Rev Agr Acad v2 n2 2019 157p

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ISSN 2595-3125

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019)

Publicação técnico-científica bimensal eletrônica


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) SUMÁRIO Avaliações físico-químicas e capacidade antioxidante em frutos de jenipapo em estádio de desenvolvimento verde e maduro. Roseni Marçal Chaves, Angela Kwiatkowski*, Queila Dias Pereira, Allisson Popolin, Thais Adriana Colman Novaes

6-14

Caracterização morfológica e divergência genética de populações de milho crioulo do Alto Vale do Jequitinhonha. Ricardo Ferreira Campos Pacheco, Amanda Gonçalves Guimarães*, Josimar Rodrigues Oliveira, Edelço Aparecida Saraiva, Gilvan Marlon Ferreira dos Santos, Marcia Regina da Costa, Cíntia Gonçalves Guimarães

15-26

Fontes de fósforo em diferentes épocas de aplicação na cultura da Brachiaria brizantha cv. Marandu. João Antônio da Silva*, Ricardo Alexandre Lambert

27-36

Padronização da técnica de imuno-histoquímica e investigação de componentes desencadeadores da contratura articular em ovinos. Jomel Francisco dos Santos*, Matheus Castro Franco, Marcio de Barros Bandarra, Arivonaldo Vaniel da Silva, Thiago Arcoverde Maciel, Daniela Oliveira

37-44

Características agronômicas e rendimento forrageiro de genótipos comerciais de sorgo forrageiro na região oeste da Bahia. Danilo Gusmão de Quadros*, Eudo Barreto de Sá Teles, Luiz Henrique Bertunes dos Santos, Alexandro Pereira Andrade

45-59

Comportamento e desempenho de caprinos a pasto suplementados com feno de leucena substituindo a torta de babaçu. Rosianne Mendes de Andrade da Silva Moura*, Maria Elizabete de Oliveira, Izabella Cabral Hassum, Jandson Vieira Costa, Pollyana Oliveira da Silva

60-71

Estudo retrospectivo das alterações anatomopatológicas encontradas no exame post mortem de bovinos em abatedouros frigoríficos de Manaus, Amazonas, Brasil, no período de julho de 2017 a julho de 2018. Márcia Fernanda Firmino Batista*, Adriano Nunes de Lima D`Amorim, Eduardo Lima de Souza, Edson Francisco do Espírito Santo, Kilma Cristiane Silva Neves, Paulo Cesar Gonçalves de Azevedo Filho, Jomel Francisco dos Santos

72-84

Adubação de agrião-da-terra e de rúcula com cinza vegetal. Bruna Lorena Machado Bezerra, Ronaldo Lúcio de Lima Marques Filho, Daniel Felipe de Oliveira Gentil*

85-93

Caracterização de acesso de porongo-chuchu (Lagenaria siceraria). Gabriel Silva Leão Ferreira, Danilo Paulain Cavalcante, Daniel Felipe de Oliveira Gentil*

94-104

Degradação de moléculas herbicidas no solo sob diferentes temperaturas. Viviane Wruck 105-117 Trovato*, Rômulo Penna Scorza Júnior Crescimento e desenvolvimento de genótipos de Araruta em função de doses crescentes de 118-124 fósforo. Jaíne Silva dos Santos, Marney Pascoli Cereda, Denilson de Oliveira Guilherme* Valor nutritivo do resíduo de algodoeira amonizado para bovinos de corte em confinamento. 125-137 Danilo Gusmão de Quadros*, Alexandro Pereira Andrade, Heraldo Namorato de Souza, Daiana Nara de Oliveira, Raimundo Guedes de Almeida Acompanhamento pelo Serviço Veterinário Oficial de foco de Raiva em herbívoro em 138-142 Fortaleza, Ceará – relato de caso. Avatar Martins Loureiro, Ana Gláucia de Melo Gonçalves, Antônio Willams Lopes da Silva, Jarier de Oliveira Moreno, José Amorim Sobreira Neto, Francisco das Chagas Cardoso Filho* Enraizamento de estacas apicais de pinheira, gravioleira e atemoeira tratadas com auxinas. 143-156 Cristiano Pereira da Silva*, Elizabeth Orika Ono, João Domingos Rodrigues, Luiz de Souza Corrêa, Aparecida Conceição Boliani


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

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DOI: 10.32406


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Conselho Editorial EDITORES Jailson Honorato – Doutorado em Ciência Animal – UI / USA Luiz André Rodrigues de Lima – Doutorado em Biociência Animal – UFRPE CONSELHO EDITORIAL Alan Mario Zuffo (UFMS) – Doutorado em Agronomia (Fitotecnia) – UFLA Alexander Stein de Luca (IFMT) – Doutorado em Ciências Biológicas – UFSCAR Ana Maria Quessada (UNIPAR) – Doutorado em Medicina Veterinária – UNESP André da Cruz França Lema (IFSULDEMINAS) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UNESP Bruno Gomes Cunha (INCRA) – Doutorando em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) – UFS Carlos Antonio dos Santos (UFRRJ) – Doutorando em Fitotecnia (Produção Vegetal) – UFRRJ Carlos Frederico de Souza Castro (IFGOIANO) – Doutorado em Química – UnB Cícero Soares dos Santos (SENAR) – Doutorado em Ciência Animal – UFPI Clauber Rosanova (IFTO) – Doutorando em Ciências do Ambiente – UFT Claudia Marinovic (FESAR) – Doutorado em Anatomia Animal – USP / Pós-Doutorado em Patologia Animal – UFT Claudio Belmino Maia (UEMA) – Doutorado em Agronomia (Fitopatologia) – UFV Cristiano Pereira da Silva (UNIGRAN) – Doutorado em Agronomia (Produção Vegetal) – UNESP Cristy Handson Pereira dos Santos (UNISULMA) – Mestrado em Tecnologia Ambiental – UFLA Daniel Sá Freire Lamarca (ESALQ-USP) – Doutorando em Engenharia de Sistemas Agrícolas – ESALQ-USP Déborah Nava Soratto (UFMS) – Doutoranda em Ciência Florestal – UFV Deyse Naira Mascarenhas Costa (UNITINS) – Doutorado em Ciência Animal – UFPI Edineia Goedert (UFPE) – Mestrado em Bioquímica e Fisiologia – UFPE Elton Lima Santos (UFAL) – Doutorado em Zootecnia (Nutrição Animal) – UFRPE Erasto Viana Silva Gama (IFBAIANO) – Doutorado em Ciências Agrárias – UFRB Fábio Adriano Santos e Silva (IFGOIANO) – Doutorando em Ciências Agrárias – IFGOIANO Fábio Janoni Carvalho (IFTM) – Doutorando em Agronomia (Fitotecnia) – UFU Fabíola Villa (UNIOSTE) – Doutorado em Agronomia (Fitotecnia) – UFLA / Pós-Doutorado em Olivicultura – EPAMIG Florisval Protásio da Silva Filho (IFMA) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UFRPE Gabriela Braga de Sá (UFCG) – Mestranda em Ciências Florestais – UFCG Givago Coutinho (UFLA) – Doutorado em Agronomia (Fitotecnia) – UFLA Hébelys Ibiapina da Trindade (IFMA) – Doutorado em Ciência Animal – UFPI Itamara Gomes de França (UFMA) – Doutoranda em Biotecnologia – BIONORTE – UFMA Ivaniel Fôro Maia (INCAPER) – Mestrando em Engenharia Ambiental – UFES Izidro dos Santos de Lima Junior (IFMS) – Doutorado em Agronomia (Produção Vegetal) – UFGD Jorge González Aguilera (UFMS) – Doutorado em Genética e Melhoramento – UFV Leandro Alvarenga Santos (UNICENTRO) – Doutorado em Agronomia (Fitopatologia) – UFLA Luciano Farinha Watzlawick (UNICENTRO) – Doutorado em Engenharia Florestal – UFPR Luzimary de Jesus Ferreira Godinho Rocha (IFMA) – Doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos – UNESP Norivaldo Lima Santos (EMDAGRO) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UFPB Paulo Cesar Gonçalves de Azevedo Filho (IFAM) – Doutorando em Ciência Animal Tropical – UFRPE Rosana Leo de Santana (UFRPE) – Doutorado em Ciência Veterinária – UFRPE Sarah Jacqueline Cavalcanti da Silva (UFAL) – Doutorado em Agronomia (Fitopatologia) – UFRPE Silvia Cristina Vieira Gomes (COATER) – Mestrado em Agronegócio e Desenvolvimento – UNESP Tarcisio Rangel do Couto (UFF) – Doutorado em Agronomia (Fitotecnia) – UFRRJ Yamê Fabres Robaina Sancler da Silva (UFV) – Doutorado em Ciência Veterinária – UK / USA

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Bases Indexadoras


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Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/6-14/agrariacad Avaliações físico-químicas e capacidade antioxidante em frutos de jenipapo em estádio de desenvolvimento verde e maduro. Physicochemical evaluations and antioxidant capacity in jenipapo fruit in green and mature development stage Roseni Marçal Chaves1, Angela Kwiatkowski2*, Queila Dias Pereira1, Allisson Popolin3, Thais Adriana Colman Novaes4 1

- Tecnóloga em Alimentos, Curso Superior de Tecnologia em Alimentos/Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Coxim, Coxim – MS, Brasil. 2*

- Professora e Pesquisadora / Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Coxim, Coxim – MS, Brasil – angela.kwiatkowski@ifms.edu.br; Rua Salime Tanure, s/n, Bairro Santa Tereza, CEP 79400-000, Coxim – MS. 3

- Professor / Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Coxim, Coxim – MS, Brasil.

- Bióloga / Técnica do Laboratório de Biologia Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Coxim, Coxim – MS, Brasil. 4

________________________________________________________________________________ Resumo Este trabalho teve como objetivos realizar avaliações físico-químicas de jenipapo em estádio de maturação verde e maduro. Foram realizadas avaliações na polpa e semente do fruto como pH, acidez, vitamina C, cor instrumental, compostos fenólicos totais, carotenoides, flavonoides e atividade antioxidante. Os aspectos físico-químicos resultaram em valores que variaram, para a polpa e semente do fruto verde e maduro, respectivamente: pH (4,12; 3,93; 5,05; 4,38), acidez (0,45; 0,51; 0,89; 0,27 g/100g). A vitamina C variou de 16,67 a 50,00 mg/100g, compostos fenólicos variaram de 91,05 a 166,80 EAG/100g, atividade antioxidante (20,80; 54,87; 53,76; 50,22%), além de apresentar teores de carotenoides e flavonoides de coloração amarela. Palavras-chave: Genipa americana L., compostos fenólicos, flavonoides, carotenoides.

Abstract The objective of this work was to perform physicochemical evaluations of genotype at mature and mature maturation stages. Evaluations were made in fruit pulp and seed, such as pH, acidity, vitamin C, instrumental color, total phenolic compounds, carotenoids, flavonoids and antioxidant activity. The physicochemical aspects resulted in values that varied for the pulp and seed of the green and mature fruit, respectively: pH (4.12, 3.93, 5.05; 4.38), acidity (0.45, 0.51, 0.89, 0.27 g/100g). The vitamin C ranged from 16.67 à a 50.00 mg/100g, phenolic compounds ranged from 91.05 to 166.80 EAG/100 g, antioxidant activity (20.80, 54.87, 53.76, 50.22%), besides presenting carotenoid and flavonoid contents. Keywords: Genipa americana L., phenolic compounds, flavonoids, carotenoids.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Introdução O jenipapeiro (Genipa americana L.) é uma planta que pertence à família Rubiácea e está presente no continente sul-americano em regiões úmidas, comumente encontrado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil (SOUZA, 2007). A planta produz o jenipapo, fruto do tipo baga, que se caracteriza por uma casca fina, bagas globosas e polpa de coloração parda, muito aromática, com várias sementes achatadas e polidas em seu interior (PACHECO et al., 2014). Segundo Muniz e Silva Junior (2009) os frutos do jenipapeiro possuem alta perecibilidade, se deteriorando em pouco tempo após a colheita, em média 48 horas, apresentando altas taxas de perdas pós-colheitas devido a esse curto tempo para o consumo. Observa-se que a cadeia de processamento dos frutos de jenipapo é muito pequena em escala nacional e fornece alguns produtos como licor, compostas e doces muito apreciados para o consumo em várias regiões brasileiras (MUNIZ E SILVA JUNIOR, 2009; MORAES et al., 2016; MOURA et al., 2016). Devido ao curto prazo para consumo do fruto conhecer alguns compostos químicos presentes no fruto podem auxiliar no aumento do período de conservação. Há uma abundância desse fruto na região de Coxim, município localizado ao norte do estado de Mato Grosso do Sul (MS), onde apesar de ser comumente encontrado o fruto do jenipapeiro, é pouco explorado para consumo in natura. Esta região se destaca por ser uma área úmida, com muitos rios e vegetação de cerrado. Assim, o jenipapo é muito utilizado como alimento e isca para captura de peixes existentes na região. O fruto em estádio de desenvolvimento verde, possuem alto teor de uma substância conhecida como genipina, isolada pela primeira vez em 1960. A literatura relata que esta substância apresenta ação corante que era usada pelos índios para pintura corporal. Essa substância é utilizada até os dias de hoje e continua sendo empregada na marcação de peças de roupas, pintura de tecidos de palha e outros utensílios domésticos (LORENZI, 1992; RENHE et al., 2009). Embora o consumo do fruto in natura verde não seja apropriado para o consumo direto, há a possibilidade de inseri-lo na indústria alimentícia em forma de aditivos ou conservantes naturais (MOURA et al., 2016). Para a medicina popular, os frutos de jenipapo são considerados potentes fornecedores de ferro (Fe), e que por este motivo pode ser inserido como alternativa para tratamento para a anemia, uma doença que ocorre em indivíduos com carência em ferro no seu organismo (MIELKE et al., 2003; BRASIL, 2013). A atividade antioxidante presente na maioria dos frutos é a capacidade que os compostos fenólicos, dentre os quais se destacam os ácidos fenólicos, carotenoides e flavonoides, apresentam em relação a inativação dos radicais livres, atuando no retardo da velocidade da reação de oxidação, protegendo o organismo contra as espécies reativas de oxigênio (MELO et al., 2006). Há poucos relatos na literatura sobre esses compostos na polpa e semente do jenipapo em diferentes estádios de desenvolvimento, sendo a maioria com o fruto em estádio maduro, ponto de colheita para elaboração de derivados alimentícios. O objetivo do trabalho foi determinar as características físico-químicas e capacidade antioxidante da polpa e sementes de frutos de jenipapo, em estádios de maturação verde e maduro, da região norte de Mato Grosso do Sul. 7


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Material e métodos Os frutos foram colhidos de jenipapeiros do município de Coxim, localizado na região norte do estado de Mato Grosso do Sul (18º 30' 24" S e 54º 45' 36" W, altitude de 238 m, clima tropical úmido e temperaturas altas, sendo a média 32°C) em dois estádios de maturação: verde (Figura 1A) e maduro (Figura 2A). Os frutos foram levados ao Laboratório de Processamento Vegetal do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Campus Coxim. No laboratório foram higienizados com hipoclorito de sódio a 2% e enxaguados em água corrente. Foram descascados e separada a polpa e a porção da semente dos frutos verdes e maduros (Figura 1 A e B). Os frutos inteiros, as polpas e as sementes foram armazenados em temperatura de congelamento (-20°C) para preservação das características químicas que foram obtidas nas análises químicas da polpa e semente.

(A) (B) Figura 1. Fruto do jenipapo verde: (A) parte externa do fruto (casca); (B) parte interna do fruto (polpa e semente). Fonte: Os autores.

(A)

(B)

Figura 2. Fruto do jenipapo maduro: (A) parte externa do fruto (casca); (B) parte interna do fruto (polpa e semente). Fonte: Os autores. As avaliações físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos e

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Química do IFMS, Campus Coxim. Todas as análises foram realizadas em triplicata. A cor instrumental foi indicada por meio de colorímetro por reflectância Konica Minolta, obtendo-se os parâmetros de luminosidade (L), variando de 0% (branco) a 100% (preto) e tendências às cores verde (a-), vermelho (a+), azul (b-) e amarela (b+), cromaticidade (C) e ângulo de cor (Hue). O equipamento foi calibrado com uma placa de óxido de magnésio padrão, com superfície lisa e de cor branca. Condicionou-se as amostras em temperatura de 20ºC, em que foi posicionado o colorímetro sobre as amostras e acionado o botão para disparar os raios luminosos sobre a mesma, de modo que foram refletidos pela amostra e analisados pelo equipamento. Foi realizada leitura de cinco pontos da amostra. Os valores de L*, a*, b*, C* e h foram lidos diretamente do visor do colorímetro. O valor do pH foi determinado com o auxílio de potenciômetro digital, calibrado com solução padrão 4,0 e 7,0 conforme as Normas analíticas Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008). A acidez titulável foi determinada por meio de titulação ácido-base (IAL, 2008). A determinação da vitamina C também foi realizada por método titulométrico usando solução de 2,6-diclorofenolindofenol de sódio (DFCI) a 2% (IAL, 2008). Na determinação de carotenoides totais foi utilizada metodologia conforme Alves et al. (2008), a extração foi efetuada utilizando 20 mL de solução extratora de álcool isopropílico:hexano (3:1). Completou-se o volume até 50 mL com água destilada. Deixou-se em repouso por 30 minutos. Filtrouse o conteúdo e foram adicionados 5 mL de acetona P.A. e 5 mL de hexano P.A. As leituras foram feitas a 450 nm em espectrofotômetro e os resultados expresso em mg/100 mg de amostra. Os flavonoides foram quantificados com adição de solução de etanol e ácido clorídrico (etanol 95%:HCl 1,5N – 85:15), deixando a solução por 12 horas em ausência de luz e temperatura de 7°C. A solução foi filtrada e realizada leitura da absorbância em espectrofotômetro com comprimento de onda de 374 nm. O branco foi constituído por etanol e ácido clorídrico (LIMA et al., 2013). A análise de compostos fenólicos totais foi desenvolvida baseada no método de FollinCiocauteau (BUCIC-KOJIC et al., 2007). Para obtenção do extrato foi utilizado etanol a 50%. A determinação foi realizada utilizando com o reagente de Folin-Ciocalteau. Foram utilizados 0,2 mL do extrato, 1,8 mL de água e 10 mL do reagente de Folin- Ciocalteau. Entre 30 segundos e oito minutos adicionou-se 8,0 mL de solução de carbonato de sódio (7,5%). A leitura foi realizada em espectrofotômetro a 756 nm. O branco foi preparado com água destilada em substituição ao extrato etanólico. A calibração da curva foi feita com ácido gálico (200, 400, 600, 1000 e 1400 mg/L). A equação da curva obtida foi y=300x-180 e R2 0,09698. A atividade antioxidante foi mensurada de acordo com o método da redução do radical livre 1,1difenil-2-picrilhidrazil (DPPH), descrito por Mensor et al. (2001). A solução extratora utilizada nesta análise foi elaborada com etanol 70%. Foi utilizado 1 g de amostra em 10 mL de solução extratora. Foi homogeneizado alíquotas de 2,5 mL da solução extratora das amostras em 1 mL de solução metanólica de DPPH 0,3 mM. Após agitação, os tubos foram deixados em repouso em ausência da luz por 30 minutos. Decorrido o tempo de reação, a absorbância das amostras foi obtida em espectrofotômetro UV-visível, em comprimento de onda de 517 nm. A capacidade de sequestrar o radical livre foi expressa pelo percentual de atividade antioxidante (AA%), conforme a Equação 1. AA% = 100 - {[(Absamostra – Absbranco)x100]/Abscontrole} (Equação 1) Em que: AA%= absorbância da amostra

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Abs = absorbância do branco Abs = absorbância do controle Os resultados foram avaliados estatisticamente por meio da Análise de Variância (ANOVA) e os valores médios comparados pelo teste de Tukey em probabilidade de 5% (p>0,5) com auxílio do Statistical 7.0 (Statsoft Statistica for Windows, 2007). Resultados e discussão Na Tabela 1 podem ser visualizados os resultados das análises químicas obtidos para a polpa e a semente de jenipapo nos dois estádios de maturação (verde/maduro). Os valores de pH das polpas e sementes, em estádio de maturação maduro e verde, apresentaram diferença estatística, sendo os maiores valores de pH para os frutos com estádio de maturação verde. Ribeiro et al. (2016) observaram que o jenipapo (polpa e casca) apresentou o valor 3,51 para o pH, valor próximo ao determinando na semente madura neste trabalho. Os resultados da análise do teor de ácidos totais também apresentaram diferença estatística. As sementes verdes indicam maior conteúdo de ácidos e as sementes maduras com menor quantidade de ácidos orgânicos presentes. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), a maioria dos frutos tem decréscimo acentuado no teor de ácidos orgânicos, como exemplo o ácido cítrico, oxálico, tartárico e málico, mas não é uma regra, como no caso da banana verde que quando amadurece tem aumento no teor de ácido málico em sua composição, como pode ser observado na polpa de jenipapo, que também apresentou essa tendência como a banana. Souza (2007) determinou conteúdo de ácidos totais em frutos de jenipapo, de característica muito firme, firme e mole, e obteve variação de 0,59 a 0,82% de acidez.

Tabela 1. Resultados das análises químicas da polpa e semente de jenipapo no estádio de desenvolvimento verde e maduro. Análises químicas

Polpa

Polpa

Semente

Semente

verde

madura

verde

madura

pH

4,12±0,01c*

3,93±0,02d

5,05±0,04a

4,38±0,06b

Acidez total (g/100g)

0,45±0,06c

0,51±0,00b

0,89±0,47a

0,27±0,01d

Vitamina C (mg/100g)

16,67±3,85c

33,33±0,05b

50,00±12,02a

35,00±0,05b

Compostos fenólicos (1EAG/100g)

91,05±1,91d 141,70±0,57b

166,80±2,00a

128,7±1,40c

Flavonoides (mg/100g)

61,92±2,54a

7,94±0,49d

49,37±0,26b

10,80±1,33c

Carotenoides (mg/100g)

7,82±0,15c

22,19±0,07a

5,91±0,20d

18,11±0,65b

29,11±3,21b

53,76±1,56a

50,22±3,06a

Atividade antioxidante (%) 20,80±1,79c 1

EAG: Equivalente ácido gálico (mg/100g). Valores médios seguidos pela mesma letra, na linha, não apresentam diferença estatística entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. *

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Em relação a vitamina C, a semente verde apresentou maior teor deste componente (50,00 mg/100g), enquanto que a polpa verde mostrou menor índice de vitamina C (16,67 mg/100g). A semente e a polpa madura não apresentaram diferenças estatísticas. O conteúdo de vitamina C da polpa de jenipapo madura avaliado neste trabalho foi superior ao valor determinado por Pacheco et al. (2014), de 22,5 mg/100g. O valor de vitamina C da semente de jenipapo madura deste trabalho foi próximo em comparação com o da laranja, fruto classificado com alto teor de vitamina C, que em média é de 54 mg/100g (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2014). A vitamina C é o componente nutricionalmente mais importante a ser determinado, caracterizado pelo caráter antioxidante e por ser um catalisador de reações bioquímicas que envolvem hidroxilação. Possui papel fundamental na nutrição humana e por ser a vitamina mais termolábil, sua presença indica que provavelmente os demais nutrientes também estão sendo preservados no alimento (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Os compostos fenólicos estão presentes em quantidades significativas no jenipapo, sendo o maior teor na semente verde. Ambas sementes apresentaram alto teor de fenólicos, considerando que muitas vezes as sementes são descartadas no momento do consumo ou industrialização de polpa de frutos. Os valores da polpa madura para fenólicos totais foram abaixo do trabalho de Pacheco et al. (2014) que indicaram um valor de 176,30 mg EAG/100g. De acordo com alguns estudos, os compostos fenólicos são instáveis e facilmente oxidáveis em presença de radiação solar e outros fatores do clima, além da variação química de plantas da mesma espécie, nutrição mineral, tipo de solo, entre outros parâmetros que também podem interferir no conteúdo de praticamente todas as classes de metabólitos secundários como os flavonoides e ácidos fenólicos (SANTOS; BLATT, 1998; BEZERRA et al., 2013). Outros estudos apontam que o método e o tipo de solvente utilizado na extração dos compostos fenólicos também podem resultar em diferentes valores (ROCKENBACH et al., 2008; SOUZASARTORI et al., 2013). Os flavonoides são compostos fenólicos e estão presentes em maior concentração na polpa em relação às sementes, sendo a polpa verde analisada com maior quantidade de que polpa madura, observando uma grande degradação deste componente, tanto na fração da polpa quanto na semente. As transformações pós-colheita de frutas também podem ser monitoradas pela avaliação dos teores de compostos fenólicos totais, pois estes participam do desenvolvimento do sabor, aroma, coloração, na vida de prateleira e na ação do produto como funcional, notadamente como antioxidantes (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Em relação ao conteúdo em carotenoides, foi observado o contrário que se observou nos teores de flavonoides. O conteúdo de carotenoide apresentou-se em maiores quantidades no fruto maduro, tanto na polpa como na semente. Os carotenoides são compostos importantes, pois são precursores da vitamina A, responsáveis pela coloração amarela dos frutos e podem apresentar significativa atividade antioxidante (MILLER; SILVA, 2012). Ribeiro et al. (2016) conseguiram obter a média de carotenoides de 2,49 mg/100g na polpa de jenipapo com casca, sendo os valores deste trabalho superior ao obtido por esses autores. A atividade antioxidante foi maior na parte das sementes no interior do fruto. Ribeiro et al. (2016) analisaram a polpa com casca do jenipapo maduro e obtiveram valor de 58,25%, semelhante ao encontrado neste trabalho, considerando que os autores não relatam se houve separação de polpa e semente. A variação dos valores no estudo de Ribeiro et al. (2016) foi de 58 a 65% de atividade antioxidante, valor superior ao encontrado neste estudo, em que a variação ficou entre 20,80 a 53,76%. Já Pacheco et al. (2014) conseguiram valor de 70,2% para o fruto in natura.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Os resultados obtidos para a caracterização da cor instrumental da polpa e semente de frutos de jenipapo, em estádios de maturação verde e maduro, podem ser observados na Tabela 2. Pela análise dos índices a* e b* e ângulo de cor Hue a polpa verde e madura apresentaram tonalidade da cor amarela. Avaliando a luminosidade, a intensidade mostra-se em meio termo (47,51 a 49,76) em relação a ser luminosidade preta ou branca (varia de 0 a 100). O parâmetro cromaticidade ou Chroma (C) define a intensidade de cor, ou seja, valores próximos a zero são indicativos de cores neutras (branco e/ou cinza) e valores ao redor de 60 indicam cores vívidas e/ou intensas (MCGUIRE, 1992), mostrando que a polpa madura apresentou cor mais intensa que a polpa verde. Em relação a parte do fruto com sementes, o fruto verde apresentou baixo índice dos parâmetros a* e b* e ângulo de cor Hue, indicando que esta parte do fruto continua com predominância da cor amarela. Já em relação a luminosidade, a semente verde apresenta-se mais escura que a semente madura, assim como para o índice da cromaticidade que indicou ser opaco para o fruto verde e mais brilhante para o fruto maduro. Tabela 2. Valores médios da determinação de cor instrumental de polpa e semente de jenipapo. Parâmetros

1 2 3 4 5

Polpa verde

Polpa madura

Semente verde

Semente madura

a*1

0,48±0,24

-0,72±0,11

0,06±0,20

2,25±0,26

b*2

11,34±1,12

18,55±0,58

0,18±0,18

18,42±0,81

L3

47,51±1,36

49,76±0,77

20,06±2,37

46,12±1,17

C4

11,35±1,12

18,56±0,58

0,26±0,18

18,55±0,83

°Hue5

87,47±1,01

92,21±0,33

83,06±0,58

90,07±57,44

a*: tendências às cores verdes (a-), vermelho (a+). b*: tendências às cores azul (b-) e amarela (b+). L: luminosidade. C: cromaticidade (Chroma). Hue: ângulo de cor.

Assim, de acordo com a sequência CIELAB, o ângulo Hue, que define a cor vermelha como 0ºh, amarelo como 90ºh, verde como 180ºh e azul como 270ºh, reforça que a coloração da polpa e semente tem predominância amarela. Segundo Chitarra e Chitarra (2005) a coloração é um parâmetro utilizado como critério de para seleção dos frutos para aquisição do consumidor e auxilia a identificar o ponto de maturação do fruto. Conclusão As análises realizadas no fruto do jenipapo apresentaram diferenças significativas entre o fruto verde e maduro. Quanto às suas características de pH e acidez, o fruto maduro teve aumento no teor de substâncias ácidas. O teor de vitamina C foi maior nas sementes do fruto que muitas vezes são descartadas.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Os compostos fenólicos determinados no jenipapo apresentaram-se com teores elevados de capacidade antioxidante. A polpa e semente apresentaram compostos fenólicos, como flavonoides e carotenoides com potencial atividade antioxidante, com destaque no teor de carotenoides para a polpa madura. A predominância desses componentes indica a coloração instrumental amarela para o fruto, independente do estádio de desenvolvimento.

Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPQ pelas bolsas de PIBIC concedidas. Referências bibliográficas ALVES, C. C. O.; RESENDE, J. V.; CRUVINEL, S. R. S.; PRADO, M. E. T. Estabilidade da microestrutura e do teor de carotenoides de pós obtidos da polpa de pequi (Caryocar brasiliense Camb.) liofilizada. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 28, n.4, p. 830-839, 2008. BEZERRA, A.S.; NÖRNBERG, J.L.; LIMA, F.O.; ROSA, M.B.; CARVALHO, L.M. Parâmetros climáticos e variação de compostos fenólicos em cevada. Ciência Rural, v.43, n.9, p.1546-1552, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Suplementação de Ferro: manual de condutas gerais/ Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 24p. BUCIC-KOJIC, A.; PLANINIC, M.; TOMAS, S.; BILIC, M.; VELIC, D. Study of solid-liquid extraction kinetics of total polyphenols from grapes seeds. Journal Food Engineer, v. 81, p. 236-242, 2007. CHITARRA, A. B.; CHITARRA, M. I. F. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: UFLA, 2005. 783p. FOOD INGREDIENTS BRASIL. Vitaminas. In. Dossiê vitaminas. n.29, p. 58 – 62, 2014. Disponível em: <http://www.revista-fi.com/materias/378.pdf>. Acesso em 16 set. 2018. IAL. Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análises de alimentos. 4.ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, p.1018, 2008. Versão Digitalizada. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação de plantas arbóreas nativas do Brasil. São Paulo: Plantarum, 1992. 365p. MCGUIRE, R. G. Reporting of objective color measurements. Hortscience, v. 27, n. 12, p.1254-1255, 1992. Disponível em: <http://hortsci.ashspublications.org/content/27/ 12/1254.full.pdf+html>. Acesso em 05 jun. 2017. MELO, E.A.; MACIEL, M.I.S.; LIMA, V.L.A.G.; LEAL, F.L.L.; CAETANO, A.C.S.; NASCIMENTO, R.J. Capacidade antioxidante de hortaliças usualmente consumidas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 3, p. 639-644, 2006. MENSOR, L.L.; MENEZES, F.S.; LEITÃO, G.G.; REIS, A. S.; SANTOS, T. C.; COUBE, C. S.; LIETÃO, S. G. Screening of Brazilian plant extracts for antioxidant activity by the use of DPPH free radical method. Phytotherapy Research, v.15, p.127-130, 2001. MIELKE, M. S.; ALMEIDA, A. F.; GOMES, F. P.; AGUILAR, M. A. G.; MANGABEIRA, P. A. O. Leaf gas exchange, chlorophyll fluorescence and growth responses of Genipa americana seedlings to soil flooding. Environment and Experimental Botany, v. 50, n. 3, p. 221-231, 2003.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) MILLER, F.A.; SILVA, C.L.M. Thermal treatment effects in fruit juice. In. RODRIGUES, S.; NARCISO FERNANDES, F.A. (Ed.) Advances in fruit processing technologies. Boca Raton: CRC Press Taylor and Francis, 2012, p. 363 – 386 (cap.15). MORAIS, J.L.; SOUZA, F.P.; SILVA, T.M.C.F.; OLIVEIRA, M.E.G. Desenvolvimento e caracterização de doces pastosos adicionados de especiarias obtidos a partir da polpa do jenipapo (Genipa americana L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 25, 2016, Gramado – RS. Anais..., Gramado - RS: SBCTA, 2016, p. 1- 6. MOURA, S.M.S.; SOUSA, S.R.S.; CONDE JÚNIOR, A.M. Genipa americana L.: prospecção tecnológica. Jornal Interdisciplinar de Biociências, v.1, n.2, 2016. MUNIZ, A. V. C. S.; SILVA JUNIOR, J. F. Jenipapo. Embrapa Tabuleiros Costeiros. 2009. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/ 577094/1/f01.pdf>. Acessado em 13 set. 2018. PACHECO, P.; PAZ, J. G.; SILVA, C. O.; PASCOAL, G. B. Composição centesimal, compostos bioativos e parâmetros físico-químicos do jenipapo (Genipa americana L.) in natura. Demetra, v. 9, n.4, p. 1041-1054, 2014. RENHE, I.R.T.; STRINGHETA, P.S.; SILVA, F.F.; OLIVEIRA, T.V. Obtenção de corante natural azul extraído de frutos de jenipapo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.44, n.6, p.649-652, 2009. RIBEIRO, J.S.; ANDRADE; G.A.V.; DONATO, L.B.; LOBO, N.Q.S.; TAPIA, D.M.T.; ZANUTO, M.E.; SILVA, M.V. Caracterização química da farinha de jenipapo (Genipa americana L.): curva de secagem e estabilidade dos carotenoides totais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 25, 2016, Gramado – RS. Anais..., Gramado - RS: SBCTA, 2016, p. 1- 6. ROCKENBACH, I.I.; SILVA, G.L.; RODRIGUES, E.; KUSKOSKI, E.M.; FETT, R. Influência do solvente no conteúdo total de polifenóis, antocianinas e atividade antioxidante de extratos de bagaço de uva (Vitis vinifera) variedades Tannat e Ancelota. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 28 supl., p. 238-244, 2008. SANTOS, M.D.; BLATT, C.T.T. Teor de flavonoides e fenóis totais em folhas de Pyrostegia venusta Miers. de mata e de cerrado. Revista Brasileira de Botânica, v.21, n.2, p.135-140, 1998. SOUZA, C. N. Características físicas, físico-químicas e químicas de três tipos de jenipapos (Genipa americana L.) 2007. 72 f. (Dissertação Mestrado em Produção Vegetal). Programa de Pós-Gradual em Produção Vegetal, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus-BA. Disponível em: <http://nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/09b94cf100 75ef7c9b0e1a3303c56334.pdf>. Acesso em 20 jan. 2019. SOUZA-SARTORI, J.A.; SCALISE, C.; BAPTISTA, A.S.; LIMA, R.B.; AGUIAR, C.L. Parâmetros de influência na extração de compostos fenólicos de partes aéreas da cana-de-açúcar com atividade antioxidante total. Bioscience Journal, v. 29, n. 2, p. 297-307, 2013. STATISTICAL. Statsoft Statistica for Windows. Computer program manual. Version 7.0. Tulsa, OK: Statsoft Inc., 2007.

Recebido em 26/01/2019 Aceito em 01/03/2019

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Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/15-26/agrariacad Caracterização morfológica e divergência genética de populações de milho crioulo do Alto Vale do Jequitinhonha. Morphological characterization and genetic divergence of creole maize populations of the Alto Vale do Jequitinhonha Ricardo Ferreira Campos Pacheco1, Amanda Gonçalves Guimarães2*, Josimar Rodrigues Oliveira1, Edelço Aparecida Saraiva1, Gilvan Marlon Ferreira dos Santos1, Marcia Regina da Costa1, Cíntia Gonçalves Guimarães1 1-

Departamento de Agronomia/Centro de Ciências Agrárias/ /Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Departamento de Agronomia/Centro de Ciências Agrárias/ Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM - Diamantina/MG - Brasil – amandagguimaras@yahoo.com.br 2* -

________________________________________________________________________________ Resumo O objetivo do trabalho foi avaliar diferenças morfológicas e a divergência genética entre os milhos crioulo para que possam servir para o cultivo de produtores da região de Couto Magalhaes de Minas MG. O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Rio Manso, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, durante a safra 2017/18, sendo estudadas seis variedades de milho crioulo, duas variedades melhoradas e duas variedades comerciais. Foram avaliadas 13 características, sendo foliares, do colmo e de florescimento. As variedades de milhos crioulos apresentaram divergência genética, sendo, em geral, discriminados pela origem genética e a característica morfológica que mais contribui para a divergência é a altura média de inserção da espiga. Palavras-chave: Zea mays, variedades, agricultura familiar Abstract The objective of this work was to evaluate morphological differences and genetic divergence among the Creole corn so that they can serve for the cultivation of producers in the region of Couto Magalhaes de Minas MG. The experiment was conducted at the Rio Manso Experimental Farm, Federal University of the valleys of Jequitinhonha and Mucuri, during the 2017/18 harvest, being studied six varieties of Creole corn, two improved varieties and two commercial varieties. Thirteen characteristics were evaluated: leaf, stem and flowering. The varieties of Creole corn showed genetic divergence, being generally discriminated by the genetic origin and the morphological characteristic that contributes most to the divergence is the mean height of the spike insertion. Key-words: Zea mays, varieties, family farming.

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Introdução O milho (Zea mays) é um dos cereais mais produzidos mundialmente, sendo o Brasil terceiro maior produtor ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China, correspondendo juntos, por 66% da produção mundial. A produção nacional de milho na safra 2016/17 foi de 97842,8 milhões de tonelada e esteve distribuída principalmente nos estados do Mato Grosso (26,9%), Paraná (19,2%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul (10,0%), Minas Gerais (8,4%), Rio Grande do Sul (6,6%) e São Paulo (4,5%), em que somados esses estados contribuíram com 81,6 % da produção total (CONAB, 2018). O crescente consumo do milho, que pode ser destinado tanto para alimentação humana como animal, é oriundo de aumento e investimento no melhoramento genético (EMBRAPA, 2013) existindo muitas variedades de milhos híbridos e de polinização aberta no mercado. Além destas, variedades crioulas, vem sendo a principal alternativa para agricultor familiar, pois proporciona bom desempenho nas condições ambientais locais em que são cultivadas (SILVEIRA et al., 2015). Com o uso de sementes crioulas, o agricultor familiar tem a possibilidade de produção de criar banco de sementes, já que resgatam anualmente suas próprias sementes, de acordo com o próprio nível socioeconômico, o que deixa ele livre da dependência em adquirir sementes de grandes empresas (ABREU et al., 2007). A caracterização dessas variedades crioulas é extremamente importante, pois, como são adaptadas localmente, podem apresentar características diferentes para cada região em que são cultivadas, além de constituírem uma fonte de variabilidade genética que pode ser explorada no melhoramento (ARAÚJO; NASS, 2002). Dessa forma, permite auxiliar no processo de escolha de materiais para diferentes finalidades, seja para produtividade, alimentação animal, ou, até mesmo, resistência a doenças (COIMBRA et al. 2010). Grande parte das metodologias utilizadas em estudos de divergência genética é baseada na análise de caracteres quantitativos ou qualitativos binários, através da obtenção de matrizes de dissimilaridade e posteriores análises de agrupamento (CRUZ et al., 2012). Essa metodologia já foi adotada em estudos anteriores de populações de milho resgatadas do sudeste de Minas Gerais visando à identificação de genótipos promissores para o melhoramento genético através da caracterização do potencial produtivo e a divergência genética (COIMBRA et al., 2010). Nesse contexto, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar diferenças morfológicas e a divergência genética entre genótipos de milho crioulo para que possam servir para o cultivo de produtores da região de Couto Magalhaes de Minas MG. Material e métodos Material genético Os materiais genéticos estudados foram: seis variedades de milho crioulo, duas variedades melhoradas de polinização aberta (populações obtidas pelo décimo quinto ciclo de seleção recorrente interpopulacional pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro- UENF) e duas variedades comerciais, conforme Tabela 1.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Tabela 1. Descrição dos genótipos de milho utilizados na safra 2017/2018, em Couto de Magalhães de Minas-MG Genótipos Origem Base Genética CR1 Viçosa – MG Crioulo CR2 Viçosa-MG Crioulo CR3 Couto de Magalhães de Minas-MG Crioulo CR4 Couto de Magalhães de Minas -MG Crioulo CR5 São Gonçalo do Rio Preto-MG Crioulo CR6 Couto de Magalhães de Minas -MG Crioulo 2 Piranão UENF Variedade Melhorada 2 Cimmyti UENF Variedade Melhoradas 1 3 UFVM 200 UFV Variedade Comercial 1 AF 505 Sakata Seed Variedade Comercial 1 Testemunhas: UFVM 200-Registro no MAPA (nº 12379/2002); AF 505- Registro no MAPA (nº 28862/2012) 2 UENF-Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro- RJ 3 UFV- Universidade Federal de Viçosa-MG Local e instalação do experimento O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Rio Manso, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), na safra do ano agrícola 2017/2018, em Couto de Magalhães de Minas-MG, situada nas coordenadas geográficas de 18°4’44,55’’ S e 43°27’23’’W, com altitude de 721 m. O clima local é caracterizado como tropical, com estação seca de inverno (Aw), de acordo com a classificação de Köppen-Geiger, com período seco de abril a setembro. A precipitação média anual é de 1246 mm e a temperatura média anual fica em torno de 21,5 oC (CLIMATE-DATA, 2017). O solo onde o experimento foi instalado é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico (EMBRAPA, 2013), de textura franco-arenosa. O solo foi preparado em sistema de plantio convencional (aração e gradagem), no mês de setembro de 2017. A semeadura foi realizada no dia 25 de setembro de 2017, de forma manual, sendo distribuídas três sementes por covas, à profundidade de 0,05 m, totalizando 150 sementes por parcela. A adubação foi recomendada, conforme resultados de análise de solo visando elevar a fertilidade para níveis que proporcionem a expressão da máxima produtividade dos genótipos, realizada em duas etapas de modo a fornecer as doses de 127 kg ha-1 de N, 93 kg ha-1 de P2O5 e 150 kg ha-1 de K2O, durante o ciclo da cultura. A adubação de plantio foi realizada com o fertilizante formulado NPK 08-28-16, aplicando-se na linha de plantio a dose de 29,9 g m-1. A emergência das plântulas de milho ocorreu no dia 02 de outubro de 2017. Com 21 dias após a emergência, foi realizado o desbaste, deixando-se uma planta por cova totalizando 50 plantas por parcela, que representa uma população de 55.555 plantas ha-1. Aos 30 dias após o plantio (DAP) realizou-se a adubação de cobertura com uso de sulfato de amônio (20% N) na dose de 45 g m -1, e cloreto de potássio (58% K2O) aplicando 15 g m-1 de K2O. O manejo de plantas daninhas foi realizado por meio de uma capina manual com enxada nas entrelinhas da cultura. A área possui irrigação por aspersão, que foi utilizada para complementar a demanda hídrica dos genótipos de milho apenas nas duas primeiras semanas após o plantio (aproximadamente até o estádio V2), fornecendo uma lâmina de irrigação de 5 mm dia-1.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com quatro repetiçþes e dez genĂłtipos de milho. As parcelas foram constituĂ­das de duas linhas de cinco metros de comprimento, com espaçamento de 0,90 m entre as linhas e 0,20 m entre plantas. CaracterĂ­sticas agronĂ´micas avaliadas Para a caracterização dos diferentes tipos de milho do estudo, foram utilizados 13 des-critores propostos pelo MinistĂŠrio da Agricultura, PecuĂĄria e Abastecimento (MAPA). Os ca-racteres morfolĂłgicos foram avaliados depois dos florescimentos em 8 plantas por parcela (com exceção da caracterĂ­stica florescimento que foi analisada por linha na parcela). Florescimento e caracterĂ­sticas do pendĂŁo: para as caracterĂ­sticas florescimento i) masculino (FM) e ii) feminino (FF), o nĂşmero mĂŠdio de dias para o florescimento, que compreende o perĂ­odo entre o plantio e a liberação dos estilo-estigmas de, pelo menos, 50% das plantas da fileira, sendo avaliado de dois em dois dias; iii) comprimento de pendĂŁo (CP): medido do ponto de inserção da primeira ramificação atĂŠ o ĂĄpice da ramificação principal, expresso em metros; e iv) nĂşmero de ramificaçþes do pendĂŁo (NRP) obtido pela mĂŠdia da contagem do nĂşmero de ramificaçþes dos pendĂľes. Morfologia do colmo: i) altura da planta (AP), mensurada, em metros, a distância do nĂ­vel do solo Ă inserção da folha bandeira e do nĂ­vel do solo; ii) altura na inserção da primeira espiga (AE), mensurada em metros a nĂ­vel do solo atĂŠ Ă base de inserção da primeira espiga; iii) nĂşmero de internĂłdios do colmo (NIC); e, iv) diâmetro mĂŠdio de colmo (DC): cerca de 0,50 m acima do nĂ­vel do solo, este definido por meio da utilização de paquĂ­metro digital, expresso em centĂ­metros. Morfologia das folhas: i) nĂşmero total de folhas (NTF); ii) nĂşmero de folhas acima da primeira espiga (NFE); iii) forma da ponta da folha acima da primeira espiga (FPF) (1- pontiaguda, 2pontiaguda arredondada); iv) ângulo entre a laminar foliar e (AFC)(1-pequeno, 2-mĂŠ-dio, 3-grande); e, v) comprimento laminar da folha (CLF) acima da primeira espiga, mensurada com uma fita mĂŠtrica em metros. AnĂĄlise estatĂ­stica AnĂĄlise de variância A anĂĄlise de variância para o delineamento em blocos ao acaso foi de acordo com o modelo: đ?‘Œđ?‘–đ?‘— = Âľ + g đ?‘– + đ?‘?đ?‘— + đ?‘’đ?‘–đ?‘— , em que: đ?‘Œđ?‘–đ?‘— : valor observado na parcela que recebeu o genĂłtipo i no bloco j; Âľ: mĂŠdia geral do experimento; g đ?‘– : efeito do genĂłtipo i, i= 1, 2, ..., 10; đ?‘?đ?‘— : efeito da repetição j, j= 1, 2, ..., 4; e, đ?‘’đ?‘–đ?‘— : erro experimental associado Ă observação Yij, sendo NID (0, đ?œŽ 2 ). Detectada a diferença significativa entre os genĂłtipos de milho nas caracterĂ­sticas avaliadas, efetuou-se o teste de mĂŠdia de Tukey a 5% de probabilidade, para averiguação da comparação entre os genĂłtipos de milho. Estimativas dos componentes de variância e dos parâmetros genĂŠticos Para a estimação dos parâmetros relacionados Ă anĂĄlise conjunta, serĂŁo utilizados os estimadores: a) Coeficiente de variação genĂŠtico: CVg (%)=100 (

âˆšĎƒ2g X

đ?‘„đ?‘€đ?‘‡âˆ’đ?‘„đ?‘€đ?‘… đ?‘&#x;

√

) = 100 (

X

) em que:

=Variância genotípica entre tratamentos (milhos); X= mÊdia; QMT = quadrado mÊdio de tratamentos; QMR = quadrado mÊdio do resíduo; e, r = número de repetiçþes; b) Coeficiente de variação 18


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

experimental:

em que:

= variância média residual; QMR =

quadrado médio residual; σ2g

c) Herdabilidade com base na média de tratamentos; h2X̅ = σ2 = f̅

= variância genotípica entre tratamentos; variação;

QMT−QMR QMT

em que:

= variância fenotípica entre tratamentos; d) Índice de

em que: CVg = Coeficiente de Variação Genético; CVe = Coeficiente de

Variação Experimental. Dissimilaridade entre os tipos de milho baseado em informações morfológicas. Os dados fenotípicos serão analisados com o auxílio do software Genes (CRUZ, 2013), em que na plataforma de análises multivariadas serão extraídas as matrizes de distâncias genéticas por meio de diferentes algoritmos, sendo uma a distância generalizada de Mahalanobis (MAHALANOBIS, 1936), expressa por: em que:

: é a distância generalizada de Mahalanobis entre os acessos sendo

sendo j = 1, 2, ..., p;

;

e , sendo = 1, 2, g;

:

: é a média do i-ésimo acesso em relação à j-ésima variável,

: é a inversa da matriz de variâncias e covariâncias residuais.

