Majestade Negra

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EDITORIAL A revista Majestade Negra surgiu na disciplina de Planejamento Visual Impresso, do curso de Jornalismo. O projeto é das acadêmicas Ingrid Borges e Mayara Oliveira. O objetivo é trazer à tona um tema que parece passar despercebido: o negro. Apesar de toda a discussão existente, faltam veículos para tratar exclusiva e aprofundadamente sobre a representatividade do negro. Os casos de discriminação ainda são muitos. Os negros tem de lutar diariamente para conquistar o seu espaço e ganhar visibilidade. Por serem duas mulheres negras, as criadoras resolveram unir forças e conceber um veículo voltado especialmente para os negros e a sociedade como um todo. Além de fornecer informação para que haja menos ignorância e mais respeito. Com o auxílio da Doutoranda em Jornalismo Kérley Winques, que ministra a disciplina, nasceu Majestade Negra. Uma revista toda projetada para gerar autoestima, reconhecimento, representatividade e aceitação por parte dos próprios negros. Esta edição é a única impressa e teve apoio da empresa de lacres de autenticidade Ecotag ME, que custeou a tiragem. O desejo é dar continuidade ao projeto no Medium, uma plataforma virtual. “Te sugiro doses de bom senso e maturidade pra que se perca o vicio de agir feito covarde.” (Karol Conka)

Ingrid Borges

Baiana de Salvador com 21 anos de resistência ao preconceito velado da sociedade. Apelidada de Nana, cresceu ao som das rodas de samba que o pai organizava e tocava. Não teve muitas dificuldades para se reconhecer negra, apesar de ter a pele mais clara. Filha de pai negro e mãe branca de cabelo liso, o seu único problema era o seu crespo volumoso. Os colegas não perdoavam nas “brincadeiras”. Escondeu-se atrás dos processos de transformação capilar para escapar dos abusos que sofria. Concluiu o ensino médio na capital baiana e mudou-se para Blumenau em 2015. Por lá, decidiu voltar às suas origens e enfrentar o monstro que a atormentou por muitos anos: sua identidade capilar. Sobreviveu  —  e ainda sobrevive  —  aos olhares tortos e comentários maldosos de cabeça erguida e muito orgulho. No ano seguinte, ganhou uma bolsa no ProUni e mudou-se novamente, agora para Joinville. Hoje, cursa Jornalismo no Bom Jesus/Ielusc, na maior cidade catarinense. Taurina teimosa, segue firme e forte em seu processo de autoaceitação e respeito. Viciada em música, ouve de tudo um pouco. Nas horas vagas, faz o mapa astral dos amigos, fotografa e escreve textos nada jornalísticos para publicar em seu perfil no Medium.

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ayara Oliveira

Estudante de Jornalismo do norte de Santa Catarina, joinvilense nata. Filha de pais separados, ambos do ramo industrial. É a irmã mais velha de 2 irmãs. Vive com seus avós desde que nasceu. Da pele negra amarelada (falta sol para essa menina), sua família é uma mistura de negros, índios e portugueses como muitos outros negros no Brasil. Apenas 19 anos de idade e uma trajetória um tanto quanto conturbada. Esta bela preta (bem modesta), já passou por alguns perrengues emocionais fortes em sua vida. Sem entrar em maiores detalhes, a mocinha alta e magra esbanja um sorriso tímido por onde passa. No curso de jornalismo aprendeu a ser mais desenvolta, simpática e aberta a novas ideias. Escolheu o curso por paixão, mas antes disso ficou perdida entre três opções. Psicologia, Direito e Jornalismo, é claro. Porém, seu anseio em conhecer coisas novas, viajar o mundo e pelas descobertas que ele tem, a fez escolher jornal. Ganhou o apelido de Maju por seus colegas de faculdade. A taurina é dona de uma personalidade forte e ai de quem mexer com ela, não leva desaforo para casa e vez ou outra fica de cara amarrada. Mas não se engane e nem se assuste, ela é um amor de pessoa e leal aos que ama. Promessa de uma lutadora para a representatividade da raça.


