SUSTENTABILIDADE EM CONSTRUÇÕES RESIDENCIAIS Uma proposta de Habitação de Interesse Social
João Airton de Almeida Monteiro Neto
SUSTENTABILIDADE EM CONSTRUÇÕES RESIDENCIAIS Uma proposta de Habitação de Interesse Social
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CCT - ARQUITETURA E URBANISMO
João Airton de Almeida Monteiro Neto Orientador: Prof. Amando Candeira
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................5 2 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................................6 3 OBJETIVO.......................................................................................................................................8 3.1 Objetivo geral................................................................................................................................8 3.2 Objetivos específicos....................................................................................................................8 4 METODOLOGIA..............................................................................................................................9 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................................10 5.1 Arquitetura Sustentável...............................................................................................................10 5.2 Habitação Social.........................................................................................................................11 6. ESTUDOS DE CASO...................................................................................................................13 6.1 Moradias Rucas Povo Mapuche - Chile - Undurraga Devés Arquitetos.....................................15 6.2 Earthship Biotecture - Michael Reynolds....................................................................................16 6.3 Conjunto Residencial em Cotia - Cotia/SP - Joan Villà e Silvia Chile.........................................22 7 ÁREA DE INTERVENÇÃO.............................................................................................................25 8 CONCEITO....................................................................................................................................28 9 IMPLANTAÇÃO.............................................................................................................................29 10 MODULAÇÃO..............................................................................................................................30 11 ZONEAMENTO............................................................................................................................31 11.1 Casa ‘I’......................................................................................................................................31 11.2 Casa ‘L’.....................................................................................................................................32 11.3 Casa ‘L’ Invertido.......................................................................................................................33 12 ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS...............................................................................................34 13 AMPLIAÇÕES..............................................................................................................................36 14 SISTEMA CONSTRUTIVO..........................................................................................................37 15 FUNCIONAMENTO.....................................................................................................................38 15.1 Produção de alimentos e comunidade......................................................................................38 15.2 Hidro-Sanitário..........................................................................................................................39 15.3 Geração de energia..................................................................................................................40 PERSPECTIVAS ELETRÔNICAS....................................................................................................41 REFERÊNCIAS................................................................................................................................43
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AGRADECIMENTOS
Não poderia deixar de agradecer à estas pessoas tão especiais que contribuíram de todas as maneira possíveis para que este trabalho pudesse acontecer: Meus avós, Eliane e Airton, e minha mãe, Eline. Agradeço por todo o suporte incondicional que vocês me deram, não só para este curso, mas por toda a minha vida. Vocês são pessoas incríveis. Obrigado! Eu também gostaria de agradecer todo o apoio de outra pessoa muito especial, Clara Maciel, que sistematicamente me ajudou a passar por todas as fases da concepção deste trabalho, dentre muitas outras maneiras de ajudar, as quais não estavam ligadas diretamente ao trabalho, mas que foram de grande importância para que eu chegasse até aqui. Obrigado. Por fim, agradeço a todos meus colegas do curso de Arquitetura e Urbanismo que de uma maneira, ou de outra, contribuíram para o meu desenvolvimento ao longo destes sete anos de estudos.
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INTRODUÇÃO O presente estudo pretende fundamentar o projeto desenvolvido durante a disciplina do Trabalho Final de Graduação de arquitetura e urbanismo necessária para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Fortaleza em 2015.1. A proposta norteadora deste trabalho foi a de desenvolver um projeto de arquitetura sustentável em construções habitacionais, com foco na habitação de interesse social, de forma a questionar o modelo de habitação vigente no Brasil, seja no aspecto formal, técnico, social e ambiental. O terreno escolhido para a implantação do projeto arquitetônico se situa na Av. Washington Soares, Fortaleza-CE, o qual pertence à Prefeitura Municipal de Fortaleza, que se encontra ocioso, se caracterizando como um vazio urbano. A partir da ocupação de parte deste terreno pela proposta desenvolvida aqui, assim como a implantação de áreas verdes por parte do Poder Público, o terreno terá um uso, justificando assim sua função social. Pesquisas bibliográficas foram desenvolvidas sobre os temas de habitação de interesse social, sistemas construtivos alternativos e arquitetura sustentável, de forma a dar subsídios para a elaboração do projeto de uma tipologia arquitetônica de moradia de interesse social, levando em consideração os preceitos da arquitetura sustentável com foco na arquitetura bioclimática e a utilização, na construção civil, de materiais reciclados.
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JUSTIFICATIVA
Figura 01: Exemplo de lixão urbano.
Figura 03: Tipologia da construção em favelas em morros.
A escolha do tema se deu a partir da identificação de alguns problemas presentes no contexto das metrópoles brasileiras, tais como: os vazios urbanos, a periferização da camada mais pobre da sociedade, o déficit habitacional, a baixa qualidade das moradias de interesse social, o acúmulo de resíduos em lixões e o seu potencial não explorado como materiais de construção. A especulação imobiliária é responsável por parte dos problemas apontados acima, ou seja, formação de vazios urbanos em decorrência da “engorda” de terrenos com o potencial de futura valorização e periferização das pessoas que não podem comprar um imóvel no centro das cidades devido aos altos valores estabelecidos pela relação de oferta-procura e o déficit habitacional, que é produto de uma longa sucessão de erros do poder público de designar a construção de habitações sociais ao setor privado. Neste projeto, proponho o oposto praticado pelo poder público em relação à moradia social, que é o da pulverização de pequenas comunidades, de quinze a vinte famílias, ao longo de terrenos urbanos ociosos com potencial residencial. Outro problema identificado é o tipo de sistema construtivo adotado na maior parte das construções nacionais, o qual se constitui de um processo que gera muito desperdício, seja de tempo, recursos financeiros e/ ou materiais, calcula-se que neste tipo método há um desperdício de 30% de material de construção, que, além disso, poluem massivamente o meio ambiente no seu processo de fabricação, como por exemplo, o cimento e o tijolo cerâmico. O método construtivo vigente não leva em consideração a economia dos recursos listados acima (tempo, dinheiro e material), a racionalização e o gerenciamento destes itens são características inerentes à nova forma de pensar e construir neste século, tendo em vista que não há mais como o nosso planeta sustentar seu equilíbrio natural devido à toda a exploração e o prejuízo ao meio ambiente praticado desde a Revolução Industrial.
http://www.amupe.org/45-das-cidades-do-pais-ainda-usam-lixao/
Figura 02: Barracos ocupação comunidade Nelson Mandela
http://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/na-comunidade-nelsonmandela-10-mil-pessoas-vivem-26-dias-da-reintegracao.html
http://www.hardmob.com.br/boteco-hardmob/582520-que-seusolhos-veem-olham-pra-favela-2.html
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JUSTIFICATIVA
A partir de uma nova abordagem acerca da habitação social na qual é buscada uma integração maior entre a comunidade e o espaço construído desde a edificação das habitações até a consolidação do assentamento no local escolhido, a proposta é dotar as pessoas de sentimentos de pertença e propriedade de suas moradias e seus equipamentos.
O sistema construtivo alternativo diferirá da forma amplamente adotada nacionalmente. Ele consistirá no reuso de materiais considerados problemas de lixo urbano, como resíduos da construção civil, as quais são recicláveis. Desta forma, teremos uma pegada ecológica diminuída para a construção em questão, tendo em vista que para o propósito destes edifícios, se utilizou menos energia para produzi-los em comparação com o cimento e o tijolo cerâmico. Buscou-se economizar com o sistema construtivo, além disso, com o reuso de materiais descartados se dará um destino para parte do lixo urbano, que, se não reutilizado, não terá outro destino exceto acumular-se em lixões, trazendo grandes prejuízos à cidade e ao bem estar dos cidadãos. A economia dos recursos financeiros, materiais e humanos (mão de obra) é um fator chave na viabilização de empreendimentos. A partir desta premissa, a abordagem do projeto arquitetônico que desenvolvemos ao longo do trabalho foi o da contenção de materiais, como já foi apresentado anteriormente, como também faz-se necessária a melhor administração de serviços de infra estrutura oferecidos pelo Estado (energia e saneamento básico), tendo em vista esta grande rede de serviços disponibilizada para acompanhar o crescimento da cidade e que ainda assim não é o suficiente para atender a toda a demanda de moradia, mesmo que em alguns bairros residenciais este tipo de serviços seja insuficiente e em outros acabe sendo subutilizado devido ao grande número de vazios urbanos ou ao mau uso dos espaços da cidade. Porém, vale a pena ressaltar que, levando em consideração tais questões, buscamos a autossuficiência, quando não for possível, a maior independência possível das residências com relação à infraestrutura de serviços urbanos.
O motivo por trás da proposta de autossuficiência com relação à infraestrutura que desenvolvemos ao longo deste trabalho consiste basicamente em dois benefícios importantes: o do corte de gastos com contas domésticas por parte do morador, a independência deste com relação ao fornecimento de infraestrutura por parte do Poder Público e suas possíveis falhas de abastecimento, assim como uma alimentação mais saudável com a agricultura familiar, a partir do não uso de agrotóxicos. Assim, as residências poderão ser implantadas em lugares onde não há saneamento básico ou energia sem prejuízo para as pessoas, o meio ambiente ou o bom funcionamento da casa, da mesma forma que poderão ser implantadas em regiões com pleno fornecimento destes serviços. Desta forma, o proprietário da casa terá o benefício da escolha de usar os serviços públicos, se houver infraestrutura instalada, se assim desejar. A partir deste ideal de unidades residenciais sustentáveis, a população residente deste formato de moradia não sofrerá com a falta d'água, com apagões de energia ou com poluição de esgotamentos sanitários irregulares, tão comuns no cotidiano das localidades mais pobres do país. A falta de qualidade da construção de moradias de interesse social, como também a consequente falta de diversidade, inovação arquitetônica e a massificação construtiva ferem os princípios mais básicos do que se considera , no século XXI, uma arquitetura de boa qualidade. Poucos modelos de moradias são ofertados à população de baixa renda, sendo assim, não se leva em conta a diferenciação de cada moradia em um conjunto habitacional, pois cada família tem sua própria identidade, seus costumes e peculiaridades, sendo a arquitetura, o amalgma de todas essas qualidades e características no meio construído.
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OBJETIVO 3.1 Objetivo geral O presente trabalho tem por objetivo realizar a pesquisa teórica e campal feita com o intuito de fornecer subsídios para a elaboração de um projeto arquitetônico que vise apresentar soluções para alguns problemas urbanos como a falta de habitação social, a subutilização dos espaços urbanos, o acúmulo de lixo produzido nas residências urbanas descartados em lixões e a dependência da infraestrutura e prestação de serviços públicos, como energia, água e saneamento básico.
3.2 Objetivos específicos Pesquisar bibliográfica referente aos temas de Habitação de Interesse Social, Sistemas Construtivos Alternativos, Arquitetura Bioclimática, utilização de lixo como material de construção e tecnologias de produção de energia sustentável. Realizar levantamento de campo: diagnóstico e características da área escolhida para a implantação do projeto. Elaborar programa de necessidades do projeto arquitetônico. Elaborar projeto arquitetônico. Confeccionar modelo tridimensional do projeto arquitetônico.
