Tiamat - World
Christine Feehan Cárpatos 20
Tiamat-World apresenta:
“Assassina Escura”
Disponibilização em espanhol: LLL Colaboração: 1º capítulo gentilmente cedido pelas Revisoras Elloras Tradução: Gisa Revisão Inicial: Lucilene Revisão Final e Formatação: Táai Arte e Logo: Suzana Pandora Tiamat - World Resumo:
No mundo dos vampiros persiste o rumor da existência de uma caçadora que viaja com uma manada de lobos e destrói qualquer vampiro que cruza seu caminho. Misteriosa, escorregadia e, aparentemente, impossível de matar, é a única caçadora que semeia o terror nos corações dos não mortos. Ela é Ivory Malinov. Seus únicos irmãos são os lobos. Traída há muito tempo por sua gente, abandonada por sua família, e expulsa por todos aqueles a quem amava, Ivory leva um século vivendo sem companhia e sem amor. Conservou a prudência graças a seu costume de caçar e de alimentar-se. Até a noite em que capta o aroma de um homem, sua inesperada salvação. Seu companheiro. A maldição de todas as mulheres carpatianas. Ele é Razvan. Taxado de criminoso, detestado e temido, é um Caçador de Dragões descendente de uma das mais importantes linhagens dos Cárpatos, criado como seu mais desprezado — e cativo — inimigo. Fugindo de sua prisão eterna, Razvan agora procura o amanhecer para pôr fim a sua terrível existência. Mas em vez disso, encontra sua liberação na sombria caçadora. Ivory e Razvan foram feitos um para o outro; em espírito, em carne e sangue; no amor e na guerra. Para toda a eternidade…
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Capítulo 1 (Capítulo revisado pelas Revisoras Elloras) O redemoinho de névoa cobriu as montanhas e se arrastou no profundo bosque, introduzindo mantas de brancura através das árvores carregadas de neve. Profundas depressões cheias de neve ocultavam a vida sob o manto de cristais de gelo e entre as bordas da corrente. Os arbustos e os campos de erva se elevavam como estátuas, congeladas no tempo. A neve dava ao mundo um molde azulado. O bosque, onde penduravam pedaços de gelo e a correnteza estava congelado em formas estranhas, parecia um misterioso e estranho mundo. Limpo, frio e revigorante, o céu da noite brilhava de forma brilhante com estrelas e uma lua cheia resplandecente orvalhava de luz prateada o solo congelado. As sombras silenciosas escorregavam pelas árvores e os arbustos cobertos de gelo, movendo-se com absoluta cautela. As grandes patas deixavam rastros na neve, uns bons quinze centímetros de diâmetro, uma só fila, o rastro serpenteava entre as árvores e o espesso mato. Embora parecessem em boa forma, fortes com músculos de aço curvando-se sob a pele grosa, os lobos tinham fome e necessitavam alimento para manter à manada viva através do longo e brutal inverno. O alfa se deteve repentinamente, ficando muito quieto, farejando o rastro a seu redor, levantando o nariz para farejar o vento. Os outros se detiveram, só fantasmas, sombras silenciosas que se abriram em leque imediatamente. O alfa se adiantou, permanecendo a favor do vento enquanto os outros se abaixavam, esperando. Um metro mais longe, um grande pedaço de carne crua estava estendido no atalho, fresca, o aroma vagava pelo ar tentadoramente para o lobo. Cauteloso, rodeou-a, utilizando o nariz para detectar o perigo potencial. Não farejando nada exceto a carne, com a saliva derramando-se e o ventre vazio, aproximou-se outra vez, entrando em favor do vento, orientando-se para o grande pedaço de alimento salvador. Aproximou-se três vezes e se retirou, mas não se apresentou nenhuma insinuação de perigo. Aproximou-se uma quarta vez e algo se deslizou sobre seu pescoço.
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O alfa saltou atrás e o arame apertou. Quanto mais lutava, mais lhe cortava o arame, estrangulando o ar dos pulmões e fechando a carne. A manada lhe rodeou, sua companheira se apressou a lhe ajudar. Ela começou a lutar quando outro arame lhe agarrou o pescoço, quase a fazendo cair. Por um momento houve uma quietude, quebrada só pelo fôlego ofegante dos dois lobos apanhados. Um galho estalou. A manada girou e se dissolveu em uma rajada fugindo às sombras, de volta à grossa cobertura das árvores. Os arbustos se separaram e uma mulher deu um passo no claro1. Ela estava vestida com botas negras de inverno, calças negras baixas nos quadris, um colete negro sem mangas que lhe deixava o estômago descoberto e tinha dois conjuntos de fivelas de aço lhe percorrendo a metade dele. As seis fivelas eram brilhantes, quase decorativas, com pequeninas cruzes embutidas nas peças quadradas de prata. O abundante cabelo negro azulado se estendia além da cintura, empurrado para trás em uma grossa trança. O comprido abrigo com capuz que levava feito do que parecia ser a pele de um só lobo prateado, caía-lhe completamente até os tornozelos. Levava uma balestra2 em uma mão, uma espada em um quadril e uma faca na outra. As flechas estavam jogadas em uma aljava sobre o ombro e por baixo pelo interior da larga pele do lobo havia pequenos laços que continham várias armas de folhas afiadas. Uma funda3 pendurada embaixo, adornada com filas de pontas de flechas pequeninas, planas e afiadas albergava uma pistola em seu quadril. Deteve-se por um momento, inspecionando a cena. — Fiquem quietos. — sussurrou, com irritação e autoridade com sua voz suave. Ambos os lobos deixaram de lutar instantaneamente diante a ordem, esperando, os corpos tremiam, puxando dos lados e as cabeças abaixo para aliviar a terrível pressão ao redor das gargantas. A mulher se moveu com fluída graça, deslizando-se sobre a superfície mais que se afundando na casca de gelo. Estudou as armadilhas, uma multidão delas, com desgosto nos olhos escuros. — Eles fizeram isso antes. — repreendeu —Mostrei-lhe isso, mas estava muito ávido, procurando uma comida fácil. Deveria deixar morrer aqui em agonia. — inclusive enquanto repreendia aos lobos, retirou um par de cortadores de dentro da pele do lobo e cortou os arames, liberando os lobos. Empurrou os dedos na pele, sobre os profundos cortes em suas gargantas e colocou a palma sobre os talhos, cantando suavemente. Uma luz branca ardeu sob a mão, resplandecendo através da pele dos lobos. — Isto deveria lhes fazer sentir melhor. — disse, o carinho se arrastava em seu tom enquanto coçava as orelhas de ambos os lobos.
1
Nota da Revisora: sinônimo de clareira.
2
Nota da Revisora: é uma arma com a aparência de uma espingarda, com um arco de flechas, acoplado na ponta da coronha, acionada por gatilho, que projeta setas, dardos similares a flechas. 3
Nota da Revisora: é uma arma de arremesso constituída por uma correia ou corda dobrada, em cujo centro é colocado o objeto que se deseja lançar. Também chamada de atiradeira, catapulta ou estilingue, embora alguns desses nomes possam remeter a tipos de armas de arremesso específicos.
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O alfa grunhiu uma advertência e sua companheira mostrou os dentes, ambos afastando a cara da mulher. Ela sorriu. — Cheiro-lhe. É impossível não cheirar o nauseabundo fedor do vampiro. Girou a cabeça e olhou por cima do ombro ao alto e poderoso macho que emergiu do tronco retorcido e nodoso de um grande abeto. O tronco estava aberto, quase partido em dois, enegrecido e descascado, as agulhas nos membros estendidos se murchavam enquanto a árvore expulsava à criatura venenosa de suas profundidades. Os pedaços de gelo choveram como pequenas lanças enquanto os ramos tremiam e se sacudiam, tremendo pelo contato com uma criatura tão asquerosa. A mulher se levantou elegantemente, girando-se para encarar a seu inimigo, fazendo gestos aos lobos para que se fundissem com o bosque. — Vejo que apelaste a colocar armadilhas para conseguir sustento estes dias, Cristofor. É tão lento e nauseabundo que não pode atrair a um humano para usá-lo como alimento? — Assassina! — a voz do vampiro parecia oxidada, como se suas cordas vocais fossem raramente utilizadas — Sabia que se atraía a sua manada para mim, viria. A sobrancelha dela se ergueu. — Um bonito convite então, Cristofor. Recordo-te dos antigos dias quando foi um jovem, ainda considerado bonito. Deixei-te sozinho por consideração pelos velhos tempos, mas vejo que deseja a doce liberação da morte. Bem, velho amigo, que assim seja. — Eles dizem que não pode te matar. — disse Cristofor — A lenda que obceca a todos os vampiros. Nossos líderes dizem que lhe deixemos sozinha. — Seus líderes? Uniram-se então, se juntaram contra o príncipe e sua gente? Por que buscas a morte quando tem um plano para governar todos os países? O mundo? — riu suavemente — Parece-me que isso é um desejo tolo, e muito trabalho. Nos velhos tempos, nós simplesmente vivíamos. Esses foram dias felizes. Não os recorda? Cristofor estudou o perfeito rosto. — Disseram-me que foi reconstruída, uma tira de carne cada vez, mas o rosto e o corpo são como eram nos velhos tempos. Ela se encolheu de ombros, negando-se a permitir as imagens desses anos sombrios, o sofrimento e a dor. Verdadeira agonia - quando seu corpo se recusava a morrer e jazia profundamente na terra. Despojado de carne e aberto aos abundantes insetos que se arrastavam na terra. Manteve a face serena, sorrindo, mas por dentro estava quieta, enroscada, preparada para explodir em ação. — Por que não se une a nós? Tem mais razões que qualquer outro para odiar ao Príncipe. — E me unir aos que me traíram e me mutilaram? Acredito que não. Empreendo a guerra onde se deve. — dobrou os dedos dentro das luvas finas e justas — Realmente não deveria haver tocado a meus lobos, Cristofor. Deixaste-me pouca escolha. —Quero seu segredo. Dê-me isso e te permitirei viver. Ela sorriu então, um bonito sorriso, com dentes pequenos e brancos como pérolas. Os lábios eram vermelhos e cheios, uma excitante e sexy curva que lhe
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convidava a compartilhar seu humor. Inclinou a cabeça a um lado, movendo o olhar por sua cara, analisando-o com cuidado. — Não tinha a menor idéia de que tinha chegado a ser tão tolo, Cristo. — chamou-lhe pelo nome que ela tinha utilizado quando foram crianças brincando juntos. Antes. Quando o mundo estava bem — Sou a assassina de vampiros. Você me convocou com suas armadilhas, — ondulou uma mão depreciativa — e crê que deveria estar intimidada por você? Sorriu-lhe, um sorriso malicioso e malvado. — Converteu-se em uma arrogante, Assassina. E descuidada. Você não teve a menor idéia de que a armadilha era para ti e não para seus preciosos lobos. Não tem mais escolha que me dar o que desejo, ou morrerá esta noite. — Que assim seja. — disse ela suavemente, os olhos nos dele. Girando, tirou a espada com uma mão e correu para ele, subindo sobre uma rocha coberta pela neve para lançar seu corpo no ar. Sentiu a mordida de uma armadilha oculta, e interiormente amaldiçoou enquanto a corda se fechava ao redor de seu pescoço. Já estava se dissolvendo, mas o sangue salpicou através da neve com brilhantes gotas carmesim. Cristofor riu e se inclinou para tirar um punhado de neve e lamber as gotinhas, saboreando o sabor puro-sangue Cárpato, não somente pura, a assassina era Ivory Malinov, possivelmente de uma das linhagens mais fortes dos Cárpatos. Seguiu o arco de sangue, viu-a tomar forma a uns poucos pés dele, mais perto da linha de árvores e a satisfação lhe fez cacarejar. Ivory o saudou com dois dedos, tocou a fina linha que lhe corria pelo pescoço e colocou o dedo na boca, chupando o sangue. — Bom ponto. Não vi isso chegar e terei que me desculpar com meus lobos por lhes repreender. Mas, Cristo, se acredita que seu sócio daí detrás no bosque vai te ajudar depois de matar a minha manada de lobos, está se subestimando gravemente. Ela correu para frente outra vez, com a mão baixa atraindo e atirando das pequenas pontas de flecha, as lançando com uma força tremenda para que se enterrassem profundamente no corpo do vampiro, em uma linha reta do ventre até o pescoço. O vampiro rugiu e tratou de se transformar. As pernas desapareceram, fundindo-se no vapor. A cabeça formou redemoinhos e desapareceu. A névoa vagou das árvores em um intento de ajudar a lhe ocultar, coagulando-se ao redor de seu corpo, formando um véu grosso. O torso permaneceu, essa linha reta do ventre ao pescoço, expondo o coração. Afundou a espada profundamente, com o peso do corpo, a força e o ímpeto da carreira conduzindo a folha através do corpo sob o coração. O vampiro chiou horrivelmente. O sangue como ácido se verteu da ferida, crepitando sobre a espada e salpicando através da neve. O metal deveria ter sido corroído, mas a capa que a Assassina utilizava a protegeu, assim como evitou que essa parte do corpo se transformasse. Girou o corpo com uma volta de bailarina, a espada sobre a cabeça, ainda enfiada dentro do peito para cortar um orifício circular ao redor do coração. Ivory retirou a espada e afundou a mão profundamente. — Mostrei meu segredo a você. — lhe sussurrou — Leve isso a sua tumba. — retirou o coração e o lançou longe, levantando os braços para chamar uma espada de relâmpago.
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O raio denteado incinerou o coração e logo saltou ao corpo, queimando-o limpamente. — Encontre a paz, Cristofor. — sussurrou e afundou a cabeça, inclinando-se sobre a espada, as lágrimas brilharam brevemente por seu amigo de infância perdido. Tantos se tinham ido. Nada ficava da vida que uma vez tinha conhecido. Respirou fundo, atraindo a noite revigorante e fria para limpar sua espada e todo o rastro do sangue do vampiro da neve. Recuperou as oito pequenas pontas de flechas e as deslizou nos laços em sua capa antes de estender os braços para a pele prateada. As tatuagens se moveram, surgindo, deslizando-se uma vez mais sobre seu corpo em forma de um casaco. Permitiu que o objeto de vestir prateado se assentasse sobre seu corpo lentamente antes de recolher suas armas e colocar o capuz. Imediatamente pareceu desaparecer, mesclando-se continuamente com as mantas de névoa branca. Ivory se moveu em silêncio, sentindo a energia hostil que irradiava de sua manada. Estavam sendo atacados e sua parede de proteção estava se debilitando. Tinha arrojado o escudo ao redor deles apressadamente quando farejou ao segundo depredador. Não tinha estado tão ansioso pela matança, e se tivesse permanecido a favor do vento, possivelmente tivesse conseguido matar a sua manada de lobos selvagens. Ela não poderia voltar a empregar as flechas com ele, o sangue ácido do vampiro haveria corroído a maior parte da capa. Tinha muito pouco tempo para matar a seu inimigo uma vez que enterrava as pequenas cunhas mortais no corpo do vampiro antes que esse sangue ácido corroesse a capa e permitisse a seu inimigo se transformar. Ziguezagueando entre as árvores, a assassina permaneceu sobre o chão, tomando a forma de um lobo. Com seu pêlo prateado seria difícil distingui-la dos outros lobos na área enquanto se deslizava entre as árvores para o segundo vampiro. Afundou-se detrás de uma árvore caída estudando ao homem que lançava bolas de fogo aos lobos. Tinha-os encurralado na beira da água onde o gelo era fino e perigoso. Ela podia ver fendas espalhando-se pelo escudo que tinha lançado onde o vampiro golpeava continuamente. Respirou, exalou, e se permitiu encontrar esse profundo lugar interior onde havia calma. Onde havia resolução. Ficou de pé e correu para o vampiro, disparando a balestra enquanto o fazia. Outra vez, seu objetivo foi o tronco. Agarrou-lhe enquanto ele girava. Uma flecha lhe cortou pela parte inferior das costas, a segunda falhou por completo. Lançou-lhe a bola de fogo e Ivory deu um salto mortal no chão, permitindo que voasse sobre sua cabeça. Então ficou de pé, ainda correndo, sempre avançando, lhe disparando com a balestra. O vampiro uivou de raiva, o som se cortou bruscamente quando uma flecha golpeou profundamente em sua garganta. Os lobos se lançaram contra a parede, frenéticos para ir a sua ajuda, mas ela sabia que o vampiro simplesmente lhes destruiria. Por outro lado... A assassina se encolheu de ombros, desfazendo-se esta vez da pele prateada de lobo. O pesado casaco aterrissou na neve, espalhado, a pele ondulava como se estivesse viva. O capuz se esticou e se alargou, cada manga fez o mesmo, movendo-se com vida enquanto o corpo do casaco formava três formas separadas para fundir-se com as do capuz e as mangas. Ivory não esperou a que seus companheiros mudassem a suas formas normais, rodou através da neve, elevou-se sobre um joelho, disparando
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mais duas flechas revestidas no peito do vampiro enquanto ele estava distraído pelos seis lobos nascentes. O vampiro sussurrou, os olhos resplandeciam ardentes com ódio. Tratou de se transformar, mas só suas pernas, o ventre e a cabeça tomaram a forma de uma besta multi-armada, deixando o coração exposto. Ele se deu conta de que estava apanhado, mas era completamente consciente da pequena flecha debilitante em suas costas enquanto o metal era destruído por seu sangue ácido. Girou, enviando acima um jorro de neve, reunindo o vento ao redor dele e lançando-o para fora, criando uma tempestade de neve instantânea quando a neve foi atraída ao seu círculo e lançada ao redor dele. Era impossível ver o vampiro no centro dessa tormenta, mas os lobos saltaram através do redemoinho de neve gelada, guiados pelo aroma para atacar, romperamlhe as pernas e os braços, o alfa foi para a garganta em um esforço por derrubá-lo. A assassina lhes seguiu no círculo, com a faca na mão, lançando-se ao combate frenético. Um dos lobos grunhiu, e logo chiou quando o vampiro lhe rasgou os flancos com umas garras curvadas e lançou o corpo a ela. Ivory deixou a balestra cair e agarrou ao lobo quando se estrelou contra seu peito, jogando-a para trás. A tempestade de neve cortou através de sua cara sem misericórdia, rompeu-lhe a pele exposta enquanto se agachava com o lobo em cima dela. Pôs o corpo prateado do alfa a um lado tão suavemente como foi possível e se arrastou para frente rapidamente, cobrindo o solo nevado como uma serpente, recolhendo a mola de suspensão e carregando-a enquanto escorregava para frente. Disparando rapidamente, golpeou-lhe três vezes mais, saltando sobre seus pés justo diante dele, introduzindo a faca profundamente, a mão, envolto em um punho, seguiuo enquanto a folha cortava osso e nervos em um esforço por chegar ao coração. O vampiro gritou, com sangue e cuspe ao redor da boca. Golpeou com o punho no peito dela, tentando chegar ao seu coração, golpeando a fila dupla de fivelas. Rugindo, retirou a mão, a marca de queimadura evidente na carne de seus nódulos. As impressões diminutas de cruzes tecidas em prata e benzidas com água benta tinham queimado a carne quase até o osso. O vampiro rugiu, lhe golpeando na garganta apesar dos lobos que se penduravam em seus braços. As unhas lhe arranharam o pescoço e o ombro, furando a carne com violência enquanto lutava grosseiramente. O macho alfa lhe golpeou no tronco com toda a força, jogando-o para trás e longe de Ivory antes que essas garras envenenadas pudessem lhe perfurar a jugular. Ivory se lançou sobre ele, lhe dando murros com seu punho, alcançando o coração, ignorando o ácido que se vertia sobre as luvas recobertas e começava a arder através delas rapidamente. O vampiro lhe golpeou e a rasgou, mas os lobos lhe seguraram abaixo enquanto ela extraía o pulsante coração negro, o lançava e levantava a mão para o céu. O relâmpago ziguezagueou, golpeou e se estrelou contra o coração, sacudindo o chão. Os lobos saltaram fora de seu caminho e o raio de energia faxineira saltou ao corpo, incinerando ao vampiro e limpando suas flechas. Com cansaço, Ivory banhou suas luvas na luz e então se afundou na neve, sentando-se por um momento, deixando a cabeça pendurada, lutando por ar quando os pulmões ardiam com a necessidade.
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Um dos lobos lhe lambeu as feridas em um esforço por curá-la. Ofereceu-lhe um pequeno sorriso e colocou os dedos na pele da fêmea alfa, esfregando a face na suave pele em busca de consolo. Estes lobos, salvos da morte tantos anos atrás, mais dos que recordava, eram seus únicos companheiros… Sua família. Era sua verdadeira manada e não lhe devia lealdade a ninguém mais exceto a eles. — Vêem aqui, Rajá, — cantarolou ao macho grande —me deixe dar uma olhada em suas feridas. Ainda preso atrás do escudo que ela tinha criado para proteger à manada natural de lobos do vampiro, o alfa rugiu um desafio. Rajá lhe ignorou como tinha feito com tanto outros com o passar dos anos. A manada natural vivia e morria. O ciclo da natureza. E ele tinha aprendido que tais rivalidades insignificantes não lhe tocavam. Enviou ao alfa natural um olhar de puro desdém e se arrastou para Ivory, tombando-se a seu lado para que ela pudesse inspecionar suas feridas. Ela o tinha curado inumeráveis vezes com o passar dos anos, assim como suas irmãs e irmãos curavam as feridas da assassina, sua saliva continha os agentes curativos. Ela raspou a neve do solo congelado e cavou fundo até que teve terra boa. Mesclando sua saliva com a terra, empapou as feridas e logo lhe abraçou. — Obrigado, irmão. Como tantas vezes antes, salvaste-me a vida. Ele a acariciou com o nariz e esperou pacientemente enquanto ela inspecionava a cada um da manada. A fêmea mais forte, Ayame, que devia seu nome à princesa demônio lobo, abraçou-se perto dele, inspecionando suas feridas e lhe passando a língua sobre os outros arranhões que tinha recebido. Seus companheiros de ninhada formavam o resto da manada, Blaez, seu segundo ao mando; Farkas, o último macho, Rikki e Gynger as duas fêmeas menores. Amontoaram-se contra Ivory, pressionando apertadamente seu corpo açoitado e machucado em um esforço por ajudá-la. Os machos da ninhada, nascidos de pais diferentes, eram muito distintos com seus grossos casacos prateados, uma brilhante caída de pele luxuosa, maior que o normal, inclusive as duas fêmeas menores. Todos tinham os olhos azuis de seus dias de filhotes quando Ivory tinha rastreado o sangue e morte de volta à guarida, encontrando os corpos mutilados da manada natural de lobos havia todos esses anos. Inclusive então, já se tinha convertido em um açoite para os vampiros, um sussurro, o começo da lenda e a haviam procurado para destruí-la. Em vez disso, tinham matado e mutilado os corpos da manada de lobos aos que ela tinha devotado amizade. Tinha encontrado aos filhotinhos morrendo, seus corpos quebrados retorcendose através do solo empapado de sangue, tentando encontrar a suas mães. Não pôde suportar perdê-los, a sua única família, seu único contato com o calor e o carinho e lhes tinha alimentado com seu sangue pelo puro desespero por mantê-los vivos. Sangue Cárpato. Quente e curativo. Tinha permanecido na guarida com eles, afastada da luz do dia, quase morrendo de fome. Forçada, outra vez por desespero a tomar pequenas quantidades de sangue deles para manter-se viva. Não se tinha dado conta de que estava fazendo intercâmbios de sangue, até que o maior e mais dominante dos filhotinhos, experimentou a mudança. Os filhotinhos tinham retido os olhos azuis enquanto cresciam, o sangue Cárpato dava a capacidade de mudar. Sua habilidade para comunicar-se com Ivory lhes tinha salvado, lhes dando a função psíquica mental necessária para sobreviver à conversão. Como Ivory, tinham sido feridos milhares de vezes na batalha, mas durante o último
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século tinham aprendido a derrubar exitosamente a um vampiro, os sete trabalhando como uma equipe. Ela jazia na neve, recuperando o fôlego, permitindo que seu corpo absorvesse a dor de suas feridas. A do pescoço pulsava e ardia, sabia que tinha que limpá-la imediatamente. Era insensível ao frio, como todos os Cárpatos. Sua raça era tão velha como o tempo, quase imortal, como tinha averiguado, para seu horror, quando o filho do príncipe a tinha entregue aos vampiros para seu próprio benefício. Nunca tinha conhecido tal agonia, tal batalha interminável profundamente na terra enquanto os anos passavam e seu corpo se negava a morrer. Devia ter feito algum som, embora ela não se ouvisse. Pensou que seu grito foi silencioso, mas os lobos se apertaram mais perto, tratando de consolá-la e a manada natural, atrás do escudo fez seu o grito. Olhando ao céu noturno, da noite, deixou que seus lobos a apaziguassem, que seu amor e devoção, um bálsamo sempre que pensava muito a respeito de sua vida anterior. O tempo se arrastava para frente. Este momento do dia era um inimigo tanto como o vampiro. Tinha que apressar-se a chegar a sua guarida e ainda havia muito que fazer antes da alvorada. Ivory pressionou os dedos sobre os olhos ardentes e forçou seu corpo a moverse. Primeiro, afastou o veneno das lesões na carne, onde as garras venenosas do vampiro a tinham rasgado. Os vampiros que se juntaram usavam pequeninos parasitas parecidos com vermes, para identificá-los uns aos outros e esses parasitas infectavam qualquer ferida aberta. Tinha que expulsá-los por seus poros rapidamente, antes que pudessem se espalhar e requerer uma cura muito mais profunda. Outra vez baixou o relâmpago para matá-los antes de mesclar terra e saliva para tampar suas próprias feridas. — Preparados? — perguntou a sua família, recolhendo suas armas e empurrando as flechas utilizadas de volta a aljava. Nunca deixava nem uma arma e nenhuma flecha atrás, cuidadosa de que sua fórmula não caísse nas mãos dos vampiros, nem pior, nas de Xavier, seu inimigo mortal. Ivory estendeu os braços e a manada saltou junta, formando o longo abrigo no ar enquanto mudavam, cobrindo seu corpo, o capuz sobre a cabeça e a pele fluindo e rodeando-a com calor e carinho. Nunca estava sozinha quando viajava com a manada. Não importava aonde fosse. Quantos dias ou semanas viajasse, eles viajavam com ela, evitando que se voltasse louca. Tinha aprendido a estar sozinha e tinha a cautela natural do lobo para os estranhos. Não tinha amigos, só inimigos, e estava cômoda assim. Atravessando a passos largos pela neve, ondulou a mão e permitiu que o escudo se desintegrasse. A manada natural de lobos formou redemoinhos ao seu redor, ziguezagueando entre suas pernas e farejando seu casaco e botas, saudando-a como um membro da manada. O alfa marcou cada arbusto e árvore na vizinhança para cobrir as marcas do aroma de Rajá. Ivory colocou os olhos em branco diante da demonstração de domínio. — Os machos são iguais em todo mundo, não importa a espécie. — disse em voz alta e verificou aos lobos um por um, assegurando-se de que o vampiro não tinha prejudicado a nenhum deles. — Bem. Vamos alimentar-lhes antes da alvorada. Tenho que viajar e a noite está desaparecendo. — disse à manada. Agarrando o focinho do alfa, olhou aos olhos —
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Encontra e conduz uma caça para mim e a derrubarei para ti. Embora depressa, não tenho muito tempo. Embora falasse com sua própria manada todo o tempo e ele a compreendesse era mais fácil com uma manada selvagem transmitir a ordem em imagens, antes que em palavras. Adicionou um sentido de urgência ao mesmo tempo. Precisava começar a viagem de volta a sua guarida. Usualmente voaria. Cada uma de suas armas era feita de algo natural que podia mudar com ela, para transportar seu arsenal a distâncias longas. Mas primeiro tinha que ajudar à manada a encontrar alimento. Não queria perdê-los durante o inverno, e outra tormenta estava chegando. A manada de lobos se fundiu, uma vez mais desaparecendo no bosque para procurar uma caça. Ela pendurou no ombro a balestra e começou a caminhar através da terra virgem em direção a sua casa. Só faria uns poucos quilômetros antes que a manada pegasse algo em seu caminho, mas estaria muito mais perto de casa e da segurança. Compreendia pouco sobre o estilo de vida moderno. Tinha estado enterrada sob o chão durante tanto tempo, o mundo era irreconhecível quando se elevou. Tinha aprendido, com o tempo, que o filho do príncipe, Mikhail lhe tinha substituído como governante dos Cárpatos e seu segundo ao mando, como sempre, era um Daratrazanoff. Sabia pouco mais deles, mas inclusive o mundo Cárpato tinha mudado drasticamente. Havia tão poucos de sua espécie, a raça aproximando-se da extinção, e quem sabia? Possivelmente era para melhor. Possivelmente seu tempo já tinha passado. Tão poucas mulheres e crianças tinham nascido durante os últimos séculos que a raça estava quase aniquilada. Ela já não era parte desse mundo mais do que o era do mundo moderno humano de hoje em dia. Sabia um pouco de tecnologia, pelos livros que lia, e não tinha o conceito de como seria viver em uma casa ou em uma aldeia, povo, ou, que Deus o proibisse, uma cidade. Apressou seus passos, e outra vez olhou ao céu. Daria à manada de lobos outros vinte minutos para brincar antes de voar. Como fosse ela estava tentando a sorte. Não queria ser apanhada fora à luz da alvorada. Tinha passado tanto de sua vida sob a superfície que não tinha desenvolvido a resistência ao sol como muitos de sua classe tinham feito, capazes de permanecer fora nas horas prematuras da manhã. No momento em que o sol começava a subir ela podia sentir a queimadura. É obvio, possivelmente tinha algo a ver com que a sua pele levava muito tempo para renovar-se, raspada de seu corpo como tinha sido até que não foi nada mais que ossos e uma massa de carne crua. Às vezes, quando despertava, ainda sentia as folhas atravessando ossos e órgãos enquanto a cortavam em pedaços pequenos e a dispersavam pela pradaria, abandonada para ser comida pelos lobos. Recordou o som de sua risada áspera enquanto eles levavam a cabo as ordens dadas por seu pior inimigo… Xavier. O vento começou a aumentar em força e escuras nuvens vagaram sobre sua cabeça, anunciando a tormenta que chegava. Procurou o refúgio das árvores e se protegeu, fechando os olhos para procurar à manada de lobos. Tinham descoberto uma fêmea de veado, magra e consumida pelo inverno, coxeando um pouco por uma ferida em seu corpo velho. Perseguindo-a, a manada se alternou, correndo para Ivory.
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Ela sussurrou suavemente, pedindo o perdão do veado, explicando a necessidade de alimentar à manada enquanto levantava a arma e esperava. Os minutos passaram. O gelo se rachou com um forte rangido perturbando o silêncio. Duros fôlegos explodiram de seus pulmões em um rápido jorro de vapor enquanto o veado se abria caminho entre as árvores e corria pelo solo gelado. Atrás do veado, um lobo correu silencioso, mortal, faminto, movendo-se através da extensão de gelo sobre as patas grandes. Rodeando-os, a manada entrou desde vários ângulos, mantendo ao veado correndo diretamente para Ivory. Tinham caçado desta maneira mais de uma vez, trazendo a presa a ela em momentos desesperados. Ivory esperou até que teve um disparo mortal, não querendo que o veado sofresse antes de liberar a flecha e derrubar ao animal. Antes que o alfa pudesse aproximar-se do cadáver, grunhindo aos outros para que esperassem que ele estivesse cheio, ela correu e recuperou a flecha, afastando-se rapidamente, não querendo utilizar energia para controlar a uma faminta manada quando havia um banquete diante deles. Nunca tinha aprendido a relaxar-se e a tranqüilizar-se sobre a terra onde seus inimigos podiam vir atrás dela de qualquer direção. Mantinha em segredo sua guarida, sem deixar rastros perto da entrada, assim ninguém tinha a oportunidade de rastreála. Seu sistema extraordinário de advertência/proteção não seria detectado, disso estava segura. A entrada não estava protegida com um feitiço, assim se um Cárpato ou um vampiro encontrasse sua guarida, não saberiam se ali estava ou se existia. Tinha aprendido muitos anos atrás que seus inimigos achavam níveis no subsolo mais cômodos e os evitava. A dezesseis quilômetros de sua guarida, foi à terra, aterrissando, ainda correndo, roçando a superfície, com os braços estendidos para que seus lobos pudessem caçar. Todos necessitavam sangue e com os sete espalhados, topariam com um caçador ou uma cabana. Se não, ela entraria na aldeia mais próxima e traria bastante para sustentar à manada. Era muito cuidadosa de não caçar perto de casa, não a menos que tivesse absolutamente que fazê-lo. Enquanto se deslizava entre as árvores e a montanha se elevava alta ao longe, ela encontrou rastros. Um vagabundo madrugador para conseguir madeira possivelmente, ou caçando. Agachou-se e tocou os rastros na neve. Um homem grande. Isso sempre era bom. E estava sozinho. Isso era ainda melhor. A fome a roia agora que se permitiu ser consciente disso. Ivory correu depois dos rastros, seguindo ao macho enquanto ele avançava pelas árvores. O bosque se abriu a um claro onde se assentava uma pequena cabana e uma privada, uma corrente cercava a pradaria que o rodeava. Usualmente a cabana estava vazia, mas os rastros se dirigiam pela neve, dentro. Um rastro fino de fumaça começou a flutuar pela chaminé, lhe dizendo que ele acabava de chegar à cabana de caça e tinha acendido um fogo. Ivory jogou a cabeça para trás e uivou, chamando a sua manada. Esperou na beira do claro e o homem deu um passo fora, com o rifle nas mãos, lançando um olhar ao redor do bosque circundante. Essa chamada solitária lhe tinha assustado e esperou, dividindo a área ao redor da casa. Ivory tomou ao céu outra vez, movendo-se com o vento, parte da névoa que ia rodeando a casa. Parou em cima de sua presa no teto, enquanto ele estudava o
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bosque e então com uma pequena maldição, entrou. Ela viu as sombras revoando entre as árvores e lhes fez gestos. A manada se abaixou, esperando. A fresta sob a porta da cabana era o bastante larga para que a névoa fluísse e Ivory entrou na sala, quente agora pelo fogo crepitante. Só um quarto, com uma pequena lareira e uma estufa de cozinha, a cabana estava quase vazia. Em tempos modernos, ainda o mais pobre dos aldeãos, tinha tão poucos adornos. Olhou ao homem do menor rincão do quarto enquanto vertia água em uma panela e a colocava ao fogo para que fervesse. Cruzando o quarto, materializou-se quase diante dele, deslizando-se entre ele e o fogo, sua vontade já lhe alcançando para acalmá-lo e lhe fazer mais acessível. Os olhos dele se abriram de par em par e logo ficaram vidrados. Ivory o dirigiu a uma cadeira onde pôde sentá-lo. Ela era alta, muito mais alta que muitas mulheres nas aldeias, um presente de sua herança Cárpato, mas esta montanha de homem era ainda mais alta. Encontrou o pulso pulsando a um lado do pescoço e afundou os dentes profundamente. Passou a língua através das feridas de perfuração para fechar os dois buracos e apagar toda evidência de que ela tivesse estado ali. Conseguiu-lhe um copo de água e o apertou contra a boca, lhe ordenando beber e logo pôs outro a seu lado e lhe deu um lençol para manter seu corpo quente antes de sair. A manada a encontrou no mais profundo do bosque, rodeando-a no momento em que ela lhes chamou. O macho alfa veio primeiro, inclinando-se contra seu joelho enquanto ela se ajoelhava e lhe oferecia o pulso, o sangue emanou. Ele lambeu a ferida de sua esquerda enquanto a fêmea se alimentava do pulso direito. Alimentou aos seis lobos e então se sentou por um momento na neve, recuperando-se. Tinha tomado muito do lenhador, embora tivesse tomado cuidado de que ele ainda pudesse funcionar, não querendo que corresse o risco de morrer de frio antes que se recuperasse, e ela estava um pouco drenada depois do combate com os vampiros e logo alimentando à manada. Ficou de pé lentamente e esticou os braços, esperando que os lobos voltassem a mudar para as tatuagens cobrindo sua pele. Quando se uniram com ela, sentiu-se um pouco mais revitalizada, os lobos lhe davam sua energia. Outra vez correu e saltou ao céu, mudando enquanto o fazia lhe dando a seu corpo asas enquanto voava sobre o bosque voltando para casa. As nuvens eram pesadas e cheias e pequenas rajadas de vento sopravam na névoa, apagando o sol nascente. As montanhas se elevaram diante dela, cobertas de neve e altas, ocultando calor e um lar sob as capas de pedra. Encontrou-se sorrindo. Estamos em casa. Enviou à manada. Quase. Tinha que explorar antes de se deixar cair, comprovar em busca de estranhos na área. Fez seu caminho em círculos apertados, mais e mais perto de sua guarida, todo o tempo esquadrinhando em busca de espaços em branco que possivelmente indicasse a um vampiro, ou a interrupção de energia que significava que um mago poderia estar na área. A fumaça e o ruído possivelmente fossem humanos. Os Cárpatos eram mais difíceis, mas tinha um sexto sentido ao respeito deles e podia ocultar-se se sentia a um perto. Quando começou sua espiral para baixo, um incômodo se curvou por seu corpo e então pelo dos lobos. Debaixo dela, através das capas de névoa, captou vislumbres de
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algo escuro imóvel na neve. A neve começava a cair, acrescentando-se a sua perda de visão, e soube pela sensação de ardor que se arrastava sobre sua pele que o sol tinha começado a subir. Cada instinto lhe dizia que aumentasse a velocidade e fosse a sua guarida antes que o sol rompesse sobre a montanha, mas algo mais velho, muito mais profundo, dissuadiu-a. Não podia girar longe do corpo estendido sobre a neve, já sendo coberto com o novo pó que caía. Ou köd belso. — que a escuridão o tome. Amaldiçoando com as antigas maldições Cárpatas que haveria chocado a seus cinco irmãos nos velhos tempos, quando ela era sua protegida e adorada irmã pequena, colocou os pés na neve e abriu os braços para permitir que sua manada descesse de um salto. Os lobos se aproximaram do cadáver com cansaço, rodeando-o em silêncio. O homem não se moveu. Sua roupa estava rasgada, expondo parte do tórax e o ventre gastos aos brilhantes olhos famintos. Rajá se moveu dois passos somente, enquanto a manada continuava rodeando o corpo. O alfa feminino, Ayame, deu um passo atrás do macho, Rajá girou e lhe grunhiu. Ayame saltou atrás e girou despindo os dentes ao seu companheiro. Ivory deu um passo cauteloso mais perto, enquanto Rajá começou a cheirar ao homem imóvel. Tinha sido uma vez um macho poderoso, não havia duvida a respeito disso. Era mais alto que o humano médio por vários centímetros. O cabelo era comprido e espesso, salpicado de cinza estava frouxo e despenteado. Sangue e terra estavam aderidos nas grossas mechas, embaraçados em alguns lugares. Inclinou-se sobre Rajá para conseguir um olhar mais de perto e algo dentro dela mudou. Ofegando, afastou-se para trás bruscamente, seu corpo girando realmente, preparado para fugir. Tinha os ossos fortes de um macho Cárpato, um nariz aristocrático reto, e profundas linhas de sofrimento cortadas em um rosto uma vez formosa. Mas o que realmente chamou sua atenção e a aterrorizou, foi a mancha de nascimento que se mostrava através de sua camisa rasgada e fina. Ela podia ver o dragão no quadril. Não era uma tatuagem, ele tinha nascido com essa marca. Caçador de Dragões. O fôlego saiu de seus pulmões em um fôlego comprido. Ao redor dela a neve continuou caindo e o mundo se tornou branco. Todo som emudeceu. Ela podia ouvir o batimento do coração, muito rápido, a adrenalina bombeando por seu corpo, o sangue rugindo nas orelhas. Rajá lhe deu um golpezinho na perna, indicando que deixassem o corpo onde jazia. Ela respirou, embora os pulmões logo que podiam fazia entrar ar. Seu corpo tremeu realmente. Deu-se a volta, assinalando aos lobos que o deixassem, mas seus pés se negaram a trabalhar. Ela não podia dar um só passo. O homem com o rosto destroçado, o corpo muito magro e apenas pulso, lhe atava a ele. Levantou o rosto aos céus, permitindo que a neve lhe cobrisse a face como uma máscara branca. Rajá deu uma série de choramingos. Parte irmãzinha. Deixa-o. Ele obviamente te incomoda. Parte antes que o sol esteja alto. Pela primeira vez em centenas de anos, ela tinha se esquecido do sol. Esqueceuse da segurança. Tudo o que sabia. Tudo o que tinha aprendido. Tudo se tinha ido por causa deste homem. Queria ir-se. Precisava ir-se, mas tudo nela era atraído por este homem. Päläfertiilam, — companheiro — seu companheiro... A maldição de todas as mulheres Cárpatos.
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Capítulo 2 (A partir daqui revisado pelo Grupo Tiamat-World)
Ivory se agachou ao lado do homem caído, deslizando os dedos sobre o rosto, ao redor do pescoço para sentir o pulso. Era desnecessário. Seu coração havia se ralentizado para igualar-se com o batimento impossivelmente lento do dele. Apartoulhe a neve do rosto e começou um minucioso exame das feridas. O corpo estava entrecruzado com cicatrizes — quase tão ruins como as suas, se permitisse que alguém a visse como estava. A pele estava gelada. Cada Cárpato aprendia desde menino como controlar a temperatura de seus corpos, mas ele estava gelado. Irmãzinha! A choramingação de Rajá terminou em um grunhido de advertência. O sol está subindo. Se não o levasse, ele morreria aqui em campo aberto. O coração gaguejou quando olhou seu rosto. Essa tinha sido sua intenção. Pelas cicatrizes velhas e frescas nos tornozelos e pulsos, podia dizer que tinha sido encadeado, as cadeias revestidas com sangue de vampiro, queimando sua carne cada vez que se movia. Conhecia um homem que utilizava esse método de encarceramento: Xavier, o grande mago. O Caçador de Dragões tinha escapado do cativeiro e em vez de dirigir-se para uma das aldeias em busca de ajuda, tinha entrado no interior do bosque, avançando ao lado mais remoto da montanha onde o sol poderia reclamá-lo. A manada desordenou-se, inquieta agora, lançando olhadas ao céu. A neve começava a cair com mais força, revestindo as peles prateadas. Amaldiçoando, Ivory se esticou para ele, arrumando para sentá-lo em uma posição onde pudesse levantá-lo. Ele abriu os olhos de repente, tempestuosos buracos negros de sofrimento, de determinação, de resolução. Este era um homem forjado nos fogos do inferno, um homem que tinha sofrido uma agonia intolerável e convertido sua mente em pedra. Não poderia manipulá-lo, ela podia ver e sentir isso como se sua energia a rodeasse. — Deixe-me. — sua voz deu uma ordem rouca. Ela sentiu o empurrão mental por trás da brusca ordem e apressadamente impediu a compulsão. A coerção telepática afetou seus lobos; podia vê-los retirandose, e ondeou a mão para retê-los. Só seu longo e muito apertado vínculo com a manada os reteve com ela sob a força dessa compulsão, e isso disse muito a respeito deste homem. Apesar de estar tão débil, meio morto de fome e abatido, era incrivelmente forte… E perigoso. Não ia abrir a boca. Sacudiu a cabeça em silêncio e foi levantá-lo. O Caçador de Dragões retrocedeu e colocou a mão em seu braço com surpreendente gentileza. Ela sentiu a sacudida de eletricidade e seu corpo formigou, o conhecimento repentino forçando o ar a sair dos pulmões em uma sussurrante rajada. — Não compreende. — disse ele — Está em terrível perigo ao estar tão perto de mim. Tenho inimigos poderosos e podem te alcançar através de mim.
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Outra vez sentiu a compulsão de advertência em sua voz. Ele irradiava pureza — verdade. Desejava que ela soubesse que era uma sentença de morte, não só uma sentença de morte, mas também morreria com uma agonia absoluta, uma polegada lenta de cada vez. Amaldiçoou outra vez. Não tinha mais escolha que falar e ele saberia a verdade. Sua espécie tinha um só companheiro. Um. Eles poderiam olhar em todo mundo, durante séculos de vida e a menos que se conectassem com essa pessoa, a que compartilhou a outra metade de sua alma, não seriam companheiros de verdade. Se falasse, ele saberia. Veria em cores, sentiria emoções, não só lembranças. Saberia, e possivelmente já o fazia, que ela era sua outra metade. Sabia que não tinha escolha. Lutaria contra ela, trataria de forçá-la a deixá-lo e ele tinha que saber que ela não podia, que era virtualmente impossível fazer tal coisa por mais que possivelmente quisesse. Ivory sacudiu lentamente a cabeça. O Caçador de Dragões levantou a mão e soube que estava a ponto de falar. Ela falou primeiro. — Não posso e acredito que sabe por que. Se não quer que minha manada e eu soframos a queimadura do sol, deve cooperar. Ela viu a surpresa em seu rosto. O corpo se estremeceu realmente como se explodisse e apertou os olhos com força durante o que pareceu uma quantidade interminável de tempo como se as cores e emoções devolvidas fossem muito entristecedoras, muito deslumbrantes para processá-los. Na verdade, não parecia dar a boa-vinda às notícias mais do que ela o fazia, mas tinha plena consciência de que ele sentia esse mesmo puxão para ela como ela para ele. Quando ele abriu os olhos, a cor formava redemoinhos, escuros, quase negros, e logo se mesclava com um profundo verde esmeralda antes de voltar-se de um negro azulado. Ele piscou e o efeito se foi. Respirou. Deixou-o sair. — Meu inimigo mortal é Xavier, o grande mago. Pode possuir meu corpo à vontade e frequentemente o faz, deslizando-se dentro e fora de mim e cometendo crimes horrorosos e vis contra todos os povos: magos, humanos e Cárpatos por igual. Não pode permanecer perto de mim. Está fraco atualmente, que é pelo que não alcançou meu corpo e o forçou a voltar. Esta é minha única oportunidade de escapar. Ivory sentou sobre seus calcanhares e olhou fixamente aos sombrios e destroçados olhos. Dizia a verdade. Xavier. Ele tinha posto em marcha coisas que nunca poderiam ser desfeitas. Tinha ordenado aos vampiros cortar seu corpo em pedaços. Era um monstro incomparável como o mundo nunca tinha conhecido, e não podia permití-lo recuperar o poder. — Seu inimigo é meu maior inimigo. — disse ela. Tinha muitos. — Deixe-me. Esconda-se. Se eu morrer aqui, não poderá me utilizar para ferir ninguém mais. Irmãzinha! Sai deste lugar. Nos leve para casa. Esta vez Rajá despiu os dentes, sua voz exigente. Irmã. O resto da manada recolheu o grito desesperado. Ivory sentia o ardente picor começando pelo pescoço e os braços nus. Apesar da espessa neve que caía a seu redor, era sensível, ou possivelmente era um temor que tinha desenvolvido com o passar dos anos. Pouco importava. — Como te possuiu?
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— Eu lhe dei uma abertura. — seu olhar ficou preso ao dela enquanto confessava — Havia uma jovem maga que eu gostava. Naquele momento, sem meu conhecimento, Xavier experimentava maneiras de possuir um corpo. Utilizou o meu para impregnar a mulheres. Desejava um fornecimento de sangue e pensava que ter filhos o faria para ele. Sou seu neto. Ivory levantou os braços para permitir que a manada se unisse a sua pele. Agradecido de que ela estivesse finalmente preparando-se para ir, a manada tomou seus lugares de um em um, lhe cobrindo as costas e os braços como se fossem tinta sobre a pele e não criaturas imortais. Ela nunca afastou os olhos de seu companheiro, nunca trocou sua expressão embora dentro dela pudesse ouvir-se chiando. — A jovem mulher teve minha filha, uma menina, bastante formosa. Era assombrosa e talentosa. Todos fomos retidos prisioneiros. Minhas tias, a mãe de minha filha, a pequena e formosa Lara e eu. Não queria que matasse Lara como finalmente fez com sua mãe, e lhe disse que faria qualquer coisa. Ela ofegou com incredulidade. — Ao grande mago? Comercializou sua alma? Com o grande mago? — se sentiu um pouco idiota repetindo-se, mas, quem fazia isso? Quem seria..? — Naquele momento, tinha sido severamente torturado. Tinha deixado que o cadáver da mãe da Lara se apodrecesse diante de nós, e não podia suportar que Lara fosse torturada. Na verdade, não pensava claramente. — sacudiu a cabeça — Não posso recordar os fatos claramente. O tempo os turvou. Mas não pode confiar em mim. Pode tomar este corpo em qualquer momento e me forçar a fazer coisas inexprimíveis a quem amo. Traí todos os que alguma vez significaram algo para mim. — E ainda assim lutou contra ele. Ainda luta. — Sou o filho de meu pai. Xavier o matou também e tratou de possuir minha irmã. Não lhe permiti tê-la. Troquei minha vida pela sua e depois minha alma por minha filha. Não tenho nada para você. Esses olhos penetrantes nunca abandonaram sua face, nem uma vez, e se havia pena ou remorso nessa confissão, ela não a ouviu. Tinha trocado sua vida e estava disposto a morrer este dia, enquanto o sol subia, para proteger os outros, Ivory incluída. — Ele não pode te ter. — disse — Sinto, mas se o que diz é verdade, então eu não tenho escolha exceto te deixar inconsciente para que não conheça o caminho a minha guarida. Pela primeira vez a expressão dele mudou. — Não pode me levar ali, mulher. Proíbo-te. — levantou ambas as mãos e ela sentiu o começo do feitiço que estava lançando, para forçar sua conformidade. Ela foi mais rápida. As mãos altas, devolveu seu feitiço até que pequenas faíscas chocaram entre eles. Sussurrou brandamente e ele piscou, lutando por um momento, mas morto de fome e débil, a cabeça escorregou a um lado e seus olhos se fecharam. Ivory não vacilou quando se decidiu. Jogou o Caçador de Dragões sobre o ombro e saltou para ao céu, competindo com o sol enquanto este se elevava sobre os picos mais altos. Passou como um raio através da neve, esquadrinhando os atalhos que se dirigiam às montanhas em busca de rastros de humanos caçadores de vampiros, raros agora, mas ainda uma ameaça para sua raça. Deixou sair seus dons, procurando sinais
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dos não mortos que podiam ter se protegido perto de sua guarida, ou um caçador perdido, um dos machos Cárpatos aos que tomava cuidado em ocultar sua existência. Na metade do vôo, se encontrou revirando os olhos. Para que tinha servido quando se tropeçou com seu companheiro, tombado na neve, tão magro e cansado, tão abatido pela fome e sofrendo que não pôde ser o suficientemente desumana para deixá-lo ali. — O jelä peje terád, päläfertiilam. — o sol te queima, companheiro – falou em voz alta. Nunca lhe tinha ocorrido que se encontraria em tal apuro. Um macho. Estava levando um macho completamente molhado a sua casa. Seu refúgio. Deveria lhe haver dito terád keje — queime-se —e ter terminado com ele, mas não, ela tinha que ser uma fêmea idiota e levar o maldito homem para casa com ela. Dirigiu-se para o claro entre as duas colunas altas e elevadas de pedra que se elevavam como chifres em cima da montanha. A pedra parecia sólida e ninguém, em todos os anos que tinha estado residindo ali, jamais tinha encontrado essa fenda na pedra esquerda que ia até o interior ao redor da base, onde a torre se encontrava com o pico da montanha. Levou-lhe um momento desabilitar seu complicado sistema mineralógico de segurança para poder passar com o macho. Soprou brandamente no vento, revolvendo a neve em uma mini-tempestade, cobrindo suas gotas enquanto entrava em forma de vapor, vertendo-se como névoa na fenda e avançando para baixo pelo interior da montanha. Passou capas de pedra, covas4 de cristal e gelo, todo o tempo utilizando a pequena fenda que corria para o ponto mais profundo sob o chão, se moveu constantemente mais abaixo até que o calor começou a esquentá-la e a pressão em seu corpo aumentou. Sempre levava alguns momentos ajustar-se à profundidade, mas com o passar dos anos seu corpo tinha se adaptado. Se o Caçador de Dragões tinha sido mantido preso pelo Xavier, então tinha estado escondido nas covas de gelo onde Xavier governava e seu corpo estaria um pouco aclimado às profundidades. Continuou descendo, passando pelas covas onde habitavam os morcegos e inclusive mais abaixo, além das profundidades das covas de gelo, onde nenhum Cárpato tinha dormido que ela soubesse. Havia encontrado terra rica e uma caverna escavada. Ao longo dos séculos, tinha ampliado suas dependências até incluir vários quartos. Havia trazido livros, armazenando-os nas estantes do chão até o teto que tinha criado. Recriou conscientemente cada livro de feitiços que tinha estudado quando assistiu à escola de Xavier, no tempo em que ele tinha sido considerado um amigo do povo Cárpato. Seus móveis se adaptavam a ela e as velas estavam feitas com as melhores fragrâncias curativas e quão minerais podia encontrar. Ao ampliar sua guarida, tinha encontrado um pequeno fluxo de água, e embora tenha tomado quase setenta e cinco anos, tinha escavado uma concha natural na pedra sólida e formado uma piscina para ela mesma. Adorava sua piscina, a água fria e limpa que sempre fluía e caía em cascata pelo chão até a seguinte cama de pedra5 abaixo. 4
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Nota da Revisora: sinônimo de cavernas.
Nota da Revisora: sinônimo de Estromatólito. É uma rocha formada por tapete de limo produzido por microorganismos no fundo de mares rasos, que se acumula até formar uma espécie de recife.
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Uma vez em sua guarida, reprogramou seu extraordinário sistema de alarme com as pedras que não só se acumulavam caindo pela fenda, mas também lhe proporcionavam luz sob a longínqua superfície. Encolheu-se de ombros liberando os lobos no momento em que esteve dentro de sua casa, permitindo que tomassem suas formas naturais, enquanto ela andava a passos longos pelos quartos exteriores, seu salão onde os lobos gostavam de aconchegar-se enquanto ela lia, pintava ou tocava seu instrumento, e logo aos quartos onde fazia seu trabalho com os metais, construindo suas armas, antes de descer a escada que levava ao último quarto onde todos dormiam. Um violino estava em uma caixa contra uma parede de sua câmara; situado perto da profunda concha de rocha que ela tinha enchido da terra mais rica. Deixou o Caçador de Dragões na terra rejuvenescedora e o estudou um momento. Ele lutava, lutava contra o feitiço do sonho. Teve a sensação de que não tinha estado tão profundamente dormido como ela tinha pensado, mas tudo o que realmente importava era que ele não tinha visto a localização de sua guarida. Respirando fundo, deixou suas armas e inverteu o feitiço. O Caçador de Dragões, apesar de sua condição morta de fome e debilitada, se levantou da terra, os olhos sem piedade zangados. Ela caiu longe dele, aterrissando sobre seu traseiro, teve que inclinar a cabeça para olhá-lo. — O que você fez, mulher? — rugiu. Antes que ela pudesse responder, Rajá entrou no quarto e se lançou na garganta do intruso. Foi para cima com os dentes nus. — Não! — ordenou Ivory. O Caçador de Dragões agarrou o lobo imenso pelo pescoço, a força do ataque o conduziu de volta à cama de terra. Ela viu que as mãos o seguraram como um torno 6. O lobo lutou instintivamente em busca de ar. Irmãozinho, ele não é um inimigo. É meu companheiro. Mostrou os dentes ao lobo e ele ficou quieto e submisso nas mãos do Caçador de Dragões. — Deixe-o ir. — ordenou Ivory — Faça-o agora, ou me vingarei. O Caçador de Dragões levantou a sobrancelha, as mãos permaneceram firmes ao redor do pescoço do lobo. — Tenta me ameaçar com danos corporais? Duvido que haja muito que possa fazer que não tenha sido feito. E se desejas me matar, esse é meu desejo, assim não acredito que sirva a seu propósito me intimidar. Ela cuspiu outra maldição. — Veridet peje, que seu sangue arda! Ele soltou o lobo um pouco cautelosamente, mantendo seu olhar fixo no grande alfa e não em Ivory, o que só serviu para irritá-la mais, como se ele pensasse que o animal era mais ameaça para ele que ela. — Meu sangue ardeu em muitas ocasiões, avio päläfertiilam. — minha companheira. Ela deixou sair o fôlego dos pulmões com um sussurro.
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Nota da Revisora: espécie de máquina que possui um agarre preciso e forte. Própria para finalizações em outras peças.
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— Jamais diga “minha companheira”. Não sou tua. Não pertenço a ninguém. Não confio em ninguém, muito menos no neto de Xavier e ainda por cima um Caçador de Dragões. — pôs cada grama de desprezo e repugnância que podia convocar em sua voz. Antes que ele pudesse responder, Ivory trocou sua atenção a Rajá que captando seu humor, mostrava os dentes outra vez, uns grunhidos baixos de advertência retumbavam em sua garganta. Irmãozinho, não tenho paciência para tratar agora com dois machos e seus egos. Vá-te com sua companheira que apaziguará seus nervos e me deixe tratar com este... Este... Não havia palavra suficiente má para descrevê-lo. O lobo enviou ao Caçador de Dragões um último olhar de advertência e logo saiu saltando da câmara, deixando-os a sós. Ivory retrocedeu pelo chão até que houve espaço entre ela mesma e o Caçador de Dragões. Apertou as costas contra a parede, lutando por manter sua serenidade. — Passaram séculos desde que estive sozinha em um quarto com outra pessoa. —confessou ela — Não estou segura do que se faz. — Poderia começar me dizendo seu nome. Ele não sorriu. Não a olhou como se a lua subisse e ficasse com ela, como os companheiros tinham fama de fazer. Nem discutiu que lhe pertencia enquanto cada célula do corpo do Ivory gritava que era verdade. Ivory umedeceu os lábios. — Sou Ivory Malinov, irmã dos cinco que levantaram um exército e uma rebelião de vampiros. Irmã dos aliados contra Xavier. — respirou fundo — E esta não é minha forma verdadeira. — Sou Razvan, neto de Rhiannon e Xavier. Sou um provedor de morte e tortura para todos que se atrevem a aproximar-se de mim, especialmente esses pelos que mais me preocupo. Nunca te reclamarei, assim não se preocupe, Ivory. Deixarei-te logo que possa fazê-lo. — inclinou a cabeça a um lado e estudou seu corpo perfeito — Teme me mostrar sua forma verdadeira? Ivory levantou o queixo. — Não temo nada, Caçador de Dragões, muito menos a você. — Posso ver isso. — disse, um débil sarcasmo se deslizou em seu tom — Embora, na verdade, deveria me temer. Não a mim: ao Xavier. Pode-me encontrar em qualquer lugar que esteja. Deve acreditar-me nisto. — Acredito. Estudei com Xavier, faz muitos anos. Muitos mais dos que quero recordar. Conheço-lhe bem… Muito bem. — Zangou-o de algum jeito. — Razvan fez uma declaração. Ela percebeu que mal podia respirar nos limites próximos do quarto com a fome do Caçador de Dragões golpeando-a. Possivelmente não era somente sua fome. Talvez fosse a maneira em que seus olhos se moviam sobre ela com uma insinuação de posse, um intenso olhar de interesse de um macho. Ninguém a tinha olhado assim desde o filho mais velho do príncipe e isso não tinha resultado tão bem. A pele lhe doía. Os ossos. Ela tinha esquecido essa dor, ou pelo menos a tinha empurrado tão atrás às lembranças que era débil e apagada. Agora, sentindo como ele olhava-a, fazendo perguntas, seu corpo recordou a sensação de agudos objetos cortando osso e tecido. — Ivory. — incitou sua voz agradável — O que fez para lhe zangar?
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Ela se escorou contra a parede, levantou os joelhos e passou os braços ao redor das pernas, fazendo-se muito menor. — Quis ir à escola do Xavier e aprender com ele. Meus irmãos e cinco de seus amigos me criaram. Dez guerreiros fortes que me consentiam cada capricho. Aprendi como lutar, mas nunca me permitiram usar meu conhecimento. Podia fazer coisas que nenhuma outra mulher podia fazer, mas queriam que me sentasse em casa e esperasse um companheiro que me proporcionasse segurança. — sacudiu a cabeça, recordando a frustração de ter um cérebro ativo desesperado pelo conhecimento, de qualquer classe, e chocando contra um muro quando seus irmãos se negaram a lhe permitir qualquer liberdade. Esfregou o queixo nos joelhos. — Naquele momento, Vlad Dubrinsky era o príncipe. — estava-lhe dando uma explicação muito complicada, vagando em vez de fazê-la curta e sucinta. Apertou os dedos sobre os olhos — Acredito que passou tanto tempo desde que mantive uma conversa com alguém exceto com minha manada que esqueci como fazê-lo. — esfregou a mão pela coxa. O olhar de Razvan saltou à mão e se atrasou ali, reconhecendo o sinal de nervos. Ela era selvagem, como sua manada, estava inquieta com sua presença, não porque ele representasse perigo, nem porque fosse seu companheiro, mas simplesmente porque ela era intrinsecamente cautelosa com todos. — Fique tranquila, Ivory. — disse brandamente, cantarolando como se tivesse que domesticar um animal selvagem excitado — Não procuro nada de ti. Não acredito que Xavier cace meu corpo tão logo. Tornou-se fraco e velho sem sangue cárpato do qual alimentar-se. Precisará encontrar sua força antes que possa golpear-me. Lara escapou de sua prisão primeiro e depois minhas tias. Assim no momento está a salvo, mas nunca me dê às costas. Considere me matar. Ela ignorou sua última declaração. — Como escapou? — Xavier tirou meu corpo das cavernas de gelo quando sua fortaleza foi destruída. Agora necessita sangue para sobreviver e ser forte. — olhou seu corpo cansado e machucado com um breve sorriso sem sentido de humor — Utilizou meu sangue até que ficou pouco. Acredito que tinha em mente me matar, mas quando minhas tias escaparam, necessitou meu sangue para manter-se vivo. Está decidido a ganhar a imortalidade. Como pode ver, há pouco de mim, e ele se debilitou tratando de construir sua nova fortaleza. Ivory respirou fundo e deixou o ar sair. Ele podia ver que ela lutava consigo mesma antes de fazer a oferta. — Precisa te alimentar. Sua voz era baixa, tremente, e o coração de Razvan girou dentro do peito. Tinha passado muito tempo desde que outra pessoa lhe tinha devotado uma bondade. — Agradeço-te a oferta, mas devo decliná-la com pesar. Tomei suficiente sangue desses aos que deveria ter protegido e não tomarei o teu. Ela franziu a testa. — Posso sentir sua fome. — Sei. Não posso controlar as necessidades que se derramam pelos fechados limites deste quarto. Sinto sinceramente te causar angústia.
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Ele não queria que ela sentisse a fome que se arrastava por seu corpo, cada célula gritava por sustento. Podia cheirar seu sangue, rico, quente e fluindo por suas veias, chamando-o. Apenas podia pensar, pois estava com os dentes já se alargando e a saliva na boca. O batimento do coração dela se emparelhava com o irregular pulsar dele, e isso lhe preocupava. Sabia pouco de companheiros, e a última coisa que havia querido fazer era sentir emoção verdadeira. Já era suficiente mal recordar como era amar e sentir remorso pelas coisas vis que tinha feito, ainda sob a compulsão de outro, mas tinha levado tudo isso em sua mente e coração e o tinha feito real outra vez. Onde antes tinha estado intumescido durante centenas de anos, agora cada ato terrível e brutal, a violação de mulheres, o ato de alimentar-se de seus próprios filhos, apunhalar sua tia, a traição de todas e cada uma das pessoas às que amava e pelas que se preocupava, tudo isso diante dele, lhe enchendo com aversão e desprezo. Sua alma era tão negra. As emoções se vertiam sobre ele com as lembranças. Sua amada irmã — tinha lutado por salvá-la, mas no final, tinha-a traído. Suas tias — tinha tentado duramente as salvar, mas Xavier tinha controlado seu corpo e ele tinha sido o que afundou a faca no peito de sua tia. Não podia respirar, não podia encontrar ar para arrastar a seus pulmões. A garganta parecia estar em carne viva e se estrangulou, fechando os olhos, tratando de excluir a culpa e o horror de suas ações. Pouco importava que ele não tivesse tido o controle, isso em si mesmo era uma culpa terrível — ou que não tivesse sido o bastante forte para parar Xavier. Lutar contra ele a cada centímetro do caminho não tinha sido suficiente, e agora esta estranha, esta mulher, trazia todos esses detalhes horrorosos, vívidos e repugnantes a sua mente e marcava sua irredimível alma. — Razvan. — sua voz era suave. Agradável — Olhe-me. Ele não podia mover-se. Não podia encará-la. Não, não a ela — a ele mesmo. Amaldiçoou a resistência de seu corpo à morte. Como poderia encarar alguém depois dos crimes terríveis que tinha cometido? Subiu-lhe a bílis e se estrangulou nela, um sabor amargo e metálico. Enxugou-se a face e a palma se manchou de sangue. Cheirou-a, embora ela não fizesse som quando se aproximou, tão silenciosa como seus mortais lobos. Sacudiu a cabeça. — Permaneça atrás. Não te aproxime muito. Porque a fome voltava-o selvagem, enquanto a culpa o voltava meio louco. Agora não era ao Xavier que temia, era ele mesmo. Sabia o quê inclusive o melhor de sua classe podia fazer quando estava morto de fome, e ele estava longe de ser o melhor. Estava amaldiçoado, maldito inclusive, ardiloso E... Tão faminto. Faminto. Ivory se arrastou para ele. — Precisa te alimentar. Alimento a minha manada frequentemente, é sinceramente de pouca importância. Só toma o sangue de meu pulso. Podia-a ver entre os dedos agora, diante dele, com preocupação em seu rosto, embora fosse o suficientemente esperta para recear. Não confiava nele — estava ali em seus olhos. Uma unha se alargou, afiada e ela alcançou seu pulso. Razvan lhe agarrou a mão, a rajada de temor e adrenalina combinados para lhe dar força quando realmente tinha pouca.
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— Não! Não o farei. — o pensamento o adoecia. A oferta do pulso evocou uma visão de uma boca glutona rasgando um pequeno pulso. Estrangulou-se outra vez e girou longe dela. Como diz a alguém que está maldito? Sacudiu a cabeça. — Tem que me levar à superfície e deixar que vá. — Por que não te alimentará? Possivelmente se me diz... Não o contou. Mostrou-o. Ela tinha que ver — saber — o monstro que tinha levado a sua guarida. Apoderou-se de sua mente, fluindo nela, empurrando as lembranças em sua cabeça, forçando-a a olhar quando rasgou o pequeno pulso de uma menina assustada enquanto ela rogava, permitindo ver à mãe de sua filha apodrecer-se enquanto ele gritava, lutava e chorava sangue, furioso com o monstro que o encarcerava. Fez-a olhar enquanto traía sua irmã gêmea, Natalya, e quando afundou a faca no peito de um dragão tratando desesperadamente de ajudar sua filha a escapar. Ela empalideceu, mas não se arrancou de sua mente. Ele a sentiu mover-se em seu interior, alerta, a seu modo natural, mas absorvendo suas lembranças, lendo sua vida. E ele a alimentou, centenas de anos com Xavier, olhando-o torturar e matar. Xavier tinha utilizado seu corpo para cometer atos horrendos uma e outra vez, para criar com mulheres psíquicas escolhidas, tomando posse dele lentamente, e então mais tarde, utilizando-o como um boneco para cometer seus malvados atos. Ela deveria ter retrocedido, deveria ter afundado o punho no peito e extraído seu coração aí mesmo, mas permaneceu, olhando tudo, sem temor, com calma, sem mostrar nada de seus próprios pensamentos. Depois de um momento, ele foi consciente de que estava chorando, em seu interior, por esses anos de tortura e pena, pela arrogância de um jovem que pensou que poderia derrotar sem ajuda, um inimigo que tinha evitado guerreiros e mentes mais velhas e experientes que a sua. Deu-se conta de que estava deitado com a cabeça em seu colo, que sua mão lhe acariciava o cabelo, que o sangue das lágrimas lhe manchavam as coxas. — Vê o que sou? — perguntou. Foi uma súplica. Tinha passado os últimos vinte anos planejando escapar, planejando permitir que o sol limpasse sua alma, para correr o risco na vida depois da morte. Mas aqui estava ela, a única mulher que podia lhe deter, e se negava a lhe deixar partir. Se ele tivesse tido a força, teria lutado por sair, mas não podia arriscar-se a feri-la, e com sua mente tão destroçada e seu corpo tão débil, duvidava que pudesse alcançar a superfície sem uma batalha maior entre eles. — Vejo mais do que pensa. Esqueceste, Razvan, que tive minhas próprias experiências com Xavier. — os dedos lhe acariciaram o cabelo e começaram a fazer pequenos círculos sobre as têmporas — E você revelou muito mais de Xavier e seus feitiços do que sabe. Não gostou da especulação em sua voz, mas nas mãos havia magia, mantendo a angústia de lado, junto com a dor física. — Não pode vencê-lo. Acredite-me, tentei durante séculos e sempre falhei. — deveria ter se afastado dela, mas descobriu que não podia. As mãos induziam uma magia por todo seu corpo. Quanto tempo tinha passado desde que alguém o havia tocado com tal gentileza?
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— Eu tampouco. — respondeu ela — Conhecia Rhiannon e seu companheiro. E quando Xavier lançou um feitiço sobre mim e me arrastou ao fundo do bosque, contou-me seu plano para matar seu companheiro e forçá-la a criar com ele. Já tinha tudo pronto. É obvio que supus que os Cárpatos o derrotariam; éramos muito fortes. Ela se deteve. Sua voz havia se tornado monótona, mais baixa, quase um murmúrio. Sentia as suaves notas deslizando-se dentro dele, acariciando as dolorosas lembranças, empurrando-as atrás brandamente. Tudo a respeito de Ivory parecia suave, liso e tão pacífico. — Ninguém derrota Xavier. Ela se inclinou sobre ele e lhe sussurrou na orelha. — Porque tem ajuda. Sempre tem ajuda. Em cada lembrança que me mostrou, um mago menor encontrou primeiro a plataforma para o feitiço que lançou. Quando me tomou, e logo mais tarde tomou o companheiro de Rhiannon e o assassinou, não foi Xavier quem cometeu o assassinato verdadeiro — embora tenha ouvido que levou o crédito. Foi Draven, o filho mais velho do Príncipe Vlad. Traiu nossa gente com Xavier. Ele entregou o companheiro de Rhiannon, morto, às mãos de Xavier. Razvan tentou mover-se, mas seus membros estavam pesados. Sentia a mente divagar um pouco enquanto ela construía portas, depois as empurrava brandamente e lentamente para que fechassem e prendessem a dor e a culpa onde não pudessem alcançá-lo. De um em um, as lembranças de sua derrota e seus crimes foram bloqueadas lentamente até que sua mente pôde aceitar, de longe, os séculos de fracasso, de tortura e de auto-repulsão. Sua voz era a coisa mais formosa que tinha ouvido e se concentrou nela, nessa melodia suave e doce que pareceu levá-lo a algum lugar, muito longe da brutalidade absoluta de sua existência. — Lembro de Draven. É uma lembrança antiga. Um homem assassino e traiçoeiro que enviava jovens mulheres magas para Xavier em troca de sua informação. Desapareceu um dia e Xavier ficou furioso, lançando maldições vis em cima de Gregori Daratrazanoff semanas depois. Presumi que Gregori, finalmente tinha averiguado sua traição e tinha administrado justiça. — tratou de abrir os olhos para olhá-la, mas as pálpebras eram muito pesadas e não quis incomodar os dedos calmantes — Por que Draven mataria o companheiro de Rhiannon? — se estrangulou um pouco com o nome de sua avó. Tinha as lembranças de seu pai sobre ela, a mulher de voz suave da qual Xavier se tinha alimentado até que seus filhos fossem suficientemente grandes para tomar seu lugar. — Draven estava obcecado por mim. Eu não era sua verdadeira companheira, mas me desejava. Tinha a doença que alguns de nossos machos têm, por causa de estar na linha de sucessão para ser o príncipe, acreditava que devia ter qualquer mulher que desejasse. Meus irmãos se negaram quando eu disse que sabia que não era sua companheira. Quando foram à batalha, o Príncipe Vlad me enviou à escola de Xavier, creio que para me manter longe de Draven. — Assim Draven comprou Xavier com o corpo do companheiro de Rhiannon. — Razvan fez soar como uma declaração. Sua mente parecia em paz, vagando com a carícia dos dedos e a suave melodia de sua voz. Pouco importava que o tema que estavam discutindo era aborrecido, sua mente podia processá-lo sem temor ou culpa ou sem as emoções entristecedoras que se tinham vertido sobre ele com o som de sua voz. Agora, sua mente aceitava
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simplesmente e no momento estava em paz. Não queria que isso terminasse jamais. Imaginou que este momento devia ser próximo ao céu, um refúgio onde nada mau podia acontecer, nem sequer em um ínterim breve. — Sim, mas Draven não contava com o fato de que tive dez guerreiros fortes que passaram toda a vida me ensinando a lutar na batalha. Meus cinco irmãos e os irmãos Da Cruz. — Ivory esfregou mechas de cabelo entre os dedos e então se moveu, só o mais leve dos movimentos, girando-se para que a cabeça estivesse para cima, perto da sua. As pálpebras de Razvan revoaram. Abriu um pouco os olhos e a olhou. Ficou sem ar vendo a mulher em cima dele. A face era ainda a de um anjo, a pele tão perfeita e pura, mas agora podia ver as cicatrizes — cicatrizes terríveis que começavam na garganta e percorriam seu corpo como se ela tivesse sido reconstruída com um arame de anzol. — Ele te fez isto? — exalou as palavras com assombro, sabendo que os Cárpatos não tinham cicatrizes, não geralmente, mas seu corpo estava coberto com linhas, desfigurada em um conjunto de fragmentos de pele costurados juntos quase ao azar. — Draven não gostou que uma mulher o derrotasse, o poderoso, valente príncipe, se seus planos com o Xavier tinham êxito. Não pôde resistir a gabar-se, a me dizer como ia matar seu próprio pai, porque nunca lhe ocorreu que eu podia lutar e derrotá-lo em batalha. Estava tão furioso. Sua voz soou muito fraca, uma canção longínqua de paz e calor apesar do conto gelado que narrava. Ele se encontrou, tentando como podia, que não podia experimentar o horror de suas palavras, a extensão da traição de Draven Dubrinsky não só a seu povo mas também a seu próprio pai. Xavier era o próprio diabo, um monstro incomparável, mas Draven tinha procurado deliberadamente uma aliança com ele. — Fui capturada por quatro vampiros quando voltava para minha gente. — continuou Ivory, trocando de posição outra vez, lhe embalando a cabeça. Seu corpo se sentia cálido e suave e tão desinteressado contra o seu. Cheirava a bosque, a terras virgens, profundas, verdes e secretas. Havia um toque de neve, longínquo e irresistível, uma princesa de gelo que não se rende a ninguém, nem sequer se entregava a si mesma ou a ele. Era uma fantasia. Fazia muito que tinha esquecido as fantasias e seus pensamentos rebeldes não encaixavam no meio dessa narração de acontecimentos tão traumáticos de sua vida. Tudo parecia um sonho, mas ele tinha deixado de sonhar, sabendo que Xavier extraía informação de sua irmã quando ele sonhava. Não tinha sido capaz de parar isso e salvar Natalya de tal castigo. Sabia que tinha sido atacada por Xavier, mas por quatro vampiros? Quatro? Lutou por levantar-se, tratando de ir ajudar sua irmã. A voz monótona o apaziguou. — Não a Natalya, Caçador de Dragões. Os vampiros atacaram a mim. Xavier desejava a morte mais horrenda que pôde imaginar para alguém como eu. Fez que me cortassem a cabeça e então me cortaram em pedaços, depois me dispersaram através de um campo para que os lobos pudessem me comer. Deveriam ter incinerado meu coração. Não tinha o desejo de morrer, não quando necessitava ver Draven e Xavier longe desta terra.
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Por um momento o horror e a agonia do que ela tinha aguentado estava em sua mente — e na dele — e então, antes que Razvan pudesse assimilar e processar o que ela havia lhe contado, se foi, substituído uma vez mais pelo toque calmante dos dedos que acariciavam sua testa e sua voz sussurrante e sedutora. Está tão faminto, Caçador de Dragões. Tem estado morto de fome durante tanto tempo e mantido sem sua verdadeira força. Ofereço-te vida. Força. Uma oportunidade de te unir a mim para derrotar o próprio diabo. Só tem que tomar o que te é dado livremente. Se, quando estiver com plena potência, escolhe ir, tirarei-te daqui e é livre de ir por seu próprio caminho. O pensamento de separar-se dela doeu em algum lugar de sua alma quebrada. Ela era sua companheira; uma vez encontrada, simplesmente não a poderia abandonar, mas soube, franzindo o cenho, que havia uma razão pela que ele não devia pronunciar as palavras que os atariam juntos. Ela esfregou brandamente as linhas entre seus olhos. Fique em paz. Está a salvo aqui. Ele sacudiu a cabeça, mesmo que difícil fazê-lo. Mais que nada desejava o toque dos dedos mágicos e o calor de seu corpo depois de ter tido frio durante tantos séculos. Tinha vivido nas covas de gelo com tão pouco sangue para viver, Xavier decidido a evitar que tivesse força, que tinha esquecido tudo sobre calor ou a bondade. Não queria destruir a ilusão de alguém que se preocupava o bastante por ele para lhe emprestar ajuda sem nada em troca. Não era verdade, é obvio; ele tinha aprendido essa lição dolorosa ao longo dos séculos. Não podia confiar em ninguém, muito menos nele mesmo, mas a ilusão podia sustentá-lo quando seu corpo faminto e sua mente destroçada não funcionavam mais apropriadamente. Ela se inclinou mais perto. O peito dela roçou seu rosto fazendo com que seu corpo se apertasse estranhamente em reação. Ouça o batimento do meu coração. Emparelhe seu ritmo com o meu. Ele podia ouvir o coração, constante, como uma baliza7, um sinal para que encontrasse o caminho de casa. Ivory examinou sua face destroçada e o coração se contraiu dolorosamente. Ela não tinha sentido compaixão por outro em séculos. Tinha tomado cuidado de evitar as armadilhas e perigos da emoção. Seus amados irmãos a tinham traído. A sua própria família. Nunca esqueceria como lhes tinha procurado, arrastando-se fora da terra, a carne apenas intacta, lutando cada polegada do caminho de volta para casa, só para descobrir que os séculos tinham passado e que seus irmãos se tinham unido aos que a tinham cortado em pequenos pedaços e a tinham deixado para os lobos famintos. Ao ouvir Razvan confessar a traição de sua própria irmã e tias, de sua filha, pensou em lhe ajudar a encontrar a alvorada, mesmo significando condenar-se. Mas uma vez dentro de sua mente, se deu conta de tudo que fez durante os séculos de luta, para proteger todos ao seu redor de um monstro. E ele tinha resistido apesar da tortura, da fome e apesar de tudo o que ela jamais podia imaginar.
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Nota da Revisora: objeto sinalizador, utilizado para indicar um lugar geográfico ou uma situação de perigo potencial.
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De algumas maneiras se assustava ao pensar como seriam sua vontade e determinação quando tivesse toda sua força. Nunca, nem uma vez durante o tempo que Xavier deixou-o cativo, teve toda sua força. Tinha sido jovem quando Xavier o pegou, e mesmo então, como um mero menino, tinha protegido sua irmã. Não se considerava bom com feitiços, sua irmã era de longe uma maga muito melhor, mas ele era um macho Cárpato por toda parte, forte, protetor e impávido na luta, sem importar quão fraco estivesse. Ouça o sangue correndo por minhas veias. Flui como a maré, como a seiva nas árvores, o néctar da vida, fluindo para você. Pode cheirá-lo? Sente teu corpo gritando pela vida? Riscou uma linha através do seio, uma de muitas linhas, mas desta saiu um pouco de brilhante sangue vermelho. Trocando de posição outra vez, apertou-lhe a boca contra ela. Houve um batimento de coração. Dois. Tudo nela se imobilizou. Veri olen elid. — o sangue é a vida. Saasz hän ku andam szabadon. — toma o que ofereço livremente. Pôs cada grama de compulsão que tinha em seu suave pedido. Sentiu-o revolver-se. A língua lambeu sobre a ferida crua e o ventre se apertou. Os dentes se afundaram profundamente, uma mordida, uma ardente dor que deu passo a uma rajada de calor. Acariciou-lhe o cabelo e começou a cantar o Cântico de cura Cárpato. Sua voz subiu, suave e melodiosa, enchendo a câmara com o presente rico da canção. Kunasz, nélkül sivdobbanás, nélkül fesztelen löyly — Deita como se dormisse, sem um batimento de coração, sem fôlego. Ot élidamet andam szabadon élidadé — Ofereço livremente minha vida por sua vida. O jelä sielam jorem ot ainamet és soe ot élidadet — Meu espírito de luz esquece meu corpo e entra no teu. O jelä sielam pukta kinn minden szelemeket belso — Meu espírito de luz envia todos os espíritos sombrios de seu interior a fugir. Pajnak o susu hanyet és o nyelv nyálamet sielametsívadabat — Pressiono a terra de nossa pátria e a saliva de minha língua em seu coração. Vii, o verim soe o verid andam — Ao final, dou-te meu sangue por seu sangue. Cansada, Ivory fechou os olhos. Não se atreveu a dar mais sangue do que podia. Uma sessão curativa e uma alimentação não iriam ser suficientes. Uma semana, um mês... O tempo não importava, mas o curaria. Por agora, havia feito tudo o que podia fazer. Encontre a paz, Caçador de Dragões. Pressionando a mão sobre sua boca, sussurrou-lhe que parasse antes de colocálo na capa profunda e rica de sua cama. Chamou sua manada e fez gestos para que tomassem seus lugares ao redor de seu companheiro — reclamado ou não — e se apertou perto dele antes de permitir que a terra negra lhes inundasse, os amparos ao redor da câmara eram os mais fortes que conhecia.
Capítulo 3
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A busca para Razvan tinha sido intensa durante as passadas três semanas. Ivory se agachou sob a costa nevada, levantando-se somente o suficiente para estudar o bosque abaixo dela. Não podia ver nada, mas o vento tinha trocado o bastante para lhe trazer o aroma de sangue e morte. Junto com esse aroma veio o soluço suave de um menino. Havia tomado cuidado de alimentar-se longe de sua guarida, tão logo suas viagens a levaram mais perto do mundo Cárpato onde Mikhail Dubrinsky, o príncipe do povo Cárpato, e seu guardião legendário, Gregori, tinham suas casas. Parecia ter muitos mais Cárpatos que a última vez que tinha estado por perto. Isso queria dizer, que quando caçava em busca de bastante alimento para alimentar sua manada, tinha que evitar não só vampiros, Xavier e seus serventes, mas também os caçadores. Sabia que os vampiros e Xavier procuravam Razvan. Tinham visitado a cabana onde ela havia se alimentado do humano no bosque, mas, por sorte, o humano tinha ido embora fazia muito tempo. O fedor do vampiro permaneceu na cabana, e felizmente os vampiros não puderam rastreá-la. Encontraram o lugar onde Razvan tinha caído. Os rastros rodeavam a área e o fedor asqueroso de vampiro irradiou do lugar central durante dias antes que se movessem. Tinha-se assegurado de que nem ela nem a manada pisassem no chão perto de sua guarida depois disso. Recorreu a visitar o povo para trazer sangue rico para alimentar Razvan, apenas o despertando, curando-o cada noite e mantendo sua mente livre das imagens dolorosas e as lembranças que obcecavam e atormentavam-no. Se depois de que recuperasse toda a força e estivesse completamente curado, escolhesse encontrar a alvorada, prometeu a si mesma que não o deteria uma segunda vez. Mas noite após noite, o sustentando em seus braços e cantando o canto curativo, com seu sangue fluindo nele, soube que seria difícil deixá-lo ir. Embora o faria. Deixaria-lhe livre, sem culpa, porque salvá-lo tinha sido sua escolha. Ficar para ajudá-la a derrotar o Xavier tinha que ser a dele. O grito da criança atraiu sua atenção de volta para o bosque debaixo dela. Por que um adulto não tinha respondido a essa chamada de pena? Que classe de pais deixaria um jovem aos perigos de um bosque nevado de noite? Nem sequer os aldeãos o cruzavam, penduravam alho e cruzes sobre as janelas e as portas, acreditando nos rumores persistentes de que os não mortos caminhavam de noite. Ela afundou-se para trás em seus saltos. Encolheu-se. Não tinha crianças. Nem sequer tinha sustentado um bebê, nenhuma só vez em todo seu ciclo vital. Não podia recordar haver interagido com crianças quando foi mais jovem — antes — no passado. Se um menino a via em sua forma verdadeira, especialmente um menino Cárpato acostumado à perfeição da forma, fugiria dela. Tocou-se o pescoço. Nesta forma, nunca daria a um vampiro a satisfação de ver as cicatrizes. Os vampiros e Xavier haviam feito seu pior trabalho com ela, mas ela permanecia impecável, sem tocar, sem marcas por sua brutalidade. Sem nada mais, dava-lhe um empurrão psicológico saber que estavam tão surpreendidos por sua bonita aparência. A voz da criança subiu e Ivory sacudiu-se. Ia ter que verificar pelo menos se não estava ferida, mas isso significava expor-se quando estava segura de que havia vampiros e caçadores na vizinhança. Respirou fundo e deu de ombros, deixando que a
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manada se unisse com a pele em forma de tatuagens. Eles vigiariam suas costas, e poderiam extrair mais informação do vento que ela. Com seis pares de inteligentes olhos e seis narizes reunindo cada detalhe ao redor deles, se sentia mais segura. Vamos fazer isto. E quando encontrarmos o menino, nada de assustá-lo. O levaremos de volta para sua mãe e se acabará. A manada não parecia mais entusiasmada que ela. Não os tinha deixado correr livres durante um tempo, sabendo que os vampiros frequentemente procuravam manadas de lobos, esperando encontrar evidência para rastreá-los de volta a sua guarida. Logo, assegurou. Dissolveu-se em vapor e passou como um raio sobre a neve, permanecendo baixo sobre o chão, dando aos lobos a oportunidade de captar todos os aromas. Nauseantes. Humanos. Cárpatos. Sangue. Morto andante. Ivory processou a informação e as direções tão rapidamente como os lobos a alimentavam. Nauseantes era o nome dos lobos para os vampiros. Mas os mortos andantes eram marionetes, humanos não psíquicos entregues ao sangue do vampiro e à promessa de imortalidade. Os vampiros frequentemente os utilizavam para atacar durante o dia. Eram tão vis como os vampiros. Moveu-se ainda mais rápido, de repente atemorizada pela criança. Por um momento, abaixo dela, vislumbrou um homem correndo pela neve, e então desapareceu entre as árvores. O pai do menino? Se esse era o caso, chegava um pouco tarde. Localizou o pequeno menino, magro, com um abundante cabelo escuro que alcançava os ombros, lutando contra o tipo de armadilhas que colocavam para apanhar os lobos selvagens. O coração caiu. Outra armadilha. Não era o bastante tola para acreditar que o menino tinha caminhado entre a massa de armadilhas por escolha própria. Tinha sido retirado a força de algum lugar, sabia pelo aroma de morte e sangue, e colocado ali como uma cabra para o sacrifício, os magros arames lhe cortavam as mãos e tornozelos. Havia um ao redor de seu pescoço. Estava chorando, mas se mantinha de pé estoicamente, negando-se a lutar e piorar os cortes já profundos. Não acreditava que este menino tivesse sido colocado aí como isca para ela, mais provável que fosse para o Razvan. Ele tinha uma filha e tinha dado sua alma, ou pelo menos um pedaço dela, para salvá-la. Xavier saberia que ele arriscaria tudo para salvar uma criança. Ela estava pronta para a luta, mas não podia deixar esse menino. Os vampiros estavam esperando um Razvan morto de fome, doente e torturado, não à assassina, o castigo de todos os não mortos. Tomou forma perto do menino, notando que ele não pulava nem chiava assustado, o que significou que tinha visto um Cárpato antes e que lhe tinham permitido reter suas lembranças. — É uma armadilha. — articulou ele. Olhou fixamente as tatuagens de lobo com os dentes descobertos e olhos que pareciam vivos que cobriam os ombros e as armas enquanto ela se inclinava para pôr brandamente a mola de suspensão na neve e retirar um par de adagas. Ela assentiu sua compreensão. — Continue chorando. — sussurrou enquanto cortava o pulso esquerdo liberando-o.
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Era valente por parte do menino tentar adverti-la quando devia ter estado aterrorizado. O menino não perdeu o ritmo, mantendo um vívido gemido enquanto ela cortava e afrouxava o arame do pescoço e o tirava cuidadosamente. Acariciou com as pontas dos dedos o fino colar de sangue que lhe rodeava o pescoço. Os dedos se arrastaram até seu próprio pescoço, revoando ali por um momento quando recordou a mordida da folha afiada. O menino não podia ter mais de oito ou nove, com o rosto magro e largo, olhos inteligentes. Estava-a olhando com cuidado, estudando-a de perto enquanto ela se esticava através dele para cortar a outra mão. Atrás de você. O alfa lhe deu a advertência e ela sentiu o grande lobo movendo-se em preparação para o ataque. A cabeça de Rajá estava em seu pescoço, os olhos olhando diretamente às costas. Mesmo girando ligeiramente a cabeça, o movimento fez o menino ofegar. Ivory empurrou as adagas nas mãos do menino e ela estendeu os braços longe do corpo, dobrando os joelhos até que esteve agachada, deixando cair lentamente o braço direito para alcançar sua balestra. Os olhos do menino se abriram em alarme e temor quando olhou sobre seu ombro e viu o homem grande que se aproximava por detrás dela segurando uma tocha nas mãos. A face do lenhador tinha um olhar vazio e arrastava os pés, os olhos de uma estranha cor vermelha. Levantou a tocha por cima da cabeça de Ivory, ainda a vários metros. O menino abriu a boca para gritar uma advertência, mas nenhum som surgiu. Ivory sentiu o repentino puxão doloroso que sempre acompanhava à separação de sua manada dela quando os lobos selvagens saltaram, completamente silenciosos enquanto faziam seu ataque concentrado, a comunicação só em suas mentes. Os dedos de Ivory se fecharam sobre a balestra e a agarrou, piscando um olho ao menino para tranquilizá-lo enquanto mergulhava separando-se dele, deu um salto mortal e levantou-se sobre um joelho, com a balestra apontada a seu atacante. O menino olhava boquiaberto aos seis lobos prateados, mais assombrado pela vista deles que pelo atacante desalmado. Os lobos conduziram o ghoul para trás, seguraram-lhe com os dentes por cada braço, o alfa indo pela garganta enquanto os outros lobos agarravam as pernas e o retinham. As marionetes do vampiro eram muito fortes, programados por seus mestres para uma tarefa; poucas coisas podiam pará-los uma vez que ficavam em marcha. Os lobos lutaram violentamente com ele, mas pouco podiam fazer mais que lhe manter no chão sob a massa prateada que se retorcia. Ivory sentia a onda de poder rangendo no ar e rodou mais perto do menino. — Te apresse. Estamos a ponto de ter alguma companhia muito desagradável. — Manteve seu corpo entre o menino e o ghoul que grunhia e se retorcia e o que fosse que vinha para eles. Um homem irrompeu das árvores, correndo rapidamente. — Travis! Trav! Está bem? — patinou até parar, divisando o ghoul, os lobos e à mulher que lhe apontava com uma balestra de aspecto muito mortal diretamente ao coração. — Gary! É Gary! — gritou o menino, sua voz explodindo de alívio.
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— Permaneça longe dos lobos. — advertiu Ivory. Seu intestino apertou-se. Agora tinha dois humanos para proteger. O outro tampouco parecia surpreso com o ghoul, nem por sua aparência, como se uma caçadora feminina, uma manada de lobos e um assassino sem inteligência fossem comuns. Ela sabia pouco a respeito da política Cárpata, e não queria saber mais. Era uma assassina. E um vampiro estava perto. Um dos lobos grunhiu, e pela extremidade do olho ela captou um movimento quando o ghoul lançou uma das fêmeas menores. O corpo caiu quase aos pés do homem chamado Gary. Ele saltou atrás, observando-a cautelosamente. — Tem um vampiro descendo sobre você. — indicou Ivory — Mova-se ou morra. Por cima da cabeça de Gary, no redemoinho de flocos de neve e névoa, podia ver o contorno da forma horripilante de um vampiro. O poder irradiava dele, e o batimento do coração se incrementou. Não era um vampiro menor; tinha lutado o bastante contra eles para sabê-lo. Gary se jogou para o menino, aterrissando de barriga para baixo, arrastando-se o resto do caminho. Travis se afundou na neve numa tentativa de cortar os arames dos tornozelos. O vampiro golpeou os lobos, levantando a mão para chamar o relâmpago, empurrando o raio ardente para sua manada, indiferente ao fato de que o monstro que ele tinha criado estivesse no caminho da destruição. Ela golpeou o raio com outro, conduzindo à crepitante e rangente energia longe dos corpos que se retorciam. Uma árvore explodiu atrás dos lobos, as lascas e os escombros caíram sobre o ghoul e a manada. A manada saltou atrás, rodando a marionete, sem pôr atenção ao vampiro, deixando-o para Ivory. Gary rodou para terminar de tirar o menino, protegendo o pequeno corpo com o seu próprio enquanto Ivory disparava uma de suas pequenas flechas ao peito do vampiro. Golpeou-lhe bem abaixo do coração, e ele girou a cabeça, dignando-se a olhá-la pela primeira vez. Ivory ficou sem respiração. Um pequeno som escapou. Aturdida, só podia balbuciar, nada coerente surgia dela. Gary a olhou bruscamente, e então ao vampiro quando a criatura baixou lentamente ao chão. A caricatura de um homem que provavelmente tinha sido bonito uma vez. Estava bem formado, com ombros largos e um cabelo comprido que tinha sido uma vez grosso e espesso, mas agora obviamente, o vampiro não se incomodava em ocultar sua malvada aparência. A pele estava esticada apertadamente sobre o crânio e os dentes eram agudos e bicudos. Não só parecia forte, mas também o poder que irradiava dele pendia no ar. Os olhos resplandecentes estavam centrados na caçadora feminina, mas parecia quase tão surpreso como ela. — Sergey. — sussurrou Ivory. O vampiro pulou visivelmente ante o som de sua voz pura e doce. Ficou um longo momento em silêncio, seus olhares mudando sutilmente. Em um piscar de olhos seus dentes não eram mais largos, bicudos e manchados, e sim brancos e retos. A face esteve mais cheia e os olhos se tornaram escuros. O ghoul moveu-se e o vampiro simplesmente estendeu uma mão para ele congelando-o onde estava. Nem sequer os lobos se moveram; eram estátuas, olhando fixamente à mulher e o vampiro enquanto se encaravam um ao outro.
