Em primeiro lugar à minha Mãe que sempre me incentivou a correr atrás dos meus sonhos, que estaria orgulhosa de mais uma conquista, de quem sinto saudades todos os dias. Agradeço ao meu Pai por estar sempre ao meu lado mesmo nas horas mais difíceis e apoiar minhas decisões. Ao meu Namorado pelo
companheirismo
em
muitas
noites em claro. Á minha família, sempre muito compreensiva com meus horários, que sempre torceu pelo meu sucesso. Aos amigos que a faculdade me trouxe, que compartilharam das mesmas dificuldades e alegrias ao longo desses anos. A todos os professores que contribuíram na minha formação e em especial ao Gilberto Belleza e o Silvio Sant’Anna que me guiaram na realização desse
trabalho.
Obrigada
a
todos.
FIGURA 1 : https://br.pinterest.com/pin/430727151841037212/ FIGURA 2 : https://accaopopularlibertaria.wordpress.com/2013/01/14/educacao-e-luta-de-classes-na-comunidadeprimitiva/ FIGURA 3 : https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/2017/02/familia-tradicional-sim-e-porque-nao.html FIGURA 4 : http://blogs.unigranrio.br/formacaogeral/wp-content/blogs.dir/25/files/2012/08/familia.jpg FIGURA 5 : https://www.cebi.org.br/2017/03/22/para-que-e-para-quem-servem-as-pesquisas-academicas-sobre-asfavelas-uma-nova-epistemologia-e-possivel/ FIGURA 6 : http://oridesmjr.blogspot.com.br/2016/04/ FIGURA 7 : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000200014 FIGURA 8 : http://catcomm.org/mcmv/ FIGURA 9 : http://www.apponto.com.br/empreendimento/ponto-imperial/ FIGURA 10 : https://www.archdaily.com/791939/ad-classics-park-hill-estate-sheffield-jack-lynn-ivor-smith FIGURA 11 : Ana Luíza Brandão http://faveladarocinha.com/beco-nosso/ FIGURA 12 : https://emergingmarkets.today/2015/03/11/favela-rising-the-entrepreneurial-spirit-of-the-brazilsslums/ FIGURA 13 : https://pt.depositphotos.com/108481292/stock-photo-rios-rocinha-favela.html FIGURA 14 : Livro repensando as habitações de interesse social FIGURA 15 : Livro repensando as habitações de interesse social FIGURA 16 : Livro repensando as habitações de interesse social FIGURA 17 : Livro repensando as habitações de interesse social FIGURA 18 : https://danandholly.com/2017/03/high-density-hong-kong/ FIGURA 19 : http://www.disenoarquitectura.cl/quinta-monroy-alejandro-aravena FIGURA 20 : http://www.elementalchile.cl/en/projects/quinta-monroy/ FIGURA 21 : http://www.elementalchile.cl/en/projects/quinta-monroy/ FIGURA 22 : http://www.disenoarquitectura.cl/quinta-monroy-alejandro-aravena
FIGURA 23 : http://arqpb.blogspot.com.br/2009/11/elemental-alejandro-aravena.html FIGURA 24 : http://www.disenoarquitectura.cl/quinta-monroy-alejandro-aravena FIGURA 25 : https://architectureau.com/articles/a-case-for-the-incremental-quinta-monroy/ FIGURA 26 : http://www.disenoarquitectura.cl/quinta-monroy-alejandro-aravena FIGURA 27 : http:/ www.elementalchile.cl/en/projects/quinta-monroy/ FIGURA 28 : http://vilanovaartigas.com/cronologia/projetos/conjunto-habitacional-cecap-guarulhos/imagens/206 FIGURA 29 : http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2016/11/1835840-projetado-por-artigas-parquececap-e-marco-modernista-na-grande-sp.shtml FIGURA 30 : http://rio-pequeno-sp.blogspot.com.br/2016/04/parque-cecap-guarulhos.html FIGURA 31, 32, 33 e 34: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.194/6127 FIGURA 35 : http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/251/cecap-zezinho-magalhaes-prado-umdetalhe-11-338509-1.aspx FIGURA 36 : http://g1.globo.com/sao-paulo/sptv-1edicao/videos/t/edicoes/v/projeto-de-habitacao-em-guarulhoscontinua-atual-depois-de-50-anos FIGURA 37, 38 : https://www.movingimoveis.com.br/imoveis-prontos/guarulhos-sp/parque-cecap-bairro/ apartamento FIGURA 39 : Revista AU n 33 FIGURA 40,41,43,44,45,46 : ANDRADE; BONDUKI; ROSSETO, 1993:18 FIGURA 42 : PUGLISI, 2017:27 FIGURA 47,48,49,50,51 : https://pt.slideshare.net/makau/seminrio-unicamp-2007 (autor desconhecido) FIGURA 52 : Google Maps FIGURA 53 : Autoria prรณpria FIGURA 54,55,56,57,58 : Google Maps FIGURA 59,60,61,62,63,64,65,66,67,68,69,70,71 : Autoria Prรณpria
Isso ocorre devido à padronização
soluções
dos projetos, aplicados em larga escala, sem a
O texto é organizado em quatro partes: a primeira “Conceito
uma necessidade básica e também
familiares a serem atendidas. O
definir brevemente o que é família e
um direito do cidadão, mas que na
problema habitacional no Brasil ainda
apresentar seus diversos significados;
prática não é garantida a toda a
é visto apenas como um número.
a segunda “Histórico da política
população brasileira. Nas últimas
Existem casos pontuais em
décadas, o governo vem tentando
que houve a oportunidade de planejar
favelas”
suprir o grande déficit habitacional
esses conjuntos de forma a atender as
habitacional brasileira e sua linha
brasileiro por meio de programas
necessidades dos futuros moradores,
do tempo; a terceira “Conceito de
sociais de subsídio de moradias
nestes projetos existe uma maior
Habitação evolutiva e flexibilização
e
conjuntos
preocupação em buscar satisfazer
das construções” define habitação
de habitação de interesse social.
necessidades individuais de cada
evolutiva e flexível e exemplifica
são
família, permitindo sua intervenção
sua aplicação e a quarta parte
por
espacial durante o tempo de ocupação.
“Estudos de Caso” apresenta dois
seus moradores por motivos de
Uma resposta eficaz é encontrada na
conjuntos habitacionais de interesse
caráter
econômico.
flexibilização e evolução das unidades.
social
Essas modificações quase sempre
O presente trabalho pretende analisar
uma referência internacional. Por
evidenciam a falta de sintonia entre o
tais conceitos e suas aplicações
fim, o “Projeto Habitação Social
projeto original e a efetiva resolução
práticas, bem como estudar casos
Evolutiva” que descreve
o projeto
das necessidades de seus usuários.
no Brasil e no exterior em que essas
desenvolvido
do
construção As
de
unidades
frequentemente funcional
modificadas ou
diferentes
efetivas.
de família e sua evolução” busca
de
as
mostraram
composições
Sabemos que a habitação é
com
devida preocupação
se
habitacional
e
surgimento
das
fala sobre a produção
produzidos
ao
no
longo
Brasil
e
ano. 09
“De alguma maneira é preciso morar. No campo, na pequena cidade, na metrópole, morar como vestir, alimentar, é uma das necessidades
básicas
dos
indivíduos.
Historicamente
mudam
as
características da habitação, no entanto é sempre preciso morar, pois não é possível viver sem ocupar espaço.” (RODRIGUES, 1988:20) Figura 1: conjunto habitacional no jardim edite, mmbb arquitetos
Antes
chamados de clãs. Os clãs foram
ou servo’. Essa raiz etimológica revela
se organizar em comunidades, as
crescendo
seus
a natureza possessiva das relações
‘famílias’ já eram constituídas por
territórios e passaram a se unir com
familiares entre os povos primitivos,
pessoas com um ancestral comum.
novos clãs, formando as primeiras
as noções de obediência e posse sob
Todos
possuíam
tribos. A organização primitiva das
a figura feminina permeavam tais
obrigações designadas pelo ‘patriarca’,
famílias deu origem às primeiras
relações. Com o desenvolvimento
normalmente uma figura masculina.
formas de sociedade organizada.
da vida em sociedade, o conceito de
agrupamentos
O termo ‘família’ é derivado do
‘família natural’ ganhou força na Roma
unidos por laços sanguíneos eram
latim famulus, que significa ‘escravo
antiga, sendo composta por um casal
Esses
os
mesmo
do
membros
primeiros
homem
e
aumentando
e os filhos provenientes dessa união, ao contrário dos clãs que possuíam ancestral
comum,
essas
relações
surgiam através dos casamentos. A igreja católica oficializou o matrimônio entre duas pessoas de diferentes sexos como única maneira de se constituir uma família cristã e indissolúvel pelo homem. Ignorando por muito tempo o papel do afeto nas relações familiares. Com a constituição de 1988, figura 2 : primeiros agrupamentos familiares
12
os filhos havidos por adoção foram
As
igualados
evoluíram
aos
filhos
de
origem
famílias
refere-se à família nuclear¹ como
sanguínea e a união estável (não
constituição, por isso buscam um
sendo, hoje em dia, uma minoria em
decorrente
do
foi
espaço habitacional que possa atender
termos de composição familiar, uma
reconhecida
como
de
à essas novas condições socioculturais
vez que há várias condicionantes
família, dessa forma pela primeira vez
e econômicas e ao mesmo tempo se
culturais que alteraram a vivência
o afeto foi levado em consideração
adapte às suas novas necessidades
familiar
nas leis brasileiras. Desde 2011, a
ao longo dos anos e ao possível
vivência na habitação. Ela enumera
união homoafetiva foi reconhecida e
crescimento
alguns
formadora
do
termos
núcleo
de
Anaïs Neves em sua tese
sua
casamento)
em
contemporâneas
familiar.
e,
consequentemente,
fatores
que
levaram
a à
equiparada à união heteroafetiva nos termos da lei, dessa maneira expandese um novo leque de possibilidades para
o
conceito
de
família.