Após a estimação das matrizes de distâncias genéticas serão realizados os agrupamentos pelos métodos hierárquicos UPGMA (Unweighted Pair-Group Method Average) utilizados para as características fenotípicas. O ponto de corte para determinação do número de grupos em cada agrupamento será definido conforme expressão proposta por MOJENA (1977). A consistência dos métodos de agrupamentos será avaliada pelos coeficientes de correlação cofenética (CCC), onde as significâncias dos CCC serão examinadas pelo teste de Mantel (MANTEL, 1967). Todos os cálculos referentes às análises estatísticas para as características agronômicas foram executados utilizando o software Genes (CRUZ, 2013). Resultados e Discussão Parâmetros genéticos e caracterização dos diferentes tipos de milho quanto aspectos morfológicos As características dos genótipos, bem como a mensuração dos parâmetros genéticos são importantes para que o melhorista além de conhecer a descrição de seu caráter quanto a variabilidade, influência ambiental e qualidade dos dados, possa tomar decisões na seleção dos genótipos superiores. Ocorreu diferenças significativas pelo teste F em nível de 1% de probabilidade para a maioria das características, com exceção da característica altura de plantas (Tabela 2), salientando a variabilidade genética entre os genótipos de milho proporcionando assim seleção dos melhores. Essa variabilidade genética entre os genótipos é imprescindível para a escolha dos superiores, de forma a obter com êxito os progressos com a seleção (RAMALHO et al. 2012). Em relação aos parâmetros genéticos, os coeficientes de variação experimental (CVe%) das características, segundo Gomes (2000), em experimentos de campo com coeficientes de variação

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) ambientais de até 15% são considerados de ótima precisão, o que ocorreu em todas as características do presente estudo (Tabela 2). Os valores de CVe variaram de 0,65% (CLF) a 12,48% (NRP) consideradas de maneira a ter uma boa precisão. Porém, para a cultura do milho, os CVes mais atuais são propostos por Fritsche-Neto et al. (2012) em alguns descritores, como nas características altura de plantas e altura de espigas, no qual no presente trabalho foi verificado que obteve CVs intermediários de acordo com o autor, entre 3,56 a 8,25% para altura de plantas e 4,59 a 10,76% para altura de espiga. Os Iv`s (Índice de Variação) foram superiores a 1,0 para a maioria das características (NTF, CLF, AP, AE, NRP, CLF, FF) (Tabela 2), podendo concluir que os valores genéticos estão se sobrepondo aos valores ambientais. Também houve elevadas estimativas de herdabilidade, acima de 80% para a maioria das características (com exceção das características NFE, NIC, FPF, DC, CP), o que percebe uma melhor alternativa de seleção daquelas superiores. Desta forma, os materiais se mostraram de boa qualidade e os valores genéticos são notáveis, o que ajudam o melhorista na distinção de genótipos superiores.

Na característica número de ramificação do pendão (NRP) os genótipos com valores superiores foram o CR5 (28) e CR2 (23) que não apresentaram diferenças entre si e o menor valor foi para o genótipo Piranão (17) (Tabela 3). De acordo com Lima (2006), em um pendão existe milhares de anteras, sendo de grande importância uma maior quantidade de ramificações para que superior ao número de óvulos, seja garantido a fecundação de todos. Já para a característica comprimento de pendão, os genótipos não apresentaram diferenças estáticas entre si, obtendo média de 0,45 m. Já para florescimento masculino (FM) ocorreu o contrário nesses mesmos genótipos; o Piranão 71 dias, enquanto que os genótipos CR5 e CR2 aos 69 e 61 dias, respectivamente (Tabela 3), o que pode concluir que o florescimento adiantado está associado com pendões ramificados. Para o florescimento feminino (FF) constata-se a distinção entre os genótipos de milho variando de 63 dias (CR 2) a 74 dias (CR 1) (Tabela 3), posteriormente ao plantio. Este efeito afirma o mecanismo que propicia a alogamia em milho - protandria (amadurecimento dos órgãos sexuais masculinos acontecem antes dos órgãos femininos). Segundo Lima (2006) quando se tem uma falta de sincronismo no cruzamento feminino e masculino, esta pode estar relacionada com o grande adensamento do dossel assim ocasionando uma esterilidade, provocada por um decréscimo das gemas laterais tendo efeito

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) direto na produção de grãos. Os genótipos CR6, UFVM 200 e AF 505 tiveram os mesmos dias de florescimento masculino e feminino. Infere-se que a maior parte das variedades crioulas mostram protandria, os materiais comerciais manifestam simultaneidade no florescimento. Tabela 3. Características de florescimento e do pendão em diferentes genótipos de milho. Couto de Magalhães-MG, safra 2017/2018 Genótipos

1

CP

NRP

FM

FF

CR1

0,44 a

22,38 bc

70,50 ab

74,0 a

CR2

0,435 a

22,91 ab

61,25 d

63,50 c

CR3 CR4 CR5

0,49 a 0,49 a 0,44 a

17,69 bc 19,53 bc 28,29 a

70,25 b 70,00 bc 69,00 c

72,50 ab 70,50 b 70,50 b

CR6 0,43 a 17,47 bc 70,00 bc 70,25 b Piranão 0,48 a 17,31 c 71,5 a 72,25 ab Cimmyti 0,44 a 22,60 bc 70,75 ab 71,25 ab UFVJM¹ 0,48 a 18,78 bc 70,00 bc 70,00 b AF 505¹ 0,435 a 19,25 bc 70,00 bc 70,50 b Média 0,45 20,62 69,32 70,52 CV 6,31 11,08 0,65 1,79 1 / CP= comprimento do pendão (m); NRP = número de ramificações do pendão; FM= florescimento masculino; FM= florescimento feminino Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey em nível de 5% de significância. Quanto à altura da planta, destacaram a variedades CR1 e CR5 com 2,54m e 2,88m (Tabela 4). A variedade CR5 apresentou o mais elevado ponto de inserção da primeira espiga, com 1,91m, porém, este genótipo apresentou menor valor de diâmetro de colmo (0,20 cm). De acordo com Moraes e Brito (2008), o acamamento do milho traz inúmeros prejuízos, pois tende a retardar as operações mecanizadas e coloca a espiga de milho em contato com o solo, assim comprometendo o grão de milho, sendo o colmo responsável pela sustentação da planta e também órgão de reserva, isso até o momento antes da formação da espiga. Para o caráter número de internódios do colmo os dez genótipos não apresentaram diferença estatística entre si, com média de 15,61. Resultados com altos valores de altura de plantas e inserção de espigas no colmo também foram registrados por outros autores (ARAUJO; NASS, 2002), porém variedades crioulas que apresentam um porte mais elevado, altura de inserção da primeira espiga também elevada, aliado a um diâmetro de colmo inferior tornam essas plantas propícias ao acamamento em relação as variedades comerciais (FERREIRA et al., 2009), além de dificultar o processo de colheita (CRUZ et al., 2006). No entanto, plantas mais altas possuem vantagens quando empregadas no preparo da alimentação animal, tanto a silagem quanto a produção de palhada sobre o solo (SILVEIRA et al., 2015).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Tabela 4. Características do colmo em diferentes genótipos de milho. Couto de Magalhães-MG, safra 2017/2018. Genótipos

1

NI

DC

AP

AE

CR1 CR2

16,82 a 16,28 a

0,23 a 0,22 ab

2,54 ab 2,48 bc

1,51 b 1,45 b

CR3

15,57 a

0,23 a

2,41 bcd

1,36 bcd

CR4 CR5

15,158 a 15,58 a

0,22 ab 0,20 b

2,40 bcd 2,88 a

1,38 bc 1,91 a

CR6

14,97 a

0,22 ab

2,09 de

1,16 cde

Piranão 16,00 a 0,21 ab 2,09 de 1,12 e Cimmity 15,13 a 0,21 ab 1,97 e 1,10 e UFVJM¹ 15,75 a 0,21 ab 2,15 cde 1,15 de AF 505¹ 14,88 a 0,22 ab 2,40 bcd 1,31 bcde Média 15,61 0,22 2,34 1,34 CV 5,71 5,46 6,23 7,18 1 NIC= número de internódios do colmo; DC= diâmetro do colmo (m); AP = altura de planta (m); AE = altura de espiga (m). Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey em nível de 5% de significância. Para o caráter número total de folhas observa se que a variedade CR1 apresentou o maior resultado, com média de 16,85 folhas por planta. Já a variedade CR6 destaca-se com o menor valor 14,54 (Tabela 5). Em relação ao número de folhas acima da primeira espiga, a variedade AF505 (milho doce) obteve o melhor valor (6,76) se diferindo da variedade CR5 que por sua vez apresentou o menor valor de número de folhas acima da primeira espiga (5,88). De acordo com Vieira et al. (2010) a quantidade de folhas por planta tem relação com a quantidade de biomassa, se tratando da altura da planta. Tabela 5. Características da folha em diferentes genótipos de milho. Couto de Magalhães-MG, safra 2017/2018 Genótipos 1 NTF NFE FPF ALF CLF CR1 CR2 CR3

16,85 a 16,63 ab 16,16 ab

6,63 ab 6,38 ab 6,50 ab

1,50 a 1,53 a 1,44 a

1,97 b 1,85 b 2,06 b

0,81 cd 0,85 bc 0,89 b

CR4

15,25 bc

6,19 ab

1,72 a

2,06 b

0,97 a

5,88 b

1,46 a

3,16 a

0,88 bc

6,35 ab 6,472 ab 5,88 b

1,75 a 1,878 a 1,72 a

1,85 b 1,82 b 1,88 b

0,85 bc 0,82 cd 0,75 d

CR5 CR6 Piranão Cimmyti

16,13 abc 14,54 c 16,85 ab 16,56 ab

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) 15,29 6,38 ab 1,72 a 2,22 b 0,86 bc abc 15,50 AF 505¹ 6,76 a 1,82 a 2,16 b 0,85 bc abc Média 15,97 6,34 1,65 2,10 0,85 CV 4,11 4,91 12,49 13,11 3,55 1/ NTF = número total de folhas; NFE= número de folhas por espiga; FPF= forma da ponta da folha; ALF= ângulo laminar foliar caule; CLF = comprimento da lâmina foliar (m). Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey em nível de 5% de significância. UFVJM¹

Além disso, observou-se também a variação entre os genótipos de milho quanto a relação do comprimento lâminar foliar e o ângulo, sendo que para a variedade CR4 (0,97 m) de maior valor, enquanto Cimmity apresentou menor valor (0,75 m). Segundo Agenta et al. (2001) a interceptação de luz proporciona grande influência no dossel e a ação fotossintética ativa tem influência direta na produção de grãos, isso quando o milho se encontra em condições favoráveis de solo e ambiente. No entanto para os caracteres forma da ponta da folha e ângulo laminar folha caule, os dez genótipos não se diferenciaram estatisticamente, com média de 1,65 (correspondente entre folha pontiaguda e pontiaguda arredondada) e 2,10 (correspondente ao ângulo médio a grande) respectivamente. Dissimilaridade entre os diferentes genótipos de milho crioulos baseado em informações morfológicos Quanto a análise da divergência genética, o valor do coeficiente de correlação cofenético obtido foi de 0,81, indicando uma boa concordância entre a disposição gráfica da distância genética a partir do dendrograma, pelo agrupamento de UPGMA e a matriz original obtida entre as medidas de distância generalizada de Mahalanobis. O ponto de corte para determinação do número de grupos foi definido pela proposta de Mojena em 45% de distância genética e assim, os genótipos foram divididos em 3 grupos (Figura 1).

Figura 1. Dendrograma obtido pelo método UPGMA, com base na distância generalizada de Mahalanobis entre seis genótipos de milho crioulo com base em treze características foliares, do colmo e florescimento em Couto Magalhães de Minas-MG, safra 2017/2018. O primeiro grupo foi composto pelos genótipos CR1, CR3, CR6; nota-se que os milhos crioulos CR3 e CR6 apresentaram uma maior similaridade genética de 95% (distância próxima de 5%)), podem ser por serem oriundo da mesma região (Couto de Magalhães de Minas), sendo provável uma ancestralidade em comum. O segundo grupo, pelo CR2 (oriundo de Viçosa) e CR4 (oriundo de Couto Magalhães de Minas), que se mostraram com uma similaridade genética de 75% (distância próxima de 25%), o que é devido as médias das características avaliadas serem mais próximas. E o terceiro grupo apenas CR5. É possível perceber que os grupos foram formados de acordo com a origem

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) genética do material avaliado, com exceção do grupo que foi composto por genótipos de Viçosa e Couto de Magalhaes de Minas, o que é explicado pelo fato dos genótipos de Viçosa serem cultivados a três gerações na região de Couto de Magalhães de Minas. No terceiro grupo, a variedade CR5 ficou isolada, de origem genética de São Gonçalo de Rio Preto, apresentou características divergentes dos demais milhos crioulos. Dentre as características avaliadas, as que mais contribuíram para a divergência genética foram: altura média de espiga (30%) (Figura 2), podendo usá-la para uma possível seleção dentre os genótipos. Estes resultados divergentes de altura média de espiga deve direcionar como é a condição de cada agricultor familiar no que diz respeito principalmente com a colheita. Pois, geralmente, na maioria das vezes é de forma manual, é de preferência que a espiga esteja em menor altura. No entanto, plantas com espigas mais altas, e indiretamente a altura da planta também elevada, poderá possuir vantagens no preparo da alimentação animal, tanto a silagem quanto a produção de palhada sobre o solo (SILVEIRA et al., 2015). .

Contribuição relativa das características para (%)

35 30 25 20 15 10 5 0 NTF NFE NIC FPF ALF CLF DC AP

AE

CP NRP FM FF

Características

Figura 2. Importância relativa dos descritores quantitativos na predição da divergência genética entre seis genótipos de milho crioulo com base em treze características foliares, do colmo e florescimento em Couto Magalhães de Minas-MG, safra 2017/2018 NTF = número total de folhas; CLF = comprimento da lâmina foliar (m); AP = altura de planta (m); AE = altura de espiga (m); e, NRP = número de ramificações do pendão; NFE= número de folhas por espiga; NIC= número de internódios do colmo; FPF= forma da ponta da folha; ALF= ângulo laminar foliar; CLF= comprimento da lamina foliar; DC= diâmetro do colmo (m); CP= comprimento do pendão (m); FM= florescimento masculino; FM= florescimento feminino. Conclusão Diante dos resultados apresentados, os genótipos de milho crioulos CR2 (Viçosa MG) e CR5 (São Gonçalo do Rio Preto) apresentaram os melhores valores para o número de ramificações do pendão, característica esta que pode contribuir para possível melhoramento, podendo ocasionar maior

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) produção de grãos; o genótipo do milho AF 505 apresentou número de folhas satisfatório em relação aos demais genótipos de milhos, que se deve ao processo de captação de dióxido de carbono para a fotossíntese importante para a produção de fotossimilados para o grão; as variedades de milho crioulos avaliados apresentam divergência genética, a característica morfológica que mais contribui para a divergência genética é a altura média de inserção da espiga. Agradecimentos Os autores agradecem ao Projeto Milho Crioulo pelos recursos disponibilizados para o desenvolvimento da pesquisa e ao Professor Dr. Messias Gonzaga Pereira pela doação das sementes das variedades melhoradas Piranão e Cimmyti, desenvolvidas na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Referências bibliográficas ABREU, L.; CANSI, E.; JURIATTI, C. Avaliação do rendimento sócio-econômico de variedades crioulas e híbridos comerciais de milho na microrregião de Chapecó. Revista Brasileira de Agroecologia, v.2, n.1, p.1230-1233, 2007. ARAÚJO, P. M.; NASS, L. L. Caracterização e avaliação de populações de milho crioulo. Scientia Agricola, v.59, n.3, p.589-593, 2002. ARGENTA, G.; SILVA, P.R.F.; SAGOI, L. Arranjo de Plantas em Milho: Análise do Estado-da-Arte. Ciência Rural. v.31, n.6, p.1075-1084, 2001. CLIMATE-DATA. Clima: Couto de Magalhães de Minas - MG. 2017. Disponível na Internet https://pt.climate-data.org/location/176215/. Acesso em: 18 de agosto 2017. COIMBRA, R.R.; MIRANDA, G.V.; CRUZ, C.D.; MELO, A.V.; ECKERT, F.R. Characterization and genetic divergence of corn populations rescued from the region southeastern of Minas Gerais. Revista de Ciências Agronômicas, v.41, n.1, p.159-166, 2010. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Levantamento da safra de grãos. 2017. Disponível na Internet https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos?limitstart=0. Acesso em: 30 de abril de 2018. CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J.; CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa: UFV, 2012. 514p. CRUZ, C.D. Genes: a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum Agronomy, v.35, n.3, p.271-276, 2013. CRUZ, J.C.; FILHO, I.A.P.; ALVARENGA, R.C.; NETO, M.M.G.; VIANA, J.H.M.; OLIVEIRA, M.F.; SANTANA, D.P. Manejo da Cultura do Milho. Sete Lagoas: Embrapa (Circular Técnica, 87), 2006. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: UNB, 2013. 353p. FERREIRA, J.M; MOREIRA, R.M.P.; HIDALGO, J.A.F. Capacidade combinatória e heterose em populações de milho crioulo. Ciência Rural, v.39, n.2, p.332-339, 2009. FRITSCHE-NETO, R.; VIEIRA, R.A.; SCAPIM, C.A.; MIRANDA, G.V.; REZENDE, L.M. Updating the ranking of the coefficients of variation from maize experiments. Acta Scientiarum Agronomy, n.34, n.1, p.99101, 2012. GOMES, F.P. Curso de Estatística Experimental. Piracicaba: Frederico Pimentel Gomes, 2000. LIMA, J.L. Genético do Florescimento em Milho. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas). Universidade Federal de Lavras – UFLA, Lavras, 2006. p.56. MAHALANOBIS, P.C. On the generalized distance in statistics. Proceedings of the National Institute of Sciences, v.2, p.49-55, 1936.

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Recebido em 11/02/2019 Aceito em 08/03/2019

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/27-36/agrariacad Fontes de fósforo em diferentes épocas de aplicação na cultura da Brachiaria brizantha cv. Marandu. Sources of phosphorus (P) in different times of application in the culture of Brachiaria brizantha cv. Marandu João Antônio da SILVA¹, Ricardo Alexandre LAMBERT² 1-

Graduando em Bacharelado em Agronomia do Instituto Luterano de Ensino Superior (ILES/ULBRA) de Itumbiara/GO – Brasil. joaoantoniof5.jads@gmail.com 2 Professor Doutor do Instituto Luterano de Ensino Superior (ILES/ULBRA) de Itumbiara/GO – Brasil. ricardolambert1981@hotmail.com

________________________________________________________________________________ Resumo A pecuária é um dos grandes responsáveis pelo PIB brasileiro se destacando na criação de gado e um dos grandes problemas dos produtores, são as pastagens degradadas. O objetivo desse trabalho é avaliar a relação de diferentes fontes de P e diferentes épocas de aplicação na reformulação de áreas de pastagem degradadas, com a utilização da Brachiaria brizantha cv. Marandu. O delineamento experimental empregado foi (DBC) em esquema fatorial 5x3, sendo 5 tratamentos, testemunha e 4 fontes de P e três épocas de aplicação. O adubo químico MAP e fosfato natural reativo apresentaram melhor desempenho. A calagem com antecedência contribuiu para um melhor desempenho da forrageira no estudo. Palavras-chave: Fosfatos, Pastagem degradada, Pecuária. Abstract Livestock is one of the main responsible for the Brazilian GDP, standing out in cattle ranching and one of the great problems of the producers, are degraded pastures. The objective of this work is to evaluate the relationship of different P sources and different application times in the reformulation of degraded pasture areas, using Brachiaria brizantha cv. Marandu. The experimental design was (DBC) in factorial scheme 5x3, being 5 treatments, control and 4 sources of P and three times of application. The chemical fertilizer MAP and reactive natural phosphate presented better performance. Early liming contributed to improved forage performance in the study. Key words: Phosphates, degraded pasture, Livestock.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Introdução O Brasil é uma região tropical com uma ampla extensão de terra, com isto, caracteriza um país com potencial na produção de bovinos a pasto, pois utilizam recursos nutricionais de baixo custo como de gramíneas tropicais (HOFFMANN et al., 2014), porém pecuária bovina brasileira está aquém das suas reais potencialidades, pois os sistemas de produção são heterogêneos quanto à incorporação de tecnologias, e técnicas administrativas (OLIVEIRA et al., 2014). O Brasil tem aproximadamente 180 milhões de hectares de pastagens, dos quais mais da metade encontra-se em algum estágio de degradação, sendo que grande parte está estágio avançado (ZEBU, 2015), com uma taxa de lotação de pastagem de 1,23 cabeças ha-1 (ABIEC, 2015). O uso de pastagens é uma estratégia de manejo relativamente fácil e com baixo custo, que pode garantir adequado estoque de forragem para pastejo durante o inverno nas regiões Sudeste e CentroOeste do Brasil, onde frequentemente ocorre carência de alimento para o rebanho nessa época do ano (SANTOS et al., 2009; SILVA et al., 2016). Estes sistemas trazem como principal dificuldade a irregularidade na oferta de forragem ao longo do ano, uma vez que, no Brasil, existem dois períodos bem distintos: chuvoso e seco, o que leva a uma oscilação na produção de pastagem, além de reduzir a qualidade nutricional (OLIVEIRA et al., 2016).Segundo Dias-Filho (2014), cerca de 50 a 70% das áreas de pastagens apresentam algum grau de degradação, e com a gestão adequada dessas áreas, a uma melhora qualidade da pastagem, levando à maior capacidade de suporte de animais e, consequentemente, maiores rendimentos pecuários e evitando a degradação dos solos e mais desmatamento para estabelecer novas pastagens (FIGUEIREDO et al., 2016). Segundo Lobato et al. (1994), uma das maiores dificuldades para o estabelecimento e a manutenção de pastagens nos solos brasileiros é o baixo nível de fósforo (P) disponível aliada à alta capacidade de adsorção desses solos em consequência de sua acidez e teores elevados de óxidos de ferro e alumínio. O fósforo (P) é um nutriente essencial para a vida, é encontrado na maioria dos tecidos biológicos além de ser componente vital para o sustento da cadeia de produção de alimentos (ACELAS et al., 2015). A adubação fosfatada contribui positivamente, causando um aumento rendimento da forragem e das características morfogênicas das gramíneas, e que o processo de renovação e senescência de tecidos são acelerados com o aumento da disponibilidade deste nutriente na solução do solo (COSTA et al., 2016). A pecuária brasileira, na qual, 80% é produzida em pastagens, passa por mudanças atualmente, adotando tecnologias, como um setor produtivo de base técnica, e diminuição dos impactos do meio ambiente (BRASIL, 2016). O objetivo desse trabalho é avaliar a relação de diferentes fontes de P e diferentes épocas de aplicação na reformulação de áreas de pastagem degradadas, com a utilização da Brachiaria brizantha cv. Marandu. Material e métodos O trabalho foi conduzido na Estação Experimental do ILES/ULBRA em Itumbiara-GO, com altitude média de 488 m, definido pelas coordenadas geográficas de 18°40´97´´ latitude Sul e

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) 49°19´19´´ longitude Oeste. De acordo com a classificação de Köppen e Geiger (1928), o clima na região enquadra-se no tipo AW, característico dos climas úmidos tropicais, com duas estações bem definidas, seca no inverno e úmida no verão, com precipitação média anual entre 1200 e 1800 mm (INMET, 2018). Antes da implantação do experimento, o solo foi coletado na camada de 20 – 40 cm em uma área de pastagem degradada (Brachiaria decumbens) com 10 anos de idade sem reforma, na Fazenda Lajeado de baixo município de Itumbiara-GO em que o solo apresenta baixa saturação de base, e colocado em baldes de 20L e levado para Estação Experimental do ILES/ULBRA. O solo da área apresentou as seguintes características químicas: P = 0,21 mg dm-3; pH = 5,64; K =17 mg dm-3; Ca = 0,25 mmolc dm-3; Mg = 0,15 mmolc dm-3; H+Al = 5,20 mmolc dm-3; CTC= 0,54 mmolc dm-3 e V%= 7,86%. As adubações e correções foram realizadas conforme Manual de Recomendações para o Uso de Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação (RIBEIRO et al., 1999). O calcário utilizado no experimento para correção da acidez do solo foi o dolomítico, apresentando as seguintes características, (CaO=36%; MgO=15%; PRNT=92,54%) e as doses foram calculadas para incorporação do calcário na camada 0-40cm de profundidade, considerando os resultados obtidos na análise química inicial. Foi empregado o método da saturação por bases para a determinação da necessidade de calagem. Este método requer a determinação da soma de bases (SB), acidez potencial (H+Al) e, por cálculo, obtém se a capacidade de troca de cátions (CTC) e a saturação por bases (V%). E para determinar a quantidade de gesso agrícola, foi utilizada o método de determinação pela argila%. A calagem e a gessagem do solo foi realizada igualmente para todos os tratamentos, e de acordo com as recomendações, a quantidade de calcário e gesso utilizadas foi de: 2,25 t ha-1 de calcário dolomítico e 2,55t ha-1 de gesso agrícola, estes resultados foram obtidos levando em conta que se elevou a saturação de base para 45% e que com o teor de argila na análise do solo foi de 51%. O delineamento experimental empregado foi de blocos casualizado (DBC) em esquema fatorial 5x3, sendo a testemunha e 4 fontes de P (MAP, Superfosfato triplo, Pó de rocha e fosfato natural reativo) e três épocas de aplicação (P todo na calagem, metade na calagem e a outra metade no plantio, e todo no plantio) com três repetições. As fontes de fósforo utilizadas foram o MAP, Superfosfato triplo, Pó de rocha e o Fosfato natural reativo. As fontes de P utilizado no experimento apresenta as seguintes características, MAP (N=10%; P2O5=50%), Superfosfato triplo (Ca= 10%; P2O5= 41%), Pó de rocha (N= 2,65%; P2O5= 0,45%) e o Fosfato natural reativo (Ca= 32%; P2O5= 28%) as doses foram calculadas para incorporação na camada 0-40cm de profundidade, considerando os resultados obtidos na análise química inicial. Os tratamentos são constituídos pelas seguintes fontes de P e épocas de aplicação: T1- Testemunha sem nenhuma fonte de fósforo T2- Testemunha sem nenhuma fonte de fósforo T3- Testemunha sem nenhuma fonte de fósforo T4- MAP todo no plantio; 200 kg ha -1. T5- MAP todo na calagem; 200 kg ha-1. T6- MAP metade na calagem + metade no plantio; 100 +100 kg ha-1. T7- Pó de rocha todo no plantio; 22,2 ton ha-1. T8- Pó de rocha todo na calagem; 22,2 ton ha-1. T9- Pó de rocha metade na calagem + metade no plantio; 11,1 + 11,1 ton ha-1.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) T10- Superfosfato triplo todo no plantio; 244 kg ha-1. T11- Superfosfato triplo todo na calagem; 244 kg ha-1. T12- Superfosfato triplo metade na calagem + metade no plantio; 122 + 122 kg ha-1. T13- Fosfato natural reativo todo no plantio; 370 kg ha-1. T14- Fosfato natural reativo todo na calagem; 370 kg ha-1. T15- Fosfato natural reativo metade na calagem/metade no plantio; 185 + 185 kg ha-1. Cada tratamento teve a mesma adubação de Nitrogênio (111 kg ha-1de ureia) e Potássio (69 kg ha-1de Cloreto de Potássio) no plantio de acordo com a análise de solo inicial, os baldes utilizados nos tratamentos apresentavam um volume de 18,32 dm3 O calcário apresenta uma reação lenta, e é pouco móvel no solo, elevando tempo para reagir, sua aplicação no solo deve ser feita com antecedência do plantio de no mínimo 90 dias, já o gesso por ser mais móvel consegue contribuir de forma mais rápido. Para ocorrer a reação do calcário e do gesso de forma mais rápida, foi feita homogeneização, no dia 11/07/2018 do calcário e do gesso de acordo com as recomendações e juntamente com os tratamentos descritos no trabalho e colocados nos baldes de acordo com cada tratamento, e em seguida o solo foi umedecido até atingir sua capacidade de campo, e coberto por lona plástica preta e branca para evitar a perda de água dos baldes por evaporação, isso acelerando a reação do gesso e principalmente do calcário. Permanecendo assim por 50 dias. O solo foi descoberto no dia 29/08/2018 para realização dos últimos tratamentos e a execução do plantio, mas antes da retirada da lona foi feita um analise de solo no dia 14/08/2018 de cada tratamento para ver se houve a correção do solo, verificando que há saturação de base de todos os tratamentos atingiram 45% de acordo com a recomendação para a cultura. No plantio foi utilizada a Brachiaria brizantha cv. Marandu, que apresentou um valor cultural (VC) de 99%. Foi empregado o método do VC para a determinação da quantidade de sementes a serem semeadas por hectare, com base no valor do VC foi óbito a quantidade de 10,63 Kg ha-1. A quantidade de sementes semeadas em cada balde foi de 0,02 gramas. Foi realizado todos os tratos culturais a ao decorrer do experimento de acordo com as recomendações técnicas, como a irrigação, adubação de cobertura de Nitrogênio e a retirada das plantas daninhas. Os aspectos a que foram avaliados nesse trabalho aos 60 dias após semeadura foram: • Matéria verde da parte aérea (M.V da parte aérea); em gramas (g); • Matéria seca da parte aérea (M.S da parte aérea); em gramas (g); • Comprimento da parte aérea; em centímetros (cm); • Comprimento do sistema radicular; em centímetros (cm); • Matéria verde do sistema radicular (M.V do sistema radicular); em gramas (g); • Matéria seca do sistema radicular (M.S do sistema radicular); em gramas (g); Para avaliar M.V da parte aérea foi feito um corte rente ao solo para a retirada do material, que foi levado para a pesagem para a obtenção dos resultados, em seguida a M.V da parte aérea foi colocada em sacos de papel e levados para a estufa, a 65° C por 72 horas para a obtenção da M.S da parte aérea, depois da retirada desse material da estufa, foi encaminhado para pesagem e a para obtenção dos resultados para a M.S (matéria seca). Já para a obtenção da altura da parte aérea, foi utilizada uma régua, onde se colocou a régua rente ao solo e observando altura máxima atingida pela planta. Para a obtenção comprimento do

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) sistema radicular foi retirada a terra do balde e foi feita uma lavagem para retirar as impurezas do sistema radicular, logo após foi feita uma medição com a régua. Após a medição do sistema radicular foi feita a pesagem dessas raízes para a obtenção da M.V do sistema radicular, em seguida a M.V sistema radicular foi colocada em sacos de papel e levada a estufa a 65° C por 72 horas, para a obtenção da M.S do sistema radicular, no final desse período foi realizado a pesagem desse material, para obtenção da M.S (matéria seca). Os dados coletados foram submetidos a análise de variância (teste F), em níveis de 1% e 5% de probabilidade, e as médias comparadas pelo teste de Tukey, utilizando o software Assistat (SILVA e AZEVEDO, 2016). Resultados e discussão Resumo da anova para o desempenho agronômico dos parâmetros altura de plantas, comprimento do sistema radicular e M.V do sistema radicular, indicou que os diferentes tratamentos diferenciaram -se estatisticamente entre si, para os parâmetros de comprimento do sistema radicular e M.V do sistema radicular, isto é, pelo menos um tratamento diferenciou-se estatisticamente dos outros, para os citados parâmetros. Para altura de planta nenhum tratamento proporcionou resultados significativos entre si (Tabela 1). Também estes parâmetros que se diferenciavam, mostraram diferenças estatísticas entre 5% com relação a Fontes x Épocas de aplicação (Tabela 1). Tabela 1: Resumo da análise de variância para altura de planta, comprimento do sistema radicular e M.V do sistema radicular, ULBRA, Itumbiara-GO, 2018 QUADRADO MÉDIO Comprimento do sistema M.V do sistema FV GL Altura de planta radicular radicular Fontes 4 158,91111 ns 149,5 ** 61244,11256 * Épocas 2 95,48889 ns 46,02222 ns 4414,16622 ns Interação 8 111,87778 ns 55,300000 ** 79418,39456 ** Tratamentos 14 122,97460 ns 80,88889 ** 63510,85279 ** Blocos 2 78,68889 ns 47,4889 ns 47934,64822 ns Resíduo 28 64,09365 15,82222 15039,58917 CV% 13,11 7,52 27,43 ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01) * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05)

Tabela 2: Resumo da análise de variação para M.S do sistema radicular, M.V da parte aérea e M.S da parte aérea, ULBRA, Itumbiara-GO, 2018 QUADRADO MÉDIO M.S do sistema FV GL M.V da parte aérea TD M.S da parte aérea TD radicular TD Fontes 4 12,11741 ns 38,18448 ns 6,11164 ns Épocas 2 1,62728 ns 18,37204 ns 2,81866 ns Interação 8 17,23308 * 20,20496 ns 3,55065 ns

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Tratamentos Blocos Resíduo CV%

14 2 28

13,54206 * 27,72811* 5,37938 21,75

25,08012 ns 30,43482 ns 14,00879 26,46

4,17779 ns 5,63125 ns 2,30891 24,24

TD

Houve transformação (raiz quadrada) dos dados originais * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05)

Para os parâmetros M.S do sistema radicular, M.V da parte aérea e M.S da parte aérea (Tabela 2), observou-se diferenças estatísticas para os tratamentos, somente para o parâmetro M.S do sistema radicular. Conforme apresentado na Tabela 2 no parâmetro de desempenho agronômico quanto a M.S do sistema radicular, apresentou diferença significativa a nível de 5% para tratamentos e para interação Fontes x Épocas, enquanto que os parâmetros M.V da parte aérea e M.S da parte aérea não apresentou diferença significativa a nível de 5%. Com os resultados obtidos a partir da intepretação das Tabelas 1 e 2, contatasse que nem as fontes nem as épocas causaram diferença na parte aérea da planta. Na tabela 3 são apresentados os resultados médios de comprimento e M.V do sistema radicular, em função das fontes de P. Tabela 3: Media das fontes de P para comprimento do sistema radicular e M.V do sistema radicular, ULBRA, Itumbiara-GO, 2018 Medias Fontes Comprimento raiz (cm) M.V raiz (g) Testemunha 49,33333 b 350,25560 b MAP 55,55556 a 420,82220 ab Pó de rocha 47,66667 b 399,73330 ab Super triplo 55,33333 a 519,21110 a Fosfato natural reativo 56,55556 a 545,62220 a DMS 5,47220 168,71210 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

A testemunha e o pó de rocha tiveram um pior desempenho no comprimento do sistema radicular em relação as outras fontes de P utilizadas enquanto que na M.V do sistema radicular a testemunha teve também o pior desempenho não se diferenciando do MAP e do Pó de rocha, possivelmente devido a testemunha não ter recebido a aplicação de fosforo, só foi realizada a calagem e gessagem, e o pó de rocha por ter uma liberação muito lenta dos nutrientes e ir melhorando a estrutura do solo aos poucas necessita de um tempo maior para apresentar resultado, como afirma Straaten (2006) a que o Pó de rocha em comparação com os fertilizantes químicos, os NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), que são altamente solúveis e concentrados, as partículas minerais liberam de forma gradativa uma variedade de nutrientes em uma concentração dependente da composição mineral da rocha. O Superfosfato triplo (SFT) já tem sua eficiência comprovada a curto prazo, por apresentar uma boa solubilidade em água, com afirma Foloni et al. (2008) que as fontes à base de superfosfatos apresentam solubilidade relativamente elevada em água, razão pela qual deve obter alta eficiência agronômica a curto prazo.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O fosfato natural reativo apresenta características distintas do Superfosfato triplo, apresentando uma liberação mais lenta do P mantendo uma boa produtividade há longo prazo, como observado por Faria et al. (2015) que adubação de formação realizada com fosfato natural mantêm a produtividade da pastagem mesmo após dois anos de implantação, e como o presente trabalho foi realizado a curto prazo não se pode observar as diferenças positivas do fosfato natural reativo em relação as outras fontes. Tabela 4: Interação entre as fontes e a época de aplicação no comprimento do sistema radicular, ULBRA, Itumbiara-GO, 2018 Épocas de aplicação Fontes Plantio Calagem 50% + 50% DMS para colunas Testemunha 49,3333 aA 49,0000 bcA 49,6667 bA MAP 51,0000 aA 57,6667 abA 58,0000 abA Pó de rocha 48,0000 aA 45,0000 cA 50,0000 bA 8,0248 Super triplo 51,3333 aB 63,6667 aA 51,0000 bB Fosfato Nat. Reat. 54,6667 aA 54,0000 bcA 61,0000 aA DMS para linhas 9,4781 DMS para linhas = Classific.c/letras maiúsculas DMS para colunas = Classific.c/letras minúsculas As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade

A Tabela 4 apresenta os dados de interação para o comprimento do sistema radicular, no qual apresentou diferença a nível de 1% de probabilidade para interação, em que o superfosfato triplo todo na calagem apresentou melhor resultado em relação as épocas, e as outras fontes não apresentou diferenças em relação as épocas de aplicação. Já em relação a época de aplicação constata-se que aplicando todo fertilizante no plantio não houve diferença entre as fontes, enquanto que realizando a adubação toda na calagem o superfosfato triplo e o MAP apresentaram maior comprimento do sistema radicular. Na época de aplicação 50%+50% (calagem + plantio) o fosfato natural e o MAP obtiveram melhores resultados. Como os resultados apresentados para comprimento do sistema radicular mostram que a interação fonte x épocas que é muito variável, como afirma Chien & Menon (1995), que a adubação fosfatada e fortemente afetada pela natureza físico-química do fertilizante, por propriedades do solo (acidez, textura, matéria orgânica, etc.), práticas de manejo e espécies vegetais cultivadas. Tabela 5: Interação entre as fontes de P e a época de aplicação na M.V do sistema radicular, ULBRA, Itumbiara-GO, 2018 Épocas de aplicação Fontes Plantio Calagem 50% + 50% DMS para colunas Testemunha 353,5667 abA 363,3000 aA 333,9000 bcA MAP 347,9667 abA 524,5000 aA 390,0000 bcA Pó de rocha 621,1000 aA 309,4000 aB 268,7000 cB 292,2179 Super triplo 273,9333 bB 541,1000 aA 742,6000 aA Fosfato Nat. Reat. 582,5000 aA 455,2333 aA 599,1334 abA

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) DMS para linhas

247,4092

DMS para linhas = Classific.c/letras maiúsculas DMS para colunas = Classific.c/letras minúsculas As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade

A Tabela 5 apresenta os dados de interação para M.V do sistema radicular, em que o superfosfato triplo todo no plantio teve um pior desempenho em relação as outras fontes, e o pó de rocha apresentou melhores resultados todo no plantio. Analisando as épocas de aplicação, verifica-se que as fontes de P todo na calagem não apresentou diferença, já para a época de 50% + 50% (calagem + plantio), o fosfato natural reativo e o super triplo foram mais eficiente entre as fontes. Como pode se observar nos resultados a uma grande disputa entre as fontes de fósforo industrializadas e os naturais pois cada um se sai melhor em alguns aspectos dos tratamentos, como afirma Horowitz & Meurer (2003); Prochnow et al. (2003) que há variações quanto à natureza e à solubilidade dos fosfatos, tanto os naturais quanto os industrializados e, de outros, as interações com os componentes edáficos, que influenciam fortemente a disponibilização do P às plantas. Tabela 6: Interação entre as fontes de P e a época de aplicação na M.S do sistema radicular, ULBRA, Itumbiara-GO, 2018 Épocas de aplicação Fontes Plantio Calagem 50% + 50% DMS para colunas Testemunha 10.0509 aA 10,1193 aA 9,4770 bA MAP 10.2167 aA 11,0617 aA 8,6230 bA Pó de rocha 12.7581 aA 8,3079 aAB 7,9162 bB 5,5266 Super triplo 8.1744 aB 11,4220 aAB 15,2210 aA Fosfato Nat. Reat. 13.4362 aA 10,5676 aA 12,6313 abA DMS para linhas 4,6791 DMS para linhas = Classific.c/letras maiúsculas DMS para colunas = Classific.c/letras minúsculas As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade

A Tabela 6 apresenta os dados de interação para M.S do sistema radicular, em relação as fontes o super triplo todo no plantio e o pó de rocha 50% + 50% (calagem + plantio) tiveram um pior desempenho. Na época de aplicação das fontes P, todo no plantio e todo na calagem não apresentaram diferença, já há aplicação das fontes P na época 50% + 50% (calagem + plantio) o fosfato natural reativo e o super triplo forma mais eficientes. Conclusão O adubo químico MAP e fosfato natural reativo se destacaram apresentando maior estabilidade, apresentando medias elevadas e constantes não importando a época de aplicação. Sendo então, mais apropriadas para a reformulação de pastagens degradadas nas condições em que foi realizado o presente estudo. A calagem com antecedência contribuiu para um melhor desempenho da forrageira no estudo. 34


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Recebido em 27/02/2019 Aceito em 11/03/2019

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Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/37-44/agrariacad Padronização da técnica de imuno-histoquímica e investigação de componentes desencadeadores da contratura articular em ovinos. Standardization of immunohistochemical technique and investigation of components related to joint contracture in sheep Jomel Francisco dos Santos1*, Matheus Castro Franco2, Marcio de Barros Bandarra3, Arivonaldo Vaniel da Silva4, Thiago Arcoverde Maciel5, Daniela Oliveira6 Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM – Manaus/Amazonas – Brasil. jomel.santos@ifam.edu.br 2Médico Veterinário/Campus de Ciências Agrárias e Engenharias/UFES/CCAE/Universidade Federal do Espírito Santo – Alegre/Espírito Santo – Brasil. matheusr2@yahoo.com.br 3Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia./UFU. Uberlândia/Minas Gerais – Brasil. mbandarra@yahoo.com.br 4 Discente do Curso de Medicina Veterinária, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. UAG/UFRPE. Garanhuns/Pernambuco – Brasil. arivonaldo_vaniel@hotmail.com 5 Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, UFCG/UAMV. Campina Grande/Paraíba – Brasil. arcoverde.thiago@hotmail.com 6 Docente do Curso de Medicina Veterinária, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. UAG/UFRPE. Garanhuns/Pernambuco – Brasil. danisjc6@yahoo.com.br 1* -

________________________________________________________________________________ Resumo Este estudo objetivou investigar a presença de componentes-chave, mastócitos e miofibroblastos, para desenvolvimento da contratura articular em ovinos e avaliar a potencialidade desta espécie como modelo experimental para estudo deste problema. Foram utilizadas 15 cápsulas articulares de joelhos de ovelhas Santa Inês sadias para localização da proteína αSMA, identificando a presença de miofibroblastos pela técnica de imuno-histoquímica, e mastócitos, pela coloração de Azul de Toluidina, em microscópio de luz. Os controles positivos foram corados satisfatoriamente pelas respectivas técnicas então padronizadas. Nas cápsulas articulares, raros mastócitos foram corados. Estudos sobre lesões de cápsula articular de ovinos devem ser conduzidos para confirmar a presença de miofibroblastos e desenvolvimento da contratura articular. Palavras-chave: Cápsula articular. Eixo Fibrose. Ovinos. α-SMA. Mastócitos. Abstract This study aimed to investigate the presence of components, mast cells and myofibroblasts, to develop joint contraction in sheep and evaluate a potential as an experimental model for the development of this problem. Fifteen capsules of Santa Inês ewe lambs were used to localize the α-SMA protein, identifying a presence of myofibroblasts by the immunohistochemical technique, and mast cells by the Toluidine Blue staining under a light microscope. In the joint capsules, rare mast cells were stained. Studies on joint capsule lesions of sheep should be conducted to confirm the presence of myofibroblasts and joint contracture development. Key-words: Joint capsule. Fibrosis axis. Sheep. α-SMA. Mast cells.