ÍNDICE 5 Para se inspirar Negros que buscam e encontram destaque em suas profissões

8 Cultural Religiões afro brasileiras, um caso de amor e receio

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Literatura A luta por reconhecimento

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Representatividade

por negros para assistir JÁ

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Aceitação

Poema & café

14 séries protagonizadas

Eu por mim: o medo de assumir quem você é

18 Música cultural

Samba de roda baiano é considerado patrimônio

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Indicações

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Foto: Divulgação/Internet

PARA SE INSPIRAR

A sugestão do nome IZA (com letras maiúsculas), foi de seu amigo e diretor-criativo Léo Belicha. Em 2014, ela deu o pontapé inicial à sua carreira usando Youtube para divulgar-se e mostrar seu potencial. Covers como “He can only her” de Amy Winehouse, “Hello” de Adele, “Stay with me” de Sam Smith, “Lean on” de Major Lazer e uma mescla de “Flawless” e “Rude boy” das divas pop Beyoncé e Rihanna, serviram de vitrine para a jovem. Com muito carisma, estilo e talento a moça conquistou seu espaço nas redes sociais, assim cativando dezenas de fãs. Lendas como Diana Ross, Lauryn Hill, Tina Turner, Stevie Wonder e, é claro, Beyoncé, Rihanna e Tinashe são suas influências musicais. Sempre com um discurso de representatividade e empoderamento negro, ela não deixa de destacar esse posicionamento em suas músicas. Seu estilo é inspirado em Grace Jones e as suas tranças são uma alternativa adotada durante a transição capilar que a jovem confidenciou estar passando. Recentemente, IZA fechou contrato com a gerenciadora de carreiras Warner Music e está com um disco de estreia, ainda sem formato de lançamento definido, mas que já promete surpreender em muito nas questões sociais. “Vou falar sobre o que uma mulher vive: amor, sexo, sedução, traição... Hoje sou uma missionária. Tenho uma missão”, pontuou.

“Não se pode nunca ignorar a influência que se tem sobre quem nos segue. Devemos sempre pensar que bandeiras levantar pensando no bem estar de quem nos admira.” (IZA) LINIKER

Negros que buscam e encontram destaque em suas profissões Mayara Oliveira 20160855@ielusc.br @seguramaju

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arioca nata, Isabela Lima iniciou sua carreira musical desde cedo. Na infância já exibia performances para a família e amigos. Custeava seus shows pela bagatela de R$ 1,00 por pessoa, todos trocados por doces. Aos seus 14 anos, a artista entrou para o coro da igreja e passou a realizar shows em retiros paroquiais. Ao decorrer do tempo, a cantora começou a fazer outros eventos, mas ainda não pensava em desenvolver sua carreira musical. Ela acabou se formando em Publicidade e Propaganda e passou a trabalhar com edição de vídeo e marketing. Posteriormente, há um ano e meio para ser mais exata, a publicitária decidiu largar tudo e dedicar-se a carreira musical. Em entrevista à sua produtora Warner, a artista conta: “depois de trabalhar com marketing, fui parar num espaço de coworking e lá me achei. Me descobri cantora mesmo, com vontade de apostar nisso. Larguei tudo então pra me dedicar a isso.”

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Nascido em Araquara, São Paulo, o artista vocalista da banda Liniker e os Caramelows é uma grande promessa do soul e do black music. Venho de uma família de cantores e cresceu ouvindo nosso bom e velho samba. Recebeu esse nome em homenagem ao jogador inglês Gary Lineker, da Copa de 96. Começou sua carreira no teatro, onde começou a investir em sua identidade andrógina. “Sou bicha, sou preta e quero espalhar a aceitação e a liberdade com a arte.”


TAÍS ARAÚJO

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Foto: Divulgação/Internet

Atriz e apresentadora. Primeira atriz negra a conseguir o papel de protagonista na maior emissora do país. Atualmente, intérprete no seriado Mister Brau, junto com seu marido Lázaro Ramos. “Fui conquistando o meu espaço com diplomacia. E sem essa de coitadinha. Eu sou negra, tinha consciência do país onde nasci”.

THIAGUINHO Cantor, compositor, instrumentista e apresentador. Premiado por suas músicas e álbuns. “Sou muito feliz por mostrar através da minha arte e trabalho que o negro é capaz de ser referência e exemplo de competência. E espero que o próprio negro tenha consciência de que nós podemos”.

MARIA JÚLIA COUTINHO (MAJU)

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Jornalista, teorologia na Rede sos, nem

repórter e comentarista. Apresentadora titular de meno Jornal Nacional e, eventualmente no Jornal Hoje, Globo. “Eu procuro não me fiar em assobios elogionos que representam críticas que não constroem nada”.

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CRIS VIANNA

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Com vários papéis em destaque nas novelas da rede Globo, a bela negra coleciona prêmios e indicações por suas atuações. “Se o meu trabalho me permite alguma expressividade, usarei a minha voz por muitos que sofrem com o racismo diariamente e voltam para casa calados, cansados de não serem ouvidos, para chorar sozinhos”.

