Carlos P.P.Santos CarlosM. M.Arquitecto Santos Arquitecto
Título Title Carlos M. P. Santos – Arquitecto Colecção Collection Arquitecturas Coordenação editorial Editorial coordination Ana David Tradução Translation Monica Andrade Fotografia Photography Manuel Pacheco Produção Gráfica Graphic Production Rui Rica Data de Edição Edition date Fevereiro 2012 ISBN 978-989-658-148-0 Depósito Legal Legal copy deposit number 339247/12 Edição Edition
Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas, S.A. Rua de Estrasburgo, 26 – R/c Dt.º 2605-756 Casal de Cambra – Portugal Telf.: (+351) 21 981 79 60 Fax: (+351) 21 981 79 55 caleidoscopio@caleidoscopio.pt www.caleisdoscopio.pt
SOCIMARTA, Lda
Sumário contents
Nota Editorial Editorial Note
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Entrevista a Carlos Santos Interview to Carlos Santos
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Obras Works
Casa em Caminha House in Caminha
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Casa em Santa Marta House in Santa Marta
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Casa em Bustelo House in Bustelo
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Casa na Rua António Guimarães House in António Guimarães street
041
Casa em S. Roque House in S. Roque
051
Residência dos Frades Franciscanos –Igreja do Calvário Franciscan Friars Residence – Calvário Church
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Centro Paroquial de Penafiel Penafiel Parish Center
067
Biblioteca Municipal de Castelo de Paiva Castelo de Paiva Municipal Library
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Escritórios da Quinta da Aveleda Quinta da Aveleda Offices
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Ampliação Caixa de Crédito Agrícola do Vale de Sousa e Baixo Tâmega Extension of Caixa de Crédito Agrícola of Vale de Sousa and Baixo Tâmega
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Projectos Projects
Clínica Médico-Dentária Medical and Dental Clinic
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Habitações Unifamiliares em Banda + Edifício Plurifamiliar Single Family Houses in row+ Multifamily Building
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Fichas técnicas Technical Files 121 Portefólio Portfolio 122 Biografia Biography 128
Nota Editorial Editorial note
Conheci o arquitecto Carlos Santos através do meu amigo Agostinho Carvalho. Em Penafiel, onde possui o seu ateliê. No Vale do Sousa e em Penafiel, em particular, tem desenvolvido parte significativa da sua obra, intervindo, pontuando e enriquecendo este território com o seu gesto e com o seu saber. Porque Penafiel foi também a terra que elegeu para viver e onde acaba de construir a sua própria casa. A possibilidade de se editar Arquitectura feita em espaços periféricos – sobretudo quando essa intervenção é feita de modo continuado, sistematizado e coerente, seja pela mão de um actor, como é o caso, ou de vários –, é sempre muito motivadora, por, entre outros aspectos, nos trazer o sentimento da descoberta. E esta descoberta ainda é mais gratificante por antevermos que para ter sido gerada tal qualidade de intervenção foi necessário trabalho suplementar. Sim, porque o arquitecto Carlos Santos desenvolve a sua actividade há cerca de 20 anos; e se hoje dispomos de um conjunto de meios, quase em qualquer ponto do país, no passado não era assim. Jorge Ferreira
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I met the architect Carlos Santos through my friend Agostinho Carvalho. In Penafiel, where he has his studio. In Vale de Sousa and Penafiel, in particulary he has developed a significant part of his work, intervening in, punctuating and enriching this part of the country with his activity and knowledge. Because Penafiel is also the town which he chose to live in and where he has just finished building his own home. The possibility of publishing Architecture built in peripherical spaces – above all when that intervention is made steadily, systematically and coherently, be it single-handedly, as is the case here, or by several players – is always very motivating since, among other aspects, it gives us a feeling of discovery. And this discovery is all the more gratifying as we perceive that, for such quality to have been achieved, supplementary work was needed. This is so, because Carlos Santos has been practising for about 20 years; and if today a number of means are available virtually anywhere in the country, in the past this was not the case.
