TFG I - (RE) UNIÃO - ARQUITETURA ITINERANTE PARA A FOLIA DE REIS EM PATOS DE MINAS

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(RE)UNIÃO ARQUITETURA ITINERANTE PARA A FOLIA DE REIS EM PATOS DE MINAS


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Trabalho de Curso I apresentado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM

(RE)UNIÃO

ARQUITETURA ITINERANTE PARA A FOLIA DE REIS EM PATOS DE MINAS

Alexandre da Silva Ferreira Orientadora: Me. Adriane Silvério Neto

Patos de Minas 2018


ENTREGA

a tiĂŁozinho (sempre presente).


AGRADECIMENTO E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino rouco se misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretas lentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado, a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia. (Trecho de A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade).



RESUMO A cultura popular se torna presente no cotiado nas pessoas, compreender sua organização e como a sociedade transmite a cultura para novas gerações. O estudo da Folia de Reis como manifestação cultural delimitada por uma rede de pessoas, sendo o resultado da tradição de um determinado grupo que possui suas características próprias. A pesquisa busca entender a manifestação cultural desde sua origem e organização, entendo todo o contexto histórico que a folia de reis esta inserida e que faz atualmente ser reconhecida como patrimônio cultural imaterial, baseado nas tradições, valores e memória do povo e como esta manifestação sobrevive na urbanização das cidades. Através de teoria e conceito sobre a cultura e as influências religiosas, especialmente a Folia de Reis em Patos de Minas, como os grupos se organizam, a realização da festa, as regiões de influência de cada grupo na cidade. Ao final do estudo bibliográfico e levantamento de dados, buscou-se entender sobre como a arquitetura auxiliaria na difusão da Folia de Reis, e em resguardar tal manifestação, a proposta final é de uma arquitetura itinerante que movimente como acontece com a Folia de Reis. Palavras-chave: folia de reis; arquitetura itinerante; cultura popular


01 CAMINHO 0217 MOTIVOS 0321 GIROS 0425 RITMO 0579 INSPIRAÇÃO 0683 PARTIDA 13

4.1 CULTURA 27 4.2 CULTURA POPULAR 37 4.3 FESTAS POPULARES 47 4.4 REDE URBANA 53 4.5 PATRIMONIO IMATERIAL 59 4.6 ARQUITETURA ITINERANTE 37

8.1 Conceito 138 8.2 Partido 139 8.3 programa de necessidades 142 8.4 FLUXOGRAMA 143


6.1 AIRE TREE 83 6.2 BIGO CODA 85 6.3 SANTIAGO PAL 101

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REFERÊNCIAS 155

PARADAS

07 ENSAIO PROJETUAL 08137 ESTUDO PRELIMINAR 09145 CONSIDERAÇÕES FINAIS 10 151

LEVANTAMENTO DE DADOS 109


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Imagem 05 - Garoto seguindo tradições de família . Autor: Átila Maciel - Outubro 2009.

PARTIDA

substantivo feminino 1. ato de partir; saída. “a p. do trem é daqui a 15 minutos” 2. em certos jogos, número de pontos necessários para que um dos parceiros vença. “uma p. de buraco” 3. peleja esportiva; jogo, prélio. “p. de vôlei, de basquete, de polo” 4.quantidade de mercadorias negociáveis; remessa. “exportou uma p. de laranjas” 5. registro ou assento de uma transação mercantil. 6. reunião festiva; sarau. 7. grupo de pessoas armadas que pratica atividades ilegais; bando. “p. de achacadores” 8. infrm. ato praticado ou dito proferido como gracejo; brincadeira, peça. “era alvo constante de p.” 9. RS corrida breve realizada como ensaio antes da largada dos parelheiros. Origem ETIM fem.substv. do part. de partir


É vinte e quatro de dezembro, a Folia se prepara para sair da casa do mestre, aquele que irá guiar todo o caminho até o dia da festa, as roupas são coloridas, a bandeira cheia de fitas, os instrumentos são afinados, todos se reúnem, alguém ali no canto daquela sala fica observando toda aquela organização, os olhos marejados na emoção da data, na agitação daquele lugar, fica inquieto, uma curiosidade surge a mente, sai do seu lugar, vai ali no senhor de camisa verde, toalha branca no ombro esquerdo afinando seu instrumento, aquele nó surge a garganta, mas a pergunta sai, a curiosidade cai por terra, terra solta que ao pisar sobe aquela nuvem que repousa nas barras das calças de todos que ali estão, para aquele garoto que não entende nada do que está acontecendo o que seria a folia, o senhor que teve sua atenção cortado por um lapso de curiosidade para o que está a fazer e se abaixa, puxa o garoto para perto e diz, antes de entender a folia precisamos falar de CULTURA, o inicio de tudo, a ponta da fita, como esta palavra com vários significados se encaixa na religiosidade e na organização que ali acontecia. Foram minutos que pareciam horas, e em meio a conversa, surge o termo CULTURA POPULAR, e foi a partir deste ponto que pode-se compreender como cada um ali dentro daquela sala somaria ao todo para então partir, cada “bagagem”, cada história, cada vivência que faz cada terno de folia ser diferente um do outro. Para aquele garoto tudo era festa, mal ou bem da idade poucos iriam entender, e naquele dialogo veio a explicação da FESTA POPULAR, e como aquela reunião

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festiva era importante para manifesto das tradições e raízes daquele povo, não só deles, mas de várias outras religiões, era a força para a cada ano, a cada partida uma estrela de esperança surgisse como guia para as próximas festividades. A folia está pronta para partida, o mestre faz o primeiro sinal, todos apostos, a caminhada é longa até seis de janeiro, serão muitas paradas, muitas histórias contadas, a REDE URBANA vai se formando ao longo dos dias, a cada giro uma nova “bagagem” para levar, a cada parada as conexões aumentam. Os giros vão acontecendo a cada dia, o tempo voa, as horas passam e aquela sensação enigmática toma conta, a ansiedade se torna presente para o dia da festa, o dia da fartura. São seis de janeiro o dia de Reis, todos se preparam para a grande festa, limpam os instrumentos e vestem suas camisas, toalha novamente no ombro, todos seguem a grande missa, a igreja esta lotada de outros grupos com o mesmo objetivo, realizar sua oração e festa em louvor aos Santos Reis, vários ternos reunidos vai começar a cantoria, aquela manhã passa rapidamente, é hora do almoço, todos ali reunidos em baixo de lonas esticas, instrumentos deixados no canto, poeira, calor, fogo, cheiro, tempero, alegria, conversa alta, intimidade, inquietação, tudo reunido em um mesmo lugar, mesmo espaço, mesmo momento, a festa acontece, orações e mais cantos cortam a tarde e noite daquele dia, as BANDEIRAS são adoradas, cores, fitas, imagens, tudo muito vivo e presente, sensações que marcam a alma e que permeiam ao longo de todo o tempo até os dias atuais. O tempo passa, o distanciamento da folia acontece

ficando apenas na memória, aquele garoto cresce e vê nos giros da vida e das decisões a oportunidade de trazer de volta a lembrança sensações vivenciadas no passado, compreender sobre a importância desta manifestação cultural e propor uma arquitetura que se adapte a cultura, ao movimento a cantoria. É preciso PARTIR.

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Imagem 06 - 64° Encontro Nacional de Folias de Reis em Muqui - ES . Autor: Aline Oliveira- Setembro 2014.

CAMINHO

substantivo masculino 1.porção mais ou menos estreita de terreno entre dois lugares por onde alguém pode seguir. “no meio da floresta, encontrou um c.” 2.faixa de terreno ou local de passagem que serve de ligação ou comunicação terrestre entre dois ou mais lugares; via. “seguiu por um c. arborizado” 3.p.met. espaço ou distância percorrida ou por percorrer para se chegar a determinado lugar. “quanto c. tivemos de andar até aqui!” 4.p.ext. espaço percorrido por um corpo em movimento. “o c. do Sol na galáxia” 5.rumo, direção. “tomou o c. do norte” 6.trajeto, percurso, rota, itinerário. “resolveram viajar pelo mesmo c.” 7.p.ext. orientação ou direção de uma sucessão de fatos ou eventos; tendência.“suas vidas seguiram c. diferentes” 8.lugar por onde é possível seguir adiante; percurso que se deve seguir para chegar aonde se quer ir. “Vasco da Gama descobriu o c. marítimo para as Índias” Origem ETIM lat.vulg. * camminus, de orig. celta.



Este trabalho se objetiva em desenvolver através de uma pesquisa teórico-conceitual os aspectos culturais influenciadores das manifestações religiosas, especificamente a Folia de Reis no município de Patos de Minas, buscando entender através da organização da rede social a qual os participantes desta manifestação estão inseridos, e como a festa se organiza, suas origens, adaptações e mudanças na contemporaneidade. Através de levantamento indicar os ternos de folias e as regiões limítrofes que estão inseridas no município, dando ênfase a estas manifestações. Por último busca-se entender a importância de uma arquitetura efêmera, que neste trabalho trataremos como itinerante, propondo as Folias de Reis, um espaço arquitetônico baseado nas necessidades da festa, nas suas origens, sem descaracterizar os costumes vividos pelo povo, fazendo com que a arquitetura se adapte à cultura e não o contrário, uma arquitetura que vá de um lugar a outro sem se permanecer fixa em nenhum deles, como acontece com a Folia de Reis.

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Imagem 07 - Folia de Reis . Autor: Fabio Gonçalves- Janeiro 2012.

MOTIVOS

substantivo masculino 1. razão de ser, a causa de qualquer coisa. “todos desconheciam o m. do seu constante mal-estar” 2. dir.pen causa moral ou material de um crime. 3. o que põe alguém em prontidão para a ação; incentivo, motivação. “tinha como m. na vida livrar-se da dependência paterna” 4. mús fragmento melódico ou rítmico que unifica uma composição. 5. tema principal e/ou recorrente que, numa obra de arte, estabelece um padrão. 6. adjetivo que se move ou faz mover. “engrenagem m.” 7.adjetivo que origina, causa, determina. “são bactérias m. de gravíssimas infecções” Origem ETIM lat.tar. motīvus,a,um ‘relativo ao movimento, móvel’



A pesquisa sobre cultura popular, se torna importante como compreensão de organização de uma rede, como vivem, o que pensam e acreditam. A Folia de Reis é um manifesto cultural popular de uma determinada rede, sendo a materialização de um produto e tradição de determinado grupo, possuindo características únicas. Ao propor uma pesquisa sobre uma manifestação cultural e como ela se organiza, faz-se necessário o entendimento de todo o processo histórico que leva uma manifestação religiosa a ter importância relevante e ser reconhecida como patrimônio imaterial. Entender o significado de cultura, como uma maneira de organização de uma comunidade através de suas necessidades materiais e sociais, bem como suas tradições e valores, seus ritos e sua espiritualidade, fazendo ligações que envolvem toda uma rede urbana na concepção das festas religiosas. As festas populares se tornam uma reunião coletiva de interesse comum de uma rede e das pessoas a qual frequentam, sendo de maneira individual ou coletiva cada participante oferece o seu conhecimento de vida para que somado ao grupo possam realizar o objetivo que é comum de todas, a festa. A concretização da festa se dá pela participação de cada sujeito, interferindo diretamente na rede de organização da manifestação cultural, se tornando uma vivência e não um espetáculo, com a contribuição de cada grupo. A cidade de Patos de Minas atualmente possui mais de setenta ternos de folias, sendo um quantitativo significante para estudo e analise desta manifestação cultural que permeia o tempo e as tecnologias e se enraíza

na atualidade. A importância de uma perspectiva simples de quem faz com que a Folia de Reis aconteça trazendo um esplendor religioso com diversos significados que juntos caracterizam a identidade do grupo e a rede a qual pertence. Entender a permanência destas manifestações culturais atualmente é tentar uma assimilação entre as identidades dos foliões e a história que cada um carrega. A cidade se torna palco para os espectadores desta manifestação cultura, a folia se transforma em rede que conecta a diversas outras redes urbanas existentes, e entender como isso ocorre torna-se necessário para analisar como é difundida e mantida todas estas tradições, como a rede se propaga e como indivíduos são inseridos nela. Uma rede de memórias e tradições que busca retratar e manter o passado no presente, influenciando os grupos sociais a sua volta, algo intocável que é apenas visto e vivenciado, se relaciona com o patrimônio imaterial que atualmente é discutido e estudado, buscando analisar as tradições e culturas de um determinado grupo, propondo meios de preservação de suas identidades. O patrimônio imaterial surge para resguardar estas memorias construídas através da coletividade, da tradição, do que é passado entre famílias e permeado nos tempos atuais, a proposta de uma arquitetura que se adapte a estas manifestações surge como um respaldo para atrair mais participantes e integrantes desta rede que tende a continuar por muito tempo.

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Imagem 08 - Folia de Reis . Autor: Pedro Galdino- Abril 2013.

GIRO

substantivo masculino 1. ação ou efeito de girar; giração. 2. infrm. passeio curto; volta, girata. “saíram para dar um g. pelos arredores” 3. serlh ferragem que se adapta às portas de certos móveis, fazendo as vezes de gonzo, e que consiste em dois pares de estreitas e curtas lâminas de ferro, duas das quais se encaixam nas partes inferior e superior da porta. 4. adjetivo infrm. que age como maluco; amalucado, desorientado. Origem ETIM regr. de girar


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Imagem 09 - Corso de Barrio Guiñazú de la Ciudad de Córdoba . Autor: Sebastián Salgueroo- Março 2017.

CULTURA

substantivo feminino 1.agr ação, processo ou efeito de cultivar a terra; lavra, cultivo. 2.bio cultivo de célula ou tecido vivos em uma solução contendo nutrientes adequados e em condições propícias à sobrevivência. 3.criação de alguns animais. 4.cabedal de conhecimentos de uma pessoa ou grupo social. “estudioso, possuía uma vasta c.” 5.antrpol conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem um grupo social. 6.forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais (de um lugar ou período específico); civilização. “c. clássica” 7.complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins. “um governo que privilegiou a c.” Origem ETIM lat. cultūra,ae ‘ação de tratar, venerar (no sentido físico e moral)’


Marques (2014), traz que a definição de cultura possui diferentes meios de significado sendo relacionadas com áreas de conhecimento e linhas de pesquisa. Sendo em muitas vezes compreendida através do simbolismo, da produção material e imaterial de uma rede de pessoas. Desta forma a cultura não se limita apenas bens culturais, mas também a produção que um determinado grupo realiza, e qual o significado de cada um. Diante desta definição, do latim colere, surge a origem da palavra cultura, sendo relacionada ao cultivo da terra e aos conhecimentos adquiridos aplicados a ela. Do ponto de vista antropológico e sociológico, os costumes, pensamentos ou ideias difundidas e discutidas com um determinado grupo de pessoas possui uma particularidade que é efeito do caminho percorrido por uma determinada sociedade. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). Para Laraia (2001, p. 52) “toda a experiência de um indivíduo é transmitida aos demais, criando assim um interminável processo de acumulação”, a comunicação se torna fundamental para a transmissão e entendimento da cultura baseando-se nas relações interpessoais de uma sociedade, através dos seus simbolismos. A comunicação através de suas diversas maneiras e em diferentes períodos históricos mostra a força da transmissão da cultura e dos processos que a mesma influência. (MARQUES, 2014). As ideias de senso comum em que a cultura se identifica com o saber, com o erudito e, até mesmo, com refinamento – e aí se contrapõe à incultura, à ignorância, à rudeza. A cultura consiste num conjunto global de modos de fazer, ser, interagir e

representar que, produzidos socialmente, envolvem simbolização e, por sua vez, definem o modo pelo qual a vida social se desenvolve. (MACEDO, 1979, p.35).

