2005-HISTORIOGRAFIAILHAS

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VIEIRA, Alberto (2005), História e Historiografia das Ilhas

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HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DAS ILHAS

A História das ilhas atlânticas tem merecido, na presente centúria, um tratamento preferencial no âmbito da História do Atlântico. Primeiro foram os investigadores europeus como F. Braudel (1949), Pierre Chaunu (1955-1960), Frédéric Mauro (1960) e Charles Verlinden (1960) a destacar a importância do espaço insular no contexto da expansão europeia. A que se associou a historiografia nacional a corroborar a ideia e a equacioná-la nas dinâmicas da expansão insular. Neste caso são pioneiros os trabalhos de Francisco Morales Padron (1955) e Vitorino de Magalhães Godinho (1963). Para além desta necessária valorização da História Insular no velho continente é de destacar ambiência condicionou os rumos da historiografia insular nas últimas décadas e contribuíu para a necessária abertura às novas teorias e orientações do conhecimento histórico. Neste contexto as décadas de setenta e oitenta demarcam-se como momentos importantes no progresso da investigação e saber históricos, contribuindo para tal a definição de estruturas institucionais e de iniciativas afins. Repensar a Historiografia insular hoje implica o necessário percurso pelas suas origens, destacando e divulgando os textos clássicos. HISTORIOGRAFIA. A produção historiográfica insular é desigual, dependendo o seu número da existência de literatos e de instituições capazes de incentivarem a elaboração e divulgação de estudos nos diversos domínios. A similitude do processo vivencial aliada à sua permeabilidade às prespectivas históricas peninsulares definiram uma certa unidade na forma e conteúdo da historiografia insulana. Gaspar Frutuoso, em finais do século XVI, com as Saudades da Terra, define e sintetiza essa unidade insular, aproximando os arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias. Esta ímpar situação na historiografia, só será retomada na década de quarenta do nosso século pela historigrafia europeia e no presente pela nova geração de historiadores insulares. Essa consciência histórica da unidade da múltipla realidade arquipelágica será definida de modo preciso na expressão braudeliana de Mediterrâneo Atlântico1. A historiografia insulana, permeável às suas origens europeias, surge na alvorada da revolução do conhecimento cosmológico como a expressão pioneira desta novidade e, ao mesmo tempo, como uma necessidade institucional de justificação da intervenção e soberania peninsular. Deste modo o período que medeia os séculos XV e XVI é marcado por uma produção historiográfica mais europeia que local, próxima da crónica e da literatura de viagens, onde esses ideais se expraiam. Os factos históricos e as impressões das viagens atlânticas, perpetuados nas crónicas e relatos de diversa índole terão uma utilização posterior de acordo com as exigências da época. A prosa histórica é impregnada do ideal romântico servindo-se de perspectivas e formas positivistas de justificação e fundamentação de certos meteoritos políticos que a sociedade insular contemporânea é portadora.


