Projeto Editorial Revista Alexandre Ulrich

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Sonhos decifrados

Deus existe?

Por trรกs do

tatoo



Índice 04 - ônibus chinês 05 - tatoo a arte milenar 08 - Deus existe!? 11 - seitas ufológicas 15 - os sonhos decifrados 17 - obesidade e cérebro 19 - facebook


Segurar o xixi ajuda a tomar decisões

Projeto chinês propõe ônibus que anda por cima dos carros Um ônibus suspenso que anda por cima dos carros. Já imaginou? Uma equipe de pesquisadores chineses colocou a ideia no papel e defende que o projeto pode ser parte da solução para o trânsito terrível das grandes cidades. Quando parado, o Land Airbus, como é chamado, não interrompe o trânsito, pois a parte inferior funciona como um túnel, “vazada”, em formato de arco – o que os inventores chamaram dedesign oco. O veículo ocupa duas pistas e permite que carros de até dois metros de altura passem por baixo. Cada “vagão” comporta até 300 pessoas. Os passageiros entram no ônibus via elevador lateral e também são previstas estações fixas de parada. Movido por painéis solares e eletricidade, o veículo chega a 60 km/h. Há ainda um sistema que freia o veículo automaticamente em caso de emergência (se houver um acidente à frente, por exemplo). Os criadores dizem que o ônibus suspenso pode diminuir em 30% o trânsito nas ruas e avenidas. Outra vantagem destacada é que a construção da estrutura para suportar esse tipo de transporte levaria três vezes menos tempo que a construção de metrôs, com custo 10% menor. O projeto é apresentado como “o futuro das cidades”. Você acha que a solução parece viável? Veja o vídeo do projeto e entenda melhor o funcionamento do ônibus:

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Psiquiatras da Universidade de Twente, na Holanda, demonstraram que ter bom controle da bexiga ajuda a evitar atitudes impulsivas. Numa experiência, pessoas que tomaram 5 copos de água fizeram escolhas menos imediatistas e mais vantajosas. Isso supostamente acontece porque segurar a vontade de urinar estimula o autocontrole.

Mulheres canhotas são mais egoístas Estudo mostrou que canhotas são menos generosas do que destras. por Thiago Perin

Cientistas holandeses criaram um jogo em que os voluntários eram agrupados em pares. Uma pessoa recebia dinheiro, e tinha que decidir quanto iria compartilhar com o colega. O estudo constatou que os homens canhotos são mais generosos do que os destros. Já entre as mulheres é diferente: as canhotas retêm mais dinheiro para si.

expediente Publicação do curso de Design Gráfico Colégio Concórdia - Santa Rosa - RS Projeto editorial - 1 Aluno Alexandre Ulrich Tiragem 1 ano 01 Data desta publicação: 17 de dezembro de 2014


Arte à flor da pele A tatuagem pode ser tanto uma manifestação artística quanto de rebeldia. Conheça seus vários significados ao redor do mundo e ao longo dos tempos por Mariana Mello

O lugar é asséptico, limpíssimo. Paredes brancas, espelhos, aparelhos de esterilização, luvas descar táveis, gavetas com seringas lacradas e cadeiras de dentista. Num balcão ficam expostos os tubos de tinta colorida. O ambiente seria tão silencioso quanto um hospital não fosse o som psicodélico que agita os corajosos que circulam pela casa em busca de uma das poucas coisas definitivas na vida: uma tatuagem. No estúdio Led’s Tattoo, do paulista Sérgio Maciel, 38 anos, cerca de 50 pessoas são tatuadas todos os dias. Com o verão, que naturalmente coloca barrigas, costas e pernas de fora, esse número cresce. “Tatuagem hoje é status, como se fosse uma jóia. Significa que você é moderno. É sinônimo de personalidade”, diz Maciel. A tatuagem existe desde que o mundo é mundo. O Homem de Gelo, um corpo congelado encontrado na Itália em 1991, que se supõe ter vivido há cerca de 7 300 anos, tinha vários desenhos sobre a pele. A múmia da princesa Amunet, de Tebas, exibe desenhos feitos de pontos e linhas que certamente chamaram a atenção dos egípcios há mais de 4 000 anos. Não se sabe o que aquela tatuagem significava para os nossos ancestrais. Mas é muito provável que ela não tenha sido desprovida de sentido. “O corpo foi um dos primeiros instrumentos manipulados pelo homem para expressar um significado”, afirma a antropóloga Lux Vidal, especialista em pinturas corporais da Universidade de São Paulo. “Tatuagens, pinturas, mutilações e cortes de cabelo são modos de transformar o corpo para que ele comunique códigos, relações sociais e valores.”

Para saber mais Na livraria: O Brasil Tatuado e Outros Mundos Toni Marques, Editora Rocco Na Internet: www.tattoo.com


