O Casarão de Sítio da Borda do Campo

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Alfredo Malta

O Casarão de Sítio da Borda do Campo

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Copyright © 2015 por Alfredo Malta Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem autorização expressa do Autor.

Capa: Reprodução de pintura sobre tela da artista D. Guiomar Corrêa Magalhães Gomes. Imagens: Acêrvo da família Andrade Magalhães Gomes. Produção Editorial: Alfstudio Produções alfstudio@gmail.com

M261c Malta, Alfredo, 1947O Casarão de Sítio da Borda do Campo: saga do casarão das famílias Andrade, Duffles e Magalhães Gomes e o seu papel nas histórias da cidade de Sítio / MG (atual Antônio Carlos), do estado de Minas Gerais e do Brasil. / Alfredo Malta. Belo Horizonte: Alfstudio, 2015. 328 p.; il. ; fotos. ; color. ISBN: 978-8562749230 1. Literatura, Brasil. 2. Casarão de Sítio da Borda do Campo. 3. Andrade, Família. 4. Duffles, Família. 5. Magalhães Gomes, Família. 6. Sítio (MG), história. 7. Antônio Carlos (MG), história. I. Título. CDU: 821.134.3(81) Nilcéia Lage de Medeiros - Bibliotecária - CRB6: 1545

Contato com o autor: alfredo@maltaconsultoria.com.br

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Alfredo Malta

O Casarão de Sítio da Borda do Campo Saga do casarão das famílias Andrade, Duffles e Magalhães Gomes e o seu papel nas histórias da cidade de Sítio / MG (atual Antônio Carlos), do estado de Minas Gerais e do Brasil.

Alfstudio Belo Horizonte / 2015

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Índice Agradecimentos do autor....................................................................................... 7 Homenagens............................................................................................................ 9 Prefácio.................................................................................................................. 11 Introdução............................................................................................................. 17 Fazenda Cymodócea............................................................................................. 19 Borda do Campo e Campolide............................................................................ 22 Sítio e a Serra da Mantiqueira............................................................................. 23 O Ouro das Gerais................................................................................................ 25 Os Caminhos dos Bandeirantes.......................................................................... 28 O Caminho Velho................................................................................................. 30 O Caminho Novo.................................................................................................. 35 Sesmaria: “presente de grego”?............................................................................ 42 O Registro Velho................................................................................................... 44 A Inconfidência Mineira...................................................................................... 47 Juiz de Fora ou de Fórum?................................................................................... 49 Sítio: uma comunidade agro-pecuária?.............................................................. 51 Nossa Senhora da Piedade de Barbacena........................................................... 53 Um pirata francês construiu o Casarão?............................................................ 55 Corsários franceses............................................................................................... 57 A retirada dos franceses....................................................................................... 59 Alguns franceses ficaram..................................................................................... 60 Tecnologia de construção do Casarão................................................................ 64 Araucária: pinheiro brasileiro em extinção....................................................... 66 Sítio: um ninho de políticos................................................................................. 67 A Revolução Liberal de 1842............................................................................... 71 O comendador Mariano Procópio...................................................................... 73 Bens da fazenda de Sítio....................................................................................... 76 O valor da fazenda em ouro................................................................................ 84

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O nome Andrade.................................................................................................. 85 O major Neca Andrade........................................................................................ 87 O empreendedor nato.......................................................................................... 90 D. Anna Dulcelina Machado de Andrade.......................................................... 92 A igreja de Sant’Anna de Sítio.............................................................................. 97 E.F. Pedro II e a estação de Sítio.......................................................................... 99 E surge o primeiro Duffles em Sítio.................................................................. 101 Os pais do marechal Lott................................................................................... 103 O criador da cidade de Sítio.............................................................................. 106 A “Bitolinha”...................................................................................................... 111 Teixeira, Machado & Andrade.......................................................................... 113 Andrade, Duffles, Magalhães Gomes se entrelaçam....................................... 115 Os Magalhães Gomes......................................................................................... 120 A Sociedade Anonyma Companhia Andrade................................................. 124 Bodas de ouro...................................................................................................... 125 Amores proibidos............................................................................................... 136 Férias felizes em Sítio......................................................................................... 137 O major Neca Andrade sai de cena................................................................... 139 D. Cymodócea assume o comando................................................................... 141 Vovó Cymodócea e o quarto das frutas............................................................ 146 Sítio ou Antônio Carlos?.................................................................................... 150 O Chico Doido.................................................................................................... 154 Os Sonhos do “Pom-pom”................................................................................. 157 A Festa dos 90 anos............................................................................................. 161 Voando para Sítio............................................................................................... 164 O Sítio News e a primeira grande reforma....................................................... 171 Mais uma festa de casamento em Sítio............................................................. 175 Viva essa união.................................................................................................... 177 Mensagem ao povo de Sítio (Antônio Carlos)................................................. 182 Genealogia, perfis e descendências................................................................... 183 Bibliografia.......................................................................................................... 301 Imagens................................................................................................................ 305

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Agradecimentos do autor

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rganizar este registro dos fatos, lendas e casos que fazem parte da “História da Fazenda Cymodócea” não é obra, por menor e mais simples que possa resultar, da qual eu poderia dar conta, sozinho; várias pessoas, entre elas descendentes dessas famílias, outras moradoras da região, outras autoras de livros que falam da história de Minas Gerais e da história do Brasil: todas, fontes inestimáveis de informações, sem as quais, eu não poderia organizá-lo e entregá-lo ao cuidado das próximas gerações, que hoje vejo simbolicamente representadas pelos meus filhos, Rodrigo Magalhães Gonçalves, Christian Magalhães Gonçalves, Francis Magalhães Gonçalves, Isabella Magalhães Gonçalves e, muito em especial, pelos meus netos Lucca Brasil, Gabriel Borim Coda Gonçalves e Ana Borim Coda Gonçalves, que já se pôs a caminho... Entre todas as pessoas que contribuíram, com suas lembranças, conhecimentos, fotos, obras literárias e documentos, sem dúvida, destaco a participação fundamental, serena e extremamente agradável, da Professora Catedrática do Conservatório Musical da Universidade Federal de Minas Gerais, Jupyra Duffles Barreto, querida prima por afinidade, ela mesma uma das descendentes das famílias Andrade e Duffles, filha do casal Dagmar Andrade Duffles e Pio de Camargo Duffles, que no bojo da autoridade dos seus quase 100 anos, quando escreví este livro, se mantinha em invejável forma intelectual e física, a encher de orgulho não só a nós, os seus parentes, mas também os seus diversos amigos e a inúmeras personalidades do mundo cultural de Minas Gerais, com quem ela se relacionou. Foi dela, que tive o privilégio de ouvir os primeiros e deliciosos relatos sobre reminiscências de sua infância, ricos em imagens e referências detalhadas, sobre os diversos personagens, sempre como se estivéssemos assistindo a um

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filme colorido e incluindo as tonalidades do profundo respeito e da delicadeza no trato dos personagens, atitude característica do seu estilo pessoal, sem com isso fugir à essência dos fatos. A Profª.Jupyra, era neta do patriarca Manoel Carlos Pereira de Andrade (o Major Neca Andrade), foi casada com o Dr. Amaro Barreto (cirurgião dentista), já falecido, e foi irmã de Jurema Duffles de Freitas, por sua vez casada com Moacir Freitas, ambos falecidos, pais da prima Dra. Bartyra Maria Duffles de Freitas, Advogada residente no Rio de Janeiro e que também contribuiu com muitas informações preciosas para a elaboração deste livro. A tantos outros, aqui simbolicamente representados pela querida prima Célia Andrade Magalhães Alvim, que contribuiu com suas lembranças tão claramente preservadas ao longo de seus lúcidos e admiráveis 90 anos: muito obrigado! Especial agradecimento aos meus tios, Dora Malta Migliano e Max Ferreira Migliano, sem cujo amor e apoio, provavelmente eu não chegaria a escrever livro algum. Alfredo Malta

P.S. – Contribuições e correções a eventuais erros são, desde já, bem vindas e devem ser encaminhadas ao autor através do endereço eletrônico: alfredo@maltaconsultoria.com.br

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Homenagens

Homenageio através deste livro: Ao Major Manoel Carlos Pereira de Andrade e a D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, a quem devemos a verdadeira e fundamental obra; A D. Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes, a cuja coragem e liderança devemos o privilégio de conhecer e freqüentar o Casarão; Ao Dr. Paulo Andrade de Magalhães Gomes, que movido pelo amor filial, dedicação familiar, persistência e abnegação, mostrou como a preservação do Casarão é possível, ainda que às vezes nos pareça inviável; Ao Dr. Carlos Maurício de Paulo Maciel, o nosso inesquecível “Cals’Paulo”, cujo sonho nos inspirou e nos despertou para a possibilidade; À Profª. Jupyra Duffles Barreto, cujas reminiscências de seu tempo de menina e cuja paixão pela história da família e do Brasil, me encorajaram a escrever este livro; Ao Dr. Luiz Eloy de Almeida através de cuja dedicação e esforço, transformamos o sonho em realidade, e A todos os descendentes e cidadãos de Sítio, que entendam, honrem, tomem como exemplo e preservem a obra do casal pioneiro.

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Prefácio

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sta é uma história apaixonante, que entusiasmou o autor a cada nova pesquisa, na busca do ambiente histórico, geográfico, econômico e social, em que se deu a construção e a sobrevivência do Casarão de Sítio da Borda do Campo - residência e sede da fazenda, a partir da qual, foram criados e desenvolvidos os negócios de um notável empreendedor e de sua esposa, que souberam como poucos, conduzir e inovar nas atividades da fazenda para criar indústrias, não só para o benefício próprio ou da família, mas também para o desenvolvimento da comunidade em que viveram, fazendo doações de terras e recursos que se prestaram a instalações destinadas ao uso público, como ferrovia, estação, escola, igreja, hotel, teatro, além de treinar a mão de obra que contrataram para suas indústrias, ao longo de suas laboriosas, honrosas e profícuas existências. É claro que eu não estava presente quando se desenvolveram todos os fatos que relato neste livro, mas me esforcei para conhecer profundamente os personagens, seus hábitos e seus costumes, estudando documentos históricos e de famílias, visitando locais e entrevistando descendentes e/ou parentes, a ponto de poder visualizá-los em suas respectivas épocas e até imaginar diálogos, na vã, embora sincera, esperança de tornar a leitura mais leve e envolvente. Por outro lado, descobrindo detalhes de uso do Caminho Velho, das razões e condições em que se deu a abertura do Caminho Novo, é singular o fato de que havendo evidências claras sobre o papel que Sítio da Borda do Campo (ou simplesmente Sítio), na gênese do abastecimento das vilas do ouro e na construção do Caminho Novo, na criação do arraial que viria a ser a cidade de Barbacena, na criação do que viria a se tornar mais tarde a cidade de Juiz de Fora, fruto da visão e da labuta empreendida pelos descendentes de Fernão Dias Paes Leme, entre eles Garcia Rodrigues Paes (seu primogênito), Domin-

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Alfredo Malta gos Rodrigues da Fonseca Leme (sobrinho e genro), e, anos mais tarde, por Manoel Carlos Pereira de Andrade e D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, que criaram ali um pólo pioneiro de desenvolvimento agro-pecuário-industrial, progressista e invejável para a época - tenham esses pioneiros, tanto quanto esse papel do Sítio da Borda do Campo, sido tão inexplicavelmente ignorados pelos políticos locais e também, por tanto tempo, por boa parte daqueles que até agora registraram a história de Minas Gerais e do Brasil. Assim, o conhecimento desta história trouxe também alguma decepção e indignação ao autor quando, afinal, se deu conta como estes pioneiros e ilustres sitienses, tiveram sua obra e suas imagens embaçadas pela vaidade e pela sede de poder de alguns que, se aproveitando da proximidade do poder e/ou cooptando os locais com promessas populistas, engrandeceram artificialmente a própria imagem, não pelo que realizaram, mas, à custa de, vergonhosamente, omitir o valor daqueles que verdadeiramente, muito fizeram pela região e para fazer de Sítio uma cidade progressista. Aquilo que Sítio chegou a ter como sua característica, na transição do século 19 para o século 20, o que de melhor tinha para se orgulhar e que, sem sombra de dúvida a poderia projetar e se tornar a sua característica marcante, era o exemplo de ousar, ter a coragem de empreender com os olhos no futuro, os pés no presente e os braços em ação, com simplicidade e muito trabalho, com altruísmo e boas idéias, fornecendo ao país os melhores produtos, consagrados por prêmios nacionais e internacionais (e esta é apenas uma síntese da obra realizada pelo ilustre casal - Manoel Carlos Pereira de Andrade e D. Anna Dulcelina Machado de Andrade), tudo isso acabou sendo esquecido, despercebido e ignorado com o passar do tempo. Chega a ser grave o erro dos que tramaram e dos que contribuíram para usurpar o genuíno e verdadeiro nome desta cidade, se beneficiando das artimanhas do mundo político, sem que nada tenham efetivamente construído para a comunidade local, a não ser “histórias para museu”, para engrandecer imagens de si mesmos, artificialmente elaboradas nos bastidores do poder e projetadas nos discursos politicos, mas que nunca resultaram em benefício real à comunidade e à cidade. O mérito e as realizações de Manoel Carlos Pereira de Andrade e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, sua esposa e companheira de empre-

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O Casarão de Sítio da Borda deCampo endedorismo, foram sendo apagados da memória dos seus concidadãos a tal ponto, que a cidade – em termos de urbe - da qual eles, verdadeira e indubitavelmente foram os pioneiros criadores, deles acabou por esquecer e, em os tendo esquecido, se perdeu pelo caminho para o desenvolvimento, além de perder o verdadeiro nome : Sítio. A esses pioneiros, a minha profunda admiração. Alfredo Malta

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Para Cleusa

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Introdução

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asci em Sítio, Minas Gerais - uma estação próxima de Barbacena, e que hoje tem o nome de Antônio Carlos. Sítio está a mais de mil metros de altitude e, como todo o estado, não se pode dizer que é uma região montanhosa, mas coberta de morros, com pouco mato e de vegetação rasteira. Passei nesta cidade pequena parte da minha vida, onde minha mãe era professora e meu pai construtor. Em Sítio, que hoje se chama Antônio Carlos, haviam três famílias de destaque - Andrade (do Major Neca Andrade – Manoel Carlos Pereira de Andrade), Sá Fortes (do bacharel Manoel de Sá Fortes Bustamante Nogueira) e Andrada (do bacharel Antônio Carlos Ribeiro de Andrada). Ocupavam três zonas distintas: os Andrade, no centro da cidade de Sítio, os Andrada, na borda do campo e os Sá Fortes no outro lado, Bias Fortes, etc. Minha mãe é irmã da mãe de minha segunda esposa, a qual se casou em Sítio com um dos Andrade, Eudoro Lasthenes, irmão de D. Cymodócea e filho do Major Manoel Carlos Pereira de Andrade. Meu bisavô Duffles trabalhou na construção da parte serrana da Estrada de Ferro Pedro II (depois Central do Brasil) em Minas Gerais e meu avô, João Baptista da Costa Teixeira, conheceu minha avó porque foi trabalhar na firma desse meu bisavô e lá se conheceram, namoraram e se casaram. O velho Manoel Carlos Pereira de Andrade deu as terras de graça para as linhas da estrada de ferro e para as casas do pessoal da construtora e da estrada de ferro, além de patrocinar a construção de uma escola e da estação; depois fez o mesmo para a construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas (que ficou conhecida por “bitolinha”): um grande empreendedor, cuja importância para a cidade é pouco reconhecida. A família Andrade fez muito por Sítio. Eram industriais, tinham fábrica de leite condensado, manteiga e queijo, fábrica de cigarros, açougue, fábrica de tijolos, fábrica de doces e de vinho, além de hotel, criação de cavalos, de gado e

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Alfredo Malta plantações de algodão, milho, feijão e de frutas diversas. Quando começou a ser empregada a energia elétrica no Brasil, eles logo a utilizaram, sendo meu pai o construtor da barragem destinada a esse fim, aproveitando um curso d’água, que é uma das cabeceiras dos rios Grande e Bandeirinhas, papai cavou a dinamite a parte rochosa do curso e utilizou grandes troncos de árvores. A água se elevava até certo nível, correndo depois para um rego, que por sua vez, iria tocar uma turbina Pelton, que fazia trabalhar os geradores...” Depoimento de um brasileiro ilustre: Marechal Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, Ministro da Guerra de 1954 a 1960, em entrevista a Ignez Cordeiro de Farias e Paulo César Farah, datada de 20 de Outubro de1978.

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Fazenda Cymodócea

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transmissão oral tem o poder de manter viva a história da vida do homem, e, ainda que não possa fazer a vida ser eterna, é capaz de tornar eterna a memória da vida. Uma das tradições, mantida e cultivada pelos membros das famílias Andrade, Duffles, Lott, Magalhães Gomes e seus descendentes, desde os tempos mais remotos, é a da transmissão oral da história do Casarão da Fazenda de Sítio da Borda do Campo, renomeada Fazenda Sant’Anna, depois conhecida por Fazenda Andrade e, atualmente, por Fazenda Cymodócea. O inicio da história do Casarão remonta à época em que a propriedade ainda não fora adquirida pelo patriarca Manoel Carlos Pereira de Andrade (o Major Neca Andrade ou Vovô Neca, como é conhecido no seio da família) e, além de retratar a atuação que as famílias citadas tem tido na história da cidade de Sítio - MG (atual Antônio Carlos), se insere num contexto mais amplo, nas próprias histórias de Minas Gerais e do Brasil, sem deixar de incluir algumas passagens pitorescas, que a tem tornado objeto de interesse a cada nova geração que dela toma conhecimento, que a ela se incorpora e, portanto, a mantém viva. Na verdade, ao ser adquirida pela família Andrade em 1874, a propriedade já era centenária e legalmente referida por Fazenda Sant’Anna do Sítio da Borda do Campo. Entre 1874 e 1922, à época do seu auge de produtividade, foi também conhecida como Fazenda Andrade, como era comum referirse às fazendas pelo sobrenome do proprietário, então homem influente na região e, na escritura que consolidou as empresas familiares no patrimônio da empresa “holding” “Sociedade Anonyma Companhia Andrade”, aparece registrada como Fazenda Sant’Anna de Sítio, da qual o Casarão é a sede remanescente.

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Alfredo Malta O Casarão da Fazenda Cymodócea tem desempenhado um papel preponderante na relação que as famílias Andrade, Duffles, Lott, Magalhães Gomes e seus descendentes, têm com a cidade de Sítio (atual Antônio Carlos), tanto pelo carisma natural de que se revestiram as figuras de Manoel Carlos Pereira de Andrade (Major Neca Andrade) e da sua esposa D. Anna Dulcelina Machado de Andrade (D. Anninha), quanto pela própria dimensão histórica de exemplar atípico da arquitetura colonial rural brasileira, construída sob a influência do clima europeu meridional e que se projeta como marco sobrevivente da inovadora e impressionante obra de agro-negócio estabelecida nesse Sítio, transformando-o de um simples celeiro de alimentos para as minas, em um pioneiro centro industrial e exportador entre o final do século XIX e início do século XX. O Major Neca Andrade e D. Anninha construíram ali ao longo dos anos, algo muito maior do que a obra material de um empreendimento agro-industrial excepcional para a época: estabeleceram uma vivenda que exerce um magnetismo inexplicável em quem nela se hospeda, a ponto de se ter transformado num ícone de satisfação, de bem estar e, assim, num templo onde comungaram e continuam a comungar gerações das famílias Andrade, Duffles, Lott, Magalhães Gomes e seus descendentes, que aprenderam a fazer do encontro entre pessoas o grande motivo para ali se reunirem: essa foi a maior obra de D. Anninha e do Major Neca Andrade. Muito da história do Casarão faz parte da própria história da cidade de Sítio (agora Antônio Carlos) e está entrelaçada com as vidas dos avós, bisavós e trisavós da geração da qual faço parte (alguns de nós, também já avós) e que habitaram e/ou freqüentaram o Casarão; tanto assim é, que os seus descendentes tem por hábito até hoje, nas conversas familiares e no cultivo da tradição oral, se referirem à cidade como Sítio: reminiscência do tempo em que esta região era conhecida pelo seu primeiro e genuíno nome: “Sítio da Borda do Campo”, parcela de sesmaria, desde há muito conhecida pelos tropeiros que arranchavam em “Campolide”, onde o Capitão Garcia Rodrigues Paes, casado com sua prima, D. Maria Antônia Pinheiro da Fonseca Leme, possuía uma roça e extensa criação de gado, próxima da de seu cunhado e primo, o Coronel Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, onde mantinham respectivas famílias e agregados.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo A designação de Fazenda Cymodócea, como o Casarão é hoje conhecido, foi uma forma que os netos encontraram para homenagear D. Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes, ela mesma uma descendente da família Andrade, filha do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina, cuja determinação, respeito e amor dedicados à sua mãe e à sua avó D. Anna Joaquina de Andrade Machado, impediu que após o falecimento do Major Neca Andrade, estas passassem pelo dissabor de ver o mítico Casarão (no qual viveram tão intensamente a maior parte de suas vidas), deixar de pertencer à família, como conseqüência de grave crise pela qual a Sociedade Anonyma Companhia Andrade (então responsável pela administração da Fazenda Andrade) passou, a partir de 1925. Nesse episódio, os filhos de D. Cymodócea, que sempre lhe devotaram muito amor e respeito, foram liderados pelo Prof. Dr. Paulo Andrade de Magalhães Gomes - o primogênito - e de seu irmão, Dr. Cícero Andrade de Magalhães Gomes, cujas participações fundamentais no processo, mostraram a dimensão das suas pessoas, que serão sempre lembradas como exemplos de dedicação às causas da família, altruísmo, amor filial e fraternal. Ao homenagearem D. Cymodócea, os netos certamente também homenagearam Paulo e Cícero.

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Borda do Campo e Campolide

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ítio (atual Antônio Carlos), floreceu na região conhecida como “Borda do Campo”, no altiplano da Serra da Mantiqueira (corruptela da palavra “maantikira, que na língua Tupi significa “serra das vertentes”, sendo maan = coisa grande, serra e, tikira= vertentes), a 1040 metros de altitude, e dista por rodovia: – de Barbacena, 12 km; – de Tiradentes, 57 km; – de Congonhas, 103 km; – de São João d’El Rei, 105 km; – de Belo Horizonte, 190 km; – de Ouro Preto, 217 km; – de Mariana, 226 km; – do Rio de Janeiro, 300 km; – de São Paulo, 584 km; – de Brasília, 972 km; A temperatura média anual na região da “Borda do Campo” é da ordem de 15ºC. Para os bandeirantes, haviam apenas dois tipos de vegetação: “o mato” e “o campo”. Chamavam “borda do campo” a toda essa região, porque depois de muitos dias subindo e descendo morros dentro da mata fechada da Serra da Mantiqueira, ao chegarem à aldeia onde viviam os índios Cataguás, ali se acabava o caminho do mato fechado, havendo apenas capões de mata e capoeiras - era a borda: o limite de onde começava o campo.

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Sítio e a Serra da Mantiqueira

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Serra da Mantiqueira, em cujo altiplano mineiro se ambienta a história do Casarão, da qual faz parte a região da “Borda do Campo” e onde floreceu Sítio (atual Antônio Carlos), integra o eco-sistema da Mata Atlântica, possui um clima saudável e uma das maiores biodiversidades do nosso planeta, além de apresentar algumas das mais belas paisagens do país. Na época em que Garcia Rodrigues Paes Leme e Domingos Rodrigues da Fonseca Leme ali se estabeleceram, a Serra da Mantiqueira era o maior obstáculo a ser vencido pelas expedições que iam para o interior do Brasil à procura de ouro e pedras preciosas, tanto pela interminável seqüência de montanhas, pelas grandes altitudes, pela densa mata, pelo clima rigoroso no inverno, pelos animais selvagens, quanto pela sua extensão, pois ela é, na verdade, o mais importante maciço montanhoso do país, que se estende pelas atuais divisas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com vários picos com mais de 2.000 metros de altitude, dos quais três estão entre os mais altos do Brasil. Da sua estrutura mais elevada com 500 km de extensão, ao longo das divisas dos três estados de que é parte, forma uma série de montanhas e planos elevados no sul de Minas Gerais. Devido à altitude, o inverno na Serra da Mantiqueira apresenta temperaturas muito baixas, com ocorrência freqüente de nevoeiros no início das manhãs e mesmo geadas, dando à paisagem o visual dos climas frios, sendo comum os termômetros atingirem marcas próximas a 0ºC, havendo diversos locais que já registraram -5ºC e, nos picos mais altos, -10ºC. Em Sítio, embora esteja na “borda” da Serra da Mantiqueira e possua clima seco e aprazível, já observamos no Casarão, a marca de 1ºC em uma das tantas madrugadas, em que tivemos o privilégio de lá estar junto com pessoas muito queridas, a comer pinhões cozidos e “a jogar conversa fora”, como se diz por ali.

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Alfredo Malta Nas regiões de matas da Serra da Mantiqueira, ainda hoje é possível encontrar árvores nobres, algumas majestosas, tais como jacarandá, cedro, canjerana, guatambu, ipê, canela, angico, jequitibá e o pinheiro-bravo, típicos do clima tropical de altitude e, mesmo na região dos campos, a nossa singela e querida Araucária (“curi” na língua indígena), única espécie de pinheiro nativa do Brasil, árvore que elegemos como o símbolo vivo desta história do Casarão, cujo exemplar centenário alí existente, tem atravessado os anos como uma sentinela e testemunha silenciosa da história de Sítio (atual Antônio Carlos). É nesse habitat, apesar de tantas agressões ao meio ambiente, onde ainda hoje é possível encontrar o veado campeiro, o lobo guará, a onça parda, o cachorro vinagre, a jaguatirica, a paca, o bugio, o macaco sauá, o mono, o esquilo, o ouriço caixeiro, o quati, além de aves como a gralha azul, o tucano, a maritaca, o inhambu, a jaçanã, a seriema, o jacu e o gavião carcará. Na região emoldurada pelas Serras de Conceição do Ibitipoca (onde hoje se situa o Parque Estadual de mesmo nome), Serra do Sapateiro e da Mantiqueira propriamente dita, nascem o rio Paraibuna, bem como o rio das Mortes, cuja bacia se interliga à do Rio Grande e onde ainda se pode encontrar alguns trechos de matas nativas, formando o que poderíamos definir como uma floresta subtropical. Sítio (atual Antônio Carlos) se situa nas seguintes coordenadas : latitude = 21º,3’ Sul / longitude = 43º,7’ Oeste; se limita, atualmente, com os seguintes municípios: Barbacena, Ibertioga, Santa Rita do Ibitipoca, Bias Fortes e Santos Dumont; seu território se constitui de 4 distritos: Antônio Carlos, Curral Novo de Minas, Dr. Sá Fortes e São Sebastião de Campolide, e, no segundo descendio do século XXI, sua população gira em torno de 12.000 habitantes. As cachoeiras adicionam à paisagem da região, um atrativo e uma delas, distando poucos metros do centro da cidade de Sítio (atual Antônio Carlos): é conhecida hoje como Cachoeira da Copasa, nome da companhia que capta, trata e distribui água no estado de Minas Gerais. Foi nas proximidades de uma outra queda d’água, nas cabeceiras dos rios Grande e Bandeirinhas que, em 1915, foi instalada a primeira turbina geradora de energia elétrica da região, mais uma das contribuições de Manoel Carlos Pereira de Andrade (o Major Neca Andrade) à comunidade da qual fazia parte. Um pouco mais afastadas do centro estão: Cachoeira D. Mariana Afonso, Cachoeira da Fazenda das Gerais, Cachoeira da Fazenda Ponte Funda e Cachoeira do Buraco dos Bichos. O rio Paraibuna nasce em Sítio, a 30,4km do centro da cidade.

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O Ouro das Gerais

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ara criar a adequada ambientação para esta narrativa e relacionar a história do Casarão com o contexto da realidade de formação do Brasil, recorro a trechos das histórias do país e de Minas Gerais: A história da origem de Minas Gerais é a história das catas de ouro, da faiscação de diamantes e de pedras preciosas, pelos ribeirões e córregos que cortavam a região montanhosa dos matos e dos campos gerais, onde viviam os índios Purís e Cataguás. Antes de se chamar Minas Gerais, a região do estado teve outros nomes como “Campo dos Cataguás” (época das primeiras Entradas e Bandeiras), depois “Sertão das Gerais”, a seguir “Capitania de São Paulo e Minas de Ouro” (até a chegada da família real portuguesa, em 1808), “Província de Minas Gerais” (até pouco depois de ser instalada a república, em 1889) e, a partir de então, “Estado de Minas Gerais”. Desde o primeiro século após o descobrimento do Brasil, várias “entradas” foram feitas nestas paragens, vindas principalmente de São Paulo. “Entradas” eram incursões de iniciativa do governador geral do Brasil que, embora se embrenhassem pelos sertões em busca de riquezas minerais e à caça de indígenas, não promoviam o povoamento do território, pelo contrário, concorriam para o despovoamento, face o deslocamento dos silvícolas aprisionados para as fazendas de São Paulo ou para os engenhos do Nordeste açucareiro. Quando as “entradas” passaram a ser de iniciativa privada, autorizadas previamente pelo rei de Portugal, passaram a ser denominadas “bandeiras” e os seus empreendedores, de “Bandeirantes”. Entretanto, passou-se quase um século desde que em 1590, Affonso Sardinha e Antônio Bicudo Carneiro acharam ouro pela primeira vez no Brasil, no córrego Santa Fé, ao sopé do Pico do Jaraguá (“Sentinela do Vale”, na língua

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Alfredo Malta Tupi, ponto culminante do atual município de São Paulo), até que a persistência dos “bandeirantes“ levasse aos achados auríferos na região que viria a ser conhecida como “das minas gerais”. Em 1618, uma nova era se inicia na conquista dos sertões: Antônio Castanho da Silva, forma a primeira “bandeira”, uma iniciativa privada que lidera, saindo de Taubaté onde nasceu, à procura de jazidas de ouro, passando pelo Rio de Janeiro e seguindo até o atual Espírito Santo, de onde sobe o Rio Doce, enveredando pelos sertões das futuras “minas gerais”, se embrenhando na direção de Cuiabá e chegando até o Peru, onde morreu em 1622. Em 1674, a mais importante “bandeira” é então formada - a de Fernão Dias Paes Leme - que saindo da vila de São Paulo de Piratininga, seguiu pelo Vale do Paraíba, atravessou a Serra da Mantiqueira, abrindo caminho e criando pousos (que se transformariam em cidades) pelo “sertão das gerais“. Como se sabe, o bandeirante rumou no sentido Norte em busca de concretizar seu grande sonho, que lhe rendeu a alcunha de “O Caçador de Esmeraldas” : encontrar a “serra resplandecente”, local onde segundo os índios, “havia muito ouro e esmeraldas” e que Fernão Dias julgou ter encontrado no Sabarabuçu, em seus delírios de febre. Há registro de que, em 1682, Manoel de Borba Gato, seu genro, já extraía ouro em algumas áreas sobre as quais detinha direitos, sem alardear o fato. Finalmente em 1693, Antônio Rodrigues Arzão, um paulista de Taubaté, acompanhado de Bartolomeu Bueno de Siqueira, seguindo os caminhos e indicações de Fernão Dias Paes Leme, termina por encontrar cascalho aurífero no sertão do rio Casca, bacia do “Ribeirão das Mortes”, região que abrange 6.682 km², incluindo os locais das atuais cidades de S.João d’El Rei e Tiradentes e dando início assim, à corrida do ouro e ao paulatino povoamento dos “sertões das gerais”. Em 1694, Manoel de Camargos, que vinha sertão das minas adentro em expedição à procura de ouro, estabelece o que consta como o primeiro arraial aurífero das minas gerais, no local onde hoje fica a cidade de Itaverava (que em língua Tupi quer dizer “pedra brilhante”). Pouco depois, o bandeirante Garcia Rodrigues Paes Leme (filho de Fernão Dias Paes Leme e neto de Fernão Dias Paes), que desde jovem acompanhava o pai e era grande conhecedor da região, estabeleceu um rancho para

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo aquartelar seus correligionários numa sesmaria ali na “borda do campo”, próximo ao Rio das Mortes e da casa de seu primo e cunhado (o Coronel Domingos Rodrigues da Fonseca Leme). Após a descoberta de minas de ouro na região do Ribeirão do Carmo (atual região de Mariana e Ouro Preto), em 1696, teve início a extração de ouro desenfreada, mas esses locais não eram propícios à criação de roças que pudessem abastecer o grande número de “mineiros” que para ali foram se aventurar (estima-se em 30.000), e a fome passou a ser um tormento; então, com o declínio da mineração na região da “borda do campo”, pois o ouro de aluvião se esgotara, Garcia Paes decidiu iniciar ali uma “roça”, onde o solo se mostrou propício às plantações (roças) e à criação de gado. Seu rancho naturalmente se tornou local de descanso e reabastecimento tanto de tropeiros, quanto de mensageiros a serviço da coroa portuguesa que ali davam trégua às suas missões (“lides”), pelos “sertões das gerais” os quais, certamente por uma analogia nostálgica, passaram a chamar o local pelo nome de um bairro homônimo de Lisboa, capital do reino: “Campolide” é como os mensageiros a serviço da côrte portuguesa chamavam a parcela de sesmaria onde ficava a roça de Garcia Paes. Fiz contato a respeito, com a Direção de Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Portugal, cidade da qual consta o bairro homônimo muito antigo, e dela tive notícia de que os elementos memoriais mais remotos para o vocábulo Campolide remontam ao século XII e, segundo Duarte Nunes de Leão, que viveu no século XVI, o topônimo é uma derivação da expressão “Campo da Lide”, surgida do fato de que naquele local se aquartelavam, descansavam das “lides” das batalhas e se recompunham para novos avanços, os castelhanos que fizeram o cerco de Lisboa, em 1384, ocorrido no contexto da sucessão de D. Beatriz, filha do rei D. Fernando de Portugal e de D. Leonor Teles de Menezes. Morto o rei e sendo D. Beatriz ainda uma criança, D. Leonor assume a regência e proclama a filha rainha de Portugal, o que contrariou os interesses do reino de Castela, uma vez que Beatriz havia sido prometida por D. Fernando, para casar com o rei de Castela e Leão, D. João I, então viúvo, motivando assim, as batalhas que culminaram com o cerco de Lisboa.

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Os Caminhos dos Bandeirantes

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té o ano de 1700 as regiões, hoje conhecidas como estado de Minas Gerais e estado do Rio de Janeiro, faziam parte da capitania de São Vicente (1532) a qual era então pertencente ao Marquês de Cascais, nobre da côrte de Portugal; tinha como sede administrativa São Paulo de Piratininga (1554) e, como as minas de ouro haviam sido descobertas pelos bandeirantes, que saiam de São Paulo, era normal que os caminhos de transito pela colônia seguissem sobre suas trilhas de penetração. A região do rio das Mortes, pela sua localização, tornou-se passagem natural e obrigatória para aqueles que, transpondo o Rio Grande e a Serra da Mantiqueira vinham de São Paulo ou do Rio de Janeiro, para as minas de Ribeirão do Carmo e Sabará. Na época, ainda era habitada pelos índios da tribo Cataguá – os mais temidos – pois, tinham fama de cruéis e até mesmo de antropófagos, entretanto, a força armada do homem branco invasor se impôs e os indígenas foram forçados a fugir ou se adaptar, tornando o acesso aos campos gerais, mais fácil com o passar do tempo. Em meio a essa região, no local denominado Porto Real da Passagem, um paulista se estabeleceu e passou a exercer cobrança dos que atravessavam o Rio das Mortes, fornecendo-lhes pouso e algum alimento, formando-se aí um arraial, na região que viria a ser conhecida por “Arraial do Rio das Mortes”, entre o que hoje são as cidades de S. João d’El Rei e a de Tiradentes. Assim, o ouro extraído no entorno da Vila do Ribeirão do Carmo (criada em 1696) - atual cidade de Mariana - e de Sabará, era levado pelos antigos caminhos dos paulistas, atravessava a Serra da Mantiqueira e seguia pela Serra do Mar abaixo, atravessando o Vale do Rio Paraíba do Sul, no atual estado de São Paulo, com destino a Paraty (criada em 1646) – no atual estado do Rio de Janeiro-RJ - onde a carga era embarcada em galeões, com destino a Portugal.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Para os que vinham do Rio de Janeiro em direção às minas de ouro, deviam ir a cavalo até Santa Cruz, passando por Catumbi e Cascadura, pegar uma embarcação que bordejava por Itacuruçá, Muriquí, Angra dos Reis e, se conseguissem escapar da abordagem dos piratas, navegar até Paraty. Após ali desembarcarem, subiam a Serra do Mar (nesse trecho, conhecida como Serra do Facão) através de uma antiga trilha dos índios Guaianás, em lombo de burro até atingir Cunha, de onde iam a Guaratinguetá, já no vale do Rio Paraíba, seguiam até Taubaté, de onde subiam pela Serra da Mantiqueira, rumo aos chamados “sertões das gerais”. Os que vinham de São Paulo de Piratininga, podiam seguir mais de um caminho (o que dificultava o controle pela coroa portuguesa), mas o mais direto, saindo do local hoje conhecido como “Pátio do Colégio” (antigo colégio jesuíta considerado o nascedouro da cidade de São Paulo) era: descer o Rio Anhangabaú, passar pela várzea do Rio Tietê e seguir em direção ao vale do Rio Paraíba, até Taubaté, de onde igualmente subiam pela Serra da Mantiqueira, rumo aos “sertões das gerais”.