No culminar deste processo as exigências académicas, com a expansão do saber universitário, as solicitações do novo conhecimento histórico condicionaram tal avanço qualitativo da historiografia, a partir da década de quarenta. Assim, nas Canárias a tradição e vivência universitária propiciaram o forte arranque, enquanto nos Açores o academismo cultural e, depois, a universidade lançaram este arquipélago para uma posição similar. A Madeira, prenhe em documentos manteve-se numa posição secundária, mercê da falta de suporte institucional e académico. Todavia, as condições emanentes da dinâmica autonómica com o aparecimento de suportes institucionais definiram um futuro promissor. A Historiografia insulana desenvolve-se por três épocas distintas, marcadas por um modo diferente de equacionar e relatar o facto histórico: nos séculos XV e XVIII, em que o discurso se formaliza na crónica; o século XIX e primeiras décadas do seguinte, marcado pela vaga romântica; por fim, o defrontar de uma nova era, a partir da década de quarenta do nosso século, que condicionou a política arquivística e a investigação universitária. O primeiro momento é definido por uma situação ímpar no equacionar da realidade histórica insular, pois pela primeira vez alguém ousou encarar estas ilhas do Atlântico Oriental (Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde) como uma unidade indelével e afim, marcada por momentos de grande importância para o devir histórico do Atlântico nos séculos XV e XVI. Note-se que, só a partir de meados do nosso século, a Historigrafia europeia se deu conta dessa realidade. Por tudo isto o trabalho de Gaspar Frutuoso - Saudades da Terra -merece uma posição de relevo no panorama historiográfico insular. A este texto juntam-se outros de carácter restrito em que o seu autor relata de uma forma cronista os acontecimentos que presenciou ou que teve conhecimento por intermédio de outros testemunhos. Tais testemunhos não são mais do que uma visão impressionista das primeiras abordagens ou de deslumbramento em face das novas realidades que emergem neste espaço. No primeiro caso, na Madeira, Francisco Alcoforado (1427?), Jerónimo Dias Leite (1574), para os Açores, Frei Diogo Chagas, Frei Agostinho de Montalverne e o Padre Manuel Maldonado, enquanto nas Canárias surgem Le Canarien, Frei Alonso de Espinosa e Frei Juan de Abreu y Galindo, ao segundo podemos apontar os textos de Cadamosto, Giulio Landi (1530), T. Nichols (1552-1561), Pompeo Arditi (1567), L. Torriani (1580). De um modo geral, esta produção historiográfica está marcada pela forte presença do clero regular e secular, pois eram os homens das letras da época. Com o segundo momento é marcante a laicização do saber histórico com o aparecimento de destacadas figuras empenhadas no conhecimento e divulgação do saber histórico, muitas vezes, com objectivos pragmáticos. Estamos perante a afirmação do positivismo histórico que condicionou esse desmesurado apelo ao documento. Aqui são de particular importância as iniciativas de Álvaro Rodrigues de Azevedo, na Madeira, de Ernesto do Canto nos Açores e de A. Millares Torres e Gregorio Chil y Naranjo nas Canárias. Este último foi o principal impulsionador da Sociedade El Museo Canario (1879), fundamental na recolha e valorização da documentação histórica de Canárias. Com o mesmo intuito trabalhou Ernesto do Canto ao lançar em 1878 em Ponta Delgada (S. Miguel) uma publicação periódica, o Arquivo dos Açores, onde se reunia e divulgava as principais peças documentais do arquipélago açoriano.


