MAGIA & TEURGIA - 2a. Edição

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O Eterno Feminino l Espíritos existem? l A Carta natal de Ficino

MagiA & Teurgia

www.magick-theurgy.com

Coração da Tradição Hermética

Outubro/Novembro/Dezembro 2011

Os Arcanos Divinos: Entrevista

Corpo, Mente &

Alma A Esfinge de Naxos

Hermes

o Deus Sábio e Volátil

2ª EDIÇÃO EDIÇÃO DIGITAL GRATUITA


WOrKSHOp

EM LAS VEGAS

Sábado 3 de Dezembro

OS ArCANOS DiViNOS da Aurum Solis UM

trEiNAMENtO EM

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pASSOS:

1º Pilar: Teurgia (Prática) 2º Pilar: Filosofia (Ensinamentos) 3º Pilar: Epicurismo (Viver e Aproveitar)

INFORMAÇÃO: http://goo.gl/sPkye 2

Magia & Teurgia - Outubro/Novembro/Dezembro 2011


SUMÁriO

M AgIA & T EuRgIA

Out./Nov./Dez. 2011

Artigos A Esfinge de Naxos

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e o Santuário de Delfos por Myriam Rotzetter.

Hermes

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O Deus Sábio e Volátil por Sophie Watson

Os Arcanos Divinos da Aurum Solis

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Entrevista por Martin Béliard

Do Calyx para Hermes

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por Jean-Louis De Biasi

Corpo, Mente & Alma

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por Patricia Bourin

Símbolos da Grande Obra

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O Mercúrio dos Sábios por Martin Béliard

www.magick-theurgy.com

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SEÇÕES 5 6

SIgA-NOS NO:

Carta do Editor

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A Estrela Gloriosa ao redor do mundo

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O Eterno Feminino

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Carta natal de Ficino

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Hino para Eros

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PARA ADQuIRIR uMA CÓPIA IMPRESSA DESTA REVISTA

por Frater Jovis

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Ecos dos Ancestrais

Basta clicar no link abaixo (ou copiar) e usufruir a edição impressa da revista “Magia & Teurgia”. http://www.cafepress.com/aurumsolis

Apuleio, Ísis, e os Mistérios por Irene Craig

39

Espíritos existem?

@

por Ian Elliott

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Críticas Livros e filmes relacionados com Magia, Teurgia e as Tradições Ocidentais.

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A Corrente de Ouro

“MAgIA & TEuRgIA” APRECIA AS CORRESPONDêNCIAS DOS lEITORES! Por favor envie suas correspondências e comentários para letters@magicktheurgy.com As cartas podem ser resumidas e editadas para ficarem claras. Os editores reservam o direito de editar os materiais enviados.

Magia & teurgia na Web Extras Online Documentos - Áudio - Vídeo

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CArtA DO EDitOr

A

Tradição Ocidental tem uma longa e respeitável história na origem de muitas das espiritualidades existentes ao redor do mundo. Diversos estudos contemporâneos atestam essa importância, vista por exemplo na origem Caldéia e Egípcia da Astrologia antes de se espalhar no Oriente.

MAgIA & TEuRgIA Editor-Chefe Jean-Louis de Biasi Editor-Executivo Patricia Bourin Editor Web Simon Tamenec Diretor de Arte Julien Larche Publicidade Lisa Veys Publicação no Brasil ÁGORA HERMÉTICA www.agorahermetica.com.br Traduzido de “MAGICK & THEURGY” Copyright © 2011 Jean-Louis de Biasi Publicado pela ACADEMIA PLATONICA P.O.Box 752371, Las Vegas, Nevada, 89126, USA www.magick-theurgy.com info@magick-theurgy.com

PARA CONTRIBuIÇÕES Todos os textos podem ser enviados no formato msword e pdf para: contributions@magicktheurgy.com

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EDIÇÃO RuSSA russian@magick-theurgy.com

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NOTIFICAÇÃO lEgAl Copyright © 2011 Aurum Solis E.O. Todos os direitos reservados. Magick & Theurgy é marca registrada da Aurum Solis Eclésia Ogdoádica

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No entanto, por longos períodos, este conhecimento sagrado e as práticas teúrgicas foram ocultadas pelos iniciados, perdidos ou destruídos pelos fundamentalistas, distorcidos por tradutores religiosos, etc. Felizmente durante o Renascimento na Itália a Luz desta Tradição ainda viva foi reativada através de traduções dos textos antigos, da arte, da filosofia, de rituais privados, etc.Desde essa época, a Corrente de Ouro dos Hermetistas permanece potente e ativa, e muitas vezes até mesmo discreta. Novas pesquisas de estudiosos permitem uma compreensão mais profunda das raízes dessa herança. Estes elementos associados aos ensinamentos internos transmitidos pelos iniciados dá oportunidades maravilhosas para este novo século. Durante o período Ptolomaico no Egito, Era de Ouro desta civilização, os religiosos e filósofos Gregos e Egípcios uniram as suas tradições para compor um sistema original. Por vezes denominado "Religio Mentis." Esta "Religião do Espírito" foi uma combinação equilibrada entre ciência, filosofia, espiritualidade e religião. Todas as crenças e teorias eram bem-vindas como novas perspectivas capazes de melhorar o conhecimento comum. Mas é importante não nos equivocarmos. Esta atitude não significa que todas as coisas são equivalentes e que podem ser aceitas como uma verdade. Não se esqueça de que a essência do mundo (macrocosmo) e o ser humano (microcosmo) não estão reduzidos aos textos que tentaram explicá-los. Os textos, as teorias e as espiritualidades são apenas mapas. Eles não são a verdade. Se você planeja visitar uma cidade ou um país, você terá que escolher um mapa. Não há apenas um para representar o território. Você tem que encontrar o melhor para você e a sua própria experiência vai ajudá-lo nesta escolha. Temos que ser prudentes com um país escondendo mapas ou autorizando apenas um mapa. Vimos o mesmo acontecendo com Religiões e com o esoterismo. Às vezes é bom lembrarmos que não há apenas uma representação do Cosmos. A ciência tem de estar presente nessa explicação, assin como a Iniciação. Um verdadeiro hermetista e teurgo, de acordo com a Tradição Ocidental, é alguém ávido para entender o mundo visível e o mundo invisível. É alguém que sabe que é possível desfrutar ao mesmo tempo da vida neste mundo e realizar práticas internas para revelar habilidades interiores. Você não está sozinho nessa jornada. Sábios Mestres iniciados nesta Tradição escreveram diversos livros há mais de quatro mil anos. Todos são informações úteis capazes de trazer uma nova compreensão sobre a nossa essência e sobre o nosso destino. Esta revista está aqui para trazer-lhe esta herança iluminada pela Iniciática Tradição Hermética. Na Luz da Estrela Gloriosa,

Jean-Louis DE BIASI Editor-Chefe 5


por Julien Larche

América do Norte (EuA): Minnesota Capitólio Estadual

América do Norte (EuA): Tambor cerimonial

A EStrELA GLOriOSA AO rE

MUNDO: UM SÍMBOLO UNiVE

América do Sul (Brasil): Vaso artesanal Tradicional

Europa (Portugal): Monastério de Alcobaça

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Europa (França): Sapatos Medievais de Bispo

Oriente Médio: Tapete

EDOr DO ErSAL

Ásia Central: Tapete

Europa (Espanha): Janelas Medievais

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África (Egito): Porta medieval

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A

Esfinge de Naxos

eo

Santuário de Delfos por Myriam Rotzetter

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entre as numerosas oferendas votivas espalhadaas pelo santuário mais famoso da Grécia antiga, o templo de Apolo em Delfos, a esfinge ofertada pelos habitantes da ilha egéia de Naxos se destacou. É considerada como "o monumento mais notável do santuário na época que foi ofertada".

Origens da figura da Esfinge INa mitologia grega, havia uma única esfinge, uma impiedosa figura demoníaca de destruição. Diferente de sua contraparte egípcia, a esfinge grega era feminina e foi introduzido na arte grega e do Período Arcaico através de influências orientais. Em sua Teogonia, Hesíodo diz que a besta nasceu de Equidna com seu filho, Ortros, um cão bicéfalo. De acordo com fontes antigas, ela tinha o corpo de um leão, herdado de sua irmã Quimera, a cabeça de uma jovem mulher, herdada de sua mãe Equidna, e as asas de uma ave de rapina de suas ancestrais, as Hárpias. Assim, a sua genealogia a liga a figuras ctônicas, dos mitos gregos remotos, antes do 8

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reinado dos deuses do Olimpo". “No imaginário grego antigo, criaturas híbridas tais como a esfinge ou as sereias, simbolizavam as forças incontroláveis que governavam o destino dos homens. A esfinge era muito frequentemente associada à arte fúnebre e, como outras criaturas fantásticas vindas do Oriente, era o recipiendário de um poder sagrado”. A esfinge permanence famosa na cultura Ocidental por seu enigma. Diz-se que Hera a enviou da Etiópia como os gregos nunca esqueceram a origem estrangeira da esfinge - para punir a cidade de Tebas por os Crimes do seu rei, Laio. Outra versão relata que foi Dionísio www.magick-theurgy.com

que a enviou para punir os tebanos por negligenciarem a sua adoração. Em qualquer caso, ela estava de pé sobre uma rocha alta perto do portão da cidade e questionava para todos os viajantes a sua notável pergunta, "Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à noite tem três – e é mais fraca quando tem mais pernas? Ninguém pôde responder, e ela estrangulou e devorou todos aqueles que falharam. Foi necessário Édipo, que encontrou a solução e livrou os tebanos do monstro. Ao ouvir resposta de Édipo,"O homem, caminha de quatro na infância, anda ereto sobre duas pernas no meio-dia de sua Vida, e manca com uma bengala na velhice", ela se lançou da rocha e morreu 9


A Esfinge de NaxosA esfinge mede 2,32 m x 1,35 m de largura e está sentada em uma coluna Jônica de cerca de 10 metros de altura. Foi descoberto aos pedaços em 1861, e é datada em torno da época de 570-560 AEC. Dada a dimensão impressionante da obra, o escultor foi capaz de talhar as suas características de forma bastante detalhada, apesar da espessa textura do mármore de Naxos. Diferente das esfinges colocadas em cima de monumentos funerários, com as suas cabeças voltadas para os lados para assustar estranhos, este parece sempre olhar adiante. Esfinges em santuários talvez eram "as guardiãs da túmulo de um herói no solo sagrado - em Delpos era de Dionísio, o deus patrono de Naxos". Dionísio é de natureza heróica, por ter sido morto pelos Titãs, e depois ressuscitou para se tornar imortal. Talvez ele tenha tido um túmulo ao lado da vala acima da qual a sacerdotisa de Apolo canalizava as suas respostas oraculares no ádito, santuário interior proibido do templo. A esfinge tem uma cabeça de mulher, oval e alongada, um corpo felino com as pernas da frente terminando em garra de águia, e grandes asas partindo dos ombros, ascendendo em uma forma de foice por sobre a cabeça. Sobre a testa, os cachos de cabelo assumem a forma de um semi-círculo. Esfinges sempre têm longas tranças enquadrando o rosto, Hoje, seu aspecto enige uma tiara. O peito é ornado com mático e o seu impressiocortes, que dão uma impressão de nante tamanho a torna plumagem. As asas são divididas uma das peças mais popuem três partes, com diferentes declares no Museu de Delfos. orações. Estas nuances enfatizam a destreza do escultor e sublinham a função decorativa de esculturas uma Breve História do votivas. Embora estejamos acosOráculo de Delfos tumados hoje a vê-los descoloriMuitas lendas cercam as dos, as esculturas antigas eram origens do santuário de de fato pintadas, e certamente Delfos. De acordo com H.W. Parke, "a fundação de diferentes cores sublinhavam as sutilezas deste trabalho. Delfos e o seu oráculo aconteceram antes dos tempos da "Este ex-voto nos oferece uma das representações mais história registrada". O local era originalmente dedicado antigas do lendário demônio que inspirou muitos artistas ao culto da deusa da Terra, Gaia, mãe de todos os gregos, especialmente no período arcaico. Eles tiveram deuses. Ela foi a primeira a dar oráculos, sucedida por que percorrer um longo caminho para produzir tal obra- sua filha Têmis. O hino homérico para Apolo relata prima; a utilização harmoniosa de curvas para uma como o deus assumiu o local e ergueu o seu primeiro longa experiência e uma sensibilidade refinada. Este templo depois de matar Píton, o gigante serpente guardiã monumento também garante a piedade e riqueza dos do santuário de Gaia. Após a morte de Píton, Apolo conhabitants de Naxos, bem como a supremacia na arte da denou-se a oito anos de exílio de acordo com a sanção escultura em mármore no período arcaico". divina sobre os assassinos. Ele então retornou para Delfos e se tornou o mestre do local. 10

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Outra história diz que Zeus, querendo saber onde era o centro da Terra, enviou duas águias dos dois cantos do mundo. As águias reuniram-se em Delfos e, assim, tornou-se o umbigo da Terra. Zeus marcou o local com a pedra do omphalos ("umbigo"). Peregrinos de todo o mundo antigo davam oferendas de forma umbilical, já que a fama do oráculo de Delfos foi muito além das fronteiras da Grécia, até países distantes. Uma cópia romana ou helenística do omphalos está exibida no museu.

má interpretação da mensagem de Apolo: o deus lhe disse que ele destruiria um grande reino, se ele fosse à guerra contra os persas. Creso não compreendeu que isso significava que ele iria destruir o seu próprio reino. A fama do oráculo durou séculos e influenciou o desenvolvimento do mundo helênico em muitos aspectos. Ofertas de peregrinos o tornou fabulosamente rico, mesmo apesar de que a partir do século III AEC, as oferendas tinham mais a ver com os reis exibindo sua riqueza do que com piedade. O seu declínio começou no século I AEC. Em 83 AEC, trácios saquearam o santuário e "segundo a tradição, o fogo sagrado se apagou pela primeira vez depois de ter iluminado gregos e bárbaros durante séculos”.

