Composto e Im presso nas Oficinas da CASA P Ü B U C A D O B A BATISTA Rua S ilva Vale, 7S1 — Tomaz Coelho — Rio
LIVRO DE AMÓS A. R Crabtiee, Th- D.
19 6 0 C A S A PTJBLICADORA BATISTA
Caixa P ostal 320 Rio de Janeiro
Í N D I C E Páginas P r e f á c io ........................................................................................7 Introdução A mõs de T e c o a ........................... .................................... O Preparo para o Seu M in isté r io .............................. A Chamada de A m 6 s .................................................... A R eligião de Israel desde M oisés até o Tempo de D a v i .............................................................................. A Influência de D avi na R eligião de Israel . . . . C aracterísticos da Profecia an tes de A m õs . . A s Condições de Israel no Período de Amõs e O s ê ia s .................. ....................................................... O F racasso da R eligião de Israel . . .................... O Livro de A m õs ............................................................. O E stilo Literário de Amõs .......................................... A Teologia de A m õ s .....................................................
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Amós Texto, E xegese e E x p o s iç ã o ..................................... .. I. Oráculos contra as N a ç õ e s ................................ II. T rês Sermões sôbre o D estino de Israel .. III. U m a Série de V isões, a Controvérsia com Am asias, o Pim do M inistério de Amõs, E p í logo ........................................ ...................................
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Pregações sôbre o Livro de Amõs A O O A
V ocação de A m õs ................................................... Julgam ento D i v i n o ............................ .... ............... A pêlo ao Senso M o r a l.............................................. R eligião Meraimente Cerimonial e a Religião V e r d a d e ir a ................................................................. O Encontro Inevitável com D e u s ............................ Privilégio e R e sp o n sa b ilid a d e ............. ..................... B uscai-m e e V i v e i ........................................................... O Rio Perene da J u s t i ç a .......................................... A Visão de D e u s ............................................... .. .. . . B ibliografia S e le c io n a d a ...............................................
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^prefácio Ê ste com entário fo i preparado p a ra os p a sto res e p regadores que desejam aprofundar-se no estudo das verdades eternas das p rofecias d o V elho T esta m en to . A obra representa o esfôrço de apresen tar ©s eleimento s b ásicos no estu d o crítico do tex to , da ex e g ese e ex posição do hebraico e do v a io r h om ilético da p ro fecia . O estudo crítico do te x to do V elho T estam en to e s tá sendo feito à lu z da descoberta de n ovos m anuscritos, e o n ovó conhecim ento da A rq u eologia e da . H istória A n tig a , com en tu siasm o e p r o v eito . A s d esco b erta s . ar q ueológicas nas ru ín as de S am aria v erificam e esc la recem condições so cia is de Isra el no período de Jeroboão 23, discutid as p or A m ó s. O leitor n otará com o a tradução do hebraico da p rofecia pelo aútor v a ria freq ü entem ente das v e r sõ es em português, especialm ente n a form a p resen te de m ui to s verb os n a poesia, p ois o tem p o do verbo hebraico é determ inado principalm ente p elo contexto, e n ão sim p lesm en te p ela form a g ra m a tica l. A p oesia heb raica da p rofecia é representada n a fo rm a p o ética em português, sem qualquer esfôrço de ap erfeiçoar a su a form a p o éti c a . A crítica, a ex e g e se e a exp osição apresentam -se, versícu lo por versículo, seguindo logo a v ersã o do he braico . D evido à rep etição de certo s en sin os do profeta, com o de qualquer bom pregador, h á tam bém repetições d esta s idéias no com entário, m a s de pontos de v ista d iferen tes que devem ajudar n o m elhor entendim ento da m en sa g em . N o estu d o d esta profecia, fic a -se cada v e z m a is im pressionado com o v alor eterno d e seu s en sinos, e da su a aplicação u n iv ersa l. A form a do com entário é a m ais sim p les p ossível p ara fa cilita r a leitu ra e o estudo da m en sa g e m . A Introdução é longa, m as ap resen ta inform ação sôbre o am biente histórico da p rofecia canônica e de v á rio s
A . R . CRA BTREE outros assuntos relacionados com a vida, o caráter e a m issão de A m ós, os seu s en sin os teo ló g ico s e éticos e o seu lu gar n a h istória da revelação d ivin a. S ão poucas a s abreviações: R SV, The Revised Standard Version; KJV, The King James Version; SBB, Socleãaãe Bíbli
ca do Brasil. P reciso reconhecer m a is u m a vez, com o em todos os m eus ou tros livros, a v a lio sa colaboração da m inha incansável com panheira, D . M abel, na leitu ra e no preparo da Obra para a im p ren sa . E lim itado » núm ero d os leito res de um a obra des t a natureza, 'm as é oferecid a aos p astores e pregado res evan gélicos do B rasil c P o rtu g a l que tém poucos com entários em português, n a esp eran ça de que seja de valor aos seu s estudos, e ao seu m in istério n a in s trução do seu povo n a exp osição das verd ad es etern as d êste m en sageiro poderoso do Senhor, divinam ente in s pirado par'a fa la r n ão so m en te aos seu s contem porâ neos da P alestin a, m a s p a ra tod os os p ovos do m undo, em tôdas as épocas su b seq üentes da h istó r ia . R io de Janeiro, 15 de A bril de 1960
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in t r o d u ç ã o A obra de Amós é a mais antiga das profecias escri tas que leva o nome do escritor. O seu ministério no rei no de Israel, na primeira metade do século oitavo antes de Cristo, foi o princípio de uma nova época na história da religião. Amós inaugurou o ministério dos profetas canônicos que transmitiram ao povo as eternas verda des da revelação divina que orientavam os fiéis na reali zação do eterno propósito do Senhor na eleição de Israel. W. H. Robinson declarou em uma das suas obras que o ensino ético dos profetas do Velho Testamento repre senta o maior passo no progresso do homem. Os ensinos ricos e profundos dos profetas sôbrè o caráter e o pro pósito de Deus na história prepararam os fiéis para so breviver à destruição nacional, e ao exílio da sua terra. Na maravilhosa providência divina, êstes fiéis voltaram para a sua amada terra em ruínas, para preservar e trans mitir as Escrituras da revelação divina. Os estudantes criteriosos do Antigo Testamento e da história humana reconhecem o profeta Amós como um dos grandes homens do mundo . Observou Comill: “Amós é um dos mais notáveis homens na história do espírito humano.” A grandeza do profeta de Tecoa manifesta-se na esfera espiritual e moral da humanidade. O conceito da ética apresentado na mensagem de Amós relaciona-se direta e intimamente com o caráter revelado do Senhor Javé, o Deus de Israel. Esta ética bíblica é mais com preensiva, mais profunda e mais firme do que o sistema filosófico das responsabilidades morais do homem, de senvolvido pelos gregos, três e quatro séculos depois do tempo de Amós.
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Amós de Tecoa Como todos os grandes reformadores religiosos, Amós era produto e também representante da sua época. En quanto as fôrças e influências da história contribuem poderosamente na formação do caráter do homem, elas não podem oferecer uma explicação dos dons e talentos dos homens de gênio. Inatos são os característicos dis tintivos de qualquer pessoa, mas é o poder da persona lidade dtí homem de talentos superiores que introduz nò mundo novas fôrças para o desenvolvimento da históriá e da cultura humana. Como o primeiro dos profetas ca nônicos, Amós apresentou ao mundo os princípios eter nos da justiça que contribuem para o desenvolvimento e a preservação da cultura religiosa em tôdas as épocas da história. O ambiente físico, há providência divina, influenciou o caráter, e até os ensinos teológicos de Amós. Êle viveu e trabalhou como pastor na região montanhosa, pedrego sa e austera, pouco habitada, ao sul de Belém, conhecida como o deserto da Judéia. Nos lados dos outeiros e nos vales tortuosos havia pastagem escassa, apenas para um número limitado de ovelhas. Tecoa, a aldèia de Amós, nove quilômetros ào sul de Belém, foi uníi dos ltigarés fortificados por Roboao para à proteção de Jerusalém (II Crôn. 11:6). Com a eleva ção dé 920 metros, servia dè lugar para tocar trombeta, e assim transmitir sinais e anúncios ao povo (Jer. 6:1). Era tecoíta a mulher sábia que, ao pedido de Joabe, per suadiu ao rei Davi que permitisse a volta de Absàlão, seu filho desterrado, para Jerusalém (II Sâm. 14) . Mate tárde, tecoítas ajudaram na reconstrução dos iriüros de Jerusalém (Neem. 3:5,27). Foi, então, um lugar bem conhecido e de alguma influência, antes do tempo de Amós. Separada e silenciosa, a aldeia contribuiu para o desenvolvimento dos poderes de observar e refletir de
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homens como Amós. A aspereza física de Tecoa refletese no caráter robusto de Amós, e ajudou no seu preparo para entender è interpretar a justiça divina pára com o povò infiel. A sua linguagem vigorosa refíèté âs experi ências da vida comò pastor e observador das leis da na tureza física. A linguagem figurativa do profeta reflete a sua ex periência como pastor. Êle tinha ouvido o bramido do leão,quando pegava a prêsa. Tinha visto os restinhos do animal morto e devorado ,pelas feras. Exposto ao calor do sol, e aos ventos frios da noite, o pastor conhecia a dureza da natureza física. Amós, porém, não foi homem rústico do campo, sem preparo e treinamento, como mensageiro do Senhor. Não podemos determinar com certeza como recebeu o seu pre paro literário. Mas o estilo rico, fulgurante e poderoso das suas mensagens mostra claramente que não era me ramente um homem de dons extraordinários, mas que tinha desenvolvido os seus dons de falar e escrever, ffi geralmente reconhecido que o conhecimento e o dom de falar entre os árabes e os hebreus não foràm limitados aos homens profissionais, de riqueza e cultura. Com observação cuidadosa e a faculdade de reter na memÓrià as tradições e a história transmitidas oralmente, muitos homens, sem a vantagem de unia educação fqrmal, ad quiriram profundo conhecimento prático da vida,. Alguém sugeriu que Amós, com a suá curiosidade intelectual, pudesse ter se encontrado freqiientemeiite çoi» as caravanas que passavam por Belém e pèrto de Tecoá, Recebendo, delas informaçõès importantes de outros paí ses Com o conhecimento de Israel; revelado no seu livro, e quase certo que êle tinha visitado ò reino setentrional varias vêzes antes de entrar ha sua missão prõfétícá, Ê claro que êle conhecia de perto as condições sôòiais e re ligiosas de Israel.
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O Preparo para o Seu Mtnistério Amós possuía profundo conhecimento básico da his tória, de Israel. Sabia que o povo foi libertado da escra vidão do Égito pelo Senhor Javé, o Deus dos céus e da terra. Sabia que este povo foi escolhido para servir co mo nação sacerdotal entre todos os povos do mundo. Sa bia que o povo aceitara voluntàriamente os compromis sos de fidelidade ao Senhor do concêrto do Sinai que o seu Deus lhes oferecera no seu grande amor eletivo. Sa bia que o Senhor guiara o povo da sua escolha por qua renta anos através do deserto e lheS dera a terra dos amorreus. Com o seu conhecimento das condições religiosas de Israel, o pastor, sem dúvida, meditou em silêncio sôbre a majestade, a grandeza e a justiça do Senhor em con traste com a ingratidão e a infidelidade de Israel. Pen sando sôbre o temperamento e a mentalidade religiosa do povo tão pervertido, o pastor, com a sua experiência com Deus, ficou profundamente comovido. A perversão da justiça social, a avareza e a opressão cruel dos pobres, o suborno dos tribunais da justiça, e a prostituição dos cultos religiosos demonstraram a Amós o afastamento completo do povo de Israel do seu Deus. Usando a rique za adquirida por opressão e violência para subornar as instituições incumbidas de defender os direitos dos fra cos contra a injustiça dos ricos e poderosos, a dignidade e ò valor do homem justo foi reduzido ao valor de um par de sapatos. Julgando que pudesse aplacar o Senhor, e ganhar o seu apoio e os seus favores com sacrifícios, ofertas e festas religiosas, Israel tinha reduzido o seu Deus ao nível de um bom camarada de homens injustos, sem compreender a tolice da sua religião. Como os deu ses dos pagãos, o Deus de Israel existiu para servir ao seu povo, ficando subordinado aos ricos que lhe pudessem
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oferecer os maiores sacrifícios e Celebrar as maiores fes tas em seu nome. O povo egoísta assim procurava envolver o Senhor Deus no seu próprio desprêzo da justiça e nas transgres sões e pecados que praticava para a satisfação dos seus prazeres e apetites físicos. O Deus soberano dos céus e da terra, que libertou o grupo de escravos dò poder do Egito, e lhe revelou o seu eterno propósito na história pela eleição dêle como a sua nação sacerdotal, dará curso livre à sua eterna justiça. Na operação da justiça divi na, êste mesmo povo, injusto e rebelde, será completa mente destruído. Esta era a convicção abrasadora do pastor de Tecoa, antes de receber a sua chamada para entregar a mensagem dura ao povo de Israel. A Chamada dé Amós A chamada de Amós, bem como a sua mensagem, relaciona-se não somente com a personalidade, os dons, a cultura e as experiências religiosas do profeta, mas também com as condições políticas, econômicas, sociais e religiosas do povo da época. Não há outro profeta co mo Amós que revele tão claramente as relações da sua mensagem com a sua personalidade e com as circunstân cias e condições da época. Todavia, a chamada vem do Senhor Deus da justiça, segundo a sua declaração explí cita, confirmada pelas verdades eternas da sua mensa gem . O sacerdote hostil de Betei pensou que Amós era um dos profetas que se dedicavam à pregação, um represen tante da escola dos profetas. Êstes eram pregadores de verdades morais da religião. Não eram profetas falsos, mas as suas pregações não contribuíram para o desenvol vimento da revelação divina que está preservada nas Es crituras do Veího Testamento. Amós representava um novo exemplar de profeta e
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pregador que o sacerdote Amásias não podia entender. Envolvido na injustiça social do seu poyo e preocupado com os seus próprios interêsses, mostrou logo a sua hos tilidade para com o pregador da justiça. Na experiência da chamada do profeta, êle ficou em comunicação direta com Deus. Inspirado pelo Espírito dô Senhor, ísaías viu no Templo o altar de fogo, e inter pretou a mensagem que proclamava ao povo de Judá. Aniós teve uma série de visões e, com o esclarecimento do Espírito do Senhor, êle interpretou a mensagem delas para o povo dè Israel. O pastor de Tecoa tinha a convicção firme e inabalá vel de que o Senhor ia lhe revelando a mensagem precisa para o povo de Israel naquele tempo. O fato de que está revelação concordava perfeitamente com as suas próprias observações e o seu raciocínio intelectual não diminuiu de maneira alguma a certeza absoluta de que o próprio Senhor estava falando ao povo de Israel por seu inter médio . Nenhum dos profetas teve mais certeza do que Amós da sua vocação divina. Êle declara positivamente: “O Senhor me tirou de após o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel” (7:15) . Profetiza é a ordem do Senhor para o pastor. Recebe, entende e transmite ao povo de Israel, áo povo do Senhor, o orá culo, a, palavra de Deus. Tudo isto se encerra na pala vra hebraica, profetisa. O profeta declara ao inimigo Amasias: “Eu não era profeta, riem filho de profeta, mas pastor do meu rebanho e cultivador de siçômoros, quando recebi a ordem clara e positiva do Senhor.” Assim, de clara que não tinha vindo da escola dos profetas, mas da presença do Senhor. Não tinha recebido nenhum treina mento na música, nem na dança para induzir à êxtase . Receberá a mensagem bem còmo a ordem de proclamá-la, diretamente do Deus de Israel, o Senhor dos céus e da terra. É governado pela lei divina, de causa e efeito,
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o raciocínio intelectual, orientado e dirigido pela Inteli gência Suprema. Não buscara a incumbência de profeta. Pelo contrá rio, o Senhor Jãvé tomou a iniciativa, e lhe deu a incum bência de entregar a mensagem divina ao povo de Israel .. Não podia resistir à ordem do Senhor: “O leão rugiu, quem não terá mêdo? . O Senhor falou, quem não profetizará?” (3:8) . Não podia deixar de falar das coisas que tinha visto e ouvido. Na sua dependência da revelação divina o pro feta reconheceu a profunda significação da profecia. “Certamente o Senhor Javé não fará coisa alguma sem revelar o seu segrêdo aos seus servos, os profetas” (3:7). A Religião de Israel desde Moisés até o Tempo de Dm% Para entender o lugar de Amos em relação com a profecia hebraica, é necessário considerar ligeiramente ps característicos principais do movimento profético des de o tempo de Moisés. Os hebreus nunca puderam se es quecer por completo de que o Senhor os tinha libertado da sua miséria no Egito e os escolhera como o seu povo peculiar. O majestoso mensageiro do Senhor, Moisés, orientador do povo no período da formação, despertou nêle a inesquecível esperança de que o Senhor havia de guiar o povo da sua escolha no cumprimento da missão predeterminada. Ã luz das descobertas arqueológicas e do novo conhecimento dá história, é geralmente reconhe cida agora a veracidade da narrativa bíblica sôbre a li bertação do grupo de escravos hebreus do Egito, e a sua formação, sob a liderança de Moisés, como a nação sacer dotal entre os povos do mundo. O mundo deve a Moisés, o homem de Deus, a lei moral dos Dez Mandamentos, e a religião monoteísta do Senhor Javé, Criador e Controla dor dos céus e da terra.
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Desde o Monte Sinai o povo escolhido vacilou na sua fidelidade religiosa, mas se manteve mais ou menos fiel àp seu Deus no tempo de Moisés e Josué. Mas, éomeçanáo no período dòs Juizes, os hebreus incorporavam canaíieus, e adotavam vícios da sua civilizáção, incluindo ele mentos e práticas da religião fácil e irresistivelmente atraente na moralidade menos rigorosa. Enquanto o es critor de Juizes reconhecia os numerosos desvios morais do povo, ele mantinha o conceito fundamental da religião de Israel e as promessas do seu Deus. Podia haver perío dos, dè degenerescência política e religiosa do povo, mas o Senhor nunca abandonaria o povo da sua escolha. Mas gradualmente as relações religiosas dos hebreus para com os eananeus se tornaram tão complicadas que não pude ram ser perfeitamente esclarecidas, atê séculos depois, à luz dos ensinos dos profetas canônicos. Através de todos os períodos da história, desde Moi sés e Josué até à época de Amós, o grupo dos fiéis man teve a sua fé firme e vigorosa no seu Deus. Não perdeu a coragem, nem a certeza da vitória final do propósito do Senhor na escolha do seu povo. O cântico da poétisa e estadista Débora revela o perigo das condições políti cas « religiosas na falta da unidade das tribos contra o inimigo, como também o fervor e a fé no triunfo final daqueles que amam e confiam no Senhor. “Assim pereçam, Senhor, todos os teus inimigos. Mas aquêles que te amam sajam como o sol quando sai na sua fôrça” (Jui zes 5:31). Os eananeus, representando vários povos, não fica ram unidos contra os israelitas, e êste fato facilitou o estabelecimento das tribos, mais ou menos independentes, na terra. Mas quando os filisteus, bem treinados na or ganização militar, entraram na terra, com o propósito de subjugar os habitantes e tomar posse da Palestina, os
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feráèlitas i^conhecéram a necessidade imperiosa de se ünirèm contra o inimigo perigoso. Depois de duas vitó rias dos filisteus e da morte do juiz Eli, surgiu rapida mente o sentimento em favor do, estabelecimento da mo narquia. O juiz-profeta Samuel fêz uma vigorosa campanha dè educação religiosa, e persuadiu o povo a tirar dentre êles os baalins e asterotes, e a preparar o coração para o serviço do Senhor. Com êste preparo Israel ganhou a famosa vitória de Ebenézer. O movimento político de uni ficar as tribos para combater os filisteus, sob a orienta ção do profeta Samuel, apelou a tôdas as tribos, e re sultou no avivamento da fé de Israel. Nem todos os mais nobres concordaram na escolha de um rei, mas prevaleceu o desejo da grande maioria do povo, e a nova forma do govêrno foi estabelecida, com á esperança dos fiéis de que o rei sempre seria para êles o representante fiel do Senhor. O profeta Samuel, com mêdo da opressão dos reis, opôs-se à fundação da monar quia, mas continuou o seu ministério profético. Apoiou a escolha de Saul como o primeiro rei de Israel. Depois de ganhar algumas vitórias importantes para o seu povo, o rei, perturbado pelo ciúme, desobedeceu à ordem de Samuel, ficou desmoralizado na perseguição de Davi, c„ finalmente, morreu tragicamente no Monte de Gilboa. Saul conseguiu reter os filisteus na Palestina cen tral, e deixou ao seu sucessor Davi a responsabilidade de subjugar os filisteus e outros inimigos de Israel, e de de senvolver o seu povo numa grande e poderosa nação. A Influência de Davi na Religião de Israel Homem segundo o coração do Senhor na sua vida re ligiosa, Davi revelou-se como grande general na subju gação dos filisteus e de vários outros,povos em redor. Davi revelou os seus multiformes taleotqs conio: organi?L.
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zadoi estadista de visão e como homem profundamente religjoso, apesar das suas ^fraquezas ;• A conquista da fortaleza dos jebuseus e o estabelecimento da capital po lítica e religiosa em Jerusalém, tiveram uma influência; poderosa e permanente na história do povo. À submissão de Davi à revelação do Senhor, por intermédio do profe ta Natã, contribuiu notàvelmente para o desenvolvimen to religioso de Israel. Davi- resolveu edificar uma casa para a habitação do Senhor (Sal. 132). Comunicou o seu desejo ao pro feta Natã que lhe deix logo o seu apoio, mas depois de consultar o Senhor, o profeta induziu o rei a deixar a obra para o seu filho. Mas em virtude do nobre propósi to, o rei. recebeu a promessa histórica de II Samuel 7: 11-15. Alguns pensam que a história do incidente foi escrito algum tempo depois de Davi, e embelezada pela imaginação do escritor. Comentando sôbre esta opinião, A. B. Davidson diz- “Em tôda a história da religião da humanidade, não há nada que possa ser comparado com a obra profética em Israel.” 1 “Também o Senhor te declara que êle mesmo te fará uma casa. Quando fôrem completados os teus dias, e viéres a dormir com teus pais, então farei levantar o teu filho depois de ti, que sairá das tuaã entranhas, e estabelecerei o seu reino. Êle edifi cará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei pa ra sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei pai, e êle me será filho. Se êle cometer a iniqüidade, castigá-lo-ei com a vara de homens, e com os açoi tes dos filhos do homem, mas o meu amor fiel ( h&sed) não tirarei dêle, como o tirei de Saul, a quem afastei de diante de ti” (II Sam. 7:llb-15) . Ô zelo religioso de Davi culminou na construção do Templo pelo seu filho Salomão. Resultou também ha 1;
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produção de üma vasta literatura:de louvor ao Senhor nos Salmos, e teve grande influência na pregação dos profetas. Apesar das falhas e fraquezas de Davi, o seu reino acentuou o conceito de que o remo de Israel era tipo do reino perfeito de Deus. Permaneceu na memória de Israel a idade áurea do reinado de Davi, e o profeta Amós, com a severa condo-, nação da apostasia do povo da época, ainda esperava que o Senhor levantaria o tabernáculo caído do grande rei. A influência de Davi na literatura profética é indicada pela menção freqüente do seu nome, muitas vêzes com referên cia à promessa davídica: 87 vêzes nos Salmos; 10 em Isajas e 15 em Jeremias ; 4 em Ezequiel; 1 em Oséias; 2 em Amós; 6 em Zacarias. Não obstante as influências benéficas de Davi, duas fôrças contribuíram, no período do seu govêrno, para o progresso do baalismo. A religião dos povos subjugados por êle aumentou a influência e o desenvolvimento dêste baalismo, enquanto êste recebia apenas algumas influên cias da religião dos israelitas, O declínio moral e espi ritual de Davi foi influenciado pelo ambiente, e o exem plo dêle enfraqueceu as fôrças da religião do Senhor. Salomão, com as suas fabulosas riquezas e o seu poder ditatorial, diminuiu ou apagou o serviço dos pro fetas, e êle afastou-se gradualmente dos ideais democrá ticos e religiosos do seu povo. Com a ópressão política, e a introdução de várias formas de paganismo na côrte, êle preparou ò caminho para a divisão do reino, com a paganização cada vez mais poderosa dòs reis e do povo! A divisão do reino não produziu os bons resultados que os profetas e os fiéis esperavam. Os dois reinos fica ram enfraquecidos e mais sujeitos ao perigo da conquista pelos inimigos mais fortes. As alianças geralmente pre judicaram mais do que ajudaram os dois reinos. As guer ras entre Judá e Israel e as freqüentes revoltas nò reino de Israel sempre resultaram no enfraquecimento da- fé
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religiosa do povo. Potica importância tinha a religião, fora da política, para os reis dos dois reinos, com algu mas nobres exceções entre os reis de Judá. Quando Onri fêz aliança política com Tiro, por meio do casamento do seu filho Acabe com Jezabel, êle intro duziu no reino de Israel o baalismo fanático de Melquart de Tiro e o conceito da autoridade absoluta do rei. Jeorão rei de Judá, casoü-se com Atalia, filha de Acabe e Jeza bel, e assim levou a influência dêsse novo baalismo corrutor ao reino de Judá, A revolução de Jeú, na sua brutalidade cruel, con seguiu exterminar o baalismo importado de Tiro, com o sacrifício do prestígio político de Israel, mas nada fêz para purificar a fé de Israel da corrução do baalismo cananeu, tão severamente condenado mais tarde pelos pro fetas Amós, Oséias e Outros . Jeú fói muito além do con selho dos profetas no método cruel de exterminar o ba alismo. Exterminou oS homens experimentados no govêrno, enfraqueceu o reino, e tinha que pagar tributo ao rei da Assíria por alguns anos. Nada conseguiu fazer para purificar è fortalecer a fé dé Israel no Senhor Javé. Os profetas canônicos censuraram as injustiças e as in fidelidades da dinastia de Jeú mais severamente do que os profetas tinham censurado os reis da dinastia de Oriri. Característicos da Profecia antes de Amós Os maiores profetas do período desde Moisés até Amós, Samuel, Elias e Eliseu eram defensores corajosos do Senhor Javé, o Salvador de Israel, o Deus de justiça e misericórdia. Êstes, juntamente com muitos outros pro fetas do período, tinham à profunda convicção de que o Senhor os tinha chamado para defender e manter as verdadês divinas reveladas por intermédio de Moisés ê das experiências históricas de Israel com o seu Deus. Perma neceu em grande parte a influência do baalismo do pe
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ríodo dos Juizes. Na conquista da Palestina por Davi, Os cananeus for ara integrados como israelitas, com ce rimônias e práticas imorais da sua religião, gradualmen te reconhecidas pelo povo em geral como elementos da religião de Israel. É difícil de se avaliar a proporção da influência do baalismo sôbre os profetas dêste período, mas é geral mente reconhecido que 0 frenesi e as atividades físicas de alguns dos profetas, no reinado de Saul, representam algumas das influências dos cananeus, Estas influências exteriores não se harmonizara perfeitamente com a ope ração direta do Espírito do Senhor na consciência e na inteligência de Moisés e dos profetas canônicos. Êstes verdadeiros mensageiros do Senhor eram pastores do seu povo, Preocupados com os perigos das guerras com os inimigos,. êles não chegaram a entender tão claramente, como os profetas canônicos, que a fé de Israel não podia depender das fôrças políticas, Mas, perturbados pelos perigos políticos, êstes homens de Deus lutaram denoda damente para preservar a fé do seu povo. Os profetas Elias e Eliseu representam a luta de vida e morte entre Israel e o novo baalismo. Finalmente conseguiram eliminar, por intermédio de Jeú, o sangui nário, o baalismo de Melquart, mas 0 baalismo dos ca naneus, bem enraizado na vida do povo, ainda exercia a sua influência nos dois reinos, como se entende claramen te pelo estudo dos profetas canônicos. Não houve distinção entre os cananeus subjugados e absorvidos pelo reino de Davi e os próprios israelitas. Assim não é possível determinar as superstições e as práticas religiosas que o povo de Israel recebeu dos ca naneus misturados com os israelitas. Mas o profeta Oséias nos declara que os israelitas não sabiam que os frutos que ofereciam a Baal eram recebidos do Senhor Deus de Israel. Elias e Eliseu, com a reforma conseguida pór inter
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médio de Jeú, não conseguiram eliminar a corrução que finalmente levou à destruição o reino político de Israel, e finalmente o de Judá. Êstes profetas se apresentaram como reformadores, como também todos Os profetas sub seqüentes. Dedicaram o seu ministério ao esforço de eli minar as influências corrutoras do baalismo, proclaman do ao mesmo tempo os princípios da democracia e da jus tiça do Senhor Javé, o Deus de Israel . Elias entendeu cla ramente que os ideais da autoridade e do poder do rei, introduzidos por Jezabel, podiam destruir por completo o conceito de que o rei de Israel era o agente do Senhor e que 0 seu govêrno representava, embora imperfeita mente,-o reino de Deus na terra. Assim como o profeta Natã teve a coragem de confrontar o rei Davi com o pe cado de adultério ê assassínio, Elias condenou severa mente õ roubo e a morte de Nabote por Acabe. Segundo o ponto de vista de Jezabel, a conselheira do marido, isto não era pècado, e sim o direito absoluto do rei soberano de roubar e matar em favor dos seus próprios interêsses. Não obstante as imperfeições da reforma dos profetas Elias e Eliseu, os princípios da justiça do Senhor que êles pregaram são os mesmos que se encontram nas pro fecias canônicas, no seu maior desenvolvimento. Os pro fetas canônicos, em geral, lembrando-se das atividades políticas de Elias e Eliseu, perderam a confiança nos reis como representantes do reino do Senhor na terra. A revolução política orientada por Elias e Eliseu, e executada por Jeú (II Reis, caps. 9 e 10), representa o resultado do trabalho religioso e político dêsses podero sos profetas por alguns anos. Êles conseguiram colocar no trono de Israel a dinastia de Jeú que governou no período da decadência religiosa de Israel. Na sua crueldade brutal Jeú exterminou o baalis mo importado de Tiro, mas pouco se interessava na pu rificação da religião de Israel, fora da sua influência po lítica. Mais tarde Amós e Oséias e outros profetas con
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denaram severamente o baalismo eananeu dó período da dinastia de Jeú. Jeú fracassou miseravelmente como re presentante do reino do Senhor Javé. Os profetas ca nônicos procuraram oferecer conselhos aos reis mas, com raras exceções, os reis não se incomodavam com a reli gião profética. As Condições Sociais de Israel no Período de Amós e Oséias O povo hebraico teve a sua origem no ambiente de três mil anos da civilização dos egípcios e dos mesopotâmios, como se sabe agora, à luz do conhecimento da Ar queologia e da História. A fonte principal da sua fé foi a experiência miraculosa com o Senhor Javé no Egito, mas o povo preservou também as tradições históricas de seus patriarcas, identificando o Todo-Poderoso de Abraãò com o Senhor Javé, o Redentor de Israel . No século oitavo antes de Cristo, aquela parte dp mundo conhecido no Ocidente como o Oriente Próximo já tivera uma longa história, com várias formas de reli gião. A nação de Israel era ainda comparativamente no va entre os povos da região, mas já se ufanava de uma história notável. Lembrava-se, embora indistintamente, do seu grande libertador e estadista, Moisés, o mensa geiro da revelação do Senhor que a salvou das garras do Egito, e a escolheu como o seu povo peculiar, e a in* cumbiu da missão sacerdotal entre as nações do mundo. No esforço de desenvolver-se de acôrdo com os ensi nos religiosos e éticos, e os princípios da democraqia, re cebidos por intermédio de Moisés no Monte Sinai, os he breus tinham que lutar, desde o princípio da sua histó ria como povo, com as influências do seu ambiente his? tórico. Nas vitórias políticas da conquista da Palestina e no desenvolvimento nacional, sob o govêrno de seus reis,
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com pouco interêsse na religião forà da influência polí tica, Israel tinha sofrido um declínio social e religioso, No período de Amós o povo em geral tinha perdido a vi talidade da fé que havia contribuído como a fôrça prin cipal no seu desenvolvimento como nação. A perda do vigor religioso contribuiu também para o declínio po lítico, moral e social. A decadência política que seguiu a revolução de Jeú abriu o caminho para o povo aramaico da Síria, com a capital em Damasco, tomar uma parte do território de Israel (II Reis 10:32-33) e de Judá (II Reis 12:17-18) . Mas em 802 a.C. o poderoso Assírio, na campanha de expansão, tanto reduziu e enfraqueceu o poder dos sírios que Israel, no reinado de Jeoás, recapturou de Bene-Hadade as cidades de Israel que Hazael tinha sub jugado (II Reis 13:25), Por causa de problemas inte riores, o Império da Assíria tinha que abandonar, por algum tempo, o plano de conquistar as pequenas nações como Israel e Judá, situadas no seu flanco ocidental. A retirada dos assírios por alguns anos deixou Israel livre para desenvolver as propriedades reconquistadas do seu antigo inimigo, a Síria. Sob o govêrno de Jeroboão II, rei habilitado, Israel teve o seu terceiro e último período de prosperidade. Controlando os caminhos comerciais do mundo antigo, a nação se enriqueceu ràpidamente com os impostos que recebeu de negociantes de vários países. Nesse período de inatividade da Assíria, Jeroboão II, sal vador de Israel (II Reis 13:4, seg,; 14:26, se g .), apro veitou o ensêjo de aumentar o seu domínio. Numa cam panha agressiva, êle tomou da Síria o território antigo tíe Israel, a leste do Jordão, desde Hamate, no vale do Orontes ao norte, até ao Mar Morto no sul, capturando também a cidade de Damasco, capital dos sírios (II Reis 14:25,28). Nesse mesmo tempo da expansão de Israel, o rei de,Judá, Uzias, ia fortalecendo o reino do sul. O
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títmjunto dó território dos dois reinos foi o maior da história desde o tempo de Salomão. Esquecendo-se do perigo do gigante ao leste que por enquanto ficava inativo, Israel se regozijava no seu po der e na sua grande prosperidade (Amós), como se ti vesse certeza da sua segurança eterna. Como outras na ções da história, (Israel) chegou ao pico da prosperida de material pouco tempo antes da queda final. A fabulo sa prosperidade de Israel aumentou o seu orgulho e ar rogância, multiplicou as injustiças sociais, corrompeu os tribunais da justiça, honrou a prosperidade e o luxo dos opressores dos indefesos, como evidências de favores di vinos, enquanto julgava que pudesse ganhar os favores do Senhor com ofertas, dízimos, sacrifícios e festas reli giosas. Por muito tempo a decadência política e religio sa tinha se manifestado na vida nacional. Aumentou nes se período com novas influências de arrogância e hipo crisia. Os historiadores dão apenas uma vaga noção do declínio moral e religioso do povo desde o tempo de Sa lomão. Reconheceram que o govêrno opressivo de Sa lomão causou a divisão do reino, mas pouco entenderam as más conseqüências da divisão. Ê na literatura dos pro fetas do século oitavo em diante que se encontra o en tendimento claro das condições trágicas da sociedade e da religião de Israel e Judá. O Fracasso da Religião de Israel No período de Amós Israel era muito religioso. A sua religiosidade foi uma indicação do fracasso da sua fé. O povo se ufanava de seus cultos elaborados, das suas ofertas, dízimos e sacrifícios que apresentava assi duamente ao seu Deus; e especialmente das festas sun tuosas que celebrava em o nome do Senhor. A prostituição da religião de Israel resultou do seu
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conceito errôneo do Senhor Javé, o Deus de Israel. Is rael tinha absorvido dos vizinhos o conceito pagão do Senhor. O seu entendimento do caráter de Deus mudou-se gradualmente desde o período dos Juizes até ao período da prosperidade do reinado de Jeroboão II, quando che gou a aceitar dos vizinhos o conceito pagão do Senhor. Os israelitas nunca atribuíram ao Senhor Javé a imora lidade que os cananeus imputaram a Baal, mas julgavam que enquanto o Senhor recebia ofertas e adoração do seu povo, êle não se incomodava pela relação social entre o povo. Eram, portanto, muito zelosos na observação das cerimônias religiosas nos santuários. Traziam aos alta res holocausto,s, ofertas de cereais e ofertas pacíficas, de animais gordos em grande abundância (Amós 5:22). Observavam com alegria os sábados, a lua nova e tra ziam os dízimos de três em três dias e faziam ressoar os cânticos nos santuários (5:21, s e g .; 4:4, seg; 8:3; 5:10) . Confiavam nos seus privilégios como o povo d» Senhor (3:2; 9:7). Julgavam que o Senhor Javé, o seu Deus, estivesse sempre com êles, enquanto lhe oferecessem os holocaustos e as ofertas pacíficas, e observassem fielmente tôdas as festas e cerimônias religiosas para agradá-lo. A ma ravilhosa prosperidade de Israel era, para êles, prova ca bal das bênçãos e favores do seu Deus, Esperavam também o Dia do Senhor quando o Se nhor manifestaria a sua presença, o grande dia quando o povo de Israel receberia a bênção especial do Senhor, e todos os inimigos seriam derrotados e subjugados à sua autoridade (5:14,18) . Para os veículos da revelação divina no Velho Tes tamento, e especialmente para os profetas canônicos, a devoção ao Senhor Javé, o Deus de santidade e justiça, abrange a harmonia e a comunhão espiritual com Deus e a prática dos princípios éticos da justiça entre os ho mens. Nas outras religiões, a devoção aos deuses ficou
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divorciada das relações humanas . No tempo de Amós, a religião de, Israel ficou quase que completamente paganizada. Tôdas as manifestações da decadência religiosa de Israel, como a avareza, a soberba, a corrupção, a injus tiça e a hipocrisia resultaram da falta do entendimento do caráter do seu Deus. Há uma tendência moderna de se desprezar a teologia, mas a qualidade da vida religiosa resulta do entendimento do caráter de Deus . Alguns di zem que o homem cria a Deus conforme à sua própria imagem. É claro que Israel fêz isto, no tempo de Jeroboão II, para a sua própria destruição. Mas o Senhor Javé, Criador e Governador dos céus e da terra, se co municou com Amós, e os profetas subseqüentes do Velho Testamento e a revelação do caráter do Senhor que êles receberam apelam eternamente à inteligência e à cons ciência humana e contribuem para o desenvolvimento da justiça e da dignidade dos homens nas suas relações so ciais . Ê a palavra de Deus mais aguda do que a espada de dois gumes, que penetra até a divisão da alma e es pírito, e revela os pensamentos e as intenções do cora ção. Amós, o mensageiro do Senhor, entendeu claramen te a futilidade da religião cerimoniosa dos homens car regados de iniqüidade. Expõe com fôrça e clareza a in justiça de Israel à luz da justiça divina. Nesta exposi ção o profeta apresenta o conceito da justiça de Deus que exige a prática da retidão pelos homens nas suas rela ções sociais e nos seus negócios uns para com os outros. O homem de Deus viu no esplendor da prosperidade material do povo no remado de Jeroboão II a grande de sigualdade que existia entre as condições econômicas dos ricos e dos pobres. No estudo das condições nas visitas à cidade de Samaria e ao santuário de Betei, êle chegou a entender as condições religiosas e morais do povo, es pecialmente dos homens que ganharam as riquezas por
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violência :e rapina e pela opressão dos pobres e necessi tados (Amós 3:10), Credores sem remorso vendiam os pobres como escravos (2:6-8) . Esmagavam os necessita dos e miseráveis. Usavam balanças enganosas e vendiam aos pobres o refugo do trigo. Até os juizes, responsáveis pela proteção dos fracos contra os fortes, aceitavam di nheiro dos ricos para tomarem decisões, injustas nas con tendas legais, contra os pobres (5:12) . As mulheres se mostravam tão duras e tão gananciosas e cruéis como os Jiomens. Exigiam dos maridos que oprimissem os pobres ■e quebrantassem os necessitados para adquirirem os meios de satisfazer a sua vaidade (4:1). Na vida pública, a decadência moral se manifestava abertamente nos negócios dos mais poderosos do povo. Jjstes tinham tanta influência que podiam praticar à von tade a injustiça sem restrição (8:5) . Desprezavam os mais nobres sentimentos humanos (2:8) . Não tolera vam repreensões das suas práticas. Odiavam aquêle que os reprovasse à porta e abominavam ao que falasse sincexamente (5:10) . Preocupados com a aquisição de rique zas e os seus prazeres, os oficiais e os ricos se mostra vam insensíveis à ruína do país (6:6), Ufanavam-se de poder e autoridade, e ficavam sossegados, sem pensar na possibilidade do julgamento vindouro (6:1,13) . Mos travam-se maduros para o castigo da justiça divina (8: 1-3), O Livro de Amós Amós é geralmente reconhecido como o autor do li vro, mas alguns críticos sustentam que várias anotações « ãdiçõès foram acrescentadas à obra por escritores sub seqüentes. Robert H. Pfeiffer, por exemplo, pensa que os glosadores ou comentaristas eram judeus de Jerusa lém que fizeram as adiçõés entre 500 e 200 a.C . Se gundo a opinião dêle, êstes acrescentaram as doxologias,
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a passagem 9:11-15 e outros trechos. No The Interna tional Criticai Commentary, W. R. Harper declara: “Quase a quinta parte do livro que leva o nome de Amós tem que ser posta de lado.” Mas os comentaristas não concordam na citação dos trechos que Amós não podia ter escrito. Julgam que as passagens foram acrescen tadas por razões teológicas e para esclarecimento ou de senvolvimento dos ensinos originais da obra. Em geral, êles começam com os seus próprios pontos de vista do entendimento e dos ensinos de Amós, e assim negam ao profeta tudo o que não concorda com êstes ensinos. Ê verdade que, em alguns casos, há indicações de estilo que favorecem a sua crítica, mas as suas opiniões são freqüentemente subjetivas. A tendência entre os comen taristas modernos é a de aceitar quase todo o livro como a obra de Amós. Alguns não querem dar o devido apre ço à capacidade do profeta em desenvolver os seus pró prios ensinos. Não há base histórica, nem provas ex ternas, para se negar ao autor original qualquer porção essencial do livro. O profeta entendeu a história do povo de Israel, a finalidade, o significado e a importância da eleição. O conceito da história e a esperança messiânica ligaram-se tradicionalmente com a finalidade e o propósito da esco lha de Israel« O fato de que Amós reconheceu as respon sabilidades espirituais de Israel na sua eleição divina não cancelou em absoluto o concêrto do Senhor com o povo. Ê certo que o profeta não nega a possibilidade da harmonia entre o juízo inexorável do Senhor contra o pecado e a misericórdia divina no perdão do pecador arj rependido. “Pois assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivei” (5:4): “Buscai o bem e não o mal, para que vivais;
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’ e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como vós dizeis. Odiai o mai, e amai o bem, e estabelecei o juízo na porta; talvez o Senhor, o Deus dos Exércitos, tenha piedade do resto de José” (5:14-15). O profeta que apresentou ao povo êstes apelos, e não há razão de se duvidar de que foi Amós, certamente acreditava no perdão divino dos homens arrependidos. A organização do livro é simples e clara. Tem três divisões principais, ligadas pela unidade do plano do au tor. Ê provável que alguns poucos versículos estejam deslocados, ou ligeiramente modificados. Ê também pos sível que haja algumas poucas interpolações. Tais emen das não modificam os ensinos do livro, nem diminuem o seu eterno valor. A primeira divisão abrange os capítulos um e dois. Depois do título e dá proclamação solene da sua autori dade divina, o pregador denuncia as nações vizinhas de Israel, não por causa das injustiças cometidas contra o povo escolhido do Senhor, mas por causa dos crimes pra ticados, umas contra as outras, na violação das leis hu manitárias que tôdas elas não podiam deixar de reconhe cer. Prende o interêsse dos israelitas com a menção dos crimes de cada um dos vizinhos em particular. Condena severamente a crueldade das nações contra outros povos na guerra, como a violação de alianças e a escravização dos conquistados e várias outras formas de perversida d e. Os israelitas podiam dar os seus apoios, enquanto o profeta condenava os seus inimigos. Ganhando o inte* rêsse e a simpatia dos ouvintes pela condenação justa de Damasco, Filístia, Tiro, Edom, Amom e Moabe, o pre gador da justiçá denuncia também o reino de Judá, im ã de Israel, porque tinha rejeitado a lei do Senhor e não guardava os seus estatutos. Começa cada um dêstes orá»
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eulos com a frase, “Assim diz o Senhor”, e pronuncia o castigo divino que cada uma das nações há de sofrer, reforçado geralmente pelas palavras, “diz o Senhor” . Os capítulos três a seis, uma série de discursos, orá culos do Senhor, constituem a segunda divisão. Três doa oráculos são introduzidos pela expressão: “Ouvi esta pa lavra” (3:1; 4:1; 5:1). As partes destes capítulos intro duzidas pela frase, “Ai de vós” (5:18; 6:1), podem ser consideradas como subdivisões do terceiro discurso, ou talvez como pequenas mensagens proferidas em ocasiões diferentes. Alguns pensam que a profecia escrita é o rçsumo de várias pregações preservadas e produzidas na forma da obra como a que temos. Neste caso não se pode precisar quantas vêzes o profeta prègou ao povo de Israel. Esta segunda divisão da obra trata de vários as suntos, sempre acentuando o pecado e a culpa de Israel. Como todos os pregadores, Amós repetia freqüentemen te os seus princípios mais importantes. Os argumentos geralmente terminam com a ameaça de castigo, intro duzida pela palavra Portanto (3:11; 4:12; 5:11). Na terceira divisão, capítulos 7 a 9:10, o pregador apresenta uma série de visões que apontam a infidelidade e a destruição nacional de Israel. A história da luta do profeta com o sacerdote Amasias de Betei, 7:10-17, se gue a terceira visão. Depois da quarta visão há mais outra condenação dos pecados de Israel, 8:4-14. A últi ma visão é introduzida pelas palavras, “Vi estar o Senhor junto ao altar.” As visões reforçam, em linguagem sim-1 bólica, os argumentos dos discursos. Segundo as primei ras duas visões, a destruição de Israel foi evitada pela intercessão de Amós em favor do povo. A visão do pru mo demonstra a perversidade nacional que merece a des truição completa. O cesto de frutos dé verão significa que Israel está bem maduro para o desastre. O profeta contempla finalmente a destruição dos israelitas reunidos no templo para o culto .