O presente século é sem dúvida o momento de afirmação da Historiografia insulana. Um conjunto variado de realizações públicas, o lançamento de publicações da especialidade e a criação dos arquivos distritais ou provinciais alicerçaram a nova realidade. Na Madeira(1919-1921) e nos Açores(1932) as comemorações da respectiva descoberta associadas às efemérides nacionais de 1940 e 1960 contribuiram de modo decisivo para a afirmação e divulgação da História. Para as Canárias essa animação ficou a dever-se ao impulso dado por Elias Serra Ráfols, a partir dos anos quarenta, na Universidade de La Laguna. Esta instituição conseguiu motivar um numeroso grupo de entusiastas pela história do arquipélago, encaminhando-os para a carreira científica e para a valorização dos vestígios documentais levado a cabo com a criação dos arquivos provinciais. As três últimas décadas foram decisivas para o grande salto qualitativo da Historiografia insulana, demarcado em todos os arquipélagos por uma ambiência favorável à sua afirmação. Aqui, assumem particular importância as instituições culturais, as publicações periódicas e, a inovação desta época, os colóquios de História. A História e a Geografia ensinam-nos que o Homem ao longo do multissecular processo histórico, quebrou as barreiras desse isolamento. A ilha deu-se a descobrir e descobriu o seu envolvimento insular e atlântica. Esta inequívoca realidade conduz a que a ilha, quando escalpelizada nos diversos aspectos do devir histórico deve sê-lo de acordo com esta ambiência. Assim o entendeu Gaspar Frutuoso em finais do século XVI com as célebres Saudades da Terra. Algumas das grandes questões, com grande actualidade, definem este novo e real rumo que é a investigação insular. Em primeiro lugar podemos referir o enquadramento da Madeira, no contexto dos descobrimentos europeus, donde ressalta, para além do protagonismo sócio-económico, a posição charneira nos rumos da política expansionista. As funções de escala, e modelo projectam-na nessa realidade e conduzem a que seja parte disso e não um mundo à parte. Por outro lado, a expansão europeia foi propícia a definição das teias de subordinação e complementaridade que levaram à modelação de um mercado insular aberto e vinculado, de acordo com uma lógica de complementaridade. É isso, em certa medida, o que define o Mediterrâneo Atlântico nos séculos XV a XVII. A favor de tudo isto temos a tese que vingou no seio da Historiografia americana e que define o Atlântico como uma unidade de análise. Deste modo o período que decorre entre os inícios de expansão europeia, a partir do século XV, e a plena abolição da escravatura, em 1888, delimitam cronologicamente esta realidade, tal como expressa a actual historiografia norte-americana. A dimensão assumida pela Madeira e demais ilhas no contexto da expansão europeia, quer como terra de navegadores, quer como principal centro que modelou a realidade sócio-económico deste novo espaço atlântico, é a evidência desta imprescindível dimensão atlântica. Por tudo isto é forçoso afirmar que as ilhas não se reduzem apenas à sua dimensão geográfica. À sua volta palpita um mundo que gera multiplas conexões e que não pode ser descurado sob pena de estarmos a atraiçoar o próprio devir histórico. Há que rasgar o casulo da ilha e postar-se nas torres avista-navios e vislumbrar o imenso firmamento que nos conduz a ilhas e continentes. Os rumos definidos pela historiografia nos últimos anos pautam-se por uma grande abertura temática e de envolvimento do espaço circunvizinho, isto é, as ilhas e os


continentes que marcaram o devir histórico nos últimos cinco séculos. Deste modo poder-se-á afirmar que a historiografia insular nas últimas décadas intentou sair do casulo que a envolvia, ganhando na dimensão insular e atlântica. Por tudo isto há que repensar a actualidade. As perspectivas globalizantes não se compadecem com a dimensão do nosso umbigo e as limitações que a nossa condição de ilhéus por vezes nos impõe. Devemos criar mecanismos e disponibilidade para que em qualquer trabalho que seja, tomemos conhecimentos de tudo o que existe em termos bibliográficos e documentais. A História insular carece de uma revolução temática, o chamado “território do historiador” precisa de ser alargado além dos “solos” ricos e tradicionais. A par disso, o ofício precisa de ser dignificado através da perícia no manejo dos seus instrumentos de trabalho. Tudo isto só será possível se houver disponibilidades dos diversos agentes para aceitarem e actuarem em favor desta mudança. Sem dúvida que o futuro da historiografia insular esta no desfazer desta auréola de egocentrismo e insularização que deverão dar lugar à dimensão arquipelágica no contexto do mundo atlântico. Os Açores é de todos os arquipélagos aquele onde desde muito cedo se notou um despertar para a História. Os séculos XVI e XVII revelam-nos alguns exemplos, todos eles eivados do cunho enciclopédico1. Gaspar Frutuoso (1522-1591) em seis livros traça-nos a memória do mundo insular, a que designou de Saudades da Terra. Do primeiro ao último volume estabelece um periplo pela História e actualidade das ilhas: Livro I - Cabo Verde e Canárias Livro II Madeira Livro III - Açores: Santa Maria Livro IV - Açores: São Miguel Livro V - Poema Livro VI - Açores: Terceira, Faial, Pico, Flores, Graciosa e Pico de S. Jorge Frei Diogo das Chagas (1575?) em o Espelho Cristalino 2 , Agostinho de Monte Alverne (1629-1726) com as Crónicas de Provícia de S. João Evangelista 3 , Manuel Luís Maldonado (1644-1711) com Primum Vivens da Fenix Argense 4 e, finalmente António Cordeiro (1641-1722) com a História Insulana das ilhas a Portugal sujeitas no Oceano Ocidental 5 . Neste último é evidente a preocupação em divulgar uma história das ilhas, sendo por isso mesmo a primeira a merecer uma edição, ficando as demais manuscritas, com circulação restrita, até ao nosso século. Pioneira foi a iniciativa de Ernesto do Canto com a publicação do Arquivo dos 1 . Cf. Jorge de Abreu ARRIMAR, Cinco Cronistas dos Açores. Subsídios para a historiografia açoriana, Ponta Delgada, 1983. 2

. EdiHno em 1989 por Artur T. Matos.

