BILLY MILLS e NICHOLAS SPARKS
UMA VIAGEM ESPIRITUAL Traduç ã o de Maria Armand a de Sous a EDTTORIAL
ae PRESENÇA
Para Jill Sparks. O seu sorriso ench e u se m pr e o m e u coração de alegria. FICHA TÉCNICA Título original: Wokini Autore s: Billy Mills e Nicholas Sparks
Copyright © 1990 by Billy Mills Traduç ã o © Editorial Pres e n ç a , Lisboa, 2001 Traduç ã o: Maria Arman da de Sousa Capa: Luís Pimenta
Pré- impre s s ã o , impre s s ã o e ac a b a m e n t o : Multitipo l.a ediç ã o, Lisboa, Março, 2001 2.” ediç ã o, Lisboa, Março, 2001 3.a ediç ã o, Lisboa, Junho, 2001 4.a ediç ã o, Lisboa, Nove m b r o, 2001 5.a ediç ã o, Lisboa, Fever eiro, 2002 - Artes Gráficas, Lda.
6.a 7.a 8.a 9.”
ediç ã o, ediç ã o, ediç ã o, ediç ã o,
Lisboa, Lisboa, Lisboa, Lisboa,
Julho, 2002 Outubro, 20 Deze m b r o, 2 Abril, 2003 Depósito legal n.° 194 782/03
ediç ã o, Lisboa, Julho, 2002 ediç ã o, Lisboa, Outubro, 2002 edição, Lisboa, Deze m b r o, 2002 ediç ã o, Lisboa, Abril, 2003 Reserva d o s todos os direitos para Portug a l à EDITORIAL PRESENÇA Estra d a das Palmeir a s , 59 Queluz de Baixo 2745- 578 BARCARENA Email: info@e ditpr e s e n c a . p t Intern e t : http://www. e dit p r e s e n c a . p t’’
ÍNDICE AGRADECIMENTOS 11 PREFÁCIO
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GLOSSÁRIO 15 O ROLO DE PERGAMINHO 17 A LIÇÃO DE IKTUMI 38 A LIÇÃO DO HOMEM DO DESENHO 51 A LIÇÃO DO FOGO 57 A LIÇÃO DE UM HOMEM SENTADO SOB A COPA DE UMA ÁRVORE .. 65 A LIÇÃO DOS GRAVETOS 78 A LIÇÃO DA ÁRVORE SAGRADA, DO RIO E DAS P AH A SAPA, O CORAÇÃO DE TUDO O QUE EXISTE 111 A LIÇÃO DAS ESTAÇÕES 121 A LIÇÃO DA VIAGEM 124
AGRADECIMENTOS Ao longo dos anos, tive a oport u nid a d e de conh e c e r e de am a r muita s pes s o a s . Juntos partilhá m o s as noss a s vidas, os bons e os ma u s mo m e n t o s . Gost aria de aprov eit a r est a oportu nid a d e par a agra d e c e r a algu m a s pes s o a s que tê m um gran d e significad o par a mim. A Patricia Minha amiga, minh a co m p a n h eira, minha am a n t e e minh a mulh er. Às minh a s filhas e aos me u s neto s Espero que os seus des ejos se torne m realidad e . Aos me u s irmão s e irmãs Que estiv er a m se m pr e pres e n t e s quan d o precis ei deles. Ao me u pai Cujo espírito ainda m e guia. Aos Anciãos da Tribo índia Lakota Que m e ajudara m a co m pr e e n d e r a espiritualidad e da minha vida. A Nick e a Cathy O m e u co- autor e sua m ulh er. So m o s amigos para se m pr e . A todos vós Des ejo que est e livro vos ajud e a conh e c e r e m - se m elhor.
BILLY MILLS n
PREFÁCIO A palavra que dá o título à edição am ericana des t a obra - Wokini -, do dialecto índio Lakota, significa «vida nova, uma vida de paz e de felicidad e ». E um livro que nos per mit e conhe c e r m o - nos melhor a nós próprios, nos mos tra o que significa ser feliz e nos trans port a atrav é s de uma viage m pes s o al que nos faz sentir mais realizado s. Estab el e c e a simbios e das crenças nativas am ericana s tradicionais (que se bas eia m na me dit aç ã o, na reflex ão, nos sonho s e no amor à belez a da nature z a) corn os princípios terap ê u tico s mod er no s (o pens a m e n t o positivo e a co m pr e e n s ã o da felicidad e ), tendo- se já tornado uma obra de refere ncia nos Estados Unidos da América. Uma Viage m Espiritual ê uma alegoria que se lê corn muito agrado e nos proporciona ensina m e n t o s sobre a vida. A me di da que a história de David se vai des e nroland o, desc obrire m o s os mitos associado s à felicidad e e co m pr e e n d e r e m o s o seu significado e os motiv os por que é important e ser feliz. A obra dá- nos a conhe c er uma for ma inten s a da me dit aç ã o tradicional e orienta- nos atrav é s de dez princípios que nos tornarão mais esclarecidos e co m pr e e n s i v o s . corn a leitura dest e livro, aprend e r e m o s algo sobre a ess ê n cia da vida dos índios am ericano s , conh e c e r- nos’- e m o s m elhor e estar e m o s mais aptos a des v e n d ar alguns segr e d o s para m elhorar a nossa própria vida. O livro é brev e , simpl e s , de leitura agradá v el e per mit e- nos pass ar a olhar o mu n d o de for ma mais sensív el. Uma Viage m Espiritual e um pequ e n o tesouro: valioso, insubs tit uív el e inesti m á v e l. Partilhe m o s a sua rique z a conno s c o me s m o s e corn os outros.
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GLOSSÁRIO Anpa wi Ate Cant e sica Iktu mi Mnihuha P aba Sapa Sota Tiwah e Tunka sila Waka n t a n k a Sol. Pai. Des e s p e r o , tristez a. Aranh a; nes t e livro a aran h a traiço eir a, segu n d o uma lend a Lakota. Perg a mi n h o . As Monta n h a s Negra s do Dakot a do Sul. A ess ê n ci a de tudo o que exist e. É um local profun d a m e n t e sagr a d o para a cultur a Sioux Lakota. Fumo. Família. A pres e n ç a de Deus atrav é s da sab e d o ri a. O avô sábio de tod a s as coisas vivas. Deus. O Pai do Céu. O Criador do mun d o. 15
Wicahpis
Estrelas. Wokah nigapi Oiglake
Viage m do conhe ci m e n t o (na verda d e ,
conh e c e r a viage m ). Wokini Vida nova. Felicidad e . Estas palavra s fora m traduzid a s do dialecto Lakota para inglês e poste rior m e n t e para portug u ê s . Algum a s delas fora m escrita s a partir da sua compo n e n t e fonétic a para auxiliar o leitor a pronun ciá- las, dad a a dificulda d e do dialecto Lakota. 16
O ROLO DE PERGAMINHO Uma lição para a felicidad e A felicidad e é um senti m e n t o maravilhos o. Faz- nos sentir be m e m qualqu er situação. Dá- nos esp era nç a e m mo m e n t o s de des e s p e r o. Faz- nos sentir e m paz nu m mu n d o de confus ão. Quero que nos sinta m o s felizes se m pr e que o des ejar m o s . Para alcançar ess e objectivo, so m o s convidad o s a viajar e a apren d er corn David, um jove m índio que desc obriu o segr e d o para ser feliz.
Aconte c e r a m duas coisas naqu el e ano que afect a r a m o resto da vida de David. A primeira delas trouxe- lhe uma imens a tristez a. A segu n d a fê- lo desv e n d a r o maior segre d o de toda a sua vida. De qualqu e r ma n eira, nunc a mais esqu e c e ri a aqu ele Verão prodigioso no Dakota do Sul há qua s e trinta anos atrá s. Tinha sido um dos verõe s mais que nt e s da me m ó ria rece nt e . As colheita s tinha m sec a d o corn a estia g e m e mais de catorz e vaca s tinha m sido encontr a d a s mort a s, havia três dias, nas past a g e n s de Henry Pata de Urso. Os mais fracos era m os primeiros a morrer, com e ç a n d o pelos velhos, pelas crianç a s e pelos doent e s . Era o proc e s s o de Wakant a n k a e ajuda v a a ma nt e r o equilíbrio da natur e z a . Os mais forte s sobreviveria m e criaria m uma
desc e n d ĂŞ n ci a robust a . Era assim a vida, era assim que tinha sido se m pr e e que se m pr e seria. Henry, 17
tod avia, não ach a v a que assi m foss e. Ele nunc a tinh a sido cap az de ver para alé m dos seus inter e s s e s econó mic o s . Os alime n t o s esc a s s e a v a m , e a pouc a águ a que rest a v a nos poços est a v a poluíd a pela activida d e mineir a de há vinte anos atrá s . As pes s o a s rece a v a m que est e Verão aca b a s s e corn o seu estilo de vida. Mas não era disso que David tinh a me d o. Sabia que cons e g uiria m ultrap a s s a r as dificulda d e s ; se m p r e o tinh a m cons e g ui d o. Os Lakota s sobre viv e r a m a guerr a s , a cat á s t r of e s nat ur ais e à varíola. Uma sec a não os ma t a ri a. No ent a n t o , o rap az continu a v a corn me d o, mais rece o s o do que algu m a vez estiver a . Ness a ma n h ã o pai não tinh a ido à igreja. As cons e q u ê n ci a s espiritu ais não o ass u s t a v a m tant o como o motivo pelo qual o pai tinh a ficado em cas a. E tinh a razão. Esta foi a primeir a circuns t â n ci a que afecto u o resto da sua vida. David podia vislum br a r, à distâ n cia, o sota que se elev av a enqu a n t o regr e s s a v a a cas a. De rep e n t e , sentiu- se ab a tido. Ela morreu, pen s a v a para si próprio, e o m e u pai está a quei m ar a ca m a dela para que não adoeç a m o s ta m b é m . Queria chorar, ma s não o fez para não afligir os irmã o s e as irmã s mais novos. Tenho de ser um ho m e m , pen s a v a ele, emb o r a não pas s a s s e de um rap az aind a muito jove m. A minh a família precisa que eu seja forte. Os irmão s de David não era m todos do me s m o sang u e . Na verd a d e , a maior part e deles era m meio- irmão s , meio- irmãs , par e n t e s por afinida d e e pes s o a s adop t a d a s pela família. Mes mo corn um esp a ç o exíguo em cas a, era dev er dos índios ajud a r e m a sua família; não a família no sentido mer a m e n t e tradicion al e restrito, ma s a família no sentido mais lato segu n d o o qual toda s as criatur a s vivas est ã o ligad a s e são dep e n d e n t e s uma s das outra s . Não era estr a n h o , pois, que David acre dit a s s e nes t e tipo de coisas, tal como no círculo da criaçã o em que tudo est á interliga d o. Era o seu modo de pens a r, tal como era o de seu pai e tinha sido o de seu avô. 18 A irmã foi sepult a d a três dias depois, nu m a das extr e mi d a d e s do cemit é rio logo a seguir à entr a d a . Naqu el e ped a ç o de terr a não havia árvor e s , e o sol ia fazer corn que as erva s daninh a s cresc e s s e m muito rapid a m e n t e . David tent a ri a controlar o seu cresci m e n t o , mas sabia que
ia ser difícil. A escola e os serviços dom é s tico s absorvia m- lhe gran d e part e do te m p o. Ainda assim, o facto de as erva s daninh a s cresc e r e m sobre o túm ulo da irmã não era o que o preocu p a v a , ma s ant e s a sua localizaç ã o; ficava ap e n a s a algun s metr o s da estr a d a de aces s o ao cemit é rio. As pes s o a s iriam pisá- lo qua n d o entr a s s e m . E pior até, a estr a d a iria ser alarg a d a um dia, talvez dentro dos próximo s anos, e o corpo da irmã teria de ser remo vido par a um sítio mais conv e ni e n t e , a fim de os Buicks e os Pontiacs pod er e m desloc a r- se e per mitir aos mais privilegia d o s visitar os seus ent e s querido s. Viera m- lhe à me m ó ri a os seus ant e p a s s a d o s a sere m levado s das sua s sepultur a s e trans p o r t a d o s para as instalaç õ e s do Institut o Smiths o ni a n a fim de os intelect u ais pod er e m retalh a r e esfur ac a r os seus restos mort ais ap e n a s para cheg a r e m à conclus ã o de que era m iguais a tod a s as de m ais criatur a s . Os índios nunc a havia m sido trat a d o s corn res p eito. Todavia, est e local era melhor que nad a e, par a alé m disso, era o que podia m pag a r. O pai vend e r a o carro para fazer face às des p e s a s do funer al. O jove m não cons e g ui a perc e b e r por que razão as coisas más pare ci a m acont e c e r se m p r e à sua família. Não queria que voltas s e m a dizer- lhe que a vida na res erv a nunc a fora fácil. Respos t a s simple s como est a s era m dad a s por pes s o a s que tinh a m perdido a esp e r a n ç a . David não gost a v a des s e tipo de pes s o a s . Ele am a r a profun d a m e n t e a irmã, tal como tinh a am a d o a mã e, que morr er a três anos ant e s , qua n d o ele tinh a ape n a s onze anos. Esse ano fora extr e m a m e n t e difícil para David. Não acre dit a v a que est e ano foss e difere n t e . Sofrime n t o , tristez a e me m ó ri a s vazias era m tudo qua n t o podia mos tr a r pelos seus defun t o s . 19
Depois com e ç o u a sentir- se deprimid o. corn a depr e s s ã o veio o me d o de est e est ar a perd e r o auto d o mí nio. Este senti m e n t o era tão inten s o que era como se estive s s e de pé dentro do rio, corn uma corren t e fortíssim a rodopia n d o à volta do seu corpo. Empurr a v a- o, enfra q u e ci a- o e, a seu te m p o, venc ê- lo-ia. Esta esp é ci e de forças ganh a v a se m p r e . David sentia tre m e n d a s sau d a d e s da irmã. Sentia saud a d e s dela por ser sua irmã e por ser a sua melhor amig a. Sentia sau d a d e s dela porqu e ele ador a v a as coisas que ela fazia e dizia. E... se m a irmã, os dias pare ci a m mais comprido s , mais difíceis e mais negro s que nunc a. David tinha corn ela uma afinida d e esp e ci al. Ela tinh a ajud a d o a criar as crianç a s mais nova s da família após a mort e da mã e , e o rap az acre dit a v a que fora ela a res po n s á v el pela ma n u t e n ç ã o da união familiar. Havia m sido te m p o s muito difíceis par a todos, no ent a n t o a sua força interior dura n t e est e período terrível tinh a anim a d o David inúm e r a s vezes . Ela era a sua cons elh eir a e a sua amig a. Estud a v a corn ele e ensin a v a- lhe Mate m á tic a de uma form a que o profes s o r nunc a cons e g uir a. Jogav a corn ele divers o s jogos, pas s e a v a e pesc a v a corn ele e cont a v a- lhe histórias toda s as noites . E agor a... est a v a mort a . Des a p a r e c e r a para se m p r e . .. e David jamais voltaria a vê- la. Este pen s a m e n t o fê- lo chor ar hora s a fio. Sent a v a- se à beira do rio e olhav a desint e r e s s a d o as águ a s que deslizav a m . Muitas altur a s houv e em que pôs a hipót e s e de saltar para dentro do rio ap e n a s para aca b a r corn tudo. Mal sabia ele que sofria do tipo de depr e s s ã o mais grav e e des tr uidor. Mantinh a- o acord a d o dura n t e a noite, cons u mi a- lhe o coraç ã o e a alma e aca b a ri a por levá- lo par a a Terra das Treva s. Felizme n t e , David não era o gén e r o de pes s o a para se suicidar. Era de m a si a d o jove m par a desis tir da esp e r a n ç a . Mes mo que quis es s e , não sabia se teria corag e m . Havia, contu d o, um motivo aind a mais import a n t e para que não aca b a s s e corn a própria vida. A irmã nunca iria perce b er est e facto. E verd a d e , ele sabia que ela est a v a mort a , no ent a n t o ... altur a s havia em que 20
a sentia corn ele, viva e cheia de en er gi a. Não sabia se est a ri a a imagin ar, mas , de qualq u e r ma n eir a, não deixav a de pres t a r a máxi m a ate n ç ã o a est e senti m e n t o , que era, pura e simple s m e n t e , de m a si a d o profun d o para ser ignora d o . De ma n h ã muito cedo e ao fim do dia, David quas e que cons e g ui a ouvir a irmã a falar corn ele; as suas risad a s mistur a d a s corn os sons dos gorjeios dos pás s a r o s , e os seus suss urro s bailand o ao sabor do vento. Sentia, no fundo do coraç ã o, que ela est a v a a tent a r comu nic a r corn ele. Ao longo de muitos dias pens o u nas razõe s que a levaria m a isto,
ma s a depr e s s ã o toldav a- lhe o raciocínio. Mesmo assi m, de m o r o u quas e dua s se m a n a s a perc e b e r que o que ela des ej a v a de facto para ele era que foss e feliz outra vez. Felicidad e .
David queria ser feliz de novo. Ansiava ard e n t e m e n t e pelos senti m e n t o s de paz e de satisfaç ã o na sua vida. A irmã tinha sido cap az de ultrap a s s a r a dor qua n d o a mã e deles morr er a . Não podia ele fazer o me s m o ta m b é m ? Não sabia. David des ej av a ter a cora g e m que a irmã de m o n s t r a r a muitos anos atrá s . Sabia que não podia esp e r a r que, de um mo m e n t o para o outro, esqu e c e s s e tudo qua n t o lhe havia acon t e cid o. Essas realida d e s ficaria m para se m p r e corn ele. Contu d o, ond e iria ele enco n tr a r a força de que precis a v a ? E mais import a n t e aind a, como é que ele pod eria voltar a ser feliz? Esta perg u n t a acordo u- o uma ma n h ã , aco m p a n h o u - o até à escola e ao longo das sua s taref a s diárias e foi a última coisa em que pens o u ant e s de ador m e c e r . Com o é que podia voltar a ser feliz? Isso era o que ele mais queria sab e r. A res po s t a valeria tod a s as pedr a s precios a s do mun d o. Se houv e s s e uma ma n eir a de voltar a ser feliz, ficaria a sab e r o significad o da própria vida. Mas mais import a n t e aind a, pod eri a ele fazer o que a irmã des ej a v a . Sim... cons e g uiria ele desv e n d a r a res po s t a por si me s m o ? Consider a v a 21
-se um rap az esp e r t o, toda vi a não tão esp e r t o qua n t o isso. Não, tinh a a cert ez a , a res po s t a tinha de vir de qualqu e r outro lado. Ou de qualqu e r outr a pes s o a . Mas que m é que seria cap az de lhe dar uma tal respo s t a ? Talvez dev e s s e falar corn o m e u ate. (David cha m a v a se m p r e ate ao pai, a palavr a Lakota para «pai», pronu n cia n d o- se «ah- Tay»). Ele sab er á o que fazer. À se m el h a n ç a de todos os rap az e s , David consid e r a v a o seu ate um hom e m muito esp e ci al. Parecia agig a n t a r- se acima de David, os ombro s fortalecidos por uma vida inteira de trab alh o. O seu ate era um hom e m que ma n tin h a a cab e ç a erguid a, um hom e m que se resp eit a v a a si próprio e a tod a s as criatur a s vivas. Havia um certo port e na ma n eir a de se movim e n t a r , uma força silencios a que David ansiav a compr e e n d e r . Onde é que ele a havia apr e n did o ? O seu ate não rece b e r a uma educ a ç ã o conve n cio n al, nunc a tinh a estu d a d o corn os ancião s da tribo e só apr e n d e r a a ler depois dos vinte anos. Estaria o seu pai a cont ar a verd a d e qua n d o dizia que apr e n d e r a tudo aquilo que sabia corn as estr el a s cintilant e s e corn os raios dour a d o s e que n t e s do sol? Ou teria encon t r a d o a paz do coraç ã o e da alma sob a copa da árvor e ond e frequ e n t e m e n t e se sent a v a sozinho corn os seus pen s a m e n t o s ? Escut a v a , de verd a d e , as alma s dos seus ant e p a s s a d o s nas brisas das planícies? David não sabia. Foss e como foss e, existia algo para alé m da sua sab e d o ri a que fazia corn que David sentis s e ad mir a ç ã o qua n d o se encon t r a v a perto do seu ate. Em res u m o , o pai de David era feliz e a sua felicidad e era algo que David nunc a até ent ã o exp eri m e n t a r a . Era uma compr e e n s ã o e aceit a ç ã o de si mes m o , um amor interior que irradiav a de si em cad a minut o da vida. Não import a v a se as coisas lhe corria m be m. Nem isso dep e n di a da form a como os outros o trat a v a m . Era como se nad a houv e s s e que o pud e s s e des a ni m a r . O pai ta m b é m poss uí a uma form a esp e ci al de olhar o mun d o e de apre ci ar as peq u e n a s coisas. Costu m a v a sorrir 22
qua n d o ouvia os pás s a r o s a chilre ar logo aos primeiros alvore s do dia; costu m a v a rir- se dos proble m a s que se lhe dep a r a v a m . Amav a a vida, como toda a gent e devia fazer, e gozav a- a ao máxi mo. O jove m ansiav a ser como ele.
David esp e r o u pelo pôr do Sol para falar corn o seu ate. Sent a r a m - se na sala principal - as outra s dua s divisõe s era m usad a s como quart o s para a família. Era uma sala limpa emb o r a um tanto des arr u m a d a , mas corn quinze pes s o a s num a cas a corn dois quart o s torn a- se quas e impos sív el ma n t e - la se m p r e cuida d a . Nunca seria apre s e n t a d a na revist a Bett er Hom e s and Garden s , no ent a n t o era a sua cas a e tinha orgulho nela. O único cand e eir o que havia est a v a coloca d o atr á s do rádio, que tocav a Tomm y Dors e y, suav e m e n t e em fundo. O pai est a v a sent a d o num a poltron a e dav a uma vista de olhos pela Read er’s Diges t. Os irmão s e irmã s mais novos est a v a m deit a d o s e os outros pare n t e s mais velhos tinha m saído. Em voz baixa, David mur m u r o u : - Ate, quero ser feliz outr a vez e quero que me ajud e. Tenho and a d o muito deprimido corn a mort e de Emm a . Não tenh o cons e g ui d o dor mir e pare c e que já não sou cap az de me conc e n t r a r . O pai olhou par a David corn toda a ate n ç ã o dura n t e uns insta n t e s e me n e o u a cab e ç a compr e e n s i vãm e n t e . Sorriu, levan t a n d o os canto s da boca ligeira m e n t e . Cresc e u tão depr e s s a , pens o u o pai par a si. Chego u a altura de ele apren d er . O pai pous o u a revist a em cima me s a e levan t o u- se da sua poltron a . Dirigiu- se a uma velha secr e t á ri a já um tanto estr a g a d a e coloca d a a um canto. Tinha as cost a s dorida s pelo trab alh o do dia, mas sabia que a dor nad a significav a em comp a r a ç ã o corn o que iria dar ao filho. Abriu uma gav e t a , rem e x e u nela por algun s mo m e n t o s e retirou um ped a ç o gas t o de mnih u h a, cuida d o s a m e n t e enrola d o como um jrolo de perg a mi n h o . David já conh e ci a um pouco da historia daqu el e perg a mi n h o emb or a nunc a lhe tives s e sido per mitido, assim julgav a ele, estu d á- lo. corn raízes nas tra23
diçõe s índias, o perg a mi n h o fora pinta d o à mã o pelo seu trisavô, um curan d eiro. Retra t a v a em det alh e a Woka h niga pi Oiglake, uma viag e m ao conh e ci m e n t o . O pai entr e g o u o rolo a David. - Toma isto e apr e n d e r á s - diss e- lhe o pai. David pego u no rolo de perg a mi n h o corn cuida d o e des e n r olou- o. O que viu surpr e e n d e u - o. O perg a mi n h o continh a uma série de set e imag e n s , uma s mais elabor a d a s que outr a s . Não existia m quais q u e r palavr a s por deb aixo dos des e n h o s . David fixou o olhar no seu ate. Não tinh a a cert ez a do que fazer corn aquilo. - Não perc e b o o significad o disto. O pai sorriu e ace n o u corn a cab e ç a . Afastou- se do filho e sorriu enq u a n t o olhav a atrav é s da janela. O céu escur e ci a e as wicahpis com e ç a v a m a cintilar. As wicahpis, surgindo lent a m e n t e como que por ma gi a, des d e se m p r e o tinha m enc a n t a d o . Finalm e n t e , res po n d e u em voz baixa: - Esse perg a mi n h o ensin a- te como sere s feliz na vida. Era isto que tu queria s que eu te diss e s s e , não era? David ass e n ti u. - Hm- hrn. Não obst a n t e , não ent e n d o o que est e s des e n h o s significa m. Como é que eles me pod e m ajud ar se não sei o que quer e m dizer? - Meu filho, tens de desco brir o que eles significa m. O jove m já sabia a respo s t a à perg u n t a seguint e , me s m o ant e s que o pai res po n d e s s e . - Vai dizer- me? - Não. Penso que é melhor que o descu b r a s por ti me s m o . As palavr a s ap e n a s te pod e m ensin ar uma peq u e n a parc el a do que dev e s sab e r. Vais apr e n d e r muito mais rapid a m e n t e se utilizare s o perg a mi n h o para te guiar. David pas s o u a mã o pelo queixo pen s a tiv a m e n t e . - Guiar- me? Guiar- me para ond e?
- Leva- o contigo na tua viag e m . David levan t o u os olhos corn esp a n t o . 24
Uma viag e m ? Aonde é que eu ten h o de ir? O pai voltou- se e enc ar o u o filho. Apoiou- se no seu ombro. Não exist e um camin h o pre e s t a b e l e cid o. É uma viag e m ao conh e ci m e n t o . Deve s fazer o que ach ar e s que é melhor para enco n tr a r e s o significado das imag e n s . Que m é que seria cap az de me explicar o que quer e m dizer? Algué m mais sábio do que eu. Algué m que consig a pen e t r a r na tua alma interior e comu nic a r contigo. Algué m em que m confies e a que m ad mir e s . O pai sabia que não est a v a a revelar ao filho tudo qua n t o podia, mas tinha um motivo para não o fazer. A viag e m era uma exp e ri ê n ci a, não uma lição. David, por outro lado, est a v a pert ur b a d o . Não cons e g ui a compr e e n d e r a relut â n ci a do seu ate em cont ar- lhe o que ele queria sab e r. - Quan d o devo partir? - perg u n t o u ele. - Quant o mais cedo iniciare s a tua viag e m , tant o mais cedo desco b rirá s tudo o que precis a s sab e r. O pai voltou a fixar o olhar nas wicahpis. Após est e diálogo, David deixou o seu ate; tinha- se torn a d o claro que ele não lhe diria mais nad a. Pegou no rolo, levou- o para o quart o e estu d o u- o dura n t e long a s horas , ant e s de, finalm e n t e , ador m e c e r . Conqu a n t o a sua escola o educ a s s e de acord o corn as norm a s Wasicu, ele tinha apre n di d o muito dos sab e r e s índios à sua própria cust a. De cert ez a , est e facto o ajud a ri a. Ness a noite não dor miu muito be m.
