edição1, outubro 2012
Q
´
uilombo é toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte desprovida, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles. É um termo banto e quer dizer acampamento guerreiro na floresta e foi uma das maiores experiências coletivas dos negros na América.
Aitor Medina, Álvaro Castro, Estevão Parreiras, Filipe Nunes, Heitor Vilela, Jordana Barbosa, Leon Carelli, Luiz da Luz, Maíra Iaê, Nasser Najar, Paula de Paula, Thalys Augusto, Vitor Hugo Nesta publicação não se reserva nenhum direito. Pode ser xerocada e divulgada o quanto quiser. Isso seria ótimo! Também não reservamos nenhum tipo de propriedade intelectual. Até porque não possuimos uma inteligencia superior digna de ser protegida. Bem melhor é ter pensamento livre.
Desta vez não vamos fugir para a mata e ficar isolados, desta vez vamos ficar do lado do senhor para criar nosso próprio futuro. No final, a universidade, a rua, o pensamento, os sentimentos nos pertencem e não estamos dispostos que ninguém nos domine. Quilombo é uma revista sem habitação de nenhum escravo, que passam de dez, em parte desprovida de conhecimento, ainda que não tenham textos elaborados e nem se achem dependência neles. Quilombo é um termo banto e quer dizer agrupamento jovem e autônomo na univer(c)idade e quer ser uma das maiores experiências coletivas deste agrupamento na UFG, e por que não fora dela. Existe uma tradição pacífica, nas “revoluções”, nas críticas, nas polêmicas, não existe ataque à nada nem à ninguém. Então não somos uma resistência, pois não somos a defesa contra o ataque opressor. Nos assumimos insubmissos, com uma certa pretensão é claro. Somos sim insubmissos, pois nos tornamos produtivamente independentes, nos insubmetemos ao burocratismo acadêmico. Depois de fincados na insubmissão, aí sim começa a resistência, a permanência na lógica de um novo sistema, autônomo. Estamos no início de um processo; sim a Quilombo não é um resultado, não é um produto final. A Quilombo é um processo de construção de espaço, mas sem o pieguismo de dar voz, afinal só os mudos infelizmente não tem voz. Vítimas são os quilombolas, é o sem terra, o explorado, o pobre; vítima é a classe media acomodada que se acha livre por ir ao shopping; vítimas somos nós estudantes que jogamos no lixo os melhores anos da nossa vida para sair com um papel na mão e com o vazio na cabeça. Mas não é hora para o vitimismo, agora é o momento para atuar, para agir. E com essa pretensão e responsabilidade a cumprir, abrimos esse espaço para a ação, para destruir e seguir o caminho da construção. As nossas pedras são um monte de páginas que serão usadas como tijolos na recuperação da nossa dignidade. Acreditamos piamente que todo e qualquer “leitor” é um potencial produtor de informação e conhecimento; dentro da academia ou não, sabendo escrever ou não, sendo muitíssimo inteligente ou não. Se até os mestres são ignorantes, imagine nós, não é Rancière?
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uilombo é toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte desprovida, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles. É um termo banto e quer dizer acampamento guerreiro na floresta e foi uma das maiores experiências coletivas dos negros na América.
Aitor Medina, Álvaro Castro, Estevão Parreiras, Filipe Nunes, Heitor Vilela, Jordana Barbosa, Leon Carelli, Luiz da Luz, Maíra Iaê, Nasser Najar, Paula de Paula, Thalys Augusto, Vitor Hugo Nesta publicação não se reserva nenhum direito. Pode ser xerocada e divulgada o quanto quiser. Isso seria ótimo! Também não reservamos nenhum tipo de propriedade intelectual. Até porque não possuimos uma inteligencia superior digna de ser protegida. Bem melhor é ter pensamento livre.
Desta vez não vamos fugir para a mata e ficar isolados, desta vez vamos ficar do lado do senhor para criar nosso próprio futuro. No final, a universidade, a rua, o pensamento, os sentimentos nos pertencem e não estamos dispostos que ninguém nos domine. Quilombo é uma revista sem habitação de nenhum escravo, que passam de dez, em parte desprovida de conhecimento, ainda que não tenham textos elaborados e nem se achem dependência neles. Quilombo é um termo banto e quer dizer agrupamento jovem e autônomo na univer(c)idade e quer ser uma das maiores experiências coletivas deste agrupamento na UFG, e por que não fora dela. Existe uma tradição pacífica, nas “revoluções”, nas críticas, nas polêmicas, não existe ataque à nada nem à ninguém. Então não somos uma resistência, pois não somos a defesa contra o ataque opressor. Nos assumimos insubmissos, com uma certa pretensão é claro. Somos sim insubmissos, pois nos tornamos produtivamente independentes, nos insubmetemos ao burocratismo acadêmico. Depois de fincados na insubmissão, aí sim começa a resistência, a permanência na lógica de um novo sistema, autônomo. Estamos no início de um processo; sim a Quilombo não é um resultado, não é um produto final. A Quilombo é um processo de construção de espaço, mas sem o pieguismo de dar voz, afinal só os mudos infelizmente não tem voz. Vítimas são os quilombolas, é o sem terra, o explorado, o pobre; vítima é a classe media acomodada que se acha livre por ir ao shopping; vítimas somos nós estudantes que jogamos no lixo os melhores anos da nossa vida para sair com um papel na mão e com o vazio na cabeça. Mas não é hora para o vitimismo, agora é o momento para atuar, para agir. E com essa pretensão e responsabilidade a cumprir, abrimos esse espaço para a ação, para destruir e seguir o caminho da construção. As nossas pedras são um monte de páginas que serão usadas como tijolos na recuperação da nossa dignidade. Acreditamos piamente que todo e qualquer “leitor” é um potencial produtor de informação e conhecimento; dentro da academia ou não, sabendo escrever ou não, sendo muitíssimo inteligente ou não. Se até os mestres são ignorantes, imagine nós, não é Rancière?
A universidade, Desde que conheço ela tá assim. Doença crônica. Vai, vai indo assim, mais ou menos... os modernistas gostariam que ela fosse mais eficiente. E você, quer o quê? Uma universidade eficiente? E você saca que você é o produto que ela vende, não é outra coisa? Uma produção em passa, padronizada de diplomas que simbolizam graus cada vez mais elevados de submissão & capacidade de submeter. Cultura Brasileira I, Cultura Brasileira II... liberdade de escolha entre módulos pré-determinados. Você prefere volkswagen ou general motors? Jornalismo, Letras? Multi ou transdisciplinar? E aí alguém diz que pelo menos poderia ser uma fôrmação de... qualidade! Certificado pelos acordos internacionais de qualificação do padrão de vida da re-produção de força de trabalho. Tem que ser qualificada, e-vi-den-te!
C A PAC I DA D E S :
cumprir metas, realizar tarefas, absorver informações, boas relações com os superiores. Saber atuar sem consciência do objetivo, sem conhecimento da totalidade, adivinhar o que o professor quer que você diga. Um controle tão profundamente inculcado que se antecipa à ordem. Depois do professor vem o chefe. Depois? É assim que querem o novo trabalhador moldado na neo-universidade cibernética reformada pela graça de deus: dinâmico e obediente, criativo mas direcionado, trabalhando com poucos recursos, dedicado ainda que mal pago com vistas a futuras recompensas, sabe fazer as perguntas certas sem ser enxerido. Multi-task, como os computadores que aprendem a ma-
ed. 1, Tema central
nipular. Precários mas se chamando ‘flexíveis’. Conscientes da importância do mérito pra subir na vida. Ignorantes que pra alguém subir outros tem que ficar abaixo, a maioria da qual fazemos parte.
GREVE
Momento pra pensar: uma universidade humanista ou fôrma-de-mão-de-obra? Será que é essa a questão? Motivos há de sobra pra pensar que essa tal humanista nunca que existiu. Na idade média a universidade era um horror, reduto pra se pensar a teocracia. Na modernidade absolutista era reduto pra realeza se legitimar. Na época da ditadura civil-militar, os estudantes que se insurgiram em grandes manifestaçẽs eram na sua maioria secundaristas, não universitários. A universidade nunca foi um lugar de esclarecimento e democracia. A democracia e as mudanças sempre vieram de fora e se impuseram, até certo ponto, nos campus de concentração. Nosso universo apenas refletiu de forma aguda os problemas gerais que implodiam as formas antigas de organização da sociedade. A luta estudantil sempre refletiu, na verdade, as crises mais gerais na sociedade. O fato dessa luta ter sido destruída e impossibilitada de se organizar demonstra o caráter autoritário e ditatorial do funcionamento interno da universidade. E no entanto...
GREVE!
Como trabalhadores-em-formação (não há como escapar!) a greve é também momento de formação. Só que em outra direção.
4
seguinte pág.
EM
CRISE
A universidade, Desde que conheço ela tá assim. Doença crônica. Vai, vai indo assim, mais ou menos... os modernistas gostariam que ela fosse mais eficiente. E você, quer o quê? Uma universidade eficiente? E você saca que você é o produto que ela vende, não é outra coisa? Uma produção em passa, padronizada de diplomas que simbolizam graus cada vez mais elevados de submissão & capacidade de submeter. Cultura Brasileira I, Cultura Brasileira II... liberdade de escolha entre módulos pré-determinados. Você prefere volkswagen ou general motors? Jornalismo, Letras? Multi ou transdisciplinar? E aí alguém diz que pelo menos poderia ser uma fôrmação de... qualidade! Certificado pelos acordos internacionais de qualificação do padrão de vida da re-produção de força de trabalho. Tem que ser qualificada, e-vi-den-te!
C A PAC I DA D E S :
cumprir metas, realizar tarefas, absorver informações, boas relações com os superiores. Saber atuar sem consciência do objetivo, sem conhecimento da totalidade, adivinhar o que o professor quer que você diga. Um controle tão profundamente inculcado que se antecipa à ordem. Depois do professor vem o chefe. Depois? É assim que querem o novo trabalhador moldado na neo-universidade cibernética reformada pela graça de deus: dinâmico e obediente, criativo mas direcionado, trabalhando com poucos recursos, dedicado ainda que mal pago com vistas a futuras recompensas, sabe fazer as perguntas certas sem ser enxerido. Multi-task, como os computadores que aprendem a ma-
ed. 1, Tema central
nipular. Precários mas se chamando ‘flexíveis’. Conscientes da importância do mérito pra subir na vida. Ignorantes que pra alguém subir outros tem que ficar abaixo, a maioria da qual fazemos parte.
GREVE
Momento pra pensar: uma universidade humanista ou fôrma-de-mão-de-obra? Será que é essa a questão? Motivos há de sobra pra pensar que essa tal humanista nunca que existiu. Na idade média a universidade era um horror, reduto pra se pensar a teocracia. Na modernidade absolutista era reduto pra realeza se legitimar. Na época da ditadura civil-militar, os estudantes que se insurgiram em grandes manifestaçẽs eram na sua maioria secundaristas, não universitários. A universidade nunca foi um lugar de esclarecimento e democracia. A democracia e as mudanças sempre vieram de fora e se impuseram, até certo ponto, nos campus de concentração. Nosso universo apenas refletiu de forma aguda os problemas gerais que implodiam as formas antigas de organização da sociedade. A luta estudantil sempre refletiu, na verdade, as crises mais gerais na sociedade. O fato dessa luta ter sido destruída e impossibilitada de se organizar demonstra o caráter autoritário e ditatorial do funcionamento interno da universidade. E no entanto...
GREVE!
Como trabalhadores-em-formação (não há como escapar!) a greve é também momento de formação. Só que em outra direção.
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EM
CRISE
Afinal de contas, trabalhador que é trabalhador também entra em greve. Se organiza. Luta. Pelo controle do trabalho que faz, do seu tempo de trabalho, das condições em que faz, das relações com quem também faz. Não tem como fugir. Um jornalista (exemplo casual!) tem que aprender a lutar por suas pautas, por seu ponto de vista, por menos notícias/hora, por mais jornalistas na equipe. Assim como não dá pra chegar cru pra fazer uma reportagem, não dá pra chegar cru pra brigar com editor, editor-geral e proprietários, chegar ingênuo. Pelo menos é o que está implicado nesse diploma que alguns de nós insistem tanto em manter como relíquia, não?
Por que, então, deixar de lado esse aspecto formacional tão importante de resistência, autonomia e organização?
O problema é que a greve é e não é um exemplo de resistência autonomia organização. O reboque aos professores é evidente. Muitos nem concebem parar sem pedir autorização ao superior imediato, outros fingem que estão sim parando sem pedir licença pra ninguém. Vários forçando a barra com uma artificial solidariedade com o meu professoramigo-que-me-bomba-se-quiser-mexeu-comele-mexeu-comigo. Não há solidariedade dentro de uma hierarquia que não seja servilidade. Solidariedade só existe entre iguais. É o que algumas forças dentro da greve, ainda minoritárias mas expressivas, tentam dizer ao enfatizar a autonomia estudantil, sua pauta própria, suas formas de atuação. O fato desse setor ser minoritário aponta a fraqueza da organização e participação da maioria dos estudantes no movimento. Ninguém se empolga com uma greve passiva, que mantenha a normalidade burocrática da universidade dentro do próprio movimento. Greve sem discussão séria, igualitária e li-
ed. 1, Tema central
vre dos problemas, sem enfrentamento com a administração e com os nossos colegas que também são chefes. Pra que vou entrar num movimento de mudança que apenas faz por criar novos mini-chefes tecnocratas políticos?
Ou pra dar mais verbas pros gestores da educação poderem nos controlar, 10% do PIB que seja? Enquanto não houver verdadeira independência política do movimento estudantil, dificilmente este conseguirá se reorganizar de verdade. Sobrará o que existe hoje: um movimento de eleições, picuinhas eternas entre chapas que foram, que são, que pretendem vir a ser. Essa independência equivale em nível geral à independência dos trabalhadores diante dos gerentes e dos ‘mediadores’ sindicais entre empresa e empregados. O que significa independência política? Significa, antes de tudo, a criação de espaços institucionais autônomos para os estudantes. O critério para a participação desses espaços tem que ser a própria participação nas atividades e na organização da vida coletiva comum que ali se constrói. Sem barreira eleitoral, idelógica, partidária ou por curso. Apenas a igualdade na participação, nas práticas comuns. Com uma proposta explícita de auto-formação, uma pedagogia da luta. Essa igualdade ainda tem que construir as próprias regras pelas quais vai funcionar.
Mas uma coisa é cer ta:
o velho funcionamento de assembleia e reunião não deve ser o modelo a ser seguido, pois apenas ensina a obediência às velhas burocracias que insistem em se afirmar diante de um capitalismo que já os deixou para trás e um grande grupo de estudantes que simplesmente os ignora.
6
VITOR HUGO
SINDICATO
INDEPENDENTE
Afinal de contas, trabalhador que é trabalhador também entra em greve. Se organiza. Luta. Pelo controle do trabalho que faz, do seu tempo de trabalho, das condições em que faz, das relações com quem também faz. Não tem como fugir. Um jornalista (exemplo casual!) tem que aprender a lutar por suas pautas, por seu ponto de vista, por menos notícias/hora, por mais jornalistas na equipe. Assim como não dá pra chegar cru pra fazer uma reportagem, não dá pra chegar cru pra brigar com editor, editor-geral e proprietários, chegar ingênuo. Pelo menos é o que está implicado nesse diploma que alguns de nós insistem tanto em manter como relíquia, não?
Por que, então, deixar de lado esse aspecto formacional tão importante de resistência, autonomia e organização?
O problema é que a greve é e não é um exemplo de resistência autonomia organização. O reboque aos professores é evidente. Muitos nem concebem parar sem pedir autorização ao superior imediato, outros fingem que estão sim parando sem pedir licença pra ninguém. Vários forçando a barra com uma artificial solidariedade com o meu professoramigo-que-me-bomba-se-quiser-mexeu-comele-mexeu-comigo. Não há solidariedade dentro de uma hierarquia que não seja servilidade. Solidariedade só existe entre iguais. É o que algumas forças dentro da greve, ainda minoritárias mas expressivas, tentam dizer ao enfatizar a autonomia estudantil, sua pauta própria, suas formas de atuação. O fato desse setor ser minoritário aponta a fraqueza da organização e participação da maioria dos estudantes no movimento. Ninguém se empolga com uma greve passiva, que mantenha a normalidade burocrática da universidade dentro do próprio movimento. Greve sem discussão séria, igualitária e li-
ed. 1, Tema central
vre dos problemas, sem enfrentamento com a administração e com os nossos colegas que também são chefes. Pra que vou entrar num movimento de mudança que apenas faz por criar novos mini-chefes tecnocratas políticos?
Ou pra dar mais verbas pros gestores da educação poderem nos controlar, 10% do PIB que seja? Enquanto não houver verdadeira independência política do movimento estudantil, dificilmente este conseguirá se reorganizar de verdade. Sobrará o que existe hoje: um movimento de eleições, picuinhas eternas entre chapas que foram, que são, que pretendem vir a ser. Essa independência equivale em nível geral à independência dos trabalhadores diante dos gerentes e dos ‘mediadores’ sindicais entre empresa e empregados. O que significa independência política? Significa, antes de tudo, a criação de espaços institucionais autônomos para os estudantes. O critério para a participação desses espaços tem que ser a própria participação nas atividades e na organização da vida coletiva comum que ali se constrói. Sem barreira eleitoral, idelógica, partidária ou por curso. Apenas a igualdade na participação, nas práticas comuns. Com uma proposta explícita de auto-formação, uma pedagogia da luta. Essa igualdade ainda tem que construir as próprias regras pelas quais vai funcionar.
Mas uma coisa é cer ta:
o velho funcionamento de assembleia e reunião não deve ser o modelo a ser seguido, pois apenas ensina a obediência às velhas burocracias que insistem em se afirmar diante de um capitalismo que já os deixou para trás e um grande grupo de estudantes que simplesmente os ignora.
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VITOR HUGO
SINDICATO
INDEPENDENTE
Juarez o capoeirista,
ou Método Maculelê de retórica
o
aluno Luiz Felipe acordou cedinho e foi para faculdade às 8h da manhã assistir sua aula na letras, mas descobriu que estava tendo uma tal de greve e que também estava tendo uma tal de Marcha-mellow, que um homônimo havia lhe convidado. A marcha foi marcada na UFG às14h, mas para confundir e dissipar a oposição o organizador resolveu mudar o horário. Luiz, estudante e inocente, levou seu material básico para uma aula no Campus Samambaia, onde se tem bosques e macacos: levou seu pandeiro... Logo depois de descobrir que existia essa tal de greve, ele se juntou a um grupo de pessoas com dreads, batuques e atabaques e foram fazer uma festa no campus. Numa felicidade juvenil os maculelês cantavam suas cantigas como:
“VEM, VEM, VEM PRA GREVE VEM!!” “O PROFESSOR É MEU AMIGO MEXEU COM ELE MEXEU COMIGO” e até cantigas de louvor como
“ROSANA, ROSANA, ROSANA NAS ALTURAS” para ter noção o estado de êxtase em que se encontravam essas belas pessoas que passeavam pelo campus.
ed. 1, Crónicas
A festança acabou descansando no pátio em frente a faculdade de comunicação, ou também chamada de FAKOMBI VÉIA, então o Aluno Luiz Felipe e seu amigo Heitor Alguma Coisa de Sobrenome resolveram entrar na faculdade para tomar uma água, mas o êxtase era tão grande que eles entraram cantando ainda ROSANA NAS ALTURAS e com cartazes em louvor à essa Santa-Enfermeira-Gatinha. O Coordenador do Curso de Jornalismo vendo aquele louvor, resolveu fazer uma ligação divina pelo celular para a diviníssima e depois desceu para o pátio em frente e foi conversar amigavelmente com aqueles seres estranhos com calças largas, chinelos, anéis de coco e tambores. E disse que essa greve não pode ser pro lado pessoal. Luizinho que não é muito interessado em discussões continuou a tocar seu pandeiro maculelê tentando evocar o espírito de Zumbi dos Palmares... E lá ele cantarolava “Eu dei um corte de facão no
Samambaia, Maculelê que é bom ele não faia” “Vamos todos a louvar, a nossa Nação Brasileira, salve Zumbi dos Palmares, ele nos livrou do cativeiro”.