SHERON MENEZES A atriz é um dos grandes nomes da teledramaturgia da maior emissora do país. Participou de diversas novelas e seriados premiados da Rede Globo. “Quero lhes dizer que saiam da frente com sua inveja, pois estamos passando com o nosso cabelo maravilhoso, com a nossa linda cor, nossa beleza, nossa educação e nossa inteligência. Fui treinada desde criança, e sei o meu valor!”

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LÁZARO RAMOS

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Ator, escritor, apresentador e cineasta baiano. Já foi indicado ao Emmy em 2007 pela sua atuação como Foguinho, em Cobras & Lagartos. “Percebi que, por ser o racismo muito complexo, frases muito reduzidas, a discussão fica limitada, cheia de frases feitas”.


OCTAVIA BUTLER Octavia Estelle Butler (Pasadena, 22 de Junho de 1947 — Lake Forest Park, 24 de Fevereiro de 2006), mais conhecida por Octavia Butler, foi uma escritora afro-americana consagrada por seus livros de ficção científica feminista e por inserir a questão do preconceito e do racismo em suas histórias. Primeira autora negra de ficção científica a ser reconhecida mundialmente. “Eu terei que ser uma escritora de sucesso. Meus livros irão para listas de mais vendidos, quer as editoras se esforcem ou não, quer eu receba adiantamento ou não, quer eu ganhe outro prêmio ou não. Então que seja! Eu encontrarei o caminho para fazer isso acontecer. Meus livros serão lidos por millhões de pessoas! Comprarei uma bela casa em um bairro bacana. Eu mandarei jovens negros e pobres para cursos de escrita. Ajudarei jovens negros e pobres a ampliar seus horizontes. Ajudarei jovens negros e pobres a entrarem para a faculdade. Então que seja!”

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CULTURAL

Religiões afro brasileiras, um caso de amor e receio O preconceito e a intolerância dificultam o processo de crescimento e aceitação Ingrid Borges 20160858@ielusc.br @iborgesj

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om a descoberta do “Novo mundo”, em 1500, os ocidentais necessitaram explorar a terra. Para isso, foram à África e trouxeram os negros para o Brasil, à força. Sendo eles mercadorias, não podiam expressar suas opiniões e nem cultuar seus ancestrais porque a religião vigente era o cristianismo. O candomblé, religião africana, era visto como demoníaco por não seguir à Bíblia e ter cultos de possessão. Para reverenciar seus ancestrais sem sofrer repressão, associaram as datas dos santos católicos aos orixás do can-

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domblé, criando assim, o sincretismo religioso. Com a abolição da escravatura, os negros finalmente deixaram de ser escravos, mas suas tradições ainda permaneceram vistas como marginais. Além do candomblé, existem outras religiões com raízes africanas, como a umbanda. Ela foi instituída pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, através da mediunidade do pai Zélio Fernandino de Moraes, em novembro de 1908, em Niterói/ RJ. É considerada uma religião brasileira e tem como princípio ajudar aos necessitados e conectar-se com a natureza. Tendo traços do Espiritismo de Alan Kardec e do Candomblé, religião trazida pelos negros africanos, ela pode ser facilmente confundida. A diferença é que, ao contrário do Candomblé, não há sacrifícios de animais; e ao contrário do Espiritismo, todo ser desencarnado (almas que já fizeram a passagem para o plano espiritual) pode incorporar em quem possui mediunidade.


Foto: Ingrid Borges

Segundo o IBGE, no censo de 2010, no sul há 156 mil e 295 pessoas autodeclaradas umbandistas. Mas, segundo os dirigentes das federações da Umbanda, este número é bem maior. Sobre este fenômeno, eles afirmam que muitos adeptos sentem receio de expor sua verdadeira crença devido a grande intolerância que ainda existe no Brasil. “O meu pai é intolerante e sofro muito com isso. Ele ainda não aceita e é cheio de preconceitos. As outras pessoas até aceitam, mas sempre desconfiadas”, confidenciou Paulo Junior, 26 anos, músico, jornalista e umbandista há três anos. Em março deste ano, o sacerdote umbandista Ortiz Belo de Souza, ou “pai” Ortiz, idealizou e editou a “Carta Magna da Umbanda”, um documento que esclarece o significado e os ideais da religião. Além disso, é opinado sobre como a Umbanda lida com assuntos considerados polêmicos, como o aborto e a homossexualidade. “A Religião de Umbanda respeita todas as religiões e busca o Estado Laico existente no Brasil, não discriminando nenhum tipo de manifes-