Laraia (2011, p. 45) também faz uma referência ao homem como um ser que sabe se socializar, continuador da transmissão de conhecimento que se acumula com o passar do tempo, influência de seus antepassados. “A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as intervenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade”. As questões culturais não impedem que os individuas possam se inserir em meios econômicos, políticos e sociais. É importante relacionar os diversos sistemas de cultura com os sujeitos que o compõe para um entendimento da formação de uma rede especifica, não deixando de fora transformações, conflitos e variações. (MARQUES, 2014). Dessa maneira, pode-se dizer que existe várias conceituações antropológicas e sociológicas a respeito da questão cultural, uma preocupação recente que busca compreender o vínculo entre presente e futuro através de suas perspectivas, analisando as transformações e mudanças de valores atribuídos pelos grupos. Para Cardoso, Castelnou (2007, p. 146) a cultura “faz parte de um processo social, da vida em sociedade, não sendo apenas um conjunto de práticas e concepções, mas sim um produto coletivo de todas as maneiras da existência humana”. Desde o início do surgimento das civilizações, o

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homem tem se relacionado com a cultura suas manifestações e tradições, demarcando um pedaço de sua história. Eduardo, Castelnou (2007, p. 107), ressalta que “a cultura de um povo consiste no conjunto de registros mais eloquentes da identidade de uma comunidade no decorrer de sua existência”, como os antepassados que se reuniam em grandes espaços públicos com o objetivo de desenvolver atividades de lazer e cultura. Com o passar do tempo estes espaços públicos sofreram mudanças para se adaptar a necessidade local da época. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). A busca por adaptação de necessidades do homem contemporâneo acarretou em um processo de mudança dos espaços ocupados, Eduardo e Castelnou fazem uma alusão deste processo de mudança com a arquitetura: [...] a arquitetura não ficou inerte as transformações, demonstrando sua força e valor, através da elaboração de espaços e/ou edificações voltadas tanto para a produção como a difusão e democratização da arte, cultura e lazer, os quais acompanham todos os valores dentro desta presente realidade. Relacionar espaços que vieram atender às expectativas do seu tempo, desde a antiga ágora grega, o fórum romano, as feiras medievais e os museus modernos, até os atuais complexos culturais. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007, p. 108).

Arte e cultura se relacionam de forma pertinente sendo a primeira uma maneira de manifestação do seu modo de vida e representatividade de um determinado grupo. Bosi

(2001) “a arte é um fazer, ou seja, um conjunto de atos pelos quais se muda a forma transforma-se a matéria oferecida pela natureza e pela cultura”, desta maneira sendo uma arte ligada à alma humana, sugerindo trabalho, ação fazer e organização. Para os filósofos Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) a arte possuía uma função educativa onde música, dança tinham poder terapêutico e com capacidade de salvação ao corruptos, e a tragédia como cura para paixão, em decorrência da catarse. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). Para Mosquera (1973) a sociedade e a sua relação com a arte são caracterizadas pela junção de três elementos: o artista, a obra e o público. Sendo o artista o executor da obra, o produto desta execução se torna a expressão do artista com seu repertório próprio, demonstrando o poder que o homem possui de se expressar, sendo representativa toda demonstração de arte. A arte foi adquirindo diversos sentidos no decorrer do tempo e da construção da história. No decorrer da história a arquitetura foi considerada uma das maiores expressões de arte formal, para Aldrich (1976), um bom arquiteto era considerado como um artista. Porém, como artista ele fica tentado a usar seu conhecimento técnico em suas produções, fazendo uma composição orgânica e dando uma função específica ao edifício idealizado. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). Nos dias de hoje, a questão da preservação da memória e da cultura tem sido valoriza, nacional e internacionalmente, sendo uma resposta ao processo de globalização. Com o crescimento da população e das cidades surge a necessidade de órgãos públicos idealizarem

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10 espaços para cultura, lazer e arte. A existência deste tipo de atividade nos centros urbanos segundo Eduardo, Castelnou (2007, p. 112) “vem aos poucos sensibilizar os políticos da atualidade para a necessidade de criação de espaços nobres para sua prática e existência”. É através destes equipamentos que uma parcela das classes sociais é inserida dentro de um contexto cultural urbano. O bom planejamento requer bons investimentos na construção e manutenção do equipamento cultural, é dever do município saber que não é apenas abrir ou fornecer o equipamento para que a população possa utilizar, o mesmo deve possuir programação e animação para que o usuário se torne frequente. Surge durante a pesquisa o termo “centro cultural” que na contemporaneidade torna-se importante no contexto de equipamento cultural. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). As atividades de um centro cultural fazem referência a tradição de outras instituições tradicionais, seu surgimento veio de diversas ações que retomam a antigos centros culturais, agrupando em um único local diferentes atividades que antes eram separadas em locais próprios. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). Para Cardoso, Castelnou (2007) o surgimento dos centros culturais: [...] iniciou-se com as transformações e adaptações ocorridas nos museus, bibliotecas e teatros. Tais mudanças foram inevitáveis para possibilitar o atendimento da população menos favorecida, uma vez que, até então,


tratava-se de lugares frequentados apenas por burgueses de classe média e alta. (CARDOSO; CASTELNOU, 2007, p. 157).

O reflexo de um centro cultural está enraizado na cultura de uma sociedade ou de um determinado grupo social, sendo harmônico ao local que está inserido. Por ser uma arquitetura recente, é difícil a identificação de quais instituições foram as pioneiras na concepção de um centro cultural. A identidade cultural de uma sociedade está vinculada a memória e a cultura que a mesma prática. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). 4.1.1 CULTURA , ARTE E ARQUITETURA Na Grécia antiga, especificamente em Atenas, as manifestações ocorriam na praça do velho mercado, chamada de ágora, inicialmente estas representações possuíam natureza religiosa e com o passar do tempo e domínio romano foram trocadas por manifestações laicas, com uma temática familiar e amorosa e o uso da comédia e da tragédia. Desta forma houve o surgimento de projetos de espaços teatrais antigos, vindos da divisão de classes a partir do século III e II a.C. divisão caracterizada por acomodações melhores ou piores, persistindo por muito tempo. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). No período conhecido como Idade Média, as representações teatrais em sua maioria eram de teor bíblico, acontecendo dentro de igrejas ou nas vielas das cidades, pelo fato de não serem construídos teatros para

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Imagem 10 - Centro Cultural Cali - Autor: Ricardo Hernandez Polanco Outubro de 2017.


11 tais tipos de representações. A representação dramática se Imagem limitou a princípios profanos durante o século IX, trazendo as Romano representações para os adros das igrejas, tendo como cenários Rovieloseus pórticos e ornamentos arquitetônicos. (GRAEFF, 1986). Foi no século XVII que o teatro passou por uma decisiva separação de seu espaço fundamental, surgindo assim o palco e a plateia. Iniciando o século XIX a busca pela representação da realidade histórica contada deu-se pela busca de cenários, fazendo que cenógrafos utilizassem da pesquisa para sua criação, deixando de ser apenas um componente decorativo. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). O surgimento do teatro de arena veio também no século XIX devido a proibição de certas encenações em edifícios luxuosos, atrapalhando a intimidade entre ator e espectador. Contrapondo esta perspectiva o teatro arena oferecia diversas possibilidades de organização tendo cadeiras ou arquibancadas dispostas em círculos, quadrados ou retângulos. Um exemplo desta modificação arquitetônica dos teatros foi de Max Reinhardt (1873-1943) que abandonou o palco fechado e instalou um proscênio de encontro à plateia, inspirando diversos outros projetos teatrais, sendo conhecidos como teatros de palco aberto, tornando o teatro moderno livre para uma organização espacial e cenográfica oposta a rigidez clássica. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). Os edifícios de ordem social e cultural do período contemporâneo estavam em constante transformação, fator ocasionado a partir da segunda metade do século XVIII, se multiplicando por todas as regiões, um fator importante para esta expansão foi durante o século XIX decorrente

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11 Teatro - Autor: Elias Março 2017.



da Revolução Industrial. O sentido de cultura e lazer foi se modificando devido a importância das bibliotecas, museus, teatros, e outros edifícios. (CARDOSO; CASTELNOU, 2007). Para Eduardo (2007) e Castelnou (2007) o museu tinha como função a reconstrução da história, a evolução das artes, da cultura e das civilizações. O homem desde seu passado busca guardar obras e objetos em locais específicos como templos e lugares sagrados. Um bom exemplo desta prática vem do Egito e Grécia antiga, porém, sem uma preocupação museológica, o interesse era apenas de separar o sagrado do profano. Atualmente existe uma tentativa de descaracterizar o museu de seus padrões iniciais. Desvinculando a arte mostrada a distância, trazendo o público para contato direto com as exposições de arte, de maneira natural. Eduardo (2007) e Castelnou (2007) faz um comparativo dos antigos palácios e mansões adaptados como museus que a partir do século XVII foi se adaptando a edifícios próprios, desta forma:

galeria, mas também local de estudo, biblioteca, salas de conferência, exposições didáticas, com um único objetivo, a integração com o público. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). É importante que arquiteto ao pensar em um projeto de relevância artística, centros de cultura, levar em consideração a origem da palavra. Sendo o centro correspondente a algo com existência espacial, delimitando local, em geometria, sendo a circunstância. Um ponto com equidistâncias, convergência, dispersão ou irradiação. Sendo o centro lugar de agregar e relacionarse com o entorno. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007). Diante deste contexto, toda associação se destaca para Silva (1995) porque “cultura não é ter, cultura é ser”. A cultura não está relacionada ao objeto e sim na sua relação consigo mesmo, ligando arte, arquitetura e sociedade, em uma produção de bens artísticos e culturais.

Com o crescimento da importância cultura e da variedade dos museus, as maiores instituições passaram a se dividir em departamentos com escritórios, salas de estudo e de trabalho, publicações, etc. Em vez de exposições permanentes de todo o acervo, muitos museus adotaram as rotativas e temporárias, que permitem ao público uma maior diversificação. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007, p. 118).

Foi no século XX nos Estados Unidos que os museus passaram a ser centros culturais, não sendo uma simples

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Imagem 12 - Boi Maracatu . Autor: Jorge Farias- Junho 2017.

CULTURA POPULAR

adjetivo de dois gêneros 1.relativo ou pertencente ao povo. “indignação p.” 2.feito pelas pessoas simples, sem muita instrução. “arte p.” 3.relativo às pessoas como um todo, esp. aos cidadãos de um país qualificados para participar de uma eleição. “voto p.” 4.encarado com aprovação ou afeto pelo público em geral. “político p.” 5.dirigido às massas consumidoras. “música p.” 6.ao alcance dos não ricos; barato. “ingressos a preços p.” 7.substantivo masculino acomodação de menor preço, nos estádios desportivos. 8.substantivo feminino homem do povo; anônimo. “um p. foi ferido na confusão” 9.substantivo masculino plural partidários do povo; democratas. Origem ETIM lat. populāris,e ‘do povo, público, popular’


A sutileza, sofisticação e educação de cada pessoa para Santos (1983) está vinculada com as manifestações artísticas e culturais de cada sociedade, difundida pela comunicação em massa. Foi na Idade Média que o conceito de cultura tomou outro rumo, sendo descrita como um conhecimento importante nos estudos europeus. Desta forma, surgia a cultura focada no conhecimento oficial, a qual somente as classes superiores tinham acesso, sendo chamada de cultura erudita. Simultaneamente, surgia um outro tipo de conhecimento, acessível a maioria da sociedade, um saber inferior, retrogrado ao tempo, porém, sendo reconhecido como cultura, chamada de cultura popular. Cardoso e Castelnou (2007, p. 147) ressalta que “a cultura popular seria uma tentativa de classificar as manifestações culturais das populações mais pobres de uma sociedade, que são distintas da cultura dominante e estão fora de suas instituições”. Martins (2012, p. 149) ajuda a compreender como o modo de vida além do urbano continua preservado nos pequenos e grandes centros, através de tradições, crenças e simbolismos, sendo assim ele reforça que “a sociedade atual não é constituída de uma temporalidade única, se desenvolve em ritmos desiguais”. Com o passar do tempo, o termo cultura se torna um medidor que compara, analisa e classifica diversas sociedades, se relacionando com seu desenvolvimento e ideologia através do progresso. Santos (1983) analisa que a cultura não só distingue sociedades, mas também diferencia os grupos no seu interior.

Cardoso e Castelnou (2007) ressalta que é impossível fazer uma relação das tendências da história da sociedade e sua relação com o passado, pois: [...] cada cultura tem sua história particular, além das próprias relações com outras culturas, as quais podem ter – e geralmente têm – características bem distintas. A cultura faz parte de todos os povos, inclusive os mais primitivos, sendo transmitida através do tempo, de geração para geração, e sendo uma espécie de herança que o homem recebe ao nascer, tais como as lendas, as crenças religiosas, os mitos, os sistemas jurídicos e os valores éticos referentes ao comportamento, sentimento e pensamento; e que compõem, assim, o patrimônio cultural de um determinado povo. (CARDOSO; CASTELNOU, 2007, p. 147).

A cultura popular ligada a existência de temporalidades se refere a uma rede de pessoas que vivem e existem num mesmo intervalo de tempo, sendo possível a identificação de ações, produtos, vivência cotidiana, existindo uma mescla de tempo e história, com inversão de valores, criação de novos sentidos que demarcam a sociedade. (MARTINS, 2012). Fazendo referência a não imutabilidade da cultura popular, a mesma não fica estagnada, permitindo uma relação entre o velho e o novo, não excluindo nenhuma das partes. Desta forma se preserva a essência do tempo e se criam abordagens para a cultura popular. Para Marques (2014, p.28) “a tradição e a modernidade não são postas, portanto, em uma oposição temporal ou conflituosa, mas sim

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em uma relação de influências mútuas que acompanham e constituem os movimentos da sociedade e da cultura”. Desta forma, houve a criação de uma heterogeneidade na maneira de expressão da cultura popular, que anteriormente era tratado como algo sagrado e único com a presença de um Estado, modificando a interpretação do sagrado e profano que devem caminhar juntos. (MARQUES, 2014). O homem cria e transmite suas percepções, sendo ele o portador da cultura. Sendo herdada ao nascer, é ela uma grande influenciadora do modo de vida de uma sociedade, sua maneira de alimentar, dormir ou falar. Com o passar do tempo o homem recebe interferências de outros grupos aos quais convive, de maneira a se integrar com a sociedade. (CARDOSO; CASTELNOU, 2007). Com esta análise surge o questionamento sobre cultura popular, e como pode ser sua definição, interpretação, sento enigmático até mesmo para os pesquisadores da temática. (MARQUES, 2014). Desta forma surge Stuart com uma definição: O termo popular guarda relações muito complexas com o termo “classe”. Sabemos disso, mas sempre fazemos o possível para nos esquecermos. Falamos de formas específicas de cultura das classes trabalhadoras, mas utilizamos o termo mais inclusivo, “cultura popular” para nos referirmos ao campo geral de investigação. O termo “popular” indica esse relacionamento um tanto deslocado entre a cultura e as classes. Mais precisamente, refere-se à aliança de classes e forças que constituem as “classes populares”. A cultura dos oprimidos, das classes excluídas:

esta é a área à qual o termo “popular” nos remete. (STUART, 2006, p. 245).

