augusta lado B
augusta lado B a rua, o espaço público e suas apropriações
Trabalho Final de Graduação Faculdade de Arquiitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Alex de Brito Ninomia orientador: Prof. Dr. Fábio Mariz Gonçalves
Agradecimentos Agradeço ao orientador e sempre professor Fábio Mariz, que nas muitas conversas ao longo deste trabalho, me permitiu concluir o curso com a certeza de que a arquitetura não se encerra por aqui. Agradeço aos membros da banca por participarem de mais este projeto e contribuírem para minha formação. À equipe Zoom, onde aprendo sobre pessoas e não apenas arquitetura. Aos amigos, por juntos serem tudo de que preciso para superar dificuldades e usufruir as conquistas. Aos companheiros Adriana, Aline, Bolinha, Camila, Flávia, Júlia e Kei por estarem nas entrelinhas desse caderno. À Luiza, pela parceria em tudo, pela compreensão constante e por sempre compartilhar sua alegria. Agradeço principalmente aos meus pais e meu irmão, que são meu apoio e inspiração, mesmo quando há distância, mesmo no meu silêncio. Por estarem presentes do café da manhã ao fim do dia, antes mesmo que eu pudesse pronunciar “arquitetura”. Obrigado.
sumário personagens o pedestre a rua a transformação
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motivação
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augusta na cidade
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augusta ontem
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augusta hoje
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augusta lado B
68
parque augusta
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referências
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projeto
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considerações finais
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bibliografia
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sou seresteiro poeta e cantor o meu tempo inteiro só zombo do amor eu tenho um pandeiro só quero um violão eu nado em dinheiro não tenho um tostão fui porta-estandarte não sei mais dançar eu modéstia à parte nasci pra sambar eu sou tão menina meu tempo passou eu sou colombina eu sou pierrô mas é carnaval não me diga mais quem é você amanhã tudo volta ao normal deixa a festa acabar deixa o barco correr deixa o dia raiar que hoje eu sou da maneira que você me quer o que você pedir eu lhe dou seja você quem for seja o que deus quiser seja você quem for seja o que deus quiser quem é você adivinha se gosta de mim hoje os dois mascarados procuram os seus namorados perguntando assim quem é você diga logo que eu quero saber o seu jogo que eu quero morrer no seu bloco que eu quero me arder no seu fogo eu sou seresteiro poeta e cantor o meu tempo inteiro só zombo do amor eu tenho um pandeiro só quero um violão eu nado em dinheiro
personagens
céu de lisboa nuvem que voa e um país maior que uma pessoa sonhei e vim mares de espanha terras estranhas lendas tamanhas e eu subi sorrindo esta montanha e eu subi sorrindo esta montanha sonhei enfim e vejo agora beijo de aurora ventos lá fora e eu cantando a deus e indo embora e eu cantando a deus e indo embora sonhei e fui sinais de sim amor sem fim céu de capim e eu olhando a vida olhar pra mim sonhei e fui mar de cristal sol água e sal meu ancestral e eu tão singular me vi plural sonhei e fui num sonho à toa uma leoa água de goa e eu rogando ao tempo me perdoa e eu rogando ao tempo me perdoa sonhei pra mim tanta paixão de grão em grão verso e canção e eu tentando nunca ouvir em vão sonhei senti sol na lagoa céu de lisboa nuvem que voa e um país maior que uma pessoa sonhei e vim mares de espanha terras estranhas lendas tamanhas e eu subi sorrindo esta montanha e eu subi sorrindo esta montanha sonhei enfim e vejo agora beijo de
o pedestre
Este trabalho foi desenvolvido e analisado, em todos os momentos, do ponto de vista do pedestre, ou seja, das pessoas que caminham, que estão nas calçadas, atravessando as vias, entrando e saindo dos lugares. São agentes passivos e também ativos na cidade que se desenvolve ao seu redor. São de todas as tribos, de todas opiniões, de qualquer etnia e das várias idades. São de toda e nenhuma religião, concordam, aceitam e protestam. São pessoas. No ambiente que as cerca, cada lugar guarda um potencial que basta ser descoberto por um para que possa ser compartilhado por muitos. Na praça cabe o futebol. Na chão da avenida surge um palco. O churrasco e os amigos estão entre os carros e nas vias asfaltadas as festas também rodam. Essas pessoas, que determinam usos, não pela existência de equipamentos, mas por necessidades e vontades, é delas que falarei aqui.
Pag. 11 da esq. para dir. e de cima para baixo: futebol na praça Roosevelt; músicos na av. Paulista; churrasco no parklet; festa sob praça Roosevelt; carnaval na av. Sumaré; evento no Largo da Batata
Pag. 12 da esq. para dir. e de cima para baixo: pedestre usando base remanescente como banco; pedestres descansando em mureta; pedestre usando lixeira como bancada; pedestres usando degraus de obra
chorar minha casa não é minha e nem é meu este lugar estou só e não resisto muito tenho pra falar solto a voz nas estradas já não quero parar meu caminho é de pedras como posso sonhar sonho feito de brisa vento vem terminar vou fechar o meu pranto vou querer me matar vou seguindo pela vida me esquecendo de você eu não quero mais a morte tenho muito que viver vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer já não sonho hoje faço com meu braço o meu viver solto a voz nas estradas já não quero parar meu caminho é de pedras como posso sonhar sonho feito de brisa vento vem terminar vou fechar o meu pranto vou querer me matar quando você foi embora fez-se noite em meu viver forte eu sou mas não tem jeito hoje eu tenho que chorar minha casa não é minha e nem é meu este lugar estou só e não resisto muito tenho pra falar solto a voz nas estradas já não quero parar meu caminho é de pedras como posso sonhar sonho feito de brisa
a rua
A rua está por toda parte, tem todos nomes, extensões e larguras. Tem calçadas acolhedoras onde cabem as multidões, os artistas e os vendedores. Tem calçadas estreitas, onde mal cabem os pés. Nela estão as lojas, as casas, os bares e restaurantes, as galerias de arte. Estão também os muros de outras artes, com grafites, colagens e protestos. Na rua estão as pessoas, que a transformam e ampliam seus usos. O passeio público pode não
ser apenas uma passagem, mas tornar-se um espaço de convívio e permanência. Quando vivenciada, experimentada pelos pedestres, a rua vira lugar. Pode bastar como destino, sem precisar de portas, sem ter que pagar para usar. Para conhecer as verdades de uma cidade, é necessário ser pedestre, enxergar o que está noticiado nas esquinas. Cada trecho de quadra tem algo a contar, cada nome de rua traz seu modo de acontecer.
Mas não é a intenção desse trabalho discutir a infindável lista de ruas que permeiam as cidades. Aqui, uma rua será o foco principal. A rua Augusta. E não porque possa ter calçadas melhores ou piores do que outras, tampouco pela disposição de seus estabelecimentos. Não porque tenha uma história que antecede a atualidade ou pelas conexões que possa fazer com outras áreas da cidade. É sim, pelo efeito que a união desses fatores gera e que faz dessa icônica rua um interessante
foto panorâmica da rua augusta
augusta lado b
Essa rua, que compõe alguns capítulos da vida de muita gente, faz parte de um longo período da minha própria história. O começo desta não se fez aqui na Augusta e também não foi nela que minha infância brincou. Talvez por isso mesmo é que tenha o significado que tem. Fomos apresentados ainda jovens, ela um pouco mais velha, e o primeiro contato foi impactante. Hoje ainda tem as
mesmas curvas que conheci, mas sua expressão mudou bastante. Vi algumas boates fechando, os botecos se reformarando ou dando espaço a estabelecimentos mais ambiciosos. Vi também o público novo chegando e misturando-se aos velhos de casa. Alguns desses velhos já se foram. Agora vejo nova gente chegando. A Augusta está outra vez em transformação.
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caso de apropriação do espaço público.
eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto chamei de mau gosto o que vi de mau gosto mau gosto é que narciso acha feio o que não é espelho e à mente apavora o que ainda não é mesmo velho nada do que não era antes quando não somos mutantes e foste um difícil começo afasta o que não conheço e quem vem de outro sonho feliz de cidade aprende depressa a chamar-te de realidade porque és o avesso do avesso do avesso do avesso do povo oprimido nas filas nas vilas favelas da força da grana que ergue e destrói coisas belas da feia fumaça que sobe apagando as estrelas eu vejo surgir teus poetas de campos espaços tuas oficinas de florestas teus deuses da chuva panaméricas de áfricas utópicas túmulo do samba mais possível novo quilombo de zumbi e os novos baianos passeiam na tua garoa e novos baianos te podem curtir numa boa alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruza a ipiranga e a avenida são joão é que quando eu cheguei por
a transformação
lotes em obras localizados ao longo da rua Augusta
É dessa recente transformação que sofre a rua Augusta. Os estabelecimentos repletos de pessoas, que confundem a calçada com seus salões, desaparecem de uma semana para outra. No lugar deles, surge outra coisa, outro algo que poucos podem chamar de “meu”. É nessas frentes de lote que a rua morre aos poucos.
