defeitos mais aparentes, elaborando a campanha a partir de equilíbrio entre as aspirações populares e a realidade individual do candidato. Deodoro foi monarquista durante boa parte se sua carreira militar no Exército. Com a ‘questão militar’ –desavenças do Império e militares-, ele foi perdendo a crença no sistema monárquico, mas só assumiu que era republicano, nas vésperas de proclamar a República. Segundo KUNTZ, o marketing político não se preocupa apenas com o visual de uma campanha, mas envolve-se em toda a planificação e coordenação da mesma, ocupando-se de todos os detalhes que tomam tempo ao candidato. A primeira função do marketing político é eminentemente social; visa elevar o nível geral das campanhas, analisando sob todos os ângulos as necessidades da sociedade e orientando o candidato sobre a melhor maneira de atende-las. A segunda função visa aumentar a eficiência de uma campanha, estudando e elaborando métodos de ampliar a penetração de um candidato junto ao eleitorado, analisando as alianças mais viáveis, estudando símbolos, slogans, jingles, organizando roteiros e calendários de atuação, adequando cada material, serviço ou brinde, procurando dar personalidade distinta a uma campanha, para que ela aumente as suas possibilidades de memorização por parte do público. Além disso, o marketing político organiza e
54 administra todos os recursos da campanha, racionalizando os gastos e reduzindo os desperdícios, o que reflete automaticamente a redução dos custos (KUNTZ, 1982).
Esta profissionalização do marketing político não existia no final do século XIX. Para Francisco Guadêncio Torquato do REGO (1985) a política tende a receber, no Brasil, tratamento cada vez mais profissional. “Os tempos de mudança e as crescentes exigências sociais não mais aceitam improvisações. O marketing político, portanto, está fadado a instalar-se definitivamente no país”. Tal afirmação foi defendida acima quando QUEIROZ confirma que o país exporta marqueteiros para a Europa e América Latina. REGO distingue três alternativas estratégicas: o marketing não diferenciado, o marketing diferenciado e o marketing concentrado. O primeiro, são estratégias para se atacar o eleitorado de maneira massiva, globalizada. O marketing diferenciado utiliza estratégia para se trabalhar determinados grupos de leitores com programas diferenciados. E, o marketing concentrado usa estratégia de segmentação de mercado orientada para determinado grupo de eleitores. Hoje, a escolha do tipo de marketing depende dos recursos financeiros do candidato. Na eleição de Deodoro à presidência, não encontrei nenhum registro de arrecadação de dinheiro para o desenvolvimento da campanha política. Na opinião de Ney Lima FIGUEIREDO (2002), o marketing político sempre foi utilizado pelas grandes figuras da História. “Hitler, Stalin, Napoleão empregaram seu marketing político pessoal na propagação das suas idéias e propósitos. No Brasil, ninguém o fez melhor do que Getúlio Vargas, o ‘pai dos pobres’”. Numa visão do marketing político das últimas décadas, o autor defende que “foi o candidato eleito Fernando Collor que utilizou de maneira consistente, talentosa e competente todas as estratégias do marketing político que os políticos tradicionais tiveram tanta dificuldade para enfrenta-lo na campanha presidencial de 1989”. A vitória de Fernando Collor fez com que o marketing político ganhasse um destaque fundamental dentro da democracia brasileira. Renato Costa DIAS (2004) alega que as eleições – através do marketing político – saíram do cenário das disputas tradicionais para transformar-se em verdadeiros teatros de guerra moderna, onde “vence não o melhor candidato, mas o estrategicamente melhor
55 posicionado, pois o marketing bem sucedido vai requerer o apoio em estratégias centradas na competição”. O conceito de marketing político de DIAS (2004) abrange “quando o político eleito continua se dedicando ao marketing durante todo o exercício do mandato que conquistou, preocupando-se em sintonizar sua ação parlamentar com os anseios dos eleitores”. Hoje isso acontece por meio de pesquisas regulares, boa assessoria de comunicação, correção de possíveis falhas, publicidade dirigida, etc, tratando-se de um trabalho em longo prazo. DIAS (2004) explana alguns métodos convencionais de uma campanha eleitoral. Nesse sentido, a campanha de Deodoro para a presidência do Brasil, utilizou: discurso político; busca de espaço na imprensa escrita para noticiar a campanha, apresentar a pessoa do candidato e expor suas idéias e propostas; divulgação pessoal de porta a porta na disputa por cada voto; material impresso produzido na campanha; mobilização de voluntários a cabos eleitorais –deodoristas- para trabalharem, gratuitamente ou através de salários, durante o período da campanha. Resta esclarecer que o marechal não pediu voto nem espaço na imprensa para divulgar sua candidatura, todas as ações foram realizadas pelos políticos que o apoiavam. Os cabos eleitorais não eram pagos, mas pessoas que acreditavam que Deodoro seria o melhor presidente naquele ano conturbado que o país viveu. Dos métodos convencionais citados por DIAS (2004), Deodoro não utilizou: mala direta uso da imprensa escrita para divulgar matérias pagas; propaganda em pichação de ruas e paredes, pontes e viadutos, panfletos, volantes, santinhos, cartazes e jornais de campanha. DIAS (2004) tem uma boa justificativa para o uso do marketing pessoal, utilizado por Deodoro. Segundo ele, o marketing ‘boca-a-boca’ de uma pessoa em perfeito estado de sanidade mental, tende a ser divulgado para no máximo cinco pessoas, e uma notícia negativa tende a ser divulgada com sete pessoas, de acordo com pesquisa feita por uma empresa sediada em Arlington, Virgínia (EUA).
1.2.Os Manifestos Republicanos
56 O nosso passado responde pelo nosso futuro e o nosso futuro há de ser a justificativa do nosso passado. Quintino Bocayuva, In SILVA (1962).
Uma das maneiras de compreender a propaganda política realizada pelo primeiro presidente da República é analisar os manifestos republicanos que circularam no país de 1817 a 1888, buscando o novo sistema de governo. Os manifestos republicanos foram à base fundamental para o estudo das idéias republicanas no decorrer do século XIX. Os primeiros manifestos, distribuídos no país de 1817 até a proclamação da república em 1889, demonstraram a concepção política republicana e o posicionamento no liberalismo moderado que inspirou as instituições imperiais (RODRIGUES, 1994). No Manifesto da Revolução Pernambucana de 1817, embora não explícito o termo República, há elementos que indicam a reivindicação de movimentos declaradamente republicanos, como a separação da Província de Pernambuco com relação à Corte, a crítica ao despotismo do poder central, a defesa de uma vaga idéia democrática, bem como a insistência na necessidade de um governo ilustrado. O Manifesto do Levante Pernambucano de 1824, assinado pelo presidente provincial Manuel de Carvalho Paes de Andrade se constitui numa profissão de fé liberal, que é expressa nos seguintes termos: é inato no coração do homem o desejo de ser feliz, e este desejo, como princípio de toda a sociabilidade, é bebido na natureza e na razão, que são imutáveis. Para preenchê-lo é indispensável um governo que, dando expansão e coordenando todos os recursos, eleve os associados àquele grau de prosperidade e grandeza que lhe estiver nos planos da Providência, sempre disposta em favor da humanidade. Reconhecendo estas verdades eternas, adotamos o sistema de governo monárquico representativo e começamos nossa regeneração política pela solicitude de uma soberana assembléia da nossa escolha e confiança (RODRIGUES, 1994, p.10-11).
A profissão de fé liberal dos revolucionários pernambucanos de 1824 inspira-se em parte, na literatura revolucionária americana e francesa. Da revolução americana toma as idéias, expressadas por Jefferson (1743/1826) na declaração da independência dos Estados Unidos, em 1776, dos direitos inalienáveis do indivíduo á vida. Da literatura da Revolução Francesa são as idéias de soberania da nação -uma soberana assembléia constituinte da nossa escolha e confiança (RODRIGUES, 1994, p.11).
57 O Manifesto do Levante Baiano de 1837 ressalta duas idéias principais. A crítica ao despotismo político e financeiro do Governo Imperial e a reafirmação da luta em prol da liberdade do povo baiano, sem que se cheguem a determinar as instituições que garantiriam o real exercício dessa liberdade. No Manifesto da República de Piratini de 1838, assinado por Bento Gonçalves da Silva, presidente da república rio-grandense e pelo ministro do Interior, Domingos José de Almeida, demonstra a idéia separatista. Dentre as razões que motivaram a revolução separatista farroupilha, segundo o manifesto: a necessidade de preservar a honra rio-grandense ultrajada pelo Governo Imperial (....). A convicção que o Rio Grande tem de ser igual aos Estados soberanos seus irmãos e de que o povo rio-grandense não reconhece outro juiz sobre a terra além do Autor da Natureza, nem outras leis além daquelas que constituem o Código das Nações (RODRIGUES, 1994, p.14).
Publicado no jornal A República do Rio de Janeiro, o Manifesto Republicano de 1870, assinado por Joaquim Saldanha Marinho, ex-presidente de Minas Gerais e São Paulo e por mais 57 republicanos, salientava que o autoritarismo e o regime de privilégios eram as principais causas da decadência política do Império. O manifesto afirmava que no Brasil imperial não havia representação por duas razões: porque não havia eleições livres, devido ao controle exercido pela força pública, e por causa da existência do poder moderador capaz de dissolver a Câmara e apoiado num senado vitalício. Os republicanos de 1870 afirmavam que enquanto houvesse Monarquia no Brasil, seria impossível fazer representar os interesses dos cidadãos. A cultura jornalística dos signatários desse manifesto revela-se pelas mãos de Firmino da Silva, Francisco Octaviano e Sayão Lobato, todos do Correio Mercantil, Pinto Campos da Constitucional de Pernambuco, Barão de Cotegipe do Diário do Rio de Janeiro, Joaquim Manoel de Macedo do Diário do Povo e João Mendes de Almeida do Diário de S.Paulo (RODRIGUES, 1994, p.20). O manifesto acima marca a criação do Partido Republicano Federal, dirigido por Saldanha Marinho até 1888. Enquanto José do Patrocínio foi o polemista lutador da Abolição, a propaganda da República teve seu órgão jornalístico em Quintino Bocaiuva, o polemista da República.