Marques diz “a partir desta perspectiva é impossível identificar a cultura popular por meio de objetos e práticas específicas, uma vez que ela se apesenta de maneira plural” (MARQUES, 2014, p. 22). Dessa maneira é importante analisar que a apropriação cultural é feita pelos indivíduos a qual cada grupo pertence, através de seus simbolismos, crenças e manifestações. Marques também diz que “a compreensão de apropriação cultural passa pelo modo de recepção dos símbolos, normas, ritos e objetos que estão envolvidos em um processo cultural”. (MARQUES, 2014, p. 22). O discurso assume o seu lugar dentro da história cultural, uma vez que o social é compreendido a partir da produção do discurso que estrutura o que é chamado de representações. Estas assumem um caráter de estruturação do que é real e do que é simbólico a partir do discurso. Assim, os símbolos levam a uma leitura de mundo, ou seja, o mundo é lido a partir dos símbolos que estão impressos nele, os quais são produzidos por meio das práticas culturais que também são os meios de leitura de tais símbolos. Por meio deles o espaço se torna compreensível e de certa forma decifrável. (MARQUES, 2014, p.23).

O sociólogo inglês William F. Ogburn, possui uma das classificações de cultura mais aceitas na atualidade, fazendo uma divisão da palavra cultura em material e não-material,

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Imagem 13 - Quadrilha Junina Raio de Luz- Autor: Jan Ribeiro Polanco - Julho 2017.

sendo a primeira capaz de representações diretas, com fatos concretos, enquanto a não-material caracteriza tudo que é feito pelo homem, não sendo apenas objetos concretos, mas ideias e pensamentos. (CARDOSO; CASTELNOU, 2007). O entendimento de cultura popular, possui desde seu início uma interpretação bem ampla, pelo fato de juntar os significados dos termos cultura e popular, onde o popular recebe um significado desagradável, sendo remetido as classes mais inferiores. As culturas populares são por definição do autor aquelas pertencentes a grupos sociais inferiores. São reforçadas e caracterizadas em situações de poder. (CUCHE, 2002 apud CORÁ, 2011, p. 42). Para Outhwaite; Bottomore (1996) ressalta que a material se relaciona com tudo o que é feito, modelado ou transformado com a vivência social coletiva. Desta maneira, a não-material seria composta por simbolismos e palavras, tal como crenças que moldam a vida do homem no convívio com a sociedade. Para compreensão do termo cultura popular supõese refletir sobre o conflito semântico que a palavra deixa a entender, Peter Burke (1992) estudioso acerca do tema cultura, afirma que a palavra designa manifestações artísticas; porém, relata que para historiadores e antropólogos sua conceituação é, “[...] muito mais amplamente, para referirse a quase tudo que pode ser apreendido em uma dada sociedade, como comer, beber, andar, falar, silenciar e assim por diante” (BURKE, 1992, p. 25). Anos depois, Burke faz outra reflexão sobre o termo cultura, que complemente o anterior “[...] cultura é um sistema de significados, atitudes

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e valores compartilhados, e as formas simbólicas nas quais eles se expressam ou se incorporam” (BURKE, 2004, p. 21). O termo popular guarda relações muito complexas com termo “classe”. Sabemos disso, mas sempre fazemos o possível para nos esquecermos. Falamos de formas específicas de cultura das classes trabalhadoras, mas utilizamos o termo mais inclusivo, “cultura popular” para nos referirmos ao campo geral de investigação. O termo “popular” indica esse relacionamento um tanto deslocado entre a cultura e as classes. Mais precisamente, refere-se à aliança de classes e forças que constituem as “classes populares”. A cultura dos oprimidos, das classes excluídas: esta é a área à qual o termo “popular” nos remete. (HALL, 2006, p. 245).

O termo popular seria uma globalização de população, em igualdade com o povo, a sociedade. Tornando de caráter público aquilo que é da sociedade, a cultura abrangeria todas as coisas, sendo o popular a maneira como a população vive, tudo o que ela faz, sua forma de viver. (ANDRADE, 2012). A problematização do popular se faz necessária, para compreensão de seu verdadeiro significado, distante de definições feitas para embasar o conceito do termo cultura popular. Sua apropriação passa pela aceitação de símbolos, normas, ritos e objetos que compõe o processo cultural de uma sociedade. Não podendo ser transcrito sem que aja um consenso das relações

que compõe Para CASTELNOU, cultura: esta,

estas manifestações. (ANDRADE, 2012). Ulmann (1991 apud CARDOSO; 2007, p. 148) “[...] o homem cria a por sua vez, é criadora do homem”.

4.2.1 CULTURA E RELIGIOSIDADE POPULAR Na cidade atual, as manifestações de cultura são realizadas em sua maioria nas periferias de que em centros urbanos. Sendo assim descaracterizado a questão urbana como oposta ao popular, o termo popular se relaciona com a simplicidade de vida, independente se for a do campo ou da cidade. (CORÁ, 2011). Uma hipótese para compreender a cultura popular é a consideração que precisa ser feita em relação a questão rural da vivência e seu resgate de memória das sociedades que vivem além da cidade urbana. (ANDRADE, 2012). A cultura cotidiana está presente em toda a vida das pessoas, desde suas experiências, pensamentos, ações, sendo feito e refeito de forma permanente, sendo que cada ação ou prática nunca se acaba. (CERTEAU, 1990 apud ANDRADE, 2012, p. 26). O cotidiano seria tudo o que envolve a vivência diária, em todo seus aspectos e acontecimentos.

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O que acontece no cotidiano [...] não pode ser visto apenas de fora para dentro, isto é, como algo que aconteceu [...] e será analisado por terceiros; é preciso ver também o que o sujeito fez para que isso acontecesse, sua parte (potencialidade) e


como reagiu ao que aconteceu, enquanto outros também agiram. A prática social mostra sua verdade no cotidiano, que ser relaciona à arte, à filosofia ou à política [...]. (GRINSPUN, 2001, p. 54).

Nesta perspectiva é importante analisar o cotidiano sendo algo além de um objeto, mas um espaço de representatividade e vivência, observando o que é vivido, interpretado e modificado, sendo o cotidiano espaço para relações entre sociedade, com pessoas protagonizando suas práticas e representações, ocorrendo apropriações e desapropriações ao longo da história, uma relação entre espaço e tempo. A cidade e o campo possuem uma relação cotidiana importante, sendo objeto de contemplação, revelando não apenas um problema histórico, mas uma vivência entre as pessoas que fazem do seu espaço local de experimentação e vivência, uma relação cotidiana entre passado e presente. Para Raymond Williams (1973, p. 11) “[...] campo e cidade são palavras muito poderosas, e isso não é de se estranhar, se aquilatarmos o quanto elas representam na vivência das comunidades humanas”. O espaço rural pode ser entendido como uma utopia local, onde a tranquilidade e simplicidade do interior se faz presente no contexto espacial representado. Esta relação entre o campo e a cidade é uma discussão que engloba toda a vivência cotidiana, a memória entrelaçada nas narrativas dos antigos moradores sendo os primeiros a habitarem aquele espaço conduz a um determinado espaço/tempo que cria lugares, comunidades

embasados na memória, é esta memória que constrói a representatividade da cultura. Ainda que existem semelhanças e diferenças entre a memória e a história, elas estão relacionadas intimamente, pois, não existiria história se não houvesse memória, onde uma concebe a outra. Essa ligação se soma a religiosidade popular, uma vez que a memória da população brasileira é fundamentada na sua religiosidade e sua capacidade de interação social. Desta maneira convém dizer que a religiosidade começa um processo de sacralização aos espaços profanos. Nesta perspectiva Eliade atesta que “o sagrado revela a realidade absoluta, e ao mesmo tempo toma possível a orientação, portanto o mundo, neste sentido que fixa os limites e por consequência estabelece a ordem cósmica” (ELIADE, 2010, p. 44). As devoções populares buscam uma sacralização do cotidiano, com uma grande relação entre o sagrado e profano. A religiosidade se liga a cultura popular como expressão evidente da cultura de um povo. Andrade (2012, p. 29) afirma que “diferente do catolicismo institucional, o popular permite a relação plena da cultura das bases, em que o povo, mesmo com ritos próprios, traz à tona sua particularidade”. E Chartier (1995, p. 192) pontua que “[...] as culturas populares estão sempre inscritas numa ordem de legitimidade cultural que lhes impõe uma representação da sua própria dependência”. O próprio entendimento da religião popular se torna objeto de diversas definições sendo aprofundado por componentes presentes em suas manifestações, como

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as preces, os atos de devoção, as peregrinações e as festas, assumindo um oficio do que é do próprio povo, não se tratando apenas das práticas religiosas, sendo estas uma manifestação particular de cada comunidade em determinado espaço. (ANDRADE, 2012). Existe no Brasil uma multi-religiosidade característica de diversas religiões no mundo e da colonização do país, sendo mais visíveis o catolicismo português e as religiosidades africanas, desta maneira as práticas religiosas podem ser diferentes em relação a região que acontece. O surgimento de práticas religiosas no Brasil remonta do período colonial. O Brasil teve seu começo como uma terra de santos e de milagres, contrapondo a realidade atual de um país que é reflexo da modernidade, as referências primárias trazem os portugueses e índios relatando experiências místicas com a aparição de santos, havia a invocação de santos protetores para cada tipo de enfermidades ou perigos, e até para donzelas a procura de marido. (WECKMANN, 1993 p. 165 apud ANDRADE, 2012, p. 31). Atualmente, estas manifestações religiosas incluem a devoção com a Folia de Reis, entre outros santos, a religiosidade se forma nas comunidades, se tornando uma religiosidade popular, com características da vivência e experiência de vida da população local que somam em um todo para a realização de festividades religiosas, as festas populares.

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Imagem 14 - Procissão N. Sra. Aparecida ao Cachambi . Autor: Zô Guimaraes- Outubro 2009.

FESTAS POPULARES

substantivo feminino 1.reunião de pessoas com fins recreativos, ger. acompanhada de música, dança, bebidas e comidas. 2.fig. regozijo, alegria. “vive permanentemente em f.” 3.solenidade civil que comemora um fato vultoso ou homenageia uma personagem histórica. “f. da Independência” 4.celebração religiosa. “f. da Páscoa” 5.afago, carícia (mais us. no pl.). 6.substantivo feminino plural comemorações pelas passagens do dia de Natal e do dia de Ano-Novo. 7.substantivo feminino plural presentes trocados esp. por ocasião da passagem do Natal. 8.substantivo feminino plural presentes, dádivas, obséquios. Origem ETIM substv. do lat. fēsta, neutro pl. de fēstus,a,um ‘de festa, festivo, solene, que está de festa, que celebra a festa, feliz, venturoso, alegre’


A festa é um meio de comunicação, adaptação e transmissão dentro de um determinado tempo e espaço, em muitas situações a festa se comunica através da fé, do ritual, das manifestações religiosas, do sagrado e do profano. As transformações sociais que acontecem neste meio fazem com que a festividade se adapte, de maneira a se reinventar, transformar, adentrando o período moderno, com suas significações diferentes. Essas mudanças atemporais demonstram a renovação constante da festa popular, sendo estipulada pela tradição. (FERREIRA, 2002; AMARAL, 1998 apud MARQUES, 2001). A criação de uma festa popular se torna coletiva, de interesse comum de uma rede e de seus sujeitos, porém, o jeito individual de cada integrante se faz presente, mas a coletividade ultrapassa as individualidades prevalecendo o interesse comum do grupo (CERTEAU, 1994). A concretização da festa se dá pela participação de cada sujeito, interferindo diretamente na rede de organização da manifestação cultural, se tornando uma vivência e não um espetáculo, com a contribuição de cada grupo. (MARQUES, 2014). O período festivo se torna importante pela convivência que proporciona entre os indivíduos, desta forma Gomes; Perreira (1995, p. 23) diz “pela prática constante desses encontros coletivos se solidifica um grupo de fé comum que, rezando junto, também trabalha e se diverte coletivamente”. Tacussel (2004, p. 107) ainda complementa “são as festas e outros rituais simbólicos que contribuem com a manutenção de uma comunidade, ‘sempre ameaçada de dispersão ou destruição’”.

Este período festivo que permite a ligação com as origens passadas, religando a memória através de atos religiosos, se tornando um local de realização de manifestações e rituais coletivos, moldando e modificando as questões sociais, de origem e identidade. (MARQUES, 2011). Tratando de cultura nacional, um exemplo marcante são as festas populares, religiosas, que caracterizam a história brasileira, sendo de importância sua compreensão dentro de uma rede, onde reflete na sua manifestação e representação de cultura, denotando uma identidade. Marques (2014, p.34) diz “a festa se coloca também enquanto um importante espaço para as construções dos processos culturais e comunicativos em determinados contextos territoriais, principalmente entre as classes populares”. Como a festa é para os Santos, este atua como um mediador entre os participantes. Fazê-la para os Santos inclui a possibilidade de juntar até mesmo aquelas pessoas que têm diferenças entre si. Trabalhar para o Santo significa tolerância, prudência e ponderação, pois, a festa tem essa capacidade de juntar os diferentes na realização das festividades (SANTOS, ALVES E LIMA 2004, p. 213 apud MARQUES, 2011 p. 43).

Oliveira (2003, p. 30-31) diz “as festas religiosas são as atividades urbanas mais antigas do Brasil, sendo que, até o século XIX, foram os acontecimentos culminantes da vida social de nossas cidades”. A festa torna um local de simbolismos, religiosidade, presença, com o vínculo

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dos valores que os grupos acreditam “transformandose, portanto, no principal lugar onde afloram os conflitos significado na disputa pelo monopólio da informação e, até mesmo, do controle social” (FERREIRA, 2006, p.114). Em relação as festividades brasileiras, especialmente as que surgiram no meio rural, fazem referência a um catolicismo popular que tem herança cultural. Esta relação vem da “descoberta” do Brasil pelos portugueses no ano de 1500. Foi no período pré-colonial onde o governo português decidiu fazer uma divisão territorial em capitanias hereditárias, onde houve a migração de lusitanos para o país, difundindo a religiosidade por onde se instalavam. Marques (2011) enfatiza que os signos, significados, adereços, são composições das festas religiosas, que possuem como centro principal um mito, algo que pode ser adorado ou admirado que dê algum sentido a festividade. Sendo que o homem utiliza desta festividade como maneira de libertação do seu tempo, de seu trabalho, porém, o trabalho continua marcante na organização da festa, só existe festa criada e produzida com trabalho. As relações sociais são características importantes nas festas populares, uma relação dos indivíduos participantes ligados a memória que caracteriza a festa, buscando sua história e origem, que reproduzem suas manifestações, estas festividades marcam a renúncia do povo ao longo de sua história para uma permanente e contínua manifestação. É importante pensar no espaço, sendo o elemento que ao se unir com a estrutura e equipamentos denotam o local físico para as manifestações. Para a realização da festa é preciso ter um local

e a infraestrutura adequada, para que a comunidade possa se organizar e executar seu ato festivo. O estabelecimento de redes e laços entre os participantes da festa faz com que os valores sejam realçados, sendo um dos pontos principais para a articulação da festividade. (MARQUES, 2011). As identidades são reforçadas e reafirmadas na festa através do contato frequente entre os indivíduos, como identidade são espaços de diálogo constante, sendo um processo continuo de construção e reconstrução de identidades, sendo “identidade parte que compõe e que é composta pela cultura” (MARQUES, 2014, p. 35). Porém, essa identidade não é imóvel, está sempre em processo de mudança causada por si mesma. “A cultura é uma rede complexa que nunca poderá ser compreendida a partir de visões fragmentárias ou sem o lugar que fala claramente definido pelo seu autor”. (MARQUES, 2014, p.35). Desta maneira pode-se observar que a festa e demarcada pela formação de redes e dinamismos, se tornando uma festa múltipla devido a história e conhecimento trazido por cada indivíduo que dela participa, a festa é um aglomerado de cultura, embasada na vivência do povo, uma festa feita pelo povo para o povo. Marques (2011) enfatiza a divisão da festa em dois tipos, sujeitos sociais e sujeitos espectadores. O primeiro está relacionado com as pessoas que atuam na produção da festa, sendo uma atuação direta, possuindo uma ligação direta, com vínculos de identidade e pertencimento; os sujeitos espectadores são os que participam e contemplam a festividade, sendo vista por eles como um evento, espetáculo.

