Tempestade Sombria Carpatos 23 Christine Feehan
PROJETO REVISORAS TRADUÇÕES
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Revisão Inicial: Lisa de Weerd, Sandra Maia, Uta, Miriam e Lucilene Revisão Final: Soteria Parthenopaeus Formatação: Lucilene Vieira
RESUMO Ao despertar depois de todo esse tempo em um mundo de escuridão absoluta e calor opressivo, Dax pergunta de quantas maneiras o mundo deve ter mudado. Mas é como ele mudou que o enche de temor e ódio. Enterrado vivo por centenas de anos em um vulcão na América do Sul, o medo de Dax é de que ele tenha se tornado na abominação completa que cada Cárpato macho teme, vítima do mal insidioso que tem se arrastado implacavelmente em sua mente e corpo ao longo dos séculos. Mas há algumas coisas que nunca mudam. Seu nome é Mitro, o vampiro que Dax tinha caçado por todos esses longos séculos. Uma vez esteve ao lado do príncipe dos Cárpatos, ele é o resumo de tudo que é malévolo, e autor de uma das mais chocantes matança conhecidas pelo homem - e besta. Até mesmo seus amigos e familiares não estavam a salvo da sede de sangue de Mitro. Nem a própria companheira de Mitro, Arabejila, uma mulher extraordinária com dons extraordinários. Mas agora que Dax ressurgiu, Mitro também. A batalha final entre o bem e o mal vai recomeçar. Entre Dax e Mitro, um jogo violento começou um que tem Riley Parker, a última descendente de Arabejila, como recompensa.
2|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 1 —Posso viver com esse ser num pequeno barco sem nenhuma privacidade por sete dias, o sol me transformando em menina lagosta, e os mosquitos se deleitando comigo, eu realmente posso, — Riley Parker informou sua mãe. —Mas juro, se ouvir mais uma queixa ou insinuação sexual nojenta do Sr. Sou-Tão-Quente-Que-Cada-Mulher-Deveria-Se-CurvarPara-Mim, só vou jogar o idiota pela borda. Seu constante lamber de lábios e ficar dizendo que gosta da ideia de mãe e filha me dá arrepios. Riley lançou um olhar de puro ódio para Don Weston, o chato idiota em questão. Conheceu um monte de porcos narcisistas enquanto ganhava seu doutorado em linguística e mais alguns na faculdade da Universidade da Califórnia, Berkeley, onde agora ensinava, mas ele ganhava disparado. Era um grande bruto, com ombros e peito largos, e uma atitude de superioridade que irritava Riley. Mesmo se já não estivesse no limite, a presença desse horrível homem a deixaria assim. Pior, sua mãe estava muito frágil agora e havia tornado Riley extremamente protetor com ela, e suas constantes insinuações sexuais e piadas imundas ao redor de sua mãe a fazia querer apenas o jogar na água. Annabel Parker, uma renomada horticulturista famosa pelos seus esforços para restabelecer milhares de hectares da floresta brasileira perdida para o desmatamento, olhou para sua filha, os olhos castanhos escuros cintilando e a boca se contraindo, obviamente ansiosa para sorrir. —Infelizmente, mel, estamos no território das piranhas. —Esse é o ponto, mamãe. — Riley apontou, lançando outro olhar na direção de Weston. 3|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O único benefício da presença do horrível homem era que sua morte lhe daria algo mais para se concentrar em vez dos calafrios lentamente se espalhando através de seu corpo e deixando seu cabelo da nuca arrepiado. Ela e sua mãe faziam esta mesma viagem até a Amazônia de cinco em cinco anos, mas este ano desde o momento que chegaram à aldeia para encontrar seu habitual guia doente, Riley sentiu como se uma escura nuvem pairasse sobre a viagem. Mesmo agora, um peso estranho, uma aura de perigo, parecia estar os seguindo pelo rio. Tentou arduamente minimizá-lo, mas o sentimento sinistro permanecia, um peso pressionando sobre ela, calafrios rastejando por sua espinha e feias suspeitas a mantendo acordada durante a noite. —Talvez se acidentalmente eu pudesse cortar sua mão quando ele cair na água... — ela continuou com um sorriso sombrio. Seus alunos poderiam avisar o homem para tomar cuidado quando ela sorria assim. Nunca pressagiava nada bom. O sorriso desapareceu um pouco, porém, quando olhou abaixo para a água escura e viu o peixe prata se agitando ao redor do barco. Eram seus olhos brincando com ela? Quase parecia como se a piranha estivesse seguindo o barco. Mas, piranhas não seguiam barcos. Cuidavam de seus negócios. Ela deu um olhar ao guia que murmurava aos dois carregadores, Raul e Capa, ignorando suas cargas — muito distantes do aldeão familiar que geralmente a levava rio acima. Os três pareciam muito inquietos enquanto estudavam continuamente a água. Eles também pareciam um pouco mais alarmados que o habitual por estarem cercados por um enxame de peixes comedores de carne. Ela estava sendo boba. Esteve nesta mesma viagem muitas vezes antes, sem entrar em pânico sobre a fauna local. Sua imaginação estava fazendo horas extras. Ainda assim... a piranha parecia estar ao redor do barco deles, mas não podia ver um único flash prata nas águas em torno do barco chafurdando à frente deles.
4|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Criança cruel — Annabel repreendeu com uma pequena risada, chamando a atenção de Riley de volta para a presença agravante de Don Weston. —É como ele olha para nós, — reclamou Riley. A umidade era tão alta que a camisa que Riley usava se agarrava a ela como uma segunda pele. Ela tinha curvas cheias, e não havia como escondê-las. Não ousava levantar as mãos para erguer seu cabelo grosso, trançado na sua nuca, ou ele acharia que estava deliberadamente o atraindo. —Eu realmente, realmente, queria estapear esse imbecil. Olha para meus seios como se nunca tivesse visto um par, o que é ruim o suficiente, mas quando olha os seus... —Talvez ele nunca tenha visto seios, querida, — Annabel disse suavemente. Riley tentou sufocar uma risada. Sua mãe podia arruinar qualquer louco com seu senso de humor. —Bem, se não viu, é por uma boa razão. Ele é nojento. Atrás delas, Don Weston bateu no seu pescoço e silvou uma respiração lenta e raivosa. —Malditos mosquitos. Mack, onde diabos está o repelente? Riley suprimiu uma revirada de olhos. No que lhe dizia respeito, Don Weston e os dois outros engenheiros com ele eram mentirosos — bem, pelo menos dois dos três eram. Alegavam saber o que faziam na floresta, mas estava claro que nem Weston, nem Mack Shelton, seu companheiro constante, tinham a menor noção. Ela e sua mãe tentaram dizer a Weston e seus amigos que seu precioso repelente não ia funcionar. Os homens suavam em bicas, o que lavava o repelente tão rápido quanto podiam aplicá-lo e os deixava com uma sensação pegajosa e coçando. Coçar só agravava a coceira e convidava à infecção. A menor ferida podia rapidamente se tornar infectada na floresta. Shelton, um homem compacto com pele mogno queimada e músculos ondulantes, golpeava seu próprio pescoço e peito, murmurando obscenidades. —Você o jogou na água, seu grande bastardo, depois de usar o último.
5|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Shelton era um pouco mais amigável que os outros dois engenheiros e não tão desagradável como Weston, mas em vez de fazer Riley se sentir mais segura, sua proximidade realmente fazia sua pele pinicar. Talvez fosse porque seu sorriso nunca atingia seus olhos. E porque observava tudo e todos a bordo. Riley tinha a sensação que Weston subestimava o outro homem. Claramente Weston se considerava responsável pela sua expedição de mineração, mas ninguém mandava em Shelton. —Nunca deveríamos ter nos juntado com eles, — Riley murmurou para sua mãe, mantendo sua voz baixa. Normalmente, Riley e sua mãe faziam a viagem ao vulcão sozinhas, mas quando chegaram na aldeia, descobriram que seu guia regular estava muito doente para viajar. Sozinhas no meio da Amazônia, sem guia para acompanhá-las ao seu destino, ela e sua mãe decidiram se juntar aos três outros grupos viajando rio acima. Weston e seus dois companheiros, engenheiros de mineração, estavam na aldeia se preparando para uma viagem para a borda da Cordilheira dos Andes no Peru, em busca de potenciais novas minas para a corporação que trabalhavam. Dois homens pesquisando uma planta supostamente extinta chegaram da Europa buscando um guia para subir uma montanha da Cordilheira dos Andes. Um arqueólogo e seus dois estudantes de graduação iam aos Andes à procura de uma suposta cidade perdida do povo das nuvens — os Chachapoyas. Todos decidiram partilhar seus recursos e viajar o rio juntos. A ideia pareceu lógica naquela hora, mas agora, depois de uma semana de viagem, Riley vivamente lamentava a decisão. Dois guias, o arqueólogo e seus alunos e três carregadores estavam no barco à frente levando uma boa parte dos fornecimentos. Annabel, Riley, os pesquisadores e os três engenheiros de mineração estavam no segundo barco com um de seus guias, Pedro e dois carregadores, Capa e Raul. Presa no barco com oito estranhos, Riley não se sentia segura. Desejou que já estivessem a meio caminho até a montanha, onde o plano era seguirem separados, cada um com seu próprio guia. 6|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Annabel deu de ombros. —É um pouco tarde demais para se arrepender. Tomamos a decisão de viajar juntos e estamos presas com essas pessoas. Vamos fazer o melhor que pudermos. Essa era sua mãe, sempre calma diante de uma tempestade se formando. Riley não era psíquica, mas não demorou para prever problemas chegando. Esse sentimento estava crescendo a cada hora que passava. Olhou para sua mãe. Como de costume, parecia serena. Riley se sentiu um pouco boba, dizendo que estava preocupada quando Annabel tinha tantas outras coisas em sua mente. Ainda discutindo sobre o repelente descartado, Weston apontou o dedo para Shelton. —A lata estava vazia. Deve haver mais. —Não estava vazia, — Shelton corrigiu, desgosto em sua voz. —Só queria jogar algo num jacaré. —E sua pontaria é tão ruim quanto sua boca, — o terceiro engenheiro, Ben Charger, completou. Ben era o mais silencioso do grupo. Nunca parava de olhar ao redor com olhos inquietos. Riley ainda não tinha se decidido sobre ele. Parecia o mais comum dos três engenheiros. Era de altura média, peso médio, um rosto que ninguém notaria. Se misturava, e talvez isso a deixasse desconfortável. Nada sobre ele se destacava. Se movia calmamente e parecia simplesmente aparecer do nada, e observava tudo e todos, como se estivesse esperando problemas. Não acreditava que fosse parceiro de Weston e Shelton. Os outros dois eram grudados e, obviamente, se conheciam há algum tempo. Charger parecia ser um solitário. Riley não estava sequer certa se ele gostava de qualquer um dos outros dois homens. Na margem esquerda, seu olho pegou uma nuvem branca, se movendo rápido, às vezes iridescente, às vezes de uma cor perolada quando a nuvem se retorcia, formando uma manta de mosquitos vivos. —Vá se foder, Charger, — respondeu Weston. —Olhe sua boca, — Charger aconselhou, sua voz muito baixa. 7|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Weston realmente deu um passo atrás, seu rosto empalidecendo um pouco. Olhou ao redor do barco, o olhar se fixando em Riley, a quem pegou olhando para ele. —Por que não vem aqui, ou melhor ainda, sua mamãe vem aqui e lambe esse suor de mim? Talvez isso ajude. — Ele estendeu sua língua na direção dela, provavelmente esperando parecer sexy, mas engoliu um bocado de mosquitos e acabou tossindo e dizendo palavrões. Por um momento terrível, quando chamou sua mãe de "Mamãe" e fez a sugestão bruta, Riley pensou que podia se jogar contra ele e realmente empurrá-lo na água. Mas, em seguida, com um risinho de sua mãe, sua raiva foi embora, seu infeliz senso de humor assumindo. Ela explodiu em risadas. —Sério? Realmente é tão arrogante que não sabe que eu preferia lamber o suor de um macaco? É tão grosso. Pelo canto do olho avistou a perolada nuvem de mosquitos chegando mais perto, se alargando enquanto se moviam em formação sobre a água. Seu estômago deu uma cambalhota de medo. Forçou ar através de seus pulmões. Não era de se assustar facilmente, nem mesmo quando criança. Weston olhou de soslaio para ela. —Posso ver quando uma mulher me quer e querida, você não pode tirar seus olhos de mim. Olhe suas roupas! Está se mostrando para mim. — Ele mostrou sua língua para ela novamente, parecendo para todos como uma cobra. —Diabos, deixe-a em paz, Weston, — Jubal Sanders falou, a impaciência afiando sua voz. —Nunca se cansa do som da sua voz? Um dos dois homens pesquisando plantas, Jubal não parecia ser um homem que passava muito tempo num laboratório. Parecia extremamente apto e não havia nenhuma dúvida que era um homem acostumado a uma vida dura, ao ar livre. Parecia ter absoluta confiança e se movia como um homem capaz de cuidar de si mesmo. Seu companheiro de viagem, Gary Jansen, parecia mais com a parte de rato de laboratório, mais baixo e magro, embora bem musculoso pelo que Riley observou. Era muito forte. Usava óculos de aro preto de leitura, mas 8|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
parecia tão adepto ao ar livre como Jubal. Os dois se mantiveram estritamente sozinhos no início da viagem, mas em algum lugar ao redor do quarto dia, Jubal se tornou um pouco protetor com as mulheres, ficando por perto sempre que os engenheiros estavam ao redor. Falava pouco, mas não perdia nada. Embora outra mulher pudesse se sentir lisonjeada por sua proteção, Riley não estava prestes a confiar num homem que supostamente vivia num laboratório, mas se movia com a graça fluída de um lutador. Ele e Gary claramente carregavam armas. Estavam tramando algo, e fosse o que fosse, Riley e sua mãe tinham bastante preocupação própria sem precisar se envolver com a de outras pessoas. —Não seja um herói, — Weston respondeu para Jubal, —isso não vai te garantir a menina. — Ele piscou para Riley. —Ela está olhando para um homem de verdade. Riley sentiu outro pequeno surto de raiva correndo sobre ela e girou com um olhar fulminante para Weston, mas sua mãe estendeu uma delicada mão, imobilizando seu pulso e a puxou para perto para sussurrar. —Não se preocupe, mel. Ele está se sentindo como um peixe fora d'água aqui. Riley puxou uma respiração. Nesta altura, não ia recorrer à violência sobre assédio sexual, não importava o quão burro fosse o homem. Podia ignorar Don Weston até se separarem. —Pensei que supostamente fossem muito experientes, — Riley respondeu para sua mãe, sua voz igualmente suave. —Afirmam serem engenheiros de minas, que já viajaram para a Cordilheira dos Andes inúmeras vezes, mas aposto que sobrevoaram os picos e perguntaram pela floresta. Provavelmente não têm nada a ver com mineração. Sua mãe deu um aceno rápido de acordo, calor iluminando seus olhos. — Se pensam que isso é ruim, espere até chegarmos à selva. Vão desmoronar em suas redes e esquecer de verificar todas as manhãs procurando insetos peçonhentos rastejando em suas botas.
9|PRT
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley não pode evitar sorrir pelo pensamento. Três supostos engenheiros de uma empresa privada, procurando potenciais minas nos Andes, ricas em minerais. Não podia ver nenhum deles muito versado nos caminhos da floresta, e com certeza não respeitariam seus guias. Todos os três se queixavam, mas Weston era o pior e o mais ofensivo com suas insinuações sexuais constantes. Passava o tempo todo tratando os guias e carregadores como se fossem servos quando não estava reclamando ou olhando para ela e sua mãe. —Criei você longe daqui, Riley. Os homens em alguns países têm uma filosofia diferente em relação às mulheres. Não somos consideradas suas iguais. Claramente ele foi criado acreditando que as mulheres são objetos, e porque viemos aqui sozinhas, sem escolta de uma dúzia de membros da família, somos fáceis. — Annabel deu de ombros, mas o fraco humor se desvaneceu e seus olhos escuros ficaram muito sombrios. —Mantenha essa adaga próxima, mel, só para estar segura. Sabe como cuidar de você mesma. Riley estremeceu. Era a primeira vez que Annabel indicava que achava que algo estava errado também. Isso trazia as noções fantasiosas de Riley de ridículas para o reino da realidade. Sua mãe era sempre calma, sempre prática. Se achava que algo estava errado, então estava. Um pássaro soou na floresta na beira do rio, o ruído viajando claramente pela água aberta. Para aliviar o humor de repente conturbado de sua mãe, Riley colocou suas mãos em concha ao redor de sua boca e repetiu o chamado. Não conseguiu o riso encantado que esperava, mas sua mãe sorriu e bateu em sua mão. —É totalmente louco como consegue fazer isso. — Don Weston parou de estapear mosquitos e agora olhava para ela como se fosse alguma atração secundária do Carnaval. —Pode imitar qualquer coisa? Apesar de sua antipatia pelo homem, Riley deu de ombros. —A maioria das coisas. Algumas pessoas têm memórias fotográficas que as deixam lembrar de tudo que veem ou leem. Chamo o que tenho de memória 10 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
―fonográfica‖. Posso lembrar e repetir praticamente qualquer som que ouço. Essa é uma das razões por que entrei em linguística. —Isso é um talento, — comentou Gary Jansen. —Não é? — Annabel deslizou um braço em volta da cintura de Riley. — Quando era pequena, costumava imitar grilos cantando dentro de casa só para me ver enlouquecer tentando encontrá-los. E o céu ajudasse se seu pai escorregasse e usasse uma linguagem que não devia na frente dela. Podia repeti-lo perfeitamente, até o tom de sua voz. O coração de Riley pesou pela tristeza e amor no tom de sua mãe. Ela forçou uma risadinha. —Também era boa em imitar meus professores, os que eu não gostava particularmente, — ela ofereceu com um pequeno sorriso travesso. —Podia ligar da escola e dizer à minha mãe que estudante maravilhosa eu era. — Agora, sua mãe riu, e o som encheu Riley de alívio. Para Riley, Annabel era linda. Era de estatura mediana, magra, com cabelo ondulado escuro e olhos mais escuros, a pele impecável de espanhola e um sorriso que fazia todos ao redor dela querer sorrir. Riley era muito mais alta, com cabelo liso e escuro que quase crescia durante a noite, não importava quantas vezes o cortasse. Era muito cheia de curvas, com altas maçãs do rosto e pele pálida, quase translúcida. Seus olhos eram grandes e a cor quase impossível de definir —verde, marrom, ouro velho. Sua mãe sempre dizia que era uma reminiscência de um ancestral morto há muito tempo. Pelo que sabia, sua mãe nunca ficou doente um dia em sua vida. Não tinha rugas e Riley nunca viu um único fio de cabelo cinzento na sua cabeça. Mas agora, pela primeira vez, Riley via vulnerabilidade nos olhos de sua mãe, e isso era tão inquietante como o crepitar no ar sinalizando uma tempestade chegando. O pai de Riley morreu há apenas duas semanas, e em sua família, marido e mulher raramente viviam por muito tempo sem ter um ao outro. Riley estava determinada a ficar perto de sua mãe. Já podia sentir Annabel se afastando, cada dia mais desanimada, mas Riley estava determinada a não 11 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
perdê-la. Não para a tristeza, e sobretudo não para o que as estavam caçando nessa viagem. De manhã cedo já tinha visto o fim do rio principal; os dois barcos estavam agora subindo um afluente do rio na direção de seu destino. Nas águas fechadas por juncos, os mosquitos sempre pioravam a cada momento. Nuvens de mosquitos continuamente os agrediam. Mais corriam na direção do barco como se cheirassem sangue fresco. Weston e Shelton entraram num frenesi de maldições e tapas na pele exposta, embora ambos lembrassem de manter sua boca firmemente fechada depois de comer um bocado de mosquitos. Ben Charger e os dois pesquisadores suportavam os mosquitos estoicamente, seguindo o exemplo dado por seu guia e carregadores. Os habitantes locais não se incomodaram sequer em estapear os mosquitos enquanto a perolada nuvem descia em massa. Riley podia ver o barco na frente e estavam ainda mais perto da costa, mas pelo que podia dizer, os mosquitos não atacavam ninguém a bordo. Atrás dela, Annabel soltou um suave grito assustado. Riley girou para encontrar sua mãe completamente coberta pela nuvem de mosquitos. Abandonaram todos e cada centímetro do corpo de Annabel estava coberto com o que pareciam ser minúsculos flocos de neve em movimento. La Manta Blanca. Minúsculos mosquitos. Alguns diziam que eram minúsculos mosquitos. Riley nunca os pesquisou, mas certamente sentia suas picadas. Chamejavam como fogo e posteriormente a coceira te deixava louco. Depois de arranhadas e abertas, as mordidas se tornavam um convite para a infecção. Ela arrastou um cobertor do assento de tábua e o atirou sobre sua mãe, tentando esmagar os bichinhos enquanto levava sua mãe para o chão do barco, a rolando como estivesse num incêndio. —Fique longe dela, — disse Gary Jansen. —Não vai tirá-los dessa forma. Ele se agachou ao lado de Annabel e arrancou o cobertor. Annabel rolou para trás e para a frente, suas mãos cobrindo o rosto, os insetos presos em cada pedaço de pele exposta, grudados em seus cabelos e roupas. Muitos 12 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
foram esmagados pelos esforços de Riley. Ela continuava a estapeá-los, tentando salvar sua mãe de mais picadas. Jubal pegou um balde de água e o jogou sobre Annabel, espanando os insetos para tirá-los fora dela. Os carregadores imediatamente adicionaram baldes de água, a molhando de novo e de novo, enquanto Gary, Jubal e Riley raspavam os insetos encharcados com o cobertor. Ben eventualmente se agachou ao lado dela e ajudou a tirar os mosquitos de sua pele. Annabel estremecia violentamente, mas não fez um som. Sua pele estava vermelha brilhante, como se mil pequenas mordidas inchassem em bolhas ardentes. Gary vasculhou uma mochila que carregava e puxou um pequeno frasco. Começou a passar o líquido claro sobre as picadas. Não era tão fácil como parecia. Jubal segurava os braços de Annabel presos para que ela não pudesse arranhar a coceira enlouquecedora como ondas se espalhando por seu corpo. Riley agarrou a mão de sua mãe firmemente, murmurando bobagens. Suas suspeitas anteriores rugiam de volta à vida. Os minúsculos mosquitos foram direto para sua mãe. Não havia ninguém mais em sintonia com a floresta do que Annabel. As plantas cresciam abundantes e exuberantes ao seu redor. Ela sussurrava para elas e pareciam sussurrar de volta, a abraçando como se fosse a mãe terra. Quando sua mãe atravessava o quintal em sua casa na Califórnia, Riley estava bastante certa que podia ver as plantas crescendo na frente dela. Para a floresta começar a atacá-la, algo estava terrivelmente errado. Annabel agarrou firmemente a mão Riley quando os dois pesquisadores a levantaram e ajudaram a tropeçar de volta à sua área de dormir privada, delimitada por lençóis e panos pendurados em cordas finas. —Obrigada, — Riley disse aos dois homens. Todos estavam muito cientes do silêncio atordoado no convés. Não foi a única a notar que os mosquitos brancos atacaram sua mãe e ninguém mais após o enxame inicial.
13 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Mesmo aqueles arrancados de seu corpo se esforçavam para levantar e rastejar na direção dela como se estivessem programados para fazê-lo. —Use isso nas mordidas, — disse Gary Jansen. —Posso fazer um pouco mais quando estivermos na floresta, se acabar. Vai tirar a coceira. Riley pegou o frasco. Os dois homens trocaram um olhar acima de sua cabeça e seu coração saltou. Eles sabiam de algo. Esse olhar tinha significado. Profundo. Ela sentiu o medo em sua boca e rapidamente olhou para longe, balançando a cabeça. Annabel tentou um sorriso desanimado e murmurou seu "obrigada" quando os dois homens se viraram para ir, dando às mulheres privacidade para encontrar mordidas sob a roupa. —Mamãe, você está bem? — Riley perguntou no momento que ficaram sozinhas. Annabel agarrou firmemente sua mão. —Ouça-me, Riley. Não faça perguntas. Não importa o que acontecer, mesmo se alguma coisa me acontecer, deve chegar à montanha e completar o ritual. Sabe cada palavra, cada movimento. Realize o ritual exatamente como ensinei. Vai sentir a terra se movendo através de você e... —Nada vai acontecer com você, mamãe, — Riley protestou. O medo estava dando lugar ao terror. Os olhos de sua mãe refletiam algum tumulto interior, algum conhecimento inato de um perigo que sabia que Riley não sentia — e uma vulnerabilidade terrível que nunca esteve lá antes. Nenhum dos casais na sua família sobreviveu muito tempo à perda de um cônjuge, mas Riley estava determinada que sua mãe fosse a exceção. Observava sua mãe como um falcão desde que seu pai, Daniel Parker, morreu no hospital após um ataque cardíaco. Annabel ficou de luto, mas não parecia desanimada ou fatalista até agora. —Pare de falar assim, está me assustando. Annabel se esforçou para sentar. —Estou te dando as informações necessárias, Riley. Assim como minha mãe me deu. E sua mãe antes dela. Se não conseguir chegar à montanha, a carga recai sobre você. É parte de uma 14 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
antiga linhagem, e passamos esse direito de mãe para filha há séculos. Minha mãe me levou a esta montanha, assim como sua mãe a levou. Eu levei você. É uma filha da floresta, Riley, nascida lá como eu. Puxou sua primeira respiração naquela montanha. Puxou isso em seus pulmões e, com isso, a floresta e tudo que tem vida, que faz as coisas crescerem. Annabel estremeceu novamente e alcançou o frasco que Riley segurava. Com mãos trêmulas arrancou sua camisa para revelar minúsculos mosquitos agarrados ao seu estômago, escovando com dedos trêmulos para tirá-los. Riley pegou o frasco e começou a passar o gel calmante nas mordidas. —Quando minha mãe me disse estas coisas, pensei que estava sendo dramática e zombei dela, — continuou Annabel. —Oh, não na cara dela, é claro, mas a achei tão antiga e supersticiosa. Ouvi as histórias das montanhas. Vivemos no Peru e algumas pessoas mais velhas da nossa aldeia sussurravam ainda sobre o grande mal que veio antes dos Incas e que não podia ser controlado, nem mesmo por seus mais ferozes guerreiros. Histórias. Histórias terríveis e assustadoras proferidas por gerações. Pensei que as histórias eram transmitidas principalmente para assustar as crianças e mantê-los dentro da proteção da aldeia, mas descobri outras coisas depois que minha mãe morreu. Algo está lá, Riley, na montanha. Algo mal e é nosso trabalho contê-lo. Riley queria acreditar que sua mãe delirava pela dor, mas seus olhos estavam constantes — e mais, com medo. Annabel acreditava em cada palavra que dizia e sua mãe não era dada a voos de fantasia. Mais para tranquilizar sua mãe que por realmente acreditar nesse absurdo sobre algum mal estar preso dentro de uma montanha, Riley assentiu. —Você vai ficar bem, — ela assegurou. —Fomos mordidas pela Manta Blanca em viagens anteriores. Não são venenosos. Nada vai acontecer com você, mãe. — Ela disse as palavras em voz alta, precisando soar verdadeira. —Este foi apenas um acontecimento bizarro. Sabemos que tudo pode acontecer na floresta...
15 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Não, Riley. — Annabel pegou a mão da filha e a segurou firme. — Todos esses atrasos... todos os problemas desde que chegamos... algo está acontecendo. O mal da montanha está deliberadamente tentando me atrasar. Está perto da superfície e orquestrando acidentes e doenças. Temos que ser realistas, Riley. — Seu corpo estremeceu novamente. Riley enfiou a mão em sua mochila e voltou com uma caixa de pílulas. — Anti-histamínicos, mãe, pegue um par destes. Provavelmente vai dormir, mas pelo menos a coceira vai parar por um tempo. Annabel assentiu com a cabeça e engoliu os comprimidos com água. — Não confie em ninguém, Riley. Qualquer uma dessas pessoas pode ser nosso inimigo. Temos de ir por nossa própria conta, logo que possível. Riley mordeu seu lábio, se abstendo de dizer qualquer coisa. Precisava de tempo para pensar. Tinha vinte e cinco anos e esteve nos Andes quatro vezes, sem incluir quando nasceu na floresta. Esta era a quinta viagem que se lembrava. A caminhada através da floresta era cansativa, mas nunca se sentiu apavorada como estava agora. Já era tarde demais para voltar e pelo que dizia sua mãe, não era uma opção. Precisava deixar sua mãe descansar, e, em seguida, precisavam conversar. Tinha de descobrir muito mais sobre o porquê da viagem aos Andes. Colocou o lençol no lugar assim que sua mãe pareceu adormecer e saiu para o convés. Raul, o carregador, olhou para ela e afastou o olhar rapidamente, claramente desconfortável pela presença de duas mulheres. Arrepios subiam por seus braços. Os esfregou, se voltando para caminhar pela grade, tentando colocar alguma distância entre ela e o resto dos passageiros. Só precisava de um pouco de espaço. Não havia espaço suficiente a bordo do barco para encontrar um recanto. Jubal e Gary, os dois pesquisadores, sentavam juntos num dos poucos pontos isolados e a julgar pelas expressões em seus rostos, não estavam muito felizes. Ela deu a eles um grande espaço, mas ao fazer isso acabou ao lado de Ben Charger, o terceiro engenheiro, o que ela não conseguia se decidir a respeito. 16 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sempre fora cortês com ambas as mulheres e, como Jubal e Gary, parecia estar desenvolvendo uma raia protetora em relação a elas. Ben assentiu com a cabeça para ela. —Sua mãe está bem? Riley piscou um sorriso hesitante. —Acho que sim. Dei um antihistamínico. Esperançosamente, entre isso e o gel que Gary nos deu, a coceira não vai deixá-la louca. São pequenos mosquitos desagradáveis. —Ela devia estar vestindo algo que os atraiu, — Ben arriscou, meio afirmando meio perguntando. —Talvez um perfume? Riley sabia que sua mãe nunca usava perfume, mas era uma boa explicação. Assentiu lentamente. —Não pensei nisso. O ataque foi tão bizarro. Ben estudou seu rosto atentamente, os olhos tão atentos que ela achou seu olhar perturbador. —Ouvi que você e sua mãe vieram aqui antes. Algo assim já aconteceu? Riley abanou a cabeça, grata que pudesse dizer a verdade. —Nunca. —Por que você e sua mãe vêm a um lugar tão perigoso? — Ben perguntou curioso. Novamente ele não piscou, ou tirou os olhos de seu rosto. A olhava com os olhos de um interrogador. —Pelo que entendi, nem mesmo os guias viajam para esta montanha. Tiveram que conseguir informações com um par de outros na aldeia. Parece um destino tão estranho para duas mulheres. Não há qualquer aldeia na montanha, então não está aqui pela linguística. Riley deu um sorriso vago. —O trabalho da minha mãe como horticulturista e advogada para a proteção de florestas tropicais nos leva a muitos lugares. Mas viemos aqui também porque somos descendentes do povo das nuvens e minha mãe quer que a gente aprenda tanto quanto possível para que esse povo não seja esquecido. — Ela pressionou seus lábios juntos e colocou uma mão defensiva em sua garganta. —Exatamente o que significa. Amo a floresta, e gosto das viagens com minha mãe. Realmente nasci na floresta das nuvens, então acho que minha mãe pensou que seria uma boa 17 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
tradição para continuar, vindo a cada poucos anos. — Ela olhou na direção do guia e baixou sua voz. —Não estávamos certas que estes homens realmente soubessem o caminho, e por isso achamos que seria mais seguro viajar com todos vocês. —Eu nunca fui lá, — admitiu Ben. —Viajei em torno de muitas florestas, mas não nesta montanha em particular. Não sei por que Don disse a todos que estivemos aqui antes. Ele gosta de pensar que sabe tudo sobre tudo. A floresta é tão perigosa como todos dizem? Riley assentiu com a cabeça. —Poucas pessoas já viajaram para este pico. É um vulcão e, embora não entre em erupção há mais de quinhentos anos, suspeito, por vezes, que está acordando, embora a maior parte seja devido à forma como os moradores falam sobre isso. Há alguma história transmitida através de várias tribos locais sobre essa montanha, então a maioria a evita. É difícil realmente encontrar um guia disposto a viajar até lá. — Ela franziu a testa. —Na verdade, ele passa um sentimento desalentador. Vai ficando inquieto quanto mais alto sobe. Ben correu as duas mãos através de seu cabelo, quase como se estivesse agitado. —Este lado todo da floresta parece infestado de lendas e mitos. Ninguém quer falar sobre eles, e todos parecem envolver alguma criatura que ataca a vida e o sangue dos vivos. Riley deu de ombros. —O que é compreensível. Praticamente tudo na floresta está relacionado a sangue. Já ouvi boatos, é claro, e nosso guia nos disse que não foram os Incas que destruíram o povo das nuvens, ou os espanhóis. O sussurro dos habitantes locais e descendentes é que um grande mal os assassinou de noite, sugando a vida deles e voltando as famílias umas contra as outras. O povo das nuvens era feroz na batalha e suaves em sua vida caseira, mas supostamente sucumbiram ou fugiram da aldeia para os Incas. Quando os Incas vieram para conquistar os povos da floresta, aparentemente a maioria dos guerreiros já estava morta. Há rumores que os Incas que viveram
18 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
aqui sofreram o mesmo destino que os mortos pelo mal saqueador. Seus guerreiros mais bravos morreram primeiro. —Isso não está nos livros de história, — disse Ben. Ainda assim ela teve a sensação que ele não estava surpreso ao ouvir essa versão sussurrada. Havia muitas outras histórias, é claro, cada uma mais assustadora que a outra. Contos de vítimas sem sangue, torturas e horrores que sofreram antes de serem assassinados. —Está falando de vampiros? Ela piscou. Ele deslizou essa pergunta tão casualmente. Muito casualmente. Ben Charger tinha um plano mais profundo que a mineração para viajar para esta região mal explorada. Velhas lendas? Ele podia querer escrever? Quaisquer que fossem suas razões, Riley estava certa que não tinham nada a ver com mineração. Ela franziu a testa, pensando nisso. Poderia a entidade malvada sussurrada ser um vampiro? O mito do vampiro parecia ter existido em todas as culturas antigas. —Honestamente não tenho ideia. Nunca ouvi qualquer que fosse a entidade ser denominada de vampiro, mas as línguas mudaram muito ao longo dos anos, e um pouco se perde na tradução. Suponho que seja possível. Morcegos hematófagos desempenham papel importante na cultura Inca e entre os Chachapoyas também. Pelo menos com base no pouco que minha mãe me disse e consegui descobrir sozinha. Não há muito para seguir em frente. —Fascinante, — disse Ben. —Se tivermos chance, gostaria de ouvir mais. Acho interessante culturas, e aqui, nesta parte da floresta, tribos e histórias parecem estar envoltas em mistério, o que me intriga ainda mais. Sou meio escritor amador e aproveito todas as oportunidades ao explorar uma nova região para descobrir o máximo que posso sobre velhos mitos. Acho que não importa aonde eu vá, certas criaturas lendárias se infiltraram nas culturas de todo o mundo. É intrigante.
19 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ao ouvir um som suave, Riley se virou para encontrar sua mãe de pé perto dela. Annabel pareceu desprotegida por um momento, seu rosto inchado pelas mordidas, os olhos atentos e muito desconfiados em Ben. Riley olhou para ela com surpresa. Sua mãe era a mulher mais aberta, suave que Riley já esteve perto. Não tinha um osso de suspeita em seu corpo. Como regra, compartilhava informações à vontade com todos, e a maioria das pessoas se deslocavam na sua direção. Riley sempre se sentiu protetora em relação à sua mãe, porque era tão confiante como Riley não era. Annabel piscou e o olhar de suspeita foi embora, deixando sua mãe simplesmente olhando para Ben. Riley sentia um pouco como se seu mundo estivesse rodando. Nada, ninguém, nem mesmo sua mãe — pareciam familiares. —Deveria estar descansando, mãe. Tantas mordidas podem deixá-la doente. Annabel abanou a cabeça. —Estou bem. O gel que Gary me deu é muito reconfortante. Tirou a coceira, e sabe que as mordidas não são venenosas. Gary e seu amigo devem ser muito bons estudando as propriedades das plantas, porque o gel realmente funciona. Ben olhou para os dois homens. Embora ambos fossem claramente americanos, Gary e Jubal viajaram de algum lugar na Europa para procurar uma planta mítica com extraordinárias propriedades curativas que supostamente crescia nos Andes. Pela expressão em seu rosto, achava que ambos os homens eram ligeiramente insanos. Annabel pegou a mão de Riley e assentiu com a cabeça para Ben e se moveu para as grades do barco, no centro, onde ficariam sozinhas. O rio estreitou tanto que, em alguns lugares, os enormes sistemas radiculares das árvores ao longo da margem quase raspavam o barco. Linhas de morcegos balançavam alto nas árvores, uma visão estranha. Eram grandes, pendurados de cabeça para baixo no espesso dossel. Riley os viu antes, até 20 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mesmo quando criança, mas por alguma estranha razão, desta vez era preocupante, como se os morcegos estivessem à espreita, imóveis, esperando no escuro para começar a caça — desta vez de presas humanas. Sentiu um pequeno arrepio pela sua própria fantasia dramática. Estava permitindo que o nervosismo do confinamento a atingisse. Devia ser mais esperta. Os morcegos eram grandes e definitivamente morcegosvampiros — que se alimentavam de sangue quente — mas duvidava que sua fome fosse pessoal e certamente não estavam esperando por um barco de desavisados humanos para atacar. Sentiu olhos nela e virou para ver Don Weston olhando para ela. Ele sorriu e fingiu atirar de um rifle imaginário nas criaturas imóveis. Riley se virou. Que Weston precisasse ser o centro das atenções a cada momento a enojava. Sua reação aos morcegos estava próxima demais da dela, da forma como se sentia — e não queria sentir nada em comum com o homem. Ela voltou sua atenção para sua mãe, pegando sua mão e a segurando firmemente. Naquela manhã deixaram o rio principal e começaram a jornada até o afluente na direção de uma das partes mais remotas do Peru. A selva fechava em torno deles, às vezes quase raspando os lados dos dois barcos navegando rio acima. A floresta estava em constante movimento, quase como se os animais os acompanhassem. Macacos olhavam com grandes olhos redondos. Araras coloridas vibravam sobre suas cabeças, arremessando dentro e fora do dossel de árvores. Estavam definitivamente entrando no mundo da floresta, a selva exuberante e misteriosa que apenas se aprofundava e se tornava mais perigosa a cada segundo que passava. O rio estreitou e o ar ficou ainda mais carregado com os pungentes aromas sombrios da floresta profunda. Reconheceu os sinais. Em breve, o rio seria impossível de navegar. Seriam forçados a abandonar os barcos e atravessar a floresta a pé. Ao contrário de muitos lugares na floresta onde era fácil andar porque muito pouco podia viver no chão, sem muita luz, esta área era densa. Ela viajou muito, mas o cheiro e a 21 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
quietude deste lugar era uma coisa que nunca encontrou em nenhum outro lugar na terra. Ao contrário de qualquer uma das suas visitas anteriores, desta vez Riley se sentia um pouco claustrofóbica. —Ei, Mack, — Don chamou o outro engenheiro. —O que diabos está acontecendo agora? Juro que a selva está viva. — Ele deu um riso nervoso, enquanto salientava a forma estranha como os ramos mergulhavam abaixo e vinham na direção deles, enquanto o barco passava. Todo mundo se virou para olhar o banco mais próximo deles enquanto uma grande onda verde crescia, os seguindo. Cada ramo estremecia, se desdobrando e se estendendo através da água, como se pretendesse deter seu progresso rio acima. O primeiro barco passou incólume, mas no momento que o segundo barco chegou perto do banco, as folhas se estenderam para eles. A agitação era estranha, como se a selva realmente criasse vida, como disse Don. O coração de Riley pesou. Viu o fenômeno muitas vezes antes. Sua mãe atraia plantas em todos os lugares que passava. Não havia como fugir disso. A força magnética nela nunca foi tão forte, mas a espessa folhagem ao longo de ambos os bancos se congratulava com ela de braços abertos, até mesmo crescendo algumas polegadas numa tentativa de tentar tocá-la. Nunca era bom chamar muita atenção na floresta, principalmente ao redor dos supersticiosos guias e carregadores. Riley sentia uma profunda necessidade de proteger sua mãe. Ficou entre a mãe e o banco, segurando a grade com ambas as mãos e olhando as plantas se desdobrando com olhos arregalados, chocados. —Uau, — ela acrescentou ao murmúrio súbito de conversa. —Isto é incrível. —É assustador, — disse Mack, se afastando da grade. Os carregadores e o guia olharam para o alcance das plantas e árvores e, em seguida, se viraram para olhar diretamente para Annabel. Sussurraram entre si. Riley sentiu outros olhos sobre eles. Gary e Jubal olhavam sua mãe
22 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
também. Apenas os três engenheiros olhavam como a floresta se fechava ao redor deles. Os dois barcos continuaram rio acima, se aproximando da montanha. Jacarés pretos, gigantes dinossauros do passado, tomavam sol nas margens, mantendo um olho faminto nos pequenos barcos invadindo seu espaço. Grandes nuvens de insetos negros mordiam cada centímetro de pele exposta e ficavam presos no cabelo e até mesmo nos dentes, desta vez mosquitos e outros insetos sugadores de sangue. Não havia nada a fazer senão suportar. Abaixo deles, as águas escuras ficavam rasas, retardando o progresso, e por duas vezes, o barco parou e tiveram que cortar os juncos emaranhados que alcançaram a parte inferior do motor e hélice. A cada guinada inesperada, todos a bordo eram jogados pelo convés. Weston levantou com um xingamento e cambaleou para o lado do barco para cuspir na água. —Isso é ridículo. Não podia ter achado outra maneira? — ele exigiu de seu guia, Pedro. O guia lançou um olhar tenso. —Não há nenhuma maneira fácil de ir a este lugar que quer. Weston descansou sua bunda sobre as grades quando apontou o dedo ao guia. —Acho que está apenas tentando conseguir mais dinheiro e isso não vai acontecer, amigo. Pedro murmurou algo em sua língua para os dois carregadores. Este a selva pode comer, Riley interpretou. Não os culpava. O guia e carregadores riram. Weston acendeu um cigarro e olhou sobre a água escura. O barco novamente cambaleou e, em seguida, enquanto todos desesperadamente tentavam se equilibrar, deu uma enorme guinada. Weston caiu para frente, pendurado por um momento de tirar o coração sobre as grades. Todo mundo
23 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pulou para ajudá-lo enquanto pendurava precariamente, os braços abaixo, muito perto da água. Riley pegou na fivela do seu cinto enquanto Annabel alcançava o lado para agarrar seus braços. No momento que Annabel se inclinou abaixo, os braços cobrindo Weston, a água ganhou vida, como um caldeirão fervente, piscando em prata com manchas barrentas de vermelho. —Mamãe! — Riley gritou, alcançando sua mãe, e ainda segurando Weston. Seu peso estava puxando as duas para frente. Os outros correram para ajudar quando Annabel escorregou mais longe na direção da água escura, a água coberta de junco agora fervendo com piranhas frenéticas. Não havia nenhum sangue na água para que a turbulência fizesse sentido. Para horror de Riley os peixes começaram a saltar fora da água, centenas deles, corpos e cabeças estreitos como foguetes disparados, as mandíbulas em forma triangular com dentes afiados, as mandíbulas abrindo e fechando fazendo um som terrível. Embora as histórias de frenesis de piranhas abundassem, Riley sabia que ataques a pessoas eram bastante raros. Nadou em águas com elas em várias ocasiões. Esse comportamento bizarro era extraordinário, tão antinatural e inquietante como o ataque da La Manta Blanca. E assim como a Manta Blanca, parecia claro que as piranhas se esforçavam para alcançar sua mãe, e não Don Weston. Foi Jubal que alcançou Annabel e a puxou de volta para longe da grade, praticamente a jogando para Gary. Então pegou Weston e o puxou de volta ao convés também. Em vez de ser grato, o engenheiro deu um tapa nas mãos de Jubal, xingando e deslizando abaixo para sentar no convés, sua respiração chegando em grandes ofegos. Olhou para Pedro e os dois carregadores, como se os três homens deliberadamente tentassem assassiná-lo. O guia e ambos os carregadores olharam para Annabel com um olhar que fez Riley desejar ter à mão uma arma escondida. Antes que alguém pudesse falar, o barco quase encalhou e os dois nativos voltaram para seu trabalho. 24 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Um grande galho baixo mergulhava abaixo, e uma cobra caiu no convés com um baque nas botas de Don Weston. —Não se mova, — Jubal sussurrou quando a serpente olhou para o engenheiro. —Essa víbora é extremamente venenosa. Pedro, o guia, se voltou alcançando o facão que sempre estava perto. Antes que pudesse dar um passo, a cobra fez uma rotação abrupta e se lançou sobre Riley. Ela tropeçou atrás em sua mãe. A cobra passou entre suas pernas, indo direto para sua mãe. Gary Jansen arrancou Annabel do chão e se torceu de lado, a mantendo no ar enquanto Jubal empurrava Riley, gritando com o guia, a mão acima no ar. Pedro jogou o facão e num movimento suave, Jubal passou a lâmina afiada através do pescoço da cobra, cortando sua cabeça. Houve um momento de silêncio quando Gary desceu Annabel para o convés, a segurando firme para que não caísse. —Obrigada — Riley disse suavemente para ambos os pesquisadores. Não tentou esconder o fato que estava muito abalada. A mãe olhou para ela arrasada. O mundo de Riley se desintegrava. Capa, Raul e Pedro olhavam para sua mãe com o mesmo olhar que tinham em seus rostos quando viram pela primeira vez a cobra. Estavam com problemas reais se os guias e carregadores se tornassem hostis com elas. Alcançou a mão de sua mãe e a segurou firmemente.
Capítulo 2
25 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Noites eram o inferno na selva. No pôr do sol, o zumbido começou. Não era como se os insetos estivessem em silêncio — estavam produzindo um zumbido constante e persistente — mas Riley podia afastar o som. Isso era algo completamente diferente, um ruído macio, persistente, uma frequência baixa que tilintava cada nervo no corpo. Ela acordou com esse ruído estranho na primeira noite que entrou na floresta. Estranhamente, Riley não conseguia identificar o baixo, irritante zumbido, nem podia dizer se era dentro ou fora de sua cabeça. Observou os outros — incluindo sua mãe — esfregando suas têmporas como se sua cabeça doesse e ela temesse que essa mesma frequência baixa de sussurros, que não podia captar, estivesse os invadindo insidiosamente, aumentando o perigo de sua viagem. Durante o dia os sussurros iam embora, mas os efeitos permaneciam. Seus sentidos, desde que entrou na floresta, pareciam ganhar vida e estavam fazendo horas extras. Notava cada pequeno olhar desconfiado na direção de sua mãe. Jubal Sanders e Gary Jansen estavam armados até os dentes, e ela estava com muita inveja de suas armas. Os dois se moviam em silêncio, se mantinham afastados e observavam todos. Chegou à conclusão que sabiam muito mais sobre o que estava acontecendo do que mostravam. Don Weston e seu amigo Mack Shelton eram um par de idiotas como pareciam. Nunca fizeram uma caminhada numa floresta, e claramente tinham medo de tudo. Se gabavam, reclamavam e intimidavam os carregadores e guias, quando não estavam olhando de soslaio para Riley ou alimentando a desconfiança desenfreada entre os viajantes. Ben Charger parecia muito mais bem informado sobre a floresta e as tribos que a ocupavam. Ele fez uma pesquisa extensiva e se preparou. Não gostava de Weston ou Shelton, mas tinha que trabalhar com eles e claramente não estava feliz com isso. Passava muito tempo conversando com os guias e carregadores, fazendo perguntas e tentando aprender com eles. Riley não
26 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
podia realmente culpá-lo de nada. Talvez estivesse apenas nervosa com todos, neste momento. O arqueólogo e seus alunos estavam muito animados e pareciam completamente alheios à tensão que atravessava o acampamento, embora percebesse que ficavam inquietos à noite, sentados perto do fogo. Pareciam motivados, amigáveis e muito focados em sua missão. O Dr. Henry Patton e seus dois estudantes, Todd Dillon e Marty Shepherd estavam mais animados sobre as ruínas que ouviram falar do que interessados ou não se uma mulher em sua companhia trazia má sorte aos viajantes. Pareciam jovens e ingênuos, até mesmo o professor, que estava no final dos cinquenta anos. Seu mundo girava em torno da academia. Riley estava um pouco triste pelos três arqueólogos, tão sem noção, e muito grata por escolher concentrar seus estudos em línguas modernas, em vez de mortas. Gostava de viajar, falar com as pessoas e gostava demais de viver a vida para ficar trancada numa torre de marfim, debruçada sobre tomos empoeirados. Claro, estudou línguas antigas também, mas principalmente como uma janela para a evolução das línguas e seu impacto nas várias culturas. Riley olhou na direção de Raul e Capa, os dois carregadores que compartilharam o barco com eles rio acima. Não gostava da maneira como sussurravam e enviavam olhares furtivos na direção da rede de dormir de Annabel. Talvez esse zumbido terrível em sua cabeça a estivesse deixando tão paranoica como todos os outros, mas em qualquer caso, não tinha nenhum sono. Não apenas tinha que se preocupar com os homens do acampamento; os insetos, morcegos e cada outra criatura da noite pareciam perseguir sua mãe também. Estava há quatro noites sem dormir, vigiando sua mãe e estava começando a sentir os efeitos, desfiando tanto seus nervos que achava quase impossível tolerar os maliciosos olhares de soslaio de Weston. Não queria acrescer os problemas por não gostar dele, mas definitivamente estava 27 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
naquele ponto. O fogo inflamava brilhante. Fora do anel de fogo, um jaguar rosnou. Parecia segui-los, mas quando os guias saíram para verificar pela manhã, não puderam encontrar pistas. Era impossível não ser afetado por esse rouco rosnado grunhido. Podia ouvir o lento esvoaçar de asas sobre a cabeça de Annabel. Morcegos-vampiros pousavam nas árvores, roçando as folhas e galhos grossos até que a árvore gemeu, tentando suportar o peso de tantos. Riley engoliu e virou lentamente a cabeça na direção do fogo saltando. Os carregadores e guias olharam para a árvore repleta de morcegos pendurados. As criaturas foram de interessantes a sinistras em questão de segundos pela quarta noite consecutiva. Pedro, o guia, e Raul e Capa, os dois carregadores de seu barco, se moveram um pouco para as sombras. Todos os três agarraram seus facões. Os olhares em seus rostos iluminados pelas chamas tremeluzentes revelavam expressões de medo dela. Por um momento de parar o coração, os homens pareceram tão ameaçadores como os morcegos. Riley sentou lentamente. Ela estava com suas botas, sabendo que protegeria sua mãe. Annabel dormia agitada, às vezes gemendo. Sua mãe sempre teve audição aguda, mesmo em seu sono. Um gato andando pelo chão a acordaria, mas desde a entrada na floresta, parecia exausta e fraca. À noite se torcia e girava em sua rede, às vezes, chorando baixinho, pressionando as mãos na cabeça. Mesmo quando os morcegos caíam na terra e a rodeavam, usando suas asas para impulsioná-los através da densa vegetação, Annabel nunca abria seus olhos. Riley preparou suas defesas com cuidado, usando tochas que pudesse acender facilmente, indo ao extremo de construir uma pequena parede de fogo circular em torno da área que sua mãe dormia. Quando ela soltou sua rede, avistou Raul rastejando na direção dela. Estava abaixado e nas sombras, mas podia divisá-lo, deslizando de um lugar escuro para outro, perseguindo sua
28 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
presa. Riley olhou de novo para sua mãe dormindo. Temia que Annabel fosse a pretendida presa do carregador. Com o coração disparado, provando o medo em sua boca, Riley saiu de sua rede e tirou sua faca. Isso contra um facão, especialmente manuseado por um homem que o usava constantemente, era louco, mas teria que passar por ela para alcançar sua mãe, assim como os morcegos-vampiros teriam que fazer. E não seria apenas sua faca, se viesse por sua mãe. Riley pegou uma tocha e segurou o fogo abaixo que preparou antes como defesa contra os morcegos. Ela ia matá-lo se precisasse. A ideia a deixava doente, mas se fortaleceu, passando cada passo em sua cabeça. Praticando. A bile subiu, mas estava determinada. Ninguém — nada — prejudicaria sua mãe. Estava decidida, e nada a impediria, nem mesmo a ideia do que estava prestes a fazer ser considerado assassinato premeditado. Raul avançou mais perto. Riley podia sentir o cheiro de seu suor. Seu cheiro estava todo "errado" para ela. Puxou uma respiração profunda e a deixou sair, deslizando na direção da rede de sua mãe, colocando seus pés cuidadosamente em posição. Podia sentir o chão sob ela, quase subindo para atender cada pisada. Nunca foi tão consciente da pulsação da terra. Nem uma folha balançava. Nenhum galho rangia. Seus pés pareciam saber exatamente onde pisar para evitar fazer um som, para evitar torcer um tornozelo ou cair no chão desigual. Se posicionou na frente da rede de sua mãe, escolhendo um local onde pudesse facilmente evitar qualquer ataque. Um movimento perto dela fez seu pulso saltar. A sombra de um homem pairou sobre a rede, lançada pelas chamas na fogueira que de repente saltaram na direção do céu. Nunca o teria visto de outra forma. Jubal Sanders estava muito tranquilo. Ela girou rápido para enfrentá-lo, mas ele passou por ela para ocupar uma posição na frente da rede de Annabel. Se quisesse matar sua mãe, ela já estaria morta — estava tão perto sem Riley saber. 29 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sabia, quase sem virar a cabeça para confirmar, que Gary Jansen estava ao pé da rede de sua mãe. Passou os últimos quatro dias caminhando duro pela selva e ela conhecia a forma como se movia — suave através do terreno áspero e silencioso — mas ainda a surpreendeu. Parecia do tipo que ficaria mais confortável num jaleco de laboratório, o professor distraído. Claramente, era brilhante. Não podia falar com ele e não perceber que era extremamente inteligente, mas deslizava tão facilmente através da selva como Jubal e estava igualmente bem armado, e provavelmente era tão proficiente com armas quanto ele. Ela estava contente por escolherem ajudá-la a proteger Annabel. O terrível zumbido em sua cabeça aumentou, e por um momento parecia que sua cabeça ia explodir. Ela pressionou os dedos firmemente contra suas têmporas. Estava olhando diretamente para Gary quando a dor explodiu através de seu crânio e sacudiu seus dentes. Ele agarrou a cabeça no mesmo momento, a balançando. Seus lábios se moveram, mas nenhum som saiu. Ela olhou para Jubal. Ele também sentia dor de cabeça. As palavras eram estranhas. Misturadas juntas, quase como um canto, mas definitivamente palavras. Ela se destacou no estudo de línguas antigas e mortas, bem como nas modernas, mas não reconhecia ainda o ritmo das palavras — mas Jubal e Gary claramente o fizeram. Ela viu as expressões em seus rostos, o alarme trocado em seus olhares. Ben Charger cambaleou até o outro lado da rede de Annabel, pressionando as mãos em seus ouvidos. —Algo está errado, — ele sussurrou. —Isso é sobre ela. Algo mal a quer morta. Jubal e Gary acenaram em acordo. A multidão de morcegos se agitou. O coração de Riley batia duro o bastante para que temesse que os outros pudessem ouvir. Conseguiu um aperto melhor em sua faca e na tocha e esperou na escuridão, enquanto Annabel gemia e se contorcia, como se fugisse de algo terrível a perseguindo, assombrando seus sonhos.
30 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Raul saiu das sombras, o facão seguro em suas mãos, murmurando a mesma frase uma e outra vez. — Hän kalma, emni hän ku köd alte. Tappatak ηamaη. Tappatak ηamaη. Riley ouvia as palavras claramente enquanto o carregador as repetia continuamente. Ela conhecia a maioria dos dialetos tribais falados nesta parte da floresta tropical. Conhecia o espanhol e português. Conhecia línguas europeias e até mesmo russo e latim, mas isso não era nada que ouvira antes. Nem de origem latina. Nem qualquer uma das línguas mortas às quais estava familiarizada, mas as palavras significavam algo para o carregador e —olhou para Jubal e Gary — para os dois pesquisadores. Raul gritava as frases repetidamente numa voz gutural, hipnótica. Seus olhos estavam vidrados. Ela viu cerimônias que deixava seus adeptos em transes e o carregador definitivamente parecia estar num, o que o deixava duplamente perigoso. Suor escorria pelo seu corpo, pingando para ondular sombriamente através das folhas que agora estavam cobertas com milhares de formigas. Ele balançava a cabeça continuamente, como se combatesse o som na sua cabeça, tropeçando atrás alguns metros e, em seguida, implacavelmente avançando novamente. Sua boca ficou seca quando a multidão de morcegos começou a descer, caindo no chão como ameaçadoras aves de rapina, rastejando através da vegetação. Seus olhos redondos fitavam Annabel enquanto usavam suas asas como pernas, se impulsionando para sua presa. Raul se arrastou mais perto, seus movimentos desajeitados, bem ao contrário de seus normais movimentos leves, o canto murmurado aumentando de volume e intensidade, a cada passo para frente. Mais perto agora, o jaguar dando outro rosnado assombrado. Riley não podia acreditar no que estava acontecendo. Era como se tudo ficasse hostil na floresta para matar sua mãe. Riley acendeu sua tocha, a mantendo longe de seu corpo e rapidamente começou a acender as tochas que colocou ao redor de sua mãe. As tochas acenderam, formando uma parede baixa de luz e fogo ao redor de Annabel. 31 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Raul continuou avançando apesar do fato que tentava desesperadamente parar a si mesmo. Cada vez que conseguia se mover atrás, para longe de Annabel, seu corpo começava um movimento para frente novamente. Não rápido. Nem lento. Um robô programado, cantando mais alto a mesma frase, mais e mais. Um comando. Uma exigência. — Hän kalma, emni hän ku köd alte. Tappatak ηamaη. Tappatak ηamaη. O carregador não parecia ver os morcegos macabros arrastando suas asas de forma perturbadora. Seus olhos vidrados permaneciam fixos em Annabel, o facão apertado nas duas mãos enquanto se aproximava. —Riley — Jubal disse. —Fique dentro do círculo de fogo e mantenha os morcegos fora com sua tocha. Deixe-me lidar com Raul. Ela tentou não parecer aliviada. Era seu dever proteger sua mãe, mas a máscara diabólica do carregador, cheia de algum louco, zeloso e fanático propósito era realmente horrível. Escorregou atrás no círculo de fogo, mais perto de sua mãe. Jubal Sanders ergueu uma arma e levantou sua voz. —Pedro, Miguel, Alejandro, —chamou os três guias. —O detenham antes que eu o mate. E vou atirar. Se não querem que Raul morra, é melhor contê-lo. Ele tem cerca de sete segundos e, em seguida, puxo o gatilho. Não havia nenhuma dúvida que Jubal estava totalmente preparado para atirar no carregador. Sua voz ressoava com comando, embora num tom baixo, firme. O tempo ficou lento. Como um túnel. Riley via tudo como se estivesse num sonho distante. A virada inevitável de cabeças, as expressões de medo e choque. O arrastar à frente dos morcegos. O carregador dando um passo mais perto. Jubal, calmo, a arma na mão. Miguel, Pedro e Alejandro, todos irmãos, correram na direção de Raul, enquanto os outros ficavam indecisos, aparentemente em choque pela clara intenção do carregador em assassinar uma mulher. O Dr. Patton e seus dois estudantes pareceram notar pela primeira vez que algo estava errado. Todos os três se levantaram rapidamente, olhando fixamente com horror o desenrolar 32 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
da cena. As chamas cresceram assustadoramente da fogueira principal e passaram pelas tochas colocadas no chão, como se um vento passasse de repente, mas o ar estava parado. — Hän kalma, emni hän ku köd alte. Tappatak ηamaη. Tappatak ηamaη. — Raul continuava a cantar a frase estranha mais e mais. Riley podia ouvir as palavras claramente agora. Reconheceu a cadência estranha zumbindo no ouvido dela, como se fosse esse mesmo refrão, mas embora distante para ela, alimentava sua mente — todas as mentes. Havia dezenas de alucinógenos na floresta que os guias e carregadores, provavelmente os pesquisadores ou mais alguém do grupo podiam conhecer. Qualquer pessoa podia ser responsável por esses ataques sobre sua mãe. Weston alimentava as superstições, embora ele e Shelton parecessem estar dormindo agitados em suas redes, inconscientes do desdobramento do drama. O tempo passava em lentos segundos. Raul continuava obstinadamente para frente. Jubal não piscava. Poderia ser esculpido em pedra. Os morcegos se arrastavam na direção de Riley, se aproximando das tochas e do círculo de fogo ao redor de Annabel. — Hän kalma, emni hän ku köd alte. Tappatak ηamaη. Tappatak ηamaη. Seu coração bateu duro, batida após batida, nesse mesmo ritmo ameaçador do diabólico carregador cantando. Imediatamente percebeu que até mesmo os morcegos se arrastavam na direção de Annabel nesse mesmo exato ritmo. Tudo ao seu redor, desde o bizarro balanço das árvores até a dança das chamas, apesar do silêncio do vento, pulavam pelo canto do carregador. Esse canto era o que emanava dentro de suas cabeças. Alguém no acampamento devia estar alvejando Annabel, usando alucinógenos e lançando suspeitas sobre ela. O fato que as plantas e árvores respondiam a ela apenas alimentava a superstição. Nada disso fazia sentido. Miguel e Pedro se aproximaram de um lado de Raul. Seu irmão, Alejandro, veio rápido pelo outro lado. Todos os três franziram a testa em concentração, sacudindo as cabeças para tirar o ímpio canto de suas mentes, 33 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
enquanto tentavam salvar o carregador da arma de Jubal. Estavam aparentados com ele de alguma forma, Riley lembrou, mas muitos dos moradores eram aparentados. Sua afeição por ele felizmente superava a alucinação terrível em que Raul parecia preso. Quando se fecharam em torno dele, agarrando sua mão para segurar o facão, o carregador continuou tentando caminhar para frente, ignorando os três guias pendurados nele. Manteve seu canto macabro. Riley varreu sua tocha pelo chão quando a primeira linha de morcegos chegou muito perto de sua mãe, mesmo enquanto tentava encaixar o significado desses sons guturais, estranhos, emergindo da boca de Raul. O cheiro de carne queimada permeou o ar. Os morcegos se esforçavam para recuar enquanto ela balançou sua tocha novamente num círculo, rente à terra, conduzindo as criaturas para trás e para longe da rede de sua mãe. Dois já estavam subindo pelo tronco da árvore. Ela os espetou com a tocha e então, quando pegaram fogo, os jogou no chão, chutando as bolas de fogo para longe de Annabel. Ouviu passos rápidos de asas se arrastando pela vegetação atrás dela e girou para descobrir que os morcegos faziam um círculo do outro lado da rede. Ben Charger pegou uma tocha, as chamas deixando seu rosto em relevo. Linhas profundas cortavam seu rosto, o fazendo parecer maníaco. Seus olhos brilhavam com uma espécie de fúria. Por um momento ficou com medo por sua mãe, mas ele pegou a tocha e varreu os morcegos-vampiros se aproximando, os conduzindo atrás, atingindo os persistentes com o fogo. Gary lutava do seu lado da rede. Ela correu de volta para trás de Jubal e varreu sua tocha por toda a linha de morcegos se esgueirando sob a rede nessa direção. O cheiro era horrível, e não conseguia parar de tossir enquanto a fumaça preta levantava em torno deles. Annabel nunca acordou, mas se torcia e lutava em sua rede, enquanto os três homens ajudavam Riley a protegê-la. Miguel e Pedro arrastaram Raul através da vegetação espessa, enquanto ele se recusava a parar, se recusava a recuar, tentando desesperadamente 34 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
continuar em frente, apesar da ameaça da arma. O carregador continuava a repetir a mesma frase repetidamente. Os outros rosnavam ordens para ele, mas não os ouvia, tão longe em sua alucinação. Alejandro recuperou o facão, o mantendo bem longe das mãos de Raul. Eles o arrastaram para o lado mais distante do acampamento e o prenderam lá. O arqueólogo e seus alunos hesitantes olhavam o solo, estudando a confusão de morcegos mortos e moribundos e vendo os outros se retirando das chamas tocando a rede. —Você está bem? — O Dr. Patton perguntou. —Isso é bizarro. Esse homem realmente tentou matar um de vocês com um facão? Parecia estar acordando de um transe. Parecia tão chocado que Riley teve uma inesperada vontade de rir. Ele vagou através da floresta com eles por quatro dias. Ouviu as histórias dos ataques da cobra e das piranhas, uma e outra vez graças a Weston, que não parecia capaz de falar sobre qualquer outra coisa, e ainda assim, pela primeira vez, o arqueólogo parecia perceber que algo estava errado. Ele piscou, percebendo a arma que Jubal ainda carregava em sua mão. — Algo está acontecendo aqui. Um som escapou de sua garganta antes que pudesse detê-lo. Riso histérico, talvez. —O facão que te derrubou, o canto diabólico do inferno ou a horda de morcegos-vampiros rastejando? — Riley bateu sua mão sobre sua boca. Sem dúvida estava histérica para responder assim. Mas realmente? Algo estava acontecendo? Qual foi sua primeira pista? Estava levando o papel de professor distraído um pouco longe demais. —Devagar — Jubal sussurrou. —Ela está segura agora. Acho que foi muito para uma noite. Riley mordeu seu lábio para não retrucar. A floresta estava cheia de predadores de todas as formas e tamanhos, todos aparentemente com intenção de atacar Annabel. Como sua mãe estaria segura? O sentimento de acolhida, de regresso ao lar que sempre experimentaram em suas visitas anteriores 35 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
estava totalmente ausente. Desta vez, a floresta parecia selvagem e perigosa, até mesmo malévola. Ela forçou sua atenção de volta aos morcegos restantes. Felizmente, estavam recuando do fogo e do fedor de seus companheiros assados. Esse nó em seu estômago aliviou um pouco quando inspecionou o tronco e galhos acima de sua mãe. Os insetos estavam recuando também. —Devia ter ajudado você, — disse o Dr. Henry Patton. —Não sei por que não o fiz. Seus dois estudantes o seguiam num ritmo muito mais lento, parecendo atordoados e confusos como seu professor. Riley engoliu uma acusação irritada. Nada disto era culpa do arqueólogo. Talvez tivesse meios e conhecimentos para compreender as propriedades de uma planta alucinógena e contaminar toda a expedição, mas quais seriam seus motivos? Possivelmente quais poderiam ser seus motivos? Ela passou uma mão cansada pelo cabelo, exausta. Não se atreveu a dormir nas últimas quatro noites, não desde a entrada na floresta. Não desde que esse sussurro terrível começou. O zumbido sem fim era suficiente para deixar qualquer homem sensato louco, e claramente era a menos afetada do seu grupo. Os três guias e o resto dos carregadores rodeavam Raul, preso com algum tipo de corda. Continuava a cantar naquela linguagem gutural, desconhecida, às vezes murmurando, às vezes gritando e continuava tentando se mover na direção da rede de Annabel. Seus primos foram forçados a amarrá-lo numa das árvores para impedi-lo de atacá-la novamente. Sua mão estava fechada num punho, como se ainda segurasse o facão. Balançava seu braço para trás e para frente através do ar numa pantomima perturbadora. —O que Raul está dizendo? — Riley perguntou a Jubal, uma vez que o entusiasmo arrefeceu e todo mundo voltou para suas redes. Ela acenou para o carregador amarrado na árvore e observou a expressão de Gary. —Posso ver que vocês reconhecem a língua. — Ela olhou direto nos olhos de Jubal. — 36 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Não negue. Vejo nos olhares que vocês dois dão um ao outro. Não há dúvidas que sabem o que está dizendo. Jubal e Gary viraram quase simultaneamente para olhar sobre seus ombros para Ben Charger. Era óbvio que não queriam falar na frente de ninguém. —Deixe-me dar-lhe uma mão para limpar esses morcegos, — disse Gary. Riley deliberadamente começou a fazer uma varredura dos morcegos mortos e moribundos ao redor de sua mãe. Era um trabalho feio, doentio. Jubal e Gary trabalhavam vigorosamente, o que era uma coisa boa, porque teria os seguido de volta para suas redes para conseguir uma explicação. Ben trabalhou com eles por alguns minutos, chutando os corpos assados da rede de Annabel, mas quando Gary começou a escavar a vegetação para jogar todos numa vala, o engenheiro se foi. —Não acho que vai precisar mais de mim esta noite. As coisas parecem estar se acalmando. Só então Riley percebeu que o zumbido terrível em sua cabeça desapareceu. Embora não conseguisse ouvir mais, podia dizer pelos olhos vermelhos e rugas nos rostos dos outros que não parou completamente. — Muito obrigado por sua ajuda. Não conseguiria conter todos sem você. Você agiu rápido. Ben deu de ombros. —Foram direto para ela. Não ia ficar parado e deixar que ela se machucasse. Tenho sono leve. Se algo acontecer novamente, dê um grito e virei correndo. Riley forçou um sorriso breve. —Obrigada mais uma vez. Ben esfregou suas têmporas, carrancudo quando se afastou dela. Riley ajudou a empurrar os restos dos morcegos no buraco que Gary cavou, esperando até Ben estar fora do alcance da voz antes que se virasse para Jubal. —Tudo bem, — disse ela, —ele se foi. Agora me diga o que Raul estava cantando. E que linguagem estava falando? Certamente não é nativo deste país ou qualquer tribo daqui da Amazônia. 37 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Jubal escorregou sua arma em algum tipo de cinto sob seu casaco solto. Riley achou interessante que não a guardasse até Ben sair. —A linguagem é antiga, — disse Jubal. —Se originou nas montanhas dos Cárpatos, mas há muito poucos que ainda falam ou até mesmo a compreendem hoje. Ela franziu a testa para ele. —As montanhas dos Cárpatos? Como no mundo poderia um carregador semi-analfabeto de uma aldeia remota na Amazônia vir a conhecer e falar uma antiga língua europeia, que nem mesmo eu nunca ouvi falar? Deixe para lá. Podemos falar sobre isso mais tarde. Por agora, quero saber o que ele estava dizendo. Jubal olhou sobre sua cabeça para Gary. —Não faça isso. Olhe para mim, não para ele. Sei que entendeu o que ele disse, — insistiu Riley. —Esse homem estava tentando matar minha mãe. E o tempo todo dizia ―Hän kalma, emni hän ku köd alte. Tappatak ηamaη. Tappatak ηamaη‖. — Ela repetiu a frase com afinação perfeita, entonação, soando exatamente como Raul. —Quero saber o que significa. Jubal sacudiu a cabeça. —Não sei a resposta para isso. Realmente não sei, Riley. Não sou tão bom na língua como Gary, e não quero cometer um erro. Acho que entendi o sentido do que estava tentando dizer, mas se traduzir e alarmar você... —O homem veio atrás da minha mãe com um facão. Não acho que isso será mais alarmante, — Riley soltou e imediatamente se envergonhou de si mesma. Precisava da ajuda desse homem. Gary, Ben e Jubal, sem dúvida, não apenas salvaram a vida de sua mãe, mas provavelmente a sua também. —Me desculpe. Ajudou a defender minha mãe, e aprecio isso. Mas estou com medo por ela e preciso saber com o que estou lidando. Gary rodeou a rede de Annabel para ficar na frente de Riley. —Lamento que isso esteja acontecendo com vocês duas. Deve estar muito assustada. Me parecia, e esta é uma tradução livre, que estava cantando ―morte à mulher
38 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
amaldiçoada. Mate-a. Mate-a.‖ É tão próximo quanto posso descrever. — Ele olhou para Jubal. —Entendeu a mesma coisa? Riley sabia que ele voltou sua atenção para Jubal a fim de dar-lhe tempo para se recuperar. Suspeitava que a tradução seria algo ameaçador — mas ainda assim, parecia que alguém perfurou seus intestinos e expulsou cada bocado de ar de seus pulmões. Ela se obrigou a respirar quando olhou para o céu da noite através do dossel, um filme de folhas nebulosas. Quem estaria atrás de Annabel? Era uma mulher incrível, amável. Todo mundo que a conhecia, a amava. O ataque não fazia nenhum sentido. —Raul definitivamente passou toda a sua vida aqui na floresta. Realmente não tem muito contato com forasteiros, nenhum dos aldeões tem. Como aprenderia uma língua quase extinta, claramente estrangeira? — Riley lutava para manter o desafio fora de sua voz. Sem dúvida este homem salvou sua vida, mas Jubal Sanders e Gary Jansen pesquisavam plantas. Ambos admitiram que vieram para a Cordilheira dos Andes em busca de uma planta que supostamente estava extinta em qualquer outra parte e que era nativa das Montanhas dos Cárpatos, na Europa. Se esta língua tinha origem nessa mesma área, o que essas plantas e língua faziam na América do Sul? E era mesmo uma coincidência todos nessa viagem experimentarem a mesma alucinação envolta nesta antiga língua que esses homens entendiam? Jubal sacudiu a cabeça. —Não tenho nenhuma explicação. Estava mentindo. Olhava direto nos seus olhos. Sua expressão não mudou, seu belo rosto esculpido com linhas de preocupação, sua mandíbula e boca firmes, mas estava mentindo. —Oh, sim, você tem, — ela retrucou. —E vai me dizer o que é, agora. Gary suspirou. —Conte logo a ela, Jubal. Na pior das hipóteses, apenas vai achar que somos tão loucos como o carregador.
39 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Honestamente não sabemos ao certo o que está acontecendo, mas temos nossas suspeitas. Vimos coisas como esta acontecendo antes em outras partes do mundo. — Jubal hesitou. —Acredita na existência do mal? —Quer dizer como Satanás, o diabo? —Tipo isso, mas não estou falando sobre Deus e anjos. Riley conteve sua primeira reação. Coisas estranhas aconteciam na Amazônia. E sua mãe certamente tinha dons que não podiam ser explicados. Havia a viagem aos Andes de cinco em cinco anos, e o ritual realizado na montanha. Também havia rumores, lendas e mitos de um grande mal ter destruído o povo das nuvens e, em seguida, os Incas. Claro, ninguém acreditava, mas e se fosse verdade? —Sim, — ela admitiu, —acredito no mal. Jubal hesitou novamente. —Eu — nós — suspeitamos que algo antigo está aqui, um ser maligno que tem o poder de comandar insetos e aprisionar nossas mentes, para nos enganar e fazer acreditar em coisas que não são verdade. Riley imediatamente lembrou que sua mãe divagava agitada sobre o mal preso na montanha. As duas estavam viajando à montanha para selá-lo, para evitar que o vulcão explodisse, e Annabel estava preocupada pelo atraso. Riley sabia que gerações de mulheres vieram a esta montanha e a viagem foi ainda mais rigorosa e perigosa no passado, mas continuaram a viajar para esse mesmo ponto para realizar o mesmo ritual. Assim podia possivelmente ser verdade? Havia realmente algo mal preso naquela montanha? Algo que as mulheres de sua família mantinham preso por centenas — possivelmente milhares — de anos? Riley estremeceu, pressionando a mão em seu estômago apertado. —Por que essa coisa maligna se destina à minha mãe? —Claramente considera sua mãe uma ameaça, de alguma forma, — disse Gary.
40 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Algo está acontecendo. O mal da montanha deliberadamente está tentando me atrasar. Está perto da superfície e orquestrando acidentes e doenças. — Riley estremeceu, lembrando do temível aviso de sua mãe. Ela os classificou como divagações induzidas pelo choque, mas agora Riley não estava tão certa. Poderia possivelmente ser verdade? Jubal se deslocou mais perto da rede de sua mãe. Riley quase pulou nele, mas sua linguagem corporal exalava proteção. Ele enfrentou a floresta, seu corpo em alerta. Ela se tornou consciente do silêncio então. O constante e interminável zumbido dos insetos desapareceu, deixando atrás um silêncio assustador. Instintivamente Riley chegou perto de sua mãe. Annabel se contorceu. Gemeu. Suor marcava seu corpo. Levantou as mãos e começou um complicado padrão de movimentos, uma torção hipnotizante de seus dedos e mãos, um maestro regendo uma sinfonia, mas cada movimento que fluía era preciso e bonito. Riley viu esses movimentos várias vezes. Suas próprias mãos automaticamente seguiam o padrão, como se a memória estivesse impressa em seus ossos, ao invés de sua mente. Fez um esforço para manter seus braços abaixo, mas não conseguia impedir seus dedos e pulsos de torcer junto com a mãe, ou a vibração do movimento gracioso. O corpo de sua mãe virou na direção do leste e Riley se encontrou enfrentando a mesma direção. Podia sentir o fluxo da terra subindo sob a sola dos seus pés, se movendo através dela, como a seiva através das árvores. Um coração martelando nas profundezas do solo. Podia sentir seu pulso sincronizando com o constante bater dos tambores. Se sentia presa ao chão, as raízes se espalhando debaixo dela ao achar a vida acenando com a força profunda na terra. Sentiu as plantas individualmente, cada uma com seu próprio caráter e personalidade. Algumas venenosas, algumas antídotos. As reconheceu como irmãos e irmãs. As sentiu enraizarem dentro dela, se espalhando através de
41 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
suas veias, em seus órgãos internos e se envolvendo em torno de seus ossos até suas veias cantarem com a alma da floresta. A consciência de cada árvore viva, arbustos ou plantas nas proximidades aumentou até que era absolutamente aguda. Coração e alma estendiam a mão para eles e eles a alcançavam, alimentando sua coragem e superação, a mãe terra disposta a ajudá-la a qualquer momento. Sentiu uma mancha do mal se espalhando através do solo, procurando um destino. Mas outra coisa também estava lá — algo forte e corajoso. Predador. Protetor. Dela. Abruptamente ela se puxou de volta. Aparentemente, Jubal e Gary não estavam muito longe com sua avaliação da situação, apesar de tudo. Não era uma alucinação em massa, mas uma trama cuidadosamente orquestrada para atacar sua mãe, atrasar sua viagem à montanha e impedi-la de realizar o ritual de séculos. Riley não podia dizer por que, ou o que, estava na montanha. Só podia discernir que estava desesperado para sair, sobreviver, e usaria todos os meios disponíveis para fazê-lo — inclusive matar sua mãe. Então era por isso que sua mãe estava tão em sintonia com as plantas. Ela as sentia, estava ligada a elas e não de alguma forma pequena. Riley nunca sentiu essa conexão antes e lhe ocorreu que de alguma forma essa consciência e poder estavam sendo transferidos para ela. Essa possibilidade só a assustava ainda mais. Sua mãe inadvertidamente estava fazendo algo em seu sono para passar seu conhecimento para sua filha, como disse que cada geração de seus antepassados fez antes de suas mortes? —O que ela está fazendo? — Jubal perguntou, a curiosidade em sua voz. Curiosidade e algo mais. Reconhecimento, talvez? Riley realmente despertou, tão envolvida e absorvida pelas inúmeras plantas ao redor dela e a sensação de estar sendo transformada, tão hipnotizada pela existência da vida tão intensa em torno dela, que quase esqueceu que havia testemunhas dos movimentos rituais que a mãe realizava acima da montanha. Jubal e Gary a olhavam com muito conhecimento. 42 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley deu de ombros, relutante em explicar sua mãe para qualquer pessoa, embora sentisse como se os dois homens merecessem uma explicação — mas simplesmente não tinha uma adequada. —Já viu esses movimentos antes? — Jubal perguntou. —A forma como move suas mãos é quase um ritual. —Sim. — Riley foi tão honesta quanto possível e sentiu que para eles estava bem. Ambos se contorciam em torno de si, relutantes em dizer algo que não poderiam pegar de volta. —Vi gestos similares nas montanhas dos Cárpatos, — admitiu Jubal. — Quando trabalhamos nas partes remotas das montanhas. Sua mãe esteve lá antes? Tem qualquer vínculo com a Romênia ou qualquer um dos países que a cordilheira atravessa? Riley abanou a cabeça inflexível. —Já viajamos para a Europa uma vez, mas nem perto das montanhas dos Cárpatos. Ficamos a maior parte do tempo na América do Sul. A mãe vêm aqui muitas vezes. A maioria das mulheres da minha família nasceram aqui, inclusive minha mãe. Somos descendentes tanto do povo das nuvens como dos Incas, então minha família sempre teve um enorme interesse nesta parte do mundo. Minha mãe foi criada aqui e só depois foi para os Estados, quando conheceu e se casou com meu pai. Ele era de lá. —É adotada? — Jubal perguntou. —Não parece nada com sua mãe. Riley pressionou seus lábios juntos. Ouviu isso sua vida inteira. Era alta e curvilínea com pele translúcida e grandes olhos ovais, muito diferentes. Seu cabelo era tão liso como uma tábua e tão preto como a meia-noite. Sua mãe era magra, de altura média, com a maravilhosa pele verde-oliva e cabelo encaracolado. —Não sou adotada. Pareço com uma das minhas tataravós. Era mais alta, com cabelos escuros, pelo menos se pudermos acreditar nos desenhos dela. Minha mãe me mostrou uma vez quando eu estava toda chateada porque era mais alta que todos no ensino médio.
43 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela estava falando muito, muito rápido, como fazia às vezes quando estava chateada. Estavam fazendo um monte de perguntas pessoais. O que importava se não parecia com sua mãe? Por que estavam tão interessados? Só queria pegar sua mãe e fugir. Se não fosse o fato da floresta parecer ter a intenção de atacá-las, poderia fazer isso. Sua mãe tinha um incrível senso de direção quando vinha para a montanha. Por duas vezes quando fizeram essa viagem e seus guias se perderam, foi sua mãe quem encontrou o caminho. Mas agora, com Annabel doente e os ataques ficando mais violentos, Riley não ousava se separar do grupo. Jubal e Gary ofereciam um nível de proteção que não podia se dar ao luxo de dispensar. —Muito obrigada aos dois pela sua ajuda. Tenho que dormir um pouco hoje à noite. Não sei porque a floresta está silenciosa, mas não sinto qualquer ameaça imediata. Não quero que minha mãe saiba sobre isto tão cedo. Quero eu mesma contar e ver se ela tem alguma ideia do por que desses ataques. Ela precisava de tempo sozinha com sua mãe, e isso era quase impossível cercada como estavam pelos diversos viajantes. Guias e carregadores as observariam com desconfiança agora, e isso tornaria a privacidade ainda mais difícil. —Vá em frente e durma, — disse Gary. —Vamos manter um olho nas coisas.
Capítulo 3
44 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Muito abaixo da superfície, enterrado profundamente no solo quente, rico e vulcânico dos Andes, Danutdaxton acordou com uma constante batida em sua cabeça e o calor aumentando em torno dele. Seus olhos abriram na escuridão familiar, o enxofre picando em seu nariz e o esfaqueamento da fome de sangue o atingindo com punhos pedregosos. As mãos de Dax flexionaram enquanto verificava suas salvaguardas por toda a câmara. Não estava sozinho. Outra onda de pressão bateu nele. Apesar da dor, o ataque o fez sorrir com admiração sinistra. —Manners, meu velho amigo, — ele murmurou. Para seu crédito, Mitro Daratrazanoff era um inimigo tão implacável quanto Dax era Caçador. Perseguiram um ao outro por inúmeros séculos antes de ficarem presos neste vulcão, e nos inúmeros séculos após seu sepultamento, continuaram sua luta, nunca desistindo, cada um constantemente em busca de um momento de fraqueza para explorar. A luta se tornou sua própria existência. Caçador e caçado, predador e presa: seus papéis ligados continuamente, mas estavam tão bem adaptados que nem sempre tinham a vantagem por muito tempo. Dax puxou uma respiração e deixou o calor, dor e a escuridão correrem sobre ele. Seu corpo se acalmou. A fome diminuiu enquanto o calor e energia do vulcão afundava na sua carne, o alimentando com sua energia, sua força. Tirava seu sustento da terra, muito semelhante à forma como os Cárpatos tiravam seu sustento das veias de sua presa humana. Antigamente apenas sangue podia aliviar sua fome. Antigamente só sangue podia dar-lhe força. Mas nos últimos quinhentos anos, preso pelo calor e pressão no coração de um vulcão, ele mudou. Não era "apenas" Cárpato. Se tornou algo diferente, algo... mais. Carne e osso ficaram mais densos, mais duros, menos suscetíveis às lesões. Tinha uma tolerância muito maior ao calor e fogo. Provavelmente podia ficar no centro de uma fogueira sem levantar uma bolha sequer. Seu cabelo, antes longo e grosso, como a maioria dos Cárpatos usava, estava 45 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
chamuscado perto do couro cabeludo, deixando uma pelagem curta, grossa, e seus olhos podiam amplificar a menor luz, permitindo que visse claramente em condições de quase breu. E nas cavernas onde não havia a menor faísca de luz, desenvolveu a capacidade de ver através de outros meios. Assinaturas térmicas eram claramente visíveis para ele, e mesmo nas mais frias, mais escuras cavernas e túneis, podia diferenciar as vibrações de energia da rocha e do ar, e assim "ver" seu entorno. Essas vibrações sussurravam através de sua pele quando acordava totalmente do seu sono reparador, seu corpo mudando e se alongando no solo aquecido. Saindo do solo com um aceno de sua mão, subiu do seu lugar de descanso até a câmara de magma vazia acima. Fissuras na rocha negra endurecida revelavam brilhante lava laranja borbulhando agitada nas piscinas abaixo que iluminavam a câmara com uma luz laranja. A terra tremeu sob seus pés, e deu uma guinada repentina que quase o desequilibrou. Vapor exalava das brilhantes rachaduras alaranjadas no chão da câmara e com ele vinha o familiar cheiro decadente do mal. Os músculos de Dax apertaram. Se acostumou aos movimentos do vulcão e rumores ao longo dos anos, mas isso era diferente. O vulcão estava acordando. E Mitro o estava acordando. Outra onda de pressão o atingiu, o jogando de joelhos. A terra deslocou e rolou. Dax se estabilizou e enviou antenas esfaqueando pelo solo, tentando localizar seu antigo inimigo. Mas o oleoso e pegajoso miasma da decadência do vampiro saturava tudo dentro do vulcão, tornando impossível para Dax rastrear o mal de volta até sua fonte. Mitro estava aqui, trabalhando para se libertar de suas amarras e usar a força explosiva do vulcão para se libertar. Por muitos anos, Mitro Daratrazanoff lutou para escapar de sua prisão. Dax o perseguiu através das cavernas e túneis do vulcão, caçando, rastreando, lutando para destruí-lo. E pela mesma quantidade de anos, primeiro Mitro desperdiçou sua companheira Arabejila e então, suas descendentes, que vinham ao vulcão uma vez a cada cinco anos para fortalecer os laços da prisão 46 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
de Mitro e mantê-lo preso até Dax finalmente poder matá-lo. Sem Dax constantemente o caçando, lutando contra ele e sem Arabejila e suas descendentes continuamente renovando a força dos laços da prisão de Mitro, o vampiro há muito tempo poderia ter escapado para desafogar seu mal inimaginável no mundo. Infelizmente, ao longo das últimas décadas, o poder tecido pelas descendentes de Arabejila vinha ficando mais fraco. Seus rituais de renovação não transmitiam a mesma força adamantina aos laços como antes. E com os laços enfraquecendo, as tentativas de Mitro para escapar estavam cada vez mais perto do sucesso. Nas últimas três vezes, a descendente de Arabejila chegou em cima da hora, renovando os laços por apenas escassos dias — até mesmo horas — antes de Mitro rompê-los. Preocupação rastejou pela espinha de Dax. A julgar pela turbulência crescente do vulcão, Mitro já encontrou uma fresta suficiente nas paredes de sua prisão para exercer sua influência sobre o mundo exterior. Isso não pressagiava nada de bom. Mitro devia ter acordado mais cedo que Dax neste momento. Ele ficou mais forte, muito forte. Preocupado, Dax enviou seus sentidos para fora, procurando por esse frisson de consciência que alertava para a presença de outro Cárpato. Foi capaz de usar essa consciência ao longo dos anos para acompanhar o progresso de Arabejila e suas descendentes quando vinham para a montanha. Seus sentidos subiram, passando através da rocha, solo, até o céu acima do vulcão, então através da selva densa e tropical. Após vários minutos de busca, a encontrou. A descendente de Arabejila. Estava se aproximando da montanha como fazia a cada cinco anos nos últimos só-deus-sabe quantos séculos, mas estava ainda horas afastada. Não ia chegar a tempo. A mulher estava muito longe e Mitro ficou muito forte. Dax se considerava o maior caçador de toda a raça Cárpato, mas ainda assim, luta após luta, Mitro escapava dele. Ficar preso na terra por tanto tempo, sem sangue para sustentá-los, devia ter enfraquecido os dois, 47 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
possivelmente até mesmo os matado. Mas como Dax, Mitro encontrou uma maneira de sobreviver e ficar mais forte. A pressão intensa, calor e o ambiente áspero do vulcão mudou os dois. Se Mitro escapasse agora, não haveria nada, nem força o suficiente capaz de detê-lo. Dax não podia deixá-lo escapar. Os sussurros ficaram mais fortes, exigentes, incessantes. Há meses, mesmo enquanto dormia, essas vozes sussurravam em seus ouvidos, um coro interminável. Pedindo para visitar a caverna perto do coração do vulcão. O calor e a pressão lá era intenso, tão próximo da principal câmara magmática do vulcão que Dax nunca foi capaz de permanecer mais que alguns segundos de cada vez. Mas algo estava lá. Algo poderoso e feroz. Algo que normalmente não gostava de ser incomodado. Algo que a terra acreditava que Dax precisava, porque o estava levando de volta para essa câmara novamente, e novamente, e novamente ao longo dos séculos. O impulso era mais forte agora que nunca foi. Cada parte dele parecia impulsionada e puxada na direção daquela câmara profundamente no coração do vulcão. O que estava lá, esperava por ele, e não podia se atrasar mais. A força que precisava estava lá, oferecida, se apenas tivesse a vontade de reivindicá-la. Desfez as salvaguardas ao redor de seu lugar de descanso e mudou para uma névoa clara, viajando rapidamente através dos tubos de lava e fissuras na rocha, descendo profundamente na terra até que chegou à câmara superaquecida. Uma pequena parte do assoalho do outro lado da câmara rachou, e rocha fundida da câmara de magma adjacente derramava no quarto, laranja, espessa e brilhante. A piscina subia rapidamente. Não demoraria muito tempo antes que a câmara inteira estivesse completamente cheia. No centro da sala, com metade do traseiro submerso no magma aprofundando, estavam os restos petrificados de um dragão. Imenso e deslumbrante, a criatura estava enrolada firmemente, as asas dobradas contra 48 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
suas costas, a cauda enrolada em torno de seu corpo, a cabeça repousando sobre as garras dianteiras de diamantes. O dragão inteiro estava cristalizado, seu corpo transformado em rubi e diamante pelo intenso calor e pressão do vulcão. O peito do dragão estava destruído, esmagado. Pedaços enormes de cristal lapidado caíam em torno da carcaça petrificada. O calor subindo do magma fazia o ar em torno do dragão ondular, distorcendo a visão de Dax até a carcaça cristalizada inteira parecer tremer e se mover. Pegue. Pegue o que resta. Pegue o que é oferecido. Os sussurros enchiam a cabeça de Dax, o deixando tonto. Diante dele, as ondas de calor subindo da piscina de magma pareciam brilhar e assumir um tom de vermelho-fogo translúcido, mas o brilho... tinha a forma de dragão? Dax balançou a cabeça, esfregou os olhos e olhou novamente. A imagem ainda estava lá... nebulosa, translúcida, um dragão formado de névoa vermelha insubstancial. Estendeu seus sentidos, mas não pode detectar nenhum cheiro concentrado do mal. O Antigo oferece sua força. Não estava pronto antes, mas faremos isso. Pegue o que é oferecido. Sem ele, não poderá derrotar seu inimigo. Pegue. Rapidamente, antes que seja perdido para o vulcão. A terra continuou a sussurrar, o empurrando para o que arriscava resultar em sua morte. Dax se aproximou. O calor do magma era tão intenso que meio esperava explodir em chamas a qualquer momento, mas sua pele reluzente nem sequer empolou. Outro passo o levou mais perto da cabeça do dragão e apenas cinco metros da piscina de magma se alargando. Agora, podia sentir o poder que irradiava do dragão cristalizado. De onde tinha vindo? Esteve aqui nesta câmara antes. Encontrou o dragão cristalizado, meio esmagado, ainda assim uma descoberta impressionante, mas nunca percebeu esta energia pulsante. Quase parecia viva. Chegando mais perto ainda, Dax alcançou o véu cintilante de energia. No instante que o tocou uma bruta selvageria rugiu em resposta. Poder se chocou 49 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
contra ele como um punho de ferro, passando por ele com força suficiente para derrubá-lo. Caiu com força e dor se alastrou por suas costas e mandíbula, onde o impacto golpeou. Pegue o poder. Pegue o que é oferecido. —Isso foi uma oferta? — Dax levantou, se espanando e esfregando sua mandíbula dolorida. —Sem ofensa, caro amigo, mas o que quer que seja isso claramente não quer ser tomado. Sem a força do Antigo, não pode ganhar. Deve pegá-lo. Mas primeiro, deve se provar digno. —Maravilhoso. — Dax moveu sua cabeça, esticando os tendões e as articulações no seu pescoço estalando. Considerou a imagem translúcida do dragão brilhando no ar quente. —Assim seja, Antigo. Vamos jogar os dados. Desta vez quando se aproximou da carcaça do dragão cristalizado e do véu de energia pairando acima dela, se preparou para o ataque. O golpe, quando chegou, o atingiu duas vezes mais duro que antes. O poder o rasgou com duras garras de diamante. A pura intensidade ameaçou cortá-lo em pedaços, mas apertou sua mandíbula e se inclinou para ele, disparando sua própria rajada de volta, poder se unindo com poder, força com força. O cintilante dragão rugiu e flexionou suas asas. E a luta começou. Ondas de energia rodavam em torno do quarto. Uma força poderosa crescia embaixo e em torno dele. As paredes da câmara começaram a tremer. Pequenas partículas de rocha e areia caíam do teto. Dax impulsionou ondas calmantes para o chão, acalmando a terra se rompendo. O fluxo de magma dentro da câmara cresceu, forçando Dax a recuar. Gases borbulhavam e cuspiam na piscina de magma. O calor aumentou. O ar deflagrou. Os gases pegaram fogo num flash de chamas laranja. Dax fechou os olhos e se atirou num escudo. Calor derramava sobre ele como uma onda do oceano.
