TGI_I ALEXEY C SOUZA

Page 1

canteiro escola um centro de formação pela prática sustentável.

A FORMAÇÃO, EMANCIPAÇÃO E A PESQUISA TECNOLÓGICA DA MÃO DE OBRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DE ARQUITETOS ATRAVÉS DA PRÁTICA ARQUITETÔNICA SUSTENTÁVEL EM CANTEIRO.

Alexey Carnizello Souza Instituto de Arquitetura e Urbanismo _ USP 2022




1_TENSIONADORES/INTRODUÇÃO 2_INQUIETAÇÕES

6 8

2.1_AQUITETURA E MÃO DE OBRA 2.2_ARQUITETURA E FORMAÇÃO 2.3_AQUITETURA E SUSTENTABILIDADES

3_IMPLICAÇÕES

16

3.1_RESPOSTA E DEMANDAS 3.2_LEITURAS AUXILIARES

4_O TERRENO

24

4.1_TERRENO E TERRITÓRIO 4.2_VISITA

5_A PROPOSTA

32

5.1_LEITURA DE CASOS 5.2_CONCEITOS/DIRETRIZES 5.3_ DISTRIBUIÇÃO PROGRAMÁTICA 5.4_CONFORTO 5.5_EXPERIMENTAÇÃO

6_O PROJETO

50

6.1_GERAIS 6.2_PLANTA PISO 6.3_PLANTA SUPERIOR 6.4_CORTES

7_REFERÊNCIAS 04

62


índice

05


06

Desde meu ingresso na graduação em Arquitetura e Urbanismo me aproximei da sustentabilidade como tema amplo, que abrange as camadas ecológicas, sociais e econômicas da produção da Arquitetura, assim como a curiosidade com as camadas de ensino do ofício através da prática em canteiros de obras. Logo no primeiro ano, com as atividades de produção de maquetes em escala real, ou o mais próximo dela, na disciplina de Projeto ministrada pelos professores João Marcos Lopes e Marcelo Suzuki, despertou-se a curiosidade sobre o aprendizado através da prática. A atividade que marcou o segundo semestre na Universidade de São Paulo se tornou catalisador de uma relação estreita com o escopo da sustentabilidade e do fazer arquitetônico, até porque nós projetamos, mas quem faz nossa arquitetura? Esse estreitamento levou à participação, orientado também pelo professor Dr. João Marcos, no projeto de Iniciação Tecnológica intitulado como ‘Introdução Às Tecnologias Construtivas De Baixo Carbono (TCBCs) -1-’. A iniciação buscava dar suporte a uma nova categorização de tecnologias construtivas, propondo uma nova visão da produção da

arquitetura que seja capaz de estimular uma perspectiva consciente do fazer associado ao desenho. Os Canteiros Escola realizados pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo USP - São Carlos também foram grandes fomentos à essa curiosidade, concomitantes e associados à Iniciação Tecnológica eles concretizaram no horizonte da minha formação como futuro Arquiteto uma nova terminologia para materiais sustentáveis: os TCBCs (Tecnologias Construtivas de Baixo Carbono) com o desafio de se tornar fagulha para uma grande mudança necessária do panorama da construção civil brasileira. Não só no campo da pesquisa se restringiu o interesse. No presente momento participo de um projeto de extensão orientado pela professora Dra Akemi Ino e pela professora Dra Lúcia Shimbo, que une soluções dos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil para sanar solicitações de uma Escola Municipal de Ensino Básico. De forma breve, a escola tem em seu currículo aulas de música, essas ministradas em uma sala de aula completamente inadequada acusticamente para tal finalidade, gerando problemas para aula de musica e para as aulas que acontecem nas salas adjacentes,

uma vez que não há isolamento algum. Através da optativa Parâmetros Habitacionais em Madeira foram produzidos 10 painéis acústicos tipo que representavam cada projeto proposto pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo durante a disciplina de Tecnologia das Construções para a adequação da sala. Esse fazer, para além de função prática na ajuda com a escolha de qual projeto será implantado na escola, também permite a releitura dos projetos agora com o olhar treinado para os processos do fazer. Dito e feito, diversos frutos foram colhidos do processo de produção. Os alunos que participaram, em um feedback final da disciplina, relataram como a prática dá novos olhos ao processo de projeto e desenho, os alunos da escola municipal se aproximaram da atuação e estreitaram laços com a universidade na visita e inauguração da exposição dos painéis e ao final uma demanda será sanada, melhorando as condições de estudo de uma escola sãocarlense. Como relato pessoal de aluno e monitor voluntário, esta disciplina proveu uma nova percepção da produção de painéis leves em madeira e também da relação que a universidade tem e pode ter com a sociedade e a cidade.