O que Luiz não sabia é que o som estava atrapalhando o diálogo entre Juarez, O Coordenador, e os outros marcha-merllistas. Juarez no meio daquela confusão sonora e informações teve um surto e partiu para cima do aluno capoeirista, dizendo: “Seja, Homem!!!”... foi nesse momento que o jo-
8
vem aluno de Letras sentiu descer furioso, tal qual Apolo desce, o espírito profrano de Zumbi dos Palmares... recorda, em poucos segundos, as aulas de capoeira que fizera no ensino fundamental, e começa soltar piruetas, cambalhotas chutes no ar.... e numa ginga africana, sentiu-se tão preto quanto Vinícius de Moraes. E quando ele partia para cima do tal professor, com toda sua fúria Juvenil, foi Deus que ele viu. Na verdade foi Deus vestido de Professora Assustada com tudo que estava acontecendo que lhe pedia “calma, calma”. E agora com Deus sentado em seu coração, o Luiz Felipe chegou mais perto do Professor e lhe ofereceu a outra face, dizendo tais palavras proféticas:
“BATE AQUI, BATE AQUI! QUE EU TE PROCESSO”
Ainda mais atordoado com tantas coisas acontecendo, Juarez clamou à alguém ainda mais superior que Deus proclamando tais verbetes: “Você sabe quem eu sou???”... Então o Luiz Felipe sem saber quem era este senhor velhinho e batuta, confuso disse... “Não, mas eu sou Luiz Felipe da Letras, se quiser me mandar embora dessa porra de universidade sinta-se a vontade”. Então o Coordenador que não quer atrapalhar a vida dos estudantes que estão querendo conhecimento para fazer desse Brasil um País Melhor disse:
“Não vou fazer nada disso, isso é assunto pessoal, entre eu e você!” Luiz Felipe terminou a discussão dizendo apenas: “Você está sendo contraditório.” LUIZ FILIPE DE AGUIAR TEIXEIRA
Juarez o capoeirista,
ou Método Maculelê de retórica
o
aluno Luiz Felipe acordou cedinho e foi para faculdade às 8h da manhã assistir sua aula na letras, mas descobriu que estava tendo uma tal de greve e que também estava tendo uma tal de Marcha-mellow, que um homônimo havia lhe convidado. A marcha foi marcada na UFG às14h, mas para confundir e dissipar a oposição o organizador resolveu mudar o horário. Luiz, estudante e inocente, levou seu material básico para uma aula no Campus Samambaia, onde se tem bosques e macacos: levou seu pandeiro... Logo depois de descobrir que existia essa tal de greve, ele se juntou a um grupo de pessoas com dreads, batuques e atabaques e foram fazer uma festa no campus. Numa felicidade juvenil os maculelês cantavam suas cantigas como:
“VEM, VEM, VEM PRA GREVE VEM!!” “O PROFESSOR É MEU AMIGO MEXEU COM ELE MEXEU COMIGO” e até cantigas de louvor como
“ROSANA, ROSANA, ROSANA NAS ALTURAS” para ter noção o estado de êxtase em que se encontravam essas belas pessoas que passeavam pelo campus.
ed. 1, Crónicas
A festança acabou descansando no pátio em frente a faculdade de comunicação, ou também chamada de FAKOMBI VÉIA, então o Aluno Luiz Felipe e seu amigo Heitor Alguma Coisa de Sobrenome resolveram entrar na faculdade para tomar uma água, mas o êxtase era tão grande que eles entraram cantando ainda ROSANA NAS ALTURAS e com cartazes em louvor à essa Santa-Enfermeira-Gatinha. O Coordenador do Curso de Jornalismo vendo aquele louvor, resolveu fazer uma ligação divina pelo celular para a diviníssima e depois desceu para o pátio em frente e foi conversar amigavelmente com aqueles seres estranhos com calças largas, chinelos, anéis de coco e tambores. E disse que essa greve não pode ser pro lado pessoal. Luizinho que não é muito interessado em discussões continuou a tocar seu pandeiro maculelê tentando evocar o espírito de Zumbi dos Palmares... E lá ele cantarolava “Eu dei um corte de facão no
Samambaia, Maculelê que é bom ele não faia” “Vamos todos a louvar, a nossa Nação Brasileira, salve Zumbi dos Palmares, ele nos livrou do cativeiro”.
O que Luiz não sabia é que o som estava atrapalhando o diálogo entre Juarez, O Coordenador, e os outros marcha-merllistas. Juarez no meio daquela confusão sonora e informações teve um surto e partiu para cima do aluno capoeirista, dizendo: “Seja, Homem!!!”... foi nesse momento que o jo-
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vem aluno de Letras sentiu descer furioso, tal qual Apolo desce, o espírito profrano de Zumbi dos Palmares... recorda, em poucos segundos, as aulas de capoeira que fizera no ensino fundamental, e começa soltar piruetas, cambalhotas chutes no ar.... e numa ginga africana, sentiu-se tão preto quanto Vinícius de Moraes. E quando ele partia para cima do tal professor, com toda sua fúria Juvenil, foi Deus que ele viu. Na verdade foi Deus vestido de Professora Assustada com tudo que estava acontecendo que lhe pedia “calma, calma”. E agora com Deus sentado em seu coração, o Luiz Felipe chegou mais perto do Professor e lhe ofereceu a outra face, dizendo tais palavras proféticas:
“BATE AQUI, BATE AQUI! QUE EU TE PROCESSO”
Ainda mais atordoado com tantas coisas acontecendo, Juarez clamou à alguém ainda mais superior que Deus proclamando tais verbetes: “Você sabe quem eu sou???”... Então o Luiz Felipe sem saber quem era este senhor velhinho e batuta, confuso disse... “Não, mas eu sou Luiz Felipe da Letras, se quiser me mandar embora dessa porra de universidade sinta-se a vontade”. Então o Coordenador que não quer atrapalhar a vida dos estudantes que estão querendo conhecimento para fazer desse Brasil um País Melhor disse:
“Não vou fazer nada disso, isso é assunto pessoal, entre eu e você!” Luiz Felipe terminou a discussão dizendo apenas: “Você está sendo contraditório.” LUIZ FILIPE DE AGUIAR TEIXEIRA
Filosoia cristãENCONTRO
vs COM DEUS
No último feriado da semana santa, entre os dias 5, já à noitinha, e 8 de abril, uma entre as centenas de igrejas evangélicas de Goiânia promoveu um encontro de fiéis e curiosos numa chácara na Vila Pedroso. Tais encontros, chamados “retiros” ou “acampamentos”, isolam os participantes durante alguns dias de qualquer contato com televisão, computador, festas, etc, e oferece momentos de lazer em gincanas de equipecontra-equipe, festas à fantasia, além de pregações e louvores. Essa programação é rígida. Está impressa num papel e pregada em um dos murais da entrada principal do templo improvisado no pátio da chácara. Apesar das várias oportunidades de diversão pagã (piscina, sinuca, jogos de baralho, entre outras) os líderes dos cultos ressaltam em quase todos os seus discursos, “existe a hora de lazer, mas não devemos nos retirar da presença de Deus nem por um minuto”. A Palavra era contemplada não só durante a fala dos pastores, que intercalava os momentos frenéticos de oração e transe, mas também em todas às manhãs às 8 horas, antes do café, naquilo que se chamava de devocional. Os devocionais eram divididos em grupos por idade e cada um deles tinha um líder que se encarregava de interpretar (deliberadamente) as passagens do Livro. O teor do falatório é sempre o mesmo, e visa implantar a ideia de que é feio ser pecador, de uma maneira bonita. Parábolas pessoais
ed. 1, Reportagem
Apesar de servir como medidora de devoção, a palavra por si só não assume o papel de mola propulsora da fé, nem mesmo
se utiliza como elo do vínculo entre crente e igreja. Isso se demonstra bastante claro na tolerância coletiva e pessoal a qual os irmãos se permitem ter quando desviam um passinho, ou passão, da linha do que é biblicamente aceito, diminuindo a importância de alguns pecados e aumentando a de outros. Percebe-se que aquilo que serve de sustentáculo da fé das igrejas protestantes modernas brasileiras não é a admiração pelo modo de vida sugerido no Livro Sagrado, mas os momentos fervorosos de oração, onde além das tradicionais palavras de fé e devoção, línguas ininteligíveis surgem juntamente com um estado psicológico instável, que leva alguns dos presentes a rolarem pelo chão. “É preciso abrir o coração e se entregar de verdade para Deus. Só assim é possível que ele tome conta das nossas ações e do nosso pensamento.”, palavras do pastor Raul dos Santos. Quando minutos após o frenesi dos encontros divinos, os recém chegados da viagem espiritual estam percuguntas como “o que aconteceu?”, “por que você caiu no chão?”, “de onde vieram aquelas palavras esquisitas que você estava falando?”, eles respondem com um ar de experiência de que é impossível explicar, é preciso viver. “Eu sentia como se estivesse em outro lugar, dançando com Deus”, afirmou Patrícia Lagares, de 19 anos, sobre sua primeira experiência verdadeira com Deus aos 13 anos.
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servem bastante na hora de exemplificar. “Esses dias, no meu trabalho...”, “no almoço da família”, “na fila do banco”, são os prelúdios de frases que reinventam os ensinamentos de Jesus. Na adaptação os líderes são habilidosos. Vocabulário descolado, e familiaridade com fatos corriqueiros que acontecem na vida de todos os que estão na roda são itens muito bem contemplados durante a oratória. “Acaba que no final todas as leituras da Bíblia chegam a um mesmo lugar: o da insignificância do homem perante o Divino, que por caridade permite ser compreendido em caracteres não divinos e insiste em se preocupar com questões humanas que não deveriam ser tão relevantes entre as divindades”, foi o que disse Ícaro, de 22 anos que não é membro oficial da igreja (não tem carteirinha de batismo) e foi ao retiro devido ao convite de um amigo. “Ele me convida desde os 15 anos, quando ele se converteu. Resolvi dar uma chance, encarar pelo menos como uma experiência antropológica”, afirmou. Além dos momentos já citados, a palavra está presente entre os mais fervorosos - pelo menos na ponta da língua - e são sonorizadas sempre que cabíveis em qualquer hora dos quase quatro dias de confinamento.
O veículo responsável por transportar os interessados até o destino final, os pés do Santo dos Santos, não tem um critério de seleção de indivíduos muito rígido. Não leva em consideração o nível de intimidade entre o fiel e a Bíblia. Não faz distinção entre as pessoas ou leva em consideração a experiência de vida de ninguém. “Só não encontra Deus e fala línguas quem não se entrega de verdade”, afirmou o pastor Raul. Segundo a psicóloga Brenda Araújo, há uma distorção no conceito de cristandade. “Quando alguém se denomina cristão e para que chegasse a essa conclusão não precisou concordar ou ao menos sentir vontade de vivenciar aquilo que está presente na Bíblia, que é o livro no qual esse modo de vida se baseia, e toma como elemento legitimador da fé a experiência física e psicológica dos momentos de oração, ele está criando uma nova conceituação daquilo que é ser cristão”, afirma. É claro que a igreja não é formada apenas por fiéis das línguas, não é difícil encontrar vários “teólogos” que assumem um tipo de comportamento biblicamente correto, mas inclus i v e entre estes, os conceitos de bondade e maldade humana (diretamente ligados ao mandamento principal de Cristo, o tal do Amar a Deus acima de tudo e ao próximo a si mesmo) são bastante razos e até egoístas em um grande número de aspectos. LEON CARELLI
ed. 1, Reportagem
COMUNICADO OCUPA UFG. Volta as aulas A OCUPA UFG surge em um momento de greve por parte dos professores e técnicos administrativos da universidade, (em que se reivindicavam melhorias nas condições de trabalho e que a carreira do professor fosse revista, para que o ensino, no tripé, pesquisa, ensino e extensão, deixasse de ser supervalorizado como o mais importante e o quantitativo de aulas dadas não fosse a medida do trabalho do professor, principalmente o professor em início de carreira) e que os estudantes também declaravam greve, mas uma greve que não ia muito além da declaração. A OCUPAÇÃO surge, então, como um ambiente de pressão para a greve, por melhorias na qualidade das condições para a produção acadêmica. Mas, durante as discussões dentro da ocupação, percebemos que mais do que a pressão e a reinvindicação por melhorias, mais do que incluir pautas de reivindicação para uma reestruturação da universidade, que não sairia da lógica do trabalho da produção, que não deixava de ver a universidade como um local de formação e atuação profissional, queríamos repensar a lógica da universidade, a lógica de um ambiente de transmissão e produção de conhecimento para a humanidade, para o público. A ocupa passa, então, a ir além do objetivo reformista de reivindicação e pressão por parte de trabalhadores (e futuros trabalhadores) por melhoria de condições para assim obter uma melhor produção com um produto ainda voltado para a lógica capitalista; a ocupa passa a ser um espaço para o pensamento livre, para a criação sem fins financeiros de
uma carreira profissional, e onde o saber lucrativo não tivesse um valor maior que qualquer outro saber, enfim, ousamos por alguns dias criar uma universidade que idealizamos, sem hierarquias, sem interesses egoístas, mas um ambiente de criação e troca de saberes, sem hierarquias também entre os saberes mais importantes, mais acadêmicos, etc. Como foi dito, os objetivos da OCUPA passam a ir além dos objetivos grevistas de melhorias de condições de trabalho submetidos à mesma lógica econômica. Por isso, o fim da greve não significa também o fim da ocupação. Sabemos das nossas limitações de força e que estamos nadando contra a corrente. E por isso, o objetivo da ocupação não é permanecer por tempo indeterminado, ou mudar a lógica da universidade, mas ainda possuímos força e energia criativa para fazer dessa ocupação algo ainda mais interessante, questionador e ousado. Com o fim da greve nossas responsabilidades e a pressão sobre nós aumentam, é fato, mas não queremos sair daqui apenas com experiências individuais de que é possível outra relação com a cultura, com o saber, com o ensino-aprendizagem. Por isso comunicamos que a OCUPA UFG PERMANECE, e que aguardamos nossos colegas, nossos ‘pares’ (professores e alunos), para ampliar esse debate para toda a universidade, para trazer o exemplo e o relato das nossas experiências nessas semanas em que a OCUPA estava presente no cenário da greve. Organizaremos, na primeira semana de aulas, uma série de atividades para trazer a tona; aos colegas que estavam envolvidos em outras atividades durante a greve; o debate sobre nossa relação com a universidade e sobre o sentido de ela ser pública. Ela está sendo o que se propõe a ser? Que parcela de responsabilidade todos nós temos nisso tudo? Aguardaremos, então nosso colegas para ampliar nosso debate, apresentar nossas experiências e ouvir diferentes pensamento, ideias e objetivos, para que o questionamento e a intervenção dentro da universidade, não se torne apenas uma lembrança na cabeça dos envolvidos com a ocupação, uma nostálgica lembrança dos dias em que a universidade era como queríamos que ela fosse ( ou como conseguimos fazer com que ela fosse), mas que essa experiência atinja outros indivíduos, que nossas questões, inquietações e ânsias sejam compartilhadas. Além disso, queremos fazer com que esse espaço ocupado, esse ambiente de troca livre e igual de diversos saberes continue, mesmo após a ocupação física, um espaço de convivência, de interação entre a universidade e o mundo, o público, entre os que estão aqui dentro, que recebem e produzem uma série de conhecimentos, e outros que não vivem esse ambiente, não estão na universidade, mas também produzem cultura, também são seres criativos e pensantes, mas que por uma relação de poder tem a sua produção intelectual subestimada. Nesse sentido, a ocupação não é algo passageiro, queremos realmente transformar esse ambiente em um lugar diferente um pequeno ponto de liberdade dentro de uma instituição onde o controle, a hierarquia e a competição reinam. 11 setembro 2012
13
ed. 1, Crónicas
COMUNICADO OCUPA UFG. Volta as aulas A OCUPA UFG surge em um momento de greve por parte dos professores e técnicos administrativos da universidade, (em que se reivindicavam melhorias nas condições de trabalho e que a carreira do professor fosse revista, para que o ensino, no tripé, pesquisa, ensino e extensão, deixasse de ser supervalorizado como o mais importante e o quantitativo de aulas dadas não fosse a medida do trabalho do professor, principalmente o professor em início de carreira) e que os estudantes também declaravam greve, mas uma greve que não ia muito além da declaração. A OCUPAÇÃO surge, então, como um ambiente de pressão para a greve, por melhorias na qualidade das condições para a produção acadêmica. Mas, durante as discussões dentro da ocupação, percebemos que mais do que a pressão e a reinvindicação por melhorias, mais do que incluir pautas de reivindicação para uma reestruturação da universidade, que não sairia da lógica do trabalho da produção, que não deixava de ver a universidade como um local de formação e atuação profissional, queríamos repensar a lógica da universidade, a lógica de um ambiente de transmissão e produção de conhecimento para a humanidade, para o público. A ocupa passa, então, a ir além do objetivo reformista de reivindicação e pressão por parte de trabalhadores (e futuros trabalhadores) por melhoria de condições para assim obter uma melhor produção com um produto ainda voltado para a lógica capitalista; a ocupa passa a ser um espaço para o pensamento livre, para a criação sem fins financeiros de
uma carreira profissional, e onde o saber lucrativo não tivesse um valor maior que qualquer outro saber, enfim, ousamos por alguns dias criar uma universidade que idealizamos, sem hierarquias, sem interesses egoístas, mas um ambiente de criação e troca de saberes, sem hierarquias também entre os saberes mais importantes, mais acadêmicos, etc. Como foi dito, os objetivos da OCUPA passam a ir além dos objetivos grevistas de melhorias de condições de trabalho submetidos à mesma lógica econômica. Por isso, o fim da greve não significa também o fim da ocupação. Sabemos das nossas limitações de força e que estamos nadando contra a corrente. E por isso, o objetivo da ocupação não é permanecer por tempo indeterminado, ou mudar a lógica da universidade, mas ainda possuímos força e energia criativa para fazer dessa ocupação algo ainda mais interessante, questionador e ousado. Com o fim da greve nossas responsabilidades e a pressão sobre nós aumentam, é fato, mas não queremos sair daqui apenas com experiências individuais de que é possível outra relação com a cultura, com o saber, com o ensino-aprendizagem. Por isso comunicamos que a OCUPA UFG PERMANECE, e que aguardamos nossos colegas, nossos ‘pares’ (professores e alunos), para ampliar esse debate para toda a universidade, para trazer o exemplo e o relato das nossas experiências nessas semanas em que a OCUPA estava presente no cenário da greve. Organizaremos, na primeira semana de aulas, uma série de atividades para trazer a tona; aos colegas que estavam envolvidos em outras atividades durante a greve; o debate sobre nossa relação com a universidade e sobre o sentido de ela ser pública. Ela está sendo o que se propõe a ser? Que parcela de responsabilidade todos nós temos nisso tudo? Aguardaremos, então nosso colegas para ampliar nosso debate, apresentar nossas experiências e ouvir diferentes pensamento, ideias e objetivos, para que o questionamento e a intervenção dentro da universidade, não se torne apenas uma lembrança na cabeça dos envolvidos com a ocupação, uma nostálgica lembrança dos dias em que a universidade era como queríamos que ela fosse ( ou como conseguimos fazer com que ela fosse), mas que essa experiência atinja outros indivíduos, que nossas questões, inquietações e ânsias sejam compartilhadas. Além disso, queremos fazer com que esse espaço ocupado, esse ambiente de troca livre e igual de diversos saberes continue, mesmo após a ocupação física, um espaço de convivência, de interação entre a universidade e o mundo, o público, entre os que estão aqui dentro, que recebem e produzem uma série de conhecimentos, e outros que não vivem esse ambiente, não estão na universidade, mas também produzem cultura, também são seres criativos e pensantes, mas que por uma relação de poder tem a sua produção intelectual subestimada. Nesse sentido, a ocupação não é algo passageiro, queremos realmente transformar esse ambiente em um lugar diferente um pequeno ponto de liberdade dentro de uma instituição onde o controle, a hierarquia e a competição reinam. 11 setembro 2012
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ed. 1, Crónicas
COMUNICADO OCUPA UFG. Volta as aulas A OCUPA UFG surge em um momento de greve por parte dos professores e técnicos administrativos da universidade, (em que se reivindicavam melhorias nas condições de trabalho e que a carreira do professor fosse revista, para que o ensino, no tripé, pesquisa, ensino e extensão, deixasse de ser supervalorizado como o mais importante e o quantitativo de aulas dadas não fosse a medida do trabalho do professor, principalmente o professor em início de carreira) e que os estudantes também declaravam greve, mas uma greve que não ia muito além da declaração. A OCUPAÇÃO surge, então, como um ambiente de pressão para a greve, por melhorias na qualidade das condições para a produção acadêmica. Mas, durante as discussões dentro da ocupação, percebemos que mais do que a pressão e a reinvindicação por melhorias, mais do que incluir pautas de reivindicação para uma reestruturação da universidade, que não sairia da lógica do trabalho da produção, que não deixava de ver a universidade como um local de formação e atuação profissional, queríamos repensar a lógica da universidade, a lógica de um ambiente de transmissão e produção de conhecimento para a humanidade, para o público. A ocupa passa, então, a ir além do objetivo reformista de reivindicação e pressão por parte de trabalhadores (e futuros trabalhadores) por melhoria de condições para assim obter uma melhor produção com um produto ainda voltado para a lógica capitalista; a ocupa passa a ser um espaço para o pensamento livre, para a criação sem fins financeiros de
uma carreira profissional, e onde o saber lucrativo não tivesse um valor maior que qualquer outro saber, enfim, ousamos por alguns dias criar uma universidade que idealizamos, sem hierarquias, sem interesses egoístas, mas um ambiente de criação e troca de saberes, sem hierarquias também entre os saberes mais importantes, mais acadêmicos, etc. Como foi dito, os objetivos da OCUPA passam a ir além dos objetivos grevistas de melhorias de condições de trabalho submetidos à mesma lógica econômica. Por isso, o fim da greve não significa também o fim da ocupação. Sabemos das nossas limitações de força e que estamos nadando contra a corrente. E por isso, o objetivo da ocupação não é permanecer por tempo indeterminado, ou mudar a lógica da universidade, mas ainda possuímos força e energia criativa para fazer dessa ocupação algo ainda mais interessante, questionador e ousado. Com o fim da greve nossas responsabilidades e a pressão sobre nós aumentam, é fato, mas não queremos sair daqui apenas com experiências individuais de que é possível outra relação com a cultura, com o saber, com o ensino-aprendizagem. Por isso comunicamos que a OCUPA UFG PERMANECE, e que aguardamos nossos colegas, nossos ‘pares’ (professores e alunos), para ampliar esse debate para toda a universidade, para trazer o exemplo e o relato das nossas experiências nessas semanas em que a OCUPA estava presente no cenário da greve. Organizaremos, na primeira semana de aulas, uma série de atividades para trazer a tona; aos colegas que estavam envolvidos em outras atividades durante a greve; o debate sobre nossa relação com a universidade e sobre o sentido de ela ser pública. Ela está sendo o que se propõe a ser? Que parcela de responsabilidade todos nós temos nisso tudo? Aguardaremos, então nosso colegas para ampliar nosso debate, apresentar nossas experiências e ouvir diferentes pensamento, ideias e objetivos, para que o questionamento e a intervenção dentro da universidade, não se torne apenas uma lembrança na cabeça dos envolvidos com a ocupação, uma nostálgica lembrança dos dias em que a universidade era como queríamos que ela fosse ( ou como conseguimos fazer com que ela fosse), mas que essa experiência atinja outros indivíduos, que nossas questões, inquietações e ânsias sejam compartilhadas. Além disso, queremos fazer com que esse espaço ocupado, esse ambiente de troca livre e igual de diversos saberes continue, mesmo após a ocupação física, um espaço de convivência, de interação entre a universidade e o mundo, o público, entre os que estão aqui dentro, que recebem e produzem uma série de conhecimentos, e outros que não vivem esse ambiente, não estão na universidade, mas também produzem cultura, também são seres criativos e pensantes, mas que por uma relação de poder tem a sua produção intelectual subestimada. Nesse sentido, a ocupação não é algo passageiro, queremos realmente transformar esse ambiente em um lugar diferente um pequeno ponto de liberdade dentro de uma instituição onde o controle, a hierarquia e a competição reinam. 11 setembro 2012
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ed. 1, Crónicas
Todos os filhos
F.I.C.A.