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O epílogo, 9:11-15, promete a restauração do taber náculo caído de Davi, e a renovação da felicidade do povo fiel na sua terra sob a proteção do Senhor. O Estilo Literário de Amós Estudantes cuidadosos do hebraico e das línguas se míticas têm verificado que grandes porções da profecia do Velho Testamento foram escritas na forma de poesia. Não é fácil distinguir entre a prosa retórica dos hebreus e árabes e a sua poesia. Nota-se que o verso em hebraico divide-se em secções pequenas com uma sílaba de cada frase acentuada. O verso, ou a linha, pode ter duas ou três destas pequenas secções, ou metros. O paralelismo de dois versos, ou de duas linhas, é a construção mais co mum da poesia hebraica. Quanto ao ritmo, a tendência é para o tetrâmetro, isto é, dois versos com duas sílabas acentuadas em cada um, 2:2. O hexâmetro pode ter dois ou três versos, 3:3 ou 2.2:2. O pentâmetro tem dois ver sos, com cinco sílabas acentuadas, 3:2 ou 2:3. Encon tra-se raramente o heptâmetro, 3:2:2. O ritmo mais co mum é 2:2 ou 3:3. Os poetas não se sentiam obrigados a limitar-se a um só ritmo na poesia inteira. Há duas qualidades de ritmo. Quando os dois versos têm o mes mo número de sílabas acentuadas, o ritmo é balançado. Mas os poetas gostavam de usar também o ritmo de idéias, ou de eco, fazendo desiguais o número das síla-; bas acentuadas nos dois versos, 2:2 e 3:3. O ritmo ba lançado é bem ilustrado no segundo versículo do primei ro capítulo de Amós. “yeo-vá miç-çi-yón yis-ság u-mi-ru-sha-lám yit-tén qo-ló vea-bhelú nêóth ha-ro-ím veya-bhésh rósh hak-kar-mél. ”
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“O Senhor ruge de Sião, e de Jerusalém faz ouvir a suà voz; as pastagens dos pastores choram,, e seca-se o cume de Carmelo.” Os escritores bíblicos gostavam de usar a aliteração na poesia, bem como na prosa, para embelezar a conbinação dos sons. Há três tipos de estilo literário na profecia,, usados em proporções variadas. Os oráculos, ou as mensagens proféticas, são geralmente apresentadas em linguagem poética, nas formas variadas de poesia. As paite bio gráficas e narrativas aparecem em forma de prosa. A prosa biográfica é representada em Amós pelas conver sas entre o profeta e o sacerdote, no capítulo sete e na parte introdutória das visões. Preservamos em nossa versão da profecia, através do comentário, as partes de prosa e de poesia. A linguagem de Amós é lacônica, incisiva,, direta, vigorosa e freqüentemente cintilante. O estilo, como no caso de todos os profetas, adapta-se ao sentimento do autor e ao seu ensino da justiça entre 03 homens. Re vela-se no livro não somente 0 talento literário do autor, como também a grandeza do seu espírito e da sua men sagem . As ilustrações são escolhidas dentre as experi ências do pastor, dentre as observações inteligentes da natureza, e dentre os característicos dos homens. O carro* cheio de feixes, 0 rugido do leão com a prêsa, os restan tes do animal que 0 pastor tira da bôca do leão, a ave* caída no laço, os estragos do gafanhoto e do fogo devora dor são exemplos das figuras que usa com destreza e en tendimento . Êle descreve nitidamente as fraquezas hu manas, o egoísmo, o orgulho, a injustiça, e a crueldade de homens e mulheres, no desprêzo da dignidade da pes soa e dos direitos do pobre. Tem conhecimento prático L. Si
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dos princípios básicos de argumentação'. Diz R. H. Pfeiffer, na Introduction to the Old Testament: “A sua grandeza como pensador religioso e re formador é igualada pela sua capacidade extraor dinária de escritor. Com a exceção de Isaías, nas . peças mais excelentes, nenhum dos profetas hèbreus é igual na pureza da linguagem e na simpli cidade clássica do estilo.” Nos oráculos contra as nações, nos discursos e nas visões, o profeta demonstra conhecimento profundo de princípios retóricos. Amós é mestre no uso da linguagem ém transmitir ao povo os seus ensinos que tinha recebido do Senhor. Declara Julius A. Bewer, na The Literature óf the Old Testament: “Notamos com grande surpresa o estilo literário de Amós. Todos os seus discursos são apresenta dos em linhas cadenciosas e claras, geralmente em estrofes. Na exaltação do espírito do profeta as palavras correm de seus lábios na regularidade rítç mica . Com Amós o poder poético combina-se com a perícia retórica. ” A' Teologia de Amós NènhUm escritor bíblico apresenta na sua obra li terária uma teologia sistemática mas todos êles eram teólogos. Do ponto de vista do desenvolvimento da teo logia, a mensagem de Amós é de importância especial, fi a mais antiga de uma série de obras religiosas que se destacám na literaturá do mundo. Pelo estudo cuidadoso da profecia, fica-se cada vez mais impressionado com* as siias verdades de etèrno valor e de aplicação universal. Entende-se mais claramente a teologia da profecia no ambien té histórico da sua produção, em contraste com <os conceitos teológicos do povo da época. A teologia.de
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Amós é de valor permanente justamente porque se apre senta para reforçar os seus ensinos éticos, É o primei ro dos grandes profetas que lidavam com os problemas religiosos relacionados com o declínio e á queda da reli gião de nacionalismo. Até hoje o nacionalismo é a reli gião principal de multidões de pessoas. Antes de apresentar os ensinos teológicos, propria mente ditos, apresentamos, primeiro alguns dos ensinos do profeta que ficam arraigados na teologia. O profeta revela a sua convicção profunda de que Deus se relacio na com a vida humana. O seu conceito de Deus é o re sultado da sua comunhão entranhada com o Espírito do Senhor. A religião verdadeira não pode ser divorcia da das circunstâncias da história e da vida social entre os homens. A mensagem dêste homem de Deus visa não somente as opiniões falsas e o fracasso da religião do povo em geral, como também os sentimentos perversos nas práticas dos reis ê dos sacerdotes que se interessa vam em justificar e agradar ao povo com o pleno apoio dos cultos cerimoniais de opressores e ladrões. O profeta expõe com clareza, sem mercê, a teologia falsa dos seus contemporâneos que produziu a corrução moral de Israel como nação. Demonstrou a perversida de e a hipocrisia da religião que procurava comprar os favores do Senhor por meio de ofertas, dízimos e festas, com o privilégio de continuar no desprêzo da dignidade humana das suas vítimas e na abominação do Senhor Deus da justiça. O profeta Amós dá ênfase às seguintes doutrinas teológicas de eterno valor. (1) O seu conceito ão Senhor Javé. Não resta mais dúvida de que o profeta era monoteísta. Mas esta decla ração não expressa o profundo conceito que êle teve do Criador e Controlador (9:5-6). No exercício da sua von tade, Javé põe em movimento os céus em cima e o mar embaixo (5:8-9). Como explico no comentário, é geral
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mente reconhecido agora que Amós é o autor dos cânti cos 4:13; 5:8-9; 9:5-6, que põem ênfase na majestade do Senhor, mas a grandeza e a glória de Deus são reco nhecidas através da profecia nas atividades e nas mani festações do seu poder e autoridade. O Senhor Javé se apresenta como o Deus da his tória. Maravilhosa como fôsse esta doutrina no oitavo século antes de Cristo, ela não se originou com Amós. Revela-se no propósito da eleição de Israel, no Monte Si nai, como nação sacerdotal entre as nações do mundo. O goal da história é o estabelecimento do reino de Deus entre todos os povos do mundo, O esquecimento, a ne gligência, e a falta de dar a devida importância à sua nobre missão, foram o maior fracasso do povo escolhido i Mas o Senhor Javé, nas suas atividades na História, não é limitado pela escolha de Israel. Se o Senhor trou xe Israel do Egito, trouxe também os filisteus de Caftor e os sírios de Quir. Todos os povos estão sujeitos aos seus planos e propósitos. “Pois eis que levantarei contra vós uma nação, ó casa de Israel, diz o Senhor dos Exércitos; e êles vos oprimirão desde a entrada de Hamate até o ribeiro de Arabá” (6:14) . Assim o Senhor operava não somente entre os vizi nhos de Israel, como é indicado nos capítulos 1 e 2, mas vai levantar a poderosa nação da Assíria como instru mento do seu julgamento. As nações vizinhas de Israel tinham que prestar contas perante o tribunal da justiça divina. O Senhor determinou o curso dos eventos no Egi to para a libertação de Israel. Nem os deuses do Egito, nem o Baal da Palestina poderiam impedir o Senhor na direção da história dos povos do mundo. O Senhor Javé dos Exércitos é o Deus da natureza física. Tôdas as fôrças misteriosas, como os terremotos, as pestilências e as calamidades, como a sêca e a fome
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sãò mánifestações da potência dò Senhor (4:10-11). O poder soberano do Senhor foi reconhecido antes do tem po de Amós (I Reis 8:12 da LXX), mas os contemporâ neos do profeta deram ênfase somente às atividades di vinas que pudessem servir ao seu próprio conforto físi co. No declínio religioso, muitos dos israelitas tinham chegado ao ponto de vista dos cananeus, de que o seu Deus existia para servir à vontade do povo da sua esco lha. O profeta acentua o poder soberano do Senhor Javé, o Deus dos Exércitos, no céu e na terra, sôbre tôdas as nações e povos, e tôdas as fôrças físicas da natureza (4: 6-12; 7:1-3). ■“Não'sois vós para mim como os filhos de Etiópia, ó filhos de Israel? diz o Senhor. Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, os filisteus de Caftor e os sírios de Quir?” (9:7). O Senhor Javé é o Deus da Justiça. Êste é o atributo do Senhor mais acentuado na? profecia, porque o povo de Israel, na sua infidelidade e injustiça, estava desprezan do e blasfemando da personalidade do Senhor, não sim plesmente com a prática da injustiça, mas porque jul gavam que tinham o apoio e o favor do Senhor nas in justiças cruéis que praticavam. As riquezas que pos suíam eram prova da sua iniqüidade, e não do favor di vino. Os seus cultos religiosos eram uma abominação para o Senhor, porque foram oferecidos para comprar o favor divino e a participação do Senhor nas suas injus tiças. É claro que esta doutrina da justiça do Senhor não se originou com Amós, mas foi apresentada em cir cunstâncias que magnificaram a sua significação para a humanidade. “Não fará justiça o Juiz de tôda a terra?” (Gên. 18:25). O profeta Elias condenou severamente a injustiça de Acabe: “Mataste e apoderaste” (I Reis 21:19). Êste grande Deus de justiça falou ao Israel injusto
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e-pronünciou o seu destino inevitávél. ;Não há ninguém que possa escapar do juízo divino (2:14-15). “Embora cavem até o Sheol, de lá o s tirará a minha mão; embora subam ao céu, de lá os farei descer. Embora se escondam no cume do Carmelo, de lá buscá-los-ei, e os tirarei; embora se escondam dos meus olhos no fundo do mar, de lá darei ordem à serpente é ela os morderá” (9:2-3). Assim o profeta de Tecoa fala da majestade do úni co Deus verdadeiro. O Senhor Deus dos Exércitos dos céus e da terra é o Criador da natureza e o Controlador da História. Ninguém pode fugir da presença dêle, nem escapar do seu julgamento. (2) Deus se faz conhecido nas suas atividades e po intermédio dos seus profetas. Êle se revelou na liberta ção e na escolha.de Israel, com o propósito de fazer-se conhecido a tôdas as nações do mundo. Amós reconhe ceu que Deus se revela nos eventos naturais. Os eventos cataclísmicos da natureza são revelações do poder de Deus (4:6-11). Êle deu a Israel “limpeza de dentes” e “falta de pão” para os admoestar e chamar ao arrependi mento, “contudo não vos convertestes a mim, diz o Se nhor.” A fome, a falta de chuva, o crestamento e a fer rugem das hortas e vinhas, a pestilência da guerra, as pragas e o fogo eram manifestações do desprazer do Se nhor para com Israel, admoestações e chamadas ao ar rependimento, mas a nação infiel não quis se converter aó Senhor. . ' . : . : Mas Deus se manifestou não somente na natureza» mas também nos eventos da História. Israel foi especial mente favorecido pela. intervenção indisputável na: sua
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vicJa;;n0 Egitó,’ no êxodo, :nas peregrinações pelo deserto e no estabelecimento do povo na Terra Prometida. Na escolha de Israel e na direção da sua história, o Senhor se revelou como o Controlador da história de- todos os povos. A interpretação errada dos eventos da História foi uma grande .tragédia do povo escolhido. Mas Deus não somente se revelou nos eventos da História; êle levantou profetas para interpretar o signi ficado dos eventos,. Ost profetas corrigiram as interpre tações erradas dos eventos históricos feitas pelo povo. As grandes manifestações do novo interêsse pelos cultos cerimoniais no tempo de Jeroboão II foram interpreta das erroneamente pelo povo como sendo o pleno cumpri mento: da justiça. Mas o mensageiro do Senhor entendeu e explicou ao povo os seus grandes erros na interpreta ção do significado da prosperidade material de Israel; i “Certamente o Senhor Javé náò faz coisa alguma sem revelar o seu conselho aos seus servos, os profetas. Já rugiu o leão, quem não terá mêdo? O Senhor Javé tem falado, . quem pode deixar de profetizar?” (3:7-8). Deus se revela na natureza e nos eventos da histó ria, e levanta os seus servos, os profetas, para interpre tar e explicar o significado de tais revelações. O profeta foi incumbido para chamar o povo' ao arrependimento e à volta ao Senhor . Quando o povo se recusou a ouvir as admoestações divinas, o profeta teve que anunciar a nulidade do concêrto e o julgamento iminente do, Senhor. E foi justamente isto que o profeta Amós fêz, (3) A natureza da eleição. Discutimos êste assunto no comentário, mas é um elemento importante na teologia de Amós. Nas relações sociais com os cananeus, os is raelitas. foram influenciados pelo conceito do Senhor co-
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ttio Déus nacional'. Ê sigrtificativò Amós não usar a êxpressão o Deus de Israel. Mas o povo ficou imbuído da certeza de que o Senhor era o Deus de Israel, e que êle se interessava especialmente pelo povo da sua escolha. A pregação do julgamento e do castigo iminente de Is rael pelo Senhor parecia incrível ao povo, com os seus preconceitos, e especialmente com o entendimento do significado da sua eleição. Esqueceram-se de que foram eleitos para um servi ço especial, e não somente para gozar de privilégios o bênçãos especiais. Privilégios e bênçãos sempre acarretafn responsabilidades. O profeta Isaías põe em relêvo êste ensino (5:17); e o Mestre ensina a mesma verdade na, parábola dos talentos (Mat. 25:14-30) . Com o des prezo da responsabilidade da eleição, Israel não somen te anulou as bênçãos da sua escolha, mas trouxe sôbre si o julgamento severo do Senhor. “De tôdas as famílias da terra só a vós vos tenho conhecido; portanto, visitarei sôbre vós tôdas as vossas iniqüidades” (3:2). Jesus confirmou a lógica de Amós nos seguintes têrmos: “De qualquer, a quem muito é dado, muito será exigi do” (LuC. 12:48, V. particular) . O motivo do Senhor na eleição de Israel é representado pela palavra hesed, amor não merecido. Israel respondeu ao amor do Senhor com a promessa de hesed, amor leal, que nasceu'no es pírito de gratidão. Mas o seu primeiro amor ia se en fraquecendo, e finalmente desfaleceu, e a infidelidade trouxe a destruição que Amós tinha que anunciar. Assim Amós dá ênfase ao fato de que o povo eleito podia perder os privilégios e as bênçãos da eleição por Suà infidelidade, ficando assim como se nunca fôsse elei to (Sal. 78:67). O profeta não tentou explicar o mis tério dá eleição de Israel, mas não teve dificuldade em esclarecer por que esta nação eleita foi rejeitada pelo
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Senhor. O Senhõr escolheu Israel a fim de realizar o propósito de estender as bênçãos do seu reino pór in termédio dêle. Surge, então, uma pergunta sôbre o escopo da vi são de Amós. O profeta entendeu, ou não, que o propó sito da eleição seria realizado por intermédio de um res tante fiel? Se êle escreveu o epílogo da profecia, 9:11-15, é claro que entendeu êste ensino esclarecido por Isaías e outros profetas subseqüentes. Mas muitos pensam que êste trecho foi acrescentado ao livro mais tarde por ou tro escritor. Os israelitas ligaram ao seu entendimento da elei ção a sua esperança fervorosa da vinda do dia do Se nhor. Baseando-se na premissa falsa de que o povo es colhido do Senhor era justo, especialmente em relação com outros povos, os contemporâneos de Amós julgavam que o Dia do Senhor traria para êles a vitoria completa sôbre todos os seus inimigos. Mas, longe de estar em condições de representar o ideal do reino de Deus, Israel está debaixo da condenação terrível da justiça divina. O mensageiro do Senhor abalou os seus ouvintès com a sua explicação do significado do Dia do Senhor. “Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais o Dia dô Senhor? Ê dia de trevas e não de luz” (5:18) . (4) O culto e a vida religiosa. Discutimos o fracas so da religião de Israel em outra secção. Precisamos acrescentar apenas uma breve explicação sôbre o con traste entre 0 interêsse e o entusiasmo dô povo pela re ligião cerimoniosa (4:4-5; 5:21-23; 8:14), e o fracasso absoluto na prática do amor e da justiça, que são o fru to da verdadeira religião. Os cultos cerimoniosos fica ram Completamente divorciados da prática dos princípios da religião na vida social. Em tôdas as formas do cerimonialismo o povo procurava agradar ao Senhor e ga
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nhar o seu favor, porém nas condições pessoais e egoístas que realmente negavam e desprezavam a justiça divina; O homem de Tecoa proclamava o Senhor dos Exér citos, o Deus que não se agradava de sacrifícios, festas, cânticos e bajulice, pois deseja a retidão e a justiça. O culto sem qualquer relação com a vida da justiça não tem valor nenhum . É blasf êmia contra Deus. Os homens que moravam em casas de luxo e praticavam os pecados de injustiça, avareza, corrução, embriaguês, imoralidade e hipocrisia insultavam o Senhor da justiça com a sua religiosidade (6:4-6) . O culto hipócrita era o. cúmulo dp seu pecado.. O Senhor requer do seu povo as virtudes ele mentares de honestidade, integridade, justiça e consi deração humana para com os fracos e necessitados. O Senhor rejeita os cultos de festas, cerimônias é sacrifícios que não representem o amor da verdade e o desejo de andar com Deus. “Pois assim diz o Senhor à casa de Israel : “Buscai-me, e vivei : mas não busqueis a Betei, ,. e não entreis em Gilgal, nem passeis a Berseba. porque Gilgal certamente irá ao cativeiro, e Betél será desfeita em nada” (5:4-5). O Senhor deseja do seu povo uma resposta de co munhão pessoal com êle. “Antes corra o juízo como as águas, e a justiça como ribeiro perene” (5:24) . (5) A natureza do pecado na teologia de Amos. Pa ra o profeta Amós, o pecado era a rebelião contra a bon dade do Senhor. Êle usa freqüentemente a palavra pesha para descrever o pecado contra Deus, a mesma palavra que significa rebelião política. Nã,o é apenas o ato per verso que Amós condena; é a natureza pecaminosa que produz a revolta contra a bondade do Senhor . Deus re
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dimiu a Israel, deu-lhe o Concerto de amor não merecido, com a terra prometida, e levantou entre o povo profetas e nazireus para ensiná-lo e guiá-lo no caminho de fideli dade e justiça (2:9-11) . Mas Israel, levado pelo egoísmona aquisição dos bens para. satisfazer os seus desejos, foi arrastado pelo espírito de avareza a praticar a opressão e a crueldade, e finalmente a rebelião absoluta contra a justiça divina e contra o seu próprio Deus. O pecado de Israel caracterizou-se pela decepção que produziu ,a hipocrisia e o otimismo enganador. Chegou ao cúmulo do pecado pela perversão do culto, no esforço de enganar a Deus, ou reduzi-lo ao seu nível da injusti ça. Assim os israelitas eram muito religiosos, mas não permitiam que os seus cultos interferissem de qualquer màneira no pleno exercício da sua iniqüidade. Para êste mensageiro do Senhor, o pecado era o coração corrom pido. (6) A renovação da vida com o Senhor A mensa gem do homem de Tecoa não foi limitada à proclamação do desastre de Israel, em conseqüência da sua infidelida de para com o Senhor, como dizem alguns comentaristas. Na pregação da justiça divina ao povo infiel daquela época, o profeta viu claramente a necessidade imperiosa de anunciar a,s conseqüências da infidelidade, mas êle não deixou de reconhecer e considerar a alternativa da injus tiça. Um bom grupo de literatos pensa que Amos não escréveu o trecho 9:8b-15, mas fora desta passagem ò pro feta explica como Israel poderia renovar a vida de co munhão com Deus . O Deus vivo e justo é a fonte de tôda vida, e como mensageiro do Senhor o profeta exortou o povo a buscar o Senhor e viver. Os princípios da justiça eram verdades eternas que prendèram e seguraram o profeta pelá sua fôrça moral, mas a prática da justiça depende do conhecimento pessoal de Deus, e de comu nhão com êle. “Buscai ao Senhor e vivei, pára que não
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irrompa como fogo na casà de José” (5:6). O povo car regado de iniqüidade, e revoltoso contra a justiça, não pôde buscar ao Senhor. Não se pode buscar o Senhor sem o desejo de encontrá-lo no espírito de harmonia com a sua santidade, amor e justiça. “Buscai o bem e não o mal, para que vivais: e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará con vosco, como dizeis. Odiai o mal e amai o bem, e estabelecei a justiça na porta; talvez o Senhor, o Deus dos Exércitos, se compadeça do restante de José” (5:14-15). É impossível buscar a Deus sem reconhecer a ne cessidade imperiosa de praticar a justiça em tôdas as relações humanas. As leis morais e os princípios de jus tiça divina são eternos e imutáveis, e a violação delas traz a punição certa sôbre o desobediente. O profeta conhece a. misericórdia do Senhor, e explica como o povo pode escapar da destruição por meio do arrependimento pela sua arrogância e hipocrisia. O profeta assim expõe a operação das leis espirituais do Senhor, em perfeita har monia com o seu amor e solicitude para com o povo da sua escolha, (7) A natureza do homem. Como já notamos, o pro feta não apresenta doutrinas sistemáticas, mas encerra do em tôda parte da mensagem está o alto conceito do homem, indicado pela livre vontade de viver em harmonia com o Senhor, ou de se revoltar contra o Criador e Controlador do mundo. É uma criatura limitada pelo am biente físico e pelas leis da criação, mas em virtude da sua relação com o Senhor é claramente a obra suprema do Criador. É capaz de receber e entender a revelação da vontade do Senhor nas relações sociais, e mediante as responsabilidades pessoais perante o Criador. Na condenação severa dos sacerdotes e do seu siste ma elaborado, de ofertas e festas solenes, o profeta acen
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tua a soberania do Senhor e a responsabilidade direta do homem para com êle. Na condenação severa da opres são dos pobres e necessitados, o profeta reconhece a dig nidade e o valor do homem como tal. Ao mesmo tempo êle reconhece como a arrogância, o orgulho, o egoísmo e outras formas de pecado podem operar no espírito do ho mem para a destruição da sua personalidade. No esforço de despertar a consciência deturpada do homem pela pregação da palavra de Deus, o profeta mos tra que o homem é livre e responsável perante o Senhor. Como ficamos repetidamente surpreendidos pelos ensi nos dêste profeta do século oitavo antes de Cristo, e do valor dêstes ensinos para os nossos dias! Podemos tam bém notar os seus pensamentos sôbre a natureza, os ca racterísticos e as potencialidades morais do homem, que têm importância para o psicólogo e o teólogo dos tempos modernos.
A MÓS TEXTO, EXEGESE E EXPOSIÇÃO De vários pontos de vista esta profecia merece aten ção especial. Sendo a mais antiga entre as profecias ca nônicas, tem importância no estudo da história da reli gião de Israel. O profeta também entendeu e denunciou a.s influências das crenças religiosas dos cananeus na vi da espiritual dos israelitas. Enquanto a doutrina da justiça apresentada por Amós não é inteiramente original, o seu sistema ético, enraizado na justiça divina, é o esclarecimento bíblico da revelação divina, 400 anos antes da justiça filosófica desenvolvida pelos grandes pensadores gregos. A expe riência humana prova que a ética bíblica é mais podero sa para resolver os problemas da injustiça social do que •qualquer raciocínio filosófico. O profeta apresenta também um novo entendimen to da natureza do Senhor Javé de Israel como o Deus de tôdas as nações. O Deus de Israel, segundo Amós, é o Senhor dos exércitos dos céus e da terra, das leis da natureza física, com autoridade sôbre todos os povos do mundo. Tem autoridade e poder sôbre tôdas as fôrças físicas e sôbre os movimentos e destinos das nações. I. ORÁCULOS CONTRA AS NAÇÕES, 1:1-2:16 O sobrescrito dá o título do livro, o nome e a ocupa ção do autor, e o lugar onde morava quando rècebeu a «çhamada divina., O Sobrescrito e o Tema ão Livro, 1:1-2 o
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“As palavras de Amós que era entre os pastores de Tecoa, que ele viu a .respeito de Israel,. no3 dias
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de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terre moto . ” Amós precedeu, por poucos anos, o seu contemporâ neo Oséias. O profeta de Tecoa, com os seus oráculos e visões, foi reconhecido, desde o princípio do seu minis tério, como mensageiro austero e corajoso. Mas o povo de Israel, sentindo-se seguro na prosperidade material que, segundo o seu ponto de vista, representava o apoio e o favor do seu Deus como recompensa de seus sacri fícios e festas religiosas, não quis ouvir a mensagem dura dêste pastor de Tecoa. Alguns pensam que o sobrescrito foi preparado, pe lo menos em parte, algum tempo depois de Amós, mas reconhecem que é apropriado e concorda com a mensa gem do livro. Todavia, a frase, que era entre os pastores de Tecoa, talvez fôsse interpolada entre Amós e que êle viu, porque complica a estrutura do período. A frase, As palavras de Amós que êle viu, dá ên fase à original e é característica da sua mensagem, A palavra ntPl tem o sentido de ver, perceber, enten der, distinguir e receber a mensagem do Senhor. O pro feta assim declara que tinha experimentado no íntimo do seu espírito a comunhão com Deus e a verdade da mensagem que transmite aos seus ouvintes. Há evidências dentro da própria Bíblia de que os profetas pré-canônicos, ou pelo menos alguns dêles, fo ram influenciados pelas práticas dos profetas dos povos vizinhos, especialmente no espírito de nacionalismo, e também pela idéia de que o espírito profético podia 'ser motivado pela música, e por meio de exercícios físicos como a dança (I Sam. 3.0:5-13) . Mas êste fato não jus tifica a tendência de alguns escritores modernos de exa gerar as semelhanças entre a profecia bíblica e os va ticínios de outros povos, sem qualquer reconhecimento
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das qualidades distintivas da profecia do Velho Testa mento. Os profetas pré-canônicos foram denominados videntes, CHV-1 Começando com Amós,òs profetas apre sentam um novo conceito do profeta. Para os profetas canônicos a revelação do Senhor concorda perfeitamente com a ordem moral do mundo criadó e dirigido por Deus, segundo o seu eterno propósito de estabelecer e aperfei çoar o seu reino entre todos os povos do mundo. Os con temporâneos dêstes mensageiros do Senhor freqüente mente julgavam que êstes não eram patriotas, e às vêzes os consideraram traidores da pátria, como no caso de Jeremias. Amós exerceu o seu ministério no reinado de Jeroboão II de Israel e de Uzias de Judá. Israel era mais for te do que Judá nesta época, mas os dois reinos eram prós peros durante a maior parte da primeira metade do sé culo oitavo antes de Cristo. A palavra IpIUl em 7:14 pastor, significa que o profeta era o dono do rebanho que pastoreava, mas isto não quer dizer que fôsse rico, segundo Uma tradição dos judeus. O seu vocabulário in dica que ganhou a vida pelo cuidado do seu rebanho. Tecoa, conhecida agora como Tecu, fica 19 quilô metros ao sul de Jerusalém, numa elevação de 920 me tros, cercada de três lados por outeiros, com a vista do Mar Morto ao lado oriental. A região é conhecida como o deserto da Judéia. É lugar pedregoso e desolado, mas produz pastagem limitada para ovelhas. A linguagem do profeta, como a de João Batista, que era da mesma re gião, reflete a influência da aspereza do deserto. 1.
O têrm o viden te u sava-se ctímo sinônim o de profeta ( chosê) . O viden te tin h a o dom de ver e reconhecer verdades divinas, enquanto o chosé recebia em v isõ es diretas do Senhor a re velação da vontade divina, com a incum bência de tran sm iti-la ao seu povo, em bora lhe ca u sa sse p ersegu ição e sofrim ento, com o no caso de Jerem ia s. Contudo, algu n s dos v id en tes eram p rofetas verdadeiros, e alguns dêles sofreram a p ersegu ição.
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Amos recebeu a sua chamada “dois anos antes do terremoto” . O profeta Zacarias, 14:5, aparentemente se refere ao mesmo terremoto, assim indicando que fôra de intensidade excepcional, mas não se pode determinar o ano exato em que se deu. Sabe-se, por outras referências» que Amos profetizou, mais ou menos entre 760 e 747 a.C.: “E êle disse: O Senhor brama de Sião, e de Jerusalém faz ouvir a sua voz; os prados dos pastores lamentam, e seca-se o cume de Carmelo” (1:2) . A estrofe poética é de quatro linhas, de ritmo ba lançado, com três acentos em cada linha. Ê semelhante, em parte, a Joel 3:16 a. Alguns pensam que os dois pro fetas citam palavras de um profeta anterior. Outros pen sam que á estrofe foi interpolada por um redator da obra. Ê mais provável ser de Amós,2 pois serve perfei tamente como lema da profecia inteira. Javé brama de Sião. O contexto indica o tempo pre sente dos verbos. O têrmo Sião foi usado primeiro para designar o outeiro entre os vales Tiropoeon e Oedrom. Mais tarde designou o lugar do Templo de Salomão, e finalmente tôda a cidade de Jerusalém. Para os fiéis, até de Israel, Jerusalém era o centro da vida nacional. O profeta se apresenta em tôda parte como apenas o trans missor da mensagem do Senhor (Ver Is. 2:2). Ao manifestar-se o poder do Senhor, tôda a nature za física sente a sua influência. Em tôda parte do livro, o Deus de Israel é o Senhor de tôdas as fôrças físicas da natureza. Até os prados, fY)&l, não as habitações dos pastores, lamentam. A palavra Carmelo significa jardim ou vinha e re 2.
N orm an H . Snaith, erudito no hebraico, n a sua obra, The Book of A m os, defende a autenticidade do versícu lo. O livro é claram ente um a exposição do v e r síc u lo .
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fere-se ao outeiro que se estende dos outeiros de Samaria até ao Mar Mediterrâneo. O cume do Carmelo èleva-se 170 metros acima do pôrtõ de Haifa. O monte inteiro é de 24 quilômetros de cumprimento e, em alguns lugares, tem a altura de 560 metros. Ê um dos lugares mais bo nitos e mais férteis da Palestina, mas as suas oliveiras e outras árvores frutíferas estão destinadas a murchar. Profecias contra os Povos Vizinhos de Israel, 1:3-2:5 A missão principal de Amós é a de proclamar a men sagem do Senhor ao povo de Israel, mas os oráculos con tra as nações vizinhas são teologicamente importantes. O julgamento do Senhor da justiça alcançará as nações inimigas de Israel. O anúncio do castigo divino dos ini migos cruéis de Israel ganhou logo o interêsse, o apoio e o entusiasmo dos ouvintes. O Senhor Javé é o Juiz de todos os povos. O profeta recebeu atenção especial e pleno apoio, sem dúvida, enquanto falava do castigo di vino dos inimigos de Israel. O profeta terá uma mensa gem especial do Senhor para o seu próprio povo? A cidade de Damasco era a capital do reino da Sí ria. Por uma grande parte do século tinha havido guer ra entre a Síria e Israel. Começando com a Síria, o pro feta declara que é inevitável o castigo divino contra as terríveis injustiças dêste povo. Juízo sobre Damasco, 1:3-5 “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Damasco, e por quatro, não revogarei a punição; porque trilharam a Gileade com trilhos de ferro. Assim mandarei fogo sôbre a casa de Hâzael, e êle consumirá as fortalezas de Benè-Hadâde.
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Quebrarei o ferrôlho de Damasco e exterminarei os moradores do Vale de Ãven, e ao que tem o cetro de Bete-Êden; e o povo da Síria será levado em cativeiro a Quir, diz o Senhòr” (1:3-5) . A frase, Por três transgressões e por quatro, repeti da nos capítulos um e dois, na condenação dos pecados dos vários povos, significa as transgressões habituais. Pelos pecados costumeiros, as nações tinham formado o seu caráter pecaminoso. A palavra é usada para descrever a rebelião política. “Assim se rebelou Israel contra a casa de Davi” (I Reis 12:29) . Damasco, a ca pital da Síria, tinha demonstrado o espírito revoltoso contra a justiça. O Senhor não fará voltar para trás o castigo de Damasco. O Senhor da justiça não podia re vogar a punição merecida. No reinado de Hazael, e no de seu filho Bene-Hadade, os sírios cometeram barbaridades desumanas contra as pessoas capturadas na guerra. Afrontaram o Senhor, trilhando Gileade com trilhos de ferro. Sôbre os corpos dos cativos, prostrados no chão, os vencedores arrasta ram instrumentos pesados de ferro, com dentes, usados para cortar palha e debulhar cereais, mutilando assim a carne convulsiva das vítimas. O território da Síria já ficou reduzido no tempo de Amós, e a dinastia de Hazael estava em declínio, mas tudo que restava da casa de Hazael, e dos palácios e for talezas de Bene-Hadade, seria destruído pelo fogo. O ferrolho de Damasco, figura da sua fôrça antiga, não terá valor nenhum na defesa contra a jüstiça do Senhor. O Vale do Éden provàvelmente se refere à planície larga e fértil do Rio Abana, a fonte das riquezas, em grande pãrte, dos arameus. O que tem o cetro de Bete-Êden fi cou encarregado de defender a pátria. O profeta declara que as fortificações, os palácios e as cidades serão com
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pletamente destruídos, e os habitantes levados em cati veiro a Quir, o lugar donde vieram originalmente (9: 7) . A palavra significa cativeiro nacional. A profecia foi cumprida por Tiglate-Pileser da Assíria, o primeiro conquistador na História que adotou a política brutal de genocídio, a destruição nacional dos povos conquistados . Juízo sôbre a Filístia, 1:6-8 “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Gaza, e por quatro, não revogarei a punição; porque levaram em cativeiro um povo inteiro para o entregarem a Èdom. Assim mandarei fogo sôbre os muros de Gaza, e êle consumirá as suas fortalezas. Exterminarei os moradores de Asdodé, e ao que têm o cetro de Ascalom; volverei a minha mão contra Ecrom; e o resto dos filisteus perecerá, diz o Senhor” (1:6-8) . Desde o tempo de Samuel e Saul até às vitórias de Davi, os filisteus eram rivais dos israelitas no , esforço de tomar posse da terra de Canaã. A monarquia de Is rael foi fundada principalmente para unir o povo. na de fesa contra os filisteus. Os filisteus vieram de Caftor, bem organizados e experimentados na guerra. Tentaram primeiro estabelecer-se no Egito, mas derrotados, enfra quecidos e expulsos do Egito, entraram no sul da Pales tina com o propósito de subjugar os israelitas e tomar posse da terra. Parecia, por algum tempo, que estavam realizando o seu plano . Gaza, sendo a maior cidade dos filisteus, e situada no caminho entre a Síria e o Egito, como grande centro do tráfico de escravos, é mencionada primeiro. Os ha bitantes de Gaza serão castigados porque levaram em
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cativeiro um povo inteiro e o entregaram a E\dom. O he braico não está claro. A palavra aparentemente significa um cativeiro pacifico, ou a venda de pessoas de nações que viveram em paz com êles. Invadiram lugares populosos e levaram os habitantes para vendê-los aos edumeus. O tráfico dos escravos foi muito comum nas civi lizações antigas. Escravos construíram as pirâmides do Egito, e muitas outras obras das grandes nações. Os cativos de guerra foram escravizados para fazer tais obras. Mas os filisteus cativaram povos pacíficos, como o fizeram várias nações nos tempos modernos com o tráfico de africanos. Não demorou o castigo de Gaza, cidade antiga no caminho das caravanas de Damasco, Ti ro, Jerusalém, para o sul até Arábia e Egito. Foi seve ramente castigado no ano 734 a.C. pelo exército de Tiglate-Pileser. A cidade de Asdode era o centro do culto de Dagom (I Sam. 5:1-7), bem fortificada, ao sul de Ecrom. O Rei Acazias recebeu do profeta Elias uma severa repreensão (II Reis 1:3), porque consultou o oráculo de Baal-Zebube de Ecrom ao invés de consultar o Senhor. Asquelom, na costa, isolada das outras cidades dos filisteus, é mencionada em Juizes 14:19. O resto dos filisteus, in clusive as suas arrogantes cidades, perecerá às mãos do Senhor da justiça. Juízo sobre Tiro, 1:9-10 “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Tiro, e por quatro, não revogarei a punição; porque entregaram todos os cativos a Edom, e não se lembravam da aliança de irmãos. Assim mandarei fogo sôbre o muro de Tiro, e êle consumirá as suas fortalezas” (1:9-10) . A cidade de Tiro, a capital da Fenícia, era o grande
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centro comercial do mundo antigo. No capítulo 28 de Ezequiel, o profeta descreve o comércio de Tiro que enri queceu o povo, e desenvolveu nêle o espírito de orgulho que quis até usurpar o trono de Deus. Mas nem a magni ficência de Tiro poderia escapar ao julgamento do Se nhor da justiça. Os palácios e as fortificações de Tiro, bem como os de Damasco e dos filisteus, seriam devora dos pelo fogo. Os palácios, construídos pelos escravos, simbolizavam para o profeta a injustiça social de Israel e dos povos contemporâneos. Os fenícios, como os filis teus, escravizaram os seus cativos e os venderam a Edom. Como os sírios, os israelitas e os edumeus, os fenícios eram semitas. •/ Os fenícios também não se lembravam da aliança dos irmã,os.3 Refere-se o profeta aparentemente às relações amistosas entre Salomão e Hirão (I Reis 5:12) . A re lação entre os israelitas e os fenícios no tempo de Davi e Salomão ofereceu vantagens para os dois povos (I Re’s 5:13-18) . Juízo sobre E d o m 1:11-12 “Assim diz o Senhor: Por três transgressões, de Edom, e por quatro, não revogarei a punição; porque perseguiu o seu irmão à espada, e baniu tôda a misericórdia, 3.