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Introdução As contraturas articulares ou perda de movimentos são complicações severas de doenças articulares que podem limitar permanentemente a função de extremidades (MORREY et al., 1981). A cápsula articular é a estrutura crítica que limita o movimento. Os tratamentos atuais para contratura em seres humanos têm pouca eficácia e há uma evidente necessidade de esclarecimento sobre a patofisiologia dessa disfunção crônica e incapacitante (TIMMERMAN et al., 1994; COHEN; HASTING, 1998). Pesquisas já foram feitas na tentativa de descobrir o mecanismo de desenvolvimento da contratura articular e Hildebrand et al. (2004a,b, 2005, 2007, 2008b) propuseram um eixo de formação da fibrose que explica esse mecanismo. Desses estudos esses conseguiram determinar um eixo fibrótico que leva ao estabelecimento da contratura articular e seus componentes são os miofibroblastos, mastócitos e neuropeptídeos. Também mostraram que os números desses componentes estão aumentados na cápsula articular de pacientes com contratura pós-traumática. As articulações do ovino são modelos promissores para a investigação dos estados normais e patológicos, pela semelhança com a mecanobiologia de determinadas articulações humanas e pela susceptibilidade a doenças articulares (DAWSON, 1987; APPLEYARD et al., 1999; HOLY et al., 2000; CALLADO et al., 2001; TAPPER et al., 2006; SPADARI et al., 2013). Assim, investigações sobre contratura articular em animais, especialmente os ovinos, poderão levar ao aumento de diagnóstico e à melhoria do conhecimento do mecanismo deste problema, contribuindo igualmente para a saúde humana e animal. Portanto, foram padronizadas as técnicas de identificação de miofibroblastos e mastócitos para investigar a presença desses componentes-chave para o desenvolvimento da contratura articular no joelho ovino, a fim de se avaliar a potencialidade desta espécie como modelo experimental para estudo desta patologia.

Material e métodos Esta pesquisa está em acordo com as normas da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), registrado sob número 016037/2012-34. Animais Foram utilizados 15 ovinos da raça Santa Inês, fêmeas, adultas, sadias, obtidas em Abatedouro Municipal da região de Garanhuns, PE. A região Nordeste em 2013, segundo a Organização das Nações Unidas, teve a pior seca dos últimos 50 anos, o que levou à escassez de alimento nos 1.400 municípios atingidos (ONU, 2013), inclusive na região de Garanhuns. Com isso, houve um aumento do abate de fêmeas, justificando a maior oferta deste gênero para as coletas de cápsula articular neste experimento. Os animais foram avaliados quanto à higidez das articulações e somente os que não apresentaram sinais de doença articular ao exame físico foram incluídos no estudo. Após o abate do animal, foram coletadas as cápsulas da articulação do joelho, nas regiões mediais e laterais ao ligamento patelar. Imuno-histoquímica

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Fragmentos da cápsula articular do joelho de cada animal foram coletados e imersos em solução de formol tamponado a 10% por 24 horas, para posteriormente serem processados na rotina histológica em aparelho histotécnico (LupeTec, São Carlos, SP). Os blocos de parafina contendo os fragmentos de cápsula articular foram cortados em micrótomo manual (Leica, São Paulo, SP) com espessura de 5 µm, utilizando lâminas polarizadas (Imunoslide, Rio de Janeiro, RJ). As lâminas contendo os cortes histológicos foram desparafinadas em estufa a aproximadamente 60°C por no mínimo uma hora, diafanizadas em dois banhos com xilol e reidratadas em concentrações decrescentes de álcool para então iniciar as colorações imuno-histoquímica e citoquímica pelo Azul de Toluidina. Em todas as reações foram adicionados um controle positivo e um negativo. Dentre as etapas da técnica imuno-histoquímica a recuperação antigênica foi realizada pelo calor imergindo as lâminas em citrato de sódio 10 mM e pH 6,0 em banho-maria a 95°C, com subsequente resfriamento a temperatura ambiente por 20 minutos. Em seguida, realizou-se o bloqueio (Envision, Dako, São Paulo, SP) das peroxidases endógenas por 20 minutos, após delimitação dos cortes com caneta hidrofóbica (DakoPen, Dako, São Paulo, SP). As proteínas inespecíficas foram bloqueadas (Protein Block, Dako, São Paulo, SP) por 20 minutos. O anticorpo primário (Monoclonal anti α-SMA antibody produced in mouse, Sigma, São Paulo, SP) foi adicionado na diluição de 1:100 por duas horas em temperatura ambiente aproximadamente 27°C, ou overnight (18 horas) a 4°C. Em seguida, o anticorpo secundário (Anti-Mouse IgG (whole molecule)-peroxidase antibody produced in rabbit, Sigma, São Paulo, SP) foi aplicado às secções em temperatura ambiente por 60 minutos. O substrato Diaminobenzidina (DAB)/peróxido foi aplicado às secções por 10 minutos conforme recomendações do fabricante. A água destilada foi utilizada em todos os processos, realizando duas lavagens rápidas com água destilada e uma com Tris HCl pH 7,4 ou Tris EDTA pH 9,0. As lâminas foram rapidamente contracoradas com Hematoxilina de Harris por 30 segundos, e, após 10 minutos em água corrente, passaram pelo processo de reidratação e diafanização em bateria de concentrações crescentes de álcool e xilol, respectivamente, e após foram montadas com lamínula e Entellan (Merck, Damstadt, Germany) para serem avaliadas em microscópio de luz. O controle positivo para a α-SMA utilizado foram cortes histológicos de cérvice ovina (Figura 1A), e o controle negativo, as mesmas lâminas de cápsula articular, porém, sem o anticorpo primário (Figura 1B). Para a evidenciação dos mastócitos foi realizada a coloração de Azul de Toluidina (TOLOSA et al., 2003), específico para células metacromáticas, como o mastócito. A técnica consiste em, após a diafanização e desidratação, imergir as lâminas em solução a 0,1% de Azul de Toluidina (Vetec, Rio de Janeiro, RJ) em água destilada, por 30 minutos. Como controle positivo foram utilizados cortes histológicos de cordão umbilical bovino. As imagens dos cortes foram capturadas em aumentos de 50, 100 e 400 vezes para cada amostra com câmera digital (Leica, Recife, PE) acoplada ao microscópio de luz. Resultados e discussão A rotina de imuno-histoquímica foi realizada com variações até se obter a padronização da técnica. No início do processo de padronização, utilizaram-se lâminas histológicas comuns, sem adição de produto fixante. Foi observado que os cortes de cápsula articular nestas lâminas, quando submetidos

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) à rotina imuno-histoquímica, não mantiveram a integridade do tecido. Com isso, testou-se a utilização de lâminas tratadas com poli-lisina (Poly-L-lisine - Sigma Chemical Co, USA), onde uma parte das lâminas foi adicionada solução de 10% de poli-lisina em água destilada, e outras foram adicionadas 100% de poli-lisina. Apesar da recomendação do uso de lâminas tratadas com poli-lisina em rotina imuno-histoquímica (VOLPATO et al., 2012), no presente experimento essa substância não favoreceu a permanência e a qualidade do tecido estudado. Assim, optou-se pela utilização de lâminas polarizadas, que proporcionou maior aderência do tecido, ainda que não garantisse a integridade deste em todas as lâminas preparadas com a técnica de imuno-histoquímica. Observou-se que a completa desparafinização dos cortes para iniciar a preparação histológica foi fundamental para o reconhecimento específico da α-SMA pelo anticorpo primário. Não foi observada diferença na utilização das soluções de Tris HCl ou Tris EDTA para lavagem das lâminas. A realização da recuperação antigênica pelo calor pode ter contribuído para a perda da integridade do tecido de algumas lâminas (Figura 2). Utilizaram-se três métodos diferentes para esta etapa: por meio de banho-maria, micro-ondas em potência máxima por 15 minutos, e panela de pressão comum (20 segundos após atingir a pressão). O banho-maria mostrou-se como o método mais prático para uso em qualquer laboratório de pesquisa. O bloqueio das peroxidases endógenas foi realizado com o uso de um bloqueador específico do kit comercial Envision utilizado por 20 minutos. Também se utilizou solução de metanol e peróxido de hidrogênio a 8% durante o processo de padronização da técnica. Notou-se que, por apenas acrescentar gotas ao corte histológico e não lavar a lâmina como na solução de metanol e peróxido de hidrogênio, o uso do bloqueador do kit preservou melhor a integridade do tecido. O bloqueio das proteínas inespecíficas foi feito em câmara úmida na temperatura ambiente ou em estufa seca a 40°C. Como não houve diferença entre as técnicas, optou-se pela padronização em temperatura ambiente. Para a preparação da solução de anticorpo primário a ser utilizado, este foi diluído em Tris HCl pH 7,4 com concentração de 1:100 e também foram feitos testes com concentrações de 1:50 (anticorpo:diluente). Também se utilizou diluição em TRIS EDTA pH 9,0 ou solução de PBS autoclavado, ambas em concentração de 1:100. Não houve diferença entre as soluções utilizadas e, pela praticidade e pelo custo, optou-se pelo Tris HCl pH 7,4. A concentração de 1:100 foi mais adequada para evidenciar as estruturas que contém a α-SMA na cápsula articular de ovelhas (artérias e miofibroblastos) e está em acordo com o utilizado para também identificar miofibroblastos por Monument et al. (2010) em cápsula articular de coelhos e Volpato et al. (2012), estudando piometra em cadelas. Já autores como Lima et al. (2011), em pesquisa sobre endométrio de vacas, e Zuccari et al (2011) ao investigarem tumores de mama em cadela, utilizaram satisfatoriamente a concentração de anticorpo primário de 1:50. Notou-se que o anticorpo secundário monoclonal α-SMA alcalino fosfatase produzido em camundongo (Sigma, São Paulo, SP) era incompatível com o anticorpo primário. Logo, substituiu-se este pelo anticorpo monoclonal SMA sem fosfatase, com preparação para o DAB, quando obteve-se êxito na marcação da proteína. Não houve diferença quanto ao método de incubação do anticorpo por duas horas em câmara úmida em temperatura ambiente ou overnight (18 horas) a 4ºC, assim como Hübner et al. (2005) observaram. A Hematoxilina de Harris é um corante amplamente utilizado na contracoloração imunohistoquímica (HÜBNER et al., 2005; ALMEIDA et al., 2006; LIMA et al., 2011; VOLPATO et al.,

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) 2012), por marcar os núcleos de todas as células do tecido avaliado, delimitando a identificação imunohistoquímica, possibilitando a análise histomorfométrica. A coloração de Azul de Toluidina foi adequada para localização dos mastócitos e já é uma técnica consagrada para tal (TOLOSA et al., 2003). A técnica de imuno-histoquímica oferece maior precisão para marcar proteínas específicas (marcadores), como a triptase ou a quimase, para a identificação dos mastócitos, tal como Monument et al. (2010) utilizaram. Comparando ambas as técnicas, o Azul de Toluidina oferece vantagem porque alia especificidade e baixo custo, ainda que não tenha a precisão da imuno-histoquímica. Cápsulas articulares saudáveis possuem baixo número de mastócitos (HILDEBRAND et al., 2008b), assim como constatado nesse estudo. Raros campos observados continham um mastócito e, em determinados cortes nenhum exemplar foi visibilizado. Em cápsulas lesionadas esse número pode variar, assim como relatado por Monument et al. (2010), que observaram um aumento no número de mastócitos em cápsulas com contratura pós-traumática. Devido ao baixo número dos tipos celulares estudados, não se avaliou histomorfometricamente miofibroblastos ou mastócitos. Reações inespecíficas aconteceram na marcação imuno-histoquímica (Figura 3) na região em que poderiam ser localizados os miofibroblastos. Como as artérias (músculo liso) da cápsula e o controle positivo (cérvice) foram satisfatoriamente marcados (Figuras 1 e 2), então outros estudos deverão ser conduzidos para a confirmação da presença do miofibroblasto em cápsulas articulares. Hildebrand et al. (2004) e Abdel et al. (2012) observaram um aumento de quatro a cinco vezes no número de miofibroblastos em cápsulas articulares que apresentaram contratura pós-traumática. Portanto, estudos posteriores que avaliem cápsulas articulares lesionadas de ovinos poderão confirmar a presença desse tipo celular nesse tecido.

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Conclusão O número de mastócitos encontrado em cápsula articular sadia do joelho de ovinos é baixo, porém estudos sobre cápsulas articulares lesionadas de ovinos devem ser conduzidos para confirmar a presença de miofibroblastos e avaliar a variação do número das células analisadas e a patofisiologia do desenvolvimento da contratura articular.

Agradecimentos

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) A CAPES pela concessão da bolsa de mestrado, ao CNPq pela concessão da bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) e aos pesquisadores do Laboratório de Imuno-histoquímica do Departamento de Patologia Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, Jaboticabal, SP, pelo fundamental apoio técnico. Referências bibliográficas ALMEIDA, R.S.; SPILKI, F.R.; ROEHE, P.M.; VERINAUD, L.M.C.; ARNS, C.W. Bovine respiratory syncytial virus: immunohistochemical detection in mouse and bovine tissues using a Mab against human respiratory syncytial virus. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.58, n.6, p.973-981, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000041&pid=S01020935200900040002800001&lng=en >. Acesso em: 15 de abril de 2018. APPLEYARD, R. C., GHOSH, P., SWAIN, M. V. Biomechanical, histological and immunohistological studies of patellar cartilage in an ovine model of osteoarthritis induced by lateral meniscectomy. Osteoarthritis and Cartilage. v.7, p. 281–294, 1999. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10329303>. Acesso em: 16 de abril de 2018. CALLADO, A.K.C.; CASTRO, R.S.; TEIXEIRA, M.F.S. Lentivírus de pequenos ruminantes (CAEV e Maedivisna): revisão e perspectivas. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 21, n. 3, p. 87-97, 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2001000300001> Acesso em: 25 de maio de 2018. COHEN M.S., HASTINGS I.H. Post-traumatic contracture of the elbow. The Journal of Bone and Joint Surgery. v. 80B, p. 805-812, 1998. Disponível em: < http://www.bjj.boneandjoint.org.uk/content/80B/5/805.full.pdf> . Acesso em: 21 de novembro de 2018. DAWSON, M. Pathogenesis of maedi-visna. Veterinary Record. v. 120, n.19, p. 451-454. 1987. Disponível em: < http://veterinaryrecord.bmj.com/content/120/19/451.abstract> .Acesso em: 20 de novembro de 2018. HILDEBRAND K.A. et al. Myofibroblast numbers are elevated in human elbow joint capsules following trauma. Clinical Orthopaedics. v.419, p.189-197. 2004. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15021153> . Acesso em: 21 de novembro de 2018. HILDEBRAND K.A., ZHANG M., HART D.A. Myofibroblast upregulators are elevated in joint capsules in post traumatic contractures. Clinical Orthopaedics. v.456, p.85-91, 2007. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17195814> . Acesso em: 20 de novembro de 2018. HILDEBRAND, K.A. et al. Cellular, matrix and growth factor components of the joint capsule are modified early in the process of post-traumatic contracture formation in a rabbit model. Acta Orthopaedica. v.79, n.1, p.116-125, 2008a. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18283583> . Acesso em: 22 de novembro de 2018. HILDEBRAND, K.A. et al. Joint Capsule Mast Cells and Neuropeptides are increased within Four Weeks of injury and remain elevated in Chronic stages of Post traumatic Contractures. Journal of Orthopaedic Research. v. 26, n.10, p. 1313-1319, 2008b. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18404724> . Acesso em: 22 de novembro de 2018. HILDEBRAND, K.A.; ZHANG, M.; HART, D.A. High rate of joint capsule matrix turnover in chronic human elbow contractures. Clinical Orthopaedics. v.439, p.228-234, 2005. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2950173/> Acesso em: 20 de novembro de 2018. HOLY, C. E.; et al. In vivo models for bone tissue-engineering constructs. In: Davies J, (Ed). Bone Engineering. Toronto: Copyright. p. 496-504, 2000.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) HÜBNER, S.O.; PESCADOR, C.; CORBELLINI, L.G.; DRIEMEIER, D.; SPILKI, F.R.; ROEHE, P.M. Otimização da imunoistoquímica para detecção de herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5) em tecidos do sistema nervoso central fixados com formaldeído. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v. 57, n.1, p.1-6, 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s010209352005000100001&script=sci_arttext> . Acesso em: 15 de maio de 2018. LIMA, R.S. et al. Detecção imunoistoquímica de receptores de estrógeno e progesterona no endométrio de vacas Nelore (Bos taurus indicus) durante o anestro pós-parto. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.63, n.4, p.791-798, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010209352011000400001&script=sci_arttext > . Acesso em: 15 de maio de 2018. MONUMENT, M. J. et al. The mast cell stabilizer ketotifen, significantly reduces contracture severity and molecular manifestations of joint capsule fibrosis in a rabbit model of posttraumatic joint contractures. The Journal of bone and joint surgery. American. v. 92, n.6, p.1468-1477, 2010. Disponível em: < http://www.bjjprocs.boneandjoint.org.uk/content/93-B/SUPP_III/243.3.short> . Acesso em: 10 de maio de 2018. MORREY B.F., ASKEW L.J., CHAO E.Y. A biomechanical study of normal functional elbow motion. Journal of Bone and Joint Surgery. v.63A, p.872-877, 1981. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7240327> . Acesso em: 10 de maio de 2018. ONU 2013. Pior seca dos últimos 50 anos no nordeste brasileiro confirma estatisticas da onu sobre escassez. Disponível em: <http://www.onu.org.br/pior-seca-dos-ultimos-50-anos-no-nordeste-brasileiroconfirma-estatisticas-da-onu-sobre-escassez/ >. Acesso em: 22 de maio de 2013. SPADARI, A. et al. Effects of intraarticular treatment with stanozolol on synovial membrane and cartilage in an ovine model of osteoarthritis. Research in Veterinary Science. v. 94, p. 379–387, 2013. Disponível em: < http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0034528812003797> .Acesso em: 22 de maio de 2018. TAPPER, J.E. et al. In vivo measurement of the dynamic 3-D kinematics of the ovine stifle joint. Journal of Biomechanical Engineering. v.126, p.301-305, 2004. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15179862> . Acesso em: 20 de novembro de 2018. TIMMERMAN L., ANDREWS J. Arthroscopic treatment of posttraumatic elbow pain and stiffness. The American Journal of Sports Medicine. v.22, p.230-235. 1994. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8198192> . Acesso em: 20 de novembro de 2018. TOLOSA, E. M. C; RODRIGUES, C.J.; BEHMER, O.A; FREITAS NETO, A.G. Manual de técnicas para histologia normal e patológica. 2 ed. São Paulo: Manole, p.331, 2003. VOLPATO, R. et al. Imuno-histoquímica de útero e cérvice de cadelas com diagnóstico de piometra. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (UNESP-Botucatu). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.64, n.5, p.1109-1117, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010209352012000500004&script=sci_arttext >. Acesso em: 20 de maio de 2018. ZUCCARI, D.A.P.C., et al. Polachini Immunohistochemical and molecular expression of laminin-332 gamma2 chain in canine mammary tumors. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.63, n.1, p.2835, 2011. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010209352011000100005> . Acesso em: 20 de maio de 2018.

Recebido em 01/02/2019 Aceito em 18/03/2019 44


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/45-59/agrariacad Características agronômicas e rendimento forrageiro de genótipos comerciais de sorgo forrageiro na região oeste da Bahia. Agronomic traits and forage yield of commercial forage sorghum genotypes in Western Bahia Danilo Gusmão de Quadros1*, Eudo Barreto de Sá Teles2, Luiz Henrique Bertunes dos Santos2, Alexandro Pereira Andrade2 1 - Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal (NEPPA)/Campus IX /Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – uneb_neppa@yahoo.com.br, BR 242, km 4, s/n. Barreiras-BA, 47802-682. 2 - NEPPA/Campus IX/UNEB 3 - Centro Universitário UNIRB/campus de Barreiras

________________________________________________________________________________ Resumo Objetivou-se com este trabalho avaliar as características agronômicas, a composição morfológica e o rendimento de forragem de sete genótipos de sorgo forrageiro, em dois municípios do oeste da Bahia, entre os meses de janeiro a maio de 2017. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados, com três repetições. Os genótipos avaliados foram: Podium, Formoso, BRS-610, IPA-1011, IPA-467, SF-15 e SS-318. Os genótipos SF-15 e IPA-467 apresentaram maiores alturas médias de planta. BRS-610, Podium e SS-318 apresentaram maiores médias de comprimento e diâmetro da panícula. Para a região oeste da Bahia, os híbridos BRS-610 e Podium são os recomendados em virtude dos maiores rendimentos de forragem e percentual de panícula. Palavras-chave: altura, biomassa de forragem, panícula, Sorghum bicolor Abstract The agronomic traits, morphological composition and forage yield of seven forage sorghum genotypes were evaluated in two municipalities of Western Bahia, between January and May of 2017. A randomized complete block design with three replications was used. The genotypes tested were: Podium, Formoso, BRS-610, IPA-1011, IPA-467, SF-15 and SS-318. The genotypes SF-15 e IPA-467 were taller. BRS-610, Podium and SS-318 had greater averages in the length and diameter of the panicle. For Western Bahia, BRS-610 and Podium hybrids are recommended due to greater forage yields and panicle percentage. Key-words: height, forage biomass, panicle, Sorghum bicolor

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Introdução Uma das maiores limitações na produção animal é a falta de suporte forrageiro na época de estiagem. A ausência de alternativas forrageiras para pastejo no período da seca provoca consequências danosas para a atividade da pecuária, tais como redução na capacidade de suporte das pastagens e queda no desempenho animal, o que conduz à necessidade de fornecimento de forragem conservada aos rebanhos (QUADROS et al., 2017). A conservação de forragem na forma de silagem tem sido uma alternativa viável para os produtores, porém a escolha da planta precisa ser ajustada com o padrão de tecnologia da propriedade e as condições edafoclimáticas da região. Nesse contexto, a cultura do sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) tem sido utilizada nas últimas décadas, no processo de ensilagem, em virtude da tolerância ao déficit hídrico, facilidade de cultivo e possibilidade de se cultivar a rebrota com um manejo adequado, elevado potencial de produção de forragem, bom padrão de fermentação e alto valor nutritivo das silagens produzidas (BOTELHO et al., 2010; ALBUQUERQUE et al., 2011; SOUSA et al., 2015). A cultura do sorgo possui grande capacidade de produção, mesmo em regiões que apresentam grande risco de ocorrência de seca, distribuição irregular de chuvas e altas temperaturas, condições que caracterizam a região oeste da Bahia (COSTA, 2013). No entanto, a base para a seleção de genótipos que se adaptem aos fatores ambientais adversos e apresentem alto rendimento de forragem e valor nutricional é determinado pela correlação entre essas características e os parâmetros produtivos (GOBETTI, 2010). Os cultivares com plantas de porte alto tendem a apresentar maiores rendimentos de biomassa de forragem, contudo, devido à maior percentagem de colmos em relação às folhas e panículas, pode comprometer o valor nutricional da silagem (GOMES et al., 2006). No entanto, as proporções dos componentes morfológicos da planta de sorgo pode ser um indicativo de boa qualidade da forragem a ser consumida pelos animais (CASTRO, 2018). Assim, pode-se sugerir que o genótipo que tem um maior volume de folhas e menor de colmo disponibiliza um material de melhor qualidade para a produção de silagens, pois se sabe que a digestibilidade da fração folha é maior do que colmo (SILVA et al., 2012). Nesse contexto, a fração colmo é considerada como a principal responsável pela produção de silagens de menor valor nutritivo, devido a sua baixa qualidade nutricional (COSTA et al., 2016). Contudo a panícula é considerada um dos mais importantes componentes da planta de sorgo, pois contribui para a produção de silagem com alto conteúdo energético (AGUILAR et al., 2015). Na escolha do genótipo a ser cultivado, precisam ser levados em consideração a adaptação da cultura as condições edafoclimáticas da região, as características agronômicas e sua produtividade. Desta forma, objetivou-se com este trabalho avaliar as características agronômicas, a composição morfológica e o rendimento de forragem de genótipos comerciais de sorgo forrageiro na região oeste da Bahia.

Material e métodos Foram realizados dois ensaios simultâneos em localizações diferentes do oeste baiano, sendo um na Fazenda Modelo da AIBA em Barreiras (12°05’30”S, 44°55’28”O), área típica de cerrados, e outro na Fazenda Japaranduba em Muquém de São Francisco, no semiárido (12°03'54"S, 43°32'56"O). 46


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, com três repetições, para avaliar sete genótipos de sorgos forrageiros comerciais, sendo: quatro variedades, Formoso, IPA-1011, IPA-467 e SF-15; dois híbridos duplos, BRS-610 e Podium; e um híbrido simples, SS-318. Antes da semeadura, uma amostragem de solo foi realizada nas áreas experimentais em uma profundidade de 0-20 cm. As amostras de solo foram analisadas pelo Laboratório de Solos da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Os resultados das análises estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Resultados das análises de amostras de solo (0-20cm de profundidade) das áreas experimentais. Fazenda Modelo Barreiras

Fazenda Japaranduba Muquém de São Francisco

pH em H2O Ca (cmolc dm-3)

5,8 2,3

6,9 9,2

Mg (cmolc dm-3)

1,2

0,67

Al (cmolc dm ) H+Al (cmolc dm-3)

0 2,1

0,01 4,4

K (mg dm-3)

119

579

Na+ (mg dm-3) P (mg dm-3) S (mg dm-3) M.O (dag/kg)

0 18,5 8,4 1,4

0,01 0,1 0 2,4

CTC (cmolc dm-3) V (%)

5,9 64

15,8 72,1

79,0 8,0 13,0

29,9 30,4 39,7

Propriedades químicas

-3

Propriedades físicas Areia (%) Silte (%) Argila (%)

As áreas experimentais foram preparadas convencionalmente, sendo realizados aração e gradagem. Cada parcela foi composta por cinco fileiras de 10 m de comprimento e 0,80 m de largura, sendo a área útil (24 m lineares) referente às três fileiras centrais onde foram coletados os dados. A semeadura ocorreu de forma manual, no dia 30 de janeiro e 03 de fevereiro de 2017, nas Fazendas: Modelo, em Barreiras, e Japaranduba, em Muquém do São Francisco, Bahia, respectivamente. Foram distribuídas uma quantidade maior de sementes por metro linear para garantir o estabelecimento, e, posteriormente, foi realizado desbaste objetivando-se 11 plantas por metro linear e um estande de 137.500 plantas.ha-1. De acordo com os resultados das análises de solo (Tabela 1) e as recomendações da EMBRAPA (2001) foram calculadas as doses de adubos para cada local. Na Fazenda Modelo, antes do plantio foi

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) realizada a adubação de fundação com 70 kg.ha-1 de P2O5 (388,8 kg.ha-1 de superfosfato simples), 15 kg.ha-1 de K2O (23 kg.ha-1 de cloreto de potássio) e 15 kg.ha-1 de N (33,3 kg.ha-1 de ureia). A adubação com nitrogênio no plantio foi devido à textura do solo. Na Fazenda Japaranduba foram utilizados na adubação de fundação: 70 kg.ha-1 de P2O5 (388,8 Kg.ha-1 de superfosfato simples) e 15 kg.ha-1 de K2O (23 kg.ha-1 de cloreto de potássio). A adubação de cobertura foi realizada em duas parcelas, sendo a primeira aplicação quando as plantas atingiram 40 cm de altura e a segunda quinze dias após a primeira. Na Fazenda Modelo foram aplicados em cada operação 28 kg.ha-1 de N (62,2 kg.ha-1 de ureia), 8 kg.ha-1 de K2O (12,3 kg.ha-1 de cloreto de potássio); e na Fazenda Japaranduba 28 kg.ha-1 de N (62,2 kg.ha-1 de ureia) e 15 kg.ha-1 de K2O (23 kg.ha-1 de cloreto de potássio). O controle das plantas invasoras foi realizado através da capina manual, com o auxílio de enxadas. Na fazenda Modelo, a primeira capina foi realizada aos 36 dias após semeadura (DAS) e a segunda com 65 DAS. Na Fazenda Japaranduba foi realizada apenas uma capina aos 56 DAS, em virtude da baixa ocorrência de plantas daninhas. As capinas foram realizadas com o solo seco, em dias quentes, que é o mais indicado, tomando os devidos cuidados para evitar danos às plantas, principalmente às suas raízes. A pluviosidade durante o ciclo da cultura na Fazenda Modelo no município e Barreiras foi 498 mm de chuva e, em decorrência de veranicos e da presença de sistemas de irrigação na área, um adicional de 59 mm de irrigação foi utilizado, totalizando 557 mm (Figura 1). Dessa forma, não houve limitações hídricas para o desenvolvimento da cultura.

Figura1. Dados médios de temperatura, precipitação pluvial e irrigação de Barreiras.

Por outro lado, no Município de Muquém do São Francisco, semiárido do oeste baiano, a pluviosidade foi de apenas 285 mm durante todo o ciclo da cultura, sem qualquer irrigação suplementar (Figura 2). 48


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Figura 2. Dados médios de temperatura e precipitação pluvial de Muquém do São Francisco.

As características agronômicas e morfofisiológicas avaliadas foram: altura de planta (m); comprimento da haste (m); comprimento da panícula (cm); diâmetro da panícula (cm) e diâmetro do colmo (cm). A altura das plantas foi mensurada com uma trena graduada, nos três estádios de crescimento: EC1, EC2 e EC3. EC1 é a primeira fase da cultura, que vai do plantio até a iniciação da panícula. EC2 é a fase seguinte, que compreende a iniciação da panícula até o florescimento. Finalmente, EC3, terceira fase da cultura, que vai do florescimento até a maturação fisiológica. No último estádio fenológico da cultura (EC3), a avaliação foi realizada no momento da colheita. Três plantas representativas foram coletadas da área útil de cada parcela, em seguida foram identificadas e conduzidas para o Laboratório de Forragicultura e Nutrição Animal do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal do Campus IX da UNEB de Barreiras, para as medições do comprimento de haste e o comprimento de panícula, medidos com auxílio de uma fita métrica, também o diâmetro de colmo e diâmetro de panícula, com o auxílio de um paquímetro digital. O corte das plantas foi realizado de forma manual, a dez centímetros do solo, quando os grãos do centro da panícula estavam no estádio de leitoso a farináceo. Em Barreiras, isso ocorreu aos 84 DAS, para os cultivares mais precoces, como Podium e BR-610, a 123 DAS, para os mais tardios, como IPA-467 e SF-15. Após 63 dias da primeira colheita, foi dado o segundo corte. Por outro lado, em Muquém do São Francisco foi dado um único corte aos 85 DAS em todas as parcelas. Nesse caso, houve antecipação da operação, pois as plantas estavam secando em decorrência da estiagem. Na colheita, todas as plantas da área útil de cada parcela foram cortadas e pesadas para a determinação de biomassa de forragem verde e, destas, uma amostra representativa foi coletada, identificada e levada ao laboratório para a quantificação do teor de matéria seca, em estufa com aeração forçada, a 65 °C, até peso constante, para determinação da biomassa de forragem seca.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Outras três plantas representativas da área útil foram levadas ao Laboratório do NEPPA para separação das frações folha verde, folha seca, colmos e panículas. Cada fração foi pesada e seca em estufa com aeração forçada, a 65ºC até peso constante, para determinação da participação de cada componente morfológico com base na matéria seca. A população final foi avaliada no momento da colheita, contando-se todas as plantas presentes no estande da área útil de cada parcela do experimento. Os dados foram tabulados e submetidos a análise de variância. As médias foram comparadas pelo teste Scott-Knott, considerando como significativas as diferenças cujo valores de probabilidade do valor de F foram menores que 5% (P<0,05). Foi utilizado o seguinte modelo matemático nas análises estatísticas para aceitar algumas hipóteses básicas necessárias para a validade da análise de variância: Xij = m + ti + bj + eij Onde, Xij representa o valor observado na parcela que recebeu o tratamento i e que se encontra no bloco j; m é a média geral do experimento; ti é o efeito devido ao genótipo; bj é o efeito do bloco j; e eij é o efeito dos fatores não controlado ou o acaso na parcela.

Resultados Fazenda Modelo da AIBA, município de Barreiras - BA Na fase EC1, os genótipos não diferiram em termos de altura, com a média de 0,32m (Tabela 2). Na EC2, os cultivares IPA-467 e SS-318 começaram a se destacar dos demais com alturas acima de 1,8 m, enquanto o IPA-1011 demonstrou a tendência de apresentar porte inferior. Nesse contexto, os genótipos Formoso, BRS-610, SS-318 e Podium não se diferenciaram estatisticamente das variedades SF-15 e IPA-467 (P>0,05). Tabela 2. Altura média das plantas nos estádios de crescimento EC1, EC2 e EC3 de sete genótipos comerciais de sorgo forrageiro no Município de Barreiras, região oeste da Bahia. Genótipos EC1 (m) EC2 (m) EC3 (m) IPA-1011 0,35a 1,30 b 1,39 b BRS-610 0,27a 1,46ab 1,81 b Formoso 0,28a 1,52ab 1,84 b IPA-467 0,30a 1,81 a 3,13 a SF-15 0,19a 1,40 ab 3,04 a SS-318 0,38a 1,80 a 2,14 b Podium 0,46a 1,60 ab 1,93 b C.V.(%) 35,4 8,28 13,2 C.V.: Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott. Entretanto, na fase EC3, as variedades SF-15 e IPA-467 apresentaram as maiores alturas ao final de seu crescimento, com mais de 3m (P<0,05) (Tabela 2).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Em relação ao comprimento de colmo, as variedades SF-15 e IPA-467 apresentaram as maiores médias, em relação aos outros genótipos (Tabela 3).

Tabela 3. Características agronômicas de genótipos de sorgo forrageiro no Município de Barreiras, região oeste da Bahia. Genótipos CC (m) DC (cm) CP (cm) DP (cm) PF IPA-1011 1,18 b 1,72 b 21,00 d 6,04 ab 92.013 a BRS-610 1,46 b 2,03 ab 35,7 a 7,78 a 114.930 a Formoso 1,61 b 2,27 ab 29,8 bc 6,34 ab 90.624 a IPA 467 2,86 a 1,92ab 29,2 bc 5,95 ab 94.791 a SF-15 2,73 a 2,04 ab 31,5 abc 4,84 b 84.201 a SS-318 1,83 b 2,47 a 33,9 ab 7,54 a 77.083 a Podium 1,65 b 2,22 ab 27,9 c 7,51 a 86.631 a C.V.% 13,6 10,5 6,28 11,0 19.6 C.V.: Coeficiente de variação; CC: comprimento de colmo; DC: diâmetro do colmo; CP: comprimento da panícula; DP: diâmetro da panícula; PF: população final; Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott. O cultivar SS-318 apresentou maior (P<0,05) diâmetro de colmo comparado com o IPA 1011, enquanto os outros genótipos apresentaram valores intermediários. O comprimento de panícula variou de 21 a 35,7 cm. Nesse contexto, os genótipos BRS-610, SS-18 e SF-15 apresentaram panículas mais compridas, os quais não se diferenciaram estaticamente entre si. Por outro lado, o IPA-1011 foi inferior nesse critério (Tabela 3). O diâmetro de panícula dos genótipos BRS-610, SS-318 e Podium não diferenciaram (P>0,05) entre si. Essa é uma característica muito relativa, porque depende do tipo de panícula de cada genótipo e não tem relação com o número ou peso de grãos. A variação observada foi de 4,84 a 7,88 cm. O estande final de plantas não variou significativamente, com a média de 91,5 mil plantas.ha1 , cerca de 70% de taxa de sobrevivência. Os maiores rendimentos de biomassa de forragem verde (BFV) no primeiro corte foram obtidos nos genótipos BRS-610 e Podium (P < 0,05), atingindo mais de 50 ton.ha-1 de BFV (Tabela 4). Assim como, os maiores rendimentos de biomassa de forragem seca (BFS) também foram encontrados nos genótipos Podium e BRS-610 (P<0,05), com 22,1 e 18,9 t.ha-1 de BFS, respectivamente (Tabela 4).

Tabela 4. Rendimento de forragem em biomassa de forragem verde (BFV) e biomassa de forragem seca (BFS) de sete genótipos de sorgo forrageiro no Município de Barreiras, oeste da Bahia. Genótipo Primeiro corte Segundo corte Total -1 -1 -1 -1 -1 BFV (t.ha ) BFS (t.ha ) BFV (t.ha ) BFS (t.ha ) BFV (t.ha ) BFS (t.ha-1) BRS-610 54,7 a 18,9 a 4,7 b 1,4 b 59,40 a 20,3 ab Formoso 28,8 b 11,4 b 10,0 a 3,3 a 38,8 ab 14,7 abc IPA-467 30,7 b 12,6 b 9,4 a 3,1 a 40,1ab 15,7 abc SF-15 31,7 b 8,7 b 9,9 a 3,1 a 41,6 ab 11,8 bc

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) SS-318 24,3 b 9,1 b 3,5 b 1,3 b 27,8 b Podium 54,5 a 22,1 a 4,6 b 1,5 b 59,1 a IPA-1011 21,0 b 7,3 b 4,2 b 1,3 b 25,2 b C.V. (%) 13,8 13,8 11,2 11,2 18,8 C.V.: Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem nível de 5% pelo teste de Scott-Knott.

10,4 bc 23,6 a 8,6 c 18,8 entre si ao

Entretanto, no segundo corte, as variedades Formoso, IPA-467 e o SF-15 apresentaram os melhores rendimentos, com valores próximos de 10 e 3 t.ha-1 de BFV e BFS, respectivamente. Para esses cultivares, o segundo corte representou cerca de 30% da produção obtida no primeiro corte. Ao final, os resultados do segundo corte acabaram influenciando o rendimento total de BFV e BFS, aproximando mais os cultivares entre si em termos de rendimento de forragem. Todavia, percebeu-se que, em situação prática, em alguns dos cultivares não seria viável a colheita para ensilagem, dada a baixa produção de biomassa. Portanto, deve-se focar nos resultados do primeiro corte, que significaram em média 85% da produção total. Não houve diferença (P>0,05) entre os genótipos quanto ao percentual de folhas verdes (Tabela 5), com média de aproximadamente 10%.

Tabela 5. Percentual de folha verde (FV), folha seca (FS), colmo (C) e panícula (P) na matéria seca de sete genótipos de sorgo forrageiro no Município de Barreiras, oeste da Bahia. Genótipos

FV (%)

FS (%)

C (%)

P (%)

IPA-1011

10,0 a

2,01 a

46,3 b

41,8 b

BRS-610

11,0 a

0,74 a

46,5 b

41,6 b

Formoso

11,0 a

2,44 a

48,7 b

37,8 b

IPA-467

9,62 a

3,59 a

73,1 a

13,6 c

SF-15

11,2 a

3,06 a

78,4 a

7,37 c

SS-318

8,60 a

4,17 a

36,2 c

51,0 a

Podium

7,70 a 19,2

3,25 a 53,7

31,9 c

57,1 a

6,51

8,87

C.V. (%)

C.V.: Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott. Os genótipos não diferiram quanto ao percentual de folha seca (P>0,05), com menos de 3% de participação na BFS total (Tabela 5). Em relação ao percentual de colmo, os cultivares SF-15 e IPA-467 apresentaram os maiores valores (P<0,05) (Tabela 5). O Podium e o SS-318 apresentaram maior (P<0,05) percentual de panícula, seguidos do IPA1011, BRS-610 e Formoso.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Fazenda Japaranduba, Município de Muquém do São Francisco-BA Não houve diferença significativa entre os genótipos em relação à altura média das plantas nos três estádios de crescimento (Tabela 6). O desenvolvimento vegetativo dos genótipos avaliados mantive uma regularidade em todos os estádios de crescimento, com médias de 0,5m, 1,15m e 1,65m, para EC1, EC2 e EC3, respectivamente.