Festival Internacional de Consumidores de Álcool
Na cidade na mesa em um jantar fraterno dormem conflitos de gerações:
Este é “o” festival, meus amigos. O nome oficial é Festival Internacional de Cinema Ambiental. Mas convenhamos. Ninguém que é gente de verdade assiste os filmes. Eu fui neste FICA de 2012. Foi a viagem da minha vida. Eu ainda sonho com os dias de junho em que eu estive morando com meus amigos e amigas. Álcool “a La vonteè” e outros ingredientes a mais. Ficamos na mesma casa frita de segunda a segunda. Fizemos de tudo. E vos digo, quem nunca foi, deve ir pelo menos uma vez nos quatro anos no curso de comunicação. A cidade de Goiás é pura nostalgia, além de oferecer vários lugares com um pouco da história do nosso Estado. Mas pra que andar se você pode ficar em casa com os amigos? Já sei o que você vai falar: eu não vou viajar e gastar dinheiro pra ficar em casa. Mas
SARA é filha do principal ve-
reador da oposição, seu pai quase foi morto por um pistoleiro e seu tio foi assassinado, supostamente porque estaria investigando a morte do irmão.
WESLEY
é filho do diretor do hospital municipal que tem a atual função porque apoia e apoiou a candidatura do atual prefeito, o mesmo suspeito de tentar matar o pai de SARA
TIAGO é filho do dono da tor-
neadora que fornece serviço para a industria mineradora da cidade, seus pais apoiam a candidatura do antigo prefeito que tenta se reeleger pela 2ª vez.
HELEN é filha de funcionária de loja de imóveis, sua mãe não apoia nenhum candidato.
Todos os filhos são amigos de longa data, mas só se encontram nas férias. ed. 1, Crónicas
THAAALS
amigos, o bom de tudo é ficar em casa com seus brothers! Ouvir as músicas brilhantes, conversar sobre sua vida, seus problemas e seus amores e outras coisas mais. Foi o que eu fiz. E não digo que eu desperdicei meu tempo porque foi uma puta de uma amizade fortalecida com certos caras. Sem contar a pegação com as meninas que rola nesse festival... hehehehe... O Fica que eu fui teve um show com um tal de Caetano Veloso, dá pra acreditar? O FICA é um festival que marca a vida de qualquer cara. Fiz coisas que eu jamais acreditava fazer, e fiz coisas belas. Você que lê este texto, não hesite, vá ao FICA, porque você vai ver que tem muita coisa pra realizar nessa viagem muito frita. NASSER NAJAR
Todos os filhos
F.I.C.A.
Festival Internacional de Consumidores de Álcool
Na cidade na mesa em um jantar fraterno dormem conflitos de gerações:
Este é “o” festival, meus amigos. O nome oficial é Festival Internacional de Cinema Ambiental. Mas convenhamos. Ninguém que é gente de verdade assiste os filmes. Eu fui neste FICA de 2012. Foi a viagem da minha vida. Eu ainda sonho com os dias de junho em que eu estive morando com meus amigos e amigas. Álcool “a La vonteè” e outros ingredientes a mais. Ficamos na mesma casa frita de segunda a segunda. Fizemos de tudo. E vos digo, quem nunca foi, deve ir pelo menos uma vez nos quatro anos no curso de comunicação. A cidade de Goiás é pura nostalgia, além de oferecer vários lugares com um pouco da história do nosso Estado. Mas pra que andar se você pode ficar em casa com os amigos? Já sei o que você vai falar: eu não vou viajar e gastar dinheiro pra ficar em casa. Mas
SARA é filha do principal ve-
reador da oposição, seu pai quase foi morto por um pistoleiro e seu tio foi assassinado, supostamente porque estaria investigando a morte do irmão.
WESLEY
é filho do diretor do hospital municipal que tem a atual função porque apoia e apoiou a candidatura do atual prefeito, o mesmo suspeito de tentar matar o pai de SARA
TIAGO é filho do dono da tor-
neadora que fornece serviço para a industria mineradora da cidade, seus pais apoiam a candidatura do antigo prefeito que tenta se reeleger pela 2ª vez.
HELEN é filha de funcionária de loja de imóveis, sua mãe não apoia nenhum candidato.
Todos os filhos são amigos de longa data, mas só se encontram nas férias. ed. 1, Crónicas
THAAALS
amigos, o bom de tudo é ficar em casa com seus brothers! Ouvir as músicas brilhantes, conversar sobre sua vida, seus problemas e seus amores e outras coisas mais. Foi o que eu fiz. E não digo que eu desperdicei meu tempo porque foi uma puta de uma amizade fortalecida com certos caras. Sem contar a pegação com as meninas que rola nesse festival... hehehehe... O Fica que eu fui teve um show com um tal de Caetano Veloso, dá pra acreditar? O FICA é um festival que marca a vida de qualquer cara. Fiz coisas que eu jamais acreditava fazer, e fiz coisas belas. Você que lê este texto, não hesite, vá ao FICA, porque você vai ver que tem muita coisa pra realizar nessa viagem muito frita. NASSER NAJAR
Luz de Aruanda,
a Umbanda do Brasil Umbanda, termo que, possivelmente, deve ter sido escutado por muitos, mas compreendido por poucos. Nome de uma religião tipicamente brasileira, com muitos adeptos no país e quiçá no mundo, e que sofre até hoje a retaliação e o preconceito, herdados de um passado cristão que tem, como fundamento ,a anulação das inúmeras verdades existentes para afirmação e imposição das suas. Embora isso ainda aconteça, a crença não diminui.
Religião criada nos primeiros anos do século 19, a partir da mensagem do Caboclo das Sete Cruzes Ilhadas, conhecido também como Caboclo das Sete Encruzilhadas, transmitida pelo médium Zélio Fernandino de Morais,no estado do Rio de Janeiro. Iniciouse, desta maneira, o culto umbandista nas primeiras tendas (nomes dos templos onde acontecem os rituais umbandistas) e se espalha pelo resto do país. Embora tenha características diferente em cada região do Brasil, alguns fundamentos são comuns e encontrados em quase todos os locais. A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo. O cultivo de alguns valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. A manifestação dos guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns. A mediunidade intermediando o mundo físico e o espiritual. A crença na imortalidade da alma, na reencarnação e nas leis cármicas.
ed. 1, Tabus
RIQUEZA SINCRÉTICA E SIMBÓLICA Outra grande característica da umbanda é o sincretismo, onde elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), católicos e espíritas se mesclam de maneira harmoniosa e sem aparente contradição. O local da prática religiosa assume vários nomes, como Centro, Tenda e, algumas vezes, Terreiro, lugares onde ocorrem as giras, sessões ou cultos. Quem chefia essas sessões é o pai ou mãe de santo. São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento. Ao lado dele, está o guia espiritual da casa, entidade que pode se manifestar de diferentes maneiras, influenciando diretamente os trabalhos que ocorrem ali.
em muitos centros há sessões reservadas só para este tipo de manifestação, tal o sincretismo com a prática kardecista. Segundo a umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns são os Guias: Pretos-Velhos, Caboclos, Crianças, Boiadeiros, Marinheiros, Baianos, Orientais e Ciganos, Exus, entre as mais comuns.
Como todo culto de manifestação espiritual que tem por base as leis da evolução, a Umbanda mudou e continua mudando. Prova disso é que algumas práticas,comuns nos seus primórdios, es-
MAÍRA IAÊ
Na umbanda, existem vários tipos de médiuns. Os de incorporação, que recebem os guias. Aqueles que sustentam uma boa vibração para os trabalhos, seja através da prece ou da música (alguns centros usam atabaques e outros instrumentos para a energização do ambiente). Existem ainda médiuns que auxiliam a entidade incorporada, detalhando as orientações e contribuindo com os passes.Juntam-se ainda videntes, clarividentes, sensitivos, intuitivos e até psicógrafos, uma vez que
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tão sendo progressivamente abandonadas. Uma delas é o sacrífio de animais. A Umbanda não recorre mais a esse rito. A força do sangue foi substituida pela fé e a morte de animais passou a ser vsita como um ato contrário ao amor universal e à caridade. Toda oferenda deve ser um mecanismo estimulador do respeito e união religiosa com o Divino. Uso de bebidas alcoólicas e fumo também está sendo descartado. Salvo em certos contextos bastante específicos e cada vez mais raros, essa prática vem sendo desestimulada por estar em desacordo com as regras da evolução. quanto menos o espírito utilizar materiais terrenos melhor. Eles podem manipular elementos bastante etéreos e tão eficazes quanto os fluidos do próprio médium.
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Luz de Aruanda,
a Umbanda do Brasil Umbanda, termo que, possivelmente, deve ter sido escutado por muitos, mas compreendido por poucos. Nome de uma religião tipicamente brasileira, com muitos adeptos no país e quiçá no mundo, e que sofre até hoje a retaliação e o preconceito, herdados de um passado cristão que tem, como fundamento ,a anulação das inúmeras verdades existentes para afirmação e imposição das suas. Embora isso ainda aconteça, a crença não diminui.
Religião criada nos primeiros anos do século 19, a partir da mensagem do Caboclo das Sete Cruzes Ilhadas, conhecido também como Caboclo das Sete Encruzilhadas, transmitida pelo médium Zélio Fernandino de Morais,no estado do Rio de Janeiro. Iniciouse, desta maneira, o culto umbandista nas primeiras tendas (nomes dos templos onde acontecem os rituais umbandistas) e se espalha pelo resto do país. Embora tenha características diferente em cada região do Brasil, alguns fundamentos são comuns e encontrados em quase todos os locais. A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo. O cultivo de alguns valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. A manifestação dos guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns. A mediunidade intermediando o mundo físico e o espiritual. A crença na imortalidade da alma, na reencarnação e nas leis cármicas.
ed. 1, Tabus
RIQUEZA SINCRÉTICA E SIMBÓLICA Outra grande característica da umbanda é o sincretismo, onde elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), católicos e espíritas se mesclam de maneira harmoniosa e sem aparente contradição. O local da prática religiosa assume vários nomes, como Centro, Tenda e, algumas vezes, Terreiro, lugares onde ocorrem as giras, sessões ou cultos. Quem chefia essas sessões é o pai ou mãe de santo. São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento. Ao lado dele, está o guia espiritual da casa, entidade que pode se manifestar de diferentes maneiras, influenciando diretamente os trabalhos que ocorrem ali.
em muitos centros há sessões reservadas só para este tipo de manifestação, tal o sincretismo com a prática kardecista. Segundo a umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns são os Guias: Pretos-Velhos, Caboclos, Crianças, Boiadeiros, Marinheiros, Baianos, Orientais e Ciganos, Exus, entre as mais comuns.
Como todo culto de manifestação espiritual que tem por base as leis da evolução, a Umbanda mudou e continua mudando. Prova disso é que algumas práticas,comuns nos seus primórdios, es-
MAÍRA IAÊ
Na umbanda, existem vários tipos de médiuns. Os de incorporação, que recebem os guias. Aqueles que sustentam uma boa vibração para os trabalhos, seja através da prece ou da música (alguns centros usam atabaques e outros instrumentos para a energização do ambiente). Existem ainda médiuns que auxiliam a entidade incorporada, detalhando as orientações e contribuindo com os passes.Juntam-se ainda videntes, clarividentes, sensitivos, intuitivos e até psicógrafos, uma vez que
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tão sendo progressivamente abandonadas. Uma delas é o sacrífio de animais. A Umbanda não recorre mais a esse rito. A força do sangue foi substituida pela fé e a morte de animais passou a ser vsita como um ato contrário ao amor universal e à caridade. Toda oferenda deve ser um mecanismo estimulador do respeito e união religiosa com o Divino. Uso de bebidas alcoólicas e fumo também está sendo descartado. Salvo em certos contextos bastante específicos e cada vez mais raros, essa prática vem sendo desestimulada por estar em desacordo com as regras da evolução. quanto menos o espírito utilizar materiais terrenos melhor. Eles podem manipular elementos bastante etéreos e tão eficazes quanto os fluidos do próprio médium.