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Não só Marques (2011) faz uma separação entre espaço a qual tal rede se insere, o seu processo de formação a o sujeito organizador e o expectador, Amaral (2008) e o povoamento de sua redondeza. (MARQUES, 2011). apud Marques (2011) classifica as festas brasileiras em: Sacro-profanas, Sagradas, Profanas, Festivais e Festividades. Nas Sacroprofanas há a presença do elemento mítico-religioso, mas os festejos profanos têm grande relevância, como é o caso do Festival de Parintins e das Festas de São João. As festas Sagradas são aquelas em que o conteúdo mítico-religioso tem mais força que os elementos profanos, como as festas do Divino Espirito Santo e as Festas de Santos Reis. As festas Profanas são aquelas sem conteúdo sagrado como base. Exemplos disso são as festas de Peão Boiadeiro e a Oktoberfest. Já os festivais são os eventos que envolvem a exposição de produtos, elegendo, inclusive, uma representante anual (rainha, rei e/ ou princesa). Tem-se como exemplo a Festa Nacional da Uva e o Festival da Imigração Alemã. Por último, destacamse as festividades, caracterizadas por seu cunho lúdico e independente de sentido mítico-religioso e histórico-social como os bailes e as micaretas. (AMARAL 2008, apud MARQUES, 2011, p. 50).

A festa se torna a construção do sujeito, uma realização pessoal da comunidade, transgredindo o tempo, se recriando continuamente. Na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, as festas possuem cunho de catolicismo popular, sendo desenvolvidas em áreas urbanas e rurais, sendo que para sua compreensão é importante analisar o

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15 Imagem 15 - Cirio de NazarĂŠ - Autor: Alan Pantoja- Outubro 2012.


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Imagem 16 - Contexto Urbano - Autor: Joaquim Filho - Agosto 2014.

REDE URBANA

substantivo feminino 1.entrelaçado de fios, de espessura e materiais diversos, formando um tecido de malhas com espaçamentos regulares. *tecido de malhas largas, us. para apanhar peixes, aves, insetos etc. **dispositivo feito de rede, de material resistente, us. para aparar corpos em queda. ***desp equipamento feito de rede, que se estende no centro da quadra de tênis, voleibol etc., sobre o qual a bola deve passar para continuar em jogo. ****desp armação de rede que envolve as traves do gol em vários esportes (futebol, hóquei, handebol etc.). *****tecido de malhas muito finas com que se envolvem os cabelos. 2.B peça de tecido resistente (de algodão, linho, fibra etc.), suspenso pelas extremidades, us. para dormir ou embalar. 3.conjunto de estradas, tubos, fios, canais etc. que se entrecruzam. 4.conjunto de pontos que se comunicam entre si. 5.p.metf. conjunto de pessoas, órgãos ou organizações que trabalham em conexão, com um objetivo comum. “r. bancária” 6.p.metf. estratagema para fazer alguém cair em logro; cilada, armadilha. Origem ETIM lat. rēte,is ‘teia (de aranha); rede, laço; sedução’


Falar em cidade é pensar numa construção coletiva, onde sua estrutura não depende apenas de pessoas técnicas ou com formação acadêmica, é importante ressaltar que a coletividade de uma determinada sociedade em um determinado momento colabora de maneira significativa na formação da cidade. Desde o seu surgimento a cidade se tornou ponto de convergência dos territórios ao seu redor, sendo uma importante ferramenta das condições sociais que o homem está inserido. É na cidade que os fenômenos de contato e interação entre as pessoas é ressaltada, onde a organização e ocupação do espaço é definido, sendo uma maneira de sobrevivência do homem com seus valores, crenças e modos de viver. (ALVES, 2013). Do mesmo modo a cidade é uma das criações mais importantes das civilizações, sendo um fenômeno presente ao longo de toda a história, local de agrupamentos, cooperação, conflitos e diferenças, porém, foi a partir do século XXI que a maioria da população mundial se tornou urbana, o urbanismo tem ascensão como área de estudo das transformações que ocorrem nas cidades, analisando passado e presente. (ALVES, 2013). Pensar em cidade é pensar em história da humanidade, sendo a cidade objeto comparativo em uma visão territorial, ao analisar as formas urbanas como criações dentro do espaço como forma de realização de diversos objetivos como a sobrevivência, produção, política, representações culturais e interesses econômicos, a cidade se torna uma rede de multi-funções. (GOITIA, 1992).

A cidade é, antes de tudo, definida por suas funções e por um gênero de vida, ou, mais simplesmente, por uma paisagem que reflete, ao mesmo tempo, essas funções esse gênero de vida e os elementos menos visíveis, mas inseparáveis da noção de cidade: passado histórico ou forma de civilização, concepção e mentalidade dos habitantes (FERRARI, 1984, p.23).

Lynch (1999) faz uma relação com as primeiras cidades conhecidas, a presença de centros religiosos em diversos territórios, mostrando que a religião influência na rede urbana e urbanização da cidade, os grupos sociais se conectam aos líderes para estruturar seu contexto social sendo a religião um dos pontos que possibilita esta conexão. Uma rede urbana permite várias leituras e interpretações acerca das transformações sociais, inovações e organizações, suas disputas por territórios e produção de riquezas e separação de classes. (DECANDIA, 2003; SECCHI, 2006). O espaço/território é essencial para uma sociedade, não existe sociedade sem espaço e território, a cidade é local de transformações do homem, sendo uma extensão do ser humano como espaço, alinhado com a cultura que é natural do ser humano, a cidade se integra diretamente com a rede de pessoas que nela estão inseridas, ligando os indivíduos ao social. (ALVES, 2013). Historicamente as redes urbanas começaram a se formar e modificar com a Primeira Revolução Industrial, onde a urbanização em todo o planeta se intensificou, além de

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mudanças de ocupação, surge também os problemas sociais e as interações culturais, a sociedade muda em relação ao território e suas relações sociais, são estas mudanças que reforçam as funções da cidade e sua necessidade de gerenciamento, o modo de vida urbano e como o desenho da cidade se desenvolve nos territórios tonou regra para o entendimento da rede urbana. (MUNFORD, 1998). As possibilidades de aumento da rede surgiram pós Segunda Revolução Industrial, exatamente na segunda metade do século XX, com os avanços tecnológicos e de comunicada, as transformações vividas nas cidades puderam ser difundidas e a vida urbana estudada, a realidade socioespacial muda com o advento das redes de computadores, ocorrendo uma descentralização global, e mais relações de maneira horizontal. (CASTELSS, 1999 apud ALVES, 2013). Além destes processos influenciados pelas revoluções, é a sociedade que irá produzir e se expressar em cima do território, aplicando e viabilizando valores a questões sociais, atendendo as demandas, crenças e hábitos. A cidade se torna um local inerente para a reunião de pessoas possibilitando trocas de bens materiais ou não, onde a sociedade se privilegia com inovações, domínio de culturas sendo difundido além dos limites territoriais aos quais tal sociedade está inserida, alcançando assim outros centros urbanos. (ALVES, 2013). Soma-se a isto a necessidade de estudo do espaço urbano e sua relação com os processos e contextos sociais, sendo uma linha de estudo a morfologia urbana e como a especificação do espaço e da materialidade influenciam nas questões econômicas, políticas e culturais. Nesta perspectiva

Alvares (2013, p. 36) atesta que “as formas (física) do espaço é uma realidade para a qual contribuiu um conjunto de fatores socioeconômicos, políticos e culturais. Sem dúvida que a economia, ou as condições socioeconômicas de produção do espaço, se refletem profundamente na sua forma.” As redes no espaço urbanos sempre existiram, pode-se citar exemplos como redes políticas, o império Inca, redes produtivas entres outras, não ocorreram redes apenas no passado, com a evolução e as revoluções estas redes se modificaram ao longo do tempo, e novas redes foram surgindo, a importância da rede se relaciona na maneira como a sociedade a organiza. “O termo Sociedade em Rede permite também reflexões sobre a comunicação, os laços e as instituições sociais na contemporaneidade” (ALvES, 2013, p. 43). Dessa forma, é preciso compreender o que é Rede antes de falar sobre esta sociedade em redes, Alvares (2013) define rede como: De modo direto, uma rede é um conjunto de nós interconectados. Um nó pode ser quase qualquer coisa, dependendo da rede a qual se refere: uma cidade, uma pessoa, um mercado consumidor, uma bolsa de valores, um banco de dados ou um aeroporto. A função do nó é armazenar e processar os fluxos da rede. Entre os nós circulam os fluxos, cuja qualidade depende da natureza de cada rede. (ALVES, 2013, p. 43).

Manuel Castells (1999) aproxima a arquitetura das questões da rede, fazendo uma relação contemporânea com as produções artísticas e culturais, a rede é uma estrutura flexível

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onde assume diversas formas complexas e variáveis durante o tempo, havendo conexões e desconexões, a arquitetura possibilita a conexão de diferentes nós com distintas redes. Pensar em uma nova sociedade, é pensar em uma nova cultura, para alguns estudiosos a caracterização desta cultura é dominada pós-moderna, cultura de massa ou cultura do espetáculo, a sociedade em redes proporciona debates diversos relacionados ao modo de vida dos cidadãos. (ALVES, 2013). A rede urbana representa um grupo social ou indivíduos que cada vez mais se estruturam através da informação, da comunicação, possibilitando oportunidades e facilitando os processos sociais nas mais diversas situações vividas. Além disso “[...] as redes têm estruturado praticamente todas as relações entre cultura e natureza, entre os homens e seu ambiente. Na verdade, se a comunicação é alterada, a cultura também é alterada.” (Alves, 2013 p. 53). Castells, (1999) reflete sobre as localidades e o sentido cultural que se perde em relação a história e que são retomadas através de memórias “colagens”, substituindo temporalidades anteriores até antes esquecidas, são estas imagens que fazem referência a outros espaços e a novos fluxos. Na arquitetura não é diferente, a discussão se expande na multiplicidade de opiniões, sendo que o lugar comum está relacionado com as transformações sociais que a mesma pode oferecer, e faz com que a cidade se torne palco destas transformações. De fato, a cidade assume um papel protagonista na sociedade em redes devido aos processos que a mesma estrutura e as redes que constituem a urbanidade,

as cidades desde suas origens foram configuradas como redes territoriais, sendo conectadas por diversas maneiras, através das estradas, rotas, mares, os fluxos surgem e a cultura é disseminada e levada a mais regiões, grupos, pessoas e principalmente a novas redes. (ALVES, 2013). Cada cidade possui sua história materializada em urbanização, pensamentos, culturas e teorias, onde caracteriza a semelhança entre qualquer outra cidade do território, pois, as informações e manifestações se difundem rapidamente, se adaptando a necessidade da população onde chega, a Sociedade em Rede mantem as informações circundantes e ativas na sociedade, a rede se movimenta, cresce, modifica e se adapta, a cultura provoca nós que se juntam com outra redes para formar um todo.

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Imagem 17 - Cenas da cidade: São Paulo . Autor: Luiz Felipe Sahd - Agosto 2011.


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Imagem 18 - Índias . Autor: Mario Cesar Bucci - Julho 2012.

PAT R I M o N I O IMATERIAL

substantivo masculino 1.herança familiar. 2.conjunto dos bens familiares. 3.fig. riqueza, preciosidade. “p. moral” 4.bem ou conjunto de bens naturais ou culturais de importância reconhecida, que passa(m) por um processo de tombamento para que seja(m) protegido(s) e preservado(s). “Ouro Preto foi tombada pelo p. da Unesco” 5.jur conjunto dos bens, direitos e obrigações economicamente apreciáveis, pertencentes a uma pessoa ou a uma empresa. Origem ETIM lat. patrimonĭum,ĭi ‘patrimônio, bens de família, herança’ adjetivo de dois gêneros e substantivo masculino que ou o que não tem consistência material, não é da natureza da matéria, não tem existência palpável; impalpável. Origem ETIM lat.ecl. immateriālis,e, de materiālis


Falar de cultura, cultura popular, as festas e como a rede influência na organização de uma sociedade ou grupo, abre uma lacuna de discussão que deve ser preenchida para entendimento da rede que este trabalho pretende caracterizar, o patrimônio se destaca em um cenário onde os processos de identidade social relacionados as tradições e memórias são presentes na definição das relações cotidianas, trazendo referências culturais e de tradições na concepção de suas identidades, a retomada de antigas práticas e pertencimento à antigos espaços faz com que as manifestações sejam valorizadas. (CORÁ, 2014). Neste contexto (2014, p. 64) “as pessoas procuram retomar lugares e reviver lembranças e histórias, a fim de reafirmarem sua identidade”. A memória e a tradição retratam uma ideia de passado, significando a redução do entendimento destas palavras, acontecendo principalmente nos estudos relacionados a patrimônio, independentes de ser material ou imaterial. (CORÁ, 2014). É a memória que possui papel importante na associação com o social, ligadas a construção do passado através de imagens, propiciando laços entre a rede e seus integrantes, a memória liga-se à identidade coletiva, pois, é com ela que a sensação de pertencimento ocorre nas redes culturais, fazendo um paralelo com o passado semelhante dos participantes. (HALBWACHS, 1990). Para o IPHAN, (2007): As pessoas compartilham

de cada histórias

coletivas, visões de mundo e modos de organização social próprios. Ou seja, as pessoas estão ligadas por um passado comum e por uma mesma língua, por costumes, crenças e saberes comuns, coletivamente partilhados. A cultura e a memória são elementos que fazem com que as pessoas se identifiquem umas com as outras. Por isso, se diz que a cultura e a memória são os elementos que formam a identidade cultural de um grupo social. (IPHAN, 2007, apud CORÁ, 2014 p. 66).

Dessa maneira, é função do Estado legitimar e preservar a identidade cultural através dos costumes, crenças, línguas, memórias e tudo que é feito de forma coletiva e que representem arduamente um determinado grupo social. Como demonstra Corá (2014, p. 66) “é através das identificações coletivas que as manifestações culturais de significados simbólicos junto a comunidades que as reproduzem e transmitem-nas para as gerações seguintes, criando-se uma unidade e uma coesão cultural”. Complementando, Carvalho (2004) diz que é por meio do aglomerado de memórias de uma população e dos costumes herdados por gerações que há uma definição de memória coletiva, criando uma preocupação com futuro propício. Relacionado a toda esta memória surge as tradições como debate na questão patrimonial, a tradição “é a transmissão dos elementos culturais de um povo, ou seja, a transmissão dos costumes que é feita de geração para geração [...] tradição é a memória cultural de um povo, transmitida e social reproduzida no decorrer dos tempos” (Corá, 2014, p. 68).

grupo e memórias

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Esta fidelidade à tradição regional e à memória coletiva de uma região não implica a estagnação do ato criativo, fazendo dele uma mera forma de reprodução do passado, pelo contrário, possibilita a própria reinvenção desse passado coletivo, dando-lhe uma nova significação, que frente a uma sociedade que tende para a hegemonização cultural globalizada, realça o caráter identitário desse conjunto de memórias coletivas como prática cultural alternativa. (CARVALHO, 2004, p. 54).