1_tensionadores/ introdução É nesse contexto que surge a proposta do projeto de uma Escola de Formação pela prática sustentável em canteiro, associada ao IAU e localizada no Campus 2 da USP. Atendendo a demandas do próprio instituto, onde os Canteiros Escola já acontecem e se encontram em palco como expoentes nessa exploração e com a atuação do HABIS nestes, mas infelizmente sem um local determinado e com sua devida infraestrutura. O projeto também permeia os interesses de outros cursos do campus pela interdisciplinaridade do ofício, aproximando interesses da Engenharia Civil, Engenharia Ambiental e diversos outros cursos que não apenas da Universidade de São Paulo. Temos em São Carlos a UFSCAR e a UNICEP que também dispõem de alguns cursos que compartilham interesses comuns ao que uma Escola de Formação poderia oferecer e alimentar com a construção de um espaço plural e multidisciplinar. Como Aprilanti pontua em sua tese, mesmo que estes tipos de programas com aplicação da abordagem pedagógica do Design-Build estejam em evidente expansão e em ganho de visibilidade internacionalmente, eles ainda ocorrem marginalmente nos currículos acadêmicos (APRILANTI, 2019). É de intenção com

o projeto que esse tipo de abordagem se torne modelo e que permeie iniciativas universitárias nacionais e internacionais associadas ao desenvolvimento da comunidade e devolução a ela. Considerando que estamos em uma cidade com a força universitária que tem, é de suma importância que aquilo que seja produzido nos meios acadêmicos tenha permeabilidade na sociedade local, direta e indiretamente. Nomeada como cidade da tecnologia, esta comarca pouco se dispõe de suas instituições de ensino superior de grande excelência para seu aprimoramento e isso tensiona o papel destas na cidade para além de um posicionamento burocrático no território. Existe uma necessidade de estímulo a projetos de cultura e extensão universitária, projetos participativos de dentro pra fora das instituições e viceversa. O ensino superior sendo um provento público garantido a poucos deveria reforçar a necessidade de retorno do que é investido na formação de seus discentes com iniciativas socioculturais positivas e de afirmação do pertencimento de todos das universidades, pois mesmo aquele que não tem vínculo direto com elas deveria fazer parte caso o queira.

Por fim, o que está por vir é, ainda que de forma ainda sintética, o resultado daquilo que compôs e compõe o trajeto percorrido até esse ponto na formação para essa profissão.

07


2_inquie


etações


1.

Arquitetura e Mão de Obra

Para além disso, há uma camada histórica em que desde os anos 70 onde o panorama político brasileiro tensionava cada vez mais todas as esferas sociais, as discussões sobre a produção das edificações e os canteiros dentro do contexto da arquitetura se tornaram latentes mas foram dispersas entre prisões e aposentamentos compulsórios. Sérgio Ferro trata em seu livro ‘O Canteiro e o Desenho’, sobre a exploração da mão de obra e a expropriação de seu saber: a alienação ao produzido. Obviamente, Ferro as expõe e discorre sobre como tratar essas questões no âmbito da atuação profissional como arquiteto, mas também deixa explícito que não cabe - e é obviamente impossível, a superação e resolução do seu foco de crítica através dela. Dessa forma, caberia então ao arquiteto, com sua formação técnica privilegiada dentro da dinâmica histórica produzida, se utilizar do desenho como ferramenta de perspectiva de rompimento da inércia da alienação dos trabalhadores da construção. Processos de autogestão e mutirão se mostram como expoentes respostas a isso ao longo do tempo (vejamos exemplos como COPROMO

e Cazuza), apesar de trazerem consigo também suas críticas possíveis (coerentes ou não). O Canteiro deve ser espaço de aproximação do corpo técnico e prático, mas principalmente do corpo prático com o resultado produtivo, se identificar com a produção e com a resultante, ver sua mão como a força produtora daquilo. O projeto pensado não só como edificação final, mas como um processo construtivo e de canteiro é capaz de ensinar, capaz de fazer pertencer e emancipar como é possível observar em diversos relatos dados ao documentário “Arquitetura como Prática Política - 25 anos de experiência da Usina”.