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Uma nova PARTE 1:
M
do cristianismo
O meio estudantil
uito se diz sobre os terríveis líderes religiosos que enriquecem com o dinheiro de seus fiéis, fazendo falcatruas e malevolências mil. Não que a picaretagem não seja uma realidade, mas a verdadeira questão - assim como a exploração do trabalho - acontece nas barras da legalidade. Munidos de uma doutrina adaptada ao capitalismo, as novas igrejas evangélicas vem crescendo e se transformando em poderosos coletivos homogêneos com variados, mas semelhantes projetos de poder de suas cúpulas. No atual tempo de eleição servem de curral eleitoral que elege nomes conhecidos da bancada evangélica. Seus líderes empurram juntos com os “candidatos cristãos” os aliados pagãos, mas de uma direita conservadora, que se divergem dos terríveis “liberais” (PT, PCB, PSOL). Se a esquerda institucionalizada é temida, quanto mais qualquer ideia satânica de política que vá além das eleições. Normalmente não existem conselhos públicos, assembleias ou prestações de contas nessas congregações e isso se reflete em diversas áreas da vida dos religiosos, as igrejas acabam sendo centros de formação de gente apolítica ou de adestramento de uma direita cega, iludida em salvar o Brasil das garras do tinhoso. Seria ingenuidade pensar que uma igreja com milhares de membros sob o comando de uma mesma mão forte (ou algumas) com pretensiosa visão de expansão (frente aos outros feudos mesmo) se limitaria a práticas religiosas. Entender essas grandes igrejas como projetos de poder, para o país mesmo, é fundamental para compreender sua presença por
ed. 1, Tabus
todos os lados, seja sob a forma de consumo (produtos gospel) ou sua amplitude e reprodução na vida em geral, calando as vozes insatisfeitas, rompendo com qualquer germinar de transformação social. Nessas novas igrejas o foco é a ideia de “Direito à Prosperidade” (em alguns lugares esse direito se estende a saúde), como “filhos do rei”, os crentes teriam o direito de usufruir ao máximo as riqueza desse mundo, tendo uma tendencia de acensão social, infelizmente nem todos se esforçam espiritualmente e esses só enriqueceriam trabalhando mais para Jesus e para os homens. Essa lógica do trabalho, do crescimento a partir de muita dedicação, a pregação para líderes, o se tornar patrão, tudo isso é muito presente nos discursos desses grandes pastores. Ao mesmo tempo as congregações cristãs vão perdendo seus laços de solidariedade e tudo começa a ser depositado nas mãos dos líderes, o que é coerente, se tenho que gastar meu tempo enriquecendo e “na presença de Deus” (leitura da palavra, oração, liturgias e consumindo produtos cristãos) não vai sobrar muito tempo para ficar vivendo essa “comunhão” que se reduziu a cantarolar palavras doces com as mãos dadas e sorrisos amarelos. O próprio dinheiro perde sua lógica comunitária e se transforma num
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imposto administrado por poucos (Atos 2.45). É claro que tudo isso não acontece sem resistência, mas os focos de “rebeldia” são logo identificados como pecado, demônio ou algo parecido. Enquanto essa lutas internas ocorrem os “verdadeiros fiéis” prontos a justificar seus líderes são um dos entraves do movimento estudantil. Assim como em outras áreas, no meio estudantil essa crescente leva de novos evangélicos contribuem para uma despolitização, autoritarismo e conservadorismo disfarçados de palavra de deus, shows com temática religiosa, acampamentos, grupos de jovens... Certo dia conversando com um amigo calouro da Assembleia de Deus, falava sua angustia de ver sempre seus “irmãos”(amigos crentes) nas posições mais conservadoras politicamente, puxa-saco dos professores mais de direita, compartilhando dos piores preconceitos e sempre avessos a qualquer movimentação política que não fossem seus clubinhos de estudo bíblico, que tem sim expressão política. Os clubinhos, grupos de oração e reunião cristãs se espalham pelo campus, tem de vários tipos,
dos mais tradicionais aos mais pentecostais, a convivência interna desses grupos - formados num ambiente com bom fluxo de pessoas diferentes – é reflexo da enorme diversidade dentro do meio cristão e da dominação da consciência de servidão cidadã. E a aversão a qualquer movimentação política começa também a ter motivos transcendentes, se antes era insuportável participar de reuniões chatas, com gente falando difícil (e sempre as mesmas pessoas) , agora além das contradições internas dos movimentos os novos jovens cristãos temem e são até estimulados a serem inimigos dessa laia, tanto pelo esteriótipo do ateu esquerdista incendiador de igrejas, como por causa do discurso anti cristianismo na ponta da língua de muito acadêmico. Contudo, talvez tudo isso seja incompreensão de minha parte, como escreveu São Paulo “Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim sempre me regozijarei.” (Filipenses 1.1518) Isso explica muita coisa. THAAALS
Uma nova PARTE 1:
M
do cristianismo
O meio estudantil
uito se diz sobre os terríveis líderes religiosos que enriquecem com o dinheiro de seus fiéis, fazendo falcatruas e malevolências mil. Não que a picaretagem não seja uma realidade, mas a verdadeira questão - assim como a exploração do trabalho - acontece nas barras da legalidade. Munidos de uma doutrina adaptada ao capitalismo, as novas igrejas evangélicas vem crescendo e se transformando em poderosos coletivos homogêneos com variados, mas semelhantes projetos de poder de suas cúpulas. No atual tempo de eleição servem de curral eleitoral que elege nomes conhecidos da bancada evangélica. Seus líderes empurram juntos com os “candidatos cristãos” os aliados pagãos, mas de uma direita conservadora, que se divergem dos terríveis “liberais” (PT, PCB, PSOL). Se a esquerda institucionalizada é temida, quanto mais qualquer ideia satânica de política que vá além das eleições. Normalmente não existem conselhos públicos, assembleias ou prestações de contas nessas congregações e isso se reflete em diversas áreas da vida dos religiosos, as igrejas acabam sendo centros de formação de gente apolítica ou de adestramento de uma direita cega, iludida em salvar o Brasil das garras do tinhoso. Seria ingenuidade pensar que uma igreja com milhares de membros sob o comando de uma mesma mão forte (ou algumas) com pretensiosa visão de expansão (frente aos outros feudos mesmo) se limitaria a práticas religiosas. Entender essas grandes igrejas como projetos de poder, para o país mesmo, é fundamental para compreender sua presença por
ed. 1, Tabus
todos os lados, seja sob a forma de consumo (produtos gospel) ou sua amplitude e reprodução na vida em geral, calando as vozes insatisfeitas, rompendo com qualquer germinar de transformação social. Nessas novas igrejas o foco é a ideia de “Direito à Prosperidade” (em alguns lugares esse direito se estende a saúde), como “filhos do rei”, os crentes teriam o direito de usufruir ao máximo as riqueza desse mundo, tendo uma tendencia de acensão social, infelizmente nem todos se esforçam espiritualmente e esses só enriqueceriam trabalhando mais para Jesus e para os homens. Essa lógica do trabalho, do crescimento a partir de muita dedicação, a pregação para líderes, o se tornar patrão, tudo isso é muito presente nos discursos desses grandes pastores. Ao mesmo tempo as congregações cristãs vão perdendo seus laços de solidariedade e tudo começa a ser depositado nas mãos dos líderes, o que é coerente, se tenho que gastar meu tempo enriquecendo e “na presença de Deus” (leitura da palavra, oração, liturgias e consumindo produtos cristãos) não vai sobrar muito tempo para ficar vivendo essa “comunhão” que se reduziu a cantarolar palavras doces com as mãos dadas e sorrisos amarelos. O próprio dinheiro perde sua lógica comunitária e se transforma num
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imposto administrado por poucos (Atos 2.45). É claro que tudo isso não acontece sem resistência, mas os focos de “rebeldia” são logo identificados como pecado, demônio ou algo parecido. Enquanto essa lutas internas ocorrem os “verdadeiros fiéis” prontos a justificar seus líderes são um dos entraves do movimento estudantil. Assim como em outras áreas, no meio estudantil essa crescente leva de novos evangélicos contribuem para uma despolitização, autoritarismo e conservadorismo disfarçados de palavra de deus, shows com temática religiosa, acampamentos, grupos de jovens... Certo dia conversando com um amigo calouro da Assembleia de Deus, falava sua angustia de ver sempre seus “irmãos”(amigos crentes) nas posições mais conservadoras politicamente, puxa-saco dos professores mais de direita, compartilhando dos piores preconceitos e sempre avessos a qualquer movimentação política que não fossem seus clubinhos de estudo bíblico, que tem sim expressão política. Os clubinhos, grupos de oração e reunião cristãs se espalham pelo campus, tem de vários tipos,
dos mais tradicionais aos mais pentecostais, a convivência interna desses grupos - formados num ambiente com bom fluxo de pessoas diferentes – é reflexo da enorme diversidade dentro do meio cristão e da dominação da consciência de servidão cidadã. E a aversão a qualquer movimentação política começa também a ter motivos transcendentes, se antes era insuportável participar de reuniões chatas, com gente falando difícil (e sempre as mesmas pessoas) , agora além das contradições internas dos movimentos os novos jovens cristãos temem e são até estimulados a serem inimigos dessa laia, tanto pelo esteriótipo do ateu esquerdista incendiador de igrejas, como por causa do discurso anti cristianismo na ponta da língua de muito acadêmico. Contudo, talvez tudo isso seja incompreensão de minha parte, como escreveu São Paulo “Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim sempre me regozijarei.” (Filipenses 1.1518) Isso explica muita coisa. THAAALS
“
Alguém ingeriu acidentalmente Uma substância muito diferente
“
Que se ouviam cores ...e dos sons horrores
Imagens brotavam de repente Albert Hoffmann – Laranja Freak
HEITOR AIRPLANE
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Alguém ingeriu acidentalmente Uma substância muito diferente
“
Que se ouviam cores ...e dos sons horrores
Imagens brotavam de repente Albert Hoffmann – Laranja Freak
HEITOR AIRPLANE
Anos noventa. Eu estava me entretendo com o vento amarelado das plantações de soja batendo com força na cara, durante uma viagem para a fazenda. Tinha uma revista no banco de trás. Meus primos a folheavam, do jeito que se folheia revistas quando se é pequeno. Eles sempre demoravam mais tempo na página que tinha a foto do Leandro careca. “Continua a luta do cantor Leandro contra o câncer”. Nessa época, as crianças se perguntavam e perguntavam seus pais o porquê das pessoas doentes rasparem a cabeça. “Mãe, porque o Leandro está careca?”. Minha mãe disse que o Leandro estava doente, com câncer. Disse também que ele estava assim porque o pai dele fazia ele plantar tomates quando pequeno, e que de tanto respirar veneno pra não deixar dar bichos ele tinha ficado doente, com câncer. Todo mundo no carro queria que ele sarasse logo. Eu não chegava a acreditar que ele morreria mesmo. Descartei a possibilidade. Ficava pensando no quanto o Leonardo iria ficar triste. “Se ele morrer não vai ter mais Leandro e Leonardo”, isso não fazia o menor sentido. Quando ele morreu, uns dias depois, demorou pra cair a ficha. Que eu me lembre, foi uma das primeiras vezes que eu parei pra pensar mais fundo sobre morte. Eu achava que era impossível alguém tão rico morrer assim, os médicos iam tentar ressuscitar ele mais um pouco, já que ele era importante. Eu pensava em como Deus tinha coragem de levar um cara tão famoso e que tanta gente gostava. Fiquei com medo de ter câncer, fiquei com medo de alguém da minha família ter câncer, fiquei com medo do meu irmão morrer e fiquei com medo de comer tomate. A televisão mostrou o velório do Leandro. O Leonardo chorava sem parar
ed. 1, Música
1998 encima do caixão dele. Apareceu um monte de gente famosa chorando no velório, e depois nos programas de televisão. Todo mundo que eu conhecia estava triste. Até meu pai que quase nunca ficava triste, e minha avó que só escutava as músicas da igreja. Parecia que tinha uma nuvem de tristeza envolvendo Goiânia. A cidade tinha perdido um herói. Eu li na wikipédia que no cortejo dele foram mais de 150 mil pessoas. Tocava Leandro e Leonardo nas rádios o dia inteiro, e era quase impossível esquecer que o Leandro tinha morrido. Não era difícil ver alguém introspectivo, olhando pro nada, pensando na vida.
A melodia DEFINITVA Uns bailam, outros pulam,
ou gritam
ou cantam
ou dançam
ou rimam
ou choram
ou rebolam
Hoje o Leandro tem uma memória áurea, heroica, meio santificada. Acho que também é por causa do jeito que ele morreu, todo mundo acompanhava o sofrimento dele. Tem a história da infância pobre também. E ele era meio caladão, parecia ser um cara bem simples, matuto, e tinha os olhos bonitos. Parece que é isso mesmo que vem na cabeça das pessoas quando alguém revive a memória dele, principalmente pro pessoal mais velho. Esses dias eu senti uma emoção estranha e boa quando assisti um vídeo dele no Youtube, cantando sozinho a música “Catedral”. LEON CARELLI
E existem ainda os que reclamam, por estar ouvindo simultaneamente Tchairkovsky, Sandy e Junior, Slayer, Queen, Calypso, Racionais, Tonico e Tinoco e MC Bola de Fogo. Na verdade estão é aborrecidos por que não têm também um fone de ouvido de qualidade duvidável, para colocar Jota Quest bem alto e, propositalmente, deixar vazar a música e o companheiro ao lado ouvir. Pobres mortais que julgam o gosto musical alheiro e apenas acolhem suas preferências; que vociferam insultos em segredo contra os que deixam a viagem de ônibus “musicalmente irritante”. Mal sabem que Krishna, com sua flauta, produz a mais bela melodia de todas, tão bela que envolve todos os outros sons e ruidos, te consome completamente, consome a todos; ao som dessa flauta Vishnu chega à terra em seu último avatar, Kalki, o destruidor eterno, que finalmente nos tirará
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23
do Kali Yuga, a era do vício, e trará Satya Yuga, a era da verdade, novamente. Enquanto Satya Yuga não chega continuamos com a porra daquele cara chato que adora Beatles e odeia funk carioca, porque funk carioca é uma merda, e por isso é um cocô, e as músicas são todas iguais, e as letras são machistas, e não tenho outro argumento e nem vou explicar os anteriores porque funk é ruim e é ruim mesmo. Esse realmente não tem solução. Não adianta falar qua música Hard Days Night é tão machista quanto as do Mr Catra, porque o homem chega de um dia “cansativo” de trabalho na firma e quer que a mulher não descançe e faça com que ele se sinta “all right”. Não adianta falar que a mulher também pode dizer que gostou de trepar e que ficou atoladinha, que isso não significa necessariamente a desvalorização da imagem feminina. E também não adianta falar que muitas fezes o uso de samples no funk carioca é um recurso criativo e poderoso na criação de batidas. O preconceito cultural é implacável. Então como é que eu faço?
FAÇO FAÇO
Não faça. Ouça. Musica é som e som é música. Provavelmente você não prestou atenção em nenhum som que chegou ao seus ouvidos hoje. Falo de sons naturais: motor de carro, o andar do cachorro, respirações em geral, torneira aberta, o tecido atritando com a sua pele ao vestir da roupa. Parece bastante inútil prestar atenção no som da roupa ao ser vestida, mas é. Entretanto, quem sou eu pra decidir qual som é útil e qual não é.
FILIPE NUNES
ed. 1, Música
Anos noventa. Eu estava me entretendo com o vento amarelado das plantações de soja batendo com força na cara, durante uma viagem para a fazenda. Tinha uma revista no banco de trás. Meus primos a folheavam, do jeito que se folheia revistas quando se é pequeno. Eles sempre demoravam mais tempo na página que tinha a foto do Leandro careca. “Continua a luta do cantor Leandro contra o câncer”. Nessa época, as crianças se perguntavam e perguntavam seus pais o porquê das pessoas doentes rasparem a cabeça. “Mãe, porque o Leandro está careca?”. Minha mãe disse que o Leandro estava doente, com câncer. Disse também que ele estava assim porque o pai dele fazia ele plantar tomates quando pequeno, e que de tanto respirar veneno pra não deixar dar bichos ele tinha ficado doente, com câncer. Todo mundo no carro queria que ele sarasse logo. Eu não chegava a acreditar que ele morreria mesmo. Descartei a possibilidade. Ficava pensando no quanto o Leonardo iria ficar triste. “Se ele morrer não vai ter mais Leandro e Leonardo”, isso não fazia o menor sentido. Quando ele morreu, uns dias depois, demorou pra cair a ficha. Que eu me lembre, foi uma das primeiras vezes que eu parei pra pensar mais fundo sobre morte. Eu achava que era impossível alguém tão rico morrer assim, os médicos iam tentar ressuscitar ele mais um pouco, já que ele era importante. Eu pensava em como Deus tinha coragem de levar um cara tão famoso e que tanta gente gostava. Fiquei com medo de ter câncer, fiquei com medo de alguém da minha família ter câncer, fiquei com medo do meu irmão morrer e fiquei com medo de comer tomate. A televisão mostrou o velório do Leandro. O Leonardo chorava sem parar
ed. 1, Música
1998 encima do caixão dele. Apareceu um monte de gente famosa chorando no velório, e depois nos programas de televisão. Todo mundo que eu conhecia estava triste. Até meu pai que quase nunca ficava triste, e minha avó que só escutava as músicas da igreja. Parecia que tinha uma nuvem de tristeza envolvendo Goiânia. A cidade tinha perdido um herói. Eu li na wikipédia que no cortejo dele foram mais de 150 mil pessoas. Tocava Leandro e Leonardo nas rádios o dia inteiro, e era quase impossível esquecer que o Leandro tinha morrido. Não era difícil ver alguém introspectivo, olhando pro nada, pensando na vida.
A melodia DEFINITVA Uns bailam, outros pulam,
ou gritam
ou cantam
ou dançam
ou rimam
ou choram
ou rebolam
Hoje o Leandro tem uma memória áurea, heroica, meio santificada. Acho que também é por causa do jeito que ele morreu, todo mundo acompanhava o sofrimento dele. Tem a história da infância pobre também. E ele era meio caladão, parecia ser um cara bem simples, matuto, e tinha os olhos bonitos. Parece que é isso mesmo que vem na cabeça das pessoas quando alguém revive a memória dele, principalmente pro pessoal mais velho. Esses dias eu senti uma emoção estranha e boa quando assisti um vídeo dele no Youtube, cantando sozinho a música “Catedral”. LEON CARELLI
E existem ainda os que reclamam, por estar ouvindo simultaneamente Tchairkovsky, Sandy e Junior, Slayer, Queen, Calypso, Racionais, Tonico e Tinoco e MC Bola de Fogo. Na verdade estão é aborrecidos por que não têm também um fone de ouvido de qualidade duvidável, para colocar Jota Quest bem alto e, propositalmente, deixar vazar a música e o companheiro ao lado ouvir. Pobres mortais que julgam o gosto musical alheiro e apenas acolhem suas preferências; que vociferam insultos em segredo contra os que deixam a viagem de ônibus “musicalmente irritante”. Mal sabem que Krishna, com sua flauta, produz a mais bela melodia de todas, tão bela que envolve todos os outros sons e ruidos, te consome completamente, consome a todos; ao som dessa flauta Vishnu chega à terra em seu último avatar, Kalki, o destruidor eterno, que finalmente nos tirará
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do Kali Yuga, a era do vício, e trará Satya Yuga, a era da verdade, novamente. Enquanto Satya Yuga não chega continuamos com a porra daquele cara chato que adora Beatles e odeia funk carioca, porque funk carioca é uma merda, e por isso é um cocô, e as músicas são todas iguais, e as letras são machistas, e não tenho outro argumento e nem vou explicar os anteriores porque funk é ruim e é ruim mesmo. Esse realmente não tem solução. Não adianta falar qua música Hard Days Night é tão machista quanto as do Mr Catra, porque o homem chega de um dia “cansativo” de trabalho na firma e quer que a mulher não descançe e faça com que ele se sinta “all right”. Não adianta falar que a mulher também pode dizer que gostou de trepar e que ficou atoladinha, que isso não significa necessariamente a desvalorização da imagem feminina. E também não adianta falar que muitas fezes o uso de samples no funk carioca é um recurso criativo e poderoso na criação de batidas. O preconceito cultural é implacável. Então como é que eu faço?
FAÇO FAÇO
Não faça. Ouça. Musica é som e som é música. Provavelmente você não prestou atenção em nenhum som que chegou ao seus ouvidos hoje. Falo de sons naturais: motor de carro, o andar do cachorro, respirações em geral, torneira aberta, o tecido atritando com a sua pele ao vestir da roupa. Parece bastante inútil prestar atenção no som da roupa ao ser vestida, mas é. Entretanto, quem sou eu pra decidir qual som é útil e qual não é.