50 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Uma voz que parecia um trovão rosnou e retumbou em seu cérebro. Só os mais fortes podem esperar prender a alma de um dragão. Quanto você é forte, Danutdaxton dos Cárpatos? O dragão falava na antiga língua Cárpata, permitindo que Dax o compreendesse. Cada palavra crescia e queimava dentro de sua mente, como se um martelo feito de chumbo flamejante batesse contra seu crânio. Dax lutou contra o desejo de cobrir seus ouvidos, sabendo que era inútil. —Tão forte como devo ser para derrotar meu inimigo, — Dax respondeu. A alma de um dragão. Era com o que lutava agora? Ou Mitro encontrou uma maneira de enganá-lo afinal? —Me considera seu inimigo? Um leão considera a pulga sua inimiga? —A pulga sou eu? — Dax estava levemente insultado pelo pensamento. Estendeu a mão para o calor subindo do magma, o atraindo para ele, moldando entre suas mãos numa bola de fogo, que atirou no centro da criatura não substancial. Mas ao invés de abrir um buraco através da cintilante névoa vermelha, a bola de fogo explodiu contra a superfície, espalhando línguas de fogo que rapidamente foram absorvidas. O dragão vermelho de neblina parecia crescer mais, como se as chamas só o deixassem mais forte. O inimigo do calor era o frio. Dax tentou drenar o calor em torno do véu de névoa, mas o calor era muito intenso para ele esfriar a sala alguns graus. —Se quer ajudar, Antigo, então me ajude, — disse Dax. —Há um grande mal preso dentro desse vulcão. Enquanto eu brigo com você, ele está tentando escapar. Por que deveria me importar com essa coisa má? Você já me despertou do meu lugar de descanso e não me importo com seus problemas. Dax ficou intrigado com isso por um momento. O dragão não tinha nenhuma razão para se importar. Seu tempo há muito passou. Tudo que conhecia e amava foi embora da terra. Até mesmo seu corpo foi embora. Talvez não haja nenhuma razão além de você ser um dragão e um grande guerreiro, como fui levado a acreditar. 51 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Houve um momento de silêncio. A alma do dragão é uma força poderosa. Só os mais fortes recipientes poderiam esperar contê-la. Todos os outros se quebrariam. O poder veio na direção de Dax novamente, mas desta vez tentou uma tática diferente. Em seus anos de formação, com os antigos de sua raça, aprendeu quando se manter firme e quando se dobrar como uma árvore ao vento. Abaixou na explosão principal do dragão e rolou por baixo dela, chegando perto da presença cintilante da besta. Seus pés afundaram na borda da piscina de magma. Dor ardente subiu por suas pernas enquanto a carne queimava e ardia. Dax fechou sua mente contra a agonia e tentou absorver e usar o calor como a alma do dragão o absorveu e usou antes, da sua bola de fogo. Suas mãos dispararam, traçando salvaguardas no ar, girando e torcendo a energia e as moléculas de ar na sala numa teia brilhante que jogou em torno da névoa insubstancial da alma do dragão. Um arco-íris de luz refletiu pela sala quando a energia rodou em torno de seu oponente. Determinação e calma rolava através dele quando a rede caiu sobre o dragão. Podia sentir o espírito se preparando, como qualquer criatura antes de atacar. Abriu seus dedos e os prendeu, com as palmas para fora, entre si e o dragão. Gentilmente, tocou polegar com polegar, então indicador com indicador, completando um círculo de poder, e através desse círculo, puxou sua rede de energia apertada. A besta se debateu e rugiu em indignação, mas os laços de sua rede o seguraram rapidamente. Lentamente e inexoravelmente, Dax puxou a rede mais e mais apertada. Foi recuando, arrastando o peso do dragão protestando com ele. Calor jorrava, espirrando sobre ele como um gêiser. Sua pele queimava. Seu cabelo estava chamuscado. Não soltou a rede. Continuou a puxando através de seu círculo de poder, mantendo a alma do dragão apertada, a
52 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
dobrando sobre si mesma, a puxando para longe da piscina de magma, que suspeitava estar alimentando sua força. Enquanto puxava, começou a tecer novos fios, com poder mais frio sobre as outras. E a cada segmento precisamente tecido, aumentava sua conexão com o espírito do dragão. Podia sentir a consciência dele pressionando contra a sua própria. Cada luta para se contorcer, cada explosão de calor e eletricidade tanto era autoproteção instintiva como um teste de força para o próprio Dax. Quando o último pedaço da rede de Dax passou através de seu círculo de poder, uma grande força estalou, mas desta vez o poder não o agrediu; correu até os fluxos os vinculando, seguindo de volta para Dax. —Não. — Percebendo sua intenção, Dax se endireitou abruptamente e tentou tecer salvaguardas protetoras. Mas seus esforços chegaram muito tarde, sem falar que deixou uma abertura, um segundo círculo de poder, só que este levava para ele. A alma se apressou para frente, um ardente pulso de luz e calor que entrou por sua boca e sua garganta. Energia, calor, poder o inundou, queimando de dentro para fora. Ele cambaleou atrás, liberando sua rede agora vazia de poder. A alma do dragão estava dentro dele, queimando. Uma imensa presença ardente que ameaçava explodir seu corpo em pedaços. Dax fiou uma nova rede, só que desta vez puxando os fios apertados em torno de seu próprio corpo, adicionando ainda mais força à sua pele e ossos densos por seus séculos preso dentro do vulcão. Sua pele ficou escura e começou a tremer. Escamas vermelhas ondularam abaixo por seus braços. Dax levantou suas mãos surpreso por suas unhas crescerem cristalinas e alongadas como garras... como as garras de diamante do dragão. A mudança não parecia a normal dos Cárpatos mudando de forma. Parecia elementar, como se a transformação estivesse acontecendo em mais que um nível celular. Dax lutou, relutante em abdicar de seu próprio corpo para a alma que pulou nele. Quis que sua mão mudasse novamente, suas unhas amolecendo e 53 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
encurtando. Polegada por polegada lutou contra as mudanças arrebatadoras sobre seu corpo, lutando para manter sua própria forma. Dentro de seu corpo, uma segunda batalha semelhante acontecia, não só uma batalha da carne, mas uma batalha de intelectos. A alma do dragão rodeava a sua própria e tentava o absorver para si. Tentava dominá-lo. Mas os Cárpatos eram predadores, não presas, e Dax era um caçador de imensa habilidade, força e determinação. Não ia se render. Não enquanto lutava contra o vampiro mais poderoso e hediondo que o mundo já viu e não enquanto lutava com uma alma antiga, poderosa pelo controle de seu próprio corpo. O dragão vasculhava as memórias de Dax, rasgando seu cérebro, passando por suas substanciais barreiras internas, rasgando pelo caçador exterior até as profundezas da alma de Dax. Sua vida de solidão. Os amigos e companheiros caçadores que se voltaram para o mal. Os outros caçadores que o temeram e evitaram quando perceberam que ele podia dizer qual deles estava prestes a virar vampiro. Sabia antes que o fizessem. Sabia e esperava por perto para matá-los antes que pudessem prejudicar outros. O Antigo encontrou suas memórias de amigos que amou e perdeu para o mal de Mitro Daratrazanoff. A família que o pegou depois que seus pais foram mortos por outro amigo que virou vampiro. O desejo, esquecido há muito tempo agora, de sua própria companheira. A bela Arabejila, sua amiga por mais anos de vida que qualquer guerreiro Cárpato sem companheira devia ter que suportar. E ainda assim com ela, tudo se tornava suportável. Os anos não pesavam tão fortemente. As emoções perdidas à medida que envelhecia sempre pareciam à mão quando ela estava por perto. Ele sempre a admirou. Honrou sua gentileza. Respeitou sua força tranquila. E ela era forte. Tão forte como ele à própria maneira. Tentou suportar a vida arruinada que Mitro deixou para ela. Nenhuma vez, Dax ouviu uma queixa. Ah, viu seus olhos ficando mais escuros pela tristeza. A ouviu chorar baixinho de dia, quando pensava que 54 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
estava dormindo. Mas nunca se queixou. Assim como nunca o culpou por não matar Mitro quando teve oportunidade. Dax sempre soube que Mitro não estava bem. Sempre ficava por perto, esperando que a escuridão crescente na alma de Mitro se derramasse. Mas quando a alma de Mitro reconheceu Arabejila como sua companheira, Dax achou que estava seguro, achou que o poder do vínculo manteria Mitro longe do limite, curaria o que estava quebrado dentro dele. Em vez disso, desencadeou o monstro. E Dax, atraído por uma falsa sensação de segurança, não o observou como deveria — como o faria se Arabejila não fosse companheira de Mitro. Achava que ela era forte o suficiente para curá-lo, como tão facilmente curava todas as coisas e todas as pessoas com apenas sua presença. Ela era da terra. A voz do dragão trovejou na cabeça de Dax novamente, golpeando as bordas de seu crânio. —Sim, — ele confirmou. —Mais forte em seus dons que qualquer outra que já conheci. Ela o enviou para mim. —Não, Antigo. Ela está morta. Morreu há muito tempo. Ela é da terra. Ela e suas filhas. Ela o enviou para mim. Ela envia uma filha para você agora. O surpreendeu que o dragão soubesse sobre a chegada da descendente de Arabejila, mas talvez não devesse. O dragão, afinal, esteve enterrado neste monte muito mais que Dax. Se tornou um com a montanha; sua carne se tornou a pedra da montanha; seu fogo se tornou o fogo da montanha. —Essa filha não vai chegar a tempo. É por isso que, se tem força para me dar, peço que me dê agora. Se não puder deter o vampiro, ele vai destruir este mundo. Então me diga, Antigo, vai ajudar ou me machucar? Estou sem tempo. Decida agora. — Dax puxou uma respiração e deixou cair suas defesas, abrindo sua mente para a consciência do dragão, tudo que ele e Arabejila
55 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
lutaram nesses anos todos, tudo que amou e perdeu, tudo que acreditava, tudo pelo qual lutou. Como a mente do dragão pilhou sua mente, o poder dele testou seu poder, a força dele sua força, agora a alma dele invadia a sua, a descascando até a simples essência do seu ser e a examinando com rigor implacável. Dax parecia estar se afogando no fogo do inferno. Antes, quando a lava o queimou, conseguiu compartimentalizar a dor, a empurrar para o fundo de sua mente e a ignorar, mas agora não havia nada que não estivesse amplamente aberto, cru e latejando com agonia. Suor derramava abaixo por seu corpo, se transformando em vapor contra sua pele superaquecida. Dax sequer notava. Um inferno se desenrolava dentro dele. Na esperança de escapar da agonia indescritível, Dax se transformou em energia pura, uma habilidade que normalmente era usada para curar alguém, mas mesmo enquanto seu corpo se tornava um brilho branco de luz, não podia escapar. A vasta vermelhidão ardente da alma do dragão estava lá, o queimando. Corpo, mente e alma invadidos pela energia ardente e calor. Uma treliça de magia e energia carregava cada partícula do seu ser, os conectando. Essa treliça crescia mais apertada, puxando a forma de luz de Dax e a alma vermelha cintilante do dragão juntas, mais e mais perto, até que se tocaram. Naquele instante, num breve flash de tempo que pareceu se esticar pela eternidade, as memórias do dragão correram através da mente de Dax. Eras de existência. Altos voos. Ardentes batalhas travadas entre gigantes alados, dominando os céus. Selvas densas, barbaramente bonitas, um mundo que existia muito antes dos primeiros passos do homem. Uma companheira, elegante e bonita, com largas asas cheias de vento ondulando e garras afiadas. Então o homem com suas lanças de aço, caçando as criaturas que temia. A bela companheira caiu pelas lanças dos homens. Raiva. Fogo. Sangue e destruição chovendo do céu. E, finalmente, a idade e o cansaço... uma antiga ferida drenando sua força. Uma escolha de dormir no coração do vulcão até o mundo acabar. 56 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O Antigo era realmente antigo. Um vasto poder primordial. Uma antiga inteligência nascida quando o mundo ainda era jovem. Dragão vermelho. Dragão de fogo. Não admira que escolhesse o coração de um vulcão como seu lugar de descanso final. A maravilha era que sequer considerasse partilhar qualquer parte de si com Dax afinal. E fez isso. A longa vida do dragão, cada momento de pensamento ou sentimento, instinto e desejo antes de se tornar parte das memórias de Dax, parte dele. Os dois se tornaram um. Não dois seres misturados, mas duas almas ligadas por um único organismo. Podiam sentir um ao outro, se mover um com o outro. A piscina de magma cresceu para encher a câmara, e os restos cristalizados do dragão derreteram como sangue líquido de volta para a terra que o tinha abrigado. Séculos de vida no fundo do labirinto de cavernas significava que Dax explorou cada possível polegada. Conhecia o rio de lava que corria por baixo da terra, uma longa fita de magma laranja e vermelho brilhante e longos tubos que formavam um metro subterrâneo. Conhecia cada câmara, algumas com paredes de beleza cristalina e outras sob o vapor da água. Piscinas de lama borbulhavam e cuspiam enquanto piscinas de água mineral quente enviavam vapor subindo como névoa através das cavernas. O problema era que Mitro teve o mesmo tempo para explorar seu ambiente também. Dax não podia isolar o cheiro malvado da abominação da vida; o fedor do não-morto estava por toda parte, se tornando impossível rastreá-lo — a menos que fosse um dragão. Dax sentiu o Antigo se esticar, testando seus sentidos. De repente, como uma marionete, o corpo de Dax se virou desajeitado e começou a se mover na direção ao tubo de lava à sua esquerda. Ele cambaleou, seu corpo impossível de controlar, caindo para o lado da parede. As bordas afiadas da rocha rasparam sua pele, arrancando a camada superior. No brilho da piscina de magma, seu braço reluzente apareceu coberto de formas ovais sobrepostas de 57 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
ouro vermelho. Piscou pelo estranho padrão e, em seguida, o tocou. As formas ovais pareciam duras, como uma armadura. Com suas estranhas e duras unhas de diamante as tocou hesitante. Escamas? Como um lagarto? Pelo menos não sangrou. Isso poderia vir a calhar numa batalha. Evoluiu nesse vulcão e claramente agora haveria mais mudanças. Os sussurros sedutores da terra não divulgaram que seu corpo seria alterado em um nível elementar, se permitisse que a alma do Antigo compartilhasse sua forma física. Antes que pudesse fazer um movimento, seu corpo foi empurrado novamente para o tubo de lava, um grande túnel redondo que sabia descer por quilômetros abaixo dos picos. Parecia uma marionete sendo empurrada ao redor por um mestre de fantoche bêbado. Sentiu a impaciência do dragão e percebeu que sua falta de emoções era uma faca de dois gumes. Os Cárpatos machos viviam por tanto tempo sem sentir que era um fardo terrível, mas com isso vinha uma vantagem quando se caçava. O dragão estava ansioso pela perseguição, acreditando que Mitro não era mais que uma irritação. Queria dormir, não queria ficar acordado, e uma vez que Mitro fosse descartado, planejava fazer exatamente isso. O corpo de Dax foi empurrado novamente, seu pé desajeitadamente levantando e, em seguida, descendo num grande passo à frente, quase o desequilibrando. Exasperado, fez uma careta. Apenas me dê a direção. Não tente controlar os movimentos do meu corpo. Como ia lutar contra Mitro quando mal podia dar um passo sem cair? O dragão não teve corpo por séculos, e o corpo de Dax era muito pequeno para ele compreender como movê-lo. O dragão deu um grunhido de escárnio. Não é nenhuma maravilha que este grande mal tenha prevalecido. Você é muito franzino, Cárpato. Talvez seja isso, Dax pensou o acalmando. Afinal, em relação ao tamanho, era verdade. Mas posso manobrar este corpo muito mais facilmente 58 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
que você. Se lutarmos um contra o outro, como vamos ter sucesso na nossa missão? Se afagar o ego do dragão resultasse na destruição de Mitro, Dax podia controlá-lo sem nenhum problema. Poder pulsou dentro, empurrando contra as restrições da sua estrutura física. Vibrando por todo seu corpo, seu cérebro batendo duro contra seu crânio. Seu corpo bateu na lateral do tubo rígido, desta vez o arremessando no chão. Não podia imaginar como devia ser frustrante para um dragão enorme se encontrar confinado numa estrutura humana, mas Dax terminou o raciocínio. E me disseram que seu tipo era tão inteligente. Ferozmente, o empurrou atrás, golpeando uma onda de força maciça direto na alma do Antigo. A explosão interna o fez dobrar seu corpo. Por um momento sua cabeça parecia que ia se partir como cada osso em seu corpo. Apertou sua mandíbula e aceitou a dor. Podemos fazer isso a noite toda, ou trabalhar juntos para destruir o vampiro. Diversão encheu sua mente. O dragão tinha um enferrujado senso de humor. Para um lagarto franzino, tem um soco duro. Como fazemos isso? Não posso trabalhar este corpo estranho. Se puder encontrá-lo, aponte a direção. Sou Cárpato. Sei que está ciente das coisas que podemos fazer. Vou mudar para tudo que precisarmos para caçá-lo. Se precisarmos de sua forma, você assume, caso contrário trabalhamos como uma unidade, com você me orientando para onde vamos e eu nos levando até lá. Isso é aceitável? Houve um longo momento de silêncio. Que assim seja. Dax não deu tempo ao Antigo para mudar de ideia. Se moveu para o tubo de lava com a insistência do dragão. Quando Dax mudou para névoa e passou através das aberturas e fissuras na rocha vulcânica preta, o dragão estava lá com ele, parte dele, uma alma separada e consciência em seu corpo, seus dons compartilhados. Juntos, mas ainda separados. Mais poderosos juntos que 59 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
qualquer um foi separado. Nenhum deles jamais estaria sozinho novamente. E ambos atravessavam o vulcão com uma finalidade mais importante em suas mentes: deter Mitro Daratrazanoff ou morrer tentando. O tubo tinha quilômetros de comprimento, um fluxo subterrâneo antigo que há muito se deslocou, deixando um grande túnel se estendendo sob a montanha. Dax esteve nele muitas vezes, seguindo Mitro, sabendo que o vampiro estava dentro do tubo, mas nunca conseguiu apanhá-lo de forma nenhuma. Como névoa, podia viajar sem avisar de sua presença, se Mitro deixasse alguma armadilha para ele, o que fazia habitualmente. Aguarde. Aqui. Ele não foi além deste ponto. Dax parou instantaneamente, movendo a névoa, se esticando junto com seus sentidos, tentando raciocinar onde Mitro poderia ter ido. O fedor do nãomorto permeava o tubo e não podia sentir ou cheirar uma diferença, mas confiava nos instintos do dragão. A criatura era um caçador feroz e bem adaptado na perseguição em cavernas. O tubo não tinha quaisquer afluentes, nenhum que Dax pudesse ver, ou que tivesse encontrado, no entanto, o dragão sentia que o vampiro não continuou ao longo do tubo, o que significava que teria encontrado outro caminho através da montanha — ou estava disfarçado e espreitando seu inimigo. Dax ficou imóvel, alcançando seus sentidos de dragão. O não-morto deixou um cheiro repulsivo, repugnante, na casa do Antigo. A criatura de mito e lenda achava a presença dessa abominação contra a natureza repugnante. O fato que Mitro estivesse em sua casa deixava o dragão indignado. O fedor era mais forte à sua direita. Dax estudou o afloramento de rocha. O muro tinha tons vermelhos escuros, amarelos e marrons profundos. Não podia detectar nenhum indício que Mitro adulterou a parede em si. Experimentou se movendo lentamente, centímetro a centímetro, sua paciência em desacordo com as emoções do dragão, que crescia em hostilidade com relação à abominação indesejável em sua casa. 60 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O caçador tinha paciência, algo que o dragão nunca realmente desenvolveu. Dax deslizava ao longo da parede de rocha, permitindo que a névoa tocasse várias cores e se acomodasse nas fendas, as examinando para ver se havia uma abertura muito pequena para ser vista. Nada. Se moveu mais baixo, testando cada centímetro da parede. O tubo se inclinava abaixo, chegando ao chão numa sobreposição relativamente suave. Novamente, não havia nenhum sinal de Mitro, mas estava começando a sentir um senso de urgência. Dax sabia pelos séculos de experiência que, quando um caçador sentia esse impulso repentino, significava que sua presa estava perto e isso não era bom. Esperou alguns segundos, imóvel mais uma vez, sentindo o tubo ou qualquer coisa que pudesse estar fora do lugar. O teto era manchado de cinza, azul e profundas cores ferrugem. O piso era amarelo e marrom, pedaços de rochas espalhados por toda parte. Pequenas manchas de cinza, azul e ferrugem se espalhavam pelo topo de três das rochas diretamente abaixo dele. Dax voltou sua atenção para o teto, a névoa se movendo para perto, pressionando contra a pedra malhada. A superfície aqui era muito mais suave, as pequenas rachaduras e fendas mais difíceis de discernir. Como névoa podia escoar pelos pequenos espaços, indo tão profundo quanto possível antes que terminassem, e podia examinar grandes porções do teto ao mesmo tempo. Inteligente Mitro, muito inteligente. Havia um furinho, tão pequeno que apenas um minúsculo verme seria capaz de entrar nesse ponto, mas no momento que a névoa o tocou, Dax sentiu a atração familiar que dizia que não apenas estava na pista, mas estava muito perto. Se moveu mais profundo dentro dessa pequena abertura e ela quase imediatamente aumentou de circunferência. O verme cresceu em enorme proporção, cavando através da rocha e, em seguida, empurrando quaisquer flocos de lado. Algumas escaparam através desse pequeno furo e pousaram sobre as rochas abaixo. Muitas vezes ao longo dos séculos, Mitro trabalhou para encontrar uma maneira de sair, cavando perto do escudo colocado no lugar por Arabejila 61 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
tantos anos antes. O vampiro às vezes conseguia enfraquecer a barreira, quando as mulheres se tornavam menos potentes, mas uma vez que o ritual era realizado, a salvaguarda era mantida. Claramente, agora que o vulcão estava perto de explodir, e a mulher estava atrasada, Mitro estava fazendo outra tentativa. Com grande discrição, Dax escoou através do orifício cada vez maior. Quanto maior o furo do verme, mais eficiente e mais rápido podia passar pela rocha. Mitro fez crescer seu verme no momento que achou seguro fazê-lo. Era um plano brilhante e astuto. Dax nunca encontraria esse minúsculo furo por conta própria. O cheiro do vampiro era muito forte em toda parte, especialmente no tubo de lava. Mitro se assegurou que sua presença fosse conhecida em cada canto e cada câmara subterrânea. Sabia que era sua melhor defesa. Dax não estava surpreso por Mitro conseguir ir tão longe, até a própria barreira. Achava difícil ele continuar uma vez que atingisse o escudo. Podia ter enfraquecido sem o reforço que as descendentes de Arabejila trariam, mas as salvaguardas ainda eram poderosas. Dax rastejou acima, atrás do grande verme. A criatura girou rápido, se transformando mais e mais numa broca viva, sua cabeça equipada com uma broca de diamante duro enquanto sua cauda agia como leme. Dax cronometrou seu momento, uma mão saindo da névoa, segurando a cauda girando, a suspendendo num aperto impossível de quebrar. Imediatamente ele inverteu sua direção, voltando e arrastando o verme com ele. Mitro se debateu e lutou, mas o buraco era apertado, o impedindo de se virar e afundar seus dentes em Dax. Ele tentou mudar, mas Dax se recusava a abandonar seu aperto. Mitro não podia seguir em frente ou mudar para névoa insubstancial. Quando o buraco começou a diminuir, ele mudou apenas o suficiente para usar as unhas de diamante duro em seus pés como as garras de um dragão, cortando a rocha como se não existisse. Ele aumentou o buraco,
62 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mantendo seu aperto na cauda do verme enquanto se movia atrás na direção do tubo de lava. No momento que sentiu o ar deslizar sobre ele, mudou mais uma vez, voltando para sua forma humana, caindo no chão do tubo de lava, arrastando Mitro com ele. O verme balançou a cabeça ao redor, a broca maciça se dirigindo ao corpo de Dax. Sem soltar a cauda, Dax tirou seu peito para fora do caminho desse ponto de diamante girando. O chão balançou, o enviando esparramado contra o tubo. O verme estava selvagem, batendo na parede, tentando passar pelas rochas para alcançar Dax. Dentro dele, o dragão despertou, uma explosão de aviso reverberando através do crânio de Dax. As temperaturas subiram no tubo de lava e o vapor exalou através de vários locais no chão. A terra tremeu uma segunda vez e explodiu através das aberturas de rocha derretida. O chão desmoronou e derreteu, caindo na lava que corria abaixo do tubo. Dax segurou a cauda do verme lutando com ambas as mãos, determinado que ambos fossem destruídos no magma vertiginoso dentro do tubo. Mais e mais gêiseres explodiam pela rocha derretida, altos no ar atingindo o teto e se espalhando em todas as direções. Desesperado, Mitro inverteu sua direção e cortou o pulso de Dax, atravessando a carne. A terra deu outra guinada e Dax se estatelou no chão. Abaixo dele o chão se abriu e o magma disparou. Ouviu seu grito quando a carne de suas próprias pernas se queimou. Perdeu seu aperto em Mitro. Por um momento pareceu que a rocha derretida engoliu o vampiro, mas com o laranja e vermelho do fluxo de magma subia um vapor suspeito. Gritos de dor e raiva encheram o tubo. Dax não teve escolha senão sobreviver. Cortar a dor excruciante era impossível, mas ele se moveu, sabendo que apenas as escamas do dragão o salvaram. Sua carne estava queimada e precisava imediatamente da terra para se curar. Mais uma vez o destino favorecia Mitro. O momento da explosão através do chão do tubo não foi obra do vampiro, mas o vulcão se preparando 63 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
para uma grande erupção. O corpo do verme salvou Mitro, mas ele também teria que procurar a cura no solo. Tampouco tinha muito tempo; o vulcão não ia esperar por eles.
Capítulo 4 —Porra, eu perdi isso tudo, — Don Weston sussurrou excessivamente alto para o Dr. Henry Patton. —Todos esses morcegos em chamas e Raul perdendo a cabeça e querendo acertar alguém com o facão. Dormi direto. Da próxima vez, me acorde! Deliberadamente olhou por cima do ombro para Annabel e Riley, fingindo segredo, como se seu vozeirão fosse tão baixo em seu sussurro fingido que possivelmente não pudessem escutá-lo ou saber que estava falando sobre elas, enquanto caminhavam em fila única através da estreita abertura no mato, numa pequena trilha. Diante dela, Annabel endureceu, mas não se virou. Riley pressionou seus lábios juntos firmemente. Weston só estava piorando as coisas. Queria provocar problemas porque nem Riley nem sua mãe lhe dariam um segundo do seu dia e seu ego estava machucado. Ela suspirou e limpou o suor da testa. Mal podia esperar para chegar à base da montanha e sua companhia partir com os engenheiros, embora Ben Charger permanecesse fiel à sua palavra e se mantivesse em estreita vigilância, junto com Jubal Sanders e Gary Jansen. Annabel estendeu sua mão atrás e esfregou o braço de Riley. O toque era leve, mas Riley podia sentir seu tremor. Sua mãe estava muito tranquila, raramente falando, seu rosto pálido e pela primeira vez, um pouco marcado pela idade. Riley tentou não sentir pânico, mas honestamente parecia como se sua mãe estivesse se afastando dela, recuando e deslizando longe. Todo mundo falava dos incidentes no meio da noite sem parar. 64 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
No meio do campo estava Raul, de repente considerado um serial killer. Não se lembrava de muito, apenas repetia que foi um pesadelo e como estava arrependido. Para ser rigorosamente honesta, Riley se sentia muito mal por ele. Ainda que estivesse com medo dele, não podia deixar de ver a miséria em seus olhos — e ele tentou resistir a essa pressão contínua e comando em sua mente. Ela o viu duas ou três vezes tentando voltar ao fogo, tentando parar de avançar na direção da rede de sua mãe. Annabel não fez um único comentário, nem mesmo quando Riley explicou que ela era o alvo pretendido. Ela apenas olhou para Riley com olhos sem esperança — quase com esse mesmo olhar derrotado que Raul tinha — e balançou a cabeça. Ela quase não comeu antes que saíssem novamente. Os guias esperavam chegar à base da montanha ao anoitecer. A partir daí, cada grupo seguiria seu próprio caminho. Riley tinha que admitir, não estava tão ansiosa para se desfazer da companhia de Gary e Jubal tanto quanto pensava que estaria. Havia algo muito tranquilizador sobre ambos. —Queria que ele parasse de falar, — Annabel disse de repente. Ela esfregava suas têmporas, como se tivesse dor de cabeça. Riley percebeu que Weston ainda estava falando sobre os dias do ataque da cobra no barco, e como queria churrasco de morcegos-vampiros. Sua voz era monótona e, quase tão infinita como o zumbido dos insetos. —Ele é um idiota, mãe, — disse Riley, tentando manter o humor em sua voz. —Gosta de se ouvir falando. —Ele tem medo, — Annabel respondeu, sua voz baixa. —E deve ter. A voz dela era baixa e sinistra, enviando um arrepio pela espinha de Riley. Andar pela selva não era fácil. Não estavam na área onde as árvores cresciam tão altas que a luz não podia ser filtrada, negando cobertura ao solo. Isso era difícil de caminhar — quilômetros de folhagem espessa e densa que cobria cada trilha possível quase tão rápido como era cortada. Este era o tipo de terreno extremamente perigoso. Uma curva errada, perder de vista a pessoa à sua frente e uma pessoa poderia se perder completamente. 65 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley sabia que devia observar suas mãos e pés, tentando não encostar em plantas e árvores. A maioria era benignas, mas as hostis eram extremamente perigosas. Achava difícil identificar uma árvore que fosse segura tocar de uma venenosa e que causaria uma reação imediata na pele. Todas pareciam iguais para ela, mas sua mãe sabia quase instintivamente. As plantas, para Riley, eram igualmente difíceis de distinguir, não importa quantas vezes o guia as apontasse para ela. Sabia, olhando as cores brilhantes de rãs e lagartos, quais eram perigosos à sua saúde, e obviamente as tarântulas do tamanho de pratos, juntamente com cada cobra que encontrou, mas os insetos eram muitos para que se lembrasse quais eram extremamente venenosos. Sua mãe tropeçou e Riley a segurou para impedi-la de cair. Na floresta, sua mãe nunca tropeçava em raízes. Sempre mantinha seu passo firme e se movia facilmente entre plantas e arbustos. Annabel apertou a mão em torno do braço de Riley, olhou sobre seu ombro para o carregador Capa, irmão de Raul, as seguindo de perto. —No momento que chegarmos à base da montanha, mesmo se já for noite, temos que nos manter em movimento com nosso guia e um par de carregadores. Não importa o quanto protestem, temos que subir a montanha hoje à noite, — Annabel insistiu, sua voz tão baixa que Riley mal podia entender o som. — Algo está realmente errado, e temo que chegamos muito tarde. Isso é culpa minha, mel. Deveria ter previsto isto nesta jornada. —O pai teve um ataque cardíaco, mamãe, — Riley defendeu, mas seu coração apertado sabia que sua mãe estava certa. Algo estava errado, mas correr até a montanha no meio da noite não ia resolver o problema. —O que deveria fazer? Sair correndo e deixá-lo lá sozinho no hospital? Saímos no momento que pudemos. Annabel engoliu em seco, piscando para conter as lágrimas. Ela dormira na cama do hospital com o marido e o segurou em seus braços quando morreu. Demorou duas semanas antes que seu coração sucumbisse à doença 66 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
que ele lutou por grande parte de sua vida. Riley sabia que seus pais eram inseparáveis e que sua mãe chorava seu marido a cada momento de cada dia. Annabel sempre foi viva e vibrante, mas desde a morte do marido, parecia muito mais suave e distante. A verdade é que Riley estava presa ao seu lado, com medo de perder sua mãe de pura tristeza. Vestida com botas, jeans dobrados para evitar picadas de insetos e arranhões da folhagem hostil, as mulheres conheciam a caminhada prolongada através da selva, mas a ida era difícil. Como regra, Annabel parecia ter um senso inato de direção, e Riley confiava completamente nele desde que pisou fora do barco até o interior mal iluminado. Sua mãe sempre teve afinidade com a terra, especialmente aqui na floresta, quase como se tivesse uma bússola incorporada. Mas agora mostrava sinais de distração e ansiedade, tão raros em Annabel que a preocupação de Riley por ela aumentou. Isso, juntamente com os ocasionais tropeços, diziam a Riley que sua mãe estava indo ainda mais para longe. Ela soltou a respiração lentamente enquanto diminuía seus passos no ritmo dos de sua mãe. Ela descobriu, quando criança, que o lugar mais seguro na selva era diretamente atrás de sua mãe. As plantas a protegiam ao invés de atacar. Em todos os lugares que sua mãe pisava, plantas cresciam enquanto passava pela trilha fina. Samambaias se desdobravam e videiras se desembaraçavam. As flores, às vezes, caiam em torno dela. Enquanto andava nas pegadas da sua mãe nenhum espinho ou planta espinhosa a machucaria. Caminharam pelo que pareceram horas. O calor era opressivo na quietude sob o dossel espesso. Às vezes o chão sob seus pés ficava aberto e se tornava fácil andar, e então de repente mais uma vez estavam na espessa folhagem, quase impossível de penetrar. Riley manteve um olhar muito atento em sua mãe enquanto caminhavam, notando que começava a ficar mais atrás. Jubal e Gary diminuíram seu ritmo, obviamente, mantendo um olho em Annabel. Riley levava sua mochila. Era significativo que Annabel não fizesse nenhum protesto quando Riley juntou a mochila de sua mãe com a dela 67 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mesma. Depois de meia hora, Ben Charger se voltou e pegou a mochila. Os três homens se revezavam para transportá-la. Annabel nunca olhou para cima. Seus ombros tornaram a cair, pesados, quanto mais se aproximavam da base da montanha. Seus passos se arrastavam, como se andasse através de areia movediça e cada passo fosse um esforço terrível. Até mesmo sua respiração se tornou difícil. Ficou claro que os guias estavam correndo com o sol, tentando chegar à base da montanha antes do anoitecer, o que convinha a Riley, mas sua mãe não ia conseguir. Estava silenciosa, olhando direto para Jubal, mas balançava de cansaço e suas roupas e cabelos estavam úmidos de suor. Tinham que parar e descansar. Felizmente, — Weston se queixou amargamente. —Estamos em algum tipo de corrida? — ele exigiu. Sua voz aumentava de volume a cada passo. —Miguel. — A voz de Jubal carregava autoridade quando falou com o guia na língua materna de Miguel. —Temos que parar e descansar. Meia hora. Não mais e seguimos novamente. Deixe-os descansar e tomar uma bebida. Vão se mover mais rápido depois. Miguel olhou para o céu, parecendo muito apreensivo, mas assentiu abruptamente e encontrou uma pequena clareira com algumas pedras para que pudessem sentar. Riley viu Jubal agradecer enquanto pegava a mochila da sua mãe dele e ia para a borda das árvores para dar alguma privacidade à sua mãe. Estava grata que a atenção não estivesse mais nela. —Não podemos parar, — Annabel sussurrou no momento que ficaram sozinhas. —Temos que nos apressar. —Você precisa descansar, mamãe, — Riley protestou. —Aqui, pegue esta bebida. — Ela entregou seu cantil de água para a mãe. Annabel balançou a cabeça. —Terá que me deixar se eu não puder fazer isso. —Mãe. — Riley se forçou a ser firme. Annabel parecia tão exausta e pálida que só queria envolvê-la em seus braços e apertá-la de maneira 68 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
protetora. —Tem que me dizer o que está acontecendo. O que enfrentamos lá naquela montanha? Não posso mais continuar no escuro. Annabel olhou ao redor procurando um lugar para sentar, encontrou uma pequena pedra aninhada entre duas árvores e sentou nela. Suas mãos tremiam enquanto as dobrava cuidadosamente em seu colo. —Todas aquelas histórias contadas quando era criança sobre a montanha e os guerreiros do povo das nuvens, não foram histórias assustadoras, Riley. Era verdade. A história do nosso povo. Riley engoliu. As "histórias" eram coisa de pesadelos. Um mal terrível aniquilando os maiores guerreiros, rasgando suas gargantas, bebendo seu sangue, exigindo sacrifícios humanos, crianças, jovens mulheres, mas nada apaziguava o demônio. —Mãe, os Incas conquistaram o povo das nuvens... —Foram capazes disso porque, — Annabel interrompeu, —seus melhores guerreiros já tinham sido mortos. As pessoas viviam com medo. — Seus olhos encontraram Riley. —Os Incas eram fortes, com guerreiros ferozes também. Levaram algumas das mulheres do povo das nuvens como esposas. Incluindo sua ancestral, uma mulher chamada Arabejila. Foi ela quem proferiu a verdade — bem como seus dons — à filha. O mal continuou por anos e anos, matando os guerreiros dos Incas, assim como fez com aqueles do povo das nuvens. Ninguém parecia capaz de derrotar um demônio tão sanguinário. Riley queria zombar de tal folclore ridículo. Ouviu as histórias, mas também leu a história, tanto quanto pesquisou sobre o povo das nuvens e os Incas. Havia algumas referências obscuras de sacrifício humano e guerreiros morrendo, mas muito pouco, certamente não o suficiente para suportar a história que sua mãe contava... Mas, a sensação do mal crescia sob seus pés quanto mais próximas da montanha. Sentia a terra tremer de vez em quando, e com todos esses eventos estranhos de ataques contra sua mãe, como podia simplesmente ignorar o que sua mãe contava?
69 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Continue. — Riley queria colocar suas mãos sobre seus ouvidos. Seu coração batia muito rápido, no ritmo da pulsação da terra. A sentia tremendo sob seus pés, como se o chão ouvisse e tentasse avisá-la, que qualquer que fosse o mal, estava prestes a escapar. —Houve um homem que veio com sua ancestral de uma terra estranha. Ele lutou batalha após batalha, mas não podia derrotar esse mal. No final, Arabejila atraiu o mal para o vulcão com o guerreiro, um tremendo sacrifício. Ela os prendeu lá, mas a cada tantos anos, para impedir que o vulcão entre em erupção, o que lhes permitiria liberdade... —Ninguém poderia viver num vulcão por centenas de anos, mãe e ainda estar vivo. — Riley fez uma declaração firme. Era verdade... não era? O medo que saboreava na boca dizia algo completamente diferente. —Sei que estão presos lá, pelo menos aquela criatura má ainda está lá. Eu o senti e agora cada pessoa aqui o está sentindo. Estou atrasada, e se ele escapar, vai matar todos — e vai matar mais e mais — e será minha culpa. Riley franziu a testa para sua mãe. —Isso é ridículo. Não teve escolha, exceto ficar com meu pai. Adiamos para chegar aqui mais e mais... — Ela parou. Se essa entidade maligna de alguma forma influenciava quem viajava com elas, chegou tão longe para pensar que podia atrasá-las? — Como pode esta coisa ainda estar viva depois de todo esse tempo? Estamos falando de quinhentos anos mais ou menos. —Ele está. Eu sinto. Você o sente. O mal vive e anda nesta terra, Riley, e é seu trabalho — e o meu — ajudar a detê-lo. Esse é o legado que nos foi dado e não temos escolha. Se essa coisa sair para o mundo e matar, nós falhamos. —O que faremos quando chegarmos à montanha, mãe? — Riley se decidiu. Não importava o quê, Annabel estava determinada a ir até aquela montanha e realizar o ritual ensinado a ela por sua mãe antes dela. Não haveria como impedi-la, não importa como parecesse cansada, assim Riley subiria essa montanha e faria o trabalho tão rápido como possível. Sua mãe 70 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
não estava vivendo uma fantasia. Queria dizer cada palavra que disse. Riley ouviu o anel da verdade em sua voz. —Sabe o que precisa ser feito, — disse Annabel. —A ensinei desde que era criança. Se conseguirmos, tem que vir a esta montanha quando estiver grávida e ter sua filha aqui. Ela deve ser parte da terra. Os dons são fortes em você, muito mais fortes que já foram em mim, ou até mesmo na minha mãe. Pude sentir a terra a aceitando como sua filha no momento que a coloquei no berço da sua fenda. — Ela limpou o suor de seu rosto. —O sol vai descer rapidamente. Esse é o momento mais perigoso, Riley. Ele fica calmo durante o dia, mas à noite pode assumir o comando. Nunca o subestime. Pelo que me foi dito, pode aparecer bonito e charmoso, mas é totalmente malvado. Se alguma coisa me acontecer... —Mamãe, — Riley, protestou. —Não diga isso. Não acho isso. Não vou deixar nada acontecer com você. Não vou. Annabel levantou a mão. —Não podemos fingir. Há muitas possibilidades. E, em seguida, ele irá atrás de você. Somos uma ameaça para ele e fará tudo em seu poder para nos eliminar. Riley passou a mão sobre seu rosto, como se isso pudesse remover o medo se agarrando nela. A energia correndo sob seus pés zumbia com urgência. Se tornou tão consciente da floresta circundante, da vegetação que quando andava agora, a terra a golpeava com veias de informações, gritando silenciosamente se apressasse — se apresse. Riley se obrigou a acenar. Sua mãe precisava da tranquilidade que ela pudesse lidar com tudo que era lançado contra elas. —Acho que os dois pesquisadores, Gary e Jubal, sabem das histórias. Perguntei o que estava acontecendo na noite passada e ambos usaram a palavra mal, como se estivesse se espalhando por toda a terra e influenciando todos. Estão nos vigiando e não acho que pudesse salvar você na noite passada sem eles. Ben Charger também está sempre por perto, ajudando a nos proteger. Parece
71 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
perceber que algo além do normal está influenciando todos, mas ainda não discuti nada com ele. Annabel balançou a cabeça. —Realmente não pode confiar em ninguém, Riley. Essa coisa — esta criatura do mal — é capaz de voltar qualquer um contra nós. —Mas ainda assim precisamos de aliados, mamãe, — disse Riley. —Os homens nos ajudaram até agora, e estão armados até os dentes. Ambos carregam todos os tipos de armas, algumas que nunca vi antes. Não pareceram se importar, quando as prenderam esta manhã, que os guias e carregadores pudessem vê-las. Na verdade, queriam que as vissem — acho que para ajudar a nos proteger. Annabel franziu a testa e esfregou o suor da sua testa. Empurrou atrás os cachos úmidos emaranhados em torno de seu rosto. —Como passaram qualquer arma pela alfândega? Através do Aeroporto? Não acha isso estranho, que tenham armas com eles? Como se já soubessem que algo pudesse estar errado e viessem preparados? Riley se inclinou perto de sua mãe. —Honestamente não me importo como as trouxeram, ou por que as trouxeram. Eles salvaram sua vida na noite passada e precisamos deles. Algo de ruim vai acontecer em breve. Ambas sabemos disso. Precisamos desses homens e suas armas. Na verdade, vou ver se podem me emprestar uma. — Ela infundiu determinação em sua voz, ousando discordar da mãe. Claramente Annabel não pensava direito, ou veria que não podiam executar essa tarefa sozinha. Annabel simplesmente deu de ombros, limpando seu rosto novamente, sua cabeça pendendo, os ombros caindo. Riley mordeu duro seu lábio inferior. Sua mãe definitivamente estava desistindo e isso não podia acontecer. Tinha que encontrar uma maneira de fazê-la sentir como se fossem conseguir — como se tivessem uma chance contra tudo que esta malvada entidade enviasse.
72 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Mãe, se esta Arabejila é nossa ancestral e foi capaz de atrair esta máquina de matar para um vulcão e prendê-lo lá, impedindo que o vulcão entrasse em erupção por anos e, em seguida, desde minha tataravó até você fazer isso, então juntas, podemos fazê-lo também. — Ela infundiu confiança em sua voz. —Não somos menos do que elas foram. Temos o mesmo sangue. A floresta reage a você e agora à mim. Sinto a pulsação da terra... Annabel balançou suavemente e balançou a cabeça. —Eu não. Não posso mais. Antes, seu coração batia com o meu. Meu sangue corria com a seiva nas árvores e rios subterrâneos. Ela se perdeu para mim. Pude a sentir se desvanecendo depois que seu pai morreu. Riley se inclinou perto de sua mãe. —Pare com isso, mãe. E quero dizer isso. Se aprume. Está desistindo porque o pai está morto. Vi a vovó fazendo o mesmo. Não pode me deixar aqui no Peru, rodeada pelo perigo. Precisa ser forte. Está se afastando dos dons que tem, se afastando de mim. Sou sua filha. Sua única filha. O que faço se você desistir? Ela pôs a mão no joelho de sua mãe e suavizou sua voz. —Me ensinou a ser uma lutadora, a nunca desistir. Agora, seja o que for isso, não importa o quão ruim seja, diz que temos que conseguir, que vidas inocentes dependem de nós. Então, vamos fazer o trabalho, não importa o custo para nós. Faremos isso de qualquer maneira, e vamos conseguir. Annabel olhou para cima, seus olhos encontrando os de Riley. Por um momento viu essa centelha de determinação absoluta que Riley reconhecia em sua mãe. E então ela piscou para afastar as lágrimas. —Sei que não tenho sido eu mesma, mel. É apenas que seu pai e eu éramos tão próximos. Não posso respirar direito sem ele. Nós nos encaixávamos como se fôssemos um, e sem ele estou tendo dificuldade para continuar. —Mãe. — Riley se inclinou próxima. —Claro que se sente dessa forma. O pai só se foi há pouco tempo. Não teve tempo para aceitar sua morte. Nem eu. Acabo de perdê-lo e devíamos estar nos lamentando em casa, não aqui na
73 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
floresta, escalando uma montanha, cercadas por estranhos e lidando com algo profundamente mal. Annabel engoliu duramente e empurrou seus cachos úmidos saltando ao redor de seu rosto. A umidade e o calor deixavam seu cabelo num frenesi marrom frisado e enrolado por toda a sua cabeça. Annabel estendeu a mão para tocar o cabelo grosso e longo de Riley, liso como um osso, sem um frisado apesar da umidade. Ela o usava numa longa trança para mantê-lo longe do seu rosto e pescoço. —É tão bonita, Riley e tão diferente. Você pertence a este lugar. Sua alma está aqui caso saiba ou não, e a terra está chamando por você. Posso sentir isso. Estou certa que você também pode. Ouça o que ela diz a você. Confie em seus instintos. O coração de Riley saltou. Sua mãe parecia estar dizendo adeus a tudo de novo. Suas mãos tremiam enquanto alisava o cabelo de Riley. Parecia tão frágil que o coração de Riley doeu. Claramente, Annabel queria ajudar Riley, mas em seu estado derrotado, se sentia incapaz. Esse pequeno aumento de determinação se desvaneceu muito rápido. Riley soltou a respiração lentamente. —Precisa beber mais água, mamãe, — ela avisou, desistindo de tentar aumentar as defesas de Annabel. O melhor que podia fazer era levar sua mãe até a montanha e impedir que alguém a matasse. E isso exigia uma arma melhor do que a que tinha. Jubal estava à sua esquerda, não muito longe delas. Gary estava ao seu lado, numa distância discreta, e Ben encontrou um lugar de descanso na frente delas, como se as protegesse dos outros. Riley não podia contar com sua mãe, e precisava destes homens para ajudar a manter sua mãe segura. Precisava planejar cada passo com cuidado e se preparar para qualquer emergência. Isso significava que sua mochila, bem como a de sua mãe precisava de suprimentos extras. Ela sempre carregava rações e seu próprio sistema de filtragem da água. Era campista há anos e sabia como sobreviver, mas precisava de armas.
74 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Mãe, descanse aqui. Quero que coma isso. — Ela estendeu uma barra de proteína para sua mãe. —Precisa manter sua força. Só vou até lá — ela indicou Jubal — falar com ele por um minuto. —Não pode confiar neles, — Annabel silvou, suas sobrancelhas se unindo. —Realmente não. O mal parece bonito, mas pode se tornar bastante áspero e terrível. Não pode saber quem está do nosso lado. —Talvez não, mamãe, — disse Riley, forçando a barra de proteína nas mãos de sua mãe. —Mas no momento, preciso de uma arma e ele tem uma. Coma isso e apenas espere minha volta. Não se mova. A suspeita estava nos olhos de Annabel. Sua mão se fechou em torno da barra de proteína cautelosamente, como se sua filha pudesse estar tentando envenená-la. O coração de Riley apertou quando sua mãe se afastou dela, curvando as costas e os ombros caindo. Realmente sentia Annabel se afastando dela, se distanciando. Seu olhar era derrotado e acusatório. Riley balançou a cabeça e ergueu os ombros. Sua mãe obviamente estava doente, sua dor superando sua capacidade de pensar. Riley apertou seus dentes e marchou para Jubal. Não pode evitar olhar sobre seu ombro muitas vezes, para se assegurar que ninguém se atrevia a abordar sua mãe enquanto estava ausente. —Riley, — Jubal a saudou com um ligeiro aceno. Seu olhar estava inquieto, se movendo sobre o acampamento, até nas árvores ao longo do solo. —Sua mãe está bem? Riley balançou a cabeça. —Está esgotada, mas quer subir a montanha. Talvez quando chegarmos ao lugar, se sinta melhor. Essa é minha esperança. —Quanto até a montanha? — Jubal perguntou. —Os tremores estão ficando piores. A montanha não entra em erupção há centenas de anos, mas isso não significa que não vá entrar. Não estou certo que vamos estar totalmente seguros naquela montanha. Gary está tentando conseguir alguns dados. Tem que esperar pelo satélite, mas deve ser capaz de descobrir se 75 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
existem quaisquer alterações na forma da montanha. Fotografias de todos estes vulcões são regularmente tiradas do espaço. Riley suspirou. Não era como se os tremores passassem despercebidos. —Mais uma coisa para se preocupar. Realmente acha que o vulcão vai explodir? Jubal franziu a testa pensativamente. —Parece. Não estou certo que seja uma ótima ideia subir, embora as plantas que procuramos supostamente estejam perto das ruínas. Se as plantas realmente estão lá, precisamos delas. —Olhe. — Riley decidiu colocar suas cartas na mesa, se precisasse. Não tinha uma mão muito boa, mas ia fazer o trabalho e proteger sua mãe, não importava como. A determinação, que devia subir e impedir o que fosse que estava dentro dessa montanha de sair, cresceu nela. —Sei que você e Gary estão armados até os dentes. Não está exatamente escondendo esse fato de ninguém. —Pensei que ajudaria a dissuadir qualquer um que ache que pode usar um facão para cortar nossos membros em pedaços, — Jubal ressaltou. Ela estremeceu, sentindo que merecia a suave repreensão. Ela deu de ombros. —Não gosto de ninguém se metendo em meus negócios, portanto, a última coisa que quero é me meter nos seus... Jubal sorriu para ela, embora não houvesse nenhum humor em seus olhos. Compreensão talvez. —Mas? — ele a encorajou. —Como conseguiu entrar com todas essas armas e seu equipamento neste país? Nunca sequer vi algumas dessas armas. Não poderia trazê-las num avião. —Temos alguns amigos neste país com aviões particulares e navios. Tinham tudo que pedimos esperando por nós quando chegamos. Estas plantas são tão importantes para eles como são para nós. As plantas nunca cresceram em qualquer outro lugar, exceto nas montanhas dos Cárpatos e estão extintas
76 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
lá. Se estas realmente forem as mesmas, não tem ideia de como esse achado seria importante para nós. Ela ouviu a animação subjacente em sua voz. Estava dizendo a ela a verdade — ou pelo menos parte dela. Havia urgência sobre sua necessidade de subir a montanha e, Deus a ajudasse, estava grata por isso. Não teria que ir sozinha. —Preciso de uma arma. Os olhos de Jubal encontraram os dela. Ela se recusou a desviar o olhar. Precisava dessa arma, e não ia desistir ou ser intimidada a se afastar. Ele não ia começar a olhar para ela como se fosse uma mulher histérica, porque não estava histérica. Estava falando sério. A sobrancelha de Jubal subiu. —Já disparou alguma arma? —Sim. Sou boa atiradora. O melhor amigo do meu pai era policial e me levou ao campo de tiro, quando tinha dez anos e treinei desde então. —Atirar num ser humano não é tão fácil, Riley. Se hesitar... —Teria tentado matar Raul com minha faca na noite passada, — disse ela, de forma significativa. —E não teria hesitado, não com a vida da minha mãe em jogo. Não hesitarei se precisar protegê-la, — ela assegurou. —E se você precisar se proteger? Seu queixo subiu. Se recusava a desviar o olhar, mantendo seu olhar firme no dele. —Não sou uma violeta minúscula, Jubal. Se precisar defender minha vida, vou fazer isso vigorosamente. E ninguém vai machucar minha mãe, não se eu puder evitar. Me empresta uma arma? Jubal franziu a testa e puxou uma pistola de dentro de seu casaco. — Diga-me o que é isso. Sabia que ele achava que estava mentido sobre conhecer armas de fogo. Ela enviou um sorriso doce. —Está segurando uma Glock 30 SF, automática 45, uma arma poderosa, excelente. Meu padrinho me deu uma no meu décimo sexto aniversário. Tem uma menor aderência, e tenho mãos pequenas, portanto me serve muito bem. 77 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Jubal suspirou. —Seja o que for que está lá em cima, Riley, isso não vai pará-lo. —Vai parar qualquer pessoa viajando com a gente que tente matar minha mãe. Jubal entregou a Glock. Sua mão fechou em torno dela a pegando lentamente. Verificou o pente para se assegurar que estava cheio. Ele entregou a ela um segundo pente, que ela escorregou em seu bolso e fechou. —Riley! Riley girou para ver sua mãe correndo em sua direção. O rosto de Annabel estava branco, seus olhos aterrorizados. Atrás dela, a terra ganhava vida — tarântulas grandes, quase do tamanho de pratos fugiam pela vegetação, descendo das árvores e parecendo muito focadas enquanto rastejavam implacavelmente para frente. Riley se apressou para interceptar Annabel antes que pudesse fugir para a floresta. —Uma picada de tarântula não é fatal, mãe. Se acalme. A irritação de seus pelos, às vezes, é pior que sua mordida. —Estão me perseguindo, — Annabel engasgou, segurando Riley apertado. Ela baixou sua voz, sibilando entre seus dentes, seus olhos selvagens, o cabelo despenteado. Parecia quase demoníaca. —Estão me perseguindo, Riley, não pode ver? Querem me matar. Riley não sabia o que realmente podiam fazer várias mordidas das grandes tarântulas, nem queria arriscar. Pegou o pulso da sua mãe e a empurrou na direção de Gary Sanders, que estava mais próximo de um pequeno córrego. Certamente, as aranhas não a seguiriam na água. Annabel voltou a engasgar com um soluço. —Não posso mais fazer isto, Riley. Tem que ir sem mim. Apenas não... —Pare, — Riley disse enquanto puxava sua mãe sobre uma série de pedras e samambaias para alcançar o córrego. —Podemos fazer qualquer coisa que precisarmos. Você foi a pessoa que me ensinou.
78 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela olhou atrás dela. Jubal, Gary e Ben formaram uma linha de defesa contra as aranhas rastejando. Ela parou de empurrar sua mãe para frente antes que pudesse entrar no córrego. —Me deixe dar uma olhada, mãe, — ela alertou. As piranhas não estariam nesse minúsculo córrego, mas com todos os estranhos ataques de insetos e animais, não ia se arriscar. —Vamos passar somente depois que todos passarem. Gary puxou uma mangueira por cima do ombro e se adiantou. No momento que um bico de fogo jorrou do lança-chamas, o resto do acampamento ficou ciente que algo estava errado. Cabeças viraram, uma por uma. Riley estava contente por ela e Annabel estarem à sombra das árvores. Parecia que os três homens estavam sendo atacados, não as mulheres. Estavam a uma boa distância. Ela aumentou a ilusão sentando numa rocha ao lado do córrego e puxando sua mãe para sentar ao lado dela, como se estivessem descansando lá na sombra. Shelton e Weston previsivelmente fizeram um barulho enorme, Weston realmente fugindo das aranhas. Não apenas não estavam perto dele, mas a migração se afastava dele. Não importava. Ele censurou os guias. —Escolheu uma parada de descanso no meio do território de aranhas assassinas. Está tentando nos fazer cansar? Estou dizendo que nunca vai conseguir outro emprego de guia novamente. — Ele gritou. Riley revirou os olhos. Os guias o ignoraram, se apressando para ajudar os três homens. Os carregadores se agruparam num círculo apertado, assistindo. O arqueólogo e seus alunos olharam uns para os outros com expressões chocadas, quase cômicas, como se não conseguissem entender exatamente o que estava acontecendo. Os três apenas ficaram lá, de boca aberta, enquanto a terra ganhava vida com grandes aranhas peludas rastejando através da vegetação. Sua ideia de arqueólogos reconhecidamente foi formada pelos filmes de herói e ação de Indiana Jones, mas o Dr. Patton e seus alunos rapidamente estavam desfazendo essa fantasia. 79 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela realmente podia ouvir as aranhas fugindo através dos escombros enquanto eles avançavam, mas o cheiro e o som do lança-chamas de Gary começaram a afogar rapidamente todos os outros ruídos. Annabel cobriu o rosto com as mãos e balançou para frente e para trás. Riley colocou seu braço em torno de sua mãe para consolá-la. Annabel gemia baixinho. —É tão tarde, Riley. Num par de horas o sol vai descer. —Sairemos em poucos minutos, — ela assegurou. —Os guias nos levarão até a montanha e isso vai acabar. Estamos tão perto agora. Annabel continuou a balançar para frente e para trás, o braço de Riley em torno de seus ombros a confortando, mas ao mesmo tempo, Riley estudava os membros do seu grupo de viagem, tentando discernir com quem poderia contar se as coisas dessem errado. Os tremores na terra diziam que coisas estavam para acontecer. Todos os três guias foram ajudar os três homens com as aranhas. Não pareciam ter medo delas. Na verdade, pegaram algumas delas muito suavemente e as viraram. Ela achou fascinante a maneira como os três nativos tratavam as tarântulas. Claramente queriam salvá-las, não destruí-las. As tarântulas pareciam confusas, girando em círculos, evitando as chamas quentes. Gary desligou o eficiente lança-chamas e, como Riley, observou os guias suavemente desviando as aranhas para longe de todos e de volta para a floresta. Nenhum dos carregadores ajudou, observou Riley. Se amontoavam juntos, sussurrando. Seu coração apertou. Precisavam de um par de carregadores para subir a montanha e pelo menos dois acompanhariam Jubal e Gary com seu guia. —Vamos lá, mãe, — ela disse. —Estamos saindo novamente. O drama acabou. Os guias lidaram com as aranhas, e vamos retomar a caminhada. O chão estremeceu novamente.
80 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Temos que nos apressar, — sussurrou Annabel. —Depressa, Riley. — Ela olhou acima na direção do céu. O sol desceria num curto espaço de tempo. Riley se posicionou diretamente atrás de sua mãe na trilha estreita que os guias escolheram para fazer o último km até a base da montanha. Discutiria com seu guia mais tarde sobre continuar a subir a montanha. Agora era imperativo que apenas se mexessem. A agitação de Annabel crescia a cada minuto que passava. Ben e Jubal passaram na frente de Annabel e Gary escolheu ficar atrás do último carregador. Riley estava grata por estar a uma boa distância de Weston e Shelton, com várias pessoas entre eles. Uma vez que realmente começaram a andar, os guias e carregadores cortaram a trilha densa, Annabel parou de resmungar e só andava, seu olhar fixo na parte de trás da camisa de Jubal. Os sussurros em sua cabeça começaram uma hora antes do pôr do sol. O sol se desvanecia, trazendo sombras para a floresta, alterando a aparência das plantas para formas monstruosas. Riley podia ver os efeitos do zumbido incessante na cabeça de todos. Para ela, o som era desbotado e em segundo plano, mas até mesmo sua mãe começou a balbuciar um protesto. Talvez por causa do perigo de alguém que amava, os sentidos de Riley pareciam crescer a cada passo que dava, junto com a consciência de seu entorno. Se encontrou vendo coisas que nunca notou antes. Folhas individuais. A forma como o musgo e samambaia cresciam e as flores abrindo caminho pelos troncos para o céu. Pela primeira vez em sua vida, estava totalmente fascinada pelo crescimento das plantas. Podia ouvir a força da vida na terra, uma batida que quase expulsava os suaves sussurros sem sentido tentando invadir sua mente. Por alguns momentos quando a escuridão começou a descer seu manto, as planta ao redor pareceram assustadoras; agora era até mesmo reconfortante e de rara beleza. As cores na floresta pareciam muito mais vívidas, mesmo quando a noite começou a cair, as flores subindo pelos troncos e estourando por toda a terra. A umidade escorria, o som musical, ao invés de chato. Riley sentia como se a 81 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
terra onde andava a reconhecesse pela primeira vez e estivesse sinalizando a aceitação de sua presença. A hostilidade que sentia era de uma fonte externa, alguma força sutil que ainda não conseguia identificar, mas a sentia tecendo através da floresta como uma doença. Atrás dela, o carregador Capa murmurou na sua língua baixinho, cortando o emaranhado de cipós e flores brotando enquanto Annabel passava. Riley teve o cuidado de andar perto de sua mãe, cobrindo seus passos, para que o carregador não pudesse dizer que as plantas se empurrando através da densa vegetação não estavam lá antes. A mãe olhou sobre seu ombro, de volta para Riley, parecendo exausta. Enviou para sua filha um pequeno sorriso e murmurou, —Eu te amo. Riley sentiu uma onda de amor por sua mãe fluindo forte. Ela soprou um beijo. Acima, os macacos de repente gritaram fazendo a floresta entrar em erupção numa cacofonia ruidosa. Os macacos seguiam cada movimento seu, correndo ao longo dos galhos aéreos e jogando galhos e folhas. Alguns brandiam ramos ameaçando e exibindo os dentes — outro fenômeno novo para Riley. Em sua experiência, os macacos e animais selvagens se mantinham à distância. Sem aviso, algo caiu nas costas dela, a derrubando direto no chão. Garras afiadas agarraram seus ombros, puxando sua mochila. Ela foi atingida novamente quando mais macacos surgiram das árvores, seu peso combinado a jogando para trás. Ouviu o grito de Annabel e a maldição de Jubal. O som de Capa cantando ficou mais alto acima dos berros dos macacos. — Hän kalma, emni hän ku köd alte. Tappatak ηamaη. Tappatak ηamaη. Desesperada, gritando por Gary e Jubal, Riley lutou para se livrar dos macacos e puxar sua Glock ao mesmo tempo.
82 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 5 Riley se torceu para fora da pilha de macacos barrigudos, ficando de joelhos, usando os dois punhos para firmar sua arma. Não podia ver nada. Havia dezenas de macacos cinzentos e verde-oliva, vermelho-marrom e pretos entre ela e Annabel. Os que pularam sobre sua mãe a tinham levado de volta para o mato fechado, e Riley podia ver que todos esses corpos peludos estavam em algum tipo de frenesi de gritos. Não ousava atirar com medo de atingir Annabel. Sua mãe gritou novamente, um som apavorado, reverberando pela cabeça de Riley. Ela se esforçou para levantar, só para uma nova onda de primatas a jogar de volta na terra. Cada macaco-barrigudo pesava cerca de dezessete quilos, e caíam duros dos galhos acima, usando seu peso e números para esmagar os humanos sob eles. O zumbido em sua cabeça, esse terrível canto, aumentou de volume — de comando. Hän kalma, emni hän ku köd alte. Tappatak ηamaη. Tappatak ηamaη. Podia ouvir as palavras ecoando através de sua mente, mais e mais, um canto gutural, do fundo da garganta, quase como os monges que ouviu no Tibete, quando cantavam pela garganta. O som a perturbava no nível mais elementar, arrepiando o cabelo de seu corpo, fazendo com que seu crânio doesse, intermitente através de seu sistema nervoso, até que ela queria gritar como os macacos. Riley tentou rolar longe das criaturas atacantes, mas a prendiam como cola, grudando em seus cabelos, roupas e mochila, a segurando como se sua vida dependesse disso. Como regra, macacos barrigudos viviam nas altitudes, mais na floresta das nuvens, e não ameaçavam ninguém. Viviam em grupos
83 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
sociais de até quarenta, mas os muitos caindo das árvores e atacando todos os membros era muito mais que quarenta. Chorando, Riley empurrou os macados longe dela, indiferente que usassem dentes e garras para jogá-la na terra, e toda vez que se afastava, eles a arranhavam. Ela levantou rápido, girando em círculo, tentando se orientar. Os macacos barrigudos estavam por toda parte, um exército deles, e os homens estavam tentando combatê-los, assim como ela estava. Ela os chutou, e um afundou seus dentes em sua perna, tentando arrastá-la para baixo quando ela viu a folhagem densa onde sua mãe lutava contra os primatas enlouquecidos. Toda a cena era surreal, irreal, um pesadelo de violência, sangue e gritos. Uma arma soou atrás dela, e em algum lugar na frente dela, outra respondeu. Ela correu para frente, chutando e xingando, abrindo caminho para chegar em sua mãe. Por duas vezes atirou num dos macacos no ar enquanto se atiravam em seu rosto. Ela correu para o local onde estava certa que sua mãe foi arrastada. Os gritos de Annabel eram altos, chocados e horríveis, um animal com dor, atravessada pelo terror absoluto. Riley não podia vê-la através da tela de corpos. Não tinha ideia de onde o carregador Capa ou Gary estavam, por isso não havia como abrir fogo nos corpos dos primatas se sacudindo, com segurança, mesmo que cada célula em seu corpo a mandasse fazer isso. Os macacos barrigudos chegavam em massa, muito mais que uma tropa de quarenta, caindo por entre as árvores mais rapidamente que os humanos podiam ficar em pés. A batalha era algo saído de um filme de terror, vicioso e irreal. De repente os gritos de sua mãe cessaram. O coração de Riley saltou e mais adrenalina inundou seu corpo. A falta de som era muito pior. Amaldiçoando, chorando, Riley lutou para abrir caminho através da barreira sólida de primatas enlouquecidos para chegar ao local onde jogaram Annabel fora da trilha. Havia sangue por toda parte, piscinas escuras dele. Quando chutou longe um macaco agressivo, um arco vermelho pulverizou pelo ar, espirrando através das folhas do mato nas proximidades, nos troncos 84 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
das árvores e nos macacos. Por um momento pensou que os macacos estavam sangrando, mas então o viu. O carregador. Não Raul, mas seu irmão, Capa, derrubando mais e mais macacos com um facão sangrento. Seu coração parou. Não podia ver se era sua mãe ou os macacos que ele estava atacando, mas havia muito sangue. Demais. Com outro chute vicioso enviou outro macaco pelo chão, tendo um vislumbre do corpo da mãe. Ela apertou o gatilho uma e outra vez, esvaziando o cartucho em Capa, correndo para frente enquanto atirava nele, mas sabendo que já era muito tarde. Colocou o segundo cartucho no lugar. Simultaneamente, Gary atirou, suas balas acertando o carregador do lado, o fazendo girar. Descuidada que estivesse entrando na área de tiro, Riley correu, chutando e empurrando e até mesmo atirando nos macacos para alcançar sua mãe. Capa caiu duro, o facão voando de sua mão. Gary continuou a atirar nos primatas ao redor de sua mãe. Riley empurrou de lado o mato e parou abruptamente, abrindo a boca, um grito atormentado quase destruindo suas cordas vocais. Olhou o mato com horror absoluto e cheia de choque. Não estava sequer certa do que estava vendo, impossível de compreender. Por um momento pareceu ter tropeçado num massacre. Sua mente tentava dizer que aquilo tudo no chão e mato eram macacos, mas seu corpo estava em algum tipo de choque, quase paralisado, congelado e em algum lugar profundo dentro dela soube, mas simplesmente não podia aceitar a verdade. Havia muito sangue. Não podia ver carne, apenas tiras de pano e cabelo. Forçou seu corpo a seguir em frente, a bile subindo. —Não, Riley. — Braços se fecharam em torno dela, a impedindo de se mover. Mãos cobriram as dela, removendo a Glock. —Venha para longe daqui. Não há nada que possa fazer e não é necessário ver isso. — A voz de Gary era extremamente gentil, vindo de uma longa distância. O mundo desfocou e voltou. Seu estômago balançou e ela tentou virar a cabeça, olhar para longe do corpo mutilado, mas era impossível. O sangue era tão escuro. Os cabelos cacheados caídos no chão, fios e tufos através das 85 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
folhas de samambaia, vermelhos, emaranhados e lamacentos. Viu os dedos e parte de uma mão. Tiras de roupa cobertas de sangue. Não havia um lugar num raio de cinco pés que não estivesse encharcado de vermelho. Era impossível dizer o que estava naquela escura folhagem densa. Ela estava ciente do súbito silêncio na floresta. Nenhum som. Nenhum zumbido de insetos. Nem tiros. Nem gritos. O zumbido na cabeça dela se foi, sendo substituído por silenciosos gritos de protesto. O mundo ao seu redor recuava e, em seguida, focava, apenas para recuar novamente. —Riley, —Gary falou em seu ouvido, sua voz calma e firme. —Tem que vir comigo agora. Olhar para ela não vai ajudar. Suas mãos empurravam seu corpo congelado para se mover, dar alguns passos, mas ela não tinha nenhum controle, a agitação, raiva e tristeza brotando como um vulcão da profundidade da terra tremendo, através de seu corpo, até que seu coração queria parar de bater e seus pulmões se recusavam a trabalhar. Tentou dizer a Gary que não conseguia respirar, não podia puxar o ar. O cheiro de sangue estava muito pesado, permeando toda a área. Ele simplesmente a levantou e começou a se afastar. Ela pegou um vislumbre de Capa, o carregador, deitado na sua própria poça de sangue, o facão a poucos centímetros de sua mão. Seu corpo estava intacto, apesar de toda a vida ter escorrido para o chão. Um soluço escapou e ela agarrou o braço de Gary forte, sua única realidade num mundo enlouquecido. Annabel assassinada de forma selvagem era impensável. Sua mente se recusava a processar, mas seu corpo estava totalmente ciente e reagindo com o desligamento. Não estava certa que pudesse ficar sozinha nem se sua vida dependesse disso. Gary permitiu que afundasse no tapete de vegetação, a uma curta distância do local do assassinato de sua mãe. Estava ciente de seus companheiros de viagem em algum nível, como atores de teatro. Suas reações eram lentas. As cabeças girando. As bocas 86 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
abertas com choque. Os corpos dos macacos mortos estavam espalhados como lixo por toda a terra, aumentando a cena macabra. Tudo ao seu redor estava turvo e levou um momento para perceber que seus olhos estavam nadando com lágrimas. Os macacos que subitamente não voltaram para as árvores pareciam tão confusos como ela se sentia, andando em círculos, como se tivessem perdido a direção. Pela borda da sua visão, viu os três guias se sacudindo da terra, todos despenteados e listrados com sangue pelos ataques dos macacos barrigudos. Os três irmãos ignoraram os primatas dispersos e olharam inquietos na direção da floresta e dos dois corpos que estavam apenas fora da sua vista. Sussurraram um para o outro em voz baixa, silenciosa, antes de decidir ver o que tinha acontecido. Jubal se moveu para a clareira para enfrentá-los, suas roupas rasgadas pelo ataque vicioso, concentrado, provando que tentou voltar por Annabel e foi impedido como Riley. Os três guias hesitaram, mas continuaram lentamente para frente, esticando seus pescoços, as mãos segurando as armas. O Dr. Henry Patton levantou cautelosamente do chão e se apressou a ajudar um de seus alunos, Marty Shepherd a levantar. O homem parecia estar chorando, quase histérico, estapeando Patton e lutando quando Todd Dillon correu para ajudá-lo também. Marty foi puxado em pé, mas afundou instantaneamente quando os outros dois homens se curvaram solícitos sobre ele. Riley balançou para frente e para trás, tentando precisar como sua mãe foi assassinada a poucos metros dela. Olhou abaixo para a rica terra, coberta por centenas — milhares — de anos de vegetação, a morte e renascimento. Acima de sua cabeça, o céu escureceu sutilmente. Olhou para cima quando baixou suas mãos e as enterrou profundamente nas camadas de terra preta. Nuvens rodavam ameaçadoramente acima, formando torres que subiam alto. O vento agitava seus cabelos até mesmo lá, sob o silêncio do dossel, enquanto os ramos das árvores do dossel chicoteavam atrás num frenesi de atividade. 87 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela puxou uma respiração e soltou. Um gemido longo escapou de sua garganta. Ao som, os macacos restantes voltaram para as árvores, as notas de luto os seguindo através da floresta. Em vez de subir a montanha, a tropa de macacos barrigudos se afastou de sua casa natural no alto da floresta das nuvens. Don Weston e Mack Shelton tropeçaram novamente à vista. Ambos fugiram quando os macacos desceram. Não pareciam ter um arranhão. Ficaram suficientemente longe da batalha para fugir do ataque dos primatas. Ambos pareciam abalados. —O que diabos aconteceu aqui? — Don exigiu, fitando seus companheiros arranhados e sangrentos, bem como os corpos peludos no chão. —Pensei que macacos fossem a menor das nossas preocupações. Miguel virou para olhar para ele por cima do ombro. —Macacos não atacam homens. —Tenho novidades para você, gênio, — Don respondeu com um grunhido trêmulo. —Eles o fizeram. Eles têm raiva? — Realmente se afastou dos outros e estendeu seu braço na frente do corpo de Mack para impedi-lo de chegar mais perto dos outros. Jubal suspirou. —Eles não têm raiva, Don, mas temos que desinfetar cada arranhão, antes que alguém consiga uma infecção. Marty, preciso que você e Todd se ocupem fazendo isso. Comece com vocês. Os kits médicos estão nas embalagens. Uma vez que determinem que ambos cuidaram de tudo, usem os antibióticos e se dividam para ajudar os outros. Riley os ouvia de longe. Nem sabia o que ele estava fazendo, tomando o comando, forçando os dois estudantes abalados, dando-lhes algo ativo para ajudá-los a se recuperar. Ela não podia mover um músculo. Não havia nenhuma recuperação. Sentia-se entorpecida além da compreensão. Sua mente se esforçava para compreender e em algum nível sabia que estava em choque, mas não podia se aprumar. 88 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela enfiou seus dedos no solo, a única coisa real que podia segurar. Arrastando dois punhados de terra, fechou os dedos apertados em torno dela e apenas se deixou chorar. Lágrimas corriam pelo seu rosto, escurecendo sua visão, caindo no solo, mas podia ouvir os outros saindo de seu choque, se movimentando, fazendo como Jubal instruiu. Jorge, Fernando e Heitor, três dos quatro carregadores restantes, todos primos, se aproximaram de Jubal hesitantes pelo lado esquerdo, cuidando em manter o mesmo ritmo dos guias que encaravam Jubal de frente. Ben Charger estava atrás deles, deliberadamente fazendo barulho, assim estavam muito conscientes de sua presença. Do outro lado dos carregadores, se aproximando de Jubal vinha o quarto carregador, Raul. Gary seguia num ritmo lento, mas, como Ben, se deixou saber que estava logo atrás do carregador. Carregava sua arma abertamente. Miguel parou na frente de Jubal. —Quem está ferido? —Não ferido, morto, — Jubal corrigiu. —Seu carregador assassinou Annabel. O que resta dela está naqueles arbustos lá. — Ele assentiu com a cabeça na direção da densa folhagem, mas sem tirar os olhos de Miguel ou recuar. O olhar de Miguel seguiu a direção do aceno de Jubal. Engoliu e deu um passo na direção do mato escurecido. —E quanto a Capa? Onde está? —Está morto, também, — Jubal respondeu, sua voz sinistra, uma inflexão de aviso em sua voz. —Chegamos muito tarde para detê-lo. O silêncio desceu mais uma vez, a notícia chocando todos claramente. Os homens olharam um para o outro. Miguel assentiu com a cabeça e seguiu para o mato sangrento. Seus irmãos o seguiram silenciosamente. Os carregadores contornaram ao redor de Jubal, que virou para enfrentar todos. Ben e Gary o ladearam de ambos os lados, claramente não confiando em qual seria sua reação à morte de seu primo.
89 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Don e Mack seguiam um pouco atrás deles, esticando seus pescoços, tentando ver. Riley prendeu sua respiração quando os homens se aproximaram da densa folhagem. Não queria que nenhum deles visse sua mãe dessa forma. Queria gritar que ficassem longe do corpo, especialmente os dois engenheiros. Soube o momento que todos avistaram o corpo. Os carregadores recuaram, costas e ombros enrijecidas. Olharam do corpo de Capa para o que restava de Annabel. Não havia dúvidas do que aconteceu. Don se inclinou e vomitou novamente. Mack engasgou e se virou, pressionando sua mão na boca. Riley sentiu o exato momento que ambos viraram seus olhares horrorizados para ela. Se recusou a olhá-los. Se continuasse imóvel, sua mente não voaria e seu coração quebrado permaneceria dentro de seu corpo. Os gritos em sua cabeça ficariam lá, trancados para sempre. Don levantou lentamente, mais uma vez olhando para o mato e apressadamente virando sua cabeça. Caminhou lentamente para Riley. Ficou lá por um momento em silêncio antes de limpar sua garganta. —Sinto muito por sua mãe, Riley. Ela não podia olhar para ele. Acenou com a cabeça, pressionando as mãos mais fundo na terra. Estava tão insensível que a única coisa que podia sentir na sua pele era a sensação da terra. Mack se arrastou mais perto, de forma estranha, mas bem intencionada. —Estou tão triste, Riley. Não há nenhuma palavra. Isso é terrível. Novamente ela assentiu, incapaz de responder. A vida a puxava de volta da beira da catástrofe. Não podia perder o controle completamente. Tinha que encontrar uma maneira de seu cérebro funcionar, pensar no que fazer a seguir. Quatro carregadores pegaram o corpo de seu primo e o levaram mais fundo no mato. —O que estão fazendo? — Jubal perguntou a Miguel.
90 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Vão enterrá-lo corretamente, — disse Miguel. —Nos nossos costumes. Vamos cuidar de... Quando os três guias chegaram mais perto de Annabel, o corpo inteiro de Riley se rebelou. Mesmo a terra abaixo dela pareceu protestar violentamente, estremecendo numa onda de protestos. A terra estremeceu, levantou em ondas de duas polegadas e enviou vibrações através de seu corpo. ―Sentiu‖ o protesto imediato e com ele veio a necessidade de agir, se mover rapidamente, fazer alguma coisa —apenas não estava completamente certa do que. —Não deixe que eles a toquem, — Riley defendeu. —Jubal, eles não podem tocá-la. Miguel se virou para ela, seus olhos cheios de tristeza. —Não desejamos que isso acontecesse, Riley. Nunca iríamos querer sua mãe morta. Capa não queria. Era um homem gentil, com esposa e filho. Nunca machucaria alguém se não estivesse fora de sua mente. Temos que dar à sua mãe um enterro adequado aos costumes de seu povo. Ela sabia que o guia era sincero. Ouviu em sua voz e viu em seu rosto, mas uma força mais profunda a tomou. O corpo da mãe não podia ser tocado. Riley se forçou a levantar, sacudindo a cabeça. Seu corpo parecia fraco, seus pés como borracha, mas tinha que levantar. Sob seus pés, a terra a empurrou, a tirando do seu choque. —Não deixe ninguém tocá-la, — ela repetiu olhando de Miguel para Jubal. Se obrigou a encontrar os olhos do guia. —Temos nossos próprios costumes, Miguel, e devo a atender. Achou um pouco aterrorizante abordar esse lugar horrível de sangue e morte na frente de todos, mas tinha que ser feito, mesmo se tivesse um colapso total. Não tinha ideia do que precisava fazer, mas o comando era poderoso agora, a empurrando a se mover. Weston e Shelton recuaram silenciosamente para deixá-la caminhar lentamente na direção do corpo da mãe. Riley estava ciente do silêncio descendo mais uma vez sobre o grupo. Dois estudantes, ocupados em 91 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
desinfetar suas próprias feridas e a de seu professor, pararam para observar sua abordagem ao mato manchado de sangue. —Diga o que precisa, Riley, — disse Gary, chegando ao lado dela. — Vamos ajudá-la. Não estava completamente certa do que precisava, mas assentiu com a cabeça ligeiramente, esperando um momento antes de olhar para sua mãe. Se aproximou cautelosamente, se preparando para a visão do corpo mutilado de Annabel. Não era sua mãe, lembrou, apenas sua concha deixada para trás. Sua mãe estava muito longe, e mais uma vez com o homem que amou tanto por tantos anos. O vento tocou seu rosto enquanto se aproximava do mato denso, dedos de conforto puxando lágrimas de seus olhos. Ela manteve sua cabeça e queixo altos, respirou fundo e, em seguida, permitiu que seu olhar se movesse muito lentamente, uma polegada de cada vez, ao mato escurecido. Balançou seu estômago, e prendeu sua respiração, um caroço em sua garganta, ameaçando sufocá-la. A terra se moveu novamente, delicadamente, a empurrando para frente. Profundamente sob a densa vegetação, Riley sentiu o zumbido da pulsação da terra. Seu pulso saltou — combinado com esse ritmo constante, reconfortante. Sentiu suas veias formigando, uma rede atravessando seu corpo, a ligando ao planeta que morava. A flora e a fauna ao seu redor sopravam vida no ar, e ela os levou aos seus pulmões. No interior, sentiu algo se mexer, despertar, se tornando consciente. A cada passo vacilante que a levava para aquele lugar de assassinato e morte, se tornava mais certa do que precisava fazer. Suas veias pulsaram e queimaram, uma corrente elétrica piscando através de seu corpo até que sentiu seu sangue correr com a própria seiva nas folhas das árvores, se conectando à natureza. Como um dragão adormecido despertando pela primeira vez, a energia arqueou e se espalhou até consumir cada célula em seu rastro. Sua mente se encheu de imagens de uma vida não 92 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
vivida ou já conhecida, mas tão familiar, que reconhecia tudo como se o conhecimento sempre estivesse lá, impresso em seu cérebro, apenas esperando esse momento quando acordasse. Riley parou, tudo nela imóvel, para melhor absorver as mudanças monumentais acontecendo tão rápido em seu corpo e mente. Ao seu redor, os outros desvaneceram agora para o fundo enquanto todos os seus sentidos pareciam crescer. A umidade pesada pendurava no ar. Podia sentir as gotículas individuais na sua pele, as respirar em seus pulmões. Sob seus pés, a terra se moveu novamente, a empurrando para frente. Sabia exatamente o que precisava fazer — limpar o corpo da mãe e consagrá-la, a preparando para seu retorno à mãe terra. Annabel era filha da terra, emprestada por um tempo curto, e precisava ser devolvida com reverência e agradecimentos. Teria que definir os quatro cantos e chamar os elementos e as direções que ligavam as energias, mas primeiro honraria sua mãe purificando e limpando seu corpo. O sangue infiltrando no solo não mais a enojava. Em todos os lugares que o líquido escuro da vida tocava, o solo atingia a riqueza, a vida de sua mãe reabastecendo e enriquecendo o ciclo do renascimento. Riley levantou as mãos para o céu, chamando a umidade, puxando todas as gotas pesadas para ela. A chuva respondeu, uma chuva fina caindo nos restos do corpo da mãe, se movendo em gotas misturadas ao sangue fora das folhas e ramos, parecendo viva, para rolar no chão e lentamente começar a penetrar profundamente na terra. Quando o último vestígio de sangue desapareceu no chão, Riley chamou as correntes de ar agitando o dossel, que esperavam o tempo todo que ela usasse esse elemento. A chuva parou quando o vento circulou o corpo, agindo como um ventilador, secando os restos de Annabel. No fundo, Riley sentiu uma queimação através de seu corpo, essa corrente elétrica pulando à luz, e suas mãos se estenderam na direção de sua mãe num intrincado padrão tecido no ar. Estava absolutamente certa de cada
93 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
movimento, sem hesitação, a trama saltando à vida até que um etéreo e baixo fogo azul queimou sobre os restos e foi imediatamente embora. Ela abaixou e pegou o solo em suas mãos. —Mãe terra, estou restituindo sua filha para você. Obrigado pelo dom da vida. Os anos de felicidade. O serviço à humanidade. — Quando murmurou as palavras, permitiu que o rico solo deslizasse sobre os restos de Annabel. Riley olhou para o norte e chamou o poder do ar. Quando as correntes mais uma vez começaram a rodar ao seu redor, enfrentou o Sul, chamando o poder da terra. O chão respondeu, tremendo, ganhando vida. Ela virou na direção do leste e chamou o fogo, até que a área em torno do corpo da mãe estava gravada em chamas baixas queimando. Enfrentou o oeste e chamou o poder da água para purificar e renovar. As mãos de Riley novamente começaram a tecer um padrão, um maestro numa orquestra, enquanto murmurava suaves palavras poderosas. —Ar, terra, fogo, água, ouçam minha oração. Vejam sua filha contemplar sua criança esta noite. Ajudem a cicatrização através desta situação. Deixem o fogo alimentar uma purificação selvagem. Deixem o ar varrer as conclusões negativas. A água apagar a pira da purificação enquanto a Terra traz adiante os desejos renovados. Ar, terra, fogo, água, projetem um anel de poder natural. Circulem ao redor e três vezes devem ser presos, levando sua filha ao chão. Aceite sua filha de volta esta noite e a segure sempre perto e apertado. Que ninguém perturbe este lugar de paz e dentro deste círculo possa minha mãe encontrar a paz. Como acima, assim como abaixo. A terra deu um longo suspiro. Riley a sentiu. Ouviu. A resposta à sua oração ritual. A terra tremeu. Ondulou. Ganhou vida. Todas as piscinas e gotículas onde o sangue de Annabel salpicou afundaram, flores e plantas verdes disparando, empurrando através do solo rico na direção do céu. Mais uma vez a terra tremeu. Sob o corpo rasgado, o chão da floresta rachou e afundou, puxando os restos de Annabel para essas fendas profundas. Barro
94 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
preto borbulhou acima, rico em minerais e com isso, rajadas verdes dispararam através da terra para alcançar o céu. Não restou nenhum vestígio de Annabel ou de sangue. As plantas eram tão espessas que o terreno todo se tornou uma gruta de beleza. Deitada no meio de um mar de flores parecendo uma noite estrelada estava a oferenda da Mãe Terra — o colar de sua mãe. A peça era passada através das gerações, e Annabel nunca o tirou uma vez sequer desde que sua mãe morreu. Riley colocou um pé cuidadosamente na frente do outro, circundando o lugar de descanso da mãe, permitindo que a paz se infiltrasse nos seus ossos. Abaixou no campo de flores brancas e colocou suas mãos de ambos os lados do presente remanescente de sua mãe. Os talos e pétalas se estenderam para ela. O solo se moveu sob ela, correndo ao redor dela, a recebendo. A conexão a golpeou como uma bola de fogo, atacando através de seu corpo, desfraldando seu cérebro, a terra a alcançando, acolhendo sua filha, compartilhando seus dons. O conhecimento aumentou rápido, através de suas veias, se estendendo aos seus ossos, pressionando cada célula. Do núcleo do planeta sentiu a pulsação, ouviu os sussurros da verdade, da criação. As plantas perto dela se estenderam para se embrulhar ao seu redor, para tocá-la. As árvores dobraram sem vento, mergulhando abaixo para honrá-la. O vento tocou seu rosto, soprando ar fresco em seu rosto quente. O solo derramava sobre seus dedos nus, e quando o fez, sentiu alívio em sua terrível dor. O nódulo que queimava na garganta diminuiu, trazendo alívio. Quando os dedos escavaram profundamente, procurando a última conexão com sua mãe, sentiu uma ondulação no solo, um eco sutil do mal. O lugar consagrado como descanso da sua mãe empurrou esse sussurro, esse último suspiro do mal longe, mas o estômago de Riley cambaleou. Tudo que sua mãe contou sobre seu passado e o vulcão era verdade. Triunfo permeava o solo, a alegria por sua mãe ser brutalmente assassinada, deixando o mal mais uma vez emergir e vaguear livre, se alimentando de inocentes.
95 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Seu coração falhou uma batida. O mal se desvaneceu na direção do vulcão. Um senso de urgência a assaltou. Tinha que chegar à montanha e selála antes que qualquer coisa monstruosa presa lá pudesse escapar. Rapidamente puxou as mãos do solo e virou a cabeça para olhar na direção da montanha fumegante. Riley abaixou em cima da cama de flores de estrelas brancas e levantou a herança das flores, um presente dado pela Mãe Terra à sua antepassada há muito tempo morta. Seus dedos tremiam quando correu a ponta de seu polegar sobre a fina prata em forma de um grande dragão com olhos de ágata de fogo. As garras seguravam um orbe de obsidiana. Olhou abaixo para a peça, lembrando de todas as vezes que sua mãe a mostrou a ela, escondida como um tesouro em volta do seu pescoço, guardada sob sua roupa. A corrente fina foi embora, assim Riley escorregou o presente em seu bolso e fechou o zíper do bolso. Gary estendeu a mão para ela e Riley permitiu que a ajudasse. Pela primeira vez olhou ao redor para seus companheiros de viagem. Todos tinham expressões simpáticas e foram vê-la de perto. Ela percebeu que a floresta obscureceu sua visão dela e do que estava fazendo, os ramos se alongando, mato e árvores escondendo o ritual de purificação dos olhos interessados. —Precisamos cuidar dessas feridas, — disse Gary. —Tenho que ir, — disse Riley. —Não há mais tempo. Gary balançou a cabeça. —Sabe que não pode arriscar. Desinfete as mordidas e arranhões e vamos juntar tudo e partir. Os outros, um por um, passaram pelo local de descanso de Annabel, tocando o ombro de Riley, acenando para ela, alguns murmurando uma oração. Os três guias fizeram seu próprio ritual. Riley, enquanto Gary transformava suas feridas da batalha em listras de fogo, olhou em volta para os carregadores. —Não foi culpa dele, — disse ela. —Capa. Não foi culpa dele. Miguel virou para olhar para ela. —Obrigado por isso. 96 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Não sente a diferença? O terrível zumbido se foi, —Riley ressaltou. — Ai. — Ela empurrou a mão de Gary. Ele a ignorou e continuou enxugando com algum líquido ardente. —Não parece mais leve? O temor se foi. Toda a tensão. Duas pessoas morreram e apenas por isso deveríamos estar tensos, mas em vez disso, desapareceu aquela horrível sensação de desgraça iminente. Ben, perto dela, respondeu. —Notei isso também. O professor e seus alunos querem voltar. E o vulcão definitivamente está acordando. Não sei quanto tempo temos antes que exploda, e não queremos estar em qualquer lugar perto dele quando acontecer. Riley balançou a cabeça. —Eles podem voltar, você pode, mas tenho que continuar e tenho que chegar lá rápido. Não há tempo a perder. Ben franziu a testa. —O vulcão é um problema real que não podemos simplesmente ignorar, Riley. —Não posso explicar, mas não tenho escolha. Se precisar, vou sozinha. Já estive nesta mesma montanha várias vezes e posso encontrar meu caminho se precisar. — Já não estava surpresa por ser verdade. Olhou acima a roda de nuvens. —A noite está caindo rapidamente. Temos cerca de uma hora, e vamos ter que nos apressar através dessa selva densa. Gary e Jubal trocaram um longo olhar, conhecedor. Riley não ia perguntar. Sabiam, assim como ela, que qualquer mal que estivesse preso na montanha sairia se não o detesse. Aceitavam a verdade, assim como ela fazia. Se tinham conhecimento prévio e não estavam dizendo, não importava. Ia até aquela montanha e nada a impediria. —Weston e Shelton querem voltar também, — disse Ben. —Os carregadores também não querem ir, — Weston se defendeu, um pouco beligerante. —Alguns deles podem ter nos deixado já. Dois não voltaram após enterrar o outro. —O chão está se agitando constantemente. — Mack apontou o óbvio. — Sem dúvida haverá uma explosão iminente. Temos que chegar tão longe daquela montanha quanto possível. 97 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley assentiu com a cabeça. —Estou plenamente de acordo. Todos devem sair daqui tão rápido como possível. Eu não tenho escolha. Vou até a montanha. — Ela passou por Gary, força e determinação derramando dela. —Estou saindo agora. Não tenho tempo para discutir com todos. Miguel soltou sua respiração. —Vou te levar. Meus irmãos podem levar os outros de volta. Dois de seus irmãos balançaram a cabeça em protesto. Miguel estendeu sua mão na direção da morada de Annabel. —Falhei com ela. Não vou abandonar sua filha. Jubal levantou sua mochila e a balançou em suas costas. —Eu vou com você. Gary silenciosamente vestiu sua mochila também. Ben Charger fez o mesmo. Weston xingou baixinho e não apenas apanhou sua mochila, mas alcançou e pegou a de Riley também. —Vou levar isto por um tempo. Shelton sacudiu a cabeça. —Está louco? Caramba, Don, vamos ser mortos se aquela montanha explodir. Precisamos fugir daqui tão rápido quanto possível na direção oposta. Don deu de ombros. —Vamos apenas fazê-lo, e então corremos como o inferno. —Acelere o passo, Miguel, — Jubal ordenou. —Queremos chegar à base da montanha antes de anoitecer, se possível. Miguel levantou uma mão na direção de seus irmãos e partiu sem outra palavra. O professor e seus dois alunos permaneceram com os outros dois guias e dois carregadores, que discutiam acaloradamente entre si. No último momento, Hector pegou uma mochila de suprimentos e correu atrás de Miguel, deixando seu primo balançando a cabeça. Weston e Shelton seguiram o guia e o carregador.
98 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Jubal ficou atrás deles, balançando a cabeça na direção do arqueólogo e seus alunos. Riley pegou a mochila de sua mãe e a colocou sobre os ombros. Não percebeu como seu corpo estava golpeado e ferido pelos macacos caindo. Ela seguiu Jubal. —Boa sorte, — Gary desejou aos outros enquanto saia atrás de Riley, claramente preparado para protegê-la. Riley não olhou para trás. O senso de urgência crescia nela mesmo enquanto percebia que tudo ao seu redor havia mudado. Seu foco. Sua consciência. Seus pés pareciam encontrar o caminho certo por vontade própria, evitando todos os perigos. A floresta respirava por ela, fornecendo oxigênio para melhorar sua capacidade de se mover rapidamente através das trilhas estreitas. Sabia antes de virar uma curva exatamente o que estava à frente. Sentia a floresta vivendo nela, sussurrando conforto, compartilhando informações, a aconselhando. O ritmo era rápido enquanto os tremores de terra aumentavam de frequência e força e a noite começava a descer. Ainda assim, havia uma calma e ritmo no grupo que nunca houve antes. Riley sentia como se fosse parte de cada um dos viajantes enquanto caminhavam através da selva emaranhada. Atrás sentia Gary, calmo e constante, vigilante, sempre alerta, pronto para qualquer coisa, assim como Jubal diante dela, parecia estar. Ben Charger se movia bem na floresta, seus passos e seu jeito confiantes. Don e Mack eram bem menos assim, nervosos e lutando com o terreno acidentado, embora ambos tentassem. Estavam apenas fora de seu elemento. Miguel, no entanto, familiarizado com a forma e o perigo de toda a área, irradiava medo. Cada vinha, cada ramo, mato bloqueando sua fuga era recebido com um golpe limpo de sua gigante lâmina negra enquanto removia obstáculos de seu caminho. Ela sentia o corte das longas videiras, tão reais que quase podia sentir o ar passando por cada pedaço que caia no chão da
99 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
floresta. As folhas tentavam recuar da lâmina com sutis vibrações de aviso às plantas na frente deles. Ela começou a sussurrar baixinho, pedindo perdão pelo corte de uma trilha. Tinham que se apressar. Não havia tempo a perder, ou a própria floresta propriamente dita poderia ser perdida. Abra a trilha para eles, deixe-os passar. Riley puxou uma respiração rápida. Quantas vezes ouviu sua mãe sussurrando em voz suave e monótona enquanto acampavam na selva pesada? A cada passo se conectando à terra, se sentia mais conectada com sua mãe, mais próxima dela, mais consciente das memórias. Ela tocou o final de um ramo decepado numa espécie de reverência. Já havia um líquido claro escorrendo para molhar a ponta de seus dedos. A seiva da planta era fria e pegajosa, e uma calma desceu em sua mente, a ajudando a se concentrar sobre o que precisava fazer. Colocou um pé na frente do outro, permitindo que sua mão pendurasse, mantendo contato com a planta até o último momento possível. Sentiu a mudança dentro dela, seus pulmões apertados se aliviando, puxando uma completa lufada de ar fresco, deixando as plantas levarem um pouco do peso da sua tristeza e medo do que estava por vir. Os tremores continuaram, dando um sentimento de extrema urgência, de necessidade de se apressar e com isso veio uma consciência do medo crescente em seu guia. Miguel sabia o que significavam esses tremores — uma erupção iminente. Era responsável pelos viajantes e já sentia ter falhado com Annabel. Pouco a pouco foi mudando de direção, uma sutil mudança de modo que era quase imperceptível, mas o senso de Riley de seu objetivo era agudo agora, como era o mapa em sua cabeça, a levando para o local exato que precisava ir. Não culpava Miguel. Como poderia? Se sentia esmagado pela responsabilidade e culpa. Uma memória surgiu de Riley quando criança, durante uma de suas viagens, uma tempestade atingindo o abrigo que o guia 100 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
fez às pressas para eles. Estava envolta na força do abraço da mãe enquanto sua mãe cantava baixinho para levar suas lágrimas. A memória há muito esquecida trouxe o conhecimento do que precisava fazer. A canção saiu macia e baixa, quase um sussurro, mas lembrava das palavras e da melodia dessa viagem há muito esquecida. Sua mãe cantava enquanto corriam ao longo de trilhas enlameadas com a chuva caindo. As palavras se formaram em sua mente e cresceram em força. Não demorou muito antes que os outros abrandassem seu ritmo, ficando mais perto para ouvir mais. Riley continuou no ritmo, passando por Jubal e tocando seu ombro. Ele assentiu com a cabeça para ela, obviamente ciente da qualidade calmante em sua voz e a aprovação pelo que estava fazendo. Ela continuou a andar, acelerando seu ritmo, suavemente cantando, passando cada viajante, tocando-os delicadamente enquanto fazia isso, aliviando seus fardos e ficando mais confiante e poderosa a cada passo. Ela alcançou Miguel. Estava claro o quanto seus esforços o levaram fora do curso. A culpa era tangível, mas sentiu apenas tristeza por ele. Compreendia sua necessidade de proteger todos, e ele enfrentou sua raiva por tentar levá-los para longe do vulcão. Se moveu na frente dele enquanto sua canção deslizava para um zumbido baixo. Suas mãos subiram e ela teceu um padrão enquanto cantava para a selva. O caminho se abriu, folhas e galhos recuando para deixá-los passar rapidamente. Sob seus pés, o chão pedia pressa. A sensação de necessidade crescia e se espalhava até consumir tudo. Ela se tornou ciente do silêncio, como se os insetos prendessem a respiração à espera da sua chegada. Sentiu a pressão aumentando sob seus pés. Como se os outros sentissem esse mesmo senso de urgência que ela sentia, os pés bateram duas vezes mais rápidos, no ritmo de sua música. A terra tremeu mais duro, por mais tempo, jogando todos no chão da floresta quando chegaram à base da montanha. Riley enfiou as mãos no solo e sentiu a
101 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
enorme força e calor tremendo no chão. Imediatamente ficou ciente do triunfo do mal malicioso, se levantando como a maré, se levantando com os gases. Ela olhou para Jubal com olhos arrasados. —Estou muito atrasada. É tarde demais.