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Os projetos em sua grande maioria não oferecem comércio ou uso público no nível do pedestre. Alguns até mesmo negam a rua Augusta, virando as costas dos edifícios e não prevendo acessos. Formados a partir da junção de diversos lotes, criam calçadas extensas, vazias e indiferentes
àqueles que por elas passam. Até mesmo quando existe o recuo da fachada e um largo gramado sem instalação de equipamento algum, este espaço, que poderia qualificar o passeio público, acaba cercado por grades e parece empurrar o pedestre na direção dos carros.
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Era previsto que chegariam mais cedo ou mais tarde. Quando chegaram, mal se percebeu e de repente já estavam lá. As construções instalaram-se com certa truculência nessa nova Augusta que crescia a cada noite. Essas obras, que atualmente deixam extensos trechos de calçada com o uso mínimo da caminhada, não prometem um quadro muito diferente em sua conclusão.
passageira que a brisa primeira primeira levou no peito a saudade cativa faz força pro tempo parar mas eis que chega a roda-viva e carrega a saudade pra lá roda mundo roda-gigante rodamoinho roda pião o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração roda mundo roda-gigante rodamoinho roda pião o tempo rodou num instante tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu a gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu a gente quer ter voz ativa no nosso destino mandar mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá roda mundo roda-gigante rodamoinho roda pião o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração a gente vai contra a corrente até não poder resistir na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há mas eis que chega a roda-viva e carrega a roseira pra lá roda mundo roda-gigante rodamoinho, roda pião o temnas voltas do meu
motivação
motivação 25
Aqueles que já foram à rua Augusta algumas vezes, estiveram em alguns de seus bares, passearam por suas calçadas e conviveram com seus frequentadores, sabem que é quase inevitável criar ali uma certa relação com o lugar. Não importa com qual finalidade se vai até esse lugar, pois estar lá já é em grande parte um evento. A transformação que ameaça descaracterizar esse espaço público e sua riqueza de usos e apropriações, está diretamente relacionada com a desaparição dos estabelecimentos, principalmente no que diz respeito ao comércio, seja relacionado à alimentação ou ao lazer e cultura.
imagens de estabelecimentos e eventos caracaterísticos da rua Augusta
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No entanto, são as pessoas o elemento que contribui de fato para que a Augusta tenha a vida que pulsa em cada centímetro de calçada e em cada um dos estabelecimentos que lá se encontram. Esses indivíduos que chegam não se sabe ao certo de onde, juntam-se numa multidão que preenche e dá significado a esse lugar comum. Assim, esse trabalho pretende contemplar a rua e o pedestre, discutindo uma possível forma de resistir às transformações descuidadas que se instalam na rua Augusta e que,infelizmente, não são exclusivas desse espaço ou dessa cidade.
imagens de ambientes internos e externos aos estabelecimentos da rua Augusta
troca de pão que muita gente boa pôs o pé na profissão de tocar um instrumento e de cantar não importando se quem pagou quis ouvir foi assim cantar era buscar o caminho que vai dar no sol tenho comigo as lembranças do que eu era para cantar nada era longe tudo tão bom até a estrada de terra na boléia de caminhão era sim com a roupa encharcada e a alma repleta de chão todo artista tem de ir aonde o povo está se foi assim assim será cantando me disfarço e não me canso de viver nem de cantar foi nos bailes da vida ou num bar em troca de pão que muita gente boa pôs o pé na profissão de tocar um instrumento e de cantar não importando se quem pagou quis ouvir foi assim cantar era buscar o caminho que vai dar no sol tenho comigo as lembranças do que eu era para cantar nada era longe tudo tão bom até a estrada de terra na boléia de caminhão era sim com a roupa encharcada e a alma repleta de chão todo artista tem de ir aonde o povo está se
augusta na cidade
subprefeitura da sĂŠ subprefeitura de pinheiros zona sul
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augusta na cidade
zona central
rua augusta subprefeituras por onde passa a rua augusta bairros por onde passa a rua augusta zonas onde estĂĄ localizada a rua augusta demais zonas da cidade diagrama de zonas e subprefeituras por onde passa a rua Augusta
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consolação
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diagrama de bairros por onde passa a zona augusta
A rua Augusta, que começa na região Central da cidade de São Paulo, é uma continuação da rua Martins Fontes, que já foi parte da própria rua Augusta. Extendendo-se pela zona Sul, faz parte das subprefeituras da Sé e de Pinheiros e passa pelos bairros da Consolação e do Jardim Paulista. A via de aproximadamente 3,2km de extensão está na verdade em meio a uma sequência de ruas que formam um eixo de ligação entre o centro da cidade e a
margem oposta do rio Pinheiros. A rua Martins Fontes começa na avenida São Luíz e, quando cruza a rua Martinho Prado na altura da praça Roosevelt, começa então a se chamar Augusta. A partir daí cruza o palco das discussões a respeito do Parque Augusta, passa pelas boates, bares, restaurantes e baladas do Baixo Augusta, onde o movimento à noite chega a ser mais intenso que pela manhã, e começa a mudar de figura na altura da rua Fernando de Albuquerque até cruzar a avenida Paulista. O comércio
rua augusta
assume então outro caráter, e predominam as lojas de roupas e artigos pessoais. Por conta disso o fluxo de pessoas nesse trecho da rua Augusta é maior durante o dia e se reduz bastante durante a noite. Passando o cruzamento com a rua Estados Unidos, lojas de carros importados e mansões tomam a via, que passa a ser rua Colômbia até cruzar a rua Groenlândia e avenida Europa deste ponto até a rua Rússia, quando muda de nome pela última vez antes de cruzar o rio como avenida Cidade Jardim.
subprefeituras por onde passa a rua augusta bairros por onde passa a rua augusta
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jardim paulista
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
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diagrama das principais vias relacionadas com a rua augusta
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ção ola
Esse longo eixo de conexão liga-se com outras importantes vias durante seu percurso. Já no seu início, possui uma alça de acesso à rua da Consolação, que também desenvolve-se como parte de um eixo de ligação do centro com o lado oposto da marginal Pinheiros. Cruza a avenida Paulista que, vindo entre curvas desde o Alto da Lapa pela rua Cerro Corá, Heitor Penteado e Av. Dr. Arnaldo, conecta também a Consolação à Vila Mariana e segue além pela rua Bernardino de Campos, Vergueiro e Av. Jabaquara. Passa pela avenida Brasil, que vem do bairro de Pinheiros pela rua Henrique Schaumann e corre ao lado do Parque Ibirapuera como Av. Pedro Álvares Cabral, fazendo conexão pela Rubem Berta até a Av. Washington Luis, pela qual se acessa o Aeroporto de Congonhas. Encontra ainda com a avenida Nove de Julho, que segue paralela à rua Augusta durante quase todo o percurso à partir do centro para então cruzar a avenida Faria Lima, que vem da marginal Tietê pela Av. Professor Fonseca de Rodrigues, visitando o Parque Villa-Lobos, a praça Pan Americana como Av. Pedroso de Moraes e chega na Av. República do Líbano, próximo ao Parque Ibirapuera, como Hélio Pellegrino. Depois cruza a marginal para encontrar-se com outros eixos.
pontos de ônibus estações bike sampa estações ciclosampa estações metrô linha 1 estações metrô linha 2 estações metrô linha 3 estações via 4
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diagrama dos pontos de acesso e transporte nas proximidades da rua augusta
Na altura da Avenida Paulista encontram-se as estações Consolação e Trianon-Masp de metrô, além da estação Paulista da via quatro, mais próximas da rua Augusta. Ainda próximas, na região central, encontram-se as estações Anhangabaú e República, esta última conectando-se tanto ao metrô quando à linha quatro.
A estação Consolação do metrô, que localiza-se na esquina da rua Augusta com a avenida Paulista, abre às 4h40 e funciona até 00h20, com exceção de Sábado, quando fecha somente à 01h00. A estação Paulista da linha quatro tem horário de funcionamento semelhante, abrindo no mesmo horário, fechando à 00h00 e também estendendo as operações até 1h00 aos sábados.
Outra forma de acesso à rua e de deslocamento por suas proximidades, é o uso do aluguel de bicicletas. O serviço fornecido tanto pelo sistema do Ciclosampa quanto pelo Bike Sampa, permite que as bicicletas sejam retiradas em determinado posto e devolvido em outro qualquer dentro de um período estípulado, suficiente para deslocamentos médios ou até mesmo longos. No entanto os sistemas não são integrados e as bicicletas não transitam entre os mesmos.
Essas estações recebem um grande número de pessoas que passam a madrugada paulistana nos diversos ambientes da rua Augusta, inclusive nas calçadas, como se voltassem à época em que a frente do lote era uma extensão da área de convívio das casas. Provavelmente, a minoria dos frequentadores da rua Augusta reside nela, mas ainda assim aproveitam suas calçadas como um grande quintal que acolhe a reunião de amigos e desconhecidos.