Na ma n h ã seguint e , precis a m e n t e qua n d o o anpa wi nascia, David tomo u um pequ e n o- almoço subs t a n ci al. Decidiu viajar ap e n a s corn a sua peq u e n a mochila na qual tran s p o r t a v a o rolo de perg a mi n h o . Não via nec e s sid a d e de levar o que quer que foss e mais corn ele, não tencion a v a aus e n t a r- se por um longo período de te m p o. Depois de se des p e dir da sua tiwah e, partiu de cas a e ava n ç o u pela rua poeire n t a que conduzia aos limites da res erv a . A sua Woka h niga pi Oiglake havia com e ç a d o . 25
David pens o u que devia ir enco n tr a r- se, em primeiro lugar, corn Ben Pena Longa. Esta ideia surgiu- lhe enq u a n t o se vestia. Era como se Waka n t a n k a lhe tives s e coloca d o est a ideia pes s o al m e n t e na sua me n t e . Ben Pena Longa trab alh a v a no Museu índio à saíd a da res erv a . corn tod a a cert ez a , ele podia inform á- lo de mais coisas sobr e o significad o do rolo. Ao fim e ao cabo, ele era um dos índios mais sábios da res erv a . Algum a s horas mais tard e, David chego u ao mus e u . Ao entr a r, perg u n t o u a uma jove m rece p cionis t a de nom e Mary se podia falar corn Ben Pena Longa. A rece p cionis t a exa min o u- o ate n t a m e n t e . Reparo u na tristez a dos olhos daq u el e jove m. Não havia dúvid a s de que ele sofria. Ela cons e g ui a ver a dor no modo como o rap az olhav a e no modo como se movia. Após um mo m e n t o , levan t o u- se da sua secr e t á ri a e enc a mi n h o u- se para uma pequ e n a sala. David tirou o rolo da peq u e n a mochila e, enqu a n t o esp e r a v a , ficou a estu d á- lo por mais algu m te m p o . Algum a s coisas era m- lhe familiare s . A primeir a imag e m era uma Iktu mi, a aran h a traiço eir a, pres t e s a ser devor a d a por uma águia. Mas de que forma é que a Iktu mi est a v a relacion a d a corn a felicida d e ? Seria que ela o podia fazer feliz de novo? E mais import a n t e aind a, qua n t o te m p o pas s a ri a até ele ser feliz outr a vez? Alguns minuto s depois, Ben Pena Longa aproxi mo u- se. Ben tinh a set e n t a e nove anos (era o que David tinh a ouvido dizer na escola) ma s não pare ci a ter mais do que uns cinqu e n t a . O seu rosto apr e s e n t a v a pouc a s rug a s e ap e n a s algun s vestígios de cab elo grisalho nas tê m p o r a s - era tudo o que tinh a. Ele não pod e ser tão velho, pen s o u David. Ben dirigiu- se a ele e aper t o u- lhe a mã o. - Querias falar comigo? - É verd a d e - res po n d e u David. - Acomp a n h a - me. Ben cond uziu David para o seu escritório. À me did a que ca minh a v a m , David obs erv o u uma expr e s s ã o tran q uila de 26
satisfaç ã o no rosto de Ben que lhe record o u a de seu pai. Ben ta m b é m sabia a respo s t a, cogitav a David enqu a n t o Ben emp u rr a v a a port a e a
abria. Ben sabia com o ser feliz. David esp e r a v a que Ben partilha s s e corn ele ess e segr e d o . O escritório est a v a apinh a d o de objecto s índios, cuida d o s a m e n t e etiqu e t a d o s mas aind a não em exposiç ã o. Era evide n t e que Ben ador a v a o seu trab al h o. David retirou o rolo da mochila e entr e g o u- lho. Ben Pena Longa mirou o perg a mi n h o por uns insta n t e s . Depois perg u n t o u : - Em que poss o ajud a r- te? - Não sei o que isso significa. Gostaria que mo revela s s e . - Compr e e n d o - dizia Ben à me did a que ace n a v a corn a cab eç a e um ligeiro sorriso lhe atrav e s s a v a a face. Levou algu m te m p o até falar. Parecia est ar à procur a das palavr a s cert a s . Por fim diss e: - O m nihu h a foi estica d o e seco. É muito antigo. Atrevo- me a pen s a r que foi um dos teus ant e p a s s a d o s que o pintou. As próprias figura s fora m pinta d a s à mão, tend o sido utilizado s óleos e argilas natur ais. Já ant e s tive a oportu nid a d e de ver perg a mi n h o s como est e. São usad o s como instru m e n t o da apre n diz a g e m dos índios, par a apre n d e r e m tudo qua n t o des ej a m . As imag e n s constitu e m símbolos de uma viage m . Consider a d a s no seu todo, as pintur a s narra m em porm e n o r a viag e m de um jove m índio ao conh e ci m e n t o . Cha m a- se Woka h niga pi Oiglake. David sabia que Ben lhe est a v a a escon d e r a verd a d e , exact a m e n t e como o seu ate fizera. O me u ate diss e que isso seria cap az de me fazer feliz. Ben sorriu e ace n o u corn a cab e ç a . O teu ate é um hom e m muito sábio. Preciso de sab e r o que os des e n h o s significa m. Pode dizer- me? Lame n t o , mas não poss o. Não esto u habilitad o a dizero. iens de procur a r algu é m corn mais exp e ri ê n ci a do que eu; 27
algu é m que consig a comu nic a r corn o teu eu interior. Só ess a pes s o a pod er á revelar- te o seu significad o. A m e s m a respo s t a que o seu pai lhe havia dado, pen s o u David. Era uma res po s t a que não o ajud a v a . Mais uma vez sentiu as lágrim a s inund a r e m - lhe os olhos. Por que é que ningu é m o ajudav a? Por que é que ningu é m lhe dizia o que aqu elas imag e n s significava m ? O rosto de David ruborizou- se, e a sua voz enrou q u e c e u , enqu a n t o perg u n t o u : - Que m é que me pod e explicar? Ben ficou calad o e olhou par a ele corn um sorriso calmo e tran q uilo. David retribuiu o olhar, a sua expr e s s ã o era de sofrime n t o e deixav a tran s p a r e c e r ansie d a d e . - Aproxim a- te de mim, David - suss urr o u Ben ao ouvido do jove m índio. - Aproxim a- te mais. Tenho algo para te oferec e r. Ness e mo m e n t o , Ben Pena Longa pego u no braço de David. Mal o fez, acont e c e u algo de mar a vilhos o. David deixar a de ver o rosto gentil de Ben Pena Longa. No seu lugar via outros rostos, milhar e s deles, a ap ar e c e r e m e a des a p a r e c e r e m . Lá est a v a m os rostos do avô, da mã e e da irmã, todos confun din d o- se uns corn os outros, e, tod avia, todos nítidos e distinto s. Via anim ais, cent e n a s de esp é ci e s difere n t e s , e via a terra ond e vivia. Lugar e s que iam e vinha m como que tran s p o r t a d o s por um torn a d o. Depois, David sentiu torn ar- se part e integr a n t e do torn a d o. Ergue u- se be m alto no ar, e o mun d o com e ç o u a girar. A boca do seu estô m a g o subia e descia. Subita m e n t e , milhar e s de pens a m e n t o s precipit ar a m - se sobr e ele, na sua maioria corn tant a rapid ez que era impos sív el compr e e n d ê - los. Lembr a n ç a s da vida, do amor, dos sonho s , das imag e n s , das pes s o a s e dos anim ais perp a s s a v a m pela sua me n t e corn uma inten sid a d e que ele nunc a ant e s havia exp eri m e n t a d o . O ímpe t o dos pen s a m e n t o s ench e u- lhe a cab e ç a até ao limite da sua cap a cid a d e , e qua n d o julgav a que ia reb e n t a r ... Os pens a m e n t o s parar a m e tudo se acal m o u . A escurid ã o envolve u- o. David não sabia ne m ond e est a v a ne m o que 28
est a v a a fazer. Essa escurid ã o ench e u- o de me d o. A visão per m a n e ci a , a irmã ap ar e c e r a lá muito ao long e. Ao princípio não pas s a v a de um peq u e n o ponto de luz. Gradu al m e n t e , ela ia- se aproxi m a n d o dele. Agora est a v a à sua frent e e brilhav a inten s a m e n t e . Era um brilho
branco e forte que não pare ci a perigos o, ma s ant e s pod ero s o . David sentia- a viva outr a vez, ela respirav a , o seu coraç ã o batia. E falav a corn David. Não cons e g ui a ouvi- la, ma s sentia- lhe as palavr a s no seu âm a g o . Ela esta v a a dizer- lhe para continu ar, esta v a a dizer- lhe para não desis tir. Havia de enco n tr a r as res po s t a s que pret e n di a sab e r se, pura e simple s m e n t e , continu a s s e a insistir. E depois des a p a r e c e u . David voltou ao seu mun d o corn a me s m a inten sid a d e corn que tinh a saído dele algun s mo m e n t o s ant e s . O jove m sentia- se como se foss e des m ai a r logo que aqu el a visão se dissipo u. Fechou os olhos, recup e r o u o equilíbrio e ouviu a respo s t a de Ben. Ben respo n d e u às ques t õ e s que David lhe havia coloca d o ape s a r de nad a de extr a or din á rio se ter nota d o. Ter- se- ia, de facto, pas s a d o algu m a coisa ou tudo aquilo não era mais que um sonho? - Essa pes s o a , terá s de a desco b rir sozinho. Não te poss o ajud a r. Ben devolv e u o perg a mi n h o enrola d o a David. - Boa sort e, me u rap az. Admiro- te por empr e e n d e r e s est a viag e m . Lembro- me muito be m da minh a. Vais apr e n d e r muito. Vais apre n d e r o segr e d o da própria vida. David deixou o mus e u mais deprimido que nunc a. Tinha sentido a irmã; sabia que ela velav a por ele, no ent a n t o sentia- se pés si mo . Tinha a res pir aç ã o aceler a d a , sentia nós no estô m a g o e as pern a s tre mi a m- lhe ao camin h a r. Sentia- se como se foss e perd e r a consciê n ci a. As ideias sobre a sua visão viera m- lhe à me m ó ri a, per m a n e ci a m corn ele e fazia m- no sentir- se fraco e tonto. David cam b al e o u em direcç ã o a uma arvor e e sento u- se sob a sua copa. Enqu a n t o ent e rr a v a a cara nas mão s para tent a r recup e r a r o auto d o mí nio, des a t o u 29
a chorar. Chorou dura n t e o que lhe par ec e u tere m sido horas . O seu corpo estr e m e ci a e o coraç ã o sentia uma trist ez a que jamais exp e ri m e n t a r a . Sentiu- se compl e t a m e n t e só e ab a n d o n a d o . Uma vez desv a n e ci d a s as suas emoç õ e s , sentiu- se cans a d o mas mais senh or de si. Limpou as lágrim a s , ass oo u- se e com e ç o u a res pirar fundo rep e tid a m e n t e . Uns minut o s depois, já era cap az de reflectir sobr e o que tinh a acon t e cid o no mus e u . Nesta altur a já não tinh a a cert ez a de a sua visão ter sido real ou imagin á ria. Parecia real, ma s qua n t o mais pen s a v a nisso, tanto mais se lhe esc a p a v a da me n t e . A visão tornou- se nublad a , quas e vag a. Foi segura m e n t e um sonho, concluiu ele. Todavia, be m no fundo do seu coraç ã o, David sabia que não fora um sonho. Se be m que os porm e n o r e s se tives s e m dissip a d o, o objectivo da visita da irmã per m a n e ci a corn ele. A visão torn a r a- se part e de si próprio e tinha- lhe indicad o o ca minh o a seguir. Sabia agor a que m era a pes s o a que podia comu nic a r corn a sua alma. Tunka sila Paha Sapa. O Home m das Monta n h a s . O sábio Avô de tod a s as coisas vivas. David partiu em direcç ã o às Paha Sapa, as Monta n h a s Negra s do Dakot a do Sul. As Paha Sapa ocup a m um lugar esp e ci al na religião e nas lend a s índias. E um local sagr a d o , literal m e n t e definido como o coração de tudo o que exist e . O facto de sab e r par a ond e se dirigia ajudou- o a esqu e c e r a sua trist ez a dura n t e um curto esp a ç o de te m p o. Pens a v a , ao invés, na viag e m às Paha Sapa. Era uma camin h a d a de dois dias (David já lá tinh a ido por divers a s vezes ) e como não tinh a dinheiro, não havia outra altern a tiv a sen ã o ir a pé. Não levav a comid a ma s não se preoc u p o u . Sabia pesc a r e sabia o que devia arra n c a r da terr a para com e r, isto é, se lhe ap e t e c e s s e com e r. O seu ap e tit e era qua s e inexist e n t e des d e a mort e da irmã. Os dois dias de reflex ã o e de viag e m não servira m par a ajud ar David. Após as primeir a s hora s, os seus pens a m e n t o s 30 voltar a m- se para a solidão. A falta de comid a e de en er gia no seu corpo torno u- o fraco e vulner á v el aos senti m e n t o s da depr e s s ã o . Em brev e deixou de se import a r corn a própria via- ge m; o sofrime n t o apod e r o u- se dele, sufoc a n d o- o corn o des e s p e r o . Duran t e dois longos dias o rap az desloc a v a- se como um lobo esfo m e a d o , se m pen s a r e se m se import a r corn nad a.
David cheg o u às Paha Sapa ao princípio da tard e . Tinha apr e n did o, corn os ensin a m e n t o s índios, que o Home m vivia num a cab a n a , a cerca de um quilóm e t r o e meio a sul do Rio Bend e perto da Agulha dos índios, uma roch a enor m e e pontia g u d a no topo das mont a n h a s . Foi-lhe fácil enco n tr a r o ca minh o conqu a n t o a esc al a d a em si foss e difícil. Quan d o alcanço u o cum e da mon t a n h a , ficou de algu m mod o surpr e e n di d o por verificar que a lend a índia era verd a d eir a . Lá est a v a a cab a n a , exact a m e n t e como a lend a cont a v a e, sent a d o do lado de fora, enco n tr a v a- se um hom e m velho. O Home m par ecia est a r à sua esp e r a , como se soub e s s e que David viria visitá- lo. O Home m fez- lhe sinal para se aproxi m a r, e David aproxi mo u- se. O Home m ench e u- lhe uma cháv e n a de chá. Sorria enq u a n t o a entr e g a v a a David. - Deves est a r corn sed e. A subid a é árdu a. David pego u na cháv e n a e beb e u o líquido. O chá reconforto u a sua garg a n t a seca. O Home m diss e: - Alegra- me que tenh a s vindo, David. O rap az olhou- o corn os olhos arre g al a d o s de esp a n t o . Com o é que ele sab e o m e u no m e ? pergu n t o u- se. Por algun s insta n t e s sentiu- se ass u s t a d o . Era, de facto, extr a or din á rio, mas algu m a coisa no Home m fez o seu com e n t á rio pare c e r natur al e não desc a bid o. E David confiou nele imedia t a m e n t e . JNao era tant o a forma como ele olhav a, ma s mais a sua ma n eir a de ser. Era quas e maior que a própria vida, e David ia que o Home m recon h e ci a que o seu lugar no mun d o era 31
o de um profes s or, um grand e , e simulta n e a m e n t e gene ro s o, profes s or que partilharia a sua sabe d oria corn todos aquele s que se lhe dirigiss e m . O Home m levanto u- se e entrou em cas a deixan d o a porta abert a para o jove m índio entrar ta m b é m . David aca bo u o chá e seguiu- o. A cab a n a pare c e u- lhe a caba n a típica de um índio. Fez- lhe lembr ar a sua própria cas a. Estava apinha d a corn objectos diversos: fotografia s descolorida s, um rádio antigo, uma me s a e algu m a s cadeira s e arte s a n a t o índio. Igual à de tantos outros índios, pens o u David, e o Home m observ a v a - o. Subita m e n t e , o jove m sentiu no mais íntimo do seu coraç ã o que o Home m lia o seus pens a m e n t o s . Perto dele David devia ser muito cuida do s o; os seus pens a m e n t o s só a si pert e n cia m , e ningué m tinha o direito de neles se introm e t e r. - Concordo contigo - afirmou o Home m gentilm e n t e , e David sentiu que ele saía da sua me n t e . David perc e b e u que os seus pens a m e n t o s lhe perte n cia m de novo, só a si, e este facto fê- lo sentir- se mais à vonta d e . O Home m tirou, de uma velha mala que esta v a coloca d a a um canto, um cobertor cosido à mão. David pergu n t o u: - Como é que sabia o me u nom e ? O Home m das Montan h a s respon d e u- lhe corn um sorriso: - Tenho esta d o à tua esp er a . - Tem esta d o à minha espe r a ? - pergun t o u o rapaz cheio de curiosida d e . O Home m das Montan h a s este n d e u o cobertor no chão e sentou- se. David sento u- se em frent e dele, depois tirou o rolo de perg a mi n h o de dentro da sua moc hila. - Já com e ç a s t e a tua viage m - afirmou o Home m enqu a n t o se instalav a confort a v el m e n t e . - Estou muito satisfeito. Faz- me be m sentir que o nosso estilo de vida ainda continu e a ser ensina d o.
David olhou para o perga min h o pinta do.
[ O me u ate deu- me isto e julgo que o senhor é a pes so a indicad a para me explicar o que significa. Há algo que te perturb a , me u jove m amigo. O que é que te preoc u p a ? Talvez fosse pelo modo como a pergun t a foi feita ou talvez fosse simple s m e n t e a pres e n ç a do Home m (David não sabia dizer be m), ma s o que lhe acont e c e u naqu el e mo m e n t o jamais seria esqu e cido. Contraria m e n t e à visão que tivera corn Ben, a visão inspira d a pelo Home m era mais subtil e, no enta n t o, muito mais forte. Era como se a alma de David se despr e n d e s s e do seu corpo e pairas s e sobre as planícies, deslizas s e corn o vento, descre v e s s e círculos como os páss a r o s e, depois, fosse atirad a direct a m e n t e para as estrela s. Sentiu- se livre e am a d o, um recipient e cheio de compr e e n s ã o . Jamais experim e n t a r a uma tal paz de espírito e de alma. Ficou unido à natur e z a , revela d or a na sua belez a, e absorv e n d o toda s as lições que ela lhe podia ensinar. A purez a da sua alma aliviou as sua s inquiet a ç õ e s e as sua s preoc u p a ç õ e s . Sentiu- se unido a Wakant a n k a...
A visão des a p a r e c e u de repe n t e , exact a m e n t e como havia acont e cido corn Ben. corn a me s m a rapidez corn que a visão surgira e libertar a a sua alma, sentiu que a sua alma e o seu corpo se reunira m nest e mund o. Já não se sentia livre, ma s ante s sobre c a rr e g a d o e pes a d o como uma rocha imobilizad a atrav é s dos séculos. No seu coraç ã o sentiu o peso da tristez a e da depr e s s ã o . O seu coraç ã o esta v a imerso, mais uma vez, no des e s p e r o. A súbita altera ç ã o das sua s emoç õ e s abalou o seu esta d o tísico. Come ç o u corn suore s frios e teve dificulda d e em recup e r a r o ritmo da respiraç ã o. Por fim, respo n d e u à pergun t a do hom e m . -- Vim ter consigo porqu e me sinto muito triste. A minh a irmã morre u há pouco te m p o. É muito doloroso; am a v a- a tanto e agora nunc a mais a verei. 32 33
O Home m ace n o u corn a cab e ç a compr e e n s iv a m e n t e , os olhos mos tr a n d o comp aix ã o. David continu o u: - Quer dizer, ela des a p a r e c e u . .. des a p a r e c e u par a se m p r e . Pura e simple s m e n t e , não consigo ent e n d e r . Era jove m... ela... ela tinha a vida tod a pela frent e. Sinto tant a s saud a d e s dela. David com e ç o u a chorar. Não cons e g ui a evitá- lo. A record a ç ã o da mort e da irmã aca br u n h a v a - o. A sua alma doía- lhe, e o seu coraç ã o sentia- se pes a d o . O Home m inclinou- se par a a frent e e colocou a mão no ombro de David. - A mort e é se m p r e difícil de compr e e n d e r e de aceit ar. Mas, me u jove m amigo, a tua irmã não saiu da tua vida par a se m p r e . Ela est á contigo agor a e há- de est a r se m p r e . Ela sent e a tua dor e entrist e c e- se corn isso. Ela só des ej a que sejas feliz. - Como... Como é que sab e ? - Sei. Meu jove m amigo, tens de sep a r a r a vida física da tua irmã da sua vida espiritu al. Ela não partiu par a se m p r e ; transfor m o u- se em algo muito mais gran dios o do que tu ou eu. Ela est á corn o Grand e Espírito; ela partilha as Suas mar a vilh a s . E mais import a n t e aind a, ela continu a viva em ti! David, a tua irmã jamais te aband o n ar á! Quan d o fores confron t a d o corn algu m proble m a , pens a r á s no que ela te teria acons el h a d o a fazer e s . Ela est a r á se m p r e contigo para te ajud a r qua n d o te surgire m te m p o s difíceis. O seu espírito paira nos are s; ela est á livre e em paz. Todos os seus sonho s se torn ar a m realida d e , e a sua sab e d o ri a enco n tr a r á um camin h o na tua vida. David escut a v a , contu d o continu a v a trist e. Brand a m e n t e insistiu: - Mas qua n d o pens o como... como ela... ela era uma pes s o a tão extr a or din á ri a. Dói-me tanto sab e r que ela morr e u . A expr e s s ã o do Home m era piedo s a . Falou dev a g a r enq u a n t o segur a v a o ombro de David. O seu toqu e era suav e e ao mes m o te m p o vigoros o. Conhe ci a a art e da verd a d eir a comu nic a ç ã o . A dor que sent e s agor a des a p a r e c e r á a seu te m p o e será subs tituíd a pelo amor e pelas record a ç õ e s felizes da tua infância corn ela. Este é um lega d o esp e ci al que a tua irmã te deixou. Podes usar as lembr a n ç a s da tua irmã par a a ma n t e r e s viva nes t e mun d o tanto te m p o quan t o viver e s . Está nas tuas mão s dar a conh e c e r aos outros o quã o
esp e ci al ela foi na tua vida. Se assim fizere s, eles ent e n d e r ã o e aca b a r ã o por a conh e c e r tão be m como tu a conh e ci a s , e ela viverá para se m p r e em amb o s os mun d o s . O rap az ach a v a que mer a s palavr a s não o podia m ajud a r nes t a altur a. Contu d o, me s m o corn a sua pouc a idad e, ele ta m b é m sabia que devia tent a r record a r- se do que o Home m lhe havia dito. Sabia que seria muito import a n t e par a o ajud ar a aceit ar a sua perd a. - Tem a cert ez a ? Pela form a como o Home m fecho u os olhos e ace n o u corn a cab e ç a , David perc e b e u que ele est a v a a dizer a verd a d e . Nunca tinha enco n tr a d o ningu é m tão certo de algu m a coisa, e isso fê- lo sentir- se um pouco melhor. O Home m respo n d e u : - Sim. Toda a vida se conjuga. Trans p or t a r á s um ped a ç o da tua irmã o resto da vida. Ela sobr eviv e em ti, me u amigo. Duran t e uns insta n t e s nenh u m deles falou. David limpou as lágrim a s do rosto. Pouco depois acre s c e n t o u : Há muitos dias que ando deprimid o, e isso te m arra s a d o a minh a vida. Foi por isso que viest e ter comigo? Quere s sab e r como voltar a ser feliz? -
Hm- hm - mur m u r o u David ass e n tin d o corn a cab e ç a .
Home m rasgo u- se nu m sorriso. Os seus olhos brilhar a m inten s a m e n t e e piscar a m . As linhas do sorriso des e n h a r a m - se no rosto do Home m e David obs erv a v a , mar a vilh a d o, como o 34 35
Home m par ecia irradiar senti m e n t o s positivos de dentr o de si. A sua expr e s s ã o fez corn que David se sentis s e melhor. David olhou par a o perg a mi n h o enrola d o, aind a pres o nas sua s mã o s , e entr e g o u- o ao Home m . - Pode explicar- me o que significa m est e s des e n h o s ? O me u ate diss eme que se eu desco bris s e os seus significado s , apre n d e ri a o que preciso sab e r. Disse que eu voltaria a ser feliz. O Home m falou quas e como se detiv e s s e o pod er da felicida d e . - Alegro- me que des ej e s a felicidad e , me u jove m amigo. E o primeiro pas s o para a compr e e n s ã o des t e senti m e n t o e para o torn a r e s part e integr a n t e da tua vida. Uma vez que des ej e s a felicidad e , ela encon t r a rte- á e levar- te- á a aceit ar e s a tua perd a de form a a que te sinta s be m corn a vida. A felicidad e per mitir- te- á sentire s esp e r a n ç a nas situaç õ e s mais negr a s e paz num mun d o de caos. A felicidad e per mitirá que os teus sonho s se torn e m realid a d e ! É o senti m e n t o mais belo do m u n d o e nunca terá de deixar a tua vida! Para ser m o s felizes, só precis a m o s de quer e r e de sab e r como sê- lo. O significado das imag e n s do perg a mi n h o mos tr a r- te- á tudo qua n t o precis a s sab e r. Elas esclar e c e r- te- ão. - Vai dizer- me? - Ajudar- te- ei de tod a s as ma n eir a s ao me u alcanc e . O me u maior des ejo é que tu e todos os de m ais seja m felizes na vida. Mas est a é a tua viag e m ; os des e n h o s terã o significad o s ligeira m e n t e difere n t e s para pes s o a s difere n t e s , incluindo tu próprio. O sentido das imag e n s do perg a mi n h o na tua vida cab e- te a ti desco b rir. -- O que é que eu tenh o de fazer par a ficar a sab e r? - Tens de te ir emb o r a daq ui para encon t r a r e s o significad o da primeir a imag e m . David exa min o u o primeiro des e n h o . Era a imag e m da Iktu mi, a ara n h a mais traiço eir a, pres t e s a ser comid a por uma águia. Pergu n t o u: - A imag e m da Iktu mi? - Sim - confirmo u o Home m . - Tenho de apr e n d e r a lend a da Iktu mi? 36
. De certo modo. Não peç a s às pes s o a s que te expliqu e m lend a; isso não vai adian t a r nad a . Pergu n t a a oito pes s o a s difere n t e s a res po s t a que procur a s . O significado do des e n h o torn ar- se- á claro depois de encon t r a r e s ess a s res po s t a s . Mas a que oito pes s o a s ? Quaisqu e r oito pes s o a s serv e m . Elas dar- te- ão o sentido da primeir a imag e m . Tens de pergu n t ar- lhes qual a form a de ser feliz. A perg u n t a pare c e u estr a n h a a David. Foi por aqu el e motivo que ele tinha subido às Paha Sapa. E, por outro lado, como é que a felicida d e est a v a relacion a d a corn a Iktu mi? O Home m continu o u: É import a n t e que encon t r e s oito res po s t a s difere n t e s dad a s pelas pes s o a s a que m perg u n t a r e s . Volta aqui qua n d o tivere s aca b a d o est a taref a. Ness a altur a sere m o s cap az e s de explicar o significad o do primeiro des e n h o . Duran t e algu m te m p o , David per m a n e c e u sent a d o muito quieto. Aquela viag e m ia levar mais te m p o do que ele previra. Ia ter de se enco n tr a r corn pes s o a s e de falar corn elas. Mas que m ? corn que m devia ele falar? - Essas pes s o a s tê m de ser índios? - Não. As sua s respo s t a s é que tê m de ser difere n t e s . E ess a a única exigê n ci a. - E se elas não fore m cap az e s de me dar e m as respo s t a s cert a s ? - Todas as respo s t a s conduz e m ao conh e ci m e n t o . Não te preoc u p e s . Apes ar de tudo, o rap az est a v a preoc u p a d o qua n d o deixou aqu el e local. Não sabia por ond e com e ç a r . Por um mo m e n t o quis voltar para cas a. O Home m nas Monta n h a s tinh a- lhe dito à me did a que se afas t a v a : - Não par e s agor a, ach ar á s as respo s t a s cert a s . É mais fácil do que tu pen s a s .
David s贸 regr e s s o u pas s a d o s tr锚s dias. 37
I A LIÇÃO DE IKTUMI O significado do prim eiro des e n h o Iktumi é a palavra lakota para «aranha ». A Iktumi é consid er a d a taiçoeira e m e n tiros a. A Iktumi pod e levar as pes s o a s a acreditar e m e m coisas que não são verda d e . E m uito perigos a por causa do seu pod er. A Iktumi poss ui um a aptidão esp e cial para arruinar a vida de qualqu er pes s o a.
O Home m das Montan h a s sorria à me did a que David subia a encos t a . No rosto do jove m trans p a r e ci a uma expre s s ã o perturb a d a . Ainda continu a v a triste; a viage m pare cia não o ter ajuda d o. - Encontr a s t e o que precis av a s ? - pergun t o u- lhe o Home m das Monta nh a s . - Não tenho a certez a. Fiz a pergu n t a a todos corn que m me cruzei. Muitos deles dera m a me s m a respos t a . No enta n t o, pare c e- me que nenhu m deles me ajudou. Continuo a não me sentir melhor que ante s. - Achast e oito ma n eira s difere nt e s de se ser feliz? - Hm- hm. Tomei nota delas ma s não fiquei mais esclar e cido do que qua nd o saí daqui. - Ah, isso ficast e. Só que ainda não perc e b e s t e . Entra. Vamos prep a r a r- nos.
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Uma hora depois esta v a m prontos. Um cobertor havia sido este n dido no chão, alguns galhos tinha m sido postos a arder dentro de uma urna e a única luz existe n t e provinh a de dua s tocha s , coloca d a s uma atrá s de cad a um deles. As sombr a s ondulav a m . O Home m sento u- se calm a m e n t e , corn os olhos fecha d o s dura nt e bast a n t e te m p o. David observ a v a - o, imagina n d o o que ele esta ria a fazer. Por fim, o Home m abriu os olhos e diss e: Conta- me o que apre n d e s t e . Quer que lhe diga como ser feliz? O Home m sorriu. Pode s dizê- lo dess a forma se o des ejar e s . David pens ou por um breve mo m e n t o na ma n eira correct a de com e ç a r e principiou: - Quando saí daqui, dirigi- me à cidad e . Depois de anda r às voltas dura nt e uma hora encontr ei uma pes so a que quis respo n d e r à minh a pergu n t a . Era um hom e m mais velho que vivia perto da cidad e . Era muito pobre. A cas a em que mora v a esta v a a cair aos boca do s . Contou- me que não ia poder com e r enqu a n t o não rece b e s s e o cheq u e da pens ã o do Estado. Quando lhe pergu n t ei de que forma poderia ser feliz, respond e u que se tives s e mais dinheiro, então seria feliz. - Até que ponto é que ess a respos t a te impre s siono u? David pond e ro u a pergun t a por uns insta nt e s . Não cons e g uia respo n d e r; algu m a coisa o fazia conter- se. Mas o quê? O que é que o impe dia de respon d e r à pergu n t a ? Era a sua consciê ncia ou... qualqu e r outra coisa? Sentiu- se desfalec e r como se foss e des m ai a r a qualqu e r mo m e n t o. O mund o com e ç o u a rodopiar, girava à sua volta, e David com e ç o u a near corn náus e a s . Felizme n t e , a respos t a surgiu- lhe ante s que vomita s s e . A verda d e era simple s e tinha- lhe sido dada por algué m que não pert e n cia a este mund o. Estava claro que a irmã o guiava, conduzindo- o para as respos t a s certa s.
lê não a cons e g uia ver, não a cons e g ui a ouvir, ma s sabia que ela esta v a pres e n t e . Conse g uia senti- la dentro de si, 39
levan d o- lhe a verd a d e aos lábios. Soub e o que ela queria que ele diss e s s e . Afirmou ape n a s : - Incomo d o u- me. O Home m sorriu de novo. - Óptimo. Afinal, apren d e s t e . Diz-me, por que motivo te inco mo d o u ? Dest a vez David não fez nenh u m a paus a ant e s de respo n d e r . Disse rapid a m e n t e : - Para mim, não fazia qualq u e r sentido. Tenho a cert ez a de que ele acre dit a v a no que afirma v a , toda vi a o dinheiro não nos pod e torn a r felizes. Pode m o s utilizá- lo para adquirir as mais divers a s coisas, ma s não o pod e m o s usar par a compr a r a felicida d e . O Home m olhav a par a a urna em que ardia m os galhos enq u a n t o falava. A expr e s s ã o do seu rosto era de paz. - Tens razão, me u jove m amigo. O des ejo da riquez a como meio de se ser feliz já eu ouvi muit a s vezes , não obsta n t e o facto de não ser verda d e . As pes s o a s tê m de perc e b e r que é a sua cond u t a que dev e ser enriqu e cid a e não as suas cart eir a s . Na vida das pes s o a s o dinh eiro só te m a import â n ci a que elas lhe dere m . Qualqu e r pes s o a pod e ser feliz, se quis er, se m dinheiro. A felicidad e não te m os seus filhos predilect o s , ma s não pod e ser compr a d a corn riquez a s mat e ri ais. - Eu sei - afirmo u David enqu a n t o ass e n ti a corn a cab e ç a . - Muitas pes s o a s pobr e s corn que m me cruzei era m tão ou mais felizes que as ricas. Na verd a d e , ouvi, ao longo da minh a viage m , uma história sobre um hom e m rico que se suicidou. Se uma pes s o a som e n t e precis a s s e de dinheiro para ser feliz, expliqu e- me, ent ã o, por que é que ele se ma t o u. O Home m pego u nu m cofre que est a v a no chão a seu lado e abriu- o. Tirou um peq u e n o cristal de rocha e colocou- o a seu lado. Depois res po n d e u : - É uma coisa que não pod e ser explicad a , a me n o s que perc e b a m o s e acredit e m o s que a felicidad e não dep e n d e do dinheiro, 40
dep e n d e de nós e da noss a atitud e perant e a vida! Adiant e. Qual foi a segu n d a respo s t a que obtives t e ?
David respo n d e u corn pres t e z a : Fama . Encontr ei uma pes s o a que me diss e que se foss e famo s o,
seria feliz. Sab e, ele queria ser uma estr el a de cine m a . Ah, sim. A fam a significa muito para muit a gent e . Esta res po s t a fez algu m sentido par a ti? David ab a n o u a cab e ç a . Não. Essa respo s t a inco mo d o u- me tant o qua n t o a primeir a. - Porqu ê ? Pelas me s m a s razõe s . A fam a não faz as pes s o a s felizes; se assi m foss e, ent ã o tod a s as pes s o a s famos a s seria m felizes. No ent a n t o , exist e muita gent e famos a que não é feliz. Na minh a opinião, a fama traz muit a s respo n s a bilida d e s e algu m a s vant a g e n s , mas não nos torn a felizes. - Tens razão mais uma vez - ripos to u o Home m . A felicidad e ve m de dentro das pes s o a s , não do que elas faze m ou do que são. Temos de nos ap erc e b e r e acre dit a r que pod e m o s ser felizes send o ou não famo s o s . A felicidad e est á disponív el para todos. Não dep e n d e do núm e r o de pes s o a s que conh e c e m o s ! Não é a pan a c ei a que dev e m o s procur a r se quer e m o s ser felizes. Quan d o somo s felizes, não precis a m o s de fama. Mes mo send o famos o s , a felicidad e ve m de dentro de nós, não da fam a. O Home m tirou outro cristal de rocha do mes m o recipien t e e colocou- o ao lado do primeiro. - E agor a, qual foi a terc eir a res po s t a que te dera m ? born, nes s e me s m o dia, mais tard e, conver s ei corn uma mulh e r aind a jove m que vivia sozinh a na cidad e . ”ergu n t ei- lhe se o dinheiro e a fama a faria m feliz, e ela diss e que não. O dinheiro e a fam a nad a significav a m para e a, tinha qua s e tudo o que queria. Contu d o, est a v a muito
eprimid a ap e s a r de tod a s as coisas boas que tinh a na vida e isse que nunc a seria feliz atĂŠ obter uma coisa que des ej av a 41
muito. Disse que se encon tra s s e a pes s o a certa corn que m casar, então seria feliz. - Achas que ela est a v a cert a ? - Não. Não acho. Ter o parc eiro certo é muito import a n t e , mas não consid e r o que ele nos poss a fazer felizes o te m p o todo. Já ant e s conh e ci a pes s o a s , e até encon t r ei uma na minh a viag e m , que am a v a m os seus cônjug e s , mas a que m só isso não fazia felizes. O Home m retirou mais um cristal do mes m o cofre e pô- lo de lado enq u a n t o afirm a v a : - Dizer que outr a pes s o a nos pod e fazer felizes é uma gran d e injustiça para nós próprios. É o mes m o que dizer que algu é m det é m o controlo das noss a s emoç õ e s . Mas aqu el e que conh e c e a sua alma sab e que não é verd a d e . O senti m e n t o de felicidad e vem de dentr o de nós, não de qualqu e r outro lugar. Apena s nós, e exclusiv a m e n t e nós, somo s o instru m e n t o do controlo dos noss o s senti m e n t o s . David me n e o u a cab eç a em sinal de compr e e n s ã o . O Home m diss e: - Fala- me des s a pes s o a que encon t r a s t e na tua viag e m e que tinh a um born cas a m e n t o . Disses t e que ela era infeliz? - born, tal como afirm ei, ela diss e- me que am a v a o marido, que era o mais perfeito dos hom e n s que algu m a vez podia ter imagin a d o . Contu d o, não se sentia be m corn a sua vida; port a n t o, perg u n t ei- lhe o que significav a par a ela ser feliz. - E o que diss e ela? - Disse que seria feliz se tives s e mais amigo s. Desd e peq u e n a que se m p r e sonh a r a em ser uma pes s o a popular, ma s que não tinha muitos amigos . Contou- me que se sentia muito sozinh a ape s a r de ter um born cas a m e n t o . O Home m colocou um quart o cristal de lado. - Ter amigos nad a te m a ver corn o ser- se feliz, exce p t o pelo facto de que se formo s felizes, ter e m o s mais amigo s. E como as outra s coisas que as pes s o a s acre dit a m ser e m nec e s s á ri a s par a alcanç a r a felicidad e ; e est a s coisas neg a m a 42
ess ê n ci a da sua própria belez a. As pes s o a s part e m do princípio i que tê m de poss uir algo ant e s de ser e m felizes, como se a felicida d e tives s e de ser conq uis t a d a ou mer e cid a . Nada pod eria est a r mais longe da verd a d e . Ao fim e ao cabo, te m o s de perc e b e r que pod e m o s ser felizes se m amigo s nenh u n s , e que ter amigo s não nos gara n t e a felicidad e . David aquies c e u de imedia t o. Aprendi, corn a pes s o a que encon t r ei a seguir, que ter uma gran d e qua n tid a d e de amigos não é sinóni mo de felicida d e . Esta mulh e r era muito popular entr e os amigo s. Tinha mais amigo s do que qualqu e r outra pes s o a que encon t r ei na minh a viag e m . - E era feliz? Não, na realida d e não era. Era simp á tic a e am á v el. Até me convidou par a jant ar na cas a dela. Pude ent e n d e r por que era tão querid a; par ecia gost a r de tod a a gent e tant o qua n t o gost a v a m dela. Todas as crianç a s da vizinha n ç a lhe cha m a v a m «tia» e rece bi a imens o s convite s para fest a s . Era mais popular do que qualqu e r outra pes s o a que jamais conh e ci. No ent a n t o , qua n d o lhe perg u n t ei se era feliz, diss e- me que não. - Por que é que ela diss e isso? - Bem, havia de a ter visto. Sab e, ela é muito gord a, e a cara dela est á cheia de marc a s da varicela que teve na infância. Disse que seria feliz se foss e mais bonit a. Acresc e n t o u que, qua n d o est á sozinh a, se farta de chorar. Tent ei conve n c ê- la de que o asp e c t o físico não te m tanto valor qua n t o a afabilida d e para corn os outros, mas não cons e g ui, não quis dar- me ouvidos. O Home m sentiu pen a da mulh er. Pôs o quinto cristal de lado. - E muito trist e qua n d o as pes s o a s não cons e g u e m aceit a r- se como são. Ainda é pior qua n d o ach a m que precis a m de mud a r algu m a coisa para ser e m felizes. A belez a não cons e g u e torn ar ningu é m feliz; até mes m o pes s o a s muito belas tê m de apr e n d e r a ser felizes. E qua n d o se quer ser feliz, pod e- se se- lo; não se é excluído pelo asp e c t o que se te m. 43
Lenta ma s firme m e n t e , David pen s o u que est a v a a com e ç a r a ent e n d e r de que form a a felicidad e est a v a relacion a d a corn a Iktu mi, a aran h a mais traiço eir a. Ainda não perc e bi a tudo, ma s sabia que iria compr e e n d e r a brev e trech o. - Que fizest e depois que a deixas t e ? - born, est a v a a fazer- se tard e, port a n t o procur ei um celeiro ond e pud e s s e dor mir. Foi aqui que enco n tr ei outro hom e m . Foi muito trist e. Era cego e uma das suas pern a s tinha sido amp u t a d a dura n t e a Segu n d a Guerr a Mundial. Vivia das es mol a s que lhe dav a m nas ruas e sentia- se muito infeliz corn a sua vida. Disse que, se não foss e fisica m e n t e deficient e , seria feliz. O Home m já tinha ouvido isto muita s veze s. Colocou o sexto cristal de lado. - A saú d e física é uma coisa que muit a gent e cont a como cert a. Os simple s praz er e s de camin h a r ao sol, de escut a r o mar ulh a r de um rio ou de obs erv a r o enc a n t o de um pôr- do- Sol são exp e ri ê n ci a s que para muitos não pas s a m de sonho s . Todas as pes s o a s cap az e s devia m conce n t r a r- se no que tê m e arra nj ar te m p o par a gozar e m ess e s praz er e s simple s. Ajudá- las- ia a avaliar o quão esp e ci al é a vida. Não obst a n t e , est a s peq u e n a s coisas nad a tê m a ver corn a felicidad e ou a infelicidad e de uma pes s o a . Uma incap a cid a d e física não te m de estr a g a r a vida de algu é m . A felicidad e não é exclusiv a daq u el e s que goza m de perfeit a saúd e . Apes ar de tod a s as limitaçõ e s físicas do mun d o, pod e m o s ser felizes se for ess a a noss a vont a d e . Quero que compr e e n d a s que a felicida d e é um senti m e n t o que ve m de dentro para fora, e que nad a do que te acont e ç a te m nec e s sid a d e de afect á- lo. - Estou a com e ç a r a ent e n d e r isso agor a. - Tamb é m já com e ç a s t e a perc e b e r o objectivo da tua viag e m , quer te dês cont a disso ou não. Encontr a s t e a séti m a res po s t a no dia seg uint e ? - Hm- hm. Depar ei corn uma jove m que est a v a a vend e r a cas a. Disse que tinh a de m a s i a d a s record a ç õ e s . O marido tinha morrido. Disse que seria feliz se o espos o não tives s e falecido. 44
O Home m olhou para o chão. Colocou o séti mo cristal de part e .