Há três tipos de vínculos, que podem coexistir ou existir separadamente
na
formação
da
família: vínculos de sangue, vínculos de direito e vínculos de afetividade. ¹ Caracterizava-se por existir uma hierarquia na constituição da família, pois o pai, como chefe de família, era o único elemento que trabalhava e que contribuía para a economia da família, e a mãe, como dona de casa, ficava em casa a cuidar dos filhos.
figura 3 : exemplo de família nuclear
13
modificações dessa estrutura familiar.
previamente
Em primeiro lugar, a expectativa de
dos apartamentos, imaginando suas
vida aumentou, fazendo com que o
diversas
tempo de ocupação da moradia se
tornam-se
estenda e ao mesmo tempo estando
com as necessidades espaciais e
mais propício a novas necessidades
culturais de seus futuros habitantes.
em questão de acessibilidade devido a novas condições físicas de seus moradores. Em segundo lugar, as saída dos jovens da casa dos pais tem sido cada vez mais tardia, aumentando assim a necessidade de novos ambientes na habitação caso a família cresça. E por fim o aumento do número de divórcios que leva à famílias monoparentais, antes
muito
incomuns.
Projetar moradias em massa para um modelo familiar ultrapassado é não levar em consideração a individualidade e a diversidade das famílias que as receberão. Ao planejar 14
possíveis
ocupações, mais
ampliações
as
moradias
condizentes
figura 4 : grĂĄfico famĂlias brasileiras segundo o ibge, 2010
15
“Somente quando os indivíduos puderem tomar suas próprias decisões sobre a planta e o equipamento de sua casa, será verdadeiramente possível dizer que a referida
habitação
expressa suas aspirações
pessoais. Somente quando a produção é organizada para incluir a participação do residente, pode ser obtida a maior vantagem das tecnologias
existentes”
Figura 5: Favela no Rio de Janeiro
-
texto
traduzido
(HABRAKEN,
1979:18)
A questão habitacional no
Durante a República Velha
Brasil surge com a emergência do
(1889-1930) o Estado privilegiava
trabalho livre, na segunda metade do
a iniciativa privada e se recusava a
século XIX marcado pelo início da
intervir na produção de casas para
República. A abolição dos escravos
os operários. Esse tipo de moradia
em 1888 e um intenso
gerava muitos lucros a quem as
imigratório propiciaram do
foram o
mercado
processo que
produzia e também a quem as
desenvolvimento
comprava com objetivo de alugar para
de
os trabalhadores. Uma prática muito
medidas
trabalho.
“Naquela época começou a surgir aqui, como anteriormente havia surgido na Inglaterra, o homem livre. Este é antes de mais nada um despejado. Despejado de sua terra, de sua oficina, de seus meios de trabalho, de seus meios de vida. Começam então a afluir às nossas cidades milhares desses despossuídos, tanto brasileiros como estrangeiros. Eram os despejados das decadentes fazendas, como as do ‘café no Vale do Parnaíba, eram os despejados da Itália, eram os despejados das senzalas. Com o enorme crescimento das cidades através dessa população surge o problema de seu alojamento, ou seja, surge o problema habitacional enquanto questão social” (VILLAÇA, 1986:14) 18
moradia. Considerando-se que boa parte dos prédios ocupados pelos trabalhadores de baixa renda eram cortiços, e portanto, ocupados por mais de uma família, concluiu-se que quase 90% da população da cidade, incluindo quase a totalidade dos trabalhadores e da classe média, era inquilina, inexistindo qualquer mecanismo de financiamento para aquisição da casa própria.” (BONDUKI, 1998:713)
Prédios Ocupados em São Paulo
rentável e segura economicamente.
Ano
1920
1940
1950
1970
Nesse momento da história, o Rio
Ocupados por Locatários
47.229 (79%)
188.328 (68%)
264.141 (58%)
483.466 (38%)
de Janeiro e São Paulo (que sediava
Ocupados por Proprietários
11.358 (19%)
69.238 (25%)
168.504 (37%)
687.030 (54%)
Outras formas de Ocupação
1.195 (2%)
19.386 (7%)
22.770 (5%)
101.782 (8%)
Total
59.784
276.954
455.417
1.272.279
a economia cafeeira) recebiam um grande
número
gerando
uma
de
maior
imigrantes, procura
e
dessa maneira maior valorização imobiliária para as casas de aluguel. A área urbana cresceu cada vez mais e se avançou sob a área rural. “Em São Paulo, em 1920, apenas 19% dos prédios eram habitados pelos seus proprietários, predominando largamente o aluguel como forma básica de acesso à
Tabela 1 : Dados IBGE
Os
valores
dos
aluguéis
eram tratados entre os inquilinos e
proprietários,
sem
nenhuma
intervenção
do
governo.
Nesse
contexto
surgem
diversas
tipologias
habitacionais
buscando
o maior aproveitamento possível
dos
terrenos,
sendo
a
maioria
seus
empregados.
Dessa
forma
geminadas, sem respeitar recuos
era mais fácil também controlar
frontais ou laterais. Eram produzidos
possíveis
desde cortiços, insalubres e sem
os
instalações hidráulicas até palacetes
habitacionais de grande porte do país.
para a classe média em ascensão. “A propriedade imobiliária para o aluguel apareceu disseminada como forma de investimentos dos quartos de uma só porta, passando pelas casinhas térreas, os sobrados, chalés, armazéns - a construção para o aluguel estava presente em grande parte dos inventários que tinham um mínimo de renda disponível para investimento.” (OLIVEIRA, 2005:301)
“No contexto brasileiro, a partir da década de 1870, as áreas centrais foram muito adensadas e a moradia nas cidades era vista como uma fonte de problemas pelos higienistas, por não se adaptar aos padrões da medicina sanitária. As habitações das classes baixas eram ameaças à saúde pública, à moralidade e à produção. Desta forma, esse espaço marginal era destinado à devassidão, vícios e ócio, incompatíveis com a vida familiar regrada.” (LUCENA, 2016:11)
Ainda nesse momento, as
No decorrer da Era Vargas
indústrias que queriam ter maior
(1930-1954) o governo brasileiro
fiscalização e controle sob seus
passa a intervir na produção e
operários,
comercialização
passaram
a
construir
revoltas.
primeiros
Estes
foram
empreendimentos
habitacional,
vilas operárias, conjuntos de casas
com
próximos ao ambiente de trabalho,
uma sociedade capitalista através
que ofereciam melhores condições
da
de moradia que os cortiços a baixos
nas
aluguéis ou até gratuitamente para
objetivo máxima
de
impulsionar
intervenção
atividades
estatal
econômicas.
Dentre as medidas tomadas Figura 6 : Cortiços no Rio de Janeiro, 1889
20
pelo governo estiveram a criação
e articulada, não foi criada uma
puderam demolir suas antigas casas
do
Aposentadoria
estratégia que pudesse resolver a
e dar lugar a prédios que renderiam
e Previdência e da Fundação da
questão habitacional de vez. Com a lei
muito mais e poderiam ter um
Casa Popular (que deu início à
do inquilinato, as casas de aluguel se
aluguel acima do valor congelado.
produção de moradias subsidiadas)
tornam um investimento desfavorável,
O início da produção de
e a lei do inquilinato. A lei do
levando à venda de muitas delas e o
conjuntos
inquilinato, instituída em 1942, foi
maior investimento na indústria por
Estado foi marcado pela criação dos
responsável
congelamento
parte dos antigos donos das casas.
Institutos de Aposentadoria e Pensões
e a regulamentação dos aluguéis,
Como principal consequência
(IAPs) em 1937, e da Fundação
Instituto
de
pelo
da
a
da Casa Popular (FCP), primeira
colocou
da
desaceleração da construção civil e
iniciativa destinada exclusivamente
habitação acima das leis do mercado.