As motivações que levam uma pessoa a se tatuar são quase infinitas. Índios de vários países costumam se pintar para, entre outras coisas, assinalar classificações de status entre os membros da tribo. Como em seu local de origem, dispensam as roupas com que o homem branco sinaliza seu poder aquisitivo e valores estéticos, é com tinta e formas impressas no corpo que eles se diferenciam. Os peles-vermelhas, da América do Norte, cobriam o corpo com pinturas em situações de luto ou para ir à guerra. Já na região que hoje corresponde aos países árabes, as tatuagens eram feitas para “proteger” o corpo de doenças e trazer prosperidade. Acreditava-se que a impressão definitiva de desenhos na pele tinha propriedades mágicas. Quando a região foi dominada pelo Islamismo do profeta Maomé, tatuagens e qualquer alteração no corpo passaram a ser vistas como pecado. O primeiro registro literário da tatuagem data de 1769. Trata-se do relato do navegador inglês James Cook sobre o que viu ao chegar ao Taiti, na Polinésia: os nativos usavam espinhas de peixe finíssimas, ou ossos de passarinho, para perfurar a pele e injetar um pigmento feito à base de carvão e ferrugem. Data daí também a palavra tattoo, versão para o inglês do taitiano tatu (pronuncia-se tatau), que quer dizer, adivinhe, desenho na pele. Ao longo da história as tatuagens também têm sido freqüentemente associadas à punição e a comportamentos marginais. É comum também os presos marcarem o número do crime que cometeram (o número 288, por exemplo, é o artigo referente ao crime de formação de quadrilha no Código Penal Brasileiro). Antigamente, era a própria polícia que os tatuava. Na Inglaterra, cravavam-se as iniciais “BC” – bad character, mau caráter em inglês – na pele dos condenados. “diz Mirela Berger, mestre em Antropologia pela Universidade de São Paulo.

Hoje isso mudou. Alguns grupos marginais ainda utilizam a tatuagem como código, como os mafiosos japoneses da Yakuza, que tatuam grande parte do corpo como prova de coragem e de fidelidade à gangue. Além da tatuagem, é muito comum membros do grupo terem falanges decepadas como punição por traição. Mas a tatuagem, principalmente nas últimas décadas, deixou de significar desencaixe social. Para muita gente – e gente formadora de opinião, com alto poder aquisitivo e boa bagagem cultural –, tatuagem pode ser apenas uma forma de arte e diversão. “Perdi a conta de quantas vezes me perguntaram se eu vendo drogas. Infelizmente a tatuagem ainda é vista como sinônimo de irresponsabilidade”, diz a analista de sistemas Katia Marcolino, 32 anos, toda tatuada. De todo modo, certamente uma das razões que conduzem à tatuagem hoje é o desejo de aparecer em público com um visual inusitado. O motorista Luis Cláudio Marangoni, 32 anos, tatuado da cabeça raspada aos dedos dos pés (“Inclusive lá”, afirma), com motivos que vão de mulheres nuas a morcegos, passando por escrita japonesa, adora pôr uma sunga e sair por aí. Ao seu lado, acredite, qualquer modelo de biquíni passaria despercebida. Fazer uma marca definitiva no corpo exige coragem para desafiar normas e encarar preconceitos. Em profissões tradicionais, como advocacia e medicina, braços cheios de desenhos não são vistos com bons olhos. Nem por chefes, nem Em muitas empresas, funcionários tatuados precisam usar roupas amplas e deselegantes para esconder o corpo marcado e preservar o emprego. “No trabalho preciso usar blusas que cheguem até o cotovelo, cubram o pescoço e não tenham decotes. Nas pernas sempre meias grossas”, afirma Kátia. Mas é preciso coragem também para encarar a dor Sem camisa, no estúdio de Sérgio, disfarçava o incômodo de ver o sangue escorrendo pelo braço, evento normalíssimo do pós-tattoo. “O desenho levou quatro horas para ficar pronto. Arde um pouco. A sensação é a mesma de estar tomando uma série de beliscões ininterruptamente.” Com o passar do tempo também se desenvolvem padrões pessoais, não mais grupais. E, então, pode bater um arrependimento pesado. “Há uma fila de tatuados arrependidos esperando pelo tratamento de remoção gratuito”, diz Lydia Massako Ferreira, chefe do Departamento de Cirurgia Plástica da Escola Paulista de Medicina (EPM), em São Paulo.



Deus existe?

Existe uma luz no fim do túnel? Eu sinceramente espero que sim. Afinal, faz várias semanas – meses talvez – que estou perdido nesse labirinto escuro. Eu não sei o que fiz para merecer tamanho castigo. De todos os trabalhos que poderiam me dar nesta vida de jornalista, não deve ter abacaxi mais cascudo que esse: uma reportagem sobre Deus... e justo numa revista científica! Mecânica quântica e matemática do caos a gente até entende – com a ajuda de um bom professor, claro. Deus é outra história. É o infinito imponderável: aquilo que não dá para se pensar nem imaginar. É o infinito inefável: aquilo que não dá para se falar. Ou pelo menos essa é a maneira mais segura de abordar – e encerrar – o assunto sem cair no ridículo nem ofender ninguém. Mas são os próprios cientistas que não param de falar em Deus. Os últimos dez anos em especial viram nascer um novo filão literário dedicado a discutir o Divino – aquele mesmo, um Criador Onipotente e Onisciente! – à luz da física e da matemática, da química e da biologia. O culpado, ao que tudo indica, é o físico inglês Stephen Hawking, ocupante da cadeira que foi de Isaac Newton na ultra-prestigiosa Universidade de Cambridge e um dos principais teóricos dos buracos negros. Hawking, todo mundo sabe, realizou um milagre digno do Grande Arquiteto Celestial ao vender mais de dez milhões de cópias de um tratado de cosmologia e astrofísica, denso o suficiente para fritar o cérebro do público leigo. Publicado em 1988, Uma Breve História do Tempo tornou-se o mais inesperado best seller da história e até filme virou – não sem antes deixar no ar, bem no parágrafo final, uma sedutora insinuação de casamento entre ciência e religião: “Se chegarmos a uma teoria completa, com o tempo esta