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D eterioram -se as relações entre os fen ício s e os isra elita s de pois da divisão do reino, e ainda m a is com a vin d a dc Jezabel para a Sam aria com o a esp ôsa de A ca b e. A lg u n s pensam que ê ste juízo dos fen ícios foi interpolado algum, tem po de pois de A m ós. Quase todos os com en taristas ju lgam que esta profecia con tra Edom s e refere à invasão de Judá pelos edum eus logo depois da queda de Jeru salém em 586. N e ste caso, foi in ter polada n a profecia de A m ós por um judeu/ ta lv e z dépois da v olta do cativeiro.
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e a sua ira despedaçou perpètuamente, e êle consumirá as fortalezas de Bozra” Assim mandarei fogo sôbre a Temã, e êle consumirá as fortalezas de Bozra” ( 1 : 11 - 12 ) .
Os cananeus, descendentes de Esaú, eram, dos povos vizinhos, o mais consangiiíneo de Israel. Gênesis 36:31 in dica que o reino de Edom foi organizado antes do esta belecimento da monarquia de Israel. O território de Edom se estendia da costa sudeste do Mar Morto até o Golfo de Aquaba, uma região montanhosa, mas rica em depó sitos minerais e outros recursos. Foi subjugada por Davi, e muitos dos seus recursos aproveitados por Salomão. Mais tarde, com a queda de Jerusalém e a dissolução do reino de Judá, os edumeus aproveitaram o ensêjo de vin gar-se. Invadiram o território dos antigos opressores, e despojaram o povo fraco e indefeso. O escritor dá ênfase ao fato de que Edom praticon crueldade contra o seu irmão. Perseguiu a seu irmão à espada, e pôs de lado tôda a compaixão. A palavraÍ1ÍW significa corromper ou destruir. Edom ãesfêz a sua com paixão. Na palavra VttrH» sua compaixão, há qualquer associação com a palavra DlVt >ventre de mãe, assim cha mando atenção ao sentimento que deve existir entre ir mãos uterinos. A vingança de Edom intensificou-se por causa da crueldade que Israel (Jacó) tinha praticada contra êle. A sua ira despedaçava, SníD’’ (impf.) , perpè tuamente; conservou para sempre a sua ira. As cidades de Temã e Bozra representam o poder de Edom (Jer. 49:7; Is. 34:6). Elifaz, um dos amigos de Jó, era de Temã, cidade conhecida pela sua sabedoria. Antes do tempo de Amós os reis de Edom pagaram tri buto à Assíria, e pouco tempo depois da profecia tinha, que submeter-se e pagar tributo a Tiglate-Pileser.
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Juízo sobre os Amonitas, 1:13-15 “Assim diz o Senhor: Por três transgressões dos amonitas, e por quatro, não revogarei a punição; porque rasgaram o ventre às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus próprios têrmos. Assim meterei fogo aos muros de Rabá, e êle consumirá as suas fortalezas, com alarido no di,a da batalha, com tempestade no dia do turbilhão. O seu rei irá para o cativeiro, êle e os seus príncipes juntamente, diz o Senhor” (1:13-15). O território dos amonitas ficava ao lado do Jordão, contíguo à terra de Israel na região de Gileade. Com as transgressões repetidas dos amonitas, êles rasgaram o ventre às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus têrmos. É provável que os amonitas tenham cometido esta barbaridade quando Naás sitiou a Jabes-Gileade (1 Sam. 11:1). Êste crime horrível foi cometido freqüen temente pelos povos antigos em tempo de guerra (Os. 13: 16; II Reis 15:16). Por causa dos crimes dos amonitas, o Senhor da justiça porá fogo ao muro de Rabá, cidade capital e fortaleza dos filhos de Amom. Os gritos de guerra do inimigo vitorioso meterão mêdo ao espírito dos amonitas, enquanto o invasor devastará a terra como redemoinho. Pouco tempo depois de Amós, o grande exército de Tiglate-Pileser III, da Assíria, invadiu as terras dêstea vários inimigos de Israel, saqueou as suas cidades, e le vou em cativeiro os mais importantes de seus habitan tes. Ainda no tempo de Neemias, os amonitas se mostra vam hostis para com os israelitas (Neem. 4:3) .
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Juízo sobre Moabe, 2:1-3
“Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Moabe, e por quatro, não revogarei a punição; porque queimou os ossos do rei de Edom, até os reduzir a cal. Assim mandarei fogo sôbre Moabe, e êle consumirá as fortalezas de Queriote, e Moabe morrerá entre grande estrondo, alarido e o som de trombeta. Exterminarei o juiz do meio dêle, e a todos os seus príncipes com êle matarei, diz o Senhor” (2:1-3) . O território de Moabe ficava ao leste do Mar Morto, e se estendia até o limite da terra de Edom. Como se nota, estas profecias contra as nações seguem o mesmo plano geral, com a mesma "introdução e a mesma forma de castigo, mas o pecado de cada um dos povos contra a justiça divina é claramente especificado. Os moabitas eram semitas, descendentes de Ló e sua filha primogêni ta, segundo Gênesis 19:36-37. O dialeto dos moabitas foi semelhante ao hebraico. Quemós e Baal-Peor de Núme ros 25:1-5, era o seu deus, o mesmo que os israelitas ado raram com ritos lascivos no caminho para Canaã. Não há qualquer evidência de que os moabitas tenham de senvolvido um sistema ético semelhante ao dos hebreus. A Pedra Moabita descreve a vitória de Messa, rei dos moabitas, sôbre os reis de Israel e Judá (II Reis 3: 4-27) . Pela ordem do seu deus, Messa ofereceu o seu fi lho primogênito, para se libertar do poder de Israel (II Reis 5:27) . Moabe será castigado, como as outras na ções mencionadas, por seus muitos pecados, mas espe cialmente porque queimou os ossos do rei de Eêom, até
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os reduzir a cal.5 Para os judeus e as outras nações an tigas, qualquer ofensa contra os mortos era um dos pio res pecados que o homem podia cometer (Deut. 21:23; II Reis 23:16; Is. 14:19). iMoabe será destruída pela guerra devastadora, o foco consumirá os palácios e fortalezas ée Queriote. Es ta cidade geralmente se identifica com Ar (Núm. 21: 15; Is. 15:1), uma das cidades principais de Moabe. Ê mencionada na linha 13 da Pedra Moabita como sendo a sede de Quemós, ou do seu santuário.6 Assim como a cidade de Damasco representa a nação Síria, também Queriote representa a nação dos moabitas. Moabe mor rerá com grande estrondo, alarido e o som de trombeta. O sonido da trombeta representa a vitória sôbre a cidade vencida e destruída. Cortarei, ou exterminarei o juiz, o governador, e matarei todos os seus príncipes. Moabe é mais um dos países que a Assíria subjugou. Ameaças contra Judá, 2:4-5 “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Judá, e por quatro, não revogarei a punição; porque rejeitaram a lei do Senhor, e não guardaram os seus estatutos, antes se deixaram errar por suas próprias mentiras, após as quais andaram seus pais. Assim mandarei fogo sôbre Judá, e êle consumirá as fortalezas de Jerusalém” (2:4-5). Os oráculos contra os povos vizinhos serviam de ba 5,' 6.
N ão há dúvida de que M essa sacrificou o seu próprio filho, e não o filho de Edom que capturou n a batalha, segundo a opinião de algu n s. Ver a Arqueologia Bíblica do autor, 2 ’ E d ., p . 142.
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se, e prepararam o caminho para a condenação severa dos pecados de Israel. As profecias contra as nações prova velmente foram proferidas em dias sucessivos, no prin cípio do ministério de Amós. Ao ouvirem estas mensa gens, os israelitas não podiam deixar de reconhecer que o profeta estava transmitindo a mensagem do Senhor Javé, o Deus de Israel, sôbre a condenação justa dos pe cados de seus inimigos. Tudo que o profeta disse sôbre os pecados e a condenação dos vizinhos recebeu o pleno apoio do povo de Israel. A mensagem seria aceita com especial satisfação por que representava o poder sobera no do seu próprio Deiis. Ê provável, todavia, que os ouvintes tenham reco nhecido nos discursos do profeta um sinal de admoesta ção para a nação de Israel. Se o profeta viu na agressão do poderoso exército da Assíria o transtorno dos inimi gos, qual seria, então, a sorte de Israel? O seu Deus so berano protegeria o seu povo escolhido contra o poder militar da Assíria? Vários estudantes da profecia pensam que esta pas sagem sôbre o julgamento de Judá foi interpolada mais tarde na mensagem de Amós. Segundo esta opinião, am bos os reinos, o do norte e o do sul, constituíram para Amós um só povo (3:2), e a sua mensagem foi dirigida aos dois reinos. Neste caso, esta passagem teria sida desnecessária do ponto de vista do profeta. Se esta men sagem contra, Judá fôsse proferida por Amós, Israel sa beria logo que o profeta ia condenar também os seus peca dos. Se a passagem fôsse introduzida na profecia mais tarde, isto indicaria o grande prestígio de Amós nas ge rações subseqüentes. Além dos outros pecados, Judá tinha rejeitado a lei> JVnfi- -A- palavra torah usa-se em vários sentidos. Ê da do Senhor, e não tinha guardado os seus estatutos, raiz que significa ensinar. Usa-se, às vêzes, no senti do de incluir todo o Velho Testamento (Jo. 10:34; 12:34;
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15:25) . 0,s judeus designavam os primeiros cinco livros do Velho Testâménto como a Lei Mosaica. Os Dez Man damentos geralmente se apresentam como o âmago da lei (Êx. 20:3-17; Deut. 5:6-21). Mas qualquer instru ção ou direção do Senhor para o seu povo é reconhecida como torah ou lei, e assim o têrmo chega a significar a revelação divina, Is. 2:3. Ê também reconhecida como lei a direção técnica dos sacerdotes sôbre a observação dos sacrifícios e cerimônias (Lev. 11:46; Jer. 2:8; Miq: 3:11) . A mensagem do profeta apresenta-se freqüente mente como a lei do Senhor (Is. 1:10; 8:16) . A lei do Senhor, às vêzes, é o equivalente de palavras do Senhor. O sentido da palavra estatutos é de vez em quando in cluído no têrmo lei (II Reis 17:19) . Esta palavra é usa da também no sentido de juízos, mandamentos, testemu nhos, ou como o equivalente de leis cerimoniais, morais e civis (Deut. 4:1; 5:1; 6:20; Deut. 7:1-5; 7:12,14). Os profetas em geral condenam a Judá porque re jeitaram a Lei do Senhor e não guardaram os seus esta tutos (Is. 5:24) . Nem os bons reis de Judá, Asa, Josafá, Joás e Amasias chegaram a tirar os altos do povo de Israel. Outros reis se opuseram ao culto do Senhor. Amós e os profetas subseqüentes entenderam mais clara mente do que os historiadores a justiça do Senhor e a apostasia do povo de Judá e Israel. Êles se deixaram errar por suas próprias mentiras. A frase as mentiras próprias pode significar os ensinos dos profetas falsos, e aceitos àvidamente, porque êstes falsos mensageiros desculparam, ou justificaram astu ciosamente, as transgressões e a idolatria do povo. Por tanto, o julgamento virá sôbre Judá, mostrando-se par ticularmente contra as fortalezas de Jerusalém. Esta ameaça podia despertar os israelitas, pois Jerusalém re presentava o povo escolhido do Senhor, o Deus verda deiro das duas nações. Davi capturou a cidade de Jerusalém dos jebuseus,
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e ali estabeleceu a capital política e religiosa das tribos unidas. Nos reinos prósperos de Davi e Salomão, e com a construção do Templo, a cidade, já antiga e famosa, ganhou fama maior e mais duradoura, não obstante to das as vicissitudes da sua história. Assim o profeta condenou a injustiça dos vizinhos de Israel de acôrdo com a palavra do Senhor Javé, o Deus de Israel. Apresentou, pela primeira vez na história hu mana, a gravidade dêste problema eterno da injustiça social, a praga de tôdas as nações, seja qual fôr a forma do seu govêmo, ou a estrutura da sua sociedade. A jus tiça divina exige a justiça social entre os homens e en tre as nações. Ameaças contra Israel, 2:6-16 Ê quase certo que o povo de Israel ouviu com gran de alegria, logo no princípio, a condenação dos pecados cruéis de seus vizinhos, sem compreender o alcance do ensino ético do mensageiro do Senhor. Ouviu, sem dúvi da, com profundo desapontamento a condenção severa da sua própria injustiça, depois de ter apoiado tão arden temente a condenação e o castigo severo da injustiça dos outros povos. Um dos característicos do nacionalismo exagerado de qualquer nação é a tendência de condenar os pecados de outras nações, e ficar cego aos seus pró prios delitos. A profecia de Amós, portanto, é uma ad moestação para todos os povos, em tôdas as épocas da História, aplicável às injustiças sociais que operam cons tantemente entre tôdas as classes, e freqüentemente en tre povos assiduamente religiosos, como os israelitas. No período do seu declínio moral, o povo de Israel pratica va escrupulosamente as cerimônias religiosas, e ao mes mo tempo oprimia cruelmente os pobres e necessitados. Enquanto os ouvintes, indignados, sentiam-se emba raçados, o mensageiro intrépido do Senhor enumerava e
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denunciava as injustiças que êles praticavam na revolta contra a justiça de Javé, o seu próprio Deus. “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não revogarei a punição; porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos” (2:6) . Assim o profeta introduz a sua mensagem a Israel com a mesma fórmula que tinha usado nas profecias con tra as nações, Por três transgressões. Mas emprega a declaração apenas uma vez nos vários discursos sôbre a rebelião, dêste povo privilegiado, contra o seu Deus. Co meça imediatamente com a condenção dos pecados dos ricos contra os pobres, porque êles vendem o justo por prata e o necessitado por um, par de sapatos. Segundo a opinião de alguns comentaristas, o pro feta se refere aos atos corrutos dos juizes na opressão dos pobres. Nos casos de litígio, os juizes começam a condenar o pobre, em favor do rico, por dinheiro, e as sim ficam cada vez mais corrompidos. Finalmente êles chegam a praticar a. injustiça cruel contra o pobre por apenas o preço de um par de sapatos. Mas o verbo vender, "Dfi, é o mesmo usado no sentido de vender uma pessoa como escrava (Gên. 37:28; Êx. 21:16) . Êste é o signifi cado natural do verbo neste versículo. O profeta se refe re em outro lugar (5:12) à corrução dos juizes, mas aqui fala do credor que aproveita a vantagem de vender o de vedor como escravo, de acôrdo com a injustiça social da época, para pagar uma pequena dívida. O justo é aquêle que quis pagar a dívida, mas não podia dentro do pra zo especificado, por causa da opressão dos pobres pelos ricos. Assim o rico ganancioso, sem compaixão, aperta va o devedor até ao ponto de vendê-lo logo que tivesse o direito legal de fazê-lo.
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“Os que suspiram pelo pó da terra na cabeça dos pobres, e pervertem o caminho dos mansos; um homem e seu pai entram à mesma jovem para profanarem o meu santo nome” (2:7) . Os que suspiram pelo pó da terra na cabeça dos pobres é a tradução correta do Texto Massorético do hebraico, mas o sentido do hebraico não é claro. Lendo , pisar ao invés de , suspirar, a Septuaginta traduz, Os que pisam no pé da terra a cabeça dos pobres. Esta tradução concorda melhor com a segunda linha, e desviam o caminho dos mansos . Neste contexto mansos traduz melhor o sentido de do que aflitos. Em contraste com a prática dos opressores brutais, os man sos esperam humildemente a direção e o cuidado divino. Parece que esta significação da palavra aqui, e no Sal. 25:9, preparou a base para o grande preceito de Mat. 5:5. Os ricos e poderosos roubaram aos mansos os pri vilégios e os direitos que lhes pertenciam, e assim os des viaram da vereda na qual êles desejavam andar. A segunda acusação contra o espírito revoltado de Israel é a do fato de que um homem e seu pai entravam à mesma jovem, e assim profanavam o santo nome do seu Deus. Falta a palavra mesma no hebraico, mas o artigo definido pode dar êste sentido. Êles entravam no mesmo santuário. O procedimento vergonhoso nos san tuários é mais uma prova da perversidade de Israel, e da sua rebelião contra a vontade do Senhor Javé, o Deus de Israel. Afastando-se da pureza dos ensinos da Lei do Senhor, o povo escolhido estava seguindo a prática abo minável de prostituição no Santuário, o lugar do culto, segundo a prática dos cananeus. Na adoração das fôrças <3a natureza, os cananeus concentravam o seu culto no processo da geração da vida. Alguns israelitas se deixa ram seduzir por esta forma do culto pagão, mas não che
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garam à baixeza da bestialidade que a literatura ugarítica atribui a Baal, e que os seus sacerdotes praticaram abertamente.7 Mas a prostituição religiosa, tão repugnan te para a verdadeira religião do Senhor (Deut. 23 : 17, no hebraico v. 18), já se tornara escandalosa entre os is raelitas. Oséias fala até da prostituição de filhas israe litas, nos lugares altos, e debaixo das árvores frondosas (4:13-14) . Êle usa o têrmo queãhasha, “prostituta sa grada”, mas a palavra wofrah, “môça”, usada por Amós significa a mesma coisa. Assim no seu culto paganizado, os israelitas profanavam o Santo Nome do Senhor Javé. O Nome do Senhor significa a sua personalidade. Qual quer ato que não está em harmonia com o caráter de Deus é profanação do seu Nome. Fala-se no Código d,e Santidade} capítulos 17 a 26 de Levítico, sôbre muitos pe cados que profanam o Nome do Senhor. Nos atos de culto, os jovens e velhos, no espírito de leviandade, freqüentavam o mesmo santuário, e coabi tavam com a mesma 'prostituta sagrada (queãhasha) . Na sua insensibilidade espiritual, êles praticavam as for malidades agradáveis à religião de seus vizinhos, os cananeus. Na satisfação de seus desejos carnais, êstes is raelitas perverteram o culto e corromperam o espírito religioso. Assim, na prostituição e no modo cruel de tra tar os pobres e fracos, os israelitas chegaram a desprezar o valor do homem criado à imagem de Deus. “Êles se deitam ao lado de qualquer altar sôbre roupas recebidas em penhor; e na casa de seu Deus êles bebem o vinho dos que foram multados” (2:8). Segundo a lèi (Êx. 22:26-27, no Hebraico 25:26), o vestido, recebido do próximo em penhor, tinha que ser devolvido antes do pôr do sol, sendo o único 7.
Cyrus H ; Gordon, Olã Testanvent Times, p . 88. L.
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cobertor do pobre. Amós emprega a palavra roupas, , vestidos ou cobertores de várias qualidades, to mados em penhor. Quando o devedor não as podia res gatar dentro do prazo marcado, o credor aproveitava-se sem demora da vantagem legal de possuí-las e vendê-las com lucro. O sentido da frase, o vinho dos que têm sido multa dos, é também obscura. Parece que significa o vinho recebido em penhor, e perdido ao credor porque não foi resgatado dentro do tempo marcado. E o vinho que o credor ganha do devedor infeliz, êle o bebe na casa do Senhor, provàvelmente com satisfação orgulhosa da sua própria astúcia. Assim, nos lugares de culto, êstes ho mens aproveitavam-se das leis injustas do país, pratican do ao mesmo tempo os costumes perversos da época em orgias abomináveis nos cultos hipócritas. Gomo o Deus de Israel se Revela na História, 2:9-12 “Todavia, eu destruí diante dêles o amorreu, cuja altura era como a dos cedros, e que era forte como os carvalhos; mas destruí o seu fruto por cima, e as suas raízes embaixo. Também vos fiz subir da terra do Egito, e quarénta anos vos guiei no deserto, para possuir a terra do amorreu” (2:0-10). Nos versículos 9 a 12 o profeta explica as ativida des do Senhor na História em favor de Israel. O Senhor tinha liberto Israel do poder do Egito, e o guiado através do deserto para possuir a terra do amorreu. Tinha des truído os amorreus diante dêle. Assim o Senhor tinha re velado a sua natureza ao povo de Israel, e lhe tinha de monstrado o seu poder. E fizera tudo isto em contraste com a ingratidão e a perversidade do povo.
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Eu destruí diante dêles o ctmorreuJ A palavra Eu é enfática e positiva. Considerando a impossibilidade da libertação de Israel pelo próprio poder, críticos lançam dúvidas sóbre a autenticidade da história bíblica, porque não acreditam no milagre. Agora, a veracidade da his tória do Êxodo de Israel do Egito é geralmente aceita. É fato de grande significação o de a Bíblia apresentar o primeiro entendimento da finalidade da história huma na, na missão dêste povo escolhido. Ê também notável que nenhum conceito filosófico da História tem podido satisfazer o raciocínio humano. Portanto, muitos erudi tos modernos perdem interêsse no estudo da História. Os amorreus eram semitas, habitantes de Canaã jun tamente com os jebuseus e outros povos. No período do Êxodo êles moravam nas montanhas (Núm. 13:29), e õs cananeus ocupavam a costa do Mediterrâneo e a terra ao lado do Jordão. Segundo a tradição, os amorreus eram de grande estatura (Núm. 13:32), intrépidos e valentes na guerra. A êste povo, forte como os carvalhos, o Se nhor exterminou em favor dos israelitas. Amós cita e apoia a linguagem poética da tradição, para mostrar ao povo de Israel o imenso poder do Senhor e ao mesmo tempo prepará-lo para entender a sua própria impotência perante a potência da justiça divina. Na exterminação dos amorreus, o Senhor demonstrou o seu poder destrui dor, mas logo em seguida Amós descreve a soberania de Deus em fazer o povo de Israel subir do Egito, e em guiálo por quarenta anos através do deserto para possuir a terra dos amorreus. “E dentre vossos filhos levantei profetas, e dentre os vossos jovens, nazireus. 8.
N a s esca v a çõ es de M ari e N üzu, A ndré P a rro t achou m ilh a res de tábuas de barro, com am plas descrições sôbre os amorr reus., V er a Arqueologia Bíblica do autor,, p . 321.
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Não é isto assim, ó filhos de Israel, diz o Senhor. Mas vós aos nazireus destes a beber vinho, e aos profetas ordenastes, dizendo: Não profetizeis” (2:11-12) . O Senhor mostra o seu poder, a sua bondade e so licitude, levantando, dentre os filhos de Israel, mestres para lhes interpretar a significação da sua escolha e en sinar-lhes o propósito divino na direção das atividades de todos os povos. Mas ao invés de mostrar-se digno das bênçãos recebidas, Israel se esqueceu da majestade trans cendente do poder e da grandeza do Senhor a quem devia a sua própria existência. Desprezaram os mensageiros que lhes interpretaram a vontade do Senhor, e corrom peram os nazireus, separados e consagrados ao serviço divino. Os profetas explicaram ao povo que êles tinham recebido a sua incumbência diretamente do Senhor para lhe mostrar o caminho da verdadeira religião, admoestálo contra os perigos da iniqüidade e orientá-lo no servi ço de retidão e justiça. Não há nenhum paralelo na his tória do profetismo iniciado por Amós, e representado nas profecias bíblicas. Deus revelava os seus conselhos aos profetas, e êles transmitiam o que tinham recebido para a orientação do povo. Os nazireus eram homens consagrados ao serviço do Senhor. A raiz da palavra nazar, significa d&ãicar ou consagrar. Êles assumiam o compromisso solene de não tomarem bebidas alcoólicas, de não cortar o cabelo, de evitar o contato com corpos de mortos, e de não comer qualquer coisa imunda. Acharam as leis para o govêrno de seus ideais no livro de Números 6:1-21. Pois não é assim, ó filhos de Israelf Ninguém po dia negar as acusações, porque os israelitas estavam pra ticando abertamente, e sem escrúpulo, os pecados men cionados. É o oráculo, a declaração positiva do Se
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nhor, o Deus de Israel, transmitido ao povo pelo mensa geiro divino. O Julga/mento Iminente de Israel, 2:13-16 Depois de ouvir a exposição da sua iniqüidade, e a história do seu desprêzo da bondade do Senhor na orien tação profética da vida nacional, o povo tinha que ouvir também a pena da infidelidade e da revolta contra a jus tiça do seu Deus. “Eis que eu vos apertarei no vosso lugar, como se aperta um carro cheio de feixes. De nada valerá a fuga ao ágil, e o forte não corroborará a sua fôrça, nem o valente salvará a sua vida. E não ficará em pé o que leva o arco, nem o ligeiro de pé se livrará, nem tampouco o que vai montado a cavalo salvará a sua vida. E o mais corajoso entre os valentes fugirá nu naquele dia, diz o Senhor” (2:13-16) , Bis que eu vos apertarei no vosso lugar. Esta é a tradução mais exata do hebraico, mas a linguagem não satisfaz a alguns dos comentaristas, nem a todos os tradutores. Mas não consta que êles possam justificar as modificações do texto. As palavras pTX, oprimir, e PIB» cambalear ou oscilar, sugeridas por alguns, não são melhores do que o texto p iy . apertar ou fazer pressão. Mas seja qual fôr o sentido exato da linguagem figura tiva do versículo, o contexto indica um desastre terrível. Os versículos 13 a 16 apresentam-se como declarações en fáticas, oráculo do Senhor. É introduzida a declaração com ênfase pela palavra Eis, reforçada pelo pronome pes soal do Senhor, Eu,
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No transtorno inevitável, e no desbaratamento de Is rael perante o inimigo, a fuga do mais ligeiro de nada valerá; o mais forte não terá fôrças, e o mais valente não poderá sâlvar-se a si mesmo. Repete-se no versículo 16 em palavras diferentes o pensamento do versículo anterior, para dar ênfase à im possibilidade da salvação de Israel. A fuga é de fato uma debandada. Naquele dia significa no dia do Senhor que o profeta descreve em 5:18. Assim termina, nesta descrição do julgamento de Israel, a exposição básica da mensagem do livro. Não obstante as bênçãos recebidas do seu Deus, Israel não é melhor do que as nações vizinhas. Tinha pecado grave mente contra o Senhor com o tratamento injusto e a opressão cruel dos pobres e necessitados para satisfazer à sua própria voracidade. O seu modo perverso de pro ceder já chegou até à profanação do Santo Nome do Se nhor. O cúmulo das transgressões de Israel é a ingratidão e a infidelidade para com o seu Senhor que o salvou da escravidão e o guiou do Egito até Canaã, dando-lhe a terra como herança. O Senhor também levantou mes tres para ensinar e orientar o povo no caminho de reti dão e justiça, mas Israel preferiu andar no caminho da perversidade. O profeta explica como o Senhor tinha revelado o propósito da justiça, não somente na vida de Israel, mas também no castigo da crueldade dos seus inimigos e vi zinhos. Assim, na operação inexorável da justiça divina; na direção de todos os povos, o Senhor Deus de Israel podia aproveitar-se do poder agressivo do grande Impé rio da Assíria para transtornar os povos que recusaram ouvir a sua voz, e praticaram a crueldade desumana no tratamento para com os seus vizinhos. No caso de Israel, o procedimento dos homens que dirigiam a vida nacio nal violou não somente os princípios básicos da justiça
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na vida política e social, mas demonstrou até nos cultos religiosos a sua avareza e sensualidade. Já se tornara impreterível a destruição de Israel. Inesperadamente, òs israelitas, na prosperidade e sossêgo, têm que responder às exigências da justiça do seu Senhor. Nem a fôrça física, nem a destreza na guerra pôde salvar a nação das conseqüências dos seus pecados. Assim se apresentam, logo no princípio da profecia, os princípios básicos da sociologia do Velho Testamento. Israel Desprezou a Sóberafoia e a Autoridade Universal do Senhor Javé} o Seu Deus. O Deus justo exige no culto do seu povo a integrid ade para reconhecer e praticar a justiça nas suas rela ções sociais e nos seus negócios uns para com os outras. O culto cerimonial, as festas religiosas, as ofertas e sacrifícios oferecidos ao Senhor por homens que come tem pecados desumanos contra o seu semelhante não têm mérito nenhum. São antes abominações que suscitam a ira do Senhor da justiça, o Deus de Israel. Tôdas as nações e todos os homens são moralmente responsáveis perante o tribunal da justiça do Senhor. Até as nações, que não tiveram o privilégio de re ceber a revelação divina que Deus tinha dado a Israel, são moralmente responsáveis perante o tribunal do Se nhor Soberano de todos os povos da terra. Estas são convicções básicas do profeta, fundamen tadas, em parte, nos ensinos conhecidos e apresentados pelos profetas anteriores. Ma,s o profeta recebeu as suas credenciais, a sua incumbência e a sua mensagem dire tamente do Senhor. E, na sua pregação, a doutrina da justiça de Deus é mais claramente entendida e explica da, à luz da experiência pessoal de comunhão entranhada com o Espírito do Senhor e Governador dos céus e da terra. O profeta mostra como o Senhor da justiça con
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dena a nação de Israel, altamente privilegiada, mas es cravizada por seus desejos pecaminosos. A ênfase de Amós no julgamento divino de Israel, e no seu entendimento da operação do princípio moral na História, é uma das provas da grandeza de Amós, e do va lor universal e eterno da sua mensagem. II. TRÊS SERMÕES SÔBRE O DESTINO DE, ISRAEL, 3:1-6:14 Na segunda parte do liv*ro, o profeta desenvolve o tema apresentado nos capítulos um e dois. Os ouvintes tinham ouvido, com surprêsa e decepção, as declarações do profeta sôbre o julgamento divino de Israel. Com as provas evidentes das bênçãos de Deus na prosperidade de Israel, e com os preconceitos teológicos do povo, pare cia-lhe impossível que o Deus de Israel pudesse castigar o seu próprio povo. Política e economicamente, tudo ia maravilhosamente bem, especialmente para os dirigen tes do govêrno e dos negócios nacionais. Como se podia imaginar a possibilidade de que o Senhor Javé pudesse fazer cair qualquer desastre sôbre o povo da sua esco lha? Todavia, não se podia esquecer das palavras cor tantes do mensageiro corajoso sôbre os delitos de Israel. Tinha falado com sinceridade, e tinha exaltado a subli midade da justiça do Deus de Israel no castigo merecido de seus inimigos, e os ouvintes tinham apoiado jubilosa mente a sua mensagem dura a respeito das outras na ções. Cegos até então pelo próprio egoísmo, quanto à in justiça da opressão dos pobres e fracos pelos ricos e po derosos, alguns ouvintes começaram a sentir a fôrça da mensagem dura do profeta, e a reconhecer algumas-ver dades obstinadas na acusação de Israel. Aproveitando-se das dúvidas suscitadas no pensa mento dos ouvintes, e da excitação da consciência ador
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mecida por tanto tempo, o profeta procede no desenvol vimento das acusações contra Israel, acentuando cada vez mais, nestes três discursos, a arrogância, a avareza, a injustiça, a hipocrisia, a ingratidão e a infidelidade do povo que tinha recebido tantas bênçãos imerecidas do seu Senhor e Salvador. Encontra-se nestes capítulos o pri meiro profundo esclarecimento da vindicação da justiça divina na época cataclísmica da história de Israel. O Profeta Explica a Relação de Israel para com Deus, 3:1-8. “Ouvi esta palavra que o Senhor fala contra vós, o’ filhos de Israel, contra tôda a família que fiz subir da terra do Egito, dizendo: De tôdas as famílias da terra a vós somente tenho conhecido, portanto eu vos punirei por tôdas as vossas iniqüidades” (3:1-2). A primeira parte do versículo, Ouvi a palavra que o Senhor fala, é o princípio de um novo discurso. Com estas palavras de admoestação o profeta procura desper tar o povo para entender a razão e o motivo da sua pre gação, e que êle está transmitindo fielmente a mensagem do Senhor Javé, e não dizendo meramente as suas pró prias palavras. Proferida nos dias prósperos de Jeroboão II, a mensagem representa um contraste notável entre o ponto de vista do Senhor e o dos israelitas, a respeito das relações existentes entre Deus e o povo da sua escolha. Há um contraste significativo entre a justiça divina e a injustiça de Israel. O profeta entende e explica o grande contraste entre a condição perigosa de Israel e a certeza dos poderosos do povo de estarem firmemente seguros em Sião.
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Amós dirige a sua mensagem aos filhos de Israel, que na profecia geralmente significa o Reino do Norte. Mas as palavras, contra tôda a família que fiz subir da terra dó Egito, referem-se também, òu abrangem o povo de Judá. Ê provável que esta frase tenha sido acrescen tada por um redator subseqüente, indicada pela mudan ça da pessoa, que eu fiz subir. Judá sobreviveu à queda de Israel, devido à influência do profeta Isaías (II Reis 19:1-34), mas sempre ficava sob o mesmo julgamento da justiça divina. O profeta apresenta uma interpretação espantosa da eleição de Israel. Alarmante é o contraste entre a ex plicação profética e o ponto de vista de Israel sôbre o significado da eleição, fi repugnante o anúncio de que Israel, o povo escolhido de Deus, estará sujeito ao mes mo julgamento divino que os povos vizinhos que , não re conhecem o Senhor Javé como. seu Deus, e adoram a Baal e outros deuses. Se o poderoso Império da Assíria ameaçasse a se gurança de Israel, não seria mais forte ainda o Senhor Javé, o Protetor de Israel? Não protegeria o seu próprio povo, tão intimamente relacionado com êle pela liberta ção do poder do Egito, e pela orientação histórica da sua vida nacional? A resposta a êste modo de pensar é dura para os ou vintes, e até para alguns leitores modernos da profecia, à luz dos ensinos bíblicos em geral, sôbre a doutrina da eleição. Mas o profeta invoca o princípio da justiça de que privilégios especiais também importam em respon sabilidades maiores perante Deus. Somente a vós vos tenho conhecido de tôdas as famílias da terra. Os ou vintes concordavam perfeitamente com esta declaração profética. Êles, porém, acrescentariam, “Portanto, vos perdoarei os vossos pecados.” Mas o profeta declara: “Portanto, eu vos punirei por tôdas as vossas iniqüidades”, a mensagem positiva do Senhor da justiça.
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A frase, a vós vos tenho conhecido> expressa o pro fundo sentido da bondade do Senhor e da sua relação especial para com Israel, o que é indicado pela palavra w . Esta palavra fala da experiência íntima do amor imutável do Senhor, que salvou Israel da miséria no Egi to e dêle fêz a sua própria nação, com uma incumbência nobre e honrosa. Tinha dirigido a vida nacional do povo através dos perigos que tinha de enfrentar, segundo as obras e os princípios revelados ao seu Libertador Moi sés. Assim Israel tinha recebido a plena instrução so bre as atividades do poder do Deus da justiça, do Senhor da natureza e do Doador da vida. Assim também se ha via manifestado a escolha de Israel, não somente pela promessa do Senhor, mas também pela entranhada co munhão do propósito e da vida do Senhor na vida do seu povo. Do profundo entendimento da natureza da justiça do Senhor, e de tudo que êle tinha feito em favor de Israel, o profeta reconhece, no esforço de reclamar c apoio e as bênçãos divinas na vida de avareza e injus tiça, pelos israelitas poderosos e arrogantes, o acúmulo da injustiça. Portanto, foi inevitável a punição dos pe cados que tinham pervertido o sentido da justiça, e até da natureza de Deus, assim anulando a própria relação espi ritual com o seu Deus. Declara-se com ênfase, não so mente o princípio da responsabilidade encerrado no pri vilégio, mas expõe-se também a soberania do Senhor da justiça. A fôrça da mensagem de Amós é reforçada pela cer teza de que êle tinha conhecimento da natureza e do pro pósito do Senhor dos céus e da terra, e algum entendi-, mento da história do destino espiritual do homem. Na sua teologia a eleição de Israel é fato de profunda signi ficação, amplamente verificada pela História. Mas o pro feta apresenta uma verdade ignorada pelo povo de Israel, e nem sempre entendida perfeitamente por alguns teólo
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gos modernos: A eleição é sempre eticamente condicio nada, O profeta, é claro, dá ênfase especial sôbre o fra casso moral do povo eleito. Mas é um ensino fundamen tal da Bíblia o fato de que Israel foi escolhido pelo Se nhor para prestar um serviço especial ao mundo. Mas quando Israel se esqueceu do princípio da justiça encer rado na eleição, a doutrina gradualmente se tornou uma mera superstição. Nos versículos 3 a S o profeta expõe as exigências da justiça divina. “Andam dois juntos, sem estarem de acôrdo? Ruge o leão no bosque sem que haja prêsa? Levanta o leãozinho no covil a sua voz, se nada tenha apanhado? Cai a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? Levanta-se o laço da terra, sem apanhar alguma coisa?” (3:3-5) . Estudantes entendem os versículos 3 a 8 de pontos de vista diferentes. Alguns pensam que o profeta está apresentando um argumento para provar a sua autori dade como mensageiro de Deus. Mas a defesa da auto ridade do profeta simplesmente faz parte do argumento lógico contra o entendimento errado do acôrdo do Senhor com Israel. O profeta apresenta êstes exemplos da rela ção entre a causa e o efeito, como a base do argumento lógico de que Israel será destruído como nação, por cau sa da sua infidelidade para com o acôrdo que aceitou voluntàriamente do seu Deus. A pergunta retórica, Andam dois juntos sem esta rem de acôrdo? é dirigida ao povo infiel. Israel pode an dar com o Senhor da justiça, no desprezo da justiça di vina? Deus e Israel não podem andar juntos, enquanto
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Israel persistir na prática da injustiça. A Septuaginta lê , se não se conhecerem:, ao invés de VlJMJ, se não es tiverem, de acôrdo. Israel, na sua injustiça e hipocrisia se afastara para tão longe do Senhor, que não tinha co nhecimento do Espírito de Deus. Mas o Texto Massorético é melhor. A justiça divina, pela sua própria natureza, exige o castigo dos pecados e da infidelidade de Israel, porque o povo tinha violado o berith, o Concêrto do Senhor, re pudiando os compromissos solenes que tinham aceitado voluntariamente perante o Senhor. Isto significa a dis solução do acôrdo entre Deus e Israel. Deus não muda na sua natureza, nem modifica os seus planos e propósitos para com a humanidade. A santidade, a justiça e o amor do Senhor operam constantemente em perfeita harmonia para a realização dos seus eternos propósitos. Israel jul gava que a pregação de Amós representava a mudança do propósito do Senhor na eleição de Israel. Mas Israel tinha pervertido tanto a sua própria natureza moral que não era mais possível andar com o Senhor da justiça. O profeta está se referindo ao }V"]3 , berith, entre o Senhor e Israel. Precisamos reconhecer que a rejeição de Israel, como nação, por causa da sua infidelidade, não cancelou, de modo algum, o propósito do Senhor na escolha de Is rael. A amorável benignidade do Senhor para com Israel apresenta um exemplo permanente da operação da pro vidência divina. A finalidade da eleição de Israel foi rea lizada em parte na revelação apresentada na Palavra de Deus, e em parte no cumprimento da missão do Restante dos fiéis. Amós não desenvolveu a doutrina do Restante, mas reconheceu no fim da sua mensagem o propósito de Deus no levantamento do tabernáculo caído de Davi. Para ilustrar mais ainda a seqüência de causa e efei to, no castigo dos pecados de Israel, o profeta apresenta exemplos do leão e da ave que êle tinha observado na sua experiência como pastor no deserto.
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Ruge o leão no bosque, sem que haja prêsa ? A tra dução dos verbos pelo presente ao invés do futuro nestes versículos, talvez represente melhor a fôrça das ilustra ções. De Teeoa, aldeia no outeiro pedregoso, vinte qui lômetros ao sul de Jerusalém, Amós tinha observado cui dadosamente a operação normal das leis do Senhor. Não fazia, como o homem moderno, uma distinção definitiva entre as leis da natureza física e as leis éticas do Senhor. Tôdas as leis do Deus dos céus e da terra são justas e inexoráveis. A experiência com a aspereza física do de serto e o conhecimento da perversidade e da injustiça so cial de Israel prepararam o espírito do homem de Deus para entender e interpretar o desastre iminente de Israel perante a justiça divina. Quando o leão ruge está pronto para apanhar a prê sa . A vítima já está nas garras da morte. A linguagem é forte para representar o destino calamitoso de Israel. Na visão do profeta, Israel está condenado perante o tri bunal da justiça do Senhor, e o povo já está no poder da Assíria, o leão cujo rugido a vítima não quer ouvir nem entender. Fas soar o leãozinho no covil a sua voz, se nada tiver apanhado? é a segunda linha do paralelismo que reforça a lógica, ou a seqüência de causa e efeito. Outro exemplo do efeito que segue inevitavelmente a causa: Cai a ave no laço na terra, se não houver arma dilha para ela? Levanta-se o laço da terra, sem que te nha apanhado alguma coisa? Neste caso o presente dos verbos simplifica a linguagem. As duas partes do pa ralelismo proclamam em palavras variadas, e pontos de vista diferentes, a ilustração do desastre do povo. No entendimento do profeta, a nação está completamente desmoralizada, caída, sem possibilidade de se levantar, apanhada no laço poderoso da Assíria. Nada acontece por acaso. Para qualquer efeito há sempre uma causa. É impossível escapar a punição justa do pecado. Há per feito acôrdo entre o sentido da mensagem de Amós e a
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seguinte declaração do apóstolo Pauio: “Não vos enga neis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gál. 6 :7 ). Nesta série de perguntas retóricas o profeta apre senta ilustrações da seqüência de causa e efeito que os ouvintes não poderiam deixar de entender. As ilustra ções são escolhidas para dar ênfase ao desastre iminente e inevitável de Israel, se êle persistir na infidelidade pa ra com o Senhor. Os ouvintes puderam concordar per feitamente com a lógica das ilustrações de Amós, mas negaram que tivessem aplicação ao povo dè Israel. Ê o caso do ouvinte desviado que concorda com o sermão do pastor, mas aplica o ensino ao vizinho. A punição vem do Senhor da justiça, mas não sem avisar ao povo por intermédio do profeta. “Toca-se a trombeta na cidade, sem que o povo tenha mêdo? Sucede algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito? (3:6) . Quando se tocava inesperadamente a trombeta na cidade, o povo estremecia de mêdo, sabendo que era o sinal de qualquer calamidade. A incerteza aflitiva da na tureza do desastre, indicada pelo sinal, aumentou o ter ror do povo. Tocava-se a trombeta para dar o alarme contra animais destrutivos (Joel 2:1), ou para avisar, ao povo, do assalto do inimigo (Os. 5:8; Jer. 6:1; Ez. 33: 3 ). Por que, então, os ouvintes não ouvem as admoesta ções do profeta, e não seguem a orientação do mensagei ro do Senhor? A palavra mal, njn.» neste versículo, não se refere ao mal moral, mas ao infortúnio, ou o desastre iminente (I Sam. 6:9; Jer. 1:14; Is. 45:7). O Senhor Javé é soberano, governador de tudo que acontece, do bem e do mal. A estrutura do versículo sete não cabè bem no seu
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contexto poético. Alguns comentaristas acham que foi acrescentado por um escritor subseqüente. Todavia, a declaração representa perfeitamente o sentimento e a teologia de Amós. “Certamente o Senhor Javé não faz coisa alguma, sem revelar o seu conselho aos seus servos, os profetas” (3:7) . Os profetas são os servos do Senhor, e ao mesmo tempo os servos mais nobres do povo. Êles recebem e transmitem ao povo as mensagens e os propósitos de Deus. A palavra T)D pode significar discurso confidendal, conselho ou segrêão. Significa aqui o conselho se creto, ou as verdades ãa revelação divina que o homem não pode descobrir pela sua própria inteligência. A pa lavra assim tem quase o mesmo sentido de ^vcrTripiov, o propósito secreto do Senhor em Efésios 3 :9 .1 “Já rugiu o leão ; quem não terá mêdo? O Senhor Javé tem falado; quem pode deixar de profetizar?” (3:8) . Neste paralelismo o leão é o próprio Deus, represen tado por seu servo Amós. O bramido do Senhor é á mensagem do profeta, dirigida a Israel para despertar a sua consciência adormecida no sono da morte. Amós re cebera a sua mensagem do Senhor e não podia deixar de entregã-la. Êste resumo do argumento lógico do profe ta liga-se com os versículos três, quatro e seis, e chama a atenção para a providência do Senhor na admoestação e no apêlo ao povo. “Deus não deixa eternamente o homem nas trevas da ignorância, mas vem com a palavra segura da profecia para satisfazer os anelos do coração. A 1.
