Gestão do Patrimônio

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PÚBLICO E LOGÍSTICA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA E M GESTÃO PÚBL I CA

| GESTÃO DO PATRIMÔNIO


SUMÁRIO

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AULA 1 Ética na Gestão do Patrimônio........................................132 AULA 2 Ética nas negociações......................................................137 AULA 3 Introdução à Administração Patrimonial........................141 AULA 4 Gestão de Compras de Materiais na área Pública...........146 AULA 5 Previsão da Demanda......................................................150 AULA 6 Previsões de compras......................................................154 AULA 7 Técnicas de previsão.......................................................159 AULA 8 Erros de Previsão.............................................................165 AULA 9 Inventários.......................................................................167 AULA 10 Estoques..........................................................................170 AULA 11 Estoques na área Pública.................................................172 AULA 12 Dinâmica de Estoques.....................................................176 AULA 13 Rotatividade ou giro dos estoques..................................179 AULA 14 Curva ABC........................................................................182 AULA 15 Lote Econômico de Compras...........................................186 AULA 16 O que é a Logística...........................................................192 AULA 17 O Renascimento da Logística...........................................194 AULA 18 A Competência Logística e o Trabalho da Logística.........197 AULA 19 Objetivos Operacionais...................................................200 AULA 20 A incerteza na Logística...................................................202 AULA 21 Níveis de Serviço . ...........................................................204 AULA 22 Gerenciamento de Transportes.......................................207 AULA 23 Gerenciamento de Depósitos..........................................209 AULA 24 Movimentação, Manuseio de materiais e Embalagens...214


Espero que o resultado seja satisfatório na avaliação de cada um de vocês.

Apresentação

O processo de aprendizagem é uma ação intrapessoal que cabe - única e exclusivamente - a cada um de nós a responsabilidade de aproveitar os momentos de construção e reflexão. A proposta deste Curso foi cuidadosamente estruturada dentro de uma visão emergente, em que procurei selecionar temas adequados ao moderno contexto das organizações públicas, com dados atualizados e figuras apropriadas para a elaboração do material a ser trabalhado na área de gestão do Patrimônio Público e Logístico. É importante observar, no entanto, que os textos são introdutórios, se considerarmos o universo de assuntos pertinentes a cada tema abordado. Assim, a complementação deve ser meta de cada estudante, pois a construção e ampliação do conhecimento precisa ser um objetivo incessantemente perseguido.

Sucesso a todos! Atenciosamente, Me. Engº. Mauro José Kummer

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Caros Alunos



MAURO JOSÉ KUMMER - Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Especialista em Administração Industrial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor-tutor do Núcleo de Educação a Distância (NEAD) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Gestão pela Qualidade aplicada à Educação pela UNESCO órgão das Nações tados Americanos (OEA). Graduado em Engenharia Industrial Elétrica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professor de Produção e Logística do curso de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenador Pedagógico e Professor do curso de Graduação em Administração a Distância da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em convênio com

Nota sobre o autor

Unidas (ONU) em convênio com a Organização dos Es-

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Logística das Faculdades Integradas do Brasil (UNIBRASIL), Coordenador adjunto do curso de Administração das Faculdades Integradas do Brasil (UNIBRASIL). Diretor Presidente da Contínua Consultoria Organizacional e Educacional.

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a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor de


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IMPORTANTE...

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O objeto central deste curso é o seu aprendizado, caro aluno. Aprender exige esforço e comprometimento. Aprender a distância além dos dois pontos anteriormente citados exige uma enorme dose de disciplina. Lembre que você está separado de seu professor e tutor por dois fatores: espaço e tempo. Mas, felizmente, existem ferramentas para favorecer a comunicação, use-as. Não deixe a matéria acumular. O curso está estruturado em módulos. Cada módulo contém uma parte de teoria conforme a ementa. Os pontos em destaque no texto servem para você como uma pausa para reflexão. Reflita sobre o seu entendimento e se estiver seguro do que aprendeu, prossiga. É aconselhável que você mantenha um registro de seu aprendizado, o seu diário de bordo. Ao longo do curso você encontrará exercícios individuais e cooperativos. Não se limite ao aqui apresentado, procure expandir o conhecimento consultando outras fontes. O módulo I está focado na gestão do Patrimônio, na importância para as organizações públicas e nas informações necessárias para a compreensão das ações estratégicas dentro do sistema de administração pública. O módulo II trata do trabalho Logísitico e sua relação na organização. A questão da dependência da Logística em relação as políticas públicas e as consequências disto. Bons estudos e tenham bom proveito na vida pessoal e profissional.

Ética na Gestão do Patrimônio Apresentação. Nesta aula, você terá contato com os aspectos éticos que envolvem e perpassam tanto a ação do profissional de Gestão do Patrimônio quanto a evolução do pensamento ético sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber analisar a ação do profissional de Gestão do Patrimônio sob um enfoque ético, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Antes de entramos na parte técnica do assunto de Gestão de Patrimônio Público e Logística é preciso estudar a questão da gestão de Patrimônio sob um viés de ética e de moral. A gestão de materiais e bens patrimoniais necessariamente passa pela compra, gestão e destinação de produtos que envolvem grandes quantias de recursos públicos. Assim, vamos inicialmente conceituar alguns termos para evitar má interpretação de nossa explicação. O ponto de partida é que existe certa confusão entre o que vem a ser moral e o que vem a ser ética. Vamos a definições: Moral: Em primeiro lugar você poderá pesquisar e comprovar que existem diversas definições para o termo, uma delas, segundo o Moderno Dicionário da Língua Portuguesa é: “Parte da filosofia que trata dos atos humanos, dos bons costumes e deveres do homem em sociedade e perante os de sua classe” (MICHAELIS, 1998). Ética: Da mesma forma que para moral existem diversas definições para ética. Novamente do dicionário vamos buscar “Parte da filosofia que estuda os valores morais e princípios ideais de conduta humana” (MICHAELIS, 1998). Tente ver a questão como moral estando fora do homem; e ética, dentro. Cada um de nós sabe exatamante o que é certo e o que é errado, mas quando estamos em grupo isto pode não ser tão fácil de perceber. Se algo está dentro de nós, portanto é ética. Outra forma de ver a questão é aceitar a ética como o julgamento da moral. Já vimos que a moral é do grupo, dos outros. Um desejo natural é o indivíduo querer fazer parte da moral de um grupo, ou seja, moral é um conjunto de atos e pensamentos praticados e aceitos por determinado grupo de pessoas, portanto existem diversas morais, e a ética é apenas nossa, portanto é única.


Bom, então por que se estuda ética em administração de materiais? Esta é uma resposta simples e ao mesmo tempo complexa. Uma delas é porque os profissionais de compras trabalham com a saída de dinheiro das instituições e por esta razão são alvo de pessoas inescrupulosas, que querem amealhar parte do dinheiro público de forma ilícita. E a outra é mais transcendental, justifica-se pela nossa imperfeição como criatura e a contínua busca por sermos melhores. Veja os recentes escândalos de mensalão e mensalinhos. Estas pessoas buscam por fontes de receita indevidas pelo famoso caixa dois.

Pesquise sobre os recentes escândalos políticos. Quem são os envolvidos? Corruptos e corruptores? Você aprendeu que o desvio do dinheiro das instituições públicas ocorre de duas formas: ora por intermédio de pagamentos efetuados; ora pela entrada do dinheiro em forma de arrecadação. Outro ponto a ser considerado é quando funcionários públicos inescrupulosos criam dificuldades operacionais aos beneficiários (clientes) ou aos fornecedores e exigem benesses em contrapartida. Esta é a chamada disfunção maxweberiana (Max Weber) da burocracia.

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A legislação pública se vale de dispositivos para punir funcionários que agem de má fé contra a gestão dos recursos públicos. Código de ética em compras: É justificável que as organizações desenvolvam um código de ética interno no intuito de estabelecer um conjunto de procedimentos a serem observados e seguidos pelos compradores e vendedores, e que leve em consideração, entre outros, os seguintes temas: (i) Integridade pessoal dentro e fora da empresa; (ii) Competência pessoal; (iii) Cumprimento das legislações que afetam os negócios; (iv) Conflito de interesses; (v) Manifestações de hospitalidade e presentes; (iv) Confidencialidade de informações empresariais; (vii) Comportamento nas negociações; (viii) Sustentatbilidade e (ix) Responsabilidade social.

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Uma outra maneira de se distinguir entre moral e ética é que a ética é o julgamento da moral

PARA REFLETIR:

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Pesquise o que vem a ser superfaturamento e subfaturamento. Pesquise as chamadas disfunções da burocracia apontadas por Max Weber em, MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru – Introdução à Administração.

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Ética, aética e antiética: o que significam? Ética você já viu acima. Aética é uma palavra formada pelo sufixo “a” e a palavra ética. O “a” significa a não existência de ética para determinada situação, é como se o campo do conhecimento ainda não tivesse sido suficientemente estudado e discutido e portanto não existe uma opinião formada sobre isto. Antiética é uma palavra formada pelo sufixo “anti” e a palavra ética. Neste caso “anti” significa a negação de algo, ou seja, a negação da ética. É assim que se descreve um comportamento contrário ao que a ética afirma ser o certo.


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As organizações devem criar seus códigos de ética tanto para a área de compras quanto para a área de vendas Reflita sobre o enunciado abaixo! Que relação deve ter um profissional da Administração entre o “ser” e o “ter”?

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Pesquise sobre o código de ética do Conselho Brasileiro dos Executivos de Compras, em http://www.cbec.org.br/, e analise a sua aplicação na organização em que trabalha.

Não basta ser ético e honesto, é essencial parecer como tal Conflito de interesses: É desejável que o funcionário tenha em sua pasta funcional uma declaração assinada por ele tomando ciência das consequências de atos e atividades que não devem ser desenvolvidas durante o exercício da função, sob pena de exoneração (demissão por justa causa). Por exemplo, um comprador de órgão público não pode ser sócio de empresa privada que pretenda vender produtos e serviços ao governo. Cabe ao negociador perceber que seus interesses pessoais poderão conflitar, ou que possam ser vistos como passíveis de afetar sua imparcialidade no decorrer da atividade negocial. Ele deve informar a gerência para que julgue sobre o eventual conflito de interesses. O comprador não pode ter conflitos de interesse com a organização

134 Manifestações de hospitalidade e presentes: Fornecedores podem usar, com frequência, de técnicas para agradar seus clientes. Isto pode ser feito de diversas maneiras. Um simples “brinde” como uma caneta, uma agenda, ou mesmo uma refeição ou ainda viagens com hospedagens e diárias pagas. Por isso as organizações devem explicitar ao funcionário público o que lhe é permitido e o que não é permitido fazer. Discuta com seus colegas sobre o porquê da percepção das pessoas sobre o valor que uma pessoa atribui a um presente ser totalmente diferente do percebido por outra pessoa. Caso ainda pior são as empresas que proíbem seus compradores de receberem presentes, mas no entanto, elas possuem - em suas áreas de venda – as elásticas verbas para presentear clientes ou futuros clientes. Ou seja, a mesma ética aplicada em compras deve também ser seguida em vendas (ou entrega dos produtos e serviços) Nas manifestações de hospitalidade como convite


Informações da organização pública: Por sua atuação profissional, o comprador participa dos processos de discussão internos, e toma conhecimento de dados de sua organização e, alguns, particularmente de grande necessidade de sigilo Nas relacões e contratações com os fornecedores, o comprador deve ater-se ao estrito limite do uso das informações relativas aos produtos e serviços, objetos da negociação e, caso seja necessário o fornecimento de informações consideradas sigilosas aos fornecedores, deve obter dos mesmos, por escrito, mediante contrato de confidencialidade, declaração ou declarações de manutenção do sigilo sobre as mesmas. A organização e o fornecedor devem estabelecer contratos de confidencialidade de informações para evitar transtornos e possíveis processos jurídicos Os compradores devem deixar claro em seus contratos com fornecedores que estes não poderão utilizar em suas peças promocionais - salvo autorização escrita e expressa - o nome ou marcas da empresa contratante. Informações dos fornecedores: O comprador toma conhecimento sobre preços, capacidades, condições comerciais, aspectos societários e cadastrais, etc. Tais informações devem ser utilizadas exclusivamente para o processo negocial com seu fornecedor, não devendo nunca ser divulgadas para terceiras partes, não importando se para

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O profissional da Administração deve manter o sigilo das informações que lhe são confiadas

ANOTAÇÕES

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para “almoço de negócio”, a boa prática é que o comprador pague suas despesas normalmente, não permitindo que o fornecedor as pague sozinho. Em caso de eventos como feiras, simpósios, congressos e atividades similares proporcionadas pelos fornecedores, e que normalmente são realizadas para lançamento de produtos, a frequência, dimensão e facilidades colocadas ao convidado não devem ser excessivas e nem exercer impacto na cooptação do comprador pelo excesso de “bondades”. Confidencialidade de informações empresariais: Este tema pode ser visto sob dois ângulos diferentes: 1) relativo às informações internas da organização pública e 2) relativo a dos fornecedores com os quais desenvolve os contatos comerciais.


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obter vantagens em negociações com terceiros ou não. Um cuidado especial ocorre nos processos licitatórios nos quais são abertas as propostas comerciais dos diversos pretensos fornecedores de produtos e serviços. Neste momento, é permitida a apresentação de recursos da parte de fornecedores, contra determinado concorrente, por entender haver prejuízo na disputa. RESUMO. Você tomou conhecimento sobre a importância da ética na gestão de patrimônio e sua abrangência quanto ao comportamento e atitude do funcionário público. A criação e uso de códigos de ética em compras nas organizações. O cuidado com o uso de informações. E teve oportunidade de conectar estes conhecimentos com os processos licitatórios. Uma vez assegurado disto prossiga com seus estudos.

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Ética nas negociações

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Apresentação da aula. Aqui o aluno terá contato não só com os aspectos éticos que envolvem e perpassam a ação do profissional de compras públicas, mas também com a evolução do pensamento ético sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao final da aula, o aluno deverá saber analisar a ação do profissional de compras sob um enfoque ético, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Como vocês já puderam verificar, na aula anterior, é mais do que justificado o estudo da ética na gestão do patrimônio (administração de materiais). Como a área de materiais é bastante ampla, vamos aprofundar um pouco mais a questão e explorar o comportamento ético nas negociações. Existem vários aspectos a serem observados, e que devem ser respeitados durante uma negociação. Os fornecedores concorrentes poderão usar de todos os tipos de instrumentos e informações para tentar alcançar os melhores resultados em uma negociação. A lei 8666 é um claro exemplo do cuidado desta questão. Do lado do comprador o mesmo pode mentir sobre volumes de necessidades para com isso obter preços menores. Esta é uma atitude desonesta para com seu fornecedor. Ele estará se baseando em uma possível promessa de compra que no futuro não se realizará e então, deixará de confiar em suas colocações. Outro cuidado é o de não deixar de mencionar aspectos de projeto ou de aplicação dos produtos e serviços, desconhecidos pelo fornecedor, que no futuro impactarão os custos adicionais ou em nível de serviço adicional de parte do fornecedor. É adiar futuros conflitos pela não informação de fato relevante. A omissão deliberada, também é atentar contra a ética. Outro aspecto importante é observar a boa prática de só negociar com o ganhador de uma concorrência. Negociar com segundos ou terceiros colocados é atitude que depõe contra a imagem do comprador e da empresa, gerando sempre desconfiança por parte dos fornecedores pela falta de respeito com suas propostas.

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR Estude a lei do pregão e do pregão eletrônico e reflita sobre esta questão. Este tipo de comportamento reforça o perfil negativo de aproveitamento por parte do fornecedor?

As negociações de itens de consumo frequente devem ser feitas com a intenção de manter contratos por períodos o mais longo possível, procurando formar parcerias, mantendo sempre o cuidado de auditar periodicamente se as condições de fornecimento se mantêm competitivas ao longo do tempo. Tais negociações devem ser conduzidas dentro dos princípios “ganha-ganha”, assegurando-se o equilíbrio financeiro dos contratos para ambas as partes. Negociações de itens de consumo esporádico não necessitam ser realizadas dentro do princípio da futura parceria. Tais contratações devem ser realizadas buscando-se o preço mais favorável para o comprador, dentro das especificações. Neste tipo de aquisição o conceito “ganha-ganha” não se aplica ao processo de negociação. Analise a questão apontada acima nos tipos de licitações, concorrência e pregão. Isto fere algum princípio moral e ético? Por quê?

A reciprocidade nos negócios que limitar a competitividade e a própria atuação do profissional de compras deve ser evitada.

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Em sendo a reciprocidade o resultado de orientação superior, esta condição deverá ser documentada no processo de compra. Isto é possível nos processos de compra? Quais problemas podem ser gerados por esta ação?

PARA REFLETIR Como você relaciona o texto acima com a questão da proibição de fracionamento em licitações?

Os profissionais de compras estão em permanente contato com fornecedores, que por meio de visitas ou de reuniões de negociação, se mantêm atualizados com o mercado.


Os contatos deverão ser realizados sempre com a participação mínima de dois funcionários da organização.

ANOTAÇÕES

Qual a opinião de seu colega sobre isto? Pergunte

A meta é utilizar (consumir) com mais segurança e menos impacto! O profissional de compras deve estar atento para que seus fornecedores tenham processos produtivos que: • Reduzam a intensidade de uso de materiais; • Reduzam a intensidade de uso de energias; • Reduzam a dispersão de substâncias tóxicas; • Aumentem a reciclabilidade e reusabilidade dos componentes e mesmo dos produtos finais; • Otimizem o uso de materiais não renováveis; • Prolonguem o ciclo de vida dos produtos; • Aumentem a intensidade de serviços prestados pelo produto. O pregão contribui para estes processos? Que tipo de licitação é mais conveniente sob este ponto de vista?

Responsabilidade social: Na atividade de compras, o comprador tem grande influência em fazer com que seus fornecedores adotem posturas de responsabilidade social importantes. Ao elaborar contratos de fornecimento, o comprador deve deixar claro que não será tolerado: • Que os fornecedores contratem funcionários abaixo dos limites de idade ou sujeitos a trabalhos inadequados a idade deles estabelecidos pela legislação do país.

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Sustentabilidade: As atitudes em relação ao meio ambiente estão transformando a relação tanto entre as pessoas quanto entre as organizações. Nos processos de compras deve-se considerar como problema ético uma preocupação com os aspectos que envolvem as atitudes da organização em relação ao meio ambiente.

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agora!


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• Que os fornecedores mantenham os funcionários em situações de baixo nível de segurança, higiene ou em condições de restrição de liberdade. • Que os fornecedores pratiquem discriminação na contratação do pessoal, como de sexo, raça, religião, opção sexual, idade, convicção filosófica, estado civil, deficiências físicas, etc Os critérios de compras devem ser compatibilizados e de conhecimento de todos os funcionários da organização. O problema ético de compras não se restringe aos compradores, mas também ao pessoal da área técnica que normalmente elabora as especificações sobre o bem (ou recurso) a ser comprado. É normal encontrarmos especificações tão detalhadas, e muitas vezes mandatórias, que praticamente restringem o fornecedor a uma única empresa. É ISTO ETICAMENTE CORRETO?