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O Caminho Velho

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rota do ouro seguia o sentido inverso: tinha início em Vila do Ribeirão do Carmo (Mariana) onde se estabeleceram as autoridades fiscalizadoras da coroa portuguesa, passava por Vila Rica (Ouro Pre-

to), Ouro Branco, Vila Real de Queluz (Conselheiro Lafaiete), Itaverava, Casa Grande, Lagoa Dourada, Sítio da Borda do Campo (região onde hoje se localizam Barbacena, Antônio Carlos, Fazenda Cymodócea, Fazenda da Borda, Bias Fortes e Registro Velho), Rio das Mortes (Tiradentes, São João d’El Rei), Carrancas, São Sebastião da Encruzilhada (Cruzília), Mapendí (Baependí), Arraial de Barra do Rio Verde (Itanhandu), Passa Quatro, atravessava a Serra da Mantiqueira pela Garganta do Embaú (atual Cruzeiro), passava por onde se situam cidades hoje conhecidas por Cachoeira Paulista, a seguir Lorena e chegava a Guaratinguetá; daí a Taubaté, seguindo para o sul pelo vale do Rio Paraíba, caso o destino final fosse São Paulo, ou então, a partir de Guaratinguetá descia a Serra do Mar, passando por onde hoje fica a cidade de Cunha e chegava a Paraty. A título de curiosidade: o nome da cidade de Passa Quatro (1674), acima mencionada, consta dos manuscritos de uma das expedições do bandeirante Fernão Dias Paes Leme como sendo “... a única passagem tranqüila depois de uma garganta profunda de onde se deve galgar a serra e passar quatro vezes o rio que se escorrega por um verde e espaçoso vale.”. Para ir de Vila do Ribeirão do Carmo (hoje Mariana e Ouro Preto) para Rio das Mortes (São João d’El Rei) duas eram as rotas mais utilizadas: a primeira como foi acima descrita e a segunda, passava pela região onde hoje ficam as cidades de Resende Costa, Coronel Xavier Chaves e Prados. De Vila do Ribeirão do Carmo passando por Paraty e até o Rio de Janeiro, o caminho se

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo estendia por mais de 1.200 quilômetros, percorridos em cerca de 120 dias de viagem, se as condições climáticas ajudassem. Percebe-se que cada viagem era uma aventura que se iniciava em lombo de burros e, como a rota seguia as veredas das serras originalmente utilizadas pelos índios, em muitos trechos, a carga tinha que ser retirada dos burros e ser transportada por escravos, de forma a superar os trechos escorregadíos, sinuosos, estreitos, escurecidos pelo emaranhado de cipós, plantas e árvores; era o que, por volta de 1710, passou a ser chamado de “Caminho Velho”. Mas ainda antes de 1700, com o excepcional aumento na extração e purificação do ouro das “minas gerais d’El Rei”, D. Pedro II, de Portugal, visando benefício próprio, decide desmembrar a capitânia de São Vicente e cria a capitania de São Paulo (aí inclusas as minas de ouro e a região onde hoje é o estado do Rio de Janeiro), colocando-a sob a administração direta da coroa portuguesa. Quando uma jazida era descoberta, mesmo com todo o segredo que se pretendia manter, a notícia acabava por vazar e muita gente afluía ao local, causando muitos desentendimentos, pois os recém-chegados tentavam esburacar o solo o mais próximo que fosse possível das primeiras ocorrências. As brigas e mortes eram inevitáveis e o local ficava tumultuado. Na tentativa de garantir a produção e o quinto à coroa, seus governadores instituíram um sistema simples e rudimentar de organização para a exploração das minas, afinal em princípio, todo o território era propriedade de sua majestade, o rei: ao descobridor de uma jazida, era permitido ter uma data (unidade de área adotada para controlar a distribuição de terras onde seriam abertas e exploradas as minas) no local do descobrimento, por ser o descobridor, e mais outra data como mineiro (explorador); a seguir, reservava-se uma data para El’ Rei e mais uma, para o guarda-mor das minas; as demais se distribuíam por sorteio. Cada uma dessas datas do descobridor, do mineiro, d’El Rei e do guarda-mor, correspondia à área de um quadrado com trinta braças de lado; as datas distribuídas por sorteio correspondiam a um quadrado com duas braças de lado para cada escravo que o requerente alocasse no trabalho de exploração, ou seja, eram proporcionais ao número de trabalhadores empregados na lavra.

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Alfredo Malta Braça é a palavra derivada do Latim (brachia), que designa uma antiga unidade de medida, equivalente ao comprimento de ponta-a-ponta, dos dois braços abertos do homem e que, no Brasil da época, correspondia a 10 palmos de 22 cm ou seja, 2,2 m. A par dessa providência, no ano de 1695, instalou-se em Taubaté a primeira oficina destinada a fundir e “quintar” o ouro extraído na região das minas gerais de Cataguás, por ser ali um ponto de passagem obrigatório tanto para todos os que iam, quanto para os que vinham das minas gerais. “Quintar” é uma referência ao imposto cobrado pela Coroa portuguesa sobre o ouro encontrado em suas colônias: o “quinto”, ou a quinta parte, que correspondia a 20% do metal extraído e era registrado - ou “quintado” - em “certificados de recolhimento” pelas casas de fundição. Ali eram registradas as quantidades e origens do ouro que, em seguida, era fundido, cunhado em barras, “tipado” a martelo com a marca da Coroa, extraído o “quinto” e, desta forma, o minerador tinha o metal regularizado. Dali o ouro podia ser levado a São Paulo por terra, ou por mar ao Rio de Janeiro, através de Paraty. A primeira arrecadação do “quinto”, no período entre 1695 e 1697, registra um total de 3 arrobas (45kg). No futuro, as remessas anuais de ouro para Portugal chegaram à casa de várias toneladas. Apesar da continua vigilância boa parte do ouro extraído não era declarada e assim, o “quinto” era sonegado. A forma mais usada e conhecida de burlar os Registros era esconder o metal no interior de imagens de santos, que eram ocas e daí a expressão “santo do pau oco”, que se diz daquele que se faz passar pelo que não é. Quando esse recurso ficou por demais conhecido, algumas pessoas como Domingos Dias de Torres, o padre José Rodrigues Preto (vigário da vila de São Francisco das Chagas de Taubaté) e frei Roberto (membro da ordem de São Bento), passaram a utilizar o recurso de confeccionar cunhos falsos, mas em 1698 essa farsa foi descoberta e o provedor dos quintos, Carlos Pedroso da Silveira, iniciou uma devassa (investigação oficial pela Coroa), resultando que o primeiro envolvido fugiu e os dois religiosos acabaram perdoados pelo governo português, por influência da Igreja católica. O fato é que a extração do ouro se alastrou, a produção do metal aumentou muito e com ela, a dificuldade de transportá-lo ao Rio de Janeiro com segurança, onde seria embarcado para Portugal.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo D. Pedro II, de Portugal, então se dá conta da enorme dificuldade em transportar o ouro pelo caminho acima descrito: entre 4 e 6 meses de viagem, conforme a estação do ano, correndo riscos enormes e com altos custos: era necessário abrir um caminho mais curto, limpo do emaranhado de vegetação, provido de pousos e roças, que reduzisse o tempo, provido de postos de guarda que controlassem as cargas e tornassem a viagem para o litoral mais segura. Além disso, a coroa portuguesa queria tornar eficaz o controle sobre o pagamento dos tributos que incidiam sobre a extração do ouro, pois era tido e havido que uma parte do ouro era escondida dos fiscais das minas e era contrabandeada e transportada por diversos caminhos, visando escapar dos altos tributos, que incidiam sobre toda extração; portanto, era necessário instituir um caminho que, além dos benefícios acima mencionados, permitisse fiscalização também na fase de transporte. O primeiro nome lembrado para executar essa tarefa foi o do Coronel Manoel de Borba Gato, bandeirante e genro de outro famoso bandeirante: Fernão Dias Paes Leme (então já falecido), pois, além de conhecer muito bem os caminhos que se iniciavam no planalto paulista e de ter descoberto diversas jazidas de ouro e de pedras preciosas na região de Cataguases e Sabará, conhecia a região do Rio das Mortes e sabia como poucos, vencer a então inóspita Serra da Mantiqueira. Entretanto anos antes, em 1682, um dos agregados de Borba Gato se envolvera numa briga com o fidalgo espanhol D. Rodrigo de Castel Blanco, que então visitava o “sertão das gerais” como enviado do rei (Pedro II de Portugal) e a quem fora outorgado o titulo de governador das minas, que sob sua administração se viessem a descobrir. Como Borba Gato já detinha titulo igual, sobre as minas que descobrira no “sertão das gerais”, percebeu que D. Rodrigo de Castel Blanco, por ser fidalgo, poderia após conhecer a região, requerer direito sobre minas ainda não exploradas, mas que Borba Gato considerava serem de seu titulo, por estarem dentro do seu território de exploração. Após uma forte discussão, D. Rodrigo quis se impor pela força das armas e em meio ao clima tenso, um dos agregados de Borba Gato se descontrola e avança sobre D. Rodrigo e, da briga, resultou a morte do fidalgo.

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Alfredo Malta Apesar de ser considerado homem de confiança na côrte, Borba Gato cai em desgraça, o que o levou a se isolar na região do sertão do São Francisco, para onde levou a família e ali permaneceu durante anos, sem retornar a São Paulo antes de 1699. Aconselhado então pelo governador da capitania, Antônio de Albuquerque, o rei nomeia em 1698, o guarda-mor Garcia Rodrigues Paes que então contava 39 anos de idade (consta que teria nascido na região do Serro-MG, em 1660), era cunhado de Borba Gato e filho primogênito de D. Maria Rodrigues Paes (nascida Maria Garcia Betim) e de Fernão Dias Paes Leme, com o qual fazia viagens desde que era rapazola e que lhe permitiram conhecer, como poucos, os “caminhos dos bandeirantes”: trilhando pelas veredas que se iniciavam em São Paulo, cortavam as Serras da Mantiqueira, do Mar, dos Órgãos e do Espinhaço e seguiam sertão adentro. Como já dito antes, Garcia Rodrigues Paes mantinha um rancho (atual Campolide) próximo da Comarca do Ribeirão das Mortes e da casa de seu outro cunhado e primo, Domingos Rodrigues da Fonseca Leme (atual Fazenda da Borda, em Antônio Carlos-MG).

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O Caminho Novo

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á quem diga que a abertura do Caminho Novo teria começado a partir de Vila Rica, seguindo em direção a São Sebastião do Rio de Janeiro, uma vez que pelo Caminho Velho, que levava a Paraty, já se passava pela macro-região do Campo das Vertentes, mais específicamente de que se iniciou pela micro-região da Borda do Campo; há também a versão menos provável, de que se iniciou em São Sebastião do Rio de Janeiro, em direção ao Sítio da Borda do Campo, entretanto não seria plausível nem lógico subir a serra inóspita, escorregadia, em meio à mata fechada, carregando a carga e as tralhas necessárias à execução dos serviços e à alimentação da tropa; assim, a hipótese mais consistente, plausível e lógica, é de que o Caminho Novo se iniciou no Sítio da Borda do Campo (Barbacena, Antônio Carlos, Ibertioga, Bias Fortes) onde moravam Garcia Rodrigues Paes e Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, com suas famílias e agregados. Na verdade, por cartas trocadas entre o Rei de Portugal e Artur de Sá, que fora encarregado de contratar Garcia Rodrigues Paes de “... abrir uma picada, que saísse da Borda do Campo e acabasse na raiz da Serra do Mar“, é possível confirmar que o Caminho Novo teve sim início no Sítio da Borda do Campo. Tendo sido nomeado pelo rei como “Intendente do Caminho Novo”, responsável pela abertura, limpeza e manutenção de um novo caminho entre as minas de ouro e o litoral do Rio de Janeiro, Garcia Rodrigues Paes, ajudado por seu primo e cunhado, o Coronel Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, inicia a abertura do caminho a partir da região do Sítio da Borda do Campo (Campolide), onde mantinha um rancho de subsistência para as minas, desde 1670. Garcia Paes, homem experiente, sabia que teriam que produzir e acumular gêneros para sua subsistência e dos seus trabalhadores, a serem transportados durante a caminhada para “abertura” dos “matos fechados” que iriam enfren-

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Alfredo Malta tar ao descerem a serra, entretanto, a quantidade de gêneros possível de se transportar se limitava a durar por trechos do caminho, então, após cada trecho tinham que interromper a jornada, estabelecer ali um novo rancho, iniciar o plantio de novas roças, fazer as colheitas e, só então, continuar avançando em direção ao Rio de Janeiro. Era assim que viajavam os bandeirantes e foi assim que surgiram boa parte das cidades de Minas Gerais, portanto é plausível que o novo caminho fosse o mais curto possível. Além do mais, como a administração da coroa para as minas se concentrava em Vila do Ribeirão do Carmo (atual Mariana) e, como a ligação desta à Borda do Campo (passando por Vila Real de Queluz, atual Conselheiro Lafaiete), era existente e atendia satisfatoriamente ao transporte do ouro e de outras mercadorias, e como era sabido que o trecho crítico era a descida da Serra dos Órgãos, a rota lógica seria aquela que aproveitasse o maior trecho do caminho velho existente, uma vez que só se avançava em um novo caminho, na medida em que se formassem roças para alimentar as pessoas e os animais que iriam abrir, não só os trechos de “mato fechado”, mas ultrapassar o flanco inicial menos íngreme da Serra da Mantiqueira (Zona da Mata mineira), seguir pelo altiplano procurando passagem para um flanco seguinte, até iniciar a descida da Serra dos Órgãos, continuar rumo serra abaixo, até encontrar uma das veredas que certamente desaguaria em algum rio da atual “baixada fluminense”, ligando as fraldas da Serra do Mar às águas da baía da Guanabara e daí, por barco, à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Entre Ribeirão do Carmo e o Sítio da Borda do Campo, não havia o “mato fechado”, a região era montanhosa, mas sem graves obstáculos e o transito de pessoas e cargas não eram penosos, sendo assim, o novo caminho mais lógico e menos custoso seria sair de Sítio da Borda do Campo enveredando pela região atualmente conhecida por Zona da Mata mineira, até ultrapassar a Serra da Mantiqueira e depois, a Serra dos Órgãos, levando tralhas descendo, pois seria mais fácil do que subindo, bastava escolher os cursos de água mais adequados e seguir-lhes o caminho, próximo das suas margens. Portanto, é plausível concluir porque os trabalhos se iniciaram a partir do Sítio da Borda do Campo, de onde Garcia Rodrigues Paes podia contar com o suporte do seu primo e cunhado Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, dos seus agregados e onde já cultivava roças que lhe forneceriam os cereais

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo necessários à sobrevivência inicial no trajeto, e dali foi avançando até atingir um local às margens do “rio das águas pretas” (significado de “Paraibuna, em Tupi-Guarani), na confluência com o rio Paraíba do Sul, local que julgou ser o mais adequado para iniciar a abertura do “mato fechado” e, como era costume dos bandeirantes, logo iniciaram plantios de milho, feijão e mandioca para subsistência da família, agregados, escravos e animais. No local às margens do Paraibuna, escolhido por Garcia Rodrigues Paes para base de apoio às operações necessárias à abertura e limpeza do que viria a ser parte do “Caminho Novo”, se formou a Rocinha, que algum tempo depois se tornou a Fazenda do Alcáide-mor Thomé Corrêa Vasques (genro de Garcia Paes). Anos mais tarde, depois de abandonada essa fazenda, o lugar passou a ser conhecido entre os índios Coroados da região, como Tapera Baixa (“tapera” quer dizer lugar abandonado, em língua Tupi-Guarani). Na verdade, embora o mapa oficial atual da “Estrada Real”, mostre o Caminho Velho como rota única distinta chegando à região das minas de ouro, existiam outros “caminhos velhos” como o trecho entre as regiões das minas de ouro do Ribeirão do Carmo (atuais Ouro Preto e Mariana) e Sítio da Borda do Campo, rota que já era utilizada com maior frequência pela melhor topografia, outra evidência de onde seria natural iniciar o Caminho Novo. Para essa empreitada, Garcia Rodrigues Paes arregimentou mais de uma centena de trabalhadores, entre seus familiares, agregados, escravos e contratados e lhes proveu todas as tralhas e materiais necessários à abertura, limpeza da mata e arrumação do leito do caminho, além de alimentação e abrigo: tudo com dinheiro seu, na esperança de um dia ser recompensado pelo rei, como era praxe na época. A trilha aberta por Garcia Rodrigues Paes e Domingos da Fonseca Leme, a partir de Sítio da Borda do Campo, passou por Palmyra (Santos Dumont), Tapera Baixa (Juiz de Fóra), Matias Barbosa, Simão Pereira, Encruzilhada (Paraiba do Sul), Cabaru, Pau Grande, Roça do Alferes (Paty do Alferes), Roça do Capitão Marcos da Costa, Pouso Frio, Sítio do Couto (de onde já se podia ver ao longe a Baía de Guanabara), Tinguá, Xerém (curiosidade: Xerém seria uma corruptela aportuguesada do nome do barqueiro inglês John Charing, que fazia transporte fluvial entre o porto do Pilar e o interior da região) e dali, por 12 Km ao longo do rio Iguaçu, até o Porto de Pilar do Iguaçu (atual Duque de Caxias).

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Alfredo Malta Deste porto, à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, seguia-se por barco até o Cais dos Mineiros, situado entre o sopé do Morro de São Bento e a atual Praça XV de Novembro, quase em frente à Igreja da Candelária (mais rápido), com eventual escala na ilha do Governador. A alternativa era ir de Pilar do Iguaçu, bordejando a baía por terra, sujeito a caminhos muito difíceis e perigosos. Mas já no ano de 1702, passava gente a pé pelo Caminho Novo e Garcia Paes continuou os trabalhos para melhorar o caminho, a ponto de finalmente permitir a passagem de tropas de burros, sem o que, os tropeiros continuariam a ser obrigados a usar o “Caminho Velho”. Nesse mesmo ano, o bandeirante João de Siqueira Afonso descobre mais ouro de aluvião no rio das Mortes. Em 1706, ano do início do reinado de D.João V(que bem pode ser referido como o “Luis XIV português”, por ter como único interesse na vida, o poder, o fausto, a riqueza e a aparência pessoal), a remessa anual de ouro para Portugal atingira a marca de 4,4 toneladas e ao longo desse reinado aumentaria ainda mais, mas na colônia geradora de tanta riqueza, Garcia Paes não terminara ainda a abertura do novo caminho, mas já havia perdido boa parte dos escravos índios, que evadiram pelas matas da Serra (as quais conheciam melhor do que ninguém), havia gasto todo o dinheiro ganho como bandeirante e então, seu cunhado Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, assume os encargos para terminar a empreitada, conseguindo terminá-la com mais seis meses de trabalhos. A tensa convivência com os índios da região não era o único complicador a dificultar a obra de Garcia Paes e, com a abertura do Caminho Novo vieram forasteiros do nordeste e portugueses, para os locais onde antes só se arriscavam os paulistas e começam a ocorrer sérios atritos entre estes, os portugueses e os forasteiros, aos quais os paulistas chamavam, de forma pejorativa, de “emboabas” (nome que se dava àqueles que vinham de Portugal, das Ilhas Atlânticas Portuguesas ou da Bahia, à procura de enriquecimento fácil e rápido) . Os paulistas da época falavam uma mistura de Português, Espanhol e Tupi, e, segundo o dicionário Houaiss, na língua Tupi a palavra “mbóaba” decorre da contração das palavras mbó (significa fazer que) e aba (significa ferir), portanto mbó’aba seria um epíteto coletivo, aplicável a um grupo, significando “os que invadem, agridem”.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Mas há quem defenda a versão de que “mbóaba” significa literalmente “pata peluda” (mbó = pata + aba = peluda) e que, na época, designava as aves de rapina, com pernas cobertas de penas: referência jocosa às botas de cano alto que os forasteiros sempre usavam (ao contrário dos bandeirantes) e assim passaram a ser chamados, por assimilação da língua portuguesa, de “emboabas”. As notícias dos garimpos dos paulistas e da escassez de mantimentos na região das minas, despertou o interesse dos chamados emboabas, que resolveram fazer escambo de gado por ouro e abriram o “caminho da Bahia”, saindo da cidade do Salvador, então capital da colônia, seguindo em direção ao Recôncavo e dali passando a acompanhar as margens do rio Paraguaçu, passando por Tranqueira, na região de rio das Contas, até atingir a margem do rio São Francisco, em Malhada; seguindo o mesmo curso do rio até a barra do rio das Velhas (onde hoje fica Guaicuí, município de Várzea da Palma), prosseguindo pelo vale, até chegar em Sabará.Com o tempo, dependendo das oportunidades de fazer escambo, iam a Mariana e a Vila Rica. No início, apenas traziam gado da Bahia, para fazer escambo com ouro, em pó ou pepitas (enquanto não existiam as Casas de Fundição) mas, embora esse comércio fosse expressivo, os emboabas passaram a invadir os Sítios das minas, território onde até então, só os paulistas se aventuravam e dos quais se julgavam detentores; logo os emboabas passaram a trazer mulheres e filhos e, em poucos anos, o aumento populacional na região das minas atingiu 30 mil pessoas. Os atritos entre emboabas e paulistas se tornaram frequentes e, na falta de uma autoridade constituída na região, dos atritos passaram às escaramuças armadas e, a partir de 1707, a população de “emboabas” aumentou de tal forma, que passou a ser muito superior ao número de paulistas na região, elevando de tal forma a tensão, que resultou na “guerra dos emboabas”. Entre 1707 e 1709, sucessivos ataques, de parte a parte, se sucederam e em 1708 culminaram numa batalha, que ficou conhecida como Guerra dos Emboabas, que teve como palco Cachoeira do Campo (distante 18Km de Vila Rica). Outra batalha marcaria a vitória final dos “emboabas” sobre os paulistas, que acabaram aprisionados, mas por influência da coroa, receberiam a promessa de armistício e de anistia, desde que deixassem a região, o que aceitaram,

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Alfredo Malta entretanto, ao iniciarem a viagem acontece um episódio horrendo, que ficou conhecido por Capão da Traição: uma terrível carnificina, fruto de nova emboscada pelos “emboabas” sobre os paulistas, num capão da região de Coronel Xavier Chaves, às margens do rio das Mortes, onde os paulistas seriam massacrados quase totalmente. Os sobreviventes que conseguiram fugir, decidiram avançar ainda mais pelos sertões (atuais Mato Grosso e Goiás), à procura de novas minas. A Coroa adulava os paulistas, pois ninguém além dos bandeirantes, tinha coragem e tenacidade para entrar no mato, abrir caminhos, enfrentar os índios, iniciar povoações e descobrir ouro e pedras preciosas, mas a coroa não concedia escrituras ou qualquer documentação que lhes garantisse o direito sobre as terras ou sobre as lavras e, em parte foi responsável pela tensão criada e pela tragédia, tornando por fim, inevitável a necessária intervenção das autoridades coloniais, o que levou a metrópole a considerar a criação e regularização de legislação e órgãos administrativos no âmbito da justiça e da ação fiscal para a exploração das minas. Entre as primeiras medidas oficiais estaria a distribuição de marcos (datas) e sesmarias, delimitando-se territórios e propriedades. Em 1709 Garcia Rodrigues Paes recebeu carta do Rei datada de 14 de Julho, na qual o monarca agradece pelos serviços prestados na abertura do Caminho Novo. Por volta de 1710, o movimento de tropeiros ao longo do Caminho Novo já era frequente, transportando produtos adquiridos nas roças (plantações e criações de gado das fazendas da época) ao longo do trajeto, como feijão, milho, toucinho e queijos, gêneros estes que negociavam com tecidos de algodão, chapéus de feltro, bois, bestas e galinhas, tanto quanto com pepitas de ouro, que negociavam nas regiões das minas e levavam para vender e/ou trocar por gêneros, tanto ao longo do caminho, quanto na cidade do Rio de Janeiro, de onde traziam mercadorias europeias. Então, em 1713, a Coroa Portuguesa (D. João V) promulga: “Neste Reino, temos lei que determina que de todos os metais que tirarem apos fundidos e apurados, se pague a Sua Majestade o quinto... é um direito senhorial devido a Sua Majestade como fruto das terras de que a mesma tem o domínio, para usar dela como bem lhe parecer... a Capitania é obrigada a pagar 30 arrobas de ouro pelo quinto”.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Com a intenção de aumentar o controle sobre as minas gerais, nesse mesmo ano foi criada a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, sendo escolhido para governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Mas o transporte pelo Caminho Novo, apesar de reduzir distâncias, tempo de viagem e ser mais seguro para a Coroa Portuguesa, ainda tinha trechos muito perigosos na descida da Serra da Estrela, onde ocorreram acidentes graves, pois as mulas tropeçavam, caiam e rolavam caminho abaixo, espalhando o ouro e a carga em geral. Então, em 1723, o Sargento-Mor Bernardo Soares de Proença, português que havia muito estava na colônia e recebera da Coroa, em 1721, uma sesmaria de terras devolutas encostadas na Serra do Frade e na Serra de Taucaia Grande, em Suruí (antigo aldeamento de Majepemirim, parte da atual Magé), decide abrir uma variante, um atalho calçado de pedras, mais seguro para o Caminho Novo, entre Encruzilhada e sua nova sesmaria de Suruí, que seria terminado em 1725 (a tarefa havia inicialmente sido confiada pela Coroa a Garcia Rodrigues Paes, que recusou, pois se sentia velho demais para a empreitada): quem descia de Encruzilhada, passava por Sebollas (Inconfidência), Fagundes, Secretário, Pedro do Rio, Itaipava, Correias, Fazenda do Córrego Sêco (Petrópolis), Taucaia Grande, Mandioca, Cordoaria, Fragoso, Nsa. Senhora da Piedade do Inhomirim, seguindo pelo Rio Estrela e chegando em Porto da Vila de Estrela, que se situava ao fundo da Baía da Guanabara (atual Magé). Deste porto seguia-se por barco até o Cais dos Mineiros, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Esta variante além de mais segura, encurtava o tempo da viagem em 4 dias. A partir de então, por esse caminho passaram numerosos viajantes ilustres, como D. João VI, Pedro I do Brasil, Auguste de Saint-Hilaire, Johann Emannuel Pohl, Thomas Ender, John Mawe, Hermann Burmeister, Langsdorff, Spix, Martius, John Luccock, Pedro II do Brasil e a família imperial, que costumavam passar o verão em Petrópolis (antiga Fazenda do Córrego Sêco). Garcia Rodrigues Paes faleceu em Paraíba do Sul-RJ, em 7 de Março de 1738, numa sesmaria recebida pela abertura do Caminho Novo, mas seu corpo está inumado no mosteiro de São Bento, ao lado do Colégio Jesuita do qual se originou a cidade de São Paulo de Piratininga.

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Sesmaria: “presente de grego”?

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omo recompensa pelos gastos e trabalhos desenvolvidos na abertura do Caminho Novo, Garcia Rodrigues Paes recebeu diversas sesmarias para si e para seus filhos, entre as quais uma em Simão Pereira. A Carta de Sesmaria, muitas vezes expedida pelo próprio governador da província a quem lhe aprouvesse, carecia de confirmação posterior pelo rei, o que poderia demorar anos (face às dificuldades de comunicação entre a colônia e a côrte na época) fato que ocorreu, a título de exemplo, com o sesmeiro Matias Barbosa, que foi soldado a serviço da coroa portuguesa, atingiu a patente de coronel-de-ordenanças-a-cavalo da colônia e em cuja homenagem foi fundada uma cidade próxima a Antônio Carlos (até hoje conhecida pelo nome do sesmeiro), cuja Carta de Sesmaria, embora concedida a 9 de Março de 1709, só veio a ser confirmada 57 anos depois, quando já era falecido. Além disso, o uso da terra não era gratuito: o sesmeiro obrigava-se a “pagar tributos à coroa portuguesa (dízimos e reais quintos), a dispor de escravos suficientes para prover alimentos aos seus e aos viajantes que faziam pouso em suas terras e a manter limpos os caminhos de sua testada, pondo pontes onde necessário fosse, atalhando morros onde não houvesse meios para se desviarem“ e isso exigia recursos financeiros, de que nem sempre os sesmeiros titulares dispunham e, assim, era comum arrendarem sesmarias inteiras, ou partes delas, a quem lhes provesse os recursos necessários para que mantivessem a posse da propriedade e, se possível, com algum lucro adicional. Em 1714, época em que se encontrou o primeiro diamante no Brasil, as jurisdições das comarcas mineiras são definidas pelo então governador da capitania, Dom Braz Baltazar da Silveira. Nesta época, a Vila de São João d’El-Rei é eleita a principal vila da Comarca do Rio das Mortes e diversas localidades consolidam-se, como foi o caso das vilas de São José d’El-Rei (atual Tiraden-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo tes), de Nossa Senhora da Conceição de Prados, de Santa Rita do Rio Abaixo (atual Ritápolis) e do povoado de Mosquito (atual Coronel Xavier Chaves). Em 1718, em torno da roça e do rancho de Garcia Paes, em Simão Pereira, foi criada a freguesia de Nossa Senhora da Glória, que após um período de decadência e abandono, teria sua sede transferida, em Maio de 1850, para a capela de Juiz de Fora e, em 1858, essa mesma sede seria transferida para um povoado, à época conhecido como Rancharia, que então passou a chamar-se distrito de São Pedro de Alcântara. O distrito de São Pedro de Alcântara, por sua vez, em 7 de Setembro de 1923 passaria a fazer parte do conhecido município de Matias Barbosa e, finalmente em 31 de Dezembro de 1943, se emanciparia de Matias Barbosa e voltaria a adotar o antigo nome de Simão Pereira. Em meados de 1720, são instaladas as Casas de Fundição e os mineradores se revoltam contra a cobrança do Quinto do Ouro, Domingos Pascoal Silva tem sua propriedade incendiada, Felipe dos Santos é enforcado em Vila Rica e a Capitania de São Paulo é separada da Capitania das Minas.

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O Registro Velho

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or sua vez, em pagamento pelo trabalho de complementação da abertura do Caminho Novo, Domingos Rodrigues da Fonseca Leme recebe do rei uma outra sesmaria de terras no Sítio da Borda do Campo (Barbacena, Antônio Carlos, Ibertioga, Bias Fortes) e, ao ser nomeado “Cobrador das Estradas e Provedor dos Quintos”, instala no local o Registro da Borda do Campo, que mais tarde ficaria conhecido, como até hoje, por Registro Velho. A casa que abrigou o Registro Velho tem sobrevivido até nossos dias, embora em condições deploráveis de conservação, na região da divisa entre o atual município de Barbacena e o subdistrito de Sá Fortes, este pertencente à atual cidade de Antônio Carlos e que, em tempos remotos, já pertencia a Sítio da Borda do Campo. Quem chega a Sá Fortes, vindo de Barbacena, ao passar por baixo do pontilhão da estrada de ferro (atual MRS), virar imediatamente à esquerda, seguir margeando o rio, tomar à esquerda na encruzilhada seguinte, atravessar a pequena ponte sobre o rio das Mortes (os encontros são da época), entrar na propriedade e olhar para o alto da colina, à esquerda de quem entra, irá ver a casa que abrigou o Registro Velho. Essa casa, que veio a ser propriedade do Coronel Manoel Rodrigues da Costa e moradia do Padre Manoel Rodrigues da Costa (seu filho) por herança, ainda guarda muitas das características descritas pelo viajante francês Auguste de Saint-Hilaire, em registro que fez de sua visita à casa do Padre, no seu livro sobre a “Viagem às Províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais” (primeira viagem), realizada a convite do governo imperial brasileiro, cujo relato foi além dos aspectos de pesquisa como naturalista, demonstrando uma faceta de verdadeiro cronista, observando com perspicácia e emitindo suas avaliações sobre a sociedade e o modo de vida brasileiros daqueles tempos.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo O Padre Manoel Rodrigues da Costa, nascido a 2 de Julho de 1754, em Conceição de Ibitipoca, freguesia do arraial de Nossa Senhora do Campo Alegre dos Carijós, divisa entre Barbacena e Queluz (atual distrito de Lima Duarte), era o primogênito entre os doze filhos do Coronel Manoel Rodrigues da Costa (proprietário da Fazenda do Esmeril) e de D. Joanna Thereza Maria de Jesus (meia-irmã da mãe de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes). O Padre Manoel Rodrigues da Costa era afilhado de João Rodrigues de Macedo, banqueiro do Império e proprietário à época, do imóvel atualmente conhecido como Museu Casa dos Contos, em Ouro Preto. Prestigiado pelo círculo de amizades do padrinho, o Padre Manoel Rodrigues da Costa exerceu como ninguém, uma profícua atividade política na região. Tinha parentesco distante com o fundador de Barbacena, com o Barão de Pouso Alegre e com a família Sá Fortes e Bustamante. O pai do Padre Manoel Rodrigues da Costa, originário de Vila Rica (atual Ouro Preto-MG) foi o pioneiro na região, no cultivo de vinhedos e na produção de vinho, na Fazenda do Registro e na área em que anos depois seria instalada a Colônia Agrícola Rodrigo Silva. O Padre Manoel Rodrigues da Costa estudou no Seminário da cidade de Mariana, onde ordenou-se padre em 1780, aos 26 anos; foi possuidor do Hábito de São Paulo e herdou de seu pai a Fazenda do Registro Velho, que no passado fora parte das propriedades de Domingos Rodrigues da Fonseca Leme e aonde viria a nascer, Manoel Carlos Pereira de Andrade, o Major Neca Andrade, seu sobrinho e afilhado. O Tio Padre, como é conhecido no seio da família, hospedou nessa fazenda Joaquim José da Silva Xavier, que o convenceu a participar na Inconfidência Mineira. Após a delação de Joaquim Silvério dos Reis, o Padre foi condenado a degredo de dez anos em Lisboa, em dependências eclesiásticas, teve muitos de seus bens confiscados, entre eles um título de terras minerais, sua rica biblioteca, móveis, utensílios domésticos, dois escravos, tabaco e uma batina (que atualmente está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto-MG). A Fazenda do Registro não foi confiscada, pois, constava por herança, em nome do Padre e dos irmãos, que ao longo dos anos lhe doaram a propriedade. Ao retornar do exílio, atuou também como industrial, tendo fundado uma tecelagem e se dedicado à fabricação de vinho e óleo de oliva e certamen-

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Alfredo Malta te foi o mentor da vida empresarial de Manoel Carlos Pereira de Andrade, o Major Neca Andrade. Eleito para as Côrtes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa em 1820, participou ativamente nos acontecimentos que levaram à Independência do Brasil, apos a qual se elegeu deputado por Minas Gerais, à Assembléia Constituinte de 1823 e reelegeu-se para a Legislatura Ordinária de 1826, embora não tenha servido este último mandato. Em viagem à Província das Minas Gerais no ano de 1831, Dom Pedro I, hospedou-se na fazenda do Registro Velho onde condecorou o Padre Manoel Rodrigues da Costa com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro e o nomeou cônego da Capela Imperial. De espírito independente, nessa mesma fazenda, o padre Manuel Rodrigues da Costa iniciou em 1833, a articulação do movimento das reações liberais ao primeiro Ministério Conservador de Dom Pedro II, que culminaria em 10 de Junho, na Revolução Liberal de 1842. Portanto, se conviveu com Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (que seria seu primo), recebeu a confiança e o respeito de Dom Pedro I e defendeu os princípios da Revolução Liberal contra as forças comandadas pelo Duque de Caxias, no reinado de Dom Pedro II, foi um dos poucos personagens históricos que viveram três momentos importantes da história brasileira: foi inconfidente em 1789, participou da independência do Brasil como vereador por Barbacena, foi deputado na Câmara Constituinte e em 1842, um dos ideólogos da Revolução Liberal, contra a Regência e a vaidade do Duque de Caxias, da qual também participou Carlos Francisco Pereira de Andrade, seu cunhado e pai do seu sobrinho e afilhado, Manoel Carlos Pereira de Andrade: o “Major Neca Andrade”. O Padre Manoel Rodrigues da Costa que morreu em 1844, aos 90 anos, é outro personagem conterrâneo, do qual os habitantes de Sítio da Borda do Campo (atual Antônio Carlos) tem muito porque se orgulhar.

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A Inconfidência Mineira

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oltando a meados do século 18, nessa época já se vislumbram sinais da decadência aurífera com o esgotamento de muitas minas de ouro e a Comarca do Rio das Mortes, como uma das mais importantes regiões mineradoras até então, é também afetada pelo rígido controle instituído nas vilas e arraiais mineradores, por ordem do Marquês de Pombal. Com a diminuição da receita da coroa, advinda da extração do ouro, a solução encontrada pela metrópole foi a cobrança de mais impostos da colônia. O mais comum era o dízimo, cobrado por um contratador, que em troca do que conseguisse arrecadar, recolhia para si uma décima parte do que era recolhido ao Erário Real. Os membros da classe dominante e da pequena burguesia, que se sentiram prejudicados pelo monopólio imposto pela metrópole e pela alta carga de impostos, passam a ser fortemente influenciados pelos ideais liberais preconizados por Rousseau, Montesquieu e Voltaire e é despertada uma consciência libertária. Em 1789, a Comarca do Rio das Mortes envolve-se no mais importante movimento revolucionário da época - a Inconfidência Mineira - no qual diversas personalidades da região tomaram parte, como Inácio José de Alvarenga Peixoto, ouvidor da Vila de São João d’El-Rei, o padre Carlos Corrêa de Toledo e Mello, vigário da freguesia de Santo Antônio na Vila de São José d’El-Rei, o Padre Manoel Rodrigues da Costa (o “tio Padre”), o capitão José de Resende Costa, João Aires Gomes (que se tornara o grande proprietário de terras da região), o Advogado Claudio Manoel da Costa e os Alferes, Vitoriano Gonçalves Veloso e Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes). Entre os demais membros da conjuração, o tão conhecido dos brasileiros, Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes, na verdade um português, que viria a delatar os planos do grupo e precipitar as sucessivas prisões

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Alfredo Malta dos inconfidentes, os degredos dos civis para África, a prisão temporária dos eclesiásticos em Portugal, a morte na prisão do Advogado Cláudio Manoel da Costa e o enforcamento, seguido de esquartejamento, de Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes, a morte no exílio de José Rezende Costa, em GuinéBissau, entre outros. Privilegiados pela forte influência da igreja católica sobre os governantes da época, os clérigos, após um período de prisão em Portugal, puderam retornar ao Brasil. Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes tinha motivação única e exclusivamente de ordem monetária – era fazendeiro, contratador de estradas, proprietário de minas e, como outros envolvidos, investido no cargo honorário de Coronel do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Sítio da Borda do Campo, que em função dos constantes aumentos de impostos e com a atividade mineradora já minguando na região, estava à beira da falência e, portanto, descontente. Foi cooptado por um dos inconfidentes – Francisco Antônio de Oliveira Lopes - primo de D. Bernardina Quitéria, sua esposa, também fazendeiro na região, minerador e Coronel do Regimento de Cavalaria Auxiliar de São João d’El Rei. Descoberto, Joaquim Silvério dos Reis foi preso e encarcerado na Ilha das Cobras, no litoral do Rio de Janeiro, onde mediante promessa de perdão, pensão vitalícia, mansão na côrte, além de título de fidalgo e cavaleiro da Ordem de Cristo, delatou os demais envolvidos. Do ponto de vista econômico, a crise da atividade mineradora, ao contrário do que ocorreria em outras vilas e arraiais da Capitania de Minas Gerais, na região do Sítio da Borda do Campo induziu o desenvolvimento de novas atividades, a partir da pecuária e da produção agrícola. Desta forma, a região volta-se para o abastecimento de bens de subsistência e a produção de bens de consumo, especialmente das vilas que ainda se dedicavam à exploração aurífera, como Sabará e Vila Rica, abastecendo mais tarde, até mesmo o Rio de Janeiro. Além da agricultura e da pecuária, a região passa a produzir laticínios, carne e embutidos suínos, algodão e artigos de couro. A atividade manufatureira representou outra opção econômica, a exemplo da fiação e da tecelagem - inicialmente divulgada pelo Padre Manoel Rodrigues da Costa, tão logo voltou do exílio a que foi condenado, por ter sido um dos Inconfidentes.