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— Ivory? —a voz chiou. Pigarreou — Ivory? — repetiu e esta vez o tom foi formoso. Agradável. Carinhoso. As mãos subiram para cavar o mastro da flecha onde o sangue negro gotejava do peito — Está viva. As mãos de Ivory tremeram e ela respirou. Um. Reteve e logo soltou o ar em um suspiro largo como se lutasse por respirar. Seu olhar caiu na flecha do corpo, o sangue gotejava lentamente por sua camisa e emanava ao redor da ferida de entrada. —Sim — cochichou —Estou viva e minha alma está intacta. Como é que você, meu amado irmão, se uniu às filas dos malvados que destruíram sua irmã? Respondame isto. — cada palavra foi arrancada dolorosamente de seu coração, lhe apertando a garganta, ameaçando estrangulá-la com uma pena crua e um sentido terrível da traição. A garganta de Ivory estava entupida com lágrimas. Duvidava que pudesse dizer outra palavra sem explodir em soluços. Negou-se a afastar o olhar do vampiro, nem por um momento, embora fosse muito mais difícil pensar nele como um inimigo quando sua forma era tão querida e familiar. Desejava lançar-se ao consolo de seus braços e descansar a cabeça contra seu ombro, chorando pelo passado perdido. Procurou o atalho que seria melhor usar para advertir o humano. Pegue o menino e deslize-se daqui. Vá embora deste lugar. Não estou segura de poder derrotar a este em batalha. Sergey. Tinha sido um combatente genial. Poucos podiam ser comparados a ele. Agora tinha séculos de batalhas com os melhores caçadores Cárpatos, por não mencionar os vampiros que tinha derrotado para acrescentar a sua experiência. Tratou de não ver a matreira e ardilosa inteligência nas profundidades de seus olhos. Não queria acreditar na sua primeira visão dele. Tinha evitado seus irmãos uma vez que confirmou os rumores cochichados. Gary agarrou o Travis pela parte superior do braço e começou a mover-se lentamente de volta ao bosque. A cabeça do vampiro girou lentamente para eles, e por um momento essa cor escura e suave flamejou a vermelho e brilhou neles como um animal feroz. — Não olhe a eles, Sergey. — disse Ivory com brutalidade — Ou devo te chamar hän ku vie elidet, vampiro, o ladrão da vida. O olhar do vampiro voltou com brutalidade para ela e pareceu triste. — É minha amada irmã... — Não me chame de amada quando me traiu. Está aliado com aqueles que me roubaram a vida. — Foi administrado justiça. — De verdade? — estava de pé, alta e reta, a lua brilhava sobre seu cabelo negro azulado — Não pode me mentir, Sergey. Outros possivelmente acreditem em você, mas cacei vampiros durante muitos séculos e conheço os que me levaram a pradaria de nosso pai, cortaram meu corpo em pedaços e os deixaram para os lobos. Sei que estão vivos, assim não me conte bonitas mentiras. — Fizeram-lhe isso realmente, Gary? — o menino soou temeroso com seu forte sussurro. Ela vislumbrou o homem que sustentava o menino perto, tentando tranqüilizálo. Cada vez que se moviam, o ghoul dava um passo com eles em um macabro baile de
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morte. Cada vez que o ghoul trocava de posição, os lobos lhe rodeavam e se lançavam para ele, com os dentes nus. — Deixe-nos, Sergey, — disse Ivory — e leve seu kuly contigo. — O que é kuly? — perguntou Travis. Ela girou a cabeça para o menino, mas manteve o olhar no vampiro. — É um verme que vive nos intestinos, um demônio que possui e devora almas. Assim realmente, isso é o que Sergey é, já que possui a alma desse verme. — com o queixo indicou ao ghoul. — Preciso de uma arma. — vaiou Gary para ela. Ivory suspirou. Que homem entraria no bosque perseguindo um ghoul que levou um menino sem uma arma? Pelo menos não estava histérico, e isso era uma vantagem quando necessitava cada grama de concentração que podia ter. Em todo caso, não havia necessidade de cochichar; qualquer vampiro, ainda mais um mestre vampiro, tinha uma excelente audição. — Esqueceu suas maneiras, Ivory. — repreendeu Sergey, parecendo mais dolorido que nunca. Arrancou a flecha do corpo, olhou-a desintegrar-se na palma e deixou cair os pedacinhos de metal na neve — Sua flecha quase me perfurou o coração. Ivory marcou onde caíram os pedaços. — Se ainda tivesse coração, os que profanaram meu corpo teriam sido levados a justiça. Em vez disso, atormenta um menino com sua patética marionete. Pegue seu servente e vai embora, Sergey. Não quer lutar contra mim. Ele riu, um som malvado que se elevou até que pareceu que enchia os céus ao redor deles. As árvores tremeram, sacudindo a neve de seus ramos de tal maneira que os cristais de gelo foram lançados ao ar. O vampiro levantou a cabeça e tossiu com força. Quando as escamas geladas se endureceram e trocaram de forma, chovendo, Ivory estendeu a mão e a neve se converteu em vapor, uma grande rajada de vento soprou de volta à face de Sergey. Ele tossiu outra vez e se afogou, estrangulou-se, tampando a boca com a mão. Atrás da palma ela pôde enxergar uma pequena linha de sangue, logo umas gotas carmesins mancharam a neve debaixo dele. Tossiu e orvalhou mais sangue. Por cima da mão, os olhos resplandeceram vermelhos e ela ouviu que o menino dava um grito estrangulado e assustado. Mantém eu rosto contra o peito, ordenou a Gary. Pôs seus parasitas na neve e podem ser mortais. Não pode permitir que o menino os inale. Sergey cuspiu na neve, manchando o pó branco antigo com diminutas criaturas que se meneavam parecidas com vermes. — Estou perdendo a paciência, Ivory. Deve te unir comigo agora. Sentiu que o corpo respondia a doce compulsão de sua voz. Fechou os dedos com força na balestra. — Acredita que ainda sou essa jovem que viu pela última vez? Não respondo à compulsão. Ele abriu os braços. — Vêem a mim, irmã. Pertence aqui, conosco. Lutamos contra o príncipe… Por você. Mas pela covardia de seu pai, pela enfermidade de sua linhagem, nada do que te aconteceu deveria ter passado. Enviou-te longe, sabendo que era perigoso para ti,
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contra os desejos de seus irmãos. Lutaria para seu filho? Uniria-te com o irmão do homem que pôs em marcha uma guerra? Estava manobrando para aproximar-se mais? Não podia saber. Balançava o corpo enquanto falava e ela não podia dizer se estava usando isso para adiantar-se polegada a polegada, não com a neve formando redemoinhos ao redor de sua cabeça. Cada vez que o ghoul se movia, os lobos reagiam, mas sua atenção estava centrada na marionete, deixando o professor a ela. Sua visão pareceu um pouco nebulosa. Ou possivelmente era sua mente. Quando ele falava, sua voz evocava imagens que ela mantinha enterradas profundamente para evitar a loucura. Não podia distanciar-se e recordar esse momento quando tudo esteve perdido e Draven a entregou aos vampiros com um sorriso afetado o rosto. Tinha-lhe agarrado a face entre as mãos e a tinha beijado. Ela tinha tido a satisfação de lhe morder com força, quase arrancando seu lábio. Recebeu um murro o suficientemente forte para fazê-la perder a concentração, como parecia estar fazendo agora. Irmã! Rajá a chamou com brutalidade. Irmã! Irmã! O resto da manada tomou o grito. Ayame levantou o focinho ao céu e uivou, o som penetrou no cérebro de Ivory. Piscou. As manchas de sangue na neve já não estavam ali, ou se estavam, não as podia ver porque o não morto se deslizou para frente essas escassas poucas polegadas. Podia sentir a balestra na mão, ainda apontando frouxamente a seu irmão. As mãos tremendo. Tinha lutado contra um mestre vampiro uma ou duas vezes nos passados anos, e mal tinha escapado com vida. Sabia que Sergey tinha sido considerado um dos melhores caçadores Cárpatos muito tempo antes de converter-se. — Retroceda. — ordenou — Não quer fazer isto. — Minha paciência está acabando. — Sergey estalou os dedos — Este menino é o princípio. Teremos aos outros logo e se unirão a nós ou morrerão. Uma vez que a esperança se vá, teremos poucos problemas para eliminar os Cárpatos. Isso nos pertence. Vêem aqui com seu irmão e te alimente. Ofereço-te tudo. Ela notou que ele mal podia sustentar seu tom agradável, outra indicação de quão longe estava. Muitos anos como vampiro tinham deixado as lembranças dos dias melhores fragmentados. A putrefação lenta tinha reclamado inclusive a lembrança do que tinha sido o amor, pelo que a família significava. Ela tinha ficado sem tempo, esperando que ao lhe entreter os caçadores Cárpatos sentiriam o poder sombrio tão perto de seu reino. E se o menino era realmente parte do mundo Cárpato, onde estavam seus guardiões? — Meu coração e corpo morreram faz muito, Sergey, e agora você me oferece tão graciosamente a morte de minha alma. Escolho permanecer fiel aos ensinamentos de meus irmãos. — Estávamos equivocados ao seguir o príncipe. Era indigno. Permitiu que seu filho destruísse tudo o que nos era querido. — esticou a mão para ela outra vez, fazendo gestos com os dedos — Maxim habita na terra das sombras. Kirja também, ambos mortos por malvados caçadores Cárpatos, os traidores de sua própria gente. Ruslan e Vadim precisam ver sua amada sisar — irmã. O coração de Ivory se contraiu. O puxão do passado era forte. Lutou contra as lembranças, a compulsão, sacudindo a cabeça para rechaçar a isca. Não mudou de
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posição enquanto elevava o olhar inocentemente a seu amado irmão. O dedo apertou o gatilho da balestra, soltando a flecha. Atirou o arco ao macho humano e correu para Sergey, golpeando com as flechas uma linha reta por seu peito. Foi um ato de desespero atacar um vampiro mestre, mas não podia esperar seu ataque! Vai embora! Pega o menino e corre. Minha manada rechaçará o ghoul para te dar uma oportunidade. Esperava que Gary compreendesse que sua chance era pequena e não a esbanjasse. Sua máxima prioridade tinha que ser a vida do menino, especialmente quando Sergey tinha admitido que planejavam converter ou matar a criança. Não olhou para ver se Gary obedecia; todo seu ser estava concentrado em Sergey. As flechas evitariam que mudasse de forma, mas então, não parecia que tivesse nenhuma intenção de mudar. Esperava-a com esse pequeno meio sorriso afetado no rosto. O ghoul se moveu bruscamente e correu para frente. Os lobos saltaram e ele tratou de esmagar seus corpos juntos quando rasgaram a carne morta. Gary agarrou Travis como uma bola de futebol americano, meteu o menino sob um braço enquanto agarrava a balestra com a outra e corria de volta ao refúgio das árvores, ziguezagueando para apresentar um objetivo mais difícil. O relâmpago golpeou a terra vindo do céu, golpe atrás de golpe enquanto o vampiro se esforçava para detê-lo, lhe forçando a cair várias vezes na neve. Todo o tempo, Sergey se manteve firme, os olhos eram buracos resplandecentes, abrasadores e desumanos, que olhavam Ivory enquanto esta se apressava para ele, com a espada erguida. No último momento, antes que a ponta da espada pudesse afundar-se na carne, ele se moveu tão rapidamente que foi apenas um rabisco, lhe arranhando a face com as bicudas garras venenosas, furando a pele. Ela se moveu para ele, dando um salto mortal no tranqüilizador pó gelado, subindo um joelho atrás dele e lançando uma estrela muito mais mortal para a nuca. Acertou quando ele girou para encará-la, um golpe de sorte, as pontas que giravam atingiram o flanco do pescoço, lhe cortando a jugular. O sangue negro espalhou-se através da neve e todas as pretensões de cortesia e de carinho entre irmãos se desvaneceram em um instante. Sergey atirou para trás sua cabeça e uivou, o som foi intolerável, uma onda de energia que explodiu tudo a seu alcance, golpeou-a nas costas e fez choramingar os lobos. Ivory aterrissou de costas, o ar escapou com rapidez de seus pulmões, deixandoa ofegando. Automaticamente rodou várias vezes, salvando a vida. As descargas do relâmpago golpearam o chão onde ela tinha estado e a seguiram através da neve, deixando grandes buracos abertos ao vermelho vivo onde aterrissava cada golpe. Ficou de pé a curta distância, rabiscando seu corpo e enviando cópias de sua forma contra o vampiro desde todas as direções, entrando correndo, golpeando com a espada em seu peito. Antes de poder retorcer o punho ou retirá-lo, ele afundou os dentes em seu ombro, segurando-a com força com a boca ao redor do osso magro e o destroçou. Ela gritou quando a dor explodiu, irradiando para fora, a carne ardia pelo ácido do sangue que se vertia sobre ela. — Mmm, sisar, irmã, está deliciosa. — sussurrou ele, com um sorriso afetado e depreciativo em sua voz — Não saboreei sangue Cárpato em muito tempo.
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Possivelmente te manterei para mim em vez de compartilhar seu delicioso sabor com meus irmãos. Ivory lhe arranhou a cara, tratando de obter a suficiente alavanca para liberar-se. Não se atrevia a afastar os lobos do ghoul, por temor que o menino não fugisse. Levantou o joelho para a entre-perna de Sergey, o salto da bota lhe arranhou a perna para esmagar-se no flanco do joelho. Ele aprofundou a mordida, rompendo a carne como se tratasse de consumi-la. Ela lutou para permanecer consciente apesar da dor, levou ambas as mãos atrás e golpeou com os punhos aos dois lados da mandíbula, indo pelo osso. Ele abriu a boca em um chiado e levantou a cabeça. Gary disparou a balestra, golpeando o vampiro no olho direito. O menino? Ivory ofegou enquanto se deixava cair ao chão, o sangue bombeava de seu ombro destroçado. Dissolveu-se quando Sergey esticou-se para ela, as garras atravessaram o vapor. Gotas de sangue a seguiram através da neve enquanto se afastava como um raio de Sergey. Gary deu marcha atrás quando o vampiro grunhiu e virou para olhá-lo com um olho resplandecente. — O enviei para a aldeia. Não podia te deixar para trás. — Desejará não ter nascido. — prometeu Sergey e se esticou para tirar a flecha do olho. O sangue negro emanava pela face. O vampiro não se incomodou em enxaguá-lo; em seu lugar despiu os selvagens dentes ao humano. Ivory se materializou sobre o ghoul, cortou-lhe o pescoço com um golpe duro, enviando a cabeça ricocheteando obscenamente através da costa. Os lobos seguraram o corpo ao chão, lhe sustentando ali enquanto ela reunia energia do céu. Movam-se! Ela já tinha lançado o raio à criatura desalmada golpeando justo quando os lobos saltaram para trás, em um movimento que tinham aperfeiçoado inúmeras vezes. Chamas vermelho-alaranjadas erupcionaram, voltaram-se negras, um fedor asqueroso encheu o ar quando a carcaça queimou. Ivory chutou a cabeça às chamas e encarou o vampiro sobre a fumaça fétida que se elevava. Respirava agitadamente, seu corpo estava coberto por seu sangue e pelo dele. Rastros de carne enegrecida saiam de seu ombro e desciam pelo braço, mas encarou-o firmemente, com uma sobrancelha levantada. — Tem muito mau aspecto, irmão. — comentou — Deve estar envelhecendo e te debilitando para permitir que um humano se aproxime sigilosamente desse modo. Enquanto falava, ia rodeando-o para pôr seu corpo entre Sergey e o macho humano. O homem tinha arriscado sua vida por ela e ainda estava ali, esperando para fazer outro disparo, quando tinha que saber que a balestra não ia eliminar um vampiro mestre. Ela raramente tinha tido entendimentos com humanos, mas tinha que admirar sua valentia, embora temesse por sua vida. — Um dos meus por um dos teus, irmãzinha. — vaiou Sergey, seu corpo movendo-se de repente com velocidade imprecisa. Ainda com seu metal especial recoberto nele, ela mal pôde seguir o rastro, o vampiro mestre se moveu muito rapidamente. Viu-lhe agarrar o pequeno Farkas e golpear o corpo do lobo contra o joelho. Houve um audível rangido e o animal chiou.
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Vangloriando-se, Sergey atirou o lobo longe dele para o que o corpo golpeasse sobre uma rocha nevada onde o animal ficou destroçado e ofegando de dor. As flechas metálicas caíram ao chão em pedaços, o corpo do vampiro já estava se regenerando, enquanto o seu se debilitava pela perda de sangue. Não se atrevia a fechar as feridas e apanhar os parasitas dentro dela onde pudessem agarrar-se. Por um momento, só encarou seu irmão, tratando de decidir à melhor maneira de atrair à sorte para seu lado, era a única oportunidade possível que tinha de derrotar o vampiro. O ar ao redor deles se carregou com eletricidade e lhe arrepiou o pêlo da nuca. Sentiu a compreensão nos pulmões e pensou que era o não morto atacando, mas ele retrocedia, jogando um olhar cauteloso à esquerda e direita e logo acima ao céu. — Outra vez, Ivory. Sergey levantou as mãos e o chão erupcionou em violenta agitação, lançando tanto a Gary como a Ivory. Gary caiu de cabeça e Ivory saltou para tratar de cobri-lo contra qualquer última agressão de Sergey. A neve explodiu no ar em forma de ciclone deixando tudo branco. Ela sentiu o impacto em seu lado esquerdo, golpeando-a e atirando-a sobre o macho. O golpe teria matado um humano; era como se ela sentisse seus ossos romper-se sob a força. Ivory rodou e se balançou para trás, permitindo que o impulso a pusesse de pé metade agachada, ignorando as ondas de dor que lhe percorriam o corpo. Girou em círculo. Sergey se tinha ido. Só havia silêncio, quebrado somente por sua respiração pesada e ofegante. Ivory se afundou, a força a abandonava em rajadas. Sobre as mãos e joelhos se arrastou para Farkas enquanto os outros lobos os rodeavam. Ivory agarrou o lobo nos braços, julgando quanto tempo tinha para curá-lo. Estava definitivamente débil e precisava de sangue. Gary se empurrou ficando de pé. — Está bem? — Sim. Obrigada. — saiu mais forçado do que queria — Como o ghoul conseguiu esse menino? Por que não o manteve a salvo? — lançou-lhe um rápido olhar de reprimenda, a mão acariciava brandamente as costas de seu lobo, encontrando as interrupções na espinha dorsal. — É o filho adotivo de Sara e Falcon, e embora psíquico, é humano. Durante o dia os meninos vão à escola e tomam parte nas atividades regulares que têm os outros meninos na aldeia. Falcon e Sara têm guardiães no lugar. Estive com vários deles na escola, mas Travis tinha ido assistir a um espetáculo com uma mulher que nos ajuda. Não tínhamos a menor idéia de que havia uma ameaça na área. Ivory suspirou. — Os mestres vampiros aprenderam a ocultar sua presença dos caçadores. Alguns dos vampiros menores também estiveram adquirindo lentamente a habilidade. Seus caçadores devem saber isso e tomar melhores precauções. Em cima deles, o trovão retumbou e a resposta explodiu através do céu como se duas forças poderosas se encontrassem e se chocassem nos céus em cima deles. Sergey tinha enviado outra explosão para eles, esperando acertar de longe, mas uma mão invisível lhes tinha defendido. A energia estava muito mais perto, e ela sabia que não tinha muito tempo. Tinha que partir antes que os caçadores Cárpatos chegassem.
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Outra onda de energia varreu a área, balançando a terra e fazendo que as árvores tremessem. Várias pedras se soltaram e rodaram, atraindo a atenção de Ivory aos pedaços de metal esparramados pela neve. Levantou a palma, chamando-os de volta, tomando cuidado em encontrar cada pedaço e colocá-los em uma pequena bolsa em seu cinturão. Gary franziu o cenho. — O que é isso? — Armas. — deu de ombros, não querendo atrair a atenção para seu segredo — Tenho que cuidar de meu lobo. Pode deixar a balestra aqui e ir com meu muito obrigado. — Acredito que esperarei até que esteja seguro de que está bem. Ivory lhe deu um grunhido de despedida, fechou os olhos e colocou as mãos sobre os ossos quebrados do lobo, atraindo tanta energia como se atreveu para curar Farkas o bastante para que pudesse viajar pelo menos. A luz ardia sob as Palmas e o calor irradiava pela espinha dorsal do animal. — Daria-lhe sangue? — Ivory levantou o olhar ao homem que estava de pé sobre ela. — O que? — Não estou pedindo isso para mim. Ele precisa de sangue para curar-se. Não te fará mal, garanto isso. — manteve seu olhar centrado no dele — Não te forçaria. É unicamente sua escolha. Gary se agachou ao lado da mulher, consciente dos cinco grandes lobos que se apertavam perto dele. Nenhum atuou de maneira ameaçadora, mas eram umas bestas grandes e pareciam violentos. Alguns tinham queimaduras na pele e ao redor dos focinhos pelo sangue ácido onde tinham derrubado o ghoul. Mais de perto, pôde ver numerosas cicatrizes velhas de outras batalhas. Colocou a balestra junto à mão dela e assentiu, enrolando a manga. Ivory lhe entregou uma faca. Gary tomou e sem vacilar cortou-se a pele, pressionando o pulso contra o focinho do lobo. O lobo lambeu o sangue enquanto Ivory murmurava um canto curativo suave. — Suficiente. — disse, alguns minutos mais tarde — Isso nos permitirá viajar. Estou em dívida. — Deixe-me te dar sangue. — ofereceu Gary — Se você esperar, os outros estarão aqui logo e poderão curar suas feridas. —Estamos aqui. — disse uma voz detrás deles. Ivory ofegou e girou, tomando sua balestra e apontando com a flecha ao coração do recém-chegado. Não tinha o ouvido aproximar-se, nem tampouco os lobos. Num momento não havia ninguém e no seguinte estava ali, alto e poderoso com fulminantes olhos prateados. Manteve seu olhar sobre ela, e Ivory teve a sensação de que ele abrangia tudo, seus lobos, Gary, a cena da batalha e cada ferida. — Está bem, Gary? — Ela salvou nossas vidas, Gregori. — explicou Gary. Ivory soube exatamente quem era este homem no momento em que o viu. Tinha conhecido seus irmãos mais velhos, Lucian e Gabriel, mas Gregori era uma lenda por direito próprio e não queria ter nada que ver com ele. Ficou de pé lentamente, com
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cuidado de não fazer nenhum movimento repentino, mantendo a flecha apontada nele. Fez gestos aos lobos e estes se moveram detrás dela. — Estamos em dívida, senhora. — disse Gregori, inclinando a cabeça — Sou um curador. Possivelmente poderia ajudá-la em troca do grande serviço que tem prestado. Ela sabia que ele estava usando o discurso formal, reconhecendo-a como uma antiga, mas se negava a lhe permitir acalmá-la com um sentido falso de segurança. Não confiava nele mais do que confiava em Sergey. Atrás dele outro homem se materializou e ela ouviu-se ofegar. Por um horrível instante esteve segura de que Draven estava vivo e tinha vindo atrás dela outra vez. Levou um momento dar-se conta de que tinha que ser Mikhail Dubrinsky, o irmão mais jovem de Draven, o príncipe governante do povo Cárpato. Deu um passo atrás, a flecha movendo-se para cobrir imediatamente o coração do intruso. Gregori deu um passo deliberadamente diante do príncipe, mantendo a palma da mão para fora, para ela. — Ninguém quer te ferir. Estamos em dívida contigo. Por detrás dele, o príncipe afastou brandamente Gregori a um lado. — Sou Mikhail Dubrinsky e estamos em dívida contigo. — Sei quem é. — não pôde evitar a amargura de sua voz — Dei minha ajuda livremente ao menino, e este homem me devolveu mais que qualquer dívida que tivesse. Farkas, em pé agora. O lobo se levantou obedientemente e tropeçou, quase caindo outra vez. Ela amaldiçoou, sabendo que ele estava muito fraco para cruzar a distância sozinho. Ela não poderia voltar para sua guarida, não ferida e sangrando. Deixaria um rastro de sangue no céu. Não seria visível, mas as gotas poderiam ser farejadas e qualquer que o desejasse poderia encontrá-la. Gregori deu um passo mais perto e a outra mão de Ivory foi à capa. Ivory sacudiu a cabeça. — Não desejo lutar contigo, mas se insistir, farei-o. — Só desejo te ajudar. — Faz-o me deixando passar livremente por sua terra. Pegarei minha manada e irei embora. — É uma mulher Cárpato sem companheiro e necessita do nosso amparo. — disse Gregori, sua voz suave e irresistível. — Sou uma antiga guerreira com companheiro e luto minhas próprias batalhas. Não tenho lealdade para sua gente ou para seu príncipe. Fique sabendo, Escuro, lutarei até a morte para manter minha liberdade. Só quero estar sozinha. — deu outro passo atrás. — Se partir sem ajuda, será vulnerável a qualquer ataque. — respondeu Gregori, sua voz mais agradável que nunca — Como guerreiro Cárpato, um macho, curador de nosso povo, não posso permitir que vá sem ver primeiro suas necessidades. Ela balançou a espada acima, os escuros olhos despedindo fogo inclusive enquanto o desespero varria por ela. — Então sabe que será um combate até a morte. Não quero ajuda de você nem de nenhum dos de sua gente.
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Os lobos se estenderam, inclusive Farkas, frente aos machos Cárpatos —inimigos agora — rodeando os homens com os dentes descobertos.
Capítulo 4 Razvan despertou lentamente. A princípio pensou que estava sonhando, mas os sonhos de estar deitado na terra tinham desaparecido fazia muito tempo de sua imaginação. Embora estivesse seguro, absolutamente seguro, de que podia sentir a profunda capa, rica em minerais, que o rodeava como uma cômoda manta morna; a terra lhe embalava, seu corpo quente, a fome uma lembrança longínqua. E isso não tinha sentido. Abriu os olhos de repente, o poder o consumia, sacudia-lhe, mais do que jamais imaginou, mais do que jamais tinha concebido ou sonhado. Corria por seu corpo como uma maré ascendente, correndo por suas veias, bombeando pelo coração, explodindo através dos órgãos e nervos até que o poder lhe encheu. A luz irradiava de seu corpo enquanto explodia através das capas de terra à superfície. A terra erupcionou em forma de gêiser, golpeando o alto teto de pedra por cima da cabeça e pulverizando-se pelo quarto. Aterrissou agachado, os sentidos estouravam, escaneando, a mente correndo, tentando encher as peças do quebra-cabeça. Tinha escapado por fim. Sua mente quase não podia aceitar a verdade disso. Recordou correr pela neve, tremer, sua força tão longe que não podia controlar sua temperatura corporal, mas se forçou a seguir andando até que não teve uma só grama de força dentro de si. Tinha que afastar-se o suficiente para que nem Xavier nem seus serventes lhe encontrassem antes que o sol subisse. O sol. O último recurso de cada Cárpato era limpar sua alma com a branca luz brilhante. Inclusive isso lhe tinha sido negado. Xavier havia sido descuidado. O temor tinha sido sua queda. Temia que se alimentasse muito Razvan, perderia o controle sobre ele, assim que o mago tinha forçado seu neto a passar semanas sem sangue. Mas Xavier tirava dele diariamente, até que finalmente Razvan esteve muito fraco e doente para estar de pé, ou para subministrar ao mago glutão o líquido revitalizante Cárpato. Recordou esse sentimento vazio e débil, a loucura próxima da fome, o corpo gritando, os dentes afiados e necessitados a cada momento que estava acordado. Preso, não podia caçar seu próprio alimento. Nem sequer havia animais perto aos que chamar. Cada célula, cada órgão gritava, até que o cérebro não foi nada exceto uma neblina vermelha de necessidade. Agora se sentia só ligeiramente faminto, não a constante fome que lhe roia e que tinha governado sua vida durante tantos séculos. Lançou um olhar ao redor, dando-se conta de que estava embaixo da terra, profundamente, mas fazia calor. De algum modo, a brilhante luz da lua se derramava acima, embora estivesse profundamente enterrado em uma caverna de pedra. Ouvia o som de água, mas muito longe. Ondeou as mãos, e as velas saltaram à vida por toda parte do quarto, instantaneamente transformando-se em um santuário feminino. As capas de pedra em cima dele estavam esculpidas complexamente com formosas imagens, majestosas paisagens, árvores e matagais, como se o mundo exterior tivesse
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sido trazido para dentro, um pedaço de cada vez, até que as paredes fossem uma beleza. Feminino, — a mulher — a razão pela qual via em cores. A luz e a cor deslumbravam seus olhos, ardiam depois de tanto tempo vendo somente cinza, branco e preto. Recordou o toque calmante de suas mãos; sua voz, suave e irresistível; o sabor de seu sangue, viciador e quente como se fosse feito especificamente para ele. Ela o tinha salvado quando havia dito que não o fizesse. Ela havia lançado uma compulsão apesar de todas suas advertências, e agora... Sentia. Tudo. A culpa, a raiva e a sensação de absoluta solidão. Não tinha a menor idéia de como comportar-se na sociedade civilizada. Não tinha conhecimento de nada além de enganar e torturar, e agora aqui estava, sem estar preparado absolutamente para estar vivo e bem pela primeira vez que pudesse recordar em seus séculos de existência. Razvan se esticou, sentindo o jogo de músculos sob a pele. Seu corpo parecia tão diferente, quente, vivo, o aço corria sob a pele, tanto poder que tremia com ele, inseguro de como alguém podia esgrimir tal força sem machucar todos ao redor. Respirou um fôlego instável e jogou um olhar ao redor outra vez. A mulher — sua companheira — devia ter levado centenas de anos para esculpir essa casa. Era excepcional, mas o atraía. Havia algo seguro e consolador nela. Estava incômodo com ela por salvá-lo. Não podia ficar para repreendê-la nem ser tentado por ela, é obvio, mas pelo menos agora tinha uma oportunidade de lutar quando perseguisse Xavier, e sabia que o faria. Não podia permitir que o mago continuasse pulverizando seu mal pelo mundo. Tinha que detê-lo, e agora possivelmente tivesse a habilidade. Razvan se ajoelhou para examinar a concha grande de terra. A depressão era feita de pura rocha. Rocha impenetrável. O buraco circular que era sua cama tinha sido esculpido, profundo e largo, e depois cheio da terra mais rica, mais pura, e com mais minerais que ele jamais tinha visto. Incapaz de resistir, afundou as mãos na capa negra, sentindo as propriedades calmantes e rejuvenescedoras. De onde tinha vindo? Encolheu-se e estudou o fosso largo e profundo. Esta terra tinha sido trazida aqui, um pequeno pedacinho de cada vez, mas agora tinha muitos metros de profundidade, quase não se tinha dado conta de que havia uma cama de pedra debaixo. Quem tinha a classe de paciência que tomaria esculpir primeiro uma grande câmara em uma cama de pedra e depois enchê-la com terra? Devia ter levado centenas de anos, mas ela tinha concebido a idéia e logo a havia realizado cuidadosamente. Ficou em pé com um movimento fluído, surpreso pela maneira em que seu corpo respondia à força que lhe percorria, mas estava mais interessado na mulher e no que ela tinha forjado mais que em como funcionava seu corpo. Havia algo extraordinário sobre o quarto, e não só todo o trabalho que tinha requerido. A sensação lhe intrigava. Estendeu as palmas para as paredes. O poder chiou. O calor e a paz encheram-no. Franziu o cenho e deixou cair às mãos, girando a cabeça para estudar os ricos esculpidos. Cada parede, aproximadamente de 10 metros de altura com forma oval, estava esculpida com complicados desenhos. Um bosque enchia uma parede, cada ramo e tronco nodoso em ricos detalhes. Aproximou-se. Uma segunda parede tinha uma cascata que salpicava uma piscina de
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água, uma manada de lobos prateados, seis deles, estavam gravados em várias posições ao redor do bosque e da piscina. Notou os matagais, as flores, a lua redonda e as estrelas. No fundo da parede, perto da concha da câmara onde ela descansava, tinha esculpido uma só frase. Kuczak és kune jeläam és andsz éntölam sielerauhoet, andsz éntölam pesädet és andsz éntölam kontsíverauhoet. Que as estrelas e a lua me guiem com sua luz e outorguem serenidade a minha alma, proteção para todo dano e o coração de um guerreiro — paz. Era mais que uma obra de arte. Embutido em cada pedaço, cada laço e espiral, as videiras percorriam cada palavra por dentro e por fora, era uma sensação de tranquilidade. Quando passou as mãos sobre a oração, a uma polegada da parede, pôde sentir as vibrações e soube que tecido nessas palavras, na mesma rocha, havia poderosas salvaguardas. Razvan colocou as mãos na parede de pedra. Outra vez a parede vibrou com vida. As paredes eram de rocha sólida, impenetráveis como sua concha de terra. Mas mais que isso, cada parede tinha medidas de proteção, poderosas. Reconheceu os princípios como mago, mas eram tão diferentes que seria quase impossível as desenredar. Nada ia transpassar essas paredes. Ninguém jamais a encontraria, e ela estava perfeitamente a salvo. Grunhiu em voz alta. Ela o havia trazido para seu santuário. Ele era provavelmente a primeira pessoa que tinha visto sua casa, e com ele, havia trazido um inimigo além de todos os outros. Xavier podia possuir seu corpo, e agora que era forte, estava em forma e cheio de poder, o mago malvado desejaria o corpo de Razvan para si mesmo mais do que nunca. Razvan tocou o violino, e sentiu a alegria e a arte de sua música. Suas emoções estavam por toda parte, enterradas na arte que ela criava no calor e no santuário de sua casa. Subiu com cuidado, pelos degraus de pedra e pela abertura estreita ao quarto maior. Estas eram obviamente suas dependências, onde passava a maioria de seu tempo. As paredes da caverna tinham sido gravadas pedaço a pedaço até que tinha criado uma torre redonda, levantando-se sobre uns bons doze metros. Embora relativamente pequena, a câmara parecia espaçosa em sua simplicidade. Havia um par de cadeiras e um tapete grosso de lã com um pouco de pêlo de lobo aderido aqui e lá, dando evidência de que a manada frequentemente deitava neste quarto. Encontrou um livro de poesia e outro de batalhas de samurais, estratégia e código de honra. Eram velhos e estavam na pequena mesa esculpida, junto à cadeira. Recolheu o livro de samurais, escrito em um antigo idioma, e o folheou, notando a pequena escritura à margem e o sublinhado de frases em cada página. O livro estava deteriorado e obviamente era lido frequentemente. Como na câmara, as paredes estavam cobertas com desenhos, cada golpe talhado na parede, o que devia ter levado anos completar. O artesanato disse algo a respeito dela. Tinha paciência. Era meticulosa. E uma perfeccionista. Era uma artesã sabia ela ou não. Os rostos de dez jovens o olharam fixamente. Cada face tinha uma expressão de amor. Quando levantou a mão e passou as pontas dos dedos sobre as gravuras lisas, sentiu amor. O amor dela. O amor deles por ela. Angústia e dor por sua perda. Isto, então, era seu monumento à família perdida.
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Razvan tinha conhecido o amor. Seu pai e mãe. Sua irmã, Natalya. Guardou essas lembranças muito tempo depois que suas emoções se desvanecessem, e tinha levado muito tempo, ainda quando abraçou essa escuridão nele, alcançá-los, desesperado por estar tão intumescido que não pudesse sentir a perda, a culpa e uma entristecedora sensação de fracasso e desespero. O sangue nele corria forte tanto se o desejava como se não. Quando tocou esses rostos, o amor ali, a pena, quase o pôs de joelhos. Todos e cada um dos golpes da ferramenta usada para forjar essas linhas amadas da lembrança foram feitos com lágrimas caindo por seu rosto e um amor absoluto no coração. Quando as pontas dos dedos riscaram o cabelo e testas, desceram pelos olhos, os narizes e as bocas, sentiu a diferença nela. A princípio essas mãos tinham sido inocentes no conhecimento do destino de seus irmãos. Pouco a pouco, o conhecimento tinha sido ganho durante séculos, até que soube da traição de seus cinco irmãos mais velhos. As mãos se imobilizaram e respirou bruscamente. Vampiros. Traidores. Mestres vampiros juntando-se e tramando a queda do povo Cárpato com... O coração afundou. Seu inimigo. O pior inimigo dela. Xavier. Estava tudo ali na pedra. Cada detalhe, cada emoção, o sangue e as lágrimas e cada grama de amor e perdão que tinha nela. Ela resolveu que nunca os veria como eram agora, só recordaria com amor no coração onde poderia tocar as faces aqui neste monumento e recordar nada mais que seu amor. Quis chorar por ela, por sua família perdida. Não podia imaginar que força devia ter necessitado para seguir adiante, tão sozinha, tão perdida, a dor de sua perda quase intolerável, a força de seu amor permanecendo. As outras cinco faces eram da família, mais não de sangue. Sentiu seu profundo amor por eles, a preocupação, o temor estava tudo aí dentro. Ela temia saber seu destino, então ele parou de olhar, atemorizado que eles tivessem tomado o atalho dos irmãos. O amor brilhava junto com o terror da verdade. Debaixo das faces dos dez homens havia seis lobos, esculpidos com detalhes precisos, pareciam tão reais que tocou a pedra para ver se a pele era realmente de pedra. Cada focinho era diferente, como se ela tivesse estudado um lobo e transformado à criatura viva em parte da terra para sempre. A câmara era formosa em sua simplicidade e se sentia como um lar de família. Estudou cada rosto com cuidado, tanto o homem como o lobo, sabendo que estes eram os seres importantes na vida de Ivory. Perguntou-se, se as coisas tivessem sido diferentes, se seu rosto teria estado na parede, imortalizado com sua família. No fundo da parede ela tinha esculpido frases no idioma Cárpato, complicadas letras com videiras e folhas tecidas dentro e fora delas junto com flores finamente gravadas nas frases. Sív pide köd. Pitäam mustaakad sielpesäambam. O amor supera o mal. Guardo suas lembranças a salvo em minha alma. Uma vez mais, quando passou a mão sobre as palavras, sentiu a emoção que se vertia da parede, até tal ponto que sentiu ardor detrás dos olhos. O amor de Ivory por seus irmãos, por sua família e sua manada, era tremendo e inquebrável. Nem sequer com o conhecimento de que seus irmãos estivessem mortos para ela, de que tivessem traído sua memória da pior maneira possível, não só esteve decidida, mas também conseguiu recordá-los só como a família que tinha amado e adorado.
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Havia valor nessas palavras, decidiu. Valor, força e determinação. Se havia uma maneira de recuperar as almas perdidas de seus irmãos através do amor puro e o perdão, ela encontraria a maneira. Traçou as pequenas cruzes cortadas profundamente sob cada uma das faces de seus irmãos e as dos irmãos Da Cruz. A proteção faiscou, como se essa parede tivesse salvaguardas para proteger as queridas lembranças do encontro com o mal em que sua família tinha escolhido converter-se. Um túnel curto virava à direita e um arco aberto dirigia a um terceiro quarto. Olhou dentro desse terceiro, que era quase uma extensão de seu quarto familiar, para encontrar uma piscina calmante, com uma pequena cascata real que caía na rocha. Este quarto tinha esculturas, mas só os débeis começos. Pôde divisar um tronco imenso de árvore, com muitos ramos largos que se espalhavam para alcançar a rocha como se desse sombra à piscina. Era um trabalho em andamento e desejou estar ali para olhar seu trabalho. Agachou a cabeça e entrou no túnel. Os ombros raspavam contra os dois costados. Em cima do passadiço que levava para outro quarto havia um corte transversal profundo. Antes de entrar, pressentiu uma diferença. Onde os outros quartos eram femininos e íntimos, cheios de paz calmante, amor e consolo, este quarto tratava de negócios e propósitos. Este era uma oficina — um quarto de guerra — e assim como ela tinha sido meticulosa em detalhar sua arte, também tinha sido com suas armas. Fabricava suas próprias espadas e facas. Inclusive as balas de sua arma foram feitas por ela. Parecia ser uma artesã magistral, suas armas estavam forjadas pacientemente com tanto cuidado como as esculturas nas paredes de pedra. Assombrou-se com a variedade de armas; havia visto algumas antes, mas outras não estava seguro de como as usar. Os livros estavam dispersos entre estantes de ferramentas, outra vez, desgastados e lidos frequentemente. Uma parede tinha estantes de livros cuidadosamente escritos por uma mão feminina, e, ao abri-los, Razvan reconheceu os feitiços mágicos que Xavier utilizava frequentemente. Ao lado de cada um tinha escrito um segundo feitiço, rebatendo ou corrompendo o primeiro. Todos os livros pareciam estar dedicados a encontrar um modo de derrotar os feitiços de Xavier. Razvan achou isso muito interessante e se perdeu durante um momento, lendo as notas, as conclusões e os giros que colocava nas palavras para rebater tudo o que Xavier lhe tinha ensinado. Obviamente, ela tinha passado centenas de anos detalhando os atos de Xavier, estudando atentamente os livros de feitiços que tinha utilizado quando assistiu a suas aulas tantos séculos antes e tinha trabalhado para encontrar modos de derrotar o mago em cada volta. E tudo tinha sentido. O entusiasmo o percorreu. Tinha chegado a acreditar, depois de séculos de cativeiro, que Xavier era invencível. Os Cárpatos tinham falhado em derrotá-lo. Os Lycans tinham falhado. Os jaguares. Os humanos tinham sido capturados, torturados e convertidos em marionetes desumanas. E o pior golpe de todos — o não morto — havia feito uma aliança ímpia com ele. Razvan tinha visto tudo. Mas, aqui mesmo neste quarto, uma pessoa, uma mulher, tinha dedicado sua vida a parar o Xavier. Razvan olhou as paredes, sabendo que encontraria uma inscrição. Cada parede continha uma só palavra e numa tinha três linhas. Feldolgaztak. Kumalatak. Kutnitak.
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Preparar. Sacrificar. Aguentar. Não havia letras de fantasia esta vez, nenhuma videira nem flores entretecidas nessas duras palavras. Seu mantra. Andou através do quarto e se agachou ao lado da parede onde ela tinha esculpido seu código, utilizando o idioma Cárpato, profundamente na parede de pedra. Quatro linhas esta vez. Köd elävä és köd nime kutni nimet. Sieljelä isäntä. O mal vive e tem um nome. A pureza da alma triunfa. Türelam agba kontsalamaval. Tuhanos löylyak türelamak saee diutalet. A paciência é a verdadeira arma do guerreiro, mil fôlegos pacientes trazem a vitória Tõdhän lö kuraset agbapäämoroam. O conhecimento faz voar a espada verdadeira a seu objetivo. Pitäsz baszú, piwtäsz igazáget. Nenhuma vingança, só justiça. Tudo isto, tudo o que ela fazia, era uma preparação para sua última batalha com Xavier. Este lugar era um refúgio, protegido por salvaguardas extraordinárias sem nenhuma maneira de penetrar os quilômetros de pedra. Os livros de magia, as armas. Ela reunia cada arma possível contra o alto mago e esperava pacientemente para golpear enquanto reunia informação contra ele. O quarto de guerra era uma comemoração ao seu vasto conhecimento do inimigo, a sua paciência, determinação e disciplina. Uma imagem de sua companheira surgia, e ele sentiu uma sensação de orgulho e respeito por ela. Razvan levantou a cabeça e deu uma olhada ao redor do quarto. Uma larga mesa e um banco de trabalho coberto de tubos e vidro soprado à mão de todas as formas e tamanhos atraiu sua atenção. Reconheceu as ervas, plantas e raízes, secas e penduradas por todo quarto. A salvia preponderava, e várias plantas para desviar o mal. Que fazia ela? Examinou o livro que estava ao lado de um tubo torcido que continha um líquido espesso e escuro. Farejou-o cuidadosamente enquanto dava uma olhada no rabisco delicado e feminino. A fórmula tinha sido riscada e reescrita uma e outra vez até que ela pareceu satisfeita e tinha sublinhado o resultado com grossas e escuras linhas. Ele não podia detectar nenhum aroma. Quando levantou uma colher esculpida, a mescla era clara, não escura. Franziu o cenho e olhou o tubo de vidro, certo de que era escuro. Junto com tudo mais, ela parecia ser química. Examinou várias das bandejas e cestas que continham uma variedade de ervas secas. O trabalho de cada um deles era incrível, o padrão único. Quando os tocou, soube que ela tinha feito a mão cada um delas. Deixou o quarto e voltou para o quarto da família, tratando de pensar, de formar uma idéia do que devia fazer. Esta mulher — sua companheira — reunia pacientemente as ferramentas para derrotar o maior inimigo do mundo. As lembranças de seu resgate eram muito nebulosas, mas recordava os olhos e a sensação das mãos, a seda do cabelo, a suavidade da pele. Sobretudo recordava sua bondade. Desejava mais que nada ficar para ajudá-la a obter seu objetivo, mas sabia que ele era mais perigoso para ela que qualquer outro ser na face da terra. Através dele, Xavier poderia encontrá-la e destruí-la. A morte estava longe de ser o pior que o alto mago poderia fazer a uma pessoa; Razvan tinha aprendido isso por amarga
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experiência. Ele tinha estado impotente para proteger sua irmã e sua filha — inclusive suas tias — mas poderia proteger sua companheira permanecendo longe dela. Deu uma olhada ao redor da cômoda guarida, uma obra mestra de beleza e valor, estava agradecido por isso, porque antes de sua morte, teve a oportunidade de encontrá-la, de ver a verdadeira luz na alma de alguém. Só tinha conhecido escuridão e crueldade, mas lá estava rodeado por algo totalmente diferente — o contrário completo — e queria permanecer aqui e banhar-se em sua alma durante tanto tempo quanto pudesse antes de ter que partir. Nunca tinha compreendido verdadeiramente o que ser um companheiro era. Duas metades da mesma alma unidas. A luz para a escuridão, a escuridão para a luz. Ambos se necessitavam. Só em estar em suas salas, com as paredes de lembranças elevando-se sobre ele, sentia consolo e calor, não do corpo, tinha isso agora; pela primeira vez em séculos não tremia, mas sim sentia o calor por dentro, profundamente onde contava. Tinha-lhe dado algo que ele não tinha conhecido e ainda não havia a reclamado, não havia atado suas almas juntas. Quanto mais poderosos seriam estes sentimentos então? A tentação sacudiu-o e rapidamente a afastou. Não havia tido controle sobre sua vida durante séculos. Neste momento, quando tinha opções, faria o necessário para proteger esta mulher. Xavier nunca a conseguiria através dele. Mesmo que ela complicasse as coisas. Seu primeiro pensamento tinha sido tratar de matar Xavier, mas não se atrevia arriscar-se a cair nas mãos do mago outra vez, não quando ele saberia a localização da guarida de Ivory. Algo se revolveu nele. Uma pergunta. Uma busca. Algo estranho lhe acariciou a mente com garras agudas, raspando as paredes. Ficou tenso, e sem pensar, golpeou uma barreira tão forte, tão rapidamente, que se surpreendeu. Não tinha se dado conta que pudesse fazer tal coisa. Reconheceu o toque vil e perverso. Xavier. O alto mago o estava procurando, estirando-se para encontrá-lo e possuí-lo. O coração pulsou com tanta força no peito que pensou que explodiria. O temor por sua companheira vivia e respirava nele, reforçando sua resolução de lutar contra a posse de Xavier. Correu pelos quartos, procurando uma saída, temendo que Xavier pudesse ver através de seus olhos. Manteve sua mente tão em branco como foi possível, sabendo que o mago, quando estava unido, podia ler seus pensamentos. Não podia recordar como tinha chegado aqui. Tudo sobre a viagem estava nebuloso. Não podia atravessar quilômetros de rocha, não sem saber onde poderia emergir sem perigo. Sentia-se preso e assustado, amaldiçoando seu destino, uma vez mais ele seria a queda de alguém que necessitava e merecia sua proteção. Encontrando-se a si mesmo na câmara, descansou a mão na parede, a cabeça para baixo e os olhos fechados, tratando de orientar-se. Ter outro possuindo seu corpo era uma experiência dilaceradora e doente, os detalhes de Xavier, sua avareza e a depravação extrema invadiam sua mente. Manteria-lhe fora. Sem advertência, a dor golpeou-lhe, uma dor atroz. Razvan abriu os olhos de repente e olhou ao redor, tratando de determinar o que lhe estava acontecendo. A terra estava ali, na profunda depressão, um tesouro rico que fazia gestos e que não podia resistir. Foi de joelhos, mas a dor não remeteu. Frequentemente, seu corpo era tomado nas viagens através da terra, mas nunca tinha descansado na capa rica e rejuvenescedora. Xavier nunca se atreveu a lhe
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permitir esse luxo. A terra teria curado seu corpo e restaurado sua força, o que Xavier não podia permitir-se. Deixou-lhe adoecer em um tipo de meia vida nas covas de gelo. Razvan não estava nem sequer certo de que pudesse sobreviver embaixo da terra, ou ainda em cima dela depois de tantos séculos de frio, mas a terra enchia-o de força, e não detinha a dor. Xavier, incapaz de entrar em sua mente, tinha que estar atacando-o de longe. Sentiu dentes rasgando seu ombro, pontas afiadas perfurando osso, nervos e carne, cortando mais e mais profundamente, injetando ardentes parasitas na ferida. Estavamlhe comendo vivo, uma adequada justiça para alguém como ele. Seus próprios dentes se afundaram no pulso minúsculo de sua filha, e ele tinha olhado com horror, incapaz de protegê-la, enquanto Xavier cometia essa perversidade, roendo-a como se ela fosse um osso, um pedaço de carne para ser consumido, os dentes rasgaram a delicada pele para chegar ao sangue e o osso. Sentiu espalhar o ácido pela pele, profundamente, mais profundamente ainda, sangue de vampiro que corria em rios sobre a carne, largas correntes que se estendiam sobre suas mãos e antebraços e desciam pelo ombro, correndo pelo braço e peito. Reconheceu a sensação, seus pulsos, tornozelos e inclusive as costas frequentemente tinham ardido pelas algemas cobertas com sangue de vampiro. Tinha conseguido isso por seu fracasso em manter os membros de sua família a salvo de Xavier. Repetidas vezes, tinha lutado contra o mago demoníaco, mas nunca tinha sido suficientemente forte e sábio para derrotá-lo. Uma explosão de dor nas costelas o sacudiu, irradiando por todo seu corpo. A dor era um estilo de vida para ele. Podia afastá-la agora, absorvê-la em seu corpo e deixar que o consumisse. Tinha aprendido faz muito tempo como viver em agonia. Esta dor não era sua dor. Estava muito longe. Muito distante, a reação estóica, mas definitivamente feminina. Ivory estava com problemas. Todo o resto deixou de importar. Tinha uma razão para sua existência, protegê-la de qualquer inimigo a todo custo. Esvaziou sua mente e lutou contra as emoções absorventes com as que ainda achava difícil tratar. Construiu a imagem dela em sua mente, a imagem de como a via. Suave e feminina, a mulher amorosa que pertencia a este lugar, a esta casa de beleza crua. Ivory. Está com problemas. Diga-me como chegar até você. Houve a menor das vacilações. Estão-lhe caçando. Ele não discutiu com ela. Estava ferida e rodeada de inimigos. Podia sentir a queimadura do sangue de vampiro, a dor que lhe roia o ombro e as costelas, e a inquietação por que estava débil e possivelmente não conseguisse lutar, embora estivesse totalmente decidida a tentá-lo. Razvan encheu sua mente com sua força e o poder, alimentou-a enquanto procurava em suas lembranças e encontrava a informação que necessitava. Distraia-os. Estarei logo aí. Não lute. Não lhe atacarão sempre que falar com eles. Não tenho muito tempo. A admissão a humilhava. Minha força diminui. Já vou. Estarei aí, Ivory. Não perca a esperança. Verteu sua determinação e resolução em sua mente, sabendo que ela desconfiava de todos, e com razão. E tinha toda a razão para temê-lo e odiá-lo. O código genético de Xavier estava em seu corpo.
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Houve outra pequena vacilação, e então ele viu claramente a fenda astutamente oculta em sua câmara por onde ela podia deslizar-se dentro e fora pela estreita chaminé de apenas uns centímetros de largura. Havia prudência na mente de Ivory. Razvan se apressou a tranqüilizá-la. Escanearei cuidadosamente antes de emergir assim não haverá rastro que se dirija a sua guarida. Agora tinha a informação na cabeça e tinha que ser duplamente cuidadoso de que Xavier não pudesse entrar em sua mente. Antes de mover-se, levou um momento para construir cada defesa possível, engrossando as barreiras, fazendo-as mais fortes do que jamais tinham sido. Mais forte do que a maioria nunca advertiria antes de entrar na pequena caverna. Saiu para a superfície, um rastro como um fio de vapor movendo-se para cima, ondeando daqui para lá pelas capas de rocha durante o que pareceu uma quantidade interminável de tempo antes de ver um pedaço do céu acima. Já vou. Estarei aí, Ivory. Não perca a esperança. Em centenas de anos, ela nunca tinha dependido de ninguém exceto dela mesma e sua manada. Ela era Ivory Malinov, a assassina dos sombrios, e não confiava em ninguém, não acreditava em ninguém. Assim, ninguém poderia lhe arrancar o coração, fisicamente ou em sentido figurado. Tomou fôlego e a dor quase a cegou, fazendo-a cambalear-se e o Escuro saltou para ela. Ivory tirou uma faca do cinto e enfrentou-o. Conhecia sua reputação, mas por sorte, ele não conhecia a dela. Era uma vantagem, por menor que fosse. Ele não estava informado de que os lobos eram Cárpatos e todos imortais. Tentaria controlá-los, era uma defesa padrão, mas não funcionaria, e isso lhe daria uma pequena vantagem. Usualmente ela já teria se apressado a atacar, sem esperar que ele desse o primeiro passo, mas uma parte dela não queria começar uma guerra com os Cárpatos. Mikhail levantou a mão. — Gregori. Não há necessidade disto. — era uma advertência, entregue com uma voz suave, quase tenra. Recordou esse mesmo tom, o pai de Mikhail, tão tenro e benévolo, olhos amáveis, compassivo, compreensiva sabedoria. A voz da razão. Só queria ajudá-la. Um homem desinteressado e agradável que vivia para servir sua gente. O que fosse melhor para eles. Recordava essa voz muito bem. Olhando-a, examinando-a, perfurando sua alma, vendo sua necessidade de conhecimento, sua necessidade de aprender quando seus irmãos não podiam ou não queriam. Essa voz que a tranqüilizava, lhe dizendo que ele faria o correto, que falaria com seus irmãos quando retornassem e explicaria por que era necessário que ela fosse à escola e aprendesse. O príncipe compreendia. Como não poderia, quando sabia tão mais que os outros? Como não poderia, quando suas razões para fazê-lo era servir seu povo? Sabia que ela tinha fome de fazer mais que sentar-se em casa e esperar seu companheiro. Ela queria ser algo, fazer algo. O príncipe compreendia e a ajudou como sabia que faria. Algo lhe retorceu dentro do estômago. Por um breve momento, não pôde sentir a dor que pulsava nas costelas nem a terrível agonia do ombro, nem da queimadura do sangue ácido ou a aguda dor dos parasitas enquanto invadiam suas células. Nunca lhe ocorreu em sua ingenuidade que o príncipe tivesse outra ordem do dia, que queria
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desfazer-se dela, enviá-la longe porque sabia que seu filho doente e maquiavélico nunca a deixaria sozinha, e que seus irmãos ou os irmãos Da Cruz matariam Draven. Em vez disso, ela tinha ido felizmente, acreditando que o príncipe, em toda sua sabedoria, sabia muito mais que sua própria família. Ela se sentia tão adulta, tão importante. Foi desesperadamente jovem e confiada nesses dias. Tem que se apressar. Não posso resistir muito mais. Não sabia se sua debilidade era tanto física como mental. Ver seu irmão a tinha sacudido mais do que se deu conta. Tinha jurado evitá-los e não se preparou mentalmente para ver Sergey em seu estado de maldade. Ele tinha mudado sua aparência quando a reconheceu, lhe dando um vislumbre de seu passado, do amado homem que a tinha segurado no colo, balançado e passado horas ensinando-a a lutar. Tinha-a adoecido fisicamente lhe disparar com uma flecha. Pensou que tinha separado com êxito o passado do presente em sua mente, mas vê-lo em pessoa não era o mesmo que pensar nele de forma abstrata. Estou chegando. Distraia-os um tempo. Use os lobos se achar que deve. — Permita que nosso curador te ajude. — disse Mikhail, sua voz caiu outra oitava, chegando a ser quase hipnótica. Ela não pôde evitar sentir o puxão dessa voz pura, embora durante séculos treinou-se para não cair presa do som. Farkas colocou-se mais perto de suas pernas, seu corpo tremendo. Estava na mesma forma que ela. — Não necessito sua ajuda, Dubrinsky. — disse, sua voz altiva — Não a pedi e nem quero nada de você ou de qualquer um que tenha laços contigo. O fôlego de Gregori saiu em um comprido e lento vaio. O olhar de Ivory saltou ao seu rosto, à tormenta que formava redemoinhos nesses olhos. Se ia vir um ataque, viria dele. Ela estava fraca pela perda de sangue e dor, e estava acabando o tempo. — Evidentemente nunca aprendeu, em todos os seus anos de existência, como uma voz pode ser doce e pura aos ouvidos, mas ocultar a verdade detrás da máscara. Meus irmãos escolheram o lado maligno, mas não estavam equivocados em seu julgamento sobre a linha Dubrinsky. O príncipe ao que segue não é absolutamente o que acredita que é. Seu olhar voltou rapidamente para Mikhail, contendo absoluto e total desprezo. — Não pode me enganar, karpatii ku köd, — mentiroso — já fui enganada uma vez, e seu pai era um campeão. Desejo ir embora. Está me mantendo prisioneira? Houve um pequeno silêncio e Gregori sacudiu lentamente a cabeça. — Acredita que pode lutar contra todos nós e sair vencedora? É uma mulher, uma mulher Cárpato sem ninguém para protegê-la. Jurei cumprir meu dever tanto se o desejar como se não. Ivory respirou, e exalou. Fique preparado, Rajá. A manada despiu os dentes e encarou a ameaça dos machos Cárpatos sem acovardar-se. Gary se moveu então, colocando deliberadamente seu corpo diante do dela, parando entre Ivory e o guardião do príncipe, ignorando a ameaça da manada. — Por favor. — disse — Ninguém quer tomar você como prisioneira. Ofereço meu sangue livremente. Minha vida pela tua. Não estou seguro das palavras formais,
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mas se tomar o que ofereço, saberemos que pelo menos terá uma oportunidade de lutar se poderia te topar com outro vampiro. Ninguém quer te prender. — Ela está infectada com o sangue do vampiro. — explicou Gregori — Terá que extirpar os parasitas. — Estou bem inteirada da contaminação. — replicou Ivory — Sou perfeitamente capaz de me curar. Outro macho e uma fêmea se materializaram mais à frente do príncipe, e Ivory suspirou, desejando poder afundar-se na neve e descansar. Reconheceu o macho, com seus traços fortes e formosos e quase lhe saiu um sorriso. Falcon. Um amigo da família, dos irmãos Da Cruz. Era um solitário, mas um bom homem. Estava agradecida de lhe ver, de saber que pelo menos alguns dos machos mais antigos ainda sobreviviam com suas almas intactas. — Ivory! — registrou a surpresa, surpresa e felicidade — Você é a misteriosa mulher que salvou nosso filho? — Falcon deslizou-se para frente, mas se deteve bruscamente quando ela retrocedeu e o afastou com a mão. — Pesäsz jeläbam ainaak, que possa permanecer na luz muito tempo, Falcon. — saudou — Foram muitos anos. — Está ferida. — exclamou a mulher, apressando-se para frente. Falcon a parou lhe pondo uma mão no braço. — O que está acontecendo aqui? Ivory notou que ele não soava sentencioso, a não ser cauteloso. — Desejo ir e seu príncipe e seu servente ditaram de outro modo. — Só para velar por sua saúde, senhora. — disse Gregori com uma leve reverência, ignorando sua provocação. A mulher franziu o cenho. — Sou Sara, a companheira de Falcon. Você salvou nosso filho e estamos em dívida contigo. Ninguém aqui quer te ferir. — enviou um pequeno olhar enfurecido para Gregori — Não posso imaginar que ninguém aqui quereria fazer nada exceto te recompensar por sua ajuda. Ofereço livremente meu sangue para ajudar a te curar. Ambos, Falcon e eu faremos quanto possamos para curar suas feridas, embora Gregori seja um curador incomparável. Pode parecer intimidante, mas realmente é um homem agradável e carinhoso. — Não estou intimidada pelo Escuro. — negou Ivory — Só desejo seguir meu caminho. A mulher a tentou com sua oferta. A cura certamente seria comprida até voltar a recuperar a força, mas se tomava o sangue do Escuro, ele poderia rastreá-la mais facilmente. O sangue chamava o sangue. E seria tão vulnerável. Ele poderia tomar facilmente seu sangue e então sempre teria que preocupar-se que ele pudesse encontrar sua guarida. De qualquer forma, Sergey sabia que estava viva. Possivelmente conseguisse entrar em sua cabeça e tentar encontrá-la. Suspirou e sacudiu a cabeça. — Lamento não poder aceitar sua generosa oferta, mas obrigado. — disse a Sara. Rajá grunhiu uma advertência e ela se deu conta de que Gregori se moveu mais perto. O Escuro se deteve quando ela se balançou para ele, orientando a faca para as partes mais suaves de seu corpo. — Seria verdadeiramente muito insensato, Escuro, para tentá-lo.
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— Está cambaleando de fadiga. — disse Gregori — Se disse algo que te fez pensar que desejo te fazer mal, desculpo-me. Certamente pode ver que minha única preocupação é sua saúde. Enquanto estamos aqui, os parasitas tiveram mais oportunidade de pulverizar o veneno pelo seu corpo. — Estou bem inteirada do que os parasitas podem e não podem fazer. Esticou-se para Razvan, desesperada agora. O curador estava muito perto para sentir-se cômoda, possivelmente muito perto. Ivory não era o suficientemente insensata para ignorar a reputação do homem. Era conhecido por toda comunidade como um defensor perigoso e desumano do príncipe e do povo Cárpato. A menos que lhe permita me dar sangue, não tenho mais escolha que lutar para ir. Não terá que lutar. Dou minha vida pela tua. Segue meu exemplo. Fale com a mulher, distrairá-lhes durante outros minutos. Havia algo tranquilizador em seu tom. Ela tinha deixado um guerreiro machucado e caído, mas ele levantou como algo inteiramente diferente. Havia confiança em sua voz. Razvan era um Caçador de Dragões, um dos mais antigos e mais poderosos de todas as linhagens Cárpatos, e tinha suportado tortura e sofrimento durante centenas de anos sem sucumbir à escuridão. Ela tinha estado em sua mente, e suas lembranças eram muitas. Ele tinha absorvido habilidades de luta, técnicas e estratégias. Sabia mais a respeito de Xavier que qualquer outro ser vivo e tinha mais razões para lhe destruir que qualquer outro. Ela queria acreditar nele. Comocionada e débil, precisava acreditar nele. O curador está tratando de me atrasar. Sabe que não posso aguentar. Aguentará. A força se verteu nela. — Sara. — disse brandamente — Apelo a você. Peça ao Escuro que dê um passo ao lado. Não fiz mal a ninguém aqui e só desejo ir em paz. Você indicou a necessidade de me pagar por salvar a vida de seu filho. Isto é o que peço. Que simplesmente faça que seu curador dê um passo ao lado. Sara elevou o olhar para Falcon e logo a Mikhail. — Acredito que soa razoável. Por favor, Gregori, te afaste. Todos olharam Sara, que se aproximou mais, em atitude protetora, para Ivory. A terra saltou para cima sob os pés do príncipe e um corpo se materializou atrás dele, um braço se fechou apertadamente ao redor do pescoço de Mikhail, a folha de uma faca pressionou contra o coração do príncipe. Uns olhos tempestuosos e desumanos se centraram no rosto do Escuro com resolução absoluta.
Capítulo 5 Ninguém se moveu. Ninguém respirou, permanecendo como estátuas congeladas no tempo, como se um pequeno engano fosse começar um banho de sangue, e a julgar pela morte nos olhos de Razvan e nos de Gregori havia pouca dúvida de que haveria. Gregori soltou o fôlego em um comprido e lento vaio. — Ameaçar a vida do príncipe é punível com a morte
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Razvan deu de ombros, uma ondulação casual de poder. — Estive sob pena de morte desde meu décimo quarto verão. Não é nada novo para mim. Não há nada que possa imaginar me fazer que já não me tenham feito. Aceito que morrerei esta noite. — inclinou a cabeça para Gregori, sua expressão imutável, como se desse ao Cárpato licença para matá-lo. — Um homem com nada a perder, Gregori, frequentemente surge vencedor. — indicou Mikhail, com um rastro de humor em sua voz. Os olhos prateados de Gregori cintilaram, e não havia diversão neles. Ninguém coloca sua faca em seu coração e vai ileso. — Afaste-se de minha companheira. Uma vez que ela esteja longe, pode fazer o que quiser. — instruiu Razvan. — Não. — protestou Ivory — Fico com você. Lutaremos por nossa liberdade. Sara tentou dar um passo mais perto de Ivory. — Isto é uma loucura. Mikhail. — apelou ao príncipe — Pare isto. Permita irem embora. — Sabe quem é este homem? — perguntou Falcon brandamente — Ivory, tem alguma idéia dos crimes que Razvan cometeu contra nosso povo? Outra vez Razvan nem se estremeceu e a faca tampouco o fez. — Não sabe nada a respeito dele. — replicou Ivory — Não tem direito de julgá-lo quando não conhece os fatos. — Não há necessidade de me defender. Razvan estava surpreso de que o fizesse. Ela estava ali cambaleando-se, parecendo tão enganosamente frágil para o guerreiro que ele sabia que era. Seu corpo era alto e reto, a pele perfeita danificada agora pelos rastros de sangue do vampiro e as feridas dos dentes no ombro. Havia algo muito íntimo em saber que sob o exterior perfeito, ele conhecia a mulher verdadeira, as cicatrizes da morte e o desafio. A reserva de coragem que a devia ter tomado para juntar seu corpo e jazer tão quebrada na terra durante centenas de anos enquanto a natureza tentava repará-la. Conhecia as profundidades e as forças dela quando nenhum outro na face da terra o fazia. O orgulho por ela o sacudiu. Sua coragem e ferocidade o humilharam. — É verdade. — respondeu Falcon, permanecendo tranquilo no meio da tensão — Você não conhece este príncipe. Dei minha lealdade a Mikhail. Ele é digno de meu respeito e proteção. Conhece-me. Mais importante, conhece os irmãos Da Cruz. Eles também juraram lealdade a Mikhail. Manolito deu sua vida por Mikhail e Gregori restaurou este mundo. — seu olhar se moveu rapidamente para Razvan — Acredito que seu companheiro injetou o veneno em Manolito. Razvan não estremeceu e a mão que segurava a faca era estável como uma rocha. — Ivory, quero que venha ao meu lado e tome meu sangue. Tome o suficiente para que possa estar com toda sua força. Ela pareceu afligida e sacudiu a cabeça em silêncio. — É a única maneira. Seu propósito e seus preparativos se perderão se não fugir. Não podemos deter todos. Sabia quando vim que estaria trocando minha vida pela sua. É uma honra. — Seu sangue está infectado com parasitas. — disse Mikhail — Mantenha a faca sobre meu coração e permita ao meu curador que o desfaça dos vermes vis de Xavier.
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Ivory estremeceu quando ouviu o nome do alto mago. O olhar de Gregori foi ao príncipe, olhando-o com um brilho prateado. — Isto não é divertido, Mikhail. Sabemos muito pouco a respeito deste homem. Pode muito bem empurrar essa faca em seu coração sob as ordens de Xavier. Não levaria esse sorriso afetado então. — Estou seguro de que encontrará um modo de me salvar. — Razvan. — disse Mikhail — Não estamos procurando ferir sua companheira, só nos asseguramos de que possa sobreviver a um ataque em seu caminho de volta para casa. Oferecemos-lhes amizade. Sua irmã, Natalya, está aqui com seu companheiro, Vikirnoff. Lara, sua filha, e seu companheiro, Nicolas Da Cruz, residem entre nós, trabalhando para salvar nossas crianças não nascidas ainda. Ela foi uma vantagem tremenda para nosso povo. Suas tias, Tatijana e Branislava, estão a salvo e vivas, neste momento sanando clandestinamente. Ofereço-lhes salvo-conduto para ambos. Razvan dirigiu a Ivory um rápido olhar. Depende de você. Ivory respirou. A vida ou a morte para seu companheiro. Ele estava pondo sua vida em suas mãos tão facilmente. Pouco sabia ele sobre quão aborrecível era para ela permitir favores da família Dubrinsky. Podia forçar-se a aceitar, e forçou seu corpo ainda mais a ir para frente tensamente até que esteve ao lado do curador, com os dedos fechados apertadamente ao redor do punho da faca. Assentiu com a cabeça para o curador. Ela provavelmente me apunhalará quando acabar. Outra vez esses olhos prateados se moveram para o príncipe. Não rirá de mim quando nossas mulheres me jogarem uma bronca por permitir que alguém o apunhale. Não sei. Poderia ser divertido. Não estarão zangadas comigo. Gregori sussurrou entre dentes enquanto enviava ao príncipe outro olhar provocador antes de colocar as mãos brandamente sobre o ombro de Ivory. Ela tremeu, como um animal selvagem sob as mãos de um resgatador que o separava de uma armadilha. Sem ser plenamente consciente disso, o curador murmurou palavras tranquilizadoras no antigo idioma, tentando lhe assegurar por meio de sua voz e o toque das mãos que não queria lhe fazer mal. Gregori fechou os olhos e deixou de ser um guerreiro violento, o guardião feroz do príncipe e do povo Cárpato. Todo seu ego, tudo o que era, rendeu-se, enviou-se a si mesmo fora de seu corpo e entrou no da fêmea ferida. Converteu-se em energia, em uma entidade curadora, e se moveu através de sua corrente sanguínea para encontrar e reparar todo dano de dentro para fora. Quase se esqueceu de si mesmo, uma dessas poucas vezes em seus séculos de cura, quando descobriu o modo como se soldaram juntos tão cruamente os ossos e nervos. As arestas e as evidências de cicatrizes internas e externas estavam por toda parte de seu corpo, inclusive em seus órgãos, algo insólito na sociedade Cárpata. Saiu dela só por um momento, sacudido, incapaz de olhá-la enquanto tentava decifrar como alguém podia ter sobrevivido ao que havia feito essas cicatrizes. Mikhail. Havia surpresa quando era difícil surpreender Gregori. Havia admiração quando era quase impossível assombrá-lo. Havia em sua maior parte respeito. É como se ela tivesse sido talhada em pequenos pedaços. Nenhuma parte dela está sem tocar além do rosto, e inclusive o pescoço tem estas arestas de partes. Acredito que foi talhada em pedaços, mas como pôde sobreviver?
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Enviou as impressões para Mikhail. Sua verdadeira pele é um conjunto de fragmentos. Sinto as folhas cortando sua pele e ossos, ao redor do pescoço, cortando sua cabeça. Esta mulher sofreu muito. Tomou fôlego. Um batimento intenso. Bruscamente Gregori tirou sua mente da de Mikhail. Conte-me. A palavra foi uma ordem, nada menos. Seu irmão mais velho a assaltou. Sinto sua mancha, uma estampagem de sofrimento que não tinha sentido antes. Ele lhe fez isto. Ou foi parte disso. Mikhail fechou os olhos por um momento. Ela tem razão em odiar a minha família. Indubitavelmente. Sente animosidade para o povo Cárpato? Ela tentaria nos destruir? Há uma grande resolução, mas não por terminar com sua vida nem por nos destruir. Leva sua determinação no sangue. Eu gostaria de conhecer mais esta mulher. Gregori se desprendeu de seu corpo físico uma vez mais e voltou a entrar em Ivory, pondo atenção aos ossos e órgãos, banhando-os na luz curadora enquanto passava através deles, examinando seu sangue e as células em busca da infestação de parasitas. Forçou mais dos intrusos a sair de seu corpo pelos poros, incinerando-os enquanto se retorciam na neve, tentando encontrar um objetivo. Foi um assunto sujo e exaustivo, e ela se afundou na neve, com a força finalmente esgotada. Os lobos se empurraram mais perto, formando um círculo de proteção, com Ivory e o corpo do curador dentro. Gregori dependia de Falcon para manter sua forma física segura enquanto trabalhava, e o antigo Cárpato permaneceu muito quieto, vigiando os lobos cuidadosamente. Enquanto Gregori trabalhava, a faca nunca fraquejou, tampouco Razvan perguntou nada a respeito de sua família. Toda sua concentração estava na segurança de Ivory. Vigiou os outros, deixando que a manada de lobos lhe advertisse se Gregori tentasse algo para ferir Ivory. Isso implicava disciplina e compostura. Em nenhum momento penetrou a lâmina da faca na pele do príncipe. Mikhail permitiu que seu corpo respirasse com naturalidade. — Gregori é um curador tremendo. Irá se assegurar de que não fique nem um parasita. — Aprecio seu serviço. — Não tem necessidade de continuar me retendo como refém. — disse Mikhail — Gregori grunhe e morde, mas não tem nenhum desejo de ferir sua companheira, só curá-la. Conduz-se por seu código. Não será tão pormenorizado com suas ameaças contínuas. Dei minha palavra para seu salvo-conduto. Seria insensato agravar a situação quando sua mulher precisará de cuidados. Razvan segurou a faca uns poucos momentos mais, como se sopesasse a verdade das palavras de Mikhail e então a faca desapareceu e ele retrocedeu às sombras onde tinha uma visão clara dos três machos Cárpatos. Mikhail não se moveu perto, mantendo sua amostra de fé. Falcon se deslizou um pouco mais perto para estar em melhor posição de inserir seu corpo entre o príncipe e o dano potencial se fosse necessário. — Diga-me, Razvan, — perguntou Mikhail — Xavier ainda está verdadeiramente vivo? — estudou o cabelo frisado de cinza. Poucos Cárpatos envelheciam, só as feridas mais graves podiam produzir esse tipo de machucado em um Cárpato. Ao olhar de
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perto, o príncipe pôde ver sinais de sofrimento gravados na face esgotada. Razvan era um homem bonito, mas parecia mais velho, erodido. — Está. — confirmou Razvan. — Possui seu corpo à vontade? — Sim. — respondeu Razvan, sem estremecer — Embora pela primeira vez, pude mantê-lo fora. Nunca estive tão forte antes, assim é possível, com o tempo, que possa aprender a mantê-lo afastado. Falcon se revolveu, seus escuros olhos olharam profundamente nas sombras como se pudesse ver seu mais velho e perigoso inimigo. — Põe em perigo a sua companheira? — Sou um perigo para qualquer um perto. Mikhail dirigiu um rápido olhar apaziguador a Falcon. — Como conseguiu escapar? — O último ataque na caverna de gelo o forçou a me mover da câmara onde normalmente eu ficaria retido. Teve pouco tempo para preparar-se e não era tão segura. Não tinha me alimentado em dias. Acredito que pensou que estava muito fraco para tentá-lo. — Razvan deu de ombros. Mikhail estudou a face destroçava pelas dificuldades. Esse pequeno encolhimento de ombros lhe disse muito sobre o homem. Não pedia simpatia, nem tampouco se desculpava pela vida que tinha sido forçado a seguir. Essas singelas frases diziam muito. Mikhail se inclinou. — É um verdadeiro Caçador de Dragões. — nenhum Caçador de Dragões tinha sucumbido jamais à escuridão que espreitava aos machos de sua espécie. Se alguém tinha razões para abraçar a amargura, o ódio e a ira, era Razvan, se tudo o que se suspeitava era correto — Estamos em guerra por nossa existência. Possivelmente haja coisas que nos possa contar que nos ajudem em nossa luta para salvar a nossos filhos. Lara foi inapreciável para nós. Razvan manteve seu olhar em Ivory, sem responder. Só ouvir o nome de sua filha era duro, e as emoções o alagaram, mas se negou a permitir-se mostrá-las. Tinha séculos de prática em aprender a manter o rosto como uma máscara, e não permitiu que o príncipe visse como o mero pensamento de Lara lhe retorcia por dentro. Ivory levantou os cílios e elevou o olhar para ele. O olhar de Razvan se encontrou com o dela e seu coração saltou. Ela sabia. Ela tinha que sentir uma dor tremenda? Tinha que estar temeroso do resultado de ameaçar o príncipe do povo Cárpato? Mas um pequeno meio sorriso lhe curvou a boca. Soube que esse sorriso era para ele. Esse sorriso secreto os prendia juntos, ele os fazia encaixar como duas peças de um quebra-cabeça, era privado e intensamente íntimo. Os olhos de Ivory eram suaves quando enviou calidez a sua mente. Algo profundamente em seu interior se retorceu em duros nós. Algo mais se fundiu. O coração fez uma estranha revoada e a garganta se fechou. Ivory. Por que a tinha encontrado agora? Era o tesouro mais inesperado. Ninguém, ele menos que todos, merecia-a, com seu tenaz valor e generosidade. Uma diversão feminina se deslizou em sua mente. Não se engane. Ninguém exceto você me chamaria de generosa. Sou a assassina. Isso é tudo.
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Ela era muito mais, era tudo. Manteve os olhos centrados nos seus enquanto ela estremecia outra vez quando mais parasitas caíram por seus poros ao chão salpicado de sangue. Ele encheu sua mente com a força e os aromas que tinha descoberto em sua guarida, os que sabia que a tranquilizariam, sustentariam-na durante o resto da cura. A extração de parasitas era um processo difícil. O curador tinha que ser especialmente cuidadoso de não perder nem sequer um, e enquanto Gregori voltava a unir-se com seu corpo, cambaleou-se de fadiga. — Ela precisa de sangue. — anunciou Gregori e se afundou na neve ao lado dela. — Você também. — disse Mikhail, deslizando-se sobre a neve a seu lado. Estendeu-lhe a mão com um gesto casual e fácil que falava de uma antiga familiaridade em doar sangue. Razvan vacilou. Não tinha a menor idéia da extensão do agarre pelo Xavier nele. Se era celular ou molecular, se dava seu sangue a Ivory, Xavier poderia possuí-la de algum modo também? Não sabia e não queria correr o risco. O curador lhe mandou um olhar cortante com esses peculiares olhos prateados, olhos que recordavam surpreendentemente Xavier. Brilhavam com perigo, ameaça, reprimenda, e pela primeira vez em seu encontro com estes homens, sentiu vergonha. — Você me protege, — disse Ivory — e estou agradecida. Ninguém aqui tem uma compreensão de com que você está tratando, nós. — Ofereço meu sangue livremente. — reiterou Sara e deu um passo perto de Ivory, estendendo seu pulso em oferenda. Ivory inclinou a cabeça. — Estou agradecida. O sangue era rico, sangue de um Cárpato, golpeando seu sistema como uma bola de fogo de energia, ensopando suas células e ajudando a reparação cuidadosa do curador do ombro e costelas. Gregori estudou a face de Razvan. — Teme dar seu sangue a sua companheira. — foi mais declaração que uma pergunta, e desta vez uma insinuação de respeito se arrastou nela. Cada macho Cárpato estava conduzido a prover para sua companheira — Não a reclamou. Razvan deu de ombros. — Não posso. Não o farei. Ivory levantou a cabeça, passando a língua pelas espetadas no pulso de Sara, os olhos escuros brilhavam, quase voltando-se de cor âmbar, como os olhos de um lobo. — Não há necessidade de explicar nada a nenhum destes homens. — Ivory, — disse Mikhail, sua voz agradável — ninguém está acusando Razvan de falhar com você. Muito ao contrário. E o homem que ofereceu seus serviços para curála é o homem que levou meu irmão mais velho à justiça que tanto merecia. Gregori passou três meses na terra pelas feridas que sofreu. Ivory elevou o queixo. — Passei trezentos anos na terra. — mal as palavras escaparam, o primeiro sinal da amargura, ela pareceu envergonhada — Perdoe-me, curador. Estive muito tempo longe da companhia de outros e esqueci minhas maneiras.
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— Não há necessidade de desculpar-se. — replicou Gregori, mas ainda estudava a face esgotada de Razvan — Eu gostaria de examiná-lo em busca de sinais que Xavier pudesse ter deixado para trás. Houve um silêncio aturdido. Mikhail franziu o sobrecenho. Falcon deu um passo parcialmente em frente de Gregori e Razvan deu realmente um passo mais atrás nas sombras. — Não tem idéia de quão perigoso pode ser. — disse Razvan. — Se ninguém o tentar, — indicou Gregori — está perdido para nós. — Estive perdido estas centenas de anos. — E toda a informação que possui que possivelmente ajude em nossa luta contra nosso inimigo maior está perdida também. — continuou Gregori — E sua companheira está perdida também. — Eu não formo parte da equação. — protestou Ivory — Não o pressione para fazer nada que ele pensa que está equivocado me utilizando como sua vantagem. Gregori lhe dirigiu um olhar tranquilizador. — Você tem muito com o que contribuir ao mundo, Caçador de Dragões. Só desejo dar uma olhada. Possivelmente ele tenha razão. Deliberadamente Ivory não olhou para Razvan. É unicamente sua decisão e eu o apoiarei completamente, mas possivelmente possamos encontrar sem ajuda um modo de romper o cabo de Xavier sobre você. Suspeito que há uma maneira. A idéia deu voltas na mente de Razvan. Não tinha pensado em viver, só em morrer. Morrer representava a liberdade da posse de Xavier, da tortura mental e física, e agora inclusive provocavam suas lembranças e emoções. Ivory tinha utilizado o termo nós. Nunca tinha pensado nesses termos tampouco. Jogou um olhar ao redor do pequeno grupo. Nunca tinha pensado que estaria de pé entre os Cárpatos sem ter que lutar para escapar. Uma parte dele não confiava em sua aceitação. Como se lesse sua mente, Gregori sacudiu a cabeça. — Não confio inteiramente de que não exponha uma ameaça para os Cárpatos, mas estou disposto a averiguá-lo. Razvan sentiu o desafio dessas palavras. Gregori estava disposto a ficar em perigo para proteger o povo Cárpato e para possivelmente ajudar Razvan. Tinha Razvan a coragem de lhe permitir entrar em seu corpo para ver por si mesmo o que havia feito Xavier? A culpa jazia pesada em sua mente. Suas lembranças de antes se desvaneceram detrás das barreiras que tinha erguido para proteger a prudência, e já não estava seguro de que havia ou não tinha feito. Eram semanas, meses, possivelmente inclusive anos que já não recordava, e tinha medo de examinar o que tinha acontecido. Xavier o tinha golpeado lentamente, exitosamente até que já não pôde lutar contra o mago. Caso permitisse que Gregory entrasse em seu corpo e o examinasse, Gregori saberia cada humilhante e degradante momento de sua vida. Entrarei com o curador. Posso proteger suas lembranças se algo for incriminatório. De qualquer modo, tudo o que encontrá é sobre Xavier, não sobre você.
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O coração de Razvan deu um tombo. Ela se alinhava claramente com ele, mas por quê? Eles eram companheiros, era verdade, mas não se conheciam, e ele era o criminoso mais famoso que os Cárpatos tinham. Estive dentro de sua cabeça muitas vezes nestas passadas três semanas. Sou uma intrusa também. E acredito absolutamente que você é a chave para destruir Xavier. Essa era uma razão que podia compreender. Não estava seguro de que fosse verdade, de que ele fosse a chave para destruir Xavier, mas sabia que o propósito de Ivory era absolutamente inquebrável. O que tinha a perder? O respeito dos Cárpatos? Não podia lhe importar menos. Isso tinha sido fazia séculos. Estava mais que disposto a encarar a alvorada. Mas não queria que ela visse, soubesse, experimentasse as coisas ele tinha visto e feito, tanto se tinha tomado parte nelas como se não. Conhecia os rostos de cada mulher que Xavier tinha violentado com seu corpo. As mentiras tentadoras, as promessas doces e enganosas, impregnando uma mulher inocente para tomar a criança que concebesse com ele pelo sangue. Sempre o sangue. Não recordava seus nomes, mas recordava as lágrimas quando conheciam a verdade. Recordava a sensação de traição e a risada zombadora do mago. Tinha havido tantos mortos durante os séculos: magos, humanos, um ou dois Cárpatos que tinham sido enganados e assassinados por sua mão. Recordava cada rosto, cada expressão. Obcecavam-lhe cada momento que estava acordado. Tinha sido desonrado tantas vezes que não podia recordar qualquer outro estilo de vida. Este era seu momento, podia tomar a carga de ajudar a sua companheira a caçar e destruir o maior inimigo do mundo, ou podia abandonar e andar para o sol, dizendose que estava protegendo a todos. Ajudando, estaria expondo os pecados de seu passado a Ivory e ao curador. Não haveria nenhum lugar onde ocultar-se de si mesmo e dos crimes que se cometeram com seu corpo. Teria que encará-los cada dia de sua existência. E se arriscava a cair de volta nas mãos de Xavier. Olhou o círculo de rostos. Não havia impaciência, nenhum movimento inquieto. Eles simplesmente esperavam uma decisão. Se estiver manchado além da capacidade de ser salvo de Xavier, me dê sua palavra de que me matará, companheira. Quero que só você veja a maldita evidência. Ivory ficou sem respiração ante a enormidade do que lhe estava pedindo, atraindo a atenção do Escuro. Manteve o olhar sobre Razvan. Matar seu próprio companheiro… Peço a você que me esculpa em sua parede, que possa permanecer a salvo em sua alma. Faça-me esse serviço, embora possa ser indigno. Se me mantiver a salvo, terei uma oportunidade na próxima vida. Os dedos de Ivory se arrastaram pela pele grossa de Rajá e se agarraram ali. Sua garganta fechou e por um momento seus olhos arderam. Sustentou seu olhar, negando-se a afastar a visão da coragem de Razvan. Será uma honra para mim. Razvan continuou olhando-a, absorvendo-a em sua mente, atraindo-a em seus pulmões, sentindo sua coragem e força, o orgulho por ela alagou até que quase estalou com ele. Tomou a coragem de Ivory para si mesmo e, ainda olhando para Ivory, assentiu com a cabeça ao curador. — Peço a você que siga a guia de minha companheira. — disse Razvan — Se ela desejar que saia, nos dê sua palavra de que o fará e de que todos vocês nos deixarão imediatamente.
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Gregori trocou um olhar longo com o príncipe. Quer suicidar-se ou que sua companheira o mate. Não pode salvar o mundo, Gregori, devolveu-lhe Mikhail, sua voz fatigada. Só pode fazer o que puder. Se pode ajudá-lo, faça-o; de outro modo deixaremos a seu destino. É seu desejo e qualquer Cárpato, macho ou fêmea, têm o direito de escolher a morte sobre a desonra. — Que assim seja. — disse Gregori em voz alta a Razvan — Mikhail e Falcon protegerão nossos corpos enquanto tentamos isto. — olhou para Ivory — Está o bastante forte? Se Xavier atacá-lo enquanto está em sua mente, pode manter o mago afastado? Ela levantou as pestanas e se encontrou com o olhar escuro com olhos de aço. Olhos de guerreiro. Tranquilos. Frios. Remotos. — Preocupe-se por si mesmo, curador. Gregori inclinou a cabeça, um breve sorriso em algum lugar entre diversão e respeito lhe tocou a boca. Fez gestos para Razvan para que se sentasse na neve entre eles. Quando Razvan se sentou, um pouco tenso por estar em uma posição tão vulnerável, cinco dos seis lobos fizeram um círculo ao redor deles, com Farkas deitado ao lado de Ivory, com a cabeça em seu colo. Ivory colocou uma mão em sua pele e o outro no punho de sua faca. Mikhail, Falcon, Sara e Gary se posicionaram ao redor deles para proteger melhor o círculo. Ivory fechou os olhos para enviar-se a procurar fora de seu corpo. Razvan a deteve com uma mão suave no braço. Ivory levantou as pestanas e se encontrou com seu olhar. Só preciso vê-la me olhando uma vez mais. Só isso. Nenhuma condenação. Nenhuma repugnância. Nenhum temor. Olha-me como se para você eu fosse uma pessoa. Ela levantou o queixo. É muito mais que uma pessoa para mim, Razvan. Utilizou deliberadamente seu nome. É meu companheiro. Neste mundo, no próximo, ou nos dois. A nota de carícia em sua voz alagou Razvan com calor. Um sorriso lento lhe curvou a boca. Sentia-se sem prática, como se os lábios lhe rachassem e sua mandíbula fosse romper-se, mas por dentro, onde ninguém podia vê-lo, sustentou esse primeiro sorriso perto. — Preparado? — perguntou ela. — Tome cuidado. Os dois. — advertiu Razvan. Ivory se despojou do corpo e entrou em seu companheiro. A luz de Gregori ardia quente e brilhante, quase luminescente, a marca, sabia, de um curador forte. Ele a permitiu tomar a dianteira, embora pressentisse sua inapetência. Havia cicatrizes dentro do corpo, multidão delas, e sinais de tortura insuportável, mas Razvan tinha resistido. Moveu-se ao cérebro. Antes de permitir que Gregori cavasse muito profundo, tinha intenção de cumprir sua promessa a Razvan. Só ela saberia se ele tinha motivos para a culpa que pesava tanto sobre seus ombros. Só ela saberia se era sinceramente o criminoso como tinha sido marcado fazia tanto tempo.
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Tinha sido difícil manter sua objetividade quando tinha encontrado as cicatrizes que lhe recordaram as próprias, mas as lembranças eram um campo de minas virtual. Os experimentos de Xavier e as torturas eram inconcebíveis, as coisas que tinha forçado Razvan a aguentar, a olhar, a tomar parte. Era uma maravilha que estivesse lúcido. Moveu-se pelo cérebro, penetrando em suas lembranças até que se sentiu saturada e doente. Sim, seu corpo tinha sido utilizado repetidas vezes para cometer crimes, mas seu espírito, a essência do que Razvan era, não tinha estado presente. Afastou-se e permitiu a entrada do curador. Moveram-se pelo cérebro, procurando com cuidado em busca da evidência de Xavier. Enquanto trabalhavam, tiveram que compartilhar a carga de lembranças de Razvan, uma vida de dor e sofrimento, de angústia mental. Mais ele se defendeu, resistido lúcido, às vezes por um fio magro, pela dureza e a honra que eram intrinsecamente dos Caçadores de dragões. O coração de Ivory chorou por esse guerreiro solitário, e sentia Gregori, forte e disciplinado, chorando com ela enquanto se movia através das lembranças de Razvan, procurando encontrar algo que possivelmente fossem os rastros digitais de Xavier. Um caminho de Xavier para entrar a vontade. Não havia maneira de atravessar os séculos de tortura sem que tomasse um pedágio. Ivory teve que sair e respirar. Gregori a seguiu de perto. — Ele entregou seu corpo quando tinha menos de vinte para salvar a sua irmã. E inadvertidamente comercializou um pedaço de sua alma pela vida de sua filha. — Ivory levantou as úmidas pestanas para olhar Gregori e então giraram a cabeça a seu companheiro — Esse é seu crime maior. — Um de dever e amor. — adicionou Gregori — Não é um criminoso, Razvan. É um verdadeiro Caçador de Dragões. — enviou um rápido olhar para o príncipe — Sem dúvida ouvirei frequentemente como outros reconheceram sua valia primeiro. — Sem dúvida. — murmurou Mikhail. — Pode tirar o agarre de Xavier de minha alma? — perguntou Razvan — Se ele for possuir meu corpo neste momento, poderia vê-los, poderia me utilizar para golpear o príncipe, ou a minha própria companheira. Não posso correr esse tipo de risco. — Se Xavier encontrou um modo de marcar uma entrada a seu corpo, então nós podemos encontrar um modo de tirá-la. — disse Ivory — Estudei cuidadosamente, e cada vez que me topo com um novo trabalho que ele tem feito, encontrei um modo de desenredá-lo. Sei que isto pode ser feito. Gregori respirou profundamente. Há ódio no que disse, Mikhail? Não sou tão velho para estar surdo. Gregori manteve o sorriso para ele mesmo. Estes dois têm muita mais informação sobre nosso inimigo da que conseguimos conseguir no tempo que estivemos tentando-o. Não soubemos exatamente que Xavier estava vivo até recentemente. — Ivory. — disse Sara — Conhece uma maneira de deter o ciclo interminável de seus microorganismos? Ele os mudou de algum jeito e desenvolveu para que penetrem na terra e nos encontrem. Causam abortos. Lara foi inapreciável para tratar de manter às mulheres livres, mas ela é só uma pessoa e não pode ser convertida completamente até que encontremos uma solução permanente. — Se Xavier tiver utilizado seus dons para o mal, estou segura de que posso desfazer o que for que tenha forjado. Estudei seus métodos durante muito tempo e
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rebati exitosamente cada um de seus feitiços. — Ivory falou com confiança, sem gabarse nem adular-se, a não ser obviamente da experiência — Teria que estudar os microorganismos. Têm amostras? — Podemos consegui-las. — disse Sara. — Posso levá-las a meu laboratório. — Ivory olhou ao céu noturno — Temos umas poucas horas, mas não bastante, voltarei aqui amanhã e pode me trazer isso. Passei a maior parte de meu tempo clandestinamente e sou extremamente sensível à luz. Temos umas poucas coisas em comum. O toque dos olhos escuros de Razvan mostrava companheirismo. Ele tinha passado a maior parte dos últimos séculos clandestinamente também, nas cavernas de gelo, e era igualmente tão sensível quanto ela. Outra vez houve essa inundação de calor que ele associava com ela. Consolo. Aliviar a dolorosa solidão que era tão parte dele. — São bem-vindos a minha casa. Minha companheira está grávida e permanece perto. Gostaria muito de conhecê-los. — ofereceu Mikhail — E a companheira de meu irmão, Shea, e Gary estiveram trabalhando sem parar para tentar encontrar uma solução. Possivelmente se falasse com eles eliminariam vários passos de seu trabalho. Ivory deu de ombros. — Obrigado pelo convite, mas até que saibamos se podemos evitar que Xavier conheça nossos movimentos, seriam melhor permanecer tão longe de você como é possível. — Estou de acordo. — disse Gregori antes que Mikhail pudesse responder. Enviou ao príncipe um olhar furioso — Você e Raven devem estar protegidos sempre. Mikhail dirigiu a Razvan um pequeno sorriso. — Vê como é viver com ele? Rabugento, rabugento, rabugento. E é o companheiro de minha filha também. — Neste caso, tenho que estar de acordo com ele. — disse Razvan — Se Xavier tivesse uma entrada através de mim para golpear você, não poderia resistir. O pensamento de me torturar mentalmente o diverte. Gosta especialmente de me utilizar para fazer mal a minha irmã. Se pudesse me usar para ferir o príncipe do povo Cárpato, e assegurar-se de que soubesse, estaria eufórico. Ivory sentiu a violenta dor de Razvan, embora sua voz fosse tranquila e sua expressão não revelasse nada. A pena pesava muito sobre ele. Com suas emoções tão novas e cruas, era difícil manter o controle, seu amor por Natalya, sua determinação por mantê-la a salvo a todo custo, tinha enfurecido Xavier, e agora Razvan podia recordar e sentir cada traição como se fossem o corte de uma faca. — Se pudermos encontrar seu portal, Caçador de Dragões, — disse Gregori — possivelmente possamos fechá-lo. — uma vez mais olhou para Ivory — Vamos fazer isso. Ivory lhe acariciou a mandíbula com as pontas dos dedos, seu toque se atrasou na pele só um momento. Bruscamente, desprendeu-se de seu corpo e seguiu Gregori, pura luz e energia, procurando a escuridão que tinha que estar oculta em algum lugar dentro de seu companheiro. Embora não quisesse admirar nada a respeito de Gregori, não pôde evitá-lo. Ele revisava as lembranças rapidamente, processando cada horrível
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acontecimento rapidamente e desprezando-o, procurando nesse momento em que Razvan tinha comercializado seu corpo pela vida de sua irmã. Alcançaram essa memória, tão longínqua, séculos, um jovem menino que se ofereceu a um louco, a um assassino, para salvar a sua irmã do dano. Ivory teve que lutar para permanecer em forma de energia. Era tão difícil explorar essas lembranças tão velhas, esse menino golpeado, mas esforçado, tentando proteger aos que amava, vendo muita maldade a cada dia. Examinou tudo de todos os ângulos nessa lembrança, procurando algo que tinha permitido que Xavier tomasse posse. Não aqui. Gregori se adiantou no tempo rapidamente, revisando os dados rapidamente, procurando algo que Xavier fizesse, alguma palavra de gatilho, algo que possivelmente indicasse que havia possuído o corpo do Razvan a vontade. Espere! Ivory tinha estado pondo mais atenção às lembranças de Razvan dele mesmo. A maneira que olhava o que acontecia a seu redor. Era um Caçador de Dragões, convertido completamente por suas tias em um esforço de lhe dar a força necessária para escapar. Tinha a mente de um verdadeiro Caçador de Dragões. Ele havia resolvido viajar pelo mundo em espírito, antes que permitir que Xavier continuasse "utilizando-o”. Ele não era consciente, mas o uso de seu corpo naquele momento era uma ilusão que Xavier criou para fazer que Razvan acreditasse que o mago era todo-poderoso. Ao dar-se conta de que tinha pouca esperança de escapar, mantido morto de fome e fraco, Razvan utilizou sua minguante força para se desprender do corpo, deixando-o vulnerável ao ataque de Xavier. Ivory viu o momento exato em que Xavier entrou nesse esqueleto e deixou pedaços dele mesmo atrás. Agora sabiam o tempo e como, mas ainda tinham que encontrar os pequenos pedaços de Xavier e encontrar um modo de extraí-los. Ivory começou a cantar brandamente no idioma Cárpato, enviando às palavras vibrantes através de Razvan e Gregori. Chamou a mim a tudo o que é bom para me ajudar em minha desesperada situação. Que o céu me envie a mais pura luz. Imploro pela canção que posso cantar para revelar quão malvado está enterrado dentro. Luz de céu, ardendo brilhantemente, encontra o que é escuro e o ilumine. Malvado, chamou adiante à mancha que deixou atrás. A luz ardeu através de Ivory e a dirigiu ao corpo de Razvan, lhe permitindo buscar a escuridão deixada atrás. A luz nadou na corrente sanguínea, apressou-se para sua mente e coração, e procurou ir mais profundo na mesma essência de sua alma até que Razvan esteve iluminado inteiramente. Em sua mente havia uma cicatriz escura, uma aresta muito pequena que Ivory reconheceu. Havia uma em seu coração, uma bombeando pelo sangue e a última em sua alma. Quatro. Coração, mente, corpo e alma. Não é de se admirar que Xavier obtivesse possuir o corpo de Razvan à vontade. Ainda com isso, Razvan tinha se defendido durante séculos. Razvan parecia estilhaçar-se, como se tivesse sido quebrado e voltado a juntar de maneira equivocada. O fôlego de Ivory saiu precipitadamente em um longo e lento gemido. Ela tinha estado em pedaços, seu corpo filtrando-se pela terra, lutando para juntar-se, tão fraturado que não pôde soldar a pele e os ossos juntos uniformemente.
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Isto era pior que mera carne. Isto era a essência mesma do que Razvan era. Enquanto cada ponto de escuridão era revelado, Ivory atava um fio de luz branca, ancorando-o para que todos os pedaços pudessem continuar conectados. Ivory soube sem que Gregori tivesse que dizer-lhe que ela tinha que proporcionar a luz para reparar as fraturas da alma de Razvan e conduzir fora essa pequena lasca de maldade. As palavras eram poderosas, a verdade e a justiça delas para juntar sua mente fraturada. Podiam sintonizar-se com o verdadeiro ritmo do corpo de Razvan para restaurar o equilíbrio e extrair o fragmento do mal do sangue. Mas o coração... Não sei como amar, curador. Havia desespero em sua voz. Perdi essa emoção faz muito tempo. Ele estará perdido por minha causa. Há muitos tipos de amor, Ivory, e é capaz de todos. Ele é, antes de tudo, um guerreiro. Ama-o por isso. É um homem só que lutou por todos a seu redor e não sucumbiu à escuridão quando outros abraçaram a escuridão com muito menos para conduzi-los. Ama-o por isso. Encontre o que tem para dar e será suficiente quando ele nunca teve nada. Ivory respirou e se tranquilizou. A fé do curador era convincente. Sentiu-se acalmada. Esta era uma batalha pela prudência de um homem, por sua alma, e ganhariam porque tinham que fazê-lo. Quando jogarmos fora os pedaços de Xavier, as lascas precisarão encontrar um anfitrião. Gregori falou tanto com Razvan quanto com Ivory. Algo na voz de Gregori fez tudo nela se imobilizar. Faz muito tempo, experimentei com o proibido e rompi nossas leis. Tenho uma necessidade de compreender como funcionam as coisas e violei nossas leis sagradas para averiguá-lo. A confissão foi dada livremente, mas Ivory soube que havia mais que isso. Gregori não só queria lhes advertir do que esperar, mas também dava a Razvan e Ivory um pedaço dele mesmo porque sabia tantas coisas terríveis da vida de Razvan. Era um grande risco para Gregori admitir tal coisa e ela respeitou o curador muito mais. O que foi colocado dentro de você, Razvan, pode ser tirado. Eu mesmo fiz isto. Razvan esteve silencioso um comprido momento enquanto Gregori esperava sua condenação. Razvan suspirou antes de falar. Às vezes, o que começou como equivocado pode ser convertido em bom. Reza para que este seja o caso. Estou preparado, mas não corra o risco de que possa se abrir a ele. Ivory começou a cantar, sincronizando os tons ao ritmo natural do corpo de Razvan. Gregori e Ivory emparelharam o batimento do coração, o fôlego nos pulmões, para que as notas fluíssem por todos juntos, vibrando em cada célula e órgãos. O sangue entrou correndo dentro e fora de seu coração, baixando e fluindo nas veias. Chamo ao sangue que flui, quente como a maré. Procura ao que é escuro, retido ainda dentro. Calor pulsante, estenda-se e queime. Limpando e limpando o que é pouco claro. Como o som de ondas rodando, o canto se estendeu pelas veias de Razvan enquanto o calor se estendia como se fosse lava fundida, quente, espesso e purificador. Cada célula abraçou o inferno úmido, os músculos e os órgãos se esticaram em sua busca. O calor reuniu vapor, elevando-se, acelerando enquanto a
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canção mudava de ritmo. As notas proporcionaram a purificação, cada uma delas sintonizadas com o mesmo ritmo exato para que só essa pequena lasca escura oculta nas veias, fugindo ante o calor purificador, fosse discordante. Gregori se moveu rapidamente agora que a lasca fugia, murmurou as palavras para exorcizar Xavier do corpo de Razvan. Apanhou o fragmento diminuto para que não pudesse fazer uma toca ou ocultar-se, suas palavras a mantiveram prisioneira. Ivory começou a cantar outra vez, as notas trocaram a essas de imenso poder, as palavras que ressonaram através da mente de Razvan. A voz de Gregori se uniu à sua, em perfeita harmonia, e logo o contraponto, chamando, ordenando. Procuramos ao que é escuro, que jazeu em aro. Ordenamos-lhe que se adiante da escuridão e a sombra. Ordenamos-lhe, Xavier, que saia à luz. Eliminamos cada parte de você, Xavier, da mente de Razvan. Razvan podia ouvir, como de uma grande distância, o som de Gregori e a voz de Ivory elevando-se, as notas sintonizadas exatamente com o ritmo de seu corpo, as palavras poderosas e dando ordens. Sabia que as palavras eram poderosas. Nomeie. Ouviu-os chamar o alto mago, o nome reverberou por sua mente, demandando que saísse, exigindo a seu amargo inimigo que saísse e retornasse. Ouviu o antigo idioma Cárpato, o batimento de seu coração, seu pulso, e soube que não estava sozinho. Gregori e Ivory andavam com ele, andavam a passos longos para o fragmento parasitário com confiança e maestria absolutas. Realmente sentiu o momento em que a lasca se fez uma bola e rolou, desesperada para escapar da fidelidade e pureza das palavras de purificação. Uma vez mais foi Gregori quem conduziu ao fragmento à prisão com o primeiro. A canção de Ivory mudou. Sua voz se tornou suave e amante enquanto chamava as suas lembranças perdidas de infância e seus fortes irmãos que a sustentavam apertadamente. Ela recordou o amor que tinha por sua família, intenso e apaixonado. Verteu esse amor na canção. Sua voz era poderosa e persuasiva, trazendo lágrimas aos olhos de todos os que ouviam. O coração que é puro com o corpo esgotado, Encontro-o bonito estando cansado e sozinho. Dou-te meu coração, derramarei suas lágrimas, Toma minha mão, eu sustentarei todos seus temores. Dou-te minha palavra, nenhum vínculo nos conecta, Dou-te meu amor livremente para que nenhum dano possa atacá-lo. Tendo lutado uma longa guerra, resistindo a muitas penas, Que saiba que embora esteja fatigado, sou sua manhã. Adira-se a minhas palavras, ouça a canção que canto, permita-se afundar-se profundamente para que possa encontrar a paz uma vez mais. Ela mudou as palavras, cantando comemoração a um guerreiro, forte e puro e completamente só em um mundo de loucura. A honra o guiava, o amor de sua irmã, de seu povo, um código que ele se negava a romper sem importar o que lhe fizessem. Cantou a canção de comemoração a um guerreiro, o amor se vertia em cada nota. Quanto mais se movia pelas lembranças de Razvan e via sua vida, a maneira como lutou para manter sua honra na loucura que o rodeava, a maneira como se aderiu
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apenas à prudência quando encarava o que Xavier tinha forçado a seu corpo a fazer, as matanças, impregnar as mulheres, alimentar-se de suas próprias filhas, apunhalar a sua tia. As lágrimas a afogaram, e o amor fluiu de seu coração ao dele, enchendo-o até que não houve outra emoção além do amor. A lasca fugiu, incapaz de suportar a emoção verdadeira e impoluta que Xavier nunca poderia sentir. Gregori rodeou o fragmento com sua força e o conduziu a unir-se com os outros na escuridão. Ivory sabia que salvar a alma de Razvan era tarefa para ela sozinha. Ela era sua outra metade. A alma de Razvan também era dela. Um intruso tinha invadido e tinha ousado habitar, tomar o que era seu por direito. Razvan não a tinha reclamado, não tinha unido suas almas juntas, mas cada vez que estavam perto, ela sentia o puxão entre eles, forte e intenso. Trocou a canção outra vez, desta vez cantando de sua alma a dele, pedindo a seu verdadeiro companheiro que a aceitasse, que se unisse com ela, que aceitasse sua fusão. Sua luz seria muita para alguém tão malvado quanto Xavier. A luz à escuridão, a escuridão à luz. Minha alma à tua, juntos lutamos. A metade de um todo, um juntos. Reparação e cura para dois que agora são um. Sangue, corpo, osso reparados, juntos nossa luz brilhou. A luz explodiu pelo corpo de Razvan, brilhante e pura, a luz de uma alma inocente. Isso era sua companheira. Embora ele não a tivesse reclamado, suas almas, as duas metades do mesmo todo, resplandeceram com deslumbrante brilhantismo, uma ao lado da outra, com apenas um vazio magro entre elas. A metade de Ivory parecia iluminar a dele enquanto movia sua alma sobre a sua, e então se uniram, permitindo que a luz dela entrasse na escuridão dele. O fragmento fugiu ante a luz, com fumaça ardendo pelas bordas como se estivesse se queimando, as células se encolhiam para que Gregori pudesse conduzi-lo a unir-se com os outros. Razvan se sentia completo. Inteiro. A sensação de suas almas unidas o sacudiu. Sentia fios diminutos entretecendo-se juntos como se as duas metades se reconhecessem uma à outra e se estendessem para o que tinha estado perdido. Conhecia-a intimamente, cada luta, cada parte de sua determinação e valor, todo isso era ela, o que ela era. Manteria-a a salvo e manteria a salvo a ele. Pela primeira vez desde que era um jovem menino sentia que podia respirar livremente. Gregori começou a cantar. As palavras eram no antigo idioma, a ordem maior do curador, o presente maior, para forçar fora de Razvan à escuridão do mal. Sua voz era poderosa, vibrando através de Razvan e Ivory, um instrumento de força imensa. Kuuluam hän ku köd és hän ku Karpatiiak altenak. — Tomo o que é escuro e proibido. Saam lhe Szavéar. — Você chamou Xavier. It éntölam kuulua ainadet. — Reclamo seu corpo agora e ordeno. Ottiam seja éset veriet és luwet. — Vejo o nervo, o sangue e o osso. Muonìam ainadet belso és kinn. — Por seu centro sustento e afio. Muonìam ködaltepoårak, it poårak juttam. — Ordeno que estas abominações, estes fragmentos se unam agora. Totellosz sarnaakam, kadasz kontalik, kaik kad asz. — Com minha atadura, abandonem a este guerreiro, sem deixar nada para trás.