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Em processos licitatórios, tal ato é chamado de licitação dirigida ou viciada, e é fiscalizada pelos Tribunais de Contas. E o comprador, nesse caso, o que pode fazer? Cabe à gerência e à alta direção da organização ficarem atentas a todos esses aspectos, questionando sempre a validade das especificações e as suas justificativas, e em se comprovando tais práticas suspender a licitação e emitir novo edital. RESUMO: Nesta aula, você teve oportunidade de aprofundar a questão da aplicação da ética, agora mais voltada à aplicação da negociação. Percebeu a importância do comportamento ético na questão da reciprocidade com os fornecedores. Teve oportunidade de compreender que o papel dos funcionários que trabalham nos processos de compras é ativo, que as compras devem levar em consideração os aspectos da sustentabilidade e a responsabilidade social.


Introdução à Administração Patrimonial

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Apresentação da aula. Nesta aula, o aluno terá contato com os aspectos que fundamentam a ação do profissional de Gestão do Patrimônio, e conhecerá a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos esta aula, o aluno deverá conhecer a fundamentação teórica aplicada ao profissional de Gestão do Patrimônio, o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Nas organizações, independente de serem produtoras de bens ou serviços, justifica-se a necessidade de administrar o patrimônio, pois uma instalação física ou um equipamento instalado, ou mesmo a matéria prima para produção de produtos e serviços precisa (independente do tamanho ou da finalidade) atingir resultados compatíveis com o seu projeto ou intenção. Bens Patrimoniais são recursos das organizações. Veja abaixo a figura que representa os diversos tipos de recursos encontrados nas organizações. Recursos Patrimoniais

Capital

Humanos

Tecnológicos I nst i t uto Fe de ral Pa raná

Materiais

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Tipos de Recursos – Adaptado de Martins e Alt (2006)

Como este é um curso de Gestão do Patrimônio e Logística não vamos aprofundar o assunto sobre recursos de capital, recursos humanos e recursos tecnológicos. Muito embora estes itens sejam importantes e estejam interligados, são tópicos para serem estudos em outras áreas do conhecimento como economia, finanças, engenharia e recursos humanos. Instalações, equipamentos e matérias primas são fatores de produção que devem contribuir para o resultado operacional da organização, para a manuntenção, para potencializar as futuras ações. Como foi enfatizado, a produção de bens e serviços é obtida por meio de instalações, máquinas, materiais e pessoas. Esses fatores se desgastam com o uso e necessitam de manutenção sistemática para

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR O que são ativos? Pesquise em IUDICIBUS, Sérgio de, MARTINS, Eliseu e GELBCKE, Ernesto Rubens. O Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. 5 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2000).

que continuem exercendo suas tarefas e cumprindo seus objetivos. O patrimônio da organização é constituído pela diferença entre o ativo e o passivo. Assim gerir o patrimônio é gerir tanto o seu ativo quanto o passivo. A gestão de passivos é interesse de outras áreas do conhecimento como economia e finanças. Voltemos então à questão dos ativos. Ativos são divididos em: (i) imobilizado, (ii) realizável em longo prazo, (iii) realizável em curto prazo e (iv) disponível. Os edifícios, instalações, equipamentos e veículos são incluídos nos ativos imobilizados, ao passo que os estoques (matérias-primas) fazem parte dos ativos realizáveis Normalmente uma unidade organizacional administra o conjunto de ativos fixos e imobilizados. Sua função é controlar, registrar e codificar os bens considerados imobilizados. O controle é feito por meio de registro individual que pode ser um arquivo computadorizado onde se registram, entre outras coisas, a data de aquisição do bem, o código (colocação de chapas de identificação em bens móveis), o valor inicial, centro de custo. A contabilidade pública é diferente da contabilidade não pública principalmente quanto a geração de lucro.

142 Um exemplo de codificação dos ativos é dado pela sequência XX.XX.XX.XXX em que cada grupo de dígitos representa, na ordem, (i) o item no plano de contas – ativo imobilizado, (ii) o grupo do bem, (iii) o sub-grupo do bem e o (iv) número sequencial. O ato de registrar e identificar um bem é chamado de tombamento. A operação contrária, ou seja, a partir do momento que o bem não tem mais utilidade, é feita a baixa do bem ou baixa patrimonial. Esta operação deve ser feita com cuidado, pois é passivel de desvio de atitude e portanto motivo de investigação dos órgãos competentes. Administrar a manutenção de ativos imobilizados é também atribuição dos profissionais de gestão do patrimônio. Uma vez projetada, comprada e implantada uma instalação, toda atenção deve ser voltada para a sua operação e manutenção. Com a utilização de equipamentos mais sofisticados e caros, a atenção com a manutenção deve ser redobrada, exigindo pessoal altamente especializado e treinado. Para a implantação do “zero quebra” as organizações


têm estabelecido programas específicos para a melhora da operacionalidade e confiabilidade como a chamada manutenção produtiva total – MPT (Total productive maintenance – TPM)

ANOTAÇÕES

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Nas políticas de manutenção existem três formas distintas de se atuar na manutenção patrimonial. A chamada (i) manutenção reativa ou corretiva que atua apenas quando ocorre a falha. A (ii) manutenção preventiva ou periódica é aquela baseada em reparos e paradas em função do intervalo médio de falhas. E a (iii) manutenção preditiva ou monitorada, na qual uma série de sensores acompanha o desempenho do equipamento de tal forma que é possível antever as possíveis falhas. Este é um tipo bastante caro de manutenção. Na gestão das instalações prediais, os prédios das organizações representam uma fonte constante de preocupação para o administrador no que tange à sua manutenção e segurança. Nos prédios administrativos a preocupação é com a manutenção elétrica, mecânica e civil. A lista de equipamentos que necessitam de manutenção é enorme, por exemplo, equipamentos de emergência, geradores de energia, iluminação de emergência, no-breaks, segurança por meio de alarmes contra roubos, furtos e incêndio; sistemas de controle visual (monitoramento por tevê), comunicações como central de telefonia, sistemas de interfone e antenas de recepção e transmissão; sistemas de transportes como veículos, elevadores, escadas rolantes; sistemas de combate ao fogo, como mangueiras, sprinklers; o conforto térmico como ventiladores, circuladores, exautores e aparelhos de ar condicionado. A parte civil abrange tarefas relacionadas à estrutura como rachaduras e sobrecarga; a estética como a pintura, limpeza, vazamentos e umidade; abastecimento de água, como caixa d’água, bebedouros, encanamentos, torneiras, registros e esgotos. Nas fábricas e armazéns um cuidado especial deve ser tomado quanto aos pisos, as cargas nas vigas, as pinturas nas paredes e superfícies internas e externas, a conservação de pátios e ruas internas, as saídas de emergência (in) existentes. Na administração não existem recursos infinitos, ou seja, eles são finitos, portanto, sujeitos a faltar. A administração dos recursos materiais será visto adiante. Agora, vamos nos concentrar nos recursos patrimoniais.

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A MPT é um conceito derivado dos sistemas de gestão da qualidade


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Os recursos produtivos são finitos A administração dos recursos patrimoniais trata da sequência de operações desde a identificação dos fornecedores, passando pela compra e recebimento do bem, para depois lidar com a conservação, manutenção e, quando for o caso, da alienação. Bens são muitas vezes considerados como riqueza e frequentemente tratados como sinônimos para recursos. Um veículo é considerado como um bem (móvel), mas em seu uso é tratado como recurso para se atingir um fim. Assim, a palavra patrimônio pode ser conceituada como um conjunto de bens, valores, direitos e obrigações de uma pessoa ou organização, seja ela pública ou privada. Administrar o patrimônio significa gerir direitos e obrigações.

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Bens patrimoniais podem ser entendidos como instalações, prédios, terrenos, equipamentos e veículos das organizações Existem diversas formas de identificar os bens patrimoniais e materiais de acordo com a complexidade, os prazos de fabricação ou a construção. Patrimoniais: equipamento ou prédios, terrenos e jazidas. Equipamentos são, por exemplo, as máquinas operatrizes, caldeiras, reatores, pontes rolantes, ferramentas especiais, veículos computadores e móveis. Prédios, terrenos e jazidas, como o próprio nome diz , entram edifícios e instalações prediais em geral, terrenos e jazidas. Outra forma de classificar é em relação à matéria, chamada de bens corpóreos. Possuem forma, corpo identificável, são palpáveis, tangíveis, exemplos: mesa, veículo, caneta, folha de papel). Em contrapartida, bens incorpóreos são os nãoconstituídos de matéria, que não possuem corpo ou forma identificável (como direitos de uso de marcas e fórmulas químicas); e os bens imateriais, são os que não possuem matéria (como registros de jazidas e projetos de produtos). Intangíveis são os que não possuem substância ou massa (como patentes e direitos autorais). Quanto à mobilidade, são geralmente divididos em móveis (quando podem ser deslocados sem alteração da forma física, por exemplo, móveis e utensílios, máquinas e veículos) e imóveis (quando não podem ser deslocados sem perder a forma física original, por exemplo, prédios e pontes; ou simplesmente não podem ser movidos, por exemplo, terrenos e jazidas).


RESUMO: Nesta aula, você verificou o que são recursos, os diferentes tipos de classificação para patrimônio público, e os cuidados com a manutenção do patrimônio público.

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ANOTAÇÕES

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Classificados em divisíveis (podem ser divididos sem que as partes percam as características iniciais, como terrenos, fazendas e lotes de certas mercadorias) e indivisíveis (não existe possibilidade de divisão, constituindo uma unidade, como um automóvel). Ainda quanto à fungibilidade, isto é, a capacidade de serem fundidos, misturados uns aos outros, sem perder a característica inicial. Os materiais fungíveis podem ser substituídos por outro da mesma natureza (por exemplo, o commodities, como trigo algodão, arroz e ouro) e os infungíveis são insubstituíveis, únicos. Quanto à disponibilidade podem ser disponíveis (usados de imediato) ou indisponíveis. São também encontradas as seguintes denominações: numerários, sob a forma de dinheiro ou títulos de liquidez imediata; semoventes, constituídos por animais domésticos, como bovinos, equinos e suínos; e dominicais - bens do poder público (praças, rios e ruas) e do domínio público. Ainda podem ser classificados em bens de capital para a utilização na geração de novos produtos e serviços (como máquinas, equipamentos e instalações), bens de consumo durável para os que normalmente duram mais de um exercício fiscal (ano), como geladeiras, televisores e automóveis; e bens de consumo não duráveis para os que são usualmente consumidos em prazos inferiores a um período fiscal.


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Gestão de Compras de Materiais na área Pública Apresentação da aula. O aluno terá contato com os aspectos técnicos da Gestão de compras de materiais, e a evolução do pensamento prático das atividades profissionais.

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PARA SABER MAIS... Sobre as compras públicas acesse https://www. licitacoes-e.com.br/aop/ index.jsp

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Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá conhecer a ação do profissional de compras sob um enfoque prático, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Nas organizações públicas encontramos formas diferentes de se nomear os departamentos responsáveis pelas atividades de compras, tais como: departamento de compras, engenharia de compras, central de compras e por aí a fora. Estes diferentes nomes representam instantes do pensamento administrativo na incansável busca pela eficiencia e eficácia organizacional. Vamos simplificar e chamar simplesmente de gestão de compras. A gestão de compras pode ser descrita de forma bastante simples, como a interface da unidade pública com seus fornecedores. Esta definição coloca a função compras como atividade meio e não como atividade fim. Isto pode desagradar alguns profissionais da área que gostariam de ver o seu departamento como o mais importante da organização pública. A organização pública deve ser vista como um sistema. Uma primeira atividade da gestão de compras é de estabelecer os contatos com os fornecedores. O profissional da gestão de compras tem suas atividades de certa forma, facilitada pelos fornecedores, pois em muitos casos são os próprios fornecedores que normalmente procuram as organizações públicas e oferecem produtos e serviços. Esta forma reativa de se trabalhar pode levar a gestão de compras a um certo acomodamento. É preciso investigar novos fornecedores potenciais, novos fornecedores de tecnologias emergentes, pois nem todos têm conhecimen-

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Uma questão sempre presente nas organizações públicas ou é a decisão de efetuar internamente um serviço (ou produto) ou é a decisão de comprar externamente. Atualmente existe certo “modismo” de se terceirizar as ações, de fazer tudo quanto possível externamente à organização sem refletir muito sobre a questão. A linha de defesa desta forma imediatista de pensamento adiminstrativo é a de que é preciso concentrar o esforço no foco principal da organização. É bom frisar que este tipo de reciocínio levou organizações públicas a terceirizar processos, e depois tiveram de voltar atrás. A terceirização é uma possibilidade que deve ser considerada com muito critério. Na disciplina de Licitações, vista anteriormente, você teve oportunidade de estudar processos de compras usados na administração pública. Vamos relacionar aqueles processos com as causas geradoras representadas pelo desequilíbrio que existem entre o mundo do consumo e o mundo do fornecimento. Volte ao seu caderno de Licitações e reveja os conceitos aprendidos anteriormente. Eles são fundamentais para se entender a importância da Gestão de Patrimônio e Logística na área Pública. Você aprenderá que todas as organizações têm estoques e que eles poderão ser maiores ou menores de acordo com a política pública. O combate ao desperdício, largamente defendido pela população brasileira, a globali-

Pesquise o volume de compras da vacina contra a gripe H1N1 e sua distribuição aos estados brasileiros. Compare esta distribuição com os dados demográficos da população brasileira por faixas etárias. Visite o site do IBGE. Verifique a incidência de mortes, por faixa etária, consulte o site da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Os estoques de vacinas garantem uma condição satisfatória para enfrentarmos a gripe? Discuta com seus colegas esta questão.

G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

Lembre que o ciclo de vida dos produtos interfere na decisão de compras.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

147 I nst it uto Fe de ral Pa raná

to das compras que o governo faz por meio da internet. É preciso sair de uma situação de passividade e partir para a proatividade. A gestão de compras deve fornecer suporte às operações governamentais. Vivemos na era da informação e os próprios fornecedores são fontes valiosos de conhecimento. As operações precisam ser continuamente realimentadas por informações sobre os insumos, recursos transformadores e recursos auxiliares. A gestão de compras deve abrir canais de comunicação por meio de demonstrações, visitas a feiras nacionais e internacionais, e atuar no desenvolvimento dos fornecedores.


aula

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zação da economia, a diminuição das barreiras comerciais defendida pelos neoliberais são fatores impulsionadores da “compra correta”. Para iniciarmos a defesa do porquê a gestão de materiais é importante para as organizações públicas, vamos recorrer ao exemplo simples representado pela caixa de água. Em uma caixa d’água existe uma entrada, a fonte de suprimento. A entrada de água pode ser variável como nas residências. Em algumas horas do dia a água está disponível, e em outras, pode ocorrer a falta por curtos ou longos períodos ou mesmo a suspensão total dos serviços. Isto representa a imprevisibilidade que é o fator de risco do abastecimento. Esta imprevisibilidade e este risco são os motivos da existência da caixa de água. Se sempre existisse água, na quantidade necessária, não haveria necessidade da caixa. Nas compras públicas ocorre intensa mobilização na economia, pois os valores envolvidos são significativamente altos.

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Entender a dinâmica das compras, se posicionar frente as situações emergenciais, ter estoques para poder fazer a máquina pública andar, tudo isto dentro de um padrão ético e sob constante vigilância representam o conjunto de desafios da gestão de materiais na administração pública. O entendimento deste processo passa pela compreensão do funcionamento dos estoques. É muito importante diferenciar estoques de armazenagem. Quando se fala em estoques, refere-se ao dinheiro público. Armazenagem se refere a estrutura física e operacional para conter, proteger e disponibilizar os estoques. TAXA DO PROCESSO DE ENTRADA

Representação de estoques pelo modelo da caixa de água. Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2002)


A obtenção de redução de custo nos preços dos insumos significa transferir ao fornecedor o ônus da produtividade. Não se deve estabelecer com o fornecedor uma relação de desconfiança. A moderna gestão de materiais defende uma relação entre governo e fornecedor que não se baseie no pressuposto de que alguém precisa perder para que outro ganhe. É preciso criar e construir uma nova relação entre governo e fornecedores. RESUMO: Vimos a importância da atividade da área de compras junto aos fornecedores e a relação entre as compras e as políticas públicas.

G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

Um cuidado especial é para com o lixo eletrônico.

ANOTAÇÕES

149 I nst it uto Fe de ral Pa raná

Nem sempre é fácil gestionar o tamanho, a localização e a disponibilidade dos estoques. Cada vez mais os beneficiários se tornam exigentes, querem produtos e serviços superiores e novidades. O ciclo de vida dos produtos sofre mudanças constantes e contínuas. Isto significa que se os custos se mantiverem no mesmo patamar irremediavelmente a margem para gastos tenderá a diminuir causando a redução dos serviços públicos.


aula

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Previsão da Demanda Apresentação da aula. Nesta aula, o aluno terá contato com a necessidade do profissional de compras, trabalhar com previsões que envolvem e perpassam a ação do profissional de Gestão do Patrimônio, e a evolução do pensamento técnico sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos a aula, você deverá saber identificar os tipos de previsão de demanda e analisar a previsão de demanda para a ação do profissional de compras sob um enfoque prático, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Uma das grandes dificuldades do comprador é estabelecer a quantidade a ser comprada. Quando temos apenas um demandante, está resolvido o problema, basta perguntar o quanto o mesmo precisa. Ocorre que determinados produtos podem ser de interesse de vários demandantes, de novo parece simples, basta somar as diversas demandas e o problema está resolvido. Ocorre que geralmente os demandantes não têm uma ideia precisa sobre o consumo de determinados itens, como o papel para impressora ou a tinta da impressora. Agora a coisa complicou, não? Antes de falarmos propriamente dos métodos de previsão de demanda, vamos entender o que é demanda.

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Demanda é a soma das diferentes necessidades dos diferentes consumidores (usuários ou demandantes). Existem dois tipos de demanda: a dependente e a independente. Demanda dependente, como o nome diz, depende de um fator conhecido, portanto previsível, atrelado à determinada causa conhecida. Para o profissional de compras, este é o melhor dos mundos para se trabalhar. Basta saber qual é a causa, e já se conhece o resultado. Ex. Compra de vales transporte. Todo mês se compra praticamente a mesma quantidade. Esta é uma compra simples de ser controlada (follow up). Demanda independente, como o nome diz, independe de fatores conhecidos. Exemplificando, quanto do remédio Tamiflu será necessário na próxima onda da gripe Imagem: fotolia


onde: Pt = quantidade prevista para o período Nt = nível para o período t St = fator sazonal no período t T = tendência de crescimento ou de queda no consumo Ct = fator cíclico para o período t I = fator aleatório Nível de compras (Nt) é a média (limpa) de consumo em determinado período de tempo. Esta média (limpa) deve ser feita retirando-se todos os demais componentes como os fatores sazonais (anuais), as tendências, os fatores cíclicos e os fatores aleatórios. Fatores sazonais (St) têm periodicidade anual, mas são calculados mensalmente. Cada mês tem consumo diferente, por exemplo, +10% num mês, ou – 20% no outro, ... Tendência (T) é a variação sistemática de longo prazo. O comportamento de um ano tende a se repetir no outro. Pode-se comparar um mês de um ano com o mês de outro ano e verificar o crescimento (T >1) ou a retração (T <1) da demanda, ou ainda não houve variação (T =1). A tendência pode ser positiva, negativa ou neutra. Tendência positiva significa que as vendas estão aumentando.