tação religiosa que vise o respeito e a evolução do ser humano”, trecho retirado da Carta Magna. Com o apoio de Abratu (Associação Brasileira dos Religiosos de Umbanda, Candomblé e Jurema), com sede em São Paulo, e outras federações, as religiões de matriz africana vêm ganhando espaço, visibilidade e reconhecimento. Para o presidente fundador da Associação e sacerdote religioso, Heraldo Lopes Guimarães ou “pai” Guimarães, “a Umbanda vem se propagando, avançando, se organizando, sofrendo uma maturação e uma ocupação de espaço muito grande, nos últimos anos, e a tendência é aumentar. Hoje existe um movimento de esclarecimento de que a umbanda é uma religião que enxerga na natureza a sua relação com Deus.” Os rituais de sacrifício, ainda utilizados no candomblé, é um ponto de discussão e divergência. Alguns sacerdotes não aceitam tirar a vida de um animal e acreditam que as folhas já são necessárias. Enquanto muitos outros, mantêm viva a tradição. Em Joinville, uma das Yalorixás mais conhecidas é a “mãe” Jacila Barbosa. Yalorixá significa sacerdotisa, no candomblé. “Mãe” Jacila, é uma entre tantos outros que apoiam e realizam sacrifícios religiosos. “Algumas pessoas acham que é só matar o animal, mas não é. Há todo um preparo, todo um cuidado. Sempre rezamos e agradecemos pela carne que alimentará a comunidade”, contou. Jacila, além de sacerdotisa, cria e atua em projetos sociais para a comunidade. Desde oficinas artísticas a celebrações do dia da consciência negra. “Meu último projeto foi o Cine no Ilê, onde fomos às escolas e aos terreiros exibir filmes ou documentários acompanhados de um palestrante, normalmente um professor de história ou uma autoridade na religião para comentar sobre o que foi visto e encerramos com apresentações artísticas de capoeira, afoxé ou jogos.” Apesar da dificuldade na atualização dos dados oficiais, como do IBGE, devido receio por parte de alguns adeptos, estima-se que mais de 400 casas de umbanda e candomblé atuem em Joinville. Um número muito alto que pode ser ultrapassado em alguns anos.

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Foto: Ingrid Borges

Agogô, instrumento musical sagrado no candomblé

Foto: Ingrid Borges

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O abraço de Oxum e Xangô


Foto: Ingrid Borges

Festa em homenagem ao Orixá Xangô ocorrida em 25 de Junho deste ano, no Ilê Iyá Omin Gueci, em Joinville

Foto: Ingrid Borges

Filhos de santo “batem cabeça” à Mãe de santo Jacila Barbosa

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LITERATURA

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A luta por reconhecimento Destaque no segundo dia da Feira do Livro, escritora mineira fala dos desafios de ser mulher e negra no meio literário André Lima 20160819@ielusc.br @respirandre

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onhecida pela sua literatura militante, onde retrata o cotidiano e os desafios enfrentados por mulheres e negros em suas obras, a escritora mineira Conceição Evaristo foi o destaque em palestras no segundo dia da 14ª Feira do Livro de Joinville, em 9 de junho. Em sua palestra, Conceição falou sobre o racismo e a literatura feita por e para negros no Brasil. Ao definir suas obras como militante, Conceição relata que a caracteriza assim por retratar uma outra realidade que sempre é ofuscada do Brasil, denunciando a desigualdade do país e sempre buscando mudar as coisas. “A arte não pode ser só entretenimento. Ela tem função social, e eu não abro mão disso”, conta a mestra em Literatura pela PUC- RJ e vencedora do prêmio Jabuti em 2004.

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Durante a palestra realizada no palco do Expocentro Edmundo Doubrawa, a escritora falou sobre ter uma infância e boa parte da vida marcada pela pobreza, outro tema que é bastante tratado em suas obras. Entretanto, Conceição é contra a romantização de ser pobre. “A pobreza pode ser um lugar de aprendizagem se você conseguir superar essa condição de pobreza”, ressalta, relatando suas próprias experiências de vida que marcam o racismo do país. Falando sobre a parte editorial e o lançamento dos seus livros, Conceição frisa a dificuldade de uma mulher negra conseguir se lançar no mercado literário. Seu primeiro livro solo publicado em 2003, só se tornou realidade quando a escritora já tinha 44 anos. A falta de reconhecimento se fez presente enquanto era lida somente em rodas de mulheres negras, até que finalmente começou a ter suas obras levadas para as salas de aulas. Seu boom literário só foi concretizado em 2008, quando uma de suas obras foi escolhida para uma prova da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


POEMA & CAFÉ

OBRAS

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Como escritora, seu primeiro livro foi Ponciá Vivêncio, romance traduzido nos Estados Unidos, na França e no México. Logo em seguida ela lançou Olhos d’Água, vencedor do Prêmio Jabuti. Em seguida escreveu Histórias de Leves Enganos e Parecenças. Seus contos estão em antologias na Alemanha, Estados Unidos, África do Sul, França e Inglaterra. Em todos os seus trabalhos estão presentes a crítica social e a religiosidade, característica da literatura regional que produz.