Capítulo 6 O chão chorou gotas de sangue como mel escorrendo de um favo — uma tristeza escura invadindo e se espalhando pela terra. Ela estava morta! Finalmente, Arabejila estava morta. Se pudesse ter feito isso sem atrair o Caçador, Mitro teria dançado. Fez isso! Destruiu a única mulher que poderia derrubá-lo! Mal podia conter sua alegria. Esperava um impacto maior, o chão rolando e balançando em protesto — ou até mesmo tentando retaliar contra ele — mas nada aconteceu. Ele ficou mais forte enquanto ela ficava mais fraca. Ele percebeu ao longo dos séculos, seu lento declínio sem seu companheiro — sem ele. Ela não foi capaz de se manter como ele fez. Ela precisava dele para viver, mas escolheu o lado do arrogante caçador Cárpato, pensando que poderiam derrotá-lo. Ela escolheu mal. Mais uma vez provou que era o mais forte, melhor, muito mais inteligente e astuto que o resto deles. O Caçador e sua prostituta perderam o jogo para as habilidades superiores de Mitro. Sabia o tempo todo que era mais esperto que eles. Mais uma vez comprovou que merecia a posição de braço direito do Príncipe, mas
102 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
foi deixado de lado porque o Príncipe o temia — temia que os outros reconhecessem que Mitro era um líder nato e se voltaria contra o Príncipe. Mesmo ferido como estava por seu último encontro, conseguiu subir primeiro — ou talvez o Caçador foi queimado no magma. Sabia que não, mas era um pensamento agradável. Ninguém podia derrotá-lo. Nem o famoso Danutdaxton e nem Arabejila. Agora, com Arabejila já morta, sua vitória quase o deixou tonto. Tinha que focar. Tinha tudo que precisava, finalmente. Sua busca foi bem sucedida, e era invulnerável agora. Nada podia detê-lo. Com Arabejila morta e seu tesouro recém-descoberto em sua posse, uma vez que estivesse fora, não havia nenhum Caçador que jamais pudesse destruí-lo. O mundo e todas as suas riquezas pertenciam a ele. Mitro manteve seus movimentos lentos e deliberados, apesar da vontade de correr na direção da crosta fina e empurrar duro para sair. Ele conseguiu quando tantos outros falharam porque era paciente e tenaz. Eles cometeram um erro terrível, o aprisionando dentro do vulcão. Pensavam que seria uma prisão, uma câmara de tortura, mas ele se tornou outra coisa, algo mais. Encontrou um tesouro além do preço, e tinha todo o tempo do mundo para planejar sua vingança — e sua vingança não tinha limites. Ainda tinha que fugir do Caçador e passar pela barreira que Arabejila e seu assassino ergueram para mantê-lo perto do centro do vulcão. Ao longo do tempo testou essa barreira, e nos últimos anos a diluiu num lugar sem o Caçador perceber. Foi furtivo, ficando longe da área por longos períodos de tempo e tomando cuidado para nunca deixar um rastro atrás. Também trabalhou com salvaguardas em outros lugares, determinado que este ponto fosse seu verdadeiro ponto de fuga se os outros não funcionassem. Esta era sua chance e não ia arriscar perdê-la, indicando sua posição muito cedo. Mitro não podia arriscar outra batalha com o Caçador. Assim como ele se transformou em algo mais, também Danutdaxton — um Caçador implacável que conhecia desde a infância. ―O juiz‖ como o chamavam. Mesmo quando 103 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
menino era um guerreiro sério e todos, inclusive o Príncipe, tinham grandes expectativas sobre ele. Mitro fez seu melhor para fingir ser seu amigo, mas ver todos rastejando em torno dele era verdadeiramente revoltante. Mitro era inteligente — muito mais esperto que Danutdaxton jamais seria — e o príncipe devia ter visto isso. Todos deveriam ter visto isso. Mitro foi injustiçado tantas vezes. Todos tinham sido ciúmes dele — especialmente seus irmãos. Diziam que estava doente, que seu coração era negro, só porque não removia as emoções ao matar, como o juiz fazia. Mitro gostava de observar o condenado sofrer. Eles mereciam. Foram condenados, então por que não deveria ter um pouco de diversão depois que perdia tempo e esforço para caçá-los? Era da conta de alguém como despachava um inimigo? E os humanos eram forragem. Alimento. Suas mulheres eram presas. Sentia quando olhava em seus olhos e tomava seus corpos sem sua permissão, enquanto seus homens assistiam com horror. Tão indefesas. Como crianças. Como animais com quem corria e passava horas torturando. O sofrimento, assistir a vida deixando seus olhos, era emocionante. O Príncipe e seus irmãos não queriam admitir que tinham a mesma natureza. Supostamente não eram civilizados. O Príncipe queria ―domesticá-los‖ para dominar seus naturais instintos predadores. Mitro tentou arduamente fazer o Príncipe entender o dano que estava provocando ao seu povo. Os homens perdiam a emoção porque sua verdadeira natureza era suprimida. Se ele podia sentir sem sua companheira, a mulher que o aleijava, o forçava num molde, tirando a essência de quem eram, então os outros caçadores também podiam. As mulheres os prejudicavam — os transformavam em coelhos, quando foram feitos para estar no topo da cadeia alimentar. Seus irmãos tentaram impedi-lo de aconselhar o Príncipe, cada um deles um covarde. Sabiam que estava certo, mas temiam seu banimento e perda de status, se o Príncipe chorão discordasse dele. Mitro foi sem medo. Sabia que estava certo. Ele tinha cérebro e força para fazer o que devia ser feito. Podia 104 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
ter qualquer coisa que quisesse, e não viver contido pelos ditames de um homem sem qualquer visão. Mas agora — finalmente — as coisas seriam diferentes. Arabejila estava morta, e logo estaria livre para governar a terra, como deveria fazer desde o início. Ele flutuou, subindo lentamente, cuidadoso para não exercer nenhuma energia, sabendo que qualquer perturbação chamaria o Caçador para ele. Lembrou do quanto estava perto, só precisava fazer este movimento direito, bem lento com os gases subindo na direção da barreira e alcançar a parede muito fina. Tinha que cronometrar perfeitamente. Já podia sentir o Caçador em movimento. Ele não morreu então, mas Mitro sabia o tempo todo que isso não seria tão fácil. Seu coração sacudiu duro, enviando uma carga elétrica através de seu corpo. A corrente roubou sua respiração, mas deu-lhe uma profunda satisfação. Podia sentir o que outros não podiam. Ele mudou — evoluiu — para um propósito mais elevado. Sua prisão só o fez mais forte e mais determinado. Ia escapar e fugir de Danutdaxton. Sem Arabejila para rastreálo, o Caçador perdia sua vantagem. As veias de Mitro pulsaram e queimaram; após todos estes anos suprimindo sua necessidade de sangue, o desejo era mais forte que nunca e com isso, o anseio de ver o horror e repulsa, o medo terrível quando se ocupava da vida ou da morte de sua vítima. Sempre escolheu o mais forte dos guerreiros para matar, deliberadamente o torturando para que os outros vissem como era inútil lutar contra ele. Podia voltar aldeias inteiras umas contra as outras. Eles sacrificavam seus filhos quando exigia. Suas filhas. Seus filhos primogênitos. Ele alimentava o terror. O medo era tão importante quanto o sangue para ele. Precisava disso como precisava de sustento —delicioso, delicioso terror. Quanto mais pensava nas pessoas trêmulas diante dele, implorando por suas vidas, mais forte a compulsão se tornava. Estava há muito tempo sem comida
105 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
e desejava a adrenalina que o medo inspirava no sangue da sua vítima, quando bebia. Ele flexionou seus músculos e continuou a subir na direção da barreira que o impedia de partir pelo topo do vulcão, onde precisava estar quando ele finalmente explodisse. Sem Arabejila para o acalmar, a explosão seria catastrófica, aplanando e matando tudo por milhas. Seu plano estava no lugar, e nada podia detê-lo agora. Não uma mulher boba e não o Caçador Cárpato. Seria livre, e reinaria supremo! O vento se apressava abaixo pela montanha enquanto imponentes nuvens negras subiam até o topo da atmosfera, agitando e fervendo com raiva escura, sinistra. Raios bifurcavam no céu, chicotes de correntes elétricas chiando, estalando e crepitando com uma espécie de raiva. Sob suas mãos, Riley sentiu a subida de gases vulcânicos e junto com aqueles gases nocivos, outra coisa — algo terrivelmente mal. Estes homens vieram com ela e ela os levou ao perigo certo. Se permanecessem onde estavam, e ela não pudesse retardar a explosão ou redirecioná-la, todos morreriam. —Miguel, tem que pegar os outros e sair daqui agora, — ela ordenou, já agarrando a mochila de sua mãe. —O vulcão vai explodir. Posso sentir a pressão crescendo na terra. Mais que isso, podia sentir o triunfo do mal se espalhando, correndo sob a superfície. Se não acreditou totalmente nas coisas que sua mãe disse a ela antes, certamente o fazia agora. A malevolência era tão aguda que seu estômago balançou. Esta era a fonte que se centrou no assassinato de sua mãe. Os carregadores eram peões, assim como os insetos e macacos foram. Alegria e triunfo se derramavam no chão. Os tremores continuavam, a floresta tremendo constantemente. Riley não esperou para ver se Miguel a obedecia — todos deviam saber que uma erupção era iminente. Ela começou a correr até a trilha estreita que levava até
106 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
a montanha. Não entraria na floresta das nuvens, mas podia chegar perto o suficiente. Olhou sobre seu ombro para ver os homens hesitando. —Vão agora, — ela insistiu. —Corram. —Riley, é tarde demais, — Gary chamou atrás dela. Ele se abaixou para pegar sua mochila e correr atrás dela. —Não pode estar na montanha quando ela explodir. Riley não abrandou ou reconheceu sua preocupação. Se não pudesse aliviar a pressão no vulcão ou redirecionar a explosão, nem mesmo o arqueólogo e seus alunos estariam seguros. A explosão seria semelhante a uma bomba nuclear, devastando tudo por milhas. Podia ouvir as botas de Gary na trilha atrás dela e, em seguida, as de um segundo e terceiro homem. Não importava. Não podia detê-los. Cada um tinha que fazer sua escolha neste momento, e a dela era tentar salvar todos e fazer um último esforço para manter qualquer coisa mal que morava no vulcão preso. A cada passo que dava julgava as ondulações, tremores de terra. Quanto faltava? Quanto tempo? Tinha que chegar tão longe quanto pudesse, e ainda se dar tempo para se conectar ao vulcão e realizar o ritual. Tentaria selar o mal dentro da montanha enquanto acalmava e dirigia a erupção vulcânica crescente para longe dos viajantes. Podia apenas rezar para não haver outras pessoas do outro lado da montanha, porque se não conseguisse deter a explosão, tentaria uma erupção menor tão longe deles quanto possível. A terra tremeu, o som como um trovão, a desequilibrando. A mão de Gary pegou seu braço e correram juntos, Jubal logo atrás deles. Desejou que não a tivessem seguido, mas uma parte dela estava feliz por que o fizeram. Estava bastante certa que não ia sair dessa montanha viva e sua presença ajudava a aumentar sua determinação e coragem. Não estava apenas lutando por si mesma. O próximo tremor, muito mais forte que antes, durou um longo minuto, a avisando que acabava o tempo. Parou abruptamente e jogou a mochila de sua mãe no chão. —Tem que ser aqui. Não estamos onde deveríamos, mas se tivermos sorte, posso fazer isso. 107 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Podemos ajudar, — disse Gary. —Já participamos de um par de rituais. Diga-nos o que precisa fazer. Riley não ia perguntar como sabiam o que fazer quando ela mesma mal sabia. Só que não era, mas se por algum acaso conseguisse sair por um milagre, ambos os homens iam responder muitas perguntas. Ela abriu a mochila de sua mãe e tirou uma pequena vassoura feita à mão de salgueiro presa e amarrada firmemente. Às pressas, começou a varrer um círculo grande o suficiente para se manter e os três homens. Se moveu para a esquerda, varrendo os detritos enquanto sussurrava sua oração para os quatro elementos, os chamando para ela, enquanto trabalhava. Riley viu a mãe realizar o ritual para acalmar o vulcão muitas vezes, mas agora que era sua vez, havia muito que não sabia. Tinha que desfazer as vertentes do poder do mal que permeavam o vulcão inteiro e tecer seus próprios fios poderosos e fortes o suficiente para manter o mal contido, o mantendo dentro de suas próprias limitações e não permitindo que ficasse livre. —Use o sal, — ela instruiu Gary. —Siga o círculo. Jubal, há sálvia... —Entendi, — disse Jubal. Acendeu a sálvia e rodeou o círculo três vezes, limpando a área enquanto cantava suavemente baixinho. —O que diabos estas pessoas estão fazendo? — Ben exigiu. A terra tremia continuamente, os tremores ficando muito mais fortes e mais longos. —Temos que sair daqui. —Tentar alcançar Miguel e os outros, — disse Gary sem olhar. Continuou a formar o círculo com o sal. —Não, seja o que estejam fazendo, vou ajudar, — disse Ben. —Mas isso é insano. —Não pode sentir o mal? — Riley silvou. Podia senti-lo agora, real e potente, a alcançando em ondas — triunfo malicioso pelo assassinato de sua mãe. Se achava seguro com sua mãe morta, e até agora, não tinha ideia de que ela estava em seu encalço. 108 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Continue trabalhando, Riley, — disse Jubal. —Explicaremos como pudermos a Ben. Riley estava grata. Tinha que afastar tudo, até mesmo a terrível urgência do momento. Tinha que encontrar calma completa e se concentrar se queria ter alguma chance contra um mal tão grande. Fez um gesto para os homens quando levantou, os convidando para dentro do círculo de proteção recémconstruído. Mesmo se fosse derrotada, esperava que este pequeno espaço fosse seguro o suficiente para proteger os outros. Ela andou pelo círculo, imaginando a luz mais brilhante que podia, segurando o athame de cabo preto com lâmina de dois gumes no alto. Quando o círculo ganhou profundidade, Riley atraiu os quatro elementos, definindo as torres. Ligou os elementos. Ar no leste. Fogo no Sul. Água no oeste. Por último, sussurrou ao norte, chamando a terra. A Mãe Terra. Forçou sua mente a se concentrar nas proteções e bloquear os homens se movendo ao seu redor. Ajoelhada no meio do círculo, mergulhou as mãos profundamente na terra, focando totalmente em vincular o mal. Golpeou rápido e duro, usando cada grama de força que possuía. Eu te impeço escuridão de fazer mal. A mim e aqueles a quem você encantaria Eu te impeço escuridão de ficar livre Como te bloqueio longe para ninguém ver. A reação foi instantânea. Choque. Medo. Raiva. Insetos saindo da terra e correndo em círculo, ao redor deles, clicando e cantando agressivamente. Morcegos voavam de todos os lados, mas nenhum penetrava nesse círculo sagrado. Uma pesada, opressiva malevolência pressionou sobre eles. Raios bifurcaram no céu, uma longa espiral uivando, chiando e crepitando pela noite para atingir a poucos metros do círculo de terra. Em seguida veio uma série de bolas de fogo golpeando abaixo como uma chuva de meteoros enquanto o mal lutava. Ben começou a correr, mas Gary e Jubal o pegaram, o segurando imóvel. 109 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Não deixe o círculo. Agora, este é o único lugar seguro, — advertiu Gary. —E não chame atenção para si mesmo, — Jubal acrescentou num sussurro. —Está lutando por sua vida. Ou ela consegue prendê-lo dentro do vulcão ou estará solto no mundo, e nem imagina o que ele pode fazer à distância. Não quer aquela criatura interessada em você. Riley os ignorou, mal ciente de sua presença. Sem aviso, algo se moveu contra sua garganta, dentro de seu corpo. Presas afiadas a arranharam. Ácido ardente a engasgou. Garras envoltas em puro ódio passaram por ela. Esta era a criatura que assassinou sua mãe, e estava plenamente consciente dela agora e centrando sua atenção sobre ela. Ela se recusou a permitir o ódio em sua mente. Este era seu dever, seu trabalho. Não podia haver nenhuma malícia — não podia dar-lhe uma chance de entrar em sua mente. A ilusão era seu jogo, mas ela era mais forte. Riley se recusou a ceder a necessidade de tocar sua garganta para sentir se o sangue escorrendo era real ou não. Sussurrou outro canto macio para correr no interior da entidade malvada. Eu recorro à luz sobre ti, me rodeando com seu poder Prenda este mal na terra, me protegendo do que pretende me prejudicar Encontre o remetente, o siga de volta, deixe a escuridão voltar ao seu ataque Deixe o pavio curto ardente, deixe seu mal aquém desta noite. A entidade do mal empurrou duro, golpeando novamente sua garganta. Bruto. Queimando. Rasgando. Sua respiração mal passava através de suas cordas vocais desfiadas, a jugular aberta, sangue jorrando, embebendo suas roupas, espirrando para o chão. Encontre-o. Prenda-o. Mantenha o mal acorrentado. Forjado no fogo. Talhados na rocha. A Terra sussurrou para ela. Assegurou e a consolou. Riley manteve suas mãos enterradas profundamente no solo, os dedos fechados em punhos 110 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
apertados, mantendo aquela coisa má capturada, se recusando a soltá-la, não importava o quanto lutasse, retorcesse e se virasse, não importava como a esfaqueasse, tentando arrancar suas entranhas. Dor explodia por ela como uma estrela, e sabia que se olhasse abaixo veria seu estômago rasgado, sua alma derramando no chão. Invoco o espírito e a terra. Crie um casulo do qual não haja nenhum nascimento. Ajuste este espaço com cristalino preto, para abranger este mal, prender e segurar. Arabejila. Emni hän ku köd alte. Tõdak a ho aδasz engemko, kutenken aδasz engemko a jälleen. Andak a irgalomet terád it. A voz encheu sua mente. Transformou seu sangue em gelo. Riley controlou seu medo. Estava no círculo de proteção. Se recusava a ser intimidada. Com esforço, conseguiu deixar de lado seu medo e se concentrar nas palavras que ele falou. Ele falou o nome de sua antepassada. Ela não entendia o resto das palavras, mas imediatamente reconheceu a língua como a mesma que o carregador murmurava para si mais e mais. Esta entidade malvada a conhecia — ou, mais provavelmente, sua ancestral — e acreditava que ela ainda estava viva. Essa constatação lhe deu um pequeno e importante conhecimento que não possuía antes. Quem — o que fosse — esta entidade do mal, não era todo-poderoso e cometia erros. Além disso... juntamente com a ameaça em sua voz, ouviu o medo. Temia Arabejila. Considerando que foi a única que o trancou no vulcão e o manteve lá por séculos, fazia perfeito sentido. Na verdade, ela podia até mesmo ser a única coisa que temia. Se a entidade malvada temia Arabejila, isso significava que tinha razões para temê-la e significava que era vulnerável de alguma maneira. Ela puxou outra respiração profunda e se bloqueou para ele, ondulando seus punhos apertados para mantê-lo prisioneiro.
111 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Outro tremor sacudiu a montanha duro, jogando os homens na terra. Com suas mãos mergulhadas tão profundamente no solo, Riley sentiu o vulcão subindo. A explosão culminaria no topo da montanha e cobriria tudo por quilômetros. Ninguém estaria seguro, nem mesmo o arqueólogo e carregadores que saíram anteriormente. Seriam apanhados, bem como todos os animais e tribos distantes. Não tinha nenhuma escolha senão tentar acalmar a força poderosa e se não conseguisse, a afastar e redirecionar a explosão, se possível. Chamas de fogo, mostrem sua luz Ardentes dentro da minha vista Brilhantes e queimando profundamente Assim posso ver por onde começar Traga-me a luz como o fogo queima Então posso vinculá-lo com voltas e reviravoltas. Ela cantava as palavras suavemente, eloquentemente, suas mãos profundamente no solo, acariciando e acalmando o solo, deslizando a caminho da massa agitada de gases e rocha fundida. —Temos que sair daqui, — gritou Ben. —Agora mesmo. Essa coisa vai explodir. Jubal e Gary mantiveram um aperto firme nele, o mantendo dentro do círculo. —Não pode fugir de um vulcão, — Gary ressaltou. —Ela é nossa única esperança agora. Não tenho nenhuma ideia de como pode fazê-lo, mas claramente a montanha responde a ela. —O que diabos ela pode fazer? — Ben exigiu. Riley os ignorou, canalizando sua energia para a terra. A terra tremia e sacudia continuamente, e ela realmente podia sentir um aumento de força. Fogo leve-me para a luz Guie minha mão enquanto luto esta noite Mostre-me como encontrar meu fogo 112 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Assim posso guiar esta energia vulcânica. Não seria capaz de impedir a explosão, mas já podia sentir a resposta à sua presença. Tinha que usar cada pedaço de energia e poder que possuía para explorar o vulcão, guiá-lo para longe dos outros — e isso significava soltar a entidade malvada que prendia tão apertada. Fechando os olhos, tomou a decisão. Se estivessem todos mortos, ele escaparia de qualquer maneira. Não podia ter ambos. Abruptamente se afastou, enviando uma oração silenciosa para que a ligação o segurasse mesmo através de uma explosão do vulcão. Sentiu o eco instantâneo da alegria maliciosa, o riso sarcástico. Não importava que falhou. Agora, era tudo sobre redirecionar a explosão e acalmar o vulcão, impedindo um evento catastrófico. Vermelho como fogo, luz âmbar desvie este fogo e prenda-o apertado Espada e punhal, machado de duas cabeças, o sangue de dragão segure a explosão deste vulcão Salamandra que vive no fogo, crie um túnel para este rio de fogo. Pó vulcânico vomitou alto no ar. Várias aberturas cuspiram alto o vapor. Rochas ardentes listravam o ar, pequenas bolas como se a grande montanha apenas estivesse se expressando. Relâmpagos ziguezagueavam, grandes bifurcações se espalhando por todo o céu. Riley se manteve firme, se recusando a vacilar. Relâmpago triangular, use sua luz para manter todos os poderes, acrescentando força aos seus poderes. Ela deu outro suspiro, fechou os olhos e enviou sua oração ao céu e profundamente à terra. Mãe terra, sua humilde filha procura sua ajuda mais uma vez. Você está viva, respirando, sempre em mudança no seu estado natural. O fogo ruge em você, mas sua filha implore que contenha o fogo e o envie para longe de nós. A liberação é necessária para o crescimento deste mundo, é verdade, mas pedimos essa benção.
113 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Era o melhor que podia fazer. Acalmou o vulcão o suficiente para minimizar o dano, ou todo mundo estaria perdido.
Arabejila o enganou totalmente. Mitro queria rasgar algo de sangue quente. Sua raiva crescia enquanto lutava contra a liga firmemente tecida em torno dele. Estava muito mais forte do que já foi. Seu toque nunca hesitou. Ao longo dos anos ela parecia estar diminuindo em força, mas agora era todapoderosa — uma força que não contava. Parecia diferente para ele, mas passaram séculos desde que provou seu sangue quente — e esse foi seu único erro. Ele definitivamente devia tê-la matado imediatamente. Uma vez que tomou seu sangue, os vinculou juntos para sempre. Mesmo assim, a imaginava fraca, mas não agora. Ela não tinha se encolhido ou implorado. Ela golpeou duro e rápido, sem a mínima hesitação — algo que nunca fez antes. Rosnando, rangeu suas presas juntas, raiva e ódio alimentando sua força. Ela sequer se dignou a falar com ele. Era sua companheira, gostasse ou não, era sua posse. Ele podia optar por mantê-la viva ou deixá-la morrer. Era sua escolha. Ele era superior e sempre seria. Ele lutou mais duro contra os laços apertados. Arabejila sempre teve uma conexão com a terra, mas parecia mais forte que nunca. No momento que fosse forçada a voltar sua atenção para outro lugar, ele seria capaz de se libertar, mas as ligações estavam apertadas. Não podia se mover, não podia subir na direção da barreira que trabalhou tão duro para afinar. Amaldiçoou Arabejila, amaldiçoou o fato que só ela tinha a capacidade de o abalar. Devia ter se certificado que estava morta. Ela era o motivo por que o Caçador o encontrava uma e outra vez ao longo dos séculos... Ela o prendeu aqui. Ela o manteve aqui. E agora era a única coisa entre ele e seu triunfo. Ela era verdadeiramente a ruína de sua vida, e se não desenrolasse as correntes que colocou sobre ele rápido, ficaria preso para sempre. 114 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele renovou seus esforços, se concentrando na busca de cada fio da ligação na prisão ardente. Arabejila teceu o feitiço apertado, a terra se adicionando em sua trama. Sempre achou absolutamente repugnante que todas as plantas respondessem a ela em vez dele. Ele tentou, nos anos anteriores, a observando caminhar através de um campo com flores e plantas brotando em volta dela, fazer o mesmo, mas a terra se recusava a falar com ele. A rejeição era tão total e tão instantânea, que se encheu de ódio contra qualquer vegetação. Desprezava qualquer coisa que escolhia uma mulher fraca em vez dele. Mitro sempre considerou Arabejila unidimensional — boa em todos os sentidos. Não sabia como ser outra coisa. Ele estudou a vinculação tecida o encadeando dentro do vulcão. Esses fios diziam muito sobre sua adversária. Arabejila evoluiu ao longo dos séculos, assim como ele, e a achou muito diferente e mais poderosa por causa disso. Mais, seus fios apenas diziam que era uma força a ser reconhecida, e não tinham nada pessoal sobre ela. Não deixou nenhuma emoção atrás para ajudá-lo a derrotá-la. Isso o irritou. Ela deveria estar definhando por ele. Seus fios deviam conter tristeza e esse traço ridículo, fútil de esperança que não podia suprimir sempre que entravam em contato no passado. Não importava o que ele fizesse, depravado como se tornasse, ela sempre se apegava a essa pequena esperança que podia ―salvá-lo‖. Ela nunca percebeu que ele não precisava nem queria ser salvo. Mulher estúpida. Achava um insulto ela pensar que tinha o poder de transformá-lo num coelho como o resto de sua espécie. Lembrando daqueles dias, puro ódio brotou. Ia destruir Arabejila em seu tempo, mas primeiro teria que fugir. Ela não ia derrotá-lo, uma vaca estúpida que achava que era especial porque podia fazer as flores crescerem. A montanha sacudiu duro, e sentiu uma diferença sutil, quase imediatamente. Arabejila voltou sua atenção para longe dele e do fio o prendendo. Ele empurrou abaixo o desejo de lutar, de entrar em pânico quando a explosão podia acontecer a qualquer momento. Focou sua 115 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
concentração no fio de suas amarras. Um de cada vez. Teria que romper essa teia para escapar. Mitro tentou lembrar de cada detalhe que podia sobre seu último encontro com Arabejila. Ficou chocado. Horrorizado mesmo. Estava tão certo que ela estava morta. Ela não respondeu ou falou com ele e ele não procurou sua mente quando teve oportunidade. Ele ficou imóvel, a alcançando com cuidado. Se ele soubesse que palavras o prenderam, podia desfazer o fio facilmente. Só tinha que entrar dentro de sua cabeça. Ela era sua companheira. O sangue dela responderia seu chamado, mas seu toque teria que ser delicado. Abafou toda a sua ira, uma tarefa nada fácil quando Arabejila era a culpada por tudo que deu errado em sua vida e já conspirava para matá-la e todo mundo que ela pudesse se preocupar. Seu toque no fio grosso foi muito cuidadoso, buscando sua ligação com ela. Seu sangue se agitou, mas permaneceu frio. Silêncio. Vazio. Não havia nenhum contato. Se não soubesse melhor, diria que ela estava morta. Intrigado, mudou de tática. O senso de urgência crescia enquanto a montanha retumbava e gases vomitavam alto. Sob ele, a tempestade de fogo ameaçava se libertar. Abruptamente, sentiu uma diferença, como se o fio afrouxasse um pouco, como se não o tivesse apertado o bastante antes que voltasse sua atenção para outros lugares. Ela o agarrava muito forte, e agora, esse aperto de morte estava indo embora. Triunfante, ele golpeou duro, cortando através do fio. Eles aguentaram, mais fortes do que esperava contra seu ataque maciço. Ele exerceu pressão sobre seus nós, lutando contra seu pânico, com medo que sua luta pudesse atrair a atenção do Caçador. Danutdaxton se transformou em algo muito além, lá no vulcão, e o iludir era essencial. Os nós apertaram uma vez, mas depois inesperadamente soltaram. Exaltado, Mitro subiu rapidamente na direção da barreira e do ponto que passou séculos afinando. Levaria segundos para quebrar, e quando o vulcão
116 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
entrasse em erupção, sairia pelo ar com os gases. Euforia varria através dele. Satisfação. Triunfo. Nada, ninguém poderia detê-lo. Dax atravessou o vulcão furioso, se movendo como apenas um dragão poderia através das câmaras inferiores, para cima, na direção da barreira. Sentiu a sutil diferença na terra, conforto se espalhando, uma mão suave acariciando o vulcão, aliviando a crescente explosão catastrófica que arrancaria o topo da montanha e cobriria tudo por milhas. Arabejila? Enviou sua pergunta, mas estava certo que ela estava longe da terra. Sentiu sua passagem. Sentiu o luto da montanha quando ela foi embora. Seu sangue deveria chamar o dela se ainda estivesse viva. Ainda assim, a sensação dela, o acolhimento, o poder — estava tudo lá. Ainda. O silêncio respondeu seu chamado. Se Arabejila estivesse perto — e sabia que alguém tentava acalmar o vulcão — suas trocas de sangue permitiriam que a alcançasse. Eram amigos antes de traição de Mitro, mas seus séculos viajando juntos aprofundou ainda mais essa amizade. Estar próximo de Arabejila permitiu que sentisse alguma emoção. Ela era exclusiva dessa maneira, proporcionando consolo aos guerreiros de seu povo — e Dax praticamente nasceu um guerreiro. Ele tinha um dom para desentocar o mal. Podia cheirá-lo, vê-lo por dentro e desde o momento que conheceu Mitro viu seu núcleo podre. O vulcão sussurrava enquanto atravessava as câmaras escaldas, falando de uma mulher poderosa, curandeira, uma verdadeira filha da terra. Dax soube o momento exato que ela mergulhou as mãos no solo — o vulcão respondeu com uma vibração de atividade. Sentiu a reação imediata, não só do vulcão, do solo, do coração da terra, mas no seu próprio sangue. Familiar, mas desconhecida. Arabejila, mas agora — mais. Esta mulher era uma força a ser contada. Onde Arabejila era completamente suave, esta mulher tinha um núcleo de calor e fogo.
117 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele continuou atravessando o labirinto de tubos de lava se formando e cavernas ocas, se movendo na direção da barreira. Sem dúvida Mitro achava que podia escapar com a explosão do vulcão pelo pequeno espaço que o vampiro trabalhou por séculos para afinar. Dax nunca deixou de estar ciente do trabalho de Mitro. Nunca pegou o não-morto trabalhando para desbastar a barreira e todos os traços eram removidos, mas Mitro não contava com uma coisa — o vínculo de sangue intenso entre companheiros. Mitro deliberadamente encheu a montanha com seu mal, então seria impossível Dax detectá-lo, não com seu cheiro permeando cada pedra afiada e piscina derretida. Ele fez isso muito depois nessa saída. Não considerou que Arabejila e Dax trocaram sangue tantas vezes ao longo de sua busca por Mitro ao longo dos séculos, e quando começou o processo de afinamento, Dax podia usar esse vínculo de sangue para caçá-lo. Dax marcou o local em sua memória. O sangue de Arabejila chamava continuamente por Mitro, e como a terra também reivindicou Dax como seu filho, seu sangue começou a fazer o mesmo. Tinha apenas que ouvir. Agora, com a alma do dragão habitando nele também, tinha uma vantagem que não tinha antes — seus sentidos de visão e cheiro estavam muito acima do que antes. O calor do vulcão o alimentava ao invés de drená-lo. O Antigo e Dax se tornavam melhores partilhando o mesmo corpo e todos os sentidos. Agora, sabia exatamente onde estava Mitro. Podia sentir o vampiro lutando contra os nós que a mulher colocou sobre ele. Mitro se posicionava nessa barreira estreitada, direto onde Dax estava certo que estaria. Dax enviou um pequeno agradecimento à mulher e a Arabejila. Finalmente ia destruir o vampiro e cumprir seu dever com seu povo. Estaria livre para ir à próxima vida. Moveu-se rapidamente, subindo de forma constante, atravessando o labirinto de quilômetros de câmaras. Piscinas de magma borbulhavam ameaçadoramente. Vapor e calor giravam juntos para criar um denso nevoeiro. Usou os olhos do dragão para ver seu caminho
118 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
através da tempestade, correndo pelo vulcão para alcançar Mitro enquanto ainda estava preso. O vulcão tomou uma respiração profunda, o turbilhão se acalmando, uma terrível calma anunciando uma violenta tempestade. Dax sentiu o momento exato que a mulher tirou sua atenção de prender Mitro para suprimir a explosão catastrófica. Não podia culpá-la, ela tinha pessoas para salvar — assim como ele. Aumentou sua velocidade, correndo pelas duas últimas câmaras que levavam ao ponto fraco, onde sabia que Mitro estaria. Ouviu o alegre guincho de Mitro quando os nós se soltaram e ele alcançou o ponto fino na barreira. Dax o acertou de lado, batendo no corpo do não-morto, o jogando para baixo e longe de seu objetivo. Mitro gritou de frustração e raiva, tentando se retorcer longe, colocar distância entre eles. Dax era muito forte, muito rápido e chegou perto, peito a peito, enfiando seu punho profundo, penetrando através dos músculos, ossos e tecidos para alcançar o coração. Dax olhou nos olhos pretos de Mitro, olhos insanos, um monstro sem alma. Ele nasceu defeituoso e destruiu propositadamente cada coisa boa em sua vida. Dax sentiu as bordas murchas do enegrecido coração. As unhas de diamante rasgaram fundo, abrindo o peito do vampiro num esforço para cercar um órgão que asseguraria o desaparecimento de Mitro. Mitro gritou e sacudiu, suas garras rasgando o rosto de Dax, abrindo longos sulcos do olho à mandíbula. Enfiou seu próprio punho profundamente no peito de Dax, tentando alcançar o coração do Caçador Cárpato antes que ele pudesse extrair o dele. Rocha derretida pelo calor irrompeu através da câmara, alta e vertiginosa, despedaçando a barreira erguida por Arabejila. O calor era tão intenso que a barreira claramente derretia junto com ela, a pele dele. O rosto de Mitro caiu como se ficasse muito fino, deslizamento de seu crânio e ossos. Dax sabia que sua própria pele, aclimatada ao vulcão, não suportaria por muito tempo o enorme calor do cerne da terra. Não importava. 119 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Nada importava, exceto destruir Mitro. O vampiro podia arrancar o coração de Dax e jogá-lo nas piscinas laranja e vermelha que subiam quentes, firmemente na direção deles, e ainda assim valeria a pena se Mitro fosse embora do mundo. Os dedos de Dax cavaram mais fundo, alcançando o coração do vampiro quando Mitro abriu um buraco mais largo no peito de Dax. Por um momento sentiu como se o vampiro estivesse rasgando seu corpo com uma faca, mas Dax cortou toda a dor e se focou no trabalho em mãos. Dax fechou seus dedos em torno do coração enegrecido e começou a extraí-lo. O vampiro gritou, enlouquecido, enfurecido, rasgando a face e olhos de Dax com uma mão enquanto continuava afundando a outra mão no peito de Dax, na tentativa de matá-lo antes que fosse tarde demais. Dax puxou o coração do corpo e, olhando diretamente nos olhos de Mitro, deixou o órgão inútil cair no poço ardente abaixo. Não sentiu nenhuma animosidade pelo vampiro, não sentiu nenhum triunfo ou tristeza. O órgão decadente incinerou no momento que atingiu o caldeirão borbulhante de rocha derretida. Mas em vez de cair sem vida nos braços de Dax como o vampiro deveria fazer, uma vez que seu coração estava destruído, os lábios de Mitro recuaram numa paródia de sorriso, suas gengivas retraindo para mostrar enegrecidos e irregulares dentes manchados juntamente com um som sinistro de batida. Triunfante, vil e ainda muito vivo, o vampiro abruptamente se inclinou e afundou seus dentes na garganta de Dax.
120 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 7 Pouco a pouco o céu escureceu, uma grande sombra desenhada lentamente acima. Um estrondo alto anunciava a agitação contínua da terra. Uma densa nuvem de cinzas explodiu, saltando diretamente para o céu como uma torre preta volumosa, se expandindo e agitando quando se levantou. Em questão de minutos, a escuridão era quase impenetrável. A chuva começou a cair, uma onda rápida de gotas finas. Exausta, mentalmente e fisicamente, Riley mal conseguia levantar a cabeça. Sentia o corpo pesado, drenado de toda força. Ela se ajoelhou no chão, tentando pensar no que fazer a seguir, mas seu cérebro se recusava a trabalhar. Olhou para os três homens através do véu da escuridão. Pareciam disformes da cabeça aos pés. Todos os três estavam agachados no chão tentando superar os tremores intermináveis. Ela percebeu que as gotas não eram apenas água, mas cinzas, um pesado pó cobrindo seus corpos, cobrindo a montanha, as árvores, cada pedaço de folhagem em torno deles, e tornando impossível olhar para cima. Um relâmpago estalou atravessando o céu. O trovão caiu. A eletricidade crepitou em volta de todos eles, faíscas dançando em torno de seus corpos, 121 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
enquanto halos rodeavam suas cabeças. O som era como balas de canhão explodindo e feria seus ouvidos e reverberava por sua cabeça. O cheiro de enxofre saturava o ar. Ben ficou de pé, tentando se equilibrar enquanto o chão tremia implacavelmente. —Temos que sair daqui. Não podemos ficar aqui. Estamos muito perto. —Ele tossiu, cobrindo a boca e o nariz. A ansiedade afiava sua voz, mas claramente estava tentando se conter. —Ben,— Jubal disse, sua voz calma e firme. — Não pode fugir de um vulcão. Não vai ajudar se sair. Ou estamos seguros ou não estamos. —Se tivermos sorte, a explosão principal será do outro lado da montanha e vamos sobreviver se eu puder construir um abrigo rápido o suficiente. Esperemos que Miguel e os outros estejam fora da zona de perigo, — Riley tentou os assegurar, quando ela própria não tinha certeza. Ben olhou boquiaberto para eles, e então explodiu de medo e indignação. —Um abrigo? Está brincando comigo? Isso é um vulcão! Se ficarmos aqui, vamos morrer! —Ela não está falando de uma tenda, —Gary estalou. —E se corrermos, definitivamente estamos mortos, —Jubal acrescentou calmamente. Ele se virou para Riley. —Riley? Pode fazer isso? Realmente precisamos do abrigo, e realmente precisamos dele agora. Riley sentou sobre os joelhos e limpou a cinza caindo em seu rosto com uma mão cansada, tentando encontrar força para invocar a Mãe Terra mais uma vez. Fechou os olhos. Não tinha certeza que pudesse fazer algo para salvá-los. Veio aqui para impedir o mal de entrar no mundo, mas, até agora, tudo que fez foi falhar. Não conseguiu salvar sua mãe, não conseguiu manter o mal enjaulado e não conseguiu deter o vulcão. As probabilidades eram que não pudesse salvá-los, também. Mesmo sendo ela quem sugeriu isso, a ideia que pudesse construir um abrigo capaz de suportar um vulcão, de fato, parecia tão ridícula como Ben 122 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
declarou. O que estava pensando? Respirou fundo e tossiu, o peito apertado, os pulmões queimando. —Riley? —Jubal cutucou. As faixas ígneas de rocha fundida vomitaram no ar e foram arremessadas abaixo na direção deles. Fragmentos vermelho púrpura e pedras de fogo choviam sobre eles. Cobriram a cabeça, os três homens tentando fazer um escudo para Riley com seus corpos. Ela ouviu Gary ofegar quando uma pedra atingiu suas costas. Depois viu de relance uma pedra perto da cabeça de Ben. Jubal estava certo. Morreriam se tentassem correr, e morreriam se ficassem ali sem um abrigo à prova de vulcão. Se construir um fosse remotamente possível, teria que descobrir isso imediatamente. Riley cobriu a boca e o nariz para tentar respirar um pouco de ar limpo e, em seguida, mais uma vez, mergulhou as mãos no solo. Havia desespero em sua voz quando cantou. —Quadrado, cornucópia, eixo, foice, sal e escudo, chamo o poder de Auriel. — As palavras saíram por vontade própria, e pareciam certas. Ela sentiu como se estivesse alcançando uma memória há muito esquecida. Para sua surpresa, o chão começou a subir, seguindo o círculo de sal para formar paredes grossas de pedra e terra, se expandindo rapidamente, se movendo acima de suas cabeças, curvando e crescendo até que estavam dentro de uma caverna. —Ágata, jaspe, turmalina, alinhe este lugar de modo que nada possa queimar. A cinza estava por todo lugar, na sua boca e nariz, obstruindo sua garganta. A chuva de pedras incandescentes continuava, fazendo buracos profundos no chão ao redor deles e enviando estilhaços quentes pulverizando sobre eles. Uma pequena fissura se abriu, correndo até o círculo de proteção, mas parou abruptamente. Riley fechou os olhos, enviando uma oração para que tivesse força para fazer isso. Sentiu a terra respondendo ao seu toque, um conforto que 123 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
rapidamente se tornava familiar. Ao redor do círculo de proteção, as paredes continuaram a subir, forradas com rocha sólida para aumentar a espessura, dando proteção adicional contra uma explosão superaquecida. As paredes subiram alto, se curvando para formar um teto acima. Apenas uma estreita abertura permanecia. —Rubi, granada, diamante forte, nos sele seguros do dano do fogo. — Enquanto ela cantava, todas as cores vermelhas do fogo cobriram as paredes e começaram a construir uma porta na entrada. O rugido de fora esmaecia, embora os tremores continuassem implacavelmente quando o último espaço aberto restante foi fechado e selado. Riley caiu no chão, na escuridão, enquanto a terra se agitava e rolava. Estava tão exausta que não podia pensar. Fez seu melhor. Podiam sobreviver ou não. Ela conseguiu protegê-los dos gases e de tudo que caía de cima, mas se a montanha entrasse em erupção e a lava superaquecida encontrasse sua caverna, não importava se estavam dentro ou não, o calor derreteria a rocha e provavelmente sufocariam antes que a lava ardente os encontrasse. A escuridão era absoluta na caverna que Riley criou. Jubal acendeu uma luz, levantando do chão. O telhado e as paredes brilhavam com pedras preciosas, com um bonito brilho, quase reconfortante. Jubal olhou embevecido para a gemas alinhadas na caverna. —Fantástico, Riley. Quer saiamos desta vivos ou não, me deixe agradecer agora. Gary entregou uma garrafa de água que tirou de sua mochila. —Aqui, beba isso. Deve estar exausta. Riley descobriu que mal conseguia levantar a mão para pegar a garrafa. Sentia seus braços como chumbo e tremia quase tanto quanto o chão. —Se a montanha realmente voar, não vai importar. Sabe disso, não é? —Conseguiu nos proteger das cinzas e escombros, — Jubal apontou. — Vou acreditar que minimizou a explosão e a empurrou para longe de nós.
124 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Isso é loucura, — Ben explodiu. — Como fez essa caverna do nada? O que é você? Se alguém me falasse disso, nunca acreditaria. —Há um monte de coisas neste mundo que as pessoas têm dificuldade de acreditar, —disse Gary. —É mais fácil pensar nos incidentes como fantasia ou fingir que não aconteceram. Riley é obviamente muito talentosa... —Isso não é talento, —disse Ben. —Ninguém pode fazer o que ela fez. É algum tipo de magia negra, não que acredite nisto também, mas vi algumas coisas peculiares quando viajei, mas isso… —Ele parou de novo. Riley sorrateiramente deu uma olhada em seu rosto. Nas sombras da luz fraca, seu rosto parecia vincado e estressado. Não podia culpá-lo. Cresceu vendo as coisas estranhas que sua mãe podia fazer, mas mesmo quando criança, conheceu outros que nunca poderiam aceitar que as plantas cresciam sob os pés de sua mãe, se estendendo para ela sempre que estava perto. Realmente não havia uma explicação que pudesse dar a Ben que fizesse sentido. As coisas que a família podia fazer eram normais para ela, mas claramente não para os outros. — Chame-a de psíquica, —Jubal disse. — Ela tem afinidade com a terra e esta responde a ela. Felizmente, essa ligação foi forte o suficiente para dirigir a explosão vulcânica para longe de nós. — Afinidade com a terra? Dirigir uma explosão do vulcão? Isso é besteira, — disse Ben. — É impossível. Já vi coisas estranhas com meus próprios olhos, mas porra, isso é impossível. A sobrancelha de Gary subiu. —É? Como sabe o que é possível e o que não é? Na Indonésia, as pessoas acreditam que seu sultão domou e acalmou os vulcões durante séculos. Estão certos que ele pode protegê-los da fúria da erupção. E todos vimos acontecimentos inexplicáveis nesta viagem. Enquanto falavam, fora da caverna, mais pedras e detritos atingiam o telhado, aterrissando com força chocante. Riley resistiu ao impulso de cobrir
125 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
seus ouvidos. Cada golpe dissonante fazia seu coração saltar duro em seu peito. O medo tinha um gosto de cobre na sua boca. Uma explosão os abalou uma segunda vez, a montanha estremecendo, os enviando cambaleando de um lado para o outro. Riley se agarrou à terra, cavando profundamente com seus dedos, tentando imaginar onde o pior da erupção ocorria e o quão grande era. Ao mesmo tempo, tentava usar o solo como sua própria âncora. Como estava, se esparramou duro contra Gary, batendo sua cabeça contra a dele. Seus óculos voaram. Ben caiu sobre a mochila de Annabel, batendo com o ombro na parede cravejada de pedras preciosas da caverna. Jubal foi o único que manteve uma aparência de equilíbrio, cavalgando as ondas de terra que se avolumavam como se estivesse surfando em seus joelhos. —Estão todos bem? —Jubal perguntou. Todos assentiram, o choque cobrando seu preço em suas vozes. —Isso soou muito longe—, se arriscou depois de alguns minutos. O coração de Riley entrou numa batida firme. Engoliu várias vezes, testando sua habilidade de falar. — Parece muito longe, do outro lado da montanha. Posso dizer que há várias saídas abertas liberando a pressão, e que a explosão não foi catastrófica, mas apenas um arroto. Mas ele saiu. — Ela encontrou o olhar de Gary severamente. —Não podia prendê-lo e acalmar o vulcão, ao mesmo tempo. Então, se estivermos certos que a explosão foi do outro lado da montanha e que não vamos nos queimar, vamos ter que lidar com isso, seja o que for. Ela provou a amargura do fracasso. O medo deslizou por sua espinha, mas nas profundezas da terra, seus dedos se enroscaram e se seguraram firme à... esperança. Sentiu uma presença esquiva de outro. Macho. Poderoso. Forte. No entanto, seu toque era sutil, um filho da terra como ela. Ao mesmo tempo sentiu conforto. Não estava totalmente sozinha no mundo. Teve um breve vislumbre de calma. Determinação. De alguém que nunca se renderia ou desistiria. 126 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sua respiração ficou presa na garganta. Por um momento ele pareceu tocar sua mente, um toque, nada mais, dentro de sua mente, uma carícia. Sabia que ele estava tão consciente dela como ela dele. Ele não parecia com o maligno. Era muito diferente. Gentil. Teve a impressão muito vívida de um ser poderoso, destemido por sua própria força e inteiramente confiante. Queria se agarrar nele por um momento, uma forte âncora num mundo caótico e explodindo furiosamente ao seu redor. Ele se foi antes que ela pudesse achar seu caminho. Um grito suave de protesto escorregou de seus lábios. Sentiu esperança pela primeira vez. Naquele breve momento que não conseguia explicar, mas não estava tão sozinha. Ele entendia o sussurro da terra, a informação que trazia quando afundava suas mãos profundamente no solo, — aquela afinidade completa e a necessidade, até compulsão, de cuidar das plantas e do ambiente ao seu redor. Ela era a guardiã, a sentinela, e em algum lugar, outro caminhava no mesmo planeta e fazia o mesmo trabalho. Ocorreu-lhe que podia estar um pouco louca após o assassinato de sua mãe — que sofreu um surto psicótico profundo — e mal conseguiu engolir a risada histérica borbulhando. Não podia se dar ao luxo de perdê-lo. Não agora. — Qualquer que seja a entidade do mal — e parece macho para mim — fala a mesma língua que o carregador gritava quando matou minha mãe. E acho que conseguiu escapar com a explosão. — Ela engoliu em seco, seus olhos encontrando Jubal. —Sinto muito. Tentei meu melhor. Se minha mãe não fosse morta talvez pudesse ter feito mais. Ben cuidadosamente se levantou, correndo pela terra para se colocar de costas para a parede, cuidando em manter seus movimentos lentos. — Alguém precisa me dizer o que diabos está acontecendo aqui. — Ele empurrou o cabelo atrás, com a mão cheia de cinzas. —Porque me sinto um pouco como se estivesse ficando louco. Será que ela realmente parou o vulcão? Quer dizer, ainda estamos vivos não estamos? 127 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Por enquanto, — disse Gary. —Acho que ela conseguiu minimizar a explosão e direcioná-la para o outro lado da montanha. As aberturas mais perto de nós estão apenas aliviando a pressão. —Há quanto tempo tem essa habilidade especial? —Ben perguntou, seu tom entre a admiração e o sarcasmo. —Desde que minha mãe morreu, —Riley respondeu, se sentindo um pouco distraída. Queria encostar naquela sensação indescritível de conforto, força e coragem apenas mais uma vez. Presa numa caverna, esperando para cozinhar até a morte, exausta além de qualquer coisa que já conheceu, queria se enrolar em posição fetal e se esconder. —Como fez isso? —Ben exigiu. —É uma espécie de adoradora do diabo? Ninguém pode fazer uma caverna crescer sobre sua cabeça ou deter um vulcão explodindo. —Claramente eu não parei o vulcão, — Riley apontou. —E essa é a segunda vez que me acusa de adorar o diabo, e realmente não aprecio isso. Estava bem aqui. Assistiu tudo que fiz. Convoquei o Universo e não o diabo. —Ela não podia deixar o cansaço ou desgosto fora de sua voz, e isso não era inteiramente justo com Ben. Dado tudo que aconteceu, o medo e a necessidade de atacar eram compreensíveis. Se todos não estivessem esperando que ela os salvasse, podia ser que tentasse atacar também. Além disso, como podia explicar o que estava acontecendo quando ela própria não entendia? A tristeza brotou sem aviso, e ela piscou contra uma corrida quente de lágrimas. Queria sua mãe — precisava dela. Tudo estava acontecendo tão rápido, e Riley não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Gary deu uns passos suavemente. —Acalme-se, Ben. Sei que o que está acontecendo parece loucura, mas só porque nunca encontrou algo assim antes não o torna menos real ou menos perigoso. Brigar entre nós só vai piorar as coisas. Jubal e eu testemunhamos coisas que enviariam à maior parte das pessoas gritando direto para o 128 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
hospício. Mas a verdade é que o mal existe, monstros virão atrás de nós no meio da noite, e pessoas como Riley são, às vezes, a única coisa entre nós e a aniquilação total. Queria que não tivesse que ser parte disto, mas, infelizmente para você, é um homem corajoso e escolheu proteger Riley em vez de fugir como os outros. Essa escolha, embora admirável, o colocou em perigo e o expôs a poderes além de sua compreensão. Enquanto ficar com a gente, vai estar no meio disso, e praticamente posso garantir que vai piorar antes que fique melhor. Então, precisamos que se mantenha calmo, e ao lado de Riley. Atacá-la não vai ajudar qualquer um de nós. Riley teve que admirar sua calma, sua explicação prática dos fatos. Havia algo muito reconfortante em Gary. Sem drama. Sem ego. Apenas sua presença. Ela tomou outro gole de água. Sua garganta estava seca, seu corpo sedento. Precisava... mas o que ela não sabia. Só que almejava repentinamente alguma coisa. Apesar de sua exaustão, o sangue dela estava em chamas, correndo por suas veias, seu pulso saltando num ritmo estranho. Se sentia mais viva que nunca e não fazia ideia se era por causa do vulcão que vinha à vida de forma dramática, cuspindo fogo, ou se era porque se conectou com alguém que lhe deu um breve momento de conforto no meio dessa loucura total. Talvez fosse a intensidade de suas emoções, o medo, a tristeza, a adrenalina. Fosse o que fosse, sentia cada pedaço seu tão vibrante como cansado. —É muito para minha cabeça tudo isso, —Ben disse numa voz mais calma. —O engraçado é que sempre fui interessado em folclore, tudo sobre o Pé Grande e o Abominável Homem das Neves, lobisomens e vampiros e tenho viajado por todo o mundo num esforço para provar que onde há fumaça há fogo. Estive num minisubmarino à procura do Montro do Lago Ness. Era só dizer o nome, se era inexplicável, e eu ia encontrá-lo, mas depois de todas as decepções, realmente não acredito mais. Talvez nunca tenha acreditado. Mas isso... —Ele balançou a cabeça e passou a mão sobre sua boca. —Vou ficar com você, mas tenho que dizer, estou um pouco assustado. 129 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Jubal sorriu para ele, um flash de dentes brancos em seu rosto engrecido pela cinza. —Bem-vindo ao nosso mundo. Seria louco se não estivesse com um pouco de medo. Riley levantou e se encostou na parede oposta para enfrentar os três homens. Dobrou os joelhos e apoiou o queixo sobre eles. —Eu definitivamente estou com medo, Ben. Vim para esta montanha várias vezes e nada como isso aconteceu antes. Ben enviou um sorriso tenso. —Obrigado pela caverna, mas você conseguiu. Derreter na lava quente não era a maneira como queria sair. Ela tentou encontrar um sorriso e esperava ter conseguido. — Nuvens piroclásticas não são exatamente minha ideia de diversão, também. Jubal limpou a garganta. — Tem certeza que o que quer que estava preso no vulcão foi capaz de se libertar? Riley assentiu com relutância. —Está livre. Não podia segurá-lo. —Ela provou o sabor amargo do fracasso. —Sabe o que é, não é? — Quando nem Jubal nem Gary responderam, ela suspirou. —Olhe, estamos nisso juntos agora. Ele está solto. Eu o senti. Sei que ele é real. Tem que me dizer com o que estamos lidando. —Gostaria de saber, também, —Ben concordou. —Não importa o que seja, não pode ser muito mais louco do que já presenciei. Jubal esfregou a ponta de seu nariz, seus olhos encontrando os de Gary. Ele suspirou. —Não importa como dissermos isso, vão pensar que somos loucos. Ben deu de ombros. —Já acho que talvez eu esteja louco, por isso apenas diga. Nada disso parece real. 130 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ainda assim, os dois homens hesitaram. Riley não gostou da maneira como olhavam um para o outro. Sentiu seu pulso saltar. Não podia ficar com mais medo ainda, podia? O medo do desconhecido era pior que o conhecimento. Pelo menos, podia tentar se preparar. —Preciso saber o que esta coisa má é, Jubal. O ouvi falando. Sua voz esteve na minha cabeça por um minuto, e parecia vil. —Ela estremeceu. — Acho que virá atrás de mim. —O que ele disse? — Gary perguntou. —Falou nessa mesma língua que o carregador usou pouco antes de matar minha mãe. — Ela fechou os olhos e se baseou na mesma memória fonográfica que permitia que reproduzisse o chamado das aves e animais perfeitamente e que a tornava tão hábil em linguística. — Ele disse, “Arabejila. Emni hän ku köd alte. Tõdak a ho aδasz engemko, kutenken aδasz engemko a jälleen. Andak a irgalomet terád it.‖ Não sabia o que as palavras individuais eram ou queriam dizer, mas reproduziu os sons, a inflexão e a frequência precisamente e a infâmia repugnante do tom fez com que todos estremecessem. —A única palavra que reconheci foi Arabejila. É um nome de família e muito incomum. Minha trisavó se chamava Arabejila, bem como outra bisavó depois. Gary e Jubal trocaram outro longo olhar. Riley suspirou. —Só me diga o que significa. Neste ponto, como Ben, não acho que vá ficar surpreendida por mais nada. —Ele deve ter pensado que você era alguém que ele conhecia, —Gary arriscou. —Se tem uma antepassada que se chamava Arabejila, quando ele sentiu sua presença, deve ter parecido familiar a ele, o que significa que seus genes e dons são fortes em você. Provavelmente acredita que seja esta Arabejila.
131 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Nenhum parente meu com esse nome está vivo há... — Ela parou, olhando para Ben. O que quer que vivesse no vulcão devia ser um mal muito antigo. Quanto tempo as mulheres de sua família vinham a essa parte remota dos Andes para realizar o ritual? Ela apertou os lábios com força e esfregou seu rosto ao longo de seus joelhos. Se isso era antigo E foi selado no vulcão por uma de suas antepassadas, ele se levantou por alguma razão e podia estar um pouco irritado e procurando vingança. —Não importa. Pode traduzir o que ele disse? —Repita a frase para mim, —disse ele. —Vou fazer meu melhor. Ela o fez, falando tão lentamente quanto podia sem afetar o ritmo e a inflexão das palavras. Gary esfregou o queixo, olhou por um momento a mão enegrecida, esfregou a cinza sobre seus jeans e depois deu de ombros quando suas mãos permaneceram sujas. — Emni hän ku köd alte. Sei que é uma mulher amaldiçoada. —Achei a frase familiar, — disse Riley. —O carregador a gritava mais e mais. Estava chamando minha mãe de mulher amaldiçoada. —E agora você, —disse Jubal. Riley, instintivamente enterrou seus dedos no solo, precisando de conforto. Já sabia que a entidade do mal viria atrás dela. Não precisava de Gary para dizer isso, ouviu o ódio e a raiva na voz da coisa. Mas também ouviu o medo. Ela não era Arabejila, mas se o mal a temia, Riley estava mais que feliz em reivindicar o parentesco com a mulher. — Tõdak a ho aδasz engemko, kutenken aδasz engemko a jälleen, acredito que seja, não sei como você... — Ele franziu a testa para Jubal. — ―Escapou‖? ―Como você escapou?‖ Jubal acenou com a cabeça. —Isso foi o que entendi. E alguma coisa sobre ―de novo não‖. Gary assentiu. 132 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—―Não sei como você escapou, mas não vai de novo‖. Isso é o mais perto que posso chegar. É evidente que acha que conhece você. —E a última parte? — Riley insistiu. — Andak a irgalomet terád it. —Isso significa ―Não terei misericórdia de você neste momento‖. — Gary disse as palavras rapidamente, como se quisesse acabar logo. —Então, quem é ele? O que ele é? —Riley exigiu. Gary limpou a cinza em seus jeans, sem olhar para ela. —Temo que esteja lidando com um vampiro. Um vampiro muito poderoso. A coisa real. Ele vai rasgar sua garganta e drenar seu sangue. Se alimenta do sofrimento e terror das pessoas. Não tenho nenhuma dúvida que isto é o que estava trancado naquela montanha. Riley olhou para ele de boca aberta. Não esperava que dissesse vampiro. Os vampiros eram demônios míticos de filmes de terror ou romances. Ela não fazia ideia do que pensava que diria, mas certamente não vampiro. Ele estava sério, também. Ela esgueirou um olhar para Jubal. Estava igualmente sério. —Todas essas armas que vocês tem, estavam esperando por isso. Claramente, desde o início, sabiam. Gary sacudiu a cabeça. —Não, isso não é verdade. Na verdade, vim aqui para pesquisar uma determinada planta que achávamos que estava extinta. Um pequeno grupo de aventureiros veio aqui no ano passado e um postou uma foto da planta em seu blog na Internet. Um amigo nosso tropeçou com a fotografia e a enviou para mim porque sabia do meu interesse em plantas raras. Jubal e eu ficamos animados com isto. Entrei em contato com o aventureiro que descreveu a planta e fiquei certo que era o que estávamos procurando. Entramos em contato com um guia e viemos. —Mas nosso guia ficou doente, — disse Jubal. —Assim como seu guia e do Dr. Patton. —E o nosso, —acrescentou Ben. 133 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Gary assentiu. —Então nos juntamos com todos e já que estávamos indo para a mesma área geral, poderíamos viajar juntos e depois seguir nosso próprio caminho, quando chegássemos à montanha. Até então nem desconfiamos que algo estava errado. —Começamos a suspeitar que estávamos lidando com o não-morto quando todas essas coisas estranhas começaram a acontecer e estavam claramente dirigidas à sua mãe, —Jubal acrescentou. —Havia uma certa sensação de maldade, e nós dois sentimos isso antes. Ben sacudiu a cabeça. —Não. De jeito nenhum. Estudei vampiros ao redor do mundo, e vou admitir, há uma parte em mim que queria acreditar que algo assim exista, como nos filmes. Andei com um grupo de pessoas nas minhas viagens que acreditavam totalmente em vampiros e afirmavam que os caçavam e matavam. Eram todos malucos. Completamente malucos. Não existem coisas como vampiros. As pessoas que matavam estavam doentes, ou viviam de forma diferente ou tinham dificuldade para sair ao sol. Investiguei cada vítima e nenhuma delas era vampiro. As poucas pessoas que agiam como vampiros, matando por sangue, estão em instituições de saúde mental para criminosos insanos. —É verdade, — concordou Gary. —Sei exatamente de quais pessoas está falando. Estive envolvido com eles uma vez, há muito tempo, e sim, matam indiscriminadamente. Visam alguém e logo retorcem os fatos para se ajustar ao que querem acreditar, mas isto não nega o fato que os vampiros existem. —Se isso é verdade, — Ben argumentou, —Por que ninguém sabe sobre isso? Riley teve que admitir que era uma boa pergunta. Manteve a cabeça nos joelhos, mas observou o rosto de Gary com cuidado. Ele realmente acreditava no que estava dizendo. Jubal também. Nem parecia uma loucura. 134 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela sentiu o mal quando mergulhou as mãos no solo. Ainda mais, o ouviu — ouviu sua voz. Não havia como negar, por mais que quisesse. —Como ele foi capaz de direcionar os morcegos e macacos, até mesmo as piranhas e a cobra para minha mãe se estava preso no vulcão, —ela perguntou, não esperando que Gary ou Jubal respondessem a pergunta muito lógica de Ben. Acreditava em Gary, o que era simplesmente aterrorizante. —Vampiros podem ser muito poderosos. Se este sobreviveu preso naquele vulcão, estamos lidando com um extremamente poderoso. Teve muitos séculos, mais do que podemos imaginar, para aumentar seu poder. Riley fechou os olhos brevemente. Ela deixou algo verdadeiramente maligno voltar para o mundo. — Há histórias no folclore, que acreditamos, sobre a devastação tanto do Povo das Nuvens como dos Incas que viveram aqui, que algo matou seus melhores guerreiros e destruiu suas aldeias. Achavam que era um deus mau, que exigia sacrifícios de crianças e mulheres, mas nunca era apaziguado. Poderia ser tão velho? —Sim, —Gary respondeu simplesmente. Riley queria se enrolar numa bola e ficar no conforto do solo. Não teve tempo para lamentar sua mãe e se sentia sobrecarregada pela tristeza de uma forma tão abrupta que mal conseguia pensar. Não queria pensar. Não queria falar ou ouvir mais nada. Queria ser uma criança e cobrir seus ouvidos. Ela suspirou em vez disso e forçou o corpo cansado a sentar reto. —Então, carrega estacas com você juntamente com essas armas? —Era uma fraca tentativa de humor, o melhor que podia nessas circunstâncias. Ben riu. —Estacas de madeira? Está brincando comigo? —Estacas não funcionam, —disse Jubal. —Tem que incinerar seu coração. Pode matá-los, apunhalá-los, cortá-los em pedaços e até mesmo cortar sua cabeça, mas se não queimar seu coração, podem se regenerar. 135 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Um gemido escapou dela. É claro que teria que incinerar o coração. Qualquer outra coisa seria muito fácil. Ben revirou os olhos. —Agora sei que está louco. —Lamento que não possa dizer que estou, —disse Gary. —Mas não estou. Todo mundo está em risco agora. Todos nós. Cada tribo. Cada membro do nosso grupo que tentou fugir do vulcão. Ele vai estar à procura de sangue e vai matar qualquer um com quem se deparar. Não só vai tirar o sangue, mas vai tirar suas memórias e aprender num ritmo rápido, de modo que vai se ajustar a qualquer lugar que vá. Sua falta de conhecimento dos séculos passados não significará nada em questão de dias. Riley correu a ponta do seu dedo atrás sobre sua sobrancelha, tentando aliviar o início de uma dor de cabeça. —Então temos que encontrar os outros e ter certeza que estão seguros. Ben franziu a testa para ela. —Está realmente acreditando nisso? Um vampiro autêntico que não morrerá mesmo que enfie uma estaca em seu coração? Mesmo se o apunhalarmos ou dispararmos nele? Ela assentiu com a cabeça lentamente. —Não quero acreditar, Ben, mas o faço. Aqueles animais se comportaram completamente contra sua natureza, e algo levou Capa a matar minha mãe. Então chame do que quiser, mas quero saber como matar o que quer que seja. Quero saber exatamente o que esperar quando me deparar com isso, porque não quero mais surpresas. Ben fez uma careta para ela, mas acenou com a cabeça. —Suponho que tem um ponto. —Vampiros podem ser muito astutos, — Jubal explicou. —São mestres da ilusão. Parecem charmosos e bonitos, mas na verdade, mascaram o que e quem são. Podem entrar na sua cabeça e obrigar você a fazer o que
136 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
quiserem. Irá até eles se assim ordenarem e permitirá que arranquem sua garganta. Entregará suas crianças ou qualquer pessoa amada se exigirem. —Ótimo, — disse Riley. —O pior monstro que se possa imaginar, não é? Isso é o que está dizendo. Apenas isso. Assim, junto com uma arma preciso de um lança-chamas. Percebi que você tinha um, Gary. Posso pegar emprestado? Estou bastante certa que sou eu de quem o vampiro não gosta. Ele deixou isso bem claro. —Digo para darmos o fora daqui no minuto que pudermos, —disse Ben.—Seja o que for, pode sobreviver das piranhas. —Mas ele não pode, —disse Gary. —Um vampiro se alimenta de humanos. —Concordo que você e Riley precisam sair daqui o mais rápido possível, — disse Jubal. —Devemos encontrar os outros e tirá-los da floresta e os levar de volta à civilização o mais rápido possível. —Alguém já pensou como vamos sair daqui? — Ben arriscou. Riley sentiu seus olhos sobre ela. Se o vampiro não podia entrar, só podia considerar em ficar aqui por um tempo muito longo. Ela encolheu os ombros. —Não sei, mas não tenho certeza que seja seguro sair ainda. O chão ainda está tremendo, e quando coloco minhas mãos no solo, sinto calor. Enquanto falava, enfiou as mãos profundamente no solo. Como antes, seu corpo reagiu à energia enrolando nas palmas das mãos e dedos. Esse calor calmante infiltrou em seus poros. Ficou muito quieta e ouviu. O chão rangeu e gemeu, sussurrando suavemente. Ela ouviu o som da voz de sua mãe, apenas um eco fraco, como se estivesse rindo e as notas alegres viajassem através da rocha e do solo para encontrá-la. Lágrimas obstruíram sua garganta. Ela fechou os olhos, inalando. No início podia ouvir a respiração dos homens. Um choque dissonante ocasional ressoava no telhado acima da sua cabeça. Se obrigou a bloquear as distrações e empurrou sua consciência 137 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
profundamente, procurando uma conexão, uma maneira de tocar uma veia de informação que parecia fora de alcance. Podia ouvir rumores e sabia que se apenas sintonizasse, entenderia o que estava acontecendo no mundo ao seu redor. Tinha um centro de mensagens disposto a transmitir informações para ela, simplesmente não aprendeu como usá-lo ainda, mas cada vez que empurrava as mãos no solo rico, se descobria desbloqueando mais dos mistérios que cercavam sua mãe. O dom passado de mãe para filha estava preso aqui no chão, esperando que ela descobrisse o legado que foi passado para ela. Só precisava encontrar as palavras certas para atrair os segredos até ela. Com outros dependendo dela, precisava descobrir. Inspirou e expirou, afastando a necessidade de ação ou pressa. Os homens desapareceram, levando com eles os sons de sua presença. As paredes da caverna se dissolveram. Medo e dor a abandonaram até que havia só o som dos seus pulmões inspirando e expirando ritmadamente. Por alguns minutos respirou, permitindo que a mecânica daquele processo simples limpasse e abrisse sua mente completamente. Se tornou ciente de um pulso batendo — um troar eterno, que vinha do centro do núcleo da Terra. Através das pontas dos dedos sentiu uma nuvem de gás em expansão extremamente quente, e sentiu uma conexão íntima com uma antiga estrela que explodiu violentamente, dando luz a novas estrelas, ao sol e à lua e ao planeta Terra. Realmente podia ver a criação em sua mente, o colapso da nebulosa e a refrigeração num disco achatado, lentamente girando. A superfície da Terra coberta pelo oceano pulsante de rocha derretida. Riley sentiu o magma borbulhando sob a superfície, o deslocamento das placas empurrando acima as montanhas e as raízes se espalhando, como grandes correntes e cipós, as profundezas do mar, sob todos os continentes, ligando todas as partes do planeta juntas — conectando tudo com ela. Os primeiros sussurros suaves chegaram, murmúrios que enchiam sua mente, 138 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
as vozes de mulheres que há muito tempo se foram, a acolhendo em sua irmandade. Seu coração cantou quando reconheceu a sensação familiar, reconfortante de sua mãe e avó.
Capítulo 8 Dax olhou para os olhos cheios de ódio, triunfantes do vampiro. Assim como o vulcão mudou Dax, mudou Mitro também, e ele evoluiu para algo mais. Passou centenas de anos dentro desse ambiente superaquecido, e para suportar a pressão, gases e calor, Mitro mudou para uma forma que fosse mais adequada. Ao longo dos séculos, seu corpo se transformou na casca de um lagarto mutante. Cristas pesadas dissecaram o crânio de Mitro, se agarrando firme em sua pele por cima dos ossos pesados. O cabelo chamuscado ficou cravado em cima das linhas afiadas. As pálpebras cresceram mais grossas e os próprios olhos, janelas da alma, refletiam de volta um preto puro, sem exibição de nenhum branco, sem alma por dentro. Cicatrizes do magma formaram profundos buracos por cima da maior parte da sua pele exposta. A pele coberta por lodo tinha um tom amarelado e exalava um cheiro fraco de ovos podres. A câmara começou a girar. Gás venenoso infundido no vampiro marcava sua pele grossa induzindo à letargia e nublando a mente. Dax forçou seu cérebro a trabalhar. O coração murcho do vampiro foi incinerado, mas ele ainda vivia. Como? E como podia qualquer Caçador, eventualmente, matar os não-mortos se não podiam morrer? Em todos os intermináveis anos destruindo não-mortos, nunca encontrou uma coisa dessas, nem ouviu falar.
139 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
A montanha tremeu. Um boom reverberou pela câmara. A risada maníaca rangeu, cortando por sua cabeça. Fitando diretamente seus olhos, Mitro enfiou seu punho mais fundo no peito de Dax. Agonia, brilhante e quente, roubou o ar de Dax. As garras se moveram com violência e rasgaram, abrindo tendões e músculos, cavando um buraco, um túnel profundo, num esforço para alcançar o pulsante coração Cárpato. Aquela paródia escura de sorriso se alargou, os dentes irregulares e manchados nas gengivas retraídas se apressavam na direção de seu pescoço enquanto as garras gananciosas apreendian seu coração. Naquele momento tudo mudou. Dax não podia se dar ao luxo de morrer, deixando Mitro solto no mundo. Dax precisava viver, não importava como. Ele recuou, ignorando a agonia rasgando por ele, respirou fundo e desencadeou uma torrente de fogo direto na cara do malévolo Mitro. O vampiro uivou, se empurrando atrás, torcendo seu braço violentamente quando retirou o punho vazio. Mitro se atirou de lado para evitar o fluxo constante de chamas fluindo da garganta do caçador, seu guincho enchendo a câmara. Sangue vermelho brilhante do peito rasgado de Dax pulverizou o ar. Gotas grandes de sangue enegrecido que queimava, um ácido venenoso, do peito aberto de Mitro esguinchava através da câmara e se queimava nas cinzas chovendo sobre eles. Gases explodiram em bolas de fogo, empurrando através do espaço fechado, formando crateras profundas nas paredes. Aberturas estouravam sob eles, mais gás nocivo subiu junto com brilhantes jatos vermelho-alaranjados de rocha fundida. Mitro martelou na barreira fina, batendo nela mais e mais como um aríete, esquivando das bombas ardentes de fogo que explodiam acima das piscinas inferiores de magma agitado. Dax saltou atrás do vampiro, alcançando com as pontas dos seus dedos o tornozelo e puxando atrás o nãomorto. Mil pequenas agulhas perfuraram a palma da sua mão, queimando
140 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pelo contato. Seu primeiro instinto foi deixá-lo ir, mas se obrigou a segurar, arrastando o vampiro de volta para a piscina borbulhante de rocha aquecida. Mitro dirigiu o pé para o buraco no peito de Dax. A dor explodiu através do Caçador. Por um momento, tudo ficou escuro. Seu corpo despencou, sua mão escorregando do tornozelo. Ele caiu no ar antes que pudesse evitar. Mitro estava na barreira, batendo com seu crânio sulcado repetidas vezes no mesmo lugar. Dax subiu como um raio para tentar interceptá-lo novamente. A montanha rugiu ameaçadoramente — prendeu sua respiração por um segundo mais — e, em seguida, soltou. O impacto violento deixou os dois combatentes cambaleando. Dax bateu duro na parede antes que pudesse se segurar. O calor queimou seu corpo. O sangue gotejou de suas orelhas. Sua visão obscureceu. A câmara encheu de vapor gasoso, e o aumento súbito na pressão quase o rasgou. Naquele instante, sentiu a ascensão do Antigo para protegê-lo. Seu corpo se acostumou com as condições do vulcão ao longo dos séculos, mas nem ele nem Mitro se sairiam bem quando o vulcão entrasse em erupção e o dragão sabia. O Antigo tomou posse rápido, sua alma subindo, se espalhando para abranger Dax. Escamas vermelhas e alaranjadas primeiro engolfaram o corpo de Dax, deslizando lisamente e eficientemente da sua cabeça aos seus dedos do pé. A casca dura cobriu o buraco aberto no seu peito, mas seu sangue continuava a escorrer entre as escamas, manchando seu peito de escarlate. Dax estava acostumado a mudar de forma, mas isso era diferente. Quando Cárpatos mudavam, sentiam o corpo se refazendo completamente, mas desta vez, não sentiu isso. Podia sentir o aumento de sua massa, seus ossos alongando e remodelando. Podia sentir as asas brotando de suas costas, flexíveis, a pele escamada se estendendo como grandes velas pegando o vento do oceano. Podia sentir suas unhas alongando, se tornando garras afiadas com pontas de diamante. Força, agilidade, emoção crua e 141 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
primitiva evoluíram através de suas veias. Não era um Caçador que assumia a forma de um dragão: era um dragão. Forte. Poderoso. Mestre do fogo. Rei do céu. E embora sua consciência estivesse ainda lá, o Antigo também estava lá, sábio, poderoso e mortífero. Suas asas e seu corpo de dragão giraram no ar. A cauda longa sulcada salpicou dentro da piscina de magma, atirando pedras em brasa contra os lados da caverna. Mas, em vez de dor, o calor o revigorou, reforçou. Ele gritou em triunfo e desafio e vomitou outro jato de chama quente na direção do vampiro. Mas, pouco antes que as nuvens ferventes da chama o envolvessem, Mitro mudou para um grande dragão preto, escamoso e bateu com força contra a barreira, a rompendo finalmente. Ele berrou seu triunfo quando a montanha arrotou, gêiseres de vapor e rocha ardente passando através dos pontos finos. Segundos depois a montanha entrou em erupção. Enormes e violentas plumas de gases, cinzas e rocha fundida foram vomitadas, rasgando o topo da montanha e o céu acima. Ambos os dragões foram arremessados para o lado da montanha, impulsionados pela força da explosão. O dragão vermelho flamejante saiu por fim pelo céu, desorientado, quase cego, dentro da nuvem de cinzas ardentes e gás se espalhando por cima da floresta. O relâmpago estalou no céu. Faixas brilhantes de vermelho e laranja jorraram no ar. Choveram cinzas e lama ardente. O canhão ardente de rocha derretida explodiu através do ar. Um rio de lava derramava para fora da ferida escancarada ao lado da montanha, parecendo longas fitas de caramelo, incandescentes, retorcidas e brilhantes, caindo pela floresta abaixo. Árvores explodiram como bombas eclodindo em chamas. Os olhos incandescentes furaram o véu da nuvem escura e cinza para detectar o dragão preto em dificuldades. As asas vermelhas varreram em golpes poderosos, o impelindo para o alto. A experiência era diferente de qualquer outra que Dax já tivesse compartilhado antes. Era Dax com o 142 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Antigo, observando, sentindo e pensando com ele, mas, ao mesmo tempo, estavam separados. Parecia quase como se sua consciência fosse uma visitante no corpo do dragão. O corpo não era seu, e ainda assim era. A dualidade o deixou se sentindo tonto e um pouco desligado. Contudo, apesar da estranheza de sua situação atual, Dax estava bem ciente do sangue escorrendo através das escamas que cobriam o peito do dragão. Mitro feriu Dax gravemente, e essa ferida foi transferida através da transformação. Dax sabia que precisava deter a perda de sangue, e logo. O dragão, no entanto, pouco se importava com o líquido vazando do seu peito. Raiva e dominância consumiam a mente do Antigo enquanto corria na direção do vampiro que se debatia entre usar sua forma verdadeira ou a de dragão negro. Ele manobrou à esquerda e usando a nuvem de cinzas como cobertura, o Antigo montou as correntes superaquecidas do vulcão elevando Mitro. Quando estava posicionado acima do dragão negro, o Antigo pregueou suas asas apertadas e mergulhou, se atirando abaixo, caindo através da fumaça e cinzas numa velocidade mortal. Mitro olhou acima, justo quando o dragão vermelho estendia suas asas e trazia para frente suas patas traseiras, as garras estendidas para golpear. No início Dax pensou que Mitro ia correr, mas quando o dragão negro apenas gritou um desafio e se lançou na direção dele, Dax percebeu que Mitro não tinha ideia que enfrentava um verdadeiro dragão ao invés da forma metamorfo mais fraca de dragão que um Cárpato podia assumir. Mitro pensava que estava em vantagem. O Antigo estava confiante que tinha o maior tamanho, maior habilidade, posição mais forte e a dinâmica do seu lado. A morte parecia praticamente assegurada. Dentro do dragão, Dax lutou para enfrentar uma tempestade de emoções ferozes. Dax sempre lutou, sempre matou, com eficiência e sem emoção. O dragão não. Para o dragão a luta era vida, cheia de selvageria, crueza e emoções empolgantes tão vivas que quase podia provar, tocar, ver e 143 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
cheirar cada uma. Exaltação, pura e resplandecente girava com chamas vermelhas ígneas de agressão em estandartes dourado-brilhantes tremulando de orgulho. A mente de Dax e seus sentidos giravam pela sobrecarga. O dragão vermelho bateu no menor negro, e se atrancaram juntos, ambos caindo do céu. Asas se agitavam freneticamente, cada dragão em busca de equilíbrio e posição de ataque superior. Longos pescoços se contorciam. Presas batiam e rasgavam os couros escamosos, buscando uma mordida mortal. As garras de suas patas traseiras agarravam o outro com firme determinação, enquanto suas patas dianteiras se emaranharam e rasgavam a barriga vulnerável. O Antigo era mais forte e maior, dirigindo suas garras profundamente no ventre de Mitro, dilacerando e rasgando através da pele blindada escondendo os órgãos moles e vulneráveis abaixo. Suas garras penetravam a cada golpe, removendo escamas e pedaços de carne sangrenta. Dentro de sua forma de dragão negro, Mitro gritou de choque, dor e raiva insana. Estava tão certo de sua vitória e de sua superioridade física sobre Danutdaxton, — mas cada um dos golpes de Dax atingia profundamente, enquanto os do próprio Mitro eram afastados pelas escamas duras como diamantes e um couro vermelho aparentemente impenetrável. Mitro não entendia. Como isso era possível? Ele se contorcia freneticamente, mas não conseguia se libertar das garras do feroz dragão vermelho. Atracados numa batalha de morte, de repente, percebeu que não podia ganhar, então Mitro começou um ataque desesperado, brutal sobre um possível ponto fraco de Dax: as escamas sobre seu coração, onde, mesmo em forma de dragão, o sangue escorria da terrível ferida que Mitro causou. Com determinação viciosa e velocidade demoníaca, Mitro conseguiu uma série de golpes no local sangrento. A placa no peito se curvou, mas antes que ele pudesse a quebrar, as presas de Dax
144 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
afundaram no ombro de Mitro, arrancando um pedaço enorme de carne e tendões. Se contorcendo, gritando, rasgando, mordendo, as duas bestas gigantes caíram na direção da terra ardente. Segundos antes do impacto, os dois dragões se soltaram, estenderam as asas para pegar o vento e enviá-los acima em direções opostas. Mitro se impulsionou com força, bombeando suas asas com velocidade desesperada para subir de volta ao ar. O dragão vermelho o perseguiu com obstinada determinação. O Caçador calmo, implacável, determinado que nunca desistia da perseguição. Não podia superar Dax e, embora ainda não fizesse sentido, claramente não podia levar a melhor sozinho. Mitro precisava de uma vantagem. Seus olhos se estreitaram em fendas de obsidiana, com foco na nuvem de cinzas que se elevava do vulcão em erupção. Num estouro de velocidade, voou diretamente para o negro coração em ebulição da nuvem. Através dos olhos do Antigo, Dax assistiu o mergulho de Mitro na nuvem de cinzas superaquecida. Quando ele desapareceu de vista, o vento mudou, começando uma espiral em torno da nuvem. O que estava fazendo? Os ventos circulando reuniram partículas de cinzas quentes num vórtice cada vez mais rigoroso em torno do vampiro ferido. Será que pensava que podia se esconder na nuvem? O Antigo soltou outro rugido de desafio e mergulhou direto para o vampiro, ansioso em acabar com a ameaça. O concentrado de detritos no ar permitia visibilidade zero, mas a visão do dragão via mais que até mesmo os olhos Cárpatos. Ele podia ver as mudanças na densidade do ar, sob a forma sólida no centro da nuvem de cinzas negras em turbilhonamento. O vampiro negro estava imóvel, as asas estendidas, deixando os ventos ciclônicos não naturais mantê-lo no ar. Dax quase podia sentir o vampiro curando suas feridas por dentro. Fechando os
145 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
rasgos em órgãos vitais e detendo o sangramento, onde o dragão o cortou e rasgou. O dragão vermelho estava praticamente em cima de Mitro quando todas as rochas e detritos no ar se solidificaram numa parede, bloqueando completamente o vampiro de vista. Destemido, certo de seu domínio, o dragão vermelho trouxe suas patas traseiras e dianteiras em posição para outro ataque, e se alastrando pela barreira relativamente fina, a quebrou com o impacto. Mas, em vez de encontrar um adversário vulnerável e ferido do outro lado da parede de cinzas, bateu com força total num ponto duro da cauda do dragão negro — Mitro se transformou de simples carne, escamas e ossos num tridente afiado de pontas de prata que a cada dois metros brilhava com o mal, serrilhadas nas pontas. Gritando de surpresa e dor, o dragão vermelho se empalou na cauda de Mitro. Dax engasgou em agonia, sentindo como se as pontas estivessem rasgando sua própria carne. Felizmente, em vez do rabo espetar seu coração, o ferrão se inseriu no fundo de seu estômago. As bordas serrilhadas trabalhavam rápido no interior do Antigo, mas porque perdeu seu coração, custou a Dax e ao dragão alguns minutos preciosos. Mais uma vez, os dois dragões se atrancaram numa batalha de morte enquanto despencavam do céu. Mitro espetou rapidamente o outro dragão, as garras e cauda de ferrão escavando profundamente. O Antigo continuou retalhando e rasgando a barriga e membros de Mitro, com os dentes tentando morder o pescoço e a cabeça dele. O dragão negro bateu o rabo com ferrão acima das costelas do dragão vermelho, buscando o coração evasivo, mas tal como antes, a forma de dragão metamorfo de Mitro não era páreo para o poderio do Antigo. Mitro recuou de dor. O vacilo deu ao Antigo a abertura que esperava. Seus dentes se fecharam rápidos como um raio um pouco acima do ombro, envolvendo o 146 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pescoço menor, as mandíbulas poderosas fechando com força extrema. O dragão negro devolveu com uma mordida no rosto do outro, suas presas afundando ao lado do olho esquerdo do Antigo. Os dragões colidiram na encosta da montanha, rolando pelas encostas íngremes, esmagando as árvores em seu caminho. Um solavanco duro os separou. Mitro parou primeiro, enquanto o Antigo, maior e mais pesado continuava a rolar quase até a base do vulcão. Ferido, uma asa rasgada e sangrando, o dragão vermelho se esforçou para levantar e gritou seu desafio, os olhos ainda fixos em seu combatente, se recusando a perder de vista seu objetivo. Dentro do corpo do dragão, o Antigo rangia de raiva e dor, fustigando Dax com um turbilhão de emoções. O Antigo estava determinado a vencer apesar de seus ferimentos. Dax não tinha certeza de quanto mais seu corpo compartilhado podia aguentar, mas o Antigo lutava contra suas tentativas de controlar o dragão vermelho. Ao redor deles, cinzas e pedaços de pedras queimando continuavam a chover do vulcão em erupção. O dragão vermelho dobrou sua asa enfraquecida apertada contra suas costas e começou a subir a montanha na direção de Mitro. Ainda se recuperando da luta brutal e da aterrissagem igualmente brutal, o dragão negro se corrigiu com movimentos trêmulos, forçados. As asas pretas se estenderam e agitaram quando Mitro tentou reunir sua força e levantar vôo. Se recusando a deixar sua presa fugir, o Antigo, numa explosão de velocidade, se agarrou na perna traseira do dragão negro e o jogou num grupo de árvores próximas. *** Riley piscou rapidamente quando a caverna em torno deles se desintegrou. A cinza continuava caindo, suaves pétalas à deriva que abafavam o ar e cobriam as árvores e folhagens abaixo. A floresta em volta 147 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
deles estava intacta, — a explosão não cobriu as árvores desse lado da montanha, — mas o dano principal eram alguns focos de incêndio dispersos e a lama. Várias centenas de metros acima, podia ver a devastação das ruínas da aldeia do Povo das Nuvens. Incêndios brilhavam por toda a montanha, laranja e vermelho lutando bravamente com o cinza escuro girando no ar. —Não podemos ficar aqui em cima, — disse Jubal, cobrindo sua boca e nariz. —O vento está mudando em nossa direção e há muita possibilidade que uma nuvem de gás proveniente do outro lado chegue até nós. —Não posso ver uma trilha, — disse Ben. —Como vamos encontrar nosso caminho de volta sem Miguel? —Temos GPS, —disse Gary. —E uma vez que as cinzas se assentem o suficiente, temos amigos que podemos chamar para nos tirar daqui com um helicóptero, mas devemos tentar encontrar Miguel e os outros primeiro. A cabeça de Riley se ergueu. Havia essa nota sinistra em sua voz — na forma como formulava isto. Ela soltou a respiração, tossiu e cobriu a boca. —Acho que posso seguir a pista deles, — ela admitiu, com um pequeno olhar para Ben. —Claro que pode, —disse Ben. —Pode construir cavernas e deter vulcões. Estou procurando somente as botas e a capa. —Ele deu um pequeno sorriso arreganhado e balançou as sobrancelhas. Apesar das circunstâncias, ela riu. —Gostaria de ter minha capa. Voaria e nos tiraria daqui. Gary assumiu a liderança. Riley e Ben caminhavam atrás dele. Jubal no final quando começaram a descer montanha abaixo. A cinza era um pó grosso na terra, na folhagem, caindo das árvores acima deles até que estavam quase se afogando nelas. Enrolaram camisas em volta das suas bocas e narizes e continuaram obstinadamente em frente. Era impossível dizer o quão perto do amanhecer estava com a cinza tão densa no céu, escurecendo qualquer evidência de luz, mas o relógio dizia 148 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
que tinham mais algumas horas antes do sol começar a subir. Isto não devia ter importância, mas se havia um autêntico vampiro vagando ao redor, então queria que o sol se levantasse rápido. Ela limpou a garganta. —Gary, se esta cinza paira sobre a floresta e a mantém escura, será que ... o... —Dizer a palavra vampiro em voz alta soava ridículo. Ela definitivamente podia entender a descrença de Ben, mesmo em face das evidências que alguma forma de mal assombrava sua jornada e incitou o carregador a assassinar a mãe dela. Gary olhou por cima do ombro, sua expressão sóbria. —Sei que é difícil acreditar que essas coisas existem. Mas está lá fora e é uma máquina de matar. Não pode sair no sol, isso é verdade sobre eles. Vão para a terra e colocam proteções em volta dos seus lugares de repouso. Se este ficou trancado num vulcão por centenas de anos sem sangue para sustentá-lo, tem que ser uma criatura poderosa. —E faminto, — ela murmurou. —Me fale sobre eles. Tudo que puder imaginar. Gary a olhou rapidamente. O medo e o pânico corriam pelo seu rosto e ele lutou para encontrar as palavras. Antes de Riley levantar os olhos, ele falou. —Eu vou. Mais tarde. Agora, temos que avançar. —Sua voz de alguma forma parecia calma comparada a como ela se sentiu quando viu as asas gigantes de um dragão vermelho esticadas, acelerando na direção do lado oposto da montanha. Eles correram. Correram através das árvores e arbustos, saltando sobre árvores caídas e escombros, sem se importar com os muitos cortes e pequenos hematomas que ganhavam enquanto folhas e galhos chicoteavam suas peles. A primeira vez que ouviram o rugido poderoso rasgando o ar acima deles, o som quase os congelou. Em seguida, os instintos de
149 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
sobrevivência os chutaram numa sacudida de adrenalina, e os incitou a correr ainda mais rápido. Adrenalina e falta de fôlego duelavam um com o outro, quando tentaram correr sobre uma pequena elevação. O estrondo veio da sua esquerda, com uma força tão grande que os deixaram de joelhos. Não podiam desgrudar seus olhos enquanto árvores, terra e cinzas eram atiradas para o ar. Por uma fração de segundo Riley pensou ter visto a forma e a cor de uma asa vermelha, mas depois ele foi enterrado pelo caos. A loucura chegou ao fim, mas o que se elevou sobre as copas das árvores abaixo era uma visão para deslumbrar a mente, poeira e cinzas ainda no ar, o dragão vermelho subiu dos escombros, com a cabeça, costas e asas dobradas, saindo totalmente da clareira de árvores menores. A mandíbula alinhava dentes maus, os grandes olhos abertos e quase acesos com fogo, em suas profundezas de um vermelho carmesim. Um segundo dragão, muito menor, de um negro reluzente, irrompeu das cinzas, as asas para fora de seu corpo, rasgado e sangrento, a cabeça em forma de cunha se esticando abruptamente com seus dentes na direção do dragão vermelho. —Santa merda, — Ben sussurrou. Sob essas circunstâncias, Riley achou a profanação totalmente apropriada. Os dois dragões enfurecidos viraram a cabeça e se focaram em Riley e seus companheiros. O medo foi seu companheiro constante nesta viagem inteira, mas agora, quando os olhares do gigante vermelho e do dragão negro menor repousaram sobre eles, o medo se transformou em terror. Uma podridão, um mal retorcido rasgou suas entranhas, e um calor tão quente que parecia que tentava evitar que o sol explodisse de seu peito para o corpo todo. Riley caiu de joelhos. Um mal estar a tomando, parecendo se espalhar do solo, como se mofo e fungos corressem sobre sua pele. Uma voz terrível
150 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
e venenosa começou a arranhar sua mente, falando na mesma língua que o carregador usou. Em seguida, acabou. A terrível voz se calou quando o dragão negro soltou um rugido furioso. O dragão vermelho respondeu, seu grito como uma força da natureza, as ondas de choque do som forte suficientes para amassar as árvores. As mãos de Riley subiram, cobrindo seus ouvidos. Sentiu uma pressão no peito quando viu o dragão negro se virar e subir a montanha. O dragão vermelho o seguiu de perto. Uma mão agarrou seu braço e a puxou em pé. Jubal. O homem sempre parecia controlar seus nervos, não importava o que acontecesse. —Precisamos sair daqui agora. O chão começou a rugir e tremer. No vulcão a menos de um quilômetro acima deles, novas aberturas se abriram, liberando gêiseres de vapor e gás quente. *** —Santa merda. — As palavras sussurradas soaram claras como cristal para os sentidos realçados pelo dragão de Dax. Quatro humanos se agrupavam na encosta da montanha coberta por cinza. Dax vislumbrou seus rostos chocados. Três homens se amontoavam protetoramente ao redor de um menor, com curvas de uma mulher. Dentro do dragão vermelho, Dax sentiu uma estranha consciência — como um canto de nota cristalino através das veias do dragão. Rico, vibrante, vivo. De repente Dax sentiu o aroma rico e fértil da floresta, da terra. Pelos olhos do dragão pode ver uma incandescência verde que parecia irradiar do lugar onde os pés da mulher tocavam a terra. Dax não pode ver seu rosto, mas Dax soube imediatamente quem ela era. O
151 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
poder da terra era tão forte com ela que só podia ser a última descendente de Arabejila. Proteja-os! ele clamou na mente do Antigo. O dragão vermelho rosnou e se virou para o ar num claro aviso, e os quatro humanos começaram a correr pela encosta da montanha. O dragão negro vaiou e se moveu na direção deles, mas o Antigo pulou em seu caminho. As duas bestas começaram uma dança bizarra de predadores com Mitro procurando uma maneira de contornar o gigante dragão vermelho, dando um passo para o lado, balançando a cabeça, só para ser acompanhado passo a passo, movimento a movimento. Sem escolha a não ser confiar no Antigo para manter Mitro longe dos humanos, Dax dirigiu sua total atenção para curar as feridas do dragão de dentro para fora, ao mesmo tempo tentando encontrar uma maneira de se separar do bombardeio de emoções viscerais e trazer o dragão vermelho sob seu controle. Aquele Antigo era um lutador feroz, mas não tinha senso de auto-preservação e nenhuma intenção de deixar qualquer outro ser dominar suas ações, nem mesmo para seu próprio bem. Seu corpo compartilhado estava gravemente ferido, perigosas quantidades de sangue jorravam das feridas profundas, órgãos internos danificados quase além do reparo, mas seu espírito lutava contra a tentativa de Dax em desviá-lo de sua presa. O Antigo estava completamente consumido pela necessidade de rasgar e matar seu inimigo, independentemente do custo para si mesmo. Dentro do corpo do dragão, consciente do quão perto estavam da morte e ainda mais consciente dos humanos vulneráveis, que retomaram sua corrida frenética montanha abaixo, Dax estava igualmente determinado a deter o Antigo por tempo suficiente para se curar. Não podia permitir que morressem antes de Mitro ser derrotado, especialmente com a mulher tão perto. No entanto, cada vez que tentava exercer controle, seus esforços pareciam apenas alimentar a raiva do Antigo. 152 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
De repente, o dragão negro se virou e estendeu suas asas. Longos ganchos curvos brotaram a partir do ápice de cada asa. Ele usou os ganchos como um terceiro par de garras, e foi para o vulcão aos trancos e barrancos. Com um feroz rugido final, o dragão vermelho partiu atrás de seu adversário mais uma vez. O ímpeto quente da emoção derrubou Dax como um oceano de fogo, o queimando com sua necessidade selvagem. Mas desta vez, em vez de lutar contra aquela fúria, descansou nela, a deixando passar por cima e através dele. Não tentou se manter firme. Em vez disso, tentou se tornar tão insubstancial como névoa. A raiva do Antigo e a destruição o rodeava. A determinação inata do dragão para dominar qualquer ameaça se chocou com ele, e desta vez, Dax deixou a fúria passar por ele sem resistência. Levemente, com paciência serena e calma sem fim, seus sentidos se ramificaram através do corpo do dragão. Não era um intruso no corpo do dragão. Era o dragão. Não uma consciência separada, não uma vontade separada, mas um só. Não queria prender ou controlar o dragão, mas sim fundir suas consciências, deixar seus pensamentos e ações se tornarem um. O dragão oferecia poder cru, primitivo e incansável. Dax oferecia calma, limitação e discernimento, capacidade de planejar, pensar e agir sem paixão, sem raiva, sem emoção. Se pudesse juntar com sucesso a força do dragão com seu próprio controle lendário, juntos seriam imbatíveis. Juntos poderiam — e o fariam – acabar com a ameaça de Mitro no mundo. Mas só teriam êxito se pudessem agir como um, ao invés de lutar entre si pelo controle. Acima deles, mais acima da encosta do vulcão, Mitro voltou sua atenção para a fúria borbulhando no núcleo quente da Terra. O chão começou a tremer quando Mitro dirigiu os gases aquecidos do vulcão e ácidos à superfície. O vapor começou a subir pelas fendas e fissuras nas rochas. A explosão principal do vulcão explodiu do outro lado da montanha, mas 153 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
agora Mitro estava abrindo outro orifício deste lado... um que significava morte certa para os quatro humanos correndo pela encosta da montanha. Mitro conhecia Dax muito bem. Sabia como distraí-lo. Mitro chamava de fraqueza, cuidar dos indefesos diante do poder, mas um grande Caçador precisa servir, proteger, e era a única coisa que sempre esteve entre Dax e a mesma escuridão que Mitro e tantos outros Caçadores Cárpatos sucumbiram. Os inocentes deviam ser protegidos a todo custo. Era a razão de Dax ter nascido. A razão pela qual vivia ainda. A sede de sangue do dragão estava em pleno vigor, quando o Antigo lutou para perseguir Mitro e acabar com ele. Fogo vomitava de sua garganta, rugindo até a montanha, lambendo a cauda do dragão negro. Mitro saltou para o céu assim que o vulcão se abriu. O lado da montanha se abriu, lançando pedras e árvores pelo ar como brinquedos de uma criança. Nuvens ardentes de cinzas e gás superaquecido rugiram pela encosta da montanha numa velocidade fenomenal. Como distração, isso era soberbo. Ir atrás de Mitro agora significava morte certa para os humanos. Com apenas uma fração de segundo para decidir, Dax fez sua escolha. Temos que salvá-los, Antigo. A mulher, especialmente. Não tentou forçar o dragão à sua vontade, em vez disso fundiu sua vontade com o dragão, tecendo seus fios instintivos mais juntos. Com um grito, o Antigo virou e levantou vôo, mergulhando na ladeira íngreme em direção aos humanos que fugiam abaixo. Quando se aproximaram do pequeno grupo as asas do dragão abriram, formando um escudo protetor sobre seus corpos. Cinzas e rochas ardentes bombardeavam a pele escondida do dragão. Ele fechou suas garras profundamente na terra e varreu suas asas apertadas em torno do pequeno grupo, ignorando seus gritos de medo e surpresa quando enjaulou os humanos numa cúpula protetora formada por seu corpo ondulado e asas sobrepostas. O dragão enfiou a cabeça debaixo de suas asas quando a nuvem piroclástica o golpeou. 154 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Seu olho bom estava pressionado contra sua cauda. Seu olho esquerdo estava temporariamente cego pelo ferimento que Mitro provocou, então não podia decifrar os rostos das pessoas presas sob suas asas. Havia tanta poeira e cinzas em sua aterrissagem que duvidava que qualquer dos humanos pudesse ver alguma coisa. Provavelmente tinham dificuldade para respirar também. Mas poderiam sobreviver, e isso era o mais importante. Dax tentou acalmar o Antigo, silenciar o estrondoso rosnado instintivo no peito do dragão. Não queria assustar ainda mais os humanos. Então, para seu choque total, uma mão escorregou e tocou a ferida ao lado de seu olho. O toque era uma coisa tão pequena, tão minúscula, mas tão inesperada, tão destemida e sem medo que Dax e o dragão congelaram numa surpreendente paralisia. Muito, muito tempo atrás, antes mesmo que Dax nascesse, o mundo contava contos de dragões e donzelas. Alguns diziam que o chamado de uma donzela era impossível para um dragão resistir. Mas agora, quando a mulher colocou sua pequena mão macia, suave sobre ele, Dax sabia que não era seu chamado — era seu toque. A carícia que suavizou o coração selvagem da besta. Era um paradoxo — fragilidade que conquistava a força. Finalmente, a explosão vulcânica diminuiu, e por outro longo momento, ninguém se moveu. Dax não sabia o que fazer. Tudo nele, cada pensamento, cada um de seus sentidos, todos os nervos do corpo do dragão se centravam na pequena mão delgada posta ao lado do olho ferido do dragão. Abruptamente, o riso malicioso tocou sua mente, o tirando de seu torpor estranho. Mais uma vez você falhou, Danutdaxton. Assim como sempre falhará. A voz zombadora de Mitro sufocou os sentidos aprimorados de Dax com sua malícia apodrecida. Porque sou o superior, e você será sempre o fraco! O Antigo desfraldou suas asas e as atirou atrás em suas ancas. Apesar de seus ferimentos, o dragão rugiu um insolente desafio, com força suficiente 155 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
para ser ouvido por quilômetros, em seguida um jato de chamas intensas jorrou alto no céu, um farol na escuridão da noite. Cortou as cinzas e nuvens, iluminando a área num brilho ardente. Mas Mitro já tinha ido. Minado de força, o Antigo se virou lentamente de volta aos humanos, que cobriam seus ouvidos contra seu rugido dilacerante e se enrolavam em bolas apertadas para se proteger do calor intenso da sua chama. Estavam amontoados num local com pouca vegetação nesta parte da montanha. Quando o eco do seu grito morreu à distância, eles levantaram a cabeça e, lentamente ficaram em pé. O coração de Dax falhou uma batida quando teve seu primeiro vislumbre da mulher — o extraordinariamente belo rosto tão familiar para ele como o seu próprio. As exuberantes curvas femininas, a suavidade, os olhos escuros insondáveis, o brilhante e longo cabelo preto, e a pele pálida como leite sob a camada de cinza vulcânica que a cobria da cabeça aos pés. Arabejila? Hiszak hän olen te? Ele sussurrou a pergunta com espanto pelo caminho privado que forjaram entre eles há séculos. Era realmente ela? Ela foi uma aliada em sua busca para levar Mitro à justiça, mas a sentiu morrer séculos atrás. E se não tivesse? Parecia impossível que pudesse ter sobrevivido todos estes anos... e ainda assim, lá estava ela. Ela se virou como se estivesse procurando a proteção dos três homens com ela, mas o Antigo a surpreendeu ondulando sua cauda com mais força, a prendendo e forçando a dar um passo mais perto. Seu perfume o deixava tonto enquanto a respiravam. Seu coração trovejou em seus ouvidos. Claramente, o dragão vermelho a assustava. Talvez ela pudesse sentir, como Mitro não fez, que o Antigo era um verdadeiro dragão, e não simplesmente uma forma assumida pelo Caçador Cárpato que uma vez ela conheceu. Dax irradiava sua vontade através de cada célula do corpo do dragão e da sua consciência mútua unidas. O Antigo estava muito cansado pela batalha para lutar pelo controle, e as grandes e flamejantes escamas vermelhas e a 156 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
imensa massa do dragão se dobraram sobre si mesmo. Se encolhendo e metamorfoseando de volta para sua densidade alta, musculosa, a forma natural de Dax. —Arabejila. Hiszakund olenaszund elävänej. —Realmente achava que estava morta. Ela cambaleou atrás, levantando as mãos como se fosse afastá-lo, claramente chocada por que a enorme massa do dragão desapareceu para deixar em pé uma forma humana diante dela. Dois dos homens de seu grupo entraram em ação, puxando armas de algum tipo e correndo na direção dele, com pura intenção letal no brilho frio de seus olhos. Teria interpretado mal a situação? Esses homens a mantinham prisioneira? Dax reagiu instintivamente, se movendo com velocidade sobrenatural. —Arabejila, corra! — Ele gritou em Cárpato. —Corra, minha irmã! Se são escravos de Mitro, ele vai voltar logo. Ele desarmou Jubal, quebrando seu braço num piscar de olhos, claro e audível. O homem caiu de joelhos, segurando o braço no peito. —Sisar? — O homem repetiu em Cárpato baixinho. Então, num dialeto estranho que Dax não estava familiarizado, —Gary, espere, ele pensa que ela é sua irmã. Está tentando protegê-la. Dax pegou Jubal pela roupa estranha que cobria seu peito. O caçador puxou de volta sua mão, os dedos com pontas de garras curvadas de diamante, pronto para rasgar a garganta do humano, quando Arabejila gritou no mesmo dialeto estranho que o primeiro homem. —Não! Pare! Não o machuque! Por favor! Dax congelou. Não porque entendeu seu comando, — embora o apelo em sua voz fosse inconfundível, — mas porque no primeiro som de sua voz, uma enorme onda de emoção caiu sobre ele. Não a emoção ardente, abastecida de fúria do dragão, mas algo mais profundo, mais cheio, mais
157 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
visceral. Sacudindo seu núcleo. E o mundo em preto e branco da sua visão Cárpato se tornou mais rico, mais variado. Antes que seu cérebro pudesse processar a mudança, antes que pudesse entender ou até mesmo dar um nome a isto, uma explosão alta soou atrás dele. Algo duro e quente rasgou suas costas, abrindo caminho através de seu peito. Dax cambaleou, liberando o homem que segurava e caiu sobre um joelho. Em transe, colocou a mão em seu peito. Ele saiu molhado, coberto de líquido escuro. —Gary, pare! Coloque a maldita arma longe! —O homem com o braço quebrado se impulsionou para frente, empurrando os outros para fora do caminho. —Olenasz? Nimed olen? —Uma demanda para saber seu nome. Jubal olhou para os outros. —Alguém me dê uma luz. Preciso de uma luz aqui. Uma pequena e surpreendentemente luz brilhante chamejou. Cegou Dax durante um instante, e logo se concentrou na desordem sangrenta no peito de Dax. Seu sangue reluzia brilhante, chocantemente escarlate na luz. Sua pele, em vez do branco pálido que nunca viu sol, era de um marrom como mogno polido. Dax olhou acima nos olhos de Arabejila. Não pretos, mas de um rico marrom escuro, a cor da terra fértil tão necessária para a sobrevivência de todos os Cárpatos. Mas ela não era Arabejila. Não era a amiga que viajou e caçou ao lado dele por séculos. Era alguém completamente diferente. Alguém que há muito tempo deixou de pensar que poderia existir. Ele estendeu a mão para ela, sua mão sangrenta traçando uma faixa vermelha entre a cinza que cobria seu rosto. Päläfertiilam.