Tabela 6. Altura média das plantas nos estádios de crescimento EC1, EC2 e EC3 de sete genótipos comerciais de sorgo forrageiro no Município de Muquém do São Francisco, oeste da Bahia. Genótipos EC1 (m) EC2 (m) EC3 (m) IPA-1011 0,38a BRS-610 0,59a Formoso 0,45a IPA-467 0,58a SF-15 0,54a SS-318 0,44a Podium 0,47a C.V. (%) 19,3 C.V.: Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma nível de 5% pelo teste de Scott-Knott.

1,04a 1,15a 1,12a 1,22a 1,25 a 1,13a 1,09a 10,3 letra, na coluna, não

1,25 a 1,48 a 1,99 a 1,90 a 1,75 a 1,72 a 1,50 a 19,8 diferem entre si, ao

Para o comprimento de colmo, não houve diferença significativa entre os genótipos Formoso e IPA-467, sendo esses os cultivares que apresentaram colmos mais compridos (Tabela 7). Tabela 7. Características agronômicas de genótipos de sorgo forrageiro no Município de Muquém do São Francisco, oeste da Bahia. Genótipos CC (m) DC (cm) CP (cm) DP (cm) PF IPA-1011 1,01 b 1,42 b 17,5a 3,30 bc 67.881a BRS-610 1,08 b 1,64 ab 26,8 a 4,92 a 90.451a Formoso 1,72 a 1,33 b 27,9 a 2,75 bc 55.555a IPA-467 1,68 a 1,58 ab 23,8 a 2,65 c 47.743a SF-15 1,45 ab 1,70 ab 22,9 a 4,09 abc 62.847a SS-318 1,43 ab 1,83 a 24,8 a 4,13 ab 71.701a Podium 1,03 b 1,44 ab 22,9 a 4,19 ab 81.597a C.V. (%) 21,5 8,87 34,5 13,5 27,5 *C.V.: Coeficiente de variação. CC: comprimento de colmo; DC: diâmetro do colmo; CP: comprimento da panícula; DP: diâmetro da panícula; PF: população final. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott. Não houve diferença entre os genótipos avaliados quanto ao comprimento de panícula (P>0,05), com variações de 17,5 a 27,9 cm.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Para o diâmetro de colmo, os cultivares diferenciaram-se e o maior valor foi encontrado para o cultivar SS-318 (Tabela 7), que não se diferenciou do Formoso e IPA-467. O BRS-610 apresentou maior diâmetro de panícula (Tabela 7), diferenciando-se do IPA-1011 e do Formoso. Os genótipos não diferiram na população final de plantas, com cerca de 65 mil plantas.ha-1, um índice de 50% de sobrevivência. Em Muquém do São Francisco, mesmo com menor pluviosidade durante o ciclo produtivo (285 mm, Figura 2), os genótipos BRS-610 e Podium também se destacaram quanto ao rendimento de BFV e BFS, semelhante ao que ocorreu em Barreiras, cujas condições foram totalmente favoráveis. Todavia, dessa vez foram semelhantes ao IPA-1011, que teve baixo desempenho nas plenas condições hídricas, mas alcançou os melhores cultivares quando a pluviosidade foi deficitária (Tabela 8). Tabela 8. Rendimento de biomassa de forragem verde (BFV) e biomassa de forragem seca (BFS) de sete genótipos de sorgo forrageiro no Município de Muquém do São Francisco, oeste da Bahia. Genótipos BFV (t.ha-1) BFS (t.ha-1) BRS-610

19,3 a

9,18 a

Formoso

10,2 b

4,85 b

IPA 467

10,0 b

4,99 b

SF15

11,3 b

5,10 b

SS-318

10,6 b

4,70 b

Podium

16,7 a

8,15 a

IPA-1011

15,8 a

7,32 a

C.V.%

28,1

36,3

*C.V.: Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott. Os rendimentos de BFS dos genótipos BRS-610, Podium e IPA-1011 foram de 9,18, 8,15 e 7,32 t.ha , respectivamente (Tabela 8). Em condições adversas, com déficit hídrico em decorrência do longo período de estiagem e altas temperaturas, houve um comprometimento no crescimento e desenvolvimento vegetativo das plantas de sorgo. Assim, as produtividades médias de BFV e BFS foram baixas para todos os genótipos. O SS-318 apresentou maior proporção de folhas verdes em relação aos demais genótipos (P<0,05) (Tabela 9). -1

Tabela 9. Percentual de folha verde (FV), folha seca (FS), colmo (C) e panícula (P) na matéria seca de sete genótipos de sorgo forrageiro do Município de Muquém do São Francisco, oeste da Bahia. Muquém do São Francisco Genótipos

FV (%)

FS (%)

C (%)

P (%)

IPA-1011

11,1 b

1,45 a

62,6 a

24,8 c

54


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) BRS-610

9,40 b

2,54 a

39,2 b

48,9ab

Formoso

11,6 b

0,00 a

75,7 a

12,5 c

IPA 467

11,5 b

0,85 a

73,7 a

13,8 c

SF15

12,4 b

1,19 a

54,3 ab

32,0 bc

SS-318

17,4 a

2,17 a

63,4 a

16,9 c

Podium

10,3 b

0,00 a

36,4 b

53,3 a

C.V. (%)

14,4

82,9

13,6

25,5

*C.V.: Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott. Os maiores percentuais de colmo foram observados nos genótipos Formoso, IPA-467, IPA-1011 e SS-318 (P<0,05), sendo que, o genótipo SF-15 não se diferenciou estatisticamente desses cultivares (P>0,05) (Tabela 9). Semelhantemente ao observado em Barreiras (Tabela 5), os maiores percentuais de panícula (P<0,05) foram observados nos genótipos Podium e BRS-610 (Tabela 9). Discussão Seja nos cerrados de Barreiras, sob condições ótimas de crescimento, ou no semiárido de Muquém do São Francisco, em condições de regime hídrico insuficiente e inconstante, o sorgo indubitavelmente mostrou-se uma excelente alternativa para produção de forragem. A conservação por meio de silagem permite atenuar os problemas de escassez de alimento para o rebanho durante a época seca do ano, que na região vai de maio a setembro (QUADROS et al., 2017). A altura ou porte da planta é determinante no comportamento do sorgo, podendo prever características agronômicas. Quando de porte alto, geralmente o genótipo apresenta maior produção de biomassa, devido ao maior percentual de colmo e lâmina foliar, caracterizando o comportamento forrageiro. Para plantas de menor altura, há um maior percentual de panículas, maior teor de BFS e provavelmente maior valor nutritivo, demonstrando comportamento de sorgo de duplo propósito (PERAZZO et al., 2013). O rápido crescimento da planta na fase inicial é um fator preponderante para o estabelecimento da cultura no campo. Híbridos que se desenvolvem mais rapidamente, apresentam uma tendência de serem mais produtivos quando submetidos às condições de estresse hídrico (TARDIN et al., 2013). Vários autores afirmaram que há correlação direta e positiva entre a altura e a produtividade, além da porcentagem de colmo (GOMES et al., 2006; ALBUQUERQUE et al., 2009). Desta forma, genótipos com maiores alturas tendem a produzirem mais biomassa, porém, de qualidade menor, devido à expressiva participação da fração colmo na matéria seca (SOUSA et al., 2015). O baixo crescimento final das plantas em Muquém de São Francisco, em comparação com a altura final em Barreiras, pode ser atribuído ao estresse hídrico ocorrido durante o ciclo da cultura, sendo que a pluviosidade total não passou dos 285 mm (Figura 2). Segundo SOUSA et al. (2017), a pluviosidade total foi abaixo da ideal para as plantas de sorgo obterem bom desenvolvimento vegetativo.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O diâmetro de colmo é uma característica importante a ser observada, pois plantas que apresentam boa espessura de colmo são mais resistentes ao tombamento, tanto por influência de ventos quanto por ataque de pragas e doenças (PEDREIRA, 2003). Os genótipos de sorgo estudados apresentaram arquitetura de panícula diferentes uma das outras, que influenciaram os resultados. Existem vários tipos de panículas: compacta, aberta, semiaberta, semi-compacta, elíptica. Essa característica pode influenciar na produção de massa e grãos (BOTELHO et al., 2010). A sobrevivência das plantas do estande inicial é bastante importante na produção final. Segundo MARTINS et al. (2003), a densidade ideal para o sorgo forrageiro está entre 100 e 150 mil plantas por hectare para expressar boa produtividade de massa e suportar bem os fatores adversos do clima. O bom desempenho dos genótipos BRS-610 e Podium em Barreiras ocorreu com o fornecimento de todas condições agronômicas para expor o potencial genético. Eles são híbridos duplos que apresentam bom potencial produtivo, estabilidade, resistência a doenças e às condições edafoclimáticas (RODRIGUES et al., 2016). Comparativamente aos resultados de rendimento de forragem de Barreiras, BOTELHO et al. (2010), avaliando genótipos de sorgo forrageiro em condições de semiárido mineiro, encontraram produção de BFV de 53,1 t.ha-1 para o genótipo BRS-610, valor próximo ao encontrado no presente trabalho para o primeiro corte. CUNHA; LIMA (2010), avaliando 29 híbridos de sorgo forrageiro no Rio Grande do Norte em condições de sequeiro, encontram produtividade média de 46,7 t.ha-1 de BFV, valores ainda inferiores aos encontrados nos genótipos BRS-610 e Podium neste trabalho. No entanto, o resultado de BFS para o genótipo BRS-610 foi semelhante ao encontrado por ALBUQUERQUE et al. (2013), que obtiveram 17,8 t.ha-1 de BFS em Leme do Prado-MG. SILVA et al. (2011), ao avaliar 25 híbridos de sorgo forrageiro com um acumulado de chuvas superior a 400 mm durante o ciclo da cultura, observaram produtividades de BFS variando entre 7,7 e 20,9 t.ha-1, produtividade dentro da faixa de 7,3 a 22,1 t.ha-1 encontrada no primeiro corte em Barreiras-BA, com 557 mm de lâmina hídrica total durante o ciclo da cultura. Nas condições deste experimento, o segundo corte foi possível somente em Barreiras. O rendimento de forragem representou pouco da produção total (15%), ou seja, essa operação não justifica na maioria dos casos. Entretanto, alguns pontos devem ser elucidados. A época de plantio foi tardia em relação ao que normalmente é recomendada na região. Anteriormente, início de dezembro do ano anterior, esta mesma configuração de experimento já havia sido implantada em quatro diferentes municípios e os experimentos foram perdidos em decorrência de um longo veranico. Possivelmente, em condições normais, a rebrota poderia ser melhor, pois as plantas teriam condições de aproveitar o regime de chuvas mais extensamente. Assim, mais pesquisas são necessárias na região para verificar os efeitos da época de plantio sobre o rendimento de forragem. Os rendimentos de forragem de 4,7 a 9,2 t.ha-1 de BFS obtidas em Muquém de São Francisco foram, em geral, superiores aquelas relatadas por ELIAS et al. (2017), que, avaliando genótipos de sorgo forrageiro no semiárido de Pernambuco, encontraram produtividades de 2,02 a 6,05 t.ha-1 de BFS, porém com um acumulo de chuvas de apenas 73,4 mm. Ainda assim, segundo esses autores, isso evidencia o alto potencial produtivo da cultura e as características xerofíticas da planta de sorgo. O sorgo, assim como qualquer outra cultura vegetal, está sujeito a uma série de fatores ambientais que direta ou indiretamente podem influenciar no seu crescimento, desenvolvimento e produtividade. O rendimento de forragem de sorgo em Muquém de São Francisco demonstrou a inegável capacidade produtiva dessa cultura nas condições de semiárido, notadamente os genótipos BRS-610, Podium e IPA-1011.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Plantas que mantém maior número de folhas verdes por mais tempo, mostram-se mais eficiente no incremento em massa e volume. Segundo SILVA et al. (2012), o genótipo que tem bom volume de folhas, pode disponibilizar um material de melhor qualidade para a produção de silagens. Os genótipos que obtiveram os maiores percentuais de colmo foram plantas de porte médio e alto. Assim, o elevado percentual de colmo pode estar relacionado com o porte da planta de sorgo. Sorgos com porte alto tendem a ter mais biomassa e consequentemente maior porcentagem de colmo e lâmina foliar; por outro lado, quando possui porte mais baixo, têm melhor proporção de panícula e produção de matéria seca (PERAZZO et al., 2013). Nesse contexto, a fração colmo é considerada como a principal responsável pela produção de silagens de menor valor nutritivo, devido a sua baixa qualidade nutricional (COSTA et al., 2016). Os genótipos com maior participação de panícula na BFS foram os híbridos e variedades de porte médio, que aliaram produção de massa e percentual de grãos, enquanto os genótipos que obtiveram os menores percentuais de panícula foram as variedades de porte alto, do tipo forrageiro clássico, que está em desuso para produção de silagem e maior potencial para bioenergia. Genótipos de sorgo que apresentam alto percentual de panícula têm teores de BFS mais altos, melhorando a qualidade da silagem em virtude da grande quantidade de nutrientes digestíveis totais presentes nos grãos (ANDRADE et al., 2010). A proporção de grãos é um fator importante na seleção de genótipos, pois está relacionada à qualidade da matéria seca da forragem. Nos grãos encontra-se a maior fração energética disponível da planta. Também, eles são responsáveis por maior teor de matéria seca em função do seu menor conteúdo de água (CANDIDO et al., 2015). Conclusão O sorgo é uma excelente fonte de forragem para a região oeste da Bahia. Entre os genótipos testados, o Podium e BRS-610 são os recomendados, em virtude de suas características agronômicas, composição morfológica e rendimento de forragem, tanto nas condições de cerrado quanto de semiárido.

Agradecimentos À AIBA, ao Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras e aos proprietários da Fazenda Japaranduba, pela cessão da área e apoio na condução dos experimentos.

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Recebido em 01/03/2019 Aceito em 12/03/2019

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Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/60-71/agrariacad Comportamento e desempenho de caprinos a pasto suplementados com feno de leucena substituindo a torta de babaçu. Behavior and performance of goats grazing supplemented with leucaena hay replacing the babassu pie Rosianne Mendes de Andrade da Silva Moura1*, Maria Elizabete de Oliveira2, Izabella Cabral Hassum3, Jandson Vieira Costa1, Pollyana Oliveira da Silva4 Departamento de Zootecnia/Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal/Universidade Federal do Piauí – UFPI – Teresina – Piauí – Brasil. E-mail: rosiannem@gmail.com 1* -

2-

Professora e Pesquisadora/Departamento de Zootecnia/Universidade Federal do Piauí – UFPI – Teresina – Piauí - Brasil

3-

Pesquisadora/Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA Meio-Norte – Teresina – Piauí - Brasil

Professora e Pesquisadora/Departamento de Zootecnia/Universidade Federal do Piauí – UFPI – Bom Jesus – Piauí – Brasil 4-

*Autora para correspondência

________________________________________________________________________________ Resumo Avaliou-se o efeito da suplementação com feno de leucena em substituição parcial à torta de babaçu, sobre o comportamento em pastejo, ganho médio diário (GMD) e infecção por nematódeos gastrintestinais em caprinos. 15 caprinos machos foram arranjados em DIC, fatorial 3x2, com três proporções de feno de leucena (0; 20 e 40%) em dois ciclos de pastejo e cinco repetições. O ciclo de pastejo influenciou nos tempos para pastejo e ruminação. A suplementação interferiu na atividade de ócio e no consumo de suplemento, variável também influenciada pelos ciclos. O GMD foi maior no ciclo 1 e assim como o grau de infecção por nematódeos, não foi influenciado pela suplementação. Palavras-chave: Anglonubiana, capim-Tanzânia, ganho médio diário, nematódeos Abstract The effect of supplementation with leucaena hay in partial replacement with the babassu pie, on grazing behavior, average daily gain (ADG) and infection by gastrointestinal nematodes in goats was evaluated. 15 male goats were arranged in DIC, factorial 3x2, with three proportions of leucaena hay (0, 20 and 40%) in two grazing cycles and five replications. The grazing cycle influenced the times for grazing and rumination. The supplementation interfered in leisure activity and supplement intake, variable also influenced by cycles. ADG was higher in cycle 1 and as well as the degree of nematode infection, it was not influenced by supplementation Keywords: Anglonubian, Tanzania grass, average daily gain, nematodes

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Introdução Sistemas de produção de caprinos que utilizam apenas pastagem cultivada como base alimentar, podem apresentar desequilíbrios entre as exigências nutricionais e a quantidade de nutrientes fornecida pela forragem, em virtude das oscilações climáticas e fenológicas da planta (ADAMI et al., 2013). No entanto, a adoção de novas tecnologias permite a intensificação nesses sistemas, podendo ser estratégia adotada pelos produtores, principalmente nas áreas próximas às capitais e grandes centros, onde se concentra o mercado consumidor, facilitando, assim, a comercialização. E entre as tecnologias disponíveis, destaca-se o uso das forrageiras tropicais associadas à suplementação com alimentos volumosos e/ou concentrados, alternativas para elevar a produtividade e qualidade da carne (ARAÚJO et al., 2008). Em contrapartida, a utilização de pastagens cultivadas nos sistemas de produção de caprinos provoca significativo aumento na frequência das helmintoses gastrintestinais, devido às elevadas taxas de lotação e sombreamento dos perfilhos, evitando a dessecação de ovos e larvas (COSTA et al., 2011). Com isso, a prática de suplementar também pode ser utilizada com o intuito de evitar infecções nos animais, considerando as potenciais melhoras na capacidade de respostas aos efeitos causados pelas infecções provocadas por nematoides gastrintestinais (TORRES-ACOSTA et al., 2012). Diante das adversidades causadas pelo encarecimento da alimentação animal, alternativas como o feno de leucena destacam-se como uma fonte proteica de qualidade promissora, por reduzir os custos de produção em sistemas intensivos e semi-intensivos, considerando que a leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit pode ser cultivada dentro da própria propriedade, reduzindo a dependência de insumos externos. Nesse mesmo contexto, o babaçu (Orbignya spp.), encontrado, principalmente nos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, e seus subprodutos vêm sendo utilizados na alimentação animal, entre esses a torta de babaçu, a qual possui alto teor protéico (LIMA et al., 2006). Assim sendo, o objetivo com este estudo foi avaliar o efeito da suplementação com diferentes proporções de feno de leucena em substituição parcial à torta de babaçu no suplemento, sobre o comportamento em pastejo, o desempenho e a infecção por nematódeos gastrintestinais em caprinos em pasto de capim-Tanzânia em dois ciclos de pastejo, avaliando também, as características estruturais e nutricionais desse pasto durante os ciclos. Material e métodos O estudo foi conduzido de março a maio de 2016, no Setor de Caprinocultura do Departamento de Zootecnia (DZO) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina – PI (05°05’21” S, 42°48’07” W e altitude 74,4 m). A precipitação média anual é 1.200 mm e a temperatura média, 28 °C. Segundo a classificação de Köppen, o clima do local é do tipo Aw’, tropical e chuvoso (megatérmico), com inverno seco (junho a novembro) e verão chuvoso (dezembro a maio). O acúmulo de chuvas durante o período experimental foi 674 mm, distribuído, predominantemente, entre os meses de março (235,8 mm) e abril (363,2 mm). A umidade relativa média do ar (UR) foi de 70% e a temperatura média, em torno de 29 °C. Utilizou-se uma área experimental de 0,3 ha com pastagem de Panicum maximum cv. Tanzânia, dividida em nove piquetes de mesmo tamanho. O solo da área é do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo. Antes da implantação do experimento, foram coletadas amostras de solo na camada de 0 a 20 cm para

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) análises físico-químicas e determinação da fertilidade, cuja análise apresentou os seguintes resultados: pH (H2O) = 7,60; Ca (cmolc dm-3) = 2,83; Mg (cmolc dm-3) = 0,62; Al (cmolc dm-3) = 0,00; H + Al (cmolc dm-3) = 1,28; K (mg dm-3) = 4,6; soma de bases (cmolc dm-3) = 8,05; CTC (cmolc dm-3) = 4,74; saturação por bases (%) = 73,0; P – Mehlich-1 (mg dm-3) = 1,35. Em seguida, foi realizado um roço utilizando-se roçadeira manual para uniformização do pasto, a 20 cm de altura, sendo um piquete roçado a cada três dias. Após o roço, foi realizada adubação de cobertura com 50; 40 e 40 kg ha -1 de N, P2O5 e K2O, na forma de ureia, superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente. Foram utilizados 15 caprinos machos, não castrados, mestiços da raça Anglonubiana com sete meses de idade e 25,0 kg de peso vivo (PV) médio inicial. O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x2, com três tratamentos – substituição parcial da torta de babaçu por feno de leucena (0% de feno de leucena e 40% de torta de babaçu; 20% de feno de leucena e 20% de torta de babaçu; 40% de feno de leucena e 0% de torta de babaçu) e dois ciclos de pastejo (duas repetições no tempo) e cinco repetições (animais/tratamento). Adotou-se o sistema de pastejo com lotação rotacionada e carga fixa, com três dias de ocupação e 24 dias de descanso ou quando a gramínea atingisse 50 cm de altura, sendo para isso, realizado monitoramento da altura do pasto através de medições em 20 pontos aleatórios em cada piquete, em intervalo de dois dias, utilizando-se régua graduada em centímetros. O período experimental compreendeu 66 dias, sendo os 12 primeiros dias reservados à adaptação dos animais ao manejo e os 54 dias restantes, para avaliação das características do pasto, comportamento em pastejo, ganho médio diário (GMD) e infecção por nematódeos gastrintestinais. Antes do início do experimento, os animais foram pesados, avaliados clinicamente e vermifugados, via oral, com Cloridrato de Levamisol na dosagem de 2 mL/10 kg PV. Durante o período de execução do estudo, todos os animais tiveram acesso ao pasto, onde permaneciam de 09 as 17 horas, tendo livre acesso à água. E, ao final da tarde, quando retornavam ao aprisco, recebiam suplementação mineral e água ad libitum. Os suplementos foram compostos por milho moído, farelo de soja, torta de babaçu e/ou feno de leucena, sendo a torta de babaçu substituída parcialmente por feno de leucena. O suplemento foi fornecido ao nível de 1% do peso vivo, com os animais distribuídos em baias individuais e divididos aleatoriamente em três grupos, de acordo com a dieta. A suplementação ocorreu diariamente, às 07 horas da manhã, antes do pastejo. Os dados da composição química dos ingredientes que compuseram os suplementos e dos suplementos propriamente ditos, estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Composição química dos ingredientes dos suplementos e composição centesimal e química dos suplementos contendo feno de leucena e/ou torta de babaçu Ingredientes dos suplementos Nutrientes Milho moído Farelo de soja Torta de babaçu Feno de leucena Matéria seca 86,65 87,37 90,32 89,13 % na MS Proteína bruta 8,63 52,95 17,88 25,33 Fibra em 20,98 22,82 75,61 40,27 detergente neutro Fibra em 10,53 13,21 65,29 34,98 detergente ácido Lignina 2,90 3,10 14,53 9,71 Ingredientes Suplementos

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) 1 2 3 0% feno de leucena e 20% feno de leucena e 40% feno de leucena e 40% torta de babaçu 20% torta de babaçu 0% torta de babaçu Composição centesimal (% da MS) 53,70 54,50 54,50 6,30 5,50 5,50 40,00 20,00 20,00 40,00 Composição química 88,10 87,89 87,68

Milho moído Farelo de soja Torta de babaçu Feno de leucena Nutrientes (%) Matéria seca % na MS Proteína bruta 15,15 16,37 Fibra em 42,52 35,66 detergente neutro Fibra em 32,17 26,34 detergente ácido Lignina 7,47 6,57 Nutrientes 69,66 72,31 1 digestíveis totais 1 Estimado segundo equação proposta por Capelle et al. (2001): NDT = 86,0834 – rações experimentais.

17,85 28,91 20,60 5,67 74,92 0,3862FDN, para

A massa de forragem foi avaliada no pré-pastejo mediante lançamento de quatro quadros com área 0,25 m2 (0,5 x 0,5 m) em pontos representativos da altura média do dossel nos nove piquetes em cada ciclo de pastejo, realizando-se o corte da forragem a 20 cm de altura do solo (GARDNER, 1986). Para avaliação dos componentes morfológicos da forragem, foram retiradas duas subamostras: uma para determinação da massa de forragem e a outra, para caracterização do pasto e fracionamento em lâmina foliar, colmo e material morto. Cada subamostra foi acondicionada em sacos de papel, pesadas e encaminhadas ao Laboratório de Nutrição Animal (LANA) do DZO/CCA/UFPI para pré-secagem em estufa com circulação forçada de ar a 55 °C por 72 horas, e assim, determinado o teor de matéria seca. Também foi determinada a razão folha/colmo (F/C). A altura do pasto foi monitorada no pré e pós-pastejo com auxílio de régua graduada nos piquetes destinados à avaliação da massa de forragem. A avaliação da composição química do pasto ocorreu através de amostras colhidas, simulando o pastejo dos animais, nos dias de avaliação do comportamento em pastejo. Essas amostras foram acondicionadas em sacos de papel, pesadas e encaminhadas ao LANA/DZO/CCA/UFPI, e pré-secas em estufa com circulação forçada de ar (55 °C por 72 horas). Posteriormente, foram moídas em moinho tipo Willey com peneira de malha com crivos de 1 mm e submetidas a análises para determinação dos teores de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB), de acordo com metodologias propostas pela AOAC (2012), dos teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), pelo método de Van Soest et al. (1991), e lignina, pelo método descrito por Detmann et al., (2012). Essas metodologias também foram adotadas para análise dos ingredientes que compuseram os suplementos. O monitoramento do nível de infecção por nematódeos gastrintestinais nos animais, foi realizado em intervalo de sete dias, pela manhã, após o fornecimento do suplemento. Para isso, fezes foram coletadas diretamente na ampola retal dos animais, para se determinar a contagem de ovos por 63


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) grama de fezes (OPG), adotando-se a administração de anti-helmíntico quando o OPG fosse igual ou superior a 1000, segundo recomendações de Costa et al. (2011). As amostras de fezes foram armazenadas em sacos de plástico identificados por animal e conservados em freezer, depois, encaminhadas ao Laboratório de Sanidade Animal/Parasitologia da Embrapa Meio-Norte, e realizada a contagem de ovos por grama de fezes, de acordo com a técnica de Gordon; Whitlock (1939) modificada por Ueno; Gonçalves (1998). Quando necessário, o tratamento se procedeu com a administração de Sulfaquinoxalina Vansil e Endazol 10% Cobalto, para o controle de Eimeria e Moniezia, em dosagem única de 1 mL/10 kg PV. A cada sete dias, após jejum de sólidos por 14 horas, os animais foram pesados para determinação da estimativa de ganho de peso e ajuste da quantidade de suplemento fornecida. O consumo médio de suplemento foi calculado pela pesagem diária das sobras após cada refeição. As avaliações do comportamento em pastejo ocorreram durante três dias consecutivos em cada ciclo de pastejo, e realizadas por observação visual por três avaliadores previamente treinados, sendo cada observador responsável por um grupo de cinco animais. Em fichas etográficas, foram anotados os tempos para a realização das atividades de pastejo, deslocamento, ruminação e ócio, conforme método proposto por Jamieson; Hodgson (1979), e também foi registrada a ingestão de água. As avaliações foram realizadas entre 09 e 17 horas, a intervalos de dez minutos. Os dados das características do pasto, comportamento em pastejo, desempenho e infecção por endoparasitas foram submetidos à análise da variância pelo procedimento PROC GLM, e as médias comparadas pelo teste de Duncan (α = 0,05), utilizando-se o logiciário estatístico SAS, versão 9.0. Resultados e discussão As produções de massa total, massa de folhas e razão F/C do capim-Tanzânia, aos 24 dias de rebrotação, diferiram (P<0,05) entre os ciclos de pastejo, sendo maiores no ciclo 1. As massas de colmo e material morto, também influenciadas (P<0,05) pelos ciclos, foram maiores no ciclo 2 (Tabela 2). Os valores mais baixos da massa total e de folhas no segundo ciclo de pastejo, deveram-se à remoção mais elevada de folhas pelos animais nesse ciclo, o que proporcionou aumento nas massas de colmo e material morto. A redução da precipitação em maio (75,3 mm), em comparação ao mês de abril (363,2 mm), período correspondente ao ciclo 2, também explica a queda nas produções desses parâmetros. Tabela 2. Massa total, massa de folhas, colmo, material morto, razão folha/colmo (F/C) e médias de altura do capim-Tanzânia em dois ciclos de pastejo e características químicas da forragem Ciclos de pastejo Características avaliadas Ciclo 1 Ciclo 2 CV* (%) -1 1 Massa total (kg MS ha ) 2.074,50 ± 218,55a 1.859,31 ± 283,46b 12,89 -1 Massa de folhas (kg MS ha ) 1.879,48 ± 729,43a 1.379,97 ± 270,19b 29,19 -1 Massa de colmo (kg MS ha ) 134,48 ± 14,13b 199,69 ± 26,41a 11,87 -1 Material morto (kg ha ) 60,30 ± 12,79b 279,43 ± 22,57a 14,64 Razão F/C 13,98 ± 2,20a 6,91 ± 1,05b 15,49 Altura no pré-pastejo (cm) 52,17 ± 3,27 51,24 ± 2,95 6,01 Altura no pós-pastejo (cm) 26,03 ± 4,47 24,74 ± 3,23 15,24 Composição química (%) Matéria seca 24,87 ± 4,03 26,40 ± 2,97 13,72

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) % na MS Proteína bruta 11,51 ± 1,58 10,33 ± 1,18 12,54 Fibra em detergente neutro 69,90 ± 2,05 70,25 ± 4,48 4,66 Fibra em detergente ácido 37,28 ± 2,72 38,50 ± 2,01 6,26 Lignina 2,86 ± 0,13 3,29 ± 0,19 5,16 1 Médias seguidas por letras distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Duncan (P<0,05). *Coeficiente de variação. A produção de folhas correspondeu a 91 e 74% da massa total no primeiro e segundo ciclo, respectivamente. A menor (P<0,05) produção na massa de folhas no segundo ciclo (1.379,97 kg MS ha-1) em relação ao primeiro (1.879,48 kg MS ha-1), implicou em queda da razão F/C, podendo sinalizar a redução no valor nutritivo da forragem disponível, como também em prejuízo para a eficiência do pastejo animal. O alongamento do colmo no ciclo 2 também compromete a estrutura do dossel, diminuindo a razão F/C e proporcionando maior deposição de material morto, pois intensifica o processo de senescência e morte das folhas mais velhas e até mesmo de perfilhos. A produção média de 1.966,91 kg MS ha-1 permitiu oferta de forragem de 6,0 kg MS/100 kg de peso vivo, condição que não limitou o consumo animal, pois caprinos adultos manejados em pasto de capim-Tanzânia na região Meio-Norte do Brasil, consomem de forragem, aproximadamente, 3% do peso vivo (RODRIGUES et al., 2013; RUFINO et al., 2012). As alturas no pré e pós-pastejo seguiram ao preconizado para este estudo, e não diferiram (P>0,05) entre os ciclos de pastejo (Tabela 2). Esses parâmetros representam a disponibilidade de forragem, além da capacidade de rebrotação da gramínea, influenciando positivamente na taxa de acúmulo de forragem no pasto. Os teores de MS, PB, FDN, FDA e lignina do capim-Tanzânia não diferiram (P>0,05) entre os ciclos de pastejo (Tabela 2). O teor médio de MS da gramínea foi inferior aos 30% registrados por Ribeiro et al. (2012), em condições similares de altura do dossel. O conteúdo proteico foi superior ao mínimo necessário de 6-8%, garantindo fermentação adequada dos carboidratos estruturais do rúmen e permitindo a manutenção do teor de 8 mg dL-1 de nitrogênio amoniacal (N-NH3) no líquido ruminal, necessário ao crescimento das bactérias celulolíticas (OLIVEIRA et al., 2009), e não comprometendo o consumo e a digestibilidade das forragens (VAN SOEST, 1994), considerando que abaixo desses níveis, ocorreria restrição ao consumo voluntário pela redução da atividade dos microrganismos ruminais e da taxa de digestão de celulose, elevando o tempo de retenção da forragem no rúmen (SOUSA et al., 2010). A fibra em detergente neutro encontra-se abaixo de teores obtidos em outros estudos realizados com o capim-Tanzânia até 35 dias de crescimento, variando de 76 a 78% (DIFANTE et al., 2010; SOUSA et al., 2010), como também, o teor para fibra em detergente ácido, com intervalo entre 37 e 40% (RODRIGUES et al., 2013; RUFINO et al., 2012). As baixas proporções dos constituintes fibrosos justificam-se pelo material colhido para análises durante o pastejo simulado, composto, especificamente, por folhas, porção das plantas mais apreciada e selecionada por caprinos em pastejo (observação in loco), além de mais nutritiva. Essa condição implica em pouco espessamento e menos deposição de lignina na parede celular, a exemplo do teor médio de lignina do capim, de 3%, permitindo melhor aproveitamento dos nutrientes. Com relação ao comportamento dos caprinos, não se observou interação significativa (P>0,05) entre as dietas e os ciclos de pastejo. Os tempos de pastejo e ruminação diferiram (P<0,05) entre os ciclos, mas não houve diferença (P>0,05) nos tempos destinados para deslocamento e ócio (Tabela 3).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O maior tempo de pastejo (P<0,05) no segundo ciclo pode estar associado ao aumento nas frações de colmo e material morto na estrutura do pasto (Tabela 2). Com isso, os animais investiram mais tempo na atividade devido ao processo de procura e seleção de folhas verdes, dada a preferência dos animais por esta fração do pasto. O maior tempo (P<0,05) despendido para ruminação no primeiro ciclo, decorre do menor tempo para a atividade de pastejo em função da maior facilidade para a realização dos processos de apreensão e mastigação da forragem, comportamento este observado in loco. O tempo de pastejo registrado neste estudo foi próximo às médias encontradas por Ribeiro et al. (2012), Rodrigues et al. (2013) e Veloso Filho et al. (2013), 5,9 e 6,7 horas, quando esses autores avaliaram o comportamento em pastejo de caprinos em pastagens dos capins Tanzânia e Marandu, com alturas do dossel entre 30 e 90 cm. Tabela 3. Tempo (h dia-1) de pastejo, ruminação, deslocamento, ócio e ingestão de água de caprinos em pasto de capim-Tanzânia suplementados com diferentes proporções do feno de leucena em substituição parcial à torta de babaçu Ciclos de pastejo Atividades Ciclo 1 Ciclo 2 CV* (%) 1 Pastejo 6,24 ± 0,29b 6,63 ± 0,19a 3,70 Ruminação 0,88 ± 0,26a 0,56 ± 0,16b 28,71 Deslocamento 0,37 ± 0,12 0,35 ± 0,11 32,56 Ócio 0,46 ± 0,17 0,44 ± 0,12 31,75 Água 0,04 ± 0,06 0,03 ± 0,03 116,09 Suplementos 0% feno de leucena 40% feno de 20% feno de leucena e e 40% torta de leucena e 0% torta 20% torta de babaçu babaçu de babaçu Pastejo 6,39 ± 0,35 6,38 ± 0,28 6,54 ± 0,30 4,79 Ruminação 0,71 ± 0,27 0,71 ± 0,26 0,74 ± 0,30 38,39 Deslocamento 0,40 ± 0,10 0,34 ± 0,15 0,34 ± 0,08 31,64 Ócio 0,46 ± 0,15b 0,52 ± 0,14a 0,35 ± 0,09b 27,75 Água 0,04 ± 0,05 0,04 ± 0,05 0,03 ± 0,04 122,31 1 Médias seguidas por letras distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Duncan (P<0,05). *Coeficiente de variação. O tempo médio de 0,72 h para a atividade de ruminação está de acordo com os valores obtidos por Ribeiro et al. (2012) e Veloso Filho et al. (2013). A atividade de ruminação ocorre, predominantemente, no período noturno, e assim, observa-se que na maioria dos estudos com avaliação durante o dia, o tempo despendido é inferior a uma hora (ARAÚJO et al., 2015; COSTA et al., 2015; RODRIGUES et al., 2013), enquanto a avaliação ao longo de 24 h, o tempo para a atividade é superior a 4,0 h (ADAMI et al., 2013). O tempo médio despendido para a atividade de deslocamento foi de 0,36 h. Avaliando o comportamento de caprinos em pasto de gramíneas forrageiras observa-se intervalo entre 0,10 e 0,40 h (ARAÚJO et al., 2015; RIBEIRO et al., 2012; RODRIGUES et al., 2013; VELOSO FILHO et al., 2013). O baixo tempo para deslocamento pode ser justificado pelas condições do pasto, formado por uma única espécie forrageira. Nesta situação, não se faz necessário que os caprinos intensifiquem seu comportamento exploratório, e, por tratar-se de uma monocultura, os mecanismos para tomada de

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Caprinos (%)

decisões pelos animais são menos complexos, visto não haver a necessidade em procurar alimentos diversificados e mais palatáveis, reduzindo as distâncias percorridas ao longo do dia. O maior tempo para ócio (P<0,05) foi registrado no grupo de animais que receberam o suplemento 2 (Tabela 3). Provavelmente, o maior consumo desse suplemento (20% de feno de leucena e 20% de torta de babaçu) (Tabela 4) tenha proporcionado maior sensação de saciedade, subentendendo-se que o suplemento pôde atender as exigências nutricionais dos animais mais rapidamente, os quais puderam permanecer mais tempo em ócio. O tempo gasto para ingestão de água foi pequeno e inexpressivo, com média de 0,04 h para todos os tratamentos avaliados, não sendo influenciado (P>0,05) pelos suplementos, tampouco (P>0,05) pelos ciclos de pastejo. O teor de MS da forragem (Tabela 2) pode ter influenciado a baixa frequência no consumo de água, devido ao maior pastejo de folhas, caracterizadas como as partes mais tenras da planta. A umidade relativa do ar elevada, como a do presente estudo (80%), também pode influenciar no comportamento de caprinos quanto à busca por água (SILVA et al., 2011). Os caprinos realizam, ao longo do dia, vários picos de pastejo (Figura 1). Independente do suplemento que receberam, apresentaram o mesmo padrão de distribuição comportamental, realizando vários picos de pastejo ao longo do dia e não apenas nas primeiras horas da manhã, como registrado por Ribeiro et al. (2012). 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

Horário do dia (horas) Pastejo

Ruminação

Deslocamento

Ócio

Figura 1. Distribuição diária dos parâmetros comportamentais em pastejo de caprinos em pasto de capim-Tanzânia suplementados com diferentes proporções do feno de leucena. A atividade de pastejo diminuiu a partir das 16 h, quando os animais distribuíram seu tempo entre ruminação e permanência em ócio. A atividade de deslocamento foi desempenhada mais frequentemente no início da manhã, quando os animais adentravam nos piquetes, criando corredores de pastejo ao longo das cercas, e depois, deslocando-se para as áreas centrais, como forma de reconhecimento de toda a área. Na área de pastejo não havia sombreamento natural ou artificial, o que não impediu que os animais passassem mais tempo em pastejo, inclusive nos horários com temperaturas mais elevadas, entre 12 e 16 h, considerando que os mesmos despenderam mais de 70% do tempo para essa atividade, em todos os tratamentos avaliados. Não houve interação (P>0,05) entre as dietas e os ciclos de pastejo para o consumo de suplemento e ganho médio diário. Por outro lado, o consumo médio diário de suplemento diferiu (P<0,05) em relação aos ciclos de pastejo e aos suplementos fornecidos, enquanto o GMD foi influenciado apenas pelos ciclos (Tabela 4).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O maior (P<0,05) consumo no segundo ciclo foi devido ao crescimento dos animais, que, por sua vez, passaram a ingerir maior quantidade de suplemento. Quanto aos suplementos, o mais consumido foi aquele contendo igual proporção de feno de leucena e torta de babaçu (20% de feno de leucena e 20% de torta de babaçu). A adição do feno de leucena resultou em aumento no teor de PB (16,37%) e redução nos teores dos constituintes fibrosos (35,66%FDN e 26,34%FDA). A torta de babaçu, embora classificada como alimento energético-proteico, tem elevado conteúdo de fibra, sendo uma característica dos subprodutos de palmáceas, acrescido da sílica, devido presença de casca (CHIN, 2002), além de apresentar proporção elevada de lignina (Tabela 1), fator limitante à digestibilidade dos alimentos, condição que proporcionou o menor (P<0,05) consumo do suplemento 1, com maior percentual de torta de babaçu (40%) em relação ao feno de leucena (0%). Contudo, não se observou que o aumento no teor proteico e a redução de fibra no suplemento 3, com 40% de feno de leucena e 0% de torta de babaçu, tenha resultado em elevação de consumo, mesmo que o teor de lignina também tenha sido inferior, subentendendo que a associação entre o feno de leucena e a torta de babaçu em proporções semelhantes proporcionem melhor consumo e aproveitamento dos nutrientes. Tabela 4. Consumo de suplemento (g dia-1) e ganho médio diário (GMD) (kg dia-1) de caprinos em pasto de capim-Tanzânia suplementados com diferentes proporções de feno de leucena Ciclos de pastejo Variáveis Ciclo 1 Ciclo 2 CV*(%) Consumo 151,24 ± 64,66b1 195,58 ± 52,71a 34,85 (g dia-1) GMD 0,122 ± 0,03a 0,041 ± 0,01b 24,54 (kg dia-1) Suplementos 0% feno de leucena e 20% feno de leucena e 40% feno de leucena e 40% torta de babaçu 20% torta de babaçu 0% torta de babaçu Consumo 118,62 ± 34,81c 231,12 ± 52,42a 170,49 ± 39,84b 25,13 (g dia-1) GMD 0,067 ± 0,02 0,069 ± 0,01 0,091 ± 0,03 25,78 (kg dia-1) 1 Médias seguidas por letras distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Duncan (P<0,05). *Coeficiente de variação. O maior (P<0,05) GMD no primeiro ciclo de pastejo (0,122 kg dia-1), embora não atendendo ao rendimento diário esperado de 0,150 kg dia-1, encontra-se próximo a resultados obtidos por Adami et al. (2013) e Carvalho Júnior et al. (2011) que, avaliando o desempenho de caprinos suplementados a pasto, registraram ganhos diários de 0,110 e 0,147 kg dia-1, respectivamente. Com relação à suplementação, ainda que as dietas não tenham se diferenciado (P>0,05), o maior aporte de PB, devido consumo de suplementos, observado no primeiro ciclo de pastejo, foi satisfatório, considerando que o ganho médio de 0,076 kg dia-1 foi superior ao ganho médio de 0,033 kg dia-1, registrado por Araújo et al. (2015). O GMD, superior no primeiro ciclo, e menor no segundo (Tabela 4), pode ser associado às características estruturais do pasto (Tabela 2), e ainda, à infecção dos animais por nematódeos gastrintestinais, possivelmente influenciada pelas condições climáticas ao longo do estudo (Figura 2). A precipitação mais elevada durante o primeiro ciclo (194 mm), correspondeu a 53% do acumulado para os três meses de execução do estudo, aliada a alta UR (80%), são fatores que contribuem para a

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0,250

1200

0,200

1000

0,150

800

0,100 600 0,050 400

0,000 -0,050

28/mar 04/abr 11/abr 18/abr 25/abr 02/mai 09/mai

-0,100

Ciclo 1

Ciclo 2 Pesagens GMD

200 0

Ovos por grama de fezes (OPG)

Ganho médio diário (kg/dia)

infestação de parasitas em caprinos (AHID et al., 2008). Avaliações de OPG, confirmadas pela ocorrência constante de surtos de diarreia nos animais, ao longo do experimento, também reforçam a suposição de contaminação por verminoses.