É Q me s m o motivo por que te tens sentido infeliz. Deve s ter ent e n di d o exact a m e n t e como ela se sentia. Sim, ent e n di. Tent ei dizer- lhe as mes m a s coisas que o senh or me diss e, mas não me par ec e que a ten h a m ajud a d o. O Home m principiou em voz baixa: A mort e... te m caus a d o receio na noss a socied a d e des d e que o hom e m é hom e m . No ent a n t o , não é o fim da vida; é o princípio de uma nova vida. As pes s o a s devia m perc e b e r que algu é m que morr e u não des a p a r e c e u ; ess e algu é m transfor m o u- se em algo muito mais gran dios o. E, tal como te diss e, as record a ç õ e s pod e m ma n t e r viva ess a pes s o a , nes t e noss o mun d o, muito mais te m p o do que tu ou eu poss a m o s viver. As pes s o a s tê m de come ç a r a perc e b e r est a s coisas. A seu te m p o, a dor ser á subs tituíd a pela emoç ã o que escolh er m o s . E, inde p e n d e n t e m e n t e do que pens a m o s , pod e m o s ser felizes outr a vez. Talvez não logo de seguid a, ma s seg ur a m e n t e corn a pas s a g e m do te m p o. Se duvidar e s do que te esto u a dizer, faz a ti me s m o est a perg u n t a : Acreditas , sincera m e n t e , que o teu ent e querido que morreu quer que sejas infeliz? Se a resp o s t a for neg a tiv a , ent ã o tens de fazer um esforço para voltar e s a ser feliz e honr ar ess a pes s o a . Os dois ficara m calado s por uns mo m e n t o s . O Home m pego u num peq u e n o bule de chá e serviu duas cháv e n a s . Entre g o u uma ao jove m. - Diz-me qual é a última form a de ser feliz. - Demor ei a maior part e do dia, mas encon t r ei algu é m corn um motivo difere n t e . Disse que est a v a preocu p a d o corn a paz, que se preocu p a v a corn o ambie n t e , que se preocu p a v a corn tudo. Afirmo u que se tudo isso foss e alterad o, entã o seria feliz. Achas que ess a pes s o a tinha razão? • Não. Os motivos era m os mes m o s de todos os outros, felicida d e não dep e n d e do que acont e c e pelo mun d o fora; ep e n d e da noss a própria perc e p ç ã o . As pes s o a s pod e m ser fel izes se o des ej ar e m .
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O Home m sorriu para David. - Apren d e s t e muito, me u jove m amigo. Fizest e exac t a m e n t e o que te foi exigido. David franziu, emb or a leve m e n t e , o sobrolho. - Mas aind a não ent e n d o o que o des e n h o significa de facto. Acho que sei um boca din h o, ma s não sei tudo. É isso que eu devia apr e n d e r , não é? - Sim, é verd a d e . E cons e g uis t e apr e n d e r . Pega no perg a mi n h o e est e n d e - o à tua frent e. David obe d e c e u . O Home m pediu: - Diz-me, o que vês tu na primeir a imag e m ? - Vejo a Iktu mi pres t e s a ser comid a por uma águia. - Sab e s algu m a coisa sobr e a Iktu mi e a águia? - Sim, mas não muito. Iktu mi é uma aran h a traiço eir a. Serve- se de truqu e s para influenciar as pes s o a s . É uma me n tiro s a . O noss o criador fala- nos a nós e a todos os hom e n s atrav é s da águia. A águia é a verd a d e . - Óptimo. Agora diz- me, o que há de comu m na tua viage m corn a Iktu mit David obs erv o u o des e n h o dura n t e algu m te m p o . Sabia que nunc a teria cons e g ui d o respo n d e r à perg u n t a se m a ajud a da irmã. Quan d o fechou os olhos para pens a r sobre a que s t ã o que lhe tinha sido post a, foi cap az de a ouvir suss urr a r- lhe a respo s t a aos ouvidos. A qualqu e r outra pes s o a teria par ecido o som do vento. David respo n d e u : - A Iktu mi te m oito pern a s , e eu tenh o oito ma n eir a s difere n t e s de ser feliz. - São ess a s as forma s verd a d eir a s de ser mo s felizes? - Parec e m ser suficient e m e n t e verd a d eir a s par a a gen e r alid a d e das pes s o a s , ma s...
David fez uma paus a . Escuto u a palavr a não mur m u r a d a ao ouvido, e as razõe s torn ar a m - se, de rep e n t e , evide n t e s . Falou corn excitaç ã o e rapid a m e n t e ; era ma g nífico cont e m pl a r a verd a d e . 46 . yVí^j não são verdad eiras! Todas as pes s o a s par ec e m preciar de algu m a coisa difere n t e para sere m felizes. Dinheiro, fam a, amiza d e s , tudo isso foi me n cio n a d o , ma s podia pen s a r inúm e r o s exe m plo s que lhes mos tr a m ser e m falsos. Estas são as me n tir a s que a Iktu mi utiliza para influenciar as me n t e s das pes s o a s ! A Iktu mi não quer que as pes s o a s seja m felizes. Ouer fazer crer que a felicidad e est á fora do noss o alcanc e . A Iktu mi é muito cruel. O Home m ace n o u a cab eç a em concord â n ci a. Os truqu e s e as me n tir a s da aran h a desviar a m muita s pes s o a s da verd a d e . Espero que ningu é m acre dit e nes t a s me n tir a s porqu e elas não faze m sen ã o afas t a r- nos da felicidad e . Agora diz- me: de que modo est á s repr e s e n t a d o no des e n h o ? - Pela águia? - Nem mais. Porqu ê ? - Porqu e não acre dito nas me n tir a s da ara n h a ! Decidi torn ar- me na águia e decidi elimin ar as me n tir a s da minh a vida e subs tituí- las pela verd a d e . O Home m concord o u. - As coisas que a Iktu mi pro m e t e não cons e g u e m fazer as pes s o a s felizes. E assi m, tod a s as pes s o a s devia m, ao invés, subs tituir as me n tir a s da Iktu mi pela verd a d e , tal como tu fizest e. A verd a d e é bela e, no ent a n t o , simples : só nós próprios so m o s respo n s á v e i s pela noss a felicidad e . Só nós controla m o s os noss o s senti m e n t o s . Só nós pod e m o s constr uir a noss a felicida d e . Não há nad a que o poss a fazer por nós. Por outro lado, ta m b é m dev ería m o s dedic ar algu m te m p o a reflectir e a perc e b e r que te mo s muitos teso ur o s valiosos, coisas a que pod e m o s cha m a r só noss a s . Cada um de nós te m, nes t e mun d o, algo para oferec e r. Dediqu e m o s algu m te m p o a apre ci ar o que, de facto, te mo s na noss a vida, não nos centr e m o s naq uilo que não te mo s .
empr e e n d a m o s que n贸s, be m como as outra s pes s o a s , somo s o ser mais esp e ci al jamais criado. Se n茫o tiver m o s mais nad a , mos a noss a vida, uma vida que pod e m o s escolh e r levar como 4 Dermo s . Uma vida em que os noss o s sonho s se pod e m torn a r 47
realida d e . Uma vida e m que pod e m o s ser felizes se o des ejar m o s , inde p e n d e n t e m e n t e do que nos acont e c e ou não.
O Home m fechou os olhos e, dura nt e uns mo m e n t o s , reflectiu profund a m e n t e . Depois, lenta m e n t e , com e ç o u a recitar um poe m a , um poe m a que ele sabia des d e a sua me ninic e. Mesmo exprimindose em Lakota, David cons e g uia aco m p a n h á - lo. Resp eit ei na juven t u d e o mu n d o todo e a vida, De nada sentia falta a não ser da paz d’ espírito, E, contu d o, eu m u d ei, apes ar das minha s crença s, nas m e n tiras da Iktumi acredit ei cega m e n t e . Parecia que da verda d e , era ela a det e n t or a, e, solen e, pro m e t e u faz er- m e feliz p’rã se m pr e . A Waka n t a n k a rique z a s ela m e fez implorar, afirma n d o que pod er eu viria a ter; Foi-m e oferecida a pobr ez a, p’r à minha força interior achar. Pedi fam a, para os outros m e pod er e m conh e c er; Foi-m e dado o anoni m a t o , p’r a sab er conh e c e r- m e. Pedi algu é m a que m am ar p’rã jamais ficar sozinho; Foi-m e dada a vida du m ere mit a, p’ra apren d e r a aceitar- m e co m o sou. Pedi pod er, p’ra coisas realizar; Foi-m e dada a hesitação, p’ra a obe d e c e r apren d er . Pedi saúd e , p’ra um a vida longa viver; 48 Foi-m e dada a doe nç a, p’ra cada minut o sentir e ta m b é m apreciar.
Pedi à Mãe Terra corag e m , p’ra seg uir o m e u ca minh o; Foi-m e dada a fraqu e z a , p’ra Sua falta pod er sentir. Pedi um a vida feliz, p’ra vida pod er gozar; Foi-m e dada a vida, p’ra pod er viver feliz, de tudo o que havia pedido, nada m e foi ofertad o, apes ar disso, contu d o, todos os m e u s des ejos realidad e se tornara m . Não obsta n t e eu próprio e a malva d a Iktumi, os m e u s sonho s se realizara m , Fui gen er o s a m e n t e abe nç o a d o , mais do que algu m a vez esp er ei. Agrad eç o- te Wakan t a n k a , por tudo quant o m e des t e .
David chorou quan d o o Home m ter minou. Não era m lágrim a s de tristez a, ma s ante s lágrim a s de amor e de felicida d e . O poe m a buliu profund a m e n t e corn ele; sabia que jamais o esqu e c e ria. O Home m enfiou a mã o no bolso e retirou um novo perga min h o. Estava em branc o. Come ç o u a fazer uma listag e m das me ntira s da Iktu mi. As oito me ntira s de Iktu mi l- Se eu fosse rico, entã o seria feliz. ^- Se eu foss e famos o, entã o seria feliz. 49
3. Se eu cons e g uis s e encontr a r a pess o a certa para me cas a r, entã o seria feliz. 4. Se eu tivess e mais amigos, entã o seria feliz. 5. Se eu fosse mais belo, entã o seria feliz. 6. Se não tivess e qualqu e r deficiência física, entã o seria feliz. 7. Se não me tives s e morrido um ente querido, entã o seria feliz. 8. Se o mund o fosse um lugar melhor, entã o seria feliz. Nenhu m a dest a s afirm a ç õ e s é verda d eira ! Não desist a m o s de eliminar esta s me ntira s da noss a vida e será mais fácil serm o s felizes. Pode m o s ser felizes se o des ejar m o s , e o primeiro pass o é banir as me n tira s da Iktu mi das noss a s vidas. 50
A LIÇÃO DO HOMEM DO DESENHO O significad o do seg u n d o des e n h o Te m o s de perc e b e r o significado da felicidad e ante s de ser m o s felize s. Tal co mo nu m a viage m , não chegar e m o s ao fim se não soub er m o s para onde va m o s . A felicidad e , e m b or a mal interpret a d a pela maioria das pes s o a s , não é algo que seja difícil incluir na nossa vida. Uma vez que tenha m o s co m pr e e n di d o o que ela é, sere m o s capaz e s de melhorar todos os aspe c t o s da nossa vida.
David esta v a mar a vilha d o a obs erv a r o Home m a escrev e r as oito me n tira s da Iktu mi. Regozijava- se por ter vindo ter corn ele. Tinha apre n dido tanto dura n t e a se m a n a ante rior: tinha tido a visão da irmã e sentido o afluxo da sabe d oria ao seu coraç ã o. Estava a com e ç a r a ente n d e r o significado da vida; esta v a a com e ç a r a compr e e n d e r- se a si me s m o . Sorria enqu a n t o olhav a para Tunkasila. À me did a que olhav a para ele, cogitav a sobre aqu ela criatura . De onde tinha vindo? E qua nd o? Que idade tinha? Sabia tão pouco sobre ele!
David decidiu que esta s coisa s agora já não era m import a n t e s . Por sua vez, o Home m , ess e sim, era import a n t e . Ele era tudo quant o David aspirav a ser; ele era a pes s o a que podia ensiná- lo a ser feliz. Enqua n t o conte m pl a v a Tunkasila, pens aVa que nunc a havia visto um hom e m tão em paz consigo 51
próprio. A man eira com o ele olha e sorri, a forma de se sent ar e ca min har, trans mi t e uma aura de energia às palavras que profere. Tamb é m eu des ejo ser co mo ele, pens a v a David. Ambiciono olhar para o mu n d o corn uns olhos puros que m e proteja m das armadilhas da Iktu mi. Um ho m e m que veja o mu n d o des t a man eira é um ho m e m que já se conquist o u a si próprio, que já está e m paz corn a sua alma e, e m cons e q u ê n cia disso, é se m pr e feliz. Tam b é m eu m e conquist ar ei a mi m m e s m o . Tam b é m eu apren d er ei o que significa ser feliz para que possa sentir a paz que ele sent e .
O Home m baixou os olhos e sus pirou qua n d o aca b o u de escr e v e r . A vela bruxule a v a , e o Home m come ç o u a baloiçar- se, lent a m e n t e , para a frent e e par a trás. Os minuto s trans c orria m, deze n a s de minuto s fora m pas s a n d o , e o Home m continu a v a a baloiçar- se. O chá que David beb e r a est a v a a fazê- lo sentir- se esquisito, quas e tonto. Deu consigo imitan d o Tunka sila, balanç a n d o - se ao me s m o ritmo que ele. Não cons e g ui a par ar; era como se forças estr a n h a s o obriga s s e m a fazer aquilo. O chá est a v a a fazer efeito; com e ç o u a perd e r a noçã o de si próprio, no ent a n t o não tinha me d o. Sabia o que isso significav a. Estav a a transfor m a r- se na sombr a do Home m , uma sombr a da vida e da sab e d o ri a do Home m . Era a ma n eir a índia de alcanç a r a sapiê ncia, e David sabia o suficient e para não evitar os senti m e n t o s e as sens a ç õ e s que a aco m p a n h a v a m . A mim e s e continu o u. David fechou os olhos exact a m e n t e no me s m o insta n t e em que o Home m fechou os seus e escut o u os sons tran q uilos da natur e z a . Um lobo uivan d o à distâ n cia, uma folha farfalh a n d o corn o vento, uma águia bat e n d o as as a s : era m est e s os sons que cheg a v a m aos seus ouvidos. Nos seus pens a m e n t o s , David tornou- se no lobo, tornou- se na folha e tornou- se na águia. Flutua v a , livre do seu corpo, e unia- se à natur e z a . Podia sentir a paz e a tran q uilida d e do círculo da criaç ã o no qual tudo est á interliga d o. David nunc a ant e s se sentir a assim; tinha conh e ci m e n t o des t a realida d e , ma s nunc a 52 rés fizera part e dela. Pela primeir a vez, enco n tr a v a- se enolvido por tod a a verd a d e e belez a da natur e z a . O Home m com e ç o u , suav e m e n t e , a ento a r um cântico. David não cons e g ui a perc e b e r as palavr a s ; já não era um ser hum a n o . Estav a para
alé m dos limites da exist ê n ci a hu m a n a . Era tod a s as coisas de uma só vez. À me did a que a canç ã o se prolong a v a , David escu t a v a - a. Parecia estr a n h a : simult a n e a m e n t e melodios a e pacificador a . O rap az deu por si mer g ulh a d o no pod er hipnótico que ela trans mi tia. Entoand o o cântico. Entoand o o cântico.
E David des a p a r e c e r a . Já não era o lobo; já não era a folha; já não era a águia. Era algo pod ero s o e desco n h e ci d o. Sentia- se vazio e, contu d o, não sentia me d o. Era um profun d o vazio que precis av a de ser pre e n c hid o. Então viu uma luz: um minús c ulo ponto de luz brilhan d o à distâ n ci a. Uma luz muito cintilant e . A luz com e ç o u a au m e n t a r de ta m a n h o e aproxi m a v a - se cad a vez mais. Iluminou a escurid ã o e, em brev e, tudo brilhav a. A luz envolvia- o. Entoand o o cântico. Entoand o o cântico.
David per mitiu- se transfor m a r- se na luz. Saciou- lhe uma sed e que ele jamais soub e r a que tinha. A luz ench e u- o de paz, de tran q uilida d e e de sab e d o ri a. Ao princípio, as inform a ç õ e s vinha m em cat a d u p a . David tev e dificulda d e em descortin a r a verd a d e . Alguns mo m e n t o s depois, as inform a ç õ e s com e ç a r a m a tom a r form a. À me did a que isto acont e ci a, o jove m torn a v a- se cad a vez mais brilhan t e . A luz era David, e David era a luz. Sabia que tinh a apre n di d o o verd a d eiro significad o da felicidad e . Nunca ant e s tinh a sido tão claro para ele. Aperce b e u - se dela no mais fundo do seu coraç ã o e da sua alma. David abriu os olhos e olhou par a si próprio. David tran sfor m a r a - se no Home m ; tinh a comple t a d o o círculo. Era ele o profes s o r, ele era Tunka sila, vivia no âm a g o de tudo o que exist e. 53
Entoand o o cântico. B Entoand o o cântico. ff
David fechou os olhos e voltou a ser ele próprio. No ent a n t o , n cons e rv o u alguns dos conh e ci m e n t o s do Home m . E uns frag m e n t o s da luz. Descobrira o significad o da seg u n d a figura. O cântico aca b o u. David olhou para o perg a mi n h o . A segu n d a imag e m era a de um hom e m olhan d o em direcç ã o ao sol ao mes m o te m p o que o des e n h a v a na areia. Significav a ent e n di m e n t o . Um ho m e m te m de saber o que procura ant e s de o enco n trar. E isso te m de est a r muito claro, pois de contr á rio a viage m terá como fim o início. Não se ficará a sab e r mais do que qua n d o se partiu. David tomo u consciê ncia de que a felicidad e é um mun d o próprio, um mun d o que pod e ser encon t r a d o em cad a um de x
nós. E uma emoç ã o que ve m do coraç ã o, uma emoç ã o que não pod e ser explica d a atrav é s de mer a s palavr a s ou fras e s . E, porqu e est a emoç ã o é interior, não exist e nad a vindo do ext erior que poss a torn a r uma pes s o a feliz. Os pret e n s o s trat a m e n t o s ext erior e s para a felicidad e tê m exac t a m e n t e as me s m a s intençõ e s que os truqu e s da Iktu mi. Este era, natur al m e n t e , o significado da luz que David havia visto: qua n d o a luz era ap e n a s ext er n a , sentiu- se vazio, e, qua n d o a luz veio de dentro dele, sentiu- se em paz. A felicidad e era, pois, um est a d o de espírito, um est a d o que cad a pes s o a pod e, em abs oluto, controlar, quer as coisas corra m be m ou não. E, contr a ri a m e n t e ao que ele ant e s pens a v a , o mun d o da felicidad e est á ab ert o a todos qua n t o s a des ej e m e pod e constituir part e integr a n t e da vida de cad a um. A verd a d e era simple s e bela. David pen s o u longa m e n t e sobr e o seu significad o. O Home m perg u n t o u- lhe: - Descobrist e o significad o do seg u n d o des e n h o ? David de mo r o u algu m te m p o a res po n d e r . - Acho que sim. Reves t e asp e c t o s muito diversificad o s , ma s est ã o todos relacion a d o s . Quan t o mais reflicto no seu sig- \ nificado, mais pens o que algo me deixou, como a pele velha \ 54 se solta de uma cobra. Poré m, a nova pele é aind a mais bela mite- me cresc e r em conh e ci m e n t o s be m como em valor.
David tev e algu m a dificulda d e em acre dit a r que era ele ue m est a v a a falar. Nunca ant e s se tinh a exprimido des t a form a. Era como se algu m a coisa, ou algu é m , o fizess e por ele. Estav a a falar como o Home m falaria. Estav a a falar como falaria o seu ate. Estav a a falar como um profes s o r. Ou seria o profes s or a falar como um rap az? Diz-me - pediu- lhe o Home m -, o que é que a felicidad e significa? A felicida d e é uma emoç ã o que me faz sentir be m comigo próprio. Para ser feliz, não preciso de nenh u m dos truqu e s da Iktu mi. Não preciso de uma luz à distâ n ci a. Preciso, tão som e n t e , do des ejo e do sab e r como ser feliz. corn o des ejo e o sab e r surg e uma luz interior, uma luz de felicida d e , uma luz que me confer e força, paz e amor. E eu acre dito e apre n d o a ser feliz, poss o ser feliz para se m p r e porqu e ape n a s eu poss o controlar a felicidad e . O Home m anuiu. - Cons e g uis t e des m o n t a r a felicidad e e dividi- la nos seus difere n t e s asp e c t o s .Va m o s tom a r nota de cad a um deles para que nunc a mais os esqu e ç a s . O Home m com e ç o u a escr e v e r outra vez sobre o novo perg a mi n h o .
O significado da felicidad e A felicidad e é uma e m o ç ã o que te faz sentir de det er mi n a d a ma n eira.
A felicida d e é uma emoç ã o como qualqu e r outra emoç ã o . A se m el h a n ç a de toda s as emoç õ e s , é um senti m e n t o muito pes s o al; as pes s o a s pod e m sentir- se difere n t e s qua n d o são felizes. E import a n t e recon h e c e r o modo como te sent e s e perc e b e r qua n d o és feliz. 55
A felicidad e é um senti m e n t o que ve m de dentro de cada um de nós e é algo que cabe a cada um controlar.
O senti m e n t o de felicidad e ve m de dentro de nós. Não ve m de qualqu e r outro lugar porqu e se trat a de uma emoç ã o , um senti m e n t o interior. Quer dizer, de cad a vez que nos senti m o s felizes, só nós somo s os res po n s á v e i s . A ningu é m se pod e atribuir o mérito de nos fazer felizes; é um senti m e n t o det er mi n a d o exclusiv a m e n t e por nós. A felicidad e não está dep e n d e n t e de acont e ci m e n t o s ext erno s .
A felicida d e não dep e n d e daq uilo que nos acont e c e ou não acont e c e . Foi o que apre n d e s t e logo que rejeita s t e as oito me n tir a s da Iktu mi. Se aceit a r e s est a afirm a ç ã o e acre dit a r e s que pod e s ser feliz, acont e ç a o que acon t e c e r , verificar á s que todos os asp e c t o s da tua vida melhor a r ã o . E preciso apren d er e s a ser feliz.
Tens de apre n d e r a ser feliz. Tens de dar pas s o s efectivos para conve n c e r e s a tua me n t e de que és feliz. Uma vez que o faças, pod e s controlar est a emoç ã o par a torn ar a tua vida melhor. Se apre n d e r e s a ser feliz, será s cap az de ser feliz se m p r e que queira s . Tens de des ejar a felicidad e .
Tens de poss uir um gran d e des ejo de felicida d e para sere s feliz. Sem ess e des ejo de felicida d e , a tua me n t e não te deixar á ser feliz. Mas, uma vez poss uído ess e des ejo, nad a impe dir á que crie raízes na tua vida. A felicidad e pode ser um senti m e n t o per m a n e n t e na tua vida.
Se acre dit a r e s nos outros asp e c t o s da felicidad e , perc e b e r á s que pod e s ser se m p r e feliz. Não ap e n a s de vez em qua n d o , não ape n a s qua n d o as coisas corre m be m, mas se m p r e . Sentir- te- ás feliz par a o resto da tua vida. 56
A LIÇÃO DO FOGO O significad o do terc eiro des e n h o A felicidad e devia ser o nosso objectivo pes s o al. Devia ser prioritário e m relação a todos os outros objectivos da nossa vida. Se for mos felizes, a nossa
vida melhora e m todos os aspe c t o s . E a for ma mais poderos a do pens a m e n t o positivo. corn ele, todas as noss as m e t a s pode m ser alcançad a s .
O Home m de m o r o u muito te m p o a escr e v e r os significad o s da felicida d e . Enqu a n t o David reflectia sobr e o que aca b a r a de ser escrito, perc e b e u que era verd a d e . Fê- lo sentir- se be m perc e b e r que o senti m e n t o de felicidad e dep e n di a ap e n a s de si próprio. Qual, ent ã o , o significad o do terc eiro des e n h o ? David obs erv o u de novo o perg a mi n h o pinta d o . Era o des e n h o de um hom e m que utilizav a uma fogueir a par a aqu e c e r as mão s e cozinh a r os alime n t o s . O Home m diss e: - Diz-me o que vês na terc eir a imag e m . Vejo um hom e m a usar uma fogueir a. Diz-me, de que modo é que ela se relacion a corn o teu des ejo de apr e n d e r e s a ser feliz? David fechou os olhos e a res po s t a ocorre u- lhe. Não foi °go de seguid a; em boa verd a d e , David de mo r o u muito te m57
pó a ent e n d ê - la. As res po s t a s cheg a v a m até ele sob a form a de suss urr o s do vento, de pequ e n a s explos õ e s de ener gi a natur al que fluíam na sua direcç ã o, o controlav a m e o cond uzia m à verd a d e . Sabia que era a irmã outra vez. Mes mo na mort e ela não o ab a n d o n a v a . Ela fazia part e da nat ur e z a e est a v a a utilizar a natur e z a para comu nic a r corn ele. David abriu os olhos qua n d o ela se foi emb or a ; não fazia ideia de que estiver a assi m mais de uma hora. - Supon h o que est e des e n h o apre s e n t a o significado da felicida d e na minh a vida. Resu mi n d o, revela- me o motivo por que devo ser feliz. O Home m ass e n tiu. Estav a impr e s sio n a d o corn a rapid ez corn que o jove m índio apre n di a. Depois perg u n t o u : - De que modo é que a felicida d e est á repr e s e n t a d a nes t e des e n h o ? - Pelo fogo. O hom e m est á a usá- lo para inúm e r a s coisas. - Coisas boas ou coisas más ? - Coisas boas . Está a usá- lo par a cozinh ar e par a se aqu e c e r . - Essas coisas são nec e s s á ri a s à vida? - born, uma pes s o a não pod e viver se m com e r ou se fizer muito frio. Pode, no ent a n t o , viver se m o fogo. Comeri a a carn e crua e teria de usar peles muito que n t e s para se ma n t e r ag a s al h a d o . - E isso é born ou ma u ? - Ele terá uma vida muito mais difícil se não tiver o fogo, port a n t o consid e r o que seja ma u. - Por favor, diz- me como o relacion a s corn a felicida d e . - Be m , não é preciso ser feliz para viver, mas a felicidad e m elhora todos os asp ec t o s da noss a vida. corn ela pod e m o s fazer muit a s coisas; exact a m e n t e como pod e m o s usar o fogo para fazer muit a s coisas. A felicidad e é o m elh or ca minh o para ter m o s o tipo de vida que des eja m o s . - Muito be m. De que outra ma n eir a é que o fogo pod e est a r ligado à felicida d e ? 58
! fto m , te m o s de alim e n t ar o fogo para que ele se man t e n h a atea d o. De outro modo, ap a g a r- se- á. Da m e s m a form a, não cons e g ui m o s ser se m pr e felizes a m e n o s que ten h a m o s apren did o a ser felizes e continu e m o s a tent ar conv e n c er m o - nos disso. Tens de tent a r conv e n c e r- te disso em cad a minuto da tua vida para ser e s se m p r e feliz? Não. Da m e s m a ma n eira que não te m o s de estar se m pr e a alim e n t ar o fogo, ta m b é m não te m o s de estar se m pr e a tentar conv e n c e r m o - nos que so m o s felizes. Some n t e qua n d o o fogo se est á a exting uir é que é preciso deitar- lhe algu m a s ach a s . O me s m o se pod e dizer da felicidad e . Certo. Respo n d e- me, ent ã o: o fogo ard e melhor ap e n a s qua n d o tu lhe lança s as ach a s porqu e se est á a apa g a r ou qua n d o o ateia s mes m o qua n d o est á a ard er be m? Arderá m elhor se o atear m o s m e s m o quan d o está a arder be m . - Será que algo de fora pod e ap a g a r o fogo? - Não se a pes s o a que poss ui o fogo insistir em o ma n t e r aces o. Pode prot e g e r as cha m a s se chov er; pod e prot e g ê- las se estiver vento. Na realida d e , o fogo era profun d a m e n t e des ej a d o pelos noss o s ant e p a s s a d o s . Houve uma époc a em que o ma n tiv e r a m vivo dura n t e anos seg uido s . Nada devia ap a g a r as cha m a s . Era res po n s a bilida d e da
tribo cons er v á- lo ace s o em tod a s as est a ç õ e s , ao longo do Inverno e do Verão. - Andas muito perto. Só há mais uma coisa que precis a s de compr e e n d e r . Diz-me, de que outra form a pod e s relacion a r o fogo corn a felicida d e ? Pass ou algu m te m p o ant e s de David respo n d e r . Continuo u: - O fogo ou está lá ou não está. Não pod e m o s quas e ter o fogo: °u se poss ui a cha m a ou não. O me s m o se pod e dizer da felicidad e . Ou se é feliz ou não. Não se pod e ser feliz pela met a d e , é impos sív el. O Home m ergu e u o olhar por uns insta n t e s e sorriu. - Estou muito satisfeito corn o que apre n d e s t e até agor a. Estás a torn arte muito sens a t o . 59
Jamais havia m dito se m el h a n t e coisa de David. Estav a a torn a r- se como o seu ate: um hom e m que lhe inspirav a uma gran d e ad mir aç ã o . Disse humilde m e n t e : - Sinto que aind a ten h o um longo ca minh o pela frent e. - Esse camin h o é, na realida d e , muito curto. Agora que compr e e n d e s o que a figura significa, o noss o próximo pas s o é perc e b e r a função do fogo e por que razã o ele é import a n t e na noss a vida. - Ou por que é que a felicida d e é import a n t e na vida das pes s o a s ? O Home m ace n o u em ass e n ti m e n t o , depois fechou os olhos ant e s de continu a r. - A felicidad e é um senti m e n t o mar a vilhos o. Não há nad a no mun d o que nos faça sentir tão be m corn a noss a vida. Todavia, tal com o a luz e as treva s , ta m b é m a felicidad e te m o rever s o da m e d alh a. Rece b e divers o s nom e s nos difere n t e s idioma s . Tenho a cert ez a de que já ouvist e falar disso ant e s . Na noss a língua cha m a - se cant e sica. Os Wasicu pod e m cha m a r- lhe des e s p e r o . E um senti m e n t o de pes ar pelo que somo s e pelo que faze m o s . Arruinar á a noss a vida. E uma das forças mais des tr uidor a s da natur e z a , uma força tão pod er o s a que já ma t o u milhar e s de pes s o a s . O cant e sica cond uz- nos à mort e. David arre pio u- se. De rep e n t e , sentiu frio. Nunca vira uma pes s o a tão am e d r o n t a d a por uma tal emoç ã o . Inclinou- se par a a frent e e escut o u ate n t a m e n t e o Home m . - O cant e sica des tr uir- nos- á porqu e nos eng a n a como a Iktu mi. E a imag e m da felicidad e nu m esp elho, um opos t o exact o que leva à des tr uiç ã o. À se m el h a n ç a da felicidad e , ta m b é m se apre n d e , vem de dentr o de nós e é algo que só nós controla m o s . Pode transfor m a r- se num a form a per m a n e n t e de vida se o des ej ar m o s . E assim send o, é muito perigos o. Leva- nos a acre dit a r que não te mo s nad a por que viver. Trans p o r t a consigo senti m e n t o s de solidão, raiva, ódio e ress e n ti m e n t o . Tamb é m se torn a muito perigos o porqu e atira as culpas dos noss o s proble m a s para outre m e impe d e- nos de ser mo s felizes 60 tra vez, pois a verd a d e esco n d e- se de nós. O des e s p e r o é orno uma drog a nociva e que cria habitu a ç ã o : aco m p a n h a n o s a vida inteira, controla o que faze m o s e, finalm e n t e , aca b a por dar cabo de nós.