Cúpula da Câmara dos Deputados em construção, c. 1959. Brasília, DF. Marcel Gautherot / Acervo IMS


Arquitetura e Formação

2.

Quando se fala da formação em Arquitetura e Urbanismo, escassos são os casos em que os cursos se associam à uma formação não só teórica, mas também prática. Seja pela ausencia da prática de desenho de projetos em contextos reais e integrados com a interdisciplinaridade da formação, seja pela a ausência dos EMAUs e ATHIS em meio às universidades como potentes ferramentas de composição de saberes na graduação, como também na ausência práticas construtivas diretas. Nesse cenário, canteiros escola constituemse como espaço de apropriação crítica dos saberes que envolvem o projeto e obra (teoria e prática), possibilitando as análises e o próprio desenvolvimento do exercício construtivo. Dentro deste espaço a produção das tecnologias potencializam a aproximação dos processos de trabalho com os processos de formação e engajamento coletivo, diferenciando-se dos canteiros de obras convencionais que também estão ausentes.

11


3.

Arquitetura e Sustentabilidades

A construção civil encontra-se em um contexto de necessidade da análise sobre sustentabilidade do uso de materiais - visto pelos latentes acordos climáticos cada vez mais expressivos e a corriqueira constatação de desastres, justamente por ser uma área fundamental para a discussão de novos paradigmas tecnológicos. Está também arraigada no modo de produção capitalista, que segundo Luiz Marques em ‘Capitalismo e o colapso ambiental’ depende de sua constante expansão para manter-se e apoia-se na insustentabilidade ambiental para que ocorra da maneira supracitada. Uma vez que, para seu funcionamento os processos exploratórios da natureza e do trabalho são necessários, havendo também uma impossibilidade de torná-lo sustentável, pelos mesmos motivos. Ainda segundo Marques, o capitalismo também se alimenta por duas percepções principais em relação à natureza; que quanto mais material e energia excedente existir, mais segura estará a existência humana, e pela visão criada neste modelo de que a biosfera dispõe-se para o homem. Dessa forma, o Homem passa a ser visto como exógeno ao ambiente que o sustenta.

12

Parte-se deste ponto a necessidade de aprimorar, aperfeiçoar e difundir as tecnologias construtivas que sejam uma proposta de visão sustentável desse setor. Por meio dessas deve-se repensar a forma como cidades são pensadas, que permitam que ela não seja apenas construída, mas produzida, seja doméstica, por encomenda, por imobiliária ou estatal (JARAMILLO, 1982), pautada não só em seus caráteres ambientais, mas também em suas características sócio-culturais inerentes à produção e execução. Assim, a forma de produzir cidades foge de ser apenas uma resposta meramente técnica para problemas sociais e ecológicos como tem sido tratado nos meio ambientalistas, partindo a ser, na verdade, uma escolha consciente da sociedade.


13




3_implic


cações


18

Em ‘A experimentação construtiva em madeira como instrumento de ensinoaprendizagem nas escolas de arquitetura’ Monica Aprilanti aponta algumas experiências da abordagem didática de Design-Build e seus resultados. Como exemplos traz RURAL STUDIO nos Estados Unidos, WOOD PROGRAM na Finlândia, Escuela de Arquitectura y Diseño no Chile e as diversas experiências em cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, incluindo aquelas pertencentes ao IAUUSP. Reforça também a inquietação na separação entre “docente” e “profissional” e como a hegemonia da alvenaria e do concreto no Brasil é histórica e construída. E, como ponto fundamental, aponta que: “Toda e qualquer modificação nas técnicas construtivas predominantes, e na linguagem arquitetônica associada a estas técnicas, consequentemente reflete na organização do trabalho nos canteiros de obra.” (APRILANTI, 2019). Cabe colocar que as experiências são poucas, mas não por falta de iniciativas e interesse. Dentro do próprio IAU existem grupos que compartilham do grande interesse nessas atividades. O problema se encontra na falta de