3

. Ed. por Bernardo de Oliveira Rodrigues em 1960.

4

. Ed. 1989-1990 em dois volumes por Helder Lima.

5

. 1

ediHno em 1714.


Açores 6 . São volumes recheados de pequenos estudos e de uma exaustiva recolha documental dos fundos micaelenses e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, que ainda hoje é um referencial de relevo na Historiografia açoriana. O século dezanove é sem duvida, um momento de grande produção historiográfica um aliado da política de então. Sucedem-se os estudos especificos sobre as diversas ilhas, sendo evidente o "boom" da historiografia terceirense, de que merecem destaque Francisco Ferreira Drumond (1796-1858) 7 , Jerónimo Emiliano de Andrade com a Topografia da Ilha Terceira (3 vols. 1843-1845-1850) 8 . Em Cabo Verde é só no século XIX que surge a grande síntese de História do arquipélago. Em 1899 Christiano José de Senna Barcelos apresentou na primeira memória é Academia Real das Ciências. O grande desenvolvimento do tema estava reservado para o nosso século com os estudos de António Carreira e o projecto pioneiro de História Geral de Cabo Verde 9 .

ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA O madeirense preso à ilha e ao seu quotidiano manteve sempre acesa a memória da sua tradição histórica, que actuou e permanece como único elo de ligação à sua raíz portuguesa ou como forma de definição e identificação de si próprio. E, como tal, desde tempos imemoráveis, procurou manter viva para os seus vindouros as suas aventuras e peripécias. O testemunho escrito-crónica, relação ou descrição, documentos indirectos, transmitido por via oral e escrita mantém-se desde tempos remotos, sofrendo, é certo, em cada época uma interpretação adequada aos condicionalismos conjunturais do momento. Do simples relato passou-se ao panegírico, ao escrito pragmático, até que a historigrafia hodierna veio situar na sua verdadeira dimensão o escrito histórico. DA CRÓNICA À MEMÓRIA. Este primeiro momento é dominado pelas memórias, relatos e crónicas feitas por portugueses que tomaram contacto com os factos, ou então tiveram conhecimento por meio de alguém ou da tradição oral. É a altura do vêse, ouve-se, diz-se e escreve-se. Facto saliente é a polémica gerada nos meios historiográficos insulanos em torno da autenticidade da primeira página da História Insulana, a Relação de Francisco . Confronte.se Maria Teresa TomJ, Ernesto do Canto. Os AHores na problem<tica da cultura do sJculo XIX, Ponta Delgada, 1989. 6

7 . Veja-se esudos sobre este autor: Cat<logo de ExposiHno Documental e bibliografica sobre o historiador Francisco Ferreira Drumond de sua morte, Angra do heroismo, 1955, Joaquim Moniz de S< Corte Real e Amaral, O Historiador Francisco Ferreira Drumond, a sua vida e a sua obra, Angra do Heroismo, 1959; J. G. Reis Leite, As fontes de Francisco Ferreira Drummond nos Anais da Ilha Terceira, BIHIT, Vol. XLIII, T. II, 1985 (separata).

8 . Mariano Constantino Homem, Pequena Biografia Hist\rica da vida do insigne Padre Jer\nymo de Andrade, Angra do Heroísmo, 1848.

9 . Confronte-se Guia Funchal, 1995, pp. 29-44.