58 Quintino também foi poeta, dramaturgo, crítico literário e teatral, além da principal vocação, o jornalismo político, iniciado com Antônio Ferreira Vianna, que foi Conselheiro e Ministro do Império, “no jornalzinho efêmero de jovens estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo, A Hora, onde manifestou, desde então, ainda adolescente, suas preferências pela forma republicana de governo, às quais ficou fiel até sua morte (SILVA, 1962, p.24)”. Bocayuva serviu ao Partido Liberal durante o Império, cujas idéias democráticas mais se assemelhavam aos seus ideais republicanos e em cujas fileiras se encontravam seus melhores amigos (SILVA, 1962, p.25). Ele foi considerado o mais lúcido dos propagandistas da República, tendo iniciado esta atividade com o manifesto de 1870. Mas foi em O Paíz, financiado pelo Conde de S. Salvador de Matosinhos, que Bocayuva teve o seu mais largo e brilhante período de propaganda contra a Monarquia. De 1884, ano em que surgiu O Paíz, até 1889, esforçou-se o jornalista e o político “em ‘evangelizar’, como se dizia na época, o princípio democrático e republicano, tornando-se um dos elementos mais eficazes na capital do Império, na luta contra a Monarquia (SILVA, 1962, p.26-27)”. O Manifesto de 1870 foi publicado no primeiro número do periódico A República que seria o órgão oficial do novo Partido. Circulava então três vezes por semana. A partir de 4 de outubro do ano seguinte [1871], a folha republicana, já sob a responsabilidade de Luiz Barbosa da Silva, passa a ser editada em oficinas próprias e a circular todos os dias, figurando como seus redatores Quintino Bocayuva (...). Durante o seu curto período de existência, A República sofreu várias modificações em sua direção administrativa até que 9 de outubro de 1972 assume a direção pessoal do jornal Quintino, cujo ardor pelos ideais que esposara se revigorava cada vez mais no combate a dinastia bragantina. A República, cuja edição diária atingiu a doze mil exemplares, tornando-se ‘a folha mais atraente do Rio de Janeiro’, durou até 28 de fevereiro de 1874 (SILVA, 1962, p.61).
Quintino Bocayúva escreve então para O Cruzeiro e O Globo, sua missão jornalística é assim descrita: representante da causa social, patrono obrigado de todos os interesses legítimos, cumpre-lhe ser, no sacerdócio da imprensa, o defensor de todos os direitos e o respeitador de todas as crenças, porque, nesse alto pôsto, o seu olhar abrange toda as opiniões, todas as nuanças políticas da sociedade brasileira (SILVA, 1962, p.62).
59 Bocayuva dirigiu O País. Ele insiste na tese de que ‘um bom jornal’ deve ser neutro e por isso ele enfrenta críticas dos que o acusam de ter abandonado as idéias republicanas. Em 1884, funda-se O País. O seu primeiro exemplar aparece no dia 1º de outubro (...). Era o único jornal que dava lustre à imprensa brasileira, o único elogiável sem reservas e restrições, o único capaz de exercer salutar influência sobre a vida política desmoralizada do país. Independente, fundamentalmente livre de quaisquer peias, tinha como programa os interesses gerais do país e o progresso material e moral da Nação (SILVA, 1962, p.62).
Com a fundação do Clube Republicano Federal há um princípio de recrudescimento da propaganda pela imprensa. Novos jornais começaram a surgir. O Brasil Americano, A Lanterna, numa tentativa de despertar e reerguer o espírito do Manifesto de 70, sob a direção agora de Aristides Lobo, considerado o chefe da ala radical do Partido. Durante os anos que se seguem, há como que uma parada, uma pausa nas atividades republicanas. Somente em 1886/87 começa o movimento a reerguer-se mercê de novos nomes que vão surgindo na luta. Vários clubes e jornais são fundados, o partido participa de várias eleições, embora sempre sem êxito (BASBAUM, 1967, p.208). O cenário político após o Manifesto até a Proclamação da República consistia no regresso de D. Pedro II ao Brasil em julho de 1888, não reassumindo efetivamente o poder. Mostrou-se, ao contrário, cada vez menos assíduo nas atividades públicas e permaneceu longo período em Petrópolis. O imperador repousava, mas a propaganda republicana não. Ao contrário, fortalecia-se (CUNHA, 1999, p.558). Excelente argumentador, Quintino Bocaiúva conseguiu forjar um ‘partido da ordem’, ordem capitalista, desejada pelos setores agrários e, boa parte das elites urbanas e da ordem como fundamento da autoridade e do progresso, desejada pelos militares, positivistas ou não (CUNHA, 1999, p. 559). No Congresso Republicano de maio de 1889 em São Paulo, Bocaiúva foi encarregado da propaganda do movimento, realizando uma campanha de doutrinação pela imprensa. Seu desejo mais ardente era a mudança do regime monárquico pelo republicano. Ele poderia ser chamado hoje, o ‘marqueteiro’ do movimento republicano. Quintino Bocaiúva foi eleito chefe do Partido Republicano Nacional, pois Saldanha Marinho, velho e doente, não mais podia exercer essas funções. A eleição de Quintino significava a vitória dos grupos moderados do partido em oposição aos grupos radicais dos quais o mais importante era o de Silva (BASBAUM, 1967, p.219).
60 SODRÉ (1999, p.251-2) defende a idéia de que Quintino foi à figura mais eminente da imprensa brasileira em sua época: Autêntica vocação para o jornalismo permitiria a Quintino, desde os bancos acadêmicos, impor-se nessa atividade, ainda quando ela parecia subalterna e até negativa, entre nós. Escritor, homem culto, personalidade marcante em seu tempo, optara finalmente pelo mister que o glorificaria, e que ele sempre honrou, abandonando pouco a pouco as ilusões literárias, a crítica, o teatro, sempre acatado como par, entretanto, no meio dos homens de letras. Republicano convicto, com os maiores e mais antigos serviços à causa do novo regime, em cuja propaganda se empenhara desde os tempos de estudante, e a cujos princípios ficou fiel ao longo de toda a sua existência, como político e como jornalista, a entrada de Quintino Bocaiúva para o primeiro ministério republicano era mais do que o reconhecimento de seus serviços e de seus méritos pessoais, porque era o reconhecimento da importância que a imprensa tivera no advento do novo regime. Ninguém a poderia representar melhor, realmente.
No fim de 1871, o Clube paulista subscreve o Manifesto de 1870 embora ressalvando o seu desejo de permanecer independente. (BASBAUM, 1967, p.211). No Rio Grande do Sul, segundo José Maria dos Santos na obra A Política do Brasil, não houve propriamente republicanos históricos, no sentido que adquirimos ao pensar em Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo e Prudente de Morais (BASBAUM, 1967, p.214). Assinado por Antônio Augusto da Fonseca e mais quatro republicanos, o Manifesto do Congresso do Partido Republicano Paulista de 1873, obedecia à finalidade prática de divulgar as linhas mestras traçadas pelos republicanos no Congresso realizado em São Paulo naquele ano, no aspecto relacionado com a orientação do Partido na Província. O Manifesto do Clube Republicano do Pará de 1886 demonstrou pela primeira vez “as idéias de fraternidade americana (geográfica e cronológica: une os países e as diferentes gerações) e da dimensão mística dessa luta que tem seus próprios mártires (RODRIGUES 1994, p.22)”. Assinado por J. Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva e Campos Salles, o Manifesto do Congresso do Partido Republicano Federal de 1887, fez uma ampla crítica à monarquia e ao sistema do governo do Império que eram os responsáveis diretos pela situação de crise vivida pelo país. Elaborado por Rangel Pestana, Américo de Campos e Silva Jardim, o Manifesto do Congresso do Partido Republicano Paulista de 1888, assinado por Manoel Ferraz de
61 Campos Salles, presidente do Partido da Província de São Paulo, referia-se a Lei Áurea que recém extinguia a escravatura. O último manifesto antes da Proclamação da República, segundo RODRIGUES (1994), o do Partido Republicano de Pernambuco de 1888, obra provável de Aníbal Falcão, é uma unção de idéias positivistas que influenciou os jornais de Recife: A crença (1870), O Americano, O Movimento (1872) e O trabalho (1873).
1.3.Partidos Políticos “A era dos partidos está desaparecendo. Os partidos eram importantes na era da ideologia. Hoje são irrelevantes e políticos não identificados com partidos tem obtido vitórias importantes, como Collor no Brasil”, de Dick Morris, ex-assessor do presidente americano Bill Clinton, In: QUEIROZ, 2005, p.19. Quem ganha [o candidato], evidentemente, fica feliz e passa quatro anos administrando o seu mandato. Quem perde continua em campanha a partir do dia seguinte ao anúncio do resultado (QUEIROZ, 2005, p.15).