FILIPE NUNES
ed. 1, Música
Nã é JORDANA BARBOSA
il fác r a d o li m de o c pó r l i m i p i m A p . e pim n t de e g -lo teme i r á anc h qu d e na d a a , s , t i r t mai nos rar e e c m pa a cá m i r pre a ne m v pa e u n ão o que r. Pe a n á se ra l nto nça rátic e, pa po alca m p dos is, do nde , se na ema am te nho rrou ó d for uito i dr da e s p que ra m s Fáo ain u-lhe do ter ís da ind de mo uma o Pa de l erde rar n te d vez do v rio pa eren Em velu lo ae dif las. de o p os f u d o a b mp rta qu l fica o ca , c do ham oride eira s tin ir a las, à b lista iscut ábu m f nu bu a d as d o de s d m -e , m o e g ara iro can e h ac dad afri rmes r s o ve to en egra r o n se e m co has do o. r roc m la out ta e u d r d ores ma m fl vege nNe m ne e n ão a taç hum o
Re
es
çõ
ina
de
o-
inh riz
Na
O
EIR
NT
MO
TO
BA
LO
ed. 1, Literatura
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21
Nã é JORDANA BARBOSA
il fác r a d o li m de o c pó r l i m i p i m A p . e pim n t de e g -lo teme i r á anc h qu d e na d a a , s , t i r t mai nos rar e e c m pa a cá m i r pre a ne m v pa e u n ão o que r. Pe a n á se ra l nto nça rátic e, pa po alca m p dos is, do nde , se na ema am te nho rrou ó d for uito i dr da e s p que ra m s Fáo ain u-lhe do ter ís da ind de mo uma o Pa de l erde rar n te d vez do v rio pa eren Em velu lo ae dif las. de o p os f u d o a b mp rta qu l fica o ca , c do ham oride eira s tin ir a las, à b lista iscut ábu m f nu bu a d as d o de s d m -e , m o e g ara iro can e h ac dad afri rmes r s o ve to en egra r o n se e m co has do o. r roc m la out ta e u d r d ores ma m fl vege nNe m ne e n ão a taç hum o
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ed. 1, Literatura
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Q.Q.ISS?! AS AVENTURAS DE PENDU E CAMI DO OUTRO LADO DA LUA E DO ARCO-ÍRIS
N
ascendo em 1996, hoje formado por quatro atores, o Grupo Sonhus Teatro Ritual (http://teatroritual.com.br/) é um coletivo de artistas quetem a arte como ofício. Aspiram um teatro forte, que seja uma celebração viva, acreditando na pesquisa, na profissionalização do artista de teatro, na arte como expressão máxima do homem, nas energias físicas que regem o trabalho do ator. Numa homenagem à banda Pink Floyd e ao filme Mágico de Oz, o espetáculo “Q.Q.ISS?! AS AVENTURAS DE PENDU E CAMI DO OUTRO LADO DA LUA E DO ARCO-ÍRIS” narra a trajetória de dois espantalhos pelo mundo a fora. Camí, que fugiu de uma roça vizinha para percorrer o mundo, econtra Pendu, que até então não se movia, apenas trabalhava cuidando da plantação. Juntos partem se aventurando em uma extraordinária jornada em busca do desconhecido, utilizando linguagens como a mímica, o teatro de bonecos, a máscara e o palhaço, em situações inusitadas que os espantalhos Pendú e Camí enfrentam para abordar a curiosidade que move a humanidade. O espetáculo faz referencia ao fenômeno “The Dark Side of The Rainbow”, nome dado ao efeito criado ao tocar o álbum do Pink Floyd The Dark Side of the Moon simultâneamente com o filme de 1939 O Mágico de Oz, revelando diversos momentos em que uma obra corresponde a outra, tanto pelas letras quanto pela sincronia áudio-visual. O espetáculo mergulha nessa experiência de sinestesia não causal, mas de sincronicidade de sentidos e significados para o deleite do publico que acompanhará as aventuras de dois espantalhos ao som progressivo do Pink Floyd. Além que conceituados espetáculo, o Teatro Ritual procura meios de conciliar as atividades de criação artística com as de produção cultural para viabiliza projetos, na busca de uma consolidação ativa no território teatral nacional. O Ponto de Cultura Vila das Artes (http://jooliveirateatroritu. wix.com/)poonto-de-cultura, rua 228 c/ 215, setor Leste Vila Nova, Goiânia, Goiás, Bras i l , que iniciou suas atividades em 2011, é um espaço permanente de pesquisa, formação e a qualificação profissional de estudantes, jovens e adultos com ou sem experiência nas artes cênicas que tenham como foco a Arte de ator, os Bastidores da arte ou o Áudiovisual. Além disso também oferece oficinas livres de Informática,Dança de Salão,Bloco de Percussão e Contação de Histórias. PAULA DE PAULA
ed. 1, Teatro
26
ARTE?!?!? Por uma artista qualquer
P
assei alguns dias pensando seriamente em que assunto abordar ao escrever sobre arte, cheguei à conclusão de que nada seria mais justo do que começar me apresentando a partir das minhas acepções sobre a arte. Em tempo, deixando claro, que irei tratar do campo das artes visuais, especificamente das artes plásticas que é onde atuo e que me sinto um pouco mais à vontade em arriscar alguma opinião. Digo minhas acepções, porque o que vou discorrer aqui é uma série de retalhos de uma série de definições, que me foram arriscadas ao longo da minha trajetória acadêmica. Fato é que não existe uma definição (no sentido estrito da palavra) do que afinal é arte. Alguns autores até se arriscam a colocar de maneira objetiva uma explicação do que ela é ou não, mas isso nunca é definitivo. A grande razão disso, acredito, seja o fato de que arte e vida se misturam e se aproximam em complexidade. Elas caminham juntas, às vezes de mãos dadas, às vezes se estranhando, mas nunca separadas. O artista é, portanto, quem transfigura simbolicamente os sentimentos e percepções de mundo quando estes não podem ser verbalizados, ou no caso da literatura, quando o significado da palavra está além do sentido da palavra. Não se trata de objetivar os sentimentos, mas esquematizá-los, pensá-los, discuti-los, compartilhá-los.
27
Um professor disse uma vez para a minha turma que o artista é um prisioneiro do seu tempo. Isso até pode ser uma boa pista, mas é arriscado colocar as coisas assim. O artista é um receptor sensível de seu tempo, é aquele capaz de se inserir no mundo com as características de sua temporalidade ao mesmo tempo em que é capaz de emergir dele, se afastar, observar de fora, de um lugar não comum e se colocar a mercê da profusão de estímulos investidos nele. A exemplo do que coloca Agambem (numa leitura livre), o artista é sempre contemporâneo quando trata de seu tempo, mas não o é por estar cegamente imerso nele, ele é contemporâneo na medida em que é capaz de transitar por suas camadas, de se afastar e voltar, como a serpente que se volta para trás e observa o próprio rabo. Outro trânsito que deve ser experimentado pelo artista, é o que ele faz entre a objetividade presente na esquematização simbólica que compõe a sua obra, e no destrinchamento cru daquilo que o rodeia, e a subjetividade presente nos mergulhos profundos (e perigosos) que ele faz em Si. É nesse trânsito entre o ontem, o hoje e o amanhã; entre o interno e o externo; o pessoal e o social; o global e o local que se insere o artista e dele provém o objeto de arte que dá
ed. 1, Artes plásticas
seguinte pág.
Q.Q.ISS?! AS AVENTURAS DE PENDU E CAMI DO OUTRO LADO DA LUA E DO ARCO-ÍRIS
N
ascendo em 1996, hoje formado por quatro atores, o Grupo Sonhus Teatro Ritual (http://teatroritual.com.br/) é um coletivo de artistas quetem a arte como ofício. Aspiram um teatro forte, que seja uma celebração viva, acreditando na pesquisa, na profissionalização do artista de teatro, na arte como expressão máxima do homem, nas energias físicas que regem o trabalho do ator. Numa homenagem à banda Pink Floyd e ao filme Mágico de Oz, o espetáculo “Q.Q.ISS?! AS AVENTURAS DE PENDU E CAMI DO OUTRO LADO DA LUA E DO ARCO-ÍRIS” narra a trajetória de dois espantalhos pelo mundo a fora. Camí, que fugiu de uma roça vizinha para percorrer o mundo, econtra Pendu, que até então não se movia, apenas trabalhava cuidando da plantação. Juntos partem se aventurando em uma extraordinária jornada em busca do desconhecido, utilizando linguagens como a mímica, o teatro de bonecos, a máscara e o palhaço, em situações inusitadas que os espantalhos Pendú e Camí enfrentam para abordar a curiosidade que move a humanidade. O espetáculo faz referencia ao fenômeno “The Dark Side of The Rainbow”, nome dado ao efeito criado ao tocar o álbum do Pink Floyd The Dark Side of the Moon simultâneamente com o filme de 1939 O Mágico de Oz, revelando diversos momentos em que uma obra corresponde a outra, tanto pelas letras quanto pela sincronia áudio-visual. O espetáculo mergulha nessa experiência de sinestesia não causal, mas de sincronicidade de sentidos e significados para o deleite do publico que acompanhará as aventuras de dois espantalhos ao som progressivo do Pink Floyd. Além que conceituados espetáculo, o Teatro Ritual procura meios de conciliar as atividades de criação artística com as de produção cultural para viabiliza projetos, na busca de uma consolidação ativa no território teatral nacional. O Ponto de Cultura Vila das Artes (http://jooliveirateatroritu. wix.com/)poonto-de-cultura, rua 228 c/ 215, setor Leste Vila Nova, Goiânia, Goiás, Bras i l , que iniciou suas atividades em 2011, é um espaço permanente de pesquisa, formação e a qualificação profissional de estudantes, jovens e adultos com ou sem experiência nas artes cênicas que tenham como foco a Arte de ator, os Bastidores da arte ou o Áudiovisual. Além disso também oferece oficinas livres de Informática,Dança de Salão,Bloco de Percussão e Contação de Histórias. PAULA DE PAULA
ed. 1, Teatro
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ARTE?!?!? Por uma artista qualquer
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assei alguns dias pensando seriamente em que assunto abordar ao escrever sobre arte, cheguei à conclusão de que nada seria mais justo do que começar me apresentando a partir das minhas acepções sobre a arte. Em tempo, deixando claro, que irei tratar do campo das artes visuais, especificamente das artes plásticas que é onde atuo e que me sinto um pouco mais à vontade em arriscar alguma opinião. Digo minhas acepções, porque o que vou discorrer aqui é uma série de retalhos de uma série de definições, que me foram arriscadas ao longo da minha trajetória acadêmica. Fato é que não existe uma definição (no sentido estrito da palavra) do que afinal é arte. Alguns autores até se arriscam a colocar de maneira objetiva uma explicação do que ela é ou não, mas isso nunca é definitivo. A grande razão disso, acredito, seja o fato de que arte e vida se misturam e se aproximam em complexidade. Elas caminham juntas, às vezes de mãos dadas, às vezes se estranhando, mas nunca separadas. O artista é, portanto, quem transfigura simbolicamente os sentimentos e percepções de mundo quando estes não podem ser verbalizados, ou no caso da literatura, quando o significado da palavra está além do sentido da palavra. Não se trata de objetivar os sentimentos, mas esquematizá-los, pensá-los, discuti-los, compartilhá-los.
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Um professor disse uma vez para a minha turma que o artista é um prisioneiro do seu tempo. Isso até pode ser uma boa pista, mas é arriscado colocar as coisas assim. O artista é um receptor sensível de seu tempo, é aquele capaz de se inserir no mundo com as características de sua temporalidade ao mesmo tempo em que é capaz de emergir dele, se afastar, observar de fora, de um lugar não comum e se colocar a mercê da profusão de estímulos investidos nele. A exemplo do que coloca Agambem (numa leitura livre), o artista é sempre contemporâneo quando trata de seu tempo, mas não o é por estar cegamente imerso nele, ele é contemporâneo na medida em que é capaz de transitar por suas camadas, de se afastar e voltar, como a serpente que se volta para trás e observa o próprio rabo. Outro trânsito que deve ser experimentado pelo artista, é o que ele faz entre a objetividade presente na esquematização simbólica que compõe a sua obra, e no destrinchamento cru daquilo que o rodeia, e a subjetividade presente nos mergulhos profundos (e perigosos) que ele faz em Si. É nesse trânsito entre o ontem, o hoje e o amanhã; entre o interno e o externo; o pessoal e o social; o global e o local que se insere o artista e dele provém o objeto de arte que dá
ed. 1, Artes plásticas
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início a um processo de significação que funciona como uma rede entre o artista, o objeto artístico e a figura do espectador que resignifica esse objeto. Nesse sentido a arte e seus significados são tão plurais quanto são plurais os indivíduos do mundo. Costumo dizer que uma boa maneira de se entender onde ela se localiza, é pensando em como a história vê o passado em contraposição a como a história da arte o lê. A história procura trazer a luz os aspectos sociais, culturais, políticos, cotidianos, entre outros, de determinado período histórico; a história da arte tenta através das imagens produzidas nesse período, nos dar pistas de como o homem desse tempo se sentia, de como todos esses aspectos os atingiam. É claro que essa é uma comparação extremamente simplificada, uma tentativa de ser didática, mas com a boa intenção de ajudar nesse rápido texto a tecer algo como uma idéia bastante geral de arte. Ainda mais claro, é o fato de que a julgar a complexidade e o volume da produção artística e das discussões em seu entorno existentes ao longo da história, este texto não passa de um pretensioso tweet. É pretensão a minha também (assumida), o desejo de que a partir desse texto, quem tenha contato com ele, subentenda que o artista não é um ser especial, louco ou iluminado (segundo essas definições românticas que insistem em permear o imaginário geral sobre a figura do artista). Ele é, na verdade, alguém que passa pelas mesmas coisas que todo mundo de seu contexto social, espacial e temporal passa,
só é alguém, que cumpre com uma função de vida, como existem várias outras, de se arriscar a mexer nos estímulos que o interpelam de forma irresistível, às vezes dolorosa. O artista não vê nada além do que todo mundo vê, a diferença é só que ele propõe que se vejam essas coisas por outra via, uma pouco mais sensível e que tem a intenção de nos salvar de uma espécie de automatização perceptiva, sobretudo nos tempos atuais.
Falando em tempos atuais, tivemos momentos na história da arte em que a subjetividade foi privilegiada, como no expressionismo, outros em que o leitmotiv fora uma vontade de objetivação quase matemática da arte, como no minimalismo, mas devemos entender que isso foi o que o tempo pedia de seus artistas. Nosso tempo nos pede que limites sejam forçados, e a impressão que se tem é de que todas as fronteiras aparentes da arte foram rompidas. Essa confusão e o conceitualismo crescente na arte desde os anos de 1960 (os primórdios dessa movimentação são muito anteriores) me dão a impressão de que talvez esteja aí a razão das resistências e reticências com a produção artística atual, independente disso, o que venho percebendo no pouco que pude acompanhar do que se produz em arte contemporânea, é uma apresentação muito além da repre-
sentação, da crise do homem (cada vez mais solitário em mundo superpovoado), da crise cultural (provocada pela globalização) e da crise do capital, maior responsável pela crise ambiental, que é aliás assunto amplamente abordado por artistas desde 1990 até aqui (não que não tenham sido abordados antes, só estão mais conscientes e mais numerosos, a história da arte não é linear). Estamos em tempo de crise, inclusive de crise na arte. Então é bom observar a arte hoje entendendo que os artistas se deram conta disso, mesmo que eles próprios às vezes não tenham percebido. Mas claro cada um a apreende como sente possível. Prova disso é o caráter dos trabalhos apresentados na
CINE
Documenta (13), em Kassel, Alemanha, que começou em junho e fica aberta até setembro desse ano, a Documenta de Kassel é uma espécie de termômetro da produção artística mundial, é onde se tem uma idéia mais ampla do que os artistas do mundo estão pensando e através disso entender como o mundo está hoje. O que percebi nessa Documenta, é uma série de ativismos contra uma série de crises, todas as que citei anteriormente. Este é um assunto que eu até gostaria de discutir aqui, mas devo me abreviar e deixar essa discussão para quem sabe, um próximo texto. Prazer, meu nome é Julliana
Oliveira...
graduando em Artes Plásticas UFG
ASTOR
Após o fim do período de férias do último mês de agosto, reabriu para apreciação e visitação um dos principais cinemas pornôs da capital. Agora, o Cine Astor que fica na rua 9, Centro, conta com novos ambientes reformados para abrigar seu público mais colorido da cidade. A reforma já era esperada e o cine estava fechado há dois meses. A casa conta com 4 ambientes e duas salas de projeção simultânea, tudo climatizado e com poltronas reformadas. Na sala principal, projeções para agradar
um público mais tradicional. Na sala secundária a tela de projeção é ocupada por filmes gays. No espaço há ambientes com poucas luzes ou nenhuma. Lugares reservados à circulação e interação entre os visitantes do local. O banheiro conta com uma estrutura reformada, torneiras funcionando e um espelho pra dar um tapa... no visual. A entrada custa 10R$, preço único para o tempo de entretenimento que o visitante achar necessário nas 4 salas. LUIZ DA LUZ
Uma
bagatela! Local: Rua 9, Centro. Goiânia-GO Horário atendimento: 15h às 22h BÁRBARA FALCÃO
Entrada: 10R$ (preço único)
Título da obra:
Trânsito 2012
Ano de produção:
Vermelho. No sangue nos canais levando a agua pelos rios nascendo das gotas agitadas pelo vento, movendo assim as folhas que morrendo serão nova natureza. Verde.
JEAN PIERRE PIEROTE Natural de Rio de Contas, Chapada Diamantina, Bahia. Antropólogo e artista visual. Já expôs ensaios fotográficos coletivos e individuais em Goiás, na Bahia e na Espanha. Desde 2006 trabalha entre a fronteira da antropologia e o audiovisual, explorando principalmente em sua obra o Sertão e as representações da região.
1982
SARRIÁ,
30 anos se passaram, e os apaixonados por futebol ainda lamentam. O dia 05 de julho de 1982 jamais sairá da mente dos brasileiros, o estádio de Sarriá, na cidade de Barcelona, lamentou perplexa a derrota de uma seleção que encantou o mundo. Sim, a seleção brasileira sucumbiu ao inspiradíssimo Paolo Rossi, naquele Itália 3x2 Brasil.
O Brasil vinha de um ano sensacional, onde em excursões pela Europa havia vencido seleções como Inglaterra e Alemanha com facilidade, apresentando um futebol majestoso e imponente. A seleção comandada pelos gênios Zico, Sócrates e Falcão, chegava para Copa de 1982, na Espanha, como uma das favoritas, tinha como técnico o mito Telê Santana, adepto de um futebol que presava o toque de bola e a ofensividade do futebol brasileiro. Após vitórias na primeira fase contra as seleções da União Soviética, Escócia e Nova Zelândia, o Brasil chegava para segunda fase como favorita para enfrentar as seleções da Itália, que se classificou após três empates e a Argentina do até então jovem Diego Armando Maradona. Após vencer a seleção argentina por 3á1, o Brasil chegava para o jogo contra a Itália dependendo apenas de um empate para seguir às semifinais da Copa de 1982. O estádio era o Sárria, que pertencia ao clube Espanyol da cidade de Barcelona, o Brasil entrava em campo aclamado pelo povo catalão, que adotou a seleção brasileira pelo futebol vistoso apresentado até então no cam-
31
peonato. A história do jogo a maioria sabe, a seleção sempre atrás do placar, corria para empatar o jogo, e conseguiu, quando aos 23 minutos do segundo tempo Falcão fez um belo gol de fora da área, empatando o jogo em 2á2, parecia que ali o jogo entraria na sua normalidade e o Brasil conseguiria sua classificação, porém um erro logo após uma cobrança de escanteio italiano aos 29 do segundo tempo fez com que o Brasil desmoronasse diante Rossi, autor dos 3 gols italianos, naquele momento a reação parou, a seleção não tinha mais forças, dando a aparência de que quantos gols o Brasil fizesse, a Itália responderia. Quis os deuses do futebol que fosse assim, a seleção que encantou o mundo, caiu. Os mais saudosistas lembram com grande prazer daquela seleção, sem não escapar um pedaço de tristeza pelo dia 05 de julho de 1982.
ÁLVARO CASTRO
ed. 1, Esporte
Título da obra:
Trânsito 2012
Ano de produção:
Vermelho. No sangue nos canais levando a agua pelos rios nascendo das gotas agitadas pelo vento, movendo assim as folhas que morrendo serão nova natureza. Verde.