David nunc a tinha pens a d o nisto sob est a pers p e c tiv a . O cant e sica pod e entr ar na vida de uma pes s o a de difere n t e s ma n eir a s . Ele jamais per mitiria que isso lhe voltas s e a acont e c e r . Quan d o o Home m ter mino u, David pens o u na irmã. Subita m e n t e perc e b e u por que é que ela o tinh a vindo visitar! Era est a a verd a d e que ela queria que ele desco b ris s e . Ele sentir a o des e s p e r o ; e ela, que est a v a acim a des t e mun d o, sabia que o des e s p e r o lhe viria a des tr uir a vida corn o te m p o . Era por isso que est a v a a ajud á- lo a desco b rir as res po s t a s . David sorriu interior m e n t e e const a t o u : - A minh a irmã quer que eu seja feliz. O Home m ass e n ti u. - Ela é a tua prot e c t or a . Des ej a a felicida d e para ti porqu e só ela te salvar á em altur a s de apuros . A felicidad e far- te- á sentir e s- te be m contigo e corn os outros. Acabar á s por desco b rir que os teus senti m e n t o s de felicida d e hão- de trans c e n d e r a tua vida e tudo o que fizeres . David escut a v a enqu a n t o o Home m descr e vi a os motivos da import â n ci a da felicida d e . - A felicidad e reduzirá o stres s da tua vida porqu e te pod e s ad a p t a r , de form a positiva, a quais q u e r proble m a s que te surja m. O que, por sua vez, te torn a r á fisica m e n t e mais sau d á v el. O Home m fez uma pau s a e levan t o u os olhos corn um sorriso no rosto. Era evide n t e para David que est a v a a olhar para o rosto de um Home m que honr av a Waka n t a n k a corn a felicida d e e o amor pela vida. Em seguid a o Home m continuo u: - Sab e s , a felicida d e per mit e que mud e s a tua vida para melhor. Se fores feliz, reagirá s às coisas des a g r a d á v e i s que te ap ar e c e m na vida de modo difere n t e . A felicidad e faz- nos 61
actu a r positiva m e n t e , no sentido de melhor a r m o s qualq u e r situaç ã o . A felicida d e ta m b é m gera entu si a m o , o que fornec e uma en er gi a adicion al a tudo qua n t o fizermo s . Se combin a r m o s est e entu si a s m o corn o des ejo, a fé e a persis t ê n ci a, obt er e m o s uma ma n eir a de alcanç a r os noss o s objectivos pes s o ais , seja m eles quais fore m. Em res u m o , se formos felizes, tudo m elhora na noss a vida. A felicida d e é, simult a n e a m e n t e , o princípio e o fim de tod a s as met a s a que nos propo m o s na vida. E mais import a n t e aind a, é o senti m e n t o mais mara vilhos o do mu n d o . Fez uma pau s a . - Deixa- me reprod uzir- te um excer t o que li uma vez e que relat a a import â n ci a da felicida d e na vida das pes s o a s : Em cada ma n h ã te são entre g u e s vinte e quatro horas de poucas coisas nes t e mu n d o que estão livres de impos t o s . dinheiro do mu n d o, não poderias co m pr ar ne m mais uma tão valioso tesouro? Le mbra- te, tens de o usar, pois só te Se o des p er diçar e s , não o poderás recup erar.
ouro. São uma das Se tive s s e s todo o hora. Que farás corn é oferecido uma vez.
O Home m pross e g ui u: - A import â n ci a de uma vida feliz não pod e ser exa g e r a d a . Pens a em cad a dia como algo valioso. Se peg a r e s nu m a série des s e s dias e os combin a r e s , transfor m a m - se nu m ano. Adiciona os anos uns aos outros, tran sfor m a m - se no te m p o de uma vida inteira; uma vida de amor, de felicida d e , de honr a, de esp e r a n ç a s e de sonho s . Se fores feliz em cad a dia, qua n d o cheg a r o mo m e n t o de deixar e s est e mun d o, terá s levad o uma vida feliz. É tudo qua n t o qualqu e r pes s o a pod eria des ej ar. O Home m pego u no perg a mi n h o novo e com e ç o u a fazer uma lista dos motivos pelos quais sentir m o s pen a de nós me s m o s é ma u e sentir monos felizes é born. 62 Razõe s por que não dev e m o s sentir des e s p e r o Sentir des e s p e r o ou sentir mo- nos infelizes: faz- nos sentir raiva, solidão e ress e n ti m e n t o; não resolv e os noss os proble m a s ; na realidad e , impe d e - nos de os resolv er m o s ; cria, frequ e n t e m e n t e , novos proble m a s ;
limita a amizad e corn outras pes s o a s; não acarreta quaisqu e r ben efícios; acabará, ev e n t u al m e n t e , por destruir a noss a vida.
E, acima de tudo, não te mo s de sentir des e s p e r o ! Tal como a felicida d e , só dep e n d e de nós!
Razõe s por que é import a n t e ser mo s felizes Quando somos felizes: senti m o- nos be m . Senti m o s alegria, paz, âni m o e satisfação; gosta m o s do que so m o s e do que faze m o s ; as pes s o a s gosta m de estar conno s c o; te m o s uma auto- esti m a mais eleva da;
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a nossa vida física melhora; pode m o s resolv er mais facilm e n t e quaisqu er proble m a s que possa m surgir; te m o s mais energia; verifica- se uma melhoria e m todos os aspe c t o s da noss a vida; estare m o s a honrar Waka nt a n k a corn a dádiva mais preciosa corn que nos agracia.
Te m o s a me l h o r vida qu e é po s s í v e l ima g i n a r : uma vid a feliz !
A LIÇÃO DE UM HOMEM SENTADO SOB A COPA DE UMA ÁRVORE O significado do quarto des e n h o A felicidad e é algo que cada um de nós pode aprend e r a controlar. O segre do está e m saber com o. Depois de desco brir m o s o significado do quarto des e n h o, ficare m o s de poss e do maior segre do do mun d o: com o ser feliz e m cada dia da nossa vida.
Porqu e já era tard e, os dois decidira m desc a n s a r . David tinha apre n di d o mais do que jamais supu s e r a e est a v a exa u s t o . O Home m indicou- lhe o quart o, e o jove m ador m e c e u qua s e de imedia t o. Ness a noite tev e um sonho: Encontrav a- se nu m grand e des ert o. Areias brancas, branqu e a d a s há muito pelos raios arde nt e s do sol, est e n d e n d o - se até onde a vista podia alcançar. Era e m direcção ao horizont e que D avid precisav a de ir, mas sabia que não ia cons e g uir. Tinha a língua inchada e ress e q ui da, e m p a p a d a de pó, rebe nt a d a e sangrand o. Os braços esta v a m inchados pelas quei m a d ur a s causad a s pelo sol, os olhos doía m- lhe devido à luminosida d e do des ert o e as pernas vacilava m sob o seu pes o. Sentia- se ress e q ui do por dentro e por fora. O corpo dizia- lhe que paras s e , que desc an s a s s e , que esp era s s e pelo anoite c er para continuar a viage m . Mas, e m consciê ncia, sabia que não existiria um anoitec er.
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Estava no Des erto da Solidão, um lugar ond e o cair da noite nunca cheg a. Era um local de des e s p e r o e de triste z a. O sol nunca deixa v a de brilhar, os ven t o s nunca soprava m a favor, as areias nunca endur e cia m e o horizont e jam ais era alcança d o. Era um a vida de inferno, um a vida e m que a dor se tornav a co m p a n hia habitual e e m que a esp er a n ç a no futuro não existia. David sabia que não podia lutar contra o des er t o, tal co m o não podia lutar contra qualqu er outro asp ec t o da Mãe Terra. No final, tragá- lo-ia co m o havia tragado outros ante s dele. Em brev e morreria, sabia disso, e tinha m e d o e m b or a ess e m e d o não se dev e s s e à aproxi m a ç ã o da mort e. David esta v a assus t a d o por não se preocu p ar, de for m a nenh u m a , se morria ou vivia. A vida tinha tanto significado quan t o a mort e; não tinha quaisq u er senti m e n t o s de esp er a n ç a para o futuro. Por que motiv o não se importa v a de morrer? Por que motivo já não ansiava viver? David sabia que est e s pens a m e n t o s era m aquilo que o esta v a a des tr uir, poré m não cons e g uia evitá- los. Era por isso que esta v a corn m e d o. Já não tinha controlo sobre si; tinha desistido da vida, sucu m bi n d o aos senti m e n t o s de pieda d e por si próprio. Os joelhos de David dobrara m - se, e ele caiu por terra. Sabia que não se levant aria. Já não havia mais nada que o fizes s e continuar. Tinha esgot a d o todas as suas forças e esta v a pronto para morrer ali m e s m o . A m e did a que o sol o ia es m a g a n d o , o Hom e m das Montan h a s aparec e u . Vigiava David de perto, corn o seu cabelo branco es vo aç a n d o no ar, e David sentiu, de ime diat o, que o Hom e m tinha vindo para o ajudar. Todavia, enq u a n t o David o olhava, os seus senti m e n t o s co m e ç ar a m a alterar- se. Os braços do Hom e m pendia m frouxa m e n t e ao longo do corpo co m o se estiv e s s e m uito cansa d o, os seus om bro s já não parecia m tão largos com o tinha m sido no pass a d o e o seu rosto esta v a curtido pelo te m p o e pela idade. Já nada de extraor dinário se manif e s t a v a no Hom e m ; não pass a v a de um índio velho ali no m eio do des er to. Mas porqu ê? O que é que lhe tinha acont e cid o? 66 A respo s t a cheg o u alguns mo m e n t o s depois. David co m pr e e n d e u havia tristez a nos olhos do Hom e m ; a triste z a esta v a a mat á- lo. A tristez a esta v a a esgot á- lo, transfor m a n d o - o nu m velho fraco e, corn toda a certe z a, iria matá- lo dentro de pouca s horas. Este pen s a m e n t o fez corn que David se sentis s e ainda pior. Nem mes m o o Home m podia ser feliz nes t e des e r t o. David tossiu e cuspiu algu m a areia que se tinha alojado na gargan t a. Depois pergu n t o u nu m torn abrupt o:
Por que veio? yjm porqu e precisa v a de vir - respon d e u o Hom e m . Está aqui para m e ajudar? O Hom e m ass e n tiu. Não lhe est e n d e u a mão. David tossiu de novo. Desta vez a toss e feriu o mais fundo da sua gargan t a ress e q uid a. Traz água consigo? Preciso de água. É a única coisa que m e pod e ajudar nes t e mo m e n t o . O Hom e m olhou, confus o, à sua volta. Sus pirou e após brev e s instant e s co m e n t o u: -- Há água por todo o lado. Não a cons e g u e s ver? - Não exist e água nenh u m a ! - David respirava corn dificuldad e . - Se não a cons e g u e s ver, então nunca a encon tr arás afirmo u o Hom e m abana n d o a cabeça. Durant e mais alguns seg u n d o s ainda se man t e v e perto de David, depois voltou- se e co m e ç o u a afastar- se. David não cons e g uiu proferir um a única palavra devido à sua gargan t a tão seca. Tudo quan t o podia faz er era ergu er a cabeç a e obs er v ar o Hom e m que ia des a p ar e c e n d o no ar escaldan t e do des er to. David fecho u os olhos. Tinha sentido a pres e n ç a do Hom e m ao seu lado e agora encon tra v a- se sozinho. Não tinha sido ajudad o. No enta n t o, a pres e n ç a do Hom e m levou- o a reflectir na sua vida e no que ela significava. Haveria algo corn sentido na sua vida? Decerto. Havia um a coisa. Os seus pens a m e n t o s voltara m - se para o seu cão. David tinha ape n a s três anos quan d o Korak cheg ar a a sua casa. Tinha m 67
crescido juntos. Ao longo de muitos anos, Korak havia tom a d o conta dele. Conduzira- o corn seguranç a e m situaçõ e s de perigo, ajudav a David a encontrar o caminh o de regre s s o a casa quand o se perdia. Agora Korak esta v a a ficar velho. Sofria de artrite nas patas traseiras, e por vez e s David tinha tido de o ajudar a subir as escada s . O seu cão precisav a dele; David tinha de o prot e g e r. Era uma coisa que só ele podia fazer, pois o cão perte ncia- lhe a ele, e ape na s a ele. Por um brev e mo m e n t o David sorriu. Daria tudo para voltar a vê- lo mais uma vez. De repe nt e , e se m qualqu er aviso prévio, co m e ç o u a chov er.
David acordo u no preciso mo m e n t o em que o Sol nascia. Não se ap erc e b e u logo ond e se enco n tr a v a e pare ci a confus o enq u a n t o se espr e g uiç a v a . Quan d o se levan t o u e olhou atr av é s da janela, viu o Home m a trab alh a r no jardim. David sorriu. Havia algo naq u el e Home m que o torn a v a particular m e n t e esp e ci al. Penso u no que iria apr e n d e r nes s e dia. O Home m est a v a de pé e est e n di a as mã o s em direcç ã o ao Sol. Perce b e u que David tinh a acord a d o e dirigiu- se a cas a. David apar e c e u justa m e n t e qua n d o o Home m se aproxi m a v a da port a. - Anda - diss e- lhe o Home m sorrindo. - Hoje vamo s apr e n d e r corn a Mãe Terra. Duran t e um born boca d o, camin h a r a m os dois em silêncio. De vez em qua n d o , os pen s a m e n t o s de David virav a m- se para a irmã, no ent a n t o ele já não sentia des e s p e r o . Sentia imens a s saud a d e s dela e am a v a - a de todo o coraç ã o, ma s sabia que ela est a v a corn ele, ensin a n d o- o e cond uzind o- o à felicidad e . E, acima de tudo, ela esta v a a ajud á- lo a sentir- se melhor! Pela primeir a vez des d e há muito te m p o, sentia que ia ganh a n d o o controlo da sua vida. Ela tinha- o ajud a d o a apre n d e r os ensin a m e n t o s das três primeir a s imag e n s do perg a mi n h o e não tinh a dúvida s de que ia apre n d e r as lições que as outra s enc err a v a m . O seu pai est a v a corn a razão; o perg a mi68 ho pinta d o podia, na realida d e , ensin ar- lhe tudo qua n t o cisav a jg Sab er sobre a felicidad e . Estav a grato por ela o aco m p a n h a r e guiar par a a verd a d e . Contu d o, mais do que isso, David sentia- se melhor por outro motivo. Sabia que se enco n tr a v a em comp a n hi a de uma nes s o a que iria mud a r
a sua vida para se m p r e , emb or a não soub e s s e be m como. A noite ant e rior tinha sido ape n a s um exe m pl o, o primeiro de muitos outros, David est a v a certo disso. O Home m tinh a entr a d o no seu sonho e tinh ao salvo. Mas porqu ê ? Seria que David só ali se sentia melhor, e que ess e senti m e n t o não per m a n e c e ri a corn ele qua n d o se foss e emb o r a ? Ou seria que o Home m se havia transfor m a d o no seu Anjo da Guard a ? Ou pior, seria que Waka n t a n k a acre dit a v a que ele não ia ser cap az de ultrap a s s a r o seu des e s p e r o ? David não tinh a a cert ez a , ma s tomo u uma decis ã o sobr e como lidar corn est e s pens a m e n t o s . Ficaria ali, corn o Home m , até já não hav er mais nad a para apr e n d e r . Apren d e ri a como cond uzir a sua vida, como pens a r, como agir, como ajud a r: como fazer tudo o que o torn a s s e mais par ecido corn o Home m . Aprend e ri a corn a natur e z a e apre n d e ri a obs erv a n d o o Home m a camin h a r e ouvindo- o falar. Aprend e ri a do mes m o mod o que o seu pai tinh a sido ensin a d o . Escut a ri a no vento a alma dos seus ant e p a s s a d o s ; apre n d e ri a corn o sol, corn os rios, corn as est a ç õ e s do ano e corn toda s as criatur a s da natur e z a . E, em qualqu e r mo m e n t o des t e percur s o, David sabia que apre n d e ri a a ser feliz. O Home m abr a n d o u a march a e parou algun s pas s o s adian t e . Curvou- se e ap a n h o u uma bolota. David obs erv a v a - o enq u a n t o o Home m a virav a nas mã o s . A sua expr e s s ã o revelav a uma gran d e ad mir a ç ã o . Mas porqu ê ? Havia milhar e s de bolota s esp alh a d a s pelo chão. Por que razão escolh e r a est a ? O Home m entr e g o u a bolota a David. •
O que é isto? - pergu n t o u ele.
David olhav a- a enqu a n t o o Home m lha colocav a na mão Compr e e n d i a que o Home m sabia que se trat a v a de uma bolo69
ta. Mes mo assim, David ta m b é m sabia que cha m a r- lhe bolota não era a res po s t a que o Home m queria. Ele queria mais. - Não sei. O Home m sorriu. - E uma bolota. É o fruto de um carvalho, o fruto a partir do qual cresc e o vigoros o carv alho. David olhou para a mão. - Eu sei o que isto é, mas não sei o que significa ne m porqu e me perg u n t o u . Vim ter consigo e sei que muita s veze s pret e n d e uma res po s t a que não sou cap az de dar. Sei que hoje vim para apr e n d e r corn a Mãe Terra; não vim apre n d e r coisas sobre a Mãe Terra. David ficou tonto por uns insta n t e s . As palavr a s que aca b a r a de proferir não era m suas; a irmã é que devia ter posto est a s ideias na sua cab e ç a . O Home m sorriu. - Tens razão. Vais apre n d e r corn Ela e não sobre Ela. Hoje vais apr e n d e r o segr e d o da felicidad e . A Mãe Terra revelou- te o segr e d o milhar e s de vezes , mas hoje vais ouvi- La. Ela mos tr a r- te- á como acord a r todos os dias corn um sorriso nos lábios e a rir dos proble m a s que se te dep a r a r e m . Vais ficar como o teu pai e, em devido te m p o, ensin ar á s ao teu filho tudo qua n t o apr e n d e s t e . David voltou a olhar para a bolot a. Nunca se ap erc e b e r a que podia apre n d e r est a s coisas corn ela, ma s mais uma vez, duvido u que o seu pai tives s e apre n di d o o que sabia a partir da natur e z a . O Home m esticou o braço e retirou a bolot a da mã o do rap az. -- Agora - rep e tiu -, o que é que és cap az de apr e n d e r corn a bolota ? - O maior segr e d o do mun d o ? - inquiriu David. - Sim - retorq uiu o Home m sorrindo e seg ur a n d o- a par a que David a obs erv a s s e . - Esta bolot a é a se m e n t e do carvalho. Neste mo m e n t o é frágil e peq u e n a , até mes m o os 70
sauilos são cap az e s de a des tr uir. No ent a n t o , se deixar e m a bolota incólu m e , ela cresc e r á corn o te m p o e torn ar- se- á forte vigoros a. A bolota é o carv alho do futuro, é o primeiro pas s o do longo proc e s s o de cresci m e n t o da árvor e. J3e que modo é que isso est á relacion a d o corn a minh a vida e a minh a felicidad e ? Tira o perg a mi n h o do bolso e obs erv a a quart a figura. David assi m fez. Viu um hom e m sent a d o sob um carv alho. Havia uma gran d e qua n tid a d e de bolota s a seu lado, e ess e hom e m do des e n h o pare ci a est ar em me dit a ç ã o . A árvor e que vês na figura mos tr a- te o segr e d o da felicida d e , e o hom e m ensin a- te a utilizare s ess e segr e d o par a ser e s feliz. David obs erv o u o des e n h o . Não compr e e n di a como pod eri a apre n d e r est a s coisas ape n a s olhan d o par a aqu el a imag e m . O Home m continu o u: - Para ent e n d e r a import â n ci a da imag e m , tens de apre n d e r corn a natur e z a . Olha à tua volta. Olha par a o céu, par a os anim ais selva g e n s e para as criatur a s da Mãe Terra. Pens a no que vês e res po n d e a ti próprio às seg uint e s pergu n t a s . Sent e s que há algu m mist ério no que te rodeia? Interrog a s - te sobre o mun d o e sobr e o que Waka n t a n k a criou? E, mais import a n t e aind a, ach a s que Waka n t a n k a criou o mun d o se m regr a s e se m critério? David olhou à sua volta. O que via pare ci a- lhe um mun d o mist erios o e muito be m plan e a d o . O céu alime n t a v a a terra corn a chuv a, os vento s alime n t a v a m a terra tran s p o r t a n d o as se m e n t e s . As criatur a s vivas usav a m a terr a para com e r e m e se abrigar e m . Não havia aqui qualqu e r casu alid a d e . O mun d o fora, de facto, criado corn mé t o d o e orga niz aç ã o . Não cons e g ui a pens a r em nad a que pud e s s e ser roub a d o à terra se m hav er uma cons e q u ê n ci a. - Agora pens a nas est a ç õ e s do ano - continu o u o Homer n -, és cap az de lhes alter a r a seq u ê n ci a ou a Primav e r a vem se m p r e a seguir ao Inverno? O Outono ve m a seg uir ao verã o ou cons e g u e s mud a r a orde m est a b el e cid a pela Mãe Terra? 71
- Não - confirmo u David enqu a n t o ace n a v a corn a cab eç a . Ainda não era cap az de ent e n d e r até ond e o Home m queria cheg a r. - Então, respo n d e a isto: a idad e dos anim ais cont a- se da velhice para a infância? O carvalho vai- se torn a n d o mais peq u e n o à me did a que os anos pas s a m ? A chuv a cai ant e s de ap ar e c e r e m as nuv e n s ? - Não, claro que não - res po n d e u David pergu n t a n d o- se o que aquilo significaria. - Agora pens a na bolot a ten d o em cont a est a s pergu n t a s e as sua s res po s t a s : como é que a bolota se tran sfor m a em árvor e? A bolota te m de cair da árvor e e, uma vez no solo, procur a o seu próprio ca minh o. Tem de ser reg a d a e não pod e ser danificad a até que ger min e . Se assi m acont e c e r , a árvor e cresc e r á . Ao longo dos anos, as bolota s continu a r ã o a cair e mais árvor e s nasc e r ã o . Pass a d o s cem anos, a árvor e env elh e c e r á e morr er á . Do me s m o modo que exist e m ciclos na natur e z a - as est a ç õ e s do ano, por exe m plo - ta m b é m as árvor e s tê m uma sequ ê n ci a que não pod e ser alter a d a . Não há qualqu e r hipót e s e de uma árvor e rejuve n e s c e r corn a idad e porqu e não é ess e o seu ciclo. Não há qualqu e r possibilida d e de est a bolota ger ar outra s bolot a s porqu e não corre s p o n d e ao ciclo natur al da árvor e. Não exist e qualqu e r hipót e s e de a árvor e morr er primeiro e cresc e r depois porqu e não é ess e o proc e s s o natur al de des e n v olvim e n t o da árvor e. - O que é que isso inter e s s a par a mim? - A árvor e da figura repr e s e n t a o ciclo da tua vida. Tal como a árvor e, nós nasc e m o s . Primeiro somo s pequ e n o s , ma s se formos trat a d o s como dev e ser, tran sfor m a m o - nos em hom e n s . Cheg a d o s à idad e adult a, pod e m o s procriar. Cem anos depois morr e m o s . É est e o ciclo da noss a vida. Não pod e m o s alter a r est a orde m porqu e faz part e da orde m natur al da Mãe Terra. Perce b e s t e o que eu te diss e? - Sim, acho que sim, ma s aind a não ent e n d o de que forma isso me pod e fazer feliz. O Home m sorriu. __- À se m el h a n ç a da bolot a e de ti, a felicidad e ta m b é m te m os us úçlos. Como já apre n d e s t e , a felicidad e ve m de dentro de nós não de algo que acont e ç a ext er n a m e n t e . Isto significa que se m p r e que te sentir e s feliz é porqu e compl e t a s t e um ciclo de tar ef a s que te deixou feliz. Esta sequ ê n ci a não pod e ser que br a d a ne m alter a d a porqu e é assi m que é a Mãe Terra.
O Home m fez uma pau s a e pôs a mã o no ombro de David. Serás feliz quan d o usare s a sequ ê n cia da felicidad e. Uma vez que ten h a s desco b e r t o ess a orde m, pod e s utilizá- la se m p r e que queira s ser feliz. Se des ej ar e s ser feliz o te m p o todo, ent ã o ter á s de usar a sequ ê n ci a todos os dias. É por est e motivo que o teu pai é se m p r e feliz: ele aco m p a n h a o ciclo da felicidad e . - E por que é que isso result a ? O Home m encolh e u os ombro s enqu a n t o res po n di a: - Por que é que as árvor e s cresc e m a um det er mi n a d o ritmo? Por que é que tu te des e n v olv e s de acordo corn um certo proce s s o ? É a orde m esta b el e cid a pela Mãe Terra. Ela project o u o mun d o corn orde m , e tu fazes part e do Seu plano. Existe orde m na tua vida; há sequ ê n ci a s em tudo o que fazes. Sab e s que se tiver e s fome, est á na altur a de com e r e s . Se não te alime n t a r e s , ficas corn fome. Isso est a ri a fora da orde m natur al. David olhou outra vez para o perg a mi n h o pinta d o . Penso u nos ciclos da sua vida. Pens o u que qua n d o ficava cans a d o , ia par a a cam a . Poderia ele alter a r est a situaç ã o ? Não, sabia que não. Depois pen s o u no esforço físico. Poderia ficar cans a d o ant e s de fazer exercício físico? Mais uma vez, a res po s t a foi neg a tiv a. David embr e n h o u- se em pens a m e n t o s , dura n t e bas t a n t e te m p o , sobr e tudo qua n t o fizera ao longo do dia. Todas as coisas tinh a m a sua própria orde m. Era como o que o Home m havia dito acerc a da orde m do mun d o , exact a m e n t e como a Primav e r a vem se m p r e a seg uir ao Inverno e o Outono a seg uir ao Verão, há se m p r e uma det e r mi n a d a seq u ê n ci a de acont e ci m e n t o s que nunc a mud a . 73
A felicida d e , poré m, tinha ta m b é m uma orde m ? Sim, lá no fundo sabia que sim. Sabia que o Home m lhe falaria des s a seq u ê n ci a e ficou satisfeito por ter desco b e r t o o segr e d o de seu pai. Estav a ansios o por a usar na sua própria vida. David olhou de novo para o perg a mi n h o e fixou o hom e m sent a d o sob a árvor e. Aprend e r o segr e d o de como ser feliz fora a razão que o levar a a ir ter corn o Home m . Sem dúvida est a seria a lição mais import a n t e de toda s . O Home m enc a mi n h o u- se par a uma árvor e próxim a e sento u- se sob a sua copa. David seguiu- o e sent o u- se à sua frent e. - Pode dizer- me qual é o segr e d o do hom e m do des e n h o ? - perg u n t o u David. O Home m ass e n tiu. - Claro. Foi por isso que viest e ter comigo. O Home m sorriu e fechou os olhos dura n t e uns insta n t e s . Depois com e ç o u a falar: - A felicidad e ve m de dentro de ti, David. A tua me n t e , e ape n a s ela, é a única coisa que te pod e fazer feliz. Isto quer dizer que pod e s apr e n d e r a usar a tua inteligê n gi a para te fazer feliz, mes m o qua n d o as coisas corre m mal. Para atingire s est e objectivo, bas t a usar e s simple s m e n t e uma sequ ê n ci a de pens a m e n t o s e de acçõ e s . E muito fácil e ass e g u r ote de que result a. Acredita nes t a imag e m e ficarás a saber co m o ser feliz. - Prom e t o que o farei. Já vi como isso ajud a o me u pai e já verifiqu ei como o ajud a a si. - Óptimo. Estás pronto para apr e n d e r o maior segr e d o do mun d o. O Home m fez uma peq u e n a pau s a . - David, o hom e m da figura est á em me dit a ç ã o . Encontr a- se sent a d o no seio da Mãe Terra porqu e é aí que ele se sent e mais confort á v el. Tem as mã o s apoia d a s no solo, abs orv e n d o a en er gi a da Mãe Terra. Tu, no ent a n t o , pod e s fazer est a me dit a ç ã o ond e te sentir e s confort á v el. Tens de a realizar três vezes por dia, todos os dias da tua vida. Estás dispos t o a isso? 74
Sem dúvida - respo n d e u David enq u a n t o ace n a v a corn cab e ç a -, faria qualqu e r coisa para ser feliz o te m p o todo. Então vamo s lá discutir sobre o que o hom e m do des e n h o est á a fazer. Primeiro, est á a pens a r em algo que o faz feliz. Segu n d o, est á pen s a r para consigo que é feliz. Parou por uns mo m e n t o s . Esfe > m e u jove m amigo, é o segr e d o da felicidad e .
Pass ou algu m te m p o ant e s que David abriss e a boca. É tudo? - perg u n t o u finalm e n t e o rap az. Por qualqu e r razão, esp e r a r a que o segr e d o envolv e s s e uma maior dificulda d e . Sim, é tudo qua n t o tens de fazer. Estás a tent a r perc e b e r por que motivo result a, não est á s ? É verd a d e - confirmo u ele após um insta n t e . - É muito simples . Primeiro lembr a- te dos ciclos. Tal como o Verão se segu e à Primav e r a , ta m b é m tu será s feliz se fizere s est a s dua s coisas enq u a n t o me dit a r e s . Não pod e s alter a r a orde m das est a ç õ e s , tal como não pod e s impe dir que est a reflex ã o trag a res ult a d o s positivos. Por que motivo funcion a ? Porqu e te est á s a conve n c e r a ti me s m o de que és feliz. Fez mais uma paus a e pego u num grav e t o que est a v a no chão. Come ç o u a esboç a r o des e n h o da quart a figura no pó da terra enq u a n t o dizia: - Sab e s , se m p r e que te sentir e s feliz é porqu e te conve n c e s t e de que te dev eria s sentir assi m. Lembr a- te, os senti m e n t o s vê m de dentro de ti. Ao ter e s pens a m e n t o s felizes, est á s a obrigar a tua me n t e a conce n t r a rse em coisas que te faze m sentir be m. Ao rep e tir e s para ti me s m o que és feliz, as palavr a s torn a m- se verd a d e . As palavr a s e os pens a m e n t o s entr a m no teu subco n s ci e n t e , a part e da me n t e que te leva a agir de form a s que não ent e n d e s . Ainda que não acre dit e s que a me dit a ç ã o funcion a, ela far- te- á feliz na me s m a . Está a utilizar o ciclo da felicidad e , um ciclo que não pod er á ser alter a d o . O res ult a d o final ser á alcanç a d o .