158 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 9 Riley olhou com atordoado espanto o homem ferozmente belo ajoelhado diante dela. Ele disse "Päläfertiilam" e tocou seu rosto com primorosa delicadeza, e se encontrou literalmente congelada no lugar. Pequenos pontos vermelhos e dourados de cinza incandescente caiam numa exibição deslumbrante ao seu redor, aumentando a sensação de sonho do momento. O terror de meros segundos atrás evaporou completamente, deixando atrás um sentimento confuso de espanto. Então, com uma velocidade tão chocante como sua gentileza inesperada, o homem se virou para Gary, tirou sua pistola e pegou sua garganta num aperto feroz. Toda a série de movimentos aconteceu em menos de um piscar de olhos. —Não, por favor! — Riley saltou para frente instintivamente, agarrando o braço do vampiro. Ao seu lado, Ben pegou sua arma. —Ben, espere, —Jubal ladrou. —Ele não é o vampiro! Ele não é o vampiro! Jubal apontou para seu pulso esquerdo onde o bracelete que estava irradiando cores parecia ter voltado ao seu estado dormente. Conduzido por um inato instinto de proteção, uma descarga de adrenalina ou simplesmente auto-preservação, Ben não respondeu ao grito de Jubal. Ergueu seu rifle, mirando na nuca do homem-dragão. Seu dedo apertou o gatilho. O corpo inteiro de Riley estremeceu com toda essa informação ruidosa, então tudo pareceu se mover em câmera lenta. O rifle cuspiu bala após bala numa rápida sucessão. Riley gritou e cobriu os ouvidos, enquanto esperava ver o homem-dragão cair. Ele parecia um alvo impossível de perder, de pé como estava, apenas alguns metros à frente de Ben. Mas o homem não caiu. Num momento o homem-dragão estava de pé na frente dela, no próximo não estava mais. Ela viu a pequena explosão do solo quando a bala atingiu a parede de lama por trás do local onde ele estava de pé. Depois outro e 159 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
outro. Aconteceu tão rápido que ainda estava tentando entender, quando o rifle ficou silencioso. O homem-dragão desarmou Gary e Ben. Agora tinha Ben agarrado pelo ombro e olhava intensamente nos olhos de Ben. A outra mão do homem estava pressionada contra o buraco que a bala abriu através de seu estômago. Ben sentou abruptamente desajeitado. Ignorando Gary e Jubal, o vampiro soltou Ben e voltou seu foco de volta para Riley. Ela meio que esperava que a rasgasse em pedaços, como aconteceu a sua mãe. Em vez disso ele fez uma pequena reverência e falou numa voz surpreendentemente calma e educada. —Você não é Arabejila, sivamet. Minhas desculpas pela confusão. É só que se parece muito com ela. Uma pequena parte racional de sua mente pensava que deveria estar gritando ou algo assim, mas Riley apenas ficou ali, hipnotizada, olhando para o rosto extraordinariamente bonito. Para... as presas distintas que se alongaram em sua boca. Meu Deus. Era um vampiro. Um autêntico sanguessuga, um vampiro! O vampiro parecia um homem. Um homem belíssimo. O cabelo preto cortado curto, pele como mogno polido, olhos escuros que piscavam com luzes rubi em suas profundezas. E sua voz... sua voz era pura magia. Ele a acariciou como um toque físico, macio, esfumaçado, calmante. A cadência de sua voz a acalmou. Demorou quase um minuto para perceber que ele falava inglês, tão fascinada estava pela forma de sua boca e o flash de seus dentes brancos. Sua voz era carismática, uma mistura de mel e calor. —Por favor, päläfertiilam, permita-me apresentar-me. — Ele se inclinou ligeiramente, com uma graça sobrenatural. —Sou Danutdaxton. Embasbacada, não podia descrever seu estado quando o homem se endireitou. Ela nunca viu alguém tão bonito, tão impressionante ou tão ferido. Estava lá com os ombros retos, seu corpo sangrando por centenas de 160 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pequenas e grandes feridas, seu olhar firme sobre o dela, seus olhos... hipnotizantes. Seus olhos eram incríveis, com tantas facetas como um diamante lapidado, a cor tão luminosa quanto um diamante, ainda contendo minúsculas chamas vermelhas e laranja. Sua boca era cortada perfeitamente e quando sorriu... os dentes pareceram muito brancos e muito afiados. —Eu... — Ela lançou um olhar frenético para Gary e Jubal. Sabia que disseram que os vampiros podiam parecer bem, mas estava chocada por sua reação a ele. Pequenas cargas elétricas corriam até seus braços. Sua respiração ficou presa em seus pulmões e até mesmo sua boca ficou seca. Para sua surpresa, os dois homens compartilharam um olhar silencioso, e em seguida ambos baixaram as armas e se inclinaram na direção do vampiro. —Está tudo bem, Riley. — Gary começou a falar com ela numa voz muito suave e calmante. —Ele não é um vampiro. O outro era, o dragãonegro. Mas ele é Cárpato... um Caçador. —Ele disse Caçador como se isto possuísse um grande significado. —M-mas... ele tem... p-p... —Ela bateu um dedo sobre os dentes e cuspiu a palavra. —Presas. E pode literalmente desviar das balas. —Eu sei. É difícil explicar, mas ele não é um vampiro. Ele os caça. É um dos caras bons, mas está muito machucado e precisa de sangue. — Neste momento Gary parecia saber que transmitia coisas que não queria. —Cárpatos precisam de sangue para se curar, —Jubal acrescentou, —e ele precisa se curar imediatamente. —Então... o que? —Riley olhou entre os dois homens, de repente não se sentindo totalmente tranquila. —Está dizendo que ele tem que tomar nosso sangue para sobreviver? Ela não olhou na sua direção, com medo de ficar encantada pelo seu olhar novamente. Se precisava de sangue, não queria que ele tomasse o dela — ou sim? Era disso que estava com medo? Que queria ir até ele e tirar sua dor? Sua necessidade para ajudá-lo a confundia e a tornava cautelosa. Usou 161 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
cada pedaço da força que tinha para se manter no lugar e não correr para ele e oferecer o que precisava, — incluindo sangue. —Ele toma sangue da mesma forma que um vampiro? —Ela estremeceu com a pergunta, com medo que fosse insultá-lo, mas precisava saber. Enquanto tentava evitar o olhar do Caçador, seu olhar caiu em Ben, e ela abaixou rapidamente para vê-lo. Os olhos de Ben estavam vidrados e se balançava sentado no chão. —Ele está bem? O que fez com ele? — Ela perguntou. Dax respondeu, sua dicção sem hesitação, como se sempre soubesse seu idioma. —Está perfeitamente saudável. Tem pequenos cortes e contusões. Nada digno de sua preocupação. — Quando ela não pareceu convencida, ele acrescentou, — O coloquei num estado de transe para acalmá-lo. Estava ficando bastante agitado e podia facilmente machucar você ou os outros, mesmo sem intenção. Mas está perfeitamente seguro agora. —Como se devesse colocar todos os seus medos para descansar, o Caçador se virou e começou a falar com Jubal na sua língua ancestral. Ela olhou para Ben. Estava respirando, e tal como o Caçador declarou, com exceção de alguns cortes e contusões, Ben parecia perfeitamente ileso. Mas era como se o homem dormisse de olhos abertos. —Entendo, obrigado, Jubal. — Claramente terminando qualquer conversa privada que estava tendo com Jubal, Dax mudou de novo para o inglês. Ela não se importava se o Caçador ficaria irritado, não podia permitir que Ben ficasse em tal estado, não quando veio resgatá-la tantas vezes. — Deixe-o ir. — Ela se virou para o Caçador. —Deixe-o ir agora. Ele liberou Ben tão rapidamente que o homem inconsciente balançou para a frente, quase caindo sobre ela. Ela colocou a mão em seu ombro para firmá-lo, um pouco chocada que o caçador obedecesse tão rapidamente.
162 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Voltando a si, Ben parecia acabar de acordar de uma longa soneca. Na verdade, bocejou. —Uau, isso foi um sonho. — Ben sorriu para ela, totalmente relaxado enquanto seu olhar vagava para o homem semi-nu gravemente ferido em pé atrás dela. Seu sorriso vacilou. Seu olhar viajou do corpo incrivelmente dilacerado de Dax para o rosto batido e sangrento. Então Ben apenas congelou, com a boca aberta, os olhos arregalados de terror renovado. — Ben. Ben, está tudo bem. —Riley agarrou seu rosto com as duas mãos, forçando seu olhar chocado no dela. —Acabou. Todo mundo está bem. Ben soltou um som abafado, como um grito reprimido antes que pudesse ganhar volume. —Ele não vai nos machucar. — Ela forçou um sorriso. —Olhe. Viu? — Ela levantou lentamente e colocou a mão no braço do Caçador. Músculos duros como rochas se apertaram sob as pontas dos dedos e tensionaram com um pequeno tremor que teria perdido se não estivesse tocando sua pele diretamente. Por um momento a dor a atingiu, tirando sua respiração. Então rapidamente se foi, deixando uma sensação de um ligeiro mal-estar. —Está tudo bem. Você está bem. Você está seguro agora. —Seria muito mais simples e mais eficaz apenas mantê-lo sob meu controle, —o Caçador murmurou perto de seu ouvido. Ela estremeceu pela riqueza da fusão de sua voz, em seguida, fez uma careta, se recusando a olhar para ele. —Não se atreva. Se é um dos caras bons, como afirma Jubal, vai deixálo em paz. —Se esse é seu desejo, eu devo, mas sua segurança, päläfertiilam, agora é minha primeira preocupação. No momento que o medo desse humano a colocar em risco, ele vai voltar a ficar sob meu controle. Será que isso a agrada?
163 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley deu um suspiro profundo. Mesmo olhar para ele era difícil. O que a puxava em sua direção como um ímã? Precisava afastá-lo dela para ter alguma perspectiva. —Minha mãe está morta, algum mal antigo para o qual fomos enviadas aqui para conter escapou para o mundo e estou de pé na frente de um homem que pode mudar de dragão para homem, desviar de balas e controlar a mente das pessoas à vontade. Nada sobre esta situação me agrada! Seus olhos se encheram de tristeza genuína. — Sinto muito por não ser capaz de salvar sua mãe. — Ele levantou uma mão para o lado de seu rosto e colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. — Estou mais triste do que posso exprimir. Sei o que é perder alguém que você ama. Seu corpo todo doía para se inclinar na direção dele, para que ele a rodeasse com aqueles impressionantes e musculosos braços e a envolvesse na sua força. Riley lutou contra o instinto, mas era um esforço considerável. Ela se permitiu o luxo de olhar para ele, sem se importar que estivesse tão atraída por um ser que claramente não era humano. Viu força pura e poder. Não pôde deixar de notar isso. A forma como se movia era tão cuidadosa e precisa, tão fluida e graciosa, sem esforço, como um gigante e selvagem gato predador. Quando ele parou, sua pele escura e lustrosa pareceu brilhar com flashes de escarlate iridescente, como se o dragão que foi ainda estivesse lá, esperando uma chance de ser livre. Seu olhar caiu em seu peito. Não estava usando camisa, e os músculos ondulantes agrupando sob sua pele manteve cativa sua atenção. Quando olhou abaixo, teve sua primeira visão desobstruída do peito dele. — Oh, meu Deus. — Havia um buraco sobre seu coração, como se alguém tivesse usado uma picareta no seu esterno. A ferida devia estar jorrando sangue. Com uma ferida assim, devia estar morto. Em vez disso era como se algo tivesse fechado os vasos sanguíneos, deixando apenas filetes de vermelho escorrendo da cavidade escancarada. Ela virou um olhar 164 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
horrorizado para os outros. —Ele devia estar morto com uma ferida assim! Como não está morto? —Cárpatos podem ser mortos. Só leva muito mais tempo que um ser humano. Podem controlar seus batimentos cardíacos, seu fluxo sanguíneo, as funções de seus órgãos internos, quase tudo,— explicou Gary. —Mas Dax não vai durar muito tempo neste estado, sem cura, —Jubal acrescentou. —Essa parte vai ser difícil para você compreender, Riley. Dax precisa envolver essas feridas com terra e precisa de sangue para substituir todo o que perdeu. —Quer dizer que tem que sugar o sangue de alguém? — Ela deu um meio passo para longe do Cárpato. —Ele tem que drenar um de nós para sobreviver? —Cárpatos tomam apenas o que é necessário, — Dax explicou apressadamente, claramente fazendo um esforço pela ainda crescente desconfiança dela. —Cárpatos vivem há séculos em harmonia com os humanos, —Jubal acrescentou rapidamente. —Por favor, haverá tempo para explicar tudo mais tarde. Por agora, temos que ajudar a curar Dax. Se esse vampiro liberado do vulcão voltar. —Ele vai, — disse Dax. —Vamos precisar do Caçador em plena força de combate. —Não tenha medo, sivamet, — disse Dax, e o timbre suave e rouco de sua voz a enredou mais uma vez. —Se isso chegar a acontecer, vou morrer antes de permitir que Mitro Daratrazanoff a machuque, mas seria melhor para todos se eu o enfrentar em plena saúde. Seu olhar se arrastou de volta para seu torso, parando quando alcançou as terríveis feridas abertas em sua carne. —Pode realmente curá-lo, Jubal? — Sua voz não parecia ser a sua própria, e nem a reação dela. Por razões que não entendia, a visão das terríveis feridas do homem era quase mais do que podia suportar. O 165 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pensamento de sua dor a deixava horrorizada num nível profundamente pessoal, a afetando visceralmente como a visão de sua mãe assassinada diante de seus olhos. Não podia suportar a ideia do sofrimento deste homem, e não sabia porquê. Tinha certeza que o breve vislumbre de dor agonizante foi dele. Vampiros e caçadores, vulcões e dragões: toda esta situação era louca, mas não podia tolerar a ideia deste Caçador — Dax — sofrer um segundo mais de dor. Ela olhou para Gary. —Dê um jeito nele agora. — Sua voz estava carregada com o poder de seus antepassados, e algo nele pareceu balançar com suas palavras. Houve um breve momento quando ninguém se moveu. Mesmo o mundo ao redor deles pareceu prender a respiração. Gary se moveu primeiro, parecendo quase formal, em pé na frente de Dax com uma ligeira mesura. —Saasz hän ku andam szabadon, —Gary murmurou na língua antiga do Caçador. Sem pestanejar, ofereceu seu pulso ao Caçador. Quaisquer que fossem o que as palavras significavam, o Caçador claramente tomou como um convite, porque sem demora mostrou suas presas e o mordeu, a boca fechando em torno do pulso de Gary. A expressão de Gary brilhou brevemente com dor antes dele ficar totalmente relaxado. O coração de Riley quase parou de bater. Sua mão foi defensivamente para sua garganta. Sentiu o pulso batendo lá. Por um momento, o flash dos dentes foi surpreendentemente sexy. Queria a boca de Dax em seu pescoço, seus dentes afundando nela, — não em Gary. Piscando, balançando a cabeça por sua compulsão estranha, cutucou Jubal. —O que Gary disse a ele? —É um costume dos Cárpatos. Gary disse, tome o que ofereço livremente. Isso significa que, Gary trocaria sua vida pela do Caçador se fosse necessário. Ele não está pedindo nenhum favor em troca de seu sangue, — explicou Jubal. 166 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley não podia deixar de observar. O movimento da boca de Dax no pulso de Gary a fascinava. As presas do Caçador uniam os dois homens, como se fossem irmãos próximos, um salvando o outro sem pensar em sua própria segurança. Dax parecia impassível, mas as chamas em seus estranhos olhos multifacetados pulavam e dançavam. Ela sentiu seu coração em sintonia com o ritmo do Caçador como se estivessem conectados ao invés do Caçador e o amigo. O sangue dela cantou em suas veias, surgindo calorosamente. O olhar de Dax saltou para seu rosto. Dax liberou Gary e se endireitou. Não havia rastro de sangue em seus lábios e nenhum sinal de ferimento no pulso de Gary. Ela não sabia o que pensar. Ao seu lado, Ben estava tremendo e paralisado. A ferida aberta no peito de Dax começou a sangrar então, mas alguma força invisível impediu que o sangue corresse para fora da ferida. Dax pegou terra fresca do chão, cuspiu nela e cobriu a ferida com a mistura. Seus olhos fecharam, como se cobrir sua ferida com a mistura trouxesse algum tipo de alívio. —Não tive sangue por muitos séculos. É maravilhoso e terrível. —Seu olhar desviou para o rosto de Riley. — Estou morto de fome, mas ainda assim não me atrevo a tomar muito. Apenas o suficiente para curar minhas feridas até que eu esteja acostumado com a alimentação novamente. Então vou precisar para me sustentar, a fim de caçar o não-morto. Riley apertou os lábios, balançando a cabeça como se entendesse quando realmente não compreendia. Embora Jubal parecesse que sim. Ele ficou na frente do caçador e ofereceu seu pulso. Dax pegou o outro braço com dedos surpreendentemente gentis. — Isto dói. O osso está quebrado. — Enquanto falava, correu a mão sobre a lesão. Riley observava de perto. Calor se infiltrou por entre a palma de Dax e a pele de Jubal. Podia ver um brilho fraco, e estava perto o suficiente para 167 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
sentir o calor também. As pequenas linhas brancas de dor aliviaram no rosto de Jubal. —Está melhor? Jubal acenou com a cabeça. —Muito, obrigado. Riley notou que Dax não se desculpou por ter quebrado o braço de Jubal, em primeiro lugar, nem Jubal parecia esperar que o fizesse. Jubal murmurou a mesma frase exata em Cárpato como Gary, e assim como antes, Dax se inclinou, tomou o pulso oferecido e bebeu. Desta vez quando terminou, Dax agradeceu aos dois homens e, em seguida, olhou para ela. Seu corpo inteiro vibrou. Calor correu por sua coluna e seu olhar se fixou na sua boca. Seu corpo inteiro formigava. O que há de errado comigo? Deveria estar gritando de horror. Este era um vampiro autêntico na frente de seus olhos, bebendo sangue de seus amigos. E ela estava ali de pé, maravilhada com ele. Ela passou sua língua para molhar seus lábios. Seu olhar saltou imediatamente para a boca dela e as chamas nos seus olhos saltaram ainda mais altas. Suas coxas vibraram. Seus seios doeram. Ela engoliu em seco e, instantaneamente, o olhar dele estava em sua garganta. Ele parecia consciente de cada movimento que ela fazia, de cada respiração sua. Ao seu lado, Ben começou a tremer horrivelmente. —Oh, meu Deus. Oh, meu Deus. Ele vai nos matar. Ele vai matar a todos nós. Envergonhada por que esqueceu que ele estava lá, estendeu uma mão reconfortante em seu ombro. —Acalme-se, Ben. Se Jubal e Gary dizem que é um amigo, acho que devemos acreditar neles. Pobre Ben, não acreditava neles. Devia pensar que o vampiro ia drenálo, porque sua mente estalou completamente. Com um grito, se virou e
168 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
começou a correr pela floresta, saltando as árvores em sua corrida louca para escapar. —Ben! — Riley virou. —Alguém o detenha! Está fora de seu juízo. —Posso trazê-lo de volta com segurança e mantê-lo calmo, — Dax disse, —mas me obriga a controlar sua mente, que já me disse que não devo fazer. — Com uma sobrancelha arqueada, ele ficou lá, esperando ela tomar sua decisão. Ela mordeu o lábio. Por um lado, odiava a ideia dele controlando a mente de Ben — ou dele controlando a mente de qualquer um. Por outro lado, no seu estado atual, Ben ia se ferir, ou pior. E se esse vampiro do mal ainda estava vagando... Ela olhou novamente para a floresta onde Ben continuava a gritar e tropeçar, correndo para um arbusto primeiro e, em seguida, uma árvore. Ela estremeceu quando ele caiu e levantou apenas para correr novamente. —Faça isso. O Caçador pegou a mão dela e deu um aperto tranquilizador. Sua expressão se suavizou pela gentileza inesperada, o fazendo parecer quase... agradável. O que um grosseiro, perigoso sugador de sangue e lindo vampiro de certa forma era. —É o melhor, päläfertiilam. Não lhe farei mal nenhum, prometo. — Então voltou sua atenção para a figura de Ben em fuga, e sua expressão se tornou de pedra. Firme, focado, inflexível. Falou naquela sua língua antiga, e apesar de Riley não conseguir entender as palavras, não havia dúvida no tom de comando absoluto. À distância, Ben parou de forma abrupta, então se virou e calmamente voltou para o grupo. Sua expressão era serena, como se fosse para um passeio no parque num dia de verão ameno. Ele caminhou de volta para o lado de Riley e ficou ali, silencioso e imóvel. Mesmo que Riley desse permissão a Dax — mesmo sabendo que isto era pelo próprio bem de Ben — observá-lo obedecer como um fantoche sem 169 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mente fez seu estômago revirar... Era tão errado. Como a escravidão, só que pior. Pelo menos escravos ainda possuíam suas próprias mentes. —Como será, quando eu libertá-lo, —disse Dax. Seus olhos dilataram em alarme. Ela se virou. —Acabou de ler minha mente? Não é? Fez isso? —Ela se virou para Jubal e Gary, à procura de respostas. —Riley ... —Gary estendeu as mãos num gesto conciliador. —Eu o fiz. Perdoe-me se a ofendi, päläfertiilam. Seus pensamentos são muito fortes. Eu — Sua voz tropeçou, e sua expressão cintilou por um instante antes dele continuar, — preciso me lembrar que não está familiarizada com os costumes dos Cárpatos. Não queria me intrometer. Ela franziu o cenho. O que cintilou em sua expressão foi um estremecimento. Ele estava com dor. Olhando para a terrível ferida ainda aberta no peito, a preocupação superou o medo. —Sente-se. Sente-se e faça tudo que precisa fazer para curar a si mesmo. Ela colocou a mão em seu braço, com intenção de ajudá-lo, mas no momento que tocou sua carne, agonia disparou até seu braço. Ela suspirou e puxou sua mão de volta. A dor desapareceu instantaneamente. —Bom Deus, é você? — Ela tocou-lhe novamente e quase gritou. —É. Meu Deus, é. Como pode suportar? Está em agonia. — Ela não havia pensado sobre a terrível dor que devia estar sentindo quando se levantou, alto e forte. Era um maldito vampiro ou Caçador ou o que quer que fosse. Criaturas míticas não deviam sofrer, não deviam se machucar, mas ele o fazia, e isso era insuportável. Sabia disso. Quando o tocou, pode sentir isso tão claramente como se estivesse acontecendo em seu próprio corpo. Incapaz de evitar, o tocou novamente. Algo dentro dela exigia que o ajudasse, que o curasse. Era quase uma compulsão. Claramente, Dax não estava atraído por ela, porque gentilmente empurrou sua mão. 170 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Não, päläfertiilam. Não podemos manter toda a nossa dor sob controle, e não gostaria que se machucasse por minha causa. —Nós? Quem são nós? —Ela perguntou com voz distraída. Sua atenção já estava fora, inexoravelmente de volta às lesões de Dax. Olhando para a ferida, quase podia a sentir nela mesma. Como se estivesse viajando dentro de seu corpo, tocando cada terminação nervosa, osso quebrado e músculo desfiado, sentindo com o dom que foi passado de geração para geração. A dor de Dax a atraía, rasgava algo dentro dela, uma barreira que não percebeu que existia. Riley levantou a mão novamente e, lentamente, a colocou sobre o buraco repleto de terra sobre o coração de Dax. Ela apertou sua mão contra a ferida, pressionado a terra mais fundo na ferida, completamente inconsciente do que estava fazendo. Apenas consciente que precisava continuar. Havia algo de errado dentro dele, algo que parecia ter a intenção de consumi-lo. Pura força de vontade a segurou em cheque. Sua vontade, mais forte que as montanhas, mais forte que a própria terra. Sua mão se levantou, deixando uma marca de mão perfeita na terra. Ela levantou a mesma mão e tocou seu rosto, limpando o sangue e sujeira de seu rosto e a arrastando lentamente abaixo, por sua garganta e de volta sobre seu coração. Palavras e padrões floresceram dentro de sua mente. O poder cresceu quando Riley olhou nos olhos de Dax, nos iridescentes belos olhos e se concentrou no brilho escarlate que tremulava em suas profundezas. Ela deslizou um braço em torno do lado de Dax, colocando uma mão sobre seu coração e a outra no mesmo local em suas costas. Então, liberou o poder que agora era uma batida pulsante dentro dela. A bruta força da terra inundou através de suas mãos e o corpo de Dax a devorou. O poder consumiu a terra misturada em suas feridas e transformou a matéria densa, rica, orgânica em pele, ossos e músculos. Ela não tinha controle sobre o que aconteceu em seguida, nenhuma compreensão de como isso aconteceu. Só sabia que o 171 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
poder nela chamava o poder nele, usando a terra que unia os dois juntos. Os ossos se uniram, os nervos se reformaram, os tecidos e vasos sanguíneos regeneraram com velocidade assombrosa e surpreendente. Quando terminou, a consciência de Riley voltou correndo para seu corpo. Ela caiu contra ele. Agora eram seus braços a estabilizando. Ela olhou para ele atordoada, ainda sentindo tudo que ele era, como se estivesse ligada a ele, como se fosse parte dele. Ela sabia que de alguma forma, milagrosamente, o curou. Curou completamente. No entanto ainda sentia como se tivesse perdido alguma coisa. Ele ainda estava com muita dor, e não devia estar. A testa de Riley ondulou quando tentou trabalhar sua confusão. Suas pálpebras ficaram muito pesadas e de repente era muito tentar mantê-las abertas. O esforço foi demais para ela. Exausta, a escuridão a engoliu, e caiu nos braços do Caçador. *** Dax se viu sorrindo para sua companheira. Que dom que possuía. Ela o curou e não pelos métodos conhecidos e utilizados pelos Cárpatos, mas por meio da manipulação da própria terra. Ela o tocou, e a terra em suas feridas se transformou ao seu comando. Dax verificou suas feridas, flexionando seus músculos experimentalmente. O buraco que Mitro rasgou em seu peito se foi. Os incontáveis cortes profundos rasgados por garras afiadas se juntaram, não deixando sequer uma linha para provar que já tinham existido. Ele nem sequer precisava ir ao chão! Mesmo Arabejila, a mais talentosa na terra que qualquer um dos Cárpatos já tinha conhecido, nunca possuiu esse talento incrível. E sua companheira era humana, pelo visto. Isso tornava sua existência ainda mais que um milagre. Nunca ouviu falar que um Cárpato e um humano pudessem ser companheiros. 172 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Não que isso importasse. Ela estava ali, em seus braços, e estava mais do que contente com o que jamais sonhou ser possível, apenas abraçá-la e respirar seu perfume. Mesmo o Antigo parecia encantado com ela. Ela cheirava a flores silvestres sobre a chuva de primavera, um milagre de beleza fresca no meio de Mitro e da destruição do vulcão. Enquanto ela o estava curando, sua alma a reconheceu e gritou por ela. Ele sentiu a resposta da alma dela. Ela não reconheceu o chamado, apenas o flash de dor ao saber que estava tão perto e ainda não estavam unidos. Dentro dele, uma segunda alma a alcançou também, uma que já era parte de Dax, e o dragão sabia que Riley era sua salvação. Seus pensamentos se voltaram imediatamente para seu bem-estar. Devia ser ela quem ele sentiu tentando conter o vulcão, e não havia dúvida que um esforço daqueles, bem como a forma milagrosa que o curou claramente a deixou exausta, a conduzindo ao seu colapso. Ele a verificou cuidadosamente, em todo caso, mas seus únicos danos eram pequenos cortes e hematomas por sua corrida pela mata, e esses ele restabeleceu com um pensamento. Ela precisava dormir, então de água e comida, mas estes últimos podiam esperar até que ela despertasse. Não conseguia tirar os olhos dela. Mesmo suja de terra e cinzas, era a coisa mais linda que já viu, e parecia tão frágil em seus braços. O simples pensamento do menor dano a ela fez seus músculos apertarem e o Antigo lutou contra o controle de Dax. Ele e o dragão, ambos, estavam unidos em sua determinação para protegê-la. Com um pensamento, Dax limpou as cinzas e sujeira de seu corpo, deixando ela e sua roupa limpas. Dax finalmente desviou o olhar de sua companheira, e voltou sua atenção para os dois homens que tinham oferecido seus pulsos. Jubal e Gary eram amigos dos Cárpatos. Descobriu seus nomes e procurou suas memórias quando tomou seu sangue, e usou esta conexão para absorver sua língua, um dialeto mais moderno da língua que identificou corretamente como inglês. Eles agora estavam sob sua proteção também. Quanto a Ben, 173 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax estava em dívida com ele por ter ficado para proteger Riley, apesar do perigo para si mesmo. —Comam, bebam e descansem por alguns minutos, meus novos amigos, mas então temos que avançar. Mitro, o vampiro que eu estava caçando, está livre de seu cativeiro, e não é seguro permanecer aqui. —Ele olhou para Ben, que havia caído sobre sua mochila. —Ele vai ficar bem, uma vez que acorde. Se fizerem a gentileza de preparar comida e água para ele também. —Você vai caçar o vampiro. —Gary fez uma declaração. —Ele não espera que eu tenha me curado tão rápido. Vai precisar de sangue e um lugar para ir para a terra. Se eu tiver sorte, serei capaz de destruí-lo esta noite. Gary olhou para o céu. —Não falta muito para a noite acabar. Dax assentiu. —Eu o deixo cuidando da minha companheira. — Havia uma pequena aresta em sua voz, a primeira da noite. — Vou voltar pela manhã. Cuide para que ela fique bem. —Ele olhou em volta. —Terá que encontrar um lugar mais fácil de proteger. Mitro é capaz de enviar alguém até você. Vai saber que vou trabalhar para mantê-los seguros, e acima de tudo, quer Riley morta. Acredita que ela seja Arabejila. Estou certo disso. —Um pouco mais adiante há uma pequena clareira côncava, —disse Jubal. —Notei quando chegamos à base da montanha. Está protegida de três lados por rochas com um pequeno riacho do outro lado. Podemos montar uma barraca lá para Riley. Dax verificou o local com um olhar criterioso e acrescentou salvaguardas para impedir a entrada de qualquer ameaça. —Vou voltar. Ele tomou o ar com grande relutância, riscando o céu para longe deles. Tinha pouco tempo. Mitro caçaria sangue antes de ir para a terra, e estava 174 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
com raiva. Faria tanto dano quanto possível. Dax voltou para o local onde os dois dragões combateram. Enegrecidas piscinas de ácido manchavam o chão, e queimavam qualquer planta ou árvore deixada em pé ao lado da montanha. A montanha foi devastada pela lama e incêndios. Ainda assim, tudo parecia tão diferente, novo aos seus olhos. Mesmo com as cinzas em pó assentadas sobre as árvores e arbustos na base da montanha, e o ar sufocante, ainda podia discernir cor, um presente de sua companheira. Os tons negros eram vivos e brilhantes. Brancos e vislumbres de verde e marrom enviaram um pequeno frisson de alegria por ele, apesar de sua tarefa sinistra. De certa forma, estava agradecido pelas cinzas. As cores eram tão especiais para ele, tão vivas e brilhantes, que quase machucavam seus olhos. Ele sentiu o cheiro imediatamente. Mitro estava gravemente ferido e não tinha energia para gastar se escondendo de Dax. Esperava que o Caçador fosse ao chão perto dos humanos, não que perseguisse. Uma vez mais Dax subiu ao céu, usando a forma de uma coruja. A visão da coruja proporcionou a capacidade de ver muito mais e seu corpo pequeno mal era notado. Como estava, com as cinzas no ar, Dax foi forçado a enviar um vento na frente dele para limpar o céu o bastante para ver alguma coisa incomum. Mitro não chegaria até aqui sem sangue. Cruzou a área pacientemente, ampliando seu círculo até que a coruja avistou algo que estava perto do córrego. Imediatamente, Dax desceu a coruja, se fixando numa árvore acima e à direita dos objetos dispersos abaixo, com um peso no peito, junto com os nós em seu estômago o avisando. Havia dois corpos, ambos tentaram correr, e morreram duro, gritando de susto. Seus olhos permaneciam abertos, as bocas ainda formando seus últimos gritos, ambos com as gargantas dilaceradas. Fitas brilhantes de sangue como listras em seus corpos. Mitro sempre foi um comedor bagunceiro. 175 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dentro do corpo da coruja, Dax suspirou. Sabia que Mitro encontraria sangue, era esperto demais para não fazer isso. A floresta era um lugar grande, e havia poucas pessoas em qualquer lugar perto da montanha, mas infalivelmente, Mitro foi atraído por eles. Dax mudou para névoa e desceu para estudar os dois corpos. Ambos pareciam ser nativos da floresta, embora vestidos da mesma maneira que Gary e Jubal. Um facão estava a centímetros de um dos corpos, sua lâmina manchada. Ele se moveu ao longo do segundo corpo, e era o que esperava. Sangue escoava por baixo do corpo onde foi cortado várias vezes pelo facão. Isso parecia com Mitro, forçando alguém a cortar um amigo ou um ente querido para o divertimento do vampiro. Era definitivamente Mitro até em seus velhos truques. Não fazia nem uma hora que estava fora de sua prisão e já estava matando e torturando. A tristeza se abateu sobre ele, uma emoção inesperada. Tantos anos perdidos tentando destruir uma criatura vil e depravada e falhando repetidamente. Ter que olhar o rescaldo do caminho de destruição do não-morto, uma e outra vez era muito desgastante, muito mais do que percebeu. Agora, com sua capacidade de sentir, Dax estava sob o peso de cada uma dessas vidas perdidas ao longo dos séculos. Ao mesmo tempo sentiu uma agitação, um toque de almas. Sua. Do Antigo. Dela. Seu coração disparou. O ônus de destruir Mitro era dele, mas não estava sozinho. Nosso, o Antigo corrigiu. Um suave sussurro acariciou sua mente. Nosso, a voz de Riley ecoou. Dax não estava sozinho. Ia encontrar Mitro e destruí-lo, esse era seu dever, mas desta vez, teria algo seu para lutar. A coruja abriu suas asas e decolou quando o amanhecer estava prestes a raiar. Agradeceu às cinzas, obscurecendo a luz. Esteve profundamente dentro de uma montanha por tanto tempo que até mesmo dentro do corpo da coruja que o envolvia, a primeira luz machucou sua pele e perfurou seus olhos. Ele correu de volta para sua mulher. Päläfertiilam. Companheira. 176 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 10 —Os sonhos são o modo dos anjos nos mostrar como é do outro lado, — a avó de Riley disse quando ela era somente uma criança. Se era verdade, então o céu era um lugar quente e abafado, considerando o sonho que Riley acabava de ter. O sonho era tão maravilhoso que na verdade, estava relutante em deixálo. Ela se agarrou para continuar a dormir, continuar esse sonho, cheio de carícias suaves e mãos fortes, até que o clamor de vozes ao seu redor ficou muito alto para ignorar. Seus olhos se abriram, e ela sentou, franzindo a testa, desorientada, para se encontrar no que parecia ser sua própria barraca. A luz que brilhava no meio do tecido verde revelava um espaço limpo e ordenado que, pela primeira vez desde sua compra estava agora também perfeitamente limpa, sem nenhum 177 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
indício de sujeira ou cheiro de lona molhada que se agarrou a ela durante toda a viagem através da selva. Ela ainda estava completamente vestida, embora suas botas estivessem ao lado de sua mochila e seu casaco dobrado e colocado em cima também. Podia ouvir as pessoas se movendo e falando fora da tenda e a julgar pelo número de vozes, seu pequeno grupo devia ter encontrado os outros sobreviventes. Ela sentou abruptamente, a esperança florescendo. Ou talvez tudo que aconteceu desde que subiram o rio fosse um pesadelo horrível, bizarro. Antes que suas esperanças fossem muito longe, no entanto, o zíper da barraca se abriu, e o painel caiu atrás para revelar um mundo exterior coberto por uma espessa camada de cinza vulcânica, com mais cinza ainda caindo do céu. Não era um sonho, então. Riley encontrou um conforto triste quando Gary passou pela abertura da tenda com uma tigela de sopa quente e uma colher em suas mãos. —Ah, bom, está acordada. Tenho seu café da manhã ou jantar, já que o sol está prestes a se por. —Olá, Gary. — Assentindo seu agradecimento, pegou a tigela e a reservou. Seu corpo ainda estava acordando, e não estava com fome. —O que está acontecendo? Onde estamos? Estão todos bem? Quanto tempo dormi? Não havia muito espaço na barraca de três pessoas, e Gary sentou num banquinho de camping que alguém trouxera para dentro. — Jubal e Ben estão bem. Na verdade, estão lá fora agora. —Ele indicou a aba da porta. — Estamos num acampamento com alguns dos moradores configurado como um local de encontro para os sobreviventes. Relativo a quanto tempo dormiu, esteve descansando por dois dias. —Dois dias? — Ela repetiu, incrédula. Nunca dormiu tanto tempo em toda a sua vida. Sua testa franziu com suspeita súbita. —Será que o Caçador de vampiros me colocou para dormir?
178 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Não, ele não o fez. Aparentemente você drenou cada reserva de força que tinha poupando nossos traseiros e para curá-lo. É por isso que precisa comer agora, sinta fome ou não. —Ele lançou um olhar aguçado para a tigela de sopa. —Dois dias, — ela murmurou. —Bom Deus. — Levou a colher aos lábios e entorpecida, provou a sopa. Os sabores explodiram em sua língua, e ela olhou surpresa para a sopa. Estava muito boa, e quando engoliu a primeira colherada percebeu que realmente estava com fome. —Não estou certo se está ciente do que fez, ou se mesmo se lembra, — Gary continuou quando ficou satisfeito que ela estava comendo. Ele baixou a voz para que outros de fora não pudessem ouvi-lo. —Dax, o Caçador Cárpato foi gravemente ferido e você usou seus dons para curá-lo diretamente. Ele me disse que você não apenas extraiu energia da terra, como fez para segurar o vampiro, ou quando redirecionou a erupção do vulcão. Você usou esse poder, mas tirou a maior parte da energia de si mesma e a jogou dentro dele. Riley, você o curou completamente. E com isso quero dizer que você regenerou ossos e tecidos do nada. Estive ao redor dos Cárpatos, e nem mesmo os mais fortes curadores entre eles poderia fazer o que fez e em tão pouco tempo. Não é nada menos que um milagre. Depois que você desmaiou, Dax a verificou, mas não conseguiu encontrar nada de errado, então nos disse apenas para que você descansasse. Então nós a deixamos. —Ele olhou para baixo. —Mais sopa? Levou um momento para Riley perceber que estava olhando cegamente para a tigela agora vazia. —Sim, muito obrigada. Levantando a voz, Gary chamou Jubal, e segundos depois trocaram sua tigela vazia por uma cheia. Jubal apenas enfiou a cabeça dentro da tenda o suficiente para dar um enorme sorriso e um aceno, que devolveu automaticamente. Então ele se abaixou para fora, e a tenda fechou atrás dele.
179 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Riley, já suspeitava por um tempo que Jubal e eu sabíamos muito mais do que estivemos dispostos a compartilhar. Mantemos segredos por muitas razões, principalmente porque manter esses segredos ajuda a proteger as pessoas que cuidamos. Mas porque Dax nos vê como seus "protetores", nos deu permissão para compartilhar alguns dos nossos conhecimentos com você agora. —Ele se parecia com alguns dos seus colegas professores antes de começarem suas palestras de duas horas sobre um tema que levaria anos para explicar plenamente. —Espere. — Ela levantou uma mão. —Antes de começar, me conte sobre os outros. Disse que Ben e Jubal estão bem. E o resto das pessoas dos barcos? Será que sobreviveram? —Dax encontrou Miguel, Hector, Don e Mack Shelton, quando estávamos descendo a montanha. E seguir a pista do professor e seus alunos foi o que nos trouxe até aqui. —Algo no tom de sua voz elevada causou um sentimento de afundamento em seu estômago. —O que aconteceu? —O professor caiu. Ah, não se preocupe, nada muito ruim, exceto que está na selva, e precisa ser capaz de andar, mas vai ficar bem. Quebrou a perna. —E—, ela soprou quando ele ficou em silêncio de novo. —Não tem esse olhar preocupado em seus olhos porque o professor quebrou alguma coisa. O que mais? —Dax encontrou dois dos carregadores mortos na primeira noite. Eles estavam voltando para ver se todos nós ficamos longe do vulcão. Fernando e Jorge. Ela balançou a cabeça. —Isso é tão terrível. — Sabia que as más notícias não acabaram e esperou em silêncio que ele dissesse o resto. —Um dos guias e um dos alunos do professor estão faltando. Pedro saiu para encontrar água limpa para o café. Marty foi com ele. Nunca mais 180 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
voltaram. — A expressão de Gary ficou mais sombria. —Dax acredita que o vampiro caçando pode tê-los encontrado. — O olhar em seu rosto dizia que acreditava nisso também. —Mas no caso dele estar errado, temos a maioria dos homens procurando por eles agora, —acrescentou. Dando-lhe um momento para processar a notícia, Gary entregou sua tigela de sopa vazia para Jubal novamente e a trocou por duas canecas de metal azul de acampamento. Vampiro. Riley balançou a cabeça em descrença. Os vampiros eram monstros de histórias. Eram a coisa de que você se fantasiava no Halloween, a criatura malvada num filme de terror. Não deveriam ser reais. Mas, novamente não deveriam existir dragões, e sua mãe não devia estar morta, e... seu coração pareceu pular quando pensou no homem. Ele não deveria estar aqui também, e ser o que era. Ela pegou a caneca que Gary estendia e grata tomou um gole da água morna. Estava quente e tinha gosto de cinzas e de produtos químicos, mas matou sua sede e acalmou sua garganta ressecada. —O que mais não está me dizendo? — A imagem de dois dragões que se enfrentaram na frente deles subiu à cabeça. —E o Caçador, Dax? Sabia que ele estava aqui o tempo todo? —Não, claro que não. Não tínhamos ideia que Dax ou o vampiro estavam aqui. Não acho que alguém tivesse. Pelo que Dax me disse, ele e Mitro — o vampiro — estão trancados na Terra sob a montanha por um tempo muito longo. Uma mulher dos Cárpatos chamada Arabejila, que veio aqui com Dax para caçar Mitro, selou os dois lá dentro. Dax suspeita que Arabejila seja sua ancestral, e que ela foi quem transmitiu o ritual que você e sua mãe realizavam para evitar que o vulcão entrasse em erupção e os libertasse. De acordo com Dax, Mitro é pior que a maioria dos vampiros, e tem um dom para escapar de situações ruins. Talvez esse dom o tenha ajudado a afinar a barreira, mas em todo caso, está livre agora. —Gary visivelmente engoliu depois que falou. 181 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Então, o que exatamente é um Cárpato? Continua usando essa palavra como se devesse significar algo para mim. —Riley precisava de uma explicação de como os vampiros e os dragões se tornaram uma realidade. —Os Cárpatos são uma raça antiga — uma espécie diferente — que realmente vive ao lado de humanidade por um tempo muito longo. Na verdade, os Cárpatos dizem que são da própria terra. Têm vida muito longa e possuem dons e habilidades incríveis, o que é sem dúvida o que gerou todas as lendas e mitos sobre vampiros e metamorfos. Levaria muito tempo para dar todos os detalhes, por isso vou aos pontos principais. Tenho certeza que Dax ficará feliz em responder quaisquer perguntas que possa ter. —Ele deu um pequeno sorriso. —Jubal e eu somos amigos dos Cárpatos já há algum tempo. Trabalhamos com eles e para eles e nos congratulamos pelo privilégio. São realmente seres notáveis. Riley não podia evitar olhar abaixo para o pulso de Gary, onde Dax tomou seu sangue. Se vivia com os Cárpatos por um longo tempo, era um amigo ou mais como uma vaca de estimação ordenhada sempre que precisavam se alimentar? Percebendo a direção de seu olhar, Gary sorriu. —Estou bem. Às vezes você pode ficar um pouco tonto pela perda de sangue, mas Dax cuidou em não tomar muito. Precisam de sangue para sobreviver, e como vejo, fornecer a eles não é muito diferente que doar para a Cruz Vermelha ou a unidade de sangue local. —Exceto que a Cruz Vermelha não bebe o que levam. —Não, mas usam para salvar vidas. Os seres humanos precisam de sangue para sobreviver assim como os Cárpatos. A única diferença real é como obtê-lo. Além disso, a maioria das pessoas nunca sabe que tiveram seu sangue retirado. É realmente muito discreto e indolor. Cárpatos usam suas habilidades para deixar a pessoa num estado de sono.
182 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Então encantam as pessoas. Como vampiros fazem em novelas e filmes. —Sim, não há nada de malicioso nisso. Geralmente apenas inundam a pessoa com pensamentos felizes, tomam o que precisam e deixam atrás lembranças agradáveis quando saem. Gary esfregou seu pulso como se ainda pudesse sentir os dentes rompendo a pele. Talvez pudesse. Não parecia que estivesse num estado de transe quando Dax estava bebendo dele. —Por que não há nenhuma marca? — Riley perguntou. —Eu o vi tomar seu sangue, mas não vejo qualquer sinal de corte ou até mesmo um arranhão em seu pulso. —Isso é porque a saliva de um Cárpato tem agentes de cura rápida que parecem funcionar em praticamente qualquer coisa orgânica. Feridas fecham quase instantaneamente. Isto realmente é muita coisa. Eles têm outros dons, também. Habilidades que parecem cair mais no reino da magia do que da ciência. Mas todos os dons têm um preço. —Qual o preço? — Um exorbitante. Da forma como me foi explicado, cada homem Cárpato nasce com a semente da escuridão nele. No início é menos que nada. Como um grão de areia no oceano. Mas como a idade dos machos, a escuridão neles cresce. —Por ―escuridão‖ o que quer dizer, exatamente? —Acho que você diria que é o mal, ou melhor, a capacidade para o mal. Mais ou menos como todas as emoções agressivas — o egoísmo, a violência, ódio. Uma vez que um homem Cárpato atinge a idade adulta, a escuridão começa a empurrar, tentando dominá-lo. Como disse, Cárpatos vivem um tempo muito longo. Quanto mais longa a vida do macho, mais forte a escuridão dentro dele se torna. Gary fez uma pausa para tomar um gole de água, mas se fez isso por sede ou nervoso, Riley não podia dizer. Ele parecia um pouco desconfortável. 183 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Os machos Cárpatos perdem a capacidade de ver em cores, em seguida, a capacidade de sentir emoção. Não tenho uma compreensão clara de como isso funciona exatamente. Acho que é um pouco diferente de pessoa para pessoa. Para alguns, suponho que é um corte limpo, como se as luzes apenas apagassem e todas as emoções que já tiveram simplesmente fossem levadas embora. Amor, tristeza, alegria, remorso, tudo isso se vai, e o que resta é apenas o vazio. Para outros aparentemente não é uma mudança tão drástica, suas emoções apenas desaparecem. Há alguns que usam suas memórias para recordar o que costumavam sentir e como, mas me disseram que é como ouvir debaixo da água. Não é a mesma coisa, mas se agarram a isso, porque é tudo que têm. Mas mesmo isso não dura. A escuridão eventualmente corrompe tudo e os Cárpatos sabem disso. Isso os deixa com apenas duas opções: encontrar o amanhecer e morrer — e sim, essa parte funciona como faz com todos os vampiros, — ou abraçar o mal e se tornar um vampiro, como Mitro fez. Riley olhou para suas mãos, inexplicavelmente triste. —Como é terrível para eles. Então são vampiros afinal. —Não, não são. Mas podem se tornar vampiros se abraçarem a escuridão dentro deles. Isso é o que tentei dizer a você antes. Os vampiros não são apenas maus, escolheram ser o mal. Eles escolhem desistir de suas almas, porque sentem emoção quando matam para se alimentar. Apreciam o ódio, a destruição, a corrupção. Não há pior monstro nesta terra que o vampiro. E os Cárpatos como Dax precisam caçá-los. E Riley, algo que precisa entender é que alguns dos vampiros que caçam já foram seus amigos. Talvez até mesmo membros da família. É preciso uma pessoa muito forte para suportar um fardo assim. Riley lutou para entender a informação que Gary estava compartilhando. Racionalmente, tinha dificuldade para acreditar em vampiros e metamorfos, mas viu por si mesma. Não podia negar que existiam. Mas então, sabia que existia magia, o tipo de magia que desafiava o pensamento racional. Ela 184 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
propria a possuía, como sua mãe antes dela. A parte mais difícil era se conciliar com a ideia que Dax ainda não era um vampiro, mas podia se tornar um. Via a imagem de Dax de pé diante dela, com manchas vermelhas e douradas caindo em torno dele, seus olhos tão focados e tão perdidos. Riley empurrou a mão sob o canto do travesseiro que estava sentada. Seus dedos tocaram o chão da barraca. Sentiu o frio do vinil contra sua mão. Seus dedos começaram a formigar quando sua conexão com a terra ficou mais forte. Empurrou o plástico, ganhando mais conforto quanto mais perto chegava da terra batida sob a tenda. Para sua surpresa, o fino material plástico pareceu se dissolver sob sua mão, dando-lhe acesso à terra, que se abriu facilmente, como se acolhesse sua exploração. —Então Dax caça esses vampiros, estes como Mitro que escapou do vulcão, — resumiu Riley. —Mas Dax é Cárpato, o que significa que tem esse mesmo mal que cresce dentro dele, como Mitro. E se não se suicidar no sol, vai finalmente se tornar um vampiro também. A imagem do corpo quebrado de Dax, suas feridas abertas para o céu à noite a inundou. Mas mesmo ele estando certamente em agonia, a olhou com tanto calor e maravilha, seus olhos se enchendo de emoção. Mas se ele não as tinha? Seu coração parecia tartamudear com a ideia dele virar vampiro. Ele era nobre. Cheio de coragem. Ele a tocou com tanta gentileza. Não podia acreditar que havia algum mal nele. Era capaz de violência, mas o mal? A ideia era tão devastadora que mal podia respirar. Buscando consolo, usou a ponta dos dedos para percorrer a terra. Era estranho eles se moverem através do solo com quase nenhuma resistência, como se estivesse passando a mão através de água. A terra parecia estar cantando sob suas mãos. Com os dedos no solo, sem pensar sobre o porquê e o como, focou na canção que estava em tudo ao seu redor, podia sentir todos os outros no acampamento. Sabia onde estavam, o que estavam fazendo. Em seguida,
185 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
abruptamente, ela congelou, seu corpo se tornando frio de medo ao pensar que Dax se foi. —Gary, onde está Dax agora? —Está descansando no momento. Como eu disse, Cárpatos e sol não se dão muito bem, embora não pareça afetar tão fortemente Dax. —Gary, —disse ela muito friamente. —Responda a pergunta. —Dax queria ficar perto apenas para o caso de Mitro ou alguma outra ameaça surgir e precisarmos dele. Os olhos de Riley se arregalaram e ela saltou em pé. Gary, pego de surpresa, caiu atrás na sua tentativa de sair do seu caminho. —Ele está bem debaixo de nós não é? — Ela olhou abaixo, olhando o chão da barraca. Ela o sentia e alívio inundou cada parte dela. Estava perto. Iria vê-lo novamente. Gary ficou de pé e endireitou seu banco. —Eu honestamente não sei. A localização do seu lugar de descanso não é algo compartilhado pelos Cárpatos, por razões óbvias, mas faria sentido. Ele quer mantê-la a salvo. Riley sabia que Dax estava lá. Talvez não soubessem seu lugar exato de descanso, mas a terra sussurrou para ela. E ela sabia. Havia um homem, um Cárpato, enterrado debaixo dela. Ela olhou para seus pés. Ela estava de pé sobre ele. Bem, na verdade não exatamente de pé sobre ele, se corrigiu em silêncio. Para ser perfeitamente técnico sobre o assunto, a tenda estava armada sobre o solo que continha o corpo adormecido de Dax. —Espero que ele não queira que eu ajude a desenterrá-lo, —disse ela em voz alta, e Gary trouxe seus dedos num gesto de silêncio. Risos retumbaram por ela, e sabia que era Dax. O homem falou direto em sua mente. Agradeço o convite, mas tenho certeza que posso encontrar meu próprio caminho. Sua voz era suave, mas educada e cada palavra carregava um sorriso. Ela estremeceu. Tudo bem, mais que educada e suave sua voz soava como melaço 186 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
quente derramando em sua mente e enchendo cada ponto vazio, solitário. Apenas o som de sua voz enviou dedos de excitação dançando através de seu corpo e uma corrente elétrica crepitando em suas veias. Calor se espalhou por ela, como se o melaço encontrasse um caminho em seu corpo. Ele não podia estar em sua mente. Não com as coisas que estava pensando sobre ele — de como era muito sexy e tudo o mais. Cor cobriu de seu pescoço até seu rosto. —Não estou confortável com você na minha cabeça. Ela olhou para Gary, como se ele fosse o culpado pelo comportamento de Dax. Imperturbável pela sua irritação, Dax continuou falando diretamente em sua mente. Deixei um presente, Riley, para agradecer por sua ajuda. Gostou? Alguma força externa dirigiu sua atenção até o saco de dormir. Ela virou a dobra para revelar uma colcha intrincada que mostrava uma bela paisagem de montanhas e pradarias, trabalhada em todos os vermelhos e pretos com fios de prata e ouro brilhando em todo o bordado. A lua prateada no canto superior da colcha enviava feixes de luz prateada brilhando sobre a paisagem abaixo. Os detalhes eram primorosos, cheios de profundidade e movimento. Ela virou para ver a parte de trás, e se movia como uma colcha de seda, macia e quente na sua mão. O verso mostrava uma cena diferente cheia de animais selvagens. Aves de rapina voando ao lado de um dragão vermelho gigante. Abaixo no chão, lobos, leões, tigres e leopardos da neve corriam através das planícies, alguns mergulhando em rios e córregos. Tal como acontecia com a frente da colcha, os detalhes do trabalho eram tão primorosos que a cena praticamente voltava à vida. Mais que isso, a colcha irradiava calor e conforto. —Não deveria, —murmurou Riley. A colcha não é do seu agrado? Não havia nenhuma emoção na voz de Dax, mas Riley de alguma forma soune que o tinha ferido. Nunca foi boa com sutilezas sociais. 187 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Seu coração saltava em seu peito. Nunca viu nada mais bonito, exceto ele. Ela umedeceu os lábios e olhou para Gary. Cor rastejou até o pescoço para manchar suas faces. Sentia Dax em sua mente, à espera de sua resposta. Ela se virou de costas para ele, querendo compartilhar o que tinha a dizer apenas com ele. Eu gosto muito. Como alguém não gostaria? Seus dedos traçaram as linhas do dragão vermelho. Apenas tocar o tecido, acariciando as linhas do desenho, parecia levar suas preocupações e medos. —Está me ouvindo? — Seu coração saltou. Se sentia tímida, quando nunca pensou que tivesse um osso tímido em seu corpo. Sim. A palavra acariciou sua pele como uma carícia. Esta é verdadeiramente uma obra de arte. Mas é muito bonita para usar, especialmente numa tenda. A ideia era ultrajante. Ah. Mas foi feita para seu uso. Você me curou. Queria agradecer a você, e como estava dormindo, parecia o presente apropriado. Seu tom parecia mais à vontade. Dormiu bem, Riley? Ele falou o nome dela lentamente, como se com grande cuidado, sua língua saboreando cada sílaba. Ela gentilmente dobrou a colcha e a colocou em sua cama, seus dedos demorando em cima do dragão vermelho, acariciando. Dormi bem, e obrigada pela colcha, Dax. Ela se encontrou tentando dizer seu nome com uma inflexão semelhante. Mas não estou tendo uma conversa com um homem enquanto ele está enterrado no chão sob meus pés. Não quero ser rude, mas acho essa coisa toda mais que um pouco assustadora. Sua mão foi sobre sua boca. Será que os Cárpatos sabiam o que era uma brincadeira? Ela podia ter mordido a língua. Tinha o pior senso de humor, e realmente não queria ferir seus sentimentos, mas conversar com um homem deitado na terra sob seus pés era um pouco... cômico. Ela sentou e começou a calçar suas botas. Quando estava curvada abaixo apertando os laços em sua bota
188 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
esquerda, sentiu apenas o roçar de seus lábios contra a parte de trás do seu pescoço. Eu sei. Bem, se esse for o caso, pode se juntar a mim aqui, se quiser, não seria muito difícil. Tenho certeza que acharia muito interessante. Riley congelou por um momento, com as mãos paradas nos cordões de sua bota. A ideia de se juntar a ele... Risada masculina vibrou pelo chão. Ondas de calor irradiavam acima, e ela começou a rir também. Cárpatos definitivamente sabiam tudo sobre provocação. Essa percepção aliviou seus medos que seu Dax pudesse se tornar vampiro. Criaturas do mal zombavam, mas não provocavam. Provocar era gentil, simpático. Havia uma diferença. De alguma forma, teve a sensação que ele queria tocá-la, mesmo que não pudesse estar fisicamente lá, então. E de alguma forma ele estava. Os arrepios cresceram dentro dela e os ombros relaxaram. Me chamou de seu Dax. Ela enrijeceu. Ela tinha chamado Dax de seu. Pensava nele dessa forma e não tinha ideia do motivo. Sim, você sabe o porquê. Essa voz podia derreter uma geleira. Se não parasse começaria a tropeçar em sua própria língua. —Estou saindo. Você, — ela apontou para o chão – fique aí. Viu? — Ela podia ser engraçada também. Rindo de sua própria piada, ela saiu da tenda. Gary a seguiu para fora, e deixou o som do riso de Dax se desvanecendo, a deixando com um pequeno sentimento vazio que rapidamente tentou empurrar de lado. Riley parou Gary com uma mão em seu braço. —Como podemos impedi-lo de se tornar um vampiro? Gary olhou para ela por um longo tempo, obviamente escolhendo as palavras com cuidado. —Os Cárpatos nascem com uma alma que deve encontrar sua outra metade. A luz para escuridão deles. Só esta alma pode restaurar as cores e 189 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
emoções e evitar que um macho Cárpato com muito tempo no mundo sem essas coisas se transforme. Sem essa mulher que é a outra metade de sua alma, vai escolher entre entregar sua alma e se tornar a mesma coisa que caça, ou procurar o amanhecer e o suicídio. Ele deve encontrar sua companheira. Com essas palavras, seu coração se apertou. Ela pressionou a mão sobre o coração, de repente, mal conseguindo respirar, sua mente correndo. —Gary, qual é a palavra dos Cárpatos para companheira? Gary olhou diretamente nos seus olhos. —Päläfertiilam. Riley assentiu lentamente com a cabeça, tentando não perceber que seu sangue aquecia com a palavra, ou que sua mente continuamente se estendia para Dax. Ela apertou os lábios para não sorrir. —Entendo. —Você entende? —Gary perguntou. Ela encolheu os ombros. —Na verdade não, mas tenho certeza que vou descobrir. Fora da tenda as cinzas cobriam tudo. Ainda estavam caindo através da copa das árvores, transformando tudo num cinza de neve. Riley olhou em volta, detectando facilmente Jubal e Ben junto com alguns nativos reunidos em torno de uma fogueira central. O acampamento era surpreendentemente grande. Enquanto caminhava na direção de Jubal e Ben, outro grupo de homens veio de uma trilha à sua direita. Ela viu Alejandro, um dos seus guias junto com Miguel, Hector, Don e Shelton Mack. Eram, obviamente, um dos grupos de busca que estava de volta, mas, como não havia nenhum sinal de Marty ou Pedro entre eles, parecia claro que a busca não obteve sucesso. Jubal se aproximou. —Ei, Riley. É bom vê-la de pé e por aí . Está se sentindo bem? —Estou bem, obrigada. — Ela se virou para observar o grupo de busca. —Gary me disse que Marty e Pedro desapareceram. 190 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—É. Parece que ainda estão desaparecidos. Não posso dizer se é boa ou má notícia. —Os vampiros gostam de brincar com suas vítimas, —explicou Gary numa voz calma. —Transformar as pessoas em marionetes não é incomum. Se Mitro é a razão pela qual esses dois estão faltando, quem os encontrar provavelmente terá uma surpresa muito desagradável. Riley virou em choque. —Você disse isso a eles? — Ela acenou com a cabeça na direção do grupo de busca, baixando a voz para que não pudessem ouvir. O silêncio de Gary e Jubal foi toda a resposta que precisava. —Por que não disse a eles? Se está enviando uma equipe de busca e os colocando em perigo, não deviam saber com o que estão lidando? —Ela esfregou a mão sobre o rosto. —Gary, Jubal, acham que isso é justo? Pela segunda vez desde que acordou sentiu a sensação de uma mão quente tocando suas costas, a acalmando e desviando a atenção de sua raiva para longe de Jubal e Gary. Ela se virou para olhar atrás, mas ninguém estava lá. —Consideramos que era altamente improvável que encontrassem Marty ou Pedro,— disse Gary. —Antes de Dax ir dormir, fez uma busca preliminar num raio de cinco milhas ao redor do campo, e não encontrou nada. —Riley, tem que entender, — Jubal acrescentou quando ela continuou a sacudir a cabeça. — Gary e eu fizemos um juramento de manter os segredos dos Cárpatos a todo o custo, para manter sua raça segura. Não fizemos esse voto levianamente, e não o mantemos levianamente. Há homens, mulheres e crianças... —Ele parou por um segundo. —E bebês, contando conosco. —Ele obsevou os membros do grupo que retornavam da busca quando se separaram e procuraram suas próprias tendas, e sua expressão se tornou resoluta. —Não vamos decepcioná-los. Não podemos compartilhar uma sugestão do que sabemos com os outros. Muitas vidas dependem do nosso silêncio, isso sem
191 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mencionar que, realmente acha que pessoas como Don Weston acreditariam em nós? —Gary, há quanto tempo sabe sobre os Cárpatos? — Riley perguntou. —Já há algum tempo, — admitiu. —Vários anos. —E nesse tempo nunca disse a ninguém sobre eles? Nunca? —Sua pergunta deixou os dois homens imóveis, como se tivesse tocado em algo sagrado. Depois de um longo silêncio, Jubal finalmente disse, —Riley, você é a primeira pessoa que qualquer um de nós já disse. —O jeito que disse isso a fez se perguntar como esses dois homens viviam com um segredo tão grande. Como o mundo olhava para eles, como entravam em cafés e aeroportos, ouviam notícias sobre acontecimentos inexplicáveis, sabendo o que sabiam. O chão sob ela pareceu se mover um pouco. Riley olhou abaixo e enviou um pensamento em espiral para o chão. Vá dormir. Não vou lidar com você agora. Riley tentou se colocar no lugar de Gary e Jubal, imaginar o que faria em seu lugar. Se toda uma raça de seres dependesse dela para sobreviver, trairia sua confiança e revelaria seus segredos aos outros? Ou será que manteria seus segredos, mesmo se isso significasse que podia colocar outras pessoas em perigo? A verdade seja dita, já tinha feito essa escolha. Ela e sua mãe, ambas. Vieram a esta montanha para realizar o ritual que foi passado de geração em geração. Sua mãe sabia sobre o mal preso na montanha, mas não avisou aos outros de seu grupo. Nem a Riley, quando o segredo passou para ela o manter. Ela fez o que precisava ser feito. Seria realmente diferente de Gary e Jubal? —Riley, sei que é difícil para você entender. É difícil para nós reter informações quando sabemos que pode custar vidas. Mas já foi uma parte de algo tão importante que suas próprias necessidades se tornam insignificantes? Isso é o que é para nós. —Jubal pausou para deixar suas palavras se assentarem. 192 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Mesmo que não possamos falar sobre o que sabemos, ainda fazemos o que podemos para proteger os inocentes, — Gary acrescentou. —Como quando te acompanhamos até o vulcão. Suspeitávamos do que estava lá em cima. Não podíamos contar nossas suspeitas, mas fomos com você para protegê-la do mesmo jeito. Riley viu a mesma honestidade indefesa na face de Gary que vira em Jubal. Isso ajudou a colocar seus próprios sentimentos de culpa para descansar. Ela sentiu Dax falar antes dela desta vez. Ambos são grandes homens, sivamet, ambos têm grande capacidade de cuidar dos outros. É uma característica muito rara. Não é de admirar que meu povo os tenha escolhido para acolhê-los. Dax tinha uma maneira de trazer uma estabilidade calma quando falava com ela. Eles ajudaram tanto quanto podiam na viagem até aqui, e na montanha. Tenho uma dívida com eles. Era estranho falar em sua cabeça com alguém, mas teve que admitir que gostava da intimidade disso. Estranhamente, quando sua voz enchia sua mente, ela às vezes pegava pedaços da sua vida, suas memórias, como se fosse mais que apenas sua voz entrando em sua mente. Parece que ambos o fazemos. Riley ouviu a convicção em sua voz. Se vai continuar falando comigo, não vejo por que deva fingir estar dormindo. Riley quase podia vê-lo sorrindo. Vou subir em breve. Acho que posso suportar mais o sol agora do que conseguia antes. No entanto, desde que duvido que Mitro esteja longe, preciso conservar minhas forças. Mais uma razão para você parar de falar. Tenho certeza que é preciso energia para falar assim comigo. Ela não tinha certeza se estava certa, mas se lembrou de como completamente drenada se sentiu depois que o curou. Riley, acho que só ganho falando com você. Quanto à força, me vejo mais forte que já estive antes, mas obrigado pela sua preocupação. 193 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley respirou profundamente. Me chamou de päläfertiilam. Sim. Não houve hesitação. Ele exalava confiança completa. Ela sentiu outra onda de calor se enrolando por seu corpo como uma onda. Perguntei a Gary a tradução. Ele disse que isso significa companheira e que há apenas uma. Gary está correto. Você possui a outra metade da minha alma. Você é a guardiã do meu coração. Mais uma vez ela sentiu essa onda de calor correndo sobre ela. Como sabe? Eu sei. Ele falou com a mesma confiança. Como eu vou saber? Desta vez ela sentiu seu sorriso, sua alegria. Vou compartilhar minha mente com você. Cortejá-la. Persuadi-la. Posso ser muito charmoso, quando necessário. Sem aviso, arrepios formigaram pelos braços de Riley. O sorriso sumiu do seu rosto. Ela se virou instintivamente na direção da trilha de onde o grupo de busca retornou. O cheiro de vegetação em decomposição, um dos aromas inescapáveis da selva, parecia mais forte que o habitual. Percebeu que o som das plantas e da terra que ouvia desde que acordou mudou, se tornando discordante. Mitro está atacando, Dax disse a ela. Não tenha medo. Está segura. Ele parecia certo, mas ela não estava sentindo isso. Segura? Vi o que ele pode fazer. Eu o senti. E o que quer dizer com ele está atacando? De onde? Como? —Ela fez um gesto para Jubal e Gary, articulando os lábios— Mitro está atacando. Não é nada que eu não possa deter. Ele está simplesmente tentando me enfraquecer, me forçando a proteger esta aldeia, enquanto o sol ainda está acima. Um grupo de homens e mulheres que foram corrompidos estão se movendo na nossa direção. Você tem a capacidade de controlá-los através da terra, se assim escolher. 194 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Eles estão vindo, —disse para Gary e Jubal. —Homens e mulheres sob o poder de Mitro. Gary correu na direção da grande tenda sem dizer uma palavra. Jubal lhe deu um tapinha no ombro e voltou a gritar comandos no dialeto local. O acampamento inteiro explodiu em atividade, os homens recolhendo armas e se preparando para uma luta, as mulheres apressando as crianças para a segurança. —O que devo fazer? — Ela sentiu a adrenalina em seu corpo, mas estava perdida sobre o que fazer. Fique perto do centro do acampamento. E respire, sivamet. Sentia-se como uma idiota, mas demorou um momento e tentou se acalmar. Bom, lembre-se, sempre estarei com você. Não vou deixar nenhum dano te atingir. Ela se sentiu envolvida por braços invisíveis, e a mancha do mal levada, substituída por força quente. Posso sentir que os marionetes de Mitro estão vindo da aldeia vizinha, mas quero que tente "senti-los". Então, vamos definir um perímetro defensivo. Dax mostrou uma imagem dela deslizando as mãos no chão. Riley se ajoelhou. Quando colocou as mãos na terra diante dela, se sentiu compelida, como se a própria terra estivesse pedindo a ela para se comunicar. Desta vez, foi a única a fazer a pergunta. Não tinha certeza se realmente sabia o que fazer ou se podia até mesmo fazer. Tomando fôlego, colocou as mãos juntas como se fosse mergulhar numa piscina e empurrou lentamente os dedos abaixo na terra. O solo acumulado mudou, se soltando para suas mãos mergulharem com facilidade. Surpresa deu lugar à alegria quando seu mundo mudou novamente. A canção da terra era forte e rica. Cantarolava até seus braços, através de suas veias e ao longo de suas terminações nervosas, uma vibração harmoniosa que a enchia de um sentimento de grande poder antigo e força ilimitada. Ela fechou os olhos, sentada sobre seus calcanhares e saboreou a sensação. 195 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Use o que a terra oferece, Dax aconselhou. Estenda seus sentidos. Não havia nada na terra que não estivesse conectado. Teve a ideia selvagem que podia sentir o que estava acontecendo do outro lado do mundo, caso se esforçasse o suficiente. Como estava, no entanto, se limitou a um esforço um pouco menos grandioso. Em vez do mundo, estendeu a mão para a terra nas proximidades. Sua consciência irradiou para todos os cantos do acampamento e, em seguida além, se movendo através do solo arenoso da floresta tropical até que localizou o grupo em movimento com propósito mortal na direção do acampamento. —Deus querido. — Podia sentir a miséria, a raiva, a mancha do mal que se agarrava neles como lama. Riley, lembre-se que está no controle. Seu trabalho é coletar informações. Precisamos ver quantas pessoas estão vindo, e que tipo de surpresas Mitro guardou para nós. Está indo muito bem. Riley se preparou e tentou olhar para a multidão. Em sua mente viu o topo de uma cabeça recentemente raspada balançando na frente dela. Então, outra cabeça, esta coberta de marcas de arranhões sangrentos que já estavam borbulhando com infecção. Ela estava olhando através dos olhos de uma rã na árvore, observando a multidão que passava por baixo do seu poleiro nos galhos. Frustrada por que não podia fazer mais, se empurrou para fora com seu poder. As mãos dela afundaram mais na terra. As pontas de suas botas afundaram também. A segunda exibição da multidão apareceu, e foi como se tivesse dois pares de olhos, observando de dois ângulos distintos. Em seguida, um terceiro par de olhos expandiu sua visão, e um quarto. Foi difícil se adaptar às múltiplas entradas visuais. Respire, Riley, está indo muito bem. Deixe o medo ir. Pode fazer isso. Estou ao seu lado. E estava. Podia senti-lo sob ela, em torno dela, dentro dela, compartilhando sua mente. No momento, isto não a fazia se sentir assustada
196 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
ou perturbada. O queria lá, o queria com ela. Bom, agora se concentre no que você quer. Confie em seus dons para fazer o resto. Há tantos olhos. Onde foco? Sua cabeça doía. As imagens se derramavam agora, dezenas de animais selvagens diferentes alimentando a visão em sua mente, cada um com uma perspectiva diferente da ameaça que avançava. Sua voz era firme, reconfortante, como se tivessem todo o tempo do mundo, este é simplesmente um exercício, não uma questão de vida ou morte. Escolha uma única imagem e, em seguida, se concentre em algum pequeno detalhe. —Tudo bem, vou tentar. —Ela escolheu a "tela", a primeira que veio do sapo. Estava mais uma vez olhando para os topos das pessoas que passavam. Uma cabeça chamou sua atenção. Uma mulher. Seu cabelo preto grosso e liso estava coberto com folhas e cinzas, como a maioria dos outros, mas ela tinha alguma coisa presa em seu cabelo. Um ornamento feito de osso, esculpido e pintado. Riley podia ver redemoinhos de tinta vermelha e branca sob as estrias de cinzas. Focou no ornamento de cabelo, e quando a mulher continuou, o sapo a rastreou com os olhos até que o enfeite de cabelo desapareceu de sua vista. A imagem da mulher imediatamente mudou para uma perspectiva diferente. Agora estava obsevando a mulher de um ponto à frente dela, mas ainda tinha uma visão clara do enfeite no cabelo. Riley podia ver parte do rosto da mulher, mas não queria se perder, então ficou focada nesse único detalhe. Quando a mulher andou, a visão de Riley começou a mudar de ponto vista. As opções de ponto de vista começaram a vir mais e mais rápido, até que Riley pensou que fosse se perder. Dax derramava ondas de confiança nela, e como cortinas se abrindo para deixar a luz solar entrar, sua mente se expandiu, usando os olhos de cada
197 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
inseto, pássaro e animais nas proximidades por imagens tridimensionais do grupo de forma clara. Todo um grupo de uma centena de aldeões avançava para o acampamento de Riley empenhados em matá-la e a todos com ela.
198 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 11 Riley estava chocada com a claridade da sua nova visão estereoscópica que era tão superior a sua própria visão pouco avançada. Todos os detalhes e cores, a habilidade de ampliar imagens e de ver múltiplas localizações ao mesmo tempo era incrível. Tudo isso deveria ser esmagador, mas miraculosamente, ela estava bem. Conseguia fazer isso. Os capangas de Mitro estavam se dirigindo ao acampamento, destruindo tudo que tentasse atrasá-los. Era claro que tinham vindo de um vilarejo local. E mesmo que tudo a respeito deles fosse mau e errado, ela achava difícil acreditar que todos sucumbiram voluntariamente ao vil controle de Mitro. Algumas das mulheres levavam carregadores de bebês nas costas! Dax, espere. O que vamos fazer com essas pessoas? Matá-las? Há mães naquele grupo! Elas foram mães, Riley. Foram. Os homens e mulheres vindo atrás de nós já foram embora deste mundo. Somente suas cascas restaram. Vampiros sentem prazer em revelar o interior do que eles desprezam e não podem mais ser, substituindo-o com o mal terrível que se tornaram. Não pode salvar nenhum deles? Queria poder, sivamet, mas não é possível. Aquelas pessoas realmente já se foram. A única coisa humana a fazer é dar descanso aos seus corpos. Sinto muito. Empatia irradiava da conexão que possuíam. Não havia crianças na multidão, e o coração de Riley se partiu ao pensar no que já poderia ter acontecido com elas. Seus pais claramente não tinham se entregado sem uma briga. Quase todos os aldeões que se aproximavam levavam sinais de brigas brutais, incluindo vários sulcos rasgados em seus corpos e rostos. Riley conseguia sentir as plantas tentando se esquivar da mácula do mal que o grupo carregava consigo. De repente sua visão ficou borrada, como se os olhos pelos quais observava tivessem perdido seu foco. Ela recuou, 199 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
isolando alguns dos pontos de visão até que estava fitando o grupo que se aproximava de cima. Foi ali que percebeu que havia várias pessoas usando enfeites de cabelo similares nas fileiras. Ela contou oito pessoas diferentes, cada uma usando o mesmo enfeite de osso pequenino. Havia algo nelas que fazia sua pele formigar. Ela ampliou seus sentidos e quase vomitou com o mau cheiro esmagador do mal que irradiava delas. A terra se contorcia sob os seus pés, insetos rastejavam para longe, raízes de plantas murchavam a cada pisada. Por qualquer razão, essas oito pessoas carregavam os níveis mais concentrados de corrupção no grupo inteiro. Enquanto se concentrava nelas, usando os relutantes olhos das criaturas que preferiam fugir a olhar para eles, ela fez uma descoberta perturbadora. Os cabelos compridos e emaranhados que cobriam suas costas não eram deles, mas ao invés disso eram múltiplos escalpos ensanguentados grotescamente costurados. Riley sentiu vontade de vomitar outra vez quando as tigelas de sopa que comeu mais cedo ameaçaram subir. Aqueles oito são a maior ameaça, disse Dax. Riley, você não precisa mais ver. Temos toda a informação que precisamos. Ela continuou por mais um momento. Tem certeza? Talvez possa ver algo mais que nos ajude. Mais detalhes inundaram seu cérebro. A pele dos oito pareceu ondear como se insetos estivessem rastejando de todas as direções sob a superfície das suas peles. As pontas dos seus dedos não tinham carne, os ossos expostos. Não vá lá fora. Volte para o acampamento. Volte agora. O tom de Dax mudou. Não estava dando uma sugestão. Riley se afastou do grupo, libertando os olhos da floresta, mas não sua conexão com a terra. Lentamente voltou sua consciência para seu próprio acampamento, e se viu procurando por Dax entre as pessoas se preparando para a batalha, precisando de sua força calma e reconfortante. Sua consciência foi mais além, e o encontrou, envolto em terra, sólido e calmo em contraste 200 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
com todo o caos ali em cima. Força irradiava dele mesmo enquanto descansava. Podia sentir suas mãos correndo pelos braços. Está disposta a um pouco mais? Com o poder da terra correndo pelas suas veias e a mente dele conectada à dela, nunca antes se sentiu tão forte. O que tem em mente? Estava pensando na defesa. Defesa? Estava pensando num fosso ou algo assim? É nisso que estou pensando. Sua mente se encheu com uma imagem de árvores atrás do acampamento se entrelaçando para formar uma densa parede. Duas das árvores na parede permaneciam eretas, maiores que o normal. Riley franziu o cenho. Tecer árvores numa cerca para impedir o ataque iminente fazia sentido, mas a imagem que Dax formou mostrava a parede sendo erguida nos fundos do acampamento, não na entrada. Não entendo. Quer nos encurralar? Por que não colocaria a cerca entre os marionetes de Mitro e nosso acampamento? Não deixarei que nada de mal aconteça às pessoas desse acampamento, se puder ser evitado. Tenha fé. Mesmo enquanto Dax falava, o grupo de mais ou menos trinta pessoas no acampamento, algumas armadas apenas com lanças, começaram a correr na direção da linha de árvores que ele mostrou. Quatro dos homens se separaram do grupo e entraram na tenda grande. Seu último aluno seguia de perto, a mochila do professor apertada nas mãos. Junto, o pequeno grupo voltou para a linha de árvores. Rilley alcançou as árvores e a vida verde com um movimento mental da mão. A folhagem vibrou ao seu toque, e então folhas abriram e raízes se estenderam enquanto encorajava as plantas a crescerem. O solo era rico em nutrientes e água. Os arbustos ficaram mais densos. Árvores mais altas, galhos esticados acima. Troncos e vinhas se enroscavam, tecendo uns nos outros rapidamente, e uma parede começou a tomar forma.
201 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Excelente, Riley. Deixe uma abertura aqui. Ele mostrou uma pequena abertura no meio da parede, larga o suficiente para somente uma pessoa passar. Quando ela formou a abertura e fez com que as duas árvores de cada lado crescessem mais conforme suas especificações, ele disse: Vivi uma longa vida, até mesmo pelos padrões do meu povo, mas devo dizer que nunca me impressionei tanto com alguém como me impressionei com você. Você é incrível. Riley não respondeu, mas um calor abrangeu sua barriga. Era bom se sentir útil. Ainda não acreditava que fazia a maioria das coisas que ele mostrava. Ver pelos olhos das criaturas da floresta. Fazer plantas crescerem somente com sua vontade. Nem sua mãe realizava tamanhos feitos, e ainda assim, com a ajuda de Dax as habilidades pareciam vir quase que instintivamente. Ela continuou a aumentar a parede de vegetação, a espalhando num semicírculo ao redor da metade da parte de trás do vilarejo para formar um funil natural, com aquela abertura em seu centro. O resto do acampamento passava rapidamente pela abertura. Certo, Riley. Já chega. É hora de você ir. Tem certeza que a parede vai aguentar? Ela podia sentir os atacantes se aproximando. Havia muitos. Tenho certeza. Solte a terra e volte para si mesma. Com as mãos ainda no solo, Riley trouxe sua consciência de volta a si. Era tão desorientador como abandonar várias mentes como se a sua tivesse entrado nelas. Quando estava completamente de volta ao seu próprio corpo, tirou as mãos do chão e cambaleou até ficar em pé. Seus braços e pernas traziam a sensação posterior a uma corrida montanha acima e sua cabeça latejava. Ficou parada um momento para recuperar o balanço e esticar as costas. O acampamento estava deserto. Só a sua tenda no centro ainda estava erguida. Tudo mais tinha sido guardado e levado. 202 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Virou-se para encarar a parede viva atrás dela. Era uma visão para se admirar, densa e impenetrável, já coberta de musgo, folhas, e pequenas flores de todas as cores. A parede tinha crescido tão densa que a cinza ainda não tinha tido tempo para cobri-la. Garry e Jubal tinham escalado as duas árvores maiores de cada lado da abertura central e tinham tomado posição no alto dos galhos. Ben emergiu da sua tenda, carregando sua mochila. Movia-se com calma eficiência. —Hora de ir, Riley. — Ele gesticulou para que o precedesse em direção à abertura na parede. O mal os estava vendo e se aproximando, e eram os últimos ainda no acampamento. Enquanto se aproximavam da abertura, Riley pôde ver as pontas de rifles e zarabatanas enfiadas na parede de folhagem. Cada um que tinha antecedido a ela na passagem tinha tomado posições defensivas do outro lado. Agora, ela entendia o plano. Aquele campo evacuado seria um campo de matança, pura e simplesmente. Ela se virou de lado para passar pela pequena abertura. Ben a seguia tão de perto que batia nela a cada passo. Baixando um ombro ela se meteu pelos últimos centímetros do túnel e emergiu do outro lado da parede. Saiu da passagem para deixar Ben passar, e então colocou a mão na parede fazendo com que os galhos crescessem e se entrelaçassem para fechar a abertura. Pela barreira, ela podia ouvir o som de pés em marcha, ficando mais alto quando seus atacantes se aproximaram do perímetro do acampamento, e aquilo fez com que pausasse. Dax claramente a queria daquele lado da parede, a salvo e protegida. Deus sabia que o lugar dela não era lá fora lutando. Mas ela tinha habilidades que poderiam ajudar. Não tinha certeza de onde era seu lugar. —Seu lugar é exatamente onde está. A voz dele soou em seus ouvidos desta vez, ao invés de sua mente. Ela girou e o encontrou de pé a poucos metros de distância. O sol ainda não tinha se posto, e estava ali sob a luz muda do céu cheio de cinzas. Alto, forte, de 203 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
outro mundo. Faíscas de luz vermelho-dourada brilhavam ao seu redor como vagalumes enquanto a poeira da terra corria pelas suas roupas. Riley não conseguia tirar os olhos dele. Com alguns passos largos, ele fechou a distância entre eles. —Neste momento você fica aqui comigo. Não quero você em nenhum outro lugar. — A presença do homem era suficiente para fazê-la esquecer aonde estava. Ele curvou a cabeça em direção a dela, os lábios pairando perto. A energia rastejava pelas pontas dos seus dedos do pé e subiam viajando pelo seu corpo, a aquecendo. Por um momento, ela pensou que iria beijá-la bem ali, e não conseguia pensar, não conseguia se mexer. Só conseguia ficar ali, olhando-o em antecipação. Sua cabeça se inclinou para o lado, e ele pressionou os lábios em sua bochecha. O contato era íntimo, suave. Com ele tão perto era impossível não sentir a força de sua grande forma. A combinação de força e ternura agitava algo no fundo de si, e Riley quase enlaçou os braços em volta do pescoço dele. Precisava dele. Seu coração batia como um tambor. Ela queria chorar pelos aldeões que perderam tudo porque não foi forte o suficiente ou rápida o bastante para manter Mitro aprisionado. —Se tivesse mantido o vulcão fechado, nunca teríamos nos conhecido, — a lembrou gentilmente ele, o polegar levantando seu queixo enquanto a outra mão envolvia um lado do seu rosto. —Eu acredito em destino, päläfertiilam. Mitro tinha que fugir. Não tenho ideia do por quê. Talvez o Universo decidiu que eu merecia alguém como você. Se foi assim, sou eternamente grato a ele. Lamento muito que tenha que ver a feiúra que um vampiro deixa em seu caminho. Riley assentiu com a cabeça, meio que hipnotizada por ele. Uma pessoa pensaria que com uma guerra vindo na direção deles, liderada por zumbis... — Ghouls, — a corrigiu, naquela mesma voz suave e hipnotizante.
204 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Estavam falando de guerra e sua mente ouvia outra coisa. Aquele arrastar lento, como melaço caindo, morno e reconfortante. Ele exsudava tanta confiança que não podia evitar não se sentir segura mesmo quando estava morrendo de medo. Ele a olhou e tocou como se ela fosse a mulher mais preciosa e linda do mundo. Dax só havia conhecido violência pela maior parte de sua existência. Ele tinha visto coisas que a maioria das pessoas ainda não conseguia compreender, mas mesmo assim, com ela, era sempre gentil, até mesmo tenro. Ela assentiu. —Posso fazer isso. —Sei que pode, — concordou ele. O grito de um pássaro e um berro de um dos aldeões trouxe de volta a atenção dos dois. Se viraram para espiar pela parede de folhas e viram que os primeiros dos seus inimigos se lançava como um inseto dentro da clareira do acampamento. Alguns dos agressores carregavam lanças ensanguentadas e foices; outros não seguravam nada além de galhos e pedras. Rapidamente se dividiram em dois grupos, cada um se dirigindo para uma das tendas. Riley observou quando rasgaram a primeira tenda em pedaços. Um dos oito, que acompanhava o primeiro grupo ficou furioso ao encontrá-la vazia. Num ataque de fúria enfiou a lança na pessoa mais próxima. Poças de sangue negro se derramaram no chão enquanto o homem ferido gritava e caía de joelhos. Dax a puxou mais perto. —Riley, vá. Não tem que ver isso. Eu te pedi para levantar a parede porque a maior parte dos aldeões do nosso acampamento vem da aldeia que Mitro destruiu. Não precisam ver o que vou fazer, e você também não. Seu coração parecia pesado, quase pesado demais para que pudesse suportar o que ia acontecer. Estudou o rosto dele. Nenhuma expressão. Os olhos fixados nos dela, ficando quase vazios. Era o seu coração o que sentia quando ele se recusava a senti-lo. Riley levantou uma mão para seu rosto,
205 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
envolvendo sua mandíbula. —O que você precisa fazer. Não vou a lugar algum. A mão de Dax se demorou um momento, e então um coro de ossos sendo esmagados dos agressores reunidos. Dax pressionou um beijo rápido e forte em seus lábios, então se virou e desapareceu dentro de uma nuvem de névoa que soprou através da folhagem. Riley ficou mais perto do muro e com um toque da sua mão os galhos entrelaçados se partiram para que pudesse enxergar o acampamento mais além. Seu coração caiu quando percebeu que cada rosto irado estava virado para ela, olhando diretamente para ela como se o denso arbusto de galhos fosse invisível. O grupo se adiantou. Riley recuou um passo com medo, mas então os homens liderando os outros tropeçaram em alguma coisa e caíram com força. Os que seguiam ou caíam por cima ou tentavam pular seus companheiros derrubados. Chocada, Riley voltou para o pequeno buraco que fez no muro. Enquanto assistia, um homem pulou por cima dos caídos e foi pego no meio do salto por Dax, que se movia tão rápido que era um pouco mais que um borrão. Seu pé aterrissou no pescoço do homem que estava no chão, quebrando-o com um estalo enquanto ao mesmo tempo agarrava o outro homem no ar. Ossos estalaram de novo quando o pescoço do homem deu um giro de quase 180 graus. O corpo mole caiu ao chão; tudo que podia ver era um borrão indo de uma extremidade do campo a outra. E em todo lugar que o borrão ia, ossos quebravam e corpos caíam como pesados sacos e não se moviam de novo. A trilha de corpos tornava mais fácil ver onde Dax tinha passado ao invés do que estava fazendo. Ele se movia cada vez mais rápido, despachando um aldeão possuído atrás do outro até que não sobrasse mais ninguém a não ser os oito líderes enfeitados em escalpos que identificou mais cedo. O campo de matança ficou calado. Lágrimas caíram dos seus olhos. O acampamento outrora pacífico agora estava amontoado de corpos, homens e mulheres que nunca voltariam para as pessoas que os amavam. Horror e pesar ante a perda da vida cresceram
206 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
dentro dela. Então Dax voltou para o centro do campo, e esperou, sozinho e sem medo, enquanto os oito líderes o rodeavam. Vendo-os agora com seus próprios olhos, pareciam ainda mais aterrorizadores que pareceram quando os observou através dos olhos da floresta. Os escalpos ensanguentados de suas vítimas anteriores batiam contra suas costas. Seus rostos foram pintados com sangue, seus dentes cerrados em pontas afiadas para combinar com as pontas sem pele dos seus dedos. O medo de Riley superou o pesar quando Dax ficou ali, sem se mexer, calmo e preparado. Nuvens escuras bloqueavam a luz do sol que se ia, transformando o sol em uma vermelhidão terrível e profunda. A cena ganhou uma qualidade ainda mais apavorante, com medo e morte permeando o ar sob aquele céu ensopado de sangue. Onda após onda de asquerosa corrupção varria o chão. Ela se viu se balançando para frente e para trás quando cada onda quebrava sobre ela. Seu balanço começava a seguir o movimento dos oito líderes. Um dos oito se aproximou mais de Dax. Uma trilha de insetos e de uma secreção negra se formava por onde passava, brilhando sombriamente na pálida luz. Mesmo atrás da relativa segurança da parede de árvores, o corpo inteiro de Riley se sacudiu com tremores. Ela não tinha medo de insetos, mas ficou aterrorizada com aqueles que saíam dos demônios. Seu sangue coagulava ao pensar neles se arrastando sobre sua pele. Riley não tinha certeza do que Dax estava esperando. A velocidade e a magnitude do mal em expansão aumentavam a cada momento que passava. As flores desabrochando em seu muro vivo já tinham murchado e morrido. Os oito estavam fechando o cerco, e Dax, com suas costas para ela, parecia simplesmente parado. O seu ataque em todos os outros o tinha deixado exausto? O sol ainda estava de pé, mesmo escondido pelas nuvens. Com certeza também drenou sua energia.
207 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
De repente, os oito avançaram em uníssono, se movendo com uma rapidez que não achava que possuíam. Dois saltaram no ar acima de Dax. Os outros atacaram de diferentes ângulos. Um grito mudo rasgou Riley. De jeito nenhum as criaturas o poupariam. Todos os oito se moviam tão rápido quanto Dax, as garras ensanguentadas em preparação para o ataque. Ainda assim, Dax continuava simplesmente parado. Uma das criaturas correu entre Riley e Dax, obscurecendo sua visão. Seu coração subiu para a garganta. —Dax! — Uma luz ofuscante desceu do céu, aterrissando no chão onde Dax estava. —Não! Dax! Dax! — Cega pelo clarão do raio, ela agarrou os galhos retorcidos e gritou o seu nome. Piscou furiosamente, tentando clarear a visão, então bateu com as mãos no chão e assumiu o controle de cada criatura que conseguiu encontrar e usou os olhos delas para substituir os seus. Um soluço partido escapou dos seus lábios quando percebeu que ele ainda estava lá, a salvo, em pé próximo a uma pilha de corpos queimados e segurando uma bola de um fogo azul e branco. Rapidamente ele levantou a bola no ar e a soltou. A esfera brilhante subiu como um balão e foi na direção do centro da clareira. Os insetos que seguiram a trilha dos oito se moviam rapidamente, cobrindo o chão com suas formas evasivas. Um movimento de cima atraiu sua atenção. Ainda trepado alto nos galhos acima, Jubal se amarrava ao tronco de sua árvore. Na outra árvore grande flanqueando o que foi o túnel da parede viva, Gary fazia o mesmo. Ela olhou de volta para a clareira. A pilha de corpos próxima a Dax começou a pulsar. Uma multidão de insetos irrompeu do centro da pilha, se derramando em todas as direções. Um dos oito meio que empurrava e se arrastava também para fora da pilha. Dax levantou uma mão na direção da bola no céu e gritou, —Gary, assim que estiver pronto.
208 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley só teve tempo para levantar os olhos e ver Gary apertar um detonador antes do acampamento explodir. Terra, pedras e corpos foram arremessados no muro de árvores quando uma enorme bola de fogo explodiu no centro do acampamento. Riley gritou e se abaixou, cobrindo instintivamente a cabeça com os braços. Então Dax estava lá ao seu lado, protegendo seu corpo com o dele, os dois olhando na direção contrária à explosão. Por um momento, tudo que conseguiu fazer foi segurá-lo com força e recuperar o fôlego. O calor intenso ainda irradiava do local da explosão, mas quando o pior dos barulhos e dos detritos cessou, ele afrouxou seu abraço. Juntos, se viraram para olhar. Para assombro de Riley, uma parede de fogo azul e vermelho queimava no meio do acampamento, mas contida, como se presa por uma parede de vidro bem à beira da linha de árvores. Podia ver pequenos raios branco-azulados correndo acima e abaixo da parte externa da parede invisível. Dax apontou a mão direita para o fogo e a parede diminuiu. Rapidamente, ela recuou e encolheu, comprimindo as chamas e afunilando o calor em direção ao céu. O fogo encolheu mais e mais até se fechar sobre si mesmo e desaparecer completamente, deixando atrás um árido trecho de solo tostado, ausente de todos os sinais de luta. Riley se levantou, olhando para o chão escurecido com surpresa, percebendo que a área foi completamente limpa. Cada pedacinho do mal que permeou o solo desapareceu. Dax os destruiu por completo. Os braços de Dax se estreitaram ao seu redor, a puxando mais perto enquanto observavam o resto da chuva de cinzas cair suavemente na clareira queimada. Ela inclinou a cabeça no peito dele e respirou sua fragrância limpa e masculina. Seus braços eram quentes, tão duros e sólidos. Ele fazia com que se sentisse segura e protegida. Ela virou em seus braços para olhá-lo com admiração. Ele também a fazia se sentir pequenininha, até mesmo delicada, o que considerando sua altura não era uma tarefa fácil.
209 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Seus olhos vasculharam o rosto dele. A pele lustrosa, os estranhos olhos multifacetados e ardentes. A beleza forte e masculina que fazia seu coração palpitar toda vez que o via. Passou uma mão ao lado do seu rosto, roçando um polegar em sua alta maçã do rosto, se maravilhando com a textura de sua pele. E como estava limpa. Não havia uma manchinha de terra nele, enquanto ela podia ver só pela visão de suas mãos que estava coberta por um caos de fuligem e poeira. —Você está limpo. Acabou de derrubar um exército inteiro, ficou no meio de um inferno, e não há uma manchinha de poeira em você. Como isso é possível? Não consigo dar dois passos sem ficar toda imunda. — Riley levantou as mãos, que estavam manchadas de poeira e fuligem. Ele sorriu. Sério, tinha o sorriso mais lindo. —Há certos dons que os Cárpatos possuem que podem ser bem úteis. — Sem aviso a poeira, o suor e os traços salgados de suas lágrimas secas evaporaram de sua pele. Num segundo estava uma bagunça. No outro, parecia ter saído da capa de uma revista, o cabelo no lugar, a pele macia e cheirosa, as roupas bem passadas e cheirando a limpeza. —Onde andou minha vida inteira? — Satirizou com um sorriso. —E você também faz janelas? — Ela sabia que estava confiando no humor para diminuir a adrenalina. O puro terror de vê-lo rodeado pela insanidade dos robôs humanos e macabros de Mitro era quase mais que conseguia suportar. Ele devia saber disso também, pela gentileza como seu polegar traçava seu rosto indo até seus lábios. Ele riu, e o som rico e profundo se derramou sobre seus sentidos como chocolate meio amargo derretendo em sua boca. Prazer subiu e desceu por sua espinha, e tudo que podia pensar era em puxar sua boca perfeita para a dela e beijá-lo como se não houvesse amanhã. Só o som de um galho quebrando nas vizinhanças da parede a trouxe de volta para o resto do mundo. Ela se afastou, tossindo nervosamente, olhando para todo lugar menos para ele. 210 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Então… é… o que acabou de acontecer lá fora? Manipulou uma espécie de bomba? — Ela o olhou por debaixo dos cílios. —Usamos umas coisas chamadas ―explosivos‖ que Gary e Jubal trouxeram com eles. Não sabia o que Mitro mandou para nós, e queria estar pronto para tudo. — Dax indicou os dois homens. —São bons guerreiros, muito bem preparados. —E a parede de fogo com os raios branco-azulados correndo por ela? —Nós quatro estávamos muito perto dos explosivos, então usei uma barreira para conter a maior parte da explosão. Isso também me permitiu concentrar o calor da explosão nos ghouls de Mitro, para limpar suas máculas e remover a possibilidade de alguma ameaça futura advinda deles. Riley sacudiu a cabeça. —Por que tenho a sensação que quanto mais tempo passo perto de você, mais perguntas vão surgir? — A tristeza pelos aldeões refugiados que montaram um acampamento temporário e foram levados com eles a golpeou. A terra gritava ante a abominação da maldade e da destruição da vida verde. Ela precisava que ele calasse os sons e as sensações por pelo menos alguns momentos para ter tempo de se recuperar. Seu sorriso em resposta era morno e convidativo, com uma pontada sensual que aumentava sua fome por mais. Queria beijá-lo outra vez. Queria envolver o corpo no dele e se perder em sua força. Os dedos de Dax se curvaram em volta de sua nuca. —Você pode, sabe. Pode ter de mim o que quiser, sivamet. Me entrego a você com prazer. — Os olhos dele a tomaram e seu olhar quente desceu para seus lábios. De algum modo, Riley sabia que o medo a dirigia mais que a paixão. Precisava de conforto. Precisava sentir que ele estava vivo, ouvir seu coração bater constante e forte depois de vê-lo enfrentar tão calmamente o inimigo. O pensamento dele morrendo quase a estilhaçou. Disse a si mesma que era porque acabava de perder sua mãe, mas... isso seria mentira. Era ele. Dax. Se aproximou mais dele, capturada pelas pequenas chamas queimando em seus olhos. 211 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Achei que estivesse morto. Por um momento terrível e inimaginável, pensei que estava morto, — murmurou, deslizando as mãos pelo seu peito, em cima do seu coração. Dax parecia saber exatamente o que ela precisava. Seus braços se moveram ao redor do seu corpo. Firmes. Fortes. Reconfortantes. A trouxe com força contra seu peito. Ela descansou a cabeça ali, só por um momento, só para escutar sua palpitação ritmada. A mão dele sob seu queixo levantou sua cabeça. Seus olhos encontraram os dela. A pequena chama vermelhodourada flamejou e ardeu, roubando seu fôlego. Ela viu sua boca se aproximar da dela, centímetro por centímetro. Tudo de feminino nela foi atraído por ele, seu estômago deu uma lenta cambalhota. Mil borboletas levantaram vôo. Seus lábios eram quentes e firmes, mas macios. Sentia como se tivesse se fundido a ele. Sua língua provocava a abertura de sua boca, exigindo que a abrisse para ele. Ela o fez, e ele deslizou dentro. Não respirava mais — ele respirava por ela. Havia refúgio, abrigo, um mundo de sensações com o chão se movendo sob seus pés, a levando para longe da morte e da loucura. Quase subiu pelo seu corpo e colocou as pernas em volta de sua cintura. O som de Gary e Jubal descendo das árvores próximas quase não conseguiu quebrar o momento. —E agora, Dax? — Gary perguntou quando alcançou o chão. —Ainda há algo para se fazer aqui? Dax sacudiu a cabeça, a puxando para seu lado com um braço de forma protetora, dando-lhe tempo para se recompor. —Creio que Mitro já tenha deixado esta área, ou não teria mandado seus demônios num ataque tão inútil. É esperto demais para mandá-los sozinhos se ainda estivesse aqui. Isso não foi nada mais que uma técnica de adiamento, algo que prendesse minha atenção enquanto ele escapava para outro lugar. Sem pensar, Riley colocou uma mão em seu braço, ainda necessitando de seu elo. Ele deu um olhar quente e cobriu sua mão com a dele. Podia sentir 212 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
uma porção de si mesma, uma força nascida da terra se derramando no corpo dele, renovando suas energias esgotadas. Por aquela conexão, Riley percebeu que até quando Dax ficava de pé ali, falando com eles, sua mente estava varrendo o campo ao redor procurando algum sinal do seu antigo inimigo. Podia quase sentir a morte e a destruição que Dax tinha que buscar para poder encontrar Mitro. Doía-lhe testemunhar o mal de Mitro, ela percebeu. Ele podia ter perdido suas emoções séculos atrás, se o que Gary disse sobre os Cárpatos era verdade, mas isso não o impedia de se sentir responsável pelas tantas vidas e destruição que Mitro executou. Considerava a fuga de Mitro um erro seu, não dela. —Então qual o plano? — perguntou, tentando trazer sua atenção de volta para ela, para longe da trilha de carnificina de Mitro. A tentativa de distraí-lo funcionou. —Acha que tenho um plano? — Um divertimento masculino iluminou seus olhos. —Homens como você sempre acham que têm um plano. — Deitou uma mão no muro de árvores. Os galhos e vinhas se separaram, recriando um túnel mais amplo que dava de volta à clareira. Ela se enfiou nele, Dax nos seus calcanhares. Jubal e Gary ficaram na retaguarda. —Homens como eu? — murmurou Dax enquanto deixavam o túnel. — Exatamente quantos homens como eu já conheceu? — Ele estava exibindo os dentes de um modo que a fez querer cobrir seu pescoço. —Essa não é a questão. Então, qual o plano? — Olhou de volta para Jubal e Gary para inclui-los na conversa. —Devíamos descobrir o que aconteceu com Marty e Pedro primeiro, — disse Jubal. —A não ser que estavam no grupo... — Suas palavras morreram, e todos olharam para Dax. —Não estavam. Contudo duvido que vão achá-los com vida. O fedor de Mitro está bem forte nesta parte da mata. —Então como vamos encontrá-los? — perguntou Riley. —Mesmo que ache que estão mortos, não podemos ter certeza. E não podemos 213 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
simplesmente deixá-los sozinhos aí fora. Quem sabe que tipo de armadilhas Mitro deixou? —Tenho que ir à aldeia de onde vieram essas pessoas. — Ele indicou o campo de batalha escurecido. —Os aldeões que sobraram fugiram, — disse Jubal. —Se enfiaram na floresta, e Miguel disse que não voltariam para a aldeia. Gary assentiu. —Dissemos para levar os outros para longe daqui, também para mais fundo na floresta, e para nos esperar lá. Acham que uma tribo mais agressiva nos atacou. Riley apertou os dedos ao redor dos de Dax. —Por que ir para lá? Já não se sacrificou o suficiente? Não tem que ver o que mais ele fez. Dax trouxe a mão dela para o calor da sua boca. —Mitro tem que ter passado ao menos uma noite naquela aldeia para ter corrompido tantos. Teria deixado perigos atrás, como também sua assinatura pessoal do mal. Tenho que limpá-la. De lá, posso ser capaz de descobrir em que direção viajou. É possível que possa me ajudar com relação a isso, Riley, porém não tenho certeza se quero que veja ainda mais morte, mas com a conexão de Arabejila com ele e seus dons, pode achar a trilha dele. Nisso está nossa melhor chance em descobrir o que aconteceu aos dois homens desaparecidos. E encontrá-los pode me ajudar a antecipar o próximo passo de Mitro. O pensamento de ver mais pessoas inocentes mortas retorceu suas entranhas, mas Riley respirou profundamente e concordou. Se ele tinha que suportar o que o destrutivo vampiro deixava pelo caminho, queria dividir isso com ele. Era tão responsável quanto ele. —Farei tudo que puder para ajudar. Mas como encontrar Marty e Pedro pode ajudá-lo e guiá-lo a Mitro? —É só um palpite. A única coisa que já mudou seu caminho além de um Caçador se aproximando demais foi uma informação da qual pôde tirar vantagem. Se levou seus amigos e não os matou imediatamente, então provavelmente os está usando para extrair informações.