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Aviso importante: Hawking nunca se declarou religioso e usa essa idéia mais como uma frase de efeito, uma metáfora do conhecimento total do Universo. Mas não demorou para outro cientista inglês do alto escalão, o físico Paul Davies, extrair todo um livro – e mais um sucesso comercial de arromba! – levando ao pé da letra as palavras do colega. Acolhido com uma chuva de prêmios destinados à divulgação científica, A Mente de Deus (1992) passa em revista a história da ciência e da filosofia para afirmar, com convicção, que tudo no cosmo revela intenção e consciência. Como o próprio Davies resumiu em uma entrevista: “Acredito que as leis da natureza são engenhosas e criativas, facilitando o desenvolvimento da riqueza e da diversidade na natureza. A vida é apenas um aspecto disso. A consciência é outro. Um ateu pode aceitar essas leis como um fato bruto, mas para mim elas sugerem algo mais profundo e intencional.” Estava dada a deixa para uma verdadeira enxurrada de físicos-teólogos atacar o assunto em dezenas de publicações semelhantes, como Ian Barbour, Arthur Peacocke, Hugh Ross, Frank Tipler e Gerald Schroeder. Dessa turma, o mais ativo é o também inglês John Polkinghorne, colega de Hawking no departamento de Física de Cambridge, que – depois de 25 anos de carreira acadêmica brilhante – largou tudo para se ordenar pastor anglicano e escrever seus livros de “cristianismo quântico”. “Eu não abandonei a física porque estava desiludido com ela, muito pelo contrário: continuo acompanhando o


De repente, sumiram de vista as planícies, a luz do sol e os próprios trilhos do trem. Um terremoto, depois outro, haviam nos atirado dentro de um túnel escuro, onde as velhas certezas voltavam a se converter em mistérios. Esses dois cataclismas eram justamente a física quântica e a matemática do caos. “Ambas teorias mostravam que existe uma imprevisibilidade inevitável espalhada por toda a natureza. Não acho que isso deva ser interpretado como uma infeliz ignorância de nossa parte e sim como sinal de que os processos físicos são muito mais abertos do que a mecânica de Newton sugeria. Quando falo ‘abertos’, estou querendo dizer que existem outros princípios causais em ação, acima e além das trocas de energia que a física descreve”, afirma Polkinghorne. O físico brasileiro Ricardo Galvão, da Universidade de São Paulo – que se diz “bastante religioso” – completa o quadro: “A partir das equações da mecânica de Newton e da teoria do eletromagnetismo de Maxwell, a ciência clássica dava a impressão de que, conhecendo essas leis matemáticas, conseguiríamos descrever todo o Universo. É o que se chama de conceito determinístico, segundo o qual se acreditava que, conhecendo as condições iniciais de um evento ou sistema, poderíamos prever toda sua evolução futura. Mas já no final do século passado, o matemático e físico francês Henri Poincaré (1854-1912) tocou no problema de que essas condições iniciais nunca são bem conhecidas. Ele mostrou que mesmo a mecânica de Newton não era determinística no sentido que se pensava. Aí, veio a mecânica quântica e introduziu o conceito de que é impossível se conhecer simultaneamente a posição e o movimento de uma partícula. Esse é o Princípio da Incerteza de Heisenberg, que realmente derrubou aquela atitude científica do tipo ‘conhecemos tudo e podemos prever o futuro’ ”. Foi justamente o Princípio da Incerteza que fez Einstein soltar, em protesto, sua frase mais famosa: “Deus não joga dados!”. A imprevisibilidade quântica era demais para ele aceitar. Einstein, como se sabe, falava o tempo todo em Deus – até o dia em que o encostaram na parede e perguntaram se ele acreditava mesmo no Dito Cujo. “Acredito no Deus de Spinoza, que se

revela na harmonia e na ordem da natureza, não em um Deus que se preocupa com os destinos e as ações dos seres humanos”, respondeu o criador da teoria da relatividade, citando o filósofo holandês do século XVII para quem Deus e o Universo seriam a mesma “substância”. Tal entidade, para Spinoza, só poderia ser acessível à mente humana em dois de seus infinitos atributos: o pensamento consciente e o mundo das coisas materiais. A definição de Einstein decepcionou muita gente – John Polkinghorne, inclusive – por excluir o que costuma se chamar de “Deus pessoal”. Assim, até um ateu convicto como Carl Sagan aceita a divindade. “A idéia de Deus como um gigante barbudo de pele branca, sentado no Céu, é ridícula. Mas se, com esse conceito, você se referir a um conjunto de leis físicas que rege o Universo, então claramente existe um Deus. Só que é emocionalmente frustrante: afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravidade!”, disse o famoso astrônomo americano. Sagan foi um dos raros cientistas a se declarar ateu. A grande maioria prefere o termo “agnóstico”, criado em 1869 pelo biólogo inglês Thomas Huxley – apelidado “buldogue de Darwin” pela sua incansável defesa da teoria da evolução em um dos maiores conflitos da história entre ciência e religião. Há uma grande diferença entre as duas posições: dizer-se ateu é recusar a existência de um Deus, enquanto o agnóstico (“sem conhecimento”, em grego) admite que nada sabe sobre dimensões sobrenaturais no Universo – e que o mais provável é que seja impossível superar tal ignorância. É essa combinação exemplar de humildade e a diplomacia – nada a ver com o cão-de-guarda que usaram para batizar Huxley! – que define até hoje a postura de quase todos os cientistas não-religiosos. Mesmo assim, o americano Allan Sandage – um dos astrônomos mais respeitados mundialmente, hoje com 74 anos – considerava-se ateu com todas as letras, até os 50 anos. Sua conversão ao cristianismo veio de repente, provocada pelo “simples desespero de não conseguir responder só com a razão perguntas como ‘por que existe algo ao invés de nada?’.” “Foi o meu trabalho que me levou à conclusão de que o mundo é muito mais complicado do que pode ser explicado pela ciência. Só através do sobrenatural consigo entender o mistério da existência”, afirma ele. “A ciência torna explícita a incrível ordem natural, as interconexões em vários níveis entre as leis da física e as reações químicas encontradas nos processos biológicos da vida. Por que será que os elétrons têm todos a mesma carga e a mesma massa? A ciência só pode responder questões bem específicas, do tipo ‘o que?’, ‘quando?’ e ‘como?’. O

