Orientação Regional para o Discipulado “Que grande responsabilidade ser modelo para o rebanho, ser modelo para o mundo! É isto que Deus espera do/a Pastor/a como discípulo/a e discipulador/a. Não podemos ser pecadores/as formando pecadores/as, mas servos/as de Deus, formando servos/as de Deus¹”.
1. Colégio Episcopal. Testemunhar a Graça e fazer Discípulos e Discípulas. Editora Cedro, 2007, p. 30.
Introdução: O discipulado, como preceitua os nossos documentos, não se trata de um programa ou de um projeto, mas de estilo de vida. Desde 2001 a Igreja Metodista através do Colégio Episcopal, com aprovação do Concílio Geral, aderiu a este conceito. De lá para cá vem trabalhando com a Câmara de Discipulado Nacional para direcionar o povo metodista para a visão do discipulado como estilo de vida bem como implantá-lo. Quanto à adesão e implantação do discipulado, os/ as pastores/as não têm escolha, devem, por todos os meios disponíveis pela igreja, procurar a implantação do conceito e incentivar os/as membros de suas igrejas a se envolverem no discipulado. Os/as leigos/as podem ou não se envolver, mas os pastores/as têm de colocar o discipulado à disposição da igreja. Hoje, não discutimos mais, implantamos e desafiamos os/as irmãos/ãs resistentes a entenderem e a se envolverem com o discipulado como estilo de vida. A 3ª Região implementará o método de pastoreio formulado pelo Grupo de Trabalho² , baseado nos materiais que vem sendo aplicados nas Regiões Eclesiásticas e Missionárias do país, por entender que atende as nossas necessidades. O/A pastor/a não pode deixar sua comunidade fora do discipulado. O encaminhamento a seguir tem o seu fundamento na Carta Pastoral do Colégio Episcopal, Testemunhar a Graça e Fazer Discípulos e Discípulas, apresentando algumas particularidades próprias da Região que julgamos necessárias para o bom desenvolvimento do discipulado em Pequenos Grupos.
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Para atender o disposto no Plano de Gestão Regional, letra C, p. 23 e 24, o bispo convocou um grupo de trabalho formado por pastores/as envolvidos/as com o discipulado e trabalhou as definições que se encontram neste documento. 2.
O Discipulado e Sua Organização em Pequenos Grupos 3
Considerações Práticas O caminho do discipulado em pequenos grupos NÃO É MAIS UM PROGRAMA DE EDIFICAÇÃO E CRESCIMENTO DA IGREJA. É SIM UM MODO BÍBLICO E WESLEYANO DE EXISTIR COMO IGREJA. Busque motivar e contagiar sua Igreja com esta visão. Não inicie nenhum grupo de discipulado sem que esta visão e verdade espiritual tenha sido passada à Igreja. Para isto ore, ore muito, seja sábio, criativo e obediente a Deus. Visão espiritual e princípios bíblicos são ministrados e não impostos. Para isto, considere as observações práticas que se seguem: a) Recuperar a tradição wesleyana dos pequenos grupos, nos quais as sociedades do metodismo primitivo eram organizadas, cujo objetivo claro era, segundo Wesley: “um grupo de homens procurando o poder da piedade, unidos para orar {...}, para receber a palavra em exortação e para vigiar uns pelos outros em amor, a fim de que possam auxiliar-se mutuamente a conseguir sua salvação”. b) Desenvolver os objetivos do Discipulado (Salvação, Santidade e Serviço) resumidos nesses aspectos: crescimento e santificação dos/as discípulos/as; integração no programa de Dons e Ministérios da Igreja; formação e treinamento de novos líderes; convivência, comunhão e aprimoramento das pessoas em seu relacionamento interpessoal, consigo mesmas e com Deus, segundo necessidades e condições específicas.
Conforme Carta Pastoral “Discípulos e Discípulas nos caminhos da missão cumprem o mandato de Jesus”, pag. 14: “Todos os membros das nossas Igrejas, inclusive o ministério pastoral, serão incentivados a se vincular a uma classe wesleyana (grupo de discipulado, célula, equipes, etc), sob orientações metodológicas do Colégio Episcopal”. 3.