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Com a rica relação entre os diversos meios de transporte na região, fica facilitado o acesso de seus visitantes e, inclusive no período noturno, existem alternativas de deslocamento, como é o caso do corredor de ônibus da Avenida Rebouças, que funciona durante as madrugadas.
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Essa rua que leva a tantos lugares, também é destino de quem deles chega. Em seus arredores estão distribuídos diversos pontos de ônibus, principalmente nos eixos da própria rua Augusta, da rua da Consolação, Avenida Paulista, Nove de Julho, Brigadeiro Luíz Antônio, Angélica, Dr. Arnaldo, rua Teodoro Sampaio e avenida Vinte e Três de Maio.
maldade cheirando a consultório médico angélica augusta graças a deus entre você e a angélica eu encontrei a consolação que veio olhar por mim e me deu a mão quando eu vi que o largo dos aflitos não era bastante largo pra caber minha aflição eu fui morar na estação da luz porque estava tudo escuro dentro do meu coração augusta graças a deus graças a deus entre você e a angélica eu encontrei a consolação que veio olhar por mim e me deu a mão augusta que saudade você era vaidosa que saudade e gastava o meu dinheiro que saudade com roupas importadas e outras bobagens angélica que maldade você sempre me deu bolo que maldade e até andava com a roupa que maldade cheirando a consultório médico angélica augusta graças a deus entre você e a angélica eu encontrei a consolação que veio olhar por mim e me deu a mão quando eu vi que o largo dos aflitos não era bastante largo pra caber minha aflição eu fui morar na estação da luz porque
augusta ontem
augusta ontem
a rua Augusta é representada pela primeira vez na planta geral da capital de São Paulo - 1897
Entre 1890 e 1942, a rua que fazia a ligação entre o centro da cidade e os novos bairros de elite, sendo vetor do crescimento sudoeste, torna-se foco para instalação de transporte, educação e lazer, passando por um processo de urbanização e diferenciação. Do início desse período até a década de 1930, a transição entre bondes puxados por tração animal, bondes elétricos e automóveis, trouxe também a qualificação das vias, garantindo tanto a locomoção à pé quanto por transportes coletivos. Com a intensificação do uso do automóvel, as áreas livres dos lotes começam a ser ocupadas por garagens. A dificuldade de loteamento e o fracasso em elitizar o bairro,
geram uma diversidade de usos que acaba por produzir um espaço socialmente híbrido. Na década de 1970, a classe média e alta abandonam a rua Augusta e ocorre nesse período uma grande reconfiguração da paisagem e do público frequentador, que em meio aos novos condomínios de apartamentos, encontram hotéis, prostíbulos, baladas e bares como as principais atividades da região. Na última década, o movimento da região atrai maiores investimentos no comércio e na cultura, reconfigurando aos poucos o caráter dos estabelecimentos assim como dos frequentadores da rua. As atividades anteriores são praticamente as mesmas, mas percebe-se o aumento considerável da procura por bares, restaurantes e baladas uma vez que o número de prostíbulos caiu consideravelmente. No entanto, esses atores da rua Augusta não conflitam entre si, parecendo até mesmo usufruir de um certo mutualismo.
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então desmembrada. Apesar de não haver dados que expliquem a origem do nome, acredita-se que “Augusta” é uma aplicação de título de nobreza, assim como no caso da “Rua da Real Grandeza”, atualmente avenida Paulista.
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Na planta geral de São Paulo de 1897, próxima ao limite do distrito da Consolação, marcado pelo número 4, aparecia na cartografia pela primeira vez a Rua Augusta. Com suas primeiras referências datando de 1875, a rua que começou como trilha de terra batida passou por diversas mudanças até chegar no que se conhece atualmente. Proprietário da Chácara do Capão, onde começava a promissora trilha, o português Mariano Antonio Vieira foi responsável pela urbanização que transformaria o caminho de terra em rua. Foi também ele responsável pela abertura do bairro da Bela Cintra e das ruas hoje conhecidas como Frei Caneca e Avenida Paulista. Em 1891, o eixo que começava na altura da atual rua Dona Antônia de Queiroz, já se abria entre a Caio Prado e a avenida Paulista, chegando até a rua Álvaro de Carvalho em 1912 e tornando-se oficial em 1927. A rua Martins Fontes, que hoje é uma continuação da rua Augusta, até 1942 fazia parte desta, quando foi
a boca que eu fugi da briga que eu caí do galho e que não vi saída que eu morri de medo quando o pau quebrou há quem diga que eu não sei de nada que eu não sou de nada e não peço desculpas que eu não tenho culpa mas que eu dei bobeira e que durango kid quase me pegou eu quero é botar meu bloco na rua brincar botar pra gemer eu quero é botar meu bloco na rua gingar pra dar e vender eu por mim queria isso e aquilo um quilo mais daquilo um grilo menos disso é disso que eu preciso ou não é nada disso eu quero é todo mundo nesse carnaval eu quero é botar meu bloco na rua brincar botar pra gemer eu quero é botar meu bloco na rua gingar pra dar e vender há quem diga que eu dormi de touca que eu perdi a boca que eu fugi da brigaque eu caí do galho e que não vi saída que eu morri de medo quando o pau quebrou há quem diga que eu não sei de nada que eu não sou de nada e não peço desculpas que eu não tenho culpa mas que eu dei bobeira
augusta hoje
A rua Augusta de hoje, é esse espaço de acontecimentos, apropriações e diferenças. É onde se encontram postes envoltos por peças de tricô ou desenhados em linhas pretas. Onde estão os adesivos que preenchem as placas, as paredes, as colunas. É lá que fica o sanfoneiro, o músico com seu saxofone artesanal de PVC, o homem que desfila em seus pijamos, as barracas com filmes do cinema cult e de outros cinemas procurados discretamente. É nesses bueiros que estão as pinturas, nesses muros que estão os grafites. Na fachada encontra-se uma intervenção com azulejos, no asfalto alguém pixou um protesto sobre o parque. A banca virou painel, a sarjeta virou banco, fora ou dentro tanto faz. Tem churrasco na calçada numa tarde de domingo, organizado pelo pessoal do estúdio de tatuagens da galeria. Tem a loja que vende botas, tem a outra que vende de tudo, tem aquelas que vendem noites. Não só noites daquelas, mas também essas noites em que as pessoas se encontram para ter novas conversas sobre velhos assuntos. Assim como é a rua Augusta de hoje. Tudo está diferente, mas ainda assim é a velha rua Augusta. imagem de postes desenhados na rua Augusta
diagrama das quadras adjacentes à rua augusta, região do baixo augusta e terreno do antigo colégio Des Oiseaux
encontram base para acontecerem. É a região do Baixo Augusta, que será discutida mais à frente. Antes, apresenta-se um panorama geral da rua Augusta de seu início até a altura da Avenida Paulista.
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Da rua Martins Fontes até a rua Estados Unidos, a Augusta apresenta dois lados bastante distintos, sendo a Avenida Paulista o divisor de águas dos tipos de comércio. Existe ainda uma região peculiar, na qual todas as diversidades de atividades descritas
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Para conhecer esse lugar do qual se fala aqui, não há outro modo além de visitá-lo. No entanto, uma aproximação pode ser feita a fim de apresentar algumas características que mostram outros aspectos que compõem esse cenário.
rua Augusta região do baixo augusta quadras adjacentes à rua Agusta terreno do antigo colégio Des Oiseaux
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Foram análisados os usos de cada lote em três relações com o pedestre: Nivel térreo, sobreloja e andares superiores. Esses usos foram divididos em 34 categorias que mostram a ocupação dos lotes existentes e por vezes o que antecedeu as demolições e obras.
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diagrama de uso dos lotes da rua Augusta entre a avenida Paulista e a rua Avaiandava (parte 1/5)
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O levantamento apresentado a seguir foi realizado na rua Augusta a partir da avenida Paulista até a altura da rua Avaiandava, logo após a praça Roosevelt.
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Esses números confirmam alguns acontecimentos relativamente recentes na rua Augusta. Apesar da antiga imagem da rua das boates, saunas e
Por outro lado, o número considerável de demolições, estacionamentos e lotes vazios, chama atenção para a transformação pela qual passa a rua Augusta e para a tendência de que aquela se intensifique.
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diagrama de uso dos lotes da rua Augusta entre a avenida Paulista e a rua Avaiandava (parte 2/5)
prostíbulos, a rua Augusta hoje atrai muitas pessoas por conta do comércio relacionado à alimentação, principalmente na forma de bares e lanchonetes, que estão intimamente relacionados com a dinâmica da rua.
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Foram analisados 222 lotes da região Centro - Av. Paulista. Destes, 135 foram classificados como comércio, 117 como serviço, 66 como edifícios residenciais e casas, 11 como lazer e 68 como alimentação.Além disso, contamse 11 obras, 36 demolições, 28 estacionamentos e 5 lotes vazios.