OPG

Figura 2. Relação entre GMD (kg/dia) e OPG semanal de caprinos em pasto de capim-Tanzânia suplementados com diferentes proporções do feno de leucena. O primeiro ciclo de pastejo, apresentou os maiores ganhos médios diários, e o OPG variou de 200 a 500 ovos por grama de fezes entre os tratamentos, nível não recomendado para vermifugação (COSTA et al., 2011). Contudo, no intervalo de sete dias, o OPG apresentou valores acima de 1000, provocando perdas de peso, pois, segundo Quadros et al. (2010), a contaminação de caprinos por nematódeos em pastagens de gramíneas forrageiras pode influenciar no desempenho animal, principalmente durante a fase de crescimento. Considerando que a suplementação não foi suficiente para impedir as infecções, os animais foram vermifugados, e então retornaram ao desempenho produtivo positivo, porém, não mantiveram a regularidade quanto ao ganho de peso. Comportamento que pode ser explicado pelo manejo adotado, com sistema de pastejo contínuo, proporcionando aumento no número de parasitas no pasto, infestando novamente os animais e afetando o desempenho dos mesmos. Conclusões Os ciclos de pastejo alteram as características estruturais do pasto de capim-Tanzânia, mas não a composição química. A substituição parcial da torta de babaçu por feno de leucena, associado a alimentos concentrados não altera o desempenho, o grau de infecção por nematódeos gastrintestinais e o comportamento de caprinos em pastejo, exceto para o tempo de ócio. A infestação por nematódeos gastrintestinais provoca perdas de peso em caprinos, principalmente durante o período chuvoso, e em sistemas de pastejo contínuo. Referências bibliográficas ADAMI, P.F.; PITTAR, C.S.R.; SILVEIRA, A.L.F.; PELISSARI, A.; HILL, J.A.G.; ASSMANN, A.L.; FERRAZZA, J.M. Comportamento ingestivo, consume de forragem e desempenho de cabritas alimentadas com diferentes níveis de suplementação. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.48, n.2, p.220-227, 2013.

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Recebido em 22/01/2019 Aceito em 14/03/2019

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/72-84/agrariacad Estudo retrospectivo das alterações anatomopatológicas encontradas no exame post mortem de bovinos em abatedouros frigoríficos de Manaus, Amazonas, Brasil, no período de julho de 2017 a julho de 2018. Retrospective study of anatomopathological changes founded in the post mortem examination of bovine animals in Manaus, Amazonas, Brazil slaughterhouses, in the period of July 2017 to July 2018. Márcia Fernanda Firmino Batista1*, Adriano Nunes de Lima D’Amorim2, Eduardo Lima de Souza3, Edson Francisco do Espírito Santo3, Kilma Cristiane Silva Neves3, Paulo Cesar Gonçalves de Azevedo Filho3, Jomel Francisco dos Santos3 Médica Veterinária/Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM - Manaus/Amazonas – Brasil. marciafernandafirmino@gmail.com 1* -

- Médico Veterinário – Coordenador Local/Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas – ADAF – Manaus/Amazonas – Brasil. 2

- Docente do curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal De Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM - Manaus/Amazonas – Brasil. 3

________________________________________________________________________________ Resumo O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo retrospectivo do período de julho de 2017 a julho de 2018, sobre as alterações anatomopatológicas observadas no exame post mortem em frigoríficos abatedouros de Manaus-AM. Identificouse, entre os órgãos avaliados, a condenação de 23% das peças, sendo a maioria, 54,29% representada por condenações de pulmões, seguida de 12,78% de patas, 9,91% de rins, 5,20% de cabeça, 3,44% de intestinos, 3,06% de língua, 2,58% de coração, 1,39% de estômagos e 1,31% de fígados. Os órgãos com maior número de condenações foram pulmões e patas, sendo que possivelmente estas condenações ocorreram por falhas durante o pré-abate ou mesmo durante o abate. Palavras-chave: Inspeção bovina, Médico Veterinário, Segurança Alimentar. Abstract The objective of this study was to conduct a retrospective study from July 2017 to July 2018 on the anatomopathological changes observed in post-mortem examination in slaughterhouses in Manaus-AM. Among the evaluated organs, 23% of the pieces were found to be condemned, with 54.29% represented by lung condemnations, followed by 12.78% of legs, 9.91% of kidneys, 5.20 % of head, 3.44% of intestines, 3.06% of tongue, 2.58% of heart, 1.39% of stomachs and 1.31% of livers. The organs with the greatest number of convictions were lungs and paws, and possibly these convictions occurred due to failures during pre-slaughter or even during slaughter. Keywords: Inspection, Veterinarian, Food Safety.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Introdução

A pecuária brasileira tem passado por grandes mudanças nos últimos anos. Na indústria a profissionalização levou as empresas à abertura de capital, a internacionalização, a diversificação das atividades e produtos e, como consequência num mercado oligopolizado, à concentração do setor. Dentro da porteira, o setor produtivo também tem conseguido avanço, no emprego de tecnologias, diversificação de atividades e novas formas de comercialização, com a indústria de insumos e os frigoríficos (CARVALHO; ZEN, 2017). Com a inspeção é possível identificar lesões que podem demonstrar que os órgãos ou ainda carcaças não estão apropriadas ao consumo por trazerem possíveis riscos à saúde humana, por isso quando encontradas essas lesões realiza-se a condenação que pode ser total ou parcial dos órgãos ou carcaças acometidas, causando assim prejuízos aos produtores (ISRAEL et al., 2014). Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo verificar quais as condenações que ocorreram com maior frequência em dois abatedouros frigoríficos de Manaus-AM durante o período de julho de 2017 a julho de 2018.

Material e métodos

Os dados utilizados foram coletados de registros da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF) e compreenderam o período de julho de 2017 a julho de 2018. Os dados coletados estavam armazenados em relatórios nosográficos da ADAF, que autorizou a utilização dos mesmos para o desenvolvimento da pesquisa. Os relatórios analisados foram de dois abatedouros-frigoríficos, onde foram abatidos 92612 animais durante o período de um ano nestes dois locais inspecionados pelo Serviço de Inspeção Estadual (S.I.E), localizados no município de ManausAM. Consta nos relatórios nosográficos os achados post mortem encontrados durante o processo da inspeção. Realizou-se uma análise desses relatórios, onde é mostrada a quantidade de condenações, quais órgãos foram condenados e quais causas de condenação, através da verificação das principais ocorrências de lesões que geraram condenações de órgãos e carcaças. Após a coleta dos dados, foi processada a tabulação dos mesmos em planilhas, do Microsoft EXCEL® Office 365, para posteriormente serem analisados por meio de estatística descritiva, com médias e frequências, organizadas em gráficos e tabelas. As tabelas e gráficos foram feitos de acordo com quantidade de condenações de cada mês do período analisado, verificando os órgãos com maior frequência de condenação, e analisando a porcentagem de causas da condenação dos mesmos. 73


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Resultados e discussão

Foi observado que durante o período do estudo retrospectivo foram abatidos 92.612 bovinos. A partir disso, foi constatado após análise dos relatórios nosográficos que houve 21.241 condenações no total, correspondendo a 23% do total de animais abatidos. Desse montante, identificou-se 11.531 (54,29%) condenações de pulmões, 2.715 (12,78%) condenações de patas, 2.104 (9,91%) condenações de rins, 1.104 (5,20%) condenações de cabeça, 731 (3,44%) condenações de intestinos, 650 (3,06%) condenações de língua, 547 (2,58%) condenações de coração, 296 (1,39%) condenações de estômagos, 1.131 (1,31%) condenações de fígados, 116 (0,55%), condenações de baços, 114 (0,54%) de condenações de útero, 101 (0,48%) condenações de pâncreas e 101 (0,48%) condenações de bexiga. Este estudo corrobora com um estudo semelhante realizado no estado do Acre por Israel et al. (2014) em que os pulmões constituíram os órgãos mais condenados no período em que o estudo foi realizado, um ano (julho de 2012 a junho de 2013) , correspondendo a 36,10% do total condenado, seguido dos rins com 29,66%, fígado (13,46%), cabeça (8,02%), língua (5,72%), coração (4,31%), intestino (1,67) e cauda (1,07). Foram condenados 11.531 pulmões, o que representou 54,29% do total de condenações (gráfico 01), tendo o maior número de condenações nos meses de agosto e setembro de 2017 e abril de 2018. As principais causas de condenações de pulmões bovinos foram por aspiração, aderência de pleura, bronquite, brucelose, congestão, contaminação, contusão, edema, enfisema e tuberculose. Em relação a condenação de pulmões, os dados do presente estudo são semelhantes aos encontrados por Ribeiro (2009), que revelaram que a aspiração de sangue foi a principal causa de condenação (19,53%), seguido de enfisema pulmonar, ocorrendo com uma frequência de 16,51%, onde a porcentagem é diferente, porém, a aspiração é também a principal causa de condenação. Em um estudo feito por Israel et al. (2014) as condenações por falhas tecnológicas, incluindo aspiração de sangue e alimentos (contaminação) e enfisema representaram 71,05% das condenações, sendo semelhante aos resultados do mês de abril do presente estudo, o qual apresenta 71,43% das condenações. Analisando de forma geral é possível verificar que as lesões mais observadas são causadas por erros técnicos durante o abate.

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Gráfico 01. Condenações de pulmões em bovinos abatidos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

PULMÕES 12,00 10,00 8,00 6,00

10,87 9,85

9,42 8,31

8,11

7,94

7,49 7,74 6,30

6,96 6,01 6,84

4,15

4,00 2,00 0,00

Sobre as condenações de patas, no presente estudo, nos meses de setembro, novembro e dezembro de 2017 houveram os maiores números de condenações como mostra o gráfico 02. Essas condenações possivelmente ocorreram devido a falhas durante o transporte ou até mesmo o manejo pré-abate. A maioria das condenações foram causadas por contusão. Em setembro de 2017, 354 patas foram condenadas, sendo 12 (3,39%) condenadas por brucelose, 107 (30,23%) por contaminação, 219 (61,86%) por contusão e 16 (4,52%) por tuberculose. Em novembro de 2017, 303 patas foram condenadas, sendo quatro (1,32%) condenadas por brucelose, 28 (9,24%) por contaminação, 48 (15,84%) por miíases, 40 (13,20%) por tuberculose e 183 (60,4%) condenados por contusão. Em dezembro de 2017, 355 patas foram condenadas. Sendo quatro (1,13%) condenadas por brucelose, 78 (21,97%) por contaminação, 84 (23,66%) por miíases, 28 (7,89%) por tuberculose, 143 (40,28%) por contusão e 18 (5,07%) por abcesso.

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Gráfico 02. Condenações de patas após abate de bovinos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

PATAS 13,08

13,04

14,00

11,16

12,00

10,98

10,50 8,95

10,00 8,00 6,00

4,64 4,75

4,00

5,52

3,54 5,97

5,05

2,84

2,00 0,00

Em um estudo feito por Simões et al. (2013), em São José do Egito-PE, há indicação que as condenações de patas em sua totalidade foram decorrentes de contusões, resultados que corroboram com Ribeiro (2008) onde a maior causa de condenação de patas também foi por traumatismos. As possíveis causas dessas contusões podem estar relacionadas ao estresse dos animais durante o período de transporte, e as possíveis causas de contaminação são quedas do membro no chão e contaminação por fezes (SIMÕES et al., 2013). Foram condenados 2.104 rins, o que correspondeu a 9,91% do total de condenações (gráfico 03), tendo o maior número de condenações nos meses de agosto, novembro de 2017 e abril de 2018. As principais causas de condenação de rins foram por brucelose, cisto urinário, congestão, contaminação, nefrite e tuberculose. No mês de agosto de 2017, 41 (14,2%) condenações por congestão, 27 (9,3%) por contaminação, 124 (42,9%) por nefrite, 85 (29,4%) por cisto urinário, seis (2,1%) por tuberculose e seis (2,1%) por brucelose. No mês de novembro de 2017, 70 (33,02%) condenações por cisto urinário, 16 (7,55%) por 68 (32,08%) por nefrite, 36 (16,98%) por congestão, 20 (9,43%) por tuberculose, dois (0,94%) por brucelose. No mês de abril de 2018, 20 (7,87%) condenações por cisto urinário, 170 (66,93%) por congestão, 20 (7,87%) por contaminação, 32 (12,60%) por nefrite e 12 (4,72%) por tuberculose. 76


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Gráfico 03. Condenações de rins em bovinos abatidos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

RINS 16,00

13,74

14,00

12,07

12,00

8,00

8,32

8,08

8,17

7,65

5,94

6,00 4,00

10,22

10,08

10,00

6,61 3,28

4,09

1,76

2,00 0,00

No presente estudo as condenações dos rins ocorreram por 66,93% de congestão, 42,93% de nefrite e 33,02% cisto urinário, achados de condenações de rins semelhantes aos descritos por Tigre et al. (2012). Estes mesmos autores afirmam que entre patologias encontradas durante avaliação dos rins, a mais frequente foram cistos urinários (45,9%), seguido pela presença de lesões características de nefrite (38,7%) e outras condenações ocorreram devido a alterações circulatórias como congestão (10,2%) e infarto (5,2%). Durante o período de um ano ocorreram 650 condenações de cabeça, sendo que nos meses de julho e outubro de 2017 houve um maior número de condenações 129 e 346, respectivamente como mostra o gráfico 04. No mês de julho de 2017 as condenações foram abcessos responsáveis por quatro (3,10%) das condenações, contaminação 70 (54,26%) das condenações e tuberculose com 55 (42,64%) das condenações. No mês de outubro de 2017 as condenações foram por abcessos totalizando 20 (5,78%) das condenações, brucelose um (0,29%), contaminação totalizando 28 (8,09%), contusão 294 (84,97%) e tuberculose totalizando três (0,87%).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Gráfico 04. Condenações de cabeça de bovinos abatidos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

CABEÇA 35,00

31,34

30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00

11,68

6,16 6,16

4,89

5,98 5,62 7,07 6,79 6,52

3,99 0,82

2,99

0,00

No presente estudo, a maior condenação de cabeça foi devido a contusão (84,97%). Segundo Santos e Moreira (2011) as contusões são causadas por manejo inadequado em qualquer etapa do processo de abate. Foram condenados 731 intestinos correspondentes a 3,44% do total de condenações, tendo o maior número de condenações nos meses de agosto, setembro e novembro de 2017 e janeiro de 2018 (gráfico 05). Além das condenações por tecnopatias e contaminação, ocorreram condenações de intestinos por brucelose, esofagostomose, evisceração retardada e tuberculose. Tendo o maior número de condenações nos meses de agosto, setembro de 2017 e janeiro de 2018. No mês de agosto de 2017 três (2,78%) por brucelose,23(21,3%) por contaminação, três (2,78%) por tuberculose, 77(71,3%) por esofagostomose, duas (1,85%) por evisceração retardada. No mês de setembro de 2017, três (3,6%) por brucelose,35 (42,2%) por contaminação, um (1,2%) por contusão,40 (48,2%) por esofagostomose e quatro (4,8%) por tuberculose. No mês de janeiro de 2018 três (4,2%) por brucelose, dois (2,8%) por contaminação, 58 (81,7%) por esofagostomose e oito (11,3%) por tuberculose.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Gráfico 05. Condenações de intestino em bovinos abatidos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

INTESTINO 16,00

14,77

14,00 11,35

12,00

8,34 6,43

8,00 6,00 4,00

9,71 9,58

9,44

10,00

7,11 6,02

5,88

6,84

2,46 2,05

2,00 0,00

Sobre a condenação de intestinos correspondeu a 3,44% do total de condenações de julho de 2017 a julho de 2018, dado superior ao encontrado por Israel et al. (2014) onde as condenações de intestinos corresponderam a apenas 0,39% do total inspecionado, sendo condenados 553 intestinos durante o período de um ano. Além das condenações por falhas técnicas e contaminações, no presente estudo, este número maior de condenações pode ser explicado porque houveram outras causas como brucelose, esofagostomose, evisceração retardada e tuberculose. Foram condenadas 650 línguas correspondentes a 3,06% do total de condenações (gráfico 06). No mês de julho de 2017 65 (93%) línguas foram condenadas por contaminação e cinco (7%) condenadas por tuberculose. No mês de janeiro, três (4,6%) línguas foram condenadas por abcesso, cinco (7,6%) por actinomicose, três (4,6%) por brucelose, 36 (55,4%) por contaminação, oito (12,3%) por contusão, duas (3,2%) por glossite, e oito (12,3%) por tuberculose. No mês de fevereiro três (4,6%) actinomicose, quatro (6,2%) congestão, 41 (63%) por contaminação e 17 (26,2%) por tuberculose.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Gráfico 06. Condenações de línguas em abate bovino realizado no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

LÍNGUA 12,00

10,77

10,00 8,00

9,54

8,92 7,38

10,00 10,00 9,69 8,46

6,92 7,08

7,54

6,00 2,92

4,00 2,00

0,77

0,00

No presente estudo, as maiores condenações de língua foram por contaminação. Em um estudo feito por Viera (2015) foi relatado que condenações por contaminação podem acontecer respeitando o artigo 165 do RIISPOA, que indica a condenação de carcaças ou de suas frações que se contaminarem por fezes durante a evisceração ou em qualquer outra fase do processo de abate, ou mesmo contato com os pisos ou de qualquer outra forma de contaminação, desde que não seja possível uma limpeza completa. Foram condenados 547 corações, representando 2,58% do total de condenações (gráfico 07), tendo o maior número de condenações nos meses de novembro de 2017, janeiro e março de 2018. No mês novembro de 2017, houveram 24 (40%) condenações por aderência de pericárdio, uma (1,6%) por brucelose, cinco (8,3%) por cistercose, duas (3,4%) por congestão, seis (10%) por contaminação, seis (10%) por enfisema, seis (10%) por pericardite e 10 (16,7%) por tuberculose. No mês de janeiro de 2018, três (4,7%) condenações por brucelose, seis (9,3%) por congestão, 32 (50%) por contaminação, 15 (23,5%) pericardite e oito (12,5%) por tuberculose. No mês de março de 2018, 55 (43,31%) condenações por congestão, três (2,36%) por contaminação, 36 (28,35%) por endocardite, 16 (12,60%) por pericardite, 17 (13,39%) por tuberculose.

80


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Gráfico 07. Condenações de coração em bovinos abatidos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

CORAÇÃO 23,22

25,00 20,00 15,00

11,70

10,97 8,41

10,00 4,39 5,00

6,95

6,76

5,67

8,96

2,93

3,84

4,39 1,83

0,00

Várias foram as causas de condenação de corações neste estudo, no entanto a contaminação e a aderência de pericárdio foram as maiores porcentagens de condenação, o que difere do estudo de Simões et al. (2013) que relataram que a pericardite foi responsável por 100% das condenações de coração, ao estudar as causas de condenação de coração nos matadouros do Mato Grosso. Foram condenados 296 estômagos durante o período do estudo (gráfico 08) correspondentes a 1,39% do total das condenações.

Gráfico 08. Condenações de estômago em bovinos abatidos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

ESTÔMAGO 20,00 18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00

17,23 14,53 9,12

9,80 7,77 5,74

1,01

7,09 7,43 6,76 6,42

6,42 0,68

81


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Foram condenados 1.131 fígados, o que representa 1,31% do total de condenações (gráfico 09), apresentando o maior número de condenações nos meses de agosto, setembro de 2017 e fevereiro de 2018. As principais causas de condenações de fígados foram por abcesso, brucelose, cirrose hepática, congestão, contaminação, contusão, esteatose hepática, hepatite e tuberculose.

Gráfico 09. Condenações de fígado em bovinos abatidos no período de julho de 2017 a julho de 2018 em abatedouros frigoríficos de Manaus-AM.

PORCENTAGEM DE CONDENAÇÕES /MÊS

FÍGADO 14,00 11,49

12,00 10,00

10,79

10,43

9,37

8,00

8,93

8,49

8,40

7,78

6,63 5,13

6,00 4,00 2,00

6,10 3,27

3,18

0,00

Tiradentes et al. (2017) encontraram resultados que se assemelham ao deste trabalho quanto às condenações de fígado, as condenações por telangiectasia corresponderam a 5,2%, bem próximo ao que se verificou em setembro de 2017. Ainda no estudo de Tiradentes et al. (2017) os resultados apresentaram 3,8% por contaminação, resultado bem próximo aos dados obtidos no mês de agosto de 2017 neste estudo; abcessos representaram 2,1% sendo este diferente do resultado encontrado neste estudo. Já os resultados de condenações por cirrose foram de 2,1% resultado bastante inferior aos dados encontrados nesta pesquisa.

Considerações finais

Os órgãos que mais apresentaram condenações foram os pulmões, provavelmente causado por aspiração, seguido pela condenação de patas possivelmente por contaminação e/ou até mesmo contusão. Sugere-se que provavelmente estas condenações ocorreram por falhas no pré-abate ou mesmo durante o abate. 82


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Para que não haja grandes perdas de órgãos no post mortem é necessário que se cumpra a legislação, principalmente para garantir um produto de boa qualidade. Outro fator importante pode ser o manejo incorreto, que acaba promovendo um grande percentual nas condenações. As condenações podem trazer perdas à toda cadeia produtiva, já que a qualidade começa no estabelecimento rural e influencia diretamente na compra pela indústria e consumidor final. Por isto é importante atentar ao bem-estar animal que deve ser respeitado durante todo seu manejo, evitando que os animais sofram o mínimo possível. É papel fundamental ao médico veterinário informar ao produtor que quanto maior o cuidado em todas as etapas produtivas, como manejo, transporte e pré-abate, menor serão os dados causados aos animais e consequentemente as carcaças. O serviço de inspeção em um abatedouro-frigorífico é um instrumento de diagnóstico de enfermidades, inclusive de zoonoses, e o médico veterinário atua como profissional indispensável neste processo. Estudos sobre as condenações de órgãos e carcaças podem auxiliar no reconhecimento de suas principais causas e de formas de reduzi-las, o que consequentemente contribuiria para a diminuição de perdas econômicas e riscos à saúde pública.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) VIEIRA, R.F.; SOUSA, W.M.R.; LIMA, K.F.; NUNES, D.P.; MOREIRA, R.Q. Ocorrência de contaminação em fígado, língua e pulmão de bovinos abatidos sob inspeção federal no município de Araguari, Minas Gerais. ARS Veterinaria, v.31, n.2, p.81-81, 2015.

Recebido em 01/03/2019 Aceito em 18/03/2019

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/85-93/agrariacad Adubação de agrião-da-terra e de rúcula com cinza vegetal1. Fertilization of cress and arugula with vegetal ash Bruna Lorena Machado Bezerra2, Ronaldo Lúcio de Lima Marques Filho2, Daniel Felipe de Oliveira Gentil3* Vinculado ao projeto “Sementes e tecnologias agroecológicas para a agricultura familiar na Amazônia”, MCTI/CTAGRONEGÓCIO/CT-AMAZÔNIA/CNPq - Chamada N°48/2013. 2 Graduando(a) em Agronomia, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil. 3* Departamento de Produção Animal e Vegetal, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil. E-mail: dfgentil@ufam.edu.br 1-

________________________________________________________________________________ Resumo A cinza vegetal pode se tornar uma alternativa para adubação de hortaliças na região metropolitana de Manaus, Amazonas. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de doses de cinza vegetal no crescimento e produção de agrião-da-terra (Barbarea verna) e de rúcula (Eruca sativa). A cinza vegetal apresentou níveis elevados de alcalinidade (pH 11,23), saturação por bases (100%) e capacidade de troca catiônica (15,41 cmolc dm-3), destacando-se o elevado teor de potássio (4.950 mg dm3 ). Contudo, nas condições em que foram conduzidos os experimentos, as doses testadas de cinza vegetal não apresentaram efeitos benéficos adicionais ao desenvolvimento das plantas. Palavras-chave: Barbarea verna, Eruca sativa, resíduos sólidos, adubação orgânica.

Abstract The vegetal ash can become an alternative for fertilization of vegetables in the metropolitan region of Manaus, Amazonas. The objective of this work was to evaluate the effect of doses of vegetal ash on the growth and production of cress (Barbarea verna) and arugula (Eruca sativa). The vegetal ash presented high levels of alkalinity (pH 11.23), base saturation (100%) and cation exchange capacity (15.41 cmolc dm-3), with a high potassium content (4.950 mg dm-3). However, under the conditions in which the experiments were conducted, the tested doses of vegetal ash had no additional beneficial effects on the development of plants. Keywords: Barbarea verna, Eruca sativa, solid waste, organic fertilization.

________________________________________________________________________________

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Introdução

Na produção de hortaliças, é comum o uso de resíduos de origem animal ou vegetal como fonte de nutrientes para as plantas, podendo ser citados o esterco bovino, a cama de aviário, o pó de serra e a palha de arroz. Alternativas para adubação estão sendo buscadas, principalmente voltadas ao aproveitamento de resíduos da atividade industrial local, como a cinza vegetal. A cinza vegetal é um resíduo sólido não muito utilizado na agricultura, que possui alto potencial como fertilizante (TERRA et al., 2014). A cinza vegetal é proveniente da combustão incompleta de madeira, com intuito de gerar calor para diversas finalidades, como a secagem de tijolos e telhas em olarias (BORSZOWSKEI; ANHAIA, 2012). Mas, o destino corrente deste resíduo tem sido o solo, sem considerar critérios técnicos. Conforme BRUNELLI; PISANI JÚNIOR (2006), a disposição da cinza vegetal, por anos no solo, pode causar impactos ambientais significativos, caso não sejam considerados parâmetros agronômicos do solo e da composição do resíduo. A cinza vegetal contém macronutrientes (cálcio, magnésio e potássio) e micronutrientes (cobre, zinco, manganês e ferro) (OSAKI; DAROLT, 1989/1991; BRUNELLI; PISANI JÚNIOR, 2006). O efeito benéfico da cinza vegetal como fertilizante de plantio e, principalmente, fertilizante de cobertura, é resultado da lenta solubilização dos macro e micronutrientes (NOLASCO et al., 2000). Em hortaliças folhosas, estudos com alface evidenciaram que a adição de cinza vegetal aumentou o peso médio e o diâmetro médio de cabeças, o número médio de folhas por planta e a produção total, nas doses de 10 e 15 t ha-1 (DAROLT et al., 1993). E ainda, MARANHA et al. (2012) observaram maior produtividade aplicando 15 t de cinza vegetal ha-1. A capacidade de neutralização da acidez do solo pela cinza vegetal também foi destacada por MALAVOLTA (1989), DEMEYER et al. (2001), BRUNELLI; PISANI JÚNIOR (2006), GUARIZ et al. (2009) e BORSZOWSKEI; ANHAIA (2012). Em cultivo de alface, foram observadas elevação do pH e redução do teor de alumínio trocável, a partir da dose 10 t de cinza vegetal ha-1 (DAROLT et al., 1993). O potássio é um dos macronutrientes mais absorvidos pelas Brassicaceae, juntamente com o nitrogênio (KIMOTO, 1993). Segundo FERNANDES et al. (2013), os fertilizantes potássicos apresentam alto custo para os agricultores familiares, por isso o uso da cinza vegetal é indicado como uma das principais alternativas à aplicação dos fertilizantes comerciais, fornecendo potássio e outros nutrientes (OSAKI; DAROLT, 1989/1991; BRUNELLI; PISANI JÚNIOR, 2006). Entretanto, o emprego da cinza vegetal necessita de maior aprofundamento científico, considerando que os dados publicados sobre suas propriedades são variáveis e generalizados, dependendo de suas características físicas, mineralógicas e químicas (DEMEYER et al., 2001), do teor e da solubilidade das formas químicas do potássio (FERNANDES et al., 2013), e da matéria-prima (madeira) usada na sua geração (OSAKI; DAROLT, 1989/1991). Portanto, a cinza vegetal é um resíduo que pode ser utilizado como fertilizante, mas estudos são essenciais para determinar as quantidades mais adequadas em virtude dos efeitos no solo e na planta, bem como a economicidade de seu uso (OLIVEIRA et al., 2006).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) No Estado do Amazonas, a cinza vegetal resultante da secagem de tijolos e telhas do polo cerâmico dos municípios de Iranduba e Manacapuru pode se tornar uma alternativa para adubação de hortaliças, como o agrião-da-terra (Barbarea verna) e a rúcula (Eruca sativa) — duas folhosas da família Brassicaceae que estão começando a ser cultivadas na região metropolitana de Manaus. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de doses de cinza vegetal no crescimento e produção de agrião-da-terra e de rúcula, em Manaus.

Material e Métodos

Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Experimental (02˚ 37’ 17,1” S e 60˚ 03’ 29,1” O) da Universidade Federal do Amazonas - UFAM, no período de janeiro a maio de 2018, em Manaus. O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo Af – sem estação seca (ALVARES et al., 2013). O solo é da classe Latossolo Amarelo distrófico (SANTOS et al., 2018). A cinza vegetal, oriunda da queima de resíduos vegetais do Distrito Industrial de Manaus páletes de pinheiro e de eucalipto - usada nos ensaios, foi disponibilizada pela empresa Cerâmica Montemar, situada no Km 36 da Rodovia Manoel Urbano, município de Iranduba, Amazonas. As doses de cinza vegetal adotadas nos tratamentos foram baseadas em recomendações feitas para alface (DAROLT et al., 1993; MARANHA et al., 2012). O preparo da área consistiu de roçagem e uma gradagem. Amostras de solo foram coletadas antes da instalação dos experimentos, juntamente com amostras de cinza vegetal, e encaminhadas ao Laboratório de Análise de Solos da Embrapa Amazônia Ocidental. Foram construídos quatro canteiros (6 m de comprimento x 1 m de largura x 0,30 m de altura) para o agrião-da-terra e cinco canteiros (5 m de comprimento x 1 m de largura x 0,30 m de altura) para a rúcula. A cama de aviário (4 kg m-2) e a cinza vegetal foram distribuídas a lanço nas parcelas e posteriormente incorporadas ao solo, quinze dias antes do transplante, com o auxílio de enxadas. Em cada canteiro foi instalada uma cobertura alta com 30% de sombreamento. O delineamento utilizado no ensaio do agrião-da-terra foi o de blocos casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições, tendo um total de 24 parcelas. Cada bloco foi representado por um canteiro e apresentou seis parcelas de 1 m2. Os tratamentos testados foram: 0 g de cinza m-2; 300 g de cinza m-2; 600 g de cinza m-2; 900 g de cinza m-2; 1200 g de cinza m-2; e 1500 g de cinza m-2. O delineamento adotado no experimento de rúcula foi o de blocos ao acaso, com cinco tratamentos e cinco repetições, tendo um total de 25 parcelas. Cada bloco foi representado por um canteiro com cinco parcelas de 1 m2. Os tratamentos estudados foram: 0 g de cinza m-2; 300 g de cinza m-2; 600 g de cinza m-2; 900 g de cinza m-2; e 1200 g de cinza m-2. A semeadura foi realizada em copos plásticos de 250 ml, contendo substrato comercial Vivatto®, sendo usadas sementes das cultivares de agrião-da-terra ‘da terra’ e de rúcula ‘folha larga’. O transplante foi executado aos 25 dias após semeadura, adotando o espaçamento de 25 x 25 cm. Cada parcela foi composta por 16 plantas, sendo que a parcela útil (0,25 m2) foi formada pelas quatro plantas centrais. Os tratos culturais consistiram em irrigações diárias, duas vezes ao dia, e capinas manuais para controle de plantas daninhas. Não foi realizada adubação de cobertura.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Aos 55 dias da semeadura, as quatro plantas centrais de cada parcela foram colhidas, sendo eliminado o sistema radicular, e avaliadas quanto à altura (cm), número de folhas, massa fresca (g) e seca (g) da parte aérea (comercial) por planta e rendimento total de biomassa (kg ha-1). A altura foi mensurada com o auxílio de régua milimetrada. As massas fresca e seca, e o rendimento total de biomassa foram determinados em balança com sensibilidade de 0,001 g. Na verificação da massa seca, as partes aéreas foram acondicionadas em sacos de papel e mantidas em estufa a 70o C, por 48 horas, antes da pesagem. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o software SISVAR versão 5.6. Os dados de número de folhas foram transformados em x0,5, sendo apresentados os dados originais nos resultados. Resultados e Discussão Os resultados da análise química do solo e da cinza vegetal estão apresentados na Tabela 1, sendo a interpretação baseada em TOMÉ JR. (1997) e ALVAREZ V. et al. (1999). O solo apresentou acidez muito elevada (pH < 4,5), enquanto a cinza vegetal mostrou alcalinidade elevada (pH > 7,8). Segundo GUARIZ et al. (2009), a adição de cinzas alcalinas no solo pode melhorar o rendimento dos cultivos por elevar o pH. O efeito corretivo da cinza no solo foi verificado por MAEDA et al. (2008) e TERRA et al. (2014). O solo apresentou níveis baixo de fósforo (2,8 a 5,4 mg dm-3), médio de potássio (41 a 70 mg dm-3), médio de cálcio (1,21 a 2,40 cmolc dm-3) e médio de magnésio (0,46 a 0,90 cmolc dm-3). A cinza vegetal mostrou níveis muito baixo de fósforo (≤ 10 mg dm-3), muito elevado de potássio (> 120 mg dm-3), médio de cálcio (1,21 a 2,40 cmolc dm-3) e muito baixo de magnésio (≤ 0,15 cmolc dm-3). A cinza possui grande quantidade de potássio (MALAVOLTA, 1989; BRUNELLI; PISANI JÚNIOR, 2006; GUARIZ et al., 2009), podendo proporcionar incremento deste nutriente no solo (MAEDA et al., 2008; MARANHA et al., 2012; SILVA et al., 2013). O nível de sódio no solo foi 0,22%, sendo classificado como solo não-salino (< 1,00%); enquanto na cinza, o nível de sódio foi elevado (2,23%). De acordo com GUARIZ et al. (2009), a adição da cinza no solo pode causar o aumento da salinidade, devido ao alto teor de sódio. O nível de alumínio no solo foi classificado como médio (0,51 a 1,00 cmolc dm-3) e o da cinza vegetal como nulo. TOMÉ JR. (1997) ressaltou que o ideal é quando os teores de alumínio no solo são nulos, pois o íon Al3+ geralmente é tóxico às plantas. A acidez potencial (H + Al) foi média no solo (2,51 a 5,00 cmolc dm-3) e nula na cinza vegetal.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Quanto à soma de base (SB), no solo foi classificada como média (1,81 a 3,60 cmolc dm-3) e na cinza vegetal como muito boa (> 6,0 cmolc dm-3). Os valores de CTC efetiva (t) e CTC total (T), no solo foram classificados como médio (2,31 a 4,60 cmolc dm-3) e bom (4,61 a 8,60 cmolc dm-3), respectivamente; enquanto na cinza vegetal, ambos foram muito bons (> 8,00 e > 15,00 cmolc dm-3, respectivamente). A saturação por bases (V) é um excelente indicativo das condições gerais de fertilidade (TOMÉ JR., 1997), sendo baixa (20,1 a 40,0%) no solo e muito boa na cinza vegetal (> 80,0%). MAEDA et al. (2008) observaram que a aplicação de doses de cinza aumentou a saturação por bases no solo. Em relação à disponibilidade de micronutrientes (Fe, Zn, Mn e Cu), o ferro apresentou alta disponibilidade (> 45,0 mg dm-3) no solo e muito baixa (≤ 8,0 mg dm-3) na cinza vegetal. O zinco se mostrou com disponibilidade média (1,0 a 1,5 mg dm-3) no solo e baixa (0,5 a 0,9 mg dm-3) na cinza vegetal. Quanto ao manganês, a disponibilidade no solo e na cinza vegetal foi muito baixa (≤ 2,0 mg dm-3). O cobre apresentou disponibilidade baixa (0,4 a 0,7 mg dm-3) no solo e muito baixa (≤ 0,3 mg/dm-3) na cinza vegetal. O solo mostrou acidez elevada e fertilidade baixa, enquanto a cinza vegetal apresentou alcalinidade, capacidade de troca catiônica e saturação por base elevadas, destacando-se o alto teor do macronutriente potássio. No entanto, a análise de variância não constatou diferença significativa entre os tratamentos aplicados no cultivo de agrião-da-terra, ou seja, as doses de cinza vegetal não afetaram o crescimento e a produção das plantas (Tabela 2). Em média, as plantas apresentaram 19,3 cm de altura, 19 folhas, 19,3 g de massa fresca, 1,6 g de massa seca e rendimento de 6.033 kg ha-1, estando em conformidade com os padrões de comercialização. No cultivo de rúcula, também não houve efeito significativo dos tratamentos em nenhuma das variáveis avaliadas (Tabela 3). Os valores médios obtidos foram 28,4 cm de altura, 13 folhas, 42,6 g de massa fresca, 2,2 g de massa seca e rendimento de 13.472 kg ha-1, mostrando similaridade aos encontrados na literatura (TRANI et al., 1994; HARDER et al., 2005; SOUZA et al., 2014). A cinza vegetal não apresentou efeitos benéficos adicionais ao crescimento e à produção das plantas de agrião-da-terra e de rúcula. De modo similar, DUTRA et al. (2015) não evidenciaram efeitos significativos das doses testadas de cinza vegetal em cultivo de coentro (Coriandrum sativum), atribuindo à interferência da cama de aviário, que apresenta bons níveis nutricionais, para esses resultados. Segundo CFSEMG (1999), o esterco de galinha apresenta, em média, 4,0% de nitrogênio, 4,0% de fósforo e 2,0% de potássio. Os nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas de agrião-da-terra e de rúcula provavelmente tenham sido disponibilizados tanto pelo solo, com níveis médios de potássio, cálcio e magnésio, quanto pela cama de aviário. No caso específico do potássio, somente o solo apresentou o equivalente a 116 kg de K ha-1 (ou 140 kg de K2O ha-1), sendo que a recomendação da ABCSEM (2015) para adubação potássica de rúcula é de 50-150 kg de K2O ha-1, realizada somente em cobertura.

Tabela 2. Valores médios de altura da planta (AP), número de folhas (NF), massa fresca (MF) e massa seca da parte aérea (MS) e rendimento total de biomassa (RT), em cultivo de agrião-daterra (Barbarea verna) com diferentes doses de cinza vegetal. Manaus, 2018. 89


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Cinza vegetal (g m-2)

AP (cm) ns

NF ns

MF (g) ns

MS (g) ns

RT (kg ha-1) ns

0

20,0

18

20,0

1,7

6.550,0

300

19,0

18

17,4

1,5

5.500,0

600

19,3

18

17,7

1,5

6.050,0

900

19,4

20

23,5

1,8

6.800,0

1200

19,1

19

18,9

1,6

5.650,0

1500

18,8

19

18,3

1,7

5.650,0

Média geral

19,3

19

19,3

1,6

6.033,0

CV (%)

4,8

4,3

19,4

13,3

24,3

ns : não significativo pelo teste F.

Tabela 3. Valores médios de altura da planta (AP), número de folhas (NF), massa fresca (MF) e massa seca da parte aérea (MS) e rendimento total de biomassa (RT), em cultivo de rúcula (Eruca sativa) com diferentes doses de cinza vegetal. Manaus, 2018. Cinza vegetal (g m-2)

AP (cm) ns

NF ns

MF (g) ns

MS (g) ns

RT (kg ha-1) ns

0

29,1

14

47,7

2,5

14.240,0

300

27,8

12

43,5

2,3

13.200,0

600

29,6

12

45,3

2,3

14.240,0

900

27,5

13

37,2

2,1

12.640,0

1200

28,4

12

39,8

2,2

13.040,0

Média geral

28,4

13

42,6

2,2

13.472,0

CV (%)

7,2

8,8

27,4

24,6

25,6

ns: não significativo pelo teste F.

Resposta favorável foi encontrada por BONFIM-SILVA et al. (2011), na qual a adubação com cinza vegetal beneficiou o aumento da produção, além de melhorar significativamente o consumo e a eficiência no uso da água pelas plantas de rúcula. Entretanto, MAEDA et al. (2008) também não observaram efeito da aplicação de doses de cinza no desenvolvimento de mudas de Pinus taeda. Mas, a despeito da adição de cinza não ter favorecido e nem prejudicado o crescimento de plantas de Eucalyptus dunnii, SILVA et al. (2013) sugeriram que a cinza vegetal pode ser aplicada ao solo, especialmente em solos com baixos teores de potássio, ao invés de ser disposta em aterros sanitários.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) DAROLT et al. (1993) observaram que doses acima de 20 t ha-1 provocaram declínio na produção comercial de alface. Neste sentido, GUARIZ et al. (2009) salientaram que a aplicação de cinza deve ser criteriosa, uma vez que em doses excessivas pode ser tóxica às plantas. Assim, embora o nível elevado de sódio da cinza vegetal não tenha prejudicado as plantas de agrião-da-terra e de rúcula, o monitoramento da salinidade se faz necessário em estudos futuros. Destarte, é essencial que as pesquisas sejam continuadas, visando estabelecer doses de cinza vegetal benéficas ao desenvolvimento de plantas de hortaliças em solos com baixos teores de potássio e, por conseguinte, aproveitar este resíduo nos cultivos da região.

Conclusão

Nas condições em que foram conduzidos os experimentos, as diferentes doses de cinza vegetal não apresentaram efeitos benéficos adicionais ao crescimento e à produção de agrião-da-terra e de rúcula.

Agradecimentos

À empresa Cerâmica Montemar, pela doação da cinza vegetal, e à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Amazonas, pela concessão das bolsas de Iniciação Científica aos graduandos.

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Recebido em 18/02/2019 Aceito em 18/03/2019

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/94-104/agrariacad Caracterização de acesso de porongo-chuchu (Lagenaria siceraria)1. Characterization of Lagenaria siceraria access Gabriel Silva Leão Ferreira2, Danilo Paulain Cavalcante3, Daniel Felipe de Oliveira Gentil4* Vinculado ao projeto “Sementes e tecnologias agroecológicas para a agricultura familiar na Amazônia”, MCTI/CTAGRONEGÓCIO/CT-AMAZÔNIA/CNPq - Chamada N°48/2013. 2Graduando em Agronomia, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil. 3Mestre em Agronomia Tropical, Horta Cavalcante, Terra Santa, PA, Brasil. 4* Professor Associado III, Departamento de Produção Animal e Vegetal, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil. E-mail: dfgentil@ufam.edu.br 1-

________________________________________________________________________________ Resumo

O porongo-chuchu é uma hortaliça da família das cucurbitáceas, cultivada por agricultores familiares no oeste do estado do Pará, Brasil. O objetivo do trabalho foi descrever as características morfológicas, fenológicas e agronômicas de um acesso desta espécie, proveniente de Terra Santa, PA. O ensaio foi composto por 20 plantas. Os caracteres qualitativos foram descritos, enquanto os quantitativos foram submetidos à análise estatística descritiva. Nas condições em que este estudo foi realizado, a caracterização evidenciou particularidades do acesso, como frutos de formato predominantemente piriforme, polpa sem amargor, floração e frutificação tardias, ciclo longo e elevada produção de frutos por planta. Palavras-chave: variedades locais, variedades tradicionais, variedades crioulas, Cucurbitaceae.