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Hist\ria

e

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Alcoforado, que mercê do seu conteudo e forma de divulgação nos meios londrinos desde o século XVII foi desvalorizada em favor do texto frutuosiano2.. Se a edição de 1671 era considerada para Alvaro Rodrigues de Azevedo como autocriação de D. Francisco Manuel de Melo, o mesmo já não poderá ser dito para o manuscrito descoberto em 1878 na Biblioteca Nacional de Madrid e outro recentemente (1960) encontrado por Jean Fontvieille na Biblioteca do Palacio Ducal de Vila Viçosa4. Relação de Francisco Alcoforado é a primeira página de História madeirense, escrita por um português que viveu os acontecimentos ligados ao reconhecimento do arquipélago, sendo uma preciosa fonte de informação para os autores seguintes5. Os textos de Francisco Alcoforado (1427) e Jerónimo Dias Leite (1574) apresentam-senos como as fontes básicas para o conhecimento da História da ilha nos séculos XV e XVI e, por isso, merecem maior importância que o texto frutuosiano7. Este último, quando cónego na Sé do Funchal fez uma recolha nos arquivos do Cabido e Mitra, bem como no dos Camaras9. No século XVIII o que nos merece a atenção é o trabalho desenvolvido por Henrique Henriques de Noronha(1667-1730): Memorias Seculares e ecclesiásticas para a composição da história da diocese do Funchal(1722)10 e Nobiliario Genealogivco de Famílias Madeirenses11. No século XIX lançaram-se as bases para uma História insulana, que tem em Alvaro Rodrigues de Azevedo (1825-98) o marco fundamental, como se poderá constatar das anotações às Saudades da Terra (1873) e o primeiro esboço de História do arquipélago publicado no Dicionário Universal de Português Ilustrado, ou, ainda, numa colectânea de documentos que deixou manuscrita12. A consistência da formulação teórica aliada à riqueza documental fizeram das anotações o texto de base para qualquer estudioso ou curioso da primeira metade do nosso século, sendo uma das fontes base para a elaboração do Elucidário Madeirense. Da mesma época temos ainda a salientar os estudos de Paulo Perestrelo da Camara (1810-54), os apontamentos manuscritos de João Pedro de Freitas Drumond e as anotações do cónego Joaquim Gonçalves de Andrade (1795-1868) à História Insulana de António Cordeiro. Este último teria reunido documentação sobre a História da ilha, mas infelizmente o seu espólio perdeu-se13. A Revolução Vintista fez animar o movimento editorial madeirense, primeiro com o aparecimento dos jornais e tipografias, depois atraindo o meio intelectual para o estudo interesseiro do passado histórico; à descoberta, ocupação da ilha ia-se buscar os argumentos de defesa ou ataque dos morgadios, ou um alicerce seguro para o ideal autonómico14. José Silvestre Ribeiro, mantendo-se fiel aos ideais perfilhados nas circulares àcerca dos Anais do Município, fez publicar três textos com documentos referentes à sua acção pública com o Asilo da Mendicidade, da construção da Ponte do Ribeiro Seco e da crise de fome. Posteriormente Sérvulo Drumond de Menezes e António Jacito de Freitas publicaram as principais peças elucidativas da sua actividade, em três volumes (1849-52), A figura mais importante desta geração foi, sem dúvida, Alvaro Rodrigues de Azevedo(1825-98). Este poderá ser considerado o pioneiro da historiografia hodierna, sendo o principal representante do positivismo histórico. O seu trabalho publicado em anotação às Saudades da Terra em 1873 é modelar e surge como uma peça chave para todos os que se debruçam sobre a história da ilha23. Segundo Damião Peres