- Sobre o que devo pen s a r dura n t e a me dit a รง รฃ o ? 75
- Sobre o que quer que seja que te faça feliz. Pens a em brinca d eir a s corn os teus amigos , pen s a nu m a viag e m rece n t e , pens a nu m a pes s o a de que m gost e s muito. Volta a pens a r nu m a exp eriê n ci a que te ten h a feito sentir be m e pen s a nela em porm e n o r. Usa todos os sentidos possíveis enqu a n t o pen s a r e s nes s a exp eriê n ci a. Visualiza o acont e ci m e n t o , ouve o acont e ci m e n t o e sent e- o nas tuas entr a n h a s . A tua me n t e julgar á que é real. Depois, rep e t e para ti próprio que és feliz. Diz em voz alta: «Sou feliz.» Depois de fazer e s isto, o ciclo ficará compl e t o e tu será s feliz. E o Home m continu o u: - Eu me dito três veze s por dia, todos os dias da minh a vida. Penso em coisas agr a d á v ei s e digo a mim próprio que sou feliz. Isso tornou- se num hábito na minh a vida e, como cons e q u ê n ci a , sou ger al m e n t e feliz. Subs tituí os ma u s hábito s por bons hábitos e, em res ult a d o disso, tenh o tido uma vida ma g nífica. David pens o u uns insta n t e s . Poderia ser verd a d e ? Sim, tinha de ser verd a d e . E o proc e s s o da Mãe Terra e de Waka n t a n k a . O Home m continuo u: - Para me dit a r e s , dev e s procur a r um lugar confort á v el ond e não sejas incomo d a d o . Depois fecha os olhos e desco n t r ai- te. Cont a até dez à me did a que res pira s fundo. Vai-te desco n t r ai n d o a cad a expiraç ã o . Quan d o cheg a r e s aos dez, pres t a ate n ç ã o ao que estiver e s a sentir. Depois com e ç a a pen s a r em algu m a coisa que te faça feliz. Usa todos os sentido s par a a torn a r e s realida d e na tua me n t e . Diz que és feliz. Dilo em voz alta dez vezes . Depois de fazer e s isto, cont a de dez até um, abre os olhos e sorri. Será s feliz, sentir- te- ás muito be m. Este senti m e n t o pod er á ser de pouc a duraç ã o mas não te preoc u p e s . Costu m a ser assim ao princípio. Quan t a s mais veze s rep e tir e s est e exercício, tanto mais fácil se torn ar á sentir e s- te feliz o te m p o todo. O Home m pego u no perg a mi n h o novo e com e ç o u a escr ev e r o significad o da quart a figura. 76
O segr e d o da felicidad e Há ciclos e m tudo o que faze m o s . Tere m o s de usar um ciclo para ser m o s felizes. O ciclo resulta se m pr e . Sere m o s felize s quando o tiver m o s acabad o.
Se tiver m o s pens a m e n t o s felizes, sere m o s felize s porqu e conv e n c e m o s a nossa me n t e de que nos senti m o s be m . Para ser m o s felize s, me dit e m o s três vez e s por dia. Descontraia m o- nos para que poss a m o s com u nicar corn o noss o subcon s ci e n t e . Quando m e ditar m o s , pens e m o s e m coisas agradá v ei s e repita m o s várias vez e s que so m o s felize s.
O exercício da medit a ç ã o (A realizar três vez e s por dia) 1. Encontr e m o s um lugar confort á v el para relax a r. 2. Fech e m o s os olhos e cont e m o s de um a dez, res pira n d o fundo em cad a algaris m o . 3. Relaxe m o s mais à me did a que faze m o s a cont a g e m . 4. Quan d o cheg a r m o s aos dez, sinta m o s a desco n t r a c ç ã o esp alh a r- se por todo o corpo. 5. Pens e m o s em algo que nos faz felizes. Torne m o- lo tão real qua n t o possível. 6. Diga m o s em voz alta, dez vezes : «Sou feliz.» 7. Conte m o s de dez até um e abr a m o s os olhos. 8. Sorria m o s . Se fizermo s isto, sere m o s felizes. Se o fizer mo s todos os aias, desco b rire m o s que somo s felizes o te m p o todo. A felicidad e torn a r- se- á num senti m e n t o habitu al para nós. 77
A LIÇÃO DOS GRAVETOS O significado do quinto des e n h o A noss a felicidad e dep e n d e , grand e m e n t e , da forma com o nos olha m o s e co mo olha m o s o mu n d o à nossa volta. Para ser m o s felize s, te m o s de nos considerar, e ao mun d o à noss a volta, com o coisas muito esp e ciais. Este des e n h o trata das dez verdad e s da felicidad e . Se des eja m o s uma vida melhor e aperf eiçoar tudo o que faze m o s , dev e m o s do minar est e s dez princípios. Verificare m o s que nos torná m o s pes s oa s melhor e s , e mais felize s.
O primeiro ciclo da Lua Depois que o Home m aca b o u de escr e v e r o significado da quart a figura, amb o s se levan t a r a m do lugar à somb r a da árvor e e der a m um pas s eio. David pens o u nes t e des e n h o dura n t e bas t a n t e te m p o . À me did a que camin h a v a , pens a v a na irmã e de como se divertia m os dois juntos. Ainda que não rep e tis s e para si me s m o que era feliz, aqu el e s pen s a m e n t o s agra d á v e i s de amb o s a brincar e m juntos fazia m- no sentirse melhor. Não pôd e deixar de sorrir. O mais import a n t e era que David ta m b é m sabia por que motivo se tinh a sentido tão depri mido corn a mort e da irmã. Do me s m o modo que as sequ ê n ci a s podia m ser utilizad a s par a o fazer e m feliz, tinha m sido usad a s par a o torn a78
m somb rio e trist e. David tinh a est a d o a pens a r no funer al, ou no mo m e n t o em que soub e que ela tinha morrido, ou nas saud a d e s que teria dela no futuro. Tinha est a d o a pens a r em coisas nue o ma g o a v a m profun d a m e n t e . Não podia deixar de sentir- se horrivel m e n t e . A partir daq u el a altur a não pens a ri a nes s a s coisas. Quan d o pens a s s e na irmã, pen s a ri a ape n a s nos te m p o s divertido s que pas s a r a m juntos, ou no seu espírito pairan d o em liberd a d e . Estes pens a m e n t o s ajud á- lo-iam a sentir- se be m. Enqu a n t o amb o s camin h a v a m , o rap az ta m b é m obs erv a v a as mar a vilh a s da Mãe Terra. Era bela e trans mi tia paz; e era uma gran d e profes s or a . Talvez ela o pud e s s e ajud a r corn a que s t ã o que ele tinha agor a em me n t e , um proble m a que o incomo d a v a bas t a n t e . O Home m havia dito que ele podia ser feliz se me dit a s s e . Sabia que isso era verd a d e ... mas não hav eria algo mais par a exp e ri m e n t a r o senti m e n t o de felicidad e ? Decert o, assi m julgav a David. Para ele, a felicida d e não é ap e n a s um senti m e n t o , é uma ma n eir a de olhar o mun d o. Sem pr e que David olhav a para o Home m , via paz e cont e n t a m e n t o no seu rosto. Havia en er gi a, belez a e suavid a d e nos
movim e n t o s do Home m . O jove m acre dit a v a que emb o r a a me dit a ç ã o ajud a s s e , a felicida d e do Home m residia ta m b é m no modo de ele enc ar a r o mun d o e de viver a sua vida. O Home m tinha praz er em tudo o que fazia e via. Mas co mo?
Era est a a pergu n t a que David precis av a que a Mãe Terra lhe res po n d e s s e . Des ej av a a respo s t a ansios a m e n t e porqu e queria ser mais pare cido corn o Home m . Queria ver o mun d o da mes m a ma n eir a que o Home m o via. E isso era ta m b é m , assi m ach a v a David, um segr e d o da felicida d e . O Home m não falou enqu a n t o David ia pens a n d o nes t a s coisas. Depois de ter e m ca minh a d o em silêncio de mo r a d a m e n t e , o Home m afirmo u: - David, pare c e s baralh a d o . Há algu m a coisa que eu poss a fazer par a te ajud ar? 79
- Não ten h o a cert ez a . Aprendi tant o consigo, no ent a n t o sinto que aind a falta qualqu e r coisa à minh a vida. - O quê? - Bem, sei que poss o ser feliz qua n d o quis er, ma s preciso de algo mais na minh a vida. - Quer e s ver o mun d o corn um novo olhar? David confirmo u corn a cab e ç a . - Esse, me u amigo, é o significad o do des e n h o seg uint e . David voltou- se para o Home m . - A sério? O Home m ass e n tiu. - Sim. A felicidad e é um fogo que precis a de ser ate a d o . Podes me dit a r e sentir e s- te be m, ma s alcanç a r a felicidad e trans c e n d e a tua vida e tudo o que fazes, tens de cond uzir a tua vida de acord o corn certos princípios. Do mes m o mod o que afas t a s t e da tua vida as oito me n tir a s da Iktu mi, tens de pre e n c h ê - la corn as dez verd a d e s abs olut a s . Estas verd a d e s são o segr e d o de uma vida melhor. Se guiar e s a tua vida pelas dez verd a d e s e me dit a r e s diaria m e n t e , será s feliz. Olhará s para o mun d o de uma forma como nunc a ant e s fizest e. Apreciar á s tod a a vida, am a r á s tod a s as coisas e terá s uma en er gi a invisível que te ajud ar á a resolv er todos os proble m a s . - Quais são as dez verd a d e s ?
Como é que as you apr e n d e r ?
- As dez verd a d e s são os princípios da vida. São muito fáceis de explicar, ma s tens de os apr e n d e r corn te m p o. Tens de os torn a r part e integr a n t e da tua vida. Para os apren d er e s , tens de do min ar cada um deles, um de cada vez. Não dev e s seg uir para o ponto seg uint e se m ante s do min ar e s com pl e t a m e n t e o anterior. Dest e mod o, não ser ã o esqu e cid o s . - Quant o te m p o é que isso vai levar? - Levar á o te m p o de dez ciclos da Lua... um pouco me n o s que um ano. Come ç a r á s a apre n d e r cad a princípio corn cad a nova fase da Lua. Lerás ess e ponto no teu novo perg a mi n h o , três veze s por dia, dura n t e o ciclo; lê- o imedia t a80
me n t e a seg uir à me dit a ç ã o . Quan d o a Lua pas s a r para uma nova fas e, com e ç a a exercit a r o princípio seg uint e . Em me n o s de um ano terá s mud a d o , por comple t o, a tua vida. Terás apren dido o segr e d o dos te m p o s; serás senh or de ti próprio. Tornar_t e- ás um profes s o r e será s procur a d o por outros que queira m apre n d e r contigo. David pens o u nes t e compro mi s s o. Os dez ciclos da L.ua? Isso era muito te m p o. Seria ele cap az de cons e g uir? Sento u- se em silêncio por um longo período ant e s de cheg a r à res po s t a . Sim, sabia que iria fazê- lo. Iria domin a r os dez princípios pois não podia esp e r a r me n o s de si. Tinha m- lhe dado a chav e par a uma vida melhor; tinh a m- lhe dado a chav e para a felicida d e . Foi por est a razão que tinha ido à região das Paha Sapa. O Home m afirmo u: - Os princípios irão fazer muito por ti. Não só te farão feliz, como ta m b é m ap erf eiço a r ã o tudo o que fizeres . Tudo! Não há nad a mais import a n t e na vida do que fazer e s o que te pedi. - Quan d o com e ç a m o s ? O Home m sorriu. - Olha par a o quart o des e n h o do perg a mi n h o . David obs erv o u a imag e m de um hom e m usan d o uns grav e t o s par a ate a r uma fogu eir a. Eram dez grav e t o s . - Qual será o primeiro princípio? - É a verd a d e mais ele m e n t a r de toda s . Ensina- te o quã o mar a vilhos o tu és. Ajuda- te a conduzire s a tua vida corn amor e corn esp e r a n ç a . Duran t e o primeiro ciclo da Lua, quero que vivas a tua vida, cad a um dos dias, corn a cert ez a de que és o ser mais esp e ci al jamais criado. O Home m clareo u a garg a n t a . - Escut a, apr e n d e e rep e t e o que te you dizer, par a ti me s m o , três vezes por dia. No final do ciclo, acre dit a r á s nisso. David com e ç o u a escre v e r o primeiro pen s a m e n t o no novo Perga mi n h o . 81
Conve nc e- te de que és o ser mais esp e ci al jamais criado O prim eiro grav e t o nec e s s ário para atear a fogueira de felicidad e Muito ant e s de o Sol surgir no céu e até m e s m o ante s de Waka nt a n k a ter criado o seio da Mãe Terra no qual vive m o s nunca existiu ningu é m exact a m e n t e igual a mi m . Ningué m , no pass ad o, tev e exact a m e n t e as me s m a s caract erísticas que eu, a minha personalidad e ou as minha s aptidõe s . Nunca ningu é m cresc e u ao m e s m o ritmo, apren d e u as me s m a s coisas ou reflectiu sobre a vida do m e s m o mo do que eu. Ne m exist e nenh u m a hipót e s e de que algué m venh a a ter uma preoc up a ç ã o igual à minha porque não pode hav er uma reproduç ã o de mi m no futuro. O me u lugar na história está ass e g ur ad o porque ningu é m será com o eu. Sou o ser mais esp e cial jamais criado. Por que razão sou eu tão esp e cial? Porque poss u o caract erísticas que ningu é m mais terá. Sou único nes t e mu n d o, e nenh u m guerreiro ou chef e ou qualqu er ho m e m co m u m poderá algu m a vez recla m ar aquilo que sou. Apenas eu tenho os me u s pens a m e n t o s e esp era nç a s . Apena s eu poss u o o m e u ritmo cardíaco, a minha energia e o me u amor à vida. Poderá algué m recla m ar os me u s sonho s? Poderá algué m amar co mo eu amo? Haverá algué m que veja exact a m e n t e a me s m a cor que eu vejo quando olho par a uma flor e m botão? J á algué m ant e s de mi m ouviu o uivo do coiote exact a m e n t e corn a m e s m a tonalidad e? Algué m será capaz de repe tir os me u s feitos e acçõe s? Não, sei que estas coisas me pert e n c e m , a mi m , exclusiv a m e n t e . Como posso eu não estar feliz corn est e s pens a m e n t o s no m e u coração e na minha alma? Sou o ser mais esp e cial jamais criado. E porque sou o ser mais esp e cial jamais criado, sou valioso. Como um diam a n t e , sou raro e belo. Valho mais que tudo no mu n d o. De que vale o dinheiro co m p ar ad o co migo? Dinheiro nenh u m poderia algu m a vez co m prar os me u s pens a m e n t o s . De que vale a fama com p ara da co migo? Nenhu m a esp é ci e de fama m e pode tornar mais esp e cial. De que vale qualqu er be m mat erial? Nenhu m deles pode ser trocado por mi m . A minha felicidad e está ass e g ur ad a pela consciê ncia dest a s verdad e s . 82
L Sou o ser mais esp e cial jamais criado. Sei que não dev o des p er diçar a minha vida. E estou aqui corn um objectivo. Estou aqui para cresc er e m sabe d oria. Estou aqui para amar todas as coisas. Estou aqui e m honra de Waka nt a n k a . Como you realizar est e s project os? Posso co m e ç ar por ser feliz. Posso ser feliz se tiver consciê ncia de que sou o ser mais esp e cial jamais criado. Se sou assi m tão esp e cial, posso, segura m e n t e , sorrir corn orgulho pela pes s o a que sou. Posso ser feliz, serei feliz... sou feliz. Sou feliz porqu e sou o ser mais esp e cial jamais criado.
O segu n d o ciclo da Lua David de moro u bast a n t e te m p o a tom a r nota dest e ponto no novo perga min h o. Pensou no significado que poderia ter na sua vida e che go u à conclus ã o de que este princípio era muito importa n t e . Sabia que o seu pai tinha vivido toda a sua vida de acordo corn esta atitud e , e ele iria com e ç a r a fazer uso dela na sua própria vida. Todos os dias, depois de me dita r, leria o perga min h o. Lê-lo-ia repe tid a m e n t e até se tornar parte integr a n t e da sua alma. Quando terminou, o Home m pôs- se a falar do segu n d o princípio. - Existe m muita s razõe s pelas quais algu m a s pess o a s são felizes e outra s são infelizes. Uma das mais óbvias é que as que são infelizes sent e m que a vida te m sido injusta para corn elas. Sente m inveja ou raiva quan d o comp a r a m a sua vida corn a daqu ele s a que m ad mira m . Em vez disso, devia m agir corn equilíbrio para dar apreç o ao que a vida lhes oferec e u. Fez uma paus a . - Durant e o segu n d o ciclo da Lua, quero que te dediqu e s , cada dia, a avaliar o que a vida te oferec e u. Pens a em toda s as coisa s boas
da tua vida e tom a nota delas. Descobrirรก s que poss uis muita s coisas mar a vilhos a s . Pens a nelas todos os dias, 83
e o teu olhar do mun d o será melhor. Mais import a n t e aind a lê o princípio do teu novo perg a mi n h o depois de me dit a r e s Fá- lo três vezes por dia ao longo do seg u n d o ciclo da Lua David escr e v e u o novo princípio à me did a que o Home m lho ia ditan d o. Dá apr eç o ao que a vida te conc e d e u O segu n d o grav e t o nec e s s ário para atear a fogu eira da felicidad e Serei feliz porque dou apreço ao que a vida me conc e d e u . Quando m e sento e pens o na belez a da vida, acabo por perc e b e r que estou encant a d o pelo que a vida m e oferec e u. Embora não tenha obtido tudo quant o des ejo, não sinto triste z a porque isso me faz gostar muito das muitas mais coisas que poss u o. Se eu estiv e s s e de perfeita saúd e , será que cons e g uiria apreciar uma caminh a d a perigos a? Se foss e espa nt o s a m e n t e belo, seria capaz de ad mirar algué m que m e julgas s e atrae nt e ? Se poss uís s e uma fortuna ime n s a, seria capaz de dar apreço a um pres e n t e oferecido por um amigo? Não, sei que seria impos sív el. Porque conh e ç o e aceito esta verdad e , consigo ent e n d e r por que motiv o não rece bi tudo quant o des ejo. Eu sou o filho esp e cial de Waka nt a n k a . Waka nt a n k a sabe que sou suficient e m e n t e forte para não pens ar no que não poss uo, mas ante s para dar apreço ao que tenho de facto. Obrigado, Waka nt a n k a , por tere s uma tal confianç a e m mi m. Darei apreço ao que a vida me conc e d e u . Em vez de f içar obc ec a d o corn o que não tenho, hoje voltar- m e- ei para a minha m e n t e e tudo o que ela me proporciona. E o poder da minha m e n t e que me distingu e dos ani mais e de todos os outros sere s do mun d o . corn ela poss o pens ar na bele z a e no amor. Posso pens ar na paz e na realização pes s o al. Que mais posso fazer corn a minha m e n t e ? Tudo quant o quiser. Posso voar com o a águia ou correr co mo o lobo. Nos me u s sonhos , nunca tenho fom e ne m m e sinto cansad o. Não há front eiras para o m e u mun d o ne m limite s para o que posso realizar. Como gosto des t e aspe c t o da minha vida!
1 84 Darei apreço ao que a vida me conc e d e u . Sei que está na minha nature z a querer mais do que algu m a vez conquis t ar ei. Isso faz parte da minha alma e distancia- me das outras criaturas. Trata- se de uma força que poss o utilizar para melhorar a minha vida. Sei que nada há de mal corn os m e u s des ejos, os m e u s sonho s, as minhas am biçõ e s ou as minha s nec e s si da d e s porque est e s ateia m a fogueira que exist e e m mi m . Contudo
be m lá no fundo, perce bo que nenh u m a das coisas que quero na vida m e pode fazer feliz. Ante s pelo contrário, para ser feliz, devo pens ar nas coisas mag níficas que poss u o nes t e mo m e n t o , no te m p o pres e n t e . Tenho de pens ar que a própria vida é tão incrivel m e n t e esp e cial que não devo des p er diçar um único minut o preoc up a d o corn os aspe c t o s negativo s. Tenho de saber que sou esp e cial, que a vida é esp e cial e que sou capaz de a gozar no mo m e n t o pres e n t e . Devo aceitar que poss o ser feliz m e s m o que nenh u m dos me u s sonho s se torne realidad e porque toda a felicidad e pres s u p õ e a ad miração pela vida. Darei apreço ao que a vida me conc e d e u . Sei que a felicidad e é, simultan e a m e n t e , o princípio e o fim da minha viage m na vida. Sei que tenho de ser feliz para que poss a alcançar os m e u s objectivos , pois os pens a m e n t o s negativo s inibir- me- iam muito ant e s de os atingir. No entant o, por que razão tenho m e t a s que des ejo alcançar? Para que poss a ser feliz! A felicidad e é uma viage m circular, uma viage m e m que o me u fim é o me u co m e ç o. Mas o que é que isto quer dizer? Quer dizer que me posso sentir be m co migo me s m o , indep e n d e n t e m e n t e de atingir ou não as minha s me t a s . Quer dizer que não preciso de um motiv o para ser feliz. Quer dizer que posso ser se m pr e feliz. Este s pens a m e n t o s simpl e s são o suficient e para me fazer e m dar apreço, agora, à minha vida. Darei apreço ao que a vida me conc e d e u . Possuo tantas coisas maravilhos a s . O que é que poss uo? Possuo a vida. Possuo uma grand e capacidad e para amar. Sou capaz de. reflectir. Sou capaz de sonhar. Sou capaz de ter esp era nç a. Sou capaz de rezar. Sou capaz de sentir. Sou capaz de respirar. Sou
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capaz de cheirar. Sou capaz de ver. Sou capaz de andar. Sou capaz de falar. Sou capaz de ajudar. Sou capaz de ser feliz. Apena s eu sou capaz de fazer tudo isto volunt aria m e n t e . E se houv er coisas que eu não consiga fazer ou obt er, isso não importa porque poss u o o be m mais precioso de todos. Tenhome a mi m m e s m o , e isso nunca ningu é m me poderá tirar. Darei apreço ao que a vida me conc e d e u . Adaptar- m e- ei à vida de acordo corn as circus nt â n cias. A vida oferec e u- me tanto que não nec e s si to de mais nada. Sei que poss o ser feliz só por causa des t e facto. Adaptar- m e- ei de for ma positiva às coisas má s que me acont e c er e m e serei feliz por essa razão. Não esp erar ei que todos os me u s objectivos ou sonho s se torne m realidad e , mas serei feliz! Os outros pode m ter mais coisas que eu, mas serei feliz! Os outros pode m ser mais bonitos, mas serei feliz! E por que razão serei eu feliz? Porque conhe ç o e ad miro o que a vida me proporciono u. Sou feliz porque quero ser feliz. A vida reco m p e n s o ume corn a capacidad e de ser feliz e, para me respeitar a mi m me s m o , serei feliz. Como um círculo. O fim e o início. A felicidad e . Obrigado, vida, por tudo quant o m e conc e d e s t e .
O terc eiro ciclo da Lua David sentiu praz er em escr ev e r o segu n d o princípio. Sabia que est e modo particular de olhar o mun d o era algo que o seu pai poss uía. Se ta m b é m fizess e a me s m a coisa, ent ã o seria mais pare cido corn ele. O Home m esp e r o u até que David aca b a s s e , ant e s de dar início ao terc eiro princípio. - Uma pes s o a feliz enc ar a a sua vida corn esp e r a n ç a no futuro. Tamb é m o devias fazer. Se enc ar a r e s a tua vida corn optimis m o , verá s que é mais fácil ser feliz. Olhará s a vida como algo excita n t e , que te des afia e, ao me s m o te m p o, cheia de pro m e s s a s . Depois que domin a r e s os dois primeiros pon86
tos, será s capaz de apre n d e r este novo ponto. Este terá lugar dura nt e o terc eiro ciclo da Lua. Lê este ponto três veze s por dia, após a me dita ç ã o . David ace n o u corn a cabe ç a , e o Home m com e ç o u. Encara a tua vida corn optimis m o e espe r a n ç a no futuro O terceiro grav e t o nec e s s ário para atear a fogu eira da felicidad e
Sou feliz porqu e encaro a minha vida corn opti mis m o e esp eranç a no futuro. A pouco e pouco, tudo se encaixa. Uma única gota da água da chuva parec e não fazer grand e diferenç a no mu n d o. Contudo, à me di da que escorre pela mon t a n h a , junta- se a outras gotas e, rapida m e n t e , se for ma um fio de água. Este fio de água torna- se nu m regato, o regato transfor m a- se nu m rio e, e m brev e , aquela pequ e n a gota faz parte de algo tão poderos o que não se pode travar. Conduzirei a minha vida da m e s m a for ma. O opti mi s m o é a gota da chuv a, a convicção de que algu m a coisa boa me acont e c er á hoje. A prim eira vista, o opti mis m o parec e não ter grand e valor. Até me posso esqu e c e r dele, todavia sei que estará co migo. A seguir, serei opti mis t a e m relação a uma segu n d a coisa e a uma terceira. Tal com o as gotas que se transfor m a m nu m fio de água, o m e u opti mis m o tornar- se- á mais forte. Depre s s a fluirá na minha vida e não será repri mido. Por que proce d er ei assi m? Por que quero ser opti mis t a? Porque o opti mis m o é algo que m e faz feliz. E eu quero ser feliz. Encararei a minha vida corn opti mis m o e esp era nç a no futuro. Tenho esp eranç a na vida porque sei que o futuro não te m limite s para mi m . Uma vez que o passa d o é passa d o, ape na s eu poss o decidir o que o futuro m e trará. Devo pens ar que o m e u futuro é negro e sinistro? Devo duvidar que algo de born algu m a vez me acont e c e r á? Devo viver no receio const a n t e do ama n h ã? Não, porque se eu olhar para o m e u futuro corn est e s pens a m e n t o s , então terei assinado o vere dicto do me u des tino. Nunca che gar ei a ser nada porqu e acredit ei que nada era. 87
Encararei a minha vida corn opti mis m o e esp era nç a no futuro. Tal co mo a luz e as trevas, o be m e o mal, exist e m outras alternativa s. Se olhar o me u futuro corn a cha m a aces a e corn esp era nç a, se consid erar que nada de mal algu m a vez m e acont e c e r á e se for e m frent e pens a n d o no ama n h ã corn ent usias m o , então ta m b é m terei assinado a sent e n ç a do me u destino. Sou feliz porqu e sou opti mis t a. Tenho esp eranç a nu m aman h ã m elhor. Não estou preocu p a d o corn os fracas s o s de hoje porqu e sei que as coisas serão melhor e s aman h ã. Tamb é m olharei a minha vida co mo uma ave nt ur a. O que acont e c e r a seguir poderá estar para alé m do me u controlo, no entant o, o ent usias m o vale o risco. Olharei a minha vida da m e s m a man eira que uma criança vê o mu n d o: corn inocê ncia e paz no coração. Saber ei que e m cada dia algo novo e excitant e m e acont e c e r á. Em cada dia esp erar ei que algo de born m e acont e ç a. Não receio o ama n h ã porqu e será m elhor que o dia de hoje. Encararei a minha vida corn opti mis m o e esp era nç a no futuro. Quando olho o futuro corn opti mis m o , sei que m e acont e c e r ão coisas preciosas . A vida, para mi m , só poderá m elhorar e isso faz- me sentir um grand e entu sias m o por tudo quant o faço. Não receio que o futuro não se torne realidad e porqu e o opti mis m o é com o uma estrela que me guia durant e a noite. Se m pr e que nav e g ar e m águas agitadas , olharei simpl e s m e n t e para a estrela e saber ei que che gar ei a born porto se mantiv er o me u rumo. Enquant o usar a estrela do opti mis m o para ser feliz, alcançar ei se m pr e os m e u s objectivos . Como já sei, a felicidad e é o princípio e o fim de qualqu er me t a na minha vida. O opti mis m o far- me- á feliz. Encararei a minha vida corn opti mis m o e esp era nç a no futuro. Se as coisas estiv er e m a correr mal, hão- de melhorar, apreciá- las- ei ainda mais. Há se m pr e lugar para o opti mi s m o na minha vida. Em relação ao que é que serei opti mis t a? Em relação a tudo. Serei opti mis t a e m relação a mi m e terei enor m e s exp e c t a tiv a s para o me u futuro. Acreditar ei que me acont e c er ã o coisas boas. Serei opti mis t a e m relação às outras pes s o a s . Acreditarei que tê m pens a88 me n t o s sãos e que age m corn juste z a porqu e isso m e faz sentir melhor e m relação a elas. Serei opti mis t a e m relação à minha família e acreditarei nela. A minha confiança na minha família ajudá- la-á a ultrapas s ar todas as des av e n ç a s . Serei opti mis t a e m relação aos me u s inimigos porqu e acredito que isso fará do mun d o um lugar melhor. Serei opti mis t a nas palavras que pronunciar porqu e co m pr e e n d o o poder das palavras para influe nciar os outros. Serei opti mis t a na forma de encarar a minha vida porque as palavras e acçõe s passa m de pes s oa e m pes s o a. O opti mis m o transfor m ar- se- á nu m mod o de vida para mi m e, por cons e q u ê n ci a, serei feliz. Obrigado, Waka nt a n k a , por me mos trare s esta verdad e .
O quart o ciclo da Lua David tinha escut a d o a import â n ci a do optimis m o na vida, no ent a n t o não tinha previs to a sua import â n ci a se quis e s s e ser feliz. Quan d o reflectiu sobr e o seu pai e sobre o Home m , poré m , perc e b e u que era verd a d e . Ambos olhav a m em frent e a cad a dia que pas s a v a . O que é que era que o seu pai se m p r e lhe diss er a ? «Ama n h ã as coisas correrão m elhor.»
Não rep e tiu ap e n a s est a s palavr a s ; acre dito u nelas. Sabia que o pai ia busc a r en er gi a àqu el e princípio; ajud a v a- o nos mo m e n t o s difíceis e per mitia- lhe gozar os mo m e n t o s bons. David des ej av a com e ç a r por est e ponto imedia t a m e n t e , mas tinh a consciê ncia de que devia, primeiro, conh e c e r a fundo os ant e rior e s . Se os ignor a s s e , sabia que jamais faria m part e da sua vida. O Home m com e ç o u a enu nciar o quart o princípio. - As pes s o a s que enc ar a m a vida corn optimis m o , consid e r a m que é fácil incluir o próximo asp e c t o nas suas vidas. Apes ar de o próximo ponto já ter sido por ti ouvido muit a s vezes , tens de cons e g uir domin álo como aos ant e rior e s . Esta89
belec e r objectivos ajuda as pess o a s a conc e n tr a r e m - se no futuro. Lê este princípio três vezes por dia, ao longo do quarto ciclo da Lua, e ele tornar- se- á parte da tua vida. Estab ele c e objectivos novos e corn intere s s e O quarto grav e t o nec e s s ário para atear a fogu eira da felicidad e
Estabel e c e r ei objectivos novos e intere s s a n t e s porqu e sei que me farão feliz. A m e dida que o Sol se vai pondo ao fim do dia, aperc e b o- m e que mais um dia acabou. O dia de ont e m ensinou- me algu m a s lições, per mitiu- m e exp eriê ncias e deixou a minha vida para se m pr e . Não há nada que eu possa fazer para recup erar o dia de onte m . O aman h ã co m p or t a grand e s pro m e s s a s para mi m . O m e u futuro está nas minha s próprias mão s , e há tanto a fazer para o transfor m ar no tipo de dia que esp ero. E o início de uma nova viage m , uma viage m que vai influenciar a minha vida para se m pr e . As coisas mu d arão aman h ã. Agirei, falarei e pens ar ei de for ma difere nt e . Como hei- de saber com o proce d e r? Como hei- de saber onde m e leva esta viage m ? O desco n h e ci d o pode ser assus t a d or, e eu não quero ter me d o do ama n h ã. De que mod o poss o, então, evitar est e receio? Posso evitá- lo, pura e simple s m e n t e , estab el e c e n d o m e t a s novas e intere s s a n t e s . Estas me t a s serão o map a da minha viage m . Permitir- me- ão conduzir a minha vida corn confianç a. Permitir- me- ão registar os me u s progre s s o s e m relação ao que quer que seja que eu des ejo. Far-me- ão pens ar sobre o futuro. Estabel e c e r ei objectivos novos e intere s s a n t e s . Posso controlar o me u futuro por inter m é di o das acçõe s que hoje pratico. Se quiser ter suce s s o, sei que há algo que poss o fazer hoje par a m e ajudar a atingir o me u objectivo. Se quiser ser mais saudá v el de futuro, sei que o m e u objectivo, hoje, é dar o prim eiro passo para ess a finalidad e . Os propósitos diários são importan t e s , porqu e sei que nunca cons e g uir ei alcançar as me t a s futuras se m as acçõe s de hoje. Sei e ent e n d o que, se não criar objectivos diários,
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viajarei atrav é s da vida se m mapa. E se m um mapa perder- m e- ei e eu não quero perder- me . Quero ca min har corn Waka nt a n k a e corn confiança’, e Waka nt a n k a rev elou- m e uma verdad e corn a aual oriento a minha vida. Que verdad e é essa? A verdad e é simpl e s: um dia há- de vir e m que deixará de che gar o aman h ã. Estab el e c er ei objectivo s hoje e trabalharei para os alcançar, pois um dia não serei capaz de os co m e ç ar no dia seguint e . Se criar me t a s diárias, serei feliz. Tamb é m estab el e c e r ei objectivos a longo prazo. Se m objectivos a longo prazo, as minha s me t a s diárias terão pouco efeito na vida. Sei que os objectivos a longo prazo me ajudarão a enfre nt ar o des âni m o que sinto quand o não atinjo as minha s me t a s diárias. Cada fracas s o nu m propósito diário há- de ensinar- me algo. Este s conh e ci m e n t o s acu m ul ar- se- ão ao longo do te m p o e desco brirei que aprendi mais corn os m e u s fracass o s do que corn os me u s suce s s o s . E por esta razão que não receio o fracass o ne m avaliarei o m e u des e m p e n h o nu m a bas e diária. Exacta m e n t e co mo uma árvore leva muitos anos a tornar- se forte, tam b é m eu devo tornar- me forte a pouco e pouco. A consciê ncia dest a s verdad e s ajuda- m e a ser feliz. Estabel e c e r ei objectivos novos e intere s s a n t e s . Ao m e s m o te m p o que me aperc e b o que crio m e t a s para alcançar um det er mi n d a d o fim, tam b é m sei e co m pr e e n d o que a viage m e m direcção aos me u s objectivos é agradáv el. Que ho m e m de suc e s s o não des eja falar corn orgulho ao contar o que tev e de passar para atingir as suas me t a s? Que atleta de eleição não des eja relatar orgulhos a m e n t e as milhare s de horas de trabalho que tev e ant e s de che gar à vitória? O trabalho árduo, os suce s s o s e os fracass o s ajuda m , no seu conjunt o, as pes s o a s a alcançar e m os seus objectivos . Sei e ent e n d o que as me t a s são para ser usufruídas enqua n t o trabalho para as atingir e não apena s quando sou be m suc e dido. Para ser feliz, tenho de criar objectivo s e com pr e e n d e r que qualqu er malogro m e apres e n t o u um obstác ulo que, uma vez superad o, se transfor m ar á nu m a font e de orgulho para mi m. Essas m e t a s ajudar- me- ão a sentir uma grand e felicidad e no me u coração. Estabel e c e r ei objectivos novos e intere s s a n t e s .