A autoridade e o prestígio do santuário de Delfos veio do seu oráculo, um dos mais antigos da Grécia. Fontes antigas citam-no inúmeras vezes. Diferentes técnicas de divinação eram usadas, mas a mais famosa foi o oráculo dado pela Pítia, a mulher escolhida por Apolo para falar O santuário permaneceu em sob sua inspiração direta. De funcionamento sob o domínio roacordo com Plutarco, a Pítia mano, mas a sentença de morte do estava com cinquenta anos, paganismo soou quando imperuma idade avançada para a adores romanos tornaram-se época. Ela teve de abandonar cristãos. Cultos pagãos tinham que o marido e os filhos para exdesaparecer do seu império, embercer a sua função. Quando ela ora eles não tivessem escrúpulos sentou-se no tripé (escondido) em saquear locais sagrados. Por sagrado de Apolo, ela caiu em exemplo, Nero levou 500 estátuas êxtase e gritou a mensagem de Delfos para Roma em 51 EC. divina. Sacerdotes interpreJuliano, o Apóstata, o último imtavam e traduziam as suas perador pagão (reinou em 355-363 palavras enigmáticas para EC), tentou reviver as antigas aqueles que consultavam-na". tradições e seus cultos. Ele enviou Até a era clássica, ninguém um mensageiro para fazer uma questionou como a pitonisa de pergunta para a Pitonisa; que deu repente passou a proferir as esta última profecia predizendo o palavras do deus. Somente fim de seu oráculo: "Diga ao rei quando a crença de que a razão que o salão entalhado caiu em fria poderia explicar tudo, indecadência; Apolo não tem mais clusive mensagens divinas, e nenhuma capela, nem baía para que começou a substituir a fé, profecia, sem fonte para falar. O é que diferentes explicações fluxo está seco, havia muito a possíveis foram dadas; de tal dizer". forma que era a inalação de vapores telúricos ao emanar de Teodósio I, imperador em 379395 EC, proibiu a prática do pauma fenda que a deixava em ganismo. Em 380 EC, ele declarou transe, ou eram as folhas que o Cristianismo como a religião ofiela mastigava ou era a água que ela bebia". Nenhuma prova de que tais vapores cial do Império Romano e se recusou a dar recursos para manter os templos pagãos. Em 381 EC, começou a telúricos emanavam do solo foi encontrada até agora. perseguição cristã ao paganismo. A etimologia do termo O oráculo de Delfos era famoso por suas mensagens paganismo mostra como "os cristãos" rejeitaram o poambíguas. Uma anedota bem conhecida relata que liteísmo, e ela foi encapsulada em sua gíria para cultos Creso, rico rei da Lídia, provocou sua própria queda por www.magick-theurgy.com

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HiNOS SAGrADOS

Hino para Eros Tradução Portuguesa por Raul Moreira

Ó Eros, eu te invoco! Tu és grandioso, puro, desejável, doce, impetuoso, hábil e astuto. Tu és o arqueiro potente, alado, ágil, rápido no fogo, jogando com os Deuses e os mortais. És tu quem tem as chaves do éter, do céu, do mar, da terra e dos ventos. A Divindade dos frutos verdes que nutrem os mortais, o mestre do vasto Tártaro e do mar, que soa te reconhecendo como Rei, pois és tu sozinho quem dirige o curso de todas as coisas. Ó Bem-aventurado, venha para junto do teu iniciado com as palavras sagradas, e repele para longe de mim os impulsos indignos.

e mitos pagãos: "paganismus". Um "paganus", em latim, ou era um camponês do país ou, no jargão do exército, um civil" . O santuário de Delfos foi fechado em 395 EC, e permaneceu abandonado por quase um século até a chegada dos colonos cristãos. Hoje, a beleza do local, de tirar o fôlego; bem como a aura de mistério que ainda envolve as ruínas do local sagrado, o torna o destino mais popular na Grécia após a Acrópole de Atenas. Os restos visíveis do templo são daquele construído em meados do século 4 AEC. Pequenos grupos de pessoas, que ainda têm fé nos deuses antigos, mesmo discretamente, às vezes se encontram na Fonte sagrada de Castália, nas proximidades do templo de Apolo, para homenagear as divindades do passado. E de fato, se você visitar o local no meio do inverno, longe das multidões, e for sortudo o suficiente para passear entre as ruínas sem ser pertubado, você tem a impressão de que acima dos restos do seu santuário, no Monte Parnaso, o próprio Apolo está sorrindo para você. Acesse a Bibliografia pelo site:http://www.magick-theurgy.com

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UMA INtRODUçãO à AStROLOGIA HELENíStICA UM CURSO ONLINE (EM INGLêS) A astrologia helenística é uma tradição que se originou no Egito no século 1 AEC. Os astrólogos desta época geralmente atribuída à criação do sistema de Hermes Trismegisto, e os motivos astrológicos que permeiam a filosofia Hermética estão enraizados nesta tradição. O objetivo deste curso é fornecer uma introdução aprofundada à história, à filosofia e às técnicas da astrologia antiga. O curso é voltado para aqueles que desejam se familiarizar com a prática da antiga astrologia preditiva, embora as implicações filosóficas e cosmológicas deste material sejam abordadas também. O curso contém mais de 20 horas de palestras de áudio, um manual detalhado do curso, leituras orientadas de antigos textos astrológicos, e muito mais. Para maiores informações, acesse: http://www.hellenisticastrology.com/courses/

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HErMES O Deus Sábio e Volátil por Sophie Watson

Mitos e Folclore: Hermes é o mensageiro dos Deuses. um malandro e um ladrão, ele é também o padroeiro Divino de curadores, sábios homens e mulheres, e da Tradição Hermética.

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itos e Folclore: Hermes é o mensageiro dos Deuses. Um malandro e um ladrão, ele é também o padroeiro Divino de curadores, sábios homens e mulheres, e da Tradição Hermética. Ele é filho de Zeus e de Maia, e pai de Pan e Hermafrodito. Keryx, o primeiro arauto dos mistérios de Elêusis, às vezes é considerado a sua 14

prole, assim como muitos heróis locais em toda a Grécia. Mitos nos contam que Hermes nasceu em Arcadia em Mont Cilene. No dia do seu nascimento, ele matou uma tartaruga e fez uma lira com o seu casco. Mais tarde no mesmo dia, ele secretamente roubou cinquenta vacas de Apolo, a fim de fazer oferendas aos Imortais olímpicos. Apolo descobriu em seguida, mas Hermes deu-lhe a sua lira de tartaruga para apaziguá-lo. Reconhecendo as destrezas e os e talentos de Hermes, Apolo concedeu-lhe grandes poderes. Um mito popular que caracteriza Hermes em tempos clássicos é a história do assassinato de Argos. A ninfa Io, que foi amada por Zeus, foi transformada em uma novilha. O Pai dos Deuses a transformou de modo a protegê-la da ira de Hera. No entanto, mais tarde Zeus foi levado a dar a novilha para a sua esposa. Hera decidiu colocá-la sob os cuidados de Argos, que era um pastor Magia & Teurgia - Outubro/Novembro/Dezembro 2011


com cem olhos espalhados pela cabeça. Argos nunca perdeu de vista a ninfa. Descontente com o cativeiro de sua bela amante, Zeus pediu para Hermes matar o monstruoso capataz de Io e libertá-la de Hera. O mensageiro dos Deuses, equipado com suas sandálias aladas, um elmo, e o seu caduceu, foi em busca de Argos. No caminho, ele roubou um rebanho de cabras para se disfarçar. Andando por perto apoiando-se com o seu caduceu como um cajado de pastor, e tocando flauta de cana, ele encontrou Argus nas encostas de uma colina. Hermes tentou encantar Argos, para fazê-lo dormir com a sua música; mas foi inútil, como o pastor, ele resistiu a toda música que ele conhecia. Quando Hermes cantou sobre a invenção da flauta de cana, Argos finalmente cochilou, e Hermes cortou-lhe a cabeça. Livre, Io vagou para o Egito, onde poetas romanos afirmam que ela se tornou a grande Deusa Ísis. Quanto a Argos, Hera tirou seus cem olhos e os colocou na cauda colorida do pavão. Desde então, a última parte da história tem sido compreendida pelos alquimistas como a expressão da extraordinária sucessão de cores coroando a Grande Obra. O nome "Hermes" mais provavelmente vem de "herma", uma palavra grega muito antiga que significa "pilha de pedras". Pilhas de pedras reunidas de diversas formas foram usadas desde o início na Grécia antiga para marcar importantes espaços sociais e religiosos. No tempo de Platão, encontraríamos muitas vezes encontramos versões modernas desses marcadores. Pilares de pedra retangular decorados com um falo ereto e uma cabeça esculpida de Hermes poderiam ser visto em encruzilhadas, na Ágora, junto às portas, no vestíbulo de uma casa, e no limiar de espaços sagrados (santuários, templos e cemitérios). Tais pilares eram chamados de "Hermae", e por terem sido usados em sua maioria como limiares e marcações de espaço, eles foram pensados para proteger magicamente um local. Da era Ptolomaica em diante, especialmente em Khmun (Hermópolis), Hermes foi identificado com o Deus egípcio Thoth com o qual ele tinha muito em comum. Thoth não era apenas o mensageiro dos Deuses e Deusas, mas ele governou sobre as artes mágicas e sacerdotais, e era o Deus da compreensão, da linguagem e do julgamento das almas individuais. Trabalhos com Hermes na Tradição Ogdoádica carregam, até hoje, esta importante associação entre a Religião egípcia e os Mistérios gregos.

da divinação, da alquimia, da arte de curar, e do sigilo. Ele também está associado com a fala, a música, os números, a sorte, as viagens, os intercâmbios, as transmissões, as traduções e as mediações, sejam elas dentro do seu ser (no sistema nervoso), ou com outros indivíduos (comunicação e contatos), ou entre o físico e os reinos espirituais (na Teurgia).

Hermes deve ser invocado em questões ligadas ao aprendizado, ao ensino e à prática de magia e teurgia. O Invocação: Hermes é o Deus sábio e volátil associado mesmo poderia ser dito da alquimia e da astrologia. Sua com Mercúrio. Ele é o patrono da magia, da profecia, influência é primordial em assuntos de divinação e cura, www.magick-theurgy.com

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mas também, em qualquer trabalho envolvendo passagens do visível para o invisível e vice-versa. A influência de Hermes deve ser solicitada em todos os assuntos relacionados às atividades e processos intelectuais e mentais, bem como na transmissão do conhecimento. Os hermetistas que desejam desenvolver o seu foco, uma clareza mental, destreza, memória, visão interior e uma maior conscientização, devem trabalhar com ele. Ele também pode ser chamado, juntamente com Selene, para aprimorar a lucidez em sonho e a empatia em geral. Símbolos: Você pode decorar o seu lararium (um altar tradicional para as Divindades e para os seus ancestrais familiares) de acordo com certos símbolos ao invocar Hermes. A lista é dada abaixo. Estes símbolos também podem ser usados para elaborar imagens talismânicas, móveis, ou jóias para o Deus. Desenhos destes símbolos específicos em seu trabalho irão garantir contatos harmoniosos e propícios com Hermes. Eles podem ser usados como materiais (madeira, pedras e jóias, objetos mágicos), ou como imagens. As formas, padrões e cores de folhas, frutos, pedras e gemas deve inspirar as suas criações: No reino vegetal: angélica, anis, funcho, manjericão, ranúnculo, cenoura, aipo, citronela, tussilagem, endro, endívia, samambaia, linho, alho, genciana, patas de lebre, espinheiro, avelã, humulus, lavanda, alcaçuz, magnólia, mandrágora , manjerona, flores de mercúrio, hortelã, amora, murta, carvalho, aveia, laranja, orégano, salsa, nabo, pistache, álamo, papoula, valeriana, e absinto. No reino animal: babuíno, aves em geral, chita, raposa, gazela, girafa, ibis, chacal, mula, galo, cobra, lobo, zebra; e da mitologia: esfinge, unicórnio, serpente alada, serpente de três cabeças e hermafrodita. No reino mineral: concha de haliote, ágata, alexandrita, cinábrio, opala, strass, mercúrio, e topázio. Outros símbolos incluem moedas, conchas, pedras, dados, chapéu alado, chapéu de aba larga de feltro, botas aladas, caduceu, siringe (flauta de cana), lira, cajado de pastor, sandálias, varinha sagrada, papiros, caneta, capa, e cadinho de alquimista. Oferendas e perfumes: Ao trabalhar com Hermes, deve-se obter os símbolos acima do reino vegetal como oferendas alimentares. Cerveja, e em alguns casos, hidromel ou licores de anis, tais como Arak Razzouk, são as melhores dentre todas as bebidas usadas em ritos e orações para o Deus. A queima de essências ou incen16

sos deve preceder as oferendas quando se trabalha com as divindades. Você pode usar um turíbulo ou um caldeirão para essas oferendas de incenso. Você pode experimentar os perfumes de algumas das plantas e sementes mencionadas acima (tenha cuidado para distinguir entre raízes e folhas em suas notas), mas você deve também se familiarizar com os antigos perfumes associados com Mercúrio: estoraque, aroeira líquida, óleo de nardo, flores e óleo de lavanda, sementes de papoula e tanto a madeira quanto o óleo de sândalo amarelo. Eu pessoalmente uso uma mistura de aroeira, olíbano e lavanda para trabalhos com Hermes como Divino Patrono do Hermetismo, e uma receita com exatas quantidades óleo puro de nardo e sementes de papoula para trabalhos que envolvam a afinidade de Hermes com a morte, com os sonhos, e com as peregrinações de Alma. Com o tempo, o seu relacionamento com Hermes vai se desenvolver, e lhe permitir reconhecer corretamente os perfumes associados com ele. Então você vai ser capaz de explorar e descobrir novos perfumes relacionados com Mercúrio, e experimentar receitas diferentes de incenso de sua própria criação. Símbolos, oferendas e perfumes estão aí para você descobrir o papel do Deus na natureza, bem como em si mesmo. Divirta-se experimentando estes, e descobrindo a sua própria divindade. Que Hermes esteja contigo. n

Bebidas sugeridas para oferendas: - Cerveja vermelha, American Indian Pale Ale (IPA - tipo de cerveja inglesa) - Suco de Laranja e Mango

Harmonização Pessoal com Hermes: Coquetel Bentley Misture no gelo 45ml de conhaque ou calvados e 30ml de vermute, adicione 1 casca de laranja ou pele de limão, e sirva. .