Entrevista Interview
Que arquitectos mais o influenciaram e em quais se revê? Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, são arquitectos incontornáveis da Escola do Porto, onde me formei, e fazem já parte da história da Arquitectura. Souto de Moura foi meu professor… posso dizer que também tive o meu Pritzker… mas não é difícil enumerar arquitectos portugueses de grande qualidade. Nos mestres, que são referências para qualquer arquitecto: Mies, Courbusier, F. L. Wright, Alvar Aalto,… sem que signifique propriamente uma preferência, vejo por exemplo na obra de Aalto muitas das questões que me interessam e são busca constante na arquitectura, nomeadamente a relação intensa entre a expressão dos materiais e a luz, é, em muitas situações, de uma actualidade impressionante. Nos exemplos que referi antes, em Tadao Ando, Alberto Campo Baeza, Carrilho da Graça,… a afirmação conceptual inequívoca das suas obras não secundariza a afectividade que as mesmas transmitem, provocando emoções quando as visualizamos, estando muito além do objecto de grande qualidade arquitectónica. Esquissa bastante! Qual o seu processo criativo e o que o inspira? O esquisso surge de uma forma natural no meu processo criativo, porque desenhar dá-me um prazer enorme e acredito que isto se transmite para a arquitectura. Os espaços, os volumes, os pormenores, vão-se construindo seguros nessa relação constante com o desenho. Recordo-me que na Escola, no meu tempo, havia uma preocupação com o modelo a seguir, os esquissos surgiam depurados, a preto e branco. Mais tarde, descobri os desenhos de Scarpa e para além do papel do pormenor na sua arquitectura, fascinaram-me a cor e o labor que colocava nos mesmos. O lado de síntese, cruzado com desenhos mais prolongados e trabalhados, acontece naturalmente sem contradições. O esquisso é, também um meio muito prático e poderoso de em plena obra explicar rapidamente um pormenor ou de reflectirmos sobre determinado “remate”, que o recurso a um desenho rigoroso ou a um 3D muitas vezes não explica e se torna demasiado moroso. Inspiram-me todas as coisas, seja a arquitectura, o desenho, a música,… feitas de tal forma, que têm o poder de me provocar uma vontade enorme de criar e fazer bem o meu trabalho. A sua obra revela uma especial preocupação com a luz. Pode mesmo dizer-se que em muitos dos seus projectos recorre à luz zenital. Quer partilhar connosco esta característica comum e transversal na sua obra? O papel da luz na arquitectura é omnipresente quando se projecta. Desde os princípios básicos na resposta a um programa, até à escolha de materiais, existe sempre uma cruz que não deixa de ser matriz para que os diferentes espaços ora se abram a Nascente (como tantas vezes o procuramos para os quartos) e a Poente, com o mar logo ali, como acontece na Casa de Cami-
Who are the architects who have most influenced you and to whose work you can relate? Siza Vieira and Eduardo Souto de Moura are architects whose work cannot be overlooked of the Porto School, from which I graduated and who are already part of the History of Architecture. Souto de Moura was my teacher. I can also say I was taught by Pritzker – but it isn’t difficult to list Portuguese architects whose work is of great quality. Among the masters, those who are references for any architect: Mies, Le Corbusier, F. L. Wright, Alvar Aalto. Without actually signalling a preference, I see for example in the work of Aalto many of the issues which interest me and are constantly sought in architecture, notably the intense relation between the expression of the materials and light. This is at times strikingly contemporary. In the examples I cited and also in Tadao Ando, Alberto Campo Baeza, Carrilho da Graça – the unequivocal conceptual affirmation of their work doesn’t relegate to a secondary plane the affectivity they convey, arousing emotions when we look at them and going well beyond the object of great architectural quality. You sketch a great deal! What is your creative process and what inspires you? Sketching is natural to my creative process, because I very much enjoy drawing and believe that this communicates with architecture. Spaces, volumes, details begin to appear, secure in this constant relation with drawing. I remember that at the School, there was