por esse motivo um maior número
à produção da habitação popular,
“Trata-se do momento em que o Estado brasileiro passa a intervir tanto no processo de produção como no mercado de aluguel, abandonando a postura de deixar a questão da construção, comercialização, financiamento e locação habitacional às livres forças do mercado , que vigorou até então.” (OLIVEIRA, 1971:711)
de pessoas sem moradia em todo o
que tinha como objetivo financiar
Brasil. Os despejos se intensificaram
a moradia, o saneamento e a infra-
a fim de encontrar novas estratégias
estrutura em 1946. A produção
para aumentar os rendimentos dos
estatal de moradia para trabalhadores
locadores e a crise habitacional se
mostra que a questão do déficit
estabeleceu. O governo não foi capaz
habitacional não foi deixada
de proteger e beneficiar de fato os
cargo da iniciativa privada como
Apesar dos novos incentivos, a
operários com essa nova medida. Com
acontecia anteriormente, quando a
Era Vargas não foi capaz de formular
os despejos ocorridos em decorrência
produção estatal era considerada uma
uma política habitacional eficiente
da lei do inquilinato, os proprietários
concorrência desleal aos mecanismos
interesse
social
do
inquilinato,
ouve
pelo
ela teve muita repercussão pois o
lei
habitacionais
a
privados. Essa nova postura do
áreas onde a urbanização já estava
eram muito amplas e construídas com
governo
consolidada,
de
bons materiais para garantir a maior
nesse momento muitos investidores
modelos de habitação econômica
durabilidade. Com a lei do inquilinato
encontravam oportunidades rentáveis
e racionalizada em seus projetos
e o aumento da inflação, o valor
na indústria. Os recursos da FCP
produzidos em massa. A arquitetura
dos aluguéis tornou-se insuficiente
eram muito limitados e dependiam
Européia que no momento esteve
para
do orçamento da União, aliado à
vinculada ao movimento moderno
reservas
falta de planejamento e retorno de
foi de grande influência. Dentre as
pensões. Sem o retorno esperado,
seus empreendimentos, suas ações
medidas implantadas pelas IAPs
os
se tornaram pontuais e mais tarde
estão a incorporação de equipamentos
habitações populares e passaram a
inviáveis. Os IAPs geravam recursos
sociais aos conjuntos habitacionais,
financiar
sem destino imediato, já que com sua
a
rentáveis,
criação, as empresas eram obrigadas
multifamiliares padronizados e com
média e alta. O Brasil perdeu
a depositar certa quantia mensal para
maior número de andares ( de cinco
uma das melhores iniciativas para
futuras pensões e aposentadorias
passaram a ter até dezoito andares), a
a produção de habitação social.
dos trabalhadores. Mesmo dispondo
utilização das coberturas para o lazer
Não se pode culpar apenas
desses recursos, os mesmos não
e a utilização dos pilotis (provenientes
à lei do inquilinato o agravamento
poderiam ser utilizados pelo FCP,
do movimento moderno). Para manter
da crise habitacional, mas sim um
porém os IAPs foram responsáveis
seus recursos, os IAPs julgavam
processo que envolveu a atribuição
por alguns núcleos habitacionais.
necessário
repentina da produção da habitação
A
não
é
contestada
produção
da
pois
utilizaram-se
introdução
dos
manter
apartamentos
as
habitações
os
IAPs
IAPs, das
corrompendo
as
aposentadorias
e
deixaram
de
produzir
empreendimentos destinados
ao
Estado,
à
antes
mais classe
habitação
em sua posse, podendo ser apenas
popular
feita
por parte dos IAPs se dava em
alugadas. As habitações desse período
pela iniciativa privada e também 21
a consequente mudança de foco
de construir em áreas periféricas
por parte das construtoras que
da
perceberam a maior lucratividade
formando favelas. Em 1938 surge
das habitações de médio e alto
a lei que regulamenta a aquisição
padrão. Aos trabalhadores despejados
de terrenos a prestações, dando ao
e novos migrantes chegados em
trabalhador um acesso mais fácil aos
São
lotes da periferia e viabilizando uma
Paulo
encontrar
pareceu moradias
impossível com
cidade,
não
necessariamente
custo
nova alternativa à habitação popular.
compatível a seus salários e posses.
As principais dificuldades enfrentadas
“Assim, surgem ou se desenvolvem novas alternativas habitacionais baseadas na redução significativa, ou mesmo na eliminação, do pagamento regular e mensal da moradia: a favela e a casa própria autoconstruída ou auto-empreendida em loteamentos periféricos carentes de infra-estrutura urbana.” (BONDUKI, 1994:729)
As primeiras favelas de São
por esses moradores eram a falta de transporte e infra-estrutura nessas áreas, dessa maneira entre os anos 40 e 50, cem mil novas moradias foram autoconstruídas.
Uma
alternativa
pouco fiscalizada pelo governo que aceitava
qualquer
habitação
por
mais precária e insalubre que fosse.
Paulo e o crescimento das favelas do
“[...] a omissão do poder público na
Rio de Janeiro ocorrem no início dos
expansão dos loteamentos clandestinos, fazia parte de uma estratégia para facilitar a construção da casa pelo próprio morador, que embora não tivesse sido planejada, foi se definindo na prática como um modo de
anos 40, ocupando terrenos públicos. Em São Paulo seu desenvolvimento é mais lento devido à possibilidade Figura 7 : Loteamentos irregulares em encosta.
viabilizar uma solução habitacional popular, barata, segregada, compatível com a baixa remuneração dos trabalhadores e que, ainda, lhes desse a sensação falsa ou verdadeira de realizarem o sonho de se tornarem proprietários.” (BONDUKI 1994:288)
Em
1964,
o
governo
implementou sua primeira política habitacional com a criação do Sistema Financeiro
de
Habitação
(SFH)
financiado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) que tinha como objetivo além da habitação social, alavancar
a
economia
gerando
novos empregos na construção civil. “Quando o tema do habitar coletivo ganhou proporções reconhecidamente potentes por aqui (anos 1970 e 1980), foi traduzido como forma urbana dispersa, abstraindo-se a complexidade e a diversidade. Foi reduzido ao mínimo necessário, não das teses da modernidade, mas das lógicas do capital e do setor da construção civil (com o apoio do Estado).” (RUBANO,2014:7)
Em 1965 o governo brasileiro
marcando
a
paisagem
urbana
fundou a Cohab, nome genérico
principalmente da zona leste, região de
de várias companhias públicas que
maior concentração desses conjuntos.
promoveram políticas habitacionais
Seu espraiamento ocorre devido ao
em
país.
alto valor da terra das regiões centrais
“Especificamente na metrópole paulistana, os conjuntos habitacionais chamados de Cohab’s estão principalmente na zona leste, periferia cuja quantidade de moradores com “casa própria” é, historicamente, maior que nas demais. (...) A diferença entre regiões no que tange à presença desta forma de política pública de habitação é notável: a zona oeste tem apenas 2 cohab’s; a zona norte 14; a zona sul 19, (sendo oito delas na favela Heliópolis); e a zona leste incríveis 39 conjuntos habitacionais, totalizando aproximadamente 700 mil, de seus três milhões e meio de habitantes. Ou seja, na superpovoada zona leste de São Paulo, um a cada cinco moradores vivem num apartamento (ou casa) da Cohab.” (D’ANDREA, 2008:15)
que não permitiria a implantação
diversas
regiões
do
Nesse contexto, surgem os conjuntos habitacionais de grande porte, com 4 ou 5 pavimentos nas periferias da cidade de São Paulo
de maiores
conjuntos e
com
habitacionais mais
unidades.
“Uma marca fundamental do processo de urbanização sob a “industrialização com baixos salários” é um mercado de moradias restrito e concentrado. O que poucos percebem é que grande parte da população urbana brasileira não tem condições de comprar a moradia no mercado privado legal. Não estamos nos referindo aqui ao trabalhador do informal, sem emprego fixo e sim ao trabalhador da indústria automobilística fordista, ou ao bancário ou ao professor secundário. Essa é a explicação para que funcionários da Universidade de São Paulo, a mais importante do país, morem nas favelas que circundam a universidade.” (MARICATO, 2001:2) Na Região Metropolitana de São Paulo, o 23
acesso ao financiamento habitacional bancário exige renda familiar de no mínimo 10 salários mínimos. Sabemos, no entanto, que apenas 40% da população atende a esse requisito. O investimento público em moradias não atingiu 5% da população restante. O que faz a outra metade da população quando precisa de moradia? Apela para os expedientes do mercado ilegal: a favela, o loteamento clandestino e o aluguel, especialmente nos cortiços. Mais de 50% da população do município de São Paulo vive nessas condições. (MARICATO, 2001:2)
infraestrutura (água, esgoto, energia elétrica, drenagem pluvial, pavimentação) e ter o apoio dos serviços urbanos (transporte coletivo, coleta de lixo, educação, saúde, abastecimento, etc)” (MARICATO, 1997:42)
queda do PIB já em 2008, o governo
O Programa Minha Casa,
papel que vai além do social. O
Minha Vida surgiu em 2009, durante
estímulo desse setor cria demanda
o
objetivo
de materiais para construção, de mão
de tornar a moradia acessível às
de obra para os empreendimentos
famílias organizadas em cooperativas
e
habitacionais
entrega
governo
Lula,
e
com
associações,
Figura 8 : Conjunto habitacional do PMCMV
24
para movimentar a economia, ou seja, o programa se inicia com um
de
eletrodomésticos das
crescimento
casas. na
para
a
Gerando
retomando a preocupação do governo
um
em relação a habitação social. Em
empregos em todos esses setores.
um cenário de crise econômica e “Tanto as autoridades governamentais ligados à política de habitação quanto os representantes do capital imobiliário referese frequentemente à questão da habitação em termos numéricos de déficits ou projeções de unidades isoladas a serem construídas. Essa forma simplista de tratar o tema ignora que a habitação urbana vai além dos números e das unidades. Ela deve estar conectada às redes de
decide apostar na construção civil
oferta
de
“A maior parcela do déficit habitacional brasileiro se deve à coabitação (2,4 milhões de domicílios, ou 42%), que são famílias que dividem um mesmo domicílio ou estão em cortiços. Outro componente do déficit está relacionado ao ônus excessivo com aluguel, que se refere às famílias de baixa renda (de até três salários mínimos) que despendem 30% ou mais da renda familiar com o pagamento de aluguel. Esse quesito correspondia a 2,1 milhões de domicílios, ou 35% do total. O terceiro componente do déficit remete à habitação precária, que corresponde a moradias improvisadas e rústicas. Esse item foi estimado em 1,3 milhão de domicílios (23%) em todo o país.” (Cartilha PMCMV, sem paginação)
classes.