O manifesto de 1870 foi a ‘voz de um Partido que se alça para falar ao país’. O documento atacava a monarquia hereditária, o Senado vitalício, o sistema eleitoral, a centralização do poder, o excessivo poder de D. Pedro II e propõe um novo regime de governo, a República Federativa. “Se a organização dos Republicanos em um partido político era um fato novo, não eram novas as idéias republicanas. Elas, tradicionalmente, estavam ligadas, desde antes da Independência, a todos os movimentos contestadores (CASALECCHI, 1981, p.40)”. No regime monárquico, os dois tradicionais partidos foram o Conservador e o Liberal. “Tinham os seus programas e alternavam-se no poder de 1840 a 1889 (CASALECCHI, 1981, p.40)”. Os conservadores eram os defensores da monarquia, da centralização do poder, da administração e instituições do Império. Os liberais pretendiam reformas: extinção do Poder Moderador, do Senado vitalício, a descentralização do poder, o fim do Conselho de Estado, reforma eleitoral. As idéias desses últimos estavam próximas aos ideais defendidos pelos republicanos, mas não propuseram a mudança de regime. Um terceiro partido existente na monarquia, foi o Partido Progressista criado em 1862, composto por liberais e conservadores moderados. “Conseguem o poder de 1862 e
62 1868. Pretendiam a moralização dos costumes políticos, a descentralização administrativa, a reforma eleitoral, a defesa dos direitos dos indivíduos (CASALECCHI, 1981, p.42)”. De acordo com a legislação imperial, era necessário estabelecer listagens de eleitores e elegíveis em cada distrito eleitoral, conforme suas faixas de renda. Todo homem livre que tivesse superior a 200$000 réis era qualificação como votante. Mas foi em 1870 que os republicanos do Rio se julgaram suficientemente numerosos para se reunirem e fundar um Partido. No dia 3 de novembro desse ano, 30 pessoas fundam o primeiro Clube Republicano ou Partido Republicano. Um mês depois, precisamente a três de dezembro, é publicado o célebre Manifesto que, sintetizando a média do pensamento republicano, iria servir de base e ponto de aglutinação para os clubes republicanos que a partir daí se foram fundando em várias cidades do país (BASBAUM, 1967, p. 207). Com o lançamento do Manifesto Republicano de 1870 todos os Clubes Radicais do país foram convertidos em Republicanos, sendo inclusive criados novos em algumas localidades. Logo, devido ao seu grande engajamento, os clubes paulistas obtiveram maior evidência. Nesta época, o sentimento republicano era ainda uma idéia vaga, esparsa, distribuída por alguns elementos mais ou menos intelectualizados das cidades maiores, principalmente no Rio de Janeiro (BASBAUM, 1967, p.206). BASBAUM (1967, p.214), opina, “nunca houve em nosso país, em todo o período da propaganda, e nem mesmo depois da instauração da República, um Partido Republicano Nacional, que congregasse realmente numa unidade todos os republicanos do país”. Os dois maiores Partidos Republicanos do Rio e São Paulo era independentes entre si e suas relações eram antes formais. Sempre se mantinham, senão isolados, seguramente independentes. O partido só era nacional no nome. Ao estabelecer um partido organizado, os republicanos definiam uma direção central para garantir o sucesso de suas estratégias de comunicação. Na opinião de TCHAKHOTINE (1967, p. 292), “uma condição importante a preencher para o sucesso de uma propaganda maciça é a uniformidade e a simultaneidade da ação de propaganda em muitos lugares do país, de que resulta a necessidade de uma direção central para cada ação de grande envergadura”.
63 Em janeiro de 1872, Américo Brasiliense reúne em sua casa, na cidade de São Paulo, alguns republicanos para impulsionar o movimento neste estado. É constituída uma comissão formada por ele próprio, Campos Salles e Américo de Campos. Algumas conclusões são feitas, entre elas: a realização de uma Convenção em 1873, para estabelecer as bases de atuação do Partido no estado. Fica definida a cidade de Itu, devido a sua conveniente localização, aproveitando ainda a data prevista da festa inaugural da linha férrea da Companhia Ituana; promover, “por todos os meios a seu alcance larga e eficaz proteção à imprensa republicana, principalmente aos jornais que sustentam aquela idéia na Corte e nesta Província (DEBES, 1975, p. 94)”. A imprensa partidária tornou-se o principal instrumento de comunicação entre os membros do Partido Republicano, sendo considerada mais eficiente que circulares, justamente por levar rapidamente as notícias a todos os pontos do estado. Mais do que simplesmente facilitar o contato, os informes e notícias publicados nos jornais serviam como um forte instrumento de propaganda. A Convenção de Itu realizou-se no dia 18 de abril de 1873, ficando definido a formação do Partido Republicano Paulista e suas normas de funcionamento, transformando os clubes e núcleos dispersos, num partido político provincial organizado. Um partido político criado durante o Governo Provisório, em 28 de maio 1890, foi o Partido Católico, indicando D. Antonio Macedo da Costa (bispo do Pará) para sua presidência, mas o cargo não foi aceito. O partido propunha combater o ateísmo e anticlericalismo e à defesa das ‘crenças da igreja’, usando assim a resistência aos meios legais e pacíficos, sem nunca usar as armas revolucionárias (CASALECCHI, 1987, p.66). Em 1909, sob a chefia de Bocauyva e de Pinheiro Machado se fundou o Partido Republicano Conservador, para cooperar na execução do programa governamental do candidato, marechal Hermes da Fonseca (sobrinho de Deodoro) como “constituir-se em agremiação permanente e de ação política para o efeito de assegurar ao país um núcleo de elementos conservadores capazes de manter os princípios cardiais do nosso regime, acudir às nossas necessidades e fomentar o nosso progresso (SILVA, 1962, p.39)”.
64 1.3.1.O Partido Republicano Realizando uma propaganda serena, sem divisar pessoas, sustentando tão-somente idéias, através de conferências e de publicações, puderam os catequistas da república reunir dentro em pouco os rincões da Pátria, por intermédio de sociedades republicanas (SILVA, 1962, p.67).
Apesar da enorme extensão do território nacional e das deficientes via de comunicações então existentes, o Manifesto de 1870 obteve enorme repercussão em todo o país e ativou o entusiasmo pela doutrina democrática, contribuindo poderosamente para a formação de novos clubes republicanos e o agrupamento desses em partidos regionais, como o de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul (SILVA, 1962, p.68). “No dia 17 de janeiro de 1872, formava-se em São Paulo a comissão organizadora do Partido Republicano Paulista, que congregaria os antigos clubes radicais e os centros republicanos, para elaborar o programa da ‘Convenção de Itu’”. Segundo SILVA (1962, p.68) apud Affonso Taunay “era o primeiro ponto do território brasileiro de onde partiu vigoroso brado de adesão ao movimento republicano iniciado em 1870”. Para CASALECCHI (1987, p.47), “não foi mero acaso encontrar-se em São Paulo o mais forte Partido de oposição a Monarquia: o republicano. O desenvolvimento material pedia na década de 1860, dentre elas o espírito associativo dos paulistas”. O Partido Republicano de São Paulo tinha como base o fortalecimento dos núcleos municipais, os quais deveriam definir representantes para participar dos congressos anuais realizados pelo Partido. Após a convenção e o manifesto de 1870, coube aos republicanos organizar o Partido, fazê-lo representativo nas províncias, lutar pela maior e mais ativa participação na vida política imperial. Seria de bom procedimento fortalecer a unidade do partido através de um sólido Partido Nacional. Porém, esta tarefa, foi dificultada pelo “peso que os próprios republicanos davam ao federalismo o que acabou por estimular a autonomia partidária nas províncias (CASALECCHI, 1987, p.43)”. Apesar das tentativas dos republicanos do Rio de Janeiro para fortalecimento do Partido Nacional, o Congresso Republicano só aconteceu em junho de 1887 tendo como resultado: a constituição do Partido. No dia 1 de julho de 1873, instala-se solenemente na capital Paulista, o I Congresso Republicano Paulista e eleita a respectiva Comissão Diretora Permanente. No II Congresso
65 do Partido, em abril de 1874, foram aprovadas as Bases para a Constituição do Estado de São Paulo. “Em São Paulo, onde a propaganda escrita chegou a contar em toda a Província com vinte e um jornais, o órgão oficial do Partido surgiu a 4 de janeiro de 1875, com o nome A Província de São Paulo, tendo como redatores Rangel Pestana e Américo Campos (SILVA, 1962, p.69)”. O fato significativo da proposta do jornal foi discutido no Congresso de 1874. O Correio Paulistano (fundado em 1854) que fora ‘conciliador’, ‘conservador’ e ‘liberal’, passou a partir de 1872, a propagar o republicanismo, a Convenção de Itu, os atos oficiais do partido e o Congresso de 1874, datas em que voltou a ser liberal. Tal lacuna foi preenchida com A Província de S. Paulo que, apesar de ‘não ser órgão de Partido algum, nem advogar interesse deles’, conforme dispunha, era dirigido por José Maria Lisboa e contava com notórios republicanos entre seus organizadores: Rangel Pestana, Campos Salles, Francisco Glicério, etc. Em 1884 surgia, a partir de dissidência neste periódico, o Diário Popular, sob a direção de José Maria Lisboa, também republicano. Ao lado de A Propaganda (1871) e O Debate (1874), de curta duração, nascia com mais fôlego A República (do Clube Republicano da Faculdade de Direito), completando o rol da imprensa nesse acanhado número de periódicos (CASALECCHI, 1987, p.52).