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diagrama de uso dos lotes da rua Augusta entre a avenida Paulista e a rua Avaiandava (parte 3/5)
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Onde se encontram as demolições e obras dos novos lotes, na grande maioria das vezes existia um considerável número de estabelecimentos, que estão representados nos espaços de cor cinza.Muitas das lojas que faziam parte do cotidiano dos moradores da região ou de seus frequentadores, desapareceram em alguns dias. Os estacionamentos que por anos funcionaram sem alterações maiores do que reformas, começam a se erguer como prédios.
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LOTÉRICA
RESIDENCIAL
VAZIO
MERCADO
ARTIGOS PESSOAIS
OFICINA MECÂNICA/ASSISTÊNCIA
POSTO DE COMBUSTÍVEL
DOCES
LOTES EXISTENTES
ACADEMIA
HOTEL
INSTITUIÇÃO
LOTES EXISTENTES
ESTACIONAMENTO
LAN HOUSE
COMÉRCIO
DEMOLIDO
TEATRO
CORREIOS
BANCO
CABELELEIRO/SALÃO
ESCRITÓRIO
PAPELARIA
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A S E
T
rua augusta
T S A
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diagrama de uso dos lotes da rua Augusta entre a avenida Paulista e a rua Avaiandava (parte 4/5)
augusta lado b
A verticalização da cidade é inevitável e não é a intenção desse trabalho trata-la como vilã. O que se questiona aqui, é a forma como esse fenômeno é projetado, uma vez que são raros os projetos que qualificam não só o espaço privado, mas também o espaço público em que se inserem. Muitas vezes nem mesmo são consideradas as características do entorno, sendo os edifícios concebidos para funcionarem em si mesmos, sem francas relações com o espaço externo.
E
E
E
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caio prado
E
marquesa de paranaguá
E
augusta hoje
LEGENDA T
TÉRREO
RESTAURANTE
PRAÇA/PARQUE
BOATE
S
SOBRELOJA
BAR/LANCHONETE
SERVIÇO
FARMÁCIA
A
ANDARES SUPERIORES
BALADA
CENTRO CULTURAL
CARTÓRIO
NÃO IDENTIFICADO
OBRA
LOJA DE CD
IGREJA
ACESSO AO EDIFÍCIO - PEDESTRES
ESCOLA
CINEMA
LOTÉRICA
RESIDENCIAL
VAZIO
MERCADO
ARTIGOS PESSOAIS
OFICINA MECÂNICA/ASSISTÊNCIA
POSTO DE COMBUSTÍVEL
DOCES
LOTES EXISTENTES
ACADEMIA
HOTEL
INSTITUIÇÃO
LOTES EXISTENTES
ESTACIONAMENTO
LAN HOUSE
COMÉRCIO
DEMOLIDO
TEATRO
CORREIOS
BANCO
CABELELEIRO/SALÃO
ESCRITÓRIO
PAPELARIA
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A S E
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avanhandava
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martinho prado
S
gumarães rosa
T
caio prado
rua augusta
10 escritório
82 acesso ao edifício-pedestres
02 praça/parque
64 residencial
11 serviço
07 oficina mecânica/assistência
01 centro cultural
06 academia
02 loja de CD
28 estacionamento
02 cinema
02 teatro
01 mercado
13 cabeleleiro/salão
03 doces
21 restaurante
05 instituição
31 bar/lanchonete
25 comércio
11 balada
10 banco
11 obra
02 papelaria
04 escola
12 boate
04 vazio
03 farmácia
02 posto de combustível
03 cartório
12 hotel
01 igreja
02 lan house
02 lotérica
02 correios
22 artigos pessoais
diagrama de uso dos lotes da rua Augusta entre a avenida Paulista e a rua Avaiandava (5/5)
56
22 não identificado
augusta lado b
Dados gerais do levantamento:
Para visualizar a variação das fachadas e ambientes que configuram a rua Augusta, é apresentada a seguir a sequência fotográfica do lado de numeração par da rua. Nesse lado encontramse o terreno do discutido Parque Augusta e a Praça Roosevelt. É possível perceber a gradual mudança no estilo do comércio e nas próprias construções.
avenida paulista
r. luĂs coelho
r. ant么nio carlos
r. matias aires
r. fernando de albuquerque
r. ant么nia de queir贸s
r. costa
r. marquês de paranaguá
r. caio prado
r. joão guimarães rosa
r. martinho prado
acesso ao elevado
Pode-se observar como praticamente não há alargamentos no passeio público e que o espaço caminhável é estreito, apesar de comportar o fluxo de pessoas durante o dia.
sequência de fotos das variações nas calçadas da rua Augusta entre o Centro e a rua Costa
augusta hoje
Do outro lado da rua, de numeração ímpar, são apresentadas imagens que mostram a variação dos espaços das calçadas do centro até as proximidades da rua Matias Aires.
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centro
2
4
av. paulista
3
1
sentido centro
1
sentido paulista
1 sentido centro
3
sentido centro
2 sentido paulista
3
sentido paulista
2 sentido centro
4
sentido paulista
4
Além disso, na maior parte desse percurso os pisos possuem falhas e falta de manutenção, dificultando o deslocamento. Ainda assim, a região possui um potencial de uso de tamanha intensidade que nem mesmo tais dificuldades são capazes de anular.
sequência de fotos das variações nas calçadas da rua Augusta entre a rua Dna. Antônia e a Matias Aires
centro
65
augusta hoje
No entanto, é principalmente à noite que essas áreas são utilizadas. Nesse período, não conseguem acolher todos os pedestres, que passam a ocupar também as vias dos carros, especialmente nas frentes de estabelecimentos.
5 6 7 8
av. paulista
sentido centro
5
sentido paulista
5 sentido centro
7
sentido centro
6 sentido paulista
7
sentido paulista
6 sentido centro
8
sentido paulista
8
desço da paulista até a martinho prado a cultura alternativa da noite paulistana achou seu mundo encantado trilegal arretado tchoptchura o baixo é a terra da mistura o baixo é a terra da mistura linda te vejo vem me dar um beijo augusta robusta me gusta você apavora mas não assusta apavora mas não assusta o carnaval do baixo augusta apavora mas não assusta o carnaval do baixo augusta meu prazer é consumado quando desço da paulista até a martinho prado a cultura alternativa da noite paulistana achou seu mundo encantado trilegal arretado tchoptchura o baixo é a terra da mistura o baixo é a terra da mistura linda te vejo vem me dar um beijo augusta robusta me gusta você apavora mas não assusta apavora mas não assusta o carnaval do baixo augusta apavora mas não assusta o carnaval do baixo augusta meu prazer é consumado quando desço da paulista até a martinho prado a cultura alternativa da noite paulistana achou seu mundo encantado trilegal
augusta lado B
É com esse nome que as calçadas da Augusta ganham cores e vida. É onde as pessoas estão nos bares e fora deles. Onde os Aliados do Parque Augusta fazem, no meio da via, um “Pic Nic à Moda Antiga” para quem quiser chegar. É nessas fachadas que estão os grafites e projeções e também por elas passam as filas dos teatros e baladas. Nesse chão caranavalesco dos Acadêmicos do Baixo Augusta, cabe o churrasco de domingo com o pessoal do Más Companhias. Tem o teatro de rua dos Satyros, tem Parlapatões, Studio 184, Teatro do Ator, todos ali perto, na praça Roosevelt. Tem a cultura alternativa da noite paulistana, essa experimentação que quebra o fluxo da rua comum e mostra a Augusta na sua outra face. A Augusta lado B. imagens das atividades no Baixo Augusta
augusta lado b
Baixo Augusta.
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Toda a diversidade de sensações e experiências que se espalham pela rua Augusta, tem certamente um foco de concentração que se inicia em algum momento próximo à rua Fernando de Albuquerque e desce até encontrar o centro, logo após a praça Roosevelt e a rua Martinho Prado.
ê joão um trabalhava na feira ê josé outro na construção ê joão a semana passada no fim da semana joão resolveu não brigar no domingo de tarde saiu apressado e não foi prá ribeira jogar capoeira não foi prá lá pra ribeira foi namorar o josé como sempre no fim da semana guardou a barraca e sumiu foi fazer no domingo um passeio no parque lá perto da boca do rio foi no parque que ele avistou juliana foi que ele viu foi que ele viu juliana na roda com joão uma rosa e um sorvete na mão juliana seu sonho uma ilusão juliana e o amigo joão o espinho da rosa feriu zé feriu zé feriu zé e o sorvete gelou seu coração o sorvete e a rosa ô josé a rosa e o sorvete ô josé foi dançando no peito ô josé do josé brincalhão ô josé o sorvete e a rosa ô josé a rosa e o sorvete ô josé oi girando na mente ô josé do josé bincalhão ô josé juliana girando oi girando oi na roda gigante oi girando oi na roda gigante oi girando o amigo joão o sorvete é morango é vermelho oi girando e a rosa é vermelha
o parque augusta
Da chácara pertencente a Veridiana Prado, veio o quarteirão cedido à família Uchoa para a qual Victor Dubugras projetou o palacete que viria a ser o colégio inaugurado em 1907. Comprado pelas irmãs
vista do muro que cerca o terreno pela rua Augusta
augusta lado b
cônegas regulares de Santo Agostinho, o palacete tornou-se um dos principais colégios de damas da época, atraindo outras escolas para as proximidades e formando na região uma zona de ensino para a elite. O espaço funcionou até 1967, quando encerrou suas atividades, tendo sido demolido em 1974. Em 1977, a construtora Teijin adquiriu o terreno com intenção de construir o maior conjunto hoteleiro turístico do hemisfério Sul, porém o projeto nunca saiu do papel. Em 2006, foi a vez da incorporadora Acisa tentar construir um hipermercado na área, que foi rejeitado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Conpresp). Mais uma proposta foi estudada para a área em 2008, o Museu da Música Popular Brasileira, que igualmente não seguiu em frente.