famílias que atendam aos requisitos do
O lançamento do programa
programa, sendo priorizadas famílias
se apoiava nos dados quantitativos
onde a mulher sustenta o lar, onde
do déficit habitacional, na época
há a presença de deficientes físicos
calculado
de
ou que se encontrem em áreas de
moradias, 90% delas concentradas
risco. Há ainda os empreendimentos
nas faixas de renda inferiores a três
que têm “demanda fechada”, ou
ou
seja
salários
de
em
diferentes
7,2
mínimos.
milhões
Porém
seja,
apenas
40 % das unidades da primeira
vinculados
fase eram destinadas a essa faixa.
famílias
Depois
de
dois
anos
a
estão
reassentamento
que
Os
de
que
de
foram
removidas..
conjuntos
geralmente
funcionamento (de 2009 a 2011), a
são implementados em áreas mais
meta de 1 milhão de unidades foi
afastadas da cidade, assegurando
cumprida e a Fase 2 do programa foi
maiores lucros ao setor privado
Em sua implementação, o
lançada com o objetivo de contratação
pela
programa previa a construção de
de mais 2 milhões de unidades,
mais
um milhão de moradias no prazo
incluindo uma revisão dos limites de
famílias
de dois anos. Enquanto todos os
cada faixa de renda, com aumento dos
mais
outros programas criados atendem
custos máximos das unidades e com a
urbana e da oferta de empregos.
apenas uma faixa de renda familiar,
exigência de acessibilidade universal.
o
PMCMV
zero
a
dez
atende
famílias
salários
de
mínimos,
Esses
empreendimentos,
quando concluídos, são ocupados por
apropriação baratas a
e
características
da
em
as
regiões
infraestrutura
produção
empreendimentos
terras
submetendo
morar
distantes A
de
tem recorrentes
desses como a 25
ampla padronização dos projetos independente bioclimáticas,
das
diversidades
das
condições
do
terreno e das diferentes composições familiares
e o grande porte dos
condomínios.
Na
nova
moradia,
as famílias também passam a ter novas despesas urbanas como água,
O acesso à moradia digna não
energia, gás e internet, que em
significa exclusivamente a construção
muitos casos eram, anteriormente,
de casas padronizadas e em massa,
acessados
estreito relacionamento com os programas de aceleração do crescimento e geração de empregos na construção civil. Em meio a essa realidade, percebe-se que a qualidade dos projetos e das construções foi relegada a um plano secundário. Por outro lado, é evidente que a aplicação de critérios restritivos impostos pela Caixa Econômica Federal repassadora dos recursos para a construção na avaliação dos projetos habitacionais acabou se constituindo em um elemento indutor de soluções arquitetônicas medíocres e de baixa qualidade.” (JANOT, 2012:01)
maneira
irregular,
o PMCMV reproduz um modelo
suas
despesas.
que não será eficiente em qualquer
Cada moradia está atrelada
de
localidade. Além disso, dentro da faixa
a um pedaço de terra para ser
tipologias, a implantação geralmente
1 se encontra a população moradora
realizada, para que cumpra seu papel
ocorre em edifícios
“H” isolados,
de rua, que não seria atendida por
como direito social, essa moradia
formando ruas centrais e áreas
não poder arcar com a parcela
precisa de um pedaço de terra que
coletivas
a
mínima instituída pelo Programa,
esteja inserido em um ambiente
atenção adequada, sendo resultado
no caso 5% da renda familiar mensal
com
de espaços residuais. A utilização
em um período de 10 anos, não
acesso ao transporte público, com
dos muros impede a integração
podendo ser menor que R$ 50,00.
oportunidades de emprego, educação,
de
ampliando Além
dos
da
que
moradores
repetição
não
com
recebem
a
cidade.
“O predomínio da forma condomínio, a 26
precariedade dos espaços coletivos e a ausência de espaços públicos que estimulem a integração e sociabilidade nos empreendimentos e com a vizinhança reforçam ainda mais uma urbanização privatizada que tende a exacerbar a segregação e guetificação dos mais pobres na cidade.” (AMORE; RUFINO; SHIMBO 2015:69)
“A atual política nacional de oferta de moradia de interesse social passa por um
infraestrutura
urbana,
fácil
saúde e lazer ao alcance do morador, ou seja, esse pedaço de terra deve
estar inserido no contexto de cidade. “ De maneira geral, os altos índices de satisfação com a propriedade privada e regular da moradia, contrastam com percepções de piora no acesso aos transportes, comércios e serviços e relatos sobre o medo das mães de exporem suas crianças ao convívio social nos espaços coletivos do condomínio.” (AMORE; RUFINO; SHIMBO 2015:70)
FAIXA DE RENDA FAIXA 1 - Até R$ 1.800,00
FINANCIAMENTO Até 10 anos
VANTAGENS Parcelas a partir de 5% da renda familiar mensal, sem juros.. Maiores subsídios. Possibilidade de adquirir um imóvel
FAIXA 1,5 - Até R$ 2.600,00
Até 30 anos
novo ou construir com subsídio de até R$ 47.500 (taxa de 5,0%) Possibilidade de adquirir um imóvel
FAIXA 2 - Até R$ 4.000,00
Até 30 anos
novo ou construir com subsídio de até R$ 29.000 (taxa de 5,5% a 7,0%) Possibilidade de adquirir um imóvel
Prédio de até 5 andares com 20 unidades e circulação vertical central. Área total/unidade: 42 m² Área útil: 37 m² Pé-direito: 2,20m na cozinha e banheiro, 2,40m no restante Piso: cerâmico na cozinha e banheiro, cimentado no restante. Revestimento de alvenarias: azulejo 1,50m nas paredes hidráulicas e box. Reboco interno e externo com pintura PVA no restante. Forro: laje de concreto. Cobertura: telha fibrocimento. Esquadrias: janelas de ferro ou alumínio e portas de madeira
FAIXA 3 - Até 9.000,00
novo ou construir com subsídio de até R$ 29.000 (taxa de 5,5% a 7,0%)
tabela 2 : BENEFÍCIOS PMCMV Figura 9 : tipologia mcmv
27
“Projetar de tal modo que os edifícios e as cidades possam ter a capacidade de se adaptar à diversidade e à mudança é também conservar sua
identidade.”
-
texto
traduzido
Figura 10: Habitação Social em Park Hill Estate, antes da revitalização
(HERTZBERGER,
1996:148)
O
conceito
evolutiva
está
possibilidade
habitação
interesse social, estão condicionadas
despendidos. Nesse contexto, em
relacionado
à
ao dimensionamento mínimo dos
1926, surgem os cinco pontos da
modificação
e
ambientes,
arquitetura de Le Corbusier como
impostos
por
quem
ampliação da habitação ao longo do
financia e subsidia tais moradias, no
condição
tempo de acordo com as necessidades
caso do PMCMV, a Caixa Econômica
experiência moderna do edifício.
e as possibilidades financeiras de cada
Federal. Isso ocorre devido à busca
família em particular. Como visto
pelo menor custo em detrimento da
anteriormente, o conceito de família
qualidade espacial, construindo o
1. Planta
é cada vez mais amplo, e tende a se
maior número de unidades possível
do
modificar, sendo impossível prever
que o empreendimento pode abrigar
permitindo
um espaço que comporte e atenda as
e
das
necessidades de quaisquer moradores.
inflexibilidade dos ambientes, que
A habitação evolutiva pré
não comportam mudanças de função.
consequentemente
levando
à
para
a
existência
da
São eles: Livre:
edifício
a
é a
estrutura
independente, livre
locação
divisórias
internas.
2. Fachada Livre: graças à estrutura independente,
esta
deixa
de
destinado
O conceito de habitação
á ocupações futuras, podendo se
flexível surgiu durante o movimento
tornar um novo quarto quando
Moderno,
novas
3. Pilotis: retirada do prédio do chão
há o crescimento da família, um
concepções do espaço e da forma. A
através de pilares, permitindo
espaço gerador de renda na falta de
intenção da arquitetura moderna era
a
um emprego formal, ou qualquer
de procurar uma maneira mais livre
4. Terraço Jardim: a área verde é
outro cômodo que venha a atender
e individual de habitar, limitando ao
transferida para a laje do edifício.
as necessidades dos moradores. As
essencial tanto o espaço doméstico
5. Janelas em fita: ocupam a fachada
famílias que vivem em habitações de
quanto
determina
30
de
de
um
espaço
em
os
busca
recursos
de
financeiros
estar
presente
nas
fachadas,
permitindo novas composições.
sem
permeabilidade
limitações
do
térreo.
estruturais.
“A habitação flexível tem o potencial de
melhor do espaço, que deixa de
encorajar os usuários a expressarem a si mesmos e a seu conceito de vida, porque aceita que a sociedade - de uma macro para um micro escala - não é um modelo estático, mas entende a mudança como uma condição prévia, ela promove progressividade em vez de estagnação. A flexibilidade liberta o usuário de uma noção de habitação que é principalmente concebida como uma mercadoria e potencializa a realização de preocupações individuais. Dá aos ocupantes a escolha de como eles querem usar espaços em vez de predeterminar suas vidas arquitetonicamente, ou, nas palavras do arquiteto francês Arsène-Henri “para fornecer um domínio privado que atenda as expectativas de cada ocupante”, não se trata de layouts supostamente “bons” ou “corretos”, mas o uso do dia-a-dia” - texto traduzido (SCHNEIDER; TILL 2005:06)
valorização para essas habitações
ser habitação e se torna ‘lar’.
por parte do usuário. A densidade
“Reconhecer que existe um impulso
urbana é um fator que deve ser
por parte do habitante de alterar a
levado em conta ao se projetar a
sua habitação e de a tornar cada vez
habitação coletiva, segundo Tatjana
mais de acordo com as suas precisões
Schneider e Jeremy Till, quanto
individuais, sejam elas estéticas ou
maior o número de habitantes do
funcionais, é uma forma de respeitar
conjunto, maior a responsabilidade do
a vida privada do habitante como
arquiteto em promover a qualidade
indivíduo.”
de vida aos futuros moradores.