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seu método de investigação, por mais poderoso que seja, não pode responder ao ‘por que?’.” Enxergar Deus na inteligência com que a natureza se organiza – manifesta através de leis matemáticas – não é só a porta de entrada da religião para contemporâneos como Sandage e John Polkinghorne, como uma tradição que vem desde a própria a raiz do conhecimento científico. Nem o ateísmo confesso de Bertrand Russell – lógico, matemático e filósofo reconhecido como um dos pensadores mais brilhantes do século XX – o impediu de valorizar essa linha peculiar de devoção: “A combinação de matemática e teologia, que começou com Pitágoras, caracterizou a a filosofia religiosa na Grécia Antiga, na Idade Média e chegou à modernidade com Kant. Tanto em Platão como em Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Descartes, Spinoza e Leibniz há essa ligação íntima entre religião e razão, entre aspiração moral e admiração lógica do que é atemporal.” Para quem compartilha desse espírito pitágorico, o melhor retrato de Deus já não está nas pinturas de Miguelângelo e sim nas fractais – aquelas imagens geradas por equações matemáticas que estão entre as mais incríveis descobertas relacionadas à teoria do caos. Essa nova geometria, até então oculta na natureza, apareceu – entre as décadas de 60 e 70 – tanto nos estudos de variações climáticas realizadas pelo metereologista Edward Lorenz, quanto nas estatísticas visualizadas em computador pelo matemático Benoit Mandelbrot. O que as fractais tanto mostram que, para alguns, adquire um caráter de revelação divina? Que processos aparentemente irregulares como a ramificação de uma árvore, ou o recorte de uma costa marinha, seguem um desenho-padrão que, por sua vez, obedece uma fórmula matemática. Mais ou menos na mesma época – começo dos anos 70 – um jovem físico chamado Fritjof Capra estava sentado na praia quando teve uma espécie de êxtase místico, provocado pela visão das ondas em sincronia com sua respiração. O resultado dessa sua experiência está em O Tao da Física, best seller que, apesar de desprezado pela comunidade científica, ajudou a lançar o movimento new age, explorando paralelos entre a física quântica e as principais religiões orientais: hinduísmo, budismo e taoísmo. Não faltam no livro citações dos próprios Werner Heisenberg e Niels Bohr – dois dos pais da mecânica quântica – sobre as afinidades entre suas descobertas e a visão de mundo contida nestas tradições religiosas. O conceito chinês do tao, destacado no título do livro – algo como fluxo ou ritmo universal – não espelha apenas a “dança cósmica” que Capra vê na física quântica. Pode igualmente ser associado aos

padrões da natureza revelados nas fractais. Mas sua inspiração inicial mostra uma das principais limitações da ciência nesse tipo de comparação: ela não pode depender de experiências pessoais e instranferíveis, como o transe de Capra à beira-mar. O físico Guimarães Ferreira, da Unicamp – outro cientista brasileiro religioso – acredita que esse é um bom motivo para não se misturar as duas coisas: “Deus é um Ser que gosta de ser pessoal”, diz ele. “É muito mais fácil encontrá-lo em nossas experiências de vida do que no laboratório. O maior pensador do mundo ocidental, Santo Agostinho, já dizia que é mais fácil achar Deus dentro de si do que no mundo exterior.” No outro extremo está o físico Frank Tipler, crente de que a ciência pode – e deve – ser utilizada para provar a existência de Deus, como princípio criador, organizador, onisciente, onipotente etc, como rezam as escrituras. Tipler escreveu todo um livro, The Physics of Immortality (1994), apresentando a versão mais radical de uma visão compartilhada com mais cautela por John Polkinghorne, Paul Davies e os cientistas que apóiam o chamado princípio antrópico – a mais surpreendente teoria dos últimos tempos. Para eles, o modo como o caos espontaneamente gera ordem e todo o cosmo parece conspirar a favor da existência de vida revela atributos divinos como consciência e intenção. A vida, assim, deve ser vista como nada menos que um milagre; e a vida consciente, um milagre maior ainda. O princípio antrópico postula que o Universo foi criado da maneira que nós o percebemos justamente para ser observado por criaturas inteligentes (nós mesmos!) e que é nossa conciência que seleciona uma realidade entre todas as probabilidades quânticas. Não custa lembrar que Brandon Carter, que apresentou pela primeira vez o princípio antrópico em 1973, não é nenhum guru aloprado e sim um cientista respeitadíssimo entre seus pares por suas pesquisas na linha-de-frente da nova física. E o que teria existido, então, antes do Big Bang? Os físicos são unânimes em dizer que é impossível saber. Enquanto houver mistérios intransponíveis para a mente humana, idéias de divindade não só sobrevivem, como proliferam – e até são atualizadas cientificamente. Quando Stephen Hawking fala de uma “teoria completa” que nos permitiria conhecer a “mente de Deus”, está se referindo à busca principal da física no século XX: um modelo que unifique a teoria da relatividade, que explica o movimento dos corpos celestes, e a mecânica quântica, que descreve o outro extremo: energia e matéria no nível subatômico. Aqui reside um dos mais chocantes enigmas quânticos: ondas de energia podem se comportar como partículas de matéria e