3.3 Objetivo referente ao projeto Desenvolver o projeto arquitetônico de um conjunto de casas sustentáveis aplicado à habitação de interesse social, de forma a promover a igualdade social a partir da ocupação de vazios urbanos em regiões centrais, levando em consideração o uso de materiais renováveis e recicláveis, e o estímulo à agricultura familiar de forma a diminuir a pressão da especulação imobiliária sobre as famílias de baixa renda. Servindo esta proposta como incentivo à implantação de casas sustentáveis de interesse social nos vazios urbanos através do poder público.
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METODOLOGIA Inicialmente serão investigados casos e propostas de habitação de interesse social e arquitetura bioclimática nas escalas internacional e nacional com foco nos projetos que têm como diretrizes a sustentabilidade econômica, social e ambiental e a construção bioclimática para o clima quente úmido. Feita esta primeira investigação, buscaremos compreender a dinâmica da questão da moradia de interesse social da relação moradia/morador, como se dá a psicologia envolvida na apropriação ou não de espaços públicos, e de unidades doadas pelo Poder Público às comunidades carentes através do estudo de como se deram as propostas nacionais de habitação social desde o início do século passado até o século XXI. Em seguida, analisaremos novas técnicas e materiais que uma abordagem alternativa de sistemas construtivos poderá oferecer ao projeto a ser desenvolvido. Sistemas alternativos que utilizam materiais convencionais, como tijolos e revestimentos cerâmicos, cimento e ferro; e não convencionais, como produtos reutilizados fruto de descartes (pneus, latas de alumínio, garrafas PET e de vidro). Concomitantemente às pesquisas teóricas, realizaremos visitas de campo a uma comunidade carente de pequeno porte situada no bairro Patriolino Ribeiro em Fortaleza-CE, devido à sua posição conflitante em relação àquela área essencialmente constituída de residências de classe média alta. Serão realizados levantamento de dados em visitas técnicas ao assentamento, além disso, pesquisaremos fotos aéreas referentes àquela área, pesquisaremos índices e classificação urbanos daquela região, e sobre a origem de sua condição atual. Estes dados servirão para embasar a proposta arquitetônica de moradia de interesse social para aquela comunidade.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5.1 Arquitetura sustentável O conceito de moradia, desde o princípio, tem permanecido, basicamente, o mesmo: nos manter protegidos dos fenômenos naturais e seguros de ataques vindos do exterior da edificação. Entretanto, com a evolução dos padrões de conforto, surgiram novas necessidades e, com elas, novos itens foram trazidos para dentro da edificação, como luz, água e fogo. Inicialmente, tais elementos foram incorporados de forma simplificada, em seguida foram criados sistemas e instalações, ou seja, se trazia lenha para fazer fogueiras quando se desejava um determinado conforto térmico, ou se trazia potes de água para os afazeres domésticos. A medida que evoluímos, chegamos às usinas nucleares, hidrelétricas e aos complicados sistemas de abastecimento de água urbanos, por exemplo. A partir do uso da infraestrutura urbana como forma de suprir as necessidades do dia a dia de uma residência, como o fornecimento de água, luz e a coleta de esgoto, nossas casas ficaram mais vulneráveis à falta de algum destes serviços, se comparados à forma livre de conexões com o sistema urbano como se fazia no início da habitação sedentária humana, e o que apenas servia de abrigo no início, agora se constitui em apenas uma parte de um sistema maior, o das conexões urbanas, do qual a casa faz parte de forma coadjuvante ao invés de principal. No contexto brasileiro, no ano de 2001, o país passou por uma grave crise energética, e mais recentemente, de 2012 a 2014, praticamente todos os estados brasileiros têm sofrido com a falta de água em decorrência das secas e do mau uso do recurso hídrico. Ou seja, o modelo de moradia atual é dependente de um tipo de sistema que ao falhar, provoca a falha no funcionamento da casa em si, o que deixa as pessoas vulneráveis à fenômenos naturais e à própria má administração do governo com relação aos recursos naturais, econômicos e urbanos.
Com o agravamento dos problemas ambientais em decorrência da industrialização, a partir dos anos 1960, a preocupação com os problemas ambientais passou a evoluir, surgiram vários movimentos e conferências para discutir o meio ambiente, culminando em cartas e acordos internacionais, os quais vêm ocorrendo até a atualidade. Os temas relacionados ao meio ambiente vêm sendo amplamente discutidos em vários segmentos da economia e da sociedade, pois o modelo de desenvolvimento atual, se utiliza extensamente dos recursos naturais como fonte de energia ou matéria-prima na fabricação de produtos (COLAÇO, 2008).
Entretanto, apesar de discussões com relação ao meio ambiente se focarem na questão do aquecimento global em decorrência da emissão de gases produzidos pelas indústrias e pela poluição gerada nas grandes, esta discussão pouco é levada para a escala social e cultural da sociedade, pois para atingirmos um grau ideal de sustentabilidade ecológica, precisamos nos preocupar com as outras escalas da sustentabilidade. De acordo com Sachs e Veiga (2004), as dimensões Espacial, Social, Econômica, Cultural e Ecológica são os cinco pilares da sustentabilidade. Sendo eles: Sustentabilidade Social: criação de um processo de desenvolvimento com meta de construir uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir a diferença entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres; Sustentabilidade Econômica: alcançada através da gestão e alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. Sendo que, a eficiência econômica deve ser avaliada em termos macrossociais, e não apenas através do critério da rentabilidade empresarial de caráter microeconômico; Sustentabilidade Ecológica: alcançada através do aumento da capacidade de utilização de recursos, limitação do consumo dos combustíveis fósseis e dos produtos facilmente esgotáveis e não renováveis, redução da geração de resíduos e da poluição, bem como a reutilização e reciclagem dos recursos limitados e por fim promover a autolimitação no consumo de materiais;
Sustentabilidade Espacial: dirigida para obtenção de uma configuração e distribuição tipo rural e urbana mais equilibrada e uma melhor e mais planejada distribuição geográfica dos grupos sociais, do patrimônio a edificar e da localização das novas atividades econômicas; Sustentabilidade Cultural: procura por raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas, que traduzam o conceito normativo de desenvolvimento sustentável em um conjunto de soluções específicas para o local, e ecossistema, a cultura e área.
No contexto da construção civil, se vê uma divulgação em massa do termo Sustentabilidade, o qual é empregado para exaltar a qualidade de um determinado produto oferecido pelo mercado imobiliário. Apesar de se difundir amplamente os estudos voltados para a sustentabilidade, o assunto acaba sendo na maioria das vezes uma ferramenta de Marketing, ou Green Wash, em que se vende um determinado empreendimento com o conceito de Construção Sustentável, a qual suspostamente se traduziria em benefícios, desempenho superior e viabilidade econômica em longo prazo (SILVA, 2010). Segundo o documento intitulado Our Common Future, divulgado pela ONU em 1987 “Desenvolvimento Sustentável é o progresso ou desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades.”
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5.2 Habitação Social O Brasil, além de ter problemas com a má administração dos recursos citados acima, com secas, principalmente na região Nordeste, apresenta também questões relacionadas a falta de moradias, problema este que nunca foi resolvido por nenhuma administração pública em nenhum período de tempo, sendo o déficit de moradia um problema crônico nacional. As questões relativas à construção de habitações sociais no Brasil datam da primeira década do século XX - mais precisamente no Rio de Janeiro, no ano de 1906 - por ocasião da retirada em massa de cortiços do local que, mais tarde, deu espaço à Avenida Central. Como resultado desta operação, no total, foram construídas, pelo poder público do, então, Distrito Federal, 120 unidades habitacionais de caráter popular ao longo da Avenida Salvador Sá. No contexto da região Nordeste, Recife foi a pioneira no que concerne a aplicação do modelo de habitação de interesse social. Em 1926, a Fundação A Casa Operária construiu o total de 40 unidades habitacionais que foram alugados à população operária mediante pagamento de valores reduzidos. Tal fundação é considerada a primeira instituição pública a nível nacional a ser criada para fins de construção de habitação social. (GAP apud BONDUKI, 1985). Entretanto, segundo Cintra (1923), o Estado da República Velha optou por se eximir da responsabilidade de construir moradias sociais desde o seu princípio, por receio de afastar o capital dos investidores da construção civil, procurando incentivar ao máximo a obtenção de moradia por meio da iniciativa privada.
Defendendo o afastamento do Estado na produção direta, o relatório da comissão encarregada de propor iniciativas para enfrentar o problema habitacional é taxativo: «A Comissão julga dever aconselhar a máxima circunspecção na ação direta do poder público na construção de casas populares, procurando incentivar por todos os meios ao seu alcance a iniciativa privada [...] Não haja ilusões. No estado atual de nossa organização social, política e econômica, a construção de habitações populares pelo poder público diretamente ou por intermédio de emprezas, longe de ser uma solução, será uma causa do agravamento da crise atual. O simples anúncio de que o poder público irá construir alguns milhares de casas que serão oferecidos por preços e aluguéis fixos será o bastante para afastar automaticamente os capitais particulares que anualmente se empregam em construções.» (CINTRA apud BONDUKI, 1994)
A crise se tornou mais evidente em grandes cidades em processo de industrialização e crescimento demográfico como São Paulo e Rio de Janeiro que atraiam um grande contingente de imigrantes em busca de trabalho e melhores condições de vida. Neste período, o Estado focava seus investimentos na exportação agrária. A moradia ficava por conta da iniciativa privada que via no aluguel uma excelente fonte de lucro. Houve uma valorização dos preços de terrenos, inclusive na zona rural, para o loteamento e a urbanização no intuito de construir moradias que suprissem a demanda do mercado. Não era comum o financiamento para a aquisição de moradia própria (o que fortaleceu o inquilinato) e era comum a moradia em formato de cortiço para a população de baixa renda, caracterizando este tipo de postura do mercado imobiliário como Produção Rentista. Em São Paulo, em 1920, apenas 19% dos prédios eram habitados pelos seus proprietários, predominando largamente o aluguel como forma básica de acesso a moradia (BONDUKI, 1982).
A revolução ocorrida no Brasil na década de 1930 fez a situação das relações trabalhistas mudar com a política de Getúlio Vargas, conhecida como Populismo, a qual alterou a relação patrão/trabalhador vigente até então. Cria-se a partir daí uma série de novas condições que iam beneficiar as camadas mais pobres da população brasileira, daí o apelido pejorativo conferido a Getúlio pela classe dominante de o “Pai dos Pobres”, o que evidenciava a insatisfação desta classe com relação à instituição de direitos trabalhistas, pois a abordagem da política econômica e social definida no começo daquela era não estava a sofrer nenhum tipo de influência da classe dominante. Foi em 1937 que Vargas deu o primeiro passo na geração de um projeto nacional de obtenção de moradias com as carteiras prediais do Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAP), e em 1942 com a Lei do Inquilinato, instrumento que supostamente favoreceria o inquilino com o congelamento dos aluguéis, que na verdade provocou uma grande reação negativa por parte do mercado de habitações privado, pois os investidores pararam de construir moradias, e os proprietários de casas alugadas faziam de tudo para conseguir reaver seus imóveis de forma a reajustar seus aluguéis. Segundo Bonduki (1994), no setor da habitação social, não se verificou grandes avanços por parte do Estado de Vargas, e com o fim de sua ditadura coincidindo com o fim da 2º Guerra Mundial, verificou-se nos governos seguinte que existia uma grave crise habitacional, que foi responsável pela criação da Fundação da Casa Popular, a qual seria o órgão nacional responsável para a produção de habitações populares. Esta fundação, entretanto, não obteve sucesso o esperado, devido à falta de organização e à falta de articulação com outros órgãos, ficando a política de habitação popular ainda a desejar. Porém, pela primeira o Governo reconheceu sua responsabilidade com a produção de moradia social, portanto um marco na história das habitações de interesse social no Brasil.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Em 1940 apenas 25% dos domicílios eram ocupados por seus proprietários (IBGE, 1940).