Os conceitos discutidos estão
(ROCHA,
2015:19)
Os autores, Tatjana Schneider
Em
e Jeremy Till, afirmam que a curto
habitações
prazo
defender
Tatjana Schneider e Jeremy Till
economicamente a flexibilidade da
citam três maneiras de se evitar
habitação, porém pensando a longo
a
inflexibilidade.
prazo, uma habitação que se adapte
a
redução
de acordo com as necessidades
estruturais e sólidas e também de
conectados pois ambos tratam da
dos
a
telhados que limitam a possibilidade
liberdade do morador em tomar
flutuação dos ocupantes, caso surjam
de expansão futura, em segundo
suas próprias decisões em relação à
limitações físicas ao longo do tempo
lugar evitar áreas que não possam
moradia. Através de sua aplicação,
ou crescimento familiar, garantindo
ser adaptadas à acessibilidade e em
é possível que a família se aproprie
maior longevidade
terceiro lugar eliminar ambientes
não
seus
é
possível
moradores,
diminui
e uma maior
outro flexíveis,
de
artigo os
sobre autores
Primeiramente, paredes
internas
31
funcionais, geralmente exíguos e
novas soluções para a arquitetura e
que não comportam novas funções
para a habitação. As casas sempre se
para
e também ambientes que só podem
modificaram ao longo do seu tempo
flexível eficiente, é preciso projetar
ser acessados de uma maneira.
de vida primeiro devido a duração
possibilidades simples o suficiente
Habraken
de certos componentes ser mais
para a apreensão do morador, de
cita em seus estudos alguns dos
curta que outros e principalmente
forma que ele visualize a modificação
motivos que levam as famílias a se
seus acabamentos exteriores que
dos ambientes. A melhor e mais
mudarem de suas casas, um deles
estão sujeitos a maior degradação
econômica solução é aquela em que
é a falta de identificação, nossa
devido a ação do clima. A ascensão
somente são variáveis os elementos
era funcional tende a se descuidar
social também pode levar á procura
que no futuro precisarão de adaptação
da necessidade de apropriação do
por espaços maiores de acordo com
às novas circunstâncias. Se houverem
espaço pelo morador que só ocorre
o poder aquisitivo. E por último,
poucas variáveis, o projeto não será
quando o mesmo se identifica com
o motivo mais recorrente para a
capaz de se adaptar, se houverem
sua habitação, ela deve ser um local
mudança é o crescimento da família.
muitas variáveis, dinheiro e esforço
Nicolaas
John
de auto expressão do indivíduo e por isso tende a ser personalizada. Outro motivo é a mudança do estilo de vida causada pelo contato com outras culturas e a disponibilidade de novas tecnologias, o estilo de hoje não é o mesmo de dez anos atrás, a tecnologia se desenvolve diariamente, trazendo 32
Ainda a
sobre
produção
Habraken, da
habitação
serão gastos procurando a melhor “Quando não há uma harmonia na relação ambiente-usuário, a tendência natural é que o usuário modifique o ambiente, adaptando-o à sua proposta, o que nem sempre é possível, haja vista questões de ordem técnica, econômica e outras, acarretando-lhe prejuízos em diversos níveis.” (MEIRA; SANTOS, 1998)
solução. Segundo o autor, “ A máxima flexibilidade conduz
ao
não
necessariamente
melhor
resultado”.
“Atualmente, verifica-se que as habitações destinadas à população de baixa renda, independentemente do agente promotor, dos mecanismos adotados para a sua produção e
das formas de acesso à moradia, continuam necessitando, em menor ou maior escala, de realizações concretas que levem a melhorias do desempenho funcional, visando o atendimento às necessidades dos moradores e, até mesmo, a satisfação destes no contexto da qualidade de vida urbana” (ROMERO; ORNSTEIN, 2003)
O
argumento
flexibilização
dos
contra
espaços
a está
relacionado diretamente à economia do setor da construção civil que vê a adaptabilidade incorporada ou a evolução como obstáculos para a venda de novos empreendimentos. Com o prazo de validade das habitações inflexíveis, há a expansão do espaço urbano sem necessidade.
“Nosso objetivo é oferecer novas ideias para o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Usamos a favela da Rocinha (no Rio de Janeiro) como exemplo e buscamos agregar a cultura da comunidade aos empreendimentos. As pessoas de lá, por exemplo, gostam de abrir o próprio negócio em casa. A ideia é dar subsídios para que o governo reavalie o MCMV” (NATIVIDADE, Entrevista a Revista Construção Mercado, 2013)
A favela da Rocinha, maior favela da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro é resultante de um processo acelerado e não planejado de ocupação do solo. Iniciou-se com a invasão da área reservada ao sistema viário e de dois loteamentos irregulares (Castro Guidon e Cristo Redentor), chegando hoje a proporções que ameaçam a Figura 11: Beco na Favela da Rocinha
integridade da Floresta da
nas calçadas e esgoto a céu aberto.
Tijuca e a ocupar diversas áreas de risco nas encostas. A
34
A
proposta
de
habitação
“Espera-se que iniciativas dessa natureza recebam a acolhida da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades em benefício da requalificação dos empreendimentos habitacionais e da sua integração ao processo de construção de cidades inclusivas e sustentáveis” (JANOT,
mobilidade
flexível e evolutiva desenvolvida
na favela foi reduzida a becos e
pelo arquiteto Luiz Carlos Toledo
travessas com menos de um metro
no livro “Repensando as habitações
de largura, sendo a estrada da
de interesse social” em conjunto
gávea o único trecho viário formal.
com Petar Vrcibradic e Verônica
Impossibilitada de expandir ainda
Natividade vai além de um projeto
Essa proposta só foi possível
mais
a
apenas para a favela da Rocinha.
graças ao apoio e consulta dos
barreiras naturais, começou a se
Através da utilização do maior número
moradores da favela da Rocinha.
verticalizar com edifícios de até sete
possível de produtos industrializados,
As primeiras idéias surgiram ao
pavimentos, sem respeitar recuos
já disponíveis no mercado, o projeto
desenvolver um plano diretor para
ou espaçamentos entre construções,
pretende desenvolver um método para
a Favela da Rocinha (de 2005 a
agravando a saúde de seus moradores,
a aplicação da habitação social em
2007), o que os fez perceber que a
cada vez mais privados de insolação e
contextos diversos, uma “montadora
verticalização das construções, além
ventilação. Outra grave consequência
da
necessária
de descongestionar a ocupação do
de seu crescimento desenfreado foi
apenas a adequação do edifício a cada
solo, poderia criar novos espaços
a ocupação dos espaços públicos que
terreno porém sempre com os mesmos
públicos e de lazer para os moradores
seriam destinados a escolas, creches,
elementos construtivos. Além disso,
e melhores condições sanitárias para
postos de saúde e áreas de lazer.
o projeto possui grande preocupação
a favela. A apropriação de espaços
Com a falta de saneamento básico é
estética,
acabamentos
públicos disponíveis na favela é muito
comum encontrar lixo acumulado
duráveis e que valorizem a edificação
grande por parte dos moradores,
horizontalmente
devido
habitação”.
Sendo
propondo
2012:01)
sejam
eles
praças
ou
quadras
sendo proposto diferentes edifícios
esportivas por serem escassos e
de
frutos
reivindicação.
famílias a serematendidas, levando
O mesmo sentimento ocorre em
em consideração as que seriam
relação
desapropriadas
vezes
de
grande
às frutos
habitações, da
muitas
autoconstrução.
acordo
com
o
no
número
momento
de
da
construção e as que se encontravam em situação de maior risco (situadas
As tipologias desenvolvidas variam de um estúdio com 22 m² até apartamentos de quatro quartos com 85 m² visando atender diversas composições
familiares.
Foram
criados 11 modelos flexíveis que permitem
diversos
arranjos
em
uma mesma edificação além de 3 unidades evolutivas, essas possuem inicialmente 45,74 m² com dois dormitórios e uma área extra de 19 m², a ser utilizada para criação de mais dois quartos ou de um comércio. A
favela
da
Rocinha
foi
dividida em áreas de intervenção
em
áreas
de
encosta
ou
más
condições de suas atuais residências). Os materiais industrializados que seriam utilizados nas habitações, estão
presentes
geralmente
em
habitações de classe alta e edifícios corporativos devido ao seu maior custo em relação aos materiais tradicionais. Porém isso não significa um maior custo da obra em geral pois seria possível diminuir o tempo de construção e o desperdício de materiais, justificando a utilização dos
mesmos.
Para
as
fachadas,
seriam utilizados painéis modulares Figura 12: Vista aérea da favela da Rocinha
fabricados em argamassa armada,
frame. As paredes internas seriam
possível à unidade habitacional, permitindo ao morador modificá-la e , até mesmo, adaptando-a ao crescimento da família ou criando espaços para o desenvolvimento de atividades econômicas que complementem a renda familiar.” (TOLEDO 2015:58)
de drywall, a estrutura de pilares
A área máxima das habitações
e vigas de aço e lajes do tipo steel
sociais do programa MCMV não
deck também de argamassa armada.