a concern with the model to be followed, sketches appeared streamlined, in black and white. Later I discovered the drawings of Scarpa, and, besides the role of detail in his architecture, I was fascinated by the colour and work he put into them. The aspect of the synthesis, intertwined with more elaborate drawings, happens naturally without contradictions. The sketch is also a very practical and powerful way of quickly explaining a detail while building is under way or of reflecting on a certain ‘finish’, which recourse to a strict drawing or to a 3D very often doesn’t explain or becomes too slow. Everything inspires me, be it architecture, drawing, music – done in such a way that they have the power to make me feel an enormous desire to create and do my work well. Your work shows special concern with light. Would it even be possible to say that in many of your projects you have recourse to zenithal light? Would you like to share with us this common, transversal feature of your work? When working on a project, the role of light in architecture is omni-present. From the basic principles in the response to a programme to the choice of materials there is always a cross which cannot but be the matrix for the different spaces whether they open up in the east (as we so often seek to do for rooms) and in the west, with the sea right there, as is the case of the Caminha house, or they face the sun in moderation to Carlos M. P. Santos – Arquitecto 005
nha, ou enfrentem com moderação o Sul, ou o Norte que pode trazer uma luz filtrada através de lanternins, como na sala de reuniões da Quinta da Aveleda. Na casa em S. Roque e na zona dos quartos, o corredor, de parede cega acompanhado pelo armário suspenso, é iluminado por duas clarabóias redondas que se vão localizar no enfiamento das portas dos quartos, tal como os lanternins à entrada dos mesmos. Para além da procura de diferentes matizes da luz, estes elementos transportam para a cobertura volumes dinâmicos, numa relação de cheio e vazio entre exterior e interior. As clarabóias nas casas antigas, culminando uma escada ou banhando de luz um espaço improvável são memórias de casas que me marcaram ou aquelas imagens extraordinárias das obras de Aalto (mais uma vez), sem dúvida que influenciaram o meu trabalho, como por exemplo a Biblioteca que fiz em Castelo de Paiva. Daí, talvez, até a própria escolha da fotografia de apresentação. Mas eu nasci no Sul e as memórias que guardo explicam muita coisa. Tem trabalhado nos mais diversos programas embora a Habitação seja uma área mais reincidente. Considera este programa mais aliciante? Durante os 20 anos em que estive no G.A.T. do Vale do Sousa, fiz questão de separar a minha actividade particular da minha actividade num organismo público, daí a razão de não haver “obra pública” no meu escritório. A habitação tem sido a área de trabalho maioritária no meu percurso, porque basicamente é aquela que o meio/mercado onde me encontro inserido oferece em termos de oportunidade. Devo dizer que qualquer programa é aliciante, se houver “proximidade” entre cliente e arquitecto, extensível à obra na relação com os executantes. Cada um deve saber ocupar o seu lugar, com o gosto de fazer bem e deixar fazer bem. Para mim, este é o princípio básico de “proximidade” que no fundo, também é o da liberdade criativa. Quando projectamos uma habitação, seja pela escala ou pela relação que se vai estabelecendo com um cliente, com a família, sabemos quem são as pessoas para quem desenhamos os espaços e acaba por haver um maior envolvimento, tornando-se de facto aliciante. Num equipamento, os espaços são desenhados para um universo de pessoas muito diverso, que na sua maioria ser-nos-á anónimo, mas não menos interessante e importante por pensarmos os espaços para essa complexidade de relações. Apesar destas premissas, faz toda a diferença perceber mais tarde a forma como as pessoas vivem e se apropriam dos espaços. É aí, independentemente do programa, que nos sentimos frustrados ou surpreendidos como a obra foi respeitada, bem conservada… vejamos, compreendida pelos seus responsáveis e/ou pelos seus utilizadores… esta é uma parte reconfortante na arquitectura. Dou como bom exemplo o Centro Paroquial de Penafiel, seis anos depois, por onde passam centenas de crianças.