No Rio Grande do Sul, onde era grande o número de clubes republicanos, Pinheiro Machado e outros organizaram as bases do Partido Republicano Riograndense, dirigiram na Província a propaganda do credo democrático. Do Clube Republicano de Porto Alegre partiria a 12 de dezembro de 1881 a circular convocativa para a Convenção Republicana a se reunir em fevereiro de 1882 (SILVA, 1962, p.69). No dia 1º de janeiro de 1884, começou a circular A Federação, folha oficial do Partido Republicano Riograndense, dirigido por Venâncio Ayres. O órgão oficial do Partido alcançou desde logo inexcedível fulgor na propaganda das idéias da novel agremiação, opondo-se triunfalmente ao ‘gasparismo’ então dominante. “Deve-se, no entanto, a Júlio de Castilho, o brilho com que se manteve posteriormente A Federação nessa memorável campanha de evangelização republicana no Rio Grande (SILVA, 1962, p.70)”. O Partido Republicano Mineiro foi fundado a 4 de junho de 1888, em reunião realizada em Ouro Preto, onde estiveram presentes 34 correligionários. No primeiro Congresso, no dia 15 de novembro do mesmo ano, compareceram delegados de 47 municípios, no qual discutiram e votaram o estatuto partidário, determinaram a fundação de um jornal e nomearam a comissão para redigi-lo. “Além dos clubes espalhados em todo o
66 país, constavam ainda os republicanos com vários jornais de disseminação doutrinária, cujo número se elevaria, em 1889, a 74 órgãos, segundo Oliveira Vianna (SILVA, 1962, p.71)”. Dentro da Academia de Direito de São Paulo, surgiram as primeiras manifestações democráticas. Em julho de 1874, Pinheiro Machado, fundou o Clube Republicano Acadêmico, em cuja presidência honorária estava Américo de Campos, do jornal A República. Posteriormente, surgiria o Clube 20 de Setembro e o seu órgão Evolução, periódico redigido por Júlio de Castilhos, cujo primeiro número circulou em 15 de abril de 1879 (SILVA, 1962, p.72). Em 1878, na Corte, alunos da Escola Militar, fiéis aos ideais contidos no Manifesto Republicano de 1870, fundaram o Clube Republicano da Escola Militar, cujas reuniões eram secretas (SILVA, 1962, p.72). O movimento republicano fluminense que tinha majoritária concentração na capital, o centro mais populoso e palco de todos os importantes acontecimentos políticos do Império eram dificultados pela presença do governo e de suas forças de repressão e cooptação (CASALECCHI, 1987, p.46). As convenções paulistas não foram realizadas anualmente. Os manifestos foram lançados em 1872, 1874, 1878, 1880 e 1888 (CASALECCHI, 1987, p.50). Apesar disso, uma doutrina republicana foi sendo esboçada e o Império sentia sua presença. A Partido Paulista se mobilizou para produzir o ‘Programa dos Candidatos’. Um trabalho coletivo dividido em doze capítulos, assinado em 18 de agosto de 1881, pelos nove republicanos que disputariam as próximas eleições gerais e provinciais. O Programa unificava a plataforma política dos candidatos e servia com um guia para as campanhas eleitorais. Surgiu como uma grande inovação por ter sido divulgado publicamente pela imprensa. Para garantir a visibilidade, foi sendo apresentado aos poucos, durante vários dias nos jornais partidários. Cada um dos candidatos empreendeu excursão eleitoral pelas localidades de seus respectivos distritos. Promovendo comícios, também chamados de meetings, para apresentar os princípios democráticos defendidos pelo Partido. Eles tinham consciência da eficácia da propaganda desenvolvida com dedicação individual, seguindo, ainda que intuitivamente, o conceito defendido por DOMENACH (1963, p. 50):
67 O verdadeiro propagandista, aquele que quer convencer aplica toda espécie de receita, segundo a natureza da idéia e dos ouvintes, agindo, de início, pelo contágio de sua fé pessoal, por suas próprias virtudes de simpatia e eloquência. Não são elementos facilmente mensuráveis; contudo, a propaganda de massa teria resultados insignificantes se não fosse sustentada por tenaz e múltiplo esforço de propaganda individual.
Mas apesar de todo empenho, nenhum republicano foi eleito para deputado da Assembléia Geral, em 31 de outubro de 1881. “Cinco dias depois, a 4 de novembro, realizam-se novas eleições, dessa vez para a renovação da legislatura provincial” (MENEZES, 1974 p. 43). Dessa vez, seis candidatos saem vitoriosos, pela primeira vez o Partido Republicano elege Deputados Estaduais, justamente no estado de São Paulo, comprovando a força do movimento paulista. Somente nas eleições de 1884, segundo pesquisa realizada por MENEZES (1974, p. 46), Campos Salles e Prudente de Morais, por São Paulo, e Álvaro Botelho, por Minas Gerais, seriam os primeiros deputados republicanos eleitos à Assembléia Geral. Os republicanos indicaram candidatos para oito dos nove distritos, utilizaram basicamente as mesmas estratégias de propaganda política de 1881, acrescentado uma inovação visual que merece destaque: “alguns dias antes do pleito, A Província (de São Paulo) dedica sua primeira página à propaganda de cada qual deles, em que a biografia do postulante é acompanhada de seu retrato em tamanho avantajado (DEBES, 1975, p. 107)”. Os republicanos agregaram valor estético inovador à propaganda escrita, rompendo as formas tradicionais e o pensamento vigente da época. Na visão de TCHAKHOTINE (1967, p.287): As possibilidades de ação de que tratamos podem ser secundadas por imagens que transmitem idéias e sentimentos com extrema rapidez e que são muito úteis como meios de evocação dos estados d’alma desejados. Uma organização racional da redação de um jornal visa criar, junto a ele, arquivos de informações e de imagens e classificá-los de modo que os elementos indispensáveis possam ser consultados em pouco tempo, o que contribui, naturalmente, para as necessidades do combate político por meio da imprensa.
A partir de 1886, no intuito de arregimentar novos adeptos, o Partido Republicano passa para uma nova fase de expansão propagandista. Reconheciam a insuficiência da imprensa, na campanha de proselitismo, mesmo contanto com sua intensa participação. Era
68 necessário pensar em estratégias de comunicação mais amplas e agressivas, precisavam agir e utilizar outros meios. Passariam a trabalhar a relação entre ideologia e política com maior vigor, na tentativa de transformar conceitos particulares em universais, seguindo a idéia de DOMENACH (1963, p.20): Outro tipo de propaganda, de tendência totalitária, decorre da fusão da ideologia com a política, intimamente ligada à progressão tática, joga com todas as “molas” humanas. Não se trata mais de uma atividade parcial passageira, mas de expressão concreta da política em movimento, como vontade de conversão de conquista e de exploração.
Assim, deram início às conferências doutrinárias, agindo mais uma vez de maneira inovadora, promovendo pela primeira vez no país, cursos de “Ciências Políticas”. A idéia teve origem e foi aplicada inicialmente pelo Clube Republicano de Campinas. O Movimento Republicano atinge seu momento de mais forte atuação com as decisões tomadas no Congresso Provincial do Partido em 1888. A proposta evolucionista defendida na Convenção de Itu é trocada, por muitos membros do partido, pela idéia de revolução. Esta idéia era encabeçada por Silva Jardim, como confirma SILVA: E fora de dúvida que os grandes agitadores republicanos dessa época foram Lopes Trovão, ardente e imaginoso orador de comícios, e Silva Jardim, cuja palavra inflamada empolgava o povo nas ruas. Ambos, segundo observa com oportunidade Evaristo de Moraes, agiram sem determinação nem delegação do Partido Republicano, o qual, numa e noutra fase, se os não repudiou, pelo menos não lhes deu aprovação (SILVA, 1962, p.84). A propaganda de Silva Jardim tomou, entretanto, tamanhas proporções, era tão evidente a sua eficácia, os seus resultados eram tão imediatos, que a monarquia tomou a deliberação de resistir-lhe. Cada vez que o orador republicano assomava à tribuna, corria iminente perigo de vida; pedradas, tiros de revólver, tumultos, lutas à mão armada interrompiam-lhe o discurso e ele, de pé na tribuna , com os braços cruzados, o sorriso nos lábios, esperava que a tormenta passasse e continuava (SILVA, 1962, p.85).
Portanto, Silva Jardim e Lopes Trovão agitavam o povo em comícios que muitas vezes eram dissolvidos, em meio de conflitos sangrentos, pela polícia ou pela guarda-negra, cuja missão consistia em perturbar as manifestações públicas dos republicanos e coagir os adeptos do novo credo (SILVA, 1962, p.87).
69 O congresso republicano de maio de 1889, em São Paulo iniciou-se com a demissão do Conselho Federal. Eleito Quintino Bocayuva, Silva Jardim –que propunha a revolução como forma de atingir o republicanismo- não aceitou a nova liderança e acabou por denunciar a debilidade do movimento republicano nacional. Em junho de 1889 realiza-se em Juiz de Fora, o último congresso até a proclamação da república. (CASALECCHI, 1987, p.44). Dias antes da proclamação, a Comissão Central do Partido se reúne no escritório de advocacia de Campos Salles e Bernardino de Campos, deliberando “desde logo prestigiar o movimento do Rio, proclamando aqui a nova forma de governo”. Também foi deliberado “fazer um grande comício popular e a ele submeter à escolha dos nomes de três cidadãos para constituírem o governo provisório (CASALECCHI, 1987, p.58)”. Eis aqui a confirmação da utilização de mais uma técnica da propaganda política, a realização de comícios. Após a Proclamação da República, durante o Governo Provisório, já na Assembléia Constituinte, articulava-se o nome de Prudente de Moraes para a candidatura a presidência. Embora contasse com a oposição inicial de Campos Salles e Bernardino de Campos, tal candidatura acabou tendo o apoio do Partido Republicano Paulista e da dissidência do Exército que, por não conseguir impor o nome de Floriano Peixoto, apoiou Prudente, cabendo a este militar a vice-presidência (CASALECCHI, 1987, p.60).