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As lascas fizeram o que puderam para lutar contra suas ordens, mas estavam muito temerosas da luz. Cada vez que a energia de Gregory as tocava, soltavam fumaça e se murchavam mais. Volte para seu corpo, Ivory. Ambos estavam em perigo enquanto as lascas do Xavier se enegreciam e a alma malévola fugia do corpo de Razvan para procurar outro anfitrião. Ivory e Gregori uniram seus espíritos com seus corpos enquanto Razvan se levantava sobre eles, protegendo-os nesse primeiro momento desorientador. O chão retumbou sinistramente. A terra erupcionou como um gêiser. O céu se escureceu. Por um momento, puderam ouvir o sussurro das folhas nas árvores, e então um ruído ensurdecedor como uma parede de água turbulenta. Em uns momentos as nuvens e a lasca da lua foram apagadas sob a imensa migração de morcegos gigantes. Os morcegos se aproximaram, mostrando as presas gotejantes, alguns aterrissaram na terra em um círculo ao redor do grupo, utilizando as asas para andar. Outros se lançaram sobre os rostos, chiando os dentes. A terra se abriu justo sob Razvan e um verme gigante explodiu de baixo, as mandíbulas abertas, os dentes serrados se seguraram ao redor do tornozelo de Razvan. Por um batimento do coração, o verme de dez metros permaneceu imóvel, com Razvan encerrado entre seus dentes, e logo se deslizou de volta ao chão; a terra entrou em torrentes detrás dele.
Capítulo 6 Ivory tirou uma arma de aspecto malvado, circular, com o centro de cristal e esticou os braços. — Agora. — chamou a manada. Os lobos saltaram no ar, mergulhando-se em suas costas. Ivory já estava se afundando, direto para baixo, com as mãos diante do rosto como um mergulhador olímpico atual, mudando de forma enquanto se ia, empurrando-se através da terra para seguir o atalho do grande verme que arrastava Razvan ao fundo. Olhe para mim. A mim. Estou com você. Não! Volta. Ele não pode tê-la. Tampouco pode ter você. Ivory bloqueou tudo o que acontecia na superfície. Gregori lutaria contra as mutações de Xavier e libertaria o príncipe; tinha que fazê-lo. Ela tinha um dever, e esse era manter seu companheiro fora das mãos do alto mago. Não posso mudar de forma e fugir. Viu o verme, criado para viajar pela terra. Uma vez que seus dentes se encontram no centro, retém sua forma. Ela sabia. Tinha extraído esse veneno para utilizá-lo com sua própria combinação de substâncias químicas para fazer a cobertura de suas armas e assim evitar que os vampiros mudassem de forma. Ele não pode ter você. Não lute. Permaneça muito quieto para que te injete menos veneno. Mantenha sua mente na minha. Tem que confiar em mim. Ele parecia ter ficado completamente quieto. Tinha que tomar muita coragem para não lutar contra o verme que o arrastava mais profundamente sob a terra. Era mais fácil para o verme atravessar seu túnel, já esculpido através das capas de terra
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enquanto se dirigia de volta a seu mestre para entregar seu prêmio. Razvan tinha que saber aonde e a quem lhe levava o verme, mas deixou de lutar. Razvan nunca tinha sido capaz de confiar em ninguém uma vez que seu pai morreu e sua irmã esteve perdida para ele. Dar isso a ela? Pôr sua vida, não, sua alma em suas mãos? Tinha que ser nada menos que algum tipo de renascimento por fogo porque nunca antes ele tinha colocado sua alma nas mãos de alguém. Confio em você. Levaria confiança. Lutar contra um verme era muito perigoso. Virtualmente tudo sobre o verme era venenoso. As pontas agudas que lhe percorriam o corpo para cavar e propulsar-se adiante e atrás pelo túnel, a lingueta no final da cauda que golpeava, tudo continha o mesmo veneno que as presas e a dupla fila de dentes serrados. A cauda mesma podia romper cada osso do corpo de um guerreiro. O couro era duro e podia cortar uma mão ou o braço se o tocasse. Feche os ouvidos, Razvan. Não pode escutar. O som será incômodo para você. Era a única maneira que podia pensar para descrevê-lo, mas tinha que deter o verme, desorientá-lo. Com o túnel já escavado, podia deformar o tempo com alarmante velocidade. Quando soltá-lo, terá só uns segundos para expulsar o veneno de seu corpo e poder mudar de forma. Tem que estar preparado. Só segundos. Tinha que confiar em que ele sentiria a urgência nela e obedeceria. Com a faca em uma mão, os braços estendidos para Razvan, os olhos cravados nos dele, começou a cantar. Chamo o elemento do ar utilizado para o som. Tamborilo o coração do malvado que escava pelo chão. Tom, harmonia, combinação e alinhamento. Luto atacando a deformação da mente do malvado. As notas que utilizava estavam entoadas para vibrar e desorientar, provocando vertigem e perda de tempo no verme. A terra respondeu às notas discordantes da ordem. A cadência de sua canção continuou, mas os tons de Ivory se alteraram, trocando as vibrações da terra para que chegassem a estar sintonizadas com a terra circundante, atraindo-a para dentro até que começou a desabar-se e preencher o túnel. A onda de som atravessou a terra. O chão se estremeceu, tremeu. A terra choveu por toda parte ao redor deles. Siga me olhando. Ivory seguia movendo-se para Razvan, propulsando-se pelo comprido e largo buraco. Recorde, expulse o veneno fora rapidamente quando o verme soltar você. Tinha trocado de forma e era nada mais que moléculas viajando a alta velocidade, mas ainda assim não o bastante rápido para alcançá-lo. Mantenha seus braços estendidos em cima da cabeça, para mim, para a superfície. Mais terra se desabou no túnel. Uma explosão como um trovão rugiu pelo túnel atrás do verme e a criatura vacilou. Foi suficiente para que Ivory fechasse a brecha entre eles e materializasse as mãos. Empurrou a arma na mão direita de Razvan e o agarrou pelo pulso esquerdo. Imediatamente, começou a cantar outra vez, desta vez as notas ressoaram através da terra. O som era doloroso, chocava por seus corpos e mentes, convertendo-os em geléia por dentro.
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O verme deixou completamente de mover-se, abriu a boca em um chiado que reverberou pelo chão, liberando Razvan ao mesmo tempo. Agora! Agora! Mude quando puder, segurando a arma. Siga-me. Sem medo, Ivory se converteu em só vapor, e correu dentro da gigantesca abertura da boca do verme. Razvan expulsou o veneno de seu corpo, ignorando a violenta dor, bloqueando sua mente a nada exceto a seguir Ivory. Sentiu o disco na mão vibrando enquanto mudava de forma e soube que ainda o tinha, o que significou que não era mera ilusão, mas sim estava construído de terra natural e gemas. Seguiu-a sem vacilação, passando pela dupla fila de dentes serrados, por diante das presas que gotejavam e os bolsos de espesso veneno, descendo pela garganta da besta. Não toque nada dentro; nem as paredes, nada. Estes vermes têm dois lugares vulneráveis, e ambos estão nas profundidades. Nem sequer ir pelos olhos faz nada. Procure malha de cicatriz dentro da garganta, reconhecerá-o quando o vir. Todo o resto está revestido. O lugar é onde Xavier se conecta para dar instruções. O segundo lugar está muito mais profundo e é muito mais perigoso de encontrar. Razvan não queria saber como tinha descoberto esta informação, mas não coube nenhuma dúvida em sua mente que tinha sido conseguida com dificuldade através de experiências de primeira mão. Ela estava muito segura em seu julgamento, e sua voz estava crispada com a tensão. Esquadrinhou as paredes da garganta do verme. Protuberâncias e arestas em púrpura escuro e negro cobriam as membranas por acima e ao redor deles. O verme se sacudiu e corcoveou, lutando para sair do túnel que se desabava, fazendo duplamente difícil evitar roçar acidentalmente a parede. O veneno gotejava do teto, chovendo ao redor deles. Como vapor, era mais fácil de evitar as gotas. Ali! Acima a sua direita, no céu da garganta. Razvan descobriu o pequeno círculo e reconheceu o selo de Xavier. Os vergões e as manchas faziam diminutos anéis e espirais, danos por todo o tempo depois do contato com o mago. Só teremos segundos para sair outra vez. O disco é iolita, uma pedra violeta que realça a visão no reino astral. Segue o que faço e logo mova-se rapidamente para fora daqui. Razvan se deu conta de que havia um fino fio de luz azul violeta que emanava do disco. Ivory tomou sua forma normal, abatendo-se no centro da garganta do verme, esquivando as cordas de saliva tóxica. As fibras peludas saltaram em ação, esticaramse como tentáculos para a fonte de calor. Ivory as evitou escarnecidamente e usando uma pontaria mortal, golpeou com força e rapidamente com a luz, usando-a como uma lança ou um laser, penetrou na parede dura do verme, ancorando-se profundamente. Soltou o disco e seguiu, golpeando duramente no anel de cicatrizes. Razvan imitou as ações de Ivory, soltando primeiro a luz e logo o disco dentro do pulsado do dele. A luz explodiu dos dois discos e iluminou as paredes da garganta, banhando-os em um banheiro violeta. O som veio depois, agudo, as notas ameaçavam destroçando toda razão, assim Razvan amorteceu apressadamente o som. Ivory já corria de volta para a boca do verme. O corpo imenso e cavernoso golpeava daqui para lá, rodando e corcoveando com mais força que nunca. Depressa. A urgência em sua mente o convenceu de duplicar sua velocidade como nada mais
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poderia. Atrás deles, a luz violeta se estendia como um câncer, manchando a venenosa garganta de púrpura e azul. O vapor se elevou. Ivory permaneceu imóvel atrás da fila dupla de dentes. Fique preparado. Razvan não tinha a menor ideia de que tinha que estar preparado, mas o verme pareceu mais instável que nunca ao redor deles, o vapor azul-violeta que se vertia dos dois discos ondulava. Ouviu Ivory contando mentalmente, concentrando-se com força. No profundo de sua mente, sentiu o momento exato em que ela se propulsou para frente. O verme abriu a boca para tossir. A garganta se contraiu, os músculos se apertaram atrás deles, fechando a brecha quando saíram disparados de dentro do verme. Mova-se. Mova-se. Ivory não freou, mas sim seguiu dirigindo-se para a terra, de volta para a superfície. Razvan a seguiu, assombrado de suas habilidades, de seu conhecimento do inimigo e da maneira eficiente, rápida e totalmente tranquila com que ia destruí-lo. Quando surgirmos na superfície, os morcegos estarão atacando. Vá para perto do príncipe para acrescentar a sua proteção. Todas as retorcidas abominações de Xavier estarão lutando para chegar a ele. Ao redor dele, podia sentir o chão instável tremendo, rodando, enquanto o verme golpeava e lutava, enviando ondas de choque que ondulavam profundamente, clandestinamente. O chão se afundou ao redor deles, caindo sobre si mesmo. Mais rápido. Ivory sussurrou a ordem em sua mente. Tome à dianteira. Ela possivelmente fosse um dos melhores guerreiros com que ele se encontrou jamais, e de longe o mais informado no que se referia ao exército de Xavier, mas ele ainda era um macho Cárpato e seu companheiro. Ela não ia ficar protegendo suas costas, não quando ele podia estar protegendo a sua. Continue se movendo. Estamos perto da superfície, informou a ela. O que queira que haja acima não é tão mau quanto o mal que tinha dentro de mim. Olhe-se. Ele irá pelo príncipe, reiterou Ivory. Uma maneira segura de destruir o povo Cárpato é destruir o príncipe. Razvan explodiu na superfície, surgindo a uma noite cheia com o som da batalha. O trovão estalava e o relâmpago cruzava através do céu, estrelando-se contra a terra enquanto os raios golpeavam as multidões de morcegos que cobriam o chão como enxames. Parecia um mar vivente, os morcegos andando sobre as asas, despindo os dentes a tudo em seu caminho. Comilões de carne, ele tinha visto as mutações nas cavernas que Xavier ocupava, colocados ali para proteger, para dar o alarme e proporcionar sangue dos animais aos que matavam e arrastavam a suas guaridas. Ivory surgiu do chão, encolhendo-se, estendendo os braços. Os lobos saltaram de suas costas e em metade dos morcegos, estalando pescoços enquanto agarravam e sacudiam a suas presas, lutando através da massa para chegar ao círculo que defendia o príncipe. Ivory os seguiu, tirando uma de suas muitas armas caseiras, a atirou para Razvan e tirou outra. Razvan descobriu que a estranha arma disparava luz, não bala. Ele nunca tinha participado deste modo em uma batalha, com sangue orvalhando-se sobre a neve. Mas não vacilou, permaneceu na mente de Ivory. Ela era uma guerreira por toda parte,
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caminhando entre os morcegos, chutando-os, orvalhando a brilhante luz alimentada por um diamante através de um atalho longo e cortando cabeças. — Mantenha o nível do spray com os pescoços. — aconselhou ela e logo gritou — Gregori! Estamos chegando. Um dos morcegos agarrou Razvan pela panturrilha e tentou lhe rasgar a perna. Blaez, o segundo lobo maior, agarrou à maliciosa criatura com suas fortes mandíbulas e o arrancou longe de Razvan, atirando o corpo sangrento a um grupo de morcego onde o rasgaram com uma virulência que recordou Xavier. Gregori golpeava com raios no centro dos morcegos, abrindo um caminho para eles. Razvan seguia Ivory através do mar de morcegos, permanecendo perto para lhe proteger as costas, a arma jogava uma folha de luz atrás deles em um arco largo. Quando os lobos vacilaram, preferindo permanecer no exterior, Ivory gritou uma ordem. Eles os comerão vivos. Venham! Estendeu os braços e os lobos saltaram por cima da massa de corpos peludos e se fundiram com suas costas. Ivory continuou avançando entre os morcegos, correndo para o pequeno grupo, lutando para evitar ser dominada. O grupo se negava a dissolver-se e abandonar Gary, seu amigo humano. Seria quase impossível protegê-lo do ar. — Tire o príncipe do chão. — gritou Ivory por cima da animação a Gregori — O ataque virá por debaixo do chão. Isto é uma diversão. Falcon tirou Gary do chão com um puxão, sem fazer perguntas, enquanto Mikhail se elevava também. As hordas de morcegos se tornaram loucas, lançando-se sobre eles com frenesi renovado. — Perdi de vista os fragmentos de Xavier. — advertiu Gregori — Provavelmente estão nos morcegos. Ivory empurrou com força uma de suas armas de luz às mãos de Sara. — Tem que lhes cortar direto no pescoço ou realmente vão se tornar psicopatas com você. — tirou um objeto de aspecto estranho, como uma granada, de um laço de seu cinto, preparando-se. — Viu estas mutações antes? — perguntou Gregori, continuando utilizando o magro chicote de relâmpago para incinerar os morcegos. — Estudo tudo o que o mago faz. — respondeu Ivory — Há um portal perto. Devo encontrá-lo e fechá-lo ou seguirão replicando-se. Está no chão, não em uma caverna. — Viu estas criaturas antes? — perguntou Mikhail. Ivory assentiu, esquadrinhando o chão com o olhar. Curvava-se baixo eles, ondulava, como uma onda no mar. — Fogem de Xavier às vezes e seriam uma ameaça imensa para a aldeia próxima. São carnívoros maiores e atacam em grupo. — agarrou o disco na mão de forma mais apertada quando viu a terra borbulhar no chão. Gregori e Falcon estavam em movimento constante, açoitando golpe após golpe de energia ao vermelho vivo entre a massa. Mikhail golpeou com o punho com força, dando um murro a um que voava sobre o rosto de Gary. Todos os Cárpatos e Gary tinham numerosas marcas de dentadas e arranhões pelo assalto contínuo. — Dê-me uma dessas armas. — disse Razvan — Não vai sozinha. Ivory franziu o sobrecenho, os olhos ainda esquadrinhavam o chão.
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— Ir dentro de sua guarida é pior que o verme. Permanece aqui e ajuda a proteger o príncipe. Agora o chão borbulhava sinistramente. Várias seções se afundaram vários centímetros. — Ivory. — esperou até que o olhou para que lesse a determinação em seu rosto. Razvan não era um homem que voltava atrás — Dê-me uma arma. Ela se esticou, vendo o chão mover-se nas áreas afundadas. Uma mão se moveu com rapidez à cintura e atirou para Razvan uma cópia de sua granada enquanto saltava, com os pés na frente, ao centro do lugar onde o fundo chão era mais ativo. Razvan a seguiu sob o chão, trocando a vapor para atravessar as capas de terra. A granada trocou com seu corpo, convertendo-se em nada mais que moléculas, o que lhe disse que era outra de suas armas naturais caseiras. Tinha tido forma oval e desigual, nada absolutamente lisa. Subia um fedor, uma combinação de carne podre fétida, cadáveres e enxofre. O estômago lhe revolveu, mas não vacilou em segui-la ao mais profundo do túnel. Os morcegos se elevavam de baixo e tinha que resistir ao impulso de golpeá-los enquanto se deixava cair nos salientes mais rochosos onde a colônia habitava. Mantinha sua mente firmemente na dela, seguindo seus movimentos exatamente. Ela era uma guerreira, bem versada nas maneiras de Xavier, decidida a derrotá-lo e às mutações que ele libertava no mundo. Ele tinha se unido firmemente a sua guerra, e que melhor maneira de aprender que de uma perita. Não podia evitar admirar sua completa concentração e seu propósito prático e firme. Não esbanjava conversa, nem movimentos. Ivory era toda concentração, alagava-o com informação enquanto se deixavam cair ao chão da guarida. A rocha que os rodeava estava dedilhada de buracos escuros, o chão coberto de ossos e pele; sangue velho e novo salpicava as rochas e empapava o chão, reunindo-se em espessos atoleiros e ocultando-se em fendas. Isto é um matadouro. Uma vez que escapam das ordens do Xavier, começam esta conduta, formando enxames e reproduzindo-se, matando tudo a seu redor. Deixarão os ossos de um cavalo limpos em minutos. Vi os primeiros experimentos de Xavier. Alimentou-os com humanos e magos indistintamente. Razvan tentou não recordar os sons desses ao morrer em agonia, mas os aromas horrorosos provocavam as lembranças e seu estômago se revolveu. Uma vez jogou um em minha câmara. Eu estava encadeado à parede e começou a me devorar pelos pés. Pude sentir como cada dente rasgava minha carne. Pensei que se me comesse, deixaria de existir, mas pude suportar a agonia depois de um momento. Não soube por que se sentiu obrigado a fazer a admissão, e se envergonhou no momento em que o fez. Tinha sido fazia muito tempo e ele tinha empurrado essas lembranças ao fundo de sua mente até que o fedor da morte e a podridão os trouxeram de volta em turba. Faz muito tempo, eu tive lobos me roendo a tíbia. Felizmente, ajudaram-me a me enterrar. Sua voz foi tão prática, que ele quase não compreendeu o que havia dito. Ela seguiu falando como se não tivesse revelado nada de importância.
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O que vamos fazer é trocar a composição do ar usando as granadas caseiras. O fogo aqui embaixo arderá mais quente que nada do que tenha sentido jamais, assim recorda, não pode respirar esta substância química nos pulmões e tem que se proteger do calor intenso, ainda nesta forma. Se assustará e irá querer ir à superfície, mas o fogo correrá para cima e devemos esperar até que a substância química se disperse. Quando se materializar para ativar a granada, eles virão em turba para nós. A sensação é totalmente horrorosa. Se sentiu um, imagine centenas. Vamos fazer isso. Estava-lhe chegando o fedor, e a idéia de expor-se a centenas, possivelmente milhares dessas criaturas demoníacas seria aterrador se permitisse a si mesmo pensar nisso. Faremos no três. Materialize-se, tire a argola e conte, logo a jogue ao centro da guarida. Tem que esperar cinco segundos. Será uma vida, me acredite. Imediatamente, reassume esta forma e permaneça longe das rochas, mas longe do centro. Não respire, sem importar o que fizer e não tente ir à superfície, sem importar quão quente se sinta. Razvan se posicionou na frente dela, esperando lhe bloquear o rosto e a parte dianteira de seu corpo do ataque que ia se aproximar. Um. Dois. Três. Razvan tomou forma sólida. Imediatamente suas botas se afundaram em corpos podres, enquanto extraía a argola da granada química, começava a contar e balançava o braço para trás para o tiro, os morcegos foram em turba sobre eles, centenas deles, o peso quase os levou ao chão, os dentes se afundaram profundamente e lhes rasgaram a carne. Ouviu o rugido dos lobos, os dentes que mordiam a sua vez, protegendo as costas de Ivory. Os cinco segundos pareceram uma eternidade enquanto o gás assobiava no ar. Os morcegos emitiam continuamente um chiado agudo que reverberava por seu crânio, uma chamada para que outros se unissem ao banquete frenético. Sentiu os pedaços de carne sendo rasgados de suas costas e pernas. Deu um passo mais perto de Ivory, para protegê-la com seu corpo enquanto seus lobos lhe protegiam as costas. Os dois lançaram as granadas ao mesmo tempo e simultaneamente trocaram de forma. O brilho foi ensurdecedor nos pequenos limites da caverna rochosa, sacudindo a terra. A luz foi tão brilhante, que inclusive sem seu corpo a intensidade lhe queimou os olhos. A explosão fez Razvan voar para trás e teve que endireitar-se apressadamente para manter-se longe das paredes. Ao purgar a guarida de todos os ocupantes, mudaram a composição do ar a gás, acendendo-o em um fogo furioso que subiu pelas paredes como um foguete. As rochas brilhavam vermelhas alaranjadas, as chamas lambiam com avidez dentro de cada buraco e o túnel. A pressão extrema feria cada molécula de seu corpo. O ruído era aterrador, o rangido das rochas ao partir-se enquanto grandes pedaços chamejantes cediam, e os chiados de morte dos morcegos quando seus corpos peludos esquentado ardiam de dentro a fora ou arrebentavam ou explodiam. Alguns estalaram em chamas. Durante uns poucos minutos foi pior que qualquer inferno que jamais pudesse ter imaginado. Cada instinto lhe insistia a tomar Ivory e ir à superfície, mas o fogo se movia para cima, na frente deles, purgava cada fenda e lugar, todos e cada uma das fossas e túneis que as criaturas tinham construído. Parecia interminável, como se
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estivessem presos no centro de um vulcão. Lutou contra o impulso de respirar enquanto seu corpo ainda era moléculas. Abatendo-se em atitude protetora, tratou de rodear o corpo de Ivory com o seu para protegê-la do pior do calor, embora as temperaturas fossem tão altas que duvidava que importasse. A pedra ainda resplandecia, mas as chamas se apagaram antes que Ivory começasse a subir à superfície. Emerge tão perto dos outros quanto for possível. Advertirei-lhes e atacaremos às criaturas na superfície. Não haveria feito nenhum bem matá-los primeiro sem eliminar sua guarida. Ele nunca tinha admirado tanto ninguém em sua vida. Ela fazia o que tinha que ser feito sem nenhum pensamento para sua própria segurança. Era prática a respeito de emergir em outra tormenta de morcegos carnívoros depois de que seu corpo tivesse sido despedaçado por essas criaturas. Ele não podia sentir o menor desinteressa nela, e algo dentro dele se abriu e abraçou seu verdadeiro destino. Estava feito para esta mulher. Era seu par, sua outra metade. Ele era um Caçador de Dragões, um guerreiro, não o monstro malvado que Xavier tinha tentado formar. O estalo de regozijo o atravessou enquanto rompia pelo anel enegrecido de terra, surgindo em meio de dentes chasqueantes e o fogo que chovia do céu. Nunca havia se sentido tão vivo ou livre. Agarrou um morcego em cada mão e golpeou as cabeças juntas, lançando-os aos lados, e foi atacado por todos os lados, o peso completo dos corpos tentava puxá-lo enquanto faziam tudo o que podiam para comêlo vivo. — Cubra Gary. Envolva-o em um casulo, uma borbulha hermética e resistente ao calor. — disse Ivory, então jogou ao ar uma granada para Razvan. Havia algo muito agradável em ser seu sócio. Ela não tinha incluído os outros caçadores nem ao príncipe em sua luta. Ele era seu companheiro, seu sócio, e embora não tivesse sua experiência, ela confiava nele mais do que o fazia nos outros, e era a primeira vez desde que tinha estado longe de sua irmã que ninguém jamais lhe tinha dado confiança. — Adverte a qualquer um que venha em sua ajuda que se afaste. Este é o único modo que conheço de matar uma colônia. — ela sabia que os outros tinham visto o penacho de fogo que ardia do chão e provavelmente sentiam calor – Isto será como nada jamais sentido. Seu olhar saltou para Gary em meio do barulho. Gary lutava esforçadamente. Era óbvio que tinha estado ao redor dos Cárpatos, e inclusive as criaturas malvadas pouco faziam para sacudir sua fé em seus amigos. — Ela está sendo despedaçada. — disse com brutalidade Razvan — Façam quando disser agora. A vista dela com os morcegos lhe cortando os braços e pernas era mais dolorosa do que esperava. Lutou para chegar a seu lado e encará-la. — Tire a argola e conte. — Cobre-os, Gregori. — reiterou Ivory — Que ninguém respire. Terá que fazê-lo pelo Gary. Se puder, afaste qualquer fauna longe daqui. — Faça isso. — ordenou Mikhail. Puxaram as argolas e o gás assobiou no ar. Razvan não olhou aos outros, só a Ivory com sua face tranquila e valente e aos lobos que lutavam em suas costas. Não
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sentiu os dentes que cortavam profundamente ou viu a sangrenta matança que os morcegos estavam deixando na neve, só viu e sentiu a ela. Deu a ele um meio sorriso, os olhos suaves enquanto contavam e lançavam as granadas ao centro da massa que se retorcia e ambos se dissolveram. Ele sabia o que esperar, mas ainda assim, a explosão pareceu pior agora que não estava contida em um buraco no chão. Um cogumelo nuclear alaranjado se elevou como um foguete para o céu. A explosão balançou a ambos, a força os fez voar para trás. A pressão correu por seus corpos, a sensação era como se tivessem grandes pedras sobre o peito. Havia uma sensação de poder ao mudar de forma, uma enorme pressa para combater quando a pessoa tinha o controle de seu próprio corpo. Nada reduziu a intensidade desse regozijo, nem as árvores que estalavam ou as massas de morcegos incinerados que choviam do céu ou o fedor de asquerosa carne queimada. Pela primeira vez em sua vida, ele se sentia realmente como se houvesse feito algo que marcava uma diferença. Por causa dela, Ivory. Esperou enquanto o calor fluía ao redor deles, cozinhando tudo a seu caminho, sua mente ocupada com a mulher que sabia tanto a respeito de Xavier. Era possível que ela fosse a chave para desfazer ao mundo de tal monstro? Havia realmente uma oportunidade? O mundo ao redor dele estava ardendo, mas pela primeira vez em séculos, sentia esperança. O rugido das chamas, o estalo e rangido do inferno se mesclava com os últimos chiados ofegantes das criaturas horrorosas, e ele só podia ouvir o cochicho suave de Ivory em sua cabeça. A vida pode ter grandes momentos inesperados. Um compartilhar. Ele reconheceu sua boa vontade por compartilhar um pequeno pedaço de quem era ela com ele. Seu amor pela batalha. Ela amava a luta, o estudo cuidadoso do inimigo, o planejamento e a preparação, a rajada de adrenalina quando seu corpo bem treinado e o cérebro respondiam como uma bailarina que realiza passos precisos e complicados e surgia vitoriosa. Os sentimentos fluíram dela nele, o enchendo com ela, com seu rumo na vida, com a compreensão de que nenhum outro conhecia esta mulher complicada e talentosa da maneira como ela o permitia a ele. Essa compreensão o humilhou, mas o reforçou ao mesmo tempo. Nunca havia se sentido como se pudesse estar à altura de algo. Nunca tinha sido o bastante forte para derrotar Xavier, para fugir, nem sequer para salvar a sua filha nem a suas tias. Esta mulher, sua companheira, forte e resistente, oferecia-lhe, como mínimo, amizade. Tem razão a respeito desses momentos inesperados. Era definitivamente um grande momento inesperado. Enquanto o vento gerado pela chamas rugia a seu redor, enquanto o calor estalava por seu corpo e o mundo se elevava em chamas, purgando ao último dos mutantes morcegos, ele se sentia em paz. Sentia-se inteiro. E estava feliz. Sentiu o pequeno sorriso compartilhado de Ivory e a reteve, guardando-a em segredo no coração, o coração que lhe havia devolvido. Quando voltar para sua forma natural, cantarei o feitiço revelador. As quatro lascas que lhe tiramos necessitarão um anfitrião, e os morcegos estão mortos. Ele terá fugido de seus corpos, advertiu Ivory. Estará procurando outro anfitrião. Adverte Gregori que vigie o resto deles.
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É obvio. A vigilância era tudo agora. Esta era a oportunidade de destruir uma pequena parte de Xavier. Inclusive se levasse um pedaço de uma vez desfazer ao mundo dele, bem o valeria. Razvan tomou sua forma natural e indicou que os outros fizessem o mesmo. — Ela vai usar o feitiço revelador. Vigiem o espírito escuro de Xavier. — lhes advertiu. Ivory brilhou em sua forma física, atenta, já cantando o canto revelador, enviando as notas a dispersar-se através do campo carbonizado e o céu. Ainda chovia escombros. A fumaça e a cinza formavam redemoinhos e vagavam na brisa leve. A neve chegou das nuvens pesadas, mesclando-se com os restos que caíam, a natureza já procurando cobrir os sinais da batalha. Chamo a mim a tudo o que é bom para me ajudar em minha desesperada situação. Imploro pela canção que posso cantar para revelar quão malvado espreita na noite. Luz de céu, ardendo brilhantemente, encontra ao que é escuro e banha-o em luz. Malvado, chamou adiante à mancha que deixou atrás. A luz se espalhou pelos restos do campo de batalha, iluminando quatro sombras escuras que se deslizam entre os mortos para o pequeno grupo de Cárpatos que protegiam Gary. Gregori estendeu a mão, abrindo os dedos, e o relâmpago saltou, crepitando e rangendo por volta dos quatro fragmentos. Três fizeram uma toca no chão, mas a ponta do chicote golpeou ao quarto, incinerando-o. O chão rodou e se inclinou. Elevou-se um chiado. Sangue negro borbulhou do chão e um aroma nocivo estalou no centro da lama. O chiado balançou as árvores, fez que as folhas tremessem. Gary colocou a mão sobre as orelhas para amortecer o horroroso som. Gregori tentou seguir os fragmentos restantes com a ponta de relâmpago, afundando golpe após golpe no chão, mas sem nenhum resultado. Não havia modo de segui-los no chão. Três pequenas lascas seriam impossíveis de rastrear, e todos eles sabiam que encontrariam o caminho de volta a Xavier. Ivory cambaleou de fadiga. — A alvorada romperá logo, Razvan. Preciso descansar. Retorna comigo ou fica? Era quase um desafio, decidiu ele, estudando seu rosto. Ela não sabia se queria que ele permanecesse com ela ou se unisse aos outros. Razvan lhe tocou a mente e se deu conta de que ela não tinha estado com companhia durante tanto tempo que encontrava o contato com ele e com tantos outros entristecedor. — Seríamos felizes de te proporcionar um refúgio. — ofereceu Mikhail — Temos várias câmaras seguras para descansar. Razvan sentiu que Ivory retrocedeu instantaneamente ante a idéia. Ela não confiava tanto em ninguém. Nunca descansaria onde outros conhecessem sua câmara de descanso. Razvan era seu companheiro. Tinha reconhecido a ele e ainda assim receava. — Acredito que é melhor que voltemos para nossa própria morada. — disse ele. Ivory lhe enviou um pequeno sorriso de agradecimento e assentiu com a cabeça. — Xavier não parará em sua caça a Razvan. É evidente que tem bonecos na área. Assegurarei-me de que meus filhos estejam protegidos durante o dia e a noite.
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Sara deslizou a mão na de Falcon. — Dobraremos seu cuidado. Falcon aplaudiu Gary nas costas. — Tem mau aspecto. Obrigado por ir atrás de Travis por nós. Ivory agachou a cabeça, a cor invadiu rapidamente sua pele pálida. — Não queria implicar que seu amigo não fosse esforçado. Estou segura de que cuida de forma excelente de suas crianças durante as horas de luz, mas Xavier está desesperado para encontrar Razvan e recuperá-lo. Necessitará sangue Cárpato. Duvido que possa manter-se muito tempo sem um fornecimento de sangue. Ninguém está a salvo, menos que todos os mais vulneráveis. Os olhos penetrantes de Mikhail se moveram sobre Ivory e Razvan. — Possivelmente nosso curador deveria jogar um olhar nas suas feridas antes que nos deixe. Razvan jogou um bom olhar a sua companheira. Tinha arranhões e mordidas nos braços, umas poucas no rosto e por suas pernas escorregava sangue. Ele estava seguro de que seu aspecto não era muito melhor. Não queria permanecer ali mais tempo. Temia que sua irmã ou sua filha fossem em ajuda do príncipe, e tinha passado por bastante sem as encarar. Não sabia como se sentiria ou que poderia lhes dizer a qualquer uma delas, mas quando olhou à face fatigada de Ivory, negou-se a ser egoísta. Ela precisava de cuidados, e suas necessidades estavam em primeiro lugar. Ivory retrocedeu vários passos. — São meros arranhões. Meu companheiro pode ocupar-se deles. São só um inconveniente. — inclinou a cabeça, um gesto régio, para Mikhail — Estou segura de que nos cruzaremos outra vez. — Venham, por favor, e conheçam Raven, minha companheira. — convidou Mikhail — Ela não pode viajar atualmente e lamentará não ter estado aqui. Você é sinceramente uma inspiração para nossas mulheres. Gregori lhe lançou um olhar ardente antes de girar-se para Ivory. Seus estranhos olhos prateados brilharam sobre ela enquanto esta se deslizava nas sombras, e Ivory soube que reconhecia a repentina calma perigosa de um guerreiro nela. — Se tiver necessidade, senhora, chame e acudirei. Não dou minha palavra levianamente. Adivinho que poderia querer voltar a considerar sua posição no assunto das mulheres na batalha, enviou-lhe Mikhail telepaticamente. Deixe às mulheres com esta durante cinco minutos, velho amigo, e será a anarquia. Mikhail permaneceu sério. E quanto a Razvan? O menino tem mais honra que bom senso. Esse menino é mais velho que você, esteve obrigado a indicar Mikhail. Sofreu muito e não é um traidor. Menos do que sou eu. Houve um pequeno silêncio e Gregori elevou os olhos prateados para seu príncipe e velho amigo. Quando a mulher, Lara, aterrorizou-se de meus olhos, soube que tinha visto Xavier. Compartilhamos um último testemunho, marcado para sempre por nos entremeter com coisas que era melhor deixar em paz. Era uma desculpa e os dois sabiam.
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Mikhail aplaudiu Gregori no ombro, com carinho no gesto. Foi faz muito tempo, como muitas coisas o foram, e ao final foi para bem. Isso é o que Razvan disse. Gregori se aproximou um passo de Ivory. Ela não se retirou, mas seus olhos permaneceram tão vigilantes e tão quietos quanto seu corpo, como se meio suspeitasse que ele pudesse atacá-la. A segurou pelos braços com a saudação de respeito mais alto, de um guerreiro a outro. — Kulkesz arwavaljo. Esz arwa arvoval. — Vá com a gloria. Regresse com honra. Sem esperar sua resposta vacilante, segurou os antebraços de Razvan com o mesmo agarre respeitoso. — Kulkesz arwaarvoval, ekäm. — Caminhe com honra, irmão — Só soubemos da existência de Xavier recentemente, e provavelmente sabemos muito menos a respeito de suas aventuras que qualquer um de vocês, mas se desejar se unir a nossa informação, estaríamos agradecidos. A intranquilidade de Ivory era mais aparente para Razvan que nunca. Ela se afastou pouco a pouco de Gregori e olhou ao céu várias vezes. Razvan a puxou pela mão e começou a afastar-se dos outros com ela. — Encontraremo-nos outra vez. — disse, sabendo que era verdade. Neste momento, Ivory não queria encarar o fato de que eles se converteram inadvertidamente em parte do mundo Cárpato quando ela salvou a criança. Gregori e os outros olhariam para ela, uma guerreira dos seus, como uma imensa e inapreciável câmara do conhecimento sobre seu inimigo maior. Ele podia sentir sua retirada nela mesma. A expressão de Ivory não mudou, mas sim permaneceu serena e levemente amistosa. Por dentro, tremia. Ele seguiu movendo-se através da neve, afastando-a dos outros, tomando a responsabilidade de escolher ir-se só. Não lhe importou o que pensassem. Fazia muito tempo, tinha aprendido a aceitar a condenação de todos. Era o Cárpato vivo mais desprezado, pior que os vampiros, e embora Mikhail e Gregori escolhessem lhe dar as boas-vindas, via a desconfiança nos olhos dos outros. Não desejava nem necessitava a aceitação deles, só de Ivory. Segue andando longe da direção de nossa casa. A neve apagará os rastros, mas qualquer um poderá rastrear o aroma do sangue. Adiante, teremos que fechar todas as feridas. Razvan quase não pôde ouvir além de nossa casa. O estômago se esticou. Casa. Nossa casa. A idéia disso consolava e dava medo ao mesmo tempo. Olhou-a através da espessa neve. Sua face estava girada longe da dele. Parecia etérea andando a passos longos pela neve, como uma princesa de gelo, não a guerreira que sabia que era. Pararam sob o refúgio de várias árvores grandes. O alto dossel evitava que a neve caísse sobre eles enquanto se examinavam a si mesmos em busca de parasitas tóxicos e se tomavam uns minutos para fechar cada ferida e arranhão. Os das pernas eram os piores. — Os morcegos são mais efetivos atacando do chão. — explicou Ivory. Razvan a olhou. Ela evitava deliberadamente seu olhar. O coração lhe deu um divertido apertão. Ela estava nervosa. A assassina, uma guerreira incomensurável, estava nervosa por estar a sós com ele. Não tinha considerado que ela pudesse estar mais nervosa que ele.
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— Xavier queria que eles levassem sangue. — explicou Razvan — Esse foi seu propósito original, mas eles foram tão viciosos que ele começou a expandir suas idéias. Quando os dois terminaram, Ivory insistiu em que se olhassem um ao outro uma segunda vez. — Está muito conscienciosa. — comentou. — É como continuo viva. Como permaneceremos vivos. Tem que aprender se for permanecer comigo. E é livre de ir, se o desejar. Levantou as pestanas e lhe deu um rápido olhar. Ele não pôde dizer por sua expressão se ela esperava que escolhesse ir-se. Sacudiu a cabeça. — Ficarei, e Ivory, não tenha medo, sou um estudante rápido. Posso me fazer de idiota se for necessário, mas não o sou. — Mantive minha guarida segura durante centenas de anos, inclusive enquanto esculpia lentamente os corredores. Não há rastros de ninguém ao redor nem perto de minha morada. Não caço perto. Nunca deixo vestígios. Sou cuidadosa de que não haja aromas. Não saio toda noite. Vivo tranquilamente e evito às pessoas tanto como é possível. — olhou-o, encontrando-se pela primeira vez com seus olhos — Quando saio é por um propósito somente: reunir informação sobre Xavier. Se levar cem vidas, encontrarei um modo de destruí-lo. Ele assentiu com a cabeça. — Compreendo. — Não estou segura de que o faça. É meu único propósito de existência. Não me importa nada a sociedade. Não desejo amigos. Não sei como ser cívica de outra maneira mais que para o propósito de obter informação. Está preparado para isso? Em Razvan brotou um lento sorriso do buraco do estômago e lhe assentou na boca. Viu-a conter o fôlego, e logo ela afastou o olhar dele. — Não tenho amigos, nem a sociedade me dará a boa-vinda. Tenho mais razões que qualquer outro para querer destruir Xavier. — Se verdadeiramente quer aprender de mim, então dê atenção a isto. Não pode permitir que isto chegue a ser pessoal. É um dever, um dever sagrado. Deve rezar e meditar até que esteja absolutamente seguro de que está no atalho correto. Daráme sua palavra de honra de que fará isso? Razvan esperou até que o olhasse. — Tem minha palavra. Vamos retornar para casa. — dissolveu-se antes que pudesse encontrar outra razão para protestar. Ela foi diante, escolhendo uma rota suficientemente alta para que fossem uma parte das nuvens escuras que se moviam em silencio através do céu. Razvan tomou nota dos sinais, das montanhas que se elevavam, dos lagos e as correntes e do campo circundante. A neve era deslumbrantemente branca, o ar frio e limpo, refrescante depois de tantos séculos de cheirar sangue e morte, mas os espaços abertos eram desorientadores. Sua vida tinha sido subterrânea, limitada a um pequeno quarto da prisão a menos que Xavier utilizasse seu corpo. A voz de Ivory interrompeu seus pensamentos. Aproximamo-nos da guarida. Sempre se aproxime por uma variedade de direções, nunca a mesma. Escaneie com cuidado. Melhor dormir em outra parte por uma noite que perder nossa fortaleza às mãos do inimigo. Há um sistema de aviso no lugar. Tenho que reprogramá-lo para permitir sua entrada. Este sistema é feito de gemas, explicou Ivory, chamei as gemas e
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lhes pedi ajuda. Uma vez que as incrustei na pedra, cada uma a aproximadamente um metro, em forma de ziguezague descendo pela fenda, de um lado ao outro, as gemas não só trazem luz à guarida, mas também atuam como um sistema de advertência para mim. Vacilou e então corrigiu: Para nós. Ele sentiu a inquestionalidade de suas palavras, unindo-os juntos, mas também a relutância, como se ela não pudesse aceitar do fato de que se supunha que eram companheiros. A salvaguarda é realmente a maneira em que as gemas trabalham. Medem o peso de minhas moléculas, com os lobos em mim é obvio, enquanto desço pela fenda. Se o peso for muito pesado ou muito leve, a fenda se fecharia e deteria o intruso. Se estivesse na guarida, ouviria as pedras fecharem-se e poderia preparar um ataque. Nada pode penetrar a pedra de debaixo de nós ou a dos lados, é muito grossa. Nem os vermes podem brocá-la. Para levar você dentro, já tive que trocá-lo uma vez, e foi difícil com o sol tão perto de meus calcanhares. Como pude sair? Só trabalha em uma direção; um sistema de advertência não necessita os dois. Eu não manteria ninguém detento. Outra vez houve essa vacilação. Na verdade nunca pensei trazer ninguém aqui embaixo. Ele pensou que era melhor ignorar seu nervosismo, e não tinha que fingir seu interesse no sistema. Era tão extraordinário e brilhante como a inventora. Esperou enquanto ela desaparecia na fenda e adicionava umas poucas mais de suas gemas. A luz funcionava mais como um antigo sistema de espelhos, um prisma refletindo-se em outro. Deu-se conta de que ela utilizava as gemas para suas armas também, que seus experimentos eram sofisticados. É seguro que venha e vá ao seu agrado. Ivory flutuou para baixo, evitando a luz que se espalhava lentamente através do céu, protegida pela neve agora. Uma vez que tocou a câmara, os lobos saltaram de suas costas e caminharam atrás dela à cama de terra. — Não me sinto bem, nem sequer sob o chão, quando o sol sai. — outra vez Ivory parecia inquieta — Passei muitos anos na terra tentando me curar. — Passei muitas vidas nas cavernas de gelo. — assegurou Razvan, olhando como se aconchegava, com os lobos rodeando-a. Esperava um convite. Ivory fez gestos para o lado da grande concha. — Há lugar de sobra. Ele invejou os lobos apertados perto dela, mas não disse nada, sabendo que ela era mais que generosa. Fechou os olhos e permitiu que o fôlego abandonasse seu corpo, o coração se deteria e logo pararia enquanto a terra se vertia sobre eles como uma manta viva. Era a primeira vez que podia recordar que estava totalmente relaxado e imensamente feliz.
Capítulo 7 Ivory despertou sabendo que tinham passado três dias e que o sol já havia se afundado no céu. Estava acostumada ao modo em que o tempo passava tão profundamente sob a terra e os ritmos lhe falavam, como tinha se acostumado a eles.
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Tinha estado desorientada ao princípio, o qual foi quando surgiu seu sistema de prismas para trazer um pequeno pedacinho de luz a seu santuário. O que mais a surpreendeu foi que Razvan despertasse com ela. Os lobos o faziam, é obvio, depois de tantos anos, mas tinha pensado ir caçar sozinha e dar-se tempo para preparar-se para outro em sua guarida. Olhou-o fixamente no rosto, às linhas gravadas ali, a maneira em que seus olhos pareciam tão compassivos e entendedores. A vida de Razvan não tinha sido nada mais que luta e dor, mas ele parecia ser, quando lhe tocava a mente, sinceramente amável. Por que então, fazia tremer suas mãos? Por que se sentia como se umas mariposas tivessem saído voando e estivessem batendo as asas por seu corpo sempre que o olhava? Ela tinha confiança absoluta em suas capacidades como guerreira, mas não tinha a menor idéia de como interagir fora do campo de batalha. A expressão de Razvan se suavizou quando os olhos se encontraram com os dela e sorriu. O coração de Ivory saltou em resposta. O sorriso era doce e o fazia parecer anos mais jovem. — Boa noite. Certamente é linda ao despertar. Não era. Ela sabia que não era. Estava em sua forma verdadeira de fragmentos, seu corpo juntado em pedaços e um pouco mal emparelhado aqui e lá. Esfregou-se uma das piores cicatrizes ofensivas, a que dissecava sua clavícula, e se surpreendeu de encontrar a aresta diminuída. O curador havia feito mais que curar suas feridas. As cicatrizes nunca desapareceriam completamente, mas ele as tinha ajudado a tornarem-se linhas mais magras, mais favorecedoras. — Não o sou, sabe. — podia sentir como lhe subia a cor sob a pele. Envergonhou-a que não soubesse as cortesias. Uma vez, faz muito tempo, ela tinha deslocado a uma casa morna e feliz. De algum modo, ver esse sorriso doce na face de Razvan havia trazido lembranças agridoces de volta. Tinha havido tanta risada e amor em sua casa. Como podiam seus irmãos ter dado as costas a todo o honorável e ter escolhido entregar suas almas? Eles não tinham sofrido do modo como Razvan tinha sofrido, e ele tinha aguentado séculos de tortura, sendo marcado como um criminoso, desprezado por todos a seu redor, seu corpo utilizado para coisas vis. Mas, mesmo assim, tinha mantido a honra. Ela havia dito que seus irmãos tinham estado desconsolados sobre seu desaparecimento, mas sabia melhor. Todos experimentaram a perda. Os cinco se converteram juntos, sem atender à história Cárpato. Ela os conhecia melhor que ninguém mais, e sabia que isso significava que tinha sido uma decisão consciente, não uma tomada depois de muitos anos de falta de emoção ou de matar amigos que se converteram vampiros. A decisão não tinha sido fatal porque estivessem desolados pela pena ou porque tivessem esperado muito tempo por suas companheiras. Sabia que sua decisão tinha sido raciocinada por todos juntos. Desejavam o poder. Acreditavam ser mais preparados, mais fortes e mais merecedores que qualquer outro. Seu desaparecimento tinha sido a desculpa que necessitaram para completar algo que frequentemente tinham discutido na intimidade de sua casa. — Parece tão triste, Ivory. Ela nunca pensou em ocultar suas expressões na guarida. Não ocultava sua forma verdadeira e agora não sabia o que fazer nem como agir. Deu de ombros. — Isto é um pouco difícil.
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— Só se deseja fazê-lo assim. Eu não me imporei onde não sou desejado. Ivory sacudiu a cabeça. — Não, não se sinta assim, como se eu não o desejasse aqui. Eu o convidei. Depois de todos estes séculos, não acabo de estar segura de como agir em companhia. O sorriso de Razvan se ampliou, alcançou-lhe os olhos, esquentando os suaves veludos. — Mas sou seu companheiro, não companhia. Aja como sempre. Estou aqui para aprender com você. Isso doeu, golpeou-a no ventre como um punho. Ele não estava em sua guarida para ser seu companheiro da maneira em que um homem reclamaria a uma mulher. Ela sabia. Não queria ter nada a ver com isso, mas ainda assim ainda se sentia leve. Era a perversa reação de uma mulher, não uma guerreira, e estava decepcionada consigo mesma. Ela tinha posto os termos; ele somente os respeitava. Empurrou o pesado cabelo, mais como uma desculpa para ocultar-se, não porque a incomodasse. — Tranquilizarei-me com o tempo. — era tudo o que ela podia pensar em dizer. Ivory olhou os lobos enquanto se reuniam ao redor dele. Apesar de sua aparência mais velha, era um homem bonito. Agora que a terra lhe tinha revitalizado e rejuvenescido, sua forma era cheia e musculosa. Seu cabelo caía em longas ondas quase até o centro das costas. Era espesso e escuro, e sabia pelas três semanas que tinha passado segurando-o e alimentando-o, passando os dedos por essa caída suave e grossa, que se distinguiam muitas cores nessa pesada juba, entre eles o cinza. Razvan, em vez de abater-se sobre a manada e forçar sua liderança, agachou-se em meio dos seis lobos e lhes permitiu que tomassem seu tempo empurrando os narizes nele e esfregando-se pelas pernas e costas. Este é Razvan. Meu companheiro. Incluiu Razvan no círculo de comunicação, sabendo que quando entrassem em batalha juntos essa liderança era essencial. Rajá tinha que lhe aceitar como seu companheiro e, portanto como líder da manada. Ele só o faria se lhe chamasse de companheiro. Razvan a olhou. Ivory desejou não ruborizar-se. Tentou parecer tão despreocupada como fosse possível. Razvan parecia muito grande nos limites da câmara. Sua forma masculina enchia o quarto inteiro. Cada fôlego que ela tomava parecia atrair o aroma dele aos pulmões. Cada fôlego que ele tomava a fazia super consciente dele, o modo em que os músculos pesados do peito se moviam sob a fina e apertada camisa, o aspecto que seu corpo tinha tido momentos antes de vestir essa magra e apertada camisa. Rajá girou a cabeça e a olhou, lhe dando um olhar reservado, despindo os dentes ante Razvan. O Caçador de Dragões deu de ombros. — Sei o que se sente ao ser deslocado, velho. — apaziguou — Nos arrumaremos. — Ofereça a ele seu sangue. Razvan ficou de pé lentamente, encontrando-se com os olhos de Ivory. — Alimenta-os com sangue Cárpato? — Não recorda muito de nosso primeiro encontro. — Algo. Ela tomou ar, deixou-o sair e então confessou.
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— Faz muitos anos, tanto que agora não posso recordar quando começou tudo, uma manada de lobos me ajudou. Encontraram pedaços de mim e os teriam consumido, mas pude tocar suas mentes, e em seu lugar, enterraram meus pedaços juntos. Ao retornar, encontrei seus descendentes e me assegurei de que prosperassem. Não passava muito tempo na superfície naquela época. Meu corpo simplesmente não o podia aguentar. Mas quando o fazia, os lobos eram tudo o que me mantinha lúcida. Eram meus únicos companheiros e tudo em que confiava. Ela falou com uma voz suave e clara, como se estivesse contando um conto que tinha ouvido de outra pessoa, como se o horror desses anos intermináveis não tivesse sido seu para suportá-lo. Ele tinha seu horror encerrado na mente, mas de algum modo o dela parecia muito pior. Algo aterrador no profundo de Razvan levantou a cabeça e rugiu com raiva. Ele tinha enterrado fazia muito tempo qualquer sentimento agressivo. Muitos anos de cativeiro, de não poder fazer nada tinham empurrado a raiva e a ira a um lado, e logo finalmente, suas emoções se desvaneceram no esquecimento, assim tinha esquecido a intensidade, a pura força dos sentimentos. — Foi uma época terrível para mim. Não podia estar fora da terra muito tempo, mas fui procurar meus irmãos. Precisava deles. Mal podia funcionar. Minha mente ou meu corpo. — abaixou a cabeça e o cabelo caiu ao redor do rosto, ocultando sua expressão. Sua voz permanecia tão tranquila como sempre — Me levou vinte e dois anos encontrar o primeiro de meus irmãos. Tive umas poucas brigas com vampiros pelo caminho e inadvertidamente comecei a construir uma reputação de matar não mortos. Eles começaram a me caçar. Ainda tinha que passar a maior parte de meu tempo no chão para manter meu corpo unido. — Não tem que me contar isto se a aflige. — disse Razvan. Ivory deu de ombros e jogou o cabelo às costas, seus olhos tranquilos. — Importa pouco agora. Foi faz muito. Nos cinqüenta anos seguintes, procurei a minha família, só para encontrar que todos se converteram. Sentia-se como se me tivessem traído. Ivory sentiu o vulto subindo pela garganta, ameaçando estrangulando-a, ameaçando humilhando-a. Deu de ombros uma segunda vez. — Tinha aos lobos. Compreende? Eles eram tudo para mim. Não têm uma longa vida em liberdade e cada nova ninhada de filhotinhos, cada renovação, era minha única família. Precisava deles. Razvan queria abraçá-la, lhe oferecer consolo, mas quando deu um passo para ela, Ivory se afastou, de volta ao outro quarto como se não o tivesse notado. Ele a seguiu, movendo-se através da manada de lobos, ignorando os dentes descobertos de Rajá como se o lobo não merecesse sua atenção. Não podia evitar estar intrigado pela história. Não tinha a menor idéia de que os lobos pudessem levar sangue Cárpato, e duvidava que ninguém o tivesse sabido tampouco. — Assim que estes lobos não são a manada original. — a animou, olhando como ela recolhia um pente e começava a passá-lo por seu cabelo. Era uma ação calmante, não uma de necessidade. Ivory se aproximou inquietamente à parede comemorativa. Sua parede familiar. Tocou a face de Sergey, riscou as amadas linhas esculpidas ali.
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— Não, várias gerações nasceram e morreram, mas eles sempre estavam comigo. Finalmente os vampiros começaram a tentar encontrar a minha manada para matá-los. Chegaram a pensar que os lobos me protegiam de algum jeito. Acredite ou não, o não morto pode ser muito supersticioso, especialmente desde que têm uma aliança com Xavier. Ele os alimenta com histórias para fazê-los acreditar que ele é mais forte que eles. Razvan olhou as pontas dos dedos moverem-se pela face de seu irmão, toque após toque, um suave movimento amoroso hipnotizador. Ele só podia imaginar alguém o amando tanto, sentindo saudades e querendo salvar sua alma da maneira em que pressentia que ela fazia com seus irmãos. Ele estava morto para sua própria irmã, da mesma maneira que sabia que Ivory tinha que haver-se separado de seus irmãos para manter sua prudência, para evitar estar afligida pela pena. Sentindo a necessidade de sustentá-la entre seus braços e consolá-la, fez o único que pôde pensar que não lhe faria ganhar um golpe. Deu um passo atrás dela e estendeu a mão para o pente. — Deixe-me. Houve silêncio. Ela estava muito quieta, o rosto voltado para o muro comemorativo, sem mover a mão, sem respirar. Ele podia sentir o fraco tremor de seu corpo. Uma criatura selvagem mantida cativa, sem saber se aceitar ou não a bondade. Muito lentamente, lhe estendeu o pente por cima do ombro, sem olhar, sem o deixar ver o rosto. Os dedos de Razvan eram suaves enquanto tomava o instrumento e começava a deslizá-lo lentamente pelo cabelo. — Como chegou a ter sua manada atual? Outra vez houve um breve momento de silêncio enquanto ela tratava de acostumar-se a Razvan lhe penteando o comprido cabelo. Pigarreou. — Ainda podia passar pouco tempo na superfície. Quando o fazia, estava com os lobos ou caçando. Minha manada tinha dado a luz a uma nova ninhada de filhotinhos. Seis deles. Três machos, três fêmeas. Toda a manada estava emocionada, e eu mais que alguns deles. Os bons tempos da manada eram meus. — desta vez os dedos riscaram o antigo texto Cárpato. Sív pede köd. Pitäam mustaakad sielpesäambam. O amor ultrapassa o mal. Retenho suas lembranças a salvo em minha alma. Ele se deu conta da importância dessa singela declaração. Ela não tinha nenhum outro contato, humano ou de outro tipo, que não fosse um inimigo. A manada tinha chegado a ser virtualmente sua família e seus amigos, sua comunidade e os únicos confidentes. Ela tinha visto a carcaça vazia de seu irmão e necessitava a tranquilidade de sua parede, sua casa, as palavras nas quais tinha chegado a acreditar. Ele sentiu os primeiros indícios de amor por ela, o princípio, e reconheceu que pisava em um atalho que não abandonaria, não poderia. — Com o passar dos anos, ao viver com os lobos, dava-me conta de que uns poucos tinham a capacidade de comunicar-se comigo telepaticamente. No momento em que a ninhada nasceu, nem o macho nem a fêmea alfas eram capazes de falar comigo e eu não era exatamente uma solitária. Sentia-me como se tivesse uma família outra vez. Deixou cair a mão da parede como se reforçasse.
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— Uma tarde me levantei e fui em busca da manada. Os vampiros tinham chegado antes que eu. Havia sangue por toda parte, pele, ossos e cadáveres espalhados pela pradaria onde me haviam feito o mesmo. Afastou-se dele violentamente, caminhou pelo quarto. Ele podia ver que suas mãos tremiam, mas ela as pôs nas costas e se girou para encará-lo. Havia culpa e desafio mesclados em seu rosto. — Encontrei os filhotinhos na guarida. Todos morriam. Os vampiros lhes tinham infligido feridas, mas não os tinham matado, deixando-os para que sofressem horrivelmente antes de morrer, ou para que outros animais selvagens terminassem com eles. Levantou o queixo. — Salvei-os. Arrastei-me na guarida e os alimentei com meu sangue. Não pensei além desse momento. Não podia suportar perder a todos de novo. Tinha prometido a seus antepassados que estaria atenta a eles, mas por me ajudar, os vampiros destruíram toda a manada. — Não foi sua culpa. — Possivelmente não, mas me senti como se tivesse sido minha culpa. Permaneci na guarida para protegê-los, fazendo uma toca sob o chão durante as horas de luz e permanecendo com eles durante as noites. Tive que lhes dar sangue e, às vezes, tive que tomar o deles quando não podia caçar. Rajá foi o primeiro em converter-se. Não tinha nem idéia de que isso fosse possível, mas me dava conta das ramificações. Nenhuma manada de lobos podia ser Cárpato e ser deixada solta entre humanos confiantes. Eles seriam imortais, ou quase como somos nós. O primeiro foi um acidente, mas outros, embora rompesse uma lei moral, foi feito de propósito. Ela se encontrou com seus olhos, esperando condenação. Razvan sacudiu a cabeça. — Parece que todos nós escolhemos um atalho que possivelmente nem sempre tenha sido o sábio. Você. Eu. O curador. Mas nossos atalhos se uniram e se converteram no mesmo. Ivory sacudiu a cabeça. — É um tipo muito diferente de homem. — Sou-o? Possivelmente estive longe tanto tempo que nunca aprendi a ser como se supõe que deve ser um homem. Ele deu um meio sorriso inclinado que lhe roubou o fôlego. Ela nunca havia sentido essa estranha revoada feminina que um sorriso dele parecia engendrar, mas a sensação que rodeava Razvan era de paz e gentileza. — Não estava insultando você. Eu gosto que seja diferente. — possivelmente um pouco muito. Ela tinha um propósito — os dois o tinham — e requeria esforço e atenção completa. Não se atrevia a perder de vista seu objetivo final, nem tampouco ela podia mudar o curso que se tinha proposto. Os olhos de Razvan se esquentaram com o sorriso e trocaram de cor a um quente âmbar. Ela podia perder-se nesses olhos se o permitia. Ivory enquadrou os ombros. — Tomei a decisão de converter à manada apoiada em minha necessidade de sobreviver. Eles eram tudo o que tinha. Tratei de ser responsável a respeito disso. Sempre permanecem comigo, caçam comigo e só bebem meu sangue. Não têm
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ninhadas, embora Rajá indicasse que se der a luz a um bebê, eles poderiam proporcionar uma manada para meu filho. — outra vez se encontrou ruborizando-se, afastando o olhar dele — Como não pensava que isso fosse ser possível alguma vez, não dava muita atenção à idéia. — Então os seis estiveram com você… — Séculos. Vivem aqui na guarida, caçam comigo e lutam comigo. Razvan assentiu. — E eu vim e interrompi a paz da manada. — Sempre é difícil integrar a um novo membro, mas não impossível. Rajá deve aceitá-lo. — outra vez o olhou, seu olhar tranquilo — É meu companheiro, tanto se nos reclamamos um ao outro como não. Ele não lhe indicou que só o macho de sua espécie possuía as palavras rituais de união impressas nele desde antes do nascimento. Ele tinha nascido Cárpato e humano, mas as palavras estavam ali, ele deveria escolher uni-los, com ou sem seu consentimento. Ele acreditava que as palavras de união eram dadas ao macho porque sua metade da alma era a escuridão sem sua companheira. Uma vez que suas tias conseguiram convertê-lo completamente, tinha sabido que devia encontrar a sua companheira para aliviar a escuridão que se pulverizava com os anos que passavam. Os instintos que guiavam aos machos Cárpatos estavam nele, insistindo-o a estabelecer sua reclamação, mas o homem que era se conduzia para proteger a esses pelos quais se preocupava, negava-se a correr o risco com sua vida. — Diga-me que acredita que ajudará a Rajá a me aceitar. — o alfa deveria lhe dar a boa-vinda, assim os outros o fariam também. — Compartilhei meu sangue com você repetidas vezes e o chamei de meu companheiro. Alimentaremos à manada juntos. Ofereça seu sangue primeiro a Rajá. Se ele não tomar, ninguém será alimentado este dia. — Possivelmente poderia raciocinar com ele antes de castigá-lo. — ele tinha sido torturado e privado de alimento até que esteve morto de fome. Não poderia fazer isso a outro ser vivo. Ivory caminhou descalça pelo meio da manada, coçando orelhas e esfregando a pele, os toques massageavam pescoços com carinhosa familiaridade. — O líder da manada respeita a força. — Lutar ou castigar não são sempre força. — disse Razvan — Xavier era o homem mais cruel que conheci. Vinham e se foram guerreiros de todas as espécies. Derrotou-os a todos. A cada um deles, mas eu nunca o respeitarei, nem serei como ele. Havia uma calada determinação em sua voz. Ivory suspirou. Razvan não tinha sobrevivido ao encarceramento e à tortura sendo fraco de coração. Era teimoso, inquebrável e implacável. Ela tinha estado em sua mente de Caçador de Dragões e sabia quão firme podia ser. — Rajá sabe que eu o respeito. — segurou o alfa da manada com um olhar duro — Estou segura de que o aceitará. — porque se o lobo não o fizesse, ela teria umas poucas palavras privadas com ele. Rajá bufou e logo lhe deu um sorriso lupino, a língua lhe pendurava fora da boca como se estivesse rindo. Razvan sorriu. Rasgou-se o pulso despreocupadamente com os dentes e o ofereceu ao grande lobo macho sem vacilação.
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Ivory se esticou. Rajá inclinou a cabeça para o sangue que emanava e o cheirou antes de dar uma lambida tentativa. Segurou o pulso com a boca inesperadamente, afundando os dentes profundamente. Ela murmurou as palavras de união brandamente no antigo idioma. Nó me elidaban, nó me kalmaban. — Como estamos na vida estamos na morte. Elid elided. — Vida à vida. Siel sieled.— Alma à alma. Me juttaak, me kureak. — Vida à vida. Me juttaak, me kureak. — Estamos unidos como um. O triunfo varreu por Razvan. Ele formava parte de algo. Pertencia. A aceitação de Ivory era muito mais resistente que a do lobo alfa. O lobo respeitava seu companheiro. Tinha lutado na batalha com ele, não tinha visto vacilação e foi rápido em defender e proteger Ivory. Ivory possivelmente aceitava Razvan como guerreiro — pelo menos um ao que treinar — mas como companheiro, isso era algo inteiramente diferente. Razvan ocultou o sorriso quando Ivory girou afastando-se, franzindo o sobrecenho um pouco enquanto alimentava às fêmeas. Seguiu dando as costas a Razvan, excluiu-lhe enquanto falava com os lobos, e o permitiu estender-se para a mente dos lobos ele mesmo. Razvan encontrou Rajá muito inteligente, um estrategista forte e um líder capaz. Seu segundo no comando, Blaez, era um lobo muito sério. Gostou muito da personalidade de Blaez. E então foi Farkas, o macho que o vampiro tinha atacado e tinha ferido tão gravemente. O corpo do Farkas tinha sido reparado na terra curativa, mas desejava o sangue rico Cárpato para completar o processo. Razvan cambaleou quando Farkas lambeu por fim através das feridas para selálas. Afundou-se ao lado do lobo. — Faz isto toda noite? Ela sacudiu a cabeça. — Somos muito cuidadosos de não nos levantar toda noite. É provavelmente desnecessário depois de todos estes anos, mas sem três noites consecutivas na terra, meu corpo se negava a funcionar apropriadamente, assim ainda sou cautelosa. Na verdade, não tive problemas em muito tempo, mas não quero me arriscar. As sobrancelhas de Razvan se juntaram. — Que tipo de problemas? Ivory se afundou no chão a seu lado enquanto a fêmea pequena menor selava a laceração do pulso. — Nada grave. Andando. Correndo. Coordenação principalmente. Os músculos foram cortados em pedaços e precisam ser reforçados. — Deveria ter dito ao curador. Um olhar débil e altivo se arrastou pela expressão de Ivory. — Nunca precisei de um curador nem a ninguém mais para sobreviver. Se necessitar a terra, está aí para mim. — deu de ombros — Além disso, é preferível que não estejamos muito fora. Quanto menos sairmos, menos oportunidade para que um vampiro ou um caçador tropecem com a guarida. Tenho muito trabalho a fazer aqui. Saímos a caçar e a correr, e logo permanecemos dentro uns poucos dias. Funcionou bem para nós. Precisarei sair para alimentar a nós. Tomará umas poucas horas, tenho que viajar longe de nossa guarida. — Não sem mim.
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— Não há necessidade de que ambos vamos. Xavier o está caçando ativamente, usando cada recurso ao seu dispor. Não pode deixar rastros para que o encontre. — Não sem mim. — repetiu, seu tom agradável. Ela entrecerrou os olhos. — Isso é tão tolo. — Como negar a ajuda do curador, mas tinha suas razões. Tenho a minha. — Você não gosta que ninguém lhe dê sangue. — adivinhou, sagazmente — É Cárpato. Necessita sangue para sobreviver. — Estou bem informado disso. Seu tom nunca mudava. Razoável. Agradável. Inclusive suave. Ela rangeu os dentes. Nada parecia fazê-lo reagir, e isso que deliberadamente lhe tinha cravado, querendo sacudi-lo por sua teima. — É mais inteligente por minha parte ir sozinha. — Possivelmente. Mas vamos juntos. Ela fechou os dentes com força ante esse tom agradável. — É sempre deste modo? — Não sei. Não estive ao redor de ninguém exceto de Xavier. Não alterei a mulher que deu a luz a Lara como estou alterando você. Mas, como eu, era uma prisioneira e nenhum dos dois podia tomar nossas próprias decisões. Posso tomar esta decisão, para mau ou não. Vou com você. Ela levantou o queixo. — Sou sua companheira. É meu direito assim como meu dever prover para você. — Está disposta a proporcionar consolo com seu corpo também? O coração de Ivory saltou. Saltou. Saiu voando junto com um milhão de pássaros de seu estômago. Inclusive seu útero reagiu. O que era tolo, porque ele nunca mudou de expressão, nem em sua face nem com o tom de voz. Poderiam ter estado discutindo sobre o tempo. — Não. — a palavra saiu como um cochicho. Possivelmente como pergunta quando queria que soasse absoluto e distante. Houve algo em Razvan que a fez moverse, que a chamou, uma necessidade sem nome, uma fome em seus suaves olhos, uma solidão absoluta que a atraía como uma traça à chama. — Então não há necessidade de prover nada. Trabalhamos juntos para um objetivo comum. Ambos desejamos unir nossa vasta riqueza de conhecimento para destruir Xavier. Ele tinha razão. Ela sabia que tinha razão. Isso era exatamente o que ela queria, mas ouvi-lo dizer em voz alta com esse tom tranquilo e prático a fez querer chorar. — Trouxe-me aqui para aprender o que aprendeu sobre Xavier e para me mostrar as maneiras de um guerreiro. Aceito esses limites. — Bem. — ela ficou em pé — Isso é excelente. Precisamos ir. — seu corpo sofreu uma mudança sutil e parou diante dele em perfeição absoluta, sua roupa revelava a pele lisa e suave como pétalas. — Por que faz isso? Por que não ser vista como realmente é? É bonita, sabe. As linhas são as marcas de coragem de seu corpo. O tributo verdadeiro de um guerreiro. Nunca vi ninguém tão lindo. Ela se deu a volta, sem querer que ele visse como suas palavras a afetavam. Ninguém lhe havia dito que era bonita desde que era uma jovem mulher, há séculos.
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Por que a calidez de sua voz trazia calor a seu corpo quando ele não parecia tão afetado por ela? — Não desejo que os vampiros saibam que me marcaram. É um jogo psicológico. Tive a ideia quando descobri que eram supersticiosos e continuei os fazendo acreditar que nada do que me façam pode me danificar. O sorriso de Razvan demorou em chegar, mas quando o fez, ela experimentou uma revoada curiosa na região do estômago. Deu um passo para trás e girou. — Se insistir em vir comigo, confio em que ao menos fará caso de minha advertência de ser cauteloso e não deixar rastros que levem a nossa guarida. Xavier enviará um exército para recuperá-lo, tudo o que tenha em seu arsenal. — Que é considerável. — esteve de acordo Razvan — E agora ele tem sua impressão. Ela ficou quieta. Girou lentamente. Cravou o olhar no dele. — O que quer dizer? — a boca dela secou. — Expulsou-o de minha mente, de meu coração, meu corpo e minha alma. Para fazer isso, compartilhou sua luz. Ele não pode falhar em te reconhecer se estudou com ele. Trabalhará dia e noite para infligir vingança. Esse é seu método, e não, eu não permitirei que tenha êxito. Até que seja destruído, tem-me como seu guarda-costas. — seu tom agradável era ainda baixo, suave veludo negro, mas implacável. O coração de Ivory revoou junto com seu estômago, uma reação feminina que aborreceu, o que provavelmente a fez mais cáustica do que teria sido normalmente. — Sou uma guerreira, e você sabe muito pouco sobre lutar. Mal acredito que vá ser de muita ajuda em combate. Se algo provavelmente será um completo estorvo. Ele se inclinou ligeiramente. — Possivelmente seja assim. Mas serei uma jogada poderosa. Ela empalideceu sob sua já pálida pele e seu fôlego sussurrou em uma exalação longa e lenta. — Acredita que comercializaria minha vida pela sua? — Não. — ele não parecia arrepiado no mais mínimo — Mas eu o faria. — gesticulou para a magra fenda que dava voltas pelas grossas paredes de pedra — A fome está me golpeando. Vamos caçar. Ela estendeu os braços para que os lobos subissem nela, mudando para a forma de tatuagens. — Por que quer que se alimentem primeiro quando vamos caçar? — perguntou Razvan curiosamente. — Nunca leve um lobo faminto com você quando está tentando não deixar rastros. Permito-lhes caçar só uma vez a cada poucos dias para mantê-los afiados e em forma, mas não arrisco com rastros de lobo nem os trato com sangue humano. Nesta forma, não deixamos rastros e podem me ajudar se o necessitasse. — Não me importaria uma tatuagem de lobo própria. — disse Razvan — É um lindo trabalho artístico, assim como ter olhos para vigiar as costas. A admiração em sua voz a atraiu e mordeu com força o lábio para permanecer concentrada. Não queria que gostasse como pessoa, só queria vê-lo como outro instrumento em sua guerra contra Xavier, mas ela o adorava de maneiras que não tinha esperado. Deixou sair o fôlego em uma pequena rajada outra vez.
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— É um homem frustrante, Caçador de Dragões. — Suponho que sou. — não havia remorso, só diversão. Ivory se deu a volta antes que seu senso de humor a vencesse. A coisa a respeito de Razvan, decidiu enquanto começava a subir pela fenda de dois centímetros de largura que ziguezagueava para cima através de centenas de metros de rocha, era que havia uma paz interior que irradiava dele. Nada parecia incomodá-lo. Mas então, como podia? Ele tinha perguntado a Gregori o que mais podia fazer-se por ele que já se tinha feito. Não temia à morte. Não havia muitos modos de tortura, física, emocional ou mental, aos que Xavier não o tivesse submetido. Razvan tinha aprendido fazia muito tempo que não podia controlar os outros nem aos acontecimentos, só sua própria reação ao que acontecia. Havia uma força oculta em Razvan, um poço dela, profundo e puro, que ela via e sentia cada vez que estava perto dele. Mas havia também uma gentileza que não tinha esperado de um homem afiado na violência e o sangue. Ela sempre tinha acreditado que para estar atraída fisicamente por um macho, necessitaria um guerreiro violento, mas encontrava que a força interior a chamava mais que as habilidades de luta. A força e gentileza de Razvan a tentavam como nenhum outro. Olhava muito esses olhos, esses olhos sempre mutantes que pareciam suaves e profundos onde poderia perder-se se não tomasse cuidado. A noite era clara e fresca, a neve brilhava no chão, convertendo tudo em excessivamente brilhante. Cristais do gelo penduravam das árvores e lhe deslumbravam os olhos quando escaneou o chão. Tome cuidado de não perturbar a neve enquanto atravessa a fenda. O menor movimento pode deslocar as escamas, e isso poderia guiar um inimigo para investigar mais de perto. Ivory lhe tocou a mente para ver se estava irritado por suas instruções. Ele parecia justo o contrário, absorvendo seu conselho e seguindo-o com cuidado. Não fez nenhum movimento para tomar a dianteira, seguindo-a através do céu, para o vale, longe da região onde os Cárpatos habitavam, para uma pequena comunidade de agricultores na base das montanhas de gelo. Está em seu território. Razvan não tinha que nomear o mago. Não havia desconfiança em sua voz, só uma pergunta tranquila. Ele enviará seus exércitos longe em sua busca, pensando que fugirá longe dele. Orgulha-se de seu longo alcance e assumirá que o temerá muito para permanecer perto. Isto será mais seguro neste momento. Você o estudou. Fui a sua escola durante pouco tempo, Ivory informou. Adorava o trabalho e era boa nisso. Infelizmente, também prestei atenção a ele e me dava conta de que não era como parecia ser. Naquela época, eu era bastante jovem e ingênua e não sabia como ocultar meus pensamentos e suspeitas. O calor de Razvan alagou sua mente, fazendo-a consciente de que o frio da noite a tinha atravessado, ou possivelmente pensar no passado. Aprendeu bem ao longo dos anos. Observei-o no trabalho diariamente. Olhava sua loucura progredindo ao longo dos anos até que sua mente já não funcionou apropriadamente. Não há razão. Converteu-se em um megalômano, acreditando que é um ser superior a todos os que andam sobre a terra. Está especialmente amargurado
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com a imortalidade dos Cárpatos e sempre experimenta para encontrar um modo de destruí-los. Uma faixa de água gelada cortava o vale, vagando por várias pradarias longas utilizadas para pastos e dando voltas dentro e fora de arvoredos. Ivory seguiu o mesmo atalho, permanecendo no alto, sem mover-se rapidamente, mas sim se deixando levar, tomando nota de todos os movimentos — os animais, a fumaça que saía das chaminés, qualquer humano — tomava nota de tudo e o compartilhava com Razvan. Há sempre uma pauta de movimentos, instruiu. É importante vigiar os animais, inclusive aos menores. Os ratos correrão para os arbustos ao primeiro sinal de perigo. Eles vêem as sombras de cima. Todos os animais de presa o fazem, e seus instintos são bons. Não tem que estar conectado com eles para utilizá-los como um sistema de advertência. Razvan deixou de beber da completa beleza dos arredores e começou a dar atenção às coisas que ela indicava. Ivory era uma consumada guerreira. Quando ela deixou a guarida, tudo era trabalho. Tudo sobrevivência. Ele precisava aprender, e ela estava disposta a instruí-lo. Esquadrinhou o terreno desigual, vendo-o com novos olhos. A natureza é sua amiga, sua aliada. As árvores contam histórias. Olhe a área ao sul. Justo debaixo da montanha, perto da pequena fazenda metida na sombra. O aspecto lúgubre de sua voz o alertou de problemas, mas não pôde ver nada exceto a neve brilhante e o deslumbrante gelo; uns poucos ramos nus se sobressaíam de uma árvore carregada de neve. Uns poucos rastros na neve levavam de uma pequena casa a um celeiro e logo ao redor da parte de trás aonde havia alguns pequenos edifícios que albergavam animais, mas não pôde ver nada que pudesse havê-la alarmado. O que estou procurando? Algo se sentou nessa árvore olhando a casa. Não era um mocho. Se olhar de perto os rastros, alguém saiu da casa para o celeiro e logo para o refúgio. Os passo longos aumentaram de comprimento e profundidade, o que significa que começaram a correr. O que fosse, ainda está ali. Sinto a energia. Razvan inspecionou os ramos nus da árvore e então tentou abrir sua mente aos campos de energia que lhe rodeavam. A informação fluiu. Enquanto se aproximavam da pequena fazenda, o ar perdeu seu seco e fresco aroma e começou a sentir e cheirar fétido. Vampiro. Sussurrou a palavra. Diga-me o que sente. Estenda-se muito levemente. Permita que sua mente se expanda para lhe abranger, mas não entre na sua. Razvan sabia que se seu toque fosse muito pesado o vampiro sentiria sua presença e ficaria de sobreaviso. Se sua vítima estivesse viva ainda, não haveria esperança. O não morto a mataria e consumiria tanto sangue quanto fosse possível para preparar-se para um ataque. Os vampiros querem sangue reforçado com adrenalina, explicou Ivory. Aterrorizam as vítimas de propósito e os mantêm vivos tanto tempo quanto é possível. O sangue é como uma droga para eles e necessitam o pico continuamente. Pode sentir o caos em sua mente?
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Podia. A mente do vampiro corria tão rapidamente que era como tentar abordar um trem fugitivo. Inclusive o som era caótico, como se o volume subisse e descesse, assim em um momento os ruídos rugiam e chiavam e logo retrocediam, só para começar outra vez. Não pôde manter o som do coração da vítima sob controle. Está muito excitado. Este se converteu recentemente. Duvido que tenha tido tempo de ter sido recrutado pela liga de vampiros ou por Xavier. Geralmente nesta etapa são deixados sozinhos porque são muito perigosos para aproximar-se, eles não podem lidar com os picos que sentem. Ivory rodeou a casa. Duas crianças dentro. O vampiro sabe, embora o homem tente ocultar a informação. Sua mulher está no celeiro. Ela pensa em lutar por seu homem. Armou-se com alho, as cruzes e água benta, mas não tem armas reais além de ferramentas de fazenda. Havia admiração na voz de Ivory. Razvan gostava disso nela. Sua aceitação do mundo era muito simplista. Um homem e uma mulher lutavam juntos por sua família, ainda contra o pior tipo de maldade. Ambos sabiam que provavelmente morreriam, mas esperavam levar seu atacante com eles e dar a seus filhos uma oportunidade de sobreviver. Seu primeiro pensamento foi enviar Ivory para colocar à mulher e a seus filhos a salvo enquanto ele se encarregava do vampiro. Não tinha dúvida de que poderia matar um vampiro. Tinha um conhecimento rudimentar de como matá-los, mas ela teria uma melhor oportunidade de salvar ao fazendeiro também. Ele precisava de tempo para aperfeiçoar suas habilidades de luta, assim permaneceu silencioso e deixou que Ivory lhe dissesse o que queria fazer. Eu não faria o que me dissesse de todos os modos. Havia uma nota claramente zombadora na voz de Ivory, embora os dois soubessem que ela falava perfeitamente a sério. No fundo, apesar da gravidade da situação, Razvan se encontrava feliz. Os momentos pequenos como este, compartilhando diversão, coisas que tinham esquecido que existiam entre pessoas, faziam-lhe alegrar-se de viver. Tinha esquecido isso, e apostava que Ivory também. É uma coisinha mandona, mas eu gosto. Devo ser um pouco estranho. Um pouco? Ela bufou e se deslizou no celeiro por uma fenda no marco da janela. Uma mulher procurava freneticamente entre vários instrumentos de fazenda, tirando algo com uma folha aguda da pilha central. As lágrimas lhe corriam pelo rosto, mas trabalhava rapidamente, o fôlego lhe saía em suaves soluços. — Shh. — advertiu Ivory enquanto se materializava a um lado da mulher — Sou uma guerreira Cárpata que vem te ajudar. Deixe, por favor, sua arma e escute exatamente o que eu disser. Terá que confiar em mim. Razvan permaneceu instintivamente em forma de vapor, sabendo que sua presença só serviria para assustar a mulher ainda mais. — Com sua ajuda, acredito que temos uma oportunidade de salvar seu marido. A voz de Ivory era tranquila e calma. Parecia régia, uma princesa de neve saída do mundo da natureza com seu comprido casaco de pele de lobos prateados, tão grosso e luxuoso, que lhe caía até os tornozelos. O cabelo lhe caía em uma cascata negra azulada e sua face parecia serena e inocente. Sua voz soava como mel quente e
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fundido. Em contraste, usava uma mola de suspensão de aspecto letal e o cinto no quadril coberto de armas. Mas foram a dupla fila de cruzes diminutas embutidas em suas fivelas o que aliviou as tensões da mulher. A mulher do fazendeiro benzeu o ar. Ivory lhe respondeu com o mesmo sinal e a mulher relaxou e atirou sua foice curva à pilha de instrumentos.
Capítulo 8 Ivory caminhou do celeiro para o estábulo, com a cabeça alta e os olhos brilhando com um estranho e resplandecente tom uísque dourado enquanto se aproximava do edifício. De sua posição dentro do estábulo, onde agora a esperava, Razvan a podia ver avançar, cada passo longo seguro a levava mais perto. Tirava sua respiração. Tinha definitivamente uma qualidade desapegada do mundo, como se a lenda da Assassina Escura tivesse voltado para a vida e se movesse com graça e elegância pela neve. O vampiro que brincava com sua vítima elevou o olhar quando os cavalos, nervosos e golpeando os estábulos, de repente se acalmaram. Os porcos deixaram de chiar. Os estábulos ficaram surpreendentemente silenciosos. Ivory cintilou um pequeno sorriso para o vampiro. — Não o reconheço, mas vejo que não tem maneiras na mesa. Possivelmente deseja provar algo muito mais rico. — deliberadamente, com os olhos sobre o vampiro, colocou os dentes no pulso. Razvan notou que o vampiro imediatamente perdeu o interesse com o humano, deixando-o cair ao chão, onde o fazendeiro fez o quanto pôde para arrastar-se longe enquanto o vampiro ficava perdido na visão desses pequenos dentes brancos que se afundavam no delicado pulso. Emanaram duas gotas de sangue, de cor vermelha rubi, dedilhando a pele lisa e suave como pétalas. O perfume de Ivory vagava até o vampiro misturado com o aroma tentador de sangue Cárpato. Razvan olhou como o fazendeiro se arrastava para uma tábua quebrada na parede. Em vez de arrastar-se pelo buraco da parede, esticou-se para tentar arrancar uma tábua como arma. Razvan se materializou ao outro lado da parede e se inclinou, com um dedo sobre os lábios. Seguindo o exemplo de Ivory, riscou o signo da cruz no ar entre eles, sabendo que nem um coroinha enviado por Xavier nem um vampiro fariam tal coisa. Quando os olhos do homem se esclareceram e assentiu ligeiramente, Razvan lhe fez gestos para que se deslizasse pelo desigual buraco. Enquanto o homem se arrastava pela neve, Razvan tomou seu lugar, deixando a ilusão do corpo do fazendeiro e a roupa. O vampiro se aproximou de Ivory arrastando os pés. Fez-lhe uma reverência, sorrindo. Como evidência adicional de que se converteu recentemente, os dentes não eram bicudos, nem tampouco estavam manchados de negro. Ainda mantinha sua beleza de feições puras. — O que está fazendo vagando sozinha sem o benefício de amparo? Ivory sorriu docemente.
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— O que o faz pensar que estou sozinha? Ou desprotegida? — mantendo o olhar cravado no dele, lambeu as gotas de sangue, fechando a ferida e o privando do presente que tanto esperava. O vampiro sacudiu a cabeça. — Não tem amparo, senhora, ou eu os sentiria perto. Ivory fez um som elegante e zombador que apagou o sorriso do rosto do vampiro. — Não me ouviu. Por que, então, pensaria que pode ouvir meu companheiro? Estava tão ocupado brincando com seu alimento, que esqueceu a mais básica de todas as lições. Não é de se admirar que não vá sobreviver a esta noite. Ela verteu desprezo em sua voz, mas soava como uma senhora. Voz suave, sem ameaçar, uma princesa entregando a reprimenda a um camponês. A admiração de Razvan por ela cresceu. Ela hipnotizava o vampiro sem fazer nada exceto falar. O nãomorto tinha esquecido por completo ao modesto fazendeiro. Não via o humano como uma ameaça. Em vez disso, concentrava sua atenção em Ivory, desejando seu rico sangue Cárpato, uma delícia para um vampiro que se converteu recentemente. O vampiro franziu o cenho. — Atreve-se a me repreender quando você anda sozinha de noite? O que faz aqui? —sua voz se tornou ardilosa e o que ele percebeu como suave — E uma mulher tão linda, também. Preciso de uma companheira. — Sua juventude se mostra. Tão impulsivo e equivocado. Só os vampiros recentemente convertidos acreditam ainda que podem forçar às mulheres para ser suas companheiras. Muito mau que não tenha tempo para ganhar experiência. — inclinou a cabeça a um lado e o estudou, varreu-o de cima a baixo com o olhar — É suficiente novo para que ainda tenha seu aspecto. O aspecto se perde nos jovens. Antes que ele pudesse lhe responder levou a mão aos laços de sua capa e lançou seis flechas revestidas a seu peito que formaram uma linha reta sobre o coração. Razvan se levantou e deu um murro pela parede de peito com força, o sangue do vampiro queimava sobre o braço e o punho. Ele tinha tantas cicatrizes que mal sentia a mordida do ácido enquanto agarrava o coração e começava a extraí-lo. O vampiro rugiu e golpeou a cabeça contra Razvan. Tentou dissolver-se, mas as flechas revestidas evitaram que o peito mudasse a vapor. Arranhou Razvan com as garras, rasgando a carne dos pesados músculos que cobriam o peito de Razvan em um esforço para escavar através dele e chegar ao coração. Razvan retirou o braço, utilizando mais força do que pensou que tomaria. O coração era negro, mas ainda de um tamanho normal. — Não o olhe. Incinere-o. — disse Ivory. Razvan chamou o relâmpago, tomando cuidado de que não golpeasse outra coisa exceto o vampiro e seu coração. Banhou os braços e mãos no candente campo de energia. — Controlar o relâmpago é difícil. Quase o perdi e a golpeei. — Estava preparada para isso. — ela suspirou e o olhou com olhos preocupados — A vacilação pode matar você. Esteve sobre ele bastante rápido, mas não pode dá-lo por morto até que o coração seja incinerado. Deveria tê-lo queimado primeiro. Um vampiro com mais experiência teria reparado enquanto você ainda se maravilhava de seu trabalho.
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Razvan riu em voz alta. Matar vampiros era um trabalho sujo. O fétido fôlego e as garras lhe rasgando o peito e o ventre tinham sido aterradores e excitantes de uma vez. Tinha-o feito. Tinha matado seu primeiro vampiro. Não tinha sido uma morte perfeita, mas tinha destruído ao não morto e salvo o fazendeiro. Sentia-se bem ao fazer algo positivo em vez de despertar para encontrar que seu corpo tinha impregnado uma mulher, ou entregue um golpe venenoso a sua irmã ou a seu companheiro. Não havia maneira de contar a Ivory como se sentia, assim não o tentou. Dirigiu-lhe um sorriso e se inclinou. — Recordarei. Ela estava segura de que o faria. Ele parecia tão feliz ali de pé no nu, velho e desmantelado estábulo com as roupas rasgadas em partes e o sangue frisando seu peito, braços e ventre. Percorreu-lhe com um olhar preocupado. O sangue gotejava constantemente, mas havia luz em seus olhos e em sua mente. Ele a fazia se sentir humilde com seu singelo prazer por fazer algo que ela considerava um trabalho. Ele o considerava bom. — Obrigado por me permitir a experiência. É a única maneira em que aprenderei a chegar a ser uma vantagem em nossa caça. Ivory deu de ombros, fingindo indiferença quando todo o feminino nela e nada de guerreira reagia ante esse olhar nos olhos. — Foi seu plano. — indicou ela. Dirigiu a ela um meio sorriso, dando de ombros modestamente. — Nos velhos tempos, antes que me desse conta de que Xavier estava em minha mente, era bom planejando batalhas. Mantive-me lúcido, explorando suas debilidades, e a dos outros também. Vampiros. Cárpatos. Inclusive Lycans. Mas um dia me dei conta de que sempre que descobria que Xavier tinha uma debilidade, de repente a encontrava e a reforçava. Estava ajudando meu próprio inimigo. Ela queria consolá-lo, envolver seus braços ao redor dele e o abraçar perto; em lugar disso se inclinou para recolher com indiferença as flechas e as colocar na pequena bolsa do flanco. Razvan não pedia compaixão; estava indicando um fato. Mas lhe golpeava como um golpe, essas lembranças juvenis que tinham que doer uma barbaridade. — Eliminou o vampiro bastante facilmente. E isso é o que conta. — Estou agradecido de que me tenha permitido praticar nele. Pensar através da cabeça de um não-morto é o mesmo que experimentá-lo realmente. Tirar o coração foi mais difícil do que esperava. Sou forte, e você o havia feito parecer fácil quando não o é. Deve haver um truque que ainda não tenho. Mas o terei. Acredito que tenho uma vantagem: mal poder sentir a queimadura do sangue do vampiro. Para Ivory, era dilacerador que ele pensasse que a acumulação de malha de cicatrizes pelas cadeias revestidas de sangue de vampiro fosse uma vantagem. Quis chorar por ele. Em vez disso, forçou uma resposta despreocupada. — Ele mal valia que me danificasse as unhas. — ondeou a mão e as cinzas saíram voando do edifício desvencilhado — Venha aqui. Deixe-me assegurar de que não há veneno nas lacerações. Razvan cruzou a seu lado sem vacilação. Agarrou-lhe a mão para examinar as unhas. — Tem razão. Ele não as merecia. Tem lindas unhas.
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Para consternação de Ivory ele levou as pontas dos dedos à boca e os beijou. — Esqueceu de se esquentar. — soprou-lhe nos dedos e logo os atraiu ao calor da boca. O coração de Ivory quase se deteve e logo começou a pulsar freneticamente. Ele era letal de perto. Essa gentileza que era tão parte dele a rodeou, hipnotizando-a tão certamente como sua voz frequentemente cativava aos que estavam ao alcance de sua voz. Respirou e o atraiu profundamente a seus pulmões. Ela era alta e quase lhe podia olhar diretamente nos olhos, mas os ombros de Razvan eram muito mais largos que os seus, embora ela usasse seu grosso casaco de peles. Sentia-se segura com ele. O que era tolo e inquietante. Ela tinha aprendido a não confiar nunca em ninguém, mas tinha permitido este homem em sua vida. Não precisava dele. Não o desejava. Mas estar tão perto a confundia. Os caçadores tinham uma certa energia que lhes rodeava; todos a tinham. A dele era diferente. Sua energia era pacífica, absolutamente pacífica. Quase serena. Respirá-lo lhe deu força de uma maneira que não tinha conhecido antes. Ele tinha uma aceitação calada sobre seu destino, e uma falta de necessidade de controlar tudo e a todos a seu redor. A sua própria maneira, Razvan enfeitiçava, ela adorava sem tentá-lo sequer. Ivory engoliu com dificuldade e manteve o olhar preso aos rasgões profundos que lhe subiam e desciam pelo peito. Um arranhão especialmente comprido se dirigia para o ventre e desaparecia na banda de suas calças. Colocou a palma sobre um dos piores rasgões e fechou os olhos, procurando o preparado tóxico que assinalaria os parasitas. Embora, depois da primeira vez, soube que as feridas estavam limpas e somente emanava sangue, continuou examinando cada ferida em particular. Queria estar perto dele. A sensação de serenidade era um afrodisíaco em si mesmo. Ela tinha ouvido de práticas do longínquo Oriente que se espalhavam através do mundo, e para ela este homem personificava o espírito do Zen. Ele sentia calma. Inclusive o prazer singelo que o levava a aprender era sem ego ou pressa. Ivory se inclinou para frente sem pensá-lo conscientemente, com os olhos entreabertos, deslizou a língua sobre a longa laceração, os agentes curativos em sua saliva eliminaram imediatamente o comichão e fecharam a ferida. Razvan ficou quieto. — O que está fazendo? — sua voz era rouca. Ivory notou a mudança em sua respiração. Ele não estava tão calmo agora como tinha estado fazia um momento, e havia algo enormemente satisfatório nisso. Ivory deslizou a palma para baixo ao seguinte arranhão e a boca a seguiu. Cada músculo estava definido, saltava sob seu toque, o corpo irradiava calor, cheirando a ar livre em uma noite da primavera. Razvan deixou escapar o fôlego. Ela sentiu a onda no ventre tenso enquanto lhe roçava com a boca o peito, descendo, seguindo o talho da laceração. — O que está fazendo? — repetiu. — Curando você. — a voz de Ivory se tornou rouca, quase líquida, traindo-a. Ele deixou sair o fôlego em uma longa e lenta exalação. — Escute-me, Ivory. — Razvan segurou os pulsos dela nas mãos e a segurou longe dele. Seu toque era suave, incrivelmente suave, mas seu agarre era inquebrável sem lutar — Meu corpo me traiu uma e outra vez. Nem sequer sei quantas vezes
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Xavier utilizou meu corpo para dar não só prazer com outras mulheres, mas também para ter deliberadamente um filho com elas, assim poderia usar o sangue da criança. — Não compreendo o que está me dizendo. — encontrou-se com seus olhos. Sustentou-se aí. — Estou dizendo que isto é perigoso. É minha companheira e tudo em mim demanda que a reclame. Uma vez que nos fundamos juntos, será para sempre. Eu não faria isso a você quando é tão perigoso. Aparentemente purgou Xavier, mas uma vez que tive o suficiente conseguiu colocar não só um, mas também quatro pedaços dele mesmo em mim. Utilizou-me para crimes aborrecíveis e vis. Há crianças no mundo que sofreram horrivelmente por causa de meu corpo. Não os conheço. Não os reconheceria se os visse. — Faria-o. — negou ela, acreditando em suas palavras — Os reconheceria. — O curador e o príncipe me aceitaram com indecisão, mas só porque estava com você. Você viveria a vida de uma párea se unir-se comigo. Ivory sacudiu a cabeça. — É tão nobre, Razvan, sempre colocando os outros na frente de si mesmo, mas de verdade, não pensou o suficiente. — O que ela estava dizendo? Ivory estava horrorizada dela mesma, discutindo com ele como se desejasse que a reclamasse. Quando ela tinha chegado a ter uma natureza feminina tão perversa que desejava que ele a desejasse, embora alguma vez aceitaria sua reclamação? Que demônios tinha acontecido com ela? Ela devia estar muito mais solitária do que se dava conta. Desfrutava de sua vida. Tinha escolhido sua vida. Lambeu-se, saboreando-o. Desejando-o. — Sinto muito. Não sei o que me aconteceu. — deu-se a volta, mas ele não a soltou, forçando-a a voltar para ele. — Não faça isso. Nunca rechaçaria a pessoa que desejo em minha vida. Embora tenha estudado Xavier, não sabe quão verdadeiramente mal é. Se ele soubesse que você significa tudo para mim, que é minha razão para permanecer vivo, então ele deixaria de tentar me encontrar e deixaria tudo o que tem para apanhá-la. Não posso permitir que isso aconteça. É a única pessoa pela que comercializaria minha alma. Ele não pode saber isso. Ela se esticou uma segunda vez e ele a empurrou para trás, forçando que seu olhar se encontrasse com o dele, seu agarre firme, mas ainda tão agradável como sempre, isso a desarmava. — Comercializaria tudo, inclusive a honra, por você. É a única coisa que mantive intacta todos estes longos anos. Aguentei pela honra. Ela assentiu lentamente. — Até que experimentei a compulsão eu mesma, não tinha a menor idéia da atração entre companheiros. Ele sacudiu a cabeça lentamente, ainda sustentando seu olhar. — É mais que a atração entre companheiros. Muito mais. Estive dentro de sua cabeça. Estudei sua casa e os desenhos que tão pacientemente esculpiu na pedra. Tudo a respeito de você me atrai. Cada momento em sua companhia só faz que esses sentimentos sejam mais fortes. Possivelmente a atração entre nós é forte fisicamente porque somos companheiros, mas a atração do coração e da alma é igualmente forte. Ela respirou.