74
Uma grande massa arbórea espia por cima do muro que percorre a rua Augusta por mais de cem metros. Aos mais desavisados, ali ficava um estacionamento. Aos grupos envolvidos, moradores da região e ex-frequentadores da área que agora encontra-se inacessível, ali está o Parque Augusta. Dois lotes compõem a área do terreno, sendo que o maior deles comporta um conjunto de espécies arbóreas e arbustivas que integram a área do bosque tombado, além da antiga Portaria do Colégio Des Oiseaux, também tombado. Nesse primeiro lote, a altura máxima de edificação é de 36 metros, sendo que no segundo lote, com frente para a rua augusta, o gabarito das construções fica limitado a 45m. Mas a história dessa área começa bem antes.
o parque augusta 75
Foi em novembro de 2013 que, após dezessete anos, o empresário Armando Conde vendeu formalmente o terreno para as incorporadoras Setin e Cyrela. Estas, aguardavam o projeto de duas torres de 100 metros cada e 80% do terreno aberto ao público ser aprovado pelo Conpresp, que decidiu não derrubar a resolução de 2004, proibindo edifícios de mais de 45 metros nessa área. Por conta disso, as incorporadoras aguardam atualmente a aprovação de um projeto alternativo que conta com três edifícios mais largos de até 45 metros de altura e uma redução para 60% da área do terreno aberta ao público. Em dezembro de 2013, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sancionou a lei que autoriza a criação do parque. Porém, a lei não fixa prazo para a criação desse equipamento público e, com a falta de verba para desapropriação do terreno alegada pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, fica apenas congelada a intenção das incorporadoras de construir no local. de cima para baixo: projeto de hotel da Teijin; terreno com placa da Teijin; entrada do colégio Des Oiseaux
Durante todas as discussões a respeito do futuro do terreno, os grupos que defendem a criação do Parque Augusta organizavam eventos e atividades no interior da área, além de cuidar da manutenção do local à seu modo. Numa auto gestão da área verde, interviam recolhendo o lixo, instalando mobiliários de fabricação própria, reformando e pintando elementos do bosque e reativando a casa que se encontra no fundo do parque. Porém, desde o dia 29 de dezembro de 2013, o espaço reclamado por esses e outros grupos encontra-se fechado por grades e cadeados. O que se observa atualmente é o embate que envolve ativistas, figuras públicas, incorporadores, moradores da região e entusiastas do tema, muitas vezes gerando conflitos internos a alguns desses grupos. Nada definitivo sabe-se sobre o Parque Augusta. O que se conhece, são as carências da cidade por espaços públicos de qualidade que possam servir à diversidade de interesses e necessidades da população.
imagens de elementos observados no interior do bosque tombado
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o parque augusta
terreno do parque augusta 24.000m²
augusta e roos
O terreno sobre o qual se discute a criação do Parque Augusta está situado muito próximo à praça Roosevelt, que foi reformada recentemente. Os dois espaços são conectados pela rua Gravataí e, apesar de configurarem espaços públicos amplos e
com enorme potencial, possuem características muito distintas e formam ambientes bastante diferentes. Uma das sensações que o terreno passa num primeiro contato, além da surpreendente mata que abriga, é a dimensão da área que se esconde por trás
do muro de tijolos. Assim, a fim de entender melhor sua dimensão, são apresentados alguns exemplos de praças e parques icônicos da cidade de São Paulo juntamente à área aproximada que ocupam.
diagramas comparativos das áreas de praças e parques
patriarca
100m
praça do Patriarca
praça Victor Civita
4.000 m²
13.000 m²
100m victor civita
praça Roosevelt 27.000m²
100m augusta e roosevelt
praça da República 29.000 m²
100m republica
praça da Sé 35.000 m²
parque Trianon
86.000m²
100m
parque da Aclimação 112.000 m²
100m
78
48.000 m²
parque da Luz
da luz
augusta lado b
aclimação
50m trianon
parque Villa Lobos 732.000 m²
parque Ibirapuera 1.500.000 m²
para calar a boca rícino pra lavar a roupa omo para viagem longa jato para difíceis contas calculadora para o pneu na lona jacaré para a pantalona nesga para pular a onda litoral para lápis ter ponta apontador para o pará e o amazonas látex para parar na pamplona assis para trazer à tona homemrã para a melhor azeitona ibéria para o presente da noiva marzipã para adidas o conga nacional para o outono a folha exclusão para embaixo da sombra guarda-sol para todas as coisas dicionário para que fiquem prontas paciência para dormir a fronha madrigal para brincar na gangorra dois para fazer uma touca bobs para beber uma coca drops para ferver uma sopa graus para a luz lá na roça duzentos e vinte volts para vigias em ronda café para limpar a lousa apagador para o beijo da moça paladar para uma voz muito rouca hortelã para a cor roxa ataúde para a galocha verlon para ser mother melancia para abrir a rosa temporada para aumentar a vitrola sábado para a cama de mola
referĂŞncias
referências 81
Durante o processo de produção desse trabalho, muitas foram as referências com as quais tive contato, fosse em livros e revistas ou nas muitas e longas conversas. Apresento aqui algumas delas, considerando que participaram de momentos importantes da concepção. O restaurante Mestizo em Santiago - Chile, do arquiteto Smiljan Radic, pela forma como integra-se à topografia e conecta o nível da rua com o nível do parque. Além disso, pela integração entre os ambientes interno e externo através do apoio estrutural realizado com o uso de rochas que sustentam a trama de vigas do ambiente.
Imgens do restaurante Mestizo do arquiteto Smiljan Radic
augusta lado b 82
A casa Tijucopava, do arquiteto Marcos Acayaba, no Guarujá - Brasil. Aqui o sistema estrutural que usa a madeira e a malha de triângulos equiláteros forma uma interessante possibilidade de desenho ainda que auxiliado pelo raciocínio lógico dos ângulos e retas. Ainda inserese em meio às árvores mantendo a relação com as mesmas num convívio harmonioso.
Imagens da casa Tijucopava do arquiteto Marcos Acayaba
referências 83
O Urban Coffe and Brew Bar do Hassel Studio em Melbourne - Austrália. Nessa instalação temporária, está um bom exemplo de como os espaços podem ser alterados intensamente com o uso de intervenções por muitas vezes simples, sem perder em qualidade por conta dessa não sofisticação. Numa estrutura de pallets, os bancos, mesas e arquibancadas são desenhados junto a diversas espécies de café plantados em vazos e distribuídos no paisagismo do local.
Imgens do Urban Coffe and Brew Bar do Hassell Studio
Os morros em decks de madeira em Copenhaguem Dinamarca, da parceria entre os escritórios BIG e JDS. Cobrindo o solo contaminado e revitalizando o espaço, o relevo inusitado do piso cria possibilidades que enriquecem a experiência de seus visitantes. A praça Victor Civita, em São Paulo - Brasil, da parceria entre o escritório Levisky e Anna Dietzsch. O projeto também desenvolvese sobre o solo contaminado, com uma contínua folha em deck de madeira que se curva e cria variação nos ambientes e usos.
de cima para baixo: Parc la Villete em Paris; Maritime Youth House na Dinamarca; Praça Victor Civita em São Paulo
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O Parc la Villette em Paris - França, do arquiteto Bernard Tschumi pelas conexões através de elementos e hierarquia de caminhos que ligam ambientes aparentemente soltos a uma coesa malha de Folies.
augusta lado b
Por fim, três projetos encerram as referências apresentadas.