G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

Pt = ( Nt X St X T X Ct ) + I

ANOTAÇÕES

151 I nst it uto Fe de ral Pa raná

H1N1? Qual outro remédio deve ser comprado caso ocorra uma mutação do vírus? E agora? Em administração é comum separar o complexo do complicado. Vamos entender um pouco disto? Dizemos que algo é complexo quando ele é formado de várias pequenas partes simples, todas interligadas. Já o complicado é algo de difícil solução, independente do tamanho. Um gestor experiente sabe que um bom método é dividir o assunto em partes, e ir resolvendo cada uma delas aos poucos, por parte. Com base neste raciocínio vamos tentar resolver a questão apontada na definição de demanda independente. Para isto usaremos o método descrito acima. Vamos separar o problema em partes menores. Chamaremos este processo de componentes das previsões. São eles: (i) nível de compras, (ii) fatores sazonais, (iii) tendência de queda ou crescimento da economia, (iv) fatores cíclicos, (v) fatores aleatórios. A fórmula para a previsão é dada por:


aula

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Nt+1 = Nt x T Nt+1 Nível de compras para o período t+1 Nt Nível de compras para o período t

ATIVIDADE Analise novamente a questão da compra de vacinas pelo governo brasileiro. Considere a fórmula para cálculo da demanda e responda sobre quais fatores de previsão foram considerados nesta compra. Discuta esta questão com os colegas. Voltando na questão do complexo e do complicado. Qual dos fatores que você acabou de estudar pode ser considerado agora como complexo? Por quê?

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T tendência de crescimento ou de quedas nas compras verificada do instante ”t” para o instante “t+1” Fatores Cíclicos (Ct) relacionados a períodos superiores há um ano. Os ciclos podem ser expansivos ou recessivos. Ciclos de economia podem durar anos. Fatores aleatórios (I) constituem parcela imprevisível de consumo que não se encaixam nas outras categorias. Devem-se estimar outros fatores com mais precisão para que os fatores aleatórios sejam minimizados. A questão da determinação do cálculo da demanda ainda precisa de outra análise quanto à tomada de decisão. Em alguns casos esta tomada de decisão é feita muito próxima ao demandante, e em outras a decisão está muito distante do demandante. Chamaremos isto de abordagens de previsão. Existem dois tipos: a abordagem centralizada e a descentralizada. Dizemos que a abordagem é centralizada, quando ela é tomada de cima para baixo, ou seja, alguém em um órgão público central faz o cálculo e determina a quantidade a ser comprada. Esta abordagem é adequada para situações de demanda dependente, estável e perfeitamente conhecida ou quando os níveis de demanda estão variando de forma uniforme, mas ainda dentro de valores facilmente conhecidos. A abordagem é chamada de descentralizada, quando ela é tomada por um órgão público descentralizado, portanto mais perto do demandante, também chamada de baixo para cima, é uma abordagem mais adequada para situações de demanda instável ou quando os níveis de demanda estão variando sem um padrão previsível. O gestor deve sempre combinar os dois tipos de abordagens, de forma a se encontrar para cada situação um melhor resultado. Usando a abordagem centralizadora para cálculo de demanda, determine a previsão de compras para o centro de compras representado ao lado:


Centro de Consumo 2 600 unidades por mês

Centro de Consumo 3 400 unidades por mês

Centro de Consumo 4 200 unidades por mês

Centro de Compras – Elaborada pelo autor.

RESUMO: Nesta aula, você aprendeu sobre o que são demandas; os fatores que interferem na previsão das demandas e as diferentes abordagens sobre decisão de demandas.

153 I nst it uto Fe de ral Pa raná

Centro de Consumo 1 800 unidades por mês

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ANOTAÇÕES

Centro de compras


aula

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Previsões de compras Apresentação da aula. O aluno terá contato com os aspectos das previsões e os fatores intervenientes que afetam a ação do profissional de compras, e conhecerá a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos a aula, você deverá saber analisar os fatores intervenientes sobre a ação do profissional de compras sob um enfoque ético, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Como você aprendeu na aula passada, o processo de Elaboração de Previsões de demanda exige o conhecimento de vários componentes e de suas inter-relações, isto pode ser mais bem entendido agora por meio da figura abaixo.

Histórico de Pedidos (base de dados)

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Gerenciamento de previsões Técnicas de Previsão

Sistemas de suporte às previsões

Beneficiários e usuários (clientes internos)

Fatores para elaboração de previsões. Elaborado pelo próprio autor.

Em primeiro lugar o componente fundamental é o histórico de pedidos, a base de dados com que se vai trabalhar. Um cuidado especial deve ser com a gestão da base de dados; deve-se considerar a precisão das informações, a facilidade da atualização da base. Informações erradas, imprecisas ou desatualizadas conduzirão a erros de previsão.

Imagem: fotolia

O gestor de materiais que se especilizar nesta área deve ter facilidade com cálculos. As técnicas de previsão usam cálculos estatísticos elaborados, baseados em modelos matemáticos que explicam a dinâmica da demanda. Sistemas de suporte às previsões incluem a capacidade de tratamento, coleta e análise de dados. O sistema deve incluir cuidados de forma que o modelo matemático


G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

SAIBA MAIS SOBRE O EFEITO FORRESTER OU EFEITO CHICOTE. A dinâmica da cadeia de pedidos causa inexatidão e volatilidade na cálculo da demanda. Os resultados da dinâmica em cada etapa se amplificam desde o solicitante até o pedido final feito pelo comprador. Este é o chamado efeito chicote ou efeito Forrester. Funciona igual a brincadeira do telefone sem fio. Cada vez que uma pessoa passa adiante uma mensagem/informaçãorecebida, esta sofre uma distorção tamanha que a última pessoa ao receber a informação pode ter uma severa distorção em relação a mensagem original. Além dos erros e distorções que existem na cadeia de pedidos também influi o desejo racional e perfeitamente compreensível de cada um dos elos da cadeia de pedidos de gerenciar, de forma independente, sua parte no grande sistema de compras. Vamos analisar o seguinte exemplo: Um orgão público é composto por diversas divisões. Por exemplo, um escritório central de compras de remédios na capital federal tem em cada estado uma unidade de pedidos que solicita remédios ao órgão central; em cada unidade no município tem um órgão público que solicita remédios ao órgão estadual; e ainda dentro do município há um órgão, um pequeno almoxarifado em um posto de saúde que solicita remedios ao órgão anterior e finalmente o beneficiário (cliente) que não sabe ao certo quando ficará doente. Considere que em cada uma dessas etapas existem pequenos estoques de produtos e que também existe um regime de pedidos sempre constantes na cadeia de pedidos. Esta é uma abordagem centralizadora. Cada etapa consome 100 unidade por mês e tem outras 100 unidades para manter o suprimento enquanto o novo pedido chega (estoque de segurança). Isto é representado pela tabela a seguir:

ANOTAÇÕES

155 I nst it uto Fe de ral Pa raná

a ser utilizado considere fatores estraordinários como os impactos de greves, lançamento de produtos substitutos, comportamento da economia, alterações nos tamanhos das embalagens, desastres naturais, pandemias. Outro fator importante na análise da demanda é a chamada dinâmica da cadeia de pedidos. Em meados de 1960, o pesquisador J. W. Forrester observou que os comportamentos humanos assim como os meios de comunicação interferiam nos cálculos de demanda.


aula

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156 Tabela 1 - Adaptado de Slack, Chambers e Johnston, 2002.

Na tabela acima as colunas denominadas “estoque” apresentam dois valores. O primeiro valor é o estoque inicial e o seguinte o valor final do estoque no período medido. Os pedidos sempre são feitos conforme a série histórica, neste caso 100 unidades. No primeiro período, a demana é de 100 unidades na última etapa de consumo (ponta de consumo) que se chama “beneficiário” (ou cliente). O “beneficiário” consome as 100 unidades de período de tempo 1. Como é de costume, ele solicita 100 unidades de reposição, que chegam ao final do período 1, portanto o estoque inicial era de 100 unidades, estas 100 unidades são consumidas, e novas 100 unidades são solicitadas e 100 unidades chegam ao final do período reestabelecendo o estoque inicial. Toda a cadeia de consumo está ajustada para esta dinâmica. Agora vamos variar a demanda, vamos supor que no período de tempo 2 ocorre uma redução no consumo do beneficiário. A redução é de 5 unidades, ou seja serão agora consumidas


Ciclos de pedidos e de informações. Fonte: elaborado pelo próprio autor.

A informação vai para trás (volta) na cadeia de compras e os produtos passam para a frente (progridem) na mesma cadeia. As variações serão sucessivas até se estabilizar e assumir novo patamar. Este é o efeito “chicote”, ou efeito Forrester.

G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

ANOTAÇÕES

157 I nst it uto Fe de ral Pa raná

95 unidades ao invés de 100 unidades. O estoque ao final do período 1 era de 100 unidades, portanto serão consumidas agora 95 unidades e sobrarão 5 unidades no estoque. Atendente do usuário sabe da redução e adota uma decisão racional de solicitar apenas a quantidade necessária para o novo padrão de consumo de 95 unidades, portanto solicita 90 unidade. Lembre-se que sobraram 5 unidades no estoque, que com o pedido feito no intervalo de tempo 2 e que novas 90 unidades permitirão o atendimento do novo padrão de consumo que agora é de 95 unidades. Ou seja, houve neste instante uma redução no tamanho do pedido de 10 unidades para o órgão local em relação ao período de tempo 1. O órgão público local recebe o pedido de 90 unidades do beneficiário e atende com seu estoque de 100 unidades; portanto sobram 10 unidades no estoque do órgão público local. Ao final do período de tempo 2 o órgão público local ajustará o seu nível de estoque para o novo padrão de consumo (neste momento para ele este padrão é de 90 unidades, por ele apenas fazer uma previsão simples). Como ao final do período ele pretende manter apenas 90 unidades em estoque e lhe sobraram 10 do pedido anterior o órgão local solicita à central estadual apenas 80 unidades. A central estadual recebe o pedido de 80 unidades e atende com seu estoque de 100 unidade, portanto sobram 20 unidades em estoque, que ela entende ser esse o novo patamar de consumo; e assim sobram 20 unidades. A central estadual solicita a central nacional apenas 60 unidades. A central nacional recebe o pedido de 60 unidades e atende com seu estoque de 100 unidades, e portanto sobram em estoque 40 unidades. A central nacional entende ser esse o novo patamar de consumo no estado e solicita a seu fornecedor externo apenas 20 unidades de materiais para recompor o estoque. No ciclo do terceiro período o mesmo raciocínio se repete.


aula

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Refaça o exercício da tabela 1 considerando um aumento no consumo da parte do beneficiário de + 5 unidades.

158 Tabela 2 – Exercício

ATIVIDADE O estado do Paraná receberá cerca de 3 milhões de doses de vacina, e quase 30% do total da população será vacinada. Considere a tabela utilizada para demonstrar o efeito chicote, na qual uma variação de 5% na ponta de demanda correspondeu a um desvio de 80% na ponta de fornecimento. Qual ação você tomaria como gestor? Discuta com seus colegas.

RESUMO: Nesta aula você teve contato com as técnicas de previsão, da interferência da racionalidade humana neste campo, do efeito chicote e suas consequências para a gestão de compras.


Técnicas de previsão

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Apresentação da aula. O aluno terá contato com as técnicas de previsão utilizadas pelos profissionais de compras, e conhecerá a evolução do pensamento ético sobre as atividades profissionais. G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber calcular previsões utilizando os conceitos mais aplicados na previsão da demanda, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. O gestor público pode lançar mão das chamadas técnicas de previsão para desenvolver sua atividade. Na aplicação das técnicas de previsão, o funcionário deve considerar os seguintes aspectos: (i) precisão, (ii) horizonte de planejamento, (iii) valor das previsões, (iv) padrão de dados disponíveis, (v) disponibilidade dos dados e (vi) experiência do profissional de compras. As técnicas podem ser avaliadas tanto quantitativa quanto qualitativamente. São três os tipos de técnicas de previsão: (i) qualitativa, (ii) de séries temporais e (iii) de causa e efeito. A técnica qualitativa é baseada em especialistas e dados especiais para prever o futuro. Nesta técnica pode-se ou não considerar o passado. É bastante dispendiosa em termos de tempo e de custos. É ideal quando se tem poucos dados históricos. São elaboradas a partir de painéis, pesquisas e reuniões para se chegar a um consenso. Você pode citar um exemplo deste tipo de previsão? Séries temporais se baseiam inteiramente em padrões históricos, e nas alterações destes padrões para gerar as previsões. São usada para identificar (i) variações sistemáticas resultantes de fatores sazonais, (ii) padrões cíclicos, (iii) tendências e (iv) faixas de variações destas tendências. As técnicas baseadas em séries temporais propõem que o futuro será muito próximo do passado. Isto pode ser razoável no curto prazo! O grau de exatidão destas informações é apenas razoável. Deve-se ficar atento a mudanças muito repentinas e bruscas. Entre as diversas técnicas temos a (i) média móvel, (ii) amortecimento exponencial simples, (iii) amortecimento exponencial com outros componentes e (iv) amortecimento exponencial adaptativo.

I nst it uto Fe de ral Pa raná

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O uso de informações do passado é frequentemente utilizado para a projeção do futuro. Imagem: shutterstock


aula

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Média móvel utiliza a média das compras dos períodos recentes; podem ser utilizados períodos múltiplos de 1 (mês), 3 (trimestre), 4 (quadrimestre) e 12 (ano) pois são os mais comuns. Por exemplo, se calcularmos a demanda prevista para um mês considerando os últimos doze meses, basta fazer a média dos doze últimos meses. São fáceis de calcular, mas tem limitações principalmente por responderem lentamente às variações na demanda. Para isto é necessário uma série longa de períodos. Uma possibilidade de melhoria é trabalhar com médias móveis ponderadas. A média móvel é dada por: Pt = Σ Ri – 1 N Pt = previsão média móvel no período t Ri-1 = compras no período i – 1 N = número de períodos Ex. Se em três períodos de tempo são comprados 120 unidades, 150 unidades e 90 unidades, calcule a previsão para o próximo mês usando a média móvel? Pt = 120 + 150 + 90 3

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Então, a previsão será de Pt = 120 unidades, portanto deverão ser compradas 120 unidades para o próximo mês. Ex. Um órgão público fará compras regulares de computadores conforme a tabela abaixo. Calcule a média móvel de compras para: a) O período de 1 ano. b) Os trimestres de abril a junho; de julho a setembro; de outubro a dezembro e de janeiro a março do próximo ano.


ANOTAÇÕES

Previsão

Tabela 3 – Cálculo Previsão x Demanda – Elaborado pelo autor.

Outro fator a ser utilizado nos cálculos das médias é o uso da retirada da sazonalidade. Para isto é necessário dividir o resultado pelo fator de sazonalidade. Use a tabela anterior e considere a retirada da sazonalidade determinada para cada mês de janeiro a dezembro, respectivamente: 1 – 0,95 – 1 – 1 – 1,05 – 1 – 1 – 1 – 1,1 – 1 – 1 – 0,9. para tanto você deve desconsiderar a demanda desazonalizada nos cálculos. Veja o seguinte exemplo: Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Demanda 100 110 90 130 70 110 120 90 120 90 80 90

Demanda desazonalizada 100/1= 110/0,95= 90/1= 130/1= 70/1,05= 110/1= 120/1= 90/1= 120/1,1= 90/1= 80/1= 90/9=

Previsão

Tabela 4 – Cálculo Previsão x Demanda desazonalizada – Elaborado pelo autor.

Repita os cálculos e determine a média móvel de compras para: c) O período de 1 ano. d) Os trimestres de abril a junho, julho a setembro, outubro a dezembro e janeiro a março do próximo ano. Amortecimento exponencial simples estima as compras na série histórica e na estimativa de compras previstas.

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Demanda 100 110 90 130 70 110 120 90 120 90 80 90

161 I nst i t uto Fede ra l Para ná

Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro


aula

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A previsão então é constituída de dois fatores (a demanda histórica conhecida e a previsão/estimativa), para tanto se estabelece o chamado fator “α” (alfa), também conhecido como fator de amortecimento Pt = α X Rt – 1 + (1 – α) X Pt – 1 Em que: Pt = Compras projetadas no período “t” Pt – 1 = Previsão anterior para o período “t – 1” Rt – 1 = Consumo real ocorrido no período “t – 1” α = fator alfa, ou constante de amortecimento ( 0 ≤ α ≤ 1) Se α = 1 o efeito é semelhante ao de se usar o valor do período anterior Se α = 0,001 o efeito é semelhante a média simples A escolha do fator “α” é a grande decisão do gestor. Constantes mais altas tendem a tornar a previsão mais sensível; constantes mais baixas tendem a reagir mais lentamente a flutuações aleatórias. O gestor de compras deve ponderar entre eliminar as flutuações aleatórias e a capacidade de resposta às alterações de demanda.

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Ex. Em um órgão público a previsão de compras era de 100 unidades e as compras reais foram de 110 unidades. Assumindo que o fator α = 0,2, calcule a nova previsão de compras. Ex. Usando α = 0,2 calcule as previsões de compras mensais para a tabela abaixo: Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Demanda 100 110 90 130 70 110 120 90 120 90 80 90

Previsão 110

Tabela 5 – Cálculo Previsão Amortecimento exponencial X Demanda – Elaborado pelo autor.


Amortecimento exponencial adaptativo baseia-se na revisão periódica das constantes de amortecimento. Pode ser revisto ao final de cada período de previsão. Isto se baseia na direta interferência humana. É possivel incluir um gatilho que alerta sempre que houver um erro excessivo na previsão. As técnicas causais como as técnicas de regressão usam variáveis explicativas ou independentes para descrever uma relação entre uma evento e suas causas. Estas técnicas procuram estabelecer uma relação de causa e efeito, como por exemplo, a variação no consumo de água e a temperatura ambiente. É preciso estabelecer uma regra, também chamada de equação de 1º grau. Os valores de a e b são calculados por regressão linear, ou seja, a partir de uma série conhecida de valores, por exemplo a cada grau de temperatura se determina o consumo ocorrido. Isto é feito para uma determinada faixa de valores e a partir daí se constrói a seguinte equação: y = ax + b onde y – variável dependente x = variável independente a = é a constante da variável independente e b = é constante É preciso estabelecer o coeficiente de correlação entre as duas variáveis para determinar o grau de associação entre as variáveis. Valores de correlação variam entre 0 e 1.

G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

Amortecimento exponencial com outros componentes significa considerar os fatores “sazonalidade” e “tendência”. Tais técnicas são conhecidas como amortecimento exponencial duplo e amortecimento exponencial triplo. A técnica é semelhante ao amortecimento exponencial simples. A diferença é que agora há três componentes e três constantes de amortecimento. Valores altos das constantes proporcionam respostas rápidas; e valores baixos produzem respostas lentas. O maior número de fatores permite uma sensibilidade maior, mas também transformam-se em fraqueza por causar problemas de precisão.