A tradição torna-se um modo de articulação do passado no contexto social que está inserida, é ela que traduz os objetivos e rituais culturais de determinada sociedade, a memória e a identidade devem ser relacionadas com uma dinâmica de transformações reunida com as suas (re) significações. Canclini (2008, apud CORÁ, 2014, p. 71) “[...] considera que o patrimônio cultural funciona como recurso de reprodução das diferenças entre grupos sociais que têm acesso preferencial à produção e à distribuição dos bens”. Do mesmo modo os bens culturais são decorrentes da lembrança coletiva dos grupos sociais, permitindo que a história seja contada, comparando o passado e o presente, criando-se um patrimônio na medida do possível estabelecendo conhecimentos para isso. (CAMARGO, 2002). A patrimonialização parte de um processo relacionado com a memória de uma rede de indivíduos, a origem da palavra patrimônio vem do latim pater que significa “pai”, sendo uma relação de herança,

ancestralidade, familiar. O patrimônio se torna um representante de um grupo, cidade, rede, ampliando as identidades que anteriormente ficavam enraizadas no âmbito familiar tomando novas proporções. (CORÁ, 2014). Os grupos se consolidam culturalmente através do reconhecimento das histórias, maneiras de viver, simbolismos, criando uma identidade ao grupo, incorporando e utilizando do patrimônio no dia-a-dia mantendo as representações e manifestações culturais sempre presentes em suas identidades. O patrimônio se reestrutura a cada momento através da cultura e dos símbolos dos grupos, concebendo novos significados, sendo uma maneira definição de uma estrutura ou uma rede. (CORÁ, 2014). A escolhas do que é patrimônio para uma determinada sociedade é feita baseada na importância que as manifestações possuem para determinado grupo, o IPHAN (2007, p. 13) diz que “[...] são os valores, os significados atribuídos pelas pessoas a objetos, lugares ou práticas culturais que os tornam patrimônios”. Somando a esta caracterização surge a necessidade de buscar meios que possam manter estas tradições ao longo do tempo, assim o IPHAN (2007, p. 12 apud Corá, 2014 p.76) explana sobre a preservação da história e cultura onde é preciso “fortalecer a noção de pertencimento de indivíduos a uma sociedade, a um grupo, ou a um lugar, contribuindo para a ampliação do exercício da cidadania e para a melhoria da qualidade de vida”. A simplicidade encontrada nos povos está relacionada diretamente as tradições e culturas populares,

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por estarem mais presentes em âmbito familiar a passagem dos conhecimentos e tradições para filhos, antigamente esta tradição não era considerada nem estudada como um patrimônio. Foi em 2003 que a UNESCO em uma de suas convenções que caracteriza e define o patrimônio imaterial.

As práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Para os fins da presente Convenção, será levado em conta apenas o patrimônio cultural imaterial que seja compatível com os instrumentos internacionais de direitos humanos existentes e com os imperativos de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, e do desenvolvimento sustentável. (UNESCO, 2003, apud CORÁ, 2014 p. 85-86).

social que fixa o sentimento de pertencimento permeando a diversidade e os anseios humanos. (FUNARI, PELEGRINI, 2008). Assim, a transmissão de saber, o reconhecimento de identidade e pertencimento aos signos das manifestações torna o patrimônio imaterial uma cultura de transformação, diferentemente do que é tangível, para sua existência basta que o conhecimento seja repassado. (CORÁ, 20014). O momento contemporâneo atual se mescla com a valorização da memória que o patrimônio proporciona, é o imaterial que ganha força à medida que a cultura e suas manifestações são valorizadas, o passado sempre se torna presente mesmo que as redes sejam de temporaneidades distintas, é neste momento que surge o reconhecimento das manifestações tradicionais populares, a rede coletiva que produz as festas, os encontros e as reuniões, recorrendo a lembrança do passado para permear o presente, com uma perspectiva de futura, as transformações acontecem com a reprodução.

A capacidade de transmissão da cultura e das manifestações por gerações é uma das principais características do patrimônio imaterial, são as modificações que ocorrem nas redes e a influência que causa no espaço

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Imagem 19 - Folia de Reis Bairro Triângulo Três Corações. Autor: Paulo Morais - Janeiro 2011.

FOLIA DE REIS

substantivo feminino 1.dnç antiga dança portuguesa movimentada, acompanhada por cantos, adufes e pandeiros e executada por homens vestidos de mulher. 2.p.ext. festejo animado, alegre e barulhento; farra, pândega, baile. “f. carnavalesca” 3.p.ext. bagunça, brincadeira, agitação. “chega de f., é hora de estudar” 4.designação de diversos festejos religiosos. 5.etn mús B grupo de rapazes que, vestidos de branco, vão de casa em casa para pedir esmolas para a festa dos Reis Magos ou do Espírito Santo, cantando ao som de violões, cavaquinhos, pistons, pandeiros e tam-tans. 6.mús melodia de folia (‘dança’) celebrizada como tema para um grande número de variações no período barroco. Origem ETIM fr. folie ‘loucura’


Para muitos estudiosos a Folia de Reis é uma manifestação cultural que ocorre em várias partes do território brasileiro, em especial de forma mais presente, o Triângulo Mineiro tem expressiva representação desta festa popular. (NERY, 2004). A história da Folia de Reis é antiga, sendo um louvor aos Reis magos que anunciaram o nascimento de Jesus, esta homenagem consiste na peregrinação de três Reis Magos até Jesus. Nos dias atuais está peregrinação é retratada nos grupos de cantores e violeiros que visitam a casa de pessoas que também acreditam e adoram estes Santos, levando a bandeira, símbolo importante da manifestação cultural, abençoando todos por onde passam. (NERY, 2004). Para Souza, (2011) a história da Folia de Reis tem suas origens bíblicas:

das festas realizadas anteriormente ao dia de Reis, surgindo na Europa no início do século XIII, indo para Portugal, com os portugueses chegando ao Brasil. Com a multiculturalidade brasileira a maneira de comemorar e festejar o nascimento de Jesus foi se modificando e ganhando novas formas. A manifestação popular se adapta a sua localidade. (NERY, 2004). No século XVI a folia era citada no Auto da Sibila Cassandra, de Gil Vicente, que caracterizava como uma dança com pandeiro e canto, tendo representações dos próprios reis em adoração ao menino Jesus. Esta relação lembra das encenações feitas nas igrejas durante a Idade Média, uma mistura de drama com o sagrado onde com o passar do tempo vai se modificando e se livrando das imposições da igreja. (SOUZA, 2011). No Brasil são os jesuítas os responsáveis pela [...] ela começa com o primeiro relato da disseminação da música através da catequese, acontecendo aparição dos personagens principais nas passagens bíblicas que abordam o nas colônias portuguesas assim que consolidadas. Foram nascimento de Jesus Cristo, os chamados os ritos catequéticos que popularização esta cultura entre evangelhos da infância de Jesus, registrado por Mateus e por Lucas. Na realidade quem os índios e colonos, negros e mestiços, sendo explicita irá abordar a aparição de tais personagens como atividade de tradição católica. (SOUZA, 2011). será o livro de Mateus onde relata magos Antigamente o Natal na Europa era celebrado na vindos do oriente, mas o texto bíblico não menciona quantos eram, nem mesmo data do dia 06 de janeiro, após certo tempo a data foi os seus nomes. Mas a quantidade dos modificada para o dia 25 de dezembro, como é celebrado magos será relacionada à quantidade dos nos dias atuais. A antiga data foi preservada como marco presentes oferecidos ao menino Jesus – ouro, mirra e incenso. As tradições importante na história, sendo celebrada agora como ocidentais irão se calcar em três reis: Gaspar, o dia de reis, relembrando a visita realizada pelos reis Baltazar e Belchior. (SOUZA, 2011, p. 01). magos no nascimento de Jesus, sendo guiados por uma estrela que brilhava, Souza (2011, p. 02) diz que “depois Para os participantes da Folia, sua origem advém da longa procura pelo menino, os viajantes do oriente o

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encontraram com sua mãe, [...] em adoração, abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra”. A popularidade da Folia de Reis, bem como as memórias que ultrapassaram gerações caracterizou cada um dos Reis Magos lembrados na folia, tinham o nome de Baltazar, Belchior e Gaspar, além disso, foi dado a eles etnias representando o dia, a tarde e à noite, baseados em ensinamentos populares. O evangelho bíblico retrata os fatos através de imagens ricas, coloridas, odores, sabores, gestos e sons que caracterizam os reis magos e sua conquista na busca pelo menino Jesus. (NERY, 2004). A relação de fé se faz presente na rede urbana que é criada com a Folia de Reis, seus participantes, fervorosos devotos buscam cumprir suas promessas aos santos “fortes” e eficazes, e para alguns baseado na cultura popular vingativos com os negligentes, é esta devoção dos fiéis que liga diretamente a imagem dos Reis, a mesma devoção com o encontro do menino de Deus. (NERY, 2004). Para alguns estudiosos é importante analisar a folia além de um ritual inserido no contexto social ao qual está presente, é através da folia que há uma compreensão de como a vida social destes grupos acontecem baseados nos rituais da manifestação artística. Souza (2011, p. 03) diz que é importante “[...] estudar estes fenômenos que mudam a estruturas das organizações sociais por estas fontes folclóricas”. É através destes grupos sociais e do misticismo entorno do texto bíblico que surge uma das festas mais presentes na cultura popular brasileira, sendo esta uma comemoração originada do catolicismo popular

que está presente desde os tempos da colonização. Até certo tempo, as Folias de Reis se desenvolviam exclusivamente no meio rural, fazendo seu giro por sítios e fazendas, entretanto, atualmente essa exclusividade se perdeu com a urbanização das cidades devido a precariedade de trabalho na zona rural e a necessidade de mão de obra nos grandes centros, as pessoas migraram para a cidade, a folia viu-se inserida no contexto urbano, e tem permanecido. Foram estas mudanças e desenvolvimentos das cidades que alteraram a rede do grupo de foliões, atualmente, esta rede se propaga além do contexto familiar, um círculo muito maior de pessoas é atingido por esta manifestação popular, sendo uma mudança positiva. (NERY, 2004). O êxodo rural que atingiu a Folia de Reis como manifestação cultural, modificou a logística e a maneira de realização dos giros, antigamente o tempo e espaço ritualístico acontecia de maneira limitada, começando no natal e indo até o dia 6 de janeiro, representando a caminhada dos Reis Magos. A expansão da folia no meio urbano fez com que mais pessoas participassem da devoção, fazendo promessas de realização da festa, desta maneira a rede modifica sua cultura enraizada na tradição e começa a realizar os giros além do tempo anteriormente previsto. Nery (2004, p. 06 – 07) complementa que:

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Esse aumento no tempo ritual aconteceu porque nas cidades a distância das casas é longa, necessitando, assim de um tempo maior para visitarem todos os lugares. Com isso, o espaço ritual das Folias também aumentou bastante. Antigamente, na


20 zona rural, faziam o giro apenas na região próxima as suas casas. Atualmente, nas zonas urbanas, fazem o “giro” em vários bairros da cidade. Dessa forma, o jeito de se locomoverem também foi alterado necessitando, muitas vezes, de veículos para transportar os foliões, os instrumentos e os acompanhantes. (NERY, 2004, p. 06-07).

Foram as festas que ocorriam na zona rural que transformaram a sociedade urbana e ajudaram a remodelar o espaço geográfico, como manifestação cultural atribuiu valor e identidade as localidades onde os ternos de folia estão presentes, a rede se adapta, mas também modifica. (SANTOS, 2011). 4.6.1 A ORGANIZAcaO DA REDE Os grupos de folia realizam seus giros e caminhadas por diversos lugares, e a estes grupos é caracterizado uma hierarquia onde existe o capitão, que comanda os demais integrantes, em alguns aparece a figura do palhaço, os alferes, cantores, porta bandeira e demais componentes, um grupo completo de folia gira em torna de 12 a 15 integrantes. A função do mestre (capitão, embaixador) vai além da responsabilidade pelo grupo de foliões, é ele que deve manter as tradições das Folias. (NERY, 2004). O encardo de capitão é um oficio aprendido desde jovem, com participação ativa nas folias, tendo como obrigação manter e zelar o ritual da folia e a conduta dos integrantes, havendo respeito e zelo durante toda a caminhada


para que o rito seja o mais perfeito em louvor aos Reis. A bandeira, símbolo sagrado da folia fica como responsabilidade dos alferes que também coletam as doações e organiza os instrumentos, uniformes de todo o grupo, é preciso que o alfere fique atento a quantia recebida para que assim possa informar ao grupo o quanto deve ser cantado e o tempo da parada naquele giro. (NERY, 2004). A alegria da cantoria fica por conta do palhaço, uma figura misteriosa que não é citada nos evangelhos, se torna um personagem incoerente, sendo rejeitado em grande parte dos ternos de folia. Nery (2004, p. 07) afirma que “suas brincadeiras não são compreendidas pelo povo e acabam se tornando motivo de confusão”, suas vestimentas e máscara causa temor em alguns espectadores da folia. Sua representação está ligada baseando-se na cultura popular na simbologia de satanás ou Herodes, perseguidores do símbolo religioso que representa o menino de Deus. Para a folia mineira o palhaço servia como objeto de espionagem contra os soldados que iam atrás do menino Jesus, porém, no decorrer do caminho se mostra arrependido e se converte sendo permitida sua chegada ao presépio apenas no momento de entrega da bandeira como forma de pedir perdão. Atualmente, ele é responsável por localizar abrigos e identificar as paradas da folia, caracterizando o tipo de verso que deve ser cantado pela folia. (NERY, 2004). A música regida por cantores e instrumentistas se torna a oração do grupo, a fé e a simplicidade se combinam com as rimas e os versos que possuem força religiosa para glorificar os Reis Magos, é através desta

Imagem 20 - XI Encontro dos povos do grande Sertão Veredas . Autor: André Fossati - Junho 2012.


cantoria que o caminho é lembrado, o nascimento celebrado e a bandeira anunciada. O canto se torna o suporte de todo o giro, cada folião com sua função, seguindo a marcha comandada pelo capitão. (NERY, 2004). 4.6.2 O RITUAL O ritual seguido pela festa é importante dentro do manifesto da cultura popular, sendo uma festividade rica de maneira ritualística necessitando de uma longa preparação até o seu resultado, para os foliões exige dedicação e comprometimento na jornada até a festa de encerramento. Começando no dia 25 de dezembro a meia-noite os cantores e instrumentistas são seguidos por devotos para cumprirem a jornada até o dia 6 de janeiro, relembrando a tradição que os Reis Magos realizaram, fazendo o giro de casa em casa. (NERY, 2004). Os rituais podem ser divididos em quatro partes, começando pela “saída” que ocorre na noite do dia 25 de dezembro, prosseguindo com a jornada pelas casas, esta saída acontece na casa do festeiro coroado no ano anterior. É entregue as “toalhas” aos foliões que rezam e saem em partida para o “giro, sendo este feito do oriente para o ocidente, como realizado na história bíblica dos Reis. (NERY, 2004). A bandeira, símbolo importante na folia vai sempre a frente, guindo os passos dos foliões como a estrela guia dos Reis Magos, as casas que a recebem por devoção oferecem um acolhimento especial, colocada em local especial, um altar ou o presépio ela é adorada por cantos e orações por

todos que estão naquele espaço, para muitos integrantes é ritual sair por sete anos consecutivos nos giros da folia. O encerramento é parte importante de todo o ritual da jornada destes foliões, sendo realizado pelo festeiro daquele ano, que foram coroados e cumprem suas promessas, sendo uma tarefa árdua de organização, a rede se reunirá em um único espaço repleto de fartura, cantos e orações. É neste momento que os laços da rede se estreitam e as identidades se tornam presentes, representadas pela simplicidade de pessoas do campo ou da periferia da cidade, o compartilhamento de devoção e de vida acontece ali, no final da caminhada. (NERY, 2004). No dia 6 de janeiro, encerramento dos giros acontece grandes solenidades, uma missa em louvor aos Reis, cantos ao presépio e reza do terço, ao final todos se (RE)unem em uma grande festa, com muita música, comida e dança. Na igreja o ritual se torna ainda mais forte com a participação de diversas redes de folia, a caracterização do local é feita com três arcos que representam os três Reis, cada grupo de foliões se apresentam um a um terminando no centro da igreja. (NERY, 2004). Ao encerrar as apresentações na igreja é servido um grande almoço e o clima de festa permanece, terminando com o baile ao anoitecer, a distribuição do alimento mostra a união entre a rede de devotos, muito além que uma tradição cristã, a Folia de Reis representa a imponente manifestação cultural.