JEAN PIERRE PIEROTE Natural de Rio de Contas, Chapada Diamantina, Bahia. Antropólogo e artista visual. Já expôs ensaios fotográficos coletivos e individuais em Goiás, na Bahia e na Espanha. Desde 2006 trabalha entre a fronteira da antropologia e o audiovisual, explorando principalmente em sua obra o Sertão e as representações da região.
1982
SARRIÁ,
30 anos se passaram, e os apaixonados por futebol ainda lamentam. O dia 05 de julho de 1982 jamais sairá da mente dos brasileiros, o estádio de Sarriá, na cidade de Barcelona, lamentou perplexa a derrota de uma seleção que encantou o mundo. Sim, a seleção brasileira sucumbiu ao inspiradíssimo Paolo Rossi, naquele Itália 3x2 Brasil.
O Brasil vinha de um ano sensacional, onde em excursões pela Europa havia vencido seleções como Inglaterra e Alemanha com facilidade, apresentando um futebol majestoso e imponente. A seleção comandada pelos gênios Zico, Sócrates e Falcão, chegava para Copa de 1982, na Espanha, como uma das favoritas, tinha como técnico o mito Telê Santana, adepto de um futebol que presava o toque de bola e a ofensividade do futebol brasileiro. Após vitórias na primeira fase contra as seleções da União Soviética, Escócia e Nova Zelândia, o Brasil chegava para segunda fase como favorita para enfrentar as seleções da Itália, que se classificou após três empates e a Argentina do até então jovem Diego Armando Maradona. Após vencer a seleção argentina por 3á1, o Brasil chegava para o jogo contra a Itália dependendo apenas de um empate para seguir às semifinais da Copa de 1982. O estádio era o Sárria, que pertencia ao clube Espanyol da cidade de Barcelona, o Brasil entrava em campo aclamado pelo povo catalão, que adotou a seleção brasileira pelo futebol vistoso apresentado até então no cam-
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peonato. A história do jogo a maioria sabe, a seleção sempre atrás do placar, corria para empatar o jogo, e conseguiu, quando aos 23 minutos do segundo tempo Falcão fez um belo gol de fora da área, empatando o jogo em 2á2, parecia que ali o jogo entraria na sua normalidade e o Brasil conseguiria sua classificação, porém um erro logo após uma cobrança de escanteio italiano aos 29 do segundo tempo fez com que o Brasil desmoronasse diante Rossi, autor dos 3 gols italianos, naquele momento a reação parou, a seleção não tinha mais forças, dando a aparência de que quantos gols o Brasil fizesse, a Itália responderia. Quis os deuses do futebol que fosse assim, a seleção que encantou o mundo, caiu. Os mais saudosistas lembram com grande prazer daquela seleção, sem não escapar um pedaço de tristeza pelo dia 05 de julho de 1982.
ÁLVARO CASTRO
ed. 1, Esporte
Pizza e ketchup
uma combinação exótica aos olhos alemães Este ano estou fazendo intercâmbio acadêmico no sul da Alemanha, em uma cidade pequena e amigável chamada Eichstätt. Aqui, estudo Geografia, e muitas vezes surge a oportunidade de fazer algum passeio pelas cidades da Baviera, um desses foi para Bamberg. Lá, aconteceu algo gastronomicamente curioso, gostaria de compartilhar essa experiência com os leitores da Quilombo. Nesses passeios guiados, tipo aqueles que fizemos com a Tia Clotilde, quando estávamos na 5ª série, existe sempre o momento: “Pausa para a refeição”. Foi nele que a história se desenvolveu. Me sentei tranquilamente no restaurante ao lado de alguns alemães, depois de ler o cardápio umas cinco vezes, só por esporte, pedi uma Pizza de Calabresa, Presunto (Tipo Alemão), azeitonas e champignon. Para minha surpresa, cada sabor veio separado em uma fatia Ao receber minha pizza, olhei para a mesa e não vi azeite. Fiquei um pouco incomodado com os sabores separados mas preferi não comentar. Ao meu lado, pessoas tomavam água com gás. Sentindo falta de mais alguma coisa, chamei o garçon e pedi: ketchup. Segundos depois do pedido, tive um certo arrependimento: Pra quê?! Pra quê eu fiz isso? Imediatamente depois da minha solicitação o garçon perguntou minha nacionalidade e, de forma irônica, se eu queria Maionese também. Como eu já tinha começado, respondi que sim. Rolou um momento de silêncio na mesa, as pessoas viraram pra mim e fizeram uma cara de: Não pode ser, esse cara tá de brincadeira. Enquanto eu passava Ketchup na pizza, todos me olhavam como se o mundo fosse acabar em poucos minutos e o início de tudo estivesse começando no meu prato. Foi como
se eu tivesse pedido suco de jaca, pequi com melancia pra acompanhar uma feijoada. Ou melhor, se eu tivesse pego a pizza e passado em baixo das axilas, penso que a surpresa teria sido bem menor. Não dado por satisfeito, peguei uma fatia no meu prato e fui misturando todos os sabores. Uma menina parou de comer e dedicou seu precioso tempo a me assistir. Depois de misturar todos os sabores em uma fatia e passar o tal do Ketchup e falei: “No brasil isso é até normal, pessoas não comem com ketchup mas em qualquer pizzaria existe a opção, caso você queira”. Antes de alguém reclamar do que respondi para a alemã: eu sei que em muitas cidades do Brasil, principalmente no sul, isso também é tido como uma atitude estranha. E o pessoal do paladar mais refinado, acha até uma ofensa gastronômica com o chefe de cozinha você tacar o molho vermelho em cima das comidas. Mas o que aconteceu comigo foi diferente, aconteceu uma espécia de bullying do paladar. Como eu já tinha sido eleito o bizarro da mesa, estimulei mais um diálogo, dizendo que tínhamos a pizza doce.
“
ed. 1, Cozinha
O que? Pizza doce? Você não quis dizer Krepe? Não, estou falando de Pizza mesmo. Existe até de banana com chocolate. Sério?! Aham. E com sorvete também. Meu Deus, mas nessa doce você coloca Ketchup também? Aí não né. Mas, caso queira...
”
CAIO SENA graduando em Geografia UFG
32
Maio 68
Imagine um período onde o que era ate então “inaceitável” é uma pratica comum entre os estudantes, onde todo o proibir era proibido, onde o “assim é” sai do vocabulário dando lugar pro “assim deve ser” e o desejo de liberdade entra no campo da necessidade. Esse caos para os caretas e burocratas foi uma realidade viva na França em maio de 1968, que ficou popularmente conhecido como Maio de 68. Em plena hegemonia do conservadorismo, os estudantes, cansados de tudo, começam a questionar os valores e, consequentemente, até os próprios métodos de ensino. Inúmeros foram os exemplos de estudantes fazendo piquetes, ocupações das instituições de ensino e manifestações motivados pelo desejo de uma educação que se aprenda de verdade, que a educação não seja uma longa preparação para o mercado de trabalho e nem sirva como uma forma de disciplinarização do individuo. Sendo o fator de maior relevância na escolha das reinvindicações a insatisfação com a estrutura do ensino e os valores sociais.
Todas as reinvindicações foram levantadas por decisões coletivas em assembleia que aconteciam diariamente e tendo como características a não hierarquização das opiniões, isto é, todos eram tratados como iguais e, logicamente, não existia nenhum privilegio nas deliberações. Relevando todo o contexto his-
ed. 1, História
tórico, não é de se surpreender que as ações contassem com grande participação dos estudantes que chegaram, inclusive, a tomar conta da manutenção da universidade. Sabendo disso, muitos oportunistas tentaram usar o movimento para interesses individuais, por exemplo, aproveitar para um “trampolim” para um alto cargo social, mas estes foram duramente criticados pela maioria dos estudantes. Portanto, o movimento conseguiu um longo tempo de duração e manteve os seus princípios.
J
uventude pobre e repressão policial
na Arg n ina
A explicação mais convincente para o crescimento exponencial dos delitos em geral na Argentina é, sem sombra de dúvidas, o amplo processo de lumpemproletarização (marginalização de amplos setores sociais na divisão social do trabalho) e o consequente empobrecimento que tem experimentado quase metade da população nacional entre os anos de 1990 e 2003. O imenso processo de deterioração das condições socioeconômicas afeta diretamente os jovens. O processo de neoliberalização globalizada atingira duramente a juventude que sofrera com o intenso avanço de desinstitucionalização (crise da escola, crise da família etc.) e de desestruturação do mercado de trabalho na Argentina desse período.
Toda essa experiência contagiou não somente os estudantes, mas também vários grupos sociais periféricos. Após a compreensão dos desejos e a percepção de sua legitimidade houve varias ocupações de fabricas e a formação de conselhos nos moldes dos estudantis. Toda essa experiência surgiu de um simples questionamento dos valores e da organização social e, consequentemente, num grande aprendizado, não só para as pessoas da época, como para nós também, que é possível outra forma de pensar na realidade, tanto em organização, quanto em valores. Com certeza, o que marcou o Maio de 68 foi a mobilização estudantil, mesmo não havendo uma crise econômica intensa, e a demonstração pela pratica que estes tem uma grande possibilidade para conseguir uma transformação significativa. RICARDO LENARD, graduando em História UFG
34
A falta de experiência e qualificação laboral, juntamente com uma formação escolar débil faz dos jovens uma clientela preferencial para todo tipo de trabalho precário e condições vulneráveis de existência, uma vez que as empresas de organização flexível contam com suas “capacidades maleáveis” e inexperiência sindical de lutas e resistências. Diante desse panorama não é difícil perceber que muitos desses jovens também sobrevivem nas franjas da ilegalidade da “economia das ruas”. Obviamente eles se tornaram as maiores vítimas do controle e disciplinamento compulsivo efetuado pelos aparatos repressivos da polícia, assim como as maiores vítimas de gatillo fácil (fuzilamentos) e de diversas outras arbitrariedades extremamente violentas e letais praticadas cotidianamente por diversas forças repressivas policiais. LISANDRO BRAGA, sociólogo e membro do Movimento Autogestionário MOVAUT
Maio 68
Imagine um período onde o que era ate então “inaceitável” é uma pratica comum entre os estudantes, onde todo o proibir era proibido, onde o “assim é” sai do vocabulário dando lugar pro “assim deve ser” e o desejo de liberdade entra no campo da necessidade. Esse caos para os caretas e burocratas foi uma realidade viva na França em maio de 1968, que ficou popularmente conhecido como Maio de 68. Em plena hegemonia do conservadorismo, os estudantes, cansados de tudo, começam a questionar os valores e, consequentemente, até os próprios métodos de ensino. Inúmeros foram os exemplos de estudantes fazendo piquetes, ocupações das instituições de ensino e manifestações motivados pelo desejo de uma educação que se aprenda de verdade, que a educação não seja uma longa preparação para o mercado de trabalho e nem sirva como uma forma de disciplinarização do individuo. Sendo o fator de maior relevância na escolha das reinvindicações a insatisfação com a estrutura do ensino e os valores sociais.
Todas as reinvindicações foram levantadas por decisões coletivas em assembleia que aconteciam diariamente e tendo como características a não hierarquização das opiniões, isto é, todos eram tratados como iguais e, logicamente, não existia nenhum privilegio nas deliberações. Relevando todo o contexto his-
ed. 1, História
tórico, não é de se surpreender que as ações contassem com grande participação dos estudantes que chegaram, inclusive, a tomar conta da manutenção da universidade. Sabendo disso, muitos oportunistas tentaram usar o movimento para interesses individuais, por exemplo, aproveitar para um “trampolim” para um alto cargo social, mas estes foram duramente criticados pela maioria dos estudantes. Portanto, o movimento conseguiu um longo tempo de duração e manteve os seus princípios.
J
uventude pobre e repressão policial
na Arg n ina
A explicação mais convincente para o crescimento exponencial dos delitos em geral na Argentina é, sem sombra de dúvidas, o amplo processo de lumpemproletarização (marginalização de amplos setores sociais na divisão social do trabalho) e o consequente empobrecimento que tem experimentado quase metade da população nacional entre os anos de 1990 e 2003. O imenso processo de deterioração das condições socioeconômicas afeta diretamente os jovens. O processo de neoliberalização globalizada atingira duramente a juventude que sofrera com o intenso avanço de desinstitucionalização (crise da escola, crise da família etc.) e de desestruturação do mercado de trabalho na Argentina desse período.
Toda essa experiência contagiou não somente os estudantes, mas também vários grupos sociais periféricos. Após a compreensão dos desejos e a percepção de sua legitimidade houve varias ocupações de fabricas e a formação de conselhos nos moldes dos estudantis. Toda essa experiência surgiu de um simples questionamento dos valores e da organização social e, consequentemente, num grande aprendizado, não só para as pessoas da época, como para nós também, que é possível outra forma de pensar na realidade, tanto em organização, quanto em valores. Com certeza, o que marcou o Maio de 68 foi a mobilização estudantil, mesmo não havendo uma crise econômica intensa, e a demonstração pela pratica que estes tem uma grande possibilidade para conseguir uma transformação significativa. RICARDO LENARD, graduando em História UFG
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A falta de experiência e qualificação laboral, juntamente com uma formação escolar débil faz dos jovens uma clientela preferencial para todo tipo de trabalho precário e condições vulneráveis de existência, uma vez que as empresas de organização flexível contam com suas “capacidades maleáveis” e inexperiência sindical de lutas e resistências. Diante desse panorama não é difícil perceber que muitos desses jovens também sobrevivem nas franjas da ilegalidade da “economia das ruas”. Obviamente eles se tornaram as maiores vítimas do controle e disciplinamento compulsivo efetuado pelos aparatos repressivos da polícia, assim como as maiores vítimas de gatillo fácil (fuzilamentos) e de diversas outras arbitrariedades extremamente violentas e letais praticadas cotidianamente por diversas forças repressivas policiais. LISANDRO BRAGA, sociólogo e membro do Movimento Autogestionário MOVAUT
Por que SIM a Comissão da Ao se falar em comissão da verdade na política brasileira atual é fato que as ideologias politicas de esquerda e de direita terão posições bastante distintas. No primeiro caso, haverá a defesa por esclarecimento do que realmente ocorreu naquele período da história brasileira. No segundo caso, sempre se alegará a injustiça que é julgar somente os militares, pois os guerrilheiros, ou melhor, “terroristas” como são denominados pela direita, também teriam feito uso de violência. Assim, se seguirmos o raciocínio de que jovens guerrilheiros aderiram a violência porque deveríamos defender desvelar as ações dos torturadores militares ao invés de deixar essa questão no passado?
e que ao final das contas, não tem nenhuma ligação com saber sobre o passado. Não se desvinculado da necessidade de rememoração desenvolvida acima têm-se um segundo ponto que deve ser analisado em defesa das comissões da verdade. A necessidade de elaboração do luto. Para isso recorremos as ideias da psicanálise freudiana como forma de pensar essa questão. O luto é um processo pelo qual os sujeitos devem passar como forma de reconhecer que aquele objeto antes investido foi perdido irremediavelmente. Caso os indivíduos não passem por esse processo instaura-se o que denominamos de compulsão de repetição.
Essa questão pode ser respondida por alguns pontos que serão aqui desenvolvidos. O primeiro deles refere-se a necessidade de rememorar o passado, necessidade bem ressaltada pelo teórico de Frankfurt, Theodor Adorno, que diz do imperativo categórico de “o lembrar para não repetir jamais”. É fato que a nossa sociedade, sob a égide pós-moderna, evita ao máximo essa rememoração. Vivemos em tempos de gozo irrefreado, onde o importante é um consumo constante de mercadorias, resultado de uma economia capitalista. No que se refere as lembranças, no máximo valorizamos a memorização, que diz apenas do acumulo de grande número de informações
Atos obsessivos em que o sujeito repete uma ação sem saber o porquê já que não houve contato com aquilo que foi perdido. Podemos pensar tal fato em amplitudes maiores, isto é, a níveis da sociedade como um todo, pois o individual e social não devem ser colocados como processos opostos, mas sim constituintes um dos outros. Dessa maneira, os níveis de violência tendem a serem maiores em sociedades que não tiveram o luto de um passado violento elaborado, já que uma compulsão a repetição será estabelecida. Por isso, não é estranho ver-se o apoio a uso da violência policial, a criminalização de movimentos sociais
ed. 1, Psicologia
36
Verdade ?
e outros fatos em que a população brasileira apoia o uso da violência como forma de coerção. Repetimos uma violência por não termos um passado elaborado. Devemos lembrar também, qual é o papel da nossa política de anistia no esquecimento do período militar. É fato que a anistia no Brasil teve um papel fundamental ao permitir o retorno de exilados, estabelecendo o perdão para crimes políticos, porém, essa inciativa adveio do próprio regime militar. Assim, se observarmos bem em nenhum momento quer-se esclarecer ou fazer justiça àquelas vitimas da ditadura militar, mas sim esquecer com o perdão político aquilo que se passou. Ao analisar questões como essas, é impossível que se queira esquecer o passado. Não devemos deixar tudo isso repetir-se novamente por não nos lembrarmos do que aconteceu realmente. Não podemos cair em uma compulsão a repetição que nos leve a aprovar a violência. É inaceitável que se defenda o julgamento dos guerrilheiros da ditadura, pois seriam castiga-los duas vezes, uma naqueles tempos de tortura e outra atualmente. Os “gritos” dados por essa parte da politica brasileira (ideologias de direita) advêm muito mais de uma vergonha, vergonha esta resultante de um gozar proibido sobre corpos indefesos,
como bem lembra a psicanalista Maria Ritha Kehl. E esta ainda diz, em concordância com o que já foi desenvolvido acima, que o infringir de tabus como o não matarás feito de forma encoberta estabelece um “pacto” de conivência com a violência. Dessa maneira, nossa resposta deve ser sim, precisamos ser a favor da comissão da verdade para mostrar os verdadeiros acontecimentos do período da ditadura militar brasileira. LUCIENNE A. MACHADO, graduando em Psicologia UFG
Por que SIM a Comissão da Ao se falar em comissão da verdade na política brasileira atual é fato que as ideologias politicas de esquerda e de direita terão posições bastante distintas. No primeiro caso, haverá a defesa por esclarecimento do que realmente ocorreu naquele período da história brasileira. No segundo caso, sempre se alegará a injustiça que é julgar somente os militares, pois os guerrilheiros, ou melhor, “terroristas” como são denominados pela direita, também teriam feito uso de violência. Assim, se seguirmos o raciocínio de que jovens guerrilheiros aderiram a violência porque deveríamos defender desvelar as ações dos torturadores militares ao invés de deixar essa questão no passado?
e que ao final das contas, não tem nenhuma ligação com saber sobre o passado. Não se desvinculado da necessidade de rememoração desenvolvida acima têm-se um segundo ponto que deve ser analisado em defesa das comissões da verdade. A necessidade de elaboração do luto. Para isso recorremos as ideias da psicanálise freudiana como forma de pensar essa questão. O luto é um processo pelo qual os sujeitos devem passar como forma de reconhecer que aquele objeto antes investido foi perdido irremediavelmente. Caso os indivíduos não passem por esse processo instaura-se o que denominamos de compulsão de repetição.