investimento financeiro, em infraestrutura e laboral destas iniciativas e que, quando esporadicamente acontecem, não recebem a visibilidade e projeção necessária não só dentro das Universidades, mas também, e principalmente, fora delas. Portanto, como resposta, para atender a demandas locais associadas ao Instituto propõe-se a criação de uma escola de formação pela prática sustentável. Essa solução também atende a demandas “universais” como a promoção das sustentabilidades social, ambiental e econômica tanto pela finalidade do projeto (centro de formação e pesquisa), como pelo desenho em si. Ela busca promover o entendimento do espaço produzido também como aprendizado, pela sua plástica e pelos seus processos, assim como a objetiva noção da materialidade como resposta às questões já levantadas e às novas leituras da produção de arquitetura que os TCBCs se propõe a dar. Então, procura-se um espaço plural, onde a presença de pessoas não é só restrita a alunos e professores universitários, mas também a crianças e jovens adultos que possam participar de atividades de extensão e difusão associadas às suas

escolas e adultos, estando eles inseridos ou não no ambiente da construção civil. Essa pluralidade busca uma formação mútua e que estimule a horizontalidade do ensino, aproximando arquitetos e seus executores, assim como a sociedade e a universidade. Coloca-se à luz da pesquisa o desenvolvimento de tecnologias coerentes com os novos paradigmas. Essa formação também é capaz de unir e dar identidade individual e coletiva àquilo que passará a ser produzido por aqueles que vivenciarem esse espaço; as novas ou apagadas técnicas e a capacitação para a produção das mesmas sendo catalisadoras de processos de mutirão, coletivização, autogestão e apropriação de saberes. Um espaço onde a vivência e o aprender constrói, junto a diversos nichos da sociedade, uma nova visão no panorama das relações de produção da cidade, tanto na dimensão do fazer construtivo como nas relações de produção.


3.1_resposta e demandas

19


Densidade Demográfica

Instituição de Ensino


Renda do responsável

3.2_leituras auxiliares As leituras compõe quando sobrepostas em uma visão unificada a clara percepção que a região de interesse (campus 2) se encontra em um foco muito importante da cidade de São Carlos. É ao mesmo tempo fronteira com a vulnerabilidade social, baixa renda, condomínios de luxo e uma universidade pública estadual envolta desse contraste. É importante notar que essa leitura não determina, mas reforça a escolha do local de proposta, uma vez que a intenção de aproximar a universidade da população só faz sentido quando ambos estão distantes. É historico o distânciamento de populações de baixa renda, negras e em vulnerabilidade com as universidades, por mais que atualmente existas as politicas de ações afirmativas, mas que ainda não sanaram a questão. Outro ponto notável é a presença de diversas instituições de ensino na região, que poderiam se associar ao projeto da escola de formação e adicionar oficinas, workshops, cursos e eventos de cultura e extensão aos seus currículos em uma iniciativa de cooperação, troca mútua e devolução.

21




4_o ter


rreno


4.1_terreno e território

26


O terreno de “Estudos territoriais e Urbanos” do IAU é localizado em um ponto muito estratégico do campus 2. Próximo à principal entrada, tangente à APP e próximo das intalações importantes como o Restaurante Universitário e da Biblioteca Central. O lote ja conta com pontos de luz e água, o perfil topográfico é pouco acidentado e a área é extensa. Justamente a face norte do terreno é a que faz fronteira com a vegetação, possibilitando diversas soluções de implantação com interesse na integração das partes.

27


visita


Com a visita foi constatado o estado do local. Ainda com algumas instalações de atividades de Canteiros Escolas anteriores, algumas agora em já degradadas como o galpão em bambu. Outras instalações permanecem, como o banheiro seco, o conteiner de armazenamento e uma betoneira. O lote consiste em um grande gramado, relativamente plano e sem qualquer sombreamento, ponto esse que foi alvo de diversos comentários durante os canteiros de 2019 já que o trabalho de um periodo completo exposto ao sol é contraprodutivo.




5_a pro


oposta


34

fonte: https://www.lesgrandsateliers.org, Acesso em 28/06/2022.