Instalada a Assembléia Constituinte em 15 de novembro de 1890, abre-se uma série de incidentes em termo da luta por cargos-chave, dos projetos sobre a soberania do poder legislativo e das limitações de poder do executivo, que culminaram com o a escolha do futuro presidente (CASALECCHI, 1987, p.61). O cenário mostrava a candidatura de Deodoro muito forte, especialmente entre os militares. O Partido Republicano Paulista divide os apoios: A partir de fevereiro de 1981, crescia a consciência do excessivo poder de Deodoro, especialmente depois da queda do primeiro ministério (21.1.1891) e da indicação do Barão de Lucena para o ministério (nome não aceito até por ferrenhos deodoristas) e com muita influência sobre o presidente. Por isso, a oposição civil e militar, busca o seu candidato. A indicação de Prudente de Moraes não tem o apoio de Campos Salles e Bernardino de Campos. Os deodoristas ameaçam com a ditadura militar, em caso de derrota pretendem dissolver a força a Constituinte. Os seus opositores procuram organizar a resistência, em caso de vitória: Bernardino de Campos articula-se com Jorge Tibiriçá (presidente do Estado de São Paulo), enquanto Campos Salles, no Rio de Janeiro, toma providências para resistir à ameaça deodorista (CASALECCHI, 1987, p.61).
70
O Partido Republicano Paulista organiza uma comissão revolucionária e articula-se com o movimento de resistência no Rio organizado em torno de Floriano Peixoto. O vice assume a presidência após renúncia de Deodoro. Passam-se décadas até que em 1926, é fundado o Partido Democrático, marcando o início do processo de decadência da oligarquia perrepista.
1.5.Biografia político-militar de Deodoro da Fonseca Manuel Deodoro da Fonseca nasceu no dia 5 de agosto de 1827 em Alagoas, então capital da Província de Alagoas, hoje Marechal Deodoro, a 20 km de Maceió. Filho de Manuel Mendes da Fonseca, militar que se insurgiu contra o Império e foi vereador da cidade de Alagoas, e de Rosa Maria Paulina da Fonseca, que teve dez filhos, sendo oito homens que seguiram a carreira militar e duas mulheres (KOIFMAN, 2002. p.21-23). Deodoro, terceiro filho, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família e aos 16 anos, matriculou-se na Escola Militar, terminando o curso de Artilharia em 1847. Um ano depois de formar-se, estava no Recife participando de sua primeira ação militar: conter a Revolta Praieira 1848-1850 (KOIFMAN, 2002. p.24). Casou-se aos 33 anos, no dia 16 de abril de 1860, com Mariana Cecília de Souza Meireles. Não tiveram filhos, mas adoravam os sobrinhos como Hermes da Fonseca, que também chegou a presidência, e João Severino da Fonseca Hermes, secretário Geral de seu governo. A herança política vem do pai de Deodoro, Manuel Mendes da Fonseca que tinha como objetivo de vida o alto comando. Mas a política atravessou sua vida. Quando vereador na cidade de Alagoas, então capital provincial, insurgiu-se contra o Império, que tencionava elevar a vila de Maceió a capital. Pegou na espada em 1839 em defesa dos interesses locais, mas o movimento foi derrotado. Assim, Manuel foi preso e deixou para trás a cidade, a mulher e os filhos – coincidentemente em 15 de novembro, meio século exato antes do famoso 15 de novembro que seu filho lideraria a Proclamação da República (KOIFMAN, 2002, p.21).
71 1.5.1. Combates e Condecorações Militares Dentre as combates e condecorações recebidas por Deodoro da Fonseca em sua carreira militar, consta (D’AMARAL, 1974, p.9-11): 1852- torna-se primeiro-tenente; 1856- torna-se capitão; 1859- viajou para o Mato Grosso; parte para o Uruguai onde participou do cerco de Montevidéu em 1865, ano em que seguiu com o Exército brasileiro para o Paraguai; participa do combate de Itapiru, é comissionado como major, comandante do 2º Batalhão de Voluntários da Pátria, recebe menção especial por desempenho no combate do Banhado; 1866- combate em Estero Bellaco, participa da batalha de Tuiuti, recebe condecoração com grau de cavaleiro da Ordem do Cruzeiro, efetivado como major; 1867- condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem do Cruzeiro e citado com louvor nas ordens; 1868- promovido a tenente-coronel por bravura, combate em Angostura e em Itororó, promovido a coronel por atos de bravura; 1869- recebe a medalha do mérito militar, participa da Campanha da Cordilheira e do combate de Peribebuí; 1870- embarca para a corte, nomeado dignatário da Ordem Imperial do Cruzeiro; 1874- promovido a brigadeiro (general de brigada); 1880- comendador da Ordem de São bento de Aviz; 1884- marechal de campo (general de divisão, comandante das armas da Bahia e do Rio Grande do Sul; 1885- quartel-mestre general (chefe da intendência e diretor do material bélico), cumula o cargo de vice-presidente da Província do Rio Grande do Sul, início da Questão Militar; 1887- pede dispensa do comando das armas e da vice-presidência da Província, presidente do Clube Militar; 1888- demitido do cargo de quartel-mestre general, candidato a senador pela corte e derrotado, manifesta-se contra o emprego do Exército na caça a escravos fugidos, nomeado comandante das forças de terra e mar em observação em Mato Grosso;
72 1889- volta à corte, enfermo e irritado com o governo. Recebe grande manifestação popular e começa o cerco dos republicanos. Proclama a República em 15 de novembro, e assume a chefia do Governo Provisório; 1889- Aclamado Generalíssimo de terra e mar, primeira crise do Ministério; 1891- demissão coletiva do Ministério, aprovação da constituição no Congresso. Deodoro eleito no dia 25 de fevereiro, presidente do Brasil, tendo Floriano Peixoto como vice. Dissolução do Congresso e renúncia de Deodoro. 1892- morre as 12h20 do dia 23 de agosto.
Capítulo 2. Proclamação da República
2.1. Antecedentes da Proclamação O visconde de Ouro Preto foi um grande opositor de Deodoro da Fonseca. Administrador de capacidade comprovada, homem público de intocável honradez, Ouro Preto se perdia pela intransigência, pela inflexibilidade e pelo espírito rigorista. Um exemplo de sua atitude áspera foi à escolha de Cunha Matos para exercer a presidência da Província de Mato Grosso, a quem Deodoro ficaria subordinado. “A intenção de Ouro Preto, ele o confessaria, mais tarde, em seu manifesto, era chamar Deodoro de seu desterro, fazendo-o regressar, prestigiado, à corte (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 10)”. A reação de Deodoro foi abandonar Mato Grosso. “Sua irritação era grande, não só pelos melindres que lhe causara a tentativa de impor-lhe uma subordinação ao coronel Cunha Matos, em que via um propósito de humilha-lo, como ainda por verificar, claramente, que servira de joguete à política imperial (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 12)”. Para aumentar o desgosto de Deodoro, ele toma conhecimento de que seu ferrenho inimigo, o senador Gaspar da Silveira Martins, beneficiando-se com a ascensão dos liberais ao poder, fora nomeado por Ouro Preto para a presidência do Rio Grande do Sul, cargo que Deodoro tinha ocupado. Ele ainda desliga dois professores da Escola Militar de Porto Alegre, dois amigos leais e dedicados de Deodoro. A missão dos novos presidentes de Províncias foi “preparar as eleições de sorte e assegurar o predomínio absoluto dos liberais na Câmara. Sentindo o perigo representado
73 pela compressão governamental, aliaram-se conservadores e republicanos, para concorrerem ao pleito (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 13)”. No entanto, o gabinete manipulava as eleições de tal forma que permitia apenas uma representação simbólica dos dois partidos que lhe eram adversos: sete conservadores e dois republicanos. No total de 139 representantes, apenas 9 seriam as vozes da oposição. Era uma “Câmaras criada artificialmente pelos ministros, à custa da moeda múltipla dos favores do poder e das pressões (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 14)”. Deodoro se pronunciou sobre a falsificação das eleições. “As eleições me surpreenderam. Eu sempre contei que o governo fizesse dois terços da Câmara e que os conservadores e republicanos fizessem o outro terço... (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 15)”. A simpatia de Deodoro para com os republicanos começa a aflorar. Em entrevista de Santos, ele dizia ser conservador, mas na realidade não obedecia a injunções, não respeitava os vínculos partidários, desprezava os candidatos do partido para votar em candidatos liberais, quando se tratava de colegas de farda. Acrescentava que não tinha aspirações políticas. “Em dois outros anos de vida terei chegado ao mais alto posto do Exercito e cantarei no Império como galo na torre (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 16)”. Suas falas se contradiziam, pois tinha aspiração e a anunciava sem rebuços, seria, tenente-general e por fim, marechal do Exército, o posto máximo da carreira.
2.1.1.Questão Militar A chegada de Deodoro na Corte, no Rio de Janeiro, foi concorrida. A questão militar inclinava manifestações coletivas, mesmo com episódios de caráter meramente pessoal. Por outro lado, na Câmara Deodoro era atacado desabridamente. O capitão Mena Barreto, vindo da Província do Rio Grande do Sul, começa a fazer articulações descrevendo a situação do Exército que estava sendo atingido pelas piores humilhações por parte do gabinete de Ouro Preto. Conversou com camaradas, promoveu reuniões, agitou-se com um agudo senso de oportunidade e um dinamismo raro. Procurou Deodoro, mas este estava de cama, enfermo, consumindo-se em dispnéias terríveis. Dona Marianinha, a esposa e enfermeira dedicada, obriga-o a guardar o leito.