Magick & Theurgy - October/November/December 2011


O EtErNO

FEMiNiNO

Em todo o mundo as mulheres ainda são perseguidos por não serem homens! Tendo isso em mente, é interessante ler um trecho de um livro de Apuleio, um mestre do passado iniciado nos Mistérios Antigos. Veja por si mesmo o quão longe a Tradição Ocidental está de uma atitude fundamentalista contra as mulheres!

“Enfim, a maioria das mulheres, a fim de expor os seus encantos e a sua graciosidade natural, despojase de todas as suas vestes, inclusive as íntimas, e se esforçam para mostrar sua beleza toda nua, conscientes de que devem agradar mais pelo rubor rosado de sua pele, do que pelo dourada reluzência de suas vestes. Mas - e mal ouso dizer, jamais poderia haver exemplo de tão sombrio anseio ? - se removermos o cabelo da cabeça, até mesmo da mais perfeitamente bela dentre todas as mulheres, se privarmos seu rosto de seu ornamento natural, mesmo se ela fosse descida do céu, proveniente do mar, gerada nas marés, mesmo se ela fosse, eu me refiro à própria Vênus, cercada pelo coro de todas as Graças, por toda miríade dos Amores, cingida por um bálsamo de canela, exalando benjoim; se ela ela fosse careca, ela não seria capaz de agradar ao seu próprio Vulcano.Quero expressar que quando os cabelos são de uma cor agradável, eles resplandescem com um brilho sem igual; e à luz do sol, lançam milhares de luzes, ou reluzem docemente, ou ainda quando por um efeito contrário, mas também charmoso, o cabelo muda de aspecto: tanto aquele reluzente como o ouro que atenua até adquirir o doce tom escurecido do mel; assim como o negro similar à penugem do corvo, com reflexos azulados, que constrata com a penugem do pescoço dos pombos; ou ainda, alisados com essências Árabes, e repartido por um pente de dentes apertados. E se presos, amarrados para trás; sob o olhar de um amante, ele reflete como um espelho uma imagem embelezada de si mesmo? O que dizer daqueles que unidos em tranças pesadas coroam o topo da cabeça; ou ainda soltos, sem nada que os retenham, lançam-se sobre as costas por inteiro? Em suma, o mérito do cabelo é tão grande que se uma mulher se apresentasse ornada de jóias, pedras preciosas e todo tipo de aparato, se seus cabelos não estivessem bem arrumados, ela não passaria de uma mulher elegante.” Apuleio, O Asno de Ouro ou Metamorfoses, Livro 2-9.

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artin B. – Em seu novo livro, Os Arcanos Divinos da Aurum Solis, você revela que os antigos Arcanos dos hermetistas que a Aurum Solis utiliza são a fonte dos Arcanos maiores do tarô moderno. Como Grande Mestre dessa Ordem, por que você decidiu escrever logo sobre o tarô dentre tantos outros elementos da tradição?

Dawn utilizou amplamente em seus trabalhos as correspondências elaboradas nessa época. Os iniciados dessa Ordem desenvolveram representações simbólicas, e elaboraram um sistema fundamentado na própria tradição deles e em sua criatividade. Eles desenvolveram alguns aspectos bons; e como vocês descobriram em meu livro, eles também geraram erros significativos.

“Visconzi-Sforza” tornou-se a fonte de uma grande inspiração artística assim como de estudos simbólicos. Jean-Louis de Biasi – O Tarô tem uma história exSem dúvida alguma é uma bela maneira de compreender traordinária. É impossível, para qualquer um interessado um aspecto da tradição ocidental. pela tradição ocidental não ter ouvido falar sobre Tarô. Existem inúmeros livros sobre esse assunto, assim como Contudo, a Tradição Hermetista (também intitulada diversos baralhos de Tarô. De fato, o Tarô é uma extra- Tradição Ogdoádica) está enraizada nas mais profundas ordinária combinação de um livro simbólico e uma fer- origens da humanidade, em uma parte do mundo que foi ramenta divinatória. Eu não quero me aprofundar agora o local onde a humanidade criou as línguas, as religiões, na história do Tarô, mas basta dizer que esse moderno as filosofias e os sistemas mágickos primordiais. A sistema oculto foi elaborado pelos ocultistas franceses: Tradição Hermetista surgiu no final da civilização egípo Conde de Mellet, Etteila e Eliphas Levi. A Golden cia, em Alexandria, e deu nascimento ao que podemos 18

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denominar como um helenismo alexandrino-egípcio. Nessa época era comum se estudar e representar o Cosmos associado às potências divinas chamadas de Deuses. Os Arcanos Divinos da Aurum Solis são compostos com representações divinas que foram progressivamente escolhidas pelos iniciados para sintetizar a sua compreensão do Cosmos, no plano material e espiritual. Assim, cada Arcano está clara e precisamente ligado a uma divindade, e associado aos seus nomes sagrados, permitindo práticas teúrgicas. Eu explico em meu livro a origem e a história dessa herança. O Tarô “moderno” é um sistema que surgiu mais tarde, indiretamente inspirado pelo sistema hermetista original. Então voltando para a sua pergunta, parece lógico começar pela representação do macrocosmo e do microcosmo, fornecendo as chaves que permitem ao uti-

Os Arcanos Divinos da Aurum Solis

Entrevista com o autor por Martin Beliard lizador ser imediatamente capaz de operar a nível teúrgico. M.B. – Por que o tarô da Aurum Solis utiliza 24 Arcanos (no lugar de 22, como nos outros jogos de tarô)? E além disso, por que os seus Arcanos representam divindades no lugar de figuras alegóricas ou eventos, como nas cartas do tarô moderno? J.L. DB.– Como você pode imaginar, eu não vou explicar todos os detalhes que você encontrará em meu livro, e que já apresentei em um artigo intitulado “Você perdeu algo?”, que foi publicado em português no website da Ágora Hermética (http://goo.gl/51JmM). No entanto, eu posso explicar alguns elementos que podem lhes ajudar a ter uma melhor compreensão de tudo isso. As tradições podem oferecer o melhor ou pior do que está disponível. Uma tradição é como uma família. É um grupo de pessoas, muito potente e útil. Você pode receber ensinamentos, rituais, uma ligação mágicka com uma egrégora, e muito mais. Em certas situações, uma tradição pode também se tornar um obstáculo para o progresso quando o dogma constitui o seu aspecto principal. Isso é o caso em diversas Ordens iniciáticas. Essa é a razão pela qual eu digo que isso é fácil de compreender. Qualquer um que aprenda ou pratique a Tradição ocidental está habituado com o número 22. Talvez seja interessante você se perguntar: por que esse número está sendo utilizado? Desde o século XVI, os cristãos interessados pela Tradição ocidental adotaram a Cabala hebraica. Eles descobriram essa tradição esotérica e utilizaram-na em suas próprias pesquisas e práticas religiosas. Mais tarde no século XIX, os www.magick-theurgy.com

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Ao longo da história existiram muitas representações da Árvore da Vida cabalística. Mesmo se o número de esferas é muitas vezes o mesmo, você pode ver nestes documentos cabalísticos que os caminhos podem ser muito diferentes. Seus números e as suas posições não são a expressão de uma revelação absoluta e defintiva. Estamos longe das representações dogmáticas de algumas ordens mágicas modernas.

A Árvore Sephirótica segundo o Rabbi Isaac luria.

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A Árvore da Vida Hermética no modo Sub Rosa Nigra é o resultado de uma pequisa interna conduzida durante muitos anos pelos grande Oficiais da Aurum Solis.

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ocultistas franceses também se concentraram no que denominaram como o aspecto “esotérico” do Catolicismo. Eliphas Levi (que era um padre Cristão) descreveu em seus livros as ligações entre o Cristianismo, a Cabala, o esoterismo e o Tarô. O resultado foi a associação do alfabeto hebraico (22 letras) com o número dos Arcanos Maiores do Tarô (22 também). Como eu disse na resposta da primeira pergunta, essas correspondências foram progressivamente enfatizadas por um grupo iniciático britânico. Mas a Tradição Ocidental não se limita à Cabala e à Tradição bíblica. Como escrevi em um artigo (http://goo.gl/1WcCh), a filosofia, a teurgia, os rituais, etc. existiam antes da Cabala ser criada. Nessa época, as línguas sagradas para os hermetistas eram o Caldeu, o Egípcio e o Grego. A língua utilizada no período Ptolomaico para difundir os ensinamentos hermetistas era essencialmente o Grego. Havia 24 letras no alfabeto grego dessa época. Como explico em meu livro, esse número corresponde também à representação hermetista do Cosmos: 4 elementos (mais 1 – o Éter); os 7 planetas; e os 12 signos astrológicos.

um dos primeiros Tarôs, o Tarô de Mantegna, é composto por um conjunto de 50 gravuras. Várias delas estão precisamente ligadas às Divindades Imortais e à representação hermética do Cosmos.

Desde o início, os Mestres da Tradição Ogdoádica sempre foram os guardiões desse conhecimento, que é a raiz de todas as suas práticas e rituais. Mesmo quando utilizavam os elementos da Cabala hebraica, era sempre em harmonia com os ensinamentos hermetistas e sua respectiva cosmologia.

O sistema de 22 Arcanos Maiores deriva da Cabala Hebraica e do revival ocultista francês de meados do século XIX; ele foi especialmente difundido por Eliphas levi, e posteriormente incorporado nos ensinamentos de Westcott, Mathers e Waite.

Com relação às representações das cartas, convém que você compreenda como os símbolos que você encontra hoje nos jogos de Tarô modernos foram desenvolvidos. Todos são resultados de uma “seleção natural” (similar àquela dos animais na natureza). O primeiro Tarô era um jogo de cartas que utilizava as figuras alegóricas com um objetivo habitual da época: distrair as pessoas por uma alegoria frequentemente associada com a sociedade, a classe social, as etapas da vida, etc. Muito certamente essas cartas não estavam conectadas a nenhum número ou letra. Mais tarde, quando os médiuns utilizaram essas cartas para divinação, eles foram cada vez mais se voltando para uma interpretação simbólica das cartas. Em seguida, os ocultistas associaram os números das letras hebraicas com as cartas. Sob a influência deles, diferentes aspectos foram modificados, escolhidos ou eliminados dessas representações. Os símbolos que podiam ser associados com a Cabala, alquimia e magia foram enfatizados, e outros amenizados. Diversas obras sob a influência dos grupos iniciáticos modwww.magick-theurgy.com

ernos incrementaram essa "seleção natural" para obter uma espécie de "Tarô Dogmático" considerado como a verdadeira representação dos ensinamentos originais da Tradição Ocidental. A partir deste dia, os artistas e autores modernos interpretam com seus próprios talentos a mesma estrutura. É sempre agradável ver interpretações pagãs e mágickas do Tarô enraizadas em um sistema Cabalístico Hebraico, que é muito diferente do Hermetismo. Eles têm uma representação filosófica e esotérica do Cosmos muito diferente!... Talvez seja hora de simplesmente nos perguntarmos se o Tarô dá chaves essenciais para que eu possa usar em rituais e em divinação; eu preciso usar uma egrégora cabalística oculta a fim de ser eficiente, ou devo acessar a clareza e a precisão do sistema original do Tarô hermético? Tenho certeza de que meu livro vai lhe dar vários elementos para você decidir sozinho, sem dogmas ocultos. M.B. – O tarô da Aurum Solis pode ser utilizado 21


como qualquer outro baralho de tarô? Como ele está pode ser realizados esses Arcanos Herméticos? relacionado com o trabalho teúrgico da Ordo Aurum JL. DB. – Claro que sim! Esta é uma pergunta imSolis? portante. Em ordens iniciáticas como a nossa, há sempre JL. DB. – Antes de mais nada, apenas reflita sobre dois níveis de rituais em grupo. Um deles é acessível a como você pode utilizar os usuais baralhos de Tarô. O todos, o outro geralmente é restrito para Iniciados e exestudo simbólico e a meditação podem ser as primeiras ecutados sob a proteção da egrégora da Ordem. Porrespostas. Como treinamento, isso é de fato muito útil, tanto, não é necessário ser iniciado para começar a e algo parecido com o que você será capaz de fazer com realizar os seus rituais em grupo. No entanto, é imporfiguras alquímicas ou astrológicas. Mas depois disso tante ter alguém experiente para ensinar e supervisionar você pode se perguntar: como eu posso usar essas cartas esse tipo de trabalho em grupo. É isso o que eu faço dupara uma prática interior e rituais reais? Eles são real- rante seminários ou workshops abertos para todos. Você mente úteis? Demore alguns segundos para responder. tem uma ampla parte prática no livro e você será capaz Como você pode ver isso não é tão fácil, porque as ver- de ler e experimentar rituais individuais. Todos os rituais dadeiras chaves estão escondidas, e muitas vezes as cor- individuais podem ser praticados em grupo. respondências utilizadas nas cartas estão erradas. Como eu disse, cada Arcano está ligado a um poder Então, sim, o que você chamou de "Tarô da Aurum divino. Em um ritual realizado em grupo em um workSolis " (mas é melhor chamá-lo de "os Arcanos Divinos shop, você pode ver como as energias estão organizados da Aurum Solis"), pode ser usado para o estudo sim- em seus corpos interiores e invisíveis. Você pode descobólico e mitológico. Ele pode ser usado para meditação, brir qual planeta, signo, etc. é um obstáculo (ou auxílio) visualização, prática interior, magia e teurgia. Você tam- para você. Depois disso, e isso é algo que é peculiar à bém pode usá-lo para ter uma ação em diferentes situ- teurgia, você pode re-equilibrar estes poderes por uma ações em sua vida. Vários gráficos no livro lhe dão uma utilização imediata dos Arcanos. Todos os membros do lista muito precisa de qualidades, funções psicológicas grupo focam as suas energias em um ritual dedicado a e divindade, além de rituais a partir dos quais você pode um deles. O poder dos Arcanos Divinos associado ao obter o melhor para a sua vida. Como você pode ver, poder do grupo dá um resultado muito eficiente. Este é seus usos são muito mais profundos do que você pode um exemplo simples do que é praticado em um workimaginar. shop. Sei que para muitas pessoas, o trabalho teúrgico parece muito similar a um trabalho mágicko. Você pode encontrar nesta edição da revista algumas Perguntas&Respostas sobre essa questão. Mas em poucas palavras, posso dizer que de acordo com Jâmblico, teurgia é o uso de símbolos e rituais a fim de se envolver com vários níveis de consciência e elevar a sua alma para as realidades mais divinas. A Teurgia pode ser vista como um sistema mágicko fundamentado no desenvolvimento espiritual. Neste caso, você pode facilmente entender que os baralhos modernos de Tarô não são muito eficientes para isso. Quando você vir os Arcanos Divinos da Aurum Solis você será capaz de entender que você pode usá-lo instantaneamente para invocar interiormente e exteriormente os poderes Divinos. Os nomes sagrados herméticos, as figuras divinas e as correspondências originais permitem que você trabalhe teurgicamente.