5.1_leitura de casos

Les grands ateliers

35


Os Les Grands Ateliers unem estudo, formação e pesquisa ao processo de prática construtiva no ensino de arquitetura com a intenção de formar profissionais da construção civil mais capacitados e estimular a pesquisa de tecnologias inovadoras, sustentáveis ou apagadas. Segundo o próprio site “O projeto arquitetônico baseia-se no apagamento dos limites entre o interior e o exterior para permitir uma multiplicidade de usos e o uso de sistemas que favoreçam a transformação ágil dos espaços para que se adaptem permanentemente às mudanças de função.”. O espaço construído é utilizado por diversas instituições de ensino da França, seja ensino de arquitetura, design, artes ou engenharia para sua sensibilização, ensino, pesquisa e inovação na área das construção civil, e também atentos aos processos de produção experimentados através do estreitamento entre corpo projetual e corpo produtivo,preocupados com materiais naturais e de origem biológica, transição ecológica, trabalho colaborativo , transição digital ou até mesmo a prevenção de grandes riscos. A sala de experimentação é o coração do sistema. Equipado tanto como oficina de préfabricação de estruturas ou construção metálica, contando com uma ponte rolante, o salão é o local onde são montadas as experimentações e ocorrem debates, bem como exposições dos trabalhos realizados no local. Constituída por uma ampla cobertura, fixada sobre uma estrutura de madeira e aço, ela abriga e protege todas as atividades que ocorrem em uma robusta estrutura capaz de suportar cargas pesadas. O espaço é organizado de acordo com os fluxos cruzados do processo de entrega, armazenamento, corte, usinagem e montagem. O material passa de um lugar para outro de forma fluida. Muda passo a passo. Por fonte: https://www.lesgrandsateliers.org/concept-des-grands-ateliers/ Acesso em 28/06/2022.


5.1_leitura de casos

Les grands ateliers

fim é montado no grande salão em protótipos ou dispositivos espaciais de grande escala cujas atmosferas podem ser experimentadas ou simuladas. O grande salão é um espaço fechado aquecido com 15 m de largura e 30 m de comprimento, protegido por duas grandes portas elevatórias de um hangar de aviação. O salão se abre e se estende em espaços abertos abrigados sob o grande telhado e pode se tornar um único espaço contínuo servido por uma ponte rolante de 90 m de comprimento . O vazio externo sob a envoltória/telhado tornase um espaço disponível e a flexibilidade do local permite seu desdobramento. O projeto arquitetônico baseia-se

no apagamento dos limites entre o interior e o exterior para permitir uma multiplicidade de usos e o uso de sistemas que favoreçam a transformação ágil dos espaços para que se adaptem permanentemente às mudanças de função.

área fechada aproximada: 1600m2 salão exterior 315m2 ; grande salão 450m2; salão intermediário 210m2; salão digital 105m2; oficinas de máquina 200 m2; estúdios 200m2; administração 160m2; banheiros vestiários 105m2; espaço de armazenamento 180m2; térreo: Refeitório, Salas de produção temáticas (metal, madeira e digital), almoxarifes e armazenamentos, enfermarias e instalações sanitárias 1pav: estúdios e salas, vestiários e administração 2pav: administração e salas de pesquisa

BLOCO DE ARMAZENAMENTO, CARGA E DESCARGA.

BLOCO DIDÁTICO E DE APOIO.

EIXO DE PRODUÇÃO E EXPOSIÇÃO.

37

fonte: https://www.benjaminschmid.at/?p=18213, adaptado pelor autor. Acesso em 28/06/2022.


38

O projeto Terra Centre une estudo, formação e pesquisa ao processo de construção sustentável com a intenção de treinamento e formação de artesãos para a construção em terra (e outros elementos naturais como o bambu, utilizado na cobertura). Segundo os autores do projeto, muitos dos participaram de sua construção agora se utilizam do aprendizado como fonte de renda e mudou-se a perspectiva local da população em relação às construções em terra. O espaço construído agora é utilizado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Kunming (KUST) para ensino, pesquisa e inovação na área das construções em terra, especialmente construções sísmicas atentas aos processos de produção experimentados através do estreitamento entre corpo projetual e corpo produtivo. O espaço central do Terra centre é um grande térreo aberto e publico, abrigando múltiplas funções. A partir desse se agregam volumes administrativos, studios, instalações sanitárias, laboratórios de testagem de solo e de estudos mecânicos, espaços de exposição e salas de reunião e visitas. Nesse caso não há espaços previstos para que ocorram praticas produtivas de grande porte.

fonte: https://www.plyunion.hk/17030 Acesso em 28/06/2022.


5.1_leitura de casos

terra centre

área total aproximada 1.300 m2 espaço multifuncional 280m2; espaço externo para treinamento 240m2; showroom 40m2; laboratório de teste de solo 88m2; laboratório de mecânica 24m2; estúdio 88m2; sala de visitas 64m2; banheiros 48m2

fonte: https://www.plyunion.hk/17030 Acesso em 28/06/2022.