“pela primeira vez foram versados com verdadeiro espírito científico muitos problemas de história madeirense”24. Se nas anotações, devido o seu carácter avulso, se torna difícil analisar a perspicácia do autor, o mesmo já não se poderá dizer no artigo Madeira publicado no Dicionário Universal de Português de Fernandes Costa, onde o documento é tratado com a devida minúcia e estruturado em termos de épocas históricas definidas. AFIRMAÇÃO DA HISTORIOGRAFIA MADEIRENSE. O arranque da verdadeira historiografia insulana deverá situar-se no último quartel do século XIX, primeiro com a obra de Alvaro Rodrigues de Azevedo, depois com a denominada geração do Cenáculo. Foi esta última tertúlia quem definiu o arranque da nova fase. Três datas importantes marcam este momento - 1919, 1940, 1960. A primeira, com a comemoração quincentenária do descobrimento da ilha, entre 29 de Dezembro de 1922 e 4 de Janeiro de 1923, actuou como mola propulsora da investigação histórica madeirense adentro da Geração do Cenáculo, de que resultaram um opúsculo, V Centenário do Descobrimento da Madeira, e uma obra monumental da nossa historiografia, que todos reverenciam, Elucidário Madeirense26. A segunda com o Congresso do Mundo Português, alia-se à terceira, com a comemoração do cinquentenário da morte do Infante D. Henrique definiram uma corrente historiográfica marcadamente nacionalista. Esta época é fertil em correntes historiográficas definidas temporalmente no parco movimento cultural insulano do século XX. Como abertura teremos a referida Geração do Cenáculo, geradora da corrente acima citada, como o Pe. Fernando Augusto da Silva, João Reis Gomes e Alberto Artur Sarmento. Este grupo teve ao seu dispor dois periódicos influentes da imprensa madeirense: o Heraldo da Madeira de 1904 a 1915 e o Diário da Madeira desde 1912. Aí dava-se a público o relato das discussões havidas no hotel Golden Gate à porta fechada, e se ditava o percurso da historiografia nascente da 1ª metade do século. O pe. Fernando Augusto da Silva (1950) surge-nos como um dos principais historiadores desta geração, ao publicar em 1921-22 o Elucidário Madeirense, embora tivesse já publicado alguns textos dispersos no Heraldo da Madeira, Diário da Madeira, Diário de Notícias. Nesta obra monumental este expressa a sua noção de história e o seu consequente enquadramento na escola patriótico-nacionalista, caracteristica desta época. O Elucidário Madeirense foi projectado em Maio de 1917, para a comemoração do quincentenário da descoberta da ilha. Alberto Artur Sarmento (1878-1953) evidenciou nos seus escritos uma apurada erudição, permanecendo para a posteridade como historiador, ensaista, cientista, escritor e jornalista30. Como historiador demonstrou o seu talento nos Ensaios históricos da Minha terra e nos seus escritos sobre a história militar da Madeira. A fase seguinte é dominada por três publicações da especialidade que implementaram uma nova dinâmica na historiografia insulana. Primeiro temos o Arquivo Histórico da Madeira (1931-1939) que sob orientação de João Cabral do Nascimento, com a colaboração de Alvaro Manso, lançou as bases para um correcto delinear da investigação histórica madeirense, mercê da divulgação e conservação dos núcleos documentais do arquivo então criado33.


Ao dito boletim junta-se em 1948 o suplemento de O Jornal das Artes e da História da Madeira - que reuniu um grupo conceituado de personalidades madeirenses interessados na divulgação da história e cultura madeirenses, A. A. Sarmento, Fernando Augusto da Silva, L. Peter Clode, Alvaro Manso, Ed. Nunes Pereira, Ernesto Gonçales, Fernando de Menezes Vaz, Visconde do Porto da Cruz. No entanto em 2 de Outubro de 1949 o suplemento termina por falta de verba, voltando a aparecer em Junho de 1950 com novo figurino, sob a forma de revista. Com o impulso da Sociedade de Concertos da Madeira e com a direcção do engenheiro Peter Clode a revista manteve-se até 1971, sendo o meio de revelação de novos valores da historiografia madeirense: Pita Ferreira, Joel Serrão, João José Abreu e Sousa e outros. A década de 50 abre, deste modo, novas perspectivas na historiografia, que conduzem, em parte à sistematização do saber histórico, quer na valorização dos núcleos arquivísticos madeirenses, quer pela atenção votada pelas Faculdades de Letras de Lisboa e Coimbra, por meio das teses de licenciatura, quer ainda, pelas publicações como a Das Artes e da História da Madeira, Revista Portuguesa e o Boletim do Arquivo Histórico da Madeira36. A actualidade é diferente. As iniciativas neste domínio dos arquipélagos dos Açores e Canárias, aliadas à criação do Centro de Estudos de História do Atlântico, no Funchal, lançaram as bases para um correcto dimensionamento da historiografia insulana e do consequente preenchimento desta lacuna. Assim o demonstra as publicações dos últimos dez anos.