M.B. – Este livro é o segundo pela Llewellyn Publications em menos de um ano. Você pretende publicar algum outro em breve? Você pode nos contar um pouco sobre seus projetos futuros? JL. DB. – Sim, eu posso! Antes de tudo o Baralho Completo dos Arcanos Divinos da Aurum Solis foram lançados há 1 mês. Quanto aos livros, eu estou trabalhando em um livro intitulado “Tornando-se Deuses”. O subtítulo diz um pouco mais sobre o assunto: "Invocando as Potentes Divindades para Transformar e Aproveitar a sua Vida". O próximo será “O Caminho Magicko do Casal”. É importante não revelar todos os detalhes imediatamente. O conteúdo desses dois livros será divulgado progressivamente. Obrigado por suas perguntas. n

M.B. – Os Arcanos da Aurum Solis podem ser usados em rituais de grupo? Você poderia nos dar um exemplo do tipo de trabalho mágicko em grupo que 22

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A CArtA NAtAL DE MArSÍLiO FiCiNO por Frater Jovis

28 de OUTUBRO de 1433 (GREGORIANO) 13:26 LMT

FIGLINE VALDARNO, Itália 11E28 43N37 Sol 18 55′12″ Libra Swati Lua 26°45′16″Sagitário U.Shadha Marte 13°49′14″Capricórnio Sravana Mercúrio 12°08′14″Escorpião Anuradha Júpiter 02°37′59″Leão Magha Vênus 04°09′04″Virgem U.Phalguni Saturno 26°04′42″Capricórnio Dhanista Rahu 18°14′15″ Sagitário P.Shadha Ketu 18°14′15″ Gêmeos Ardra Ascendente 20°56′06″ Sravana

Saturno na casa 1 dá perspectivas sobre a vida austera e como eremita, daí Ficino, ele próprio tomou o nome de "Saturnus" dentro do Círculo Careggi. Isso indica que www.magick-theurgy.com

Ficino se identifica com as qualidades de Saturno. Saturno na casa 1 dá perspectivas sobre a vida austera e como eremita. O segundo Senhor, Saturno, na casa 1, dá o conhecimento de diferentes línguas. Todos os sinais estranhos são afligidos pelo eixo Rahu-Ketu e pelo oitavo senhor, o Sol, está posicionado na casa 10. Esses fatores são provavelmente o que levou à proximidade nata com Deus, e Ficino tornou-se um Sacerdote em 1473, durante o seu período de Rahu / Lua (o sistema Vimsoothri dasa). O nono senhor, da religião e da filosofia, na 11ª casa de ganhos sugere que ele ganhou através do conhecimento e da filosofia (Mercúrio dá inteligência e saber pela razão). O sétimo senhor na casa 12 dá litígios através de parceiros como pode ser mostrado quando ele estava sujeito à inquisição (6 ª casa é litígio, mas ambas as casas 6 e 12 são afligidas). Ele era descrito como manso, refinado e gentil, embora com um rápido flash de raiva possível. Contente com um simple traje e um simples estilo de vida, ele era consciente e frugal. Seu rápido flash de raiva, aparentemente, é devido a Marte na primeira casa. O décimo senhor está posicionado na casa 9 de religião; de modo que Ficino, de fato teve o seu sacerdócio ordenado pelo destino. Esta carta mostra que ele superou suas dificuldades na vida abraçando a religião e a filosofia. Saturno na casa 1 dá uma atitude de renúncia em relação aos prazeres materiais e sensuais.n 23


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Calyx é uma técnica fundamental da Ordo Aurum Solis, às vezes comparada com a Cruz cabalística que você pode encontrar na tradição da Golden Dawn. Sua estrutura geral e o seu objetivo são muito bem descritos na série "Filosofia Mágicka" e vamos começar com esta análise. No entanto, você logo vai perceber que a partir deste livro eu revelo as chaves que lhe permitirão iniciar uma verdadeira jornada Hermética. [As citações abaixo são do volume 3 da série "A Filosofia Mágicka"] "O Calyx é uma técnica fundamental da Arte Mágicka, que tanto alinha o praticante com as forças do cosmos, quanto desperta a percepção das correspondências dessas forças na psique. Assim, pode-se dizer que ela encapsula em um ato breve, o principal método e propósito de todos os trabalhos de Alta Magia. O Calyx é variadamente empregado como um energizante psíquico, como um modo de adoração, ou como uma fórmula de preparação para o influxo do poder ". Esta última frase tem que ser lida com cuidado para ser totalmente compreendida. Os escritores esconderam várias chaves aqui.

Do Calyx ao gesto de HErMES por Jean-Louis De Biasi

Obviamente, o primeiro passo está relacionado com o nível de magia, que consiste em trabalhar em suas habilidades psíquicas interiores. O segundo plano diz respeito ao nível espiritual, que será desenvolvido mais adiante neste artigo através do Gesto Sagrado de Hermes. O terceiro nível está relacionado com a Teurgia. Você está ciente de suas habilidades interiores, sua consciência está aberta para os níveis espirituais; e como resultado, será possível para você construir uma forte ligação interior e exteriormente com os poderes Divinos. "O Calyx constitui, por exemplo, uma parte integrante dos ritos de Estabelecimento dos Guardiões (os tópicos III, IV, V do texto seguem abaixo), onde sua principal função é imbuir o operador com o poder necessário para estabelecer um ambiente selado e santificado, e uma matriz astral vibrante, na qual você realizará o seu trabalho". É importante lembrar que tal trabalho ritualístico é realizado primeiro no plano interior em primeiro lugar. Gestos e as vibrações podem ter um efeito apenas se você pretende fazer essa prática no nível invisível. Se você não usar uma visualização adequada ou não saber em qual aspecto você tem estar

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focado, a prática vai ser apenas um exercício físico. Você tem que construir um verdadeiro ambiente invisível cuidadosamente escolhido. Para isso, o primeiro passo é aprender a visualizar. Depois disso, outras chaves são necessárias para aprender como "selar" este espaço sagrado, a fim de realizar um trabalho espiritual forte e eficiente. Os ensinamentos orais podem ser uma ajuda muito boa. "Na conclusão de algumas das Fórmulas Ritualísticas, o Calyx é empregado como um gratulatio, um agradecimento mágicko. Neste contexto, a função da Calyx é dupla: no ambiente de um rito efetivado, ele homenageia a realidade sublime das forças do cosmos e do microcosmos, e afirma e estabelece o equilíbrio de potências dentro do organismo psíquico do operador ". Novamente, é essencial lembrarmos dessa necessária conexão entre o microcosmo e o macrocosmo. O Teurgo deve executar rituais escolhendo os símbolos e os diferentes elementos de acordo com a lei das correspondências, mas também com a mente focada no mais alto nível espiritual. Tendo isso como sua meta, faz uma diferença fundamental. Esta é uma parte importante da segurança de todo o processo. Como a citação afirma, o uso da Calyx lhe permite equilibrar as energias em sua aura. Para alcançar esse resultado, você pode simplesmente seguir as instruções, conforme apresentado no livro. Os resultados virão (dependendo da regularidade da sua prática). No entanto, se você usar a descrição do processo no nível invisível, seu trabalho será mais eficiente e, possivelmente, mais rápido. A conwww.magick-theurgy.com

sciência do processo oculto sempre lhe ajudará a entender o que você está fazendo melhor e, conseqüentemente, afetará o sucesso de todo o processo. "Apesar de relativamente simples, o Calyx é um " tônico" spiritual complete, por direito próprio, e o estudante deve usá-lo com freqüência: seja para melhorar as suas energias psíquicas pessoais em preparação para uma outra atividade (ritual, meditação, ou outra); ou como um modo de sintonia com as grandes forças da vida; ou pelo puro prazer do ato; ou para a felicidade do ser". Este é um grande aspecto da Tradição Ogdoádica, a Aurum Solis; ela sempre ajuda o aluno a conectar o seu trabalho no auto-desenvolvimento com a sua vida e o seu desenvolvimento espirituais. "No texto do Calyx, as Palavras de Poder são fornecidas tanto em hebraico e como em grego." Graças aos Grande Mestres fundadores da Aurum Solis, o Calyx não é dado apenas com as palavras hebraicas como você pode ver na tradição da Golden Dawn. As vibrações Gregas (modo Sub Rosa Nigra) e os nomes em Latim são fornecidos, a fim de lhe propiciar a oportunidade de experimentar um outro tipo de energia. É importante para você perceber que os nomes sagrados sempre conectam o praticante a uma certa qualidade de energia. Correspondências entre nomes não significa que eles são equivalentes! Os resultados de uso do hebraico, grego, latim ou egípcio não são idênticos. É claro que o principal objetivo e a essência da prática permanecem os mesmos. No entanto, o caráter e o tom do trabalho no nível espiritual não são os mesmos. Se você quer acender uma luz, o processo é simples: basta a pertar o interruptor. No entanto, você pode facilmente compreender que mesmo que o poder é o mesmo, a luz será diferente se você usar diferentes lâmpadas coloridas. Consequentemente, o seu sentimento também será diferente se você estiver sob a influência de uma luz vermelha, em comparação com uma luz verde, negra ou natural. É da mesma forma quando você estiver usando vibrações de diferentes origens, e por isso você tem que escolhê-las com muito cuidado. Você também deve considerar que essas línguas sagradas estão associadas com culturas especiais, e portanto, com egrégoras específicas. Mais uma vez, os poderes com os quais você estaria conectado sem estar consciente das questões ocultas terá um impacto muito diferente em sua psique. Todos estes elementos têm de ser esclarecidos para que você entenda as conseqüências 25


Recorrentemente utilizada na Tradição Mediterrânea, as serpentes aladas podem ser encontradas em vários locais e símbolos

dessas questões em sua vida. Eu tive a oportunidade de escrever um artigo sobre este assunto e você pode acessá-lo em: http://goo.gl/CJAdp. Se você considerar esses aspectos em relação ao mapa Cabalístico, poderíamos dizer que o Magus restaura o verdadeiro equilíbrio entre Binah e Chokmah. Neste momento, "a sua mente agora é na verdade a do Pai todo-poderoso e da Mãe Fértil e Brilhante: ele é a Mão Direita e a Mão Esquerda ambas mantidas no gesto do Calyx: e acima dentre elas irradia um brilho ilimitável da Glória Primordial."(Filosofia Mágicka, Volume 2, Capítulo IV) O PROCESSO NOS PlANOS INVISÍVEIS Agora vamos dar uma olhada no ritual Calyx. Algumas pessoas têm erroneamente reduzido o Calyx a uma forma modificada da Cruz cabalística. Esta falta de investigação e entendimento do significado mais profundo do Calyx levou a uma completa incompreensão de suas características mais importantes. Iremos reparar alguns dos danos aqui, oferecendo mais informações sobre a sua finalidade e o seu significado.

prática, e para evitar enganos, você deve entender o que acontece nos diferentes planos (a nível de seus corpos invisíveis) durante o ritual. A melhor maneira de entender isso, é descrevendo este ritual e o que está acontecendo internamente, e para que você possa acompanhar o processo enaltecendo-o (pelo menos mentalmente). Desta forma você terá uma idéia muito mais clara do poder do Calyx e de sua potência. Antes que eu descreva o Calyx, é muito importante ressaltar novamente que o Calyx pode ser realizado em diferentes idiomas, e que a língua utilizada tem um efeito sobre o praticante. Você pode ouvir a pronúncia correta das palavras usadas no Calyx no site Aurum Solis em: [link para o artigo] Para ajudar o leitor a compreender isso, vou descrever o processo oculto dessas diferentes fórmulas do Calyx.