Abstract

Porongo-chuchu is a vegetable of the cucurbit family, grown by family farmers in the western state of Pará, Brazil. The objective of this work was to describe the morphological, phenological and agronomic characteristics of an access of this species, coming from Terra Santa, PA. The study was composed of 20 plants. Qualitative characters were described, while quantitative data were submitted to descriptive statistical analysis. Under the conditions under which this study was carried out, the characterization showed particularities of the access, such as fruits of predominantly piriform shape, pulp without bitterness, flowering and fruiting late, long cycle and high production of fruits per plant. Keywords: local varieties, traditional varieties, landrace varieties, Cucurbitaceae.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Introdução Lagenaria siceraria (Molina) Standley é uma cucurbitácea nativa da África e dispersa mundialmente na época pré-colombiana (STEPHENS, 2012). O nome do gênero Lagenaria vem do grego lagenos ou do latim lagena para garrafa, e o do epíteto específico siceraria do latim sicera, que significa recipiente para beber (BURTENSHAW, 2003). A espécie possui ampla variabilidade de forma e tamanho de frutos, gerada durante os milhares de anos de seleção humana em locais distintos (MELO & TRANI, 2014), indispensável na diferenciação das inúmeras variedades locais (STEPHENS, 2012). É utilizada como fonte alimentar, para fins medicinais, como porta-enxerto, e na fabricação de utensílios e artesanatos diversos (BURTENSHAW, 2003; LEE & ODA, 2003; HARIKA et al., 2012). No Brasil, é plantada por populações tradicionais, como observado entre os Yanomami (Amazonas), que cultivam num pequeno pedaço de roça também o jamarú (RE et al., 1984). A denominação jamarú é comum ainda no município de Borba (Amazonas), cujos frutos secos eram usados para transportar e armazenar água. Jamáru é um vocábulo da língua geral (ou nheengatu) que significa cabaça, espécie de planta cultivada para fazer recipientes (GRENAND & FERREIRA, 1989). Ademais, vem sendo cultivada por agricultores familiares no Amazonas, Pará, Maranhão, Pernambuco (QUEIROZ, 1993), Bahia (ASSIS et al., 2012), São Paulo, Paraná (PRIORI et al., 2010) e Rio Grande do Sul (CANCELIER et al., 2017), entre outros estados brasileiros. Para usos artesanal e industrial, são empregadas as cabaças amargas, também conhecidas por calabaça, porunga ou porongo (MELO & TRANI, 2014). No sul do país, a produção de porongo é destinada principalmente à confecção de cuias (CANCELIER et al., 2017), recipiente usado no preparo e consumo do chimarrão (MACIEL, 2007), representando uma fonte de renda aos agricultores da região (CANCELIER et al., 2017). Mas, surpreendentemente, apesar de seu valor econômico e cultural, a espécie é tratada como cultivo de menor importância (MELO & TRANI, 2014). Para consumo humano, utiliza-se a cabaça não amarga, também conhecida por cachi ou cabaça doce, cujos frutos imaturos e tenros são consumidos principalmente cozidos ou refogados, como na forma de picles ou doce ralado (MELO & TRANI, 2014). De acordo com Barbieri et al. (2006), no Rio Grande do Sul, existem acessos conhecidos por chuchu-porongo, cujo fruto imaturo é consumido cozido em molho, com carne moída, ou à milanesa. Em alguns municípios do Amazonas e Pará, particularmente do Baixo Amazonas, a espécie é cultivada como hortaliça. No Amazonas, uma variedade local de frutos alongados, nominada de maxixe-de-metro, maxixão, pepino-de-metro ou abóbora-d’água, é plantada em Manaus, Iranduba,

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Parintins e Barreirinha. Em Terra Santa, Pará, também é cultivada outra variedade local de frutos piriformes, conhecida por porongo-chuchu. Os frutos destas variedades são usados no preparo de cozidos de carnes e sopas, entre outras receitas. A origem das variedades cultivadas na região norte do Brasil é desconhecida, embora se saiba que agricultores mantenham essas variedades, selecionando frutos no próprio cultivo e conservando as sementes dentro deles até o próximo plantio. De maneira similar, no Rio Grande do Sul, ao final de cada colheita, os agricultores selecionam os frutos e os guardam à sombra, deixando as sementes armazenadas deste modo até a semeadura (CANCELIER et al., 2017). As variedades locais, tradicionais ou crioulas, vêm sofrendo forte pressão de erosão genética, decorrente da substituição pelas cultivares comerciais ou abandono do cultivo pelos agricultores (QUEIROZ, 1993; SILVA et al., 2010). O resgate, multiplicação, caracterização, avaliação, conservação e uso deste germoplasma são essenciais para assegurar a manutenção da variabilidade genética (DIAS et al., 2008). Nos estudos de pré-melhoramento vegetal, as etapas de caracterização e avaliação contribuem para identificar a variabilidade genética de acessos oriundos de bancos de germoplasma ou de amostras de populações naturais (BORGES et al., 2011) ou cultivadas, sem deixar lacunas quanto à efetiva documentação e informação sobre sua origem, características e potencial de uso (VILELA-MORALES & VALOIS, 2000). A caracterização morfológica e agronômica de acessos serve como importante instrumento para eliminar duplicidades (GUSMÃO & MENDES NETO, 2008) e para identificar genótipos promissores para futuras ações em programas científicos e de desenvolvimento (VILELAMORALES & VALOIS, 2000). Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi descrever as características morfológicas, fenológicas e agronômicas de um acesso de porongo-chuchu (Lagenaria siceraria), proveniente de Terra Santa, PA, Brasil.

Material e Métodos

O ensaio foi conduzido no laboratório do Setor de Olericultura e em campo na Fazenda Experimental (02˚ 37’ 17,1” S e 60˚ 03’ 29,1” O) da Universidade Federal do Amazonas, no período de março a dezembro de 2018, em Manaus. O clima da região, conforme a classificação de Köppen, é do tipo Af – sem estação seca (ALVARES et al., 2013). O solo é ácido (pH 4,33) e da classe Latossolo Amarelo. Foi avaliado um acesso de porongo-chuchu, cujas sementes são oriundas do município de Terra Santa/PA e mantidas na coleção do Setor de Olericultura.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O preparo da área foi por roçagem e uma gradagem, além de adição de 200 g de calcário dolomítico/m2, aos 30 dias antes do transplante. As covas (30 x 30 x 30 cm) foram abertas com enxada, adotando o espaçamento 5 m x 5 m. A adubação de plantio consistiu de 1 litro de cama de aviário, 1 litro de composto orgânico e 300 de NPK 4-14-8/cova, aos 15 dias antes do transplante. As mudas foram formadas em copos plásticos de 280 ml, contendo o substrato comercial Vivato, com adição de uma semente por copo. O transplante foi feito aos 20 dias da semeadura. O ensaio foi composto por 20 plantas, baseado em Bisognin & Estefanel (1988) e IPGRI (2003), por tratar da caracterização de apenas um acesso. Na adubação de cobertura foram usados 7,5 kg ha-1 de N, 30 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O, conforme Bisognin et al. (1999), parcelados em três vezes, sendo a primeira realizada 15 dias após o transplante e as duas sequenciais no intervalo de 30 dias, mas sem o P2O5 (FILGUEIRA, 2003). A capina foi realizada periodicamente e a irrigação conforme a necessidade. As características avaliadas foram: hábito de crescimento; presença ou ausência de gavinhas; formato e pilosidade das folhas; cor das pétalas; expressão sexual; formato dos frutos; formato da base e do ápice dos frutos; textura do epicarpo; cor externa do epicarpo; preenchimento da cavidade interna dos frutos; cor interna do epicarpo, mesocarpo e endocarpo; comprimento, largura basal, largura apical, espessura do epicarpo e massa fresca dos frutos no ponto de maturidade horticultural (ponto de colheita como hortaliça); tempo para florescimento, início da colheita e senescência das plantas; coloração, textura e formato das sementes (ESQUINAS-ALCAZAR & GULICK, 1983; MELO & AZEVEDO FILHO, 2003). A colheita dos frutos no ponto de maturidade horticultural foi realizada uma vez por semana, entre 10-15 dias após a antese (MELO & TRANI, 2014). Para descrição das sementes, no final do período de colheita, os frutos remanescentes foram colhidos maduros ou quase secos, apresentando pedúnculo com coloração marrom ou marrom-escura (TREVISOL, 2013). Os caracteres qualitativos foram descritos, enquanto os quantitativos foram submetidos à análise estatística descritiva, para obtenção de porcentagens, médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos.

Resultados e Discussão

As plantas do porongo-chuchu apresentam hábito de crescimento indeterminado (Figura 1a), podendo ser prostrado ou trepador, e possuem gavinhas bífidas (Figura 1b). As gavinhas podem facilitar a fixação das plantas na superfície do solo ou em tutores, como ocorre em outras cucurbitáceas 97


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) (FILGUEIRA, 2003). No entanto, segundo Melo & Trani (2014), por causa do custo elevado do tutoramento, geralmente o cultivo é rasteiro.

a b

Figura 1. Planta de porongo-chuchu (L. siceraria), na fase inicial do desenvolvimento vegetativo (a), e detalhe da gavinha bífida (b).

As folhas são cordiformes, pentalobadas, com lobos rasos, base cordada, ápice obtuso, margens inteiras (Figura 2) e faces densamente pilosas, similarmente ao registrado por Burtenshaw (2003) e

0,5 cm

Stephens (2012).

Figura 2. Folhas de porongo-chuchu (L. siceraria). 98


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

As flores possuem pétalas brancas. As plantas são monóicas, com predominância de flores masculinas (Figuras 3a) sobre as flores femininas (Figuras 3b), e ocorrência esporádica de flores hermafroditas (Figuras 3c), consoante ao afirmado por Trevisol (2013). A antese ocorre à noite e as flores permanecem abertas até as primeiras horas da manhã. De acordo com Melo & Trani (2014), a espécie é alógama e a polinização é entomófila, sendo que a polinização noturna é feita por mariposas e a diurna por abelhas. A flor feminina diferencia-se da masculina pelo ovário, cujo formato remete ao fruto, enquanto a flor hermafrodita apresenta ovário mal formado ou rudimentar. As flores masculinas surgiram aos 68 dias após a semeadura (DAS), as femininas aos 78 DAS e as hermafroditas aos 90 DAS, sendo o início da floração mais demorado que o observado por Trevisol (2013). Santos et al. (2010) também verificaram diferenças nos inícios de floração, entre épocas de semeadura de uma população de L. siceraria do Rio Grande do Sul, atribuindo a prolongação dos estágios fenológicos a diferenças nas

a

b

c

0,5 cm

condições ambientais.

Figura 3. Flores de porongo-chuchu (L. siceraria): masculinas (a), femininas (b) e hermafroditas (c).

Os frutos de L. siceraria são do tipo bacóide, apresentando ampla variabilidade de formato (SILVA et al., 2002; MLADENOVIĆ et al., 2012; TREVISOL, 2013; Delgado-Paredes et al., 2014; Valduga, 2017). No acesso de porongo-chuchu, os frutos são majoritariamente de formato piriforme (99,3% - Figura 4a), embora ocorram oblongos (0,7% - Figura 4b); a base é obtusa (75,3%) ou aguda (24,7%); e o ápice é plano (90,9%) ou obtuso (9,1%). Melo & Azevedo Filho (2003), avaliando acessos de L. siceraria de frutos comestíveis, verificaram que dois apresentaram formato piriforme e três formato elíptico. 99


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

a

b

Figura 4. Frutos de porongo-chuchu (L. siceraria): formato piriforme (a) e oblongo (b)

A textura do epicarpo do porongo-chuchu é lisa. A cor externa do epicarpo variou entre verdeescura (73,5%), verde-médio (20,8%) e verde-clara (5,7%). Os acessos de L. siceraria de frutos comestíveis, analisados por Melo & Azevedo Filho (2003), apresentaram geralmente casca lisa e coloração verde-clara. A coloração interna do epicarpo, mesocarpo e endocarpo do porongo-chuchu não mostrou variação entre os frutos, sendo verde-médio, verde-clara e branca, respectivamente. A cavidade interna do fruto é totalmente preenchida por sementes envolvidas pelo endocarpo. Os frutos de L. siceraria apresentam grande variação de tamanho (MLADENOVIĆ et al., 2012; VALDUGA, 2017). No ponto de maturidade horticultural (ponto de colheita como hortaliça), os frutos de porongo-chuchu mostraram as seguintes dimensões: 15,4 ± 1,8 cm de comprimento (valor mínimo de 10,0 cm e máximo de 20,0 cm); 5,7 ± 1,1 cm de largura basal (valor mínimo de 3,2 cm e máximo de 9,5 cm); 10,3 ± 1,7 cm de largura apical (valor mínimo de 7,3 cm e máximo de 17,8 cm); 4,6 ± 1,8 mm de espessura do epicarpo (valor mínimo de 0,4 mm e máximo de 9,7 mm); e 1.183 ± 292 g de massa fresca dos frutos (valor mínimo de 480 g e máximo de 1.960 g). A polpa do porongo-chuchu não é amarga, sendo esta característica determinante para o consumo humano. Melo & Azevedo Filho (2003) recomendaram cinco acessos de L. siceraria como próprias ao consumo devido à ausência de amargor. O número médio de frutos por planta de porongo-chuchu foi de 27 unidades, sendo superior ao rendimento dos acessos de L. siceraria relatados por Melo & Azevedo Filho (2003) e Harika et al. (2012). Valduga (2017), entretanto, verificou um acesso oriundo do Rio Grande do Sul, com produção de 34 frutos por planta. 100


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) A colheita do porongo-chuchu foi iniciada aos 95 DAS e perdurou por 133 dias, momento em que as plantas já estavam em senescência, apresentando frutos maduros ou quase secos. O ciclo das plantas, desde a semeadura até a senescência, foi de 228 dias, sendo mais prolongado que o de algumas populações de L. siceraria cultivadas no Rio Grande do Sul, que possuem ciclo de 120-130 dias (BISOGNIN & MARCHEZAN, 1988; BISOGNIN et al., 1992) ou 195 dias (TREVISOL, 2013). As informações fenológicas são úteis na preparação e antecipação de procedimentos técnicos que forem necessários ao cultivo dos acessos da espécie (TREVISOL, 2013). As sementes de porrongo-chuchu (Figura 5) possuem tegumento de coloração marrom-médio e textura corticosa. O formato é retangular, com ápice truncado e base obtusa ou cuneada. Apresentam linhas longitudinais não pubescentes na porção central e sulcos longitudinais nas bordas. Parte desta descrição está em conformidade com a realizada por Melo e Azevedo Filho (2003), em que relataram

0,5 cm

que as sementes são grandes, com textura corticosa, cor marrom e formato característico.

Figura 5. Sementes de porongo-chuchu (L. siceraria).

No norte do Peru, devido à grande diversidade de formas de frutos e de sementes nos acessos coletados, Delgado-Paredes et al. (2014) sugeriram a ocorrência das duas subespécies de L. siceraria na região. As sementes das variedades de L. siceraria ssp. siceraria possuem cores escuras, não apresentam prolongamentos laterais no ápice e nem linhas longitudinais pubescentes ao longo das extremidades, mas têm alas laterais (BURTENSHAW, 2003; MLADENOVIĆ et al., 2012). Considerando estas características, provavelmente o porongo-chuchu pertença a esta subespécie; todavia, são necessários estudos adicionais para confirmar esta suposição. 101


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Conclusão

Nas condições em que este estudo foi realizado, a caracterização evidenciou particularidades do acesso de porongo-chuchu, como frutos de formato predominantemente piriforme, polpa sem amargor, floração e frutificação tardias, ciclo longo e elevada produção de frutos por planta. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa de Iniciação Científica ao primeiro autor.

Referências bibliográficas

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Recebido em 18/02/2019 Aceito em 18/03/2019

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/105-117/agrariacad Degradação de moléculas herbicidas no solo sob diferentes temperaturas. Degradation of the herbicides molecules in soil under different temperatures Viviane Wruck Trovato1*, Rômulo Penna Scorza Júnior2 - Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais/Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS - CEP 79804-970 – Dourados/MS - Brasil, E-mail: viviane.wruck.trovato@gmail.com 2 - Embrapa Agropecuária Oeste e Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais/Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS - Dourados/MS – Brasil. 1*

________________________________________________________________________________ Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes temperaturas sobre a degradação das moléculas dos herbicidas ametrina, hexazinona e diurom em um Latossolo Vermelho Distroférrico típico incubado a 25, 35, 40 e 45 °C, com umidade de 70% da capacidade de campo. Os herbicidas diurom e hexazinona se mostraram mais persistentes em condições de temperatura mais amena (25°C). Já a ametrina, demonstrou maior persistência no solo em condições de temperatura mais elevada (45°C). Os valores de meia-vida para os três herbicidas avaliados nas diferentes temperaturas variaram de 24 a 77 dias para a ametrina, de 30 a 77 dias para a hexazinona e de 32 a 99 dias para o diurom. Palavras-chave: ametrina, hexazinona, diurom, persistência no solo Abstract The objective of this work was to evaluate the effect of different temperatures on the degradation of ametryn, hexazinone and diuron molecules in a typical Dystroferric Red Latosol incubated at 25, 35, 40 and 45°C, with soil moisture of5 70% of field capacity. Diuron and hexazinone herbicides were more persistent under warmer temperature conditions (25°C). On the other hand, ametryn showed higher persistence in the soil at higher temperature (45°C) conditions. The half-life values for the three herbicides at different temperatures ranged from 24 to 77 days for ametryn, 30 to 77 days for hexazinone and 32 to 99 days for diuron. Keywords: ametryn, hexazinone, diurom, persistence in soil

________________________________________________________________________________

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Introdução Diversos processos podem influenciar o comportamento ambiental dos defensivos agrícolas nos diferentes compartimentos ambientais (por exemplo, solo e água), como a sorção, lixiviação, volatilização, fotodegradação, degradação química, microbiológica, escoamento superficial e a absorção pelas plantas (AL-MAMUN, 2017). Entre estes processos, a degradação é de fundamental importância na redução dos níveis de resíduos dos defensivos agrícolas nos solos, que além dos impactos ao meio ambiente, podem causar danos à saúde humana (LOPES et al., 2018; KIM et al., 2017). Na degradação, a estrutura destes compostos é transformada com a quebra das suas moléculas, de forma biótica ou abiótica, tornando-as, na maioria dos casos, menos tóxicas que as moléculas originais (FENNER et al., 2013). Os três principais tipos de degradação de defensivos agrícolas são a fotodegradação, a degradação química e a microbiológica (GAVRILESCU, 2005). A fotodegradação ocorre com a presença da luz, onde pode provocar a quebra dos compostos em moléculas menores de menor toxicidade, sendo a principal reação à oxidação (BURROWS et al., 2002). A degradação química consiste na quebra de moléculas nas quais organismos não estejam envolvidos, como, por exemplo, a hidrólise e a oxi-redução (ZENG et al., 2012). A degradação microbiológica é realizada pelos microrganismos do solo, por dois principais processos: i) o metabolismo, em que o agrotóxico serve como fonte de energia e ii) o co-metabolismo, onde os microrganismos se desenvolvem em função de outro substrato, produzindo enzimas que podem modificar a molécula dos agrotóxicos (SINGH, 2017). De maneira geral, índices de degradação dos agrotóxicos podem variar no solo, conforme o sistema de manejo agrícola, adaptação microbiológica no ambiente, variação de umidade e temperatura, propriedades físicas e químicas, bem como as propriedades do agrotóxico (SCORZA JÚNIOR; FRANCO, 2013; PORTILHO et al., 2015; AL-MAMUN, 2017). O uso intensivo destes produtos pode caracterizar uma importante fonte de contaminação ambiental do solo (CALDERON et al., 2016) e dos recursos hídricos (PORTUGAL et al., 2017). A persistência de um herbicida no solo é caracterizada pela meia-vida, que é definida como o tempo necessário para que ocorra a degradação de 50% da quantidade inicial do herbicida aplicado (SOUZA, 2016). Estudos em solos brasileiros têm mostrado que a meia-vida da ametrina variou de 28 a 49 dias (SILVA, 2016), a da hexazinona de 83 a 182 dias (SOUZA, 2016) e do diuron de 40 a 91 dias (ROCHA et al., 2013). Estes compostos são importantes no controle de plantas daninhas, com destaque nas lavouras da cultura de cana-de-açúcar (LORENZI, 2014; LEWIS et al., 2016). Por outro lado, estudos específicos envolvendo a cinética de degradação destes herbicidas em relação à temperatura no ambiente solo são limitados. Informações sobre meia-vida desses compostos em relação à temperatura são importantes dados de entrada de simuladores utilizados na Avaliação de Risco Ambiental (ARA) de agrotóxicos, mais especificamente na etapa de caracterização da exposição aonde se faz uso de simuladores para gerar estimativas de concentrações ambientais. Autoridades regulatórias no Brasil iniciaram recentemente o uso da ARA de agrotóxicos no processo regulatório, sendo assim de grande importância a geração de dados como, por exemplo, de cinética de degradação de herbicidas, em condições de solo brasileiros. Diante do exposto e devido à falta de informações sobre a cinética de degradação dos herbicidas ametrina, hexazinona e diurom em solos usualmente cultivados com cana-de-açúcar no estado de Mato Grosso do Sul, objetivou-se neste trabalho avaliar a influência da temperatura na degradação desses herbicidas em um Latossolo Vermelho Distroférrico típico, na região de Dourados, MS. 106


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Material e Métodos Amostras compostas de um Latossolo Vermelho Distroférrico típico (LVdf) de textura argilosa (SANTOS et al., 2006) foram coletadas nos dias 10/04/2017 e 05/07/2017 no campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, Mato Grosso do Sul (22°16'26,6"S 54°48'50,6"W). Para as amostras compostas, subamostras foram coletadas de forma aleatória na profundidade de 0-20 cm, com o auxílio de um trado holandês. Após a coleta, as subamostras foram secas ao ar em casa de vegetação, destorroadas manualmente e peneiradas em malha de 2 mm. Os principais atributos do solo são mostrados na Tabela 1. Tabela 1. Atributos físicos e químicos do Latossolo Vermelho Distroférrico típico da área experimental em Dourados, MS. Prof. CO pH pH Areia Silte Argila (cm)

(g kg-1)

(H2O)

(CaCl2)

(g kg-1)

(g kg-1)

(g kg-1)

0-30

19,4

5,8

5,1

134

127

739

50-70

17,2

5,9

5,3

117

111

772

Para determinação da umidade do solo pelo método gravimétrico em laboratório, pesou-se 100g de solo úmido que foi transferido para recipientes de alumínio. Em seguida, os recipientes foram pesados e levados para estufa de secagem com temperatura de 105°C durante 24 horas. Após esse período, quantificou-se a água perdida pesando-se novamente os recipientes para avaliara quantidade de água perdida. Essa determinação foi realizada em triplicata. A capacidade de campo utilizada foi de 70%. As soluções estoques dos herbicidas ametrina, hexazinona e diurom, na concentração de 1 mg -1 mL , foram preparadas dissolvendo-se 10 mg de cada padrão, separadamente, em 10 mL de acetona grau HPLC e armazenadas individualmente em freezer a -20°C. Os padrões analíticos de ametrina, hexazinona e diurom apresentaram valores de pureza de 98,5%, 99,9 e 99,6%, respectivamente. A partir da solução estoque foram feitas novas soluções em metanol grau HPLC (High performance liquid chromatography) para construção da curva analítica nas concentrações de 0,2; 0,5; 1,0; 2,0; 5,0; 10 ng μL-1, para cada herbicida. Essas concentrações foram utilizadas para a construção da curva analítica. A partir das soluções estoques também foram obtidas as soluções de trabalho, na concentração de 10 ng μL-1 em metanol grau HPLC, que foi posteriormente utilizada para as fortificações das amostras de solo no experimento de degradação. Para incubação das amostras de solo pesou-se 50g de solo seco que foram acondicionados em béqueres de 100 mL. Essas amostras de solo foram, anteriormente à pesagem, pré-incubadas por um período de sete dias para recuperação da atividade microbiana. A fortificação das amostras de solo foi realizada no dia 04/05/17 para as temperaturas de 35, 40 e 45 °C e no dia 11/07/17 para a temperatura de 25 °C, utilizando-se dos produtos comerciais dos herbicidas ametrina, cuja marca comercial é Gesapax 500® 500g i.a. L-1, hexazinona (Magnus BR® 800 g i.a. kg-1) e diurom (Belo BR® 500 g i.a. L-1). Na fortificação foram adicionadas ao solo, separadamente, 8,3 μg de ametrina e diurom e 7 μg de hexazinona, em cada béquer. Essas quantidades correspondem à quantidade necessária para quantificação dos herbicidas dentro do limite de quantificação ao fim dos 55 dias de incubação. 107


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Em seguida, as amostras de solo em cada béquer foram individualmente homogeneizadas com colheres descartáveis. A umidade em cada amostra de solo foi ajustada a 70% da CC utilizando-se água ultrapura (condutividade de 0,5 μS cm-1 e resistividade de 18 mΩ). Os béqueres foram devidamente tampados com papel alumínio com furos na parte superior para manutenção das trocas gasosas e assim da condição aeróbica do meio. As amostras foram acomodadas em incubadoras do tipo BOD na ausência de luz e em condições controladas de temperatura de 25, 35, 40 e 45°C. A umidade do solo foi mantida constante, repondo-se diariamente as perdas de umidade com água ultrapura. O experimento foi conduzido por 55 dias, sendo as amostras retiradas em duplicatas das incubadoras nos tempos de 0, 3, 6, 9, 15, 27, 40, 55 dias após a fortificação. Para extração dos herbicidas do solo, cada amostra no béquer (50 g) foi totalmente transferida para um erlenmeyer de 250 mL com tampa. Em seguida, adicionou-se 100 mL de metanol grau HPLC, deixando-as em mesa agitadora a 216 rpm por uma hora. Após essa etapa, as amostras foram colocadas em repouso por duas horas e, em seguida, parte da fração líquida (50 mL) foi retirada com pipeta de vidro e transferida para balões volumétricos que foram levados a rotaevaporador até que o mesmo ficasse totalmente seco, sendo seu extrato retomado com 4 mL de metanol grau HPLC e filtrado em filtro de seringa de celulose regenerada de 0,45 µm, para armazenamento em vials a -20°C até o momento da quantificação. Para identificação e quantificação dos três herbicidas utilizou-se cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE), com detector de arranjo de diodos (DAD), modelo Varian 920-LC e equipado com coluna de fase reversa C-18 Pursuit XRs (25 cm x 4,6 mm x 5 μm) e pré-coluna C-18 Pursuit XRs (2,5 cm x 4,6 mm x 5 μm). Para eluição utilizou-se fase móvel em sistema de gradiente com: 40% de acetonitrila e 60% de água acidificada (H3PO4 0,1% v/v) de 0 a 8 min; 100% de acetonitrila de 8 a 17 min e 40% de acetonitrila e 60% de água acidificada (H3PO4 0,1% v/v) de 17 a 25 min. O fluxo foi de 1 mL min-1 e o volume de injeção de 20 μL. A temperatura do forno da coluna foi de 40°C e o comprimento de onda de leitura das amostras foi de 221 nm para ametrina, 246 nm para hexazinona e 250 nm para diurom. O tempo de análise foi de 25 minutos e os tempos de retenção do ametrina, hexazinona e diurom, nessas condições, foram de 5,24, 6,80 e 13,36 minutos, respectivamente. O limite de quantificação para os três herbicidas foi de 0,016 μg g-1. As recuperações médias dos três herbicidas foram de 93,6; 87,8 e 91,0% para a ametrina, hexazinona e diurom, respectivamente. Os dados de degradação foram ajustados ao modelo de cinética de primeira ordem e ao modelo de cinética de primeira ordem multicompartimental (GUSTAFSON & HOLDEN, 1990), utilizando o programa SigmaPlot® versão 12.5 pelo método do ajuste de regressão não linear. O modelo de cinética de primeira ordem é dado por: C = C0 . e−kt

(1)

onde: C = quantidade do agrotóxico no solo no tempo t (%). C0 = quantidade do agrotóxico aplicado ao solo no tempo 0 (%) k = taxa de degradação (dia-1) t = tempo (dias) O modelo de cinética de primeira ordem multicompartimental (GUSTAFSON e HOLDEN, 1990) é dado por: C = C0 ∙ (1 + β ∙ t)−α

(2)

108


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) em que: α = parâmetro adimensional β = parâmetro (dia-1) A qualidade do ajuste dos dados observados aos dois modelos testados foi feita com base na análise visual, no coeficiente de determinação (R2), na significância dos parâmetros dos modelos pelo teste t a 5% e na análise dos resíduos padronizados (NETER et al., 1996). Os tempos de meia-vida (TD50) da ametrina, hexazinona e diurom foram estimados para os modelos de cinética de primeira ordem e de cinética de primeira ordem multicompartimental, respectivamente, por: TD50 =

0,693

(3)

k 1

1

TD50 = β (2(α) − 1)

(4)

Resultados e Discussão Os valores dos coeficientes de determinação (R2) do ajuste dos dados de degradação variaram de 0,53 a 0,93 para o modelo de cinética de primeira ordem (CPO) e de 0,79 a 0,95 para o modelo de cinética de primeira ordem multicompartimental (CPOM) (Tabelas 2 e 3). Para todos os herbicidas e temperaturas avaliadas, os valores de R2 do modelo CPOM foram superiores ao CPO, indicando assim a superioridade do modelo CPOM em descrever a cinética de degradação dos herbicidas. Tabela 2. Parâmetros (± erro padrão) do modelo de cinética de primeira ordem (CPO) para os herbicidas ametrina, hexazinona e diurom em diferentes temperaturas. CPO Herbicidas T (°C) TD50 (dia) R2 M0 (%) K (dia-1) 25 88,09±4,69* 0,029±0,004* 24 0,84 35 75,75±4,91* 0,015±0,004* 46 0,58 Ametrina 40 82,49±4,29* 0,021±0,003* 33 0,78 45 82,22±3,98* 0,009±0,002* NE 0,53 25 95,33±2,52* 0,009±0,001* NE 0,79 35 80,92±4,07* 0,012±0,003* 58 0,63 Hexazinona 40 91,32±2,41* 0,019±0,002* 36 0,93 45 91,18±3,43* 0,023±0,003* 30 0,89 25 94,56±1,80* 0,007±0,0009* NE 0,83 35 85,06±3,52* 0,017±0,002* 41 0,80 Diurom 40 82,23±3,82* 0,018±0,003* 39 0,79 45 78,91±5,48* 0,022±0,005* 32 0,67 * Significativo pelo teste t a 5%.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Tabela 3. Parâmetros (± erro padrão) do modelo de cinética de primeira ordem multicompartimental (CPOM) para os herbicidas ametrina, hexazinona e diurom em diferentes temperaturas. CPOM Herbicidas T (°C) TD50 (dia) R2 M0 (%) α (-) β (dia) 25 100,76±4,82* 0,57±0,16* 0,16±0,09ns 15 0,92 ns 35 99,95±2,78* 0,16±0,02* 4,06±2,53 19 0,95 Ametrina ns 40 99,73±3,95* 0,31±0,06* 0,48±0,24 17 0,93 ns 45 100,13±3,64* 0,12±0,02* 2,24±1,93 0,88 ns ns 25 99,05±3,96* 0,31±0,21 0,06±0,07 0,79 ns 35 99,93±3,57* 0,15±0,03* 1,90±1,37 50 0,91 Hexazinona ns ns 40 94,64±3,29* 1,12±0,71 0,03±0,02 33 0,93 ns 45 98,93±4,28* 0,67±0,24* 0,08±0,05 23 0,92 ns 25 100,46±1,95* 0,17±0,04* 0,16±0,09 0,93 ns 35 99,47±3,33* 0,27±0,05* 0,39±0,19 29 0,94 Diurom ns 40 99,20±3,79* 0,26±0,05* 0,62±0,33 22 0,93 ns 45 99,90±4,65* 0,28±0,06* 0,86±0,54 13 0,91 ns * Significativo pelo teste t a 5% Não significativo pelo teste t a 5%. Esta superioridade do modelo CPOM também é observada nas Figuras 1, 2 e 3, por meio de análise visual. Para ambos os modelos, considerando todos os herbicidas e temperaturas, mais de 90% dos resíduos padronizados ficaram entre 2 e -2. O modelo de CPOM descreve uma degradação bifásica, que se caracteriza por uma degradação inicial rápida do agrotóxico no solo, seguida por uma mais lenta (FOCUS, 2006). Pesquisas envolvendo a degradação de herbicidas em solos têm mostrado a necessidade de modelos bifásicos para descrever a cinética de degradação e o efeito da temperatura na taxa de degradação de agrotóxicos (BRUM et al., 2013; MARCHESAN, 2016). Diversos são os fatores que podem levar à degradação bifásica de herbicidas em solos como, por exemplo: a) decréscimo da concentração do herbicida na fase líquida do solo ao longo do tempo devido aos processos de sorção e difusão em condições de não equilíbrio (PIGNATELLO, 2000); b) diminuição da atividade microbiana nas amostras de solos incubadas durante os estudos de degradação, em função da diminuição de fontes de carbono e outros nutrientes (ANDERSON, 1987); c) variabilidade espacial em nível microscópico das taxas de degradação (GUSTAFSON & HOLDEN, 1990).

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Figura 3. Degradação do diurom em um Latossolo Vermelho Distroférrico típico em Dourados, MS, incubado a 25, 35, 40 e 45°C. As estimativas dos valores de meia-vida (TD50) (Tabelas 2 e 3) do herbicida ametrina, nas quatro temperaturas, variaram de 24 a 46 dias com base no modelo de CPO e de 15 a 19 dias para o modelo de CPOM. Já para a hexazinona, os valores de TD50 nas quatro temperaturas variaram de 30 a 58 dias com base no modelo de CPO e de 23 a 50 dias para o modelo de CPOM. Para o diurom, os valores de TD50 nas quatro temperaturas variaram de 32 a 41 dias com base no modelo de CPO e de 13 a 29 dias para o modelo de CPOM (Tabelas 2 e 3). Diante da superioridade do modelo de CPOM em descrever a cinética de degradação de todos os herbicidas nas diferentes temperaturas, gerando estimativas de TD50 mais precisas, decidiu-se por considerar na comparação da persistência dos herbicidas, nas condições estudadas, apenas os valores de TD50 obtidos pelo modelo de CPOM. Para a temperatura de 25°C não foi possível estimar os valores de TD50 para os herbicidas hexazinona e diurom, já que as quantidades remanescentes desse herbicida não atingiram 50% da dose aplicada durante a duração do experimento de 55 dias. FOCUS (2006) recomenda que se evite a estimativa de valores TD50 quando há necessidade de extrapolação de valores para além do período experimental, podendo gerar estimativas não confiáveis. A ametrina mostrou-se o herbicida menos persistente nas temperaturas de 35 e 40°C, seguido pelo diurom e hexazinona (Tabela 3). Para a

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) temperatura de 45°C, o diurom mostrou-se menos persistente que a hexazinona, com valores de TD50 iguais a 13 e 23 dias, respectivamente. De maneira geral, observa-se que o aumento da temperatura diminuiu a persistência da hexazinona e do diurom (Tabela 3). Não foi observada tendência clara do efeito da temperatura na degradação da ametrina, sendo sua principal via de degradação realizada por microrganismos (PEREIRA, 2012). Nas regiões tropicais a degradação mais rápida dos agrotóxicos pode ser explicada pelo fato que em maiores temperaturas tem-se um aumento na atividade microbiana e, por consequência, uma maior degradação por via biológica (BRUM et al., 2013). Além dos microrganismos, a temperatura tem importante efeito termodinâmico que influência diretamente no metabolismo celular e na maioria das propriedades físicas e químicas do microambiente (MARTINEZ et al., 2008), interagindo com as condições do local (sistema de manejo das culturas, conteúdo orgânico, pH, fertilidade do solo e porosidade) na degradação e persistência dos agrotóxicos no solo (AL-MAMUN, 2017). Em vários outros estudos com degradação de agrotóxicos, foi possível observar que em condição de maior temperatura a degradação dos agrotóxicos é mais rápida (SILVA et al., 2010; MARTINEZ et al., 2010; BRUM et al., 2013). ALVES (2012) avaliando a degradação da ametrina em solos de Piracicaba-SP, observou valores de TD50 de 20 dias a 20°C em um Argissolo Vermelho, sendo semelhante ao observado neste estudo (15 e 19 dias). ANDRADE et al. (2010) observaram valores de TD50 para ametrina com solos na região de Viçosa-MG, iguais a 11 dias em Argissolo VermelhoAmarelo e de 12 a 26 dias em Latossolo Vermelho-Amarelo. Em outro trabalho, a TD50 de ametrina foi medida em cinco diferentes tipos de solo em Mossoró-RN e apresentou meia-vida de 49 dias para Neossolo, 35 dias para Argissolo e 28 dias para Latossolo, Cambissolo e Espodossolo (SILVA, 2016). Esses resultados, no entanto, foram superiores quando comparados aos obtidos neste estudo (15 a 19 dias). Para o composto hexazinona, em solos de diferentes regiões de Gurupi-TO e Viçosa-MG, observou-se valores de TD50 iguais a 83 e 182 dias (SOUZA, 2016). Na região de Ribeirão Preto-SP, em um Latossolo Vermelho Distrófico psamítico, QUEIROZ et al. (2009) observaram que a TD50 de hexazinona ficou entre 125 e145 dias. No presente estudo, a hexazinona apresentou a maior persistência no solo em comparação aos compostos ametrina e diurom. Para o composto diurom, SILVA et al. (2010) observaram valores de TD50 entre 30 e 63 dias em um Latossolo Amarelo para as temperaturas de 30 e 40 °C, respectivamente. Quando comparado esses resultados com os obtidos neste estudo, o valor de TD50 de 63 dias (40°C) foi superior ao encontrado no presente estudo (39 dias a 40°C). A degradação do diurom está relacionada principalmente com as características do solo. A presença de matéria orgânica aumenta a retenção desse produto na matriz do solo devido sua alta capacidade de sorção e, consequentemente, diminui sua degradação pela atividade de microrganismos. Possivelmente, o maior valor de TD50 para o diurom no trabalho de SILVA et al. (2010) quando comparado a esse estudo, se deve ao maior teor de carbono orgânico no solo utilizado no estudo de SILVA et al. (2010), levando a uma maior sorção e diminuição da degradação. De maneira geral, a degradação dos herbicidas no solo apresentou variação conforme a molécula, sendo essa degradação dependente da temperatura do ambiente, caracterizando uma degradação mais rápida em maiores temperaturas, com valores de meia vida variando entre 15 e 19 dias para ametrina, entre 23 e 50 dias para hexazinona e entre 13 e 29 dias para diurom. 114


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Conclusões 1. As moléculas hexazinona e diurom foram degradadas mais rapidamente em condições de temperaturas mais elevadas; 2. Não foi observado efeito do aumento da temperatura na diminuição da persistência da ametrina; 3. Os valores de TD50 para os três herbicidas avaliados, nas temperaturas de 25, 35, 40 e 45°C ficaram entre 15 e 19 dias para a ametrina, entre 23 e 50 dias para a hexazinona e entre 13 e 29 dias para o diurom; Agradecimentos À CAPES, pela bolsa de mestrado do primeiro autor. Referências bibliográficas AL-MAMUN, A. Pesticide degradations, residues and environmental concerns. In: KHAN, M.S; RAHMAN, M.S. Pesticide residue in foods: sources, management, and control. Springer International Publishing, Dhaka: 2017. 1-17p. ALVES, P.A.T. Comportamento dos herbicidas ametrina e glifosato aplicados em associação em solo de cultivo de cana-de-açúcar. 2012. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2012. ANDERSON, J.P.E. Handling and storage of soils for pesticide experiments. In: SOMERVILLE, L.; GREAVES, M. P. (Ed.). Pesticide effects on soil microflora. London: Taylor & Francis, p.45-60, 1987. ANDRADE, S.R.B.; SILVA, A.A.; LIMA, C.F.; QUEIROZ, M.E.L.R.; FRANÇA, A, A.C.; D'ANTONINO, L. Meia-vida do ametryn em Argissolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelho-Amarelo, com diferentes valores de pH. Planta Daninha, v.28, n.2, p.375-383, 2010. BRUM, C.S.; FRANCO, A.A.; SCORZA JÚNIOR, R.P. Degradação do herbicida sulfentrazone em dois solos de Mato Grosso do Sul. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.17, n.5, p.558–564, 2013. BURROWS, H.D.; CANLE, L.M.; SANTABALLA, J.A.; STEENKEN, S. Reaction pathways and mechanisms of photodegradation of pesticides. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology, v.67, n.2, p.71-108, 2002. CALDERON, M.J.; LUNA, E.; GOMEZ, J.A.; HERMOSIN, M.C. Herbicide monitoring in soil, runoff waters and sediments in an olive orchard. Science of the Total Environment, v.569–570, p.416–422, 2016. FENNER, K.; CANONICA, S.; WACKETT, L.P.; ELSNER, M. Evaluating pesticide degradation in the environment: blind spots and emerging opportunities. Science, v.341, n.6147, p.752–758, 2013. FOCUS, E.U. Guidance document on estimating persistence and degradation kinetics from environmental fate Studies on pesticides in EU registration. In: the final report of the Work Group on Degradation Kinetics of FOCUS: Sanco/10058/2005, version 2.0. Brussels: 434p, 2006. GAVRILESCU, M. Review – fate of pesticides in the environment and its bioremediation. Engineering in Life Sciences, v.5, n.6, p.497–526, 2005. 115


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Recebido em 26/02/2019 Aceito em 18/03/2019

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Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/118-124/agrariacad Crescimento e desenvolvimento de genótipos de Araruta em função de doses crescentes de fósforo. Growth and development of arrout genotypes in the function of growing doses of phosphorus Jaíne Silva dos Santos1, Marney Pascoli Cereda2, Denilson de Oliveira Guilherme3* 1

- Curso de Agronomia / /Universidade Católica Dom Bosco

2

- Programa de pós-graduação em Ciências Ambientais e Sustentabilidade agropecuária/Curso de Agronomia/Universidade Católica Dom Bosco 3*

- Programa de pós-graduação em Ciências Ambientais e Sustentabilidade agropecuária/Curso de Agronomia/Universidade Católica Dom Bosco – E-mail: denilson@ucdb.br

________________________________________________________________________________ Resumo Atualmente vem se observando a necessidade por fontes botânicas alternativas para suprir a demanda de fecularias, principalmente no período de entre safra que a indústria fica ociosa. No Mato Grosso do sul a araruta pode ser tornar uma fonte alternativa para suprir essa demanda visto que, para a extração do amido se utiliza a mesma estrutura física já instalada, e o seu amido tem alto valor comercial devido suas características peculiares requeridas tanto no mercado nacional quanto internacional, porém para reintroduzir essa cultivar no campo dessas agroindústrias é necessário um melhor conhecimento de sua nutrição, para melhor entender suas necessidades em relação aos macronutrientes e micronutrientes para seu desenvolvimento. Sendo assim este trabalho focou em verificar a contribuição de doses fósforo na produção de rizomas de araruta. Foram avaliados vários pontos da planta tais como, diâmetro, massa parte aérea, massa da raiz, massa seca parte aérea, massa seca da raiz e massa dos rizomas. Concluiu-se que as doses de P influenciaram significativamente na cultura, observou-se que na maior dose de P de todas os genótipos tiveram maior peso da planta com destaque para a dose 320 kg ha-1, na qual as plantas tiveram peso médio de 1,29 kg. Palavras-chave: nutriente, rizoma, fecularia, amido Abstract Currently it has been observed the need for alternative botanical sources to meet the demand of potato starch manufacturers, mainly in the period between crops that the industry is idle. In Mato Grosso do Sul arrowroot can become an alternative source to meet this seen demand for the extraction of starch using the same physical structure already installed, and its starch has high commercial value because of its peculiar features required both in the market national and international, but to reintroduce that grow in the field of these agro-industries requires a better knowledge of nutrition to better understand your needs regarding macronutrients and micronutrients for its development, this work focused on checking the phosphorus doses of contribution to production arrowroot rhizomes. They evaluated several plant points such as diameter, mass shoots, root mass, shoot dry weight, root dry mass and mass of the rhizomes. It was found that the doses of P significantly influenced culture, it was observed that the higher dose of P of all varieties had greater weight of the plant with emphasis on the dose 320 kg ha-1, in which the plants had an average weight 1.29 kg. Keywords: arrowroot, rhizome, starch- starch

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Introdução A araruta (Maranta arundinacea) é uma planta amilacea de clima tropical que tem produz por meio dos seus rizomas um amido de grande interesse comercial. Entretanto a produção mundial de araruta é pequena encontrando-se plantios comerciais em Barbados e Saint Vicent, no Caribe (MONTEIRO e PERESSIN, 2002). No Brasil tem-se conhecimento de plantios de araruta nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Goias, Sergipe, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e Paraguai com pequenas áreas experimentais ou plantios pequenos. A araruta é uma planta herbácea, que forma rizomas, comuns nas florestas tropicais. Os rizomas são caules prostrados que crescem horizontalmente sob o solo e que emite raízes, folhas e ramos a partir de seus nós. No caso da araruta, os rizomas são fusiformes, apresentam escamas e caule articulado, muito fibroso e acumulam amido que formam as reservas para o desenvolvimento de uma nova planta. Cresce formando touceiras que podem chegar a 120 cm de altura (PIO CORRÊA, 1984). O tamanho dos rizomas oscila entre 10 e 25 cm, alongados e apresentam pequenos segmentos, separados entre si por leves estrangulamentos providos de escamas (PIO CORRÊA, 1984). A araruta é propagada a partir dos rizomas inteiros ou das extremidades finas de rizomas grandes. Pode ser aproveitada a brotação natural dos rizomas que ficam no solo por ocasião da colheita. O plantio é anual e feito no início das chuvas. Cerca de 2000 a 3000 kg de rizomas são usados para plantar um hectare. São plantadas em covas de 20 cm dispostas em leiras, com espaçamento de 80 cm entre linhas e 30-40 cm entre covas. Mas em regiões com pouca oferta de água, é recomendado o plantio em sulcos. A falta de interesse e mercado para a cultura da araruta fez com que essa planta ficasse esquecida devido a falta de interesse econômico na exploração dessa cultura. Com a necessidade de fontes alternativas de amido o cultivo da araruta vem novamente ganhando espaço e interesse de agricultores. E algumas pesquisas realizadas visando tecnologias apropriadas a cultura como o uso de bokahi (BOMBANG e WIDARAWATI, 2013). Os plantios de araruta em grandes áreas no Brasil tem sido dificultado em função da falta de mudas, genótipos produtivos e tecnologias apropriadas. Diante disso para resgatar o cultivo da araruta nos campos agrícolas e como alternativa para a agricultura familiar faz-se necessário pesquisas. A parte fitotécnica da cultura é a que demanda de maior aporte de pesquisas, uma vez que não se conhece as variedades mais adaptadas para cultivo nem os teores adequados de nutrientes. Diante dessa necessidade do conhecimento de novos genótipos e sua produção em função do aporte de nutrientes, principalmente o fósforo que é um dos principais nutrientes que tem como principal papel armazenar e transferir energia (MALAVOLTA, 2006). Sendo assim o objetivo deste trabalho foi avaliar quatro genótipos de araruta e sua produtividade em função de doses crescentes de fósforo. Material e métodos O experimento foi realizado no município de Campo Grande – MS, definido pelas coordenadas geográficas 20º 23’ 12” latitude Sul e 54º 36’ 32” longitude Oeste, com 632 metros de altitude. 119


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O experimento foi conduzido em casa de vegetação em delineamento de blocos ao acaso em esquema fatorial (4 genótipos de araruta x 4 doses de P) com três repetições dos tratamentos. As doses P consistiram em 0; 80; 160; 320 kg ha-1 de fósforo (P). Os genótipos de araruta utilizados foram Seta, SC, Guadalupe, que foram cedidos pela Embrapa CENARGEN e a Comum. As mudas das variedades foram produzidas em areia lavada por meio da semeadura previa de rizomas, que por sua vez tiveram suas gemas brotadas com a formação de parte aérea (bainhas enoveladas e folha) e raiz. Aos trinta dias após a semeadura dos rizomas as mudas foram destacadas e transplantadas para vasos de polietileno com capacidade de 33 litros preenchidos com solo, com as seguintes características físicoquímicas: ph (água): 6,41; P 5,50 mg dm-3; MO 28,29 g m-3; K 0,14 cmol dm-3; Ca 4,10 cmol dm-3; Mg 1,15 cmol dm-3; Ca +Mg 5,25 cmol dm-3; Al 0,00 cmol dm-3; H 2,92 cmol dm-3; Al + H 2,92 cmol dm-3; T 8,31 cmol dm-3; V 64 %; S 7,89 mg dm-3; Fe 314,84 mg dm-3; Zn 2,95 mg dm-3; Mn 247,14 mg dm-3; Cu 8,04 mg dm-3; B 0,17 mg dm-3; areia 720 g kg-1; Silte 70 g kg-1; Argila 210 g kg-1. [pH-1:2,5; MO-K2Cr2O7; P e K- Mehlich 1; Ca, Mg e Al-KCl1M; H-Acetato 1 e Cálcio (pH7,0) ;BSoma de Bases (Ca, Mg e K) ;T-CTC (pH 7,0) ;V-Saturação de Bases ;m= (100 X Al) (Ca+Mg+K+Al) ;Saturação de Ca= (100 X Ca) / T ; Saturação de Mg= (100 X Mg) / T ; Saturação de H= (100 X H) / T ;P –Resina ;S – Ca (H2PO4)2 0,01 mol1 ;Na – Mehlich-1 (1:10) ;Fe ,Mn, Zn e Cu – Mehlich ;B – Água quente ;Método de Bouyoucos] Sessenta dias antes do plantio das mudas foi feita a calagem do solo com a elevação do V% a 70 %, foi utilizado calcário dolomítico com prnt 100%. A adubação do solo nos vasos consistiu em 70 g de ureia e 50 g de cloreto de potássio, que foram aplicados 50 % no plantio das mudas e os outros 50 % 60 dias depois em cobertura. A irrigação foi feita manualmente, conforme os indicies de evapotranspiração da cultura. Aos 229 dias as plantas de araruta atingiram ponto de colheita, sendo percebido visualmente pela secagem e acamamento de aproximadamente 80 % da parte aérea da planta. Nesta ocasião foram avaliados número de rizomas por planta, diâmetro médio dos rizomas, massa parte aérea, massa da raiz, massa seca parte aérea, massa seca da raiz e massa dos rizomas. O diâmetro foi feito por meio de paquímetro digital, foi tirado medidas de dois eixos do rizoma, e ao final calculado a média entre eles. Por fim realizou-se a análise de variâncias e as medias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey ano nível de 5% de probabilidade

Resultados e Discussão As doses de fósforo influenciaram significativamente o peso total das plantas nos genótipos analisados (Tabela 1). Observou-se que na maior dose de P de todas as variedades tiveram maior peso da planta com destaque para a dose 320 kg ha-1, na qual as plantas tiveram peso médio de 1,29 kg (parte aérea + raiz + rizoma). No peso médio de rizoma observou-se que a variedade Comum foi a que respondeu melhor a maior dose de P, tendo um aumento significativamente no peso do rizoma. As doses de P influenciaram positivamente no diâmetro dos rizomas, observou-se que os rizomas de todas as variedades tiveram um diâmetro maior com o aumento das doses P.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Tabela 1 – Peso total, peso médio de rizoma e diâmetro de rizomas de genótipos de araruta em função de doses crescentes de fósforo.

