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‘Coiotes’ que abandonaram brasileiro que morreu na fronteira dos EUA ostentavam dinheiro - PÁG
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualifi cações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jornaldossportsusa.com
SENTIDO DA VIDA
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Olá, meus caros leitores, hoje começo com uma pergunta você já se perguntou alguma vez: Quem eu sou, qual o sentido da minha vida?
Em todos os tempos da história, inúmeros fi lósofos tentaram defi nir o existir humano, a razão de nossa presença no universo. Tentativas em vão; a vida foi olhada apenas como presença no mundo. Quando o existir humano foi observado como vida em si, que independe de outras coisas para ter sentido, ela foi respeitada com mais dignidade e o existir humano foi contemplado com sentido. Foi preciso compreender a vida em si e não defi nir o existir como uma presença no mundo que procura encontrar uma fi nalidade. A fi nalidade já existe como missão, assim como o existir humano é um fato real.
O existir humano difere de outras tantas vidas existentes no mundo. Os animais e as plantas não sabem que existem e muito menos porque existem. Apenas a vida humana está contemplada de razão, sentimentos, emoções, consciência e liberdade; o que nos dá a graça de buscarmos e contemplarmos o sentido da vida. O sentido da vida é existente na vida humana, está reservado para a nossa vivência e é passível de ser contemplado pelas faculdades que nos são próprias. A liberdade nos direciona a vivermos segundo os princípios que adotamos e nos são convenientes, porém acarreta a responsabilidade de vivermos mais que uma escolha; vivermos segundo a consciência de que estamos no caminho do sentido. A razão de vivermos deve ser o sentido que a existência proporciona. Ela é natural, racional e comprometedora. Natural porque fomos agraciados com a vida e seu sentido; racional porque somos dotados da capacidade para escolher (liberdade) entre o conveniente e o desagradável; comprometedora porque a existência exige que vivamos com sentido, nos afastando de tudo o que fere a dignidade humana e nos aproximando do vazio existencial.
O existir humano é dotado de sentimentos e emoções que podem determinar a vivência, conduzir a vida, se assim permitirmos; porém, possuímos a liberdade para acolhermos determinados sentimentos e emoções como saudáveis ou não e assumirmos uma postura amadurecida frente à existência, as oportunidades e os caminhos a seguir, sempre olhando para o sentido, nossa meta e missão. A vida tem sentido e nós, pessoas humanas, somos os únicos seres vivos dotados da capacidade de encontrar o sentido e executar uma missão. Uma missão dada a alguém é um compromisso confi ado. Somos capazes de assumir e realizar uma missão, executar uma tarefa que nos foi reservada. A existência traz consigo, e entrega em nossas mãos, uma missão a ser assumida e realizada, e, com ela, vivermos o sentido. A existência é a presença na vida que graça existencial, a qual possuímos para realizar a nossa missão. A existência confi ou uma missão à nossa vida, missão única e que deve ser assumida com singularidade e autonomia.
A existência humana é dotada da capacidade de tomar decisão por si, diante da sua liberdade e considerando a sua história. Aqui está o sentido da vida, único e irrepetível que considera a realidade singular e autônoma como princípio fundamental para o existir humano. Buscamos compreender o sentido da vida porque a vida possui um sentido e a ela damos um norte que valha a pena, e é fundamental que o façamos considerando que a vida humana é um ser de capacidade que compreende e toma decisões independente da gravidade da situação. Todo e qualquer sentimento é possível e passível de ser compreendido e acolhido no sentido da vida. Frente a eles cabe-nos vivenciarmos o sentido e assumirmos a realidade existencial como missão. Não somos livres de que chegue até nós os sentimentos e as dores indesejadas, mas somos livres para nos posicionar frente a eles e permitir que a vida seja conduzida com sentido apenas de todas as mazelas que nos deparamos. Acolher não signifi ca ser preciso converter a vida em determinada realidade, mas compreender a determinada realidade e, frente a ela, optarmos por atitudes que tenham sentido.
A vida perde o sentido para quem a ignora e constrói uma realidade totalmente artifi cial, afastando-se do natural. Portando fi que atento o sentido da vida, é o que você quiser que ele seja. Nós somos o universo contemplando a si mesmo. Pense nisso!!!
Ele respondeu: “ ‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”.
Lucas 10:27
Até a próxima semana!!!
6Local Local www.jornaldossportsusa.com Edição 1501 / de 19 a 25 de Agosto de 2022 Relógios e euros:
‘Coiotes’ que abandonaram brasileiro que morreu na fronteira dos EUA ostentavam dinheiro
PF INDICIOU TRIO POR HOMICÍDIO CULPOSO; OPERAÇÃO ‘RELICTA MORI’, QUE MIROU O GRUPO, ACONTECEU EM JUNHO
Da Redação (O Globo)
Os três acusados de agenciar o tráfico de pelo menos 253 brasileiros que queriam cruzar de forma irregular a fronteira do México com os EUA foram alvos de uma operação da Polícia Federal em junho deste ano. A operação ‘Relicta Mori’ consistiu em executar dois mandados de prisão preventiva e outros quatro de busca e apreensão. Relógios e dinheiro em espécie, além de imóveis e veículos, estão entre os bens apreendidos na ocasião, em Governador Valadares (MG).