é capaz de atender às diversas
Para implantar essa proposta,
formações familiares e já não condiz
seria necessário a criação de uma
com os móveis e eletrodomésticos
fábrica de argamassa armada para
populares, que não são projetados
a produção das lajes e painéis.
para
O
projetos
placas cimentícias, chapas metálicas, PVC e madeira certificada, fixados na
estruturas
pavimento
metálicas
térreo
em
steel-
pilotis
da
mínimas.
pesquisa,
Os
financiada
criaria espaços públicos e também
pela Financiadora de Estudos e
facilitaria a circulação dos moradores.
Projetos (Finep), estão em análise no
“No âmbito da pesquisa, os tipos projetados foram implantados na Rocinha, uma favela caracterizada por altas taxas de ocupação do solo, precárias condições de mobilidade, edificações em área de risco, habitações inadequadas do ponto de vista funcional e construtivo, infraestrutura precária e meio ambiente degradado. [...] Ao projetá-los, a equipe buscou dar a maior flexibilidade 36
habitações
Ministério das Cidades e dependem de uma mudança da legislação do MCMV para que se tornem viáveis, já que a lei, por enquanto, só prevê HIS
com
até
dois
dormitórios.
Figura 13: favela da rocinha e estrada da gávea
Figura 14 : tipologias desenvolvidas no projeto figura 15 : Exemplo de edifĂcio projetado
37
Figura 16 : flexibilidade das unidades
38
Figura 17 : habitação evolutiva aplicada no edifício
39
“A natureza desigual da acumulação capitalista concebe um espaço ambíguo, que, ao mesmo tempo que se pretende universalizante, produz desigualdades e assimetrias, tensões e conflitos. Tais contradições do capitalismo se revelam na formação e na configuração do espaço. (HARVEY, 2005:118) Figura 18 : Apartamentos em Quarry Bay, Hong Kong
Desde a década de 60, existia em
Inquique
chamado
um
Quinta
assentamento Monroy
e com o programa “Chile Barrio” concedeu $ 7.500,00 dólares para
onde
que cada família comprasse sua parte
viviam 93 famílias de forma muito
da terra e construísse sua moradia.
precária, nessa época, tratava-se de uma região agrícola. Com o avanço
[O PROJETO]
da urbanização, na década de 90 a
Em
2001,
o
escritório
região havia se tornado um bairro
Elemental se encarregou de projetar
consolidado na área central da cidade
93 moradias no terreno de 5.000 m²,
e por isso era alvo da especulação
porém com a verba concedida pelo
imobiliária.
governo
A
maior
dificuldade
seria
possível
construir
para promover melhores condições
residências com no máximo 36 m².
habitacionais era o alto custo do
O arquiteto Aravena propôs então
terreno. Foi proposto a essas famílias que se mudassem para habitações em áreas periféricas da cidade, apesar de sofrerem com a falta de saneamento básico
e
infra-estrutura
digna,
eles não aceitaram devido à vida e a história que haviam construído ali. O governo comprou o terreno figura 19 : primeiras modificações FIGURA 20 : construção do conjunto, 2oo4
43
entregar somente a metade
grupo possuiria um pátio coletivo,
mais cara da casa (banheiros, cozinha,
com acesso restrito, permitindo a
escadas,
criação de uma relação social entre
permitindo
paredes que
estruturais), cada
morador
os vizinhos e ao mesmo tempo um
pudesse ampliá-la mais tarde de
controle maior do espaço. Todo o
acordo com suas necessidades, até
processo de concepção desse espaço
chegar na metragem de 72 m².
aconteceu
após
muitos
estudos
Os moradores foram separados
sobre essa comunidade e contou com
em grupos de 20 famílias, onde cada
ampla participação dos moradores.
“Em resumo, quando se tem fundos para fazer somente metade do projeto, qual se faz? Optamos por fazer aquela metade que uma família, individualmente, nunca poderá alcançar, por mais tempo, esforço e dinheiro que se invista. E é dessa forma que procuramos responder com ferramentas próprias da arquitetura a uma pergunta nãoarquitetônica: como superar a pobreza.” texto traduzido (ARAVENA, 2012 Archdaily)
O
escritório
Elemental
pretendia entregar a essas pessoas mais do que uma moradia digna, pois quando se trata de habitação de interesse social, não há uma valorização do bem imobiliário com o passar do tempo, pelo contrário, cada dia que passa, essas moradias valem
menos.
Na
maioria
dos
casos, os moradores que vivem em condições precárias e em terrenos invadidos, são realocados para as periferias, longe das oportunidades de emprego, do transporte público e dos equipamentos presentes na cidade. No caso de Iquique, as famílias permaneceram
vivendo
em
uma
área central valorizada e usufruindo de uma infraestrutura consolidada. Depois de um ano, cada casa passou a valer mais de $20.000 dólares, mesmo assim todas as famílias preferiram ficar e continuar melhorando suas
habitações ao invés de vendê-las.
entregues o banheiro e a pia da cozinha
O apartamento se encontra
devido às instalações hidráulicas. As
no térreo com 36 m² entregues, a
paredes são previstas com painéis
expansão da unidade é feita para o
removíveis para facilitar a ampliação.
lado, onde há um módulo de 6.00 x 3.00 m e para os fundos onde há 18 m² de quintal. Na área construída são
FIGURA 21 : FOTO AÉREA ANTES E DEPOIS DO PROJETO FIGURA 22 : PLANTA APARTAMENTO (TÉRREO)
45
46
O duplex possui inicialmente
ao primeiro pavimento ocorre pela
que se tornaram estacionamentos.
25 m² construídos, sendo entregues
área externa onde há outra escada.
Não foi possível prever uma boa
18m² no primeiro andar, onde há
O projeto previa áreas comuns para
orientação
a pia da cozinha e 7 m² no segundo
convívio
porém
unidades, já que não haveria espaço
andar, onde se encontram a escada
devido ao orçamento apertado e o
suficiente para dispô-las de maneira
interna e o banheiro . A expansão da
grande número de famílias ocupando
correta, tratando-se de um conjunto
unidade ocorre para a lateral nos dois
o terreno, não foi possível um
horizontal. Em relação a ventilação,
andares, totalizando 72 m². O acesso
melhor planejamento dessas áreas,
todas as habitações possuem duas
dos
moradores,
solar
para
todas
as
fachadas livres, proporcionando a ventilação cruzada em quaisquer unidade.
A
construções
horizontalidade também
beneficia
das a
ventilação no projeto como um todo. . para Quinta Monroy poderia “O projeto gerar um modelo aplicável extensivamente:
incorpora conjuntos de menor escala a tecidos urbanos consolidados, propõe o estabelecimento de famílias em seu local de residência original, aumenta o estímulo à integração social em segregação e envolve a participação dos habitantes em tomar decisões gerais e entregar uma visão renovada e viável de habitação social no deserto costeiro chileno.” (ARAVENA,2012 - Archdaily)
“A segunda metade construída pelas famílias, customiza e personaliza a resposta, de forma que a monotonia inicial pode ser a única maneira de fazer com que a diversidade não signifique deterioração.” (ARAVENA, 2008 Revista AU ) figura 23 : planta primeiro pavimento duplex FIGURA 24 : planta segundo pavimento duplex
47
figura 25 : corte do conjuntos FIGURA 26 e 27: apartamentos após a ocupação
48
Sob a justificativa de estar inserido
em
uma
região
central
consolidada, o projeto não prevê nenhum equipamento público, área comercial ou áreas verdes. Toda a estrutura das unidades foi planejada para suportar as futuras ampliações, dando maior liberdade ao construir seus novos cômodos e garantindo um grau maior de personalização por parte dos moradores e consequentemente maior apropriação de seu espaço de moradia não
A
área
de
foi
entregue,
lavanderia ficando
a
cargo do morador. Em relação à acessibilidade, os banheiros entregues possuem dimensões mínimas
que
impossibilitariam o uso por pessoas com necessidades especiais, e não poderiam ser expandidos devido a sua localização na planta, além disso, o acesso ao duplex é previsto somente através das escadas. 49
A Caixa Estadual de Casas
atraiu inicialmente famílias que não
Para o Povo (CECAP) foi criada em
possuíam emprego fixo e que no solo
1949, após o fechamento do escritório
encontrariam
regional da Fundação Casa Popular,
renda. Estas famílias eram formadas,
em São Paulo. Seu objetivo era
em sua maioria, por migrantes de
promover a construção de moradias
outras regiões do país. Os antigos
para a população operária, o que de
moradores
fato só ocorreu a partir da década
realocados em uma área vizinha.
de 60, devido ao cenário de declínio
Inicialmente o projeto previa
do
mercado
imobiliário
após
uma
do
oportunidade
terreno
foram
a
a construção de 10.560 unidades
implantação da Lei do inquilinato.
abrigando cerca de 50 mil habitantes
Para a construção de seu primeiro
com renda de até 1,5 salário mínimo,
conjunto de grande porte, contou
além
com o financiamento por parte
como
do Banco Nacional da Habitação
um pronto socorro , um centro
(BNH), e a concessão por parte
de saúde, um estádio, duas salas
da Caixa Econômica do Estado de
de cinema, teatro, igreja, clube,
São Paulo (CEESP) de um terreno
unidades comerciais e um terminal
de 130 hectares próximo a cidade
de linhas de transporte público.
de Guarulhos. Por ser uma área próxima à várzea do rio Baquirivu
de
equipamentos
públicos
escolas, um hospital geral,
Durante implantação,
o
o
processo
sistema
de
de pré-
e própria para o cultivo, o terreno figura 28 : bloco de apartamentos no cecap
51
fabricação
previsto
inicialmente
A
visando maior rapidez e qualidade
unidades
construtiva
das
primeiras
fizeram presentes no cotidiano dos
habitacionais
ocorreu
moradores como a falta de locais
em
moradores
para compras de alimentos, falta de
sistema convencional de pilares e lajes
se depararam com um conjunto
creches, bancos e transporte público,
de concreto armado (exceto escadas e
em
além das vias municipais não serem
alguns componentes da terceira etapa)
equipamento
um
asfaltadas. A construção foi finalizada
devido ao despreparo da indústria da
local sem infraestrutura, afastado
somente no início dos anos 1980.
construção civil naquele momento.
do centro da cidade e com difícil
Foram erguidos dez condomínios,
Além disso o programa foi reduzido
acesso a parte comercial do bairro
que
pela metade devido á verba concedida.
de Cumbica. Muitos problemas se
brasileiros: São Paulo, Paraná, Santa
foi
alterado
para
o
entrega
1972.