214 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Que informação poderia extrair de um estudante de arqueologia e de um guia local? — Riley respondeu sua própria pergunta. —A área local. Pedro conhece todas as estradas, todos os vilarejos e cidades. Seria como um mapa ambulante desta parte do Peru. Jubal continuou a linha de raciocínio. —O garoto teria baldes de informações que o vampiro poderia usar. Internet, inglês, como funciona a eletricidade, biologia, explosivos. Inferno, câmeras, polícia, comércio internacional. A educação universitária de Marty definitivamente seria de interesse. —Nós devíamos ir andando. Quanto mais o tempo passa, mais fraca fica a trilha de Mitro, e há um mundo muito grande onde ele pode se esconder, — disse Dax. —Me dê um minuto para eu ver se consigo… — Riley se interrompeu olhando para as ruínas escurecidas do campo de batalha. —Isso só vai levar um momento. — Ela se sentia culpada por atrasar todo mundo, especialmente desde que sabia que estavam com as horas contadas, mas a compulsão crescia dentro dela. Não podia aguentar deixar aquele pedaço de chão cheio de cicatrizes atrás quando sabia que podia ajudar no processo de cura. Não esperou permissão, seus pés já a levavam na direção do solo enegrecido. Estava vagamente ciente de Dax andando de forma protetora ao seu lado, mas sua mente já estava entrando em sintonia com a terra. Tudo mais se tornou insignificante. Ajoelhou ao lado do terrível solo e afundou as mãos profundamente. Fechando os olhos, enviou energia às sementes das plantas, árvores e flores se movendo em sua mente. Podia vê-las brotar, sair da terra para crescer na direção do céu. O solo era rico de minerais, combustível para as plantas para ajudar sua recuperação. Não tinha ideia do tempo passando até que se viu balançando um pouco e piscando ante a visão do círculo de densa folhagem crescendo na frente dela. Dax colocou uma mão no seu ombro para firmá-la. Atrás dele, Gary e Jubal estavam olhando para o incrível crescimento das plantas. Não havia sensação 215 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
de mal graças a Dax, e o chão estava mais fértil e espesso com uma abundância de novas árvores, samambaias e plantas. —Eu devia pegar minha mochila—vamos precisar de suprimentos, — disse ela, com um sorriso pequeno e vacilante. Sentia-se como se tivesse percorrido uma longa distância. Permitiu que Dax a ajudasse a se levantar. — E quanto a eles? — Ela apontou de volta para a parede. —Vamos deixar algumas armas com eles, ou alguma coisa? Não parece que o professor deva andar muito. —Estava pensando só em nós dois. Gary e Jubal podem ficar e proteger os outros e suas coisas. Não vamos deixá-los por muito tempo. — Ele gesticulou para o largo círculo de plantas. —Isso é incrível. Você é incrível. — E minha. Seu olhar pulou para o dele. O ouviu com tanta claridade, aquela voz firme, suave, quente e tão sexy se derramando em sua mente de uma forma tão íntima. Sua mão voou à garganta. —Não vai virar um dragão gigante e vermelho, vai? —Quer que eu me transforme num dragão? — A voz dele soava diferente, fazendo com que pensasse mais a respeito da conversa: algo do que falavam importava para Dax, mas Riley não tinha certeza do que. —Estava pensando que podíamos ir andando se não ficar muito longe. —E eu em algo um pouco diferente. — Dax enviou uma imagem dele a levantando do chão e subindo aos céus com ela nos braços. —Não. De jeito nenhum. Nem sequer pense nisso... — Ela gritou quando o homem a levantou e começou a correr. —Não acredito que esteja me carregando de novo. Ele baixou o olhar para ela em genuína surpresa. —Posso me transformar num dragão, conter uma explosão com ―mágica‖, e realizar todos os tipos de façanhas incríveis, mas você não consegue acreditar que a esteja carregando? —Foi uma figura de linguagem. Agora me coloque no chão. Não serei carregada nos braços selva adentro pelo Tarzan. 216 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Não conheço esse Tarzan, mas se tem o hábito de carregar sua mulher, acho que gostaria dele. — Seu riso a penetrou. —Coloque os braços em volta do meu pescoço e segure firme. Ele disparou na direção do céu, atravessando um buraco na copa das árvores. No momento que passaram pelo buraco, Dax a segurou em volta da cintura e a virou para que pudesse ver o chão abaixo deles e a direção que voavam. —Oh, meu... — Daquela altura podia ver o vulcão claramente enquanto ele soprava cinzas de um lado. Os rios de magma derramando em suas laterais pareciam fitas de luz alaranjada no céu do anoitecer. A visão era aviltante e bela num nível tão elementar que Riley descobriu que tudo que conseguia fazer era observar num admirado silêncio. —Esperava que gostasse disso. —Dax, não sei como alguém poderia não gostar disso. Não há palavras. —A altura não a incomoda? — Havia uma nota de provocação em sua voz. —Se me soltar, a altura vai me incomodar muito mais. — Ela percebeu que suas unhas estavam enterradas nos braços ao redor da sua cintura. Lentamente, ela relaxou os músculos, confiando que não a soltaria. —Não vou soltar. — Calor se espalhou por sua espinha e se aninhou profundamente. O céu se tornou todo vermelho e dourado ao redor deles, e centelhas pequeninas das mesmas cores abundavam ao redor deles. A princípio pensou que as centelhas brilhantes fossem brasas do vulcão, mas elas permaneciam perto apesar do fato de Dax e Riley correrem pelo céu. —O que são essas centelhas vermelhas e douradas no ar à nossa volta? —Os efeitos colaterais de uma escolha que fiz. Mitro estava fugindo, e eu não estava forte o bastante para impedi-lo. Precisava de algo maior do que o que eu tinha a oferecer...
217 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Se trancou numa montanha por incontáveis anos, mas se culpa pela fuga dele? Dax, é culpa minha que esteja livre. Minha mãe e eu não chegamos aqui a tempo. Não fui forte o bastante para mantê-lo preso. —Não, Riley. Impedir Mitro é minha responsabilidade. Sempre foi. Silêncio se passou entre eles. Riley não tinha certeza do que fazer. Queria confortá-lo, mas não sabia ao certo como. —Qual foi a escolha que fez? — perguntou ao invés disso. —Quando estava preso no vulcão com Mitro, disse que fez uma escolha ... uma que fez com que essas faíscas vermelhas brilhassem ao seu redor à vezes, especialmente quando está correndo. Que escolha foi essa? —Mitro e eu não éramos os únicos presos na montanha. Um dragão de fogo escolheu aquele vulcão como seu último local de repouso muito tempo antes de chegarmos. Quando Mitro estava tentando fugir, o dragão ofereceu fundir a alma dele com a minha para me transmitir sua força e habilidades. —Quer dizer que dragões existem? Ele riu. —Digo que escolhi fundir minha alma com a de um dragão e está mais interessada no fato que dragões existirem? —Não...bem, sim. Sério? Eles existem? —Existiam. Não sei se algum ainda vive. O que encontrei viveu aqui por um milênio. Seu corpo cristalizou, se tornando parte da montanha. —Então está me dizendo que neste momento sua alma está misturada com a do dragão e como efeito colateral de vez em quando essas faíscas vermelhas e douradas aparecem. — Ela sacudiu a cabeça e riu com descrença. Não conseguiu evitar. O que mais ele fez na vida? —Então se eu perguntar por que é tão sexy, vai me dizer que sua mãe era uma deusa do Monte Olimpo? Que enfeitiçou seu pai, depois que uma estrela cadente caiu no chão numa noite sem estrelas? Dax riu outra vez. —Minha mãe era uma doce mulher a quem meu pai amava muito. Contudo, é verdade que ela alegava ter enfeitiçado meu pai, e
218 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
ele alegava que viu estrelas na primeira vez que colocou os olhos nela. — Então seu tom mudou, perdendo seu flerte. —Chegamos. Eles desceram de volta a terra e aterrissaram suavemente em uma pequena clareira a cerca de um quilometro dos restos queimados de um vilarejo. Dax a colocou no chão, mas manteve sua mão na dele. —Riley, antes de continuarmos, tem algo que queria lhe dar. — Pondo a mão no bolso, Dax retirou um tecido de seda negra e vermelha em forma de dragão. —Você abre puxando as asas para os lados. —Não quero estragá-lo. —Posso fazer outro. Com cuidado, Riley puxou as asas, e o dragão de tecido se desfez de um modo que só a mágica de Dax podia fazer. No centro do tecido havia um bracelete dourado e prateado. —Isso é para mim, mas por quê? —Vamos dizer apenas por enquanto que é tradição. Queria algo que dissesse o quanto sinto pela perda da sua mãe, e de novo esperava que pudesse me honrar encontrando um lar para o último presente dela aqui. — Ele gesticulou para o assento vazio no desenho intricado e então deslizou o bracelete pelo seu pulso. Riley não ficou chocada quando ele se ajustou perfeitamente. Era uma obra de arte, e ela percorreu as diferentes trilhas de prata, cada pequeno diamante que se encontravam no espaço central. Reverentemente, Riley puxou o dragão prateado com olhos de ágata contendo uma obsidiana. A morte da sua mãe era um enigma. A mágica e o poder que ela agora possuía envolviam todas as suas lembranças e experiências. Algo a havia tocado quando chegou ali, algo que diminuiu o pesar e permitiu que seguisse em frente. Mas segurar a jóia passada em sua família de mãe para filha era uma lembrança de sua mãe, e não importava o que aquele algo fosse, não conseguiu preencher o vazio que foi deixado atrás.
219 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela pensou em tudo que sua mãe representou, o modo como foi criada, seu senso de humor, como sempre a levantava quando caía. Annabel sempre foi magra e forte; se aquele dragão era seu último presente, merecia um lugar melhor que dentro do seu bolso sujo. A mente de Riley estava tentando decifrar o que significava usar a pedra de sua mãe onde outros podiam vê-la. —Como sabia sobre o dragão e sobre minha mãe? —Você o toca de vez em quando enquanto anda, embora não pareça notar. Quanto a saber da sua mãe, como não saberia? Abrindo a mão ela apresentou o dragão para ele. —Se importa? Dax cobriu seu bracelete e pulso com as duas mãos, espalmando o dragão. Ela sentiu o calor, mas não podia dizer se era do toque dele ou do que fazia enquanto arrepios subiam pelos seus braços e as pontas dos dedos formigavam. Ele retirou as mãos, e estava perfeito. As sombras de pesar ainda estavam presentes, mas quando olhou para seu rosto e de volta para o presente de sua mãe em volta do pulso, Riley se sentiu um pouco mais tranquila. Sem pensar, Riley jogou os braços em volta de Dax, desta vez se sentindo completamente confortável; ela o puxou com força, trazendo a cabeça dele mais perto da sua, desta vez iniciando o contato. O beijo dele a levou embora, sensações se derramando em seu corpo. Era tão morno, a pele quase quente, o corpo duro contra o dela enquanto a boca se movia sobre a dela em beijos demorados e embriagantes. Riley recuou um pouco, e Dax a deixou, mas podia sentir a luta que travava. Aquilo gerou uma perversa sensação de perigo e controle que achou um pouco intoxicante. O fato dele estar tendo dificuldades com o autocontrole era lisonjeador. Riley soltou seu pescoço, lentamente levando a mão ao seu peito. Podia sentir seu coração batendo. Levantando os olhos viu que seus olhos dançavam enquanto se mantinha quieto, e Riley se sentiu ainda mais poderosa. Brincando com fogo, ela raspou as unhas nele.
220 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O rugido que ressoou correu sobre Riley, fazendo com que pulasse atrás. Todo o comportamento de Dax era um de vitória e masculino demais, ela pensou. —Seu selvagem. — Uma risada chocada encheu sua voz e o homem que havia rugido para ela. —Se desejar que eu seja, sivamet. O prazer seria meu. Riley sentiu que ele queria se jogar em cima dela bem ali, e por Deus, havia uma parte dela pedindo exatamente isso. Dax falou em sua mente. Nós teremos muito tempo para isso, eu prometo. —Eu vou deixar isso quieto por enquanto. Obrigada pelo bracelete. — Ela estava tentando encontrar um jeito de quebrar um pouco da tensão sexual, mas não achava que havia algo que pudesse ser feito. —O que quer dizer sivamet? Dax sorriu para ela, colocando uma mecha errante de cabelo detrás de sua orelha. —Por nada. Gosto de dar coisas que gosta. Quanto à sivamet, significa ―do meu coração‖ ou ―meu amor‖ pode ser uma interpretação melhor em sua língua. Seu coração deu uma cambalhota lenta e vertiginosa. Não tinha palavras, mas guardou bem a resposta dele dentro de si. Apenas assentiu com a cabeça. —Precisamos ir, — disse ele com gentileza. —Provavelmente é o melhor. Onde é o vilarejo onde vamos? —Não muito longe, mas devíamos explorar o perímetro primeiro e ver o que encontramos. E, Riley, fique avisada, o mal de Mitro será atraído por você mais do que por qualquer outro. Mantenha a mente aberta para mim a todo momento. —Dax, fiz minha escolha. — Ela esfregou o bracelete em seu braço. — Mitro matou minha mãe, aqueles aldeões e sabe-se lá quantos outros, e agora está por aí e sem dúvida fazendo tudo isso outra vez. Não acho que possa lutar contra ele, mas posso fazer isso. —Segure minha mão. Eu bloqueei a área ao nosso redor para seus sentidos, mas vou derrubar a barreira agora. 221 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
A diferença foi instantânea. Riley se encheu de informações. Seu poder não era um que conseguia ligar e desligar, apenas aumentar ou diminuir. Era fácil dizer onde ficava o vilarejo. A sensação pegajosa que cobria sua pele entregava a localização. —Ele esteve aqui, — disse Dax. —Mas se foi faz tempo. Ele é bom mascarando seu rastro, mas sempre haverá evidências. Por mais poderoso que seja, até mesmo ele tem que deixar um pouco de si para trás. Ela fechou os olhos e filtrou as informações. Eles andaram pelo perímetro, numa circunferência bem ampla, procurando por sinais que Mitro deixou. Estavam a meio caminho de circular o vilarejo quando Dax de repente parou o passo. O mal estava tão forte no solo que ela sentia como se estivesse nadando em meio a ele. Olhou para o chão e viu o solo se mover. —O que é isso? — Estava horrorizada. No momento que falou, formigas brotaram do chão, dos arbustos próximos, e ainda caíam dos galhos acima deles. Dax a pegou nos braços e saltou para cima de uma clareira de grama e terra. A área estava livre de formigas, e quando Riley olhou para trás viu que o lugar de onde tinham saltado já tinha voltado ao normal. —Uma das armadilhas de Mitro. Vamos continuar. — Ele foi direto. Dax encontrou duas outras armadilhas, se desviou delas e as removeu sem emoção. Mas então, bem antes deles completarem a volta ao redor do vilarejo, Riley parou abruptamente sem nem saber por que. —Dax. — Olhou para ele, confusa. —Não tenho certeza do que estou fazendo. — Franziu o cenho. —Tem alguma coisa aqui. Sente isso? —Sim, — disse ele. Ela levantou os olhos para ele. —Teria achado isso sem mim. O que é isso? Algum tipo de teste? —Não queria deixar você lá. Era muito perigoso. Se uma pessoa deste vilarejo escapou ou ficou para trás esperando a batalha terminar, você seria o alvo. Aqui eu posso protegê-la e também descobrir o que pode ou não fazer. 222 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
— Não havia remorso em sua voz. Ela percebeu que ele não ia se desculpar por ter escolhido a melhor maneira de mantê-la a salvo. Endireitou os ombros. —Deixe eu tentar, então. Como ele fez quando alcançaram o vilarejo, Dax bloqueou todas as outras informações, deixando-a concentrar seus sentidos naquele ponto estranhamente vazio. Quando se concentrou, o rastro de Mitro se tornou claro. Riley começou a estremecer. O lugar minúsculo não estava vazio. O mal estava tão concentrado que congelou seus sentidos, até que o gelo adormeceu seus nervos. Riley andou de lado para longe da direção que estavam indo, e começou a seguir a gélida trilha, certa que aquele era o caminho que Mitro havia tomado. Seus instintos dirigiam seus pensamentos. Suas habilidades se expandiram. Porém não eram tão fortes sem usar um ritual para focá-las e amplificá-las, mas com Dax bloqueando o ―ruído‖ do resto da floresta, era fácil seguir a trilha que Mitro deixou. Sua mente corria por entre os restos congelados de seu caminho, desviando e mudando de direção como o vampiro fez até que estava bem longe de onde começou. —Já chega, Riley. Temos o bastante para prosseguir. — A voz dele quebrou sua concentração. Não era aquilo que queria ouvir. Estava ficando mais perto dele. A trilha gerava uma sensação diferente, como se estivesse ficando mais forte. Queria conhecer suas habilidades tanto quanto Dax conhecia. —Sivamet, nos deu um começo, mas está ficando muito perigoso. — Havia um comando firme desta vez. Com um suspiro, Riley abandonou a trilha e voltou. Seu corpo doía e seus músculos pareciam como se estivessem cheios de nós, suas pernas que nem borracha. Dax era a única coisa que a ancorava. —Por que me chamou de volta? Eu estava tão perto. —Estava ficando cansada. E Mitro pode estar esperando por você. Ele tem um dom para coisas assim. Pode ser capaz de atacá-la dessa forma. 223 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Eu realmente não gosto dele. — Sua respiração estava de volta ao normal e seus braços não pareciam como se carregasse pesos. —Eu o conheci antes de se tornar vampiro, e também não gostei dele na época. — Dax ajudou-a a ficar de pé. Estremeceu quando as sensações nocivas radiaram do vilarejo, mas se manteve de pé. Enquanto processava a informação, percebeu que havia mais, que o ritmo e o pulsar da área ao redor vibravam numa melodia oposta. Podia sentir a terra lutando para expulsar aquela nódoa dali. De mãos dadas, Riley e Dax caminharam juntos na direção do vilarejo. Passaram por mais armadilhas, cada uma das quais Dax rapidamente despachou, e então saíram da floresta e adentraram na área desmatada do vilarejo, e Riley se viu de pé no meio da visão mais terrível que já havia testemunhado. As palavras faltaram. O grande número de corpos jogados pelo chão desafiava a crença. —Mitro deve ter visitado as áreas mais remotas durante sua primeira noite e trazido mais aldeões para cá, — disse Dax. —Nunca o vi agir tão rápido assim antes. No centro do vilarejo havia um tenebroso tipo de altar. Uma plataforma de madeira sustentava uma espécie de trono rústico feito do que pareciam ser ossos humanos. Enormes asas negras se abriam dos dois lados, cada uma coberta por camadas de penas negras. As asas estavam cobertas de sangue que se recusava a secar na umidade da selva. Como uma cachoeira macabra, o sangue continuava a gotejar da plataforma ensanguentada para o chão abaixo, repleto de entranhas. Riley e Dax cuidadosamente rodearam a plataforma. Pregado como um Jesus crucificado nas costas das asas negras estava o corpo torturado de Marty, nu exceto pelos insetos que se alimentavam ou desovavam em suas feridas abertas. Bile subiu pela garganta de Riley. A maior parte dos órgãos de Marty estavam pendurados e expostos; suas costas estavam de alguma maneira fundidas à plataforma, e era seu sangue que
224 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
gotejava na parte frente. Quando se aproximaram, o rosto ensanguentado e desfigurado caiu para um lado e um gemido borbulhado saiu de seus lábios. —Oh, meu Deus, Dax! Dax, faça alguma coisa! Ele está vivo. Ainda está vivo! Com um aceno da mão, Dax fez com que todos os insetos abandonassem seu banquete; subiu na plataforma e colocou uma mão justo acima da clavícula do garoto. Pestanas ensanguentadas piscaram. Olhos assombrados giraram para focar Dax. Como Marty estava vivo, muito menos consciente, Riley não tinha ideia. Seu coração se partia enquanto o olhava, e lágrimas desciam pelo seu rosto. Dax manteve o contato visual por vários minutos, claramente procurando na mente de Marty informações que pudesse usar. Quando acabou, virou a cabeça levemente na direção dela, sem fazer contato visual. —Riley, olhe para outro lugar. — Foi o mais perto que Dax já chegou de um apelo, e ela quase fez como pediu. Ao invés disso, apertou a mão que ainda segurava. Sabia o que ele ia fazer e não o deixaria fazer aquilo sozinho. Naquele instante toda a dor foi embora, as memórias de horrores desapareceram de sua mente, então Marty só lembraria dos momentos felizes que teve em sua vida. Dax balançou a mão e Marty deu um último suspiro antes de sucumbir aos seus terríveis ferimentos. Não precisavam dizer a Riley que não havia mais nada que pudesse ser feito. O garoto estava mais que perdido. Suas lágrimas continuaram a cair enquanto Dax os levava para longe da parte traseira da plataforma. Nuvens se formavam de forma rápida e não natural, negras e pesadas. Relâmpagos corriam de um lado do céu ao outro. A eletricidade era palpável no ar, mas Dax permanecia tão fechado que a deixava tensa. Pela primeira vez se sentiu mentalmente abandonada, e deixou que ele se fosse. Entendia a necessidade de se distanciar quando alguém era confrontado com tais horrores.
225 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Marty estava aqui para estudar ruínas com seu professor e Todd, seu amigo, — disse Dax, olhando para a tempestade que se formava. —Tinha amor por história e especialmente pelo estudo de como mitos e deuses eram criados. Mitro passou muito tempo nessa parte do seu cérebro. Acredito que o vampiro possa estar considerando formar seu próprio culto, usando o vulcão, os dragões e a lenda local. — Sua voz era neutra, mas mesmo sem a conexão ela detectava a vergonha. —Isso não foi culpa sua, Dax. Ele continuou como se não a tivesse ouvido. —Mitro usou Marty para aprender sobre o mundo moderno, ou pelo menos o máximo que pôde. Levou tempo enquanto fazia as pessoas do vilarejo sacrificarem umas as outras em seu nome. Pedro foi um dos primeiros a morrer. —Dax... Dax a interrompeu. —Sim, Riley, isso é minha culpa. Cada criança, cada homem, cada mulher... suas mortes são minha culpa. — Dax levantou a mão e um raio brotou das pontas dos seus dedos, formando outra bola de luz e fogo. —Sabemos onde ele está? —Antes de virem para cá, Marty e Todd passaram tempo numa cidade cheia de pessoas. Mitro passou um tempo revivendo essas memórias. Acho que a cidade exerce certo apelo sobre suas atuais aspirações. Dax atirou a bola de chamas bem abaixo dos seus pés. Ondas de raios e fogo de todas as cores se espalharam num instante, queimando tudo menos eles. Dax pegou seu braço e a guiou de volta ao seu acampamento. O fogo acompanhava cada passo que davam. —Creio que ele quer ir a um lugar onde há muitas pessoas jovens que irão adorá-lo como acredita que merece. Quando o vilarejo estava fora de alcance, Riley olhou para Dax. Belo e de outro mundo, sua expressão parecia entalhada em pedra. Riley já tinha aguentado o que podia do seu estoicismo. Podia sentir o quanto estava sofrendo. Estendeu a mão e agarrou a parte de trás do seu 226 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
cabelo e o beijou com vontade. A princípio, ele se conteve e então o mundo deles se tornou um fogo tão quente e selvagem quanto aquele que haviam acabado de deixar enquanto ele consentia que ela o levasse para algum lugar bem, bem diferente.
227 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 12
Riley sabia que não estava sozinha no momento que acordou. Foi cercada pelo perfume de Dax. Quente. Masculino. Selvagem. Perigoso — e era estranho porque imediatamente se sentiu segura. —Abra seus olhos. Seu corpo respondeu a essa voz suave, hipnótica, derretendo, ficando líquido. Ela levantou seus cílios e olhou em seu rosto. Desejo, cru e elétrico, chiou através de seu corpo até formar uma piscina de calor. Parecia pecaminosamente lindo, o homem mais bonito que já viu. Havia nobreza no rosto cuidadosamente esculpido. Cada traço era gravado com uma mão artística e distinta. Seu cabelo curto e espetado, preto como obsidiana, quase cintilava, dando uma sensação de formigamento em suas palmas e a forçando a enrolar os dedos firmemente em punhos para impedi-la de passá-los através desses fios grossos. Deus, era lindo. Sua respiração prendeu em sua garganta. Estava deitado ao seu lado, seu corpo curvado protetor em torno dela, apoiado num cotovelo, a cabeça apoiada em sua mão, seus olhos delizando possessivamente sobre ela. O olhar em seus olhos roubou sua sanidade. Havia desejo, austero e cru que fazia seu sangue afluir calorosamente, trazendo cada terminação nervosa individual em seu corpo à vida. Riley estava relutante em sentar, saboreando a sensação de seus músculos duros, o impressionante comprimento e espessura de sua ereção pesada apertada contra seu traseiro e o calor do seu corpo a aquecendo. Ele sorriu para ela, um flash de dentes brancos, seus olhos estranhos a alegando. Os multifacetados olhos brilhavam para ela com pequenas chamas vermelhoalaranjadas, iluminando as cores de diamantes. A mão livre estava em seus cabelos, como se não pudesse resistir a senti-la. Seus longos dedos
228 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
massageavam seu couro cabeludo, enviando a sensação mais deliciosa através dela. Ela piscou acima para ele. —Olá. Ele inclinou a cabeça. —Boa noite. Eu trouxe uma coisa. Sua mão escorregou relutantemente do cabelo dela, e ela realmente seguiu a descida desse toque quente com a cabeça, querendo se esfregar mais contra ele. Havia timidez em sua voz? Não completamente, mas certamente um encanto hesitante que achou intrigante. Ela virou e quando ele sentou, assim o fez ela, sufocando um bocejo. Ele traçou a ponta de seu dedo abaixo de sua bochecha até seu lábio inferior. —Tem um lábio muito tentador que só me faz querer me inclinar e apenas mordê-lo, — disse ele muito baixinho. Ela corou. Não era uma mulher que corava, mas os homens não diziam coisas descaradamente sexuais a ela como regra. Sua mãe sempre disse que era intimidante, inacessível e muito marcante. A combinação, de acordo com Annabel, era letal em seus encontros com homens. Somente os mais bravos teriam coragem de avançar. Claro, as mães tinham que dizer coisas assim — talvez até acreditassem. Riley nunca acreditou nas explicações de sua mãe. Seu dedo acariciou seu lábio, toques suaves, ameaçando roubar sua sanidade. Ela tinha uma incrível vontade, completamente fora da sua personalidade, de atrair esse dedo na sua boca. Ele era a tentação personificada — a serpente no jardim — e estava caindo mais rápido que Eva ao pensar em comer a maçã. Ela fez um som, sabia que conseguiu algo, mas seus olhos, com essas pequenas chamas laranja bruxuleando com tal calor, rodeados pelos cílios mais longos que já viu eram tão perturbadores e intensos. —Quer seu presente? — ele perguntou baixinho. Seu olhar caiu na sua boca perfeitamente moldada. Caso se inclinasse para frente apenas alguns centímetros... —Sivamet, está acordada? 229 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Havia risada em sua voz. Riley estava mal, porque esse riso ressoou através de seu corpo, apertando cada nervo com fogo. Conseguiu um aceno, completamente hipnotizada por ele. Queria sair da sala de aula, queria alguma aventura, mas nunca considerou que poderia encontrar... ele. —Esta é uma antiga tradição, — ele explicou quando deu-lhe uma única flor. A flor era grande, muito parecida com um lírio, mas com a forma de uma estrela. As pétalas estavam abertas para revelar o interior, o ovário de um vermelho rubi profundo com dois filamentos listrados. A forma e o tamanho do estigma trouxeram uma inundação de cor para seu rosto — essa determinada parte parecia uma ereção muito grande. Conhecia flores, sua mãe a criou com todos os tipos, mas esse presente, belíssimo, definitivamente podia ser usado para explicar o sexo. —Prove. Ela piscou para ele. Engoliu. Não sabia por que soou sexy. Tudo que ele dizia e fazia parecia ser sexy. —Use sua língua para traçar ao longo da... —Hum. Entendi. — Possivelmente não. Os olhos, capturados pelos deles, se recusavam a desviar. Estava capturada naqueles hipnotizantes olhos, presa, incapaz de se defender. Sua língua correu para fora e tocou a cabeça bulbosa rapidamente. O gosto explodiu através de sua boca, vibrante e picante. Viciante. Lambeu ao longo da parte inferior e ao redor da cabeça, buscando mais do sabor indescritível. Dax se inclinou mais perto até que podia sentir seu hálito quente contra seu pescoço. —Você gosta? —É incrível, — admitiu. —Nunca provei nada parecido com isso. —A flor assume o gosto do doador. Seu olhar penetrante nela, a obrigando a alcançar até a última gota, a intensidade do desejo enviando um arrepio através de seu corpo. Porque no mundo acharia sua declaração quente? E porque não podia parar de devorar a 230 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
frágil flor, desejando esse gosto picante. As pétalas de veludo macio carregavam seu cheiro. Se sentia rodeada por ele a cada passada de sua língua atraindo esse néctar para seu corpo. —Devolva para mim. — Ele não tirou os olhos dela. Relutantemente deu uma última persistente lambida ao longo do estigma e devolveu a flor. Ele manteve seu olhar, abaixando sua cabeça, sua boca na flor. Sua língua encontrou os filamentos e ovário, devorando o néctar coletado lá. Ela nunca viu nada tão sexy em sua vida. Todo seu corpo estava quente. —Seu sabor é viciante. — Seu olhar queimou no dela. Flagrantemente sexual. Uma inundação de calor aumentou seu desconforto. Tensão se enrolava em sua barriga, deslizando através de seu núcleo mais profundo, até que se arrastava pelo desejo. Ela apertou seus lábios firmemente quando ele demorou, obviamente saboreando o interior da flor. Seu olhar queimava sobre ela, chamas minúsculas ficando mais quentes e mais selvagens enquanto comia a flor da noite. No momento que ele levantou a cabeça, seus olhos estavam brilhando. — Ajoelhe-se por um momento. Não pensou em questioná-lo, muito presa em sua teia sexual. Qualquer que fosse a força das companheiras, a atração física entre eles chiava e não queria perder um momento inebriante. Ela se ajoelhou. Ele balançou a cabeça com aprovação. —Sente sobre os calcanhares e abra suas coxas. — Enquanto dava a ordem, segurou a flor na concha das palmas das mãos, solenemente, como se fosse de grande importância. Com o coração acelerado, ela obedeceu. Ele colocou a flor exatamente na junção das suas pernas, as pétalas sussurrando contra suas coxas abertas cobertas pelo jeans. — Tied vagyok. — Seu olhar pela primeira vez deixou o dela, deslizando possessivamente sobre ela. — Sívamet andam. — As chamas em seus olhos 231 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pularam alto, enquanto os multifacetados diamantes brilhavam e queimavam. — Te avio päläfertiilam. Suas palavras baixinhas pareciam bonitas, mas além disso reconheceu a qualidade de ritual na apresentação e soube que dizia algo importante para ele. Todo seu corpo reagia a essas palavras quase sussurradas. Sua voz era uma arma, decidiu, especialmente quando falava em sua própria língua. O tom era tão hipnótico como as palavras e se encontrou se esforçando para entender. — Em minha língua por favor, — ela pediu. — Tied vagyok significa... — Ele franziu a testa, procurando as palavras num idioma que conhecia há pouco. —―Sou seu‖, — ele disse simplesmente. Seu coração saltou. Este guerreiro incrível, tão bonito, tão protetor e sexy era dela? — Sívamet andam seria, ―te dou meu coração‖. — Ele tocou seu rosto suavemente, traçando suas maçãs do rosto, mandíbula e queixo e então de volta até a curva da boca, como se memorizasse todos os detalhes. Sangue quente subiu por suas veias. Ela o sentiu dentro dela, uma parte dela. Riley apertou seus lábios firmemente. Algo importante estava acontecendo, mas não sabia o que. Não queria dizer ou fazer a coisa errada. Uma parte dela queria fugir. Não tinha dúvida que Dax acreditava exatamente no que estava dizendo, estava dando a ela seu coração. Ele era maior que a vida. Um dos heróis de filme que podiam salvar o mundo. Ela pensava em si mesma como... comum. Aqui na floresta onde não havia ninguém, provavelmente parecia um grande achado, mas havia todo um mundo esperando por ele. —Há apenas uma companheira para nossa espécie, Riley, — ele disse. Todo seu corpo se apertou. Chorou. Eletricidade cantou em suas veias. Queria acreditar que podia tê-lo, mas realmente era um absurdo. Mal conheciam um ao outro. Ele era de tempos antigos. Ela estava capturada em algum tipo de sonho intenso que não queria acordar.
232 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—O que significa te avio päläfertiilam? — Essa era sua voz? Tão rouca e sensual? Ele franziu a testa, se concentrando, tentando achar uma tradução adequada. —Você, esposa casada, minha. — Ele balançou a cabeça. — ―Você‖ é equiparado a companheira. Esposa é a palavra mais próxima. Casada é o mais próximo do ritual de vinculação que posso encontrar nas memórias de Gary. Estou dizendo que você é minha companheira. Ela piscou para ele. —Isto é um ritual de casamento? Ele sacudiu a cabeça, um flash de dentes brancos, enviando outro surto de desejo saltitante através de seu corpo. Seus dentes pareciam fortes, retos e apenas um pouco pontiagudos, o suficiente para se ver um pouco assustada, o que apenas se acrescia à experiência emocionante. —Quando as palavras de vinculação forem ditas, vão equivaler aos seus votos de casamento — mas são mais. Não podem ser desfeitas. Isto é mais como... — Ele parou, claramente buscando nas memórias de Gary por uma analogia. —Esta cerimônia é importante para nós dois. Ele esfregou a ponta de seu nariz, um gesto que achou cativante. —Tenho cortejado você conforme os costumes do meu povo e este ritual garante fertilidade e aceitação. Seu coração saltou novamente. Seu corpo queimou. —Fertilidade? — Sua voz soava esganiçada até para seus próprios ouvidos. —Nossas mulheres não têm muitas crianças, apesar da longevidade. Esta flor é importante para preservarmos nosso futuro. —É? — Ela olhou ao seu redor, mantendo sua voz baixa. A conversa parecia tão íntima, tão sexy. Como sempre, ela e Dax estavam isolados, longe dos outros. Quando chegou, pareceu encontrar uma maneira de os isolar antes dela acordar. —Precisa repetir as palavras de volta para mim, — ele disse, sua voz baixando um oitava.
233 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele se moveu de joelhos, abrindo suas coxas largas. Sua respiração prendeu em seus pulmões. —Pegue a flor nas palmas das mãos abertas e a coloque... —Entendi, — disse ela apressadamente, a cor subindo por seu pescoço e rosto. Tentou afastar seu olhar fascinado do bojo impressionante na frente de seus jeans. O tecido estava esticado e tenso, parecendo como se a qualquer momento fosse ceder. Nunca esteve tão enamorada, sexualmente frustrada ou interessada num homem. Ainda sonhava com ele. Os sonhos eróticos apenas aumentavam sua timidez com ele. Com muito cuidado para não machucar as pétalas, pegou a flor e a colocou cuidadosamente em ambas as mãos, então a transferiu para o V entre as pernas abertas. Os lados de suas mãos roçaram ao longo de suas coxas. Podia sentir seus poderosos músculos e o tremendo calor que emanava de seu corpo. Suas mãos tremiam, assim depositou a flor rapidamente e colocou suas palmas úmidas em suas próprias coxas. —Você diz as palavras para mim, — ele a encorajou. Ela ouviu atentamente o sotaque e as palavras, mas dizer em voz alta para ele em vez de Gary era intimidante. Não só isso, mas queria falar? Ela era sua? Gostava de ficar com ele, estava intrigada e se sentia segura com ele. Ele tinha senso de humor, era inteligente e um deus andante de sensualidade. Não se sentia mais sozinha. Tudo sobre ele a atraía, mas podia confiar nele? Será que tinha a capacidade de manter um homem como Dax? Quando essa aventura acabasse, o que fariam? Dax se inclinou na direção dela, sua respiração quente em seu rosto, um sussurro contra seus lábios. —Ainaak sívamet jutta, significa ―para sempre conectada com meu coração‖, que é exatamente o que você é. Todas estas dúvidas devem ser colocadas de lado. Não há nenhuma outra para mim. Pode me afastar, mas estará me condenando a uma meia-vida. Você possui a outra
234 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
metade da minha alma. Apenas toque minha mente Riley, e vai me conhecer muito melhor que conheceu os outros parceiros em sua vida. —Não acha que isso está acontecendo muito rápido? —Não estou familiarizado com sua sociedade ou cultura, — admitiu, — mas na minha, temos certeza. É minha outra metade. Não pode haver nenhum erro. Restaurou minhas emoções e a cor na minha vida. Sua alma completou a minha. Meu coração chama o seu. Anseio por seu gosto e queimo por seu corpo. Não há nenhuma dúvida em minha mente. Como podia não responder a isso? Ele a fazia se sentir bonita. Inteligente. A única mulher no mundo. Não estava pronta para desistir disso. Em qualquer caso, o que tinha a perder? Seus pais foram embora. Não havia ninguém. Mas... Ela se inclinou mais próxima dele, a flor, a polegadas escassas da sua boca. —Quero fazer isso. Realmente quero, mas não estou certa do que você quer de mim no futuro. Não tenho ideia do seu mundo, além de vampiros, dragões e coisas com dentes grandes. O olhar dele se moveu sobre seu rosto, a reinvindicando, queimando sua posse como uma marca. —Vamos um dia de cada vez até que esteja confortável. Vou explicar tudo para você enquanto avançamos. Qualquer coisa que não esteja pronta, não me importo em esperar. É importante para mim que me queira da mesma maneira que quero você. Ela estudou sua expressão. Ele parecia certo para ela. Pela primeira vez em sua vida ia deixar seu coração anular sua mente. Mordeu seu lábio inferior e assentiu com a cabeça. Instantaneamente seu olhar caiu em sua boca. Seus músculos do estômago apertaram e dedos de excitação provocavam suas coxas. Se ele podia fazer isso com ela com apenas um olhar, o que podia fazer quando realmente a tocasse? —Se lembra das palavras que disse a você?
235 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela assentiu lentamente, respirou fundo e pulou pelo penhasco proverbial, orando que ele a pegasse. — Tied vagyok. — Seus cílios velaram seus olhos. —Sou sua. As chamas em seus olhos pularam, revelando o desejo na fronteira com a luxúria. Seu peito ondulou, todos aqueles músculos deliciosos sob essa camisa de algodão fino. Ela sentiu como se estivesse em queda livre no meio de uma tempestade de diamantes brilhantes. — Sívamet andam. Te dou meu coração. Seus olhos brilharam como fogo. Ela sentiu seu olhar queimando direto através de sua pele até seus ossos, a marcando. Seu coração ficou no ritmo do dele. Sua respiração seguiu a dele. Ela jurava que seu pulso encontrou o dele. Ela o sentiu respirar dentro e fora. Sentiu o sangue correndo por suas veias. Ouviu sua pulsação em sua cabeça. — Te avio päläfertiilam. Você é meu companheiro. No momento que ela pronunciou as palavras, Dax se derramou em sua mente. Quente. Cheio de força. Ao mesmo tempo delicado e duro. Corajoso. Imagens piscaram através de sua mente, suas memórias, sua juventude, seus séculos de caça, sua austera, absoluta solidão, mesmo quando viajava com Arabejila, acreditando que nunca teria sua própria mulher, acreditando que falhou com seu melhor amigo e sua filha. Seu coração doeu por ele. Queria ser a mulher a confortá-lo e amá-lo. —Agora, pegue a flor novamente e venha sentar entre minhas pernas para eu trançar as vinhas e pequenas flores em seu cabelo. Enquanto tranço seu cabelo, você me alimenta com uma pétala e come outra. Uma vez feito isso, nosso ritual de namoro estará completo e indica sua vontade em continuar com nossa relação. Riley franziu a testa para ele, mas sem uma palavra chegou mais perto, virando de costas para ele. Seu coração saltava pela enormidade do que estava fazendo. Não era nenhuma menina para saltar num relacionamento porque estava sobrecarregada pela atração física, e ainda assim, parecia muito 236 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
impotente para se deter. O queria. O desejava. E cada minuto em sua companhia apenas parecia amplificar suas necessidades. Ele estendeu a mão e a puxou para a junção entre suas pernas abertas, voltada contra ele, até que estava tão perto que cada músculo parecia se imprimir em sua pele. Ele irradiava calor, seu calor a rodeando como um cobertor. Ela apertou seus lábios quando ele juntou seus longos cabelos em suas mãos, os dividindo em três partes. Um arrepio de excitação passou por ela. Estava queimando. Precisando dele. Era a flor? A cerimônia? Seu gosto? Ou o homem? Tudo estava misturando num potente afrodisíaco. Suas mãos estavam em seu cabelo e cada puxão suave enviava arcos de eletricidade através dela. Sua necessidade por ele beirava a obsessão. Ela quebrou uma pétala e a levou atrás dela para ele. Seus olhos se encontraram. Uma inundação de líquido e calor umedeceu sua calcinha. Teve a súbita vontade de alcançar atrás e puxar sua cabeça para ela. As chamas em seus olhos pularam e queimaram. Seus lábios se separaram — esses perfeitamente esculpidos, tentadores lábios — e ela colocou a pétala na sua boca. Seus dentes brancos fecharam, e seu estômago se apertou em resposta. Deliberadamente, os olhos ainda presos nos dele, ela colocou uma pétala em sua boca. Seu gosto estourou na sua língua, quente e masculino, despedaçando qualquer ideia de fome entre um homem e uma mulher. Sentiase quase desesperada por ele. Ela continuava o prendendo com seu olhar, e viu a mesma combinação inebriante de luxúria e fome nas chamas de seus olhos e, em seguida, outra coisa penetrou — algo perigoso e selvagem. Ele olhou outra vez o predador. Sob sua pele, viu a fraca elevação das escamas, quase como se uma besta estivesse à espera. Ele virou a cabeça lentamente, mas sabia que ele estava ciente de tudo e todos ao seu redor. Só então ficou ciente da abordagem de Gary e Jubal. Decepção e frustração se apressou através dela. —Outra pétala para nós dois.
237 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sua voz era rouca. Apenas saber que estava tão afetado como ela a fez se sentir melhor. Ele não queria que seu tempo juntos sozinhos terminasse mais do que ela queria. Ela colocou outra pétala em sua boca e esmagou um segundo depois a sua própria. A segunda pétala só pareceu aumentar seu desejo. Saber que Jubal e Gary se aproximavam rápido deveria afastar o calor de sua pele e a onda quente em suas veias, mas nada parecia amortecer seu desejo por Dax, nem mesmo companhia. Riley estava grata pela noite, embora a lua cheia parecesse transformar a noite num suave dia brilhante. Conseguiu colocar as últimas pétalas na boca de Dax e na sua exatamente quando Gary e Jubal chegaram. —Boa noite, — Dax disse agradavelmente. Se Riley não visse sua reação a ela nunca saberia que estava ardendo de desejo por ela e não totalmente feliz com a interrupção. —Onde conseguiu essa flor? — Gary perguntou, a emoção afiando sua voz. Dax franziu a testa, as chamas em seus olhos crescendo. Claramente, não gostava da demanda na voz de Gary. —Gary e Jubal vieram aqui à procura de uma flor em particular, — Riley explicou às pressas. —É importante, — acrescentou Gary. —Essa flor está extinta nas montanhas dos Cárpatos. Especulamos há algum tempo se era importante para a capacidade da mulher conceber. Dax sacudiu a cabeça. —Perdi muito tempo. Pensei, por suas memórias, que Xavier fosse o culpado pela perda de nossas mulheres e crianças, que eram seus venenosos micróbios no solo os culpados. —Definitivamente atacou seu povo, — admitiu Gary, —quase destruindo uma espécie inteira ao longo do tempo, mas teve alguma ajuda ao longo do caminho. —A flor? Gary suspirou. —Acho que as toxinas no solo que os micróbios de Xavier introduziram mataram a flor. Gabrielle... — Ele parou, olhou para Jubal e, em 238 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
seguida, deu de ombros. —A irmã de Jubal está fazendo uma pesquisa comigo. Alguns dos antigos voltaram para sua terra natal, e quando ela os entrevistou, um ritual de fertilidade com esta flor surgiu novamente. Começamos a acreditar que havia algo nele, então nos concentramos em descobrir o que aconteceu com ela. —Utilizamos satélites e computadores, — acrescentou Jubal. —A boa coisa sobre viver um longo tempo é o acúmulo de riqueza e conhecimento, assim os Cárpatos podem pagar todas as engenhocas mais recentes. Temos um par de garotos na Comunidade que são surpreendentes com computadores. Os programaram para procurar certas palavras. O homem que filmou as ruínas na montanha e enviou as fotos para o professor também filmou a flor e postou em seu site, perguntando se alguém sabia o que era. Achava que tinha encontrado uma nova espécie. Josef, que é nosso gênio residente, a pegou e veio nos perguntar. —Não podem ser nativas daqui, — Gary especulou em voz alta. —Arabejila as plantou. As amava e sabia que acabaria sua vida aqui. Queria um pouco de casa. Florescem somente à noite e as plantou até perto da aldeia onde planejava viver até o fim de seus dias, — Dax disse. —Há muitas delas? — Gary perguntou. —Suficiente para podermos colher as raízes e transplantá-las de volta onde pertencem? Será que sobreviveram à explosão? Dax assentiu lentamente. —Posso reuni-las hoje à noite com as raízes intactas. A maior flor carrega as sementes. O dragão cobre rápido o chão. Poderia chegar ao topo da montanha e pegá-las para você rapidamente. —Precisa embalar as raízes no solo, — contribuiu Riley. —Poderia ir com você para ajudar, — ela ofereceu, se sentindo de repente tímida. Havia uma parte dela com medo da rejeição, mas a ideia de voar através do céu da noite nas costas de um dragão e passar mais tempo com Dax era irresistível. Dax se levantou, estendendo a mão abaixo para pegar a mão dela e puxála ao lado dele. —Desfrutaria muito de sua companhia, Riley. 239 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele a puxou de costas contra seu corpo, o movimento tão natural que ela se sentiu como se pertencesse. Seu corpo parecia forte, firme, uma âncora no meio de uma tempestade. Emoção vibrava em seu estômago. Ele a virou, circundando seu corpo com os braços, a prendendo contra seu peito, suas mãos apertando sua cintura. —Tem que ser cuidadosa, — Dax continuou, como se não acabasse de fazer sua reivindicação em público. Foi extremamente gentil e tão descontraído e natural, que Riley podia dizer que o movimento não era um gesto de posse, mas mais uma necessidade de ficar perto dela. —Mitro está bem à nossa frente, — ele continuou a instruir os outros. — E está saindo da selva, mas precisa de informações, assim como eu. Está há muito tempo longe deste mundo e vai ter que se atualizar. Vai precisar de idiomas e cada pedaço de informação que puder acumular facilmente. —Ele saberá que você o está caçando, — disse Jubal. —Não devia apenas fugir? Parece a coisa prudente a fazer. Dax sacudiu a cabeça. Seu polegar deslizou para frente e para trás numa pequena carícia pela pele do seu estômago sob sua camisa. Riley não estava completamente certa que estivesse ciente do pequeneo movimento de seus dedos. —Ele vai precisar de sangue primeiro, e o conhecimento deste século é importante para sua sobrevivência. Vai me evitar e especialmente Riley. Acho que acredita que ela seja Arabejila, e sabe que ela pode controlá-lo. Ele vai para uma área povoada, mas vai querer nos atrasar. Vai montar armadilhas para nos matar e pistas falsas para nos atrasar. —Vamos ser cuidadosos, Dax. Vamos continuar na direção do rio. — Ele olhou por cima do ombro na direção dos outros. —Weston e Shelton estão perguntando por que não vamos direto ao rio. Miguel não disse nada a eles, mas eles têm GPS. Dax franziu o cenho, claramente não entendendo. Tocou na mente de Jubal e ―leu‖ as informações e, em seguida, rolou seus ombros num encolher 240 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
casual. —Instrumentos podem ser enganosos, especialmente com toda essa cinza no ar. —Que é por isso que nosso contato de emergência não enviou seu helicóptero para nos pegar, — disse Gary. —Evitem qualquer tribo, — aconselhou Dax. —Não podem confiar em ninguém que encontrarem. Riley nos deu a direção geral de Mitro, mas não pode saber se matou alguém, os transformou em marionetes, vampiros ou os programou para matá-la. Estaremos de volta bem antes do sol nascer. Dax recuou, pegando a mão de Riley. —Fiquem seguros, todos vocês. Se me chamar, vou ouvi-lo, mas posso estar muito longe para ser de muita ajuda, — ele avisou. Jubal deu um pequeno aceno. —Só nos pegue aquelas flores. Vamos lidar com isso. —Não seja arrogante, Jubal, — Dax disse. —Mitro é diferente de qualquer outro vampiro que encontrou. Sou um caçador hábil. Mesmo enquanto rastreava Mitro, executei muitos vampiros, nenhum dos quais chegava perto do poder de Mitro. —Acredite em mim, Dax, — Jubal assegurou. —Quando se trata de vampiros, estou sempre pronto para passar longe deles. Qualquer um deles, ainda mais esse. Vi o que ele faz. Não tenho vontade de conhecê-lo, especialmente sem você para me apoiar. Dax acenou com a cabeça e se virou abruptamente, como era seu jeito. Ainda ficava um pouco desconfortável na presença de tantas pessoas, mas gostava de Jubal e Gary. Eram homens íntegros e lutariam com ele, se necessário. Leu sua determinação em proteger Riley. Também compreendiam o vínculo dos companheiros. Riley não compreendia plenamente ainda, mas estava disposta a tentar com ele e não podia pedir mais. Ele puxou Riley para seu lado, a colocando sob seu ombro. —Então está pronta para montar um dragão?
241 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Os impossivelmente longos cílios de Riley levantaram e seus olhos encontraram os dele. Sua respiração prendeu em seus pulmões. Seus olhos brilhavam com emoção. Suas bochechas estavam coradas sob sua pele impecável. Parecia mais bonita do que nunca. —Não posso esperar, embora admita que tenho um pouco de medo. Vai falar comigo o tempo todo? Essa era sua companheira, pronta para enfrentar cada aventura de cabeça erguida. Ele levou seus dedos à boca e mordiscou suavemente. —Estarei com você. O Antigo a considera como sua família. Não vai permitir que nada aconteça com você, também. Estará segura. —Eu sei. — Riley fez uma declaração. Dax andou com ela sob a proteção de seu ombro, a mão dela pressionada contra seu coração enquanto a levava para longe do acampamento e dos olhares curiosos dos outros — especialmente Weston, que não tinha ideia do quanto se colocava em perigo cada vez que pousava seu olhar malicioso sobre Riley. Seu corpo se movia como graça líquida contra o dele. Fluindo. Sensual. O gosto dela ainda estava em sua boca. Seu pulso pulou pela proximidade. Sempre soube que a atração entre companheiros era forte, ele testemunhou essa força poderosa entre os casais, mas não esperava que essa necessidade fosse tão intensa. Ainda assim, estava determinado que Riley fizesse sua própria escolha. A queria para salvá-lo, porque, para ela, ele valia a pena ser salvo. Uma vez que estavam fora da vista dos outros, ele a levantou nos braços e levou pelo céu. Precisava de uma grande clareira onde o dragão pudesse decolar e pousar. Podia sentir a emoção de Riley, o fraco tremor em seu corpo, o brilho de antecipação correndo através dela e se encontrou sorrindo. Não conseguia lembrar de experimentar a mudança de forma pela primeira vez, ou voar ou apenas ser feliz. Agora que estava com ela, estava aprendendo tudo de novo, a rir, sentir. Realmente estava genuinamente animado como ela. 242 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela virou o rosto ao vento e gargalhou. O som ressoou através de seu corpo. Podia sentir o Antigo se mexendo também. Seu riso era tão contagiante, que não só foi afetado, mas também o dragão. A colocando suavemente na linha de árvores à beira de um prado, ele caminhou para o centro do grande campo. De imediato sentiu o Antigo se estirando profundo dentro dele. Estranhamente, neste momento, em vez de se sentir além do dragão, se sentiu uma parte dele, sentindo suas emoções mais vividamente que antes. Dax não estava certo se foi porque Riley restaurou suas emoções para ele, ou se era a fusão com o dragão ao ponto que estavam se tornando um só. Sabia que uma vez que fizesse sua reivindicação sobre Riley e falasse as palavras rituais de vinculação suas duas almas seriam forjadas juntas. O que poderia acontecer com o Antigo? Nada disso importava. Riley estava aguardando, e não podia esperar para compartilhar a experiência de voar num dragão com ela. Ela mal podia conter sua emoção, pulando de um pé para o outro como uma criança pequena. Seus olhos brilhavam e seu rosto estava corado. Seus lábios ligeiramente separados, um convite que se forçou a resistir. Uma vez que estivessem sozinhos na montanha, no meio do campo de flores estrelas da noite, aproveitaria, mas não agora, não enquanto estava esperando e antecipando. Ele queria dar este presente. É um presente, ela disse baixinho enchendo sua mente com sua voz— com ela. Ela tinha um jeito de se derramar nele como mel quente. Provocava um sentimento de alegria, e nunca soube o que era antes. Ela o admirava, respeitava e o achava lindo e extraordinário. Agora que encontrou sua companheira, ela saberia o desejo do seu coração e sempre estaria ciente de seu estado de espírito. Me sinto da mesma maneira. Sua voz era tímida. É bom saber que sempre terei alguém para me defender. 243 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Você tem a nós dois, Dax assegurou. O Antigo e eu. Ele é uma parte de nós, e você agora será sua família. Como eu, vai defendê-la com sua vida. Era importante para ele que soubesse que não importava o que acontecesse, o quão ruim as coisas ficassem, ela nunca teria que enfrentar qualquer perigo sozinha. Ele convocou o Antigo, afundando seu espírito para permitir a liberdade do outro. O dragão estaria relutante em emergir se não fosse pela diversão em permitir a Riley seu primeiro vôo num dragão. Seu tempo se foi, e passou séculos hibernando no calor do vulcão. Riley prendeu sua respiração quando Dax vislumbrou transparente, tanto que realmente podia ver através dele, e, em seguida, desapareceu completamente. Flocos de ouro e vermelhos brilharam no luar, flutuando na direção da terra ao redor de onde ele esteve. Ela pensava em Dax assim: luar e chamas, fogo e gelo, vermelho fogo brilhante e ouro. Ele era bonito. Seu coração era lindo. Sua alma. Alguém se agitou em sua mente e por um momento ela ficou tensa, olhando ao redor, mas a sensação era muito familiar. Muito parecida com Dax. Nossa alma. A voz era pragmática. Antiga. Moderna. Atemporal. Uma pitada de humor penetrou em sua mente. Vejo que ainda pode falar, Antigo, Dax disse. E prefere fazê-lo com Riley. Agora ela sentiu o riso do dragão vibrando através de sua mente. Se divertia às custas de Dax. Amava que Dax achasse isso tudo tão divertido como ela. Nada nunca parecia irritá-lo, e na verdade, todos os três estavam muito ligados. Ele é do tipo silencioso e forte, até que entra numa luta e, então , todo seu raciocínio sai pela janela, a informou Dax. Riley riu, o som tomando asas no céu noturno. Adorava ouvir Dax tão despreocupado. Tudo que ele conhecia era o dever, e, embora estivesse 244 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
determinado a encontrar e destruir Mitro, passava tempo com ela para desfrutar dos momentos que partilhavam juntos. O dragão vislumbrou sólido. Enorme, sua grande massa acomodada, as asas gigantes extendidas e batendo, criando vento. Riley apertou as mãos juntas e as pressionou duro contra seu estômago esvoaçante. O Antigo esticou o pescoço longo na direção dela, e mesmo ainda estando parcialmente nas árvores rodeando o prado, sua cabeça em forma de cunha quase a tocou. Ele olhou abaixo para ela com olhos opalescentes — olhos tão multifacetados como os de Dax, embora onde os de Dax tinham um vulcão de chamas bruxuleantes atrás de pedras preciosas, os olhos do dragão pareciam da cor ouro. Seu focinho era longo, com a mandíbula superior se curvando abaixo sobre o maxilar inferior, revelando dentes brilhantes. Tinha um chifre no centro do nariz, curto, parecendo uma perversa arma e mais dois, tão letais, sob o queixo. Chifres se projetavam por todo o caminho até a parte traseira de sua cabeça e abaixo de seu pescoço, grande e afiados cumes dourados e vermelhos, protegendo sua cabeça. Podia ver o quão perigoso seria o dragão numa luta. Suas escamas eram absolutamente, incrivelmente belas. Cada tom de vermelho, do profundo vermelho ao vermelho pálido cobria seu corpo, as placas sobrepostas para protegê-lo numa luta. Riley tocou as de cor mais clara perto de sua barriga, com um pouco de reverência. Muito educadamente, o dragão estendeu sua perna para ela. O pulso de Riley acelerou, seu coração saltando quando a adrenalina correu por suas veias, mas não hesitou. Subiu na perna do Antigo e jogou a outra perna por cima para se acomodar na pequena sela de couro posicionada na junção de pescoço. Não precisava ser dito que Dax providenciou o selim para ela. Não havia rédeas — afinal não era um cavalo. Ela encontrou estribos, mais para se agarrar que por qualquer outro motivo.
245 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley agarrou um dos longos estribos e se segurou firme. O Antigo não precisou que dissesse que estava pronta; sua conexão estava ficando mais forte, assim como sua ligação com Dax ficava mais forte a cada momento que passava. Ela sentiu a tremenda força quando o dragão se tensionou para dar o salto ao ar. As grandes asas bombearam forte e estavam no ar. Riley levantou o rosto para o céu repleto de estrelas, rindo com pura alegria. Sonhou com aventuras, ansiava por muito mais, ansiava por um parceiro, o homem perfeito que se encaixaria com ela, que lhe daria coragem para abraçar a vida. Neste momento perfeito tinha tudo. Sentia Dax entrelaçado profundamente dentro dela, a segurando próximo — segura. O dragão era como um presente inesperado. Dax lhe deu tanto, em tão pouco tempo. Ele era tudo que sempre sonhou. Era impossível não se apaixonar por ele. Ele embrulhou laços em torno de seu coração antes que percebesse que fazia isso. Havia algo tão incrível sobre a combinação da suavidade que inevitavelmente mostrava a ela e o guerreiro feroz, explosivo que de repente podia se tornar se as circunstâncias exigissem. O Antigo voou alto acima da floresta, e olhando para baixo podia ver os danos que a explosão causou à montanha. Deslizamentos de terra varreram seções de árvores, abrindo caminho pela floresta profunda. Saídas de vapor se abriram e cinzas cobriam tudo, mas este lado da montanha foi poupado do pior. Apesar da confusão das cinzas, olhar para baixo sobre o dossel era incrível. Como se lesse sua mente e provavelmente o fez, o dragão chegou mais perto para que pudesse ver até mesmo os animais e aves se abrigando nos ramos. O vento arrancava lágrimas de seus olhos e explodia seu cabelo atrás de seu rosto. O som do seu riso ecoou pelos céus. Podia ver porque Dax confiava no dragão para fazer a viagem. As poderosas asas batiam abaixo e acima, criando um vento próprio, assim que o dragão e seu cavaleiro riscavam através do céu, quilômetros acima da florresta. O rio parecia uma fita e os
246 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
vários fluxos que o alimentavam pareciam finos fios cortando a floresta escura pelas árvores. Devia estar com medo, mas Dax estava bem perto, em sua mente, sussurrando para ela, apontando cachoeiras e piscinas frias escondidas, bem como folhas prateadas que o luar expunha após o vento das poderosas asas do Antigo soprarem as cinzas. Tão logo chegaram à montanha, e o dragão circulou, descendo ao longo de uma ruína de uma aldeia. Ao lado das ruínas viu um mar de estrelas, as pétalas abertas, banhadas pelo luar. Dax. Ela respirou seu nome numa espécie de temor. É tão bonito. Sim, é. Obrigado por me mostrar através de seus olhos. O dragão pousou duro e ela segurou a base da sela na junção do seu pescoço, deslizando quando ele se aproximou do campo de flores. Prendeu a respiração, com medo dele pousar no meio delas e esmagar todas as estrelas balançando na noite. Novamente, teve a impressão de diversão no dragão. Parou à direita do campo sem mais que um solavanco. Muito educadamente, estendeu sua perna. —Obrigada, Antigo, — ela disse suavemente. —Isso foi... extraordinário. — Riley acariciou em torno da base do chifre sobre seu nariz. O dragão vermelho inclinou a cabeça, os olhos brilhando carinhosamente. Ela se esticou, passeando longe dele para conseguir um bom olhar nas flores. O campo estava escondido em torno das antigas estruturas de pedra circulares e pontilhadas de plataformas elevadas das pistas, muito indicativas do povo das nuvens. Névoa se movia ao redor dela, a envolvendo, quase obscurecendo sua visão das ruínas. Tão alto, onde ela nasceu, o crescimento atrofiado familiar da exuberante floresta, levou um momento para olhar ao redor, esperando que a explosão do outro lado da montanha tivesse poupado a essa parte da floresta. Felizmente, parecia haver muito pouco dano. As ruínas estavam intactas, um tesouro histórico para as gerações vindouras. A própria floresta, sua flora 247 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
e fauna se compensavam pela pesada névoa formando o véu de nuvens envolvendo a alta montanha. E nesse campo de flores raras... Cheirava... a ele. Cada respiração que puxava o trazia profundamente em seus pulmões. Ela o sentiu em sua língua, aumentando essa ânsia terrível. Riley virou e viu. Seu coração quase parou de bater. Realmente pressionou sua mão sobre o coração numa espécie de protesto. Dax estava alto e ereto no meio do campo de estrelas brancas, esses flocos brilhantes de vários tons de vermelho caindo em torno dele como um banho de pó de ouro. A lua o acariciava com dedos de luz, acariciando seu cabelo azul escuro e destacando a cor de sua pele. A camisa se esticava sobre seu peito pesadamente musculoso. Braços e coxas eram forrados com músculo, ondulando sob sua roupa casual. Dax só conseguia parecer elegante de jeans e camiseta branca. A expressão em seu rosto quando olhou para ela roubou qualquer pensamento sensato. Olhava para ela com tal mistura de ternura e desejo que seu corpo apenas subiu em chamas. Naquele momento queria que ele pertencesse à ela, como nunca quis nada em sua vida. Havia apenas Dax e a noite incrível, a alegria borbulhando brilhante nela depois de sua viagem incrível, impossível nas costas de um magnífico dragão. Após essa cerimônia, sensual, sexy que voluntariamente participou. Seu mundo era terrível e de tirar o fôlego. Nunca se sentiu mais viva, mais sensual, mais em sintonia com ela e o mundo ao seu redor do que quando estava com ele. Se sentia bonita, inteligente e até mesmo corajosa. Não importava que não compreendesse inteiramente o que eram os Cárpatos ou o que implicaria estar com um. Só sabia que queria que ele fosse dela. Pela primeira vez em sua vida não ia pensar em cada ângulo e ter muito cuidado ao fazer um movimento. Os olhos brilhantes de Dax prenderam os dela e sabia que estava completamente, totalmente perdida, e não se importava nem um pouco.
248 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 13 Dax estendeu a mão para ela. Riley não podia se afastar de seus olhos. As chamas queimavam e pulavam, um brilho ardente que ameaçava consumi-la. Seu cerne pegou fogo, queimando em resposta, queimando por ele. A combinação de seu potente perfume masculino ao redor dela e seus brilhantes olhos a hipnotizavam. Deu um passo compulsivo, precisando dele tanto quanto precisava de ar para respirar. Não se lembrava de se mover após esse primeiro passo, mas estava na frente dele, perto, tão perto que podia sentir o calor incrível do seu corpo. Ele queimava com desejo — por ela. Estava lá em seus olhos, nas chamas pulando, na forma como olhava para ela como se pertencesse a ele — com ele. Ele parecia conhecê-la, saber tudo sobre ela, saber exatamente o que queria e precisava. Parecia ter encontrado um caminho dentro de sua alma, de seu coração. Tudo sobre ele a atraía. Seu sorriso fazia seu mundo se iluminar. Ele lhe deu sua coragem e a fez uma pessoa melhor. Ela caiu por ele como a proverbial tonelada de tijolos. Sua mão envolveu seu queixo, girando seu rosto para o dele. Seu olhar queimou através dela, com ela, carimbando sua posse em seus ossos. O ar se recusava a deixar seus pulmões. Se encontrou olhando seu rosto cinzelado, perfeito, um pouco perdida. Não conseguia esconder nada dele. Ele conhecia todos os seus pensamentos mais íntimos. Se sentiu vulnerável e exposta, capturada num refletor brilhante, mas não queria escapar. Ele sabia tudo sobre ela, o que queria, o que era, o que representava. Seus medos mais profundos — e nada disso importava para ele. Por que deveria tentar esconder que o queria com cada única fibra do seu ser? Ele gostaria de saber de qualquer forma. Não tinha vergonha dele. Era um homem bom, o único que já considerou dar seu corpo, inclusive seu coração. 249 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax pegou o rosto dela entre as mãos e inclinou a cabeça para a dela. — Tem certeza que é isso que quer, Riley? Sou o que você quer? Mesmo sua voz, esse melaço escuro quente, derramando lentamente como lava derretida em suas veias, enviava espirais de desejo através de seu corpo. Me dê um beijo. Ela pensou. Sussurrou para ele. Fundiu sua mente com a dele e enviou a imagem. Precisava que ele a beijasse. Estava esperando por toda a sua vida que Dax a beijasse. A boca de Dax, essa boca oh-tão-perfeita, se curvou num sorriso. Seus dentes brancos piscaram. Retos, mas definitivamente afiados o suficiente para dar uma mordida nela. Seu coração pulou em sua direção. Seu pulso trovejou em seus ouvidos. Quando sua cabeça abaixou na direção dela, o chão se moveu sob seus pés. Seus pulmões queimaram por ar. Era tão bonito, este homem tão forte, tão feroz, mas protetor e gentil com ela. Seus lábios roçaram através dos dela, leves, mornos, tão familiares agora, um turbilhão de sensações eróticas. Podia beijá-lo para sempre e nunca seria suficiente. Dax acariciou abaixo de seu rosto, seus dedos demorando na sua pele lisa. Ela parecia tão jovem para ele. Percebeu que em seu mundo, ela tinha idade suficiente para saber o que estava fazendo, mas se sentia muito protetor em relação à ela. —Riley... — Seu coração protestou, mas não poderia viver com ele se não a protegesse. —Não tem que fazer isso. —É o que quero, — garantiu ela. Ela olhava para ele com estrelas nos olhos. Sua barriga apertou calorosamente. Ela era como uma mistura de inocência e sedução. Seu polegar acariciava através de seu queixo teimoso. —Uma vez que nos unirmos não há como voltar. Não é o mesmo que no seu mundo, Riley. Não pode escolher ficar para me salvar da maldição. Tem que querer ficar comigo. Tem que saber no que está se metendo. Sou Cárpato, não humano. 250 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Minhas regras nem sempre serão as mesmas que as suas. Meu mundo é perigoso. Quando ela ia protestar, ele colocou o dedo sobre seus lábios para acalmá-la. —Riley, não vou ser capaz de trazê-la de volta uma vez que atravessarmos esta ponte. Não vai ficar confortável separada de mim. Não pode viver em dois mundos. Eventualmente, terei que trazê-la totalmente ao meu, com tudo que isso implica. Ela franziu a testa para ele. —Gary me disse que se não reclamar sua companheira, corre o risco de se tornar vampiro. Ele balançou a cabeça. —Não vou virar. Isso não é uma consideração em sua decisão. Não quero que se entregue a mim por causa de atração física ou senso de dever. Riley estendeu a mão para tocar seu rosto, traçando as linhas ali com um toque leve que fez todo o caminho até seus ossos. —Homem bobo. Como posso não querer ficar com você? Nos encaixamos. Não pode sentir isso? Dax pegou a mão dela e pressionou um beijo no centro da palma. —Não há nenhuma outra para mim. Sei que você é a única. Mas estamos falando de um mundo diferente. Vê apenas um lado meu, sivamet. Não olha muito atentamente qualquer outra coisa. Você não quer me ver. —Isso não significa que não sei o que está lá. Estou escolhendo entrar lentamente no seu mundo, mas sei o que é certo para mim. O que tenho para me prender? Uma carreira que já não estou apaixonada? Não tenho nenhuma família. Me sinto viva quando estou com você. Quero isto, Dax, para mim. Ouço o que todo mundo diz quando se sentam ao redor da fogueira. Estão com medo de você, não de Gary ou Jubal, embora até mesmo deles estão desconfiados, mas estou dentro de sua cabeça. Estou segura com você. Ele tentou mais uma vez, mas seu coração já cantava, seu sangue subiu e se permitiu acreditar. —Nem sempre vai ser fácil. Eu nem sempre vou ser fácil. 251 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Vou dar um passo de cada vez e como é paciente comigo, vamos chegar lá, — assegurou Riley. Dax envolveu os dedos ao redor da sua nuca e ela se aproximou. —Não te falta coragem? —Na verdade sim, — ela corrigiu. —Você parece me deixar muito mais corajosa. —Vai precisar de muita coragem para entrar totalmente no meu mundo, Riley, — advertiu. Ele baixou sua cabeça para a dela porque era impossível resistir mais. Cada célula em seu corpo gritava por ela. Sua boca encontrou a dela. Ele levou seu tempo, resistindo à necessidade urgente o varrendo como uma onda. Ele a beijou suavemente, se derramando nela, sua necessidade do amor dela, seu conhecimento que ela era seu mundo e sempre, sempre ficaria com ela. Sua boca era pecaminosamente deliciosa. Quente e macia como veludo. Ele podia beijá-la por uma eternidade, mais e mais e nunca precisar de ar. O vento tocava música sobre seu corpo, ventilando o implacável fogo latente no poço de sua barriga. Chamas vermelho-ouro subiam, pulando e correndo sob sua pele, se espalhando como uma tempestade através dele. Dax sugou seu lábio inferior na caverna quente de sua boca, gemendo baixinho de desejo. Seus dentes puxaram seu lábio exuberante, mordendo suavemente, mostrando controle quando ele queria devorá-la. Ela estava tremendo, sua respiração chegando em suspiros superficiais, irregulares. Os olhos, quando voltou para olhar em seu rosto, eram enormes, observando cada movimento seu. Ele podia ouvir seu coração batendo, o sangue dela bombeando tão rápido através de suas veias que era uma maravilha que seu coração não estourasse. Riley olhou acima para Dax. Chamas pulavam e queimavam em seus olhos. Sua pele brilhava carmesim e ouro, irradiando luz, como se dentro, sob sua estrutura rígida, um fogo assolasse. Parecia absolutamente confiante e tão bonito que não podia acreditar que não o conjurou num sonho. Era o homem 252 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mais quente, mais sexy que já encontrou. Apenas olhar para ele a deixava fraca, desejo se atando em nós na sua barriga ondulando como lambidas quentes. Delicadamente ele correu os dedos abaixo por sua bochecha até o canto da sua boca. —Eu te quero tanto, Riley, que até mesmo no meu sono profundo sou perturbado pelos pensamentos das coisas que quero fazer com você. Dentro, seus músculos apertaram firmemente, a excitação provocando suas coxas e seios. Seus olhos brilhavam, a hipnotizando. O fogo pulava descontroladamente por trás das muitas facetas, então em vez de uma, havia várias chamas queimando com uma mistura de luxúria e fome tão intensa que um arrepio de medo desceu por sua espinha. —Não há ninguém mais segura neste mundo do que você, Riley, — assegurou, uma pitada de ternura rastejando em sua voz. —Nunca machucaria você. Ele envolveu seu queixo, seu polegar deslizando para frente e para trás através do pequeno furo lá, hipnoticamente. Não podia afastar o olhar dele, longe da boca perfeita com dentes se alongando. Ele não fez nenhuma tentativa de ocultar seus dentes ou seu desejo por ela. Seu coração bateu duro em seu peito. Dax colocou sua mão sobre seu peito, primorosamente suave. —Deixe seu coração ouvir o meu, sivamet. Minha chamadas para o seu, deixe o seu responder. Seu coração parecia estar sendo espremido num torno. Sua voz era esfumaçada, veludo macio, correndo ao longo de suas terminações nervosas. E a palma da mão, leve, curvando-se em torno de seu seio esquerdo deixou seus pulmões queimando por ar. —Respire, — ele avisou, sua voz a envolvendo em pura sedução.
253 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley tentou fazer o que ele disse, inalar quando ele o fez, exalar para evitar desmaiar aos seus pés. Nunca em sua vida foi tão afetada por um homem. Ele estava tão no controle e ela apavorada e desesperada por ele. Não estou completamente certo que estou totalmente no controle, ele confessou. As palavras roçaram contra o interior de sua mente, um melaço lento que derramava em cada rachadura tímida e solitária, a enchendo com antecipação. E desespero não começa a descrever o quanto quero você. Seu olhar prendeu o dele. As chamas queimavam intensamente — por ela. Seu coração se acomodou no ritmo do dele. Sua respiração seguiu a dele. Era sua âncora enquanto a levava para um mundo desconhecido. —Quero isso, Dax, — ela disse com toda firmeza que seu corpo trêmulo permitia. Queria dizer isso. O tremor era uma mistura de medo e antecipação. Ele acenou com a mão, e no meio do campo de flores da noite, lá, em véus de névoa da montanha onde ela nasceu, estava uma cama de dossel grande, envolta em branco. Reconheceu o dossel como um de uma foto que mostrou à sua mãe de uma revista quando era adolescente. A cama era tão linda como a da fotografia, a madeira de uma tonalidade dourada profunda e esculpida com ondas e espirais. Dax pegou sua mão e a levou através das flores, o cheiro dele, tão potente a rodeando, a deixando um pouco tonta. Profundamente dentro de seu núcleo mais feminino, a dor era doce e terrível, enquanto percorria essa trilha estreita para alcançar o lado de sua cama de fantasia. Ele inclinou a cabeça, sua boca encontrando a dela com um pedido urgente, enquanto suas mãos escorregavam para a bainha de sua camisa. Seu beijo a deixou tonta de desejo. Quando ele levantou a cabeça, puxou lentamente sua camisa, a deixando em pé com seu sutiã de renda lavanda. Ela estremeceu quando a névoa tocou sua pele. Dax recuou, olhando para ela com os olhos em chamas, e outra vez ela estava quente, a temperatura do seu corpo subindo apesar do vapor frio a cercando.
254 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele roçou sua pele sobre a ondulação dos seus seios. —É tão bonita. Sua pele é inacreditável, suave e sem falhas. — Ele respirava as palavras. —Eu estava acordado, incapaz de me mover, meu corpo como pedra, e mais e mais pensava o quanto estava faminto por você. O quanto queria conhecer cada polegada sua. Provar cada centímetro seu, beijar cada centímetro, reinvindicar cada centímetro. Riley puxou sua respiração rapidamente. Cada movimento que ele fazia, tudo que dizia, a forma como dizia, nessa voz quente, sexy, até mesmo a forma como a olhava, a deixava fraca, deixava seu corpo úmido e latejante. Estava mais do que disposta a se entregar de qualquer maneira que ele quisesse. — Te avio päläfertiilam, — ele sussurrou baixinho em sua própria língua. Sua mão encontrou o elástico no seu cabelo e o puxou livre do fim de sua longa trança. —Você é minha companheira. — Seus dedos puxaram a trança até que seu cabelo caiu em cascata até sua cintura numa cachoeira fluindo em seda azul escuro. O timbre de sua voz mudava enquanto falava na língua antiga. As palavras soavam como um comando, a voz masculina profunda vindo de algum lugar dentro dele. Enquanto falava tudo nela respondia, um instinto de fugir ou lutar, tudo ao mesmo tempo, seus músculos internos firmemente apertados, um espasmo de prazer sensual que não podia evitar. Ele juntou seu cabelo num punho, puxando sua cabeça atrás enquanto sua boca descia sobre a dela, exigindo entrada. Ele engoliu seu suspiro macio quando ela acariciou sua língua ao longo da dele um pouco timidamente. Ele a puxou mais perto, sua outra mão moldando seu corpo, alisando das costas até a curva de suas nádegas, a palma da mão deslizando sobre sua bochecha arredondada para pressionar ainda mais enquanto empurrava sua ereção pesada contra ela. Um pequeno gemido escapou de sua garganta. Uma parte dela ainda estava apavorada pelo que estava fazendo, especialmente quando podia sentir seus dentes alongados com sua língua, ou 255 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
raspando ao longo de sua pele tão suavemente. Sabia que estava se controlando, indo devagar com ela, mas seu corpo estava furioso por ela, desesperado por sua posse. Dax deixou leves beijos no canto da sua boca, através de sua mandíbula para seu queixo. Seus dentes beliscaram o pequeno furo lá. — Éntölam kuulua, avio päläfertiilam. — Disse as palavras contra seu queixo, sua voz profunda e autoritária. —Te reclamo como minha companheira, — traduziu enquanto suas mãos escorregavam ao redor para soltar seu sutiã. Ele tirou a renda de seu corpo e a jogou de lado. Seu olhar aquecido caiu em seus seios expostos, sua respiração presa em seus pulmões. Em pé na frente dele, seminua, pela forma como ele a estava olhando, fez Riley se sentir devassa e sexy. Estendeu a mão e traçou as linhas em seu rosto, a forma de sua mandíbula e o contorno dos lábios. —Realmente é o homem mais bonito que já vi, — admitiu. Ele provou seus seios em suas mãos, seus polegares roçando seus mamilos antes de abaixar a cabeça e correr um rastro de fogo do seu queixo abaixo por sua garganta até as pontas de seus seios. Sua boca era muito erótica, arrastando e puxando, sua língua acariciando, os dentes raspando suavemente. Quando imaginou que suas pernas cederiam, ele traçou beijos leves abaixo de suas costelas para seu estômago liso. — Ted kuuluak, kacad, kojed. — Sua língua rodou em torno de seu umbigo e, em seguida, mergulhou dentro. Aqueles olhos carmesim inflamados olharam para ela enquanto traduzia. —Te pertenço. Seu coração tartamudeou com sua declaração. A ideia de Dax pertencendo a ela era um avanço incrível. Ela roçou seus dedos através de seu cabelo curto. Amava como seu cabelo grosso ficava espetado, mas se sentia tão suave abaixo. Dax ficou de joelhos, as mãos no cós de suas calças cargo, abrindo o botão enquanto seu olhar ardente a mantinha em cativeiro. Ela não conseguia respirar novamente, a visão dele de joelhos na frente dela, olhando para ela 256 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
como se a fosse devorar a qualquer minuto transformou seu corpo numa poça fundida de excitação feminina. Com movimentos quase lânguidos, ele abriu suas calças e escorregou as mãos dentro, enganchando seus polegares na cintura e lentamente as deslizando do seu corpo. Puxou a calcinha de renda lavanda junto com as calças, deixando seu corpo totalmente exposto e vulnerável a ele. Onde foram suas botas? O pensamento foi fugaz. Sabia que estava com elas, mas de repente seus pés estavam nus e mais nua. Seus dentes enviaram ardentes carícias de seu umbigo até seu quadril, onde sua língua encontrou um recuo intrigante e lá permaneceu por alguns momentos, se entregando aos seus caprichos e expulsando quaisquer dúvidas que ela pudesse ter. Como podia pensar enquanto ele beijava e lambia sua barriga e os ossos do quadril, suas mãos amassando e massageando suas nádegas? — Élidamet andam. Te ofereço minha vida. Suas mãos foram para suas pernas, as empurrando, e ele correu sua língua até o interior da sua coxa esquerda, enquanto esse cabelo macio, espetado e macio roçava a direita. Ela não ia sobreviver. Riley agarrou seus ombros, gemendo suavemente para a noite. Ela jogou a cabeça atrás enquanto seu corpo pulsava e latejava. Sua boca deixou pequenas chamas subindo e descendo por ambas as coxas, seus dentes beliscando, sua língua aliviando a picada, enquanto ela mantinha sua sanidade por um fio. Ele levantou a cabeça, as mãos em seus quadris nus, sua respiração quente, provocando o V de cachos na junção das pernas. — Pesämet andam. — Mantendo a posse de seus quadris, ele ficou em pé, completamente vestido, a fazendo se sentir mais vulnerável e sexy. —Te dou minha proteção. — Suas mãos deslizaram para sua cintura e ele a empurrou atrás até as costas de seus joelhos atingirem a cama e as pernas cederem. Dax a guiou até a cama, a ajudando a se deitar de costas. Riley se sentiu presa num sonho erótico. Suas mãos eram suaves enquanto a posicionava 257 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
sobre lençóis de seda macios, mas tão firmes e fortes, que se sentia como se não pudesse se mover, seu corpo fundido em chumbo, aquecido além da capacidade de fazer qualquer coisa além de esperar em desespero. Acima dela, a névoa pairava como um cobertor branco, se agitando em formas de estrelas brilhantes, grandes constelações intocadas pelas espessas cinzas que ainda pairavam no ar apenas além das nuvens de vapor. Sabia que Dax criou esse bonito teto ao ar livre para ela. O vento tocou sua pele aquecida, o roce frio contra sua pele ardente apenas aumentando a urgência do desejo. Ele agarrou seus tornozelos e puxou seus pés longe, expondo sua entrada mais vulnerável à ele. Novamente, suas mãos eram suaves, mas seu aperto inquebrável se tentasse se contorcer longe. Seu olhar saltou para seu rosto. — Uskolfertiilamet andam. — Ele arrancou a camisa sobre sua cabeça e a jogou fora. —Te dou minha lealdade. Riley sentiu seu coração saltar na direção dele em resposta à sua declaração. Algo dentro dela mudou. Podia sentir a diferença, mas havia um estrondo em seus ouvidos, o sangue pulsando no ritmo do dele. Uma mão envolveu seu tornozelo, a mantendo imóvel enquanto ele tirava o resto de sua roupa com um único pensamento, como normalmente fazia a maioria de sua espécie. Seu olhar se afastou de seu rosto, seu peito largo e estômago liso, baixando ainda mais para sua ereção grossa, longa. Seus olhos se arregalaram; sua pele passou de furiosamente quente a gelada e, em seguida, voltou a quente novamente. Ambos os punhos se enrolaram nos lençóis para se manter imóvel quando ele abaixou a cabeça para beijar sua panturrilha. Seus lábios pareciam frescos contra sua pele, mas enviaram aqueles dedos de excitação saltitante até sua coxa. Ela quase puxou sua perna fora, mas seu aperto a mantinha firme. Sua boca subiu, seus beijos intercalados por mordidas de seus dentes afiados e lambidas lânguidas de sua língua de veludo.
258 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele parou por um momento, seus lábios contra a parte interna de sua coxa, seu cabelo deslizando sobre sua abertura úmida enquanto relâmpagos arqueavam através dela. —Sívamet andam. — Seus olhos encontraram os dela. —Te dou meu coração. O ar correu para fora de seus pulmões. Além de ser o homem vivo mais sexy para ela, a sinceridade em sua voz — em seus olhos — a hipnotizava. Havia algo muito mais profundo, uma ternura que a deixava fraca. Estava entregando seu coração para ela cuidar. A ideia era humilhante para ela. Dax era um antigo guerreiro, de uma espécie completamente diferente, mais selvagem e mais poderoso que os animais e ainda assim estava se colocando aos seus cuidados. Ele virou a cabeça, um movimento lânguido e preguiçoso, como se tivesse todo o tempo do mundo, enquanto ela agarrava o lençol e sacudia sua cabeça, seu corpo já não dela mesma. —Seu perfume é inebriante, — ele sussurrou contra seu monte, sua respiração quente aumentando a tensão enrolando mais e mais apertada. Ele ia matá-la lentamente. Lentamente. Com cada palavra que dizia. Cada movimento que fazia. Seu toque. Sua boca. Seus beijos. A sensação do seu corpo, tão duro e inflexível contra a suavidade do dela. Ele inalou profundamente mais uma vez, e ela percebeu que, como as flores no campo traziam o perfume dele para ela, as estranhas pétalas carregavam seu perfume para ele. Ele levantou a cabeça para olhar abaixo, para ela, essas chamas vermelhoalaranjadas tingidas de ouro agora. Podia ver a fome austera, crua, estampada nas linhas do seu rosto. Tão sensual. Todo seu corpo pareceu apertar, esperando, antecipando. Prendeu a respiração. Seu coração pareceu parar. — Sielamet andam. — As chamas em seus olhos pularam e queimaram com um brilho ardente. —Te dou minha alma.
259 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela estava queimando agora, sua cabeça sacudindo para frente e para trás no lençol. Tinha seu coração e sua alma. Sua fidelidade. Queria seu corpo também. Imediatamente. Agora. —Por favor, Dax, — ela sussurrou, uma súplica, uma oração. —Tem que estar pronta para mim, sivamet. Quero apenas prazer para você na sua primeira vez. —Estou pronta, — ela quase chorou. Suas mãos foram para seu cabelo, puxando as pontas sedosas, tentando trazê-lo por cima dela. Tudo nela doía por ele, pulsava e latejava, o exigindo. A tensão enrolava mais e mais apertada, a pressão crescendo até que achava que seu corpo só podia implodir. Sentiu sua língua passando por cima dela e pinotou sem pensar. Ele apertou um braço firmemente em torno de seus quadris para mantê-la imóvel. —Tão impaciente. Não se mova. —Está pedindo o impossível, — ela engasgou. Ele levantou sua cabeça apenas o suficiente para dar a ela um olhar de repreensão. Seus olhos queimaram sobre ela, quase todo vermelho, brilhando com um fogo ameaçando queimar fora de controle. Riley enrolou seus dedos mais apertados em seu cabelo curto, o segurando como se sua vida dependesse disso. Realmente não achava que ia sobreviver à pressão se juntando, à intensidade do calor. Sob sua pele, sentiu as escamas e, como seus olhos, sua pele estava vermelho ardente. A temperatura do seu corpo, como a dela, estava subindo, como se os dois pegassem fogo. O pó vermelho-ouro dessas escamas chovia em torno deles. Sua boca a tocou novamente, sua língua acariciando perversamente e, em seguida, esfaqueando profundo. Ela quase convulsionou, pinoteando, seus quadris repuxando apesar da retenção de seu braço. Seus músculos apertaram duramente. Um pequeno lamento escapou. Ele começou um lento, vagaroso assalto com língua e dentes, a deixando fora de si. Sons escapavam de sua garganta, quentes e desesperados, como se ele não pudesse conseguir o suficiente do gosto dela. Seus braços se esticaram, a segurando imóvel 260 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
enquanto lambia e sugava e tomava o pequeno botão com os dentes enquanto ela se contorcia sob ele, sua cabeça sacudindo e seu corpo derramando creme mais quente em sua boca. Prazer se agarrava em seu estômago, subindo drasticamente quando ele empurrou um dedo dentro dela. Não vou sobreviver. Medo se arrastou através de sua mente enquanto seu corpo ficava mais e mais apertado. Ele era tão sexy, quente além da imaginação, e não havia como ela pudesse mantê-lo. Segure-se em mim. Sua voz era áspera com luxúria gritante. Dax levantou sua cabeça, a posse em seus olhos brilhantes. Seu estômago apertou quando ele se firmou entre suas coxas, levantando seus quadris, se posicionando na sua entrada. Ela podia senti-lo apertado contra ela, tão quente e grosso, veludo sobre aço. Um pequeno gemido soluçante escapou. Não podia esperar outro momento. Seus dedos agarraram seus quadris quando lentamente, polegada por lenta polegada, começou a penetrá-la. Ele jogou a cabeça atrás, seu rosto uma máscara de prazer cru. — Ainamet andam. Te dou meu corpo. Dax lutou pelo controle. Ela era escaldante, o envolvendo em fogo, tão apertada que não estava certo que se encaixaria. Muito relutantemente, seus músculos apertados cederam, permitindo sua invasão, uma submissão lenta e requintada. — Sívamet kuuluak kaik että a ted. — Ele mordeu as palavras enquanto sensações derramavam sobre e para ele. Se manteve imóvel, ainda que seu corpo exigisse que martelasse dentro dela, mas ela precisava de um momento para se ajustar. — Tomo em mim os teus cuidados do mesmo modo. Ele queria dizer cada palavra. Ligação ritual ou não, as palavras significavam mais para ele do que os laços entre eles. Ela seria seu tesouro, acarinhada, protegida e amada acima de tudo. Seu coração era dele. Sua alma. E seu corpo, este belo instrumento de prazer que nunca concebeu que existisse. Ele apertou seus dentes quando empurrou mais fundo, sentindo seus 261 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
músculos relutantemente se desdobrando como pétalas de flores ao redor dele até que encontrou sua barreira fina. Queria dar-lhe tanto prazer que ela nunca se arrependeria de sua escolha. Ele mudou de posição, a cobrindo, o movimento a fazendo ofegar e se contorcer sob ele, seus músculos o prendendo com paixão ardente. Ele acariciou a ondulação do seu seio. Novamente sua vagina apertou, quase o estrangulando de prazer. Ela estava salvando sua alma com sua decisão, não importava o que ele disse a ela. Podia nunca virar vampiro, mas seu presente era ainda mais importante para ele porque ela o escolheu. Ela o seguiu a um mundo desconhecido, perigoso quando ainda estava apreensiva e temerosa. Ela colocou sua fé nele, confiou nele, quando ele esteve em perigo de perder a fé em si mesmo e no mundo que tanto lutou para manter. Ela não tinha ideia do que isso queria dizer para ele, mas nunca a decepcionaria, e seu prazer era tão importante para ele como sua segurança. As mãos de Riley encontraram os bíceps de Dax, sentindo sua força em espiral lá. Sua carne dura a enchia, esticava. O menor movimento que ele fazia enviava listras de fogo correndo sobre sua pele e relâmpagos arqueando através de seu corpo. Seus lábios traçaram um caminho sobre seu seio, atraindo o monte cremoso, dolorido, para o calor de sua boca, sugando fortemente, sua língua chicoteando seu mamilo e seus dentes raspando. A sensação a deixava louca, a empurrando seu desejo ao desespero. —Dax, mais. Preciso de mais. — Ele tinha que parar essa pressão crescente, sempre aumentando sem nenhum alívio. Ele levantou a cabeça por um momento, aqueles olhos multifacetados brilhando ferozmente com mil chamas. Abriu a boca para revelar os dentes longos, afiados. O ar ficou preso em seus pulmões. Os dentes afundaram profundamente, junto à ondulação do seu seio, enquanto seus quadris avançavam, rompendo a fina barreira. Dor atravessou seu corpo para dar lugar instantaneamente ao êxtase próximo. 262 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O corpo de Riley se curvou, as solas dos pés dela encontrando o colchão para se alavancar, enquanto se levantava para encontrar o impulso de seus quadris. Seus punhos dobraram em seu cabelo, o puxando para ela, enquanto seu sangue fluia para ele, os prendendo juntos nos costumes de sua espécie. Ele estava em toda parte, em seu corpo, sua mente, se envolvendo em seu coração, enquanto o cheiro dele invadia cada um dos seus sentidos. Tão misturados como estavam, podia provar a si mesma, sentir a explosão de prazer nele quando seu sangue encheu suas células e órgãos. Sua ereção já grande cresceu ainda mais espessa, mais longa. Fogo riscava através dele, sua vagina o envolvendo num estrangulamento, veludo macio, um punho flamejante, ordenhando e apertando a cada impulso duro e profundo, a cada curso, levando ambos mais próximos da queda livre. Sensações rasgaram através dela, a combinação de seu prazer com o dela a empurrando ainda mais. Calor a varreu, queimou. A tensão só se estendia mais e mais, sem fim à vista. Ela segurava seus ombros, as unhas cavando sua carne enquanto balançava descontroladamente debaixo dele. Dax relutantemente levantou a cabeça, vendo seu sangue escoar das duas alfinetadas sobre seu seio e gotejar pela encosta cremosa de seu mamilo tenso. Seu peito subia e descia enquanto ele seguia essa trilha sedutora, seu corpo batendo duramente nela, uma e outra vez enquanto ele se entregava. Finalmente, ele fechou as pequenas feridas com sua língua. — Ainaak olenszal sívambin. — Ele proferiu as palavras em tom áspero, rouco, tranquilizador, se recusando a dar a qualquer alívio. Ele estava perto de rosnar, o prazer no seu corpo como nunca concebeu. — Sua vida será apreciada por mim para sempre. Ela estava quase cega, apertando seus músculos para segurá-lo. Através da conexão de suas mentes, sabia que ele estava à beira de seu controle. Ele deslizou seu braço sob sua cabeça, seus olhos de fogo agora, ardendo sobre ela como uma marca. —Fique quieta.
263 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela arfou, seus quadris incapazes de obedecer, seus músculos apertando ao redor dele, desesperada pelo orgasmo, a cabeça balançando descontroladamente. Não podia ficar imóvel, não importa o que ele dissesse. Ela se esticou acima, mas ele a manteve imóvel enquanto levava uma mão ao seu peito. Com uma unha dura de diamante, abriu uma linha fina ao longo do músculo pesado sobre seu coração. —Tome o que ofereço, sivamet. Se aproxime do meu mundo. Seus olhos se arregalaram. Ela o olhou em choque. Ainda assim, e não deveria, parecia tão erótico, quente e sexy, nesse campo aberto de flores, com seu corpo duro e gotas de sangue vermelho rubi, a convocando. Ela quase balançou a cabeça, mas estava hipnotizada pela visão. —Por favor, — ela sussurrou. Seu corpo estava pegando fogo. Precisava do orgasmo, mas não estava certa que o pedido era para ele levá-la ao longo da borda. A tentação de prová-lo era um sussurro escuro que estava achando difícil ignorar. A ideia de beber seu sangue devia ser repugnante, não erótica, mas sua boca já podia prová-lo. Seu cheiro estava em toda parte, e seu corpo quente e desejoso. —Tem que fazer sua própria escolha, Riley, — disse ele implacavelmente. —Esta é a maneira de aproximá-la do meu mundo, e tem que saber se é realmente o que quer. Embalando sua cabeça na dobra do braço, ele juntou seus quadris e pressionou fundo. Riley podia sentir seu eixo grosso, quente como uma marca de aço espalhando fogo através dela. Sabia que as chamas queimavam nele. Podia ver o brilho sob sua pele, nos olhos, no calor abrasador do seu corpo. Cada centímetro de sua carne dura estava enterrada em sua vagina, espalhando chamas por ela. Ela pegou fogo e queimou. Não havia nenhum fim à vista. Ela se moveu, e ele parou. Um soluço escapou. Precisava dele. O queria. Está faminta por mim. 264 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Uma gota de sangue escorreu sobre o músculo do peito até a borda do seu mamilo plano e duro. Seu olhar a seguiu, sua língua deslizando sobre seu lábio. Ele não ia deixá-la se esconder da verdade. No fundo de suas veias, podia sentir um pulsar, cada pedaço tão forte quanto a dor terrível em seu corpo. Ela se lembrou do gosto dele na flor e seu perfume inebriante, amplificado milhares de vezes pelo campo de flores ao redor dela. Não podia negar que o que ele sussurrava era verdade, mas suas inibições humanas a impediam. Sinto sua fome me golpeando. Sua voz era sedução, menos que dura, seus golpes martelados a fazendo subir e mais uma vez parando. Desesperada, antes que pudesse pensar no que estava fazendo, lambeu a fina trilha vermelha com sua língua. Seu gosto explodiu por ela como champanhe. Ela seguiu a trilha de volta para a fonte, sua boca se prendendo sobre ele, a língua mergulhando e acariciando. Seu gemido foi um som áspero, sexy. Ele jogou a cabeça atrás, sussurrando para ela, a ajudando agora que tomou a decisão. A essência de sua vida derramava dentro dela, a enchendo, reestruturando, consolidando. — Te élidet ainaak pide minan. Sua vida será sempre colocada acima da minha, — Dax soltou enquanto apertava os dentes. Seu corpo estremeceu pelo esforço de se segurar. Sua pele reluzia com escamas vermelhas e douradas se mostrando abaixo. Riley olhou seu rosto. Linhas de pura luxúria estavam profundamente gravadas, enviando espirais de excitação por ela. O gosto dele a atingiu duramente, um afrodisíaco que aumentava o incêndio em seu corpo. Nunca conseguiria o suficiente dele, não de seu gosto e não de seu corpo. Suficiente, sivamet. Não pode tomar muito de uma só vez. Apenas o suficiente para uma troca. Ela ouviu suas palavras como se viessem de uma grande distância. Seu sangue rugiu em seus ouvidos. Não estava certa do que ele queria dizer, mas
265 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
não conseguia parar. Dax foi forçado a inserir suavemente a mão entre sua boca e o peito dele. — Te avio päläfertiilam. — Ele pegou seus quadris com ambas as mãos a puxando mais perto, empurrando suas pernas sobre seus ombros. —Você é minha companheira. Com um pequeno soluço ela caiu atrás, seu olhar preso no dele. Seu corpo ameaçava explodir, tão apertado que tinha medo de se quebrar em pedaços. Esse movimento de seu corpo fazia seu eixo golpear e acariciar profundamente dentro dela. Pinceladas de fogo ardente. Ela estava tão perto da borda, e no entanto, não podia alcançá-la. —Dax. — Ela gritou seu nome se estendendo para ele, sua mente nebulosa, precisando que a levasse ao longo do penhasco com ele. —Por favor. Não posso... — Ela não sabia o que precisava, só que estava queimando de dentro para fora. Dax avançou, um pico de aço de carne viva, se enterrando mais e mais. Profundamente. Tão profundo. Ela jurou que o sentia perfurando através de seu estômago. Mais e mais. Tão duro. Socando, indo ainda mais profundo até que estava certa que encontrou o caminho para sua alma. Não havia nenhuma pausa, nenhum momento para respirar, apenas a implacável batida em seu corpo. Riley cavou as unhas em seus braços, sua cabeça sacudindo descuidadamente, seus pulmões queimando por ar. No fundo de sua mente, se ouviu gritando. Sua boca estava aberta, mas nenhum som realmente emergiu. Seu corpo apertou duramente o dele. O orgasmo rasgou através dela, a quebrou, fundindo ossos e músculos, queimando células e tecidos numa explosão de prazer chocante. Sentiu como se Dax fosse a erupção de um vulcão impetuoso, pulso após pulso enquanto seu corpo parecia se quebrar num milhão de pedaços. Dax caiu sobre ela, a respiração áspera, seu coração batendo tão duro que ela podia ouvi-lo. Ela não podia se mover, seu corpo ainda vivo pelo prazer, 266 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mas parecendo de chumbo, seus braços tão pesados que não conseguia encontrar força para mover suas mãos do cabelo grosso que adorava tocar. Dax virou a cabeça em seu pescoço. Ainaak sívamet jutta oleny. O sussurro encheu sua mente. —Está unida a mim por toda a eternidade. Outra onda de choque de prazer correu através dela. Ela estremeceu, seu corpo, culminando uma e outra vez. Podia sentir algo diferente dentro de si. Era... mais. Em evolução. Presa a ele. Nunca queria deixá-lo. Parecia como se houvessem milhões de minúsculos fios os tecendo juntos. Dax deixou beijos sobre seus olhos. — Ainaak terád vigyázak. Sempre aos meus cuidados. Com o corpo trêmulo, Riley se forçou a achar energia para levar sua mão ao rosto dele. Seus cílios incrivelmente longos estavam molhados. Ela tocou as pontas suavemente. Ele virou a cabeça para pegar seus dedos em sua boca, sugando delicadamente antes de liberá-la. —O ritual de ligação é nossa versão de casamento, apenas mais permanente. Liga sua alma com a minha. Talvez devesse esperar até que você realmente tivesse um conceito maior de onde está se metendo. Não é nenhuma desculpa, mas não quero mais ficar só, Riley. —Nem eu, — ela assegurou, piscando para conter as lágrimas. —Quero isso. Não importa o que aconteça, Dax, escolho ficar com você. Me avisou que não haveria volta. Estou preparada para isso. Ele rolou a levando junto com ele, para que deitasse em seu peito. Riley enterrou seu rosto na junção entre seu pescoço e ombro, exausta. Estava certa que quando ficasse sozinha, ficaria horrorizada pela enormidade da sua decisão, mas se agarrou a ele, uma mão em seu cabelo enquanto a outra alisava seu peito. Dax envolveu seus braços em torno dela, a segurando firme. —Vai dormir?
267 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Sim. Pode coletar as flores para Gary e Jubal, — ela disse. —Não vou me mover pelo resto da noite. Dax riu baixinho e deixou um beijo no topo de sua cabeça. —Como desejar, minha senhora.