Calyx é uma palavra grega que significa "copo" ou "concha". O significado desta palavra revela a essência receptiva do seu ser ao executar este ritual. No Calyx, o foco está em nossa completa receptividade das forças Divinas que nos enobrecem. Portanto, o Calyx pode ser No primeiro momento do ritual, o Mago se concentra um ritual "individual", que é tanto intelectual quanto em sua Flammae Corona (Kether), antes de começar o emocionalmente profundo. ciclo de respirações, o que estimula um tipo de vibração Para compreender o significado e o simbolismo desta 26

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na aura. Poderíamos comparar esse efeito com o momento antes dos trovões, quando sentimos a tensão elétrica se formando em um céu tempestuoso. Na primeira inalação, uma esfera branca intensa aparece logo acima de sua cabeça. Os ensinamentos mais avançados da nossa Ordem explicam a conexão entre esta esfera e as sete esferas planetárias, mas não vou desenvolver este aspecto aqui. Em seguida, uma variação, um movimento ondulante, aparece dentro da esfera. Uma espécie de chama (similar em forma à letra hebraica Yod) aparece e começa a se manifestar como uma esfera de luz pulsante, crescente em diâmetro de acordo com a sua visualização. Esta chama divina é atraída a partir dos mais elevados planos da psique do Mago. Esta pequena chama (visualizada acima de sua cabeça) representa o Poder Supremo, a fonte, a origem de todo poder mágicko, o fogo sagrado que nos permite a prática de Magia Divina (Teurgia). A localização desta chama acima da cabeça, define que ela se origina muito longe do ser profano, o corpo físico e arredores. Esta manifestação ajuda o Mago a estabelecer contato com os poderes usados para realizar os rituais que se seguem. Enquanto o Mago inala, ele atrai a luz para baixo através da coluna vertebral, de modo que ela flui com facilidade até o Instita Splendens (Malkuth), onde este poder tem as suas raízes. Se você observar cuidadosamente como a luz desce através da coluna central, durante o seu movimento você vai ver as sete cores que estão associados com os sete planetas. Depois que a luz é enraizada na Instita Splendens, a luz na coluna vertebral torna-se como uma chama intensa de magnésio branco-incandescente, rodeado por pequenas faíscas vermelhas. A forma dessa luz é muito específico e pode ser comparada a um tubo. Se você olhar atentamente para o que está ocorrendo na Instita Splendens, você vai ver as sete cores prismáticas se tornarem um arco-íris, que dá a luz a uma forma espiralada. O movimento é completado como se fundissem com cores vibrantes, em uma cor escura. Mesmo que esta cor seja escura e terrosa na aparência, não está associada a uma sensação pesada por completo. Os braços são elevados de modo que ficam no plano horizontal, paralelos ao solo, com as palmas das mãos para cima. O Calyx (ou copo) é então criado na mente. Este é um grande ponto de diferença entre o Calyx e da Cruz cabalística, demonstrando a inexatidão de qualquer comparação entre eles. Sem revelar os ensinamentos internos da Aurum Solis, eu poderia destacar que há uma relação entre a posição das mãos, e as esferas Chokmah www.magick-theurgy.com

e Binah (na Árvore da Vida). Há também movimentos específicos e visualizações que podem ser usados para aumentar o poder do Calyx em versões mais avançadas deste ritual. Durante este processo o Flos Abysmi (Daat) se torna o foco central. De repente, um intenso eixo de energia aparece em Tiphereth. Uma após a outra, a mão esquerda e depois a mão direita, são colocadas sobre os ombros. Se o trabalho interno é realizado adequadamente, vários fenômenos ocorrerão dentro do corpo invisível. Em primeiro lugar, este é o momento em que o Mago cruza a barreira entre Atziluth e Briah. Sabedoria (Chokmah) conecta-se à Força, e Misericórdia se conecta a Binah (o entendimento). Esta ação cria os dois pilares que estão nos dois lados da coluna central (presente na coluna verteb r a l ) . um anel de bronze muito interesQuando as sante di Egito Antigo, com a Sermãos são pente coroada elevando-se para o trazidas em Sol. contato com os dois centros associados com seus ombros, você vai ver a luz aumentando nessas duas esferas: (Gedulah / Chesed no ombro esquerdo e Geburah no ombro direito). Um fluxo intenso de luz se move para baixo através de cada coluna; na verdade, criando três colunas em seu corpo invisível. Neste momento, a luz na coluna central se torna muito intensa, e é completamente impossível mantê-la em sua mente. Você só vai sentir a verticalidade desta ligação entre o céu e a terra. Podemos ser surpreendidos por este processo astral, mas é importante esclarecer que não há realmente nenhuma "cruz" em sua aura aqui. Os conceitos relacionados a qualquer prática mística que venha do "sinal da cruz" cristão não estão ligados ao processo do Calyx. O Calyx da Aurum Solis está definitivamente ligado a uma prática hermética mais antiga da Aurum Solis chamada de "fórmula do Pórtico do Temenos" ("Temenos" significando "Templo"). Esta é uma capacitação muito precisa do seu corpo invisível que ajuda a reequilibrar suas energias interiores na forma de três colunas. Como Denning e Phillips já enfatizaram anteriormente, é proveitoso para 27


o aluno compreender as relações entre o pórtico, a superestrutura, a abóbada e a manifestação do Graal. Toda a sua aura está agora cheia de rios luminosos e brilhantes de energia. Uma luz solar intensa irradia no centro do seu corpo, no Orbis Solis (Tiphareth); que começa a crepitar como um fogo e irradia energia, como o calor do sol nascente. Isso ocorre no momento em que você entra no plano Yeztirático. As duas colunas de cada lado da coluna vertebral recebe o mesmo influxo de luz, e desfruta da mesma experiência que a coluna central (coluna vertebral). Em seguida, aos poucos elas começam a desaparecer da mente do Mago. Apenas o brilho da aura continua a ser sentida. Completamente equilibrado e plenamente consciente de sua capacidade interior, o Mago é agora capaz de continuar o seu trabalho mágicko.

DO GrAAL pArA A FÓrMULA DE HErMES

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o Volume 3 da "Filosofia Mágicka", os autores escreveram: "Em certa medida, pode-se dizer que o Calyx prefigura a Fórmula do Graal". Essa referência nos leva de volta para o alvorecer da Tradição Ocidental. À primeira vista, seremos tentados a associar o Graal com a Tradição cristã medieval. No entanto, os livros da série "Filosofia Mágicka" criam uma relação clara e imediata com a Tradição celta pré-cristã". O Graal está em alguns aspectos intimamente relacionado com o antigo Caldeirão da Regeneração, que aparece na mitologia celta. Este é representado como um verdadeiro cadinho mágicko, do qual (depois de certas operações), o sujeito emerge renovado em vida e em juventude. Seu arquétipo é nada menos que o "Caldeirão de Annwn." (Filosofia Mágicka, Vol. 1 -. Capítulo VII) "Ele [o Graal] é também o símbolo específico e sagrado da Deusa em seu aspecto de Binah, como receptáculo do poder do Pai Celestial. O Graal representa portanto, uma realidade espiritual elevada: um dos seus co-símbolos é o Universo. Levantar um instrumento mágicko, como já foi dito, é para trazê-lo para a manifestação e para a operação. Portanto, aquele que eleva o Graal em um ritual solene está fazendo uma oferenda, na medida em que ele é capaz, do próprio universo como 28

um receptáculo e instrumento do Poder Divino. Não só isso: ele também está, seja explícita ou implicitamente, oferecendo-se como um instrumento daquele Poder. Mesmo assim, o Grande Mestre faz a oferenda de Ordem, e de si mesmo, seu representante perante os Deuses". (Filosofia Mágicka, vol. 3, p. 114) Teremos a oportunidade de falar sobre a importante tradição Celta em uma outra edição da revista, mas é interessante ressaltar essa referência como uma chave importante para a compreensão do conceito hermético do Calyx. Antes de tudo, como afirma-se na última frase, o Grande Mestre tem um trabalho Teúrgico essencial em relação às Divindades Imortais: "os Deuses". Esta obra altamente espiritual liga a egrégora do Aurum Solis aos divinos fundadores da Tradição pela observância de rituais avançados. Para o bem de todos, é essencial que este canal permaneça vigorosamente vivo, a fim de propiciar o seu poder (através da iniciação, que cria um link), e como disse Proclus, pela consagração e bênção de materiais ritualísticos recebidos através do Mago e Oficiais neste momento especial. A segurança das práticas espirituais individuais é uma das consequências desse aspecto do Calyx. A Eclésia Ogdoádica, que é a parte religiosa da Tradição Hermética, revela esta relação em um aspecto que está mais focado no campo de Adoração. Como já afirmei anteriormente, o Graal também é o Caldeirão da Regeneração. Como você poderia esperar de uma Tradição Hermética como a Aurum Solis, outras evidências apoiando este fato pode ser encontrada no texto sagrado do "Corpus Hermeticum", que é também chamado de "O Cálice ou a Mônada". (A reMagia & Teurgia - Outubro/Novembro/Dezembro 2011


lação se torna clara) "Tat: Então, Ó Pai, por que Deus não concede a todos nós, o Nôus (o Divino dentro de nós)? Hermes: Meu filho, ele desejou que o Nôus fosse revelado para as almas como um prêmio. Tat: E onde ele o colocou? Hermes: Ele encheu um ponderoso Cálice com ele, e o enviou para baixo, associando um Arauto [a ele], a quem Ele deu o comando para fazer este anúncio aos corações dos homens: "Mergulhe em ti mesmo neste grande Cálice, tu que queres trilhar o caminho sagrado do retorno e quer saber por qual razão tu existes!" Os que entenderam os avisos do Arauto e mergulharam na Mente, toraram-se participantes da Gnose; e ao "receberam a Mente" foram feitos "homens perfeitos". Mas aqueles que não entendem os chamados; esses, já que possuem a ajuda da Razão [apenas] mas não a Mente, são ignorantes quanto ao porquê e como eles existem.[...] Tat, a ciência do Nôus trata-se disso: contemplar as essências Divinas e compreender Deus. Essa é a salubridade do mergulho dentro do cálice Divino.

perado. É também por isso que outras formulações do Cálice têm sido desenvolvidas a fim de aumentar a conexão com essa fonte hermética. No gesto sagrado de Hermes, usado por iniciados e nãoiniciados, o arquétipo Hermético é usado para elevar a sua alma e permitir-lhe realizar sua ascensão para o Cálice divino. Você pode proceder assim: 1 - Fique de pé, com os braços relaxados naturalmente. 2 - Estenda os braços para frente, elevando-os aproximadamente 70º acima do plano horizontal com palmas das mãos voltadas para cima (fique relaxado). Mantenha essa posição enquanto você visualiza a descida da luz espiritual. Mantendo esta posição, vibre: EI

A manifestação da energia interior pode ser vista como a ascensão da serpente alada: Agathodaimon! 3 - Abaixe os seus braços, girando as palmas das mãos para baixo no movimento. Mantenha as mãos paralelas ao chão. As palmas ficam no nível dos seus quadris. Mantendo esta posição, vibre: HÊ BAZILÊIA

A conexão entre Thoth-Hermes e a essência do Cálice é óbvia. Este amplo Cálice é uma emanação divina que contém o Nôus, a substância divina que nos ajuda a nos tornarmos Deuses, para realizar a nossa própria divindade e revelar o desejo retornar à origem, que é o mundo Divino. Então, mais do que o Cálice em si, é o que o Cálice contém que é essencial, assim como a consequência de se usar o Cálice. Este é um Cálice de regeneração 4 - Levante os braços da alma, e ao mesmo tempo, é uma lembrança sobre a simultaneamente. Cruzesua própria origem e sobre a sua natureza Divina. Agora, os sobre o peito, o direito você pode compreender porque há uma conexão entre sobre o esquerdo. o Calyx e o amplo Cálice da Tradição Hermética. ObviMantendo esta posição, amente este nome "Calyx" abrange mais do que o eswww.magick-theurgy.com

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mais uma vez, vibre: KAI HÊ DÜNAMIS

dos paraísos celestiais! "

Mantendo esta posição, mais uma vez, vibre: KAI HÊ A energia amarelo-dourada é atraída por esta adoDOXA ração. Este é um ato de amor, um desejo de ver esta fonte de toda a vida descer em seu corpo como uma ver5 - Abra os seus braços para frente com as palmas das dadeira revelação do Divino em você. Quando você senmãos voltadas para cima, enquanto você visualiza as tir esse contato, essa magnetização, vibre o primeiro asas de Hermes se abrindo. Os braços devem ficar abersom sagrado. O movimento da energia será ativado, e tos de modo bem amplo. Volte os seus olhos para o céu. se iniciará o movimento de descida dela. Mantenha esta posição, e vibre: EIS TOUS AIONAS Este fluxo de energia (que é ao mesmo tempo sutil e Algumas indicações do processo oculto desse gesto poderoso) penetra em você e desce ao seu plexo solar podem ser úteis. através do canal criado no início pela energia da terra. O primeiro passo destina-se a dar a oportunidade de Assim que você sentir essa presença, passe imediataequilibrar suas energias interiores. Sua mente tem que mente para a etapa 3, e gire as palmas das mãos para está vazio de quaisquer pensamentos. Você tem que sen- ficar de frente para o chão e permitir que a energia contir os pés no chão, a temperatura, a natureza do solo, etc. tinue a fluir através de seus pés para criar essa ponte de Respire em silêncio. Este é o momento em que suas luz. A segunda vibração irá reforçar este eixo vertical, próprias energias são conectadas aos poderes da terra. que se eleva através de sua coluna vertebral. Seu corpo começa a ser uma extensão da terra. Um fluxo Os passos seguintes são relacionados com a revelação de energia telúrica vem aos seus pés e penetra através de sua própria divindade, com a ajuda do processo Herde seus pés como uma vibração interna. Quando você mético. Neste ponto seu desejo tem que ser claro: ausentir esta vibração em seus pés, volte a sua consciência mentar a consciência de sua própria divindade e na direção dos níveis superiores, e levante os braços. ascender aos mais altos níveis espirituais, elevando a Este movimento vai dar uma direção para o fluxo de ensua alma através das esferas celestes. ergia da terra que se elevará pela sua coluna vertebral. Quando a energia sobe em direção à sua cabeça, uma Este desejo tem que permanecer em sua mente enespécie de tubo de energia é criado. Este canal parece quanto você levanta ambos os braços simultaneamente. vazio porque a energia é muito sutil. Esta é a essência Inspire enquanto você visualiza o primeiro aspecto da da energia da terra, que ativou esta ponte entre a terra e serpente, o bom espírito Agathodaimon, elevando-se em o céu. torno de você, envolvendo-o no sentido horário. Quando a sua cabeça alcançar o nível de seus ombros, vibre a Quando seus braços estiverem estendidos em direção palavra sagrada. Faça o mesmo para o segundo aspecto do céu, esta energia original (que atingiu a sua cabeça) de Agathodaimon, que te circunda no sentido antibrilha em direção ao céu, na forma de uma corda muito horário. Como você pode ver na ilustração, duas fina de luz. poderosas correntes de energia te cercam, preenchendo Este é o momento para você voltar a sua mente em a sua aura com uma luz dourada brilhante. direção ao fogo primordial, a mais alta Divindade, sem Agora, realize a última etapa abrindo os braços em forma, que está acima de todos os outros Demiurgos, direção ao céu. As asas divinas do caduceu de Hermes Deuses e Deusas. Em rituais específicos, a Tradição da se abrem amplamente. Há uma espécie de explosão de Aurum Solis usa uma oração dizendo: fogo dentro de sua aura, e sua alma pode usar esse fogo celestial e interior para empreender o caminho sagrado “Invoco-te, do retorno. Tu, a Chama secreta que habita no sagrado e lumiEste processo oculto revela para você uma outra comnoso silêncio! preensão do que é geralmente chamado de "Calyx." Tu, a Luz dos Grandes Deuses, e a Vida dos Mundos! Como você percebe agora, o Hermetismo não é uma Tu, Potente e Brilhante, cujo Espírito permeia todas palavra simples. Estes exercícios e práticas teúrgicas podem ser usados com sucesso hoje, da mesma forma as coisas! como eram no início desta Tradição. n Tu, Fogo Sagrado que é invocado em todo santuário 30

Magia & Teurgia - Outubro/Novembro/Dezembro 2011


COrpO, MENtE E ALMA O corpo pode se tornar o mais precioso aliado que temos para ascender rumo ao Divino?

por Patricia Bourin

A

ssim como muitas pessoas, eu acredito que é importante ter um bom equilíbrio na vida. Especialmente quando você quer ser mais consciente de si mesmo e, ao mesmo tempo, aumentar a sua qualidade de vida e desenvolver a sua parte espiritual. Então eu gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões sobre vida e equilíbrio. Vivemos em um mundo visível. Um mundo material que está ligada a um mundo invisível de muitas maneiras, mas mensurável: o ar, o vento, a mente, o sentimento, e a um outro mundo invisível que não é mensurável: um mundo espiritual. Como um ser humano, o primeiro passo – como uma casa – é a construção de nosso corpo, aprender a usá-lo e descobrir como usá-lo. De fato o nosso corpo é físico, material; e como um bebê podemos descobri-lo e usá-lo mesmo antes de ter autoconsciência. No segundo passo, completamente ao mesmo tempo, desenvolvemos a nossa mente passo a passo. Aprendemos a falar, a entender a nossa língua nativa, e então mais tarde, começamos a pensar, a ficar conscientes de nós mesmos e do mundo ao nosso redor, e assim por diante. Aprendemos muitas coisas e adquirimos experiência na vida. Estes passos são na verdade uma lição para a vida toda, já que o corpo muda, e a mente e o mundo também. Eu acho que é importante dar o mesmo interesse nestes dois níveis: visível e invisível. Mas encontrar um equilíbrio entre a mente e o corpo pode ser um desafio para a maioria de nós. Por quê?