40

A abordagem escolhida para o desenvolvimento do projeto pretende atender a latente necessidade de edifícios que sejam modelos no imaginário popular da arquitetura e da cidade, mas que principalmente seja modelo de espaço de fazer pela prática dentro das universidades. Pensada para ser construída com materiais mais condizentes e conscientes de acordo com as necessidades do programa, o projeto se utiliza da potencialidade material da madeira. Mais especificamente a Madeira Lamelada Colada, pela sua possibilidade de produção de peças de grande porte e especificidade, ideal para o porte estrutural que se prevê para esta proposta. Levando os casos comuns analisados em consideração, a implantação se organizará principalmente em cima dos processos produtivos e didáticos do espaço, respondendo à logica produtiva dos andamento de uma escola de formação. Essa diretriz acarreta no uso de grandes vãos e a seriação de espaços abertos e versáteis que permitem acolher diversas atividades simultâneas e modificar constantemente o espaço de acordo com elas. Os blocos contidos pelo grande vão atendem às atividades didáticas e de apoio

do local, desde armazenamento até salas de aula, refeitórios e administração. Estes considerarão as condições de produção e uso adequadas para sua função e responderá de acordo. No caso, o sistema construtivo de paredes estruturais em painéis leves de madeira foi escolhido. Essas escolhas vão de encontro com a ideia de que o próprio edificio como objeto plástico também é um processo didático forte na formação daqueles que desenham. Mas não só desses, uma vez que abordagens diferentes das usuais nas construções sempre geram curiosidade, dispertam interesse e, com a possibilidade da participação da população local e de escolas da região em eventos, oficinas, exposições e cursos engendram as mesmas inquietações que levam essa proposta a existir para dentro dos meios com maior potencial de mudança futura: os meios em formação. Apesar de primária, as abordagens anteriores não andam aquém do estudo e do território e da paisagem local. Margeado por uma mata ciliar, o projeto intende em trazer para o lote parte dessa massa vegetal que atualmente é tratada meramente de forma burocrática à normas. Essa aproximação

permitirá que o projeto exista no espaço conjuntamente à mata e ao rio, e não que um compita com o outro. Para além de uma formação da paisagem local, o recondicionamento da mata neste trecho estará acompanhada por soluções de infraestrutura verde, ainda na ideia de que o edifício seja modelo, mas não só em sua tectônica, também em sua implantação, suas visadas e sua volumetria.


5.2_conceitos/ diretrizes

41


42

fonte: Miro, próprio autor.


5.3_distribuição programática

Salas de aula (pelo menos duas, 120m2 cada) Estúdios/escritórios/ateliers (pelo menos três, 80m2 cada) Espaço expositivo fechado (modelo próximo a galpão, aprox. 650m2) Espaço expositivo aberto (aprox. 400m2) Almoxarifado/armazenamento e lavagem de materiais e ferramentas dois de 120m2 cada + possíveis contêineres 2 laboratórios de prototipagem e pré-fabricação 150m2 (cada) Refeitório 60m2 Sanitários (dois de 25m2) e um externo (40m2) Administração (60m2) Sala de reuniões e visitas (25m2) área fechada total aprox. 2000m2

A partir da análise dos programas das referências foi levantado um programa previsto inicial que tenta abarcar as demandas associadas ao uso, contexto e terreno. Como espaço de produção diversa, constante, sempre alimentada pelo corrente curso de Arquitetura e Urbanismo do IAU, os espaços de produção e exposição precisam ser amplos, multifuncionais e com grande possibilidade de modificação para as demais atividades que componham o espaço para além das associadas diretamente ao curso. As áreas de produção e exposição são extensas para que seja possível a coexistência entre experimentações expostas e processos em desenvolvimento, um prédio vivo e em constante modificação e que nunca precisa parar. Já pensado em uma distribuição de reflete experiencias fortes analisadas o programa se distribui através de fluxos de funcionamento e bloco de apoio e didático. Os blocos didáticos se localizam na porção do edifico que fará interface com a vegetação preexistente e do lado oposto dos blocos de beneficiamento de materiais brutos, tanto para uma relação de vista e proximidade com a mata, mas como forma de fugir da inevitavél poluição sonora de alguns ambientes.