ANOTAÇÕES

163 I nst i t uto Fede ra l Para ná

ATIVIDADE Refaça o exercício considerando um α de 0,3, e repita agora considerando um α de 0,15.


aula

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Valores próximos a 1 significam que as variáveis dependentes e independentes têm boa correlação. RESUMO. Nesta aula, você tomou conhecimento dos três tipos de técnicas de previsão. Pôde compreender melhor o significado do efeito da sazonalidade nas compras. Aprendeu que as melhores técnicas exigem não só uma capacitação maior como o domínio de ferramentas matemáticas para apoio à tomada de decisão.

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Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato com a gestão dos erros de previsão que afetam a ação do profissional de compras, e com a evolução do pensamento ético sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao final desta aula, o aluno deverá saber calcular os diferentes tipos de erros; saber como o gestor pode tomar decisão sobre as técnicas mais adequadas a serem aplicadas a profissão, assim como o desdobramento da ação profissional. As técnicas de previsão utilizadas para determinar o possível comportamento da demanda podem gerar erros, conhecidos por erros de previsão. O gestor da coisa pública precisa estar atento aos erros produzidos e agir para diminui-los, pois podem ocorrer de forma sucessiva produzindo um erro final considerável. Um erro de previsão é definido como a diferença entre as solicitações e as compras reais. Uma forma simples se dá pela soma dos erros ao longo do período. Esta soma pode ser feita de três formas distintas. Vide a tabela abaixo para melhor compreensão. Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Soma Média %

Demanda 100 110 90 130 70 110 120 90 120 90 80 90 1200 100

Previsão 110 90 90 120 90 120 120 110 70 130 90 100 1240 103,3 3,3%

(1) Erro - 10 + 20 0 +10 - 20 -10 0 -20 50 -40 -10 -10 -40 -3,3%

(2) Erro absoluto 10 20 0 10 20 10 0 20 50 40 10 10 200 16,7 16,7%

Tabela 6. Tipos de erros – Elaborado pelo autor.

O primeiro tipo de controle de erro pode ser entendido como uma variação em torno de um valor médio, ou seja o gestor pode errar para mais em determinado mês, e se no outro mês ele errar para menos haverá uma com-

Quadrado do erro (3) 100 400 0 100 400 100 0 400 2500 1600 100 100 5800 483,3 22,0%

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165 I nst i t uto Fede ra l Para ná

Erros de Previsão


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pensação. Desta forma em um período de tempo maior o resultado pode parecer até razoável (efeito de compensação). O gestor inexperiente pode se dar por satisfeito com este resultado. Os erros de previsão podem ser mensurados de forma absoluta ou de forma relativa. Vamos analisar o segundo tipo de controle de erro.. No erro absoluto não existe o efeito de compensação para maior e menor, portanto os erros cometidos ficam mais evidentes. Conte o número de vezes em que houve erros. Você concorda que o comprador errou muitas vezes? Será ele um bom funcionário? A terceira forma de controlar os erros se dá pelo uso do método do quadrado do erro. O objetivo é mostrar com mais ênfase as diferenças entre pequenos e grandes erros. Compare os resultados dos três tipos de controle. Qual você usaria para avaliar o desempenho dos compradores? Por quê?

166 ATIVIDADE Volte no exercício anterior e com base na tabela de erros que aprendeu analise qual é o melhor α para o exercício dado. 0,2? 0,3? Ou 0,15. RESUMO: Nesta aula você aprendeu que cada previsão tem imbutida um erro, que existem diversos tipos de erros e que o gestor pode se valer disto para melhorar sua prática e tomar decisões mais adequadas para sua gestão.


Inventários

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Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato com os controles utilizados pelos profissionais da gestão de materiais, e conhecerá a evolução do pensamento sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber tomar decisões baseadas em controles aplicados para a gestão de materiais sob um enfoque ético, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Como você pôde perceber os valores em forma de itens nos armazés podem ser extremamente elevados. Você já aprendeu que estoques são valorizados, isto é, são analisados sob o ponto de vista financeiro. Estoques são como dinheiro. E o senso comum nos diz que dinheiro é para ser contado. Então nada mais justo do que contar os estoques. Isto é chamado de inventário. Os inventários podem ser feitos de diferentes formas. Vamos estudá-las? Rotativo – este tipo de inventário é realizado no decorrer do exercício financeiro envolvendo grupos de itens específicos em determinados períodos (dias, semanas ou meses). Uma das vantagens deste inventário é que não tem necessidade de interromper o processo operacional das organizações.

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Geral – este tipo de inventário é realizado no final do exercício fiscal envolvendo todos os itens de uma só vez (“Fechado para balanço”). Uma das desvantagens é que interrompe o processo operacional. Permanente – este tipo registra constantemente todas as entradas e saídas, há um controle contínuo dos estoques, ou seja, há uma equipe dedicada a esta tarefa. Este tipo de inventários tem um custo superior aos demais, e deve ser empregado quando os valores armazenados são elevados, ou quando a possibilidade de ocorrência de furto ou sinistro for muito grande. Entre os métodos de avaliação e controle de estoques existentes, podemos destacar os seguintes: Imagem: shutterstock


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• Método PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair) Nesse método, dá-se primeiro saída nas mercadorias mais antigas(primeiras que entraram), ficando nos estoques as mais recentes. Isto se aplica a produtos que tenham prazos de validade. Observe o exemplo a seguir: Uma empresa apresentou a seguinte movimentação de estoques:

Tabela 7. Controle PEPS – Elaborado pelo autor.

PEPS = O primeiro que entra é o primeiro que sai

168 ATIVIDADE COMPLEMENTAR Pesquise como se controla os estoques de vacina no seu município e qual método é usado para a avaliação e controle destes estoques. Qual tipo é utilizado? Seria o mesmo para a merenda escolar? E para os livros escolares?

Uma variação do método UEPS é transformar o “E” de entra em “E” de expira, ou seja, se estivermos analisando produtos com data de validade é melhor analisar pela data de expiração do que pela data de entrada no estoque, isto por que podemos comprar produtos que já tenham algum tempo de produção, estão em boas condições, mas poderão estragar antes de outros produtos que tenhamos comprado depois e que ainda tenham mais prazo para a validade expirar. Método UEPS (último a entrar , primeiro a sair) - Ao contrário do método PEPS, dá-se primeiro saída nas mercadorias mais recentes( última a entrar ), ficando nos estoques as mais antigas. Assim, no exemplo dado anteriormente teríamos o seguinte:


UEPS = último que entra é o primeiro que sai Método do custo médio - Também chamado de Média Ponderada Móvel, pois a cada nova aquisição é calculada uma nova média.

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Tabela 8. Controle UEPS – Elaborado pelo autor.

Tabela 9. Controle Custo médio – Elaborado pelo autor.

Como as organizações públicas não visam lucro, a utilização como técnica de administração dos estoques está relacionada a fatores como a validade dos produtos. RESUMO: Nesta aula, você teve oportunidade de aprender o que são inventários, os diferentes tipos de inventários, os diferentes tipos de avaliação e controle de estoques existentes.

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Estoques Apresentação da aula. Nesta aula, você terá contato com definições sobre os estoques utilizadas pelos profissionais de gestão de materiais, e a evolução do pensamento sobre as atividades profissionais.

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PARA SABER MAIS... SAIBA MAIS sobre a teoria das filas. Como elas se aplicam a administração pública, por exemplo, na fila de descarga de soja no porto de Paranaguá, ou na fila de atendimento do cartório eleitoral.

Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber distinguir os diferentes tipos de estoques e sua aplicação em gestão de materiais sob um enfoque gerencial assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional.

Mas, o que são estoques? A resposta a esta questão é por meio do conceito de acumulação. Estoques significam a acumulação de algo. O que será este “algo”? Dentro da administração este “algo” é objeto de transformação, assim podemos ter estoques de: • Materiais, • Informações • Beneficiários (Consumidores) A ideia mais simples ao se pensar em estoques é o de bens tangíveis, objetos comprados. Uma outra forma recente de se pensar sobre estoques é referente a informações. Veja o caso da Copel, todos os domicílios consumidores de energia elétrica estão cadastrados nos bancos de dados da Copel. Este estoque de informações armazenadas podem ser processadas para diversos fins. Um ponto bastante polêmico é pensar em estoques de pessoas (os beneficiários) porém se pensarmos que uma fila é um estoque em movimento não fica mais difícil pensar em pessoas como estoques.

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Se a Secretaria de Saúde planeja atender pessoas em um posto médico provavelmente haverá uma fila. Na Secretaria de Educação teremos as filas de matrícula, portanto, outro estoque em movimento. Veja que foi apresentado a você a ideia dos estoques em movimento. Isto é tratado pela teoria das filas e não será visto neste momento. Vamos nos concentrar um pouco mais na questão dos estoques físicos referentes a materiais tangíveis ( e não sujeitos a questões morais e éticas). Imagem: fotolia


RESUMO: Nesta aula você teve oportunidade de aprender o que são estoques; conheceu os três estoques: de bens, de informações e de pessoas. Você também aprendeu o cuidado ético que se deve ter quando se analisa a questão sobre pessoas como itens de estoque e como o gestor deve se comportar frente a esta situação.

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OS ESTOQUES TRAZEM AO GESTOR ALGUMAS PREOCUPAÇÕES COMO: QUANTO PEDIR? QUANDO PEDIR? COMO CONTROLAR O SISTEMA? A questão do quanto pedir pode ser facilmente compreendida usando o exemplo de nossa vida pessoal. Por mais que se coma pão todo dia, nenhum de nós compraria em uma única vez pão na quantidade que comeríamos em um mês. Sabemos que não adianta comprar pão desta forma, pois o pão iria envelhecer, ou mofar, e seria desperdiçado antes que o usemos. Isto traz a questão da frequência das compras a ser mais bem discutida nos próximos capítulos. A segunda questão é do quando pedir. Aqui também podemos pensar no exemplo de nossas vidas como uma simples referência. Se eu consumo uma caixa de leite do tipo longa vida por semana, que tem validade de 3 meses, eu poderia comprar doze caixas que sabidamente não iriam se estragar no período. Porém a questão agora passa para outro ponto, será que eu tenho a verba suficiente e necessária para fazer esta compra. Pode ser que não tenha este dinheiro, também é necessário pensar no local para armazenar, será que cabe no meu armazém esta quantidade? A questão de como controlar merece um pouco mais de atenção e cálculo.

ANOTAÇÕES

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Os estoques podem estar relacionados a dois tipos de materiais: a atividade fim e a atividade não fim. Para simplificar vamos pensar em tinta para impressora. Se a empresa Celepar é responsável por imprimir todos os contracheques do funcionalismo público, então a tinta por eles utilizada está diretamente ligada a uma das atividade fim da empresa que é imprimir os contracheques. Já para outra organização pública, como por exemplo, a Secretaria de Transportes que se comprasse a mesma tinta para impressora, então este item poderia ser classificado como não relativo a atividade fim. Esta divisão apresentada pode ser também entendida como estoque de bens produtivos e bens improdutivos.


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Estoques na área Pública Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato com diferentes tipos de estoques, com a aplicação nos diferentes campos da administração pública, e com a evolução do pensamento ético sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá conhecer os diferentes tipos de estoques, assim como a aplicação dos mesmos sobre a coisa pública e o resultado que se espera destes estoques públicos. Antes de continuarmos com o desenvolvimento do tema é preciso explicar um pouco o que são estoques. Resumidamente temos cinco tipos de estoques: proteção, intermediários, ciclo, produtos acabados e de canal. Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles. Os estoques de proteção são aqueles que protegem a organização pública contra a falta de insumos. São formados pelas matérias-primas, materiais produtivos e improdutivos necessários. Os estoques de proteção servem para diminuir a incerteza do abastecimento que ocorre nas organizações, e podem ser significativamente onerosos.

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Toda organização tem estoques por menores que eles sejam Os estoques intermediários ocorrem no meio do processo e são decorrentes dos descompassos que ocorrem como falhas em equipamentos, falta de qualidade nos materiais, absenteísmo e outras causas. Normalmente este tipo de estoques não é planejado. Estoques de ciclo ocorrem quando utilizamos as mesmas máquinas e processos para diversos produtos. Pense numa padaria. Lá encontramos equipamentos de uso comum, um conjunto de batedeira e forno que processam todos os tipos de pães. É preciso fazer quantidade suficiente de pães para atender aos clientes enquanto nova fornada é feita e se mais de um tipo de pão é feito, a fornada terá de ser suficientemente grande para suportar a demanda por todo o período até que se possa repetir a nova fornada do primeiro tipo de pão feito, fechando desta forma um ciclo. Normalmente este tipo de estoque é planejado.


Representação de estoques de ciclo adaptado de Slack, Chambers e Johnston

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Estoques de produtos acabados podem significar pronta resposta de atendimento aos pedidos e, portanto rápido atendimento. Excesso de estoques de produtos acabados pode significar prejuízos, assim como a falta de estoques significa a falta do abastecimento ao público beneficiário. O estoque de canal aparece somente quando o tempo gasto nos transportes de entregas é significativo. Imagine um fornecedor de alimentos que envia toda a sua produção para outro estado no país. O transporte marítimo apresenta como característica a baixa velocidade, sendo comum se encontrar períodos de várias semanas. Quando o tempo gasto no trânsito é muito pequeno este tipo de estoque nem é considerado. Voltemos ao nosso exemplo da caixa de água. Existe uma vazão de entrada que chamaremos de Ve, da mesma forma existe uma vazão de saída chamada de Vs. Dentro da caixa existe uma quantidade, um estoque de água que chamaremos de E.

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ANOTAÇÕES

O efeito regularizador dos estoques. Elaborado pelo próprio autor.

Vamos analisar três possíveis situações: quando entra mais água na caixa do que sai, quando entra menos água na caixa do que sai e quando a quantidade de água que entra na caixa é igual a que sai.


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Se Ve é maior do que Vs o estoque E cresce. Representando o esquema teríamos: Ve > Vs então E

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Raciocine sobre as carcterísticas que o veículo de transporte deve ter, e as características que a estrutura de armazenagem deve ter na questão das vacinas. Investigue no seu município como é feito isto.

Ainda é cedo para julgarmos esta decisão, isto depende da politica pública adotada na organização e da conjuntura do momento. Vamos analisar o próximo caso. A segunda possibilidade analisada ocorre quando Ve é menor do que Vs, então o estoque E diminui. Representando o esquema teríamos: Ve < Vs então E Da mesma forma que para o primeiro caso ainda não é possívell julgar se a decisão de se diminuir os estoques é correta ou não. Na terceira situação temos uma condição de equilíbrio, onde a entrada de água corresponde a saída de água e, portanto, o estoque não cresce. Representando teríamos: Ve = Vs então E

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Apesar de não manifestarmos neste momento opiniões sobre as duas primeiras situações, a terceira situação nos parece ser a propositalmente desejada. É preferível administrar uma organização em uma situação de estabilidade do que em uma situação de instabilidade. Processos sob controle permitem ações planejadas de melhoria contínua. A busca pela estabilidade se apresenta como um dos maiores desafios para o gestor de materiais. Atuando desta forma a gestão de materiais proporciona condições de estabilidade para a atividade que por sua vez procura conciliar os mundos da demanda e da oferta. Um mau sistema de gestão de materiais se reflete na atividade pelo aumento do grau de dificuldade ao gestor podendo até gerar prejuízos consideráveis aos beneficiários da organização pública. Outro grande desafio da gestão de materiais é conciliar o tempo de reabastecimento com os volumes necessários, com a qualidade especificada no pedido de compras e com custos competitivos. Esta complexidade de fatores aumenta o desafio de se trabalhar com os processos de gestão, exigindo profissionais altamente qualificados, e com uma visão sistêmica da organização pública. As modernas organizações dirigem seus esforços para acrescentar valor aos produtos e serviços por ela pro-


duzidos. Acrescentar valor se dá por meio de operações que transformam os produtos e serviços, adicionando características que representam valor para os beneficiários.

ANOTAÇÕES

RESUMO: Nesta aula, você aprendeu a respeito dos diferentes tipos de estoques, e a forma de relacionar o uso desses estoques com as políticas públicas.

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O valor do produto ou serviço é trasformado por políticas públicas em valor final ao beneficiário. Não é de interesse neste curso aprofundar os conceitos de criação de valor por políticas públicas. Queremos apenas mostrar a natureza sistêmica das organizações. A diferença entre o custo de compra pago por um produto ou serviço e o custo de produção, disponibilização e entrega deste produto/serviço corresponde a margem de valor que o produto/serviço trás.

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O valor de um produto ou serviço é “percebido” pelo beneficiário (cliente)


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Dinâmica de Estoques Apresentação da aula. Nesta aula, você conhecerá a dinâmica que afeta os estoques e as ações a serem tomadas pelos profissionais da área. Objetivos. Ao final da aula, você deverá saber interpretar o comportamento dos estoques, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Manter estoques custa dinheiro sem dúvida. Para uma compreensão melhor deste assunto é preciso começar a separar estes custos. Vamos começar pelo custo de obtenção, ou seja, o custo de comprar. A apropriação de custos em um estrutura pública não pode ser compreendida da mesma forma que ocorre em uma organização não pública. Normalmente as organizações não públicas buscam continuamente a redução de seus custos para se manterem competitivas. Já nas organizações públicas esta busca frenética por redução de custos não ocorrre com a mesma intensidade. Embora não seja uma preocupação na mesma escala ela existe, e a falta dela pode ser punida pelos orgãos competentes como crime de prevaricação, veja art. 319 do código penal.

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A estrutura de custos públicos carece do fator competitividade o que implica em certa acomodação. Comprar também custa, revejam as aulas de licitações, e observe o quanto pode custar montar um processo licitatório, este é um bom exercício de gestão. Outro custo presente é o decorrente dos descontos de preços. O custo da falta de estoques também é significativo principalmente sob o cunho de descumprimento de políticas de governo. Outro custo importante é o custo do capital de giro, lembre que o dinheiro custa também. Agora vamos pensar no custo de armazenagem, o custo da estrutura física, prédios, equipamentos, pessoas, tecnologia, informação, materiais de consumo, alimentação. Aos estoques podem ser incorporados ainda custos de obsolescência e custos de ineficiência operacional. Como vocês puderam ver são vários os custos relacionados aos estoques. Antes de aprofundarmos a questão de cálculo vamos analisar o comportamento dos estoques, e assumir algumas premissas. Veja a figura abaixo:


O primeiro item a ser definido é a quantidade de pedido que chamaremos de Q. Na figura acima Q representa o ponto máximo que alcança o nosso estoque. Q vai ser representado em unidades (peças, metros, litros, quilos, ou qualquer outra unidade de armazenagem). A letra D representa a demanda ou consumo. Portanto se partirmos do ponto Q na medida em que o consumo D ocorre o nível do estoque diminui. Para facilitar a representação foi estabelecido que o consumo é fixo portanto a cada unidade de tempo (segundo, minuto, hora, dia, etc) a mesma quantidade será consumida e portanto o nível de estoque baixará, analise a gráfico e veja a reta que mostra este consumo. Esta reta representa a taxa de consumo. O eixo do tempo mostra o instante em que o estoque é zerado ou seja um instante de tempo no qual o nível de estoque chega a zero (0). Outro ponto de destaque é a metade do valor de Q. Este ponto tem importância para o cálculo a ser apresentado adiante, por hora não se esqueça dele. Se após atingir o ponto de mínimo que corresponde ao zero (0) houver um reabastecimento instantâneo de estoque na quantidade Q se estabelece um ciclo representado pela curva “dente de serra” mostrada no gráfico. Se o nível de estoque Q é diminuído pela demanda D de forma contínua haverá um instante em que atingiremos o ponto nulo, marcando este instante, e diminuindo do instante de reabastecimento podemos medir o espaço de tempo, o qual chamaremos de tempo consumo. Observe a figura a seguir ela representa a mesma situação porém dentro de uma dinâmica diferente. Repare que os limites não são iguais, que a demanda é igual no período e que, portanto, o tempo de encerrar o consumo alterou.