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Farei um a listag e m dos m e u s objectivo s todos os dias. Essa lista abrang er á as m e t a s a longo e a curto prazos e certificar- m e- ei de que tenh o consciê n cia do que implica atingi- las. Depois trabalhar ei no sentido de as alcançar. Ao agir des t a ma n eira, serei capaz de m e conce n tr ar e m m elhorar a minha vida. Se trabalhar para m elhorar a minha vida, serei feliz. De cada vez que atingir um propósito, rapida m e n t e criarei outro para não cair na apatia. Com pr e e n d o e acredito que a letargia é a se m e n t e da insatisfaçã o na minha vida, enq u a n t o que plan e ar, trabalhar e alcançar as m e t a s m e faz sentir be m e m relação ao m e u futuro. Serei feliz porqu e os objectivo s que eu det er m i n ar não m e per mitirão ter te m p o para ficar obceca d o corn os aspe c t o s nega tivo s da minha vida. Em resu m o , serei feliz se projectar m e t a s nova s e inter e s s a n t e s . O quinto ciclo da Lua David pens o u no que viria a seguir. corn o te m p o, com e ç o u a perc e b e r que até cheg a r a est e princípio, teria m pas s a d o cerc a de quatr o mes e s . O Home m com e ç o u a falar do quinto princípio. - Pergu n t o- me - diss e lenta m e n t e - como reagir á s a est e quinto asp e c t o. you pedir- te que faças uma coisa que é muito difícil. Para est e ciclo da Lua, imagin a que cad a dia é o teu último dia na Terra e ag e em confor mid a d e corn est e pens a m e n t o . Este ponto, mais do que qualqu e r outro que apre n d a s , levar á os outros a vere m- te sob um pris m a difere n t e . E mais aind a, ta m b é m tu te verá s sob outro pris m a . Aprend e r á s a apr eciar cad a mo m e n t o de cad a dia e aca b a r á s por dar valor à vida inteira. Este ponto, mais do qualqu e r outro, torn a r- te- á num a pes s o a melhor. Lê est e ponto três veze s por dia, após a me dit a ç ã o , ao longo do quinto ciclo da Lua. O Home m fez uma brev e paus a e depois come ç o u a ensin ar a David o quinto princípio.
T Vive cad a dia da tua vida como se fosse o último
O quinto grav e t o nec e s s ário para atear a fogueira da felicidad e
Serei feliz porqu e vivo est e dia co m o se foss e o últim o. Não viver ei para ver o am a n h ã , contu d o ser ei feliz. A minha vida há- de acabar, contu d o ser ei feliz. Os m e u s planos para o futuro des v a n e c e r- se- ão, contu d o ser ei feliz. É o último dia da minh a vida e sou feliz! Para mi m , não existirá am a n h ã . A vida exting uir- se- á quan d o a Lua nasc er, ao fim do dia. Quero estar triste; dentro do m e u coração sinto que m er e ç o mais alguns anos de vida. Ainda ten h o tanto para levar a cabo, tanto s sonho s deixad o s por realizar. No enta n t o, m e s m o que queira estar triste, não consigo. Estou feliz; mais do que algu m a vez estiv e. Repito para mi m m e s m o : Sou feliz! Sou feliz! Contud o, com o? Com o poss o estar feliz quan d o sei que já m e resta pouco te m p o? Porqu e hoje é um dia esp e ci al e não pod e ser des p e r diç a d o corn pen s a m e n t o s de tristez a. Porque hoje gozar ei cada minu t o. Não hav er á te m p o para lem br a nç a s am arga s ! Porqu e sei que só eu controlo a minha felicidad e e que Wakan t a n k a m e trans m i tiu a ener gia nec e s s ária para sentir a felicidad e no m e u coração; e Ele quer que o m e u últim o dia seja feliz. E acim a de tudo, porqu e sei que est e dia é um bónus que não m er e ç o. Fui agraciado corn est e dia e sei que é o último. Ningu é m mais sabe quan d o vai morrer, mas eu sei! Conhe ç o o maior segr e d o do mu n d o ! Sab er estas coisas ench e- m e o coração de m uita felicidad e. corn estas verdad e s pres e n t e s na minha m e n t e , o que é que f arei no m e u últim o dia? Prim eiro, certificar- m e- ei de que não des p er diçar ei um único mo m e n t o . Usarei cada minut o do dia para enco n tr ar algo que m e faça feliz. Pode ser, tão so m e n t e , o chilrear de um páss aro ou um a cor bonita; mas pres tar- lhe- ei atenç ã o, gozá- lo-ei e am á- lo-ei. Recon h e ç o que tudo o que é belez a é um a dádiva de Wakan t a n k a e que Ele m e oferec e u a capacida d e para o apreciar. Com o é que eu podia deixar de o faz er por Ele? Ele 92
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ench e u o mun d o de belez a para que eu possa ser feliz. Portant o boje, no m e u últi mo dia, saudar ei a alvorada corn rever e n cia. Descobrirei a bele z a de todas as coisas vivas. Descobrirei bele z a na natur e z a: as nuv e n s provocar- me- ão espan t o, os vent o s aliviarão o me u fardo e os mar e s purificarão as minha s imperf eiçõ e s . Sei que hoje as minha s horas finais serão des p e n di da s corn paz interior e e m ad miração pela bele z a que me rodeia. E, no entan t o, farei mais do que obs er v ar a bele z a do mun d o. Porque é o me u últi mo dia, quero dedicar- lhe a minha má xi m a atenç ão. Cada minut o é a única coisa e a mais preciosa que tenho e sou feliz pois sei co mo tirar o m elhor partido dele. Este dia é a minha vida, a minha vida inteira e canto corn alegria porqu e o posso passar co mo muito be m decidir. Acordo de ma n h ã corn um sens ti m e n t o de gratidão para corn Waka nt a n k a por m e conc e d e r est e últi mo dia. you fazer das poucas horas que me resta m as m elhor e s que jamais tive na vida. Viverei cada dia com o se foss e o últi mo. O que é que hei- de fazer corn est e último dia? Por que me foi conc e dido? Te m de hav er uma razão, pois a tanta gent e ant e s de mi m nunca foi dada esta oportunidad e . Te m de ser o m e u último dia para ser feliz. Te m de ser o dia para amar todos os que m e estão mais próxi m o s . Te m de ser o dia para apreciar as coisas a que ant e s nunca dei valor. Estas são as coisas que tenho de fazer ao longo das preciosa s horas que me resta m . Saudar ei cada hora corn entu sias m o e acarinharei todas as coisas porque não voltarei a vê- las. Amar ei est e últi mo dia de todo o me u coração e sinto- me feliz por verificar que não o deito a perder corn pens a m e n t o s negativ os . Viverei cada dia com o se foss e o últi mo. Hoje you fazer coisas que m e dê e m praz er a mi m e aos outros. Direi às pes s o a s por que m me intere s s o o quão esp e ciais elas são na minha vida e sorrirei quand o vir a sua expr e s s ã o. Auxiliarei que m precisar de ajuda porqu e me torna feliz saber que, hoje, sou capaz de praticar acçõe s gen eros a s . Farei as paz e s corn os me u s inimigos porqu e quero que saiba m que dou valor a toda a esp é ci e
94 de vida e que tam b é m os quero ver felize s. Caminhar ei corn a Mãe Terra e apreciarei a belez a que m e cerca porqu e sei que rirei corn ad miração pelo mist ério da vida. Viverei corn amor e entu sias m o no me u coração porque sei que aman h ã estarei morto e quero ser feliz no me u último dia. E, se de facto for verdad e e f or o me u últi mo dia, terei vivido o melhor dia da minha vida. Terei vivido cada minut o corn a minha mais arde nt e dedicação. Terei amad o até ao limite má xi m o do me u coração. Cada minut o terá sido o mais feliz de toda a minha vida.
E se estiv er engan a d o e não for o me u últi mo dia, levant ar ei as minhas mãos e m sinal de vitória e agrad e c e r ei a Waka nt a n k a por m e ter conc e di do mais uma oportunidad e para ser feliz.
O sexto ciclo da Lua A hipót e s e de viver cad a dia como se foss e o último pare ci a difícil a David. Todavia, ele ta m b é m sabia que se trat a v a de algo que tinh a de apre n d e r . Se cons e g uis s e , cad a dia teria um significad o muito esp e ci al para ele. Apreciaria cad a mo m e n t o e seria feliz por caus a disso. Esta teria sido ta m b é m uma das coisas que o seu pai prov av el m e n t e havia feito. O Home m ench e u dua s cháv e n a s de chá ant e s de com e ç a r a expor o sexto princípio. - Antes que pas s e m o s ao sexto ponto, quero que saiba s que todos os proble m a s que enfre n t a r e s ao longo da tua vida não serã o piores do que os proble m a s que os outros enfre n t a m na deles. Todos nós somo s confron t a d o s corn dificulda d e s , ma s as pes s o a s felizes são as que tê m a cap a cid a d e de se lhes ad a p t a r . Pens a, por exe m pl o, num a tart ar u g a a atrav e s s a r uma me s a . Se tu bat er e s na me s a corn os punho s , o que é que a tart a r u g a faz? Enfia a cab eç a na conch a . É est a a atitud e que muita gent e tom a . Não se ad a p t a m à vida e bat e m em retirad a . Lembr a- te, no mo m e n t o em que domin a r e s est e ponto, 95
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ser á s optimis t a em relaç ã o à vida e est a r á s a est a b el e c e r os teus objectivos. Se não atingire s ess a s tuas me t a s , não bat a s ern retira d a ; ad a p t a- te a elas. Se o fizere s, ser á s muito mais feliz. Lembr a- te ta m b é m que, para apre n d e r e s a fazer isso, tens de ler o significad o des t e princípio três vezes por dia, após a me dit a ç ã o , dura n t e todo est e ciclo da Lua. Fez uma peq u e n a paus a . - Então, por ess a altur a, esp e r o que a tua apre n diz a g e m já dure há cerca de seis me s e s . Terás mud a d o mais do que algu m a vez pen s a s t e , ma s digo- te outra vez: abraça est e s asp ec t o s , um de cada vez. Leva o te m p o que precis ar e s e faz o que eles ma n d a m . Verificar á s que se opero u uma mud a n ç a mar a vilhos a em ti. Os outros ta m b é m rep ar a r ã o nela. Se tiver e s sido cap az de cheg a r até aqui, ter á s sido mais be m suce did o do que a maioria dos outros. Por favor, por ti e pelos outros que te conh e c e m , faz exac t a m e n t e como te ensin a r a m . Aclarou a voz e depois iniciou a explicaç ã o do sexto princípio.
Adapt a- te à vida conform e ela se apre s e n t a O sext o grav e t o nec e s s ário para atear a fogu eira da felicidad e
Serei feliz porque me adapt ar ei à vida confor m e ela se me apres e n t ar. Sei que ne m tudo quant o des ejo se tornará realidad e para mi m . Muitas coisas que des ejo e muitas coisas que m e acont e c e m estão para alé m do me u controlo. E assi m que é a Mãe Terra, é assi m que se m pr e foi e é assi m que se m pr e será. Por que razão foi o mu n d o criado des t e mo do? Por que razão é que Waka nt a n k a criou um tal lugar? Será porque Ele quer que eu seja infeliz? Não, não é. Não é essa a forma de agir de Waka nt a n k a . Waka nt a n k a quer que eu seja feliz, e é me u dev er ser feliz para O honrar. Então por que parec e tão difícil às vez e s? Por que é que tantos proble m a s parec e m afligir- me , impe di nd o os me u s progre s s o s? Acho que sei a respos t a.
96 É porque eu partilho est e mun d o corn os outros. Partilho- o corn a nature z a, partilho- o corn as pes s oa s , partilho- o corn os sere s a que m Waka nt a n k a abe nç oo u. Este não é o me u mu n d o’, foi- m e e m pr e s t a d o pelos me u s desc e n d e n t e s e foi- m e e m pr e s t a d o por Waka nt a n k a , pedi- o e m pr e s t a d o a todos aquel e s que exist e m comigo. E porque todos partilha m est e mun d o corn os outros que tê m o me s m o direito aos seus recursos, eu não consigo controlar tudo o que m e acont e c e . Se uma praga des truir todo o trigo do mu n d o, não exist e nada corn que eu possa fabricar pão. Se um ho m e m poss uir todas os bovinos do mu n d o e não os partilhar, não há nada que eu
possa fazer para ter bifes. Exist e m coisas para alé m do me u controlo, no entant o sei e acredito que Waka nt a n k a tinha um objectivo quand o arquite c t o u o mun d o. Qual é, então, est e objectivo? E por que é que Ele assi m decidiu? Estas duas pergu nt a s tê m ator m e n t a d o os ho m e n s ao longo de séculos, mas foi encontrada algu m a respos t a? Sim, eu sei a respos t a quand o olho para o me u coração e para a minha alma. Conhe ç o o Seu objectivo. O Seu objectivo é tornar- me forte adapta n d o- me , de for ma positiva, às coisas que m e acont e c e m na vida. O que é que isto significa para mi m? Significa tudo! Significa que não tenho de receb er todas as coisas que quero para ser feliz porqu e serei suficient e m e n t e forte para me adapt ar à vida se m elas. Significa que a minha felicidad e é da minha exclusiva respon s a bilidad e; não dep e n d e do que acont e c e mas, contraria m e n t e , do modo co mo obs erv o e m e adapt o ao proble m a . Sei e acredito que poss o tirar o melhor partido de uma qualqu er situação porque tirar o melhor partido des s a situação é inteira m e n t e da minha conta. Sou tão feliz agora que tenho a certe z a de que nada será capaz de m e des ani m ar! Se me acont e c e r algu m a coisa, farei corn que os aspe c t o s positivos venha m ao de cima. Se a vida m e apres e n t ar algo de inesp era do, posso fazer uma única adaptaç ã o e algu m a coisa boa acont e c er á. Posso ser feliz porque conh e ç o esta verdad e . Adaptar- m e- ei à vida confor m e ela se m e apres e n t ar.
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Sei co mo condu zir a minha vida. Sei com o ser feliz cada vez que respirar. E tão fácil! Só tenho de m e adapt ar às coisas más corn uma atitud e feliz! Sei e acredito, do fundo do me u coração, que Waka nt a n k a jamais m e daria um proble m a tão grand e e difícil que eu não foss e capaz de ultrapas s ar. Não é assi m que Ele é. Tenho a energia dos me u s ante pa s s a d o s na minha alma para me ajudar a adapt ar- me e tenho a sabe d oria de Tunka sila para me guiar à verdad e . Obrigado, Waka nt a n k a , por me dare s est e conh e ci m e n t o e esta energia. Adapt ar- me- ei e serei feliz para Te honrar. Não me preocu p ar ei quand o for confront a d o corn algu m a dificuldad e porqu e ou a resolv er ei ou m e adapt ar ei a ela. Não entrarei e m des e s p e r o se perder algo corn valor porque sei que ou o encontrarei ou aprend e r ei a viver feliz se m isso. Não sentirei raiva quando os outros tentar e m derrotar- m e porqu e sei que serei capaz de ser feliz quer perca quer ganh e . Não me sentirei sozinho porqu e sei que farei amigos se tiver uma atitud e feliz. Adaptar- m e- ei à vida confor m e ela se m e apres e n t ar. Sei que se me adapt ar aos proble m a s que surge m na minha vida e trabalhar para ser feliz ape s ar da sua exist ê n cia, terei apren dido o maior segr e d o do mu n d o. Que posso eu des ejar alcançar? A felicidad e ! Se eu soub er que m e consigo adapt ar aos proble m a s , sei que poss o ser feliz, pois sei que posso fazer algo que muito poucas pes s o a s cons e g u e m fazer. Posso levar uma vida feliz! Sou feliz e m cada dia e, então, até ao fim dos m e u s dias terei vivido uma vida feliz. Nada mais posso des ejar. Adaptar- m e- ei à vida confor m e ela se m e apres e n t ar. Tenho consciê ncia de que as com plicaçõ e s aparec e m na vida de todas as pes s o a s do mu n d o. Mas quant a s são as que vive m felizes ape s ar da sua exist ê n cia? São as que se adapt a m a elas corn uma atitud e feliz, são ess as pes s o a s ! Tamb é m m e adaptar ei aos aborreci m e n t o s do me s m o modo. Rir-meei quando os proble m a s me confront ar e m e sorrirei quando as coisas correre m mal porque sei que m e adapt ar ei a eles. Sei que nada me pode acont e c er que afect e a minha felicidad e porqu e a minha man eira
98 de olhar o mu n d o ve m de dentro de mi m . Conquistar ei a vida corn felicidad e , viver ei cada dia de coração alegre e adapt ar- me- ei aos me u s proble m a s corn âni mo porqu e sei que só dep e n d e de mi m proce d er des t a man eira. Sinto uma grand e força interior porqu e sei que consigo adaptar- me ao que quer que seja que m e acont e ç a. Quão terrível seria a vida se a felicidad e dep e n d e s s e de algué m ou de algu m a coisa! Isso significaria que apena s algu m a s pes s o a s seria m felizes. Esta consciê ncia faz- m e perce b er a sabe d oria de Waka nt a n k a . Enten d o agora por que razão Ele quer que eu m e adapt e aos aborreci m e n t o s da minha vida. Compr e e n d o por que motiv o ess e s inconv e ni e n t e s não precisa m de me tornar infeliz.
No mu n d o limitado que Ele criou, a única man eira de Ele nos per mitir ser felize s é deixar que isso dep e n d a de cada um de nós.
O sétimo ciclo da Lua David pens ou sobre o sexto princípio enqu a n t o o ia escre v e n d o. A forma como o Home m lhe falou dos objectivos de Wakant a n k a fê- lo sentir- se be m. Estav a conte n t e por só ele poder controlar a sua felicidad e ao ada p t a r- se à vida de acordo corn a ma n eira como ela se lhe apre s e n t a s s e . Tamb é m perc e b e u que era import a n t e ter este ponto em linha de conta na sua vida. Ao fazê- lo, seria capaz de enc a r a r os seus aborre ci m e n t o s de cab e ç a erguid a e tirar deles o melhor partido. O Home m com e ç o u a falar do sétimo princípio. - O próximo princípio ensina- te o poder do amor. Mais importa n t e ainda, ensina- te a gosta r de ti próprio. Se não gosta r e s de ti me s m o , entã o não pode s am a r mais nad a. Se gosta r e s de ti, desco brirá s que a felicidad e tom a conta da tua vida. Lê o significado da imag e m três vezes por dia, dura n t e o sétimo ciclo da Lua, após a me dit a ç ã o. 99
Aprend e a viver contigo e a gost a r de ti O séti m o grav e t o nec e s s ário para atear a fogueira da felicidad e Serei feliz porque sei co mo viver co migo m e s m o e com o gostar de mi m . Sei que são est e s os alicerc e s da felicidad e na minha vida. Os vent os pode m derrubar as árvore s, os terra m o t o s pode m imp e dir um rio de correr e o fogo pode destruir um vale inteiro. A força e o poder dos ho m e n s pode m des truir cidad e s , mas o poder do amor ajudar- m e- á a ultrapas s ar tudo o que se m e deparar. O amor é a força que une as pes s o a s . E a realidad e mais poderos a de todas. Tenho de aprend e r a gostar de mi m para ser feliz. Se o não fizer, encontrar- me- ei perdido nu m a terra desco n h e ci d a, restand o o des e s p e r o e a solidão à minha volta. Posso não ser atrae n t e , poss o não ser intelige n t e , poss o não dizer as palavras certas ou não fazer as coisas certas, mas sei que gostar de mi m m e s m o abrirá o coração de todos. Se gostar de mi m , poss u o uma energia invisív el que os outros verão. Respland e c e r ei de felicidad e co mo o sol e espalhar ei amor por todos quant o s se abeirare m de mi m . Tornar- m e- ei igual a Tunka sila e parec er ei um sábio a todos os que m e encontrare m . Os outros virão de muito longe ter co migo para apren d er e m , com o se eu poss uís s e um segr e d o que apena s alguns guarda m . Dir-lhes- ei que tê m de gostar de si próprios porque ess a é a pedra angular da sabe d oria e da felicidad e verdad eiras. Aprend er ei a viver co migo e a gostar de mi m . De que mo do poss o gostar de mi m? Tenho de encarar a minha vida com o algo sagrado. Sou esp e cial porque nunca ningu é m algu m a vez poderá ser a m e s m a pes s o a que eu sou. Tenho capacidad e s e pens a m e n t o s que mais ningu é m te m, e eles torna m- me valioso aos olhos do mun d o. Amo o que poss o e o que não posso porqu e sei que estas coisas são únicas para mi m . Amo aquilo que diss er, porqu e as palavras vê m do fundo da minha alma. Amo os m e u s senti m e n t o s , porque vê m do fundo do m e u coração. Gosto de mi m , porqu e Waka nt a n k a era sábio e omniscie nt e quand o me criou. Ele não com e t e erros, e eu sou a coisa mais preciosa que Ele jamais criou.
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i! y Aprend er ei a viver co migo e a gostar de mi m . Gosto de mi m por mil razõe s. Gosto das minha s palavras, das minha s acçõe s , dos m e u s pens a m e n t o s e dos m e u s sonho s. Gosto de mi m porqu e isso m e faz feliz. E se gosto de mi m e sou feliz, posso amar todas as coisas. Posso amar todas as criaturas, posso amar a nature z a e poss o amar as outras pes s o a s . Se m a minha auto- esti m a, todas estas coisas são impos sí v eis. Se não consigo gostar de mi m , não consigo amar o mu n d o. Se não consigo gostar de mi m, não consigo amar os outros porque não sinto felicidad e no me u coração. Se não consigo gostar de mi m, não posso ser feliz. Se não for feliz, a minha vida não te m valor. Todavia, sei que a minha vida não é inútil! Eu sou capaz de amar! Posso amarme e amo- m e a mi m me s m o porqu e quero ser feliz! Sei que Waka nt a n k a me criou corn amor e amar á a Sua obra. Gosto de mi m porqu e estou des tinad o a ser feliz. E est e o maior des ejo de Waka nt a n k a para a pes s o a que sou. De hoje e m diant e , gostar ei de mi m e agirei na minha vida corn amor no coração. E ess e amor trans bordará de mi m e melhorará a minha vida e m todos os aspe c t o s . Aprend er ei a viver co migo e a gostar de mi m . Gostarei de mi m porque olho o mu n d o corn amor. Amarei todas as criaturas que encontrar porque sei que todas as coisas tê m o seu lugar nest e mun d o. Amar ei a nature z a porqu e é bela e se m pr e difere nt e . Amar ei o mu n d o porque isso o transfor m ar á nu m lugar m elhor. Aprend er ei a viver co migo e a gostar de mi m . Gostarei de mi m e co m e ç ar ei a olhar as outras pes s o a s corn amor no me u coração. Amarei os pobre s, porque m e ensina m a ser caridoso, amar ei os ricos, porque m e ensina m o valor da ambição. Amarei os incultos, porque vê e m o mun d o de uma for ma de que não tenho consciê ncia. Amarei os intelige n t e s , porqu e me trans mi t e m os conh e ci m e n t o s que, de outra man eira, eu nunca teria. Amarei todas as pes s oa s , porque elas são esp e ciais e únicas, e
reconh e ç o a sua singularidad e no mun d o . Se olhar para todas as pes s oa s corn amor no coração, serei feliz. Gostarei de mi m e dos outros, porqu e isso transfor m a o mu n d o nu m lugar corn mais paz.
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Aprend er ei a viver co migo e a gostar de mi m . Gostarei das coisas que diss er porqu e sei que falo corn amor e bonda d e . Espalharei que o amor é a força capaz de nos unir a todos. Espalharei que o amor nos pode ajudar a ultrapas s ar todos os obstác ulos. Espalharei que gosto de mi m porqu e sei que se m estas palavras nos m e u s lábios não posso ser feliz. Se gostar de mi m serei capaz de trans mi tir estas palavras de amor. Se diss er estas palavras de amor para mi m próprio e para os outros, serei feliz. O amor e a felicidad e ca min ha m de mão s dadas. Amar ei as minhas acçõe s porqu e a minha forma de agir é única. Possuo capacidad e s e limitaçõ e s que transfor m a m as coisas que f aço e m coisas co m pl e t a m e n t e diferent e s das que f oram realizada s por algué m ante s de mi m . Gosto de mi m porqu e sei que as minha s acçõe s nunca poderão ser reprodu zidas . Eu sou esp e cial, tenho um valor ilimitado para o mu n d o.
Sou feliz porque gosto de mi m . O oitavo ciclo da Lua David ficou cont e n t e por o Home m lhe ter ensin a d o a import â n ci a do amor. Era est e o motivo por que via o seu pai como um hom e m meigo e bondo s o. Era por est a razã o que o seu pai ajud a v a todos os que nec e s sit a v a m . Ele tinh a- lhe dito uma vez que não se avalia uma pes s o a ap e n a s pelo mod o como ela trat a os outros; avalia- se ess a pes s o a pela form a como ela trat a aqu el e s de que m nad a te m a ben eficiar. O Home m com e ç o u a falar do oitavo princípio. - As pes s o a s infelizes exige m de m a s i a d o de si própria s. Consider a m que tudo o que faze m te m de ser perfeito. Não per mit e m erros nas suas vidas. A me did a que fores apr e n d e n d o o próximo princípio, verificar á s como isso é insen s a t o . Lembr a- te de leres est e princípio três vezes por dia, depois da me dit a ç ã o , ao longo do oitavo ciclo da Lua. O Home m com e ç o u a explicar a David o oitavo asp e c t o que devia obs erv a r na sua vida. 102
L Nunca sejas um perfec cionist a O oitavo grav e t o nec e s s ário para atear a fogu eira da felicidad e Sou feliz porqu e não sou obce c a d o pela perfeição. Insistir na perfeição é insistir no impos sív el. Nenhu m ho m e m , incluindo eu, é perfeito. Nenhu m ho m e m passo u pela vida se m um único proble m a ou um único pesar. Nenhu m ser é perfeito. Os sere s hu m a n o s des barat a m as suas vidas porque não cons e g u e m aperc e b er- se de todos os perigos que enfrent a m . Ne m tão- pouco o mu n d o é perfeito. A nature z a provoc ou ime n s a destruição e perda de vidas. Se nenh u m ser vivo no seio da Mãe Terra exp eri m e n t o u jamais a perfeição absolut a e contínua, porque insisti m o s , eu e os outros, nela? Só posso conh e c e r o fracas s o e a infelicidad e se m e conc e n trar unica m e n t e na perfeição. Por que não fazer, pura e simpl e s m e n t e , o me u melhor? Por que razão não pedir aos outros o seu melhor? Fazer o m e u m elhor ou esforçar- m e o mais possív el é tudo quant o posso pedir de mi m e dos outros. Já não voltarei a conc e n tr ar- me unica m e n t e na perfeição. Tomar consciê ncia e acreditar nest a verdad e ele m e n t ar tornar- me- á feliz. Não mais voltarei a ser um perfeccionist a. De hoje e m diant e, não exigirei a perfeição de mi m m e s m o . Sei que a perfeição é uma m e t a inatingív el. Se insistir, então serei confront a d o corn a raiva e o des e s p e r o; serei infeliz. Se pedir o me u melhor e m vez de pedir a perfeição, serei feliz. De hoje e m diant e, estab el e c e r ei objectivo s, mas não des e s p e r ar ei se eles não resultare m exac t a m e n t e co mo os plane ei. Procurarei dar o m e u m elhor e m todos os aspe c t o s; não ficarei afecta do pelo pior. Se trabalhar corn afinco, ficarei orgulhos o porqu e sei que estou a dar o me u melhor. Se o me u objectivo não for alcançado, não m e culparei a não ser que perc e b a que não procurei alcançar o me u pot e n cial máxi m o . Porque sei e ent e n d o que o fracas s o faz parte da nature z a hu m a n a, aceitarei o fracas s o e usá- lo-ei e m me u prov eito. corn o fracas s o aprend e r ei, pois sei que me pode dar important e s lições de vida. Se não me conc e n tr ar unica m e n t e na perfeição, desc u brirei que é mais fácil ser feliz.
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Porque não esp ero a perfeição de mi m, sei que não posso esp erar a perfeição nos outros. Esta to m a d a de consciê ncia transfor m a- me nu m a pes s oa melhor. Aceitarei que as outras pes s o a s não faça m o que lhes peço; co m p a d e ç o- me se as coisas lhes correre m mal; sinto a sua dor se a triste z a lhes bater à porta. Deles só posso pedir o que peço a mi m m e s m o : o me u melhor esforço. Se insistir na perfeição dos outros, tornar- m e- ei seu inimigo. Se insistir na sua perfeição, to m ar- m e- ão por inse nsí v el. Se insistir na sua perfeição, a minha lideranç a será m e n o s pr e z a d a , porqu e eles sabe m que a perfeição é inatingív el. Se insistir na perfeição, nunca ficarei satisf eito corn o des e m p e n h o dos outros. A perfeição não passa de um sonho; o esforço é uma realidad e . Viverei a minha vida corn os olhos postos na realidad e; não viver ei nu m mun d o de fantasias. Serei feliz porque a minha sabe d oria m e conduz a esta verdad e ele m e n t ar. Não insistirei na perfeição da nature z a. Do me s m o mod o que não poss o insistir na minha perfeição ne m na dos outros, não dev o exigir que a natur e z a seja perfeita. Não pens ar ei que o sol brilha todos os dias e não me surpre e n d e r ei quand o as te m p e s t a d e s provocar e m uma onda de des truição. Não esp erar ei pelo que não é previsív el. Sei que insistir na perfeição da nature z a é esp erar pelo Único Poder Verdad eiro do céu. Sei que não sou Waka nt a n k a . Não insistirei na perfeição. Não mais voltarei a ser um perfeccionist a. De que ma n eira é que isto vai afect ar a minha vida e as coisas que faço? Passarei a ser mais feliz. Tornar- me- ei mais pacie nt e , mais co m pr e e n si v o e mais sábio. Serei olhado corn mais ben e v ol ê n cia pelos outros que apreciarão a minha gen ero sidad e . Saber ei e perc e b e r ei que não posso agradar a todos pelo que digo e faço. Se não insistir corn a perfeição, acabarei por co m pr e e n d e r esta verdad e important e . Ao ent e n d e r isto, desco brirei que é mais fácil ser feliz. Se persistir no esforço e m vez de exigir a perfeição, encararei a minha vida corn maior com pr e e n s ã o . Aceitarei, corn mais paciê ncia, os aborreci m e n t o s que se me deparare m . Se insistir no esforço
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i por parte dos outros e m vez de lhes pedir a perfeição, acabarão por me considerar uma pes s o a bondo s a e um amigo. Se não esp erar a perfeição, serei feliz porque olharei o mu n d o sob uma nova persp e c ti v a. O esforço, não a perfeição, ê o que exigirei de mi m me s m o . Agir assi m far- m e- á feliz.