Esses modelos, apesar de reduzirem o déficit quantitativo por habitação, não melhoram o quadro de precariedade da habitabilidade. Pelo contrário, muitas vezes agravam o já deteriorado quadro do cenário urbano das grandes metrópoles, ao repetir modelos de produção em série sem planejamento urbano e arquitetônico adequados. (SOBREIRA: FELIX, 2013).
Nesta década, com a migração do capital dos investidores saindo do mercado imobiliário e partindo para a indústria, ramo em franco crescimento à época, e a constante migração de pessoas do campo para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida, agravou ainda mais o problema da escassez de moradia, sendo os anos de 1945 a 1948 os mais críticos. A história da habitação social no Brasil está diretamente relacionada às evoluções e involuções, planos e rupturas, que marcam o desenvolvimento político, econômico e social da sociedade brasileira, em especial ao longo do século XX, período marcado pelo intenso processo de urbanização e formação das metrópoles e a cristalização das desigualdades sociais. (...) A busca por oportunidades nos centros urbanos não foi acompanhada por uma equivalente oferta de infraestrutura, em especial no que se refere à habitação, e o resultados, todos conhecemos: a desordem e a informalidade urbana, fenômenos com os quais convivemos nos cotidianos das cidades brasileiras e que são marcados pela segregação socioespacial, pela formação e pela consolidação de loteamentos irregulares, pela formação de favelas como respostas alternativas e descentralizadas à ausência de uma política urbana mais efetiva e inclusiva (SOBREIRA, 2002). Tanto na fase BNH, quanto na fase Minha Casa Minha Vida, o governo buscou dar solução ao problema da falta de habitação a partir de medidas voltadas para o desenvolvimento econômico do país. O BNH dinamizou a economia por meio da criação de empregos e do crescimento da construção civil (BONDUKI, 1994). Mesmo discurso e estratégia do PMCMV, no contexto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) (SOBREIRA, 2013).
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ESTUDOS DE CASO 6.1 Moradias Rucas Povo Mapuche - Chile Undurraga Devés Arquitetos. Within our continent, there are still truly American people. They are the last representatives of those men who, through millennia, inhabited this continent, conquered jungles, deserts, endless beaches and unfathomable heights of the mountains. In the struggle for survival of these men, they developed an understanding of the various territories they inhabited, their climate, flora and fauna. Some domesticated plants and animals developing complex agricultural and pastoral economies, which sometimes reached state-like organizations. Others, more isolated and perhaps less demanded by the land they
Os Mapuche tem em seus costumes a veneração pela natureza, montanhas, vales e rios são como deuses, também nunca desenvolveram a ideia de propriedade privada, não obstante não se desenvolveram na atividade de construção, ainda que fosse comum à outros povos da América, como os Maias, que construíram grandes monumentos em sua época áurea, por exemplo. Suas casas, chamadas de “Rukas” em sua língua indígena, consistiam em residências temporárias feitas de troncos e galhos, uma estrutura leve que, com tempo, era absorvida pela natureza, fazendo com este povo se mudasse constantemente para outro lugar. De certa forma, isto explica o conflito e dificuldade de se adaptar à sociedade moderna, tendo em vista sua aproximação com a natureza e seu caráter nômade. Marginalizados, os Mapuches sofrem com a falta de acesso à saúde, dificuldades financeiras e a lenta, mas contundente morte de sua cultura original, tudo em decorrência da imposição moderna dos costumes e da forma de morar atuais.
Figura 5 - Conjunto de casas Mapuche projetadas por Undurraga,
Fonte: http://www.archdaily.com/456299/ruca-dwellings-undurragadeves-arquitectos/
Figura 4 - Anciã Mapuche em frente à sua residência.
inhabited, long maintained its economies based on hunting and gathering. (UNDURRAGA, 2014)
Este projeto tem como principal conceito a integração do povo Mapuche à sociedade moderna do Chile ao mesmo tempo em que propõe a conservação de sua cultura. Através do emprego de materiais tradicionais daquele povo aliados ao uso do concreto e do tijolo, o arquiteto Cristián Undurraga conseguiu sintetizar uma proposta arquitetônica que procura conectar os dois extremos. O povo Mapuche originalmente habitava a região Centro-Sul do Chile, mas com a chegada dos colonizadores europeus, este povo, como também muitos outros povos pré-colombianos, foi empurrado para áreas que, em sua maioria, não tinham valor econômico ou apresentavam baixa qualidade para a moradia.
Fonte: http://www.archdaily.com/456299/ruca-dwellings-undurragadeves-arquitectos/
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ESTUDOS DE CASO O projeto de Cristián Undurraga, neste caso, propõe a construção de 25 unidades habitacionais unifamiliares alinhadas entre si voltadas a leste, respeitando a tradição Mapuche de ter a entrada de suas casas viradas para onde o sol nasce. O conjunto projetado por ele compõe um grupo maior de um total de 415 unidades construídas no distrito de Huechuraba, região metropolitana de Santiago. O distrito de Huechuraba, nome Mapuche que significa “Onde a argila nasce”, tem ocupações informais desde o início do anos 60, e, apesar de ter recebido investimentos em infra estrutura ao longo do tempo, nunca obteve níveis satisfatórios para garantir um bom desempenho de saneamento básico. A comunidade Mapuche tinha interesse em se integrar com a sociedade chilena, entretanto não queria se desfazer de suas tradições, como também da proximidade com a natureza. Assim, a localização do conjunto teve um peso decisivo na implantação das habitações sociais, fato que levou ao distrito surbubano da capital chilena, onde se tem a possibilidade de estar próximo à natureza e ao mesmo tempo em um perímetro urbano. Desta forma, foi criada uma parceria entre o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano do Chile em colaboração com a Corporação Nacional de Desenvolvimento Indígena (CONADI) com o objetivo de lidar com a questão da adaptação Mapuche por meio de moradias no contexto metropolitano.
A unidade habitacional possui duas opções de planta. Na primeira, áreas sociais e de serviço, como sala de estar, cozinha e área de serviço, compõem o térreo enquanto que no pavimento superior ficam dois quartos de dormir e um banheiro; na segunda opção, um dormitório é acrescentado ao pavimento térreo,o que faz com que os ambientes de cozinha, sala de jantar e estar fiquem integrados. O acabamento das casas é entregue em concreto e tijolo aparentes, o revestimento fica de acordo com o gosto do proprietário do imóvel. Assim, cada família tem o benefício de ter uma certa exclusividade na aparência de seu lar. Sua fachada leste é fechada com galhos para filtrar a luz do sol no interior da edificação, enquanto que uma tora de pinho contraventa as paredes laterais da edificação, conferindo-lhe maior rigidez para suportar terremotos, fenômenos comuns naquela região. Figura 9 - Planta Pavimento Térreo - Opção 1
Fonte: http://www.archdaily.com/456299/ruca-dwellings-undurragadeves-arquitectos/
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ESTUDOS DE CASO
Figura 7: Perspectiva Habitação Social Mapuche. Fonte: http://www.disenoarquitectura.cl/vivi enda-social-mapuche/
Deste projeto se buscou absorver a forma como o arquiteto trabalhou os materiais regionais aplicados à construção, os galhos e a tora de pinho como parte da linguagem arquitetônica, elementos estes bem conhecidos pela cultura Mapuche, ou seja, Undurraga fez uma ponte entre o passado indígena da comunidade e a realidade da metrópole chilena. A liberdade de escolher os revestimentos concedida aos moradores quando o arquiteto propõe a casa entregue em concreto e tijolos aparentes, que ao mesmo tempo tem boa aparência, mas que também facilita a aplicação do revestimento preferido de cada família ao não dotar o edifício de nenhum tipo de aplicação que dificulte uma possível reforma. Figura 6 : Planta Pavimento Térreo - Opção 2
Fonte: http://www.archdaily.com/456299/ruca-dwellings-undurraga-deves-arquitectos/
Figura 8: Planta Pavimento Superior - Opções 1 e 2
Fonte: http://www.archdaily.com/456299/ruca-dwellings-undurraga-deves-arquitectos/
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ESTUDOS DE CASO
Figura 10: Casa Earthship
6.2 Earthship Biotecture - Michael Reynolds O arquiteto Michael Reynolds é o criador de um modelo inovador de moradia, ele e sua organização Earthship Biotecture são responsáveis pela construção de dezenas de casas sustentáveis ao redor do mundo. Ele as batizou de “Earthships” (“Naves terrestres”, numa tradução livre) fazendo menção ao acontecimento bíblico do dilúvio, no qual Noé, avisado por Deus, construiu uma embarcação em terra firme para sobreviver a uma inundação inesperada que estava por vir. A ideia de Reynolds por trás deste conceito de moradia é de que não só estamos expostos a catástrofes naturais, mas que também somos vulneráveis a colapsos de sistemas de energia, combustível, água, esgoto e oferta de comida, sem os quais nossas residências não funcionam. Portanto, o projeto de suas Earthships traz uma proposta de como viver e interagir neste planeta de uma forma equilibrada e sustentável, tendo em vista que cada casa atua como uma espécie de embarcação que navega de forma a não depender de uma ligação com estruturas de fornecimento e coleta externos ao edifício, seja de energia, comida, combustível, água e esgoto, já mencionados acima. A própria residência produz o necessário para a sobrevivência e bem estar de seus moradores.
Fonte: http://www.greenmybungalow.com/wp-content/uploads/2012/08/Earthship-Biotecture-photo.jpg
Figura 11 - Planta Earthship Vaulted Model.