Para saber mais Na livraria: Deus e a Ciência (Dieu et la Science) Jean Guitton, Nova Fronteira, 1991 Deus e a Ciência (Dieu Face à la Science) Claude Allègre, Edusc, 1997 A Mente de Deus (The Mind of God: The Scientific Basis for a Rational World) Paul Davies, Ediouro, 1992 O Tao da Física (The Tao of Physics) Fritjof Capra, Cultrix, 1975 Espaço-Tempo e Além (SpaceTime and Beyond) Bob Toben e Fred Alan Wolf, Cultrix, 1982

Belief in God in an Age of Science John Polkinghorne, Yale University Press, 1998 When Science Meets Religion Ian G. Barbour, Harper San Francisco, 2000 How We Believe – The Search for God in na Age of Science Michael Shermer, W. H. Freeman & Co., 2000 Na Internet: http://sites.netscape.net/ shaunhenson/theoscience http://www.ctns.org/ http://doesgodexist.org/ http://www.leaderu.com/

Seitas ufológicas Grupos messiânicos movidos pela crença na vida extraterrestre arrebanham seguidores mundo afora. Alguns tiveram fim trágico por Marlene Jaggi No dia 27 de março de 1997, nada menos do que 39 pessoas foram encontradas mortas numa mansão ao norte de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos. Elas haviam cometido suicídio coletivo, levadas pela crença cega em Marshall Applewhite, líder de uma seita denominada Heaven’s Gate (literalmente, “Portal do Paraíso”). Applewhite fez seus seguidores acreditarem que alcançariam a vida eterna se morressem no momento da passagem do cometa Halle-Bopp pela Terra, pois o astro abrigaria em sua cauda uma nave espacial. Fundada em 1970, a Heaven’s Gate é só uma das muitas seitas que se espalharam pelo mundo ancoradas em elementos ufológicos. Na maior parte das vezes, seus líderes se dizem pessoas eleitas por “forças extraterrestres” para cumprir alguma missão na Terra. O ufólogo Vanderlei D’Agostino diz que existem três tipos de líderes de seitas: os bem-intencionados, os que têm algum desvio de conduta (eventualmente patológico) e os literalmente charlatães. Ou seja, não dá para generalizar. Nem todos, é claro,

levam a um final trágico quanto o do Heaven’s Gate. A seguir, conheça mais algumas seitas que arrebanharam seguidores com base em crenças e dogmas ligados à ufologia. Movimento Raeliano Fundado em 1975 pelo jornalista francês Claude Vorilhon, que se autodenomina Rael, prega que o ser humano foi criado em laboratório por extraterrestres. Rael, hoje com 59 anos, afirma ter sido contatado e abduzido em 1973 por um ET, que lhe pediu para construir uma “embaixada” na Terra, para receber de volta os alienígenas. O francês teria sido escolhido como o “messias”, destinado a conscientizar a humanidade sobre a necessidade de evolução. A seita tem 70 mil seguidores no mundo. Nos últimos anos, tem chamado a atenção por sua defesa da clonagem humana – tida como um meio de atingir a imortalidade. Há rumores de que a Clonaid, empresa criada por Rael em 1997, já teria conseguido gerar uma menina, clone de uma mulher de 31 anos. Comando Ashtar Baseia-se em supostos contatos realizados entre

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humanos e um extraterrestre chamado Ashtar Sheran, que seria o grande “comandante intergaláctico”, incumbido de promover a regeneração da Terra. É um movimento forte na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. A figura de Ashtar estaria ligada a mensagens de alerta à humanidade. Nos anos 50, segundo seus seguidores, Ashtar teria entrado em contato com a Terra para evitar que bombas atômicas destruíssem nosso planeta e colocassem em risco o equilíbrio intergaláctico. Projeto Portal A seita foi fundada há dez anos em Corguinho (MS) por Urandir Fernandes de Oliveira, que se considera um representante dos ETs na Terra. “Tem causado grandes estragos na vida de inúmeras pessoas que o procuram na busca de curas e contatos com ETs”, diz Rafael Cury, presidente da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil. Urandir chegou a ser preso, sob acusação de participar de um esquema de venda ilegal de lotes de terra em Corguinho. Segundo Urandir, o mundo será castigado por uma grande inundação, mas o lugar que ele chama de “A Cidade dos ETs” – onde ficam os tais lotes de terra – estaria imune à tragédia. Lineamento Universal Superior (LUS) Criado pela vidente brasileira Valentina Andrade e por seu marido, o argentino José Teruggi, em

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Buenos Aires. Segundo eles, só os seguidores da seita seriam salvos do apocalipse, resgatados por naves espaciais. Nos anos 80, Valentina e outros membros do grupo foram acusados de castrar nove meninos de 8 a 14 anos e assassinar seis deles, em rituais satânicos, entre 1989 e 1993, em Altamira, no Pará. “Quando invadiram sua residência em Londrina, no Paraná, encontraram várias fitas de vídeo em que ela, em transe, dizia: ‘Matem criancinhas’”, conta Rafael Cury. Presa em 2003, Valentina foi julgada e absolvida por falta de provas. Outros quatro acusados foram condenados a penas de 35 a 77 anos de prisão. Grupo Rama O a falsidade desses contatos, a seita caiu no ostracismo. Carlos acabou mudando de sexo e Sixto perdeu credibilidade depois de participar de um programa de TV e ser reprovado por um detector de mentiras. As duas vertentes da seita deixaram de existir no início dos anos 90.Racional cita com freqüência discos voadores e seres extraterrestres. Considera-se um movimento cultural, não uma seita. Nos anos 70 e 80, atraiu milhares de seguidores, entre eles o cantor Tim Maia, que acabou deixando o movimento. Seus princípios se baseavam em um conjunto de livros denominado Universo em Desencanto, considerado por muitos um instrumento de lavagem cerebral.