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the south or the north which can bring filtered light by means of skylights, as in the meeting-room of Quinta de Aveleda. In the house in São Roque and in the area of the rooms, the corridor, with a blind wall following the suspended storage unit, the lighting is provided by the two round skylights placed in line with the rooms’ doors, like the skylights at the entrance to them. Besides seeking different degrees of light, these features convey dynamic volumes to the coverage, in a relation of fulness and emptiness between the exterior and the interior. The skylights in old houses, culminating in a stairway or casting light on an improbable space, are memories of houses which have had an impact on me or those extraordinary images of Aalto’s works (again) undoubtedly influenced my work, as for example the Library I made in Castelo de Paiva. Hence, perhaps, the choice of the presentation photograph itself. But I was born in the South, and the memories I have explain a great deal. You have worked in the most different programmes, although more often in Housing. Do you consider this type of programme more alluring? During the four years I spent at G.A.T. in the Sousa valley I made a point of separating my private activity from my activity for a public entity, which is why there are no ‘public works’ in my office. I have mostly worked on housing during my time because basically it is the area in which the milieu/market where I conduct my activity offers in terms of opportunities. I must say that any programme is alluring if there is ‘proximity’ between the client and the architect which can be extended to the job with regard to those who carry it out. Each person must know how to fill his/her position, with a desire for doing a good job and allowing the others to do the same. For me, this is the basic principle of ‘proximity’ which is at heart also that of creative freedom. When we work on a project for a house, be it on account of the scale and the relation we gradually build up with a client, with the family, when we know who the people are for whom we are designing the spaces, eventually there is a greater involvement and it does indeed become exciting. In an equipment, the spaces are designed for a universe of very different persons, most of whom are anonymous for us, but no less interesting and important in our pondering the spaces for such a complexity of relations. Despite these premises, it makes all the difference when later we understand the way people live and take over the spaces. It is here, regardless of the programme, that we feel frustrated or surprised at how the job was respected, well preserved – that is to say, understood by those in charge of them and/or by their users. This is the comforting part of architecture. As a good example, you have the Penafiel Parish Centre, six years on, which has been frequented by hundreds of children.
A sua obra anuncia uma enorme coerência entre o programa, a envolvente e os materiais escolhidos, onde a simplicidade e o traço depurado predominam. Quais são os seus pontos de partida? O reboco pintado de branco é, claramente, um ponto de partida como elemento condutor para outros materiais que me interessam (o betão, o aço, o alumínio, o zinco) na obra que tenho realizado, seja pela Escola onde me formei, pelos arquitectos que referi ou até pela sua importância no moldar dos volumes nas obras modernistas. Na pedra, na madeira, … encontro aquelas qualidades únicas de textura e cor, “com espessura”. Esta ligação com a envolvente, muitas vezes também por oposição, determina sempre uma relação directa com o programa. Na Unidade de Saúde de Galegos (ver portefólio), junto à entrada para o público, conservei o espigueiro de uma antiga Quinta onde se inserem este e outros equipamentos. As pedras de granito de uma construção demolida foram aproveitadas no novo edifício e, procurei que o vidro amplo junto à sala de espera fosse, também, a charneira entre o novo e o velho, ao nele se “projectar” o espigueiro como um espelho. Esta peça é uma imagem paradigmática na Arquitectura Popular em Portugal, e é também escolha de Jonh Pawson no seu livro “Minimum”. É ainda elemento inspirador para várias obras de habitação, como aquela que é ensaiada no protótipo da Casa de Madeira “Raiz Cúbica”. Está aqui um exemplo dessa afectividade que ultrapassa