O
novos
construção,
sem
público,
nenhum em
têm
nomes
de
Estados
Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Alagoas. Uma reivindicações
das
principais
dos
moradores,
que eram contra a chegada do aeroporto internacional à região em 1985, não foi atendida. Naquele momento, o crescimento urbano de Guarulhos chegou até o bairro, que deixou de ser uma área periférica figura 29 : vista aérea durante a construção
52
e passou a se integrar à cidade. E
possui 60 apartamentos e cinco
“janela em fita”, com duas fachadas
isso provocou uma mudança no
conjuntos de escada, dispensando
de janelas corridas e modulação de
perfil dos moradores do Cecap.
corredores internos e permitindo
0,80 cm. Os únicos cômodos fixos são
ser
aberturas nas duas faces, o que
o banheiro, a cozinha e a lavanderia
moradia para a população de baixa
favorece a iluminação e a ventilação.
por questões hidráulicas. Abaixo
“Concebido
para
renda, acabou não atingindo seu
apartamentos
das janelas se encontram armários
alvo”, diz o arquiteto e urbanista
possuem 64 m² cada e seguem
embutidos por todo o apartamento
Daniel
o conceito de “planta livre” com
para a otimização do espaço. Cada um
divisórias
internamente,
dos 10 condomínios, que têm nomes de
independentes da estrutura e de
estados brasileiros, possui 16 lâminas
Carlos
Universidade
de de
Campos,
da
Guarulhos.
“Hoje, a maioria das pessoas que
Todos
os
dry-wall
vivem lá são de classe média.”
O conjunto Cecap Guarulhos incorporou ideais da Arquitetura Moderna defendidos pela equipe de
arquitetos.
O
agrupamento
das unidades forma lâminas de três pavimentos sob pilotis, que se unem em pares através da circulação
vertical.
Cada
bloco
figura 30 : vista aérea do conjunto , 2016
53
figura 31 : corte transversal do bloco figura 32 : tipologia inicial
agrupadas em pares, totalizando 480
equipamento urbano do projeto e
A concepção de Artigas do
unidades, exceto o Santa Catarina
das áreas comunitárias dedicadas ao
edifício erguido sob pilotis era de
que possui apenas 12 lâminas com
lazer e à recreação, o aproveitamento
criar espaços de convívio e garantir
360 unidades devido à proximidade
máximo
possibilidades
a permeabilidade do térreo mas
com a alça da Rodovia Hélio Smidt.
tecnológicas existentes de modo a
hoje essa área é utilizada como
permitir, de um lado, o barateamento
estacionamento. Do ponto de vista
“a
dos custos de construção e, de
urbanístico, o espaço foi organizado
conceito
da
outro,
padrões
seguindo o conceito de freguesia.
valorização
do
construtivos” (ACRÓPOLE, 1970:33)
Cada freguesia seria composta de
Os como
autores
diretrizes
reformulação habitação 54
pela
do
estabeleceram de
projeto
das
a
elevação
dos
agrupamentos
de
um
Hoje o conjunto parque cecap conta
centro comercial e uma escola,
com UBS, hospital, escolas, ETEC,
dentre elas não haveriam grades
quadras poliesportivas, campos de
ou
futebol,
fechamentos,
edifícios,
esse
conceito
também não se manteve, sendo cada condomínio
fechado
por
grades.
terminal
clube,
centro
rodoviário
comercial, e
praças. figura 33 : planta e elevação do pavimento tipo
55
56
figura 34: implantação do conjunto figura 35 : circulação vertical figura 36 : janela em fita na sala e armários embutidos figura 37 : sala e balcão da cozinha figura 38 : áreas comuns do térreo
57
Com a crise do SFH (Sistema Financeiro
da
Habitação)
e
a
Luiza Erundina do PT (Partido dos
Trabalhadores)
em
1989,
prática
uma
nova
habitacional
que
teve
extinção do BNH (Banco Nacional
coloca
da Habitação), em 1986, surge
política
uma oportunidade de mudança na
como diretriz básica fortalecer a
qualidade de produção dos conjuntos
participação
habitacionais da cidade de São Paulo.
questões de suas futuras moradias.
Eleita pelo povo, em defesa
Em 1990, após reivindicações
da
valorização
da
em
da
comunidade
nas
arquitetura
populares, através do MST da Zona
nos projetos de habitação social,
Leste, o projeto do Conjunto Rincão é
figura 39 : croqui do conjunto figura 40 : vista aérea, 1993
59
concebido com a participação de seus
pavimentos na área mais irregular
futuros moradores. Foram definidas a
do lote, e oito lâminas de diferentes
quantidade de unidades habitacionais e
O terreno do conjunto é
comprimentos orientadas no sentido
a gleba (indicada pela prefeitura) onde
resultante da canalização do córrego
leste-oeste, priorizando a insolação
seriam edificadas. Hoje a área, que
do Rincão, localizado ao lado da
e também evitando que as aberturas
sofreu remembramento dos lotes, é
Estação Vila Matilde do metrô, na
ficassem voltadas á linha férrea, que
reivindicada por antigos proprietários
Zona Leste. O programa se divide
passa em frente á Rua Alvinópolis.
que acusam sua não desapropriação
devido
de forma correta pela prefeitura.
com edifícios
“Os projetos habitacionais de Vigliecca apontavam, nos anos 1990, para uma reflexão sobre a cidade que ia além das questões do ecletismo arquitetônico. Eles se beneficiaram de um clima político que dava nova voz aos movimentos populares e às questões habitacionais, depois da extinção do BNH e seus grandes conjuntos. Parecia consenso que a política habitacional deveria evitar o isolamento e a grande escala, causadores de mazelas urbanas e sociais manifestas na cidade dividida.” (RECAMÁN, 2014:17) figura 41 : Implantação do conjunto Em amarelo - edifícios residenciais Em vermelho - uso misto (residencial com térreo comercial) em azul - áreas de expansão do térreo
60
à
córrego,
São 306 unidades com quatro
residenciais de dois
variações tipológicas, distribuídas em
presença
do
quatro andares. As lâminas voltadas
atravessar a quadra mas isso nunca
para a Rua Evans e para a Rua
ocorreu. O terreno do edifício, que
Maria Carlota possuem apenas dois
abriga parte do córrego Rincão
andares sendo o térreo comercial.
foi
fechado
com
portarias
para
As lâminas se agrupam em
maior segurança dos moradores.
pares formando pátios de convívio e
A circulação vertical é feita
criando relações de vizinhança entre
através de escadas compartilhadas
os moradores. Para Vigliecca, as áreas
em cada vizinhança dando acesso
comuns são fundamentais em projetos
ao 1°andar , já as escadas para o
de habitação coletiva e “não podem ser
2° e 3° andar se encontram nas
tratadas como meras sobras do espaço
extremidades
não edificado pois darão margem favorável à depreciação do espaço”. A estratégia de unir as lâminas pelos fundos de cada edifício proporcionou uma área maior para as unidades do térreo, possibilitando o crescimento da unidade, de acordo com as necessidades dos moradores. As áreas de convivência deveriam ser abertas e públicas, possibilitando
ao
pedestre
de
cada
lâmina
“Para Vigliecca, o projeto de habitação popular deve ser pensado levando-se em conta além do sistema construtivo, da ótica social e da infraestrutura local também o desenho urbano entendido como a estrutura que garantirá as relações desses espaços de habitação como o restante da cidade. Rejeita terminantemente soluções que sejam a multiplicação de volumes num espaço aberto ou mesmo cercados, acreditando que assim não será possível estabelecer áreas coletivas ou mesmo relacionar-se com a cidade de maneira eficaz.” (OLIVEIRA, 1999)
figura 42 :foto do interior do conjunto Figura 43 : Implantação mostrando onde o conjunto foi fechado com portarias.
61
A unidade do térreo possui dois dormitórios e uma área de expansão que inicialmente é entregue como quintal de 20 m², totalizando 73 m². As unidades do primeiro e segundo andar possuem 51m² e 45 m² respectivamente com dois dormitórios cada, a diferença ocorre devido à circulação horizontal e as do terceiro andar possuem 35 m² com um dormitório. Os apartamentos possuem duas janelas cada, exceto no térreo, onde possuem três. Na área de serviço a ventilação ocorre através
de
elementos
vazados.