O Sonho decifrado

Por que sonhamos? Para que serve o sonho? Ninguém até hoje matou a charada. Para desvendar um dos maiores mistérios da mente, neurologia e psicanálise agora caminham juntas.

André Santoro Já pensou em visitar um lugar em que as leis da física valem tanto quanto uma nota de 3 reais? Onde você pode beijar uma estrela de cinema segundos antes de sair voando, cair e morrer, para levantar em seguida e ir para o trabalho de pijama? Num universo em que a lógica não tem vez, mas tudo parece fazer sentido – até você acordar e não entender nada do que se passou no momento anterior? Você e a humanidade inteira são habitués desse lugar mental – o domínio dos sonhos. Supondo que uma pessoa passe um terço do dia dormindo e ocupe um quinto do tempo de repouso sonhando, ela passa um fim de semana por mês totalmente desligada do mundo consciente. Em uma existência de 75 anos, os sonhos correspondem a nada menos que 5 anos completos. Apesar de termos tanta familiaridade com os sonhos, poucos fenômenos são tão intrigantes quanto eles. Seus mistérios atormentam o homem desde sempre – e ainda não há nenhuma resposta 100% convincente para esses enigmas. Entre os antigos, os sonhos costumavam ser interpretados como mensagens de outros mundos. Com a psicanálise, ganharam destaque como o caminho mais privilegiado para decifrar o inconsciente. Os avanços científicos mais recentes são promissores: graças ao desenvolvimento das neurociências, já foram desvendados alguns mecanismos cerebrais e funções da

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experiência onírica. Sabe-se, por exemplo, que os devaneios noturnos ajudam, e muito, a consolidar memórias. Nesta reportagem, você vai acompanhar a trajetória do pensamento humano no maravilhoso mundo dos sonhos. Por enquanto, fique de olhos bem abertos e aproveite a viagem. Ponte para o divino Em 332 a.C., Alexandre, o Grande, tentava invadir a cidade fenícia de Tiro (no atual Líbano). Apesar da supremacia de seu exército, a localização da cidade – que ficava em uma ilha a quase 1 quilômetro da costa – atrapalhou os planos do conquistador. Depois de 7 meses de cerco, os soldados estavam sem ânimo e o próprio Alexandre começou a pensar na possibilidade de desistir da empreitada. Antes de bater em retirada, no entanto, ele teve um sonho enigmático com um sátiro dançando sobre o seu escudo. A imagem da figura mitológica ficou martelando tanto em sua cabeça no dia seguinte que ele resolveu se aconselhar com um guia espiritual que acompanhava suas tropas. Depois de ouvir o relato do sonho, o adivinho o interpretou como um sinal de que o cerco deveria ser ainda mais agressivo, pois a cidade seria conquistada em breve. Ele chegou a essa conclusão após desmembrar a palavra sátiro em duas partes – o resultado foi a expressão sa Turos, que pode ser traduzida do grego como “Tiro é sua”. Alexandre acreditou no guru, fechou o cerco e, dito e feito, invadiu Tiro. Esse episódio foi descrito pelo grego Artemidoro de


Daldis na obra Oneirocrítica, escrita no século 2 da era cristã, e reproduzido por Sigmund Freud no livro A Interpretação dos Sonhos. Artemidoro e Ambrósio Teodósio Macróbio – pensador latino que viveu entre os séculos 4 e 5 – colheram relatos de pessoas e, após analisar esse material, dividiram os sonhos em duas categorias principais. Na primeira se encaixavam aqueles que reproduziam fatos do cotidiano do sonhador. Na segunda entravam aqueles que traziam alguma mensagem sobre o futuro, que podia se apresentar de forma direta – quando o próprio acontecimento é imaginado – ou simbólica, como o sonho de Alexandre, que precisou ser decifrado para revelar seu conteúdo oculto. Artemidoro e Macróbio são considerados os principais pesquisadores sobre os sonhos na Antiguidade, mas não foram os únicos. Aristóteles, que viveu no século 4 a.C., já falava sobre o assunto em sua obra. “Ele sabia que o sonho converte informações sem muita importância percebidas durante o sono em sensações fortes”, escreveu Freud. Uma pessoa com febre, por exemplo, pode sonhar que está sendo queimada viva numa fogueira. O filósofo também teve outra sacada genial, que seria mais tarde confirmada pelas neurociências: segundo ele, os movimentos corporais que ocorrem durante algumas