o mero objecto arquitectónico. Qual o projecto onde se sentiu mais realizado? Felizmente, tenho tido alguns projectos onde o sentimento próximo de “realizado” tem acontecido. Por uma questão simbólica de início de percurso e apesar das incongruências arquitectónicas que hoje vejo, salientaria uma das minhas primeiras obras, as Instalações Paroquiais de Margaride 1989 – 1992 (Felgueiras), apresentada no portefólio. O dinheiro para a obra era pouco, sendo suportada exclusivamente pelas dávidas dos paroquianos, mas com grandes vontades, em especial a do seu mentor, o padre Rodrigo, que tinha sempre uma palavra de apreço pelo trabalho de um jovem arquitecto. Esta envolvente, sem atropelos, para quem está a iniciar a sua actividade teve, ainda, como compensação, a distinção da obra nos Prémios Nacionais de Arquitectura de 1993. Que projecto/obra gostaria de fazer? Aquele que, independentemente do programa e até à sua concretização em obra, não se constituísse num processo esgotante quer em tempo excessivo, quer na gestão de conflitos, que tantas vezes se sobrepõem ao prazer do acto criativo e do gozo em ver uma obra crescer. Numa análise mais poética e disciplinar, falta fazer a obra com menos condicionalismos, sempre tão presentes no meio em que projectamos, sobressaindo aquilo que eu considero que a arquitectura tem na sua essência, que para além do contributo físico sobre um lugar, sobre a paisagem, é melhorar a qualidade de vida das pessoas e a concretização dos sonhos… já agora, o que eu gostava mesmo era de fazer uma obra com total liberdade.
Your oeuvre announces a very great coherence between the programme, the surroundings and the materials chosen, where simplicity and the naked line predominate. What are your points of departure? White painted plaster is clearly a point of departure as a conducting element to other materials that interest me (concrete, steel, aluminium, zinc) in the work I’ve done, be it because of the School from which I graduated, because of the architects I cited earlier and even given their importance in moulding volumes in Modernist works. In stone, in wood I find those unique qualities of texture and colour, ‘with thickness’. This link with the surroundings, very often also in contradistinction, always determines a direct relation with the programme. In the Galegos Health Unit (shown in the portfolio), next to the public entrance, I kept the grain-drying structures of an old farming estate where this and other equipment is inserted. The granite stones of a demolished building were used for the new building and I tried to make the large glass-pane next to the waiting room another meeting place between the old and the new, with the the grain-drying hut being projected onto it in a mirror effect. This piece is a paradigmatic image of Popular Architecture in Portugal, and it is John Pawson’s choice in his book Minimum. It is a feature inspring several other housing projects such as the one tried out in the prototype of the ‘Raiz Cúbica’ Wooden House. Here is an example of that affectivity which surpasses the mere architectural object. Which of your projects gave you the greatest sense of fulfilment? Fortunately I’ve had a number of projects where a feeling close to ‘fulfilment’ has been the case. Because of symbolic questions to do with the beginning of my trajectory and despite the architurally incongruent features I detect now, I would highlight one of my first projects, the Margaride Parish House 1989-1992 (Felgueiras), presented in the portfolio. The monetary resources for the job were limited, supported as they were exclusively by the parishioners’ doubts, but with great will-power, especially on the part of its mentor, Father Rodrigo, who always had a word of appreciation for the work of a young architect. This circumstance, without frenzies, for someone who was beginning his activity received, as a further compensation, an award from the 1993 National Awards for Architecture. What project/work would you like to carry out? A project which, regardless of the programme and up to its completion as a building, would not constitute an exhausting process whether in terms of duration, or in managing disputes, which so often intrude on the pleasure of the creative act and the pleasure of seeing a job grow. In a more poetical and discipline-oriented analysis, what is lacking is a job with fewer restrictions, always so pressing in the milieu in which we project, allowing the flowering of what in my view architecture has as its essence, which, beyond the physical control over a place, a landscape, is that of improving people’s quality of life and the fulfilment of their dreams. Actually, what I would really like to do is to see a project through to the end in total freedom. Carlos M. P. Santos – Arquitecto 007