A organização das plantas, exceto no térreo, segue o critério de união das áreas molhadas por questões hidráulicas, enquanto que os quartos se localizam nos fundos para minimizar os possíveis figura 44 : plantas dos apartamentos
62
ruídos provenientes das áreas de convivência. Para evitar circulações desnecessárias através de corredores, a sala dá acesso a todos os cômodos da unidade, um aspecto positivo em relação à dimensão dos ambientes que é favorecida, mas ao mesmo tempo
negativo
pois
torna-se
um ambiente de passagem, sem muito espaço para o mobiliário “Para Héctor Vigliecca, arquiteto e especialista em habitação social, alguns programas de moradia, como o “Minha Casa, Minha Vida”, acabam gerando ainda mais exclusão. O poder público constrói “depósitos de prédios”, com o objetivo de atingir metas numéricas, mas sem se preocupar com estruturas que promovam a cidadania.” (DW Brasil, 2015)
A região em que o conjunto está inserido é bem servida pelo figura 45 : trecho de corte do conjunto figura 46 : elevação do conjunto
63
transporte público, pelo comércio, há
também
escolas,
posto
de
saúde, hospital e um contexto de infraestrutura urbana consolidada. .
figura 47 : a relação do córrego com o conjunto figura 48 : trecho conjunto visto da rua figura 49 : espaços de convivência
64
figura 50 : vista da rua maria carlota figura 51 : trecho da fachada dos apartamentos figura 52 : portaria do conjunto na rua maria carlota
65
“Quando damos uma casa que dificulta o transporte, o acesso aos centros culturais, praticamente excluímos esses grandes bairros de habitação do valor da cidade.Isso vai nos custar muito caro no futuro, porque essa separação é o estopim de um confronto de classes.” (VIGLIECCA, 2015 - DW Brasil)
Figura 53 : projeto desenvolvido
que muitas dessas habitações contam com um espaço gerador de renda, seja Ao observar moradias de
uma manicure, um cabeleireiro, uma
baixa renda, e principalmente nas
costureira, etc. A partir da análise
favelas, percebemos que as famílias
dessas dinâmicas, desenvolvi meu
tendem a crescer e precisar de mais
projeto de habitação social evolutiva.
espaço, nesses casos muitas vezes
A
quadra
escolhida
está
constroem novos cômodos através da
localizada na Avenida do Estado,
autoconstrução, porém sem o devido
bairro da Mooca, no centro de São
planejamento, o crescimento dessas
Paulo. Próximo a ela, encontram-
habitações pode se tornar um risco.
se vias de grande movimento como
Outra característica que notamos é
a Rua da Mooca e a Radial Leste.
figura 54,55,56,57,58 : Localização e entorno
68
A quadra é classificada no
sua inserção urbana, trata-se de
zoneamento como ZEIS 3 por se
um local de fácil acesso por
tratar de uma área com infraestrutura
transporte público, com
porém com imóveis subutilizados.
diversas linhas de
Áreas
classificadas
ZEIS
ônibus e a estação
(Zonas
Especiais
Interesse
de metrô Pedro II
como de
Social) são demarcadas segundo o
há 1 km, além
Plano Diretor para assentamentos
de uma maior
habitacionais de população de baixa
oportunidade
renda. Existem atualmente diversos
de emprego para
galpões de reciclagem tanto na área
os futuros moradores,
escolhida quanto no entorno. Muitos
sem precisar de grandes
deles se encontram degradados e
deslocamentos e também
alguns abandonados. O comércio e
a infraestrutura da cidade
os serviços são predominantes nesta
consolidada. O objetivo da quadra
região. Com menor movimento de
com grande densidade populacional é
pedestres à noite, os moradores
trazer maior segurança para os atuais
atuais
insegurança
e os futuros moradores, com fluxos de
ao caminhar pelo bairro, isso foi
pedestres em diversos horários do dia.
sentem
certa
constatado através de entrevistas. O motivo da escolha desse terreno para o projeto foi devido à figura 59 : mapa entorno
69
figura 60 : mapa zoneamento figura 61 : planta pavimento tĂŠrreo (sem escala)
71
figura 62 : mapa uso do solo figura 63 : planta pavimento tipo (sem escala)
73
O programa conta com 22 lojas
também são muito escassos no entorno
revitalizada e servir também como área
de 25 m² à 60 m², duas salas de estudo,
e seriam um convite à vizinhança para
de lazer para os moradores da região.
duas academias, dois salões de festa, uma
frequentar a quadra. Alguns edifícios
O pavimento tipo conta com 3
creche, uma quadra poliesportiva, uma
se encontram sob pilotis para permitir
tipologias distribuídas de acordo com
horta comunitária, uma academia ao ar
a permeabilidade visual e espacial do
o diagrama. Os edifícios em lâmina
livre, um playground, um bicicletário e
pedestre e existe também um corredor
possuem 10 pavimentos (térreo + 9)
185 vagas de estacionamento no térreo.
verde, que se conecta á Praça Álvaro
e tem as maiores aberturas voltadas a
O térreo foi pensado não apenas para
Cardoso de Moura, que poderia ser
norte enquanto que os outros edifícios
atender os futuros moradores mas também os atuais moradores do bairro. Ao visitar a área foi possível perceber que existem apenas alguns comércios locais voltados às necessidades básicas como padarias, drogarias e mercados que poderiam se estabelecer na quadra projetada, assim como outros tipos de comércio como loja de roupas, lavanderia, etc. A creche tem como objetivo não sobrecarregar a única creche pública encontrada na área, com a grande quantidade de novas famílias na quadra. Os espaços de lazer 74
figura 64 : diagrama pavimento tipo (sem escala) - em vermelho tipologias 2 dorm., em amarelo tipologias 1 dorm., em azul tipologia evolutiva figura 65,66,67 : renders do conjunto
[QUADRO DE ÁREAS] Habitação 1 DORM.(49 m²) : 210 U.H. 2 DORM. (55 m²) : 220 U.H. EVOLUTIVA 1 DORM. (59 m²) : 54 U.H. EVOLUTIVA 2 DORM. (65 m²) : 54 U.H. = 29.086 m² Lazer ACADEMIA (200 m²) : 2 U.N. SALA DE ESTUDOS (175 m²) : 2 U.N. SALÃO DE FESTAS (200 m²) : 2 U.N.
= 1.150 m² Creche ADM/RECEPÇÃO (150 m²) : 1 U.N. BERÇÁRIO (200 m²) : 1 U.N. FRALDÁRIO (100 m²) : 1 U.N. BRINQUEDOTECA (300 m²) : 1 U.N. REFEITÓRIO/COZINHA (200 m²) : 1 U.N. SALA DE AULA (120 m²) : 3 U.N. BANHEIRO (25
m²) : 2 U.N.
= 1.360 m² Comércio LOJAS (25 a 60 m²) : 22 U.N. = 1.300 m² Total : 32.896 m² 75
76
possuem 8 pavimentos (térreo + 7)
Partindo do pressuposto de
para acessibilidade. Os apartamentos
e suas aberturas voltadas a leste
que qualquer pessoa pode se tornar
de um dormitório possuem 49 m²
ou oeste. As aberturas a sul são
cadeirante ao longo da vida ou ter
e os de dois dormitórios 55 m².
as mínimas possíveis devido aos
outras necessidades especiais, todos os
ruídos da Avenida do Estado e por
apartamentos foram projetados com
dispõem de 10m² livres, que podem
questões de insolação. Ao todo são
acessibilidade, necessitando apenas de
ser ocupados de acordo com as
542 unidades habitacionais, sendo
pequenas modificações nos banheiros,
necessidades de cada família. O
210 de um dormitório, 224 de
todos os outros ambientes possuem
cômodo extra pode se tornar um
dois dormitórios e 108 evolutivas.
inicialmente as dimensões adequadas
quarto, um espaço gerador de renda
As
unidades
evolutivas
ou qualquer outro ambiente, desde que respeitando o recuo de um metro da fachada do edifício. Esse recuo foi proposto para que seja possível a autoconstrução desses cômodos, em quaisquer andar do edifício, sem oferecer riscos ao morador no momento da construção. figura 68 : Corte longitudinal (sem escala) figura 69 : corte transversal (sem escala)
77
78
figura 70 : elevações (sem escala) figura 71 : ampliações (sem escala)
79
O
desenvolvimento
monografia
da
possibilitou
uma
do
por
parte
de
seus
moradores, é necessário fornecer
melhor compreensão da produção
condições
habitacional brasileira e de seu
com o espaço. Explorar a habitação
histórico.
como elemento dinâmico e evolutivo
Uma
das
políticas
para
sua
identificação
habitacionais mais disseminada nos
permite
últimos anos foi o Programa Minha
soluções para a unidade, cabendo
Casa Minha Vida, que apesar de
aos
atender a população em questões
composição que os atenda melhor.
quantitativas, ou seja numericamente, não
leva
em
uma
usuários As
diversidade determinarem
necessidades
de
de uma cada
as
família são diferentes e tendem a
necessidades individuais de cada
se modificar ao longo dos anos e
família nem oferece uma variabilidade
não há melhor maneira de prever
de
uma
resoluções
consideração
para
os
diversos
boa
solução
arquitetônica
contextos espaciais, ou seja, diferentes
do que permitir que o espaço se
terrenos
modifique
e
suas
localizações.
A habitação é o espaço onde o
indivíduo
trabalho
planejada.
contribuiu
,
transmitir
e reflexão sobre as soluções atuais
pessoal,
aplicadas na arquitetura habitacional
para que possa ser chamado de lar.
e como as mesmas poderiam melhor
Para que ocorra a apropriação
atender seus futuros moradores.
segurança
que e
mais
forma
pessoalmente, para a compreensão
local
passa
O
de
tempo,
um
80
espaço
deve satisfação
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