Texto a integrar a o cdrom: 1.textos gerais CORDEIRO, António, História Insulana das Ilhas a Portugal Sugeytas no Oceano Occidental, reimpressão da edição princeps de 1717,(2º edição 1866 em 2 vols) Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981. nº páginas:528 CORREIA, Marquês de Jácome, História da descoberta das ilhas, Coimbra, 1926, nº páginas 220 FRUTUOSO, Gaspar, Saudades da Terra, livros I, II, III, IV, VI, Ponta Delgada, Instituto Cultural, 1977-87. nº. páginas: 354/473/432/300/378/460/396 LOUREIRO, Adolfo Ferreira, Breves notícias sobre os arquipélagos da Madeira, Açores, Cabo Verde e Canárias, Lisboa, Imp. Nacional, 1898, nº páginas: 214

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DRUMMOND, Francisco Ferreira, Anais da Ilha Terceira, 4 ts., reimpressão da edição de 1850, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981. nº páginas: 715+358+150+383 LIMA, Marcelino, Anais do Município da Horta, 2ª ed., Providence, 1976. nº páginas: -----Famílias faialenses. Subsídios para a história do Faial, Horta, 1923 nº páginas: 733 MACEDO, António Lourenço da Silveira, História das Quatro Ilhas que formam o Distrito da Horta, 3 vols., reimpressão fac.-similada da edição de 1871, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981. nº páginas:571+649+294 MACHADO, Francisco Soares de Lacerda, História do concelho das Lages, reedição fac.-simile, Associação de Defesa do Património da Ilha do Pico, 1991. nº páginas: MONTALVERNE, Agostinho d’, Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores, 3 vols, Ponta Delgada, Instituto Cultural, 1960-62. nº páginas: 145+520+336 SAMPAIO, Alfredo da Silva, Memória sobre a ilha Terceira, Angra do Heroísmo, 1904, nº páginas: 876 SILVA, José Alves da, Topographia da ilha Terceira, ou descripção phisica, politica, civil, eclesiastica e histórica da ilha Terceira dos Açores, 2º ed. Tip. Minerva, 1891 nº páginas: 542 SOUSA, J. Duarte de, Ilha de S. Jorge. Apontamentos históricos e descripção topographica, Angra do Heroismo, 1897 nº páginas: 188 SOUSA, João Soares de Albergaria e, Corographia Açórica ou Descripção Phizica, plítica, e histórica dos Açores, por um cidadão açorense, membro da Sociedade Patriótica Phylantropya nos Açores, Lisboa, 1822, nº páginas: 133 TELES, Alberto, Chorographia geral dos Açores, Lisboa Imp. Nacional, 1891, nº páginas: 192 2. CABO VERDE

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---------“Memória sobre a Fábrica Real de Anil da ilha de Santo Antão, in ibidem, t.I, 1789, pp.407-421 FRIEDLAENDER, Immanuel, Subsídios para o Conhecimento das Ilhas de Cabo Verde, Lisboa, Sociedade de Geografia de Lisboa, 1914. nº páginas:117 LERENO, Álvaro, Subsídios para a História da Moeda em Cabo Verde (1640-1940), Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1942. ______, Dicionário Corográfico do Arquipélago de Cabo Verde, Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1952. nº páginas:254 LIMA, José Joaquim Lopes de, Ensaios sobre a Statística das Possessões Portuguesas (...), vol. I, Lisboa, Imprensa Nacional, 1844. PUSICH, António, Memória ou Descripção Físico-Política das ilhas de Cabo Verde (1810), Anais do Conselho Ultramarino, parte não oficial, série II, 1860-861. E publ. Garcia da Horta, vol. IV, pp.605-634 SILVA, F. A. Wolfango, A crise de fome em Cabo Verde, Bastorá, 1932, nº páginas: 86 SILVA, Francisco Ferreira, Apontamentos para a História da Administração da dioceses e da organização do seminário lyceu de Cabo Verde, Lisboa, 1899, nº páginas:216 VASCONCELLOS, E. J. C., Colónias portuguesas- arquipélago de Cabo Verde. Estudo elementar de geographia physica, economica e politica, Lisboa, Centro Tip. Colonial, 1916, nº páginas: 126 3. MADEIRA AZEVEDO, Álvaro Rodrigues de, “Notas”, in Saudades da Terra, Funchal, Funchal, 1873.