Fonte: https://collingwoodearthship.wordpress.com/earthship-construction/
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ESTUDOS DE CASO Ao observar a planta de uma Earthship, pode-se notar que esta se trata de uma solução que lembra antigos abrigos préhistóricos nos quais não se tinha o benefício de um aquecedor elétrico que possibilitasse resistir à temperaturas negativas. Desta forma, o edifício meio enterrado e a planta baixa com cantos das paredes arredondados evita ao máximo a mudança de temperatura, pois quanto menor a superfície de contato, menos se perde ou se ganha calor. Vale ressaltar que estas são soluções que seguem as leis da física que, por sinal, o homem pré-histórico aprendeu de forma empírica. A construção das paredes com o uso de pneus preenchidos com areia batida e o grande talude antes deles têm a função primordial de gerar uma grande massa térmica que evita as trocas de calor indesejadas. Já as latas de alumínio e as garrafas de vidro são usadas como tijolos para erguer as paredes que não são enterradas (com a ajuda de uma argamassa de adobe ou cimento elas são posicionadas na horizontal) podendo-se compor cores e padrões diferentes para cada fechamento de alvenaria sustentável, o que traz iluminação natural e faz com que se tenha um índice menor de transmitância térmica que uma parede de alvenaria convencional composta de tijolos cerâmi
Figura 15: Perspectiva eletrônica esquema de expansão de uma Earthship. Fonte: http://www.realhealthpro.com/lifestyle /greatest-homesteadingbreakthroughs-earthship
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ESTUDOS DE CASO A partir de estratégias construtivas e projetuais, as Earthships utilizam de forma otimizada os benefícios dos fenômenos naturais, como por exemplo, o aproveitamento da água da chuva coletada pela coberta do edifício, que é tratada e armazenada para uso humano, a energia solar captada pelos painéis solares para suprir os componentes elétricos da casa, o cultivo de plantas frutíferas e de uma horta para suprir a alimentação dos habitantes a partir de uma estufa dentro da residência, o uso de um sistema de esgoto que aproveita as águas utilizadas pela casa para adubar as plantas, as quais filtram o próprio esgoto produzido no edifício que, então, após ser filtrado e tratado naturalmente pelas plantas, retorna como água de reuso para abastecer descargas sanitárias e regar pomares e jardins internos, dentre outros usos que não envolvem contato direto com o ser humano. Em seguida, mesmo depois de reutilizada, a água, que agora se encontra em seu terceiro ciclo de uso, serve para aguar o jardim externo da casa. Nessa fase, a água já é considerada “água negra”, pois possui dejetos humanos e é direcionada para uma fossa séptica estrategicamente posicionada debaixo de um jardim externo para servir de adubo e água às plantas.
Figura 13: Esquema de funcionamento dos sistemas de água, energia e esgoto Earthship. Fonte: http://www.collectiveevolution.com/2013/08/16/earthships-theamazingly-innovative-completely-off-gridhome/
Figura 14: Sistema de filtragem das águas pluviais coletadas a partir da coberta. Fonte: http://brittontuck.com/tag/earthshipbiotecture-academy-2/page/4/
Figura 12: Sistema de tratamento de esgoto com o uso de plantas. Fonte: https://thepursesuitofhappiness.wordpress.co m/2012/12/01/onward/rt-earthship-sewage/
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ESTUDOS DE CASO A estrutura de uma Earthship se baseia no uso de materiais simples e abundantes em uma cidade urbana, os quais na maioria das vezes são considerados problemas urbanos ao se acumularem em lixões, o que é o caso de pneus, garrafas PET, latinhas de alumínio e garrafas de vidro. Os dois últimos materiais mencionados já são comumente reciclados, entretanto Reynolds acredita que ainda se gasta muita energia para recicla-los, e que o reuso para a construção de edifícios seria o mais ecologicamente amigável, tendo em vista que não se gasta energia para tal fim, assim reduzindo a Pegada Ecológica de sua proposta residencial.
Figura 17: Parede construída a partir de garrafas de vidro em uma Earthship. Fonte: http//earthshipcambodia.com/wpcontentuploads201402IMG_8635.jpg
Figura 16: Corte esquemático do funcionamento de uma Earthship. Fonte: http://www.greenbuildingadvisor.com/blogs/dep t/musings/earthship-hype-and-earthship-reality
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ESTUDOS DE CASO O telhado destas edificações normalmente usa impermeabilização, pois é necessário que se crie uma superfície que colete a água da chuva para reuso. Além disso, também é necessário que se utilize isolamentos térmicos logo abaixo destas cobertas, pois são estreitas e, por isso, não contém massa térmica tão representativa como a das paredes de pneus. Desta forma, é necessário usar materiais com maior tecnologia e desempenho para compensar a menor espessura de massa térmica.
Figura 18: Sistema de coleta de água da chuva a partir da coberta. Fonte: http://middleearthhome.com/green-and-naturalbuilding-construction/earthshiptire-dwelling/earthshipbuild-with-michael-reynolds/island-earthship-buildweek-day-12-roof-catch-water-system/
Figura 19: Sistema de filtragem das águas pluviais coletadas a partir da coberta. Fonte: http://brittontuck.com/tag/earthshipbiotecture-academy-2/page/4/.
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ESTUDOS DE CASO Existem alguns modelos arquitetônicos distintos de Earthship, e as características de cada uma varia de acordo com preço, estratégia de adaptação ao clima do lugar e exclusividade de design exigida pelo habitante. São elas em ordem crescente de custo: Simple Survival, Package Model, Vaulted Model, Global Model e Custom Model. Todas dividem a mesma característica de serem moradias independentes de infraestrutura e serviços, entretanto a itens arquitetônicos e equipamentos presentes são os diferenciais de cada uma.
Figura 20: Earthship Vaulted Model. Fonte: http://earthship.com/Designs/vaulted-model
O que se pretende tirar como referência deste projeto para o Trabalho Final de Graduação é a filosofia da forma de morar idealizada por Michael Reynolds, a independência de sistemas urbanos como descritos anteriormente, e a conexão da moradia com a natureza, ou seja, o funcionamento do edifício alinhado com os fenômenos naturais, aquele tira partido do potencial destes para suprir as necessidades dos seus habitantes. O uso de materiais inusitados na construção civil, os quais são considerados lixo urbano, como é o caso de pneus velhos, latinhas de alumínio e garrafas de vidro. De certa forma, esta solução responde a dois problemas, o do acúmulo de lixo nas cidades e o alto impacto ambiental provocado pelo uso de materiais convencionais de construção. A redução do gasto com a manutenção da casa é outro benefício importante, apesar do preço da casa idealizada por Reynolds ser 30% mais caro que o de uma casa convencional de mesmo porte, nas Earthships não se paga contas de luz, água, esgoto e a comida é produzida dentro da própria casa, a não que o habitante queira utilizar a rede pública, ele terá uma grande economia de gastos mensais, que a partir de alguns anos compensará a diferença paga em uma Earthship.
Figura 21: Earthship Package Model. Fonte: http://earthship.com/Designs/package-model
Figura 22: Earthship Simple Survival. Fonte: http://earthship.com/Designs/simple -survival.
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ESTUDOS DE CASO 6.3 Conjunto Residencial em Cotia - Cotia/SP - Joan Villà e Silvia Chile O conjunto residencial em Cotia, projetado pelo arquiteto catalão Joan Villà e a arquiteta brasileira Silvia Chile, consiste em um conjunto de 24 casas duplex erguidos a partir do sistema construtivo de pré-fabricados cerâmicos, criado pelo arquiteto catalão, o qual incorpora mais rapidez e economia na construção de edifícios. O projeto destas residências, que por sinal, foi o primeiro de habitação popular feito para o mercado da construção privada pelo arquiteto, foi vencedor do prêmio “Carlos Barjas Milab” pelo IAB-SP em 2002, mesmo ano em que o empreendimento foi entregue aos moradores.
Figura 23: Perspectiva Condomínio de Cotia. Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/joan-villa-e-silvia-chile-condominio-residencial-28-04-2003
O bairro de Cotia, região que abriga o conjunto, é caracterizado por uma arquitetura tipicamente periférica, com a exceção de chácaras e pequenas fábricas em seu uso do solo mais antigo. Com base nisso, uma das preocupações dos arquitetos foi a de inserir a sua proposta de forma harmônica no entorno da comunidade, ou seja, sua arquitetura não deveria destoar na escala e no uso de materiais daquela área. A dupla de arquitetos optou por dividir as unidades em três blocos iguais seguindo um escalonamento natural da topografia, de forma a aproveitar melhor a ventilação, a iluminação e as visuais da área. O projeto da unidade habitacional consiste em sala, cozinha e área de serviço no pavimento térreo, já no primeiro pavimento temos dois quartos e um banheiro, sendo um dos quartos servido por uma pequena varanda. Finalmente, no segundo pavimento, há uma área coberta por um telhado metálico tipo borboleta, que pode ser usado para a secagem de roupas, assim como também para confraternizações.
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ESTUDOS DE CASO
Legenda: Da direita para esquerda, de cima para baixo. Figura 24 - Implantação do Condomínio Habitacional de Cotia. Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/ joan-villa-e-silvia-chile-condominioresidencial-28-04-2003 Figura 25 - Corte esquemático dos blocos residenciais de Cotia. Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/ joan-villa-e-silvia-chile-condominioresidencial-28-04-2003 Figura 26 - Planta Pavimento Térreo unidade habitacional de Cotia. Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/ joan-villa-e-silvia-chile-condominioresidencial-28-04-2003 Figura 27 - Planta 1º Pavimento unidade habitacional de Cotia. Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/ joan-villa-e-silvia-chile-condominioresidencial-28-04-2003 Figura 28 - Planta 2º Pavimento unidade habitacional de Cotia Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/ joan-villa-e-silvia-chile-condominioresidencial-28-04-2003
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ESTUDOS DE CASO Nas áreas externas do conjunto habitacional, é possível verificar o diferencial do projeto de Villà e Chile, onde existe uma entrada exclusiva para veículos de mudança, além de um estacionamento. Itens que não são comumente encontrados em conjuntos habitacionais de interesse social. Além disso, pode-se verificar uma preocupação com o lazer dos moradores, tendo em vista que foi proposto um pavilhão de lazer para o condomínio.
O projeto executado com mão de obra treinada no próprio canteiro de obras é um ponto positivo, pois se demanda pouco tempo para treinar trabalhadores habilitados a executar tarefas neste sistema que, apesar de ser desconhecido pela maioria dos operários da construção civil, consiste em um método mais eficiente em termos de tempo e dinheiro se comparado com o sistema construtivo convencional. Além do mais, o fato da mão de obra ter sido treinada no próprio canteiro indica que este é um sistema fácil de se aprender e aplicar. Isso traz à tona a questão da construção em mutirão, a qual é bem vinda principalmente em locais onde há déficit de moradias, como é o caso do Brasil, pois se este problema fosse abordado de uma forma mais direta e simples, como é o caso do mutirão, certamente as pessoas das comunidades carentes poderiam garantir com muito mais rapidez a sua moraria ao invés de esperar a atitude do governo, que há vários anos deixou a questão da habitação social se transformar em um problema crônico nacional, tendo em vista que nunca de fato se extinguiu a falta de teto em nosso país.
O que se pretende tirar como referência deste projeto para o Trabalho Final de Graduação são os desenvolvimentos tecnológicos no campo de sistemas alternativos de construção, como é caso do sistema desenvolvido por Villà, o qual tem como elemento principal o tijolo cerâmico arranjado em conjuntos de maneira a formar painéis pré-fabricados, elemento este que pode formar fechamentos, pisos e até mesmo escadas. A vantagem deste processo de fabricação é que ele agiliza e barateia a obra, ou seja, otimiza tempo e recursos públicos, que podem ser usados para a construção de mais moradias. Outra qualidade que se pretende absorver do projeto de Cotia, é a abordagem dos arquitetos com relação ao projeto de habitação de interesse social, o partido arquitetônico de casas verticalizadas em três pavimentos o que libera parte do térreo para atividades de lazer e convivência, ao mesmo tempo que melhora a ventilação, iluminação e visão da natureza que se encontra no entorno.