Capítulo 14 Riley acordou pouco antes do pôr do sol. Como sabia que faltavam apenas alguns minutos, não tinha certeza, mas não havia nenhuma dúvida em sua mente exatamente quando o sol desceria do céu. Pensou que o zumbido contínuo dos insetos podia tê-la acordado, o som parecia tão amplificado em sua cabeça que colocou as mãos sobre seus ouvidos. Pássaros voavam por cima das árvores. Gritando e vibrando muito mais alto que o normal quando se preparavam para uma longa noite com predadores os caçando. Tudo estava muito mais alto, incluindo os vários roncos dos homens. Sua mão doía, e quando levantou para inspecioná-la, estava bastante inchada. Uma aranha, ou algum inseto claramente a picou e teve uma reação alérgica. Não conseguia se lembrar de ter alergia a picadas, mas na floresta, sabia que os insetos podiam transportar todos os tipos de venenos. Teria que fazer algo sobre isso. Seu kit de primeiros socorros estava em sua mochila. Irritada, sentou em sua rede e inspecionou o acampamento. Seu corpo estava deliciosamente dolorido em lugares que não sabia que existiam. Seu coração batia um pouco forte demais pela enormidade do que fez, se entregando a Dax. Não estava irritada com ninguém, além dela mesma. Tinha que ser honesta, praticamente se jogou em cima dele. Ele até tentou convencê-la do contrário. Na verdade, contando os dias atuais, mal o conhecia, mas sentia como se o conhecesse melhor do que já conheceu
268 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
alguém em toda sua vida. Compartilhando sua mente, aprendeu muito sobre ele. Riley mordeu com força o polegar, raspando seus dentes para trás e para frente ao longo da unha, tentando conciliar sua vida calma com o comportamento dela na floresta. Ia bancar a estúpida e lamentar tal maravilhosa, incrível e quente primeira vez? Não era como se estivesse na escola. Era uma professora de faculdade, pelo amor de Deus. Se quisesse ter relações sexuais com o caçador de vampiros mais quente da floresta, certamente não tinha que se envergonhar disso. Estava com vergonha? Claro que não. Nunca se arrependeria por se entregar a ele, mas não foi apenas seu corpo. Com um pequeno suspiro empurrou os longos fios que saíram de sua trança para longe de seu rosto. Corou com a lembrança de Dax puxando a trança grossa, com a lembrança de suas mãos em seu cabelo. Ele foi o único a trançá-lo novamente, logo depois que recolheu as flores para Gary. Ficou esparramada nua na cama, exausta demais para se mover. Mais uma vez sentiu a cor subindo por seu rosto. Se fosse apenas sexo o que teve com Dax, não estaria tão nervosa. Ela entregou seu coração e alma. Basicamente pulou de um penhasco e não tinha ideia se havia uma rede de segurança. Ele a despedaçaria se não sentisse o mesmo que ela sentia por ele. E lá estava. Todo o problema. Ele professou se sentir da mesma forma, e na noite passada, estava decidida e tão certa, mas hoje, mal podia suportar ficar longe dele. A separação a arranhava. Descobriu que não podia tirar sua mente dele. Sentia como se estivesse prendendo a respiração, esperando por sua chegada. Detestava que as mulheres de sua família fossem tão próximas de seus companheiros e quisessem estar com eles a cada momento. Ela se tornou uma mulher independente, bem-educada, capaz de cuidar de si mesma. Passou um tempo com os amigos e realmente gostava de sua companhia. Não era dependente de um homem para se divertir, ou para seu sustento. Suas
269 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
antepassadas morreram algumas semanas após seus maridos, até mesmo a mãe dela. Riley estava tão determinada a nunca ser da mesma forma e ainda assim... estava obcecada por Dax. Precisava vê-lo. Esfregou as mãos sobre o rosto de novo, tentando pensar claramente, avaliar a situação. Era um caminho sem volta e, se pudesse, sabia que não o faria. Estava apaixonada por ele, mais que apaixonada. No momento que sua mente compartilhou a dela, estava perdida. Não havia como ficar sozinha novamente. Só tinha que chegar até ele e estaria lá. Sua devoção a ela era fácil de ler. Dax não tentava esconder sua necessidade ou admiração por ela. Para ele, não era realmente apenas Riley. Ela puxou o kit de primeiros socorros de sua mochila e procurou até encontrar o creme de alergia. Então, por que estava chateada? Não tinha ideia do que estava se metendo e sempre, sempre, tinha um plano. Sua mente só funcionava assim. Precisava de estabilidade. Um objetivo. Não podia se atirar de cabeça de um penhasco e não tinha ideia de como ia aterrissar. Nunca se entregou a um homem. Não, não era um homem, era um Cárpato que considerava os humanos uma fonte de alimento. Desde que pôs os pés na floresta, as coisas saíram de controle. Ela esfregou o creme sobre a mão inchada, suspirando quando o vento mudou, provocando um pouco seu rosto, dizendo que não estava sozinha. —Weston, —ela cumprimentou sem virar a cabeça. Com cuidado, colocou tudo de volta no kit de primeiros socorros e arrumou o kit em sua mochila. —Pensei que tínhamos um acordo. Ficaria longe da minha área de dormir. Gosto de privacidade. —Queria falar com você, antes dos outros se levantarem. Riley suspirou e virou suas botas de cabeça para baixo para ter certeza que nada se arrastou para elas no meio da noite. Tinha que admitir que Don Weston soava conciliatório, mas ainda assim, se preparou, grata pela arma que Jubal lhe deu. Foi tão longe a ponto de tatear onde ela estava escondida, no seu saco de dormir. 270 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Claro, o que é? —Olha, sei que não gosta de mim. E tenho que admitir, tem um bom motivo. Bebo muito quando tenho que vir para esses lugares. Odeio lugares desertos. Odeio tudo sobre isto, especialmente os insetos. Sei que fui um idiota, mas era para ser uma diversão inofensiva e isso me dá uma certa imagem. —Weston fez uma careta e se apoiou na raiz de uma árvore próxima a ele. Olhou por cima do ombro para os outros homens e baixou a voz ainda mais. —Isto vai ser um grande choque para você, mas tenho um par de irmãs... Riley ergueu a cabeça e o olhou, muito surpresa. Não podia conciliar este homem com uma mãe e muito menos com irmãs. —Nunca suspeitei. Weston olhou de volta para Mack Shelton e empurrou a vegetação apodrecendo com a ponta da bota. —Sim, tenho irmãs, e as mantenho longe dos meus amigos. —Então é por isso que veio com a gente até a montanha em vez de voltar com o professor. Pareceu tão fora do seu caráter, —disse Riley. Ele franziu o cenho, deu de ombros e soltou um pequeno suspiro. —Deixe-me colocar assim. Este homem, Dax, sei que todos dizem que o conheciam antes, mas não acho que realmente saiba o que ele é. Tenho alguma experiência, e talvez não tenha nada a ver com quem você confia tanto assim, mas homens como esse... — Ele parou, balançando a cabeça. Riley transferiu a arma de seu saco de dormir para sua mochila. Começou a desmontar a rede, precisando de algo para ocupar suas mãos enquanto ouvia as revelações de Weston. Além disso, tão logo Dax chegasse, estariam em movimento novamente. —Ele é todo encanto e parece ótimo, mas é perigoso. Vi algumas pessoas como ele, e explodem em lutadores ferozes quando estão zangados. Não é do tipo de cara que quero minhas irmãs namorando, isso é tudo.
271 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley empurrou a rede em sua mochila, respirou fundo e se virou para Weston. Estava tentando avisá-la, o que era doce de certa forma, mas era muito tarde; já estava perdida. Sabia que Dax era perigoso para ela, mas não da maneira que Weston, obviamente, pensava. A eletricidade circulou através de sua pele e chiou em suas veias. Ele estava perto. Dax. Muito perto. Seu corpo inteiro instantaneamente se ligou ao dele. Seu cheiro chegou para ela na brisa da noite, especiarias e masculinidade, ar livre, um cheiro selvagem que reconhecia como Dax. Ela respirou e o puxou em seus pulmões. Se sentiu totalmente viva e incrivelmente sensual. Estava consciente de seus seios formigando, os mamilos ficando tensos, um fogo ardente na boca do seu estômago que apenas obscuramente era consciente que queimava à vida. Como ele fazia isso? Ela ainda não tinha posto os olhos sobre ele ainda. Ela forçou sua atenção para Weston, ensaiando um sorriso. —Aprecio o aviso, Don. Serei cuidadosa. Como cuidadosa? Acha que pode resistir a mim agora? As palavras brilharam em sua mente. Havia um fio na voz de Dax que tanto a assustou como excitou. Seus dedos deslizaram sobre sua mão ferida. E a picada se foi. Seu corpo duro roçou o dela por trás. Ele empurrou seus quadris perto para que sua ereção rígida ficasse pressionada contra seu corpo. Fortes dedos acariciaram seu seio direito. Seu estômago apertou. Suas coxas doíam. Como podia fazer isso quando ainda não era visível? Como está sempre rodeado por homens, sivamet? Acho que não gosto deste seu hábito, sempre com outros homens. Agora, sua respiração era quente contra seu pescoço. Sua língua lambeu ao longo de seu pulso agitado. Dentes fortes morderam o pescoço, direto no ponto pulsante. A mordida picou, mas sua língua aliviou a dor. Hum, estou viajando com eles, ela se sentiu compelida a apontar. Deliberadamente, empurrou suas nádegas de volta para ele. Ou não percebeu?
272 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Felicidade explodiu através dela. Ele chegou. Seu estômago se acomodou, seu coração deixou de dar pancadas. Ela se encontrou seguindo o ritmo de seus pulmões. Quantos outros a alertaram sobre mim? Dentes afiados rasparam ao lado de seu pescoço uma segunda vez e seu ventre se contraiu. Os joelhos ficaram fracos. Ele definitivamente não estava feliz por encontrar Weston sozinho com ela em seu pequeno santuário privado a advertindo sobre Dax. Ela se derramou em sua mente aberta. Sua fome por ele. Sua diversão secreta por Weston, de todas as pessoas, tentar aconselhá-la. Você o achou doce. A última palavra foi pronunciada com desprezo sarcástico. Seus dentes baixaram pela terceira vez, com força suficiente para tirar seu fôlego. Mas havia essa língua esperta, a lambendo para cicatrizar, a saliva entorpecente. Seus dentes rasparam para frente e para trás sobre seu pulso. Seu corpo ficou fraco em antecipação, chorando por ele em boas-vindas. Ela esperou, fechando os olhos, precisando de sua mordida erótica. —Riley, está bem? — Weston perguntou, com um toque de preocupação rastejando em sua voz. —Realmente não queria aborrecer você. Senti que era importante que alguém dissesse alguma coisa para você. Ela se assustou, esquecendo por um momento que Don Weston ainda estava por perto. Diga-lhe que vá embora. Está muito desconfortável no papel de protetor. E cobiça você. Mal consegue manter as mãos longe de você. É melhor para sua saúde que se coloque longe de você imediatamente. Não pode ter ciúmes de Don Weston. Esse traço parecia tão fora do seu caracter, quase insignificante, e abaixo de Dax. Não há nenhuma razão para ter ciúmes de um homem por quem você não tem respeito. Dax soou um pouco arrogante.
273 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Era difícil pensar direito com seu corpo tão perto dela. Seu perfume inebriante a envolvia, aumentando sua consciência dele. Ele só veio me avisar. Nunca tentou, nenhuma vez, nada que não deveria. Seus dentes, raspando ritmicamente para frente e atrás no pulso em seu pescoço, eram muito perturbadores, o que tornava quase impossível pensar claramente. Suas mãos deslizaram por seu corpo, dentro de sua camisa, para seus seios. Ele estava atrás dela, invisível, seu calor em torno dela, sua ereção rígida pressionada firmemente contra ela e tudo que podia pensar era em tê-lo uma e outra vez. Seria possível se apaixonar pelo corpo de um homem? Ele não é um bom homem. Imagina que é, mas se obriga a acreditar que as mulheres o querem, porque sente que tem direito a isso. Mais cedo ou mais tarde, vai fazer mal a uma mulher e a mulher não será você. Não havia como confundir a ameaça em sua voz. Sou um caçador do mal. Humano ou Cárpato. Não importa para mim. É meu dever destruir todo o mal que encontrar. Um arrepio de medo deslizou por sua espinha. Sabia o tempo todo que Dax era perigoso, não precisava que Weston dissesse a ela. Ele podia ir da velha cortesia à violência explosiva em segundos. Ele tem irmãs. Dax mordeu abaixo do ponto ideal entre pescoço e ombro. Seu corpo estava tão duro como uma rocha, inflexível, seus braços fortes em torno dela. O calor aumentou em torno dela, escoando do seu corpo para o dela. A pressão se enrolava mais e mais em seu núcleo mais feminino, aumentando a fome aguda e terrível, uma dor que só ele podia aliviar. Se te contar o que se passa em sua mente quando está em torno de suas irmãs, não o estaria defendendo. —Estou bem, Don, — ela conseguiu dizer com a voz muito rouca. — Obrigada pelo aviso, vou ter muito cuidado. Mas tenho que me arrumar rápido, precisamos atravessar o rio hoje.
274 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O cheiro da comida a deixou um pouco enjoada. Os outros estavam terminando o café da manhã e levantando acampamento. Ela realmente queria gritar para Weston sair e assim podia ficar a sós com Dax antes que os outros estivessem prontos para ir. Precisava ficar sozinha com ele. Mordeu com força o lábio. Era uma mulher adulta, não entendia por que agia tão desenfreadamente. Está inventando isso, não é? Certamente Dax não podia saber nada sobre Weston. A noite caiu em tons suaves de cinza, caindo ao seu redor como um cobertor, mas ela ainda estava na clareira, com apenas algumas árvores e um fino véu de proteção para protegê-la. Ninguém podia ver o que Dax estava fazendo, e até agora tinha conseguido manter alguma aparência de decência, quando tudo que realmente queria era se despir e se empalar em Dax. A rígida ereção de Dax ardia como uma marca ao longo da curva de suas nádegas. Suas mãos começaram uma massagem lenta e deliberada em seus seios, os dedos puxando e rolando seus mamilos enquanto sua boca chamejava como fogo acima e abaixo em seu pescoço. Teve de reprimir um gemido de puro prazer. As sensações varriam através dela como uma onda. Acredite em mim, sivamet, queria estar inventando. Ele é um homem muito depravado. Apenas ainda não deu o último salto para seu pleno potencial. No momento que Weston se arrastou fora, ela permitiu que sua cabeça pendesse atrás no ombro de Dax, fraca pela necessidade. A boca de Dax voltou para seu pescoço, os dentes raspando seu pulso. O sangue subiu calorosamente, cada terminação nervosa gritando que a mordesse. Sua respiração vinha em suspiros irregulares de puro desejo. Ela não tinha nenhum controle quando se tratava de Dax. No momento que falava, ou mesmo chegava perto dela, seu corpo ficava em chamas e jogava todo o decoro pela janela.
275 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ninguém pode ver. Estou a protegendo de suas vistas. Mesmo que andem por aqui, não serão capazes de vê-la. Suas mãos deslizaram abaixo por sua barriga lisa para descer o cós de sua calça cargo. Ela pensou em protestar, seus olhos se arregalando, olhando ao redor, mas a palma dele estava em concha sobre seu montículo, seu polegar encontrando o pequeno botão quente e desejoso de atenção. Tem que parar. Não vou ser capaz de ficar em silêncio, ela engasgou, a tensão em sua barriga apertando mais e mais. Ele mal a tocou e já estava tão perto... Os pequenos sons que faz são música para meus ouvidos. Preciso ouvilos, ele sussurrou maliciosamente, seus dentes puxando sua orelha. Ninguém vai ouvi-los, apenas eu. Ele deslizou um dedo em seu calor liso, seu polegar acariciando e vibrando, tocando sem parar, a excitando mais e mais, tão rápido que não podia recuperar o fôlego. Um grito agudo escapou. Ela sentiu a explosão de satisfação e um segundo dedo se juntou ao primeiro, a esticando. Dentes afundaram em seu pescoço. O flash de dor apertou seus músculos e apertou com força seus dedos. Dor deu lugar a uma enxurrada de prazer sensual tão avassaladora que teria caído se ele não a estivesse segurando. Me dê o que é meu. O comando encheu sua mente, nada menos que uma exigência. Levando a essência de sua vida a ele, seus dedos a reclamando, suas mãos em seus seios, puxando seus mamilos era muito. Seu corpo explodiu com ondas fortes, correndo dos seios para abaixo em suas coxas. Quase chorou seu nome enquanto ondas de prazer passavam por ela. Sua língua deslizou sobre a punção em seu pescoço para selar os dois pequenos furos que deixou. No momento que ela voltou a si, ele tirou a camisa dela, se solidificando em sua frente, suas mãos já levantando seus seios à boca. Sua boca era quente, um fogo, sugando fortemente, sua língua dançando sobre seu mamilo. Seu 276 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
peito estava nu, sua pele quase brilhante, todo mogno rígido. Ela gritou, um grito macio estrangulado e preso na garganta enquanto sua boca puxava e arrastava seu seio, roçando os dentes no mamilo, provocando uma pequena ferroada de dor e a aliviando instantaneamente com sua língua de veludo. O coração de Riley disparou quando Dax levantou a cabeça para fitar seus olhos. Ela podia ver o calor latente lá, a fome gritante. Ele levantou uma mão para seu próprio peito. Seu estômago se apertou. Sua boca encheu de água. Mantendo seu olhar, ele desenhou uma linha sobre o peito com uma unha de diamante. Sua mão foi para sua nuca, enquanto as chamas em seus olhos saltavam e queimavam. Ele colocou pressão constante sobre ela até que inclinou a cabeça com hesitação para mover a língua sobre as gotas rubi escorrendo daquela linha fina sobre seu coração. No momento que o provou, sabia que estava perdida. Nunca haveria tempo suficiente para passar com ele. A fazia se sentir viva. Seu corpo cantava quando estava com ele. Seu sentido de olfato, visão, tudo era tão diferente, tão mais. Ansiava por ele. Estava viciada no gosto dele. O mundo ao seu redor desapareceu, deixando apenas Dax e seu corpo duro e gosto requintado. Ela deslizou sua palma abaixo do seu peito plano para seu estômago marcado por músculos. Ela absorveu cada músculo definido com a ponta dos dedos. Mulheres sonhavam com um homem feito como ele, e ele era dela. Entregou a si mesmo sob seus cuidados. Sua mão se moveu abaixo para encontrar a protuberância impressionante. Corajosamente esfregou suavemente, se deleitando com a capacidade de tocá-lo. Sua mente se derramou na dela, compartilhando o prazer que suas mãos e boca lhe davam, partilhando imagens eróticas em sua cabeça. Ela engasgou com o que viu lá, em como a fazia queimar ainda mais por ele.
277 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Suficiente, sivamet. Não quer ficar doente. Tem que entrar no meu mundo lentamente. Não quero que haja complicações. Para garantir sua obediência, enfiou a mão entre sua boca e seu peito. Como podia diminuir a velocidade quando já estava num passeio selvagem? Ela não queria desacelerar, queria queimar por ele. Ir com ele onde quer que fosse. Horrorizada com seus pensamentos obsessivos, Riley deu um passo atrás ou tentou. Dax simplesmente deslizou, seu movimento fluido. Ele pegou seu queixo, forçando sua cabeça acima. Acordei com suas dúvidas me golpeando. Não está mais obcecada por mim do que estou por você. Não posso traí-la, Riley. Você é minha nesta vida e em todas as vidas que nos forem dadas. E ainda assim não será suficiente para mim. Sua confiança era uma virada para ela. Nunca conheceu um homem que pudesse ser tão completamente exigente, sem ser arrogante. Sei que isso é certo, Riley assegurou. Sei que é o que quero. Teve que desviar o olhar daqueles olhos ardentes ao admitir suas falhas. Ela olhou para suas botas. É difícil acreditar que sou o que você realmente quer, de todas as mulheres do mundo. Realmente não viu nenhuma outra mulher além de mim. Espere até entrar numa cidade. Seu mundo era diferente do que é agora. Há tantas mulheres bonitas no mundo para você escolher. Dax sorriu para ela, mais uma vez forçando o queixo dela para cima, de modo que seus olhos se encontraram. Seu coração quase saltou de seu peito, havia tanta ternura lá. Há apenas uma Riley e ela é minha. Ele abaixou a cabeça lentamente para a dela. Riley o observou indo para ela, seus olhos brilhando nos dela, seus perfeitos lábios cinzelados entreabertos, seu hálito quente e então sua boca na dela. Ela se entregou ao seu beijo, deixando o mundo se afastar. Ele a beijou de novo e de novo e se encontrou derretendo por ele, seu corpo suave e flexível. Suas mãos deslizaram abaixo de sua coluna para a curva de suas nádegas para levantá-la e pressioná-la com força contra sua ereção. Sua 278 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
respiração ficou presa em seus pulmões, ainda um pouco chocada que a quisesse tanto e que fosse tomá-la ali mesmo na clareira. Duvida que eu pudesse passar muito tempo sem ter você de novo? Novamente, havia uma aresta em seu tom, como se sua incerteza sobre o excitar refletisse sobre sua integridade, de alguma forma. Não esperava que pudesse. Embora... — Ela olhou de volta para o acampamento. Os outros estavam terminando a refeição da noite e embalando tudo para viajar. Dax se inclinou para frente e tomou seu seio direito no calor de sua boca. Seus dedos puxaram e rolaram o mamilo do seio esquerdo. Seu corpo se arqueou, empurrando mais fundo no calor escaldante. Tentação a atingia. Umidade se reunia entre suas coxas. Claramente, seu corpo era dele. Não havia como resistir a essa boca quente e mãos perversas. Ele levantou a cabeça, e o desejo escuro queimando em seus olhos era emocionante. Empurrou seu jeans. Seus dedos continuaram a rolar e puxar seus mamilos. Estou de botas. Ela deixou cair suas mãos no cós de suas calças, se preparando para pelo menos tirá-lo o suficiente para amenizar a dor que queimava entre suas pernas. Em qualquer caso, não estava certa se queria ficar completamente nua em campo aberto, mesmo ele garantindo a ela que não podiam ser vistos. Parecia tão indecente. E sexy. É tão sexy. Ela teve que admitir que era sexy. Ele a fazia se sentir assim, como se não pudesse esperar para tê-la, como se tivesse que tê-la e não pudesse esperar um minuto mais. Ainda assim, estar a céu aberto com pessoas tão próximas, protegida apenas por algumas árvores e um nevoeiro parecia... tão errado. O ar frio atingiu seu corpo, levantando arrepios. Ela olhou abaixo e suas botas e jeans se foram. Um lento sorriso curvou sua boca.
279 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Você é que é sexy. No meu mundo, as mulheres diriam que é quente. Ele era. Nunca esteve perto de qualquer outro homem que pudesse expulsar todos os pensamentos até que ela fosse apenas puro sentimento. Estava nua em pé num pequeno bosque de árvores. Deveria se cobrir, mas em vez disso, os mamilos se tornaram mais duros que nunca quando ela os empurrou com as palmas das mãos, a evidência do seu desejo pulsante entre suas coxas e a excitação provocando suas coxas e seios. Se Dax podia retirar sua roupa tão facilmente, não tinha mais dúvidas que podia escondê-los dos demais. O queria de qualquer jeito que pudesse tê-lo. Dax fez um som, um grunhido áspero e inebriante que enviou uma espiral de luxúria provocando seu estômago. Ele abaixou a cabeça mais uma vez para seus seios, colocando o peso deles em suas mãos, e os levantando para sua boca. Ela puxou a cabeça dele, com os olhos bem abertos, somente porque precisava vê-lo, — adorava vê-lo. Tudo em Dax era sensual, seus olhos fortemente entreabertos, o calor brilhante sob sua pele, o puxão quente de sua boca em seu seio. Ela estava nua, o vento em seu corpo, sua pele cantando, seu sangue fluindo calorosamente e uma dor ardente entre suas pernas. Devia se sentir exposta e vulnerável na frente dele. Ela não tinha um pano sobre ela, o corpo aberto para o dele, mas ele a fazia se sentir bonita e dele. Ela adorava sentir como se pertencesse a ele. É claro que pertence a mim. Sua alma é a outra metade da minha. Nasceu para mim, como eu nasci para você. Suas mãos estavam por toda parte, deslizando sobre cada centímetro de sua pele, sua boca a devorando até que não conseguia pensar direito. Longos e intoxicantes beijos deixaram seu corpo chorando de necessidade. Ela colocou os braços em volta do seu pescoço, apertando seu domínio sobre ele, se sentindo possessiva, arrebatada. Dax a levantou, até que seu corpo deslizou sensualmente contra o dele.
280 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Enrole suas pernas em volta da minha cintura, — ele sussurrou em sua boca. Sou muito pesada. Era alta e cheia de curvas, não uma modelo de capa de revista, e não queria que ele machucasse suas costas. Sua risada vibrou através dela como uma fonte de água mineral quente. As bolhas encontraram seu caminho dentro de sua corrente sanguínea, estourando e crepitante, quando ela obedeceu sua ordem. Agora está sendo bobo. Havia nota de diversão em sua voz. Sua boca estava sobre a dela novamente, exigindo agora, os beijos ficando selvagens e possessivos, chamas enviando espirais através dela. Ele a beijou como se fosse um homem faminto, como se ela assegurasse sua sobrevivência e talvez sim, assegurava. Sua língua acariciou ao longo de seus lábios, empurrando em sua boca, se emaranhando com a dela. Eletricidade chiava por suas veias, pequenas ondas chocantes que a deixaram sem fôlego e necessitada. Deliberadamente, ele permitiu que ela sentisse a borda de sua força, quando a segurou com facilidade contra seu peito. Envolva suas pernas em torno de mim. Cruze seus tornozelos. Seus dedos encontraram sua entrada lisa pelo calor úmido. Está tão pronta para mim. Como ela podia não estar pronta para ele? Sempre estarei pronta para você, ela sussurrou em sua mente, permitindo que visse como ela o via, tão perfeito, tão sexy que nunca poderia resistir a ele. Amo como fica molhada para mim, mas quero prová-la. Devorá-la. Lamber cada centímetro até que esteja dando tudo para mim. Sua voz era baixa e sombria, uma mistura áspera e perigosa que enviou outra onda de calor ondulando através dela. Ela entrelaçou os dedos em sua nuca e se inclinou para ele, mordendo seu ombro, porque tudo que ele dizia a fazia mais impaciente por sua posse. Quando ele gemeu, ela virou o rosto em seu pescoço e o mordeu suavemente. Seu corpo estremeceu. Se segure. 281 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Agora, sua voz estava rouca pela necessidade. Ela se segurou firmemente quando ele abaixou seu corpo oh, tão lentamente. Ela sentiu a cabeça de veludo, quente e grossa pressionando firmemente contra sua entrada. Ela tentou pressionar com força, mas suas mãos se recusaram a permitir isso. Ele entrou lentamente, centímetro por centímetro, lento e deliberado, a segurando absolutamente imóvel, enquanto empurrava mais profundo através de seus músculos resistentes. Dax gemeu quando o prazer explodiu através dele. Ele conheceu o calor e o fogo ao longo dos séculos, mas a queimadura escaldante de sua vagina, ardente e apertada era quase sua ruína. Ele a baixou devagar, saboreando a resistência, a maneira que seu corpo dava lugar a sua invasão. Seus pequenos e suaves gritos ofegantes quase o deixavam louco. Quero uma cavalgada longa e lenta, sivamet. Ele podia sentir cada músculo tenso pressionando quando a esticou. A cabeça de seu pênis estava tão sensível que pressentia estar mais próximo do êxtase que jamais esteve. Ele empurrou mais fundo, sentindo a explosão crescer. Os olhos fixamente nos dele. Brilhantes. Selvagens. Tanta intensidade. Tanta emoção — tudo para ele. Estava admirado com ela. Não havia como esconder quem era dela, seus erros. Sua culpa. Seu fracasso. Era caçador de um dos monstros mais letais do mundo e ainda assim ela tinha tanta fé nele que se uniu à ele. Era humilhante e ao mesmo tempo estimulante. Ela podia fazê-lo perder o controle com apenas esses pequenos movimentos de seu corpo. Esses pequenos gritos ofegantes. Sua boca se curvou, uma sereia sensual, sacudindo a cabeça, levantando seus quadris na orientação de suas mãos, sua vagina sugando, envolvendo seu eixo em chamas ardentes. Riley levantou devagar, com as mãos em seus ombros para se alavancar, a fricção a fazendo tremer, lutando por seu próprio controle. Ela jogou a cabeça atrás e baixou o corpo com igual lentidão, se empalando sobre ele, se 282 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
segurando e brincando enquanto seus músculos formavam um punho fechado firmemente em seu eixo. Ela jogou a cabeça atrás quando levantou novamente, se arrastando sobre ele, deliberadamente, fazendo pequenos círculos quando se ergueu, o tornando selvagem. —É isso que queria? — Perguntou ela, o provocando com inocência em sua voz. Ela encontrou o ritmo, o ritmo perfeito, dolorosamente lento que fez seu corpo apertar em antecipação. Seu rugido soou mais animal que humano. Ela levou seu tempo, achando que se apertasse seus músculos e fizesse círculos lentos quando se levantava e descia, seu prazer, junto com o dela aumentaria mais. Sensações elétricas chiaram de sua barriga para os seios e coxas. A tensão vibrava através de seu corpo, apertando mais e mais, estremecendo seu ventre com o orgasmo iminente. Apenas quando achava que não aguentava mais, que o atrito a deixaria louca, Dax fez um som áspero na parte de trás de sua garganta e flexionou os dedos em seus quadris a segurando com força. Dax assumiu o controle, batendo em seu corpo duro e rápido, a levantando e soltando de novo e de novo, seu mastro de veludo um pistão, se conduzindo com um propósito ardente. Seu corpo tremia, e se empurrou atrás, se empalando enquanto as sensações de entorpecimento rasgavam através dela. O corpo dela agarrou o dele, agarrou com força, se arrastando sobre ele, apertando como dedos ardentes num aperto brutal, erótico. Seu corpo inteiro estremeceu, seu eixo entrou em erupção com ímpeto de um lançamento ígneo que inundou sua vagina numa série de explosões intensas que a balançaram. Riley segurou Dax apertado como uma âncora enquanto seu corpo continuava a pulsar e latejar e tentava desesperadamente acalmar seu coração e sua respiração ofegante. Não tinha ideia que sexo pudesse ser tão abrangente Sou louca por você. Ela fez a admissão em sua mente, se sentindo tímida e exposta. 283 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Estou tão apaixonado por você que não há como expressar de forma adequada, ele retornou com sua absoluta confiança. Pessoalmente, acho que fez muito bem. Riley escondeu o rosto no pescoço de Dax, suas mãos acariciando as costas possessivamente. Seu corpo estava molhado de suor e sabia que cheirava a pecado e sexo, mas isso não importava. Se agarrou a ele, relutante em soltá-lo, seu coração batendo no mesmo ritmo do dele. Sabia que deveria descer suas pernas, mas queria abraçá-lo, contanto que pudesse estar conectada fisicamente o maior tempo possível. —Não posso acreditar que fosse capaz de fazer isso e ter força para me segurar, —ela sussurrou. Ela não tinha forças para falar em tom normal. —Há vantagens em ser Cárpato, —disse ele com ar satisfeito. Dax virou a cabeça para roçar beijos em seu cabelo. —Seu amigo está vindo para cá. —Pode nos manter fora da vista para sempre? Talvez devêssemos ficar assim, presos juntos por toda a eternidade — ela murmurou. Dax riu suavemente, o som em sua mente, em vez de ouvi-lo. —Mulher insaciável. —Eu sou. — Ela apertou beijos sobre seu pulso acelerado, sem arrependimento, brincando, beliscando com os dentes. —Estou tentando estimulá-lo. —Não acha que caçar vampiros é estimulante? Ela levantou a cabeça para olhar seus olhos risonhos. Ele parecia muito mais jovem e despreocupado quando ria, mas era tão raro fazer isso. Muito lentamente, deixou cair suas pernas até que estivesse de pé. O movimento o deslocou de dentro dela, enviando outra onda de prazer através de ambos. —Tudo bem, vamos caçar. Mas isso foi muito mais divertido. Não acho que as duas coisas são comparáveis. —Ela fez um pequeno biquinho quando ele deslizou para fora dela. Sua mente tocou a dela numa carícia, e com um aceno de sua mão estava completamente vestida, limpa e fresca. Ele estava pegando sua mochila como 284 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
se tivessem acabado de juntar suas coisas quando Gary apareceu. Dax se mexeu um pouco, posicionando seu corpo um pouco na frente dela para darlhe tempo de se recuperar. —Boa noite,— Dax cumprimentou. —Confio que não houve incidentes enquanto eu dormia. Gary sacudiu a cabeça. —Tudo ficou calmo. Foi capaz de encontrar as flores? Trazer o suficiente para que possamos plantá-las nas montanhas dos Cárpatos? Riley riu da ansiedade em sua voz. —Trouxemos um saco inteiro de sementes e raízes, bem como flores intactas. As embalei em terra para a viagem, apesar de como vai conseguir passar pela alfândega, não sei. —Tenho amigos que farão isso, — disse Gary. —Só preciso levar as flores para eles. Sabem o quanto é importante. Nunca têm dificuldade para conseguirem o que querem. Dax olhou acima, seu olhar fixo no de Gary. —Cárpatos? Seus amigos são Cárpatos? Gary assentiu. —Sim, nos forneceram armas e equipamentos para esta caminhada. São nosso contato de emergência. Estavam à espera de ouvir sobre nós, — disse Gary. —Precisamos fazer isso numa clareira... —Já os chamou? Quando fez isso? —Dax perguntou. Sua voz era muito baixa. Latente. A última palavra terminou num longo e lento vaio. Riley enrijeceu, seu coração saltou uma batida. Ele parecia... assustador. Gary estava acostumado com a mudança súbita nos machos Cárpatos. Não piscou. —Sabíamos que já estariam procurando por nós. Assim tão logo foi possível fazer uma chamada para que soubessem que estávamos vivos, nós o fizemos. Os chamamos no pôr do sol. —Gary deu de ombros casualmente. —
285 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Vão enviar um helicóptero para nos pegar. Estão conscientes das feridas do professor, e vão lidar com os outros também. —O que disse a eles sobre mim? Sobre Mitro? —Se possível, a voz baixa, quente como melaço, caiu outra oitava. —Que estava com a gente, é claro, e que um vampiro perigoso estava à solta. —Gary tirou os óculos e olhou para Dax diretamente nos olhos. — Troquei sangue com você voluntariamente. Estaria mais confortável lendo minha mente? Pode conseguir a informação com muito mais eficiência. Dax balançou a cabeça. — Aprecio que me permita invadir sua privacidade, mas até que eu precise "ver" do que estamos falando não é necessário. Isto é mais que um caçador Cárpato? — Os irmãos De La Cruz , —explicou Gary. —Foram enviados para a América do Sul há séculos. Os conhece? —Tínhamos linhagens, não sobrenomes. Não reconheço tal nome. Me mostre eles. Gary retratou as imagens dos irmãos De La Cruz na cabeça dele o melhor que conseguiu. Fazia séculos que Dax esteve nas montanhas dos Cárpatos, por isso era razoável que pudesse ter perdido os caçadores enviados por Vlad. Dax escorregou pela barreira na cabeça de Gary para estudar as imagens. Uma negra carranca aumentou a sensação desagradável na boca do estômago de Riley. Ela não entendia como Gary não era afetado pela tensão no caçador Cárpato. Inesperadamente, os olhos multifacetados de Dax se moveram rapidamente para seu rosto. Ela sentiu o impacto imediato. Uma vez mais o calor se verteu em sua mente. Teve a sensação de braços em torno dela. Está conectada a mim, Riley. Ele não está. Ele lê o que eu quero que ele leia.
286 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela estudou o rosto de Dax. Não havia a negra carranca, nem expressão alguma. Gary não tinha nenhum motivo para se preocupar que algo estava errado, porque Dax parecia totalmente sem emoções. O que há de errado? Sou um caçador. Tenho que caçar meu próprio povo. Vejo sombras de escuridão onde outros não vêem. Mitro tinha uma companheira e isso não o impediu de escolher o mal. Não quero levá-la para uma situação ainda mais potencialmente perigosa. Dax voltou sua atenção para Gary, mas mudou seu corpo sutilmente, de modo que Riley sentia o calor a envolvendo. A energia que sentia era tão intensa como a pressão do vulcão no solo, prestes a explodir. —Reconheço apenas um deles. O que chama de Zacarias. Gary franziu a testa. O tom de Dax ainda era baixo, e tão leve como sempre. A energia escura foi embora, Gary ainda sentiu um pouco da apreensão de Dax. Riley achou estranho, mas Dax estava em sua mente e podia ter deixado atrás um eco de sua irritação antes. —Sei que ele é considerado muito perigoso, mas se está preocupado que possa se transformar, — disse Gary, astuto o suficiente para saber a principal preocupação de Dax, —Zacarias tem uma companheira. Está seguro, desde que ela viva. Riley olhou para Dax. Ele não mudou de expressão, mas ela sabia que a garantia de Gary não o afetava nem um pouco. Jubal veio até eles, a mochila de Gary na mão. —É melhor a gente se mexer, —disse ele com um aceno de saudação para Riley e Dax. —É melhor a gente partir, então, — disse Dax, efetivamente terminando a conversa sobre os outros caçadores, — se vamos precisar de uma clareira na hora de começar a transportar as pessoas com segurança. Qual o tamanho do helicóptero que estão enviando? —Não sei, mas duvido que leve todos na primeira viagem, — disse Gary. 287 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley se agachou e afundou as duas mãos no solo, sentindo o vampiro. Ele abria caminho de forma constante na direção do rio, deixando em seu rastro de morte e destruição. A natureza encolhia com a abominação que era o não-morto. Ao seu redor, o mundo desapareceu, deixando-a em outro ambiente onde podia ouvir os sussurros da floresta. As árvores falaram, gratas por sua presença, dispostas a compartilhar informações. O mal-estar que a atormentava mais cedo se foi — um pavor sombrio que parecia ser uma parte dela desde que sua mãe morreu. Agora, com as mãos enterradas no conforto do solo onde estava mais uma vez perto do espírito de Annabel, percebeu que o pavor terrível era o sangue do vampiro chamando por ela. Horrorizada pela revelação súbita, puxou suas mãos do solo e se apoiou nos calcanhares, estremecendo com aversão. Um arrepio gelado de repulsa deslizou por sua espinha. Sabia que estava ligada de alguma forma à Mitro, mas achava que a ligação estava na terra, o solo, e não em seu próprio corpo. O que é, sivamet? O calor na voz de Dax, quando se derramou em sua mente, a ajudou a se firmar. Preciso de um minuto. Ela não podia olhar para Jubal e Gary. A ajudaram muito, ficaram ao lado dela, e todo o tempo, seu sangue chamava o vampiro. —Vocês dois peguem os outros e partam, —Dax ordenou. —Vamos alcançar vocês lá. Jubal olhou para ela, mas Dax passou, deslizando na frente dela sem parecer ter se movido. Jubal olhou para o Cárpato, e algo cintilou no fundo de seus olhos, o que instantaneamente deixou Dax tenso como uma serpente pronta para atacar. —Está bem com isso, Riley? Encontrar com a gente depois? —Jubal perguntou, apesar da tensão do encontro.
288 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Sim, obrigada por perguntar Jubal, — ela respondeu. Gary e Jubal cuidaram de mim durante todo esse tempo, Dax. Não há necessidade de ficar chateado, porque ele mostra interesse por mim. Nunca fui questionado antes, Dax disse. Acho difícil ficar na companhia de alguém que não seja minha companheira durante prolongados períodos de tempo. Nunca passei tanto tempo com os outros, e isto é desgastante. Riley não pensou nisso. É claro que era difícil para ele, passou séculos sozinho. Mesmo antes do vulcão, era um caçador de vampiros, passando meses, até mesmo anos por conta própria, sem ninguém por perto. O mundo era um lugar mudado para ele. Lutou por centenas de anos para proteger seu povo e, depois, enquanto estava preso num vulcão, a espécie foi quase extinta. Jubal levantou a mão e se afastou na direção do rio, orientando os outros a seguirem Miguel. O professor foi carregado, os carregadores restantes se revezando com os outros, o que tornava seu caminho constante na floresta. Dentro de instantes, as árvores e folhagens engoliram todos eles. Dax esperou até que foram embora antes de se agachar ao lado dela. —O sangue de Arabejila corre forte em você. Mitro acredita que ela vive, e essa é nossa vantagem. Ela assentiu com a cabeça. —Entendo isso, mas não sabia que não era só a terra me dizendo onde Mitro foi. Posso sentir meu sangue o chamando. —Ela respirou fundo, se obrigando a olhá-lo nos olhos. —É perturbador. Quero que meu sangue te chame, não ele. Me faz sentir suja. Dax a tomou em seus braços. — Hän sívamak, — ele sussurrou ternamente. —Minha amada. Meu sangue e seu sangue sempre estarão conectados. Nossos corações, nossas mentes e nossas almas são inseparáveis. Quanto ao sangue de Arabejila, como viajamos juntos, muitas vezes fomos forçados a trocar sangue. Foi por causa do sangue dela, que a Mãe Terra me aceitou e concedeu favores. Minha conexão com Mitro não é tão forte, mas está lá. 289 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley passou os braços em volta de seu pescoço. —Sempre sabe a coisa certa para me dizer, para me fazer sentir melhor. Vamos encontrá-lo, Dax. Quanto mais cedo encontrá-lo, mais rápido podemos começar nossa vida juntos.
Capítulo 15 O vento aumentou, girando através da copa, soprando nuvens de tempestade numa massa agitada, desenfreadas linhas escuras girando. Relâmpagos bifurcavam através do céu, uma massa perversa de energia elétrica, iluminando a copa por um breve momento. Trovões retumbavam, um grande boom, balançando o chão. Na esteira do trovão o gemido do vento se levantava lamentando e então mais uma vez morria. Riley enxugou o suor de seu rosto. Era difícil respirar com a cinza ainda agarrando as folhas e flores. Suas botas pareciam horrivelmente pesadas e fez uma anotação mental para comprar calçados mais leves da próxima vez. Sua mente estava um pouco nebulosa, a caminhada quase surreal. O destino cometeu um engano terrível. Para Riley, vagar pela floresta à noite era um exercício de coragem. Tentou não se conectar com Dax, com medo que ele visse como estava com medo de cada sombra. Seu coração batia tão alto, que temia que Jubal e Gary ouvissem. Não tinha certeza de como passou a ser a companheira de um guerreiro Cárpato, que parecia ter toda a coragem do mundo, enquanto ela tinha medo até das sombras. Riley lançou um rápido olhar ao seu redor para os outros, enquanto caminhavam pela vegetação densa. Ninguém mais parecia estar se sentindo como se a qualquer momento fossem ser devorados por um bando de jaguares enlouquecidos, saltando das sombras. Não era como se estivesse 290 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
completamente louca — os rosnados e grunhidos vindos de uma pequena distância, dizia que pelo menos um, talvez dois jaguares caminhavam junto deles. Ela tentou controlar a respiração o melhor que podia, mas a cada passo que dava, a apreensão ficava mais forte e seu peito mais apertado. A selva parecia muito mais densa, Miguel e Alejandro lutando para abrir caminho e mantê-los todos na pista tão desolada. Quanto mais quilômetros cobriam, mais o medo dentro dela crescia, e mais difícil era manter o ritmo definido pelo guia. Sua visão noturna era incrível, seu olhar inquieto seguindo os milhares de insetos que formavam um tapete se movendo sob seus pés. Tudo parecia muito alto para ela, especialmente o zumbido persistente dos insetos, e até mesmo os insetos assumiam uma qualidade sinistra em sua imaginação hiperativa. Pássaros gritavam em advertência uns com os outros, uma constante comunicação alarmada, incomum para a noite. Acima de suas cabeças havia movimentos ininterruptos, o tremular de asas, o farfalhar de galhos, enquanto os macacos pulavam de galho em galho, e os jaguares seguiam os viajantes. Troncos de árvore cobertos de espinhos negros pareciam saltar para fora das sombras sobre eles. Folhas enormes, divididas em folhas afiadas os atingiam, impulsionadas pelo vento. O pavor se infiltrando dentro dela fazia seu estômago revirar. O som dos facões cortando através dos ramos e folhagens gritando, apenas aumentava seus nervos desgastados. Riley e Dax alcançaram os outros depressa. Ele simplesmente se transformou num pássaro gigante e se impulsionou pelo ar, levando Riley até que estivessem perto o suficiente para se juntar aos seus companheiros de viagem. Para fazer um tempo melhor, Dax assumiu o comando levando o professor. Podia andar por quilômetros sem suar. Ela resistiu olhar por cima de seu ombro. Ele estava perto, mas com o peso de um homem adulto em seus
291 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
braços, não podia saltar em ação se alguém enlouquecesse com um facão ou os macacos os emboscassem. Gary entrou diretamente na frente dela. Ela o pegou duas vezes examinando por cima de sua cabeça, na direção de Jubal. Trocaram olhares que a fizeram sentir calafrios. Certo, não estava perdendo completamente o juízo, ambos sentiam o perigo também, apenas reagiam melhor. Ela colocou a mão no bolso de sua jaqueta leve, assegurando-se que a Glock estava lá se precisasse dela. Seu medo está me golpeando, mas não me permite compartilhar sua mente. O que é? Sua voz era sempre tão calma e tranquilizadora. Nós não fazemos nenhum sentido. Ela teria olhado para ele, se não estivesse tão ocupada olhando as árvores para um ataque iminente. Às vezes ser tão tranquilo era irritante. Combine a batida de seu coração com a minha. Seu coração está batendo muito rápido, Dax ordenou. De que maneira não fazemos sentido? A diversão de macho presunçoso era muito pior que a calma. Ela arriscou um olhar rápido acima de seu ombro para encará-lo. Não estava nem mesmo respirando com dificuldade, enquanto seus pulmões estavam queimando. Ele era todo músculos e gostosura, e seu corpo parecia de chumbo. Ele não parecia se importar com aquilo, que a qualquer momento pudesse ter que soltar o professor numa árvore espinhosa para salvar o dia como um herói de revista em quadrinhos. Herói de revista em quadrinhos? É assim que me vê? Eu devo ter uma capa. Seu riso encheu sua mente, cru, masculino e inesperado. Ela se encontrou sorrindo apenas porque ele estava. Ele conseguiu achar seu caminho em sua mente, quando estava tão certa que se fechou para ele. Ele podia fazê-la rir nas piores das circunstâncias. Ignorando a ansiedade da reunião a
292 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pressionando, ela deliberadamente começou a evocar uma imagem de Dax de meias rosa, uma túnica longa e uma capa rosa. É isto que deseja que eu vista? Ele soou perfeitamente sério. É muito parecido com um traje Inca. A cor poderia confrontar com meu tom de pele. Riley desatou a rir. Confrontar com seu tom de pele? Ela ecoou. Pequenas gotas de suor pararam no vale entre seus seios. Teve que esfregar mais os olhos. O que diabos está se passando na cabeça de Gary? Conseguiu todas as informações dele. De Jubal também. Ele tem irmãs. Uma vez mais ele soou presunçoso. Ela respirou fundo, esperando que ele negasse isto, mas sabendo que não o faria. Sabe que vai ser atacado. Sim, claro. Riley tropeçou, mas se firmou antes de cair. Ela sentia a cabeça leve, atordoada o suficiente para cair desmaiada no chão. Mordeu com força seu lábio, a dor pungente a ancorando. Foi conversar com Jubal e Gary. Ela fez uma afirmação. Coordenar o que eles precisam fazer. Riley se encolheu um pouco com sua reação ridícula ao seu tom trivial. Falar mentalmente parecia tão íntimo para ela, um segredo compartilhado com um amante. Ela podia estar com ciúmes? Isto estava totalmente abaixo dela. E em meio a uma incrivelmente situação perigosa. Estava agindo como uma idiota. Não era nem mesmo do tipo ciumento. Ela franziu a testa à medida que caminhava, contando seus passos para limpar sua mente. Não existia nenhum zumbido em sua mente indicando que o vampiro a estava influenciando, como o carregador que matou sua mãe. Continuou a contar cada passo, achando um ritmo, desejando que pudesse parar e colocar as mãos na terra. Ela se sentia exausta, e a terra a rejuvenesceria. Riley? Por que continua me bloqueando? Seu coração ainda está batendo muito rápido. 293 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela balançou a cabeça, não permitindo que Dax entrasse. Ela precisava resolver isto sozinha. Sua carranca se aprofundou. Dax, Jubal e Gary, todos concordavam que aqueles vampiros viviam de fraquezas. Estava definitivamente insegura, se sentindo como se de alguma maneira não fosse merecedora de Dax. Para ela, ele era nobre e corajoso. Sacrificou sua vida por seu povo. Suportou todos os tipos de sofrimentos e ferimentos de batalha, estando completamente só, enquanto ela teve uma infância maravilhosa e feliz com todos os benefícios. Imediatamente sua mente foi inundada com calor. Você tem grande coragem, Riley. Não existe nenhuma outra para mim, nem existirá. Ela sentiu isto. Realmente sentiu. Ela se comprometeu com ele. Foi dormir insegura, mas acordou daquele modo. Sua mente revirando isto mais e mais. O que coincidia com o tempo que Dax a levou de volta para os outros e a ajudou a instalar sua rede para a noite e quando ela acordou? Algo aconteceu para fazê-la duvidar de si mesma, ou pior — duvidar de Dax. O que era isto? Devia ter caído numa armadilha que Mitro armou. Ela procurou ao redor por seus companheiros de viagem. Nenhum deles parecia afetado. Gary virou abruptamente para encará-la, parando tão rápido que ela se chocou com ele. Ele pegou seus ombros num aperto firme. Você está irritada? Um nó se formou em sua garganta e quando tentou engolir, teve dificuldade. Está conversando com Gary novamente. Você está me excluindo. Sem remorso. Ela teria que armazenar esta distância para referência futura. Aparentemente não, porque está de volta em minha cabeça novamente. Todo mundo parou com algum tipo de comando de Jubal. Dax colocou o professor suavemente sobre a padiola improvisada que os guias fizeram. Riley o viu andar a passos largos em sua direção. Seu coração saltou em sua direção. Ele era impressionante de qualquer maneira que se olhasse. Às vezes,
294 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
quando o via, como agora, tão confiante e determinado, ele a intimidava um pouco, mas ao mesmo tempo, a fazia se sentir segura. Parecia ficar mais alto enquanto se aproximava dela. O aperto em seus braços superiores era gentil como sempre, mas sabia que se tentasse se libertar seria impossível. —Olhe para mim, sivamet. Em meus olhos... Ela estava ciente que as escamas correndo abaixo da pele dele estavam muito próximas, o que significava que estava mais chateado do que seu comportamento indicava. Um raio bifurcou através do céu. O vento uivava, se precipitando pelas árvores com mortal intento. Os galhos balançavam, roçando um no outro para fazer um som de estalos que pareciam reverberar pela selva. Videiras longas caiam abaixo pelas copas, parecendo laços de carrasco dentro da escuridão. Dax moveu uma mão para seu queixo, inclinando sua cabeça de um lado para o outro, estudando seus olhos. — Está doente. — ele disse. —A mordida da aranha. Essa é única coisa que posso pensar. Mitro devia ter insetos esperando para me atacar. Pode programá-los para fazer isto? — Até para seus próprios ouvidos, sua voz soava distante. —Deveria ter percebido que algo estava errado, quando estava agindo muito fora do meu normal. —Fora de seu normal? —Ele repetiu, a pegando quando teria desmoronado. —Sabe, duvidando que fosse boa o suficiente para ser sua companheira. Tenho certeza que tenho uma boa opinião de mim mesma. — Ela estendeu a mão para tocar sua mandíbula. —Realmente é bonito, Dax. Ele silvou algo entre seus fortes dentes brancos que ela não pode entender. Ela parecia estar flutuando pelo ar, enquanto vários de seus companheiros de viagem olhavam com receio em seus rostos. Ela acenou para eles. —Não se preocupem. Ele tem uma capa rosa, — ela assegurou. 295 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Acima de suas cabeças, o tremular de asas distraiu Dax por um momento, quando encontrou o local que estava procurando. Se agachando, olhou para cima, quando uma grande coruja com chifres, conhecida como tigre da noite, se instalou nos galhos acima deles. Em algum lugar ao longe, um grito assustador enviou um calafrio arrepiante pela espinha dos viajantes. Todos se moveram para ficarem mais próximos. —Isto é minha culpa, Riley, — Dax disse. —Esta noite estava tão ávido para ficar com você que descartei a mordida como um perigo típico da floresta tropical. Descartei o inchaço e a coceira, sem me aprofundar mais. Riley olhou para ele, sua mão acariciando seu rosto. —Estou bem, não estou? Mitro me atacou, não foi? Deveria saber imediatamente. Odeio quando sou lenta para entender. Ele passou a mão sobre seu rosto, levando o brilho do suor de sua pele. —Acho que neste caso, foi rápida para descobrir isto. Não está acostumada a lidar com os não-mortos. — Ele colocou uma mão sobre seu coração e a outra acima da pequena ferida em sua mão. —Mitro é inteligente, e suas armadilhas podem ser sutis. Jubal. Gary. Vigiem aquela coruja. Estejam prontos para matá-la se necessário. Dax enviou a ordem para os dois homens, quando sentiu que tinha uma chance de manter a próxima arma de Mitro à distância. Ainda achava um pouco desconcertante confiar em humanos, mas nenhum dos homens vacilava quando se tratava de combater os marionetes dos vampiros. Dax respirou fundo e se enviou para fora de seu corpo, se tornando espírito, uma luz branca de energia, deslizando pelo corpo de Riley, para localizar a lasca envenenada que a aranha injetou. Mitro manteve isto muito sutil, para que a ameaça tivesse tempo de se firmar e espalhar antes de alguém notar. Era bem a maneira de agir de Mitro. A maioria dos vampiros era tudo, menos sutil. Mitro estava numa categoria própria. Dax sabia que estava sozinho até que Riley entrou em sua vida. Ele amava as conversas que ela tinha consigo mesma, seu sorriso e o modo que 296 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
soltava de repente o quanto ele era bonito. Também amava como era inteligente e rápida para compreender o desconhecido. Ela não desperdiçava tempo negando o que estava acontecendo, aceitava isto tudo a passos largos, e a admirava por isto. Agora, se movendo por seu corpo, ela permanecia bastante quieta, observando o que ele estava fazendo, mas não protestando. Ela já estava lutando com os efeitos em sua mente. Ele podia ver o dano lá, mas Riley era forte, muito mais forte que Mitro acreditava. Isso era uma das debilidades dos vampiros. Viam as mulheres como inferiores aos homens. Ele sempre o fez. Menosprezou Arabejila, e sempre menosprezaria Riley, o que dava uma pequena vantagem para ela. Dax se moveu por seu corpo, a luz branca iluminando os agrupamentos azuis escuros das células, se espalhando devagar, se multiplicando e invadindo células saudáveis. Dax atacou os agrupamentos com um estouro de energia. As células mais escuras tentavam se esconder dele, mas cruelmente as seguiu, se movendo por todo o órgão para assegurar que conseguiu todas. Nunca seria complacente sobre sua saúde ou segurança novamente. Se ela não começasse a questionar por que estava agindo fora de seu normal, o vírus poderia ter uma chance muito melhor de tomar o controle. Sabia que no momento que retornasse ao seu corpo, a coruja atacaria, porque Mitro saberia que Dax estaria em seu ponto mais fraco e orquestraria um modo de atacar. O pássaro era um predador e se lançaria propriamente em Riley, indo por seus olhos com suas garras letais. Jubal. Preste atenção no que não pode ver. Não podia evitar, tinha que advertir Jubal. Apesar de tudo que aprendeu dos dois humanos viajando com ele, ainda preferia contar consigo mesmo, especialmente quando tinha que proteger sua própria companheira. Mitro inteligente. Conheço você muito bem agora. Dax entrou repentinamente em seu corpo, aceitando o efeito desorientado que vinha com a unificação do derramamento da concha física e então retornar a ela. Simultaneamente, permitiu que a armadura que espreitava sob 297 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
sua pele subisse. Escamas duras como diamantes estouraram de seus pés até seu pescoço, correndo acima de sua pele para se encaixar numa proteção. Ele girou num círculo rápido sentindo o ataque real. O gato o pegou duro no tórax, um monstro jaguar, a respiração quente em seu rosto quando os perversos dentes se apressaram para sua garganta. Garras fechadas em seu estômago. Como de longe, ouviu asas invadirem quando as corujas saltaram das árvores, estendendo as garras, tentando alcançar Riley. Ele fechou suas mãos em torno do pescoço do jaguar, segurando os dentes longe de seu pescoço. Um tiro caiu diretamente próximo à sua orelha e mais dois de uma pequena distância. Com um manejar rápido de suas mãos, quebrou o pescoço do gato e jogou seu corpo, girando e enfrentando a ameaça das corujas. Três pássaros estavam mortos no chão ao redor de Riley. Ela segurava uma arma de fogo em sua mão. Jubal e Gary permaneciam com suas armas também. Coisa útil essas armas. Dax gostou desta ideia. Uma arma não podia matar um vampiro, mas isto definitivamente podia matar um fantoche do vampiro. Mitro era inteligente, mas não contava com Gary e Jubal ou as armas. Esta armadilha não diminuiu a velocidade deles ou causou dano real. Dax movimentou a cabeça em agradecimento aos dois homens e caminhou para ajudar Riley a se levantar. Ela permanecia um pouco trêmula, e Gary se debruçou para remover a arma de sua mão. —Talvez devêssemos ter um pouco mais de cuidado com esta coisa, — ele disse. Riley estendeu a mão. —Abati a coisa em vez de você, não foi? Gary sorriu para ela. —Acredito que o fez, Senhorita Parker. Dax achou a troca entre os homens e Riley interessante. ―Sentiu‖ a afeição de um para o outro. Provocação parecia ser uma forma de arte. Riley verificou sua arma antes de deslizá-la de volta em seu bolso. Ela fez uma careta. —Aí vem Weston. Como vamos explicar isto?
298 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax acenou com sua mão na direção de Weston e o homem abruptamente parou, procurando ao seu redor e coçou sua cabeça como se tivesse esquecido o que estava fazendo. O riso de Riley se derramou sobre a mente de Dax. Eu gostaria de ter este talento particular. Você terá, ele assegurou. Em voz alta, para Jubal ele adicionou. —Vamos nos mover novamente. Queremos atravessar o rio antes do por do sol. Se quisermos ser transportados para fora daqui, temos que dar ao helicóptero algum lugar seguro para aterrissar. Acho que vou aprender tudo que quero saber sem ter que ir para a escola também, Riley disse. Você conseguiu fazer de minha profissão obsoleta. Ele trouxe sua mão para a boca, colocando um beijo no centro de sua palma. —Somente você, — ele murmurou. Ela riu, como ele sabia que o faria. Ele descobriu que estava se tornando tão viciado no som de seu riso, como estava no modo que ela parecia, aquele brilho suave e a curva de sua boca. Antes de se juntar aos outros, você poderia livrar-se de suas escamas. Acho que você parece adorável, mas Weston provavelmente será incrivelmente rude. Você sabe como você fica quando as pessoas são rudes; melhor apenas mudar este traje. Sua risada brincou por seu corpo desta vez, a vibração correndo por ele como um afrodisíaco, enquanto dedos de som acariciavam. Ele encontrou-se rindo com ela. Mitro tinha acabado de fazer outra tentativa sobre ela, e Riley escapou disto e estava brincando com ele. Você é diferente, companheira. Ele estendeu a mão para ela. Ela mandou-lhe um sorriso rápido e colocou a mão na sua. Eles fizeram seu caminho de volta para os outros, Dax assegurou que nenhum dos outros viajantes, a não ser Jubal e Gary, lembrasse de qualquer coisa do que aconteceu. Uma vez mais, Dax ergueu o professor e eles partiram para a clareira, aonde o helicóptero iria encontrá-los.
299 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O tremular de asas em cima de suas cabeças, disse a Riley que eles não estavam completamente fora de perigo. Ela estava agitada com o pensamento de que, até mesmo quando Mitro estava longe da floresta, ele ainda poderia deixar tais armadilhas bem sucedidas para trás. Ele era muito mais poderoso do que ela havia imaginado. Ela deveria saber que, mesmo que Dax fosse tão surpreendente e batalha após batalha com o vampiro, ninguém ganhou. Mitro tinha que estar pelo menos equiparado a ele. —Permaneçam em alerta, — Dax aconselhou a Jubal e Gary. — Mantenha todo mundo em uma formação apertada e levantem o passo. — Os viajantes ficaram em linha, Weston e Shelton murmurando como sempre. —É melhor ficarem quietos, — Dax disse. —Você nunca sabe o que vai desencadear um ataque do jaguar. — Weston resmungou debaixo de sua respiração, mas os outros dois homens, imediatamente ficaram em silêncio. Riley escondeu um sorriso. Você tem jeito com as pessoas. Eu estou aprendendo a estar em seu mundo. Presunçoso. Arrogante. Macho. Gostoso como o inferno. Por que no mundo ela o achava tão atraente? Ele a fazia sentir como se pudesse fazer qualquer coisa quando estava com ele. Eu acho que me apaixonei por você. Aqui mesmo nesta floresta tropical nesta terrível, horrível, feia situação. Ela fez a confissão enquanto caminhava ao longo da trilha, mantendo a cabeça baixa, olhando para a trilha estreita. O tempo todo, ela se manteve quieta. Você é tão bonito, Dax. Seu coração. Sua alma. Eu acho que nunca poderia ter encontrado um homem melhor. Dax despejou-se em sua mente, precisando da proximidade de cada bocado tanto quanto ela. Os Cárpatos sabiam. Não existia nenhuma dúvida para eles. Mas humanos se perguntavam. Preocupados. E Riley estava se mudando de seu mundo para o dele—numa decisão extremamente generosa. Um presente sem preço. Como não poderia apreciá-la?
300 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax sentiu sua alma roçar a dela. Você é a Han ku kuulua sivamet, que quer dizer, “a guardiã de meu coração”.— E você é “ainaak enyém”, ”para sempre minha”. Eu estou plenamente ciente como você teve que ter coragem, para ligar-se a mim totalmente sem saber no que estava entrando, e estarei guardando para sempre seu coração, Riley. Eu serei para sempre seu. Riley abraçou suas palavras para ela, enquanto se mantinha movendo-se pela folhagem densa. Ela escutou o som de água correndo pelas encostas, e sobre as rochas para deslizar em tiras estreitas ou fluxos mais largos. A água estava em todos os lugares. Gotas caíam das folhas acima deles para adicionar-se aos apressados regatos. Mais águas estouravam ao lado da colina em uma longa queda sobre os pedregulhos, um fluxo espumante de prata reluzente. Abaixo da cachoeira, as grandes rochas cobertas de musgos, formavam um charco. Musgo verde claro cobria tudo próximo a eles, as pedras, os troncos das árvores caídas, até as árvores de pé. Riley viu flores brotando das encostas verdes e rochas, algumas nos arbustos quase tão altos quanto algumas das árvores menores. Os salpicos de cores, juntamente com a prata brilhante da água no escuro, eram lindos. Ela desejou que estivesse sozinha com Dax e pudesse apenas se sentar calmamente com ele, segurando suas mãos e escutando os sons da cachoeira que espirrava no charco fresco abaixo. Dax lhe respondeu com uma carícia por sua bochecha. Eu posso sempre ter o Antigo fazendo uma aparição. Ele não é aficionado pelas pessoas. Ele vai removê-las para longe rapidamente. Riley riu incapaz de conter a felicidade que ela sentia. Ele a fazia sentirse segura em um mundo virado de cabeça para baixo. Ela poderia esquecer a feiúra da situação por apenas alguns minutos e ver a beleza ao redor dela por causa dele. —Está quente pra diabo, — Weston chamou. —Vamos Riley, quer despir-se e ir nadar hoje à noite com todos nós? Aposto que você gostaria. Você seria o centro das atenções. — 301 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley olhou para trás para Dax. Seus olhos se encontraram. A diversão borbulhando. Serpente no paraíso. Há sempre uma. O Antigo particularmente encontrou sua violação. Riley alcançou mais fundo. O dragão abriu uma pálpebra sonolenta, piscando e voltou a dormir. Ele deseja ter muito pouco a ver com o homem. O Antigo, ou você? Ela arreliou. Talvez ambos, Dax concedeu. Suas mãos eram gentis sobre o professor, seus passos seguros, enquanto eles continuavam a caminhar em direção ao rio. Se Weston verdadeiramente deseja ficar nu, eu posso ajudá-lo com isto. A trilha descia em um barranco e voltava do outro lado. O curso era mais fácil. O facão de Miguel ficou em silêncio. As samambaias cresciam em todos os lugares, entre os pedregulhos ao longo das margens do charco e do córrego, criando um vislumbre do paraíso. Não se atreva! O riso borbulhou. Talvez não, Dax concordou, mas ele acelerou seu passo até que estivesse ao lado de Weston. O engenheiro riu silenciosamente. —Você tem alguma coisa para me dizer? Estou apenas dizendo o que todo homem aqui está pensando, inclusive você.— Ele sorriu para Riley. — Não é isto, querida? Sua fantasia. Nua com todos estes homens lambendo esta pele magnífica. Você adoraria. — O coração de Riley parou. Ela agitou a cabeça, sua respiração queimando em seus pulmões. Weston não tinha nenhuma ideia com o que estava lidando. Dax poderia facilmente ir à violência extrema e voltar em segundos. Não. Não o machuque. Ele não vai sentir nada. Sua voz foi do suave e sensual para sombria e ameaçadora. Um calafrio passou pela espinha de Riley. Este é um homem—um ser— que não se pode controlar. Ele vai seguir seu próprio caminho, tomar suas decisões baseadas nas regras de seu mundo—não do dela.
302 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Weston abriu a boca para insultar Dax novamente e um profundo coaxar de um sapo boi saiu. Assustado, Weston pôs a mão em sua garganta, seus olhos alargando. Shelton desatou a rir. —Cara! O que há de errado com você? — Riley apertou seus lábios, tentando não rir. Seu senso de humor estava fora de controle. Eu não acho nada sobre Weston engraçado. Deseja que ele viva, então é melhor que ele coaxe desta forma do que de outro. Não havia diversão em sua voz, ou em sua mente, mas sua resposta fez uma risada escapar, apesar de sua determinação de não encorajá-lo. Weston limpou a garganta e tentou novamente. Uma série de sons altos semelhantes a mais coaxos, grasnados e coaxos, irromperam de sua garganta. Até mesmo a boca de Jubal se contraiu como se estivesse reprimindo o riso. Gary e Miguel sorriram, mas ninguém comentou. Miguel continuou liderando a linha de viajantes ao longo do desfiladeiro estreito que era um atalho para o rio. O pequeno desfiladeiro iria salvá-los de quilômetros. Você não pode deixá-lo assim. Eu acho melhor, Dax respondeu. Mais uma vez o calor inundou sua mente, todo esse lento melaço aquecido enchendo seu cérebro com fantasias eróticas. Ele não pode dizer seu nome e a palavra "nu" na mesma frase, não sem me lembrar o quão suave a sua pele é. O único homem a lamber a água fora de sua pele serei eu. Um frisson de excitação pura deslizou por sua espinha. Calor enrolando em sua barriga. Mesmo enquanto ele estava sendo mau—especialmente quando estava sendo mau, ele era absolutamente sexy. Agora você está apenas sendo ultrajante. Ela fez uma pausa e então deixou sua imaginação voar, perversamente alimentando-o com um pouco de suas fantasias. Ela sentiu sua respiração parar na garganta. Fogo ardia profundamente. 303 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Você poderá meter-se em apuros. Sempre posso nos proteger de olhares curiosos, e, acredite, sivamet, estou mais do que disposto. Seu útero apertou. Uma umidade quente acumulada. Seus seios instantaneamente ficaram doloridos. Ela gostaria de estar em seus braços, as pernas acondicionadas firmemente em torno de sua cintura, e ele enterrado profundamente dentro dela. Ela gostaria de estar na água fria com ele, sob a cachoeira, ou melhor ainda, em uma cama macia ... Cama dura, ele corrigiu. As coisas que eu poderia fazer com você em uma cama dura. Ou em um piso duro. Ela engoliu, quase tropeçando com sua implicação sexy. As coisas que poderia fazer com sua voz apenas, a deixava sem fôlego, ela não podia imaginar o que ele tinha em mente em uma cama dura. Sua boca ficou seca e o sangue pulsava em suas veias. O terreno deslocou debaixo de seus pés. Riley olhou para baixo para ver a água borbulhando em torno das solas de suas botas. O chão parecia tão saturado que a água não tinha para onde ir. Levou um momento para sua mente assimilar o que estava acontecendo. Ela olhou ao seu redor. A água vazava das pedras cobertas de musgo e escorria entre as rochas menores. Ela piscou e vários pequenos deslizamentos deram lugar a tiras que incharam em volume. Temos que sair daqui. Trata-se de uma bacia natural e que irá inundar rapidamente. O outro lado do desfiladeiro parecia estar a uma boa distância. Mais vazamentos foram surgindo, a montanha muito saturada para segurar toda a água. Deveria ter sido avisada. Eu deveria ter sabido. Ela sentiu como se a terra a tivesse traído. Reconhecendo, ela foi desviada por seu intercâmbio com Dax, mas ainda assim, ela deveria ter sentido a sua ligação com a terra que era tão forte, que deveria ter sido avisada que a água estava subindo ao redor deles. Outra armadilha, Dax acalmou suavemente. Mitro sabe que posso contrariar esta situação, então por que se incomodar? Não faz sentido. Você
304 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pode sentir qualquer coisa debaixo da água? Ou, talvez, nos lados do desfiladeiro? Riley lutou contra o pânico. Miguel pegou o ritmo, claramente lendo o perigo. Ambos Jubal e Gary olharam para Dax brevemente e depois entre eles. Eles deviam saber que Dax poderia parar a subida da água, ou pelo menos adiá-la suficiente para que pudessem sair, mas ninguém disse nada. Ela forçou sua mente a esticar, para ver além do óbvio perigo do momento. Foi difícil superar a vontade de fugir. Seu cérebro lhe disse que voar seria melhor, mas ela agarrou a calma de Dax e tomou uma respiração profunda e soltou o ar. Ela realmente sentiu sua mente se abrir, atingida por sua conexão com a terra. Por um momento, ela sentiu-se um pouco tonta, desorientada, como se estivesse em dois lugares ao mesmo tempo na superfície e abaixo. Sons desbotaram, os passos martelando, o salpicar quando as botas atingiram a água avançando na trilha, o barulho das quedas, tudo retrocedeu até que ela ficou com os sussurros da terra. Ela foi ainda mais para dentro, embora continuasse em frente, no piloto automático, com os olhos no homem à sua frente. Um rio corria por baixo do desfiladeiro, agora alimentado pela chuva contínua. Vapor subia em torno deles, enrolando através das rochas e chegando como dedos em direção a eles. Algo se moveu, mudando continuamente, escondendo-se no vapor. Ela estava ciente do movimento nos arredores de sua visão. A sensação era de sonho, como se ela o observasse de longe, vendo o vapor à deriva com o nível de água subindo. Havia mais alguma coisa ... Algo que ela perdeu. Estava ali, à espreita sob a água, à espera de seu momento. A coisa esperou, assistiu, irradiando fome malévola. Ela tinha a impressão de olhos vermelhos olhando por baixo da água, as presas pingando. Não, não uma coisa—coisas. Riley suspirou e balançou a cabeça com firmeza. Não, Dax. Não.
305 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Você controla a água. Não tente pará-la, isto irá desencadear o ataque. Apenas retarde-a. Riley sabia que não tinha escolha. Que Dax estava indo enfrentar os monstros abaixo deles. Ele confiava nela para parar a torrente de água que se derramava no desfiladeiro de ambos os lados, bem como a água subindo por baixo deles. Ele estava totalmente calmo e concentrado. Ela respirou fundo e assentiu com a cabeça, o horror rolando em seu estômago sendo silenciado. Ela faria isso. Se ele podia enfrentar aquelas presas e o propósito obstinado de matar todos eles, ela poderia retardar a subida da água, mas teria que chegar a ele—a água estava até os tornozelos, diminuindo sua velocidade. Dax entregou o professor para Alejandro e Jubal, tendo o cuidado de garantir que Patton não sentisse o choque dos dois homens quando eles entraram na água subindo. Ele acenou com as mãos, tecendo um intrincado padrão, de modo que por um momento o ar em torno deles brilhou, cortando a capacidade dos humanos de vê-lo, e deslizou sob o solo para cair na água abaixo. O cérebro de Jubal continha uma riqueza de informações, e Gary era um banco de dados ambulante. Sua mente efetuando bilhões de fatos, alguns tão estranhos e absurdos, que no começo foi difícil de acreditar, mas quando olhou nas memórias de Riley dos aviões e viagens para a lua, os fatos foram confirmados. Havia tanta coisa que tinha perdido enquanto estava preso no vulcão. Ele tinha conhecimento dessas coisas, mas não tinha experimentado. Evidentemente, o estudante universitário que Mitro tinha encontrado também era um banco de dados ambulante. Jubal reconheceu uma forma de criaturas esperando por ele lá no rio. O golias tigerfish 1, embora como sempre, Mitro tenha manipulado as espécies e aumentado a sua agressividade natural e selvageria. Os tigerfish não eram nativos destas águas, de modo que o estudante tinha de ter viajado a outro lugar para que isto estivesse em sua 1
Tigerfish é o nome comum para uma grande variedade de espécies de várias famílias diferentes de peixes, em geral, devido à sua coloração ou ao modo assustador de sua aparência.
306 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mente. Surpreendentemente, foram as memórias de Jubal que lhe deram a maioria dos dados sobre as espécies perigosas. Claramente ele também tinha viajado. As memórias de Riley não possuíam quaisquer informações sobre o peixe. Riley. Sua Riley. Ela era um milagre para ele. Ele podia sentir o medo dela bater nele, mas então ela reforçava suas defesas, levantando os ombros e fazendo o trabalho. Havia tanto sobre ela para amar. No momento em que ela reconheceu o que ele pretendia fazer, já não temia por si mesma—era tudo para ele. Ele não conseguia se lembrar de alguém se preocupando com ele, e isto era estranho, uma espada de dois gumes. Seu coração se encheu de alegria com esse pensamento de uma mulher importar-se, mas por outro lado, ele realmente não gostava de causar-lhe ansiedade. Dax mergulhou mais fundo na água até que sentiu os primeiros sinais do mal. A sensação se infiltrou lentamente nele, em vez de derramar-se. Ele expandiu sua visão, assim como seus sentidos, mudando para uma pequena indefinida folha, enquanto se aproximava do peixe gigante. Eles se fundiram frouxamente em um bando, andando devagar com os seres humanos acima deles. Enquanto a água subia, eles continuavam, ganhando terreno. Então, o nível de água baixou, como estes peixes poderiam fugir e fazer mal para aqueles acima do solo? O que Mitro tinha em mente? Mitro era esperto. Dax poderia esperar um peixe. Algo desagradável e brutalmente selvagem, mas se ele parasse a água que subia, isto desencadearia um ataque do peixe monstro? Ele estava perdendo algo importante. A água subiria, e se Dax ou Riley não a parassem, o peixe iria atacar. Mas se eles tivessem sucesso em pará-la, então o peixe seria inútil para Mitro. Ondas do mal o assaltavam, enquanto ele pairava sobre o bando de peixes. A sensação não emanava do bando de famintos tigerfish, embora certamente sentisse a mancha do vampiro sobre eles, mas era algo mais, à espreita logo abaixo, retido como um tigre na coleira.
307 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sem aviso, um tigerfish investiu contra ele, a boca largamente aberta, engolindo Dax. Ele reagiu imediatamente, espinhos venenosos cobrindo a folha quando mudou para um peixe-leão muito grande, o espinhos terríveis alojaram na garganta do tigerfish e na boca, paralisando-o. Ele entrou pela mandíbula do peixe monstro apenas para se ver cercado pelo bando. Ele mudou de novo, mergulhando para baixo, deixando para trás um rastro de sangue do tigerfish. O bando rasgou o peixe Golias. Abaixo dele, a ameaça real explodiu em direção à superfície, um traço monstruoso de escamas, sua cabeça em forma de cunha e as asas aerodinâmicas. As pernas dianteiras estavam dobradas, assim como as asas alojadas, apertadas contra os lados da besta, enquanto subia como uma locomotiva para a superfície. Dax pegou o brilho azul-esverdeado das escamas, quando ele apressou-se. A força da água retrocedendo enviou-o caindo para trás. O Antigo rugiu um desafio, o som estourando através do crânio de Dax. Embora o dragão tenha perdido sua companheira há muito tempo, a profunda dor e tristeza estaria sempre gravado em sua alma. Ele não perderia Riley. Riley era parte dele agora, assim como Dax era. Nenhum dragão de água a levaria deles. Não, não na sua forma. Dax assumiu o comando, sabendo que o dragão de água teria a vantagem sobre um dragão de fogo nestas circunstâncias. Minha forma, mas nós dois trabalharemos juntos. Dax moveu-se após o dragão, jorrando em velocidade, cortando a água encharcada de sangue, com as mãos estendidas para aquele rabo espetado. A cauda longa serpenteou para trás e para frente na água, como um leme quando o dragão de água cortou facilmente pela água. Dax permitiu que as escamas vermelho e dourado derramassem sobre seu corpo, enquanto ele pegava aquele aumento impactante na cauda e a direção instantaneamente reverteu. O Antigo levantou apenas o suficiente para emprestar sua força também.
308 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O dragão de água vaiou quando ele interrompeu o seu progresso para frente de forma abrupta e foi empurrado para trás. A água agitou, grandes bolhas de turbulência, tão agitadas que ele poderia estar no meio de um gêiser. A cauda chicoteou para frente e para trás com raiva e o dragão de água girou e, movendo-se como um raio correu do caçador. Dax assistiu à enorme cabeça em forma de cunha estocar diretamente para ele. Debaixo d'água, os olhos estavam abertos e ferozmente malévolos. O focinho com chifres se abriu para revelar uma mandíbula cheia de dentes serrilhados. Exatamente quando o dragão agarrou na cabeça dele, Dax se jogou para o lado, mantendo a posse da chicoteante cauda. Sob a água, ele ouviu o tambor constante de um piscar de olhos. A água amplificando o som. O ritmo do coração do dragão de água soou estranho para ele, a batida crescendo primeiro alto e, em seguida, suavizando apenas para inchar no volume novamente. Dax era um Cárpato, e ele otimizou-se sobre esse som infalivelmente. Seu sangue cantou em suas veias. Ele estendeu a mão para o dragão, combinando as batidas de seu coração, diminuindo o boom gigante gradualmente, durante todo o tempo evitando os ataques extremamente rápidos com aqueles dentes perversos e a cabeça chicoteante. Ele ficou fora de seu alcance, ficando em sintonia com o coração gigante, lentamente tomando o controle da batida selvagem. Parecia não bater onde deveria estar, mas em vez disso estava mais abaixo e para a direita, como se o coração tivesse escorregado e se alojado em um lugar diferente do que o normal. O dragão de água desacelerou seu grande corpo, estremecendo. Ainda assim, o dragão estava tão enfurecido de que, algo tão insignificante como Dax se atrevesse a entrar em seu território e impedi-lo de ganhar a refeição prometida a ele por seu criador ... Dax quase deixou cair à cauda. Mitro havia criado o dragão. Ele sabia que se Dax enfrentasse o dragão de água, ele iria direto ao coração e ele deliberadamente colocou-o na posição errada. Ele é real ainda assim, o Antigo confirmou. 309 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax bateu duro no coração enfraquecido, dirigindo através do manto fino de escamas para o ponto fraco. Suas pequenas unhas duras como diamantes atravessando seu estômago para dirigir-se em direção ao coração, agora muito lento. Era muito maior do que esperava, mas conseguiu agarrar o órgão com seu punho. A cabeça do dragão virou e rasgou seu ombro. Dax pendurou-se ferozmente na cauda com uma mão, enquanto fechava os dedos ao redor do objeto que procurava. No momento em que envolveu o coração na mão, ele sabia que tinha cometido um erro terrível. Espinhas incorporaram-se em suas mãos. O veneno entrou em seu sistema rapidamente. Ele rasgou o coração do dragão se debatendo, antes que a criatura pudesse pegar sua cabeça. Estava perto, porém, ele sentiu a respiração jateante de água fria derramando sobre ele, a pressão do maxilar, quando os dentes quase conseguiram arrancar e rasgar seu rosto. Dax colocou-se em uma explosão de velocidade, em direção à superfície, sentindo o veneno tomando conta, paralisia configurando-o por dentro abaixo, a presa do tigerfish gigantesco acentuou, atirando em direção a ele em uma formação de caça em grupo. Seu punho perfurou através da superfície do solo fino, quando suas pernas ficaram dormentes. Ele se esticou tanto quanto pôde, abrindo sua mão, os dedos em busca de algo sólido para que pudesse puxar-se fora da água. Com o veneno se espalhando lentamente através de seu sistema, não havia nenhuma maneira de transformar-se. Uma mão estalou em seu pulso, agarrou e puxou seu braço. O rosto de Jubal nadou em sua visão. Gary se agachou ao lado dele, estendeu a mão, pegou-o sob o ombro e soltou-o fora da água. Sob ele, levantando-se para fora da água, seguindo o mesmo caminho, um tigerfish golias abriu suas mandíbulas escancaradas. A boca cheia de 32 dentes perversos, explodiram nele como uma locomotiva. O tiro foi alto, quase em seu ouvido. Jubal e Gary arrastaram-no para cima e para longe, enquanto Riley calmamente esvaziava sua Glock no peixe.
310 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele caiu de volta no buraco que Dax tinha feito, e a água instantaneamente borbulhou em vermelho. Pegamos você. A voz de Riley derramando em sua mente. Dê-me um minuto para direcionar o veneno do meu sistema. Eu não quero você perto disso. Ele é de ação lenta paralisante. Demorou mais tempo do que previa para livrar seu corpo do veneno que Mitro havia preparado para ele e para curar as feridas que o dragão tinha infligido. Miguel continuou com os outros, correndo para fora do desfiladeiro. Dax esperou até que tivesse sua força de volta antes de destruir as mutações de Mitro. Ele não queria que se reproduzissem e crescessem no rio e, eventualmente matassem alguém. Até o momento em que os quatro tinham alcançado os outros, o helicóptero estava esperando na pequena clareira.
Capítulo 16 Dax estava contente de ver o helicóptero decolar, levando com ele os engenheiros, o professor e seu grupo, sem as memórias de qualquer coisa, apenas de serem capturados na explosão violenta de um vulcão. Os únicos que se lembrariam de algo seriam Jubal, Gary, Riley e Ben, mas apenas a experiência de correr por suas vidas do vulcão. Ele hesitava sobre aquele homem, mas algo impediu Dax de remover tudo. Ele confiou em seus instintos durante séculos, e ele não estava disposto a parar agora. Ele estava grato por apenas Jubal e Gary terem ficado com ele e Riley. Não havia espaço suficiente no helicóptero para todos, e o piloto, uma mulher, Lea Eldridge, informou-lhe que tinha visto as ruínas fumegantes de uma casa a vários quilômetros ao leste e um amigo de Juliette De La Cruz residia lá . Ela perguntou se eles poderiam verificar a mulher. Como não havia uma boa
311 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
clareira para pousar, ela iria encontrá-los lá na noite seguinte. Ele concordou que quando se levantasse na noite seguinte, eles fariam isso. Miguel e seu irmão foram deixados para fazer o caminho para casa, juntamente com os últimos carregadores remanescentes. À medida em que se lembravam, os homens desaparecidos morreram no vulcão, assim como o professor e Todd Dillon acreditavam, Marty Shepherd morreu nos deslizamentos de terra que se seguiram. Capa e Annabel foram perdidos para o vulcão também. Weston partiu com um presente adicional de Dax. Ele não podia observar o homem por toda a sua vida, mas poderia plantar a sugestão de que cada vez que ele fosse dizer algo inapropriado para uma mulher, ou de uma mulher, ele iria coaxar ao invés de falar. Dax encontrou a solução em vez de lutar. —Obrigado por ficar para trás—, disse a Jubal. —Não havia realmente espaço para nós,— Jubal disse com um pequeno encolher de ombros. —Haveria espaço se você realmente quisesse ir,— disse Dax. —Aprecio você olhando por Riley quando não sou capaz de fazê-lo.— Ele queria convertêla, assim não teria que se preocupar se ela dormisse na superfície e ele estivesse abaixo. Ele precisava dela com ele para sua própria paz de espírito. O som do riso de Riley chamou sua atenção. Dax virou a cabeça para vê-la de pé ao lado de Gary, rindo de alguma coisa que ele disse. Seu coração se apertou duro. Ele nunca tinha pensado em tê-la. Em todos os séculos que se passaram, ele nunca acreditou que ela existiria para ele. Sua vida foi unicamente de dever e honra, não de prazer e alegria. Ela virou a cabeça devagar, os primeiros raios de sol da manhã pegando as luzes brilhantes em seu cabelo. Seus olhos se encontraram e ele teve a sensação de cair nestas profundas piscinas misteriosas, frescas e de terra escura. Estranhamente, ele realmente sentiu seu estômago apertar. Seu sorriso era só para ele, sua boca curvando, dentes brancos piscando. Ele conhecia cada varredura de seu rosto, a linha de sua mandíbula, o recuo pequeno em seu 312 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
queixo. Ele sentiu como se estivesse voando alto, exatamente como se sentia quando estava no corpo do dragão de fogo, forte e verdadeiro, voando livre sobre seu mundo. Tinha um jeito nela, algo que não podia definir, mas quando estava com ela, sentia-se totalmente vivo, em chamas com paixão, como se pudesse fazer qualquer coisa. Dax estendeu a mão para ela. Ela não hesitou, mas veio a ele, nem uma vez desviando de seu olhar. Ela colocou a mão na dele, e ele a puxou para o abrigo de seu corpo. —Vocês dois estão com tudo certo na montagem do acampamento?— Ele perguntou a Jubal. —Eu vou trazê-la de volta em breve.— Ele olhou para o céu, mesmo quando colocou sua mão sobre seu coração, segurando a palma apertada lá com a dele. A chuva tinha lavado algumas das cinzas das copas, e os primeiros raios da aurora pareciam como se raios de luz de estrelas explodissem acima, brilhando através da folhagem densa ao redor da clareira. Ele adorava a noite, mas alguns inícios de manhãs ele conseguia apanhar aproveitando a sua própria beleza. Riley não fez perguntas, porém e foi com ele caminhando sob seu ombro, encaixando-se perfeitamente, como se tivesse nascido para ele—e ele acreditava que ela nascera. Ela era a realeza, etérea, seu corpo se movendo fluidamente quase sem som. Já sua pele tinha assumido a aparência das mulheres dos Cárpatos. Ela estava mais do que meio caminho em seu mundo, e ele precisava deixá-la saber o que estava por vir. Ele notou que ela não estava comendo, especialmente carne, no que lhe dizia respeito, os Cárpatos jamais tocavam. Ele a pegou em seus braços e a levou para o céu. Ela adorava voar tanto quanto ele, levando-a para cima, sentindo o prazer em subir tão alto. Isto é como você me faz sentir sempre que olho para você, confessou. Ela se aconchegou apertado contra ele, com o rosto voltado para o vento e as gotas suaves de chuva ainda caindo. Estou feliz, porque eu absolutamente adoro voar. Mal posso esperar até que possa fazer isso sozinha, embora—ela esfregou a cabeça contra seu peito—há certas vantagens de voar com você. 313 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele riu, incapaz de conter a alegria que sentia quando estava sozinho com ela. Eu já posso sentir os efeitos de seu sangue, ela acrescentou. Minha audição e visão estão muito mais aguçadas. É cada vez mais difícil ficar longe de você. Isso é normal? Ele apertou seus braços em volta dela, sentindo-se um pouco culpado. Ele tinha lido coisas na mente de Gary, ele desejou que não tivesse. Assim como o príncipe atual de seu povo, que tinha sido o único a descobrir inadvertidamente que mulheres humanas psíquicas, poderiam ser convertidas sem o perigo de insanidade, ele desejava que pudesse ser feito sem o conhecimento de que a mulher passasse por isto antes de iniciado o processo. Os fatos e as imagens na mente de Gary eram muito perturbadores. Eu pedi para entrar em seu mundo, Riley lhe assegurou. Foi minha escolha desde a primeira vez que pus os olhos em você. Eu senti a sua alma e a alma do Antigo. Eu me senti como se tivesse voltado para casa. Você é a minha casa, Dax. Quero estar com você em seu mundo. Você nunca disse que seria fácil. Ele soltou o queixo no topo de sua cabeça, seu cabelo sedoso tecendo fios em sua mandíbula sombria como se estivesse amarrando-os juntos. Ele estava em sua mente o suficiente para saber que ela assumiu a responsabilidade por suas decisões. Ela havia feito uma escolha, e foi importante para ela que ele visse como sua decisão. Você é uma mulher corajosa, Riley. Estou orgulhoso de que você seja minha. Eu vou passar minha vida fazendo com que você nunca se arrependa de se dar a mim, ou ter tomado a resolução de se juntar a mim no meu mundo. Riley enviou-lhe a impressão de um sorriso caloroso. Suas mãos apertadas em seus antebraços, e virou a cabeça um pouco para tentar captar a chuva na sua língua. Rindo quando conseguiu, inclinou a cabeça para roçar um beijo ao longo de seu braço. Eu sei que posso ser de alguma utilidade para você agora. Estava preocupada que pudesse ser um fardo. Fico com medo, mas sei que posso 314 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
ajudá-lo. Não lutando. Bem, posso atirar com uma arma, mas não quero chegar perto de qualquer coisa como aquelas pessoas que vimos na aldeia. Mas posso ser um trunfo para você de outras maneiras. Dax avistou a pequena entrada que estava procurando. Ele tinha visto a caverna mais cedo e achou que tinha potencial. Eu tenho que levá-la de volta para Jubal e Gary em cerca de uma hora, mas nós temos algum tempo. Quero dizer a você o que esperar com a conversão e permitir que você decida quando e onde. Ela respirou profundamente. Agora? Por que nós apenas não acabamos com isso? Ele acariciou o topo de sua cabeça novamente e desceu para a entrada da caverna, escaneando automaticamente por armadilhas e qualquer criatura viva que poderia estar ocupando-a. —Não aqui, não agora. Em algum lugar muito mais seguro. —Ele suspirou. —Portanto, isto não depende inteiramente de você, do quando e o onde, mas vou chegar o mais perto possível, eu prometo. Com muito cuidado, ele colocou-a na densa vegetação em frente à caverna, acenando com a mão para o interior, preparando-o para a sua entrada. —Eu não tenho preocupações de que não vá estar segura com você,— disse Riley. O aro de honestidade em sua voz o humilhou. —Você vai precisar descansar e curar-se por vários dias, päläfertiilam. Temos um vampiro para pegar. Riley sorriu para ele. —Gosto quando você se refere a mim como sua companheira no seu idioma. E amada também. Eu me sinto amada, quando eu nunca pensei que o amor entraria em meu caminho. Ele tomou sua mão, abaixou para entrar através da estreita abertura e liderou o caminho. O chão curvado para baixo e ao redor caindo vários metros, enquanto caminhavam até o corredor que começava a se ampliar. 315 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—A minha linguagem é ainda muito natural para mim. Tenho que tentar pensar em uma tradução apropriada em seu idioma, mas estou cada vez melhor, — disse ele. —Você fala com um sotaque perfeito. —Eu ainda nem sempre escolho a estrutura da frase correta,— ressaltou. — Corrija-me se eu começar alguma coisa errada. —Eu acho bonitinho. Ele se virou para olhar para ela, sabendo que ela usava aquele sorriso maroto que tanto amava. Ele parou abruptamente, de modo que ela correu para ele, seus braços varrendo em torno dela, segurando-a firme contra ele. A sensação de seu corpo mole derretendo no seu, surpreendeu-o. —Eu estou louco de amor por você,— disse ele. Ela virou o rosto para ele. —Isso faz dois de nós. Posso fazer isso, Dax. Posso entrar em seu mundo e ser feliz. Eu concedi a você um monte de pensamentos. Vi todos os perigos, mas sei que quero isso. —Ela segurou os lados de seu rosto, enquanto traçava a linha forte com o polegar. Ele beijou-a com força. Exigente. Um pouco rude. Ela respondeu como sempre fazia, e não menos intimidada. Ela o beijou de volta. Forte. Exigente. Um pouco rude. Seus braços delgados rodeando seu pescoço e trazendo sua cabeça para mais abaixo plenamente para ela. Serviu-se do beijo, aceitando sua tempestade de emoções turbulentas. O vulcão estava dentro dele, enterrado, mas latente. Ele a queria com cada célula de seu corpo, e nem sequer tinha visto isso chegando. A força de sua necessidade o chocou. A fome agarrada em sua barriga, um novo tipo de fome, mas tão urgente, e tão feroz. Seu punho agrupou em seu cabelo e ele puxou sua cabeça para trás para tirar melhor proveito de sua boca, macia e quente. Perdeuse lá por longos minutos antes de finalmente, ainda a beijando, levantá-la em seus braços, mais alto contra seu peito para que pudesse continuar se movendo pelo corredor em direção à galeria aberta.
316 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley abriu os olhos quando o ar frio atingiu seu corpo. Ela estava absolutamente nua. Nada cobria sua pele. As chamas de centenas de velas acesas saltavam e dançavam, rodeando-a sobre as três paredes. Acima de sua cabeça, no teto, estrelas azuis brilhavam com um brilho suave, criando um céu da meia-noite. As paredes da caverna pareciam ser cravejadas com pedras brilhantes. Dax tinha criado um quarto. A câmara era aconchegante e convidativa. O som da água caindo em uma profunda piscina azul fumegante, apenas adicionada ao ambiente. —Este é o lugar onde eu vivo,— ele sussurrou. Ele queria que ela amasse a noite do jeito que ele amava. Ela tinha entrado dentro dele, envolvendo-se em torno de seu coração. Seu sorriso iluminando seu mundo. Transformando seu corpo duro e enchendo-o com tanto amor, tanta emoção, que ele se sentiu abalado, vulnerável, como nunca esteve. Uma mulher. Surpreendeu-lhe que pudesse sentir emoção tão intensa depois de não sentir qualquer coisa durante séculos. Ela só tinha uma forma sobre ela, que tomou todos os pensamentos sãos de sua cabeça e substituiu-os com ... ela. Ele descobriu que ficava desconfortável quando os outros estavam perto, porque a riqueza de emoções por ela era quase impossível de esconder. Isso o fez sentirse ... exposto. Ele olhou em seus olhos cor de terra. Seus cílios eram longos e emplumados, meio que escondendo o calor do desejo o encarando. —Você é tão tentadora,— ele disse. Seus lábios estavam cheios e curvados e feitos para beijar. Ela se moveu em seus braços, sua pele sedosa esfregando sobre a dele, enviando pequenos arcos de descargas elétricas entre eles. —Eu espero que você esteja tentado,— ela admitiu. Ele colocou seus pés no chão liso que tinha criado para ela, empurrando-a para trás até que, as costas de suas pernas, batessem na plataforma colocada no centro da câmara. Ela afundou, sentando na beira da superfície dura. A ação 317 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
colocou-a exatamente na altura que ele esperava. Sua cabeça estava um pouco abaixo da dele, apenas o suficiente. Dax ampliou sua posição, dando um passo para perto dela, suas mãos indo para a parte de trás de sua cabeça, guiando-a para frente. Não houve hesitação em Riley. Ela segurou o peso de suas bolas em suas mãos, rolando e amassando antes de sugar delicadamente. A respiração deixou o corpo dele em uma corrida, quando sua língua traçou um caminho de cima de seu saco, ao longo de seu eixo grosso e inchado, para a parte inferior da cabeça flamejante. Ele se abaixou e puxou a tira ao redor de seus cabelos longos, liberando-os para que a seda preta cascateasse como uma cachoeira para baixo em torno dela. O contraste entre sua pele macia brilhante, e seu cabelo preto-azulado era lindo para ele. Seus cílios se levantaram e por um momento seus olhos se encontraram. Observando-o, ela abriu a boca e levou-o para dentro. Fogo queimou seu eixo. Ela apertou sua boca e chupou duro por um momento ou dois, e depois dançou a língua sobre ele. Riley tinha fantasiado sobre amar Dax com a boca. Prová-lo desta forma. Sua pele estava quente e sensibilizada. Seus seios doíam e incharam, os mamilos eram picos gêmeos esticados—para ele. Cada respiração que tomava cada passada de sua língua, a fazia mais louca por ele. A cerimônia da entrega havia mostrado a ela como ele poderia ser viciante e, o provando apenas a fez desejálo mais. Ela podia sentir a sua fome, mal mantida à distância dela. Seu eixo pulsava e latejava, enchendo sua boca, esticando-o da mesma forma que ele estendeu sua vagina feminina. Ele estava mais quente do que um vulcão. Sua língua enrolando ao redor dele de novo e de novo, atando e dançando e então sua boca sugou descontroladamente, tirando o néctar picante dele. Os sons que ele fazia, baixos e selvagens, só aumentava a necessidade selvagem subindo por ela como uma tempestade escura. Ela estava desesperada por ele, desesperada para senti-lo dentro de sua boca, de sua mente, de seu corpo. Ela queria a boca dele sobre ela, alimentando-se de suas veias, tomando 318 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
a verdadeira essência de sua vida. Ela queria ser sua substância, o seu ar, seu tudo. Seus quadris se sacudiram. Suas mãos fizeram o mesmo, puxando seu cabelo. Um baixo, escuro gemido escapou de sua garganta. Um grunhido retumbou no fundo de seu peito. Sua respiração soava áspera e dura. Riley levantou os cílios novamente, para ver seu rosto enquanto ela puxava lentamente fora dele, lambendo ao redor da cabeça flamejante e então gradualmente, firmemente engoliu novamente. As chamas em seus olhos transformadas em brasa, quase consumindo sua percepção superficial em uma névoa de luxúria. —O köd bels—, ele pronunciou entre os dentes cerrados. Sua voz era áspera. Exigente. Escuridão a consumindo. Ela riu suavemente com a boca cheia da ponta muito quente. Mais como o zumbido de uma risada, a vibração se movendo através dele, quando ela deslizou sua boca firmemente acima e abaixo, com as mãos em seu cabelo áspero. Isto é uma maldição dos Cárpatos? Você está me xingando? Havia tanto poder em levá-lo até a borda do controle. Alegria explodiu através dela. Ela adorava tê-lo à sua mercê. Ele a estava deixando enlouquecida, seu corpo tão excitado que poderia sentir a evidência molhada de seu desejo em suas coxas. Encha-me. Ela sussurrou, a necessidade urgente em sua mente. Eu preciso de você dentro de mim. Duro. Áspero. Quero ser sua. Você é minha. Ele fez esta declaração, enquanto empurrava profundamente uma última vez, sentindo o calor de sua boca sedosa envolvê-lo em glória. Usando o punho para agrupar seus cabelos, empurrou sua cabeça para trás, a forçando a quebrar a apertada sucção. Ele não esperou. Não poderia esperar, tão desesperado por ela, quanto ela por ele. Ele a empurrou de volta na plataforma, de modo que ela esparramou-se, arfando, os seios subindo e descendo com a respiração agitada. Ela levantou os joelhos, plantando seus pés a uma boa distância separados, levantando seus quadris em um convite. —Depressa, Dax. Depressa. — 319 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele soltou-se em cima dela, batendo seu pênis tão profundo de modo que ela gritou, arqueando as costas e pressionando mais duro para ele. Ele empurrou duro e rápido, enterrando-se profundamente, enquanto sua vagina quente amamentava e agarrava, o atrito elevando-se rapidamente em libertação. Muito rápido. Ele queria que isso durasse para sempre, mas já podia sentir seu estreitamento, apertando-o, o jato quente em seu corpo, e as ondas fortes ondulando através dela, levando-o com ela. Ele avançou novamente e mais uma vez, batendo profundamente, enquanto seu corpo trancava no seu, apertando e ordenhando, exigindo a sua libertação quente. Seu grito rouco juntou-se ao dela, e caindo sobre ela, lutou para respirar. Ele passou os braços em volta dela e rolou, tomando seu peso, amando tê-la deitada sobre ele como lava derretida. —Eu acho que deixei um pouco de pó de ouro em seu cabelo. Sua risada estava abafada. Ela não levantou a cabeça. —Todo mundo vai pensar que tenho gliter sobre o corpo. Essas suas escamas são lindas, mas elas deixam evidência para trás. —Ela bocejou preguiçosamente. —Isso pode ser útil se você decidir se afastar. —Cárpatos não se afastam,— ele disse, e deu uma pequena mordida no lóbulo de sua orelha. Ele esfregou sua bunda atraente. —Sente-se, precisamos conversar. Estamos correndo contra o sol. Ela bocejou novamente. —Eu posso ver como você é. Pega o que você pode de uma mulher e, em seguida, insiste em conversar. —Ela saiu dele com relutância e observou-o aumentar seu fluido, muito fácil. —Eu quero falar com você sobre o que vai acontecer quando eu convertêla, —ele disse. —É importante para você saber. Eu olhei dentro da mente de Gary para encontrar respostas do porque você, uma humana, seria minha companheira. No meu tempo, não havia tal coisa. Ninguém jamais concebeu tal coisa. As poucas vezes que alguém tentou salvar a vida de um humano, convertendo-o foi desastroso.