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Juiz de Fora ou de Fórum?

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Caminho Novo beneficiou o Rio de Janeiro, antes isolado e de mais difícil acesso a partir das minas, e que passou a ser o grande centro de atração das atenções na colônia; assim, a cidade se desenvolveu e enriqueceu, pois para ali eram enviados, o ouro, diamantes e víveres. Entretanto, como o ouro não passava mais pelos antigos caminhos dos paulistas, a cobiça dos piratas e ladrões passa a se concentrar no Caminho Novo e na cidade do Rio de Janeiro, o que tornou necessário incluir uma escolta de soldados em cada tropa, tanto para acompanhar a carga desde as minas, quanto por ocasião da sua chegada na cidade do Rio de Janeiro, onde as riquezas acumuladas ficavam armazenadas, sujeitas aos ataques sorrateiros dos ladrões e piratas, em geral, esperando pelos navios que as levariam, em princípio, para Portugal. O Caminho Novo foi a estrada utilizada pelos tropeiros entre a Capitania das Minas e o Rio de Janeiro até 1836, ano em que o governo imperial, diante do crescente tráfego de carroças e como não houvesse ainda uma ferrovia na região, decide abrir uma variante do Caminho Novo, que melhor atendesse ao tráfego de cargas para facilitar o transporte não só do ouro e pedras preciosas da região das “minas gerais”, mas também dos produtos agrícolas entre as regiões da atual cidade de Barbacena e das fazendas da Zona da Mata (que, então, já produziam café). Para tanto, contrata o Engenheiro Ferdinand Heinrich Whilhelm Halfeld, alemão de nascimento, para construir o que viria a ser conhecida como Estrada do Paraibuna (atual Av. Rio Branco – Juiz de Fora - MG), parte de um projeto muito mais amplo, que pretendia ligar Vila Rica (atual Ouro Preto) ao Rio de Janeiro.

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Alfredo Malta A Estrada do Paraibuna se tornou um importante fator de sinergia entre os habitantes dos lugarejos da região, como Tapera Baixa e graças a isso, em 1844, aí é criada a Vila de Santo Antônio do Paraibuna, elevada à categoria de cidade em 1853, cujo nome foi trocado em 1865 e por força da tradição oral, passou a se chamar “Juiz de Fora”, menção ao lugar onde se situava a casa do juiz de fora Bustamante de Sá. “Juiz de Fora”, era um título de origem portuguesa, remontando à época do rei D. Fernando (e, mais remotamente, até aos tempos de Alexandre, O Grande), que era atribuído àqueles juizes nomeados pela Coroa para julgar causas nas colônias e/ou fora de sua província de origem, o que pressupunha a garantia de isenção nas deliberações. Bustamante de Sá, aposentado da carreira jurídica no cargo de “Juiz de Fora”, comprara a sesmaria de um secretário do governo da época, chamado José Antônio, que nunca fora ao local para tomar posse de sua propriedade. O juiz viveu com sua família na “Fazenda Velha”, em torno de cujo Casarão formou-se um povoado com algumas vendas. Conta a tradição oral, que os moradores dos povoados próximos ao Caminho Novo iam ali fazer compras e diziam ir “ao Juiz de Fora”. Para o Professor Wilson de Lima Bastos, todavia, a designação “de fora” viria de “fórum” e não de “fora”, como a maioria acredita. A casa do “Juiz de Fora” foi demolida nos anos quarenta do século 20, entretanto, ainda há evidências da Tapera Baixa (rua Alencar Tristão – Juiz de Fora-MG).

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Sítio: uma comunidade agro-pecuária?

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a verdade, apesar de que até o final do século 18, os sertões da Mantiqueira serem considerados como área proibida ao povoamento e à livre exploração econômica, com a notícia da descoberta de jazidas de ouro na região a partir de 1693, a Coroa portuguesa passou a fazer vista grossa às ações de “bandeirismo” e, assim, essa região foi paulatina e fortuitamente sendo ocupada à revelia da lei. Com o início da mineração desenfreada de ouro na região entre o Arraial do Rio das Mortes (região onde hoje se situam Tiradentes e São João d’El Rei) e Ribeirão do Carmo (onde hoje se situam Ouro Preto e Mariana), como nesses locais o solo não se prestava ao plantio de cereais, e, como todos não pensavam em outra coisa a não ser em procurar ouro, estabeleceu-se um verdadeiro caos na região, e as pessoas chegavam a passar fome, pois, não havia de quem comprar comida. Como já foi dito, nessa época (1698) Garcia Paes, que conhecia muito bem a região originalmente ocupada pelos índios Purís e que ficou conhecida durante muitos anos como Sítio da Borda do Campo, onde o pouco ouro já se esgotara, estabeleceu o que hoje seria uma “fazenda” para servir como fornecedora de bens de subsistência, não só às suas expedições, mas também às “vilas do ouro”, que já vinham sendo formadas desde 1693. Embora já tivesse obtido muitos ganhos com ouro, percebeu que nos locais onde o ouro abundava, a terra era estéril para a agricultura e para a pastagem, então passa a plantar extensas roças para produzir alimentos e pastos para alimentar gado, que passaram a ser vendidos “a preço de ouro” para os “mineiros”. Tanto pela proximidade do local com as tais vilas (atuais São João d’El Rei, Tiradentes, Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de

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Alfredo Malta Cocais, Caeté e Sabará), quanto pelo tipo de solo que, ao contrário da região das minas, aqui era apropriado às atividades agro-pastoris, o empreendimento se revelou útil, lucrativo e ao redor do rancho de Garcia Rodrigues Paes começou a se formar uma comunidade agro-pecuária; diz-se que ganhou mais com as pastagens e alimentos do que com o ouro e que, ao iniciar a abertura do Caminho Novo, já teria acumulado montante equivalente entre trinta e quarenta arrobas de ouro. Mas é fato relatado por Antonil, que em 1709, as sesmarias de Garcia Rodrigues Paes e de Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, proviam abundância de mantimentos na região das minas e rendiam tanto ou mais que o garimpo do ouro, uma vez que, enquanto um alqueire de farinha em São Paulo de Piratininga custava 640 Réis, na região das minas custava 43.000 Réis; uma libra de açúcar, custava 120 Réis em São Paulo de Piratininga, mas 1.200 Réis nas minas e uma galinha era vendida em São Paulo de Piratininga por 160 Réis, mas nas minas, por 4.000 Réis.

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Nossa Senhora da Piedade de Barbacena

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Caminho Novo já era uma realidade havia aproximadamente 20 anos, quando se construiu na Borda do Campo - no local onde já existia o rancho de Domingos Rodrigues da Fonseca Leme - a primeira capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade (1726), cujo primeiro vigário foi o Padre Luiz Pereira da Silva, consolidando a povoação iniciada por Garcia Rodrigues Paes e Domingos Rodrigues da Fonseca Leme e que viria a ser mais tarde, o arraial do Sítio da Borda do Campo, no qual Manoel Carlos Pereira de Andrade viria a desenvolver agro-indústrias e outros empreendimentos, transformando-se na cidade de Sítio (atual Antônio Carlos). No início do século XVIII, a povoação era composta, na maioria, de familiares e agregados de Garcia Paes e de Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, aumentando a tal ponto que, por volta de 1728, algumas famílias foram se deslocando para o norte, subindo o Rio das Mortes, até um vale atravessado pelo chamado Ribeirão de Alberto Dias, onde em 1747, contando com a permissão do rei e sob a orientação do Engenheiro-Arquiteto José Fernandes Pinto Alpoim (Engenheiro militar português), demarcaram uma área para formar um novo arraial, no centro da qual, no alto de uma colina inteiramente isolada, construíram uma nova capela de taipa que, consagrada como igreja, se tornou freguesia e levou o local a ser referido por “Arraial da Igreja Nova da Borda do Campo”. Em 27 de Novembro de 1748, essa igreja (atual “matriz de Nossa Senhora da Piedade”, em Barbacena), já era freqüentada pelas famílias que a construíram. Barbacena é a denominação dada ao Arraial da Igreja Nova, quando de sua emancipação e elevação a “vila”, em 14 de Abril de 1791, como resultado da mobilização da população, em meio ao processo de repressão à Inconfidência Mineira, que pressionou o então governador da Capitania de Minas, Luiz

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Alfredo Malta Antônio Furtado de Mendonça, o 6º Visconde de Barbacena, para separar o Arraial da Igreja Nova da Borda do Campo do termo de São João Del Rei, transformando-o em “vila”. Por quê? Porque a “vila” era a principal unidade político-administrativa do Brasil-colônia e ser uma “vila” significava poder eleger sua Câmara de Vereadores (formada apenas por “homens bons”, ou seja, pelo entendimento da época, “proprietários rurais, de expressão, leais `a Coroa e à Igreja”), seus respectivos funcionários e tabeliões. O símbolo da autonomia local de uma “vila” era o pelourinho, erguido em região central, quase sempre em frente a uma igreja e neste caso não seria diferente: o pelourinho foi inaugurado pelo próprio Visconde de Barbacena, de quem a vila viria a emprestar o nome e que seria elevada a cidade, por Lei Provincial de 9 de Março de 1840, com o nome de Nossa Senhora da Piedade de Barbacena. A assinatura do Padre Manoel Rodrigues da Costa (o “tio Padre”) aparece nos dois principais documentos referentes ao episódio de elevação do Arraial da Igreja Nova da Borda do Campo a Vila de Barbacena, que são: o “Auto de Criação da Vila de Barbacena” e o “Auto de Levantamento do Pelourinho”, em 14 de agosto de 1791, com a presença do Visconde de Barbacena. A título de curiosidade: Barbacena significa “Cabana de Bárbaros” e é originário de uma aldeia de bárbaros que existiu em Elvas, região portuguesa do Alentejo, que até hoje mantém um pequeno distrito com o mesmo nome. A família nobre que ostentou o título de Senhores de Barbacena, marcou a história brasileira com um Vice-rei, um governador da Capitania de Minas Gerais e o Marques de Barbacena, destacado político do Império. A comarca de Barbacena de então se limitava, ao sul, com o Rio de Janeiro e numa inversão histórica difícil de explicar, passou a abranger, além das atuais cidades de Juiz de Fóra, Santos Dumont (que já foi conhecida também como Palmyra), Rio Preto e outros dezoito municípios, entre os quais, suprema ironia, aquele que lhe deu origem : Sítio (atual Antônio Carlos), os quais, somente entre os séculos 19 e 20, dela se desmembraram e se emanciparam. O nome da cidade foi simplificado para Barbacena, em 7 de Setembro de 1923.

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Um pirata francês construiu o Casarão?

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onta nossa querida prima, a Profª. Jupyra Duffles Barreto, que desde pequenina ouvia dos seus mais velhos, a história sobre a origem da propriedade das terras e construção do Casarão (sede da Fazenda de Sant’Anna, depois Fazenda Andrade e hoje Fazenda Cymodócea), o qual na sua forma primitiva e rústica, “teria sido construido por iniciativa de um pirata francês, vindo do Rio de Janeiro“. Quando pela primeira vez ouvi essa informação, fiz a mim mesmo a pergunta: por que um francês viria a dar com os costados no litoral do Rio de Janeiro, numa época em que não eram permitidas outras expedições ao Brasil que não fossem de bandeira portuguesa? E, além disso, porque iria se estabelecer terra adentro, na borda dos campos altos da Serra da Mantiqueira? Entretanto, após ler vários documentos e livros de viajantes sobre a época do Brasil colônia, encontrei a primeira menção à presença de piratas franceses no litoral da região centro sul do Brasil, mais precisamente entre Espírito Santo e São Vicente, datada de 1525. E, em 1555, antes mesmo da fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, o francês Cavaleiro da Ordem de Malta, Nicolau Durand de Villegaignon, ignorando a proibição da coroa portuguesa (que proibia aos navios estrangeiros aportarem na sua colônia), iniciou escambo com os indígenas e se aliou aos Tamoios para ali fundar uma colônia francesa, que ficaria conhecida como “França Antártica”. Essa área então passou a ser procurada para a prática de corso e pirataria, seja através do contrabando com os primeiros colonos ou até por meio de saques às vilas costeiras e, assim, os franceses se tornaram frequentadores assíduos daquele litoral, até que em 1560, Mem de Sá, aliado aos indios Tupi de São Vicente, expulsa os franceses invasores.

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Alfredo Malta Relatos que se sucederam sobre a presença de navios franceses antes e até depois da segunda invasão francesa de 1710, demonstram que a própria história documentada do Brasil, se encarrega de confirmar essa possibilidade, como é o caso de um relato de uma viagem que o ouvidor Caetano da Costa Matoso fez, do Rio de Janeiro a Ouro Preto, entre 27 de Janeiro e 7 de Fevereiro de 1749: “......fiquei impressionado com a grandiosidade e hostilidade da mata...vim continuando todo este caminho sempre entre matos como até aqui, sempre subindo e descendo mais e menos, com pouca ou nenhuma diferença, e sempre com cada vez piores caminhos passei (...) correndo junto e à vista sempre do rio (Paraibuna) que aqui corria. Ai passei a rocinha de Matias Barbosa, sempre seguindo o mesmo rio em mais légua, chegando pelas onze e meia, junto a ele, a um Sítio a que chamam Matias Barbosa, ... com descanso meu até a manhã seguinte. (...) Aqui se pesam todas as cargas de fazenda, o que antes faziam no Registro da Borda do Campo. E daí vim, sempre a vista desse rio, por iguais caminhos, e cheguei a um Sítio que tem uma casa de sobrado e acomodações para os mais passageiros e que foi erigido por um homem vindo do Rio de Janeiro, a quem criminaram por ser francês e que veio para este Sítio no qual viveu, depois que os franceses se apoderaram daquela cidade”.

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Corsários franceses

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e volta a 1582, as expedições corsárias francesas (que na verdade praticavam “pirataria” em proveito da coroa francesa), valendo-se da escassa segurança com que contavam as costas brasileiras, continuaram a freqüentar o litoral próximo à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (fundada em1565), onde abordavam navios que daqui saíam carregando ouro e pau-brasil. Em 1708, embora o ouro já fosse o produto da terra de maior valia, o “pau-brasil“ também ainda era de grande valor, como fonte de corante vermelho, muito consumido à época pela indústria européia de confecção de roupas e, mesmo antes do ouro, já era coletado por esses corsários, que pelo oceano vinham, bordejavam as costas da então colônia portuguesa, aportando aqui e acolá para se reabastecerem de água, frutos e de algum complemento alimentar e, assim, conseguiam negociar a derrubada e coleta de “pau-brasil” com os índios da região (que o chamavam de “ibirapitanga” ; ibira=árvore e pitanga=vermelha), mediante troca por utensílios diversos. Em 1710, aos dez dias do mês de Agosto, surge na barra do porto do Rio de Janeiro, na capitania de mesmo nome (que no ano anterior havia sido desmembrada da capitania de São Paulo e Minas de Ouro), uma esquadra com cinco navios de guerra franceses comandados por Jean François Declerc, os quais, ao se posicionarem e ao esboçarem um ataque inicial à cidade, foram ao final de uma semana de escaramuças, momentaneamente, rechaçados pelas forças de defesa da fortaleza de Santa Cruz. Mas os franceses não desistiram: se afastaram em direção ao sul, até a Ilha Grande, atual estado de São Paulo e retornaram à região de Guaratiba, atual estado do Rio de Janeiro onde, no mês seguinte, 1.050 homens desembarcaram, seguindo por terra firme e a pé durante uma semana, em direção à cidade do Rio de Janeiro, atravessando montanhas e florestas na região que hoje conhecemos

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Alfredo Malta como Barra da Tijuca e Jacarepaguá e, invadindo a cidade pelo atual bairro de Santa Tereza, seguiram para a Praça do Carmo (atual Praça XV), no centro da cidade, atacando a sede do governo, em cuja defesa se entrincheiravam 48 estudantes liderados pelo emboaba Bento do Amaral Coutinho e ajudados por uma população local entre aturdida e inflamada, na defesa de seus bens e moradias. A reação popular surpreende os franceses, dos quais 280 são mortos, 350 se rendem e alguns fogem, desaparecendo da cidade e se embrenhando nas matas. Duclerc, que fora aprisionado, porém com as honras que o seu posto militar exigia, fora acomodado em uma confortável moradia, na atual rua da Quitanda, ordena a rendição dos seus navios, que permanecem na barra do porto do Rio de Janeiro. Entretanto, no mês de Março do ano seguinte (1711) Duclerc, que já se ambientara na cidade e até privava do convívio com a sociedade local, acaba por ser morto por um grupo de mascarados, que alegaram ter Declerc “seduzido mulheres honradas”. O assassinato do prisioneiro de guerra chega ao conhecimento da coroa francesa que, então, reúne 17 naus com 5.300 homens, sob o comando de René Duguay-Trouin e, sob o pretexto de indignação, envia a esquadra para atacar o Rio de Janeiro. Em 12 de Setembro de 1711, favorecida pelo intenso nevoeiro que impede a visão da sua chegada, a esquadra francesa chega até a Ilha das Cobras, que é tomada por 500 homens. Em seguida, são desembarcados 3.800 homens na praia de São Diogo, os quais ocupam, sem resistência, os morros de São Diogo, Providência, do Livramento e da Saúde; Duguay-Trouin então envia mensagem ao Governador da Capitania do Rio de Janeiro, Francisco de Castro Morais, exigindo indenização pelas atrocidades cometidas contra os prisioneiros franceses no ano anterior, sem as quais a cidade seria reduzida a cinzas. O governador responde que as acusações dos franceses não são verídicas e simula uma reação, entretanto, diante de novos e violentos ataques dos franceses, é obrigado a se refugiar fora da cidade e a população também foge assustada, se embrenhando nas matas. Os franceses se aproveitam da situação, tomam a Fortaleza de Santa Cruz e saqueiam a cidade, além de exigirem um resgate em moedas de ouro (equivalente a 610 mil cruzados da época) para devolvê-la ao Governador, o qual recorre à população para reunir todo dinheiro disponível que, entretanto, não é suficiente.

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A retirada dos franceses

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visado, pelo Governador Francisco de Castro Morais por intermédio de um mensageiro, o Governador da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, Antônio de Albuquerque, prepara as tropas disponíveis e desce em marcha forçada de 17 dias pelo Caminho Novo, levando consigo 1500 cavalarianos e 6000 infantes das tropas paulistas e mineiras, para expulsarem os corsários franceses, chefiados por Duguay–Trouin, que permaneciam quase dois meses de posse da cidade do Rio de Janeiro e até já faziam amizade com parte da população local. Entretanto, ao chegar, Antônio de Albuquerque se dá conta que o mestre de campo João de Paiva Souto Maior, representando o Governador Francisco de Castro Morais, havia assinado com Duguay–Trouin uma convenção para pagamento, além da soma em moedas, de certas quantidades em ouro, em diamantes e outra de pau-brasil, em troca do resgate da cidade e, assim, pelo mês de Novembro, os franceses se retiraram da cidade, então totalmente devastada e saqueada.

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Alguns franceses ficaram

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iajantes estrangeiros que estiveram no Brasil antes e depois dessa invasão, até o final do século 19, relatam ocorrências de marujos franceses que aqui desembarcaram sedentos, famintos de frutas frescas, conquistados pela nudez das mulheres índias e, da mesma forma, alguns corsários franceses, entusiasmados pelas belezas e riquezas da colônia, de que tomaram conhecimento durante a invasão, jamais voltaram aos seus navios, se deixando ficar na terra. Fazendo amizade com os locais, alguns se embrenhando pela Mata Atlântica e até se enveredando pelas encostas da Serra do Mar (e, daí, à Serra da Mantiqueira e depois, ao sertão), não só para escapar das autoridades, então concentradas na cidade do Rio de Janeiro, e que fiscalizavam a colônia em nome do rei de Portugal, mas também para trabalhar nas regiões próximas às minas, em troca de ouro, o qual utilizavam como moeda para desenvolver negócios, já que registros da época dão conta de que alguns desses franceses tinham conhecimentos de técnicas de agricultura e de técnicas de construção de minas e engenhos e, portanto, seus conhecimentos e habilidades eram úteis e bem vindos àquelas paragens, onde alguns chegaram a ser contratados para desenvolver as instalações das minas e, com os ganhos auferidos, arrendaram ranchos e roças nas sesmarias do interior, acabando por se estabelecer pelos sertões das minas gerais. Os dois primeiros franceses que chegaram às minas gerais foram Claude Gayon e Benedict Fromentière, por volta de 1702. Foram contratados para trabalhar na mina de ouro e passaram a morar numa mesma casa, em Ribeirão do Carmo (Mariana) e se tratavam mutuamente por “Monsieur”, o que levou o povo se referir, por corruptela, à casa em que moravam, como a casa dos “Monsus”, expressão que acabou por nomear o bairro em que viveram.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Aqui voltamos à história contada pela prima Jupyra: a de que um “pirata francês” (seria mais adequado chamá-lo “corsário francês” ?), emergindo das matas da Serra da Mantiqueira, seguindo as trilhas que já serviam de caminho a outros, veio a atingir o Sítio da Borda do Campo e, encontrando ali algumas roças e clima de natureza semelhante ao da sua terra, ali decidiu se arranchar. Assim, tal versão não é só plausível, como até provavel, não fosse apenas uma lenda, pois, na verdade, há registros de que no início do século 18, a sesmaria da qual fazia parte a propriedade hoje conhecida como Fazenda Cymodócea, teria sido adquirida por uma família de sobrenome francês cujo líder ancestral tinha o sobrenome Armond (sic) – na verdade, nos autos de devassa sobre o seqüestro dos bens dos inconfidentes, aparece referência aos comprovantes de pagamentos feitos por Francisco Rodrigues Armond – o filho - ao maior proprietário de terras daquela região, na época: José Aires Gomes - que viria a ser um dos inconfidentes - por conta da aquisição de uma fazenda na região do Sitio da Borda do Campo. O sobrenome Armond emerge anos depois, mesclado aos de outras famílias, através de diversos descendentes nascidos e criados em meio às sociedades mineira e paulista. De fato, rastreando a história do sobrenome Armond, encontra-se o seguinte registro: em 1519, no episódio que ficou gravado na história como “a Noite de São Bartolomeu”, ocorrido em Paris, fidalgos franceses huguenotes, foram expatriados durante as perseguições religiosas motivadas por Catarina de Médicis, na França, e que se estenderam por todo país até 1582. Inicialmente, os Armond refugiaram-se em Amsterdã, na Holanda, dedicando‑se ao comércio. Anos depois, a família transferiu-se para a Ilha da Madeira, e de lá para os Açores, em cuja Freguesia da Vila de São Sebastião da Ilha Terceira, nasceu Francisco Ferreira Armond, neto do primeiro imigrante francês de sobrenome Armond, cuja mulher Ângela, era de origem portuguesa. Dos Açores, Francisco e Ângela vieram para o Brasil no inicio do século 18, fixando‑se em uma sesmaria de terras comprada de José Aires Gomes, na região de Sítio da Borda do Campo, nas proximidades de Barbacena, onde desenvolveram suas atividades nessa região primitiva, que fora parte da Fazenda dos Moinhos. No Brasil, o casal teve um filho que recebeu o nome do pai: Francisco Ferreira Armond.

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Alfredo Malta Francisco Ferreira Armond, o filho, casou duas vezes - a primeira com D. Ruth Maria da Conceição, em 1773, com quem teve os seguintes filhos: Marcellino José Ferreira Armond (que viria a ser o 1° Barão de Pitangui e pai do Dr. Camillo Maria Ferreira Armond, o Conde de Prados), Honório José Ferreira Armond e Antônio Ferreira Armond (que viria a ser Padre). Viúvo, Francisco casou em segundas núpcias com uma prima do Duque de Caxias, D. Felizarda Maria Francisca de Assis Lage, na Freguesia de Nossa Senhora da Gloria do Caminho Novo do Rio das Mortes, em 1776. Desse casamento, nasceram Simplício José, Mariano José, Ana Quitéria e Lino José, todos com sobrenome Ferreira Armond. Mariano José nasceu num Casarão da família Armond, na região próxima da Fazenda dos Moinhos (parte do que hoje é conhecida como Fazenda da Borda), em 1779, e viria a ser o pai de Mariano Procópio Ferreira Lage. O irmão de Mariano José, Lino José, viveu solteiro e se revelou um empresário rural de sucesso, era um homem simples, que amealhou fortuna com uma criação de cavalos em uma parcela das terras que eram de propriedade dos pioneiros Armond desde 1774, e que ficou conhecida por “Fazenda do Sítio”. A construção do Casarão que teria dois andares (um sobrado), demonstra utilização de conhecimentos sobre engenho e lavra de madeira, alem de preparação de argamassa feita a partir de estrume de vaca, sangue e óleo de gordura de origem animal, que era misturado à terra (e cal, se houvesse), tecnologia que era comum nos países frios da Europa e que foi empregada para construir os “muros de alicerce”, onde se apoiavam as enormes vigas de madeira e sobre as quais se erguia, afinal, a residência com o piso elevado sobre um porão, onde, durante o inverno, se mantinham os animais para “aquecer” o andar superior. Lino Armond viria a ser importante protagonista da história do Casarão, na medida em que deixaria por herança essa propriedade, para seu sobrinho predileto - Mariano Procópio Ferreira Lage – pois sentia muito orgulho de ser tio de um cavalheiro culto, progressista e que era prestigiado pelo Imperador Pedro II, pela Princesa Isabel e pelo marido desta, o Conde d’Eu. Entretanto, essa decisão iria gerar muitos questionamentos dos demais sobrinhos, que se julgavam igualmente merecedores da herança do tio solteiro, que não teve descendentes.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Como desde a época do descobrimento, vários navios franceses passaram a bordejar o litoral brasileiro e, como negociavam carregamentos de pau-brasil com os índios em território de uma colônia portuguesa, sem a autorização e/ ou consentimento da coroa portuguesa, homens de origem francesa eram considerados piratas (mesmo que não o fossem) e, por muitos anos, até o início do século 19, era muito comum no Brasil, confundir um cidadão que tivesse sobrenome francês, ou que se comunicasse em francês, com os tais piratas; daí, provavelmente, a razão pela qual um dos descendentes da família Armond, ou até mesmo outro francês contratado para trabalhar nos negócios da família, possa ter entrado para a história do Casarão como o “pirata francês que construiu o Casarão”.

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Tecnologia de construção do Casarão

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técnica construtiva utilizada para erigir o Casarão, cuja base até a altura do teto do porão é feita em cantaria composta de pedras mantidas justapostas, umas sobre as outras, regularmente assentadas, entremeadas e revestidas nas superfícies exteriores, com argamassa preparada a partir de uma mistura de óleo de origem animal (no litoral era comum o uso do óleo de baleia), terra e excremento de gado ou “bosta de vaca”, como queiram, contendo fibras vegetais que resistiram ao rúmen, formando paredes para as bases de quase 1 metro de espessura, além de outros detalhes da construção, sugerem que o construtor tinha noções de boas e atualizadas tecnologias apropriadas para o rigor do frio europeu, preocupação que absolutamente não era comum naquelas paragens, na verdade, rota de bandeirantes. O “lay-out” da construção do Casarão e a sua distribuição interna original não seguiram a solução clássica adotada pelos bandeirantes para as suas sedes, que tinham plantas térreas, construções mais rudes, com paredes em taipa de pilão, sem ostentação, janelas e portas toscas, estas baixas e sem soleiras de pedras, com um pátio central (remota influência moura talvez) fazendo vezes de sala de estar, de jantar e cozinha, em cujo centro reinava o fogão - na verdade, um buraco no chão, contendo a lenha e algumas pedras para apoio das panelas, encimado por pequenos giraus para os assados – e ao redor da qual desembocavam as portas dos quartos. Nas habitações construídas por bandeirantes, de um andar, rés do chão, havia sempre uma ala de quartos destinados ao casal e às mulheres, outra ala oposta para os homens da família e um quarto extra para os hóspedes, que ficava no alpendre, sem ligação com a sala, cuja porta dava para fora da casa, de maneira que os visitantes não tivessem contato com as mulheres da família.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Antes da grande reforma do Casarão, em 1991, era possível identificar nas suas dependências, através de marcas no piso original e nas soleiras de pedra das antigas portas, que apareciam em meio aos pranchões de madeira do piso do andar superior, onde ficavam originalmente as portas e paredes internas e que a circulação interna em nada se parecia com as casas usuais construídas no Brasil à época pelos bandeirantes, ao longo de suas rotas. Percebia-se uma concepção de utilização mais apurada do que a normalmente aplicada nas fazendas da época, mais próxima do que se fazia nos países frios da Europa, inclusive com um porão onde, no inverno, ficavam os animais a se protegerem do frio e a aquecerem o andar superior, os quais no Brasil por vezes, foram substituídos por escravos de origem africana, página deprimente da nossa história. Embora o lay-out original da casa tenha sido alterado mesmo antes da “grande reforma de 1991”, ainda hoje é possível perceber em algumas paredes, resquícios de passagens que foram fechadas, além de algumas paredes que foram acrescentadas ao longo dos anos, para ajustar a casa às necessidades da família; entretanto, embora enseja ser muito antiga (tem provavelmente idade próxima de 250 anos), não foi a primeira casa a ser construída na região dos campos da Mantiqueira, mas certamente, foi uma das pioneiras a adotar uma concepção construtiva que evoluiria muito e que seria largamente aplicada nos casarões dos barões do café, que logo viriam fervilhar no Vale do Paraíba e também em Vassouras.

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Araucária: pinheiro brasileiro em extinção

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omo dissemos antes, além do hábito bastante comum à época, do arrendamento de sesmarias (ou partes delas) e do excelente clima, outra razão que torna plausível a chegada, naquela época, de um francês à Borda do Campo e ali se estabelecer, era o fato de que trabalhadores com conhecimentos de técnicas de engenhos ou de técnicas de construção e/ou de agricultura eram escassos e a coroa portuguesa fazia vistas grossas e até tinha um interesse velado em atrair essa gente, portanto, os poucos que apareciam nas regiões de minas e roças de proprietários mais abastados, contavam com imediata guarida e gorda remuneração, como incentivo para ali permanecerem, desejosos que eram os proprietários, em aproveitar a existência de grandes árvores de lenho apropriado para construção, que então abundavam na mata da região, para instalarem engenhos de madeira e aumentarem a extensão e a diversificação das suas roças e lavras (como os pinheiros da espécie “Araucária”, hoje em processo de extinção). Mas os Armond, além do conhecimento técnico de construção de engenhos, eram comerciantes experientes e vieram dos Açores por incentivo da coroa e passaram a desenvolver seus negócios em Barbacena e Juiz de Fora (que na época também fazia parte da comarca de Barbacena). Hoje, quem chega a Sítio (atual Antônio Carlos) e quer localizar o Casarão da Fazenda Cymodócea, basta olhar para o alto e procurar com os olhos a copa majestosa, em forma de taça, de um exemplar centenário de pinheiro Araucária (o “caurí” dos indígenas), que resistiu ao abate indiscriminado e se mantém incólume ao lado do Casarão, como sentinela altaneira e graciosa, testemunha silenciosa da saga vivida pelos moradores deste Sítio e que foi escolhido pela geração de quem escreve este livro, como figura símbolo da cidade e fundamental na composição da identidade visual do Casarão.

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Sítio: um ninho de políticos

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ocumentos e livros que contam a história do Brasil, da época dos bandeirantes, relatam que nesta região em que viria a florescer a cidade de Sítio (atual Antônio Carlos), havia já um arraial e algumas roças, entre elas certamente aquela onde se localiza a casa da Fazenda da Borda, antigamente conhecida por Engenho dos Moinhos e que foi originalmente a roça pertencente a Domingos Rodrigues da Fonseca Leme. Não há mais dúvidas de que essa roça de Domingos Rodrigues da Fonseca Leme e a roça que Garcia Rodrigues Paes também tinha na região, serviram de base de apoio para o inicio da abertura do que se convencionou chamar de “Caminho Novo”, deixando patente que Sítio (atual Antônio Carlos) é deste caminho um marco fundamental, senão o mais importante, por ser inicial. Antes da abertura do Caminho Novo, além das roças de Domingos Rodrigues da Fonseca Leme (Fazenda da Borda) e de Garcia Rodrigues Paes, havia sesmarias onde hoje se situam Curral Novo, Sá Fortes, Matias Barbosa, Ibertioga, Bias Fortes, São João d’El Rei e Tiradentes, entre elas a do Bacharel Manoel de Sá Fortes Bustamante Nogueira, pelas quais trafegavam tropeiros negociantes de gêneros, pedras preciosas e de ouro, então já seguindo uma das trilhas do que viria a ser no futuro, chamado de “Estradas Reais”. O Bacharel Manoel de Sá Fortes Bustamante Nogueira tinha o título de Capitão Mor da região e, até o princípio do século 18, foi o nome mais importante da política local, sucedido na liderança da comunidade pelo Padre Manoel Rodrigues da Costa, cujo caminho político seguiu a trilha mais difícil e que, como já foi dito, residia na localidade próxima à divisa de Sá Fortes, numa propriedade ainda hoje conhecida como Registro Velho. Mesmo iniciando como um ex-inconfidente de 1789, nem por isso foi mal sucedido, haja vista que o Príncipe Regente D. Pedro I, quando da sua

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Alfredo Malta viagem a Minas em Maio de 1822, ao ser recebido com festa em Barbacena, esteve com o Padre Manoel Rodrigues da Costa (1754-1844), então o político mais importante da região, avaliando a situação política mineira e nacional. Mesmo após a proclamação da Independência, em 07 de Setembro de 1822, quando foi convocada uma Assembléia Nacional Constituinte, eleita por voto censitário, Barbacena se fez presente, através do Padre Manoel Rodrigues da Costa, que desta maneira, confirmou seu prestígio como principal líder político da região. Boa oportunidade para imaginarmos o caminho por onde o Príncipe e sua comitiva trilharam naquela época: partindo da cidade do Rio de Janeiro, seguiram de barco até o fundo da baía da Guanabara, onde aportaram em Porto da Estrela (Suruí), depois continuaram pelo rio Estrela até um porto fluvial, de onde partia uma trilha menos sinuosa conhecida como o “Caminho das Tropas”, passando por Inhomirim, Serra da Estrela, “Fazenda do Córrego Seco” (atual Petrópolis), Correias, curso do rio Piabanha até Pedro do Rio e daí a Secretário, depois Fagundes, a “Sebollas” (atual Inconfidência, no distrito de Paraíba do Sul), depois Simão Pereira e atingindo a antiga propriedade de Garcia Paes, considerada “meio do Caminho Real” - o Sítio da Borda do Campo (onde hoje é o distrito de Campolide, município de Antônio Carlos e arredores de Barbacena). Nessa ocasião, o Príncipe pernoitou na Fazenda da Borda do Campo, “a Fazenda da Borda”, hoje pertencente à família Andrada Serpa e que, até então, fôra propriedade sucessivamente de: Coronel Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, Capitão Manoel Dias de Sá e seu sócio Francisco da Costa; depois só de Francisco da Costa; Manoel Lopes de Oliveira e Coronel José Ayres Gomes; Feliciano Coelho Duarte e Dona Constança Duarte Lima e depois, do filho José Rodrigues de Lima Duarte. À época em que Manoel Carlos Pereira de Andrade comprou a Fazenda Sant’Anna de Sítio, a Fazenda da Borda era propriedade de José Rodrigues de Lima Duarte, (nascido em 1826 e descendente do inconfidente José Ayres Gomes), filho de Feliciano Coelho Duarte e Dona Constança Lima Duarte, o qual após estudar fora, retornou a Barbacena já formado Médico. Apesar das tendências conservadoras do pai, o futuro Visconde de Lima Duarte e o Conde de Prados, Camillo Maria Ferreira Armond, tinham afini-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo dades que os aproximou naturalmente: no campo profissional, a Medicina, na qual o Conde tinha experiência para contribuir no desenvolvimento do jovem Médico e também experiência no campo da política, no qual o primeiro incentivo do Conde foi suficiente para o futuro Visconde abraçar a vida publica. O Dr. Lima Duarte viria a se tornar tio do Presidente Antônio Carlos, pois era Médico do pai deste, que também se chamava Antônio Carlos e era natural de Santos-SP, onde viviam mais de uma geração dos Andrada, inclusive os três irmãos Andrada famosos na história do Brasil : José Bonifácio Ribeiro de Andrada Machado e Silva (o Patriarca), Martim Francisco Ribeiro de Andrada Machado e Silva, além de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva. Como houveram muitos casamentos entre descendentes dos Andrada, em vários níveis de parentesco, existem vários descendentes diretos e indiretos com o nome Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Aquele que conhecemos como presidente Antônio Carlos, nascido em Barbacena, era sobrinho bisneto pelo lado paterno e bisneto pelo lado materno, do Patriarca, e também neto por parte de pai, do Conselheiro Martim Francisco Ribeiro de Andrada Machado e Silva. Ocorre que o Antônio Carlos (pai) adoeceu e o Dr. Lima Duarte, que o assistia por ocasião de suas viagens a Santos-SP, o aconselhou vir a Sítio da Borda do Campo para tratar-se de uma tuberculose e o recebeu na sede da Fazenda da Borda, que era a sua casa. Antônio Carlos (pai) formou-se advogado, foi jornalista, depois nomeado juiz municipal e de órfãos, vereador e presidente da Câmara Municipal de Barbacena, deputado geral no Império de 1885 a 1886, ano em que se declarou republicano, fato que provocou repercussão, em razão da tradição dos Andrada, envolvidos na criação e defesa da monarquia brasileira. Na Fazenda da Borda, o paciente do Dr. Lima Duarte conheceu sua futura esposa : Adelaide de Lima Duarte, irmã do seu Médico e bisneta do inconfidente José Aires Gomes. Antônio Carlos (filho) nasceria em Barbacena, iria crescer em meio à sociedade local e acabaria por se aproximar do político mais importante da região à sua época (o Padre Manoel Rodrigues da Costa, conhecido na família Andrade, proprietária do Casarão, por Tio Padre).