Nosso corpo não é apenas músculos, ossos e carne; é também flexibilidade, resistência e respiração. Portanto, há uma parte inata, já presente em nosso nascimento e outra parte que aprendemos e desenvolvemos. Sim, mas isso não basta, pois como ser humano, a mente também está no corpo; por exemplo, como o ritmo de uma voz, uma música ou um ruído. Visto que não estamos sozinhos na terra, nosso corpo vive com o ritmo do mundo que nos cerca: das estações do ano, do clima, e também das outras pessoas. Nosso corpo reage com os nossos sentimentos e com a nossa razão. Há uma ligação entre palavras e sentimentos, assim como entre os sentimentos e a razão. E se cortarmos esses elos, perderemos o equilíbrio, e além disso: às vezes a gente pode ficar doente. Podemos encontrar um monte de exemplos de doença mental ou física, pois não há equilíbrio entre a alma e o corpo. Falo sobre a obesidade, o excesso de peso, a diabetes, a anorexia e assim por diante; mas também sobre a tristeza ou a raiva; para algumas pessoas esta falta de equilíbrio não é tão visível, porque é profundamente interna. As pessoas podem ter sentimentos estranhos também, como um vazio ou uma raiva dentro delas, só porque elas esquecem sua mente e prestam atenção apenas em seu corpo. Parece – e muitos médicos assumem isso – que estar fora de equilíbrio tem consequências negativas na vida. O oposto pode ser verdade.

Pode ser apenas porque nós realmente não prestamos a atenção suficiente a este ponto. Ou apenas porque nos últimos séculos a religião atual insiste em nossa parte espiritual, mente e alma; e quer esquecer do corpo. Por que as pessoas não prestam atenção ao seu corpo? Por que querem trabalhar apenas em um nível espiritual? Todo mundo tem uma percepção diferente do seu Mas a mente está lá, dentro deste corpo e se este corpo corpo de acordo com o seu gosto pelo esporte, dança, é apenas um veículo, por que deve ficar em uma má caminhadas, meditação, etc. Então, de acordo com o esforma ou ser negligenciado? O corpo reflete parcial- tilo de vida que temos, nosso corpo é mais ou menos immente a nossa mente e a nossa vida. www.magick-theurgy.com

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portante. Claro que, para algumas pessoas, poderia ser apenas pelo bem-estar, pois todo mundo sabe que o corpo precisa de repouso, água e comida, por isso é simples alcançar a satisfação básica (eu estou com fome, então eu como. Estou cansado, então eu vou dormir). A quantidade de comida pode ter uma importância nesse aspecto; algumas pessoas podem comer apenas uma pequena quantidade de comida por refeição; para outros, o mais importante é comer uma grande quantidade. E para outras pessoas apenas comer não basta, seria necessário acrescentar prazer na hora da refeição, já que é um aspect que faz parte da vida privada e social. Por exemplo, desfrutar de um bom jantar com a família ou com amigos.Claro que cada povo também difere na percepção do corpo e da mente. No entanto, estamos procurando uma forma de aumentar a qualidade da nossa vida nos níveis material, espiritual e intelectual. Para atingir este objetivo, não podemos pôr de lado uma parte de nós mesmos e trabalhar apenas na outra parte. Então, precisamos estar conscientes do nosso corpo e da nossa mente. Desta forma, temos uma possibilidade de encontrar um bom equilíbrio para uma melhor harmonia em nossa vida. Eu estou falando sobre o equilíbrio, e para mim ele está necessariamente ligado à liberdade. Porque em certa medida, é a nossa escolha para decidir a maneira como vivemos, independentemente do nível. Por diferentes motivos, algumas pessoas experimentam ou costumam passar um período, mais ou menos curto, sem se alimentar. Geralmente é por um motivo espiritual. É importante dizer aqui que nós não recomendamos fazer um período de abstenção de comida. Se você fizer isso, lembre-se de beber água sempre que desejar. Também é importante estar ciente dos riscos quando você decidir começar essa experiência por mais de um dia. Neste caso, fica um conselho: fale com seu médico primeiro. Por que as pessoas fazem isso? Por que as pessoas decidem não comer nada durante um dia, por exemplo? O objetivo é limpar o corpo, mas também aumentar a distinção entre corpo e mente, e além disso, o auto-conhecimento. Essa experiência pode nos ajudar a 32

compreender as ligações entre o corpo e o mundo que nos rodeia, e também serve para descobrir o significativo poder da mente. No entanto, este tipo de experiência pode ser um grande trauma para a saúde, e neste caso estamos longe do equilíbrio e da harmonia! Então, talvez o mais importante é aprender a ter o mínimo e também a forma de apreciar o melhor. Parece simples mas realmente não é fácil de fazer. Um dia, desfrutar de um jantar de luxo com refeições sofisticadas e vinhos. No dia seguinte, ser capaz de ficar satisfeito com algumas azeitonas, um pedaço de pão e água fresca. Então o que precisamos fazer para ter o corpo e a mente saudáveis, para alcançar um bom equilíbrio entre mente e corpo? Na minha opinião, devemos prestar atenção a ambas, mas poderia não ser suficiente. Na verdade, a maioria das pessoas pode fazer isso. De diferentes maneiras e em momentos diferentes, cada um de nós decidiu trabalhar em nosso desenvolvimento espiritual. Portanto, temos o desejo de trabalhar no nível invisível e queremos continuar a desenvolver a nossa parte espiritual. Mas é claro que nós colocamos em primeiro lugar o que nós queremos incrementar mais. Uma boa maneira de optar por uma rotina regular é começar com algumas dicas simples: comer bem (quantidade e qualidade); fazer algum exercício físico que você goste; e também fazer uma meditação, um relaxamento, uma leitura. Então, podemos prestar mais atenção à nossa alma, essa parte invisível sobre a qual muitas pessoas não falam. Boa moral pode ser a origem de uma boa saúde do corpo espiritual. Este nível faz a diferença. Porque se prestarmos atenção no nível espiritual, isso significa que já estabelecemos a conexão entre a nossa mente e a parte espiritual dentro de nós: a nossa alma, por isso sabemos da importância de um bom equilíbrio. Teremos a oportunidade de desenvolver mais sobre a alma na próxima edição desta revista. A orientação de Sócrates foi "Conheça a si mesmo (a ti mesmo)". Estas palavras são de eterna importância. Não há melhor conselho para um homem ou uma mulher. É uma fundação, uma obra de base para conhecermos e aprendermos sobre nós mesmos. É realmente difícil trabalharmos e aprimorarmos a nossa parte espiritual, se estamos preocupados demais com a nossa vida material. Demais não é bom, com certeza, mas também é necessário trabalhar na vida material suficientemente... apenas porque não somos só espírito. n Magia & Teurgia - Outubro/Novembro/Dezembro 2011


SÍMBOLOS DA GrANDE OBrA:

O MErCÚriO DOS SÁBiOS

por Martin Beliard

Em Alexandria, o grande Deus-serpente Agathodaimon era enfatizado nos trabalhos teúrgicos.

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esde épocas remotas, o Hermetismo desenvolveu uma filosofia, juntamente com rituais e cerimônias. Conceitos específicos do Hermetismo surgiram, ou foram redefinidos pelos primeiros iniciados. É o caso, por exemplo, de conceitos como gnose (conhecimento Divino), Nôus (mente), e Heimarmenê (Destino). Com relação a tais conceitos uma ênfase foi dada, especialmente em Alexandria, em obras teúrgicas com o grande Deus-serpente solar, Agathodaimon. No Corpus Hermeticum, "o Nôus", diz Hermes Trismegisto ao ensinar ao seu filho Tat, "é o que pode ligar os mortais aos Deuses e Deusas". "O Nôus", acrescenta, "(...) é o Agathodaimon". O Deus-serpente é uma das chaves mais importantes para os mistérios da Regeneração. O meu argumento é que esta idéia importante pouco mudou ao longo do tempo. O culto de Agathodaimon entrou em sigilo juntamente com a Tradição Hermética no limiar da Idade Média, mas os princípios ocultos transmitidos pelo Deus se perpetuaram. Ele tomou, entre www.magick-theurgy.com

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qual simpatias e antipatias são criadas entre o mundo visível e o além. Ele às vezes chama esse Mercúrio de "Mercúrio Vital". Depois dele, outros utilizaram o termo "Mercúrio dos Sábios", especialmente os autores franceses.Paracelso vê esse Mercúrio como aquele que dá virtudes e poderes. É o "Arcano", ou a "chave", do próprio ser; o que dá movimento à vida, e a enobrece. A associação na Renascença ao conceito cristão de Spiritus, embora incompleta, não é completamente acidental. Na iconografia alquímica, este Mercúrio pode assumir muitas formas. Vemo-lo, entre outras coisas, como a A relação dos “Mercúrio dos Sábios” com serpentes no imaginário alquímico testemunha profundas e enraizadas associações antigas entre este princípio hermético do Renascimento e Agathodaimon.

outras coisas, a forma de um símbolo chamado de "Mercúrio dos Sábios". Na verdade, ele encontrou o seu meio de expressar no Renascimento através de uma crescente tradição européia alquímica e mágicka, alimentada por desenvolvimentos locais, interações com as culturas Otomanas e Árabes, e a redescoberta do Hermetismo antigo. Tal como acontece com o Corvo, que foi objeto da série "Símbolos da Grande Obra" da última edição, o Mercúrio dos Sábios é tanto um símbolo multiforme, quanto um princípio de filosofia oculta. Ele está esperando para ser redescoberto na luz do hermetismo antigo. É de conhecimento comum que os alquimistas postulam a existência de três princípios que norteiam o seu trabalho. De acordo com Paracelso, tudo tem forma (Sal), vida (Enxofre) e essência (Mercúrio). É claro que esses termos não estão literalmente relacionadas com a tabela periódica da Química moderna. O Sal é fixo e sólido, o Enxofre é rico e oleoso, e liga o Sal ao Mercúrio; enquanto que o Mercúrio é aéreo, volátil e licoroso; é uma essência, assim como o que permite um indivíduo, uma planta, um animal ou um mineral se relacionar com o Cosmos. Comparando com o Sal e o Enxofre, Paracelso notou que o Mercúrio não é específico a um determinado ser, mas universal; é o princípio pelo 34

água seca, Netuno, caduceu, Hermes, hermafrodita, serpente, serpente alada, tríplice serpente, Ouroboros, unicórnio, dragão e galo. Como você já deve saber, a linguagem alquímica pode ser bastante obscura. Não é a minha intenção desenvolvê-la ao longo desse texto, mas os estudantes do simbolismo alquímico devem ficar cientes de duas coisas. Primeiro, a linguagem alquímica é uma ferramenta, não é um fim em si mesmo, e sozinha é bastante insignificante. Ela se torna produtiva quando efetivamente permite entender, traduzir e comunicar com clareza as experiências teúrgicas de alguém. Isso vem com o tempo, quando o praticante mergulha nesses símbolos, e se liga à sua "realidade". No entanto, infelizmente, séculos de comentaristas pedantes obscureceram esta linguagem frutífera, e mistificaram os seus usos concretos. Em segundo lugar, se alguém é capaz de ler nas entrelinhas, o simbolismo alquímico é capaz de grande maleabilidade e precisão. Como tal, alguém pode, por exemplo, ser confrontado com muitos tipos de "Mercúrios", seja porque os símbolos são usados de forma diferente por vários autores, ou porque eles significam a ação de um princípio em diferentes estágios da Grande Obra. Alegorias, por exemplo, onde se encontra, quer um galo e uma raposa, um unicórnio e um alce, ou uma única cobra enrolada em torno de um Magia & Teurgia - Outubro/Novembro/Dezembro 2011