Reunião tribal O quadril balançante, a cabeça pensante No meio disso, tem um coração pulsante Que na sua oralidade, há verdades impregnadas Não mais saúda o Orisá de forma camuflada Conta que o solo brasileiro É extensão das terras Africanas E que tem muita história, nas anáguas das baianas De quem lavou as escadarias do santo Tupiniquim Mães Pretas, águas sagradas E pedidos de um Bonfim Nos ciclos econômicos , a cultura modificando Aglutinando aprendizados e o estado transformado O Bantu misturado ao cristianismo, a congada! Nagô, pajelança, Okê aro! Vem caboclada! Salubà, a Boa morte, vamos rezando o Rosário Tem Francisco Xavier, Mãe Menininha E sabotagem no santuário Na correria contra o tempo De uma luta não fadada Respeito às diferenças É nossa linha de chegada! (TEODORO, Janaína. Retirado do livro Pretextos de Mulheres Negras.)

Nana

Foto: Divulgação/Internet

A sociedade me quer branca e alisada Desde os tempos do prézinho Eu era a negra do cabelo “duro” Eu era a moça que não queria ser eu O meu cabelo, desde cedo alisado “É mais arrumado e bonito”, eles diziam O meu volume foi controlado Para eu ser aceita por uma minoria Adolescência? Nada fácil Poucos amigos e nenhum namorado Aos 16 tive o primeiro Que era machista e me fazia escovar o cabelo O meu corpo nunca foi de modelo Tenho curvas, seios, pernas e nádegas fartas Sou gorda aos olhos do padrão da sociedade Sou linda aos meus olhos A África está em mim Meu corpo é minha maior riqueza Sou negra, gorda e busco empoderamento Sou minha, sou linda e posso ser o que eu quiser (BORGES, Ingrid)

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REPRESENTATIVIDADE

14 séries protagonizadas por negros para assistir JÁ Representatividade importa SIM e a safra atual de seriados está cheia de ótimas produções para você maratonar! Por Júlia Warken em MdeMulher

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e ao pensar em séries com protagonistas negros você só consegue lembrar de sitcoms à la Um Maluco no Pedaço e Todo Mundo Odeia o Chris, então você está perdendo tempo, amiga. Isso porque a safra atual tem produções para todos os gostos! Verdade seja dita: a representatividade negra poderia ser maior na lista VIP da televisão, especialmente quando se fala em seriados protagonizados por mulheres, como ressaltou Viola Davis ao receber o Emmy, em 2015. Mas, para a nossa alegria, as coisas estão mudando, graças a pessoas como Shonda Rhimes, que é hoje um dos nomes mais poderosos da televisão. Ela é autora de Grey’s Anatomy e Scandal, além de ser a produtora por trás de How to Get Away with Murder. Além de um currículo invejável, Shonda tem o compromisso de dar cada vez mais espaço para atrizes negras, e também de apresentar tramas focadas em mulheres fortes. E quem também promete fazer história na TV é a cineasta Ava DuVernay. Ela assina a mais nova série da emissora de Oprah Winfrey, intitulada Queen Sugar. Além de ser protagonizado, criado e produzido por negros, o seria-

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do tem outro diferencial: será dirigido apenas por mulheres. E tem várias outras produções maravilhosas rolando atualmente. Confira aqui 13 séries contemporâneas que você precisa colocar já na sua lista: GREENLEAF Essa série é um drama com pitadas de mistério, a respeito de uma poderosa família de evangélicos. O patriarca é um bispo importantíssimo e muito rico, mas o clã esconde segredos bem pesados. Destaque para a personagens femininas, em especial a maravilhosa Grace (Merle Dandridge). Greenleaf é produzida pela emissora de Oprah Winfrey, mas teve os direitos de transmissão comprados pela Netflix. Melhor pra gente! SCANDAL Criada por Shonda Rhimes (que também é autora de Grey’s Anatomy), a série é protagonizada pela maravilhosa Kerry Washington. Ela interpreta Olivia Pope, uma espécie de RP poderosíssima, especializada em gerenciar crises. Tudo se passa em Washington DC e, além de ser consultora do presidente dos EUA, Olivia também vive um romance com ele. CARA GENTE BRANCA Inspirada em um filme de mesmo nome, a série se propõe a “mandar um recado” para as pessoas brancas a respeito da realidade de quem vive o racismo na pele. De maneira ácida e sem meias palavras, Dear White People vai direto ao ponto na abordagem do tema. A série gerou polêmica mesmo antes de estrear e milhares de pessoas têm atacado a Netflix, desde que o primeiro trailer foi divulgado, em fevereiro. EMPIRE A história gira em torno de Lucious, um magnata do hip-hop que está doente e precisa nomear um sucessor para cuidar dos negócios da família. Mas a escolha não é muito fácil, já que nenhum de


seus três filhos manja do assunto. Para completar, a ex-mulher dele acaba de sair da prisão. Destaque para a ótima Taraji P. Henson, que já ganhou um Globo de Ouro pelo papel de Cookie, a ex de Lucious.