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O Discipulado não é, portanto, mais um programa da Igreja, mas está em relação direta com a dinâmica de Dons e Ministérios, que orienta os membros da Igreja no cumprimento da missão, sobretudo da Grande Comissão (Mateus 28.18-20). c) Reconhecer, conforme entendimento da Igreja Metodista, o valor e a importância do Discipulado Cristão. Muito mais do que uma técnica ou fórmula, o discipulado é um modo de ser e de viver. Ao examinar o ministério e a forma como Jesus se relacionava com seus/suas discípulos/as, temos a expressão mais exata do Discipulado, onde o mesmo é apresentado como um estilo de vida no qual a comunhão, a convivência, a intimidade, o relacionamento e o desenvolvimento do caráter cristão estão em contínuo processo. d) Reunir famílias e amigos/as que residam em um mesmo bairro, com o propósito de “educar-nos e orientar-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.” (Tito 2.12). E assim, aprender a Palavra de Deus uns com os outros, servindo de apoio mútuo, em oração, amor e esperança. e) Reunir um grupo de novos convertidos para que alcancem a maturidade em Cristo Jesus e “apresentem-se a Deus aprovados, como obreiros e obreiras que não têm do que se envergonhar e que manejam bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15). Com isso, aprendam a ser disponíveis para Deus, descubram seus talentos e dons espirituais e desenvolvam seu ministério, amparados num caráter cristão justo, santo e irrepreensível. f) Reunir irmãos e irmãs nos bairros estratégicos em grupos familiares, com o objetivo de acolher vizinhos/as e amigos/as que não conheçam o Evangelho, e demonstrem interesse em participar de um grupo de oração e estudo bíblico, ajudando-os a ter um encontro com Cristo.
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g) Reunir a liderança formal e informal da Igreja para momentos de pastoreio mútuo, oração, comunhão e desenvolvimento do espírito de companheiros/as de jugo. Os membros de um determinado ministério podem formar um grupo de Discipulado. h) Reunir grupos de casais com objetivo de partilhar e estimular experiências, encorajar o convívio comum, estudar temas significativos que possam aperfeiçoar e aprofundar o relacionamento e a vivência comuns, à luz da orientação bíblica. i) Reunir pessoas e grupos com o objetivo de aprimorar sua capacitação, visando: o exercício de Dons e Ministérios; à intimidade no relacionamento com Deus e à convivência entre as pessoas. j) Criar, no pequeno grupo evangelístico, um ambiente de fraternidade, comunhão e confiança, no qual as pessoas possam, durante os momentos de estudo da Palavra de Deus, ajudar e acolher outros/as, fazendo novos discípulos e discípulas de Jesus dispostos/as a servir na igreja local. Nesse grupo, orientamos que o número de crentes não deve ser superior a quatro, tendo em vista que o objetivo maior é a atenção aos/às novos/as convertidos/as e a visitantes. Entendendo que o número ideal de participantes não ultrapasse quinze pessoas. Sempre que o grupo ultrapassar esse número, o/a pastor/a deve trabalhar a multiplicação do mesmo. k) Programar retiro espiritual.4 Nosso contato com o rebanho é, no dia a dia, superficial e, por conseguinte, nossa influência, é muito pequena frente a diversos outros relacionamentos na sociedade. Por isso que manter um programa permanente de retiro espiritual é um meio de estar mais tempo com o povo, levando-o a uma experiência espiritual de maior intimidade A terceira Região, através do grupo de trabalho, preparou um material para o retiro de renovação espiritual que poderá ser disponibilizado, posteriormente, aos/as pastores/as sob os critérios estabelecidos pelo gabinete episcopal. 4.
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com Deus, onde pecados ocultos são trazidos à tona, curados e perdoados. Cria-se maior comunhão entre ovelhas e pastor/a, e maior confiança. Wesley fazia um retiro semanal com sua equipe. l) Transformar cada reunião de ministério ou de órgãos administrativos em um espaço discipulador. O que queremos dizer com isto é que o/a pastor/a precisa dar o tom e sempre passar a visão. Não permita que se mantenham reuniões estéreis que não levem a nada, transforme-as em momentos espirituais. Nas reuniões de grupos administrativos, por exemplo, antes de discutir receita e despesa, troca de pia do banheiro, introduza um texto bíblico, sublinhe um ou dois princípios espirituais, isto em 10 minutos, dê um versículo bíblico para memorizarem, dedique outros 10 minutos em oração. Acabe com reuniões sem conteúdo espiritual, não esqueça que você é um/a pastor/a. Esta é uma obra, antes de tudo, espiritual, cujo objetivo é FAZER DISCÍPULOS/AS. m) Transformar sua CLAM num verdadeiro grupo de discipulado. Reúna-se no mínimo uma vez por mês com eles, invista tempo e recursos. A prioridade é torná-los/as todos/as discípulos e discípulas de Cristo: “O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.” (Cl 1.28). Faça um retiro com eles, isto a cada três meses, se possível. Dentre esta liderança poderão surgir futuros líderes de grupos pequenos. Outra vantagem é que ao transformar sua CLAM num grupo de discipulado, você está trabalhando e formando um caráter cristão naqueles/as que estão à frente dos diversos segmentos da Igreja. Enfim, aos poucos o povo será desafiado e guiado pelo Espírito a uma vida cristã séria e madura. n) Priorizar o Curso de Formação de Líderes de Discipulado para Pequenos Grupos5. Você não tem como pastorear sozinho/a.