bastão, muito provavelmente referem-se a Mercúrio como uma das duas naturezas dinâmicas da Grande Obra mencionada na última edição da série “Símbolos da Grande Obra”. Um hermafrodita coroado, uma serpente alada, ou um sábio com um caduceu, geralmente se referem ao “Mercúrio dos Sábios”. Os dois Mercúrios estão relacionados, mas são diferentes. A filosofia oculta do hermetismo tradicional lança luz sobre o assunto. A relação dos “Mercúrio dos Sábios” com serpentes no imaginário alquímico testemunha profundas e enraizadas associações antigas entre este princípio hermético do Renascimento e Agathodaimon. A maioria dos “Mercúrios dos Sábios” pode estar relacionada com o Deus-serpente. A forma aquosa do “Mercúrio dos Sábios” também ecoa no hermetismo antigo. Como aquele que cria, renova e regenera todas as coisas segundo a sua própria essência, o Mercúrio dos Sábios é uma reminiscência de Nun, o Deus Egípcio do oceano primordial. Nun foi visto às vezes como o Pai dos Deuses. De acordo com papiros antigos, Ra ia nas águas de Nun todas as noites para ser rejuvenescido. A sabedoria popular dizia que os seres humanos também, quando dormem, habitam nas águas de Nun. A pertinência a individuação aqui parecem estar profundamente relacionados. O “Mercúrio dos Sábios” é o agente coroado do trabalho, o caduceu como um todo. O Nôus, de acordo com o Corpus Hermeticum, é o Agathodaimon. O Deus-serpente de Alexandria é um Deus/princípio bastante volátil para se entender. Em suas formas, não deixa de estar intimamente relacionado com o “Mercúrio dos Sábios”, tomando forma nos ensinamentos dos Iniciados da Renascença. Na Grécia, ele foi evocado por Sócrates nos diálogos de Platão, e também, usado como um epíteto para Zeus, Dionísio, e Hélio. No antigo Egito, ele tinha o seu culto em Alexandria, e foi associado com Serapis, Ra, Thot, e Khnum. Além disso, ele foi relacionado com Kmeph, uma demiúrgica forma ofídica de Osíris e Atum. Esta forma de serpente alada também aparece nos Hinos Órficos onde Protogonos, um Deus primordial associado com Dionísio, é dito ser aquele de "duplamente-naturado", o "éter-lançado" e o "dourado alado" criador da luz, dos Deuses, das Deusas , e dos mortais. As formas ofídicas e de serpentes aladas desses Deuses, e suas óbvias conotações solares e mercuriais nos dão uma idéia justa da forma de Agathodaimon, e o seu lugar na cosmologia Hermética. Em sua associação com Kmeph, Thot e Hermes, além de ser demiúrgico, Agathodaimon foi visto por iniciados antigos como o grande princípio distribuidor das almas individuais através da encarnação; mas também www.magick-theurgy.com

presidindo o seu julgamento durante e entre vidas. A relação que que vemos aqui entre um símbolo da Renascença e a significação cósmica de Agathodaimon no Hermetismo antigo não é para ser entendida como a equação aproximada de duas noções independentes, um reflexo comum de muitas publicações na Tradição Ocidental sem crítica; mas sim, como a persistência, tanto em espírito e como em obras históricas de vários iniciados sobre um princípio fundamental da filosofia hermética: a Mente (Nôus). Isto não só dá testemunho da continuidade da Tradição Hermética, mas de sua coerência ao longo do tempo para aqueles que são capazes de perceber seus sinais e símbolos. Maiores esforços devem ser feitos para descobrir os princípios essenciais que regem as nossas obras. Séculos de evolução da tradição ocidental deram aos hermetistas uma riqueza de recursos, mas também velaram a nossa linguagem e a nossa filosofia. Por que não reivindicar esta herança antiga de novo, sob a proteção das Divindades Imortais?n

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ApulEiO & OS MISTÉRIOS DE Ísis.

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egue um trecho do romance de Apuleio de Madaurus As Metamorfoses. É a segunda de três partes que serão divulgados na presente revista. Escrita no século 2 EC, As Metamorfoses também é conhecida como O Asno de Ouro. É a história de um homem chamado Lucius que, depois de ter sido transformado em um asno, viaja para um templo de Ísis para rezar para a Deusa por uma cura para a sua maldição. O romance é uma história maravilhosa, mas também, uma grande fonte de conhecimento sobre os cultos e mistérios da Rainha do Paraíso. Para mais informações sobre Ísis, e sobre As Metamorfoses, veja ‘Apuleio e os Mistérios de 36

Ísis’ na primeira edição de Magia & Teurgia. Aproveite o trecho abaixo. Que ele possa inspirá-lo(a) a adorar a Grande Deusa com alegria! As Metamorfoses Sem perder tempo nem discutir sobre as despesas, fiz, eu próprio ou por intermédio dos companheiros, as necessárias compras. Veio então o sacerdote avisar que chegara o momento. Conduziu-me à piscina mais próxima, cercado pela religiosa coorte. Tendo eu tomado o banho costumeiro, invocou ele a divina graça, e me purificou aspergindo-me água lustral. Levou-me depois ao templo. Dois terços do dia haviam-se escoado. DeteveMagick & Theurgy - October/November/December 2011


mão, me conduziu para a parte mais retirada do santuário. Talvez, estudioso leitor, te perguntes com alguma ansiedade o que foi dito, o que foi feito, em seguida. Eu o diria se me fosse permitido. Tu o saberias, se te fosse permitido ouvi-lo. Mas teus ouvidos e minha língua sofreriam igualmente o castigo ou de uma indiscrição ímpia ou de uma curiosidade temerária. Todavia, eu não infligirei ao teu piedoso desejo, que possivelmente te mantém em suspenso, o martírio de um tormento longo. Escuta, então, e crê: tudo que vou dizer é verdade. Aproximei-me dos limites da morte. Pisei o portal de Proserpina, e voltei, trazido através de todos os elementos. Em plena noite, vi brilhar o Sol, com uma luz que cegava. Aproximei-me dos deuses dos infernos, dos deuses do alto: vi-os face a face e os adorei de perto. Eis aí a minha narração, e o que não ouviste, estás condenado a ignorar. Limitar-me-ei a relatar o que for permitido, sem sacrilégio, revelar à inteligência dos profanos. Veio a manhã e, acabados todos os ritos, apareci, tendo sobre mim doze roupas de consagração. Dessa roupa, apesar do seu caráter místico, nenhuma obrigação me proibia de falar, pois tudo se passou então diante de numerosas testemunhas. No meio da casa sagrada, diante da imagem da deusa, um estrado de madeira foi erguido.

por Irene Craig

me aos pés da deusa, deu-me em segredo certas instruções, melhores do que é possível exprimir. Em seguida, e dessa vez diante de toda a gente, recomendou-me que me abstivesse durante dez dias seguidos dos prazeres da mesa, que não comesse carne de nenhum animal nem bebesse vinho, abstinências, que observei com religioso respeito. Enfim, chegou o dia marcado para o encontro divino. Já o Sol, declinando, dava lugar à noite, quando afluiu de todos os lados grande cópia de pessoas. Segundo a lei antiga dos mistérios, honraramme com presentes diversos. Depois, todos os profanos se afastaram; fui vestido com uma roupa de linho que jamais tinha sido usada, e o sacerdote, tomando-me pela www.magick-theurgy.com

Fui convidado a subir. Em pé, e revestido de um tecido de fino linho, bordado de vivas cores, eu atraía os olhares. Dos meus ombros caia para trás, até os calcanhares, uma clâmide valiosa. E de todos os lados eu estava enfeitado com figuras de animais multicores. Eram dragões da Índia aqui, grifos hiperbóreos ali, engendrados por um outro mundo, dotados de asas como pássaros. Os iniciados dão a essa roupa o nome de estola olímpica. Eu segurava com a mão direita uma tocha acesa e minha cabeça estava cingida por uma nobre coroa de palmas, cujas folhas brilhantes se projetavam para a frente como raios. Assim paramentado, à imagem do Sol, expuseram-me como uma estátua e, quando as cortinas foram afastadas bruscamente, houve um desfile de povo, desejoso de me ver. Celebrei, em seguida, o dia feliz de meu nascimento para a vida religiosa com um repasto de festa, e outros alegres banquetes. No terceiro dia, foram renovadas as mesmas cerimônias, e um almoço sacramental encerrou a iniciação, conforme a ordem estabelecida. Fiquei ali alguns dias ainda, todo embebido no prazer inefável de contemplar a imagem da deusa, à qual estava ligado por um bem de que jamais poderia me desobrigar. Enfim, com suas próprias advertências, e depois de ter, insuficientemente sem 37


dúvida, mas na medida dos meus meios, pago meu humilde tributo de ação de graças, dispus-me a alcançar novamente os meus pagos, há tanto tempo abandonados, rompendo com desgosto os liames de uma ardente ligação. Prosternado diante da deusa, enxuguei longamente, com meu rosto, os seus pés molhados pelas minhas lágrimas Sacudido pelos soluços, que me interrompiam as palavras e me sufocavam, disse-lhe: “Oh! santa que velas sem cansaço pela salvação do gênero humano; oh! tu, sempre pródiga, para com os mortais, de cuidados que os reanimam; tu que dispensas ao infortúnio a doce ternura de uma mãe. Não há dia nem noite, nenhum fugitivo instante, que deixes passar sem marca-lo com tuas benesses, sem proteger os homens na terra e no mar, sem afugentar para longe deles as tempestades da vida, sem que a tua terna mão misericordiosa, que desfaz as malhas mais inextricáveis da fatalidade, acalme as tempestades da Fortuna e coíba o curso funesto das estrelas. Os deuses do céu te rendem homenagem, os do inferno te respeitam. Moves o mundo no seu eixo, acendes os fogos do Sol, reges o Universo, calcas aos pés o Tártaro. São dóceis à tua voz os astros; obedecem-te os tempos; estão às tuas ordens os elementos; rejubilam-se os deuses à tua vista. Fazes um gesto, e animam-se os ventos, movem-se as nuvens, germinam as sementes, crescem os renovos. Tua majestade enche de santo terror os pássaros que percorrem os céus, as feras errantes dos montes, as serpentes sob o solo, os monstros que nadam no oceano. Porém, para cantar os teus louvores, pobre demais é o meu espirito. Para te oferecer sacrifícios, pequeno demais é o meu patrimônio. Falta-me voz para exprimir os sentimentos que me inspira tua grandeza. Mil bocas não são suficientes, nem mil línguas, nem sermões mantidos sem desfalecimento pela eternidade. Pelo menos, tudo que puder fazer, na sua pobreza, um fiel piedoso, eu terei o cuidado de fazer. Teus traços divinos, teu nome santíssimo, eu os guardarei no segredo do meu peito para sem-

pre, e em espírito os contemplarei”. Assim rezei a poderosa deusa; abracei em seguida o sumo sacerdote Mitra, e agora meu pai. Abracei-o, cobri-o de beijos, pedi-lhe que me perdoasse não retribuir dignamente tantos benefícios que me fizera. Por fim, depois de ter-me demorado falando-lhe longamente de minha gratidão, separei-me dele, e, ao cabo de longa ausência, em linha reta resolvi voltar para Madaura. Poucos dias depois, por inspiração da poderosa deusa, emalei às pressas minha pequena bagagem, embarquei em um navio, e parti com destino a Roma. Graças aos ventos favoráveis, cheguei rapidamente ao porto de Augusta. De lá, um carro ligeiro me conduziu e, ao cair da noite, na véspera dos idos de dezembro, eu entrava na cidade sacrossanta. Desde esse momento, não tive preocupação mais urgente que oferecer todos os dias minhas preces à divina majestade da Rainha Ísis, que do templo em que está instalada tira o nome de Campense e é objeto de grande veneração. Era eu seu adorador fiel, recém-vindo à sua casa, mas estava em minha casa na sua religião. Ora, o grande Sol, percorrendo o círculo do Zodíaco, completara mais um ano, quando interveio de novo no meu sono a solicitude vigilante do nome benéfico, e ela veio conversar comigo ainda a respeito de iniciação e de consagração. Intrigava-me saber qual era seu plano e o que tinha em vista, tanto mais que eu me acreditava havia muito tempo plenamente iniciado. No entanto, submetendo esse escrúpulo ao exame do meu próprio entendimento, e ao julgamento de pessoas consagradas, fiz uma surpreendente descoberta: estava eu bem iniciado nos mistérios de Ísis, mas faltava-me ainda a luz que vem do grande deus, o invencível Osíris. Apesar dos estreitos laços, apesar da unidade essencial das duas divindades e das duas religiões, discriminavam-se as cerimônias de iniciação. Devia eu então me sentir reclamado também para o serviço do grande deus. A situação ambígua durou pouco. Na noite seguinte, vi em sonho um dos fiéis consagrados, vestido de linho, que levava tirso, ramos de trepadeira, e mais certos objetos que é proibido nomear, e que os depositou diante do meu lar. Depois, instalando-se sobre a minha cadeira, anunciou um banquete em honra da augusta religião. E, sinal inequívoco pelo qual sem dúvida se tomava reconhecível, ele tinha o calcanhar do pé esquerdo um pouco desviado, e caminhava de manso, com passo mal seguro. Continuará na próxima edição...

uma montagem relacionada com a adoração de Ísis. 38

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ESpÍritOS EXiStEM? por Ian Elliott