nizado pelos sempre ótimos Lázaro Ramos e Taís Araújo e tem roteiro assinado por Jorge Furtado. Taís dá um show a parte e seu figurino babadeiro é basicamente um personagem por si só.

BLACK-ISH Cheia de referências à cultura pop e falando sobre racismo sem perder o bom o humor, essa comédia consegue ser inteligente e engraçada ao mesmo tempo. A série conta a história de uma família negra de classe média alta que mora em Los Angeles e lida com o fato de que basicamente só há brancos na comunidade onde eles vivem.

THE GET DOWN Essa é a primeira série musical da Netflix e também a primeira protagonizada por negros. A trama mostra o surgimento do hip-hop no Bronx (subúrbio de Nova York), na década de 1970. The Get Down é assinada por ninguém menos do que Baz Luhrmann, que dirigiu e roteirizou os clássicos Moulin Rouge e Romeu + Julieta (na versão com Leo DiCaprio). No elenco, o destaque vai para a novata Herizen F. Guardiola, que canta muito!

PITCH Se você não entende bulhufas de baseball, bem vinda ao clube, mas saiba que não é preciso manjar do esporte para curtir a série. Isso porque Pitch trata, essencialmente, sobre uma história de empoderamento feminino e superação. A trama gira em torno de Ginny Baker, garota que se torna a primeira mulher a competir junto com os homens na liga profissional de baseball. Infelizmente, a história não é real, mas vale a pena assistir. LUTHER John Luther é um policial brilhante que investiga assassinatos e a série foca nos casos que ele desvenda, além de mos-

trar o impacto psicológico que esse trabalho causa. Pode parecer uma sinopse clichê, mas essa é uma das chamadas “séries limitadas” (daquelas com poucos episódios por temporada), produzida com maestria pela BBC. Além disso, Luther alavancou a carreira do excelente Idris Elba, que ganhou um Globo de Ouro e foi indicado quatro vezes ao Emmy pelo papel principal. INSECURE Essa é a aposta da HBO para substituir Girls e a segunda temporada estreia em julho. A trama gira em torno de Issa Dee, uma garota de 29 anos que mora em Los Angeles com o namorado. Quem protagoniza e assina a criação da série é a escritora/atriz Issa Rae, que, apesar de não ser muito conhecida no Brasil, já tem um best-seller no currículo: The Misadventures of Awkward Black Girl (As Desventuras da Garota Negra Esquisita, em tradução livre). MISTER BRAU E tem produção brasileira na lista, sim, senhor. Essa série conta a história de Brau, um cantor famosíssimo, casado com a extravagante e controladora Michele, que também é sua empresária e coreógrafa. No ar desde 2015 na Globo, Mister Brau é protago-

HOW TO GET AWAY WITH MURDER Produzido pela poderosa Shonda Rhimes, o seriado consagrou a excelente Viola Davis, com a primeira mulher negra a vencer o Emmy de Melhor Atriz. Na trama ela é Annalise Keating, uma advogada criminal brilhante, que também é professora universitária. A série gira em torno dos casos defendidos por ela e seus estagiários, além de mostrar os dramas particulares vividos por eles. QUEEN SUGAR Criada por Ava DuVernay (cuja obra prima, Selma, concorreu ao Oscar em 2015), essa série é produzida por Oprah Winfrey e estreou em setembro de 2016 na emissora dela (OWN). Queen Sugar retrata a história de três irmãos que perdem o pai e passam a brigar pela herança de uma imensa plantação de cana de açúcar. Destaque para a atriz Rutina Wesley (de True Blood) e também para o fato de que, segundo Ava, todos os episódios da série serão dirigidos por mulheres. AMERICAN CRIME STORY: THE PEOPLE V. O. J. SIMPSON Assim como sua “irmã mais velha”, American Horror Story, essa série se propõe a contar histórias isoladas a cada temporada. Só que American Crime Story se baseia crimes reais que causaram grande comoção nos Estados Unidos. A primeira temporada retrata o caso de O. J. Simpson, um célebre jogador de futebol americano acusado de ter assassinado sua ex-mulher e o namorado dela, em 1995. A produção abocanhou nada menos do que nove Emmys nas categorias de “série limitada” e concorreu a um total de 22 estatuetas. LUKE CAGE Luke é um homem que foi preso injustamente e acaba sendo usado num experimento científico. Assim, ele adquire uma força sobre-humana e sua pele passa a ser indestrutível. A produção estreou no final de setembro e é a primeira série da Marvel protagonizada por um herói negro. Assim como Jessica Jones, Demolidor e Punho de Ferro, Luke Cage faz parte de um combo de séries interligadas entre si. Juntos, esses heróis formam o grupo chamado de Os Defensores.