São Carlos pertence à Zona Bioclimática 4, com ventos predominantes vindo do Sudeste e Leste. Segundo o levantamento feito no software Climate Consultant 6, apenas 15,5% das horas de um ano em na cidade são consideradas confortáveis na relação temperatura e umidade. Ainda de acordo com o software, é possível atingir 100% de horas de conforto com algumas medidas, sendo a proteção solar em janelas (25% de horas), ventilação natural (26,5%), aquecimento no inverno (45%) as principais. O software também indica algumas soluções de desenho como uma planta mais estreita, comprida, para facilitar a ventilação natural cruzada, também evitar fachadas extensas na fachada oeste.

fonte: Climate Consultant 6, adaptado pelo autor.


5.4_conforto

45


46


5.5_experimentação

47




6_o pr


rojeto


6.1_gerais

52

N

Através de um fluxo principal de escoamento a planta do Canteiro Escola IAU se desmembra de forma semi-circular, dando uma linha continua para as etapas que acontecem no espaço. Os blocos da fachada sudoeste (linha de blocos inferior), Apesar de terem limitações fisicas no eixo dos pilares, esses laboratórios excedem esses espaços e também acontecem para dentro do grande salão. Assim o processo de produção se torna mais continuo e sem grandes deslocamentos e inconveniências. Essa extravazação é beneficiada pela presença de uma ponte rolante que auxilia o deslocamento e manejo do espaço, uma vez que a presença de experimentações de grande porte é inevitável ao imaginarmos as atividades. Todo o escoamento desse fluxo desagua no ultimo bloco, o salão de exposição aberto. Sendo a primeira fachada vista ao chegarmos pela entrada principal, a publicização daquilo que é produzido garante maior visibilidade ao projeto de aprender-fazendo.


53


6.2_planta piso

administração

refeitório

salão de prefabricação e premontagem

54

N

laboratório de laboratório de produção temática produção temática concreto/terra Bambu/madeira/aço

s


sanitário escritório/studio

escritório/studio

salão de produção e exposição fechado

laboratório de produção automatizada

Armazenamento

sala de aula

salão de produção e exposição aberto

Armazenamento

55


6.3_planta superior

N

56

sanitário


sanitário sala de reunião

sala de reunião

escritório/studio

sala de aula

57


9m

6.4_cortes

58


11m

36m

83m

59




7_refer


rências


AGOPYAN, V.; JOHN, V. M. O desafio da sustentabilidade na construção civil. São Paulo: Blucher, 2011. APRILANTI, Mônica Duarte. A experimentação construtiva em madeira como instrumento de ensino-aprendizagem nas escolas de arquitetura. 2019. Tese (Doutorado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia) - Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2019. doi:10.11606/T.102.2020.tde-12032020-144711. Acesso em: 2022-06-28. JARAMILLO, S. Las formas de producción del espacio construido en Bogotá. In: PRADILLA, E. (ORG.) Ensayos Sobre el Problema de la Vivienda en México. México: Latina UNAM, 1982. PAVÃO, B. (2017). Capitalismo e meio ambiente: é possível combiná-los?. Sustentabilidade em Debate. 8. 155. 10.18472/SustDeb. v8n1.2017.21389. Caderno de resumos 2018, 5o Seminário de acompanhamento do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - IAU/USP. YEANG, Ken. Proyectar con la naturaleza: bases ecológicas par el proyecto arquitectónico. Barcelona: Gustavo Gili, 1999. FERREIRA, T. L., 2014. Arquiteturas vernáculas e processos contemporâneos de produção: formação, experimentação e construção em um assentamento rural. Tese de doutorado, Université de Grenoble e Universidade de São Paulo, IAU USP São Carlos, Grenoble:UPMF. FERRO, S., 2006. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo, SP: Cosac Naify. LOPES, J. M. de A., 2014. Quando menos não é mais: tectônica e o ensino tecnológico da Arquitetura e do Urbanismo. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo ENANPARQ, São Paulo. LOTUFO, T. A., 2014. Um novo ensino para outra prática. Rural Studio e Canteiro Experimental, contribuições para o ensino de arquitetura no Brasil. Dissertação de Mestrado, São Paulo: FAUUSP. RONCONI, R. L. N., 2002. Inserção do canteiro experimental nas Faculdades de Arquitetura e Urbanismo. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo www.archdaily.com.br/br/965252/terra-centre-one-university-one-village-team?ad_source=search&ad_medium=projects_tab https://www.lesgrandsateliers.org https://www.benjaminschmid.at/?p=18213 https://www.plyunion.hk/17030

64


referências

65


Alexey Carnizello Souza Instituto de Arquitetura e Urbanismo _ USP 2022


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.