A p alavra tem profundo sentido no N ovo T estam en to: M ar. 4:11; A p oc. 17:5; E f. 5:32; A p oc. 1:20; 17:7; I T im . 3 :9. V er o Lex ico n , de T h ayer.
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revelação divina é o remate da natureza religiosa do homem. O caráter da:profecia bíblica é a pro va final e suficiente da sua origem divina.” 2 Mas no caso de Israel, a natureza religiosa, alimen tada por esperanças falsas, não podia receber' o conse lho do Senhor. Não é fácil analisar satisfatoriamente as operações da inteligência do homem de Deus. Podemos entender as eternas verdades que êle proclama, mas co mo êle fica prêso ao Espírito do Senhor, na comunicação com o Senhor, e tem o discernimento espiritual de ouyir a mensagem de Deus para o povo, e de distingui-la de seus próprios pensamentos, os teólogos não sabem explicar perfeitamente. Mas não temos dificuldade em entender que o Deus da justiça deu a sua mensagem a Israel, por intermédio do profeta de Tecoa, e que as verdades eter nas da sua profecia têm mais aceitação hoje do que ti nham nos dias do reinado de Jeroboão II. A Destruição Total de Samaria, 3:9-12
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Os versículos 9 e 10 descrevem os pecados de opres são e injustiça dos habitantes da cidade, e OS 11 e 12 fa lam das conseqüências terríveis dos pecados do povo na destruição completa da grande e orgulhosa métrópolè‘. A cidade foi fundada por Onri, no outeiro de quase cem metros de altura, cercado por montanhas, em três lados. Apreciei o, sítio magnífico na visita recente às ruínas co bertas quase que completamente pela terra. A cidade foi fortificada por Acabe. Tornou-se mais tarde uma fortár leza poderosa, defendida com tanta fôrça que resistiu por três anos ao sítio do poderoso exército da Assíria. “Fazei ouvir isto nas fortalezas de Asdode, e nos palácios da terra do Egito, . e dizei: Ajuntai-vos sôbre os montes dé Samaria, 2.
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- ' . vêde os grandes tumultos dentro dela, e as opressões no meio dela. Êles não sabem fazer o que é reto, diz o Senhor, os que vão entesourando nos seus palácios a violência e o roubo” (3:9-10). A Septuaginta traz Assíria ao invés de Asdode, mas Asdode representa a Filístia, inimiga poderosa de Israel por muitos anos. Israel tinha experiência amarga da injustiça e crueldade de ambos, a Filístia e o Egito. Estas nações, que não tinham o padrão moral de Israel, ficarão espantadas pelos crimes praticados dentro dos múros de Samaria, cidade capital de Israel. O hebrai co traz o têrmo montes ao invés do monte da Septuaginta. Se montes é o texto original, a palavra se refere aparen temente aos montes Ebal e Gerizim. Do cume dêstes po dia vér o monte de Samaria. Mas é mais provável que monte seja o têrmo original, e se refira à própria Sama ria. O singular cabe melhor no contexto e concorda com o uso em 4:1 e 6:1. Os tumultos sao as discórdias, as agitações, as lutas sociais e as perturbações que resulta ram cias atividades pecaminosas dos ricos e poderosos da cidade, da arrogância, e crueldade das suas injustiças, do suborno dos juizes, do roubo e da hipocrisia. Os profetas chamam freqüentemente a atenção para o fato de que o povo hebraico, com todos os seus privi légios religiosos, era mais pecaminoso do que os pagãos. O profeta ainda fala à consciência das pessoas religiosas dá nossa época que praticam assiduamente as suas for malidades religiosas, ou assistem aos cultos nas suas igrejas nos domingos, e nos dias da semana cometem pe cados escandalosos no meio dos vizinhos que não profes sam qualquer religião, mas dão testemunho da vida de honestidade e retidão. Infelizmente os incrédulos têm alguma razão na censura da vida de membros das igre jas. ,fí r:. ■■■■. .. ,
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Um dos resultados trágicos do pecado é a sua in fluência na personalidade do pecador. Na cegueira espi ritual, êle vai ganhando entendimento prático do mal, enquanto o seu espírito fica gradativamente paralisado na incapacidade de perceber e praticar á retidão e a jus tiça. O profeta reconhece que êste princípio opera na vi da nacional, bem como na vida pessoal. O particípio he braico descreve a ação linear, e diz, os que vão entesourondo a violência e o roubo inevitàvelmente sufocam a consciência. O profeta Jeremias também descreve o es tado dos que ficam espiritualmente asfixiados pela prá tica, por muito tempo, do mal. “Deveras o meu povo está louco, êles não me conhecem; são filhos néscios, e não têm entendimento; peritos são em praticar o mal, e não sabem fazer o bem” (4:22). As coisas entesouradas freqüentemente se perdem, mas o espírito ganancioso cresce na sua natureza peca minosa pela aquisição dos bens tão ardentemente dese jados (Rom. 2 :5 ). “Portanto, assim diz o Senhor Javé: Um adversário cercará a terra, derribará as tuas poderosas defesas, e os teus palácios serão saqueados. Assim diz o Senhor: Como o pastor livra da bôca do leão duas pernas, ou um pedaço de orelha, assim serão salvos os filhos de Israel, que habitem em Samaria, com apenas o canto dà cama e parte do leito” (3:11-12) .
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Há um ditado antigo que diz: “Os moinhos dos deu ses, moem devagar, mas trituram bem.” Na observação de muitos homens modernos, parece que a . providência de Deus, no castigo do pecado, opera muito devagar, ou deixa de manifestar-se por qualquer maneira, até que ve nha uma calamidade como a guerra para acordá-los. Os profetas de Deus entendem melhor as leis da justiça di vina que operam na história humana. Êste “Portanto” de Amós baseia-se na exposição da história de Israel, e corresponde no seu rico significado aos “portantos” do apóstolo Paulo. Apesar das grandes fortificações de Samaria, um ini migo poderoso cercará a terra e fará descer tôdas as suas poderosas defesas e apagará tôdas as suas esperan ças ilusórias. Os magníficos palácios, construídos à cus ta da opressão de vizinhos, e cheios de riquezas adquiridas pela rapina e roubo, vão ser completamente saqUeados e destruídos. Se a destruição de Israel resulta da situa ção política da época, o profeta reconhece nisto a opera ção das leis da justiça divina que operam constantemente na vida dos homens e na história das nações. Os podero sos opressores dos pobres e fracos não podem escapar ao devido castigo da sua crueldade. O profeta descreve o desastre dos opressores que mo ram nos palácios, de luxo e esperam ganhar o favor de Deus com os seus ritos religiosos e o sacrifício de animais nos altares de Betei. Responde às perguntas que pudes sem surgir no pensamento do povo. A destruição será completa? Ninguém escapará? Os nossos cultos e as nos sas ofertas não têm valor? Sim, a destruição nacional será completa. Como o pastor arranca da bôca do leão os restinhos do animal de vorado, assim serão libertos os habitantes de Samaria, com wpenas o canto da cama e parte do leito. É incerto o significado da palavra , parte, mas aparentemen te se refere a qualquer parte do leito luxuoso do rico, tal-
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vèk sló tecião dê sêâü, com desehhòs artísticos, f abricado em Damasco. Mas alguns traduzem a palavra perna do leito. A referência chama a atenção para o contraste en tre a vida abundante dos ricos e a Vida miserável dos pobres. Há interpretações diferentes sôbre os habitantes li bertos do desastre de Samaria. Pensam alguns que os' que se salvaram representam um restante dos fiéis ao Senhor, mas esta interpretação é forçada e não concorda com o pensamento da passagem. Êste profeta não fala do restante fiel, uma doutrina desenvolvida mais tarde. Israel foi completamente destruído como, nação, mas per maneceram alguns fiéis entre os samaritanos è outros israelitas que sofreram da destruição nacional, mas so breviveram. O profeta recebe ordéní de Deus para ouvir e testi ficar contra a casa de Jacó e anunciar o destino de Betei, o santuário dos reis e do povo de Israel. Não vejo razão para a declaração de Fosbroke 3 de que os versículos 13 a 15 interrompem a seqüência dos oráculos dirigidos a Sa maria . Betel era a capital religiosa de Israel, como Sa maria era a capital política. As duas capitais eram igual mente corrutas, e os moradorès de Samaria praticavam1 a sua hipocrisia em Betel, bem como na cidade de Sama ria. Foi em Betel que os hipócritas blasfemavam do No me do Senhor no esforço de suborná-lo com òfertas e dízimos. “Ouvi e dai testemunho contra a casa de Jacó, diz o Senhor Javé, o Deus dos Exércitos, que no diá em que eu. punir as transgressões de Israel, visitarèi também os ajtares de Bete!; e as pontas do altar serão cortadas, e cairão port terra” (3:13-14). . 3.
H ugbell É . W . Fosbroke, The In te rp re te rs Bible, Vol." V I, p.
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A destruição dos altares de Betei apagará completa mente qualquer esperança de salvação por meio de uma religião hipócrita que chega a blasfemar do Nome de Deus. Como a cidade de Samaria representava a degene rescência política e moral de Israel, Betei era o foco da hi pocrisia. Êste centro do culto era venerado pela casa de Jacó, por causa da experiência tida pelo patriarca naque le lugar com Deus (Gên. 28:10-22; 35:1-7). Havendo perdido o conceito espiritual de comunhão com Deus, Is rael, como as nações, julgava que poderia ganhar a pro- , teção e as bênçãos do seu Deus por meio de sacrifícios de animais e de cultos cerimoniais, e assim ficar livre para continuar a prática de seus negócios pecaminosos. O cen tro do culto nacional será tão completamente destruído como a càpital política. O Senhor da justiça demolirá o santuário com todos os seus acessórios. As palavras punir ou visitar e transgressões re petem-se através da mensagem de Amós, e acentuam o tema da sua pregação. Alguns pensam que a pala vra altares, n i r a t » , deve ser mudada para o singular a fim de ficar em harmonia com o têrmo na segunda linha. Outros sugerem que a palavra original seria pilar ou c o h m a JISXD . Os pilares sagrados tinham uma influên cia poderosa no culto de Israel, como se nota no estudo da profecia. A masseba, coluna, é proibida em Deut. 16: 21 e Lev. 26:1. As palavras do profeta, as pontas do altar serão cortadas e cairão por terra, soaram aos ou vidos do povo como blasfêmia. Foi destas pontas que o homem pegava em busca de refúgio do inimigo (I Reis 1:50). Os altares históricos de Betei, associados com Abraão e Jacó (Gên. 12:8; 35:7), tiveram uma santida de peculiar para os israelitas. Através da sua história, o povo tinha oferecido sacrifícios no altar de Betei (I Sam. 10:3; I Reis 12:28-31; 13:1; Amós 9:1; Os. 4:15; 10: 1,2,8). O profeta Oséias falou de Betei, casa de Deus, co mo Bete-Aven, casa de iniqüidade.
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“Derrubarei a easa de inverno com a casa de verão; e as casas de marfim perecerão, e as grandes casas terão fim, diz o Senhor” (3:15). As descobertas modernas dos arqueólogos nas ruínas de Samaria concordam perfeitamente com a descrição das casas de inverno e de verão do profeta. As ruínas de um dêstes palácios suntuosos mostram que foi construído com grandes pedras lavradas, tendo uma forte tôrre re tangular, e um jardim espaçoso em redor. Os arqueólo gos julgam que teria sido construído por Jeroboão II. Acharam-se nas ruínas numerosos marfins. Muitos dês tes ficaram em pedaços, mas alguns tinham a forma de placas e painéis que se embutiam na mobília e nas pare des da casa. Foram gravados com figuras artísticas que representam a cultura da época: lótus, lírios, plantas, leões, veados, figuras de pessoas aladas, esfinges e fi guras de deuses egípcios, como Isis e Horus.4 Para os ricos, com o seu conceito pagão de Deus, desprêzo dos direitos humanos e a falsa noção de que os seus sacrifícios podiam ganhar os favores divinos, os magníficos palácios eram evidências visíveis-das bênçãos do Senhor. Mas o Senhor da justiça, o Deus dos céus e da terra, derrubará êstes palácios de luxo, adquiridos e mobiliados à custa das vítimas que tinham oprimido e roubado. A Avareza das Mulheres de Samaria, 4:1-3 ’ “Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, as opressoras dos pobres, as esmagadoras doa necessitados, que dizeis a vossos maridos, Dai cá, para que bebamos! 4..
A A rq u e o lo g ia B íb lic a , p . 200-201
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”v»vK / Juj-flíij. © Senhor Javé pela sua; santidade: Eis que vêm dias sôbre vós, quando vos levarão com anzóis, • ^ até a última com fisga de pesca. Saireis pelas, brechas, cada uma ,em frente de si; e sereis lançadas para Hermom, , , , diz o Senhor” (4:1-3) í As mulheres elegantes, arrogantes, avarentas e aqui sitivas, na sua perversidade, incitavam os maridos a opri mir os pobres e esmagar os necessitados para satisfazer à suá vaidàde extravagante. Com os particípibs defini tivos, o hebraico diz: as opressoras dos pobres, as es magadoras dos necessitados. Portanto elas sofrerão: jun-: tâníente còm os homens o castigo da süa injústiça im piedosa ! Ouvi esta palàvra, vacas de Basã. Está brève: mensagem, dirigida às senhoras, é a mais vitriólica con denação dá injustiça dos israelitas pela exposição da jus tiça divina'. Os israelitas pensavam de Basã, ao leste do Mar da Galiléia, como sendo terra de montanhas, de car valhos, leões, gado de tamanho enorme e homens rudes é vigorosos, ’ gigantes, ou refains. Ver Is. 2:13; Miq. 7:14; Déut. 32:14. O gado é representado como gòrdo é feroz. O pejorativo vacas de Basã é bastante forté e pi cante, mas indica também o poder e a influência das mulheres elegantes na corrução da vida social e econô mica do povo de Israel. O texto hebraico dêstes três versículos e,stá em con fusão. Traz o masculino imperativo do verbo ouvir, co mo também o sufixo masculino com o têrmo maridos, còííi á !preposição sôbre e com o sinal do objeto direto. As outras formas são femininas e concordam gramatical mente com vacas de Basã. Tambétn a' mudança abrupta da imagem de vacas, no primeiro versículo, para a de peixe, no segundo, complica a construção. Mas apèàar da
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mexplicávèl fálta de;concordância gramatical nos porme nores,* 0 destino1das mulheres de Samaria é bastante cla ro, pois é decretado pelo juramento do Senhor Javé. © Senhor tinha jurado pela sua santidade, o característico^ ou 0 atributo essencial, da sua natureza. Os dias da re tribuição das transgressões das vacas de Basã estavam: chegando, de acôrdo com a jüstiça divina. ’ No sítio e na destruição de Samaria, os inimigos vos levarãô com anzóis, até a última de vós, com fisga de pesca. A frase até a última de vós é mais clara e traduz melhor o hebraico do que e as vossas restantes, ou as vossas descendentes. Esta última frase, de Almeida, não concorda com o sentido do contexto. The Interpreter’s Bible comenta: “Elas serão des nudadas do seu vestuário de luxo, e jazerão mortas nas ruas, e varredores arrastarão os seus cadáveres ao mon te de lixo. ” 5 Mas esta interpretação não concorda com o versículo três, nem se justifica como tradução. Saireis cada uma em frente de si pelas brechas, e, sereis lança das para Hermon. Cada uma andará do lugar onde esteja prêsa, diretamente para a frente, e passará pelas bre chas: nos muros da cidade, abertas pelo inimigo. Hermom é a transliteração da palavra hebraica, cuja significação é desconhecida. Não pode ser indentificada com qualquer lugar conhecido . Assim o profeta condena severamente a vida urbaria de Samaria, não porque os habitantes tinham aban donado a vida pastoril,, mas porque os seus magníficos palácios, e a vida de luxo, representavam a sua arrogan te injustiça na opressão desumana dos pobres que não ti nham defesa. Amós era cidadão de Tecoa, um pastor em boas circunstâncias econômicas, e não pertencia à clas se de oprimidos que defendia. Não se sabe como êle che gou a conhecer as condições religiosas de Israel, mas é 5.
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razoável supor que tinha feito viagens até Samaria e Betei, talvez para vender os frutos do seu trabalho. A terra não é muito grande, e os homens podiam atraves sá-la sem dificuldade. Como pastor de inteligência extra ordinária, treinado pelas experiências nas regiões mon tanhosas de Tecoa, Amós tinha observado pessoalmente as graves desordens da sociedade em tôda parte. Com o conceito da majestosa justiça do Senhor Javé dos céus e da terra, o profeta vocacionado ficou perfeitamente habi litado para analisar as causas das condições horríveis da sociedade no reino de Israel. O problema era fundamentalmente teológico. O de sequilíbrio social foi devido à injustiça social, baseada noconceito pagão de Deus. O profeta ficou profundamente comovido com a falsa noção que o povo tinha do Senhor, epela prática sórdida de aquistar riquezas. Os opressores não somente desprezavam os direitos e a dignidade huma na de suas vítimâs, mas blasfemavam também do Nome do Senhor da justiça. Os Pecados que Acentuavam a Culpa de Israel, 4:4-5 O profeta mostra que Israel não entendeu os juízos providenciais de Deus na sua vida nacional para levá-lo ao arrependimento. Repetidamente o Senhor tinha in dicado o seu desagrado para com a infidelidade do seu povo, pela fome, pela sêca e pelo crescimento e ferrugem, pela pestilência, pela guerra e pelo terremoto, mas Israel não quis arrepender-se de seus pecados e voltar para Deus. Portanto, êles teriam que experimentar a retri buição da justiça divina. Nos versículos 4 e 5 o profeta fala ironicamente: “Vinde a Betei e transgredi, a Gilgal e multiplicai transgressões; trazei cada manhã os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos de três em três dias.
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Oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e proclamai ofertas voluntárias, publicai-as; Pois assim gostais de fazer, ó filhos de Israel, diz o Senhor Javé (4:4-5) . É provável que o profeta estivesse falando direta mente ao povo em Betei, na ocasião de uma das festas religiosas, quando apresentava os seus dízimos e sacrifí cios. Assim a ironia era especialmente apropriada para desmascarar a hipocrisia dos festejadores. Os ouvintes tinham chegado a Betei para se regozijarem na exalta ção de si;mesmos, o perigo que se manifesta freqüente mente nos cultos da beleza que apelam aos sentidos físi cos e não ao espírito de amor e adoração de Deus. A palavra Gilgal significa Círculo de pedras sagra das. Mais de üm lugar na Palestina tinha êste nome. Talvez se refira aqui a Gilgal do vale do Jordão, perta de Jericó, associada com a travessia do Jordão na lide rança de Josué (Jos. 4:19-20). Mas pode indicar a Gil gal perto de Betei, mencionada em II Reis 2:1; 4,38. As frases sacrifícios cada manhã e dízimos de três em três dias exageram ironicamente o zêlo excessivo do povo no seu culto cerimonial. Esta tradução normal con corda perfeitamente com o contexto. Mas o hebraico po de significar de manhã e no terceiro d ia . Esta versão re presentaria o procedimento normal na oferta de sacrifí cios e dízimos. Refere-se aos sacrifícios oferecidos anual mente (I Sam. 1:3, 7, 21). O profeta convida os zelosos no seu culto a oferecer os animais cada manhã ao invés de cada ano . Segundo Deut. 14:28, o povo devia apre sentar os dízimos do fruto do terceiro ano, ao fim de ca da três anos. Ver também Núm. 18:21-28. Esta passa gem indica que o povo deve dar os dízimos de tudo para. o sustento dos sacerdotes e levitas. Depois da matança ritual do animal para o sacrifício, o povo celebrava uma
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fçsta, comendo a carne da vítima, e oferecendo ò sangue e a gordura ao Senhor. Continua o profeta na disposição irônica, exortando ao povo para aumentar mais o seu zêlo, queimando o pão levedado, raramente queimado, para fazer dêle um in censo aromático, como oferta de louvor ou de graça. Se gundo Lev. 2:11; 7:12, a lei proibia que qualquer fer mento fôsse queimado por oferta aó Senhor. . Possivel mente, o profeta está se referindo a um costume novo, em processo de desenvolvimento (Os. 3:1), com a idéia de que uma oferta de louvores preparada com fermento & o mel de uvas seria mais aceitável. As ofertas voluntá rias normalmente expressavam o sentimento do coração* mas o; profeta insiste ironicamente em que o povo as pu blicasse: “Pois assim gostais de fazer”, o que é inteira mente contrário ao verdadeiro motivo de tais ofertas. Assim Amós condena o motivo da religiosidade for mal de Israel que fêz uso de ritos cerimoniais e sacrifí cios como meio de ganhar a boa camaradagem do Se nhor, para assim subordiná-lo à sua própria vontade na satisfação de seus desejos egoísticos. Revelava um en tendimento inteiramente errado do caráter de Deus e do espírito de adoração ao Senhor dos céus e da terra. Os seus sacrifícios e o modo de oferecê-los representavam mais a influência do paganismo dos cananeus do que o espírito humilde de amor e gratidão ao Senhor Onipo tente . Por meio dos sacrifícios Israel procurava fazer do Senhor um bom camarada, como um dêles. Queriam que o seu Deus ficasse subordinado aos planos e propósitos dêles, e assim apoiasse a satisfação dos prazeres egoísti cos dêles, e a exibição da sua própria importância. Se ficarmos admirados por esta mentalidade reli giosa dos israelitas no tempo de Amós, convém examinar o nosso coração e o nosso conceito de Deus à luz dag nos sas aspirações religiosas. Êste mensageiro de Deus fala não somente ao povo hipócrita da época, mas freqüente
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mente aponta a superficialidade da vida espiritual das sociedades religiosas em todos os dias da história huma na. Em contraste com êste conceito de Deus e a quali dade da religião que produziu, o profeta procede a expli cação das atividades do Senhor na revelação da sua eter na e imutável justiça. Avisos e Admoestações da Providência Divina, 4:6-13 “Eu também vos dei limpeza de dentes em tôdas as vossas cidades, e falta de pão em todos os vossos lugares; contudo não voltastes a mim, diz o Senhor, Eu também retive de vós a chuva, quando ainda faltavam três meses até a ceifa; fiz que chovesse sôbre uma cidade, e que não chovesse sôbre outra; um campo recebeu a chuva, e o campo que não recebeu a chuva secou; assim duas ou três cidades vaguearam a uma cidade, para beberem água, mas não se saciaram; contudo, não tendes voltado a mim, diz o Senhor” (4:6-8) . Nos versículos 6 a 8 o próprio Deus declara, por in termédio do seu mensageiro, que a fome e a sêca falha ram no propósito divino de despertar e atrair o povo es colhido para o Senhor Javé dos Exércitos. Não obstan te as dificuldades mencionadas pelos comentaristas, não há dúvida de que as citações do castigo discíplinador de Israel são elocuções autênticas do profeta Anaós. O ver sículo sete oferece dificuldades na construção, mas d ênfase nos resultados desastrosos da sêca concorda com a experiência do povo. Os israelitas da época julgavam que quaisquer desastres que lhes sobreviessem seriam
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mandados como castigo divino de seus pecados (II Sam. 21), mas Amós não menciona qualquer pecado que tives se sido a ocasião dos infortúnios mencionados. Êstes de sastres físicos mostram que o Senhor é soberano, não so mente na vida e na história humana, mas também nas fôrças físicas do cosmos que trazem a morte e a destrui ção. O profeta reconhece também o propósito disciplinador das calamidades físicas que trazem o sofrimento e a aflição do espírito. Eu vos dei limpeza ãe dentes. O pronome pessoal, ‘'SK , no princípio dêste versículo dá ênfase ao propósito do Senhor no castigo de Israel. Como os cananeus, Is rael quis agradar ao seu Deus com sacrifícios, na espe rança de receber dêle o socorro divino na aquisição de riquezas e na vida de luxo. Repudiando os compromis sos solenes e as responsabilidades do Concêrto que tinha recebido voluntàriamente e com gratidão, depois do seu libertamento do Egito, Israel tinha perdido a capacidade de discernir a gravidade da sua revolta contra a justiça divina. Neste estado de ignorância, o povo não compre endeu, nem era mais capaz de compreender, que nestas visitações de disciplina o Senhor lhe estava oferecendo o ensêjo de receber conhecimento mais profundo das gran des atividades da prpvidência divina na sua vida nacio nal. Por outro lado, o profeta Amós tinha aprendido, nas montanhas de Tecoa, pela experiência das exigências da natureza física, a entregar-se completamente ao cuidado do Senhor, e êste cometimento lhe dera um novo enten dimento da vida. Assim o mensageiro da justiça divina tinha experi mentado também a compaixão do Senhor* revelada na de claração, Contudo não voltastes a mim. A preposição aqui significa até para mim. Não convertestes com pletamente a. m im . Vacilastes entre mim e Baal. “Até quando ireis coxeando com duas opiniões diferentes?” . (I Reis 18:21; Jos. 24:15). Estas palavras, ou frases se
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melhantes, encontram-se freqüentemente no Velho Tes tamento, representando sempre a fidelidade imutável do Senhor ;em contraste com a infidelidade de Israel (Os. 6:1; 14:1; Is. 10:21; 31:6; 44:22; 55:7; Jer. 3:1, 12, 22; 4:1; Deut. 4:30; 30:2,8; I Sam. 7:3; II Crôn. 6:24, 38;'Sal. 78:34; Mal. 3:7) . Nota-se na leitura destas re ferências que em tôdas as épocas e vicissitudes da histó ria de Israel, e por muitos dos seus mensageiros, o Se nhor, no seu amor constante e imutável, oferece ao povo vacilante o ensêjo de arrepender-se dos pecados de infi delidade, e voltar ao regaço do seu Salvador. A palavra a m íí* , voltastes, com o têrmo equivalente, èmorpéfaiv (Atos 3:19; 9:35; 11:21 e I Tess. 1:9) contribuiu para o desenvolvimento do conceito do têrmo “conversão” no Novo Testamento. Descrevem os versículos sete e oito os efeitos da sêca. Eu também retive de vós a chuva. O pronome pes soal Eu repete-se com ênfase. Foi o próprio Senhor que reteve a chuva. A frase três meses antes da ceifa, refe re-se à cessação prematura das chuvas que caíram na última parte' de fevereiro, ou nos primeiros dias de mar ço, apenas um mês antes da ceifa. Sem estas chuvas no *seu tempo, a ceifa ficava destruída pela sêca. O Senhor Javé assim demonstrou o seu poder de re ter a chuva numa cidade, dando ao mesmo tempo evidên cia de seu poder de dar a chuva sôbre outra cidade vi zinha. Cambaleariam ou vaguearam por duas ou três cida des, indo a outra cidade, para beberem água, mas não se sa,ciamm. Na falta de chuva, e no sofrimento do povo pór falta dágua para beber, Deus estava operando com o propósito de induzir a nação escolhida a reconhecer a sua infidelidade e voltar ao seu Senhor e Salvador. Contudú, não voltastes a mim. “Feri-vos com crestamento e ferrugem; ,
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a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, devorou-a o gafanhoto; contudo, não Voltastes a mim, diz o Senhor. Enviei entre vós a peste, à maneira dó Egito; < matei à espada os vossos jovens; levei presos os vossos cavalos; e fiz subir aos vossos narizes o mau cheiro dos vossos arraiais; contudo, não voltastes a mun, diz o Senhor” (4:9-10). Nos versículos 9 e 10 o profeta explica que a quei madura e a ferrugem das plantações, a destruição das hortas, das vinhas, das figueiras e das oliveiras, a peste e a guerra falharam no propósito de despertar o povo infiel ao arrependimento e à volta ao Senhor. O erestamento descreve o efeito devastador do vento abrasador que veio do deserto. A ferrugem é uma doença que mata a clorofila das plantas e lhes rouba a vida. Seguindo o texto modificado por Wellhausen, a IiSV traduz: “Eu devastei as vossas hortas e as vossas vi nhas.” O Texto Massorético é complicado mas claro. O gafanhoto devastou as hortas e as vinhas, as figueiras e as oliveiras. A peste, à maneira do Egito indica a ma lignidade das pestes que têm a sua origem no Egito : “do enças malignas do Egito” (Deut. 7:15). A frase matei os vossos jovens à espada não se refere a qualquer bata lha, ou a qualquer ocasião, mas ao longo conflito com a Síria quando Hazael e Bene-Hadade mataram numerosos jovens de Israel (II Reis 8 a 12; 13:3-7) . Os cavalos fo ram levados pelo inimigo. Em Êxodo 22:9 fala-se tam bém de animais levados em cativeiro, usando-se a mes ma palavra que descreve o cativeiro dos homens. E 'eu fiz subir o fedor dos vossos arraiais aos vossos narizes.
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A matança foi tão grande que o mau cheiro dos cadáve res não sepultados causou a peste que seguiu a guerra. “Subverti alguns dentre vós, como Deus subverteu a Sodoma e Gomorra, e vós fôstes como tiçâo arrebatado do incêndio; contudo, não voltastes a mim, diz o Senhor” (4:11). O ponto de comparação não é a maneira da subverção de algwns dentre vós e a destruição de Sodoma e Go morra. As cidades foram destruídas por enxofre e fogo (Gên. 19:24,25), mas a devastação dentre vós foi re pentina, talvez como o resultado de um terremoto forte, segundo a opinião geral. Alguns pensam que o profeta se refere à situação crítica no reinado de Jeoaeaz, quan do Israel foi arrebatado como tição da fogueira. De qual quer maneira, o profèta está declarando que á nação foi quase exterminada. Era o castigo mais severo que o po vo tinha recebido como admoestação da parte do Senhor. Mas o povo insensato não podia reconhecer o significado de qualquér admoestação da parte do Senhor . Assim estas visitações divinas acentuaram a ceguei ra de Israel, mostrando que o povo, na sua infidelidade, tinha perdido a capacidade de discernir ou reconhecer o propósito amorável do Senhor nestas admoestações. Ca da uma das cinco estrofes começa com o verbo perfeito na primeira pessoa do singular, representando o próprio Senhor como quem está falando: Fui éu que vos feri; fui eu que vos dei a fome; fui éu que vos retive a chu va; fui eu que enviei a peste; fui eu que vos subverti com a decadência. Israel desprezou o propósito divino de ca da uma destas visitações, e não quis voltar ao seu Deus. O Israel injusto tem que se encontrar com o seu Se nhor, o Deus da justiça. L.
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“Portanto, assim te farei, ó Israel! E porque te farei isso, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus. Pois, eis, que é êle quem forma os montes e cria os ventos, e declara ao homem qual é o seu pensamento, quem faz da manhã trevas, e pisa sôbre os lugares altos da terra; o Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome” (4:12-13). Portanto, visto que as visitações de disciplina (4:411) falharam no propósito divino de levar Israel ao ar rependimento, êle tem que sofrer as conseqüências dos seus pecados de injustiça, da infidelidade para com o Se nhor e da obstinada recusa de reconhecer e responder aos apelos carinhosos da providência divina que lhe oferecia o privilégio de renunciar a rebelião e voltar ao seu Deus. •Que ameaça é indicada pela palavra assim? Qual será o sofrimento de Israel? O profeta não especifica. O cas tigo não especificado pode ser mais terrível na imagina ção do povo, justamente por esta razão. Nos desastres mencionados pelos versículos anterio res, o Senhor tinha mostrado ao povo escolhido os ca racterísticos da fidelidade divina, do amor imutável e da justiça inexorável do Senhor do Concerto. Os terrores do castigo divino já enumerados apresentam-se como ad moestações da punição final que Israel pode esperar. É impossível determinar o pensamento exato do profeta sôbre o castigo futuro dé Israel, mas é provável que o sofrimento do povo, na história subseqüente, fôsse maior do que o profeta esperava. Mas Israel tinha repudiado as suas responsabilidades para com o Concêrto do Sinai, e se tinha recusado a entender a realidade da providência
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carinhosa do Deus da justiça revelada na mensagem do mensageiro Amós. Inevitàvelmente chegará o momento quando terá que enfrentar o julgamento final do Senhor da justiça. A ameaça indefinida do profeta foi plenamente cum prida no sítio de três anos de Samaria pelo exército pode roso de Salmanaser V e Sargão II da Assíria. É provável que o genocídio praticado contra Israel pelo conquista dor represente um castigo mais terrível do que o profeta tivesse contemplado. Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus. Nos desastres mencionados, Deus procurava fa zer conhecidos certos atributos da sua personalidade que o povo se recusou a tomar em consideração. Não quis re conhecer a verdadeira natureza da justiça do Senhor. Os homens injustos podiam se recusar a entender o signi ficado das operações da justiça divina na vida nacional, mas não podiam fugir do encontro iminente com o Senhor da justiça no castigo da nação infiel. A hora estava che gando quando Israel teria que receber a punição mereci da. Depois de tanta rebeldia, tanta obstinação e tanta ignorância voluntária da justiça divina, Israel será cha mado para prestar contas perante o Senhor que o libertou da escravidão e o escolheu para ser o seu povo sacerdo tal. A possibilidade do arrependimento de Israel, ou pelo menos de um restante de Israel, não está positivamente excluída desta exortação, mas o pensamento do profeta é claro. O dia do arrependimento de Israel, como nação, tinha passado, e êle precisava ficar avisado e assim pre parado para o encontro com o Senhor da justiça, e rece ber a sentença final da condenação. Depois de fazer uma explicação do versículo, Calvino declara que não é impróprio apresentar a possibi lidade do arrependimento de Israel. “Prepara-te, então, para te encontrares com o teu
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Deus. Embora tu sejas digno de ser destruído, e embora o Senhor tenha áparentemente fechado a, porta da misericórdia, e o desastre té encontre em todos os lados, tu podes ainda mitigar a ira de Deus, na condição de ficares preparado para o encontro” 6 Ültimamente alguns estudantes desta profecia têm chamado uma atenção especial aos versículos 4:13; 5:8; 9:5-6, reconhecendo-os como porções de um hino anti go. O Dr. John D. W. Watts, do Seminário Teológico de Ruschlikon, apresenta uma análise e exposição destas três passagens no capítulo três do seu monógrafo, Vision anã Prophecy in Amós. Êle pensa que o hino é mais antigo do que a profecia de Amós, e que o próprio pro feta citava estas passagens para reforçar a sua men sagem .7 Outros julgam que estas doxologias foram escri tas depois do tempo de Amós, e interpoladas na profecia, por um escritor algum tempo depois da época do profe t a .8 Mas a teologia das passagens concorda perfeitamen te com a da profecia em geral, e tem cabimento no con texto . Alguns alegam que o estilo dos versículos indica que não foram escritos por Amós, citando especialmente o uso freqüente dos particípios nas passagens. Mas Amós era poeta, e mostra em tôda parte da obra a destreza literá ria em adaptar o estilo poético ao assunto que apresen ta. Quando Amós quis descrever ação linear, êle usou particípios freqüentemente, como se vê nos versos 1 e 3 do capítulo cinco, logo em seguida. A teologia do versículo, denominado doxologia por alguns, é o resumo dos pensamentos teológicos que se encontram em tôda parte da profecia, especialmente nos 6. Com mentaries on tlie Tivelve Minor Prophets, Vol. II, p. 244. 7. 8.
P . 51, e se g .
Op. c i í . / p . 808.
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nomes de Deus, o. Senhor Javé, 3:7,11,13; 4:2,5, e em mui tos outros lugares. Deus se apresenta através da profe cia como o Criador, como o Senhor das nações, das leis da natureza física e das leis éticas e morais. Assim, neste versículo, o Senhor Deus dos Exércitos é aquêle que forma os montes, cria os ventos e declara ao homem qual é o seu pensamento. Em Jeremias 17:10 e o Sal. 139:2, o Senhor declara ao homem, por inter médio de seus mensageiros, que êle esquadrinha o cora ção humano, e mostra o seu estado perante Deus. Êle jul ga não somente os atos, como também os pensamentos e as emoções (3:10; 4:1) . O Senhor Javé dos Exércitos é Aquêle que vai pi sando os altos da terra. No seu egoísmo e na sua torpeza, Israel tinha reduzido o seu conceito do Senhor até ao pon to de pensar que poderia comprar os seus favores e as suas bênçãos com cerimônias, festas, ofertas e dízimos. Assim o profeta procura acordar o povo pela apresenta ção do Senhor Javé na sua grandeza, como o Todò-Poderoso nos céus e na terra, o Onisciente e o Soberano nas obras da criação. Canto Fúnebre, Anunciando a Destruição Iminente de Israel, 5:1-3 ' “Ouvi esta palavra, que levanto como lamentação sôbre vós, ó casa de Israel: Caída é a virgem de Israel, para nunca mais se levantar; abandonada está na sua terra, , não há quem a levante. Pois assim diz o Senhor Javé: A cidade que sai em número de mil, terá de resto cem, e a que sái em número de cem, terá dez, para a casa de Israel” (5:1-3) • , ...
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O profeta começa um novo discurso com as palavras, Chovi esta palavra. Pronuncia uma lamentação profunda mente triste sôbre a nação caída. Êle deseja acordar, se fôr possível, o coração endurecido de seus ouvintes, e os levar ao arrependimento. Mas a lamentação indica que não tinha mais esperança. Esta mensagem, nos dias prósperos de Jeroboão II, representa o grande contraste entre o entendimento do povo em geral, e a revelação profética sôbre a condição moral e religiosa de Israel. Israel não podia compreender a significação da justiça divina. Não estava em condições de perceber como o Deus de Israel podia ficar profundamente dessatisfeito com o seu povo escolhido, tão próspero e tão religioso. Não tinha notado, até então, qualquer indício de que o Senhor pretendia mandar sôbre a nação os castigos ter ríveis anunciados pelo profeta. Nestas circunstâncias, o mensageiro do Senhor reconheceu a necessidade impe riosa de expor cada vez mais claramente os pecados, e o destino trágico do povo obstinado nas suas esperanças falsas. Acostumado a tapar os ouvidos contra qualquer repreensão desagradável, Israel ficou cada vez mais en durecido . !Mas o profeta fiel não podia deixar de apresentar o apêlo do Senhor Javé, o Deus dos Exércitos dos céus e da terra. Ouvi esta palavra que levanto como lamentação sôbrê vós, 6 oasa ãe Israel. Se não há mais esperança para a nação caída, por que o profeta pronuncia a elegia, ou a lamentação, sôbre a queda do reino, quando ainda está em plena prosperidade? A poesia é exemplo perfei to do hino fúnebre. Tem o ritmo geralmente usado nas poesias de lamentação, três acentos, seguidos pòr dois. Preservam-se até na. tradução os característicos da ele gia. Üsa-se a forma completa do verbo cair para acentuar o evento já realizado no plano de Deus, e do ponto de vista do profeta. A palavra hebraica, , cam, indica
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uma morte violenta, especialmente a morte na batalha (II Sam. 1:10; Sal. 10:10; Prov. 11:28). O têrmo vir gem de Ismel é usado aqui pela primeira vez, e mais tar de em Jeremias 18:13; 31:4,21. Refere-se à castidade de Israel, no seu idealismo, como a nação escolhida, salva pela graça divina para servir como o povo messiânico do Senhor. A queda de uma virgem era uma grande tra gédia em Israel. A tragédia de Israel, como nação, é mui to mais lamentável. A frase pura nunca mais se levan tar refere-se à nação como tal. Havia esperança de per dão e misericórdia, para as pessoas que se arrependes sem de seus pecados, mas estas teriam que sofrer como membros da nação pecaminosa. A lamentação de Amós não é uma mera dramatiza ção. Veio do coração entristecido pela contemplação da morte do -povo tão privilegiado na sua história, na sua origem miraculosa, nas bênçãos divinas e na sua esco lha como nação messiânica. Está morrendo tràgicamente sem cumprir as promessas da sua vigorosa juventude, e sem cumprir a grande missão para a qual foi escolhida e orientada. No versículo três, o profeta transmite a sentença divina sôbre a nação infiel. Descreve em têrmos concre tos o desastre da queda mencionada no versículo anterior. Do exército de mil soldados que qualquer cidade possa mandar para a guerra em defesa da pátria, nove décimos serão tràgicamente exterminados . No tempo de Amós, os soldados foram chamados, segundo as áldéias e cida des, mas, antes do reinado de Salomão, foram inscritos segundo as tribos e famílias. A linguagem é geral, fi gurativa e representa o desastre que havia de cair sôbre qualquer grupo, ou grupos, de soldados que pudessem sair em defesa do reino contra o inimigo. Um destino comum cairá sôbre todos os grupos de defensores, grandes ou pequenos. Não há esperança para a nação infiel; o seu destino trágico está determinado.