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Imagem 21 - Narcissus Gardem . Autor: Lúcia Inês de Araújo - Abril 2012.

ARQUITETURA ITINERANTE

adjetivo e substantivo de dois gêneros 1.que ou aquele que transita, que se desloca, que viaja. “família i.” 2.adjetivo de dois gêneros que se desloca de lugar em lugar no exercício de uma função (aplica-se a pessoa, a instituição pública ou privada, a uma atividade de grupo). “embaixador, vendedor, ator i.” 3.adjetivo de dois gêneros diz-se de atividade que se exerce com deslocamentos sucessivos de lugar em lugar. “comércio i.” Origem ETIM lat. itinerans,antis, part.pres. de itinĕro,as,āvi, ātum,āre ‘viajar’


O século XX foi caracterizado pelas emergências fazendo surgir uma arquitetura capaz de adaptar as necessidades da época, sendo remanejados de localização, a arquitetura remontável é criada, sendo uma arquitetura de passagem, que busca suprir as necessidades de um determinado tempo, rede de pessoas ou grupos sociais. (ALBUQUERQUE, 2013). Para se falar de uma arquitetura itinerante é preciso antes entender como este tipo de arquitetura surgiu e quais são suas bases históricas, o homem promove construções desde sua existência com modificações que foram ocorrendo ao longo do tempo, acompanhando a evolução dos grupos e da sociedade, a efemeridade surge como grande aliada para o domínio de território e sinônimo de pertencimento a determinado local, sendo suas obras de transição, transporte ou remontagem tudo dependendo das situações que eram expostas. A palavra efêmera surge com os gregos e possui o significado de passageiro, transitório, uma relação com o tempo, tendo duração curta em relação a outras arquiteturas. Uma conceituação difícil que segundo Monastério (2006) pode ser relativo, sendo que independentemente do tempo curto ou longo a definição se relaciona com o tempo, sendo que esta relação temporal caracteriza que toda arquitetura pode ser considerada efêmera ao passar dos anos. Além disso Monastério (2006, p. 10) define uma obra efêmera “é aquela que possui a ameaça de desaparecimento próxima, ou que anuncia seu próprio fim. Ela é a representação de sua própria presença, seu

lugar é onde estiver e seu tempo é o de sua existência”. A determinação de uma obra efêmera é sua concepção com objetivo de morrer ao final, sendo ela própria anunciante do seu fim, possuindo um tempo estabelecido de vida, porém, não é o fato de ao final sua estrutura não deva mais existir que sua concepção e construção não deva ter presença forte e ser resistente, a obra deve demarcar a territorialidade a qual ela está inserida. (CARNIDE, 2012). Para muitos estudiosos este tipo de obra pode ser chamado de efêmera, portável ou remontável, que possuem o mesmo objetivo a temporalidade, estas obras não são feitas para permanecerem em um mesmo local, e sim adaptadas ou remontadas em diversos outros locais, devendo haver um cuidado especial com as modalidades de projeto, não deixando perder a concepção arquitetônica de projeto, as necessidades de seus usuários e suas pretensões. (ALBUQUERQUE, 2013). As construções temporárias buscas melhorar a funcionalidade de um local, seja esta mudança por um determinado tempo, desta forma uma arquitetura pode ser considerada efêmera pela mudança que provoca e se desfaz após sua atuação. (PINHEIRO, 2006). Costa (1952) reflete sobre a arquitetura:

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Arquitetura é antes de mais nada, construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela


igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se confronta o arquiteto desde a germinação do projeto até a conclusão efetiva da obra... A intenção plástica que semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da simples construção... Por outro lado, a arquitetura depende ainda, necessariamente, da época da sua ocorrência, do meio físico e social a que pertence, da técnica decorrente dos materiais empregados e, finalmente, dos objetivos e dos recursos financeiros disponíveis para a realização da obra, ou seja, do programa proposto. Pode-se então definir arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa (COSTA, 1952, p. 42).

A necessidade de atualização com a rede urbana atual faz com que o ser humana se faça nômade novamente, buscando suprir suas necessidades pessoais e profissionais, desta forma, a construção de maneira adaptada se torna o desafio da arquitetura itinerante, que busca transformar os espaços atendendo a necessidade dos grupos. A arquitetura itinerante sempre existiu, se relacionando com a tecnologia e a sociedade constantemente. (ROMANO; PARIS; NEUENFELD JUNIOR, 2013). O surgimento da arquitetura itinerante esta relacionada com o modo nômade de vida dos homens desde a pré-história, os nômades e seus antigos povos mudavam

frequentemente de território em busca de melhores condições de sobrevivência, Siegal (2002) diz que o homem começou a criar caminhos para migrar em busca de alimentos, e em busca de uma melhor adaptação as condições climáticas buscou utilizar estruturas mais leves e que fossem de fácil transporte, sendo vista como uma arquitetura portátil de sobrevivência. Com o passar do tempo foi a pré-fabricação que possibilitou a expansão de projetos efêmeros e itinerantes, Meneses (2007) informa que foi antes da revolução industrial onde os avanços tecnológicos eram grandes que nos Estados Unidos as casas pré-fabricadas ajudaram a rápida colonização do território. Outras tecnologias foram surgindo e as estruturas metálicas tomaram conta das obras, possibilitando diversas modalidades, flexibilidades e transporte, uma vasta composição de formas diferentes. Anders (2007) enfatiza a expansão da arquitetura portátil durante as Guerras Mundiais, sendo utilizadas como abrigo para tropas e desabrigados, sendo feitas de estruturas metálicas, leves e de rápida montagem. Na Idade Moderna surge os grandes eventos e exposições, as construções buscavam agradar os renascentistas, os edifícios de exposição passariam como estufas de ferro onde não se existia mais a pedra e sim um emaranhado de aço e parafusos, o aprimoramento das técnicas pôde ser aplicadas em grandes pavilhões. (ROMANO; PARIS; NEUENFELD JUNIOR, 2013). Com o passar do tempo estes edifícios foram vistos com novas funções, que é enfatizado por Caixeta e Frota (2009, p. 5): “o pavilhão adquire uma dupla função.

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Deve expor atuando como uma estrutura de apresentação, se possível com materiais leves e, ao mesmo tempo, expor-se, através de sua forma, como um novo meio de comunicação”. Foi através destas mudanças de uso dos pavilhões que grandes avanços podem ser previstos, fazendo surgir um novo modo de pensamento arquitetônico. Durante as décadas de 50 e 60 varias teorias e pensamentos sobre a arquitetura itinerante/móvel foram surgindo, ocorrendo grande produção deste tipo de arquitetura, podemos destacar neste momento um grupo de importância para este tipo de estudo, o Archigram, sendo um grupo que concebeu projetos baseados em historias de quadrinhos, televisão, rádio e revistas como inspiração para seus projetos, sendo o foco principal a mobilidade e as transformações que poderiam realizar nos grupos através da tecnologia que era fornecida naquele período. (ROMANO; PARIS; NEUENFELD JUNIOR, 2013). Atualmente com a evolução das redes urbanas e as novas tecnologias, as soluções arquitetônicas itinerantes vão se adaptando as necessidades dos grupos, assumindo características próprias de maneira a atender o anseio de quem a utiliza, a arquitetura itinerante busca uma relação com o meio em que está presenta em determinado momento da história.

Imagem 22 - Design Quarterly 63 - Archigram. Autor: Fraser Donachie - Agosto 2012.


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Imagem 23 - Tambores de Minas. Autor: Lara GalvãoJaneiro 2009.

RITMO

substantivo masculino 1.sucessão de tempos fortes e fracos que se alternam com intervalos regulares. mús ocorrência de uma duração sonora em uma série de intervalos regulares. mús padrão rítmico que define um gênero; balanço. “r. de uma valsa” lit ret efeito causado pela repetição ordenada de elementos prosódicos, esp. de entoação, pausas, quantidade de sílabas, aliteração e acento tônico. 2.movimento regular e periódico no curso de qualquer processo; cadência. “r. das ondas” 3.sequência harmônica de um fenômeno, uma atividade, uma obra etc., no espaço e/ou no tempo. “o r. de um filme” 4.sucessão de situações ou atividades que constituem um conjunto fluente e homogêneo no tempo, ainda que não se processem com regularidade. “r. frenético da vida moderna” Origem ETIM lat. rhythmus,i ‘movimento regular, cadência, ritmo’, do gr. rhuthmós,oû ‘id.’



Para cumprimento dos objetivos proposto neste trabalho, a metodologia se desenvolve através de três etapas, de forma que a primeira se complementa a definição e delimitação do tema da pesquisa através de revisão bibliográfica, a partir dos quais se construiu uma base teórica que sustentou os argumentos discutidos no contexto desta pesquisa. A seguir houve a busca museológica e de dados através de um levantamento cronológico das folias de reis no município de Patos de Minas, e por último, a reunião de todas estas informações e a análise dos levantamentos de dados possibilitara a concepção de estudo preliminar arquitetônico como produto final desta primeira etapa de pesquisa.

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Imagem 24 - San Cataldo Cemitery. Autor: Dilton LopesFevereiro 2013.

INSPIRAcaO

substantivo feminino 1.ato ou efeito de inspirar(-se). entrada de ar nos pulmões. 2.conselho, sugestão, influência. “fazer algo por (ou sob) i. de alguém” 3.fig. criatividade, entusiasmo criador. “i. poética” 4.p.ext. pessoa ou coisa que inspira, estimula a capacidade criativa. “o mar foi i. para muitos de seus quadros” 5.ideia súbita e espontânea, ger. brilhante e/ou oportuna; iluminação, lampejo. 6.para os cristãos, sopro divino que teria guiado os autores da Bíblia. Origem ETIM lat. inspirātio,ōnis ‘hálito, bafo’


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Aire Tree - Espaco publico do Pavilhao de Madrid Shanghai Expo 2010 / Urban Ecosystem As exposições universais foram ao longo da história, eventos que mostram os grandes avanços na tecnologia ao lado das últimas expressões da arte. Nessa perspectiva, o Air Tree surge como um protótipo experimental de intervenção no espaço público contemporâneo, capaz de reativar lugares e gerar condições favoráveis ao uso do espaço coletivo. Ele é concebido como um mobiliário urbano tecnológico, sendo não apenas para uso contemplativo, mas também interativo, além de energia auto-suficiente e gerador de conforto climático. A Air Tree, com suas diferentes camadas técnicas, admite múltiplas configurações finais e infinidades de posições intermediárias (opacas para o exterior, translúcidas, transparentes, iluminadas, interativas, abertas, ...). Sua aparência é transformada tanto ao longo do ciclo diário, quanto nos diferentes meses do ano. Diferentes suportes de projeção têxtil permitirão uma combinação ilimitada de cenários adaptáveis às necessidades de uso. Ao mesmo tempo, é conectado por meio de sensores, em tempo real, com as condições climáticas da cidade de Xangai, adotando em todos os momentos a configuração física e energética ideal para gerar as condições de conforto térmico necessárias. Em climas quentes e úmidos, a ventilação é uma das práticas mais frequentes e eficientes para melhorar Imagem 25, 26, 27, 28, 29 e 30 - Air Tree - Espaço público a sensação térmica. É uma variação que um termômetro do Pavilhão de Madrid Shangai Expo 2010 / Ecossistema é incapaz de medir, mas permite que a pele esfrie mais Urbano. . Autor: Fotógrafo Desconhecido. Fonte: Plataforma rapidamente gerando uma melhora na sensação térmica. A escolha do sistema de ventilação foi feita ao longo de Arquitectura.


um processo de pesquisa realizado em conjunto com a Engenharia AST (ast-ingenieria.com). A pesquisa relaciona dados como temperatura, precipitação, umidade relativa do ar, velocidade do ar, intensidade de radiação, temperatura de bulbo seco e radiação solar. As simulações foram realizadas através de softwares específicos e validações parciais através de testes de fumaça em um protótipo de escala 1/10.

Ficha Tecnica Arquitetos: Ecossistema Urbano Localização: Zhongshan South Rd, Huangpu, Xangai, China Engenharia e simulação de controle climático: Engenharia AST | Jose Luis Suarez | Roberto Suarez Estrutura de engenharia: Engenharia de Tectum | Constantino Hurtado | Alejandra Albuerne Geração eólica: AZ renovável | Engenharia AST + Zitron renovável Iluminação: Targetti Poulsen | Juan José García Engenharia têxtil: BAT espanha | Javier Tejera | Marian Marco Instalação audiovisual: Tato Cabal | Telefónica Audiovisuales Cliente: Fundação Global de Madrid | Ignacio Niño Arquitetura responsável: Manuel Rubio Empresa construtora: SCG (Shanghai Construction Group) Execução de móveis interativos: Chunxu Xangai | Cathy Chen Projeto do ano: 2010

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Imagem 31 - Planta baixa. Autor: Ecossistema Urbano. Fonte: Plataforma Arquitectura.

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Imagem 32 - Vista Superior. Autor: Ecossistema Urbano. Fonte: Plataforma Arquitectura. Imagem 33 - Corte. Autor: Ecossistema Urbano. Fonte: Plataforma Arquitectura.

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O conforto climático dentro do espaço da Air Tree, é determinado por um parâmetro chamado PMV (predicted mean vote) que prediz o valor médio da sensação subjetiva de um grupo de pessoas em um dado ambiente, onde 0 representa a sensação térmica neutra. . Temperatura do ar, umidade, velocidade do ar, vestuário e atividade são as variáveis que o definem e os três primeiros são coletados em tempo real por meio de vários sensores colocados na estrutura. Isso permite que a Air Tree se adapte às condições climáticas de cada momento, tornando-se um elemento vivo que interage com seu ambiente. A ventilação dentro do Air Tree é produzida através de um grande ventilador de 7,3 m de diâmetro, suspenso por uma tensegridade no centro da estrutura, a uma altura de 11,5 m. Por meio de um sistema de levantamento telescópico, você pode descer vários metros e se aproximar das pessoas. A posição e velocidade exatas em cada momento são determinadas de acordo com as condições térmicas do ambiente, que são permanentemente monitoradas nas proximidades da estrutura. O controle da radiação solar é produzido por uma camada técnica externa de projetar toldos e meio ponto. De acordo com a sensação térmica definida a cada momento pelos sensores, o grau de obstrução solar é regulado. Para


realizar esta tarefa de uma forma ideal, todas as camadas técnicas têxteis e os elementos de ventilação mecânica são guiados por um software de controle instalado em um PC. Este programa de controle responde aos dados fornecidos pelos diferentes sensores, gerenciando um CLP (CLP) que modifica constantemente a configuração da árvore no modo automático.

Imagem 34 - Air Tree - Espaço público do Pavilhão de Madrid Shangai Expo 2010 / Ecossistema Urbano. . Autor: Fotógrafo Desconhecido. Fonte: Plataforma Arquitectura.


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BigO / CODA Descrição enviada pela equipe de projeto. CODA (Computational Design Affairs) é um grupo da de pesquisa da UPC (Universidade Politécnica da Catalunha). Sua pesquisa é focada na criação e otimização de estruturas leves através do desenho computacional. Seu objetivo final é reduzir o impacto ecológico das construções através da eficiência tecnológica. Por outro lado, acreditamos que o desenvolvimento tecnológico deve ser democrático, e as soluções, universalmente acessíveis. Sua pesquisa recente centra-se na exploração da deformação elástica de estruturas de madeira, ou seja, geometricamente domar a deformabilidade elástica da madeira para conformar diretamente estruturas, de forma fácil e eficiente. Os membros Enrique Soriano e Pep Tornabell foram convidados a participar do festival HelloWood realizado anualmente na Hungria e que reúne jovens designers e arquitetos em torno da construção de madeira. Durante uma semana, e com a ajuda de 8 alunos, avançaram em suas pesquisas através da realização do projeto BigO, uma concha de madeira toroidal. O objetivo era construir uma estrutura muito rígida com elementos simples, e a estratégia vai fazendo uma fina concha curva dupla a partir de ripas finas, em linha reta e plana. Uma maneira simples de construir uma superfície com ripas planas é fazer com que seja efetuada em um conjunto de geodésicas.