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— Obrigada por isso. — guardaria suas palavras. Diziam a verdade. Ela conhecia a pureza quando a ouvia — Devemos nos alimentar antes de voltar para nossa guarida, e devo apagar as lembranças do fazendeiro e sua mulher para que não falem inadvertidamente sobre isto e atraiam a atenção de Xavier. — Toquei sua mente. — Razvan levantou cada uma das mãos de Ivory e pressionou a boca sobre a pele sensível do interior dos pulsos por onde a tinha estado agarrando — O fazendeiro teria lutado por você, sabendo que ia morrer. É um bom homem. — Eu gosto de sua mulher também. Estou contente de que tenhamos os encontrado antes que fosse muito tarde. Muito poucos vampiros se atrevem a entrar no território protegido pelos caçadores. Isto está justo fora do alcance do caçador. Vim aqui frequentemente para comprovar, e inclusive aqui, provavelmente porque os vampiros desaparecem quando se aproximam, esta região permanece bastante segura, pelo menos até recentemente, desde que Xavier expandiu seus territórios. Ivory retrocedeu. Deveria ter estado agitada pelo rechaço de Razvan a seus patentes avanços, mas em vez disso, sentia-se consolada e... Cuidada. Não havia se sentido assim em mais de um século. Encontrou-se sorrindo para ele. O sorriso de resposta demorou a chegar, mas a esquentou. Ivory se deteve e permitiu que seus sentidos estalassem para procurar na noite outros perigos ocultos. Havia uma raposa perto, procurando frangos extraviados que se perderam do confinamento para a noite. Uns poucos ratos ocultos de um mocho que dava círculos acima. Tocou o mocho várias vezes para certificar-se de que não fosse algo mais em forma de pássaro, mas este estava caçando diligentemente em busca de comida e nada absolutamente interessado no que acontecia no mundo humano. Podia sentir o leve toque de Razvan quando seguiu seu exemplo. O assunto que destacava era sua absoluta falta de ego, o qual suportava um toque muito leve, quase impossível de discernir. Ele seria uma vantagem imensa em qualquer caça somente por isso, mas se pudesse planejar batalhas do modo em que dizia, os dois teriam inclusive uma melhor oportunidade de deter Xavier. Tocou as poucas nuvens flutuantes por último, com cuidado de examinar cada uma para assegurar-se de que fossem genuínas. Quando foi dar um passo fora do estábulo, Razvan a parou com um toque no ombro. — Não procurou sob a terra. Esse é o reino de Xavier e envia espiões pelos túneis que os vermes cavam para ele. Em uma batalha recente, ele mesmo foi, utilizando meu corpo, para tentar matar a minha irmã e ao príncipe. Outra vez tentou matar Shea, a cunhada do príncipe e a seu filho não nascido ainda. Temeria ao chão mais que a qualquer outro método de viagem. — Posso pressentir a passagem dos vermes. — Ele envia espiões em formas muito pequenas agora. Os escorpiões e insetos se converteram em seus aliados. Utiliza outros de outro reino, como os guerreiros da sombra que atraiu contra sua vontade para as filas de não mortos, mas também outras criaturas muito mais demoníacas. — Ele nunca utilizou insetos para espiar. — Sempre os utilizou, mas os muda. Procure suas mutações. Ivory deixou sair o fôlego enquanto processava a informação.
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— Isso explica umas poucas coisas. Sabe muito a respeito dele. — Estive com ele desde meu décimo quarto ano. Estive presente na maior parte de seus experimentos, a não ser em todos. Os olhos de Ivory se abriram de par em par e seu coração saltou. — Ele te permitiu olhar enquanto lançava e escrevia seus feitiços? Assentiu. — Minha irmã sempre foi boa com os feitiços. Eu nunca fui bom. Uma vez que ele reconheceu isso, não temeu minha presença. — Mas você tem uma boa memória. — Lembro tudo até o menor detalhe. É por isso que tenho talento quando me referia a planejar batalhas. — não se gabava, somente indicava um fato. O entusiasmo a percorreu. — Realmente quero deixar isto claro. Esteve presente quando realizava seus experimentos e lançava seus feitiços? Suas mutações? Atraindo os guerreiros das sombras sob suas ordens? Tudo? — Ele gostava de gabar-se. Precisava de admiração. Precisava que alguém soubesse que ele é mais inteligente que o resto do mundo. Tem poucos estudantes. Posso identificar os magos que o ajudam. A maioria o teme muito para estar perto dele, e deveriam. Ele não tem lealdade para ninguém. Se necessitar sangue ou um corpo para um experimento e não puder conseguir nenhum mais, atrairá com enganos a um ajudante a sua morte. Eu estava extremamente à mão. Tinha sangue Cárpato assim podia me drenar e gabar-se. Um pequeno sorriso sem humor lhe curvou a boca. — Durante anos pude disfarçar meu sangue e minhas capacidades, até que tomou completamente. Paguei pela indiscrição de ser melhor que ele, como por ter tentado advertir a minha filha e a minha irmã. Mas valeu a pena saber que ele não era inteiramente invencível. — Não posso imaginar sua vida, nem como permaneceu lúcido. O sorriso de Razvan se suavizou até fazer-se real. — Não mais que eu a você, talhada em pedaços e abandonada aos lobos. Só você teria encontrado um modo de persuadir os lobos para que a ajudassem. Sua voz é uma vantagem assombrosa, mas é sua vontade o que intriga. — Alguns diriam que sou muito insistente e obstinada. — Alguns não a conhecem. Outra vez seu estômago fez essa coisa de revoar que estava começando a associar como uma resposta muito feminina a ele. Não a incomodava tanto agora que ele admitia que estava mais afetado por ela do que esta tinha sabido. Ivory concentrou a atenção ao chão, atendendo desta vez ao menor inseto. Havia vida sob a neve, ocultando-se na riqueza da terra e sob as rochas e raízes. Não detectou nem a menor insinuação de maldade, mas permaneceu silenciosa, deixando que Razvan examinasse o chão. Ele tinha vivido sua vida com o Xavier, e conhecia cada experimento secreto, conhecia seus hábitos. Seu entusiasmo ante a perspectiva de trabalhar com ele, de utilizar tal fonte de conhecimento crescia. Ela acreditava em suas próprias capacidades. Tinha estudado as maneiras de Xavier e acreditava que poderia desenredar os feitiços e construir contra-feitiços para
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investir os experimentos malvados se soubesse o feitiço exato. Se Razvan tinha estado realmente presente e podia recordar a frase exata, teriam uma vantagem verdadeira. — Penso que estamos a salvo, —disse Razvan — embora essa raposa tenha fome e possa decidir que parece deliciosa e boa. — Está dizendo que pareço um frango? — Bem, as plumas parecem estar um pouco arrepiadas. Ela se encontrou rindo quando nunca ria. Razvan era diversão simples. Possivelmente ter alguém com quem compartilhar a vida fazia divertidas as coisas. O que fosse, esperava poder agarrar-se a isso, embora a perspectiva fosse um pouco aterradora, simplesmente porque antes nunca tinha tido realmente muito a perder. Moveu-se diante dele, andando a passos longos através da neve. Razvan a seguiu um passo atrás, deslizando-se a sua esquerda. Ela se deu conta de que permitia que os lobos lhe protegessem as costas e ele tomava uma posição em seu lado mais fraco. Muito poucos notariam que ela tinha um lado fraco. Praticava todo o tempo, utilizando qualquer mão para atirar, disparando a mola de suspensão com qualquer mão e trabalhando geralmente com ambos os lados, mas não acabava de ser tão rápida com a esquerda. Ele tinha um bom olho para valorar um inimigo. Ou uma sócia. Estavam se acostumando a deslizar-se dentro e fora da mente de ambos. Do ponto de vista de um guerreiro, isto era uma vantagem imensa; da de uma mulher possivelmente nem tanto. — Por quê? — Razvan soava verdadeiramente curioso. Ela o olhou por debaixo dos cílios, valorando sua expressão, mas como sempre ele tinha o mesmo manto de calma que o rodeava. — Isto não é fácil para mim. Tenho sentimentos inesperados com os quais não tenho a menor idéia de como me enfrentar. — a admissão era verdadeira porque não podia fazer menos que ser inteiramente sincera com ele. Ele era honesto e ela o necessitava para encontrar sua integridade com sua própria honra. O sorriso de Razvan não só a abrangeu, alagou-a de calor, mas também a fez sentir-se como parte de algo mais — algo maior que ela mesma. — Isso acontece com os dois. O fazendeiro deu um passo para fora da casa à neve. Havia sangue em seus braços, feridas de defesa, observou Ivory. Sua mulher saiu e parou ligeiramente atrás dele. O fazendeiro parecia muito nervoso. Ivory sorriu para tranquilizá-los. — Ele se foi deste mundo e nós apagaremos toda evidência de seu caminho. — São caçadores. — saudou o fazendeiro, sua voz neutra, nem dando a boavinda nem rechaçando — Houve rumores persistentes. Nunca nos encontramos com uma criatura tão malvada. — os olhos se moviam rapidamente daqui para lá, indicando seu nervosismo. Atrás dele, oculta em sua maior parte para a visão, sua mulher estremeceu. Ivory olhou a pequena morada. Réstias de alho penduravam na janela. Uma cruz estava esculpida na porta. Os dedos do fazendeiro tamborilavam contra a coxa uma e outra vez. Razvan se adiantou com um movimento casual, para colocar-se ligeiramente em frente a Ivory. Inclinou-se levemente para o fazendeiro. Ivory podia sentir a calma
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nele. Os olhos se moveram pela cabana e arredores, esquadrinhando continuamente. Ele tinha estado perfeitamente relaxado antes, mas agora se sentia tenso e preparado para golpear. Algo está errado. Ela manteve sua expressão serena, mas ficou em alerta. Não sei que o que está errado, refletiu Razvan. Algo. Algo está errado. Detevese. Ivory abriu sua mente para abranger o fazendeiro e a sua mulher. Geralmente, podia tocar facilmente as mentes e fazer uma rápida leitura, mas havia umas poucas pessoas resistentes com barreiras. Um rápido e leve toque não produziu nada. A mulher permanecia ligeiramente atrás do marido, a face nas sombras. Seria raro e improvável não poder ler a nenhum deles, mas ambas as mentes estavam como uma piçarra limpa. Ambos? perguntou Razvan. Insetos. Não há nenhum perto da casa. Sim, eles vão ao você, mas não há nenhuma formiga perto da morada. Ele olhou para a janela da pequena fazenda. Dentro, Ivory. Ivory permaneceu sorrindo, mas sua mente se expandiu ainda mais, alcançando a casa para encontrar as crianças. Um menino e garota. Ambos aterrorizados. De onde vinha a ameaça? Por que nenhum deles a pressentia? Só um mestre... Ela terminou o pensamento, o coração trovejando. Manteve os olhos ao nível dos do fazendeiro. Se tinha razão e um mestre vampiro estava nesse quarto com os meninos, se o fazendeiro se desse conta de que ela sabia, também o faria o vampiro. Só um mestre podia manter sua presença desconhecida, explicou-lhe ela. Controlaria a ambos e as crianças também, para evitar que traíssem sua presença. Deve ter recrutado o recém convertido. Um mestre frequentemente utiliza vampiros menores como peões. Ivory se armou. Tinha que ser Sergey. Não haveria mais de um mestre em uma área, nem sequer aparentado. Eles possivelmente tinham formado uma coalizão, mas o ego de um vampiro mestre não lhe permitiria estar muito tempo em presença de outro sem lutar a sério. Teria que lhe fazer frente outra vez, a menos que tivesse bastante sorte e que ele fugisse quando se desse conta de que havia dois caçadores, não um. Agarrou a mola de suspensão em preparação. O que temos que fazer para comer é ridículo. Os dedos que davam leves golpes na coxa do fazendeiro se converteram em um punho. Estremeceu e se esticou para alguma coisa colocada justo fora da vista detrás de um poste do alpendre. O vampiro tomou controle deles. Ou köd belso — que a escuridão o leve. Não quero ter que matar a um bom homem. Razvan sorriu para o fazendeiro, mas retrocedeu, forçando Ivory a fazer o mesmo. É perita o bastante para recuperá-los? De um vampiro mestre? Ivory vacilou. Não sei. Provavelmente não. Ainda com dois de nós, Razvan, possivelmente não o derrotemos. Para ouvir a voz de um mestre, deve escutar com mais que as orelhas ou podem te enfeitiçar. Ponha seu braço ao meu redor. Permanece em meu lado esquerdo e deixa livre o casaco. Razvan fez o que lhe pedia sem vacilar, deslizando o braço ao redor de sua cintura e sorrindo amigavelmente ao casal do alpendre.
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Ivory se inclinou levemente. — Espero que ambos tenham uma vida longa e próspera. Ele esperará que procuremos apagar suas lembranças. Enquanto Ivory lhe explicou deu um passo atrás, como se fossem embora. Quando for fazê-lo, ele provavelmente me golpeará, a minha mente. Se unir-se comigo, seremos muito mais fortes e teremos uma oportunidade, mas possivelmente não sobrevivamos a isto. Agora é o momento de ir se deseja lutar outro dia. Mas você lutará por estes estranhos. Ele o fez soar como uma declaração. Ela não ia permitir que Sergey lhe arrebatasse mais do que já lhe tinha tirado. Tenho que fazê-lo. Era simples. Já não sabia se a conduzia a honra, mas não podia afastar-se destas pessoas e permitir que Sergey assassinasse seus filhos e os enviasse ao caminho dos mortos. Eu tenho que fazê-lo, mas você não. Razvan lhe dirigiu um olhar de reprimenda. Diga-me o que quer que faça. Ela permitiu que um pequeno sorriso em sua mente o esquentasse, sua única oferenda de obrigado quando ambos podiam perder suas vidas. Una-se comigo. Ele golpeará rapidamente e com força, martelando em mim para entrar, especialmente se posso conseguir liberar o casal dele. Você terá que agüentar. Ivory se girou para o casal, levantou as mãos ao céu e cantou. Chamo ao ar, à terra, ao fogo e à água, Peço-te que me envie a voz do poder. No interior profundo destas almas obscurecidas, Propaga minha voz para que o que é escuro possa ser visto e desdobrado. Permite que o que estava oculto agora seja visto, Para que possa expulsar ao que é ímpio e impuro. Enquanto Ivory cantava, Razvan sentiu a força do vampiro tentando entrar, golpeando em suas mentes compartilhadas. O golpe quase o pôs de joelhos, rompendo todas as noções preconcebidas do poder. O céu se obscureceu e o chão se sacudiu. Pedaços do teto se estilhaçaram com forma de lanças grandes e foram jogados sobre eles. O chão se levantou, e escorpiões saíram da terra, enegrecendo a neve, um tapete móvel de insetos mortais. Razvan empurrou instintivamente Ivory para longe dele e levantou vôo, subindo e colocando-se sobre o teto do alpendre que se desintegrava. Rapidamente reuniu nuvens de tormenta, fazendo que chovessem gotas de ácido, para que tudo o que as gotas de líquido tocassem crepitasse e ardesse. As árvores chiaram, os ramos tremeram, as folhas e as agulhas se murcharam sob o assalto mortal. Ivory girou longe do enxame de insetos, correndo para o alpendre, levantando o homem e a mulher em seus braços. O fazendeiro deixou cair a forquilha que agarrava, surpreso de que o vampiro o tivesse controlado. Pelo menos Ivory tinha conseguido romper o cabo do vampiro libertando-os, mas sentia que era devido mais a que ele estava orquestrando o ataque que a sua força opondo-se a dele. — Meus filhos. — soluçou a mulher. Ivory tentou proteger suas peles enquanto os levava ao refúgio exíguo das árvores. A chuva ácida se derramava, queimando as peles dos lobos até que mudaram e chiaram de dor. A mulher gritou quando umas gotas crepitaram sobre seus braços, mas Ivory, com uma rajada renovada de velocidade, moveu-os sob o dossel mais grosso.
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— Permaneçam aqui. Libertaremos as crianças. Meus lobos os protegerão. Ela se voltou para ajudar Razvan no resgate das crianças, correndo através da ardente queimadura da chuva enquanto a pele ardia até os ossos. Razvan desceu rapidamente pela chaminé ao quarto diminuto. Um menino de possivelmente dez anos jazia estendido no chão, o sangue lhe manchava a boca. A menina, com uma tez branca como a cera e olhos muito grandes para seu rostinho, não parecia ter mais de cinco. O vampiro riu enquanto lhe rasgava o pescoço, rasgando com os dentes a carne tenra. A visão adoeceu Razvan, evocando muitas lembranças, a sensação de seus próprios dentes rompendo a pele juvenil. Teve arcadas. Não tinha experiência na luta, mas tinha poder, força e determinação além de nada imaginado pelo não morto. Não lhe importava nada absolutamente se ele vivia ou morria, ou quanto sofrimento o levaria extrair à menina. O vampiro, por outro lado, queria viver. Razvan se apressou através do quarto como uma bala, tomando forma humana no último momento possível, golpeando com o punho profundamente na parede do peito de Sergey arrastando à menina fora de seus braços e atirando-a para seu irmão. Aterrissou como uma boneca de pano, quebrada e estendida no tapete de ovelha. — Aperte a mão na ferida do pescoço. — grunhiu Razvan ao menino — Aperte com força. Razvan olhou fixamente ao rosto horroroso do vampiro, à pele esticada sobre o crânio, os olhos desumanos, os dentes trincados e manchados com o sangue fresco do menino. Os lábios de Sergey separados para trás em algo entre um grunhido e um sorriso afetado. Abaixou a cabeça e mordeu grosseiramente no ombro de Razvan, as filas de dentes se afundaram através de músculo, rasgando nervos e osso, rompendo a carne e devorando a grandes goles o precioso sangue. A mão arranhou profundamente pelo pesado peito musculoso, enterrando-se sem descanso para o coração de Razvan. Este girou a cabeça para olhar tranquilamente o menino como se não estivesse sendo comido vivo pelo demônio monstruoso que lhe rasgava a carne. — Pegue a sua irmã e vá com a manada de lobos prateados. Os levarão a aldeia próxima. Pergunte por um homem chamado Mikhail. Ele curará a sua irmã e lhes protegerá. Corre, não olhe para trás. Sua voz nunca mudou, nunca tremeu nem mostrou dor. A mão, dentro do peito de Sergey procurava o coração enegrecido, mas se encontrou com intestinos muito afiados, retorcendo-se e apertando-se ao redor do punho, mordendo a pele, derramando sangue ácido sobre ele como quente lava fundida, mas ele era tão implacável quanto Sergey, negando-se a retirar-se. — Não me importa morrer, hän ku sex elidet, ladrão de vidas. E quanto a você? Está preparado para a justiça final? O não morto não respondeu, em seu lugar continuou rasgando e rompendo grandes pedaços da carne do ombro de Razvan e de seu pescoço. Ivory entrou no quarto, disparando com a mola de suspensão, a primeira flecha revestida golpeou Sergey em um olho. Disparava enquanto corria, o golpeando na garganta quando arqueou a cabeça para trás. A terceira lhe deu na boca aberta, alojando-se na garganta. Sergey chiou, sua voz tão aguda que o vidro das janelas explodiu. Saltou para trás, levando Razvan com ele, um braço trocou até que tomou a forma do bico de uma ave de rapina faminta.
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Enquanto o bico segurava o braço de Razvan, cortando viciosamente carne e osso, cortando-o completamente em dois, o vampiro gritou para ele. — Cortarei-o em pedaços e alimentarei aos lobos, e logo devorarei essas crianças. Razvan se cambaleou. O sangue orvalhou através do quarto. Sergey agarrou o coto do antebraço de Razvan e puxou, extraindo o punho de seu peito e deixando-o cair ao chão, chutando-o com repugnância. O vampiro deu um puxão à flecha da garganta e a lançou para Razvan com tremenda força. Razvan se moveu com velocidade imprecisa, uma mão saiu com força para agarrar a haste metálica em meio do ar, investi-la e golpear com ela com força em cima do pé do vampiro, atravessando o chão. Temos que detê-lo. Perseguirá as crianças só por rancor. — Foge dele! — advertiu Ivory. — Muito tarde. — grunhiu Sergey. Inclusive enquanto Ivory saltava para cruzar a distância entre eles, Sergey girava uma espada longa na mão. Cortou através do ombro de Razvan, desceu pelo peito, cortando mais pedaços. Razvan cambaleou e caiu. Sergey brandiu a folha para o tornozelo. Ivory se encontrou folha com folha, a força lhe subia pelo braço e por seu corpo enquanto voavam faíscas e o som lhe ressonava na cabeça. Razvan estava surpreendentemente silencioso, mas agarrava com a mão uma faca enquanto esperava uma oportunidade para ajudá-la. Sergey riu, o som cruelmente malicioso. — Cortarei-a em rodelas, pedaço a pedaço, como eles lhe fizeram, e alimentarei com eles a sua própria manada de lobos. Possivelmente te permita viver, querida irmã, só para vê-la chorar pela perda de seu companheiro. Deve aprender quem é forte e quem fraco. Está no lado equivocado. Una-se a mim. Permita-nos cortá-lo e possivelmente pouparei você. O coração de Ivory golpeou. Seu corpo deu um puxão em resposta à visão do corpo de seu companheiro em pedaços. Havia um buraco em seu peito e seu braço estava em dois pedaços, cortes no ombro, peito e uma perna, o sangue era uma terrível fonte, derramando-se no chão. Ivory sabia que o vampiro era a mais vil de todas as criaturas. Quem estava ante ela já não se parecia em nada a seu irmão, embora ele tentasse manter a ilusão com a esperança de poder lhe causar dor e fazê-la duvidar, afastando-a de seu objetivo. Ele tinha escolhido deliberadamente rasgar a carne de uma criança e cortar Razvan em pedaços, trazendo para a luz algumas de suas piores lembranças de pesadelo para fazer a batalha mais difícil. Ela agarrou a espada com mais força e deu um passo entre seu companheiro e o não morto que uma vez tinha sido seu amado irmão. — Mate-me, então. Mas te levarei comigo.
Capítulo 9 O vampiro tirou de um puxão as flechas restantes de seu corpo e as atirou com desprezo ao chão.
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— Que assim seja. — disse Sergey e empurrou a espada diretamente contra o estômago de Ivory. Ivory parou, saltando ao lado. Deu-se conta muito tarde de que o vampiro a tinha conduzido deliberadamente para longe de Razvan. Equilibrou-se sobre ele, mas Sergey golpeou outra vez, cortando a perna de Razvan uma segunda vez, um corte o bastante profundo para atravessar o osso. Sua folha correu para o crânio do vampiro, mas ele se dissolveu e se materializou através do quarto. Deixe de pensar em mim e lute contra ele do modo como sempre lutou. No momento que Razvan falou, cada golpe agônico da folha a alagou de lembranças, enquanto os vampiros a cortavam em pedaços da mesma maneira que Sergey estava fazendo a Razvan. Metodicamente. Sem descanso. Sem piedade. Não tente me salvar. Pense só em matá-lo. Não posso derrotá-lo. Ele foi um grande guerreiro. Ensinou-me a lutar. É um vampiro mestre. Inclusive nossos caçadores mais fortes raramente podem derrotá-los sozinhos. Quem melhor que você para lutar contra ele? Conhece seus movimentos antes que ele os faça. Você mudou ao longo dos séculos. Ele estará esperando essa jovem mulher que ensinou, não à guerreira experiente em que se converteu. Está explorando suas emoções. Não se deixe enganar por um como ele. É uma grande guerreira, e você, melhor que qualquer outra, pode derrotá-lo. Ao redor deles a casa começou a sacudir-se, as paredes ondularam e se romperam, os escombros choveram sobre o vampiro. Ivory sabia que Razvan não podia mover-se com suas feridas mortais e atrozes, mas lhe estava comprando tempo para que se reagrupasse, usando o que ficava de energia, sem tentar enterrar-se no chão, mas sim utilizando seus poderes para ajudá-la. Ivory respirou fundo e exalou. Razvan poderia ser inexperiente, mas tinha o coração e a alma de um guerreiro — como ela. Nunca tinha visto outro guerreiro tão valente, tão estóico. Tomou outro fôlego profundo e o deixou sair, permitindo que uma manta de tranquilidade pousasse sobre ela. Razvan tinha razão. Não podia permitir que seus sentimentos interferissem com seu trabalho principal. Ela era primeiro uma guerreira, uma mulher depois. Forçou-se a olhar só ao vampiro, a ver só o vampiro. Sempre que pudesse manter Sergey enfocado sobre ela e longe de Razvan, poderia manter a seu companheiro vivo e matar o vampiro. Que armas podiam usar contra este mestre? A vaidade era o único rasgo que não só todos os não mortos compartilhavam, mas também, sobretudo seus irmãos em particular. Mudou sua aparência sutilmente, muito lentamente, suavizando seus traços para assumir um aspecto mais jovem, mais infantil, como nos velhos tempos, muito tempo antes que os séculos tivessem passado, quando seus irmãos a tinham amado e mimado mais que a seus próprios egos. Sergey levantou a espada e tocou a testa em uma saudação simulada, para que visse o sangue de Razvan escorregando pela folha até o punho. As gotas rubi lhe cobriam a mão e com o olhar cravado na dela, lambeu o sangue. O estômago de Ivory deu um nó, mas ela inclinou a cabeça para um lado e riu, um som zombador, tilintante, como o de uma menina jovem e tola.
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— Envelheceu, Sergey. Pensava que com toda sua inteligência e experiência, chegaria a ser, no mínimo, um vampiro mestre, um tão poderoso que faria que nossos caçadores mais fortes se unissem para derrotá-lo. Mas aqui está, lutando para vencer uma mulher, a sua irmã caçula. Os olhos resplandeceram como fogo. Ela realmente podia ver diminutas chamas ardendo nas profundidades escuras. Ela tinha tido razão ao pensar que a maneira de sacudi-lo era seu enorme ego. Sergey balançou a espada para seu pescoço, cortando o ar com tal força que quando ela se agachou e afundou sua própria espada em seu flanco, o ímpeto do balanço o afastou dela. Chiou, o som uma mescla de dor e raiva. O chão erupcionou sob os pés, estilhaçando-se, tanto que ela quase caiu. Mas graças às muitas lições de seus irmãos, dançava fora do caminho das pranchas do chão que caíam. Podia cheirar a rica terra chamando-a de vários buracos no piso. — Oh querido, tornou-se lento, verdade? Não é nada mais que uma sombra débil e murcha de seu ser anterior. Nos dias passados, um olhar seu teria me esmagado, deixada sozinha ante o poder de sua espada, mas agora que joga como o covarde magricela que é, do modo como um velho seco e murcho pode jogar xadrez com dedos trementes e uma mente que esquece os movimentos. Pode derrubar o resto do teto sobre ele? perguntou a Razvan, odiando que ele tivesse que esgotar sua força, mas necessitava uma distração. É obvio. Não houve vacilação, mas ela começava a conhecer Razvan e a sua vontade de ferro. Ele não vacilaria, sem importar o custo para ele. O teto se desmoronou com um rugido ensurdecedor, a madeira e a terra caíram sobre a cabeça e ombros de Sergey. Não foi tão efetivo como a primeira vez, mas lhe comprou os segundos que necessitava. Ivory atirou a espada ao chão ao lado da mão de Razvan e tirou de um puxão o pequeno laser feito a mão. Tirava a energia de um diamante que ela mesma tinha feito. Sergey se dissolveu para evitar a madeira e a terra que choviam do teto enquanto a casa se sacudia. Materializou-se justo detrás de Ivory, mas três pranchas de madeira com pontas trincadas se jogaram sobre ele como alma levada ao diabo, forçando-o a dissolver-se outra vez. Cada vez que fluía perto de Razvan a folha fazia outro corte profundo. Ivory lhe cronometrou desta vez, liberando uma explosão de energia candente que fez algum corte próprio. A folha de luz não cortou completamente por seu crânio, mas a letra T foi muito proeminente. O sangue negro salpicou através das paredes que se desmoronavam. Um fedor asqueroso encheu o ar, como se um cadáver se apodrecesse de dentro para fora. — O selo de um traidor. Leva-o orgulhosamente. Não o tirará. — Ivory inclinou a cabeça, uma princesa reconhecendo algo que se arrastava a seus pés. Correu para ele, disparando a mola de suspensão rapidamente, as flechas se cravaram em seu corpo e evitaram que mudasse, dando a ela linha reta pelo peito até o seco coração. Os finos lábios retrocederam com um grunhido, Sergey saltou para encontrar-se com ela, rasgando uma das flechas e lançando-a justo sobre seu coração quando ela afundou o punho no peito. Enquanto a mão se enterrava profundamente, os intestinos de Sergey se envolveram ao redor do punho e o pulso, serrando sua pele, abrindo profundas lacerações, permitindo que o sangue tóxico do vampiro se vertesse dentro das feridas.
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Sergey parou nariz com nariz em frente dela, os buracos negros que foram os olhos a olharam sem piedade. Retorceu e lhe arrancou a flecha do corpo, afundando-a uma segunda vez. — Sente isto? — gritou — Querida irmã. Amada irmã. Assim é o muito que te quero. Trarei você para nosso lado. Logo governaremos a terra e você formará parte de nós, uma conosco. Faço isto por você. O tom foi como o do irmão que tinha perdido, mas a face era uma máscara de maldade, os dois olhos eram carvões quentes que resplandeciam em cor vermelha rubi. O fôlego era fétido sobre seu rosto, queimava-lhe a pele, chamuscava-lhe as sobrancelhas. Tentou manter a mão movendo-se para frente para encontrar o murcho coração, mas os cortes eram muito profundos e estava em perigo de perder a mão. Apertando os dentes, empurrou-se mais dentro, tentando mover-se por esses músculos pesados e ganhar o coração. Sergey golpeou o punho no peito de Ivory, com a intenção de não só conduzir a flecha mais profundamente em seu coração, mas também sua própria mão, utilizando sua força e velocidade para extrair o coração. Por um momento, as cruzes revestidas de água benta lhe queimaram a mão, direto ao osso até que ele uivou e gemeu de raiva, cuspindo pela boca. Lançou cabeça para trás, aguentando a dor, tratando de empurrar além desse santo escudo protetor. Uma chama explodiu do céu em cima deles, uma explosão chamejante que golpeou com força as costas de Sergey. O vampiro se introduziu ainda mais no braço de Ivory. Os dedos desta arranharam a beirada do órgão murcho. Regozijada, ignorou a agonia das bandas afiadas que se apertaram ao redor de sua mão e pulso e cavou mais profundo. Sergey chiou, o som voou ao resto da casa, reduzindo a madeira a lanças, centenas deles voaram pelo ar de todas as direções sobre Razvan e Ivory. Com sua última força restante, Razvan atirou uma barreira ao redor das costas de Ivory e o topo de sua cabeça para evitar que as lanças afiadas penetrassem. Meia dúzia se introduziu em seu corpo, lhe estacando ao chão. Sergey varreu as pernas do Ivory por debaixo dela. Ela caiu com força, deslizando-se nas piscinas de sangue que cobriam o chão. Sergey se cambaleou, o rosto era uma máscara retorcida de ódio. Antes que pudesse golpear o punho em seu peito, ela ficou de pé, saltando ante cada movimento que Sergey lhe tinha ensinado quando menina. Ivory lhe sorriu, cravando deliberadamente seu olhar no dele como ele havia feito quando lambeu o sangue de Razvan. Sabia que tinha um buraco enorme no peito por onde ele tinha tentado lhe alcançar o coração. O sangue gotejava constantemente, mas ela se mofou dele com um sorriso. Deu um passo e baixou sobre um joelho, ainda lhe sustentando o olhar, olhando como estreitava os olhos, olhando como os cruéis pensamentos se moviam por sua mente. Mantendo os olhares cravados um no outro, introduziu a mão e o pulso na terra acolhedora. Ela conhecia a terra intimamente, conhecia as propriedades curativas. Ela tinha jazido em companhia dos minerais e elementos durante centenas de anos. Sussurrou à terra no antigo idioma, o idioma que sabia melhor que qualquer outro, um idioma próximo à terra.
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Emä Maye, én, lanad, omasak Teteh. Jälleen jamaak — Mãe Terra, sua filha está ante ti ferida uma vez mais. Maye mayed — Terra à terra. Sív síved — Coração ao coração. Me juttaak elidaban és kalmaban — Estamos unidas na vida e na morte. Pusmasz ainam, juttad lihad — Cure este corpo, reúne esta carne. Te magköszunam, sívam sívadet — Dou obrigado de meu coração ao teu. Continuou, sua voz subindo e baixando com fluxo e vazante do sangue da terra. Retorce esta raiz, quebrada e dobrada, Encaixe a madeira em minha mão. Afie as bordas, faça-os afiados, Perfure profundamente dentro do que está envelhecido e escuro. Chamo a sua necessidade, encaixe em minha vontade, Sua tarefa é deter o mal que mataria Sergey foi para ela como sabia que faria, acreditando-a distraída por suas feridas, murmurando para ela mesma. Enquanto se inclinava sobre ela, esta tirou de um puxão a mão de debaixo da terra, novamente curada, com todos os rastros dos rasgões profundos desaparecidos. No punho havia uma raiz, retorcida e afiada como a folha mais fina, afiada para baixo como o punção mais fino para o gelo, e com um movimento suave e fácil, empurrou-o para cima e direto ao olho esquerdo. Ele a golpeou na garganta com o punho, derrubando-a enquanto ele girava longe dela. Enquanto se afastava, chutou com violência a cabeça de Razvan. Razvan já estava esgrimindo a pesada espada, balançando-a em um corte brutal para a panturrilha do vampiro. Sergey mal moveu a perna a tempo para evitar a maior parte da folha. A beirada o pegou o bastante para lhe cortar o tendão. O vampiro saltou no ar para escapar de outro golpe. Agachando-se em posição de luta, com a arma já ardendo, Ivory acrescentou outra letra à palavra traidor da testa. O laser cortou o R tão fundo que se afundou até o crânio mesmo. — Antes que acabemos aqui, suportará a marca do traidor para que nossos irmãos saibam que me ensinaram bem. Irão se divertir ao ver que não pôde despachar uma mulher, sua irmãzinha, tão facilmente. — zombou ela. Os vampiros eram criaturas vis, especialmente os vampiros mestres. Seus irmãos sempre tinham tido grandes egos, acreditando que eles fariam um melhor trabalho governando sobre o povo Cárpato que o príncipe e um melhor trabalho de amparo do príncipe que a linhagem Daratrazanoff. Ele sabia que quando a palavra de sua derrota, do dano feito a seu corpo, alcançasse a seus irmãos, seria o bobo de todo o mundo vampiro. Como se o saber fizesse tudo real, Razvan riu, o som baixo e zombador, ressoou pelos campos e o céu circundantes. Sergey gritou, furioso, cuspindo sangue pela boca. — Já está morto, fraco. Acredita que não sei como se arrastou pelo chão como um cão, seguindo Xavier por suas sobras? É menos que um verme e merece morrer se retorcendo em agonia. Você, patético fracote. Ela morrerá de uma morte horrorosa antes que se una a você na outra vida. Ivory pôs cada onça de desprezo que tinha na voz.
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— Irei com meu companheiro e viverei na beatitude enquanto você anda pelos fogos do inferno, grunhindo, cuspindo e chorando como um menino por sangue. Não é nada, é o não morto, forragem para que nossos irmãos riam de sua debilidade e lhe assinalem com o dedo por sua estupidez. Balbuciando com raiva, Sergey juntou as palmas e sua voz retumbou como um trovão, soando como se viesse de uma grande distância, e a rodeasse, ressonando do céu e subindo sob os pés. Tira todo som de sua garganta! Cala as palavras que seriam ditas. Ivory sentiu instantaneamente os efeitos, sua garganta fechando-se, assim quando abriu a boca, nenhum som surgiu. Está utilizando um feitiço que Xavier usava freqüentemente sobre seus subordinados quando estava cansado de suas perguntas. Inclusive utiliza a voz do Xavier, disse-lhe Razvan. É efetivo para assustá-los à obediência porque seus aprendizes acreditam que ele é o bastante poderoso para lhes tirar as vozes permanentemente. Ivory elevou as mãos no ar e aplaudiu duas vezes. O som abunda. Os pensamentos se apressam. O ar aos pulmões, permitam que minha voz grite. Imediatamente pôde respirar melhor, e o ar assobiou de sua boca em um bendito som. Substituiu o feitiço de Sergey com um próprio, lhe devolvendo as palavras, embora sabia que era temporário e não duraria. Chamou ao poder interior, Tire o som, calma o estrépito. te leve o que é prejudicial, sela-o com força, À parte o orifício ofensor de minha vista. Quando Sergey tentou abrir a boca, já não estava ali — uma grossa malha de cicatriz de pele tinha crescido sobre a abertura, selando-a para que não pudesse falar. A face era branca do nariz para baixo. Os olhos, totalmente abertos com alarme, cuspiam um ódio venenoso para ela. As flechas no peito caíram ao chão, carcomidas pelo sangue ácido. Levantou as mãos e a eletricidade se arqueou entre seus dedos, saltando para ela. Ivory a esquivou de lado, disparando mais flechas, seguindo o mesmo patrão de acima e para baixo como antes, marcando a linha sobre o coração. O cabelo de seu corpo se arrepiou enquanto a eletricidade crepitava e estalava, mas quando o vampiro a estalou como um chicote, lançando a energia através do quarto para ela, a força golpeou uma barreira invisível e lhe seguiu um rastro de vapor que voltou para golpear Sergey. Ivory fez um segundo intento de ir ao seu coração, esmagando o punho profundamente, mas Sergey se girou de lado, lhe agarrando o pulso e quebrando seu osso, lançando-a longe. Enquanto a seguia abaixo, Razvan se arrancou uma lança da perna com uma só mão, empalando Sergey enquanto a força de seu ímpeto levou o não morto direto à lança.
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Falhou o coração por polegadas, rasgando pelo intestino. Sergey puxou a haste liberando-a e a jogou em Razvan com cruel força. O guerreiro a afastou com um golpe da beirada de sua mão e se vingou com um fraco varrido da espada. — Será conhecido no mundo dos vampiros como quem não tem voz. Ridicularizarão você todo o tempo, sobreviverá longos séculos, porque uma mulher o derrotou junto com seu patético cão de companheiro. Os olhos de Sergey se abriram de par em par, giraram, o nariz dilatando-se, o sangue negro se derramava por suas feridas enquanto quase estalava de ira. Abriu os braços e a energia se encrespou, arrebentando as paredes restantes. As nuvens carregadas de cima giraram e se revolveram, retorcendo-se em uma longa lança grossa de gelo mortal. Sergey arrancou as flechas do peito e se dissolveu, correndo longe deles, deixando gotinhas de sangue ácido. Por toda parte onde o sangue caía, queimava a madeira e o revestido da casa do fazendeiro. Ivory se elevou no ar detrás dele. Através do céu, nuvens de tormenta se reuniram, o relâmpago as bordeava, convertendo o uma vez claro céu em uma sinistra cor cinza. As nuvens ferviam de atividade, estalando para cima como cogumelos explodindo. A lança de gelo se afastou dela, o relâmpago brilhava em seu punho enquanto viajava pelo céu. Sergey devia haver-se fechado as feridas, porque as gotinhas cessaram quase imediatamente. Ela podia persegui-lo, seguir a lança. Estava ferido, sim, mas não estava realmente em tal má forma, e sem Razvan para ajudá-la, ela passaria mal também. O feitiço se dissolveria rapidamente e Sergey teria suas presas de volta e uma necessidade ardente de vingança. Enquanto isso, ela perderia a Razvan, se não o tinha perdido já. — Escolhe quem vive e quem morre! — a voz de Sergey retumbou através do céu. As ondas sonoras estalaram através dela, golpeando e quase atirando-a para trás. A raiva se verteu sobre ela, enchendo o céu, lhe apertando com força o peito. Obviamente o feitiço se desvaneceu mais rápido do que tinha esperado. — Persiga-me. Siga-me, irmãzinha, e pode ter uma oportunidade de salvar aos mortais magricelas e a seus filhotinhos repugnantes. Não só os matarei e me alimentarei deles assim como de sua preciosa manada de lobos. Siga-me e seu cão de companheiro morrerá se não se já se foi deste mundo. Escolhe. E vive com a escolha. Ivory se esticou para sua manada de lobos. Estavam levando sobre suas costas aos dois meninos e aos dois adultos através de milhas de terreno acidentado, correndo para a casa de Mikhail no profundo das montanhas. O caminho estava ainda aberto, mas com a terrível tormenta que estava se preparando, duvidava que durasse muito. Se vissem forçados a tomar a rota mais longa através das montanhas superiores, estariam em desvantagem enquanto Sergey cruzava o céu como um raio para interceptá-los. O vampiro está atrás de vocês. Chamem o príncipe. Chamem os caçadores. Não posso ajudá-los. Enviou a advertência a seus amados irmãos e irmãs. Era tudo o que podia fazer, deu-se conta disso com o coração fundo. Não podia permitir que Razvan morresse. Havia uma revoada em sua mente. Débil. Piscando. Salve as crianças.
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Ela se negou a discutir, a responder. Não permitiria que Razvan morresse. Ivory se voltou, rodeando a fazenda para certificar-se uma vez mais de que não havia sensação de perigo antes de se deixar cair no que ficava do que uma vez tinha sido uma casa cômoda. Havia sangue, carne e osso, paredes estilhaçadas, barro e escombros. Razvan jazia no chão em um atoleiro de sangue, com o braço e a mão a distância. Ivory devolveu os pedaços a seu corpo. Ficavam cinco lanças em seu corpo, junto com um grande buraco onde tinha estado a sexta. Inalou um profundo e estremecido fôlego. Seu peito subia e descia enquanto ele tentava introduzir ar à força. Tinha os olhos fechados e todas as feridas estavam fechadas, embora houvesse bastante sangue no chão para lhe fazer pensar que era muito tarde para fechar algo. Preciso saber que está viva. A voz de Razvan entrou em sua cabeça de muito longe. Cure suas feridas rapidamente para que possa te deixar em paz. — Não pode ir. Não o permitirei. Digo-o a sério, Razvan, deve viver. — inclinouse perto dele para que o fôlego estivesse morno contra sua pele fria — Preciso de você. Ouve-me? Preciso de você. Deve viver por mim. Tire as lanças. — Sei que doem, Razvan, mas morrerá se o faço. Dê-me um minuto. Já estou morto. — Não, não pode pensar assim. — Ivory se ajoelhou ao lado de Razvan, empurrando sua cabeça no colo. Inclinou-se sobre ele outra vez — Escute-Me. Não pode ir desta vida. Não fizemos o que sabemos que é possível juntos. Pede o impossível. Ela trocou à comunicação telepática, já que era mais fácil para ele. Peço-lhe isso por mim primeiro. Sei quão difícil é quando ninguém mais o faz. Sei o que peço, sei o que te demando, a você, a meu companheiro. Se for, vamos juntos. Ate-nos. Ate-nos agora. Dê-me o que necessito para salvá-lo. Razvan não abriu os olhos. Moveu a mão na dela, os dedos escorregadios pelo sangue. Deseja que sobreviva a isto? Podemos derrotar Xavier. Devemos derrotá-lo. Vincule-nos. Guiarei você agora e o seguirei nos anos vindouros. Ate-nos agora, antes que tenha se afastado de mim. Ivory forçou atrás das lágrimas ardentes, o peso terrível no peito e a sensação de suas próprias feridas tão pequenas em comparação. Ele tinha que desejá-la o bastante para viver. Tinha que querer derrotar Xavier o bastante. Sua vontade, tão forte, tinha que emparelhar-se com a sua. Guerreiros, depois de tantos séculos de solidão, frequentemente abraçados na morte. Poderiam descansar durante muito tempo, mas ela não ia abandoná-lo sem lutar. Razvan se moveu em sua mente, procurando. O que fosse que encontrou ali, o fez chegar a uma decisão, inclusive sabendo a agonia que sofreria. Não posso pensar em nenhuma outra que tenha conhecido em minha vida a que tivesse preferido. Se me aceitar... Absolutamente. O tempo se acabava. Ele tinha perdido muito sangue. Tinha cauterizado as feridas, tantas, enquanto Sergey cortava a pedaços, fazendo de seu corpo uma imitação do conjunto de fragmentos do dele. Mas a perda de sangue era grave. Está segura de que deseja atar sua vida à minha com tudo o que traz consigo?
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Ela respondeu sem vacilação. Estou. Que assim seja. Sua voz se fez mais forte. É minha companheira. Reclamo-a como minha companheira. Pertenço a você. Ofereço minha vida pela sua. Dou a você meu amparo. Dou a você minha lealdade. Dou-te meu coração. Minha alma. Meu corpo. Tomo em mim os teus do mesmo modo. Sua vida será apreciada em todo momento. Sua vida estará acima da minha em todo momento. É minha companheira. Atada a mim por toda a eternidade. Sempre ao meu cuidado. Abriu os olhos e olhou nos dela. Avio-te päläfertiilam. Ivory sentia os fios que os atavam juntos. As duas metades de suas almas se uniam como uma. Pressionou um beijo sobre sua testa, sua voz um sussurro suave. — Aceito com meu coração e minha alma sua oferta. Tomo sua alma. Seu corpo. Seu coração. É um comigo. Tomo em mim para te guardar e te ato por toda a eternidade com minha força de vontade e nossa determinação combinada. Avio-te päläfertiilam. É meu companheiro e me nego a permitir que vá deste mundo. Deixe que sua alma habite dentro da minha. Razvan fechou os olhos com as pestanas impossivelmente longas. Um pequeno sorriso satisfeito lhe curvava a boca. Entreguei a você, companheira. Faz o que deve. Há muito tempo, quando Xavier e Draven a sentenciaram a morrer de uma morte horrenda, não foram só seu sangue Cárpato e corpo, conduzidos a reparar-se e curar-se na terra, o que a tinha salvado. Foi uma combinação dessas coisas, junto com sua vontade e os ensinamentos de Xavier. Xavier teria arrancado o cabelo se tivesse sabido como ela tinha tomado tantos de seus malefícios e os tinha convertido em próprios, pondo sua fé de um poder mais alto na malha de cada feitiço, retorcendo a maldição em algo bom. Isto doerá tanto ou mais que a pior tortura que Xavier pensou para que atravessasse. Deixe-se vagar, sua alma e seu espírito em mim, a salvo. Ela tentou adverti-lo, afogando um soluço. Sabia pela experiência o que estava pedindo que suportasse. Chorou quando sentiu a piscada de calor em sua mente, o espírito da vida de Razvan piscando com uma débil luz agora que ela sustentava sua alma. Começou o trabalho de expulsar todos os parasitas do corpo antes de bloquear cada ferida e cauterizá-la. Tudo o que trabalhou, mudava entre o canto de cura Cárpato, e o feitiço de cura que tinha utilizado em si mesma quando pediu à Mãe Terra que a ajudasse. Chamo o poder da terra, ela que cria a todos. Ouça minha chamada, Mãe. Peço visão clara — a capacidade de ver o que busca não ser visto. Guia-me, Mãe. Toma minhas mãos e as converta em próprias. Use-as para reparar o que foi quebrado, esmigalhado. Guia-me, Mãe. Proporciona descanso e cura a uma alma atormentada. Abraça-o, Mãe. Cura-o de todas as feridas. Guia-o, Mãe. Chamo o poder mais alto. Utilize-me como seu recipiente. Vê por meus olhos. Olhe em minha alma. Utilize-me como um instrumento. Protejamos como um. Tome a seu cuidado. Alimente-nos como faria com uma criança. Guie-nos com seu conhecimento. Para que possamos surgir uma vez mais para lutar.
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Sua voz subiu e caiu enquanto chamava os poderes que a tinham ajudado séculos antes em sua necessidade, balançando-se daqui para lá, desatenta a suas próprias feridas, preocupada só para que Razvan, seu companheiro, fosse salvo. Mikhail Dubrinsky, príncipe do povo Cárpato, ouviu a chamada dos lobos muito tempo antes que alcançassem sua casa no profundo do bosque. Gregori. Convocou a seu segundo no comando e melhor amigo. Tenho urgente necessidade de você. Caçadores, prestem atenção a minha chamada. Tenho necessidade urgente de vocês. Enviou a ordem no caminho telepático comum dos Cárpatos, convocando a todos os que estavam perto. Protegendo sua casa, Mikhail levantou o vôo para interceptar à manada de lobos. Ainda estavam a umas milhas, mas a dor em suas chamadas era profunda. Apressou-se pelo espesso dossel de árvores, enviando seus sentidos na frente dele, tentando discernir o perigo que seguia à manada de lobos. Havia sangue no vento e um fedor asqueroso que só podia ser atribuído ao não morto. Carne apodrecendo-se e veneno. Humanos. Espere-me, demandou Gregori. Estou a uns poucos minutos atrás de você. Poderia ser uma armadilha. Sinto crianças. Sangue. Terror. Os lobos estão chamando. O que significou que ele não estava esperando. Enquanto Mikhail voava, outro mocho se elevou a sua direita, um segundo a sua esquerda. Identificou os dois. Natalya, a irmã de Razvan, e seu companheiro, Vikirnoff. Nenhum fez perguntas enquanto corriam pelo céu noturno com ele para a manada de lobos que chamavam. Por cima, as nuvens de tormenta se espessavam, girando e revolvendo-se, fervendo com ira. As manchas de energia candente iluminavam os bordos das formações de nuvens. Choveu gelo, lanças agudas para deter à manada que fugia. Vampiro, identificou Mikhail. Persegue à manada de lobos e a quem quer que estejam protegendo. Já estava se movendo com velocidade imprecisa, e se empurrava, adiantando-se aos dois antigos guerreiros. Mikhail. Gregori gritou uma advertência. Não sabemos o que enfrentamos. Acredito que está suficientemente claro. Mikhail ignorou o grunhido de seu guarda-costas e se deslizou sob as árvores quando o gelo começou a penetrar inclusive pelo grosso dossel. Um lobo uivou, um menino gritou. Uma mulher gemeu. Mikhail podia ouvi-los claramente agora. — Vão, peguem as crianças. Deixem-nos. Viajaremos mais rápido. — soou a voz de um homem — Tentaremos freá-lo. A manada tomou a voz outra vez, se em protesto ou acordo, Mikhail não podia adivinhá-lo. O vento se levantou com um chiado, estalando pelas árvores com força impetuosa, desenraizando várias árvores. Os troncos grandes golpearam outras árvores, caindo com um efeito dominó, assinalando como uma flecha na direção por onde a manada de lobos se foi. A força do cortante vento frio lançou os três Cárpatos de volta ao céu e no caminho do gelo que caía. Mikhail sentiu uma aguda ponta lhe perfurando o braço e se dissolveu instantaneamente, embora o vento o empurrasse mais longe da manada. A
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tormenta aumentou de força, descarregando quantidades enormes de neve do céu até que o gelo foi tão grosso e perigoso que não puderam continuar para frente pelo ar. Deixe-os cair, teremos que correr para encontrá-los no chão. Gregori lhe grunhiu, desta vez muito mais perto. Vikirnoff não disse nada absolutamente enquanto seu príncipe golpeava o chão à carreira, mas mudou a uma melhor posição para proteger o homem. Natalya estava justo detrás dele, vigiando seu rastro. Esta manada de lobos é excepcional, aventurou Vikirnoff. Utilizam o antigo atalho de comunicação telepática para pedir ajuda. E nos chamam, não a outros lobos. Têm que ser os lobos que viajam com Ivory Malinov, explicou Mikhail. Tinha-lhe dado, é obvio, as notícias a Natalya de que seu irmão gêmeo estava vivo e que tinha escapado por fim de Xavier. Ele, junto com Gregori, tinha-na informado de tudo o que tinha acontecido, e da crença firme de Gregori de que os crimes de Razvan tinham sido cometidos quando Xavier possuía seu corpo ou sua mente. As notícias da aparição de tanto Ivory quanto Razvan, e de que eram companheiros, espalharam-se por toda a comunidade Cárpato. Sabia que todos estavam suspicazes com Razvan, especialmente Vikirnoff, que tinha protegido tantas vezes Natalya de seu irmão no passado. Ela tinha sofrido emocionalmente, aceitando finalmente a perda de seu irmão, e agora ambos estavam afligidos. Ele só podia dar sua opinião de que Razvan tinha sido tratado de forma injusta estes anos e de que não era o criminoso e o traidor que o mundo Cárpato acreditava que era, mas sabia que todos teriam que resolver as dúvidas sobre o homem. Não pressinto nenhum Cárpato viajando com eles, homem ou mulher. Vikirnoff manteve o ritmo exato com o príncipe, o protegendo enquanto se moviam entre as árvores carregadas de neve. Como podem os lobos compreender e nos chamar? Como podem levar tais cargas pesadas nas costas e correr a tal velocidade? Parece que são Cárpatos. Mikhail não tinha explicação para como tinha acontecido isso, mas sabia que Ivory tinha uma. Se ela tinha convertido os lobos, tinha sido uma aventura perigosa. Os lobos inteligentes que desejam sangue humano podiam ser o pesadelo maior de todos — especialmente se dessem cria. Teria que sopesar o destino dessa manada. Chovia gelo, mas o grupo pelo menos podia permitir um refúgio do violento vento e os pedaços de gelo que apunhalavam pelos ramos retorcidos de cima. Vikirnoff adicionou uma capa protetora, entrelaçando os ramos de forma mais apertada para que formassem um túnel. Levam humanos nas costas, disse Natalya. O coração lhe pulsava com muita força. Uma parte dela estava desesperada por ver seu irmão, desesperada para acreditar que ele não era o monstro que tinha acabado por acreditar que era, mas a metade lúcida lhe sussurrava que nenhum dos rumores podia ser verdade. Enquanto corria com seu companheiro e o príncipe, encontrou-se rezando. Sob seus pés o chão ondulou. O peso da neve derrubou uma árvore grande, as raízes surgiram do chão, formando uma barreira enredada.
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O vampiro não demora, disse Mikhail. Gregori, gire ao norte. Entre pelo outro lado com o Falcon. Seu objetivo parece ser alcançar à manada de lobos antes de nós. Deve querer matar aos humanos, mas com que propósito não tenho a menor idéia. Estou sobre esta terra para proteger a meu príncipe, não para salvar as vidas de mortais que não conhecemos. Mikhail suspirou. Torna-se mais teimoso com cada ano que passa, velho amigo. Vikirnoff está protegendo a seu indefeso pintinho. Entre pelo Norte. Dirige aos outros para que entrem pelo outro lado. E pára de me dar problemas. Gregori lhe deu o equivalente a um bufado telepático. Eu não contaria com que isso aconteça logo. O vampiro corre para fechar o caminho. Não pode ser apanhado no chão se isso acontecer. Não acontecerá, porque você o parará. Havia plena confiança na voz de Mikhail. Não pede muito. Não. Uma oportunidade de praticar e afiar suas habilidades fracas. A diversão de Gregori explodiu sobre Mikhail quando o príncipe aumentou sua velocidade. Sentia-se bem em ser um guerreiro em vez de um governante, correndo a toda velocidade pelo bosque em resposta a uma chamada de dor. Os músculos se esticavam e se contraíam, e seu corpo se alegrava com o exercício, correndo incansavelmente, por entre as árvores. De acima, uma grossa lança de gelo explodiu através do céu, quebrando nuvens de gelo e neve, chovendo brilhantes faíscas de ouro e prata para as árvores enquanto se arqueava por cima deles e logo caíam à terra fora de visão. Por toda parte onde as faíscas tocavam, as árvores se congelavam, convertendo-se em um horroroso branco, a cor que se espalhava como uma enfermidade por ramos e agulhas, descia pelos troncos ao chão, onde o piso do bosque se curvava pela pressão do gelo. O chão se rachou, abriram-se fissuras trincadas, assim se viram forçados a saltar por cima da longa fenda enquanto corriam. Torres afiadas de gelo erupcionaram do chão. As árvores se racharam e se estilhaçaram quando o frio que se estendia rompeu os ramos quebradiços. De onde vem? demandou Mikhail. Temos que encontrar a fonte. Ele está tentando deter a manada de lobos, gritou Gregori. Ouvi, mas nunca vi, uma lança de gelo que congela tudo em sua imediata vizinhança. Você deve estar perto disso. Deixe de falar e trata com isso, e eu encontrarei a manada. Estamos muito perto da manada, Gregori, mais perto que você. Você está melhor equipado para trabalhar sua magia contra uma lança de gelo capaz de congelar um bosque. Deixe de falar e persegue-o. Não em sua vida. Envie Falcon. Nada vai deter-me de lutar a seu lado. Por uma vez, supõe-se que estou no comando. Não escuta minhas ordens. Isso foi uma ordem? Não ouvi uma ordem aí em nenhum lugar. Enviei Falcon para cuidar da lança de gelo. Mikhail se encontrou rindo outra vez. Era impossível ficar frustrado com Gregori; conhecia-o há muitos anos, e o principal trabalho de Gregori sempre seria velar pela segurança do príncipe. Ainda o incomodava que Razvan empurrasse uma faca na garganta de Mikhail. Não tinha havido tanto perigo como parecia, mas Gregori não gostava que Razvan tivesse se aproximado do príncipe.
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A manada de lobos levantou as vozes outra vez e ele levantou a cabeça e respondeu enquanto se apressava sobre o rio congelado. Com cada passo que davam, mais torres de gelo bicudas erupcionavam, assim se viram forçados às esquivar enquanto corriam, mas Mikhail podia sentir a força do ataque debilitando-se. O vampiro estava perto da manada e queria dirigir sua energia ali. Não sabendo do que os lobos eram capazes, Mikhail redobrou seus esforços de alcançá-los, elevando-se no ar, evitando os céus mais altos onde os pedaços de gelo podiam entorpecê-los. Vislumbrou a manada enquanto rodeavam uma curva do rio, raios de prata com a carga de humanos nas costas, correndo incansavelmente para eles sobre o gelo. Um menino estava desabado sobre o corpo do alfa, e o sangue frisava sua grossa pelagem. Pelo canto do olho, Mikhail viu uma grande nuvem negra que se movia rapidamente através do céu para os lobos. Entrem nas árvores. Saiam do rio e se afastem do espaço aberto, advertiu. Vikirnoff se desviou bruscamente para ele antes que pudesse girar para a ribeira, cheia de neve. Mikhail lhe disparou um olhar de calma quando passou como um raio pelas árvores para a manada. Os dois alfas com as crianças se meteram entre as grossas árvores. Mikhail agarrou a menina quando Rajá patinou parando a seu lado, com a língua pendurada, e os flancos subindo e descendo. O vampiro tinha mordido o pescoço da menina e não tinha fechado a ferida. Natalya se deixou cair de joelhos ao lado da garota. — Pode salvá-la? No momento em que os dois alfas foram despojados de suas cargas, giraram e correram para defender o resto de sua manada. O primeiro golpe caiu perigosamente perto do lobo que levava o fazendeiro. Blaez nem tentou desviar-se. Correu sem variar o ritmo em linha reta para os Cárpatos. Vikirnoff deu um passo fora das árvores e encarou o vampiro furioso. Enquanto Natalya e o príncipe trabalhavam para salvar a vida da menina, ele passou como um raio para a nuvem negra que girava. Gregori entrou na visão, subindo pela direita do vampiro, golpeando o não morto com um relâmpago atrás de outro. Apanhado no fogo cruzado entre dois caçadores experientes, já ferido, Sergey se retirou, empurrando um último raio de energia para sua lança de gelo, esperando destruir o chão sob o príncipe, a manada de lobos e os humanos. Falcon golpeou no momento exato, enviando uma explosão chamejante de calor pela lança quebradiça, rompendo-a, eliminando sua potência. Gregori! Mikhail chamou o caçador. Não o persiga. A manada de lobos diz que precisam de nós na casa do fazendeiro. Ivory e Razvan estiveram lutando contra o vampiro. O fato de que tenha escapado deles é mau sinal. Natalya, acompanhe a família para a segurança com o Falcon e veja se a menina é cuidada na estalagem. Peça a Slavica, a dona da pousada, que os aloje por mim. Cuidará bem deles. Desejo ir com você para ver meu irmão. Preciso que faça isto por mim. Se o vampiro voltar sobre seus passos, necessitarão amparo acrescentado. Natalya vacilou, e então tocou a mente de seu companheiro. Diga-me a verdade, Vikirnoff. Ele precisa de mim para esta tarefa, ou tenta me proteger do que possivelmente encontrem?
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Vikirnoff, Mikhail e Gregori já estavam no céu, movendo-se rapidamente para o imóvel, enquanto a manada de lobos os rodeava, correndo pelo chão coberto de neve. Ele se preocupa. O não morto é um vampiro mestre. Olhe o caos que forjou na terra. A manada de lobos se preocupa com Ivory. Sinto seu temor e Mikhail, como príncipe de nosso povo, sente-o duplamente. Natalya suspirou. Está feito então. Esperou que Falcon levantasse os dois adultos e ela pegou os meninos, sussurrando uma ordem para acalmar seus temores enquanto corriam para a aldeia. Para Mikhail pareceu uma viagem interminável. Sentia a ruptura na malha de sua gente. As feridas eram graves. Ele conhecia Gregori, um curador de tremenda habilidade, não falharia em sentir a agonia que os dois combatentes caídos experimentavam. O fato de que a energia não fosse oculta dizia a todos os Cárpatos de que forma esperavam encontrar Ivory e Razvan. Ainda assim, nenhum deles estava preparado para o horror dessa visão. O imóvel era uma pilha de escombros. Parecia como se um massacre tivesse tido lugar, uma matança. Havia sangue por toda parte, e no meio de tudo isso Ivory estava sentada, com grandes feridas, ela procurava curar o homem que estava em seu colo. Ainda permaneciam duas lanças em seu corpo, enquanto que quatro jaziam quebradas e sangrentas à distância. Seu corpo estava talhado quase em pedaços, com o braço em segmentos. Quando se aproximaram, parecia como se Razvan ainda respirasse e a voz de Ivory cantava o canto curativo brandamente, misturado com outra canção que nenhum deles tinha ouvido antes. Isto não pode ser, cochichou Gregori com admiração. Ele não pode estar vivo ainda. Ninguém poderia sobreviver a isso. Escutou o fluxo vazante da voz de Ivory, melódica e sintonizada com o batimento do coração da terra. Mãe, querida Mãe, suplico-te agora. Filha à mãe, me cure e ao meu de algum modo. Sou sua luz, ele é meu forte guerreiro. Desafiado e marcado, esteve só muito tempo. Mãe, rogo-te que olhe profundamente, tente ver. Minha alma dá luz a sua escuridão, libera-o. Somos companheiros, duas metades de um tudo. Estando unidos, lutando contra o mal, velho e ancião. Mãe, querida Mãe, segure-nos perto em seus braços. Proporcione-nos um refúgio, com a cura, rechaça todo dano. Mãe, por favor, traz equilíbrio, a escuridão à luz. Permita-nos viver, avançar para lutar. Ivory cantava as palavras na antiga língua, as notas se moviam dentro e fora da terra que ondulava, trancando-se com o fluxo e vazante da seiva nas árvores e o batimento do coração que era a terra mesma. Enquanto cantava, a terra se movia sobre seus corpos, como se fosse uma manta viva, ou a própria maré, sempre em movimento, vertendo sobre eles, ao redor deles, fluindo em suas feridas e encerrandoos na capa rica e negra.
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Capítulo 10 Razvan flutuou em muita dor. Ele tinha estado anteriormente ali muitas vezes, mas nada como isto. Seu corpo se sentia como se todas suas extremidades não estivessem conectadas. Ele não podia mover-se. Possivelmente fosse porque temia mover-se, piorar a agonia que atravessava seu corpo. Ele sentia o movimento ao redor dele, como se os insetos e outras coisas anônimas avançassem lentamente sobre ele. Ou para ele. Inclusive isso não era o suficiente para lhe induzir a tentar mover-se. Ele ouviu sussurros, tão baixos ao princípio que acreditou estar alucinando, mas a voz se tornou mais forte em sua mente. Suave. Feminina. Decidida. Estou com você. Não está sozinho. Vigio você e o protejo. Não o deixarei só nas profundidades da Mãe Terra. Sente-a te rodeando? Segurando-o em seus braços? Dando a você a boa-vinda? Sente-a, meu companheiro. Sente-a quando todo o resto parece perdido. Ele estava seguro de estar alucinando. Xavier nunca lhe permitiria refugiar-se no rico chão para rejuvenescer-se. Só existia dor e o sofrimento. Uma vida interminável disto. Ele não podia deixar-se ir. Ele forçou sua vontade a obedecer. Não importava quanto seu coração palpitasse ou seus pulmões lutassem por tomar ar, não importava a dor, não podia deixar-se ir. Ele tinha prometido a… Ela. Recordou-a, embora pudesse ser um sonho, outra alucinação. Estava considerando isto quando conseguiu que sua mente funcionasse através das ondas de dor. Duvidava que pudesse evocá-la inclusive em sua imaginação mais selvagem. Tentou imaginá-la, mas encontrou que não podia pensar, assim é que só podia escutar, tentando ouvir sua voz outra vez. Muito longe ele podia ouvir um cântico, dito na antiga língua, as vozes se elevaram, tão macho e fêmea. Era impossível entre os de sua classe encontrar uma voz sozinha, e ele estava seguro de que ela não cantava com eles. Ele a sentia, não rodeando-o, mas sim fundindo-se com ele, compartilhando seu corpo. Não gostou da ideia. Se ele sentia tanta dor, ela estava compartilhando isto também? Ele não sabia a resposta. Outra vez sua mente foi à deriva, e possivelmente não, porque não podia fazer nada para lhe impedir de sentir essa terrível dor, não desejava saber se ela estava com ele. Ele tinha passado muitos anos causando angústia àqueles que amava, rechaçava pensar que estava fazendo o mesmo a ela. Não, meu amor. Estou com você por escolha. Pedi ser atada a você. Compartilho seu corpo com muito prazer. Escute-me, Caçador de Dragões, deve-se manter preso a mim. Nunca me deixe ir. Se ele tivesse podido sorrir, o teria feito. Aonde ele iria? Não podia mover-se. Só podia jazer ali, acreditando-se demente. Seu único consolo era a voz dela. Tentou recordar se a tinha sonhado quando era jovem. Depois de um momento — e poderiam ter sido noites, semanas, ou inclusive meses — ele foi consciente do batimento de um coração. O som era estranho, profundo, ressoando através de seus arredores, de modo que vibrava através de seu corpo, cada um de seus músculos e órgãos, tendões rasgados e ossos. Cada pulsado o
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afetava, ainda o acalmava. Cada pulsado trazia uma envolvente dor, mas ao mesmo tempo era estranhamente consolador. Depois de um longo e indeterminável tempo, se descobriu escutando esse som, desfrutando do eco deste por seu maltratado corpo. Agora tinha um comovedor interesse em seu mundo escuro. Quem é? Sou a Mãe Terra, meu filho. Tornou-se uma parte de mim. Minha filha pediu que o aceitasse, que o curasse. Está escutando o batimento do coração da terra movendose por seu corpo, fazendo-se um comigo, com toda a natureza. Nesse momento soube que estava louco. Estava tendo uma conversa com a terra. Era estranho que não o incomodasse ter perdido o juízo. A dor não tinha diminuído, mas tinha se acostumado a ela, e encontrou que a escuridão e o calor era um pacífico e relaxante lugar. Ele foi à deriva nesse mar de dor, deixando-se levar como havia feito tantas vezes no passado. Sua mente voltava para sua mulher. Ivory. Sua companheira de vida. Era tão linda que lhe tirava o fôlego. Ele sabia que se a tivesse encontrado algumas centenas de anos antes, suas vidas teriam sido muito diferentes. Ele nunca se atreveu a sonhar com ela, nunca desejou que Xavier suspeitasse por um instante que em algum lugar no passado ou no futuro, havia uma mulher que possuía a outra metade de sua alma. Este era um dom tão íntimo, a conexão de duas almas, e ele nunca corromperia esse vínculo com a maldade de Xavier. Se não estivesse quase morto e tivesse sido sepultado para sofrer neste lugar, ele a teria levado a seu jardim secreto, um lugar que ele recordava de sua infância onde a vida tinha sido boa e tinha estado cheio de alegria. Ele tinha brincado ali com sua amada irmã, Natalya. Tinham rido juntos tão frequentemente, correndo livres pelos campos de flores e fazendo ricochetear pedras sobre as agradáveis águas do lago. Levaria Ivory ali para compartilhar essas ternas lembranças. Ele sentiu o toque de uns dedos contra a palma. Um fôlego quente no rosto. Leve-me para lá, meu bem amado. Mostre-me esse lugar com o qual sonha. Ele não tinha esperado que seu desejo por ela fosse tão forte que pudesse evocá-la. Passou a mão pelo rosto dela, formando os ângulos, percorrendo com a almofadinha de seu polegar sobre a suave pele. Levarei você ali para nosso primeiro cortejo. É parte de mim, a melhor parte de mim. Muito antes que Xavier tomasse minha alma. Ele já não tem sua alma. Deu-me isso, recorda? Razvan procurou em suas lembranças. Recordou o rosto dela. Tão formoso para ele que quando fechava os olhos ainda estava ali. Seu corpo, coberto nessas magras linhas brancas, insígnias de seu valor, uma encarnação vivente da força de vontade que ela possuía. Ele desejava beijar cada linha, seguir o mapa destas sobre seu corpo até que conhecesse intimamente cada branca linha dentada. Sua pele, suave além de toda imaginação, atraía-o para simplesmente tocar, para sentir quão extraordinária ela era. Ele amava a forma como ela se movia. Somente observar, o balanço de seus quadris e seu andar resolvido, trazia-lhe uma singela alegria que nunca tinha acreditado sentir. A forma que seu rosto se suavizava quando ela se ajoelhava para saudar sua manada de lobos, o que o fez perguntar-se como se veria quando ela segurasse seu bebê contra seu seio.
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Caçador de Dragões. Ela chamou sua mente errante para ela. Lembra-se de me ter dado sua alma? Sim. Salve-me, Ivory. Tive vidas de pecado e não posso salvar a mim mesmo, mas a toquei onde ninguém mais te vê, e você pode fazê-lo. Ponha-me sobre seu mural com seus irmãos e guie minha alma na seguinte vida. Já está a salvo, fél ku kuuluaak sívam belso, meu bem amado. Sua voz fluiu sobre ele como mel quente, e ele jazeu quieto, escutando o batimento do coração da terra e sentindo cada pulsante ferida e queimadura em sintonia com a constante sinfonia. Ele pensou em suas palavras. Fél ku kuuluaak sívam belso, meu bem amado. Ele lamentou não ser na verdade seu bem amado. Eu teria caminhado pelo jardim com você. Sempre quis cultivar minhas próprias flores. Sei exatamente como se veriam e as teria chamado como você. Ivory. Hän ku vigyáz sielamet, guardiã de minha alma. Mostra-me isso, suplicou-lhe ela. Outra vez podia ter jurado sentir aqueles dedos moverem-se contra sua palma, enredando-se com a própria. Ele fechou fortemente a mão para capturar a sensação de proximidade. Podia ir à deriva nesse sonho, ou alucinação. Possivelmente estava no outro lado, em um lugar melhor, embora pudesse está-lo sem a agonia correndo em ondas por seu corpo. Ele afastou a um lado a dor, entrando mais profundo nos braços da Mãe Terra e permitindo-se sonhar com as coisas que mostraria a Ivory. Ela parecia despreocupada, com seu comprido cabelo caindo em cascata até debaixo de seus quadris, uma cascata de seda que se movia contra seu braço quando ambos caminhavam lado a lado. Gostava que ela fosse alta. Ele podia ver o comprimento dos seus cílios, que se frisavam nas pontas, duas grossas meias luas que velavam seus enormes olhos. Ele estava pensando em inclinar-se e lamber ao longo da branca costura dentada que unia duas seções de seu ombro. Era uma tentação a forma como sua pele estava dividida em quadrantes para que ele explorasse. Não me vejo assim. A vergonha debruava sua voz. Como o que? Ele estava totalmente perplexo que sua mulher sonhada pudesse sentir-se envergonhada de seu exame. Ele poderia observá-la para sempre, desejando provar cada centímetro quadrado dela. Tinha a necessidade de memorizar cada detalhe com as sensíveis pontas de seus dedos, com a boca e a língua, assim recordaria para sempre o sabor e a sensação dela. Como se essas cicatrizes fossem atraentes. Ela abaixou rapidamente a cabeça enquanto caminhava junto a ele descendo o estreito cordão de pedras que conformava um serpenteante caminho por seu jardim. A extensa caída de seu cabelo escondeu sua expressão dele. Ele caminhou até se localizar em frente a ela, detendo-a eficazmente, com os dedos tomou pelo queixo e lhe levantou o rosto até que pôde manter cativo seu olhar com o dele. Tudo em você é incrivelmente atrativo, sobretudo o modo como luta. Tirame o fôlego. A almofadinha de seu polegar roçou o cheio lábio inferior. Às vezes passo muito tempo imaginando cada uma dessas linhas em seu corpo, me perguntando aonde levam. Que prazeres me darão… Nos darão. Ela piscou, seus olhos se tornaram quentes, logo abafadiços. Então pensa em mim como mulher, não só como uma guerreira.
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Como poderia alguma vez separar às duas? Suas particularidades conformam o tudo de quem é. Sua voz enrouqueceu com emoção. Ele procurou em sua mente palavras para descrevê-la, do modo como ele a via, mas as encontrava curtas para expressar a forma como se sentia, a beleza e a luz que ela trazia para sua alma, tão vazia e oca e rasgada pela maldade de Xavier. Diga-me. Preciso saber. As palavras não são suficientes para explicar um milagre, mas farei todo o possível. É resistente, forte e capaz. Gentil. Bondosa. Compassiva. Feroz e formidável, com uma vontade de ferro. Atraente. Suave. Linda. Misteriosa. Gentil e magnífica. É todas estas coisas. Um milagre para mim. Um presente além de qualquer preço. Seus cílios revoaram velando sua expressão. A tentação de sua boca, a curva e a suave textura, era muito para resistir. Isto não era um sonho, simplesmente, este era seu sonho, o primeiro ao que se atreveu em muito tempo… Da traição de sua irmã. Ele vacilou, de repente com medo. Poderia Xavier enganá-lo? Estava enganando à única mulher que possuía seu coração e alma? Não! O quente mel emanou sobre ele outra vez, estremecendo seu corpo. Seu coração saltou, pulsando por um momento em sintonia com o palpitar do coração da terra. A dor o golpeou de cada direção, lhe tirando o ar, a capacidade de pensar, sua mesma prudência. Acreditou ter gritado quando ele tinha sido tão estóico, mas se tinha compenetrado mais do que sabia com o ritmo natural da terra, permitindo que o palpitar mantivesse a dor a uma distância passível para ele. Durante um momento não pôde respirar, nem pensar. Era impossível viver com semelhante dor. Não me deixe! A voz de Ivory estava cheia de pânico. Ele nunca tinha ouvido que Ivory soasse assim, mas de uma vez acalmada e sob controle. A nota de alarme em sua voz o estabilizou. Notou que ia à deriva longe do aroma e sensação dela, distanciando-se para impedir que Xavier a descobrisse, mas havia tal necessidade nela que nunca antes tinha visto. Ela tinha sido ferida. Ele o recordou muito bem. Horrivelmente ferida. Ele não se sentia como se tivesse muitas forças, mas o que tinha, daria-o de boa vontade a ela. Ivory? Estou aqui, Razvan, com você. Em você. Seguro-o fortemente, meu coração com o seu, minha alma à sua. Não me deixe. Me dê sua palavra. Não importa quão terrível se torne tudo, me dê sua palavra de honra que ficará comigo. Se você precisar de mim. Sempre precisarei de você. Ele apenas podia conceber a pura honestidade em sua voz. Na verdade ela precisava dele tanto? Ele nunca, sem importar quão difícil se tornassem as coisas, separaria-se dela se o necessitava. Estarei com você sempre, Ivory, se estiver dentro de meu poder. Sua voz chegou outra vez, próxima, suave, esse calor se filtrou no interior do tutano mais frio de seus ossos e os esquentou de dentro a fora. Descanse, então, fél ku kuuluaak sívam belso, meu bem amado. Recupere forças, mas manteha-se forte e resiste por mim.
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Não era nenhuma proeza o que lhe pedia. Ele permitiu que a dor o consumisse, banhasse-o e cobrisse, se tornasse parte dele. Era a única forma de sobreviver. Sua vontade… E aceitação. Ele sobreviveria por ela. Ele despertou outra vez depois que uma quantidade de tempo indeterminável tinha passado. Como todo Carpatiano, conhecia a diferença entre a noite e o dia; inclusive nas profundidades da terra era consciente da escuridão e da lua cheia nas alturas. O som o tinha despertado. Convocado. As vozes se elevavam na antiga língua o canto curador se elevava e caía tanto com vozes masculinas e femininas que erigiam para o céu noturno, fazendo que o profundo refúgio no interior do rico chão envolvesse seu destroçado corpo lhe proporcionando a força e o poder curador. Ele sentiu a presença de um macho, com uma candente energia que se elevava para ele, cauterizando as partes que tinham sido rasgadas. A dor explodiu insuportavelmente por seu corpo e escutou seu próprio grito, um som estrangulado e angustiado. Ivory ecoou de seu grito, sua voz ressoou cheia de sofrimento. Ele tentou mover-se, alcançá-la, e umas gentis mãos o detiveram. — Não pode se mover. Permanece muito quieto ou desfará as pequenas reparações que foram feitas. — Ivory? Razvan reconheceu a voz do curador. — Salve-a primeiro. Ouvi sua angústia. — Ela está fundida com você, mantendo-o a este mundo, e ela sente o que você sente. Não se mova, só se inunde nela, se abrace fortemente a ela. Gregori retornou a seu próprio corpo balançando-se de cansaço. Pequenas gotinhas de sangue cobriam sua pele e realmente caiu contra Mikhail, incapaz de manter-se erguido depois da sessão de cura. — Como podem viver? — perguntou ao príncipe — É impossível, mas sobrevivem. Cada noite venho a eles, esperando encontrá-los mortos, mas ainda assim vivem. Como é que eles resistem? Ninguém pode sobreviver à semelhante dor, embora não seja a primeira vez para eles que sofrem tal tortura. — ele abriu os olhos e olhou o seu amigo — É difícil para mim, sentir e ver o absoluto sofrimento que suportam os dois. Mikhail pousou sua mão brandamente no ombro do curador. Nenhum curador podia ser do calibre de Gregori sem ser empático. Cada vez que ele movia seu corpo e se unia ao casal para apressar a cura dessas terríveis feridas mortais, ele sentia o que eles sentiam. — Está salvando suas vidas. Gregori negou com a cabeça. — Ajudo que sua recuperação seja mais rápida, Mikhail. Existe uma diferença. Eles têm vontades, como nunca vi em nenhum Carpatiano, macho ou fêmea, em todos meus anos de curador. Acredite em mim, só é sua forte vontade o que os mantém com vida, não eu. A voz de Mikhail era consoladora. — Tome meu sangue para se reanimar e logo vá para casa com Savannah e permita que ela o reconforte. Noite após noite, submetendo-se a sua agonia afeta você. Não pode seguir sem alguma pausa. — Enquanto eles continuarem, eu também continuarei. — Gregori elevou a visão para seu sogro, seu rosto sulcado com linhas de cansaço — Seus corpos realmente
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estão se regenerando outra vez. Três das seis feridas de lança deveriam havê-los matado, junto à quantidade de sangue perdido, mas de algum jeito a terra em si mesmo os mantém juntos. — Como seu sangue e cuidado. Gregori sacudiu a cabeça. — Não entendo o que vejo quando tento saná-los. É como se a maior parte de seus corpos estivessem cobertos de mineral, endurecido e infranqueável, de tal forma que só tenho a uma única parte cada noite. Algumas noites é a mesma parte. Posso entrar em um braço ou perna e me concentrar ali, mas os restos de seus sistemas me estão vedados. — Não entendo. Gregori franziu o cenho e coçou seu queixo. — Pelo geral quando curo, posso entrar em um corpo inteiro e fluir por ele com facilidade, me movendo por cada parte, mas quando entro em Razvan ou Ivory, só uma parte de seus corpos são acessíveis. Esta parte muda a cada noite. — O que pode causar isto? — perguntou Mikhail. — Não sei, mas eu gostaria de averiguá-lo. O chão sempre ajudou a cura. E quando estamos feridos e cansados nos regenera, mas sempre usamos um espírito curador para ir ao interior de nossos corpos e reparar de dentro para fora. Algo repara seus corpos, algo além de mim. Parece que é um processo lento, mas os mantêm vivos. Acredito que Ivory poderia haver-se salvo, mas ela decidiu ligar seu destino com Razvan. Ela está totalmente fundida com ele e com o que for que ele está revestido, ela também. — Um tipo de magia? Algo que Xavier pudesse ter conseguido chegar até ele? — aventurou-se Mikhail. Gregori negou com a cabeça. — Não há nenhuma mancha de mau. Melhor dizendo existe um rastro antigo para mim, como se eles tivessem despertado algo ancestral, antes de nosso tempo e está trabalhando em salvá-los. E você me conhece, não confio em coisas que nunca encontramos. Somos uma raça que viu muito com o tempo. — Muito, — disse Mikhail — mas não tudo. — Tenho que entender como funcionam as coisas. Eu gostaria de falar com Syndil. Ela esteve limpando a terra de toxinas para nós e está muito conectada com o chão. Nunca vi isto, e não entendo como sobrevivem, sem mencionar sua cura. Tampouco tenho uma explicação de como seus corpos estão segmentados. Possivelmente ela me possa explicar isso. Mikhail franziu o cenho. — Não quero que ela sinta a agonia que eles sofrem. É suficientemente difícil para dois de nós. — Ela poderia falar com a terra e ouvir sua resposta. Possivelmente se for capaz de entender, poderia ajudá-los, reduzir a dor de algum modo. — Falarei com ela. — acordou Mikhail a contra gosto — Tanto Natalya como Lara estão ansiosas para ajudar, mas lhes pedi que permanecessem à parte até que estejamos seguros que Ivory e Razvan viverão. — Não tenho dúvidas de que sobreviverão, Mikhail. — disse Gregori — Só que não sei como.
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— Notou que Ivory fez antes isto uma vez sozinha, faz uns séculos. Não havia ninguém ali para sustentar seu espírito, para mantê-la a salvo como ela mantém Razvan. — Ela deve ter permanecido na terra por centenas de anos. — disse Gregori — Seu corpo não se regenerou perfeitamente. Tentei aliviar as cicatrizes interna e externamente. — ele levou ambas as mãos por seu cabelo em um gesto de cansaço — Ela teve grande cuidado, ou possivelmente foi a Mãe Terra, para assegurar-se que pudesse ter filhos. É uma área onde ela não tem nenhum tipo de cicatriz, e ainda assim há evidências que atravessam seu útero, eles a cortaram pela metade. Por um momento o ar ao redor deles chispou com energia pura e logo Mikhail respirou, mantendo-se assim mesmo sob controle. — Não posso ver como seus irmãos puderam ter escolhido alguma vez entregar suas almas sabendo que os vampiros e Xavier conspiraram para matá-la. — Eles culparam Draven. — Era uma desculpa e sabe. Todos nós vivemos com a traição e a perda, com a pena. Eles não estavam perto do final; fizeram uma escolha deliberada. Reuniram minuciosamente vampiros em uma sociedade para lutar contra nós, e sabe que isto tomou séculos de planejamento e inclusive mais tempo em pô-lo em prática. Também se aliaram com nosso maior inimigo, o mago que entregou Ivory aos vampiros. — Saberemos o que realmente aconteceu quando Ivory nos disser isso. — Gregori se esticou e tentou ficar em pé. Enjoado pela falta de sangue caiu sentado outra vez — Enquanto isso, só podemos seguir com o curso atual e ajudar este casal a sobreviver. — Eles podem ser a chave para destruir Xavier. — Acredito que poderia ter razão, Mikhail. O príncipe ofereceu seu pulso a seu genro. — Toma o que livremente te ofereço. E Gregori, desta vez emprestará atenção ao que te digo. Irá para casa junto a Savannah e descansará. Enviei a ela uma mensagem na qual diz que está a caminho. Pedi a Syndil que se encontre ali com você. — Enviou notícias a Savannah? — Gregori fulminou com o olhar o príncipe — Ela vai se preocupar excessivamente por mim, e sabe que está grávida das gêmeas e precisa descansar. — Ela precisa sentir que ajuda seu companheiro. Vá para casa e descanse. Você mesmo disse: estes dois sobreviverão. Possivelmente na conversa com Syndil, ela encontrará uma forma de enriquecer o chão ainda mais a fim de diminuir seu sofrimento. Gregori fez seu caminho para casa, evitando às duas mulheres e seus companheiros que esperavam falar com Mikhail. Ele não desejava tentar raciocinar com eles sobre que Razvan e Ivory viveriam. Acreditava que o fariam, mas não entendia como, e ele mal podia funcionar com a quantidade de dor que fluía sobre ele cada vez que os tocava. Não poderia falar com eles, nem dar respostas, e inclusive nenhum reconhecimento de Razvan para aquelas mulheres, ele estava muito longe. Além da dor do casal, não desejava sentir a dor de uma irmã e filha pelo sofrimento de um ser querido. Savannah o esperava na porta, seu lindo rosto sorria, lhe dando a boa-vinda, seus olhos tão compassivos que durante um momento ele quis chorar de alegria ante
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o fato de ter conseguido tal milagre. Só a tomou silenciosamente em seus braços e a abraçou. Savannah o levou para o interior. — Parece cansado. — Estou cansado. Ela tentou não sentir-se alarmada. Gregori nunca confessava estar cansado, mas este casal, tão rasgado e destroçado, o qual lutava corajosamente para viver quando outros teriam decidido passar para a seguinte vida, tinha capturado muito mais que sua atenção como curador. Ela conhecia muito bem seu companheiro. Ele respeitava a esse casal, desejava — inclusive necessitava — encontrar um modo de terminar seu sofrimento. Savannah colocou os braços ao redor dele e o abraçou, pousando a cabeça contra o peito dele. Uma mão de Gregori se elevou para lhe acariciar o cabelo. — Como se comportam as meninas esta noite? — Dando muitos chutes. Estamos muito perto. Não acredito que vão esperar muito tempo mais. —Possivelmente deveria falar com elas. — sugeriu Gregori — Ainda não é tempo. Estão muito ansiosas e precisam permanecer onde estão seguras. Savannah riu, o som feliz e radiante, dissipou um pouco a tensão nele. — Não acredito que deva lhes falar outra vez. Sempre soa resmungão e estrito, e a pequena é uma rebelde. Algo que lhe ordene, ela faz o oposto. — ela o olhou maliciosamente — Tenho o pressentimento que ela se parecerá muito com você. — Não diga isso. Eu fui um menino muito mau. Savannah riu outra vez e Gregori se encontrou sorrindo ele mesmo. Ele deixou cair vários beijos sobre o nariz dela. — Já te disse que a amo com loucura? — Não recentemente. — Bem, estou dizendo. Não te perdoei por ter gêmeos, sobretudo fêmeas, mas estou tão apaixonado por você, que às vezes não posso pensar corretamente. O sorriso se desvaneceu do rosto de Savannah. — Cada vez que entramos na terra, preocupo-me que os microorganismos ataquem os bebês outra vez. E Lara está esgotada. Xavier tinha encontrado um modo de usar os extremophiles para atacar às mulheres Carpatianas e seus bebês, reduzindo muito eficazmente a população por centenas de anos assim nesses momentos estavam ao bordo da extinção. As mulheres grávidas estavam aterrorizadas de perder a seus bebês, e Lara, filha de Razvan, não podia ser introduzida totalmente no mundo Cárpato já que enquanto os extremophiles podiam descobrir os Cárpatos que os caçavam, não podiam descobrira Lara, por seu sangue mago. — Cada noite realiza um varrido em todas as mulheres grávidas, e sempre há um broto. Inclusive embora ela esteja segura que os homens não têm os microorganismos, não toma muito tempo antes que todos sejamos infectados outra vez. Ela deve ser convertida logo. Nenhum deles se queixa, mas é difícil para Nicolas. Os dedos de Gregori rodearam a nuca de Savannah.
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—Ela tem anos antes que este em problemas, mas sim, é difícil para seu companheiro. E se ela consegue engravidar… — sua voz se desvaneceu em um pequeno suspiro — Espero que Ivory e Razvan sejam a resposta. — Como podem sê-lo? — Não sei, mas acredito que seu pai o sabe. Ele estava muito tranquilo, muito seguro de que Razvan não dirigiria essa faca a sua garganta. — Está seguro de suas habilidades, Gregori. — É verdade, embora deveria ter mais precaução com sua vida. De todos os modos, era mais que isso. Ele confiou em Razvan quando não deveria havê-lo feito. — Não pode saber de tudo, Gregori. — disse ela brandamente. Seu meditativo olhar de prata se deslizou sobre ela. — Quando isto concerne a seu pai, eu deveria. Ele é minha maior responsabilidade. Sem ele, nossa raça desapareceria, extinguiriam-se como tantas outras têm feito. —estendeu seus dedos sobre o arredondado ventre, segurando as suas meninas junto a ele — Temos que proteger seu legado, Savannah. — Faremos. — respondeu ela, apoiando-se nele. Gregori levantou a cabeça. — Estamos a ponto de ter convidados. Eles salvaram a nossas filhas de outra conversa com seu pai. A risada de Savannah o esquentou. Isso lhe abraçou. — Elas estão muito agradecidas com nossos convidados, sobretudo a pequena. Fez o equivalente a girar os olhos. Seus olhos de prata a esfaquearam. — Não as estará animando, verdade? Acreditava que não teria que me enfrentar a semelhante comportamento em outros vinte anos ou mais. — Ela acredita que é muito mandão. — Sou mandão porque sei o que é melhor para ela. Savannah riu outra vez. — Discute com ela e nem sequer nasceu ainda. Gregori bufou outro suspiro, um homem levado além de sua resistência por sua obstinada filha não nascida, mas seus dedos se atrasaram em uma amante carícia. Savannah colocou sua mão sobre a dele e permaneceram quietos por um momento, sentindo a presença de suas filhas, rodeando as gêmeas com amor. Os golpes à porta eram esperados e Gregori a abriu para Syndil e seu companheiro, Barack. Ele tinha notado que um nunca estava longe do outro. Deu boas-vindas a ambos com a saudação Carpatiana tradicional. — O Pesäsz jeläbam ainaak. — Que permaneçam muito tempo na luz. Syndil e Barack responderam em concordância e entraram na casa. — Como se sente, Savannah? — perguntou Syndil. — Muito grávida. — respondeu Savannah com um pequeno sorriso — Se me fizer um pouco maior poderia explodir. — Está bem, sobretudo com gêmeos. — disse Gregori — Está bem onde se supõe que esteja. — Ele me fiscaliza com cuidado para assegurar-se que os bebês crescem corretamente. — lhe explicou Savannah. Ela se inclinou para beijar Barack na bochecha, ignorando a aguda reprimenda de Gregori.
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Não há necessidade de beijos. Savannah riu outra vez e esfregou afetuosamente sua bochecha contra o ombro de Gregori. — Mikhail enviou uma mensagem dizendo que desejava falar comigo. Gregori com uma indicação a convidou a sentar-se. Barack se afundou no assento junto a ela e a puxou pela mão. — Estou seguro que estão cientes das notícias, que Razvan escapou de Xavier e que Ivory Malinov está viva. Não foi criado nas Montanhas Carpatianas, e não conhece os rumores sobre estes dois, mas basta dizer que é um golpe para todo mundo averiguar que tudo aquilo que acreditávamos sobre eles é incorreto. Syndil entrelaçou seus dedos com os de Barack. Sempre surpreendia Gregori notar que esta mulher que ostentava tanto poder era tão tímida e modesta. Ela caminhava sobre a terra e a vida nova surgia atrás de seu caminho. Ela dançava e cantava e o chão tóxico era restaurado. Eles tinham encontrado esse conhecimento por acaso, o príncipe detectou a cura de todo um campo de batalha destruído pelo veneno dos vampiros. Ela tinha permanecido tão acalmada com seu dom, tão humilde, que ninguém jamais teria conhecido sobre seu dom se Mikhail não tivesse visto seu poder com seus próprios olhos. Syndil simplesmente assentiu com a cabeça, movendo-se um pouco para Barack. Ele se aproximou dela, passando seu braço ao redor de seus ombros. Gregori suspirou. — Não tenho nenhum direito a lhes pedir isto. De fato, pode ser arriscado. Barack franziu o cenho. — O casal encontrou um vampiro mestre e se enfrentou com ele com o fim de salvar uma família. Enquanto Razvan tem pouco ou nenhuma experiência de combate, Ivory é uma guerreira extraordinária. Juntos conseguiram afetá-lo e levá-lo longe, mas a um alto preço para seus corpos. — Sabe que os ajudaria, — disse Syndil, sua voz era suave música — mas não sou uma curadora. — Discordo com essa declaração, Syndil. — Gregori apoiado adiante — Compreende à terra melhor que a maioria. A escuta quando te fala, chora quando ela é ferida, e é capaz de reparar cada ferida. — Isto é diferente. — Syndil agitou uma mão a modo de rechaço — Para nada parecido como a cura de um Cárpato ferido. — Não posso fazer o que você faz. — disse Gregori — Nem sempre ouço nossa mãe nos falando. Este casal, o que acontece com eles, não o entendo… E o tentei. Escuto à Mãe Terra, mas ela sussurra e não posso entender o que diz. Eles estão sofrendo. Em agonia. Ambos. — ele afundou a cabeça e dirigiu ambas as mãos por seu cabelo em sinal de agitação — Os ajudo, sim, mas tão lentamente, e cada noite que passa e vou a eles, continuam sentindo uma dor inexprimível. — O que deseja que Syndil faça? — perguntou Barack. Gregori sacudiu a cabeça. Savannah se sentou no braço de sua cadeira e o abraçou, seus dedos se deslizaram no cabelo dele para acalmá-lo. — Diga-lhe, Gregori. Permita-os decidir. — Nunca vi nada como o que está acontecendo a eles. O corpo de Razvan foi mutilado, literalmente. Cortaram-lhe o braço em partes. Ele tinha seis buracos de
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lança, três mortais. Suas feridas eram horrendas. Talhadas a expor o osso, e em muitos casos perfurando-os. A perda de sangue foi incrível. Em vez de atender a suas feridas, ele a ajudou na batalha. Barack se levantou. — E ele sobrevive? — Até o momento… Sim. Não sei como. Ela também tinha muitas feridas, e ainda assim de algum modo conseguiu fundir-se com ele; não sei como. São corpos separados, mas seus corações pulsam como um, suas mentes são uma. Inclusive isso não é problema. Se tiver acesso a seu braço, o resto de seu corpo está revestido completamente de mineral, como se ele fosse parte da própria terra. Quando compartilho seus corpos, ouço o cochicho da terra. Posso ouvir o ritmo do palpitar de seu coração, mas não posso entender o que ela lhes diz. Poderia ser isso? Poderia a Mãe terra estar curando-os? Não só regenerando-os? Syndil se manteve em silêncio, analisando as palavras repetidas vezes em sua mente. Barack não disse nada, esperando que sua companheira desse sua opinião. Neste campo ela era uma perita e ele estava excessivamente orgulhoso dela. Ele nunca deixava de surpreender-se que sua pequena e tranquila Syndil fosse consultada por cada Cárpato, e o príncipe e Gregori frequentemente pediam seu conselho. — Acredito que é assim, sim. Temos uma conexão com a terra, com o próprio Universo. É a razão pela qual somos capazes de mudar e invocar ao relâmpago. É a razão de que nossos corpos se regenerem na terra. Se, de alguma maneira este casal tiver uma conexão mais profunda, se a Mãe Terra reclamar a um ou a ambos como seus filhos, seus corpos poderiam ser ligeiramente diferentes ao nosso. O cenho franzido de Gregori se fez mais profundo. — Todos nós somos filhos da terra. Syndil negou com a cabeça. — Não do mesmo modo. A terra está viva. Possui um batimento de coração, um ritmo, um pulso. Ela sussurra, fala e grita. Ela nos dá a boa-vinda para casa a cada amanhecer como seus filhos, mas se ela aceitar a um de nós como dela, como seu filho biológico, — não sei outra forma de explicá-lo — ela poderia lhe entregar tudo o que possui, o chão mais rico que possa chamar, cada elemento curador. Quem sabe do que é capaz de fazer por um que considera parte dela. As linhas no rosto de Gregori permaneceram quando se recostou. — Por que escolheria a um Cárpato? Syndil, calma e serena, riu dele, enterneceu-o, envolveu-o com sua total carência de vaidade. — Suponho que as circunstâncias tiveram que ser extraordinárias. Savannah se apoiou mais perto. — Pode ajudá-los? Pode alimentar o chão onde eles se recuperam, ajudar a mantê-lo rico para apressar sua recuperação? Gregori levou as pontas dos dedos dela para sua própria boca. Ele não tinha querido perguntar a Syndil. Qualquer que se aproximasse dessa extensão de terra seria capaz de sentir a agonia que irradiava do casal, e pedir a uma mulher que compartilhasse essa experiência era muito mais do que ele era capaz de fazer, ainda sem a ajuda dela, poderiam necessitar-se anos para curar semelhantes feridas mortais.
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— Antes que responda, Syndil… — nesse momento ele contemplou a sua companheira, marido a esposa, desejando fazer compreender — Há coisas que deve saber. A dor que eles sofrem é totalmente diferente a qualquer que tenha experimentado em séculos de batalha e cura. Se for empática, não poderá socorrer ali sem ser afetada. Inclusive se não os tocar, a só entrada na área é uma experiência incômoda. Não tenho palavras para descrever esse sofrimento. — E ainda assim eles vivem. — disse Barack. — Uma façanha aparentemente impossível. — disse Gregori — Embora o façam. — seu olhar meditativo se transferiu para Syndil — Não te peço isto levianamente. Não desejo que se conecte com eles ou que me ajude a curá-los porque compartilhar seus corpos neste instante é uma tarefa agônica. Inclusive quando ele dormia o sonho Cárpato, nesse primeiro momento de consciência era uma tortura, a dor alagava seu corpo, atirando de cada órgão e perfurando grandes buracos em seu corpo, como se ele compartilhasse alguma parte de Ivory e Razvan profundamente sob a terra. Ele sabia que era um pesadelo acordado, mas de todos os modos, o sono demorava a chegar a ele noite após noite até perder a consciência. — Não posso curar outro ser como você pode, Gregori, mas se a terra requer de ajuda para restaurar seus minerais ou alguma outra partícula que necessite, posso e farei isso. Lamento não ser de mais ajuda, mas só tenho um talento. — E esse é um talento muito necessário. Necessitará a ajuda de outras? Sei que Natalya, Lara e inclusive a jovem Skyler ajudam a regenerar o chão onde nossas mulheres dormem... — outra vez houve um pequeno cenho franzido que ele não pôde afastar completamente de sua face. A idéia de Skyler, uma garota tão jovem, e de Lara, que dava tudo de si, suportando a dor, não lhe caiu bem. E Natalya... Ele suspirou. Uma vez que ela estivesse perto de seu irmão, tocaria-o apesar de sua advertência. Ela era teimosa, e sempre tinha adorado a seu irmão. Se Syndil necessitasse às outras mulheres, ele teria que encontrar uma forma sem ela que aumentasse a velocidade de recuperação. — Posso tentá-lo, Gregori. — ofereceu Syndil — Eu gostaria de ver o que a terra faz para ajudá-los. Possivelmente nunca tenha uma oportunidade assim outra vez. — É única. — esteve de acordo Gregori — Obrigado. Syndil riu dele e concentrou sua atenção em Savannah. Tornaram-se muito boas amigas durante as últimas semanas quando Savannah lutou para manter vivas as suas meninas não nascidas. — Como se sente na verdade? — Esgotada, mas muito feliz. — disse Savannah — Não por muito tempo mais, embora Gregori fale com elas cada noite para convencê-las de ficar em seu seguro ambiente o máximo possível. As queremos totalmente desenvolvidas, com tanto peso como é possível. Inclusive fora do útero, os microorganismos poderiam as atacar. — Espero que possamos obter que Ivory e Razvan se elevem antes que as bebês nasçam. — acrescentou Gregori — Acredito que podem ser capazes de nos ajudar enormemente e dar a nossos filhos uma possibilidade de lutar. Syndil se recostou.
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— Não há duvida em que todos nós devemos os ajudar. Não é estranho como ao final, nenhuma vez é o indivíduo, mas sim a soma de todos nós trabalhando juntos para fazer as coisas bem? — Assim é, Syndil, — concordou Gregori — nisso tem razão.