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Exortações e Denúncias, 5:4-15
Mais uma vez o profeta exortou os israelitas ao arrependimento, sabendo que o seii destino, como nação, já está determinado. Mas enquanto Israel permaneceu, ele representava as doutrinas da justiça divina perante as nações, e assim precisava arrepender-se dos seus pe cados e demonstrar a fé como o povo do Senhor. O pro feta sentia-se incumbido de apresentar-lhe ainda a es perança de perdão na condição de arrependimento e f é . Contraste entre a Religião de Israel e a Busca Genuína do Senhor, 5:4-6 “Pois assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei. Mas não busqueis a Betei, e não entreis em Gilgal, nem passeis a Bersebâ; porque Gilgal certamente irá ao cativeiro, e Betei será desfeita em nada. Buscai ao Senhor e vivei, para que não irrompa como fogo na casa de José e devore, sem que ha ja em Betei quem o apague” (5:4-6).
O profeta não vacila na certeza de que está apre sentando ao povo a mensagem do Senhor, e não simples mente os seus próprios pensamentos. Mas o seu espírito apoia com tristeza a mensagem que proclama. Pois as sim kliz o Senhor à casa de Israel. Ê profundo o sentido dos dois imperativos, buscai-me, , e vivei, *p|Tl • O profeta está pensando em co mo Israel poderia evitar o perigo iminente da morte na cional, e vivér em comunhão com o seu Deus. Mas as verdades eternas proferidas pelos profetas freqüente
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mente têm um sentido mais profundo para os salmistas e os crentes em Cristo do que tinham para os primeiros ouvintes. A palavra buscar tem dois sentidos. Era usa da no sentido de buscar um profeta para obter, por in termédio dêle, a resposta do Senhor a qualquer pro blema, ou para indagar a vontade de Deus a respeito de qualquer ássunto de importância especial (Êx. 18:15; I Sam. 9:9; II Reis 3:11). Era usada também em sentido mais profundo, nas orações de salmistas e homens de Deus que desejavam ardentemente o próprio Senhor, e não meramente as bênçãos materiais que o Senhor lhes pudesse oferecer (Salmos 16, 17, 23 e muitos ou tros) . No seu •comentário sôbre The Minor Prophets, E. B . Pusey apresenta uma explicação profunda dêste apêlo de Amós aos filhos de Israel. “Maravilhosa é a concisão da palavra de Deus, que em duas palavras compreende tudo do dever e das esperanças da criatura no seu tempo e na süa eternidade. O profeta emprega os dois im perativos, assim unindo tanto o dever como a re compensa do homem. Não fala dêstes Como cau sa e efeito, mas como sendo um só. Onde há um há também o outro. Buscar a Deus é viver. Pois o buscar a Deus é achá-lo, e Deus é Vida, e fonte de vida. Perdão, graça e vida entram na alma de vez.” 1 A palavra viver neste apêlo significa mais do que o prolongamento da vida. O apêlo visa a riqueza de vida em comunhão com Deus. Más Israel não podia buscar ao Senhor santo e justo enquanto mantivesse o conceito errado da Natureza Divina. Não podia buscar a Deus enquanto desejasse comprar com ofertas e dízímos o 1.
J a m e s N isb e t & C o ., L ondon, p . 205.
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favor divino para continuar nas práticas cruéis da injus tiça. Pode viver e andar com o Senhor aquêle que deseja de coração ficar livre do domínio do pecado e viver em comunhão com a santidade e a justiça de Deus. O culto dos israelitas nos santuários de Betei e Gilgal era incompatível com a busca genuína do Senhor, o Deus de Israel. O Senhor que os israelitas cultuaram nestes santuários não era mais do que uma caricatura do Deus santo e justo dos céus e da terra. O propósito egoísta no culto cerimonial de Israel em Betei e Gilgal reduziu o Deus Onipotente ao nível moral de Baal e dos outros deuses nacionais. Pelo culto vulgarizado nestes santuários, Israel tinha perdido o verdadeiro Deus, a fonte de vida. Na religião pervertida, os israelitas tinham prostituído o nobre nome de Betei. Oséias deu a Betei o nome que merecia, Bete-Aven, casa de vaidade, idolatria (4:15; 10:5) . Betei, casa de Deus, ficaria reduzida a nada. Alguns pensam que a frase nem passeis a Berseba é uma interpolação. Os comentaristas mais recentes, apro fundando-se no estudo da profecia de Amós, não concor dam com o modo de um grupo de críticos que vão ao ex tremo na descoberta de passagens “que o profeta não po dia ter escrito” . É mais provável que o próprio profeta se referirá a certos israelitas, que no seu zêlo julgavam que o antigo santuário de Berseba, tão importante na vi da de Abraão, Isaque e Jacó, era (Gên. 21:14, 31, 33; 26:23, 33; 28:10; 46:1) mais importante do que Betei e Gilgal. Nestas longas viagens êles podiam demonstrar o seu zêlo religioso. Mas o culto que procura ganhar o apoio do Senhor para a vida pecaminosa não tinha mais valor em Berseba do que tinha em Betei e Gilgal, ou qualquer outro lugar. Havia uma aldeia ao oriente de Betei, chamada BeteAven, que o povo de Betei desprezava (Jos. 7:2; 18:12; I Sam. 13:5; 14:23).
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É interessante a aliteração do Hebraico na declara ção : Gilgál certamente irá ao cativeiro, “hag-gil-ga galeh vigleh” . Aquela declaração podia ficar gravada na me mória dos ouvintes. O profeta repete a exortação, Buscai <ao Senhor e vi v e i e acrescenta uma terrível ameaça: para que não ir rompa como fogo na casa ãe José e devore, sem que haja em Betei quem o apague. Ê a ira do Senhor contra a in justiça que ameaça irromper e devorar a casa de José. A ira de Deus é representada pelo fogo em Deut. 32:22; Ez. 22:21. A frase para que não indica a possibilidade de que a destruição de Israel ainda podia ser evitada. Alguns comentaristas insistem em que esta idéia não concorda com o teor da profecia. Dizem que as exortações ao ar rependimento, 5:4-6 e 5:14-15, não podem ser de Amós porque êle tinha certeza de que a destruição de Israel já era determinada, e portanto inevitável. Mas foi o pró prio Israel que determinara a Sua destruição, pela rebe lião contra Deus, e pela volta a Deus por arrependimento e fé poderia evitar a destruição. Se o profeta reconhecia que o destino de Israel, como nação, já fôra determinado, ainda havia a possibilidade de que alguns israelitas se pudessem arrepender dos seus pecados, e buscar ao Se nhor e viver. É mais fácil crer que Amós escreveu estas exortações do qué achar circunstâncias em que fôssem acrescentadas por um escritor subseqüente, quando o perigo da destruição nacional estava se tornando cada vez mais evidente, ou depois que a nação foi destruída. Amós, homem profundamente religioso, e mensageiro de Deus, sempre acreditava na possibilidade do arrepen dimento do pecador. Êle persiste em apresentar as con dições eternas e universais da salvação de pecadores . Assim a pregação persistente do profeta salvaguardava o seu conceito sôbre o amor de Deus e a fidelidade e jus tiça do Senhor dos céus e da terra.
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Os nomes José e Efraim são usados, às vêzes, para distinguir o reino de Israel do reino de Judá, ou de Israel do sul (U Sam. 19:20; Ob. 18; Zac. 10:6; Amós 5:15; 6 :6 ). Betei, o lugar principal do culto de Isráel, aqui é usado para significar o reino de Israel. O Tratamento Cruel dos Pobres perante o Todo-Poderoso? 5:7-13 “Vós que converteis o juízo em absinto, e deitais por terra a justiça! Aquêle que fêz a Plêiades e o Õriom, e torna a densa treva em manhã, e escurece o dia em noite; que chama as águas do mar, e as derrama sôbre a superfície da terra; Javé é o seu nome Que faz vir súbita destruição contra o forte, de sorté que venha destruição sôbre a fortaleza" (5:7-9). Aquêles que praticam a injustiça e se recusam a ouvir a mensagem do Senhor trazem sôbre si o castigo do Deus soberano. Parece que o verso sete não tem evi. dente conexão com o anterior, nem com a doxologia, ou hino, que segue nos versículos oito e nove. O profeta gosta de usar particípios, apresentando em sucessão rá pida um pensamento após outro, sem se preocupar muito com as conexões lógicas. Provàvelmente o particípio plu ral, ides convertendo> ou tr<mstomanão, D’’D5in , liga-se, no pensamento do profeta, com a casa de José. Buscai ao Senhor, vós da casa de José que ides convertendo o juízo (justiça legal) em absinto. Êste é o ponto de vista da RSV e das versões em português, que procuram esta belecer ligação com o apêlo no versículo anterior, tra duzindo o particípio como vocativo, Vós que converteis.
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São os próprios juizes, encarregados da administração da justiça^ mas subornados pelos ricos, que deitam por terra a justiça, e convertem em absinto os direitos dos que não têm defesa. Absinto, ou álosna, é uma planta amarga, e o têrmo figurativo indica a amargura da in justiça praticada contra os fracos, sem recursos para se ■defenderem. Nas suas invectivas Amós focaliza os prín cipes, os juizes e os sacerdotes, mas a sociedade em geral foi arrastada ao nível moral de seus dirigentes. Os comentaristas dos últimos anos têm estudado e discutido, -com muito interesse, o texto da profecia de Amós, oferecendo emendas e modificações para esclare cer certas dificuldades textuais. Mas enquanto êles dis cordam uns dos. outros, precisamos examinar com cuida do ras> mudanças'sugeridas. O Dr. John D. W. Watts oferece várias sugestões para esclarecer a falta de har monia entre os versículos sete e nove do Texto Massorético. Êle modifica o texto do versículo 7 para ficar em harmonia com o contexto, e inclui o versículo como par te do hino. As mudanças sugeridas pelo Dr. Watts re sultam na seguinte versão dos versículos 6 a 9: “Buscai a Javé e vivei, Para que não irrompa com fogo, que consuma sem apagador. O Senhor faz a justiça escoar do alto, E estabelece a (justiça para a terra; Fazendo Plêiades e o õriom, Tornando a densa treva em manhã; E escurecendo o dia em noite. Aquele que causa Tauro vencer Capela, E faz Tauro acometer Vindemiatrix. É êle, cujo nome é o Senhor.” 2 Deixou fora a última parte do versículo 8 porque consta no trecho 9:5-6, e não faz falta aqui. A recons 2.
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trução é engenhosa, e remove certas dificuldades do tex to. Surge, porém, o problema de se justificar tais mu danças radicais, como estas, do Texto Massorético, sem o apoio de outros manuscritos. Fosbroke pensa que a doxologia é uma interpolação.3 O profeta proclama em têrmos sublimes o poder oni potente do Senhor dos céus e da terra, para com os israe litas que tinham procedido levianamente com o seu Deus. Explica aos seus ouvintes alguns característicos do Deus de Israel. O Senhor que f êz Plêiades e Õrion pode tra zer a destruição completa sôbre o povo infiel. Plêiades é a constelação de sete estréias brilhantes. Estas duas constelações, Plêiades e Õriom, são mencionadas também em Jó 9:9; 38:31. Êstes dois grupos de estréias conspí cuas representam o maravilhoso poder do Criador, e â grandeza da criação divina. Se a onipotência de Deus na natureza física é absoluta, certamente êle pode executar a justiça em cumprir a ameaça contra o povo infiel. Os israelitas daquela época, como muitos homens dos nossos dias, retiveram o nome de Deus, mas com a fé fraca e morrediça. O seu conceito de Deus é algo diferente do Criador e Governador dos céus e da terra. Cientistas modernos sabem explicar a rotina das es tações, da sementeira e ceifa, do dia e da noite, pelas re voluções da terra e os movimentos dos corpos celestiais, mas não sabem explicar o mistério da origem do poder que regula perfeitamente todos êstes movimentos para o bem-estar da humanidade. O pensamento do profeta nes te versículo corresponde mais ou menos com o do salmis ta, 8:1-5. Ê também o Senhor quem chama as águas do mar e as derrama sôbre a face da terra. Ê o sol que le vanta as águas do mar em vapores, e são os ventos e ou tras fôrças que as distribuem sôbre a superfície da terra como chuva preciosa, mas tudo isto é controlado e diri 3.
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gido pelo Governador do universo. No seu orgulho, o homem pode construir as suas fortalezas de defesa que considera indestrutíveis, mas o Senhor, no seu poder ir resistível, pode devastá-las. O Criador pode ocasionar a destruição súbita do forte e destruir as suas fortalezas. O particípio hifil do verbo balar, > que traduzi mos como o que faz vir súbitamente, consta apenas mais quatro vêzes no Velho Testamento: Jó 9:27; 10:20; Sal. 39:14 e Jer, 8:18, traduzido de várias maneiras. Mas o significado de vir súbita destruição, ou vir subitamente a destruição, cabe bem no contexto, e dizem os eruditos que concorda com o sentido do cognato arábico. O Se nhor tem o poder de trazer súbita destruição contra o forte e sôbre as suas grandes fortificações. O verso 7, segundo o Texto Massorético, concorda com a descrição dos pecados de Israel, condenados em 10 a 13, e não tem ligação direta com o versículo seis ou oito. As instituições estabelecidas para manter a justiça tinham se convertido em veículos da injustiça. O profeta continua com as denúncias das transgres sões estúpidas de Israel: “Odeiam ao que repreende na porta, e abominam ao que fala a verdade” (5:10) . No hebraico o número da pessoa é mudada, às vê zes, incoerentemente da segunda para a terceira. A SBB usa aqui a segunda pessoa, para concordar com a de claração seguinte, mas nós conservamos as formas he braicas. Os pecadores endurecidos odeiam a luz da ver dade. Os opressores ricos dominaram os tribunais da jus tiça que se assentavam no espaço em redor da porta da cidade para ouvir as contendas entre o povo e dar as suas decisões. Qualquer pessoa que tivesse a coragem de levantar a voz em protesto contra a injustiça dos opres sores e dos juizes corrutos foi odiada e abominada. Êste pecado de odiar a verdade e abominar a justiça é caracte
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rístico dos poderosos carnais que têm o poder, em muitas circunstâncias, de impor a sua própria vontade para ga nhar o que êles cobiçam, sem qualquer compaixão para com as vítimas. Ao que repreende na porta pode signi ficar o juiz honesto, o profeta, como Amos que foi de nunciado e ameaçado pelo sacerdote em Betei, ou a vítima roubada pela decisão de um juiz injusto. “Portanto, porque pisais aos pés o pobre, e dêle exigis tributo de trigo, tendes edificado casas de pedras lavradas, mas não habitareis nelas; tendes plantado vinhas desejáveis, mas não bebereis do vinho delas” (5:11). O profeta declara que aquêles què se enriqueceram pela opressão dos pobres não terão o prazer de desfrutar dos benefícios do seu despojo. Porque pisais o pobre e edificais casas de pedras lavradas, ao custo das vítimas roubadas, não tereis aproveitamento das riquezas assim acumuladas. Não habitareis nas casas lavradas. Exigin do tributo de trigo do pobre refere-se à extorsão por par te do juiz injusto, ou de qualquer dono de terra que exi gia rendas exorbitantes do arrendatário (Lev. 25:37; Deut. 23:19). Estas referências indicam abusos em dar dinheiro à usura e víveres por amor de lucro. Os que assim se enriqueceram pela prática constan te da injustiça construíram para si casas de pedras la vradas, sólidas, edificadas para durar eternamente. Es tas se distinguiram das casas comuns, edificadas dè quais quer pedras sôltas, ou de tijolos de barro sêco. “Os tijo los ruíram por terra, mas tornaremos a edificar com pe dras lavradas” (Is. 9:10) . Ao invés de habitar nas casas confortáveis, e de desfrutar das riquezas acumuladas, êstes ricos e poderosos serão exilados da sua terra. Ti nham plantado vides da melhor qualidade, na esperança
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de ter bom vinho para aumentar a alegria da vida abun dante. Mas na linguagem forte que causava a maior decepção possível, o profeta descreve o destino calami toso do povo infiel. O versículo 12 é mais uma denúncia da venalidade dos encarregados da administração da justiça e dos opres sores dos pobres. “Porque sei quão numerosas são as vossas trans gressões, e quão graves os vossos pecados: vós que afligis o justo, e tomais suborno, e rejeitais os necessitados na porta” (5:12). O Senhor se apresenta como aquêle que conhece per feitamente a ignorância, a fraqueza e a iniqüidade de Is rael. Numerosas e multiformes são as vossas transgres sões, graves e poderosos os vossos pecados. Enquanto a repetição é um paralelismo, as duas palavras significam qualidades diferentes de iniqüidade. A transgressão é a rebelião deliberada; o pecado é o desvio habitual da jus tiça. Os israelitas eram teimosos nas várias maneiras de mostrar o seu desprêzo da justiça, e poderosos nos modos de se desviarem do padrão divino de retidão. Depois destas acusações gerais, o Senhor especifica, por intermédio do seu mensageira, exemplos das trans gressões e pecados do povo infiel. Com o uso do particípio, êle declara com ênfase que os transgressores e pe cadores perseguem habitualmente o justo. A palavra afligir, IIU , é forte na sua larga significação: constran ger, apertar, afligir, perseguir, tratar com inimizade.- O injusto aborrece o justo. O Garáter do justo serve de repreensão à injustiça. O particípio do têrmo tomar, "»IP?. indica que os juizes ficaram acostumados a exigir dinheiro dos ricos antes de fazer as decisões contra ó justo. A palavra traduzida para peita ou suborno, geralmente significa resgate, redenção, ou o prêço de resL.
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gate, o prêço que o criminoso pagava pela redenção da vida (Êx. 21:30; Núm. 35:31) . A palavra significa aqui o prêço, o suborno oferecido ao juiz, como em I Sam. 12:3. Esta prática era contrária ao mandamento expres so na lei de Núm. 35:31. O escritor passa da segunda para a terceira pessoa, na declaração: êles rejeitam os necessitados na porta, mas refere-se às mesmas pessoas. O pecado contra os necessitados tornou-se mais grave pelo modo de os re pelirem quando desejavam defender os seus direitos. O hifil do verbo H2D3 significa fazer curvar, desviar, abai xar, oprimir. Desprezaram não somente o direito do jus to, mas desprezaram também a sua dignidade, o valor superior da sua pessoa. “Portanto, o prudente guarda silêncio em tal tempo; porque é um tempo mau” (5:13) . O versículo é considerado difícil por alguns comen taristas. Fosbroke o considera como interpolação. É me lhor traduzir os verbos pelo presente. Fosbroke insiste em que n y n significa naquele tempo, e não em tal tempo.1* Mas refere-se ao tempo que o profeta está des crevendo. Êste é claramente o sentido do hebraico. A tradução de Keil e Delitzsch: “Portanto, quem tiver pru dência neste tempo, guardará silêncio, pois o tempo é mau”, concorda essencialmente com a da RSV. O tempo era mau para o oprimido, mau para aquêle que hão fôsse prudente, e mau para o profeta. É claro que o profeta não está repreendendo o prudente. A prudência aconse lhava silêncio, porque a corrução prevalecia de tal manei ra que qualquer palavra dirigida aos malfeitores seria contraproducente e despertaria nêles maior obstinação. Mas o profeta Amós, como Jeremias, não podia dei xar de falar (Jer. 5:14) . O mensageiro de Deus em tal í
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tempo não pode ser prudente, quanto ao cuidado da sua própria vida, por causa da sua responsabilidade como pro feta, com a incumbência de entregar ao povo a mensa gem do seu Senhor. Tinha que falar a palavra do Senhor quando o povo não quis ouvi-la, e quando os inimigos da verdade procuraram silenciá-lo por ameaças, persegui ções, ou pela morte. A fidelidade ao Senhor, o amor da verdade, e o interêsse na libertação do povo da calami dade impulsionam, impelem e obrigam o profeta a fa lar. Quando o homem prudente fica silencioso, torna-se até maior a responsabilidade do profeta. Os oprimidos prudentes guardavam silêncio, porque as suas queixas poderiam trazer sôbre êles sofrimentos maiores da parte dos injustos sem compaixão. A sociedade era tão incor rigível que não podia suportar a luz brilhante da palavra do Senhor. Há circunstâncias em que o profeta, e até o pastor, tem que falar, seja qual fôr a conseqüência, ou o perigo pessoal. “Buscai o bem e não o mal, e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis. Odiai o mal e amai o bem, e estabelecei o juízo na porta; talvez o Senhor, o Deus dos Exércitos, se compadeça do restante de José” (5:14-15). A Vida de Comunhão com Deus Ê Condiciona,l, 5:14-15 Aparentemente o profeta ainda tem certeza do cas tigo iminente de Israel como nação, e ao mesmo tempo sente-se obrigado, como o anunciador de Deus, a pregar ao povo a mensagem de salvação. A exortação de buscar e amar o bem é quase a mesma dos versos 4-6, mas o profeta acentua mais neste apêlo a necessidade impreterível do arrependimento do mal, e do amor ao bem, como condição de receber a graça salvadora do Senhor, o Deus dos Exércitos.
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Com a presunção de conhecer os limites do pensa mento de Amós, ou de impor-lhe o modo ocidental de ra ciocinar, alguns consideram todos os apelos e exortações do livro, como os versos 4-6 e 14-15, aquém da mentali dade do profeta Amós. Teriam, portanto, sido escritos por algum pregador depois do tempo do autor da profecia que se teria limitado apenas às denúncias dos pecados do povo, e à certeza da destruição de Israel. Mas não há ar gumentos justificáveis para negar ao profeta Amós êstes apelos. Os israelitas se julgavam em comunhão com o seu Deus Javé, em virtude do Concêrto que êle mesmo lhes concedera. Portanto, êles persistiam em pensar que as ameaças proféticas não podiam atingi-los, porque o Se nhor ficava obrigado, pela eleição e pelo Concêrto, de salvar o seu povo escolhido do perigo de todos os inimi gos. O profeta entendia perfeitamente a psicologia do povo, e concordava com a opinião do povo sôbre a fide lidade do Senhor, mas possuía, além disso, um conheci mento da fidelidade do Senhor que o povo ignorava. O Senhor pela sua própria natureza tinha que permanecer fiel à justiça absoluta, e não podia» salvar o povo enquan to êste odiasse a justiça, e amasse ,a injustiça. O profe ta, como mensageiro do Senhor com o entendimento da justiça divina, não podia deixar de pregar ao povo como êste poderia ficar em harmonia e comunhão com Deus. À mensagem é simples, mas Israel já ficara incapacita do para aceitá-la. Buscai o bem e não o mal, paru que vivais. A fôrça do imperativo buscai é condicional, en cerra a ameaça da morte nacional, e concorda perfeita mente com a mensagem inteira do profeta. Se a nação continuar a odiar o bem e a amar o mal, será destruída. É clara a mensagem: “Se continuardes a proceder na prática da injustiça, como estais fazendo, certamente morrereis. Mas se recusardes a buscar o mal, e buscar-
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des o bem, assim, e só assim, o Senhor, o Deus dos Exér citos estará convosco, como dizeis.” Arrependei-vos dos vossos graves e numerosos pe cados e transgressões. Ao invés de odiar ao que vos re preende na porta, amai-o, porque êle é o mensageiro do bem. Ao invés de roubar e extorquir os bens dos fracos, mostrai-lhes compaixão. Para amar o bem é absoluta mente necessária uma mudança radical no vosso modo de pensar, sentir e viver. Precisais amar a justiça. Is rael não podia buscar a Deus enquanto não entendesse a natureza de Deus. Êles precisavam responder ao Se nhor com o cumprimento das promessas solenes que fi zeram quando aceitaram o Concêrto do Sinai, com o amor e obediência, e com a entrega de si mesmos, sem reserva, ao seu Redentor. Violentos, rapinantes, fraudulentos, êles tinham que. abandonar tôdas estas práticas contra a jus tiça, e começar a fazer amoràvelmente o bem, se real mente quisessem receber o apoio e as bênçãos do Senhor. Estabelecei o juízo na porta. Esta palavra juízo não traduz o sentido de mishpat, que significa aqui o julgamento legal absolutamente justo, (righteous judgment, como se diz em inglês). Ê a justiça humana que se distingue da justiça que vem de Deus, isto é, a justificação, np-re. Os juizes de Israel ficaram encar regados de julgar retamente, como representantes fiéis do Senhor. A palavra hebraica significa o padrão divino da [justiça que os juizes tinham a obrigação de observar em tôdas as suas decisões. Mas a corrução prevalecia nos tribunais públicos que funcionavam na porta, e não havia mais amor à eqüidade na administração da justiça. O primeiro passo no arrependimento necessário pa ra Israel seria o aborrecimento do mal. É um passo in dispensável mas tem que ser completado pelo amor à justiça, ao próximo e a Deus. Israel não podia abando nar a prática do mal, porque achou o seu maior prazer
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nos bens que adquiria por opressão, roubo e outras for mas da injustiça. Não podia praticar o bem sem o ver dadeiro amor do bem. Israel precisava estabelecer a ad ministração da justiça nos lugares públicos e na vida so cial. A prática da justiça é a demonstração do arrepen dimento por obras positivas, motivadas pelo amor. A palavra talvez indica que a medida da iniqüidade de Israel é tão grande que seria difícil para Israel de monstrar a mudança radical da vida necessária para re ceber o perdão divino. O restante de José não se refere à condição de Israel no tempo do profeta, porque a na ção se tinha recuperado das devastações que sofrera das invasões de Hazael e Bene-Hadade (II Reis 10:32,33; 12: 3,7), e tinha reconquistado dos sírios o seu território original (II Reis 13:23 e s e g .; 14:26-28). Amós apre senta, nestas palavras, a esperança de que pelo menos um restante de José se arrependa e seja salvo. O Julgamento de Israel pelo Senhor dos Exércitos, 5:16-25 Nesta secção o profeta discute a lamentação de Is rael com a vinda iminente do Senhor; o engano do povo a respeito do Dia do Senhor, e a rejeição das ofertas apresentadas ao seu Deus. “Portanto, assim diz Javé, o Deus dos Exércitos, o Senhor: Em tôdas as praças haverá pranto, em tôdas as ruas dirão: Ai! Ai! Chamarão o lavrador para o pranto, e pára o chôro os pranteadorès profissionais, e em tôdas as vinhas haverá pranto, porque passarei pelo meio de ti, diz ò Senhor” (5:16-17). O profeta declara que haverá pranto entre tôdas as
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classes dos israelitas. Os habitantes das cidades, os la vradores e vinhateiros, e até os pranteadores profissio nais, levantarão a.s vozes em lamentação. Isto refere-se ao desastre de Israel, que o profeta está anunciando pela terceira vez. Os israelitas ouvem repetidas exortações do mensageiro do Senhor sem qualquer sinal de arrependi mento. O profeta explica de novo as conseqüências da rebelião e da infidelidade de Israel. Alguns pensam que a palavra T ltf, Senhor, no versículo 16 foi originalmente a primeira pessoa do hifil de 13“), e deve ser tra duzida como eu causarei pranto. Não há, porém, ne nhuma necessidade desta mudança. A tradução do tex to como está é clara, e o texto hebraico é característi co das declarações proféticas. Portanto, assim diz Javé, rrin\ o Senhor, Deus dos Exércitos. Nas praças de tôdas as cidades, onde a injustiça ti nha sido praticada, e em todos os mercados, onde enga navam e roubavam, haveria profunda lamentação. Os pranteadores dirão “Ai! Ai!” ou “He! He!”, no hebrai co. Estas palavras que expressam a tristeza do deses pero variam em línguas diferentes. Mas sempre constam de palavras curtas, em voz de profunda tristeza, da par te daqueles que não mjem a voz no côro dos pranteado res profissionais, pagos pelo serviço. Mas não haverá nada profissional ou artificial no pranto sôbre a calami dade terrível de Israel. Os que sabem lamentar refere-se aos profissionais, mas no desastre vindouro êles terão motivo de chorar, sem qualquer esperança de receber di nheiro pelo pranto que surge do seu próprio sofrimento. Haverá pranto, até nas vinhas, onde se ouve normal mente os cânticos de alegria. O profeta apresenta a ra zão porque tôdas as classes da sociedade vão prantear. Ò Senhor vai passar pelo meio do povo. Normalmente, não havia nada mais desejável do que uma visita do Se nhor ao seu próprio povo. Mas vai passar pelo meio de Israel como o Deus da justiça. Parece uma alusão à pas
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sagem do Senhor pelo Egito quando matou os primogê nitos das famílias egípcias (Êx. 11:4; cap. 12) . Naquela ocasião o Senhor passou por cima das casas de Israel, e poupou os seus filhos. Mas nesta ocasião, o motivo do Senhor, na passagem pela terra de Israel, é o de punir a injustiça do povo que tinha recebido tantas bênçãos e tantos favores do seu Deus. Pior ainda, êle recusou ou vir a mensagem do Senhor que lhes ofereceu a graça de perdão, se se arrependesse de seus pecados e voltasse ao Senhor. Portanto, receberão o castigo justo da sua obs tinada injustiça. A Esperança Falsa de Israel no Dia do Senhor, 5:18-20 “Ai de vós que desejais o dia do Senhor! Para que desejais o dia do Senhor? Ê dia de trevas e não de lüz. Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com êle o urso; oú se entrasse em casa, e encostasse a mão à parede, e o mordesse uma cobra. Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?” (5:18-20). Ós israelitas desejavam ardentemente a vinda do dia do Senhor. Esperavam que neste grande dia o Deus de Israel manifestasse o seu supremo poder sôbre os ini migos do seu povo Israel, e fizesse dêle a nação soberana na terra. Esta esperança já se tornara em doutrina, ba seada no conceito do Senhor como o Deus supremo, e na escolha de Israel para ser o seu povo e o seu repre sentante entre as nações da terra. Portanto, o dia tinha que vir quando o Senhor se vindicaria, juntamente com o povo da sua escolha, na destruição de todos os seus ini migos e no estabelecimento de Israel como o seu pode roso representante entre tôdas as nações da terra.
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Os ensinos teológicos de Amós, e o teor da sua pro fecia, indicam que êle concordava com as verdades bási cas da esperança messiânica. Êle, porém, apresenta um ensino contrário à crença que prevalecia entre os israe litas. Israel, por causa da infidelidade para com o Se nhor, tinha perdido o direito de ser o representante de Deus entre as nações. Ao invés de triunfar sôbre os seus inimigos no dia do Senhor, Israel será castigado, devas tado, humilhado e entregue ao seu inimigo. Assim o Se nhor Javé, o Deus da justiça, ficará vindicado perante Israel e perante as nações. Outras nações também serão punidas no dia do Senhor, não meramente por serem ini migos de Israel, mas como transgressores da lei moral do Deus de tôdas as nações. Êste desenvolvimento da doutrina da justiça divina, em relação a todos os povos da terra, resultou do conhe cimento cada vez mais profundo do caráter de Deus pelos profetas, começando com Amós e Oséias. Os profetas subseqüentes lutaram com o mesmo problema de aplicar o seu conhecimento de Deus ao problema complicado do cativeiro de Judá. Guiados pelo conhecimento cada vez mais claro da revelação do caráter de Deus, os profetas, seguindo os ensinos básicos de Amós, mostram como o Deus dos. céus e da terra opera constantemente na his tória de tôdas as nações. Atua especialmente na vida dos fiéis para o progresso do seu reino entre todos os povos e para a realização do dia do Senhor, quando todos os rebeldes serão vencidos e o seu povo dentre tôdas as na ções, regenerado pelo amor divino, se regozijará em ver o dia de triunfo do reino de Deus no mundoAquêles que desejavam o dia do Senhor no tempo de Amós tinham que receber a informação sôbre o verdadei ro significado do dia para êles. Em certo sentido, o dia do Senhor está sempre conosco, porque estamos sendo julgados constantemente pela justiça de Deus. O julga mento divino é um aspecto básico do dia do Senhor da
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justiça que os israelitas não podiam entender. A última, e falsa esperança de Israel, baseada no Concêrto do Se nhor, já cancelado pela sua infidelidade, é claramente ex posta pelo profeta. Para Israel o dia do Senhor será tre vas, e não luz (Comp. Joel 1:13; 2:1; 3:4; Is. 5:30; 8:22; 9:2; 58:8; 59:9; Jer. 13:16). Não se sabe se o profeta viveu para ver o cumpri mento da sua profecia, mas, poucos anos depois, os as sírios, a caminho para provar o seu poder na luta contra o Egito, assolaram o reino de Israel, e levaram cativa, a nação rebelde que desapareceu entre as nações, a pri meira da História que sofreu a terrível pena de genocídio. Assim os versículos 19 e 20 descrevem a desilusão de Israel sôbre o dia do Senhor. O profeta apresenta ilustrações baseadas na sua ocupação de pastor na região> de Tecoa. Quando vier o tempo do julgamento final de Israel, não haverá mais possibilidade de escapar à des truição, a pena justa da injustiça. O desastre cairá quan do o povo não o espera. Será como o homem que foge do leão e encontra-se com o urso, ou estando em casa, e encostando a mão à parede é mordido por uma cobra. Repetindo o versículo 18 no verso 20, na forma de per gunta, o profeta emprega outra frase ainda mais forte para descrever as trevas do dia do Senhor para os seus: ouvintes. O Senhor Rejeita Sacrifícios e Exige Justiça, 5:21-25 “Odeio, desprezo as vossas festas, e não tenho prazer nenhum com as vossas assem bléias solenes” (5:21). Neste versículo o profeta representa o Senhor como quem está falando, e declarando que êle detesta e des preza as festas religiosas e as assembléias solenes de Is rael. O culto formal e aparatoso, sem comunhão espiri tual com Deus, não pode fazer de Israel o povo de Deus.
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Quantas vêzes êste livro condena as manifestações religio sas que não representam o desejo de praticar a justiça, nem o querer de conhecer e fazer a vontade do Senhor. A religião da beleza divorciada do amor de Deus e do próximo não tem valor algum. As festas e as assembléias solenes tinham desviado o povo da verdadeira adoração do Senhor. A tendência de alguns teólogos modernos de associar intimamente os profetas e os sacerdotes do Velho Testamento, no seu ponto de vista sôbre a religião, não tem nenhuma base na profecia de Amós. O profeta visitou os santuários dos sacerdotes, não porque estives se em simpatia com êles, mas para condenar a sua influ ência na corrução do povo. A palavra 111*1 significa cheirar. Os antigos pen savam que os deuses gostavam de aspirar o aroma das suas ofertas, e nota-se a influência desta idéia em Gên. 8:21 e Êx. 29:41; 30:38. A tradução não tenho prazer, ou não me agradarei é melhor do que não cheirarei de KJV. A aceitação da oferta pelo Senhor não é motivada pela qualidade da oferta, mas pela vontade do ofertante. A palavra jH , festa, é a palavra que se refere geralmente às grandes festas nacionais, como a Páscoa e Taberná culos, enquanto que rtTiy significa as assembléias para o culto (Deut. 16:8; Lev. 23:36; Núm. 29:35) . É usa da aqui no sentido de Isaías 1:13. “Ainda que me ofereçais holocaustos e as vossas ofertas cereais, não me agradarei dêles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados” (5:22) . Não é o sistema de sacrifícios como tal que o profe ta condena, mas a uma formalidade apenas, que deixa de lado a lei moral. No holocausto, T O . o animal foi queimado no altar (Lev. 6:8-13). A oferta de cereais,, nna», manjares, farinha, era originalmente um presente (Gên. 32:13; 43:11; I Sam. 10:27), mas quando os ou
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tros sacrifícios ficavam mais definitivamente indicados, esta oferta limitou-se aos vegetais. Era oferecida fre qüentemente com os sacrifícios de animais. A oferta pacífica. é um dos sacrifícios mais primitivos. O sangue do animal era derramado no altar oü no chão; a gordura e outras partes eram queimadas no altar (I Sam. •2:15, 16; Lev. 3:1-6) . Ê difícil traduzir o sentido forte do versículo 23. “Afasta de mim o barulho dos teus cânticos; pois não atentarei às melodias das tuas harpas” (5:23). Tira de cima de mim é deselegante mas expressa o sentido do hebraico. A preposição composta significa de cima de, O infinitivo hifü “©("T, fazer desviar, é uma ■ordem enfática. Pois à música, h*)ttí > das tuas harpas não atentarei. A colocação do verbo atentarei ou escuta rei no fim da declaração, põe em relêvo o repúdio defini tivo do sistema de sacrifícios e festividades pelos quais Israel pretendia estabelecer e manter a sua relação com >o Senhor. A mentalidade do povo, revelada.no seu culto, mostra que considerava o seu Deus quase que como um dêles. Não entendeu, ou não quis entender, a soberania do Senhor-Javé, o Deus dos Exércitos, nem o seu direito absoluto de receber do seu povo a obediência perfeita. Pouco se sabe da música do tempo de Amós. Cons ta somente aqui a palavra zimrah, que significa música instrumental. A harpa, ou o saltério, até de dez cordas, foi usada para a música secular (Is. 5.12; Amós 6:5), e também para os cânticos religiosos (II Sam. 6:5; Sal. 33:2; 144:9). “Antes corra a retidão como as águas, e a justiça cpmo ribeiro perene” (5:24). Há várias interpretações dêste versículo. Alguhs in
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terpretam a declaração como ameaça da parte do Senhor,, que na sua ira vai mandar sôbre o povo um julgamento rápido e forte. Outros pensam que seja uma descrição da. justiça vindoura do Messias. Alguns dizem que o Senhor promete dar curso livre aos hipócritas que sejam since ros no seu culto . Outros pensam que os israelitas podem alcançar o ideal da justiça pelos seus próprios esforços. Do nosso ponto de vista, tôdas estas interpretações são forçadas. É claramente uma exortação, aconselhando oabandono das idéias pagãs de comprar o favor divino, para adotar a nova vida de retidão e justiça. As duas palavras e PIpTi são sinônimas, no significado de justiça moral ou ética. Mas a primei ra significa especialmente o julgamento reto dos tribu nais e a prática da ética em tôdas as relações sociais. Êste conceito de retidão, ou de justiça, foi desenvolvido pelos filósofos gregos, quatro séculos depois de Amós, e sem referência aos seus deuses que freqüentemente eram caprichosos quanto à justiça. A segunda palavra é de origem bíblica, sempre associando o conceito da justiça que vem de Deus com a justificação, quando aplicada ao homem. A verdadeira justiça entre os homens tem que receber o apoio divino. O característico impreterível do homem justo é que tenha comunhão íntima com Deus, e o desejo de fazer a vontade de Deus. Tem que ser limpo de mãos e puro de coração (Sal. 24:4). Esta distinção baseada na origem dos dois sentidos da justiça (justice and righteousness ou retidão e justi ça) pràticamente não existe mais entre o povo em geral. Mas há uma distinção teológica entre as duas idéias na doutrina da justificação pela fé segundo o Novo Testa mento. É a diferença entre o homem moral, ético e justo nas suas relações sociais e o homem cristão, justificado pela fé e que pratica os ensinos do Novo Testamento, movido pelo amor e gratidão. A palavra no fim da declaração, ’píltf, significa pe-
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rené, não impetuoso. Os ribeiros da Palestina correm impetuosamente no tempo das chuvas, mas nos períodos da sêca êles ficam fraquinhos, ou sem água alguma. O Senhor pede a justiça constante, perene. A religião sem estas qualidades de retidão e justiça não é a religião bí blica. A religião bíblica é vigorosa, constante, fiel. O versículo 25 é claramente uma pergunta que es pera a resposta negativa. “Apresentaste-me sacrifícios e ofertas no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?” (5:25) . O Senhor tinha revelado o seu amor e o seu cuidado carinhoso na direção de Israe] através do deserto, quando o sistema elaborado de sacrifícios ainda não existia. Era impossível observar o sistema de sacrifícios durante o período de peregrinação no deserto. É mencionada apenas uma vez (Núm. 9:5) a celebração da Páscoa, o sacrifí cio mais importante dos hebreus, estabelecido no Egito para comemorar a libertação da escravatura. Talvez fos se o único sacrifício apresentado pelos hebreus ao seu Senhor neste período de quarenta anos, não obstante as muitas especulações na interpretação desta pergunta. Amós não nega difinitivamente que os hebreus tivessem oferecido sacrifícios ao Senhor no deserto, mas qualquer sacrifício ou oferta ao Senhor no deserto era de impor tância secundária em relação com o verdadeiro culto do coração. O Exílio de Israel Ê Inevitável, 5:26-6:14 O profeta especifica e descreve a qualidade do casti go que vai cair sôbre o reino de Israel. Sossegados e persistentes nas suas esperanças na vida de conforto, os israelitas serão exilados da sua terra. “Assim levará Sicute, vosso rei, e Quiüm, vosso deus-estrêla, vossas imagens, que fizestes para vós
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mesmos. Portanto, vos levarei cativos, para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é o Deus dos Exércitos” (5:26-27) . A declaração refere-se ao cativeiro de Israel, e o ver bo deve ser traduzido para o futuro, e não para o perfei to, como em Almeida e a SSB. O hebraico é difícil, co mo se vê pelas diferenças nas versões. O versículo 26 não é a continuação do 25, mas o princípio de uma nova sec ção que trata mais especificamente do cativeiro e do cas tigo de Israel. É um caso em que a tradução determina, em parte, a interpretação. Alguns pensam que as frases, as vossas imagens e o vosso deus-estrêla foram acrescen tadas por algum leitor para ajudar na compreensão da passagem, mas não ajudam. Sem entrar na discussão das várias explicações e interpretações, apresentamos ligeiramente o que nos pa rece o sentido mais plausível do versículo. Ê geralmente reconhecido agora que 1TDD (Sicute), e fpD (Quium), eram deuses da Assíria, e objetos de culto de Israel no tempo de Amós.5 È claro que o profeta não está pen sando na idolatria de Israel no deserto, como alguns en tendem. Está falando ainda dos pecados de seus contem porâneos. É provável que tenha no seu pensamento o período da peregrinação no deserto, quando o Senhor tratava com amor e carinho especial o povo da sua es colha, não por causa de seus sacrifícios, mas em respos ta ao clamor da sua miséria (Êx. 3:1-14). No tempo da Amós a impureza do culto dos eananeus, e de outras na ções vizinhas, exercia uma grande influência na corrução da religião de Israel. O Deus da justiça está especialmen5.