Figura 29 - Sistema construtivo de pré-fabricados cerâmicos desenvolvido por Villà Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/126/habitacao-iii-23196-1.aspx
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ÁREA DE INTERVENÇÃO A área de intervenção escolhida para a implantação da tipologia arquitetônica desenvolvida neste trabalho fica situada na cidade de Fortaleza-CE, Brasil. A cidade de Fortaleza é a capital do estado do Ceará, e é a quinta maior metrópole do país em população. Geograficamente a cidade possui clima tropical semiúmido, fica situada no litoral da região nordeste do país, e tem temperatura média anual de 26º C. O bairro no qual se situa a área de intervenção foi rebatizado recentemente de Patriolino Ribeiro, entretanto a população da cidade ainda se refere ao bairro pela sua denominação antiga, Guararapes. O bairro, que foi renomeado no ano de 2010 em homenagem ao antigo proprietário das terras das quais hoje se constituem os bairros do Cocó, Dunas, Edson Queiroz, Engenheiro Luciano Cavalcante e o próprio bairro Patriolino Ribeiro, teve sua ocupação de forma expressiva a partir dos anos 1970, com a implantação de alguns equipamentos na região como a Universidade de Fortaleza, Centro de Convenções, e posteriormente o Shopping Center Iguatemi.
Legenda: De cima para baixo Figura 30 - Mapa da cidade de Fortaleza-CE. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=3.758574&lon=-38.490086&z=12&m=b Figura 31 - Localização do bairro Patriolino Ribeiro em Fortaleza. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=3.766967&lon=-38.499870&z=12&m=b Figura 32 - Localização do assentamento precário no bairro Patriolino Ribeiro. Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=3.760908&lon=-38.485451&z=17&m=b Figura 33 - Perspectiva aérea do assentamento precário e seu entorno. Fonte: https://www.google.com.br/maps/place/Fortalez a+-+CE/@-3.7628419,38.4804252,785a,20y,297.28h,30.04t/data=!3m 1!1e3!4m2!3m1!1s0x7c74f21f6c15c2f:0xfd6d6 706cb7927aa
Em meio a esta região nobre, fica situada a área de estudo deste trabalho, a qual é formada por um assentamento precário de porte pequeno, que provavelmente se instalou de forma ilegal ali a partir do aumento da densidade habitacional, a qual gerava oportunidades de empregos. Entretanto, a dificuldade de se obter terra por meios legais em decorrência dos altos valores dos terrenos, a população que hoje lá se encontra ocupou parte de um dos vários terrenos desocupados do bairro, estabelecendo-se em um entorno de residências abastadas. Tal combinação é bastante comum no contexto das cidades brasileiras, os extremos dos extratos socio-econômicos dividindo o mesmo espaço, porém de forma desigual.
No contexto da cidade de Fortaleza, apesar da intensa construção de edifíos residenciais multifamiliares durante os anos de 1990, o bairro Patriolino Ribeiro se manteve basicamente constituído de residências térreas unifamiliares até os anos 2000, quando o mercado imobiliáro naquela região ficou mais aquecido e se intensificou a construção e a oferta do tipo vertical multifamiliar naquele bairro. Nota-se pelo tamanho dos lotes das residências térreas, que desde o início aquele foi um bairro ocupado pela classe média alta, percebe-se amplas residências, formadas por jardim, quintal e piscina em sua maioria. Na fase posterior de evolução do bairro, o da construção de edifícios residenciais, nota-se também a presença de equipamentos particulares de lazer no interior de cada condomínio, paque infantil, quadra de esportes, salão de festas e pisicina, caracterizando mais uma vez o bairro Patriolino Ribeiro como uma área essencialmente rica.
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ÁREA DE INTERVENÇÃO O bairro Patriolino Ribeiro faz parte da Secretaria Executiva Regional II de Fortaleza, como também faz parte da ZOM I (Zona de Ocupação Moderada I), a qual o Plano Diretor de Fortaleza define como, “caracteriza-se pela insuficiência ou inadequação de infraestrutura, carência de equipamentos públicos, presença de equipamentos privados comerciais e de serviços de grande porte, tendência à intensificação da ocupação habitacional multifamiliar e áreas com fragilidade ambiental; destinando-se ao ordenamento e controle do uso e ocupação do solo, condicionados à ampliação dos sistemas de mobilidade e de implantação do sistema de coleta e tratamento de esgotamento sanitário.
NORTE
De acordo com o Art. 101, São parâmetros da ZOM 1: I — índice de aproveitamento básico: 2,0; II — índice de aproveitamento máximo: 2,5; III — índice de aproveitamento mínimo: 0,1; IV — taxa de permeabilidade: 40%; V — taxa de ocupação: 50%; VI — taxa de ocupação de subsolo: 50%; VII — altura máxima da edificação: 72m; VIII — área mínima de lote: 150m²; IX — testada mínima de lote: 6m; X — profundidade mínima do lote: 25m; XI — fração do lote: 140m². (REFERÊNCIA/FORMATAR) O acesso à área de intervenção pode ser feito a partir de três grandes vias para o acesso feito de fora do bairro, pela Av. Washington Soares, a maior delas, para quem vem das zonas Norte, Leste e Oeste da cidade, como também pelos logradouros da Av. Coronel Miguel Dias e da Rua Firmino Rocha Aguiar, para os que vem da zona Sul de Fortaleza. Os acessos feitos a partir de dentro do próprio bairro são feitos a partir das ruas Dr. Márlio Fernandes e Min. Eduardo Ellery Barreira, no eixo Norte-Sul, e a partir da Rua Manuel Firmino Sampaio, no eixo Leste-Oeste.
Figura 34: Mapa de usos do solo no entorno da área de intervenção / acessos viários. Fonte: htt p://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-3.760908&lon=-38.485451&z=17&m=b. (legendas do autor).
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ÁREA DE INTERVENÇÃO O tipo de construção encontrado no assentamento precário estudado é feito de materiais reutilizados como lâminas de madeira, papelões, chapas de metal, além do uso de materiais convencionais de construção como janelas e portas de madeira, enquanto o telhado aparenta ser feito a partir de materias novos, madeiramento e telhas compradas novas ou reutilizadas de uma construção recente. Além disso, o que mais se verificou sobre nível de infraestrutura e serviços públicos naquele local é que existe ligação de água e energia, assim como a coleta de lixo em local estabelecido (ver foto), e a presença de um orelhão telefônico em frente ao assentamento. O número de pessoas estimado é de 60 à 75 pessoas, a partir da contagem de casas feitas por foto aérea, e considerando que cada casa abriga uma família de 4 a 5 pessoas. Não se pôde fazer um levantamento preciso das condições internas das habitações, assim como o histórico da comunidade, tendo em vista que a liderança da comunidade, uma mulher que não quis se identificar, apenas informou que aquele terreno estava passando por um processo na Justiça e que não daria mais informações. Notou-se que a líder da comunidade possui um comércio dentro do próprio assentamento, servindo a comunidade com a venda de itens domésticos e de alimentação. Figura 35 - Frente do assentamento precário da área de intervenção. Fonte: https://www.google.com.br/maps/place/Fortaleza+-+CE/@-3.7606561,38.4842206,3a,75y,28.43h,84.4t/data=!3m4!1e1!3m2!1s8Yp0j5kFW7szQMZZZHgibg!2e0 !4m2!3m1!1s0x7c74f21f6c15c2f:0xfd6d6706cb7927aa
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CONCEITO DO PROJETO O conceito do projeto se fundamenta na ideia de que uma unidade residencial deve ser sustentável não só na esfera ambiental, mas também nas esferas social e econômica, de forma a propor a integração social no âmbito urbano e a garantir o sustento das famílias mais pobres de forma a minimizar a pressão da especulação imobiliária sobre elas. Desta forma, a casa e seu funcionamento tornam-se uma espécie de organismo vivo, no qual o ritmo do cotidiano dos residentes seja mimetizado pela casa em si. A arquitetura, enquanto ferramenta de mudança social, toma forma neste projeto a partir da adoção de algumas características que constroem o seu partido: a tipologia diversificada em três opções de casa, sendo elas distintas em programa, fluxograma e forma, as quais todas têm possibilidade de futura expansão. O uso misto da edificação de forma a promover a diversidade do uso do solo urbano, e a oferecer mais oportunidades de trabalho, serviços e produtos aos moradores do bairro. A inserção do conjunto arquitetônico em um vazio urbano localizado em uma área urbana bem consolidada de infra estrutura, serviços e equipamentos, traz mais benefícios urbanísticas à sociedade, a partir do adensamento responsável de áreas com potencial subtilizado. O projeto das moradias deste estudo visa, por essência, dar soluções à uma série de problemas que são típicos de países subdesenvolvidos, como a desigualdade sócio espacial, a carência do fornecimento de serviços básicos de infra estrutura urbana e a indiferença cultural dos governantes com relação às questões da falta de sustentabilidade do modelo sócio econômico ambiental adotado. No âmbito deste trabalho temos as moradias propostas implantadas em um contexto urbano brasileiro, e apesar de responder aos problemas urbanos identificados, este modelo de casa apresenta soluções para outros contextos nacionais, como a moradia no sertão, na serra e em litorais que não necessariamente são metrópoles. Temos os
sistemas de captação de água, captação de energia, agricultura e tratamento de esgoto que são problemas para muitas famílias em povoados e pequenas cidades. Ou seja, aplicação deste modelo no contexto investigado neste trabalho, apenas vem de forma a exemplificar a questão da implantação destas moradias em um contexto plausível em muitas outras localidades do país. O partido arquitetônico desenvolvido neste trabalho apresenta soluções que respondem às questões bioclimáticas, às questões de uso e ampliação do edifício e, na maneira de organizar os ambientes internos, buscou promover uma melhor qualidade de vida para seus habitantes, a partir da integração dos espaços, a adoção de jardins internos e sistemas de funcionamento da casa sustentável. A partir do uso de sistemas de geração de energia limpa e da captação de águas pluviais e seu reuso, buscou-se que o projeto arquitetônico desse uma solução para problemas que já atingiram a população brasileira em um passado não muito distante, como é o caso do “Apagão” ocorrido em 2001, e que ameaçam retornar devido à insuficiente precipitação de chuva nos últimos anos para abastecer os reservatórios brasileiros, como consequência disso, além da escassez de água para consumo humano, houve reajuste do preço da energia elétrica, com projeção do Banco Central para um aumento ainda maior até o fim do ano de 2015 (fonte). Tais fatos só reforçam a fragilidade do atual modelo dos serviços de fornecimento energético e hídrico no Brasil. No projeto, buscou-se dar uma solução alternativa para a questão do fornecimento de água e energia, pois temos dois benefícios principais com esta solução: a economia na renda familiar e a garantia de disponibilidade de energia e água caso haja crise de fornecimento dos serviços. Nos dois casos de fornecimento, os moradores deste tipo de residência terão a possibilidade de economizar nas respectivas contas, entretanto, terão ao mesmo tempo as ligações convencionais de água e energia para utilizar quando desejarem.
28
W 28.8
3.4
16.4
22.6 24.7
11.9
21.3
13.8
24.9
8.3
2
6.10
20.10
4.11
11 22.
1 22. 18
IMPLANTAÇÃO
17 16
A implantação do conjunto de residências sustentáveis se deu a partir da consideração dos fatores naturais presentes no local do terreno. A partir do estudo do relevo, da insolação e da ventilação, se optou por implantar as casas de maneira a captar ao máximo a ventilação natural e a de protege-las da insolação.