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Alfredo Malta O prestigio e o apoio recebido do Padre Manoel Rodrigues da Costa foi o passaporte para Antônio Carlos (filho) ingressar no ambiente político da região e do país, a ponto de, futuramente, levá-lo a se tornar Presidente da Província de Minas Gerais, Prefeito de Belo Horizonte, Senador da República, Presidente da Assembléia Nacional Constituinte de 1932-1933, Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente Interino da República durante uma das viagens de Getúlio Vargas ao exterior. Faleceu no Rio de Janeiro a 1 de Janeiro de 1946.

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A Revolução Liberal de 1842

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Padre Manoel Rodrigues da Costa e Carlos Francisco Pereira de Andrade, pai de Manoel Carlos Pereira de Andrade - O Major Neca Andrade - foram os principais articuladores regionais da revolução liberal de 1842 a qual, sob a liderança nacional de Diogo Antônio Feijó e Rafael Tobias de Aguiar, defendia a substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado visando, além de fortalecer o mercado interno, também favorecer o surgimento de uma estrutura industrial, sendo portanto, um marco divisor na vida do Brasil, no século 19. É importante registrar, que esse movimento não questionava a legitimidade do poder de Dom Pedro II (já que os liberais revoltosos eram todos fiéis monarquistas) mas, a amplitude das prerrogativas com que a Coroa respaldava a empreitada centralizadora dos conservadores, que então dominavam o poder no governo do país, entre eles o Duque de Caxias. Combatia a orientação dos conservadores, que defendiam a continuidade da economia centrada nas monoculturas de exportação de açúcar e de café, a manutenção do modelo agrícola largamente dominado, com o emprego de mão-de-obra escrava de baixo custo de manutenção e, indiretamente, a dependência dos produtos industriais importados, através de cujo comércio os conservadores também auferiam parte de seus lucros. A Revolução Liberal foi uma das insurreições mais curtas do período monárquico: o primeiro incidente militar da revolução se deu no dia 28 de Maio de 1842, na região do atual bairro do Jaguaré, na capital paulista, quando a vanguarda da tropa de Caxias, em marcha para Sorocaba, “foi tiroteada por elementos avançados dos liberais” e, o último, se verificou em Porecatu, Minas Gerais, no dia 21 de Agosto, do mesmo ano.

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Alfredo Malta Contudo, o desfecho da Revolução postergou o projeto dos liberais revoltosos e consolidou as linhas mestras do projeto político conservador para o Império - centralização política e administrativa, com a concentração de grandes poderes nas mãos dos conservadores, apoiados por Caxias (militar que liderou o exército imperial brasileiro na Guerra do Paraguai, durante cujo desenrolar se tornou figura notória nos salões da nobreza e por cuja vitória recebeu o título de Duque do império).

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O comendador Mariano Procópio

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ocumentos existentes nos arquivos de registros da côrte do Rio de Janeiro, de Barbacena e de Juiz de Fora, dão conta de que o Comendador Mariano Procópio Ferreira Lage, foi o proprietário da Fazenda de Sant’Anna de Sítio (hoje Fazenda Cymodócea), a qual herdou de seu tio Lino José Ferreira Armond, local onde, anteriormente à arrematação da mesma por Manoel Carlos Pereira de Andrade, ocorrida em 1874, criava magníficos cavalos de raça. As “casinhas” ao lado do Casarão, hoje adaptadas para área de lazer, moradia dos caseiros e depósito de ferramentas, ao tempo de Mariano Procópio compunham parte da senzala dos escravos que cuidavam das cavalariças da sua criação de cavalos e, após Manoel Carlos Pereira de Andrade adquirir a propriedade, foram adaptadas para nelas operarem as fábricas de doces e de sucos de frutas da Fazenda Andrade, iniciativas de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade (a Vovó Ninha). Entretanto, Mariano Procópio, como é histórica e popularmente conhecido este personagem, era Engenheiro e não ficou conhecido por desenvolver ou investir na agricultura ou mesmo na pecuária local e sim em negócios inéditos no Brasil da época, tais como o “calçamento” de estradas com “macadame” (processo construtivo desenvolvido por McAdams, daí o nome), geração de energia hidroelétrica e outras indústrias, sendo considerado hoje, o empreendedor pioneiro da indústria de Minas Gerais, criador da famosa Companhia União e Indústria. Natural da região de Barbacena, Mariano Procópio Ferreira Lage nasceu em 1821, filho do Capitão Mariano José Ferreira Armond e de dona Maria José Ferreira Lage (prima deste), filha do proprietário da Fazenda de Fortaleza de Sant’Anna, nome que esta incorporou ao sobrenome e pelo qual passou a ser conhecida: Maria José de Sant’Anna. Mariano Procópio tinha uma verdadeira veneração por sua mãe, e quando tomou posse da herança deixada por seu

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Alfredo Malta tio Lino Armond, renomeou a antiga Fazenda de Sítio da Borda do Campo, registrando-a como “Fazenda Sant’Anna de Sítio da Borda do Campo”, como passou a ser conhecida a atual Fazenda Cymodócea, antes de ser conhecida como Fazenda Andrade. Mariano Procópio Ferreira Lage não usava o sobrenome Armond porque seu pai, ao declarar os dados para sua certidão de nascimento, omitiu deliberadamente o sobrenome Armond (como retaliação a um desentendimento familiar) e incluiu o sobrenome da esposa: Lage; isso se deve ao fato de que “os Armond, inteligentes, adiantados, que iam passar férias na França e na Itália, eram homens de uma independência tal, de tal audácia, que às vezes pareciam um pouco doidos. O Visconde de Sant’Anna, pai de Mariano Procópio, julgou-se ofendido um dia, pelo Vigário da Matriz....e no dia seguinte, entrou a cavalo pela nave...onde o Vigário pregava um sermão, e pregou-lhe uma surra. ...” , trecho extraído do livro “As amargas, não...”, do escritor Álvaro Moreyra. Mariano Procópio foi casado com Maria Amália Coelho de Castro Ferreira Lage e tiveram quatro filhos: Mariano, Elisa (o primeiro morreu ainda criança e a segunda na mocidade), Frederico e Alfredo. Engenheiro, de esmerada formação, estudou no exterior e contava com o respeito, apoio e amizade do Conde d’Eu, da Princesa Isabel e do Imperador Pedro II, que o nomearia diretor da Estrada de Ferro Pedro II (que viria a se transformar na E.F. Central do Brasil, depois RFFSA, atual MRS); foi construtor e incorporador da Companhia União e Indústria e responsável pela construção da rodovia que liga Juiz de Fora a Petrópolis, inaugurada em 1861 pelo Imperador D. Pedro II. Para honrá-lo, D. Pedro II ofereceu-lhe o título de Barão, do qual Mariano Procópio declinou, solicitando ao Imperador que o outorgasse a D. Maria José de Sant’Anna, sua mãe e assim foi feito, em 1861. Mariano Procópio radicou-se em Juiz de Fora, onde fundou a Colônia D. Pedro II, de imigrantes alemães, a Escola Agrícola União e Indústria e construiu a “Villa Ferreira Lage”, que seria o embrião do Museu Mariano Procópio. A “Villa” foi projetada e construída com o objetivo de abrigar o Imperador D. Pedro II em sua viagem ao longo da Estrada de Ferro Pedro II, na inauguração da Estrada União Indústria, mas não foi concluída a tempo. Foi um dos primeiros criadores de cavalos de raça do país e, quando representou a Província de Minas Gerais como Deputado junto à Assembléia

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Nacional, no Rio de Janeiro (entre 1869 e 1872), foi presidente do Jockey Club carioca e das Docas da Alfândega do Rio de Janeiro, época em que também recebeu o grau de oficial da Legião de Honra da França. Investidor nos ramos imobiliário, e acionário, deixou muitos bens para sua família, quando faleceu em 1872. Fato é que Mariano Procópio ao falecer, entre outros bens, deixou aos dois filhos menores Alfredo e Frederico, a então chamada Fazenda de Sant’Anna de Sítio, que havia sido de seu tio Lino José Ferreira Armond, o Lino Armond – depois da Fazenda dos Moinhos, a mais extensa da região – incluindo terras que ultrapassavam os morros circundantes ao Casarão da sede e à atual cidade, num total de 200 alqueires “mineiros” (algo como 1.000 km²). Em 1874, preocupada com os custos de manutenção da propriedade e com a necessidade de melhor aproveitar os recursos da herança paterna para a educação dos menores órfãos, seus filhos, a viúva do Comendador, D. Maria Amália, apresenta petição ao “Juizado do Orphanato” com sede na Côrte do Rio de Janeiro, solicitando a necessária autorização para colocar a propriedade à venda; para tanto, haviam formalidades legais, entre elas, o preparo do inventário da propriedade, suas benfeitorias, animais e utensílios. Na época em que foi arrematada por Manoel Carlos Pereira de Andrade (depois conhecido como Major Neca Andrade), as únicas construções na propriedade, além do Casarão (sede da Fazenda de Sítio, ou Casa Grande, como queiram) eram os estábulos ou cavalariças, situados onde hoje fica o quarteirão limitado pelas ruas Cel. José Gonçalves de Araujo, Marinho Becho e Prof. Alcides Sampaio, a senzala e, num pequeno Sítio vizinho de um alqueire, uma casa onde morava a família de Sebastião de Almeida e, mesmo em toda a região, consta existência apenas de outras quatro Casas Grandes: a do Registro Velho, a sede de Sá Fortes, a sede do Engenho dos Moinhos (parte da atual Fazenda da Borda); um pouco mais distante, já para os lados da atual Santos Dumont, havia a sede da Fazenda Passa Três. Mas logo após adquirir a fazenda, Manoel Carlos Pereira de Andrade iria construir os currais para o gado bovino, situados onde hoje imperam duas majestosas paineiras, plantadas pelo Luiz Eloy, durante a primeira grande reforma de 1990, e que limitam o “campo de futebol”, além de outras construções que veremos ao longo desta história.

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Bens da fazenda de Sítio

A

título de curiosidade, segue abaixo a transcrição do alvará de autorização para a colocação da propriedade em hasta pública, o respectivo inventário e registro de arrematação da propriedade, incluindo as benfeitorias, animais e utensílios, por Manoel Carlos Pereira de Andrade, o qual, ao se interessar pela oportunidade de negócio, obtém empréstimo e adquire a fazenda pelo montante de quarenta contos de réis (pagou pela propriedade avaliada conforme documentação abaixo e pelas custas, impostos e taxas que incidiram pelo processo): “Rio de Janeiro – Juízo de Orphanato da 2ª Vara Carta de arrematação da Fazenda do Sítio, terras, bemfeitorias, moveis e animaes, extrhaida dos autos de arrematação dos bens que couberão da legitimação aos menores Frederico e Alfredo no Inventario dos bens de seu finado pai o Commendador Mariano Procópio Ferreira Lage, situados em Barbacena Passada a requerimento do arrematante Manoel Carlos Pereira de Andrade, para Titulo O Dezembargador Francisco de Faria Lemos, Juiz de Orphãos da Segunda Vara nesta Côrte do Rio de Janeiro: A todos os Senhores Doutores Desembargadores Juizes de Distrito, Municipaes e do Pais, a quem o conhecimento d’esta pertencer: Faço saber que por este meu Juizo e Cartório do Escrivão que esta subscreve se exzaminarão os autos de praça a requerimento de dona Maria Amália Ferreira Lage, Viúva do Commendador Mariano Procópio Ferreira Lage, e tutora dos menores seus filhos Alfredo e Frederico, os quais tiverão começo pela authoação de teor e forma seguinte: Anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos e setenta e quatro, aos quatro

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo dias do mês de Julho, nesta Côrte e Cartório authoando a petição suposta a disposição os bens assim a certidão das avaliações e traslado dos editais que se seguem; do que lavro este termo. Eu Jose Leão de Oliveira Machado, Escrevente juramentado escreveria. Segundo se continha em a dita authoação depois do que se via a Petição do theor seguinte: Illustrissimo Senhor Dezembargador Juiz de Orphãos da segunda vara.

Diz Dona Maria Amália Ferreira Lage, Viúva do Commendador Mariano Procópio Ferreira Lage e tutora de seus filhos menores Frederico e Alfredo, que a estes coube em partilha bens sitos em Barbacena. Cumpre a Supplicante um dever expondo á Vossa Senhoria que a administração de tais bens é lhe penosa; e mais que tudo, não produzem rendimento correspondente ao capital. E assim convem mais aproveital-as melhor e de modo mais simples e seguro, vendendo-as e applicando o producto em apólices. Para tanto, Pede da Vossa Senhoria se digne de mandar ouvir o Doutor Curador Geral; e não havendo duvida, que se ponhão em praça deste Juízo, Escrivão Meneses, taes bens dispensados os pregões que serão substituídos por annuncios nos Jornaes e designado o dia da praça. Pelo que Espera Receber Mercês. Rio, treze de Abril de mil oito centos setenta e quatro. O advogado, A.M. Perdigão Malheiro. Estava uma estampilha do valor de duzentos reis devidamente innutilizada “Em cuja petição proferí o despacho do teor seguinte” Diga o Doutor Curador Geral. Rio, treze de Abril de mil oito centos setenta e quatro “Faria Lemos” E por bem d’este meu despacho deu o Doutor Curador Geral sua resposta, aqual é do theor seguinte: Não me opponho guardadas as formalidades legaes. Rio, dezoito de Abril de mil oito centos setenta e quatro. O Curador Geral Jose Antônio Fernandes Lima. Depois doque proferi o despacho do theor seguinte: Como requer. Rio, vinte dois de Abril de mil oito centos setenta e quatro “Faria Lemos. Segundo se continha em o dito despacho depois do qual se via a avaliação por certidão, nella se visa a Fazenda de Sitio avaliada pela maneira seguinte:

Moveis – Hum cordão de ouro com cincoenta e duas oitavas por cento e oitenta e dois mil reis............................................................ 182$000 – Vinte e uma e meia oitavas de ouro velho, setenta e cinco mil duzentos cincoenta reis....................................................... 75$250

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Alfredo Malta – Quinhentas e quarenta oitavas de prata velha, por cento trinta mil quinhentos e sessenta reis....................................... 130$560 – Huma faca de cabo de prata por dois mil reis..................................... 2$000 – Cinco tachos de cobre, velhos, com cento e seis libras por cincoenta e três mil reis....................................................................... 53$000 – Huma bacia de arame, velha, por cinco mil e seis centos reis............. 5$600 – Hum carro forrado com arreios para bois, por cento e sessenta mil reis.................................................................... 160$000 – Hum carro para bois usado, com arreios, por cento e dez mil reis..................................................................... 110$000 – Dois sofás ordinários por doze milr eis.............................................. 12$000 – Huma marqueza com parafusos, por oito mil reis.............................. 8$000 – Huma mesa ordinária por seis mil reis................................................ 6$000 – Huma mesa ordinária por dez mil reis.............................................. 10$000 – Huma mesa com duas gavetas por quatro mil reis.............................. 4$000 – Huma dúzia de cadeiras americanas, de palhinha por cincoenta mil reis................................................................................ 50$000 – Dois armários velhos, por dez mil reis............................................... 10$000 – Dois bancos em bom uso, por seis mil reis.......................................... 6$000 – Hum tronco de campanha por oito mil reis......................................... 8$000 – Hum aparelho de fimar (sic) por oito mil reis..................................... 8$000 – Treis freios em bom uso, por doze mil reis......................................... 12$000 – Quatro colxões de cabello por quarenta e oito mil reis...................... 48$000 – Doze lençóis usados por doze mil reis............................................... 12$000 – Seis travesseiros com fronhas por nove mil reis................................... 9$000 – Dois cobertores de franjão por dez mil reis........................................ 10$000 – Duas toalhas de algodão para mesa por vinte quatro mil reis.......... 24$000 – Hum selim de pagem por vinte mil reis.............................................. 20$000 – Hum lombilho por quinze mil reis..................................................... 15$000

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo – Hum óculo de alcance por doze mil reis............................................ 12$000 – Vinte dúzias de taboas de cedro por quinhentos mil reis................ 500$000 – Treis dúzias de taboas de pinho para forro por trinta e dois mil reis............................................................................ 32$000 – Dois arados com grades de ferro, digo, com grade por cento e vinte mil reis......................................................................... 120$000 – Hum cilindro para trabalho de arado por cem mil reis................... 100$000 – Duas machinas de cortar capim, por cem mil reis.......................... 100$000 – Huma carroça pequena por cincoenta mil reis.................................. 50$000 – Huma banheira de ferro por vinte mil reis........................................ 20$000 – Hum carrinho de mão, por trinta mil reis......................................... 30$000 – Huma cadeira de balanço por seis mil reis.......................................... 6$000 – Huma cadeira de encosto por cinco mil reis........................................ 5$000 Semoventes – Duas vacas tourinas com bezerros novos por quatro centos mil reis........................................................................ 400$000 – Huma vaca tourina, pequena, por trinta mil reis............................. 30$000 – Huma vaca tourina grande com bezerro por cento e vinte mil reis......................................................................... 120$000 – Huma vaca tourina, falhada, por cincoenta mil reis......................... 50$000 – Huma novilha tourina de treis annos por cem mil reis................... 100$000 – Duas novilhas tourinas de dois annos por cem mil reis.................. 100$000 – Dois touros chinos, por duzentos mil reis........................................ 200$000 – Hum touro tourino por cento cincoenta mil reis............................ 150$000 – Hum bezerro tourino por trinta mil reis............................................ 30$000 – Trinta e oito novilhos, por hum conto e nove centos mil reis....... 1:900$000 – Duas vacas paridas por cento e quarenta mil reis........................... 140$000 – Duas vacas falhadas por cem mil reis.............................................. 100$000

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Alfredo Malta – Huma bezerra de anno e meio por vinte e cinco mil reis.................. 25$000 – Huma bezerra de anno e meio por dezeseis mil reis......................... 16$000 – Trinta e um bois de carro por um conto quinhentos cincoenta mil reis....................................... 1: 550$000 – Duas novilhas de treis annos por sessenta mil reis............................ 60$000 – Hum cavallo normando por quatro centos mil reis......................... 400$000 – Huma égua inglesa, parida, por cem mil reis.................................. 100$000 – Hum poldro suíço manço por duzentos mil reis.............................. 200$000 – Hum poldro azalão, digo, alazão, manço por cento cincoenta mil reis..................................................................... 150$000 – Hum cavallo suíço com olho furado por cem mil reis..................... 100$000 – Dois cavallos capões por duzentos mil reis...................................... 200$000 – Hum cavallo castanho, velho, por vinte mil reis................................ 20$000 – Hum cavallo suíço, velho,por oitenta mil reis.................................... 80$000 – Dois cavallos capões, novilhos e queimados por cento e vinte mil reis................................................................... 120$000 – Dois poldros manços por cento e cincoenta mil reis........................ 150$000 – Hum poldro suíço de anno e meio por cincoenta mil reis................. 50$000 – Hum jumento hespanhol por trinta mil reis...................................... 30$000 – Hum jumento hespanhol por cento e vinte mil reis......................... 120$000 – Seis jumentos velhos, por sessenta mil reis......................................... 60$000 – Hum macho preto, manço por cento e vinte mil res........................ 120$000 – Hum macho vermelho por oitenta mil reis........................................ 80$000 – Huma besta de sella, vermelha, por cem mil reis............................ 100$000 – Huma parelha de machos mouros por duzentos mil reis................ 200$000 – Quatro machos velhos, por sessenta mil reis...................................... 60$000 – Hum poldro aleijado, por quinse mil reis........................................... 15$000 – Hum poldro de anno e meio por oitenta mil reis............................... 80$000

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo – Hum poldro de seis meses por quinse mil reis.................................... 15$000 – Cinco poldros de deis meses por dose mil reis.................................... 12$000 – Desenove bestinhas sete centos e sessenta mil reis........................... 760$000 – Oitenta e seis égoas de criar por dois contos quinhentos e oitenta mil reis....................................... 2:580$000 – Quinse égoas velhas por cento cincoenta mil reis............................ 150$000 – As terras da chácara da Fazenda de Sítio, constando de campos e cultura calculadas em cento e oitenta alqueires e cuja divisa vai até a primeira porteira dos pastos dos quartéis por nove contos de reis......................................................................... 9 :000$000 – As bemfeitorias da mesma Fazenda por seis contos de reis......... 6:000$000 – Segundo se continha em as ditas avaliações, depois do que passando-se os editais das três praças com dispensa de pregão ficou nos autos o respectivo traslado e da finação do mesmo passou a Cartório a certidão respectiva que também se juntou aos autos, a qual é do teor e forma seguinte : Francisco Pereira Monteiro, Primeiro Porteiro dos Auditórios da Côrte por Sua Majestade o Imperador á quem Deus Guarde xx Certifico que publiquei e affixei no lugar do costume o Edital do Excellentissimo Dezembargador Juiz de Orphãos da Segunda Vara pelo qual faço publico que no dia quatorse do corrente mes hei de traser a publico pregão da venda e arrematação os bens moveis semoventes e de raiz que forão dados em partilha aos menores Frederico e Alfredo no inventario de seu finado pai o Commendador Mariano Procópio Ferreira Lage ; cujos bens vão a praça a requerimento de Dona Maria Amália Ferreira Lage, tutora dos menores seus filhos. E para constar passo a presente certidão. Rio de Janeiro, quatro de Julho de mil oito centos setenta e quatro, Francisco Pereira Monteiro. Estava uma estampilha do valor de duzentos reis devidamente inutilizada. Segundo se continha em a dita certidão depois do que se via o auto do teor e forma seguinte: Auto de praça do theor seguinte: Auto de praça – Anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos setenta e quatro aos quatorse de Julho do dito anno, em praça publica que na casa de suas audiências fazendo estava o dezembargador Juiz de Órfãos da segunda vara Francisco de Faria Lemos com migo Escrivão adiante nomeado, ahi presente o Porteiro das auditorias Francisco Pereira Monteiro, a este ordenou o mesmo Juiz, que metesse a publico pregão de venda e arrematação a Fazenda (terras bemfeitorias moveis e animaes) casas na cidade de

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Alfredo Malta Barbacena imóveis na mesma cidade pertencentes aos menores Frederico e Alfredo, filhos do finado commendador Mariano Procópio Ferreira Lage, constante do traslado retro. O que cumprido pelo Porteiro e prehenchidas pelo mesmo as formalidades legaes passou a proceder as respectivas arrematações como se vê dos termos que adiante se seguem ; doque para constar mandou mandou (sic) o Juiz lavrar este Termo que assigna como Porteiro. E eu Archias do Espírito Santo de Meneses, Escrivão escrevi e assignei. Francisco de Faria Lemos, Archias do Espírito Santo de Meneses,, Francisco Pereira Monteiro,, Arrematação da Fazenda de Sítio, terras, bemfeitorias, moveis e animaes,, Avaliação vinte oito mil digo vinte oito contos cento quarenta e três mil quatro centos e dez reis. Lanço vinte contos e quinhentos mil reis. Trinta e seis contos seis centos quarenta e três mil quatro centos e dez reis. Mandou o juiz que fosse arrematado a Manoel Carlos Pereira de Andrade, a Fazenda de Sitio comprehendendo as terras, bemfeitorias, moveis e animaes, pertencentes aos menores Frederico e Alfredo, filhos do finado Commendador Mariano Procópio Ferreira Lage, no valor total de vinte oito contos cento e quarenta e três mil e quinhentos reis, conforme o traslado do edital entra com oito contos e quinhentos mil reis sobre a avaliação que foi o maior lance, do que deu fé o Porteiro; pelo que prehenchidas as formalidades legaes houve o Juiz a arrematação por boa e assignou com o arrematante no Porteiro. E eu Archias do Espírito Santo de Meneses o escrevi, Francisco de Faria Lemos, Manoel Carlos Pereira de Andrade, Francisco Pereira Monteiro,, Segundo se continha em o dito auto de arrematação depois doque se via a guia do theor seguinte: Numero trinte e seis. Cofre dos Órfãos da segunda vara. A folha vinte e quatro do Livro primeiro de entrada do dito Cofre fica debitado ao actual Thesoureiro Luiz Jose da Costa a quantia de trinta e seis contos seis centos quarenta e três mil quatro centos e dez reis. Deduzida a porcentagem cento quarenta e seis mil e seis centos reis. Liquido trinta e seis contos quatro centos noventa e seis mil oito centos e dez reis. Consta que entrega Manoel Carlos Pereira de Andrade preço por que arrematou em praça d’este Juízo a Fazenda de Sitio, terras, bemfeitorias e animaes pertencentes aos menores Frederico e Alfredo, aos quais coube de legitima no Inventario de seu finado pai o Commendador Mariano Procópio Ferreira Lage, cujos bens são situados em Barbacena Província de Minas Geraes. Rio de Janeiro, dezeseis de Julho de mil oito centos setenta e quatro, A. E. S. de Menezes,, Estava uma estampilha do valor de dusentos reis devidamente inutilizada. Segundo se continha em a dita guia

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo depois doque se via o conhecimento do imposto de transmissão que adiante se segue: Numero quarenta Província de Minas Geraes Receita Geral. Exercicio de mil oito centos e setenta e quatro a mil oito centos setenta e cinco. Transmissão de propriedade. Lei numero mil (sic) quinhentos e sete de vinte seis de Setembro de mil oito centos sessenta e sete artigo dezenove em Regulamento numero quatro mil tresentos sessenta e cinco de dezesete de Abril de mil oito centos sessenta e nove A folhas do caderno de Receita fica debitado o Collector no valor de dois contos cento noventa e oito mil seis centos e quatro Recebida do senhor Manoel Carlos Pereira de Andrade proveniente da arrematação que fez da Fazenda de Sitio situada nesse município inclusive os moveis e semoventes, que foi dos menores Alfredo e Frederico, filhos do commendador Mariano Procópio Ferreira Lage por trinta e seis contos seis centos quarenta e oito mil quatro centos e dez reis. Para clareza se lhe dá o presente conhecimento. Collectoria Municipal de Barbacena em oito de Agosto de mil oitocentos setenta e quatro. O Collector Camarão,, O Escrivão Mathias Jorge Rodrigues,Estava uma estampilha do valor de duzentos reis devidamente inutilizada,, Segundo se continha em o dito conhecimento depois doque me foi por parte do Arrematante Manoel Carlos Pereira de Andrade, pedido e requerido que dos ditos autos de arrematação lhe Veja e passasse sua carta de arrematação para seu Titulo. E sendo justo o pedido mandei dar e passar a presente pela qual xxx á Vossas Senhorias ao principio declarados, que sendo-lhes esta appresentada indo por mim assignada e subscripta por um dos escrivães deste Juízo a queirão fazer cumprir como nella se contem e declara. E em seu cumprimento sua devida execução e observância haverão o dito arrematante Manoel Carlos Pereira de Andrade por impossado da Fazenda de Sitio, terras bemfeitorias, moveis e animaes constantes das avaliações nesta transcripta para della gozar e dispor como sua que fica sendo, servindo-lhe a presente para seu titulo e conservação seu Direito. E mais como deixo ficar por mim assignada e subscripta por Archias do Espírito Santo de Menezes serventuário vitalício do Segundo officio de Escrivão deste meu Juízo. Dada e passada nesta Côrte do Rio de Janeiro aos quatorze de Agosto de mil oito centos setenta e quatro E eu Archias do Espírito Santo de Menezes Escrivão subscrevi . Francisco de Faria Lemos . Rio 14 de Agosto de 1874 . (sobre duas estampilhas contendo a face de D. Pedro II: .

uma de 1000 e outra de 800 reis, assim inutilizadas)

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O valor da fazenda em ouro

N

aquele tempo, o peso do ouro era medido em onças e uma unidade muito corrente era a “oitava”, que constituía a oitava parte da onça, o que corresponde a 3,585 gramas, também conhecida como “dracma”. Embora a oitava naquela época fosse cotada no mercado por um valor entre 4$302 reis e 5$377,50 reis (equivalem respectivamente a 1$200 réis / grama e 1$500 réis / grama), para fins de avaliação do inventário acima, à oitava foi atribuído o valor de 3$500 réis (equivale a $976,29 réis/grama). Como a arrematação da propriedade se deu no montante líquido de 36:496$810 réis, o arrematante despendeu além disso, o valor de 2:198$604 réis, a título de emolumentos da operação e mais 1:304$386 réis, a título de comissão do cartório, o desembolso total chegou a 40:000$000 réis, o que equivalia à época a, aproximadamente, 40.971,432 gramas de ouro. Em Julho de 2014, o grama de ouro estava cotado a R$93,50 (US$42.20). Com base nos indicadores acima, a título de curiosidade apenas, o inventário da propriedade representaria nos dias em que este livro foi escrito, algo da ordem de R$3.308.288,80 (US$ 1,493,179.60), valor ao qual a rigor, se deve acrescer os efeitos da inflação e das sucessivas alterações da moeda brasileira entre 1874 e 2014; ainda assim, mesmo sem as devidas correções, é um valor muito significativo para a época. Se levarmos em conta esse valor e o fato de que o Major Neca Andrade e sua esposa D.Anna Dulcelina, aumentaram em muito as terras da fazenda, além de terem criado várias indústrias muito bem sucedidas, ligadas ao agro -negócio, é razoável supor que no auge do sucesso financeiro dos seus negócios, o casal tinha uma situação econômica invejável, especialmente se levarmos em conta os padrões sócio-econômicos da época, o que os conceituaria como “gente de posses”.

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O nome Andrade

A

ndrade é sobrenome galego, classificado como toponímico (de origem geográfica), que procede de um dos cinco cavaleiros que, juntamente com o conde romano D. Mendo, quando viajavam para combater os mouros, se salvaram de um naufrágio, indo de Rausona (Itália) para o reino da Galiza (Espanha), onde o conde instalou um solar em Andrade, durante a campanha contra os mouros. A linhagem de Portugal descende de Nuno Freire de Andrade, mestre da Ordem de Cristo (nascido em 1250), que foi para Portugal durante o reinado de D. Pedro I, de Castela. Joffre Gomes da Costa, após pesquisa bibliográfica para sua biografia sobre o Marechal Henrique Teixeira Lott informa à página 45, que “os Andrade, da Fazenda Cymodócea”(ou Fazenda Andrade, ou ainda Fazenda de Sant’Anna de Sítio da Borda do Campo, como queiram) seriam descendentes de Gomes Freire de Andrade, por sua vez, descendente remoto de Nuno Freire de Andrade. Houve mais de um Gomes Freire de Andrade, mas para o Brasil veio o capitão-general que governou a capitania do Rio de Janeiro entre 1733 e 1752, que em 1735 passou a governar também a capitania de Minas e que recebeu do monarca D. José I, o título de 1º Conde de Bobadela (houve outros Senhores de Bobadela e outros homônimos na mesma linhagem da nobiliarquia portuguesa, desde 1360). Ficou gravado na história como o melhor administrador da era colonial brasileira. Seu irmão, José Antônio Gomes Freire de Andrade teve um filho natural, Francisco de Paula Freire de Andrade, que se casou com d. Izabel Carolina de Oliveira Maciel; desse casal nasceu, em 1790 entre outros filhos, mais um Gomes Freire de Andrade, este já natural de Vila Rica, e que viria a se tornar o Barão de Itabira, de cuja família descende remotamente também o

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Alfredo Malta poeta Carlos Drummond de Andrade: evidência notável da origem comum é a semelhança física entre o poeta e o general Clóvis Andrade de Magalhães Gomes, filho de D. Cymodócea e do Dr. José Coelho de Magalhães Gomes.

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O major Neca Andrade

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anoel Carlos Pereira de Andrade, que ficou conhecido na região como “Major Neca Andrade” e como “Vovô Neca” na família, era filho de Carlos Francisco Pereira de Andrade e de D. Anna Joaquina da Costa (não confundir com sua filha, D. Anna Joaquina de Andrade Machado, a “Vovó Cota”), sobrinho por parte de mãe e afilhado, de um dos inconfidentes - o Padre Manoel Rodrigues da Costa (o “Tio Padre”). D. Anna Joaquina da Costa e o Padre Manoel Rodrigues da Costa, seu irmão, eram filhos de Manoel Rodrigues da Costa e de D. Joana Thereza Maria de Jesus (proprietários da Fazenda do Registro Velho). D. Joana Thereza Maria de Jesus, avó do Major Neca Andrade, segundo consta nos registros do bispado de Mariana-MG, era meia-irmã, por parte de pai, da mãe de José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes (que desta forma, seria primo do Padre Manoel Rodrigues da Costa e de D. Anna Joaquina da Costa). Como já foi dito, por ter participado ativamente da Inconfidência Mineira, o Padre Manoel Rodrigues da Costa, o Tio Padre, foi condenado ao exílio. Entretanto, como a igreja católica na época gozava de enorme prestígio junto às côrtes católicas, exercendo ingerências de toda ordem junto aos governantes, os clérigos condenados pela participação na Inconfidência Mineira recebiam penas diferentes dos demais súditos e os exilados eram enviados para a côrte em Portugal, onde permaneciam por um período exercendo suas funções eclesiásticas, até que o clamor na colônia fosse arrefecido e, anistiados, pudessem voltar às suas paróquias. Após um período em Lisboa, a título de exílio, o Padre Manoel Rodrigues da Costa foi anistiado e voltou ao Brasil empolgado com a indústria têxtil de que tomara conhecimento na Europa e que foi uma das primeiras

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Alfredo Malta a se beneficiar do uso de máquinas do início da era industrial, então ainda rudimentares. Tio Padre trouxe consigo máquinas da Europa, inclusive para tecer linho, que passou a cultivar em sua propriedade.Em seguida convidou seus vizinhos para conhecerem as máquinas e para ouvirem dele as vantagens de iniciarem na produção de linho, produto mais nobre do que o algodão; mas seu entusiasmo não foi suficiente para convencer os contemporâneos sobre o alcance de sua visão privilegiada, exceto por um fazendeiro de São João d’El Rei, de onde era originário o pai do Major Neca Andrade. Foi na casa do seu tio e padrinho, em meio a esse ambiente estimulante ao empreendedorismo, que o Major Neca Andrade nasceu em 29 de Outubro de 1826. Essa casa, onde nasceu o Major Neca Andrade (na qual foi sediado o Registro Velho da Borda do Campo), ainda sobrevive até os dias em que escrevo esta história e, como já mencionei antes, pode ser encontrada por quem chega a Sítio, pelo distrito de Sá Fortes (também no atual município de Antônio Carlos), vindo de Barbacena. A casa apresenta ainda, algumas das características descritas pelo viajante francês Auguste de Saint-Hilaire no seu livro “Viagem às Províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais” (1ª viagem), que lá esteve hospedado nos idos de 1817 a convite do “Tio Padre”, então o político mais importante da região. Naquele livro, a cena da chegada, descreve o Padre Manoel Rodrigues da Costa, em sua capela a rezar uma missa; a mesma capela, em honra de Nossa Senhora do Pilar, que encontrei no final dos anos 80 do século XX, situada à direita de quem entra na casa, ainda que despojada de todas as imagens e aparatos de uma igreja consagrada, lá estava ainda com suas talhas. Veremos a seguir, que o “Tio Padre”, como é referido até hoje pelos descendentes, influiu decisivamente na formação do sobrinho, sendo responsável pela mentalidade industrial que se manifestou, anos depois, no Major Neca Andrade quando este adquiriu a Fazenda Sant’Anna de Sítio (hoje Fazenda Cymodócea), a partir da qual, desenvolveu varios negócios. Pouco depois que nasceu o Major Neca Andrade, em 1831 e após a abdicação de Pedro I, foi criada a Guarda Nacional, que tinha como finalidade defender a constituição, a independência e a liberdade mas, acima de tudo, assegurar a integridade do Império, então sob a Regência, durante a minorida-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo de de D. Pedro II. Sua criação, entre os limites da tirania e da anarquia (como se comentava à época), demonstrava de certa forma, a falta de confiança da Regência (e nos anos seguintes, também da côrte de Pedro II) na fidelidade do exército brasileiro da época, o que paulatinamente de fato minou o sentimento de lealdade e levaria, no futuro, à proclamação da república (pois após a Guerra do Paraguai, D. Pedro II iria ordenar que os militares voltassem à caserna, deixando de participar da política e dos eventos da sociedade civil, o que causaria insatisfações e acabaria por fomentar a contínua e crescente adesão dos militares às idéias republicanas, que desencadearam o fim da monarquia imperial no Brasil). A Guarda Nacional era formada através da escolha de cidadãos com renda anual superior a 200 mil réis, nas grandes cidades, e 100 mil réis nas demais, os quais se tornavam responsáveis por recrutar, formar e dirigir o Corpo de Guardas nas respectivas regiões, mantendo a obediência às leis, conservando a ordem e a tranqüilidade pública, mas acima de tudo, a fidelidade ao imperador: um verdadeiro exército paralelo. Anos mais tarde, o Estado Maior do 31º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, sediado em Barbacena, foi confiado ao fazendeiro e industrial Manoel Carlos Pereira de Andrade, que recebeu a patente de Major, o qual por sua vez recrutou a par de outros locais, seu primogênito Eudoro Lasthenes de Andrade, que recebeu a patente inicial de Tenente e chegaria a Tenente-Coronel.