Doses de P (Kg ha-1) 0 Genótipo

80

160

320 Média Geral

Peso Total (Kg planta-1)

Comum

0,62 Ac

0,82Abc

1,24 Aab

1,42Aa

1,03

Seta

0,43 Ac

0,76 Abc

1,05 Aab

1,40 Aa

0,91

SC

0,37 Ab

0,40 Ab

0,73 Aab

1,07 Aa

0,64

Guadalupe

0,53 Ab

0,69 Ab

0,92 Aab

1,28 Aa

0,86

CV (%)

22,29 Peso Médio de Rizoma (Kg rizoma-1)

Comum

0,44 Ab

0,59 Ab

0,69 Ab

1,08 Aa

0,70

Seta

0,38 Ac

0,59 Abc

0,84 Aab

1,05 Aa

0,72

SC

0,13 Ac

0,34 Aab

0,40 Aab

0,58 Aa

0,36

Guadalupe

0,45 Ab

0,55 Ab

0,58 Aab

0,92 Aa

0,63

CV (%)

27,65 Diâmetro

Comum

18,47 Ab

23,92 Aab

24,45 Aab

25,89 Aa

23,18

Seta

18,91 Ab

21,49 Aa

24,00 Aa

24,07 Aa

22,12

SC

18,53 Ac

19,55 Abc

26,21 Aab

29,98 Aa

23,57

Guadalupe

22,18 Aa

23,54 Ab

24,15 Aa

27,89 Aa

24,44

CV(%)

13,73

As médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.

A variedade comum foi a que mais se destacou na média geral em relação ao peso (6,28kg) em relação a massa seca da parte aérea, por outro lado a variedade Guadalupe foi a que respondeu melhor a maior dose de P com 15,00 kg de massa seca da parte aérea. Na massa seca da raiz, nenhuma das variedades se destacou, assim observa-se que as doses de P não influenciaram nesse aspecto. 121


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Tabela 2 – Massa seca da parte aérea, massa seca da raiz e número médio de rizomas por planta de genótipos de araruta em função de doses crescentes de fósforo.

Doses de P (Kg ha-1) 0

80

160

320

Genótipo

Média Geral Massa seca da parte aérea

Comum

0,4 Bb

0,7 Aab

11 Aab

13,0 Aa

6,28

Seta

0,03 Ca

0,05 Ba

0,06 Ca

0,09 Ca

0.06

SC

0,23 Ab

0,60 Aab

0,63 Bab

14,0 Aa

3,87

Guadalupe

0,02 Cb

0,03 Bb

0,14 Aa

0,15 Ba

0,09

CV (%)

15,00 Massa seca da Raiz

Comum

1,28

2,03

4,22

4,44

2,99 A

Seta

1,15

1,38

3,40

4,93

2,72 A

SC

1,68

3,28

3,99

5,52

3,62 A

Guadalupe

1,21

4,48

5,63

6,53

4,46 A

Média Geral

1,33 a

2,79 a

4,31 a

5,36 a

3,45

CV(%)

21,00 Número de Rizomas

Comum

10 Aa

11 Aa

13 Aba

15 Aba

12,25

Seta

9,5 Ab

13 Aab

17 Aa

19 Aa

14,63

SC

2,5 Bb

6,0 Bab

9,5 Bab

13 BBa

7,75

Guadalupe

8,33 Aa

9,67 Aba

10,83 ABa

15 Aba

10,96

CV(%)

28,6

As médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5 % de probabilidade. O número médio da variedade comum teve aumento linear chegando ao número de 15 quando se adotou a maior dose de P. Esse valor é superior ao encontrado por Guilherme et al. (2016), quando estes autores estudaram a fenologia da planta “Comum” e encontraram em média 7 rizomas por planta, com peso médio máximo de 25 gramas. Os autores ainda ressaltam que o fato de o solo em que o experimento foi instalado ter sido considerado pobre e ter sido feita uma única adubação mineral, ter afetado o máximo desenvolvimento dos rizomas. As doses crescentes de P de modo geral proporcionaram maior crescimento e desenvolvimento da planta de araruta, principalmente da parte aérea. Para a araruta durante os meses de crescimento vegetativo esse crescimento é de fundamental importância. Uma vez que o ciclo da planta é de

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) aproximadamente 270 dias, com fases fenológicas bem destacadas. O mesmo comportamento da araruta também já foi observado na cultura da mandioca quando se testou doses de fósforo (Pereira et al. 2012). Entretanto é importante ressaltar que trata-se de órgãos distintos, na araruta o órgão de reserva para acúmulo do amido é o rizoma, ou seja um caule modificado e na mandioca são raízes. Pelo fato desse experimento ser uma novidade para a cultura da araruta, faz-se comparações com a cultura da mandioca que apesar de não ser uma marantaceae é uma planta que também faz acúmulo de amido em seus tecidos de reserva. O aumento de produção de raízes foi verificada por Fidalski (1999) quando este autor estudou doses crescentes de adubo NPK e concluíram que a adubação fosfatada aumenta a produção de raízes de mandioca e os teores de P no solo após o cultivo de mandioca. Nesse experimento não foi feita análise posterior no solo cultivado, entretanto observa-se influencia positiva no aumento do número de rizomas. Em relação aos genótipos estudados cabe ressaltar que as plantas podem crescer e desenvolver de forma distinta em função de sua variabilidade genética, morfológica e fisiológica (HEREDIA ZÁRATE et al., 2009), esse fato pode ser observado no experimento tanto na morfologia dos materiais genéticos quanto em relação a produção de rizoma dos materiais. Pellet e El Sharawy (1993) relatam que para a cultura da mandioca o fator genótipo não foi preponderante para expressar maior ou menor absorção de fósforo. Diante dos dados analisados e discutidos conclui-se que os genótipos de araruta responderam positivamente ao aumento de rizomas, crescimento da planta e desenvolvimento. A dose máxima de fosforo de 320 kg ha-1 não afetou negativamente a produção de rizomas de araruta. A araruta Comum e Guadalupe tiveram as maiores produções por planta de rizomas. Referências bibliográficas BAMBANG, R.W; WIDARAWATI, R. Effort increasing starch’s content of arrowroot with bokhasi and soil processing treatment, Journal Pertanian Agros, v. 15, n.1, p.44-51, 2013. FIDALSKI, J. Respostas da mandioca à adubação NPK e calagem em solos arenosos do noroeste do Paraná. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.34, n.8, pp. 1353-1359, 1999. GUILHERME, D.O.; SGNAULIN, I.M.; SILVA, R.M.; RIBEIRO, N.P.; ARAZINE, M.; CEREDA, M.P. Características fenológicas da araruta (Maranta arundinaceae L.) para cultivo a campo. Convibra. p. 1-7, 2016 LEONEL, M.; CEREDA, M. P. Physicochemical characterization of some starchy tubers. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 22, n. 1, p. 65-69, 2002, MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Agronômica Ceres, 2006. 638 p. MONTEIRO, D.A; PERESSIN V.A. Cultura da araruta. In: CEREDA MP. (Coord.) Agricultura: tuberosas amiláceas latino americanas. São Paulo: Fundação Cargill. p.440-447, 2002. PELLET, D.; E1-SHARKAWY, M A. Cassava varietal response to phosphorus fertilization. II. Phosphorus uptake and use efficiency. Field Crops Research, v.35, n.1, p.13-20, 1993. PEREIRA, G.A.M.; LEMOS, V.T.; SANTOS, J. B.; FERREIRA, E. A.; SILVA, D.V.; OLIVEIRA, M.C.; MENEZES, C.W.G. Crescimento da mandioca e plantas daninhas em resposta à adubação fosfatada. Revista Ceres, v.59, n. 5, p.716-722, 2012.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

PIO CORRÊA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1984. v. 1. p. 150-151, 309. Editado pelo Serviço de Informação Agrícola. WOBETO, C.; CORRÊA, A.D.; ABREU, C. M. P.; SANTOS, C.D.; ABREU, J.R. Nutrients in the cassava (Manihot esculenta Crantz) leaf meal at three ages of the plant. Food Science and Technology, v.26 n.4, p.865869, 2006. ZARATE, N. A. H.; VIEIRA, M. C. Produção da araruta 'Comum' proveniente de três tipos de propágulos. Ciência e Agrotecnologia, v. 29, n.5, p. 995-1000, 2005.

Recebido em 28/02/2019 Aceito em 20/03/2019

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/125-137/agrariacad Valor nutritivo do resíduo de algodoeira amonizado para bovinos de corte em confinamento. Nutritive value of ammoniated cotton gin trash for feedlot beef cattle Danilo Gusmão de Quadros1*, Alexandro Pereira Andrade2, Heraldo Namorato de Souza3, Daiana Nara de Oliveira4, Raimundo Guedes de Almeira4 Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal (NEPPA)/Campus IX /Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – uneb_neppa@yahoo.com.br, BR 242, km 4, s/n. Barreiras-BA, 47802-682. 1-

2-

Centro Universitário UNIRB/campus de Barreiras

3-

PETROBRAS/CENPES

4-

NEPPA/Campus IX /UNEB

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Resumo O objetivo deste trabalho foi o de avaliar os efeitos de doses crescentes de ureia (0, 2, 4, 6 e 8%) sobre a composição química, degradabilidade in situ, consumo e desempenho de bovinos de corte em confinamento. Houve aumento nos teores de PB e redução nos teores de FDN e FDA com o aumento das doses de ureia. A amonização melhorou a degradabilidade da MS e da FDN. Entretanto, houve redução no consumo e no desempenho com doses elevadas de ureia. A amonização com 4% de ureia propiciou a melhoria do valor nutritivo do resíduo de algodoeira e o maior desempenho de bovinos de corte em confinamento. Palavras-chave: consumo, degradabilidade, desempenho, fibra

Abstract The objective of this work was to evaluate the effects of increasing doses of urea (0, 2, 4, 6, and 8%) on the chemical composition, in situ degradability, intake and performance of feedlot beef cattle. CP was increased, and NDF and ADF were decreased by increasing the doses of urea. Ammoniation improved DM and NDF degradability. However, intake and performance were reduced when higher doses of urea were used. Ammonization with 4% of urea propitiated the improvement of nutritive value of cotton gin trash and the greatest performance of feedlot beef cattle. Keywords: degradability, intake, fiber, performance

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Introdução

O sucesso da cultura do algodão (Gossypium hirsutum L., Malvaceae) no cerrado tem sido impulsionado pelas condições de clima favorável, terras planas mecanizáveis, programas de incentivo à cultura e, sobretudo, o uso intensivo de tecnologia (EMBRAPA, 2017). O Brasil é o quinto maior produtor de algodão do mundo com quase cinco milhões de toneladas, advindas de uma área plantada de aproximadamente 80 milhões de hectares na safra 2018. A Bahia é o segundo maior produtor nacional com 1,2 milhão de toneladas, sendo o plantio basicamente concentrado na região oeste do Estado (IBGE, 2019). Durante o processamento do algodão é gerado o resíduo de algodoeira, que tem baixo custo e a possibilidade de ser utilizado na alimentação de ruminantes. Entretanto, as palhadas e cascas são resíduos que apresentam limitações nutricionais, devido ao seu alto teor de fibra lignificada e baixa digestibilidade, resultando em baixo consumo e desempenho animal (REIS; RODRIGUES, 1993a; GARCEZ et al., 2014). Uma alternativa viável para melhorar o valor nutritivo de volumosos de baixa qualidade é o tratamento com produtos químicos, sendo os mais utilizados hidróxidos de: sódio, potássio, cálcio e amônio; a amônia anidra e a ureia, como fonte de amônia (SUNDSTOL; COXWORTH, 1984). A técnica da amonização tem sido utilizada com o intuito melhorar o valor nutritivo de resíduos agroindustriais por meio do fornecimento de nitrogênio não-proteico e redução da fração fibrosa, promovendo aumento na digestibilidade do material tratado (COTTYN; DE BOEVER, 1988; PIRES et al., 2010). A ação hidrolítica da amônia sobre as ligações entre a lignina e os polissacarídeos estruturais aumenta a matéria orgânica potencialmente digestível a ser utilizada pelos microrganismos do rúmen (BARRIOS-URDANETA; VENTURA, 2002). A ureia como fonte de amônia tem a mesma eficiência em alterar a composição química de volumosos de baixa qualidade e é mais segura em relação à amônia anidra (JOY et al., 1992; ROTH, 2008). Entretanto, na literatura são bastante escassos trabalhos com a amonização do resíduo de algodoeira (QUADROS et al., 2017). Assim, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar os efeitos da aplicação de doses crescentes de ureia sobre a composição química, degradabilidade in situ do resíduo de algodoeira, o consumo e desempenho de bovinos de corte em confinamento. Material e métodos

Foram realizados dois experimentos sequenciais. O primeiro testou doses crescentes de ureia (0, 2, 4, 6 e 8%) sobre a composição bromatológica e degradabilidade in situ da MS e FDN do resíduo de algodoeira. Com base nos resultados, os três melhores tratamentos foram escolhidos e utilizados na dieta de bovinos de corte em confinamento, simulando uma escala mais comercial, avaliando-se o consumo de MS, ganho de peso e conversão alimentar.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Experimento 1: Composição química e degradabilidade in situ da MS e da FDN do resíduo de algodoeira amonizado com doses crescentes de ureia O experimento foi conduzido no Laboratório de Nutrição Animal e Pastagens do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal/Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade do Estado da Bahia - campus IX de Barreiras – BA. Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado (DIC) para testar cinco doses de ureia (0, 2, 4, 6 e 8% com base na MS), com quatro repetições para cada tratamento. O resíduo de algodoeira, continha 93% de MS, sendo adquirido em uma agroindústria no município de São Desidério – BA. No laboratório, foram pesados em saco de polietileno 1 kg do resíduo para o tratamento químico. As doses de ureia foram pesadas conforme o tratamento e dissolvidas em água suficiente para elevar a umidade do material para 30%, seguindo as recomendações de GROSSI et al. (1993) e JABBAR et al. (2009). A mistura do material com a solução de ureia foi realizada em baldes com capacidade de 50L, acrescentando-se grão de soja moído como fonte de urease (1,5% com base na MS), conforme as recomendações de JAYASURIYA; PEARCE (1983), sendo, em seguida, acondicionadas em sacos de polietileno, os quais foram hermeticamente fechados por 45 dias. Após o período de tratamento, os sacos foram abertos e o material ficou em aeração no ambiente por 72 horas, permitindo a saída do excesso de amônia. Em seguida, amostras de aproximadamente 250 g foram coletadas e submetidas às análises laboratoriais para determinação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), celulose (CEL) e hemicelulose (HEM) e lignina (LIG), conforme metodologia descrita por DETMANN et al. (2012). Para a avaliação da degradabilidade in situ da MS, a incubação das amostras foi realizada em duas vacas holandesas portadoras de cânula ruminal. As amostras foram moídas em moinho de faca, com peneira de 2mm. As amostras foram pesadas (5g) e incubadas no rúmen, em sacos de naylon com medidas de 8,0 x 12,0 cm e tamanho médio do poro de 50 micra. Essa avaliação ocorreu no Setor de Nutrição Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em Vitória da ConquistaBA. Os tempos de incubação foram de: 0, 3, 6, 9, 24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas, sendo que o tempo zero foi realizado em laboratório. Após a incubação in situ, os sacos passaram por um processo de lavagem em água corrente. Em seguida, foram secos em estufa de ventilação forçada a 65ºC, por 72 horas e pesados em balança analítica, para verificação da massa da amostra degradada no rúmen. O mesmo procedimento foi feito para o tempo 0 (lavagem e secagem). Posteriormente foram feitas as análises de MS e FDN do resíduo, segundo as metodologias descritas por DETMANN et al. (2012). A percentagem de degradação da MS e FDN em cada tempo foi calculada pela diferença do material incubado e do resíduo que ficou nos sacos após a incubação no rúmen. Para estimativa da degradabilidade potencial da MS e dos parâmetros da cinética da degradabilidade ruminal in situ foi utilizado o modelo de McDONALD (1981), de acordo com a fórmula: p = a+b(1–e−c×(t−L)), em que “p”, é degradabilidade potencial; “a”, fração solúvel em água; 127


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) “b”, fração potencialmente degradável; “c”, taxa de degradação da fração “b” (h-1); “t”, tempo de incubação (h) e “L”, tempo de colonização. Para estimativa da degradabilidade da fração fibrosa (FDN) foi utilizado o modelo de MERTENS; LOFTEN (1980), de acordo com a fórmula: Ŷ = b× e (−c×(T−L)) + I quando t > L e Ŷ = b + I quando 0 < t < L, na qual “Y” é o resíduo não degradável no tempo T; “b”, a fração potencialmente degradável da fibra (no tempo t ≤ L, b = Ŷ – I); “c”, a taxa de degradação de b (h-1); “T”, o período de incubação, em horas; “L”, a latência ou tempo de incubação (h); e “I”, a fração indigestível da fibra. A degradabilidade efetiva ou real do resíduo de algodoeira foi calculada pela fórmula: p = a + [(b×c)/(c+k)×e–(c+k)×L] em que “k” é a taxa de passagem (McDONALD, 1981). Taxas de passagem de 5 e 8% foram utilizadas para o cálculo da degradabilidade efetiva. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância. Polinômios ortogonais foram utilizados para avaliar os efeitos do aumento das doses de ureia sobre as variáveis resposta, verificando-se a significância dos efeitos linear, quadrático e cúbico pelo programa estatístico Statistical Analysis System (SAS, 2002), segundo o modelo: Yi = b0 + b1P1i + b2P2i +...+ bpPpi + e, onde Pji (j = 1, 2, ..., p) é um polinômio de grau j. Experimento 2 – Utilização de resíduo de algodoeira amonizado com ureia na ração de bovinos de corte em confinamento O experimento foi conduzido na localidade Barreiras Norte, no Lote 36, em Barreiras – BA (12°09'10"S e 44°59'24"O), segundo delineamento inteiramente casualizado (DIC), com cinco repetições, para testar os três melhores tratamentos obtidos no experimento 1 para bovinos confinados. As doses de 4%, 6% e 8% de ureia foram escolhidas para os testes de campo. A ureia foi diluída em água e foi aplicada por aspersão, com base na MS, sobre nove medas de aproximadamente 2000 kg de resíduo de algodoeira, sendo três delas para cada tratamento. A quantidade de água foi calculada para elevar a umidade do resíduo para 30%. A solução de ureia foi distribuída com regador sobre o resíduo, que continha grão de soja moído como fonte de urease (1,5% com base na MS). Depois de realizada a aplicação, as medas foram cobertas com lona de polietileno, deixando agir por, no mínimo, 45 dias. Após o período de tratamento, as medas foram abertas para eliminação do excesso de NH3 que não reagiu com os volumosos durante 5 dias. Em seguida, o volumoso foi utilizado gradativamente até o final da meda. O mesmo processo foi realizado com a meda seguinte, até o final do experimento. Os animais experimentais foram novilhos da raça Nelore, com peso vivo médio de 371±24,7 kg. Cada animal foi pesado individualmente, brincado e vermifugado. A avaliação do consumo e desempenho foi realizada em baias coletivas, contendo 5 animais por tratamento. A duração do teste foi de 90 dias, constituído de período de adaptação (15 dias) e período de coleta de dados (75 dias). As dietas experimentais foram formuladas para atender os requerimentos para ganhos de peso diário de 1,0 kg, conforme o NRC (1996). Adicionalmente ao resíduo de algodoeira, estimado para representar 70% da dieta, cada animal recebeu diariamente 2,0 kg de milho moído, 1,0 Kg de caroço de algodão e 100 g de mistura mineral

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) comercial própria para categoria (Tabela 1), dividida em duas refeições diárias. O arraçoamento foi realizado às 9:00 e 17:00 horas. Tabela 1. Composição dos ingredientes utilizados nas dietas experimentais Ingredientes

MS (%)

PB (%)

FDN (%)

FDA (%)

NDT (%)

Resíduo de algodoeira

88,2

9,3

73,4

63,5

43,3

Milho

87,0

10,5

9,2

3,5

85,0

Caroço de algodão

89,5

22,6

42,2

33,4

82,0

Os prováveis efeitos de aumento na digestibilidade da fibra pela hidrólise causada pelo tratamento químico não foram considerados, semelhante ao proposto por ROTH et al. (2009). As pesagens dos animais foram realizadas antes do experimento, após o período de adaptação e ao final do experimento. O ganho de peso diário foi calculado pela diferença de peso final e inicial, dividido pelo número de dias. O volumoso foi fornecido à vontade e ajustado paulatinamente para permitir sobras de 10%. O consumo total e do resíduo de algodoeira do período foi calculado pela diferença entre o colocado e as sobras, procedimento que foi realizado diariamente. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste Tukey, adotando-se probabilidade de 5%, utilizando o programa estatístico Statistical Analysis System (SAS, 2002).

Resultados e discussão Composição química Os teores de MS apresentaram um comportamento quadrático em função do aumento da dose de ureia, com o ponto de mínima de 72,0% com a adição de 5,7% de ureia (Tabela 2). Esses resultados corroboram com os apresentados por CÂNDIDO et al. (1999), trabalhando com amonização de bagaço de cana-de-açúcar. Segundo esses autores, o elevado poder higroscópico da ureia e da amônia faz com que o material absorva umidade do ambiente, consequentemente reduz os teores da MS. Tabela 2. Teores de matéria seca (MS), de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose, celulose e lignina do resíduo de algodoeira amonizado com diferentes doses de ureia. Variável Dose de ureia (%) Equação de regressão R2 CV (%) 0

2

4

6

8

MS

88,2 75,7

72,8

72,8

72,7

Y = 88,19 + 5,7x + 0,49x2

0,95

1,4

PB

9,3

12,7

16,1

19,5

22,9

Y = 9,3 + 1,7x

0,99

5,8

FDN

73,4 71,2

69,0

66,8

64,7

Y = 73,4 - 1,1x

0,99

0,8

129


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) FDA

63,5 61,7

59,9

58,2

56,4

Y = 63,5 - 0,9x

0,99

1,9

Hemicelulose

9,9

9,5

9,1

8,7

8,2

Y = 9,9 - 0,2x

0,93

10,2

Celulose

36,4 35,3

34,2

33,2

32,1

Y = 36,4 - 0,5x

0,93

5,8

Lignina

13,1 12,3

11,6

10,8

10,0

Y = 13,1 + 0,4x

0,93

4,5

Houve aumento linear nos teores de PB, o que pode ser explicado pelo fato de ter se adicionado doses crescentes de nitrogênio não-protéico (NNP). A magnitude do aumento observado foi de 1,69 unidades percentuais de PB, para cada 1% de ureia aplicada (Tabela 2). Esses resultados foram superiores aos observados por ANDRADE; QUADROS (2011) que, ao amonizarem casca de soja com ureia (0, 4, 8, 12%), encontraram um aumento linear de 0,61% na PB por ponto percentual de ureia. O aumento nos teores de PB com a amonização de palhadas e cascas tem sido observado por vários autores (CÂNDIDO et al., 1999; SOUZA et al., 2002; CARVALHO et al., 2006; PIRES et al., 2010). O tratamento com ureia, e o consequente aumento no teor de PB, pode contribuir para suprir a necessidade de nitrogênio para síntese microbiana e/ou reduzir a necessidade de uma fonte suplementar de nitrogênio para o rebanho (GOBBI et al., 2005). Os componentes da parede celular apresentaram alterações com a amonização (Tabela 2). Os valores de FDN e FDA reduziram 1,09 e 0,88 unidades percentuais para cada 1% de ureia aplicada no resíduo, respectivamente. A diminuição nos teores de FDN com amonização de palhadas foi observada em vários trabalhos (FERNANDES et al., 2002; REIS et al., 2003; CARVALHO et al. 2006; ZANINE et al., 2007; ROTH, 2008). Uma das principais alterações na composição química da fração fibrosa de volumosos tratados com amônia é a solubilização da hemicelulose, resultando em diminuição no conteúdo de FDN normalmente de 5 a 12% (CRUZ; SILVA, 2016). Os teores de hemicelulose, celulose e lignina decresceram linearmente (P<0,05) com o aumento da dose de ureia (Tabela 2). Segundo VAN SOEST (1994), isso ocorreu possivelmente pela dissolução de parte da lignina e pelo rompimento das ligações intermoleculares do tipo éster entre o ácido urônico da hemicelulose e da celulose, durante a amonização. Porém, nem sempre isso ocorre. Os resultados da amonização sobre os conteúdos de FDA, celulose e lignina não são consistentes (SUNDSTOL; COXWORTH, 1984; REIS et al., 2001; SOUZA et al., 2002). Diferentemente ao observado neste trabalho, OLIVEIRA et al. (2005) não obtiveram alterações nos teores de FDA, celulose e lignina de fenos de diferentes capins com elevado grau de maturidade submetidos a amonização com ureia (5% da MS). Degradabilidade “in situ” Na avaliação da degradabilidade in situ da MS, o aumento da dose de ureia elevou a taxa de desaparecimento (p<0,01) nas primeiras 24 horas de incubação (Figura 1), corroborando com BEM SALEM et al. (1994) e PAIVA et al. (1995).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) 70

Degradabilidade (%)

60 50 40 30 20 10 0 0

12

24

36

48

60

72

84

96

108

120

Tempo de Incubação (h) 0%

2%

4%

6%

8%

Figura 1. Cinética da fermentação ruminal in situ da matéria seca do resíduo de algodoeiras tratada com ureia.

Os parâmetros da fração “a”, degradabilidade efetiva (5 e 8%) e Lag Time foram afetados (P<0,05) pelas doses de ureia (Tabela 3).

Tabela 3. Parâmetros médios da degradabilidade ruminal in situ da matéria seca do resíduo de algodoeira tratado com ureia. Dose de ureia (%) Variável Equação de regressão R2 0 2 4 6 8 fração a1 29,2 27,2 28,1 29,9 31,8 Y = 28,881 - 0,8278x + 0,1534x2 0,94 2 fração b 35,9 29,8 42,2 30,3 34,2 NS 3 fração c 0,02 0,02 0,01 0,02 0,02 NS 4 DP 65,0 57,1 70,3 60,2 66,0 NS 5 2 DE 5% 32,5 31,7 32,6 35,2 38,8 Y = 32,488 - 0,7221x + 0,1915x 0,99 5 2 DE8% 30,6 29,6 30,4 33,0 36,2 Y = 30,501 - 0,7212x + 0,1807x 0,99 6 Lag Time 15,9 9,7 8,7 6,0 4,3 Y = 14,301 - 1,3428x 0,91 2 1 2 3 R = coeficiente de determinação. fração solúvel; fração potencialmente degradável; taxa de degradação da fração c; 4degradabilidade potencial; 5degradabilidade efetiva; 6tempo de colonização. Houve efeito quadrático das doses de ureia sobre fração “a”, tendo ponto de mínima de 27,8% de solubilidade quando 2,7% de ureia fora aplicado. Por outro lado, as frações “b” e “c” não foram afetadas significativamente. Naturalmente, o aumento das doses de ureia proporcionou maior disponibilidade de teor de nitrogênio não-proteico. Como esta fração é altamente solúvel em água, a fração “a” se elevou, corroborando CARVALHO et al. (2007) e MOREIRA FILHO et al. (2013) (Tabela 3).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) A degradabilidade efetiva foi influenciada de maneira quadrática pelo aumento da dose de ureia (Tabela 3), tendo ponto de mínimas 31,8 e 29,8% com a aplicação de 1,9 e 2,0% de ureia, para DE a 5 e 8%, respectivamente. Provavelmente, essas modificações decorreram das alterações dos componentes fibra, permitindo que os microrganismos do rúmen tenham maior superfície específica para se agregarem e, consequentemente, resultem em maior degradabilidade ruminal (ROSA et al., 1998; SANTOS et al., 2004). Quando volumosos são amonizados, há uma tendência dos parâmetros da degradabilidade aumentarem devido ao incremento no teor proteico do alimento, assim como a solubilização da hemicelulose, com decréscimo nos teores de FDN (MOREIRA FILHO et al., 2013). Além disso, a amonização aumenta a disponibilidade de carboidratos prontamente fermentescíveis para os microrganismos do rúmen (BERTIPAGLIA et al., 2005; CARVALHO et al., 2007). O tempo de colonização reduziu linearmente com o aumento das doses de ureia, sendo necessário menos 1,3 horas para cada ponto percentual de ureia aplicada. Nesse contexto, quanto menor o tempo de colonização, mais rapidamente a microbiota ruminal inicia o processo de degradação do alimento (McDONALD, 1981). Resíduos agroindustriais caracterizados pela baixa degradabilidade ruminal necessitam de um tempo mais longo de colonização pelos microrganismos ruminais (ROSA et al., 1998). Assim, observou-se que o uso de ureia contribuiu para diminuir o tempo de colonização, o que pode estar relacionado à solubilização parcial da celulose e hemicelulose (Tabela 2) promovida pela ureólise, restando a fração lignificada do resíduo.

Degradabilidade (%)

Para a degradabilidade da FDN em função do aumento das doses de ureia (Figura 2), observouse uma estabilização na degradação da fração após 48 horas de incubação, semelhantemente ao observado por CARVALHO et al. (2007).

100,0 95,0 90,0 85,0 80,0 75,0 70,0 65,0 60,0 55,0 50,0 45,0 40,0 0

12

24

36

48

60

72

84

96

108

120

Tempo de Incubação (h) 0% ureia

2% ureia

4% ureia

6% ureia

8% ureia

Figura 2. Cinética da fermentação ruminal in situ da FDN do resíduo de algodoeiras tratada com ureia.

Ficou evidente, portanto, que a ação da ureia sobre os componentes da parede celular (Tabela 2) promoveu alterações benéficas de incremento da degradabilidade da FDN (Figura 3). Normalmente, nos volumosos de baixa qualidade quando são amonizados, ocorre solubilização parcial da

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) hemicelulose e expansão da parede celular, permitindo desta forma que os microrganismos do rúmen tenham maior superfície específica para se aderirem e, consequentemente, aumentarem a degradabilidade ruminal (PAIVA et al., 1995; SANTOS et al., 2004; MOREIRA FILHO et al., 2013). Segundo TOMICH et al. (2003), a taxa de degradação da fibra de um alimento pelos microrganismos é que rege sua permanência no rúmen, ou seja, quanto mais degradável for a FDN do alimento, mais rápida será sua passagem por esse compartimento e maior será seu consumo.

Consumo e desempenho de bovinos de corte em confinamento Nos testes de campo, que avaliaram o desempenho de bovinos de corte em confinamento, houve redução no consumo de resíduo de algodoeira com o aumento da dose de ureia de 4% para 6% e 8% (P<0.05) (Tabela 4). Provavelmente, mesmo deixando o material em aeração, doses maiores que 4% deixaram um odor residual amoníaco que restringiu o consumo voluntário. Esses resultados influenciaram o consumo total, pois a quantidade de concentrado foi fixa.

Tabela 4. Consumo, ganho de peso diário e conversão alimentar de novilhos Nelore alimentados com resíduo de algodoeira amonizado em confinamento. Doses de ureia C.V. Parâmetros 4% 6% 8% (%) Consumo Total (kg/dia MS) 11,8a 10,3b 6,7c 15,1 Consumo de Volumoso (kg/dia MS) 9,21a 7,86b 4,62c 18,4 Consumo de Concentrado (kg/dia MS) 2,60a 2,42a 2,11b 10,3 Ganho Médio Diário (kg/animal) 1,18a 1,07ab 0,87b 16,9 Conversão Alimentar (kg ração/kg ganho) 10,0a 9,60a 7,70b 21,8 Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem ao nível de 5% pelo teste de Tukey. C.V. = Coeficiente de variação Na literatura é relativamente comum se encontrar aumento da ingestão com a amonização, quando comparada com a palhada sem tratamento (CLOETE et al., 1982; DIAS-DA-SILVA; SUNDSTOL, 1986; JOY et al., 1992). Contudo, a redução com o aumento da dose de ureia ou amônia é mais raro (JAYASURIYA; PERERA, 1982). O valor nutritivo de alimentos para ruminantes é composto pela composição, digestibilidade e consumo (REIS; RODRIGUES, 1993b). Nesse contexto, o consumo assume papel de alta relevância. Segundo MERTENS (1994), a ingestão de nutrientes digestíveis e metabolizáveis influencia diretamente o desempenho. Por sua vez, a ingestão de matéria seca digestível é explicada de 60 a 90% pelo consumo voluntário, enquanto 10 a 40% é relacionada às diferenças na digestibilidade. O ganho médio de peso diário os animais recebendo resíduo de algodoeira amonizado com 4% de ureia foi superior (P<0,05) a 8%, enquanto 6% não diferiu dos demais (P>0,05) (Tabela 4). Os resultados de ganho de peso obtidos neste trabalho foram considerados bem satisfatórios quando comparados com outros autores que testaram a amonização de capim após a colheita de sementes (FERNANDES et al., 2002; ROTH et al. 2009).

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Segundo CRUZ e SILVA (2016), o desempenho dos animais alimentados com resíduos agroindustriais amonizados pode ser viável do ponto de vista técnico, desde que componha uma dieta nutricionalmente equilibrada. Entretanto, a conversão alimentar foi melhor nos animais recebendo o resíduo amonizado com 8% de ureia em relação a 4 e 6% (P<0,05) (Tabela 4). Como o resíduo de algodoeira é barato na região, não se justifica priorizar a conversão alimentar em detrimento da taxa de ganho de peso diário, exceto se o custo do alimento aumentar significativamente (CERVIERI, 2012; NICHELE et al., 2015). Os resultados de ganho de peso e conversão alimentar obtidos neste trabalho foram superiores aos de FERNANDES et al. (2002), tratando feno de capim Brachiaria decumbens pós-colheita de sementes com amônia anidra (3,0% NH3) e ureia (5,0%): 0,53 e 0,37 kg/dia e 12,8 e 16,9 kg MS/kg de ganho de peso, respectivamente, possivelmente pelo maior consumo de MS e qualidade intrínseca do resíduo de algodoeira amonizado.

Conclusões

A amonização com ureia é uma técnica interessante para melhorar o valor nutritivo do resíduo de algodoeira, sendo 4% a dose recomendada para sua inclusão na dieta de bovinos de corte em confinamento.

Agradecimentos

À PETROBRAS, pelo financiamento do projeto. Ao Prof. Dr. Mauro Pereira de Figueiredo, por disponibilizar as instalações da UESB para avaliação da degradabilidade in situ. Ao produtor José Cizino Lopes, que permitiu a realização dos testes de campo em sua propriedade.

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Recebido em 28/02/2019 Aceito em 20/03/2019

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019)

Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/138-142/agrariacad Acompanhamento pelo Serviço Veterinário Oficial de foco de Raiva em herbívoro em Fortaleza, Ceará – relato de caso. Accompanying by the official veterinary service of angular focus in herbívoro in Fortaleza, Ceará – Case Report Avatar Martins Loureiro1, Ana Gláucia de Melo Gonçalves2, Antônio Willams Lopes da Silva3, Jarier de Oliveira Moreno4, José Amorim Sobreira Neto5, Francisco das Chagas Cardoso Filho6*

1-

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará, Fortaleza - CE, Brasil, avatar.loureiro@adagri.ce.gov.br

2-

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará, Fortaleza - CE, Brasil, ana.glaucia@adagri.ce.gov.br

3-

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará , Pedra Branca - CE, Brasil, willians.lopes@adagri.ce.gov.br

4-

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará, Fortaleza - CE, Brasil, jarier.moreno@adagri.ce.gov.br

5-

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará, Fortaleza - CE, Brasil, amorim.sobreira@adagri.ce.gov.br

6* -

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará, Crateús - CE, Brasil, francisco.cardoso@adagri.ce.gov.br

________________________________________________________________________________

Resumo O objetivo desse estudo é relatar um caso de raiva observado em um bovino atendido em uma propriedade na cidade de Fortaleza-CE. O animal apresentava alteração de comportamento, paralisia flácida dos membros anteriores e posteriores, depressão, ataxia e não havia sinais de espoliação por morcegos. Após o óbito, foi coletado material do Sistema Nervoso Central (SNC) e enviado para o laboratório Central de Saúde Pública do Ceará, onde confirmou-se o diagnóstico de Raiva. Palavras-chave: bovinos, Fortaleza, paralisia.