nº páginas: 855 CAMARA, Paulo P., Breve notícia sobre a ilha da Madeira(...), Lisboa, 1841, nº páginas: 136 CORREA, Marquês de Jácome, A ilha da Madeira. Impressões archeológicas, rurais, artísticas e sociaes, Coimbra, 1927, nº páginas 243

e notas

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-----Ripas da Madeira, Funchal, 1940, nº páginas 123 -----História do açúcar na ilha da Madeira, Funchal, 1945, nº páginas 113 -----A Madeira e as praças de África. Dum caderno de apontamentos, Funchal, 1932, nº páginas 58 -----Notícia histórico-militar sobre a ilha do Porto Santo, Funchal, 1933, nº páginas 117 ----As freguesias da Madeira, Funchal, 1932, nº páginas 274 -----História militar da Madeira, Funchal, 1912, nº páginas 16 SILVA, Fernando Augusto de e Carlos Azevedo Menezes, Elucidário Madeirense, 1ª ed., 2 vols. Funchal, 1921-22. 2ª ed. corrigida e aumentada. 3 vols.. Funchal, 1940, 3ª ed. 3. vol. Funchal, 1965-1966. Reedições 1978-1984. nº páginas 431, 469, 440 -----V Centenário do descobrimento da Madeira, Funchal, 1922, nº páginas 60 -----Pela História da Madeira. Digressões através de alguns livros e arquivos, Funchal, 1947 nº páginas 300 VIEIRA, Manuel Higino, Descobrimento do arquipélago da Madeira. Estado actual do problema, Lisboa, 1939, nº páginas 235

4. S.TOMÉ E PRINCIPE

ALMADA, Vicente Pinheiro Lobo Machado de Melo e, As ilhas de S. Thomé e Principe, Lisboa, 1884, nº páginas 504 FERREIRA, Manuel Ribeiro, A provincia de São Tomé e Príncipe e suas dependencias, Lisboa, IN, 1877, nº páginas 705 HENRIQUES, Júlio Augusto, A ilha de São Tomé sob o ponto de vista histórico, natural e agrícola, Coimbra Imp. Universidade, 1917, nº páginas 208


MATOS, Raimundo José da Cunha, Corografia histórica das ilhas de S. Tomé e Príncipe, Ano Bom e Fernão do Pó, S. Tomé, Imp. Nacional, 1916, nº páginas 128 MELO, Alberto Campos, A ilha de S. Thomé, Coimbra, 1904, nº páginas 47 NOGUEIRA, António Francisco, A ilha de S. Tomé- a questão bancaria no ultramar e o nosso problema colonial, Lisboa, 1895, nº páginas 191 REBELO, Pequeno, As ilhas do Cacau, Lisboa, ed. Do A. Industrias Graficas, 1930, nº páginas 178 NEGREIROS, António Lobo de Almada, História Ethnographica da ilha de S. Thomé, Lisboa, 1895, nº páginas 369 RIBEIRO, Manuel Ferreira, A provincia de S. Tomé e Príncipe e suas dependencias ou a salubridade e insalubridade relativa das provincias do Brazil, das colónias de Portugal e de outras nações da Europa, Lisboa, Imp. Nacional, 1877, nº páginas 705 + 25 VASCONCELLOS, Ernesto Júlio de Carvalho, S. Tomé e Principe. Estudo elementar de geografia física, economia e política, Lisboa, Tip. Cop. Militar, 1918, nº páginas 171


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