Essa questão pode ser respondida por alguns pontos que serão aqui desenvolvidos. O primeiro deles refere-se a necessidade de rememorar o passado, necessidade bem ressaltada pelo teórico de Frankfurt, Theodor Adorno, que diz do imperativo categórico de “o lembrar para não repetir jamais”. É fato que a nossa sociedade, sob a égide pós-moderna, evita ao máximo essa rememoração. Vivemos em tempos de gozo irrefreado, onde o importante é um consumo constante de mercadorias, resultado de uma economia capitalista. No que se refere as lembranças, no máximo valorizamos a memorização, que diz apenas do acumulo de grande número de informações
Atos obsessivos em que o sujeito repete uma ação sem saber o porquê já que não houve contato com aquilo que foi perdido. Podemos pensar tal fato em amplitudes maiores, isto é, a níveis da sociedade como um todo, pois o individual e social não devem ser colocados como processos opostos, mas sim constituintes um dos outros. Dessa maneira, os níveis de violência tendem a serem maiores em sociedades que não tiveram o luto de um passado violento elaborado, já que uma compulsão a repetição será estabelecida. Por isso, não é estranho ver-se o apoio a uso da violência policial, a criminalização de movimentos sociais
ed. 1, Psicologia
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Verdade ?
e outros fatos em que a população brasileira apoia o uso da violência como forma de coerção. Repetimos uma violência por não termos um passado elaborado. Devemos lembrar também, qual é o papel da nossa política de anistia no esquecimento do período militar. É fato que a anistia no Brasil teve um papel fundamental ao permitir o retorno de exilados, estabelecendo o perdão para crimes políticos, porém, essa inciativa adveio do próprio regime militar. Assim, se observarmos bem em nenhum momento quer-se esclarecer ou fazer justiça àquelas vitimas da ditadura militar, mas sim esquecer com o perdão político aquilo que se passou. Ao analisar questões como essas, é impossível que se queira esquecer o passado. Não devemos deixar tudo isso repetir-se novamente por não nos lembrarmos do que aconteceu realmente. Não podemos cair em uma compulsão a repetição que nos leve a aprovar a violência. É inaceitável que se defenda o julgamento dos guerrilheiros da ditadura, pois seriam castiga-los duas vezes, uma naqueles tempos de tortura e outra atualmente. Os “gritos” dados por essa parte da politica brasileira (ideologias de direita) advêm muito mais de uma vergonha, vergonha esta resultante de um gozar proibido sobre corpos indefesos,
como bem lembra a psicanalista Maria Ritha Kehl. E esta ainda diz, em concordância com o que já foi desenvolvido acima, que o infringir de tabus como o não matarás feito de forma encoberta estabelece um “pacto” de conivência com a violência. Dessa maneira, nossa resposta deve ser sim, precisamos ser a favor da comissão da verdade para mostrar os verdadeiros acontecimentos do período da ditadura militar brasileira. LUCIENNE A. MACHADO, graduando em Psicologia UFG
J
U
a orn b
ma jovem de vinte e um anos consegue uma vaga no curso de jornalismo em 2009. Felicidade era o sentimento, principalmente quando pensava na mudança de cidade e consequentemente de vida. Quando se falava das incompatibilidades que surgem naturalmente pelos quatro anos afora de curso, ela nem por um minuto tremeu. Forte e segura acreditou, e acredita até hoje ou não, que fez a escolha certa apesar das lágrimas poucas, mas derramadas algumas vezes. Logo no primeiro ano um choque: a obrigatoriedade do diploma cai. Mas esse choque não foi tão grande quanto descobrir que seus colegas eram filhos, sobrinhos, afilhados, netos, aparentados e apadrinhados pelos donos de TV, radio, jornais, de presidentes de sindicatos. Enquanto o terror do mercado parecia distante, ela se ocupou sendo bolsista. Desenvolveu a habilidade de ser mula de carga de uma certa professora. Mas não se abateu tanto porque percebeu a realidade idêntica de tantos outros bolsistas. Pior foi quando publicou artigos e certo dia olhando o Lattes da certa professora viu seu artigo como se não fosse seu. Mas isso não é nada frente ao prazer de ser jornalista. Descobriu depois dos dessabores o tesão, não o sexual leitores, apesar de Freud dizer que tudo é sexual, mas aquele que motiva as pessoas a fazerem as coisas independente dos prêmios. Conheceu os projetos de extensão, quase nenhum tem alguma graça, mas esse a encantou e voltou a se ocupar, mas agora sem carregar as cargas dos outros, ou não.
ed. 1, Jornalismo
is
mo
E fez mais uma descoberta: o prazer não lhe rendia dinheiro, essencial para a vida humana no sistema capitalista. Estudar e escrever, fazer uma matéria para a Rádio Universitária sobre o que ela amava, pra que? Até porque estudante não produz conhecimento, é apenas um aluno (ser sem luz, sem conhecimento) e não adianta você amar uma coisa que não é comercial, a censura professoral já está pronto para te informar isto, mas não de forma sutil.
Rádio Universitária!
A Há vários anos com os mesmos programas, com o mesmo formato. Alguns estudantes se descobrem ali, criam uma verdadeira paixão pelo radiojornalismo. Mas antes mesmo de ir pra rádio outros estudantes criam uma enorme antipatia pelo laboratório, foi o que aconteceu com a garota. Cursando as disciplinas obrigatórias de rádiojornalismo, cheio de regras, normas, burocracia (não que isso seja exclusivo do rádio, pois não é) viu que podia ser tudo menos jornalista numa rádio.
pra que ir para lá se nem uma produção eles tem. Transmitem o sinal da TV Brasil quase 24 horas por dia. Se a rádio é fechada imagina a TV! As disciplinas que são ofertadas sobre jornalismo televisivo e produção para TV, a garota confessa, são um lixo, praticamente inúteis (ela tem medo de ofender) e além do mais e pior de tudo são excludentes, discriminatórias, preconceituosas. E quando escutou outra certa professora dizer que existia um padrão de beleza pra TV, que é branco, magro, extremamente barbeado, liso. Isso mesmo, negro, gordo, crespo, barbudo e quatro olhos não têm muito espaço e esse sim foi o maior choque para ela, se você tem alguma característica destas é necessários mudar. A garota tinha algumas, e agora? Ela deixou de ligar pras burro-cracias do jornalismo e se enveredou pela luta. Alistou-se no movimento negro, de mulheres, de sexualidade, de gênero, de sem terra, de conhecimento, de autonomia, de pessoas que se preocupam por coisas além do dinheiro. E é assim que a jornalista tenta seu diploma, remando contra a maré. Andando de costas, o que de longe é um retrocesso, pra não ver a cara dos burocratas censores.
E hoje perguntei a moça à beira do diploma, você é jornalista? Ela me respondeu:
Acho que sou. JORDANA BARBOSA
Mas um dia a TV UFG foi inaugurada! Que alegria, pensou a pobre. A empresa era mais uma baseada na indicação, mas também
39
ed. 1, Jornalismo
J
U
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ma jovem de vinte e um anos consegue uma vaga no curso de jornalismo em 2009. Felicidade era o sentimento, principalmente quando pensava na mudança de cidade e consequentemente de vida. Quando se falava das incompatibilidades que surgem naturalmente pelos quatro anos afora de curso, ela nem por um minuto tremeu. Forte e segura acreditou, e acredita até hoje ou não, que fez a escolha certa apesar das lágrimas poucas, mas derramadas algumas vezes. Logo no primeiro ano um choque: a obrigatoriedade do diploma cai. Mas esse choque não foi tão grande quanto descobrir que seus colegas eram filhos, sobrinhos, afilhados, netos, aparentados e apadrinhados pelos donos de TV, radio, jornais, de presidentes de sindicatos. Enquanto o terror do mercado parecia distante, ela se ocupou sendo bolsista. Desenvolveu a habilidade de ser mula de carga de uma certa professora. Mas não se abateu tanto porque percebeu a realidade idêntica de tantos outros bolsistas. Pior foi quando publicou artigos e certo dia olhando o Lattes da certa professora viu seu artigo como se não fosse seu. Mas isso não é nada frente ao prazer de ser jornalista. Descobriu depois dos dessabores o tesão, não o sexual leitores, apesar de Freud dizer que tudo é sexual, mas aquele que motiva as pessoas a fazerem as coisas independente dos prêmios. Conheceu os projetos de extensão, quase nenhum tem alguma graça, mas esse a encantou e voltou a se ocupar, mas agora sem carregar as cargas dos outros, ou não.
ed. 1, Jornalismo
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E fez mais uma descoberta: o prazer não lhe rendia dinheiro, essencial para a vida humana no sistema capitalista. Estudar e escrever, fazer uma matéria para a Rádio Universitária sobre o que ela amava, pra que? Até porque estudante não produz conhecimento, é apenas um aluno (ser sem luz, sem conhecimento) e não adianta você amar uma coisa que não é comercial, a censura professoral já está pronto para te informar isto, mas não de forma sutil.
Rádio Universitária!
A Há vários anos com os mesmos programas, com o mesmo formato. Alguns estudantes se descobrem ali, criam uma verdadeira paixão pelo radiojornalismo. Mas antes mesmo de ir pra rádio outros estudantes criam uma enorme antipatia pelo laboratório, foi o que aconteceu com a garota. Cursando as disciplinas obrigatórias de rádiojornalismo, cheio de regras, normas, burocracia (não que isso seja exclusivo do rádio, pois não é) viu que podia ser tudo menos jornalista numa rádio.
pra que ir para lá se nem uma produção eles tem. Transmitem o sinal da TV Brasil quase 24 horas por dia. Se a rádio é fechada imagina a TV! As disciplinas que são ofertadas sobre jornalismo televisivo e produção para TV, a garota confessa, são um lixo, praticamente inúteis (ela tem medo de ofender) e além do mais e pior de tudo são excludentes, discriminatórias, preconceituosas. E quando escutou outra certa professora dizer que existia um padrão de beleza pra TV, que é branco, magro, extremamente barbeado, liso. Isso mesmo, negro, gordo, crespo, barbudo e quatro olhos não têm muito espaço e esse sim foi o maior choque para ela, se você tem alguma característica destas é necessários mudar. A garota tinha algumas, e agora? Ela deixou de ligar pras burro-cracias do jornalismo e se enveredou pela luta. Alistou-se no movimento negro, de mulheres, de sexualidade, de gênero, de sem terra, de conhecimento, de autonomia, de pessoas que se preocupam por coisas além do dinheiro. E é assim que a jornalista tenta seu diploma, remando contra a maré. Andando de costas, o que de longe é um retrocesso, pra não ver a cara dos burocratas censores.
E hoje perguntei a moça à beira do diploma, você é jornalista? Ela me respondeu:
Acho que sou. JORDANA BARBOSA
Mas um dia a TV UFG foi inaugurada! Que alegria, pensou a pobre. A empresa era mais uma baseada na indicação, mas também
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ALDEIADigital
Aldeia Digital é um projeto de ensino, pesqui-
sa e extensão que trabalha as novas tecnologias de informação e da comunicação nas comunidades indígenas brasileiras. As atividades do projeto incluem oficinas de várias mídias, incluindo criação de blog, cinema de animação, vídeodocumentário e computação gráfica para os povos índigenas. Idealizado para ser realizado na Terra Indigena Xavante de Sangradouro, a convite das comunidades, extendemos nossas ações para outras aldeias, como a T.I. Xavante de São Marcos, T.I. Terena de cahoeirinha e Bororo em Meruri, além de propostas para trabalhar com os Rikbaktsa e Ashaninka e outros povos do cerrado. Trata-se de um projeto de Inclusão digital, já que a maioria das Escola Indígena atualmente dispõem de Laboratório de Informática com acesso a internet. O projeto utiliza a tecnologia como ferramenta para multiplos objetivos. Divulgação da cultura indigena, luta pelos direitos destes povos, compartilhar informações, no ensino na escola da aldeia e no diálogo interétnico. Os principais ações do projeto são: capacitar os povos indígenas para a utilização do computador, da internet e das novas tecnologias da informação e da comunicação; Instrumentalizar os xavantes em softwares de computação gráfica e Registrar, documentar e divulgar a cultura indigena pela internet. Do ponto de vista científico, pretendemos valorizar os conhecimentos tradicionais destes povos e diminuir a distancia entre conhecimento científico e estes saberes, estimulando a autoria, o pensamento amerindio e a livre auto-representação. Prof. RAFAEL F. COELHO Planejamento gráfico (Facomb, UFG)
ed. 1, Projetos
Corrida do Noni em São Marcos (fotos dos xavante membros do projeto) Mais info no blog da aldeia xavante Sangradouro:
http://aldeiasangradouro. blogspot.com.br
ALDEIADigital
Aldeia Digital é um projeto de ensino, pesqui-
sa e extensão que trabalha as novas tecnologias de informação e da comunicação nas comunidades indígenas brasileiras. As atividades do projeto incluem oficinas de várias mídias, incluindo criação de blog, cinema de animação, vídeodocumentário e computação gráfica para os povos índigenas. Idealizado para ser realizado na Terra Indigena Xavante de Sangradouro, a convite das comunidades, extendemos nossas ações para outras aldeias, como a T.I. Xavante de São Marcos, T.I. Terena de cahoeirinha e Bororo em Meruri, além de propostas para trabalhar com os Rikbaktsa e Ashaninka e outros povos do cerrado. Trata-se de um projeto de Inclusão digital, já que a maioria das Escola Indígena atualmente dispõem de Laboratório de Informática com acesso a internet. O projeto utiliza a tecnologia como ferramenta para multiplos objetivos. Divulgação da cultura indigena, luta pelos direitos destes povos, compartilhar informações, no ensino na escola da aldeia e no diálogo interétnico. Os principais ações do projeto são: capacitar os povos indígenas para a utilização do computador, da internet e das novas tecnologias da informação e da comunicação; Instrumentalizar os xavantes em softwares de computação gráfica e Registrar, documentar e divulgar a cultura indigena pela internet. Do ponto de vista científico, pretendemos valorizar os conhecimentos tradicionais destes povos e diminuir a distancia entre conhecimento científico e estes saberes, estimulando a autoria, o pensamento amerindio e a livre auto-representação. Prof. RAFAEL F. COELHO Planejamento gráfico (Facomb, UFG)
ed. 1, Projetos
Corrida do Noni em São Marcos (fotos dos xavante membros do projeto) Mais info no blog da aldeia xavante Sangradouro:
http://aldeiasangradouro. blogspot.com.br
Por qué Brasil no necesitó de una Revolución a la francesa Dos
grandes economistas, Daron Acemoglu, Del Instituto de Tecnología de Massachussets (MIT) y James Robinson , de la London School de Economía de Yale y catedrático en Harvard, han lanzado en su reciente libro “Por qué las Naciones fracasan”, una idea que explica muchas cosas de por qué Brasil camina por buenas aguas. En el libro, elogiado por cinco premiados con el Nobel de Economía, abordan el interesante tema de por qué algunos países van hacia delante y otros hacia atrás. Por qué unos consiguen repartir riqueza y otros sólo pobreza. Cómo ha comentado el historiador Elio Gáspari en su columna publicada semanalmente conjuntamente en todos los grandes diarios , Brasil sale bien parado en esta obra de análisis histórico y no sólo económico. Según los autores del libro que acaba de ser lanzado en los Estados Unidos, Brasil no necesitó, como los ingleses en el siglo XVII y los franceses a finales del siglo XVIII hacer una “revolución” para afianzarse como país moderno, con instituciones democráticas sólidas y para crear riqueza. Brasil estaría entre los paises que van hacia delante y no hacia atrás, que avanzan en sus conquistas y en la distribución de riquezas. ¿Y eso por qué? Muy sencillo: porque en Brasil, desde los años 70, su ascensión como país que caminaba hacia adelante no “no fue ar-
ed. 1, Internacional
quitectado por economistas de instituciones que enseñaron a sus gobernantes las mejores políticas para evitar los fallos del mercado”. Ni siquiera fue conseguida “con inyecciones de ayuda externa”. ¿Cómo se realizó entonces? Según Acemoglu y Robinson, ello fue resultado de “la acción de grupos de personas, que con coraje construyeron economías inclusivas “. Y explican: “En Brasil, al contrario de Inglaterra en el siglo XVII y en Francia al final del siglo XVIII, no fue una revolución la que disparó la transformación de las instituciones políticas”.El análisis no deja de ser interesante y halagüeño.
Brasil, es hoy lo que es porque fue creado con la inteligencia de personas creativas que no necesitaron del trauma de una revolución como la francesa para constituirse en un país democrático, con posibilidades para todos, aunque lógicamente ello no se consiguiera ni del día a la noche, ni sin resistencia de los llamados “coroneles”, que intentaban ser los dueños absolutos de las tierras y del poder. Lo importante es que, sin derramamiento de sangre, sin grandes traumas revolucionarios, Brasil ha conseguido ser hoy lo que es gracias, como dicen los dos economistas, a personajes
42
Juan Arias Jornalista espanhol, corresponsal do El País no Brasil há 12 anos. Os livros do autor tratam figuras da Cultura e temas religiosos.
iluminados que van desde el exprresidente socialdemócrata y sociólogo, Fernando Henrique Cardoso, al exsindicalista, Lula da Silva y a la actual Presidenta,Dilma Rousseff, convertida sincera a los valores de la democracia y de la socialdemocracia, después de haber luchado a sus 20 años en grupos armados para imponer en Brasil la utopía de una dictadura del proletariado al estilo de las de Rusia o de Cuba. Hoy Dilma es una seguidora fiel de los principios de“inclusión” introducidos por su tutor Lula que llevó sin revoluciones, a la clase media al gran mundo de la pobreza, y admiradora de los cambios estructurales que, anteriormente a Lula, había realizado su antecesor Fernando Henrique Cardoso con el Plan Real que acabó con la inflación que devoraba la economía de los más pobres. Desde Cardoso en los años 80, o como prefieren los economistas americanos ya desde los años 70, Brasil ha ido consolidando sus
instituciones democráticas, ajena a aventuras autoritarias o populistas al borde de las revoluciones de otros países incluso de América Latina. Y es ello lo que ha hecho que los grandes empresarios extranjeros se vuelquen en Brasil, convencidos como están de su gran estabilidad institucional y económica. No acaso hoy Brasil, es seguramente, entre los países emergentes, el que ofrece mayores garantías de estabilidad democrática, más que Rusia, China o la misma India. Los que tantas veces tenemos la obligación de informar sobre las lacras políticas y sociales que aún afligen al país de las oportunidades, no podemos dejar de satisfacernos cuando desde fuera del país, llegan estos análisis que dignifican a Brasil y lo alientan a seguir por el camino de las reformas democráticas y de la inclusión social, sin peligros de aventuras revolucionarias. + INFO blogs.elpais.com/vientos-de-brasil
Por qué Brasil no necesitó de una Revolución a la francesa Dos
grandes economistas, Daron Acemoglu, Del Instituto de Tecnología de Massachussets (MIT) y James Robinson , de la London School de Economía de Yale y catedrático en Harvard, han lanzado en su reciente libro “Por qué las Naciones fracasan”, una idea que explica muchas cosas de por qué Brasil camina por buenas aguas. En el libro, elogiado por cinco premiados con el Nobel de Economía, abordan el interesante tema de por qué algunos países van hacia delante y otros hacia atrás. Por qué unos consiguen repartir riqueza y otros sólo pobreza. Cómo ha comentado el historiador Elio Gáspari en su columna publicada semanalmente conjuntamente en todos los grandes diarios , Brasil sale bien parado en esta obra de análisis histórico y no sólo económico. Según los autores del libro que acaba de ser lanzado en los Estados Unidos, Brasil no necesitó, como los ingleses en el siglo XVII y los franceses a finales del siglo XVIII hacer una “revolución” para afianzarse como país moderno, con instituciones democráticas sólidas y para crear riqueza. Brasil estaría entre los paises que van hacia delante y no hacia atrás, que avanzan en sus conquistas y en la distribución de riquezas. ¿Y eso por qué? Muy sencillo: porque en Brasil, desde los años 70, su ascensión como país que caminaba hacia adelante no “no fue ar-
ed. 1, Internacional
quitectado por economistas de instituciones que enseñaron a sus gobernantes las mejores políticas para evitar los fallos del mercado”. Ni siquiera fue conseguida “con inyecciones de ayuda externa”. ¿Cómo se realizó entonces? Según Acemoglu y Robinson, ello fue resultado de “la acción de grupos de personas, que con coraje construyeron economías inclusivas “. Y explican: “En Brasil, al contrario de Inglaterra en el siglo XVII y en Francia al final del siglo XVIII, no fue una revolución la que disparó la transformación de las instituciones políticas”.El análisis no deja de ser interesante y halagüeño.