320 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley se sentou devagar, passando as mãos pelo seu cabelo em cascata. A ação levantou seus seios e o fez ficar faminto por ela de novo. —Isso pode ser pertinente. Que tipo de desastre aconteceu? Ele se inclinou e deu um beijo sobre a inclinação de seu doce e cremoso seio. —Acho que você vai ter que colocar suas roupas, se vamos discutir isso. Eu tenho que ir ao chão e isso quer dizer que tenho que colocá-la de forma segura com a ajuda de Gary e os cuidados de Jubal, por isso não temos muito tempo. —Antes que ela pudesse protestar, e ele era um homem fraco quando se tratava dos desejos dela, cobriu a tentação com um aceno de sua mão. —Se você me convertesse, teríamos tempo de sobra.— Ela se movia como uma sereia, apesar de sua roupa, seu olhar quente flutuando sobre ele. —Você é uma mulher muito má,— ele decretou, pegando sua mão errante. Ele precisava de roupas, bem como, uma boa distância dela, se queria ter uma chance de resistir. —Você precisa dessa informação. Ela fez uma pequena careta com os lábios, aqueles lábios que sempre se encontravam irresistíveis. Ela definitivamente tinha uma vantagem injusta sobre ele. Se ela fizesse beicinho, ou chorasse ele estaria perdido. —Tudo bem. Vou me comportar, — ela admitiu, com um sorrisinho provocante. —Traga o seu pior. Mas eu não vou mudar de ideia. Ele esperava que não. Ele lhe disse que uma vez iniciado, não havia como voltar atrás, e ela estaria plenamente integrada dentro de seu mundo. Ele não poderia reverter o processo. O sorriso sumiu de seu rosto. —Eu estou ouvindo Dax. Posso ver como isto é perturbador para você. —Ela endireitou-se e cruzou as mãos no colo. — Vamos logo com isso. Estou ouvindo. Que tipo de desastre? Dax sentiu reunir uma tensão na boca de seu estômago. —Os homens e mulheres que tentamos salvar durante os últimos séculos, aparentemente tornaram-se loucos e tiveram que ser encerrados. Isto foi até que o príncipe descobriu que sua mulher poderia ser transformada, porque ela tinha dons
321 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
psíquicos, e nossa espécie percebeu que algumas mulheres humanas poderiam nos salvar. Pronto. Ele disse isso. Ele disse a ela a terrível verdade que tinha encontrado nas memórias de Gary. Havia mais, mas precisava ver o rosto dela. Sentir a reação dela. Verificar se ele não estava mostrando como, pela primeira vez, ele podia se lembrar, o medo o mantinha em seu poder mortal. Ela assentiu com a cabeça. —Entendo. Como demente, você quer dizer como as pessoas na aldeia? Irracional? Com a intenção de assassinato? Ele acenou com a cabeça. —Beber muito sangue como um vampiro. Às vezes, virando canibal. Ela estendeu a mão para seus cabelos, trazendo-os por cima do ombro, começando a incorporá-lo em uma trança longa e espessa. Era algo para fazer com as mãos, ele sabia. Ela não piscou, mas suas mãos tremiam. —Ok, então. É isso? Porque você não se acomoda. —É doloroso. — Ele quase soltou a informação que não deixou escapar. Nunca. Ela estava transformando-o de dentro para fora com o olhar impassível no rosto. —Muito doloroso. — Só para esclarecer. E aderir estritamente a verdade. —É como morrer, convulsões, posso mostrar-lhe as memórias, se quiser. — Ele fez a oferta relutantemente. Ela estudou seu rosto em silêncio. Ele se esforçava para estar completamente inexpressivo, não querendo convencê-la de uma maneira ou outra com a aversão ao revelar as imagens reais. Riley jogou a trança para trás por cima do ombro e se levantou. — Não quero ver. Não sou estúpida. Eu sabia que para atravessar o seu mundo, teria que deixar o meu. Seu corpo é muito diferente do meu. Eu sabia desde o início que a mudança não seria fácil. Nada nunca vale a pena. —Seus olhos se encontraram. —Acredite-me, Dax, você é que vale a pena. Ela se levantou e foi até ele, colocando as mãos em seus ombros. —As mulheres têm bebês sabendo que pode doer, mas que estes pequenos momentos 322 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
não são nada, comparados à alegria que elas recebem quando têm seus filhos em seus braços. Tudo o que tenho que fazer, vou fazer. —Havia absoluta resolução em sua voz e em seus olhos. Seu rosto desfocado por um momento, forçando-o a piscar rapidamente. —Quando você considerar seguro, estarei pronta. Quero que você apenas termine isto, e enquanto estiver fazendo isso, lembre-se o tipo de mulher que você está amarrando a si mesmo. Eu assumo as responsabilidades por minhas próprias escolhas. Não faço o que as outras pessoas me dizem para fazer. Gosto que compartilhe informações comigo e quero respeito e parceria. —Ela ergueu o queixo. —Eu nunca seria tola o suficiente para discutir com você sobre segurança, ou até mesmo a saúde, o que tenho observado que são as suas duas grandes questões, mas eu gosto de tomar minhas próprias decisões. Ele agarrou seus braços. —Isso é um aviso? — Seu coração parecia como se tivesse inchado tanto que estava grande demais para o seu peito. —Interprete do jeito que você quiser. Eu sei que você está com medo de que não tenha realmente olhado para o seu eu verdadeiro. Eu olhei. Você tende a ser um homem muito dominante, o que está tudo bem para mim, realmente está. Mas estou com tanto medo de que não tenha dado uma boa olhada em quem eu realmente sou. Eu tomo minhas próprias decisões e nunca me senti bem com alguém me dizendo o que fazer. Ele leu o pequeno indício de medo facilmente e isto revirou ainda mais seu coração. O calor deslizou por sua barriga e se estabeleceu mais abaixo. Ele puxou-a com força contra ele. —Eu vou valorizá-la para sempre, Riley. Ela tinha preparado sua mente, mas ainda temia sua decisão. Isto iria ser grande, e sua vida seria alterada para sempre. Se ele a abandonasse... —É impossível para mim te abandonar, - assegurou suavemente. —Eu vou levar você de volta para Jubal e Gary, mas vou estar dormindo apenas abaixo de você. Alcance-me se tiver necessidade e vou acordar. —Ele beijou-a completamente, querendo remover todas as dúvidas de sua mente. Sabia que era
323 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
impossível, mas iria continuar tentando até que ela estivesse tão certa dele como somente uma companheira dos Cárpatos estaria. Ela colocou os braços ao redor de seu pescoço quando ele a levantou em seus braços. —Eu odeio deixar este lugar. Você fez o nosso tempo juntos bonito para mim. Obrigada. —Eu quero que você se lembre que te amo, Riley. Você. A pessoa que você é. Isso vai ficar mais feio, e você vai precisar se agarrar a todos os momentos bons que podemos encontrar, — ele alertou. Ele a levou pelo corredor de volta para a luz da manhã. O sol, obscurecido pela sobrecarga de névoa criada pelas cinzas, ainda doía os olhos. A luz em sua pele queimava, mas as escamas se movendo sob a superfície protegiam seu corpo permitindo-lhe a liberdade de levá-la para o céu. Ele adentrou o amanhecer respirando o cheiro da chuva e da floresta. O movimento era constante nas copas abaixo. Os sons eram muito diferentes quando as aves chamavam umas às outras. Macacos ralhavam adicionados ao movimento caótico. A floresta estava acordando, enquanto estava indo dormir. Ele podia ver que seria difícil para Jubal e Gary dormir durante o dia e seu respeito por eles cresceu. Eles estavam fazendo a sua maneira para proteger o que era seu. Os dois homens já tinham armado um acampamento e a tenda com uma rede de dormir para Riley. Eles haviam escolhido uma área facilmente defensável onde poderiam encontrar um ponto de descanso sem o nível de água estar muito alto. Encontrou ambos extremamente eficientes. Eles estavam definitivamente bem versados nos caminhos dos Cárpatos. Ele os cumprimentou formalmente, dando-lhes o respeito que mereciam, apertando seus braços, como um guerreiro para outro, antes de abandonar Riley aos seus cuidados. Achou muito mais difícil deixá-la do que ele havia previsto , mesmo que por algumas horas. Ela parecia sozinha, embora estivesse em linha reta, o queixo para cima e ainda conseguiu um pequeno sorriso que manteve com ele, quando abriu a terra e permitiu-se ao solo fresco cumprimentá-lo. 324 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Eles cautelosamente se aproximaram da clareira onde Lea Eldridge falara a respeito. Muito antes que eles estivessem próximos, o cheiro de morte enchia suas narinas. Riley olhou inquieta para os três homens. —De novo não. Eu posso sentir Mitro, conforme chegamos mais perto do rio. Ele veio por este caminho com certeza. Odeio que meus laços com ele pareçam estar ficando mais fortes. —Isto é o sangue dos Cárpatos, - explicou Dax. —Não é qualquer vínculo com ele. Suas habilidades estão crescendo, o que não tem nada a ver com Mitro. Ele é uma máquina de matar. Não há bondade nele, nem misericórdia, não para qualquer um. Não há redenção nele. Se sua companheira não pôde salvá-lo, ninguém pode. Arabejila está muito longe, e mal o tomou completamente, embora, com toda a honestidade, eu acho que ele já estava completamente mal. —Algumas pessoas nascem com algo errado, — Riley disse. —Nós queremos dizer que isto é pelo ambiente em que foram criados, mas às vezes, isto simplesmente acontece. Talvez isso aconteça com todas as espécies. Gary assentiu com a cabeça. —Mesmo os animais nascem com problemas, tanto físico quanto mental. — Ele deu de ombros. —Isso acontece. Mitro tinha mudado desde a primeira vez, como um menino, quando Dax o conhecera. Sempre houve uma selvageria astuta nele. Sua necessidade de ferir os animais e os outros meninos manteve ele longe dos outros. Dax empurrou as memórias para longe. Na clareira à frente, os restos fumegantes de uma casa surgiu à vista. Ele parou abruptamente e pegou os antebraços de Riley, efetivamente impedindo-a. — Você precisa ficar aqui, sivamet. O fedor do mal é forte aqui. Seu corpo balançou contra o seu. Ela franziu o cenho para ele. —Ele se foi. Você sabe que ele se foi. 325 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Ele deixa ambos, carnificina e armadilhas para trás. Nada disto é para você. Ela levantou uma sobrancelha. —Acho que está enganado sobre isso. Acho que deixou para trás ambos para que eu encontrasse. Ele sabe que o estou seguindo. —É isto que ele faz, sivamet. E nós vamos buscá-lo. —Ele nunca deveria ter saído. — Riley olhou sobre seu ombro para as ruínas fumegantes da pequena casa ali ao lado do rio. —Eu deveria ter sido capaz de detê-lo. —Riley. —Dax disse seu nome baixinho, sacudindo a cabeça. Ele fez um carinho sobre a longa extensão de seus cabelos. —Você tem que saber que não é responsável por nada disso. —Claro que sou. Ele saiu. Ele está matando pessoas, destruindo vidas. Quantos mais ele irá matar antes de você o capturar? —Ela piscou para conter as lágrimas e fez um gesto em direção à cabana. —Quem viveu lá tinha uma vida e se foi porque eu não fui poderosa o suficiente, ou rápida o suficiente para mantê-lo um prisioneiro no que vulcão. —Se você acredita nisso, você tem que acreditar que, afinal, o fracasso é meu. Tive séculos e ainda, falhei. —Dax manteve a voz muito baixa, muito prosaica. Sua culpa não estava na sua incapacidade para derrotar o vampiro, que era parte do trabalho. Às vezes, o caçador ganha e, por vezes, os mortos-vivos prevalecem. Todos os caçadores sabiam e aceitavam esta premissa. Imediatamente a expressão de Riley mudou e ela balançou a cabeça. —Não, não, Dax, por favor, não pense que já pensei nisso. É claro que não é sua culpa... — Não é sua também. Mitro é mau. Não tenho ideia se ele nasceu assim, ou o que o moldou, mas ele queria ser mau. Ele abraçou a escuridão em si mesmo. Ele teve todas as chances de passar para a luz, mas claramente fez a escolha de ser o que ele é.
326 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele deixou cair o braço a redor de seus ombros e começou a caminhar para longe do cheiro de fumaça e morte. —Ele parece precisar de carnificina e sofrimento. Alimenta-se de alguma necessidade profunda que ele tem. Ele tem estado ao redor por séculos, e talvez não seja o nosso destino detê-lo. Mas vamos continuar a tentar, Riley. Não há nada a ganhar com censura ou culpa. Não serve a qualquer propósito, não em uma caçada de vida ou morte. Preciso de você estando o mais forte e mais determinada. Ele não pode nunca ver a fraqueza em você. No momento em que ele o fizer, vai usar isto para atacar. Lembre-se, os vampiros podem entrar em sua cabeça. Riley assentiu. —Odeio que você, Gary e Jubal tenham que ver o que ele fez e eu esteja protegida do pior disto. Ele se inclinou e deu um beijo em toda sua boca. —Não quero que você tenha que ver mais do seu trabalho do que o necessário. Posso ajudar a afastar o horror de Gary e Jubal se solicitarem, e eles conhecem o suficiente de nossas habilidades para perguntar se tiverem necessidade. Tenho lidado com isto a maior parte da minha vida e posso encarar a morte e a tortura, sem repercussões. Tenho a capacidade de empurrar toda a emoção de lado. Riley voltou-se, entrando na frente dele, impedindo seu progresso. Ela entrelaçou os dedos atrás de seu pescoço, enquanto seus olhos procuraram o seu carinhosamente. —Não sei como você faz isso há tanto tempo, Dax, mas eu o admiro por isso. Gostaria de ter a coragem para lhe dizer que queria estar com você, não importa o que aconteça, mas eu já me sinto doente só com o pensamento. Ela apertou o rosto contra seu peito, bem em cima da batida de seu coração. Ele era como uma pedra. Tão calmo. Tão completamente confiante. Não havia dúvida em sua mente do que iria encontrar quando se aproximou daquele chalé. Vidas foram perdidas, outras mudaram para sempre. Ela suspirou, desejando que pudesse, de alguma forma, impedi-lo de ter que testemunhar a depravação e a crueldade de Mitro. 327 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax pegou seu queixo, inclinando sua cabeça para cima, seus belos olhos estranhos, olhando para os dela, cativando-a com essas cores girando e a chama luminosa que brilhava com tal intensidade cada vez que a olhava. —Aprecio que você possa me poupar disto, Riley. É o suficiente que eu saiba que você não tem que ver. —Eu desejava que nenhum de nós tivesse de fazer isso. E o pobre Gary e Jubal. Viajando comigo, eles não tinham ideia do que estava reservado para eles. Ele abaixou a cabeça e deu um beijo suave em cada pálpebra e depois abriu um rastro de fogo para o canto de sua boca. —Não se preocupe com eles, meu coração gentil. Velarei por eles. Eles são bons homens e bons amigos para o nosso povo. Não vou deixá-los ver mais do que possam lidar. Eles são resistentes, os dois, e participaram disto muitas e muitas vezes já. —Você é um homem bom, também, Dax. Você está tão preocupado com todos os outros que não se leva em consideração, —protestou ela. —Amo que você queira proteger a todos nós, mas estou apenas dizendo, que gostaria de poder fazer o mesmo por você. —Mas você pode, — assegurou inclinando a cabeça para baixo para escovar os lábios para trás e para frente nela como um suave sussurro. —Isso é o que você não entende. Você limpa cada lugar ruim que já estive. Eu só vejo você quando está comigo. Amá-la é a parte mais fácil, Riley, e quando estou com você, todo o resto desaparece. Basta esperar por mim aqui. Não coloque as mãos no chão, você sabe que ele está desaparecido. Basta sentar-se em silêncio e esperar por mim. —Vou ficar aqui e esperar, — prometeu ela. —Vou ficar olhando para você em todos os momentos. Eu não sinto aquele pavor horrível que sinaliza que ele tenha uma terrível armadilha para nós. Eu acho que você vai estar recebendo o pior dos presentes.
328 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Ao primeiro sinal de problemas, se você mesmo por um momento, sentir que algo não está certo, — ele disse, —chegue a mim. Vou estar por perto. Riley deu um pequeno sorriso reconfortante. —Eu realmente não sou esta corajosa, Dax. Vou gritar a plenos pulmões por você, assim como gritarei na minha cabeça. —Você tem a arma que Jubal lhe deu? Ela assentiu com a cabeça. —Eu a mantenho pronta em todos os momentos. Não posso matar Mitro, mas posso atrasá-lo e com certeza isto irá abrandar as criaturas que ele cria. —Ele mesmo não vai fazer uma tentativa em você, a menos que esteja encurralado, ou se encontrar a oportunidade certa, caso contrário, é muito esperto para isso. Ele vai deixar alguém fazer a matança, e isso é o que me preocupa mais. Ele estava preso no vulcão e conseguiu atrasar a sua mãe e depois fazer os outros a matarem por ele. Ele pode fazer o mesmo com você. Você não pode confiar em nada, nem animal, ave, inseto ou até mesmo o homem. —Dax. — Ela levantou a mão para seu rosto e traçou sua mandíbula. —Se você está tentando me assustar, você não precisa fazer isso. Estou apavorada. Eu não sou o tipo heroína. Ele não conseguia parar o pequeno sorriso e acenou com a cabeça. —Você realmente não se vê em tudo, não é? O medo não tem nada a ver com coragem, e você tem mais do que a sua quota de coragem. Ela balançou a cabeça e inclinou a cabeça para beijá-lo brevemente na boca. Não havia nada de sexual em seu beijo, apenas um calor de companheirismo, uma confiança que apertou seu coração duro. —Esteja seguro, — ela murmurou. Dax se afastou dela abruptamente. Estava ficando muito mais difícil dar-lhe o espaço que ela precisava. Ele tinha estado tanto tempo sem ninguém e os fios que os ligavam estavam ficando mais apertados, de modo que as necessidades e desejos se tornaram o mesmo. A fome por ela estava crescendo com o passar 329 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
das horas passadas em sua companhia. Ele tinha a intenção de persuadi-la a se apaixonar por ele, passar um tempo em sua mente, uma intimidade difícil de resistir, mas descobriu que foi ele que caiu do penhasco. Passos largos o levaram de volta para onde Jubal e Gary estavam esperando. —Isto vai ser ruim,— ele avisou. —Vou primeiro e tento encontrar quaisquer armadilhas que Mitro deixou para trás. Vocês dois ficam apenas na borda da linha das árvores. Não pisem na clareira. Não há nenhuma maneira de saber com que tipo de emboscada que ele tenha aprontado irão se deparar. —Nós vamos ter que encontrá-las antes de deixar este lugar, - disse Jubal. —Caso contrário, alguém inocente poderia vir e ser ferido ou ser morto. Dax assentiu sombriamente e mudou-se em névoa fluindo para a clareira ao lado do rio. A cabana era muito pequena, não mais do que um quarto de solteiro com uma pequena varanda coberta, que estava sobre palafitas. Agora isto estava inclinado para um lado, enegrecida e queimada. Nada restou da casa, do que três meias paredes, uma simples casca em torno de uma ruína em chamas. O telhado foi construído de galhos de árvores e folhas, como muitos dos barracos eram feitos, quando nativos estavam em movimento. Esta tinha sido construída às pressas e tinha pouco lá para dizer se alguém viveu ali por muito tempo. Ele se moveu ao redor da cabana com cuidado, testando o ar de qualquer sinal de armadilhas inevitáveis de Mitro. Dax encontrou o corpo a uns cem metros das ruínas queimadas. Ela era jovem. Ele se ajoelhou ao lado dela por alguns momentos, afastando os insetos e tocando brevemente seu cabelo em uma saudação a ela. Ela teve coragem. Estava grávida, e tentou proteger o feto. Ele balançou a cabeça e assinalou aos dois homens esperando. Jubal chegou um passo ou dois à frente de Gary. Dax viu o rosto de Gary. Ele sabia exatamente o que ele estava veria. Tinha havido muitas dessas vezes, os humanos dilacerados por um vampiro. —Mitro é um canalha, —Jubal afirmou. 330 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Ela era jaguar, — disse Dax. —E grávida de um bebê onça. O bebê está ali. —Ele indicou a criança com o queixo. —Um menino. —Ele matou o bebê na frente dela, não foi? — Jubal perguntou severamente. Gary tirou a camisa e enrolou o corpo do bebê com cuidado. —Ele tirou o bebê enquanto ainda estava viva, drenado o bebê seco e, em seguida a atacou. Ele gosta de brincar com suas vítimas. Jaguares precisam ser queimados. Eles nunca deixam corpos onde outros possam examiná-los. —Vamos fazê-lo antes que o helicóptero chegue para nós, —Dax disse severamente. Ele olhou para Riley. —Não há nenhuma necessidade de ela ver isso. Vai ser ruim o suficiente contar sobre isso.
331 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 17 O Antigo estava agitado, e não era boa coisa ter um dragão extremamente exagerado em uma cidade grande - ou em qualquer lugar, no que diz respeito ao assunto. Dax passeou para cima e para baixo no terraço com vista para as luzes da cidade. A família De La Cruz era dona de uma propriedade enorme na periferia do Rio de Janeiro. Aparentemente, eles possuíam casas em quase todas as grandes cidades da América do Sul. Eles pareciam ter se adaptado bem vivendo entre a espécie humana. Assim como Dax tinha evoluído lá no vulcão, a família De La Cruz evoluiu bem - mas ele ainda não estava confortável com sua transformação moderna. Ele não acreditava nisso. Eram caçadores, cada um deles, lobos em pele de cordeiro. Para trás da aparente modernidade, e o encanto que os irmãos De La Cruz irmãos exsudavam, ele sabia o que eram, no fundo, de toda a sofisticação- eram predadores, cada um deles. —O que há de errado? A voz suave de Riley o trouxe de volta de seus pensamentos. Ele se virou para olhá-la. Ela se sentou em uma das cadeiras profundas, com o queixo sobre os joelhos dobrados, o olhando com seus olhos escuros e calmos. Havia uma preocupação genuína em sua voz - naqueles olhos líquidos. Ele nunca teve alguém preocupado com ele antes que não fosse Arabejila e, certamente, não assim, não que ele não conseguisse se lembrar, que ele podia sentir. Era uma estranha e maravilhosa sensação. —Estou preocupado por estar aqui nesta habitação. —Casa, —ela corrigiu como prometido. —Por quê? Ele andou inquieto o longo comprimento do terraço. Riley era sua companheira e ela fez uma pergunta que exigia uma resposta. Ele suspirou e parou à sua frente. —Eu deveria ter executado Mitro séculos atrás, muito antes dele começar em sua onda de crimes. Eu sabia que a escuridão crescia nele. Eu 332 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
nasci com uma maldição, embora o pai de Arabejila tenha me dito que era um presente de grande valor. Eu sabia melhor. Mesmo como um jovem rapaz que via os sinais em muitos dos meus amigos. À medida que crescia, fiquei inquieto ao redor deles e eles ficavam muito mais desconfortáveis ao meu redor. Ninguém quer ser marcado como condenado. —Você fez isso? Ele deu de ombros. —Eu não tentei não fazer, mas eu vi a sombra neles muito cedo e eu não pude deixar de observá-los. Eu tornei todos desconfortáveis. A princípio, os anciãos não acreditaram em mim, mas quando minhas previsões se tornaram realidade, eles começaram a prestar atenção. No momento em que aconteceu ... —Ele parou, se virando de costas para agarrar o corrimão com ambas as mãos, olhando para a noite. Riley mordeu o lábio. Aquele menino tinha sido de certa forma um pária. Os outros meninos e homens de sua aldeia o evitaram, mantiveram distância no caso dele descobriur a sombra neles e os chamassem de vampiros potenciais. Ela podia sentir a solidão gritante nele. Como um homem — um caçador — ele não parecia estar ciente disso. Ele não reconhecia suas próprias emoções e mesmo reconhecendo; ele ficou muito tempo sem elas. —A coisa é, só porque eu vi a sombra não quer dizer que eles escolheram dar a sua alma. Alguns acharam companheiros eventualmente e viveram vidas honestas. Riley se manteve imóvel, recusando-se a ceder à vontade de confortá-lo. Dax não tinha ideia de que precisava de conforto e ele se fecharia. Ela chegou timidamente por sua conexão da mente, não querendo que ele se afastasse dela. Empaticamente ela sentiu a dor da infância, mas ela queria "ver" suas memórias através de seus olhos. O momento chegou para ele, sentiu não só Dax, mas o Antigo. O dragão estava tão preocupado com o caçador Cárpato como ela estava.
333 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela se concentrou no corimão em que Dax estava agarrado enquanto ele olhava para a cidade. Ela não podia imaginar o que devia ser para ele ver o mundo moderno, mas ele lidou com tudo com calma, estoicamente, o que lhe deu uma visão de sua personalidade. A pressão de seus dedos amassando a madeira lhe disse muito mais sobre ele. —Eu vi a escuridão em Mitro desde o início. Ele era de uma família poderosa e levava grande vantagem, sempre um valentão — Dax continuou. Sua voz era muito suave, mas ela quase sentiu cada palavra tocando no interior de sua mente com um pincel de pura vergonha e tristeza. Ele não ouviu ou sabia, mas ela sentiu a emoção crua rasgando sua alma. O Antigo sentiu tão profundamente como ela, porque ao contrário de Dax, ambos estavam em sintonia com as suas emoções. Ele havia falado com ela sobre Mitro várias vezes, apenas pequenos trechos, mas ela vira a depravação do vampiro e sua necessidade de crueldade até mesmo como um menino. Às vezes, monstros nasciam, não se tornavam, e ela temia Mitro era o primeiro. —Eu tentei dizer aos anciãos. Eu até mesmo fui ao príncipe, mas eu era jovem e eles não consideraram o que eu disse. Como eu tinha provado estar certo mais e mais e os outros me evitavam, aprendi lições duras sobre acusar alguém antes de saber ao certo se eles realmente fariam a escolha de se transformar. Em vez de dizer aos outros quando vi a escuridão em alguns dos nossos homens, estudei cada um deles com a sombra em si mesmos, seus modos e hábitos. Eu os segui, muitas vezes, e quando eles fizeram essa escolha proibida, os destrui. Riley fechou os olhos brevemente. A visão de suas mãos segurando o corrimão até que os nós dos dedos estivessem brancos a entristeceu. —Eu tive que deixá-los matar alguém enquanto se transformavam. Era a única maneira de assegurar que eu não estava cometendo um assassinato. — Ele se virou para olhar para ela, a tristeza pesando. —Você sabe quantas
334 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
pessoas eu poderia ter poupado se eu os tivesse destruído antes que eles pudessem matar? Ela lutou contra o impulso de levantar-se e ir até ele, para colocar seus braços em volta dele para consolá-lo. Ele precisava contar para alguém. O peso que levava em seus ombros, por séculos – precisava ser compartilhado. —Você está certo, Dax, teria sido assassinato, — ela aconselhou suavemente. Ele ficou em silêncio por tanto tempo que ela quase o incitou, mas o dragão abraçou em silêncio, mexendo apenas o suficiente para fazê-la consciente de que ele estava esperando, também, e ele teve a paciência que ela precisava. Dax não estava acostumado a partilhar, certamente nem mesmo o medo que ocupava um lugar tão profundo que nem mesmo ele poderia realmente reconhecer. Dax soltou a respiração lentamente e acenou com a cabeça, mas ele não parecia muito certo. Ela manteve a boca fechada, pressionando seus lábios juntos fortemente. Envolveu seus braços apertados em torno de joelhos como um substituto para ele. Ela precisava segurá-lo, confortá-lo da maneira que ele lhe ofereceu conforto e apoio. — Mitro... parecia muito mais sujo... do que qualquer outro. Há uma nobreza na maioria dos Cárpatos e respeitei-os, mas não Mitro. Eu o observei de perto, e ele gostava da dor dos outros, animais, humanos e Cárpatos. Ele era astuto, vaidoso e, infelizmente, muito inteligente. Ele encontrou uma companheira em Arabejila. Ela era a outra metade de sua alma, levou a sua escuridão. O namoro começou e eu ... Dax balançou a cabeça e virou as costas completamente para o corrimão, inclinando-se contra ele para olhar diretamente em seus olhos. —Eu olhei para longe. Pensei que ele estava seguro. Nenhum macho Cárpato, com uma companheira, viraria vampiro, assim mesmo inquieto como eu estava, parei de observá-lo. 335 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley permitiu que seus cílios se abaixassem, velando seus olhos por um momento, para que ele não visse a sua simpatia. Dax não era um homem de reconhecer a vergonha ou culpa, ainda assim ele sentiu tanto quanto fez para ela. —O pai de Arabejila era meu melhor amigo. Nós caçamos juntos. Enquanto os outros me evitavam por causa do meu talento estranho, ele não. Ele me disse que o meu presente era útil, que eu poderia manter o nosso povo mais seguro do que qualquer outro. Nós compartilhamos sangue quando fomos feridos. Ele conheceu sua companheira muito tempo antes de perder a emoção e as cores, de modo que não tinha nada a temer de mim, eu sei disso, mas ainda assim, ele sentiu afeição genuína por mim assim como sua companheira e Arabejila. Eles se tornaram meus laços reais para o meu povo. Ela podia ver flashes de imagens-lembranças de uma mulher rindo que se parecia muito com ela. Um homem e uma mulher, de mãos dadas, viraram-se um para o outro, um olhar de amor absoluto em seus rostos. Suas expressões tiraram seu fôlego, tanto amor. Às vezes, quando Dax a olhava, havia essa intensidade em seus olhos, aquele olhar de amor incrível focado nela, e ela se sentia a mulher mais sortuda do mundo. Obrigou-se a olhar para as próximas imagens, aquelas em contraste. O homem, o melhor amigo de Dax, morto no chão, a poucos centímetros da mão de sua companheira, o acúmulo de sangue ao redor dele, a garganta e o coração arrancado. Seu companheiro morto, e Arabejila, com a garganta rasgada e sangrando, tentando desesperadamente libertar sua irmã bebê do corpo de sua mãe. Era uma cena saída de um filme de terror, e Dax tinha tropeçado nisso, pior, se sentia responsável por isso. Riley mal podia suportar a ideia dessas mortes e como Dax sentiu, mesmo suprimido de suas emoções como tinham sido. Ela não podia imaginálo, conhecendo aquela família feliz, sendo uma parte dela e vindo para eles para os descobrirem mortos e moribundos... 336 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Quando eu poderia ter evitado isso. Seu olhar saltou para o dele. Ele sabia o tempo todo que ela estava em sua mente. —Como? —, Ela perguntou em voz baixa. —Como você poderia ter evitado isso? —Eu poderia tê-lo executado. Ela balançou a cabeça. —Isso teria sido assassinato. Ele não tinha feito nada ainda, tinha? Você estava genuinamente chocado. Eu pude sentir seu horror. Você mal podia acreditar no que estava vendo. Até que alguém cometa um crime, não há muito o que alguém possa fazer — nem mesmo você. Riley agarrou os braços da cadeira para evitar saltar para segurá-lo. —Dax, você sabe que não poderia tocá-lo sem provas. Você não sabia ao certo. Você não é Deus. Você não é um juiz. —Isso é exatamente o que eu sou. O Juiz. E eu falhei com meu amigo e sua família. —Ele enfiou a mão através dos picos curtos de seus cabelos pretos como carvão —Arabejila era a companheira de Mitro. Ele matou sua mãe e seu pai na frente dela e se gabava de que seria o vampiro mais poderoso que já viveu por matar sua companheira quando ele fez a escolha de entregar sua alma. Quando ele não pôde acabar com ela — esse vínculo de companheira foi demasiado forte até para ele — em sua fúria, como vampiro, ele a reclamou como companheira, vinculando sua alma à dele, já perdida, de modo que ela sofreria cada momento vivesse. Riley viu as lágrimas piscarem atrás de suas pálpebras. Ela era companheira de Dax, e para ela, o ritual de ligação tinha sido bonito e sagrado. —O que Mitro fez foi um sacrilégio, não menos. —Eu ainda os vejo assim —, confessou ele em voz baixa. —Torn à parte. O estômago de Katalina rasgado aberto. Arabejila tentando libertar sua irmã. —Ele fechou os olhos por um momento. —Eu tomei a faca da mão dela e 337 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
terminei o trabalho. Eu cortei a linda e maravilhosa companheira de meu amigo. —Para salvar uma criança, Dax. Você salvou uma criança. Ela iria querer que você salvasse o seu bebê. Ela teria implorado para que ela vivesse. Ele apertou seus dedos em seus olhos duros. —E ver essa criança arrancada de sua mãe na outra noite, lá na floresta, eu realmente senti ... —Ele balançou a cabeça. Doente. A palavra brilhou em sua mente. Riley o rodeou com o calor, a única coisa que ela poderia pensar em fazer. Não havia palavras reais para confortá-lo. Não poderia haver. Ele balançou a cabeça. —Cárpatos não se sentem doentes. Não quando eles estão na caça. Mitro sabe que a única coisa que ... —Ele parou novamente e endireitou os ombros. —O que ele fez para Arabejila foi a traição absoluta, acabar com sua companheira. Em nosso mundo, não pode haver pecado maior do que tentar assassinar uma companheira e condená-la a uma meia-vida de puro sofrimento e deliberadamente matar nossas crianças. Dax andava inquieto de novo, como se a raiva latente enterrada tão profundamente estivesse subindo muito perto da superfície para que ele pudesse conter. —O vínculo de companheira não permite sobreviver por muito tempo sem o outro, —continuou Dax. —Mitro escolheu dar a sua alma, assim ele não foi afetado, embora ele não conseguisse matar Arabejila. Ela viajou comigo, dedicando-se a segui-lo e me ajudando a mandá-lo para a próxima vida, mas ela sofreu muito durante os longos anos. —E você sentiu a tristeza dela. —Os homens perdem a capacidade de ver a cor ou sentir a emoção depois de algumas centenas de anos, ou antes, se eles matam continuamente. Eu costumava ir para a casa de Arabejila, muitas vezes, quando voltava da caça apenas para estar perto de Katalina, sua mãe — e eventualmente 338 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Arabejila — e isso me permitiu ter sentimentos mais fáceis de lembrar. Mas eu sabia que era o afeto. Eles fizeram minha vida muito mais suportável até Arabejila perder seu companheiro. Eu queria ser insensível, para não sentir a sua grande tristeza, ou como ela teve que lutar para permanecer viva. De certa forma eu senti que deveria ser punido por suas emoções, embora ela tentasse escondê-las de mim. Riley roçou sua mente com a dela, a mais leve das carícias, a necessidade de cercá-lo com seu amor. Ela sabia que ele mal podia ficar ali na varanda, com o céu da noite tentando acalmá-lo. Era uma noite para recriminações. Desde que ele tinha visto a criança e o corpo dilacerado da mãe, Dax estava inquieto e mais do que desconfortável. Ela só não sabia como ajudá-lo. —Estamos seguros aqui, não estamos? Dentro desta casa? Mitro não pode saber que estamos aqui, não é? — Ela perguntou. —Eu posso sentir que você está infeliz aqui. Precisamos de um lugar para ficar, e Riordan De La Cruz deu-nos esta bela casa. Você tem um lugar de descanso ... —Que eu nunca poderia usar, e ele está bem ciente disso, —disse Dax, seu rosto escuro. —Por quê? Ele é Cárpato. Ele tem uma companheira. Gary e Jubal o conhecem. Sua Sua cunhada, Jasmine, está aqui. —O Antigo está desconfortável, —disse Dax. —Eu não consigo acalmálo. Ele está desconfiado de Riordan. E os caçadores Cárpatos nunca permitem aos outros conhecerem os seus locais de repouso. A alma de dragão moveu-se contra a dela. O dragão estava com sono, bocejando, esperando para Dax descobrir que era o caçador que estava preocupado, não o dragão. O dragão queimaria o inimigo imediatamente e cuidaria de qualquer problema. Não haveria a conversa incessante. Como se o dragão lhe desse um pequeno empurrão, Dax continuou. —Quando eu vou para a terra, não tenho o luxo de estar perto de você, a não ser que use o que foi disponibilizado para mim. Eu não posso mantê-la segura. 339 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley franziu a testa, tentando entender. —Riordan parece ser muito hospitaleiro. Ele é claramente dedicado à sua companheira e sua cunhada. O que preocupa você — hum — quer dizer o Antigo? —Eu conheci o irmão mais velho muito antes deles virem para este lugar. Na época, eles não se chamavam por esses nomes. O mais velho não é apenas sombrio, mas manteve grande escuridão nele, até mesmo quando era um menino. Se Mitro ainda pôde fazer a opção de entregar sua alma, é lógico que qualquer homem dos Cárpatos pode cometer tal atrocidade. Lá estava. Ninguém estava seguro. Riley franziu a testa, tentando colocar os pedaços de informações que encontrou em sua mente com os dados que ela aprendeu com algumas conversas. —Dax, pode explicar o vínculo de companheira para mim mais uma vez para que eu possa compreender melhor o conceito real? Gary tentou, mas realmente não entendi totalmente. — Ela estava perdendo alguma coisa aqui, ou era Dax. E dado o seu estado de espírito, sua resposta explosiva ao perigo, ela precisava estar muito bem informada sobre o seu mundo agora. Ela se guiou pelo instinto, mas a informação era extremamente importante. Dax foi até ela e se afundou em uma cadeira ao seu lado. Instantaneamente seu aroma fresco a envolveu. Ele cheirava a vida ao ar livre. A perigo. A calor e fogo. Todo o seu corpo reagiu à sua proximidade, uma corrente elétrica fluindo através de sua corrente sanguínea. Seus pulmões queimaram, e dentro dela doía. Ele estendeu a mão e tomou a dela, o movimento tão gentil, seu toque muito leve, mas todos os sentidos aumentados até que ela pode sentir cada respiração que ele tomava. Sua pele era morna, quase quente, como seus dedos que se entrelaçaram com os dela. Seu polegar acariciou o dorso de sua mão. Ele ficou em silêncio por um momento, ociosamente brincando com seus dedos, deslizando os seus entre os dela lentamente, quase como se fossem pinceladas. Ela mal podia respirar, mal podia pensar. 340 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela achou estranho que mesmo aqui, de volta em uma cidade cheia de vida, com as pessoas, ela era muito consciente de sua fome e necessidade por Dax. Seu amor por ela era tão forte naquele momento que era quase tangível, envolvendo-a em braços fortes e quentes quando ele mal a tocava. Seu amor por ele a levou às lágrimas quando estava sozinha. Cada batida do seu coração foi ouvido por ela. Cada respiração dele, dela, também. Mais do que tudo agora ela queria — não, necessitava —encontrar um caminho para confortálo. —Um macho Cárpato perde toda a emoção e a capacidade de ver em cores, após os primeiros 200 anos. Às vezes mais rapidamente. Quanto mais ele caça e mata, mais rápido o processo. No meu caso, foi muito rápido. Nós somos ensinados que há uma só alma entre um homem e sua companheira. Ele detém a escuridão, e ela é sua luz. Há apenas uma e ela deve ser encontrada. Dax levou a mão dela à boca, beijando os nós dos dedos. —Eu a encontrei. —Porque você me ligou a você, nos tornando companheiros o impediria de de trasnformar— reiterou ela. —Eu pensei que seria. Agora — ele balançou a cabeça —eu não sei. Mitro sabia que Arabejila era sua companheira e ainda assim, ele se transformou. Esse era um fato que não poderia argumentar. —Mas— ela se se sentiu compelida a apontar, —Mitro ligou Arabejila a sua alma perdida depois que ele se tornou vampiro. Eles eram companheiros, mas ele nunca verdadeiramente reivindicou-a até que escolheu deliberadamente desistir de sua alma. Ele já era um não-morto. Ele não pôde matá-la, e o vínculo pelo menos transcendeu sua necessidade de matar, mas ele queria que ela sofresse. Talvez ela poderia tê-lo salvo se ele a reclamasse antes de se transformar.
341 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax inclinou-se por um momento, e ainda segurando a mão dela, ele cobriu o rosto brevemente. —Eu não acho que havia qualquer esperança. Ele era tão escuro, Riley. Tão sombrio. —Você viu a escuridão em Riordan?—, ela perguntou. Muito suavemente, ela pôs a mão em seu cabelo, todos aqueles suaves fios espetados que ela adorava acariciar. —Ele parece tão dedicado à sua päläfertiilam. — Sua palavra para companheira rolou em sua língua. Ela estava começando a gostar do som e da mais completa acepção da descrição dos Cárpatos para "esposa". De alguma forma parecia muito mais. Dax sacudiu a cabeça. —Ainda assim, estamos em sua casa. Ele compartilha esses lugares com todos os seus irmãos. Eu estou caçando Mitro, um vampiro extremamente poderoso. Ele evoluiu para algo que eu não entendo, e isso o torna ainda mais perigoso. Se eu tiver que dividir a minha atenção entre Mitro e um desses caçadores, nós podemos estar em apuros. A maneira como ele a estava tocando era o que tornava difícil pensar direito. Sua voz era hipnótica, uma mistura de fumaça e veludo. Ela inclinou a cabeça em seu ombro. —Você tem um jeito de me fazer esquecer o perigo, Dax. Você realmente acha que Riordan é um inimigo para nós? —Já chega. Eu não quero que você se preocupe. Você se preocupa o suficiente para todos nós, o Antigo contribuiu. Se você quiser eu posso queimar a casa e matar todos eles. —Não se atreva, —disse Riley. —Ele não iria, —Dax assegurou. —Ele está brincando com você. Riordan parece ser um bom homem, e muito dedicado a sua companheira, mas há uma lasca de uma sombra nele. Nada como em seu irmão mais velho, mas está lá. Ele é altamente capaz ...
342 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Violência? — Riley sorriu para ele. —Como você? Você tem uma sombra em você? —Uma vez, antes de tudo isso começar, Mitro disse que eu tinha. Ele disse aos anciãos que a razão pela qual eu podia "ver" em outros caçadores era porque eu carregava a maldição das trevas em mim mesmo. O Antigo bufou, o som reverberou através de seus crânios. —Eu não acho que ele está levando qualquer coisa que Mitro disse muito a sério, — Riley confidenciou em um sussurro, como se isso fosse impedir o dragão de ouvir. —Temos companhia, —disse Dax, com o rosto totalmente inexpressivo, como se tivesse sido esculpido em pedra. Emoções podiam ser compartilhadas com ela, com ninguém mais. Um movimento chamou sua atenção. Dax mudou sutilmente, colocando seu corpo ligeiramente à frente dela, seu braço varrendo-a para fixá-la nas sombras mais profundas. Jubal segurou a porta do terraço aberta para uma mulher pequena e muito grávida precedê-lo. Jasmine Sangria enviou-lhes um sorriso hesitante. —Será que estamos invadindo? —Não, claro que não, —disse Riley apressadamente. —Esta é a sua casa, e você é muito gentil em compartilhá-la conosco. Jasmine, Riley ficou sabendo em sua chegada, era cunhada de Riordan De La Cruz. Sua irmã, Juliette, era completamente Cárpato, levada para o mundo dos Cárpatos por seu companheiro. Jasmine não era. Ela era jaguar, como Juliette antes de sua conversão, e ela havia sido sequestrada e estuprada antes que sua prima e Juliette, junto com Riordan fossem capazes de resgatála. Juliette admitiu ser superprotetora com ela. Jubal puxou uma cadeira da mesa de jantar no pátio e gesticulou para ela se sentar. Jasmine fez uma cara para ele, mas escorregou na cadeira. Jubal cobriu-a com um cobertor. Era muito bonito, tecido de material especial.
343 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Jasmine acariciou o material nas mãos, obviamente, achando uma forma de se acalmar. Ela respirou fundo e enviou-lhes um outro sorriso tímido. —Eu nunca passei muito tempo em uma cidade e, às vezes, parece que eu não consigo respirar aqui. Juliette havia informado que Jasmine passou sua vida na floresta. Jubal puxou uma cadeira ao lado dela e afundou-se, inclinando-se um pouco em direção a ela, parecendo quase protetor. —Isso é compreensível. Dax enfiou os dedos através da mão de Riley e segurou-a firmemente contra seu peito. —Você vai ter esse bebê muito em breve. Jasmine assentiu. —Eu certamente espero que sim. Me sinto como se estivesse grávida para sempre. —Ela deu uma risadinha, e pela primeira vez, ela parecia jovem, ao invés de tensa. —Ela chuta o tempo todo. Juliette, irmã de Jasmine, saiu para o terraço carregando dois copos. Ela entregou um a Jubal e outro para sua irmã. — Você precisa ficar hidratada, Jasmine. Jasmine fez uma cara para ela quando ela continuou a ficar sobre ela, franzindo a testa. —Eu estou bem, Juliette. Neste ponto, se eu entrar em trabalho de parto, é tudo de bom, né? Eu não podia suportar ficar dentro de casa um minuto. Jubal veio comigo e Dax está aqui, por isso estou perfeitamente segura. Alguma coisa na maneira de Juliette alertou Dax que esta não achava que Jasmine estava segura, no mínimo, mas ela apenas deu de ombros, puxou outra cadeira e sentou-se. O terraço foi se enchendo rapidamente. Alguma coisa estava acontecendo aqui, o que aumentou sua inquietação. Riordan os havia cumprimentado e partido às pressas. Ele obviamente conhecia Gary e
344 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Jubal, mas que macho Cárpato deixaria sua companheira e cunhada desprotegida com um caçador desconhecido assim tão perto da sua família? Juliette sorriu para Dax e Riley, mas o seu sorriso não iluminou seus olhos. —Riordan vai estar em casa a qualquer minuto. Eu sinto muito por ele ter que sair de repente. —Jubal, quanto tempo você conhece Jasmine e Juliette? — Riley perguntou. Ele parecia tão à vontade com a família, e eles tinham recebido tanto Gary quanto Jubal como velhos amigos. —Nós fizemos algumas viagens aqui, — Jubal disse, —e eles sempre nos colocaram em uma de suas casas. —Nós apreciamos sua companhia, —disse Jasmine. —Falando nisso, onde está Gary? —No telefone, —Jubal respondeu com um pequeno sorriso. —Ele e minha irmã Gabrielle falam sem parar e estão muito empolgados com a flor que Dax encontrou para nós lá em cima da montanha. —Uma flor? — Juliette se inclinou para frente. —Gary e Gabrielle estão trabalhando duro para descobrir por que não podemos sustentar uma gravidez. Pensei que eram os micróbios ... —Em parte, —Jubal concordou, —mas Gary diz que não explica tudo. Tanto ele quanto Gabby pensam que é uma combinação de coisas que levaram à razão pela qual as crianças não conseguirem chegar a idade adulta. Mães não conseguem sustentar a gravidez ou amamentar e só crianças do sexo masculino tem nascido. O coração de Riley saltou. Ela soube que a espécie dos Cárpatos estava à beira da extinção, Gary lhe dera uma visão geral, mas ela não considerou o que isso significaria para ela e Dax quando eles decidissem ter um bebê. Ela queria ter filhos. Muitos deles. Ela foi filha única, assim como sua mãe fora. Ela sentia-se solitária às vezes e invejara seus amigos que tinham irmãos.
345 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Teremos muitas crianças se é o seu desejo, Dax assegurou. Ele levou sua mão à boca e mordiscou seus dedos, enviando pequenos dardos de fogo através de sua corrente sanguínea. Você é muito fértil. Eu sou capaz de ter filhos. Se há um problema, como eu entendi, com o solo, estive em um vulcão, e a terra iria deixá-la saber para que não descansasse onde houvesse qualquer coisa que fosse prejudicá-la. Ele tinha um jeito de falar tão prosaico, com calma absoluta, que ela não podia fazer nada, a não ser acreditar nele, a tensão imediatamente desapareceu. —O pior é estar grávida por alguns meses apenas para perdê-lo, — disse Juliette. —Muitas de nossas mulheres tiveram que sofrer abortos, tiveram natimortos ou perderam seus filhos no primeiro ano. — Ela balançou a cabeça. —Eu não sei se eu poderia suportar isso. Jasmine colocou as mãos protetoramente sobre seu bebê. —Isso seria tão terrível. —Isso não vai acontecer com você, —assegurou Jubal, pondo a mão suavemente em seu braço,tranquilizando gentimente. Jasmine permaneceu relaxada, mesmo com o toque de Jubal. Eu vi em suas memórias, Dax disse a Riley. Ela não gosta de estar em torno dos homens depois do que aconteceu com ela, mas tanto ele como Gary fizeram questão de construir uma amizade com ela. Jubal tem duas irmãs, e ele detestava que ela estivesse tão sozinha o tempo todo. Ele realmente fez um esforço para passar um tempo com ela. Ele é um bom homem, disse Riley. Eu não sei o que eu teria feito sem os dois, Gary e Jubal. —Eu não tive a chance de dizer o quanto estou triste por sua mãe, —disse Juliette. —Uma perda terrível. Gary e Jubal nos contaram o que aconteceu. Ou seja, eles sabiam a verdade. Os dedos de Riley enrolaram na mão de Dax. Ela estava feliz por ele estar lá, ao lado dela dando-lhe o seu conforto.
346 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sem estar cercada pelas plantas ou o solo, Riley sentia a perda de sua mãe de forma aguda. Dax deslizou o braço ao redor dela, puxando-a sob seu ombro. —Às vezes sinto que nosso mundo foi transformado em um terreno de matar, —disse Jasmine. —Eu temo voltar lá com o meu bebê, mas eu não gosto da cidade. —Por que você não vai se recuperar nas montanhas dos Cárpatos? — Jubal sugeriu. —Solange está lá agora com Dominic. Nós poderíamos cuidar bem de você lá. E sua prima ficaria encantada de ver o novo bebê. Juliette se agitou, olhando carrancuda para Jubal, obviamente, não gostando da ideia. O rosto de Jasmine se iluminou. —Essa é uma boa ideia. Eu nunca pensei em ir a algum lugar completamente diferente, mas eu adoraria visitar essa área. Parece tão bonita, e é remota o suficiente que eu acho que poderia respirar lá. —Riordan não será capaz de sair daqui por um tempo, —Juliette advertiu. —Meses talvez. Vamos levá-la assim que puder, porém, se é isso que você quer. Jasmine estendeu a mão para sua irmã. —Eu sou bem capaz de ir por mim, Juliette. Você não pode passar a vida inteira preocupada comigo. Você já passou anos demais fazendo isso. Estou crescida. —Você é minha família Jasmine, — Juliette disse. —Eu gosto de estar perto de você. É importante para mim. Se você pensa por um momento que você é um fardo, você nunca foi. Eu esperava que você e Luiz ... —A voz dela sumiu. Jubal fez uma careta sombriamente, sentando-se em linha reta, sua lânguida calma se dissipando. —Luiz? Quem diabos é Luiz? Uh oh. Eu acho que Jubal tem uma coisa para pequena Miss Jasmine, Riley confidenciou, diversão derramando na mente de Dax. Sr. Calmo, legal e 347 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
colecionador esteve ocultando um segredo, esperando o seu tempo e preparando para atacar e ficar com a garota quando ela não estava olhando. —Luiz é apenas um amigo, —disse Jasmine. —Ele e Manolito são amigos—, acrescentou ela na explicação para Jubal. —Ele era jaguar, como Juliette e eu. Ele fez o seu melhor para nos ajudar, e os outros machos se voltaram contra ele. Ele é Cárpato agora. —Você poderia ser Cárpato, — Juliette insistiu. —Sempre que você quiser ... Jasmine já estava balançando a cabeça. —Eu só quero ser eu mesma por um pouco mais de tempo. Tanta coisa aconteceu e eu apenas gostaria de ter um pouco de paz e aproveitar meu bebê. —Luiz seria tão perfeito, —disse Juliette. —Você tem certeza? Ele entende o jaguar em você e ele sabe do nosso passado. Ele seria bom para você. —Eu não o amo, —Jasmine retornou suavemente. Firmemente. —Sinto muito, Juliette. Eu sei que deve frustrá-la, mas quando eu sossegar com um homem, eu quero o que você tem. Amor verdadeiro. Compromisso real. —Então você precisa de um Cárpato. —Você está dizendo que os machos humanos não são capazes de verdadeiro amor por suas mulheres? Porque eu vou te dizer agora, que não é assim, —Jubal exigiu, com uma voz afiada. —Meu pai é totalmente dedicado a minha mãe e ele sempre foi. —Eu tenho que admitir, — Riley acrescentou: —meu pai foi dedicado a minha mãe também. Nós conhecíamos vários casais que estavam juntos há mais de 50 anos. Isso deve contar para alguma coisa. —Eu sinto muito—, desculpou-se imediatamente Juliette. —Eu sei que soa muito mal. Não quis dizer isso dessa forma. É só que a ideia de perder Jasmine é perturbadora para mim. —Ela abaixou a cabeça, olhando para as mãos. —Nós duas perdemos muito. Há apenas Solange e Jasmine no meu lado da família. 348 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Jasmine estendeu a mão para sua irmã. —Sempre seremos nós três. Agora vamos ser quatro. Eu não descartei a possibilidade de conversão ainda, mas eu quero saber se meu bebê será capaz de converter antes de sequer pensar nisso. Jubal afundou em sua cadeira, olhando para todo o mundo como se ele não estivesse preocupado. Jasmine olhou para ele e depois para as mãos. Há problemas ali, Dax previu. Ele não gosta da ideia de sua conversão. Ele têm suas irmãs, Riley apontou. Não poderia ele ser convertido? Ele deve ter a mesma capacidade. Não pode um homem ser convertido? Eu diria que sim. Obviamente este Luiz foi. Eu peguei as impressões sobre ele como um jaguar. Dax virou a cabeça como Juliette fez. Riley o sentiu franzir a testa. Riordan está de volta e ele está muito infeliz. Ele está pedindo para Gary levar Jasmine para dentro. Riley olhou para Juliette. Ela piscou para conter as lágrimas e manteve o rosto cuidadosamente desviado de sua irmã. Definitivamente algo estava errado. Gary saiu da casa. —Jasmine, —ele chamou, acenando para os outros. —Eu estive sem um adversário digno de xadrez por um longo tempo. Venha me tirar da minha miséria. —Hey! —Jubal objetou. Jasmine sorriu para Jubal. —Você não esteve retendo o fim das partidas de xadrez? —Cuidado, mulher, —Jubal advertiu. —Não lance desafios que você não vai ser capaz de vencer. —Qualquer hora, em qualquer lugar, —Jasmine ofereceu. Ela riu e estendeu a mão para ele. —Pare de ser preguiçoso e me ajude a levantar. Eu sou uma baleia encalhada. —Você é linda e sabe disso. Pare de pescar elogios, — disse Jubal, preguiçosamente chegando junto a seus pés. Ele puxou-a para cima, não se 349 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
movendo para trás de modo que quando ela se levantou, seu corpo se chocou contra o dele. Ele descansou a mão em sua barriga inchada. —Você não é mesmo muito grande. —Eu sou grande. — Ela não se moveu, apenas olhou para ele, mas nem ela retirou sua mão. Jubal sorriu e deu um passo para trás, dando-lhe o espaço para ir ao seu redor. —Vá práticar. Você vai precisar. —Você vai comer essas palavras, — Jasmine advertiu. —Qualquer hora, em qualquer lugar. — Jubal jogou suas palavras de volta para ela. Sua risada flutuou de volta para eles. A pressão e a tensão se foram dela, e ela parecia jovem e feliz novamente. —Obrigada, — disse Juliette para Jubal. —Eu não ouvi esse som dela desde ... a última vez que você esteve aqui. Riordan apareceu no terraço e Juliette foi até ele imediatamente. Ele colocou os braços em volta dela, segurando-a perto dele. —Acho que não foi uma boa notícia—, disse Jubal. Riordan balançou a cabeça. —Não. Eu acho que Jasmine está certa. Alguém a está seguindo, e eles estão atrás do bebê. Jubal praguejou. —Droga. Jaguar? —Provavelmente. Eles seriam os suspeitos mais prováveis. —Talvez não, — disse Dax. —Nós não tivemos tempo para lhe dizer. Seu piloto nos pediu para verificar uns amigos de Juliette. Juliette virou a cabeça para olhar para Dax, mas Riley podia ver pelo seu rosto, ela já sabia o que ele ia dizer. —Sinto muito, Juliette, —disse Dax formalmente. —Ela estava morta. Assassinada. 350 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Seu bebê? Riley apertou os dedos em torno de Dax. Dax balançou a cabeça, seu tom tão estóico como sempre, seu rosto esculpido em pedra. Só que ela sentiu a explosão de emoção, o vulcão saindo de dentro dele. —Mitro matou a criança, assim como a mãe. Eu preciso saber tudo o que acontece aqui. Tudo. Capítulo 18 —Jasmine vai dar à luz a qualquer minuto, — explicou Riordan. — Juliette temia complicações, então a trouxemos para um médico aqui da cidade. Ela é jaguar e cuida de muitas de suas mulheres. Um par de dias atrás, começou a sentir como se alguém a estivesse seguindo. Eu não estava com ela, mas alguns dos nossos foram até lá e não viram nada suspeito. Juliette e eu saímos quando nos levantamos e não pudemos encontrar pista de alguém a vigiando. Ainda assim, estava tão desconfortável, que não desisti. —Graças a Deus, — Juliette disse. —Esta noite recebi um telefonema, primeiro de um amigo do departamento de polícia e depois do médico de Jasmine. A polícia fez um achado horrível quando flagrou um armazém cheio de drogas. Um grupo de Góticos pertencentes a algum culto secreto estavam fazendo sua casa sob o armazém, e tinham os corpos de seis crianças mergulhadas em ouro. Alegaram os bebês foram mortos, e os estavam vendendo no mercado negro. Horrorizada, Riley recuou e esbarrou em Dax. Ele deixou cair as mãos em seus ombros para firmá-la. Imediatamente se sentiu confortada. Suas mãos eram grandes e fortes, mas seu toque muito gentil. Ele não disse nada, mas não precisava. —Isso é nojento, — disse Jubal. —Espero que os prendam e joguem fora a chave. 351 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Há algumas culturas que acreditam que ter o corpo de uma criança mergulhada em ouro em sua casa, traz sorte, — disse Riordan. —Quem em sã consciência pensaria que o corpo de um bebê coberto de ouro traria sorte? — Jubal exigiu. —Isso é doentio. —Apesar disso, — disse Riordan. — Acontece. E a Dra. Silva, médica de Jasmine, pensa que todos os seis bebês vieram de mulheres que frequentavam sua clínica. Todas mulheres jaguar. Disse que seis de suas pacientes em vários estágios de gravidez de repente pararam de vir às consultas; apenas desapareceram. Ela tentou entrar em contato com elas, mas ninguém ligou de volta. Mulheres Jaguar podem ser muito esquivas... —Elas têm que ser, — defendeu Juliette. —Mas não parariam de ir à sua médica antes de dar à luz. — Ela se afastou e passeou agitada a alguns metros de distância. Riordan estendeu a mão para ela. Juliette imediatamente pôs a mão na dele. —Sei que está preocupada com ela, mas nada vai acontecer com Jasmine. Ela tem todos nós olhando por ela. —Ela passou por muito, — disse Juliette. —Acrescentar ainda mais é simplesmente errado. Se realmente souber que estão atrás dela novamente, ficaria devastada. —Sua médica advertiu para ter cuidado. Tinha um mau pressentimento sobre essas outras mulheres e até mesmo chegou a ir à polícia, mas ninguém pareceu alarmado. A Dra. Silva disse que duas das mulheres pareciam inquietas e uma disse que achava que alguém estava fora de sua casa na noite anterior, — Riordan continuou. —A maioria dos homens jaguar está espalhada, mas muitos foram para as cidades. Estamos com medo que comecem a perseguir as mulheres aqui. —Isso é o que achava a Dra. Silva, — disse Juliette. —Que os homens as encontraram. Tudo estava relacionado às jaguares carregando bebês, assim assumimos que eram os machos procurando para levá-las de volta.
352 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Juliette e eu fomos às casas das mulheres, acreditando que pudéssemos pegar o rastro e ir atrás das mulheres, — acrescentou Riordan. Ele balançou a cabeça e olhou para sua companheira. —Não eram homens jaguar, — assegurou Juliette. —Não havia nenhuma evidência de qualquer um deles em qualquer lugar perto das casas ou propriedades das mulheres. Seria capaz de cheirá-los. —Acredita que um vampiro tem algo a ver com esses desaparecimentos? — Riordan perguntou a Dax, indo direto ao assunto. —Você está inquieto. Juliette está inquieta. Jasmine também. Riordan franziu a testa quando assentiu lentamente. —Senti a presença do mal, mas não pude segui-lo. Foi muito estranho. Caçamos na floresta e cidades acima e abaixo da América do Sul. Isso me pareceu diferente. Não pude pegar bastante do cheiro, mas sabia que estava lá. Vago e tão fraco que não pude seguir a trilha. Cacei vampiros e ainda... a única palavra que posso pensar é diferente. Não consegui identificá-lo como não-morto. —Detectamos Mitro aqui nesta cidade, — disse Dax. —Não me surpreenderia se estivesse por trás disso. Ele é diferente de qualquer vampiro que já enfrentou, e não é fácil rastreá-lo, nem mesmo para mim e eu o segui por centenas de anos. Ele é... diferente. Juliette estremeceu e se aproximou de Riordan. —Jasmine não sabe disso, e tem que ser vigiada o tempo todo. —Gary e eu podemos ficar com ela durante o dia, — Jubal ofereceu. —E graças à prima de Juliette, Solange, somos capazes de levantar mais cedo durante o dia, por isso, se houver necessidade, podemos vir em seu auxílio, — disse Riordan. Dax sentiu o familiar salto em seu cérebro ligando os pontos. —Solange? — Precisava de mais informações. Não tinha ideia de quem era, mas esteve seguindo Mitro por tanto tempo que sabia a forma como o vampiro pensava e agia. Seu cérebro ouvia a conversa casual, mas seus instintos de repente chutaram. 353 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Solange é minha prima, — disse Juliette. —Companheira de Dominic. —Dos Caçadores de Dragão? Ele ainda vive? — Dax perguntou. Riordan assentiu com a cabeça. Dax cruzou para o corrimão. Não estava acostumado a ficar tão perto de tantas pessoas e olhar para as luzes da cidade o fazia se sentir menos sufocado. —O que há de diferente no sangue de Solange que permite que fique ao sol? —Ela é da realeza jaguar, — explicou Riordan. —Trocou o sangue conosco, o que nos permite lidar com o sol por longos períodos de tempo, mas há um custo. A fraqueza é grave e vem inesperadamente e muito rapidamente. Tentamos não usar essa capacidade muitas vezes porque pode se encontrar em perigo muito rapidamente, mas nos dá algumas vantagens que não tínhamos antes. —Todo sangue jaguar permite aos Cárpatos ficar mais horas no sol? — Dax perguntou, olhando à frente a deslumbrante exibição de luzes. —Se fosse esse o caso, eu seria o primeiro a descobrir, — disse Riordan. —Juliette foi jaguar. Seria capaz de passar mais horas acordado. —Como sabe que não poderia? Tentou? — Dax perguntou. Riordan e Juliette olharam um para o outro, claramente chocados. Riordan eventualmente sacudiu a cabeça. —Não acho que tentei, por que o faria? Ainda assim, não acho que o sangue de Juliette poderia fazer o que o sangue de Solange faz e claro que agora, com Juliette totalmente Cárpata, isso é um ponto discutível. Dax se virou para enfrentar o Cárpato. Era um caçador, e quase tão bem como se conhecia ele conhecia sua presa. Se Mitro estava atrás da morte das mulheres grávidas e pegando seus bebês, não era apenas por divertimento. Ele alvejava deliberadamente cada vítima. Se encontrasse uma maneira de prolongar seu tempo no início da manhã ou da noite, poderia fazer ainda mais mal do que já estava fazendo. Já era um inimigo formidável. Adicionando
354 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mais horas ao dia, teria mais tempo para recrutar seu exército e mais tempo para matar ou fazer marionetes. Riordan sacudiu a cabeça. —Nenhum vampiro poderia nunca sair ao sol. Não é possível. —Mitro não é nenhum vampiro ordinário, — advertiu Dax. —Arranquei seu coração e o joguei na piscina de magma e ele ainda vive. Riordan ficou muito imóvel. O suspiro de Juliette foi audível. Dax não tinha como saber, mas a mórbida e depravada extirpação de crianças não nascidas de suas mães parecia Mitro. Olhou para Riley. Obviamente, ela estava pensando o mesmo. Ela o olhou horrorizada. Verdadeiramente horrorizada. Queria colocar seus braços em torno dela e abrigá-la perto de seu coração, afastá-la de monstros retorcidos, depravados. Os olhos dela encontraram os seus. Ela enviou um pequeno sorriso, relutante e seu coração virou. Estou bem. Vimos o quão ruim ele é. E viemos aqui para isso. O sangue de Arabejila, bem como seus dons — e de seus antepassados — corria profundo nas veias de Riley. Se havia uma pessoa que podia controlar Mitro, era Riley, e ela compreendia isso. —Nos levem lá, para uma destas casas onde sentiram essa presença, — Dax ordenou. —Esta noite. Não temos tempo a perder. — Ele não deu aos outros, tempo para recusar, girando em seus calcanhares, segurando a mão de Riley e deslizando na direção da porta. Havia alívio em deixar o interior da casa. Podia ver como os Cárpatos se esforçaram para atendê-los, mas estavam acostumados ao mundo moderno e à civilização. Ele não estava. O ar não parecia o mesmo. Nada parecia o mesmo para ele dentro de quatro paredes. A presença de Riley ajudava, mas preferia o ar livre e as montanhas. Riordan hesitou. —Juliette? —Vou ficar com Gary e Jubal. Podemos vigiar mais Jasmine. Com salvaguardas, se o vampiro a tiver como alvo, seus marionetes não serão 355 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
capazes de entrar aqui se não retornar antes do sol raiar. Estaremos seguros, enquanto estivermos aqui dentro. Riordan assentiu com a cabeça e, em seguida, seguiu Dax para fora. Os dois caçadores inalaram profundamente, cheirando o ar, buscando informações. Riley se agachou enquanto ambos trabalhavam nas salvaguardas da casa, afundando as mãos no solo. Dax estava ligado com ela para saber o que a terra podia lhes fornecer. Havia sempre essa primeira resistência ao seu impulso em sua mente. Ela não sabia ainda o bastante de como manter sua mente aberta a todos os momentos, mas não podia resistir à maneira como ele se derramava em calor uma vez que ela o tocava. A metade de sua alma gritava pela dela, e a dela respondia. Não estavam mais sozinhos, cada sombra se fora, e cada vez que compartilhavam mentes, ambos achavam mais difícil se separar. Seu sangue subia no momento que compartilhavam sua conexão íntima. Ele esperava até que a primeira onda passava e assistia seu coração, que não alterava ao ritmo do dela. No fundo de suas veias, um pulso zumbia, mantendo o ritmo de sua pulsação. Ela parecia se concentrar no que deveria ser seu próprio pulso. Ele chegou mais próximo dela, pôs sua mão em sua nuca e se moveu mais fundo em sua mente. Ela estava seguindo algo que não entendia, mas ele também ainda não tinha compreendido. Ainda assim, permaneceu à espera. Era um caçador e aprendeu a ter paciência. O que quer que estivesse escapando, viria a ele, não havia nenhuma dúvida em sua mente. Lá estava. Uma pequena batida irregular dentro de seu pulso. Ele escutou atentamente. Não está certo, disse Riley. Isso é estranho. Algo está muito errado aqui. Sinta a maneira como meu sangue se move em minhas veias. Muito fraco, mas há algo me puxando na direção da borda do penhasco, para a esquerda. Acho que ele está lá...
356 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela se interrompeu, sacudindo a cabeça e virou para olhar ao seu redor. Um pequeno bosque de árvores ficava à esquerda, balançando ligeiramente. Gostaria de saber se está aqui. Está certo. Não é ele, mas seu sangue está aqui. Um pouco longe para não incomodar os ocupantes, mas algo ou alguém está vigiando. Dax empurrou uma brisa como um toque no ombro de Riordan para avisá-lo. Ele mudou para o canal comum dos Cárpatos. Não estamos sozinhos. O vigia estava sem dúvida seguindo os movimentos das mãos de Riordan, como definia as salvaguardas sobre sua casa na cidade, deixando quem estava dentro vulnerável. Está certo disso? Riordan não parou o movimento de suas mãos, mas comeu a tecer um padrão estranho. Riley está, e isso é bom o suficiente para mim. Posso sentir um rastro leve, mas não é Mitro. Riley diz que seu sangue está aqui, Dax informou ao outro Cárpato. Ele tirou de Jubal e Gary suas memórias, mas não fez isso com Riordan. Memórias eram sagradas para cada Cárpato macho. Às vezes a honra era mantida apenas pelas memórias. Se sentia deficiente por sua falta de conhecimento sobre o que aconteceu na história do seu povo. Gary tinha mais conhecimento, mas era humano e não tinha os dados necessários para séculos de luta contra vampiros ou informações que os caçadores tinham sobre eles ou dos truques usados. Riley tremeu sob seus dedos e Dax começou uma massagem lenta. Apenas continue o que está fazendo, sivamet. Vamos encontrá-lo, este espião. Pode acompanhar o sangue até o espião? Sua mente se moveu contra a dele e mais uma vez ele experimentou essa estranha fraqueza nas proximidades de seu coração. Ela não protestou, ou desmoronou, mas manteve as mãos profundamente no solo, sua cabeça baixa como se ouvisse atentamente.
357 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sim, acho que houve outros, no mesmo bosque de árvores. Mais de um, mas há poucos dias. A pista é muito fraca, mas se eu ouvir meu sangue, a chamada está lá. Dax continuou massageando seu pescoço com uma mão, a outra descendo ao seu lado, a mão aberta, sutilmente se movendo, apenas ligeiramente fazendo o vento se apressar acima do desfiladeiro, rodar em torno do bosque de árvores e trazendo as rajadas direto para ele. Na segunda árvore da esquerda. Alto dos ramos. Um roedor. Mitro o está usando da mesma forma que os magos faziam, informou a Riordan. Eu o tenho agora, Riordan reconheceu, soltando as mãos como se tivesse terminado e pensasse que sua casa estava segura. Vai ter que vir com a gente, Dax sussurrou baixinho na mente de Riley. Se não o fizer, ele vai saber que o achamos. Tinha que continuar se lembrando que ela não era Cárpato, mas ela não vacilou, embora não tentasse esconder sua relutância silenciosa. Ela pegou a mão que ele estendeu e se levantou, levando seu tempo para espanar suas calças jeans. Ele sabia que ela estava se dando tempo para se compor e endurecer para tudo que estava por vir. —Estou pronta, — ela disse em voz alta, piscando um sorriso para ele e, em seguida, para Riordan. —Vamos lá. Vamos fazer compras. Os meninos estão passando fome, e duvido que os dois saibam muito sobre compras. — Ela ainda conseguiu uma pequena risada de sua própria piada. Ele enroscou seus dedos nos dela, espantado pelo seu tom brincalhão, não excessivamente alto; na verdade, não estava certo se o observador poderia ouvi-la, mas não importava. Ela agia perfeitamente natural. Ele acelerou seu ritmo sem aparentemente fazê-lo. Riley estava um passo atrás, mas ele parecia não perceber, se inclinando para Riordan para dizer alguma coisa em voz baixa, enquanto caminhavam pelo caminho sinuoso que levava ao veículo estacionado na garagem do lado esquerdo mais próximo desse pequeno bosque de árvores. Ela se dobrou atrás, da forma como fazem os apaixonados, 358 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
sua mão deslizando em seu bolso de trás, então acertou seu ritmo, usando seu corpo como escudo. Está vigiando sua companheira, Riordan avisou. Não está olhando para qualquer um de nós, apenas para ela. Dax era cuidado em olhar a criatura diretamente, mas já tinha visto os redondos olhos brilhantes através da folhagem e o olhar era dirigido exclusivamente a Riley. Mitro acredita que é outra pessoa e a teme. Ele rejeitou sua companheira Arabejila e tinha a intenção de matá-la, mas não pode se forçar a terminar o trabalho. Ela é a única pessoa que ele não pode matar, então vai enviar cada subordinado que tem para fazer o trabalho por ele, explicou Dax. A coisa está me olhando, Riley sussurrou em sua mente. Ela parecia assustada. Sua mão saiu do seu bolso traseiro para o final de suas costas. Ela apertou sua camisa firmemente em seu punho. Vai dar tudo certo. Isso é fácil de dizer. Ele não está olhando para você. Ele suprimiu um sorriso. Pare de olhar para ele. Ele tem dentes grandes. É claro que tem. Está destinado a matá-la. Estou certo que as garras são do mesmo tamanho. Estavam a uma distância de ataque agora. Ela bateu duro nas suas costas. Acha que um dia vai conseguir assimilar o conceito de diluir o nível de perigo? Não entendo o que isso significa. Estava genuinamente intrigado. Ela estava meio séria, meio brincando, mas ele não gostava da ideia que pudesse estar falhando com ela em algum nível. Como uma ―água abaixo‖2 — o que quer que fosse — podia ser um perigo? Qualquer criatura que o vampiro usasse para atacar era extremamente perigoso, especialmente um que queria matar sua companheira. É claro que não. 2
Trocadilho – diluir é watering down, e o cárpato entendeu “water down”
359 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Havia uma sugestão de riso em sua voz. Arabejila tinha o dom de permitir que um macho Cárpato, que perdeu todas as cores e emoção, sentisse alguma sensação apagada, mas nas vezes que conseguiu sentir algo, a reação era tão fraca e distante, que nunca esteve totalmente certo ou não que o sentimento era meramente uma memória de há muito tempo, ou se realmente experimentou a sensação. Certamente não humor. Arabejila sempre teve senso de humor, mas nem sempre entendia seu riso. Agora, com Riley, o humor se tornava diversão. Gostava de provocá-la. E gostava que ela o provocasse. Começava a entender o humor, e o dela sempre se mostrava em momentos inesperados. Está se preparando para atacar. Dax podia ouvir que a voz de Riordan em sua cabeça assustou Riley, mas o único sinal foi a maneira como apertou a parte de trás da sua camisa mais forte em seu punho e pressionou a testa contra suas costas, se tornando menor. Todo o tempo ela estava em sintonia com ele. Quando eu disser, se solte e agache. Ele estava em sua cabeça e ouviu seu protesto silencioso, mas ela balançou a cabeça várias vezes indicando que ouviu. Ele assentiu. Ela estava com medo. Realmente com medo. Estava acostumado com Arabejila, que sempre seguia suas ordens sem questionar. Como ele, ela não temia a morte. Ambos perderam toda a esperança de um companheiro e sabiam que a morte agora era uma questão de honra. Agora, tinha tudo para viver, mas o medo era algo que não estava familiarizado. Não permitiria que a machucasse, Riley. Era uma verdade simples. Não podia permitir uma coisa dessas. Ela era sua companheira, seu mundo, levando sua escuridão e não havia nenhuma maneira possível que deixasse algo machucá-la. Arabejila entenderia que... Se me comparar com essa mulher mais uma vez, vou bater na sua cabeça com um objeto muito grande. Não sou Arabejila, e nem gosto de suas comparações. 360 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele podia jurar que seus dentes arranharam sua pele. Ela podia ter rasgado sua camisa. Acho que o dragão seria uma boa coisa agora. Talvez deva chamá-lo. Ele é grande e tem dentes também. Ela estava regiamente irritada com ele, mas novamente não sabia o porquê. Companheiras eram muito mais difíceis do que jamais considerou. E o dragão? Ela queria o Antigo para protegê-la? Ele sentiu uma fraca agitação de uma emoção que não podia entender ou identificar. Ao mesmo tempo tentou organizar seu raciocínio ilógico, mantendo a maior parte de sua atenção centrada sobre o roedor. Pequenas chamas começaram a queimar nos olhos redondos, brilhantes. Músculos se apertaram enquanto se enrolava na espera que sua presa estivesse perto o suficiente. Agora. Ele deu o comando quando o espião saltou dos galhos, explodindo na clareira, se jogando através do ar direto para Riley. Ela caiu abaixada, soltando sua camisa quando as escamas deslizaram sobre sua pele, a dura armadura o protegendo, e ele balançou a criatura com um punho como um martelo. Acertou o focinho longo, despedaçando através dos afiados dentes e levando as presas de volta abaixo pela garganta do roedor. O roedor voou atrás, para as mãos de Riordan. Ele pegou o espião pelo pescoço e o segurou apertado, olhando nos olhos cheios de chamas. Profundamente, aquelas chamas vermelhas queimavam negras de ódio. Riordan só pegou o mais breve vislumbre no meio dos redemoinhos de fogo furioso dentro dos olhos da besta. Ele está sombreado, Dax, estava certo. A criatura rosnou e rasgou Riordan. Agora, mas preste atenção na lasca que vai tentar se salvar. Antes que o roedor sombreado pudesse afundar suas garras na pele de Riordan, o Caçador o atirou no ar. Dax convocou o dragão de fogo, abriu a boca e soprou uma torrente de chamas para engolfar o espião, o queimando 361 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
rápido. O cheiro era terrível, nocivo, até mesmo venenoso. O rosnado se transformou num grito terrível. Riley colocou suas mãos sobre seus ouvidos e prendeu sua respiração. Os dois caçadores não tiravam seus olhos do roedor queimando quando caiu no chão. Mesmo chocado, ele se levantou e cambaleou na direção de Riley. Dax enviou outra torrente arrebatadora de chamas na criatura, tão forte que o espião rolou mais e mais para longe de Riley. Queimando rápido, chiando, o roedor abriu sua boca e cuspiu fora uma pequena lasca de escuridão, uma mera sombra. A sombra caiu no chão e começou a cavar profundamente. Sem a sombra de Mitro para mantê-lo vivo, a infeliz criatura queimou quente e brilhante, se transformando em nada, exceto cinzas. —Pare-o, Riley, — Dax comandou no momento que a lasca pousou no chão. —Não deixe que ele use a terra para fugir. O traga para a superfície. Ela mergulhou as mãos no solo sem hesitação, embora seu medo fosse tangível. Ele não precisava de sua ligação mental para senti-lo. Seu canto murmurado era baixo, mas forte e firme, sem hesitação. A Mãe Terra respondia à sua filha. De uma só vez o chão ondulou, rolou e, em seguida, estremeceu. Terra explodiu no ar, um géiser vomitando alto quando a lasca do mal foi rejeitada. O vento passou longe dos Cárpatos. Dax e Riordan pularam através do jato do solo, os olhos treinados na única sombra escura quando foi atirada na direção das árvores. Mais uma vez Dax chamou o fogo, inalando profundamente, atraindo da reserva em sua barriga e enviando o fluxo de chamas diretamente na lasca das trevas. Gritos de dor e raiva alagaram o ar. Cães uivaram em todo o bairro, o alarme se espalhando por toda a cidade. Alarmes de carro dispararam. Sirenes soaram. Janelas quebraram em algumas residências e empresas. A promessa de retaliação, de vingança — veio quando o ruído profano desapareceu.
362 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley se ajoelhou com as mãos sobre seus ouvidos, a cabeça abaixada. Riordan foi verificar para se certificar que tanto a lasca do mal como a criatura estavam mortos. —Acabou, — disse Dax, correndo ao lado de Riley. Ele se abaixou e a levantou, a puxando para o abrigo de seu corpo. Riley se inclinou para ele por um breve momento, aproveitando o conforto oferecido por ele. Ele envolveu seus braços em volta dela, quase a esmagando, inalando, a puxando profundamente em seus pulmões. Seu perfume limpava o cheiro repulsivo, ofensivo, que permeava o ar em torno deles. —O que foi isso? — Ela descansou a cabeça em seu peito, traindo seu nervosismo pelas suas mãos trêmulas sobre seu coração. —Mitro criou um espião, colocando uma pequena lasca de si mesmo na criatura, para que pudesse ver o mesmo que ele. Dessa forma podia enviá-lo onde quisesse, ter total comando e obter informações com muito pouco risco para si mesmo, — explicou Dax, levando uma mão até sua nuca suavemente, aliviando a tensão dela. Ela virou o rosto para ele. —Vive num mundo muito assustador. O que ele esperava ganhar? —Claramente queria alguém vigiando os Caçadores Cárpatos ou Jasmine. Sobre sua cabeça podia ver Riordan mais uma vez tecendo novas salvaguardas ao redor de sua casa. Desta vez não haveria nenhum espião capaz de informar Mitro dos padrões exatos das salvaguardas, cujo conhecimento seria essencial para seus subordinados entrarem livremente na casa de Riordan. Agora, seria quase impossível para qualquer um que desejasse o mal entrar. —Acredita que ele está atrás de Jasmine. — Riley fez uma declaração. —Não está? Riley recuou, seus olhos se juntando. —Absolutamente. Está atrás de seu filho por alguma razão e vamos ter que descobrir o porquê, Dax e impedi-lo. 363 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ele é um serial killer. Pode chamá-lo de qualquer coisa que quiser, mas no final, parece ter prazer em torturar e assassinar pessoas inocentes. É ritualístico em seus assassinatos. —Ele quer que os outros pensem isso, Riley. Os rituais são criados para impressionar seus seguidores. Quer que eles o adorem e façam o que ele exigir como seus sacrifícios. Riley suspirou. —Se há uma facção de jovens, perdidas crianças góticas que está impressionando, então está construindo um exército, um culto de jovens à procura de respostas e pontos fortes, querendo pertencer quando não se encaixam em lugar nenhum. Acredite em mim, Dax, existem tantos fugitivos e descartáveis à procura de uma casa que farão qualquer coisa pelo seu carismático líder. São almas perdidas, e ele os está colecionando. —Mas a morte dessas mulheres jaguar nada tem a ver com seus seguidores, que apenas levam as mulheres para ele, — disse Dax. —Pelo menos essa é minha suspeita. Preciso que você confirme para mim e veja se pode seguir a trilha. Riley assentiu com a cabeça. —Disse que faria e quis dizer isso. — Ela fez um gesto na direção das cinzas queimadas. —Isso não muda nada, mas estava atrás de mim, não estava? Dax assentiu com a cabeça. —Mitro fará qualquer coisa para destruí-la. Tem que entender que seu ego, sua vaidade são enormes. Se acredita superior a todos os seres, todas as espécies. Lembra-se da aldeia na Amazônia? Ela estremeceu, dando um olhar de repreensão. —É impossível esquecer. Ele fez uma carícia pelos seus longos cabelos. —Ele precisa ser adorado. Sente essa necessidade o tempo todo. Não teme nada nesta terra, exceto Arabejila — sua companheira — e seu sangue é forte em você. Riley virou o rosto para ele. —Quando estiver morta e no chão, tenho algumas coisas a dizer a essa mulher. Eu ansiava por aventura, quando estava ensinando na Universidade, mas tenho que dizer, que graças a Arabejila, o normal parece realmente, de fato, perfeito. 364 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax viu sua boca realmente se curvando num sorriso por causa da aspereza em sua voz. Ele apressadamente tentou escondê-lo, sabendo que não era o movimento mais inteligente de sua parte, sorrir quando ela estava tão irritada. Ele pegou sua mão e a empurrou suavemente na direção de Riordan. —Nos leve à casa da mulher que desapareceu recentemente. Riley abanou a cabeça. —Não. Ao consultório da doutora. Sua clínica. Vamos lá primeiro. Riordan fez uma careta. —Existem muitas pessoas dentro e fora. Você nunca vai ter uma trilha clara. —Se você vê uma mulher grávida na rua, você pode dizer que ela é uma mulher jaguar? Fui apresentado a Jasmine, e eu não podia dizer pelo olhar ou perfume que ela era diferente de uma mulher humana. Pode? Pelo cheiro talvez? —Riley perguntou. Dax teve que admitir que ela tinha razão. —Não, jaguar é geralmente bem escondido, especialmente em uma mulher grávida. —Assim o fio comum tem que ser o médico que elas escolhem ver. Ela tem que ser como eles alcançam as mulheres. Eles não podem aleatoriamente pegar uma mulher andando na rua, não se sua teoria de que Mitro quer os bebês de jaguar para algum propósito nefasto está correta. Se essa Dra. Silva é a única de confiança das mulheres jaguar, então uma vez que Mitro sabe disso, ele pode descobrir que a maioria das mulheres que vão a ela é, provavelmente, jaguar. Isto toma o fator da suposição fora do jogo. Riordan assentiu. —Você acha que pode pegar a trilha, mesmo com o número de pessoas dentro e fora do lugar? —Mitro não pode estar obtendo a informação por si mesmo. Ele não usaria um observador, —disse Dax. —Ele não pode se arriscar a enfraquecer-
365 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
se. Ele tem que ter um auxiliar humano. E quem quer que seja não está pendurado do lado de fora. Alguém notaria eventualmente. —Você acha que sua marionete realmente funciona na clínica? — Riordan perguntou. —Isso faz sentido—, disse Riley. Um pequeno estremecimento atravessou seu corpo. —Quem está ajudando Mitro vê essas mulheres, fala com elas e, provavelmente, tem acesso aos seus prontuários médicos. Eles trabalham lá e podem até mesmo deliberadamente fazer amizade com essas mulheres. As mulheres não suspeitariam se se depararassem com um ou outro em algum lugar. Nem todas as pacientes da Dra. Silva são jaguar. Como elas poderiam ser? Será que ela não aceita quem não é jaguar? —Não, claro que não. Ela tem muitos pacientes humanos também —, disse Riordan. —Ninguém vai estar lá neste momento à noite. Riley deu de ombros. —Eu estou perfeitamente bem com isso. Eu pensei que estávamos indo só para pegar uma trilha. Eu não quero correr para qualquer coisa que o vampiro criou . Riordan esboçou um sorriso. —Onde está a diversão nisso, madame? Riley enviou-lhe um olhar sob os cílios, a boca curvando-se um pouco, mas ela não respondeu, enquanto seguia Riordan para o carro. Dax achou a ideia de viajar em um veículo bobo quando poderiam voar e chegar lá muito mais rápido. —Por quê? —Precisamos nos encaixar, — explicou Riordan. —Com a nova tecnologia, nós temos que ter mais cuidado do que nunca em parecermos humanos. —Ninguém está ao redor. Sua casa é isolada. Vamos apenas conseguir este feito —, disse Dax. Riley levantou a mão. 366 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Eu não voo. Eu apenas pensei que você gostaria de saber antes de tomar uma decisão. Eu tenho pés, não asas. Dax pegou a pequena vibração de excitação, quando a imagem do dragão entrou em sua cabeça. Ele estava grato por ela não mencionar o dragão para Riordan, embora o caçador Cárpato assumiria que ele simplesmente tinha metamorfoseado para a criatura mítica, usando a ilusão para o vôo. O Antigo não era amigável. Ele aceitou Dax e a mulher de Dax, mas o resto deles, ele poderia considerar um churrasco. Não poderia ter um dragão gigante cuspidor de fogo sobre uma grande cidade. Ele iria acabar no YouTube. Havia risos na voz de Riley. Eu não conheço o YouTube. Ela enviou-lhe imagens, mas ele ainda não conseguia entender o conceito. Computadores e televisão tiveram que ser vistos em primeiro lugar, antes que ele compreendesse totalmente. No entanto, ela estava certa, não poderia ter o Antigo nos céus, onde aviões pensavam que era o seu espaço. Para o dragão vermelho, os céus eram o seu domínio. Dax envolveu Riley em seus braços e a levou para o céu, mascarando sua presença de qualquer um que pudesse estar fora. Ele não queria discutir sobre ser adequado ou não o uso de um veículo. Ele não gostava desse método de viagem. A risada de Riordan ecoou em sua mente. Acho que seria difícil se acostumar com formas modernas, após todo esse tempo. Tivemos a sorte de ter visto a história se desenrolar. Carros e aviões são necessários para nós. Dax teve tempo para apreciar segurar Riley em seus braços. Ela agarrou-o com força, seu rosto, em vez de estar enterrado em seu ombro, estava voltado para o vento, como de costume, seu longo cabelo derramado ao redor deles, roçando seu rosto e ombros como fios de seda. Você ama isso, não é?
367 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sua risada encheu sua mente. Você sabe que sim. Eu não posso evitar. Isto não é a experiência mais incrível? As estrelas acima de nós, as luzes em baixo, o vento no nosso rosto? Não faz você se sentir vivo? Ele deu por certo o voo. Ele tinha estado fazendo isso durante séculos, mas agora que ele já não estava no vulcão, poderia apreciar a liberdade que ela lhe deu. Riley deu-lhe muito mais. Ele estava vendo através dos olhos frescos, experimentar voar pela primeira vez, tudo de novo e, com Riley, por causa de Riley sentia-se alegre. Cada vez que levantava voo, ele encontrava alegria derramando nele. Dela, sua - não importava quem sentiu primeiro. Estava lá. Suas emoções haviam retornado, mas porque não estava acostumado a sentir, ele voltou a usar a lógica, não confiando na intensidade em torno de ninguém, mas Riley. Ela estava à vontade no mundo moderno, mas ela conseguiu funcionar em seu mundo com graça e inteligência, mesmo quando estava com medo. Ela tinha um jeito de escorregar dentro dele, em sua alma. Ele sabia que o Antigo sentia tão bem. Por mais que o dragão não queria sentir carinho, ele era muito emocional para não fazer essas conexões. Ele era ferozmente leal e Riley e Dax eram sua única família agora. Ele tinha sido protetor de uma grande unidade de família. O Antigo não era uma criatura solitária como muitos pensavam, e Riley tinha chegado até alma do dragão também. Dax descobriu que ele ainda estava abalado com o conhecimento de que ela existia, que em sua hora mais escura, tinha encontrado sua companheira. Ele havia desistido há muito tempo de ter esperança com uma coisa dessas. Ele não fazia ideia da intensidade da emoção que um homem podia sentir por uma mulher. Às vezes, o seu amor crescente por Riley era uma tempestade dentro dele, um tornado girando que ameaçava sua estabilidade. Ele sempre foi estóico e calmo, mas ela balançou toda a base de seu mundo cuidadosamente controlado.
368 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Ela o fazia se sentir vulnerável, exposto ao mundo sempre que a olhava. Sabia que mostrava a forma como ela o fazia se sentir. Não esperava que ela pudesse fazer isso com ele, fazê-lo se sentir tão solitário que faria qualquer coisa para conservá-la. Ele ficou fascinado com o seu sorriso, olhando, necessitando de uma maneira como sua espécie necessita do solo. Ele adorava a forma em que seus olhos brilhavam e seu rosto mudava no momento em que seus lábios se curvavam. Ele queria ser o único a trazer o sorriso para seu rosto. Havia a sua serenidade e ainda, ela tinha um senso de humor que o fazia pensar nas possibilidades. Seu luto inevitável pela perda de sua mãe foi tão profundo, mesmo o Antigo tentou consolá-la. Isto disse a Dax que ela amava incondicionalmente, com todo o seu coração e alma. Ele nunca pensou que ela sentiria com mesma intensidade, e profundamente por ele. Ele sentiu que foi–lhe entregue um milagre. Dax esfregou o queixo no topo de sua cabeça, sentindo a cachoeira sedosa do espesso cabelo preto contra sua pele. Ele achou surpreendente a rapidez com que um homem pode se adaptar a uma mulher. Ela já parecia uma parte dele. Ele estava ciente de cada respiração sua, seu batimento cardíaco. Ele podia ver por que os homens com companheiras raramente caçavam. Eles tinham muito a perder, e eles poderiam ser facilmente distraídos no momento crucial. Era necessário ter Riley para rastrear Mitro, ela era a única que poderia fazer tão rápido. E o vampiro precisava ser parado, mas Dax não tinha que gostar. Como se sentisse seus pensamentos, Riley virou o rosto para ele. Eu tenho medo, às vezes, Dax, mas eu nunca me senti tão viva, e não gostaria de estar em outro lugar, senão aqui com você. Suas mentes não estavam conectadas, mas ela estava tão sintonizada com ele que ela tinha que estar pegando parte de suas preocupações, era o vínculo 369 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
de companheira trabalhando. Era quase impossível esconder qualquer coisa de uma companheira, nem que ele quisesse. Eu escolhi uma profissão que pensei que amaria porque gosto de línguas, mas acho que os alunos entram e não amam todas as línguas diferentes da mesma forma. Eu sempre ansiava por aventura. Pensei que minhas habilidades me levariam em situações interessantes, mas em vez disso, fiquei atolada na mesma rotina maçante. Riley estendeu os braços como se estivesse abraçando o céu da noite, o rosto virado para cima em direção as estrelas enquanto voavam sobre a cidade. Sua suave risada provocou seus sentidos. Se eu me esquecer de lhe dizer obrigada por estas experiências depois, eu estou dizendo agora. Ele não sabia como dizer a ela que ela o transformou de dentro para fora, então ele apertou o controle sobre ela, puxando-a para mais perto do calor e abrigo de seu corpo. Ele a estava mantendo em perigo, pior, submetendo-a à crueldade de um monstro depravado – e ela ainda o estava agradecendo. Eu vou mantê-la segura. Foi o melhor que ele poderia fazer. Ela virou o rosto contra seu peito e se esfregou como um gato. Eu sei que você vai. Ainda assim, não posso deixar de ter medo quando alguma criatura horrível como um rato tão grande como um cão está olhando para mim com os olhos vermelhos e cordões de saliva escorrendo de sua boca. Eu não gosto de sentir o seu medo. É uma experiência nova para mim, essa emoção e as suas são intensas. Especialmente o medo. Ela esfregou seu corpo contra ele novamente, muito parecido com um gato, enviando dedos de excitação rastejando por sua espinha e até suas coxas. Um incêndio iniciado na barriga se espalhou até se estabelecer em sua virilha. Comporte-se, päläfertiilam, temos trabalho a fazer.
370 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Capítulo 19 A clínica era pequena, mas muito limpa. Estava escuro lá dentro, mas com sua visão aguda, Riley não teve problemas para ver dentro do escuro, piso de tábuas largas e frescas, paredes verde hortelã. Os quartos, até mesmo o saguão, cheiravam a desinfetante. Cada um dos três se espalhou para tomar um quarto de cada vez por conta própria, na esperança de detectar a mancha de Mitro. Se Riordan não conseguia fazê-lo agora, Riley temia que seria apenas a chamada de sangue que iria levá-los até ele — e embora Dax tivesse tomado sangue dos lábios de Arabejila muitas vezes ao longo dos séculos, o seu sangue havia se misturado com o dela. O laço estava lá, mas muito fraco. Não, Riley sabia que se alguém fosse sentir esse laço fraco, seria ela. Depois de ver as memórias de Dax, aquelas imagens terríveis em sua cabeça sobre Katalina e do nascituro, bem como da amiga de Juliette e seu filho por nascer, e se sentindo incapaz de confortá-lo, ela estava determinada a fazer isso por ele. O levaria a Mitro, e ele iria destruir o vampiro de uma vez por todas. Estou contando com você, O Antigo. Ela sussurrou em sua mente como um mantra. Para mantê-lo seguro para mim. Ela deixou os dois caçadores percorrerem as salas de exames e até mesmo de volta para o escritório da Dra. Silva. Ela se dirigiu para a recepção e os arquivos. Quem escolheu as vítimas para Mitro tinha que ter acesso ao prontuário — e ela apostava em quem os arquivou. Mitro gostaria de saber o que eram as mulheres jaguar, onde viviam e tudo o mais sobre elas. Seus registros teriam o endereço de cada paciente. E quem estava fazendo o arquivamento estava tocando cada registro e deixando um traço minúsculo invisível atrás.
371 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sua mãe e avó e todas as mulheres que detiveram esses dons antes dela tinham dado esses presentes a ela por um propósito. Este era o seu momento, o seu tempo. Era ela quem tinha que apontar os caçadores na direção da presa. No início, quando ela casualmente abriu as gavetas e tocou cada arquivo, ela não sentiu absolutamente nada — e ela devia ter, né? Ela respirou fundo e soltou o ar, acalmando a mente, atingindo não só com os dons que a terra lhe deu, mas também com os sentidos aprimorados obtidos com as trocas de sangue com Dax. Ainda assim, nada. Ela ficou por um momento olhando para cima e para baixo, as pilhas de arquivos, as prateleiras infinitas deles e do gabinete situado perto da escrivaninha da médica. Esse tinha que ser o lugar certo. Ela sabia que estava certa. O que ela estava realmente procurando? Não a balconista. A sombra. A dirigir o funcionário. A fatia de uma sombra que estaria dentro do fantoche humano, e Arabejila deixou mais um presente de valor inestimável — sua linhagem. Seu sangue chamando por Mitro. Se houvesse uma porção, mesmo uma pequena sombra no secretário que Mitro havia posto ali, o sangue dela saberia. A ideia de qualquer ligação com ele era tão repugnante que ela, na verdade, ficou lá por um momento com seu estômago torcendo em nós. Riley ergueu os ombros e fechou os olhos por um instante antes de estender a mão e tocar o gráfico no topo da pilha à espera de ser posta de lado. Suas veias pulsavam. Latejavam. Lá estava ele, o mais ínfimo dos tópicos, mas ela poderia segui-lo agora que ela tinha captado. Estava tão fraca, o mal lá, mas o seu sangue o conhecia. Ele não conseguia se esconder dela. Euforia a varreu. —Eu o tenho, Dax. Posso encontrá-lo agora. Ou pelo menos o que pode levá-lo a ele. Dax e Riordan se juntaram a ela imediatamente. Dax colocou seu braço ao redor dela e levou-a para perto. Ele se inclinou para roçar um beijo reconfortante em sua testa. 372 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Eu sabia que você iria encontrá-lo. —Para mim o toque é feminino. — Riley corrigiu. —Porém, eu não tenho ideia de quem seja, mas acho que pode seguir a trilha. Mesmo com Dax em pé perto, ela sentiu o pulsar em suas veias, uma batida que pairava no toque do funcionário. Riley virou-se e atravessou o consultório médico para a porta dos fundos. —Ela usa esta porta para sair. —Vamos encontrá-la. — disse Riordan. —Eu gostaria de saber onde ela mora. —Se Riley identificou corretamente esta funcionária como o fantoche, você tem que saber que significa Mitro que a está dirigindo em cada uma de suas ações. — Dax apontou. —Ela vai ser tão perigosa quanto qualquer um de seus vampiros. — Afirmou com a advertência em voz alta, querendo que Riley entendesse que não se tratava de mais uma pessoa. Quem quer que ela tenha sido estava muito longe. Ela pertencia a Mitro agora. —Tenha em mente sempre. — Riordan acrescentou — que esta pessoa é responsável pela morte de pelo menos seis bebês e suas mães. Riley umedeceu os lábios. Ela sabia o que eles estavam fazendo — preparando-a, já que eles deviam encontrar a mulher e teriam que destruí-la. Eles não queriam que ela se sentisse culpada. Ela tinha visto em quê Mitro transformou os moradores— ela realmente não precisava do aviso — mas apreciava de qualquer modo. Ela sabia que os dois homens estavam olhando por ela, e que era um conforto. Dax e Riordan recuaram para permitir que ela assumisse a liderança. Dax visualizou fora da clínica e julgando seguro, acenou com a mão para abrir a porta de trás. Riley encontrou o local onde a mulher manteve a pequena Scooter. Ainda era cedo o suficiente para que houvesse pessoas na rua. Dax pegou no ombro de Riley para detê-la, tomando outro olhar mais longo. —Você captou alguma coisa? —questionou Riordan. Riordan balançou a cabeça. 373 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Eu não sinto nenhum perigo. Acho que ela está segura, e nós dois vamos protegê-la. Vou evitar que todos nos vejam. Deixe-a rastrear o fantoche do não-morto. —Você está pronta para isso? — Dax perguntou. —Você não precisa fazer isso. —Farei. — ela corrigiu. —Nós iremos detê-lo e este é o primeiro passo. Dax elevou-os ao ar, segurando Riley na frente dele, Riordan flanqueando-os, garantindo que eles estivessem protegidos da multidão à noite. —Para a direita. Mantenha-se à direita. — Riley não podia ser arrebatada pela beleza da noite, ou pelo voo. A exploração dessa fraca ligação entre seu sangue e esse traço quase inexistente de Mitro era difícil e tomou cada gota de concentração e disciplina, que ela tinha desenvolvido ao longo dos anos. A scooter tinha virado a rua para seguir um beco estreito, através de uma garagem e depois para baixo por outra série de becos, dois tão estreitos que eram mais como caminhos entre os prédios. Os prédios pareciam velhos e desgastados, pintura descascando, janelas quebradas. Lixo desordenado pelo chão e os idosos, doentes mentais e viciados se arrastavam ao longo das vielas ou estavam sob tendas de papelão. Prostitutas vagueavam os cantos de cada bloco, límpidos olhos negros e a maior parte deles desesperados. Esta parte feia da cidade estava cheia de cicatrizes, um submundo escondido sob o brilho das luzes. Houve uma breve parada em uma loja pequena. E então a trilha leve estava de volta, a funcionária fazendo o seu caminho através de um labirinto de becos até que ela chegou no que parecia uma fábrica abandonada. A cerca de arame alta estava danificada em várias áreas e a scooter deslizou por um dos muitos rasgos. A cerca estava retida com grandes barris, apenas o suficiente para uma pessoa ou um veículo pequeno como uma scooter passar. Dax examinou o edifício. —Há vários homens e mulheres aqui. 374 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Subterrâneo. — Riordan acrescentou. —Esta parece ser a sua residência. —Eles estão fazendo o seu caminho até aqui para o estacionamento. — Dax acrescentou. —Riley, vamos evitar que a veja. Você pode buscá-la em uma multidão? —Vamos ver. Acho que sim. Em qualquer caso, temos que segui-la apenas no caso dela nos levar a uma outra pessoa. Ela pode ser um elo de uma longa cadeia. — disse Riley. —Talvez — disse Dax — mas dada a personalidade de Mitro, se esta mulher pode funcionar no mundo do trabalho como atendente, ela é provavelmente uma das pessoas mais próximas a ele. Ele quer adoradores. Ele precisa de alguns sacerdotes e sacerdotisas. Ele quer sair e recolher outros. Se os considera dignos, ele vai mantê-los como seguidores, caso contrário, ele vai sacrificá-los, e cada vez que ele fizer, vai ter certeza de que seu rebanho está atento a ele. —Se você acredita que esta mulher reunindo os nomes de mulheres grávidas Jaguar é um membro do alto escalão de seu círculo íntimo — Riordan disse —, então eu estou com Riley. Vamos chegar tão longe nesta trilha que podemos hoje à noite. Eles assistiram o grupo emergir. Três homens e duas garotas saíram do armazém. Todos os cinco estavam vestidos de preto. Um dos homens que os outros se referiam como Davi usava calça de couro e um colete. Seu cabelo estava sujo e longo. Seus braços e peito estavam cobertos de tatuagens que retratavam muitas cenas de violência, principalmente envolvendo mulheres nuas. Ele empurrou os óculos escuros sobre o nariz e colocou seu braço ao redor de uma das mulheres. Ele parecia estar no comando, os outros concordaram com tudo o que ele disse quando abriram caminho através da cerca de arame e começaram a descer pela estrada irregular. Riley estudou as duas mulheres. Ambos eram aproximadamente da mesma altura. Ambas estavam cobertas de piercings e usavam as mesmas 375 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
saias curtas, meias pretas de arrastão, espartilhos e saltos altos. A mulher com o brilhante cabelo tingido de vermelho tinha os seios quase expostos pelo macho sujo apalpando-a enquanto caminhavam ao longo da estrada de terra. Davi a chamou de Ana. Riley indeferiu quase imediatamente. Ela era muito submissa, muito facilmente controlada e encantada com seu parceiro. Riley não podia ver Mitro partilhando voluntariamente a lealdade. Ela voltou sua atenção para a outra mulher. O pulso de Riley saltou quando ela concentrou-se em quem os outros do grupo chamavam de Pietra. Ela caminhou um pouco para além dos outros, seus olhos muito brilhantes como se ela estivesse com alguma droga. Seus dedos se contraíam continuamente contra sua coxa enquanto ela caminhava, aquelas longas unhas, pintadas de preto tocando um ritmo que só ela ouvia. Ela levou-se um pouco distante de seus companheiros. Andou um pouco mais rápido do que os outros, como se estivesse ansiosa para chegar a seu destino. Riley fechou-se fora de tudo, confiando em Dax para mantê-la segura. Ela ouviu a pequena batida pulsante em suas veias. Era profunda, um baque irritante quase abafado pelo som de sua própria pulsação acelerada. Pietra. O que eles chamavam de Pietra, ela identificou. Pietra, de repente começou a murmurar, seu corpo sacudindo ao seu redor, os olhos brilhantes ficando escuros, quase demoníacos. Seu rosto puxado em uma máscara de raiva. Ela olhou em volta, uma varredura, com cuidado minucioso aos telhados, o ar acima dela e os edifícios que a rodeavam. Riley prendeu a respiração. Dax aumentou a pressão sobre ela, puxando-a perto dele. Mitro está forte nela. Ele está olhando através de seus olhos. Não fale, nem mesmo comigo. Ela não estava a ponto de fazer qualquer som. Ela podia ver a diferença de Pietra. Seu belo rosto tinha sido a máscara que cobre o mal. A mulher olhou ao seu redor, os lábios puxados para trás em um grunhido de ódio — que era o verdadeiro caráter por trás daquele rosto doce, quase infantil. Riley 376 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
percebeu que Mitro tinha escolhido esta mulher para estar no seu círculo íntimo, porque ela foi facilmente corrompida. Ela já tinha as sementes de crueldade e depravação nela. Mitro a atraiu. Ela o achou sexy e perigoso. Quando ele matou os outros na frente dela, entregou-se a ele. Ela se banhou no sangue de suas vítimas assim como acreditou que a condessa Elizabeth Bathory fez. Dax empurrou a informação em sua mente. Ela já matou antes. Sua mãe. A irmã. Uma mulher que pensava em fazer uma jogada sobre um homem que ela gostava. Estava madura para Mitro. O que diabos ela estava fazendo trabalhando na clínica da Dra. Silva em torno de todas as mulheres grávidas? Riordan exigiu. Eu temo que a sua médica não seja capaz de ler a mente da maneira que podemos, Dax apontou. Ela não tem essa vantagem. Eu imagino que esta mulher é muito esperta e pode parecer inocente e doce. Isso também atraiu Mitro. Ele ama o engano. O pensamento de que ele poderia enviar um assassino para um lugar onde a vida é trazida ao mundo seria muito gratificante para ele. Riley queria chorar pelas mulheres perdidas, vítimas de tais atrocidades, as futuras mães, ansiosas para o nascimento de seus filhos, apenas para satisfazer uma mulher como Pietra. Bonita por fora, mas fria e podre por dentro. As mulheres tinham confiado nela, assim como o médico. Ela esperou até que o pequeno grupo chegou a uma distância na frente deles e Pietra havia retomado em movimento constante em direção a seu destino, já não suspeito. Eles têm que ser interrompidos, Dax. O que for preciso, nós temos que detê-los. Ela compreendeu o ímpeto de Dax em destruir o mal agora. Dax tinha dedicado sua vida ao objetivo de livrar o mundo de criaturas como Mitro. Sua vida parecia cheia de honra, mas terrivelmente triste e deprimente, um mundo completamente feio de criminosos infames. Ela sentiu a necessidade de estar ao lado dele, não importa o quão terrível fosse. Pessoas 377 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
como Pietra tinham que ser detidas. E maliciosas criaturas do mal, como Mitro, tinham que ser destruídas. Ela sentiu que era compreendida e amava Dax ainda mais pelo discernimento. Como ela não poderia? Ele podia olhar para a sua vida como um dever, mas ela sabia o quanto olhar para essas pessoas mortas, suas vidas tiradas de formas tão brutais, o afetaram. Ele vivia com as memórias todos os dias. Ela sentiu o toque de sua boca sobre o topo de sua cabeça. Eu tenho que tomar as memórias continuamente, Riley. Não se sinta mal por mim. Eu não sinto. Minha vida simplesmente... é esta. Foi a minha escolha. Ela estava bem consciente de que ele tinha feito suas escolhas, assim como ela estava fazendo a dela. O que fosse preciso, estar com Dax valeu a pena. Em algum nível, a partir do momento em que ela colocou os olhos sobre o guerreiro, tão ferido, ela sabia que ele era para ser dela. Ela derramou carinho e amor em sua mente. Podiam estar cercados pelo mal, mas poderiam sustentar um ao outro com isto. Ela começou a ouvir os sons abafados de música e vozes que se aproximavam de outro conjunto de armazéns abandonados. Eles seguiram Pietra e os outros através de uma porta lascada pendurada nas dobradiças quebradas. Dentro da sala estavam colchões velhos, lixo, agulhas e pontas de cigarro. Eles passaram pela grande sala sem hesitação a uma abertura estreita que levou a uma escada. A música ficou mais alta, como fizeram as vozes enquanto desciam. Davi abriu uma porta pesada, e a música intensificou. Riley colocou as mãos sobre os ouvidos. Abaixe o volume, Dax instruiu. Levou um par de minutos para descobrir como controlar conscientemente a sua capacidade de ouvir. Havia centenas de conversas em curso. Ela poderia realmente ouvir as individuais ao mesmo tempo. Entre isso e a música melancólica, ela se sentia um pouco louca. Todo mundo estava vestido com a 378 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
mesma roupa escura, com vários piercings sobre o rosto. Muitos usavam óculos escuros, mesmo no escuro do armazém. Riordan cutucou Dax e ergueu o queixo em direção a um homem movendo-se entre a multidão dançando. Era evidente que ele estava vendendo drogas. Riley olhou para o quarto e observou vários vendedores na multidão. Pietra e seus amigos não se dignaram a falar com ninguém a esse nível, mas varreu a sala para o outro lado. A multidão se abriu para eles imediatamente, nunca impedindo o seu progresso, o que disse a Riley muito sobre o estado de Pietra no clube subterrâneo. Uma porta no lado oposto do quarto levou a outra escadaria que levou para baixo. Tanto quanto Riley poderia dizer, o lugar era uma armadilha incediária. Havia muito poucas saídas e muitas pessoas, a maioria deles entediada, bêbadas e drogadas, uma combinação ruim. Riley se sentiu como se estivesse descendo ao inferno quando seguiram Pietra pelas escadas para o próximo nível. Chegaram a uma porta com dois homens vigiando de perto. Pietra não disse uma palavra, mas levantou o queixo, e um dos guardas rapidamente abriu a porta. Dax passou rápido com Riley. Riordan teve que deslizar por debaixo da porta quando o guarda fechou tão rápido. Riley quase sufocou. Havia uma sensação revoltante de falta de ar. Cada respiração que tomava parecia como se estivesse puxando algo oleoso e vil em seus pulmões. Seu coração pulou de susto. O mau cheiro do mal permeando este nível. A música retinia em seus nervos. Não houve tons melancólicos, mas estacando, batendo notas caóticas com a multidão enlouquecida estupidamente dançando no espaço muito menor daquele acima deles. O cheiro de suor e drogas misturado com terra e sangue. As paredes do "clube" eram de terra, como era no chão. Eles não estavam em um clube de dança. Eles estavam no covil de Mitro, cercado por seus marionetes humanos.