74 Mena Barreto se entende então com os sobrinhos de Deodoro, Clodoaldo e Hermes Rodrigues da Fonseca. Como Deodoro não teve filhos, os sobrinhos exerciam sobre ele adoração e por meio deles, Mena conseguiu uma visita á casa de Deodoro. Tudo aquilo, ia inflamando Deodoro. Fazia-lhe mal, agravava o seu estado de saúde. Não se contendo ele diz. “Não consentirei nisso! Irei ao Parlamento responsabilizar o gabinete pela sua falta de patriotismo. Assestarei a artilharia. Levarei os sete ministros à praça pública e me entregarei depois ao povo para ser julgado! (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 22-23)”. Então Mena Barreto declara: “não nesse caso, vencedor o movimento, será V. Ex. o ditador da República! (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 23)”. Benjamin Constant, de melhor saúde, faz sua primeira visita a Deodoro, após um ano. O presidente e o vice-presidente do Clube Militar analisam a situação. As idéias de Benjamin são as mesmas de Mena Barreto e Sebastião Bandeira. Também entendia que tal estado de coisas não podia continuar. E o caminho a seguir seria um só: o da instituição de um novo regime. Teriam de marchar decididamente para a implantação da República. Deodoro sentia-se tolhido, ainda. Recuava, por motivos de rodem puramente pessoal. Era amigo do imperador. Estimava-o e respeitava-o. Que ficasse no poder até morrer. Sua revolta era conta o ministério. (...) Contudo, continua o estado de indecisão de Deodoro. Benjamin Constant, porém, não desanima. Sente que é necessário aproximar-se do velho soldado os elementos civis, ligados de longa data à propaganda republicana, e que poderiam ajudar a convence-lo e dar-lhe a segurança de que o prestigiariam em sua ação (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 27)”.
2.1.2. A escolha de Deodoro Porque a figura de Deodoro parecia tão indispensável? Por que o movimento não marchou independente de sua participação, isolando-o à margem? Por que Benjamin Constant, por tantos chamado ‘o fundador da República’, - título oficializado pelo Congresso, - foi tão repetidamente à casa do marechal, insistindo em entregar-lhe a chefia do movimento? Tobias Monteiro (apud MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 28), responde as perguntas acima, dizendo que por maior que fosse a confiança nos elementos agremiados, Benjamin sentia que o golpe era incerto. “Era preciso uma grande audácia e sobretudo um grande prestígio diante da tropa”, acrescenta, “para arcar contra sessenta e sete anos de tradições monárquicas e quase cinqüenta de reinado”.
75 Para MAGALHÃES JUNIOR (1957, p. 28), a conquista de Deodoro representava, assim, mais do que uma simples adesão pessoal: era uma cabeça de ponte nos altos comandos do Exército. Através dele, poderiam ser arrebanhados outros oficiais generais, que não se sentiriam tentados a confabular com simples alferes e tenentes. Benjamin Constant e Quintino Bocaiúva, o chefe civil do movimento republicano, tiveram um virtude rara: a de reconhecerem o limite de sua prestabilidade, de sua capacidade e de sua eficiência. Fizeram um exame de consciência e viram que não teriam possibilidades de êxito seguro senão transferindo a responsabilidade da deflagração do golpe contra a monarquia a alguém mais altamente colocado, com maiores qualidades de mando e com maior energia. A Deodoro, doente, sujeito a crises alternadas de exaltação e de depressão, não podia deixar de agradar aquele espetáculo, que não era de simples solidariedade, mas de verdadeira adulação, pois que ele, enfermo, alquebrado, preso ao leito, a todo o instante era proclamado a figura imprescindível, o homem predestinado, a espada providencial. Diante dele curvavam-se todos, passando-lhe o bastão do mando, aceitando-lhe as ordens, submetendo-se ao seu arbítrio. (...) Agora, esse movimento já não lhe parecia tão desdenhável e a idéia de uma república feita por ele próprio começava a seduzi-lo. (...) Deodoro, -esta é a verdade,- foi utilizado como um instrumento dos republicanos, graças à fina argúcia psicológica de alguns conspiradores (...) Numa certa medida, porém, Deodoro também os utilizava e aos demais, que em torno deles se reuniam, como instrumentos de sua ambição de poder (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.29).
2.1.3. Apoio do Diário de Notícias A aproximadamente entre Deodoro e Rui Barbosa era natural e fácil de ser promovida, dada a maneira pela qual o grande jornalista, nas colunas do Diário de Notícias, vinha defendendo, em todas as oportunidades, os melindres dos militares, espezinhados, antes, pela política conservadora e, agora, pela política liberal. A 14 de outubro de 1889, o Diário de Notícias estampava o editorial “Assuntos Militares (Expedição de Mato Grosso) –II”, inteiramente consagrado a Deodoro O general Deodoro só discutiu, só exigiu os elementos que a responsabilidade do seu cargo requeriam para o bom desempenho da comissão que se confiara; porém nunca desceu, nem desceria, a tratar de questões dessa ordem. (...) Sem prévias comunicações, sem a menor atenção, sem a mais rudimentar cortesia, mandou-se um coronel substituir o general Deodoro, só porque esse coronel possui a rara virtude das manivelas: obedecer passivamente à mão dirigente em qualquer sentido (...) (Jornal Diário de Notícias, In MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.32.
76
A 25 de outubro de 1889, Quintino Bocayuva escreveu uma carta a Benjamin pedindo-lhe uma entrevista, realizada a 26. Ao fim da conversa, ficou combinado que outros encontros se processariam, de modo que, com a continuação dos entendimentos, novos elemento republicanos fossem neles admitidos. No dia 30, Benjamin se encontra com Aristides Lobo. Na noite de 4 de novembro, novamente vão a casa de Deodoro alguns oficiais e lhe fazem ver a realidade. Deodoro continuava de cama por motivos de saúde. O momento era de grande tensão. Impunha-se uma articulação rápida e a execução imediata de um plano de ação eficaz. (...) corria até a notícia de que o Exército seria privado de seu armamento moderno, o qual seria substituído pro armas obsoletas e descalibradas, as velhas espingardas, tidas como imprestáveis (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 38). Deodoro declara: Só mesmo se mudando a forma de governo. Da monarquia, nada mais se pode esperar em benefício da pátria e do levantamento do Exército. Ordene V.Ex. a manobra, que será executada. Ele autoriza os jovens oficiais a congregar mais soldados. A idéia era fazer deflagrar o movimento no dia 10 de novembro, sustando o embarque do 22º Batalhão de Infantaria para o Norte. Entretanto, o tempo foi julgado insuficiente para a articulação dos elementos que lhe garantiriam o êxito. A 31 de outubro, novo encontro se realiza, no escritório de Aristides Lobo. A esse encontro comparecem o major Sólon Ribeiro e o capitão Mena Barreto, os quais pedem que os jornalistas republicanos façam artigos, os mais incendiários possíveis, contra a monarquia tanto para ir preparando a opinião pública, como para auxiliar a própria articulação do movimento nos meios militares. O trabalho de aliciamento continua, dentro e fora dos quartéis, enquanto o ministério de Ouro Preto recebe fogo cerrado das baterias jornalísticas do Diário de Notícias, de O País e do Correio do Povo. Aristides Lobo também se incumbe de coordenar os elementos republicanos de São Paulo (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 40). No dia 9 de novembro, o Rio de Janeiro, assistia uma das suas festas mais pomposas e mais caras, o Baile da Ilha Fiscal, com presença do imperador, da família imperial e da alta nobreza, do mundo oficial e do corpo diplomático. Benjamin convocara para a mesma hora em que começara tal festa uma sessão do Clube Militar, que seria a última realizada nos dias tumultuosos que marcaram o ocaso do Império. Presidindo os trabalhos, na
77 ausência de Deodoro, doente demais para deles participar, Benjamin alude os últimos acontecimentos, criticando a conduta do governo e verberando os intuitos de hostilidade para com o Exército. Ele queria naquele momento, que lhe fosse dada carta branca para agir em nome dos seus companheiros, e isto lhe foi concedido. Compromete-se que em oito dias encontraria uma solução honrosa para o Exército e Pátria (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 43). Rui Barbosa, ataca o Conde d’Eu e seus discípulos, a 10 de novembro, e a 11, sob o título de “O Exército Banido da Lei” no Diário de Notícias, produz violento libelo contra o governo. Na noite que foi publicado o artigo, reúnem-se na casa do marechal Deodoro, algumas figuras de maior destaque na conspiração, civis e militares. Deodoro ouve Benjamin para que assuma a direção do movimento e apresse a proclamação da República. Quintino entende que não se deve perder a oportunidade: ou será agora ou talvez nunca. Participam todos do mesmo ponto de vista: o de que é necessária a ação imediata. Deodoro ouve-os, sem interrompe-los, sentado em sua cadeira de espaldar alto, com as mãos cruzadas por traz da nuca, numa atitude muito sua. Por fim, declara: Eu queria acompanhar o caixão do imperador, que está idoso e a quem respeito muito. Mas o velho já não regula. Se ele regulasse não havia esta perseguição contra o Exército. Se não há outro remédio e se ele mesmo assim o esperar dela... Façamos a República. Benjamin e eu cuidaremos da ação militar. O Senhor Quintino e seus amigos organizam o resto... Ele cede, por fim, diante de considerações superiores aos argumentos que invocara (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.45-46).
Benjamin manifesta receios de que o movimento encontre resistência, do marechal Floriano Peixoto, que ocupava uma da mais importantes posições do Ministério da Guerra, o cargo de ajudante-general. Deodoro manda chamá-lo e ele tenta convence-lo a recente fé republicana. Eu também sempre fui monarquista, ainda que muito desgostoso e descontente nestes últimos tempos. Agora, é forçoso nos convencermos de que com a monarquia não há salvação possível para a Pátria e para o Exército. Já temos provas de que, depois de tudo o que fizemos, eles seguiram a mesma senda e estão tratando de aniquilar o Exército. E, demais, a República virá com sangue, se não formos ao seu encontro sem derramá-los (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.49).