O bloqueio de criptomoedas também estava na mira da PF. No entanto, a expectativa não se cumpriu e os ativos não foram localizados, segundo fontes da Polícia Federal.
O grupo responsável por organizar o tráfico de pessoas era composto de Erlon Gomes da Silva, Evânio Paraíso Peres e David Gonçalves dos Santos.
Evânio não foi preso na operação por residir no México.
Segundo relatório da PF, Erlon da Silva era o operador do esquema, responsável por comprar passagens, receber os valores ilícitos, agenciar as viagens e planejar a imigração ilegal. Estando no México, Evânio, por sua vez, ocupava-se da logística da travessia dos brasileiros. Já David dos Santos era quem aliciava os interessados na mudança para os EUA.
Em uma das fotos obtidas pela PF ao longo das investigações, David posa com maços de dinheiro, que incluem notas de reais e euros.
Os três foram indiciados por homicídio culposo no caso da morte de Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves, de 21 anos, abandonado por ‘coiotes‘ na fronteira com os EUA. A tese, no entanto, não foi acolhida pelo Ministério Público Federal que na sua denúncia, apresentada à Justiça em julho, enquadrou o trio apenas nos crimes de promoção da migração ilegal e envio ilegal de menores para fora do país.
US$ 14 MIL
Ayron Gonçalves foi uma das vítimas do trio de acusados. Ele pagou US$ 14 mil pela travessia ilegal pela fronteira do México com os EUA, mas nunca chegou ao destino final.
De acordo com a denúncia, “no momento da travessia terrestre entre México e EUA, Ayron se sentiu mal e foi abandonado à própria sorte pelos atravessadores, falecendo tragicamente em razão de insuficiência respiratória aguda causado por um edema pulmonar”.
A família de Ayron procurou a PF depois que ficou sem notícias do jovem. Os investigadores então conseguiram, na Justiça, a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos. E as interceptações telefônicas e telemáticas dos suspeitos revelou o envolvimento deles com uma série de casos de tráfico de pessoas e detalhes sobre a morte de Ayron.
Em uma das conversas gravadas, Erlon afirma que “o coiote chegou lá e mandou eles correrem lá… Pra subir o morro lá e que o Ayron disparou na frente. Quando chegou lá na frente lá o Ayron passou mal”.
O acusado, no entanto, negava para a família da vítima que o jovem havia morrido, apesar de que “já tinha ciência da morte do imigrante”, segundo aponta o MPF. Erlon afirmava aos pais de Ayron que o imigrante havia sido preso pelas autoridades americanas.
Brasileiro foi enterrado como indigente no México
Da Redação
O brasileiro Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves, 21, de Governador Valadares (MG), que morreu durante uma travessia irregular da fronteira do México com os Estados Unidos, em 13 de abril do ano passado, foi enterrado como indigente na cidade de Mexicali, em território mexicano, a informação é da Polícia Federal (PF) do Brasil. O corpo do jovem foi encontrado seis dias depois da fracassada tentativa de imigração ilegal pela policia mexicana.
Três pessoas foram denunciadas pelo crime de contrabando de imigrantes, ambas por suspeita de participação no envio de Ayron para o exterior. Os acusados são Erlon Gomes da Silva, Evânio Paraíso Peres e David Gonçalves dos Santos, de acordo com a PF. As informações foram inicialmente publicadas pela “Folha de São Paulo”.
Ayron deixou o Brasil em 10 de abril do ano passado em um voo que partiu do Rio de Janeiro com destino a Mexicali no México. O último contato feito com a família aconteceu em 13 de abril, data em que foi iniciada a tentativa fracassada de travessia.
Segundo a PF, Ayron morreu ainda em território mexicano por insuficiência respiratória aguda causada por um edema pulmonar. Ele foi abandonado pelos “coiotes” por não ter conseguido acompanhar o grupo.
A família de Ayron descobriu que o corpo do brasileiro foi enterrado como indigente apenas cinco meses depois. Os parentes do imigrante foram informados pelo pai de um dos jovens que conseguiu finalizar a travessia e por uma mexicana que viu os apelos dos familiares nas redes sociais.
De acordo com a PF, os responsáveis pela imigração irregular do brasileiro são Erlon, Evânio e David. O primeiro é acusado de ser o responsável por fazer todo o planejamento da viagem, compra de passagens, recebimento do dinheiro, US$ 14 mil, logística da travessia. Segundo a investigação, Erlon sabia que Ayron havia morrido, mas teria mentido à família e informado que a vítima estava detida.
Além de Ayron, a Polícia Federal descobriu diversos outros casos durante as investigações. Mais de 200 pessoas, incluindo crianças, foram aliciadas durante a travessia.