H arpsr m enciona seis outras in terpretações baseadas, em par te, na m odificação do texto, Op . c i t . , p . 139. Outros intérpre te s duvidam de que os isra elita s pudessem ter adorado deu ses da A ssíria . M as o rei A caz, pouco m ais tarde, adorava qualquer deus em preferência ao Senhor.
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te contra esta idolatria. Ê o culto que Israel está pres tando aos deuses da Assíria, Sicute e Quium, que o pro feta condena com sarcasmo neste versículo. Os pensamen tos e os sentimentos religiosos revelados no culto de Is rael às imagens e aos deuses da Assíria são uma das maio res causas do desprêzo e da ira do Senhor. Esta grave infidelidade acrescentada à injustiça merece o mais se vero castigo. Na libertação de Israel, do Egito o Senhor levou o povo da sua escolha sôbre asas de águias (Êx. 19:4; Deut. 32:11-12) . No cativeiro iminente, Israel carregará, , os ídolos da Assíria que adora (Ver Is. 46:1 e seg . ) . Todavia, devemos lembrar que Israel, depois do libertamento do Egito, era sempre obstinado, no período da peregrinação, no tempo dos juizes e através da Histó ria. Os profetas com o entendimento cada vez mais pro fundo do caráter de Deus compreendem melhor a ingra tidão e os pecados de Israel. Portanto, vos levarei cati vos para além, de Damasco. A fórmula solene, diz o Se nhor, cujo nome é o Deus \ãos Exércitos, põe em contras te notável o Senhor dos poderes dos céus e da terra com os ídolos impotentes da Assíria. O Nome dêle no fim do período hebraico fortalece a ênfase no contraste entre o poder onipotente do Senhor e a inépcia dos ídolos. A Corrução e a Indulgência Própria dos Chefes de Israel, 6:1-7 O capítulo 6 termina a segunda parte do livro de Amós, com a série de condenações específicas de Israel, nos caps. 3 a 6, e a reiteração do castigo divino de seus pecados. No livro, The Book of the Twelve Prophets, George Adam Smith faz uma distinção 6 entre os peca dos bárbaros das nações, nos caps. 1 e 2, e os pecados 6.
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da civilização de Israel, reconhecendo, todavia, que o próprio Israel não ficava livre da culpa de pecados de sumanos praticados pelas nações. Ma,s dá ênfase espe cial aos pecados do povo infiel na observação dos altos princípios da sua religião, os pecados da civilização. Ê verdade que os pecados de Israel, citados por Amós, são característicos da civilização moderna: a opressão dos pobres pelos ricos, o suborno da justiça, o engano dos inocentes, a impureza e a hipocrisia. Os governadores e os líderes sociais de Israel, no seu orgulho, na perfeita satisfação com a vida luxuosa, na certeza da sua segurança nacional, na falsa esperança de apaziguar o Senhor com ofertas e sacrifícios, vão se achar na vanguarda dos desterrados de Israel. “Ai dos que vivem sossegados em Sião, e dos que se sentem seguros no monte de Samaria; os homens notáveis da principal das nações, aos quais vem a casa de Israel” (6:1). O profeta dirige estas palavras aos membros da aristocracia que depositaram a confiança numa seguran ça falsa. As frases vivem sossegados e se sentem segu ros dão ênfase ao estado moral dos homens privilegiados. São êstes homens de responsabilidade especial que vivem sossegados, satisfeitos, despreocupados, indiferentes, an dando tranqüilamente e à vontade (Ver Is. 32:9). Os comentaristas, em geral, pensam que a palavra Sião se refere à Jerusalém. É mais provável que ó têrmo, neste contexto, signifique a nação eleita, o povo escolhido, in cluindo os privilegiados de Jerusalém e de Samaria. Mas a referência à Sião é apenas um ponto de partida para a condenação dos delitos dos poderosos aristocra tas de Israel na cidade de Samaria. Amós dirige-se a êstes privilegiados que tinham providenciado para si tudo que julgavam necessário para satisfazer aos seus próprios desejos, especialmente ao conforto físico. InL. A. 9
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teressados somente no seu próprio conforto, êles fica ram persuadidos de que estavam perfeitamente seguros no monte de Samaria. O profeta, porém, reconhece que êles, sendo os me nos preparados para o dia do julgamento, iriam ficar na frente da procissão de Israel para o cativeiro. Êstes homens notáveis, com/penetrados, distinguidos, 'Opl são os cabeças do povo escolhido. Esta é a mesma pala vra de Números 1:17, que significa homens de renome, ou conhecidos pelos nomes. A frase a principal das nar ções refere-se ao fato histórico de que o Senhor esco lheu Israel, nação escravizada, dentre todos os povos como a sua propriedade peculiar (Êx. 19:5) . As pala vras aos quais vem a casa de Israel definem com mais precisão a posição dêstes príncipes entre o povo de Is rael. Os líderes desta categoria receberam antigamente a honra de dirigir os negócios dos israelitas, juntamen te com Arão e Moisés. O profeta não está falando ironi camente. Está reiterando mais uma vez a responsabi lidade de Israel, como o povo escolhido do Senhor, es pecialmente a dos homens em posições de confiança. Há opiniões diferentes sôbre o autor, o texto e a interpretação do verso 2. Mas parece que o profeta está falando ainda mais sôbre a proeminência de Israel en tre as nações, mencionando três cidades inferiores à ci dade de Samaria, quanto ao tamanho do território e à prosperidade das nações que representam. Nenhuma ci dade conhecida por Israel era mais florescente do que Samaria, mas os israelitas são ingratos e tratam com negligência, e até com leviandade, ao Senhor, o seu pró prio Deus, que lhes deu a sua posição de honra entre as nações. “Passai a Calne, e vêde; e dali ide à grande Hamate; depois descei a Gate dos filisteus.
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São êles melhores do que êstes reinos? Ou melhor o têrmo dêles do que o vosso têrmo?” ( 6 :2 )
Calne talvez seja Calne de Is. 10:9, no norte dã Síria. Hamate, no Orontes, ficava no reino da Síria (Ver Gên. 10:18), no limite setentrional do território pro metido a Israel (Núm. 34:8). Nos reinados de Davi e Salomão, Hamate pertencia ao reino unido (II Sam. 8:9) e também a Israel no reinado de Jeroboão II (II Reis 14:25,28). Uniu-se à Síria e Israel contra Salmanaser III, e foi derrotada na batalha de Carcar em 853 a.C . Gate, uma das cinco cidades dos filisteus, foi a que ficava mais perto do território de Judá (I Sam. 17:52). Estas cidades não tinham caído completamente no tempo de Amós, e isto não é o ponto de vista na com paração delas com Samaria. Tinham perdido a sua gran deza, e os reinos que representavam não eram maiores ou melhores do que os reinos de Judá e Israel. Portan to, não há nenhuma razão de se tratar êste versículo como interpolação. São êles melhores ão que êstes rei nos? é a tradução correta do Texto Massorético. A ver são da SBB, sois melhores que êstes reinos?, baseia-se no texto sugerido na margem de Kittel, e aceito por al guns intérpretes. A RSV prefere o Massorético. Na versão SBB, êstes remos refere-se a Calne, Hamate e Gate, mas o Texto Massorético concorda melhor com o primeiro versículo. O argumento de Amós é que Israel está desprezando a sua posição de honra entre as nações pelo repúdio da responsabilidade perante o Senhor, de quem tinha recebido as suas bênçãos. “Vós que afastais o dia mau e fazeis aproximar o assento da violência” (6:3). O particípio piei,
vós que afastais> dá ên
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fase especial à mentalidade dos príncipes. No seu orgu lho, e na certeza de estarem seguros no monte de Sama ria, os líderes políticos e religiosos recusam acreditar na mensagem profética e imaginam estar longe, muito longe, o dja mau. Se há de fato um dia mau, não é para êles; ou está no futuro remoto e não os atingirá. Mas o profeta lhes declara que êste modo de rejeitar desde nhosamente a mensagem de Deus é mais uma prova da sua perversidade e servirá apenas para fazer chegar mais de perto o assento ãa violência. * Assim estão preparando para si o trono de violência. A violência, que os príncipes infiéis sofrerão, será mais severa do que a opressão injusta que êles tinham praticado con tra os seus próprios patrícios. “Que se deitam em camas de marfim, , e se espreguiçam sôbre os seus leitos, comem os cordeiros do rebanho, e os bezerros do cevadouro; que cantam à toa ao som da harpa, e, como Davi, inventam para si instrumentos de música” (6:4-5). Estas acusações não são apenas expressões de desprêzo da vida luxuosa da parte de um pastor da clas se dos pobres. Os pecados de luxo e voracidade, que menciona, são característicos do egoísmo dos ricos na satisfação de seus apetites físicos a custa das vítimas da sua. injustiça. Os ricos gostavam de ostentar a suntuosidade do seu modo de viver como prova de sua su perioridade, confirmada pelas bênçãos e favores rece bidos do Senhor. Para êles as camas imbutidas de mar fim, e a comida dos cordeiros e bezerros escolhidos cons tituíam provas de que eram os favorecidos do Senhor, *
T alvez se refira ao assen to dós tribunais que p raticavam a violência em v e z fla justiga,, ou aos, conquistadores, os a,ssírios, que sera'o ainda m ais violen tos ria opressão do povo.
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em virtude das ofertas e sacrifícios que lhe apresenta vam. Outras referências de Amós mostram que esta vi da luxuosa foi acompanhada pelos pecados de lascívia e depravação. Comentando sôbre êstê versículo, George Adam Smith diz: “Conhecemos esta estirpe de ricos. Estão sempre conosco. Vivem bem, e imaginam que são pro porcionalmente sábios e cultos. São politicamen te zelosos, e ficam animados com a eleição dos representantes do governo, especialmente quando os interesses da sua classe estão em perigo. Apresentam-se como exemplos de patriotas robus tos e exuberantes. Falam eloqüentemente do co mércio e do destino da pátria. Mas quanto à mi séria e o sofrimento dos pobres, o ordenado justo dos operários, a dissolução, a imoralidade e a embriaguez que ameaçam a vida nacional, êles não se incomodam.” 6 . . . Dedilham a harpa, e acompanham o instrumento com cânticos imoderados. A palavra , falar imode radamente, é árabe, e não consta em qualquer outra parte do Velho Testamento. Há um tom de desdém na palavra do profeta. As palavras como Davi não constam na Septuaginta. Alguns pensam que sejam uma interpolação; outros julgam que fôsse originalmente "n*1“ ; gritar, bradar, ao invés de TTÍ> Davi. Parece que a referência à invenção de instrumentos de música é inapropriada neste lugar. Todavia, Keil e Delitzsch explicam o sentido do versículo da seguinte maneira: “Como Davi inventou instrumentos de cordas para hon rar o Deus do céu, assim êstes príncipes inventaram o método de cantar, com a música instrumental, para o 6.
The B o o k o f the Tw elve Proph ets, V o l. I, 1? E d ., p .
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deus dêles, a barriga. ” 7 É claro que Amós está conde nando o orgulho desmedido dos inventores, e não necessàriamente a invenção como tal. “Que bebem vinho em bacias, e se ungèm com os óleos mais excelentes; mas não se afligem com a ruína de José” ( 6 :6 ) . Estes gulosos não quiseram beber de taças normal mente usadas. Usavam das bacias empregadas no Tem plo para esfalhar o sangue de sacrifícios. A palavra P ltti , bacia, é a mesma que se encontra em Êx. 27:3; Núm. 4:14 e Zac. 9:15. Nos tempos antigos, os homens se ungiram não so mente durante as cerimônias de consagração, mas em qualquer ocasião de alegria, ou para o seu próprio con forto (Sal. 23:5; 90:10; Is. 61:3; Ecl. 9 :8). Foi um costume higiênico, pois o óleo refrescava a pele e ser via de proteção contra o pó e o calor. O povo negligen ciava a unção somente quando ficava entristecido (II Sam. 12:20; 14:2). Os príncipes exigiam a melhor qua lidade de óleos. Preocupados com o seu conforto e os seus prazeres, os ricos de Israel não podiam ver nem entender a natu reza do desastre terrível que havia de cair sôbre a nação infiel. Sé pudessem ter visto claramente como o mensa geiro que o Senhor lhes tinha enviado, certamente.-ter riam ficado entristecidos e perturbados, sem o desejo de ungir-se com qualquer qualidade de óleo. Preocupados com os seus interêsses pessoais, não tinham tempo para pensar no dia do julgamento. A ruína, ou a brecha de José, não se refere a qualquer intriga política dentro de Israel, mas à destruição de fora que ameaçava" a nação. 7.
M in o r Pro ph ets, V ol I, p .
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“Portanto, agora irão em cativeiro, na vanguarda dos cativos, e cessará a algazarra dos espreguiçadores” (6 :7 ). Aquêles que se julgavam os aristocratas entre o povo, com recursos abundantes, e que podiam satisfazer à vontade os seus apetites sensuais, vão manter ainda a posição na vanguarda na ocasião do cativeiro. Vão constituir as primeiras fileiras, logo na frente da pro cissão dos cativos aturdidos a caminho do exílio. Com a partida dos espreguiçadores, cessará para sempre a algazarra de seus banquetes. A palavra algazarra, nHfà 7 descreve as gargalha das, a gritaria, dos banqueteadores nas suas comemo rações. O têrmo DTlTlD, espreguiçadores, tem aqui o sentido moral, e pode ser traduzido devassos. O Castigo do Orgulho de Jacó, 6:8-14 Israel, no seu orgulho, havendo tornado a justiça em veneno, sofrerá o castigo da poderosa nação que 0 Senhor levantará contra êle. “Jurou o Senhor Javé por si mesmo, diz 0 Senhor, o Deus dos Exércitos: Abomino a soberba de Jacó, odeio os seus palácios, e entregarei a cidade e tudo o que nela há” ( 6 :8) . Jacó se ufanava das coisas que o Senhor abomina va. Afastara-se para tão longe do Senhor que não po dia mais entender a justiça divina, nem a qualidade da fé que agrada ao Deus dos Exércitos. É aumentada, neste versículo, a intensidade de expressão, e especifi cado mais definitivamente o afastamento de Israel, do seu Deus, como também a sua revolta contra a retidão e justiça. Assim 0 profeta termina os seus discursos,
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dando ênfase à justiça divina que exige a destruição com pleta de Israel. É deveras uma mensagem dura, mas quando interpretada à luz da infidelidade de Israel e à luz da consciência humana e do Novo Testamento, é cla ro que a nação tinha que sofrer as conseqüências da sua revolta arrogante contra o Senhor, de quem tinha recebido os seus altos privilégios. Fora de costume, o profeta pronuncia aqui o castigo primeiro, e depois men ciona os pecados que determinaram finalmente a des truição da nação. Jurou o Senhor por si mesmo. Em 4:2 o Senhor ju rou pela sua santidade. O sentido das duas declarações é essencialmente o,mesmo. A própria natureza de Deus, em todos os seus característicos e atributos, está contra tôdas as formas da injustiça. Dêste ponto de vista o ju ramento do Senhor não era necessário, senão para dar ênfase à soberania divina na execução da justiça contra o povo arrogante que desprezava a prática da justiça nas suas relações humanas e na infidelidade quanto ao cumprimento dos compromissos, voluntàriamente acei tos juntamente com as bênçãos e os privilégios do Con certo . A santidade, a plenitude da natureza do Senhor,, está contra a arrogância dos rebeldes. Temos que reconhecer que a forte expressão, eu abomino, e o pronome pessoal eu, como também o verbo odeio são antropopatias, a atribuição de sentimentos humanos ao Senhor. Temos que reconhecer a diferença entre o sentimento do ódio humano e a justiça divina, em perfeita harmonia com o seu santo amor. Pela sua própria natureza perfeita Deus é eternamente contra tô das as formas de iniqüidade. As leis morais do mundo representam a natureza de Deus. Elas apoiam e recom pensam o bem e condenam e castigam o mal. A palavra significa, em outros lugares, a gló ria de Jacó (Êx. 15:7), mas é usada também no senti do de exaltação própria, soberba, arrogância (Ez. 16:
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49; Prov. 16:18) . Esta glória de Israel, a sua escolha e a sua missão, não lhe pertence como tesouro particular (Is. 2:10; Sal. 47:4), que o exaltava acima de outras nações. Foi escolhido para exercer o seu sacerdócio en tre as nações e fracassara no cumprimento da sua res ponsabilidade, e à medida qué se desvanecia a glória da sua missão, aumentava o seu orgulho nacional de palá cios e cidades, que o levou à destruição (Is. 9:9; Os. 5 :5 ). O uso do nome Jacó ao invés de Israel tem alguma significação. Jacó, o egoísta, ganhou o nome Israel, 'príncipe de Deus, pela luta com o Senhor, mas Israel, como nação, na sua soberba, não podia reconhecer a necessidade imperiosa de lutar com Deus, e consigo mes ma, para a salvação da sua vida. Foi o velho Jacó quem praticou a crueldade contra o seu irmão. A cidade que tinha chegado ao auge de sua arro gância e suficiência própria seria entregue às mãos do destruidor. O profeta descreve então os horrores e os sofrimentos terríveis do sítio e da destruição de Samaria. “Se numa casa ficarem dez homens, também êsses morrerão. E quando o parente de um homem, o qual o há de queimar, toma os ossos para os trazer para forá da casa, e pergunta ao que esti ver na parte mais interior da casa: Ainda há alguém contigo? e êle responder: Não há, então êste lhe dira: Cala-te, não devemos mencionar o nome do Senhor” ( 6 :9-10). Alguns pensam que esta descrição do sítio e da pes tilência, foi acrescentada por alguém que tinha sofrido a experiência amarga da pestilência que acompanhou a destruição de Samaria, e quis dar o seu testemunho para o entendimento da profecia sôbre o grande desastre. Mas o profeta Amós já mostrou que tinha entendimento
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suficiente para apresentar esta descrição realística dos horrores e sofrimentos que geralmente acompanham a destruição da guerra. A cidade bem fortificada, arro gante e obstinada em recusar a ouvir as admoestações divinas tem que conhecer pela experiência a verdade da mensagem que desdenhosamente tinha rejeitado. O hebraico do versículo dez é difícil de se entender e traduzir satisfatoriamente. A versão SBB segue um texto modificado, e apresenta uma versão pouco diferen te, mas não nos parece melhor do que o Massorético. Todavia, a incerteza do texto não enfraquece a impres são cadavérica da cena. O parente mais achegado de um morto entra na casa imunda a fim de cumprir o último dever para com êle. Acha apenas uma só pessoa, es condida no canto mais interior da casa, apavorada, com mêdo de fazer menção do Nome do Senhor, para que não recaia sôbre êle um julgamento ainda mais severo. Não há certeza sôbre se o Parente é aquêle que vai queimar o cadáver, ou apenas incenso, ou se uma outra pessoa estaria com êle para prestar êste serviço, visto que as condições não permitiam o sepultamento. Os por menores da descrição, todavia, não podem ser tão hor ríveis como os sentimentos dos sobreviventes. “Sucederá o mal na cidade, e o Senhor não o terá fei to?” Nos tempos de calamidade aumentou-se a crença supersticiosa na vingança de Deus, no coração das mes mas pessoas que arrogantemente rejeitaram as admoes tações e os apelos proféticos. Outro característico da religião superficial que o profeta tinha condenado, de uma religião de rotina, é o de na hora de calamidade não somente não ter valor, mas romper logo em pânico. O conceito do Senhor que pudesse ser propiciado por baju lação na hora de maior necessidade do socorro espiritu al é o de considerá-lo como Deus tão irado e perigoso, que nem se devia mencionar o seu nome.
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“Pois eis que o Senhor ordena, e será despedaçada em ruínas a casa grande e a casa pequena em lascas” ( 6 :1 1 ). Esta é mais uma predição do transtorno nacional do povo infiel, A declaração liga-se com a última linha do verso 8, uma indicação talvez de que os versículos 9 e 10 foram introduzidos por um escritor depois do tempo de Amós, Segundo a expressão, qwcmdo o Senhor entre gará a cidade, e tudo que nela há (v . 8), êle dará ordem à nação que vai levantar (v. 14), e esta destroçará as casas grandes e pequenas, assim fazendo uma destrui ção total. Não há razão de se pensar, como alguns, que a casa grande se refere a Israel e a pequena a Judá, pois é claro que está-se falando do destino de Israel. Com o uso do particípio está ordenando, o profeta con tinua a empregar particípios, como se estivesse acom panhando os acontecimentos que descreve. “Correm cavalos no precipício? Lavra-se o mar com bois? No entanto, haveis tomado o juízo em veneno, e o fruto da justiça em alosna” ( 6 :1 2 ) . Os escritores do Velho Testamento não fazem dis tinção entre as leis físicas e as leis morais do mundo. A corrução da justiça é tão perigosa, e traz desastres tão grandes, como o esforço de fazer cavalos correr no precipício, ou o de lavrar o mar com bois, como se fôsse a superfície da terra. É melhor dividir a palavra DTlpÜ em D11 “ipS. e traduzir para lavrar o mar com bois ao invés de para lavrar-se ela. Esta mudança importa apenas na mudan ça da pontuação, que data do século oitavo cristão, quan do as vogais foram inventadas. Israel vai experimentar ò desastre de tomar o juízo em veneno, como tinha fei to sem escrúpulo nos seus tribunais e nas suas relações sociais.
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“Vós que vos regozijais com Lo-Debar, e dizeis: Não é por nossa própria fôrça que nos apoderamos de Carnaim?” (6:13) Refere-se ao orgulho de Israel no seu poder militar, pois os príncipes se ufanavam das vitórias de Jeroboão. II na reconquista do território que tinha perdido para a Síria. Mas para o profeta, êste poder militar não tinha significação diante do propósito do Senhor. Êle esco lhe dois dos lugares reconquistados, e relativamente in significantes, para expor a fraqueza militar de Israel, em relação ao poder do inimigo que se levantará contra êle. Lo-Debar é o nome de uma aldeia ao leste do Jor dão, aparentemente na zona de Maanaim (II Sam. 17: 27), reconquistada por Jeroboão II. Carnaim era o outra, talvez Asterote-Carnaim (Gên. 14:5), na mesma região de Lo-Debar. Aparentemente, êle escolheu estas duas aldeias, entre os muitos lugares conquistados, para fa zer um trocadilho dos nomes, “coisa de nada”, e “poder imaginário” . O profeta fala com ironia zombeteira do poder de Israel diante do poder do inimigo vindouro. Os chefes se ufanavam de nada e se gabavam do seu po der imaginário, mas não eram capazes de oferecer qual quer resistência contra o seu destino, já determinadopelas eternas leis da justiça. “Pois eis que levantarei contra vós uma nação, ó casa de Israel, diz o Senhor dos Exércitos; e êles vos oprimirão desde a entrada de Hamate até o ribeiro de Arabá” (6:14),. ' Terminam-se com êste versículo os oráculos prin cipais dos capítulos 1 a 6 . E’ um resumo geral dos en sinos do profeta sôbre as conseqüências da injustiça e da infidelidade de Israel. Ê o Senhor dos Exércitos, na sua irrevogável justiça, que levantará o inimigo destrui dor de Israel como nação. A frase desde a entrada, de
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Hamate até o ribeiro de Arabá define as fronteiras, ou os limites do território do reinado de Jeroboão II. Será destruído o território inteiro de Israel (II Reis 14: 25) . Nesta nota, profundamente triste, o homem de Deus termina a explicação do desastre reservado para a na ção infiel. O conjunto do território ocupado pelos dois rei nos, Israel e Judá, nesta época foi mais ou menos igual à área ocupada no reinado de Davi. O limite setentrio nal do território de Israel foi a entrada de Hamate, tal vez o passo, ou o caminho, entre o Monte Hermon e o Líbano, pouco ao norte de Dã. A palavra Arabá geral mente se refere à bacia do vale do Jordão até o golfo de Aquabá. Provavelmente se refira aqui ao ribeiro de el-Ashy que separava Moabe e Edom, e entra na extre midade meridional do Mar Morto. Jeroboão II ganhou todo êsse território ao leste do Jordão na luta com o reino decadente da Síria. Parecia incrível a profecia de Amos de que Israel pudesse perder de repente o seu grante território a qualquer inimigo. III. UMA SÉRIE DE VISÕES, A CONTROVÉRSIA COM AMASIAS, O FIM DO MINISTÉRIO DE AMÕS, EPÍLOGO, CAPS. 7-9 Nestes capítulos o profeta explica o significado das suas visões, descreve a controvérsia com o sacerdote Amasias de Betei, repete alguns oráculos, e termina com o epílogo de esperança. As visões descrevem as ex periências religiosas de Amós, a sua chamada ao minis tério profético, e apresentam em resumo a mensagem do Senhor para o povo de Israel. Concordam com os en sinos dos capítulos 1 a 6 do livro. Aparentemente Amós teve as visões antes de começar o seu ministério. As primeiras quatro visões, capítulos 7 e 8, se dis tinguem da quinta pelas palavras da introdução: “As
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sim o Senhor me fêz ver.” A última começa com as pa lavras, “E,u vi o Senhor” . São diferentes também no con teúdo. O grupo de quatro simboliza o julgamento do Senhor já executado em parte contra Israel, e em parte o castigo que ainda há de cair sôbre a nação. A última visão (9:1-4) proclama a destruição completa do reino de Israel. Do grupo das quatro visões, as primeiras duas (7: 1 -6) se distinguem das outras duas (7 :7-9) pelo fato de que as primeiras apresentam, em resposta à interces são do profeta, uma promessa de que o castigo mencio nado não seria executado, enquanto nas outras duas o Senhor se recusa a modificar a punição, declarando: “Nunca mais passarei por êle.” Assim os dois pares de visões se distinguem um do outro pela mensagem e pelo propósito em vista. Esta diferença tem importância em relação com o significado, e o ambiente histórico das visões. As primeiras duas indicam um julgamento dis ciplinar, enquanto a terceira e a quarta ameaçam a des truição iminente do reino. A terceira é relacionada às primeiras duas pelas referências ao perdão. A quarta é semelhante às outras três quanto à forma, mas apenas confirma os ensinos das outras. A quinta e última visão representa o destino final de Israel, com a sua destruição completa. As primeiras quatro visões constituem um prelúdio para esta. As sim se nota um progresso no significado das visões. Ê claro que tôdas elas se relacionam intimamente com a vida espiritual de Amós. Ao mesmo tempo testificam da sua vocação profética, e constituem, em parte, as suas credenciais perante o povo. Ele declara que não era pro feta até que o Senhor o tirou de após o rebanho e lhe disse: “Vai e profetiza ao meu povo Israel.” As visões têm importância também em relação com os discursos proféticos. O significado das visões con corda perfeitamente com as proclamações do profeta
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nos capítulos 1 a 6 . Amós se apresenta nas visões co mo profeta, especialmente no capítulo 8 . O Senhor in terpretou explicitamente para o seu mensageiro o signi ficado da terceira e da quarta visão. O profeta declara repetidamente através da profecia que está transmitin do ao povo a mensagem recebida do Senhor. 1. A Visão da Locusta, 7:1-3 “Assim o Senhor Javé me fêz ver: eis que êle formava gafanhotos no princípio do rebento da erva serôdia; e eis que era a erva serôdia depois das ceifas do rei. E ao acabarem de comer a erva da terra, disse eu: Õ Senhor Deus, perdoa, rogo-te! Como subsistirá Jacó? Pois êle é pequeno. Então o Senhor se arrependeu disso; Não acontecerá, disse o Senhor” (7:1-3). A visão profética era um modo de apresentar a ver dade religiosa, ou o ensino moral, na forma simbólica que o povo pudesse entender. Nestas visões o Senhor tomou a iniciativa e operou no espírito do profeta para produzir o entendimento do julgamento divino, ou do propósito das atividades de Deus na história do seu povo. O particípio focaliza a atenção na atividade do Senhor no processo ainda incompleto de formar locustas, que talvez, segundo o entendimento do pr®feta, ainda se achavam no estado larval. Havia várias espé cies de locustas, e as gobai, mencionadas aqui, são âs mesmas de Naum. 3:17. A praga de qualquer uma das espécies foi uma calamidade terrível, como se pode ve rificar pelas referências bíblicas (Êx. 20; Deut. 28:42; Joel 2:35; Naum. 3:15-17). Segundo 4:9 o Senhor man dou a locusta a fim de despertar o povo para reconhecer o êrro do seu caminho, e isto foi reconhecido pelo pro-
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feta como ato de misericórdia. Neste caso o Senhor mos trou misericórdia, detendo a praga em resposta à ora ção do seu mensageiro. A frase, no princípio ão rebento da erva serôdia^ significa o segundo crescimento da erva que brotava de pois de acabarem as ceifas do re i. Alguns entendem que o primeiro crescimento da erva foi reservado como tri buto do rei, como forragem para os seus cavalos e mu las (I Reis 18:5). Não há qualquer referência a esta forma de impôsto, mas o rei tinha o poder cie exigi-lo, se quisesse. Depois de levantar várias objeções contra esta interpretação, Keil e Delitzsch explicam que o rei é Deus. “O rei, que tinha ceifado a primeira erva, é o Senhor; e a ceifa da erva indica o julgamento que já ti nha executado contra Israel .” 1 Também surgem dúvi das sôbre esta interpretação. Convém lembrar que os pormenores da visão, como os da parábola, são de im portância secundária. O ensino principal da visão é cla ro. "A praga era mais um sinal do destino do reino se tentrional . As locustas vieram na primavera, justamente quan do as chuvas estavam regando os campos e a erva esta va florescendo. O profeta viu na praga um sinal do pro pósito do Senhor. Há uma dificuldade no texto traduzido como ao acabarem de comer a erva da, terra, ou Tendo eles co mido de tôãa a erva ãa terra. Kittel sugere uma pe quena modificação do Texto Massorético. Ao invés de ÍTTTI. êle traz SílH “’(Tl» quando esta vam acabando. Mas a diferença não é importante. Se as locustas tivessem comido a erva tôda, com a sua re tirada, e com as chuvas, a erva teria crescido ràpidamente de novo. A palavra traduzida para erva, encon tra-se em Gên. 1:11, e significa tôdas as plantas verdes. 1.
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A oração intercessória de Amós é mais uma demons tração do seu amor ao povo. Eu te peço no hebraico é apenas uma partícula, quase o equivalente de por favor. O profeta assim se identifica com o povo de Israel. Amós se revela nesta oração como verdadeiro profeta. Éle viu o povo, não como nação poderosa, com recursos sufici entes para qualquer emergência, mas como nação po bre, fraca, indefesa. Apesar do orgulho, da arrogância e da vida luxuosa, Jacó era pequeno. Os recursos nacio nais e as riquezas materiais eram insuficientes para a nação fazer face ao desastre, na decadência moral. O Senhor é sempre imutável nos seus eternos pro pósitos. As declarações do seu arrependimento são antropopatias, como em 5:6. É de acôrdo com a fidelidade e o propósito eterno do Senhor em responder às orações oferecidas em harmonia com a sua vontade. Amós re cebeu a certeza de que Deus tinha respondido à sua ora ção. A praga da locusta foi detida em virtude da ora ção intercessória. Deve-se interpretar a visão literalmente, ou consi derar as locustas simbólicas das hordas dos assírios ? A interpretação mais natural é a de que Amós, com a ori entação do Espírito do Senhor, estava interpretando a significação de uma praga real de gafanhotos, para o povo de Israel. 2. A Visão do Fogo Devorador, 7:4-6 O profeta declara, com ênfase, que o Senhor lhe mostrou a visão do fogo devorador, como lhe mostrara a visão de locustas. Então procede! “Assim o Senhor Javé me fêz ver: eis o Senhor Deus estava chamando para contender com fogo, e êle devorou o grande abismo, e teria consumido a terra. Então disse eu: Õ Senhor Deus, cessa, rogo-te; L. A. 10
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Como subsistirá Jacó? Pois êle é pequeno. Então o Senhor se arrependeu disso; Isto também não acontecerá, disse o Senhor Javé” (7:4-6). Assim Deus se apresenta como o Juiz que pede o comparecimento de Israel perante o tribunal, para con tender com êle (Comp. Is. 3:15; Jer. 2:9; Os. 4:1; Miq. 6 :1). O particípio &$“jp, chamando, dá ênfase ao fato de que a nação está enfrentando a necessidade imperiosa de entender-se, quanto antes, com o Senhor. O infinitivo , para contender, encerra a idéia de que Israel terá ocasião de defender-se ou pleitear a sua causa, perante o tribunal da justiça (Comp. Is. 1:18) . Mas, neste caso, a nação não tem defesa, e o profeta, falando em favor do povo, pode apenas pedir que o Senhor cesse de in fligir o castigo merecido. Qual é a natureza do castigo pelo fogo? Deus po dia chamar o povo, para contender com êle, por meio de peste e sangue (Ez. 38:22); com fogo e com, a es pada (Is. 66:16). Parece que o fogo nesta visão pro fética é simbólico, mas o símbolo é terrível. O fogo de vorou o grande abismo, ünn> e ia comer a porção da terra entregue a Israel como herança, p ^ n n . terra (Miq. 2 :4 ). O fogo já tinha secado o abismo subterrâneo que supria as fontes e correntes dágua (Comp. Gên. 7:11; Deut. 33:13), e já começara a consumir a terra. Mais uma vez o Senhor remove o castigo em res posta à intercessão do profeta. Há a variação de ape nas uma palavra na segunda oração do profeta. Na pri meira êle pediu perdão de Jacó; nesta êle pede que o Se nhor cesse ou faça parar o fogo. O Senhor respondeu ^essencialmente com as mesmas palavras que tinha usa do na resposta à primeira oração.
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As primeiras duas visões correm paralelamente com as aflições mencionadas em 4:6-11. Elas são típicas dos esforços feitos para desviar a nação de seus maus ca minhos . 3. A Visão do Prumo, 7:7-9 “Assim o Senhor Javé me fêz ver; e eis que o Se nhor estava junto a um muro feito a prumo; com um prumo na mão. Então o Senhor me disse, Que estás vendo, Amós? E eu disse: Um prumo. Então o Senhor disse: Eis que estou colocando um prumo no meio do meu povo Israel! nunca mais passarei por êle. Os altos de Isaque serão desolados, e destruídos os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão” (7:7-9) . Nas primeiras duas visões é posta em relêvo a ini ciativa do Senhor. Mas aqui o profeta declara que o Senhor não somente lhe mostrou a visão, mas também se apresentou como o elemento principal dela. Israel está sendo provado pelo prumo da justiça. O muro feito ao prumo é simplesmente um elemento essencial da vi são. O Senhor não se apresenta como o construtor do muro. O muro simboliza apenas uma obra perfeita. Pode-se considerar Israel, segundo a eleição e o Concêrto de Sinai, salvo e vocacionado, como representante ideal do Senhor entre as nações.2 Todavia, êste conceito do Israel ideal não se apresenta explicitamente na visão. O muro perpendicular e o prumo na mão do Se nhor simbolizam apenas o conceito de retidão. O profe2.
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E sp e ra n ça M essiân ica, do a u to r,
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ta não compreendeu logo o ensino, ou a verdade que a visão apontava. A palavra prumo, , não se encontra em qual quer outra parte do Velho Testamento, e por algum tem po os tradutores não entenderam o sentido da palavra. Em outras línguas semíticas a palavra significa chum bo. Com esta definição do têrmo, associada com o muro, depreende-se que, neste contexto, a palavra significa pru mo . O profeta estava fitando os olhos no prumo na mão do Senhor, aparentemente no esforço de compreender a sua significação, quando o Senhor lhe perguntou: Que estás vendo, ntn, Amós? O particípio indica a intensi dade do olhar do profeta. Há um contraste notável na menção suave e pessoal do nome do profeta e a calami dade de Israel, prevista no singnificado da visão. Que estás vendo com a vista natural, Amós? A pergunta é preparatória, e'desperta no espírito do profeta o desejo ardente de compreender a verdade que a visão estava proclamando. Então o Senhor lhe esclarece o entendi mento, dizendo ao seu espírito: “Estou colocando o pru mo no meio do meu povo Israel.” Ai de Israel! Um pa drão de justiça divina pôsto no seu meio! Que falta de retidão neste povo da escolha divina, que o prumo vai revelar! Nas visões anteriores o Senhor permitiu a interces são do profeta, e atendeu ao seu pedido em favor de Is rael. O prumo é para provar e para decidir. O Senhor da justiça não permite mais intercessão em favor de Is rael. O seu destino está determinado. Então sabia Amós que Israel seria pôsto à prova, achado em falta, e sen tenciado à destruição. A nação tinha caído além da pos sibilidade de ser levantada. O Senhor nunca e jamais perdoará a perversidade e a infidelidade de Israel. O prumo servia não somente para provar a exati dão do muro. Usava-se também como o prumo de ruína
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(Is. 34:11; 28:17; II Reis 21:13; Lam. 2 :8 ). O pru mo apontava não somente a perversidade, como também o seu desastre iminente. Israel, como o muro, está pres tes a cair. Convém lembrar, no estudo das visões, de que elas concordam perfeitamente, no seu significado, com os oráculos dos caps. 1 a 6 . O prumo de ruína revelou ao profeta não somente o destino irrevogável de Israel, mas também lhe abriu o entendimento sôbre o modo de des truição. O transtorno completo de Israel inclui os altos de Isaque, e todos os seus santuários. O nome de Isaque é usado aqui, e no versículo 16, como sinônimo de Israel, provavelmente para chamar a atenção ao grande contraste entre a piedade do patriarca e a infidelidade das dez tribos. Havendo adotado os costumes dos cananeus na prá tica dos cultos nos lugares altos, os israelitas ficaram cada vez mais influenciados pela corrução das idéias falsas da religião pagã. Introduziram finalmente nos cultos realizados em todos os santuários conceitos de baalismo no modo de cultuar o Senhor Javé, pensando que pudessem tratar o Senhor como bom colega, e assim ganhar os seus favores, sem se conformar com as suas exigências morais. Êle não se incomodaria com a reti dão e justiça do povo, se recebesse o culto assíduo com ofertas generosas. Até hoje há pessoas, nominalmente cristãs, que guardam em apartamentos separados ão espírito o culto e a vida social. Apresenta-se na primeira visão a locusta como o castigo do povo infiel; na segunda o fogo devorador; na terceira a espada. Mas nesta visão do prumo apon ta-se claramente a destruição da dinastia de Jeroboão II. A destruição desta dinastia marcou definitivamente o princípio da queda rápida do reino. B provável que o profeta pensasse que a destruição da casa de Jeroboão coincidiria com a ruína completa de Israel. Mas a na
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ção permaneceu mais um pouco de tempo, na subjuga ção miserável ao Império Assírio, sofrendo pouco tem po depois a ruína prevista, a destruição completa como nação, justamente de acôrdo com a profecia de Amós. Assim Israel ganhou a distinção de ser a primeira na ção da História que sofreu o extermínio nacional pelo inimigo. 4. O Conflito entre o Profeta e o Sacerdote de Betei, 7:10-17 Êste incidente biográfico é de profundo interêsse no estudo da religião em geral, e da profecia em parti cular. Apresentam-se na narrativa os personagens re presentativos das instituições importantes da socieda de . Não obstante as várias mudanças na estrutura so cial dos povos, estas três instituições sempre se repre sentam em todos os estágios do desenvolvimento social: o govêrno, o profetismo e o sacerdócio. Portanto, êste incidente nos apresenta um dos acontecimentos dramá ticos e significativos da História. Há sempre rivalidade potencial entre estas instituições, e às vêzes os confli tos rebentam na guerra. O govêrno é indispensável para o regulamento da sociedade em geral, mas sempre se es força para controlar a religião em favor do Estado, e às vêzes para limitar as influências da religião. O sacer dócio é sempre agressivo no esforço de usurpar funções e poderes governamentais, e de subjugar, controlar ou limitar a mensagem do profeta. O profetismo é o mais independente, o mais fiel à sua missão, e o maior con tribuinte para o progresso moral e religioso da socie dade. Há no Velho Testamento uma tensão constante en tre o sacerdote e o profeta, e entre as idéias de sacrifí cios e ofertas e as .do serviço, segundo os ensinos profé ticos . Amasias, o sacerdote de Betei, ficou assustado pela
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pregação de Amós. Sem entendimento das condições so ciais e religiosas do povo, o sacerdote era incapaz de compreender a mensagem do profeta. Do ponto de vis ta do seu entendimento limitado, e de seus próprios interêsses, Amasias sentiu-se justificado em acusar o pro feta de conspiração contra o trono. “Então Amasias, o sacerdote de Betei, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem cons pirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não pode sofrer tôdas as suas palavras” (7:10). Sabendo das pregações abrasantes de Amós contra a hipocrisia dos sacerdotes (3:14; 4:4-5; 5-5; 21-25) que tinham corrompido a religião e trazido a nação ao pre cipício da ruína, foi êle quem não podia “sofrer tôdas as suas palavras” . Não obstante o esforço de alguns eruditos modernos de subestimar o conflito entre os sacerdotes e os profetas do Velho Testamento, é bem claro que Amós, Isaías, Jeremias e outros profetas acen tuaram muito claramente a diferença entre o, cerimonialismo desmoralizado, e a mensagem de Deus revela da aos profetas. Amasias acusou Amós de conspiração contra o rei Jeroboão. A acusação é bastante grave. Pode signifi car que o profeta está chefiando uma revolução contra o rei. Ê certo que o sacerdote representa Amós como homem sedicioso, cuja pregação perigosa podia produ zir uma conspiração contra o govêrno do rei. A acusa ção é falsa, porque o sacerdote entendeu erradamente a pregação do profeta, e interpretou erradamente o seu motivo e a finalidade da sua mensagem. Falou a ver dade quando declarou que a terra não podia sofrer tô das as palavras de Amós. Na sua rebelião contra Deus, Israel tinha chegado à condição de perversidade que nem podia reconhecer a mensagem de Deus, ou o homem de
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Deus. Tinha permanecido nas trevas por tanto tempo que não podia sofrer mais a luz brilhante da verdade. Amós não era inimigo de Joroboão, nem do povo de Is rael, mas entendeu que o destino trágico do reino já se tornara inevitável. O profeta não tinha a mínima idéia de provocar uma revolta contra o rei. O povo, incluindo o rei e o sacerdote, seria vítima da sua infidelidade pa ra com o seu próprio Deus. “Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra” (7:11) . Citando a mensagem que tinha recebido do Senhor, Amós tinha dito, v. 9: “E levantar-me-ei com a espa da contra a cam de J e r o b o ã o Não há muita diferença entre as palavras do sacerdote e as do profeta. Portan to, é difícil determinar se há sinceridade na acusação do sacerdote. Mas é difícil de se acreditar que era sincero em apresentar que Amós está aceitando a responsabili dade da morte do rei. O sacerdote atribuiu isto à ini mizade aberta do profeta contra o rei e contra o povo. Deixou de mencionar que Amós estava condenando os pe cados da injustiça e da infidelidade do povo da escolha divina. Recentemente os russos se recusaram a t c m tir a entrada de uma remessa de Bíblias na sua • V á , com a declaração de que “a Bíblia é um livro s j ; 1 v o .” A mensagem do Senhor é 'sempre subversiva para os inimigos da verdade. O sacerdote citou corretamen te a segunda parte da mensagem de Amós, julgando que estas palavras, juntamente com a ameaça contra a vida do rei, seriam suficientes para incitá-lo contra Amós e para expulsá-lo de Israel. Não há qualquer indicação de que o rei se incomodasse com o relatório do sacerdo te sôbre o profeta perigoso. Ê provável que o rei tivesse mais respeito para com
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o profeta do que o sacerdote. Êle não podia esquecer-se da influência benéfica do profeta Eliseu no reinado do seu pai Jeoás, e indiretamente no seu próprio reinado (II Reis 14:35) . Todavia, alguns pensam que Amasias tinha recebido o apoio do rei, e assim transmitiu a or dem do trono ao profeta que foi expulso sem demora. Mas é apenas uma suposição. Certamente Amasias teria reforçado a sua mensagem dirigida ao profeta com a or dem específica do rei, se tivesse recebido o apoio de Jeroboão. “E Amasias disse a Amós: Õ vidente, vai-te, fo ge para a tua terra de Judá, e ali come o teu pão, e ali profetiza; mas nunca mais profetizes em Be tei, pois é o santuário do rei, e um templo do rei no” (7:12-13) . Amasias insinua, sem declarar abertamente, que Amós estava falando com a autoridade do rei de Judá. Para êle, Amós era um visionário, com idéias extrava gantes de males imaginários. Ao mesmo tempo, pode se acreditar que houvesse mêdo no coração de Amasias de que talvez Amós, apesar da sua extravagância, fôsse um verdadeiro homem de Deus. As palavras dirigidas ao profeta são duras e insul tuosas. Vai-te. É difícil para o interesseiro reconhe cer o serviço sacrificial do homem honesto, para o in sincero acreditar na sinceridade do homem verdadeiro. Sai de Israel que vai muito bem, e não quer saber nada das tuas visões de calamidade. Foge, sem demora, para a tua terra de Judá, e ali profetiza, e ali conta as tuas visões sôbre a destruição de Israel. Ali come o teu pão, pois não és apenas um interesseiro? Êste é o significado da insinuação do sacerdote, que mereceu a resposta du ra de Amós. Betei é o santuário do rei, e o templo do reino. As sim Amasias procurava abalar a coragem de Amós por
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meio de uma ameaça velada da parte do rei. Mas se es tivesse transmitindo a mensagem recebida do rei, teria reforçado as próprias palavras com a citação exata da ordem real, de acôrdo com o costume em tais casos. Mas, sendo Betei o centro da religião estadual, sob o patrocínio do rei, era aconselhável que o profeta saísse quanto antes, segundo a ordem do sacerdote. Alguns comentaristas argumentam que Amós saiu, ou fôra expulso de Israel antes que pudesse terminar a sua mensagem profética, e a última parte da profecia fôra escrita mais tarde em Judá .3 Embora apresentados com habilidade os argumentos em favor desta opinião, parece mais provável que o intrépido mensageiro do Se nhor terminou a sua missão antes de partir do reino de Israel. A sua resposta a Amasias certamente indica que não está disposto a seguir o conselho, carregado de amea ças, do sacerdote. “Então respondeu Amós a Amasias: Eu não era profeta, nem filho de profeta era eu, mas boieiro e cultivador de sicômoros, quando o Senhor me tirou de após o rebanho, e me disse: Vai, profe tiza ao meu povo Israel” (7:14-15). Nenhuma forma do verbo ser consta no hebraico do versículo 14, mas aqui é subentendido o verbo, e a for ma que é claramente subentendida é era, e não a forma do presente, sou, de quase tôdas as versões. Parece quase impossível, até para os eruditos na língua, reco nhecer que o tempo do verbo hebraico é determinado pe3.