Faltava fixar a data em que teria lugar o movimento. Em nova reunião, na casa de Deodoro, ficou estabelecido que seria a 20 de novembro, porque, nesse dia, deviam inaugurar os trabalhos da nova Câmara, no edifício do Senado, com a presença dos
78 imperadores e de todo Ministério. Os conspiradores fariam cercar o edifício do Senado e ali prederiam o soberano e todos os membros do governo. Quintino já tinha organizado o Ministério. O ministro da Fazenda seria Rui Barbosa. O do Interiro, Aristides Lobo. O da Marinha, o almirante Eduardo Wandenkolk. Benjamin assumiria a pasta da Guerra. Para a Agricultura, Viação e Obras Públicas, convidara Francisco Glicério, mas este recusa e indica o republicano do Rio Grande do Sul, Demétrio Ribeiro. Quando todos planos estavam assentados, quando quase nada mais faltava senão Deodoro dar a voz do comando, fazendo deflagar o movimento, subitamente se agrava o estado de saúde do ilustre soldado. Benjamin vai visitá-lo e sua impressão é de que está diante de um moribundo, aquém não restam senão algumas horas. Benjamin vai ao encontro de Aristides e Francisco Glicédio dizendo que o marechal não amanheceria e se ele morresse, a revolução estava gorada. Foram dias de agonia não só para Deodoro, mas para todos os que o cercavam (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.51). Ouro Preto estava profundamente iludido, pois supunha que a situação estava sob controle, com a Câmara liberal, graças à máquina destramente montada e aos processos eleitorais da época, notoriamente fraudulentos. Sabendo que realmente se tramava alguma coisa, Floriano escreve ao ministro da Justiça –e não a Ouro Preto-, minimizando a conspiração, amesquinhando-a, diminuindo-lhe a importância. Ouro Preto, no entanto, diz ao Ministro Visconde de Maracaju que é preciso tomar providências contra Deodoro, reformando-o, se necessário for. O corôo Policial e a Guarda Civil receberam ordem de ficar de prontidão. Tudo isso aconteceu dia 13 de novembro. A Proclamação seria feita dois dias seguintes. E Deodoro lutava contra a morte, sentado numa cadeira, arquejante, mal podendo respirar, na prolongada agonia de sucessivas dispnéias. O dia 14 de novembro de 1889 foi um dia tranqüilo, sem maior significação. No jornal Cidade do Rio, o novo jornal de José do Patrocínio, lia-se na primeira página, a seção “Semana Fluminense”, uma matéria em que se especulava com a abdicação de D. Pedro II, nos seguintes termos: O imperador vai abdicar no dia 2 de dezembro, dizem todos. Por quê? Que fundamento tem esse boato? Patrocínio respondeu na nota: “Posso assegurar que o boato é falso (...) Virá a República? Mais uma vez patrocínio responde “Não”.
79 O jornal republicano O País, no editorial “No Capitólio”, escrito por Quintino, dava um aviso prévio ao ministro que vai ser despedido. A hora presente é a do triunfo: a hora sucessiva há de ser a da sua derrota. Hoje o Capitólio, mas amanhã na rocha Tarpéia, o Sr. Visconde de Ouro Preto não pe e não será mais do que a sinistra reprodução de outros tipos idênticos – dos quais guarda a história a mais execrável memória (AGALHÃES JUNIOR, 1957, p.58).
Para o imperador, o dia 14 de novembro era como qualquer outro. No momento em que o imperador subia para Petrópolis, realizavam os líderes militares republicanos uma conferência presidida por Benjamin Constant, a fim de dar balanço aos meios de que dispunham. O major Frederico Sólon Ribeiro, declarou que o seu regimento tivera ordem para aquartelar, no dia 15, na Escola Militar da Praia Vermelha, ficando assim isolado dos outros corpos da Segunda Brigada. Benjamin alarmou-se: É indispensável adiar, sob um pretexto qualquer, a execução dessa ordem, ainda que seja por espaço de 24 horas! Espalhou-se, na Rua do Ouvidor, lugar mais próprio para a difusão dos boatos. Em poucos instantes, chegava a notícia às redações dos jornais, era comentado por todas as bocas. Convenciam-se os conspiradores civis e militares de que era indispensável agir, sem perda de tempo. Ouro Preto ficou sabendo do boato pelo jornalista Souza Ferreira, redator principal do Jornal do Comércio. O Visconde afirmava: “Repito que não se lembrou o ministério de mandar prender o marechal Deodoro, nem de fazer sair da Corte nenhum dos corpos da guarnição. Mas, se as conveniências do serviço público o exigirem, não hesitarei em dar as ordens necessárias (...)”. Ouro Preto comenta que se a ordem pública fosse perturbada não seria sua culpa, “porém dos que promovem a propaganda subversiva e também dos órgãos de publicidade que, devendo combatê-la, não o fazem, deixando-a sem contestação... (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 62)”.
2.2. O 15 de Novembro Ás 3 e 30 da manhã, atendidas as providências de maior urgência, Ouro Preto expede o primeiro telegrama a D. Pedro II, dando conta do que ocorria:
80 Urgente – A Sua Majestade, o Imperador. Senhor, esta noite o 1º e 9º Regimento de Cavalaria e o 2º Batalhão, a pretexto de que iam ser atacados pela Guarda Negra e ter sido preso o Marechal Deodoro, armaram-se e mandaram prevenir o chefe do Quartel-General de que viriam desagravar aquele general. O Governo toma as providências necessárias para conter os insubordinados e faze respeitar a li. Achome no Arsenal de Marinha com meus colegas da Justiça e da Marinha. Outras providências são tomadas, enquanto não chegam os demais ministros (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.64).
Ao chegar ao Quartel General da Guerra, ao romper o dia, Ouro Preto não previa o desenvolvimento do episódio e, na melhor das intenções, passara um segundo telegrama ao imperador, mais breve e imperativo: “Senhor - Dois batalhões revoltados. Venha. – Ouro Preto”. Os conspiradores se tinham adiantado. Deodoro, de primeiro momento, não acreditou na informação do tenente Augusto Cincinato de Araújo, de que a Segunda Brigada estava em armas, esperando que ele fosse comandá-la. “É mentira! Isso não é senão uma cilada do governo!”, disse Deodoro. O tenente contesta: “Não, marechal. Quem trouxe a notícia foi uma pessoa da maior confiança. O próprio cunhado do Dr. Benjamin...”, Deodoro compreendeu: “Ah, foi ele? Nesse caso, é verdade. Tratemos de nos aprontar e partamos! (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.66)”. Nesse instante, Deodoro parecia esquecido da sua doença. Era como se os padecimentos tivessem cessado de súbito. O homem que passara a noite arquejando, numa cadeira, com o peito coberto de sinapismos, levantava-se, vestia-se, metia os arreios de usa montaria num saco, punha um revólver no bolso e saía, com o tenente Cincinato, num carro que mandara buscar. O carro roda rumo ao Quartel de São Cristóvão Demorando a sua chegada, já havia saído a tropa, a caminho da cidade, sob o comando de Benjamin, que não pudera conter a impaciência geral. O major Sólon Ribeiro vem a frente do 1º Regimento de Cavalaria. O capitão Vespasiano de Alburquerque comanda o destacamento dos alunos da Escola Superior de Guerra. O 2º Regimento de Artilharia, que conduz dezesseis bocas-defogo, é comandado pelo major Lobo Botelho. Perto do Gasômetro, vem marchando a tropa, em perfeita ordem, trazendo à frente Benjamin Constant, montado a cavalo. Ao seu lado, também a cavalo, o tenente Pedro Paulino da Fonseca, irmão de Deodoro, como que representando este e dando aos seus camaradas um testemunho público da solidariedade do marechal. O carro pára. Deodoro estava cumprindo a sua palavra, apesar dos sofrimentos físicos que o afligiam. Está fardado, mas não traz a espada. Tinha o ventre tão dolorido que não
81 lhe ra possível suportar o cinto, de que deveria pender, e menos ainda o seu peso. No momento em que o avistaram, alegram-se oficiais e soldados. Alguns se excedem em vivas ruidosas, logo reprimidos com advertências dos superiores, que pedem calma, silêncio e ordem nas fileiras. Deodoro relanceia a vista sobre a formação militar já agora sob o seu comando. Quer saber das disposições dos oficiais, se vieram todos. As respostas são tranqüilizadoras. Estão ali todos os que estavam no quartel. Não falta um só (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.67).