me dá certeza da nobreza que dá certo vô fazê vô fazê música pra enriquecer os corações e o planeta basta um papel e uma caneta prendi as coisas faiscando a ferradura na minha cabeça dura e foi no lombo do cavalo ao galopá-lo fui salvando a minha vida que eu achava já perdida pelas esquinas do mundo de vagabundo poeta tem muito pouco menos médico mais louco vai enchendo a cabeça pra que apareça agarrada no seu verso ideia prum universo mais tranquilo e mais humano traçando plano reta curva ou ladeira bosque várzea ou ribanceira vai seguindo o arquiteto se tem hermeto bispo marley gentileza isso só me dá certeza danobreza que dá certo vô fazê vô fazê música pra enriquecer os corações e o planeta basta um papel e uma caneta prendi as coisas faiscando a ferradura na minha cabeça dura e foi no lombo do cavalo ao galopá-lo fui salvando a minha vida que eu achava já perdida pelas esquinas do mundo de vagabundo poeta
o projeto
projeto 87
Uma área verde de aproximadamente 24.000 m² reside na rua Augusta entre a rua Marquês de Paranaguá e a Caio Prado. Aos fundos, faz divisa com o edifício da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, projeto de Rino Levi e paisagismo de Burle Marx. Caminhando pelo contorno dessa área, pode-se iniciar um percurso a partir da cota mais alta da Paranaguá, a 776 metros, caminhar por cerca de 160 metros até a Augusta, descendo quatro metros para então seguir em direção à Caio Prado, onde se encontra a cota 768 após cerca de 155 metros de calçada. Por fim, caminhando em direção à rua da Consolação, chegar à cota 764,8 nos 170 metros finais do percurso. Deste ponto, sobe até a Marquês de Paranaguá o muro que limita o fundo do terreno. Nessa forma está um espaço único e inimaginável por qualquer um que não tenha transposto os muros e grades que cercam o interior da quadra. No interior do terreno, é possível observar que a topografia do terreno desce de forma mais acentuada nas proximidades da esquina da Augusta com a Paranaguá, separando-se do nível da calçada para voltar a concordar com esta nas proximidades da esquina referente a Caio
Prado. Um grande gramado, em alguns momentos interrompido por pedriscos ou asfalto, acolhe algumas árvores entre médio e alto porte relativamente espaçadas. Entre estas, uma se destaca por sua frondosa copa de cerca de 30 metros de diâmetro e aproximadamente 20 metros de altura. Em sua base forma-se um espaço peculiar e claramente distinto do gramado que o envolve. Observa-se ainda o antigo portal do colégio Des Oiseaux na Caio Prado e um extenso muro que percorre parte da Marquês de Paranaguá e toda a Augusta. Caminhando em direção ao fundo de quadra, a área aberta de poucas árvores repentinamente adentra o bosque. Ao imergir nessa nova área, a textura do chão transmuta sequencialmente, as copas das árvores alteram a intensidade da entrada de luz, a topografia alterna-se entre planos e morros. Arbustos e forrações sugerem caminhos e situações, troncos de árvores em diferentes posições configuram brinquedos para diversas idades, elementos de ruínas acrescentam uma curiosa riqueza ao percurso e os sons ao fundo tentam lembrar, muitas vezes sem sucesso, que este lugar ainda se encontra às portas do centro da cidade.
Apesar das questões sobre a propriedade do terreno e sobre qual seria o melhor mecanismo para que o espaço assumisse uso de caráter público, este tema não será abordado no trabalho, uma vez que o foco da discussão, apesar de se relacionar intensamente com a região do Baixo Augusta e com a área em questão, não encerra nestes a reflexão proposta.
Permanecem o portal do Colégio Des Oiseaux, as ruínas que compõe o cenário do bosque e o portão metálico, também pertencente ao colégio. Este portão talvez pudesse ser removido, uma vez que não haveria mais muros ou bloqueios. Por outro lado, permanecendo onde está, tornase um elemento instigante que, conectado com as ruínas imediatas ao bosque, reforça ao pedestre o convite a visitar os caminhos que se espalham por entre os troncos das árvores.
Entendendo o uso intenso dos espaços públicos na rua Augusta, a baixa qualidade das calçadas e a falta de permeabilidade visual e física do terreno e de sua imensa
Compreendo que os mecanismos de tombamento nem sempre contemplam a melhor forma de preservação. A conscientização de uso e respeito pelo patrimônio seriam por muitas vezes mais eficazes em evitar a deterioração dos espaços de relevância histórica. Dessa forma, a calçada deve comportar as pessoas e a quadra convidá-las a seu interior, ficando assim clara a necessidade da remoção do muro que oculta a área em sua principal face. São também retirados o gradil e os portões de correr que controlam o acesso de carros e pedestres.
augusta lado b
área verde, optou-se pela remoção do muro que a contorna
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Do início à conclusão do projeto aqui apresentado, as mudanças foram tantas quanto as transmutações de texturas no bosque. Porém, esse processo foi fundamental para a compreensão de algumas questões que direcionaram às soluções propostas. Com as diversas discussões à respeito do projeto do Parque Augusta e suas formas de uso, houve um período pessoal de incerteza quanto à construção de edificações e ocupação da área. O projeto resultante decorreu de diversas discussões e estudos e, embora não esteja livre de equívocos, reflete o longo processo de construção de ideias e experimentações.
projeto 91
Uma vez aberta a quadra, certamente surgiriam fluxos internos de pedestres. Entre os caminhos de passagem e de passeio, talvez dois apresentassem maior uso. O fluxo principal, que provavelmente seria parte do caminho diário de muitos, se configuraria pelo percurso entre a esquina da Augusta com a Marquês de Paranaguá até o início do bosque, desembocando na Caio Prado, que cruza a rua da Consolação e acessa o bairro de Higienópolis. O outro percurso seria a ligação entra e Caio prado e a Paranaguá, aproveitando assim o acesso pelo portão do antigo Colégio indo até o lado oposto. Esses dois eixos de passagem poderiam então gerar parâmetros que auxiliariam na estruturação dos demais espaços. A fim de aproveitar um acesso já existente na rua Marquês de Paranaguá, houve um primeiro estudo em que uma linha contínua unia este ponto ao portal da Caio Prado enquanto outro segmento unia a esquina mais alta da Augusta à extremidade diametralmente oposta, passando pelo bosque. Tal configuração apresentava uma grande dificuldade de aproveitamento como malha, e acabou não sustentando a relação destes eixos com o restante do projeto. Dessa forma, o
eixo que cruza o terreno ligando as duas ruas paralelas foi rotacionado e ajustado para que passasse pelo portal Des Oiseaux e fosse paralelo à rua Augusta, reforçando assim a relação com esta. O eixo diagonal foi posicionado de forma a não mais passar pelo meio do bosque, mas para encontrar o limite deste. Foi também posicionado para que formasse um ângulo de 60° com o outro eixo, possibilitando assim a criação de uma malha isométrica que apoia o desenho do projeto e as configurações dos espaços. Embora tenha me questionado durante muito tempo sobre a necessidade e validade de edificações no terreno, principalmente por conta das diversas discussões dos grupos envolvidos com a criação do Parque Augusta, deixar que essa área verde fosse resumida a uma composição de espaços livres - que não deixam de ter seus bons exemplos – pareceria desconectado de outras características tão ricas e peculiares do Baixo Augusta. Especialmente durante as noites, as calçadas dessa região são tapetes que ligam bares, restaurantes, boates e todo tipo de estabelecimentos que atraem pessoas. Esses visitantes
rotação dos eixos e formação da malha isométrica
volume com baixo potencial de relações com o terreno
É então, por conta desse mutualismo entre espaços internos e externos que proponho no projeto uma edificação. Um bar. Por acreditar que os bares por muitas vezes conseguem apresentar uma versatilidade que outros ambientes não permitem, a inserção dessa edificação no terreno procura não só convidar à permanência, mas estimular a integração dos espaços, a diversificação dos eventos, o uso por diversos grupos em diversos horários e diversas épocas. Quando essa edificação recebe essa variedade de usos, integra-se também por meio destes ao seu entorno.
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edifícios acomodados na topografia e diagonal maior integrada
augusta lado b
chegam não só das proximidades, mas também de regiões afastadas da cidade, muitas vezes sem um destino ou motivo certo, apenas na intenção de estar na rua. Na rua Augusta. E nessa experimentação concomitante da rua e dos ambientes que nela existem, as personagens que compõem as noites do Baixo Augusta transbordam pelas portas dos recintos, ocupando calçadas, sarjetas e vias. Mesmo durante o dia, o comércio recebe outros públicos, de intensidade menor, mas não deixa de perder o movimento.
Em estudos iniciais, quando o uso da edificação ainda não havia sido definido, o volume construído encontrava-se no meio do gramado com um rasgo central que permitia a passagem do caminho diagonal até a Caio Prado. Era elevado em relação ao solo, permitindo acesso somente por pontos específicos e não mantinha relação direta com a área externa. Após compreender melhor as relações que acontecem no entorno e definir o uso da edificação,
tornou-se mais clara a necessidade da integração não somente conceitual, mas também física do volume construído com a área em que este se insere. Dessa forma, o edifício acomoda-se na topografia, aproveitando o declive acentuado da Marquês de Paranaguá e revelando-se no gradual descer da rua Augusta. A diagonal que leva até a Caio Prado divide o volume em duas partes ao mesmo tempo que a ele se integra.
projeto 93
A calçada se expande e mescla com a cobertura da construção. O salão do bar é percorrido por um pano transparente que pode se abrir para o parque, permitindo o uso integrado dos ambientes interno e externo. Esta parede de vidro percorre quase toda a fachada, tornando-se leitosa na vedação da cozinha, permitindo a passagem de luz e revelando silhuetas em seu plano. Quando na frente dos banheiros, a visual é interrompida por uma painel descolado da
edificação, que serve como suporte para intervenções em suas duas faces, tanto para os visitantes do bar quanto para as pessoas que se encontram na calçada. O balcão está posicionado de forma que possa sempre servir aos clientes externos, mesmo quando o bar não estiver totalmente integrado com a parte de fora. Também está conectado à cozinha que tem capacidade para servir cerca de duzentas refeições por turno.