Se você diz que acredita em espíritos hoje em dia, as pessoas olham para você de modo engraçado. Espíritos são considerados relíquias de velhas formas de se olhar o mundo, que foram ultrapassados pela perspectiva científica. De certa forma nos é concedido o direito de continuar a acreditar em pessoas e em livre arbítrio, mas quaisquer outras entidades que não possam ser vistas, pesadas e medidas em laboratório são desconsideradas. Efeitos provenientes do mundo invisível são atribuídos a forças impessoais, como se a humanidade consistisse de 6 bilhões de fantasmas errantes através de uma máquina de outra forma desabitada. Onde estão os espíritos? Bem, se houver algum, eles estão aqui. Então por que não podemos vê-los? Porque, em condições normais, eles habitam comprimentos de onda ou frequências de energia que caem fora do nosso campo de percepção. Só podemos ver 7/100,000 (ésimos) de um ângstrom do espectro de energia total. Vibrações de infravermelho e ultravioleta estão um pouco além da nossa capacidade de perceber; no entanto, sabemos que estão lá pelos seus efeitos. O mesmo é verdadeiro para ondas de rádio e para radiação gama. Se alguns destes fluxos de energia são organizados como pessoas, que vai além do que os cientistas sabem, e, normalmente, ultrapassa o que podemos saber. Pessoas que dizem falar com espíritos são considerados mentalmente doentes, ou pelo menos, de mente fraca.mEsta atitude pode ser traçada historicamente. A ciência teve que lutar www.magick-theurgy.com

contra o poder da Igreja pela independência para conduzir pesquisas e reportar descobertas. A Igreja ensinou que impulsos psicológicos que eram difíceis de controlar vêm de entidades espirituais denominadas demônios, e os estados de felicidade incomum e paz interior de outros seres chamados anjos, ou diretamente de um criador transcendente chamado de Deus (um nome derivado originalmente de um dos títulos de Thor, o que significa 'o destro'). A Igreja governava o acesso a esses seres angelicais ou divinos, e proibiu o intercâmbio com os outros. De fato, a Igreja era como um torniquete enorme na experiência dos espíritos da humanidade. A revolução científica contra a Igreja re-afirmou a liberdade da humanidade para investigar todos os fenômenos, negando a existência de espíritos e insistindo que era apenas para investigar forças impessoais que poderiam ser entendidas em termos exclusivamente mecânicos. Isto significava que a aproximação com qualquer coisa diferente de outros seres humanos a nível pessoal estava descartada; manipulação, e não o diálogo, era o método aprovado. Alguma margem de manobra era permitida aos pesquisadores de animais para as suas abordagens a um nível pessoal simplificado, mas os relatórios que eles elaboravam tinham que ser totalmente impessoais e rela39


cionados apenas com detalhes de tempo e circunstância, apresentados em termos de medições. Até mesmo a Psicologia comportamental estendeu essa abordagem impessoal para o estudo de outros seres humanos. O pesquisador teve que se alienar de seus próprios sentimentos pessoais, e apenas relatar o que poderia ser detectado por um terceiro observador. O critério de repetibilidade exigiu que todas as observações fossem confinadas na esfera de afirmações publicamente verificáveis. A rubrica de ciência que exclui espíritos é denominada "a Navalha de Occam", por causa do filósofo medieval Guilherme de Ockham. Ele afirma que "as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade". Respeitáveis tratados escritos por cientistas ou estudiosos de pesquisa, quando dão conta de espíritos, sempre são acusados de empregar explicações supérfluas. No entanto, existem áreas de experiência que requerem o uso de conhecimento pessoal, de comunicação da experiência subjetiva, que é excluído dos cânones da investigação laboratorial. A ciência estabelece que isso está sempre limitado às transações interpessoais. Qualquer coisa privada, no entanto, é meramente subjetiva, e nada noético ou efetivo é esperado de alguém. Agora, o interessante é que certas escolas de psicologia terapêutica afastam-se deste modelo. Eles defendem o diálogo com seus impulsos internos, como se fossem pessoas que habitam na mentalidade interior de cada um. Isso é como se acionasse uma garantia para que o paciente não caísse no erro dos esquizofrênicos, que regularmente ouvem vozes e respondem a elas como se fossem outras entidades que habitam em suas mentes? Se for assim, parece curioso que os terapeutas cognitivos (como são chamados) pensam que a adição de duas pequenas palavras seriam suficientes para evitar que isso aconteça. Esquizofrenia, como estamos começando a compreender cada vez mais, é uma condição bioquímica, e perfeitamente saudável, é 'normal' que as pessoas possam falar consigo mesmas, sem qualquer perigo de caírem em tal condição. Crianças pequenas e idosos isolados, por exemplo, conversam consigo mesmo frequentemente, assim como as pessoas de idade intermediária fazem quando elas querem 'ver o que eles pensam' sobre um determinado assunto. Então, se isso é desnecessário a partir de um ponto de vista terapêutico, qual é a sua finalidade útil? É, eu mantenho, uma sopa lançada pelo mandamento da nossa cultura que "as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade", e tendo seriamente a noção de espíritos 40

relacionada com a ultrapassagem dos limites da necessidade. No entanto, vemos aqui que os interesses de resolução de conflitos internos apelam ao diálogo como se estivéssemos apenas falando com alguém. Eu indiquei ao meu último terapeuta (as regras de plano de saúde mudaram pouco tempo depois, cessando cerca de vinte anos de terapia e workshops para mim) que, uma vez que não estamos privados dos processos mentais um do outro, nós já estamos falando um com o outro como se existíssemos como pessoas separadas. Ele riu em resposta (o filósofo RG Collingwood observou uma vez que as pessoas tendem a ser sensíveis aos seus pressupostos absolutos). Então dialogando com seu "guia" interior (metáfora mecânica) e "impulsos" como se fossem pessoas, simplesmente agregaram diálogos com eles. Foi uma distinção sem diferença. Isto sugere um refinamento para a Navalha de Occam: "As entidades não devem ser multiplicadas, nem subtraídas de dentro, além da necessidade". Precisamos de muitas entidades que são necessárias para lidar com o mundo, incluindo nós mesmos, mas não mais do que um determinado número, e não menos também. Não obstante, no diálogo com forças internas, eu descobri que não estava empregando 'entidades' (isto é, pressupostos quanto à existência) plenamente. Eu estava simplesmente engajada no ato do diálogo. Uma inspeção da psicologia religiosa antiga, uma vez que removida a tendência moderna sobre estes pontos (veja, por exemplo, The Greeks and the Irrational, por E.R. Dodds, Cap. 1, tanto quanto aos dados como as tendências) revela que o ato de dialogar, ou envolver-se, o que a Igreja mais tarde chamaria de 'intercâmbio com espíritos', era a única preocupação dos antigos. Se nos questionamos hoje sobre a existência de fato dos Deuses, eles provavelmente respondem a essa questão; mas além de ser irrespondível, era irrelevante, uma vez que de qualquer maneira a oração e as oferendas foram encontradas, para ser mais eficaz do que o tempo. Era o ato de interação com essas 'forças' (metáfora mecânica moderna) que contava, e não, o que se acreditava sobre elas. Tornando a questão de crença nesses estudos anacrônica, uma vez que a ênfase na crença só surgiu com o advento do Cristianismo e a subsequente reação defensiva contra ele por parte dos primeiros pagãos.Os melhores estudos em seus melhores momentos vão admitir que essas perguntas simplesmente nunca surgiram para o povo daqueles tempos 'primitivos', mas sempre levando em conta que a ausência de tais questionamentos não são como um defeito da compreensão pré-filosófica, isso é um absurdo. Há evidências abundantes de que as pessoas três mil anos Magia & Teurgia - Outubro/Novembro/Dezembro 2011


atrás, e até mesmo antes, questionaram a existência dos Deuses, e temos a Teologia de Mênfis do Egito como um exemplo da sofisticação filosófica da remota antiguidade. Por isso, é no mínimo possível que a razão pela qual a questão da existência independente não surgisse para as pessoas daquela época; e se fosse considerada por um momento, era uma questão descartada como irrelevante. A questão de saber se existem espíritos então se transforma em "Há circunstâncias em que é eficaz se considerar determinadas situações como a chamada para uma abordagem pessoal, a fim de lidar eficazmente com elas em nossas vidas?" Alguém poderia dizer neste momento, "Bem, se isso é tudo que você quer dizer com espíritos, não estou muito impressionado. Quer dizer que nós nunca podemos ver um, ou que nunca tomam a iniciativa de aparecer para nós?" Eu só posso dar uma resposta pessoal a esta pergunta: "Sim, em raras ocasiões; e quando o fazem, provavelmente você vai desejar que tivessem feito isso!" Continuará na próxima edição. Próxima parte: Um encontro pessoal. n Price, Simon. Religions of the Ancient Greeks. Cambridge, UK : Cambridge University Press, 1999. xii + 217 pp. $32.99. ISBN: 978-0521-38867-2. "Grécia Antiga" tem sido muitas vezes um termo genérico para os estudiosos que defendem a uniformidade e a continuidade de uma única cultura grega se estendendo desde o século VIII A.E.C. ao século V E.C.. Em tal perspectiva, religião, cultura, conhecimento e política não são vistos apenas como imutáveis em um determinado espaço geográfico - Grécia e suas colônias -, mas também, por mais de 13 séculos de civilização Grega. Isso implica que não havia, na Grécia Antiga, uma religião, um conjunto de mitos e histórias, um tipo de filosofia, e uma maneira de governar uma polis. Religions of the Ancient Greeks de Simon Price argumenta o contrário. Embasando-se em uma riqueza de fontes arqueológicas e escritas, Price traça um retrato mais sutil da cultura e da religião gregas, mostrando a riqueza e a diversidade do mitos religiosos, teorias e práticas Gregos. Essa pluralidade religiosa o estimula a falar em "rewww.magick-theurgy.com

CrÍtiCAS por Martin Béliard ligiões" gregas, em vez de "religião". Isto, naturalmente, não significa que o autor não consegue ver as tendências religiosas compartilhadas por toda a Grécia de Homero até os últimos Mistérios do Império Romano. Price consegue, mas ele se recusa a dar precedência a qualquer mito, festival ou ritual em particular ao se estudar as religiões Gregas. O autor, por exemplo, destaca o fato de que, mesmo se muitos mitos e histórias foram compartilhados por toda a Grécia, os próprios Gregos sabiam, e geralmente aceitavam a existência de várias versões de qualquer dado mito. Orfeu, Homero, e Hesíodo eram todos vistos como poetas divinamente inspirados, e mesmo se estes poetas às vezes revelaram histórias aparentemente conflitantes sobre os Deuses, todas eram consideradas como sendo verdadeiras. Da mesma forma, Price salienta que as cidades nos arredores de Atenas, embora participando de grandes festivais religiosos atenienses, como a Panathenaia, tinham seus próprios calendários religiosos. Estes calendários estavam cheios de festivais locais celebrando divindades em diversos ritos familiares e públicos, muitas vezes desconhecidos fora da cidade. Tais particularidades, e a multiplicidade de perspectivas sobre os mitos e as práticas religiosas Gregas vêm à tona repetidas vezes em muitas seções de Religions of the Ancient Greeks. Nos capítulos sobre a arquitetura religiosa, sobre os ritos de masculinidade e feminilidade, e sobre os cultos de mistério, o autor mostra como as religiões gregas eram variadas e originais. Houve um "mundo grego maior' para Price, mas a experiência religiosa grega foi primeiramente instituída através dos mitos e das cerimónias locais. Religions of the Ancient Greeks será de grande interesse para os praticantes modernos dos mistérios antigos por sua ampla gama de recursos e referências a uma grande variedade de mitos e festivais. Essa obra também será de interesse pela a sua insistência na importância de compreender as religiões gregas em seus próprios termos, em vez de fazê-lo através da nossas modernas perspectivas religiosas. A Teurgia tradicional como é praticado na AS e na E.O. baseia-se nas religiões antigas. Os Magos que cultivam relações profundas com as Divindades Imortais estão 41


bem conscientes disso. O politeísmo, no entanto, não é uma noção fácil de entender para os estudantes principiantes no Hermetismo e na Teurgia. A obra Religions of the Ancient Greeks de Price fornece ao leitor um relato vivo e fecundo de antigas religiões gregas, e uma perspectiva ímpar diante das antigas relações de homens e mulheres com as Divindades. Fowden, Garth. the Egyptian Hermes: A Historical Approach to the Late Pagan Mind. Princeton: Princeton University Press, 1993. xxv + 244 pp. $30.95. ISBN: 0-69102498-7. A obra The Egyptian Hermes: A Historical Approach to the Late Pagan Mind, de Garth Fowden, tem uma missão bem diferente daquela de Religions of the Ancient Greeks de Price. É mais claramente definida como uma obra de histórico intelectual do que uma da histórico religioso. Por “Mentalidade Pagã Moderna”, Fowden refere-se às teorias, aos ensinamentos e às perspectivas de vários meios intelectuais antigos - especialmente aqueles Egípcios helenisadosda filosofia hermética. Seu estudo, publicado inicialmente em 1987, abalou o panorama da pesquisa acadêmica sobre Hermetismo e apelou para uma abordagem mais social-histórica dos textos Herméticos, ou Hermética. Não se limitando ao aspect acadêmico, The Egyptian Hermes: A Historical Approach to the Late Pagan Mind também tem muito a oferecer para os hermetistas praticantes que desejam uma melhor compreensão das origens filosóficas e religiosas de sua Tradição.

metismo floresceu na Antiguidade. Além disso, a obra dá ao leitor uma compreensão clara da relação entre a filosofia Hermética e a sua prática, especialmente ao longo do vale do Nilo. Eu recomendo fortemente aos Hermetistas que ainda não estão familiarizados com a referida obra de Fowden para lê-la. Claro que, como para qualquer livro, ele não deve ser lido isoladamente; os estudantes do Hermetismo devem multiplicar suas pesquisas sobre vários aspectos da nossa Tradição, inspirando-se. No entanto, essa obra é uma passo efetivo para iniciar o seu estudo, uma vez ela que investiga os principais textos do Hermetismo antigo, esboçando um retrato da Antiguidade tardia, muitas vezes desconhecida para os praticantes modernos. n

A estréia inicial de Fowden proveio em sua maior parte da sua abordagem sobre o Hermetismo. Ele não só recorreu a um vasto número de textos relacionados com esta tradição, mas também os interpretou com relação aos vários meios em que eles apareceram, interagindo com as práticas filosóficas, mágicas e religiosas ligadas à Hermética. Dessa forma, o autor interligou textos "filosóficos" e “técnicos”. Textos especulativos, tais como o Corpus Hermeticum, os Oráculos Caldeus, De Mysterii de Jâmblico, e várias exegeses neo-platônicas não são apenas lidos lado a lado, mas também, colocados em relação com textos práticos, tais como o Papyri Graecae Magicae, fragmentos alquímico por Zósimo de Panopolis e antigos manuais astrológicos. O resultado é um relato rico e refrescante dos meios onde o Her42

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A COrrENtE DE OUrO A Corrente dos Adeptos

A nossa tradição provém de uma linhagem muito antiga de Mestres e Iniciados. Todos eles constituíram o liame vivo que nos liga aos Mistérios iniciáticos. Esses Mestres foram os verdadeiros fundadores da tradição da Aurum Solis. Fortemente conectados às escolas Órficas, Pitagóricas, Platônicas e Neoplatônicas, esses iniciados constituíram os Mistérios Ogdoádicos. Muitos conhecem os nomes Platão, Jâmblico, Plotino, Proclo... É de suma importância para a nossa Ordem prestar o devido respeito a esses Mestres que transmitiram a luz da Tradição à nossa Ordem. Possa a memória deles sempre ser honrada sob os auspícios das divindades imortais! leia mais em: http://goo.gl/Tlysz


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