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As casas ficaram posicionadas em seu sentido mais estreito a facear o eixo Leste-Oeste para oferecer menos superfície a ser irradiada pelo sol , enquanto que as empenas foram dotadas em seu ponto médio de alvenarias com tijolos espaçados de forma a deixar permeável à realização de ventilação cruzada a partir da origem Sudeste de ventilação predominante.
14 13
N
12
S
11 10 9 8 7
22.6
E
29
21.5
1.5
23.2
9.2
21. 1 22. 1 2 6
Figura 36: Implantação/ Insolação/ Ventilação.
ESTUDOS MODULAÇÃO DE CASO
3m
1m
1,3 m Cada casa é composta pela justaposição de módulos com medidas de 4x5m de fora a fora, sendo 4m para a largura e 5m para a profundidade do imóvel. Há a presença de uma modulação interna que subdivide os módulos com profundidade de 1,60 m que por exemplo, ora pode ser um banheiro, ora uma varanda, ou seja, 1,60 m (varanda ou w.c.) + 3,40 m (quarto, circulação vertical, cozinha etc) = 5,00 m de profundidade. Ao todo, foram criados sete módulos, e a partir da modulação interna, foram divididos em dois tipos: as modulações que abrigam áreas molhadas, presentes nas duas primeiras colunas; e as modulações que abrigam espaços abertos e cobertos, como varandas e área de serviço presentes na última coluna. A partir da combinação dos módulos apresentados, foi criada uma tipologia com três variações, todas elas a contemplar o uso de todos os módulos em suas composições, entretanto com diferentes arranjos, sendo a variação do fluxograma, o principal fator determinante das formas de ocupar o terreno, assim como, de buscar uma maior oferta de opções que buscam atender os diferentes arranjos e necessidades familiares dos seus moradores.
5m
4m Figura 37: Quarto solteiro +
Figura 38: Comércio.
Figura 39: Circulação + cozinha
Figura 40: Circulação + W.C.
Figura 41: Estar + Varanda.
Figura 42: Cozinha + Serviço
Figura 43: Quarto Casal + Varanda
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TIPOLOGIA
NORTE
Casa ‘I’ A casa tipo ‘I’, batizada assim pela sua semelhança com a letra I do alfabeto, tem como características principais, a maior verticalidade dentre os tipos criados, a maior área de terreno livre para plantação de árvores de grande - médio porte, a presença das áreas de lazer, como estar e terraço, no pavimento mais elevado da edificação, de forma a oferecer melhores visuais do entorno, incluindo a praça e seu próprio jardim. Neste tipo de residência, temos a implantação do edifício mais próxima à um dos limites do terreno, de forma a criar uma maior relação entre o ponto comercial e a praça na qual está inserida. Enquanto que do lado oposto, ou seja, na
SOBE
Figura 44: Pavimento Térreo.
1
3
Figura 45: 1º Pavimento
5
31
Figura 46: 2º Pavimento
TIPOLOGIA
NORTE
Casa ‘L’ A casa tipo ‘L’, seguindo a lógica da semelhança com as letras do alfabeto, tem como principais características, a horizontalidade de seu programa, tendo a maioria de seus ambientes localizados no pavimento térreo, a presença de um quarto de dormir térreo, de forma a atender famílias com idosos ou outros casos de mobilidade reduzida. A sala de estar também está no térreo, no sentido de promover a integração de toda a família de forma acessível. Além disso, a Casa ‘L’ é mais recuada no terreno com relação à praça, pois desta maneira pode-se garantir mais privacidade, pelo fato da maior parte dos ambientes da casa se encontrarem no pavimento térreo, ou seja, ao nível da rua. A presença de duas hortas no 1º Pavimento funciona a isolar termica e acusticamente o teto do Pavimento Térreo. Além ser um teto verde que produz alimentos, as hortas serão responsáveis por aumentar A Casa ‘L’ também tem possibilidade de expansão, seguindo o ideal de propor uma edificação que se adeque melhor à individualidade/necessidades de cada família. Sugere-se que, em caso de expansão, esta tome lugar no 1º Pavimento onde se encontram as hortas, ficando a critério do morador seu lugar de construção, desde que obedeça a modulação da edificação.
Figura 47: Pavimento Térreo.
1
3
Figura 48: 1º Pavimento
5
32
TIPOLOGIA
NORTE
Casa ‘L’ Invertido A casa tipo ‘L’ Invertido, que também faz referência ao alfabeto, é caracterizada principalmente por ser um meio termo, uma fusão entre as casas ‘I’ e ‘L’, as quais emprestam algumas características de partido ao terceiro e último modelo. A casa apresentada aqui tem ambientes mais integrados, como na casa ‘L’, entretanto, se desenvolvendo no 1º Pavimento, enquanto que no térreo, ocupa menos espaço no lote de forma a liberar o solo natural para o plantio. É também importante frisar outras qualidade deste modelo, como uma maior privacidade, pois a maioria dos ambientes se localizam no 1º Pavimento; a criação de um corredor natural de ventilação devido à presença de um vão que atravessa a extensão de toda a residência; maior superfície de alvenarias sombreadas em comparação com os outros tipos, assim como, maior superfície de coleta de águas pluviais, e captação de energia solar, devido ao maior tamanho da coberta.
Figura 49: Pavimento Térreo.
1
3
Figura 50: 1º Pavimento
5
33
ESTRATÉGIAS ESTUDOS DE CASO BIOCLIMÁTICAS
A partir da adoção de estratégias bioclimáticas, as residências sustentáveis adquiriram características formais e funcionais da seguinte maneira: Devido a orientação estabelecida de forma à privilegiar a ventilação natural, utilizou-se fechamentos que fossem permeáveis ao vento, para que de uma maneira estratégica, o vento fosse captado pelas paredes vazadas de tijolo solo cimento, as quais se localizam orientadas a receber a maior incidência de ventilação natural, ou seja, recebe ventilação através da orientação Sudeste, a qual é a predominante em Fortaleza. Fez-se uso também da ventilação vertical, pois com a criação de circulação vertical, criou-se também uma circulação vertical de ar a partir de abertura no teto do vão da escada, de maneira que o vento que penetrou a casa através dos elementos vazados, agora é sugado no chamada efeito ‘Chaminé’, onde o ar quente, por ser mais leve, sobe e é expulso pelo ar mais frio que vem de baixo, através de um sistema de convecção.
1
Figura 51: Esquema de ventilação Casa ‘I’.
Figura 52: Esquema de ventilação ‘L’.
3
5
Figura 53: Esquema de ventilação ‘L invertido’.
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ESTRATÉGIAS ESTUDOS DE CASO BIOCLIMÁTICAS
Figura 54: Esquema de ventilação ‘L’. 1
3
5
Figura 55: Esquema de ventilação ‘L invertido’. 1
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3
5
AMPLIAÇÕES ESTUDOS DE CASO A casa ‘L’ pode ser expandida a qualquer momento depois da ocupação do imóvel, a partir da ampliação planejada para este modelo. No caso, o terraço no 2º Pavimento é o lugar especificado para a expansão ideal, e de forma a aproveitar a modulação, a estrutura, e as instalações hidro sanitárias, recomenda -se um quarto de dormir com W.C. Seguindo o ideal de propor uma edificação que se adeque melhor à individualidade, e à necessidades de cada família, a casa ‘L’ também tem possibilidades de expandir-se. A partir da ocupação de uma das hortas presentes no 1ºPavimento, de forma a aproveitar a ventilação natural, e as instalações, recomenda-se a incorporação de mais um quarto de dormir
Figura 56: Casa ‘I’
Figura 59: Casa ‘I’ com expansão no 2º Pavimento.
Figura 57: Casa ‘L’
Figura 60: Casa ‘L’ com expansão no 1º Pavimento.
Figura 58: Casa ‘L invertido’
Figura 61: Casa ‘L invertido’ com expansão no Pavimento Térreo
A expansão prevista para casas tipo ‘L’ invertido acontece no Pavimento Térreo, onde se situa a horta mais próxima à calçada, e tendo em vista a vocação mais comercial, pela relação que terá com a rua, recomenda-se a expansão de um comércio já existente, ou a criação de mais um ponto independente.
36
SISTEMA ESTUDOS CONSTRUTIVO DE CASO Sob o ponto de vista construtivo, o projeto ficou orientado de forma a utilizar materiais derivados de reuso ou de fontes renováveis, como é o caso dos tijolos solo-cimento, e do piso interno feito de bambu. Além disso, tirou-se partido da modulação estrutural de forma a racionalizar a construção destas habitações, a facilitar futuras ampliações e gerar maior economia construtiva. O sistema construtivo escolhido foi o de alvenaria estrutural com o uso de tijolos solo-cimento, como foi dito anteriormente, o qual possui as seguintes vantagens com relação ao sistema convencional, que usa o tijolo cerâmico furado: - Temperatura mais amena no interior da edificação. - Economia de 50% no uso de cimento. - Economia de 50% nas ferragens da estrutura. - Menor tempo de construção. - Economia no acabamento, pois não necessita de chapisco, reboco ou pintura. - Menor desperdício durante a obra. O telhado é composto por um sistema estrutural metálico de forma a dar suporte às telhas termo acústicas, assim como aos painéis fotovoltáicos, adotados para geração de energia. Os pilares desta estrutura metálica serão fixados na laje valterrana no momento de sua concretagem e, a partir daí duas vigas para cada água serão soldadas nos pilares, um em cada ponta das vigas. Em seguida, caibros serão utilizado para dar o suporte final às telhas termo acústicas, assim como para a fixação dos painéis fotovoltáicos.
Figura 63: Perspectiva esqueleto estrutural casa ‘L
Figura 62: Perspectiva esqueleto estrutural casa ‘I’.
Figura 64: Perspectiva esqueleto estrutural casa ‘L’.
37
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E COMUNIDADE O sistema agrário das residências sustentáveis se caracteriza pela utilização de águas servidas provenientes do sistema sanitário da casa como forma de irrigação e adubação da plantação, que poderão acontecer no térreo em sua maioria, assim como em níveis suspensos, como em tetos verdes, ficando o uso restrito à plantas de pequeno porte. As plantas serão distribuídas em categorias de horticultura e fruticultura de acordo com as listas abaixo: Horticultura: - Alface - Rúcula - Salsa - Salsão - Coentro - Pimentão - Tomate - Batata Doce - Macaxeira Fruticultura: - Manga (Manguita) - Goiaba - Caju - Banana - Mamão - Abacate
Além da cultura de plantas, cada casa terá um tanque de criação de tilápias, sendo este tipo de peixe de fácil manuseio e de boa aceitação comercial. A partir de uma organização eficaz das culturas no terreno de cada casa, será possível obter um excedente de produtos dentro de um espaço urbano. Com frutas, legumes, vegetais e peixes na alimentação familiar, os moradores terão garantido o seu sustento através de uma alimentação balanceada e saudável, além de obter uma renda para auxiliar na economia doméstica com a venda de seu excedente. Os moradores deste tipo de habitação terão a possibilidade de cultivar o próprio alimento, como foi dito anteriormente, com isso poderão escolher entre consumir o que produzem ou realizar vendas e/ou trocas com outras pessoas da comunidade e do bairro. Por exemplo, se um determinado morador tem mais habilidade de produzir uma categoria específica, como itens de horta, ele pode negociar trocas com outro morador, que por acaso, pode ser mais habilitado em produzir peixes. Assim, com a atividade gerada a partir do comércio de vendas e trocas feitas a partir dos pontos comerciais especificados no projeto, a comunidade gerará mais um uso para a praça, trazendo mais dinamismo e apropriação para aquele espaço público, além de promover a integração social entre as pessoas da própria comunidade, assim como, com outras pessoas do bairro, as quais terão a possibilidade de comprar tais produtos sem agrotóxicos nas vendas da comunidade.