fases do sono têm relação direta com os sonhos. Os estudos de Artemidoro, Macróbio e Aristóteles revelam uma preocupação pouco comum entre nossos antepassados. O sonho não era visto como uma produção da mente humana, mas como um fenômeno sobrenatural. A mitologia dos próprios gregos, por exemplo, delega a responsabilidade dos sonhos aos filhos de Hypnos, deus do sono, que por sua vez era irmão gêmeo de Tanatos, deus da morte. Entre os filhos de Hypnos estavam o célebre Morfeu, que trazia os sonhos dos homens; Icelus, que provocava os sonhos nos animais; e Phantasus, que despertava sonhos nas coisas inanimadas. Outro deus relacionado aos sonhos era Esculápio, cultuado em templos aonde as pessoas doentes iam para receber a cura divina durante os sonhos. Outras crenças, tanto antigas quanto atuais, atribuem importância ao conteúdo dos sonhos. “A mitologia em que o sonho tem um papel mais fundamental é a das culturas xamânicas”, diz Malena Contrera, especialista em mitologia e professora da Universidade Paulista. Entre algumas, não há distinção entre o sonho e a realidade. No livro O Ramo de Ouro, o antropólogo britânico James George Frazer cita casos como o da tribo macusi, da Guiana: “Um índio doente sonhou que seu patrão o havia forçado a passar com sua canoa por uma série

Em uma existência de 75 anos, os sonhos correspondem a nada menos que 5 anos completos. de cataratas e, quando acordou, reclamou que o mestre não teve piedade ao obrigar um inválido a sair e pegar no batente durante a noite”, escreveu Frazer. O autor cita ainda o exemplo dos dyak, indígenas que vivem na ilha de Bornéu (Indonésia). Eles acreditam que o espírito pode se desgarrar do corpo durante o sonho: “Quando um dyak sonha que caiu na água, ele é enviado a um feiticeiro para que este pesque o espírito de volta”. Também era comum associar os sonhos a mensagens divinas. Em episódios da Bíblia, por exemplo, vários personagens recebem recados de Deus durante os sonhos. No capítulo 41 do Gênesis, José, capturado como escravo no Egito, se apresenta ao faraó como uma espécie de intermediário de Deus. Ele decifra um sonho do soberano, no qual 7 vacas magras devoram 7 vacas gordas. Para José, trata-se de uma mensagem clara: os egípcios deveriam se preparar, pois depois de 7 anos de abundância viriam outros tantos de fome. Só a passagem de todos os anos de escassez bastou para que o hebreu fosse levado a sério – e finalmente nomeado vice-rei do Egito. Pouquíssimo tempo, se comparado à demora da humanidade para adotar

uma postura menos mística em relação ao estudo dos sonhos. De Darwin à psicanálise As interpretações sobrenaturais dos sonhos perderam força a partir do século 19, quando a ciência começou a se ocupar mais atentamente da questão. Um dos primeiros indícios dessa transformação está no livro A Descendência do Homem, de Charles Darwin, publicado em 1871. Nessa obra, o autor do célebre A Origem das Espécies, de 1859, faz algumas observações sobre a nossa capacidade de sonhar e sugere que não estamos sozinhos no reino de Morfeu. “Cachorros, gatos, cavalos e provavelmente todos os animais superiores, até mesmo as aves, têm sonhos vívidos, o que é mostrado por seus movimentos e pelos sons que emitem. Por isso devemos admitir que eles têm algum poder de imaginação”, escreveu. Ele acertou na mosca – hoje os cientistas sabem que praticamente todos os mamíferos e aves têm a capacidade de sonhar. Darwin foi contemporâneo de pesquisadores como a psicóloga americana Mary Calkins. No artigo Estatística dos Sonhos, publicado em 1893, ela apresenta um método usado até hoje: durante o sono, quando seus pacientes começavam a mover algumas partes do corpo, ela os acordava e pedia que

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5 perguntas sobre os sonhos Como é o sonho dos cegos? Quando uma pessoa nasce cega e não tem referências visuais, os sonhos são recheados pelos outros sentidos, como a audição. Mas ela pode formar imagens mentais relativas ao espaço, assim como consegue perceber os caminhos por onde anda durante o dia. Já quem nasce com a visão em ordem e fica cego mais tarde pode ter sonhos com imagens durante a vida toda. Bebês sonham? Como eles não falam, não dá para saber com precisão. O sono REM, um dos principais indícios do sonho, está presente em todas as idades. Mas a experiência deve ser bem diferente da vivida por nós, adultos, pois o bebê tem uma consciência em formação, tem emoções, memória e percepção do mundo, mas ainda não tem uma ferramenta essencial para a construção do sonho como ele ocorre nas pessoas adultas: a linguagem. Sonhamos em cores ou em P&B? Nossos sonhos, segundo os neurologistas, têm cores. O que pode causar a sensação de um sonho em preto-e-branco é a dificuldade que temos de manter as imagens oníricas na memória – elas vão, quase literalmente, esmaecendo no decorrer do dia. Esse esquecimento é causado pelo fato de o conteúdo dos sonhos ficar armazenado em nossa memória de curta duração. Para evitar que

Obesidade causa danos ao cérebro Todo mundo conhece os riscos trazidos pela obesidade diabetes, doenças cardiovasculares, menor expectativa de vida. Mas uma nova descoberta está surpreendendo a comunidade científica: a gordura também causa danos ao cérebro. Pesquisadores da Universidade de Nova York estudaram o cérebro de 63 pessoas - 44 delas tinham sobrepeso ou obesidade e as demais eram magras. A experiência constatou que, nos indivíduos obesos ou acima do peso, o cérebro apresentava duas alterações importantes: tinha níveis mais altos de fibrinogênio, uma proteína que causa inflamação, e menor córtex orbitofrontal - região cerebral que coordena a tomada de decisões. Os cientistas ainda não sabem explicar exatamente como esse processo se desenrola. Mas apostam no seguinte: obesi-

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uma cena sensacional seja perdida, o único jeito é mentalizar o sonho várias vezes ao acordar. Se tomar nota, melhor ainda. Só assim eles ficam guardados em uma memória mais duradoura – e colorida. Existem sonhos premonitórios? Há muitos indícios de que não. Um deles é a inconsistência dos relatos. “Quem acredita nesse tipo de sonho costuma relatar fatos isolados relativos à experiência premonitória, mas quase nunca diz quantos sonhos não correspondem ao que realmente aconteceu depois”, diz J. Allan Hobson em seu livro Dreaming: An Introduction to the Science of Sleep (“Sonhando: Uma Introdução à Ciência de Dormir”, inédito no Brasil).