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ACEITAÇÃO

Foto: Helena Bosse

Eu por mim: o medo de assumir quem você é Apesar dos assuntos de gênero e padrões estarem em pauta, a transição capilar ainda não é vista com bons olhos Helena Bosse helenabosse@gmail.com @helenabosse

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ideia de assumir a sua aparência sem qualquer retoque e intervenções assusta muitas mulheres. O cabelo, para a maioria das mulheres, é algo muito importante e que rende muitas reclamações. De​acordo com dados de uma pesquisa da L’oreal, 56% das brasileiras tem cabelo crespo ou cacheado, porém 63% desejam alisar ou já alisaram. Levando em conta de que o brasileiro tem como costume seguir tendências, e por mais que tenha o título de país com grande diversidade cultural, ​70% das brasileiras ​têm cabelo cacheado e crespo, porém, cerca de 25 milhões de brasileiras utilizam escova progressiva, segundo dados​da consultoria Kantar Worldpanel.​

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A transição capilar, processo que tira toda a química do cabelo, dá mais liberdade às mulheres. O processo dura mais ou menos um ano e possui muitas fases. ‘Big Chop’, ou grande corte é termo usado para quando a mulher precisa cortar o cabelo curta para tirar toda a química. A maioria que recorre a esse processo são aquelas que tem escova definitiva. Em alguns casos, corta-se o cabelo depois de 3 a 4 meses de hidratações, relaxamento dos cachos, etc. Há também aquelas que optam por cortar o cabelo quando já está maior e deixam na altura do ombro. Nos casos de escovas progressivas, com menos química, sai facilmente do cabelo, porém isso depende de diversos fatores como a espessura do fio até o número de vezes que foi feito o procedimento. Vanessa constata que geralmente, as mulheres alisam os cabelos cacheados por não saberem os cuidados com o tipo de cabelo. Mirella Pompeu começou a alisar seus cabelos aos dez anos de idade, pois a mãe cuidava de um comércio, e nem ela e nem a mãe não tinham tempo para os cuidados com o cabelo crespo da universitária. Em 2016, a estudante sentiu-se refém do cabelo liso. “Não ia pra praia, não saía com chuva com os meus amigos quando tinha algo, não ia pra eventos com piscinas nas viagens da faculdade, e tudo isso começou a me deixar chateada”, conta. Foi aí que uma amiga começou a apoiá-la para a transição. “Ela sempre me apoiou, me joga pra frente e não me deixa desistir”, completa. Ela confirma que é um processo muito difícil e relata que a parte mais difícil é ter que ficar por muito tempo com o cabelo preso. Mais um problema de Mirella é a parte da aceitação de seus pais. “Sempre me perguntam se eu quero alisar de novo, pois acham melhor assim porque não preciso cuidar e que fico mais bonita de cabelo alisado”, relata. Já os amigos


incentivam, elogiam e demonstram interesse no processo. “Os cachinhos podem ser mais difíceis sim de cuidar, mas também são os mais lindos. Ter medo é normal, mas não pode deixar ele dominar isso. Fiquei com muito medo de começar, ao imaginar como ficaria e como as pessoas reagiriam. Hoje a resposta para todos esses questionamentos são: maravilhoso.” A transição capilar é uma tendência do público e sem os valores mercadológicos. Sendo​uma tendência, o processo é constante e registrado de diversos modos nas redes sociais como construção de memória pessoal. Segundo a IBPAD (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados), entre as 369 fotos coletadas com a hashtag #instamission283, cerca de 44% foram publicadas especialmente para o desafio. Outras 205, 56%, entraram no desafio a partir da inserção da hashtag nos comentários. Segundo a ANABEL (Associação Nacional​do Comércio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza), o Brasil conta com 600 mil salões de beleza.​ O redescobrimento dos cachos tem mais atenção das empresas de beleza há, pelo ​menos, 2 anos, porém muitas trabalham especialmente com o processo final, quando quase todo o cabelo está cacheado de novo.