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Representação gráfica da dinâmica dos estoques – Elaborado pelo autor.

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ANOTAÇÕES


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ATIVIDADE Observe também que o estoque médio é menor agora. Que conclusões se pode tirar agora? Discuta com seus colegas esta questão.

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RESUMO: Nesta aula, você pôde conhecer a dinâmica dos estoques; aprendeu sobre as diferenças entre compra única e compra fragmentada, e a relação com o estoque médio das organizações.


Rotatividade ou giro dos estoques

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O gestor de materiais deve estar atento aos diversos fatores. Isto você já teve oportunidade de perceber. Um dos indicadores que se pode usar é chamado de rotatividade ou giro de estoque. Tal indicador demonstra quantas vezes, por unidade de tempo, o estoque se renovou. Mas por que isto é importante? Tente raciocinar da seguinte forma: Se toda vez que os itens do estoque saem, um valor é criado. Assim, quanto mais vezes os mesmos itens saírem, mais valor é criado. Quanto menor o estoque maior o giro, ou seja mais vezes os produtos entram e saem. Lembram do exemplo da caixa d’água? Se a entrada é igual a saída, para que serve a caixa? Puro desperdício, não é verdade? Para calcularmos o giro de estoque, é necessário possuirmos o valor do custo das vendas e dividirmos pelo valor do estoque: Rotatividade = Custo das mercadorias vendidas/ estoque médio ou Rot. = CMV/ estq. final (fórmula utilizada por poucos autores) Rotatividade pode ser obtida por meio da relação existente entre o consumo do período (anual) e o estoque médio do produto. Exemplo: O consumo anual de um item foi de 800 unidades e o estoque médio de 100 unidades. O giro seria: Rotatividade = Consumo anual/estoque médio R = 800 unid/100 unid = 8 vezes/ano A rotatividade é expressa no inverso de unidades de

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Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber interpretar e utilizar os conhecimentos sobre o controle dos estoques, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional.

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Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato não só com as formas de controle sobre os estoques, como também com a evolução do pensamento sobre as atividades profissionais.


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tempo ou em “vezes”, isto é “vezes” por dia, ou por mês, ou por ano. Antigiro - Indica quantos meses de consumo equivale ao estoque médio. Antigiro = estoque médio/ rotação Exemplo: Um item que tem um estoque de 3.000 unidades é consumido a uma taxa de 2.000 unidades por mês. Quantos meses o estoque cobre a taxa de consumo?

ATIVIDADE Pesquise qual é o giro de estoques dos alimentos enlatados servidos na merenda escolar em seu município. Verifique se o giro é compatível com a validade dos produtos? Como um giro elevado pode contribui para evitar os erros nos controles dos estoques?

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Antigiro = 3.000/2000 = 1,5 mês Prazo médio em dias (Cobertura de Estoques) - Indica o número de unidades de tempo, pois o estoque médio é suficiente para atender a demanda média. Prazo médio em dias = nº de dias do período/ rotação O grande mérito do índice de rotatividade do estoque é que ele representa um parâmetro fácil para a comparação de estoques, entre empresas do mesmo ramo de atividade e entre classes de material do estoque. Para fins de controle deve-se determinar a taxa de rotatividade adequada à empresa e então compará-la com a taxa real. É bastante recomendável ao determinar o padrão de rotatividade, estabelecer um índice para cada grupo de materiais que corresponda a uma mesma faixa de preço ou consumo. Uma vez terminado o inventário, pode-se calcular a acurácia dos controles, que mede a porcentagem de itens corretos, tanto em quantidade quanto em valor, ou seja: Acurácia = número de itens com os registros corretos/ número total de itens ou Acurácia = valor de itens com registros corretos/valor total de itens Acurácia dos Controles - Mede a porcentagem de itens corretos tanto em quantidade quanto em valor. Acurácia = nº de itens corretos/ nº total de itens ou Acurácia = valor de itens corretos/ valor total de itens Nível de serviço ou Nível de atendimento - Indica quão eficaz foi o estoque para atender às solicitações dos usuários:


Nível de serviço = nº de requisições atendidas/ nº de requisições efetuadas

ANOTAÇÕES

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RESUMO: Nesta aula você aprendeu sobre o que é giro de estoque, como é aplicado; como utilizar esta informação para comparar estoques de diferntes organizações

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Curva ABC Apresentação da aula. O aluno terá contato continuado sobre o uso e aplicação dos controles dos itens em estoques, e a evolução do pensamento ético sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos a aula, o aluno deverá saber aplicar ferramentas de apoio a decisão do gestor dos estoques, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera do profissional.

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Os estoques devem ser controlados, quanto a isto não existe discussão. Porém será que todos os itens devem ser controlados da mesma forma? A resposta a esta questão é sim!!! Porém, na realidade prática das organizações o controle é uma tarefa que demanda recursos, ou seja, pessoas, equipamentos, máquinas, espaço físico, registros, tempo. Estes fatores são limitadores. Não existem pessoas em quantidade suficiente para todas as ações. Os investimentos em equipamentos e máquinas devem ser dividido entre os diversos órgãos públicos; a área também é um fator problemático, pois existe uma tendência de os estoques crescerem devido a multiplicidade de itens usados pelas organizações. E um fator primordial é que a cada dia o que menos temos é o tempo. As respostas devem ser instantâneas e sem erro. O princípio da curva ABC foi elaborado por Vilfredo Pareto, na Itália. Sua utilização é extramente vantajosa porque se pode reduzir as imobilizações em estoques sem prejudicar a segurança. Dentro da logística empresarial, mais especificamente na administração de materiais, a curva ABC tem seu uso voltado mais para estudo de estoques de suprimentos e dimensionamento de estoque. A curva ABC é um importante instrumento para o administrador; ela permite identificar os itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. Obtém-se a curva ABC através da ordenação dos itens em ordem decrescente de importância relativa, obtida através da multiplicação do custo unitário com o volume comprado. Verifica-se, portanto, que, uma vez obtida a sequência dos itens e sua classificação ABC, disso resulta imediatamente a aplicação preferencial das técnicas de gestão


A análise é a mesma para todos os itens. Assim, vamos analisar um item qualquer, por exemplo o item chamado “A500”. Este item é consumido 73 vezes ao ano e custa R$2,30 cada, portanto o seu valor de uso é de R$168,00. Observe que se somarmos a coluna do valor de uso encontraremos o valor total de R$5.569,00. Dividindo o valor de uso do item “A500” pela soma total dos valores de uso encontramos o percentual de 3,02%. O valor percentual representa o “peso” do item em relação ao total de itens. Este tipo de procedimento deve ser repetido para todos os itens analisados. Uma vez feita esta análise devemos colocar em ordem de prioridade do maior valor percentual para o menor valor percentual.

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Valor de uso é o resultado da multiplicação do valor unitário do item em estoque pelo consumo anual.

ANOTAÇÕES

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administrativas, conforme a importância dos itens. A curva ABC tem sido usada para a administração de estoques, para definição de políticas de vendas, estabelecimento de prioridades, para a programação da produção e uma série de outros problemas usuais na empresa. Após os itens terem sido ordenados pela importância relativa, as classes da curva ABC podem ser definidas das seguintes maneiras: Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser trabalhados com uma atenção especial pela administração. Classe B: Grupo intermediário. Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gerarem custo para manter estoque. Por meio deste artifício matemático se pode otimizar os poucos recursos disponíveis de forma que o controle pode, sob o ponto de vista estatístico, ser mais eficiente.


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Tabela 10. Cálculo da curva ABC – Elaborado pelo autor.

184 ATIVIDADE COMPLEMENTAR MONTAGEM DA CURVA ABC - Relacionar os itens analisados no período que estiver sendo analisado; - Número ou referência do produto; - Nome do produto; - Estabelecer o critério de classificação: VALOR ECONÔMICO, IMPORTÂNCIA OPERACIONAL (CRITICIDADE DOS ESTOQUES), PERICULOSIDADE, PERECIBILIDADE. Arrume os itens em ordem decrescente de importância. - Defina os itens da classe “A” exemplo: 70% do faturamento; - Fat. Classe “A” = Fat. Total x 70/100 - Defina os itens da classe “B” exemplo: 20% do faturamento; - Defina os itens da classe “C” exemplo:10% do faturamento; - Após conhecidos esses valores defina os itens de cada classe. Agora que temos ordenado os valores percentuais por ordem de importância, podemos estabelecer a soma cumulativa. Figura 27. Curva ABC – Elaborado pelo autor.


RESUMO: nesta aula você aprendeu como construir uma curva ABC, e como aplicar e interpretar os resultados desta ferramenta na administração pública.

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A partir do primeiro valor podemos verificar qual será a soma acumulada com o segundo valor em importância pelo critério de valor de uso e assim sucessivamente. Repetindo a mesma ação até o último item podemos construir a chamada curva ABC. Observe que a curva foi segmentada em três partes. A primeira é chamada de A e corresponde a somatória dos valores acumulados que representam entre 60 e 80% do valor total (eixo y), normamente isto também corresponde a 20% do total de itens analisados (eixo “x”). O segundo segmento chamado de B corresponde em média de 10 a 20% do somatório acumulado do valor de uso e representa em média de 20 a 30% do total de itens. O último segmento chamado de C corresponde em média de 10 a 15% do somatório acumulado do valor de uso e representa em média 40 a 50% do número de itens. Como você percebeu os limites não são fixos cabendo ao gestor determiná-los conforme os recursos disponíveis. Observe que todos os itens do estoque devem estar representados na curva, e que a soma acumulada deve ser igual a 100%. Caso isto não ocorra é porque houve erro na determinação da curva. Com a determinação dos limites A,B e C o gestor pode então tomar algumas medidas para controlar os estoques de forma mais objetiva. Os itens A devem ser auditados periodicamente, pois representam poucos itens e de importância para custos. Já os itens considerados como B serão auditados com uma frequência um pouco menor, e por fim os itens avaliados como C podem ser auditados em períodos mais dilatados, pois representam muitos itens mas de pouco valor de uso.


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Lote Econômico de Compras Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato com os aspectos econômicos que envolvem e perpassam a ação do profissional de controle de estoques e de compras, e a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos a aula, você deverá saber utilizar a ferramenta de apoio à decisão econômica de compras, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Outra ferramenta matemática utilizada na Gestão de Materiais é chamada de Lote Econômico de Compras. Como foi dito anteriormente, uma das preocupações do gestor de materiais é com a quantidade a ser comprada. Toda organização tem um custo, assim o ato de comprar também custa.

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O custo de pedido (Cp) representa o gasto para se efetuar uma compra. Pode parecer estranho mas é comum o custo de uma compra alcançar centenas de reais. Assim pareceria lógico otimizar este gasto e efetuar uma única compra para todo o período necessário, respeitando a validade dos produtos. Custos de pedido (Cp) são inversamente proporcionais aos estoques médios. Quanto mais vezes se comprar ou se preparar a fabricação, menores serão os estoques médios, e maiores serão os custos decorrentes tanto do processo de compras como no de preparação; ou seja, maior estoque requer menor quantidade de pedidos, com lotes de compras maiores, o que implica menor custo de aquisição e menores problemas de falta ou atraso e, consequentemente, menores custos. O total das despesas que compõem os custos de pedidos incluem os custos fixos (os salários do pessoal envolvidos na emissão dos pedidos que independem da quantidade) e variáveis (referentes ao processo de emissão e confecção dos produtos). Para calcularmos o custo anual de todos os pedidos colocados no período de um ano é necessário multiplicar o custo de cada pedido pelo número de vezes que, em um ano, foi processado. Se (N) for o número de pedidos efetuados durante


um ano, o resultado será:

ANOTAÇÕES

O total das despesas que compõe o CTp é: a) Mão de obra - para emissão e processamento; b) Material - utilizado na confecção do pedido (papel, caneta, lápis, etc); c) Custos indiretos - despesas ligadas indiretamente com o pedido (telefone, luz, etc). Após apuração anual destas empresas teremos o custo total anual dos pedidos. Para calcular o custo unitário é só dividir o CTp pelo número total anual de pedidos. Cp = CTp = Custo unitário do pedido N - Método para cálculo do custo do pedido: 1) Mão de obra: salários e encargos + honorários do pessoal envolvido, anual; 2) Material: papel, caneta, envelope, material de informática, etc, anual; 3) Custos indiretos: telefone, luz, correio, reprodução, viagens, custo de área ocupada, servidor de Internet, etc, anual.

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Cp x N = custo total de pedidos (CTp)

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Figura 28. Custo de Pedir. Elaborado pelo próprio autor.

Mas, existe um outro custo inversamente proporcional a este. Custo de armazenagem (Ca), também chamado de manutenção. É diretamente proporcional ao estoque médio e ao tempo de permanência dos itens no armazém.


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A medida que aumenta a quantidade de material em estoque, aumentam os custos de armazenagem que podem ser agrupados em diversas modalidades: - Custos de capital: juros,depreciação (o capital investido em estoque deixa de render juros) - Custos com pessoal: salários, encargos sociais (mais pessoas para cuidar do estoque) - Custos com edificações: aluguel, imposto, luz (maior área para guardar e conservar os estoques) - Custos de manutenção: deterioração, obsolescência, equipamento (maiores as chances de perdas e inutilização, bem como mais custos de mão de obra e equipamentos). Este custo gira aproximadamente em 25% do valor médio de seus produtos. Também estão envolvidos os custos fixos (que independem da quantidade), como exemplo o aluguel de um galpão. Para calcular o custo de armazenagem de determinado material, podemos utilizar a seguinte expressão: CA (Custo de armazenagem) = Q/2 x Cmp x I

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Onde: Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado Cmp = Custo unitário do material (matéria prima) I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de porcentagem do custo unitário por período. Normalmente se calcula no período de 1 ano.

Figura 29. Custo de Armazenagem. Elaborado pelo próprio autor

Custos Fixos Independem da quantidade; Envolve tanto custos de armazenagem quanto custos de pedido.


Figura 30. Custo Total elaborado pelo autor.

Custo por falta de estoque No caso de não cumprir o prazo de entrega de um pedido colocado, poderá ocorrer ao infrator o pagamento de uma multa ou até o cancelamento do pedido, prejudicando assim a imagem da empresa perante o cliente. Este problema acarretará um custo elevado e de difícil medição relacionado com a imagem, custos, confiabilidade, concorrência etc. A soma de todos os custos produz o resultado abaixo

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ANOTAÇÕES

Figura 31 – Custos de estoques – Elaborado pelo autor.

Observe que a curva apresentada na figura acima tem um ponto de mínimo, também chamado de ponto de inflexão pois a curva muda de sentido. Este ponta mostra dois valores um no eixo x e outro no eixo y. No eixo x temos uma quantidade de 200 unidades, e no eixo y o custo de $200,00. Este é o menor custo representado pela curva e corresponde ao custo de comprar mais o custo de armazenar. Este ponto corresponde ao lote econômico. Existe uma fórmula para se fazer o cálculo, que é:

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A curva corresponde a tabela abaixo: Tabela 11. Custos de Estoques

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Vamos exercitar um pouco? Volte na aula anterior, calcule e desenhe a curva ABC para os itens em estoque conforme a tabela abaixo.

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Calcule o LEC para o item de maior importância e o de menor importância. Considere que o custo de compras é o mesmo para ambos os casos e vale R$30,00. O custo de armazenagem é de R$0,10 para cada R$1,00 investido. Discuta a resposta encontrada com seus colegas. Refaça o exercício para todos os itens.


RESUMO: Você aprendeu que o que é Lote Econômico, sua aplicação e os limites operacionais. Aprendeu que comprar e armazenar custam, e que existe uma relação entre os dois tipos de gastos e a quantidade a ser comprada.

Determine o valor de comprar e de armazenar um item de estoque público em seu município. Que fatores você considerará nesta cálculo?

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR

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RESTRIÇÕES AO LOTE ECONÔMICO 1. Espaço de Armazenagem - uma empresa que passa a adotar o método em seus estoques, pode deparar- se com o problema de falta de espaço, pois, às vezes, os lotes de compra recomendados pelo sistema não coincidem com a capacidade de armazenagem do almoxarifado; 2. Variações do Preço de Material - Em economias inflacionárias, calcular e adquirir a quantidade ideal ou econômica de compra, com base nos preços atuais para suprir o dia de amanhã, implicaria, de certa forma, refazer os cálculos tantas vezes quantas forem as alterações de preços sofridas pelo material ao longo do período. O que não se verifica, com constância, nos países de economia relativamente estável, onde o preço permanece estacionário por períodos mais longos; 3. Dificuldade de Aplicação - Decorre, em grande parte, da falta de registros ou da dificuldade de levantamento dos dados de custos. Entretanto, com referência a este aspecto, erros por maiores que sejam - na apuração destes custos - não afetam de forma significativa o resultado ou a solução final. São poucos sensíveis às alterações razoáveis nos fatores de custo considerados. Estes são, portanto, sempre de precisão relativa; 4. Natureza do Material - Pode vir a se constituir em fator de dificuldade. O material poderá tornar-se obsoleto ou deteriorar-se; 5. Natureza de Consumo - A aplicação do lote econômico de compra, pressupõe, em regra, um tipo, de demanda regular e constante, com distribuição uniforme. Como isto nem sempre ocorre com relação à boa parte dos itens, é possível que não consigamos resultados satisfatórios ou esperados com os materiais cujo consumo seja de ordem aleatória e descontínua. Podemos, nestas circunstâncias, obter uma quantidade pequena que inviabilize a sua utilização. Uma vez que aprendemos como determinar a quantidade mínima que deve ter no estoque , iremos aprender agora como controlar essa quantidade de modo que não falte produtos para satisfazer a demanda.


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O que é a Logística Apresentação da aula. Nesta aula, o aluno terá contato com a evolução do pensamento logístico na administração pública e suas consequências, e conhecerá a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Aproveite e pesquise o termo blitzkrieg em: http:// pt.wikipedia.org/wiki/ Blitzkrieg Escreva contando que relação existe entre a guerra e a logística atual?

Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você conhecerá a evolução da logística na administração pública , assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. A Logística não é nada novo, é bastante antiga, e tinha características militares. Antes de se entrar em guerra com outro reino, os senhores da guerra mandavam espiões à frente para estudarem o território inimigo. Um grupo de batedores ia após para preparar o território, para receber os responsáveis pelas estruturas de apoio, barracas, cozinhas, fortificações e somente depois o grande exército se movia em segurança. Era preciso provisionar o exército para se assegurar o êxito da campanha. A logística é tão antiga quanto as organizações.

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A arte da guerra ganhou velocidade e dinamismo com a segunda guerra mundial, e a blitzkrieg alemã também conhecida por “guerra relâmpago”. O objetivo era invadir com o exército em pouco tempo para não dar tempo de reação ao oponente. Com isto os processo logísticos se aceleraram significativamente. Com o fim da guerra os exércitos foram desmobilizados, as organizações públicas e civis receberam muitos exoficiais dos exércitos (vencedores e vencidos). A influência militar na administração pode ser atribuida como um ponto de partida para o aprimoramento desta prática nas modernas organizações. No pós-guerra, as organizações adotaram práticas militares em seus processos administrativos. O conceito atual de logística envolve questões diferentes, onde antes haviam exércitos em guerra hoje temos organizações tentando chegar aos beneficiários com o objetivo não é conquistar o território alheio mas sim de atender ao beneficiário.


As ações logísticas viabilizam os desejos dos beneficiários. Mas afinal, qual é a relação entre compras e Logística se estamos falando sobre políticas públicas? Lembre que as organizações devem ser vistas como um sistema complexo, e as boas práticas de gestão obtidas devem ser usadas no atendimento aos beneficiários. Assim, o resultado será melhor para o sistema. A questão não é criticar mas mostrar que existem diferentes posicionamentos sobre o que é Logística. No curso, usaremos o termo Logística para referir a todo o processo envolvendo desde fornecedores de fornecedores (2ª camada) até beneficiários de beneficiários (2ª camada), o que corresponde a “Gestão da Cadeia de Suprimentos” na figura abaixo As primeiras aulas se referem a gestão de compras e correspondem ao apresentado na figura abaixo, ou seja, a relação entre o fornecedor de 1ª camada e a unidade pública.

ANOTAÇÕES

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Outra questão não é só chegar antes ao beneficiário mas criar valor para este. Criar valor para o beneficiário é um dos objetivos da gestão pública. Este não é um curso sobre políticas públicas, porém a existência da Logística como se concebe hoje é decorrente deste pensamento. A Logística deve estar ligada diretamente as políticas públicas, e se traduzir em ações necessárias para que estas políticas se realizem.

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Figura 32 - Diferentes processos nas organizações públicas adaptado de Slack, Chambers e Johnston.

RESUMO: Nesta aula, você aprendeu conceitos sobre a Logística; aprendeu a que as organizações desenvolveram diversos olhares sobre a interpretação da movimentação de cargas, e que a visão mais moderna é de uma rede interligada, envolvendo os fornecedores, a organização e os beneficiários (clientes).


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O Renascimento da Logística Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato com os aspectos modernos da logística os quais envolvem e perpassam a ação do profissional de Gestão do Patrimônio; também conhecerá a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber analisar a evolução dos processos logísticos, assim como conhecer o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional

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Como vimos a logística não é algo novo, na verdade é muito antigo. Mas por que a logística ganhou força na atual administração das organizações públicas? Para responder a esta questão é preciso entender o contexto das organizações em dois momentos distintos. Como visto anteriormente na fase do pós segunda guerra mundial havia um desequilíbrio nas relações entre oferta e demanda em favor da oferta. Rapidamente o desequilíbrio passou para o lado da demanda obrigando as organizações a buscarem alternativas para superar as dificuldades em um contexto que passava da situação de desabastecido para a situação de abastecido. As teorias administrativas emergentes defendiam que as práticas organizacionais precisariam deixar de focar na eficiência e buscar a eficácia. Como no filme Titanic, após o choque com o icebergue a banda de músicos foi instruída a tocar, e continuou tocando. Enquanto o navio afundava, a banda foi eficiente, mas não foi eficaz pois no final todos morreram. Esta metáfora mostra que as organizações devem ser eficazes porém sem perder a eficiência. Na busca por eficácia sem perder a eficiência, aparece na década de 70 e 80, os sistemas de gestão baseados na qualidade, com destaque para o NBR ISO9000. Os ganhos que as organizações públicas tiveram ao adotar sistemas de gestão pela qualidade permitiram que muitas delas criassem uma vantagem competitiva significativa para seus beneficiários. Passados quase vinte anos desde a criação no Brasil do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), as organizações públicas que mudaram seu paradigma e adotaram sistemas baseados na gestão pública pela qualidade, hoje se encontram em posição de destaque entre os demais órgãos públicos.


Outro fator que impedia o renascimento da logística foi a falta de suporte computacional. Os computadores eram caros e de baixa capacidade de processamento, exigiam ambientes caros, controlados e operadores especialistas. Os recursos lógico-matemáticos empregados eram rudimentares. A partir da década de 80, ocorreram diversas mudanças que atuaram de forma a impulsionar a Logística como a temos atualmente. A onda neo-liberalizante favoreceu a que o setor de transportes fosse desregulamentado. Basta lembrar da privatização da malha ferrovoária federal, iniciada em 1992 e concluída em 1998; ou dos pedágios nas rodovias federais. Para melhores informações verifique os endereços: http://www.rffsa.gov.br/Privatiz/pd.htm http://www.antt.gov.br/legislacao/basica/index.asp A onda liberalizante favoreceu a desregulamentação das operações dos modais logísticos. A explosão do mercado de informática com a maciça adoção da arquitetura computacional descentralizada, o crescente aumento da capacidade de processamento computacional, o significativo incremento nos sistemas de telecomunicações fixas e móveis, a drástica redução de custos (uma linha telefônica custava U$1000,00 e hoje custa U$10,00), as facilidades de uso de interfaces amigáveis entre o computador e o usuário, o aparecimento da internet como opção para negócios são alguns fatores que impulsionaram a logística na última década.

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A logística estava adormecida, pois não se via ganhos, apenas custos com os processos logísticos.

ANOTAÇÕES

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Antes da década de 80, a questão logística tinha apenas o enfoque econômico. As organizações públicas viam a questão logística apenas como uma mal necessário, o custo do transporte e da armazenagem eram administrados sem muito foco, era difícil quantificar os custos da (in) satisfação dos beneficiários. Na década de 70, o preço do petróleo disparou; houve dois grandes choques do petróleo com o barril aumentando de preço de U$2,00 para U$ 17,00 causando sérios transtornos aos países emergentes e entre eles o Brasil.


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Sistemas computacionais permitem identificar e rastrear cargas com muita facilidade. Com a adoção das boas práticas de gestão em curto espaço de tempo a logística se apropriou rapidamente do uso de indicadores para medir os processos, da adoção de pesquisas de satisfação junto aos beneficiários, da padronização das atividades e processos, do uso de ferramentas da qualidade, estes foram mais alguns fatores de suporte ao desenvolvimento dos modernos processos logísticos. A gestão pela qualidade suporta os processos logísticos, e coloca a satisfação do beneficiário como elemento principal. A mudança estratégica ocorrida nas organizações permitiu a criação de parcerias e alianças entre as empresas públicas, processos de uso compartilhado de rotas e equipamentos têm se mostrado uma opção muito criativa e proveitosa. RESUMO: Nesta aula, você aprendeu que a logística teve uma mudança de enfoque ao longo do tempo; passou apenas de custo para a criação de valor para o beneficiário (cliente). No Brasil, este impulso se deve, principalmente, a desregulamentação na área de transportes.

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Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você verá o trabalho do profissional de logística, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Embora sejam empregados como sinônimos, as palavras competência e habilidade são diferentes. Habilidade é a capacidade de executar alguma operação (como poder andar de bicicleta, emitir um pedido de compras, ou escrever uma carta). Competência se situa em um patamar acima, a competência exige uma formação maior do indivíduo. É competente quem sabe executar uma ação e dizer o porquê. É competente quem sabe ensinar alguém a desenvolver uma habilidade. A logística exige um profissional em constante aprendizagem. Competência em logística acompanha o mesmo raciocínio anterior, ou seja, uma organização é competente em logística se na avaliação de seu beneficiário ela fornecer um serviço superior, de forma contínua ao menor custo possível. Uma maneira de se medir a competência logística de uma organização é por meio da capacidade que esta organização tem de criar valor para o beneficiário. Criar valor para o beneficiário significa entender sua necessidade. De uma forma resumida, ser competente logísticamente significa cuidar dos aspectos do beneficiário como se fossem seus, com eficiência e eficácia. Se estamos falando da sua própria organização, ou seja, a organização é a própria beneficiária, a competência logística reflete um posicionamento estratégico da sua organização. Partindo do pressuposto que uma organização pública é um sistema, a logística deve ser integrada na organização, e suas ações devem ser “orquestradas” para o aten-

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Apresentação da aula. Nesta aula você aluno terá contato com o trabalho do profissional de Logística, e verá a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais.

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A Competência Logística e o Trabalho da Logística


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dimento das necessidades de seus beneficiários. O trabalho da logística pode ser dividido em cinco partes: projeto da rede, sistema de informações, sistema de transportes, sistema de estoques e sistema de armazenagem, embalagem e manuseio de materiais. Um ponto de partida é de que as organizações públicas devem reconhecer a necessidade de cooperar com outras organizações públicas para alcançar um processo logístico de excelência. Logística exige competência e reconhecimento operacional.

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PARA SABER MAIS... Pesquise na internet os diferentes tipos de sistemas de acompanhamento (rastreamento) de cargas utilizado nas rodovias pelas companhias transportadoras.

Projeto de rede objetiva determinar os tipos e quantidades de instalações, sua localização e o tipo de trabalho a ser executado em cada uma delas. Como as organizações estão em constante mudança, um bom projeto de rede deve prevê-la. É frequente haver área disponível para ser ampliada e construída. O sistema de informação está diretamente subordinado com o desejo do beneficiário. A informação tem de ser verdadeira, deve ser entregue a pessoa correta e em tempo hábil. O fator tempo e o fator custo determinam o nível de serviço a ser entregue ao beneficiário, e é desta forma que ele credita valor à logística. A atual tecnologia disponível permite atender aos mais exigentes requisitos dos beneficiários (informação). O grande problema é a qualidade da informação, pois um sistema rápido carrega e processa erros de forma mais rápida. Erros podem resultar em falta ou excesso de itens. O transporte é definido como a área operacional que posiciona os estoques. É a área de maior facilidade na apuração de custos. O custo em transporte pode ser definido como o pagamento pela movimentação de produtos entre dois pontos geográficos e o pagamento com as despesas relacionadas com o gerenciamento e manutenção do estoque em trânsito. Velocidade do transporte é o tempo necessário para completar uma movimentação específica. Serviços rápidos significam custos de transporte maiores. Serviços rápidos significam custos de estoques menores. Portanto, é necessário contra balancear os dois custos, e verificar qual é a melhor relação, e se esta relação é aceita pelo beneficiário. A consistência do transporte é definida como a capacidade de se manter variações mínimas para os tempos de movimentação. Exemplificando: se uma empresa de São Paulo leva seis horas para entregar uma carga em Curiti-


A necessidade e o tamanho dos estoques dependem da estrutura de rede criada e do nível de serviço estabelecido. O objetivo é fornecer um nível de serviço ao menor custo possível. Excessos de estoques escondem problemas de competência gerencial e de desempenho da rede. Estratégias de logística servem para manter o mínino de recursos financeiros sob forma de estoques. Entregas consistentes e rápidas podem depender de estoques locais. A armazenagem, o manuseio e a embalagem consistem nas operações de carga e descarga, na separação e no sequenciamento até o destino final. Operações e seleção de pedidos, consolidação de cargas de produtos também são frequentes. RESUMO: Nesta aula, você aprendeu sobre o que é competência logística, o uso de indicadores para compreender as operações e o trabalho logístico, e como a questão da qualidade afetou a logística moderna.

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A qualidade logística é percebida pelo beneficiário.

ANOTAÇÕES

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ba, o serviço de transporte será considerado consistente se sempre levar as mesmas seis horas. Variações na consistência das entregas significam estoques de proteção maiores e consequentemente maiores custos. Combinações entre velocidade e consistência formam a percepção do beneficiário sobre a qualidade dos serviços prestados.


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Objetivos Operacionais Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno conhecerá os objetivos utilizados pelos profissionais de Logística, e também a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber aplicar os objetivos logísticos e tomar decisões baseados neles, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional.

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O processo logístico precisa ser planejado e comparado, para tanto se utiliza indicadores. Os indicadores são obtidos a partir do estudo dos objetivos operacionais. Um conjunto de seis indicadores permite esta análise. Os indicadores são: Resposta Rápida, Variância Mínima, Estoque Mínimo, Consolidação da Movimentação, Qualidade e Apoio ao Ciclo de Vida. Resposta Rápida é a habilidade da organização em satisfazer as exigências dos clientes em tempo hábil. O nível de serviço ao cliente é determinado pela relação da rapidez com o fator custo. Variância Mínima é resultado de qualquer acontecimento inesperado que perturbe o desempenho do sistema. Um dos objetivos do gestor em logística é diminuir ou eliminar as causas das variações temporais em seus processos. A Gestão Logísitica necessita de indicadores para seus processos. Estoque Mínimo é o total de investimento distribuído em todo o sistema logístico em estoques. Outra característica a ser observada pelo operador logístico é a necessidade de se reduzir custos pela diminuição dos estoques até o ponto mínimo definido pelo nível de serviço estipulado. Consolidação da Movimentação é uma forma de reduzir o custo dos transportes. Dentro da definição do nível de serviço a ser oferecido existe a possibilidade da consolidação de cargas como fator de economia ou do aproveitamento do retorno em vazio. Qualidade do contínuo aperfeiçoamento representada nos sistemas de gestão da qualidade pelo Kaizen, considerado um dos fatores que impulsionou a logística e colaborou para o seu renascimento.


RESUMO: Nesta aula você aprendeu o que são os objetivos operacionais e como eles se relacionam com o trabalho do gestor de Logística. Teve oportunidade de compreender a logística reversa e como ela é importante para o meio ambiente.

Faça uma pesquisa na sua região sobre a destinação das embalagens de agrotóxicos e qual o destino destas embalagens. Qual dos objetivos operacionais está ligado à questão da devolução das embalagens? Aproveite e pesquise sobre a destinação que dada as embalagens após o retorno aos fabricantes.

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A logística reversa apoia os processos de gestão do meio ambiente.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

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Apoio ao Ciclo de Vida pode ser expresso pela capacidade de retirada do produto de circulação pela organização, isto contribui enormemente para a economia com estoques. Outro ponto importante é o processo de logística reversa, onde produtos ou embalagens retornam a origem para processamento ou reaproveitamento.


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A incerteza na Logística Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno conhecerá os fatores intervenientes na ação do profissional de Logística, e a evolução do pensamento ético sobre as atividades profissionais.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Pesquise sobre a dispersão de tempo no recebimento da merenda escolar do seu município. Descubra qual é o maior ofensor do processo logístico (o que causa maior variabilidade).

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Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber interpretar como a incerteza dificulta a ação do profissional, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Nos objetivos operacionais, vimos que o fator rapidez e o fator variância têm impacto direto no resultado qualitativo do processo logístico. Os diversos modais empregados nas atividades logísticas enfrentam alterações em suas velocidades de entrega e variações em seus processos operacionais. Uma empresa de transportes entre Curitiba e Foz do Iguaçu pode cobrir os 600 km em 8 horas. Se ocorrerem obras na rodovia, o veículo pode sofrer um atraso. Isto representa variações na velocidade. Este é um fator externo ao controle da organização. No entanto, a mesma organização pode ter variações em seus processos internos como na emissão de pedidos, onde erros de preenchimento de formulários podem representar a suspensão do envio de materiais para a correção de dados, implicando que o tempo para processar um pedido se altere. Isto com certeza afetam à variância. Para o beneficiário, os atrasos ocorridos serão somados representando uma variação maior, a qual pode ser extremamente significativa. A Transmissão de Pedidos pode ocorrer desde meio dia até o máximo de três dias. O Processamento de um pedido pode ser efetuado entre um e quatro dias. Estes efeitos começam a ser somados aumentando o tempo do Ciclo do Pedido.

Figura 33 – Variações nos processos Logísticos. Adaptado de Slack, Chambers e Johnston


A separação do pedido acrescenta tempos de um a vinte dias, o transporte de mercadorias acrescenta tempo de dois a dez dias, e finalmente a entrega ao cliente pode consumir de meio dia a três dias, totalizando uma janela de tempo que varia entre cinco e quarenta dias.

ANOTAÇÕES

RESUMO: Nesta aula, você teve oportunidade de compreender os fatores intervenientes nos processos operacionais, e como os resultados finais podem ser seriamente afetados pela dispersão dos tempos, e sua consequência para a gestão da coisa pública.

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O objetivo gerencial logístico é diminuir a incerteza das ações, de trabalhar com janelas de tempo mais estreitas, pois significam processos mais estáveis e com menor variação, o que reflete para o beneficiário como qualidade. Variações mínimas representam também economia, pois se pode trabalhar com níveis de estoque menores, empregando menos capital.

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Processos estáveis são mais fáceis de gerenciar.


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Níveis de Serviço Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno conhecerá os diferentes tipos de níveis de serviço aplicados à área de Logística, e a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber o que são níveis de serviço e como se aplicam, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional.

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Antes de avançar na questão é preciso refletir. O serviço básico não é estático, pois o cliente sempre espera por mais sem querer pagar por isto. O serviço básico de atendimento ao beneficiário tem como característica o atendimento amplo, envolvendo o maior número possível de beneficiários. O serviço de atendimento básico pode ser medido em termos de: disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade. A disponibilidade é a capacidade de atendimento imediato, ou seja, a existência de itens em estoque. Vamos entender que atendimento imediato significa de forma mais ampla, conforme a necessidade dos beneficiários. A disponibilidade é feita a partir do estoque. O tamanho do estoque é determinado por uma parcela baseada na estimativa de consumo do produto, e outra parcela é baseada na segurança que se quer proporcionar à operação. A disponibilidade depende da estrutura da rede logística, isto é, do número de depósitos, da localização destes e também depende da estratégia para a entrega do produto. A (in)disponibilidade pode ser medida em termos de frequência da falta de estoque (tem ou não tem o item), índice de disponibilidade (quantidade parcial do item em relação ao que é pedido) e expedição de pedidos completos. O desempenho operacional também é medido em termos de: velocidade, consistência, confiabilidade, falhas e recuperação. Velocidade é medido com o tempo decorrido entre o pedido e o recebimento, também chamado de lead time. A velocidade deve ser considerada pelo lado do beneficiário. Envolver o beneficiário nesta perspectiva é derivado da abordagem embutida nos sistemas de gestão pela qualidade como a ISO9000 ou o Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ.