Para saber mais www.lucidity.com - Instituto da Lucidez, que difunde a causa dos sonhos lúcidos Dreaming: An Introduction to the Science of Sleep J. Allan Hobson, Oxford Univ. Press, 2004 Jung e a Interpretação dos Sonhos - James A. Hall, Cultrix, 1992 Fundamentos da Psicanálise de Freud a Lacan Marco Antônio C. Jorge, Jorge Zahar, 2005

Estudo revela que comer demais provoca inflamação cerebral e pode deixar a pessoa neurologicamente incapaz de controlar seu apetite. Salvador Nogueira e Bruno Garattoni

dade gera fibrinogênio, que gera inflamação, que gera danos ao córtex. E tudo isso gera consequências permanentes - e terríveis. "Essa inflamação, ao afetar a integridade do córtex orbitofrontal, pode reduzir o controle da pessoa sobre seus hábitos alimentares", afirma o estudo, coordenado pelo psiquiatra Antonio Convit. Ou seja: indivíduos acima do peso poderiam se tornar neurologicamente incapazes de comer menos. Escravos do próprio apetite. E com dificuldade para se lembrar das coisas. Uma pesquisa recém-publicada nos EUA constatou que a obesidade afeta a capacidade de memorização. A diferença é que, nesse caso, a sequela não é permanente (perder peso reverte o efeito).


O que há por trás do ... Por trás da rede social de A Rede Social há 60 mil servidores. E muita fé também: se você comprasse o Facebook hoje teria que esperar 100 anos para o investimento dar retorno. Por trás da rede social de A Rede Social há 60 mil servidores. E muita fé também: se você comprasse o Facebook hoje teria que esperar 100 anos para o investimento dar retorno. Mas tudo bem: pelo menos você seria dono do maior álbum de fotos da história da humanidade.

1 BILHÃO DE PESSOAS O Facebook ganha 8 novos membros por segundo. Se continuar nessa toada, deve saltar dos 500 milhões de usuários de hoje para 1 bilhão no começo de 2013. No Brasil são só 11 milhões, contra 50 milhões do Orkut. Só que ele cresce 10 vezes mais rápido que o concorrente pioneiro. Mantendo o ritmo de hoje, o Feice ultrapassa o Orkut lá por abril de 2012.

55 BILHÕES DE FOTOS A graça do Facebook são as fotos. Não é a gente que está dizendo, mas Mark Zuckerberg, o chefe. São 55 bilhões delas ali. Com isso, o Facebook pode dizer que é o maior álbum online da história - o Flickr, segundo colocado, tem 10 vezes menos. Isso dá uma média de 110 fotos por pessoa. Pouco, até. Mas a coisa deve crescer bem: só na noite de Ano Novo entraram 750 milhões de fotos.

foi passado pra trás por Zuckerberg, entrou numa batalha judicial contra o ex-amigo e terminou como dono de 5% do site. Isso o deixa hoje como o 10º homem mais rico do Brasil, já que o Facebook está avaliado em US$ 50 bilhões. Com US$ 2,5 bilhões de dólares, Saverin está logo atrás de Abílio Diniz e de Antônio Ermírio (US$ 3 bi cada). E ele tem 29 anos.

LUCROS MIÚDOS

O Facebook divulgou que teve lucro de US$ 355 milhões nos primeiros 9 meses de 2010 - o que leva a uma estimativa de US$ 473 milhões no ano. É pouco para uma empresa avaliada em US$ 50 bilhões. A Amazon, que vale a mesma coisa, deu US$ 900 milhões. A Bayer, US$ 1,9 bilhões. Mas ok: a expectativa dos investidores é que o Facebook logo dê tanto quanto o Google com publicidade online: US$ 2,5 bilhões. Por esse ponto de vista, US$ 50 bi ainda está barato. O Google vale 4 vezes mais.

UM PÉ NO NAPSTER O The Facebook, primeira versão do site, permitia o compartilhamento de qualquer arquivo entre amigos - de fotos a músicas ou textos. Desenvolvido pelo próprio Mark Zuckerberg e por Sean Parker (que também é cofundador do Napster), o serviço foi lançado em 2004. Chamava Wirehog. Temendo problemas com pirataria, a dupla eliminou a função em 2006. Mas o Wirehog serviu como base do sistema de fotos que o site usa hoje.

60 MIL SERVIDORES Essa é a quantidade de máquinas que guardam o conteúdo da rede social - segundo estimativas da indústria, porque o Facebook não revela o número exato. O custo estimado para rodar os 60 mil servidores é de US$ 100 milhões por ano. E vai crescer: a rede social está construindo um data center do zero no Oregon, do tamanho de 26 Maracanãs.

O 10º HOMEM MAIS RICO DO BRASIL Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador do Facebook que

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