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O empreendedor nato

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Manoel Carlos Pereira de Andrade, que era um homem bonito e elegante, casou-se em 1865, com D. Anna Dulcelina de Andrade Machado (com o casamento D. Anna Dulcelina tem o sobrenome Andrade colocado após o sobrenome Machado); o casal Andrade teria 14 filhos dos quais, entretanto, apenas 12 sobreviveriam à tenra idade. Após a compra da Fazenda Sant’Anna de Sítio (atual Fazenda Cymodócea) em 1874, Manoel Carlos Pereira de Andrade já com os filhos até então nascidos, Cymodócea (com 7 anos), Eudoro e Mário, além da mãe de D. Anninha (D. Anna Joaquina de Andrade Machado, que era irmã de Manoel Carlos Pereira de Andrade e viúva), passaram a morar no Casarão de Sítio. Sendo homem muito trabalhador e, influenciado pelas idéias industriosas do “Tio Padre”, Manoel Carlos Pereira de Andrade, com o reconhecido e inestimável apoio de sua esposa D. Anninha, se revelou um empreendedor bem sucedido. Percebendo a vantagem de ter suas terras banhadas pelo rio das Mortes e pelo afluente deste, rio Bandeirinhas, retoma a criação de cavalos, agora para tração, investe na pecuária de leite, e além das plantações de fumo, prepara as terras para cultivar algodão, milho, feijão, ervilhas, mandioca e frutas: como uvas, pêras, morangos, laranjas, maçãs, caquis, goiabas, abacaxis, pêssegos, marmelos e jabuticabas, o que permitiria a transformação da Fazenda Sant’Anna de Sítio em local de referência nacional na fabricação de doces de frutas e na fabricação de cigarros de palha, inicialmente enrolados à mão por escravos. Como senhor de escravos, mesmo antes da Lei Áurea, procurava tratar o trabalhador negro com bondade e justiça, dividindo as tarefas em períodos, com horas determinadas, de forma a dar-lhes o merecido descanso diário e nunca instalou troncos à guiza de pelourinho, já que não usava o castigo pela chibata.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Após a Lei Áurea, além de muitos dos antigos escravos agora forros e seus descendentes, que se deixaram ficar trabalhando e morando na fazenda, a partir de então como empregados, a “mão-de-obra” da Fazenda de Sant’Anna (que começa a ser referida na região por “Fazenda Andrade”) se compunha de outros trabalhadores do lugarejo próximo denominado “São Sebastião dos Torres (hoje distrito de Barbacena), que foram pacientemente treinados pelos proprietários para a tarefa de “enrolar cigarros”, atividade que Manoel Carlos Pereira de Andrade conheceu nas roças de propriedade de seu pai, Carlos Francisco Pereira de Andrade, que produzia cigarros de palha na região, desde 1840. Ao contrário de hoje, naquela época o hábito de fumar não era tido como prejudicial à saúde e sim, tido como hábito refinado, sinal de contemporaneidade e elegância; fabricar bons cigarros, então, era motivo de orgulho para os donos da Fazenda Andrade. A fábrica de cigarros ficava numa área quase em frente ao Casarão, mais à esquerda, distando em torno de 100 metros; naquela época, quem se posicionasse na varanda do Casarão e olhasse em frente, para a colina além da atual rua Cymodócea Andrade, veria em primeiro plano uma represa, que servia a diversas atividades da Fazenda Andrade e, à esquerda desta represa, ficava a área da fábrica de cigarros (um dos galpões é parte atual da propriedade da Família Rettore). Além dessas atividades, Manoel Carlos Pereira de Andrade auferiu grandes lucros com o abatedouro, o açougue e o aluguel de “pastos de engorda”: Sítio era entroncamento de tropas de gado, que vinham do interior do país visando fechar negócios com compradores de São Paulo e do Rio de Janeiro e, ao chegarem a Sítio, as boiadas necessitavam se recompôr das longas viagens e, para isso, precisavam de áreas de pastos e esse era um dos negócios de Manoel Carlos Pereira de Andrade: manter pastos prontos para as tropas que confluíam a Sítio. E isto foi apenas o começo da impressionante trajetória deste homem, verdadeiramente incomum e dotado de genialidade visionária : com o seu pioneirismo, ele ainda viria a surpreender aos seus contemporâneos e aos seus descendentes.

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D. Anna Dulcelina Machado de Andrade

D.

Anna Dulcelina nasceu na Fazenda Santa Catharina, em Vassouras, estado do Rio de Janeiro, em 22 de Outubro de 1848, onde seu pai, José Vieira Machado, era fazendeiro. Concedida como sesmaria a Luiz Homem de Azevedo e Francisco Rodrigues Alves, e que em 1803 viria a ser denominada “Sesmaria de Vassouras e Rio Bonito”, Vassouras foi o centro urbano de maior projeção no Vale do Paraíba durante o ciclo cafeeiro, sendo inclusive conhecida como “Terra dos Barões”, onde foram erguidos casarões, palacetes, hotéis e um teatro; a vida social era intensa, as fazendas eram ampliadas e reformadas para garantir conforto aos ilustres visitantes que chegavam da Côrte. As lavouras de café expandiram-se por todo o território da vila, constituindo-se em fator de progresso e acentuada dinamização da economia local. Esse surto de desenvolvimento motivaria a criação da freguesia de Nossa Senhora de Vassouras, em 1837, tendo como sede a vila de Vassouras que, em 1857, seria transformada em cidade e sede do município; entretanto, a abolição da escravidão, a proclamação da República e o fim do ciclo do café, levaram a região à decadência econômica e política e o cultivo do café foi sendo gradativamente substituído pela atividade agro-pastoril. Voltando à Vassouras de 1865, a jovem Anna Dulcelina, que tocava piano e possuía bela voz, era filha de D. Anna Joaquina de Andrade Machado, a “Vovó Cota”, e de José Vieira Machado; além de D. Anna Dulcelina, o casal teve mais três filhos: Dr. Alberto de Andrade Machado, que foi Médico em Barbacena, D. Albertina (Betina) de Andrade Machado e D. Carlota (Lolota) de Andrade Machado. Naquela época, a família de uma moça que pretendesse casá-la, devia oferecer um dote ao noivo (dinheiro e/ou propriedades), entretanto, D. Anna Joaquina ficara viuva cedo, os recursos das propriedades do

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo fazendeiro José Vieira Machado foram sendo consumidos e, assim, não havia como oferecer dotes para casar as filhas. Era comum, em casos como esse, que se procurasse algum tipo de acordo entre a família da moça e do noivo, para que o casamento acontecesse, caso contrário, o destino da moça seria ir para um convento, pois ficar em casa dos pais, solteirona, era motivo de vergonha, tanto para a moça quanto para a família. Como Manoel Carlos se sentiu atraído pela moça Anna Dulcelina, que era 22 anos mais nova, e, como D. Anna Joaquina era irmã de Manoel Carlos, a solução foi que fizeram vista grossa para a diferença de idades, para o parentesco (já que o noivo era também tio) e promoveram o casamento, sem que o noivo recebesse o dote. Portanto, D. Anna Dulcelina era sobrinha de Manoel Carlos e depois de casados, na intimidade, a esposa ainda o chamaria de “Tio Neca”. A beleza de D. Anna Dulcelina não se revelou pela sua aparência física mas, pela sua alma, pelas suas virtudes e pelas suas atitudes: uma mulher inteligente, perspicaz, trabalhadora, persistente, companheira, mãe incansável, caridosa para com os menos favorecidos, dotada de religiosidade e preocupada em orientar e ensinar os seus trabalhadores, intuía o que chamamos hoje de cidadania. Uma mulher notável. Teve uma participação fundamental na vida empresarial do Major Neca Andrade, já que era atenta aos detalhes dos negócios e, a par da indústria de cigarros, que passou a ser denominada Andrade & Andrade – Fábrica de Cigarros de Barbacena (pai e filho haviam se associado nessa atividade industrial, na qual o pai Carlos Francisco Pereira de Andrade se iniciara desde 1840) e que se desenvolveu a ponto de conquistar diversos prêmios de excelência, D. Anninha passou a produzir vinho, suco de uvas, vinagre, geléias e doces em compotas, a partir das frutas cultivadas na Fazenda Andrade. As “casinhas” que ficam transversalmente localizadas ao lado do Casarão, e que originalmente eram a senzala dos escravos, foram diligentemente reformadas e adaptadas sob a orientação de D. Anna Dulcelina, que as transformou numa produtiva fábrica de doces e de conservas, cuja produção sob a sua supervisão, incluía além de frutas da Fazenda Andrade, carregamentos adicionais que adquiria de outras propriedades da região.

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Alfredo Malta Os doces e as conservas eram preparados em grandes tachos, em fogão de lenha e eram embalados em frascos cilíndricos de vidro, como se fossem copos de dupla altura, e recebiam rótulos que continham nas estampas, a figura de uma fruteira, com abacaxi, pêssego, uvas, maçã, jabuticabas, etc. além de reproduções de medalhas representativas dos diversos prêmios conquistados em feiras e exposições nacionais e internacionais. Os sucos, vinhos e vinagre eram engarrafados em garrafas convencionais de vidro. Depois de cuidadosamente acondicionados em caixotes de madeira, os frascos contendo doces, sucos, vinhos e conservas eram levados à Estação de Sítio e despachados, juntamente com frutas frescas selecionadas, para distribuidores do Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto, Juiz de Fora e, anos mais tarde, para Belo Horizonte. Uma parte do carregamento era redirecionada por distribuidores, ao porto do Rio de Janeiro, onde era embarcada para outras regiões do país e até para o exterior. Ainda sobrevivem alguns frascos, um mecanismo para engarrafamento, notas de pedidos e muitos rótulos da “Fábrica de Doces Anna Andrade” (que chegou a ser fornecedora da firma inglesa United Fruits International), testemunhas da época gloriosa da Fazenda Andrade, ex-Fazenda de Sant’Anna do Sítio da Borda do Campo, atual Fazenda Cymodócea. D. Anninha e o Major Neca Andrade tiveram 14 filhos, dos quais 2 não sobreviveram à primeira infância (receberam o mesmo primeiro nome : Carlos), 3 faleceram adultos antes das bodas de ouro do casal, comemoradas em 1915 (Guiomar, Octávia e Américo) ; apenas 9 sobreviveram ao pai: Cymodócea de Andrade, Eudoro Lasthenes de Andrade, Mario Baptista de Andrade, Pompéia Noêmia de Andrade, Edméia Iracema de Andrade, Pompeu de Andrade, Octavio de Andrade, Edmundo de Andrade e Dagmar de Andrade. Ainda que incansáveis em buscar qualidade, em cada uma das suas atividades que tornaram rentáveis os negócios da Fazenda Andrade e ainda que morando numa região rural, em pleno século 19, o casal se preocupou em prover esmerada educação aos filhos. Os cuidados com o preparo da jovem Cymodócea, por exemplo, incluíram a contratação de professores particulares de línguas, música, literatura e belas artes, que vinham a Sítio, especialmente para essa missão, aliados ao espírito de liderança que lhe era nato, tais aprendizados acabaram por permitir

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo que Cymodócea assumisse a educação formal dos irmãos mais novos, dando aos seus pais mais tempo para se dedicarem aos negócios da Fazenda Andrade. Exímia pianista, anos mais tarde era ela quem animava as noites do Casarão, permitindo que jovens irmãos e primos, rodopiassem pela sala da frente (parte do que conhecemos hoje como “quarto da Tia Lucy”), ao som de polcas e valsinhas alegres. Contando com o inestimável auxilio da jovem Cymodócea, D. Anna Dulcelina, era incansável em comandar diversas operações para manter a produtividade adequada de sua fábrica, desde os cuidados com seus morangos, cujos canteiros tratava como se fossem filhos recém – nascidos, (ficavam onde hoje está um par de abacateiros); o cuidado em ensacar cada pêssego e cada figo, logo que se formavam nos galhos, para preservá-los dos insetos e portanto, dos defeitos, a cuidadosa debulha das ervilhas, que depois de selecionadas e aferventadas, eram postas em conserva de salmoura ligeiramente acidulada, até o acondicionamento em potes de vidro e o despacho para a Estação de Sítio. Conta a prima Célia Andrade Magalhães Alvim, que D. Anna Dulcelina gostava muito de leitura e que à noite, ao fazer a seleção das frutas, ou quando costurava colchas de “fuxico” para presentear os parentes, sempre designava alguém para ler folhetins que eram publicados nos jornais da época e que teria sido assim que os nomes pouco comuns, de Eudoro Lasthenes e Cymodócea, foram escolhidos para os dois primeiros filhos: tirados dos romances de folhetins. Embora de hábitos espartanos, D. Anna Dulcelina era atenciosa com as pessoas, carinhosa com as crianças e preocupada com as pessoas mais pobres. Vovó Ninha (como passou a ser conhecida pelos descendentes) também gostava de arriscar uma “fézinha”: quando, vez por outra, um “corretor de loterias” aparecia na estação do trem, era logo informado de que deveria procurar D. Anna Dulcelina na Fazenda Andrade e ouve até um fato inusitado de que lembrou a prima Célia, quando conversamos sobre a sua avó: houve um dia, em que D. Anna Dulcelina havia comprado um pedaço de um bilhete nas mãos do “corretor de loterias”, que viera à Fazenda lhe oferecer; pois bem: o Dr. Geraldo Leite Magalhães Gomes que era seu genro, e que no mesmo dia, embarcara no trem para seguir viagem para o Rio de Janeiro e já dentro do trem, comprou, sem saber, o pedaço restante do mesmo bilhete e pasmem! Dias depois, ganharam um prêmio da loteria juntos.

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Alfredo Malta D. Anna Dulcelina Machado de Andrade viveu 82 anos e viria a falecer em Belo Horizonte, na casa de seu neto Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes, a 13 de Janeiro de 1930. Sua mãe, D. Anna Joaquina (a Vovó Cota), viveu por mais dois anos e conta-se que, em meio à comemoração do seu 102° aniversário, na casa de sua filha D. Albertina (Betina, que então residia em Juiz de Fora), ergueu um brinde “... à saúde da minha filha Anna !..”, sem se dar conta que sua filha Anna Dulcelina já havia falecido, em Belo Horizonte. D. Anna Joaquina de Andrade Machado, nascida em 1828 na Fazenda do Registro Velho, viveu 104 anos e faleceu em 1932 na casa de sua filha, D. Albertina.

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A igreja de Sant’Anna de Sítio

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onsta do termo de abertura do Livro do Tombo, do Curato de Sant’Anna de Sítio da Borda do Campo, por iniciativa do Padre Avelino Antônio Pereira (“portuguez de nação, natural da província do Minho” como ele mesmo registrou no referido documento), a “Fundação da Capella de Sítio”, nos seguintes termos e expressões da época: “Foi no anno de mil oitocentos e oitenta e cinco que se edificou a capella de Sant’Anna d’este logar, sita n’um môrro sobranceiro à Estação e pertencente aos Snres. Major Manoel Carlos Pereira d’Andrade e sua mulher D. Anna Dulcelina Machado d’Andrade, os quaes para tal fim, em benefício público cederam gratuitamente, no dito môrro, um quadrado de terreno que mede cincoenta metros por cada um dos lados, bem como um caminho amplo e viavel desde o recinto da Capella até o largo da Estação Oeste de Minas caminho que sempre foi usado até à presente, sem embargo de espécie alguma... . A primeira imagem de que foi dotada esta capella, foi a de Sant’Anna, offerecida pela piedosa Senhora D. Anna Dulcelina Machado d’Andrade, offerta esta que a todos agradou não só por ser a Padroeira d’este districto, mas tambem pela respeitosa veneração que todos os fieis tributam a tão grande Santa”. O Padre Avelino fez este registro em 01 de Janeiro de 1915, para ser assinado pelos procuradores da família à época, que eram Eudoro Lasthenes, Mário de Andrade e Edmundo de Andrade, de forma a permitir o registro do imóvel em nome da cúria local, da Igreja Católica Apostólica Romana, no cartório de registro de imóveis correspondente, entretanto a doação ocorreu anos antes, logo após a chegada da Ferrovia Pedro II a Sítio da Borda do Campo.

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Alfredo Malta Posteriormente, veio a ser construída uma segunda igreja, que se tornou a matriz da cidade e que adotou o mesmo nome da primeira capela construída pelo Major Neca Andrade e D. Anna Dulcelina: Igreja de Santana e que se tornou motivo para o descontentamento dos filhos e netos de D. Anna Dulcelina, pois entenderam como uma desatenção, um desrespeito mesmo, à memória de tão digna senhora. A “primeira imagem de Sant’Anna” de que foi dotada a primeira capela, fora importada da França, adquirida e oferecida pela piedosa Senhora D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, devota de Sant’Anna, e, quando a segunda igreja foi inaugurada, e se tornou a nova matriz da cidade, a imagem da devoção de D. Anninha foi removida da “primeira igreja”, com ela também o nome da Capela de Sant’Anna de Sítio, e foi colocada na nova igreja o que, ao invés de honrar a memória da doadora, certamente mostrou certa insensibilidade face à pouca atenção dispensada à história e à memória daquela que muito contribuiu com seu trabalho, e até com porções consideráveis de seu patrimônio familiar, para a criação da cidade de Sítio (hoje Antônio Carlos), que certamente ficaria desapontada e triste, pois a histórica Capela de Sant’Anna (situada no alto do morro, onde hoje é o ponto em que se encontram as ruas Antônio Alves Lisboa Filho e José Rettore), é um prédio cuja história foi esquecida e onde Sant’Anna não se encontra mais. Conta a tradição oral, que em 1915, durante a festa de comemoração das Bodas de Ouro do casal Manoel Carlos Pereira de Andrade e Anna Dulcelina Machado de Andrade, uma das pessoas presentes, sabedora da devoção de D. Anninha por Sant’Anna, prestou uma homenagem ao casal, oferecendo o seguinte verso, entoado ao som de uma singela melodia: “Que a Senhora de Sant’Anna, traga só felicidade, lá do morro de onde está, prá Fazenda dos Andrade...!

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E.F. Pedro II e a estação de Sítio

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omo Sítio da Borda do Campo (atual Antônio Carlos) era rota e pouso de tropeiros, que traziam gado dos sertões de Minas, Goiás e Mato Grosso, passaram a se realizar ali diversas Feiras de Exposição para facilitar o comércio de gados bovino e equino, com compradores de São Paulo e Rio de Janeiro. A contínua chegada de viajantes e comerciantes contribuiu para o desenvolvimento da Fazenda Andrade (que então já contava também com uma indústria de laticínios e inclusive seria uma das pioneiras na produção de leite condensado no país), o que promoveu aumento no número de famílias que ali se fixaram, motivando a construção de novas casas e, assim, formando um arraial nas proximidades do Casarão da sede. O Major Neca Andrade tinha conhecimento de que o Governo Imperial estava empenhado em levar caminhos de ferro ao interior da Província de Minas Gerais e que, desde 1875, os trabalhos de construção da E.F. Pedro II já atingiam a “Garganta de João Ayres”, no alto da Serra da Mantiqueira, região de Cabangú, pois, o leito sobre o qual foi construída a E.F. Pedro II, nada mais é que o Caminho Novo, em quase toda a sua extensão e, então, era tido como certo que a linha férrea chegaria a Sítio. É quando aproveita da fama de seus produtos e negócios na capital imperial e através de contatos políticos, oferece ao Governo as terras que fossem necessárias para ali localizar uma estação para embarque, não só de passageiros, mas também de gado e demais produtos da região, assegurando desta forma também, não só que o eixo da E.F. Pedro II prosseguisse até Sítio, mas também a futura concessão para instalação da “bitolinha”. “O embarque de gado em Sítio, reduziria em muito a viagem das tropas, reduziria as perdas e abriria a possibilidade de intensificar a comercialização

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Alfredo Malta dos produtos da região que tinham fama de qualidade, o que vinha de encontro às metas de estímulo para o crescimento econômico, preconizadas pelo Governo Imperial e, portanto, justificavam a chegada dos trilhos da E.F. Pedro II a Sítio”, argumentou o Major Manoel Carlos Pereira de Andrade perante o representante do Governo Imperial, encarregado de expandir a E.F. Pedro II (a partir de 1889 - E.F. Central do Brasil, depois, a partir de 1969 - Rede Ferroviária Federal e, a partir de 1996, a atual MRS). O Governo Imperial se rende aos argumentos e à oferta de terras para instalar canteiro de obras da empreiteira para construção do leito ferroviário, com a condição de que além das terras, o proprietário da Fazenda Andrade Manoel Carlos Pereira de Andrade - arcasse com a construção das edificações da estação, das residências dos funcionários locais da E.F. Pedro II e demais benfeitorias estrada de ferro e assim se fez.

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E surge o primeiro Duffles em Sítio

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lgum tempo depois, o Major Neca Andrade é procurado pelo representante da empresa “Thomaz Duffles & Cia.”, empreiteira que fôra contratada, para instalação da linha férrea entre João Gomes (depois Palmyra, Santos Dumont atual) e Conselheiro Lafaiete e que, então, fazia as obras na Garganta de João Ayres; a razão da visita era para tratarem da instalação do canteiro de obras em Sítio. Seu nome: João Baptista da Costa Teixeira, que estudara engenharia em Lisboa, mas, que em razão de dificuldades financeiras da família, abandonara o curso antes da graduação e viera ao Brasil seguindo seu irmão, para refazerem-se na vida, como era comum naquela época. João Baptista ao chegar ao Brasil, montou uma alfaiataria que criou fama junto à Côrte do Rio de Janeiro e da qual João Baptista herdou o apelido “Pão de Açúcar” (este era o nome do estabelecimento); é quando conhece D. Sebastiana de Camargo Duffles, que se tornaria sua esposa, filha do Eng.º Thomaz Duffles, empreiteiro de origem holandesa, por parte de pai. De espírito empreendedor e revelando-se um pedagogo nato, João Baptista abre na Côrte, uma escola inovadora para a época, que chegou a ter mais de 200 alunos, contando além das humanidades e ciências exatas, com cursos de ginástica, natação, instrução militar e acompanhamento médico, por conta de cujo sucesso recebe uma comenda de D. Pedro II: “Cavaleiro da Ordem da Rosa”. João Baptista se torna um comerciante bem relacionado na Côrte, entretanto, muitos não lhe pagam em dia e após algum tempo, João Baptista se vê obrigado a fechar os negócios e o sogro o chama para fazer parte da sua construtora: a empresa “Thomaz Duffles & Cia.”, que passa a ter, então, três sócios: o próprio Eng.º Thomaz Duffles, seu filho Aureliano de Camargo Duffles e seu genro João Baptista da Costa Teixeira.

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Alfredo Malta João Baptista e D. Sebastiana mudam-se com as filhas Maria Baptistina, Aurelina e com o filho Thomaz, para João Ayres, a região onde o sogro fazia as obras de construção da E.F. Pedro II e, a partir de então as duas filhas, uma adolescente e sua irmã menor, tornam-se companhias constantes do pai em suas visitas às obras.

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Os pais do marechal Lott

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também nessa época que os irmãos, Henrique Mathew Caldeira Lott e Hermano Felisberto Caldeira Lott, se empregam na empresa do Eng.º Thomaz Duffles, inicialmente como “Auxiliares de Administração”. Henrique Mathew, e o irmão, estudaram no Colégio do Caraça e, apesar de terem estudado mineralogia e princípios de construção, não chegaram a cursar faculdade de engenharia; entretanto, tendo trabalhado em fazenda e em mina do pai, revelaram-se construtores práticos de mérito. Henrique Mathew seria no futuro, pai do Marechal Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, personagem de destaque da história do Brasil, nos anos 50 e 60 do século 20. A empresa Thomaz Duffles & Cia. fez obras no interior mineiro por 10 anos, entre 1875 e 1885, com um efetivo médio de 900 empregados, sempre empreitando serviços ferroviários, principalmente para aquela que viria a ser conhecida como “E.F. Central do Brasil”, mas, também para a “E.F. Leopoldina” e para a “E.F. Oeste-de-Minas”, além de construir casas, prédios operacionais e outras edificações de apoio. Entre as obras de maior importância, constam dos anais da Escola de Engenharia e de Minas de Ouro Preto, como também do livro “ Memórias Históricas da E.F. Central do Brasil “: Corte da Garganta de João Ayres; Estação de João Ayres; Leito Ferroviário entre João Ayres e Sítio; Estação de Sítio; Leito entre Sítio e Barbacena; Túnel da Serra de Ouro Branco; Túnel da Serra da Capivara, em Palmas; Estação de Palmas; Estação de Muriaé; Estação de São Miguel (atual Eugenópolis). Foram assinados contratos para prolongamento da ferrovia de Carandaí a Itabira, entretanto, os trabalhos tiveram que ser paralisados, pois, a Estrada de Ferro alegando “falta de verbas” do Governo, deixa de pagar a empresa Thomaz Duffles & Cia.

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Alfredo Malta A empresa moveu ação judicial contra o Governo para receber seus haveres, porém não conseguiu seu intento e é dissolvida por ocasião do término das obras em São Miguel (atual Eugenópolis). Os herdeiros tentam rehaver o dinheiro gasto pela empresa e devido pelo Governo imperial, porém com a proclamação da república, não encontram sustentação jurídica e/ou política para fazer o novo governo honrar a dívida do anterior: os herdeiros arcam com o prejuízo. Voltando à história do Casarão da Fazenda Cymodócea: após os acertos iniciais entre João Baptista e o Major Neca Andrade, o Eng.º Thomaz Duffles, vai à Fazenda Andrade, acompanhado do seu neto Thomaz Duffles da Costa Teixeira, o “Thomazinho” e de Maria Baptistina, sua neta (futura mãe do Marechal Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, o qual viria a nascer em terras da Fazenda Andrade, em 1894), não só para selar os acertos acima citados, como também para acertar os termos sob os quais a Fazenda Andrade iria fornecer suprimentos à empresa Thomaz Duffles & Cia.. Maria Baptistina e Aurelina vão com freqüência ao lugarejo e à Fazenda Andrade, ora com o pai, ora com o avô, que então se torna amigo de Manoel Carlos Pereira de Andrade e também tornam-se amigas das filhas do Major Neca Andrade, pois são de mesma faixa de idades; essa amizade iria durar para sempre em suas vidas. Iniciou-se assim, uma profícua relação de negócios que se transformaria em fraterna amizade entre as famílias Duffles e Andrade, que por fim iriam se entrelaçar através de mais de um matrimônio entre seus descendentes e que levaria o Eng.º Thomaz Duffles a se tornar contra parente do Major Neca Andrade. Com o avanço dos trilhos em direção a Sítio da Borda do Campo, João Baptista e a família se mudam para lá para dar início a várias construções na região: casas para o chefe-residente da empreiteira, para outros empregados, para os futuros funcionários da ferrovia, instalações operacionais da E.F. Pedro II e a tão esperada Estação de Sítio. João Baptista da Costa Teixeira revive os dias de educador e contribui para a fundação da primeira escola pública de Sítio, juntamente com o Major Manoel Carlos Pereira de Andrade, que cedeu terras e recursos para a construção; os primeiros professores seriam: ele mesmo, sua esposa D. Sebastiana e

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Aniceto “Rodrigues” da Costa Teixeira, um filho que adotara quando proprietário da escola, no Rio de Janeiro. Em 16 de Junho de 1878, o Major Neca Andrade recebe na recém-construída estação de Sítio, a família do Imperador que viera pelos trilhos da própria E.F. Pedro II, para inaugurá-la, ocasião em que o Imperador distinguiu o Major com uma medalha de mérito, honrando-o com uma visita à sua casa, que serviu de palco para recepção oferecida por Thomaz Duffles & Cia..

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O criador da cidade de Sítio

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criação das indústrias, pela família Andrade, a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Pedro II e o conseqüente desenvolvimento de novos negócios, atrairam mais visitantes ao arraial, os quais ao darem conta do excelente clima e da potencialidade dos negócios, passam a procurar por locais onde pudessem se hospedar e assim, o arraial em torno do Casarão foi se transformando na futura cidade de Sítio (a elevação a distrito só se daria em 1938 e, a cidade, só em 1948). O Major Neca Andrade, sempre visionário, percebendo o momento de crescimento por que a região passa, mais uma vez demonstra seu espírito empreendedor ao construir o Grande Hotel de Sítio: um prédio imponente para os padrões da cidade daquela época, que ocupava um quarteirão, com entrada pela atual Av. Dr. Henrique Diniz, que faz parte da Praça Central, entre o ribeirão afluente do rio Bandeirinhas e da atual Praça Major Neca Andrade, com dois andares e belíssima escadaria interna, em estilo “art nouveau”, que se abria em duas alas ao chegar ao piso superior. É no Grande Hotel de Sítio que então negociantes, fazendeiros das regiões circunvizinhas e diversas pessoas de posses que iam à Borda do Campo, se hospedavam, pelas mais diferentes razões, entre elas o tratamento da tuberculose – em vista do excelente e adequado clima e da existência de uma clínica especializada no tratamento dessa enfermidade, na região. O que era um lugarejo, parte da Fazenda Andrade, passa a contar com pontos de referência importantes: um Hotel de padrão excepcional e o pequeno Teatro (que ficava próximo), ambos construídos por Manoel Carlos Pereira de Andrade, os quais passam a atrair as atenções de toda a ordem de viajantes, agora não só os negociantes de gado, os comerciantes das capitais, mas construtores, professores particulares, artistas e até intelectuais, entre eles ninguém

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo menos que Joaquim Maria Machado de Assis, ele mesmo! Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro e, sem dúvida um dos intelectuais que honram a cidadania brasileira. Como conta Miguel Matos, autor do capítulo “Migalhas Jurídicas”, do livro “Doutor Machado” - páginas 130 e 131- editora Lettera.doc, que escreveu em parceria com Cássio Schubsky: “O dado interessante deste nosso diplomata é que, a despeito da carreira não conheceu nenhum país além do Brasil... . E, em 1890, Machado vai a Sítio³ e Três Corações – na companhia de Carolina e do Barão de Vasconcelos – em visita às fazendas...” (³ atual município de Antônio Carlos, Minas Gerais). Mas se o Grande Hotel e o Teatro atraíram artistas e intelectuais, também trouxeram aventureiros de toda ordem como jogadores, falsos ilusionistas e mulheres de “vida duvidosa” (como se dizia na época), que passaram a fazer parte das diversões que tanto os fazendeiros locais, quanto os de outras regiões e os caixeiros viajantes, aproveitavam para desfrutar. Foi uma época em que muito dinheiro mudou de mãos, às vezes como resultado de negócios sérios, outros nem tanto. Cheguei a conhecer esse prédio em 1967, já na condição de moradia do Sr. Thiago Silva que adquiriu o imóvel entre o final dos anos cinquenta e início dos anos sessenta do século 20, e que se tornou grande amigo das famílias que então freqüentavam a Fazenda Cymodócea: os Andrade, os Andrade Magalhães Gomes, os De Paula Maciel, os Duffles, os Lott, entre outros, até as duas décadas seguintes. Após a morte do Sr. Thiago e já nos anos 90 do século 20, seus herdeiros venderam partes do prédio a diversos pequenos comerciantes locais, antigos locatários do andar inferior, os quais, sem orientação técnica, sem o necessário suporte cultural dos órgãos municipais e sem a existência de normas e limites de uma política de preservação do patrimônio histórico municipal, lamentavelmente o desfiguraram de forma irremediável. Fato análogo está ocorrendo enquanto escrevo este livro: o prédio original do armazém local onde nasceu a antiga E.F. Oeste-de-Minas (a ”Bitolinha”), foi depredado e está sendo paulatinamente destruído, sem que as autoridades

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Alfredo Malta municipais constituídas impeçam o desaparecimento de um dos símbolos da obra do que se pode considerar o mais importante cidadão sitiense: aquele que construiu com investimento próprio, quase tudo que esta cidade teve de bom e glorioso. Nos tijolos largados pelo chão, ainda se pode identificar a origem: a olaria que Henrique Mathew Caldeira Lott teve em sociedade com o Major Neca Andrade. Outro fato, que poucos sitienses e mesmo a maioria dos descendentes desconhece, é a quem se deve a existência do primeiro reservatório e o abastecimento regular de água de Sítio (atual Antônio Carlos): dentro dos limites da Fazenda Andrade, no alto do Morro da Figueira, há uma grande e farta nascente d’água, que alimentava a represa da Fazenda, o Casarão e as indústrias da família; anos após a morte do Major Neca Andrade, a prefeitura da cidade solicitou aos descendentes se poderiam ceder os terrenos que continham a tal mina d’água, de modo a abastecer a população, que até então não dispunha de rede de água encanada regular, além de outro para a construção do reservatório e, em retribuição a esse gesto de solidariedade e cidadania, a cidade continuaria a fornecer água à propriedade da família Andrade, sem ônus. Anos depois, a prefeitura local cedeu os terrenos e a nascente que lhe foram doados pela Fazenda Andrade, à COPASA - companhia do governo do estado de Minas Gerais que administra a captação, tratamento e a distribuição de água e pasmem! A propriedade dos descendentes – a Fazenda Cymodócea (antes Fazenda Andrade) nos dias atuais paga pela água que é extraída da propriedade que doou à cidade, uma inversão ética, patrocinada pela omissão da administração pública. Voltamos ao início da década dos anos 1890: os filhos de João Baptista convivem com os filhos do Major Neca Andrade, fazem passeios juntos, os namoricos são inevitáveis e o primeiro elo, da união entre as famílias, se fecha - Eudoro Lasthenes se apaixona por Aurelina Duffles da Costa Teixeira, namoram, noivam, casam, moram em Sítio e teriam 3 filhos. Alguns anos depois, um destes 3 filhos do casal: Antonieta, seu pai Eudoro, a mãe deste, D. Anna Dulcelina (a Vovó Ninha), a mãe desta D. Anna Joaquina de Andrade Machado (a Vovó Cota), e o trineto desta, Antônio José, protagonizaram um episódio que ficou famoso nas famílias que freqüentaram

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo o Casarão e que ficou imortalizado por uma frase proferida por D. Anna Joaquina de Andrade Machado (a Vovó Cota), orientando seu neto Eudoro Lasthenes para uma foto: “Meu neto dê cá seu neto”; sim, porque posando para a foto, estavam presentes 5 gerações da família Andrade! À época da construção da E.F. Pedro II, Henrique Mathew Caldeira Lott, que fora designado pela empresa Thomaz Duffles & Cia. para atuar junto às obras de Sítio, conhecera o Major Manoel Carlos Pereira de Andrade e ficara impressionado com a sua capacidade empreendedora. Em 1891, lá se iam 13 anos após a inauguração da Estação de Sítio, com a ajuda de seu amigo o Thomazinho, então assíduo freqüentador do Casarão, Henrique Mathew propõe ao Major Neca Andrade constituírem uma sociedade com o objetivo de organizarem uma Olaria, destinada à fabricação industrial de tijolos. Em Setembro de 1892 a Olaria é inaugurada em terras da Fazenda Andrade, passa a funcionar intensamente e os tijolos de Sítio são utilizados na construção dos fornos de níquel da Casa da Moeda, no Rio de Janeiro, e depois, na construção da Cidade de Minas cujo nome, mais tarde, seria trocado por Belo Horizonte. Thomazinho torna-se sócio da Olaria em 1893. Nessa época, se inicia o namoro entre Henrique Mathew e Maria Baptistina e, após breve noivado, casam-se em 11 de Dezembro de 1893, sendo a cerimônia realizada na Capela da Fazenda Andrade e a recepção na residência do Major Neca Andrade, ou seja, no Casarão. O casal, após a “lua de mel”, passa a residir em terras da Fazenda Andrade e, em 16 de Novembro de 1894, nasce o primeiro filho do casal: Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, futuro Marechal Lott, que seria Ministro da Guerra, defensor da legalidade constitucional e candidato à Presidência da República dos Estados Unidos do Brasil (nome do nosso país até 1964). Foi um grande brasileiro. A chegada da E.F. Pedro II a Sítio estimulou o Major Neca Andrade a investir em outras benfeitorias para uso não só dos tropeiros, que faziam de Sítio o grande entroncamento dos fluxos de gados bovino e eqüino, mas também para o crescente afluxo de pessoas que vinham à região para tratar da saúde e de negócios: um grande curral para o gado itinerante e um estábulo para os animais de tração, bem como benfeitorias para a comunidade da região: construção da “Bitolinha” (que viria a ser a E.F. Oeste de Minas), ampliação da

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Alfredo Malta Capela da Fazenda Andrade (primeira igreja de Sant’Anna e atual igreja de São Sebastião), e da primeira escola pública, sempre cedendo gratuitamente suas terras, patrocinando com essas e outras construções importantes, a formação do que viria a ser uma cidade.

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A “Bitolinha”

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esmo com a chegada da E.F. Pedro II a Sítio, era preciso escoar a produção da macro-região, tanto para trazer e reunir ali o que poderia ser despachado pela E.F. Pedro II, com destino ao Rio e a São Paulo, quanto para levar os produtos dos arredores de Sítio a outros locais de Minas, não servidos pela E.F. Pedro II e, assim, o Major Neca Andrade se une a outros proprietários da região para dar curso a outra iniciativa importante: doa terrenos e participa com capital para instalar uma estação, um virador de locomotivas, uma caixa d’água e demais construções necessárias à operação da E.F. Oeste-de-Minas, conhecida popularmente como “Bitolinha” (a bitola entre os trilhos era de 0,76 m, enquanto que as ferrovias convencionais tinham bitolas de 1,0 m ou 1,44m). Em 1878, com subscrição particular de 4 mil contos de reis levantados pelo Major Neca entre empresários da região, começam as obras da Companhia Estrada de Ferro Oeste-de-Minas, cuja linha teria 100 quilômetros de extensão, ligando Sítio (atual Antônio Carlos) a São João d’El Rei, passando por São José d’El Rei (atual Tiradentes). A “Bitolinha”, na qual cheguei a viajar com minha esposa e com meus filhos e que foi criminosamente desmantelada no final dos anos 80 do século 20, entre outros desmandos ocorridos durante os governos da ditadura militar (a pretexto de “medida de racionalização e economia de óleo combustível”, mas, na verdade, por decisão de cabeças menores e ação de mãos desonestas), tinha em Sítio seu marco zero, seus trilhos passavam por Tiradentes e, através de cortes estreitos, chegavam a São João d’El Rei ultrapassando os riachos sobre minúsculas pontes, cortavam capoeiras e atravessavam paisagens belíssimas e que teriam, sem sombra de dúvida, estimulado o turismo em Sítio (atual Antônio Carlos).

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Alfredo Malta Apenas o trecho que liga Tiradentes a São João d’El Rei conseguiu se salvar da insensibilidade tacanha e sobrevive até hoje, para o benefício destas duas cidades, onde o turismo tem feito renovação das economias locais, gerando empregos e afluxo de dinheiro externo. Da “Bitolinha”, em Sítio (atual Antônio Carlos), resta hoje inerte, inútil, à margem da praça central (confluência da rua Capitão Jorge Duffles, avenida Henrique Diniz e avenida João Cabral), de onde saiu e voltou inúmeras vezes bufando altaneira, nos bons tempos que esta cidade já conheceu, puxando muitos “che-ché’s” (como balbuciavam meus filhos, quando eram pequenos), se anunciando com o apito do próprio vapor, imaculadamente branco, puro, e lá está ela agora: esquecida num canto, sem o trato diário do maquinista cuidadoso, empoeirada e suja pelo desrespeito inocente das aves que ali fazem pouso e sujeira, a pequena locomotiva Baldwin, ou, como todos dizem, a “Mariazinha Fumaça”, como que esperando pelo despertar da consciência dos moradores e dirigentes desta cidade que, um dia, puxando pelos vagões da memória e inspirados pela lembrança do seu apito, venham a se convencer do seu indiscutível potencial turístico e decidam lutar para fazê-la reinar novamente, resfolegante, de volta aos trilhos para voltar a fazer a história da região. A inauguração da Estrada de Ferro Oeste de Minas em 1881, também contou com a presença do Imperador Pedro II e ampliou a comunicação da região com outros centros, incrementando a vida política e econômica da região naquele período.