Capítulo 11 Razvan despertou pelo som de uma mulher chorando. Não abriu os olhos. Tinha ouvido esse som tantas vezes… Da mesma voz. Natalya. Amada irmã. Ele sussurrou seu nome enquanto suas vísceras se contraíam em apertados nós. Ele devia havê-la traído outra vez. Não recordava nada mais, graças a Deus. Essa era o pior das torturas que Xavier poderia lhe infligir, usá-lo para atacar a sua irmã, a sua filha ou tias. Ele sentiu que Ivory despertava como se ela, também, despertou-se pelo som desse pranto desesperado. Nada se parecia o suficiente a esse duro sofrimento com Ivory perto — nem a dor e nem o terrível conhecimento da traição de sua mente e corpo. Natalya era uma pessoa que o tinha amado toda a vida. Ela tinha acreditado nele apesar de todas as vezes em que Xavier a tinha enganado e a tinha usado através dele. Inclusive Xavier tinha usado seu corpo para tentar matar Natalya. Ele quase tinha matado seu corpo… E lhe tinha dado a boa vinda à morte. Não a traiu, Caçador de Dragões. Nunca. Nem no pensamento. Nem nos fatos. Xavier usou seu corpo porque a protegia. Ivory era a quietude. Ivory era a paz. Ivory tinha se convertido em seu mundo. Por que está chorando? Ele já não podia confiar no que lhe estava acontecendo, suas lembranças pareciam mesclar o passado e o presente até que seu mundo era nebuloso e vago. Sua prudência era Ivory. Por você. Pela tortura que sofreu por ela. Agora entende que nunca a traiu, que a salvou de Xavier. A voz de Ivory era uma suave carícia, orgulho e respeito por ele o envolveram. Ela tinha um modo de fazer que o mundo fosse correto quando nada na verdade tinha sentido. Ele não lutou contra a dor que o alagava. Ele simplesmente o aceitou, mas não queria que Natalya chorasse por nenhum motivo. Não chore por mim, sisar — irmã. Inclusive o intento de comunicar-se telepaticamente doía, embora estivesse acostumando-se a isto, ou estava o suficiente curado para aliviar o pior de seu sofrimento. Razvan? Realmente é você? Eles me dizem que vive, mas quando me estendo até você, é diferente. Sou seu irmão. Houve um silêncio. Um soluço. Natalya se obrigou a controlar-se. Ele me enganou, verdade? Xavier me enganou. Tentou me advertir, mas não ouvi você. Todos esses anos, e acreditei nele. Não foi você absolutamente. Era sua personalidade me manipulando assim seguiria criando feitiços para ele. Xavier é um inimigo ardiloso. Deveria havê-lo sabido. Deveria ter lutado por você como você lutou por mim. Como pude não havê-lo sabido? É meu gêmeo. Meu irmão. Como pôde me haver enganado?
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Não quis que soubesse. Teria tentado me resgatar e teria falhado, Natalya. Ele é um monstro. Enquanto estivesse viva no mundo e a salvo dele, tudo o que tivesse que sofrer valia à pena. Meu amor? Meu respeito? Minha fé em você? O mundo te marcou como um criminoso e eu acreditei. Esse era o preço? Sua segurança valia qualquer preço. Não lamento por um só instante me haver entregado em suas mãos para te manter a salvo dele. Era minha escolha. Uma a que me tenho obstinado por muitos anos. Não me tire isso com lamentos. Ele nunca tinha duvidado dessa decisão, inclusive nas horas mais irracionais de sua vida. Ele sabia o que seu avô tinha feito a ela, e o mantê-la fora do alcance das mãos do Xavier era uma coisa, a única coisa, que tinha conseguido fazer. E se ela — ou alguém mais — estava orgulhosa dele, ele estava orgulhoso de si mesmo. O espírito de Ivory se moveu contra o seu, envolveu-o, quase protetoramente, mas ela permaneceu silenciosa, sem interferir no intercâmbio entre irmã e irmão. Todos esses anos perdidos, Razvan, anos em que me necessitou. Ele forçou um sorriso em sua voz, conhecedor que ela saberia que era genuíno. Era difícil bloquear a dor em seu tom, mas o fez para protegê-la. Precisava de você livre de Xavier, e isso é o que consegui. Por um tempo fui parte mago e parte Cárpato, o pensar em você, meu amor por você, sustentou-me. Mais tarde, depois de que as tias me converteram completamente com a esperança de que pudesse ter uma possibilidade de escapar, o sangue Caçador de Dragões me ajudou em minha resolução de te proteger. Estava ali para mim soubesse ou não, irmã. Não chore. Não o lamente. Vive livre da forma como escolheu. Tenho um companheiro. Xavier tinha tentado assassinar seu companheiro. Conte-me sobre ele. Chama-se Vikirnoff e ele é um grande guerreiro. Se dará bem com ele. O que sabe de minha filha, Lara? Ele quase se afogou com seu nome. Uma pequena menina com enormes olhos, vendo o corpo em decomposição de sua mãe, encadeada a um pai demente que rasgava seu pequeno pulso para alimentar-se. Lara era uma pessoa a quem não estava seguro de voltar a ver o rosto. Protegeu-a como melhor pôde. Suportou a tortura e entregou parte de sua alma a Xavier a fim de salvá-la, recordou-lhe Ivory. Se ela o entender ou não. Se ela o fizer não será porque ela decide não conhecer um homem tão grande. Se ele pudesse ter abraçado fortemente Ivory, o teria feito. Nós dançaremos para curar a terra, de modo que possa te proporcionar melhor seus ricos minerais. Lara está nos ajudando. Lara, Syndil, Skyler e eu dançaremos e cantaremos o canto curador para você e sua companheira. É o único presente que temos para te dar. Não conheço Syndil e Skyler. São maravilhosas mulheres. Syndil está realmente conectada a terra. Quando ela anda com os pés descalços, as plantas brotam atrás dela. Ela pode tomar uma área em que um vampiro jazeu até extenuá-la e lhe devolver a saúde. Skyler é jovem; acaba de completar dezessete recentemente.
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Houve uma nota, uma vacilação na voz de sua irmã. Não lhe estava dizendo algo. Algo que ela não queria lhe dizer. Natalya, é melhor que me diga isso a me deixar com a incerteza. Poucas coisas o impressionavam, mas tinha o pressentimento que ela ia comunicar algo que não quereria ouvir. Ivory se moveu contra ele outra vez. Coração a coração. Alma a alma. Estou com você, Razvan. Nunca estará sozinho outra vez. A voz de Ivory era suficiente para que seu coração cantasse. O amor tinha estado perdido para ele há muito tempo. Ele não tinha acreditado poder sentir uma emoção tão potente por alguém, ainda assim o fazia. Nele. Profundamente. Como podia não amá-la quando lhe havia devolvido a prudência? Sua vida? Quando lhe encarnava a honra e integridade acreditava nele? Natalya respirou fundo. Acreditam que você também é o pai de Skyler. Há outra mulher também, a companheira de um dos irmãos Da Cruz. Colby. Ela vivia em um rancho da Califórnia antes de conhecer Rafael. Ele fechou sua mente a Natalya, mas não havia escapamento de Ivory, e a lembrança de uma menina em uma mina surgiu. Ele tinha tentado desesperadamente alcançá-la antes que eles tivessem conseguido sequestrá-la e devolvê-la a Xavier. Ele tinha derrubado a mica com o vampiro antes que Xavier tivesse controlado seu corpo outra vez. Sentia-se agradecido que a menina houvesse sobrevivido e prosperado… Mas e a outra? Skyler? E quantos mais? E pelo tom vacilante que Natalya tinha usado, a jovem Skyler não tinha ido bem. Está seguro que gerei estas moças? Sim. Seu coração outra vez perdeu o ritmo com o da terra e a dor o alagou. Razvan despertou pelo canto e soube que o tempo tinha passado. As vozes eram formosas, suaves e melodiosas, em cadência com a terra. Enquanto eles cantavam, a dor em seu corpo se aliviou grandemente como se a terra pudesse absorver melhor as terríveis feridas no corpo dele e as regenerar. Não é linda a canção? Perguntou Ivory. Sua voz era baixa, como se ela tivesse temor de interromper o tributo à Mãe Terra. Estas quatro mulheres possuem grandes dons. E todas estão relacionadas de algum modo com você? Irmã? Filhas? Sinto uma parte de você nelas, embora uma, a mais forte filha da Terra, é diferente e de algum modo como você. Razvan sentiu a melodia profundamente em seus ossos. A paz se deslizou outra vez sobre ele, o conhecimento de que não podia mudar o que o destino tinha decretado já. A aceitação — seu único recurso quando o mundo que o rodeava não tinha sentido. Natalya diz que a jovem é minha filha, mas a que se chama Syndil não sei. Ela é muito velha, até possivelmente mais velha que eu. Ela se sente como você. Essa mesma calma, paz consigo mesma apesar da confusão que a rodeia. Ela é... Houve um franzir na voz de Ivory quando ela tentou encaixar as peças do quebra-cabeça. A terra lhe dá a boa-vinda como me dá a boavinda. Como a uma filha. Uma verdadeira filha. Só existem umas poucas.
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Está relacionada com você, Ivory? Razvan podia sentir a força na mulher da qual Ivory estava falando. A terra se regozijava e lhe dava a boa-vinda. Havia alegria nas capas de terra embaixo dele, alegria na rocha sob a terra. Como é que sinto isto? Como é que estou tão conectado a terra? Através de você? A Mãe Terra te aceitou como seu filho. Ela virá em sua ajuda quando a necessitar. Ela te encontrou digno. Havia satisfação na voz de Ivory. Ele se sentiu humilhado de que a terra aceitasse seu corpo ferido e alma destroçada; não digno, mas estava agradecido. Meu corpo está sanando. A dança regenera o chão e a Mãe Terra verte minerais em nossos corpos acelerando nossa cura, verdade? Ele sentia fortemente essa conexão agora. Ele ouviu o pulsar da música e o retumbar dos pés, sentiu o padrão da dança enquanto elas vertiam amor e sanavam a terra em si mesma. Ele notou que todos estavam conectados, não afastados, e pela primeira vez entendeu o conceito do príncipe e por que ele era tão importante para a raça Cárpata. Ele os unia do modo como a terra o fazia. Mikhail era o próprio sangue da raça. Por isso Xavier deseja sua morte. Ao matar o príncipe literalmente estaria matando a raça. Temos que detê-lo, Ivory. Como é que o façamos, devemos deter o Xavier. Não podemos nos distrair em perseguir vampiros ou algo mais; Xavier tem que ser detido. A mente de Ivory se deslizou na dele, refletindo o exato conhecimento, concordando com ele. Só importava que seus corpos sanassem tão rápido quanto fosse possível e logo encontrassem um modo de extirpar a ameaça de Xavier no mundo. O tempo passou. Isto acontecia frequentemente na cerimônia de cura da terra, cada vez que se invocava a renovação do chão, trabalhando para reparar as feridas mortais. E Gregori vinha a eles cada noite. Frequentemente protestavam, sabendo que estavam tomando sua força e sangue, inclusive sua energia curadora, mas ele estava decidido a obter seu objetivo, e nada que eles dissessem poderia detê-lo. Razvan chegou a se dar bem e respeitar ao macho. Era obstinado, tenaz, decidido em curá-los logo que fosse possível. Ivory tinha sido relutante a tomar seu sangue em um início, uma reação natural quando o instinto de auto-conservação tinha sido seu atalho durante centenas de anos, mas a necessidade a obrigou a tomar aquilo que lhe oferecia. Gregori e Nicolas Da Cruz eram dois Cárpatos que vinham diariamente atendê-los. Com frequência o príncipe vinha e dava seu sangue, a riqueza e qualidades curativas como as de nenhum outro. Nicolas tinha chorado quando soube que Ivory estava viva e Razvan sentiu mescla de alegria e pena explodindo através dela. Ela nunca tinha acreditado que veria outra vez os irmãos Da Cruz, eram família para ela, adorava os irmãos quase tanto como havia feito com seus verdadeiros irmãos, apesar de que eles não puderam impedir a conversão dos irmãos Malinov. Era Razvan quem se mantinha perto Ivory, rodeando-a com seu calor, combinando sua mente e coração com a dela para impedir que chorasse sem controle, sendo seu suporte enquanto ela renovava sua relação com Nicolas, companheiro de sua filha Lara. Era Nicolas quem alimentava seus lobos para ela e se assegurava que estivessem bem cuidados. A maior parte do tempo os lobos se aconchegavam junto a
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eles, sobre o chão, dormindo por semanas, só despertando para alimentarem-se quando Nicolas chegava, e logo dormindo outra vez. Razvan reconheceu o rosto de Nicolas pelo mural meticulosamente esculpido por Ivory. Cada golpe tinha sido esculpido com carinhoso cuidado, e ele sentia o mesmo profundo amor em Ivory cada vez que Nicolas lhe falava. A voz desse homem era suave, gentil, quase como se ela ainda fosse a garotinha de uns séculos antes. Parecia que não era capaz de reconhecer o guerreiro feroz nela, só seu lado suave, como se ele estivesse cego a quem era ela por seu amor à menina de tanto tempo atrás. A algum nível, ele percebeu que era a ignorância de Nicolas sobre quem era Ivory que resguardava Razvan da terrível possessividade que um companheiro sentiria quando outros machos estavam perto de sua mulher. Ivory amava Nicolas com o amor de uma irmã, mas era Razvan quem a conhecia intimamente, a sua mente intrigante e o maravilhoso e inteligente cérebro que funcionava rápida e efetivamente ante qualquer problema. Razvan passava muito tempo em sua mente, aproximando-se ao que ela sabia de vampiros e aprendendo como lutar melhor contra eles. Ela era fonte rica de informação, e tanto como Nicolas a amava, este nunca seria capaz de ver seu verdadeiro valor. Ele me vê do modo em que você vê Natalya. Ela é um guerreiro e ainda assim você só quer protegê-la e mantê-la a salvo. Havia diversão na voz de Ivory. Sua voz parecia uma aveludada carícia sobre sua pele. Possivelmente as irmãzinhas nunca deveriam crescer, mas sim simplesmente ficar jovens para seus irmãos. Ele igualou seu tom zombador. Cresci. Sou uma mulher. Sua diversão se desvaneceu para ser substituída por algo totalmente diferente. Quando deixarmos este lugar da comodidade e cura — e logo que nos incorporemos ao mundo real com suas privações e crueldade… Perderemos nossa proximidade. Havia verdadeira pena em sua voz. O pensamento de voltar para sua existência solitária depois de entrelaçar sua mente tão profundamente com a dele era inquietante para ela. Hän ku vigyáz o sielamet — guardiã de minha alma, também é, — hän ku kuulua o sívamet — guardiã de meu coração. Estamos atados, companheiros por toda a eternidade. Quando nos elevarmos, prontos para lutar contra nosso inimigo, elevaremo-nos como companheiros. Perguntei a você se isso era o que desejava e sua resposta foi clara para mim. Não nos separaremos. Confrontaremos juntos o futuro, com tudo o que ele nos trouxer. Ivory suspirou brandamente. Estou preparada para fazer isto. Só quis dizer... Ela se acalmou e ele sentiu que ela procurava as palavras corretas para expressar-se independentemente de sua preocupação. Quando ela permaneceu silenciosa por tanto tempo, ele alcançou sua mente, seu toque foi tão suave como a carícia de um amante. Outra vez a levou a outro reino, sua mente na dela, afastando-a da dor e do que ambos sabiam que teriam que enfrentar quando se elevassem. Sua mão se deslizou na dela e caminhou com ela, lado a lado, seu corpo roçava contra o seu, entrando na noite, levando-a a seu jardim, o único lugar com o que estava familiarizado, um lugar que amava e podia compartilhar. As flores caíam em cascata pela rocha encostada e cobriam o parreiral de branco. As fragrâncias se mesclavam, elevando-se sobre os labirintos de sebes e
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arbustos. As árvores formavam pequenos arvoredos de laranjeiras e limoeiros com largas folhas perenes nas esquinas do jardim rodeado por um muro de pedra. Os salgueiros chorões estavam de pé na beira da lagoa verde azulada, enquanto uns patos nadavam prazerosamente, molhando as cabeças sob a ondulante superfície e elevando-a para sacudir a água de suas plumas. Ivory observou os arredores. — Cresceu aqui? Ele levou os seios dela para seu peito, sobre seu coração. — Este foi o lar da família de minha mãe. Vivemos aqui por um tempo depois que ela morreu. E logo meu pai desapareceu e Xavier nos levou. Mas aqui é onde permanecemos juntos e felizes. — É lindo. — Estava acostumado a acreditar que era o lugar mais lindo do mundo, mas acredito que você conseguiu criar isso em sua casa. — Razvan percorreu com o olhar os arredores e inalou o aroma de lavanda em seus pulmões. — Nosso lar. — corrigiu Ivory — É nosso lar agora. Ele sentiu instantaneamente a reação em seu coração ante suas palavras. Lar. A que se pareceria, para sentir que tinha um lar e uma mulher para compartilhar sua vida com ela? Tinham um objetivo para viver, para sofrer os fogos do inferno: liberar o mundo de seu maior mau… Xavier. Por um breve tempo ele simplesmente poderia estar com Ivory, desfrutar de caminhar com ela por um lindo jardim. Ivory fixou o olhar em sua direção e logo rapidamente afastou a visão, seus longos cílios escondiam sua expressão. Razvan se deteve para afastar a extensa caída de sedoso cabelo de seu rosto e colocá-lo sobre seu ombro. — Esconde-se de mim. A cor apareceu em suas bochechas, transformando sua pálida pele em um suave rosa. — Talvez. Um pouco. — Não tinha nem idéia que fosse um pouco tímida. É uma guerreira tão feroz e totalmente confidente, que acreditava que estaria à vontade em todas as coisas. Ela deu de ombros. — Tenho pouca experiência com homens, e isso foi há muito tempo e não foi bom. Ele sorriu, um sorriso lento, que fez que seu coração parasse quando revelou seus retos dentes brancos, e de repente ele parecia um pouco tímido também. — Meu corpo tem uma quantidade enorme de experiência, mas não meu coração… Nem eu. Sinceramente, pareço um rapaz em seu primeiro encontro. Ela levantou o queixo. — É meu primeiro encontro. Ele a estudou atentamente, seus escuros olhos foram à deriva a deliciosa estrutura do rosto dela. Seu olhar se deteve nos lábios cheios. — Então devemos fazê-lo memorável. — ele não podia conceber a idéia de esquecer este momento, este tempo com ela, rodeado pelas lembranças de seu jardim e tão próximo a ela que podia respirar seu mesmo fôlego.
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Ela levantou uma mão para a face dele, cansada e carrancuda, como se ainda não pudesse mudar esse olhar, nem em seus sonhos nem em suas lembranças. Ele tinha esquecido como se via seu rosto em sua juventude, esquecido como ser um jovem despreocupado. Só podia lhe dar o que ele era agora, e esperar que fosse suficiente para ela. — Sempre será suficiente para mim. — sussurrou ela, querendo dizer isso — Faz muito que tinha deixado de sonhar com meu príncipe. — E como era ele? Ela sorriu, seus olhos ardiam. — Alto, é obvio, com um negro cabelo comprido, solto e amplos ombros. Ele era um grande guerreiro e me resgatava da torre onde meus irmãos tinham me encarcerado. Ele desejava que eu montasse junto a ele em seu resfolegante e empinado corcel, um robusto animal que respirava fumaça por suas fossas nasais e entrava impaciente precipitando-se na batalha. — ela riu brandamente dos sonhos de uma moça jovem. Razvan fez uma careta. — Sou alto, mas meu cabelo está frisado de branco, e não posso dizer que seja um guerreiro consumado. Mas com segurança te resgataria e a levaria para montar junto a mim aonde quer que fôssemos, inclusive na batalha. Seus dedos se dirigiram a uma grossa mecha branca particular no cabelo dele. Ela esfregou os sedosos fios entre seu polegar e indicador de um lado a outro. — Um guerreiro não é alguém que simplesmente briga, Razvan. Você tem o coração de um guerreiro e a alma de um poeta. Acho você fascinante. — ela deixou cair seu olhar — E tentador. Em um momento seu fôlego se entupiu em seus pulmões. Tentador? Ele a tentava? Havia rastros do mal dentro do corpo dele. Nada se interpunha entre eles e lhe confessava que se sentia tentada por ele? A severa honestidade de Ivory o comovia como nada mais poderia. Sua palma se curvou ao redor da nuca de seu pescoço, atraindo-a mais perto dele. Ele podia sentir o calor de seu fôlego em seu rosto, podia ver — não só sentir — a suavidade de sua pele. Ele tinha mais disciplina que qualquer homem que caminhasse sobre a face da terra, não podia parar de inclinar sua cabeça até ficar a poucos centímetros e fechar a distância entre eles. Seus lábios roçaram os dela. Mal tocando-os. Leves como uma pluma. Seu corpo reagiu, apertando com força, esticando-se, cada músculo, cada célula cobrou vida, prestando atenção a menor das sensações. Ivory não se afastou. Estavam de pé no meio de seu jardim, rodeados por flores que caíam em cascatas de todas as cores, as aves, as mariposas e as abelhas revoavam de uma flor a outra, era um lugar de absoluta serenidade, e parecia que o tempo se deteve só para eles. Suas mãos lhe emolduraram o rosto e lhe inclinou a cabeça assim sua boca poderia pousar-se sobre a dela outra vez. Ela suspirou em seu beijo, seu corpo de alguma forma estava mais próximo. Ele não sabia se foi ele que se moveu ou era ela, ou possivelmente era a terra que mudava sob seus pés, mas sua boca foi de quente a ardente e logo à incineração em um só instante.
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A sensação abriu todo um mundo novo, um de prazer, de intensa sensação. Onde sua vida tinha sido dor e sofrimento, a boca dela, suave, quente e excitante, inundava-o em um prazer imensurável. Não só era uma sensação física, sua mente estava combinada profundamente na dela, alimentando-se de seu prazer, aumentando-o como ela aumentava o seu. Seu coração estava totalmente comprometido, quase afligido pelos sentimentos que se tornaram mais e mais fortes a partir do momento em que ele tinha aberto pela primeira vez os olhos e viu seu rosto, do primeiro toque de seus suaves dedos enquanto lhe retirava o cabelo. Sua língua varreu através da união de seus lábios, não tentativamente, mas sem empurrá-la além do que ela queria dar. Suas mãos eram gentis, em contraste com a dura agressão de seu corpo. A boca dela se abriu a ele e ele se introduziu nessa suave e fervente caverna de calor e fogo. As chamas lamberam no ventre de Razvan. Sua virilha se esticou cada vez, inchando-se e endurecendo-se, contra seu ventre em um inferno desatado. Ele tomou seu tempo, tão gentil como nunca antes, saboreando a reação de seu corpo enquanto explorava a suave boca, degustando sua reação ante o pequeno gemido entrecortado que quase o leva a loucura, o pequeno movimento que pressionava seus suaves seios contra seu peito e alinhava a curva de seus quadris com os dele. Pequenas faíscas se acenderam por toda parte e parecia que o mundo girava inclusive mais rápido. Suas mãos se inundaram nessa sedosa cascata de cabelo que caía por suas costas. Cada nova exploração de sua pele e corpo acrescentava seu crescente prazer, intensificando-o ainda mais. É a mulher mais incrível que já nasceu. Ele desejava dizer isso. Deixou-lhe ver a verdade de sua declaração em sua mente, em seu coração. Ele nunca tinha imaginado sentir semelhantes sentimentos, nem a força dessa emoção nem a intensidade de sua reação física a ela. Seu corpo tinha sido usado por Xavier, sim, mas ele não tinha estado presente, só havia testemunhando a degradação distantemente. Ele nunca tinha experimentado o prazer da conexão, só a aflição e a pena quando ele podia recordar as emoções. E agora tinha emoções em abundância, sentia repugnância e vergonha em suas lembranças, junto com pena e tristeza. Ele não tinha esperado… Isto — a maravilha e a beleza do amor florescia ali mesmo em seu jardim junto com suas flores. Se tivesse estado no mundo real ele poderia ter zombado da poesia que cantava em sua alma, mas aqui, em seu sonho, em suas lembranças, as palavras eram perfeitas, concordavam com a forma como se sentia. Seu corpo se estremeceu contra o dele, e suas mãos se elevaram para capturar as dele. Ele sentiu a repentina dúvida nela, a urgência de aproximá-lo mais e afastá-lo ao mesmo tempo. Ela não estava tão acostumada a confiar, a compartilhar parte de si mesma como ele. A necessidade se fechou de repente sobre eles como o cruel golpear de punhos, esmagando-a. Importava pouco que seu toque fosse gentil, o desejo queimava ardente e inesperado, uma tormenta de fogo fora de controle. Ela retrocedeu, sacudindo a cabeça, seus dedos se pressionavam contra sua boca tremente e seus escuros olhos ardiam com calor. Parecia confusa e um pouco impressionada, como se ela não tivesse esperado sentir nada além de prazer físico — nada tão intenso como o que tinha acontecido entre eles. Sempre o surpreendia que
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Ivory, tão segura de si mesma como uma guerreira, não se sentisse tão segura dela como mulher. Ele embalou cada lado de seu rosto e percorreu com a almofadinha de seus polegares a suave e deliciosa pele. Repentinamente tudo nele se aquietou. — Ivory, olhe sua pele. As linhas que sulcavam seu corpo, dentadas e grossas, agora eram brancas e lisas. Ainda estavam ali, separando seu corpo em costuras, mas sem a grossura que as tinha caracterizado. As linhas brancas atravessavam seu corpo como um quebracabeça, perene, mas agora eram lisas e suaves, uma parte de sua pele, em vez de formar parte da malha cicatrizada. Ivory tocou uma das linhas que percorriam a cúpula de seus seios. — É a combinação do curador, o sangue Cárpato e o chão. Assombroso. Acreditava que essas horríveis cicatrizes estariam aí para sempre. — Não eram horríveis. — ele dobrou a cabeça e roçou com os lábios uma branca e lisa linha que segmentava seu corpo. O útero de Ivory se contraiu e se umedeceu. O toque do cabelo de Razvan contra sua pele se parecia como o pecado. Como ele podia mover-se da forma como o fazia? Adentrando-se tão lentamente em seu coração que ela se sentia desfalecer quando ele estava perto? Ela tinha tomado muitos cuidados para deixar que ninguém lhe importasse. Nada podia importar, exceto destruir Xavier. Esse era seu objetivo. Seu único objetivo. Ela sentiu como seus dedos percorriam a grossa caída de luxurioso cabelo frisado. Tão escuro como a cor de seus agudos olhos cobalto, tão brancos sobre o rosto carrancudo, o fazendo parecer mais velho e muito mais distinto que a maioria dos machos Cárpatos. Ela segurou fortemente o cabelo em seu punho enquanto seu olhar ia à deriva caprichosamente sobre sua face. Razvan era tão sereno. Profundamente em seu interior onde deveria haver raiva pelas atrocidades cometidas contra ele, ela só encontrava paz e aceitação. Sua vontade era a mais forte que ela tinha encontrado alguma vez em séculos de batalha, ainda assim ele não sentia nenhuma compulsão de forçar a de outros. Ele estava ali a olhando como se ela fosse a lua, uma deusa, linda além de toda comparação, seu olhar era faminto, seu corpo urgentemente exigia o seu, mas ainda assim não a empurrava além do que ela desejava ir. Não havia ego. Nenhum sentido de exigência nele, simplesmente uma força tranquila, uma rocha que ela achava assombrosamente pacífica e atrativa. Existia apenas um centímetro entre eles agora. Se ela ou ele foi quem se moveu, ela não poderia dizê-lo, mas parecia necessário prová-lo outra vez. Ela ansiava sentir o calor, o varrido de sua língua deslizando-se contra a sua, o fogo que ardia no momento em que eles estavam juntos. Seu coração simplesmente se derreteu e seu estômago revoava. Ela sabia que estava jogando com fogo, mas justo então, nesse preciso momento com o cabelo dele escovando de modo sedutor sua pele, e o contato de seu corpo duro e quente, somada a sua alma tão pacífica, essa combinação fez que seu medo se desvanecesse em um frenesi de necessidade. Ela elevou a boca e o beijou. Por um momento deslumbrante, pareceu que o mundo ardia em chamas, levando-os longe em um vórtice fora de controle, queimando-se juntos, quente e selvagem, bocas fundidas, mentes fundidas em uma,
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corações que pulsavam ao mesmo ritmo. Ela não tinha sido consciente de quão só e triste tinha estado até que sua boca se moveu com a dela — até que sua mente se moveu na sua. Ela não tinha sabido que seu corpo podia sentir-se tão vivo até que ela sentiu os dedos dele tocá-la reverentemente, explorando como se fosse imperativo memorizar cada pequena polegada de seu corpo. Ela não tinha sabido que pudesse estar tão assustada de perder a alguém outra vez. Ela se afastou dele, mas suas mãos a mantiveram perto, não deixando que escapasse muito longe. Incapaz de olhá-lo, Ivory pressionou a testa contra o peito de Razvan. — Não tinha idéia de que fosse uma covarde. Ele riu brandamente. — Está longe de ser uma covarde, hän ku vigyáz sielamet — a guardiã de minha alma. É uma mulher extraordinária. — seus lábios acariciaram a cúpula de seu cabelo, demorou-se ali um momento, antes de deixar cair o queixo no topo de sua cabeça e a acariciasse com o nariz. — Não posso imaginar que os machos Cárpatos sejam tão cuidadosos com os sentimentos de suas companheiras como você com os meus. Ele a agarrou pelo queixo e levantou seu rosto para ele. — Não somos como os outros. Nunca o seremos. Fazemos nossas próprias regras e vivemos por elas. Nosso mundo é diferente, Ivory. Nunca acredite menos em você porque toma cuidado com suas emoções. É uma guerreira com uma missão, uma tarefa transcendental que poucos tentariam empreender. Nunca se venda barato de qualquer modo. Sinto-me orgulhoso de você e do fato que fui eleito para ser seu companheiro. É uma honra sem igual. Ele queria dizer isso, ela sabia. Estava em sua mente e ele queria dizer cada palavra. Ele a fazia se sentir especial. Era um sentimento raro depois de ser afastada pelo povo Cárpato, depois da traição de seus irmãos quando eles decidiram unir-se às filas dos não mortos e aliarem-se eles mesmos com Xavier por poder. Era estranho sentir a intensidade das emoções de Razvan por ela: seu orgulho, a honra que ele sentiu, a absoluta e inquebrável lealdade para ela. Era um homem desinteressado, insensível aos que outros pensavam dele, mas ferozmente orgulhoso dela. Seu coração saltou nervosamente pelo que pareceu uma eternidade, um lento tombo, e ela soube que estava perdida. — Tenho mais medo do que acontece conosco do que enfrentar ao mestre vampiro. Um mestre vampiro que uma vez tinha sido, faz muito, seu muito amado irmão. Razvan curvou os dedos ao redor da nuca dela e a segurou perto dele, oferecendo consolo quando ela não o tinha pedido. Ela nunca o pediria. — Sepultei-os faz muito. — sussurrou ela, pousando a cabeça contra seu peito e permitindo que a força de seus braços a sustentasse. Ali, nesse jardim de sonho, sem ninguém nos arredores, ela poderia mostrar debilidade, só por um momento, porque sabia que Razvan a aceitava tal como era — Levo suas almas na minha, com a esperança que quando for para a seguinte vida, o que tenha feito contasse para eles, e lhes desse uma segunda oportunidade. Se tomarem ou não seria assunto deles. Tinhame conciliado completamente com sua perda, mas... — ela se acalmou.
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Não havia palavras para expressar a esmagante pena e a dilaceradora sensação de traição quando seu irmão tinha usado a ilusão de seu anterior eu em um intento de matá-la. Ela sabia que a teria destruído tão facilmente como fez com o agricultor e sua família, Travis e Razvan. Ela não tinha estado para nada preparada para aquela terrível dor, para a angústia que sentiu ao vê-lo outra vez. — Acredito que é normal sentir-se dessa forma. Estava preparado para que minha irmã me aborrecesse, e na verdade estava preparado para que minha irmã biológica me detestasse, mas isso não significava que não me doesse. — aproximou-a para ele, rodeando-a com seu calor — Tem um coração amante, Ivory. Cuida-o bem, mas aqueles aos que permite entrar em sua vida estão ali permanentemente, sem importar o que acontecer. Ouvi o amor de sua voz e o senti na mente cada noite quando Nicolas vem para nos dar sangue. É o amor de uma irmã embora tenham passado séculos desde que o viu, e ele tenha muitas coisas inquietantes em sua vida. — Mas ele é um homem tão maravilhoso. Está tão apaixonado por Lara, seu filha. —indicou Ivory — Poderia gostar dele só por isso. Ainda não a trouxe completamente a nosso mundo, embora ambos sofram por isso. Eles dão tanto à raça Cárpata, tentando salvar aos bebês. — Ela se fez sensível à luz. — concordou Razvan — E não pode ir à terra, mas pode viver muitos anos sem muitos problemas. — Ele está preocupado que possa engravidar nesse estado intermediário. Captou em sua mente exatamente o que ela pode fazer que nenhum outro pode? — É em parte maga, e precisam de um mago para caçar os microorganismos que invadem os corpos das mulheres. Os microorganismos matam a maior parte dos bebês. Ivory franziu o cenho e se afastou dele com um empurrão. Ela percorreu com o olhar o exuberante jardim com sua abundância de arbustos e flores. Lírios aquáticos jaziam prazerosamente ao longo do leito de um rio, colorindo as rochas de cintilantes ouros e pratas. As águas de uma cascata ziguezagueavam ao longo da alta rocha que conformava uma parede do jardim. A água brilhava em uma gota larga. As mariposas revoavam e as aves cantavam inclusive sob o brilho da lua no alto. Era um mundo de sonho. Eles podiam estar de pé juntos, tão perto como o estavam, e ela podia sentir a primeira sensação de seu florescente amor, o feroz puxão físico entre eles, mas inclusive ali, o mundo real se infiltrava sigilosamente. Inclusive ali a serpente que era Xavier entrava sigilosamente. — Ele não pode nos alcançar aqui. — disse Razvan — Ele já não tem minha mente. — Mas pode. Ele colore o mundo com o mal, Caçador de Dragões. O mal é uma pequena palavra, mas ele o encarna. Não há nenhum monstro no mundo que o iguale. Salvou a Lara dele... — Minhas tias salvaram Lara. Inclusive quando elas tiveram uma oportunidade de escapar, Xavier usou meu corpo para inundar uma faca no peito de Branislava. Estavam tão fracas já, mantidas sem sangue para alimentar sua necessidade insaciável. — Como você. Razvan não respondeu, só seguiu seus passos quando ela se dirigiu à entrada do labirinto. Ela tomou sua mão outra vez e o atraiu dentro do labirinto de altos arbustos.
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— Lara ainda é manipulada por Xavier. Ela não pode ser totalmente convertida até que ele seja destruído. — Ivory suspirou — Devemos encontrar um modo de libertar ao mundo de semelhante mau. — É a opção de Lara permanecer nesse estado entre maga e Cárpata. Seu companheiro a protegerá, como eu o faria. Isso é a liberdade, Ivory, a verdadeira liberdade, e por sorte seu companheiro entende que ela necessita isto sobre todo o resto. Ele deve confiar nela o suficiente para saber que quando acreditar que o tempo se acabou para sua segurança, ou saúde, o escutará e permitirá que ele a converta, e a traga totalmente ao mundo Cárpato. Ele não permitirá que ela se exija muito, nem nenhum dos outros Cárpatos quereria que ela o fizesse. — indicou Razvan — Ivory. — ele se deteve outra vez, permanecendo em frente a ela e levando a mão dela para a boca. Muito brandamente ele esfregou seu polegar de um lado a outro sobre os nódulos dela, nódulos que tinham visto muitas lutas e veriam muitas mais. — Aceitamos que caçaremos Xavier. E não nos deteremos até destruí-lo. Mas viveremos enquanto dure esta viagem. Cada noite nos elevaremos, viveremos. Cada minuto. Cada momento. Celebraremos nossas vidas e desfrutaremos de nossa viagem, para o bem ou para o mau. Ele não pode nos ter. Ele não pode ter aqueles que amamos. — ele levou os nódulos dela até sua boca e formou redemoinhos com a língua sobre as cicatrizes ali — Entende o que quero te dizer? Ivory inalou. Ela sentiu que caía para frente dentro das mesmas profundidades de seus olhos, uma coisa que um guerreiro não devia fazer, mas nesse momento não lhe importou. Um sorriso lento esquentou seus olhos em ouro líquido. Razvan acabava de lhe dar a chave à forma em que ele tinha sobrevivido. Ele nunca permitiria que Xavier se apoderasse realmente dele. Independentemente da direção que sua viagem tinha tomado, ele tinha aceitado as consequências e estava em paz com suas decisões, não importa quão difíceis estas tenham sido. Ela afastou a grossa e sedosa juba de cabelo frisado, e logo permitiu que seus dedos riscassem as linhas de cansaço no rosto dele. Sua garganta se fechou em um apertão inesperado. — Deseja a paz, Razvan? Deveria ter deixado que entrasse na seguinte vida? — o apertão ameaçava afogando-a. Às vezes ele parecia tão cansado, seus olhos velhos, sua mente cheia de muitas lembranças — nenhuma delas boa. — Eu não teria desejado evitar estar contigo neste mundo. Possivelmente passei esses longos anos com o Xavier para obter este objetivo, Ivory. Como sabemos o que devemos fazer? Tive anos para aprender seus costumes e agora cada prova importa. Não esqueci. Nunca. O que precisa está armazenado em minha cabeça. E absorverei rapidamente toda sua experiência em batalha. Formaremos um casal como o mundo nunca viu. Ele se inclinou para frente e a beijou outra vez, um beijo lento, que fez que seu coração se detivesse lhe roubando a força de tal forma que ela se agarrou a ele, afetada pela intensidade de suas emoções. Quando ele levantou a cabeça, seus olhos ardiam por amor. Ela o viu, duro e impávido, uma emoção crua que ele não se incomodou em lhe esconder e isto a fez sentir-se envergonhada de seu próprio medo. — Formaremos um casal como o mundo nunca viu. — concordou ela.
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Capítulo 12 Razvan e Ivory emergiram juntos do chão, saindo dos braços da terra após semanas de cura sob o chão. A sensação de respirar ar outra vez era estranha depois de tanto tempo compartilhando a terra e suas propriedades curadoras. A lua era uma bola redonda e prateada no céu espaçoso, brilhando brandamente e projetando luz sobre o terreno coberto de neve. Ivory, cautelosa como sempre, esquadrinhou os arredores em busca de algum sinal de perigo. Razvan seguiu seu exemplo, deleitando-se em seu crescente conhecimento Cárpato. Estendeu-se até que fez um círculo completo, utilizando todos os seus sentidos para reunir a informação. Deu-se conta que via e sentia diferente. Inclusive que processava de diferente maneira. Antes, como um completo Cárpato, tinha estado assombrado ante a avalanche de informação que lhe chegava, mas agora era inclusive mais intensa. Era como se a terra lhe falasse, sussurrando seus segredos, e lhe descobrisse os menores detalhes compartilhando-os com ele. De algum jeito tinha mudado, sob a terra. O chão compartilhava algo inominável com ele, permitindo que as árvores e plantas, a mesma terra vertesse uma abundância de conhecimento nele. Girou a cabeça para olhar a sua companheira de vida. Usava a familiar vestimenta de luta, o colete de dupla abotoadura e as calças que moldavam as longas pernas. Seu cabelo em uma longa e espessa trança que assinalava formalidade. Adorava observar seus movimentos, o fluir dos músculos e as suaves curvas. — O que? — sorriu-lhe ela com genuína calidez. Havia felicidade em seus olhos, e um brilho de satisfação, que ele sabia havia trazido para sua vida. — É preciosa. — inclinou a cabeça e deu uma indecisa lambida ao longo de seu braço recentemente curado, onde as linhas brancas claramente se correspondiam com as dela — Aposto que se te provasse neste preciso instante, teria sabor de sal e pecado. — havia uma alta concentração de minerais em sua pele, e podia distinguir a complexa fórmula mineral que tinha sido utilizada para curar a ambos. Tinha sido revitalizado, com rastros de minerais fluindo por seu sangue, e todos os elementos apressando a seu corpo para lhe permitir ressurgir completamente outra vez. — Quero ver suas feridas. Seu olhar se girou rapidamente para o rosto dele. — Não entendo. — Sei que o vampiro a feriu, Ivory, e cuidou de mim em vez de curar suas próprias feridas. Preciso ver o que deixou o dano. — Em realidade, arranhões. Nada. Elevou a sobrancelha. — Lembro que ele colocou uma flecha no peito diretamente sobre seu coração. — enquanto falava um olhar de dor cruzou seu rosto — Quando tirou a mão de seu peito estava quase quebrada. — Razvan engoliu fortemente, as escuras sobrancelhas se uniram em um cenho — Tirou a flecha do seu corpo, retorcendo-a para te fazer muito mais dano, e a cravou dois centímetros mais, aprofundando-a. Era enormemente forte e te deu um murro no peito, diretamente no coração, com uma força tremenda. Ouvi como o esterno se quebrava. Fez-o? Ela nem sequer o recordava. Recordava que Razvan tinha ido a sua ajuda
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apesar de sua condição, enviando um impacto feroz nas costas de Sergey, que o empurrou sobre o punho dela assim pôde conseguir o enegrecido coração. Quando Sergey tinha atacado, ao derrubar a casa e formar lanças que voavam para ela de todas as partes, Razvan utilizou sua força para criar uma barreira ao redor de Ivory, sofrendo o pior das lanças de madeira em seu próprio corpo. — Quebrou seu pulso. Como se tinha dado conta quando ele estava tão horrivelmente mutilado? Ivory negou com a cabeça, incapaz de falar, não quando seu olhar se movia sobre seu corpo com meditado encanto, tocando-a em lugares íntimos, secretos e femininos. Tinha que deixar de enumerar a lista de lesões, tão pálida em comparação com a sua. Sua voz era tão suave, que não podia tirá-la da cabeça. A maneira em que olhava seu corpo quando falava, como se suas lesões fossem tudo o que lhe importava, que sanassem, o fato de que o vampiro a tivesse machucado. Quando tocava sua mente, não sentia nada exceto sua necessidade de assegurar-se, de ver por si mesmo, que estava totalmente curada. — A Mãe Terra e o curador me ajudaram, e vários Cárpatos incluído o príncipe nos deram sangue para agilizar o processo. Estou bem. — Não obstante. Havia um tom em sua voz que a fascinava, encantava e a repelia, tudo de uma vez. Não estava segura de como reagir a sua exigência e isso a confundia. — O que quer que faça? Estendeu as mãos para as dela. — Deixe-me ver. Umedeceu-se os lábios, sentindo-se um pouco tremente, nesse terreno pouco familiar, mas lhe estendeu a mão assim ele podia ver apenas as perceptíveis linhas onde a terra tinha sanado as lacerações e soldado o osso. Não estava preparada para sentir os suaves dedos acariciando sua pele. Sentir seu toque até o muito mesmo centro, e logo lhe parou o coração quando sua boca passou sobre cada uma das imperceptíveis linhas brancas e sua língua formou redemoinhos, acariciando um prazer de veludo sobre sua pele. — Seu sabor é como o sal e o pecado. — lhe disse, e sua voz se enrouqueceu pela fome. Ela afastou o braço. — Está satisfeito? Negou com a cabeça, o olhar cravado no dela. — Abre o colete. O fôlego, na realidade, ficou obstruído nos pulmões, queimando-se ali, puro e quente. Seu útero se oprimiu e convulsionou, enviando ondas de urgente necessidade irradiando por todo seu corpo. A petição não era sexual. Seu corpo não tinha que ficar úmido e quente com chamas lambendo sua pele, transformando seu sangue em um rio de lava que se espessava nas veias. Simplesmente seria racional com isto, um guerreiro tranquilizando a outro. Suas mãos foram para os fechamentos prateados. — Deixe-me. Tinha a voz rouca, talvez inclusive tremesse um pouco, mas a fez debilitar-se. Tanto que obedeceu a ordem silenciosa quando suas mãos se aproximaram e cobriram as suas para deter os vacilantes dedos e com delicadeza os afastou. As pontas de seus
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dedos roçaram a plenitude dos seios, enviando ondas de consciência através de seu corpo. O olhar dele permanecia cravado no seu enquanto lentamente desabotoava o colete e permitia que seus seios cheios aparecessem. Só então ele baixou o olhar. Ouviu-o aspirar. Um agudo e sexy som que lhe enroscou os dedos dos pés. Sentiu como seu fôlego lhe tocava os seios, e os mamilos responderam endurecendo-se em dois apertados picos. Sentiu-se exposta, vulnerável, mas não podia mover-se, hipnotizada pelo olhar em seu rosto. Quando acariciou com a ponta dos dedos, leves como uma pluma, sobre as imperceptíveis linhas ao longo dos seios cheios e logo ainda mais abaixo. O polegar passou roçando ao longo do mamilo, provocando o passo de um raio do peito até o ventre e logo mais abaixo, de modo que suas coxas se contraíram e seu centro ficou mais quente, mais úmido. Razvan inclinou a cabeça para ela. Queria detê-lo. Pensou em dar um passo para trás, aterrorizada pelos sentimentos que lhe percorriam o corpo e de repente a terrível necessidade que emanava de nenhum lugar, ameaçando sua paz mental dificilmente ganha. Tinha-o escolhido, mas não tinha considerado que o físico e emocional puxando entre eles seria tão forte. Mal podia respirar quando a tocava, e não tinha nenhum controle sobre as reações de seu corpo para ele. Prendeu a respiração, esperando. Desejando. Primeiro ela tocou o cabelo de Razvan. Suaves mechas de seda branca e negra a roçaram de modo sedutor sobre a pele. Cada célula de seu corpo surgiu à vida. O fôlego lhe queimava nos pulmões. Os dedos se curvaram em punhos aos flancos enquanto lutava para não enterrá-los em seu cabelo e embalar a cabeça dele. Estava em sua mente, e sabia que esta inspeção era tão necessária para ele como respirar. E agora o era para ela. Ante o primeiro suave toque de sua boca, ela saltou, e apesar de toda sua boa intenção, encontrou-se com as mãos enterradas nessa sedosa cascata de cabelo. Tirou a língua para formar redemoinhos sobre cada linha e riscar um círculo, para tamborilar sobre o mamilo, enviando dardos de fogo apressando-se para o ventre e estendendose inclusive mais abaixo. O puxou, aproximando-o mais enquanto um fraco gemido lhe escapava. Deslizou a língua ao longo de cada linha, sua saliva curadora era um bálsamo para a profunda dor que ainda estava ali. Quando levantou a cabeça, seus olhos eram tão escuros que quase eram negros, eram tão azuis como a meia-noite e tão quentes pelo desejo que ela pensou que se derreteria. Tremiam-lhe as mãos e obrigou seus dedos a soltar os sedosos fios dos quais podia estar orgulhoso. Simplesmente permaneceu ali enquanto ele fechava lentamente o colete, prendendo os seios detrás da apertada pele. Ivory tomou um profundo fôlego, tremente, mas orgulhosa de si mesma por aguentar. — Está satisfeito? Os olhos do Razvan se iluminaram com diversão masculina e deliberadamente mudou de posição para acalmar o grosso vulto em suas calças. — Dificilmente, mas tenho que me assegurar de que tenha curado bem, e faremos isso por enquanto. A cor subiu por seu pescoço. Sacudiu a cabeça. — Está louco, mas no bom sentido. — girou o olhar para o rico chão negro, desesperada para encontrar algo que distraísse sua atenção — que distraísse sua
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atenção dela. Fez um gesto para a terra onde se podiam ver os rastros de excessivo sal, percorrendo-a como o ouro do rei, em profundas nervuras através do calcário mais escuro onde a manada de lobos ainda permanecia adormecida. — Está preparado para isto? Foram atendidos por outros, Virkinoff e Nicolas, algumas vezes Natalya, mas estarão famintos de nós. A alimentação forma parte do ritual de selar unida a manada. São como meus filhos. Razvan sabia que ela necessitava a distração para sentir o controle de novo. As emoções eram difíceis para ela. O coração lhe palpitava no peito e encontrou a si mesmo sorrindo. Feliz. Só por estar vivo. Só por estar com ela nesta fresca e fria noite, com a lua derramando a luz sobre seu cabelo negro azulado, emoldurando seu rosto de modo que parecia tão angélico quanto sexy. — Estou seguro que estarão felizes de sair da terra depois de todas estas semanas. — esteve de acordo — Vamos fazê-lo e reunir de novo a nossa família. Encontrou-se tão ansioso como ela para ver os lobos. Converteram-se em família para ele. Tinha passado tanto tempo na mente de Ivory que seu profundo afeto pelos membros da manada se transferiu também a ele. — No que se refere aos meninos, são um grupo bastante selvagem. Ivory riu com ele, compartilhando seu humor sobre a manada. Estendeu os braços e chamou baixinho a sua manada. — Despertem, irmãos e irmãs. Vamos correr livres esta noite. Venham comigo. Unam-se a mim. Enviou a Razvan outro rápido sorriso que conseguiu lhe aumentar a temperatura e lhe acelerou o batimento do coração. O chão ferveu como um gêiser e um a um os seis lobos saltaram livres, sacudindo suas esplêndidas pelagens prateadas e correndo para Ivory, quase a derrubaram. Agachou-se para o chão, rindo, rodeando-os com os braços quando a saudaram com mais entusiasmo que maneiras. Rajá e sua companheira, Ayame, giraram-se para Razvan que se agachou ao lado de Ivory, surpreso quando o macho grande subiu no seu peito e se esfregou com seu corpo ao de Razvan saudando-o. Deu-se conta então que a manada o tinha aceitado como família, assim como eles o tinham aceitado como o companheiro de Ivory. Percorreu-o a sorte. Uma família. Outro presente de Ivory. Afundou os dedos na espessa pelagem e se encetou em uma pequena briga, ignorando o desdobramento de dentes, sentindo o propósito risonho do lobo. Cada animal fez seu turno indo para ele e saudando-o, sendo recebido por ele e reafirmando sua posição na manada. Percebeu que gostava particularmente de Blaez, o segundo no comando. Estava tranquilamente crédulo e muito alerta ao perigo, deixando que Rajá o aconselhasse, protegendo a manada com uma ferocidade que disse a Razvan que teria tido sua própria manada se as circunstâncias tivessem sido diferentes. Ele sentia a mesma ferocidade protetora para Ivory e a manada, e havia uma sensação de familiaridade quando acariciou com a mão a espessa pelagem e lhe arranhou as vigilantes orelhas. A manada estava impaciente para comer, necessitando o vínculo, e esperou que Ivory tomasse a decisão de como queria alimentá-los. Alimente Rajá e Ayame e logo o farei eu. Depois Blaez e a sua companheira Gynger. Por último ao Farkas e a sua companheira, Rikki. Se começarmos desta maneira, aceitarão sua liderança com mais rapidez.
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O oferecimento de liderar a manada era outro grande presente. Sabia, depois de um século de estar liderados por Ivory, sempre a respeitariam e a seguiriam, e agora ela se fazia a um lado para obter que a manada seguisse também a liderança dele. Não é necessário. Não me importa a ordem atual. Posso terminar planejando nossas batalhas, mas você nos dirigirá. Protegerei você com tudo o que tenho. Olhou-o com olhos suaves. — Sim, me importa. Quero que eles o aceitem como eu. Seu estômago apertou em resposta, a virilha se engrossou. Mas foi seu coração o que estava em maior perigo. Embebeu-se dela enquanto oferecia o pulso a Rajá, a suntuosa beleza, nem tanto de seu corpo físico, mas sim a luz em sua alma que se dirigia sobre ele. O lobo alfa prateado olhou para Ivory e logo obedientemente trotou para Razvan e aceitou o primeiro alimento como se merecia. Razvan alimentou ao grande macho, mantendo todo o momento seu olhar cravado em Ivory. Durante muito tempo não teve ninguém em seu mundo, ninguém que lhe enviasse calidez, que o fizesse sorrir, que se preocupasse se vivia ou morria… E agora ali estava ela, sentada como uma princesa do bosque em meio de sua insólita manada de lobos, estando disposta a compartilhar sua vida com a sua, e ainda assim a ajudaria a destruir ao Xavier. Aproveitaria-o — ele aproveitaria qualquer razão, com tal de que o incluísse na família. — É tão essencial para mim como o ar que respiro ou o chão onde descanso. — queria que ela soubesse que a teria escolhido sem importar o que o destino lhes proporcionava. Queria que soubesse que por ela, os sacrifícios em sua vida haviam valido a pena. Ela lançou um olhar por debaixo das espessas pestanas. — É meu companheiro de vida, minha outra metade. Ele sorriu, negando-se a sentir o aguilhão ante seu aviso. Não tinha que se sentir da mesma maneira. — Isso não é o que estou dizendo. Não estou pedindo nada em troca, Ivory. Simplesmente sentia que era importante que soubesse como me sinto. Os alfas já tinham terminado de alimentar-se de Ivory e o segundo par ocupou seu lugar enquanto os menores se alimentavam de Razvan. Ele começava a ter um leve enjôo. Ivory não tinha brincado quando disse que despertariam famintos e quereriam vincular-se com o sangue ritual. Ivory agachou à cabeça e ele viu como curvava os dedos mais profundos na espessa pelagem de Gynger. A ponta de sua língua umedeceu o lábio inferior, atraindo sua atenção imediatamente. Havia-a posto nervosa outra vez, e isso elogiava ao guerreiro feroz ainda mais. Não estava cômoda no mais mínimo falando de sentimentos. Os lobos se pressionavam mais perto dela e revoavam ao redor de suas companheiras parecendo lhe oferecer o ímpeto necessário para lhe responder. Elevou o queixo e a contra gosto seus olhos se encontraram brevemente com os de Razvan antes que os longos cílios os velassem. — Confundiu o que queria dizer. Isso era tudo o que ia conseguir tirar dela, mas era bastante para ele. A lenta queimação que começou em seu ventre se mesclou com as labaredas de amor de seu coração, fazendo uma potente combinação. Saboreou o sentimento de desejá-la.
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Nunca pensou que sentiria isso por uma mulher. Detestava os crimes que seu corpo tinha cometido e nunca pensou em sentir a poderosa atração entre os companheiros de vida, entretanto cada momento em sua companhia fortalecia seus sentimentos por ela e as urgentes necessidades de seu corpo. Sabia, no mais profundo, que uma besta tinha sido despertada por esta mulher. Quão única podia deixar em liberdade essa parte dele. Quão única podia domar essa parte selvagem de sua natureza. Observou os dedos de Ivory movendo-se através da pelagem dos lobos e soube que desejava esses mesmos dedos acariciando sua pele. Tinha-a beijado no sonho compartilhado e a podia saborear em sua boca, em sua língua, enchendo seus sentidos com a selvagem chuva dela, o aroma e o sabor de uma nova tormenta limpando o bosque. Risonho, surpreso de estar vivo e com ela, procurou a mudança, deixou que tomasse, o maravilhoso rasgo de músculos e ossos, o esticamento dos tendões e nervos enquanto seu corpo se dobrava e mudava, enquanto sua pele ardia e logo lhe saía a pelagem, sua própria e suntuosa pelagem em negro e prata, as marcas distintivas. Seu focinho alargou, sua boca se encheu de dentes e a deliciosa sensação de liberdade. Suas patas eram largas e se moviam sobre a neve e o gelo com facilidade enquanto rodeava a sua companheira, empurrando-a brincalhonamente com o nariz. A manada instantaneamente empurrou contra ele, ansiosa para correr, as caudas elevadas e as agitando enquanto cheiravam Ivory, querendo que se apressasse. — Certo, certo, monstros. — consentiu, alegre. Através de seus olhos de lobo, Razvan observou como adotava a mudança, indo ao chão, o movimento grácil e formoso, e em um momento esteve de quatro patas, um polido, magnífico lobo com um manto prateado. Não houve confusão em seus olhos; brilhavam de uma clara cor âmbar quando o olhou, com a boca sorridente. Imediatamente a manada foi para ela como haviam feito com ele, agachando os corpos em submissão. Esfregou o corpo com o deles, aceitando sua comemoração, e logo a manada se tornou louca, saltando por toda parte brincalhonamente, atrapalhando-se, inclinando-se por volta de um e outro e logo saltando, derrubando-se na neve e levantando-se risonhos. Razvan sentiu as risadas de Ivory e então ela elevou a cabeça para a lua e uivou de pura euforia. Risonho, uniu-se a ela, acrescentando sua voz, reclamando o território, deixando que a manada cantasse sua alegre música. As notas selvagens soavam através das árvores, subindo para as estrelas e a lua e então se fez o silêncio quando Ivory levantou o nariz para farejar o vento. Começou a correr, passando como um raio através das árvores com a manada lhe pisando os calcanhares, e Razvan descobriu o puro regozijo de correr em manada. O corpo do lobo estava feito para correr, as magras membranas entre os dedos lhe permitiam correr brandamente e com facilidade sobre a neve. Porque o lobo caminhava sobre os dedos, averiguou que seu peso estava uniformemente distribuído, fazendo o corpo mais eficiente para correr. Razvan adorava sua nova forma, mostrando as maneiras em que seus músculos se esticavam e contraíam enquanto trotava, cobrindo extensas quantidades de terreno, saltando com facilidade sobre os troncos caídos. Correu todo o momento, e a manada deixou a evidência de seu caminho através das glândulas dos pés, marcando o rastro um do outro e advertindo a outros que se
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afastassem. Primeiro Ivory estabeleceu um ritmo rápido, correndo a todo gás, deixando que a manada sentisse seus corpos outra vez, o fluir dos músculos, a riqueza da informação, o som do bosque. Ele podia ouvir a água correndo sob o gelo, a maneira em que as folhas sussurravam nos ramos repletos de neve sobre suas cabeças enquanto o vento soprava o bastante forte para balançar os ramos. O aroma do coelho e da raposa era forte, assim como uma abundância de outras criaturas do bosque, todas tremendo em silêncio enquanto a manada cruzava seus territórios. Ivory virou bruscamente à esquerda, afastando-se do povo Cárpato para as cavernas e os lugares sagrados que os Cárpatos utilizavam em seus rituais. Não queria que sua manada se deparasse com algum dos lobos locais. Como uma norma que mantinha uma incômoda trégua entre sua manada e os outros com os que se encontrava, mas por enquanto estavam exercitando sua liberdade e mereciam sair ilesos através de qualquer território que escolhessem. Estava orgulhosa deles por seus papéis em salvar o fazendeiro e sua família; ao menos, esperava que a pequena estivesse ainda viva. Ninguém havia dito a ela nada a respeito, embora pudesse entender por quê. Tinham estado tão surpreendidos ante o volume de minerais e elementos da terra que tinham coberto a ela e a Razvan, em uma mescla fundamental de tudo o que necessitavam para revitalizar-se e reparar-se. A terra o havia feito muitos séculos atrás por ela, sem a ajuda curadora ou o sangue dos Cárpatos. Tinha sido uma luta encontrar suficiente sangue para manter-se com vida. Quase havia se tornado louca nesses longos anos, simplesmente existindo sem pensar em nada mais que em sobreviver e, nos anos de intervalo, tinha aceitado sua vida solitária. Agora, Razvan corria a seu lado, seus ombros ocasionalmente tocavam os seus, seu coração pulsava ao ritmo com o dela. Cada passo através da neve, serpenteando pelas árvores, atravessando um pequeno rio ainda sem gelar e evitando os bordos gelados era muito mais divertido. Tinha esquecido a diversão. E aqui estava. Mente com mente. Já não estaria sozinha e nunca o estaria outra vez. Uma vez que Razvan os tinha vinculado juntos, tinha misturado sua alma com a sua, seu corpo com o seu, a mente e o coração, até que fossem literalmente um em espírito. Tinha experimentado sua vida, assim como ela tinha experimentado a dele. Não havia nada que pudessem ocultar-se um do outro. Não sabia o que era pior, o dano psicológico que tinham infringido a Razvan ou a tortura. Quando suas tias lhe deram as costas, teve a certeza que para um varão Cárpato, o pior tinha sido ser utilizado para gerar crianças para o consumo de Xavier. E também trair a sua irmã, desesperado para lhe enviar avisos, só para ter Xavier corrompendo cada mensagem até que o bruxo quase a apanha. Enquanto corria, cruzando um campo coberto de branco, Ivory se aproximou dele, querendo experimentar sua primeira vez como lobo, querendo ser a única em lhe oferecer lembranças felizes que acalmassem o pior de suas experiências. Alargou o pescoço e o percorreu enquanto se movia, e ela o sentiu mover-se em sua mente, rodeando sua vontade com calidez. Estou tendo o momento de minha vida. Nunca tive tanta diversão. Não estou seguro de que tivesse sabido como me divertir sem que me mostrasse isso. Suponho que se precisa ter uma companheira para compartilhar este tipo de aventuras, para
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saboreá-las de verdade. Ela gostava da maneira como ele pensava. Em sua maior parte gostava de sua companhia. Brincaram de se esconder nas árvores e cobriram um ao outro de neve. Em um dado momento, Rajá iniciou um jogo estranho de briga de machos e Razvan parecia ser mais um dos lobos saltando e saltando na neve e caindo em um aterro, com Ivory rindo dele. Razvan se levantou, mostrando a fortaleza lupina, sacudindo o corpo para tirar a neve que tinha colado debaixo dos negros e prateados extremos de sua pelagem. Ivory saltou para o banco de neve e o golpeou com o ombro, fazendo-os cair a ambos de novo no pendente, rodando de tal maneira que cristais gelados penduravam de suas pelagens. Quando se levantaram, pareciam dois lobos esculpidos em neve. Razvan esfregou seu corpo com o de Ivory, ajudando a tirar a neve antes de voltar e guiar a manada para os lares Cárpatos disseminados em todo o bosque. Era um sentimento surpreendente ter a manada inteira o seguindo. Ivory estava a tão só um ou dois passos atrás, todos eles trotando e devorando o terreno em silêncio. O vento batia em seu rosto, o ar da noite lhe cantava, os animais menores se afastavam a toda pressa por segurança enquanto ele dirigia aos lobos através do bosque, oferecendo respeito à manada, sabendo quem governava ali nesse momento. Ivory e Razvan precisavam alimentar-se antes que fossem a sua guarida, e ele estava ansioso para ir, para sair do território Cárpato. Uma coisa era “ver” sua irmã e filha a distância, que lhe contassem que talvez tivesse uma segunda ou terceira filha que não conhecia. Mas enfrentar-se com elas e ver que o julgavam… Isso era muito mais difícil. Isso nos importa pouco, Razvan. Sei quem é. E sei o que está em seu coração e sua alma. Caso escolham olhá-lo com suspeita… Como deveriam, recordou-lhe com delicadeza, ouvindo o tom protetor em sua voz. Mas o enfraqueceu que ela conhecesse seu coração e sua alma. Conhecia-o melhor que ninguém, e se fosse rigorosamente honesto, tinha que admitir que ter uma pessoa no mundo sabendo o que tinha sido sua vida, seus sacrifícios, importava. Ivory, é um milagre. É bom saber que há uma pessoa no mundo que guarda a verdade de minha vida em suas lembranças. Por que era isso tão importante agora, quando tinha aceitado durante tanto tempo que estava tachado como o traidor e criminoso Cárpato mais desprezível e vil sobre a face da terra. O simples pensamento que Ivory pudesse acreditar que ele tinha gerado filhos com o único propósito de utilizar seu sangue para alimentar sua longevidade o deixava doente. Não o faça, Razvan. Compartilhei toda sua vida, inclusive as lembranças mais confusas. O que fosse que seu corpo foi obrigado a fazer, não era seu espírito, a essência de quem é, que permitiu que ocorresse. Tinha que lhe conceder que tinha razão. Mas minhas escolhas o levaram a utilizar meu corpo. Cheguei a acreditar que elas nos deram nosso destino. Talvez precisasse suportar coisas em minha vida para ser digna de viajar a seu lado. Talvez você precisasse suportar sua vida para levar a cabo um grande destino. Que nos deu forma e nos aperfeiçoou no que somos agora. E o que era ela… Era tudo. Girou-lhe o rosto, ocultando os olhos enquanto seguia o caminho principal para o lar do príncipe. Havia muitos sentimentos nele por ela que
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não se atrevia a lhe deixar ver, por medo de assustá-la. Era tão frágil quando se tratava de aceitar seu verdadeiro amor. Saboreou a palavra na língua, achando que pertencia a seu coração. Sim, estava apaixonado por sua companheira de vida, e os sentimentos se faziam mais fortes com cada minuto que passava em sua companhia. Razvan levantou a cabeça e enviou uma chamada de busca ao príncipe, anunciando a presença da manada. Sabia que Raven, a companheira de vida do príncipe, estava grávida e perto do parto. Todos os Cárpatos esperavam o evento e, sem dúvida, Xavier também. Isso só fazia alguns deles suspeitarem sobre a oportuna aparição de Razvan. Era melhor se lhes mostrava seus respeitos e se ia o mais rápido e discretamente possível. Acredita que Xavier fará um movimento contra o filho do príncipe? Não tenho nenhuma dúvida, especialmente se a criança for varão. Razvan o considerou com cuidado. Tem que fazer seu movimento. Odeia a família Dubrinsky sobre as demais. Representam o poder de uma raça imortal. Podem nos matar, assinalou Ivory. Assim não somos realmente imortais. Quando Xavier se olhar no espelho, sua carne estará totalmente podre, e olhe, o que pensa que quer? Permanece com vida agora só pelo sangue de outros, e cada dia se deteriora mais e mais. O sangue não pode mudar seu cérebro podre. Lutou toda sua vida para derrotar essa família. Tem que fazê-lo agora. Então devemos estar preparados para ele. Poderia ser nossa oportunidade, Razvan, mas necessitaremos tempo para nos preparar para a batalha. Não havia tanta impaciência como determinação na voz do Ivory. Esse é provavelmente o porquê do mestre vampiro estar na zona. Procura Xavier. Ela respirou bruscamente, patinando até deter-se ali no profundo bosque. Razvan se deteve imediatamente e se girou para ela, mudando à sua forma normal. Ela seguiu seu exemplo, sem saber que sua face estava tão pálida como a neve sob seus pés. — O que acontece? Sua voz era doce. Seus olhos eram doces. Tudo nele era, à exceção de sua força, essa profunda, permanente e implacável força que significava que ele nunca se deteria. Não a rodeou com o braço para consolá-la, teria se afastado. Simplesmente lhe pôs uma mão sobre o ombro e a olhou diretamente nos olhos, perguntando. Nunca a invadiria exigindo uma resposta. Permaneceu ali, simplesmente olhando-a, esperando que confiasse nele. Ela o achava irresistível. — Como sabe, Sergey era meu irmão. Faz muito tempo, em outra época, era meu irmão, até que se uniu a nosso maior inimigo. O mesmo homem que me destroçou. Converteu-se na mesma coisa que Xavier utilizou para me cortar em partes e espalhá-las aos lobos. Riam, Razvan. Ainda posso ouvi-los algumas vezes no primeiro despertar sob o chão. Digo a mim mesma que não é meu irmão, mas foi meu irmão quem fez esta escolha. Queria transformar-se em um vampiro. Escolheu aliar-se com Xavier. Fez essas coisas não para me vingar, mas sim por poder. Porque meus irmãos acreditavam que o povo Cárpato deveria segui-los. Querem o poder. Ela não queria que saber disso lhe doesse mais. Não era a mesma jovem ingênua que adorava seus irmãos e acreditava no melhor de todo mundo. Sabia que o Príncipe Vlad a tinha enviado à escola de Xavier, não para ajudá-la, mas sim para tirá-la da vista de seu filho. Olhou para Razvan, inconsciente das lágrimas em seus olhos.
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— Ainda dói. Desta vez a aproximou da mesma maneira suave e tranqüila. Rodeou-a com seus braços e lhe pressionou o rosto contra o ombro e simplesmente permaneceu de pé, em silêncio, lhe oferecendo consolo. Pensava que sua compaixão a reduziria de algum jeito, mas só a encheu de calidez e a tranquilizou como nada mais podia. Já não era essa jovem, mas sim tampouco estava sozinha. Tinha Razvan, e de algum modo ele encaixava como uma segunda pele. — Estou bem. — sussurrou, pousando um beijo ao longo de seu pescoço. O sangue pulsava ali, chamando-a. Seu corpo despertou inquietamente e ela sentiu a apaixonada resposta instantaneamente dele — Foi uma debilidade momentânea, já passou. — Debilidade não, fél ku kuuluaak sívam belso — amada. Supõe-se que tem que sentir o que for. Pesar, pena, dor, inclusive traição. Há razão nisso para a tristeza, pela perda de alguém amado. Dor. Não tem feita insistência nestas coisas, mas deve sentilas. Formam parte da vida. Ofereceu-lhe um pequeno sorriso, pousando um último beijo sobre seu pescoço só para sentir sua calidez e inalar seu aroma masculino. Permanecendo ali, o corpo inclinado no seu, seu rosto enterrado em sua garganta, e soube que podia confrontar algo com ele. — Certamente podemos dizer que todas essas coisas formaram parte de nossas vidas. — esteve de acordo ela, forçando dinamismo em sua voz para cobrir a emoção que ameaçava transbordando-se quando se afastou um passo dele. Os dedos de Razvan se enroscaram ao redor de seu braço, deslizaram-se para o pulso e permaneceram ali como um bracelete. Não podia olhá-lo, não quando seu coração estava tão cheio. Sentia-se tola e tímida e fora de sua zona segura. Ninguém a havia tocado com essa ternura que a desarmava. Ninguém a olhou com esse desejo ou amor. Mal podia lidar com tanta atenção depois de ter estado sozinha durante séculos. Cavou-lhe a bochecha em sua palma e a obrigou a subir a cabeça, esperando até que as longas pestanas levantaram o véu sobre seus olhos e seus olhares se encontraram. Sentiu a precipitação da paixão, como uma droga emanando através de suas veias. — É um homem muito perigoso, Caçador de Dragões. — sussurrou. Seu lento sorriso acendeu uma chama, lenta e pecaminosamente malvada. — Como você, guerreira, é a mulher mais perigosa que conheço. — houve um discreto regozijo em sua voz. E pura paixão aveludada. Inclinou a cabeça para a sua, tomando seu tempo com essas maneiras lentas e medidas que tinha. A maneira como ela sabia que ele queria lhe acariciar a pele. A maneira como a tocava com as pontas dos dedos, tão leves, mas saboreando, um lento arder que se estendia até que o fogo enlouquecia fora de controle, negando-se que o apagassem ou extinguissem. Podia notar como seu corpo se esticava. Doíam-lhe os seios. Seu útero se convulsionava. A respiração de Razvan era cálida e masculina. Ela não pôde fechar os olhos. Observou a mudança de seu rosto enquanto se aproximava mais e mais a ela. A maneira como a olhava, essas linhas gastas se suavizavam, o assombro em seu rosto e a crescente fome em seus olhos. Pôde ver os longos cílios, espessos e longos, a única coisa realmente feminina nele, quando seu corpo era todo duro músculo, ossos fortes
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e grandes. Seu fôlego tomou o dela. Trocaram-no. Ele respirava por ela. Nela. Apoderou-se de Ivory, com essa mesma carícia lenta e medida de sua mente. E então seus lábios estavam sobre os dela e uma onda de paixão a percorreu. Raios de lua sulcavam suas veias, a eletricidade chispava e estalava sobre sua pele até que esteve perdida, afogando-se no puro fogo de seu beijo. Ivory não sabia como tinha acontecido, mas encontrou a si mesma com os braços ao redor de seu pescoço e sua boca fundida com a dele, o corpo apertado estreitamente com o de Razvan. Sentiu o estremecimento que percorreu o corpo dele, e o seu tremeu em resposta. Desejava permanecer assim, justo assim, nesse momento perfeito, com a felicidade e a fome cantando em suas veias. Tentou sufocar o desejo que crescia como um maremoto, alagando-a, mas não havia maneiras de deter a crescente necessidade. Os lábios dele abandonaram os seus e se arrastaram de modo sedutor do canto da boca até seu queixo, para a garganta; um fogo ardente para a plenitude de seu seio. Sentiu o raspar de seus dentes e gemeu, o som entrecortado e um pouco desesperado. Girou a língua sobre o suave monte. A respiração lhe obstruiu na garganta. Outro som escapou. Seus dedos apertados no glorioso cabelo dele enquanto Razvan lhe cravava profundamente os dentes e a erótica dor estalava em um crescente prazer que se estendia por todo seu corpo, mais rápido que a queda de um raio, colocando um pulsante batimento entre suas pernas. Ela enroscou uma perna ao seu redor e lhe embalou a cabeça, tentando não gritar ante o chocante prazer que a atravessou. Ele degustou seu sabor como um bom vinho, sem tragar nem apressar-se, mas extraindo a essência de sua vida e o exótico sabor dela, lentamente. Deslizou as mãos por suas costas e pressionou seus quadris para frente, assim Ivory podia senti-lo duro e quente contra ela. Justo quando pensava que se afogaria completamente, ou soluçaria e rogaria para que ele completasse seu vínculo, passou a língua sobre as espetadas. A respiração dele era irregular, os olhos quentes e um pouco selvagens. Simplesmente abriu a camisa e lhe pressionou a parte de atrás da cabeça com a mão. Seus dedos formaram um punho, agarrando a sedosa trança, segurando-a contra ele, com a boca sobre o tentador som de seu coração. Seu sangue fluía e refluía, lhe fazendo sinais, uma terrível tentação que não pôde resistir. Aconchegou-se ao forte músculo de seu peito, amando a sensação de sua força e o profundo de sua resposta ante o toque. Com deliberada intenção golpeou a língua sobre o latente pulso, esperando que esse giro Zen acalmasse o incêndio. Precisava saber — saber com certeza — que ele não só a desejava, mas sim que a necessitava com a mesma crescente intensidade que ela. Não podia estar sozinha nesta necessidade desesperadora. Pressionou-lhe a cabeça mais perto com a mão, uma ordem silenciosa de aceitar seu oferecimento. Ela fez outro lento espiral com a língua simplesmente ao ouvir esse profundo gemido masculino, para sentir o salto de seu pulso e o martelar de seu coração. Deixou que o fogo se apropriasse dela, subindo através do canal feminino para seu ventre e seios, enquanto os dentes se alargavam e arrastava o aroma dele para dentro de seus pulmões. Sussurrou algo em voz baixa e gutural, o som mais importante para ela que as
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palavras. Seus dedos eram mágicos em seu cabelo e contra seu couro cabeludo, a nuca, e uma mão lhe percorria as nádegas, pressionando-a firmemente enquanto a levantava pela metade. A força de seu corpo combinava com sua vontade e ela não pôde evitar a emoção feminina ao sentir sua dureza contra sua suavidade. Respirou profundamente, saboreando o momento de deliciosa luxúria que a envolvia com um amor fatal tão afiado que lhe atravessou o coração. Logo afundou os dentes em seu corpo, conectando-os da forma dos casais de vida. A riqueza se derramou nela. Cada célula o absorveu, tomou dentro. Seu sabor lhe estalou na língua como borbulhas efervescentes. Razvan fez outro gemido gutural, inclusive mais sexy que o primeiro, o som vibrante através de seu corpo, acrescentado ao torvelinho de emoções mescladas brotaram com a reação física para ele. Comoveu-a como nenhum outro pôde, ficando sob sua pele e em seus ossos agora, o aditivo sabor quase a faz perder a visão. Precisava dele, agora mesmo em meio de nenhuma parte com a neve sobre o chão. Não em nossa primeira vez. Na nossa primeira vez juntos quero tê-la durante horas, não uns poucos minutos com a manada nos rodeando e o perigo em cada esquina. Inclusive sua negativa foi sexy. A voz aveludada, a lenta paixão, a fina necessidade que não tentou ocultar dela. Permitiu tomar um último gole e logo passou a língua pelas espetadas e simplesmente se endireitou, deixando que a força dele a mantivesse erguida quando o corpo inteiro estava tremendo. — Tem razão. — disse com pesar. — Precisamos ir logo para casa. — sussurrou-lhe as palavras ao ouvido. Gostou desse som. Mais, adorou o tom rouco em sua voz que lhe disse que estava totalmente, tão agitado como ela. Como resposta, rodeou-lhe o pescoço com os braços e simplesmente o abraçou, absorvendo-o em seu interior. A inquietação da manada aumentou, rodeando-os e lhes golpeando as pernas inquisitivamente. Ivory se encontrou sorrindo. — Os meninos estão se impacientando, como fazem as crianças. Para sua consternação a mão dele se deslizou para seu abdômen e permaneceu ali, abrindo os dedos completamente. — Estará muito linda com nosso filho dentro de você, se alguma vez conseguirmos destruir nosso inimigo. Ivory nunca tinha considerado a possibilidade de um filho. Sua vida inteira tinha estado dedicada a uma coisa — desfazer o mundo de um monstro malvado. A idéia de ter um companheiro de vida e um filho, de que pudesse algum dia viver com um indício de normalidade, a emocionaram. Não estava completamente segura de que pudesse obtê-lo. Razvan riu baixinho e se inclinou para baixo para pousar os lábios ligeiramente sobre os dela. — Não se preocupe, minha pequena guerreira. Nunca será normal para nenhum de nós, mas faremos nossas próprias regras e nossa vida se adaptará bem a nós. — Então acabemos com isto. — disse Ivory.
Capítulo 13
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Mikhail Dubrinsky deu a boa-vinda a Razvan e Ivory da longa galeria que envolvia sua casa. Esta era grande, coberta nas árvores, mesclando-se tão bem com o bosque que Ivory sabia com certeza que a maioria das pessoas nunca a veria, a menos que o príncipe baixasse as salvaguardas que tinha ao redor. Ela usava sua vestimenta de guerreira, com os lobos em cima de seu corpo em forma de tatuagens. Preferia que ele olhasse de perto de sua manada. Razvan permanecia perto, só um passo atrás, como se fosse seu guarda, em vez de seu companheiro. Tinha tentado atrasar seus passos duas vezes para forçá-lo a caminhar a seu lado, mas uma vez que Razvan colocava algo em mente, nada o detinha. — Boa noite. — disse Mikhail — Sívad cheiram wäkeva, hän ku piwtä... Que seus corações permaneçam fortes, caçadores... — adicionou em uma saudação mais tradicional. Ivory murmurou uma saudação, e deu um olhar sobre seu ombro para Razvan. Não podia perceber que estivesse nervoso, ou sentir que estivesse aflito de alguma forma por visitar o príncipe dos Cárpatos, e ainda assim mantinha sua distância: exatamente dois passos para um lado e atrás dela. O olhar dele se movia sem descanso sobre a casa e o terreno, procurando entre as árvores e varrendo cada polegada do que os rodeava como se estivesse procurando uma armadilha. Seu rosto era grave, sua boca uma linha firme. Estava a preocupando com sua forma de atuar, quando deveriam estar a salvo estando tão profundamente em território Cárpato. O que é? Ela enviou um sorriso ao príncipe para cobrir o fato de que Razvan ainda não tinha falado. Não sei, mas ele não está sozinho. Estamos rodeados. Bem, é obvio que sabia que haveria outros. Gregori seguramente que nunca permitiria um encontro com o príncipe e sua companheira sem sua presença. Agora ela estava mais que preocupada. — Dá-nos a boa-vinda, embora seu povo parece que fica em posição, nos rodeando. — disse Razvan. Sua voz era dura, mais dura do que Ivory tinha escutado jamais. Agora sabia por que ficou atrás. Esperava um ataque, não de frente, mas sim de trás ou de algum dos lados. Tinha um olhar que lhe disse que estava disposto a ir aos negócios, e repentinamente sua visita não era absolutamente amistosa. Nesse momento ela soube que ele era inteiramente capaz de matar o príncipe se este ousasse fazer um movimento para ela. Ela deu um pequeno passo para trás, afastando-se de Razvan, mudando rapidamente de mulher a guerreira. Levantou sua mola de suspensão ligeiramente, a flecha no ângulo preciso para cobrir o coração do príncipe. — Só pensamos em te agradecer por sua ajuda. — disse — Nada mais. Iremos se não formos bem-vindos. O príncipe deu um passo para a área aberta, longe do corrimão longo e polido, onde ela podia ter um alvo espaçoso sobre ele. Ele manteve suas mãos afastadas de seus lados. — São muito bem-vindos. Minha companheira está dentro e deseja conhecê-la.
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Não pode se levantar para saudá-la apropriadamente e espera que tenha tempo para visitá-la. Ele olhou o bosque que os rodeava e enviou um chamado aos caçadores que rodeavam seu lar. Estes são meus convidados e são bem-vindos. Não havia engano no fio de raiva de sua voz. — Por favor, aceitem minhas desculpas e entrem. Ivory jogou uma olhada para Razvan. —Depende de você. Se não se sentir bem-vindo, não tenho desejo de ficar. — entretanto, sim, queria notícias. Precisava delas. Se efetivamente fossem caçar Xavier, precisariam de cada detalhe que o povo dos Cárpatos lhes pudesse prover. Gregori saiu ao alpendre, seus braços cruzados sobre o peito. — Cada vez que coloco os olhos em cima de você, converte-se em um alvo. — disse a Mikhail com um pequeno sorriso. Levantou seu olhar para o Caçador de Dragões — Quando o príncipe deseja que o visitem e garante sua segurança, é uma grande honra. Os olhos de Ivory cintilaram em um só calor abrasador. — Só se a gente confiar no príncipe. — Faz isso? — perguntou Mikhail, seu olhar sustentando firmemente o dela — Confia em mim? Ivory permaneceu calada um momento, estudando seu rosto. Não era nada parecido a seu irmão. E pouco a seu pai. Ela inalou e sentiu Razvan mover-se dentro de sua mente. Apoiando-a. Mantendo-a firme quando o passado estava tão próximo. Sentiu o toque da mente de Razvan na sua, forte e duradoura e totalmente para ela. Para ninguém mais. A lealdade de Razvan era completamente dela e não pertencia a ninguém mais. — Sim. Mikhail se fez a um lado e assinalou para a porta de entrada com uma leve reverência. — Por favor, entrem em meu lar como meus convidados de honra. — seu olhar se deslizou sobre Razvan — Ambos. Então Razvan foi até lá, passando por Ivory, seus sentidos desdobrando-se para inspecionar os ocupantes da casa. Havia duas mulheres e muitos homens. Deteve-se ante a porta e olhou para Gregori. — Pensa que preparamos uma armadilha no lar do príncipe com sua companheira presente? — vaiou Gregori, seus olhos prateados lhe lançando um olhar cortante. Razvan não estremeceu ante a reprimenda. — Diga-me se você não estaria cauteloso ante tantas pessoas desconfiadas. Digame que não protegeria sua companheira. — seu tom era suave, mas havia fogo em seus olhos — Posso sentir sua suspeita como um peso pressionando sobre nós dois. Só precisamos agradecer e ir. Não pedimos nada de nenhum de vocês. Uma mulher com cabelo de franjas vermelhas e douradas saiu de repente de dentro da casa, escorregando até parar justo fora da porta, ignorando a mão restritiva de seu companheiro, um guerreiro alto que impunha com olhos prateados e uma boca severa.
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— Razvan. Por favor. Razvan piscou. Por dentro, se desmoronou. Fez-se pedaços. Seu coração. Sua alma. Por um momento seu mundo se estreitou nesta única mulher. A pessoa pela qual tinha dado tudo. Sua vida. Sua alma. Sua prudência. Tudo. — Natalya. — exalou seu nome, inseguro. Sua visão se fez imprecisa enquanto permanecia de pé frente a ela sentindo-se nu e vulnerável. Uma coisa era falar com ela à distância, em um mundo de sonho quando jazia debaixo do chão a salvo da recriminação que tinha que haver no coração dela. Mas tê-la frente a ele, sua irmã gêmea, a que Xavier sistematicamente tinha alimentado com informação falsa e tinha enganado para lhe dar feitiços usando Razvan... Ivory surgiu em sua mente. Em seu coração. Estou com você. Três palavras, mas essa amostra de unidade significava tudo para ele. Ela significava tudo. Ivory de pé com ele, alta e reta, uma guerreira sem comparação, completamente orgulhosa dele. O anjo caído dela: seu companheiro. Os olhos da Natalya se banharam de lágrimas. — Razvan, por favor, não vá. Ele abriu a boca para falar, mas nada saiu. Engoliu o repentino nó em sua garganta que ameaçava afogá-lo. Uma mão se levantou por sua própria vontade e tocou esse cabelo brilhante. Natalya voou a seus braços, chorando. Ele fechou seus braços ao redor dela e a atraiu contra si, surpreso de que depois de tantos anos, depois de tanto sofrimento, o vínculo entre eles não estivesse completamente quebrado. Ivory permaneceu em sua mente, sustentando-o igualmente perto, aliviando o terrível peso de responsabilidade que se vertia em sua mente. Já fazia tempo tinha lutado com a aceitação de suas escolhas, mas ver sua irmã viva e bem, saudável e feliz, era entristecedor. Segurou-a a distância de um braço e a olhou cuidadosamente. — Parece bem, Natalya. Jovem. Tão jovem. Era seu gêmeo, mas em realidade era muito mais velho. Você gastou cada linha maravilhosa. Ivory deslizou sua mão entre a dele quando separou seus braços de sua irmã. Os dedos de ambos enredados e obstinados. — Este é Vikirnoff, meu companheiro. Natalya esfregou o braço do alto guerreiro, com um movimento hipnotizador, como se estivesse acariciando um talismã que a mantinha unida. E talvez, decidiu Razvan, isso era o que estava fazendo o homem. Certamente Ivory o segurava junto. — É bom que ela tenha você. Dizia-o a sério. Algo que Vikirnoff pudesse pensar dele, obviamente era ferozmente protetor de Natalya. E se o homem sentia uma décima parte do que ele sentia por Ivory, Natalya estava em boas mãos. Razvan atraiu a mão de Ivory até seu peito. Ela não se sentia cômoda com o desdobramento de emoções, entretanto, não se retirou. Estava de pé a seu lado, sua calidez envolvendo-o, afirmando-o, enquanto ele pressionava a palma dela sobre seu coração acelerado. — Esta é Ivory... Sívam és sielam... Minha alma e coração. — disse enquanto
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atraía a ponta dos dedos dela a seus lábios — Ivory, minha irmã Natalya e seu companheiro, Vikirnoff. Era assombroso para ele ser capaz de parar ali, livre, ante a presença de Natalya, sem medo de que estivesse provendo uma isca à armadilha que Xavier tivesse preparado. Mais que tudo sentia orgulho pela mulher a seu lado. Sentia que com ela tinha tudo. De algum jeito tinha convertido uma vida sombria e sem esperanças em momentos de pura alegria... Como este. — É maravilhoso poder conhecê-la por fim. — disse Ivory — Seu irmão fala de você frequentemente. E obrigada por ajudar a nossa manada de lobos, assim como também por nos dar sangue quando estávamos em tal necessidade. Ivory seguiu Natalya e Vikirnoff para dentro da casa. O poder surgiu através dela no momento em que entrou. Jogou um olhar a Razvan para ver se havia sentido essa forte onda de energia. Ele assentiu silenciosamente, obviamente incômodo de que Gregori estivesse atrás deles. Ela assegurou: Rajá está cobrindo nossas costas. — É uma façanha assombrosa para os lobos carregar quatro humanos através de um terreno tão traiçoeiro com um vampiro pisando seus calcanhares. — observou Mikhail. Ivory lhe lançou um olhar cauteloso. — Eles são especiais. Minha família. Obrigada por ajudá-los. A garotinha ainda vive? Não tivemos tempo de prepará-la para a viagem. Tínhamos que mandá-los rapidamente para fora. — Vi a destruição da fazenda. Mikhail foi diretamente para a mulher sentada em uma grande cadeira amaciada, com os pés descansando em uma turca. — Minha companheira, Raven. — disse e em sua voz havia uma abundância de amor — Raven, Ivory e Razvan. — Obrigada por virem. — disse Raven — Sinto não poder me levantar, mas, por favor, sentem-se. — enviou um olhar rápido a ambos, seu companheiro e Gregori — Parece que recebo ordens dos dois, do curador e de Mikhail. — E estou desfrutando muito a oportunidade. — disse Mikhail, sem arrependimento. Ivory e Razvan se sentaram em duas das cadeiras de respaldo alto postas em círculo. Mikhail se afundou no braço da cadeira de Raven e Gregori se sentou em frente à Razvan, seus olhos movendo-se constantemente sem descanso para varrer o bosque circundante através das janelas. — Parece-me que tem suficientes guardas aí fora. — disse Ivory — Contei sete. Perdi algum? — Guardas? — repetiu Raven, olhando do príncipe ao curador — Que guardas? Natalya foi quem respondeu: — Meu irmão foi considerado o inimigo por tanto tempo, tantos, me incluindo, pensando que era um traidor, e é difícil para outros acreditar que não é. — Está grávida com o filho do príncipe. — assinalou gentilmente Gregori — Muitos pensam que é uma coincidência suspeita que chegue quando está tão perto de dar a luz.
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— Mas Mikhail nunca convidaria a alguém de quem não estivesse seguro a nosso lar. — disse Raven – Isso é totalmente ridículo. — E também suspeitam de mim. — assinalou Ivory, sem estar disposta que o príncipe se libertasse tão facilmente — Porque sou uma Malinov. — Por muito tempo dos passados séculos acreditávamos que estava morta. — disse Gregori — Sim, alguns suspeitam, mas estive em sua mente, curando Razvan e você. Sei pelo que passaram para salvar o fazendeiro e a sua família. — Conte-me sobre a menina. — insistiu Ivory. — Vive e está bem. — assegurou Gregori — Falcon e Sara cobriram à família até que a menina esteve curada. Agora estão vivendo na hospedaria, e os ajudaremos a começar de novo. Quase tudo o que possuíam foi destruído. Felizmente, o vampiro não matou a todos os animais, como acontece frequentemente. Vocês devem ter chegado a interrompê-lo antes que pudesse fazer muito dano à fazenda. — Apagaram suas lembranças? — perguntou Ivory. Mikhail se inclinou para frente, franzindo o cenho. — Os pais foram bastante fáceis, mas as crianças ainda têm pesadelos. Gregori está trabalhando para ajudá-los. Alguns são mais resistentes que outros. Eu gostaria que me contasse sobre os lobos. Ivory permaneceu muito quieta. Razvan estava tão quieto como ela, sentindo que não era uma pergunta corriqueira. — Fiz uma promessa à manada de lobos que me ajudaram e sempre a mantive. O verão em que os filhotinhos nasceram, a caça tinha sido abundante e o inverno tinha sido suave. A manada teve duas ninhadas de filhotinhos, o que às vezes acontece quando é um bom ano. Ajudei com a caça, por isso minha manada estava bem alimentada e o casal alfa e os que os acompanhavam estavam emparelhados. Os vampiros caçaram a minha manada e os destruíram, esperando me encontrar correndo entre eles. Suas mãos tremeram em seu colo e Razvan apoiou a mão dele em cima, seu polegar deslizando-se para frente e para trás em um gesto calmante. Ivory não o olhou, mas abriu sua mente a ele e deixou que a confortasse onde nenhum outro podia ver. Tinha sido um dos piores momentos que podia recordar, encontrar à manada morta e moribunda. — Os filhotinhos eram tudo o que ficavam de minha manada original. Estavam severamente feridos, mas eu não estava inteiramente... — procurou a palavra correta — Sã... Nesses dias. Com muita dificuldade podia suportar a luz da lua e passava a maioria do tempo debaixo do chão. Precisava da manada para minha própria sobrevivência. Não podia deixá-los ir, e me arrastei na toca com eles e lhes dava meu sangue em repetidas ocasiões. Algumas vezes não tinha mais opção que tomar o deles. Foi um longo tempo... Semanas, realmente não o recordo... Antes que o primeiro se convertesse. Recordava esse momento, o animal gritando pela dor, e seu horror ante o que tinha feito. — Fui cuidadosa em me assegurar que aprendessem a caçar só comigo. Os alimento e me preocupo com eles. Não podem ter crias. — disse enquanto levantava sua cabeça e olhava o príncipe diretamente nos olhos — São minha família. Caçamos vampiros por séculos e salvaram minha vida em incontáveis ocasiões.
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Expressou nesse olhar pensativo exatamente o que queria: que ia brigar até a morte por sua manada. — Pode ver como podem converter-se em problemáticos se começarem a caçar os humanos por comida. — disse Gregori. Ela lançou um olhar frio. — Não mais que quando algum de nós o faz. Não teremos mais opção que caçar o lobo e destruí-lo. Mikhail levantou a mão. — Ivory, só precisamos saber. A manada é do mais incomum, mas parece que os tem bem na mão. Razvan se removeu. — Faz-se tarde e não nos alimentamos. A manada está bem, mas devemos caçar antes de voltar para nosso lar. Ele saboreou a palavra lar. Deixou que rodasse por sua língua. Os limites desta casa eram muito sufocantes. Realmente não podia recordar quando tinha estado em um lar, certamente não com tanta outra gente com todos os olhos neles. Ivory o escondia bem, mas estava igualmente incômoda. Nenhum deles era bom em habilidades sociais, tendo estado sozinhos por tantos anos. — Podemos alimentá-los, aos dois. — disse Mikhail — Realmente os trouxe aqui com um propósito. Ivory se recostou em sua cadeira, mas Razvan se deu conta que os dedos dela rodeavam sua mola de suspensão, e sentiu uma onda de consciência nos lobos. — É obvio que o tem. Mikhail sorriu facilmente. — Nossos filhos estão morrendo antes que nasçam, Ivory. Não tenho tempo que perder em sutilezas. Nossas maiores mentes tentaram encontrar soluções ao problema e recentemente, ao final, tivemos um grande avanço. Descobrimos que a fonte de nossos abortos é Xavier. Mudou aos extremophiles, microorganismos que atacam a nossos filhos não nascidos. Os microorganismos estão no chão. Ainda quando mudamos de localização, e é obvio que o consideramos, ele pode poluir o chão de onde queira que vamos. Temos que detê-lo. — Essa é nossa meta. — disse Ivory. — Gregori me informou que acredita que vocês estão preparados para destruir Xavier. Acredita que se alguém pode fazê-lo, vocês dois têm a maior oportunidade. Tenho uma grande confiança em Gregori, assim como também em meus próprios instintos. — Nós gostaríamos de ajudá-los de qualquer maneira possível. — Não. — interrompeu Natalya — Não, Razvan. Sacudiu-se de Vikirnoff e ficou de pé, com as mãos nos quadris. — Recém o tenho de volta. Não pode se aproximar desse homem. Por nenhuma razão. Sabe que está caçando você. Sabe. Razvan suspirou. Quando ela era uma menina nunca tinha gostado quando ficava aborrecida, e era igual de mau agora que era uma adulta totalmente crescida. — Natalya, conheço-o melhor que qualquer outro. — disse ele com voz gentil — Ivory o estudou e de fato em um tempo trabalhou com ele em sua escola. É boa com os feitiços, fazendo os contra-ataques. Mikhail tem razão quando diz que Ivory e eu temos uma melhor oportunidade de detê-lo que qualquer que conheçamos.
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— Mas não está certo. Sofreu muito. O que ela realmente queria dizer, era que o tinha dado por perdido por anos, e não estava bem para nenhum dos dois. Queria-o de volta. Vikirnoff estendeu sua mão, e logo depois de um momento de dúvida, ela tomou, recostando-se contra ele, tentando obviamente não chorar. — O grande sacrifício de Ivory e Razvan pode ser a única coisa que salve a nosso povo. — disse Mikhail — Ambos conheciam nosso inimigo nos anos que pensamos que estava morto. Só temos Lara para manter vivas as crianças não nascidas, e ela não pode permanecer para sempre. Temos quatro mulheres: Syndil; você, Natalya; Lara e Skyler, que podem limpar a terra. Neste momento nossa espécie é muito frágil. Embora nos arrumemos para destruir a ameaça de Xavier, ainda estaremos lutando contra obstáculos para continuar. Precisamos de Razvan e Ivory. Precisamos de cada guerreiro que tenhamos para brigar com qualquer capacidade que tenham. — Não entendo ao que te refere sobre esses extremophiles. — disse Ivory franzindo o cenho — Antes, quando estávamos debaixo do chão, captei imagens dessas coisas em sua mente, mas não entendo exatamente para que são usadas essas coisas. Xavier criou parasitas para melhorar as comunicações entre os vampiros assim para identificar a seus aliados. O que fazem esses microorganismos? — Estão no chão e entram no corpo do macho quando está descansando. — lhe respondeu Gregori — Durante o sexo ele transfere esses microorganismos mudados à mulher, a qual logo os transfere a seu filho não nascido. É um círculo vicioso que não parecemos ser capazes de parar. — Está seguro que a fonte é Xavier? — perguntou Ivory. Razvan foi quem lhe respondeu. — Fui testemunha de seus experimentos, de todos eles. Estive presente quando lançou seus feitiços malvados, retorcendo e corrompendo a natureza para seus próprios propósitos escuros. Tinha piscinas de sangue e veneno líquido. Ivory levantou a cabeça como se estivesse atrás de um rastro fresco. — Realmente escutou seu feitiço? Ele deixou? Estava com ele? Tentou sufocar a alegria que transbordava através dela. — Você disse que não sou bom com os feitiços. É por isso que ele queria a Natalya. Ela sim que é. Natalya o começou a interromper para dizer algo, mas Mikhail a silenciou. Deixa-os falar entre eles. Podia ver... Inclusive sentir... Que Ivory estava de repente excitada. — Mas tem uma memória extraordinária. — assinalou Ivory — O vi, e não se esquece do mais mínimo detalhe. — olhou para Gregori em busca de confirmação, sabendo que o curador tinha passado uma grande quantidade de tempo na mente de Razvan — O falamos, Razvan. Se puder recordar as palavras precisas, exatas de seus feitiços, estou segura que podemos desentranhá-los. Ele usava aprendizes para a base da maioria de seus feitiços, e logo, quando estavam se tornando muito bons no que faziam, desfazia-se deles, porque os temia. A mão de Razvan se moveu contra a sua, acariciando seu pulso, sobre a fina linha branca onde tinha havido um corte. Disse que podia recordar, e sim, lembro-me inclusive deste, mas o recordar não será fácil.