379 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Grandes trepadeiras retorcidas ondulavam através das paredes com vida obscena. Riley percebeu que todo mundo ficava bem longe delas. Mais uma vez a multidão se afastou para permitir que Pietra atravessasse. Davi, Ana e os outros a seguiram, seu sinuoso caminho para a frente da sala. Ele não está aqui ainda, mas você pode sentir a expectativa neste quarto? Estão todos esperando por ele, Dax disse. O consumo de drogas aqui é terrível, Riordan disse, olhando em volta para os frenéticos corpos em movimento. Há manchas de sangue no chão, nas paredes e até lá naquele palanque. Dax indicou a plataforma na parte da frente da sala onde Pietra tinha se deixado cair casualmente sobre uma cadeira, com as pernas cruzadas elegantemente, seu pé tocando um ritmo com a batida acelerada. Riley estudou seu rosto. Seus olhos estavam quase vidrados, a boca torcida em uma paródia grotesca de um sorriso. O branco de seus olhos quase se foi. A propagação doente preta como uma doença, quase cobrindo todo o seu olhar. Riley estremeceu. Um pedaço pequeno da criatura mais malvada na Terra habitava dentro de Pietra, vinculando-se à própria natureza revoltante da mulher, malévola. Eu preciso sentir o solo, Dax. Ela podia sentir a dor, ouvi-lo logo abaixo do ritmo da música. Isso não vai acontecer. Se você colocar suas mãos no solo e seu lugar de descanso for em qualquer lugar abaixo de nós, e ele estiver lá, vai saber exatamente onde você está. Riley balançou a cabeça. Ela não conseguia explicar, mas já sabia que Mitro não estava no chão. Ele estava caçando. O solo estava chamando por ela. Implorando. As mutações que ele criou estavam com dor. Sua ânsia por sangue não era natural. Os sacrifícios humanos de que se alimentavam queimavam como ácido, mas não tinham escolha. As trepadeiras se agitavam, inquietas, os cipós de madeira batendo um contra o outro, as folhas se levantando como se pudessem chegar até ela. Cada 380 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
vez que a planta se movimentava, lançava um cheiro gasoso do mal no quarto, ameaçando sufocá-la. Dax, eu posso voltar a terra contra ele. Eu o ouvi gritando contra uma abominação. A natureza tem uma ordem, e ele vai contra tudo o que a natureza representa. Esta pode ser a nossa vantagem. E ele pode te matar, Riley. Eu não quero correr esse risco. Não há vida sem você. Você está aqui lutando contra ele. Eu tenho que lutar com ele da minha própria maneira. Eu olho para aquela mulher horrível sentada lá toda orgulhosa, sabendo que ela marcou seis mulheres para serem assassinadas, sacrificou seus bebês antes de eles terem nascido, e isto me adoece. Ela marcou Jasmine agora, também. Riley era apaixonada pelo seu argumento. Ela estava com raiva e determinada que isto acabasse. Ela podia não ser uma guerreira, mas era uma filha da terra. Ela poderia curar o solo e as plantas antes de Mitro retornar se Dax simplesmente lhe desse uma chance. Se Mitro tentasse escapar de Dax e Riordan através da terra, ele teria um choque enorme. Ela só precisava da chance para detê-lo, e ele tinha previsto a situação perfeita sem perceber. Dax inclinou-se e colocou a boca contra seu ouvido, mas falou diretamente em sua mente. Você tem certeza que quer fazer isso? Mais certa do que qualquer coisa na minha vida que não seja te amar com todo o meu coração, ela assegurou. Deixe-me fazer isso, Dax. Primeiro e acima de tudo, ela queria que esse pesadelo acabasse para ele, mas a verdade simples era que Mitro não poderia ser autorizado a continuar com sua depravação revoltante. Arabejila e cada um dos suas antepassadas que vieram após ela tinham derramado a sua força, seus dons para ela, fazendo um recipiente para eles. Ela olhou ao redor da sala. Era mais de um porão, só que muito mais profundo debaixo da terra. Mitro poderia trazer os muros altos para baixo em seus seguidores no segundo que ele escolhesse. Ele poderia abrir a terra e despejá-los no poço quando desejasse — e ela estava certa de que ele 381 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
provavelmente tinha construído este cômodo com essa ideia em mente. Seus adoradores iriam morrer todos aqui, neste túmulo vivo enquanto ele se levantava de novo e de novo em outro lugar, uma vez que ele estivesse entediado, ou os caçadores chegassem muito perto. Ele acha que está seguro por enquanto, Dax admitiu. Ele não tem ideia de que estamos mesmo na cidade. E ele, obviamente, não tem a menor ideia de quem eu sou, Riordan acrescentou. Vamos fazer isso, então. Riley terá de estar na extremidade oposta da sala, protegida de Pietra. Se Mitro usar seus olhos para verificar a sala antes de chegar, não podemos tê-lo manchando-a, Dax advertiu. Nós temos que nos misturar a todo mundo para não chamar a atenção, Riordan sugeriu. Todo mundo se veste da mesma maneira. Negro parece ser a cor do dia. Mudem suas aparências, bem como a si próprio. Pareçam mais jovens. Desfoquem suas feições. Se acontecer de ela nos detectar, e ela pode, em uma simples olhada, ela não pode realmente nos notar. O solo e as plantas ao redor deles gemiam continuamente. As vinhas choravam gás venenoso. As hastes de madeira sacudiam continuamente. Eles eram vorazes, sua fome insaciável. Cada planta esperava como uma aranha intumescida que presas viessem a ela. A briga começou no final da sala, perto de Pietra. Ela ficou no estrado e observou com os olhos brilhando quando um homem muito maior empurrou um homem magro bêbado contra a parede. A multidão deu um suspiro coletivo, ansiosa. Instantaneamente, toda a atmosfera do ambiente se alterou. Todas as conversas cessaram, mas o grupo começou a cantar, um som baixo no início, mas rapidamente aumentou para um volume frenético quando uma videira serpenteou e algemou o pulso do garoto, arrastando-o para a planta. Instantaneamente as trepadeiras ganharam vida, envolvendo em torno do corpo lutando. —Coma! Coma! Coma! — Gritava a multidão mais e mais.
382 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
A vítima infeliz gritou quando mais e mais trepadeiras o cercavam, como cobras gigantes, envolvendo-se e apertando. —Coma! Coma! Coma! —O som cresceu em volume. Eles soaram como se estivessem convocando uma criatura das profundezas do inferno. A raiz principal surgiu do chão, cabos grandes de cipós, torcidos e retorcidos, se contorcendo como cobras pelo chão em direção ao menino apavorado. O senso de antecipação aumentou. A multidão assistiu com os olhos vidrados e sorrisos chocantes, exortando as raízes para devorar o sangue da vítima. A raiz o encontrou em segundos, erguendo-se e apunhalando profundamente em vários lugares. O menino gritou. A multidão gritou. O sangue corria para dentro das raízes que inchavam e se tornavam de um profundo vermelho escuro. Horrorizada, Riley virou o rosto no peito de Dax. Vou levá-la daqui. Riordan e eu podemos voltar e... Não! Eu vejo o que ele está fazendo. Você não acha? Ele realmente acredita que eu sou Arabejila. Riley compreendeu Mitro agora. Arabejila era boa. Ela não podia conceber este tipo de maldade pervertida. Ele sabia disso. Ele conta com isso. Determinação endureceu sua espinha. Mitro cometeu um erro enorme. Eu não vejo como o conhecimento disso vai ajudar. Mitro não pode saber que estamos aqui. Não, ainda não, mas ele criou isso para Arabejila. Para chocá-la. Para machucá-la. Ele acredita que ela não poderia enfrentar tal abominação da natureza. Ele queria usar a mesma coisa que é uma parte sua machucá-la. Este é o seu tapa na cara dela, e, ao mesmo tempo, ele acredita que ela seria incapaz de agir em face de tal atrocidade. Ela provavelmente não podia. Não imediatamente. Mas ela se recuperaria. A cabeça de Riley subiu. Ela se virou para as vinhas retorcidas. 383 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O erro dele, Dax, é que não sou Arabejila. Eu não sou totalmente boa. Arabejila e os demais me deram um dom e um poder que ele não tem sequer noção. Posso colocar de volta este escudo. Consagrá-lo. Ele não será capaz de penetrar abaixo deste quarto ou usar as paredes. Ele terá apenas o teto, e você e Riordan podem mantê-lo a partir daí. Dax estudou seu rosto virado para cima, as chamas laranja e vermelho queimando brilhante. Sua pele era quente contra a dela como se o vulcão dele estivesse muito próximo à superfície. Ele acenou com a cabeça lentamente. Riley nunca ficou tão aliviada — ou mais atemorizada. Ela sabia que este era o seu propósito, o seu momento. As mulheres em sua família a prepararam para isso e ela se sentiu pronta, mas confrontar com um mal, ela teve que admitir, a perspectiva era assustadora se não completamente aterrorizante. Dax a colocou no chão do clube. A multidão já estava voltando para sua dança estúpida ou bebendo e usando drogas. Ninguém prestou atenção a mais três pessoas vestidas iguais. Riordan e Dax não usaram um escudo, que poderia atrair a atenção da sombra da Mitro em Pietra, e eles simplesmente turvaram suas imagens um pouco, e pareciam muito mais jovens para se integrarem. Se Mitro retornar, Riley, ele vai saber que você está aqui. Apresse-se e faça o que você vai fazer agora, se já decidiu. Riley caiu no chão e, recusando-se a ceder ao nervosismo, mergulhou as mãos no solo. Havia um laço de Dax agora. Ele tinha ido de amante para o guerreiro e ela não tinha dúvida de que, ao primeiro sinal da volta de Mitro, se ela não estivesse pronta, a tiraria sem consultá-la. Ele era letal, capaz de explodir em violência imediatamente. O solo gritava a ela por ajuda, espesso com o lodo oleoso da abominação dos não- mortos. Riley convocou toda sua habilidade de cura dada a ela pelas mulheres que vieram antes. Elas estavam lá, sussurrando-lhe, guiando-a através da cerimônia de purificação. O chão foi drenado de cada mineral e nutriente. A única maneira das plantas sobreviverem era a alimentação 384 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
maléfica das raízes mutantes fornecidas por Mitro. Até mesmo os insetos tinham fugido. Riley fechou os olhos e bloqueou a música caótica e o zumbido estranho, enquanto a multidão dançava, marionetes atuando para o mestre das marionetes puxando as cordas, vivendo e morrendo ao seu capricho. Ela foi fundo, procurando, chamando, chamando... Passando o fedor terrível de local de repouso do não-morto. O chão estava encharcado de sangue e cadáveres em decomposição. Ossos humanos foram espalhados por toda a camada de solo. Por um momento seu estômago doeu, e ela quase tirou as mãos do solo. Este trabalho era impossível. O terreno tinha sido transformado em uma cama do mal. A batida do coração da terra foi silenciada, como se Mitro tivesse conseguido chegar ao âmago e destruir isso também. Eu estou aqui com você, Dax sussurrou em sua mente. Você pode fazer isso. Pense nisso como um cemitério e essas pessoas precisam ser devidamente colocadas para descansar. Eu estou com você, o Antigo acrescentou. Suas almas clamam por ajuda. Minha filha amada, Annabel murmurou baixinho. Eles estão presos. Só você pode trazer-lhes a paz. As vozes das mulheres que vieram antes dela acrescentaram suas convicções. Força se derramou sobre ela. Não era uma tarefa impossível de curar a terra. Ela nasceu para esse fim. Não podia permitir que aqueles que Mitro matou de forma bárbara nunca encontrassem repouso por causa do oleoso, viscoso, repugnante lodo que ele criou lá no solo. Riley teve que destruir as raízes malévolas, mutantes e podres com o mal. Ela chegou para baixo, para o âmago da terra. Apelou ao poder da luz da lava, empreste-me o seu poder para o que precisa ser feito, eu tiro a tua energia para empunhar e destruir o que é mau e é usado como um truque.
385 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Riley estendeu a mão para baixo em direção à mais antiga raiz principal, canalizando a luz da lava que ela atraiu a partir do coração da terra, usando-a como faria com um laser para cortar a raiz. Mãe Terra eu te clamo. Eu procuro um dom profundo dentro de seu útero. Presenteia-me uma pedra para que eu possa usá-la para destruir o que é mau ao mesmo tempo, liberando essas almas, enviando-as de volta a um lugar de descanso tranquilo. Riley afundou a mão livre no fundo do apodrecimento do solo, trazendo uma pedra verde-jade que a terra havia colhido para ela usar em sua luta. Calcedônia, de cor verde, fresca e suave, uma pedra forte usada para tornar consciente o que é inconsciente, enquanto Riley emprestava suas qualidades vibracionais para tranquilizar o mal que estava lutando contra ela para viver. Riley infundiu a energia da luz em profundidade na calcedônia, canalizando-a em cada raiz principal. Eu te combino luz e pedra verde-jade para destruir essas raízes que seguram ao osso, liberar esses espíritos para que eles possam descansar, dar-lhes paz e limpar que o que resta. As mãos de Riley começaram a tecer um padrão usando as restantes raízes saudáveis um nó de cada vez. Um padrão começou a surgir. O padrão tinha que ser apertado, incapaz de ser penetrado ou quebrado. Mãos que seguram a luz divina torçam estas vinhas para mantê-las firmemente. Riley trabalhou as vinhas em uma série complexa de tecidos de nós e depois os afundou no fundo no solo. Mãe Terra mantenha este firme. Eu teço estas videiras para sustentar seu poder. Eu te devolvo o dom que nasceu para manter seu caminho, para sustentar sua forma. A Mãe que nos deu a luz, a mãe de poder, teço esse dom para sustentar sua vida. As raízes responderam aos seus comandos, disparando centenas, não, milhares de longas, finas e muito fortes raízes secundárias. A partir da formação dessas raízes secundárias uma terceira e quarta irromperam. Os fios individuais começaram a torcer em tranças, mais e mais, se espalhando pelo chão até que o tapete era um pé grosso, dois metros de espessura e rápida 386 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
construção, crescendo em profundidade, sempre crescente. Alimentado pela argila rica, impulsionado pelo comando de Riley, as raízes se mantiveram espalhando, tecendo-se juntas, uma floresta impenetrável de crescimento fibroso logo abaixo da superfície e descendo centenas de metros. Exausta, Riley balançou. Ela estava tonta, desorientada e ainda tinha que fazer a mesma coisa nas paredes do quarto. Ela sentiu os braços de Dax, tão fortes, oferecendo-lhe abrigo. Sua pele era tão quente, queimando contra sua bochecha. Ela virou a cabeça e acariciou o calor e fogo e os músculos definidos que eram tão sinônimos com ele. Seus dedos massageando o couro cabeludo e pescoço aliviou um pouco a tensão. Pegue o que eu ofereço, sivamet. Sua voz era pura tentação. Ela tinha sido incapaz de comer qualquer coisa. O máximo que fez foi beber água. Houve aquela pequena parte dela que ainda era humana o suficiente para hesitar, mas ela estava tão longe em seu mundo, não demorou mais do que sua mão se juntar em seu cabelo, virando a boca para seu peito, para aquelas gotas peroladas que ele forneceu com um golpe de sua unha em seu músculo. Cada célula de seu corpo chegou para o seu sustento. Ansiava Dax. Precisava dele. Queimava por ele. Dax derramou dentro dela, todo o calor e fogo. Poder e força. Ele a encheu. Sustentou. Riley usou sua própria língua para tentar selar a linha fina, sem querer que Mitro sentisse o cheiro do poderoso sangue Cárpato. Obrigada. Isso ajudou. Ele ajudou. A maneira como ele a segurava. A maneira como ele acreditava nela o suficiente para deixá-la tentar curar a terra, quando o macho nele insistia a protegê-la, não importa o custo. Ela estava em sua mente, ela sabia como era difícil para ele permitir que ela estivesse em tal perigo. Riley mergulhou as mãos no solo mais uma vez. Ela podia sentir o coração batendo no solo novamente, onde antes havia um silêncio mortal, como poderia ter um órgão seco de um vampiro. Agora, o solo estava cheio de 387 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
vida. Insetos escavavam profundo. As raízes estavam quietas agora, liquidadas, a centenas de metros de profundidade, tecidas de modo bem apertado, nada poderia escapar através de uma rachadura, nem neblina. Ela voltou sua atenção para as vinhas circundando a parede. Isso seria muito mais complicado. O entrelaçamento primeiramente tinha que ser sutil, tão sutil para não atrair a atenção de Pietra, mas seria ainda em definido movimento na construção de paredes espessas impenetráveis ao redor da sala no momento que Mitro pisasse dentro. Dax baixou a cabeça em seu ombro. Seu coração saltou. Profunda em suas veias, esse latejar terrível bateu mais forte. A temperatura da sala caiu, de modo que cada respiração lançava um firme vapor de ar. As folhas das videiras recuaram. Ratos subiam ao longo do escasso suporte das vigas sobre suas cabeças. Em meio a tantos corações batendo veio o som de outro, mais forte, o ritmo diferente. A batida cresceu alto e, em seguida, suavizou, apenas para elevar o volume novamente. O ritmo percutiu batendo em Dax, batendo em Riley. Seus corações pularam, quase em reconhecimento. O profundo latejar nas veias de Riley pulsava rapidamente. Um silêncio de antecipação varreu o quarto. A tensão aumentou. A multidão balançava para frente para trás e, uma histeria em massa, adorando, olhos opacos. Pietra subiu no palanque, com o rosto brilhando. Ela olhou para a multidão, braços abertos, apresentando a sua oferta ao seu mestre. Dax e Riordan fecharam o cerco na frente de Riley, certificando-se que houvesse um grupo de adoradores na frente deles. A música mudou, as notas de uma proclamação do mal. Luzes acendiam e apagavam, uma luz estroboscópica aumentando o efeito hipnótico que Mitro tinha em seus seguidores. Névoa atravessou a multidão, uma densa corrente de ar fétido, se introduzindo através do grupo balançando. Suspiros. Gritos fracos. O cheiro de sangue subiu no ar. Gotas vermelhas respingado na multidão. Quando a névoa se arrastou pelo meio, uma mão com 388 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
longas garras afiadas emergiu do vapor e fatiou carnes. Seios. Peito. Pescoços. Gargantas. A maioria eram cortes rasos, mas alguns infelizes tiveram cortes profundos. Um deles teve a artéria atingida, mas não pareceu notar quando ele pulou de cima a baixo e girou com os outros em um frenesi de adoração. Cada vez que a mão se materializava daquela nuvem fria e cinzenta, a congregação de Mitro ia à loucura. A névoa continuou sua lenta procissão através da multidão até que estava no palanque. O vapor se empilhou de forma dramática na forma de um homem, mas quando ele vacilou, e ficou transparente, havia ratos empilhados uns sobre os outros formando aquele homem. Como eles se afastaram, incapazes de manter a posição, Mitro surgiu. Mãos estendidas, vestindo um manto preto, com capuz forrado de vermelho, ele abriu os braços para os adoradores. Sua gritaria sacudiu o edifício. Mãos seguraram o homem com a garganta rasgada, empurrando-o para frente, muitos mergulhando as mãos no sangue e pintando-se com ele. O menino tropeçou para a plataforma, olhando para Mitro com temor e terror. Ele não fez nenhuma tentativa de cobrir a carne rasgada. Mitro apontou para o chão do estrado. O menino se arrastou até para ele. Ele afundou no chão de quatro, rastejando, alcançando Mitro e envolvendo os braços em volta da perna do vampiro. Balbuciações horríveis saíram de sua garganta rasgada enquanto ele implorava e expunha a ferida para o não-morto. A multidão foi à loucura. —Coma! Coma! Coma! — O canto cresceu em volume. Mitro estendeu a mão e pegou a vítima pelos cabelos, arrastando-o a seus pés. O rapaz tinha sangue escorrendo de seu pescoço, em sua camisa e pingando no chão agora. Mitro sacudiu a cabeça com força, expondo a ferida profunda. Um grito subiu, o canto ficou mais alto. — Coma! Coma! Coma!
389 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Mitro abriu a boca, expondo suas presas, as enegrecidas pontas afiadas, parando para o efeito dramático, à espera que seus seguidores rugissem novamente antes de afundar seus dentes profundamente na ferida. Mitro ia consumir o escravo de sangue, engolindo e rasgando descuidamente, se mostrando, se alimentando do terror de sua vítima quando o menino se tornou consciente que não ia se tornar vampiro, mas verdadeiramente era o alimento de um predador. Agora, Dax ordenou. Todos os três agiram simultaneamente. Dax subiu para o teto, se posicionando acima de Mitro, suas escamas deslizando acima e sobre seu corpo como proteção, enquanto a poeira das escamas vermelho-ouro choviam sobre o vampiro. A poeira se assentou sobre o vampiro como uma rede de seda pegajosa, o segurando, agindo como cola, de modo que não havia chance de se transformar. Riley mergulhou as mãos no solo e deu ordem para as vinhas. As vinhas imediatamente obedeceram, tecendo tranças apertadas e para trás, para cima e para baixo, do chão ao teto, fechando todas as entradas e cada centímetro de terra que poderia ser usado para passar. Riordan jogou um raio por cima das cabeças da multidão, forçando todos para o chão, onde estavam aturdidos, incapazes de se mover. Ele tinha que confiar em Dax para matar o não-morto, enquanto ele controlava os marionetes. Pietra caiu meio dentro, meio fora do tablado, de cabeça para baixo, com os braços estendidos na direção de Mitro. O vampiro arremessou o menino moribundo para longe dele. O corpo bateu no muro de vinhas e caiu no chão. Mitro afastou os lábios finos para rosnar um desafio. Sangue fresco manchava seu queixo e pingava de suas presas. Girou a cabeça lentamente de um lado para o outro, um movimento frio de réptil que fez Riley estremecer. Mitro abriu os braços.
390 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Bem-vindo, Danutdaxton. Conheça meus escolhidos. Eles estão sempre com fome. Levantem! Levante-se, meu exército, é a sua vez. Banqueteiem-se sobre esses intrusos. O seu sangue vai trazê-los para o meu mundo. Vocês serão poderosos e imortais. Comam! Festejem! Ergam-se agora! Ele lhes deu seu sangue. Ele realmente criou um exército, advertiu Dax. Um rosnado coletivo levantou-se quando os seguidores do não-morto se esforçaram para subir em seu comando. Com o sangue e a marca de Mitro queimando, estimulando tanto, Riordan voltou para proteger Riley. Vários dos mais fortes conseguiram chegar a seus pés e tropeçar em direção a ele, olhos ardendo com a necessidade de matar. Riley lutou contra o pânico, mergulhando as mãos no solo, a fim de se comunicar com as videiras. Ela podia não ser uma guerreira, capaz de ajudar Riordan com os seguidores fanáticos de um vampiro vil, mas ela poderia pelo menos recorrer às plantas para ajudar onde podiam. As vinhas serpenteavam ao longo do chão, se estendendo para alcançar os tornozelos e as pernas de quem lutava para chegar a Riordan. No caos que se seguiu, Mitro tentou se transformar, assim como Dax sabia que ele faria. A crosta de poeira pegajosa agarrou-se às suas células, recusando-se a permitir que ele mudasse para outra forma. Em um acesso de raiva, ele chutou Pietra fora do tablado e depois disparou contra as paredes e atingiu as vinhas tecidas tão espessas e impossíveis de penetrar. Ele girou sobre si mesmo quando Dax caiu sobre ele do alto, seu corpo pesado dirigindo-o ao chão. Mitro apunhalou os olhos do caçador, mesmo quando rolava, cavando o chão para fugir. A fuga estava fechada para ele, bem como as raízes muito grossas para permitir a passagem. Rolando mais e mais no meio da multidão, ele cortou e rasgou Dax, tentando desesperadamente passar as escamas para a carne e sangue. Ele abriu a boca e expeliu uma nuvem de gás nocivo junto com besouros mortais, diretamente no rosto de Dax. Dax respondeu com uma rajada de fogo, incinerando os insetos e acendendo a nuvem de gás. A explosão sacudiu 391 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
o chão e o edifício acima. As paredes se expandiram e contraíram tentando conter a explosão. Mitro gritou de raiva e dor, quando uma parede de fogo correu sobre ele, cobrindo tanto Dax e o vampiro, assim como os marionetes humanos mais próximos a eles. Pietra, com suas roupas em chamas, afundou no chão como um caranguejo, gritando, levantando uma faca cerimonial no alto para baixar e esfaquear repetidamente as costas expostas de Dax enquanto ele montava Mitro. Chamas subiram cercando os três. O braço de Pietra levantou e caiu uma última vez e então ela caiu no chão, rolando, espalhando as chamas por toda parte. O pedaço escuro de Mitro estourou de seu corpo, em busca de outro hospedeiro. Ele se lançou através da distância nas costas de Mitro, selando-se a ele, acrescentando à sua força. Dax calou os sons da batalha de Riordan, seu medo por Riley e o cheiro de carne queimada. Ele mal sentiu as chamas. Ele era um dragão de fogo. Mal sentia Mitro rasgando-o. Ele era um caçador Cárpato com um propósito. Destruir o mal. Ele ouviu o ritmo estranho do coração fora do comum. Mitro criou o coração para o dragão de água. Vestígios do dragão de fogo foram esmagados abertos. Chame o seu coração. Dax tinha certeza que ele estava correto. O coração do Antigo foi deixado para trás no vulcão. Mesmo quando ele instruiu o dragão, percebeu que, ele e o dragão tinham lentamente se fundido. Ele usou seu próprio coração, assim como com o dragão de água, reforçando a batida, atraindo o outro para ele. Mitro gritou e arranhou sua fúria e cuspiu ácido, tentando parar o corte de diamante duro das unhas de Dax em seu peito. Desta vez, Dax seguiu o som, baixo e para a esquerda. Mitro cresceu frenético. Ele cortou a garganta de Dax, e tentou engolir o sangue antigo. Dax concentrou-se em escavar profundamente a carcaça podre. Em torno dele Riordan lutava contra o exército do não-morto, mantendo-os afastados do caçador. Em torno dele as chamas saltaram mais alto, mas Dax estava em um único propósito. 392 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Seu punho fechou em torno da gema dura. Ele arrastou-a do corpo, abriu sua mão espalmada e a colocou nas chamas para banhá-lo no fogo. Mitro saltou para o coração, com a mão estendida. Dax abriu seu próprio peito e empurrou a joia brilhante dentro. O momento em que seu corpo engoliu o coração do dragão, ele fechou a ferida e observou Mitro. A boca do vampiro se estendeu em sinal de protesto. Nenhum som emergiu. Insetos se derramaram, larvas caíram em torno dele, as chamas imediatamente o incinerando. Mitro balançou a cabeça, incapaz de acreditar que foi derrotado. Ele virou a cabeça para Riley, o ódio em seus olhos. Ele ergueu a mão, curvada em vingança. O fogo o envolveu inteiramente. Sem o coração do dragão de fogo, sem o próprio coração, seu corpo apodreceu, em chamas. Dax recuou longe dos vestígios de cheiro nocivo. Riordan apanhou Riley e alçou voo, subindo para o teto enquanto as chamas se espalhavam por todo o quarto. Riley tossiu e se engasgou, alcançando Dax. Ele estava coberto de sangue, mas ela não se importava, envolvendo os braços em volta dele, agradecida por estar vivo. Ele parecia cansado, as linhas em seu rosto profundamente gravadas. Abaixo deles, os adoradores de Mitro tinham sucumbido à fumaça e chamas, sem o sangue de seu mestre para sustentá-los. Dax e Riordan saíram pelo teto, deixando nada além de cinzas para trás. —Mitro vinha procurando há séculos em vulcões. — disse Riordan a Dax e Riley. —Em algum lugar ele deve ter adquirido o conhecimento de que os dragões morrem, seus corações ficam para trás e se tornam petrificados. Eles se tornam pedras preciosas. O coração se mantém vivo até ser restituído a seu legítimo proprietário. —Eu quero ir para casa. — disse Riley. —Leve-me para casa, Dax.
Capítulo 20
393 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Dax estabeleceu Riley na montanha que foi seu lar nos últimos séculos. O Antigo nasceu aqui, como seus filhos. Todos morreram aqui. Riley nasceu aqui. Sua mãe morreu aqui. O calor o alimentou, a terra chamou por ele. Este vulcão estava tão perto de uma casa quanto podia. As ruínas do Povo das Nuvens aguentaram bravamente, sem recuar pelo vulcão ou pela passagem do tempo, os guardiões de pedra vigiando ao longo da borda das falésias, ninguém se atrevendo a chegar perto. Ele ficou surpreso por estar um pouco tenso, até mesmo tremendo um pouco por dentro. Riley estava tão firme quanto uma rocha, absolutamente firme, enquanto ele estava oscilando, com medo que se algo desse errado, a perderia. Ele passou o braço em volta da cintura dela quando olharam para o que restou da floresta nublada. —É realmente bonito aqui. —Não é? — Riley sorriu para ele. —Quando eu era uma menina e minha mãe me trazia aqui, fingia que eu estava subindo uma escada de estrelas e quando chegávamos às nuvens, eu estaria no céu. Dax envolveu o comprimento de sua grossa trança em volta de seu punho e trouxe seu cabelo para o seu rosto. Ele nunca se cansaria da sensação de toda aquela seda preto azulado. —Nada pode acontecer com você. Ela olhou para ele por baixo de seus suaves cílios, a boca generosa se curvando em um sorriso de puro amor. Seu coração realmente doía no seu peito. Às vezes, como naquele momento, quando ela tinha tanta certeza de seu amor por ele, ele não conseguia encontrar palavras para expressar a maneira de como se sentia por ela. Não havia palavras adequadas o suficiente para a verdade. Ele sabia que ela mudou tudo por ele. Tinha algo sobre ela que não podia resistir. Ela tocou dentro dele, envolveu-se profundamente, e não havia nenhuma maneira que ele poderia tirá-la, mesmo que ele quisesse que ela se fosse. Não havia como se esconder dela. Correr para longe dela. Ela virou-o 394 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
de dentro para fora com apenas um olhar sob os longos, femininos cílios. Acendeu o seu mundo com seu sorriso, com seu riso suave e contagioso. Seu sorriso tirou cada momento ruim em sua vida, substituindo-os por... ela. Ele era um guerreiro de séculos passados, de uma espécie à beira da extinção. Um predador que sobrevivia do sangue dos outros. Havia uma selvageria dentro dele, e ela viu isso claramente. Ela olhou para ele e viu tudo o que era, cada parte dele, e ela ainda estava com ele. Calma. Serena. Lado a lado, em face do mal absoluto, não importa o quanto ela estava com medo. Sua coragem era aterrorizante. Absolutamente aterrorizante. Ele virou para ela e ela veio a ele sem hesitação, circulando seu pescoço com os braços finos, inclinando seu corpo macio ao dele. Seus olhos e pele macia detinha a frieza da terra. Ele era chamas e calor, o âmago da terra. No momento em que a tocou, ela pegou fogo. Ele não esperou, mas a levantou, embalando-a em seus braços contra o peito. Ele a levou para o labirinto de câmaras profundas na montanha. A câmara de magma havia entrado em colapso sobre si mesma, mas ele estava se dirigindo para uma câmara especial que encontrou, localizada a 1 quilômetro e meio de onde a piscina de magma havia se formado. Ele regulou a temperatura para ela, sabendo que alguns dos corredores eram demasiado quentes para a pele sensível tolerar. Seus pulmões não iriam encontrar ar suficiente. A abertura para a câmara de joias cravejadas era pequena. Ele teve que a colocar no chão para que ela pudesse passar. Na verdade, ele teve que se deslocar o suficiente para caber, mas o interior mereceu bem o esforço. Ele acenou com a mão para iluminar a câmara. Ele ouviu o suspiro de Riley de espanto e surpresa. Seu coração vacilou em resposta. Ela ficou satisfeita. As paredes ásperas brilhavam, com diamantes brutos de todos os tamanhos. Rubis escuros brilhavam fogo no teto. A pequena nascente mineral natural borbulhava, vapor subindo no ar mais frio que ele providenciou. O
395 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
solo era quase preto com riqueza, bom solo cicatrizante para ela, uma vez que a conversão tivesse ocorrido. —É tão lindo. — ela sussurrou, girando em um círculo para absorver tudo. Ele cruzou a pequena distância até ela. Seria fácil o suficiente livrá-la de roupas com um único pensamento, mas ele queria o prazer de abrir suas vestes e descobrindo sua pele gloriosa como o presente que ela era. Suas mãos foram para sua blusa. Muito lentamente, com os olhos segurando os dela, ele começou a desabotoar os botões minúsculos cobertos. Seus dedos roçaram o volume de seus seios cremosos, seus dedos deslizaram sobre a pele macia. Ele separou o tecido, puxando-o para trás longe dela, antes de baixar o olhar. O sutiã rendado empurrava para cima os seios e os topos das aréolas e mamilos. Sua respiração ficou presa na garganta. Ele puxou a blusa de seus braços e a permitiu flutuar ao lado da câmara. Ele se ajoelhou e desamarrou suas botas de caminhada. —Coloque suas mãos sobre meus ombros. — instruiu. Quando Riley obedeceu, ele puxou as botas, tirou as meias, massageando cada pé quando fez isso. Permanecendo de joelhos na frente dela, ele chegou até a cintura de sua calça cargo. Seus dedos tocaram a pele nua e seu corpo se endureceu, uma dor selvagem que só ela poderia aliviar. Ele puxou a calça e arrastou-a sobre a curva de seus quadris, incentivando-a a sair dela. Ela estava em seu sutiã de renda e resíduos de calcinha, os rubis brilhantes fazendo-a brilhar lá no centro da câmara. —Tire o seu cabelo fora de suas restrições. Ela sorriu pela sua escolha de palavras, mas não disse nada. Ela puxou o laço de seu cabelo e o deixou cair livre do jeito que ele gostava. Ela balançou a cabeça, permitindo que o cabelo dela caísse ao seu redor como uma capa viva. Ele pegou seus quadris e puxou-a para ele, dando um beijo em seu pequeno umbigo provocante.
396 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
A conversão podia vir a ser dolorosa, mas ele queria muito mais para ela. Ela havia lhe dado confiança desde o início, colocando-se em suas mãos, em sua guarda, e tinha a intenção de valorizar e protegê-la, amá-la e mantê-la feliz para todos os seus dias. Ele queria começar bem. Dax ficou de pé, ainda segurando seus quadris, mantendo-a ancorada a ele. —Não tinham roupas como essas, quando eu era um jovem em crescimento. Estou bastante certo disso. —Com um aceno de sua mão, o sutiã e calcinha encontrou seu caminho para a blusa e calça cargo. Mais uma vez, ele a levantou, derrubando suas roupas ao mesmo tempo. Riley riu suavemente e enterrou seu rosto contra o pescoço dele. —Essa é uma habilidade útil. —Tirar suas roupas? — Brincou ele, levando-a para a fonte borbulhante. —Eu acho que sim. Ele entrou nas fontes termais. A água chegou até as coxas. —As pedras são lisas, como um assento. — disse a ela. —Tem a forma de uma bacia por baixo da água. Há um assento natural, como uma cama... — Ele franziu a testa, procurando a palavra certa. Isto lhe escapou completamente. Ele enviou-lhe uma imagem mental. —Espreguiçadeira? — ela perguntou. Ele acenou com a cabeça. —Você pode se esticar e a água vai fluir apenas em cima de você, mantendo-a um pouco mais fria. — Ele baixou os pés lentamente para a água aquecida, olhando seu desconforto, mantendo-a perto dele. Seu braço serpenteava em volta dela, segurando-se a ele quando a levou para o meio da piscina. Riley ofegou quando o calor a envolveu, quando milhões de pequenas bolhas estouraram contra sua pele sensível. Seu punho envolto em seu cabelo, juntando-a firmemente, puxando sua cabeça para trás para lhe dar acesso à sua boca. Sua boca desceu sobre a dela, deslizando, provocando, persuadindo. O 397 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
momento em que ela abriu para ele, ele tomou o controle, beijando-a mais e mais, uma reinvidicação feroz. Ele se perdeu em sua boca por alguns minutos — ou talvez muito mais tempo, o tempo desapareceu. Seu pênis estava doendo, dolorosamente inchado com antecipação. Ele trilhou beijos ardentes de sua boca à sua garganta, os dentes beliscando, pequenas mordidas que o excitaram ainda mais. Seu gosto estourou na sua língua, se espalhando por seu corpo como um relâmpago. Sua boca atravessou o ombro, ao longo de sua clavícula, mais para baixo para seu peito. Ela arqueou as costas, segurando sua cabeça enquanto ele puxava e rolava seus mamilos. Ela deu um grito quando seus dentes afiados a mordiscaram. Sua língua imediatamente levou a picada para longe. Ela gemeu e pressionou mais perto de sua boca. Ele sugou fortemente e depois voltou para seus mamilos sensíveis, puxando-os tensos, provocando-os em picos apertados. Seus quadris se moveram inquietos. Dax deslizou uma mão para baixo dos contornos suaves das curvas de seu corpo, sobre sua cintura estreita para sua barriga lisa e baixando ainda para seus quadris largos. Sua palma cavou seu monte, seu polegar movendo-se em círculos lentos. Ela estava molhada, quente, com fome de seu corpo, como o dele pelo dela. Sua boca vagou ao declive cremoso do seu seio, enquanto seus dedos deslizavam dentro do calor de seu corpo. Ele lambia a tentação suave com a sua língua, seus dentes raspando para frente e para trás. Cada vez que seus dentes beliscaram, sua vagina apertava ao redor de seus dedos e o banhavam com uma inundação fresca de líquido. Seus dentes alongaram. Sua boca encheu de água. Ele afundou suas presas no pulso batendo e o seu gosto explodiu através dele como a erupção de um vulcão. Seu corpo reagiu ao flash de dor, apertando com força, e quando o prazer correu por ela, ele sentiu a ondulação de seus músculos em necessidade. Ela tinha um sabor requintado, perfeito, viciante. Ele tomou mais do que o suficiente para uma troca de sangue. A terceira troca de sangue.
398 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Requereu disciplina para passar sua língua através dessas alfinetadas e as fechar. Dax a virou em seus braços quando ele correu uma unha afiada através do pulso batendo em seu peito. Ele precisava de sua boca sobre ele bebendo a sua essência, o seu sangue antigo trazendo-a completamente ao seu mundo. Seus lábios se moviam contra seu peito, sua língua deslizando sobre as pequenas gotas borbulhando através do corte fino. Ele prendeu a respiração, segurando a cabeça dela, tudo nele imóvel. Esperando. Precisando. Sua boca se movendo contra seu peito era a coisa mais erótica que ele já havia sentido. Seu corpo era naturalmente sensual, movendo-se inquieto contra sua fome, mesmo enquanto aceitava o convite a seu mundo. Ele mal podia obrigá-la a parar, mas seu corpo estava fazendo suas próprias demandas urgentes. Ele murmurou baixinho para ela. —Chega, päläfertiilam, o sangue antigo é rico. Sua língua lambeu a sua oferta uma vez antes de ela levantar a cabeça, seus olhos sonolentos, sexies, escuros com desejo. —Eu quero você agora. Eu tenho que ter você agora. Dax não estava preparado para discutir essa demanda. Ele a incitou em direção à ampla espreguiçadeira ao lado. Ele apertou uma mão nas costas dela para forçá-la a dobrar, para colocar as mãos sobre a rocha para se equilibrar. Seu cabelo caía em torno de seu corpo, seus seios balançando livres. Suas nádegas eram arredondadas, e ele esfregou e massageou a carne firme antes de deslizar a mão entre as pernas dela mais uma vez. Ele apertou sua carne dolorida, inchada contra o calor de sua entrada escorregadia. Ela moveu os quadris para trás, tentando forçá-lo a entrar mais rápido. Seus dedos flexionaram nos seus quadris e, em seguida, ele arrastou seu corpo duro sobre a dela, ao mesmo tempo, movendo-se para frente. Ela gemia, um grito agudo baixo de prazer, enchendo a câmara com a sua música quando ele enterrou-se mais e mais nela. Sua vagina estava viva como dedos de seda segurando e apertando, cercando-o com um calor escaldante. Ela 399 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
estava apertada, tão apertada que o estrangulou, o atrito requintado. Ele levou a ambos, duro e rápido, um pistão se dirigindo nela mais e mais. Ela ofegou, seu corpo se movendo em ritmo perfeito com o seu. Ele ouviu a mudança em sua respiração, sentiu o líquido quente e depois sua vagina apertada apertou o cerco contra ele, exigindo, ordenhando, quando em torno dele todo o seu calor sedoso ondulou com um poderoso orgasmo atrás do outro, levando-o com ela. Ela cantou seu nome, um grito suave cadenciado que envolveu espirais de emoção em seu coração. Dax puxou-a em seus braços, deixando cair a cabeça sobre a dela, segurando-os ambos para cima enquanto ele acalmava seus corações e empurrou ar para dentro dos seus pulmões queimando. Ele afundou na água, puxando-a com ele até que estava sentado sobre a pedra natural e água girava ao redor de seus ombros. Riley recolheu o cabelo, torceu-o e o amarrou em cima de sua cabeça. Ela se acomodou ao lado dele, esticando as pernas e olhando ao redor da caverna. —É lindo aqui, Dax. Realmente excepcional. Eu não vou esquecer, nunca. —Sua voz tremeu. Ela enfiou a mão na dele. —Eu não tenho medo. É só... o desconhecido. O que acontece a seguir? Seus dedos se fecharam em torno dela. —Vamos esperar. Seu corpo vai lutar contra a conversão, acreditando que você está morrendo. Tente não resistir, apenas deixe-se ir. Eu estarei com você a cada passo do caminho. Gary indicou que havia coisas que eu não poderia ajudá-la. —Ele detestava isso. Ele tomaria cada parte de sua dor, se pudesse, mas Gary deixou claro que era impossível. —Onde você quer viver, Dax? Nós nunca conversamos sobre isso. Ele bebeu-a, seu olhar movendo-se sobre ela, estudando seu corpo para detectar quaisquer sinais de desconforto. —Eu gostaria de fazer o caminho de volta para as montanhas dos Cárpatos e ver o novo príncipe. — Ele riu de si mesmo. —Eu acho que ele não é realmente novo. Ele tem sido o príncipe por algum tempo, mas ele é novo para mim. 400 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
—Isso parece divertido. Eu sempre quis viajar para outros lugares. —Eu gostaria de ver onde você cresceu. — acrescentou. Ele levou a mão à boca e mordiscou seus dedos. Ele esperava que a água quente tirasse um pouco da dor de seu corpo, quando chegasse a hora. —Depois de viajarmos pelo mundo, você pode escolher um lugar que você quiser fazer nossa base. Um olhar de alarme cruzou o rosto de Riley. Ela tentou soltar a mão, mas Dax apertou. O Antigo se agitou. Dax empurrou suavemente em sua mente, e ela empurrou de volta duro para mantê-lo fora, vigorosamente sacudindo a cabeça. —Eu não quero que você sinta isso comigo, Dax. — Mais uma vez, Riley puxou a mão dela, seu corpo se curvando. —Não posso me preocupar sobre como você está angustiado. — Ela respirou fundo, apertou-lhe a mão ao estômago e virou o rosto. —Eu deveria fazer isso sozinha, na privacidade. E ela o faria. Isso foi uma das coisas sobre ela que o transformou de dentro para fora. Dax acenou com a mão em direção à terra rica, escura. O solo desprendeu-se para trás para proporcionar um leito profundo. —Eu vou ficar doente. — Riley virou, inclinando-se para o lado da piscina, e mais e mais deplorável. Quando Dax colocou a mão em suas costas, seu escudo exterior estava frio, enquanto no interior ela estava em chamas, seus órgãos torcendo e reformulando. Seu corpo convulsionou e teria escorregado sob a água se ele não a tivesse pego e deitado na espreguiçadeira natural, de modo que a água cobriu sua pele. Seus músculos eram nós duros, caroços grandes por todo o corpo, rígidos com a tensão. A água da fonte, alimentada pelo vulcão, estava quente e ajudou a aliviar os nós de seu corpo. A dor veio em ondas grandes que, por vezes, a levantou e a bateu violentamente. Dax amortecia a queda, enquanto seu corpo torcia e se contorcia. Seus olhos estavam abertos, mas ela não olhava para ele. Com os olhos vidrados, ela olhava para o teto cravejado de joias, os rubis brilhantes que fluíam sobre suas cabeças. Ela sussurrava com dor, e Dax encontrou-se 401 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
sussurrando com ela, tentando ficar em cima das ondas, em vez de sucumbir a elas. Em um dos breves momentos de alívio, ela tocou seu rosto, franzindo a testa quando a mão dela saiu com gotas de sangue. —Eu estou bem, Dax. Eu posso fazer isso. — ela garantiu. —Eu sei que você pode. — respondeu Dax, seu estômago em nós duros também. A conversão foi brutal e havia pouco que pudesse fazer para ajudála. Ele ignorou seu comando para ficar fora de sua cabeça. Ele tentou levar sua dor em si mesmo, mas era impossível. Tentando não mostrar seu crescente alarme, ele roçou beijos sobre seus olhos, até a próxima grande onda. O Antigo começou a lutar pela supremacia, a necessidade de parar a dor terrível levando Riley. Dax nunca tinha experimentado pânico, mas ele estava ficando rápido. A água quente já não estava fazendo nada de bom. Nada poderia parar as convulsões violentas, e era perigoso com tantas rochas ao redor. Ela estava doente constantemente, seu corpo lutando para se livrar de toxinas. Ele levantou-a em seus braços. Eu a tenho, Antigo. Ela não está morrendo. Ela está, você é tolo. Nós vamos perdê-la. A mão de Riley se moveu. Alisou seu cabelo. Diversões suaves se derramaram em sua mente, apesar da dor e febre em fúria em seu corpo. Os homens são, definitivamente, o sexo mais fraco. Eu ficarei com ele. Parem de brigar você dois. A rápida diversão foi embora quando a próxima onda brutal a tomou, roubando seu fôlego, quase rasgando-a para fora de seus braços e seu corpo travou rígido, quase quebrando seus ossos. Ela era uma filha da terra e ele estava contando muito com isso. Ele a levou para o solo aberto e flutuou ambos para baixo, colocando seu corpo na terra fria. Instantaneamente os murmúrios se iniciaram, vozes femininas, calmantes, os atingiram. 402 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O Antigo se acalmou, mas Dax o sentiu atingir, tocando a única coisa que podia — A alma de Riley. Os fios que ligavam Riley para Dax estendendo para incluir a alma do Antigo. Esteja certo, Dax advertiu, chocado com a generosidade do velho dragão. Seu tempo passou, mas ele tinha dado sua alma para Dax para ajudar a destruir o mal. Agora ele estava incluindo Riley nessa decisão, oferecendo sua alma para ela, assim como para levá-la através de sua jornada no mundo dos Cárpatos. Eu tenho certeza. Ela é digna de você. Ela pode me chamar de volta quando precisar de mim. O dragão de fogo era feroz sobre isso. Dax e Riley eram dele. Ele iria defendê-los com tudo o que ele era. A alma de Riley ligou-se à sua, o Antigo envolveu-se nela, tentando fazer o que não podia Dax — ajudar a curá-la mais rápido. Os sussurros macios da terra cresceram em volume. Dax observou Riley tornar-se mais calma, as linhas gravadas em seu rosto se atenuando quando as vozes a acalmaram e o Antigo pressionou seus órgãos para maior velocidade. Com um ofego chiado horrível, um estertor na garganta, uma última onda de dor excruciante, as convulsões diminuíram. Riley ficou muito quieta por um momento, e então ela se virou para ele, os olhos arregalados, assombrados. Exaustão estava no rosto, um brilho fino de suor umedecendo seu corpo. Minúsculas gotas de sangue cobriam sua testa e escorriam de seu corpo. —É melhor que o parto não seja tão difícil. — ela sussurrou. —Ou você fará isso. Ele forçou um sorriso. Sua boca parecia rígida. Até o maxilar doía. Ele beijou-lhe a mão, com medo de tocar qualquer outra coisa. —Isso é um acordo. Estou enviando você para dormir agora. É seguro. Eu estarei com você a cada momento. Como eu, o Antigo assegurou. Eu estou segurando você em meus braços, Annabel sussurrou. 403 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Você está segura, as vozes femininas acrescentaram. —Eu amo você, Dax. — ela sussurrou. —Obrigada, Antigo. Você me deu um grande presente. —Ela conseguiu um pequeno sorriso. Incrivelmente, seus olhos foram iluminados com amor, quando olhou para ele. —Eu estou cansada. Por um momento, sua garganta estava tão entupida que mal podia falar. Ele engoliu o nó. —Quando você acordar, estará totalmente no meu mundo. Dax curvou o corpo em torno de Riley conforme a enviava em um sono profundo, seus braços apertados ao redor dela quando o solo rico de cura, derramou-se sobre eles. As proteções estavam no local, e o Antigo estava vigiando. Mitro estava morto e Arabejila poderia estar em paz. Ele cobriu o rosto com a riqueza do preto azulado de seda e inalou o cheiro dela uma última vez antes de sucumbir ao sono de seu povo. A vida era boa.
Fim
404 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
405 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Cânticos Curadores Cárpatos Para entender corretamente os cânticos curadores dos Cárpatos, requerem-se conhecimentos em várias áreas: 1. O ponto de vista dos Cárpatos sobre a cura 2. O "Cântico Curador Menor" dos Cárpatos. 3. O "Grande Cântico Curador" dos Cárpatos. 4. A Estética Musical Cárpata. 5. Música 6. A Canção de Curar a Terra 7. A Técnica de Cantar Cárpata
1. O ponto de vista dos Cárpatos sobre a cura. Os Cárpatos são um povo nômade cujas origens geográficas podem ser traçadas em retrospectiva ao menos tão longe como as Montanhas Urales do Sul (perto dos estepes do Kazahstan de hoje em dia), no extremo entre a Europa e Ásia (Por esta razão, os linguistas de hoje em dia chamam a seu idioma "proto-Uralico", sem saber que este é o idioma dos Cárpatos) Ao contrário da maior parte dos povos nômades, a vagabundagem dos Cárpatos não se devia à necessidade de encontrar novas terras de pasto quando as estações e o tempo mudavam ou a busca de melhor comércio. Em vez disso, os movimentos dos Cárpatos estavam provocados pelo grande propósito de encontrar um lugar que tivesse a terra correta, um terreno com o tipo de riqueza que realçaria enormemente seus poderes de rejuvenescimento. Com o passo dos séculos, emigraram para o oeste (faz uns seis mil anos) até que ao fim encontraram sua perfeita terra natal... seu "susu"... nas Montanhas dos Cárpatos, que é o longo arco que embalava as exuberantes 406 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
planícies do reino da Hungria. (O reino da Hungria floresceu durante ao menos um milênio... fazendo do húngaro o idioma dominante da Concha Cárpato... Até que as terras do reino se dividiram em vários países depois da Primeira guerra mundial: Áustria, Checoslováquia, Romênia, Yugoslávia, Áustria, e a moderna Hungria). Outras pessoas do Sul dos Urales (que compartilhavam o idioma Cárpato, mas não eram Cárpatos) emigraram em diferentes direções. Alguns terminaram na Finlândia, o que explica por que o húngaro e finlandês moderno estão entre os descendentes contemporâneos do idioma ancestral Cárpato. Mesmo estando presos por sua escolha, a terra dos Cárpatos, a peregrinação continuou, enquanto procuravam no mundo as respostas que os capacitariam a manter e criasse sua descendência sem dificuldade. Por causa de suas origens geográficas, a visão dos Cárpatos da cura compartilha muito com a maior tradição euro-asiática do xamanismo. Provavelmente a mais próxima representação moderna dessa tradição está apoiada em Tuba (e se refere a ela como "Xamanismo Tuvianian),Ver o mapa.
407 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
A tradição euro-asiática.... dos cárpatos aos xamãs siberianos... opinava que a enfermidade se originava na alma humana, e só posteriormente se manifestava como diversas condições físicas. Por conseguinte, a cura xamã, embora não descuidava o corpo, concentrava-se na alma e seu cura. As enfermidades mais estendidas se entendiam que eram causadas por "a partida da alma" em que toda ou alguma parte da alma da pessoa doente se afastou do corpo (aos reinos inferiores), ou tinha sido capturada ou possuída por um espírito malvado, ou ambas as coisas. Os Cárpatos pertencem a esta maior tradição xamanista euro-asiática e compartilham seus pontos de vista. Embora os próprios Cárpatos não sucumbiam à enfermidade, os curadores Cárpatos entendiam que os ferimentos mais profundos eram também acompanhados por uma "partida da alma" similar. Acompanhando o diagnóstico de "partida da alma" o xamã-curador estava portanto obrigado a fazer uma viagem espiritual aos mundos inferiores, para 408 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
recuperar a alma. O xamã poderia ter que vencer tremendos desafios com o passar do caminho, particularmente lutar com o demônio e vampiro que havia possuía a alma de seu amigo. A "partida da alma" não requeria que uma pessoa estivesse inconsciente (embora esse certamente pode ser o caso também). Entendia-se que uma pessoa ainda podia parecer estar consciente, mesmo falar e interatuar com outros, e ainda então ter perdido uma parte da alma. O curador ou xamã experimentado veria instantaneamente o problema não obstante, em sinais sutis que outros poderiam passar por cima: a atenção da pessoa vagando de vez Então que, uma diminuição de seu entusiasmo pela vida, depressão crônica, uma redução no brilho de sua ―aura", e coisas pelo estilo. 2. O Cântico Curador Menor dos Cárpatos. Kepä Sarna Pus (O "Cântico Curador Menor") é utilizado para ferimentos que são de natureza meramente física. O curador Cárpato abandona seu corpo e entra no corpo do Cárpato ferido para curar os ferimentos mortais de dentro e fora utilizando pura energia. Ele proclama "ofereço livremente, minha vida por sua vida", enquanto dá seu sangue ao Cárpato ferido. Porque os Cárpatos são da terra e unidos ao chão, são sanados pela terra de seu país natal. Sua saliva com frequência também é utilizada por seus poderes rejuvenescedores. Também é muito comum nos cânticos Cárpatos (para o menor e o maior), ser acompanhados pelo uso de ervas curadoras, aromas de velas Cárpatas, e cristais. Os cristais (quando são combinados com a empatia Cárpata, a conexão física com o universo inteiro) são utilizados para acumular energia positiva de seus arredores que depois se utiliza para acelerar a cura. Algumas vezes se utilizam covas como local para a cura. O cântico curador menor foi utilizado pelo Vikirnoff Von Shrieder e Colby Jansen para curar ao Rafael Da Cruz cujo coração tinha sido arrancado por um vampiro no livro titulado Segredo Sombrio. 409 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Kepä Sarna Pus (O Cântico Curador Menor) O mesmo cântico é utilizado para todos os ferimentos físicos, "sivadaba" ("dentro de seu coração"), mudaria para referir-se a qualquer parte do corpo que esteja ferida. Kuńasz, nélkül sivdobbanás, nélkül fesztelen löyly. Jaz como dormido, sem pulsado de coração, sem respiração aérea Ot élidamet andam szabadon Ofereço livremente minha vida por sua vida.
élidadért.
O jelä sielam jǒrem ot ainamet és soŋe ot élidadet. Meu espírito de luz esquece meu corpo e entra em seu corpo. O jelä sielam pukta kinn minden szelemeket belső. Meu espírito de luz envia todos os espíritos escuros de seu interior à fuga. Pajńak o susu hanyet és o nyelv nyálamet sívadaba. Pressiono a terra de nossa terra natal e a saliva de minha língua em seu coração. Vii, o verim soŋe o verid andam. Ao fim, dou-te meu sangue por seu sangue. Para ouvir este cântico, visita: http://www.christinefeehan.com/ members/. 3. O Grande Cântico Curador dos Cárpatos.
410 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
O mais conhecido... e mais dramático... dos cânticos curadores dos Cárpatos era Em Sarna Pus ("O Grande Cântico Curador"). Este cântico estava reservava para recuperar a alma do Cárpato ferido ou inconsciente. Tipicamente um grupo de homens formariam um círculo ao redor do Cárpato ferido (para "lhe rodear com nossa cuidado e compaixão"), e começa o cântico. O xamã ou curador ou líder é o personagem principal nesta cerimônia curativa. É ele quem em realidade faz a viagem espiritual ao mundo inferior, ajudado por seu clã. Seu propósito é dançar estaticamente, canto, tambores, e cântico, tudo enquanto visualiza (através das palavras do cântico, a viagem mesmo) , uma e outra vez.. até o ponto no que o xamã, em transe, abandona seu corpo, e faz essa mesma viagem. (Certamente, a palavra "êxtase" provém do latim ex-statis, que literalmente significa "fora do corpo.") Uma vantagem do curador Cárpato sobre muitos outros xamãs, é seu vínculo telepático com seu irmão perdido. A maior parte dos xamãs deve vagar na escuridão dos reino inferiores, em busca de seu irmão perdido. Mas os curadores Cárpatos "ouvem" diretamente em sua mente a voz de seu irmão ferido lhe chamando, e isto pode atuar como um radiofaro direcional. Por esta razão, o cântico Curador tende a ter um êxito mais elevado que a maior parte das outras tradições deste tipo. Algo da geografia do "outro mundo" serve-nos para examinar, a fim de entender completamente as palavras de Grande Cântico Curador Cárpato. fazse uma referência ao "Grande Árvore" (no Cárpato: No Puwe). Muitas tradições ancestrais, incluída a tradição Cárpata , entendem que os mundos... os mundos celestiais, nosso mundo, e os reino inferiores... estão pendurados em um grande polo, ou eixo, ou árvore. Aqui na terra, estamos colocados a meio caminho nesta árvore, sobre um de seus ramos. portanto muitos textos antigos com frequência se referem ao mundo material como "terra meia", a meio caminho entre os céus e o inferno. Subindo a árvore chegaríamos aos mundos celestiais. Descendendo pela árvore até a raízes chegaríamos aos 411 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
reino inferiores. O xamã era necessariamente um mestre em mover-se acima e abaixo pela Grande Árvore, às vezes sem ajuda, e às vezes assistido por (ou mesmo montado à garupa) um espírito guia animal. Em várias tradições, esta Grande Árvore é conhecida de várias formas, o axis mundi (o "eixo dos mundos"), Ygddrasil (na mitologia nórdica), Mount Mem (o mundo sagrado da montanha da tradição tibetana), etc. O cosmos cristão com seu céu, purgatório/terra, e inferno, é também uma comparação válida. Mesmo se dá uma topografia similar na Divina Comédia de Dante. Dante é conduzido em uma primeira viagem ao inferno, para o centro da terra; depois para cima ao Monte Purgatório, que se assenta na superfície da terra diretamente oposto ao Jerusalém; depois mais para cima primeiro ao Éden, no alto do Monte Purgatório; e depois mais acima até o último céu. Na tradição xamanista, entende-se que o pequeno sempre reflete o grande; o pessoal sempre reflete o cósmico. Um movimento nas maiores dimensione do cosmos também coincide com um movimento interno. Por exemplo, o axis mundi do cosmos também corresponde ao espinho dorsal do indivíduo. As viagens acima e abaixo pelo axis mundi com frequência coincidem com o movimento das energias natural e espiritual (algumas vezes chamada kundalini ou shakti) no espinho dorsal do xamã ou místico.
Em Sarna Pus (O Grande Cântico Curador) Neste cântico, eká ("irmão") substituiria-se por "irmã", "pai", "mãe" dependendo da pessoa a ser curada Ot ekäm ainajanak hany, come. O corpo de meu irmão é um conglomerado de terra, próximo à morte. Me, ot ekäm kuntajanak, pirädak ekäm, gond és irgalom türe. Nós, o clã de meu irmão, rodeamo-lhe com nossa cuidado e compaixão. 412 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Opus wäkenkek, ot oma sarnank, és ot pus fünk, álnak ekäm ainajanak, pitänak ekäm ainajanak elävä. Nossas energias curadoras, palavras ancestrais de magia, e ervas curativas benzemos o corpo de meu irmão, mantendo-o vivo. Ot ekäm sielanak pälä. Ot omboce päläja juta alatt ou jüti, kinta, és szelemek lamtijaknak. Mas a alma de meu irmão está somente pela metade. Sua outra metade vaga nos mundos inferiores. Ot em mekemŋ amaŋ: kulkedak otti ot ekäm omboce päläjanak Minha grande ação é esta: Viajo para encontrar a outra metade de meu irmão. Rekatüre, saradak, tappadak, odam, kaŋa ou numa waram, és avaa owe ou lewl mahoz. Nós dançamos, nós cantamos, nós sonhamos estaticamente, para chamar a meu espírito pássaro, e abrir a porta ao outro mundo. Ntak ou numa waram, és muzdulak, jomadak. Monto meu espírito pássaro e começamos a nos mover, estamos em caminho. Piwtädak ot No Puwe tyvinak, ecidak alatt ou jüti, kinta, és szelemek lamtijaknak. Seguindo o tronco da Grande Árvore, caímos nos mundos inferiores. Fázak, fázak nó ou saro É frio, muito frio. 413 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Juttadak ot ekäm ou akarataban, o'sívaban, és ou sielaban. Meu irmão e eu estamos unidos em mente, coração e alma. Ot ekäm sielanak kaŋa engem A alma de meu irmão me chama Kuledak és piwtädak ot ekäm Ouço e sigo seu rastro. Sayedak és tuledak ot ekäm kulyanak Encontro o demônio que está devorando a alma de meu irmão Nenäm coro; ou kuly torodak. Furioso, luto com o demônio. Ou kuly pel engem Tem medo de mi. Lejkkadak ou kaŋka salamaval. Golpeio sua garganta com um relâmpago Molodak ot ainaja, komakamal. Rompo seu corpo com minhas mãos nuas Toya és molanâ. esgota-se e cai em pedaços. Hän cada Foge 414 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Manedak ot ekäm sielanak. Resgato a alma de meu irmão Aladak ot ekäm sielanak ou komamban. Elevo a alma de meu irmão no oco de minha mão. Alŋdam ot ekäm numa waramra Subo a meu espírito pássaro. Piwtädak ot No Puwe tyvijanak és sayedak jälleen ot elävä ainak majaknak. Seguindo a Grande Árvore para cima, voltamos para a terra da vida. Ot ekäm elä jälleen. Meu irmão vive de novo. Ot ekäm weńća jälleen. Está completo de novo. Para ouvir este canto, visita http://www.christinefeehan.com/ members/. 4. Estética Musical Cárpata Nas peças cantadas dos Cárpatos (como o "Lullaby" e "Som para curar a Terra"), você vai ouvir elementos que são compartilhados por muitas das tradições musicais da região geográfica Uralic, alguns dos quais ainda existem a partir da Europa Oriental (búlgaro, romeno, húngaro, croata, etc) para Romany ("ciganos"). Alguns destes elementos incluem:
415 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
• a rápida alternância entre modalidades principais e secundárias, incluindo uma mudança repentina (chamado de "terceiro Picardy") de menor para maior para acabar com um pedaço ou seção (como no final do "Lullaby") • o uso do close (apertado) harmonias • o uso de ritardi (retardando a peça) e Crescendi (aumento em volume) por breves períodos • o uso de glissandos (slides) na tradição cantada • o uso de trinados na tradição cantar (como na invocação final do "som para curar a terra"), semelhante ao Celtic, uma tradição de canto mais familiar para muitos de nós • o uso de quintos paralelos (como na invocação final do "som para curar a terra ") • uso controlado de dissonância •" chamada e resposta "canto (típico de muitas das tradições de canto do mundo) • estender o comprimento de uma linha musical (pela adição de um par de barras) para aumentar o efeito dramático • e muitos mais" Lullaby "e" som para curar a terra "ilustram duas formas bastante diferentes de Carpathian música (um pedaço, intimista e uma peça de ensemble energético), mas independentemente da sua forma, a música Carpathian está cheio de sentimento.
5. Canção de ninar Essa música é cantada por mulheres, enquanto a criança ainda está no útero ou quando a ameaça de um aborto é aparente. O bebê pode ouvir a música enquanto está no interior da mãe, e a mãe pode se conectar com a criança telepaticamente também. A canção de ninar é para tranquilizar a 416 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
criança, incentivar o bebê a continuar, tranquilizar a criança ou protegê-la com amor, mesmo de dentro até o nascimento. A última linha, literalmente, significa que o amor da mãe que protege seu filho até que a criança nasça ("ascensão"). Musicalmente, a canção cárpata "Lullaby" é em três quartos de tempo ("tempo de valsa"), assim como uma parcela significativa do mundo várias canções de ninar tradicionais (talvez a mais famosa seja "Lullaby Brahms '"). O arranjo para voz solo é o contexto original: uma mãe cantando para seu filho, não acompanhada. O arranjo para coro e conjunto musical violino ilustra como até mesmo os mais simples são muitas vezes peças dos Cárpatos, e como facilmente se prestam aos contemporâneos arranjos instrumentais ou orquestrais. (A ampla gama de compositores contemporâneos, incluindo Dvořák e Smetana, se aproveitaram de uma descoberta similar, de outros de música oriental tradicional europeia em seus poemas sinfônicos.) Odam-Sarna Kondak (Lullaby) Tumtesz o wäke ku pitasz belső. Sinta a força que o mantém dentro. Hiszasz sívadet. Én olenam gæidnod. Confie em seu coração. Eu serei seu guia. Sas csecsemõm, kuńasz. Silêncio meu bebê, feche seus olhos. Rauho joŋe ted. A paz virá para você . Tumtesz o sívdobbanás ku olen lamt3ad belső. Sinta o ritmo dentro de mim. Gond-kumpadek ku kim te. Ondas de amor cobrirão você. Pesänak te, asti o jüti, kidüsz. Protegendo, até que noite chegue. 417 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
6. Canto de Cura da Terra Esta é a canção de cura da terra — que é usada pelas mulheres Cárpatas para curar o solo cheio de várias toxinas. As mulheres tomam posição dos quatro lados e chamam o universo para recorrer à energia da cura com amor e respeito. O solo de terra é seu lugar de descanso, o lugar onde se rejuvenesce, e devem torná-lo seguro não só para si mas para seus filhos não nascidos, bem como para seus homens e crianças que vivem. Este é um belo ritual realizado pelas mulheres juntos, levantando suas vozes em harmonia e convidando os minerais da terra e propriedades curativas para vir e ajudá-los a salvar seus filhos. Elas literalmente dançam e cantam para curar a terra numa cerimônia tão antiga quanto sua espécie. A dança e as notas da canção são ajustados de acordo com as toxinas sentidas através dos pés descalços da curadora. Os pés são colocados num certo padrão e as mãos graciosamente tecem a magia de cura, enquanto a dança é executada. Elas devem ter um cuidado especial quando o solo é preparado para os bebês. Esta é uma cerimônia de amor e cura. Musicalmente, o ritual é dividido em várias seções: • Primeiro verso: A seção "chamada e resposta", onde o líder canta a "chamada" do solo, e, em seguida, algumas ou todas as mulheres cantam a "resposta" na estreita harmonia estilo típico da tradição musical dos Cárpatos. A resposta repetida é uma invocação da fonte de energia para o ritual de cura: "Oh Mãe Natureza,". • Primeiro Coro: Esta seção será cheia de dança batendo palmas e outros meios utilizados para invocar e aumentar a energia em que o ritual é feito • Segundo verso • Segundo coro: a invocação de encerramento: Nesta parte final, dois líderes da música, em estreita harmonia, tem toda a energia recolhida pelos padrões anteriores da canção / ritual e a focam inteiramente no propósito de cura. O que vai ouvir são gostos breves do que seria normalmente um ritual de muito mais tempo, em que o verso e peças são desenvolvidos e o coro repetido muitas vezes, fechado por uma interpretação 418 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
única da invocação final. Sarna Pusm O Maγet (Song to Heal the Earth) Primeiro verso Ai Emä Maγe, Oh, Mãe Natureza Me sívadbin lańaak. Somos suas amadas filhas. Me tappadak, me pusmak o maγet. Dançamos para curar a terra. Me sarnadak, me pusmak o hanyet. Cantamos para curar a terra. Sielanket jutta tedet it, Unimo-nos a você agora, Sívank és akaratank és sielank juttanak. Nossos corações, mentes e espírito são somente um. Segundo Verso Ai Emä maγe, Oh, Mãe Natureza Me sívadbin lańaak. Somos suas amadas filhas. Me andak arwadet emänked és me kaŋank o Prestamos homenagem à nossa Mãe e invocamos Põhi és Lõuna, Ida és Lääs. Norte e Sul, Leste e Oeste. Pide és aldyn és myös belső. Acima e abaixo e dentro também Gondank o maγenak pusm hän ku olen jama. Nosso amor à terra cura o que é preciso Juttanak teval it, Juntamo-nos com você agora 419 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Maγe maγeval. Terra para terra. O pirä elidak weńća. O círculo da vida está completo. Para ouvir este canto, visite: http://www.christinefeehan.com/members/ 7. Técnica de Canto Cárpato Tal como acontece com as suas técnicas de cura, a "técnica de canto" real dos Cárpatos tem muito em comum com as tradições xamânicas de outras estepes da Ásia Central. O principal modo de cantar era usando sons secundários com a garganta. Exemplos modernos dessa maneira de cantar ainda podem ser encontradas nas tradições da Mongólia, Tuvan e tibetano. Você pode encontrar um exemplo de áudio dos monges budistas tibetanos Gyuto cantando em: http://www.christinefeehan.com/carpathian_chanting/. Tal como acontece em Tuva, note no mapa a proximidade geográfica do Tibete ao Cazaquistão e sul dos Urais. A parte inicial do canto tibetano enfatiza a sincronização de todas as vozes em torno de um único tom, visando a cura de um "chakra" particular do corpo. Isso é típico da tradição do canto Gyuto , mas não é uma parte significativa da tradição dos Cárpatos. No entanto, ele serve como um contraste interessante. A parte do exemplo do canto Gyuto que mais se assemelha ao estilo de cantar dos Cárpatos é o meio, onde os homens estão cantando as palavras juntas com muita força. O objetivo aqui não é gerar um "tom de cura", que afetará "chakra"um particular, mas sim para gerar energia, tanto quanto possível para o início do "fora do corpo", viagens e para combater as forças demoníacas que o curandeiro / viajante deve enfrentar e superar. As canções das mulheres dos Cárpatos (ilustrado pelo "Lullaby" e a "Canção para curar a terra") fazem parte da mesma música antiga tradição de 420 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
cura e como o Cantos de Cura e o canto do Grande caçador guerreiro. Você pode ouvir alguns dos instrumentos em ambos os cantos: o "canto de cura dos guerreiros" e a " Canção para curar a terra. "Das mulheres. Além disso, eles compartilham o objetivo comum de gerar e dirigir poder. No entanto, as canções das mulheres são distintamente feminino. Uma diferença imediatamente perceptível é que, enquanto os homens falam de suas palavras na forma de um canto, as mulheres cantam músicas com melodias e harmonias, suavizando o desempenho global. Uma qualidade feminina, que cria é especialmente evidente.Proteção, uma qualidade feminina, que é especialmente evidente no "Lullaby". APENDICE 2
O idioma Cárpato Como todos os idiomas humanos, o idioma dos Cárpatos contém a riqueza e matiz que só pode vir de um longo histórico de utilização. No melhor dos casos só podem tocar levianamente alguns dos traços principais do idioma neste breve apêndice: 1. A história do idioma Cárpato. O idioma Cárpato de hoje em dia é essencialmente idêntico ao idioma Cárpato de faz milhares de anos. Uma língua "morta" como o latim de faz dois mil anos que evoluiu a um idioma moderno significativamente diferente (italiano) por causa de incontáveis gerações de falantes e grandes flutuações históricas. Em contraste, muitos dos falantes do Cárpato de milhares de anos estão ainda vivos. Sua presença... junto com o isolamento deliberado dos Cárpatos das demais forças maiores de mudança no mundo, atuou (e continua 421 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
atuando) como força estabilizadora. A cultura Cárpato também atuou como força estabilizadora. Por exemplo, as Palavras Rituais, os vários cânticos curadores (ver apêndice 1), e outros artefatos culturais foram passados durante séculos com grande fidelidade. Uma pequena exceção deveria ser tomada em conta: A extensão dos Cárpatos em várias regiões geográficas separadas conduziu a algumas dialetizações menores. Entretanto os vínculos telepáticos entre todos os Cárpatos (ao igual à volta regular de cada Cárpato a sua terra natal) assegurou que as diferenças entre dialetos sejam relativamente superficiais (ex: umas poucas novas palavras, diferenças menores na pronúncia, etc) Devido ao mais profunda e interna linguagem de mentes as fórmulas permaneceram iguais por causa do uso contínuo através do espaço e o tempo. O idioma dos Cárpatos era (e ainda é) o proto-idioma para a família de idiomas dos Urales (ou Finno-Ugrian). Hoje no DIA, os idiomas urales se falam no norte, este e centro da Europa e na Sibéria. mais de vinte e três milhões de pessoas no mundo falam idiomas cujos origine podem ser rastreados até o Cárpato. Magyar ou Hungria (ao redor de quarenta milhões de falantes, Finlândia (ao redor de cinco milhões) e Estoniana (ao redor de um milhão), arco dos três maiores descendentes contemporâneos deste protoidioma. O único fator que une aos mais de vinte idiomas na família ural é que suas origens podem ser traçadas de volta a um proto-idioma comum... o Cárpato... dividiu-se (faz ao redor de seis mil anos) nos vários idiomas da família ural. Da mesma forma, os idiomas europeus ao igual ao Inglês e o francês, pertencem a bem conhecido família indo-europeia e também provêm de um proto-idioma comum (um diferente ao Cárpato) A seguinte tabela proporciona um sentido para algumas das similitudes na família de idiomas.
422 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Nota: A Finnic/Cárpato "k" se corresponde com frequência com a "h" húngara. Igualmente a Finnic/Cárpato "p" com frequência corresponde a "f" húngara. TABELA 1
423 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
2. Gramática Cárpato e outras características do idioma Idiomas. De uma vez um idioma ancestral é um idioma de pessoas que estão sobre a terra, os Cárpatos estão mais inclinados para o uso de idiomas construídos desde términos concretos, "terrestres", em vez de abstrações. Por exemplo, nossa moderna abstração "apreciar" é expressa mais concretamente no Cárpato como "manter no coração", o "mundo inferior" é, no Cárpato, "a terra de noite, névoa e fantasmas"; etc. Ordem de palavras. A ordem das palavras em uma frase está determinada não por róis de sintaxe (como sujeito, verbo e objeto) mas sim por fatores pragmáticos e propulsados pelo discurso. Exemplos: "Tied vagyok." ("Teu sou"); "Sívamet andam." ("Meu coração te dou")
424 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Aglutinação. O idioma Cárpato é aglutinativo; quer dizer, palavras mais longas som construídas de componentes menores. Um idioma aglutinador utiliza sufixos e prefixos que cujo significado é geralmente único, e que estão encadeados uns atrás de outros sem encontrar-se. No Cárpato, as palavras consistem tipicamente em uma raiz que é seguida por um ou mais sufixos. Por exemplo, "sívambam" deriva da raiz "sív" ("coração") seguida por "am" ("meu," convertendo-o em "meu coração"), seguido por "bam" ("ien," convertendo-o em "em meu coração"). Como pode imaginar, a aglutinação no Cárpato algumas vezes produz palavras muito longas, ou palavras que são difíceis de pronunciar. As vocais conseguem serem inseridas entre sufixos, para evitar que muitas consonantes apareçam em fila (que podem fazer a palavra impronunciável). Tipos essenciais. Como todos os idiomas, O Cárpato tem muitos tipos de essenciais, o mesmo substantivo será "soletrado" de forma diferente dependendo de seu rol na frase. Alguns dos tipos de substantivos incluem: nominativo (quando o substantivo é o sujeito da frase), acusativo (quando o substantivo é um objeto direto do verbo), dativo (objeto indireto), genital (ou possessivo), instrumental, final, supressivo, inesivo, elativo, terminativo e delativo. Utilizaremos o tipo possessivo (ou genital) como exemplo, para ilustrar como todos os tipos de substantivos no Cárpato acrescentam sufixos à raiz do substantivo. Então expressando posse no Cárpato... "minha companheira", "sua companheira", "sua companheira", etc... acrescenta um sufixo particular (tal como "am") à raiz do sufixo ("päläfertiil"), para produzir o possessivo ("päläfertiilam"—"minha companheira"). Que sufixo utilizar depende da pessoa ("meu", "teu", "dele", etc), e de se o substantivo terminar em consonante ou vocal. A seguinte tabela mostra os sufixos por substantivos em singular (não em plural", e também as similitudes dos sufixos utilizados no 425 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
húngaro contemporâneo. (O húngaro é de fato um pouco mais complexo, no que também se requer "ritmo vocal", que sufixo utilizar também depende da última vocal do substantivo; portanto existem múltiplos eleições, onde o Cárpato só tem uma sozinha).
TABELA 2
O húngaro é de fato um pouco mais de complexo, em que também precisa "vocal rimando": que acrescente como sufixo usar também depende do último vocal no substantivo; portanto os exames de escogencia múltiplo nas células debaixo, onde Carpathian só têm uma só escolha.) Nota: Como se mencionou antes, as vocais com frequência se inserem entre a palavra e seu sufixo para evitar que muitas consonantes apareçam em 426 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
uma fila (o que produziria uma palavra impronunciável). Por exemplo, na tabela de acima, todos os substantivos que terminam em uma consonante som, seguidos por sufixos que começam com "a". Conjugação de verbos. Como em seus descendentes modernos (tanto o Finlandês como o Húngaro), o Cárpato tem muitos tempos verbais, muitos para descrever aqui. Concentraremo-nos na conjugação do presente. De novo, colocaremos o húngaro contemporâneo junto ao Cárpato, para remarcar as similitudes entre os dois. Ao igual a no caso dos substantivos possessivos, a conjugação de verbos se realiza acrescentando sufixos às raízes verbais:
TABELA 3
Ao igual a todos os idiomas, há muitos "verbos irregulares" no Cárpato, que não encaixam exatamente com este padrão. Mas a tabela é ainda Então uma guia útil para a maior parte dos verbos.
3. Exemplos do idioma Cárpato. Aqui estão alguns breves exemplos do Cárpato coloquial, utilizados nos livros Escuros. 427 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Susu. Estou em casa. Möért? E o que? csitri pequena ainaak enyém para sempre minha ainaak'sívamet juttapor para sempre a meu coração conectada sívamet meu amor Sarna Rituaali (As Palavras Rituais) são um exemplo longo, e um exemplo de cântico em vez de Cárpato coloquial. Tome nota do uso recorrente de "andam" (Dou-te), para dar ao cântico musicalidade e força através da repetição. Sarna Rituaali (As Palavras Rituais) Avio-te päläfertiilam. É minha companheira Éntölam kuulua, avio päläfertiilam. 428 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Reclamo-te como minha companheira Ted kuuluak, kacad, kojed. Pertenço-te Élidamet andam. Ofereço-te minha vida Pesämet andam. Dou-te meu amparo Uskolfertiilamet andam. Dou-te minha lealdade Sívamet andam. Dou-te meu coração. Sielamet andam. Dou-te minha alma Ainamet andam. Dou-te meu corpo Sívamet kuuluak kaik että ao Ted. Do mesmo modo tomo os teus a meu cuidado. Ainaak olenszal'sívambin. Sua vida será apreciada por mim para sempre. Te élidet ainaak pide minan. 429 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
Sua vida será colocada sobre a minha sempre. Te avio päläfertiilam. É minha companheira Ainaak'sívamet jutta oleny. Está unida a mim por toda a eternidade. Ainaak terád vigyázak. Está sempre a meu cuidado. Para ouvir estas palavras pronunciadas (e para mais sobre a pronúncia do Cárpato) por favor visite: http://www.christinefeehan.com/members/
4. Um Dicionário Cárpato muito abreviado. Este dicionário Cárpato abreviado contém a maior parte das palavras do Cárpato utilizadas nos livros. É obvio, um dicionário Cárpato completo seria muito mais longo que um dicionário normal de um idioma inteiro. Nota: Os substantivos Cárpatos e verbos de abaixo são raízes. Geralmente não aparecem somente, em forma "raiz" como abaixo. Em vez disso, normalmente aparece com sufixos (ex. "andam", "dou-te" em vê de só a raiz "and") agba—ser conveniente ou adequado. ainaakfél—velho amigo. ainaak—sempre aina—corpo ai—oh. 430 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
ajustar—irmã akarat—mente, vontade aka—dar ouvidos, ouvir, escutar. ak— sufixo adicionado após um substantivo terminado em uma consoante para torná-lo plural.. alatt—através ál—benzer, pego aldyn—embaixo. alɘ—levantar. alte—abençoar, amaldiçoar. and sielet, arwa-arvomet, és jelämet, kuulua huvémet ku feaj és ködet ainaak—trocar a honra, a alma e salvação por um prazer momento e a condenação sem fim. andasz éntölem irgalomet!—tenha misericórdia! arvo—valor, preço. and—dar arwa-arvo olen gæidnod, ekäm—a honra te guie, meu irmão (saudação). arwa-arvo olen isäntä, ekäm—a honra te mantenha, meu irmão (saudação). arwa-arvo pile sívadet—a honra leve luz a seu coração (saudação). arwa-arvod mäne me ködak— Você pode segurar sua honra, sombrio (saudação). arwa-arvo—honra (substantivo). arwa—louvor (substantivo). asa—levantar, elevar ašša—não (antes de um substantivo); não (com um verbo que não está no imperativo); não (com um adjetivo). aššatotello—desobediente. asti—até. avaa—abrir 431 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
a—verbo de negação (prefix). avio päläfertiil—companheiro avio—casado/a avo—descobrir, revelar. belso—dentro, bur tule ekämet kuntamak—bom nos encontrar, irmão (saudação). bur—bom, bem. ćaδa— fugir, escapar. come—estar doente, ferido, ou morrendo; perto da morte (verbo) ćoro— fluir, correr como a chuva. csecsemõ—bebê (substantivo). csitri— pequena diutal—triunfo, vitória. eći— cair. ekä—irmão ekäm—meu irmão. ek— sufixo acrescentado depois de um substantivo terminado em consonante para fazê-lo plural eläsz arwa-arvoval—você pode viver com honra (saudação). eläsz jeläbam ainaak—longa vida na luz (saudação). elä—viver. elävä ainak majaknak— terra da vida. elävä—vivo. elid—vida. Emä Maγe—Mãe Natureza. emäen—avó. emä—mãe (substantivo). embε karmasz—por favor. embε—se, quando emni kuηenak ku aššatotello—lunático desobediente. 432 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
emnim—minha esposa, minha mulher. emni—esposa, mulher. én jutta félet és ekämet—Eu cumprimento um amigo e irmão (saudação). En Puwe—A Grande Árvore. Relacionada com a lenda de Ygddrasil, o axis mundi, Mount Meru, céu e inferno, etc. engem—sobre mim. en— grande, muitos én—eu. és—e ete—antes, na frente. että—que. fáz— sentir frio. fél ku kuuluaak sívam belső—amado. fél ku vigyázak—queridos. feldolgaz—prepare. fél—companheiro, amigo. fertiil—fértil. fesztelen—aéreo. fü— ervas, erva. gæidno—estrada, caminho. gond— cuidar, preocupar-se. hän agba—é assim. hän ku agba—verdade. hän ku kaśwa o numamet—proprietário do ceu. hän ku kuulua sívamet—guardião do meu coração. hän ku lejkka wäke-sarnat—traidor. hän ku meke pirämet—defensor. hän ku pesä—protetor hän ku piwtä—predador, caçador. 433 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
hän ku saa kuć3aket—apanhador de estrelas. hän ku tappa—assassino, pessoa violenta (substantivo). Mortal, violento (adj.). hän ku tuulmahl elidet—vampiro (literamente; assaltante de vida). hän ku vie elidet—vampiro (literalmente; ladrão de vida). hän ku vigyáz sielame—guardião da minha alma. hän ku vigyáz sívamet és sielamet—guardião do meu coração e da minha alma. hän ku—prefixo: quem, o que. Hän sívamak—amado. hän— ele, ela, isso hany—conglomerado de terra hisz—acreditar, confiar. ida—leste. igazág—justiça. irgalom—compaixão, pena isä—pai (substantivo). isäntä—mestre da casa. it—agora jälleen—de novo jama—estar doente, infectado, ferido ou morrendo, perto da morte. jelä keje terá—o sol te queime (xingamento cárpato). jelä—luz solar, dia, sol, luz joma—estar em caminho, ir jörem— esquecer, perder um caminho, cometer um engano. joηesz arwa-arvoval—retorne com honra (saudação). joη—vir, retornar. juosz és eläsz—beba e viva (saudação). juosz és olen ainaak sielamet jutta—beba e torne-se um comigo (saudação). 434 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
juo—beber. juta—ir, vagar jüti—noite jutta—conectado, fixo (adj) estar conectado, encaixar (verbo) kać3—presente. kaca—amante kadi—juiz kaik—todo kalma—cadáver, morte. karma—quer. Karpatii ku köd—mentiroso. Karpatii—Cárpato käsi—mão kaśwa—a própria. kaδa wäkeva óv o köd—firmes contra a escuridão (saudação). kaδa—abandonar, sair, ficar kaηa—chamar, convidar, pedir, suplicar kaηk—traqueia, pomo de Adão, garganta keje—cozinhar, queimar kepä—menor, pequeno, fácil, pouco kessa ku toro—gato selvagem. kessa—gato. kessake—pequeno gato. kidü—acordar, surgir (verbo intransitivo). kim— para cobrir um objeto inteiro com algum tipo de cobertura. kinn—fora, sem kinta—névoa, neblina, fumaça kislány kuηenak minan—minha pequena lunática. kislány kuηenak—pequena lunática. kislány—garotinha. 435 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
köd alte hän—a escuridão te leve (xingamento cárpato). köd elävä és köd nime kutni nimet—o mal vive e tem um nome. köd jutasz belső—e que a escuridão te leve (xingamento cárpato). köd—nevoa, trevas, do mal (substantivo); nebuloso, sombrio, mau (adj.). koje—homem, marido kola—morrer kolasz arwa-arvoval—você pode morrer com honra (saudação). koma—mão vazia, mão nua, palma da mão, oco da mão kond—todos de uma família ou crianças de um clã. kont o sívanak—coração forte (literamente: coração de guerreiro). kont—guerreiro k—sufixo acrescentado depois de um substantivo que termina em vocal para fazê-lo plural kuć3ak!—estrelas! (exclamação). kuć3—estrela. kuja—dia, sol. kule—escutar. kulke—ir ou viajar (por terra ou água) kulkesz arwa-arvoval, ekäm—caminhe com honra, meu irmão (saudação). kulkesz arwaval—joηesz arwa arvoval—vá com gloria e retorne com honra (saudação). kuly—verme intestinal, demônio que possui e devora almas. kumpa—onda (substantivo). kuńa— ficar deitada como se estivesse dormindo. Fechar ou cobrir os olhos em um jogo de "cabra cega", morrer kunta—bando, clã, tribo, família kuras—espada, faca grande. kure—laço, gravata. kutnisz ainaak—Enquanto você durar (saudação). 436 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
kutni—ser capaz de suportar, tomar. kuulua—pertencer, manter ku—que, o que. kuηe—lua, mês. lääs—oeste. lamti ból jüti, kinta, ja szelem—o mundo inferior (literalmente: "o prado de noite, neblina e fantasmas")- greta, fissura, ruptura (essencial) lamti—terra baixa, prado lańa—filha. lejkka—fresta, fissura, fenda (substantivo). Cortar; golpear; atacar com força (verb). lewl ma—o outro mundo (literalmente "terra espírito") Lewl ma incluindo lamti ból jüti, kinta, ja szelem: dos mortos, mas também inclui os mundos superiores En Puwe, a Grande Árvore. lewl—espírito liha—carne. lõuna—sul. löyly—respiração, vapor (relativo a lewl: "espírito") magköszun—obrigado. mana—abusar; amaldiçoar; arruinar. mäne—resgatar, salvar ma—terra, bosque maγe—solo; terra; território; lugar; natureza. me— nós meke—tarefa, trabalho (essencial) Fazer; fabricar; trabalhar (verbo) mića emni kuηenak minan—minha linda lunática. mića—linda. minan—meu minden—todo (adj.) möért?—para que? (exclamativo) 437 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
molanâ—derrubar-se molo— esmagar, romper em pedaços. mozdul—começar a mover, entrar em movimento muonìak te avoisz te—eu ordeno que se revele. muonì—apontar; ordenar; determinar; comandar. musta—memória. myös—também. nä—para, por. nautish—desfrutar. nélkül—sem nenä—raiva. ńiη3—verme;larva. No Puwe—A Grande Árvore. Relativo às legendas do Ygddrasil, o axis mundi, Monte Meru, céu e inferno, etc. nó— como, da mesma forma. numa—Deus, céu, parte de acima, mais alto (relativo à palavra inglesa "numinous") numatorkuld—trovão (literalmente: luta no céu). nyál—saliva; cuspe (essencial), (relativo a nyelv: "língua") nyelv—língua O ainaak jelä peje emnimet ŋamaŋ—O sol queima essa mulher para sempre (xingamento cárpato). o jelä peje emnimet—O sol queime essa mulher (xingamento cárpato). o jelä peje kaik hänkanak—O sol queime todos (xingamento cárpato). o jelä peje terád, emni—O sol te queime, mulher (xingamento cárpato). o jelä peje terád—O sol te queime (xingamento cárpato). o jelä sielamak—Luz da minha alma. o köd belső—a escuridão te leve (xingamento cárpato). odam-sarna kondak—canção de ninar (literalmente: canção de ninar). odam—sonhar, dormir (verbo) 438 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
olen—ser. omas—em pé. oma—velho, ancestral omboće— outro, segundo (adj.) ot—ele/ela (utilizado antes de um substantivo que começa por vocal) o—ele/ela (usado antes de um substantivo que começar com consoante). otti—olhar, encontrar óv—proteger novamente. owe—porta päämoro—objetivo; alvo. pajna—pressionar pälä— metade, ao lado de päläfertiil—casal ou esposa päläfertiil—companheira ou esposa. palj3—mais. peje terád—Se queimar (xingamento cárpato). peje—queimar. pél—ter medo, estar assustada pesäd te engemal—você está segura comigo. pesä—ninho (literal); proteção (figurado) pesäsz jeläbam ainaak—Possa você permanecer muito tempo na luz (saudação) pide—sobre. pile—inflamar; iluminar. pirä—círculo, anel (essencial). Rodear, incluir (verbo) piros—vermelho. pitäam mustaakad sielpesäambam—Eu abraço suas memórias e as guardo em minha alma. pitä—guardar, manter pitäsz baszú, piwtäsz igazáget—Não vingança, somente justiça. piwtä—seguir 439 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
poår—bocado; pedaço. põhi—norte. pukta—afastar, acossar, pôr em voo pus—saudável; cura. pusm—restaurar a saúde puwe—árvore; madeira. rauho—paz. reka—êxtase, transe rituaali—ritual. sa4—chamar; nomear. saa—chegar, vir; tornar; obter, conseguir. saasz hän ku andam szabadon—Tome o que livremente ofereço. salama—relâmpago sarna kontakawk—Canto dos guerreiros. sarna—palavras, discurso, encantamento mágico (essencial) Cantar, cantarolar, celebrar (verbo) śaro— neve congelada. sa—nervo; tendão; cabo. sas—shhhhh (para um criança ou bebê). saye—levar, vir, alcançar siel—alma sieljelä isäntä—a pureza da alma triunfa. sisar—irmã. sív pide köd—o amor transcende o mal. sívad olen wäkeva, hän ku piwtä—Que seu coração fique forte, caçador (saudação). sívam és sielam—meu coração e alma. sívamet—meu coração. sív—coração sívdobbanás—pulsar de coração (literal) ritmo (figurativo) 440 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
soηe —entrar, penetrar, compensar, substituir sokta—misturar; agitar ao redor. susu—lar, lugar de nascimento (essencial), a casa (adv.) szabadon—livremente szelem—fantasma sγe—chegar; vir; alcançar. taka—atrás; além. tappa—dançar, bater com o pé (verbo) Te kalma, te jama ńiη3kval, te apitäsz arwa-arvo— Você não é nada, apenas um cadáver andante de larvas infectadas, sem honra. Te magköszunam näη amaη kać3 taka arvo—Obrigado por este presente sem preço. ted—seu. terád keje—ser queimado (xingamento cárpato). te—você. Tõdak pitäsz wäke bekimet mekesz kaiket—Sei que tem coragem para enfrentar qualquer coisa. tõdhän lõ kuraset agbapäämoroam—sabendo que a espada fiel voa para seu objetivo. tõdhän—conhecimento. tõd—saber. toja—inclinar, romper torosz wäkeval—Lute ferozmente (saudação). toro—lutar. totello—obedecer. tsak—somente. tuhanos löylyak türelamak saγe diutalet—mil respirações pacientes trazem a vitória tuhanos—mil tule—conhecer 441 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
tumte—sentir; tocar; tocar em. türe—cheio, satisfeito türelam agba kontsalamaval—paciência é a verdadeira arma do guerreiro. türelam—paciência. tyvi—raiz, base, tronco uskol—felizmente uskolfertiil—lealdade varolind—perigoso . veri ekäakank—sangue de nossos irmãos . veri isäakank—sangue de nossos pais . veri olen piros, ekäm—literalmente: o sangue é vermelho, meu irmão; figurativamente: encontrar sua companheira (Saudação) veriak ot en Karpatiiak— pelo sangue do Príncipe (literalmente: pelo sangue do grande Cárpato; xingamento cárpato). veri—sangue. veridet peje—que queime seu sangue (xingamento cárpato). veri-elidet—sangue-vida . vigyáz—preocupar-se vii—último, ao fim, finalmente wäke beki—força, coragem. wäke kaδa—firmeza . wäke kutni—resistência . wäke—poder wäke-sarna—voto; maldição; bênção (literalmente: palavras de poder ). wäkeva—poderoso . wara—pássaro, corvo weńća— completo, tudo. wete—água. ηamaη— isso; este aqui, que, para alguém lá. 442 | P R T
Christine Feehan – Tempestade Sombria – Carpatos 23
CC
443 | P R T