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Teixeira, Machado & Andrade

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influência progressista do Tio Padre promoveu de início, uma incipiente, mas corajosa, industrialização, surgindo assim, as primeiras fábricas de tecidos na região, como a Companhia Industrial São-joanense, que viria a ser instalada em 1891, estimulando idéias e iniciativas do Major Neca Andrade, resultando na expansão da nascente indústria alimentícia, baseada na tradição do laticínio, indústria de doces e conservas de cereais, além da indústria de cigarros, de olarias, de artigos de couro, entre outras. A par da industrialização que se esboçou na região nessa época, a precoce especialização agrícola tornou a região no celeiro estratégico de fornecimento de produtos para as praças de São Paulo e do Rio de Janeiro. A posição geográfica privilegiada de Sítio da Borda do Campo e os eixos ferroviários que então ali confluíam, movimentando cargas junto ao triângulo formado pelas vilas de São João d’El Rei, Barbacena e Campanha - principais entrepostos comerciais da região na época, fazia com que fosse o corredor natural pelo qual escoavam todas as mercadorias em direção ao sul, vindas das regiões a oeste e ao norte, e pelo qual entravam os produtos importados, que se dirigiam às regiões centrais. Desse modo, a posição estratégica da região, reforçada pela política de integração da região centro-sul do país, que visava, em última análise, garantir a produção e o abastecimento da Côrte, transformou essas vilas em centros de redistribuição dos produtos importados trazidos de São Paulo, do Rio de Janeiro e do exterior, amplificando suas potencialidades comerciais. Em meados da década dos anos 1890, durante uma de suas voltas a Sítio, Thomazinho Duffles ouviu do Major Manoel Carlos Pereira de Andrade, cujos empreendimentos estavam no auge de resultados bem sucedidos, que pretendia no futuro, delegar a administração dos negócios aos filhos, embora

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Alfredo Malta nem todos se interessassem e, em 1893, como já foi mencionado, Thomazinho propõe se associar a Henrique Mathew e ao Major Neca Andrade, na Olaria em que estes últimos já eram sócios e este seria apenas mais um motivo para continuar a freqüentar a Fazenda Andrade. Muita gente nessa época desejou associar-se ao Major Manoel Carlos Pereira de Andrade, não só pelo espirito empreendedor, mas porque tudo que resolvia empreender dava bom retorno financeiro. Alguns anos depois, Thomazinho propõe se associar à família Andrade para explorar os negócios mais lucrativos como o hotel, bar e açougue, a fábrica de cigarros, a fábrica de doces, todos construídos e administrados pelo Major Neca Andrade. O Major concorda em aceitar Thomazinho e um sobrinho, então Médico em Barbacena, como sócios em alguns de seus negócios e, assim, é criada a empresa “Teixeira, Machado & Andrade” que, entretanto, logo tem sua razão social modificada para “Teixeira & Andrade”, em conseqüência da morte do sobrinho Machado, que então é substituído pelo irmão adotivo de Thomazinho, Aniceto “Rodrigues” da Costa Teixeira. De início, o resultado da sociedade não podia ser melhor, tanto no segmento comercial, quanto no industrial (açougue e olaria), e no de serviços (hotel) este último de longe, o que melhor desempenho apresentava à época. A sociedade com o Major Neca, favoresceu a aproximação entre Thomazinho e Edméia Iracema de Andrade, filha do Major, que já havia algum tempo, se gostavam e, com a freqüência com que Thomazinho ia a Sítio - passando a se demorar sempre um tempo maior por lá - o namoro se transformou em noivado e, em 7 de Janeiro de 1899, mais um elo de ligação entre as famílias Duffles e Andrade se fecha: Thomazinho e Edméia Iracema se casam em Sítio e a recepção acontece no Casarão. Thomazinho e Edméia Iracema permaneceram morando em Sítio por 13 anos mais até que, em 1912, se transferiram para Belo Horizonte, onde Thomazinho iria assumir a função de Perito do Serviço Seccional da Justiça de Minas Gerais, aproveitando para supervisionar a administração de um depósito de materiais da Olaria da Companhia Andrade, em Belo Horizonte, e que mantinha em sociedade com o Major Neca Andrade.

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Andrade, Duffles e Magalhães Gomes se entrelaçam

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os casamentos dos filhos de d. Anninha e do Major Neca Andrade, surgiram os seguintes casais e respectivos filhos e noras, filhas e genros:

1- Eudoro Lasthenes de Andrade (Tenente-Coronel da Guarda Nacional) e Aurelina Duffles Teixeira de Andrade tiveram os seguintes filhos, noras e genros: • Mario Duffles Teixeira de Andrade (Engenheiro), casado com Maria do Carmo Figueiredo de Andrade (Professora do Instituto de Educação de Minas Gerais); • Antonieta Duffles Teixeira de Andrade Amarante (Professora), casada com Antônio José Amarante Neto (Engenheiro) e, após ficar viúva, casa-se com o então também viúvo Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, o Marechal Lott; • Jorge Duffles Teixeira de Andrade (Capitão do Exército, falecido em combate durante a revolução de 1932, no Túnel da Mantiqueira), casado com Aura Amorim de Andrade; 2- Cymodócea Andrade Magalhães Gomes e José Coelho Magalhães Gomes (Bacharel em Direito), tiveram os seguintes filhos, noras e genros: • Paulo Andrade Magalhães Gomes (Engenheiro, Professor da Escola de Minas de Ouro Preto), casado com Francisca de Oliveira Magalhães Gomes (Bacharel Farmaceutica);

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Alfredo Malta • Cícero Andrade Magalhães Gomes (Engenheiro do DNER), casado com Iracema Duffles Teixeira Magalhães Gomes (Professora), sua prima-irmã; • Fábio Andrade Magalhães Gomes, falecido na infância; • Fernando Andrade Magalhães Gomes (Médico Pediatra, autor de livros especializados), casado com Rachel Noce Magalhães Gomes; • Maurilo Andrade Magalhães Gomes (Médico e Fazendeiro), casado com Guiomar Corrêa Magalhães Gomes; • Clovis Andrade Magalhães Gomes (General do Exército e Oficial de Gabinete do Ministério da Guerra), casado com Amélia Pereira Magalhães Gomes (Professora) e, em segundas núpcias, com a Sra. Leonidia Pereira. 3- Mário Baptista de Andrade (Empresário), com Elvira Duval de Andrade, sua prima, tiveram os seguintes filhos: • Moacir Andrade; • Lincoln Andrade; 4-

Octávia de Andrade (morreu solteira);

5-

Américo de Andrade (morreu solteiro);

6- Pompéia Noêmia Andrade Leite Magalhães Gomes, casada com Geraldo Leite Magalhães Gomes (Bacharel em Direito), tiveram os seguintes filhos, noras e genros: • Sílvia Andrade Teixeira Lott, casada com o Tenente Eduardo Baptista Teixeira Lott; • Nair Andrade Lott, casada com Mário Hermanson Lott; • Américo Andrade Magalhães Gomes, casado com Aracy Lott Magalhães Gomes;

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Célia Andrade Alvim, casada com Sebastião Campos Alvim (Agrimensor responsável por elaborar o plano urbano da cidade de Sítio); 7- Edméia Iracema Andrade Duffles Teixeira da Costa, casada com Thomaz Duffles da Costa Teixeira (Empresário), o Thomazinho, tiveram os seguintes filhos, noras e genros: • Romeu Andrade Duffles Teixeira (Engenheiro), casado com “Ceninha”; • Iracema Duffles Teixeira Magalhães Gomes (Professora), casada com Cícero Andrade Magalhães Gomes (Engenheiro), filho de Cymodócea e José Coelho Magalhães Gomes, acima citados. • Gilberto Andrade Duffles Teixeira, casado com Iracema Novais Duffles Teixeira; • Juracy Andrade Duffles Teixeira (morreu solteira); • Jacira Andrade Duffles Teixeira (Funcionária do DCT, atual “Correios”), irmã gêmea de Jandira, que vem a seguir; • Jandira Andrade Duffles Teixeira (falecida aos 4 anos) , irmã gêmea de Jacira, acima citada; • Ceci Andrade Duffles Teixeira (Professora); • Delson Andrade Duffles Teixeira, casado com Maria do Carmo Souza Duffles Teixeira; • Celso Andrade Duffles Teixeira (Engenheiro Agrônomo), casado com Wanda Rodrigues Duffles Teixeira; 8- Dr. Pompeu de Andrade (Médico), casado com Marianna Duffles de Andrade, tiveram os seguintes filhos: • Yeda Duffles de Andrade; • Rubens Duffles de Andrade (Engenheiro); • Milton Duffles de Andrade (Médico);

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Octávio de Andrade, casado com Anita Dutra de Andrade, tiveram os seguintes filhos: • Myriam Andrade; • Rogério Andrade; • Aloísio Andrade;

10- Edmundo de Andrade, casado com Djanira Soares Andrade, a “Benzinho”, tiveram os seguintes filhos: • Manoel Carlos de Andrade; • Maria do Carmo de Andrade; • Milton de Andrade; 11- Guiomar de Andrade, casada com Carlos Tomaz Magalhães Gomes (Engenheiro), o “Tio Lilixo”, tiveram os seguintes filhos: • Diva Andrade Magalhães Gomes (Professora); • Amaro Andrade Magalhães Gomes (Engenheiro), casado com Clymène Andrade Magalhães Gomes; • Vera Andrade Magalhães Gomes (Farmacêutica);

Dr. Carlos Thomaz Magalhães Gomes, o “Tio Lilixo”, após ficar viúvo de D. Guiomar de Andrade (que morreu muito jovem durante uma cirurgia), casou-se com D. Betina de Andrade Machado, que era irmã mais nova de D. Anna Dulcelina e, portanto, tia de sua primeira esposa.

12- Dagmar de Andrade Duffles, casada com Dr. Pio de Camargo Duffles (Médico, era irmão de D. Marianna Duffles de Andrade, esposa do Dr. Pompeu de Andrade), tiveram os seguintes filhos, noras e genros: • Amaury Duffles, casado com Anita Duffles; • Jurema Duffles de Freitas, casada com Moacir de Freitas;

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Jacy Duffles, casada com Bruce Lloyd Ruben; • Jupyra Duffles Barreto (Professora Catedrática do Conservatório de Música da UFMG), casada com Amaro Barreto (Cirurgião Dentista).

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Os Magalhães Gomes

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oram 3 irmãs “Andrade” casadas com 3 irmãos “Magalhães Gomes”: Pompeia, Cymodócea e Guiomar, filhas de Manoel Carlos Pereira de Andrade (o Major Neca) e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, respectivamente, com Geraldo Leite, José Coelho e Carlos Thomaz, filhos de Carlos Thomaz de Magalhães Gomes e de D. Maria Benícia Bicalho Coelho de Magalhães Gomes. A genealogia da família Magalhães Gomes, começou em Portugal, com Braz Gonçalves Gomes que se casou com Josefa Magalhães; eram naturais de Santa Senhorinha de Basto, “Concelho de Cabeceira de Basto” (sic), arcebispado de Braga e nunca vieram ao Brasil. Braz e Josefa tiveram um filho, Manoel de Magalhães Gomes, que nasceu na mesma cidade de seu pai e, este sim, veio para o Brasil, onde ao chegar, seguiu para a então “Villa Real de Nossa Senhora da Conceição do Pilar de Oiro Preto de Villa Rica” (sic), estabelecendo-se no distrito de São Bartolomeu. Manoel então conheceu, em Antônio Dias de Vila Rica, Mariana Rodrigues Fontes (filha de Frederico Rodrigues Fontes), com quem se casou, a 14 de Janeiro de 1797. Manoel e Mariana tiveram 6 filhos: João de Deus Magalhães Gomes (Sargento Mor da Guarda Nacional), Josefa de Magalhães Gomes, Francisco de Magalhães Gomes (Tenente da Guarda Nacional), Antônio de Magalhães Gomes (Capitão da Guarda Nacional), Matilde de Magalhães Gomes e Manoel de Magalhães Gomes Júnior (Cirurgião Mor da Guarda Nacional). Manoel de Magalhães Gomes, o pai, faleceu em Vila Rica (atual Ouro Preto-MG) em 08 de Julho de 1813 e sua descendência mostrou um traço marcante comum: a erudição. A título de curiosidade, o diploma de Médico do Cirurgião Mor Manoel de Magalhães Gomes Junior, datado de 8 de Julho de 1817, concedido por D. João VI , diz : “ D. João por Graça de Deos, Rei do Reino-Unido de Portugal,

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo e do Brazil, e Algarves, d’aquem e d’alem mar, em África, Senhor de Guiné, e da Conquista, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, & C. Faço saber que Manoel de Magalhaens Gomes ... Me representou que elle pertendia usar da Arte de Cirurgia nos Meus Reinos..a que dei conhecimento ao Cirurgião Mor do Reino e outras autoridades, os quaes o derão por approvado nemine discrepante para exercitar a dita Arte” (segundo Nogueira da Gama em suas anotações publicadas por Pedro Calmon no livro “Memórias de Nogueira da Gama” a aprovação ‘nemine discrepante’ era a maior que havia à época). Naquele tempo, o diploma só era concedido ao Médico que não fosse formado por Coimbra, após o candidato passar por anos de aprendizado com outro cirurgião mais experiente e após ser sabatinado por “cirurgiões approvados”, sob a supervisão do Cirurgião-Mor do Reino. Manoel de Magalhães Gomes Júnior casou-se na matriz de Nossa Senhora do Pilar, em São João D’El Rei, com D. Carlota Theresa de Jesus, em 24 de Junho de 1824, e o casal teve os seguintes filhos: Carlos Thomaz de Magalhães Gomes, Carlota de Magalhães Gomes, Manoel Secundo de Magalhães Gomes (Tenente Coronel da Guarda Nacional), Domingos de Magalhães Gomes (Coronel da Guarda Nacional), Balbino de Magalhães Gomes, João Vitor de Magalhães Gomes, Bernardo Graciano de Magalhães Gomes e Antônio de Magalhães Gomes. O segundo filho do casal Manoel e Mariana, Francisco de Magalhães Gomes, casou-se em 19 de Novembro de 1814, com Maria Benícia do Nascimento, natural de Santa Bárbara do Mato Dentro, que após o casamento passou a chamar-se Maria Benícia Dias Bicalho de Magalhães Gomes. A segunda filha do casal, Francisca de Paula Magalhães Gomes, casou-se em 9 de Julho de 1837, com o Capitão Antônio Coelho Ferreira, natural de Roças Novas, atual município de Caetés-MG, o qual morreu precocemente, deixando a mulher e vários filhos em dificuldades. Por razões desconhecidas, os filhos deste casal receberam o sobrenome final da mãe ao invés do sobrenome do pai. Maria Benícia Bicalho Coelho de Magalhães Gomes, filha de Francisca de Paula Magalhães Gomes e do Capitão Antônio Coelho Ferreira, se casa em 15 de Outubro de 1853, com seu primo Carlos Thomaz de Magalhães Gomes, nascido em São João D’El Rey, a 29 de Dezembro de 1829, filho de Manoel de

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Alfredo Malta Magalhães Gomes Júnior (o Cirurgião-Mor, sexto filho do Manoel Magalhães Gomes inicialmente citado). Carlos Thomaz formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, foi professor da Escola de Farmácia de Ouro Preto e, por duas legislaturas, membro da Assembléia Legislativa Provincial, pelo Partido Liberal. Carlos Thomaz e Maria Benícia tiveram os seguintes filhos: Carlota Tereza de Magalhães Gomes (Lolota), nascida em 26 de Agosto de 1854, que se casou com o Dr. Manuel de Lemos, Advogado, Juiz e que foi Presidente da Província de Sergipe; Francisco Carlos de Magalhães Gomes, Médico, nascido em 30 de Agosto de 1855, falecido moço e solteiro; Carlos de Magalhães Gomes, nascido em 5 de Novembro de 1856 e falecido em 26 de Fevereiro de 1858; Luíza de Magalhães Gomes, nascida em 23 de Janeiro de 1858 e falecida em 24 de Junho de 1858; Ambrozina de Magalhães Gomes (Zizina), nascida em 25 de Julho de 1859, que se casou com o Dr. Lacordaire Duarte, Médico; João Carlos de Magalhães Gomes (Janjão), nascido a 13 de Dezembro de 1860 e Geraldo Leite de Magalhães Gomes, nascido a 23 de Fevereiro de 1862, Advogado e Juiz de Direito em São Paulo, que se casou com Pompeia de Andrade, sexta filha de Manoel Carlos Pereira de Andrade e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade (posteriormente, residiram em Belo Horizonte); José Coelho de Magalhães Gomes (Jujuca), nascido em 21 de Julho de 1863, Advogado formado pela Escola de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo-SP, que se casou com Cymodócea de Andrade, segunda filha de Manoel Carlos Pereira de Andrade e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade; Carlos Thomaz de Magalhães Gomes (Lilixo), nascido a 10 de Fevereiro de 1865 e falecido a 24 de Maio de 1944, casado em primeiras núpcias com Guiomar de Andrade, décima-primeira entre os filhos de Manoel Carlos Pereira de Andrade e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade e, em segundas núpcias, com Albertina Machado, tia de sua primeira esposa e irmã de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade; Maria Carlota de Magalhães Gomes, nascida a 26 de Agosto de 1866; Antônio de Magalhães Gomes, nascido a 24 de Fevereiro de 1869 e falecido a 25 de Julho de 1869; Thereza Carmelita de Magalhães Gomes (Miquita), nascida a 15 de Outubro de 1870, viveu solteira; Henrique Carlos de Magalhães Gomes, nascido a 21 de Agosto de 1873, foi Engenheiro, Professor da Escola de Mi-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo nas, Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), também Farmacêutico, foi proprietário da Farmácia Coração de Jesus, em São Paulo-SP, e casou-se com Julieta Costa, filha do Juiz de Direito de São João Del Rey, Dr. Ferreira Costa – a título de curiosidade: Henrique é avô de Sergio Magalhães Gomes Jaguaribe, o popular cartunista Jaguar, e, Celina de Magalhães Gomes, nascida em Mar de Espanha-MG, a 23 de Novembro de 1874 – todos os demais filhos do casal nasceram em Ouro Preto-MG. Carlos Thomaz de Magalhães Gomes - o “Lilixo” - como ficou conhecido no seio familiar, foi Engenheiro de Minas, formado pela Escola de Minas de Ouro Preto (atual UFOP), turma de 1885, foi Professor de Química Orgânica e Química Industrial, foi Vice Diretor e, em várias ocasiões, Diretor da Escola de Minas, foi também um dos fundadores do Ginásio de Ouro Preto, além de ser catedrático de Física e Química. Exerceu a presidência da Câmara Municipal de Ouro Preto e foi diretor de estudos do Curso de Química Industrial da Escola de Minas de Ouro Preto, na qual regeu a cátedra de Química Orgânica e Química Analítica.

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A Sociedade Anonyma Companhia Andrade

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Major Neca Andrade a esta altura (primeira década do século 20), já encarregara os filhos de administrar os negócios da família Andrade pois, planejava demorar-se mais nas temporadas que passava na cidade do Rio de Janeiro, onde a família Andrade também possuía residência. Sua idéia se concretizou através da criação da Sociedade Anonyma Companhia Andrade, cujo capital foi integralizado pelo patrimônio pessoal do Major Neca e pelas quotas ou ações de participação em seus negócios, que distribuiu entre todos os filhos (e ou herdeiros destes). Essa companhia, contou durante algum tempo também com a participação de Thomazinho Duffles e de Aniceto Costa Teixeira, seu irmão de criação. A “Anonyma”, como era chamada em família, é mais uma evidência da visão desse homem excepcional: naquela época ele já pressentia o conceito de empresa integradora e administradora dos seus muitos negócios, que hoje chamamos de “holding”. Os filhos do Major, Eudoro, Mário e Edmundo, se tornam os novos dirigentes da Sociedade Anonyma Companhia Andrade e passam a cuidar dos negócios da família Andrade. Em 1914, a “Anonyma” sofre um grande golpe: a Câmara Municipal de Barbacena promulga a Lei 193, que instituiu o monopólio do município para o abate de gado bovino e suíno na região, atingindo implacavelmente um dos mais lucrativos negócios da “Anonyma”.

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Bodas de ouro

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as os tempos ainda eram de alegria e esplendor para a família do Major Neca Andrade: no dia 24 de Abril de 1915, a primeira página do jornal “O Arauto”, Nº 22, de Barbacena, estampava a seguinte notícia em destaque, que aqui reproduzo: “BODAS DE OURO Major Manoel Carlos Pereira de Andrade e D. Anna Dulcelina Machado de Andrade. Celebram-se hoje no meio da maior expansão de alegria entre os seus amigos e parentes as felizes bodas de ouro o sr. Major Manoel Carlos Pereira de Andrade e d. Anna Dulcelina Machado de Andrade. Na sua fazenda, a poucos metros da Estação de Sitio, reunir-se -há toda a sua distincta e numerosa descendência . Nasceu o Major Andrade na antiga fazenda do Registro Velho, hoje Estação de Registro deste município, em 29 de Outubro de 1826. Muitos e valiosos serviços tem prestado ao nosso glorioso Estado. Foi por muitas vezes vereador à nossa Câmara Municipal, onde demonstrou sempre o maior patriotismo, herdado do seu tio Pe. Manoel Rodrigues da Costa, um dos celebres inconfidentes e logo após á Independência, Deputado pela Constituinte Brazileira. Filho de Carlos Francisco de Andrade, um dos principaes chefes da revolução de 1842, aos 16 annos de idade, juntamente com seus irmãos, ajudava a preparar balas para aquele glorioso feito histórico. Conservando sempre estes sentimentos de patriotismo, é republicano desde os tempos da immorredoura propaganda e ainda hoje

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Alfredo Malta parece jovem de verdes annos, quando discute, criticando os erros da Republica. Por muitos annos foi agricultor naquella fazenda (Registro). Adquirindo a do Sitio, quando para ali transferiu-se só existiam a mesma fazenda e a casa do Sr. Sebastião de Almeida, que sempre residia na localidade, onde, há poucos annos falleceu. ••• A Exma. Sra. D. Anna Dulcelina Machado de Andrade nasceu na fazenda de Santa Catharina, município de Vassouras, do Estado do Rio de Janeiro, a 22 de Outubro de 1848. Residindo porém, neste Estado desde dias depois do seu feliz consorcio, considera-se pura mineira. Muito deve a família Andrade a essa veneranda senhora, o braço direito do seu lar encantador. Os seus conselhos, sempre muito proveitosos, são ainda hoje seguidos á risca por todos os seus dignos parentes, pela presciencia que revelam. ••• Passando a estrada de Ferro Pedro II, hoje Central do Brazil, pela alludida fazenda, offereceram o terreno para a respectiva estação que, como homenagem aos seus proprietários, foi denominada =doSitio nome que até hoje conserva. Ainda fizeram doação dos terrenos precisos para as casas de empregados e para outras dependências. Nasceu, pois, a povoação de Sitio, actualmente districto de – Bias Fortes que será o primeiro, e um dos mais prósperos da nossa Comarca. Devido ainda aos seus ingentes esforços e exclusivamente á sua custa, há menos de um mez ou pouco mais, foi inaugurada a luz electrica nas suas muitas propriedades, inclusive no “Grande Hotel do Sitio”, o magestoso prédio, a alguns passos da estação.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Pretendem tornar publica esta iluminação e contam com a aprovação da nossa Ilma. Câmara Municipal que patriota como é, decerto não lh’os negará. ••• O Major Andrade e sua Exma. Senhora foram fundadores da industria de cigarros de palha, denominada de Barbacena-Andrade & Andrade, tão conhecidos e apreciados. A fabrica funcciona desde 1840. A principio, segundo o costume de seus antecessores, tinham na fazenda uma pequena industria, em que eram aproveitados alguns poucos escravos, que possuíam, antes amigos, pelo modo carinhoso porque eram tratados, pois sempre foram abolicionistas. Após a promulgação da áurea lei de 13 de Maio de 1888, para poderem manter a fabrica, ensinaram a diversos operários residentes nas próximas povoações denominadas “Torres de S. Sebastião”, a confeccionar os mencionados cigarros, ensino transmittido a outros companheiros pelos mesmos operários. Em muito pouco tempo era grande o pessoal habilitado, a fabrica desenvolveu-se extraordinariamente, foi dotada dos mais aperfeiçoados machinismos e hoje, pode-se dizer sem exageração, sustenta aquellas duas povoações. Ao lado desta industria, como criadores, que também eram iam desenvolvendo a de lacticínios ao mesmo tempo que não descuravam plantar cereaes e augmentar o pomar, de onde iam sahindo os fructos para a de doces, confeccionados tão habilmente pela Exma. Sra. D. Anna e superiores ás conservas estrangeiras da mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos productos lacticínios. Também lhes pertenceu por algum tempo a importante fabrica de cerveja e outras bebidas na mesma estação, cujo progresso foi por elles realisado, sendo, a principio, insignificante, quase exclusivamente de vinagre; e já a transpassaram no grão de prosperidade, hoje manifesta. •••

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Alfredo Malta Os filhos do digno e feliz casal são os seguintes : 1. Tenente Eudoro Losthenes de Andrade, negociante e industrial na Estação de Sitio, casado com a Exma. Sra. D. Aurelina Duffles Teixeira de Andrade. 2. Exma. Sra. D. Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes, casada com o Dr. José Coelho de Magalhães Gomes, Secretario da Relação do Estado. 3. Sr. Mario Baptista de Andrade, casado com a Exma. Sra. D. Elvira Durval de Andrade, industrial e criador na referida estação do Sitio. 4. Exma. Sra. D. Pompéa Noemia Andrade de Magalhães Gomes, casada com o Dr. Geraldo Leite de Magalhães Gomes, Juiz de Direito no Estado de São Paulo, há pouco aposentado. 5. Sr. Edmundo de Andrade, industrial e criador na alludida estação, casado com a Exma. Sra. D. Djanira Soares de Andrade. 6. Sr. Octavio de Andrade actualmente industrial na mesma estação, casado com a Exma. Sra. D. Anita Dutra Machado de Andrade. 7. Exma. Sra. D. Dagmar de Andrade Duffles, casada com o Dr. Pio Duffles, medico em Sertãozinho, no Estado de São Paulo. 8. Dr. Pompeu de Andrade, casado com a Exma. Sra. D. Marianna Duffles de Andrade. 9. Exma. Sra. D. Edméia Iracema Andrade Duffles Teixeira da Costa, casada com o Sr. Thomaz Duffles da Costa Teixeira, empresário em Bello Horizonte. Os fallecidos são os seguintes : 1: D. Guiomar de Andrade, casada com o Dr. Carlos Tomaz de Magalhães Gomes, Lente Cathedratico na Escola de Minas em Ouro Preto. 2: Octavia, morta já adulta.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo 3: Américo, idem. 4: Carlos, fallecido na primeira infancia. 5: Carlos, idem (sic). Os seus netos são em numero de 32, alguns dos quaes já acadêmicos. ••• Apresentando as nossas sinceras congratulações, aos dignos anciãos, aos seus descendentes e as suas Exmas. Famílias, temos plena certeza de continuarem na senda do inelludivel saber, felizes e prósperos ao lado de seus filhos e netos, dos quaes a maior parte já vai seguindo seus luminosos exemplos. ••• Não podemos deixar de estender também, neste tão faustoso dia, as nossas felicitações á veneranda matrona de tão distincta família, a Exma. Sra. D. Anna Joaquina Machado, sogra e irmã do Major Andrade a qual tantos auxílios prestou ao seu popular genro e á sua digníssima consorte. ••• PROGRAMMA Consta que o programma dos festejos é o seguinte : Dia 24--1º Alvorada pela harmoniosa banda musical sitiense. 2º Communhão geral das 7 as 9. Em seguida missa solemne. 3º as 17 horas offerta dos retratos dos festejados aos mesmos pelos seus filhos, genros e noras. 4º -A’s 19 horas, jantar aos convidados.

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Alfredo Malta 5º-Grandioso baile nos vastos salões do “Grande Hotel de Sitio”. Dia 25—A’s 20 horas espectaculo offerecido aos festejados pelos seus netos.” Do nosso correspondente. Também havia programação de espetáculos no Cinema Theatro Sitiense em homenagem às bodas do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina, oferecida pelo dono da empresa AGOSTINHO ALBANO, que explorava as funções de cinema e teatro em prédio construído pelo Major Neca, e que ainda nos dias de hoje sobrevive, embora muito desfigurado, na Praça Major Neca Andrade, em Sítio. Eis o programa impresso que na época foi distribuído :

Cinema Theatro Sitiense EMPREZA - AGOSTINHO ALBANO

••• ESPECTACULO EM HOMENAGEM AO SR. MAJOR MANOEL CARLOS PEREIRA DE ANDRADE E Á SUA EXMA. ESPOSA D. ANNA DULCELINA MACHADO DE ANDRADE, PELAS SUAS BODAS DE OURO. –1865 – 1915 – ••• HOJE II 25 de Abril II HOJE ••• 1ª PARTE Recepção dos festejados pelas suas netas e em seguida cantar-se-á um dos hymnos expressamente composto para a festividade.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo 2ª PARTE O BOM CHINEZ – FITA Drama - da apreciada fabrica A. Kinema. ••• 3ª PARTE Côro e bailado “Feliz anniversario”, pelas senhoritas Marietta, Nair Violetta, Sylvia, Iracema, Sylvia Magalhães, Stella e Georgina. ••• 4ª PARTE Cançoneta “Doutrina”, pela menina Diva. ••• 5ª PARTE Côro “Mamãe não deixa”, pelas meninas Georgina, Clarisse, Maria Carmelita, Juracy e Jacyra e pelos meninos Carlito, Clovis e Maurillo. ••• 6ª PARTE Monologo “O segredo de Luiza”, pela menina Luiza. ••• 7ª PARTE Terceto “Desvio”, pelos meninos Gilberto, Clovis e Maurillo. •••

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Alfredo Malta 8ª PARTE Cançoneta “Vivendeira”, pela menina Georgina. ••• 9ª PARTE Côro “Avósinhos”, pelas meninas Luiza, Clarisse, Juracy, Jacyra, Maria Carmelita e Georgina. ••• 10ª PARTE Comedia de costumes “O matuto bahiano”, pelas senhoritas Nair, Marietta, Sylvia e Iracema e pelos jovens Américo, Cícero e Fernando. ••• 11ª PARTE Vingança do policia Alegre comedia da fabrica Gaumont de Paris ••• 12ª PARTE Encerramento com outro hymno expressamente composto para o acto. ••• 13ª PARTE A FUGA De GRIBEUILLET -FITA- Impagável scena cômica de André DID, interpretada por Mm. Frascaroli

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo As fitas são offerecidas aos festejados pela Empreza ALBANO & CIA. ••• O espectaculo começará ás 7 ½ horas da noite. ••• A comemoração das bodas de ouro do casal foi um acontecimento muito importante para as famílias Andrade, Machado, Duffles, Magalhães Gomes e Lott, tanto quanto foi importante para a cidade de Sítio: várias personalidades do mundo político de Minas Gerais estiveram presentes, com destaque para o Presidente da Província (Governador) Dr. João Pinheiro e Sra., além de fazendeiros da região de Barbacena, Santos Dumont, Juiz de Fora, Lima Duarte, São João d’El Rei, Tiradentes, Livramento, Ressaca, Camanducaia, convidados do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Tio Maurilo (Maurilo Andrade Magalhães Gomes, filho de D. Cymodócea Andrade e do Dr. José Coelho de Magalhães Gomes) então, era um menino de 6 para 7 anos, mas registrou essa festa em suas memórias com clareza: “Das boas recordações da minha meninice, guardo as das férias passadas em Sítio, na fazenda do Vovô Neca Andrade e da Vovó Aninha. No fim do ano, o Casarão assobradado ficava cheinho. Nos quartos de cima, os mais velhos e casados e, em baixo as primas e primos..., época de muito dinheiro e de fartura. Nas bodas de ouro dos meus avós maternos foram três dias de festa ...gente que não acabava mais. Missa votiva na capelinha lá no alto do morro; banquete, baile e uma representação teatral. A capela havia sido construída pelo Vovô e o cinema era de sua propriedade e no palco deste cinema quase todos os descendentes representavam. Uma peça musicada – Vésperas de Reis – cujos atores eram somente netos dos meus avós, foi tão bem ensaida pelo papai, que mais tarde foi bi-

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Alfredo Malta sada no teatro municipal de Belo Horizonte, em benefício dos pobres da Sociedade São Vicente de Paulo. Coube a mim, juntamente com o Clovis e Gilberto, cantar um desafio. Os três com um chapelão de palha dobrado na testa, camisa de riscado, uma perna de calça dobrada até perto do joelho, bigode e cavanhaque pintados a carvão, cigarro de palha atraz da orelha e um violão de mentira. E cantávamos: ‘Eu não canto desafio Nem que me pague tostão Foi por causa do desafio Que dei com um cabra no chão Eu não canto desafio Nem que me pague pataca Foi por causa do desafio Que dei com um cabra na faca...’ Jesus meu Deus, ...e a gente dava uma volta para cantar outro estribilho ... Aconteceu que uma faixa vermelha que prendia minha calça, começou a cair. Segurava a faixa e o violão caía, segurava o violão e a calça caía, e a assistência a rir do meu aperto...acabei disparando pelo palco adentro, tropeçando nas calças caídas. Tenho até hoje uma fotografia: Vovô e Vovó no centro com um bouquê nas mãos, ladeados dos oito filhos, todos casados e também com muitos filhos. Eu devia ter uns seis anos e estava perto do Marechal Lott, que estudava na escola militar como cadete. Pouca gente do retrato está viva. A minha grande farra foi filar uma garrafa de soda e bebê-la sozinho e escondido.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Esqueci-me de centralizar a Vovó Cota, minha bisavó, já quase centenária e que morreu com 105 anos (sic). Não me esqueço que, no baile, enquanto nós dançávamos o Charleston e Foxtrot, ela se levantou e disse: ‘-No meu tempo era muito mais bonito... Dançávamos lanceiros e quadrilhas...’ Levantou-se, fez uma mesura, pôs um pé em frente ao outro e bateu os dedos em ‘castanholas’: um amor! O grande quarto dos rapazes tomou o nome de ‘Chateau Miseria’ e, o das moças, de ‘Chateau Rose’. Na sala de visitas havia uma vitrola e um piano... dançava-se de manhã, de dia e de noite. Muitos dos primos e primas, sabiam tocar piano e os primos Rubens e Vera, arranhavam bem o violino.“ (transcrição do manuscrito autobiográfico do Dr. Maurilo Andrade Magalhães Gomes).

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Amores proibidos

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m 25 de Dezembro de 1918, mais um casamento na Fazenda Andrade: Antonieta Duffles Teixeira de Andrade, neta do Major Neca Andrade, filha de Eudoro Lasthenes e de Aurelina, casa-se com o Engenheiro Antônio José Amarante Neto, filho do Coronel Manoel Peixoto Corsino do Amarante (que fora preceptor dos filhos da Princesa Isabel). Antonieta fora a primeira namorada de Henrique Lott (que era seu primo e viria a ser o Marechal Lott), mas o prosseguimento do namoro fôra proibido pela Vovó Ninha (D. Anna Dulcelina) que então, tinha pavor das conseqüências que poderiam resultar da cosanguinidade, mas, o destino iria mudar esta história: ambos iriam ficar viúvos e acabariam por se reaproximar anos depois, casando-se em 31 de Julho de 1951, em Teresópolis-RJ. Proibição idêntica enfrentaram inicialmente Cícero (nosso doce Tio Cícero, filho de Cymodócea e José Coelho) e sua prima Iracema (filha de Edméia e Thomazinho), mas, o amor entre eles foi mais forte e, anos mais tarde, também se casaram e foram muito felizes. Nair Andrade Lott também se apaixonou por seu primo Mario Duffles Teixeira de Andrade, entretanto o casal não consumou esse amor e se casaram respectivamente com Mario Hermanson Lott e com Maria do Carmo Figueiredo de Andrade.

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Férias felizes em Sítio

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o manuscrito da sua autobiografia, o Dr. Maurilo Andrade de Magalhães Gomes, o Tio Maurilo, registrou mais lembranças das férias que continuou a desfrutar na casa dos avós, em Sítio, quando já era um adolescente: “...Todo mundo levantava-se cedo e ia cantando beber leite quentinho de vacas holandesas, no curral distante dois kilômetros (sic). Nadávamos numa represa cuja água tocava a fábrica de fumo e que tinha uns cem metros. Ao lado, a casa comprida que fora senzala dos escravos, era a fábrica de doces e de suco de uva da Vovó. Chegavam então, cestos e cestos de cachos de uva e, às vezes, até em carro de boi. Éramos então todos obrigados a despencar os cachos para por os bagos num enorme tacho de cobre, a ferver. Depois, íamos selecionar os caquís, ameixas-do-Japão, pêras e maçãs, para encaixotá-los para serem vendidos no Rio e em Belo Horizonte. Esse trabalho era mais uma diversão, pois ríamos o tempo todo e jogávamos uvas verdes uns nos outros. Na imensa sala de jantar, uma grande mesa: na cabeceira, Vovô e Vovó. Pelos lados, a Vovó Cota e os casais mais velhos; no fim, uns quinze a vinte netos e bisnetos, comendo com o apetite que as divertidas férias dão e que a comidinha mineira provoca. Não faltavam nunca o angu, a couve picadinha, o quibebe de mandioca, o tutu de feijão, a lingüiça, o lombo e o pernil de porco... êta “bóinha” gostosa ...o suco de uva vinha em grandes jarras ...uma grande cesta com frutas e doces em compota de toda espécie!

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Alfredo Malta Roubávamos galinhas dos tios Mario, Edmundo e Eudoro, e fazíamos galinhadas, altas horas da noite, mandando assá-las no Hotel Andrade (sic). “ Entretanto, as férias felizes que todos desfrutavam na casa dos avós, em meio ao clima de segurança, fartura e tranqüilidade, não durariam para sempre: os filhos do casal Andrade, que por muitos anos apenas usufruiram do bem estar e da abundância de recursos, proporcionados pelos bons resultados dos negócios, administrados com tanto sucesso pelo Major Neca Andrade e por sua esposa D. Anna Dulcelina, encontrariam muitas dificuldades quando colocados à frente das empresas, pois não tinham o mesmo senso empreendedor e administrativo que eram natos no pai, além disso, alguns praticaram excessos com o jogo, belas mulheres e emitiram promissórias para quitar as dívidas, e então, quando os prejuízos começaram a aparecer em 1919, Thomazinho e Aniceto se retiram da sociedade com enormes prejuízos pessoais.