Na rua Visconde de Itaúna, Deodoro desce do caro, sem qualquer auxílio, para montar a cavalo. Fraquejam-lhe, porém, as forças, nesse momento, só conseguindo faze-lo com a ajuda do irmão, tenente Pedro Paulino. Deodoro avança, com seus homens rumo ao Quartel General. Manda Deodoro que Silva Tels vá intimar o ministério a render-se. O Quartel-General está praticamente sitiado, sob a mira das peças de artilharia, trazidas de São Cristóvão. Surge neste instante, um carro ministerial. Era o Barão de Ladário, titular da Marinha, que se ia reunir aos seus colegas. Deodoro manda prende-lo. Sem se intimidar, o ministro tira do bolso uma pistola, disposto a reagir. Atira no tenente Adolfo de la Peña, sem acertar o alvo. Responde ao fogo o tenente. Deodoro se encaminha para o local e soldados de seu piquete, temendo pela vida do marechal, fazem fogo contra o ministro. Atingido por bala, em três lugares, e ainda, por uma coronhada na cabeça, tomba o Barão de Ladário desfalecido, enquanto Deodoro intervém: “Não façam fogo! Não metem este homem!”. Silva Teles é admitido na sala em que estavam os ministros e o ajudante-general do Exército. O Visconde de Ouro Preto lhe pergunta? “Os senhores, o que querem?”, responde. “A Brigada quer a retirada do Ministério”. Floriano Peixoto recebe ordem e hesita, passava aos poucos a atitude de hostilidade ao ministério. A autoridade de Ouro Preto era simplesmente nominal. Ninguém obedecia ao velho homem de Estado. O 10º Batalhão de Infantaria, com que contava o governo, ao vir para o Quartel General, é praticamente envolvido pelo corpo de alunos da Escola Militar. Este envia um ultimatum: ou adere ao movimento ou terá de enfrentar a luta ali mesmo, no Largo da Lapa. Jacques Ourique, o comandante do 10º, opta pela adesão. A longa espera convencera Deodoro que não haveria resistência. Do próprio Floriano, recebe ele garantias no mesmo sentido, então manda abrir o portão do Quartel. Deodoro saúda o ministro da Guerra, com a intimidade de parente próximo: “Adeus, primo Rufino”. E logo se dirige a Ouro Preto com a arrogância dos vitoriosos, mas sem
82 desrespeito: “Vossa Excelência e seus colegas estão demitidos por haverem perseguido oficiais e revelarem o firme propósito em que estavam de abafar ou mesmo dissolver o Exército. Os senhoras não têm, nem nunca tiveram patriotismo...”. Ouro Preto mantém a dignidade no momento da queda: “A vida política, senhor marechal, tem também os seus dissabores. E a prova disso eu a tenho agora mesmo. Vossa Excelência me fará justiça algum dia”. Deodoro deixa extravasar suas mágoas. Renova as críticas ao gabinete e, em particular, ao conselheiro Cândido de Oliveira, que, como ministro interino da Guerra, baixara aviso proibindo discussões de oficiais pela imprensa. E acrescenta, dirigindo a Ouro Preto: “Os demais estão livres, mas os senhores dois estão presos e serão deportados para a Europa... Vossa Excelência, senhor visconde, é homem teimosíssimo, mas não tanto como eu...”. Ouro Preto rebate dizendo: “... É o vencedor. Pode fazer o que lhe aprouver. Submeto-me á força”. Deodoro já havia assumido a essa hora, antes mesmo de proclamada a República, os poderes do imperador: 1º, para dar a demissão dos ministros, 2º, para ordenar prisões, 3º, para decidir sobre deportações (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p 73). Deodoro desce a escada, monta outra vez no cavalo e coloca-se à frente da tropa, já engrossada pelo 10º Batalhão de Infantaria. Quando surge, a cavalo, recebe aclamações delirantes, vivas, aplausos. Os chefes republicanos estabelecem contato com a tropa. Quintino e Aristides ponderam ao major Sólon que, o imperador ausente, o governo acéfalo, não se deve perder tempo. É preciso proclamar a República já e já. Sólon se adianta pelo meio da tropa, e vai a Deodoro. Expõe-lhe as razões de Bocaiúva e Lobo: “O Exército não deve sair daqui sem que, perante ele o marechal declare proclamada a República”. Deodoro leva a mão ao quépi, arranca-o da cabeça agita-o no ar e grita: “Viva a República Brasileira!”. Um oficial oferece o seu cavalo a Quintino Bocayuva. Este vai formar ao lado de Deodoro e Benjamin Constant. À frente da tropa, desfilam triunfalmente pelas ruas da cidade. Aristides Lobo permanece a pé, no meio do povo. É uma testemunha dos acontecimentos, de que era também um autor. E ficará célebre o seu depoimento, em era também um autor. E ficará célebre o seu depoimento, em que dirá que o povo assistiu, ‘bestializado’, á imprevista mutação do cenário político do país... (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 74-75).
O imperador recebeu o primeiro telegrama as 5 horas da manhã. D. Pedro II leu e releu o telegrama, perplexo, sem compreender exatamente o que significava aquilo. Depois de esperar cinco longas horas, ele recebe os dois últimos despachos de Ouro Preto, o primeiro com os quais termina com a palavra: “Venha”. Diante disso, parte o imperador rumo a Corte, antes, telegrafa à princesa Izabel, dando-lhe o aviso.
83 Na ignorância de que, aquela hora, já os símbolos imperiais haviam sido retirados da Câmara Municipal, invadida por um grupo de republicanos que tinha à frente o vereador José do Patrocínio, além de alguns moços vibrantes como Olavo Bilac, pardal Mallet, Lopes Trovão, Guimarães Passos, etc, e que da sacada dos jornais os republicanos faziam arengas ao povo, em comícios improvisados (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.79). As 3 horas da manhã. A porta da casa de Deodoro estava aberta, a sala iluminada. O capitão Trompowski entregou a Deodoro, uma carta emitida pelo imperador, convidava-o para organizar novo gabinete. Deodoro respondeu: “Não haverá novo gabinete... O capitão explica: “Saiba senhor marechal que a família imperial não está perfeitamente informada....Deodoro rebate: “Pois o senhor capitão poderá ir adiantando as informações... Está proclamada a República Federal Brasileira. Já organizei o meu ministério. Como vê, a República está feita... Foi feita ontem, sem derramamento de sangue e sem desacato à família imperial. Ainda bem que assim foi, evitando que viesse tarde com derramamento de sangue...”. Só ao acordar, a 16 de novembro, o imperador ficou sabendo que estava deposto. (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.81-82). Recebeu no mesmo dia, das mãos do major Sólon Ribeiro, a intimação de Deodoro, Chefe do Governo Provisório, estipulando o prazo de 24 horas para a família imperial deixar o Brasil. O transporte seria pago pelo governo. Mais tarde, D. Pedro II comunicava que não aceitara tal ajuda.
2.3. Governo Provisório O primeiro documento, em que os membros do novo governo, chefiado por Deodoro, aparecem ligados, solidariamente, é a proclamação datada de 15 de novembro, que não é um decreto, mas dissolve, desde logo, os órgãos legislativos e de consulta do governo imperial. No dia 16, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, realizou uma reunião solene, com o propósito de receber o juramento dos membros do Governo Provisório. O decreto nº 6 é o primeiro, oriundo do Governo Provisório, que trata de matéria eleitoral: declara que são considerados eleitores para as câmaras gerais, provinciais e municipais todos os cidadãos brasileiros no gozo de seu direitos. Deodoro teve de valer-se, em muitos casos, para os governos dos Estados, de velhos companheiros de armas, ou
84 mesmo de jovens oficiais, que dele se haviam acercado no período agudo da ‘questão militar’ ou no da conspiração republicana. As primeiras semanas do Governo Provisório foram de intensa atividade legislativa. Cada ministério era uma fábrica de leis. Cada ministro valia por um Congresso. A 27 de dezembro, era assinado o decreto que convocara para o dia 15 de setembro de 1890 as eleições para Constituinte, estabelecendo que os eleitos deviam estar presentes no Rio de Janeiro.
2.4. A Constituição de 1889 e as regras eleitorais 2.5. Os Discursos Políticos 2.6. Crises prejudicam a imagem do candidato Deodoro............................................ 2.6.1. Invasão do Jornal................................................................................... 2.6.2. Obra do Porto das Torres....................................................................... 2.6.3. Renúncia dos Ministros.......................................................................... Capítulo 3. Uso da propaganda política no período eleitoral 3.1. A Propaganda de Deodoro.................................................................................... 3.1.1. Apoio de Militares................................................................................... 3.1.2. Reuniões em Clubes e Manifestos de Apoio...........................................
Foram três frentes de atuação que imprimiram tenacidade ao embate político durante o período revolucionário: os jornais; os clubes e as festas. Foi através dos jornais de opinião que o povo foi incitado a fazer a revolução; por sua vez, os clubes de caráter político deram o tom agitador por meio de discursos inflamados, baseados na razão e na persuasão; e por fim, as festas públicas foram muito importantes, pois o povo participava ativamente da sua preparação, para depois comemorar de forma ufanista os ideais comumente conjugados por todos. Esses clubes são os comitês eleitorais de hoje, que centralizavam as diretrizes políticas, de propaganda e organizavam a base política regional, importantíssima para os candidatos, embora sem autonomia para tomar decisões fundamentais, que ficavam a cargo
85 da Comissão Executiva do partido. Os clubes eram ponto de encontro para candidatos e correligionários. Durante o Império existiram 237 clubes espalhados pelo Brasil. Foi nos quatro grandes centros – São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que os clubes republicanos formaram uma base sólida desde o Manifesto de 1870 até 1888, antes da abolição da escravatura, principalmente na província paulistana. Logo após a promulgação da Lei Áurea, os clubes espalharam-se pelo Brasil. Os clubes republicanos constituíram-se predominantemente na região Sul, onde as quatro províncias mais desenvolvidas do país abarcavam 70% das agremiações ficando o Norte com 30%. Como comprova Suely QUEIROZ (1986, p. 81), “o Parlamento e a Imprensa foram veículos essenciais, e bem assim os comícios que deram a tônica ao movimento”. A autora inclui a presença dos clubes republicanos que “também representaram forma de arregimentação bastante difundida, numa prática advinda do período imediatamente anterior ao 15 de novembro, quando se criaram inúmeras dessas associações com o intuito de propagar o ideal republicano”.
Alianças e Reuniões de Campos Salles A Oposição
3.2.1. O Jornal ‘Bomba’.................................................................................... 3.2.2. Atuação dos ‘Deodoristas’.......................................................................
Capítulo 4. A Cobertura das Eleições na Imprensa 4.1. Cenário da Imprensa............................................................................................... 4.1.1. Censura.................................................................................................... 4.2. Cobertura da Eleição nos Jornais Republicanos..................................................... 4.3. Cobertura da Eleição nos Jornais Monarquistas..................................................... 4.4. A Revista Ilustrada e as Charges............................................................................ 4.5. A Eleição................................................................................................................ 4.5.1. A Posse....................................................................................................
86 4.5.2. A Dissolução do Congresso..................................................................... 4.6. Renúncia e Morte de Deodoro................................................................................
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