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Não queria reviver esses dias de tortura, o som das vítimas indefesas gritando, das mulheres às quais não pôde ajudar, de seu próprio papel, soubesse ou não. Embora se o deseja, farei-o. Ivory tocou sua mente e encontrou nele a mesma paz serena, a calma da aceitação completa. Se lhe pedia que fosse para trás em suas lembranças, sabia que o faria sem duvidá-lo, e o amor para ele brilhou em seu coração. O orgulho que sentia por ele se elevou em sua alma. Sem importar o que os outros vissem em seu rosto desgastado, ela sempre veria um herói. — Se tivesse os feitiços que ele usava, poderia tomar o controle desses extremophiles? — perguntou Mikhail a Ivory. — Poderia ser capaz, com tempo suficiente. Teria que estudar os feitiços. Xavier gosta dos complexos. E necessitaria um o suficientemente complexo para matar a toda uma espécie e mudar a outra. — deu de ombros — Não tenho nem idéia de quanto levará, mas até agora, quando os estudei, pude revertê-los. — levantou o queixo — Era uma estudante muito boa. Nesse momento o polegar de Razvan pressionou na sensível pele de seu pulso, acariciando sobre seu pulso saltitante. — Se tivermos que nos mudar das montanhas, faremos, — disse Mikhail — mas duvido que isso resolva o problema. Eventualmente se estenderá através de nosso país a outras terras. Seria muito melhor se pudéssemos erradicá-lo. Ivory assentiu. — Xavier fará sua jogada contra você muito em breve. — disse e olhou para Raven — Já tem uma filha e agora, com um filho, não pode permitir que você ou seus filhos vivam. Virá atrás dela. Mikhail deslizou um braço confortante ao redor dos ombros de Raven. — Estamos preparados. — É por isso que seus guerreiros rodeiam esta casa? — perguntou Razvan. Mikhail assentiu. — Estamos todos inquietos. Os ataques se tornaram mais frequentes, nos separando, um por um, indo atrás das crianças durante o dia, usando suas marionetes. Desgastam-nos. Foi uma surpresa que os dois aparecessem. E é obvio, como se mencionou anteriormente, o momento foi altamente suspeito. — Mas não para você? Outra vez o olhar de Ivory se encontrou com o dele. Firme. Desafiante. Enviou a ela um pequeno sorriso. — O peso de meu povo esteve muito tempo sobre meus ombros. Não tenho os dons de meu pai, mas tenho bons instintos. Tenho que confiar neles. Neste mundo poucas coisas são seguras. Escolhi seguir meus instintos sobre vocês dois, somado à opinião de Gregori. A combinação raramente falha. Gregori soltou um bufo nada elegante. — Nunca, quer dizer. Não cometo enganos quando se trata de sua segurança. — Parece-me que Razvan deu um jeito para segurar uma faca em minha garganta contigo a não mais de seis metros. — assinalou Mikhail com diversão. Ivory imaginou que a relação entre esses dois homens era uma de unida amizade e camaradagem. — Paguei-lhe uma grande quantidade de dinheiro para que fizesse isso. — disse
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Gregori — Queria que se desse conta, que como nosso príncipe, não deveria estar perseguindo vampiros por todo o país e Razvan esteve de acordo em me ajudar a te ensinar uma lição. Raven riu. — Vocês dois são impossíveis. Posso sentir a fome de nossos convidados. Talvez pudessem fazer algo sobre isso para que possamos seguir com a visita. — sugeriu ela. — Somos capazes de caçar. — disse Ivory, tentando não soar tensa. Uma coisa era tomar sangue quando era incapaz, e outra muito diferente quando estava em forma. Era uma guerreira, não uma menina. — Não há necessidade. — disse Mikhail — Ofereço livremente meu sangue. O príncipe lhe sorriu. Cômoda e amigavelmente. Fazendo que seu estômago desse um nó. Ela não tinha amigos. Não sabia como tê-los. O que queria dela? O que esperava? A sala parecia muito pequena. Mal podia respirar. Pouco importa o que queiram de nós, assegurou-lhe Razvan. Não precisamos de nada deles: eles precisam de nós. Qualquer coisa que escolhermos fazer em nossa decisão. Não lhe juramos lealdade. Estamos em um caminho e continuaremos transitando-o. Não há mal em escutá-lo. Seu sangue é puro e carrega mais poder que qualquer outro. Se não desejar se alimentar dele, eu o farei e a alimentarei mais tarde. Ela escutou a fria resolução em sua voz e seu estômago se assentou. Tinha sobrevivido sendo consciente de tudo o que a rodeava, evadindo a outros e tendo grande cuidado em ficar na posição mais vantajosa se por acaso precisava brigar. Razvan estava fazendo o mesmo. Ivory tinha escolhido cuidadosamente as cadeiras nas quais estavam sentados para que ninguém pudesse deslizar-se por trás ou chegar muito perto de algum dos lados. Raven e o príncipe estavam bastante vulneráveis justo em frente a ela. Sabia que o príncipe se sentou deliberadamente em uma posição de debilidade para limar o bordo de sua aguda cautela ante tal situação, e embora o apreciasse, ainda queria ir embora. Era difícil manter a compostura quando havia tantos corações pulsando, o som do sangue rugindo através de suas veias, as emoções a seu redor pareciam muito cruas. Quando tinha estado sozinha por tanto tempo, estar confinada em uma sala, ainda em uma tão espaçosa, ainda era incômodo. Forçou um sorriso para o príncipe, inclinando sua cabeça como uma princesa. — Agradecemos a você por sua generosa oferta. Era Razvan, mais que ela, quem estava incômodo com o processo de alimentação. Não gostava de tomar sangue do pulso, e ela sentiu sua instantânea aversão ante a idéia quando o príncipe ofereceu casualmente o seu. Ela tomou o sangue sem vacilações, esperando distrair a atenção de Razvan. — Razvan, ofereço-te meu sangue. — disse Natalya no silêncio — Não me importaria experimentar novamente o processo de vinculação com você. Razvan ficou completa e absolutamente quieto. Ivory sentiu seu rechaço instantâneo, seu completo retraimento. Sua pele ficou branco pálida, quase transparente e as linhas de seu rosto se aprofundaram. — Não sou o príncipe, mas como suas irmãs oferecem-lhe isso livremente. Cada músculo do corpo dele se esticou, embora se visse tão calmo e sereno como sempre. Simplesmente ficou de pé e se deslizou longe de Natalya, pondo
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distância entre eles, e embora um leve sorriso suavizasse sua boca, seus olhos estavam tristes. Ele inclinou a cabeça para ela em um gesto de respeito. — Honra-me, irmãzinha, mas não posso aceitar tal presente. O estômago dele se revolveu e a bílis começou a subir. Ivory deslizou sua língua sobre o pulso de Mikhail para fechar as feridas e se endireitou lentamente. Razvan parecia calmo, mas ela podia sentir a tensão que ia aumentado. Gregori franziu o cenho. Tinha-lhe dado uma quantidade importante de sangue a Razvan nas últimas semanas e tinha estado em sua mente e lembranças. Sentia que o homem usualmente sereno estava angustiado. Ficou de pé e caminhou para Razvan, bloqueando-o da vista dos outros. — Natalya, é melhor para ele tomar o sangue de um curador. Está melhor, mas não completamente bem. Seus ossos devem soldar mais fortes que nunca. Razvan não disse nada. Não confiava em si mesmo para falar. Simplesmente aceitou a oferta do curador, agradecido de que os outros não pudessem presenciar suas mãos trementes. Estou com você. Não é um monstro, rasgando o pulso de alguém para tomar sangue. Ivory manteve a voz baixa e firme, esticando-se para rodeá-lo com sua presença. Razvan não respondeu, mas lhe permitiu que se deslizasse completamente em sua mente para ver as imagens que giravam em caos. Por um momento o horror a apanhou, como o fez com ele... E com Gregori... Enquanto compartilhavam a visão de um pulso de menina sendo rasgado por uns dentes afiados. — Xavier tem muito pelo que responder. — disse Gregori em voz baixa. Razvan novamente não disse nada, mas a compreensão foi em um longo caminho para dissipar os nós que se apertaram mais e mais em seu estômago. Fechou as espetadas do pulso do curador e o brindou com uma leve reverência de agradecimento. Gregori ignorou sua formalidade e o aplaudiu nas costas. — Não é como se não nos conhecêssemos. — disse. — Mikhail. — a voz de Raven era pensativa — Notou a semelhança entre a Syndil e Ivory? Poderiam ser irmãs. — Não tenho irmãs. — lhe assegurou Ivory — Tive cinco irmãos. — Mas parecem iguais. — acordou Mikhail — E tem uma afinidade especial com a terra, como Syndil. É uma mulher extraordinária. Vai querer conhecê-la. Ela não ia ficar presa na comunidade Cárpata. Mal podia funcionar aqui, insegura de si mesma, em nada confiante, como se tudo estivesse fora de lugar. Sinto-me igual. A voz de Razvan em sua mente foi gentil. O que é que está errado conosco quando foram tão amáveis e hospitaleiros? Estivemos muito tempo longe de outros. Assegurou-lhe. Muito tempo em nossa própria companhia. Necessitamos os espaços abertos e o silêncio de nossa própria guarida. Agora estava desesperada para terminar esta reunião e ir para casa, mas havia algo na mente de Mikhail e não a ia deixar ir até que o dissesse. Razvan tomou sua mão. Agora ambos estavam de pé, o primeiro passo para uma saída elegante. Antes que Ivory pudesse desculpar-se, Mikhail falou novamente. — Faz algum tempo, Natalya veio a nós, até estas montanhas, para procurar
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respostas. Seu pai roubou um livro. Razvan inalou bruscamente, seus dedos apertando-se com repentina força sobre os de Ivory. — Nosso pai morreu por esse livro. O livro mestre de feitiços de Xavier. Xavier o selou com o sangue de cada espécie. Magos. Cárpatos. Licántropos. Jaguar e humana. — Não havia presente sangue de Licántropos. — disse Natalya — Vi a visão em minha busca para encontrar o livro. Foi selado com o sangue dos três e deve ser aberto com o sangue desses três. Olhou para seu companheiro. Vikirnoff, por que mente sobre isto? Viu a visão. Xavier verteu o sangue desses três. Por que Razvan insiste em que há outros? Não sei. Mas Natalya escutou a suspeita em sua voz. — Assassinou uma mulher de cada espécie e selou o livro. — disse Razvan — Eu vi. Pode decidir acreditar em mim ou não, depende de você. Mikhail passeou pela sala. — Os Licántropos se escondem melhor que qualquer espécie. Seu sangue é poderoso e diferente. Xavier teria sabido. Ele estudou o sangue e nunca o teria deixado para trás. O sangue Licántropo pode esconder a si mesmo, mas não o sangue humano. — Então o que aconteceu com o sangue Licántropo? — perguntou Natalya. A suspeita crepitava em sua voz apesar de si mesma — Vi Xavier levar a cabo o ritual. Ivory lhe lançou um olhar rápido e se encolheu de ombros. — É provável que estejam escondidas ali. Um segredo para ajudar na proteção do livro. Se Xavier conhecia as propriedades do sangue Licántropo, poderia ter sabido que se escondia de outros. Podia contar com isso para evitar que o livro fosse aberto e usado. E quanto ao sangue humano, Xavier não teria problema em esconder algo se o desejasse. Com respeito a sua visão, é possível que a tivesse preparado para alguém que acessasse a ela. Xavier põe salvaguardas em tudo o que faz. Natalya sacudiu a cabeça. Tinha passado por uma horrenda experiência para recuperar o livro, incluído presenciar a morte de seu pai. — Em realidade segurou o livro em suas mãos? — perguntou-lhe Razvan a sua irmã — O encontrou? Ela assentiu. — Nosso pai me deixou uma mensagem, uma forma de encontrá-lo. O traga para Mikhail. — Ivory, quero que pegue o livro. — disse Mikhail — Ninguém sabe onde está sua guarida. Ninguém tinha idéia de sua presença por estes longos anos, embora não deve estar longe de nosso território. O livro deve permanecer escondido e longe de Xavier. Encomendo a você o livro e qualquer conhecimento que possa obter por tê-lo em sua posse. Um ofego se estendeu pela sala. Natalya ainda sacudiu a cabeça. Vikirnoff de fato ficou de pé agressivamente. — O livro foi confiado a você, Mikhail. — objetou — A ninguém mais. Perdoe-me, Razvan, mas alguém tem que ter a cabeça limpa neste assunto. — Vikirnoff estendeu sua mão por volta de Ivory — O companheiro desta mulher foi possuído durante anos
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por Xavier. Usou-o para espionar, enganar, para mentir e para causar um grande dano. Como sabemos que não está nos enganando ainda neste momento? Tomaria um livro tão perigoso e o poria nas mesmas mãos do homem que passou tantas vidas com ele? Recém o conhecemos. — olhou para Gregori — Não temos mais opção que levar este assunto à câmara de vereadores. Mikhail parou em toda sua altura. Nesse momento, tirou o fôlego de Ivory. O poder surgiu na sala, suficiente para que as paredes se expandissem e contraíssem e houvesse um estremecimento de movimento debaixo de seus pés. Ainda o cabelo dele crepitava com energia. — Não solicitei o assessoramento da câmara de vereadores de guerreiros, nem o necessito. Se não puder ser civilizado com um convidado em meu lar, então pode ir. Não gritou, nem berrou. Na realidade, seu tom de voz baixou, mas carregava peso suficiente para acabar com alguém imediatamente. Vikirnoff abriu a boca e logo a fechou, uma veloz impaciência cruzando por seu rosto. — Que fique registrado que é uma má idéia e a decisão sobre o livro deveria esperar. Até que nós os conheçamos melhor, não podemos confiar neles. Natalya ficou de pé, rasgada entre acreditar em seu irmão, e recordar as numerosas vezes em que este a tinha enganado para que desse a Xavier a informação que precisava. Ela sacudiu a cabeça e seguiu Vikirnoff para fora da casa. Sinto que ela o machuque. Disse-lhe Ivory, tentando reconfortá-lo. Tem razões para preocupar-se. Respondeu-lhe com gentileza. Não se incomode em meu nome. — Teriam que ter perguntado se queria o livro. — disse Ivory — Não o quero. Mas o agradeço pela confiança em nós. É obvio que estou incomodada em seu nome. Machucou você, o reconheça ou não, e não merecia. — O livro pode ser de algum uso para você enquanto tenta encontrar uma forma de reverter o feitiço de Xavier sobre os extremophiles. — disse Mikhail, parecendo inconsciente de que eles estavam mantendo uma conversa privada, embora Ivory estivesse bastante segura de que sabia. Não a culpe, Ivory. Passou por muito ao longo dos anos. Só está assustada, com Xavier constantemente em seus calcanhares. Por meu próprio bem, não a culpe. Ivory suspirou. Neste momento, faria qualquer coisa por Razvan. Se perdoar a sua irmã e seu companheiro significavam tanto para ele, então se obrigaria a fazê-lo. Enviou-lhe um pequeno sorriso antes de voltar sua completa atenção ao príncipe. — Não posso desfazer a mutação feita aos extremophiles, embora possa ser capaz de redirecioná-los. — disse — Mas esse livro não ajudará. Contêm feitiços retorcidos e é tão perigoso, que qualquer um que tentar usá-lo, incluído Xavier, só se tornará tão corrupto e retorcido quanto o próprio livro. Razvan tomou sua mão, amando-a mais por seu apoio. — Mikhail, tem razão. É um trabalho do mal. O sangue que está selando o livro é o das mulheres que matou. Selou-o com morte. E com morte deverá ser aberto. Destrua-o, embora não vai ser fácil. Não deixe que outro o toque e destrua-o logo que puder imaginar como. Não pode se arriscar à contaminação. — Também deve lhe pôr outras salvaguardas. — adicionou Ivory.
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— Estão seguros de que é o melhor procedimento com o livro? — perguntou Mikhail — Se contiver informação dos feitiços de Xavier para matar nossas crianças... — Sei que é lógico pensar que talvez possa usá-lo para revertê-lo, mas esse livro é quase um inimigo tão grande quanto o próprio Xavier. Se caísse nas mãos de um de meus irmãos caídos, conhecerá a guerra como nunca antes. — disse Ivory — Destruao. — suspirou pesadamente — Não será uma tarefa fácil, e suspeito que não seja capaz de fazer sozinho. Procure as tias de Razvan. Sei que ainda estão dormindo, mas quando despertarem, apresente a elas o assunto. — Como reverteremos os feitiços se não podemos usar o livro? — perguntou Raven. — Razvan pode recordar os feitiços do mago supremo e eu posso documentálos. — respondeu Ivory — Dessa maneira podemos ter um arquivo seguro. Enquanto Razvan viver e lembrar, provavelmente poderemos recriar o livro inteiro sem a corrupção. — Acredita que pode fazer isso? — perguntou-lhe Raven. Ela pressionou ambas as mãos protetoramente sobre seu filho não nascido. — Eu gostaria de ter filhos algum dia. — disse Ivory, embora para ser verdade, não acreditava que sobrevivesse à batalha vindoura — O farei, não importa quanto custe.
Capítulo 14 A noite lhes deu a boa-vinda, os espaços abertos, o céu agora pesado com nuvens novas. Ivory inalou profundamente, arrastando a seus pulmões o ar da noite, e riu somente pela alegria de estar fora onde se sentia livre. — Nunca façamos isso de novo. — disse. Razvan sorriu. — Boa idéia. Você é a que tem boas maneiras, insistindo em agradecer a todos. — disse esticando seus braços para as nuvens cinza e inalou — Acredito que vai nevar sobre nós. — Devemos pegar os meninos e ir para casa? — perguntou-lhe ela com seu lento sorriso equiparando ao dele. — Voamos? Corremos? — perguntou arqueando uma sobrancelha para ela. Ivory realizou um lento e cuidadoso olhar ao redor. — Penso que por enquanto deveríamos caminhar. Razvan lançou seus sentidos na noite, tentado recolher o que ela sentia. Não duvidava que algum dos caçadores Cárpatos os pudesse ter seguido para assegurar-se que não se reuniam com Xavier e lhe reportava tudo o que tinham falado. — Pensam que sou um espião. — disse ele — Incomoda-se? — Na realidade, — o corrigiu — pensam que ambos o somos. — lhe enviou um sorriso divertido — Passei mais de uma vida humana pensando no povo dos Cárpatos como traidores, e ainda pensam em mim como espiã. — Porque está comigo. — assinalou — Se desejar, quando quiser visitar ou falar com eles para reunir informação, não me machucaria que vá sozinha ao povoado.
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Posso passar o tempo com a manada nos subúrbios, esperando você. Ela sacudiu a cabeça. — Não é simplesmente por você. Sou uma Malinov. Não posso culpá-los. O oportuno da nossa chegada é muito suspeito. Eu suspeitaria. Mas não estava contente com a irmã dele. Natalya deveria ter acreditado nele. Tinha medo de fazê-lo, mais que de não lhe acreditar. Ivory não vocalizou sua opinião porque Razvan simplesmente aceitava as suspeitas de sua irmã como fazia a maioria das coisas, mas se ela tivesse a oportunidade, talvez tivesse umas palavras com a mulher. Razvan riu em voz alta e lhe envolveu as mãos com as dele. — Ainda estou em sua mente. Ela se ruborizou, dando-se conta de que ela também o estava. — Parece tão natural. Não pretendia que escutasse. — Não me importa que dê a cara por mim, mas em realidade, não é necessário. Aprendi a viver sem a admiração de Natalya estes longos anos. Sim, me preocupa minha filha Lara. Espero que possamos aliviar seus problemas eliminando Xavier, mas não tenho desejos de afetar sua vida ou a de Natalya, ou inclusive a das minhas tias. Estou bem do modo que sou. Feliz de ser como sou. Prendeu a mão dela contra seu peito enquanto caminhavam, fazendo que se juntassem. — Lara não veio para ver-me, o que você e eu sabemos que significa que não está preparada para me enfrentar. Estou incômodo ante a presença de muitos. As emoções, às que não estou acostumado, podem ser difíceis. Preciso de paz em minha mente, e com a combinação de sua dúvida e sua culpa pressionando sobre mim, encontro-me tendo que trabalhar para manter minha mente calma, o que não tinha acontecido em mais anos dos que posso contar. — São tolos, Razvan, sem entender o que sofreu por eles. Por todo o povo Cárpato. — Minhas tias lhes contarão uma vez que emergirem da terra curadora. Foram mantidas muito tempo famintas e Gregori passou muito tempo tentando ajudá-las a recuperar-se. — disse — Quando compartilhamos mentes, pude vê-las com clareza. — sorriu e desta vez seus olhos continham afeto — As observei como mulheres, como ele as viu, não na forma de dragões nas que estavam cativas. Foi... Incrível. Ivory caminhou através da neve, balançando as mãos com as dele, desejando ter dado mais atenção às variadas pessoas na mente de Gregori. Se não tinham pertencido à batalha ou lhe tinham parecido importantes, tinha tratado de ser cuidadosa com sua privacidade. Agora, mal podia recordar às duas mulheres que tinham salvado a vida de Razvan tornando-o completamente Cárpato. Elas tinham o sangue de Rhiannon — a avó de Razvan — fluindo por suas veias. E Rhiannon vinha de uma linha Cárpata muito poderosa. — Caçador de Dragões. — murmurou em voz alta — Quão frequentemente esse nome foi murmurado com sobressalto e respeito. Leva essa linha e permanece fiel a ela. Começaram a cair os primeiros flocos. Pequenos cristais de enorme beleza. Razvan os observou enquanto caminhavam, seus rastros leves e logo, quando Ivory o
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desejava, inexistentes. Ainda deixavam sua essência para trás, assegurando-se de que qualquer um que os quisesse rastrear pudesse ver a curva ampla de uma nova direção. Razvan caminhava junto a ela, sentindo-se contente, ocasionalmente recolhendo neve em sua mão e fazendo uma bola, só para atirá-la a um tronco de árvore enquanto passavam. O fazia sentir um pouco como um menino outra vez, despreocupado e feliz, tal como quando corria com os lobos. — Toma cada momento, — disse Ivory — e o vive bem. Ele deu de ombros. — Achei que para poder sobreviver, tinha que viver o momento. Faço o que for com tudo o que sou. Desfruto-o, suporto-o, ou o sobrevivo. — disse olhando ao redor, à neve flutuante e às árvores carregadas com suas formações de cristal — Para mim isto é o paraíso. — Caminhar pelo bosque através da neve, esperando perder a qualquer um que nos rastreie? — riu ela, sacudindo a cabeça — Em realidade é um pouquinho particular. Eu gosto, mas ainda é raro. A risada de Razvan foi alegre, o som profundo e puro, deslizando-se por seu corpo e fazendo que seu coração cantasse. A fazia se sentir um pouco idiota, mas não se importava; manteve o sorriso tolo em seu rosto. — Neste momento temos tudo o que podemos desejar. Você. Eu. A manada. Olhe a seu redor. A neve é linda, as árvores incríveis. Somos felizes. Seja o que for que venha mais tarde, agora temos estes momentos. Justo aqui. Podemos aproveitá-los ao máximo, porque nunca voltarão. Ele lançou uma bola de neve nela. Aterrissou em seu cabelo e se rompeu, cobrindo de flocos os fios negro-azulados. Ele se afastou correndo a toda velocidade. Ivory ofegou e foi atrás dele, recolhendo neve na corrida, esmagando-a e atirando-a com tremenda velocidade e precisão, fruto de atirar suas flechas. Razvan se agachou, olhando-a sobre seu ombro e rindo. Ela parecia tão bela, correndo pela neve com seus passo longos, seus músculos esticando-se debaixo da suave extensão de sua pele. Só o modo em como se movia era puro pecado. Os olhos dela estavam enormes pela excitação. Os flocos de cristal aterrissavam em suas pestanas o que a fazia bater as duas meia-luas para tirá-los de cima. O gesto era feminino, sexy além de qualquer medida, embora totalmente sem intenção. Ele tomou vantagem e reverteu sua direção, correndo rápido para ela, jogando três bolas de neve para distraí-la, sem lhe importar onde pegavam, olhando sua boca, esse arco lindo de sua boca, curvado e suave e tão tentador. Baixou seu ombro e a agarrou por debaixo, levantando-a e atirando-a ao chão em um movimento suave. Aterrissaram na neve, afundando-se no pó gelado. Razvan apanhou seu pulso antes que ela pudesse pôr outra bola de neve sobre sua camisa. Ela riu, vendo-se tão bem para comer. Antes que pudesse tomar vantagem e beijá-la, ela se empurrou com os calcanhares, afrouxando-o suficiente para virá-lo e poder ficar em cima, tentando imobilizá-lo. Lutaram na neve, os flocos elevando-se como um torvelinho para encontrar aos que caíam do céu, suas risadas revolvendo as agulhas das árvores. O vento levou o som na quietude da noite. Deitaram lado a lado, esticando os braços e as pernas, como dois meninos pequenos, fazendo figuras de neve no chão e logo ficando de pé de um salto para outra selvagem batalha com bolas de neve voando furiosamente.
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Finalmente, Ivory saltou para ele, abraçando-o pelo pescoço, as pernas envoltas ao redor de seus quadris em um esforço para parar o jogo louco antes de rir tanto até chorar. — É tão louco. — lhe disse, abraçando-o apertadamente. Enterrou seu rosto contra sua garganta, temendo que verdadeiramente pudesse estalar em lágrimas ante as emoções que a enchiam, ameaçando afligi-la. Sabia que ele pensava que ela era alguma espécie de milagre, mas na verdade, para ela ele o era. Ela não tinha idéia de como divertir-se, e tampouco de como ele sim sabia. Em sua vida não tinha havido diversão, só crueldade e tortura; ela pelo menos tinha brincado com sua manada, mas foi Razvan quem havia trazido novamente a diversão a seu mundo. — Ivory? — perguntou-lhe gentilmente. Ela se recusou a levantar a cabeça, só o abraçou mais apertado, mantendo seu rosto pressionado contra sua garganta, escutando o selvagem tamborilar do coração dele e sentindo o tranquilizador batimento de seu pulso. Razvan apertou seus braços a seu redor, balançando-a gentilmente como se a confortasse, mas não disse nada, sem pedir uma explicação com respeito à terminação de seu jogo. Ela fechou os olhos e o saboreou. Não era a força física que Razvan possuía em abundância o que a arrastava para ele, era a força pura de sua personalidade, o poço da absoluta determinação de seu espírito profundamente em seu interior. Era tão firme. Uma rocha. Para ela. Ela levantou sua cabeça e lhe sorriu, sem saber que o coração brilhava nos seus olhos. — É meu, Caçador de Dragões. Minha rocha. O lento sorriso interrogativo quase lhe deteve o coração. — Isso o que sou, hän ku kuulua sívamet... Guardiã de meu coração. Serei seu tudo. Ivory permitiu que seus pés caíssem na neve. — Vamos para casa. Mais que nada queria estar em casa com ele. Queria seu santuário privado para lhe dar a boa-vinda, para sentir como se ele fosse mais parte da manada... De seu lar... Como era de seu coração. Razvan esticou sua mão para ela. Ela jogou um olhar para o céu, escaneando as árvores, duvidando. Primeiro ela era uma guerreira. Nunca podia perder isso de vista. — Nunca vai ser diminuída pelo que há entre nós. — lhe disse com suavidade. Algo nela se assentou. Não podia imaginar ser diminuída por Razvan. Se acaso, seria melhor, mais forte, mais. Olhou para a palma dele. Sua mão era grande. Havia cicatrizes acima e abaixo de seu pulso e seu antebraço. Seu coração se agitou. Colocou sua mão na dele e olhou como os dedos dele se fechavam sobre os seus, vinculando-os da mesma maneira que haviam feito as palavras rituais. Recorda? Ela não podia dizê-lo em voz alta; significava muito. Ela era muito espiritual e acreditava, já fora que alguém acreditasse ou não, que tinham sido criados para estar juntos, e essas palavras impressas nele do nascimento os tinham feito um. Razvan atraiu a mão dela até seu peito e parou perto, escovando a neve dos fios de seu cabelo que caíam ao redor de seu rosto, separadas de sua grossa trança em sua
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batalha selvagem. — Lembro cada palavra, Ivory, e as disse a sério. Queria o vínculo entre nós. Não foi desespero. E não foi a necessidade de me salvar. Ele inclinou sua cabeça escura nessa forma lenta tão dele. Ainda tinha flocos de neve em seus cílios. Enquanto se movia, um calor espesso se deslizou como melaço por suas veias. A boca dele se fechou sobre a sua e esteve segura que a neve se derreteu ao redor dela. Jurou que podia ver o vapor levantando do chão e sentir acumulando-se em seu mesmo núcleo, líquido derretido como magma espesso. Pressionou-se contra ele, derretendo-se como a neve. Sentia-se na beira de um grande precipício, cambaleando-se, sabendo que ia cair e que era muito tarde para salvar-se. Para falar a verdade, não queria salvar-se; na realidade morria para saboreálo, o relâmpago branco e quente fazendo um arco através de seu corpo, chispando em sua mente, produzindo um longo curto-circuito em seu cérebro, quando estavam em campo aberto. Quando ele levantou sua cabeça, ela tomou um momento para afogar a intensidade de seu desejo. Tomando um profundo e tremente fôlego, Ivory se afastou da tentação. — É o homem mais letal que conheço. — Aceitarei como um elogio. — beijou-a novamente — Você gosta do letal. Ele sabia como beijar. Longo, suave e delicioso. Um calor lento e queimante que abrasava do interior. Encontrou-se sorrindo outra vez quando ele levantou sua cabeça. — Sim, suponho que sim. Embora estivesse assustada de preocupar-se tanto por alguém outra vez. Caminharam através da neve amontoada por muitos quilômetros até que os flocos começaram a parecer como uma manta branca caindo do céu. Poderia ter sido pelo mundo silencioso onde se encontravam, estranho e branco, e tão calado que até suas respirações pareciam muito altas no vasto silêncio, mas Ivory começou a se sentir incômoda. Outro quilômetro e seus lobos se revolveram. Sentiu a coceira estender-se sobre sua pele quando Rajá levantou a cabeça de suas costas e despiu seus dentes em um grunhido. Sei, acalmou-o. Temos companhia. Ivory olhou para o Razvan. — Estão nos seguindo. — lhe disse com um fio de voz, tão silencioso e calado como a neve. Um pequeno sorriso de diversão inesperada iluminou o rosto de Razvan. — Bom, imagino que teremos um pouco de diversão. Ela franziu o cenho. — Diversão? Razvan, não é o não morto que nos segue. Não podemos ter ninguém encontrando nosso refúgio, nem tampouco queremos nos enredar em uma batalha se forem Cárpatos como suspeito. O sorriso dele se ampliou. — Estava bastante seguro de que alguém podia tentar nos seguir. Estive prestando um pouco de atenção enquanto caminhávamos, trabalhando em um plano. O olhar âmbar de Ivory se estreitou enquanto isso fluía pelo rosto dele. Parecia mais jovem. Mais feliz. Ela o tinha obtido, mas... — Confie em mim, Ivory. Não sou o lutador experiente que é, mas sou muito
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bom em planejar batalhas e estratégias. Esta é uma situação feita para mim. Ela enviou seus sentidos velozmente de noite, procurando informação, procurando algum espaço em branco que pudesse indicar um vampiro. Os caçadores estavam bem escondidos, tanto que não estava segura de que tivesse razão, mas Rajá nunca se equivocava e ele tinha emitido sua advertência. — O que quer fazer? — Deveríamos ir para o vale das névoas. Ali é onde desapareceremos totalmente e os deixaremos para trás. Mas enquanto isso, parece-me que merecem uma pequena lição não? — Lição? — repetiu fracamente. Havia muita diversão na voz dele. — Precisam aprender um pouco de respeito por minha mulher. É uma guerreira, igual a eles e apesar disso, tratam você como se fosse uma novata. Nem sequer nos brindaram o respeito de nos confrontar cara a cara. Pode ser bom para eles que saibam que não são tão bons como pensam. — Não penso que sejam crianças os que nos seguem. São guerreiros Cárpatos experientes, possivelmente antigos que têm milhares de batalhas em suas costas. O sorriso de galo de briga o fazia parecer mais infantil quando em realidade não tinha nada disso nele. — Talvez, mas então novamente, podemos fazê-los recordar sua infância. — O que pensam que estão fazendo? — demandou Gregori enquanto caía sobre o pequeno grupo de caçadores Cárpatos. Vikirnoff teve a elegância de parecer incômodo. — Não somos crianças para ser repreendidos, Gregori. — lhe respondeu. As sobrancelhas de Gregori se elevaram. — Não, não são. É um caçador antigo, a pessoa mais experiente que eu. Nem tampouco vim repreendê-lo. Perguntei o que estavam fazendo para ver se precisavam de algum tipo de ajuda. Os outros se olharam entre eles. Gregori não se surpreendeu que o irmão de Vikirnoff, Nicolae, viajasse com ele. Os irmãos se guardaram as costas por centenas de anos. Os outros quatro guerreiros também eram antigos, que retornaram às montanhas dos Cárpatos para estabelecer laços com o príncipe. A Gregori ocorreu que todos esses caçadores antigos não conheciam em realidade Mikhail e tinham cada razão para preocupar-se por seus julgamentos. Tinham por longe mais anos e mais experiência que o príncipe, estavam acostumados a contar unicamente com seu próprio julgamento. Tariq Asenguard tinha vindo dos Estados Unidos. Com o passar dos anos, tinha juntado uma enorme fortuna pessoal, a qual frequentemente dava a outros Cárpatos. Possuía muitos negócios. Alto, como quase todos os machos Cárpatos, usava seu cabelo comprido, mas seus olhos eram de um azul meia-noite, quase parecendo gemas. Tariq era um homem acostumado a fazer as coisas a seu modo e o pensamento de que um livro antigo estivesse nas mãos de Razvan e uma Malinov, era suficiente para estar preparado para viajar rápido para ver por si mesmo detrás do que estava o par. André se movia através dos países como um fantasma, parando só para apresentar seus respeitos e prometer sua aliança. Um homem de poucas palavras,
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permanecia distante como a maioria dos caçadores antigos, seus olhos sem descanso, com vontades de seguir movendo-se, o impulso para procurar a sua companheira incessante enquanto se aproximava de sua tolerância. Era um dos machos nos quais Gregori tinha colocado um firme olhar, já que ambos, Tariq e André, pareciam próximos a converter-se. Matías, Lojos e Tomás nunca estavam longe um do outro. Como a maioria dos trigêmeos criados juntos, tinham formado um vínculo para vigiar-se entre eles através dos tempos escuros. Vinham de uma longa linha de famosos guerreiros, uma família respeitada que produzia múltiplos meninos, mas que raramente davam a luz. Tinham nascido duas meninas logo depois dois varões, mas não viveram além de seu segundo ano. Um mestre vampiro cobrou a seus pais enquanto a mãe estava grávida de trigêmeos. Os irmãos tinham caçado o vampiro através de dois séculos, sem cessar nunca em seu propósito até que destruíram o não morto, exigindo justiça para seus pais e irmãos e ganhando uma boa reputação. Gregori cruzou os braços e contemplou a todos, assegurando-se de não mostrar diversão nem exasperação. Estes homens eram uns dos antigos mais respeitados. Eram caçadores experientes, cada um deles. Embora o que estavam fazendo era muito tolo e mais que um pouco perigoso e o deveriam ter sabido. — Consideraram que estão seguindo um casal a que seu príncipe prometeu uma passagem segura? — perguntou-lhes, mantendo sua voz suave e sem crítica. Vikirnoff deu de ombros, igualmente casual. — Este é um caminho incerto. Seríamos negligentes se não vigiássemos os convidados do príncipe. As sobrancelhas do Gregori se elevaram ainda mais. — Vejo. Não se importam se me uno e me asseguro de que vocês estejam a salvo, verdade? Uma impaciência veloz cruzou pelo rosto de Vikirnoff. — Duvido que precisaremos de proteção, mas é bem-vindo. Só assegure-se de disfarçar sua presença. Dei sangue a ambos assim não tenho problemas para segui-los. — Isso será interessante. Eu também lhes dei sangue. Entre os dois, não teremos problema. André e Tariq trocaram um longo olhar e logo olharam através da neve. Descia cada vez mais rápido. — Há algo sobre este casal que devemos saber, Gregori? — perguntou Tariq. Ainda mantinha um ligeiro acento europeu debaixo do americano. Gregori sacudiu a cabeça. — Estou seguro que nenhum de vocês veio a tal missão sem ter uma clara idéia da quem estão perseguindo. — A uma mulher. — disse André — Só a uma mulher e a seu companheiro. Um bastante não qualificado. Gregori seguiu os outros através da neve. — Para ser justo, eles tiveram um encontro com um mestre vampiro e salvaram quatro humanos. André assinalou ao redor. — Brincavam como crianças no bosque, enquanto levavam um livro de imensa importância.
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— Estão-no levando agora? Um livro de imensa importância? Vikirnoff o fulminou com o olhar. — Gregori, é suficiente. Escolhe estar divertido ante a situação, mas não viu as coisas que eu vi quando Natalya recuperou o livro. É perigoso. Muito perigoso para ir sem guardas com pessoas que não conhecemos e com inimigos aproximando-se. — Oh, asseguro a você, Vikirnoff, que diversão não é o que estou sentindo. Gregori se afastou a grandes passos longos antes que o amaldiçoasse por ser tão cabeça dura. Permaneceu atrás, permitindo que os outros tomassem a liderança, sabendo que os sete caçadores subestimaram as suas presas. De fato, perseguir o casal em seu próprio território era provavelmente a pior ideia que alguém tinha tido em muito tempo, mas se recusou a desperdiçar seu fôlego. Nicolae levantou sua mão e todos se agacharam, separaram-se e automaticamente rabiscando seus corpos para que fossem mais difíceis de ver na espessa tormenta de neve. Uma leve brisa soprou através das árvores pelo que puderam captar visões de figuras — muitas — mais à frente na pradaria. Grandes. Altas. Baixas. Robustas. Os braços se sobressaindo em estranhas formas como ramos, os dedos estendidos como se procurassem algo. — O que é isso? — perguntou Vikirnoff — Esses não são eles. — Ghouls? Um exército de ghouls? — sugeriu André. Gregori girou os olhos. — Duvido muito. Enquanto olhavam, tentando jogar uma olhada através do pesado véu de neve, as figuras mudaram, movendo-se afanosamente de um lado a outro, agachando-se, formando e construindo uma estrutura baixa. — Uma parede? —sussurrou Tariq. — Está crescendo muito rápido. Muito rápido para que seja outra coisa que não magia. — advertiu Matías. Assinalou a seus irmãos e estes se separaram, vindo ao redor do prado de três pontos de ataque diferentes. Os caçadores se aproximaram lentamente, usando as árvores para disfarçar sua presença, todos os sentidos alerta. O que fosse que estivesse cuidando do casal não deixava aroma, nem absolutamente nenhum rastro. Era como se o casal tivesse desaparecido, e a própria terra estivesse pura como a neve. — Uma fortaleza. — sussurrou Lojas advertindo-os. O ataque veio com rapidez. Os mísseis assobiaram através do ar, um bombardeio, o ar pesado com bolas cobertas de branco que golpeavam com precisão mortal, pegando nos Cárpatos, nas árvores e em tudo demais que estivesse na zona de batalha. — Ácido! — gritou Tomás advertindo-os. Os homens se dissolveram e entraram de repente no campo de batalha, cada um frente a um dos ghouls que atacavam, golpeando através do peito para chegar a seus corações murchos, outros cortando através dos pescoços para separar a cabeça das marionetes de vampiro. Gregori cruzou os braços e se apoiou contra o grosso tronco de uma árvore e observou a luta frenética e caótica, a batalha rugindo furiosamente enquanto uns ghouls continuavam jogando os mísseis e outros continuavam construindo afanosamente até que a estrutura começou a formar um teto, agora os rodeando
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pelos quatro lados, confinando-os no interior das paredes. — É uma armadilha. — advertiu Tariq aos outros — Em cima de vocês. Os sete caçadores Cárpatos deram um salto para afastar-se de seus oponentes, cada um tentando estudar a estrutura que os prendia rapidamente. Gregori sacudiu a cabeça, girou os olhos enquanto passavam os minutos e os ghouls se faziam mais abundantes e os mísseis se duplicavam. Vikirnoff deu um jeito para atravessar o campo de batalha até chegar a seu lado. — Importaria-se de ajudar? — Sentiria-me um pouco ridículo lutando contra bonecos de neve, mas vá você. — disse com uma pequena reverência elegante para o caçador antigo. Vikirnoff olhou ao redor, com um cenho em seu rosto. Tudo se esclareceu um pouco enquanto tentava ver com todos os seus sentidos. A batalha feroz continuava, mas agora os ghouls eram brancos e inflados e suspeitosamente arredondados no corpo e na cabeça. Os braços pareciam ser nada mais que ramos e velhas raminhas. Os mísseis eram bolas de neve, salpicando contra seus peitos e rostos. Vikirnoff tomou fôlego e o deixou sair. A cena estava completamente clara e enfocada. A cor subiu por seu pescoço alagando seu rosto. — Acredito que lhe deram uma surra. — disse Gregori — E o fez uma garota. — Terád keje… Que o queimem, Gregori. — lhe lançou — É uma ilusão. — disse aos outros — É boa com a magia. Isto é só uma tática para nos atrasar. Sabem que os estamos seguindo. A briga se fez mais lenta e logo se deteve quando os caçadores se deram conta lentamente de que tinham sido enganados. A seu redor, os homens de neve jaziam caídos, esfaqueados, as cabeças rodando com rostos sorridentes rindo para eles. — Não posso acreditar que caímos. — disse Tariq — Ela é melhor do que acreditava. Não senti, nem por um momento, a quebra de onda de energia. Os caçadores se olharam um ao outro. Foi Lojas, célebre por ser um grande guerreiro, quem expressou sua apreciação. — Não só não houve uma quebra de onda de energia, a ilusão foi absolutamente fluída. Não foi feita por novatos. Ainda mais, a habilidade de luta dos homens de neve foi magnífica. Se pudesse sentir admiração, esta estaria em sua voz, mas suas emoções fazia tempo que se haviam desvanecido e tudo o que pôde fazer foi expressar seu reconhecimento da perícia. — Vikirnoff, recolhe o rastro. — disse Matías com propósito incessante—. Não deixaram nem sequer um fraco rastro para trás. Teremos que usar a chamada de seu sangue para rastreá-los. Ante isso Gregori sorriu com suficiência. — Sim, Vikirnoff. Usa isso. Estou seguro que não terá problemas em encontrálos. A neve caía tão forte que quase falhava em ver o rosto de Vikirnoff, mas bem valia o esforço extra para ver a expressão de exasperação do caçador. — Se sua companheira tivesse sido enganada repetidamente por alguém, não seria tão rápido em confiar nele. — o acusou Vikirnoff. — Talvez não, mas teria acreditado em meu príncipe.
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Vikirnoff se afastou ofendido, liderando ao grupo de caçadores através do prado cheio de homens de neve e de volta para o bosque. O aroma era tão fraco, ainda com o chamado de seu próprio sangue, como se alguém o houvesse diluído. Agora cautelosos pelas armadilhas, tinham que mover-se muito mais lento, desdobrados em um padrão de busca, todos os sentidos alertas. Não havia rastros, nem sinais visíveis da passagem de Ivory e Razvan. Por duas vezes Vikirnoff teve que retroceder e fazer um caminho sinuoso mais profundo no bosque onde as árvores eram mais altas e estavam mais unidas. O dossel das árvores tecia um guarda-chuva sobre suas cabeças, bloqueando o pior da neve já que as capas no chão não eram tão profundas, embora os ramos sobre eles se agrupassem alto e cada espaço aberto tinha altos amontoamentos. Tariq tirou uma teia de seu rosto enquanto se infiltravam no escuro recôndito do bosque. As dúvidas eram mais abundantes, como passava frequentemente nas áreas menos transitadas. — Não parece que tenham vindo nesta direção. — lhes advertiu — As teias de aranha estão intactas. Os caçadores se detiveram, mantendo ao menos um metro e meio entre eles. Inspecionaram todas as teias de aranha que se estendiam de árvore a árvore. Brilhando como diamantes pelos cristais de gelo banhando os intrincados fios, as redes em realidade formavam dobras sobre muitas das árvores e se estiravam entre eles em labirintos de caminhos astutamente conectados. Já tinham visto com antecedência às aranhas de gelo elaborar tecidos, mais nunca em cavernas profundas debaixo do chão, mas de vez em quando eram raramente vista durante um inverno prolongado. — Estes tecidos permaneceram imperturbados por muitas semanas. — adicionou André, parando perto de uma das mais longas para estudar os insetos presos. Ainda alguns lagartos desafortunados e pássaros tinham sido apanhados pelos tecidos resistentes — Duvido que tenham passado por aqui. — Talvez como névoa? — sugeriu Matías — Talvez se puderam deslizar através. — Não em uma teia de gelo. — objetou Lojos — Todos sabem que não pode simplesmente passar. — As aranhas de gelo são pequenas, mas ferozes. — lhes recordou Tomás — Se tropeçar com uma colônia nas cavernas melhor temer por sua vida. Isto se parece com uma colônia. — Sem dúvida. — esteve de acordo Nicolae — Se formos ao meio disso, melhor nos preparamos para queimá-las. Ainda com tudo molhado, podemos destruir este bosque. Vikirnoff jogou um olhar incômodo a Gregori. O curador não tinha feito sugestões, simplesmente parou a um lado e os observou tentar encontrar o rastro. Seu rosto não tinha expressão, nem indicava em que podia estar pensando. — Cuidem-se de uma emboscada, — os acautelou Nicolae — mas olhem ao redor. Tiveram que ter vindo por aqui. Se eles encontraram uma passagem, nós também. — Não incomodem os tecidos. — advertiu Vikirnoff enquanto os caçadores começavam a busca de sinais. O aroma de sangue era fraco, e Vikirnoff estava seguro de que o casal tinha passado pelo território das aranhas de gelo. Os tecidos pareciam abranger muitos
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quilômetros de bosque, uma barreira espessa esticando-se como cercos entre as árvores. Se o casal havia bordeado em vez de ir pela colônia, teriam levado muito mais tempo, e o aroma do sangue não levava para esse caminho. Para evitar problemas com as perigosas e muito agressivas aranhas, teriam que encontrar uma forma de ir através da área sem rasgar os tecidos. O aroma era agora tão fraco, que temia que se escolhessem a rota mais longa, perderiam completamente o casal. — Acredito que sei o que fizeram. — disse Lojos — Tiveram que ter reparado todo o dano aos tecidos à medida que passavam. Se puderam tecer o suficientemente rápido para manter o suficientemente intacta cada tecido para não despertar a ira das aranhas, podem havê-lo obtido sem uma batalha. Tariq assentiu. — Essa é a única explicação lógica. Separem-se. Ninguém é tão bom para reparar um tecido de aranhas de gelo exatamente como as tecem as aranhas. Têm que ter deixado sinais. Vikirnoff lançou a Gregori um olhar eufórico, que meramente deu de ombros, o que irritou o caçador ainda mais. Os sete caçadores antigos se espalharam através das árvores, parando perto dos tecidos, quase pressionando seu nariz contra elas em um intento de encontrar algum sinal de bordo irregular aonde os cristais penduravam dos fios sedosos. Vikirnoff jogou um olhar a Nicolae, com seu cenho aprofundando-se. — Aqui não vejo nada, mas ninguém passa pelo coração das teias de aranha de gelo. Podem seguir por quilômetros e seria muito arriscado. Não só que é muito perigoso, o cuidado que teriam que ter certamente os faria atrasar-se. Olhando para seu irmão, moveu-se das árvores do exterior para o centro do bosque. Deu um passo e seu pé se afundou quase dez centímetros na neve, apesar de haver feito seu corpo leve. Por sua vez, uns fios sedosos se levantaram e o rodearam, encerrando-o em uma rede que brotava do chão até acima no ar, a rede apertada, sem os diminutos ocos que permitiam que passasse o vapor. Vikirnoff lutou, mas como todas as teias de aranhas de gelo, os tecidos se apertavam mais quanto mais lutasse, rodando-o até que esteve preso como um peru. Obrigou-se a ficar quieto, a fúria comendo sua calma habitual. Encontrou-se no alto da copa da árvore, pendendo a muitos metros no ar. Seu irmão o olhava do tecido onde estava envolto como uma múmia e preso no interior da rede sedosa e cristalina. Ao redor deles, os caçadores tinham encontrado o mesmo destino. Vikirnoff não se atreveu a olhar para Gregori. — Desça-nos. — ladrou isso. Gregori suspirou. — Se me mover, posso pisar em uma das numerosas armadilhas que estão por aí. Primeiro tenho que estudar a situação. Não me faria nenhum bem acabar da mesma maneira. — As aranhas nunca poderiam fazer isto. — disse Lojos — A magia está trabalhando aqui. — Parece? — Nicolae foi sarcástico — Estão tentando nos fazer de idiotas. — Ou possivelmente simplesmente estejam sendo idiotas. — lhe ofereceu Gregori. Vikirnoff grunhiu.
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— Diga o que quiser, mas se não têm nada para ocultar, não teriam ido tão longe para esconder-se de nós. Enquanto falava os ramos sobre sua cabeça começaram a agitar-se, chovendo flocos quando as aranhas correram a toda pressa ao longo da intrincada rede. Algo começou a descer para Vikirnoff, atraída por sua voz. Gregori, pondo seus pés cuidadosamente no campo obviamente minado de armadilhas, moveu-se mais perto, se por acaso era necessária sua ajuda. A aranha se deteve ao nível dos olhos de Vikirnoff. Olharam-se mutuamente por um longo momento. Podia ver as presas empapadas com veneno. A aranha começou a tecer outro tecido, desta vez formando palavras como se estivesse programada. Tomou certo tempo conectar as linhas sedosas. Não temam. Arrumei uma passagem segura através do território das aranhas. Vikirnoff sentiu que suas vísceras se apertavam. Passagem segura. Como se fossem crianças incapazes de conseguir passar pelo domínio das aranhas de gelo por seus próprios meios. O golpe a seu orgulho foi deliberado. Uma bofetada no rosto. Estava tentado a exterminar a colônia inteira chamando o relâmpago. — Eu não o faria. — disse Gregori — Se Ivory e Razvan usaram magia e se fizeram amigos destas aranhas, o mais provável é que tenham deixado proteção para elas. Trocaram algo por sua passagem segura. — Não lhes pedimos sua ajuda. — grunhiu, seus dentes apertando-se. Por cima de suas cabeças as árvores pareciam vivas enquanto milhares de aranhas corriam e se moviam. Vikirnoff desejava em primeiro lugar não ter ficado no caminho, mas não ia dizer isso a Gregori. Contendo sua raiva, inclinou a cabeça para aceitar qualquer acordo que Ivory e Razvan fizessem. — Espero que tenha razão com respeito a eles e que não tenham trocado sua passagem segura para nos entregar às aranhas para sua comida de inverno. — Não permitiria que isso acontecesse. Isso era quase tão difícil de engolir quanto que o casal tivesse arrumado sua passagem segura. Vikirnoff blasfemou em silêncio. Agora não tinham opção. Tinham que continuar para frente, e sabia que o curador tinha esse sorrisinho particularmente incômodo. Foram baixados ao chão quase a passo de tartaruga, fazendo que quisesse gritar de frustração. Outra tática para demorá-los. E logo um por um foram desenrolados, por isso os fios sedosos foram preservados, outra absolutamente humilhante tortura para caçadores experientes. E se Gregori mencionasse outra vez as palmadas, ia matálo e ao diabo as conseqüências. Enquanto os caçadores eram desenrolados como salsichas, uma abertura foi preparada através dos tecidos assim quando os sete caçadores estiveram de novo parados ao lado de Gregori, havia um caminho através do bosque denso. Agora incômodo, o grupo continuou seguindo Vikirnoff enquanto saía a rastrear Ivory e Razvan pelo interior escuro e saía pelo outro lado. Encontraram-se no pior lugar possível e as aranhas trabalharam rapidamente para fechar a passagem detrás deles. O Vale da Névoa estava entre dois altos picos montanhosos, elevando-se abruptamente até quase ângulos verticais. O desfiladeiro era estreito e traiçoeiro, quase sempre cheio de névoa espessa e gelada, as partículas o suficientemente
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pequenas para congelar os pulmões quando inalavam. Ninguém, nem sequer os Cárpatos, podiam ver através do pesado véu de névoa que pendurava como nuvens. A neve e o gelo frequentemente se desprendiam dos precipícios angulares, e as avalanches eram frequentes na área. Frequentemente o vento descia dos picos mais altos em uma corrente de ar espiralada para uivar através dos canhões a velocidades suicidas, levando vozes, causando estragos nos sentidos auditivos. Uns poucos animais podiam viver no vale; reinavam os leopardos das neves, mas ainda eles permaneciam longe da base das montanhas onde a neve e o gelo caíam com um forte estrondo. Os caçadores escutaram o som da risada de uma mulher e de figuras movendose na névoa. Tomás lançou um olhar a seus irmãos e se moveram para frente só quatro passos no vale e desapareceram. Vikirnoff olhou para Gregori. — Caçam fantasmas, verdade? Ele deu de ombros. — Imagino que sim. Vikirnoff fechou os olhos e enviou sua mente a procurar o rastro de sangue. Estava perdido na névoa. Não ficava nem o mais mínimo rastro. — Provavelmente se dissolveram em névoa e estão mesclados nessa névoa espessa. Posso passar meses tentando rastreá-los. — Não os encontrará. — disse Gregori. Tomás, Matías e Lojos retornaram. — Estamos caçando fantasmas. Estão brincando conosco, mas não estão mais por aqui. Vikirnoff sacudiu a cabeça. — Gregori, espero que seu príncipe saiba o que está fazendo. — Nosso príncipe. — disse Gregori — Cada um de vocês lhe jurou lealdade. Desta vez não havia diversão. Nenhuma. Os olhos prateados deteram-se em cada um dos caçadores como se os estivesse marcando. — Ivory e Razvan se negaram à oferta do livro. Mikhail os provou em cada forma e passaram cada prova. Não posso dizer o mesmo de vocês. Simplesmente se dissolveu e se afastou velozmente, subiu e passou por cima do bosque com sua colônia de aranhas, de volta para o território Cárpato, deixando que os outros o seguissem.
Capítulo 15 — Penso que tem uma mente tortuosa. — disse Ivory uma vez que reassumiu sua forma física, de pé na sala de leitura de seu refúgio — Guiar os guerreiros ao Vale da Névoa e logo ir por debaixo do chão em vez de pela névoa foi um golpe de gênio. Não havia forma de que pudessem nos rastrear, nem sequer através da chamada do sangue. — A terra nos dá à boa-vinda e cobre todo rastro. Sabia que nunca poderiam seguir nosso aroma, nem sequer com a chamada do sangue. — lhe sorriu — Eu teria gostado de estar lá quando se deram conta de que estavam presos em uma ilusão e
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lutando contra bonecos de neve e não contra ghouls. — irrompeu em gargalhadas. Ela esticou bem seus braços para permitir que os lobos tomassem sua forma normal. — Não fizemos nenhum amigo. — Não precisamos deles. Em qualquer caso, se eles não tiverem emoções, não se importariam de um modo ou outro. — disse, franzindo o cenho — Não invejo o trabalho de Mikhail. — Especialmente tratando de destruir esse livro. Não tem idéia das coisas malvadas que há lá dentro. Razvan ficou calado durante um longo momento. — Deveria ter falado mais com ele do livro e sua destruição. Desagrada-me a idéia de que minhas tias tenham que lutar com algo que envolva Xavier, mas elas, melhor que qualquer outro, poderiam saber qual é a melhor maneira de destruí-lo. A preocupação em sua voz a emocionou. O homem tinha mais compaixão e mais impulso de proteger aos que amava que qualquer pessoa que tivesse conhecido. Ivory se girou para ele, seu olhar vagando lentamente sobre ele. Ocupava muito espaço ali, nos limites de seu lar. Seus ombros eram largos e seu físico muito masculino. Havia pouca suavidade em Razvan, embora tivesse a natureza mais serena e calma com a que se encontrou. Ele olhou para cima e a pegou olhando-o. O coração dela deu um salto. Havia fome nua e crua em seus olhos, brilhando para ela, devorando-a, bebendo-a. Sua boca se secou. Umedeceu-se os lábios. Desejando-o. Quase o necessitando. O medo a apanhou. — Razvan. Seu nome saiu rouco, sua voz tremente. O sorriso dele foi lento, sua voz tão espessa como o melaço. — Ivory. A forma como disse seu nome fez que seu corpo se esquentasse e umedecesse e seu coração palpitasse mais. Não havia volta atrás. Com ele era tudo ou nada, sabia. Uma vez que a tocasse, reclamasse-a, fizesse-a parte dele, estaria perdida. Completamente. Quanto dela desapareceria? Morria por isso. Por ele. Estava em chamas. Quase desesperada, quando o desespero não era parte de seu caráter. Levantou uma mão tremente antes que ele pudesse dar um passo para ela. — Se alguma vez me trair, matarei você. Tem que sabê-lo. Não haverá perdão. Não confiei em outra pessoa em séculos. Os outros não importam, mas você... Você sim me importa. — Não esperaria menos de minha mulher. Um sorriso lento e sexy curvava sua boca e cintilava em seus olhos. A fome lhe devolvia o olhar. Desejo. Luxúria. Todas as coisas com as que se podia arrumar. Mas havia amor, puro e honesto e tão real que lhe tirou o fôlego, sacudindo-a até seu próprio núcleo. Algo dentro dela surgiu. Rompeu-se. Abriu-se para ele. Por ele. Por este único homem. Se o aceitasse, seu amor por ele poderia consumi-la. Tinha tanto para dar, mas tinha estado sozinha por tanto tempo... Ele estendeu sua mão para ela. — Também estive sozinho. Queria que ele entendesse a enormidade da decisão. Sabia o que custaria a ela? Sabia quão aterrorizada estava? Tinha alguma idéia de quão má era quanto às
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relações? O sorriso dele se ampliou, lhe dando uma olhada de seus dentes brancos. Ele se inclinou e roçou um beijo gentil sobre sua boca. Não havia maneira de salvar-se de seu próprio coração traiçoeiro. Ela já havia se comprometido com ele. Tinha caído por seu sorriso. Por sua natureza gentil. Por sua vontade de aço. Tudo nele a arrastava. Até sua nervura teimosa e seu senso de humor de garoto. Tudo. Havia mais perigo para ela aqui, neste homem, neste momento, do que poderia haver no mais poderoso mestre vampiro imaginável, ou nas batalhas mais ferozes. Amá-lo muito, como o faria — talvez como já o fizesse — poderia destruí-la. Poderia voltar a unir seu corpo físico, mas não seu coração, não sua alma... Nem a mesma essência de quem era. — Querida, confia em mim. Sei que estou te pedindo mais do que qualquer um se atreveria a te pedir, mas olhe na alma que compartilhamos e confie em mim. Ivory manteve seu olhar fixo no dele. Em seus olhos. Em seus olhos esplêndidos, selvagens e de cor meia-noite, que continham muito. Tudo por ela. Só por ela. Tanta fome. Tanto desejo. Tanto amor. A boca dela tremeu enquanto colocou sua mão na dele e deixou que a guiasse para dentro de seu dormitório. Razvan fechou a porta aos lobos, deixando que se acomodassem na grande sala de leitura. Ondeou seu braço para acender luzes piscando em centenas de velas em miniatura, postas em pequenas fendas na parede. As chamas dançaram, lançando sombras através do rosto de Ivory. Sua pele parecia de porcelana, suave como a pétala de uma rosa e convidativa. Seus olhos eram enormes, de ouro brunido, líquidos e assustados como os de uma criatura selvagem apanhada por um predador, olhando-o com uma mescla de desejo e inocência que era de uma vez intoxicante e irresistível. Esticou-se até detrás dela e atraiu sua grossa trança sobre seu ombro, para liberar a atadura, seus dedos fazendo um túnel através dos fios sedosos para afrouxar a malha para que o cabelo lhe pendurasse ao redor do rosto e caísse como uma cascata por suas costas. A textura tão suave de seu cabelo, e os fios deslizando-se entre a ponta de seu polegar e seus dedos, levaram às brasas que ardiam lentamente a incendiar-se. Ela não se estremeceu ou se afastou dele, nem baixou o olhar. Havia coragem em Ivory, abundância dela. Coragem que sabia que era uma enorme parte do que ela era. Ivory não se rendia. Se comprometia-se com ele, darialhe tudo, sem guardar-se nada. Amava-a ainda mais por esse traço, essa característica inquebrável que a fazia uma caçadora perigosa, mas também a podia fazer uma sócia ferozmente leal e uma amante de fantasia. Ele queria tomar seu tempo, explorar cada centímetro dela, cada sombra e espaço secreto, cada curva feminina, intrigante e misteriosa. Mal podia respirar pelo desejo. Suas mãos foram até os broches de seu colete. Conhecia cada um intimamente, lhes havendo dedicado atenção mais cedo — as correias de couro com dois orifícios — as diminutas cruzes incrustadas no aço de cada fechamento de metal e os três rebites a cada lado do broche e a correia, também incrustados com uma cruz... O que representava sua fé e sua alma brilhante. É obvio que qualquer um deles poderia ter tirado as roupas dela com um simples pensamento, mas ele desejava o prazer de desembrulhá-la. Desejava tomar seu tempo e lhe oferecer cada um dos momentos de prazer que pudesse... Construir sua necessidade de uma brasa ardendo lentamente a uma rugente tormenta de fogo.
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Ela não se moveu, mas ele sentiu sua brusca inspiração e seus seios se elevaram e caíram contra seus nódulos enquanto abria as correias e lhe empurrava o material pelos ombros para uma lenta revelação de seu magnífico corpo. Seus seios se soltaram. Suaves. Tentadores. Tanto que ele cavou o suave peso em suas palmas, todo o tempo olhando o rosto dela. Ele viu o veloz prazer que a transbordava, o arrebatamento de cor, o leve vidrado de seus olhos enquanto os polegares dele roçavam os tensos picos de seus mamilos. Sustentar os suaves montes gêmeos nas palmas se parecia com um milagre, uma sensação além de suas fantasias. Tinha renunciado a esses sonhos fazia muito tempo — tanto que nem sequer podia recordar se alguma vez os tinha tido — entretanto, ela estava em frente a ele, suas suaves curvas femininas eram um peso leve em suas mãos e seus enormes olhos olhando-o com tal confusão... E antecipação. Roçou um beijo sobre sua testa logo desceu até o canto de seu olho esquerdo. Um pequeno estremecimento passou através do corpo dela. Ele beijou a ponta de seu nariz e os cantos de sua boca. Os lábios dela se separaram ligeiramente. A fome brotou nela, alagando-o, por isso por um momento a boca dele se abateu a uns escassos centímetros dela enquanto ele lutava para controlar-se. Primeiro tomou fôlego, arrastando-o profundamente a seus pulmões, e logo tomou a boca, seus lábios colocando-se sobre os dela, absorvendo a forma e a textura, a suave firmeza, o calor construindo-se. A língua dele deslizando-se por esses cós levemente separados, em um pequeno convite. O fôlego de Ivory se deteve em sua garganta. Ele a guiava para um caminho desconhecido de tentação, e ela estava simplesmente muito longe para resistir. Seu beijo era pecaminoso, sua boca uma malvada excitação que a enchia com tal necessidade que não podia conter suas respostas. Sussurrou-lhe algo sexy, quase imperceptível, enquanto sua língua percorria dentro de sua boca, explorando os espaços quentes, correndo sedutoramente sobre seus dentes e reclamando seu corpo para ele. Sabia que era isso. Uma reclamação. Tomar seu corpo e fazê-lo seu. Os polegares dele roçavam seus mamilos e ela quase gritou, o som estrangulando-se pelo nó em sua garganta. Nervuras de fogo corriam de seus seios até seus clitóris e seu útero se apertou. Beijou-a uma e outra vez até que se sentiu delirar, mas uma parte dela sempre estava concentrada em suas mãos. Na espera. Na necessidade. Ela estava ali de pé com ele totalmente vestido, seu cabelo escuro e frisado preso, por isso se via em controle enquanto ela estava nua da cintura para acima com seu cabelo caindo em cada direção, um montão selvagem de nervos que por fim entenderam que esse homem era seu destino. Essa viagem que empreendia com ele, não importava quão atemorizador fosse, não o fazia sozinha. Tinha-lhe permitido liderar o caminho no campo da força. Agora lhe pedia que se rendesse a ele, da mesma maneira que ele o havia feito por ela. Ele queria sua confiança. Toda. Queria que lhe desse tudo o que era ou seria sem orgulho nem ego, confiando que ele apreciaria seu presente por toda a eternidade. Seu beijo tinha sido um fósforo, prendendo algo bem fundo dentro dela que agora flamejava, algo feminino e vivo e necessitado além do que se pudesse acreditar. Queria agradá-lo. Queria ser seu consolo. Seu prazer. Seu tudo. A língua dela se deslizou pela dele, dançando e provocando, enquanto
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pressionava seus seios doloridos mais profundos em suas palmas, necessitando esse próximo toque de fogo. Os beijos dele eram aditivos, queimando quente até que soube que a paixão estava esticando seu controle e sua mente estava confusa pelo desejo. Mordeu-lhe seu lábio inferior e a ardência enviou um relâmpago a golpear chispando através de seu ventre direto até seu canal feminino. Os dentes dele rasparam ao longo de seu queixo, sua língua fazendo redemoinhos sobre a pequena fenda que havia ali e viajando para debaixo de sua garganta. Tomou seu tempo, ainda quando ela estava se derretendo ali mesmo, no piso. Sua boca se moveu sobre sua garganta, esses dentes malvados raspando brandamente, mandando uma pecaminosa chicotada de calor em espiral que se deslizou do ventre até as coxas. Mal podia respirar, esperando. Sabendo. No agarre por um desejo muito forte para sequer suportá-lo. Ele baixou sua boca e tomou seu seio com o mesmo calor lento com o que tomou sua boca. Primeiro veio seu fôlego morno, por isso o sentiu por todo o caminho até seu seio e profundamente sob sua pele. A respiração dela tão só se deteve enquanto se inclinava para ele. Sua língua puxou seu mamilo e ela choramingou. Logo sua boca a atraiu mais fundo, chupando, e fazendo com que gritasse, com sua cabeça para trás, seus braços embalando sua cabeça para ela, abraçando-o perto. Os dedos dela se fecharam formando punhos, agarrando uma mecha do cabelo dele enquanto os dedos dos pés se curvavam em uma ação reflexiva da anterior. O desejo golpeava baixo e com ferocidade, enquanto ele capturava seu outro mamilo e o girava e devorava ao ritmo de sua boca. Outro pranto lhe escapou quando um relâmpago branco rasgou através de seu corpo, direto desde seus peitos, atravessando seu abdômen até seu muito mesmo núcleo e ainda mais abaixo, estendendo-se por suas coxas até que faíscas elétricas chispavam a seu redor. O sangue rugia em seus ouvidos, palpitava em seu coração e por suas veias enquanto ele atraia o mamilo apertado contra o teto de sua boca e o acariciou e apertou. Necessitava-o em uma forma como nunca tinha necessitado a alguém em sua vida. Ele era como a estrela mais brilhante, como a luz da lua derramando-se prateada através da neve nova. Ele fez de um mundo horrível, um decente e formoso e a fez recordar que era uma mulher. A boca dele era como veludo negro, escuro e intoxicante, suas mãos envolvendo seus seios enquanto seus dentes e língua convertiam seu fogo em um muito mais quente. Quando ele levantou sua cabeça pôde ver sua fome feroz, embora com esses mesmos movimentos sem pressa, seus dedos inteligentes passaram roçando seu ventre nu. Agarrou sua caixa torácica entre suas palmas e inclinou sua cabeça para marcar um rastro de fogo sobre cada costela e mais abaixo até seu umbigo, onde sua língua fez um redemoinho até que ela se agarrou ao cabelo dele para manter-se ereta. Os olhos dele se encontraram com os seus e suas mãos caíram até o cinto que ela tinha em sua cintura, abrindo o fechamento e atirando armas e cartucheira ao piso. Sentiu o toque de seus dedos contra seu baixo ventre enquanto ele puxava as ataduras de couro e rapidamente as abria. Ela estava tentada a simplesmente tirar de cima suas roupas, seu corpo em chamas pela necessidade, mas os olhos dele continham uma advertência, um olhar de posse que achou só um pouco emocionante... Bem, possivelmente bastante. Ele desfrutava de desembrulhá-la e ela queria lhe dar essa
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alegria. Encontrou-se se sentindo inesperadamente sexy quando ele desceu suas calças pelas pernas e uma mão em seu quadril a urgia a dar um passo para sair deles. Ela conteve o fôlego. Estava totalmente nua, cada linha e curva exposta a seu faminto olhar. Ele simplesmente parou ali, as mãos nas curvas de seus quadris, seu olhar movendo-se sobre ela, enfocada absoluta e totalmente nela do modo como ele o fazia, como se não visse nada mais, como se não fosse consciente de nada mais. Só Ivory. Ela pôs sua mão no peito dele, justo sobre seu coração, e o sentiu pulsando com força. Um desejo cru irradiava dele... Por ela. Nunca tinha tido um homem que a olhasse assim. Certamente Draven a tinha desejado, mas não com amor esculpido em cada linha de seu rosto. Não com seu corpo tremendo e seu coração tamborilando como um martelo. Nunca a tinha olhado com tanta febre de necessidade, com sua mente aberta a dela e seu coração dado totalmente a ela. Ninguém a havia feito sentir como se fosse a mulher mais linda do mundo, totalmente desejada, completamente amada... Até agora. — Ivory. Seu nome saiu estrangulado de sua garganta. Uma suave sinfonia que roçou sua pele tão efetivamente como suas mãos. Atraiu-a novamente para ele, tomando sua boca, desta vez em uma febre de necessidade, queimando-a com seu calor abrasador enquanto a devorava mais perto, por isso sua pesada ereção pressionava contra seu suave ventre justo sobre o material das calças dele. Ela escutou seu próprio gemido estrangulado quando a boca dele se apressava sobre a dela, desta vez sem esse lento queimar. Desta vez tão selvagem e quente que a chamuscou. A havia tornado louca pelo que a necessidade era quão único conhecia, e se derreteu nele, quase cega pela fome de seu toque. A língua dele se enredou com a sua enquanto suas mãos voltavam para seus seios sensíveis, seus dedos devorando e fazendo girar seus mamilos até que esteve ofegando, respirando com dificuldade, e deixando escapar pequenos choramingos. A pele dele se sentia quente sob sua camisa, enquanto lhe cravava a unhas profundamente em seus ombros. Um estremecimento desceu pelo corpo dele. Sua boca era aditiva, esse gosto de pecado escuro e rico e a sexo, que ela achava intoxicante. O corpo dele era duro e poderoso, movendo-se contra ela, controlado, agora agressivo, inflamando-a mais. Podia sentir cada músculo definido esticando-se debaixo de sua pele, seu corpo tenso pela necessidade enquanto seus beijos enviavam faíscas de eletricidade através de suas veias, diretamente até seu canal feminino fazendo que estivesse úmida e necessitada, e gemendo em sua boca. Não podia parar de tocá-lo, seu cabelo, seu pescoço, sua garganta, deslizando suas mãos por seus braços e os músculos que havia ali, arrastando roucos grunhidos masculinos e crus da garganta pela paixão. O som a inflamou mais, até que pensou que estava se queimando, seu corpo movendo-se quase compulsivamente contra o dele. Ele emitiu um som. Escuro. Perigoso. Intoxicante. Simplesmente conduziu seus quadris para cima, contra a união das coxas dela, pressionando apertadamente enquanto se balançava ali. O movimento urgente foi incrivelmente sexy, enviando um raio de desejo, doce e quente, cravando-se em seu núcleo, e ela enterrou seu rosto contra seu pescoço, acariciando-o com sua língua, mordiscando-o com seus dentes, deleitando-se na forma como o corpo dele se estremecia em reação. Os dedos dele encontraram o interior de suas coxas. Acariciaram. Tiraram o
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fôlego de seu corpo. As pernas dele forçaram que suas coxas se abrissem para ele, o áspero material roçando contra sua pele enquanto ela corcoveava inutilmente contra ele, quase chorando pela necessidade. — Está úmida para mim, fél ku kuuluaak sívam bels? — amada? Sua voz era uma sedução de veludo negro em seu ouvido. Uma flagrante e malvada tentação. — Está? — soava como pecado puro. Ela puxou freneticamente sua camisa, desesperada para chegar até ele, enquanto a necessidade lhe cravava as garras. Doía-lhe, seu canal feminino arrolandose apertada pela tensão que se construía, frenética pela liberação, para que ele enchesse o vazio que a tinha em suas garras. Deu um jeito para lhe tirar a camisa e não pôde suportar nada entre eles, nem sequer por outro segundo. Despiu-o com magia, com frenesi, quase violenta pressa. Com uma mão empunhada no cabelo dela, arrastou para trás sua cabeça para expor sua garganta e raspá-la brandamente com seus dentes. Mordeu-a e seu útero se apertou. Deixou um rastro de ferozes beijos sobre seu pescoço, e logo sua boca estava saqueando seus seios, seus dentes e língua enviando fogo fundido através de seu sangue. As mãos dele se deslizaram sobre suas coxas, acariciando e apertando a suave pele interior, movendo-se mais acima, os nódulos roçando o monte úmido na união dali. Ivory inalou bruscamente. Ficou absolutamente quieta. Com seu fôlego preso em seus pulmões. Só ficou presa ali, ardendo e nua. Razvan retirou a cabeça para trás e a olhou nos olhos. Ela se afogou ali. Mantendo seu olhar cativo, ele afundou seus dedos no canal molhado e apertado. Ivory abriu os olhos de par em par. Escutou seu próprio pranto de surpresa escapando de sua garganta, enjoada pelo choque. Razvan entrou em sua mente para poder sentir sua resposta, suas reações guiando-o ainda mais. Ela não sabia se podia suportar senti-los a ambos, a fome feroz, o fogo construindo-se e saltando entre eles. Ainda olhando-a, Razvan ficou de joelhos. Desceu seu olhar em um lento e possessivo estudo de seu corpo, observando seu rubor pela excitação, tudo enquanto seus dedos se metiam mais fundo. O aroma dela o chamava enquanto montava sua mão, quase soluçando. Muito lentamente tirou seus dedos e os lambeu, saboreando o sabor exótico dela. Ela gemeu e o som vibrou através de sua pesada ereção que começou a pulsar com urgente necessidade. Ignorou as reações de seu próprio corpo, desesperado por seu sabor. Desesperado. Estava desesperado por seu sabor. Só isso era suficiente para desfazê-la, que esse homem, ajoelhado a seus pés, parecendo como um anjo caído, pudesse estar tão desesperado por seu sabor, pelo creme quente que se derramava para lhe dar a boa-vinda. Ele manteve suas coxas separadas com suas mãos e a tomou com sua boca, sua língua deslizando-se pelo calor suave como o cetim. Ela tremeu. Agarrou seu cabelo com ambos os punhos e puxou, a dor mordendo-o e pondo seu pênis ainda mais duro. O nome dele saiu estrangulado, e logo se apagou quando ela perdeu a habilidade para respirar quando a lambeu como um lobo faminto. A raspagem de sua língua foi muito. Seus joelhos se enfraqueceram e seu corpo se enrolou muito apertado, ardia muito quente, apertando-se e esticando-se com
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surpreendente intensidade. Gritou seu nome, tentando dizer basta, mas querendo que isto nunca terminasse. Importava pouco; ele estava além de escutá-la, seu sangue trovejando em seus ouvidos, o gosto dela deixando-o louco. A comeu como um lobo faminto, sua língua golpeando, lambendo e logo chupando seus clitóris, inserindo-se profundamente e logo revolvendo sobre o duro nó enquanto ela corcoveava e empurrava contra sua boca em uma explosão feroz e sem sentido. Ivory gritou. Nunca tinha gritado em sua vida. Nem quando Draven a apanhou. Nem quando os vampiros tinham atacado. Nunca. Nem uma vez. Mas o prazer bordeava em êxtase, rugindo através de seu ventre e rasgando através de seu útero, onda após onda, por isso se pendurou em seus ombros para encontrar apoio enquanto o maremoto rompia através dela. Então Razvan se levantou, tomando-a nos braços, levando-a até a suave cama no dormitório, tecendo um lençol de seda que foi flutuando até a cama para que a pudesse pousar ali. Ele baixou com Ivory, separando-lhe as pernas pela segunda vez, sua boca colando-se a dela. Sua língua esfaqueando profundamente para fazê-la vir uma segunda vez. Ela chorou, cravando as unhas nas suas costas, tentando desesperadamente sustentar-se na prudência enquanto ele a elevava rapidamente. Escutou-se rogando, sem saber sequer por que, e logo ele se elevou sobre ela, seu rosto era uma máscara de áspero desejo em cru contraste com o amor feroz e sem vergonha que havia em seus olhos. Sentiu-o pressionar a cabeça larga de sua ereção contra sua entrada, e o tempo se deteve. O som se deteve. Só ficou a sensação de seu corpo demandando a entrada no seu. Havia relâmpagos brancos cintilando sobre sua pele, por seu corpo, golpeando através de sua corrente sanguínea enquanto ele começava a invadi-la, seu pênis grosso empurrando através das dobras apertadas de seu corpo. Entre suas coxas, seu membro era como uma marca quente, enquanto a esticava lentamente em uma deliciosa tortura de prazer. A voz dele era áspera enquanto lhe murmurava na antiga língua, algo entre juramento e prece, talvez ambos. O sangue trovejava em seus ouvidos afogando as palavras. Ele estava tentando aliviá-la, permitindo a seu corpo tempo para que acomodasse seu comprimento e circunferência, mas ela não podia permanecer quieta, nem sequer quando as mãos dele seguraram seus quadris e a seguraram. O prazer era muito. Impulsionou-se para baixo, usando seus tornozelos para fazer alavanca, justo quando ele se deslizava outra vez facilmente para frente. Uma chicotada de dor acompanhou o prazer vertendo-se sobre ela quando seu corpo se impulsionou mais profundamente no dela. Os dedos dele se apertaram em seus quadris — cravando-se — forçando-a a ficar quieta. — Pare Ivory. Não se mova. — seu fôlego era tão áspero como sua voz, irregular e desigual — Ambos vamos nos acender em chamas. Está tão apertada. Ela podia ver como ele apertava os dentes e seus músculos se esticavam e apertavam. Esse calmo controle lhe tinha deslizado. Amava que ela fosse capaz de arrumar-lhe para sacudir sua calma. Podia sentir sua palpitante necessidade, a fome escura, ver o alongamento de seus dentes, justo esse pingo de perigo que fazia que seu coração saltasse e seu corpo se alagasse com mais nata líquida. Cravou suas unhas nele, seus seios lhe pesando, desesperada por mais, desesperada para que se movesse.
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— Por favor, Razvan, por favor. A urgência que havia nela o levou sobre a borda. Apanhou seus quadris e atraiu suas pernas sobre seus braços, nivelando-se para montar sobre seus clitóris, e então se meteu profundo, a fricção quase intolerável, o prazer tão intenso que ela tinha medo de perder-se completamente em Razvan. Ele se inclinou para trás e começou um ritmo áspero, profundo, forte e rápido, tão profundo que atravessava seu útero, o quente comprimento enchendo-a, vinculando-os juntos. A mente dele se moveu na sua quando sentiu o fogo correndo através de seu corpo, a forma como a capa apertada o arrastava e ordenhava, abrasando-o, suave como o veludo, um delicioso prazer dolorido que o sacudiu até a alma. A tensão no corpo dela se construía, enrolando-se cada vez mais apertada, até que se retorceu freneticamente debaixo dele, seu fôlego saindo em ofegos selvagens, sua cabeça movendo-se de um lado ao outro, suas unhas arranhando suas costas. — Razvan. — choramingou seu nome. Uma súplica. Uma ordem. Ela precisava… Necessitava! — Sei, Ivory. — lançou brandamente entre dentes — Deixe ir. Toda. Vamos, fél ku kuuluaak sívam bels... Amada. Segurarei você. Ela se sentiu consumida pelo fogo. Aterrorizada de que pudesse desaparecer nas chamas. A tensão se enroscou tão apertada, embora não podia deixar-se ir, não podia levar-se a tomar esse último salto de fé. Soluçou novamente, apertando-o mais, sem querer que este momento terminasse, mas temendo que se não se detivesse, estaria perdida. Ele se introduziu novamente nela, seu pênis como uma espada de aço, cravandose em seu útero e seu coração, tomando uma parte dela nele, assim como uma parte dele estava profundamente em seu interior. — Já é muito tarde. — sussurrou ele, e sua voz foi a de um anjo escuro. Um sussurro de veludo, uma chicotada de calor. Era muito tarde para salvar-se; seu corpo já estava perdido, para sempre necessitaria o dele. Tinha-a conduzido tão alto que teria que voar. Atraiu-a mais perto e se inclinou sobre ela, seu corpo ainda invadindo-a, uma e outra vez, um pistão que nunca se detinha, nunca se fazia mais lento, até que pensou que podia gritar novamente ante tal maravilha. Sentia seu corpo tenso. E mais tenso. Agarrando-o. Apertando-o. Podia escutar os sons que faziam seus corpos juntos, o duro golpe da carne; sentir o poder dele movendo-se em seu interior. O corpo dele se inclinou uma vez mais e arrastou o longo comprimento de seu duro pênis sobre seu clitóris sensibilizado. Seu corpo ficou rígido. Não pôde respirar por um momento. Não podia pensar. Seu corpo se apertou ao redor de seu grosso membro, segurando-o quase dolorosamente enquanto as sensações dilaceradoras começavam a se converter em um maremoto gigante, estendendo-se por seu corpo como uma chama, branco e quente e poderoso. Onda após onda. Sem terminar nunca. Um choque que pôs seu sistema em sobrecarga. Chorou com a força de sua libertação, com a beleza e a magnificência dela, enquanto sentia seu corpo tomar o dele, forçando-o com ela, escutando seu grito rouco quando sua semente quente se esvaziou nela. Ela sentiu sua mordida, o prazer dolorido disso, e seu corpo se apertou e rasgou uma e outra vez enquanto ele tomava seu sangue em um erótico intercâmbio.
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Arqueou suas costas, empurrando-se para cima com os quadris enquanto seu corpo seguia sofrendo espasmos, apertando-o, ordenhando cada gota de seu corpo. Ele passou sua língua pelo inchaço de seus seios, fechando as espetadas e olhando para baixo, para ela, com seus olhos sexys. Só com seu olhar fez com que seu corpo reagisse de novo, e outra onda os banhou. Ela levantou sua cabeça para capturar sua boca com a dela, beijando-o, abraçando-o contra ela e beijando o caminho para sua garganta. Sentiu que seu membro ficava rígido de novo assim rápido, enchendo-a e esticando-a enquanto lhe lambia o pulso. Um grunhido áspero escapou dele. Seus dentes mordiscaram sua pele e sentiu instantaneamente a sacudida de sua ereção. Mordeu-lhe e ele golpeou duro com seus quadris, enterrando-se profundamente, segurando seu traseiro com uma mão, forçando-a a aceitar seu selvagem corpo mergulhando-se. Sentiu o gosto dele explodindo dentro dela, enchendo-a com sua essência. Nunca havia se sentido tão completa. Tão amada. Passou sua língua pelas espetadas de sua garganta e deixou que seu corpo subisse uma vez mais, desta vez sem resistência. Podia escutar seus próprios ofegos suaves, cheirar seus aromas combinados enquanto as ondas rompiam uma e outra vez antes que ele encontrasse sua própria liberação. Deitaram juntos, seus braços ao redor do outro, seus corpos unidos, nenhum querendo se mover. Foi muitos minutos depois que Razvan encontrou a força para mover-se, rodando de cima dela para olhar o céu brilhante, com seus dedos cruzados detrás da cabeça. — Dê-me alguns minutos e carregarei você até a piscina. Ele girou a cabeça, seu sorriso terno, enviando a seu coração a fazer um salto mortal. Parecia diferente. Mais jovem. Mais feliz. Essa mesma serenidade estava ali, mas desta vez havia amor olhando-a com felicidade e alegria pura e indissolúvel. Ela desejava poder compartilhar em voz alta suas emoções com ele, mas se contentou rodeando-o com os mais profundos sentimentos que sentia por ele, amor esmagante, tanto que não podia colocá-lo em palavras, ainda telepaticamente. Os dedos dele se moveram sobre os seus, fazendo uma pequena carícia até que ela uniu seus dedos com os dele. — Obrigado, Ivory. — Por quê? — escapou um sorriso — Parece-me que eu deveria te agradecer. O sorriso dele se ampliou. — Brindou-me com a experiência mais linda de toda minha vida. Aconteça o que acontecer, sempre terei a lembrança de como se brindou para mim. — Estava assustada. — lhe confessou em voz baixa. — Sei, — disse brandamente — o que faz que seu presente seja mais valioso. — Realmente vai me carregar até a piscina? — Não soe tão assustada. — ele zombou — De algum jeito me arrumarei para encontrar a força. Prometo, não a deixarei cair. Ela apertou seus dedos ao redor dos dele. — Sei. Simplesmente me sentiria tola. — Ivory, não há ninguém aqui exceto nós. — ele assinalou, seu tom mais terno que nunca.
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Outra vez sentiu seu coração retorcer-se. Podia fazê-lo tão fácil para ela. Comovê-la. Fazer que se derretesse. Não era seu corpo incrível nem o modo em que a levava a tais alturas, era o amor perdurável que parecia sentir por ela. Uma rocha. Um alicerce. Forte e aprovador e fazendo-a sentir que sempre podia contar com ele. — Sei. — Pensa que pensarei menos de você? Ela ficou calada, considerando sua pergunta, lhe dando voltas uma e outra vez em sua mente. Só se sentia ridícula sentindo o que sentia por ele da forma que o fazia. Por que não podia deixar-se ir da forma como ele o fazia? — Penso que não sei como ser uma mulher. Não sabia do que outra maneira dizer isso. Razvan ficou de lado e se apoiou em seu cotovelo. — Ivory, é minha mulher. Não tem que ser como nenhuma outra. Não quero a nenhuma outra. Não há comparação. Sei quem é. Não se desculpe, certamente não comigo. — um pequeno sorriso curvou sua boca e se inclinou para frente para roçar um beijo sobre sua boca — Amo a maneira como é, essa pequena relutância que tem de me dizer que sou o melhor homem do mundo. Sua risada suave acariciou sua pele. Soava tão como um garotinho, inclusive despreocupado, desinibido pela primeira vez em sua vida. Deu um jeito para ficar de pé e levantá-la, embalando-a em seus braços como se fosse leve como um bebê. — Desgastou-me, mulher guerreira. Ivory não pôde evitar rir. — Se você fosse verdadeiramente o melhor homem do mundo, não estaria para nada desgastado. Estaria preparado para servir cada uma de minhas necessidades. As sobrancelhas dele se elevaram. — Acredito que isso é um desafio. — fechou sua boca contra a dela enquanto a levava para o próximo cômodo, onde a água se derramava da parede de rocha para uma piscina tranquila — Estou mais que disposto a servir cada uma de suas necessidades. — sussurrou as palavras contra sua boca, sua língua movendo-se rapidamente sobre seus lábios, saboreando seu gosto. — Sim? Não estou tão segura. — lhe disse usando seu tom mais altivo. Deixou-a cair na água. Ela saiu à superfície balbuciando para encontrá-lo parado ali, as mãos nos quadris e a água lambendo suas coxas. — Isso foi tão malvado. — Merecia isso. — Talvez sim. — acordou rindo. Ele estava ensinando-a como divertir-se. Como brincar. A tomar cada momento que tivessem juntos e vivê-lo plenamente. Com o espírito de aprender, enviou-lhe uma coluna de água com precisão mortal. A água impactou sobre seu rosto e salpicou para seu peito. — Pensei que poderia precisar de um pequeno esfriamento. A sobrancelha dele se elevou. A diversão acendia seus olhos. — Penso que declarou guerra. Ela elevou o queixo. — Parece-me que sim.
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A guerrilha de água foi rápida e furiosa. A água se elevava como um gêiser quase até o teto e salpicava contra a parede. Por duas vezes ele se lançou para ela, levando-a para baixo como faria um crocodilo com sua presa, rodando-a sob a água antes que ela pudesse afastar-se e alcançar a superfície para atacar novamente. Lançou-se contra ele, seus braços lhe rodeando o pescoço, e seu corpo golpeando-o, levando a ambos sob a água e quando emergiram, descansaram a um lado da piscina morna e deixaram que as borbulhas rompessem contra suas peles. Ela esfregou seu braço e jogou um olhar para cima como se fosse capaz de ver o céu. — Sempre posso dizer quando o sol está para elevar-se. A pele me pica e se torna incômoda. A maioria dos Cárpatos pode permanecer fora nas primeiras horas da manhã, mas eu não. — Nada de nada? Ela descansou um quadril contra a suave piscina e retorceu o cabelo. — Minha pele é tão branca, por todos os anos que passei no chão longe inclusive da luz da lua enquanto estava curando, e me queimo. Mais parecido a uma queimadura solar, imagino, mas crio bolhas bastante fácil. — sorriu enquanto lhe vinha uma lembrança — Uma vez, encontrei um frasco de bloqueador solar que tinha jogado um excursionista. Provei-o. Ele colocou seu cabelo detrás da orelha. — Presumo que não saiu muito bem. — Não, na realidade não. — Tentou permanecer mais tempo acordada enquanto está aqui, debaixo do chão? Ela esfregou novamente os braços, tremendo um pouco. — Algumas vezes quando estou trabalhando em experimentos com novas químicas para manter o vampiro no lugar, não percebo a sensação por um momento, mas a maioria do tempo, estou tão incômoda que vou à terra. — Sua fórmula para cobrir suas armas é brilhante. Enviou a ele um rápido sorriso de prazer, um pouco tímida quando ele fazia elogios. — Ainda estou trabalhando nela. Precisa durar um pouco mais antes que seu sangue a corroa. Quanto mais tempo me dou, prevenindo que mudem, mais limite tenho. — Temos. — a corrigiu. Ela assentiu. — Temos. — concordou. — Neste momento sua pele dói? — perguntou-lhe Razvan, preparado claramente para voltar a levá-la a seu dormitório. — Na realidade, não. Embora o amanhecer esteja perto. Muito perto. Gostava de estar com ele. Não tinha pensado que o fizesse. Tinha estado sozinha por tanto tempo que pensava que ia ser incômodo compartilhar seu espaço com ele, mas desfrutava de seu senso de humor. Era um homem inteligente, perspicaz embora não desse atenção a seu ego, o qual tivesse sido difícil para alguém como ela estar com um companheiro assim. Ele transmitia paz, e frequentemente se encontrava querendo simplesmente parar a seu lado, para sentir a forma como sua serenidade irradiava dele
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para rodeá-la e sustentá-la. Para falar a verdade, achava-o sexy e bastante intoxicante. Razvan lhe sorriu. — Estou lendo sua mente. Ela sacudiu a cabeça. — Não leia muito do que seja que esteja pensando. Razvan se meteu sob a água, colocando a cabeça e logo saindo rápido justo ao lado dela, suas mãos roçando suas coxas, sobre as curvas de seus quadris, ao longo de sua marcada cintura e mais acima por sua caixa torácica até que esteve segurando em suas palmas o peso suave de seus seios. — Penso que deveria ler minha mente. Antes que pudesse responder, ele agachou sua cabeça e atraiu um mamilo profundamente dentro de sua boca. Pouco importava que lhe houvesse feito amor duas vezes, e que seu corpo estivesse satisfeito. Instantaneamente sentiu o calor alagá-la. O cabelo úmido dele se deslizou por seu abdômen e provocou seu clitóris enquanto ele puxava e provocava e chupava. Ela o segurou ali por um momento, saboreando o prazer que a enchia e logo afundou seus dedos debaixo da água e encontrou sua ereção já firmemente cheia. Ao toque de seus dedos em seu membro se sacudiu e pulsou. Ela sorriu com suficiência, dando-se conta do poder de seu toque enquanto acariciava seu duro comprimento antes de envolver seus dedos ao redor dele para prender sua dura carne em um punho apertado. Razvan levantou a cabeça e a olhou com olhos escuros e famintos. — O que está fazendo? — Um pouco de exploração por minha conta. Ele se reclinou até que seus quadris roçaram a parede da piscina para afirmar-se. O toque dela o deixava fraco, seu corpo estremecendo-se pela necessidade. — Sempre pode sentar, — lhe sugeriu Ivory com voz sedosa — já que isto pode tomar um tempo. Sou muito conscienciosa quando exploro. Engolindo com dificuldade, Razvan se sentou na beira da rocha lisa, permitindo que suas pernas pendurassem na piscina. Sua ereção pulsava contra seu estômago, dura como uma rocha e crescendo mais conforme passava o tempo. Quando ela agarrou seus testículos e se inclinou para sua primeira lambida tentativa, sua respiração explodiu de seus pulmões. Quando sua boca tomou, estava perdido no corpo dela, em sua mente, em tudo o que era para ele. Razvan fechou suas mãos no cabelo dela e se segurou, sabendo que este era o começo de uma viagem selvagem com sua amada companheira.
Capítulo 16 — O que é isso? — perguntou Razvan olhando sobre o ombro de Ivory, como esta trabalhava. Esta noite se levantou com a sensação dos dedos dela acariciando sua pele. A maravilha de ter a Ivory em sua vida, em sua cama, com sua alma fundida com a dela, estava além de algo que imaginasse alguma vez. Fizeram amor brandamente e com ternura e logo se tornou feroz e selvagem.
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Tinha sido divertido caçar juntos. Tinham observado a lua nascente queimando através das montanhas com picos nevados, vertendo prata através do céu cor meianoite para iluminar a neve brilhante que formava capas através do prado e pendurando das árvores. Voaram juntos pelo céu, muito por cima das árvores, asas contra asas, o vento arrepiando as plumas, ambos capturados pela liberdade dos mochos voando, dando cambalhotas e descendo em picada, realizando acrobacias só por diversão e porque podiam. Dando voltas com ela, com as garras unidas, Razvan soube que tudo o que precisava estava aqui, nesta única mulher. Tinha-o salvado com seu sorriso. Com sua beleza interior. Com sua alma. Converteu-se em seu próprio milagre pessoal. Não estava totalmente seguro de que a terra o tivesse curado. Ivory o tinha feito. Com as cores que lhe tinha provido, lhe trazendo vida a seu mundo. Com a alegria que lhe tinha restaurado, fazendo que cada momento significasse algo para ele. Tinha substituído as sombras de seus olhos, de seu coração, por amor. Tinha substituído a escuridão de sua alma por luz. Tragou com dificuldade, seu queixo lhe coçando o ombro enquanto olhava atentamente o livro que ela tinha aberto enquanto o estudava em seu quarto de trabalho. Podia ver que ela tinha escrito no texto antigo e leu as palavras para si, franzindo o cenho de uma vez enquanto o fazia. O mago caminha para frente enquanto As Portas do Inferno se fecham. Os relâmpagos golpeiam com sua primeira ordem. Espirais de energia saem de seus dedos. Um feitiço toma forma sob seus lábios. Alto e escuro, maravilhosamente esbelto. Seus olhos de prata se acendem como brasas acesas. Um poder, uma presença que não se pode explicar. Uma sensação de arrasto que não deixará o cérebro. Uma saudade, um desejo que queimará como fogo. Para ser desejado e tomado com desejo quente. O mago caminha para frente estendendo seus braços. Sua vítima acode calada sucumbindo a seu encanto. As brasas da paixão se acendem em chamas. Enquanto o mago arrasta profundamente o sangue do coração a seu interior. Consumindo-a toda, sem deixar nada. A vítima adoece em uma dor inexprimível. O mago, tendo tomado o corpo e a alma, agora, afasta-se do que está quebrado para procurar a alguém que esteja inteiro. O padrão está preparado, o final é o mesmo. O mago necessita sangue do coração para estar inteiro e permanecer. O estômago do Razvan deu um tombo, e de qualquer jeito, seu mundo saiu de controle, paralisando em imagens de sangue, gritos e morte. Deixou cair os braços e deu um passo atrás, afastando-se dela. — Por que escreveria algo tão vil? Por que lhe brinda tal honra quando o põe a ele por escrito e o dá à história? Ivory se deu a volta ante seu tom baixo, agarrou os braços dele e parou em sua frente. Os olhos dele estavam cheios de horror. Com lembranças de pesadelos. As dele
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não eram pesadelos que se evaporavam porque sua mente lhe jogava truques, mas sim eram fotos de verdadeiras lembranças que podiam durar uma eternidade. Inadvertidamente ela tinha conjurado imagens do passado dele. — Isto não é para recordá-lo. Devo manter sua imagem quando trabalho. A imagem que vi, pela que o conheço, para que nunca me engane quando estou trabalhando em seus feitiços. Ele é malvado. Sempre o será. Escolheu-o. E eu devo manter minha mente clara todo o tempo. Razvan, sinto-o se te fiz mal com a imagem dele, mas é meu amparo. Ele envolveu a trança dela em seu punho, mas permaneceu calado, arrastando o fôlego, sincronizando o ritmo de seu coração com o dela. — Razvan, é perigoso quando trabalho com seus feitiços. Não posso te dizer o quanto. Diz que não é bom com os feitiços. Bem, eu sim o sou, mas para sê-lo, tenho que formar as palavras em minha cabeça, conjurar as imagens para ir com elas, e não posso cometer enganos quando trabalho com seus feitiços. Ele tomou outro profundo fôlego, lutando visivelmente por recuperar seu controle. — Ainda não o entendo. Ela assinalou ao redor da sala. — Esta é minha fortaleza. Rocha sólida. Ele não pode vir aqui. Não me pode rastrear através da rocha sólida, mas se cometer um engano, se esquecer por um momento com quem e o que estou tratando, então me torno vulnerável. Ele franziu o cenho. — Mesmo aqui? — Ele é completamente malvado. A primeira linha diz tudo: “O mago caminha para frente enquanto as portas do Inferno se fecham”. Ele não é inteiramente humano. Visitou o inferno e quando retornou, começou a precisar do sangue de outros para sobreviver. O cenho dele se aprofundou. — Vivi com ele durante centenas de anos. É malvado, sim. Mas não é um demônio. É um mago. Ela assentiu. — Sim, é mago. Sempre há um equilíbrio na natureza. Onde existe o bem, também deve haver maldade. A gente pode usar os elementos naturais da terra para tecê-los para o bem. Faz-se todo o tempo para sanar e outras coisas que nosso povo necessita. Também podem tecer-se feitiços para o mal, convocando a demônios e fazendo acordos com eles. — Sei que ele o faz. Vi quatro criaturas em suas cavernas, mas nunca vi portais para outro mundo ou realidade pelos quais inclusive um mago pode transitar. — Não, estou segura que ele não seria tão idiota para permitir que alguém saiba o que acontecia. Queria aparentar ser todo poderoso para todos… Inclusive para si mesmo. Precisa dessa ilusão. Por isso posso contar, pelo tempo que frequentei a sua escola, que ele estava usando aprendizes para que escrevessem feitiços que logo os usava como base para os seus. Ele já não pode inventar novos feitiços, estou segura. Cada mago tem um ritmo, um modo em como lançam seus feitiços e em que usam, uma assinatura, por assim dizer. Os feitiços de Xavier cobrem uma multidão de feitiços de outros magos.