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CASA EM CAMINHA house in caminha Caminha 2004 – 2007
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O terreno insere-se num loteamento situado na encosta de Santo Antão, ponto alto a Nascente do centro de Caminha, localização privilegiada para a nossa vista alcançar o mar, a foz do rio Minho e do outro lado o Monte de Santa Tecla (Espanha). Da mancha de construção traçada no loteamento, conservaram-se os seus limites e retirou-se do seu miolo uma área onde se desenvolveu um jardim em patamares, mais protegido das construções envolventes. Dois paralelipípedos não sobrepostos, correspondentes a cada um dos dois pisos e incluem todos os espaços da casa: no rés-do-chão surgem a sala/cozinha/sala de jogos/casa de banho/lavandaria e no andar superior os 4 quartos/casas de banho; a unir os dois pisos e junto ao hall de entrada surge uma área em pé-direito duplo que integra a escada, rasgando-se na parede exterior uma abertura que nos coloca o mar como pano de fundo. A garagem constitui-se num corpo autónomo mais próximo da cota da rua. A piscina abriga-se sob o tecto que resulta do volume dos quartos, numa área menos exposta ao vento frequente nesta zona. Da sala pode-se usufruir em simultâneo da vista para a piscina/jardim e no lado oposto o mar… ponto comum a todos os espaços vividos.
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The land is situated in a plot located on the slopes of Santo Antão, a high point to the east of the centre of Caminha, a privileged site from which to view the sea, the estuary of the River Minho, and on the other side the Mount of St. Tecla (Spain). Of the construction area drawn in the lotting out, we kept the limits and removed from the interior an area which was turned into a terraced garden, better protected from the surrounding buildings. Two, not super-imposed cubes, corresponding to each of the two storeys, contain all the spaces of the house: on the ground floor there are the living room/kitchen/ games room/bathroom/laundry and on the upper floor four bedrooms/bathrooms: joining the two storeys and by the entrance hall there is an area in double wall height which contains a stair-way. Slashing the outer wall there is an opening which places the sea as a backdrop. The garage is to be found in a detached unit closer to the street. The swimming pool is sheltered under the ceiling resulting from the volume of the rooms, in a part of the building which is less exposed to the frequent winds of this area. The living room simultaneously affords views of the swimming pool/garden and on the other side, the sea – the common point of all the inhabited spaces.
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▪ plantas pisos 0, 1 ground, 1st level plans Planta do Piso 0 Ground level plan 1. Espaço exterior ajardinado Exterior garden area 2. Pátio exterior coberto Exterior covered area 3. Piscina exterior Exterior pool 4. Sanitário de apoio à piscina Pool support toilet 5. Lavandaria Laundry 6. Zona em pé-direito duplo Wall height area 7. Casa de banho de serviço WC service 8. Sala de jogos Play room 9. Cozinha e copa Kitchen and pantry 10. Sala Living room 11. Zona exterior coberta Exterior covered area
Planta do Piso 1 First level plan 1. Entrada pedonal Pedestrian entry 2. Rampa automóvel Ramp car 3. Zona exterior coberta Exterior covered area 4. Garagem Garage 5. Espaço exterior ajardinado Exterior garden area 6. Hall / entrada Hall/Entrance 7. Zona em pé-direito duplo Wall height area 8. Escada Stairs 9. Quarto Bedroom 10. Casa de banho Toilet closet 11. Corredor de acesso aos quartos Bedrooms access corridor 12. Passadiço Passageway 13. Varanda Balcony
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โ ช alรงado Sul, corte A-A1 South elevation, section A-A1
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▪ Alçado Norte, corte B-B1 North elevation, B-B1 section
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