Brasil, es hoy lo que es porque fue creado con la inteligencia de personas creativas que no necesitaron del trauma de una revolución como la francesa para constituirse en un país democrático, con posibilidades para todos, aunque lógicamente ello no se consiguiera ni del día a la noche, ni sin resistencia de los llamados “coroneles”, que intentaban ser los dueños absolutos de las tierras y del poder. Lo importante es que, sin derramamiento de sangre, sin grandes traumas revolucionarios, Brasil ha conseguido ser hoy lo que es gracias, como dicen los dos economistas, a personajes
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Juan Arias Jornalista espanhol, corresponsal do El País no Brasil há 12 anos. Os livros do autor tratam figuras da Cultura e temas religiosos.
iluminados que van desde el exprresidente socialdemócrata y sociólogo, Fernando Henrique Cardoso, al exsindicalista, Lula da Silva y a la actual Presidenta,Dilma Rousseff, convertida sincera a los valores de la democracia y de la socialdemocracia, después de haber luchado a sus 20 años en grupos armados para imponer en Brasil la utopía de una dictadura del proletariado al estilo de las de Rusia o de Cuba. Hoy Dilma es una seguidora fiel de los principios de“inclusión” introducidos por su tutor Lula que llevó sin revoluciones, a la clase media al gran mundo de la pobreza, y admiradora de los cambios estructurales que, anteriormente a Lula, había realizado su antecesor Fernando Henrique Cardoso con el Plan Real que acabó con la inflación que devoraba la economía de los más pobres. Desde Cardoso en los años 80, o como prefieren los economistas americanos ya desde los años 70, Brasil ha ido consolidando sus
instituciones democráticas, ajena a aventuras autoritarias o populistas al borde de las revoluciones de otros países incluso de América Latina. Y es ello lo que ha hecho que los grandes empresarios extranjeros se vuelquen en Brasil, convencidos como están de su gran estabilidad institucional y económica. No acaso hoy Brasil, es seguramente, entre los países emergentes, el que ofrece mayores garantías de estabilidad democrática, más que Rusia, China o la misma India. Los que tantas veces tenemos la obligación de informar sobre las lacras políticas y sociales que aún afligen al país de las oportunidades, no podemos dejar de satisfacernos cuando desde fuera del país, llegan estos análisis que dignifican a Brasil y lo alientan a seguir por el camino de las reformas democráticas y de la inclusión social, sin peligros de aventuras revolucionarias. + INFO blogs.elpais.com/vientos-de-brasil
Como a imprensa sensacionalista alimenta a CRISE na Europa N a Era da globalização, internet e uma presença aparentemente infinita dos meios de comunicação social dentro da sociedade, justamente nos últimos anos da crise financeira global, muitos problemas e a reabertura de feridas já fechadas são produzidos pela imprensa sensacionalista. Na Europa, a parte do mundo onde durante muitas décadas parecia impensável que os diferentes povos que moram lá coexistissem de uma maneira pacífica, hoje em dia essas nações que antes estavam em confronto formam uma união, na qual os membros estão pelo menos entrelaçados economicamente. Nessa união que é respeitada e tomada como modelo no mundo inteiro, os meios de comunicação social provocam mediante reportagens superficiais e populistas tanto o renascimento de medos antigos como também agressões entre os membros da União Européia a qual neste momento está começando a estar em perigo pelas razões mencionadas. Numa crise que influencia a existência econômica de milhões de pessoas é natural e compreensível que surjam conflitos entre as nações que ainda gozam de estabilidade como Alemanha e Holanda que tem que se responsabilizar pelas dívidas dos outros países, aqueles que por causa da crise enfrentam graves problemas sociais e devem ser resgatados economicamente como por
exemplo Grécia e Espanha. É totalmente humano que nessa situação apareçam sentimentos de medo nos dois lados; no entanto não é saudável como os meios de comunicação, em especial a imprensa sensacionalista em todos os países, ganham lucro desses sentimentos e até os acrescentam por meio de artigos e ilustrações provocativos (Angela Merkel aparece na imprensa grega com mais frequência com a barba de Hitler do que sem ela). Chegou o momento em que os políticos devem reconhecer e denunciar publicamente esse problema, do contrário a coesão da UE por causa da cobiça de lucro da imprensa sensacionalista ficará ainda mais frágil do que sem igual e já é o caso. TOBIAS RENGHART, Estudos Latino Americanos (Universidade Católica Eichstätt-Ingolstadt)
CATALUNYA, NOU ESTAT D´EUROPA Dois milhões de pessoas se manifestaram pela Independencia o passado 11 de setembro, Dia Nacional da Catalunha
“Per ser catalana ets prou simpàtica”, em va etzibar un noi que vaig conèixer a Madrid. I me’l vaig mirar sense saber si respondre... perquè hagués dit qualsevol bajanada. Que no hauria de ser pas simpàtica, o agradable, o, fins i tot, educada, per haver nascut i crescut a Catalunya? Són aquestes coses que em fan sortir de polleguera! Perquè per alguns espaÑols, que siguis i et sentis catalana és un sacrilegi. I s’empassen sense mastegar tot allò que els mitjans que volen una “España única y unida” els hi diuen. Doncs no, noi. Sóc i em
sento catalana; la independència és un tema diferent, cosa que d’altra banda tampoc saben separar. M’agrada i parlo el català. I podria donar una infinitat de perquès argumentats que qui té el cap tancat amb clau no voldria escoltar, doncs no podria rebatre. Així, només demano respecte. El mateix respecte que tinc jo amb les tradicions de l’altre, algunes de les quals no comparteixo. S’ha d’aprendre a conviure amb les diferències que ens envolten, perquè no vivim aïllats. Aquests intercanvis són els que ens formen i ens marquen. I quan et sents atacat, et radicalitzes. I els extrems mai han estat bons... Per això, i donat que qualsevol explicació lògica no els fa entrar en raó, els aconsello l’hakuna matata, no us angoixeu, viviu i deixeu viure, perquè si no cada vegada serem més i cridarem més fort allò de
VISCA
CATALUNYA
VISCA EL
CATALÀ!
E. LÓPEZ, Jornalismo (Universitat Autònoma de Barcelona)
Como a imprensa sensacionalista alimenta a CRISE na Europa N a Era da globalização, internet e uma presença aparentemente infinita dos meios de comunicação social dentro da sociedade, justamente nos últimos anos da crise financeira global, muitos problemas e a reabertura de feridas já fechadas são produzidos pela imprensa sensacionalista. Na Europa, a parte do mundo onde durante muitas décadas parecia impensável que os diferentes povos que moram lá coexistissem de uma maneira pacífica, hoje em dia essas nações que antes estavam em confronto formam uma união, na qual os membros estão pelo menos entrelaçados economicamente. Nessa união que é respeitada e tomada como modelo no mundo inteiro, os meios de comunicação social provocam mediante reportagens superficiais e populistas tanto o renascimento de medos antigos como também agressões entre os membros da União Européia a qual neste momento está começando a estar em perigo pelas razões mencionadas. Numa crise que influencia a existência econômica de milhões de pessoas é natural e compreensível que surjam conflitos entre as nações que ainda gozam de estabilidade como Alemanha e Holanda que tem que se responsabilizar pelas dívidas dos outros países, aqueles que por causa da crise enfrentam graves problemas sociais e devem ser resgatados economicamente como por
exemplo Grécia e Espanha. É totalmente humano que nessa situação apareçam sentimentos de medo nos dois lados; no entanto não é saudável como os meios de comunicação, em especial a imprensa sensacionalista em todos os países, ganham lucro desses sentimentos e até os acrescentam por meio de artigos e ilustrações provocativos (Angela Merkel aparece na imprensa grega com mais frequência com a barba de Hitler do que sem ela). Chegou o momento em que os políticos devem reconhecer e denunciar publicamente esse problema, do contrário a coesão da UE por causa da cobiça de lucro da imprensa sensacionalista ficará ainda mais frágil do que sem igual e já é o caso. TOBIAS RENGHART, Estudos Latino Americanos (Universidade Católica Eichstätt-Ingolstadt)
CATALUNYA, NOU ESTAT D´EUROPA Dois milhões de pessoas se manifestaram pela Independencia o passado 11 de setembro, Dia Nacional da Catalunha
“Per ser catalana ets prou simpàtica”, em va etzibar un noi que vaig conèixer a Madrid. I me’l vaig mirar sense saber si respondre... perquè hagués dit qualsevol bajanada. Que no hauria de ser pas simpàtica, o agradable, o, fins i tot, educada, per haver nascut i crescut a Catalunya? Són aquestes coses que em fan sortir de polleguera! Perquè per alguns espaÑols, que siguis i et sentis catalana és un sacrilegi. I s’empassen sense mastegar tot allò que els mitjans que volen una “España única y unida” els hi diuen. Doncs no, noi. Sóc i em
sento catalana; la independència és un tema diferent, cosa que d’altra banda tampoc saben separar. M’agrada i parlo el català. I podria donar una infinitat de perquès argumentats que qui té el cap tancat amb clau no voldria escoltar, doncs no podria rebatre. Així, només demano respecte. El mateix respecte que tinc jo amb les tradicions de l’altre, algunes de les quals no comparteixo. S’ha d’aprendre a conviure amb les diferències que ens envolten, perquè no vivim aïllats. Aquests intercanvis són els que ens formen i ens marquen. I quan et sents atacat, et radicalitzes. I els extrems mai han estat bons... Per això, i donat que qualsevol explicació lògica no els fa entrar en raó, els aconsello l’hakuna matata, no us angoixeu, viviu i deixeu viure, perquè si no cada vegada serem més i cridarem més fort allò de
VISCA
CATALUNYA
VISCA EL
CATALÀ!
E. LÓPEZ, Jornalismo (Universitat Autònoma de Barcelona)
A IDÉIA É BOA MAIS TEM ERROS DE PORTUGUÊS
CARTAS DOS E DAS LEITORES/AS
(
Nesta primeira edição ressolvemos publicar elogíos ao respeito da publicação, Manual de sobrevivência do facombiano, apreciem:
THÉO FARAH
...
Espaço dedicado para escutar aos nossos/as caros e caras leitores/as. Podem enviar as suas sugestões para o email
revistaquilombo@gmail.com
Elé é mais sentimental que eeeeeeeeeeeeeeeeuuuu... by Juarez
)
Há uma semana, no dia 13 de maio, passei o dia das mães com o meu núcleo familiar mais próximo – meu esposo, minhas filhas e filho e minha mãe. O almoço foi acompanhado por uma amiga, colega de trabalho, com seus dois filhos. Escolhemos ir para um lugar afastado da cidade, e por lá rimos, brincamos com as crianças e nos confraternizamos. Ao chegar em casa, no início da noite, como sempre faço, abri os e-mails, pois atuo em frentes que não me concedem o direito de descanso nem nos finais de semana e feriados, já que requerem atenção e respostas imediatas. Quando vi a charge apócrifa, um misto de tristeza e desesperança tomou conta do meu ser. Fiquei profunda e emocionalmente abalada ao ver uma discussão política tão ampla ser reduzida de modo tão leviano a uma vontade pessoal. E pior: ainda envolver duas instituições – pelas quais muito tenho respeito – num debate que é localizado no curso que leciono, o Curso de Jornalismo. Minha primeira reação foi emocional. Desabei. Chorei, chorei tanto que, apesar de ter me retirado para um recinto mais recluso da casa, minha filha de cinco anos de idade acabou escutando e perguntou ao meu esposo se eu não tinha gostado do presente que ela me deu no dia das mães – um desenho da mãozinha dela com uma florzinha em cima de cada dedinho, cuja foto ilustra o início desta carta. Não desejo isso a nenhuma mãe do mundo. Confesso que até hoje, mesmo racionalizando a situação, não consegui me livrar deste sentimento de “tristerança”.
...
Desejo a vocês mais sabedoria, paz e muita luz! Sei lá. Acho que eu nem fiquei tanto tempo na ! bom haHA facomb para poder opinar em alguma coisa... o t a hehehehehee mas olha só. se tem algo que ui ah i, m hahah ebrim eu tenho orgulho, é de ter sido aluno do Juarez a i G A ha Maia. Galera, na boa, além de ser um “mestre”, Ha go isso mesmo, daqueles mestres de filme japonês, que Tia ensinam a vida pra gente, é um amigo das horas difíceis. Juarez é um daqueles caras que a gente tem que valorizar, pq aguenta o rojão. e tudo o que ele me falou até hj eu acatei de cabeça baixa, pq eu sou um bosta perto da experiência desse cara. Amigo que eu vou levar pra vida inteira é o mestre Juarez Maia!
Sim! Eu sou de luta, e na luta eu me construo, me refaço e fortaleço a cada dia! Para a História, a verdade é uma palavra complicada, mas ao menos uma pode ser afirmada: a de que ela, a História, é senhora de todos os processos. Nada como um processo histórico para desfazer injustiças, revelar os fatos, desvelar os sentidos e colocar as pessoas nos seus devidos lugares. Paz e Luz!
estudar que é bom, ninguém quer não. CRESÇAM! agradecida! passar bem. Taynara Borges
Cordialmente,
Goiânia, 20 de maio de 2012.
Prezados, Parem de encher a porra da minha caixa de entrada do meu e-mail acadêmico, que eu tento manter organizada e voltada apenas para coisas importantes, com esses arranca rabos de merda. Segue em anexo um presentinho para acalmar o coração de vocês. Att
Acho lamentável ver um bando de ALUNOS desqualiDOUGLAS BRANQUINHO ficando MESTRES e DOUTORES da Comunicação. Acho isso ridículo! Em toda minha vida aprendi que devemos ter respeito pelas pessoas que nos ensinam, pois isso é o MÍNIMO de gratidão que devemos à elas. Não estou dizendo de puxar saco ou nada do tipo, mas sim, apenas RESPEITO. Isso é o mínimo que qualquer ALUNO deve ter à um professor.
THIAGO LOBOS
Meu Deus, isso que dá jornalismo com 7 por vaga. É cada idiota que entra na Facomb. Criticar o Juarez e a Rosana é um absurdo. ADRIANO MUHA
Cara, na boa... Aprendam a usar CCO e, por favor, aprendam a montar uma mailing list com o target correto. A iniciativa é boa, mas o amadorismo de vocês é foda. Boa noite! LORENA DANA
Anônimo Pq esse e-mail imbecil seu não tá enchendo a “porra da caixa de entrada” de ninguém, né. Camilla Rocha
A IDÉIA É BOA MAIS TEM ERROS DE PORTUGUÊS
CARTAS DOS E DAS LEITORES/AS
(
Nesta primeira edição ressolvemos publicar elogíos ao respeito da publicação, Manual de sobrevivência do facombiano, apreciem:
THÉO FARAH
...
Espaço dedicado para escutar aos nossos/as caros e caras leitores/as. Podem enviar as suas sugestões para o email
revistaquilombo@gmail.com
Elé é mais sentimental que eeeeeeeeeeeeeeeeuuuu... by Juarez
)
Há uma semana, no dia 13 de maio, passei o dia das mães com o meu núcleo familiar mais próximo – meu esposo, minhas filhas e filho e minha mãe. O almoço foi acompanhado por uma amiga, colega de trabalho, com seus dois filhos. Escolhemos ir para um lugar afastado da cidade, e por lá rimos, brincamos com as crianças e nos confraternizamos. Ao chegar em casa, no início da noite, como sempre faço, abri os e-mails, pois atuo em frentes que não me concedem o direito de descanso nem nos finais de semana e feriados, já que requerem atenção e respostas imediatas. Quando vi a charge apócrifa, um misto de tristeza e desesperança tomou conta do meu ser. Fiquei profunda e emocionalmente abalada ao ver uma discussão política tão ampla ser reduzida de modo tão leviano a uma vontade pessoal. E pior: ainda envolver duas instituições – pelas quais muito tenho respeito – num debate que é localizado no curso que leciono, o Curso de Jornalismo. Minha primeira reação foi emocional. Desabei. Chorei, chorei tanto que, apesar de ter me retirado para um recinto mais recluso da casa, minha filha de cinco anos de idade acabou escutando e perguntou ao meu esposo se eu não tinha gostado do presente que ela me deu no dia das mães – um desenho da mãozinha dela com uma florzinha em cima de cada dedinho, cuja foto ilustra o início desta carta. Não desejo isso a nenhuma mãe do mundo. Confesso que até hoje, mesmo racionalizando a situação, não consegui me livrar deste sentimento de “tristerança”.
...
Desejo a vocês mais sabedoria, paz e muita luz! Sei lá. Acho que eu nem fiquei tanto tempo na ! bom haHA facomb para poder opinar em alguma coisa... o t a hehehehehee mas olha só. se tem algo que ui ah i, m hahah ebrim eu tenho orgulho, é de ter sido aluno do Juarez a i G A ha Maia. Galera, na boa, além de ser um “mestre”, Ha go isso mesmo, daqueles mestres de filme japonês, que Tia ensinam a vida pra gente, é um amigo das horas difíceis. Juarez é um daqueles caras que a gente tem que valorizar, pq aguenta o rojão. e tudo o que ele me falou até hj eu acatei de cabeça baixa, pq eu sou um bosta perto da experiência desse cara. Amigo que eu vou levar pra vida inteira é o mestre Juarez Maia!
Sim! Eu sou de luta, e na luta eu me construo, me refaço e fortaleço a cada dia! Para a História, a verdade é uma palavra complicada, mas ao menos uma pode ser afirmada: a de que ela, a História, é senhora de todos os processos. Nada como um processo histórico para desfazer injustiças, revelar os fatos, desvelar os sentidos e colocar as pessoas nos seus devidos lugares. Paz e Luz!
estudar que é bom, ninguém quer não. CRESÇAM! agradecida! passar bem. Taynara Borges
Cordialmente,
Goiânia, 20 de maio de 2012.
Prezados, Parem de encher a porra da minha caixa de entrada do meu e-mail acadêmico, que eu tento manter organizada e voltada apenas para coisas importantes, com esses arranca rabos de merda. Segue em anexo um presentinho para acalmar o coração de vocês. Att
Acho lamentável ver um bando de ALUNOS desqualiDOUGLAS BRANQUINHO ficando MESTRES e DOUTORES da Comunicação. Acho isso ridículo! Em toda minha vida aprendi que devemos ter respeito pelas pessoas que nos ensinam, pois isso é o MÍNIMO de gratidão que devemos à elas. Não estou dizendo de puxar saco ou nada do tipo, mas sim, apenas RESPEITO. Isso é o mínimo que qualquer ALUNO deve ter à um professor.
THIAGO LOBOS
Meu Deus, isso que dá jornalismo com 7 por vaga. É cada idiota que entra na Facomb. Criticar o Juarez e a Rosana é um absurdo. ADRIANO MUHA
Cara, na boa... Aprendam a usar CCO e, por favor, aprendam a montar uma mailing list com o target correto. A iniciativa é boa, mas o amadorismo de vocês é foda. Boa noite! LORENA DANA
Anônimo Pq esse e-mail imbecil seu não tá enchendo a “porra da caixa de entrada” de ninguém, né. Camilla Rocha
Mais
louco que o Batman