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Abandono de animais: Itu registra mais de 50 casos por semana, no pós pandemia, incluindo maus tratos
casos, deixam na maioria das vezes sem vacinas, com sarnas, sem castração. Os cães sofrem com doenças que podem levar à morte, como a cinomose e a parvovirose", explica Patrícia, que é vereadora em Itu e foi eleita também para representar a causa animal no município.
A ASPA já está no seu limite de atendimento e realiza divulgações em suas redes sociais para quem queira adotar responsavelmente um bichinho.
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Uma média de 50 pedidos de socorro para animais abandonados nas ruas e estradas toda semana. Este é um dado ao qual o Jornal Agora Itu teve acesso, ao entrevistar pessoas envolvidas com a causa animal no município de Itu. Um número alarmante, que revela a falta de planejamento quando se trata de adoção responsável de um bichinho de estimação por parte da população.
Como poderia um município dar conta de tantos animais abandonados por seus donos? A resposta todos sabemos. “É como enxugar gelo!”, é a frase que todos os que se dedicam, repetem. É o caso de Ana DElboux, fisioterapeuta, que divide a sua rotina entre a profissão e a do- ação para ajudar animais que ajuda a resgatar. Ela revelou ao Jornal Agora Itu que acompanha buscas com a polícia civil da cidade, aguardando sempre do lado de fora dos imóveis, quando os policiais precisam resgatar animais que estão em situação de maus tratos dentro de residências ou estabelecimentos. “Eu vou com eles e faço o que posso para ajudar cada animal, tenho uma rede de amigos, incluindo ONGs de cidades da região, que muitas vezes dão um lar temporário para os cães até que possam ser adotados por uma família em definitivo. Mas com o isolamento social causado pela Covid, neste período pós pandemia tem sido terrível. As pessoas estão abandonando muito mais, talvez por terem arrumado um bicho de estimação por impulso enquanto estavam em casa ou tinham mais tempo para cuidar. Agora que a rotina voltou, parece que para tantos, os animais de mais nada servem!”, explica a voluntária.
Ana, que faz o trabalho voluntário com os animais há cerca de 15 anos, revela que o número agora é tão grande que já não consegue mais dar conta, e somente ajuda com os casos muito graves, de risco de morte dos animais.
A ASPA - Associação de Socorro e Proteção aos Animais de Itu, existente desde 2006, reflete a mesma situação. Cerca de 540 animais vivem em sua sede, uma chácara que o Jornal Agora Itu conheceu de perto, que abriga cães e gatos em situação de abandono ou denúncia de maus tratos (até cavalos chegam a ser atendidos). Patrícia Gollitsch Daunt, conhecida como a Patrícia da ASPA, conta também que muitos são encontrados amarrados em cordas curtas ao relento, sem água e sem comida, muitas vezes doentes, desnutridos. “Os tutores, nesses
Lei Sansão (Lei 14.064/20) - O que muitos não sabem é que com a Lei Sansão, o crime de maus tratos e abandono de cães e gatos teve aumento da pena para os infratores. O crime passou a ser punido com reclusão (prisão), de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda. Antes, a pena era de detenção de três meses a um ano, além de multa. A motivação para a proposição da lei foi a morte de uma cadela de rua após ter sido espancada e envenenada pelo segurança de um supermercado, na porta do estabelecimento situado em Osasco (SP). Um outro caso de violência, a morte de um cão da raça pitbull conhecido como Sansão, no município de Confins (MG), após ter sido brutalmente agredido, serviu de inspiração para o nome como a lei ficou conhecida. (Fonte: Agência Câmara de Notícias). Ou seja, maus tratos, que nada mais é do que toda conduta que acarrete em sofrimento físico ou psíquico de um animal, e abandono são crimes e o autor pode ser preso!
Castração - A castração é muito importante para evitar o aumento populacional dos animais, diminuir o abandono, e assim, evitar doenças. Ninhadas inteiras são resgatadas, em caixas de papelão, até mesmo em estradas. Ana e Patrícia, ambas têm buscado, cada uma com seu trabalho, emendas parlamentares para a realização de castrações no município, com o apoio de deputados. E as castrações têm acontecido, além das realizadas pela Prefeitura.
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município realiza um trabalho intenso de castrações de cães e gatos, machos e fêmeas, baseado na Lei Municipal 1506/2012 de autoria de Sérgio Castanheira de
Souza, que dispõe sobre a castração gratuita aos animais resgatados e/ ou adotados das ruas e também destinada aos animais de proprietários de baixa renda comprovada. As castrações são realizadas nas dependências do CCZ, de segunda a sexta-feira, no período da manhã. Os proprietários de baixa renda ou proprietários de cães e gatos adotados ou resgatados devem comparecer pessoalmente durante o expediente do CCZ para realizar o agendamento da castração. É necessário apresentar comprovante de endereço, comprovante de renda ou Termo de Adoção e Posse Responsável, documentos pessoais e ser maior de idade. “São realizadas por volta de 300 castrações gratuitas mensais, entre cães e gatos, machos e fêmeas”, revela Castanheira, vereador que é médico veterinário e coordenador do CCZ.
Denúncias - “O CCZ recebe várias denúncias de maus tratos a animais. A partir da formalização da denúncia, que deve ser feita pessoalmente no Centro de Controle de Zoonoses, é encaminhado um fiscal para verificar a ocorrência ", diz Castanheira. “O Centro de Controle de Zoonoses não tem estrutura física para se tornar um abrigo de animais abandonados por donos irresponsáveis, pois é um departamento de controle e prevenção de casos de zoonoses e controle de natalidade animal, visando diminuir a ocorrência de zoonoses no município. Em caso de resgate do animal, são tomadas providências para restabelecer a saúde do mesmo, sendo posteriormente destinado à adoção. Lembrando ainda que muitos animais estão há mais de 5 anos nas dependências do Centro de Controle de Zoonoses, pois a adoção de animal adulto é mais complexa. Temos ainda animais vítimas de atropelamentos, amputados, aguardando adoção”, revela.
Vale destacar que adotar um animal requer planejamento: financeiro, para alimentação e saúde dos pets (banhos, vacinas, medicamentos e consultas), de espaço para eles e de tempo para cuidados e carinhos. Um animal vive mais de uma década e seus tutores precisam lembrar disso!
Animais soltos nas ruas sem cuidados causam doenças que afetam também a população humana, as chamadas zoonoses. “Entre elas existem doenças gravíssimas como a Raiva, a Leishmaniose, dezenas de tipos de verminoses, sarna e parasitoses. Um animal doente pode transmitir doenças para outros animais e para o ser humano, levando-se em conta que as zoonoses correspondem a mais de 60% das doenças humanas, o que tem grande impacto na saúde pública municipal”, explica Castanheira.