O D r. W atts, O p . c i t . , p . 50. «A história de B etei nos explica por que tin h a que haver dois liv ro s. O m in istério de A m ós no R eino S etentrional fo i interrom pido an tes que D eu s term i n asse a su a m en sagem concernente a Isra el. A s visões, p a lavras e a secção b iográfica dos ú ltim os três cap ítu los fo ram recolhidas por am igos aderentes, ou p ro feta s co leg a s de qualquer santuário do su l.»
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lo uso, ou pelo contexto, e não pela forma. Mas nem a forma do verbo consta aqui, e é difícil compreender por que os trádutores usam sou que apresenta uma contra dição desnecessária na declaração do profeta. A pala vra boieiro, achada somente aqui, talvez fôsse co piada erradamente de noqued, “Ip*j, pastor. A palavra d ? d , cultivador, talvez se refira ao costume de furar o fruto do sicômoro para que amadurecesse, mas pode ser uma referência ao costume de colher o fruto como comida de pobres, e às vêzes de pastores. Amós evidentemente se ressentiu com a insinuação do sacerdote de que era profeta profissional, ou um dos filhos dos profetas, treinados na técnica de êxtase, e que tomaram parte ativa na revolução contra a casa de Onri (I Sam. 10:5; II Reis 3:15; 9:1-10). Negando que era um dos filhos dos profetas, Amós nega, com efei to, a acusação do sacerdote que estava conspirando con tra a casa de Jeroboão. Êle declara que estava ocupado com o seu trabalho de pastor quando o Senhor apode rou-se dêle e lhe deu a mensagem para o povo de Israel, e não podia deixar de transmiti-la. Nenhum dos profetas do Velho Testamento teve uma convicção mais firme, ou mais claramente definida, da chamada divina para pre gar a palavra de Deus ao povo, do que Amós. Longe de obedecer à ordem do sacerdote, Amós re trucou com uma pavorosa predição que envolveu a pes soa e a família de Amasias. “Ora, pois, ouve a palavra do Senhor. Tu dizes: Não profetizes contra Israel, e não pregues contra a casa de Isaque. Portanto, assim diz o Senhor: Tua mulher será uma prostituta na cidade, e os teus filhos e as tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel.
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Quanto a ti, tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo fora da sua terra” (7:16-17) . Ê especialmente impressionante a antítese entre as palavras tu dizes e assim diz o Senhor. O hifil de é usado aqui pela primeira vez no sentido de pregar (Miq. 2:11; Ez. 21:2,7). Ê usado no sentido de soltar a mensagem. A palavra do Senhor cai suavemente, co mo o orvalho, sôbre o servo obediente do Senhor, mas sôbre o rebelde e desobediente, pode ser uma améaça pesada. A prostituição de mulheres, a matança de jovens, a repartição das propriedades, e o exílio dos líderes eram práticas comuns dos vitoriosos contra os conquistados. O profeta não diz que a espôsa do sacerdote se tornará prostituta voluntariamente, mas que será violada hor rivelmente por fôrça, pelos inimigos conquistadores. Os filhos e as filhas de Amasias sofrerão o desastre ter rível da guerra. Ãs vêzes as filhas foram tomadas co mo esposas para os soldados, mas na conquista de Is rael pelos assírios cruéis, o castigo dos conquistados vai ser excessivamente severo. A terra será medida a cor del e dividida entre os inimigos, de acôrdo com o costume dos assírios depois do tempo de Tiglate-Pileser (Comp. II Reis 17:24; Miq. 2:4; Jer. 6:12) . A política da As síria visava a destruição completa das nações que ela conquistava. O sacerdote arrogante, que fechava os olhos contra as condições perigosas da sua freguesia, morrerá na terra imunda. Qualquer terra fora da Palestina, onde não se podia oferecer sacrifícios ao Senhor, foi imunda para os israelitas (I Sam. 26:19; II Reis 5:17) . Segundo a idéia popular da época, o Senhor não podia estar pre sente onde não podia ser devidamente adorado (Os. 9:34).
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Na declaração sôbre o cativeiro de Israel, o profe ta repete as palavras maldosas da acusação de Amasias. Assim aceita, em parte, a acusação do sacerdote, mas de um ponto de vista diferente do de Amasias. A citação destas palavras que representaram a substância da pre gação de Amós, perante o acusador, demonstra a intre pidez do mensageiro do Senhor. O cumprimento da pro fecia, alguns anos depois, era tão maravilhoso que al guns comentaristas julgam que esta declaração, atribuí da a Amós, foi acrescentada por um escritor depois da queda de Israel. Mas a afirmação concorda tão perfei tamente com a mensagem de Amós que esta opinião não tem fôrça. O fato de que o sacerdote atribuiu a declara^ ção ao profeta indica que o corajoso mensageiro do Se nhor repetiu de novo as mesmas palavras. 5. A Visão do Cêsto de Frutos de Verão, 8:1-3 No símbolo do cêsto cheio de frutos de verão é a madureza dos frutos que proclama a mensagem proféti ca a respeito de Israel. Como tinha chegado o fim dos frutos, chegara também o fim para o povo de Israel. “Assim o Senhor me fêz ver: e eis um cêsto de frutos de verão. E perguntou: Que vês, Amós? E respondi: Um cêsto de frutos de verão. Então o Senhor me disse: Chegou o fim para o meu povo Israel: nunca mais passarei por êle. E os cânticos do templo serão tiivos naquele dia, diz o Senhor Javé; muitos serão os cadáveres; em todos os lugares serão lançados fora,. Silêncio! (8:1-3) A narrativa indica que esta visão veio ao profeta depois do seu encontro com Amasias. Começa com as
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mesmas palavras que introduzem as primeiras três vi sões. Como no caso do prumo, o profeta evidentemente estava olhando intensamente ao cêsto de frutos, no es forço de entender o que pudesse significar, quando o Senhor Javé lhe perguntou: “Que estás vendo, Amós?” O vidente respondeu, “Kelub qayits.” A palavra encon tra-se apenas uma vez fora desta passagem, em Jere mias 5:27, onde significa gaiola. O têrmo evidentemen te podia ser usado para significar receptáculo de vários objetos. O cêsto é vaso especialmente apropriado para conter frutos. A palavra Y 'p , qayç, significa verão ou fruta de verão. É pronunciada quase como 'pp , qeç, que significa fim. Então o Senhor lhe disse: “Já veio, ação completa, o fim do meu povo Israel. ” Está definitivamente determinado o fim de Israel como na ção. A frase, o meu povo Israel, relaciona-se com as pa lavras a vós somente conheci, de 3:2, e acentua a tragé dia do povo altamente privilegiado que desprezou a no bre missão de ser o povo do Senhor perante o mundo. O Deus da justiça tinha que destruir o seu povo, que por infidelidade deixou de ser o seu povo. Mais uma vez segue a terrível sentença final: Nunca mais passarei por êle. Não é mais possível perdoar a sua rebelião. Os frutos de verão são os inferiores que amadure cem depois da colheita dos melhores, no fim da esta ção. Parece que Amós teve a experiência das visões através do período do verão: as locustas na primavera, o fogo no tempo do calor, e os frutos de verão no fim da estação. • A palavra chave desta visão é fim . Ê o fim do ano, e o fim do povo de Israel como o povo do Senhor e co mo nação. O v. 3 descreve alguns dos efeitos da destruição de Israel pelo inimigo . Os cânticos do templo se tornarão uivos naquele dia. A palavra no hebraico, helilu, é uma onomatopéia. Os uivos do povo soarão como a pronún
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cia de helilu. De repente, os cânticos do povo no templo serão mudados em uivos de agonia e miséria. Amós es tá falando do templo em Betei, dedicado principalmente à idolatria, e aos cânticos que os israelitas tinham in ventado, julgando, no seu orgulho, que estivessem se guindo o exemplo de Davi. Pensando na destruição terrível dos invasores, o profeta declara que haverá muitos cadáveres em tôda parte. O texto não está claro, mas acentua a agonia e o desespêro do restante dos vivos. Na presença de tan tos mortos, até o silêncio será horrível. 6. Outro Discurso sobre a Iniqüidade e Destino de Israel, 8:4-14. Apresentam-se nesta secção uma série de denúncias semelhantes às que já tinham vaticinado nos caps. 3 a 6 . Mais uma vez êle condena severamente a opressão dos pobue.s pelos ricos. “Ouvi isto, vós que pisais os necessitados, e destruís os miseráveis da terra” (8:4) . A SBB traduz: “Ouvi isto, vós que tendes gana contra o necessitado, e destruís os miseráveis. ” Almeida diz: “Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do necessita do, e destruís os miseráveis da terra.” A RSV tem: “Ou vi isto, vós que pisais os necessitados, e trazeis ao fim os pobres da terra.” O KJV: “Ouvi isto, ó vó,s que tra gais os necessitados, até fazendo esmorecer os pobres da terra.” Não há muita diferença no sentido destas várias versões, mas mostram a dificuldade de traduzir o sentido exato do hebraico. A palavra encontra-se no plural em 2:7, tra duzida por quase tôdas as versões por suspiram, mas a RSV traduz a palavra pisam neste versículo também. A Septuaginta traduz a palavra pisam em 2:7, e pisais em
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8:4. O infinitivo rTOtS^ significa fazer cessar, no sen tido de trazer ao fim ou destruir. O versículo dá ênfase à condição miserável dos pobres e necessitados, causa da pelos gananciosos no poder. “Dizendo: Quando passará a lua nova, para que Vendamos o grão? E o sábado, para que abramos o mercado de trigo (diminuindo a efa, aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças engana doras, para comprarmos os pobres por dinheiro, e os necessitados por um par de sapatos!), e vendamos o refugo do trigo?” (8:5-6) . As palavras do parênteses representam a acusação dos negociantes pelo profeta, introduzida no meio da cita ção das palavras dos interesseiros. A lua nova e o sá bado, dias de culto e de descanso, em benefício dos ser vos e trabalhadores, desagradavam os negociantes por que prejudicavam o aumento das suas riquezas. “Co mo em tôdas as outras passagens relevantes do Velho Testamento, temos aqui os interêsses do sábado ligados ao bem-estar dos pobres. O quarto mandamento ordena o dia de descanso para todos, mas em benefício especial dos trabalhadores e dos servos. ” 4 A instituição do sábado está sendo desprezada por êste grupo de interesseiros que pisavam os pobres devi do ao seu amor ao dinheiro. No seu amor insaciável pelo dinheiro, os negociantes praticavam tôdas as formas pos síveis de fraude, diminuindo a efa, a medida oficial, para obrigar o comprador a pagar por mais trigo, ou outra mercadoria, do que recebeu. Ao mesmo tempo êles au mentavam o pêso do siclo oficial para assim extorquir 4.
G eorge A d a m S m ith , Op. c it ., -p. 83
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do pobre comprador dinheiro além do preço da medida honesta (Comp. Gên. 23:16; Deut. 23:13-15), As palavras aqui, “para comprarmos os pobres”,, complementam a frase em 2:6, “vender os pobres.” Com dinheiro na mão, podiam comprar barato o pobre deses perado, e depois vendê-lo caro, como vendiam o refugo do trigo. O desprêzo do valor infinito do homem cria do à imagem de Deus é a raiz de muitos males. “Jurou o Senhor pelo orgulho de Jacó; Certamente nunca me esquecerei de tôdas as suas obras” (8:7). Em 6:8 o Senhor Deus jurou por si mesmo que abo minava a soberba de Jacó. Mas aqui a glória de Israel, na sua própria excelência, é tão constante que o Senhor jura pelo orgulho de Jacó. O orgulho de Jacó, ou de Is rael, ficou tão arraigado, e tão inalterável, que servia de base para o juramento do Senhor. Mas alguns en tendem que o orgulho de Jacó, neste contexto, é sinôni mo de Javé. Neste caso, a tradução mais apta de seria a excelência_, ou a glória de Jacó, como na SBB. Assim a glória de Jacó se refere à eleição de Israel, 3:2. Se o Senhor jurou pelo orgulho constante e inalterável de Jacó, ou por si mesmo} com referência à eleição de Israel, há certamente um tom de ironia na declaração», pois os israelitas tinham repudiado as responsabilida des da eleição, e ao mesmo tempo se ufanavam inalteràvelmente da sua própria glória. As obras de Jacó violavam tão arrogantemente a justiça divina,'que a ameaça concorda perfeitamente com a profecia de Amós. Portanto, não há nenhuma razão para se atribuir a passagem a outro escritor admitindose que teria acrescentado êste versículo à obra original de Amós, simplesmente porque não é especificado o de sastre que Israel há de sofrer. A seguinte explicação de George Adam Smith mostra como a passagem repre L. A. 11
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senta perfeitamente o pensamento e o estilo de Amós: “A fonte principal da inspiração do profeta é o seu sen tido abrasador da indignação pessoal do Senhor contra crimes tão abomináveis. ” 5 A frase, não me esquecerei de tôãas as suas obras, significa que tais obras serão devidamente punidas, de acordo com a justiça divina. A Septuaginta tem tuas obras, para concordar com “Ouvi isto, vós”, no v. 4. “Não estremecerá a terra por causa disto, e não lamentará todo aquêle que habita nela, e tôda ela se levantará como o Nilo, e será agitada e abaixará como o Nilo do Egito?” ( 8 :8 ) . Assim se representam as fôrças da natureza física em perfeita harmonia com a justiça divina, indignadas com a iniqüidade e a corrução de Israel. A frase por causa disto apresenta o terremoto como o castigo da ava reza e da injustiça dos negociantes que pisavam os po bres e necessitados. A terra estremece por causa da re volta dos iníquos contra o Senhor, enquanto se ouve a lamentação em tôda parte. O terremoto não é apenas um tremor momentâneo. A palavra , no imperfeito, des creve o movimento da terra para cima e para baixo, com parado com o Nilo que vai se elevando por um período de um mês, e se baixando no mês seguinte. O sofrimen to terrível do povo vai continuar, com grande lamenta ção, por muito tempo. A linguagem poética, ou figurati va, é necessária para descrever as convulsões do espírita •do povo, no desastre nacional. O sinal de interrogação no princípio da primeira linha do hebraico, com a ligação de cada uma das três linhas seguintes pela conjunção vave, indica que o ver sículo inteiro deve ser lido como uma só pergunta. Sur ■5.
Op,. cit., p . 184
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gem dúvidas, às vêzes, a respeito da pontuação do he braico. A SBB lê a primeira e a segunda linha como perguntas; a terceira e quarta como declaração. O sen tido não é muito diferente. A pergunta retórica é mais enfática do que a simples declaração. “E sucederá naquele dia, diz o Senhor Javé, Farei que o sol se ponha ao meio-dia, e entenebrecerei a terra em dia claro. Converterei as vossas festas em luto, e todos os vossos cânticos em lamentações; porei pano de saco sôbre todos os lombos, e calva sôbre tôdas as cabeças; farei que isso seja como luto por um filho único, e o seu fim como um dia de amargura” (8:9-10) . Êstes versículos descrevem o efeito do julgamento divino sôbre os israelitas que desprezaram as leis mo rais do Senhor. No julgamento da revolta de Israel con tra a ordem moral da sociedade, o Senhor dos céus e da terra põe em operação as leis da ordem natural. Além do terremoto, com os seus horrores, vem também a es curidão, com o pôr do sol ao meio-dia. Alguns pensam que o profeta se refere ao eclipse do sol que ocorreu aos 15 de junho de 763 a.C ., no período do ministério de Amós, mas a palavra entrar, significa claramente a entrada do sol, ou o sol poente. O sol se põe ao meiodia para o homem quando morre de repente no meio da vida, Assim, a noite virá, com o sol poente, para Israel ao meio-dia, no meio da sua prosperidade material e do seu orgulho . Na escuridão desnaturai haverá gran de lamentação, O profeta tinha falado em 5:16 e 17 do pranto de tôdas as classes do povo de Israel, nas pra ças, nas ruas e nas vinhas. Em:5:18 e 20 êle declara que o dia do Senhor será um dia de trevas, e não de luz co mo o povo esperava. Descreve também nestes dois ver
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sículos o castigo da infidelidade de Israel que lhe so brevirá no dia do Senhor . Vai cair de repente o julgamento divino sôbre a na ção, e tôdas as suas festas de alegria se converterão em luto e os seus cânticos de júbilo em uivos e lamenta ções. O povo punha pano de saco sôbre os lombos, e fazia calva a frente da cabeça quando ficava desespera do. (Ver Is. 3:24) . Em Deut. 14:1 é proibido fazer calva por causa de algum morto, porque muitos pagãos praticavam o costume, e Israel deve ser um povo sepa rado, um povo santo (Deut. 14:2) . Descreve-se a la mentação por um filho único em Jer. 6:26, como pran to de amarguras. “Eis que vêm os dias, diz o Senhor Javé, quando enviarei fome sôbre a terra; não a fome de pão, nem a sêde de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Perambularão de mar a mar, e do norte até ao oriente; correrão por tôda parte, procurando a palavra do Senhor, mas não a acharão” (8:11-12). Os versículos apresentam uma visão do julgamento do Senhor quando o povo não terá mais a luz e o con forto da palavra de Deus. No seu sofrimento, o povo de sejará ardentemente uma mensagem do Senhor para con fortá-lo nas aflições e oferecer-lhe de novo à orientação que tinha rejeitado. Mas a sua amargura no tempo da ' punição será intensificada pela falta da revelação divina. O povo de Israel freqüentemente desprezou e rejei tou a orientação de seus mensageiros espirituais, mas o profeta Amós tinha sido para êles intolerável. Portan to, um dos elementos trágicos do castigo da sua infide lidade é que o Senhor lhe enviará a fome e a sêde de ou vir a palavra de conselho divino. Na sua miséria o po
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vo se dirigirá ao Senhor, mas não haverá a mensagem divina para satisfazer a fome e a sêde do seu espírito. No período de prosperidade, no orgulho da própria sabedoria e na rejeição das admoestações incabíveis de Amós, Israel julgava que estava passando muito bem. Sobreviveu à fome de pão e à sêde de água e de novo estava gozando dos frutos da própria sabedoria. Con firmado nas crenças falsas a respeito do Senhor, e do profeta que lhe falava sempre do castigo do Senhor, tinha certeza de que sabia apaziguar o seu Deus com generosas ofertas e sacrifícios. Mas no tempo do jul gamento iminente, o sofrimento espiritual será tão in tenso, e tão agudo, que o povo ficará acordado para re conhecer que a necessidade do pão da vida é primordial, mais profunda do que a fome e a sêde dos seus corpos. Cambalearão, de mar a mar, isto é, desde o Mar Morto até ao Mediterrâneo (Sal. 72:8; Zac. 9:10), ou até às extremidades da terra, na procura de uma mensagem do Senhor. Falhando na primeira busca, pro cederão do norte ao oriente, em tôda a terra, mas não acharão a palavra do Senhor que tinham rejeitado ar rogantemente . Alguns, sem argumento suficiente, negam ao pro feta êstes dois versículos, na base geral de saber julgar os limites do pensamento de Amós. Dizem que êle não podia ter desenvolvido a sua predição na profecia da fome e sêde espiritual, mas que um profeta subseqüente, reconhecendo que o homem não vive só de pão, teria de senvolvido esta mensagem espiritual. “Naquele dia as virgens formosas e os jovens desmaiarão de sêde. Os que juram por Ãshima de Samaria, e dizem, como vive o teu deus, ó Dã; e, como vive o caminho de Berseba, êsses mesmos cairão, e nunca mais se levanta rão” (8:13-14).
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Geralmente as virgens e os jovens, no vigor da ju ventude, pensam nos prazeres da vida e deixam para, mais tarde o problema da sua relação para com Deus. Mas naquele dia, êste grupo mais vigoroso do povo, sub mergido nas tristezas do desastre, desmaiará. Se os mais fortes desmaiam de sêde, quanto mais os fracos. Se os jovens tivessem participado do culto idólatra de Samaria, sentiriam profundamente a severidade do jul gamento do Senhor. O significado do vs. 14 não é muito claro. A flor da sociedade de Israel tinha jurado por Ãshinva. Esta palavra é geralmente reconhecida agora como o nome de uma deusa da Siria, adorada em Samaria por alguns judeus. Esta deusa foi conhecida pela colônia dos judeus de Elefantina no Egito, no quinto e no quarto século a .C .6 Conforme diz II Reis 17:30, Ãshima foi adorada também pelos homens de Hamate. Com a mudança de apenas uma vogal Ãshima toma o lugar de áshama que significa “culpa” . Como vive o teu deus, ó Dã, refere-se ao bezerro de ouro naquele lugar, perto da base do Monte Hermon (I Reis 12:29). Keil e Delitzsch7 argumentam que a culpa de Samaria se refere à adoração do bezerro de ou ro de Betei, como a cláusula seguinte se refere ao bezer ro de Dã. Mas a palavra Âshima certamente significa o nome de uma deusa adorada em Samaria, e a culpa, áshama, de adorar uma deusa falsa, na infidelidade para com o Senhor. Samaria, bem como Betei, era centro da idolatria de Israel. Ê muito provável que o povo da capital continuasse o culto no santuário de Betei. A culpa dos adoradores do bezerro de Dã era também a culpa dos idólatras de Betei, reconhecida por implicação. O juramento pelo caminho de Berséba é geralmente 6.
7.
Arqueologia Bíblica do autor, p s. 59-61; 285 Op. c i t ,, p . 319
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considerado semelhante ao juramento dos muçulmanos pelo caminho de Meca. Mas alguns seguem a versão da Septuaginta, “como vive o teu deus de Berseba”, mu dando r n , caminho, para T H , teu deus. 7. A Visão Final da Terrível Destruição ão Reino de Israel, 9:1-4 Nesta quinta e última visão, o profeta declara que o próprio Senhor lhe apareceu junto ao altar, e lhe apre sentou diretamente a mensagem que transmite ao povo. Nas visões anteriores o Senhor lhe mostrou os objetos, e no caso do prumo, e do cêsto de frutos} Deus lhe inter pretou a sua significação. “Vi o Senhor que estava em pé junto ao altar, e êle disse: Fere os capitéis até que estremeçam os umbrais, e os faze em pedaços sôbre a cabeça de todos êles; e os sobreviventes matarei à espada; nenhum dêles fugirá, nenhum dêles escapará. Embora cavem até o Sheol, de lá os tirará a minha mão; embora subam ao céu, de lá os farei descer. Embora se escondam no cume do Carmelo, de lá buscá-los-ei e os tirarei; embora se escondam dos meus olhos no fundo do mar, de lá darei ordem à serpente e ela os morderá. Embora vão para o cativeiro diante de seus ini migos, ali darei ordem à espada, e ela os matará; e porei os meus olhos sôbre êles para o mal, e não para o bem” (9:1-4) . Impressionante é a repetição das frases nestes ver sículos que descrevem a impossibilidade de escaparem do julgamento divino.
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O profeta viu ao Senhor junto ao altar de Betèl, o santuário principal do povo de Israel. A profecia da vi são é dirigida contra o reino, contra a casa real, contra os opressores injustos e também contra os santuários, pois o fracasso da religião foi a base e o princípio do declínio moral que resultou na injustiça e na infidelidade do povo escolhido quanto a representar os princípios do reino de Deus na terra. No templo, como a habitação do Nome do Senhor, os israelitas viram o penhor da presença do Senhor e da permanência do reino de Israel. Portanto, a destrui ção do templo representaria o término do reino de Is rael como o povo do Senhor. A profecia da exterminação repentina do santuário, onde o povo estava prestando os seus cultos de costume ao seu Deus, foi recebida pelos ouvintes como mensagem inexplicável, incrível, absurda. O profeta declara concisamente: Vi o Senhor. As sim esta visão se distingue das outras, introduzidas pe las palavras, O Senhor me fêz ver. Não se apresenta, como nos casos anteriores, qualquer objeto simbólico do desastre vindouro. O próprio Senhor tinha tomado a sua posição ao lado do altar para falar direta mente ao seu mensageiro. Foi o altar de Betei, o centro do culto nacional do povo de Israel. Parece um tanto forçado o argumento de Keil e Delizsch 8 de que a men sagem profética, apresentada nesta visão, é dirigida ao reino de Judá bem como ao de Israel. É verdade que o profeta tinha mencionado o reino de Judá em algumas das mensagens de ameaça, mas não há nada nesta visão para indicar que Amós viu a completa destruição re pentina de Judá. O reino de Judá resistiu maravilhosa mente ao poder militar de Senaqueribe, no esforço de tomar a cidade de Jerusalém nesta mesma campanha da Assíria (I Reis Caps. 18-19) . O rei Ezequias, encoraja 8.
Op.
c it ., p .
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do pelo profeta Isaías, recusou entregar a capital de Judá ao exército formidável da Assíria, e o reino político permaneceu por mais 135 anos, para ser tomado em cir cunstâncias diferentes, com resultados importantes para a permanência do restante fiel e, por seu intermédio, o reino de Deus. Não é mencionado o nome da pessoa incumbida de executar a ordem de ferir (ijn) os capitéis. A des truição do santuário ainda esta no futuro. A ordem é evidentemente simbólica, e foi assim entendida pelo pro feta. Mas não pode haver dúvida sôbre o significado do símbolo. O templo de Betei será completamente destruí do. Quando os capitéis das colunas que seguram o te to são esmagados, o edifício cairá. Estremecerão os umbrais, e o templo ficará completamente desmoronado, caindo em pedaços sôbre a cabeça de todos eles. As pes soas reunidas no edifício ficarão sepultadas nos escom bros. A fuga será impossível. A discrepância aparente na declaração de que “todos serão esmagados pelas ruí nas” e “os fugitivos” é removida pela ênfase na destrui ção completa. Se, por acaso, < alguns conseguissem fugir, Deus persegui-los-ia e os destruiria à espada. Não esca pará nenhum dêles. Não é possível fugir da justiça de Deus. Embora cavem, nnn, até o Sheol, a terra subterrâ nea, a habitação dos mortos (Is. 49:9-11; Jó 11:8, 26: 5 seg .), de lá os tirará a minha mão. Esta linguagem da visão é hiperbólica para acentuar a impossibilidade de fugir da onisciência do Senhor dos céus e da terra, como também da certeza da destruição completa do rei no setentrional. Se os sobreviventes do desastre do templo pudessem subir até ao céu, de lá os faria descer o Senhor da jus tiça . Se tentassem esconder-se no Monte Carmelo, de 550 metros de altura e cheio de cavernas, com florestas que
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antigamente serviam de abrigo aos ladrões, o Senhor os buscaria e os tiraria. Se fôsse possível esconderem-se no fundo do mar,, o Senhor daria ordem à monstruosa serpente, o leviatã. tradicional, o monstro marinho (Is. 27:1; Jó 41:1; Sal. 104:26), e êle os morderia. Se fôrem para o cativeiro diante dos inimigos, ali o Senhor dará ordem, à espada, e ela os matará. Talvez o profeta se refira à crença de alguns israelitas de que Javé exercia autoridade sôbre o povo da Palestina, masr em qualquer outra terra êles seriam sujeitos ao deus que ali governasse. O exílio era considerado geralmente como castigo o mais severo possível, mas aqui a mortecomo punição é pior. Assim êste trecho descreve gràficamente a oniscirência e a onipresença do Senhor da justiça, uma amea ça terrível para os injustos e os revoltosos contra o seu Deus. No Salmo 139 o cantor descreve com temor, e com profunda reverência, êstes maravilhosos poderes do Se nhor. Deus tinha pôsto os olhos sôbre o povo de Israel, para dirigi-lo e orientá-lo na realização do seu propósito de estabelecer o seu reino e o seu govêrno no mundo. Mas Israel se revoltara contra o propósito divino, com a conseqüência terrível de que o Senhor põe os oihos sôbre êle, não mais para o bem, mas para o mal (n jn> para o punir segundo os eternos princípios da justiça divina. Em tôdas as circunstâncias o povo fiel do Se nhor pode ter certeza de que recebe a atenção especial do Senhor. São mais ricamente abençoados do que o po vo do mundo, e também mais severamente punidos quan do desprezam os seus privilégios e se revoltam contra a justiça divina.
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8.
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O Terceiro Hino do L ivro de A m ós, 9:5-6
“O Senhor Javé dos Exércitos, êle que toca a terra, e ela se derrete, e todos os que habitam nela lamentam, e tôda ela sobe como o Nilo, e abaixa como o rio do Egito; é êle que edifica as suas câmaras superiorés noscéus, e funda a sua abóbada sôbre a terra; e o que chama as águas do mar, e as derrama sôbre a superfície da terra; o Senhor é o seu nome” (9:5-6) . Êste hino, como os anteriores (4:13 e 5:8-9), des creve a majestade transcendente de Deus como o criador e governador do mundo. Alguns comentaristas pensam que a teologia dos três hinos é muito desenvolvida para. êste período, e os tratam como interpolações na profe cia, algum tempo depois de Amós. Mas nestes últimos, anos, estudantes eruditos como o Dr. John D. W. Watts3 argumentam que foram escritos algum tempo antes deAmós, e citados por êle. E contra a posição de muitos, críticos, o Dr. Watts concorda com os arqueólogos W. F. Albright e G. Ernest Wright,10 de que o monoteísmo« foi desenvolvido antes do tempo de Amós, e que êstes hi nos tiveram a sua origem no período entre Elias e o. profeta de Tecoa, para serem cantados durante os cultos nos santuários. Neste caso, a citação dos hinos por Amós concorda perfeitamente com a sua crítica severa dos cul tos formais nos santuários. A teologia, perfeitamente or todoxa, proclamada nos cultos, era desprezada na prá tica da infidelidade religiosa. 9.
10.
Op. cit.j pág. 64 E rn est W right, God Who A cts, Biblical Theology a s Recital, C ap. II . W . F . A lbright, Archaeology <md the' Religion of Israel, p . 116
G.
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O v. 5 repete, em parte, 8:8 que representa as for ças da natureza física em perfeita harmonia com as leis morais do Senhor. O Senhor Javé dos Exércitos, que põe os olhos sôbre Israel, é aquêle que toca a terra, e ela se derrete, aquêle que fica entronizado nos céus como o criador, sustentador e diretor de tôdas as fôrças físicas bem como das leis que operam na vida do homem e das nações. A cosmologia do v. 6 concorda com a de Gên. 1:8-8. As câmaras superiores nos céus levantam-se acima da •abóbada , aguda) cujas extremidades repousam sôbre a terra. Esta cosmologia não concorda com a ci ência moderna, mas o ensino teológico do hino se har moniza perfeitamente com as leis da ciência já conhe cidas, ou que ainda possam ser verificadas, pois o Se nhor se apresenta como o criador das leis físicas que encantam e preocupam os cientistas. É o Senhor Javé dos Exércitos que chama as águas do mar e as derrama sôbre a face da terra. O vento, as águas, as montanhas, os corpos celestes testemunham do propósito do Senhor. Como todos os poderes recebem a sua direção do Senhor dos Exércitos, assim também a vida e a esperança do homem repousam nêle. Êstes três hinos, 4:13; 5:8-9; 9-5-6, concordam perfeitamente com a teologia da mensagem do livro, e testemunham da doutrina da criação e direção do cos mos pelo Senhor dos Exércitos dos céus e da terra. 8. O Senhor Ê o Deus de Todos os Povos, 9:7 A tendência de ufanar-se de privilégios especiais e de julgar-se inerentemente superior em virtude de tais regalias é um característico da natureza humana. Qua se todos os povos e tôdas as nações, bem como os gru pos religiosos, têm também a tendência de dar demasia da importância às suas experiências extraordinárias do
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pas.?ado. Israel, talvez mais do que qualquer outra na ção, sofreu por causa destas tendências. “Não sois vós para mim como os filhos da Etiópia, ó filhos de Israel? diz o Senhor. Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, os filisteus de Caftor e os sírios de Quir? (9:7). As duas perguntas levantam questões sérias sôbre convicções obstinadas de Israel. O profeta está decla rando que todos os povos são iguais perante o Senhor? Alguns dizem que tal propósito seria uma contradição de 3:2: “De tôdas as famílias da terra somente a vós vos escolhi.” Mas esta declaração não quer dizer que Israel é superior às outras nações, senão no privilégio de ser o povo escolhido do Senhor para uma missão es pecial. O teor da mensagem de Amós indica que os is raelitas mostravam-se inabaláveis na convicção de que, em vista dos favores divinos recebidos no passado, era. inconcebível a tese do profeta de que Deus pretendia destruir o povo da sua própria escolha. Que significa, então, a pergunta: “Não sois vós co mo os filhos da Etiópia para mim?” Significa, ao menos, que a infidelidade de Israel tinha rompido e terminada a sua íntima relação com o Senhor, e em conseqüência disso Israel não tinha vantagem alguma sôbre os etíopes, na sua relação com Javé. A pergunta não indica qual quer desprêzo dos etíopes, da parte do profeta, como di zem alguns. Isaías (18:1-2) fala favoràvelmente dos etíopes. Considerando os ensinos teológicos de Amós, a pergunta é retórica, e assim enuncia positivamente que Javé é o Senhor de todos os povos e de todos os movi mentos da história das nações, e que todos os povos são iguais perante êle. O profeta entendeu que a eleição de Israel visava o estabelecimento do reino de Deus entre todos os povos do mundo, mas não discutiu esta finali dade da eleição, como fizeram os profetas subseqüen
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tes, especialmente Isaías. Israel nunca poderia se es quecer do favor especial do Senhor em fazê-lo subir ao Egito e dar-lhe a terra de Canaã. Mas Javé, o Deus de Israel, também fêz subir os filisteus de Caftor e os siros de Quir. Êstes dois povos tinham sido inimigos de Isra el, e na luta com êles Israel tinha sofrido. Foi, portan to, mais uma declaração desagradável do profeta, para os seus ouvintes. Mas, com todos os favores divinos que tinha recebido do Senhor, chegou o tempo de Israel re conhecer que já tinha sacrificado as vantagens e as regalias da eleição por causa do repúdio das responsabi lidades morais que aceitara com o Concêrto recebido do Senhor, por meio da infidelidade e revolta contra a ori entação divina. Israel precisava de aprender que o. Senhor Javé, o seu Deus, é também o Deus de todos os povos. Nenhum povo, nem Israel, tinha o direito de pensar que era a única nação que podia gozar da comunhão com o Senhor. Q profeta Amós, na declaração de que outros povos, além de Israel, foram guiados pelo Senhor, é apenas um dos mensageiros divinos, embora o mais antigo dos pro fetas canônicos, que apresentam o conceito da universali dade do réino de Deus. A soberania do Senhor na história humana é su bentendida em tôda parte da profecia, desde a ameaça da punição divina dos pecados das nações vizinhas de Is rael. Até a nação cruel da Assíria será usada no poder do Senhor soberano para castigar a Israel cujas trans gressões tinham cancelado a sua relação especial com o seu Deus. Contudo, convém notar que o profeta não declara jque qualquer outra nação vai ter exatamente as mes mas relações com o Senhor que Israel tinha experimen tado. Nenhum outro povo servirá, por exemplo, como veículo da revelação divina no mesmo sentido como o povo escolhido. Mas outros povos podem gozar de ple-
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iia comunhão com o Senhor, com as mesmas bênçãos e os mesmos benefícios que Israel tinha experimentado, de -acôrdo com a sua fidelidade aos princípios da justiça di vina . 9. O Julgamento Disciplinar de Israel, e a Restauração do Reino Davídico, 9:8-15 Alguns comentaristas são dogmáticos em afirmar que êstes versículos não foram escritos por Amós, por que não concordam com o tema da profecia de que Is rael será completamente destruído. Mas nestes últimos anos um grupo de estudantes eruditos defende, com ar gumentos ponderados, a autenticidade do trecho. A mensagem de Amós, nos oráculos e nas visões, é que Israel, como nação, será destruído. Não há nenhu ma declaração no livro que contradiga os ensinos dêstes versículos, ou negue a salvação de um restante de fiéis. Nos oráculos e nas visões o profeta admoestava, prega va o arrependimento e intercedia em favor de Israel. Devido à persistência das autoridades nacionais na de sobediência e rebelião, o Senhor suspendeu as funções normais do Coneêrto, com as provisões de intercessão, arrependimento e perdão. Portanto, o profeta tinha que pronunciar a destruição do “reino pecador” (9:8), es pecialmente da casa real e dos responsáveis pelo declínio moral e a infidelidade nacional. No cumprimento da sua missão profética, Amós lutava com a questão da esco lha de Israel como o povo do Senhor. O castigo do repú dio das responsabilidades do Coneêrto será mais do que a punição disciplinar: será a destruição completa. Mas, além dêste ponto de vista dos oráculos e das visões, o profeta lutava com as suas convicções a res peito da eleição de Israel. Embora não seja claro o fato de como êle resolveu o dilema, aqui no fim da sua men sagem êle aparentemente percebeu que a solução do. pro-
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blemà estava no arrependimento do restante dos fiéis de Israel, a solução aceita e desenvolvida, com respeito ao mesmo problema de Judá, pelos profetas subseqüen tes. Como diz o Dr. Watts: “Nota-se que Amós precedeu o profeta Isaías com o conceito do restante (9:8-10), e o da esperan ça da restauração davídica (9:11-12) . Um núme ro crescente de críticos eruditos está chegando a reconhecer a autenticidade dêstes últimos versí culos.” 11 “Eis, os olhos do Senhor Javé estão neste reino pecador, e eu o destruirei de sôbre a face da terra; mas não destruirei totalmente a casa de Jacó, diz o Senhor” (9:8). Os olhos do Senhor Deus estão neste reino pecador. Õ uso da preposição 2 indica que o olhar do Senhor é desfavorável. A SBB assim traduz: , contra êste reino. Assim a declaração concorda com o ensino geral da profecia. Vários comentaristas insistem em que o reino pecador do versículo inclui o reino de Judá com o de Israel, mas o artigo definido indica que o profeta está se referindo ao reino de Israel, que tinha sido o assunto da sua discussão através da mensagem. Ê for* çado o argumento de que o profeta está falando dos dois reinos, Israel e Judá, na frase êste reino pecador. Eu o destruirei sôbre a face da terra significa a destruição completa; o pensamento repetido muitas vêzes na pro fecia, e aqui pela última vez. O profeta usava a frase, a casa de Jacó, várias vê zes, com referência ao reino de Israel (5:1,4,6; 6:8,14; 7:2,5,10,16; 8:7), e não há razão de se pensar que é usada aqui no sentido dos dois reinos. Está falando 11.