O non o ciclo da Lua David pens o u no oitavo des e n h o . Decidiu que não iria exigir de si o cump ri m e n t o perfeito das suas obrigaçõ e s . O Home m pas s o u rapid a m e n t e ao novo princípio. O riso é uma das chav e s par a a felicidad e . Quan d o uma pes s o a sab e rir, pod e ultra p a s s a r qualqu e r dificulda d e que se lhe dep a r e . É um dos proc e s s o s mais segur o s para continu a r m o s felizes. Uma das coisas mais bonit a s no riso é que ele com e ç a a fazer- nos sentir melhor, logo de imedia t o, e é uma coisa muito simples de fazer. Ainda assi m, é import a n t e des tin ar um ciclo da Lua a apr e n d e r a usar o riso na noss a vida. A razão é simple s: uma gran d e part e das pes s o a s sent e m - se inibida s se rire m de m a s i a d o . Acha m que os outros os olhar ã o de forma estr a n h a . No ent a n t o , não é verd a d e . Ao longo da tua vida, pen s a no tipo de pes s o a s corn que m gost a s de est ar. Prefer e s as pes s o a s que se riem muito ou aqu el a s que o não faze m? A respo s t a é simple s, e é a me s m a para tod a s as pes s o a s . Gosta m o s de est a r corn aqu el a s que são felizes; a sua felicidad e é cont a gio s a e senti m o- nos melhor qua n d o est a m o s junto delas. David sorriu e ass e n ti u. Sabia que era verd a d e . Iria ler o significado des t e ponto três vezes por dia ao longo do nono ciclo da Lua. O Home m com e ç o u .
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Aprend e a rir da vida O nono grav e t o nec e s s ário para atear a fogueira da felicidad e Serei feliz porque aprendi a rir-m e da vida. Só as pes s o a s se pode m rir. Nenhu m ani mal poss ui est e do m precioso. Os ani mais pode m guinchar sons de dor, rosnar de me d o e ser aco m e t i d o s por um des ejo repe n tino. Pode m ficar cansa do s e pode m reproduzir- se e caçar. Muitos deles pode m até cheirar e ouvir melhor que o ho m e m . Todavia, não rie m. O riso é exclusiv o dos hu m a n o s . E uma dádiva de Waka nt a n k a , uma dádiva tão esp e cial. Ele oferec e u- a a uma só esp é ci e no mun d o . Deve ter sido muito important e para Ele ser tão selectivo e m relação a est e do m. De hoje e m diant e , darei, ao longo da vida, uma ate nç ão esp e cial a esta dádiva. Aprend er ei a rir-m e da vida. Sorrirei quand o me surgire m situaçõ e s desa gradá v ei s pela frent e e rirei quand o as coisas m e des m or alizare m . Sei que ao agir dest a forma, a minha vida melhorará. A minha saúd e física m elhorará e o m e u be m- estar e m ocional tam b é m melhorará. O riso afastará os senti m e n t o s negativo s da minha vida, o riso far- m e- á viver mais te m p o e o riso proporcinar- me- á uma vida que vale a pena ser vivida. Conhe c er o poder do riso é um dos maiore s segr e d o s da vida e agora pert e n c e - m e. Rir-m e- ei, tam b é m , de mi m próprio e das coisas que faço. Não levarei tudo tão a sério porqu e sei que sou muito mais divertido quando me rio. Embora eu seja a coisa mais esp e cial jamais criada, acredito me s m o que as coisas que eu concretizo hoje terão um efeito profund o no mu n d o? Não, sei que não. Sou assi m tão important e ? Não, tam b é m sei que não. O que me acont e c e no pres e n t e , parec erá insignificant e daqui a alguns séculos. Então, por que razão hei- de levar a vida tão a sério? Devo gozá- la, não des ga s t ar- m e. Rir da vida far- me- á feliz. Aprend er ei a rir-m e da vida. Tenho de apren d er a rir quand o as coisas me correre m mal. Tenho de apren d er a sorrir quando m e surgire m proble m a s . Como
106 you eu fazer isto? Tenho de apren d er corn o te m p o , os aborreci m e n t o s que enfrent o hoje des v a n e c e r- se- ão co mo uma so m br a ao pôr do Sol. corn o riso, controlo as minha s preocu p aç õ e s , não são as minha s preocu p aç õ e s que m e controla m . Portant o, hoje rir-me- ei mais do que algu m a vez ri. Se estiv er irritado, tenho de ter pres e n t e que daqui a alguns anos já me terei esqu e ci do da causa des s a irritação. Se algu m amigo m e entrist e c er, tenho de saber que o te m p o fará levar a mág oa para uma m e m ó ria distant e . Tenho de aprend e r a
pens ar des ta ma n eira porque isso me torna mais capaz de rir e de sorrir. Se rir e sorrir, poss uo uma força que altera a minha vida. Que força esp e cial é ess a? É tão simpl e s quant o isto: o riso torna- me feliz. Quando rio, fico feliz, indep e n d e n t e m e n t e do que acont e ç a na minha vida! E por que é que isto é verdad e? Porque é assi m que eu sou; foi assi m que fui educ ad o. Quando era criança, ria quand o esta v a feliz. Ao cresc er, continu ei a rir quando me sentia feliz. Ao longo do te m p o , o riso e a felicidad e transfor m ar a m - se nu m só ele m e n t o e agora não exist e um se m a outra. Se rio, estou feliz. Como é que sei que isto é verdad e? Porque foi esta a exp eriê ncia da minha vida. Quanta s vez e s m e irritei e algué m me fez sorrir, faze n d o assi m des v a n e c e r a minha raiva? Quant as vez e s m e ri das afliçõe s que se me deparara m e que, de repe n t e , passara m a assu mir tão pouca importância? E verdad e: para ser feliz, só tenho de m e rir. Aprend er ei a rir-m e da vida. De hoje e m diant e, rirei mais vez e s . Acordarei e m cada man h ã corn um sorriso nos lábios e alegre s aces s o s de riso. O riso transfor m ar á os me u s proble m a s : torna- los- á m e n o s important e s . Rirei dos me u s fracas s o s , e eles reduzir- se- ão a nada; no seu lugar cresc erá uma nova esp era nç a e co m pr e e n s ã o . Rirei dos me u s suc e s s o s e perc e b e r ei quão insignificant e s são aos olhos do te m p o . Em cada dia, sorrirei e rirei porqu e sei que isso me fará feliz e eu quero ser verdad eira m e n t e feliz. Enquant o rir, serei feliz. Nunca serei pobre porque sentirei o amor e a felicidad e no m e u coração. Nunca serei pouco instruído
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porqu e conhe ç o a grand e verdad e do mu n d o. Nunca estar ei sozinho porqu e a felicidad e cons e n t e que Waka nt a n k a co m u ni q u e corn a minha alma. Nunca me sentirei triste porqu e estar ei de m a si ad o ocupa do a rir a fim de que ess e riso ganh e raízes na minha vida. Rirei agora. Rirei dentro de alguns minut o s . Rirei e m todas as ocasiõe s , porqu e isso m e faz feliz. Waka nt a n k a deu- m e esta força para m e ajudar, e eu usá- la-ei. Serei feliz. Honrará Waka nt a n k a corn a felicidad e .
O décimo ciclo da Lua David sabia que iria gost a r de aplicar est e ponto. Era fácil (na realid a d e , era mais fácil que algun s dos outros ponto s) e torn á- lo-ia, de facto, feliz. O Home m com e ç o u a falar acerc a da verd a d e final. - O próximo princípio é o último que precis a s de conh e c e r para sere s feliz. Ajudar- te- á a eliminar os erros da tua vida e ensin ar- te- á a pens a r nas outr a s pes s o a s corn tod a s as atitu d e s que tom a r e s . Viver corn est e ponto fará corn que os outros te resp eit e m a ti e às coisas que realizar e s . Levar á um ciclo da Lua a apre n d e r , ma s é um te m p o muito be m emp r e g u e . Fá- lo três vezes por dia, após a me dit a ç ã o . Deu início ao décimo e último princípio.
Aceita as opiniões dos outros O déci m o grav e t o nec e s s ário para atear a fogu eira da felicidad e
Serei feliz porque consigo perce b er as opiniõe s dos outros. Há poucas coisas tão important e s com o co m pr e e n d e r um ent e querido, um estranh o ou um inimigo e ver o mu n d o da sua persp e c ti v a. Torno- m e mais sabe d or quand o consigo co m u n g ar dos seus senti m e n t o s , perc e b o a importância dos actos e das palavras quand o
108 vejo o mu n d o corn os seus olhos; a minha vida torna- se mais vibrant e quando passo pelo que os outros estão a pass ar. Acima de tudo, torno- me mais gen eros o, mais gentil e m e n o s preocu p a d o co migo próprio. A solidarieda d e co m e ç a a criar raízes na minha vida, e isso faz sentir- me be m . Fico feliz quand o ajudo os que precisa m . Aprend er ei a aceitar os ponto s de vista dos outros e, cons e q u e n t e m e n t e , serei mais feliz. Quanta s vez e s já lame n t ei uma atitud e que tom ei se m pens ar nos outros? Quanta s vez e s me senti culpado porque as minha s palavras feriram os outros? Quanta s vez e s me senti triste porqu e caus ei uma enor m e mág oa a outros?
São de m a sia d a s para as poder contar. De hoje e m diant e, não repetirei ess e s erros. Pensarei nos outros ant e s de pens ar e m mi m m e s m o . Agirei de acordo corn os des ejos de Waka nt a n k a : corn gen erosida d e e co m pr e e n s ã o e m relação ao próxi m o. Que é que recebo e m troca? Rec e b e r ei felicidad e para a minha vida. Saber ei que sou uma pes s o a que se preocu p a verdad eira m e n t e corn os outros. Saber ei que agi corn a bonda d e do me u coração. Afastarei a culpa, a triste z a e o arrepe n di m e n t o da minha vida e subs tituí- los- ei por dignidad e e amor. Descobrirei que é mais fácil olhar- m e corn orgulho e felicidad e se reconh e c e r que vivi, os anos da minha vida, pens a n d o nos outros. Transfor m ar- m e- ei nu m símb olo de esp eranç a nu m mun d o de grand e s perturbaç õ e s . Aprend er ei a aceitar os pontos de vista dos outros. Por outro lado, tam b é m co m e t e r ei me n o s erros se pens ar no próxi m o e m prim eiro lugar. Reflectirei, mais cuidados a m e n t e , nas contrariedad e s que se me deparar e m e agirei de mod o a ficar feliz. Levarei o te m p o nec e s s ário para me infor m ar das preoc up a ç õ e s daqu el e s que amo e to m ar ei e m consid eraç ão os seus senti m e n t o s quando che gar a uma decisão. Ao agir tendo e m conta as suas afliçõe s, ficarão a saber que m e preocu p o verdad eira m e n t e corn eles. Cresc er e m o s e m amor, cresc er e m o s e m esp era nç a e felicidad e . Tere m o s uma vida muito melhor. Aprend er ei a aceitar os pontos de vista dos outros. Ao aceitar as ideias de outra pes s o a, tornar- me- ei mais carinhos o. Serei mais pacient e e gen ero s o. Não serei invejos o, arrogant e ,
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I
orgulhos o ne m indelicado. Não insistirei nas minha s opiniões ne m terei ress e n ti m e n t o s . Suportar ei todas as coisas, acreditar ei na bonda d e de todos e a minha felicidad e per m a n e c e r á firm e para se m pr e . Aceitarei os ponto s de vista dos outros. Serei feliz porqu e farei o que estiv er certo. Agirei corn am or e inter e s s e e, assi m , sentir- m e- ei be m co migo próprio. Sei que a minha solidarieda d e para corn os outros, e m detri m e n t o de mi m próprio, pass a muita s vez e s des p er c e bi d a aos que m e rodeia m . Todavia, não sou solidário ape n a s pelo be m das outras pes s o a s; faço- o por mi m . Serei mais feliz ao agir des t a for m a, porqu e é assi m que Wakan t a n k a quer que eu aja. Tal co m o Ele se deu por nós, eu dar- m e- ei aos outros. O ca min h o de Waka n t a n k a é o camin h o certo; é um percurso de vida que m e torna, efec tiva m e n t e , feliz. Aceitarei os ponto s de vista dos outros e serei feliz. Quan d o David aca b o u de escr ev e r o décimo princípio, est a v a cans a d o . Tinha a mã o corn cãibra s e os olhos fatiga d o s , ma s não se import a v a . Era um preço baixo a pag a r pelos conh e ci m e n t o s que adquirira. O jove m aperc e b e u - se de que est a s ideias era m as coisas mais import a n t e s jamais escrita s . Havia mais algu m a coisa na vida tão import a n t e como est a s verd a d e s ele m e n t a r e s ? Não, David ach a v a que não. Estas era m as verd a d e s que milhar e s de pes s o a s tinh a m almej a d o apre n d e r . Era m est a s as coisas que o seu pai sabia e que o torn a v a m tão esp e ci al. David ta m b é m ent e n d e u o motivo por que seria preciso quas e um ano para as apr e n d e r . Não pod eri a m ser lidas ape n a s uma vez e esp e r a r que tives s e m influência na sua vida. Tinha de pen s a r nelas diaria m e n t e . Era como o Home m lhe havia dito: tinha de as domin a r, uma a uma. Se as estu d a s s e precipita d a m e n t e , nunc a viriam a fazer part e da sua vida. Do mes m o mod o que leva muitos anos a algu é m torn a r- se nu m adulto, ele não pod eri a mud a r de um dia para o outro. Este iria ser o melhor ano da sua vida. 110
i A LIÇÃO DA ÁRVORE SAGRADA, DO RIO E DAS P AH A SAPA, O CORAÇÃO DE TUDO O QUE EXISTE O significad o do sex t o des e n h o O equilíbrio os aspe c t o s dedicar m o s aproxi m a m felicidad e e
na vida é extr e m a m e n t e importa n t e . Até aqui apren d e m o s m e n t al e e m o cion al da felicidad e. E, agora, altura de nos aos asp ec t o s físico e espiritual da felicidad e . Estes asp ec t o s nos da Mãe Terra e, e m contrapar tida, ela cond u z- nos à à paz do coração.
A noite est a v a calma e fresc a, corn uma leve brisa de lest e. Três ramo s de árvor e agitav a m - se preg uiço s a m e n t e ao sabor do vento, oscilan d o corn um movim e n t o hipnótico, qua s e espiritu al, que gera v a a paz do espírito e do coraç ã o naqu el e s que est a v a m em sintonia corn a natur e z a . A Lua já est a v a be m alta no céu, emp ol eir a d a por detr á s de uma esp e s s a e cinze n t a nuve m de chuv a que alter a v a as forma s à me did a que percorria o céu escuro. O luar, as nuve n s e o vento contribuía m, em conjunt o, para criar somb r a s danç a n t e s que saltitav a m e brilhav a m frouxa m e n t e por todo o vale, lá em baixo. O suav e cricrilar dos grilos e o zunir das cigarr a s era m os únicos sons que que br a v a m o silêncio das P aha Sapa. Era em mo m e n t o s como est e que se perc e bi a por que razã o est a s mon t a n h a s era m sagr a d a s e conh e cid a s como o coração de tudo o que exist e . 111
David e o Home m enco n tr a v a m - se sent a d o s sob o carv alho gigan t e ond e o rap az apr e n d e r a os segr e d o s da felicida d e . Suav e m e n t e , o Home m ento a v a um cântico e o seu torn de voz fundia- se corn os sons da natur e z a nu m a har m o ni a perfeit a. Havia já muita s hora s que não trocav a m palavr a. Ambos tinh a m obs erv a d o o Sol a pôr- se no horizont e e saud a r a m a noite em silêncio. O coraç ã o do rap az exp e ri m e n t a v a uma gran d e paz. Olhou para as estr el a s e desco b riu o seu mist é rio; sentia a força do vento no rosto e ouvia Waka n t a n k a nas criatur a s da noite. Tinha por est e lugar uma ad mir aç ã o rever e n t e e sentia era como se lhe pert e n c e s s e . Por fim, à me did a que a noite pas s a v a , David falou. - Tenho uma dúvid a. - Sim? - Estav a a pens a r em como tudo mud o u des d e a sua infância. O Home m suspirou e olhou para o chão. Parecia ter- se entris t e cido corn aqu el a afirm a ç ã o . - As coisas mud a r a m muito. - De que modo? - Em muitos asp e c t o s . - Diga- me, como é que era o noss o povo há muitos anos atr á s ? O Home m reflectiu dura n t e bas t a n t e te m p o. - No pas s a d o éra m o s muito mais cheg a d o s à Mãe Terra. O noss o estilo de vida foi sen d o lent a m e n t e esq u e cid o ou neglige n ci a d o . Há muitos que sent e m que não tê m lugar no mun d o de hoje. O coraç ã o de David sentiu a verd a d e des t a s palavr a s . As pes s o a s não se identifica m corn o mun d o. O que é que o seu pai tinha dito? O coração de um ho m e m endur e c e quan d o se des g arra da natur e z a. E isso mu d a- o para se m pr e . Gera um a falta de resp eito pela terra e por todos os seres vivos e, por fim, cond u z à falta de resp eito pelos seres hu m a n o s ta m b é m . 112
David sentiu pen a do Home m . O mun d o aind a tinha tanto a apr e n d e r corn ele, ma s seria que o mun d o lhe daria ess a oportu nid a d e ? Certa m e n t e . No mun d o de hoje, em cons t a n t e tran sfor m a ç ã o , os ensin a m e n t o s do Home m podia m traz er equilíbrio e paz de espírito a todos qua n t o s precis a s s e m . David voltou a interro g a r o Home m . O que é que lhe ensin ar a m qua n d o era aind a crianç a ? O Home m sorriu e olhou para o jove m. Os seus olhos escuro s e meigo s tran s mi tira m calor e ener gi a à sua expr e s s ã o ; as sua s palavr a s pare ci a m provir de me m ó ri a s dista n t e s , quas e esq u e cid a s . - Quan d o era pequ e n o , ensin ar a m - me o que est á s a apre n d e r agor a, corn histórias, lend a s e mitos. Ainda não tinh a três anos qua n d o apre n di o círculo da criaç ã o do Grand e Espírito, em que tudo se interliga. Teve pouco significad o qua n d o o ouvi pela primeir a vez, mas corn o pas s a r do te m p o , ensino u- me a inviolabilida d e da vida. Ensinou- me a import â n ci a do resp eito, da gen e r o sid a d e e da paciên ci a. À me did a que ia cresc e n d o , apr e n di a olhar para o me u coraç ã o para encon t r a r as res po s t a s às minh a s própria s perg u n t a s . O me u coraç ã o é o guardiã o do me u espírito, e est e espírito é o sopro de Waka n t a n k a . Ao seg uir o me u coraç ã o , não farei mal aos que me rodeia m . Hoje em dia apre n d o corn as minh a s visõe s e sonho s . Apren d o corn eles porqu e sei que cheg a r á o dia em que me reunirei ao mun d o espiritu al. Estas visões e est e s sonho s são o meio pelo qual Waka n t a n k a me guia. - Tamb é m apre n d e u corn um perg a mi n h o pinta d o ? - Não. Aprendi corn a roda má gic a. É um símbolo pinta d o nu m ta m b o r circular. Existe m linhas que se inters e c t a m no centro e que apon t a m para quatr o direcçõ e s difere n t e s . Mais uma vez, indica o simbolis m o do círculo da criaçã o. As linhas repr e s e n t a m qua tro asp e c t o s difere n t e s de nós me s m o s : o me n t al, o físico, o emocion al e o espiritu al. Essas linhas ta m b é m repr e s e n t a m os dons de cad a uma das quatr o direcçõ e s . O Este, ond e o Sol nasc e, simboliza o com e ç o, a alegria, a espo n t a n e i113
dad e, a purez a, o nascim e n t o e a confianç a . O Sul, onde o Sol atinge o seu ponto mais alto, simboliza a plenitud e , a gen ero sid a d e , a lealda d e , a bond a d e e o envolvim e n t o apaixon a d o pela natur e z a . O Oest e, que traz a escuridã o da noite, ensina- me a espiritualida d e . Simboliza o silêncio, a abstinê n cia, a reflexã o, a conte m pl a ç ã o e a humilda d e . corn o Norte, onde a neve é branc a como os cab elos dos anciãos, apre n di a analisar, a perc e b e r e a me dita r. corn o Norte apre n di a sab e d oria. David est a v a intriga d o. Tinha visto a roda má gic a na sua cas a ma s não fazia ideia do seu significado. Por que razão o pai lhe teria dado o perga m i n h o pintad o e m vez de lhe dar a roda? Seria que o perga m i n h o lhe pod eria ensinar as lições das quatro direcçõ e s co m o a roda mágica? Pergu n t o u ao Home m que ace n o u afirm a tiv a m e n t e corn a cab e ç a .
- De certa form a. Tu querias ser feliz; é ess a a finalidad e do perga min h o. Se tives s e s des eja d o, o perga min h o poderia ter servido para apre n d e r e s as lições da roda má gic a; ma s não foi corn ess a intenç ã o que viest e ter comigo. Todavia, se relacion a r e s o perga min h o corn a roda má gic a, desc obrirá s muita s se m elh a n ç a s nos seus ensina m e n t o s . Pens a no que apre n d e s t e até aqui. Aprend e s t e coisa s sobre os aspe c t o s me nt al e emocion al da felicidad e: os dons do Norte e do Sul. corn o te m p o, o perga min h o ensinar- te- á os asp e c t o s físico e espiritual da felicidad e . - Tamb é m me vai ensinar ess e s dois aspe c t o s ? - pergun t o u David na expe c t a tiv a. - Esse, me u jove m amigo, é o significado da sexta imag e m . Embora só existiss e a luz da Lua para iluminar as treva s da noite, David cons e g ui a ver o sexto des e n h o. Era a imag e m de um rega to serp e n t e a n d o por entre as mont a n h a s . Em primeiro plano via- se uma outra árvore, tal como havia na quart a 114
figura, ma s dest a vez David não era capa z de dizer de que tipo de árvore se trat a v a . Esta - com e ç o u o Home m - é uma lição muito import a n t e . Há três objectos repre s e n t a d o s nest e des e n h o.
Quais são? - Uma árvore, um rega to e as mont a n h a s . - Sabe s o que simboliza m ? - Não - respo n d e u David calm a m e n t e . - Já algu m a ouviste a história da Árvore Sagra d a ? David aba n o u a cabe ç a neg a tiva m e n t e . - Então, me u jove m amigo, está na altura de apre n d e r e s . O Home m com e ç o u a contar a história da Árvore Sagra d a . - A Árvore Sagra d a é a árvore repre s e n t a d a nest e des e n h o. É uma árvore que foi planta d a por Wakanta n k a quan d o criou o mundo. As pess o a s vinha m de toda s as parte s e juntav a m- se sob a sua copa. Aí desc obria m os milagre s e as mar a vilha s de Wakanta n k a. Era a dádiva mais precios a que Ele jamais nos deu; ensina v a- nos como cresc e r em sabe d oria. A própria árvore uniu- se a toda a natur e z a . Estava ligada a toda s as coisa s: as raízes da árvore enterr a r a m - se be m fundo na Mãe Terra, e os ramos alcanç a v a m o Pai lá no Céu. Os frutos era m para as pess o a s . Eram as lições e as dádiva s de Wakant a n k a: as lições de amor e comp aix ã o, de gene ro sid a d e e de paciência, de resp eito e de justiça, de corag e m e de humilda d e . Os frutos era m as intenç õ e s honra d a s de todos os hom e n s . «A vida da árvore é a vida de todos nós qua nd o nos torna m o s um só em Wakanta n k a. Se as pes so a s aba n d o n a r e m a som br a da árvore, esqu e c e m as lições de Wakant a n k a. Torna m -se má s à me did a que se afast a m da árvore. Esque c e m - se das intenç õ e s digna s que Wakant a n k a quer encontr a r em todos nós. Enche m- se de pes a r e de des e s p e r o. Discut e m uma s corn as outra s; me n t e m , eng a n a m e rouba m para atingire m o que prete n d e m . Perde m as sua s visõe s e os seus sonhos e esqu e c e m - se de como deve m viver. Estão cheia s de tristez a. A pouco e pouco, vão destruindo tudo aquilo em que toca m. 115
«Havia uma profecia de que isto acont e c e ri a. As pes s o a s sairia m da somb r a e esqu e c e ri a m tudo o que tinh a m apre n di d o. Contu d o, Waka n t a n k a não per mitiria que a árvor e morr e s s e , pois se tal acont e c e s s e , ta m b é m elas deixaria m de existir. Enqu a n t o a árvor e viver, as pes s o a s viverã o. No ent a n t o , Waka n t a n k a ta m b é m sabia que elas havia m de voltar para a somb r a da árvor e e reco m e ç a ri a m a ap a n h a r os seus frutos. «Perg u n t a s - te, cert a m e n t e , ond e se enco n tr a est a árvor e. Está em cad a um de nós, emb o r a muitos não a consig a m recon h e c e r . Estão des e s p e r a d o s , e o des e s p e r o impe d e- os de pros s e g uir e m a sua viage m . Para encon t r a r est a árvor e, para voltar m o s a ser felizes, te mo s de apre n d e r corn Wakan t a n k a . O Home m fez uma longa paus a . - Não pod e s apre n d e r os princípios de Waka n t a n k a pelos livros. Não é o suficient e . Ao invés, tens de voltar- te par a a totalida d e da Sua criaçã o: a Mãe Terra. Aprend e r á s tanto corn ela como corn qualqu e r coisa que leias. Nota be m que, se peg a r e s nos livros e os colocar e s na natur e z a , ser ã o, a seu te m p o , des tr uído s pelo sol, pelo vento, pela chuv a e pelas outr a s criatur a s . Assim, não cons e g u e s apre n d e r nad a corn eles. No ent a n t o , a Mãe Terra sobre viv e. Ela ensin ar- te- á tudo qua n t o precis a s de sab e r. «Todos os sere s vivos dep e n d e m de Wakan t a n k a , pois foi Ele que m criou o sol, o vento, a águ a e a terr a. Quan d o eu era novo, não podia deixar de olhar à minh a volta e de recon h e c e r que só um gran d e pod er teria criado tudo isto. Porqu e Waka n t a n k a nos criou a todos, dev e m o s honr ar tudo o que criou. Tenho de agir corn bond a d e e am a r a todos e pen s a r em mim em último lugar. Em troca, Wakan t a n k a dar- me- á a paz interior. «Agora, sinto que me enco n tr o mais próximo da Mãe Terra qua n d o me sento direct a m e n t e no chão, se m nad a a sep a r a r o solo do me u corpo. Estou em sintonia corn Ela e poss o reflectir de form a mais profun d a . Tenho ap e n a s , na minh a vida, uma só obrigaç ã o: o recon h e ci m e n t o diário de Waka n t a n k a . 116 É mais import a n t e par a mim do que a comid a ou a águ a . Todas as ma n h ã s , ao romp e r do dia, you até ao rio, desc alço os me u s moc a s si n s e entro na orla do rio. Em seguid a deito mã o s- cheias de águ a pela cara e pelo corpo. Depois do ban h o, ponho- me de pé, volto- me par a o Sol nasc e n t e e faço as minh a s oraçõ e s , certifican d o- me de que esto u
sozinho. Cada alma dev e encon t r a r- se sozinh a corn o sol ma tin al, corn a nova terr a e corn Wakan t a n k a . Ao longo do dia, qua n d o me cruzo corn algo de belo (uma que d a de águ a , um arco- íris ou um prado cheio de orvalho) paro por insta n t e nu m a atitud e de amor e rever ê n ci a par a corn Waka n t a n k a . Ao agir assi m, sinto- me mais próximo de Waka n t a n k a . O me u coraç ã o ench e- se de amor. Sinto uma felicidad e que trans c e n d e tudo o que faço. É est a a dádiv a precios a de Wakan t a n k a: Ele dá- me felicida d e se m p r e que O glorifico. O Home m voltou a fazer uma paus a . - Procur a enco n tr a r , em cad a dia, algo de belo. Agrad e c e a Waka n t a n k a , tod a s as ma n h ã s , o mun d o que Ele criou, sent e a Sua belez a dentro de ti, vê a belez a à tua volta e, em troc a, Ele dar- te- á a paz do coraç ã o. Ele dar- te- á a felicidad e . David sabia que tinh a sentido a falta de Wakan t a n k a , na sua vida, nos dias post e rior e s à mort e da irmã. O vazio do seu coraç ã o fê- lo chorar tanto que os seus olhos havia m incha d o. Todavia, ter- se- ia Waka n t a n k a afas t a d o real m e n t e dele nes s a altur a? Ou... teria m as suas lágrim a s sido oraçõ e s para que foss e guiad o? E não tinh a m est a s obtido res po s t a ? O rap az sabia que não tinh a encon t r a d o o Home m por pura casu alid a d e , tinh a sido guiado até ele. Tinha sido conduzido pelo pai, pela irmã... e por Waka n t a n k a . O Home m olhav a par a o perg a mi n h o enq u a n t o David pens a v a em silêncio. Quan d o sentiu que o jove m est a v a pronto, pas s o u ao símbolo seguint e : o rio. - O rio - com e ç o u ele - é cap az de falar corn que m o quis er escu t a r. Ele ensin a- nos o significado da vida. Ri, chora, agita- se e é se m p r e um só, como toda a vida. O rio é a força do 117
noss o povo; traz águ a às noss a s colheit a s e limpa os noss o s corpos. Utilizamo- lo para cozinh a r e viver. Tal como o fogo, usa m o- lo par a melhor a r a noss a vida e torn á- la mais fácil. Contud o, contr aria m e n t e ao fogo, se m ele morr ería m o s . O rio, me u jove m amigo, é o símbolo do asp e c t o físico. O rio te m movim e n t o , como nós qua n d o faze m o s exercício. O rio purifica, e o me s m o acont e c e corn a activid a d e física. O rio ensin a- nos o significad o da vida; a activida d e física dá- nos a oport u nid a d e de est a r m o s sozinhos e de apr e n d e r m o s a conh e c e r- nos. Uma pes s o a não pod e ser um todo a me n o s que haja equilíbrio na vida. Para ser feliz, est e asp e c t o da vida não pod e ser ignor a d o. David pare ci a surpr e e n di d o . - Quer dizer que ten h o de fazer exercício físico par a ser feliz? - Sim. Esse asp e c t o físico em cad a um de nós é mais neglige n cia d o que qualqu e r outro. Poré m, qua n d o des pr e z a d o , impe d e o equilíbrio da vida. Não quer dizer que tenh a s de te exercit ar vigoros a m e n t e , mas te m de faz er ex ercício regular m e n t e e não dev e s ne m co m er ne m beb er de mais. O rio é nec e s s á rio à vida; morr er á s se não pratic ar e s uma activid a d e física ou se não te import a r e s corn o que ingerire s. Talvez não morr a s fisica m e n t e , ma s a falta de equilíbrio aca b a r á por arruin a r algun s dos teus maior e s praz er e s na vida. A felicida d e dep e n d e tanto des t e asp e c t o qua n t o dep e n d e dos outros todos. Simples m e n t e , trat ase de uma dep e n d ê n ci a difere n t e . - Por que é que é tão import a n t e ? - Porqu e purifica a alma e dá- te a oport u nid a d e de pens a r e de sonh a r. Aume n t a a tua ener gi a, a tua robus t e z e o teu amor pela vida. Aproxim a- te mais da Mãe Terra e dá- te o equilíbrio de que nec e s sit a s na vida. Pode ser tão simples como camin h a r ou nad a r. A Mãe Terra dar- teá as boas- vinda s seja qual for a form a que escolh e r e s para est a r e s corn Ela. Dedica algu m te m p o , diaria m e n t e , a faz er ex ercício físico e com e e beb e corn mo d er a ç ã o. corn o te m p o acabarás por te 118 conh e c er a ti m e s m o e a tua vida será equilibrada. O resultad o é a desco b e r t a da felicidad e . David olhou para o des e n h o do rio. Duran t e bas t a n t e te m p o, perd e u- se em pens a m e n t o s . Sabia que era verd a d e ; tal como os seus
ant e p a s s a d o s , os Guerr eiros Lakot a, tinh a m de ser sau d á v ei s , assim ele ta m b é m o devia ser. Quan d o se acho u em condiçõ e s , perg u n t o u ao Home m o significad o do terc eiro símbolo. - O que é que as mont a n h a s des t a figura quer e m dizer? - Quer e m dizer, me u amigo, que já apre n d e s t e quas e tudo qua n t o precis a s de sab e r. As mon t a n h a s des t a imag e m são as mon t a n h a s em que tu te encon t r a s hoje. São as P aha Sapa, o coraç ã o de tudo o que exist e. São sagr a d a s e ven e r á v ei s . São a ess ê n ci a do conh e ci m e n t o . Tal como nad a s no rio e pas s a s pela Arvore Sagr a d a , corn as lições que apre n d e s t e corn o perg a mi n h o pinta d o alcanç a r á s as P aha Sapa. Obter á s as respo s t a s que procur a s ; nad a mais terá s a apr e n d e r . Tornarte- ás num hom e m do Norte, ser á s um sábio. - Mas sou tão novo! - A sab e d o ri a nad a te m a ver corn a idad e. A sab e d o ri a é a verd a d e que vem de procur a r e s no teu coraç ã o as res po s t a s e de pens a r e s nos outros ant e s de pens a r e s em ti. A sab e d o ri a dá- te vida. Dá- te conh e ci m e n t o . Dá- te a paz de espírito e do coraç ã o. Mostra- te que a vida não é sen ã o o lamp ej o de luz à distâ n cia, o bafo do búfalo no Inverno e as gota s de orvalho que se eva p o r a m corn o nasc e r do Sol. A vida e a felicida d e , me u jove m amigo, são tão belas como tudo o que Waka n t a n k a jamais criou. O Home m escr ev e u o significado da sext a figura no novo perg a mi n h o .