Figura 65: Exemplo de comércio de frutas e legumes. Fonte: http://www.turistik.cl/atractivo/mercadocentral-de-santiago?lang=pt
38
ESTUDOS HIDRO-SANITÁRIO DE CASO
Coleta de águas pluviais Água pluvial filtrada Água servida ‘Cinza’ Reuso Água ‘Cinza’ tratada na horta Água servida ‘Negra’
O sistema hidro sanitário consistirá, em seu início, na coleta de água da chuva a partir das cobertas, sendo esta água filtrada e armazenada em cisternas subterrâneas localizadas entre os alicerces da casa. Em seguida, com o uso de uma bomba, a água é direcionada para uma caixa d'água localizada na laje de forramento da coberta, a partir daí, segue para as colunas hidráulicas de forma a abastecer os ambientes com áreas molhadas da casa, entretanto, nesta fase, abastecerão somente pias, lavatórios, chuveiros, máquina de lavar e torneiras, ficando as bacias sanitárias fora deste sistema. Este processo gerará o primeiro tipo de água servida, que é chamado de Água Cinza, o qual é composto por materiais que não incluem dejetos humanos: sabão, sabonete, restos de comida etc. Ao ser recolhida, a água cinza passará por um sistema de filtragem feito por plantas da horta, que consiste em forçar a sua passagem através de calhas com uma sequência de diferentes substratos, os quais vão, com a ajuda das raízes das plantas, sistematicamente filtrando os materiais presentes na água. A partir daí, após percorrer a extensão completa da calha, irrigar e adubar a horta, esta água segue por gravidade para outra caixa d'água no mesmo pavimento onde ficará armazenada até ser bombeada para o segundo sistema hidráulico da casa, que consiste em uma caixa d'água exclusiva para a água de reuso na mesma laje de forramento do último andar da casa, porém, desta vez abastecerá a coluna que alimenta as bacias sanitárias. Após seu uso, esta água será classificada de Água Negra, conterá dejetos humanos e, portanto seguirá para um tratamento séptico em uma fossa, entretanto processo não consistirá em um tratamento convencional de esgoto de fossa – sumidouro.
O sistema de tratamento deste esgoto consistirá em um tratamento inicial em uma fossa, onde a parte sólida do esgoto será digerida por uma série de bactérias, porém, ao invés de seguir para um sumidouro convencional, o líquido resultante seguirá forma a irrigar pontualmente cada árvore frutífera presente no terreno a partir de tubulações que partirão do sumidouro até encontrar as raízes de cada árvore. Este será o caminho que percorrerá a água no uso diário da residência sustentável aqui proposta. Além de dispensar o tratamento convencional de esgoto típico de regiões sem infra estrutura, tem até 4 ciclos de utilização – reutilização da água, dois para uso humano, mais 2 para uso da plantação. Além disso, a princípio não será necessário utilizar a água da companhia fornecedora de água. Caixas D’água 500L - Água Digestão de matéria sólida ‘Cinza’ Tratada. Águas ‘Negras’. Adubo e irrigação árvores.
Caixas D’água 500L - Água pluvial filtrada.
Calhas de tratamento de Água ‘Cinza’ pela horta.
Cisterna horizontal Fortlev 5000L Bomba D’água
Figura 66: Perspectiva instalações hidro-sanitárias. Fonte: Autor
39
GERAÇÃO DE ENERGIA ESTUDOS DE CASO O sistema de geração de energia adotado para este projeto é o que utiliza um kit doméstico de placas fotovoltaicas, que é composto por nove placas com capacidade de 800Wh/dia cada uma, um inversor e nove baterias. As placas serão fixadas na primeira água do telhado, que é voltada para a orientação leste de forma a captar o máximo de energia, haja vista que a oeste das casas sustentáveis existem outros lotes que devem seguir a tendência de verticalização do bairro, de forma a provocar uma sombra sobre as casas após o meio dia impossibilitaria a captação solar, como é o caso de um prédio residencial que já está construído em um dos lotes a oeste do terreno deste estudo.
Figura 67: Perspectiva do conjunto de casas sustentáveis. Uso de painéis fotovoltáicos no telhados.
Figura 68: Esquema de funcionamento de um sistema painéis fotovoltaico doméstico. Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/energia_solar/3_3_2.ht
40
PERSPECTIVAS ELETRร NICAS ESTUDOS DE CASO
Figura 69: Perspectiva rua exclusiva das casas sustentรกveis
Figura 70: Perspectiva fachadas oeste casas.
41
PERSPECTIVAS ELETRÔNICAS ESTUDOS DE CASO
Figura 73: Casa ‘L’ Invertido.
Figura 71: Casa ‘I’
Figura 72: Casa ‘L’
42
REFERÊNCIAS ESTUDOS DE CASO UNDURRAGA, Cristian. Ruca Dwellings / Undurraga Devés Arquitectos. Disponível em: <http://www.archdaily.com/456299/ruca-dwellings-undurragadeves-arquitectos/>. Acesso em: 17 nov. 2014. BONDUKI, Nabil Georges. Origens da Habitação Social no Brasil. In: BONDUKI, Nabil Georges. Origens da Habitação Social no Brasil. São Paulo: Liberdade, 1994. p. 711-732. Disponível em: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223377539C9uKS3pp5Cc74XT8.pdf >. Acesso em: 17 nov.2014. CARMINATTI JÚNIOR, Riberto. ANÁLISE DO CICLO DE VIDA ENERGÉTICO DE PROJETO DE HABITAÇÃO SOCIAL CONCEBIDO EM LIGHT STEEL FRAMING. 2012. 164 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Construção Civil, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012. VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2008. SILVA, Fernando Benigno da. Sistemas construtivos: wood frame - construção com perfis e chapas de madeira. Téchne, São Paulo, v. 116, n. 116, p.112-112, ago. 2010 SOBREIRA, Fabiano; FÉLIX, Bruna. Projetos de Habitação Social no Brasil. Universitas: Arquitetura e Comunicação Social, Brasília, v. 2, n. 10, p.23-35, jul. 2013. REYNOLDS, Michael. Earthship: How to build your own. Earthship Biotecture, 1990. (Vol. 1).
43
NORTE RUA MANOEL FI
O FERNANDES RUA DR. MÁRLI
RMINO SAMPAIO UP
CASA
CASA
CASA CASA
CASA
CASA
CASA CASA
CASACASA
CASA
CASACASA
CASA
CASA CASA
CASA
27,698
QUADRO DE ÁREAS
TAXA DE OCUPAÇÃO TAXA DE PERMEABILIDADE ÁREA DO TERRENO ÁREA PAV. SUPERIOR ÁREA PAV. TÉRREO ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA ÁREA TOTAL UNIDADE ÍNDICE DE APROVEITAMENTO
GTO N I H WAS AV.
. RES A O NS
52,72% 510,58 m² (47,28%) 1080,00 m² 56,26 m² 56,26 m² 1056,20 m² 112,52 m² 0,97
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
SITUAÇÃO E LOCAÇÃO
1
Escala:
Prancha Nº
1 : 500
P01
SITUAÇÃO E LOCAÇÃO ESCALA
1 : 500 Orientador: Amando Candeira
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
vaga
vaga
vaga
vaga
vaga
vaga
vaga
vaga
vaga
vaga
vaga 13,019
vaga
Rua de acesso restrito às residências 4
9,95 acesso
15
7,85 15 7,85 acesso acesso
15
acesso
acesso
acesso acesso
acesso acesso
acessoacesso acesso
acesso acesso acesso
acesso acesso
Acesso comércio
Acesso Acesso Acesso comércio comércio comércio Acesso Acesso comércio comércio
Acesso comércio Acesso Acesso comércio comércio
4,00
Acesso Acesso comércio comércio
Acesso comércio Acesso Acesso comércio comércio
Acesso comércio
4,00
30,00
Acesso comércio Acesso comércio
135,995
52,112
18,699
4,01
3,265
75,428
4,01
29,999
90 90 2,936 15 5,00 15 3,072
NORTE
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
IMPLANTAÇÃO
1
Escala:
Prancha Nº
1 : 500
P02
IMPLANTAÇÃO CONJUNTO ESCALA
1 : 500 Orientador: Amando Candeira
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
NORTE P10 2
P11
P10 1
7 ELEVAÇÃO OESTE CASA 8,00 "L" INVERTIDO
P11
3,85
15
Varanda
Serviço
5,17 m²
4,99 m²
+0,03
+0,03
1,305
15 4,98
7,96 m²
1,40
Jardim Interno
15
Room
15
15
5,00
Room 13,44 m²
10,56 m²
Comércio
15
3,175
2,335
Quarto Solteiro +0,05
84
3,25
10
14,36 m²
Comércio
15
Varanda 1,17 m²
15
13,44 m²
1,30 15
15
15
+0,05
P08 2
3,25
4,70
3,45 m²
3,25 m²
15
+0,05
15
15
925
15
3,85
1
1,665
P10 1
15
925
15
P10 2
P11
P09 1
P09 2
3
PAVIMENTO TÉRREO CASA "L" INVERTIDO ESCALA
1 : 75
P08 1
PAVIMENTO TÉRREO CASA "I" ESCALA
1,302
2,00
ELEVAÇÃO LESTE CASA "L' INVERTIDO 6
15
ELEVAÇÃO LESTE CASA "I" 2 P11
15 733
15 775
3,85
+0,05
2,00
+0,03
+0,05
W.C.
1,485
Apoio Comércio
10 125
+0,03
3,45 m²
15 775
1,30
Cerâmica 46x46cm
15 15 1,30
2,65
+0,03 1,30
Cerâmica 46x46cm
0150
15
Apoio Comércio
Cerâmica 46x46cm
3,45 m²
3,70
15
+0,00
8,38 m²
1,00
+0,00
Room 8,38 m²
15,00
1,04
1,49 15
4,995
Jardim Interno
3,475
8,35 m²
6,62 m²
P09 3
Circulação
19,28 m²
Jardim Interno
P10 3
Circulação
Grama P09 3
+0,05
85
P10 3
3,475
475 15
4,78 m²
6,65 m²
4,98
+0,03
Cozinha
Circulação
P08 2
1,455
+0,05
15
4,78 m²
15
+0,03
4,78 m²
+0,03
Cozinha
15,005
Cozinha
Concreto
2,66 1,80
1,60
13,11 m²
3,25
85
1,66
15
11,27 m²
1,45
1,60
Jantar
Jantar
Estar
Concreto 10,28 m²
10,28 m²
3,285
+0,05
Concreto
Jantar
+0,05
15
15 16
+0,03
+0,03
3,665
1,38
4,99 m²
+0,03
15
Serviço
87
Deck de madeira
15
15
1,305
1,345
1,03
4,99 m²
14,99
Deck de madeira
Deck de madeira
1,445
15
15
Serviço
1,60
1,275
1,10
1,35
22 15
1,325
15
15
99
1,305
1,325
2,86
15
15
15
1,025
+0,00
8,00
3 ELEVAÇÃO OESTE CASA "I" 4,00
1,325
15
5 ELEVAÇÃO OESTE CASA "L"
P08 1
P11
P09 2
3,33
P09 1
ELEVAÇÃO LESTE CASA "L" 4
1 : 75
P11
2
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
TÉRREO
Escala:
Prancha Nº
1 : 75
P03
PAVIMENTO TÉRREO CASA "L" ESCALA
1 : 75 Orientador: Amando Candeira
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
NORTE P09 2
P09 1
P10 1
P11
8,00
15
4,265
3,245
16,44 m²
15
2,65
15
15
P10 3
2,80
15
2,435
1,26
15
95 16
+3,11
UP
+3,11
4,90
+3,11
15
W.C.