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O major Neca Andrade sai de cena

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m 1922, o Major Neca Andrade e D.Anna Dulcelina viajaram ao Rio de Janeiro para participar das comemorações do centenário da declaração de independência do Brasil, durante as quais aconteceu uma Exposição Internacional promovida pelo govêrno brasileiro, a qual concedeu dois prêmios às indústrias Andrade: o Grande Prêmio para os doces em conserva de Anna Andrade e Diploma de Honra com medalha, aos produtos da Companhia Andrade, mas dias após os festejos, Manoel Carlos Pereira de Andrade sofre uma queda na casa da família no Rio de Janeiro e, em 2 de Novembro, não resiste às conseqüências desse acidente e falece, aos 96 anos: a única de suas metas que não cumpriu, impedido que foi pelo destino, pois manifestou muitas vezes ao longo de sua vida, que iria viver 100 anos. Saía de cena o ilustre antepassado dos meus filhos, que sabia reconhecer as boas idéias, acreditava que era possível colocá-las em prática, persistia no trabalho incansável de evoluir sempre, que nunca deixou de ter fé em si mesmo e na comunidade em que vivia, e cujo maior legado permanecerá para sempre imune às incertezas administrativas e ao esquecimento de seus conterrâneos: o exemplo de persistência na busca de seus objetivos, de excepcional capacidade em empreender novos negócios, de administração eficaz, de como transformar um arraial numa cidade, de cidadão mineiro e

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Alfredo Malta brasileiro exemplar, legado esse que deve ser motivo de orgulho para seus descendentes e para os seus conterrâneos, aos quais cabe retribuir através do interesse em conhecer a sua vida, os seus sonhos, em render respeito à sua obra fantástica e em preservar a sua memória ao longo da história. Como seria bom para a sua cidade, se os atuais administradores municipais nele se inspirassem! Este é o conterrâneo pelo qual os habitantes de Sítio da Borda do Campo (atual Antônio Carlos), mais tem porque se orgulhar : até os dias de hoje ninguém fez de fato, mais por esta comunidade, do que ele!

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D. Cymodócea assume o comando

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udoro Lasthenes, Mário e Edmundo tentam prosseguir nos negócios, mas, não tinham o mesmo tino empresarial, que era inato no pai e isso dificultou para que tivessem o mesmo sucesso do pai como empresários e administradores, assim, aliado à deficiência nas receitas e com o acúmulo de promissórias para pagar, começam a vender glebas da Fazenda Andrade para fazer frente às despesas que se avolumavam; os herdeiros passam a desmembrar a Fazenda Andrade, alguns passam a vender lotes para sobreviverem e para saldar as dívidas, outros vendem participações nos diversos negócios, Mario Baptista de Andrade e o Capitão Jorge Duffles Teixeira de Andrade (Capitão do Exército, casado com Aura Amorim de Andrade, falecido em combate durante a revolução de 1932, no Túnel da Mantiqueira), assumem a fábrica de cigarros, de sucos e uma parte das terras - é o começo do longo fim da “Anonyma” e da outrora enorme Fazenda Andrade, que é diminuída em muitas das suas glebas. Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes nasceu na Fazenda do Registro Velho, a 2 de Junho de 1867, filha do casal Manoel Carlos Pereira de Andrade, o Major Neca, e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, a Vovó Ninha. Moça de educação rígida e esmerada, nasceu com especial aptidão para a liderança e, ainda jovem, revelou seu potencial ao assumir a orientação da educação fundamental de seus irmãos mais jovens, por delegação de seus pais. Aos 7 anos de idade, foi morar na Fazenda Sant’Anna de Sítio, recem adquirida por seu pai e onde cresceu desenvolvendo a austeridade e a capacidade de enfrentar as adversidades com serenidade e pulso firme: aquele “quê” de nobreza, de quem perderia boa parte do patrimônio da família Andrade, mas nunca perderia a dignidade, certamente um amálgama de facetas bem características das personalidades de seus pais.

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Alfredo Malta Cymodócea revelaria a sensibilidade da sua alma através de diversos outros atributos: anos à frente, animaria as reuniões dos seus jovens irmãos e primos, dedilhando polcas e valsinhas no piano que existia no Casarão; como também se mostraria hábil em reproduzir buquês de flores artificiais, feitas com tecido engomado que era fixado em armações de arame muito fino, cujas pétalas e folhas eram curvadas e modeladas com instrumentos apropriados de metal, que aquecia e manuseava com muita desenvoltura e especial habilidade. Essa atividade artesanal, iria ajudá-la, quando ficou viúva, a complementar o orçamento doméstico, pois, os trabalhos eram de tal nível artístico, que motivavam contínuas encomendas e geravam assim, parte da renda necessária para manter o Casarão e a chácara. Mas, voltando à sua juventude, em 1892 Cymodócea se casa com o Dr. José Coelho de Magalhães Gomes (o Vovô Juca), formado Bacharel em Direito pela lendária Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo; nascido da mesma família ouropretana de dois outros genros do Major Neca Andrade (Geraldo, Advogado casado com Pompéia e Carlos Tomaz, Engenheiro casado com Guiomar), Dr. José Coelho atuava como Magistrado do Tribunal da Relação (hoje Tribunal de Justiça) em Ouro Preto, onde o casal foi morar, mas, com a transferência do governo do Estado de Minas Gerais para Belo Horizonte - em 1907 – Dr. José Coelho foi transferido para a nova capital, levando consigo a família, que se instalou em uma casa na rua Ceará - no bairro Funcionários. Entretanto, um ano antes do falecimento do Major Neca Andrade, ainda em 1921, o Dr. José Coelho de Magalhães Gomes, o Vovô Juca, faleceria após um período de enfermidade que consumiria recursos vultosos e que obrigaria D. Cymodócea a vender sua casa em Belo Horizonte e se mudar para o Rio de Janeiro, onde inicialmente se hospedou na residência de sua irmã Edméia Iracema e de seu cunhado Thomazinho Duffles. Em 1926, quatro anos após o falecimento de Manoel Carlos Pereira de Andrade, o inventário é publicado formalizando “de Legítima” a distribuição das ações da Sociedade Anonyma Companhia Andrade aos filhos e/ou herdeiros do Major Neca, entretanto, as tentativas frustradas dos filhos do Major Neca em manter os negócios do pai, tornaram as participações acionárias sem valor e os recursos antes abundantes e suficientes para manter o grupo fami-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo liar, agora se transformam em participação na responsabilidade de quitar as dívidas crescentes: o patrimônio da “Anonyma” se esfacela. O Grande Hotel foi um dos negócios mais importantes criados pelo Major Neca Andrade: era lá que se hospedavam os fazendeiros que vinham à região fechar negócios de gado, os comerciantes do Rio de Janeiro e de São Paulo que vinham ajustar a compra de doces e conservas da “Fábrica de Doces Anna Andrade”, os políticos que vinham fortalecer os laços da manutenção do poder, além das pessoas de posses que acompanhavam parentes que vinham se tratar de tuberculose, doença que naquela época motivava a discriminação social e, por isso, impelia os doentes a saírem de suas cidades para se recolherem no interior de Minas, na esperança de que a mudança de clima os curasse e, em Sítio, havia um sanatório especializado. O Grande Hotel era também um celeiro de oportunidades para os jogadores profissionais e para mulheres bonitas e aventureiras que viajavam de cidade em cidade, à procura de “protetores” com quem se envolviam de forma fugaz (eram conhecidas à “bôca pequena”, como “mulheres de vida duvidosa”), em troca dos gastos com hotéis, refeições, roupas, etc. : muitos perderam rios de dinheiro com elas e também no jogo; com alguns dos descendentes do Major Neca Andrade não foi diferente, passaram a corroborar o ditado que diz “pai rico, filho nobre e neto pobre” e, ironia do destino, o hotel seria o palco onde se delinearia a derrocada da obra fantástica do Major Neca Andrade. Inicialmente arrendado, depois é consumido pelas dívidas e, mais tarde, deixaria de ser parte do patrimônio familiar dos Andrade. Alguns dos filhos e netos do Major Neca Andrade que estudaram fora de Minas Gerais já haviam se radicado no estado de São Paulo, na capital e no interior, outros haviam ido para o Rio de Janeiro e praticamente acabaram por perder o contato frequente com o núcleo familiar. Com a derrocada, boa parte dos filhos e descendentes do Major Neca Andrade se afastaram da Fazenda Andrade e, mesmo os que ainda tinham negócios em Sítio, viviam da terra e da criação, não permaneceram por muito mais tempo na região, pois o patrimônio ficava cada vez menor. Acabam por perder, praticamente todos os negócios, além de grande parte das terras da Fazenda Andrade, pois Eudoro e Edmundo continuaram a vender lotes das terras da Fazenda Andrade para sobreviverem, saldar dívi-

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Alfredo Malta das e para sustentarem a mãe e a avó que, então, moravam no Rio de Janeiro: com o tempo, a “Fazenda Sant’Anna de Sítio”, que sob a administração do Major Neca Andrade, havia chegado aos 500 alqueires, 21 prédios, criação de gado, cavalos, fábrica de cigarros, frutas, olaria, matadouro e açougues, fábrica de laticínios, fábrica de vinho e suco de uva, fábrica de cerveja e vinagre, fábrica de doces, reconhecida e premiada pela excelência de seus produtos, se consome em dívidas. Eudoro se muda para uma chácara na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, para onde também vão Edmundo, sua irmã Dagmar e as sobrinhas Jurema e Jupyra. Em 1928, quando já seis anos haviam se passado da morte do seu pai e, diante da iminência da propriedade passar a mãos estranhas e de sua mãe e avó sofrerem o desgosto de assistirem à perda da chácara, que continha a sede e as terras restantes da Fazenda Andrade, D. Cymodócea convoca seus filhos para uma reunião em Sítio, oportunidade em que manifesta sua intenção de que se cotizassem nos esforços para tentar salvar a Casa Grande (o Casarão) a chácara em torno dela e o pouco de terras que restara da Fazenda Sant’Anna de Sítio. Para tanto, tiveram que comprar parte da carta de hipoteca da Sociedade Anonyma Companhia Andrade, que tratava da titularidade da séde da Fazenda Andrade, e desta forma, transferiram para si a responsabilidade pela quitação da hipoteca, que então já onerava a propriedade, evitando que a mesma caísse em mãos de estranhos. Nesta época, Jorge Duffles Teixeira de Andrade era o presidente do que existia ainda da Sociedade Anonyma Companhia Andrade, básicamente indústrias de cigarros, fumo, sucos, o cine-teatro e uma gleba de terra da Fazenda Andrade; Mario, que de fato gerenciava as propriedades e as produções, era o vice-presidente. Mesmo deixando de ser parte da antiga Sociedade Anonyma Companhia Andrade, as indústrias de derivados de uva e de cigarros mantiveram o nome Andrade, em alguns casos através de novos arranjos societários com parentes, ou terceiros, embora contando sempre com um representante do nome Andrade, e assim conseguiram sobreviver até meados dos anos cinquenta do século vinte, embora já sem o sócio de Mario, pois o Capitão Jorge Duffles Teixeira Andrade, neto do Major Neca Andrade, viria a falecer em 1932.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Os dois filhos convocados por D. Cymodócea, o Dr. Paulo Andrade de Magalhães Gomes, Engenheiro e Professor da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, e o Dr. Cícero Andrade de Magalhães Gomes, igualmente Engenheiro, se vêm colocados à frente das ações para recuperação do que restara da sede do patrimônio do avô e, como seus irmãos ainda estudassem, fizeram enormes sacrifícios para atender ao pedido de sua mãe, ao mesmo tempo sem comprometer o estudo dos irmãos, exigindo inclusive que o Dr. Paulo adiasse seu casamento com D. Francisca de Oliveira (a Tia Chiquita). Fernando, Clovis e Maurilo, os filhos mais novos da Vovó Cymodócea, ainda eram estudantes e também arcaram com uma cota de sacrifícios significativa, já que nasceram em um meio familiar rico e, ao se aproximarem da adolescência e da idade adulta, tiveram que enfrentar a dura realidade de uma vida espartana, onde cada centavo passou a contar para a sobrevivência do grupo familiar. Entretanto, o papel do Dr. Paulo Andrade de Magalhães Gomes, o nosso querido “Tio Paulo”, não se limitou a resgatar com dignidade, juntamente com o Dr. Cícero Andrade de Magalhães Gomes (nosso doce “Tio Cícero”), a posse da propriedade-símbolo da família Andrade, missão que lhe cobraria ainda grandes sacrifícios pessoais, pois, a partir de então e salvo o período em que D. Cymodócea esteve à frente do que restou da Fazenda Andrade, assumiu praticamente sozinho a administração para manutenção da propriedade, até que a geração seguinte, na qual me incluo, se decidisse “tomar o bastão” e assumir tal responsabilidade. Assim, quis a história, que o Dr. Paulo Andrade Magalhães Gomes, além de neto, se transformasse num dos fundamentais elos que nos ligam ao Major Manoel Carlos Pereira de Andrade e a D. Anna Dulcelina. Não fosse a tomada de posição enérgica, corajosa, imediata e objetiva de D. Cymodócea, aliada ao trabalho discreto, silencioso, profícuo e incansável dos tios Paulo e Cícero, e nada da obra do Major Neca Andrade teria chegado aos seus descendentes, aí incluído este livro, que apenas existe para contar um pouco da história que conheci e aprendi a admirar, em função do papel de palco histórico que o Casarão tem representado para Sítio, para Minas Gerais, para o Brasil e para as famílias que o tem freqüentado ao longo das gerações.

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Vovó Cymodócea e o quarto das frutas

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Cymodócea nunca abandonou Sítio, para onde costumava ir todo ano, em meados de Outubro, época em que não há mais frio intenso por lá, e quando as jabuticabeiras centenárias, frutificavam e pareciam convidar as demais arvores frutíferas para fazerem uma grande festa de flores e frutos, como ainda acontece em nossos dias. Era comum ela ir, acompanhada de sua irmã Dagmar que era a mãe das primas Jurema e Jupyra, além de avó da prima Bartyra. Nas épocas de férias, Vovó Cymodócea ia acompanhada de seus netos, sobrinha-neta Bartyra e da sua sobrinha Célia, filha do casal Pompéia Noêmia (irmã de D. Cymodócea) e Geraldo Leite Magalhães Gomes. Célia anos depois, viria a acolher D. Cymodócea em sua casa, do bairro Padre Eustáquio, tratando-a carinhosa e pacientemente nas suas temporadas em Belo Horizonte. Após os casamentos de seus filhos, Vovó Cymodócea alternava temporadas em Sítio, Ouro Preto, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde residiam alguns de seus parentes, entre eles seus filhos Cícero (Engenheiro) e Clovis (General do Exército), entretanto passou a se demorar mais em Belo Horizonte, onde residiam seu filho Fernando (Médico) e suas sobrinhas Célia e Jupyra, embora também fosse a Ouro Preto, onde residia seu filho Paulo (Engenheiro e Professor da UFOP). A prima Célia, que em 2006 continuava aos 90 anos, a viver com vivacidade, mantendo a capacidade de realização, a coragem, a ousadia e uma memória dignas de uma legítima Andrade, nos conta que acompanhou muitas vezes sua tia Cymodócea nestas viagens a Sítio, quando as duas saiam de Belo Horizonte de trem (o famoso “Rápido”) ou aproveitando caronas no carro

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo do Farmacêutico Euclides, quando este sitiense retornava de Belo Horizonte, onde vinha para visitar seu amigo Eduardo Andrade Teixeira Lott. Os primeiros preparativos da Vovó Cymodócea, antes de viajar para Sítio, consistiam em visitas às lojas de cobertores em Belo Horizonte, ou mesmo no Rio de Janeiro, para comprar a maior quantidade de cobertores que pudesse para sua campanha anual de distribuição de agasalho aos menos afortunados de Sítio. Angariava, entre os familiares, vizinhos e amigos, peças de roupa, ou tecidos que transformava em pijaminhas, costurados por ela mesma, para as crianças carentes. As viagens de trem eram agradáveis, porém, demoradas: por exemplo, uma viagem de trem de Belo Horizonte a Sítio (atual Antônio Carlos) demorava entre 6 e 7 horas; do Rio de Janeiro a Sítio, demorava algo como 2 horas a mais. Quando chegava a Sítio, logo ia inspecionar o Casarão quanto à limpeza e, depois de se inteirar sobre as últimas ocorrências, comandava pessoalmente a colheita e preparava cada espécie de fruta para a fase seguinte: algumas deviam ser acondicionadas em tabuleiros ao abrigo do tempo, no “quarto das frutas” (primeiro quarto à direita de quem entra no Casarão), para a seleção; outras eram embrulhadas com papel umedecido em álcool, condicionamento necessário para o final da maturação e, após essas fases, em ambos os casos eram colocadas em caixotes apropriados ao transporte e, em seguida, despachadas da estação ferroviária em direção a distribuidores em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Essa atividade residual da obra dos seus pais, Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina, permitia à Vovó Cymodócea manter o Casarão, a chácara e as poucas terras que restaram da Fazenda Sant’Anna de Sítio, que à época de sua opulência fora conhecida também como Fazenda Andrade. D. Cymodócea tinha hábitos muito peculiares: lia jornais até tarde da noite e, antes de se deitar, picava certa quantidade de pão, colocava o leite e o que mais necessitasse ser refrigerado, numa prateleira externa, que se projetava de uma das janelas da atual copa (que atualmente dá frente para um coqueiro), protegida dos bichos por uma tela fina de arame, na qual durante as noites e madrugadas de Sítio, atingiam as mesmas temperaturas que atingem hoje os nossos refrigeradores elétricos.

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Alfredo Malta No dia seguinte, D. Cymodócea ficava na cama até por volta de meiodia, porém a prima Célia (ou quem mais estivesse lhe fazendo companhia na oportunidade), tinha que providenciar logo cedo, um mingau à base de fubá de milho branco (característico de Sítio), leite e pedacinhos de pão torrado: ora estava muito doce, ora estava muito grosso, ora estava muito líquido... e lá ia a prima Célia ajustar o grau do famoso mingau! Nas épocas de férias, Cleusa, Eloíza Raquel, Carlos Alberto, Fabinho, Bartyra e eventualmente algum dos amigos, iam de trem (o “Rápido”) para Sítio, com Dr. Fernando ou com a prima Célia, acompanhando Vovó Cymodócea: era uma aventura e tanto, de que gostavam muito, entretanto, rezavam para não aparecer no vagão em que viajavam, nenhuma mulher grávida ou pessoa idosa, pois o Dr. Fernando logo oferecia os seus lugares e eles tinham que seguir viagem em pé ou sentados sobre trouxas e malas. No Casarão, viveram “alguns dos melhores dias de suas vidas” (bem ...para a prima Bartyra nem sempre era assim...se o Carlos Vital - o Tatal - estivesse por lá...ele se divertia em irritá-la) e a volta a Belo Horizonte então era outra parte da festa, pois Vovó Cymodócea preparava a “matula” para a viagem: frango recheado com farofa, embrulhado em “papel manteiga” e caixas de frutas deliciosas como caquis, pêssegos, uvas, pêras, figos, que parte saboreavam durante a viagem e parte, levavam para casa. Cleusa herdou habilidades da avó Cymodócea, das quais lembra com muita nitidez : quando estava em Sítio observava a avó preparar “grude” (cola feita de mistura cozida de farinha com água) e forrar armários, prateleiras e paredes com papel ; recortava babados rendados de papel para colocar nas beiradas das prateleiras dos armários, colava pratos quebrados e consertava utensílios; e também lembra no que foram diferentes: Cleusa não se lembra da Vovó Cymodócea sorrindo, mas sim, sempre muito séria. Eu a conheci: já era centenária e convivemos muito pouco, mas, lembro-me quando Cleusa me apresentou a ela, e que ela fez uma pergunta: se já tínhamos nos beijado na boca, o que mostrou que ainda estava sintonizada no dia-a-dia das pessoas ao seu redor. Em 5 de Agosto de 1968 (exato um mês após o falecimento, em Belo Horizonte, do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes, seu filho), falecia no Rio de Janeiro essa mulher forte e objetiva, que viveu lúcida todos

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo os seus 101 anos e que assim, atingiu a única meta que seu amado pai não alcançara: a de viver 100 anos! Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes, a Vovó Cymodócea, é a quem devemos em grande parte, a oportunidade de desfrutar do Casarão, símbolo da obra do Major Manoel Carlos Pereira de Andrade e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, motivo de orgulho para seus descendentes.

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Sítio ou Antônio Carlos?

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elembrando os detalhes de uso do Caminho Velho, das razões e condições em que se deu a abertura do Caminho Novo, e do já citado fato singular de que havendo evidências claras sobre o papel que Sítio (Sítio da Borda do Campo) desempenhou na gênese do abastecimento das vilas do ouro, na construção do Caminho Novo e, principalmente, na criação de outro arraial que viria a ser a cidade de Barbacena, fruto da visão e da fibra dos descendentes e agregados de Fernão Dias Paes Leme, porque anos mais tarde seria apenas um distrito de Barbacena? Eu diria, sob uma visão válida até os dias em que vivemos : isso com certeza foi fruto da vaidade e interesses pessoais de maus brasileiros! Embora a capela de Sant’Anna de Sítio tenha sido elevada a curato em 10 de Outubro de 1910, desmembrando-se da Matriz de Barbacena (passo importante naquela época para a elevação de um distrito a cidade), somente em 17 de Dezembro de 1938 o povoado de Sítio se separa do distrito de Bias Fortes e volta a projetar o nome, com o qual a região sempre foi identificada, desde os tempos mais remotos, quando era conhecida por Sítio da Borda do Campo. Nessa época, D. Cymodócea tinha residência fixa no Rio de Janeiro, mas passava temporadas em Sítio, na companhia de sua querida irmã Dagmar, das sobrinhas Jurema, Jupyra e Célia, que então eram meninas. Em 30 de Abril de 1941, Sítio passa à categoria de freguesia (termo que designava o grau de independência de uma paróquia) e, em 27 de Dezembro 1948 ao ser elevada a municipio, a sua original denominação, então Sítio, é substituida por “Antônio Carlos” perdendo assim a sua verdadeira identidade histórica. A partir de então, três povoados passam a constituir o município:

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Campolide, Curral Novo e Sá Fortes, este em homenagem à família de fazendeiros da região, representada pelo Dr. Carlos de Sá Fortes, contemporâneo do Major Neca Andrade e das famílias Aires Gomes e Vidal, que também viveram na região. As férias de 1949 ficaram gravadas na memória da Eloíza Raquel (neta de D. Cymodócea e filha do casal Fernando / Rachel) - ao que se lembra, foi a única vez que chegou ao Casarão e estranhou que sua avó estivesse acamada, muito triste e até debilitada; o que teria sido capaz de atingir aquela mulher, normalmente forte de espírito, saudável, altiva e dinâmica? E, ao perguntar à sua avó Cymodócea sobre a razão de tal estado, esta, com os olhos marejados, balbuciou terem mudado o nome de Sítio e o pior: pelo nome de um personagem importante, mas sem a íntima e comprometida ligação com a cidade, que verdadeiramente, fora criada por seu pai; ...” coisas da vaidade política... antes fosse o nome de meu pai, aquele que realmente dedicou sua vida a fazer de Sítio da Borda do Campo, uma verdadeira cidade...”. Essa mágoa de D. Cymodócea foi transmitida aos seus descendentes como uma desfeita à memória de Manoel Carlos Pereira de Andrade, o Major Neca Andrade, e sobrevive em cada descendente, até os dias de hoje, como se fizesse parte da genética familiar. O atual nome da cidade de Antônio Carlos, refere-se ao Presidente da Província de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Filho (18701946), na verdade nascido em Barbacena, que ao ocupar aquele e outros cargos públicos, imprimiu marca de competente administrador e a principal faceta que todo governante brasileiro deveria ter : reformou e apoiou o ensino na província, buscando a expertise e dedicada colaboração de pedagogos franceses, entre os quais se destacaram Eduardo Claparede e Helena Antipoff. Antônio Carlos presidiu a província entre 1926 e 1930, criou a Universidade de Minas Gerais (atual UFMG), a primeira do Estado, instalou o embrião da Universidade Rural de Viçosa, reformulou o sistema rodoviário estadual, reorganizou a saúde pública, impulsionou a administração pública de Belo Horizonte e, fato inédito no país, instituiu o voto secreto através da legislação mineira, com o primeiro pleito ocorrendo em 1929. Justificava suas preocupações reformistas, sintetizando-as com a frase: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”.

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Alfredo Malta Embora não haja, e nem poderia haver, restrição ao valor do homem público e à memória do ilustre Presidente Antônio Carlos, os verdadeiros sitienses, até hoje, sentem que a emancipação ficou incompleta, na medida em que lhe tiraram o nome original, simples mas carismático, que representava a síntese dos atributos dos que ali tem vivido, trabalhado, construído e amado essa terra, um nome que já foi muito querido e mencionado, em todo o Brasil : a terra das frutas, a terra dos doces, do cigarrinho de palha, do suco de uva, do clima saudável e do céu azul. “Sítio” é como uma marca registrada, indelével no coração dos familiares e descendentes do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina, e que não se conformaram com a mudança do nome e promoveram mais de um “abaixo -assinado” para tentar reverter a substituição do nome; documentos que foram encaminhados ao Marechal Lott, ao Presidente Juscelino Kubitschek e a outras personalidades, entretanto, a mobilização política de outro grupo favorável à manutenção da mudança, foi massiva e essa reivindicação do povo, com o passar dos anos, ficou adormecida mas, com certeza, não está esquecida e pode ser re-apresentada pelas próximas gerações. O carisma de que se revestiu o nome Sítio, não surgiu por um simples decreto legislativo como o nome atual, pelo contrário, foi obra de homens e mulheres criativos e laboriosos, que junto da mãe natureza, ali construíram não só as primeiras indústrias, mas, um núcleo sagrado de hospitalidade, distante na medida certa dos grandes centros, solo fértil em clima saudável e delicioso, onde em dias de sol aberto e sob céu azul admirável, homens, mulheres e natureza se confraternizavam enquanto as frutas serranas cresciam e amadureciam espetacularmente, e se transformavam em maravilhosos doces, compotas, sucos, vinhos, e o leite puro e gostoso, em queijo simples e delicado. Enquanto era Sítio, a vida e o vigor dos Sitienses se renovavam e alimentavam o desenvolvimento da cidade, pois a vida era festejada até no inverno, pelas salvas dos pinheiros araucária, forrando os campos com seus pinhões, comidos quentinhos ao pé do fogão a lenha, em meio a tragos de vinho da terra e enquanto se falava sobre as coisas que aconteciam alí em Sítio, nome simples mas de profundo significado para um povo naturalmente bom, que trabalhava alí e vivia feliz, essa era a chama que alimentava o potencial de possibilidades daquela cidade e que, lamentávelmente, foi deixando de existir.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Entretanto, nunca é tarde para se reparar um erro como esse e voltar a dar vida a Sítio da Borda do Campo: basta o povo querer! Basta o povo manifestar sua demanda para mudar a realidade e o destino da cidade! Dizer pelo voto e pelas audiências públicas, o que querem dos seus líderes locais e o que verdadeiramente querem para suas famílias, suas crianças, pela sua cidade! Fazê-la um novo nascedouro de oportunidades. Quem sabe?... fazê-la ser Sítio da Borda do Campo novamente?

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O Chico Doido

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esde que conheci o Casarão, ouvi muitas histórias e casos que ali teriam acontecido, a maioria relatados na forma de pinceladas imprecisas, deixando imagens turvas mas, ao mesmo tempo, instigantes em minha mente, trazendo a musa envolta nas vestes diáfanas, a me inspirar na busca do fundo de verdade que havia em cada um e que acabaram por resultar neste livro. Entre tantas, existe a história do Chico Doido: esse parente dos Andrade seria louco mesmo? Talvez não.... mas também era um empregado da Fazenda? Penso que era um ser humano real e inverossímil ao mesmo tempo , como que um personagem da filmografia do Werner Herzog, cujo relato deixo por conta do Carlos Vital de Magalhães Gomes, (o Tatal, neto da Vovó Cymodócea e bisneto do Major Neca e da Vovó Anninha), que um dia deixou a janela da memória aberta, tomou da caneta da criatividade literária e escreveu um conto intitulado “O Chico doido e o seu primo menino”. Como esta é a melhor versão que alguém poderia criar sobre o caso, reproduzo aqui as exatas palavras do Tatal: “Esta é uma história de narrativa difícil. Alguns protagonistas não são mais viventes e entre os viventes, as interpretações podem e serão as mais divergentes. O Chico doido, assim chamado por nós primos, diziam que era sobrinho de Vovó. Devia ser mesmo, pois ele morava dentro do Casarão onde ficávamos todos nós. Com medo, nós meninos entrávamos no seu quarto comprido e estreito, escuro, janelas fechadas, uma bagunça só, a cama sempre desarrumada. A gente escolhia a hora em

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo que ele estava trabalhando para fazer esta entrada. O medo que a gente tinha era da figura do Chico: muito alto (talvez porque éramos pequenos), branquelo, magrelo, pouco cabelo, vivia sempre barbado, cabeça pequena, olhos azuis e fundos e se vestia pobremente, sempre calçado com uma bota velha e sem meias. Ele era empregado da Vovó. O seu trabalho consistia em vender frutas para os viajantes de trem, onde ficava a estação. Volta e meia o trem apitava e lá ia o Chico para a estação com um pequeno balaio no braço, cheio de frutas para vendê-las. Saía apressado, olhando para o chão, andando balançando a cabeça pra frente e prá trás, de modo esquisito. Fora as saídas do Chico para a estação, só o víamos nas horas das refeições. Ele comia na cozinha, num banquinho com o prato entre as pernas e não se sentava com a gente, o que me incomodava. Mas explicava para mim que a coisa era assim, pois, mesmo sendo parente, era empregado da Vovó. E neste ponto acontece a parte central desta narrativa: nunca vi o Chico conversando. De longe observava atentamente a Vovó falando com ele alguma coisa e ele só balançava a cabeça afirmativamente. E nas poucas vezes que tive coragem em abordá-lo, perguntava-lhe qualquer coisa, o Chico só balançava a cabeça afirmativamente, da mesma maneira que acontecia com a Vovó. Não duvidei mais, o Chico era doido mesmo. Mas a história não termina aí. À noite, numa espécie de sarau, a família se reunia na sala principal: Vovó, os tios e tias, primos e primas, muita gente e o Chico estava lá, sempre calado. Ainda não tinha luz elétrica, era um lampião grande dependurado no meio da sala, e nos cantos, pequenas lamparinas de querosene, soltando fumaça e fedendo. Tinha brincadeiras, esquetes, cantoria, e a víspora comandada pela Vovó. Até que acontecia a vez do Chico recitar poemas: “As armas e os barões, assinalados, que da ocidental praia lusitana”... “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”... Meu pai ia dizendo baixinho para mim, os nomes dos autores que o Chico estava recitando: Camões, Gonçalves Dias, Castro Alves... Eu achava a recitação muito longa e devia ser mesmo, pois, os adultos não cansavam de elogiar a memória do Chico. E assim termina

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Alfredo Malta esta pequena história: a única vez que eu vi o Chico falando era quando recitava poemas, com sua voz, forte e clara. Mas como toda história tem um epílogo, a última cena do primo doido, que ficou para este menino narrador, foi ver o Chico numa manhã, sentado num banco (onde é hoje o caramanchão da piscina) e no chão bem perto dele um passarinho ciscando. Ele tinha um sorriso de criança e conversava com o passarinho. Que o Chico era doido eu já sabia, que ele recitava poesia também, mas poeta ?...só a partir deste momento. Assim se completa esta história: os artistas são loucos. Aprendi esta verdade ainda menino.” (“O Chico doido e o seu primo menino”, por Carlos Vital de Magalhães Gomes).

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Os sonhos do “Pom-pom”

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vançando e retrocedendo no tempo, na busca da perspectiva essencial da história, em 19 de Março de 1953 uma nova fase da história do Casarão se iniciaria nos bastidores do destino - Lucy Maria e Carlos Maurício de Paulo Maciel (o Maciel, mas para os familiares, simplesmente o querido “Pom-pom”) se casam em Belo Horizonte, após namoro e noivado dignos de um romance ”hollywoodiano”. Lucy era filha de D. Rachel Noce Magalhães Gomes e do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes, este, filho de D. Cymodócea e Dr. Juca, portanto, Lucy era bisneta do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina. “Pom-pom” era o nome com que a Cleusa, então uma menina pequena, passou a balbuciar para chamar o moço que chegava ao seio da sua família para, literalmente, seduzir a todos com sua inteligência, senso de humor, entusiasmo e um carisma que se revelaria pela vida inteira. Era também assim, que Cleusa voltou a carinhosamente chamá-lo quando ele e Lucy iam a BH e ficavam em nossa casa, em meados dos anos oitenta do século 20, época em que fizeram - como ninguém poderia fazer melhor - o papel de verdadeiros avós para os nossos filhos (que não puderam usufruir do convívio com os meus pais nem com os pais da Cleusa, já falecidos). Pom-pom nos contava que via na Lucy, o seu ideal em beleza feminina, também admirava sua rapidez de raciocínio e que ele se orgulhava de ter se apaixonado por aqueles olhos verdes, de um tom indescritível, cúmplices de

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Alfredo Malta uma vida inteira, desde quando ainda eram duas crianças. Lucy era a segunda entre os filhos de D. Rachel Noce e do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes e passou a ser a estrela na vida do jovem estudante que viria a ser Jornalista, comentarista esportivo, Publicitário, empresário do ramo de comunicações, além de Bacharel em Direito. Nenhuma música poderia sintetizar melhor a admiração que tinham, um pelo outro, do que “Night and Day” (Cole Albert Porter) : a música dos dois. Advogado, formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, Carlos (ou ainda: “Cals’Paulo”, como nossa sogra D. Rachel, como sua mãe D. Nina, sua espôsa Lucy e muitos de nós, o chamávamos) se tornou empresário no ramo de publicidade, fundador e principal acionista da empresa Alfa Publicidade Ltda., através da qual se revelou um destacado estrategista de campanhas que marcaram época; a Alfa foi uma importante pioneira em Minas Gerais, através da qual nasceu o conceito “Drogatel Araujo” e também foi incubadora de importantes tendências e de carreiras profissionais que se tornaram célebres a nível nacional. Homenageando a todos esses profissionais que de lá emergiram, cito um deles: o cartunista Henfil (para nós, o Henriquinho). O conceito “Drogatel” (criado em 1962 e inédito à época), foi lançado em 19 de Maio de 1963 e, em principio, focava a situação em que o usuário se via diante da necessidade de ir à farmácia à noite, ou de madrugada, muitas vezes tendo que deixar algum familiar enfermo sozinho em casa; segundo essa concepção, o usuário então, não precisaria mais sair de casa a qualquer hora, para ir à farmácia: bastava encomendar remédios e outros artigos de farmácia à Drogaria Araújo pelo telefone e esta, através de uma frota de veículos VW “Fusca”, de cor amarela, que eram identificados nas laterais com uma figura em atitude de atendimento rápido (na verdade uma caricatura do Antônio Martins de Araújo – o “Tó” - empresário e dono da Drogaria Araújo, que se tornou um grande e inseparável amigo do Carlos, para a vida inteira), fazia as entregas a domicílio, a “qualquer hora do dia ou da noite”, dentro do que hoje em dia se convencionou chamar “delivery”. Mas não foram poucas vezes em que os motoristas desses carrinhos do Drogatel passavam na casa da Vovó Rachel (e anos depois lá em casa) para levar, a pedido do Cals’ Paulo, “um envelope de aspirina” e, aproveitando a

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo viagem...”cigarros, balas, Coca-Colas e até pizzas”, isso em plena madrugada quando, certamente, lá estava ele em pleno jogo de Biriba, mesmo que fosse no meio da semana, em uma época em que o sistema de “delivery”, tal qual o conhecemos hoje, não existia em Belo Horizonte, ou melhor, já existia: na imaginação fértil do Cals’Paulo. Carlos era uma pessoa extremamente comunicativa e logo fez camaradagem com muitos dos motoristas do Drogatel, aos quais pagava, além do preço das guloseimas que encomendava, generosas gorjetas. Entre os anos de 1961 e de 1980, Maciel (como também era conhecido no meio profissional) foi Diretor do jornal carioca “O Dia”, por dois períodos distintos: de 1961 a 1970 e 1976 a 1980, continuando acionista da Alfa Publicidade Ltda., porém delegando a operação da empresa a outros profissionais do ramo, liderados pelos seus cunhados Marcos Fernando de Magalhães Gomes (Diretor Comercial), Carlos Alberto Noce de Magalhães Gomes (Gerência Administrativo-Financeira) e Carlos Vital de Magalhães Gomes (Gerência de Atendimento/Contatos), já que se mudara para a Cidade Maravilhosa, que viria a ser um dos seus orgulhos. Agora as pizzas, regadas a Coca-Cola eram saboreadas na famosa Cantina Sorrento, no seu bairro querido: Leme. Em fins de 1970, chegou a lançar um jornal semanal gratuito, no Rio de Janeiro, cujo título era inovador: “Veja”. Segundo consta, apesar de lançado antes do que a hoje famosa revista, esse nome foi a razão pela qual, logo após a primeira edição do jornal, Maciel teria entrado em disputa judicial com o poderoso grupo Abril, que também entrara com pedido de registro do mesmo nome, para a sua nova revista. Os interesses e pressões do grupo Abril se tornaram incontornáveis e insuportáveis para o empresário Carlos Mauricio de Paulo Maciel e a estrutura montada para editar o jornal Veja teve que ser desmantelada, episódio que lhe trouxe enorme prejuízo financeiro, envolvendo inclusive a empresa Alfa Publicidade a qual, após um período de dificuldades, culminou por ser vendida aos seus cunhados Carlos Alberto Noce de Magalhães Gomes, Carlos Vital de Magalhães Gomes e a um leal colaborador, Antônio Matias da Silva. Marcos Fernando de Magalhães Gomes, que fora Diretor Comercial, havia deixado a Alfa Publicidade em 1969 para montar sua própria e muito bem sucedida empresa, denominada “Agência”.