Os aspe c t o s físico e espiritual da felicida d e Os aspe c t o s físico e espiritual da felicidad e são tão important e s co mo os aspe c t o s m e n t al e e m o cional da felicidad e .
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Levant a- te, e m cada dia, corn amor no coração, dedica algu m te m p o à procura de algo de belo, encontra a paz no mist ério da criação e agrad e c e a Waka nt a n k a por ter criado est e mun d o belo e m que vive m o s . Encontrarás felicidad e e m tudo o que fizere s. Conhe c e - te e ti m e s m o atrav é s da actividad e física. Sent e- te mais saudá v el, vive mais te m p o , sonha e purifica- te corn ex ercício físico regular e encontrarás o equilíbrio na tua vida. Em contrapartida, serás mais feliz.
A LIÇÃO DAS ESTAÇÕES O significad o do séti m o des e n h o A mud a n ç a é, algu m a s vez e s , nec e s s ária. Se puder e s , evita as coisas que te inco m o d a m e altera as coisas que te aborrec e m . Se te sent e s infeliz, pens a no que te faria feliz e faz as mud a n ç a s que se impõ e m . Como resultado, a tua vida melhorará.
120 David olhou para o perg a mi n h o pint a d o. Havia uma roda má gic a dividida em quatr o part e s , corn quatr o des e n h o s apr e s e n t a n d o a mud a n ç a das est a ç õ e s . Numa part e a nev e cobria os ramo s das árvor e s , noutr a est a s come ç a v a m a floresc e r, na seg uint e as folhas est a v a m comple t a m e n t e verd e s e na última est a s cobria m o chão. - O derr a d eiro des e n h o - obs erv o u o Home m - é muito fácil de explicar. Pode m o s fazê- lo agor a ou deixar para am a n h ã . - Gost aria de o fazer agor a se pud e s s e . Tenho a cert ez a de que o me u pai est á preocu p a d o comigo. Acho que me you emb o r a am a n h ã de ma n h ã be m cedo. - Como queira s , David. Cada um de nós dev e tom a r as suas próprias decisõ e s . Na realida d e , est a figura ta m b é m trat a de decisõ e s . - A sério? 121
- Sim. Vês as mud a n ç a s das est a ç õ e s ? São repr e s e n t a ti v a s das mud a n ç a s na tua vida. Toda a criaçã o, incluindo tu, est á em const a n t e mud a n ç a . Existe m duas esp é ci e s de mud a n ç a no mun d o: a reunião das coisas e a sua divisão. São amb a s nec e s s á ri a s e amb a s est ã o interliga d a s . Às veze s é difícil sab e r de que modo est ã o relacion a d a s , ma s norm al m e n t e isso dev e- se ao noss o ponto de obs erv a ç ã o : o local de ond e obs erv a m o s a mud a n ç a . O noss o ponto de obs erv a ç ã o pod e per mitir- nos ou impe dir- nos de pens a r m o s corn clarez a. - O que é que isso te m a ver corn a felicidad e ? - Tem muito a ver. Apren d e s t e tanto sobre a felicidad e ... e apr e n d e s t e que ela brot a de ti. Poré m, há altur a s em que a noss a vida não terá equilíbrio a não ser que alter e m o s algu m a coisa. Por vezes , há coisas na noss a vida que tê m de mud a r... tê m de desfaz e r- se. - Porqu ê ? - Porqu e há muito pouc a s pes s o a s que se conh e c e m , de facto, a si própria s. Eu poss o ser feliz em qualqu e r situaç ã o , mas a maior part e não. Conqu a n t o cad a um de nós dev e s s e tent a r apre n d e r a controlar as suas próprias emoçõ e s , algun s pod e m nunc a vir a cons e g ui- lo. E por isso que o perg a mi n h o nos ensin a a sua última lição. Se houv er algu m a coisa que nos faça infelize s, mu d e m o - la se pud er m o s . Se for uma peq u e n a mud a n ç a , ser á fácil fazê- la. Se for uma gran d e mud a n ç a , de mo r e m o s o te m p o que for preciso para analis ar a situaç ã o . O noss o povo, por exe m plo, teve de tom a r decisõ e s difíceis: comb a t e r os exército s ou ir para as res erv a s . Podía m o s viver pobr e m e n t e e corn pouc a liberd a d e ou morr er. Escolhe m o s as res erv a s porqu e elas era m o me n o r dos dois male s. O noss o modo de vida foi-nos roub a d o , contu d o sobre viv e m o s . Para nós, a vida é precios a . Alterá m o s o noss o tipo de vida, e emb or a alguns nunc a tives s e m cons e g ui d o ad a p t a r- se, a maior part e cons e g uiu fazê- lo. Ainda cons tituí mo s uma cultur a; os noss o s mod elo s antigo s aind a enco n tr a m voz nas vidas dos mais jovens . Sim, a mud a n ç a pod e ser difícil, mas se a situ aç ã o assim o 122 exige, tenh a m o s a corag e m de dar ess e pas s o. Waka n t a n k a deu- nos força por muit a s razõ e s , e uma delas foi par a que pud é s s e m o s mud a r o que nos torn a infelizes. O Home m escr ev e u a lição final no novo perg a mi n h o .
A mud a n ç a
Te m o s de tom ar muitas decisõ e s ao longo da vida. Estas decisõe s exige m , por vez e s , uma mud a n ç a. Se houv er algu m a coisa na noss a vida que nos torne infelize s , pode m o s ter de a alterar. As mu d a n ç a s pode m ser difíceis, mas não, tenha m o s m e d o delas. Se seguir m o s o nosso coração e pens ar m o s nos outros, a mud a n ç a m elhorará a nossa vida. Reflect a m o s no que nos faz infelize s, desc obra m o s no que nos faz felizes e faça m o s a mu d a n ç a. Depois, sere m o s mais felize s.
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A LIÇÃO DA VIAGEM David continuo u a viage m para apren d er a ser feliz. Nest e proce s s o ta m b é m apren d e u a conhe c er- se um pouco melhor. Espero que tam b é m nós tenha m o s apren dido. Cabe- nos a nós, amigo leitor, tornar m o- nos mais felize s.
Sent a r a m - se os dois em silêncio dura n t e um longo período. David sabia que a sua apre n diz a g e m tinh a aca b a d o . Curvou a cab e ç a e sorriu intima m e n t e . Estav a domin a d o por um senti m e n t o de paz e de força interior, e as lágrim a s com e ç a r a m a correr- lhe pelo rosto. Não era m lágrim a s de tristez a, ma s ant e s lágrim a s de gratid ã o pois recon h e ci a que lhe havia m dado o pres e n t e mais valioso que algu m a vez mais teria a oportu nid a d e de voltar a rece b e r. Embor a foss e aind a bas t a n t e jove m, sentia no coraç ã o e na alma que est a v a muito mais velho do que algun s dias atr á s . A felicidad e ...
A dádiv a da felicida d e viveria para se m p r e no seu coraç ã o e no coraç ã o de todos aqu el e s que conh e c e m a verd a d e . Quan d o cheg o u às Paha Sapa, est a v a cans a d o . Estav a fragilizado, e o seu espírito ab a n d o n a r a - o. Já não se import a v a consigo. Poré m, agor a sentia- se forte outra vez. O sang u e circulav a corn mais ener gi a nas sua s veias, o seu coraç ã o batia aceler a d a m e n t e no seu peito e podia ergu e r- se corn orgulho e enfre n t a r a alvora d a corn dignid a d e e res p eito. Enqu a n t o o sol brilhas s e e os rios fluíss e m, David sabia que seria feliz. O que é que apr e n d e u ao fim e ao cabo? Descobriu o significad o da própria vida. Sabia que sent a r- se no chão e me dit a r na vida e no seu significad o, que aceit a r a gen e r o sid a d e de toda s as criatur a s , que perc e b e r de que modo os seus senti m e n t o s e as suas acçõ e s se interliga m , que ad mitir que podia ser feliz tend o em me n t e as lições do perg a mi n h o pinta d o , era infundir no seu ser a verd a d eir a ess ê n ci a da sab e d o ri a de Wakan t a n k a . Quanto havia m perdido as pes s o a s por tere m deixado de fazer estas coisas?
Tinha m perdido tudo. Tinha m perdido o seu gran d e me s tr e (o seu eu interior) qua n d o aba n d o n a r a m a terr a e pus e r a m as suas esp e r a n ç a s nos outros para que lhes mos tr a s s e m a verd a d e .
Contu d o, agor a, sentia que fazia part e da natur e z a outr a vez. Era o filho esp e ci al de Wakan t a n k a . Wakan t a n k a conduzira- o à salvaç ã o . Waka n t a n k a conduzira- o a Tunkasila. Fora cond uzido à sab e d o ri a. Tunka sila era mais do que um simple s hom e m . Muito, muito mais. Conhe ci a as lições da Mãe Terra. Era místico, sábio e imbuído de paz. Era uma pes s o a que podia comu nic a r corn o eu interior e ensin a r os outros a fazer o mes m o . Mais import a n t e aind a, sabia ensin ar aqu el a s lições de tal modo que jamais seria m esq u e cid a s . David apre n d e r a corn histórias , visõe s, lend a s e corn a viag e m . Tinha escu t a d o e tinh a sido ouvido. Perce b e u que a sua viag e m par a se enco n tr a r corn o Home m era nec e s s á ri a para conh e c e r a verd a d e . Sabia que não teria acre dit a d o nos ensin a m e n t o s do perg a mi n h o se não tives s e deixa d o a sua família para se desloc a r às Paha Sapa. David olhou para os dois perg a mi n h o s . Pegou no que est a v a pinta d o e entr e g o u- o ao Home m . Meteu no bolso o novo perg a mi n h o , ond e est a v a m escritos os significad o s das imag e n s . 124 125
- Quero que fique corn isso como pres e n t e . Sei que o me u pai des ej ari a que ficass e corn ele. Agrad e ç o- lhe por tudo qua n t o fez. O Home m curvou a cab e ç a afav el m e n t e mas não deu respo s t a . David pres s e n ti u que pouco mais havia a dizer. Olhou para as wicahpis tal como o seu pai fizera qua n d o lhe entr e g a r a o perg a mi n h o . Eram belas, inten s a s e mist e rios a s . Na ma n h ã seguint e , be m cedo, David ab a n d o n o u as Paha Sapa. Tunka sila não se encon t r a v a em part e algu m a . David procuro u- o dura n t e qua s e uma hora ma s aca b o u por decidir que Tunka sila devia quer e r est a r sozinho. Estra n h a m e n t e , não sentiu pes a r, aind a que não se tives s e m des p e di d o. Sentia que os dois tinh a m est a b el e cid o uma ligaç ã o que não podia ser que br a d a corn a sua partid a das Paha Sapa. Estaria m se m p r e unidos, quer na nat ur e z a quer nas suas alma s . As visõe s, as lições ficaria m corn David para se m p r e . Do mes m o mod o que traria se m p r e a irmã no coraç ã o , assi m ta m b é m aí guar d a ri a a lembr a n ç a do Home m . A viag e m de regr e s s o a cas a foi muito mais curt a do que David esp e r a r a . Apena s uma hora após a sua partid a, o rap az ap a n h o u uma boleia que o deixou a pouco s quilóm e t r o s de cas a. Sento u- se na caixa de carg a de um camiã o, corn dois cies, e sentia o vento de enco n tr o à pele e o sol a bat e r- lhe no rósto. O que via e ouvia era mar a vilhos o: uma estr a d a velha e poeire n t a cerc a d a por vales e prado s , pás s a r o s esvo a ç a n d o sobre a sua cab e ç a , o ruído do motor, tudo est a v a como devia. Depois de saltar do ca mi ã o, David enc a mi n h o u- se para o cemit é rio ond e a irmã est a v a sepult a d a . Tal como havia calcula d o, o pai tinha cons e rv a d o a lápide limpa enqu a n t o ele estiver a aus e n t e . O jove m ajoelhou- se e sentiu aqu el a terr a que agor a cobria a irmã. Pegou nu m punh a d o de terr a, olhou- a e depois deixou- a delizar por entr e os dedo s. Duran t e bas t a n t e te m p o pen s o u em silêncio. Ela está e m paz para todo o 126 se m pr e , isso sabia ele, e as apariçõe s que lhe fazia seria m cada vez m e n o s frequ e n t e s . David sabia que honr aria a sua me m ó ri a send o feliz. O seu espírito est a v a agor a livre de quais q u e r preoc u p a ç õ e s terr e n a s . David limpou o suor da tes t a. Iria est a r muito calor lá mais para a tard e . O sol já est a v a abra s a d o r . Suspirou ao olhar de novo par a a cam p a da irmã.
- Obrigado - suss urr o u ele. O vento ululou em res po s t a . Quan d o com e ç a v a a afas t a r- se do ce mit ério, David sentiu uma tont ur a . Ficou corn a boca sec a e a sua res pir aç ã o acelero u. O seu coraç ã o bat e u mais forte e perd e u o equilíbrio. Caiu e levan t o u- se a tre m e r . Voltou a cair. Des m ai o u. Do que se lembro u a seguir foi de acord a r. Enqu a n t o sonh a v a , sentiu algu é m ab a n á- lo. David abriu os olhos cans a d o s . Deitad o no chão, olhou par a cima e viu o pai de pé, junto dele, corn a preoc u p a ç ã o est a m p a d a no rosto. - Estás be m? - perg u n t o u- lhe o pai. - Eu... eu acho que sim - gag u ej o u David. Clareo u a garg a n t a . - O que é que acon t e c e u ? - Não sei. Fiquei tonto de rep e n t e . O pai sus pirou de alívio. - Deixa- me ajud a r- te - diss e ele oferec e n d o- lhe uma mão. David ag arro u- se a ela e levan t o u- se. Ainda sentia as pern a s um tant o vacilant e s . Sacudiu o pó da roup a. - Ia a camin h o de cas a para falar consigo. Nem vai acre dit a r no que me acont e c e u . O pai sorriu. - Descobrist e o significad o do perg a mi n h o , não foi? David ace n o u rapid a m e n t e corn a cab e ç a . - Hm- hm. Na realida d e , tive a ajud a do Home m das Monta n h a s . Não o teria cons e g ui d o se m ele. 127
O pai levan t o u as sobra n c el h a s de esp a n t o . - Falast e corn Tunkasilal - Sim - respo n d e u David ace n a n d o a cab e ç a . - Estive na cab a n a dele dura n t e muitos dias. É um gran d e profes s or. O pai sorriu outra vez. David olhou para ele corn curiosid a d e e perg u n t o u : - Por que é que est á a sorrir? - Meu filho, esto u orgulho s o por tere s apr e n did o o significado das imag e n s do perg a mi n h o . Muito pouco s cons e g u e m enco n tr a r a verd a d e . Es um jove m muito esp e ci al. Tunka sila só pen e t r a na me n t e dos que são cap az e s de o compr e e n d e r . - O que quer dizer? - David - diss e ele, à me did a que emp u rr a v a suav e m e n t e o filho pelo ombro -, dizes que estive s t e aus e n t e dura n t e muitos dias? - Sim - replicou o rap az corn caut el a. - Mas como é que isso pod e ser? Só ont e m à noite é que eu te dei o perga m i n h o . Tivest e um sonho. Onte m à noite vi-te sair de cas a a camin h o do ce mit ério. Segui- te de perto e fiquei aqui a noite tod a contigo. - Isso é impos sív el... - Não. E verd a d e . - Mas eu vi- o! Ele até me deu um novo perg a mi n h o . Tenho- o aqui no me u bolso... David procuro u- o e tirou- o do bolso. Des e n r olou- o cuida d o s a m e n t e . Era o me s m o perg a mi n h o que o pai lhe havia dado. Aquele que ele pen s a r a ter oferecido a Tunka sila. Olhou par a o pai de olhos arre g al a d o s . - Quer dizer que foi um sonho? O pai encolh e u os ombro s . - Que m é que pod e dizer o que é sonho e o que é realida d e ?
- Mas... eu falei corn ele. - E tenh o a cert ez a de que ele falou contigo. Como te diss e, Tunka sila visita algu m a s me n t e s que o poss a m compr e e n d e r . 128 David olhou em volta do cemit é rio e sentiu uma ond a de calor esp alh a rse dentr o de si. Um sonho? Uma visão? Nunca aba n d o n a r a o lar e, no ent a n t o , tinh a apr e n did o o significado do perg a mi n h o ? Mas isso é impos sív el! Eu parti e m viag e m . .. Eu desco bri as lições de Itkumi e apren di a história da Árvore Sagrad a. Apren di os dez princípios e desco bri o significado da m e ditaç ã o e da oração! Não podia ter apren dido tudo nu m a noite... principal m e n t e se eu ainda esta v a a dor mir! O pai, que pare ci a ter- lhe lido o pen s a m e n t o , diss e suav e m e n t e : - Os sonho s pod e m ser muito reais, David. Que m é cap az de explicar de ond e vêm? Talvez Wakan t a n k a tenh a inspirad o o teu sonho. Ele é cap az de tudo. Talvez tenh a s partido em viage m , ma s se o fizest e, não foi nes t e m u n d o. Dei- te o perg a mi n h o a noite pas s a d a , e tu viest e par a aqui. Acabei por te acord a r qua n d o te ouvi ge m e r. O teu sonho est a v a a desv a n e c e r- se, e a tua alma est a v a a lutar par a entr ar nes t e mun d o de novo. - Mas como? - Tu quis es t e a verd a d e , me u filho. Encontr a s t e as respo s t a s que tanto procur a v a s . David franziu o sobrolho. O pai pôs- lhe o braço em volta dos ombro s e enc a mi n h a r a m - se par a fora do cemit é rio. - Vamos par a cas a. Deves est a r corn muit a fome. Todas as viag e n s , me s m o as da alma, faze m fome às pes s o a s . Enqu a n t o camin h a v a m em direcç ã o a cas a, David olhou, sobr e o ombro, para as Monta n h a s Negra s des e n h a d a s na distâ n cia. Por um insta n t e , julgou que podia ver a cab a n a e as peq u e n a s ond a s de fumo que subia m da lareira... Mas claro que não havia lá nad a.
Ou havia? 129
L 1
O Mundo de Sofia,
38. JOSTEIN GAARDER 2. Os Filhos do Graal, 3V. PETER BERLING 3. Outrora Agora, 40.
AUGUSTO ABELAIRA 4. O Riso de Deus, 41. ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA 5. O Xangô de Baker Stre e t, 42. IO SOARES 6. Crónica Esque cid a d’El Rei D. João II, 43. SEOMARA DA VEIGA FERREIRA 7. Prisão Maior, 44.
GUILHERME PEREIRA 8. Vai Aonde Te Leva o Coraç ã o, 45.
SUSANNA TAMARO 9. O Mistério do Jogo das Paciê nci a s, 46. JOSTEIN GAARDER 10. Os Nós e os Laços, 47.
ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA 11. Não É o Fim do Mundo, 48.
ANA NOBRE DE GUSMÃO 12. O Perfum e , 49.
PATRICK SUSKIND 13. Um Amor Feliz, 50.
DAVID MOURÃO-FERREIRA 14. A Desord e m do Teu Nom e, 51. JUAN JOSÉ MILLAS 15. corn a Cabeç a nas Nuve n s, 52.
SUSANNA TAMARO 16. Os Cem Sentidos Secre t o s, 53.
AMY TAN 17. A História Interminá vel, 54.
MICHAEL ENDE 18. A Pele do Tambor, 55.
ARTURO PÉREZ-REVERTE 19. Concerto no Fim da Viage m , 56. ERIK FOSNES HANSEN 20. Persua s ã o, 57.
JANE AUSTEN 21. Neand e r t al, 58. JOHN DARNTON 22. Cidadel a, 59.
ANTOINE DE SAINT-LXUPÉRY 23. Gaivot a s em Terra, 60. DAVID MOURÃO-FERREIRA 24. A Voz de Lila, 61. CHIMO 25. A Alma do Mundo, 62. SUSANNA TAMARO 26. Higiene do Assas si no, 63. AMÉLIE NOTHOMB 27. Ense a d a Amena, 64. AUGUSTO ABELAIRA 28. Mr. Vertigo, 65. PAUL AUSTER 29. A Repúblic a dos Sonhos, 66. NELIDA PINON 30. Os Pioneiros, 67.
LUISA BELTRÃO 31. O Enigm a e o Espelho,
68. JOSTEIN GAARDER 32. Benja mi m , 69.
CHICO BUARQUE 33. Os Impet uo so s . 70.
LUÍSA BELTRÃO 34. Os Bem- Avent ura d o s. 71.
LUÍSA BELTRÃO 35. Os Mal-Amados, 72. LUISA BELTRÃO 36. Território Coma nc h e , 73. ARTURO PÉREZ-REVERTE 37- O Grand e Gatsbv, 74.
F. SCOTT FITZGERALD A Música do Acaso, 75. PAUL AUSTER Para Uma Voz Só, 76. SUSANNA TAMARO A Hom e n a g e m a Vénus, 77. AMADEU LOPES SABINO Malena É Um Nome de Tango, 78. ALMUDENA GRANDES As Cinza s de Angela, 79. FRANK McCOURT O Sangu e dos Reis, 80. PETF.R BERLING Peça s cm Fuga, 81. ANNE MICHAELS Crónica s de Um Portue n s e Arrepe n di do, 82. ALBANO ESTRELA Leviat ha n , 83. PAUL AUSTER A Filha do Canibal, 84. ROSA MONTERO A Pesc a à Linha - Algum a s Memórias, 85. ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA O Fogo Interior, 86. CARLOS CASTANEDA Pedro e Paula, 87. HELDER MACEDO Dia da Indep e n d ê n c i a , 88.
RICHARD FORD A Memória das Pedra s, 89. CAROL SHIELDS Querida Mathilda, 90. SUSANNA TAMARO Palácio da Lua, 91. PAUL AUSTER A Tragé dia do Titanic, 92. WALTER LORD A Carta de Amor, 93. CATHLEEN SCHINE Profundo como o Mar, 94. JACQUELYN MITCHARD O Diário de Bridge t Jones, 95. HELEN FIELDING As Filhas de Hanna , 96. MARIANNE FREDRIKSSON Leonor Teles ou o Canto da Sala m a n dr a , 97. SEOMÃRÃ DA VEIGA FERREIRA Uma Longa História, 98. GUNTER GRASS Educ a ç ã o para a Tristeza , 99. LUÍSA COSTA GOMES História s do Paranor m al - I Volum e, 100 Direcç ã o de RIC ALEXANDER Sete Mulhere s, 101 ALMUDENA GRANDES O Anatomist a , 102, FEDERICO ANDAHAZI A Vida É Breve, 103, JOSTEIN GAARDER Memórias de Uma Gueixa, 104 ARTHUR GOLDEN As Conta dora s de História s, 105. FERNANDA BOTELHO O Diário da Nossa Paixão, 106. NICHOLAS SPARKS História s do Paranor m al - II Volum e, 107. Direcç ã o de RIC ALEXANDER Pere grina ç ã o Interior - I Volum e, 108. ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA O Jogo de Morte, 109. PAOLO MAURENSIG Amant e s e Inimigos, 110. ROSA MONTERO As Palavra s Que Nunc a Te Direi, 111. NICHOLAS SPARKS
Alexandre , O Grand e - O Filho do Sonho, VALERIC MASSIMO MANFREDI Pere grina ç ã o Interior - II Volum e ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA Este É o Teu Reino, ABÍLIO ESTÉVEZ O Home m Que Matou Getúlio Varga s, JÔ SOARES As Piedosa s, FEDERICO ANDAHAZI A Evoluçã o de Jane, CATHLEEN SCHINE Alexandre , O Grand e - O Segre do do Oráculo, VALERIC MASSIMO MANFREDI Um Mês corn Mont alba n o, ANDREA CAMILLERI O Tecido do Outono, ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA O Violinist a, PAOLO MAURENSIG As Visões de Simão, MARIANNE FREDRIKSSON As Desve n t ur a s de Margare t , CATHLEEN SCHINE Terra de Lobos, NICHOLAS EVANS Manual de Caça e Pesc a para Rapariga s, MELISSA BANK Alexandre , O Grand e - No Fim do Mundo, VALERIO MASSIMO MANFREDI Atlas de Geografia Hum a n a , ALMUDENA GRANDES Um Mome nt o Inesqu e cí vel, NICHOLAS SPARKS O Último Dia, GLENN KLEIER O Círculo Mágico, KATHERINE NEVILLE Receit a s de Amor para Mulhere s Tristes, HÉCTOR ABAD FACIOLINCE Todos Vulnerá vei s, LUÍSA BELTRÃO A Conc e ss ã o do Telefone, ANDREA CAMILLERI Doce Compa n hi a , LAURA RESTREPO
A Namora d a dos Meus Sonhos, MIKE GAYI.E A Mais Amada, JACQUELYN MITCHARD Ricos, Famosos e Bene m é ri tos, HELEN FIELDING As Bailarina s Mortas, ANTONIO SOLER Paixõe s, ROSA MONTERO As Casa s da Celest e , THERESA SCHEDEL Ã Cidadel a Branc a, ORHAN PAMUK Esta E a Minha Terra, FRANK McCOURT Simple s m e n t e Divina, WENDY HOI.DEN Uma Propost a de Casa m e n t o, MIKE GÃYLE O Novo Diário de Bridge t Jones, HELEN FIELDING Crazy - A História de Um Jovem, BENJAMIN LEBERT Finalm e n t e Juntos, JOSIE LLOYD E EMI.YN REES Os Pássa ros da Morte, MO HAYDER
112. A Papisa Joana, DONNA WOOLFOLK CROSS 113. O Aloendro Branco, JANET FITCH 114. O Terceiro Servo, JOEL NETO 115. O Tempo nas Palavra s, ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA 116. Vícios e Virtude s, HELDER MACEDO 117. Uma História de Família, SOFIA MARRECAS FERREIRA 118. Almas à Deriva, RICHARD MASON 119. Coraçõe s em Silêncio, NICHOLAS SPARKS 120. O Casa m e n t o de Amand a , JENNY COLGAN 121. Enqua n t o Estivere s Aí, MARC LEVY 122. Um Olhar Mil Abismos, MARIA TERESA LOUREIRO 123. A Marca do Anjo, NANCY HUSTON 124. O Quarto do Pólen, ZOE JENNY 125. Respon d e - me, SUSANNA TAMARO 126. O Convida do de Alberta , BIRGIT VANDERBEKE 127. A Outra Metad e da Laranja, JOANA MIRANDA 128. Uma Viage m Espiritual, BILLY MILLS e NICHOLAS SPARKS 129. Fragm e n t o s de Amor Furtivo, HÉCTOR ABAD FACIOLINCE 130. Os Hom e n s São como Chocola t e , TINA GRUBE 131. Para Ti, Uma Vida Nova, TIAGO REBELO 132. Manuel a, PHILIPPE LABRO 133. A Ilha Décim a , MARIA LUlSA SOARES 134. Maya, JOSTEIN GAARDER 135. Amor É Uma Palavra de Quatro Letra s, CLAIRE CALMAN 136. Em Memória de Mary, JULIE PARSONS 137. Lua- de- Mel, AMY JENKINS 138. Nova m e n t e Juntos, JOSIE LLOYD E EMLYN REES 139. Ao Virar dos Trinta, MIKE GAYLE 140. O Marido Infiel, BRIAN GALLAGHER 141. O Que Significa Amar, DAVID BADDIEL 142. A Casa da Loucura , PATRICK McGRATH 143. Quatro Amigos, DAVID TRUEBA 144. Estou- me nas Tinta s para os Home n s Bonitos,
176. TINA GRUBE
145. Eu até Sei Voar, 177. PAOLA MASTROCOLA 146. O Hom e m Que Sabia Contar, 178. MALBATAHAN 147. A Época da Caça, 179. ANDREA CAMILLERI 148. Não you Chorar o Passa d o, 180. TIAGO REBELO 149. Vida Amorosa de Uma Mulher, 181. ZERUYA SHALEV 150. Danny Boy, 182. JO-ANN GOODWIN 151. Uma Prom e s s a para Toda a Vida, 183. NICHOLAS SPARKS 152. O Roma nc e de Nostra d a m u s - O Press á gi o,
184. VALERIO EVANGELIST!
153. Cena s da Vida de Um Pai Solteiro, 185. TONY PARSONS 154. Aquele Mome nt o, 186. ANDREA DE CARLO
155. Rena sci m e n t o Privado, 187. MARIA BELLONCI 156. A Morte de Uma Senhora, 188. THERESA SCHEDEL 157. O Leopardo ao Sol, 189. LAURA RESTREPO 158. Os Rapaze s da Minha Vida, 190. BEVERLY DONOFRIO 159. O Roma nc e de Nostra d a m u s - O Enga no,
191. VALERIO EVANGELIST!
160. Uma Mulher Desobe di e n t e , 192. JANE HAMILTON 161. Duas Mulhere s, Um Destino, 193. MARIANNE FREDRIKSSON 162. Sem Lágrim a s Nem Risos, 194. JOANA MIRANDA 163. Uma Prom e s s a de Amor, 195. TIAGO REBELO 164. O Jovem da Porta ao Lado, 196. JOSIE LLOYD St EMLYN REES 165. € 14,99 - A Outra Face da Moeda, 197. FREDERIC BEIGBEDER 166. Precisa- se de Hom e m Nu, 198. TINA GRUBE 167. O Príncipe Siddhart a - Fuga do Palácio, 168. O Roma nc e de Nostra d a m u s - O Abismo,
199. PATRÍCIA CHENDI 200. VALERIO EVANGELIST!
169. O Citroe n Que Escre via Novelas Mexican a s,
201 JOEL NETO
170. António Vieira - O Fogo e a Rosa, 202, SEOMARA DA VEIGA FERREIRA 171. Jantar a Dois, 203 MIKE GAYLE 172. Um born Partido - I Volume , 204 VIKRAM SETH 173. Um Encontro Inesp er a d o, 205 RAMIRO MARQUES 174. Não Me Esque c e r ei de Ti, TONY PARSONS 175. O Príncipe Siddhart a - As Qua tro Verda de s , PATRÍCIA CHENDI . O Claustro do Silêncio, l LUÍS ROSA l . Um born Partido - II Volum e,
l
VIKRAM SETH ’ l . As Confissõe s de Uma Ado!esc eJ CAMILLA GIBB J . Bons na Cam a, l JENNIFER WEINER l . Spider, J PATRICK McGRATH l . O Príncipe Siddha rt a - O SorrisrJ PATRÍCIA CHENDI | . O Palácio das Lágrim a s, m ALEV LYTLE CROUTIER
l . Apena s Amigos, I
ROBYN SISMAN I . O Fogo e o Vento, l SUSANNA TAMARO l . Henry & June, I ANAIS NIN l . Um born Partido - In Volum e, l
VIKRAM SETH ’ l ’. Um Olhar à Nossa Volta, l ANTÓNIO ALÇADA BAPTIST! :. O Sorriso das Estrela s, | NICHOLAS SPARKS ’. O Espelho da Lua, JOANA MIRANDA j
l. Qua tro Amigas e Um Par de Cd ANN BRASHARES l . O Pianist a, j WLADYSLAW SZP1LMAN ’.. A Rosa de Alexa ndri a, MARIA LUCÍLIA MELEIRO >. Um Pai muito Especial, | JACQUELYN MITCHARD
i -. A Filha do Curand eiro,
AMY TAN i. Começ ar de Novo, ANDREW MARK i i. A Casa das Velas, : K. C. McKINNON ’. Última s Notícias do Paraíso,
!
CLARA SANCHEZ \ i. O Coraç ã o do Tártaro, l ROSA MONTERO j í. Um País para Lá do Azul do Ca SUSANNA TAMARO ). As Ligaçõe s Culinárias, l ANDREAS STAIKOS _ j ,. De Mãos Dada s corn a Perfeiç ãl SOFIA BRAGANÇA BUCHH< | !. O Vende d or de Histórias,
l
JOSTEIN GAARDER l I. Diário de Uma Mãe, i JAMES PATTERSON l k Nação Prozac, l ELIZABETH WURTZEL TIAGO REBELO l
j ”). Uma Quest ã o de Confianç a,
i