2,65
3,45 m² 15
W.C.
+3,09
12,35 m²
15
1,30
1,30
6,00 m²
1,29
15
15
+3,09
3,47
Circulação
01 15 50
Circulação
1,30
90
3,475
5,70 m²
P10 3
3,88
15,00
4,98
4,85
15
P09 3 Circulação
W.C. 3,64 m²
3,475
W.C.
P09 3
1,38
W.C.
2,65 +3,09
15
155
1,375
Circ. 3,86 m²
3,64 m²
3,66 m²
90
15
15 3,245
+3,09
+3,11
2,80
15
1,375
15
3,85
13,41 m²
4,98
3,22
+3,11
83
Quarto Casal
905
1,305
15 15
Estar
+3,11
15 1,34
12,01 m²
13,38 m²
90 5,02
+3,11
Quarto Casal
18,85 m² 3,41
4,84 m²
+3,09
10,05 m²
Quarto Casal
Horta
1,305
Varanda
4,855
15
15
15
Varanda
+3,09
5,02 m²
3,705
3,70
15
Varanda
5 1515
98
15
+3,01
1,305
+3,09
1,305
3 ELEVAÇÃO OESTE CASA 4,00 "I"
1,535
15
15
3,70
1,665
1,305
15
1,005
15
15
15
3,85 155
P11
145
7 ELEVAÇÃO OESTE CASA "L" INVERTIDO
5 ELEVAÇÃO OESTE CASA "L"
P08 1
15
P10 2
P11
3,175
4,70
2,335
10,56 m²
1,316
15
3,85
15
2,049
1227555
1,24 m²
1,651
815 10
1,651
1
3,725
15
ELEVAÇÃO LESTE CASA "L' INVERTIDO 6
P10 2
P11
15
P09 2 P08 1
3
1º PAVIMENTO CASA "L" INVERTIDO ESCALA
1 : 75
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA ELEVAÇÃO LESTE CASA "L" 4
1º PAVIMENTO CASA "I" ESCALA
1,622
15
P10 1
ELEVAÇÃO LESTE CASA "I" 2 P11
5 1515
3,65
P09 1
75 12255
15
1,316
1,316
10 125 15
Varanda
150 733
18 762
2,48 m²
+3,11
1,12 m²
882
Varanda
815 10 15
15 3,175
2,335
10,56 m²
10,56 m² 1,622
Varanda
Quarto Solteiro
10,91 m²
+3,11
15
15
18,10 m²
+3,11
Quarto Solteiro
1 1110
W.C. 3,45 m²
Horta
P08 2
Quarto Solteiro 3,175
+3,09
1,30
1,465
P08 2
Quarto Casal
2,435 15
365
3,175
+3,01 905
15
15
3,45 m²
1 : 75
P11
2
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
1º PAVIMENTO
Escala:
1 : 75
P04 Orientador: Amando Candeira
1º PAVIMENTO CASA "L" ESCALA
1 : 75
Prancha Nº
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
P08 1
P11 3 ELEVAÇÃO OESTE CASA 4,00 "I" 98
1,69
1,03
15 15
15
Varanda
15
1,305
4,83 m²
3,70
0150
4,774
5,02
0150
Estar 17,66 m² 1,055
15
4,98
15
2,65
3,47
Circulação
Varanda 10
4,81 m² 1,40
475
1,326
P08 2
1,475
15
4,54 m²
1,725
3,379
Terraço Jardim
P08 2
15
12,06 m²
15
3,705
15
P08 1
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
1
2º PAVIMENTO CASA "I" ESCALA
1 : 75
ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
2º PAVIMENTO CASA "I"
Escala:
Prancha Nº
1 : 75
P05 Orientador: Amando Candeira
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
P09 2
P09 1
NORTE P10 2
P11
P10 1
P11
7 ELEVAÇÃO OESTE CASA "L" INVERTIDO
5 ELEVAÇÃO OESTE CASA "L"
226
3,548
226
226
P08 1
3,548
4,045
15 1,105
15
2,445
2,325
15
P10 3
2,325
3,046
3,92
15 3,046
15
P09 3
3,834
15
425
15
2,208
15
4,045
425
15
15
906
4,70 3,04
4,70
P08 2
15
3,70
15
P10 1 ELEVAÇÃO LESTE CASA "I" 2
P08 1
P10 2
P11
P09 2
ELEVAÇÃO LESTE CASA "L" 4
FORRO CASA "I" ESCALA
ELEVAÇÃO LESTE CASA "L' INVERTIDO 6
P09 1
P11
1
16
15
254
15
255
3,046
P08 2
4,695
1,193
2,212
2,202
15
15
1,355
P10 3
425
11,453
15
425
15
15
2,031
2,45
1,942
15
P09 3 1,414
6,225 2,031
6,225
4,045 7,286
+6,17
1,10
15
3,548
+6,17
5,785
4,045
15
+9,23
1,08
452
226
15
3 ELEVAÇÃO OESTE CASA "I"
15
15
P11
1 : 75
3
FORRO CASA "L" INVERTIDO ESCALA
1 : 75
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
P11
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
FORRO COBERTA
2
Escala:
Prancha Nº
1 : 75
P06
FORRO CASA "L" ESCALA
1 : 75
Orientador: Amando Candeira
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
NORTE P08 1
6,00
P10 1
8,7%
8,7%
5,223
8,7%
5,852 14
8,7%
5,852
P10 3
P09 3
8,7%
142
P08 2
5,282
P10 3
P09 3
8,7%
5,786
8,7% 8,7%
5,752
5,00
8,7%
6,35
4,00
5,00
5,986
8,7%
4,00
P09 2
P09 1
P08 1
4,00
4,00
P10 1
1
P10 2
COBERTA CASA "I" ESCALA
1 : 75
108
P08 2
P10 2
3
P09 1
COBERTA CASA "L" INVERTIDO ESCALA
1 : 75
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
P09 2
ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
COBERTA
Escala:
Prancha Nº
1 : 75
P07 2
Orientador: Amando Candeira
COBERTA CASA "L" ESCALA
1 : 75
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
1,262
1,23
499
9,23 3º PAV.
6,17 2º PAV.
9,23 3º PAV.
2 3,06
P12
3,11 1º PAV.
6,17 2º PAV.
4,92
9,20
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
2
CORTE TRANSVERSAL CASA "I" ESCALA
1 : 75
1,20
3,11 1º PAV.
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
-1,27 CISTERNA
1
CORTE LONGITUDINAL CASA "I" ESCALA
1 : 50
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
CORTES CASA "I"
Escala:
Prancha Nº
As indicated
P08 Orientador: Amando Candeira
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
464 1,262
24 1,00
4 P12
6,12
3,11 1º PAV.
6,13
6,17 2º PAV.
5
1,20
3
P12
1,514
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
6,17 2º PAV.
18
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
CORTE LONGITUDINAL B CASA "L" ESCALA
1 : 50
2,88
2
3,11 1º PAV.
7,325
7,865
3,06
6,17 2º PAV.
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO 50
3,11 1º PAV.
CORTE TRANSVERSAL CASA "L" ESCALA
1 : 50
2,56
3
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
1
CORTES CASA "L"
Escala:
1 : 50
P09 Orientador: Amando Candeira
CORTE LONGITUDINAL A CASA "L" ESCALA
1 : 50
Prancha Nº
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
455
3
1,01
1,262
22
P12
6,17 2º PAV.
1 P12
35 1,075
1,785
6,12
3,11 1º PAV.
6,12
6,17 2º PAV.
3,06
3,11 1º PAV.
CORTE LONGITUDINAL B CASA "L" INVERTIDO ESCALA
1 : 50
455
2
90
1,262
1,08
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
2,98
CORTE TRANSVERSAL CASA "L" INVERTIDO 1 : 50
2,66
ESCALA
10 15 15
25
6,14
3,11 1º PAV.
3
2,86
2,91
10 15 15
6,17 2º PAV.
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
CORTES CASA "L" INVERTIDO
Escala:
Prancha Nº
1 : 50
P10 1
CORTE LONGITUDINAL A CASA "L" INVERTIDO ESCALA
1 : 50
Orientador: Amando Candeira
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
9,23 3º PAV. 6,17 2º PAV. 3,11 1º PAV. 5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
1
ELEVAÇÃO GERAL ESCALA
1 : 250
Telha Metálica Termo-Acústica
Telha Metálica Termo-Acústica 6,17 2º PAV.
9,23 3º PAV. 6,17 2º PAV.
6,17 2º PAV.
3,11 1º PAV.
Tijolo Solo-Cimento
3,11 1º PAV.
3,11 1º PAV.
Tijolo Solo-Cimento
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
2
ELEVAÇÃO LESTE CASA "I" ESCALA
1 : 100
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO 5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
4
6
ELEVAÇÃO LESTE CASA "L' INVERTIDO ESCALA
1 : 75
ELEVAÇÃO LESTE CASA "L" ESCALA
1 : 75
6,17 2º PAV.
9,23 3º PAV.
3,11 1º PAV. 6,17 2º PAV.
6,17 2º PAV.
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
3,11 1º PAV.
3,11 1º PAV.
7
ELEVAÇÃO OESTE CASA "L" INVERTIDO ESCALA
1 : 75
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
ELEVAÇÕES 5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
3
ELEVAÇÃO OESTE CASA "I" ESCALA
1 : 75
5 IMPLANTAÇÃO CONJUNTO
5
Escala:
As indicated
ELEVAÇÃO OESTE CASA "L" ESCALA
Prancha Nº
P11 Orientador: Amando Candeira
1 : 75
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015
5 95
787
94
3,11 1º PAV.
4
ESCALA
1 : 10
DETALHE ENCONTRO CAIBRO - VIGA METÁLICOS 1 : 10
5
446
ESCALA
DETALHE GUARDA - CORPO ESCADA ESCALA
1 : 10
6,17 2º PAV.
10
30
5
199
15
3
DETALHE CALHA
2
DETALHE ENCONTRO LAJE - ALVENARIA ESCALA
1 : 10
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALUNO: JOÃO AIRTON DE ALMEIDA MONTEIRO NETO
DETALHES
Escala:
Prancha Nº
1 : 10
P12 1
DETALHE ENCONTRO VIGA-PILAR METÁLICOS ESCALA
Orientador: Amando Candeira
1 : 10
HABITAÇÕES SOCIAIS SUSTENTÁVEIS
Data: JULHO/2015