PIONEIRA EM JOINVILLE O Vaidosinhas, salão especializado em cabelos cacheados e crespos começou em 2009, quando Vanessa Borba, empresária do salão, decidiu retornar ao seu cabelo natural, que foi alisado durante um ano. Em 2012, a empresária começou o salão e atualmente conta com duas cabeleireiras e mais uma especialista em hidratação. Vanessa atuou por algum tempo no salão, mas atualmente treina pessoas que queiram abrir seu próprio salão. Há também um trabalho com crianças para que comecem desde cedo a gostar de si. Além do livro infantil “As Descobertas de Sara”, que foi lançado este ano e faz parte de uma série de livros que trabalha a auto aceitação, Vanessa dá palestras em escolas para falar sobre o assunto. Essas mobilizações a favor dos processos que apoiam a auto aceitação e aumento da autoestima, muitas vezes surgem das mídias sociais, mas é importante a ajuda dos amigos e familiares para este processo. “A importância está no empoderamento, nós usamos muito essa palavra aqui. Quando você aceita o cabelo natural, você está topando assumir a sua essência. Isso traz muita liberdade, porque você aprende a se gostar. Tudo isso auxilia na construção da autoestima.”

Os cachinhos podem ser mais difíceis sim de cuidar, mas também são os mais lindos. Ter medo é normal, mas não pode deixar ele dominar isso.

Foto: Helena Bosse

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MÚSICA

Foto: Divulgação/Internet

Samba de roda baiano é considerado patrimônio cultural Seus primeiros registros, já com esse nome e com muitas das características que ainda hoje o identificam, datam dos anos 1860 Fonte: Portal Brasil

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samba de roda do recôncavo baiano foi registrado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2004 e proclamado Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2005. É uma expressão musical, coreográfica, poética e festiva das mais importantes e significativas da cultura brasileira. Seus primeiros registros, já com esse nome e com muitas das características que ainda hoje o identificam, datam dos anos 1860. O Samba de Roda pode ser realizado em associação com o calendário festivo – caso das festas da Boa Morte, em Cachoeira, em agosto, de São Cosme e Damião, em setembro, e de sambas ao final de rituais para caboclos em terreiros de

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candomblé. Mas ele pode também ser realizado em qualquer momento, como uma diversão coletiva, pelo prazer de sambar Historiadores da música popular consideram o Samba de Roda baiano como uma das fontes do samba carioca que, como se sabe, veio a tornar-se, no decorrer do século XX, um símbolo indiscutível de brasilidade. A narrativa de origem do samba carioca remete à migração de negros baianos para o Rio de Janeiro ao final do século XIX, que teriam buscado reproduzir, nos bairros situados entre o canal do Mangue e o cais do porto, seu ambiente cultural de origem, onde a religião, a culinária, as festas e o samba eram partes destacadas. Parece indiscutível que as famosas tias baianas – como tia Amélia, tia Perciliana e sobretudo tia Ciata – e seus filhos – como Donga e João da Baiana – tiveram papel de relevo na fase pioneira do samba no Rio de Janeiro, sobretudo até meados dos anos 1920. Depois disso, o Samba de Roda baiano continuou sendo uma das referências do samba nacional, presente nas obras de baianos nacionais como Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso, assim como na ala das baianas das escolas de samba e nas letras de inúmeros compositores de todo o País.


INDICAÇÕES

Livros

músicas

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• Pretextos de mulheres negras, Projeto Mjiba • Sobre-viventes, de Cidinha da Silva • Gosto de África - Histórias de lá e daqui, de Joel Rufino dos Santos • A lua cheia de vento, de Mel Adún • Coletânea Ogum’s toques negros, reúne vários escritores negros

• Formation - Beyoncé • The Blacker the berry - Kendrick Lamar • Alright - Kendrick Lamar • Coração do mar - Elza Soares Sucrilhos - Criolo Fake Love - Drake Bate a poeira - Karol Conká Boa esperança - Emicida Sorriso negro - Dona Ivone Lara Olhos Coloridos - Sandra de Sá Identidade - Jorge Aragão Respect - Aretha Franklin Black or White - Michael Jackson Chains - Usher American Oxygen - Rihanna Changes - 2pac Glory - Common ft. John Legend G.O.M.D - J. Cole Vida Loka - Racionais MC’s Baiana - Emicida ft. Caetano Veloso Racismo é burrice (nova versão de Lavagem Cerebral) - Gabriel, O pensador Diferenças - Rael

Filmes • 12 anos de escravidão • Cara gente branca (Existe uma série com o mesmo nome) • A Espera de um milagre • Histórias cruzadas • A cor púrpura • Homem de honra • Amistad • Ali • Conduzindo Miss Daisy • Django livre • A negação do brasil

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