O serviço ao beneficiário também chamado de Service Level Agreement – SLA pode ser definido como o resultado da ação de uma atividade. Exemplo: o serviço prestado pelos Correios na entrega de documentos e objetos. O serviço ao beneficiário pode ser colocado em termos de nível de desempenho. Voltando ao exemplo do correio, encontramos serviços postais entre capitais com tempo estimado de 48h para cartas simples, e de 2 horas para telegramas durante o expediente comercial. O correio brasileiro também possui o serviço SEDEX em várias opções (SEDEX 10, SEDEX hoje, SEDEX Mundi, e outros). Se a organização coloca que “Encomendas efetuados no dia anterior serão entregues até às 10h do dia seguinte” em determinadas cidades, se pode dizer que se trata de uma filosofia de gestão se todas as ações são dirigidas neste sentido. Nível de serviço elevado ao beneficiário implica em maiores custos. O serviço básico envolve a disponibilidade, que é a capacidade de ter produtos em estoque no momento desejado pelo cliente; o desempenho operacional é medido em termos de velocidade, consistência, flexibilidade; e planos de contingência em caso de falhas e de sua recuperação; e a confiabilidade derivada do conceito qualitativo sobre o posicionamento de suas entregas. O serviço ao beneficiário tem se mostrado de forma dinâmica impulsionado pelo contínuo aumento das expectativas dos mesmos. O aumento das expectativas é provocado por todas as organizações, fornecedores de serviços, sejam elas públicas ou não, sejam concorrentes ou não do

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A logística se apoia no sistema da qualidade na busca da satisfação dos beneficiários.

ANOTAÇÕES

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A consistência é a capacidade da organização logísitica de manter as entregas em um regime constante. Isto também deve ser medido pela perspectiva do beneficiário. Em situações de falhas são necessárias ações corretivas e também preventivas. É necessário um plano de contingência, pois uma carga pode ser avariada, um veículo pode ficar retido, pode ocorrer um sinistro e o beneficiário não pode ser culpado por tais acontecimentos. A percepção qualitativa que os beneficiários têm dos serviços prestados formam o conceito de confiabilidade, informações antecipadas fornecidas aos beneficiários como conteúdo e posição da carga reforçam este conceito.


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serviço, que na busca por se manter no mercado oferecem serviços com mais atributos seguidamente, e desta forma instruem e orientam; e consequentemente realimentam o mercado consumidor resultando em tempos de ciclo menores e índices de disponibilidade cada vez maiores, conforma se verifica na figura abaixo. Este fato leva ao que se chama de “janela de serviço”.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Pesquise o nível de serviço no transporte escolar em seu município. Como você o classificaria? Para construir sua resposta lembre de pensar na definição do que é nível de serviço. Figura 34 - Janela de Serviço Adptado de Slack, Chambers e Johnston.

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O atendimento ao pedido perfeito é o limite onde a disponibilidade é máxima (100%) e o tempo de ciclo é mínimo tendendo a zero (entrega instantânea). O atendimento do pedido perfeito é derivado dos conceitos da qualidade largamente implantados desde a década de 80, como o zero defeito e ultrapassa o serviço básico. As organizações que buscam o atendimento do pedido perfeito tendem a se tornar fornecedores preferenciais, necessitam de um forte apoio informacional e consequente custo mais elevado. O serviço de valor agregado é diferente do serviço básico e diferente do serviço de atendimento do pedido perfeito. Serviços de valor agregado resultam de atividades específicas ou exclusivas. O atendimento ao pedido perfeito busca a satisfação máxima do cliente. Atividades específicas podem ser a colocação de etiquetas para controle e segurança, uso de embalagens especiais, marcações especiais, cuidados de manuseio. RESUMO: Nesta aula, você teve oportunidade de conhecer o que são níveis de serviço; os tipos de serviço (como serviço básico, pedido perfeito e serviço de valor agregado); viu a importância dos níveis de serviço para o atendimento da população na questão da saúde, e aprendeu sobre o uso de indicadores para medir o nível de um serviço.


Gerenciamento de Transportes

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O serviço de transporte é a parte mais visível em uma operação logística. Por exemplo, se você caminhar pela rua da cidade, pela estrada, ou mesmo dentro do aeroporto ou na estação de trens de cargas verá anúncios e propagandas sobre os serviços logísticos. É também a forma mais fácil de se apurar custos. O serviço de transporte também concentra os maiores custos logísticos, e por esta razão o controle deve ser mais próximo e continuamente aperfeiçoado. A estratégia de formação de preços está diretamente relacionanda com o custo dos transportes, e o nível de serviço ao beneficiário a ser oferecido. Um nível de serviços mais baixo pode significar adotar um modal de transporte mais econômico como o marítmo, um nível de serviço mais elevado pode significar optar pelo transporte aéreo que é significativamente mais caro. Níveis de serviços diferentes podem significar serviço de atendimento básico ou serviço de valor agregado e, consequentemente, a propriação de custos conforme visto no final da aula anterior. A relação custo benefício de um nível de serviço deve ser maximizada sem afetar a qualidade percebida pelo beneficiário. A operação intermodal (mais de um modal) estava restrita (proibida) até pouco tempo atrás não só no Brasil como em muitos países. A onda neoliberalizante e a globalização permitiram que o estado brasileiro diminuísse sua ação sobre os sistemas de transporte. O estado passou a ser o agente regularizador, deixando que as leis de mercado atuem de forma livre e aberta. Para maiores informações consulte os sites da Agência Nacional de Transporte Terres-

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Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saber interpretar os diferentes tipos de transportes e a adequação à necessidade de se manter níveis de serviço, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional.

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Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato com ação do profissional de Gestão de transportes, e conhecerá a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais.


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tre – ANTT http://www.antt.gov.br/, da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, da Agência Nacional de Transporte Aquaviário, - ANTAQ em http://www.anac.gov.br/ e http:// www.antaq.gov.br/NovositeAntaq/default.asp. RESUMO: Nesta aula, você teve uma introdução à gestão dos transportes, e do papel dos órgãos de regulação.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Pesquise no site da ANTT as diferentes classificações concedidas as empresas transportadoras de produtos próprios, transportadoras de carga, e transportadores autônomos. Para referência, observe os códigos nas portas dos caminhões.

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Objetivos. Ao concluirmos esta aula, você deverá saberá sobre a ação do profissional de gestão de armazéns, assim como o desdobramento da ação profissional e o resultado que se espera deste profissional. Outro ponto de apoio ao processo logístico são as estruturas de armazenagem. Os depósitos flexibilizam o trabalho logístico e suportam elevados padrões de nível de serviço ao beneficiário. Os princípios operacionais de armazenagem nos depósitos são decorrentes do projeto de rede, da tecnologia de manuseio e do plano de estocagem. O projeto da rede logística é elaborado tomando por base características das instalações físicas e da movimentação dos produtos como por exemplo construir prédios de um pavimento para evitar elevar cargas pesadas ou desajeitadas, disposição da entrada e saída de forma que o percurso seja linear ou em forma de “U”. Produtos de maior movimentação devem ficar nas áreas mais próximas aos sistemas de movimentação; produtos mais pesados na parte inferior e produtos mais leves na parte superior; produtos de grandes dimensões ou “esbeltos” na parte inferior; produtos de pequenas dimensões na parte superior. Outros critérios devem ser levados em consideração como custo do produto, cuidados de higiene, validade ou fragilidade. O projeto do armazém deve ser concebido de forma a eliminar o duplo manuseio ou o excessivo manuseio. Os pontos de gargalo também devem ser exaustivamente estudados. Gargalos podem se mover em função da sazonalidade da demanda, isto significa que mesmo itens de grande consumo podem ficar em pontos afastados, como por exemplo, itens marcadamente sazonais por serem intensamente consumidos em pequeno período de tempo (poucos dias ou semanas), frente a outros itens de grande consumo, porém de distribuição mais regular ao longo do ano

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G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

Apresentação da aula. Nesta aula, você, aluno terá contato com os aspectos que envolvem a ação do profissional de Gestão de Armazéns e Depósitos, e a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais.

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Gerenciamento de Depósitos


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Depósitos suportam níveis de serviço elevados. A tecnologia de manuseio deve permitir o menor número de operações possíveis de forma a diminuir a interferência humana. Alguns armazéns são robotizados, sem que haja operação manual. Mediante robos munidos de leitores de posição e de códigos de barra e acesso por tecnologia de comunicação móvel é possível que o computador que controla a venda de determinado item em uma loja distante (milhares de quilômetros) informe ao computador que controle o armazém (estoque) e este ordene o movimento do robo até a posição (coordenadas), o robo apanha o item (caixa padronizada, quantidade padronizada) e o transporta até a posição de saída. Repetidas viagens permitem que os itens sejam alocados em uma posição de saída (balança). A documentação legal é emitida. O sistema conhece as informações do peso dos itens, multiplica pela quantidade e compara o peso calculado na nota fiscal com o registro da balança, sendo desnecessário a ação humana. Somente em casos de erro ou acidente, a interferência humana é necessária. Agrupar os itens em containers padrão, pallets e caixas que facilitam a operação no depósito, são outras ações frequentemente encontradas nos armazéns. O plano de estocagem é efetuado em função das caracterísitcas físicas dos produtos tais como dimensão, peso, densidade, valor e a sazonalidade de abastecimento como, demanda dependente ou demanda independente. O plano de estocagem considera também as características físicas do prédio do armazém. O depósito deve ter sua localização estabelecida de forma que favoreça o atendimento ao mercado. Um depósito dentro de uma região urbana limitará a velocidade de transporte, o tipo do veículo (algumas cidades impedem que caminhões grandes trafeguem na região central), o crescimento urbano. Cidades com grande crescimento, como São Paulo, impedem que os depósitos sejam ampliados por falta de espaço na cidade. O local do depósito também tem de considerar o tipo de mão de obra a ser empregada e os serviços locais necessários e disponíveis tais como bancos, comércio, restaurantes, hospitais, postos policiais, postos de combustível, legislações municipais e estaduais também podem ser restritivas a ponto de causar sérios transtornos às operações logísticas como com líquidos inflamáveis, materiais tóxicos ou radioativos. Um depósito deve ter em seu projeto a previsão de área para expansão. É comum encontrar áreas de 3 a 5 ve-


zes superiores a área construída inicialmente. Em alguns casos é necessário um tipo de solo e de piso que suportem grandes pesos como as indústrias de base.

OBJETIVO DA CLASSIFICAÇÃO. É definir uma catalogação, simplificação, especificação, normalização, padronização e codificação de todos os materiais componentes do estoque da empresa. IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO. Este é item primordial para qualquer Departamento de Materiais, pois sem ele não poderia existir controle eficiente dos estoques, adequado armazenamento, e correto funcionamento do almoxarifado. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO. Entre outros, costuma-se dividir os materiais de acordo com os seguintes critérios: 1 - Quanto à estocagem a) Materiais estocáveis São materiais que devem existir em estoque e para os quais serão determinados critérios de ressuprimento, de acordo com a previsão de consumo.

Pesquise um armazém público em seu município. Que características você consegue destacar em relação aos produtos lá armazenados? Discuta com seus colegas.

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR

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CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS Sem o estoque de certas quantidades de materiais que atendam regularmente às necessidades dos vários setores da organização, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção, aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, formam grupos ou classes que comumente constituem a classificação de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à natureza dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.), ou do tipo de demanda, estocagem, etc. Classificar um material na verdade é agrupá-lo segundo a forma, dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confusão, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo a ser confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classificação, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material ocupe o respectivo local. Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos entre si. Classificar material, em outras palavras, significa ordenálo segundo critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sem, contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração na qualidade.


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b) Materiais não-estocáveis São materiais não destinados à estocagem e que não são críticos para a operação da organização. Por isso, seu ressuprimento não é feito automaticamente. A aquisição se dá mediante solicitação dos setores usuários, e a utilização geralmente é imediata. c) Materiais de estocagem permanente São materiais mantidos em nível normal de estoque, para garantir o abastecimento ininterrupto de qualquer atividade. Aconselha-se o sistema de renovação automática. d) Materiais de estocagem temporária Não são considerados materiais de estoque, e por isso são guardados apenas durante determinado tempo, até sua utilização. 2 - Quanto à aplicação a) Materiais de consumo geral São materiais que a empresa utiliza em seus diversos setores, para fins diretos ou indiretos de produção. b) Materiais de manutenção São os materiais utilizados pelo setor específico de manutenção da organização.

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3 - Quanto à perecibilidade É o critério de classificação pelo perecimento (obsolescência) significa evitar o desaparecimento das propriedades físico-químicas do material. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação, assim, a empresa adquire determinado material para ser utilizado em data oportuna, e, se porventura não houver consumo, a utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos. Existem recomendações quanto à preservação dos materiais e a adequada embalagem para proteção à umidade, oxidação, poeira, choques mecânicos, pressão etc. 4 - Quanto à periculosidade A adoção dessa classificação visa a identificação de materiais, como por exemplo, produtos químicos e gases, que por suas características físico-químicas, possuam incompatibilidade com outros, oferecendo riscos à segurança. A adoção dessa classificação é de muita utilidade quando do manuseio, transporte e armazenagem de materiais.


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ANOTAÇÕES

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RESUMO: Nesta aula, você teve oportunidade de conhecer um pouco sobre a gestão de depósitos; sobre o que é plano de armazenagem e sua utilização; aprendeu que os materiais têm diversas classificações e que a armazenagem tem uma relação entre o o produto e o seu lugar de armazenagem.


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Movimentação, Manuseio de materiais e Embalagens Apresentação da aula. Você terá contato com os aspectos técnicos que envolvem a ação do profissional encarregado pela movimentação e manuseio de materiais e embalagens, e a evolução do pensamento administrativo sobre as atividades profissionais. Objetivos. Ao concluirmos a aula, você deverá saber analisar a ação do profissional de movimentação e manuseio de materiais, assim como o desdobramento da ação profissional, e o resultado que se espera do profissional.

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A principal função do armazém é a de proteger os produtos até a sua movimentação, levando-se em conta as caracterísiticas físicas dos produtos, a tecnologia disponível e seus beneficiários. A rede brasileira de transportes ferroviários se mostra de certa forma rígida e inflexível. Os transportes ferroviários além de transportarem grandes quantidades de materiais a baixo custo, são mais flexíveis e alcançam uma capilaridade muito grande, porém a um custo superior. Combinar os modais ferroviário e rodoviário parece uma solução muito interessante do ponto de vista logístico. A combinação de diferentes modais permite economias significativas nas operações logísticas. Para que o sistema logístico tenha ganhos que se reflitam a seus beneficiários é preciso o uso intenso de tecnologia. A criatividade nas operações e a busca por soluções alternativos têm se mostrado como o maior e melhor desafio para os operadores logísticos. Os produtos não chegam sozinhos aos seus destinos, portanto, é preciso manuseá-los. Como existe uma variedade imensa entre os diferentes produtos faz-se necessário métodos e equipamentos diferentes para o manuseio de tal forma que o seu uso não implique em prejuízos. Manuseio ou movimentação interna de produtos e materiais significa transportar pequenas quantidades por distâncias relativamente pequenas, quando comparadas com as a distâncias de grande percurso das transportadoras.


Pesquise em um armazém no seu município, quais são os tipos de equipamentos utilizados para a movimentação de cargas. Pesquise quais os cuidados que um operador de equipamentos deve ter ao manusear o equipamento.

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR

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Equipamentos de movimentação. Existe grande quantidade e variedade de equipamentos para o manuseio do amplo leque de tamanhos, formas, volumes e pesos de produtos. Os tipos mais comuns são (1) empilhadeiras e tratores, (2) transportadores e esteiras e (3) guinchos A maior parte dos produtos e materiais chega aos armazéns em carregamentos de caminhões de grande volume. A primeira atividade é executar o recebimento, isto é, operacionalizar a descarga, a retirada dos produtos . Na maioria dos armazéns, a descarga é realizada mecanicamente, usando uma combinação de empilhadeiras, esteiras rolantes e processos manuais. Quando a carga está empilhada no fundo de uma carreta, o procedimento típico é colocar manualmente os produtos em paletes ou esteiras rolantes. Se o produto chega unitizado em paletes ou em containers, as empilhadeiras são utilizadas para movimentar os produtos do veículo até a doca. O principal benefício de receber cargas unitizadas é a capacidade de descarregar rapidamente e liberar o equipamento de transporte de chegada. O manuseio consiste em movimentações realizadas dentro do armazém. Depois do recebimento e da movimentação para um local de espera, o produto normalmente é movimentado dentro da instalação para ser armazenado ou processado o pedido. Por fim, quando um pedido é processado, os produtos solicitados são separados e movimentados para a área de embarque. Esses dois tipos de manuseio no armazém normalmente são denominados de transferência e separação O embarque consiste na verificação do pedido e no carregamento para o equipamento de transporte. No ato do recebimento, as empresas podem usar esteiras rolantes e/ ou equipamentos de manuseio de unidades de carga (como empilhadeiras) para movimentar os produtos da área de espera para a carreta ou para o container do caminhão. A rotatividade do produto é o principal fator que orienta o leiaute do armazém. Assim, produtos de grande volume devem ser posicionados/estocados no armazém de modo a minimizar a distância de movimentação. Produtos de alta rotatividade devem ser posicionados próximos a entrada/saída, em prateleiras baixas. Produtos de baixo volume de movimentação podem ficar em lugares altos e distantes da entrada/saída. O plano de armazenamento deve levar em consideração o peso do produto, e as características especiais do mesmo, como a forma (plana, esbelta) e a fragilidade. Quanto ao fator embalagem, este deve ser entendi-


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do sob três aspectos diferentes. Primeiro, como promoção e uso do produto; em segundo, como proteção do produto, e em terceiro, como instrumento para aumentar a eficiência da distribuição e armazenagem dos produtos. Embalagens aumentam a eficiência da distribuição. O projeto da embalagem deve considerar o (1) manuseio e armazenagem, (2) resistência, tamanho e configuração; (3) unitização, (4) conteinerização e (5) identificação. RESUMO: Você aprendeu sobre a movimentação de materiais dentro de armazéns; estudou as atividades desenvolvidas e os cuidados tomados pelos profissionais que lá trabalham; conheceu não apenas os tipos de equipamentos utiIizados como também as condições e as destinações dadas aos materiais.

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IUDICIBUS, Sérgio de, MARTINS, Eliseu e GELBCKE, Ernesto Rubens. O Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. 5 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2000).

BIBLIOGRAFIA

MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Intodução à Administração. Atlas, São Paulo, 2000. MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos, São Paulo 1998. OHNO, T.; O sistema Toyota de Produção. Porto Alegre, 1997 SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção 2ª edição São Paulo Editora Atlas, 2002. GOLDRATT, Eliyahu - A meta. São Paulo Editora Educador 2003.

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MARTINS, P. G.; Laugeni, F. P. Administração da Produção 2ª edição São Paulo Editora Saraiva, 2006.

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MARTINS, P. G.; Alt, P. R. C. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais São Paulo Editora Saraiva 2006.