Imagem 35, 36, 37, 38, 39 e 40 - Bigo Coda. Autor: Donat Kekesi, Enrique Soriano, Peter Krompáczki. Fonte: CODA Design Consulting.


Buscou-se a geodésica com curvatura ideal, rodado em ambas as direções, criando duas hastes de curvas conjugadas. Sendo um workshop de verão, soluções construtivas simples eram procuradas. Esta restrição forçou uma solução pragmática: a estrutura foi realizada utilizando 100 peças idênticas de 10,5 metros que foram fabricadas em uma mesa ao lado da montagem, ao mesmo tempo. As ripas possuem cerca de 4 metros, com uma seção de 1 x 10 cm. A fabricação digital pura não é feito por robôs, mas por estudantes entusiasmados com muita precisão. Ficha Tecnica Arquitetos: CODA Design Consulting Localização: Vigántpetend, Csórompuszta, 8294 Hungria Arquitetos Responsáveis: Enrique Soriano y Pep Tornabell de CODA BarcelonaTech Equipe: Peter Krompáczki, Alma Tóth, Dóri Komlóssy, Akos Takacs, Paul, Irina , Marta Ventura, Daphne Zografou Área: 75.0 m2 Ano Projeto: 2013 Imagem 41 - Planta Baixa. Autor: CODA Design Consulting. Fonte: CODA Design Consulting.

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42 Imagem 42 - Perspectiva. Autor: CODA Design Consulting. Fonte: CODA Design Consulting.



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A experiência produziu duas conclusões. A primeira é que a combinação de curvatura anticlástica e sinclástica da superfície produzia uma curvatura nas geodésicas que induziam nas tiras, em que não se esperava que recebessem alguma carga, muita flexão e grandes forças devido à torção que deixaram o conjunto surpreendentemente rígido, apesar de enfraquecer localmente o elemento. Assim, o objetivo foi alcançado com sucesso de manter um perfil de baixa tecnologia para um resultado altamente eficiente. A segunda é que definitivamente não teria sido capaz de chegar a um resultado semelhante sem o bom ambiente de trabalho em todo o festival. A experiência de pesquisa, intercâmbio e aprender a implementar soluções construtivas com outros grupos foi altamente gratificante.

Imagem 43 - Bigo Coda. Autor: CODA Design Consulting. Fonte: CODA Design Consulting.



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SANTIAGO PAL 2010 Descrição enviada pela equipe do projeto. Todos os anos, durante as temporadas de verão em Nova York, há um dos mais importantes eventos de arquitetura emergente. Este é o “Programa de Jovens Arquitetos” , organizada pelo MoMA e MoMA PS1 e que escritórios de arquitetura emergentes competir por um design que torna a instalação de detenção 10 semanas consecutivas relacionados às atividades de cultura e lazer. Nesta temporada de verão, Santiago do Chile está experimentando uma experiência semelhante, desde a última semana PAL 2010 está sendo desenvolvido , um programa de arquitetura jovem de âmbito latino-americano que é lançado pela Constructo e diretamente assessorado pelos curadores e diretores do MoMA PS1Barry Bergdoll e Klaus Biesenbach. Para esta primeira edição a montagem foi feita em Matuana 100 e Eduardo Castillo foi o arquiteto responsável. Lembre-se que Eduardo é um renomado arquiteto renomado por seu trabalho em madeira e por ter trabalhado com Smiljan Radic. Atualmente, ele também trabalha como professor na PUC e na Universidade de Talca. O trabalho é uma estrutura baseada em suportes e tensores de madeira que suportam um teto duplo, explorando condições de gravidade e leveza. Sob este manto estão dispostas uma série de elementos trabalhados em madeira como bancos, barras e uma piscina. Todos construindo uma atmosfera de uso coletivo projetada para os dias quentes de janeiro. Imagem 24, 45, 46, 47, 48 e 49 - Santiago Fal. Autor: Marcelo Sarovic. Fonte: Edição de Eduardo Castillo.


Ficha Tecnica Arquitetos: Edição de Eduardo Castillo Localização: Matucana 100, Estação Central, Região Metropolitana de Santiago, Chile Arquiteto vencedor: Eduardo Castillo Arquitetos Colaboradores: María Francisca Navarro, Gonzalo Torres Conselho Estrutural: Patricio Bertholet Área: 1500,0 m2 Ano Projeto: 2010

Imagem 50 - Santiago Fal. Autor: Marcelo Sarovic. Fonte: Edição de Eduardo Castillo.

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51 Imagem 51 - Planta baixa Santiago Fal. Autor: Edição de Eduardo Castillo. Fonte: Edição de Eduardo Castillo.



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Imagem 52 - Santiago Fal. Autor: Marcelo Sarovic. Fonte: Edição de Eduardo Castillo.

Imagem 53 - Perspectiva Santiago Fal. Autor: Edição de Eduardo Castillo Fonte: Edição de Eduardo Castillo.


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Imagem 54 -Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas.

LEVANTAMENTO DE DADOS

E, tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns Magos vieram do oriente a Jerusalém”. Dizendo: Onde está aquele que é nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. E, congregados todos os príncipes, sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém de Judéia; porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Rei que há de apascentar o meu povo de Israel. Então Herodes, chamando secretamente os Magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-me, para que também eu vá e o adore. E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho. (BÍBLIA, Mateus, 2, 1-12.)


55 7.1

56

57

OS PATOS

Para compreender a Folia de Reis no município de Patos de Minas é preciso falar do surgimento da cidade, que no principio era sertão, hoje considerada dentro da mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a ocupação do território onde hoje esta a cidade de Patos de Minas se dá a partir do século XVII, devido a passagem da bandeira de Lourenço Castanho Taques, por volta do ano de 1670 com destino a cidade de Paracatu, este é um registro importante para o entendimento da história da ocupação. (PROCESSO DE REGISTRO NÚMERO 1, 2009). Foi através da passagem dos bandeirantes que o primeiro registro que denominação do território surge como “Os Patos”, sendo um caminho às margens do rio onde era visto a presença de quilombos, negros fugidos das fazendas de Paracatu e de Goiás. (FONSECA, 1974). Os moradores da região dos “Patos” recolheram assinaturas para que o povoado se tornasse vila, porém, tal resposta demorou mais de cinquenta anos para que oficialmente Patos de Minas tenha uma história administrativa, em 1826 o povoado constava com 700 habitantes, passando a ter a realização de batizados e casamentos, somente em 1832 com a construção da capela de Santo Antônio que o distrito de Santo Antônio da Beira do Paranaíba foi criando, se perdendo o termo “os patos”. Passado mais alguns anos de disputas pela região, em 1839 surge outro nome para o povoado agora denominado “Santo Antônio dos Patos” e é elevado a arraial, porém pertencendo a comarca de OS PATOS

Santo Antonio da Beira do Rio Paranaiba

1826

1828

Fazenda

Povoado


Patrocínio. (PROCESSO DE REGISTRO NÚMERO 1, 2009). A conquista de se tornar Vila aconteceu em 29 de fevereiro de 1868, a demora para este acontecimento foi devido ao código de posturas da época que tramitava na Assembleia Provincial, era lei para a criação de um município a construção da Cadeia e a Casa da Câmara. É importante citar que a política em Patos de Minas surge através de duas famílias distintas, os Borges e os Maciéis, grandes percursores da urbanização da cidade. (PROCESSO DE REGISTRO NÚMERO 1, 2009). O ponto auge do desenvolvimento de Patos de Minas aconteceu na década de 1930, em paralelo com os melhoramentos executados pelo Governo do Estado, na época sendo governado por Olegário Dias Maciel.

Em meados do século XX, a introdução do milho híbrido pelo pesquisador Antônio Secundino de São José, um dos fundadores da Agroceres, revolucionou a agricultura local com a surpreendente produção daquele cereal. O fenômeno motivou investimentos e impulsionou o desenvolvimento econômico e social do Município. A euforia foi tão grande que originou, na década de 1930, a Festa Nacional do Milho, comemorada todo ano no mês de maio. Além desses aspectos, a década de 1950 abrigou um grande avanço regional, pois houve um forte surto migratório e a instalação de grandes firmas comerciais nos mais diversos segmentos. (PROCESSO DE REGISTRO NÚMERO 1, 2009, p. 20-21).

O município de Patos de Minas está situado na Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, com uma área de 3.189,006 km², nas coordenadas Latitude = -18º 35’32” e Longitude = -46º 31’15”, e a 415 km da capital do estado, Belo Horizonte e a 447 km de Brasília, a capital do Brasil. Patos de Minas está entre as 20 maiores cidades do estado e vem se consolidando entre os principais municípios mineiros por sua posição privilegiada. Possui ótimas condições de acesso para as principais capitais, é considerada uma cidade pólo, com possibilidade de progresso contínuo. Atualmente Patos de Minas possui 70 bairros delimitando toda sua área urbana, e 7 distritos na zona rural.

Imagem 55 - Av. Getulio Vargas ( Praça Dom Eduardo). Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas Imagem 56 - Vista da Cidade Colégio Marista. Autor: Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas. Imagem 57 - Rua Major Gote. Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas

Santo Antonio dos patos da Beira do Rio Paranaiba

Santo Antonio dos patos

patos

guaratinga

patos de minas

1842

1866

1892

1944

1945

Distrito

Vila

Cidade

Cidade

Cidade


BRASIL

MINAS GERAIS PATOS DE MINAS BAIRROS 70

07

DISTRITOS

112


PATOS DE MINAS - MG

IBGE

RELIGIAO 2010

2017

Católica Evangélica

138.710 150.893 Estimativa

Espírita

110.270 19.533 2.445


58 7.2

59

60

FOLIA DE REIS EM PATOS DE MINAS

“[...] O município como um todo é palco de uma tradição viva, da memória e do construir histórico, oriundas das últimas décadas do século XIX: Congado, Moçambique, Folias de Reis.” (PROCESSO DE REGISTRO NÚMERO 1, 2005, p. 28). A festividade da Folia de Reis em Patos de Minas mantém a tradição de diversas localidades, sendo iniciada no dia 25 de dezembro e indo ate o dia 06 de janeiro, neste intervalo de tempo os membros das folias percorrem bairros, distritos, fazendas e povoados fazendo seu “giro” por onde passam, em Patos de Minas são mais de 60 folias distribuídas entre a cidade e a zona rural, tradicionalmente o encerramento acontece todos os anos no Auditório da Rádio Clube, ocorrendo arrecadações para futura doação ao Dispensário São Vicente de Paulo. Como tratado anteriormente, a Folia de Reis teve seu inicio na Península Ibérica vindo para as Américas, em Patos de Minas, o processo de surgimento das folias aconteceu com a colonização do território, ao oeste da província de Minas Gerais, quando aqui já não havia mais riquezas como era antes, o registro histórico se faz com a ocupação da região por volta de 1737 através da “picada do Goiás”, com o surgimento de pequenos aglomerados urbanos devido a divisão de sesmarias ao longo do caminho. A ocupação no Alto Paranaíba, onde atualmente está inserido a cidade de Patos de Minas, se relaciona com a chegada da Folia de Reis na região por volta da primeira metade do século XVIII, em 1800 com a doação


das terras para a concepção do município já se sabia das Tabela 01 - Folias de Reis de Patos de Minas celebrações da Folia de Reis. É importante ressaltar que 01 Folia Sumaré e Mataburrinho as origens da folia são do meio rural, porém, atualmente em números quantitativos, na cidade de Patos de Minas a 02 Folia Bairro Santa Luzia e Bairro Sta. Terezinha quantidade de Folias de Reis no meio urbano supera as do 03 Folia do Cristo meio rural. (PROCESSO DE REGISTRO NÚMERO 1, 2009). 04 Folia de Manabuiú A tabela a seguir mostra o quantativo de Folias de 05 Folia do Cabral Reis existentes em Patos de Minas, levantamento realizado para fins de tombamento no ano de 2009 desta manifestação 06 Folia Mensageiros do Barreiro cultural, para registro de pesquisa, no ano de 2005 o número 07 Folia Santo Antônio da Guarda de Folia de Reis em Patos de Minas era de 35 grupos. 08 Folia Estrela do Oriente 09 Folia da Vila Garcia do Saudoso Zé Broca

Imagem 58 - Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas Imagem 59 - Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas. Imagem 60 - Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas

115

10

Folia da Rua São Jorge

11

Folia da Cachoeira e Barreiro

12

Folia do Bairro Cristo Redentor

13

Folia Rua 1° de Maio

14

Folia do Pântano

15

Folia do Barreirinho

16

Folia da Cabeceira do Mataburrinho

17

Folia Bairro Sebastião Amorim II

18

Folia dos Reinaldos

19

Folia Esperança do Baú

20

Folia de Major Porto

21

Folia Côlonia Agricola

22

Folia Mata dos Fernandes


23

Folia Medalha Milagrosa N.S. de Fátima

46

Folia Bairro Jardim Panorâmico

24

Folia Saudoso José Antônio

47

Folia do Um

25

Folia do Sapê e das Posses

48

Folia Sagrada Família da Rua Pernambuco

26

Folia da Onça

49

Folia Sagrada Família de Lagoa Formosa

27

Folia da Mata do Brejo

50

Folia Capão das Canoas do Saudoso Tati

28

Folia Bairro N.Sª. Aparecida

51

Folia do Aragão

29

Folia do Bairro Alvorada II

52

Folia Três Barras

30

Folia de Santiago

53

Folia Barreiro Olhos d’água

31

Folia da Prefeitura

54

Folia do Limão

32

Folia Saudoso Indélecio Camilo

55

Folia do Cristo Redentor da Rua Mato Grosso

33

Folia Estrela da Guia

56

Folia Rainha da Paz

34

Folia da Mata dos Fernandes

57

Folia da Rua Duque de Caxias

35

Folia da Bertioga

58

Folia de São Miguel

36

Folia São Francisco de Assis

59

Folia Imaculada Conceição de Lagoa Formosa

37

Folia São Vicente de Paulo

60

Folia do Areado

38

Folia Bairro N.Sª. de Fátima

61

Folia Santa Rosa de Lima

39

Folia Ponto Chic

62

Folia do Bairro Planalto Comunidade de São Pedro

40

Folia do Alto da Colina

63

Folia do Paraíso dos Vieira

41

Folia da Baixadinha

64

Folia do Mata Burro Saudoso Tazico

42

Folia São João da Serra Negra

65

Folia do Lagamar

43

Folia do Capoeiráo dos Badus

66

Folia Zeca Mota

44

Folia do Retiro da Mata dos Fernandes

67

Folia da Mutuca

45

Folia Família Unida

68

Folia de São José

116


sua rede de influência no contexto urbano da cidade., logo depois é demonstrado um levantamento através de mapas com as redes urbanas formadas por estes grupos de Folias através da sua manifestação cultural.