Abstrat

The aim of this study was to analyze a case of rabies observed in a beef that was served in a property in the city of Fortaleza -CE. The animal had behavioral change, flaccid paralysis of the fore and hind limbs, depression, ataxia and there was no spoliation signs of bats. After death, central nervous system material was collected (CNS) and sent to the Central Laboratory of Public Health of Ceará, where it was confirmed the diagnosis of rabies. Keywords: cattle, Fortaleza, paralysis.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Introdução A raiva é considerada uma das mais importantes zoonoses, tanto pela sua distribuição mundial como suas drásticas consequências na saúde pública e saúde animal (SANTOS et al., 2008). O agente causador da raiva é um RNA vírus envelopado do gênero Lyssavirus, família Rhabidoviridade (MACHADO JUNIOR, 2014). Conhecida desde a antiguidade, atualmente pode ser definida como uma zoonose negligenciada e permanece endêmica, especialmente nos países em desenvolvimento, devido limitações financeiras e/ou problemas de infraestrutura. Há registros antigos de descrições de doenças no homem e nos animais semelhantes à Raiva (MORATO et al., 2011). Caracterizada por possuir alta capacidade de adaptação viral e por adotar reservatórios em várias espécies animais, a raiva é considerada uma enfermidade cosmopolita (BRADANE, 2001). Em alguns países a raiva encontra-se erradicada, onde através de medidas severas de vigilância e quarentena conseguiram chegar a sua erradicação (FUNASA, 2002). No Brasil, a doença é endêmica, apresentando variações de acordo com a região geográfica e com grande importância dos quirópteros na manutenção da cadeia de transmissão selvagem. Em face de sua distribuição desigual, em um mesmo país podem existir áreas livres e outras endêmicas, apresentando eventuais epizootias (KOTAIT et al., 2010). Na região Nordeste temos diversos artigos informando sobre distriubuições de casos de raiva em herbívoros, mas no ceara esses dados ainda são escassos (POVOAS et al., 2012; SANTOS et al., 2016) Em toda a América Latina, os morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus são os principais hospedeiros do vírus na natureza no ciclo aéreo, sendo os principais transmissores da infecção a bovinos e outros herbívoros (BATISTA et al., 2007). A maioria dos casos de raiva em herbívoros é contraída por meio da mordedura causada por um animal infectado, com inoculação por meio da via transcutânea do vírus presente na saliva. Pode ser citada ainda, a penetração do vírus através de membranas mucosas e por aerossóis em ambientes fechados, como cavernas densamente habitadas por morcegos infectados (MACHADO JÚNIOR, 2014). A raiva é uma doença infectocontagiosa caracterizada por formas variadas: aguda, quase sempre fatal caracterizada por sinais nervosos principalmente, apresentando ora sinais de agressividades e ora sinais de paresia, paralisia e encefalite viral aguda (SANTOS et al., 2008). É de fundamental importância conhecer os sintomas da raiva. O exame clínico correto permite recomendar o sacrifício de animais em fase paralítica da doença para não causar prejuízo ao diagnóstico laboratorial, para isto é necessário ter o conhecimento dos aspectos anatômicos e fisiológicos dos mesmos (SILVA, 2012). Os animais apresentam comportamento inquieto, hipersensibilidade no local de mordedura do morcego hematófago e em muitas vezes ocorre o aumento da libido do animal, andar sem rumo, agressividade, polipnéia, salivação e convulsões (MACIEL, 2000). Quanto aos prejuízos econômicos causados pela doença, devem ser relatados além do óbito dos animais de interesse zootécnico, os prejuízos indiretos, dentre os quais podemos mencionar: queda na produção de leite e carne, depreciação do couro dos animais, frequentes ataques dos morcegos hematófagos e os danos econômicos que levam ao homem nos tratamentos, assim como os custos com os referidos tratamentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA compete à coordenação, normatização e supervisão das ações do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros, com

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) definições e estratégias para a prevenção e controle da Raiva e outras doenças com sintomatologia nervosa (BRASIL, 2009). O monitoramento da raiva é vital para qualquer programa de eliminação da doença. Em regiões do mundo onde a raiva é uma doença negligenciada, a vigilância é o elo fundamental na cadeia chamada de “círculo de negligência”. Quebrar o “circulo” acabará com os casos de raiva subnotificados, tanto em animais e seres humanos, permitindo assim avaliar o verdadeiro impacto da doença, resultando em políticas que visem mudanças necessárias para lidar de forma correta com a doença (RABIES SURVEILLANCEBLUEPRINT.ORG, 2015). Como qualquer mamífero é susceptível à infecção com o vírus da raiva, a vigilância da doença deve ser parte integrante do diagnóstico diferencial dos animais com sintomatologia neurológica ou comportamento anormal para a confirmação diagnóstica de animais suspeitos e/ou casos prováveis (OIE, 2015) O objetivo desse estudo é relatar um caso de raiva observado em um bovino atendido em uma propriedade na cidade de Fortaleza - CE.

Relato de Caso

No município de Fortaleza- Ceará, no dia 1° de julho de 2015, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (ADAGRI), recebeu uma notificação de um criador informando que um dos seus animais (bovino), ao retornar do pastejo não se levantou mais e que sua cabeça estava fixa para o lado esquerdo, encaminhou-se um fiscal a propriedade Lago Verde, foi realizado o georreferenciamento (longitude: 38°34'55,3'' / latitude: 03°44' 28,3''), o proprietário relatou após algumas perguntas que os outros animais da sua propriedade, nem das vizinhas, apresentavam sinais semelhantes ao bovino acometido e também não haviam mordidas (espoliações) por morcego e acrescentou que nunca visualizou morcegos na propriedade, porém já havia visto animais silvestres na região. Então, a partir do relatado após confirmação das informações pelo produtor, o fiscal foi encaminhado até o animal, que ainda estava com vida, para a realização da anamnese e verificação dos sinais clínicos, sendo observados: alteração de comportamento; paralisia flácida dos membros anteriores e posteriores; decúbito lateral; depressão; ataxia e não haviam sinais de espoliação por morcegos. Foi orientado ao proprietário o isolamento do animal dos demais da propriedade, pois o mesmo também apresentava bezerro ao pé. Adicionalmente, a propriedade faz divisa com plantações desconhecidas e não possui manejo adequado no que se refere aos aspectos higiênicos sanitário e nutricional. No dia seguinte, o animal veio a óbito, sendo assim, o fiscal retornou à propriedade para realizar a coleta do sistema nervoso central (encéfalo e medula) do bovino, equipado com kit de necrópsia. O material foi refrigerado e os devidos formulários epidemiológicos padronizados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) foram preenchidos. Posteriormente, a amostra foi encaminhada ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (LACEN) para análise. As metodologias empregadas para diagnóstico de Raiva foram a Imunofluorescência Direta (I.F.D) e a Prova Biológica, e ambas foram positivas para o referido material. Após resultado da técnica de I.F.D, o fiscal retornou a propriedade para informar o resultado positivo da amostra ao proprietário e realizar as devidas orientações sanitárias, como a vacinação dos animais da propriedade e caso aparecessem mais animais com os mesmos sinais que entrasse em contato com a ADAGRI. Também

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) foram feitas visitas as propriedades vizinhas (vigilância ativa) se fazendo educação sanitária, e repassando informações necessárias aos produtores da região.

Considerações finais

Tendo em vista que o animal acometido e os outros animais da propriedade não apresentavam espoliações, sugere-se que estudos epidemiológicos adicionais fossem realizados, como a tipificação do vírus rábico, para definição da variante, através da técnica de anticorpos monoclonais e que a vigilância seja fortalecida no Estado, para que fosse verificado o real transmissor do vírus da raiva ao bovino e o direcionamento de ações de profilaxia e controle.

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Recebido em 20/02/2019 Aceito em 17/03/2019

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Revista Agrária Acadêmica Agrarian Academic Journal Volume 2 – Número 2 – Mar/Abr (2019) ________________________________________________________________________________ doi: 10.32406/v2n22019/143-156/agrariacad Enraizamento de estacas apicais de pinheira, gravioleira e atemoeira tratadas com auxinas. Roots of cutting annonas treated with auxins. Cristiano Pereira da Silva1*, Elizabeth Orika Ono2, João Domingos Rofrigues2, Luiz de Souza Corrêa3, Aparecida Conceição Boliani3 1* -

Professor Doutor da Faculdade Unigran Capital, Rua: Abrão Júlio Rahe, 325 - Centro, Campo Grande - MS, Cep. 79010010 Campo Grande/MS. E-mail: cpsilva.cetec@gmail.com 2 Docentes Titulares do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu-SP. E-mail: eoono@ibb.unesp.br; mingo@ibb.unesp.br 3Docentes Titulares do Departamento de Fitotecnia, Economia e Extensão Rural. UNESP/FEIS, Ilha Solteira-SP. E-mail: boliani@agr.feis.unesp.br; lcorrea@agr.feis.unesp.br

________________________________________________________________________________ Resumo A propagação por estaquia surge como alternativa para garantir produção de mudas uniforme e geneticamente homogêneas. Estacas apicais de pinheira (Annona squamosa L.), gravioleira (Annona muricata L.) e a atemoeira (Annona cherimola L. x Annona squamosa L.) foram retiradas em duas épocas do ano, com 15cm de comprimento, com dois pares de folhas cortadas ao meio. As estacas foram tratadas imergindo sua base durante 5 segundos em solução de ácido indolbutírico e ácido nafatelnoacético nas concentrações de 0, 0,25%, 0,50%, 0,75% e 1%, sendo posteriormente acondicionadas em bandejas de isopor polietileno contendo mix de substrato, mantidas durante 120 dias sob nebulização intermitente. O ácido indolbutírico e ácido naftalenoacético aumentam o percentual de enraizamento, número e comprimento das raízes nas concentrações de 0,50% a 0,75% respectivamente. Quanto a melhor época, destaca-se o verão. Palavra-chave: enraizamento, estacas, auxinas, annonas. Abstract The propagation by cutting comes as an alternative to guarantee the production of uniform and genetically homogeneous seedlings. Cutting of Annona squamosa (L.), Annona muricata (L.) and Atemoya Annona cherimola x Annona squamosa (L.) were collected at two times of the year, 15cm long, with two pairs of leaves cut in half. The cuttings were treated by immersing their base for 5 seconds in indolbutiric acid and naphthaleneacetic acid solutions at concentrations of 0, 0,25%, 0,50%, 0,75% and 1%, and then were packed in styrofoam polyethylene trays containing mix of substrate, maintained for 120 days under intermittent misting. Indolbutyric acid and naphthaleneacetic acid increase the rooting percentage, number and root length at concentrations of 0.50% to 0.75% respectively. The for the best season, highlights the summer. Keywords: roots, cutting, auxin, annonas.

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Introdução A família Annonaceae destacam-se entre as outras fruteiras devido ao seu sabor bastante agradável, considerada uma das frutas mais saborosas do mundo, junto com o mangostão e o abacaxi (DONADIO et al., 1998). Para o consumo in natura no Brasil, cultiva-se principalmente a fruta-doconde ou pinha (Annona squamosa L.), graviola (Annona muricata L.) e a atemóia (Annona cherimola L. x Annona squamosa L.), sendo o último um híbrido interespecífico entre a cherimóia e a fruta-doconde. Em relação ao processamento, a graviola (Annona muricata L.) destaca-se com a finalidade de obtenção de polpa. A cultura da pinheira, gravioleira e atemoeira encontram-se em constante expansão nos estados do Sudeste, principalmente, nos estados de Minas Gerais e São Paulo, sendo encontrada em pequenas propriedades como sítios e chácaras, muitas vezes consorciadas a outras culturas. Segundo Kavati (1998), a expansão (demanda e oferta) das anonas, está em alta, com ótima aceitação comercial no mercado nacional como internacional, quando comparados a outras culturas. De acordo com Scaloppi Junior & Martins (2014) o consumo in natura ocorre principalmente, com a fruta-do-conde ou pinha (A. squamosa) e a atemoia (A. cherimola x A. squamosa), híbrido interespecífico entre a cherimólia e a fruta-do-conde. Em relação ao processamento, apenas a graviola (A. muricata L.). A utilização de fitorreguladores exógenos favorece o enraizamento na maioria das espécies com potencial para a propagação por estacas, porém os autores consideram poucos os estudos a respeito da propagação por estaquia nas Anonnaceae (CASSOL et al., 2017). A maioria das espécies dessa família é considerada subutilizada, e a informação sobre elas é escassa e amplamente dispersa. Todavia, as áreas sob produção têm crescido mais rapidamente do que a contribuição da ciência e tecnologia (PINTO et al., 2005). Esta expansão comercial destas culturas em todo território brasileiro, deve-se, principalmente a conscientização dos consumidores brasileiros, da importância dos alimentos naturais para a saúde humana, o que tem contribuído, evidentemente, para fortalecer e difundir o consumo interno e a exportação de nossos produtos em forma de sucos, geléias e sorvetes. Em relação à forma de propagação, Camargo e Kavati (1996) consideram que a formação de mudas, possibilitando a obtenção de pomares de anonáceas homogêneos, produtivos e com frutos de qualidade elevada, precisa evitar o uso da propagação sexuada em qualquer de suas fases. Portanto, a obtenção de porta-enxertos ou de mudas da cultivar copa via assexuada, mediante estacas, propicia a fixação das características desejáveis de uma planta- -matriz, necessárias na formação de um pomar de Annonaceae competitivo, além da redução do tempo de formação da muda (HARTMANN et al., 1997). Já que as anonáceas são consideradas espécies alógamas, com alta heterogeneidade, e não produzem, geralmente, plantas idênticas ao parental, os pomares comerciais deveriam ser propagados por clonagem para evitar possíveis influências da variabilidade genética. As espécies de Annonaceae mais exploradas apresentam em maior ou menor grau, problemas, quando da tentativa de propagação vegetativa, sendo sua propagação sexual de escasso valor agronômico, devido ao alto grau de heterozigose das espécies, o que desaconselha sua propagação por sementes (ENCINA et al., 1999). Um dos fatores que poderiam aumentar o cultivo da pinheira (Annona squamosa), gravioleira (Annona muricata L.) e a atemoeira (Annona cherimola x Annona squamosa) e, consequentemente, a produtividade brasileira, está na melhoria dos métodos de propagação destas culturas, que basicamente tem-se propagado por sementes, o que tem dado origem a pomares desuniformes com variações qualitativa e quantitativa na produção dos frutos, dificultando ainda mais a comercialização interna e

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) externa. Além disso, o método de propagação seminífera acarreta num longo período juvenil e improdutivo. A eficiência da estaquia não é satisfatória em algumas espécies de Annonaceae, havendo necessidade de incremento no enraizamento, neste caso o uso de reguladores vegetais que estimulam a formação de raízes. O método de propagação por estaquia pode ser influenciado por diversos fatores, dentre os quais, as características inerentes à própria planta e às condições do meio ambiente. Dentre os fatores que podem melhorar os resultados, destacam-se a presença de folhas na estaca, utilização de câmara com nebulização intermitente, reguladores de crescimento, estádio de desenvolvimento da planta-matriz e do próprio ramo, além da época do ano em que as estacas são coletadas (SILVA, 2008, FIGUEIRÊDO et al. 2013). A juvenilidade, período em que a planta se apresenta incapaz de florescer e produzir, é uma característica importante na propagação via estaquia, pois plantas neste estádio, em sua maioria, apresentam maior capacidade de enraizamento, pela maior emissão de raízes adventícias (HARTMANN et al., 1997; KOMISSAROV, 1968, TOFFANELLI, 2003; TAIZ & ZEIGER, 2013). A dificuldade na obtenção de mudas com boas qualidades biológicas para a propagação tem sido um sério problema na expansão da fruticultura brasileira. Dentre os métodos de propagação assexuada mais utilizadas em frutíferas, destaca-se a estaquia, enxertia e alporquia. Uma vez que o método por enxertia e alporquia acaba sendo considerado pelos produtores de anonáceas, como método oneroso e de difícil obtenção de mudas e profissionais habilitados no processo. Neste sentido, o método de propagação por estaquia, acaba sendo uma alternativa das culturas para a utilização da propagação assexuada das Anonas (SACRAMENTO et al., 2009; VILAS BOAS et al., 2010). Para Silva et al., (2017) a estaquia, é o método mais simples de propagação assexuada, pois demanda menos trabalho especializado e menor tempo de viveiro. Consideram a estaquia um método simples, prático e de baixo custo, indicado para a propagação de inúmeras frutíferas de fácil enraizamento. No método de propagação de plantas por estaquia são comumente utilizadas substâncias promotoras de enraizamento, como os reguladores vegetais. Dentre os reguladores vegetais mais utilizados destacam-se as auxinas sintéticas, como o ácido naftalenoacético (ANA) e o ácido indolilbutírico (AIB). O principal objetivo de se tratar as estacas com estes estimuladores de enraizamento é proporcionar uma maior porcentagem de enraizamento, maior uniformidade, diminuindo a permanência das estacas no leito de enraizamento (TOFANELLI et al., 2003, MARINHO et al., 2007, BASTOS et al., 2009). Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito das auxinas ácido naftalenoacético (NAA) e ácido indolilbutírico (IBA) no enraizamento de estacas de pinheira (Annona squamosa L.), gravioleira (Annona muricata L.) e atemóia (Annona cherimola x Annona squamosa), mantidas sob nebulização intermitente. Material e Métodos Os experimentos foram conduzidos na Faculdade de Ciências Agronômicas – FCA, Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão Lageado, da UNESP, Campus de Botucatu, localizada no estado de São Paulo e situada à 22o 52’ de latitude sul e 48o 26’’ de longitude leste, numa altitude ao redor de 830 metros. Baseado no Sistema Internacional de Koeppen, Curi (1972) caracterizou o clima do município de Botucatu, como sendo do tipo Cfb, isto é, clima temperado com temperatura média dos 145


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) meses mais frios inferiores a 18oC e dos meses mais quentes inferiores a 22oC, com precipitações mensais superiores a 30mm. A câmara de irrigação utilizada para condução dos experimentos pertence ao Departamento de Ciências Florestais da FCA, possuindo estrutura de casa de vegetação preparada para o método de propagação por estaquia ou por sementes. O interior da câmara de vegetação apresenta os nebulizadores que controlam a umidade no interior do local, além disso, apresentam controlador de temperatura e vapor de água. A estrutura da câmara de nebulização foi construída, de modo, a permitir de 70% de luminosidade de luz natural durante o período diurno. A câmara de nebulização é construída com paredes de acrílicos, lacrados com sistema de isolamento para entrada de ventos. Os bicos de irrigação são distribuídos em linha, a uma distância de 30cm entre os bicos e 80cm entre as linhas nas laterais. O tempo de irrigação foi programado para aspergir água por 15 segundos a cada intervalo de 5 minutos, sendo determinado de modo a manter uma fina camada de água sobre a superfície das folhas no momento de maior evapotranspiração, no entanto, sem causar escorrimentos. O sistema de irrigação apresenta um temporizador (timer), o qual controlava a abertura e fechamento de uma válvula solenóide. A visualização das condições interna da câmara de nebulização onde foram instalados os experimentos está sendo mostrada na figura 1.

Figura 1. Interior da câmara de nebulização utilizada para a realização do experimento. UNESP/FCA/Botucatu-SP. As estacas foram coletas e preparadas no período matutino (06:00h), horário recomendado por diversos autores que trabalham com propagação de plantas por estaquia (TOFANELLI et al., 2003; FACHINELLO et al., 2005; ALTOÉ et al., 2011), retirando ramos da parte apical planta matriz, sendo denominadas como “estacas herbáceas”. Os ramos de pinheira (Annona squamosa L.), gravioleira (Annona muricata L.) e atemoeira (Annona cherimola L. x Annona muricata L.) cv. Gefner, foram retirados de plantas matrizes com sete anos de idade, doados pelo proprietário e produtor de frutíferas

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) da zona rural do município de São Manuel-SP, interior paulista, região entre os municípios de Botucatu-SP e Bauru-SP, sítio São Francisco, localizado a 25km do município de Botucatu, no Km 217, zona rural, sendo os ramos, retirados das partes altas das copas, garantindo-os mais uniformes. Após a coleta dos ramos, as estacas foram confeccionadas com aproximadamente 15cm de comprimento, sendo a base das mesmas, cortadas em bisel, eliminando-se o excesso de folhas, deixando apenas 3 pares de folhas, reduzidas pela metade, diminuindo assim, a área de transpiração, permitindo melhor acomodação nas bandejas de enraizamento. Neste experimento foram utilizadas somente estacas apicais dos ramos. As estacas foram submetidas ao tratamento fitossanitário (desinfestação) com fungicida comum, na proporção de 10 g do produto diluído em 10 L de água potável, onde as estacas foram imergidas totalmente em bacias plásticas, por um período de 2 minutos. As metodologias de aplicação dos tratamentos das bases das estacas nos dois ensaios foram diferentes, assim, para o ensaio 1, as bases das estacas (3,0cm) foram colocadas em contato com as auxinas na forma de talco, nas concentrações de 0,25%, 0,50%, 0,75% e 1% de ácido indolbutírico (AIB) e ácido naftalenoacético (ANA), sendo que para o tratamento testemunhas a base das estacas foram colocadas em contato com água destilada. Após o contato das bases das estacas nos tratamentos, estas foram estaqueadas em bandejas de poliestireno expandido, de 128 células, que foram identificadas entre os tratamentos e repetições perfazendo o delineamento estatístico. A figura 2 mostra o experimento no interior da câmara de nebulização. Os substratos utilizados nos dois experimentos foram a mistura de Plantmax® e casca de arroz carbonizada nas proporções de 1:2. Após 20 dias da instalação dos ensaios, as estacas receberam adubação foliar na dose de 10 g de ureia (N) diluído em 10 L de água potável. Para a aplicação foram utilizados regadores simples com 5L de capacidade utilizados em viveiros convencionais. As estacas permaneceram por até 120 dias no leito de enraizamento.

Figura 2. Experimentos de pinheira, gravioleira e atemoeira na câmara de nebulização. UNESP/FCA/Botucatu-SP. 147


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizados (DIC), esquema fatorial (2 auxinas x 2 épocas do ano verão e inverno x 5 concentrações de auxinas) sendo os dados transformados em raiz de x + 0,5 Teste Tukey. As características avaliadas nos ensaios foram à porcentagem de enraizamento, calos, número de raízes e comprimento das raízes. O ensaio 1 foi constituído por 27 tratamentos, 4 repetições e 15 estacas por parcela: T1: Testemunha pinheira; T2: 0,25% ANA; T3: 0,50% ANA; T4: 0,75% ANA; T5: 1% ANA; T6: 0,25% AIB; T7: 0,50% AIB; T8: 0,75% AIB; T9: 1% AIB; T10: Testemunha gravioleira; T11: 0,25% ANA; T12: 0,50% ANA; T13: 0,75% ANA; T14: 1% ANA; T15: 0,25% AIB; T16: 0,50% AIB; T17: 0,75% AIB; T18: 1% IBA; T19: Testemunha atemoeira; T20: 0,25% ANA; T21: 0,50% ANA, T22: 0,75% ANA, T23: 1% ANA, T24: 0,25% AIB; T25: 0,50% AIB; T26: 0,75% AIB; T27: 1% IBA Resultados Tabela 1. Porcentagem de enraizamento para as estacas apicais de pinheira, gravioleira e atemoeira em função das diferentes doses de AIB, ANA e épocas testadas, aos 120 dias. TRATAMENTOS

Testemunha 0,25% AIB 0,25% ANA 0,50% AIB 0,50% ANA 0,75% AIB 0,75% ANA 1% AIB 1% ANA CV (%): 13,25%

PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO PINHEIRA GRAVIOLEIRA ATEMOEIRA Verão 15,91 b 23,91 b 20,25 b 28,55 a 22,25 b 28,96 a 25,12 b 15,85 c 17,25 c

Inverno 8,91 b 10,91 b 8,67 b 18,55 a 7,25 b 17,96 a 6,25 c 5,86 c 3,50 c

Verão 14,05 bc 19,98 ab 17,50 b 24,05 a 19,25 ab 17,65 b 15,15 bc 12,05 c 10,25 c

Inverno 10,05 c 12,98 c 14,15 b 18,05 a 15,25 ab 17,65 a 10,25 c 8,05 c 6,20 c

Verão 20,23 c 35,15 a 25,15 b 32,65 a 27,25 b 35,12 a 22,20 b 18,25 c 10,25 c

Inverno 10,25 b 12,25 b 8,67 c 17,32 a 12,25 b 18,25 a 10,20 b 9,15 b 6,50 c

Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na vertical e minúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste Tukey (P0,05).* Dados transformados em x + 0,5. Tabela 2. Porcentagem de sobrevivência para as estacas apicais de pinheira, gravioleira e atemoeira em função das diferentes doses de AIB, ANA e épocas testadas, aos 120 dias. TRATAMENTOS

Testemunha 0,25% AIB 0,25% ANA 0,50% AIB 0,50% ANA 0,75% AIB

PORCENTAGENS DE SOBREVIVÊNCIA PINHEIRA GRAVIOLEIRA ATEMOEIRA

Verão 65,12 a 65,25 a 65,20 a 62,35 a 60,25 a 65,15 a

Inverno 33,25 b 35,85 a 37,25 a 30,25 b 35,25 a 35,35 a

Verão 68,17 a 65,25 a 65,14 a 68,67 a 62,20 a 68,25 a

Inverno 38,15 b 40,25 a 38,65 b 42,15 a 40,15 a 40,25 a

Verão 68,25 a 60,25 a 68,25 a 65,15 a 60,20 a 63,25 a

Inverno 33,25 b 33,15 b 38,25 a 37,25 a 40,25 a 36,25 a

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) 0,75% ANA 60,15 a 1% AIB 50,12 b 1% ANA 48,25 b CV (%): 10,15

28,20 c 30,15 c 20,25 c

58,15 b 53,15 b 50,25 b

35,25 b 38,15 b 30,15 c

65,25 a 55,45 b 57,25 b

36,20 a 30,15 b 30,20 b

Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na vertical e minúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste Tukey (P0,05).* Dados transformados em x + 0,5.

Tabela 3. Porcentagem de calo para as estacas de pinheira, gravioleira e atemoeira em função das diferentes doses de AIB, ANA e duas épocas testadas, aos 120 dias. TRATAMENTOS

Testemunha 0,25% AIB 0,25% ANA 0,50% AIB 0,50% ANA 0,75% AIB 0,75% ANA 1% AIB 1% ANA CV (%): 12,17

PORCENTAGENS DE CALO PINHEIRA GRAVIOLEIRA ATEMOEIRA

Verão 15,15 c 17,25 c 20,25 bc 38,20 a 35,75 a 38,50 a 32,25 a 18,25 bc 18,75 bc

Inverno 8,15 c 8,25 c 8,65 c 15,25 b 12,25 b 16,67 a 13,75 b 7,25 c 6,35 c

Verão 22,20 c 28,50 b 25,25 b 38,15 a 39,15 a 35,50 a 32,25 ab 17,75 c 15,50 c

Inverno 10,50 bc 12,15 b 12,75 b 15,50 a 15,25 a 15,15 a 15,25 a 8,15 c 7,15 c

Verão Inverno 17,75 b 7,75 bc 16,25 b 8,15 b 15,75 b 8,15 b 32,35 a 12,75 a 35,15 a 10,25 b 32,50 a 15,25 a 32,25 a 12,15 a 10,15 c 7,25 bc 12,25 c 6,25 c

Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na vertical e minúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste Tukey (P0,05).* Dados transformados x + 0,5.

Tabela 4. Médias do número de raízes (cm) para as estacas de pinheira, gravioleira e atemoeira em função das diferentes doses de AIB, ANA e épocas testadas, aos 120 dias. TRATAMENTOS

Testemunha 0,25% AIB 0,25% ANA 0,50% AIB 0,50% ANA 0,75% AIB 0,75% ANA 1% AIB 1% ANA CV (%): 10,25

MÉDIAS DO NÚMERO DE RAÍZES PINHEIRA GRAVIOLEIRA ATEMOEIRA

Verão 4,50 c 5,00 c 4,05 c 7,25 b 7,55 b 8,50 a 8,25 a 3,25 d 2,15 d

Inverno 2,00 c 2,15 c 2,25 c 3,48 b 3,50 b 4,25 a 4,75 a 1,75 c 1,50 c

Verão 4,15 c 6,05 bc 6,25 bc 16,25 a 14,55 a 9,15 b 10,25 b 2,15 c 2,25 c

Inverno 2,25 b 2,50 b 1,50 c 3,45 a 3,75 a 3,75 a 2,25 b 1,25 c 1,50 c

Verão 3,50 c 6,25 b 6,75 b 15,55 a 14,15 a 15,75 a 14,25 a 2,25 c 1,75 c

Inverno 2,25 c 5,35 a 4,15 b 4,50 b 5,55 a 5,75 a 5,65 a 1,25 c 1,05 c 149


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na vertical e minúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste Tukey (P0,05).* Dados transformados x + 0,5.

Tabela 5. Médias do comprimento das raízes (cm) para as estacas de pinheira, gravioleira e atemoeira em função das diferentes doses de AIB, ANA e épocas testadas, aos 120 dias. TRATAMENTOS

Testemunha 0,25% AIB 0,25% ANA 0,50% AIB 0,50% ANA 0,75% AIB 0,75% ANA 1% AIB 1% ANA CV (%): 11,23

MÉDIAS DO COMPRIMENTO DAS RAÍZES PINHEIRA GRAVIOLEIRA ATEMOEIRA Verão 4,05 bc 7,25 a 5,00 b 7,75 a 5,25 b 7,25 a 5,75 b 2,15 c 2,15 c

Inverno 1,75 bc 2,05 a 2,50 a 2,25 a 2,75 a 2,75 a 1,25 bc 1,25 bc 1,00 c

Verão 3,15 c 6,50 b 4,15 bc 7,75 a 5,00 b 7,75 a 3,50 c 3,75 c 2,25 d

Inverno 1,55 b 1,75 b 1,25 c 2,25 a 2,05 a 2,50 a 2,50 a 1,00 c 1,25 c

Verão 4,55 b 4,75 b 6,25 b 7,25 a 6,15 b 7,00 a 4,25 b 2,50 c 1,75 c

Inverno 1,75 c 2,25 b 1,75 c 3,75 a 2,55 b 3,25 a 2,75 b 1,25 c 1,00 c

Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na vertical e minúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste Tukey (P0,05).* Dados transformados x + 0,5.

Discussão A tabela 1 apresenta as médias em porcentagens de enraizamento das estacas de pinheira, gravioleira e atemoeira, tratadas com as auxinas AIB e ANA em duas épocas do ano. Através das médias apresentadas, pode-se verificar que as auxinas contribuíram no aumento da porcentagem de enraizamento nas estacas de pinheira, gravioleira e atemoieira, obtendo os melhores resultados nos tratamentos com AIB e ANA nas concentrações de 0,25%, 0,50% e 0,75%. Já os tratamentos com a concentração de 1% de AIB e ANA não apresentaram efeito satisfatório, sendo esta concentração inibidora do enraizamento ocasionando toxidez nas estacas. Nos tratamentos onde foram utilizados concentrações de 1% das auxinas, pode-se verificar a queda acentuada das folhas presentes nas estacas, além da necrose das folhas e posteriormente das estacas após 30 dias do tratamento. Este fato vem de encontro com as citações de ALVARENGA & CARVALHO (1983), SKOOG (1981), ONO & RODRIGUES (1996), PÁDUA (1983), TAIZ & ZEIGER (2013) onde relatam que as auxinas em altas concentrações podem inibir a formação das raízes, podendo ocasionar morte das estacas. Em relação às duas épocas testadas, pode-se verificar através dos resultados obtidos que para as três espécies de Annonas que o verão apresenta médias de porcentagens de enraizamento superiores em relação as médias de porcentagens no período de inverno. Ferreira & Cereda (1999), trabalhando com enraizamento de estacas de atemoeira, apresentaram resultado de 28,7% de enraizamento no período de verão, justificando o fato, ao tipo de substrato utilizado (plantmax®) e ao potencial genético

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) da atemoeira e o uso de IBA. Bankar (1989) citado por Ferreira & Cereda (1999) obteve resultado 26,4% de enraizamento no verão, utilizando dose de 0,30%. Scaloppi Junior & Martins (2003), verificaram que para algumas espécies de Annonaceae, como a, Annona glabra, Annona montana, Rollinia emarginata e Rollinia mucosa,o melhor período foi no verão apresentando médias percentuais de 94,0% para Annona glabra, 48% para Annona montana, 19,4% para Rollinia emarginata e 7,7% para Rollinia mucosa. No inverno as porcentagens foram inferiores, com 3,8% para Annona glabra, 14,7% para Annona montana, 5,9% para Rollinia emarginata e 2,5% para Rollinia mucosa. Segundo os mesmos autores, o período de inverno mostrouse desfavorável para a porcentagem de enraizamento, sobrevivência, número de raízes e comprimentos das raízes, indicando que nesse período há presença de substâncias inibidoras, o que leva a conclusão da importância da época de coleta dos ramos e as condições fisiológicas da planta-matriz, no fornecimento de auxinas endógenas e substâncias co-fatoras que promovem a emissão dos primórdios radiculares. Silva (2004) e Silva et al. (2004), trabalhando com Annona squamosa L. e Annona muricata, observou que no período de verão as porcentagens de enraizamento das estacas foram superiores quando comparado com as obtidas no período de inverno, justificando este fato, no estado fisiológico da planta matriz, quantidades de auxinas endógenas e substâncias co-fatores de enraizamento. Ferreira et al., (2008) trabalham com enraizamento de estacas de atemoeira cv. “Gefner” citam resultados satisfatório no enraizamento das estacas apicais sem tratamento e medianas tratadas com ANA (0,5%). Segundo Scaloppi Junior & Martins (2014) o sucesso do enraizamento de estacas é dependente de fatores como espécie, variedade, planta-matriz, época do ano, fitorreguladores, ambiente de enraizamento e juvenilidade. Algumas espécies de Annonaceae apresentam potencial para a propagação por estacas, porém a literatura é escassa de trabalhos referentes à formação de muda e condução de plantio. A utilização de reguladores vegetais exógenos favorece o enraizamento na maioria das espécies com potencial para a propagação por estacas. Silva et al., (2017) ao trabalharem com enraizamento das atemoeiras, cultivares ‘QAS’, ‘African Pride’, ‘Thompson’ e ‘Jundiaí’, não verificaram diferença significativa, na estaquia quanto à porcentagem de pegamento ou enraizamento de estacas lenhosas em função dos 30, 45 e 60 dias da avaliação, com diferença significativa apenas aos 90 dias, pois onde não houve o porcentagens de enraizamento de algumas estacas. Segundo os mesmos autores, teve-se o destaque da cultivar ‘Jundiaí’, no enraizamento e com maiores comprimentos e diâmetros. A tabela 2 apresenta as médias em porcentagem de sobrevivência das estacas. Pode-se verificar que os resultados obtidos indicam que a melhor época do ano foi no verão, nas concentrações de auxinas de 0,25%, 0,50% e 0,75%. No entanto, os resultados apresentaram diferença estatística na concentração de 1% de AIB e ANA, nas duas épocas estudadas para as três espécies, revelando que as auxinas nesta concentração foram prejudiciais na sobrevivência das estacas das Annonas. Estas observações estão de acordo com a proposta de Alvarenga & Carvalho (1983), Leonel & Rodrigues, (1993); Biasi et al., (1997) e Machado et al., (2005) o ANA em altas concentrações tende a apresentar efeito de toxidade, inibindo a formação das raízes, pois ANA quando comparado com AIB, apresentam comportamento de toxidez em altas concentrações, recomendando o uso de auxinas em menores concentrações. Já Ono & Rodrigues (1996) relatam que tanto AIB quanto ANA em altas concentrações são inibidoras e podem ocasionar toxidez nas estacas levando a morte dos tecidos. Silva et al. (2005) citam que as estacas de pinheira (Annona squamosa L.) e gravioleira (Annona muricata L.) ao serem tratadas com altas concentrações de IBA e NAA, acima de 2000mg.L-1, apresentaram

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) queda significativa das folhas, diminuindo a porcentagem de enraizamento e de sobrevivência das estacas. Machado et al. (2005) verificaram que o uso de AIB nas concentrações de 0,20% e 0,30% ocasionou diminuição na porcentagem de sobrevivência das estacas de videira ‘VR043-43’ (Vitis vinifera x Vitis rotundifolia) com médias acima de 52,34% de estacas mortas no leito de enraizamento. A tabela 3 apresenta as médias em porcentagem de calos nas estacas de pinheira, gravioleira e atemoeira, tratadas com as auxinas AIB e ANA em duas épocas. Em relação a presença dos calos nas estacas das espécies, nota-se que o uso das auxinas AIB e ANA apresentaram efeitos na formação de calos nas estacas, nas duas épocas estudadas, pois houve diferença estatística significativa entre os tratamentos ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. Dentre os melhores resultados destacam-se as concentrações de 0,50% e 0,75% de AIB, 0,50% e 0,75% ANA, já os menores resultados, nas duas épocas estudadas, para as três espécies foram obtidas na concentração de 1% de AIB e de ANA. Estas observações estão de acordo com a proposta de Alvarenga & Carvalho (1983) onde relatam que o ANA em altas concentrações tende a apresentar efeito de toxidade, inibindo a formação das raízes, pois ANA quando comparado com AIB, apresentam comportamento de toxidez em altas concentrações, recomendando o uso de auxinas em menores concentrações. Já Ono & Rodrigues (1996) relatam que tanto IBA quanto NAA em altas concentrações são inibidoras e podem ocasionar toxidez nas estacas levando a morte dos tecidos. Silva (2004) e Silva et al. (2005) citam que as estacas de pinheira (Annona squamosa L.) e gravioleira (Annona muricata L.) ao serem tratadas com altas concentrações de AIB e ANA, acima de 0,20%, apresentaram queda significativa das folhas, diminuindo a porcentagem de enraizamento e de sobrevivência das estacas. Através dos resultados obtidos, pode-ser verificar que os tratamentos onde se utilizaram IBA apresentaram médias relativamente superiores quando comparados com as médias dos tratamentos onde utilizaram ANA, tanto no período de verão como no inverno. Nas três espécies de Annonas estudadas, percebe-se que para atemoeira o uso de IBA e NAA apresenta efeito satisfatório, pois os resultados diferiram estatisticamente das testemunhas. Mayer et al. (2002) verificaram que as porcentagens de sobrevivência das estacas de umezeiro (Prunus mune Sieb & Zucc.) aumentaram nas estacas com 18cm e que apresentaram quatro pares de folhas com meristemas apicais. Segundo os mesmos autores, as folhas e os meristemas apicais são fontes de carboidratos, substâncias co-fatoras e auxinas endógenas, assim sendo, a taxa fotossintética é mais elevada nestas estacas, aumentando a concentração de fotoassimilados refletindo na rizogênese. Além disto, Okoro & Grace (1978) citado por Mayer et al. (2002), durante o período de enraizamento e formação de calos, a citocinina é gradualmente metabolizada favorecendo a brotação, atividade cambial, crescimento dos tecidos, divisão e alongameno celular auxiliando na sobrevivência das estacas. Scaloppi Junior & Martins (2003), trabalhando com enraizamento de estacas de quatro espécies de Annonaceae, verificaram diferenças na porcentagem de sobrevivência das estacas, onde Annona montana, apresentou o melhor resultado (66%), acompanhado por Annona glabra (48,1%), Rollinia emarginata (31,3%) e Rollinia mucosa (20,5%). Segundo os mesmos autores, estas diferenças nas porcentagens de sobrevivência das estacas, está associada ao potencial genético encontrado em cada espécie da Annonaceae e a época de coleta dos ramos, indicando as épocas após o outono e inverno. Em relação a presença de calos em estacas, Scaloppi Junior (2007) verificou que o calejamento das estacas nas espécies de Annonas (Annona glabra L. e Annona emarginata L.), apresentou efeito

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Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) significativo para as estacas juvenis tratadas com AIB nas concentrações de 0,20%, percebendo que no primeiro ano do experimento os resultados foram superiores (73,25%) em relação ao ano subsequente (42,25%). Segundo os mesmos autores, a medida em que se aumentou a concentração das auxinas testadas, aumentaram os resultados, demonstrando o efeito dos reguladores vegetais na formação dos calos neste período. A capacidade, portanto, de a estaca emitir raízes é uma função da interação de fatores endógenos e das condições ambientais proporcionadas ao enraizamento. Tem sido observado que a formação de raízes adventícias se deve à interação de fatores existentes nos tecidos, como os níveis de carboidratos, água, nutrientes minerais e fitormônios e à translocação de substâncias sintetizadas nas folhas e gemas em desenvolvimento (FACHINELLO et al., 1995; FERREIRA et al., 2008, TAIZ & ZEIGER, 2013). Os tratamentos em que se utilizaram as concentrações de 1% de AIB e ANA, nas duas épocas estudadas para as três espécies de Annonas, demonstraram que as auxinas, nestas concentrações, não apresentaram efeito no aumento das porcentagens de estacas com calos. Este fato pode estar associado com o efeito inibidor das auxinas, que em altas concentrações tende a influenciar no enraizamento, prejudicando a sobrevivência e formação dos calos nas bases das estacas (TAIZ & ZEIGER, 2013). A tabela 4 apresenta as médias dos números de raízes presentes nas estacas de pinheira, gravioleira e atemoeira, tratadas com auxinas AIB e ANA em duas épocas. Em relação aos números de raízes nas estacas das espécies de Annonas estudas, verifica-se que os tratamentos em que se utilizaram o AIB e ANA nas duas épocas, apresentaram médias superiores significativas, quando comparada as testemunhas, demostrando a eficiência dos fitorreguladores, principalmente na época do verão. Neste sentido, Casas et al.; (1984) citado por Ferreira & Cereda (1999) relatam que AIB nas concentrações de 0, 0,50% e 1% apresentaram efeito estatístico significativo ao nível de 5% probabilidade pelo teste Tukey, para o número de raízes, sendo que o melhor resultado foi observado nos tratamentos com AIB na concentração de 1000mg.L-1, revelando a importância da auxina na emissão das raízes. Silva (2004) observou o efeito das auxinas no número de raízes, verificando que no verão os resultados foram superiores a do inverno, tanto para as estacas de pinheira e gravioleira, na concentração de 2% de ANA e AIB, com média de 5,25 e 7,25. No entanto, as testemunhas para ambas as espécies, apresentam média superiores com resultados de 9,25 e 10,0, revelando que AIB e ANA nesta concentração apresentou efeito inibidor na emissão das raízes. Scallopi Junior (2007), trabalhando com diferentes espécies de Annonas, verificou que a espécie Rollinia silvatica, obteve nas estacas apenas nove raízes, com comprimento de 3cm nos tratamentos com 0,1% e 0,20% de AIB, já para Rollinia emarginata o resultado foi menor, apenas o tratamento com 0,40% de AIB apresentou uma raiz nas estacas com 1cm de comprimento, demonstrando o potencial genético encontrados as espécies de Annonaceae. A tabela 5 apresenta as médias do comprimento das raízes presentes nas estacas de pinheira, gravioleira e atemoeira, tratadas com auxinas AIB e ANA em duas épocas. Em relação ao comprimento das raízes nas estacas, verifica-se que no período de verão, as médias encontradas nos tratamentos de AIB foram superiores em relação as médias obtidas nos tratamentos com ANA e testemunha, tendo efeito estatístico significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. Dentre os melhores resultados destacam-se os efeitos de AIB e ANA nas concentrações de 0,25%, 0,50% e 0,75%, já os menores resultados foram observados nos tratamentos com a concentração de 1% de ANA e AIB. 153


Rev. Agr. Acad., v.2, n.2, Mar/Abr (2019) Pode perceber que existiram diferenças no comprimento das raízes nas três espécies de Annonas estudadas, demonstrando o potencial genético entre as espécies e a capacidade de estímulos na emissão de raízes adventícias. Neste sentido, Scallopi Junior & Martins (2003) pode perceber que no verão a espécie Annona glabra apresentou o melhor resultado (2,8cm) e o menor resultado foi observado na espécie Rollinia mucosa (1,1cm). No período de inverno, todas as espécies estudadas apresentaram resultados inferiores quando comparados com o verão, não diferindo estatisticamente entre as espécies estudadas, Annona glabra (1,4cm), Rollinia emarginata (1,3cm), Annona montana (1,1cm) e Rollinia mucosa (1,1cm). Segundo Machado et al., (2005) ao trabalharem com enraizamento de porta-enxerto de estacas de Vitis Viníferas, tratadas com diferentes concentrações de AIB, citam a maior concentração de AIB (0,30%) que proporcionou maior número médio de raízes. Resultados semelhantes foram encontrados por Biasi et al. (1997), em que a maior emissão de raízes por estacas foi encontrada com a maior concentração de AIB (0,20%), porém, com maior mortalidade das estacas. Segundo os mesmos autores, os estágios iniciais de indução do enraizamento, altas concentrações de auxinas são necessárias, mas são inibitórias à organização e crescimento dos primórdios radiculares. Souza et al., (2018) trabalhando com enraizamento de estacas de jasmim-café (Tabernaemontana divaricata) destaca o ácido indolbutírico (AIB) nas concentrações de 0,20% e 0,40%, como os melhores resultados na formação de calo, número e comprimento de raízes, como nas brotações. Quanto ao efeito das concentrações de AIB, o tratamento de 0,20% apresentou os maiores valores, podendo ser utilizado como indutor do enraizamento em estacas de Tabernaemontana divaricata.

Conclusão

Com base nos resultados obtidos nas condições do presente trabalho, pode-se concluir que a propagação por estaquia de pinheira, gravioleira e atemoeira é viável, principalmente na época de verão com uso das auxinas AIB e ANA, nas concentrações de 0,50% e 0,75% de IBA e NAA.

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Recebido em 25/01/2019 Aceito em 16/03/2019

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