AT I V I DA D ES AU TO I N ST R U T I VA S

1) Leia com atenção e depois assinale a alternativa correta: Os esquemas de desvio de verbas públicas como os chamados “mensalão” e “mensalinho”, são ações de superfaturamento que os fornecedores realizam contra as instituições públicas. O funcionário público sujeito a um código de ética em compras que comete esse tipo de abuso pode ser considerado: a. ético, pois está cumprindo ordens superiores. b. moral, pois é prática comum nas estruturas públicas. c. antiético, pois existem comissões de ética em compras. d. aético, pois existem comissões de ética em compras. e. amoral, pois a sociedade aceita est tipo de prática. 2) Assinale a alternativa correta. Um órgão público que estabelece um código de ética em compras, mas oferece aos clientes “favores” e “benesses” aos seus beneficiários (clientes) está agindo: a. moralmente, pois os concorrentes das empresas públicas também o fazem. b. eticamente, pois os concorrentes das empresas públicas também o fazem. c. aeticamente, pois os concorrentes das empresas públicas também o fazem. d. antieticamente, pois os concorrentes das empresas públicas também o fazem. e. nenhuma das alternativas está correta.

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3) Leia com atenção a colocação abaixo, e depois assinale a alternativa correta. Na atividade de compras, profissionais da área têm grande influência em fazer com que seus fornecedores adotem posturas de responsabilidade social importantes. a. Verdadeiro, pois o profissional de compras tem responsabilidades sociais. b. Verdadeiro, mas o profissional de compras não tem estas responsabilidades sociais. c. Falso, pois o profissional de compras não tem que interferir nestas questões. d. Falso, pois o profissional de compras deve cuidar apenas dos assuntos internos ao seu órgão. e. Nenhuma das alternativas anteriores


6) A manutenção produtiva total é um processo que se baseia em: a. Esperar o equipamento quebrar para se fazer uma reforma total b. Quando um equipamento quebra se faz a reforma total de todos os demais equipamentos c. Que o empregado faça pequenas manutenções como lubrificação e limpeza d. Ter sempre um equipamento de reserva para não haver parada de produção e. Ser aplicado apenas em indústrias e não em prédios 7) Um prédio público foi construído sobre um conceito inovador, no qual toda a água coletada da chuva é tratada no local e reutilizada para a descarga dos banheiros. A estação de tratamento de água é monitorada por diversos sensores que controlam e informam sobre o funcionamento. Assim, em termos de manutenção é correto afirmar: a. é usada a manutenção corretiva nos períodos de seca b. é usada a manutenção preventiva nos períodos de chuva c. é usada a manutenção preditiva em qualquer período d. é usada a manutenção tratativa em períodos de chuva e. é usada a manutenção dedutiva em períodos de seca

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5) Assinale a alternativa correta. Os procedimentos de compras devem ser de conhecimento dos funcionários. Isto é: a. ético b. moral c. aético d. antiético e. nenhuma das alternativas anteriores

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4) Assinale a alternativa correta. Se em uma licitação de compra de computadores para um órgão público, os funcionários especificarem um bem de tal forma que apenas um concorrente atenda aos requisitos, isto pode ser considerado: a. ético b. moral c. aético d. antiético e. não existem restrições a isto, pois o profissional de compras atua passivamente nestas questões.


AT I V I DA D ES AU TO I N ST R U T I VA S

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8) Analise a seguinte proposição: A copa de 2014 será realizada em sua cidade. Os times utilizarão um estádio particular da cidade. A seleção brasileira fará 4 jogos neste estádio. Pergunta-se: Em relação ao estádio onde os jogos ocorrerão, pode se afirmar que: a. é uma propriedade particular; mas enquanto durarem os jogos, o estádio será patrimônio do governo federal. b. é um patrimônio público, pois qualquer brasileiro poderá assistir aos jogos da seleção neste estádio. c. é uma propriedade particular e um patrimônio internacional, uma vez que os quatro times que jogarão contra o Brasil representam outros países. d. é um patrimônio particular e pode receber investimento direto do governo, assim se tornará patrimônio semipúblico. e. é um patrimônio particular e não pode receber investimentos diretos, pois continuará a ser patrimônio particular. 9) Leia atentamente o enunciado e depois assinale a alternativa correta. Durante a copa de 2014, podem ser considerados recursos públicos: I - O transporte coletivo concessionado, porque são empresas privadas que transportam a população. II - Os aeroportos, porque somente o governo administra e explora os serviços aeroportuários. III - Os ônibus da Federação Paranaense de Futebol que transportarão os jogadores. IV – As vias públicas por onde os veículos de passageiros públicos e particulares circularão a. apenas a (I) e (II) estão corretas b. apenas a (III) e (IV) estão corretas c. apenas a (I) e (III) estão corretas d. apenas a (II) e (IV) estão corretas e. todas estão corretas 10) Um caminhão do corpo de bombeiros do estado do Paraná sofreu um acidente ao atender uma ocorrência. Houve perda total do veículo no acidente. Assim, o caminhão pode ser considerado: a. um bem público. b. um veículo. c. não pode ser considerado um bem público, pois não tem mais serventia. d. um bem particular, pois o corpo de bombeiros não é órgão público. e. um bem imóvel, pois o veículo não pode mais se mover.


13) No início do mês de maio, o estoque de mercadorias estava avaliado ao custo unitário de R$ 15,00 e constava 80 unidades. Durante o mês ocorreram duas compras, uma dia três, de 120 unidades por R$ 2.400,00; outra, no dia 10, de 160 unidades, por R$ 4.000,00. A única venda do mês aconteceu no dia 8 e foi feita a prazo por R$ 6.000,00. O inventário físico final acusa a existência de 200 unidades. Considerando que os estoques são avaliados pelo critério técnico-matemático do custo médio, podemos afirmar que o custo das mercadorias vendidas (CMV), no aludido mês de maio, alcançou o valor de: a. R$ 2.304,00. b. R$ 2.496,00. c. R$ 2.702,40. d. R$ 2.808,00. e. R$ 2.880,00. 14) O governo comprou vacinas para combater a gripe H1N1. Assinale a opção que identifica o tipo de demanda que deve ser considerado para este caso. a. Demanda caótica b. Demanda hiperativa c. Demanda dependente d. Demanda absoluta e. Demanda independente

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12) Quanto aos bens dominicais, é correto afirmar que: a. São usados nos finais de semana b. São usados aos domingos c. São bens públicos sujeitos a escrituração fiscal d. São recursos sem uma destinação apropriada, como as invasões de terra pública. e. Todas estão corretas.

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11) Parte das rodovias federais, no Estado do Paraná, foram pedagiadas. Portanto, pode se afirmar com certeza que: a. São de propriedade particular, mas foram concessionadas. b. São de propriedade particular, mas foram privatizadas. c. São de propriedade pública, mas foram privatizadas. d. São de propriedade pública, mas foram concessionadas. e. Somente são propriedades particulares as rodovias estaduais.


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15) O comportamento da gripe H1N1 é semelhante ao da gripe comum. Para o cálculo da previsão de consumo das doses de vacina H1N1, qual fator não deve ser considerado neste caso: a. Nt = nível para o período t (média limpa) b. St = fator sazonal no período t (no ano) c. T = tendência de crescimento ou de queda no consumo (econômico) d. Ct = fator cíclico para o período t (maior que 1 ano) e. I = fator aleatório (fatores que não possam ser associados aos anteriores) 16) O governo federal comprou vacinas para todos os estados brasileiros. Este tipo de compra pode ser associado como previsão: a. média móvel b. média ponderada c. média centralizada d. descentralizada e. centralizada

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17) O efeito chicote é uma forma de explicar: a. como punir o funcionário público corrupto b. a suposta racionalidade das pessoas nas decisões de compras c. os acertos de comunicação nas compras d. porque devemos comprar sem perguntar aos usuários (beneficiários) e. a canetada do comprador 18) São técnicas de previsão: a. as séries espaciais b. as paliativas c. as qualitativas d. as séries tempestivas e. os efeitos de reação 19) Para determinar o melhor tipo de decisão gerencial sobre previsão, é usado o: a. erro absoluto b. erro ao quadrado c. erro da raiz quadrada d. erro médio e. erro puro


22) Identifique a alternativa que explica por que as pessoas podem ser consideradas como um tipo de estoque. a. Os governantes tratam o povo como gado b. Não se pode considerar pessoas como estoque c. Por meio das técnicas se pode projetar controles eficazes d. Fica mais difícil armazenar pessoas em um hotel e. Os lucros políticos são maiores 23) Durante o transporte, os estoques são considerados como: a. estoques de proteção b. estoques de ciclo c. estoques de canal d. estoque de produtos semiacabados e. estoques de matéria prima 24) Usar eventos passados para fazer prognósticos sobre consequências ou tendências futuras é um processo denominado: a. Certeza. b. Risco. c. Incerteza. d. Turbulência. e. Previsão.

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21) Analise as proposições, e depois assinale a alternativa correta: Dá-se o nome de inventário físico: I - ao balanço contábil dos bens e materiais da empresa. II - à verificação ou confirmação da existência dos materiais ou bens patrimoniais da empresa. III - ao levantamento físico ou contagem dos materiais existentes para efeito de registro no banco de dados de materiais da empresa. a. apenas a (I) está correta; b. apenas a (II) está correta; c. apenas a (III) está correta; d. apenas a (II) e (III) estão corretas; e. todas estão corretas

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20) Uma organização usou um α=0,2 e detectou um erro de 180%. O gestor solicitou o recálculo do erro, e determinou ao funcionário que recalculasse usando outros valores de α. Um gestor experiente escolheria qual faixa de valores? a. >1 b. <0 c. entre 0,5 e 1 d. entre 0,1 e 0,3 e. entre 0,3 e 0,5


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25) Ao trabalhar com a média móvel exponencialmente ponderada (MMEP), está se valorizando os dados mais recentes, e há menor manuseio de informações passadas. Três fatores são necessários para gerar a previsão do próximo período. Além da demanda (ou consumo) ocorrida no último período e da constante que determina o valor ou ponderação dada aos valores mais recentes. Assim sendo, é necessária a: a. previsão do último período. b. previsão do próximo período. c. previsão de três últimos períodos. d. previsão de três próximos períodos. e. demanda (consumo) ocorrida nos três últimos períodos. 26) Considere que um material apresente o consumo mensal a seguir:

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Sabendo que uma administração de estoques requer métodos consistentes de previsão de consumo dos materiais a serem adquiridos e com base nos dados apresentados, assinale a opção incorreta. a. O método da média móvel com ponderação exponencial soluciona algumas desvantagens de outros métodos, mas necessita de maior quantidade de dados de consumo. b. O modelo de evolução horizontal de consumo apresenta o consumo médio constante. c. Com base no método da média móvel para 3 períodos, a previsão de consumo para o mês de agosto é de 55 unidades. d. Se for utilizado o método da média móvel ponderada como previsão de consumo para o mês de agosto, os dados de junho e julho terão maior influência no resultado que os dados de janeiro e fevereiro. e. O método é falho, pois não traz os dados de agosto a dezembro


29) Deseja-se calcular quanto adquirir de um certo item cujo estoque precisa de reabastecimento. A demanda pelo item é de 2.000 unidades por ano. O custo de colocação de um item é de R$45,00 por pedido e o custo de manutenção de estoque é de R$2,00 por item ao ano. Definimos custos de manutenção como o custo de manutenção por unidade multiplicado pelo estoque médio e definimos custos de pedido como o produto do custo por pedido pelo número de pedidos no período. O lote econômico de compra para esses dados é igual a: a. 150; b. 225; c. 300; d. 375; e. 500.

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28) O lote econômico de compras, em um ambiente de demanda equilibrada, utilizado na gestão de materiais para encontrar o ponto ótimo no qual o custo total de pedir e manter materiais em estoque é a. maximizado. b. eliminado. c. aumentado. d. minimizado. e. diferenciado.

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27) A previsão de consumo ou da demanda de produtos é o ponto de partida para o planejamento de estoques. Identifique o tipo de método utilizado para determinar a melhor e mais eficaz linha de ajuste na tabulação, que passa perto de todos os dados de consumo coletados, e minimiza as distâncias entre cada ponto de consumo levantado. a. da média móvel; b. do último período; c. dos mínimos quadrados; d. da média móvel ponderada; e. da média com ponderação exponencial.


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30) Supondo que um dos itens de estoque do Tribunal Regional Eleitoral seja utilizado a uma taxa uniforme, não havendo variação na demanda prevista, sendo que o tempo de aquisição é sempre o mesmo, assim como o pedido completo é sempre entregue de uma só vez: Taxa de consumo = 24.000 unidades por ano Custo da encomenda = R$ 50,00 por pedido Custo da manutenção = R$ 0,15 por unidade no ano Tempo de aquisição = 1 mês Considerando os fatores apresentados, a alternativa que apresenta o correto tamanho do lote econômico para aquisição do produto é: a. 24.000 unidades b. 12.000 unidades c. 6.000 unidades d. 4.000 unidades e. 2.000 unidades 31) Uma organização tem em seu armazém 1.200.000 produtos agrupados em 30.000 itens diferentes e que contabilizam o valor de R$9.600.000,00. Quando o inventário anual foi feito observou-se que havia diferenças entre o estoque físico e o registro no sistema de 30 itens, que correspondiam a 1.800 produtos a um custo de R$108.000,00. Assim, é correto afirmar que a acurácia dos estoques é: a. 0,1% b. 99,9% c. 98,9% d. 1,1% e. 2,5% 32) A função da embalagem para a gestão de materiais se justifica por: a. Facilitar a vida do beneficiário consumidor b. É um mal necessário, mas que pode ser reaproveitada e reciclada c. Facilita o manuseio nos depósitos, mas reduz a velocidade de carga e descarga d. Desagrega custos ao produto e. Aumenta a segurança do produto no seu manuseio


35) O piso de um depósito é feito de 160 cm de concreto. Isto se justifica por que: a. mantém a temperatura baixa e os produtos secos b. permite a movimentação de cargas pesadas c. facilita a movimentação a pé dos empregados d. permite que o transbordo seja feito por esteira e. facilita que se arrastem caixas 36) Assinale a alternativa que mostra como é classificada a carta social excutada pelos Correios. a. de serviço básico. b. menos do que o serviço básico, pois sempre atrasam. c. de atendimento perfeito, pois nunca atrasam. d. serviço de valor agregado. e. não pode ser classificada, pois é serviço público. 37) Assinale a alternativa correta. Dos serviços que os Correios executam o SEDEX 10, se comparado a carta social pode ser classificado como: a. Serviço básico. b. Menos do que o serviço básico, pois sempre atrasam. c. Serviço de atendimento ao pedido perfeito, pois nunca atrasam. d. Serviço de valor agregado. e. Não podem ser classificados, pois são serviços públicos.

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34) Um produto a granel é embalado em um “Big Bag”, qual o equipamento adequado para movê-lo? a. Uma esteira b. Um palete c. Uma ponte rolante d. Uma balança e. Manualmente

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33) Um produto com as características de giro de estoque de 120, peso de 1000 kg, altura 3 vezes maior que a largura, deve ser armazenado em um depósito com um único acesso. O giro médio dos demais itens no depósito é de 12, o peso médio destes itens é de 10 kg e o formato físico é de altura igual a largura. Com base nestas informações qual a melhor indicação para sua localização. a. No meio do armazém, na parte média da estanteria b. No fundo do armazém, na parte de baixo c. Na entrada do armazém, parte de cima d. No fundo do armazém, parte de cima e. Na entrada do armazém, na parte de baixo


AT I V I DA D ES AU TO I N ST R U T I VA S

38) Assinale a alternativa correta: O desempenho operacional pode ser medido em: a. velocidade, b. consistência, c. flexibilidade; d. falhas e recuperação; e. Todas estão corretas 39) Assinale a alternativa correta. A companhia de abastecimento de água do estado provê abastecimento contínuo, cujo serviço é classificado como; a. serviço básico, por se tratar de água. b. serviço de valor agregado. c. atendimento ao pedido perfeito, embora às vezes falte água. d. monopólio de serviço público, portanto não pode ser classificado. e. nenhuma das alternativas.

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40) Assinale a alternativa correta. O correio tem em seu portfólio de serviços o PAC. Este serviço permite o envio de até 2 volumes de 30 kg de peso a um preço competitivo aos das empresas de transporte privado. Este serviço pode ser classificado como: a. serviço básico. b. serviço de valor agregado. c. atendimento ao pedido perfeito, muito embora atrase às vezes. d. monopólio de serviço público, portanto não pode ser classificado. e. nenhuma das alternativas. 41) Os estoques funcionam como reguladores do fluxo de materiais. Quando a velocidade de entrada dos itens é maior que a saída, ou quando o número de unidades recebidas é maior do que o número de unidades expedidas, o nível de estoque: a. Não se altera b. Diminui c. Aumenta d. É nulo e. É sazonal


44) Quando se trata de estoques, na maioria das ocasiões, não é possível conhecer as demandas de produtos ou os tempos de ressuprimento no sistema logístico. Para garantir disponibilidade do produto, deve-se manter um estoque adicional (estoque de segurança) que precisa ser adicionado ao estoque regular para atender as necessidades de produção, manuseio ou de mercado e que possibilita absorver eventualidades; é conhecida como: a. Controle de qualidade. b. Ruptura de estoque. c. Estoque mínimo. d. Estoque médio. e. Estoque máximo. 45) O método mais simples e recomendável de controlar os estoques para peças classe C, é o sistema de: a. revisão única; b. duas gavetas; c. revisões periódicas; d. máximos e mínimos; e. inventário permanente.

G E S TÃ O D O PAT R I M Ô N I O P Ú B L I C O E L O G Í S T I C A

43) A empresa União consome diariamente 450 unidades do material XPTO. Esse material é comprado de terceiros e usado na montagem do produto final da empresa. Sabendo-se que, em uma semana útil de 5 dias, a empresa recebeu dois lotes de 2.500 unidades do material XPTO e que o estoque inicial era zero, ao final da semana o estoque desse material era de: a. 2.050 unidades b. 2.250 unidades c. 2.500 unidades d. 2.600 unidades e. 2.750 unidades

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42) Considere as seguintes afirmações: - Estoque de segurança = 80 unidades - Demanda = 500 unidades por mês - tempo de atendimento do fornecedor = 5 dias - Mês = 20 dias úteis. O ponto de pedido ou reposição é igual a: a. 100 unidades b. 116 unidades c. 205 unidades d. 225 unidades e. 305 unidades


AT I V I DA D ES AU TO I N ST R U T I VA S

46) O método de controlar os estoques, que também é chamado de sistema de quantidades fixas, é o sistema de: a. duas gavetas; b. revisão única; c. revisões periódicas; d. máximos e mínimos; e. inventário permanente. 47) O método que classifica os itens de estoque por ordem decrescente de importância é o: a. LEC b. MRP c. JIP d. ABC e. IFO 48) O tipo de classificação de materiais que tem como vantagem demonstrar os materiais de grande investimento no estoque, porém que não fornece a importância operacional do material, é denominada: a. perecibilidade; b. periculosidade; c. valor de consumo; d. importância operacional; e. tipo de embalagem.

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49) O tipo de classificação de materiais que tem como vantagem demonstrar os materiais vitais para a empresa, porém que não fornece análise econômica dos estoques, é denominada: a. perecibilidade; b. periculosidade; c. valor de consumo; d. importância operacional; e. tipo de embalagem. 50) Considerando-se a Lei de Pareto aplicada à gestão de estoques, pode-se afirmar que o conjunto de materiais que representam 20% dos itens estocados e, aproximadamente 80% do valor do estoque, são classificados como materiais tipo a. “A”. b. “B”. c. “C”. d. “P”. e. “E”.


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