69

Folia Bairro Padre Eustáqui

70

Folia Estrela Dalva

71

Folia Vargem Grande

72

Folia Raio de Luzz

73

Folia do Setãozinho

74

Folia de Pindáibas

75

Folia de Alagoas

02 Folia Bairro Sta. Luzia e Bairro Sta. Terezinha

76

Folia Divino Espirito Santo

03 Folia do Cristo

77

Folia dos Basílios

04

78

Folia Rainha da Paz Feminina

07 Folia Santo Anjo da Guarda

79

Folia do Horizonte Alegre

08 Folia Estrela do Oriente

80

Folia da Associação de Santos Reis

09 Folia da Vila Garcia do Saudoso Zé Broca

81

Folia Três Irmãos

10

Folia da Rua São José

82

Folia dos Britos Mata dos Fernandes

13

Folia Rua 1º de Maio

83

Folia Anunciadores de Gabriel

18

Folia dos Reinaldos

19

Folia Esperança do Baú

23

Folia Medalha Milagrosa N.S. de Fátima

24

Folia Saudoso José Antônio

26

Folia da Onça

Tabela 02 - Folias de Reis na área Urbana da Cidade de Patos de Minas

Fonte: Processo de Registro I, 2009.

Esta urbanidade das folias na cidade de Patos de Minas também é advinda do êxodo rural que marcou a história brasileira durante a ditadura militar, as populações migraram para as cidades em busca de melhores condições de vida, trazendo consigo as tradições que ocorriam na zona rural. A tabela a seguir mostra as Folias de Reis urbanas que atuam na cidade de Patos de Minas e

117

Folia de Manabuiú

28 Folia Bairro N.S. de Fátima 29 Folia do Bairro Abner Afonso II 32

Folia do Saudoso Indelécio Camilo


O levantamento mais recente data do ano de 2016 contabilizando um número de 62 Folias de Reis no município de Patos de Minas, em toda sua extensão, zona rural e urbana, a tabela 3 mostra a relação das folias que permaneceram ao longo dos anos.

38 Folia do Bairro N.S. de Fátima 40 Folia Alto da Colina 43

Folia do Capoeirão dos Badus

45 Folia Família Unida 46 Folia Bairro Jardim Panorâmico

Tabela 03- Folias de Reis na Cidade de Patos de , Minas - Ano de 2016

48 Folia Sagrada Família da Rua Pernambuco 53

Folia Barreiro Olhos d’água

01

55

Folia do Cristo Redentor da Rua Mato Grosso

02 Folia do Areado

Folia de Bom Sucesso

56 Folia Rainha da Paz

03 Folia dos Basílios

57 Folia da Rua Duque de Caxias

04 Folia do Zeca Mota

59

Folia Imaculada Conceição de Lagoa Formosa

05 Folia de Major Porto

61

Folia Santa Rosa de Lima

06 Folia do Horizonte Alegre

67

Folia da Matuca

07 Folia do Cabral

68 Folia de São José 69

Folia Bairro Pe. Eustáquio

08 Folia da Cabeceira do Mataburrinho - Abelha e Leal

70

Folia Estrela Dalva

09 Folia de Pindaíbas e Firmes

72

Folia Raio de Luz

10 Folia do Sapé e Posses do Chumbo

77 Folia dos Basilios Fonte: Processo de Registro I, 2009.

Através destas informações pode-se verificar que há um equilibrio entre a presença das folias no meio urbano e no meio rural, reafirmando ainda a importância da memória e pertencimento de local.

118

11

Folia do Saudoso Pedro Jacinto

12

Folia Luz Divina

13

Folia Paraíso dos Vieiras

14

Folia Anunciadores de Gabriel

15

Folia da Baixadinha dos Gonçalves

16 Folia do Bertioga


17

Folia da Côlonia Agrícola

38 Folia Feminina Rainha da Paz

18

Folia da Mata do Brejo

39 Folia da Rua Duque de Caxias

19

Folia da Mata dos Fernandes (Antiga Folia dos Meninos)

40 Folia do Cristo 41

Folia da Rua Mato Grosso

20 Folia do Alagoas

42 Folia Cristo Rei e Família

21

43 Folia Estrela Dalva

Folia do Aragão

22 Folia do Barreirinho

44 Folia Estrela do Oriente

23 Folia do Barreiro dos Olhos d’água

45 Folia Feminina Raio de Luz

24

46 Folia da Rua São Jorge

Folia do Capoeiráo dos Badus e Capoeirão dos Majors

47 Folia de São José

25 Folia Limão da Mata dos Fernandes

48 Folia Nossa Senhora Aparecida

26 Folia do Ponto Chique

49 Folia do Saudoso Indélecio Camilo

27 Folia do Retiro da Mata dos Fernandes

50 Folia do Saudoso João Martins Silva

28 Folia do Saudoso Amadeu Rosa

51

29 Folia do Saudoso Olavo Alves de Abreu

52 Folia da Paz

30 Folia do Saudoso Orlando Gomes 31

Folia dos Camargos

53 Folia Mosenhor Magno

Folia do Saudoso Tazico

32 Folia do Sertãozinho

54 Folia da Associação de Santa Terezinha do Menino Jesus

33 Folia os Mensageiros do Barreiro da Serrinha

55 Folia do Bairro Santa Luzia e Santa Terezinha

34 Folia Porto das Posses

56 Folia do Saudoso José Antônio Juvêncio

35 Folia Alto da Colina

57 Folia do Saudoso Baltazalinho

36 Folia dos Brás

58 Folia São Rafael

37 Folia São Gabriel

59 Folia do Bairro Sebastião Amorim II

119


60 Folia Família Unida 61

Folia Sagrada Família

62 Folia do Saudoso Zé Broca Fonte: Museu Cidade de Patos de Minas, 2016.

Fazendo um comparativo dos anos de 2005, 2009 e 2016 temos um panorâma da evolução das Folias no município de Patos de Minas, como mostra o gráfico 01 abaixo: Gráfico 01- Evolução das Folias de Reis na Cidade de Patos de Minas

É possível verificar que o movimento cultural ganha força no ano de 2009, porém, atualmente tem estado em declive. A questão da localização das Folias também deve ser observado, através de seu contexto urbano ou rural, o gráfico 02 traz este comparativo, representando a maior concentração do movimento cultural em seu contexto urbano, descaracterizando suas origens rurais, informações baseadas no ano de 2016.

Gráfico 02- Localização das Folias de Reis na Cidade de Patos de Minas em 2016

2005

2016

RURAL

18%

35%

23%

2009

URBANO

47% Fonte: Autor.

77% Fonte: Autor.

120


Analisando os dados coletados é possível verificar uma grande permanencia dos antigos grandes grupos de Folia de Reis em Patos de Minas atualmente, bem como o surgimento de novos grupos, criando-se novas redes de manifestação cultural, influênciando outros setores da cidade e permeando o movimento, o gráfico 03 mostra o comparativo da criação de novos grupos com os grupos já existentes.

Gráfico 03- Comparativo entre grupos antigos e novos de Folias de Reis em Patos de Minas - 2016

NOVOS 40%

ANTIGOS 60%

Baseando-se na análise das Folias de Reis em Patos de Minas, o seu significado de louvação aos Reis Magos e ao nascimento de Jesus integra uma significação sócio-cultural que mantêm a identidade rural de origem, com o passar dos anos as interpretações mudam e as Folias ocupam novos espaços principalmente a rede urbana da cidade, acontecendo uma RE-LIGAÇÃO com as identidades rurais. É na cidade atual onde o maior número de Folias de Reis se fazem presentes que o palco se forma para suas apresentações, com experiências urbanas importantes para firmar as novas identidades destes grupos promovendo RE-SIGNIFICAÇÕES através da RE-ELABORAÇÃO de experiências, memórias e pertencimentos anteriores, a tradição continua de maneira RE-INVENTADA. Outro fator importante para considerar nas Folias de Patos de Minas é a ausência do “palhaço”, uma figura representativa do profano e do sagrado estando presente em diversos ternos de folias na região do Alto Paranaíba e no restante do Brasil, alguns relatos encontrados durante a pesquisa mostram que houve a presença desta figura por certo tempo, todavia, foi desaparecendo com o passar dos anos. Na cidade de Patos de Minas é tradição que as Folias de Reis sejam convidadas durante todo o ano para reza e cantoria nas casas dos devotos, influenciadas pelas mudanças de significados da folia, não ocorrendo apenas de dezembro a janeiro.

Fonte: Autor.

121


61 Os mapas a seguir mostram as áreas de influências urbanas que as mesmas provocam em toda a cidade, os mapas foram divididos em seis partes para melhor compreensão da rede formada por estes grupos, houve uma subdivisão mostrada no mapa geral do município para verificar a maior área de influência destes grupos, sendo ano norte, central ou ao sul da cidade de Patos de Minas. No mapa 02 e 05 temos a região norte de influências, nos mapas 03 e 06 a região central e por fim os mapas 04 e 07 a região sul. 62

63

Imagem 61 - Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas Imagem 62 - Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas. Imagem 63 - Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas


01

PATOS DE MINAS area urbana


02


Mapa 02 - Ă rea InfluĂŞncia das Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Tratamento Mapa feito pelo Autor. Fonte: Google Earth Pro.


Mapa 03 - Ă rea InfluĂŞncia das Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Tratamento Mapa feito pelo Autor. Fonte: Google Earth Pro.


03


Mapa 04 - Ă rea InfluĂŞncia das Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Tratamento Mapa feito pelo Autor. Fonte: Google Earth Pro.


04


05


Mapa 05 - Ă rea InfluĂŞncia das Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Tratamento Mapa feito pelo Autor. Fonte: Google Earth Pro.


06


Mapa 06 - Ă rea InfluĂŞncia das Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Tratamento Mapa feito pelo Autor. Fonte: Google Earth Pro.


07


Mapa 07 - Ă rea InfluĂŞncia das Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Tratamento Mapa feito pelo Autor. Fonte: Google Earth Pro.


64


ENSAIO PROJETUAL Imagem 64 - Folias de Reis em Patos de Minas. Autor: Desconhecido. Fonte: Acervo Museu Cidade de Patos de Minas


(RE) LIGAÇÃO: ato ou efeito de religar; religamento.

CON CEI TO (RE) ELABORAÇÃO: ato de elaborar de novo.

RE


(RE) INVENÇÃO: ato de tornar a inventar.

UNIAO

(RE) SIGNIFICAÇÃO: ato de atribuir novo significado.


Há o tempo! O tempo passa tão rápido que não temos para onde correr, esconder, devemos apenas seguir, caminhar. Muitas das descobertas da vida são solitárias, em outras a interação une, transforma e fortalece o ser, os anseios de uns juntados com as bagagens de vida que carregamos, completando o que falta no outro. O grupo, as pessoas, os mesmos objetivos, a união que se fortalece como raízes de uma árvore grande que tende a se fortalecer com o passar do tempo, demonstrando memórias novas um antigas, que estão sempre presentes nos caminhos da vida, sendo referência para diversas situações, a Folia de Reis é um baú destas lembranças que transborda por onde passa, ensinamentos passados de pai para filho, entrelaçados no âmbito familiar que norteia um grupo, e com tantas mudanças no mundo, tais lembranças vão se esvaindo e outras tantas surgindo, é preciso uma

(RE) UNIaO

do novo com o antigo, das redes existentes com novas, novos significados, inovações, elaborações e lembranças para reunidos podermos partir.

140

PAR TI DO


Uma das principais características das folias são seus “giros”, sua caminhada de casa em casa, de lugar em lugar com cantoria e louvou, encontrando diferentes pessoas, devotos que esperam a chegada da Folia de Reis para cumprirem com suas promessas, a folia é capaz de reunir através desta movimentação diferentes grupos, diferentes redes. Desta maneira, torna-se importante alinhar um projeto que valorize ainda mais este “giro”, está movimentação, adotando um partido que faça a arquitetura

M OV I M EN TA R 65

GIRAR

levando a folia para os mais diferentes lugares, conectando outras redes e difundindo esta manifestação cultural no meio urbano e rural, com uma proposta de arquitetura itinerante que assim como a folia vai de um lugar a outro sem permanecer fixa em nenhum deles.

Imagem 65 - Croqui Giro das Folias. Fonte: do autor.


programa de necesidades O Programa foi dividido em quatro grandes áreas que deveram atender outras subáreas na proposta projetual. Por se tratar de um projeto itinerante, desmontável, busca-se uma centralidade na setorização do programa facilitando a delimitação dos espaços e sua rápida e fácil montagem.

01

ENTRETENIMENTO

02

CONVIVÊNCIA

03

ALIMENTAÇÃO

04

HIGIENIZAÇÃO

PALCO ÁREA COM COBERTURA ESPAÇO DE ESPERA PARA APRESENTAÇÕES

ÁREA DE DESCANSO ÁREA PARA RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

REFEITÓRIO ÁREA PARA MONTAGEM DE COZINHA SANITÁRIO MASCULINO SANITÁRIO FEMININO


FLUXOGRAMA

ÁREA PARA MONTAGEM DE COZINHA REFEITÓRIO

ESPAÇO DE ESPERA PARA APRESENTAÇÕES

PALCO ÁREA PARA RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS SANITÁRIO MASCULINO

ÁREA DE DESCANSO

SANITÁRIO FEMININO

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65


ESTUDO PRELIMINAR Imagem 65 - 64° Encontro Nacional de Folias de Reis em Muqui - ES . Autor: Aline Oliveira- Setembro 2014.


Como ideia inicial busca-se usar a centralidade para conectar os demais espaços do projeto, afim de facilitar a conexão de cada setor, a circunferência central mostra a posição do palco para apresentação das folias de reis, o formato redondo baseia-se no giro das folias, e o palco circular possibilita que qualquer canto do entorno possa ter uma visão ampla do que acontece naquele momento. De maneira inorgânica a proposata de caminhos interligando o programa, esta definição baseiase no movimento da folia, algo inserto que vai conectando redes e lugares, promovendo a troca de experiências e a interação entre os devotos e participantes.

Para o piso de todo o espaço a proposta é a utilização de Decks de Madeira pela facilidade de instalação e retirada, podendo ser colocados em qualquer terreno por serem de facial adaptação a desnível. Feito de madeiras maciças, podem ser utilizados em áreas externas, sendo utilizados também em áreas molhadas, sua instalação é realizada sobre barrotes, caibros ou vigas. O Deck de Madeira pode ser liso boleado, liso com bisotê ou frizado.

66

Imagem 66 - Deck de madeira. Fonte: projetomadeiras.com. br.

A proposta volumétrica surge inialmente baseando-se na casa, onde os giros acontecem, sem importar com classe social, esse sentido de abrigo se torna importante no momento de cumprir as promessas e devoções.

Imagem 67 - Proposta Volumétrica Inicial. Fonte: do autor. Imagem 68 - Proposta de mobiliário. Fonte: do autor. 146 Imagem 69 - Setorização Volumétrica. Fonte: do autor.

67


68

A setorizão ocorre por 3 setores principais, sendo a área central o ponto de convergência das demais, interligando todo o entorno da edificação. 69

01 Áreas de convivência

02 Área Central

03 Áreas de serviços


70

Mobiliรกrio

Cobertura em tenda

Palco


71

Imagem 70 - Croqui Volumetria Fonte: do autor. Imagem 71 - Perspectiva ĂĄrea de convivĂŞncia com tenda. Fonte: do autor.


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CONSIDERACOES FINAIS

Imagem 72 - 64° Encontro Nacional de Folias de Reis em Muqui - ES . Autor: Aline Oliveira- Setembro 2014.



A festa aconteceu, aquele garoto que antes não entendia nada agora compreende muito, os giros segue noite a dentro, o tempo passa, e passa. O garoto esta grande, seu distânciamento da Folia se deu pelos obstáculos nos caminhos da vida, mas foi está vida que ensinou a ele o valor das pequenas coisas, dos pequenos momentos, das pequenas (re)uniões. Hoje, é este garoto que vem valorizar toda uma tradição, que faz arrepiar e tremer enaltecido pelas lembranças, pelo lugar. Esta é sua maneira de retribuir, de lembrar quem já se foi, de se aproximar para poder compartilhar, o garoto estudado, agora vai projetar.

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