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A terceira Região, através do grupo de trabalho, com a assessoria do CEMEC, preparou o material para o Curso de Formação de Lideres de Discipulado para pequenos grupos, que será disponibilizado sob os critérios estabelecidos pelo gabinete episcopal. 5.
Lembre-se do conselho de Jetro ao seu genro Moisés (cf. Ex 18.17-22). O/A pastor/a “faz-tudo” se estressa e não consegue frutificar. Você precisa formar líderes de discipulado, homens e mulheres, maduros e íntegros na fé. Gostamos das expressões qualificadoras de Atos dos Apóstolos sobre os que seriam escolhidos para o diaconato: “... sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria ...” (At 6.3). Você já sabe que não tem escolha, precisa treinar líderes. De onde recrutá-los? Jesus passou uma noite orando antes de escolher seus apóstolos (Lucas 6.13). Você deve orar muito, e Deus irá lhe mostrar. Siga os critérios bíblicos. Recrute no retiro, na CLAM, Escola Dominical, grupos societários, etc e organize sua classe de líderes de discipulado para os pequenos grupos. Nem todos que irão para o curso permanecerão, nem todos se revelarão aptos. Por isso, você pode inscrever um número maior de pessoas, pois no decorrer do curso haverá uma seleção natural e espiritual. Dentre os que fizerem o curso de formação de líderes para pequenos grupos e que se revelaram com potencial, o/a pastor/a indicará os/as líderes. Na formação de um pequeno grupo, é recomendável que haja um/a líder e um/a auxiliar. Atenção! Use para o curso somente o material aprovado pelo Colégio Episcopal ou material produzido pela região sob a supervisão do/a bispo/a. o) Discipular líderes. Os líderes dos grupos de discipulado serão discipulados pelo/a pastor/a. A Igreja precisa perceber que o/a pastor/a é o seu maior exemplo. É decisivo que as lições que serão aplicadas nos pequenos grupos sejam ministradas antes pelo/a pastor/a aos líderes. Esta frequência é adaptável, mas o/a pastor/a deve ter no mínimo dois encontros mensais com os líderes dos grupos, no qual o clima de um grupo de discipulado é vivido intensamente. Ali o/a pastor/a dá o “tom” das lições bíblicas que serão ministradas.
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Consideração Final Esperamos que esta orientação possa harmonizar e dar padrão às ações do discipulado em nossa Região. Que os/as pastores/as e igrejas locais sejam multiplicadores/as da visão do discipulado conforme determinação do Colégio Episcopal e referendado pelo XIX Concílio Geral: Santidade, Salvação e Serviço. O discipulado será desenvolvido como estilo de vida e não como programa. Entendemos que os frutos virão em consequência do compromisso de cada irmão e irmã com as linhas orientadoras deste documento.
José Carlos Peres – Bispo
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Grupo de Trabalho: Rev. Alexander Christian Rodrigues Antunes; Rev. Alexandre Crisóstomo; Revda. Amélia Tavares Correia Neves; Rev. Claudio de Carvalho; Rev. Cristian Alessandro Silveira Rizos; Rev. Denilson Gomes da Silva; Pr. Israel Alcântara da Rocha; Rev. Jânio César Fernandes Barbosa; Rev. Lupercio de Souza Vieira; Revda. Marisete Alves Theodoro Carvalho; Rev. Miguel Ângelo Fiorini Jr.; Rev. Moisés Monteiro de Moraes; Revda. Patricia Cristina Silva Souza Alves; Rev. Reinaldo Carvalho Monteiro;
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Anotações
Anotações