A carga e descarga é realizada através de uma doca acessada a partir da rua Augusta sem cruzamento de fluxos ou visuais com os clientes. As encomendas podem ser recebidas e tratadas num primeiro compartimento, onde também encontra-se a sala da administração, para em seguida serem transportadas para seu local de armazenamento. Próximo ao bar está uma das hortas da quadra, que pode ser utilizada tanto pelo estabelecimento em pequenas
cobertura do bar caixa d’água clarabóias mobiliário painel pilares horta deck em madeira horta plano gramado ocupações temporárias platô diagrama do bar e suas relações entre ambientes
escadaria rampa
A textura de madeira dos decks se mistura com o piso cimentício que chega da calçada subindo a rampa e a escadaria, onde é possível sentar-se numa arquibancada que observa o movimento da rua. Pela esquina da rua Augusta com a Marquês
painéis de correr salão materiais de limpeza depósito balcão cozinha banheiros públicos vestiários funcionários banheiros clientes painel antecâmara diagrama de ambientes e elementos do bar
administração doca
de Paranaguá, desce uma rampa de acesso ao interior do parque. Durante essa descida o piso em deck, que aproxima-se da calçada num primeiro momento, alterna seu caminho passando a descer por uma escadaria de amplos patamares e aproximando-se do gramado. A escadaria por sua vez, desenvolve-se em patamares mais largos que podem acomodar diversos usos. Nesses planos os pisos variam entre a textura da calçada, a madeira e o gramado, que se une à escadaria formando platôs. Logo acima destes, encontra-se um espaço para ocupações temporárias como lanchonetes itinerantes, cafés, oficinas entre outras que possam usufruir do apoio dos patamares ao seu redor. Logo ao lado encontrase também uma horta que pode novamente ser utilizada pelos visitantes ou pelas ocupações de cada momento.
augusta lado b
Na cobertura estão distribuídos diversos módulos de mobiliários em madeira em diversas composições, criando uma larga praça de convívio e recreação. Nessa praça também estão localizadas três formas prismáticas hexagonais:
uma caixa d’água com capacidade aproximada de 10.000 litros e duas claraboias de policarbonato translúcido que fornecem iluminação zenital para área da cozinha e para a antecâmara.
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proporções – em receitas sazonais, eventos ou oficinas – como pelos visitantes. No mesmo volume em que se define o bar, encontramse os banheiros públicos, com abertura voltada para o interior do terreno.
projeto 95
diagrama com pilares de madeira em apoio triplo (3 conjuntos de 4 pilares de secção quadrada de 7cm) e sua variação de apoio duplo, ambas com enxaixes metálicos
diagrama com esquema estrutural em vigas metálicas que sustentam o deck suspenso e avançam pelo interior do bar
ilustração da praça de mobiliários na cobertura do bar
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augusta lado b
diagrama com modelos de mobiliário em modulação triangular que permite a associação entre as peças
projeto 97
Para melhorar a acessibilidade ao parque e diversificar as possibilidades de uso sem impermeabilizar uma grande área de solo, decks de madeira estruturam os caminhos e espaços do terreno. O desenho desse piso é formado por placas triangulares que medem dois metros em cada um de seus lados. Dessa forma, o encaixe entre as peças acomodase na malha isométrica na maior parte do piso, adotando uma segunda diagonal em algumas situações como é o caso do
caminho entre a rua Augusta e a rua Caio Prado. Nessa diagonal, as placas das bordas são divididas exatamente ao meio. O piso em deck que desce do ponto mais elevado na rua Augusta, solta-se pela rampa e cobre a escadaria chegando no nível da entrada do bar. Então se espalha até a Caio Prado, lançando outros braços que contornam as arvores pelo gramado, alcançam a Augusta em sua esquina mais baixa, estendem-se em direção ao
bosque e sobem até a Marquês de Paranaguá. No centro desses caminhos, configura-se um alargamento que recebe as visuais das calçadas do entorno, das pessoas no bar, daqueles que seguem ou voltam de Higienópolis, dos grupos nos patamares das ocupações temporárias. É um espaço para ser visto e usado, seja pelos músicos de rua, pelas feiras de artesanato, pelos vendedores ambulantes.
augusta lado b
ilustração do guarda-corpo e de uso previsto, potencializando o contato entre patamares
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diagrama com corte dos decks do pavimento inferior e dos bancos em madeira próximos ao platô gramado. Pedrisco e dreno auxiliam na manutenção
pág 97 ilustração do piso do deck sendo utilizado em frente ao balcão do bar pág 98 ilustração da relação entre os diferentes níveis de deck e da lâmina d’água
projeto 99
Enquanto parte do deck desenvolve-se tocando o solo, outra parte lança-se da cobertura do bar, aproximando-se das copas das arvores, criando nichos de permanência, mirantes, palcos e coberturas. Uma extensão do piso toca a calçada da Marquês de Paranaguá no mesmo ponto em que começa um dos acessos do deck inferior. Acessos verticais posicionam-se em diferentes momentos, acontecendo de formas diversificadas. Junto à região central do deck inferior, emerge um tablado que se desdobra em patamares subsequentes e terminam numa arquibancada no nível superior. Esses planos observam tanto as atividades do deck como a região gramada abraçada pelos caminhos. Ao lado do portal do colégio Des Oiseaux, outro acesso vertical mistura-se a uma arquibancada em madeira que se une a pequenos mezaninos até encontrar o deck superior. Parte dessa arquibancada inclina-se para dar forma a um escorregador e acessar uma região lúdica. Na parede interna do portal, um painel com pintura de lousa escorre pelo piso, desce os degraus, colore o pequeno pátio, e sobe a arquibancada revestindo a parede, que serve de fundo para intervenções e comunicação de
eventos, oficinas e outros interesses do público visitante. O projeto em muitos momentos - talvez na maioria deles - procura configurar espaços que preveem determinados usos, mas que contemplam igualmente a polivalência e potencial de apropriação. Entre o deck e o bosque, um grande gramado livre se abre para depois penetrar sob as árvores. Com copas altas e forrações distribuídas, a região interna ao bosque é convidativa e instigante. O cenário já descrito anteriormente apresenta riqueza tamanha de informações visuais, sensações e espaços, que a intenção de projeto é preservar o máximo possível o estado atual desses ambientes. Assim, qualificam-se os caminhos principais pelo recobrimento com
saibro, algumas mesas e bancos são distribuídos nos espaços mais externos e a casa tombada ao fundo do terreno, próxima à Caio Prado, é restaurada para uso como administração do parque. Ao lado desta, a terceira horta é instalada. Com os funcionários do local, é possível retirar redes de balanço e escolher onde fixa-las entre alguns anéis de sustentação que se encontram nos troncos das árvores. Espalhados pelo bosque, encontram-se pequenas esculturas de forma abstrata que compõem um cenário lúdico para crianças, também servindo como marcos na caminhada entre as trilhas e aguçando a curiosidade do olhar.