Op.
c it ., p .
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ainda do reino de Israel. A declaração, não destruirei totalmente ta casa de Jacó, não é uma contradição abso luta da linha anterior. O hebráico freqüentemente üsa superlativos para dar ênfase, e não no sentido absoluto. Certamente a destruição do reino de Israel não significa a destruição absoluta de tôdàs as pessoas do reino. Hou ve sobreviventes da destruição do reino de Israel, como no caso da destruição do reino de Judá, mas não exata mente no mesmo sentido. “Pois eis que darei ordens, e sacudirei a casa de Israel entre tôdas as nações, assim como se sacode trigo no crivo, contudo, não cairá sôbre a terra um só grão” (9 :9 )v Eis que eu estou dando ordens. O particípio inten sivo, estou damdo, com o pronome pessoal, dá ênfase à mensagem do Senhor. A palavra Eis chama a aten ção pára a importância da ordem. Todos os israelitas, fiéis e iníquos, têm que passar pela experiência dura. Sacudirei a casa de Israel entre tôãas as nações. A ira"* se entre tôãas as nações consta nas profecias de Jere mias (43:5) e Ézequiel (36:21), e talvez fôsse interpo lada na profecia de Amós, pois êle visava o cativeiro de Israel pela nação poderosa da épóca, a Assíria. Quando se sacode o trigo no crivo, a casca è os de tritos caem na terra, mas os grãos de trigo ficam no crivo, limpos e separados das coisas que não prestam. Ô cativeiro, na providência divina, será um processo dé sacudir, disciplinar, purificar a nação de Israel. Todos os iníquos, imprestáveis e corrutores, desaparecerão no processo, mas nem um só grão de trigo perecerá. Os bons ficarão no crivo, no exílio, e ao invés de pere cer, serão úteis no propósito e no plano do Senhor. A palavra 1TÍÜÍ geralmente significa seixo, pederneira> L.
A.
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pacote, e vários intérpretes procuram explicar o sentido da passagem na base de uma ou de outra destas defi nições da palavra. Mas o sentido de qualquer palavra é determinado, em parte, pelo uso do contexto. Aqui a palavra significa caroço ou grão. Ê assim traduzida nas melhores versões. A dispersão do povo de Israel é com parada ao movimento do crivo que separa o grão da casca. O dia do julgamento será um tempo de prova, de disciplina, de purificação. Os justos suportarão as provas mais duras e serão preservados, mas os iníquos perecerão. Esta declaração de que os justos dos israelitas se rão salvos não contradiz, na psicologia dos hebreus, os versos i a 4 que declaram a destruição completa de Is rael. Antecipando a esperança falsa dos iníquos, de que êies’ poderiam, de qualquer maneira, achar um meio de escapar da calamidade, o profeta esmagou esta confian ça ilusória, sem mencionar as exceções ou os justos que serão salvos. / Depois de apresentar a promessa de que a casa de Israel não será completamente aniquilada, senão os iní quos' do govêmo nacional, o profeta promete que pela misericórdia do Senhor os justos serão salvos. A profecia foi cumprida pela queda de Samaria em 722, ou no princípio do ano 721 a- C., e pelo cativeiro de Israel pelo poderoso exército militar da Assíria. O povo judaico ainda está sendo sacudido no crivo das na ções, mas é muito provável que o profeta Amós visava apenas o cativeiro assírio. “Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os quais dizem: O mal não nos alcan çará, nem nos encontrará” (9:10) . O Senhor, no exército da justiça perfeita, castiga rá com a morte violenta os pecadores, que tinham esca pado até então e no seu orgulho continuam a dizer: O
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mal não nos alcançará, nem nos encontrará.. Todos os pecadores que desprezam o juízo divino morrerão à es pada. Quando a longanimidade do Senhor é desprezada na.prática contínua da injustiça, a sua justiça opera no castigo do .pecador obstinado, como opera também o seu amor na salvação do justo. Como nenhum só , grão de trigo cairá ná terra quandò sacudido no crivo, ne nhum pecador escapará. À frase os pecadores do meu povo mostra que o profeta está falando aqui dos pecadores do povo da sua escolha que desprezavam obstinadamente as condições do Concerto e ao mesmo tempo confiavam cegamente nos seus benefícios. Esperando o dia do Senhor, com a certeza falsa de que ia trazer-lhes alegria e as bênçãos do Senhor (5:18), ficaram sossegados (6:1), enquanto se recusavam desdenhosamente a açeitar as admoesta ções do mensageiro do Senhor. A segurança falsa é perigosa em todas as experiências da vida: na saúde, na guerra e em tôdas as atividades humanas. “Naquele dia levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas ; levantarei as suas ruínas,' e o reedificarei como nos dias antigos” (9:11.) . Um grupo de comentaristas não pode entender que Amós pudesse ter'dito estas palavras, porque a promes sa apresentada aqui, dizem êles, contradiz a mensagem dós oráculos e das visões. Mas ftão há õontrâdição ne nhuma na teologia dos versículos do epílogo e o resto do livro. Amós segue o costume geral dos profetas, e conclui á sua profecia com uma mensagem de espèrança-,/Depois de. destruir o. reino pecador,.’ o Senhor esta belecerá o reino novo, genuíno e fiel. O conhecimento da psicologia do povo hebraico e da mentalidade dos
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veículos da revelação ajuda no entendimento e na in terpretação do Vélhõ Testamento. Às déz tribos de Israel deixaram de existir como nação, mas havia alguns grãos de trigo, alguns fiéis, que ainda eram herdeiros da promessa. Israel e Judá são reconhecidos entre os profetas e escritores do Velho Tes tamento como um só poVo, o povo escolhido do Senhor. Com a destruição do reino pecador, ó futuro do reino de Deus dependeria do grupo dos fiéis dos dois reinos que tinham suportado as provas da destruição nacional, e ficaram fiéis através de tôdas as vicissitudes e sofri mentos . O profeta teve ainda para os fiéis uma mensagem de esperança. Os grãos de trigo que não pereceram com a cásca, purificados pela rigorosa disciplina, serão usadôs ha realização do propósito do Senhor por intermé dio da casa de Davi. O profeta não fala da casa de Davi em termos da sua grande política. Assim como os pa lácios magníficos representam a grandeza e o poder po lítico do reino de Da,vi, o tabernáculo, a tenda de Davi caída, representa o estado espiritual do reino, e ao mes mo tempo a esperança para o futuro. A promessa de levantar das suas ruínas a tenda baseia-se na promessa de Deus feita a Davi quando êste desejava construir urna casa para a habitação do Senhor (II Sam. 7:12-16). A casa de Davi, no reinado de Uzias, contemporâ neo de Jeroboão II de Israel e do profeta Amós, era po liticamente forte. Mas, do./ponto de vista da fidelidade ao Senhor, Judá não era muito melhor do que Israel. A tenda caída de Davi estava em ruínas. Muitos dos reis e do pòvo, desde a idolatria de Salomão, tinham se desvia do do Senhor. Mas os profetas de Judá, na sua prega ção poderosa e nos apelos baseados na promessa do Se nhor a Davi, conseguiram desenvolver um grupo (res tante) dos fiéis ao Senhor para a realização do seu pro pósito na eleição.
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Nem no pensar de Amós, nem segundo o espírito de qualquer outro mensageiro de Deus pode falhar o pro pósito do Senhor. O dia do Senhor tem para os fiéis uma significação muito diferente da que teve na experi ência dos infiéis de Israel. Ê sempre o dia do julgamen to: o dia da destruição para os pecadores rebeldes, e o dia da salvação para os arrependidos que confiam no Senhor. A justiça do Senhor nunça deixa de operar na história e na vida dos homens. Os efeitos da sua opera ção são eternamente diferentes no julgamento do peca dor obstinado e do homem fiel no esfôrço de fazer a von tade do Senhor. O Deus imutável não pode destruir com pletamente o seu povo escolhido, è assim abolir o seu eterno propósito de estabelecer o seu reino na vida dós homens. Esta exposição não concorda com qualquer outro dos comentaristas que tenho lido. Todos dizem, por exemplo, que o tabernáculo caído de Davi não pode, de maneira alguma, referir-se à época de Amós, no período de grande prosperidade do reinado de Uzias. Amós, po rém, ou qualquer profeta subseqüente, podia testificar da grande prosperidade política e material de Jeroboão II, cujo reinado era mais próspero do que o do seu con temporâneo Uzias, de Judá. Portanto, convém reconhecer que o profeta que es creveu êstes versículos está tratando das condições re* ligiosas, e limita a sua discussão principalmente aos pe cados e à infidelidade do povo de Israel. O profeta re conheceu que a nação estava no precipício da destrui ção completa, e que a sua prosperidade material tmha contribuído grandemente para o seu declínio moral e re ligioso . Não se pode negar, à luz das profecias de Isaías e Miquéias, que Judá éstava támbém no precipício da des truição, semelhante à de Israel. Quando Israel foi le vado à morte nacional pelo império da Assíria,. Judá
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àpehás éáeapou, graças ao poder da fé do profeta Isaías, e graígaS á orientação que êstè deu ao rei Ezequias, que se recusou a entregar Jerusalém, a última fortaleza de Judá, ao rei Senaqueribe. A salvação era de fato um milagre^ São os profetas Isaías e Míquéias que testificam das condições morais de Judá,. SIMABIBd SB|^ repararei as suas bre chas, há uma alusão ao fato de que o restante dos fiéis dos dois reinos, Israel e Judá, é unido sob o novo rei, Davi (Ver Os. 2:2; 3:5; Ez. 37:22). O sufixo prono minal da palavra VriDTJ, as rumm dêle, na segunda cláusula, refere-se claramente a Davi, cuja tenda o Se nhor promete levantar com novo poder. “Para que possuam o restante de Edom, e tôdas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o Senhor que está fazendo estas coisas” (9 ;Í2) . • Alguns, nao entendendo que o epílogo da profecia é méãsiânico, insistem em que êste versículo revela o antagonismo costumeiro de Judá para, com Edom, e fa la da conquista militar do restante dêste, e das nações que Davi tinha conquistado em o: nome do Senhor. Mas o profeta está falando da época messiânica, do reino es piritual na; vida dos homens. Ê provável que os profetas do Velho Testamento nunca tenham chegado a pensar que o reino messiânico do futuro seria completamente separado do governo político do povo escolhido. Mas os profetas e salmistas concordam e insistem em que o govêrno messiânico do Senhor no futuro será justo e pa cífico no Coração dos súditos voluntários, homens è naçõès (Is. 2:1-4; Miq. 4:1-4; Sal. 72). Fosbroke la e outros dizem que a frase tôdas as naÍ2 .
Op. c i i . , V . 6, p .
851. H a r p e r , Op. bit., p . 198.
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ÇÕes significa apenas as nações que Davi tinha subjuga do, e a cláusula que são chamadas pelo meu nome refe re-se somente às nações que assim levaram o nome ãe Dm>i. Cita as palavras de Joabe a Davi, II Sam. 12:28; e Is. 4:1, para provar a sua declaração. Àssim êle põe de lado o significado claro das palavras as nações cha madas pelo, meu nome, diz o Senhor que está fazendo estas coisas. Àssim êle, Harper e outros negám o signi ficado messiânico da passagem. Êle declara também que a Septuaginta, citada em Atos 15:16-18, não concorda com o hebraico. Seria mais exato dizer que a Septuagin ta não concorda com a leitura errada do hebraico por Fosbroke e Harper. É fato que a Septuaginta não concorda exatamente com o Texto Massorético na primeira linha do versículo, mas concorda essencialmente quanto ao seu sentido. Diz a Septuaginta: “Para que busquem o restante de ho mens”, ao invés de “Para que possuam o restante de Edom.” As mudanças são dèvidas à Semelhançá de pa lavras: ao invês de a n # ; ttfTT ao invés de A Septuaginta concorda perfeitamente com os versículos seguintes que descrevem os característicos da Idade Messiânica, indicação que representa o texto ori ginal. Fosbroke e outros rejeitam a versão da Septua ginta aqui, mas quase sempre dão preferência ao texto grego quando concorda melhor com os seus preconceitos. “Eis, vêm os dias, diz o Senhor, ;■ quando o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lançava semente; os montes destilarão mosto, e todoé os outeiros se derreterão” (9:13). Os escritores bíblicos descrevem a glória, da Idade Messiânica em linguagem poética, usando têrmos con cretos para acentuar o rico sentido dos conceitos espi rituais. Por exemplo, a volta dos fiéis do cativeiro ba-
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bilônico, “Os montes e outeiros romperão em cânticos diante de vós, e tôdas as árvores do campo baterão pal mas” (Is. 55:12). O escritor descreve neste versículo a produtividade maravilhosa da terra na época vindou ra. Tão abundante será a ceifa que levará todo o tem po da estação para recolher os produtos da lavoura, até à época de lavrar a terra para a plantação no ano se guinte. Aquêle que lavra a terra em preparo para a plan tação seguinte alcançará os segadores ainda preocupa dos com o recolhimento dos produtos abundantes. Os produtos das vinhas serão tão abundantes que o tra balho dos pisadores das uvas continuará até o tempo de plantar as sementes para a próxima estação. Ver Lev. 26:5- Assim os poderes maravilhosos do Senhor Javé vão se manifestar na operação das leis físicas da nature za, para trazer as suas bênçãos aos homens fiéis, como se manifestaram na punição dos infiéis (4:6-11). O Se nhor Javé não se identificava com as fôrças produtivas da natureza, como os deuses antigos. Êle é Criador e Controlador de tôdas as fôrças dos céus e da terra, de modo que domina e dirige estas fôrçás pára a realiza ção dos seus propósitos justos e eternos. “Restaurarei a fortuna do meu povo Israel, e êles reedificarão as cidades assoladas, e ne las habitarão; plantarão vinhas e beberão o vinho delas, e êles farão pomares e comerão o fruto dêles. E eu os plantarei na sua terra, e nunca mais serão arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor tèu Deus” (9:14-15). Há duas opiniões sôbre o significado das palavras, n p tf e Z W , Alguns pensam que significam “res taurar a fortuna” ou “mudar a sorte”, como em Jó 42:
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10. Todavia, a palavra shebhuth significa cativeiro, e a cláusula pode ser traduzida para “Farei voltm do car tm eiro.” Não há muita diferença entre as duas tradu ções, pois os versículos que seguem concordam com qual quer uma delas. Êles reedificarão as cidades assoladas. O pensamen to desta declaração liga-se com o conceito da grande prosperidade no reino futuro do povo do Senhor, apre sentado no versículo anterior. Os súditos do reino re edificado de Davi não serão afligidos com a sêca, ou com a destruição das vinhas e figueiras pela locusta (4:9). Não ficarão privados de habitar as casas que edificam, de comer dos frutos das plantações, ou de beber o vinho das vides que plantam (5:11) . Receberão as copiosas bênçãos da produtividade abundante do solo. Livres do mêdo de calamidades punitivas, serão felizes no gôzo da vida ricamente abençoada. Em perfeita paz e tranqüi lidade, êles gozarão das bênçãos materiais do seu labor, bebendo o vinho das vides que plantam, e comendo o fruto dos seus pomares. O povo será plantado na terra que o Senhor lhes deu, e nunca mais será arrancado dela. A nação é justa em plena comunhão com o Senhor. O eterno favor de Deus é lhes confirmado pela promessa, diz o Senhor teu Deus.
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PREGAÇÕES SÔBRE O LIVRO D E AMÕS
Todos os pregadores reconhecem as dificuldades na pregação sôbre os profetas. O preparo de um sermão so bre qualquer assunto apresentado nas profecias exige conhecimento do profeta, do seu ambiente histórico, das condições religiosas de seus contemporâneos e dos des tinatários da sua mensagem. É preciso escolher os en sinos proféticos de eterno valor e de aplicação univer sal . Quanto mais conhecimento o pastor tem dêstes as suntos, mais rico e mais interessante será a sua prega ção. Mas na pregação dos profetas, o pastor não deve tentar transmitir aos seus ouvintes tôda esta informa ção. O resumo, em poucas palavras introdutórias, do ambiente histórico do texto, deve despertar o interêsse dos ouvintes pela profecia. O pastor deve focalizar os ensinos práticos, as verdades de eterno valor e de apli cação especial para os seus ouvintes. O estudante cui dadoso ficará agradàvelmente impressionado com os nu merosos assuntos de imenso valor nas profecias para a pregação pastoral e evangelística. A Profecia de Amós é rica nos ensinos de profundo interêsse para o pastor e para o treinamento religioso dos seus membros. Apresentamos aqui apenas algumas dm verdades eternas desta mensagem proferida para o tfeinamento religioso dos seus membros. Apresentamos aqui apenas algumas das verdades eternas desta mensa gem proferida para o povo de Israel, no período crítico da sua história, oitocentos anos antes de Cristo. A Vocação de Amós “Eu não era profeta, nem filho de profeta era eu,
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mas boieiro, e cultivador de sicômoros, quando o Senhor me tirou de após o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel” (7:14-15). É fato de profunda significação o aparecimento dêste pastor de Tecoa no palco da História. Não se sabe explicar a cultura literária e religiosa dêste pastor do lugar solitário de Tecoa na região montanhosa da Judéia. É claramente um gênio que evidentemente se apro veitou de todos os meios para treinar as suas faculdades mentais e espirituais a serviço do Senhor. I. A Chamada de Amós para o Ministério Profético. A chamada divina de Amós é clara e definitiva. “O Se nhor me tirou de após o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel.” O caráter da men sagem dêste pregador da justiça, proclamada ao povo de Israel há 27 séculos e transmitida às gerações subse qüentes, é notavelmente apropriada para a sociedade moderna de todos os povos do mundo. II. O Homem de Tecoa Proclamou e Defendeu a Justiça de Deus. Influenciado pela religião dos cananeus, e pela sua prosperidade material, o povo de Israel jul gava que estava ganhando o favor divino por suas ofer tas e pelo culto cerimonial; que Deus não se interessava nas relações humanas, enquanto recebia os sacrifícios e o culto do seu povo. Assim os israelitas da época eram muito religiosos, e pensavam que a sua religiosidade pa gava bem o privilégio de praticar a injustiça e cruelda de nas suas relações humanas para os seus próprios interêsses. Era também o povo escolhido de Deus, e êle não podia deixar de proteger e abençoar a sua própria nação. No desenvolvimento destas falsas idéias sôbre religião, Israel chegou a pensar que pudesse reduzir Deus ao seu próprio nível de imoralidade e injustiça, e assim blasfemava do Santo Nome do Senhor. Êste era o cúmu lo da sua infidelidade. O Senhor da justiça destruirá o povo rebelde.
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III. A Justiça Divina Exige a Justiça Social. Esta não era uma nova doutrina. Desde a redenção de Israel da opressão cruel do Egito, o Senhor tinha condenado, por intermédio dos profetas, a injustiça, denunciando se veramente os reis e outros opressores dos pobres e in defesos. O coração justo ama a justiça divina, e tem prazer em praticar a justiça com o seu semelhante. O pecado corrompe o coração. O culto ritual de Israel re presentava a sua natureza pervertida. Cometiam o pe cado da blasfêmia nos seus cultos religiosos. “Os ver dadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em ver dade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23) . Não pode haver a verdadeira adoração do Senhor, sem o espírito de amor e obediência. IV. O profeta Amós Pregou ao Povo de Israel “que o salário do pecado é a m orte.” “Por três transgressões... e por quatro não revogarei a punição.” O que as naçõés semeiam, isso também ceifarão. As leis espirituais de Deus são imutáveis. Amós apresenta com fôrça a ver dade da justiça divina. A história e a experiência hu mana proclamam o castigo do pecado. Israel se re cusou a ouvir as admoestações do mensageiro de Deus e a abandonar as suas falsas esperanças. Por causa dos seus pecados, da sua infidelidade e da obstinada recusa de arrepender-se e converter-se ao Senhor, a nação de Israel foi completamente destruída. O Profeta Amós Se Encontra com o Sacerdote Amasias, 7:10-17 Estes dois homens representam a tensão entre a religião de serviço e a rèligiãio de sacrifícios em tôdas as épocas da História. Para entendermos claramente êstes dois pontos de vista, precisamos conhecer a mensagem de Amós e as acusações que o sacerdote levantou con tra êle. O sacerdote representa a religião do povo, a
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religião nacional, que o profeta condena. A pregação de Amós foi um desafio, uma afronta ao sacerdote e à sua freguesia que incluiu a nação inteira, até o rei Jeroboão. Amós prega o Deus soberano, o Deus imutável, o Deus de justiça. O sacerdote de Betei representa o Deus do povo, o Deus que não se incomoda com as relações hu manas enquanto recebe as ofertas generosas e a baju lação do povo, o Deus de boa camaradagem. Tão per turbadora era a pregação de Amós que o sacerdote sen tiu-se obrigado a defender o povo. I. Primeiro de Tudo, Amasias Mandou uma Mensa gem Assustadora ao Rei Jeroboão. Como o representan te da religião oficial, o sacerdote desejava agradar ao rei, a suprema autoridade da religião nacional de Israel. A mentalidade do sacerdote era incapaz de entender a verdade, na mensagem de Amós, de que a religião hi pócrita de Israel estava arrastando a nação para a des truição completa. II. Apresentou ao Rei uma Acusação Falsa contra Amós. “Amós tem conspirado contra t i . ” Do ponto de vista do sacerdote, a acusação não foi falsa. Êle não entendeu, ou não quis entender, que Amós era mensa geiro de Deus. Ê quase impossível para o homem de preconceitos obstinados entender qualquer verdade que contradiga o seu ponto de vista. Amasias reconheceu que a mensagem da justiça proclamada por Amós amea çava a destruição de Israel, mas se recusou a acreditar que fôsse a mensagem de Deus. Não era a mensagem do Deus representado por Amasias. O Deus de Amasias estava fazendo o povo de Israel prosperar em recompen sa do seu culto generoso. O profeta anunciador de de sastres deve ser expulso da terra. Quantas vêzes na his tória da religião os sacerdotes e eclesiásticos têm per seguido os pregadores do Evangelho. Desde 1948, os sacerdotes e eclesiásticos da Colômbia mataram 116 pro testantes, simplesmente porque êstes pregaram o Evan
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gelho da salvação pela graça de Deus e não por inter médio dos sacerdotes e eclesiásticos. O Deus qwe Não Se Incomoda da Injustiça So cial: Àmasias estava a par da injustiça social de Israel. Mas para o sacerdote que se aproveitava dos cultos ricos e aparatosos do seu povo, a religião não se ligava cótu as relações humanas. A religião era o meio de se ganhai* o favor divino na aquisição de riquezas para a satisfa ção dos seus desejos egoísticos. O culto brilhante e magnificente da Missa que manipula o corpo e o sangue de Cristo para ganhar os favores divinos agrada à vista dos homens, mas não representa o espírito humilde que se manifesta em adoração, amor e serviço. O profeta de Tecoa reconheceu que a religião de Israel, cultivada e desenvolvida pelos reis e sacerdotes, resultou em abai xar o Deus dos céus e da terra ao nível da injustiça do povo. O acúmulo do pecado de Amasias e de seu povo era a hipocrisia e a blasfêmia do Santo Nome do Se nhor. 0 Julgamento Divino, 1:2
“O Senhor ruge de Sião, e de Jerusalém faz ou vir a sua voz.” O profeta Amós fala com franqueza e energia. Não é o único modo de entregar a mensagem do Senhor. Os profetas bíblicos não deixam de revelar al guma fôrça da sua personalidade e as condições e ne cessidades espirituais de seus ouvintes. O povo de Is rael, no seu declínio religioso e moral, no tempo do rei nado de Jeroboão II, precisava de um mensageiro do Senhor, como o homem de Tecoa. I. O Senhor Rugiu de Sião pela Bôca do Seu Pro feta Amos. Deus levantou os grandes profetas do Ve lho Testamento para orientar o seu povo e realizar, por intermédio dêles, o seu propósito na História. Assim êle preparou o pastor de Tecoa, na região escabrosa da
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Judéia, para entregar a sua mensagem ao povo pecami noso de Israel. O Senhor iá falando ao povo nà violên cia da natureza física, mas fala também ao povó nà pre gação dura e urgente do seu mensageiro Amós. As cir cunstâncias históricas e as condições religiosas de Israel justificam a sinceridade do profeta nà exposição do pe rigo da infidelidade para com o Senhor. II. O Senhor Fêz Ou/vir a Suá Voz. Deus fala de muitas e várias maneiras (Heb. 1:1), de acôrdo com as necessidades espirituais do povo. A arrogância, o orgu lho, a injustiça e a falsa esperança de Israel tinham fe chado o seu entendimento espiritual. Não havia outra maneira de falar ao povo que se achava nestas condi ções, O profeta Oséias falou ao mesmo povo Còm bran dura e compaixão, mas o povo tinha perdido a capaci dade de entender e aceitar qualquer mensagem que con denasse a sua infidelidade para còm 0 Senhor. Preferiam ficar fiéis ao Deus que tinham criado à sua própria imagem,. III. Esta Palavra, “Sião” Despertou as Lembranças da Providência de Deus na História de Israel. Mas os privilégios da eleição divina e as bênçãos récebidas ao invés de despertarem a gratidão e o espírito de ar rependimento de Israel, tinham confirmado o povo no seu orgulho e arrogância, na sua falsa esperança, è as sim êles fecharam o espírito nacional contra a mensa gem do profeta. O profeta reconheceu que o espírito de infidelidade obstinada, firmado na falsa esperança da eleição e na prosperidade material, estava determinan do a destruição inevitável de Israel como nação. O Apêlo ao Senso Moral, 2:11 “Não é isto assim, ó filhos de Israel?” Todos os es tudantes da profecia de Amós ficam impressionados com
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os seus apelos à inteligência, à lógica e ao senso moral dos seus ouvintes. Êste observador cuidadoso de causa e efeito estava preparado pela experiência para explicar as conseqüências da avareza e injustiça de Israel. I. O senso moral nos ensina que as leis espirituais de Deus são igualmente uniformes e operantes como as leis da natureza física. A operação das leis físicas é mais evidente às nossas experiências diárias. Mas a cons ciência do bem e do mal não deixã de reconhecer a ope ração das leis morais de Deus na vida do homem, da fa mília, da sociedade e das relações nacionais e interna cionais. II. O nosso senso moral nos ensina que Deus não no,s deixa eternamente nas trevas da ignorância. Êle fala à nossa consciência no poder do seu Espírito, mas podemos nos recusar a ouvir a voz divina. Levantou os seus profetas e apóstolos para nos ensinar o seu amor e a sua vontade para a nossa vida. As Escrituras, in cluindo o apêlo de Amós ao povo de Israel, falam áos nossos corações e nós ajudam a entender as nossas ne cessidades espirituais no preparo do nosso espírito pa ra receber o dom de perdão e da graça de Deus na Pes soa de Cristo Jesus. III. O nosso senso moral nos ensina que Deus não faz acepção de pessoas. Todos são recebidos na condi ção de fé e arrependimento. Esta condição de sermos recebidos por Deus não se limita à nossa decisão mo mentânea, mas determina a nossa comunhão com Deus durante a nossa vida inteira. O êrro fatal de Israel no tempo de Amós foi duplo. Julgava que pudesse ganhar, ou comprar as bênçãos do Senhor com a sua religiosidâde. Tinha se esquecido das condições eternas e imu táveis para a comunhão com Deus: arrependimento e fé, mãos limpas é coração puro.
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A Religião Meramente Cerimonial e a Religião Verdadeira, 4:4-5 Não houve falta de religião no reino de Israel no tempo de Amós. Pode-se dizer que não há falta de reli gião em qualquer parte do mundo em qualquer época da História, porque o homem é incuravelmente religioso, O povo de Atenas era muito religioso quando o apóstolo Paulo visitou a cidade. O povo de Samaria e de Betei era demasiadamente religioso quando o profeta Amós lhe proclamava a mensagem do Senhor. “Oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e proclamai ofertas voluntárias, publicai-as; pois assim gostais de fazer, ó filhos de Israel, diz o Sénhòr Deus” (4:5). Estas palavras sarcásticas o profeta dirigiu ao povo de Israel, zombando da sua religião. São palavras graves que assim condenam a religião cerimonial do po vo infiel para com o Senhor. I. A religião cerimonial de Israel procurou mane jar, manipular e influenciar m Senhor a fim de rece ber © auxílio divino na satisfação dps seus próprios interêsses injustos. Não se interessava em conhecer e fa zer a vontade do Senhor. Queriam agradá-lo com ri cas ofertas e magníficos cultos para que não defendesse os fracos e indefesos que êles oprimiam e roubavam. II. As suas ofertas suntuosas agradaram aos seus sentidos físicos, ao seu orgulho, à sua astúcia, ao seu egoísmo, ao seu sentido de superioridade em relação ao povo fraco em seu poder. Assim Israel degradou as suas vítimas, mas no processo êle se degradou a si mesmo ainda mais . III. Êste povo, materialmente próspero, amãamdo nas trevas do pecado e na prática da hipocrisia e blasfêmia, precisava ouvir a voz do mensageiro de Deus da justi ça . .Escravizados pela injustiça, os israelitas tinham cria do o seu Deus de acôrdo com a sua» própria fé. “Forquè'
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onde estiver o vosso tesouro, ai estará também o vosso coração” (Mat. 6:2-1) . IV. Amós pregava a religião -de comunhão com Deus, com o Deus da revelação divina, com o Deus Santo e Justo. “Andarão dois juntos, se não estiverem de acor do ?” A verdadeira religião é a comunhão com o verda deiro Deus. Para estar em comunhão com Deus, o nos so espírito tem que estar em harmonia com o Espírito de Deus em amor e justiça. O Encontro Inevitável com Deus “Contudo, não vos convertestes a mim, diz o Senhor” (4:6,8,10,11). “E porque isto te farei, prepara-te, o Israel, para te encontrares com o teu Deus” (4:12). O profèta nos apresenta o Deus da justiça, e nos de clara que não podemos fugir ao julgamento da justiça divina. I. Deus revela o seu propósito em nossas experiên cias. As experiências da vida nos oferecem conhecimen to sôbre o caráter de Deus e sôbre o propósito divino em tais experiências. Como Israel foi admoestado por fome, sêca, e outras pragas, assim também as nossas experiências de sofrimento, doença e aflições podem ser reconhecidas como admoestações divinas. Tais experi ências produzem queixas e rebelião contra Deus no co ração do incrédulo; mas enriquecem a vida dos homens de fé. II. O propósito de Deus em nossas experiências é sempre benéfico. Recebemos constantemente as bênçãos da providência divina. Tudo que sustenta a nossa vida vem de Deus. Podemos reconhecer tôdas as experiên cias, agradáveis e desagradáveis, como manifestações da providência de Deus, ou podemos fechar o nosso enten dimento contra a sua significação. III. Israel se recusou a ouvir as admoestações diL.
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jf % ' J vinas, mas não evitou'o encontro com Deus. Quantas vêzes Israel se recusou a voltar a Deus em resposta às admoestações de Deus nas suas experiências! Mas se recusou ainda mais firmemente a ouvir a mensagem do profeta que o Senhor lhe mandou. No encontro inevitá vel com Deus, Israel sofreu o castigo da sua desobedi ência e da sua infidelidade. Sofreu a destruição comple ta. Privilégio e Responsabilidade “De tôdas as famílias da terra, a vós somente co nheci; portanto, tôdas as vossas injustiças visitarei sôtíre vós” (3:2). A eleição do povo fraco de Israel para ser a nação sacerdotal entre todos os povos do mundo foi uma bên ção gloriosa e um privilégio supremamente honroso. Is rael sempre se ufanava da sua eleição, mas não quis lem brar-se das suas responsabilidades. I. Israel desenvolveu o espírito orgulhoso em, vir tude da sua eleição. Os privilegiados têm a tendência de ficar orgulhosos, e de julgar-se superiores aos outros, esquecendo-se ao mesmo tempo que privilégio envolve responsabilidade. Isaías ensinou êste princípio na pará bola da vinha (Cap. 5), e Jesus acentuou a mesma ver dade na parábola dos talentos (Mat. 25:14-30) . Israel chegou a pensar que a sua escolha o exaltou acima de outros povos. Êste é um perigo para todos os privile giados . II. Isrwel desenvolveu também o espírito presunço so, por causa da sua eleição. Interpretou erradamente o grande amor de Deus. Julgava que a sua escolha e o concêrto de Deus para com êle lhe garantia incondicio nalmente as bênçãos divinas. Esqueceu-se de seus pró prios compromissos para com Deus. Assim perderam o sentido da sua nobre missão perante Deus. Ficaram ce
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gos quanto à gravidade das suas transgressões e à sua infidelidade. III. Israel verificou a verdade de que o salário do pecado é a morte. A nação eleita, com a sua incumbên cia divina, ricamente abençoada na sua história, orgu lhou-se, desviou-se, afastou-se de Deus, e na sua avare za e amor próprio revoltou-se contra a justiça divina, e finalmente sofreu as conseqüências da sua infidelidade. Não se preparou para o encontro inevitável com Deus.' “Buscai-me e Vivei”, 5.4 “Buscai ao Senhor, e vivei, para que não se lance na casa de José como um fogo e a consuma, e não haja em Betei quem o apague” (5:6). Com as críticas irônicas da religiosidade de Israel, e as ameaças duras contra tôdas as formas de transgres sões do povo, o profeta apresenta à nação infiel êste apêlo eloqüente do amor imutável de Deus. I. Buscai-me. O profeta nunca vacila na certeza de que está transmitindo ao povo a mensagem do Senhor. Apesar do perigo terrível do afastamento de Israel do seu Deus da justiça, o profeta, representando a ordem do Espírito do Senhor no seu coração, apresenta nestas poucas palavras o verdadeiro caminho de salvação. Is rael deve abandonar a falsa confiança no Deus de Betei. “Não busqueis a Betei, e não entreis em Gilgal, nem pas seis a Berseba.” Mas “o Deus de Betei” é mais indul gente, mais camarada. Êle aceita as ofertas do povo, e não condena a vida de luxo. Não se interessa pelas relações sociais do povo, enquanto recebe as ofertas e a adoração do povo. Esta falsa noção de Deus e da re ligião era tão agradável e tão atraente que Israel não podia abandoná-la. II. Para que não irrompa na casa de José como um fogo que consuma. Estas são palavras de admoestação
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contra os resultados fatais da carreira pecaminosa. O pensamento sôbre o julgamento de Deus não é agradá vel, porque não podemos crer que a justiça e a injustiça, o bem e o mal recebam a mesma recompensa. III. Buscai a verdadeira vida com Deus. “Assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como diteis” (5:14). O Deus dos céus e da terra, na sua ma jestade e grandeza, quer a nossa vida, o nosso amor. O Senhor quer viver em nosso coração para que tenhamos a vida abundante, a vida de comunhão com êle, e de amor e fraternidade com o povo dêle. “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti só por único Deus verdadei ro” (João 17:3). O Rio Perene da Justiça
“Antes corra o juízo como as águas, e a justiça co mo ribeiro perene” (5:24) . Êste é um dos grandes tex tos do Velho Testamento. Todos os pregadores de ex periência reconhecem a dificuldade de pregar satisfa toriamente sôbre as mais profundas passagens da Bíblia, mas não devem negligenciá-las. Amós morava na ter ra árida da Judéia, onde caíam as chuvas apenas em certos meses do ano, quando trouxeram uma vida nova para as plantas, para os animais e grande alegria e gra tidão para os homens. Amós fala do ribeiro perene ou do ribeiro poderoso? Qualquer uma das versões é rica na descrição da justiça verdadeira. I. A vida de justiça liga-se com a justiça* divina Como o amor de Deus é a fonte do amor humano, assim a justiça de Deus é a fonte da justiça humana. Mais de três séculos depois de Amós, os grandes filósofos gre gos desenvolveram o seu sistema filosófico da vida éti ca. Mas o pastor de Tecoa, inspirado pelo Senhor dos Exércitos, criador das leis físicas e morais, entendeu que a justiça perene e poderosa do homem recebe a sua ins
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piração e o seu poder dinâmico da comunhão entranhada com o Deus da justiça. II. A vida de justiça é uma vida de atividade pere ne e poderosa. A vida com Deus diminui tôdas as qua lidades de atividade injusta até ao mínimo, mas aumen ta grandemente as responsabilidades e atividades no ser viço da justiça divina, nas atividades da igreja, na obra evangelística, missionária e benéfica. “Êle te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus” (Miq. 6:8) . III. A vida da justiça é governada pelo amor. Na exposição do amor no Sermão do Monte, Jesus explica como o amor ao próximo se manifesta na prática da jus tiça. Alguns pensam que haja a falta de amor nos sen timentos e na pregação do profeta Amós, mas o valor que êle dava à pessoa do pobre e necessitado e o seu conceito da justiça social representam o mais profundo entendimento do verdadeiro amor. É verdade que o pro feta condenou severamente a injustiça e a infidelidade. Mas o nosso Senhor Jesus Cristo, que nos trouxe a mais perfeita revelação do amor de Deus, condenou com a mesma severidade a infidelidade e a hipocrisia (Luc. 11:37-52). A Visão de Deus “Vi o Senhor, que estava em pé junto ao altar” (9: 1) . Não se sabe onde se achava Amós quando teve esta visão do Senhor, mas é muito provável que estivesse em Betei na ocasião quando o povo oferecia os seus sa crifícios ao Senhor. O profeta reconhece em tôda parte da profecia que o povo de Israel estava longe do Senhor, até nos seus cultos. Em contraste com o ambiente hi pócrita de Israel, o Senhor se apresenta ao profeta na majestade da sua inexorável justiça. Que aconteceria ao povo reunido no seu culto na igreja, se o Senhor apa-
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recesse? Quando Amós falava, Deus estava com êle. Quem é êste Deus que se apresentou ao profeta na visão? I. l o Deus severo. Ê sempre severo na condenação da hipocrisia, infidelidade e tudo que é falso. O próprio Jesus foi severo na condenação de Corazim, Betsaida e Cafarnaum, que desprezaram tantas oportunidades de ouvir o Evangelho e conhecer a verdade divina (Luc. 10:13-15) . Foi igualmente severo na censura da hipo crisia dos fariseus (Luc. 11:42-44). II. É o Deus Poderoso. Ê o Deus que faz a Plêiades e o Õriom. Ê o Controlador de tôdas as fôrças físicas do mundo. É o Deus que recompensa a justiça e a fidelida de e castiga a injustiça e a infidelidade. A raiz da per versidade de Israel foi teológica. Perverteu o seu con ceito do caráter de Deus até ao ponto de pensar que pu desse comprar os favores divinos com ofertas, sacrifí cios e cultos, com o privilégio de continuar na prática da injustiça cruel para a satisfação da sua avareza. Do Deus poderoso não se zomba. III. A justiça de Deus concorda com, o 'propósito do seu amor imutável. A escolha de Israel como nação sa cerdotal do Senhor foi motivada pelo propósito do seu amor imutável. Israel foi escolhido como o povo de Deus na condição de que representasse o amor e a justiça de Deus entre tôdas as nações. Na sua perversidade e infidelidade, Israel perdeu a capacidade de entender o propósito do Senhor na sua eleição. Nem podia entender o propósito da providência de Deus na correção que vi sava o treinamento do povo para o cumprimento da sua nobre missão. IV. O propósito do Senhor na eleição de Israel será realizado, apesar do fracasso de Israel como nação. O amor imutável do Senhor continuará a operar no espí rito dos fiéis para a realização final do plano de esta belecer o reino dó seu amor entre tôdas as nações do mundo.
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BIBLIOGRAFIA SELECIONADA A. B. Davidson, The Prophet Amos, 1887 W. R. Harper, Amos and Hosea, International Criticai Commentary, 1905 S. R. Driver, The Books of Joel and Am,ós (Cambridge Bible), 1954 R. S. Cripps, A Critical und Exegetical Commentary on Amos, Macmillan Co., 1959 George Adam Smith, The Booh of the Twelve Prophets, Harper and Brothers, 1940 Roland E. Wolf, Meet Amos and Hosea, Harper and Brothers, 1945 Norman H. Snaith, The Booh of Amos, Epworth Press, 1946 Keil and Delitzsch, Minor Prophets, Vol. I, Erdmans Publishing Company, 1954 Hugbell E. W. Fosbroke, The Interpreter’s Bible, V. VI, Abingdon Press, 1956 John D. W. Watts, Vision and Prophecy, E. J. Brill, Leiden, Netherlands, 1958
um grande pequeno livro da bíblia O livro do profeta Am ós, im propriam ente cla ssi ficado, com outros m ais, entre os profetas menores, é
sem dúvida um dos grandes livros da B íb lia embora não o seja péla extensão de suas páginas, apenas nove ca pítulos. Cresce de vulto a im portância dêsse livro quando consideramos que seu autor era homem humU#e,
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sem letras, deixando-nos, não obstante, um a das ptoVe- 1 K •
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c ias m ais vigorosas e candentes nas palavras fiéis e ye -,-; j* » razes que nos com unica. Certam ente Deus mesmo'*o chamou. Am ós profetizou quando ain d a parecia que a pros peridade nacional não sofreria qualquer solução de continuidade. Sendo natural do sul, de Tecoa, Deus o cham ou para exercer o seu m inistério no norte, em Israel, sendo este fa to 'u lïvd o s pretextos para a hostili dade com que foi tratado. x
Sua mensagem é viva e vívida, ainda, em nossos d ias, A iniqüidade dos grandes, as in ju stiças sociais, a opressão dos grandes e outros fenômenos so ciais da época se repetem em nossos dias e por isto sua mensa gem se a p lica muito bem aos dias em que vivemos. O saudoso mestre da B íb lia, Dr. A . R .'Crabtree, dei xou-nos nestas páginas um dos melhores com entários do g raride pequeno livro de Am ós, sem ser, todavia, dos m ais longos. É o m ultum in parvo que o leitor estudioso e ansioso pode aproveitar* em horas esparsas do seu tra balho. A d q u ira-o e verá.
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