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Razvan passou suas mãos agitadamente sobre seu rosto e logo pelo seu cabelo cheio de mechas brancas. — Que mais aprendeu estudando com ele? Ela passou sua mão pelo braço dele para acalmá-lo. — Sei que é perturbador falar dele. A sensação de seus dedos na pele dele o sacudiu. Enquanto vivesse, nunca poderia compreender a maravilha de que ela tivesse sido escolhida para ele. — Sua descrição o descreve tão bem. Vivi com ele e pensei que o conhecesse melhor que ninguém, mas… — assinalou para o livro e para as fluidas palavras dela, obviamente ofensivas — …você deu um jeito muito melhor de expressar sua essência. — Razvan, espero que tenha razão. Estou apostando nossas vidas nisto. Ela tomou sua mão e o devorou até que a seguiu fora da sala. Afundaram-se nas cadeiras da sala de leitura. — Tenho que saber que está nisto comigo, Razvan. Não será fácil e não posso te ter duvidando quando o confrontarmos. Ele se reclinou para trás em sua cadeira e a contemplou fixamente. — Nunca terá que se preocupar de que duvide. Estamos juntos nisto. É minha escolha. Tomei quando me pediu que vivesse. Sabia que íamos atrás dele. Ela se permitiu um suspiro de alívio. Não deveria ter duvidado dele. Ele tinha a coragem para ser qualquer coisa que necessitasse. Não via nenhuma vergonha em seguir a liderança dela. Não duvidava em aceitar seu destino. Era mais homem que qualquer um que conhecesse. — Sabe o que penso, Razvan? Acredito que Xavier tem que encontrar outro corpo. Não estava meramente possuindo você, deixando suas peças para manter o controle. Acredito que estava procurando um corpo que o hospedasse e uma forma de entrar nele, para reclamá-lo completamente e fazê-lo seu. Queria ser Cárpato. Você nasceu com sangue de Caçador de Dragões correndo por suas veias, sabendo que era uma das linhagens mais poderosas, se não a mais. Ele cobiçava essa linha de descendência. Por isso foi atrás de Rhiannon. E por isso bebia o sangue de seus filhos e netos. Ansiava um corpo da linhagem do Caçador de Dragões. — Nenhum Caçador de Dragão se converteu. — não havia nenhum orgulho em sua voz. Era sinceramente uma declaração — Não permitirei que me faça ser o primeiro. Sorriu-lhe, seu sorriso levantando-o do lugar sombrio em que tinha caído. — Não, não o permitirá. E salvará a todos. Ninguém saberá o que fez, mas eu sim, Razvan. Se tivesse adquirido o corpo de um Caçador de Dragões como era sua meta, não há forma de julgar o dano que poderia ter feito. Ele tomou suas mãos, brincando com seus dedos, e sacudindo um pouco a cabeça. — É minha teimosia. — É sua coragem incomensurável. — o corrigiu — Não é como se alguém pudesse ter suportado como o fez. Ele atraiu os dedos dela até sua boca e os mordeu brandamente. — Vai fazer com que me ruborize. Duvidava disso. Ele não tinha ego. Nada. Simplesmente aceitava sua vida e vivia o momento, concentrando sua inteira atenção no que estava fazendo e dando o
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melhor a qualquer tarefa que tivesse em mãos. Ela se ruborizou um pouco pensando em como se concentrou tão completamente nela quando fizeram amor. Nada mais ocupava sua mente salvo lhe dar prazer. Era uma experiência intoxicante e estimulante, e uma em que já era viciada. Estava tão perdida nele, e se encontrou desejando lhe dar a mesma completa concentração. — Minha participação nesse plano é a fórmula com a qual o venceremos. Tudo nele se deteve. — Vamos lhe estender uma armadilha. Ela manteve seus olhos fixos nos dele. — Sim, faremo-lo. Precisa de um corpo. E também sangue de coração. Sangue de Caçador de Dragões. — Vai me pedir que me ponha novamente em suas mãos. Sua voz era estritamente neutra e sua mente estava firmemente fechada à sua. Seu coração se contraiu. Não havia expressão. Não havia condenação. Nem tampouco julgamento. Simplesmente esperava sua resposta, seus dedos ainda nos dela. Às vezes, como agora, sua coragem a aterrorizava. Surpreendia-lhe como acreditava nela. — Colocaria-se novamente em suas mãos se eu lhe pedisse isso, não? — disse, enquanto seu estômago se fechava. — Sim. Ela sacudiu a cabeça. — Nunca poderia aceitar te pôr em algum lugar perto de onde esse mago malvado pudesse pôr as mãos em cima de você. Pela primeira vez ele se moveu e algo cruzou por seu rosto tão velozmente que quase não o captou, mas a pôs nervosa. — Quem ou o que é a armadilha? — Agora tenho sangue de Caçador de Dragões correndo por minhas veias. Quando os abrir e deixar pistas, ele será incapaz de resistir. Sou uma mulher e pensará que sou fácil de controlar. Ele se recostou em sua cadeira, seus lábios formando uma linha apertada e implacável. Pequenas brasas ardiam nas profundidades de seus olhos, mas novamente, permanecia em silêncio… Esperando. — Pensei-o bem, Razvan. — lhe explicou apressadamente — Está tudo ali. Ele virá atrás de mim, escuramente atrativo, tomando sua forma, usando sua mente para me arrastar para ele. Quererá me seduzir, e abrirá seus braços para me aproximar dele. — Não. — Sabe que tenho razão. Esta é a forma. — Não. — Razvan se levantou e chamou à manada — Vou levar aos lobos para correr. Importaria-te em nos acompanhar? — Precisamos discutir isto. — Não há discussão. Vem? Afastou-se dela com largos e longos passos velozes, estalando seus dedos e chamando à manada. Ivory permaneceu de pé por um longo tempo, insegura de estar feliz ou zangada de que ele fosse tão protetor. Ninguém tinha querido protegê-la, não desde que tinha sido uma menina pequena e seus irmãos e os Da Cruz a rodeavam com amor. Dez
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homens adorando-a a faziam sentir-se como uma princesa… Às vezes sufocada, mas ainda uma princesa. Razvan tinha passado por muito com o Xavier. Ele somente precisava acostumar-se à idéia. Assombrou-se quando o viu separar seus braços como ela o fazia e Blaez e Rikki saltaram a suas costas, fundindo-se em sua pele como tatuagens. Por um momento, se encontrou um pouco ciumenta. A manada nunca tinha estado separada. Eram sua família. — A manada está dividida. — disse Razvan — Somos uma família. Tinha voltado para sua calma habitual. Com total naturalidade. Ou talvez sempre o tivesse estado. Ainda lhe dizendo um firme não, não tinha levantado a voz nem estado chateado, só implacável. Ela assentiu em acordo. — Sim, somos. É bom que ambos carreguemos aos lobos. Cuidarão de nossas costas. Lançou-lhe um pequeno sorriso tentativo, lhe tirando anos do rosto até que quase parecia com um menininho. — É impressionante ser tão aceito por eles. Ela sentiu esse particular puxão que frequentemente lhe produzia nas cercanias de seu coração. Seu simples prazer tocando-a. — Aonde vamos? — Quero ir ao lugar onde encontrou a terra para nosso dormitório. — A caverna das gemas. Ele assentiu. — A terra é pura, por isso sabemos que Xavier não teve a oportunidade de estender seu veneno por todos os lados. Eu gostaria de encontrar quão longe se estendeu a infecção, quão grande é a área onde está em realidade. Não posso acreditar que esse é o único lugar. Uma vez que saibamos o que procuramos, podemos avisar a outros Cárpatos para que revisem seu chão. — Pensa que podemos limpá-lo? — Acredito absolutamente que você pode. — disse. Ela tratou de não sentir um ridículo brilho, mas ali estava, uma tola brasa que se estendia por seu corpo como calor. Verdadeiramente era arrepiante como reagia a ele. Envergonhada, abriu os braços e permitiu que o que sobrava da manada se fundisse com sua pele antes de escanear sobre eles para assegurar-se de que não houvesse ninguém que os pudesse ver deixando seu refúgio. Saíram de noite, passando como uma centelha pelo céu escuro e espaçoso. Sobre suas cabeças as estrelas brilhavam, desdobrando sobre eles uma manta de fantasia, envolvendo-os em uma beleza que nunca falhava em comover a Razvan. A maravilha. A majestosidade. O milagre. Ela nunca tinha olhado dessa forma o que a rodeava, mas com Razvan, via tudo através de novos olhos. Ele sentia como se estivesse navegando pela lua, deslizando-se como um cometa, e brincando às escondidas pelas constelações. Correu pelas isoladas partes de vapor que se elevavam da margem de um rio e ela experimentou tudo com ele. Tinha pairado como um mocho milhares de vezes, mas nem uma vez tinha sido tão divertido ou excitante. Os mochos planaram silenciosamente sobre o chão coberto de neve enquanto
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cruzavam por cima de um prado, a fêmea movendo-se à dianteira, descendo até ganhar o amparo do bosque pelo maior tempo possível. Voaram rápido, passando bruscamente ao redor das árvores e através de ramos, tão silenciosos que os roedores ainda brincavam de correr debaixo, inconscientes do perigo sobre eles. Irromperam do bosque justo quando o chão descia para um vale que corria entre duas largas cordilheiras de montanhas, longe das cavernas de gelo de Xavier e a quilômetros do povo Cárpato. Os mochos trocaram de cor para que fosse mais difícil detectá-los. Razvan ficou de um branco como a neve, enquanto o branco de Ivory era um pouco mais escuro com manchas escuras em suas asas, que indicavam que era uma fêmea. Deixe que o mocho guie seus pensamentos. Acautelou-lhe Ivory. Alguém que esteja escaneando pode encontrar a algum de nós no interior do corpo do mocho se não formos cuidadosos. Ela tinha sido cuidadosa a cada dia de sua vida, a partir do momento em que abriu caminho fora da terra, um século depois do ataque brutal que tinha sofrido. Ele não respondeu, embora quisesse fazê-lo. Encontrava sexy à guerreira que havia nela. Em vez de lhe responder, banhou-a com calidez e logo simplesmente se deixou ir, fundindo-se profundamente com o mocho pelo que, se um inimigo estivesse buscando-os, seu adversário nunca suspeitaria que fossem mais que mochos voando através do vale. No momento em que permitiu que o mocho tomasse o controle, assombrou-se da habilidade da ave para ver e escutar. A espessa plumagem branca, suave e densa, estendida até suas unhas, cobria e isolava seu corpo. Uma suave franja nas plumas de vôo silenciava o som, lhe permitindo planar como um fantasma através do céu. Ivory desceu mais, quase roçando o chão, e Razvan a seguiu, desfrutando de cada segundo do vôo silencioso, observando como o vento arrepiava as plumas de sua companheira enquanto ela se deslizava a meros metros do chão, fazendo os brancos menores. De repente se elevou repentinamente, suas asas batendo poderosamente para levá-la alto, para um pico e depois mergulhando do outro lado, com as garras estendendo-se como se estivesse caçando uma presa. Justo antes que tocassem o chão, Ivory se moveu em sua mente com uma ordem cortante: Troca. Ele aterrissou em seus pés, ficando de cócoras instintivamente atrás de uma saliência próxima na mesma base da montanha. Ivory fez outro escaneio lento e cauteloso da área e Razvan seguiu seu exemplo. — Este lugar é sagrado. Fui trazida aqui pela Mãe Terra, até este lugar de imenso poder. Aqui há metais mágicos e gemas para qualquer ocasião. O chão é rico e nunca foi usado por outro ser, salvo eu. Fez-lhe uma reverência, um gesto de respeito. — Obrigado por me trazer aqui. — É meu companheiro. — disse Ivory casualmente, mas por dentro seu estômago deu nós. Este era seu lugar favorito, como seu jardim tinha sido para ele. Ela queria que ele sentisse a mesma avaliação que ela sentia, que amasse essa caverna espetacular, a sensação do chão, que visse a beleza das gemas e conhecesse a riqueza dos materiais.
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Mais que nada queria que se desse conta da honra que a mãe terra tinha dado a ambos. Ninguém tinha caminhado dentro da caverna antes dela, e ninguém a encontraria depois. Ivory não podia acreditar quão nervosa estava enquanto flutuava justo em cima das pedras que cobriam a entrada. Não queria deixar pistas, e perturbar a neve poderia fazê-lo. Assegurou-se de tomar em sua mente uma fotografia detalhada de como estava tudo, para que depois pudesse arrumá-lo tal qual estava, enquanto moviam as pedras gêmeas as abrindo a um comprido e estreito túnel que conduzia às cavernas debaixo do chão. Razvan se deu conta do que ela estava fazendo e imediatamente seguiu seu exemplo. Tinha uma memória fotográfica. Se ela queria a área antiga, ele se asseguraria de que fosse deixada desse modo quando se fossem. Ivory fez flutuar no ar a duas pequenas rochas e as afastou, para revelar um pequeno túnel bem aberto no chão. Mudaram para a forma de vapor e se verteram na estreita abertura. Ivory teceu salvaguardas para esconder a entrada enquanto estivessem dentro e logo avançou com o passar do tubo que se curvava, seguindo-o para baixo em direção a tibieza 8 da terra. O túnel não era mais largo que os ombros de um homem pequeno, mas em sua presente forma, viajavam rápido. O túnel começou a alargar-se e o teto se fez o suficientemente alto para que estivessem de pé, mas Ivory, consciente de que perturbaria o equilíbrio natural do ecossistema, permaneceu como vapor até que chegaram à caverna em si. Esta era bastante larga e grande, e com terraços com muitos níveis. Ela tirou os sapatos quando trocou a sua forma natural, deixando que seus pés se afundassem no rico chão só para absorver a sensação. — Depressa, Razvan, assim. É tão maravilhoso… Como o céu. Deu-lhe um rápido sorriso, mas Razvan podia dizer que era um pouco tentador. Isso sempre lhe movia. Sua segura guerreira sempre ficava um pouco nervosa quando se estava divertindo ou quando estava sendo uma mulher. Ele permaneceu a centímetros da terra com os pés nus. — Não sei nada disto, Ivory. Estive no céu, sabe. Ela olhou acima com um pequeno cenho, dando-se conta do significado do olhar de seus olhos e se ruborizou. Ele amava isso, como a cor lhe subia pelo pescoço e se arrastava sob a pele de porcelana quando a gracejava. — Ponha os pés na terra. — disse, sacudindo a cabeça para ele. Ele flutuou diante dela, mantendo os pés sobre a riqueza sedutora da capa escura. Seu corpo a golpeou. — Não posso me colocar. Sou novo nisto, sabe. — Sempre está tramando algo quando me dá esse sorriso de menino. — o que fazia com que o corpo inteiro lhe derretesse e a deixava débil e sem respiração, pronta para fazer algo que ele quisesse aí mesmo. Em certo modo, desesperada, agarrou-se a seus braços e o atirou para baixo. O corpo de Razvan se deslizou com o passar do dela, enviando um tremor de excitação dando voltas em espiral por ela. Os pés descalços de Razvan se afundaram na rica terra quase até os tornozelos. Curvou os dedos ao redor dos braços de Ivory e ficaram de pé com só um fôlego entre eles. 8
Nota da Revisora: estado intermediário entre o calor e o frio.
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— Ivory! — a excitação o sacudiu — Isto é todo um descobrimento. Satisfeita, ela se encolheu de ombros. —Não é realmente meu descobrimento. A terra me deu a localização quando estive profundamente sob as capas e lutando por minha vida. Arrastei-me até aqui. Palmo a palmo. Ela tragou as escuras lembranças desses dias difíceis e se inclinou sobre ele, procurando inconscientemente o refúgio de seu coração. Não se tinha dado conta até esse momento de quanto já dependia dele. Era aterrador e a punha eufórica que Razvan tivesse chegado a ser tão importante para ela tão rapidamente. — Arrastava-me tão longe quanto podia quando não havia lua que queimasse minha pele. — lhe explicou — Nas primeiras tentativas de me elevar durante umas poucas horas e começar a jornada árdua, ainda a mais pequena luz me feria a pele. A manada me protegia e logo me afundava sob a terra para me recuperar até que conseguia reunir o valor e a resistência para ir mais longe. O braço de Razvan varreu ao redor dela e depositou beijos em seu cocuruto. Ela não estava pedindo simpatia, simplesmente lhe dava os fatos. Tudo nele se rebelava ante a imagem dela engatinhando sobre suas mãos e joelhos, arrastando-se pelo terreno áspero sobre o ventre, usando cotovelos e joelhos para propulsar-se para frente. Ele não tinha estado ali para lhe ajudar e o pensamento de sua resistência a tal agonia sem ele para lhe ajudar lhe punha doente. Riscou as finas linhas brancas que dividiam seu corpo, a que tinha ao redor da garganta, a do braço e a que estava sob o inchaço do seio. Levantou-lhe o queixo, usando dois dedos, esperou até que levantou as pestanas e olhou aos olhos. — Amo você. Seu interior se apertou. O coração lhe deteve. Podia ver isso em seus olhos. Sentir a emoção que a rodeava, alagava-a, levantava-a. Ivory abriu a boca, mas não saiu nada. Ele a sacudia com seu amor. O lento sorriso a fazia tremer e lhe velou os olhos outra vez enquanto a boca de Razvan descia para tomar posse da dela. A terra tremeu sob os pés. Ivory enredou os dedos com os dele enquanto Razvan levantava a cabeça. — Quero te mostrar algo. Este lugar é um tesouro oculto de gemas, mas o que é mais importante, metais. Razvan olhou acima, às paredes em terraços com as nervuras de prata e ouro. Pelas paredes e dispersas através da terra escura, podia ver a evidência de brilhantes gemas. — Ferro. Não de mineral, mas sim de um meteorito. Está em sua forma mais pura, direto dos céus, Razvan. As propriedades de amparo são tremendas. E há chumbo também. Estive experimentando com o chumbo para ajudar a aumentar a resistência de minha capa com feitiços de amparo. Posso fazer nossas armas de metais naturais que encaixam bem com a magia para que possamos transportá-los facilmente. O recobrimento é essencial quando lutamos contra os vampiros. — Assombroso. — esteve de acordo Razvan — Este lugar é muito mais que importante, Ivory. — Foi confiado a mim e tenho que mantê-lo seguro. — Estou de acordo. — agachou-se enquanto jogava um olhar ao redor, às variadas propriedades que lhe assinalava. Tirando um punhado de terra, permitiu-se
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deslizá-la entre os dedos — Esta terra não está poluída. — Por que o estaria? — perguntou Ivory — Xavier não tem a menor ideia de que exista. Ninguém a tem. — Os microorganismos estão no chão, Ivory. Não permanecem em um lugar. Pulverizam-se. Isso é para o que os enviou, para que se pulverizassem pelas terras longínquas e as poluíssem. Isso, emparelhado com o fato de que são quase impossíveis de destruir, é pelo que Xavier os utilizou. Pode apostar que enviou seus microorganismos através do mar a cada continente. Xavier é um homem muito prevenido. — Como sabe que não estão aqui? — Vivi nas cavernas de gelo, no meio dos experimentos durante mais séculos dos que quero recordar. Sinto-os. — Como Natalya disse que Lara faz. — deu-se a volta para olhá-lo — Mas ela ainda é maga; eles acreditam que ela os sente porque é maga. Ele sacudiu a cabeça. — Não, ela pode ocultar sua presença deles porque é maga. Por isso, não a podem converter. Ela é quão única pode neste ponto. — Acredita que pode encontrar um modo de ajudar a sua filha. Ele assentiu. — Podemos encontrar um modo. — pôs ênfase na frase — Não posso fazê-lo sem sua ajuda. Ela não pode ser convertida e vive uma meia vida para manter aos meninos não nascidos vivos. Se pudermos encontrar um modo de desfazer à terra dos microorganismos mudados, poderá ser convertida. — Razvan... — sua voz era suave — É mais provável que os microorganismos não tenham encontrado o caminho. É provavelmente só questão de tempo. Como eu o compreendo, os extremophiles podem viver sob quase qualquer condição, sem importar quão duro seja. Se houver um modo de destruí-los… — Você disse que pode inverter o que ele fez. — Sim, mas não destruir aos que já há no chão. Posso detê-los, mas levará tempo. Anos, inclusive. Ivory odiava decepcioná-lo. Ele a olhava como se a lua crescesse e diminuísse por ela. Colocou uma mão em cima da cabeça. — Encontraremos um modo de ajudá-la. — Está aqui, Ivory. A resposta está aqui. — insistiu Razvan — Nesta caverna. A vida começou em forma de microorganismo. Há algo nesta terra que protege contra a invasão dos microorganismos modificados, estou seguro disso. Ela se afundou a seu lado, sentindo o movimento curativo da terra ao redor dela como se a protegesse e a cobrisse com seu calor. Sempre que vinha à caverna se sentia como se voltasse para casa. Tinha passado muito tempo sob o chão aqui, coberta pela rica terra, absorvendo as propriedades curativas pela pele. Tirou um punhado de terra e o deixou correr entre os dedos como água, sentindo as propriedades individuais enquanto a substância se movia sobre sua pele. Era só sua imaginação porque queria fazer isto por ele tanto, ou realmente sentia como se houvesse algo diferente, um elemento na terra que não captava? — Disse que sempre há um equilíbrio entre o bem e o mal, Ivory. — recordou Razvan.
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— Sim, mas trato com o que é natural. Xavier retorce o que é natural em algo malvado. Os microorganismos começaram sendo bons, não malvados, ou pelo menos neutros. Não foram postos nesta terra para fazer mal aos Cárpatos. Xavier os mudou para seus próprios maus propósitos. Eles eram naturalmente tóxicos, não teria nenhuma dúvida de que a cura estaria perto deles, como sempre ocorre na natureza. Posso inverter seu feitiço. Estou segura de que posso, tendo tempo de estudá-lo. Mas para encontrar algo que destrua o que forjou… — Está aqui. — insistiu Razvan simplesmente — Eu sinto-o. Ela jogou um olhar ao redor. Tinha utilizado os metais preciosos e chamado às gemas para suas armas e seu sistema de advertência. Tinha utilizado a terra para sua câmara, transportando-a cuidadosamente até que teve a concha cheia. Ocasionalmente, reabastecia o chão com nova terra fresca, embora as propriedades curativas sempre permanecessem tão poderosas como dentro da caverna. Acreditava nas sensações. Ivory estava muito sintonizada com a terra depois de passar tantos séculos dentro de suas ricas camas de terra curativa. Se os metais e as gemas eram as veias, o sangue e os ossos da terra, possivelmente os organismos fossem o coração e a alma. Razvan tinha experimentado a mesma conexão com a terra. A mãe Terra lhe tinha aceito, tinha-lhe conectado a suas veias e lhe tinha preso em suas gemas e minerais para salvar sua vida. Ela fluía pelas veias de Razvan do mesmo modo que o fazia pelas de Ivory. Possivelmente, com sua vida nova, ele estava mais perto da terra e podia sentir as diminutas diferenças de maneira que Ivory não tinha explorado ainda, mas ainda assim, não tinha sentido. Ela tinha passado séculos na terra, enganchada ao fluxo e à vazante do sangue da terra e não podia discernir o que ele pensava que sentia. — Esvazie sua mente de tudo. — sugeriu Razvan — Sente-se assim. — levantou o pé esquerdo e o colocou na coxa direita e logo colocou o pé direito na coxa esquerda. Ivory se sentou frente a ele, assumindo a posição sem duvidá-lo. — Espinha dorsal reta, relaxe os ombros. Está bem. — assentiu com aprovação — Quer fazer um ovóide com as mãos, a mãe esquerda em cima da direita, com os polegares juntos e as articulações do meio dos dedos do meio juntas. Deixe ir. Parecido ao que faz quando curas, mas mente e corpo como um, e deixe que a informação flua em você. Toma-a e deixa-a sair. Não tente guardar nada. Só permaneça quieta. Respire. Emparelhe o fluxo de minha respiração e logo permita-se se esquecer isso, também. Ivory fez o que lhe pedia, rendendo-se ao momento. À caverna. À terra. Não era só a conexão com a terra, decidiu mais tarde, era isto, a calma de Razvan, sua paz, a maneira em que era um com tudo a seu redor, o que lhe permitiu sentir primeiro a presença do organismo. Respirou e lentamente levantou a palma, utilizando seu corpo como uma varinha de zahorí9. Girou-se lentamente e percebeu que tinha captado a existência da forma 9
Nota da Revisora: sinônimo de radiestesista. Pessoa que está habilitada para ver o que está oculto, mesmo debaixo da terra.
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de vida em todas as direções, como se a terra estivesse saturada com ela. — Está por toda parte. — disse, deixando sair o fôlego, um pouco sacudida pela estendida dispersão — Tenho que averiguar o que é. — Podemos pegar uma amostra? — Temos uma concha inteira cheia. — recordou Ivory — Dormimos nela todo dia. Razvan franziu o sobrecenho e passou a terra entre os dedos outra vez. — Acredito que deveríamos pegar uma nova amostra, para nos assegurar de que não está poluída de maneira nenhuma por nós. — Sempre peço permissão antes de pegar algo desta caverna. — advertiu Ivory — Se a resposta for não, vamos com o que já temos. A terra foi mais que boa conosco e não podemos permitir que a avareza se arraste em nossos corações, nem sequer por uma boa causa. — A terra é uma mãe, Ivory, ela nos salvou. Quererá salvar aos meninos de sua gente. — raciocinou Razvan. Ivory sorriu. Amava o modo em que Razvan tinha tanta fé. De onde vinha? Tinha sido torturado por seu próprio avô. Seu povo tinha acreditado o pior dele, mas ele ainda tinha fé na bondade do mundo. Razvan a apanhou lhe olhando com esse olhar no rosto que reservava só para ele. Tenra. Amante. Orgulhosa. Ela provavelmente nem sequer sabia que tinha esse particular olhar, mas o fazia suavizar-se por dentro sempre que essa expressão lhe cruzava a face, por fugaz que fosse. Era suficiente para ele que lhe conhecesse e compreendesse por que fazia as coisas que fazia. Ninguém mais tinha que sabê-lo, só Ivory. Ivory levantou as mãos e fechou os olhos, utilizando uma voz melódica para implorar seu caso. Assustou-se quando Razvan se uniu a ela, harmonizando com sua voz masculina mais profunda. Mãe, Oh, Mãe, vamos a ti em busca de ajuda. Ouça nossos meninos, sustente-os perto, nunca lhes deixe debilitar-se. Mãe, Oh, Mãe, nossos meninos morrem. Olhe nossas lágrimas, imploramos-lhe, para nosso pranto. Escute nossa súplica, vê o que há em nossos corações. Sustente-nos perto, não nos deixe cair. Pedimos-lhe a vida na terra para trazer força a nossos jovens. Para curar suas feridas, proteger a nossas crianças. Ao redor deles o chão brilhou e as gemas faiscaram brilhantemente. Em cima de suas cabeças, colunas de estalactites zumbiram, vibrando com a melodia de sua harmonia. Ivory inclinou a cabeça com gratidão e Razvan deslizou a mão quase amorosamente através da terra antes que levantassem suas vozes dando obrigado. Mãe, Oh, Mãe, é verdadeiramente grande. Seu presente é tão precioso, estamos humilhados. Razvan tirou punhados da matéria preciosa e, formando uma bolsa de seda, verteu-a na bolsa. — Quanto necessitará? — Bastante para realizar vários experimentos no caso de não ser uma resposta
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fácil. —não podia evitar o entusiasmo de sua voz. Geralmente não havia respostas fáceis, mas esta vez, poderiam ter sorte. Se havia uma criatura que mantinha aos microorganismos modificados a raia, ou melhor ainda, realmente lhes destruía, ela deveria poder encontrá-lo bastante rapidamente. Não era como se tivesse muitas combinações entre as que escolher. Os dedos de Razvan a agarraram pelo pulso e a puxou para ele. — É um milagre para mim, Ivory, tanto se o acreditar como se não. Este lugar… — fez um movimento circular com o braço, abrangendo a caverna gigante — Isto pode salvar a minha filha. Ela já passou por tanta coisa, e como sempre, você parece ser a chave de minha felicidade. Se puder aliviar seu sofrimento e o de seu companheiro, sentirei-me como se pelo menos me redimisse parcialmente. — Xavier lhe possuiu, Razvan. — lhe recordou brandamente — Compartilhei suas lembranças e vi o que fez. A culpa não foi sua. Ele se encolheu de ombros e lhe colocou mechas de cabelo que se afrouxaram da trança detrás da orelha. — Deveria ter sido mais cuidadoso com minha formulação das coisas. Cresci com um mago. Sei que as palavras possuem poder, mas continuei cometendo enganos que me custaram o que mais amava. — Tinha quatorze anos à primeira vez que ele tomou, e entregou sua vida para que sua irmã estivesse a salvo. Era um menino, Razvan. — disse ela. O sorriso dele foi suave. — É tão feroz em sua defesa de mim, hän ku kuulua sívamet — guardiã de meu coração, mas deveria te chamar, hän ku meke pirämet — defensora. — Sou a guardiã de seu coração, — disse — e te defenderei até a morte, Razvan. É um homem extraordinário e estou orgulhosa de ser sua companheira. — abaixou a cabeça, envergonhada como sempre que mostrava muita emoção — Devemos voltar para nossa casa para que possamos estudar a terra e ver se teremos verdadeiramente suas respostas. Agarrou-lhe o queixo e depositou um beijo. Só um. Mas a saboreou, seu sabor e sua textura, saboreou seu perfume e a sensação dela. Quando levantou a cabeça lhe sorriu. — Päläfertiil — companheira. Só o modo em que dizia essa só palavra a debilitava por dentro. Suave. Tenra. Sexy. Sorriu-lhe. — Isso eu sou.
Capítulo 17 — A forma de vida tem que ter estado primeiro no meteorito. — disse Ivory e se desabou, com a cabeça sobre os braços — Deveria havê-lo sabido. É rico em ferro. — Como sobreviveu ao vir à Terra? — perguntou Razvan, lhe esfregando os ombros. — Não tenho a menor ideia, e francamente, nem sequer me importa esse ponto. A terra está cheia deles, e até agora, cada vez que me trouxeste terra poluída, apressam-se a rodear aos microorganismos modificados e destruí-los enquanto deixam
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todo o resto intacto. — girou a cabeça a um lado para levantar o olhar — Sabe onde são produzidos os microorganismos? — A maior fábrica de Xavier foi destruída e ele se moveu para sua fortaleza escondida profundamente sob as montanhas. Posso lhe encontrar. Mas os microorganismos não estão ali na terra. Filtra-os por uma geleira para alimentar os sistemas de água e que se pulverizam pela terra. A última vez que cacei para nós perto da aldeia, justo debaixo da geleira, ouvi por acaso à parteira local que falava sobre a alta taxa de abortos. Temo que a contaminação tenha salpicado aos humanos. Se os microorganismos infectaram seus jardins, poderiam começar a sofrer o destino de nossa espécie. — lhe deu massagens no pescoço com dedos agradáveis — Precisa descansar, Ivory. Ela tinha estado trabalhando constantemente durante três semanas, sem abandonar a guarida, nem sequer para alimentar-se. Razvan tinha caçado para a manada e para Ivory. Tinha levado aos lobos para que corressem de noite e tinha reunido amostras de terra de dúzias de lugares, levando-lhe a Ivory, mas esta se negava a ir com ele, preferia ficar e realizar seus experimentos. Ela parecia pálida e esgotada, com círculos escuros sob os olhos. — Tenho um mau pressentimento, Razvan. — disse Ivory. Mas deu um pequeno suspiro de prazer enquanto os dedos do Razvan trabalhavam sua magia, aliviando os nós do pescoço — Esteve crescendo em mim durante muito tempo e sinto a necessidade de fazer isto rapidamente. Ele permaneceu silencioso e ela levantou o olhar para captar a expressão de seu rosto. Ivory se incorporou rapidamente e girou para encará-lo. — Você o sentiu também. Ele assentiu. — Crescem mais forte todo o tempo e a manada esteve estranhamente inquieta. — Algo está mau. Ele não queria estar de acordo com ela, não quando estava tão esgotada, mas todos os seus instintos lhe diziam que ela tinha razão. — Temos que ir até o príncipe e contar o que descobrimos. – disse ele. Ela se mordeu o lábio. — Acredito que tenho razão, Razvan, mas sempre sou tão meticulosa. Repetiria os experimentos mil vezes mais e documentaria mais evidências. Ainda trabalho no feitiço para trocar as mutações existentes para quando encontrarmos sua fábrica. Passou-se a mão pelo cabelo com agitação. — Ainda há tanto trabalho. Não pode apressar este tipo de coisas. Se cometermos um engano, poderíamos fazer tanto dano como Xavier, sem que importe a nossa intenção. Permaneceram acordados até as horas da manhã quando a pele de Ivory doía e se cobria de bolhas, apesar de estar sob o chão, um efeito colateral, ele sabia, de passar mais de um século sob a terra para curar as feridas horrendas. Ela se afundou no sono de sua gente. Ivory frequentemente despertava antes do que deveria, agitada e nervosa. Seu corpo era incapaz de mover-se enquanto que sua mente se acelerava com preocupação. Razvan a fazia amor frequentemente, lhe aliviando a tensão, mas ela não podia deter a obsessão que a mantinha trabalhando sem descanso. Nem sequer a terra parecia poder rejuvenescê-la.
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Ele agarrou uma escova da mesa e começou a passar-lhe brandamente pelo cabelo, sabendo que ela sempre encontrava isso calmante. Era para ele também. A sensação das mechas sedosas contra sua pele lhe servia como um aviso da maravilha absoluta de havê-la encontrado quando nunca tinha havido um momento de esperança de tal milagre. — Como de perto está de inverter o feitiço? — Não saberei até que o tente, Razvan. — havia uma insinuação de desespero em sua voz — Começo a ver a enormidade do que Lara e Nicolas encararam. Eles não se atrevem a convertê-la e suportar a morte de nossos meninos em suas almas, mas como podem continuar sem uma vida própria? O sorriso de Razvan por cima de sua cabeça foi tranquila. — Você aguentou. Eu aguentei. Assim é a vida, Ivory. Esperamos que nossos meninos não tenham que lutar como nós, mas viver a vida bem e lidar com a adversidade como modo de formar o caráter. Estou orgulhoso de Lara por suas escolhas e não a despojaria da oportunidade de servir a outros. Ela tem muitos anos para poder continuar vivendo bem antes que seja necessário convertê-la. Se falharmos, ela aguentará como nós fizemos. Ao final do dia, nós só podemos dizer que fizemos quanto pudemos. Não podemos controlar aos outros, só a nós mesmos. Ivory sentia sua calada tranquilidade, a pacífica calma que lhe mantinha tão tranquilo em situações difíceis. Ela permitiu que essa serenidade se filtrasse nela e acalmasse sua própria mente turbulenta. Com cada carícia, a escova pareceu expulsar mais tensão fora de sua alma. Razvan tinha razão. Só poderiam fazer quanto pudessem e isso era o que tinham feito. Deu-se conta, enquanto lhe dividia o cabelo em três mechas grossas e começava a tecê-los apertadamente, que queria mostrar ao povo Cárpato que Razvan não era um criminoso de que desconfiar, mas sim era, de fato, um grande homem que se sacrificou por todos eles. Razvan não desejava isso. Não tinha interesse nas opiniões dos outros. Ele simplesmente era. Assim era como vivia sua vida. Fazia quanto podia e não tratava de controlar a outros. Ela respirou fundo. — Bem. Então digo que vamos, averiguemos o que acontece e deixemos que o príncipe tome a decisão de tentar um experimento maior ou seguir trabalhando. Também preciso provar os feitiços de reversão em microorganismos que estejam fora no campo. Não tem objetivo atacar a fábrica se não podermos parar seu trabalho permanentemente. — Quanto mais acossado estiver Xavier, menos tempo tem de fazer mal. — disse Razvan brandamente — Se isto não funcionar, então poderemos comprar tempo eliminando sua fortaleza e fazendo-o mover-se outra vez. Ela começou a girar a cabeça para lhe olhar por cima do ombro, mas lhe puxou o cabelo, evitando-o. Ivory franziu o sobrecenho. — Não podemos correr o risco de perdê-lo. Se ele desaparecer... — Eu lhe posso encontrar. Onde for. Em qualquer momento. Ela esperou um batimento do coração até que seu pulso se assentou. — Como? — Ele tomou meu sangue durante mais de cem anos, Ivory. Deixou pedaços de sua escura e depravada alma dentro de mim. Atrairei-lhe como nenhum outro.
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Ela tragou com dificuldade a quebra de onda de bílis que lhe subia de repente com a idéia de Razvan nas mãos de Xavier. — Usaria-te como isca. — É obvio. Para atraí-lo a nós. Ele viria. Suas mãos estavam mais estáveis que as dela quando assegurou a corda na trança. Ela sabia por que se esticou para trás e colocou as mãos sobre as dele. — Não. — uma só palavra. Sua só palavra a ele. Agora sabia como se sentiu ele quando ela sugeriu usar-se a se mesma como isca. Ele não discutiu, mas ela estava se acostumando a suas maneiras. Isso não significa que estivesse de acordo. Simplesmente se inclinou e a beijou de um lado do pescoço, diretamente em cima de seu rápido pulso. — Falo a sério, Razvan. Não destruiremos sua fortaleza atual, inclusive se necessitarmos mais tempo. O sorriso de Razvan era plácido, agradável, inclusive suave. Embalou-lhe o rosto com a palma. — Como não sabemos se você teve êxito, não há razão para a discórdia entre nós. Mordeu-lhe os dedos com força e lhe olhou furiosa. — Para que saiba, haverá discórdia entre nós. Muita discórdia. Mais que qualquer homem quererá jamais ter em sua vida. Ele se pôs a rir, metendo os dedos na boca para aliviar o picor. — Recordarei-o. Deu-lhe um bufo de desgosto e reuniu armas. Razvan tinha dividido seu tempo entre ajudá-la, cuidá-la e trabalhar em sua habilidade com as várias armas que ela tinha. Era um estudante rápido com reflexos assombrosos, e era muito disciplinado a respeito de praticar. Passava horas com a mola de suspensão e a espada a cada noite. Praticou a derrubada e o corpo a corpo, assim como lançamento de flechas. Era rápido e inteligente e ela desfrutava de sua companhia, mas sobre tudo de sua tranquilidade. Havia Lhe trazido paz e alegria. Razvan estendeu os braços e Blaez e Rikki subiram a suas costas facilmente, fundindo-se com sua pele até que esteve decorada com tatuagens detalhadas; o resto da manada se uniu com Ivory. Reuniram a terra e a documentação sobre os experimentos, e esquadrinharam meticulosamente antes de correr na noite, atravessaram como um raio o céu para o assentamento Cárpato. Enquanto voavam através de bosques e pradarias, divisaram a evidência de vampiros pela vizinhança. Matagais enegrecidos. Ramos murchos. Troncos de árvore partidos. Em uma área era óbvio que tinha acontecido uma batalha: o chão estava enegrecido. Ivory inalou. Estão vindo em grandes quantidades. Ele virá atrás de mim. Outra vez sua voz estava absolutamente tranquila. Não. Ivory baixou as asas e rodeou a destroçada terra baldia de baixo, levando-os por uma passagem estreita e logo sobre as onduladas colinas dedilhadas com pequenas granjas, mas sentiu o sorriso de Razvan. Não sorrirá muito mais tempo se seguir assim.
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Só o dizia. Estava me provocando. Eu não faria isso. O mocho fêmea lhe enviou um olhar altivo e começou a descer, mandando por diante sua chamada ao príncipe para anunciar sua presença. A casa parecia tranquila. Deserta. Deteve-se com alarme e se assentou em cima de uma árvore para utilizar a vista aguda do mocho para examinar a área ao redor da casa. Deixaram-na depressa e não trocaram de forma. Raven está grávida, com uma gravidez bastante avançada, lhe recordou Razvan. É possível que tenha chegado a hora? O mau pressentimento dentro de Ivory piorou. Possivelmente devamos utilizar nossa chamada de sangue com o curador, sugeriu ela inquieta. Razvan não vacilou. Introduziu-se em se mesmo para encontrar o atalho do sangue do curador correndo por suas veias e enviou uma chamada: Temos necessidade de falar com o príncipe, mas encontramos sua casa vazia. Ambos estamos inquietos. Há problemas? Houve um longo silêncio, como se o curador não fosse responder, e logo chegou sua voz. Débil. Longínqua. Tensa. Minha companheira não pode reter os bebês. Estamos na caverna de cura, preparando uma câmara de nascimento. Lara e Nicolas foram feridos. Razvan girou a cabeça do mocho e olhou a Ivory antes de lançar-se ao ar, a fêmea lhe seguia esta vez. Não havia palavras que dizer. Se Nicolas tinha sido ferido, tinham que ter sido atacados — e atacados deliberadamente. O vampiro mestre ou Xavier, haviam descoberto quem estava salvando aos meninos não nascidos e haviam feito uma tentativa de tirar esse obstáculo de seus planos. Mas como sabiam que tinham que atacar a Lara? Perguntou Razvan, recordando a vacilação breve de Gregori. Eles pensam que sou um espião em seu acampamento e que entreguei a Lara a Xavier. Imediatamente Ivory se deixou cair ao chão, mudando de forma no último momento para caminhar pela neve com passos rápidos e longos de energia, irradiando uma fúria que não podia ser errônea. Ela tinha ouvido essa pequena vacilação no curador também. — Vamos, Razvan, poderíamos estar caindo em uma armadilha. Possivelmente tratem de saltar sobre nós, e se o fazem, não teremos mais opção que nos abrir passo lutando. — girou para encará-lo, deixando escapar um lento vaio — Alguém morrerá. Razvan olhou a seus escuros e sombrios olhos, inclinando-se contra o tronco de uma árvore com informal facilidade, olhando-a mover-se como mercúrio pela neve. Adorou seu feroz amparo, a fina fúria que brilhava por ela, irradiando como a lua mais brilhante. — Irei sozinho. — mantinha seu tom calmo, muito tranquilo. Ivory levantou o queixo. — Não será seu sacrifício. Estão irritados. Na borda. Precisão de um bode expiatório e escolherão a você. Nós dois sabemos. — Um de nós tem que falar com o príncipe. Você é o melhor guerreiro. Eu não tenho inconveniente em que ponham suas mãos sobre mim ou me busquem. Você
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nunca toleraria tal coisa, nem eu poderia lhes permitir te tocar sem respeito. Se for, haverá uma luta. Se eu for, há uma oportunidade de que possamos chegar até o príncipe com nossa evidência e lhes ajudar. — Não merecem ajuda. — disse as palavras com brutalidade, pronunciando cada uma. Ele cruzou os braços sobre o peito enquanto ela caminhava outra vez, com as mãos em punhos apertados aos flancos. Não disse nada, somente a olhou com os olhos entreabertos. Parou-se diante dele, respirando com desiguais ofegos, tinha o coração ali detrás das lágrimas que nadavam em seus olhos. Não havia nada mais desarmante que uma mulher guerreira com aspecto vulnerável e chorando. Ele levantou a mão para seu rosto com assombro. — Não chore por mim, Ivory. Sempre vivi com minhas escolhas. Tenho que ver se Lara está a salvo. E não posso permitir que os bebês morram se tivermos uma maneira de salvá-los, e você tampouco. — Se eles lhe danificarem um cabelo da cabeça, só um, haverá uma guerra tal como nunca viram. Razvan lhe emoldurou a face com as mãos. Sabia que só a envergonhava quando lhe dizia que a amava, porque ela tinha dificuldades para lhe responder. E provavelmente seria pior se lhe dissesse que lhe comovia como ninguém ou nada haviam feito jamais ou fariam. Assim, a beijou. Razvan verteu tudo o que sentia por ela no beijo. Amor infinito. Completa aceitação. Orgulho. Alegria. Luxúria. Tudo foi, era, o deu. Ela o respondeu, afundandose no calor dessa boca, entregando-se a ela mesma a esse mundo de puras sensações mescladas com amor. Poderia viver ali, em seus braços, as bocas fundidas juntas para sempre, afundando seu corpo no dele, os braços ao redor de seu pescoço. Seu lar. Seu refúgio. Seu tudo. Quando ele deixou a contra gosto o refúgio de sua boca, descansou a testa contra a dela, inalando um profundo e estremecedor fôlego. — Se isto der errado, hän ku vigyáz sielamet, guardiã de minha alma, quero que saiba que te esperarei na próxima vida. Xavier deve ser destruído. Antes de qualquer coisa, ele deve ser destruído. Olhe-me e me diga que virá com sua alma brilhando brilhantemente. — Pede-me muito. — Não o faço, Ivory. Peço-te que aguente como aguentaste tantos séculos, com a vista cravada na tarefa que te encomendou. Tivemos este tempo. Um momento roubado de felicidade. O que eles fazem — ou não fazem — pouco nos importa. – lhe colocou a mão sobre o coração, sentia-o pulsar contra a palma — Temos um grande propósito e devemos vê-lo terminar. O soluço na garganta de Ivory ameaçava estrangulá-la enquanto o tragava. — Aterroriza-me com sua aceitação tranquila, Razvan. — Não controlo aos outros, Ivory, só a mim mesmo. Faço o que devo, sem importar o custo. — Odiarei-os com todo meu coração se lhe fizerem mal. — É minha luz, Ivory. Necessito que seja essa luz. Conto com essa luz. — Pede mais de mim que de ti mesmo. Você os mataria a todos se me tocassem.
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— Sim. — riscou com o polegar suas finas feições — Você é o milagre, Ivory, não eu. Curvou os dedos ao redor de sua nuca, empurrou-a para ele e simplesmente a sustentou em seus braços até que a rigidez e a tensão se desvaneceram de seu corpo e ela jazeu contra ele, suave e maleável. Os corações pulsavam ao mesmo ritmo. Sintonizados. Sua alma se movia contra a dela. Ivory sentiu o roce dos lábios em seu cabelo e logo ele a afastou. — Dê-me seus documentos e as amostras de terra. Deixarei que saiba se estivermos limpos. Se não, verei-te no outro lado. A contra gosto os entregou, ignorando que lhe tremiam as mãos. Razvan estendeu os braços e encolheu de ombros para liberar os lobos, então se ajoelhou para enterrar os dedos na pele, sustentar as cabeças e tocar os focinhos enquanto lhes esfregava as orelhas e pescoços antes de ficar de pé. Quando girou afastando-se, Ivory agarrou sua mão. — Razvan. Ele respirou e virou-se. — Amada? — Você é meu milagre. Sorriu-lhe e se foi, levando essas palavras com ele. Não necessitava valor para entrar na cova do leão. Qualquer destino que lhe esperasse não era nada em comparação com o que tinha sofrido nas mãos de Xavier. Eles não lhe torturariam. Sem Ivory, não tinham nada que sustentar sobre sua cabeça, nenhuma dor emocional que pudessem dar. Só havia morte. Ele tinha aceitado a morte como parte da vida fazia muito tempo e não a temia. Caminhou com um ritmo tranquilo, rodeando as árvores, sem tentar ocultar sua presença. Tinha deixado suas armas com Ivory, embora as pudesse convocar a vontade, e os Cárpatos saberiam isso. Sentiu a primeira pontada de mal-estar quando se aproximou da série de cavernas que levavam às câmaras curativas. Sabia que estavam vigiando. Ouviu a ondulação de asas acima quando vários mochos se assentaram nos ramos por cima de sua cabeça. Seguiu andando. Curador, vou entrar. Houve um pequeno silêncio enquanto Gregori retransmitiu a informação aos outros. Dois mochos flutuaram para baixo das árvores, trocando antes de tocar terra, reassumindo formas físicas. Reconheceu Falcon e Vikirnoff enquanto se deixavam cair atrás dele para escoltá-lo. Por cima da cabeça, os outros mochos saíram voando. Postaram sentinelas, Ivory, e estão te procurando. Não me encontrarão. Ele não permitiu que o sorriso aparecesse no rosto enquanto entrava na caverna de cura. Não tenho nenhuma dúvida de que tem razão. E não a tinha. Os machos Cárpatos subestimavam continuamente Ivory. Deveriam tê-la conhecido melhor, se lhe dedicassem algum pensamento. Sua linha de sangue. Sua inteligência. Sua determinação a sobreviver. Suas habilidades caçadoras só deveriam lhes haver advertido que estavam tratando de perseguir um tigre. Razvan continuou pelo túnel que conectava a série de cavernas. Os guerreiros de faces sérias estavam postados. Nenhum desses rostos era amistoso. Sentia o golpe de
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suas suspeitas, a escura recriminação. Já tinha sido julgado e condenado. Não lhes olhou enquanto passava ante eles, nem deixou cair à cabeça ou apressou o ritmo. Sentia, ocasionalmente, a sondagem do toque de uma mente, mas tinha estado com o Xavier durante muito tempo para permitir que alguém entrasse em sua mente, por forte que fosse a sondagem. Sabia que isso só o condenaria ainda mais ante seus olhos, mas pouco lhe importava. Gregori se encontrou com ele na terceira entrada e deu um passo. — Sabe o que estão pensando. — Como está minha filha? — O ataque veio ao amanhecer quando estava fora caçando, nesse momento a maioria dos vampiros, especialmente um mestre vampiro, raramente se levantam. Tinham a informação de que só era Lara a que necessitavam e também de onde tinham ido caçar. — Como está minha filha? — repetiu Razvan. — Está sanando, como seu companheiro. Não tivemos mais escolha que completar a conversão e pô-los a ambos na terra. Foram atrás dela primeiro. Ela foi… Mutilada. — Gregori sacudiu a cabeça quando Razvan se deteve e lhe olhou. Continue caminhando. Esta é uma situação muito difícil. Sem Lara, não podemos romper o ciclo de ataque dos microorganismos. Pressentimos sua presença, mas se ocultam de nós. Não temos maneira de atraí-los à superfície. Sendo completamente Cárpata, Lara já não poderá enganar ao microorganismo, mas foi necessário convertê-la. As mulheres devem descansar na terra, como nós, mas então os microorganismos nos invadem. Adicionou Gregori telepaticamente. — Diga-me como está. — havia mordacidade na voz de Razvan. Sentiu a comoção de Ivory em sua mente, rodeando-o com calor. Profundamente fundida com ele como estava, ouvia cada palavra e sabia quanto de seu controle lhe estava custando. — Levará tempo, Razvan. O vampiro quis fazer uma declaração. Foi atrás de sua matriz. Fiz quanto pude, mas não sou um fazedor de milagres. Por um momento não pôde mover-se. Não pôde respirar. Sua filha. Lara. Tinha sofrido tanto. Encontrou-se sobre um joelho, com a cabeça para baixo, arrastando ar em seus ardentes pulmões. Quando levantou o olhar para Gregori, os olhos ardiam com vermelhas chamas rubi e a morte espreitava atrás do fogo. Não vou mais longe, curador, até que me diga sua localização. Sabe que não posso. Minhas filhas estão em jogo aqui também. Savannah luta para mantê-las dentro dela. Uma está muito débil. Perderemo-la antes que esta noite se vá se não puder encontrar um modo de derrotar o microorganismo. Trago-te nossa melhor oportunidade para isso, mas ao menos que me dê à localização de minha filha para que Ivory a possa ajudar, não darei um passo mais à frente. E é livre de me matar, mas levarei suas respostas comigo. Gregori deixou sair o fôlego em um comprido e lento vaio. — Sei que não é culpado do crime, Razvan. Falei francamente e te defendi. — Quero que minha filha esteja inteira. Ivory pode fazer isso. Chamaremo-lo de meu último pedido. Gregori amaldiçoou na antiga língua, frustrado e zangado por ser posto em tal posição. Mikhail. Acredito que ele deve ter a oportunidade de salvar a capacidade de
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Lara de ter filhos quando eu não posso. Sei que ele não é culpado destes crimes. Você sabe o que há dentro deste homem. Tem uma vontade de ferro, e o que ele diz, diz-o a sério. Irá morrer, e para que? Diga-me, para que? Dê-lhe as coordenadas. Gregori passou instantaneamente a localização a Razvan. Ivory enviou outro jorro de calor. Eu pedirei ajuda à Mãe Terra. Ela foi boa conosco, Razvan, e acredito que ela te favorece. Dará ajuda. Ele se aderiu à promessa de sua voz. Lara merecia uma vida muito completa. Desejava que ela tivesse tudo, inclusive se ele não vivesse para ver sua felicidade. Tragou-se a raiva e o temor e se forçou a respirar tranquilamente antes de ficar de pé e seguir caminhando, outra vez sem olhar nem à direita nem à esquerda. Diga-me quando estiver feito, Ivory. Gregori lhe guiou por uma pequena série de cavernas e túneis que se enfiavam mais sob o chão. O calor se elevava e lhes alagava, lhes forçando a regular sua temperatura continuamente. Grandes formações de cristal estalavam das paredes e através dos tetos altos, assim como se elevavam do piso. Instintivamente soube que estas eram as câmaras do Concílio dos Guerreiros, e onde seu destino seria decidido. A câmara tinha mais machos Cárpatos dos que tinha sabido que existiam. Quando entrou, as colunas gigantes cantarolaram em bem-vinda. Gregori lhe olhou, logo deslizou seu olhar chapeado ao redor da câmara, marcando a face de cada guerreiro. Permaneceu ao lado de Razvan enquanto o Cárpato mais desprezado caminhava com a cabeça alta, através dos guerreiros direto ao príncipe. Inclinou a cabeça. — Mikhail. Entendo que houve problemas. — Como se não soubesse. — disse uma voz. Mikhail levantou a cabeça, varrendo à multidão com seu olhar. — Outra palavra mais e esta câmara será esvaziada. Como viu, Razvan entrou por sua própria vontade e a câmara lhe deu a bem-vinda. Desculpo-me por esse arrebatamento desafortunado. — adicionou e deu um passo adiante, agarrando os antebraços de Razvan com a saudação tradicional entre guerreiros — Sívad olen wäkeva, hän ku piwtä, que seu coração permaneça forte, caçador. — Pesäsz jeläbam ainaak, que permaneça muito na luz. — respondeu Razvan. — Um mestre vampiro atacou a Lara e Nicolas enquanto saíram a caçar nas primeiras horas crepusculares. Sabia onde estariam. Nicolas lutou contra eles com valor. Se não tivesse sido o guerreiro hábil que é, não teriam escapado. Matou a três dos vampiros menores e quase destruiu um quarto. Nicolas reconheceu ao mestre vampiro como Sergey Malinov. Quando cortou a Lara, disse-lhe que sua irmã lhe enviava lembranças. Razvan não se estremeceu. Ouviu o murmúrio suave de ultraje atrás dele, mas manteve o olhar cravado no do príncipe. — E você acredita que Ivory ordenaria que lhe fizessem tal coisa a minha filha? — Não, mas o ataque foi orquestrado limpamente, com as vítimas especificamente escolhidas e tinham toda a informação sobre eles. — Então há um traidor entre vocês. O príncipe inclinou a cabeça. — Isso temo.
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— E é mais fácil para eles acreditar que sou eu quem traiu a sua gente. — disse Razvan — Já que já fui marcado como traidor. — Temo que isso seja correto. — suspirou Mikhail. — Trago-te esperança. — disse Razvan — Antes que leve esta farsa mais longe, me permita te entregar o que encontramos. Ivory trabalhou durante semanas para encontrar algo com que combater aos microorganismos. Provou esta criatura e acredita que destruirá a qualquer microorganismo modificado na terra. É obvio, deseja mais tempo para fazer testes adicionais, mas quer que você veja o que encontrou e tome uma decisão. Tomou as preciosas bolsas de terra do cinturão e as entregou a Gregori, junto com o pequeno livro que documentava cada experimento e as conclusões. — Pelo menos terá um lugar por onde começar. Gregori se inclinou ante ele. — Obrigado. Razvan. A voz do Ivory era tensa, lhe pondo de sobre aviso. Encontrei o lugar de descanso, mas foi perturbado. Alguém com uma faca muito grande estiveram tratando de desenterrá-los. A fúria lhe golpeou pelas veias e trovejou em seus ouvidos. Quem se atreve a tratar de matar a minha filha e a seu companheiro? Levarei-lhe isso. Não venha a este lugar. Acredito que eles estão a ponto de me submeter a alguma classe de julgamento para determinar se sou seu traidor. Ivory vaiou em sua mente, e uma imagem de vingança muito feminina, para nada a de uma guerreira, sobre o terreno deles fez que lhe pulsasse a virilha, não com antecipação, a não ser com dor pormenorizada. — Razvan, o conselho deseja que se submeta a umas provas escolhidas. — disse Mikhail — Os guerreiros antigos que viveram sob o mando de meu pai não me conhecem bem. — levantou a voz — Embora tenham jurado me defender, não confiam em meu julgamento e terão a opção, quando tivermos acabado aqui, de deixar este concílio e ir por seu próprio caminho sem atenção, mas também sem lealdade a nosso povo. Em essência, Mikhail lhes estava dando aos antigos este tempo de dúvida e logo não o toleraria outra vez. Razvan se encolheu de ombros. — Que assim seja. Que o sol queime a todos. Ou jelä peje terád. Ivory ladrou cada palavra para que não só Razvan as pudesse ouvir, mas também Gregori, Vikirnoff, Natalya e o príncipe, todos os que lhes tinham dado sangue. Seu desprezo era evidente, patente, reduzindoos a todos a vermes sob os pés. Razvan teve que deter o sorriso que estava mostrando. Olhou a Gregori. É minha companheira. Uma rara, concordou Gregori. Ele suspirou, armando-se obviamente de valor para a tarefa. Fez gestos para que se aproximassem os antigos escolhidos. Vikirnoff. Matías. Tariq e André. Cada um tinha que pronunciar a Razvan limpo de Xavier e não encontrar nada oculto. Uma coisa equivocada e eles lhe matariam. Gregori chiou os dentes, odiando que tivessem que
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tranquilizar aos antigos. Para ele era um bofetão questionar a sabedoria do príncipe. Questionaram a seu próprio príncipe, recordou-lhe Razvan, possivelmente se Ivory tivesse discutido sua ordem, Rhiannon não estaria morta. A guerra entre magos e Cárpatos nunca tivesse acontecido. Gregori se maravilhou da absoluta calma e aceitação de Razvan. Gregori não tinha desejo de que outros invadissem sua intimidade até o ponto em que Razvan lhes teria rebuscando em suas lembranças e conhecendo cada humilhação sofrida. Era cruel e equivocado no que ao curador se referia. Amo você, Ivory, enviou Razvan brandamente. Mais que à vida. Deixe-me agora. Não permita que lhe invadam também. Embora estes homens teriam o conhecimento sobre ela que ele tinha, as coisas terríveis que ela tinha suportado. Apague a direção de nossa guarida de minha memória. Sabia que ela era capaz. Era capaz de muito mais do que algum deles sabia. Ivory obedeceu e logo se foi, lhe deixando inteiramente só uma vez mais. Ivory não tinha paciência para sutilezas. Partiu para as câmaras curativas, indiferente aos mochos que revoavam nas árvores e aos machos Cárpatos de cara sombria que caíam atrás dela enquanto se aproximava da série de cavernas. Sentiu o puxão de uma salvaguarda e arrastou com ela ao traidor pela ligeira barreira para lhes mostrar a esses que estavam a seu redor que não precisava parar e desenredar sua lastimosa salvaguarda para ela ou o espião. Entrou nas cavernas, desprezando aos guardas, sua expressão altiva enquanto atravessava os túneis, seguindo o aroma de seu companheiro infalivelmente. Quando girou na terceira caverna, começando a descida, foi forçada a proteger a seu cativo do calor que se acumulava. Ivory se moveu pelo túnel, sem olhar a nenhum dos guardas, com a cabeça, os olhos inconscientemente ferozes, o menino, Travis, firmemente preso em seu punho. A mola de suspensão estava pendurada através do ombro, dando a seus lobos uma clara vista da frente e dos lados enquanto avançava pela câmara. Falcon fez um movimento para ela e ela ouviu o ofego de Sara. Levantou a mão que tinha livre para pará-los. — Leve-me a seu príncipe, Falcon. — Deixe suas armas, Ivory. — Eu sou uma arma. Posso derrubar a estas cavernas e matar a todos dentro, inclusive a seu precioso príncipe, e sabe. Não discuta comigo. Leve-me a seu príncipe agora. Falcon deu um passo diante dela, guiando-a pela entrada larga, através do túnel com guerreiros alinhados. — Travis, — disse brandamente — estará bem. — Não graças a você. — disse Ivory com um bufo de desdém — Espero que seja melhor guerreiro que pai, Falcon. Este lhe dirigiu um olhar carregado de emoção por cima do ombro, prometendo um justo castigo, mas ela simplesmente continuou andando. A câmara do concílio estava cheia de Cárpatos, machos e mulheres. Muitos desviaram a atenção do julgamento diante deles a ela. Ivory vislumbrou a face de Natalya, com lágrimas encarnadas lhe manchando as bochechas e não sentiu nenhuma simpatia por ela
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absolutamente. Teria-lhe gostado de lhe dar uma razão para chorar. As filas de guerreiros se abriram para eles, os homens se afastaram para revelar a Mikhail, com a face gasta e cansada. Razvan estava a seu lado, Ivory tentou não absorvê-lo, tentou não mostrar o alívio que a atravessava. Inclinou a cabeça com pompa régia ante o príncipe. — Trouxe-te o seu traidor. — empurrou ao menino dentro do círculo. Falcon atraiu o menino para si, envolvendo um braço ao redor dele e sustentando-o protetoramente. — Do que lhe acusa? De ser um aliado de nosso inimigo? — Exatamente. Estava planejando matar a meu companheiro em sua necessidade de vingança contra Xavier? Quão inoportuno que encontrei ao verdadeiro culpado. —olhou ao redor, aos rostos do conselho, com óbvio desprezo — Qualquer destino que tenha escolhido para ele, agora tem a obrigação de dar-lhe a este menino. Falcon empurrou ao Travis mais perto dele. — Ela mente para salvar a seu companheiro. Os olhos de Ivory lhe fulminaram. — Nunca minto. Curador, o examine. Todos vocês, toda a paródia de acusadores. A sombra do Xavier encontrou um lar. O menino deve ter estado escondido no bosque enquanto lutávamos contra as abominações de Xavier e só destruímos a um dos quatro fragmentos escuros. Ele leva um. Ele é seu traidor, não meu companheiro, que lutou para salvar a uma espécie que não merece a vida. Razvan não disse nada enquanto olhava a sua mulher guerreira. Feroz. Orgulhosa. Inflexível. Parecia muito mais régia que o príncipe. Uma rainha entre homens, mostrando seu desprezo total ante a estupidez. Tirava-lhe a respiração com sua beleza. Com sua crença absoluta nele e em seu amparo feroz, apesar das instruções que a tinha dado. Não lhe importava muito, mas valia a pena vê-la arreganhar aos antigos na sala. — Examinei a Razvan como me pediu, — disse Gregori — embora fosse resistente a fazê-lo passar por tal ultraje quando eu já sabia que estava livre de Xavier. Examinarei ao menino. Esteve agradecido de ter sido ele o primeiro e nenhum outro Cárpato o que tivesse revivido as lembranças de Razvan, embora sentisse que lhes envergonharia saber o que este homem tinha sofrido, como acontecia com ele. — Não tocará meu filho. — disse Falcon — Ninguém o tocará. Colocou uma mão no punho de sua faca. O coração lhe deu inclinações bruscas. Assustado, olhou a seu cinto. A capa estava vazia. Travis grunhiu e se lançou para frente, direto para Mikhail, com seu pequeno braço levantado, a face uma máscara de ódio enquanto tentava afundar a faca de Falcon no príncipe. Gregori se moveu para lhe interceptar quase antes que qualquer um soubesse o que estava acontecendo. Agarrou o pequeno pulso do menino, maravilhando-se da força do menino enquanto este lutava para não soltar a arma. A faca caiu ao chão aos pés de Mikhail e Gregori lhe tendeu ao menino. — Está bem, Travis. Tudo estará bem. — lhe tranquilizou, balançando ao menino — Vou levar você à superfície e tirarei o fragmento de Xavier. — Há ainda dois perdidos. — respondeu Ivory — Precisará comprovar a todos os que estiveram ali esse dia. Se Xavier conseguiu encontrar outros anfitriões, todos
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estamos em perigo. — girou os olhos frios sobre o Falcon — Comece com ele. Possivelmente o concílio inteiro deveria procurar nele. Ivory. Razvan disse seu nome brandamente. — Conte-me o progresso de sua busca. — disse Mikhail — Quero te levar onde Raven e Savannah estão. Virá comigo agora? Ivory olhou a Razvan em busca da resposta. Está em suas mãos. Viemos aqui para salvar aos meninos não nascidos ainda. — Voltarei o mais rapidamente que possa. — disse Gregori — Deixe-me ajudar a este menino. Mikhail assentiu e logo jogou um olhar ao redor da câmara — Necessitaremos que todos nos ajudem a tentar salvar a nossos meninos. Os que não queiram manter seu voto de lealdade, os libero de seu juramento de sangue. Vão agora e não voltem. — esperou, mas ninguém se moveu — Chamarei quando precisarmos atrair energia para o canto curativo. — fez gestos a Razvan e Ivory para que lhe seguissem. Ivory disparou outro olhar de desprezo para Natalya e seu companheiro antes de andar ao lado de Razvan, com a cabeça alta enquanto o príncipe lhes guiava através da câmara abarrotada. Tinha aversão a qualquer mostra pública de carinho, mas deliberadamente enredou os dedos com os de Razvan para mostrar solidariedade. Todos os Cárpatos podiam andar ao sol, pouco lhe importava. Não tinha muito boa opinião deles e até agora, além de Gregori e possivelmente o príncipe, nada tinha acontecido que a fizesse mudar de opinião. Ivory. Razvan disse seu nome outra vez. Brandamente. Uma reprimenda. É somente minha opinião, companheiro. Ele ocultou o sorriso aos outros, mas ela captou o brilho breve de diversão masculina.
Capítulo 18
Savannah estava meio sentada em uma cama de rica terra, seu rosto e corpo inchados. Raven estava sentada junto a sua filha segurando sua mão. Levantou o olhar e seu rosto se alagou de alívio quando viu Ivory. — Graças a Deus que está aqui! Lara não pôde vir. Syndil, Skyler e Francesca estiveram fazendo o que puderam sem ela, mas o corpo de Savannah está cheio de toxinas. — fez baixar o soluço de sua voz — Pode nos ajudar? Eu disse a Mikhail que a encontrasse. Tenho esta forte sensação de que pode nos ajudar. Ivory se esqueceu completamente de sua ira para o povo Cárpato e cruzou a câmara apressadamente. Várias das mulheres se afastaram para lhe dar lugar. — Sou Francesca. Conhecemo-nos quando não éramos mais que meninas. Foi breve, provavelmente não lembra. — Francesca lhe sorriu — Estava no meio de dez guerreiros fortes e era difícil não notá-lo. Atraiu Ivory para longe da cama e da mulher que sofria, e abaixou a voz. — Fiz tudo o que sei. Gregori, o maior curador entre nós, não poderá salvar estas meninas. Se souber algo que eu não, por favor, nos ajude.
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— Se eu puder rebater o efeito dos microorganismos no corpo de Savannah, pode deter o parto? Francesca sacudiu a cabeça. — Está muito adiantado. Mas teremos uma oportunidade de salvar às bebês. Os microorganismos estão nas gêmeas assim como em Savannah, e trabalham para matar as bebês. Uma delas está muito fraca e os microorganismos trabalham contra nós, fechando sua capacidade de viver. Ivory franziu o sobrecenho. — Nunca provei o feitiço de reversão nos Cárpatos. Razvan ia infectar-se para que pudesse tentá-lo, mas não tivemos tempo. Não acredito que seja boa idéia em uma mulher já sob pressão. Se soubesse que funcionaria… Razvan lhe pôs uma mão consoladora no ombro, sabendo que Ivory estava inquieta com a idéia de tentar um experimento sem provar, em uma pessoa viva. — Faça agora. — disse Razvan — Sabemos onde encontrar microorganismos. Deixarei que eles me ataquem. Ivory sacudiu a cabeça. — Se Savannah está infectada, indubitavelmente estão bem entrincheirados. Preciso de alguém que os tenha tido durante um tempo. A mulher que reconheceu como Syndil deu um passo adiante. Alta e elegante, tinha essa mesma serenidade que Ivory tinha notado antes. — Não estou grávida. Sei que estou infectada. Tente seu experimento em mim. — Syndil. — a voz de Raven foi agradável — Já nos deu muito. Está tão cansada e esgotada. Sou a companheira do príncipe e Savannah é minha filha. Deveria ser eu a que fizesse isto por ela. O olhar de Ivory caiu no ventre inchado e muito grávido de Raven e sacudiu a cabeça. — Não. Você não. — deu um passo afastando-se da companheira do príncipe — Não arriscarei uma criança. — Por favor. — se afogou Savannah — O quer seja que vá fazer, faça-o agora. As contrações aumentaram. Luto para dar tempo a Gregori e Shea e que preparem o cubículo de incubação, mas não sei quanto mais posso evitar que as bebês saiam. Syndil lhe dirigiu um sorriso calmante, muito parecido com o de Razvan. — Deve ser eu claramente. Ivory fechou os olhos. Sua necessidade científica de experimentar dúzias de vezes, de dúzias de maneiras sob dúzias de condições lutava com a desesperada necessidade maternal de salvar às meninas não nascidas de Savannah. Arriscar vidas preciosas… Não posso fazer isto, Razvan. Não podem me pedir que experimente com a vida humana sem outros ensaios primeiro. Possivelmente a terra rica nos comprará o tempo que necessitamos. Razvan deslizou a mão do ombro até o braço para enredar os dedos com os dela. Gregori entrou com passos longos na caverna curativa, indo diretamente para sua companheira. Puxou-a pela mão, levou-a a seu coração e ficou ali, silenciosamente, olhando-a nos olhos, obviamente lhe dando forças. — Gregori, — disse Razvan — trouxemos um presente de terra pura e não tocada. Podemos levá-la ao laboratório para que seu povo a examine para assegurarse de que é conveniente para sua companheira. Possivelmente a terra te comprará o
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tempo que necessita para fazer os preparativos para as crianças. Gregori inclinou a cabeça, sua atenção permanecia em segurar a suas filhas e à mãe, enquanto lutavam e se aderiam à vida. — Deve apressá-la. A fadiga na voz de Gregori sacudiu Razvan. Ele sabia quão difícil era expulsar um fragmento do mal, e Gregori já se esforçou ao máximo para tentar manter a suas filhas e companheira viva. — Pode atrasar o nascimento três ou quatro horas para dar a Ivory a oportunidade de provar se pode neutralizar os microorganismos modificados dentro de Syndil ou não? — Ela avança rapidamente. Tentarei.— Gregori soou duvidoso. — Como está o menino, Travis? — Razvan tinha grande simpatia pelo menino. Travis adorava obviamente Falcon e tentava parecer-se e agir como ele. Seguia o Cárpato a todas as partes. Envergonharia-se de ter atacado Mikhail, embora não fosse sua culpa. Como tampouco foi tua, indicou Ivory, apertando os dedos ao redor dos dele. — Travis ficará bem. — disse Gregori — Expulsei o fragmento e o destruí. Ficam dois. Examinamos a todos os que estiveram ali. Sei que você está limpo da mancha do mago, mas está seguro de que um não entrou em Ivory? — Ivory está limpa de sua maldade também. — Então dois fragmentos mais avançam de volta a Xavier. Precisarão de anfitriões. —Gregori suspirou — Esse foi meu engano. Não fui o bastante rápido para incinerá-los. — Duvido que pudesse ter feito mais em meio da enorme batalha. — disse Razvan — Estou contente de que o menino esteja bem. — Adora Mikhail e Falcon. — Gregori parou bruscamente e sacudiu a cabeça. Os dois sabiam o dano psicológico que o menino teria a partir do incidente. Razvan tomou ar e seu olhar se encontrou com o de Ivory através do quarto, sabendo que ela pensava exatamente o que ele, Xavier tinha que ser destruído. Começou a aplaudir Gregori no ombro em sinal de simpatia, mas deixou que a mão caísse a um lado. Ele nunca tinha tido amigos, e estava inseguro do protocolo que alguém utilizava. Ivory jogou um olhar ao redor da câmara curativa. — Preciso de um lugar diferente. Em algum lugar tranquilo. Curador, você deve ter um laboratório. — Shea o tem. — respondeu Syndil — Um muito bom. Posso levá-la até lá. — Depressa. — insistiu Gregori — Francesca e eu faremos o que pudermos. Savannah deixou sair um amortecido soluço e sacudiu a cabeça. — A pequena, Gregori. Está tão fraca. Estou perdendo-a. Ivory tinha dado um passo para seguir Syndil, mas se voltou para a cama de partos para ver Gregori agachado ao lado de sua companheira. O aterrador Cárpato, que sempre parecia invencível e todo-poderoso, parecia tão fatigado e mais vulnerável do que ela pensou possível. Vacilou e então foi para ele. — Fala com ela? — Sim, mas não escuta. — havia pena em abundância na voz de Gregori. Ivory jogou um olhar às mulheres que soluçavam silenciosamente. Nem sequer
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Raven podia reter as lágrimas. Mordeu-se o lábio e fechou os olhos. Imediatamente a angústia que emanava das mulheres a assaltou. Gregori, sente a energia neste quarto. Se ela for extremamente sensível, sentirá o que eu faço... O que você faz. Elas acreditam, você acredita, todos vocês acreditam que ela já está perdida. Deixe-me falar com ela através de você, através de nossa conexão. Tenho um pouco de experiência com a vontade de viver. Enquanto isso, mude a atmosfera aqui dentro. Qualquer um que não possa permanecer positivo deve abandonar esta câmara. Gregori a olhou e logo a Francesca. Ele estava muito perto da dor, e a angústia de Savannah o consumia. Francesca assentiu com a cabeça. Obrigado. Disse Gregori. Por favor, fale com ela. O canto mudou para a canção de berço Cárpata, uma suave e musical melodia, as vozes se elevaram para tranquilizar às bebês enquanto o parto continuava. Pequena. Sua prova é grande. Deve se elevar sobre ela e se aderir à vida. Aguente. Lutei para permanecer sobre esta terra, e embora seja difícil, sei que vale a pena. Está destinada à grandeza. Deixe-me que te contar a história de um grande homem, um curador entre seu povo, um guerreiro sem igual, e sua princesa. Uma formosa mulher com o cabelo comprido e solto, e olhos violetas. Amam-se muito um ao outro, mas há um mago terrível, um grande bruxo que deseja separá-los. As meninas deixaram de deslizar-se fora da segurança do útero de Savannah; em vez disso, voltaram para trás para escutar a ascensão e queda dessa voz, hipnotizadas pela história que tinha começado. Seu pai continuará a história e lhes contará sobre duas garotinhas, meros bebês, mas incrivelmente fortes, que se elevaram para derrotar o malvado mago. Não pôde pôr a mão sobre o ombro de Gregori para consolá-lo, assim que lhe deu um rápido sorriso alentador. — Contei a mim mesma muitas de tais histórias para manter o desespero afastado. As converta nas heroínas do conto, e faça a história longa, excitante para que se envolvam, escutem e se concentrem nisso. Trabalharei tão rapidamente quanto possível. Ivory esperou que Gregori retomasse a história onde ela a tinha deixado. As vozes ao redor dele caíram como um suave acompanhamento, dando entusiasmo ao conto que o curador tecia para suas filhas. Savannah adicionou sua própria voz quando pôde trazer o conto à vida. Ivory e Razvan seguiram Syndil fora das cavernas e juntos se apressaram para o edifício cinzelado nos precipícios. Dentro da grande sala principal, Shea, uma mulher Cárpata com brilhante cabelo vermelho, e o humano, Gary, a quem Ivory já tinha conhecido, trabalhavam juntos com uma eficiência fluída que sugeria que tinham trabalhado lado a lado durante muito tempo e que estavam acostumados a um certo ritmo. Outra mulher, a que Syndil apresentou como Gabrielle, estava em uma sala menor esquadrinhando por um microscópio. Ivory reconheceu imediatamente as bolsas sedosas que continham as amostras de terra que ela havia trazido com o livro aberto de seus registros. Shea deu meia volta. — Não posso acreditar que tenha feito isto. — a saudou — Como descobriu isto?
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Estas criaturas são estranhas para mim. Nunca os vi antes. O que são? De onde vieram? Gabrielle elevou o olhar. — Parecem ser irregularmente altos em ferro. — ficou de pé e cruzou a sala, uma mulher elegante — Estudei todas as espécies de organismos e isto é novo para mim também. — É por isso que estava preocupada com apenas derrubá-los na terra. — explicou Ivory — Se espalharão, e acredito que finalmente destruirão a todos os microorganismos modificados, mas não tive suficiente tempo de determinar o que mais poderia acontecer. Não conheço o efeito sobre os humanos nem sobre qualquer outra espécie. Plantas. Insetos. Não tenho a menor idéia. — Não tocam os microorganismos normais. — disse Shea — Tem razão, temos que ser cautelosos, mas acredito que pode ter encontrado nossa resposta. Precisamos de você para trabalhar conosco. Ivory se forçou a não retroceder afastando-se do grupo. Não estava acostumada a ser o centro de atenção e certamente nunca tinha estado tão perto de tantas pessoas. Razvan. Estendeu-se para ele em busca de tranquilidade. No momento em que o fez, incomodou-se consigo mesma. Tinha chegado a depender dele. A suave risada de Razvan acalmou os nós no estômago. Ele esteve ali instantaneamente, alagando sua mente com calor. Como você deveria ser dependente de mim. Ainda há uma parte de você que gostaria de fugir. Isso não é verdade. Bem, possivelmente fosse, mas não ia admitir. Era mais valente que isso. A voz de Razvan se suavizou. Tornou-se terna. Estou sempre com você, Ivory. Em seu coração e em sua mente. Compartilhamos a mesma alma. Sempre, ou jelä sielamak, luz de minha alma. Ivory forçou um sorriso enquanto olhava a equipe de investigação reunida a seu redor. — Ajudarei logo que tenha testado estes feitiços inversos. Antes de tentá-lo com Syndil, quero fazê-lo com os microorganismos modificados na terra. Se puder tirar de entre as mãos algum feitiço para investir que Xavier forjou, então poderei ensinar isso a todos vocês. Qualquer Cárpato deveria poder utilizá-lo. Será uma solução temporária até que os novos organismos façam seu trabalho e limpem a terra. E até que possamos ir à fonte dos microorganismos e destruí-la para sempre. — O feitiço não inverterá a mutação. — advertiu Ivory — Está só desenhado para inverter a ordem escura de Xavier. Não podemos dizer realmente se funcionará, até que o utilizemos em alguém a quem o microorganismo já tenha atacado. Preciso me certificar de que isto não danificará a vida, especialmente a de uma criança. Estou um pouco receosa de tentá-lo sobre Syndil inclusive agora. Uma quietude repentina caiu sobre a sala. A pele de Ivory picou. Os pelos da sua nuca e dos braços de arrepiaram. Ficou sem respiração quando uma angústia insondável a agarrou pela garganta. Ao redor do quarto, viu que os outros se congelavam em meio da conversa, com os olhos totalmente abertos com horror. Syndil ofegou e começou a chorar. O rosto de Shea perdeu toda cor. As provetas nas mãos de Gary começaram a sacudir-se enquanto o vidro escorregava da mão intumescida de
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Gabrielle e caía ao chão rompendo-se. Por um momento o tempo pareceu suspender-se. Exceto que Ivory sabia que isso não podia ser verdade, porque podia sentir o rápido ruído surdo de seu coração, golpeando dentro do peito como uma bateria. Se o tempo parou, então também seu coração, verdade? Aturdida, sem compreender, mas lutando contra o impulso inexplicável de chorar, Ivory alcançou cegamente Razvan para sentir a conexão sólida quando os dedos se fecharam ao redor dos dela. Um grito quebrado e angustiado rompeu à calma. Ajudem-me! Todos os curadores à caverna! As perdemos! Gregori, o insensível. Gregori, o todo-poderoso. Ivory tremeu ao ouvi-lo tão desesperado, tão frenético, e estava claro que os outros estavam igualmente sacudidos. Gabrielle e Shea deixaram cair os materiais e saíram disparadas pela porta. Syndil começou segui-las, mas Ivory a agarrou pelo braço. — O que é? O que aconteceu? — sabia. Não queria sabê-lo. O fluxo de pena lhe agarrou o coração, destroçando-lhe e soube que estava sentindo as emoções de Gregori. Os olhos de Syndil se encheram de lágrimas e começaram a rodar pelas bochechas. — Estamos perdendo as bebês. Não podem deter o nascimento. — Que Deus os ajude. — Ivory cobriu a boca com uma mão. Os joelhos enfraqueceram e se tornaram de borracha, recostou-se sobre Razvan, agarrando-o pelo braço para sustentar-se. Tinham vindo muito tarde. Muito tarde. Não importava que aprendessem agora, não tinham salvado às frágeis bebês. O vapor brilhou na sala e então Mikhail estava ali, sua presença poderosa enchia o pequeno espaço. — Temos grande necessidade de você agora, Ivory. Elas estão nos abandonando. É a última esperança de minhas netas. — Mas nunca o tentei nem sequer na terra, muito menos em uma criança. — protestou, seu estômago se encheu de nós. Razvan. Respirou seu nome como seu talismã. Fará isto. Ela negou com a cabeça. — Não em uma criança. Um feitiço não provado. Terei que convocar a magia escura para inverter o que Xavier forjou. Algo poderia sair errado. A face de Mikhail se endureceu. — Já está errado. Deve fazê-lo. Ela se forçou a engolir o nó que ameaçava bloquear sua a garganta, agradecida do braço de Razvan, que a segurava. — Mikhail... — interrompeu-se, engolindo com dificuldade — Não há garantia de que isto funcione, ou de que não vá feri-las mais. Xavier é um adversário poderoso. Tanto que poderia falhar. — Deve fazer isto se tivermos ainda a menor oportunidade de salvá-las. — Mikhail foi implacável — Todos acreditam que é nossa melhor esperança. Gregori te pede isto. Gregori. O homem que tinha açoitado sem medo os quatro fragmentos de sombra que Xavier tinha colocado em Razvan para permitir sua posse. Gregori não se
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acovardou. Mas as meninas... Ivory sacudiu a cabeça, engoliu com força e suspirou. Fará isto, repetiu Razvan com completa confiança. — Que assim seja. — sussurrou ela, esperando que a calma de Razvan a possuísse. — Faça todos os preparativos que tiver que fazer, mas se apresse. — insistiu Mikhail. Então se foi. — Razvan. — disse Ivory, sua voz rouca, com pena e preocupação — Sabe quão malvados são os feitiços de Xavier. Não posso entrar na câmara sagrada de partos e chamar a escuridão. Poderia acontecer algo. — inclusive enquanto protestava, usava a magia para limpar-se, em vez do banho ritual, já que o tempo era primordial. — Nada do que alguma vez conseguiu foi fácil, fél ku kuuluaak sívam belso, amada, mas o tem feito. Isto é muito importante para não tentá-lo. Inclinou-se sobre ele durante o mais breve dos momentos e logo, agarrando-o pela mão, correu para a caverna de nascimentos. O aumento do volume das vozes sustentava uma pesada pena, que lhe alagou os sentidos. A multidão se afastou para permiti-la passar e o seu coração pulsou com violência. Ivory se sentia como se não pudesse respirar com tantos Cárpatos reunidos ao redor de Gregori e sua companheira, muito perto, como se sua proximidade pudesse de algum jeito evitar que os bebês se deslizassem à próxima vida. — Gregori! Savannah gritou o nome de seu companheiro enquanto seu corpo expulsava a primeira vida diminuta em suas mãos. Ela ofegou pesadamente quando o olhou, como respirava por sua filha. — Está viva? Não posso senti-la, Gregori. Diga-me, por favor, que está viva. — enterrou o punho na terra quando outra onda de dor a rasgou. — Eu a tenho. — disse Gregori, mas sua voz era longínqua. Cheia de pena. Razvan, não posso suportar vê-los perder estas meninas. Francesca deu um passo aproximando-se do corpo de Savannah que se estremecia outra vez, a face se esticando de dor. As mãos de Francesca guiaram o segundo bebê ao mundo. Imediatamente seu rosto se voltou longínquo, enquanto ela, também, respirava pela menina. Pode fazer isto, Ivory, cochichou Razvan em sua mente, sua voz agradável enquanto ela se detinha ante Gregori e Savannah e os bebês diminutos que se esforçavam para viver. Nasceu para este momento. Nasci para matar vampiros e destruir Xavier. Não para isto. Nunca isto. Como os outros, ela estava encantada, olhando para Gregori, que com lágrimas vermelhas vertendo-se pelo rosto, segurava a sua diminuta filha em seus braços enquanto Shea vertia na incubadora as pequenas reservas de terra que Ivory havia trazido, em cima das existentes capas de terra que Syndil já tinha limpado em preparação para o nascimento das gêmeas. A menina nas mãos de Gregori era muito pequena para viver, muito frágil. Ainda de onde estava, Ivory podia ver Gregori respirando por ela. As mãos dele tremiam, esse homem forte, ao saber que ele, o maior curador de seu povo, estava impotente para salvar a sua própria filha. Ivory tragou com dificuldade, respirou fundo e esvaziou sua mente para tentar afastar toda a pena e a angústia, toda a energia negativa. Tinha tido Razvan revisando
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cada gesto e movimento que Xavier fazia enquanto lançava seu repreensível feitiço. Sabia que ele tinha vertido seu ódio e necessidade de vingança nesse feitiço quando deu ordens aos microorganismos. Ela não podia fazer nada sobre a mutação, mas podia reverter as ordens. Cada detalhe tinha que ser exato. Se Razvan tinha esquecido algum aspecto diminuto... Se ela se esquecia de algo como um só movimento ou uma palavra... Não o fiz, fél ku kuuluaak sívam belso, amada. Nem você o fará. Pode fazer isto, Ivory. Tenho fé em você. Ela sentiu o toque dos lábios no cabelo, o calor do fôlego na nuca. Respirou, adiantou-se e se deteve. — Gregori. Quando ele elevou o olhar, os olhos prateados estavam tão perdidos que ela quase chorou. — Tem que estar seguro, Gregori. — Estou seguro. — respondeu sobriamente — Não temos outra escolha. — Razvan, terá que fazer os acertos rapidamente, mas cada detalhe deve ser preciso. — levantou o rosto e jogou um olhar à multidão — Vou recriar uma cena muito malvada. Quem não queira estar aqui deve ir embora, de outro modo deve formar um grande círculo de amparo em caso de que cometa um engano. Ninguém partiu. Nem sequer os Cárpatos que tinham olhado para ela e para Razvan com desconfiança, possivelmente inclusive com aborrecimento; afastavam agora seus preconceitos e se submetiam a si mesmos a sua direção. Formaram um imenso círculo de várias capas de profundidade. Aqueles na câmara, inclusive Gary, que era humano, mas parecia conhecer todos os rituais dos Cárpatos, começaram o canto de purificação. Syndil, Shea e Gabrielle queimaram sálvia e se moveram pelo quarto, sacudindo-a para cima e para abaixo, dando especial atenção a cada entrada. — Gregori, preciso de você e as bebês aqui no centro. — Ivory assinalou o ponto central do anel. Sem vacilação, Gregori e Francesca moveram as incubadoras à área aberta que Ivory estava preparando. Savannah agarrou a mão de sua mãe e sussurrou para Ivory: — Por favor, por favor. A entristecedora pena a sacudiu. A voz de Razvan estava mais perto quando a rodeou com calor. Pode fazer isto. Só está você e nosso inimigo mortal. Nasceu para derrotá-lo, Ivory. Pode fazer isto. — Preciso de quatro mulheres. Syndil. Escolhe às que são mais próximas da terra. —tirou a espada da capa — Não podem acovardar-se uma vez que comecemos. Esta coisa, esta grande maldade que Xavier forjou, não partirá rapidamente nem tranquilamente. Lutará. Tentará nos quebrar. Assim as que escolher devem ter a coragem de encarar o que for que este mal jogue sobre elas. Syndil não vacilou. — Natalya. Shea. — quando as duas mulheres se apressaram a ir para frente, Syndil se girou para uma garota jovem — Skyler. Sei que é muito jovem e possivelmente não lhe devo pedir isso, mas há poucas conectadas tão estreitamente com a terra como você e poucas que tenham encarado o mal tão corajosamente como você. Pode fazer isto? Fará isto? A face da garota empalideceu, mas apertou a mandíbula e assentiu antes de
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unir-se às outras. Uma vez que estiveram no lugar, Ivory levantou o queixo e começou a lançar o círculo de amparo ao redor de Gregori e das meninas, caminhando no sentido das agulhas do relógio. Segurava a espada na mão direita, assinalando para baixo, cantava enquanto caminhava. Três vezes ao redor deste círculo Ate todo o mau, afunde-o no chão A isso que é fogo, mas nascido de gelo, Eu te ordeno agora que limpe este lugar. Toma o que está manchado e queima-o até que seja puro. Para que a cura possa ser feita neste lugar que é seguro. Ivory tirou quatro velas, pôs uma em cada um dos quatro cantos do círculo, representando as quatro direções e seus elementos. Pôs uma vela branca no leste pelo ar e a pureza. Uma vela vermelha ao sul pelo fogo e o ardor do mal. Ao oeste, pôs uma vela azul pela água, representando a limpeza. Ao norte, pôs uma vela verde, representando a terra e o renascimento. Ao redor das incubadoras acendeu paus de incenso que encheram a câmara com o rico aroma do cravo, para evitar toda hostilidade. A isso acrescentou erva do maná, sálvia para a pureza, e tuberosa para desviar o mal. Logo, enquanto o incenso e as velas ardiam, respirou profundamente, reuniu sua força e seus poderes e levantou as mãos rogando. Poder da noite, amante de luz, sou Ivory, filha da Mãe Terra que me curou. Uma rajada de lembranças a assaltou. O aroma da terra quando se fechou ao redor de seu corpo quebrado, lhe dando a boa-vinda ao mais profundo, onde nada a podia alcançar. Utilizou o poder curativo que a tinha rodeado durante séculos. Convoco a este lugar o que é impuro e manchado. Peço isto por tudo o que é bom Sei que fará isto por mim. Baixou as mãos aos flancos, as palmas para dentro contra suas coxas e manteve a cabeça abaixada, olhando ao chão, enquanto começava a seguir o padrão impuro que Razvan lhe tinha mostrado. Três passos dentro, o mal começou a revolver-se. Sua presença lhe sussurrou na nuca, um débil formigamento incômodo, como aranhas arrastando-se por sua pele. Estremeceu-se e lutou contra o impulso de sacudir a asquerosa mancha. Xavier faria tudo o que pudesse para guiá-la pelo mau caminho, para forçá-la a cometer um engano. Não podia permiti-lo. As mãos varreram resolutamente para cima, para o teto. Enquanto levantava o rosto, cruzou as palmas e cantou. Nascido da escuridão Antigo, ancião. Você chamou se desdobre, se revele. Manche os emparelhamentos… Ouviu um lento gemido, uma horrorosa voz cochichando. Escorpiões com os aguilhões em alto, arrastavam-se de debaixo das pedras e se apressavam para o círculo. Skyler cambaleou, começou a levantar o pé longe dos insetos que se
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aproximavam. — Mantenha-se firme. — gritou Razvan, sua voz levava uma completa calma — Não quebre o círculo. Ivory continuou pronunciando as asquerosas palavras. Ordeno que se espalhe Se conecte ao útero e à semente Busque a nova vida Ordeno-te este ato. Manche o leite Murche a semente na videira Destrói a essa gente Não nascidos e nascidos, com o sangue te ato. A piscada das chamas diminuiu, quase se apagaram, assim que as sombras se fizeram mais profundas, arrastando-se pelas paredes e chãos da caverna como dedos ambiciosos. Por cima, as aranhas gotejavam das fendas e poluíam as vozes que murmuravam. O sangue de um coração borbulhou no centro do quarto, um vermelho tão escuro que parecia negro. Um fedor impuro encheu a câmara, poluindo o ar, poluindo-a até que todos quase se afogaram com o fétido aroma. As bebês começaram a chorar em protesto. Syndil ofegou em voz alta. Shea e Natalya gemeram brandamente, mas se mantiveram em seu lugar embora os microorganismos em seu interior as rasgassem e rasgassem. A multidão ofegou e se olharam uns aos outros enquanto as mulheres pressionavam as mãos nos úteros quando sentiram a atração dos microorganismos enquanto respondiam à chamada da escuridão. Ivory levantou as mãos em resposta à escuridão que se espalhava rapidamente pela caverna. Em sua mão direita segurava um boline 10, uma faca de colher, com o cabo feito de osso branco. O boline estava curvado, levando a marca da lua crescente, feito de um metal precioso de sua caverna sagrada, a beirada da foice serrilhada, preparada para a colheita. Com grande cuidado, Ivory recitou o feitiço asqueroso de Xavier para trás, imitando ao inverso os movimentos que Razvan tão pacientemente lhe tinha ensinado enquanto ela colocava os pés com cuidado, tecendo a pauta para trás com suas mãos. Ivory. Vejo você. Você chamou. A voz de Xavier, dura e cruel, sussurrou-lhe na mente. Adoecendo-a. Debilitando-a. Vejo você. — Não, não a vê. — disse Razvan, sua voz tranquila. Alagou-a com paz — Ele sente seu poder e treme. Não o deixe te romper. Utilizando o sagrado boline em lugar da faca cerimoniosa ensanguentada de Xavier, cortou a palma da sua mão e permitiu que o sangue gotejasse por volta das duas bebês, justo como Xavier tinha derramado seu sangue sobre a incubadora de microorganismos. Três gotas exatamente sobre cada menina. As meninas gritaram como se brasas ardentes tivessem caído sobre sua inocente carne recém-nascida. Savannah gritou e se cambaleou ficando de pé. — Pare-a. — ordenou Razvan — Não deve quebrar o círculo. Savannah teria se jogado para suas meninas se seus próprios pais, Raven e 10
Nota da Revisora: uma faca curvada, estilo a que a Morte usa nos desenhos.
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Mikhail, não tivessem envolvido os braços ao redor dela para retê-la. — O que acontece? — grunhiu Gregori. — O mau luta. — Razvan observou o legendário Cárpato curador, desoladamente — Ficará pior, Gregori. Muito pior. Você e sua companheira devem ser fortes. Fale com suas filhas. Cante para elas. Seja forte por elas. Conte que lutam contra o mago malvado de sua história por elas. Agora é o seu momento. Enquanto Razvan tentava acalmar a um Gregori agitado, Ivory tentava silenciar de sua mente os gritos das bebês como melhor podia. A maldade de Xavier estava machucando-as. Ela estava machucando-as. Não, fél ku kuuluaak sívam belso, amada, você as está salvando. Não pode parar sem importar o que acontecer. Ela se forçou a seguir movendo-se, a continuar tecendo os padrões do feitiço. Quando completou todo o ritual de Xavier ao reverso, levantou a faca para a chaminé da caverna e assinalou para a pequena lasca de lua que brilhava acima. Chamo à senhora da lua escura. A essa que se encontra nas encruzilhadas. Que nos aconselha que devemos abandonar o velho antes de empreender o novo. Procuro o espiral. Leve-me ao centro da calma na absoluta escuridão. Que possa dissipar este mal com a luz. A luz cintilou através da folha do boline, como se a própria lua tivesse entrado na caverna de partos. Vamos, as estalactites se balançaram e vibraram. Os cristais faiscaram como estrelas diminutas e longínquas, dispersas sobre o teto e pelas paredes da caverna. Veias de ouro e prata se entrelaçaram e brilharam, atraindo luz ao rosto pálido de Ivory. Ela colocou o boline sagrado com cuidado entre as gêmeas, a folha curva na posição exata para que refletisse à lua crescente do exterior. As meninas se retorceram. Uma se convulsionou. A pele de ambas se tornou mais quente. Savannah lutou contra seus pais, as lágrimas se derramavam pela face. — Por favor, Gregori. — rogou — Detenha esta abominação. Ela está lhes fazendo mal. Gregori cambaleou, o rosto uma máscara de dor. Os Cárpatos começaram a murmurar protestos. — Deixe-as morrer em paz. — implorou Savannah, juntando as mãos, dobrandose contra os braços de seu pai que a refreavam — Dê-me isso. Deixe-me segurá-las enquanto vão à próxima vida. — Não, Gregori. — protestou Razvan — O mau luta com força. Mantenha o propósito. — Elas desejam viver, Savannah. — disse Gregori com voz rouca. Uma vez mais Ivory levantou as mãos. Agora havia gotinhas diminutas de suor e de sangue lhe manchando o corpo, e as mãos tremiam com o esforço de suportar o peso do mal. A presença tranquilizadora de Razvan, seu calor e sua fé nela, acalmaramna enquanto cantava. Chamo à praga sobre esta terra, vejo em seu coração. Você, que foi jogado sobre esta terra, transformado e logo despedaçado. — Nunca o perdoarei, Gregori. — gritou Savannah, rasgando a própria carne, afundando grandes cortes em seus braços até que o sangue escorregou pelo chão —
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Nenhuma vez. Entende? Ela está torturando nossas filhas e você está permitindo. Gregori sacudiu a cabeça, lágrimas vermelhas lhe desciam pelo rosto, mas permaneceu estóico, com as mãos sobre cada menina que se retorcia. Várias mulheres tentaram romper o círculo para correr em ajuda das bebês. — Detenham-nas. — ordenou Razvan — Permaneçam tranquilas. Pensaram que ele iria facilmente? Desafiem-nas, Mikhail, deve pará-las. — Tem razão. — disse Mikhail tranquilamente. Uma calma inquieta descendeu. Só se podia ouvir chorar Savannah e às bebês. Ivory mantinha sua mente firmemente no ritual, continuando, tentando não permitir que as mulheres a distraíssem. Chamo ao que foi desfeito e logo criado para fazer mal a todos. Venha para mim agora quando lhe chamo, para que possa tomar a um e a todos. Atado e tecido, procuro desatar o que foi tecido apertadamente. Ivory tomou os cristais limpos da bolsa de seda que tinha pendurada ao quadril. Os cristais tinham sido deixados à luz do sol durante uma semana, reunindo as energias e propriedades limpadoras que ela necessitava. Examinou as pedras cuidadosamente antes de fazer sua escolha. Não se surpreendeu quando os dedos se assentaram ao redor de um pedaço grande de pedra-pome. A pedra-pome provinha da pedra vulcânica, e embora para alguns não fosse formosa, ela achava a leve pedra extraordinária, com sua cor bege-branca. A pedra porosa era usada frequentemente para desterrar feitiços, mas também podia oferecer a uma mulher para que a segurasse na mão para ajudar no parto. Áspera e lisa, era simbólica em sua vida. Colocou a pedra no canto oriental. Olho ao este, à luz da manhã. A que nasce na escuridão, agora brilha a luz. Fez uma reverência ao leste, e fez o sinal da cruz. Com as mãos formou a forma oval do sagrado coração onde Xavier tinha derramado sangue do coração sobre os microorganismos, seu símbolo sagrado substituiu o ato de maldade. Acendeu o grande monte de agulhas de pinheiro e o ondeou sobre toda a área, para desencardir e limpar, mesclando-o com a sálvia purificadora. O perfume se acrescentou a seu poder de ajudar a exorcizar o feitiço demoníaco que Xavier tinha jogado sobre os microorganismos. Entregou o incenso a jovem Skyler, que permanecia no lugar oriental. No momento em que as mãos de Skyler se fecharam ao redor do incenso, as sombras se moveram na escuridão fora do círculo. Risadas masculinas, feias e zombadoras, deslizaram-se furtivamente na caverna, ressoando ao redor de Skyler. Cochichos de atos obscenos. Ela sentiu mãos tocando-a. Deslizando-se dentro de sua roupa... Tentando agarrar sua pele suave, expondo-a. Um soluço a atravessou. Dimitri amaldiçoou e deu um passo à frente. Era bem sabido que ele era o companheiro de Skyler, embora ela fosse ainda muito jovem para que a reclamasse. — Ilusão. — disse Razvan — Está presa em uma ilusão. Gregori ondeou uma mão para Skyler quando esta com a mão tremente lançava para trás o incenso. Estremeceu e o segurou com força, elevando o queixo, mas lhe caíam lágrimas pela face. Olhou uma vez para Dimitri e logo permaneceu de pé estoicamente sob o assalto do mal invisível. Houve um golpe de silêncio. Ivory. Deve continuar, insistiu Razvan.