pág 100 ilustração do espaço de ocupações temporárias e entorno
augusta lado b ilustração das redes sendo utilizadas no bosque
ilustração da relação de proximidade entre os decks inferior e superior
100
pág 99 ilustração do acesso pelo portal da rua Cario Prado
projeto 101
diagrama do acesso próximo ao bosque pela rua Marquês de Paranaguá
diagrama com áreas de projeto em destaque e relação entre os patamares dos decks de madeira
augusta lado b quatro módulos do piso da calçada e desenho de junção desta com o gramado
102
diagrama do acesso próximo ao bosque pela rua Caio Prado
projeto 103
As laterais do bosque são abertas e acessíveis por duas regiões. A primeira, na Marquês de Paranaguá, utiliza-se de ruínas do colégio Des Oiseaux para apoiar algumas mesas e assentos que formam uma região intermediária, pertencente ao bosque, mas conectada à calçada. No relevo acentuado logo atrás dessas mesas, apoia-se um comprido banco que segue a orientação do caminho existente. O portão de metal, preservado pelas justificativas já apresentadas, convida para esse saguão que antecede o bosque. Do lado oposto, a topografia que antes era contida por uma mureta de pouco mais de um metro é substituída por um banco que se prolonga pelo limite do terreno na Caio Prado até que a topografia se acomode no nível da calçada. Este banco integrase em dois momentos a escadas que conectam a calçada e o nível superior, dando acesso ao bosque e à administração. As calçadas que contornam a quadra são revestidas por placas cimentícias de 60x60cm e, no limite com o gramado, apresentam três variações de módulos com orifícios quadrados em tamanhos distintos e deslocados do centro. Rotacionando essas peças é possível formar uma composição
que sugere a dissolução do gramado sobre a calçada e nega a linha reta dos muros e grades. Na Caio prado, a calçada tem largura média de quatro metros, alargandose em dois metros quando chega na rua Augusta e transformandose em rua compartilhada quando dobra a esquina da Marquês de Paranaguá, chegando então a uma média de doze metros de largura. O alargamento desta última calçada por meio do compartilhamento de usos, é viável por conta do baixo fluxo de carros e pela péssima qualidade das calçadas existentes, principalmente no lado referente ao terreno do parque. A mesma intervenção não seria possível nas outras duas ruas por conta do trânsito intenso de automóveis. No conjunto de todos os elementos apresentados, espera-se conseguir o potencial que efetive o uso dos espaços nas formas mais diversificadas, reforçando o convite às áreas públicas. Contemplando ou intervindo, as pessoas que visitarem o projeto serão a parte principal dele, pois nas diferenças de cada uma delas é que estará a riqueza do ambiente, a criatividade na apropriação e a vida que pulsa na rua e em suas extensões. diagrama das áreas de projeto
104
augusta lado b
projeto 105
planta do terreno como se encontra atualmente escala 1:1000
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augusta lado b
projeto 107
planta de implantação escala 1:1000
C
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B
augusta lado b
B
D
A A
D C
projeto 109
planta do patamar superior escala 1:1000
C
110
B
augusta lado b
B
D
A A
D C
projeto 111
planta do patamar inferior escala 1:1000
C
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B
augusta lado b
B
D
A A
D C
projeto 113
planta de estrutura escala 1:1000
C
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B
augusta lado b
B
D
A A
D C
projeto
corte AA
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escala 1:1000
corte BB escala 1:1000
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augusta lado b
projeto
corte CC
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escala 1:1000
corte DD escala 1:1000
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augusta lado b
projeto 119
imagem com situação de uso dos mobiliários e deck em madeira
augusta lado b 120 imagem com situação de uso do equipamento d’água
projeto 121
imagem simulando implantação do projeto no terreno
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augusta lado b
do sal o entra e sai do anzol água que deságua em água água tudo igual e um barquinho pontual fez seu lar seu ninho lá sozinho ao léu no chão do céu sol a sol e a lua toda noite toda sua deu ao mar o que é do mar o dom de errar o deus dará pau a pau pra quê lutar seu lugar é o vão do bote o mar não pode ali entrar olhou o mar a imensidão mas não desanimou deixou o cais na embarcação remou remou remou depois cansoumas ao tomar a brisa em alto mar sentiu prazer e não voltou jamais o humor do mar vigor do sal o entra e sai do anzol água que deságua em água água tudo igual e um barquinho pontual fez seu lar seu ninho lá sozinho ao léu no chão do céu sol a sol e a lua toda noite toda sua deu ao mar o que é do mar o dom de errar o deus dará pau a pau pra quê lutar seu lugar é o vão do bote o mar não pode ali entrar olhou o mar a imensidão mas não desanimou deixou o cais na embarcação remou remou remou depois cansoumas ao tomar a brisa em alto mar sentiu
consideraçþes finais
considerações finais 125
A ideia inicial e o trabalho aqui apresentado foram conectados por um percurso de muitas dúvidas, aprendizados e reflexões. Não deixar informações importantes pelo caminho, manter o foco da discussão e não me perder em tantas outras relacionadas, equilibrar o necessário e o desejado, sonhar alto e manter os pés no chão. Essas e algumas outras preocupações estiveram presentes na maior parte desse trajeto e oscilar em meio aos extremos foi muitas vezes inevitável. Estou certo de que muito dos últimos meses não está nessas folhas, pois nem todas as ideias amadureceram a tempo, nem todas as discussões geraram frutos e algumas soluções deixaram de parecer boas. Nem
tudo foi traduzido graficamente, como o segundo momento de projeto em que a rua Gravataí seria requalificada para conectar de forma significativa a praça Roosevelt ao terreno de projeto ou ainda a extensão, pelas calçadas do Baixo Augusta, de um mobiliário que auxiliasse os usos desses espaços tão precários atualmente. Nem toda poesia da rua consegui traduzir e talvez seja essa uma tarefa impossível. Viver os espaços é indescritível uma vez que recorrer à traduções é inevitável. E uma vez traduzido já não há toda a essência de antes. O que se pode esperar é que a imaginação, orientada pela informação das plantas, cortes, perspectivas, palavras e imagens, possa nos conduzir pelo caminho certo. Foi grande minha incerteza quanto a melhor forma
de apresentar o Baixo Augusta e nele desenvolver um projeto. Optei pelo lado mais sincero: o pessoal. Discutindo sobre o pedestre, sobre as pessoas percebi que não haveria motivo para me distanciar de minha própria situação como tal, como frequentador desse espaço que analiso aqui. E apesar das dúvidas e inquietações, espero que esse trabalho possa ter conduzido o pensamento para soluções que melhorem os espaços públicos, não necessariamente da forma que proponho aqui, mas que sejam lugares de compartilhar, usufruir e aprender sobre pessoas e sobre a cidade que habitam.
126
augusta lado b
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augusta lado b
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Fotografias Pág. 1 Fig. 1: Praça Roosevelt – Fonte: Eduardo Anizelli/Folhapress 2012 FIg. 2: Banda Fernando Loko na Av. Paulista – Fonte: Andre Sato 2013
bibliografia
Fig. 3: Parklet na rua Padre João Manuel – Fonte: Acervo do autor Fig. 4: Festa “Buraco da Minhoca” – Fonte: Divulgação/facebook/Buraco da Minhoca Fig. 5: Carnaval de rua na Vila Madalena – Fonte: Divulgação Fig. 6: Evento no Largo da Batata – Fonte: Felipe Blumen
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Pág. 2: Fig. 1: Pedestre sentada sobre peça de concreto – Fonte: Acervo do autor Fig. 2: Pedestres descansando sobre mureta – Fonte: Acervo do autor Fig. 3: Pedestre usando lixeira como bancada – Fonte: Acervo do autor FIg. 4: Pedestres usando degraus como banco – Fonte: Acervo do autor Pág. 17 e 18: Foto panorâmica da rua Augusta – Fonte: Acervo do autor Pág. 21: Obras na rua Augusta em 2014 – Fonte: Acervo do autor Pág. 26: Fig. 1: Cartaz de divulgação de evento na rua Augusta – Fonte: Divulgação Fig. 2,3,4,5 e 7: Elementos de fachadas de estabelecimentos na rua Augusta – Fonte: Divulgação Fig. 6 e 8: Elementos de facahadas de estabelecimentos na rua Augusta – Fonte: Acervo do autor
Pag. 28: Ambientes da rua augusta - Fonte: Divulgação Pág. 45: Págs. 57 a 62: Sequência fotográfica de fachadas da rua Augusta – Fonte: Acervo do autor Págs. 64 e 66: Calçadas na rua Augusta – Fonte: Acervo do autor Págs. 69 e 70: Eventos e atividades na rua Augusta – Fonte: Divulgação
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Postes desenhados na rua Augusta – Fonte: Acervo do autor
Muro na frente do terreno do Parque Augusta – Fonte: Acervo do autor Pág. 76: Elementos no interior do bosque do Parque Augusta – Fonte: Acervo do autor Pág. 88: Foto aérea do terreno do Parque Augusta – Fonte: Fábio Mariz Gonçalves Pág. 89: Texturas de piso no interior do Parque Augusta – Fonte: Acervo do autor
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Pág. 73:
Músicas Pág. 9: Noite dos Marcarados - Autor: Chico Buarque Pág. 11: Sonhei - Autor: Lenine Pág.15: Travessia - Autor: Milton Nascimento
bibliografia
Pág. 19: Sampa - Autor: Caetano Veloso Pág. 23: Roda Viva - Autor: Chico Buarque Pág. 29: Nos Bailes da Vida - Autor: Milton Nascimento Pág. 39: Augusta, Angélica e Consolação - Autor: Tom Zé Pág. 43: Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua - Autor: Sérgio Sampaio
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Pág. 67: Samba enredo dos Acadêmicos do Baixo Augusta Pág. 71: Domingo no Parque - Autor: Gilberto Gil Pág. 79: Diariamente - Autor: Nando Reis Pág. 85: Fazê o quê - Autor: Pedro Luis Pág. 123: Alto Mar - Dante Ozzetti / Luiz Tatit
Escalas Humanas As escalas humanas utilizadas e adaptadas neste trabalho, foram gentilmente cedidas pela artista gráfica Catarina Bessell.
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alex de brito ninomia
fauusp2014