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Ivory fechou os olhos por um momento, respirou e, continuando, selecionou a granada. A pedra chamejante era utilizada para aumentar os poderes nos rituais. Para derrotar Xavier, para revogar seu horrível feitiço, necessitava tanta ajuda quanto fosse possível. Também queria amparo extra contra a escuridão de Xavier. Outra vez era uma pedra usada frequentemente nos nascimentos. Sua pedra era multifacetada e de um brilhante vermelho intenso, para combater o vermelho escuro do sangue do coração. Dizia-se que a grande arca tinha sido guiada por uma granada, e ela esperava que a luz a guiasse neste tempo de grande necessidade. Colocou a pedra no canto sul. Chamo ao sul, a fênix se eleva alto. Lançando seu fogo enquanto você se eleva ao céu. Ivory se inclinou ao sul, e então repetiu o sinal da cruz. Xavier tinha perfurado uma agulha no coração de uma pomba e logo queimou o corpo. Ela abriu as mãos e soltou uma pomba branca que levava um ramo de oliveira. O pássaro voou ao redor do círculo três vezes, mudou de sentido e repetiu a ação, logo saiu voando ao céu noturno. O perfume da resina do sangue de Dragão, compilada e processada da palmeira, enchia o quarto, afugentando o mal do ritual de Xavier, acrescentando a seus amparos e exorcizando as abominações do grande mago, consagrando e reforçando a potência de seu ritual. Entregou o incenso a Natalya, que permanecia no canto sul. Natalya se preparou, mas não estava preparada para o rosto de seu irmão quando o olhou e viu... Vampiro. Ofegou enquanto as escamas caíam de seus olhos e ela viu em seu interior, além da ilusão, sua verdadeira natureza. Embusteiro. Comedor de carne. Rindo enquanto torturava crianças. Precisava detê-lo. Bebedor do sangue de seus próprios filhos. O que a havia possuído para acreditar nele outra vez? Gritou de temor e ira por outro engano dilacerador às mãos de seu gêmeo. Vikirnoff gritou com temor por ela, levando a mão à espada. Foi seu irmão, Nicolae, quem o refreou com uma mão sobre a espada. — O que quer que esteja vendo, eu não o vejo. — disse. — Natalya. — disse Razvan brandamente — Olhe-me. As palavras, ditas com uma ordem tranquila, dissipou a feia ilusão. Vikirnoff deixou sair o fôlego e inclinou a cabeça dando graças a Nicolae. Por um momento, a mão tremente de Ivory se abateu entre duas pedras: a pedra da lua, uma de seus favoritas, e um pedaço de precioso coral vermelho brilhante, direto do mar. O coral era uma peça protetora com finas fendas trincadas, sem nenhuma lasca nem ruptura. A peça simbolizava a vida e a força do sangue, e as defendia do mal com seu amparo. Não era realmente uma pedra, o coral era fato de muitos esqueletos de criaturas marinhas, mas podia ser utilizado para o bem, dado que a peça foi encontrada em uma praia faz muito, a vida já transformada em cura, em um elemento protetor. Colocou o coral no canto ocidental. Chamo ao oeste, traz seu fôlego. Permita que a chuva caia, clara e limpa. Inclinou-se ao oeste e outra vez benzeu antes de riscar a flor de lis no céu, o símbolo da pureza, representando os três que eram um, tirando a abominação que Xavier tinha esboçado antes, um símbolo de ódio e depravação. O incenso que tinha escolhido era uma mescla de lírio e lilás misturados para o amparo e a pureza. Entregou o pau para Shea, que se reforçou em sua posição no
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canto ocidental. Shea olhou a mão que segurava o incenso e viu a mão de sua mãe murchandose, a carne encolhendo, mais e mais magra, as vozes ao seu redor apagando-se até que só houve silêncio, o silêncio de sua infância. Dias largos e intermináveis ocultando-se em uma casa parecida com uma tumba, com o sol lhe queimando a pele; a pequena menina aconchegada no canto tentando encontrar suficiente comida para alimentar o estômago encolhido. — Meu amor. — cochichou Jacques em voz alta — Estou com você. Continue, Ivory. Sei que está duvidando de si mesma, mas a maré gira. Não está fazendo mal a estas mulheres nem a estas crianças. Este mal deve ser detido, animou Razvan. O olhar de Ivory se moveu sobre ele, a sua amada face. Sua força. Sua fé nela permitiu-lhe continuar. Endireitou os ombros e olhou em sua bolsa de seda em busca da última pedra. Para sua quarta e última pedra, Ivory escolheu uma pedra cuja poderosa magia frequentemente era utilizada para ajudar no parto e para a fertilidade, assim como para proteção. Acreditava-se que o âmbar dourado, unia terra, fogo, ar e água, mas também era extremamente simbólico da Mãe Terra. Âmbar, realmente uma resina fossilizada, era de cor dourada antigo no interior e parecia quase vivo com sua luz. Sua pedra continha uma abelha completamente formada no centro exato. As asas estavam estendidas e a abelha tinha mil anos de idade. Este pedaço particular era seu favorito. Com grande respeito, colocou o âmbar no lugar do norte. Chamo o norte, sobre a terra, que pode renascer. Procuro desfazer esta coisa. Inclinou-se ao norte, e desenhou o sinal da cruz no chão, na posição exata onde Xavier tinha vertido sua mescla do sangue de coração, maldade e ódio em seu círculo negro. Acendeu outro pau de incenso, utilizando desta vez um precioso incenso e mirra, uma poderosa combinação para a purificação e o amparo. Syndil tomou o poderoso incenso e permaneceu no canto norte. Syndil sabia o que vinha e fechou os olhos quando o rosto de seu perdido irmão flutuou diante dela, enchendo sua mente. Savon a alcançou, rasgou-lhe a roupa com dedos ambiciosos, golpeando com seu corpo dentro do dela, golpeando-a, rindo dela e rasgando-a enquanto os dentes do vampiro lhe rasgavam o pescoço e ele engolia grandes goles de sangue. Barack encheu sua mente. As essências e o calor de quem era ele. Companheiro. Protetor. Amante. Tudo. Ele se uniu com ela, mantendo-a perto, compartilhando as lembranças desse ataque, ocorrido fazia muito tempo, mas nunca esquecido. — Não me quebrarei. — disse Syndil — Continue. Ivory parou no centro do círculo e levantou os braços, seu tom, um de rogo misturado com respeito. Você chamou, Mãe, a quem uma vez me segurou com força. Curando-me por inteiro para que pudesse continuar a luta. Dê-me o poder de tudo Para desfazer o que foi jogado no feitiço. O quarto brilhou com vida, reagindo. As chamas das velas saltaram ao alto, lançando ambiciosas sombras nas paredes. Um vento forte rugiu pela caverna. O piso
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ondulou com a vida, e acima as estalactites se balançaram e vibraram, ameaçando soltar-se. Mais pontos vermelhos de suor dedilharam a carne de Ivory. O mal ardia por suas veias, comendo-a até que esteve apodrecendo-se de dentro para fora. A sujeira a manchou, manchou sua alma. Podia sentir como a pele se separava dos ossos. O rosto de Xavier nadou diante de sua visão, sua risada ardilosa ressoou por sua mente enquanto ele a assinalava com um dedo ossudo, a afiada unha manchada de sangue direto para ela. Lentamente, a contra gosto, Ivory se atreveu a girar a cabeça. As gêmeas, meninas diminutas, jaziam sem vida... Cadáveres, seus corpos enegrecidos como sua alma. Abriu a boca para dar um gemido mudo de horror absoluto. Não! Razvan se uniu a ela, verteu sua força nela. Segue adiante. Deve terminar isto. Ele não pode vencer. Ivory tomou um profundo e estremecedor fôlego, as pernas lhe tremiam, eram como de borracha, apenas capazes de sustentá-la. Necessitava os braços de Razvan ao redor dela, sua presença perto. A mente de Razvan se moveu na sua e ela convocou sua última força, rezando para que fosse suficiente. Dê-me o poder de arrumar este mau, Para limpá-lo desta terra e que possamos continuar. Limpe o corpo, limpe a alma, Cure a mente e nos faça íntegros. Dê-nos uma vez mais o presente de criar nossos jovens para que possamos continuar vivos. Gritou as palavras em desafio. O poder se encrespou e se inchou, enchendo a câmara. A eletricidade rangeu. O cabelo lhe arrepiou e ondeou em bandas de energia. Um chicote de relâmpago estalou em cima das cabeças e logo saltou para envolver Ivory. Ela resplandeceu com energia candente, as faíscas voavam agora pelas pontas de seus dedos. Seu tom mudou, retumbando pelo quarto com ordem absoluta. As bebês se convulsionaram outra vez, seus corpos diminutos golpeavam com força contra as mãos de seu pai, respiravam com ofegos quebrados. Ambas brilhavam e estavam vermelhas, enquanto a temperatura se elevava além do que podiam suportar. — Depressa, Ivory. Pelo amor de Deus, depressa. — suplicou Gregori. Inverte este feitiço, eu o envio de volta. Chamo à justiça, deixa-o que caia de volta sobre Xavier. Ordeno-te que tome. Amarre-o, sele-o. Não deixe que nada permaneça. Traz sua luz que rodeia este prêmio Como seu resplendor queima esta escuridão à luz. A câmara cintilou com luz. As chamas das velas saltaram mais alto. O vento correu pelo quarto, girando em um movimento de tornado, pela terra, tocando cada canto do círculo protetor, e logo amainou como se nunca tivesse existido, deixando as velas piscando e a câmara cheirando doce e pura. Ivory se desabou no centro do círculo, e parou sobre um joelho, exausta. O suor sangrento lhe cobria o corpo e fazia com que as mechas de seu sedoso cabelo se curvassem ao redor de seu rosto. Skyler apagou a vela branca. Natalya apagou a
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vermelha. Shea fez o mesmo com a azul. Syndil foi a última, apagando a última, permitindo que a fumaça da vela verde se elevasse no ar, unindo-se à fumaça das outras para mesclar-se com o incenso e desencardir a câmara. A câmara estava silenciosa. Só o som das respirações enchia o quarto. Savannah lutou para afastar-se de seu pai, seu olhar desesperado fixo em seu companheiro e suas filhas. Gregori fechou os olhos e logo os abriu para olhar às meninas diminutas que jaziam sob as palmas de suas mãos. Lentamente, com grande cuidado, afastou as mãos. Suas filhas elevaram o olhar para ele com enormes e solenes olhos... Olhos que já tinham visto muito. A pele era de uma sã cor rosada. Os membros frágeis chutavam e golpeavam no ar. Ambas respiravam sozinhas. O fôlego explodiu nos seus pulmões e seu corpo se amoleceu de alívio. Seu olhar prateado se encontrou com o violeta de Savannah. Ela gritou, sua alegria explodiu pelo quarto. Gregori se afundou de joelhos ao lado de Ivory, esticando-se para ela, sem preocupar-se em enxugar as lágrimas vermelhas de seu rosto. — Seu espírito é mais leve. Podemos ajudá-las a lutar para viver agora. Não há palavras para agradecê-la. Nenhuma. Ela deu a volta e elevou o olhar ao teto. — Razvan? — estava quase translúcida. Precisava dele desesperadamente. Razvan. Não podia encarar esta multidão sozinha, não sentindo-se tão chorona e vulnerável. Ele esteve ali em um instante, esticou-se para atrair Ivory em seu abraço. Tome meu sangue, fél ku kuuluaak sívam belso, amada. Quando caiu, ela aceitou e enterrou o rosto contra o calor de seu pescoço, Razvan olhou por cima de sua cabeça, ao príncipe. — A noite quase acabou, Ivory deve ir ao chão. O ritual lhe drenou a força. — São bem-vindos aqui. — disse Mikhail. — Obrigado, mas não. Levarei-a para sua casa onde possa descansar. Voltaremos quando estiver mais forte. Enquanto isso, Gregori deve ensinar o ritual a alguns dos mais talentosos de seu povo para que possam proteger-se a si mesmos até que a forma de vida na terra descontaminada tenha uma oportunidade de espalhar-se e possamos destruir Xavier e sua fábrica ímpia. — Mas… — Mikhail começou um protesto. Razvan passou seus braços ao redor de Ivory e simplesmente saiu voando da câmara e a levou.
Capítulo 19
Razvan despertou com a manada aconchegada ao redor dele e com Ivory abraçada a seu corpo como se tratasse de encontrar um refúgio nele. Abriu a terra para poder elevar a vista para as estrelas no alto, uma sensação de paz deslizando-se sobre ele. Este era o momento que amava. Despertar cedo na noite quando os prismas das gemas incrustadas na abertura permitiam que a luz da lua se derramasse dentro da câmara e sobre o rosto de Ivory.
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Cada vez que a olhava, doía. Um pequeno sorriso de Ivory era suficiente para lhe elevar o espírito. Uma carícia fazia desaparecer cada lembrança das torturas e a depravação de seu passado. Não tinha ideia de como fazia, nem do por que quando estava com ela o mundo era um lugar tão diferente, cheio de risada, beleza e coisas que nunca tinha sonhado. Rajá se moveu e elevou a cabeça, esfregando seu queixo sobre o braço de Razvan a modo de saudação. Razvan afundou os dedos entre a grossa pelagem, um milagre em si mesmo. Seu coração já tinha aceitado a cada uma destas criaturas com suas distintas personalidades. Nunca tinha sonhado enterrar seu rosto na suave pelagem, ter um lobo como guardião e que este tratasse de lhe curar as feridas. Leve a manada à câmara contígua. Desejo estar com minha companheira. A resposta de Rajá foi um sorriso, passou a língua pelo braço de Razvan, um gesto inusitado para Rajá. Razvan saudou cada lobo à medida que despertavam e os olhou trotar para a seguinte câmara, deixando-o só com Ivory. Virou-se para ela, deslizando o braço ao redor de sua cintura, aproximando seu corpo enquanto estudava de novo seu rosto. Suas sombras e vales, sua deliciosa estrutura óssea. O cabelo havia se soltado da grossa trança e seus dedos ansiavam tirar o laço e desdobrar essa massa sedosa por todos os lados. Amava sua boca. Sorria pouco, mas tinha uma boca feita para sorrir, e para amar. Não poderia lhe dizer do orgulho que arrasava através dele, do nó na garganta, da maneira em que fazia cantar seu coração, nem do terrível medo que lhe invadiu vêla combater com aterradora coragem a maldade de Xavier. Sabia melhor que ninguém que tinha sido verdadeiramente difícil. Tinha visto outros magos lutarem e perder contra os feitiços de Xavier. Os microrganismos mutantes eram a culminação de seu malvado plano contra seus mais odiados inimigos. Ela tinha escolhido bem seu armamento; cada artigo que usaria tinha sido limpo e preparado com antecipação, tudo planejado meticulosamente, tal como planejava suas batalhas. Entretanto no final, como está acostumado a acontecer, tudo tinha ido mal e em vez de tentar escapar, ela tinha lutado pelas vidas dos bebês e apesar de tudo tinha triunfado. Seu melhor momento. Sabia que nunca veria a si mesma como ele a via, ou talvez como nenhum outro a teria visto. Tinha estado magnífica. Embargou-o de orgulho. Alta, com um suave e curvilíneo corpo de mulher, e esbeltos braços esculpidos com músculos e nervos, e o rosto elevado para a pequena fatia de lua que brilhava através do canal da abertura da caverna. Algumas vezes quando a olhava, como agora, sentia-se afligido, cada um de seus sentidos tão agudos, sobrecarregado, o sangue trovejando em suas veias, enchendo sua virilha até arrebentar de luxúria em um cruel soco em seu ventre. Fazia que lhe arrepiasse a pele. Um prego martelando através de seu crânio e a falta de seu contato se sentia um vazio tão profundo, tão longo, que cortava diretamente através de sua alma. Com um gesto fez com que um lençol de seda se deslizasse debaixo dos dois. Razvan inclinou a cabeça e respirou dentro de sua boca. Awaken, fél ku kuuluaak sívam belso — Minha amada. Vêem a mim. Por que a necessitava. Precisava ver seus olhos dilatarem-se famintos por ele, do modo em que sabia que os seus o faziam por ela.
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Deu-lhe esse primeiro doce fôlego de ar, logo tomou um dela para inalá-lo fundo dentro de seus pulmões. As pálpebras dela se agitaram, levantaram e em resposta ao repentino salto de seu coração seu membro se sacudiu. Abriu os olhos e viu que toda a emoção que alguma vez poderia querer estava bem em frente a ele. Seus olhos ambarinos eram enormes, cheios desde suas profundidades com amor só por ele. Um abismo sem fundo. Ali estava. Tudo. Sorriu-lhe, com um faminto sorriso predador, enquanto jazia estendida como um banquete ante ele. Esta noite poderia ser sua última noite juntos, e ia fazer com que fosse especial para ela. Dissolveu-se diretamente entre seus braços, transformando seu corpo em quente líquido, em uma manta de calor e fluido efervescente, fluindo sobre ela como um milhão de línguas, borbulhando contra sua delicada pele, lhe separando com gentileza as pernas para envolver-se a seu redor, percorrendo e explorando amorosamente a união entre elas. Ela se retorcia a mercê de seus cuidados, seu fôlego sussurrando ao exalar um prolongado e lento... Que...? De choque. As borbulhas tateavam seus seios e os eretos mamilos que o tentavam a voltar para a forma física. Resistiu, desejando que ela igualasse sua fervorosa necessidade. O quente líquido cobriu seu corpo, suspendendoa em um lago de água borbulhante, que procurava em cada vale, em cada fenda, e enchia os espaços quentes com líquido mais quente ainda. Gritou quando a água começou a lhe dar lambidas, gentilmente a princípio, tocando seu clitóris, borbulhando dentro dela, pela frente e por trás até que se encontrou ofegando, gritando devido aos inquisidores dedos de água medindo dentro e fora dela. Mais dedos devoravam seus mamilos e as borbulhas arrebentavam sobre e dentro de cada abertura imaginável, levando-a a um acesso de loucura. Manipulou o líquido outra vez, agora aspirando, borbulhando e sondando até que pareciam mil bocas atormentando-a. Razvan. Sussurrou seu nome ao tempo que entrava em uma série de orgasmos, cada um mais forte que o anterior, e se encontrou estendendo-se para ele, tentando encontrar uma âncora enquanto o mundo fazia erupção em uma névoa vermelha a seu redor. Ele riu brandamente, trocando com facilidade, lhe deixando cravar os dedos em sua pele e sustentar-se ali. Os braços dela se deslizaram ao redor de seu pescoço e sorriu. — Amo despertar para você. Pressionou a testa contra a dela. — Isso é bom, mulher guerreira, porque se despertasse com alguém mais, o mundo como o conhecemos chegaria a seu fim. Ela fez uma careta e se inclinou para diante para lhe dar mordidinhas em uma linha através de seu queixo até a comissura de sua boca. —Duvido. É o homem mais calmo e tolerante que conheci. Seus seios escorregaram contra seu peito, cheios, suaves e tentadores. Pequenas chamas faiscaram sobre seus pesados músculos em qualquer lugar que seus corpos fizessem contato. Só tocar aquela pele suave o emocionava. Beijou-lhe cada olho e passou roçando com sua boca sobre a dela.
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—Sou um Caçador de Dragões, fél ku kuuluaak sívam belso - minha amada. Nós exalamos fogo sob certas circunstâncias. Te encontrar com outro macho seria uma dessas circunstâncias. Seus dentes lhe mordiscaram o lábio inferior. Uma vez. E outra. Capturou esse suave arco e devorou gentilmente, desejando devorá-la, tomá-la para jantar. Sentia-se tenso pela necessidade, e só a gentil fricção do corpo dela esfregando-se com o dele, incrementou-se seu desejo mais do que ele pensou que fosse possível. —Duvido que tenha que preocupar-se. É muito...criativo. A mão dela vagou para o interior de sua coxa, deslizou-se mais acima, entre suas pernas, para pousá-la sob sua pesada ereção. Foi incapaz de não reagir, empurrando os quadris contra sua mão, pulsando e quente, inchando-se contra sua palma até que seu punho era uma luva apertada segurando tanto dele como fosse possível. Seu polegar traçava carícias sobre a larga e sensível cabeça com forma de cogumelo, lubrificando uma tentadora gota perolada sobre a ponta suave e quente. Ela observou com calor nos olhos um estremecimento deslocando-se através dele, com um olhar que disparou sua temperatura inclusive mais alto. Os dedos dela sobre sua pele se sentiam celestiais, o roce de suas carícias apagava cada atroz lembrança do passado, de maneira que ali só existia Ivory e seu universo era ela. Tocante. Erótico. Sensual. O universo instantaneamente se converteu em um de sensações. Sua boca se moveu sobre a dela. Bebeu de seu sabor como Néctar Doce com um toque de especiarias. —Talvez eu fosse gostar de te ver exalar fogo —sussurrou ela dentro de sua boca. Sua língua se enredou com a dele e seu membro se sacudiu e se inchou ainda mais contra o apertado punho de sua mão. Aprofundou o beijo, a fome florescia com tão urgente demanda que se sentiu ao extremo e um pouco desesperado por ela. Talvez tivesse algo a ver com o modo com que sua mão se movia sobre a pesada ereção e sua boca sugava sua língua como se esta fosse seu membro. —Não, você não gostaria, fél ku kuuluaak sívam belso - minha amada. Você gosta tal como sou. Ela riu brandamente, um som baixo e peralta, e então o estava beijando descendo por sua garganta e peito, lhe empurrando para trás, levantando-se sobre ele para mordiscar seu abdômen com pequenos dentes afiados. O fôlego lhe entrecortou na garganta. Essa larga, grossa e sedosa trança se arrastava sobre seu corpo, somandose às sensuais sensações, lhe roubando o fôlego e a razão. Estendeu-se para ela e puxou o laço para soltá-lo e poder deixar que seu cabelo caísse em cascata sobre seu corpo. Era tão sexy, com seu cabelo selvagem e despenteado, toda pele suave e exuberantes curvas com essa maravilhosa dureza fluindo por debaixo. A combinação sempre o excitava além da prudência. O corpo lhe doía e sua pesada ereção se engrossava e endurecia, tocando alguma parte nesse espaço entre a dor e o máximo prazer, enquanto se movia sobre ele, seu tato massageando sobre a pele quente como veludo. A língua dela lambia ao longo de sua pele, como um gato bebendo creme a lambidas, ao tempo que seus dedos friccionavam e acariciavam, espremendo sua essência. O fôlego era quente sobre a cabeça de seu membro e sentia cada um de seus
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músculos esticarem-se, mas não permitiu mover-se. Resistiu ao impulso de lhe agarrar a cabeça e baixá-la sobre sua feroz e candente ereção. A antecipação da boca de Ivory, suave, quente e celestial, somava-se à tensão de seu corpo e à necessidade crescente como um vício em seu sangue. Amava ver em seus olhos o olhar vidrado, aturdido que lhe dizia que ela estava caindo dentro desse mesmo poço de fome e necessidade, e entretanto estava ainda um pouco impressionado e surpreso de que pudesse estar tão perdidamente apaixonada. As mãos lhe tremiam um pouco, e enquanto seus seios se moviam, suaves, deliciosos e tão tentadores, dedos de excitação tentavam suas coxas e dançavam sobre seu membro. Ele esperou. Aguentando o fôlego. O cabelo dela se derramou sobre seus quadris e coxas. Fechou os olhos enquanto sentia o calor de seu fôlego banhando sua pulsante ereção, a gratificante sacudida de reação, inchando-o ainda mais. Indulgente e pausado. Amava sua generosidade. O modo em que ela o amava, não com palavras, mas sim deste modo, lhe agradando, simplesmente entregando a si mesma. Isso era o que mais o excitava, aquele máximo presente no que se dava completa e generosamente, ela desejava o prazer dele tanto ou mais do que desejava o seu próprio. A língua dela lhe deu um rápido golpezinho e ele gemeu; sem poder evitar elevou seus quadris, procurando sua quente boca, mas ela se retirou. Sua palma embalou seus testículos doloridos, estimulou-os e os fez rodar entre seus dedos; sua língua enviava descargas de fogo que vibravam através de seu corpo enquanto lhe prodigalizava sua atenção, lambendo um caminho de volta para seu membro. Deixou de respirar. Seu coração saltou um batimento, e logo começou a palpitar. O estrondo em sua cabeça se incrementou e juraria que nela esmurrava um martelo pneumático11. Sua virilha se sentia como uma espiga de aço. Grunhiu um suave, rouco som que pareceu compeli-la a atuar. Ela agarrou seu quadril com uma mão, os dedos cravando-se a fundo, enquanto os dedos da outra mão se envolviam a seu redor como um torno. Ouviu o coração dela ajustar-se a seu próprio palpitante batimento. Percebeu o fluxo de seu sangue lhe atravessando as veias como o fluxo em um maremoto. Jurou na antiga língua, sua voz não era a sua, mas sim rouca e desesperada, e faminta de necessidade. Ela o lambeu. Lambeu a larga cabeça com forma de cogumelo, girando a língua em espiral sobre essa firme, suave e aveludada ponta, saboreando as gotas peroladas que fluíam em antecipação. Seu corpo inteiro se esticou, estremeceu-se, e esta vez grunhiu um som baixo e cheio de luxúria, ao tempo que sua visão se fazia imprecisa. — O köd belso - Que as trevas me tomem! Ivory, matará-me! Tinha que estar em sua boca, naquele paraíso úmido, apertado e secreto. Agarrou um punhado de seu cabelo e atraiu sua cabeça sobre ele, necessitando-a desesperadamente, e incapaz de esperar um momento mais. Ivory lhe manteve o olhar, observando as mudanças nele, impregnando-se deles, deleitando-se em sua habilidade para transtornar sua calma habitual. Amava quando 11
asfalto.
instrumento de percussão movido a ar comprimido e usado para perfurar pedra, concreto,
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ficava todo diabólico com ela, grunhindo e agarrando punhados de seu cabelo, arrastando-a mais perto, empurrando seus quadris sem poder resistir. Deleitava-se no modo em que seus olhos trocavam do azul meia-noite a um intenso negro. O modo em que as mechas de seu cabelo se acentuavam. Havia algo muito estimulante e intensamente sexy a respeito dos grunhidos reverberando em seu peito, o músculo contraindo-se em sua mandíbula, esse pequeno tic que fazia saber que se encontrava completamente do outro lado. Esta noite sairiam para caçar o inimigo mais perigoso que o povo Cárpato, que o mundo, tivesse conhecido, e talvez nunca retornassem. A determinação de lhe mostrar como se sentia, o que significava para ela, tudo o que era para ele, via-se em cada roce cativante de sua língua e em cada carícia de seus dedos. Ela devorou seu membro completamente, atraindo-o profundamente, cavando suas bochechas para ajustar a sucção ao redor de sua carne firme. Ele gemeu quando seus dentes rasparam gentilmente e sua língua girou em espiral subindo por seu membro para tentar o ultrassensível ponto oculto debaixo da cabeça. Retirou a cabeça para trás até que seus lábios roçavam apenas por cima dele, observando-o, observando seus olhos dilatarem-se de prazer, observando-o respirar em forma irregular com ásperos ofegos. —Ivory —. Havia exigência em sua voz. Seu amante tranquilo e pausado tinha desaparecido, aquele que se tomava seu tempo para levá-la uma e outra vez ao extremo, sempre em completo controle, o que dava tão generosamente e a levava além do que jamais tivesse conhecido. A sorte a atravessou e ela o tragou, tomando-o profundamente, sentindo reagir seu corpo inteiro, estremecendo-se outra vez enquanto um intenso prazer vibrava através dele. Os músculos de suas coxas saltaram de excitação, seu estômago se contraiu em reação, os músculos de seu peito se esticaram enquanto seus braços se flexionavam. Mas era seu membro, movendo-se e pulsando em sua boca, tornando-se ainda mais grosso do que jamais foi, o que a emocionou. Amava como estendia seus lábios, deleitava-se no modo em que sua quente longitude se sentia sobre sua língua, inclusive a maneira em que empurrava em curtas rajadas em staccato 12 profundamente dentro de sua garganta onde seus músculos espremiam, massageavam e ordenhavam. Ela tinha planejado este momento, este presente para ele, esta conquista, desejando para ele este cru prazer, a impotência, o êxtase gratuito onde não tivesse que preocupar-se por ela ou por seus sentimentos, a não ser somente por tomar o que lhe entregasse, o que lhe oferecia. O calor flamejou através dela quando expôs os dentes como um lobo faminto. Ele se deslocou, fazendo-os flutuar até o chão, suas mãos seguravam imóvel a cabeça dela enquanto se empurrava até o fundo de sua boca, com os olhos entrecerrados observava sua garganta trabalhando-o, observava a beleza da mulher que estava a seus pés, de joelhos, suplicante, com os olhos fixos nos seus. Não aparte o olhar de mim, ordenou. 12
O staccato ou «destacado» — designa um tipo de fraseio ou de articulação no qual as notas e os motivos das frase musicais devem ser executadas com suspensões entre elas, ficando as notas com curta duração.
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Ela não tinha intenções de apartar o olhar, ou de retirar-se de sua mente. Queria que esse delicioso sentimento continuasse para sempre. Suas próprias coxas estavam úmidas, a união entre suas pernas pulsava da necessidade de ser preenchida por ele, mas por nada ia deter-se. Queria tomá-lo profundamente em sua garganta, ser tudo para ele, ser usada por ele, lhe dar este presente perfeito para que se sentisse envolto por seu amor. A língua dela lhe acariciou e esfregou sobre seu ponto mas sensível e ouviu um grito estrangulado escapar de sua garganta. Os olhos tornaram-se de um azul tão escuro que pareciam negros, sem pupilas. Ela sentiu sua reação. Queimava-se vivo. Acendia-se em chamas da ponta dos pés a cabeça. Chamas que lambiam sua pele. Seu sangue corria como lava ardente, espessa, quase muito espessa para passar através de suas veias. Mais duro. O sussurro estava em sua mente. OH, Kucak – OH estrela! Ivory, mais duro! Sua voz era rasgada. Rouca. Estimulante. Andasz éntölem irgalomet! - Tenha misericórdia, não pares! Nada poderia havê-la detido. Ela ardia por ele. Sentia-se vazia por dentro sem ele. Estava desesperada por ele, por este arrebatamento selvagem e sexy. Incrementou a sucção ao mesmo tempo em que ele tomava o controle, enquanto seu corpo perdia o controle. Ele usou seu cabelo, lhe segurando a cabeça enquanto tomava sua boca, guiando-a sobre si até que sentiu a violenta sacudida. A dilatação. Ouviu seu rasgado grito de gozo e êxtase enquanto explodia, o quente fluxo lançandose a jorros ao fundo de sua garganta. Não o deixou ir, sentindo seus tremores enquanto continuava lhe sugando, agora com gentileza, com os olhos fixos nos seus. Sentou-se para trás, sobre seus calcanhares e finalmente lhe permitiu escorregar de sua boca. Sua língua deu uma lenta e sensual passada em seus lábios cheios, inchados. Ivory observou que seus olhos trocavam, foram desse escuro azul meia-noite a insondável profundidade de um obscuro abismo oceânico. Tão faminto. Tão centrado. Tudo por ela. Seu coração saltou. Algumas vezes sua fome podia inquietá-la, como agora, quando seu corpo era agressivo e podia sentir o aço correndo através de seus músculos. Tanto a atraía como a repelia, incitava-a e a assustava. Razvan tinha sempre tanto controle que quando o perdia, tal como ela amava que fizesse, sua intensidade era aterradora... e gratificante. De repente sua mão a agarrou pelo cabelo outra vez para arrastá-la para cima. Puxou sua cabeça para trás, lhe expondo o pescoço. Seu coração saltou. Se fundiram os ossos. Sentiu que os pulmões lhe ardiam por ar. Ele afundou as presas profundamente, e um absoluto êxtase se equilibrou através de seu corpo como um tsunami, alagando-a. Seus olhos fecharam. Como poderia manter seus sentidos intactos quando esse delicioso prazer se estendia através dela como uma onda de calor? Bebeu dela como se estivesse esfomeado, absorvendo a essência da vida dentro de seu corpo, como se não pudesse obter o bastante. Amava quando estava ao fio de seu controle, com a boca movendo-se sobre ela com desenfreada paixão, o êxtase que sentia não era nada comparado com aquele que lhe brindavam o corpo e o sabor dela. Amava tocar sua mente e alimentar a caótica paixão masculina, a necessidade e a luxúria elevando-se tão afiadas e terríveis que logo que podia conter-se para não devorá-la. Suas presas causavam pequenas
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pontadas de dor que só adicionavam outra dimensão às capas de desejo e calor propagando-se e consumindo-a. Em cada levantamento era assim, a necessidade de fundir-se, de sentir-se completamente um, do calor e o fogo de sua união. Estremeceu-se de prazer enquanto tomava um último gole indulgente e passava a língua sobre as espetadas para fechar a pequena ferida. Sua boca sugou ali por um momento, marcando-a, outro privilégio que nunca antes tomou. Ela se sentia . . . parte dele. Parte de seu coração. Parte de sua alma. Sua língua lambeu as gotas de sangue vermelho rubi que se arrastavam para baixo por sua garganta para seu seio. Sua língua deu um golpezinho no mamilo e ela inspirou profundamente, as mãos dela agarraram sua cabeça para contê-lo. Entretanto não havia forma de conter Razvan em seu aspecto atual. Grunhiu-lhe algo e tomou seu peito dentro de sua boca, mordendo o mamilo e puxando até que a fez gritar de prazer. Sugou com força, causando estragos em seu corpo, fazendo-o seu. Tomou seu prazer dela, mas o devolveu multiplicado por dez, como se ele também soubesse que este podia ser seu último momento juntos. Nenhum dos dois o expressou, nenhum o reconheceu, mas quando a levou até o chão da câmara, estava tão frenética quanto ele. As mãos dela se moveram sobre suas costas, as unhas cravando-se fundo enquanto lhe lavava os seios, enviando esses deliciosos brilhos de relâmpagos disparados através dela. Sua língua deu leves golpes ao duro topo com quentes e lentas passadas da língua que a deixaram fora de si. Sua boca adotou um rítmico movimento que se compassava com o impulso de seus quadris contra os dela. Podia sentir sua larga longitude jazendo como um ferro de marcar contra sua coxa. A cada lenta passada de seu corpo pelo dele, só fazia que se voltasse mais quente e mais grosso. Enquanto ela respirava com dificuldade, arcos de eletricidade pareceram faiscar de excitação entre suas peles. Ele ia saltando uma e outra vez entre dentes, língua e boca tão ardentes, como um homem possuído, deixando-a sem sentido. Não havia nada no mundo exceto Razvan, seu duro corpo, sua masculina essência de pecado e sexo enchendo o ar ao redor dela, ardendo em seus pulmões em vez do ar. Levantou a cabeça, pequenas chamas ardiam através do penetrante azul de seus olhos. —Toma meu sangue, Ivory. Agora. Justo agora. Levantou-a com mãos firmes, acomodando-a em seu colo, lhe enfrentando, aberta sobre ele, de modo que sentia a dura ereção agressiva e quente, contra sua úmida e escorregadia abertura. Seus ásperos ofegos só intensificaram o poder de seu feitiço. Sentia-se fascinada quando estava assim, tão desesperado por seu sabor e seu contato. Suas mãos nunca deixaram de mover-se sobre sua pele, reclamando cada polegada dela para si mesmo. Amava a euforia de ser dela. Levantou a cabeça para lamber sobre o peito masculino e subir para sua garganta. Seu estômago ondeou. Contraiu-se. Seu membro, aquela terrível e maravilhosa vara de aço, pulsava e pulsava contra sua coxa, esperando por uma oportunidade. Ela lambeu os lábios. Saboreou-o. Sua essência. Permitiu-lhe sentir que o fazia, profundo em sua mente, em seu corpo.
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A língua dela riscou espirais sobre seu pulso enquanto acariciava com o nariz sua cálida garganta. Amava o tato masculino dele, seu calor. Seus dentes o mordiscaram e seu corpo se movia sem descanso contra o dele, um tentador incentivo, tão intenso, tão fundamental, que ela tremia de necessidade. Elevou o rosto para beijá-lo, desejando, não, necessitando sua boca. Essa gloriosa boca que podia enviar seu corpo escorregando ao extremo de um grande precipício, muito perto da beira, daquele abismo insondável, ou empurrá-la ao outro lado, precipitando-a dentro de um pandemônio de prazer mais além de nada que tivesse sonhado. Sua boca se fundiu com a dele. Fundiram-se. Tanto calor. Um calor abrasador enchia seu corpo inteiro, fazendo que sua delicada pele branca como porcelana tomasse uma tênue cor. Levantou o olhar para sua cara, esculpida com duras linhas, um rosto masculino, de olhos entrecerrados, possessivos. Beijou-o outra vez, consumindo-o, deixando que o ímpeto a golpeasse com força antes de traçar um caminho para a comissura de sua boca. Lambendo. Saboreando. Marcando seu queixo com pequenas mordidinhas e retornando a seus lábios. Estirando. Tentando. Desejando. —Poderia nos matar —advertiu ele. Ela moveu seu corpo deslizando-se sensualmente sobre o quente ferro de marcar que era sua dura ereção, esfregando-se para trás e para frente, tratando de atraí-lo dentro dela. Ele gemeu e seu corpo se sacudiu. Seus dedos lhe rodearam o cabelo, puxando sua cabeça para trás para poder olhá-la fixamente nos olhos. —Bebe agora de meu sangue, Ivory — . A voz se fez profunda. Severa. Mais faminta. Mais sensual. O coração lhe deu um salto. Quase explodiu. Lhe estreitou a garganta. Sua língua já podia saboreá-lo, aquele doce, sedutor, erótico sabor dele. Sentiu formar-se saliva. Alargaram-lhe as presas. Beijou sua teimosa mandíbula, deixou um caminho de beijos sobre seu pescoço onde o pulso se encontrava quente, vivaz e tentador. Seus dentes lhe arranharam a pele. Razvan aspirou profundamente. —Kucak - Estrelas, Ivory —. O suor brilhava sobre seu corpo. —Não sei se poderei suportar isto. Girou a cabeça e guiou-a para seu ombro, para a veia exata de onde queria que tomasse seu sangue. Fechou os olhos enquanto levantava seus quadris, colocava-se em posição e a deixava cair sobre si de modo que ela o embainhasse completamente. Sua avidez cresceu até que não pôde pensar em nada exceto em sua essência e sabor. Os batimentos do coração dele igualavam os dela. A adrenalina correu através dele como uma bola de fogo. Seus dentes se afundaram profundamente e ele grunhiu e estampou seu corpo dentro dela chegando a casa. Não se moveu, simplesmente a encheu, empurrando em seu caminho através de estreitos, abrasadores empurrões para situar-se completamente dentro dela. Ela absorveu as primeiras doces gotas de sangue quente dentro de sua boca, deixou-as estalar sobre sua língua, seu corpo assimilando a essência dele. As mãos dele tomaram sua cabeça, sustentando-a contra seu ombro, inclinando-se para seu pescoço quente e suave. Sua língua lambeu ao longo da veia. O corpo dela explodiu a seu redor. Pulsava. Ondeava de vida. Seu coração saltava. Cada músculo no corpo dela se esticou, apertando-se sobre ele como um torno de veludo. Ofegou inalando com brutalidade. Lambeu-a outra vez. Permitiu que
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seus dente lhe roçassem o pescoço. Sua resposta foi outro orgasmo, este mais intenso que o primeiro. Ela inspirou em um ofego, tentando elevar a cabeça, mas lhe sustentou a nuca em sua palma com todo esse glorioso cabelo negro-azulado, e a forçou a beber. Suas presas perfuraram seu pescoço, afundando-se profundamente. Ela gemeu, o som vibrando através dele, rodeando sua ereção, acariciando-o, ordenhando-o, banhandoo em rico e quente creme. Bebeu dela enquanto a conduzia a outro orgasmo. E a outro. Cada vez sua ereção se engrossava mais. Mais quente. Mais larga. Enquanto isso, bebeu até saciarse e ela também, seus orgasmos sacudindo a ambos. Quando os dois estiveram satisfeitos, fecharam as espetadas e cuidaram um do outro. Razvan se moveu primeiro, inclinando-se para capturar sua boca, o sangue lhe palpitando nas veias e a virilha tão cheia, dura e dolorida, que sabia que um movimento mais, um ligeiro espasmo do corpo dela a seu redor, e ele esqueceria quem era. No momento em que seus lábios tocaram os dela, aconteceu. Apertou os músculos dessa deliciosa vagina e ele gemeu, pôs fim ao beijo e agarrou seus quadris em suas mãos. Começou a mover-se amassando nela como um pistão, investindo profundamente, puxando-a para baixo sobre seu colo enquanto se impulsionava para cima. Seus seios ricocheteavam contra ele, a fricção enviava flechas disparadas como dardos a sua virilha. O comprido cabelo que roçava contra suas coxas, excitava-o mais ainda, de modo que usou a enorme força de suas pernas para empurrar-se dentro dela. Sua boca se abriu. Seus olhos se ampliaram. Ele sentiu a primeira onda, intensa, como um tremor, ondulando-se através dela desde seus seios a sua mente e então ela se apertou sobre ele, extraindo sua semente. Jorro atrás de jorro de quente sêmen se verteram até que esteve drenado e vazio, seus deliciosos gritos ecoando ao redor dele. Foi Ivory que os fez flutuar de retorno à relativa segurança do chão rejuvenescedor. Deitaram juntos, unidos, braços, pernas, seu corpo profundamente dentro dela, enquanto se olhavam fixamente aos olhos. Ela sorriu lentamente. Um sorriso satisfeito. Um pouco atônita. —Nunca deixa de me surpreender, Razvan. Ele lambeu uma pequena gota de sangue carmesim de onde tinha ficado logo depois de deslizar-se inadvertida do pescoço ao peito durante o momento de paixão. Ela se estremeceu em reação, produzindo outra nova onda de nata líquida, quente e insuportavelmente sensual enquanto se apertava outra vez, drenando as últimas gotas restantes que seu corpo pudesse produzir. —Sempre que goste, fél ku kuuluaak sívam belso - minha amada. A contragosto afrouxou seu abraço e deixou cair suas pernas de onde as tinha envolvido ao redor de seus quadris. O movimento enviou outro estremecido pulsar através de ambos. Ela rodou além dele e se deitou com os braços estendidos, o corpo ainda ofegando em busca de ar. —Acredito que você acabaste comigo. Meus pulmões, ao menos, estão desfeitos. E ainda estou experimentando estes pequenos e muito incríveis orgasmos. Como o faz?
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Girou a cabeça para lhe brindar um sorriso descarado. —Resulta que é meu trabalho te manter satisfeita, e tomo a tarefa muito a sério. Os dedos dela encontraram os seus. Ela fechou os olhos e simplesmente desfrutou. Estar com ele. —Desejo que saiba algo, Razvan. É muito difícil para mim falar do que guardo em meu coração. Faz-me sentir tola dizer em voz alta mas tem que sabê-lo. Ela abriu os olhos, fixou o olhar no dele e colocou uma mão sobre seu coração. —Se por acaso as coisas não derem certo, e ambos sabemos que existe a possibilidade de que assim seja, estes foram os melhores momentos de minha vida. Não me arrependo de nenhum momento passado contigo. Faz com que me sinta viva de novo. Recordaste-me por que conservei a lembrança de meus irmãos em minha alma. E me deste o supremo presente de seu coração. Quero que saiba que entesouro esse presente. Amo-te sem medida. O reconhecimento significava ainda mais porque sabia que era verdadeiramente difícil para ela expressar emoções intensas. —Eu também te amo —. Aquilo não era o bastante bom, não no que lhe concernia. Enviou-lhe a emoção. Intensa. Devoradora. Alagou-a com ela. Afogou-a nela. Deixou-lhe ver dentro de seu coração e mente e em sua mesma alma. —Comove-me como nenhum outro poderia —disse ela e tragou com dificuldade, piscando para deter as lágrimas. Suspirou. —Temos que nos alimentar bem. Nós e também a manada. Esta é nossa melhor oportunidade para destruir ao alto mago. Estará mais fraco devido ao que fizemos a passada véspera. —Está segura de que quer fazer esta tarefa? Ela sorriu e esta vez seu sorriso foi sereno, igualando o seu. —Não mudei de ideia, tampouco te deixaria ir sem mim, como está pensando fazer. Se formos triunfar, necessita-me, tal como eu necessito a ti. Temos uma melhor oportunidade juntos que separados. —Não podemos perder esta noite, então, fél ku kuuluaak sívam belso -minha amada —disse Razvan. —vamos escolher nossas armas e chamemos à manada. Se nos escapa passará um bom tempo antes que nós, ou alguém mais, tenha de novo esta oportunidade. —Ele não escapará de nós —disse Ivory, e havia aço em sua voz.
Capítulo 20
Os flocos de neve caíam enquanto se deslizavam através do céu desde sua casa para as montanhas onde Razvan sabia que Xavier tinha fixado sua residência. Tinham encontrado um pequeno grupo de caçadores humanos que rastreavam veados pelo bosque a quilômetros da aldeia mais próxima ao território Cárpato e se alimentaram bem. Com o grupo satisfeito e com todos em plenas faculdades, começaram imediatamente a viagem a montanha da geleira onde Xavier tinha ido quando seu labirinto de covas foi destruído nos meses anteriores, permitindo ao Razvan escapar.
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Viajaram pelo céu, com cuidado de não deixar sinais, mas permanecendo tão baixos como podiam para examinar o chão com cuidado. Uma vez fora das árvores e perto da corrente gelada, um brilho de cor chamou a atenção dos olhos de Ivory. Os lobos reagiram com mal-estar. Ivory e Razvan aterrissaram sobre a terra, reassumindo suas formas físicas para estudar os sinais. —Aqui há um rastro de sangue —indicou Ivory sem necessidade—. Pode ver por onde foi arrastado o cadáver de um veado da proteção das árvores pela neve para as montanhas. Não foram os lobos que mataram o veado, nem caçadores humanos. —Ela apontou às marcas de rastros na neve—. Morcegos. Ela esteve durante um momento só estudando-o. Razvan não disse nada, desfrutando ao observar à caçadora em seu enigma fora do caminho. Era extremamente excepcional para os morcegos mutantes de Xavier alimentarem-se distante das covas, mas isto tinha sido definitivamente um ataque de morcegos. A evidência das aladas criaturas nos rastros da neve eram claras. —Fizeram uma emboscada ao veado aqui —disse ela. Assinalou para cima—. Alguns caíram de cima, outros vieram de baixo, e obviamente o rodearam. O pobre não teve nenhuma oportunidade. Ele não assinalou que ela caçava com várias manadas de lobo, ajudando-os a passar o inverno. Ivory levantou o olhar bruscamente, entrecerrando os olhos. —Não é o mesmo. Tomam o sangue para seu mestre e seus maus propósitos. —Isso é verdade —reconheceu ele—. Por que me lê a mente quando isso só te incomoda? —Só me incomoda quando tem esse pequeno e secreto sorriso afetado na cara. Machista. —Porque a derretia por dentro com ela, e isso simplesmente não era aceitável. Como se ele pensasse que ela era linda ou algo assim. Linda. Que palavra tão incômoda. Lançou-lhe um olhar, uma mistura de moléstia e desconcerto. Ali estava outra vez, esse pequeno sorriso afetado machista que a fazia querer saltar sobre seu corpo bem ali sobre a neve e o gelo, rodeados de perigos—. Me está distraindo. Os dentes brancos cintilaram. —Simplesmente presto atenção à perita para que possivelmente possa aprender. —Distrai-me deliberadamente e eu… —Ela se deteve, abrindo os olhos. O sorriso se apagou na cara de Razvan enquanto seguia seu olhar para um ramo sobre suas cabeças. Pareceria insignificante para um olho não treinado. A neve se aderia às folhas e carregava os ramos. Captou o brilho de alarme em sua mente. —O que acontece? —Ali em cima. Nos ramos mais altos. —Sua voz era muito baixa, apenas um fio de som—. A neve está desordenada. Levou-lhe um momento ver do que ela falava. Em quatro pequenos lugares, como se um pássaro tivesse aterrissado levemente no ramo magro, a neve se descascou, revelando uma parte de casca. —Os morcegos? —Não, eles arranham a neve mas na casca não se vê. Caçadores seguiram os morcegos. —Uma nota de temor se infiltrou em sua voz—. Não sabem quem vive
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neste lugar e o que enfrentam. Debilitamos Xavier com nosso ritual. Devolvemos seu ódio de volta a si mesmo. Se conseguir encontrar um caçador… —Sua voz se apagou. O estômago dele deu um tombo ante a ideia de que Xavier conseguisse pôr as mãos em cima dos caçadores Cárpatos. Não só o que faria sofrer ao caçador, mas também por que Xavier seria muito poderoso com o sangue de um Cárpato. —Está segura? Em resposta, Ivory trocou de forma, deslizando-se como vapor até a copa da árvore. Ela se abateu no ar enquanto examinava o ramo e voltou para a terra junto a ele, com cuidado de não desordenar a neve. —Definitivamente Cárpato. Não há aroma. Nada mais, só essas duas pequenas marcas como prova. Razvan passou a mão pela mandíbula. —Temos que segui-los até o final, Ivory, se eles seguiram os morcegos. Sabe que não temos escolha. Não podemos deixá-los para Xavier. Se tivermos muita sorte, serão caçadores muito fortes e experientes. —Xavier não estará sozinho —indicou Ivory. —Não, não estará. E tem muitas abominações protegendo-o, entre eles um vampiro —disse Razvan. Ela estendeu a mão, entrelaçando os dedos com os dele. —Vamos então. —Até o final —esteve de acordo Razvan. Ivory e Razvan se moveram com cautela, com cuidado de não perturbar nem sequer um só floco de neve enquanto se aproximavam das colinas arredondadas exteriores que levavam a montanha onde Xavier tinha começado a construir sua última fortaleza. Necessitava as profundas covas de gelo e a rede de cavernas embaixo da terra onde pudesse realizar seus experimentos malignos e causar estragos entre os Cárpatos. Tinha escolhido uma localização ótima perto do final da geleira, para poder utilizar a natureza para levar seus extremófilos mutantes às vias navegáveis que se dirigem através da cordilheira montanhosa até onde os Cárpatos vivem. Se os caçadores vieram por este caminho, pelo menos não deixaram nenhum outro sinal —disse Ivory, utilizando sua conexão telepática, não estando disposta a arriscar-se que a noite levasse o som. Um sentimento terrível de pânico tinha estado crescendo em Razvan. Quando se aproximaram da montanha, voltou-se mais forte. Soube que estavam muito perto de Xavier, mas o que era pior, soube quem era o caçador… ou a caçadora. Natalya e seu companheiro vão na nossa frente. Ivory ofegou. Está seguro? Absolutamente. Razvan olhou Ivory e seus olhos azul meia-noite se tornaram tão escuros que suas pupilas tinham desaparecido virtualmente. Pequenas chamas piscavam na profundidade e Ivory se estremeceu um pouco ao reagir, o frio se deslizou sobre ela. Não pode ter minha irmã. —Ele resmungou cada palavra. Ela se inclinou para ele durante um breve momento, envolvendo-o com calidez. Não, não o fará. —Estava completamente decidida a caçar Xavier e a liberar o mundo de sua maldade.
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O vento começou a elevar-se enquanto atravessavam o vale que levava a base das colinas periféricas, justo sob os picos de gelo azulado. Não cresciam árvores nas ladeiras de gelo. Poucos tentaram alguma vez subir ali, as arestas afiadas eram muito escarpadas e dentadas. Os ventos aumentavam como em protesto, e grandes lança de gelo frequentemente caíam sobre as desventuradas vítimas. Era uma montanha traiçoeira e a maioria fugia. Quando se aproximaram da primeira colina, sentiram o primeiro impacto da medida de proteção. Um zumbido baixo começou, fazendo-se mais forte enquanto seguiam sua marcha. A pressão em suas cabeças cresceu, um ardor doloroso que os sacudiu. Ivory se deteve e pressionou os dedos contra suas trementes têmporas, tentando não gritar. Inclusive um animal pode senti-lo. Não é de estranhar que não haja vida perto — disse ela. O que explica os rastros que vimos, as marcas do arrastar e as manchas de sangue na neve —Razvan colocou a mão em sua têmpora e a alagou com calor curativo. Imediatamente a pressão diminuiu em sua cabeça. Ela o olhou bruscamente. Sua cara se esticou só por um momento, e quando tocou sua mente, passou um instante antes de que ele o permitisse. Os morcegos têm que ir mais longe do que o fariam nas outras covas para encontrar presas —disse Razvan antes de que ela pudesse protestar. Ivory se estremeceu. Detestava realmente lutar contra os morcegos. Eles tinham pequenos dentes desagradáveis e gostavam de carne. O rastro de sangue chegava a um lugar perto da base de uma pequena colina que surgia bem diante do fluxo mais escarpado de cúpulas de gelo. Sabia por experiência que o chão próximo ao lugar onde os morcegos tinham estado seria uma armadilha para alguma criatura confiada. Se eles se aventurassem muito perto, o chão cederia. Xavier não teve tempo de preparar um sistema melhor, o que quer dizer que não está em seu melhor momento —continuou ele—. Eu escapei quando se deslocaram daqui. Mantinha-me débil, como fazia com minhas tias, porque temia minha resistência, mas isso também o debilitava. Tinha-me drenado e não podia me utilizar para alimentar-se. As apanhou com magia e sangue animal. Ivory não queria pensar muito em Razvan nas mãos de Xavier. Rezou uma oração para que sua irmã não estivesse na fortaleza do grande mago. Mantê-la segura havia sido o único que ele se havia aferrado, a razão pela que tinha sobrevivido. Enquanto Xavier vivesse, não ia permitir que Natalya caísse em suas mãos. E agora… Lutou duramente contra esse pensamento. Não quero me deixar cair através da guarida dos morcegos se pudermos evitar. Sentia um nó na boca do estômago enquanto se abatia sobre a neve ensanguentada. O cadáver do veado obviamente tinha sido arrastado pra dentro, mas algo mais tinha entrado depois. Os flocos de neve cobriam parcialmente as manchas, o que significava que algo tinha perturbado a neve depois que os morcegos tivessem voltado para a guarida com seu prêmio. É uma entrada. —Razvan foi pragmático—. Enfrentamos eles antes. O chão abaixo deles oscilou. A montanha tremeu e um grande pedaço de gelo caiu do enorme pico que destacava sobre eles, conduzindo a neve e o gelo caindo em cima deles sem prévio aviso. Sem duvidar, ambos agarraram os aerossóis de suas
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pochetes e se dissolveram em vapor enquanto saltavam na fossa coberta por uma capa magra de neve ensanguentada. O asqueroso fedor os atingiu primeiro, inclusive antes de notar o ruído dos morcegos intensamente agitados. O fétido aroma de carne em decomposição ardeu em seus narizes e lhes revolveu o estômago até que tiveram que lutar por manter sua atual forma e não reagir. Os agudos gritos furiosos aumentaram de volume enquanto desciam pelo estreito canal, raspando como unhas afiadas nas paredes de suas mentes, lhes destroçando os nervos até o ponto de chiar. Marcas de queimaduras enegreciam as manchas das paredes enquanto os morcegos continuavam saindo das escuras fossas que cheiravam a enxofre do passadiço, descendo para unir-se à violenta batalha que acontecia no chão da caverna. Os pedacinhos de carne podre e as salpicaduras de sangue e pele se aderiam às bordas exteriores de cada buraco onde os morcegos carnívoros habitavam. Xavier foi advertido de que sua fortaleza está em perigo —disse Ivory, a irritação se filtrava em sua voz—. Inclusive fraco, é um adversário formidável. Havia tido a esperança de pegá-lo de surpresa. Não quero que nos escape. Não abandonará sua fortaleza facilmente —predisse Razvan—. Tem cada vez menos lugares aonde ir. Não teve tempo de fazer esta completamente segura. É nossa melhor oportunidade tanto se souber que vamos como se não. Ivory se absteve de dizer que Xavier esperava dois caçadores desafortunados que tinham tropeçado por acaso com os morcegos e provavelmente se estava preparando alegremente para um banquete de sangue Cárpato. Depressa, Ivory, estão atacando Natalya. Xavier ordenará seus guardiães que não os matem —pelo menos a ela não. Quererá seu sangue para ele mesmo, o que lhes dá uma pequena vantagem —respirou ela. Estavam perto do final do comprido túnel e agora podiam ver os morcegos. Centenas deles, com negros corpos peludos e dentes muito afiados, garras curvadas nos dedos dos pés e suas asas com pontas nos extremos. As espadas varreram violentamente através do matagal de morcegos, cortando cabeças e corpos, mas o número total era cansativo. Vikirnoff e Natalya estavam costas com costas, os rostos cruéis, o sangue sulcando cada parte exposta de pele. Tanto Razvan como Ivory haviam sentido os rasgões dos dentes arrancando a carne dos ossos e, ao ver os Cárpatos, as inquietantes lembranças emergiram para burlar-se deles. Já chegamos —advertiu Ivory, utilizando o atalho telepático comum mais antigo que Vikirnoff pudesse reconhecer—. Vamos fazer uma mudança na composição de ar usando nossas granadas caseiras. O fogo arderá muito, será muito intenso, e não pode introduzir essa substância química nos pulmões. Entrará em pânico e te dirigirá à superfície, mas irá rapidamente para cima —lhe advertiu, dando quase as mesmas instruções que lhe tinha dado a Razvan quando utilizou a primeira vez suas granadas químicas com ele. Razvan procurou sua irmã, sentindo-a assustada quando utilizou sua antiga conexão, uma que haviam feito quando crianças. Lute para sair do centro mas fique longe das paredes. Quando nos materializarmos utilizaremos uma substância química, e voltaremos a nos converter de
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novo em vapor; faça o mesmo instantaneamente, mas lembre-se, inclusive assim sentirá o intenso calor. Compreendo —respondeu Natalya. Razvan tratou de não ver a massa de morcegos atacando-a. Ela parecia bem, seu gesto cruel em uma máscara de concentração, o cabelo em mechas com as cores de uma tigresa. Razvan posicionou seu corpo cara a cara com Ivory. Logo que se materializassem, sabia por experiências prévias, que os morcegos atacariam, arranhando e rasgando sua carne. Preparada, sívanak de kont —coração de guerreira? Vamos conseguir—respondeu Ivory, tão tranquila como sempre na batalha. Ela podia dirigir quase qualquer circunstância quando ia à luta sem medo; mas quando se tratava de emoções, não era tão boa em ocultar os nervos e a vulnerabilidade. Outra coisa, belso de sívam de kuuluaak de ku de fél —amado, te quero mais que a própria vida. Agora —adicionou Razvan. Ela quis retê-lo. Quis lhe dizer que voltasse em si. Mas ele já se estava materializando e ela teve que emparelhar-se a seu ritmo. Ela explodiu no chão da câmara, notando que o corpo do Razvan, enquanto a protegia pela frente, estava orientado para proteger sua irmã. No momento que converteram seus corpos em carne e sangue, os morcegos se dirigiram a um frenético banquete, voltando-se loucos com o aroma das presas. Rasgaram e romperam, lançando seus corpos contra os Cárpatos. Os lobos rugiram, cabeças surgiram, as patas escavando, preparando-se para saltar. Quietos! Quietos! —ordenou Ivory freneticamente. Raja e Blaez se acalmaram, dando ordens ao resto da manada, embora mordiam aos morcegos, agarrando-os pelas cabeças e sacudindo-os, rompendo pescoços inclusive enquanto as garras dos morcegos rasgavam a pele. Razvan e Ivory tiraram as travas de forma simultânea. Tinham só cinco segundos para desfazer-se das granadas. Ivory lançou a sua diretamente ao centro da câmara entre o mar de combatentes morcegos. Alguns se equilibraram para o artefato, tentando mordê-lo com seus agudos dentes. Razvan jogou atrás o braço para lançar, e pelo menos uma dúzia de morcegos, atraídos pelo aroma do sangue de um Caçador de Dragões, lançaram-se sobre ele, o peso de seus corpos puxavam seu braço para baixo enquanto lançava a arma ovalada. Vikirnoff saltou para frente, empunhando sua espada, varrendo através de muitos deles, liberando Razvan por uma margem muito magra. Razvan inspirou enquanto os corpos caíam de seu braço, deixando a carne machucada. Mais se apressaram para alimentar-se das feridas abertas, mas ele já tinha jogado a bomba. Agora! Agora! —Avisou Razvan a sua irmã. Os quatro Cárpatos se dissolveram em vapor. A câmara se sacudiu com a explosão, o ar chovia corpos de morcegos e pedaços de pedra, gelo e cadáveres podres, tanto humanos como animais. O brilho de luz foi tão brilhante que lhes perfurou os olhos apesar de terem trocado de forma. O intenso calor devorou seus amparos naturais enquanto a composição de ar se transformava em gás. O fogo surgiu
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furioso subindo pelo túnel, queimando as fossas e fendas na pedra, voraz para o ar livre. O gelo derreteu, chegando quase a ferver, exalando vapor enquanto o fogo rugia com chamas laranjas e vermelhas, cintilando através das tocas dos morcegos e crepitando através de cada fenda. A pressão externa era tão extrema que as moléculas de seus corpos ameaçavam paralisando internamente, implodindo como os corpos dos morcegos. Por toda parte a seu redor, as criaturas mutantes explodiam em ardentes chamas, como se uma bomba os houvesse tocado, ou se desfaziam simplesmente. O ruído se equilibrava sobre eles, com a violência ensurdecedora de um vulcão em erupção enquanto o fogo criava seu próprio vento que uivava pela câmara, procurando vítimas desafortunadas. O inferno era tão chamejante que parecia não haver escapatória. Vikirnoff e Natalya ficaram quietos só porque Razvan e Ivory o fizeram, resistindo ao impulso de sair e deixar atrás a conflagração. As paredes da pedra da chaminé cintilavam de um sinistro vermelho, mas as chamas desapareceram, deixando uma inundação horrorosa e enegrecida atrás. Cadáveres calcinados e escombros flutuavam na água que caía da neve e o gelo fundido. Ivory os liderou saindo da chaminé e longe do fedor asqueroso, tendo cuidado de evitar as brilhantes paredes. Viraram em uma esquina e o túnel se ampliou em uma câmara grande. Ivory levantou a mão, detendo-se. Os outros se agruparam a seu redor. —Que demônios os fez descer à caverna dos morcegos? —perguntou. Não precisava olhar à irmã de Razvan, especialmente se a mulher e seu companheiro eram o suficientemente insensatos para perseguir os guardiães de Xavier a suas tocas. Razvan pôs uma mão no ombro de Ivory para refreá-la, reconhecendo o frio desprezo em sua voz. Ela o estava defendendo contra as duas pessoas que acreditava que deviam ter acreditado nele. Algumas de suas feridas não foram feitas pelos carnívoros. Ivory respirou e se arrependeu imediatamente quando lhe chegou o fedor de carne queimada aos pulmões. Agora que os olhava bem aos dois, reconheceu as feridas de Vikirnoff. —O não morto. —Respondeu a sua própria pergunta—. Seguiram um vampiro. Vikirnoff assentiu. —Um mestre vampiro. Deixou-se cair no buraco. Sabíamos o que enfrentávamos, mas acreditamos que tínhamos boas possibilidades de passar através dos morcegos, dado que tinham comido recentemente. Rara vez se afastam muito sem alimentar-se primeiro. Ela estava agradecida de que ele soubesse tanto sobre os morcegos. —Xavier estabeleceu sua residência aqui. Não é um lugar no que queira estar. —Vieram aqui para nos buscar? —perguntou Natalya, agarrando sua espada mais forte e jogando um olhar ao redor da cova de gelo—. Devia ter desconfiado no momento que entrei, que Xavier tinha desenhado este lugar. —Estava ocupada com outra coisa —indicou Razvan—. Pode sair pelo túnel. Essa entrada deve estar limpa agora. Vikirnoff e Natalya trocaram um longo olhar. Vikirnoff esclareceu a garganta. Negou-se a apartar o olhar de Razvan.
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—Serei o primeiro em admitir que estava equivocado contigo, Razvan. Natalya sofreu muito quando acreditou que tinha se convertido em vampiro e estava aliado com o Xavier. Demo-nos conta de que Xavier havia possuído seu corpo e quisemos que o mundo te marcasse como um traidor. —Não te culpo por proteger Natalya —disse Razvan e lançou a Ivory um olhar tranquilizador quando ela se revolveu. Foi a primeira vez que sentiu que pudesse estar aborrecido com ela e surpreendeu Ivory o quanto isso lhe doeu. Afastou-se deles só para que Razvan a agarrasse pelo braço, lhe rodeando o pulso com os dedos como um bracelete. —É melhor deixar este lugar rapidamente —continuou—. Os morcegos são seus guardiães e ele saberá que entraram intrusos. Se o vampiro tiver vindo ajudá-lo, isto não é um bom lugar para estar. —Mas vocês estão aqui —disse Vikirnoff tranquilamente—. Debilitaram Xavier verdade? Ontem à noite, quando devolveram o feitiço. Por isso estão aqui hoje. Vão caçá-lo. —E não temos tempo a perder —disse Razvan. —Estou de acordo —respondeu Vikirnoff—. Sigamos em frente. Ivory não pensava iniciar uma discussão. Sabia que Razvan queria que Natalya estivesse tão longe do Xavier como fosse possível, mas eles tinham esta única oportunidade e ela ia aproveitá-la. Vikirnoff e Natalya podiam fazer o que quisessem. E se fosse o caso, também Razvan. Podia ficar protegendo sua irmã também. Ela deu um passo para apartar-se deles, mas Razvan não lhe soltou o pulso. De fato, os dedos se apertaram. Ivory jogou uma olhada a sua mão e depois a sua cara. Os olhos brilhavam para ela, olhos negros com um toque de azul, mas foi o cabelo o que lhe deu tranquilidade. O cabelo pareceu vivo, quase elétrico, mechas negras e brancas trocando de cor. Seu rosto estava tão tranquilo como sempre e quando tocou sua mente, parecia estar totalmente calmo, mas o cabelo, os olhos e esse forte agarre em seu pulso lhe diziam outra coisa. Acredita de verdade que me preocupo mais por uma mulher da que só tenho lembranças do que por você? Que prefiro que não esteja aqui? Prefiro que você esteja longe do Xavier também, mas respeito sua destreza para lutar e a firmeza de seu propósito. Esse é um plano no que estivemos de acordo e manterei minha palavra, mas como seu companheiro, como o homem que te adora acima todas as coisas, este é o último lugar no que quero que esteja. Isto não é fácil para mim, Ivory. Ivory permaneceu ali, com o coração pulsando rapidamente, e se deu conta de que esse mau sentimento em seu interior não tinha nada a ver com estar em uma fortaleza de covas de gelo cheia de armadilhas que pertenciam ao grande mago, seu inimigo mortal, e tudo a ver com estar tendo sua primeira briga. —Vamos com vocês —disse Vikirnoff. Havia decisão em sua voz. Razvan o olhou, depois a sua irmã. —Vamos então. Levou a mão de Ivory ao calor de sua boca e sustentou as pontas dos dedos ali, contra seus lábios.
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Importa-me, Ivory. É meu coração, minha alma e tudo que há de bom nesta vida. Deixa que destruamos este mal e retornemos a casa onde posso te mostrar o quanto me importa. Estava ciumenta? Nem sequer tinha se reconhecido como uma pessoa tão mesquinha. Por que estaria ela ciumenta do carinho de Razvan por sua irmã? Ela queria que amasse e fosse amado por sua gêmea, por suas filhas e suas tias. Então algo estava errado com ela… Razvan deixou cair bruscamente a mão de Ivory e agarrou o punho de sua espada, deu uma olhada ao redor da caverna, seu olhar o suficientemente esclarecido para ver a débil névoa venenosa, arrepiando-se ao redor de Ivory e Natalya. —Sabe que estamos aqui —advertiu—. Está atacando, aumenta nossos temores e emoções. —Ivory apertou os lábios, incomodada por ter caído em uma das armadilhas mais simples de Xavier. Começou a mover-se cuidadosamente introduzindo-se na sucessão de covas. Uma câmara se abriu então quando entraram mais profundamente na montanha. As paredes de gelo eram grossas e retumbavam sinistramente, a pressão do tremendo peso causava contínuos desprendimentos que fazia com que tivessem que vigiar os imensos blocos de gelo que caíam com força das paredes, um fenômeno natural que Xavier utilizava contra os intrusos. —Se favorece com armadilhas no chão —avisou Razvan—. Tomem cuidado. Estamos caminhando por um campo de minas. Uma vez que encontremos a primeira, possivelmente possa nos guiar para atravessá-lo. Tem predileção por certas pautas. O som da água pingando era forte, acrescentado ao ruído do gelo que rangia e retumbava. Depois de um tempo, o ruído afogava todo o resto, então Ivory teve que lembrar de reduzir o volume e sintonizar outras coisas. Tinha aprendido faz muito tempo a caçar com todos os sentidos, mas aqui, nos domínios de Xavier, as regras tinham mudado e não podia contar com seus instintos. Giraram em outra esquina e Ivory quase pisou em um chão de pedra e gelo. No último segundo jogou o pé atrás, estudando o chão. Razvan se colocou a seu lado e Vikirnoff e Natalya olharam por cima de seus ombros. —Isto é clássico de Xavier —disse Razvan—. Sempre tem uma porta traseira para escapar e geralmente é uma armadilha de algum tipo. Não é um homem que lute até a morte. Foge para lutar outro dia. Os quadrados indicam seu padrão. Nos últimos anos, teve problemas de memória, assim utiliza o mesmo todo o tempo. —Examinou o chão—. Tem sete quadrados desde a abertura e à esquerda é onde vai estar sua rota de fuga, provavelmente. Este quarto está bem protegido. O chão é uma armadilha. Terá um desagradável pequeno mascote. Não pisem na agua e nem toquem nas paredes. Os aplausos os assustaram. Acima, na parede mais distante, Xavier aparecia, aplaudindo. Parecia menor do que Ivory recordava em sua juventude e seu rosto estava enrugado e envelhecido, mas estava em uma forma surpreendente tendo em conta que tinha que ter morrido fazia séculos. Levava largas roupas sua barba era branca, longa e solta, perpetuando sua reputação de mago tremendamente poderoso. A seu lado tinha sua bengala, com um aspecto muito inocente, mas a bola de cristal ao fundo resplandecia branca como o leite e emitia uma mancha vermelha escura no centro. Sangue de coração, em forma de olho, lhe devolvendo o olhar fixamente, enviando um calafrio por sua espinha dorsal.
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—Bom, bom, menino. Voltou para casa e trouxeste convidados contigo —saudou Xavier. A voz do mago ecoou e as paredes se curvaram. Razvan deu um passo para frente, seu corpo bloqueando parcialmente Ivory, mantendo livres seus braços, mas colocando-se em uma posição que lhe permitisse deter a força da bengala. Tinha-a visto muitas vezes para não reconhecer a ameaça real para todos eles. O chão se inclinou, ameaçando atirar-lhes pela câmara, mas Ivory, Razvan e Vikirnoff se estabilizaram. Natalya estava ligeiramente inclinada e o repentino giro lhe fez cambalear. Estendeu a mão e a palma roçou a parede. Instantaneamente o gelo se gretou e o peso de seu corpo a venceu enterrando a mão e o braço profundamente na fenda. O gelo se fechou ao redor do membro brutalmente, atacando-o, lhe esmagando os ossos, apertando-o. Tentou transformarse em névoa, mas o braço estava bem agarrado. Lutou enquanto Vikirnoff se girava para tentar ajudá-la, buscando freneticamente cavar para liberá-la enquanto Natalya tentava esquentar o gelo que lhe rodeava o braço para fazê-lo fundir-se. O olhar de Ivory não abandonou nunca o Xavier, observando seu próximo movimento. Estava satisfeita de que Razvan seguisse olhando-o também. O mago tinha utilizado deliberadamente a Natalya para tentar distrai-los. Aranhas de gelo já estavam surgindo das fendas de gelo, apressando-se para a Natalya com suas presas venenosas. Lara era amiga das aranhas de gelo —disse Razvan—. Volte-as para o Xavier. Ivory, sem que seu olhar separasse do Xavier levantou imediatamente as mãos, riscando um padrão no ar. Aranhas, aranhas de cristal de gelo, Nós não somos o inimigo que buscas. Nós não procuramos maldade, Olhem nossos corações, vejam que são puros Recordem a Lara, uma amiga querida. Imediatamente as aranhas se detiveram, então se giraram bruscamente, arrastando-se rapidamente longe da Natalya e de volta a suas fendas. Pequenas aranhas de cristal de gelo Invoco-lhes a tecer e costurar. Enviem a seus coroinhas à guerra A procurar o mal, para desterrá-lo para sempre jamais. As aranhas se deixaram cair por seus fios do teto, envolvendo Xavier enquanto milhares surgiam do gelo em uma corrida para alcançá-lo. As redes se elevavam vazias. Xavier apareceu no saliente mais próximo, rindo. Um segundo e um terceiro Xavier apareceram —todos rindo- três idênticos e todos com bengala. Os três magos levantaram seus braços e um vento surgiu, atravessando rapidamente a câmara. As aranhas se retiraram imediatamente, procurando fendas no gelo para ficar a salvo. Ivory se negou a estremecer-se ou a apartar o olhar enquanto o vento uivante atravessava a câmara de gelo diretamente para eles, levando projéteis de gelo, pequenas e grandes lança com pontas mortais. Procura o vampiro, advertiu Razvan, sem apartar nem uma vez os olhos do mago. Elevou a mão com um movimento desdenhoso. O que é gelo, agora está a minhas ordens.
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De agora em diante brinda um escudo para proteger e deter. Deter e guardar, nos proteger, Desvia estas lanças, essas chamadas do mal. Os mísseis de gelo se racharam e caíram inocuamente ao chão aos pés de Ivory. Nem se moveu um milímetro ou olhou atrás dela para ver se Vikirnoff progredia para liberar Natalya. —Vejo que prestou atenção em minhas classes —disseram os três magos com uma reverência zombadora. Detrás deles os lobos rugiram de repente, as cabeças surgindo da pele. Vikirnoff escutou o aviso, girando-se para encarar Sergey que se lançava por eles de cima. Seu rosto era uma máscara retorcida de ódio. Vestido com roupa de guerra, levava um colete de armadura, do tecido mais fino e justo que Vikirnoff nunca antes tinha visto. Natalya deixou de lutar para liberar o braço apanhado, ignorando a intolerável dor e agarrando a espada que Vikirnoff lhe atirou com sua mão livre. —Vikirnoff —gritou ela—. Tome cuidado. As paredes estão avançando sigilosamente. —A cada instante tinha que dar um pequeno passo enquanto a extensão de gelo ia para ela, a parede quase lhe roçando o pé em um esforço de apanhá-la inteira—. Vejo duas pequenas sombras, lascas realmente. Está atento a elas, tudo a seu passo se atrofia. Os fragmentos que Gregori tirou de mim —enviou Razvan pelo antigo caminho— . Devem ter voltado para o Xavier. Temos que destruí-los, também. Deixá-os para Vikirnoff e Natalya —disse Ivory a Razvan—. Temos que confiar em que mantenham Sergey longe de nossas costas. Está preparando a bengala. O da direita é realmente Xavier. Onde aponte a bengala. Esse será o verdadeiro objetivo. Como sabe? O vento. Fluiu por diante dele sem lhe tocar a barba. Tem alguma espécie de barreira erguida ao redor dele para protegê-lo. Olhe os padrões do fluxo de vento. Razvan não questionou seu julgamento. Ela tinha estudado a forma de atuar de Xavier com muito detalhe, e isso era exatamente o tipo de coisas que o mago estava acostumado a fazer. O mago agarrou sua bengala e apontou, não a eles, mas para à parede mais distante. Os outros dois magos apontaram com seus bastões a Ivory e Razvan. Nenhum se moveu, mantendo-se firmes enquanto a parede próxima a eles estalava com uma explosão ensurdecedora. Choveram pedaços de gelo e pedra, os escombros que caíam ativaram numerosas armadilhas enquanto golpeavam o chão da cova. A batalha detrás deles era forte, Natalya tratando ferozmente de entrar em ação, Vikirnoff bloqueando o vampiro para que não se aproximasse dela. Os lobos impacientes, querendo saltar livres, mas Ivory os refreou, lhes ordenando esperar… como ela esperava. Um só som atravessou pela caverna. Um rugido de raiva. Detrás deles, o caçador e o vampiro vacilaram. Um calafrio percorreu a espinha dorsal de Ivory. A pele lhe picava enquanto os pelos dos lobos se arrepiava, atingindo-a como mil agulhas afiadas. Não posso apartar os olhos de Xavier, Razvan. Terá que te ocupar você disso. Considera-o feito. Foi sua calma a que lhe hospedou o estômago. Estavam sendo atacados por todas as partes. Sergey combatia com o Vikirnoff ferozmente. As paredes de gelo continuavam fechando-se lentamente, polegada a polegada. Xavier tinha a bengala na
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mão e agora algo enorme se estava movendo dos escombros da parte do chão por onde saía a água. A cabeça apareceu primeiro. Seu crânio era bastante grande, os dentes largos, curvados, proeminentes, enquanto o enorme felino saltava à caverna. Aterrissou em uma parte de gelo, mantendo as garras no chão, o que sugeria que Xavier dirigia seus movimentos afastando-o das armadilhas enterradas sob a superfície. Mais baixo que um leão por 30 centímetros mais ou menos, o felino era pelo menos duas vezes mais pesado, todo músculos e presas de aspecto mortal. Razvan. Me tire deste gelo. Sei o que fazer —disse Natalya inesperadamente—. Depressa. Razvan se deu a volta, seu olhar deslizando-se pelo sólido muro que mantinha Natalya prisioneira. Xavier tinha utilizado coisas assim para encarcerar suas tias. Ele não era o melhor com os feitiços, mas Natalya sim. Enviou-lhe sua enorme força para que respaldasse a dela. Sem vacilação, Natalya levantou uma mão, a palma para o gelo e cantou. Chamou o ar da Mãe, a terra, o fogo e a água, Venham para mim agora, completem meu desejo. Liberem agora o que está cativo no gelo. Chamou o fogo, fomentou seu fôlego. A água começou a verter-se da parede ao redor do braço e ela puxou até que ficou livre. Lançando sua espada às mãos de seu irmão, saltou no ar, seu cabelo enchendo-se de mechas enquanto trocava, mudando de forma… um formoso e glorioso tigre, um pouco mais evoluído mas toda feminina, seu atraente aroma de fêmea enchia o quarto. Aterrissou com dureza, sua pata dianteira obviamente ferida já que ela a defendia, mantendo-a levantada do bloco de gelo. O macho rugiu e ela respondeu. Sergey saltou para o Vikirnoff quando ele girou para olhar sua companheira. Colocou a espada de repente e deu um murro no peito de Vikirnoff, procurando seu coração, detendo-se a um dedo, sorrindo malvadamente. Blaez e Rikki apoiaram as patas nas costas de Razvan e se impulsionaram, golpeando forte ao Sergey, de um lado, apartando-o de Vikirnoff, que cambaleou, orvalhando sangue pelo gelo. Raja e o resto da manada se liberaram para rodear Vikirnoff de forma protetora enquanto ele curava o grande buraco aberto em seu peito. O vampiro teve pouco tempo para lamber o punho e saborear o sangue do Cárpato e seu poder. Razvan lhe atirou um frasco de água benta por cima. Sergey chiou quando a água lhe queimou a pele completamente até o osso, deixando grandes buracos em sua carne. Fumegante, com um fedor podre. Razvan seguiu à água com uma série de flechas, as disparando com força para que se cravassem profundamente, através do peito do vampiro. O colete se agitou como se estivesse vivo, a malha separando-se como se rasgasse para voltar depois tranquilamente a seu lugar. Razvan se apressou, seguindo as flechas. Sergey tratou de trocar de forma, mas a capa de flechas o acautelou de fazer algo assim. Razvan deu um murro no colete. No momento que a carne tocou a malha, os fios se vivificaram, enrolando-se ao redor do punho, subindo rapidamente pelo braço para o ombro e a cara. Os diminutos vermes parasitas com agudos dentes, rasgando e afundando-se na carne. Retrocedeu, tratando de apartar as criaturas de
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seu corpo. Sergey se lançou para Razvan mas os lobos intercederam, estrelando-se contra o vampiro com toda sua força, lançando-o para trás e indo por sua garganta. Ivory nunca se moveu. Nunca olhou para trás. Tinha um objetivo e estava diante dela. Os tigres grunhiam um ao outro, a batalha rugia detrás deles… nada disso importava, só Xavier, só o homem que levantava sua bengala com ódio na cara e seu olhar fixo em Razvan. Sabia que ele iria por ela, não pelo Razvan. Queria que seu companheiro sofresse por sua aberta traição, pelo sangue dos Caçadores de Dragões que o tinha mantido durante séculos contra ele. Por sua fuga e sua recém encontrada força e poder. Razvan era o símbolo de tudo o que odiava. E ela era a companheira de Razvan. Como em câmara lenta, viu-o mover a bengala para o outro lado de seu corpo e baixá-la. O tempo foi mais devagar, seu mundo se estreitou. O extremo da bengala começou a brilhar enquanto a apontava para Razvan. Ivory sentiu o olho vermelho do centro do cristal fixo nela, não em seu companheiro. Sentiu o poder movendo-se em seu interior. Tudo o que ela era. Tudo o que jamais tinha sido. Era suficiente? Razvan verteu tudo o que era nela, deixando que a manada se ocupasse de Sergey enquanto eles se uniam, confiando em Vikirnoff para que lhes protegesse as costas junto com os lobos. Confiando em Natalya para que afastasse o tigre deles. A bengala tinha um brilho entre vermelho e laranja. Ivory elevou as mãos, com as palmas para o feiticeiro. Um brilho de luz feriu seus olhos enquanto o cristal disparava um raio de energia diretamente para ela. Razvan estava de pé atrás, levantando as mãos exatamente da mesma forma que ela. Chamo às Portas do Inferno —recitou Ivory. Deixe que o relâmpago golpeie —invocou Razvan. Chamo ao poder do que é luz —recitou Ivory. Toma forma desde sua escuridão —invocou Razvan. Permite que os anjos caminhem livres —pediu Ivory. Abrindo seus braços, drenando as forças do mal —recitou Razvan. Toma o que é sangue de coração. —O poder encheu a voz de Ivory. Filtra o que é puro. —Razvan se uniu completamente com Ivory. Cantaram juntos— Permitam que só perdure quão único é puro. Já fraco e sem sangue Cárpato para mantê-lo e pelo feitiço que havia feito antes, a combinação de Razvan e Ivory juntos foi muito para Xavier. O escuro sangue no centro do cristal explodiu e Xavier se agarrou ao coração. O sangue jorrava por seu peito. Grunhindo, esquecido, aterrorizado de perder sua última oportunidade de ser imortal, o mago utilizou sua última e mais secreta arma. Deixou cair sua bengala, agarrou o peito em uma tentativa de deter o negro, borbulhante sangue e açoitou sua ira contra os Cárpatos. O sol explodiu de cima. Brilhante. Candente. Uma turbulenta, fervente massa vulcânica. Os ventos rugiram, destroçando as covas de gelo enquanto o calor explodia em qualquer parte, fundindo o gelo mais rápido do que era possível. A água se vertia sobre eles, quente água fervendo. O vapor surgia, mas enquanto a bola alaranjada girava, lançava fios de fogo. A luz deslumbrante atravessava a câmara. A pele lhes fumegava. Coberta de ampolas. Fundida. Sergey gritou e tratou de dissolver-se outra vez e esta vez as flechas lhe caíram do peito enquanto seu sangue
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ácido atravessava a armadura. Os dois fragmentos se filtraram por seus poros justo quando trocava. Para minhas costas! —ordenou Ivory à manada, estendendo os braços. Os lobos saltaram para ficar a salvo enquanto a água subia rapidamente, atravessando a câmara, fervendo tudo a seu passo, inclusive o tigre dentes de sabre. Os Cárpatos se converteram em vapor, sua única esperança de escapar, tal e como Sergey fazia, mas inclusive nessa forma, o sol queimava as moléculas que compunham suas formas. Ivory fluiu para Xavier enquanto ele se arrastou pela borda, deixando um rastro de negro sangue por trás. O sangue borbulhava e queimava a pedra que fundia rapidamente. Abriu uma fenda que lançava água o suficientemente larga para que seu corpo passasse por ela, mas ela estava aí, as mãos saindo do vapor. As queimaduras chegavam ao osso, a pele se dissolvia primeiro em uma massa de ampolas e depois se fundia. Mas ainda assim, inclusive com seus ossos, ela o deteve, atrasando sua fuga. O punho de Razvan saiu do vapor, sofrendo o mesmo destino que Ivory, a pele lhe ardeu enquanto se cravava profundamente no peito de Xavier e lhe extraía o queimado coração. Lançou-o ao ardente fogo e depois jogou o corpo. Os quatro Cárpatos saíram como um raio da caverna que se desabava rapidamente utilizando a rota de fuga de Xavier. A oscilante massa de calor e luz ficou detrás deles enquanto se lançavam a descer por um túnel para a fria escuridão das covas. A montanha retumbava de forma sinistra enquanto avançavam pelos túneis para as colinas exteriores. Todos rodaram pela neve, tentando aliviar a ardente, atroz dor. —Precisamos ir à terra agora —disse Vikirnoff, com os dentes batendo, seu corpo em choque—. Gregori, necessitamo-lhe. Curadores! Venham! —Não aqui. Não em nenhum lugar perto deste mal —advertiu Ivory—. Encontra um lugar limpo e deixa que a Mãe Terra te tenha. —Gregori e Francesca estão a caminho. Encontrarão-nos —disse Vikirnoff. Tiritando pela terrível dor, Ivory e Razvan se lançaram ao ar juntos, deixando que Vikirnoff e Natalya fizessem o mesmo.
Capítulo 21 Razvan agarrou-se à mão de Ivory enquanto se aproximavam da caverna cerimoniosa. A convocatória de Gregori os tinha alcançado justo antes de amanhecer, convidando-os à cerimônia de nomeação, e ambos tinham ficado nervosos antes de sucumbir ao sonho rejuvenescedor. Permaneceram tanto tempo na terra recuperando-se das feridas, que pensaram que a nomeação já se teria realizado, mas Gregori os tinha honrado ao esperar, o que significava que não tinham mais opção que assistir. —Não vão registrar-te esta vez —brincou Ivory. - Assim acredito. —Esta vez, se o tentarem, o dragão em mim pode surgir sem aviso lançando chamas. —Tomou sua mão com mais força.
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Ivory elevou o olhar para seu rosto. Em vez de sua calma habitual, via-se tenso. Ela sabia que não tinha nada a ver com a desconfiança dos antigos Carpatos e tudo a ver com suas filhas e sua irmã. Ela se deteve e puxou-o, girando-o para si, elevando sua mão para emoldurar seu amado rosto. —Você é hän ku pesä - o protetor. É hän ku meke pirämet - o defensor. —Sua voz se suavizou. Seus olhos se alagaram de amor—. Acima de tudo, é hän ku kuulua sívamet - o guardião de meu coração. Ele tomou o rosto dela entre as mãos descendo a boca até a sua. Não podia ter dito nada. Não com o amor sacudindo-o e fazendo suas mãos tremerem, ou com um nó tão grande na garganta que poderia afogar-se. Só podia derrubar tudo o que sentia por ela em seu beijo. Quando levantou a cabeça, os olhos dela se tornaram da cor do ouro antigo. —Obrigado. Precisava te ouvir dizer que me ama. Ela separou os lábios para protestar. Nem sequer tinha começado e ele já estava beijando-a até deixá-la outra vez sem sentido, dispersando seus sentidos até que mal podia recordar seu próprio nome, e muito menos o que lhe havia dito. —Razvan! —se balançou Natalya—. Vieram. Apenas tiveram tempo de separar-se antes que se lançasse nos braços de seu irmão, sacudindo-os tão forte que Ivory teve que agarrar-se no braço de Razvan para estabilizar-se. —É obvio que viemos. Gregori disse que era uma cerimônia de nomeação. Nunca estive em uma. —Razvan estabilizou amavelmente sua irmã sobre seus pés, revisandoa em busca de lesões. O tempo que tinha passado rejuvenescendo na terra lhe havia feito bem. Deixava pouca evidência do encontro com Xavier e Sergey. —Tem que ver Lara. Gregori lhe permitiu levantar-se para a cerimônia, mesmo se encontrando ainda débil e frágil. Ele disse que graças ao que seja que Ivory fez, Lara ainda pode ter meninos. —Os olhos de Natalya brilhavam. —Mãe Terra a salvou, não eu —protestou Ivory. Natalya ignorou o protesto assim como todo espaço pessoal, tomando Ivory pelo braço e puxando ela para a caverna cerimoniosa. —Venha depressa. Todo mundo está esperando lá dentro por você. —Lhes dê uma oportunidade de recuperar o fôlego, Natalya —sugeriu Vikirnoff com um sorrisinho. Ele a resguardou sob seu ombro. Ainda tinha sobre ele algumas marcas de queimaduras por ter defendido Natalya. —Não desejo contrariar Lara, especialmente em seu frágil estado —objetou Razvan, detendo-se abruptamente. Ivory virou-se para ele, sua mão inclusive rodeando o punho da faca. Não temos que fazer isto. Não ia suportar que ninguém… irmã, filha, antigo… ninguém, fizesse-o sentir rechaçado ou menos do que ela acreditava que era: um grande herói. Surpreendentemente, Razvan riu soando despreocupado. Estendeu seu braço ao redor dela. —É um tesouro, fél ku kuuluaak sívam belso - minha amada. Meu maior tesouro. Acredito que te interporia entre mim e…
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—Qualquer coisa. Quem quer que seja. —A cor de seus olhos se fez mais profunda, passando de seu luminoso âmbar a esse ouro antigo que sempre o fazia cambalear o coração. Ele roçou com um beijo o topo de sua cabeça. —Vamos à cerimônia de nomeação pelo bem de Gregori. Ele tem feito muito por nós, e se isto lhe agrada, não nos custa nada. Natalya franziu o cenho. —Lara quer te ver, Razvan. E Nicolas morre por ver sua maravilhosa irmãzinha Ivory. Mal pode acreditar o que fez, o que os dois têm feito. Que alívio é saber que Xavier deixou este mundo. —Não de tudo —advertiu Ivory—. Ninguém deve esquecer-se nunca daqueles dois fragmentos que encontraram um anfitrião em um mestre vampiro. Estava terrivelmente ferido, mas se elevará outra vez, e com a sombra de Xavier morando nele, será mais malvado que nunca. —Advertimos às pessoas —assegurou Vikirnoff—. Enviamos um grupo de caça, mas não encontraram rastros de Sergey. —Seus olhos encontraram os de Ivory—. Sinto muito por seu irmão. Uma vez foi um grande guerreiro. Ivory forçou um sorriso, e se sentiu agradecida pela compreensão de Razvan. Ele não a tocou, o que poderia ter sido sua perdição, mas sim a rodeou de calidez. —Meu irmão esteve morto por muito tempo. O que fica em seu lugar é realmente maligno e não tem semelhança com o homem que amava, mas te agradeço por recordá-lo. O jovem Travis chegou correndo até eles. Seus olhos brilhavam outra vez, seu cabelo comprido estava atado com um fino cordão de couro. —Gregori diz que continuem movendo-se para frente. Rindo, seguiram-lhe até a entrada da caverna, mas não foram mais à frente. Uma jovenzinha adolescente que Ivory reconheceu como Skyler estava de pé esperando justo ao entrar. Ajeitava os ombros, e seu olhar era inseguro. Francesca a curadora, sua mãe adotiva, permanecia a seu lado ombro com ombro, com a mão nas costas de Skyler. O coração de Ivory saltou. Não podia negar que esta jovenzinha era filha de Razvan. Era muito bela, mas em seus olhos, olhos muito parecidos com os de Razvan, havia muito conhecimento. A garota tinha estado no inferno e retornado. Isto romperia o coração de Razvan. Ivory quis rodeá-lo com seus braços, sair dali e levar-lhe muito longe onde ninguém mais pudesse lhe ferir. —Esta é minha filha, Skyler —disse Francesca. Mostrava um sorriso, mas sua expressão era tensa—. Recordará que ajudou na luta contra a maldade de Xavier. —Sim, é obvio —disse Ivory—. Esteve incrível. Todos têm tão boa opinião de ti, Skyler, obviamente por boas razões. Sou Ivory e este é meu companheiro, Razvan. Ela sentiu o impacto quando Razvan levantou a cabeça. O golpe em suas vísceras, duro e profundo. Realmente não tinha prestado atenção a nada exceto proteger Ivory da maldade de Xavier e tratar de manter calmo a todo mundo. Agora não havia maneira de equivocar-se a respeito desta menina. Ou ao trauma que tinha sofrido. Ele tragou com dificuldade, mas sua expressão não mudou. Só Ivory percebeu o terrível golpe.
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—Assim sou uma Caçadora de Dragões —disse Skyler, com o queixo levantado—. É por isso que posso sentir a terra da mesma maneira que Syndil, embora ela não seja uma Caçadora de Dragões, mas sim tem o dom de vincular-se com a terra como o fazem eles. Sou em parte Cárpato, embora por alguma razão, e a diferença de outros meio cárpatos, eu não necessitei sangue. Razvan tomou fôlego, expulsou-o. Ivory alcançou sua mão, e a segurou forte. Não sabia qual dos dois necessitava mais do apoio. —Você é minha filha. —Disse como uma declaração, embora não tinha lembranças de sua mãe. Devia ter estado profundamente enterrado, suprimido pelo Xavier quando o mago fecundou à mulher. Skyler tinha se salvado de ser sequestrada e feita prisioneira porque seu sangue não tinha chamado Xavier, o Caçador de Dragões nela ocultando-a profundamente, provavelmente sentindo um inimigo mortal. Eram seus olhos os que a delatavam. Se Xavier a tivesse observado com atenção, se não tivesse estado tão ávido pelo sangue "correto", não teria permitido que Skyler e sua mãe escapassem tão facilmente. O que lhe aconteceu?, perguntou Razvan a sua irmã. Quando sentiu sua vacilação, pronunciou com brutalidade a impaciente ordem: Diga-me. Ivory lhe pôs a mão no ombro. Era a primeira vez que ela o tinha visto verdadeiramente agitado. Sentiu-o esticar-se sob sua mão, mas não se apartou. Natalya mordeu o lábio e logo capitulou. Sua mãe escapou quando ela era somente uma criança. Durante anos Skyler acreditou que o homem casado com sua mãe era seu verdadeiro pai. Ele era um homem muito mau e a vendeu a outros homens. Francesca a resgatou. Razvan fechou os olhos brevemente. Só o toque de Ivory o estabilizou. Seus filhos pareciam destinados a viver com dor e sofrimento mesmo que Xavier não conseguisse lhes pôr as mãos em cima. Abriu os olhos para olhar diretamente a Francesca. —Te estou muito agradecido. Não tinha nem ideia do que dizer a esta jovenzinha. Sua filha. Uma garota da que não sabia nada, que tinha vivido um inferno e tinha um excessivo conhecimento sobre os monstros do mundo. —Não sei que palavras posso te oferecer, Skyler, além de dizer que sinto muito por não ter estado presente em sua vida para te proteger de todos os horrores deste mundo. Se tivesse sido capaz, te teria protegido. Ela deu de ombros, muito madura para sua idade. —Isso era bastante impossível, já que nem sequer sabia que eu existia. —Agora sei —disse Razvan— e espero que esteja disposta a me conhecer. Nunca tomarei o lugar de seus pais, mas certamente desejo formar parte de sua vida, se você quiser. É alguém de quem qualquer pai pode orgulhar-se. Tem sustentado sua posição contra o mal, e ouvi falar que trabalha com Syndil para sanar a terra. Isso só já é um milagre. A tensão pareceu abandoná-la. —Me alegro de que nos tenhamos conhecido. —Ela se agarrou a mão de Francesca, aparentemente sem precaver-se de que o fazia inclusive enquanto estendia a mão para tocar as cicatrizes que se entrecruzavam sobre o braço dele—. Você destruiu o Xavier. Gregori nos disse o que aconteceu.
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—Sem os outros, Skyler, não teria sido capaz de fazê-lo. Trabalhamos juntos. —Estão esperando lá dentro por você —disse Francesca—. Querem examinar você e a Ivory outra vez. Espero que fiquem e nos permitam lhes sanar logo depois da sessão inicial. Razvan e Ivory intercambiaram um longo olhar. Tinha havido tanto dor. O Povo Cárpato se reuniu para ajudar a acelerar sua cura, mas nenhum podia permanecer tão próximo. Necessitavam sua própria terra sagrada e tinham ido juntos à cova onde a Mãe Terra os rodeava com seu chão mais fértil. Ambos levavam ainda as cicatrizes, mas, como Vikirnoff e Natalya, as cicatrizes já se estavam desvanecendo. —Obrigado, Francesca —disse Razvan, com uma pequena reverência formal—. Ambos apreciamos sua ajuda. Você possivelmente salvaste nossas vidas. —Duvido-o. —Francesca liderou o caminho através da caverna para a câmara cerimoniosa onde todo mundo aguardava. Descendeu o silêncio sobre a multidão ao tempo que entravam. Ivory se moveu mais perto de Razvan. Podia cheirar a sálvia e lavanda. As velas adornavam cada fenda e cada suporte imaginável, criando suaves sombras sobre as paredes. Por cima de suas cabeças, os cristais enfeitavam o teto, e as luzes dançantes faziam cintilar as gemas, que titilavam como uma manta de estrelas. Ivory deslizou seu braço pelo do Razvan, comocionada com a quantidade de gente no recinto, lhes cravando os olhos. Mikhail se deslizou do centro da câmara, fechando a distância entre eles. Segurou firmemente o braço de Razvan na maneira formal de saudação entre dois caçadores respeitados e experientes. —Pesäsz jeläbam ainaak - que permaneça muito tempo na luz. Obrigado pelo grande serviço que tem prestado a nossa gente. Razvan não se moveu. Não falou. ficou com o olhar fixo sobre o ombro de Mikhail até depois de que Mikhail girasse para Ivory e tivesse segurado seu braço da mesma maneira formal. —Sívad olen wäkeva, hän ku piwtä - que seu coração permaneça forte, caçadora —saudou Mikhail—. Sua gente te agradece pelo grande serviço que nos prestou. — Deu um passo atrás e se inclinou em uma prolongada, profunda e ampla reverência que revelava grande respeito. Para comoção de Ivory, o recinto inteiro se inclinou com ele. A emoção a sufocava, constrangendo sua garganta, e lançou um olhar para Razvan. Não se tinha movido. Não tinha trocado de expressão, como se estivesse ali congelado, sua cara esculpida em pedra. Não tinha visto o formidável tributo. Não tinha desviado os olhos de um ponto do outro lado do recinto. Ela voltou a cabeça para seguir seu olhar. Não havia equívoco possível a respeito de quem era a mulher sentada ao lado de Nicolas Da Cruz… Lara. Ivory não podia centrar-se em seu amado Nicolas, não quando o coração de Razvan se quebrada em um milhão de fragmentos. Simplesmente se desmoronou por dentro. Por fora, parecia distante e afastado de tudo. Por dentro, só se dissolveu. Sua paz interior se foi, destruída. Não podia respirar; seu coração se acelerava a tal ponto que temia pudesse explodir. Cada lembrança, cada horrendo detalhe da vida desta menina, lotava sua cabeça. O aroma de seu sangue. A sensação de seus dentes lhe rasgando a carne, incapaz de deter-se, incapaz de fazer algo além de adverti-la, de tentar fazê-la escapar. Entretanto não havia nenhum lugar ao que pudesse escapar. Nenhum lugar ao que
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pudesse ir, e ele era impotente para salvá-la. A desesperada consternação e o peso da espantosa culpabilidade o fincaram de joelhos. Diminutas gotas vermelhas se arrastaram para baixo por sua cara. Suas mãos eram instáveis ao tentar endireitar-se. Razvan estava ajoelhado a seu lado, e pela primeira vez, Ivory sentiu pânico. Ele não estava preparado para isto. Nunca lhe deveria ter permitido vir a este lugar. Deixou-se cair de joelhos a seu lado, com os braços lhe rodeando apesar de que ele não queria que o confortasse. Ele não sentia que o merecesse. Tinha sido incapaz de proteger sua menina não só do Xavier, mas também de si mesmo, do monstro que Xavier lhe tinha forçado a ser. Para Razvan, a posse não era uma desculpa. Esta menina, sua amada Lara, tinha nascido dele, mas como Skyler, ela tinha vivido no meio dos monstros. Conhecia-a. Amava-a. Mesmo que não podesse sentir as emoções, tinham estado ali, distante, como uma lembrança. Seu sentido de família, o sangue dos Caçadores de Dragões, lhe chamando, chamando-a. —Pai? —A voz era a de uma menina. Razvan elevou a vista e ali estava ela, diretamente em frente dele, com lágrimas correndo por sua cara. Lara envolveu seus braços a seu redor e o abraçou junto com Ivory. —Tudo está bem. Sério. Estou bem. Nicolas me cuidou muito, e agora que está aqui conosco, e sei que realmente estava tratando de me tirar dali, tudo está bem. —Não te mereço. Lara sorriu. —Tampouco Nicolas, mas o amo de todos os modos. —O sorriso se desvaneceu e ela ficou séria—. Estou orgulhosa de ser sua filha. Nicolas ajudou Razvan a ficar de pé. —E eu, de ser seu filho. —Sorriu com um toque de picardia, algo que surpreendeu Ivory ao tempo que ele se inclinava para lhe dar um beijo na bochecha—. Olá, Mãe. Ivory pretendia olhá-lo com um cenho franzido, mas a absurda brincadeira valeu a pena ao sentir o alívio da tensão em Razvan. Razvan achou um sorriso formando-se em seu coração. —Leva minha filha e sentem-se onde ela possa descansar —instruiu— talvez assim possam começar. Ivory tocou sua mente outra vez. A terrível dor tinha cedido, mas sabia que ainda o sentia. Rodeou-o apertadamente com o braço e se agarrou a ele enquanto o príncipe caminhava para o meio da câmara e o silêncio voltava a cair. Gregori e Savannah levaram seus bebês ao centro do recinto. A multidão explodiu de alegria, as paredes se expandiram como se não pudessem conter tanta felicidade. Razvan envolveu seu braço ao redor da cintura de Ivory e a segurou perto. —Cada um tomará o compromisso de amar e apoiar estas meninas —disse Ivory, recordando a cerimônia de sua infância—. Se espera de todos nós que as eduquemos, amemos e nos convertamos em sua família a fim de que se algo ocorrer a seus pais, não se sintam sozinhas no mundo. —Ela roçou um beijo ao longo de sua bochecha—. Mais meninos para ti. Ante a risada em sua voz, esporeou-a com uma promessa de represália. —Teremos que ter ao menos dez mais.
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Ivory tomou fôlego e o olhou carrancuda. Não sabia nem o mais elementar a respeito de bebês… que lhe dessem uma espada qualquer dia em troca. Razvan proferiu um pequeno som, como um bufo, e inclusive os lobos se agitaram como se estivessem rindo. Gregori entregou sua filha ao príncipe. O bebê pareceu incrivelmente pequeno a Ivory, embora tinha todos os dedos das mãos e dos pés e a cabeça coberta de espesso cabelo escuro, e estava viva. Voltou a cabeça e seus olhos encontraram os de Ivory. Ali havia entendimento. A garganta de Ivory se apertou mais. —Quem dará um nome a esta menina? —perguntou Mikhail. —Seu pai —respondeu Gregori. —Sua mãe —proclamou Savannah. —Sua gente —fez coro a multidão ao uníssono. —Eu te nomeio Anastasia Daratrazanoff —disse Mikhail—. Nascida na batalha, consagrada com amor. Quem tomará o compromisso com o povo Cárpato de amar e criar a nossa filha? —Seus pais, com gratidão —responderam formalmente Savannah e Gregori. A segunda infante foi entregue a Mikhail com grande cuidado. Era visivelmente menor e um pouco mais frágil, com o mesmo cabelo escuro na cabeça. Ela também olhou Ivory enquanto Mikhail a sustentava no ar, no alto, para que o povo Cárpato pudesse vê-la. O júbilo se estendeu através do recinto à vista do pequeno bebê, uma exaltação quase elétrica que alagou de lágrimas os olhos de Ivory. Sorriu para a bebê e ficou atônita quando a pequenina lhe correspondeu com um sorriso. —Quem dará um nome a esta menina? —perguntou Mikhail. —Seu pai —respondeu Gregori. Sua voz soou afogada, como se apenas pudesse fazer passar as palavras através do nó em sua garganta. —Sua mãe —respondeu Savannah, abraçando protetoramente à pequena Anastasia contra seu corpo. —Sua gente —cada homem, mulher e menino na câmara proclamou ao uníssono. —Eu te nomeio Anya Daratrazanoff —anunciou Mikhail—. Nascida na batalha, consagrada com amor. Quem tomará o compromisso com o povo Cárpato de amar e criar a nossa filha? —Seus pais, com gratidão —Gregori e Savannah aceitaram juntos a tremenda honra e compromisso. A multidão irrompeu em coros e canções, a alegria enchia a câmara cerimoniosa. Explodiam risadas. Ivory enxergou Travis abraçando Falcon. Parecia feliz e despreocupado. Encontrou-se sorrindo junto com o resto deles. —Suponho que deveríamos jurar lealdade ao príncipe —sussurrou ela. —Suponho que sim —concordou Razvan—, mas não agora. Agora quero te levar para casa e começar com esses dez meninos que vamos ter. Ivory riu e pôs a mão na sua. Duvidava que o assunto dos dez meninos fosse acontecer alguma vez, mas certamente não poria objeções a tentar. Fim