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Alfredo Malta Maciel nunca deixaria de ser empresário do ramo publicitário, e por volta de 1985, começou a desenvolver um novo conceito na televisão carioca: “Teleclassificados”, que constava de um “call center” que recebia os anúncios classificados, os quais após a necessária adequação e racionalização de textos, eram veiculados em espaço televisivo. A par dessa iniciativa, em 1986, além de ocupar uma cadeira no conselho de administração do Grupo Araújo, então já um conglomerado de diversas “drugstores” além de divisão Agro-veterinária, voltou a cuidar da estratégia e das campanhas publicitárias da rede de drogarias, agora como consultor independente. Cito tais realizações para que, aqueles que não tiveram o privilégio de conhecê-lo, tenham ao menos uma noção sobre quem foi este homem, grande na inteligência, enorme na generosidade, incansável na sua veneração pela Lucy, imensurável no amor pelos filhos e pela vida, e que nunca deixou de ser uma criança sonhadora, a acreditar que a vida seria eterna e que nunca deixaria de estar realizando uma nova idéia, entre elas, a de que todos os descendentes do Major Neca, da “nossa geração”, deveríamos conhecer, preservar e divulgar a história daqueles que deram dimensão ao Casarão, bem como receber o bastão das mãos do Tio Paulo (Professor Dr. Paulo Andrade Magalhães Gomes, filho de D. Cymodócea Andrade e Dr. José Coelho de Magalhães Gomes), que assegurou por anos a sobrevivência do Casarão; deveríamos assumir, em conjunto, a administração da propriedade, restaurando-a e adaptando-a internamente a confortos adequados ao nosso modo de vida contemporâneo.

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A festa dos 90 anos

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oltando a 2 de Junho de 1957 : todos os descendentes do casal Major Neca Andrade e D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, que ainda mantinham ligações afetivas com o Casarão, entre eles as famílias do Prof. Dr. Paulo Andrade de Magalhães Gomes, do Dr. Cícero Andrade de Magalhães Gomes, do Dr. Fernando Andrade de Magalhães, do General Clovis Andrade de Magalhães Gomes e do Dr. Maurilo Andrade de Magalhães Gomes, além de muitos amigos, se reuniram em Sítio da Borda do Campo (atual Antônio Carlos), para festejar os 90 anos de D. Cymodócea Andrade Magalhães Gomes. Os festejos foram precedidos de preparativos que envolveram vários representantes destas famílias que, muito entusiasmados e motivados, se organizaram em grupos responsáveis por cumprir as diversas tarefas para fazer da festa um sucesso: Dr. Fernando ficou responsável por contratar e orientar os serviços de buffet para o banquete (que foi preparado pela Tia Nadege – cunhada da Vovó Rachel e banqueteira famosa na Belo Horizonte de então – assessorada por D. Nina Maciel, mãe do Cals’Paulo). Tia Iracema, com a ajuda silenciosa do Tio Cícero, cuidou da organização das acomodações, dentro do Casarão e nas “casinhas”, além da ornamentação do Casarão e da chácara, liderando um batalhão de adolescentes: Eloíza, Fábio, Carlos Alberto, Cleusa, Adélia, Paulinho (da “Turma da Bernardo Monteiro”),

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Alfredo Malta Carlos Vital, José Mario, Carlinhos e Humberto (amigos do Carlos Vital), que vieram a Sítio como “caronas” num caminhão contratado pelo Geraldo Machado (marido da Lygia, filha de Fernando e Rachel e neta de D. Cymodócea), para trazer colchões, travesseiros e roupas de cama, recipientes, panelões e tudo mais necessário para a infraestrutura da festa. As louças, cristais e talheres vieram do Grande Hotel de Sítio. Tio Clovis, se incumbiu de preparar os discursos, com suporte do Cals’Paulo. Tio Paulo e Tio Maurilo cuidaram de fazer os contatos com os convidados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, além de arregimentar as personalidades da região. Milhares de bandeirolas de papel de seda foram recortadas e coladas em fieiras, que foram estendidas e amarradas entre as paredes do Casarão, as árvores mais próximas e os mastros dos santos juninos, tão comuns nas festas do interior do Brasil. As “casinhas” foram transformadas nos famosos “chateaux”: o “chateau Rose” foi decorado sugestivamente para receber as moças, o “chateau Miseria” foi decorado para os rapazes. Dr. Maurilo lembra em sua autobiografia: “Com o acúmulo de tantos parentes, fomos obrigados a separar os maridos das mulheres, em dois grandes quartos. E os quartos passaram a se chamar ‘chateau das Despeitadas’ - o das mulheres e ‘chateau dos Arrependidos’ - o dos maridos.” Diversas pessoas se hospedaram no Grande Hotel de Sítio e também em Barbacena. Na noite anterior, prepararam uma serenata para Vovó Cymodócea (que perguntada no dia seguinte se gostara, não deu conta nem do que havia acontecido ... já estava um pouco surda), mas sorria satisfeita, porque tinha todos os familiares e amigos ao seu redor, o que aprendeu a apreciar e a cultivar com seus pais. Na manhã seguinte a programação iniciou com uma missa festiva na matriz de Sant’Anna, com participação de um coral formado pelos netos e amigos, regido pela prima Jupyra Duffles (filha da Tia Dagmar e sobrinha da Vovó Cymodócea). Ao longo do dia espocaram muitos fogos de artifício e o Dr. Maurilo registrou em suas memórias: “Minhas filhas eram mocinhas e se recordam desta festa como ponto alto de suas vidas... Mamãe, qual abelha rainha de uma grande colméia, agüentava toda essa barulheira, sempre risonha e satisfeita ao ver a sua numerosa descendência reunida entre tantas pessoas amigas.”

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Houve um lauto almoço ao ar livre, para aproximadamente 200 pessoas, regado a vinhos, refrigerantes e refrescos de frutas, entremeado de discursos do Dr. Fernando, Dr. Maurilo e General Clovis, “sketches” teatrais apresentados pelos jovens, além de um jogral preparado pelo Cals’Paulo; ao entardecer, Vovó Cymodócea cortou um enorme e delicioso bolo e se iniciou um grande baile, durante o qual foram servidos diversos doces, refrigerantes, sucos de frutas e licores . Os filhos e netos pensavam em repetir a festança no centenário de D. Cymodócea, mas quando ela fez 100 anos, conta Tio Maurilo: “... estava muito doente e houve uma festinha muito íntima, no apartamento do Rio de Janeiro, mas ela sentadinha numa poltrona, ainda cantou fracamente aqueles versinhos tão antigos, que uniam os nossos corações ...festas como aquelas de outrora, nunca mais ...” (extraído do manuscrito autobiográfico do Dr. Maurilo Andrade Magalhães Gomes). Os versinhos antigos não eram outros senão : E ...lá do céu desceu um anjo ..., com um papelzinho na mãão..., o papelzinho assim dizia..., vivaaa, vivaaa... essa uniãão !

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Voando para Sítio

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o início, meados dos anos 50, “Cals’Paulo” ia para Sítio na mesma época em que a Vovó Cymodócea e alguns dos irmãos e parentes dela também iam. Além da Lucy, os pais dele o acompanhavam: “Seu” Maciel (Sr. Joaquim Maciel, Jornalista nascido em Conceição do Mato Dentro) e D. Nina (Sra. Antonina Marchetti Maciel, que adorava fazer crochê, mas que também era uma cozinheira de “mão cheia” e que adorava uma prosa pelas noites afora). “Cals’Paulo” era um apaixonado pela mulher, pelos filhos, pela vida em família, pelas coisas boas da vida, e, especialmente como eu, apaixonado pelo Casarão e por Sítio : poucas foram as vezes em que viajou de carro do Rio de Janeiro para Belo Horizonte ou de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro (sempre “voando baixo”), sem lá pernoitar. Muitos também foram os feriados prolongados, fins de semana e mesmo períodos de férias mais longas, em que ignorou solenemente qualquer outro destino, para se deixar ficar em Sítio. Era chegar a Sítio e varava as madrugadas, jogando ferrenhas partidas de Biriba, como se fossem decisões de Copa do Mundo, mas, se a sorte no jogo não estivesse lá essas coisas, depois de muito reclamar do parceiro e dos adversários, se abstraia na montagem de “quebra cabeças de 1000 peças”, ou ainda, ia “fazer a manutenção periódica” nos seus trenzinhos elétricos (Lionel, Atma

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo e Minitrix), ou nos seus brinquedos antigos de infância, ou ficava a montar aeromodelos, carrinhos a pilha e barcos radio-controlados. E essa paixão se revelou desde que pisou pela primeira vez no Casarão, pelos idos de 1956, onde ouviu tantas histórias, de ninguém menos que a própria Vovó Cymodócea. Acho até que foi de tanto ouvi-lo retransmitir as histórias que a Vovó Cymodócea lhe contava quando estavam em Sítio, e de tanto acompanhá-lo, anos depois de 1966 (minha “primeira vez no Casarão de Sítio”), nos feriados e fins-de-semana, que acabei também por ficar “contaminado”. Carlos percebeu, muito antes que todos nós, a magia que aquele Casarão encerra e também muito antes de todos, a necessidade da família descendente do Dr. Fernando e de D. Rachel, se envolver mais diretamente com a preservação do Casarão, à época a cargo do Prof. Dr. Paulo Andrade de Magalhães Gomes, nosso querido Tio Paulo. Tio Paulo vinha administrando a preservação do Casarão muito antes da morte de sua mãe, a Vovó Cymodócea, contando com os parcos recursos da produção de frutas, aluguel das “casinhas” anexas e até mesmo aluguel do porão. Por vezes foi necessário vender lotes da área residual da Fazenda, para cobrir despesas de maior vulto, como o conserto do telhado, por exemplo. Naquela época ninguém entre os descendentes contribuia, além dos filhos de D. Cymodócea. Preocupado em manter essa histórica e a tão simbólica propriedade, Carlos tentou convencer os demais herdeiros a venderem a propriedade (ele se propunha a comprar) mas, embora os herdeiros fossem de certa forma indiferentes à questão da preservação e muitos não tivessem condições financeiras para participar, essa sua tentativa se mostrou sem sucesso - ninguém participava, mas não abriam mão; tentou então, montar um pequeno projeto de agro-negócio às suas próprias expensas, incluindo uma granja, com instalação modelo para a época: galpão adequado, chocadeira elétrica, etc., porém o projeto nunca atingiu a meta planejada, pois tinha que contar com a mão de obra local, que não estava preparada o suficiente para operar adequadamente essas iniciativas e contando com uma gestão quase sempre afastada e portanto rarefeita, afinal, ele morava em Belo Horizonte na época e só podia ir aos fins de semana (e nem em todos); mais difícil ainda ficou a partir de 1961, quando foi morar no Rio de Janeiro.

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Alfredo Malta Na verdade, o Casarão era uma entre suas muitas paixões, talvez o que mais se aproximasse do colo materno, onde o guerreiro se recolhia depois das batalhas do dia-a-dia pelo mundo comercial, era para onde ia se sentir de novo menino: muitas vezes, desmontava eletrodomésticos e mexia, mexia, até descobrir como as muitas peças funcionavam: apreendia a lógica dos mecanismos, deduzia a função dos circuitos elétricos, concluía raciocínios, enfim fazia verdadeiros cursos instantâneos de Mecânica, Física, Eletricidade, Eletrônica e do que mais “a coisa” envolvesse, até descobrir porque não funcionava e quando descobria, guardava tudo para “montar num outro dia” e, quando esse dia chegava, voltava a mexer em tudo outra vez, várias vezes, quase sempre percorrendo o mesmo fluxo de aprendizado e deduções, pois o tempo passava e nem sempre se lembrava do que apreendera na vez anterior...era uma satisfação quando resultava em sucesso... e também quando não ...., pois afinal, teria nova chance de mexer e de imaginar como a “coisa” poderia voltar a funcionar... e sempre degustando uma Coca-Cola bem gelada..., outra das suas paixões. E com os seus carros (adorava os da marca Dodge) era a mesma coisa: desmontava carburador, velas e outros dispositivos dizendo “que era para limpar”, mas na verdade era a curiosidade de saber como tudo funcionava e a oportunidade para “inaugurar” sempre uma nova ferramenta, sim porque todas as novidades que aparecessem nas lojas Sears, Mesbla, na importadora do Ed. Avenida Central ou no camelô do meio da rua – no centro da Cidade Maravilhosa - ele comprava, como se fosse um menino comprando brinquedos e assim, era essa pessoa humana maravilhosa... : uma peça raríssima! Também me lembro do Carlos com “óculos da Vovó Donalda”, lendo jornal em Sítio, sempre muito concentrado nos temas políticos e esportivos ou, quando em época de carnaval, nos detalhes dos preparativos de cada escola de samba e, durante os desfiles, não saia da frente da TV, atravessava as madrugadas pois, assistia todas as escolas de samba desfilarem, fazia análises profundas e abrangentes, encarnando o papel de um verdadeiro crítico especializado. O Botafogo de Futebol e Regatas e o Cruzeiro Esporte Clube eram outras das suas paixões: cada gol do “Fogo” era uma glória e tomava os gols adversários como ofensas; para extravasar sua inquietação, desandava a desfiar uma ladainha de reclamações e xingamentos, ou ainda, se o time estivesse ganhan-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo do, explodia de alegria e se arvorava em mil ironias para realçar as qualidades daquele time, era por isso que ele só poderia torcer pelo Botafogo, pois ele, só poderia torcer para o melhor e “o melhor era o Botafogo” ... era não!... É! Não é Carlos Paulo? Ou seria o Cruzeiro...? Ora, os dois: afinal, são os times do coração do Carl`s Paulo! Quando um visitante ia pela primeira vez a Sítio e, estando ele lá..., pobre coitado do visitante: levava banhos gelados enquanto estivesse sentado “no trono”, ouvia rangidos de correntes durante a madrugada e, na primeira noite, certamente teria uma surpresa ao deitar na cama para dormir, pois, durante a tarde, em algum momento de distração dos demais, lá ia o Carlos no quarto do visitante, desmontava as peças que compunham o estrado e tinha a pachorra de as remontar precariamente e arrumar a cama de forma impecável, como se nada tivesse acontecido: a arapuca estava pronta e...depois, à noite, quando “a vítima” se esborrachava no chão, ele se deliciava em estrondosa gargalhada. Quando fui lá pela primeira vez, em 1966, senti o poder de sedução e a magia que inundam de um charme arrebatador e que caracterizam a atmosfera do Casarão e foi assim que fiquei irremediavelmente “contaminado”. E, se o Cals’Paulo estivesse lá, era sempre uma contínua alegria, era como voltar à infância, incluindo os divertidos banhos nas cachoeiras, que era onde o Carlos tomava banho enquanto estivesse em Sítio porque, se não fosse nas cachoeiras, não tomava banho de chuveiro (a não ser no inverno, porque quando é inverno lá, ninguém é de ferro ou louco de tomar banho de cachoeira, a água é congelante). Pior (ou melhor?) era a situação do visitante, se lá estivesse também a Vivi, irmã do Cals’Paulo, porque aí as “maquinações para mexer com o visitante” passavam a acontecer em dobro, com invenções do maior requinte. E a Vovó Nina se divertia com tudo isso! Fingia que não sabia de nada, mas na verdade, era outra figura “da pá virada”; com eles por lá, era tudo uma farra! A comemoração dos 80 anos da D. Nina não poderia acontecer em outro cenário: foi lá, no Casarão de Sítio! Os netos de D. Nina, Carlos Maurício (Dr. Carlos Maurício de Paula Maciel ou, simplesmente, Cacá), Marco Cícero (Prof. Dr. Marco Cícero de Paula Maciel ou, simplesmente, Tico) e anos mais tarde também Marco Antônio (Dr. Marco Antônio de Paula Maciel ou, simplesmente, Conconho), mais as netas

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Alfredo Malta Claudia, Lydia (filhas de Viví e Fernando Neiva) e amigos, passaram férias memoráveis em Sítio, pois embora ainda adolescentes, podiam sair e voltar “mais tarde”, indo aos bailes de carnaval no antigo cine-teatro sitiense, na praça Neca Andrade ou ao lado da Mariazinha Fumaça onde encontravam a “turma” local, ou até mesmo em Barbacena. Durante o dia, andavam a cavalo, iam à cachoeira ou simplesmente descansavam das rotinas do Rio de Janeiro e de Brasília. Cal’s Paulo só parecia sério quando a saudosa Catarina, ajudada pela nossa querida, e incansável Regina, colocava na mesa os quitutes de que ele gostava e que, então, saboreava em solene silêncio, ou, quando era temporada de jabuticaba, se dedicava a chupar as frutinhas até não poder mais; ah! Mas também ficava em silencio, quando estava no papel de “comendatore in conferenza” (no trono), como ele dizia, ao contar piadas deliciosas. Em 19 de Dezembro de 1970, Cleusa e eu nos casamos, a cerimônia foi na igrejinha de São Francisco de Assis, à beira da lagoa da Pampulha – em Belo Horizonte (naquela época foi possível casar na “igrejinha do Niemayer” mediante a obtenção de uma licença especial do bispo, mas hoje, não é mais permitido casar lá); após uma bela festa, na casa dos pais dela, em Belo Horizonte, saímos em uma viagem de automóvel “sem destino” para a Lua-de-Mel, uma verdadeira aventura para a época, com uma vaga intenção de chegar a Cabo Frio-RJ e Búzios-RJ (Búzios era na época um bairro de Cabo Frio, onde Brigite Bardot passava férias), então duas localidades bucólicas. Viajamos de madrugada, após uma festa fantástica que teve todo tipo de alegria e brincadeiras, incluindo pastelão entre o Carlos e a Cleusa, e após alguns quilômetros, pensamos que era preciso pernoitar em algum lugar, para prosseguir no dia seguinte. Ao nos aproximarmos de Barbacena pela BR-3 (hoje BR-040), decidimos ir para o Hotel Grogotó, porém, bem ao nosso estilo, não fizéramos reserva e... então, pensamos ...Sítio ficava alí perto...e, resultado : fomos para o Casarão – ali passamos nossa primeira noite de casados. Depois de casados voltamos várias vezes ao Casarão, e, ao que me lembro, sempre encontrando lá com Carlos, Lucy, “os meninos” e sempre foram muito prazerosos os carnavais e feriados longos que passamos lá, com a D. Nina nos contando histórias (às vezes, encontrávamos lá também Eloiza, Luiz Eloy, Cleise, Carlos Alberto..., os filhos ainda pequenos...), o “Biriba comendo solto” pelas madrugadas, as comidas deliciosas, preparadas pela Catarina.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Apesar desse constante clima de alegria e “laissez faire” Carlos passou a ficar cada vez mais preocupado com a deterioração do Casarão e a constante dificuldade do Tio Paulo em manter a propriedade, e vivia insistindo em convencer os herdeiros para que se cotizassem, de modo a obter recursos para promover as melhorias necessárias, mas nem todos, entre nós, perceberam naquela época que isso não era uma questão de opção, que era na verdade uma questão de responsabilidade; então cheguei a assessorar o Carlos para obtenção de alguns orçamentos que, entretanto, não puderam ser executados pela falta de adesão. O privilegio de convivermos com o Pom-pom terminou em 1988, mas a sua lembrança viverá para sempre conosco, com seus filhos, sobrinhos e netos – será para sempre, uma presença importante na história do Casarão. Foi então, durante um almoço no Casarão, onde todos os membros da família do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes e de D. Rachel Noce Magalhães Gomes, se reuniram para estarem presentes à missa de sétimo dia do falecimento do Carlos, que me vi de repente, conclamando a todos para lembrarem do sonho que ele tinha, para que assumíssemos em conjunto a tarefa de preservar e também prover o Casarão de confortos indispensáveis para os dias atuais e, mais, havia uma questão emergencial – era preciso reformar o telhado, caso contrário cairia; surgiram várias sugestões, inclusive uma que ficou famosa, por ser inverossímil : “... demolir o Casarão e, no lugar, construir um prédio todo em concreto...assim não daria tantos e freqüentes problemas de manutenção...” Lucy, como não poderia deixar de ser ficou muito abalada com a morte daquele que foi seu cúmplice de vida, seu amor desde que eram duas crianças, e todos insistiram para que ela liderasse as ações para transformar o sonho do Carlos, com relação ao Casarão, evitando que ela sofresse tanto com o cotidiano sentimento de perda. Para incentivá-la, Cleusa e Luiz Eloy, que então se aposentara como Engenheiro da Rede Ferroviária Federal, começaram a rascunhar soluções para a reforma das instalações sanitárias, cozinha e copa e a levantar orçamentos de construção, eu também rascunhei uma solução que, entretanto, foi solenemente recusada: era para reproduzir a cozinha original da Vovó Ninha, retirando o constrangedor acesso aos banheiros, do ambiente comum à copa.

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Alfredo Malta Foi nessa fase que me envolvi com a “primeira grande reforma”(1990-1991), pois, logo percebemos que seria necessário uma estratégia para induzir os demais herdeiros a participarem desse esforço, para conseguirmos dois objetivos: o primeiro, mais imediato, estabelecer um fluxo de contribuições mensais que permitisse juntar um fundo monetário para a reforma e, o segundo, de médio e longo prazos, estabelecer as condições que viessem a estimular visitas freqüentes ao Casarão, objetivando não só evitar a dispersão dos ramos familiares, mas também manter presenças sucessivas de membros da família no Casarão, como forma de assegurar a presença da família na cidade de Sítio e também a preservação do patrimônio material da propriedade. Essa providência se mostrou indispensável, como forma de estancar e evitar retomadas das ações de vândalos e pessoas desonestas que haviam se aproveitado no passado, da ausência por vezes prolongada dos herdeiros, muitas vezes da confiança que os herdeiros neles depositavam, para surrupiar utensílios de valor estimativo, documentos antigos, instrumentos e equipamentos rudimentares das fábricas, tachos, móveis, fechaduras antigas, louças, talheres e vários outros itens que, sabemos, foram levados “... já que ninguém usa e não liga mesmo...”, muitos itens foram vendidos a terceiros da cidade de Antônio Carlos e arredores, e assim, dilapidaram um significativo patrimônio material e histórico, cujo maior e verdadeiro valor para a família do Major Neca Andrade não é apenas o material, mas o seu significado simbólico, em parte sentimental, em parte familiar, mas sem dúvida seu significado histórico, a testemunhar tudo que envolve a existência do Casarão e a memória da cidade de Sítio (atual Antônio Carlos), cujo valor é inestimável.

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Sítio News e a primeira grande reforma

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riamos então, um jornal “feito à mão” para ser distribuído entre os herdeiros e descendentes do casal Neca Andrade e Anna Dulcelina: o “Sítio News”. Naqueles dias e mesmo nos dias de hoje, com o advento da TV e da Internet, é surpreendente a sedução que o jornal impresso, ainda que seja rudimentar e “feito à mão”, exerce sobre os seres humanos. O “Sítio News”, cujo nome irreverente era inverso à natureza rudimentar tanto do habitat do Casarão, quanto do próprio jornal, visava chamar a atenção dos leitores, e o conteúdo se destinava a despertá-los para a conveniência de cumprir os dois objetivos acima citados, foi muito bem aceito e a chegada de sua edição mensal passou a ser esperada com entusiasmo e, finalmente, a 5 de Setembro de 1990, a sua “manchete” bombástica : “...as obras, da primeira grande reforma, tiveram início...”. O sonho do Pom-pom começava a se tornar realidade e assim era virada uma nova página da história do Casarão, que passaria a ser freqüentado com orgulho e satisfação pelas novas gerações de descendentes de Manoel Carlos Pereira de Andrade - o Vovô Neca, e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade - a Vovó Ninha, que antes não percebiam essa possibilidade.

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Alfredo Malta Durante os dois primeiros anos da reforma, os componentes do comitê, que se formara sob a liderança da Lucy (Luiz Eloy, Eloísa Raquel, Cleusa e eu), passamos praticamente todos os fins de semana e feriados acompanhando as obras, chegando a dormir dentro do Casarão mesmo “a céu aberto” (um frio inesquecível), quando se fez necessário desmontar o velho telhado para reformá-lo; entretanto, não nos parecia custoso e na verdade, se tornava prazeroso porque, hoje eu vejo com clareza, era um ato de amor ; mal sabia eu que, em 2007, acompanharia uma nova reforma do telhado e voltaria a passar por uma experiência semelhante, embora por outras razões que não o frio, porém mais estressante que a primeira... pois o telhadeiro, talvez desconhecendo o sistema de construção de uma casa de mais de 250 anos, desmontou e retirou o quadro superior de vigas que faziam o travamento das colunas e paredes, além de sustentarem o telhado... Questões de engenharia estrutural à parte, só de imaginar durante as reformas que esta ou aquela solução, trariam satisfação aos que certamente viriam freqüentar o Casarão, ficávamos entusiasmados, e não foram poucas as vezes que coletamos e transportamos com a minha station wagon Ford - a “Belina Azul”- à guisa de caminhão, sobras de materiais de acabamento, que o nosso saudoso Geraldo Machado (marido da Lygia) e seus filhos, nos reservavam generosamente de suas obras, ou até mesmo pontas de estoques que eu e Luiz Eloy “garimpávamos” em lojas de Belo Horizonte ou de Barbacena e que negociávamos até reduzi-las a verdadeiras pechinchas (ainda que já estivessem a preços compensadores), pois a vontade de fazer era muito maior do que o dinheiro que arrecadávamos. Não foram poucas as vezes que na falta de verba, completamos com dinheiro do próprio bolso. Embora não utilizássemos da verba da reforma nem para viajar até a obra, nem para abastecer os veículos, nem para nos alimentarmos ou para tomar uma cervejinha no “buteco”, me lembro que muitas vezes fizemos apenas uma refeição por dia, pois a cozinha do Casarão estava inoperante e deixávamos para ir ao restaurante Roselanche, em Barbacena, só para jantar. Lembro-me de uma passagem marcante, quando resolvemos reinstalar a pequena pia antiga, que havia sido originalmente colocada na velha copa, por iniciativa da Vovó Cymodócea e rabisquei um singelo painel, inspirado nas velhas bicas e fontes de origem portuguesa, com seus azulejos brancos, pintados

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo em azul colonial e, então, nossa querida sobrinha por afinidade e grande amiga Claudia Marcia de Sant’Anna (mãe da Juliana Sant’anna de Paulo Maciel – a “Juliana Noce”), encontrou uma forma de deixar a marca da sua delicadeza e do seu amor à família, na obra da “primeira grande reforma”: tomou do meu rabisco, levou-o ao Rio de Janeiro, onde mora e, quando o trouxe de volta, junto veio um belo painel de azulejos, pintado por ela própria, que hoje emoldura, e espero que por muitos anos, a pequena pia antiga com o nome da Vovó Cymodócea. Essa construção minúscula mas cheia de significado, para mim passou a simbolizar a “primeira grande reforma” e a homenagem que Vovó Cymodócea merece. Desde 1992 e até que a nova geração assumisse, Luís Eloy já aposentado conduziu, praticamente sozinho, os trabalhos de melhorias constantes e de manutenção de que o Casarão prescinde; foram dias e noites incontáveis (talvez fato despercebido por muitos descendentes), que bem podem ser avaliados pelo passatempo que adotou enquanto ficava durante as semanas por lá: raspar a mesa grande e os dois armários de canto da sala (que antes estavam escurecidos pela sujeira acumulada e pela passagem do tempo) e isto, bem pode dar a medida - experimente pegar uma madeira escurecida pelo tempo e, com um pequeno caco de vidro, raspe até a cor da madeira voltar a ficar clara e verá que para limpar a mesa toda e os tais armários foi um bocado de tempo que ele ficou por lá a cuidar do interesse e prover conforto para quem hoje freqüenta o Casarão. Passado algum tempo da “primeira grande reforma”, houve uma certa desmobilização da geração à qual pertenço e alguns dos herdeiros, por diferentes razões, se afastaram e as contribuições diminuíram muito, a tal ponto que em 1994, durante uma festa familiar, cheguei a pensar em voltar a editar o “Sítio News”, pois havia algum tempo que, tendo atingido os seus dois objetivos, o pequeno jornal deixara de ser editado. Em 1998, promoveu-se uma festa, no Casarão, para reunir todos os familiares descendentes da Vovó Cymodócea e, assim, angariar fundos para a manutenção, além de motivar a adesão de mais descendentes. Na ocasião, foi repetida uma fotografia com formação idêntica à de uma festa anterior, realizada em 1915, que comemorou as bodas de ouro do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina, com toda a família, e que permanece exposta na parede da sala até os dias de hoje.

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Alfredo Malta Até recentemente, o Luiz Eloy muitas vezes saiu sozinho de Belo Horizonte, do conforto da sua casa, do convívio com os seus, para ir a Sítio (como nós ainda nos referimos à atual Antônio Carlos), aflito às vezes por perceber que a receita mensal esperada das contribuições não se concretizaria e que os pagamentos pelos serviços de conservação realizados, deveriam ser inexoravelmente pagos. Essa diferença, ao menos temporariamente, muitas vezes saiu do seu próprio bolso. Durante o período em que liderou a administração do Casarão, sua ação foi contínua, incansável, por vezes solitária e de alguma renuncia à sua vida pessoal: essa é uma atitude de amor e só com amor, podemos a ele retribuir.

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Mais uma festa de casamento em Sítio

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o finalizar este livro e enquanto aguardava dados de descendentes, um evento excepcional como os de 1915, 1957, 1970, 1998 e tantos outros, voltou a acontecer no CASARÃO, desta vez em 2008:

mais uma festa de casamento, inesquecível, que reuniu praticamente todos os descendentes, além de parentes por afinidade e amigos - o casamento do Dr. Francis Magalhães Gonçalves, (bisneto de D. Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes e trineto do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina) com a Dra. Cristina Borim Côdo Dias, filha do casal Sílvia Maria Borim Côdo Dias e Dr. José Côdo Albino Dias. A cerimônia aconteceu numa tarde ensolarada do dia 20 de Setembro de 2008, celebrada na igreja matriz e contou com uma testemunha de tantos outros casamentos que aconteceram no CASARÃO: a imagem de Sant’Anna, doada há praticamente um século, pela trisavó do Francis à comunidade de Sítio. Seguiu-se uma festa de comemoração muito agradável, nos gramados do CASARÃO, que contou com a presença muito especial dos avós da Cristina - Sr. Dario Borim e sua esposa, Sra. Lucci, além de muita gente bonita, gente elegante e descontraída, que proporcionou muita alegria aos noivos e a nós, seus pais.

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Alfredo Malta O CASARÃO estava deslumbrante (eu diria “mágico”, como sempre), todo iluminado e com projeções de um azul suave nas paredes externas, e em especial sobre uma verdadeira cortina de cristais e lamparinas, primorosamente concebida e delicadamente instalada ao lado da famosa escadaria, pela Graciema Roscoe Santoro e pela Elizinha, profissionais do mais alto nível (mas que para nós são e serão sempre grandes e especiais amigas), que se desdobraram em criar um cenário cinematográfico com muitos arranjos de flores e detalhes de uma sofistificação incrível, mas que resultou em espaços aconchegantes, inundando de beleza e alegria o gramado da chácara, com vários casais dançando noite a dentro, em meio à música e aos solos de saxofone do Ronald (outro bisneto da Vovó Cymodócea e trineto do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina). O frio de Sítio da Borda do Campo não poderia faltar e, um pouco mais tarde, convidou os mais velhos para o andar de cima do CASARÃO e a juventude, para o intimismo do porão, onde o som do piano outrora dedilhado pela Vovó Cymodócea, naquela noite se transformou em som dedilhado por um competente DJ (sinal dos tempos). Ah! ...não faltou a foto, na escadaria... e ...mais uma vez, se ouviu em côro (esganiçado, como sempre...): E ...lá do céu desceu um anjo ..., com um papelzinho na mãão..., o papelzinho assim dizia..., vivaaa, vivaaa... essa uniãão !

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Viva essa união

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a transição do século XX para o XXI, um novo modelo de gestão foi adotado para direcionar a administração, visando não só a preservação do Casarão, o relacionamento com os orgãos municipais e com a população em geral, mas também proporcionar satisfação aos descendentes e seus convidados que usufruem do Casarão: um comitê renovável, ainda composto de representantes da geração que fez a primeira grande reforma, mas também de representantes das novas gerações, indica um representante da administração para ser o gestor econômico-financeiro e outro representante para ser o executor tanto das ações de manutenção, como de novos investimentos, de relacionamento com os herdeiros, com os poderes públicos e com a comunidade local. O comitê recebe sugestões, críticas construtivas e novas demandas sobre os temas relevantes da administração, que são então discutidos, avaliados, selecionados e votados, sob os pontos de vista essenciais de adequação arquitetônica, legal, conveniência do ponto de vista da preservação física, histórica e simbólica do Casarão e, se aprovados, passam a ser incluídos na pauta de planejamento estratégico e priorizados para fins dos indispensáveis estudos de viabilidade econômico-financeira. Tornando-se viáveis, entram no planejamento de execução físico e financeiro, com definição e programação das ações de execução correspondentes.

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Alfredo Malta A maior dificuldade continua a ser a manutenção da mobilização de todos os herdeiros, novas adesões de herdeiros emancipados e a correspondente obtenção de recursos financeiros para a preservação e melhorias do Casarão (serviços de manutenção e investimentos). Embora seja gratificante ver o Eduardo (neto do Prof. Dr. Paulo Andrade de Magalhães Gomes, o Tio Paulo), a Vanessa, o Paulinho e o Francis, depois o Christian e a Cristina(netos do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes, o Vovô Fernando), ao lado do Luiz Eloy, do Carlos Vital, da Eloíza, da Cleusa, e demais participantes, discutirem com entusiasmo, a forma de manter vivo o sonho dos pioneiros, a cada dia mostra-se urgente instituir uma função dentro do comitê, que assegure a preservação da identidade estética arquitetônica e histórica do Casarão, pois até que a maioria conheça e se concientize do valor histórico do prédio e do conteúdo ali preservado, muita descaracterização, adulteração, perda e desfiguração tem continuado a ocorrer, por desconhecimento e até por indiferença de alguns poucos. Ainda que não seja possível restabelecer a sua total originalidade, é mister que se adote uma gestão mais preocupada com a preservação e com postura mais profissional, para que se evite os desmandos do imediatismo inconseqüente, que no passado já causou estragos irrecuperáveis, ajudando assim àqueles que vierem a se tornar, de tempos em tempos, responsáveis pela contratação, especificação e fiscalização dos serviços de manutenção e conservação, evitar incorrerem na descaracterização aleatória e chocante, resultante do amadorismo e de gostos pessoais incompatíveis com a importância histórica do Casarão e com o necessário espírito de preservação cultural da memória da cidade. A mesma preocupação deve existir com relação às chamadas obras de investimento que, embora inevitáveis para manter a funcionalidade e o conforto da propriedade, não podem resultar na sua total desfiguração. Assim, é fundamental criar uma função de Consultoria de Preservação Visual e Funcional, a ser ocupada por um ou mais dos Arquitetos, entretanto profissionais com a indispensável disponibilidade e interesse para se familiarizar com os planos, processos e metodologias de construção da época, que sejam capazes de conjugar as soluções de funcionalidade, dentro de harmonia estética que um Casarão, hoje na casa dos 250 anos de idade, exige: afinal ele já não pertence

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo só a nós mas, à história da cidade de Sítio (atual Antônio Carlos), à de Minas Gerais e à do Brasil, o que aumenta em muito, a responsabilidade de todos na sua preservação. É chegado, então, o tempo de nos inspirarmos na Vovó Cymodócea, que embora sob uma perspectiva diferente na sua época, foi pioneira em compreender a importância do papel do Casarão, não só na vida dos descendentes de seus pais, mas também na história de Sítio e cultura da comunidade local, na certeza de que ao transferir esse legado aos seus descendentes, estaria também preservando a história da cidade que seus pais tanto se empenharam em criar e desenvolver. A percepção de D. Cymodócea não é apenas inspiradora para todos nós, mais do que isso, ela é o esclarecimento de que não somos apenas herdeiros e que não podemos abrir mão da responsabilidade de preservar o Casarão. Alguns descendentes poderão pensar de maneira simplista que, se não participarem do esforço de preservação do Casarão, além de não gastarem dinheiro com as mensalidades, estarão imunes às consequências que a insensibilidade e o abandono certamente provocarão, mas se enganam : a realidade pode ser diferente para cada um de nós e podemos voltar as costas para a preservação do Casarão, mas há um aspecto que nos é comum e exige igual participação de todos, façam ou não, parte do grupo que mantém e administra a propriedade - é a responsibilidade moral e, maior do que esta, a responsabilidade civil - sim, há o aspecto legal a considerar. Voltar as costas para o esforço de preservação do Casarão é voltar as costas para os antepassados que nos transferiram esse legado com muito amor, à custa de muito esforço e determinação, mais do que isso, é se omitir como cidadão, é abandonar os demais que aderiram ao esforço de preservação é, enfim, tentar voltar as costas para a história. Continuaremos, de um jeito ou de outro, a viver a história de cada um, mas, se pensarmos que para manter vivo esse sonho e colocar em prática essa realidade, basta frequentar o Casarão, ali conviver bons momentos com outras pessoas, sejam parentes ou amigos, ou amigos dos amigos e contribuir com tão pouco para a manutenção e preservação de um personagem tão importante para os descendentes, tão emblemático para a sociedade local, tão simbólico para a história da cidade, de Minas Gerais e do Brasil, então é quase obrigató-

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Alfredo Malta rio reconhecer que é mais fácil e inteligente participar, porque é disso que se alimenta o sonho de Manoel Carlos Preira de Andrade e de D. Anna Dulcelina de Andrade e foi por esse sonho que D. Cymodócea assumiu a responsabilidade de resgatar a alma da Fazenda Andrade - o Casarão. Ao envolver os filhos na tarefa de gerar os recursos necessários para pagar a hipoteca que recaiu sobre a propriedade, D. Cymodócea na verdade, passava à nova geração seguinte da sua época, o bastão que impediria os sonhos dos pioneiros se desfazerem junto com as finanças, como que se incumbisse uma geração de mostrar à geração seguinte, que mais importante do que o poder econômico que surgiu da obra, são os sonhos que a antecederam e que a engrandeceram e lhe deram significado: porque com sonhos, boa vontade, trabalho e perseverança, é possível escolher de qual história queremos fazer parte. Quando tomou sua decisão, D. Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes, certamente não esperou como retribuição ao seu gesto, os dividendos da “Anonyma”, que então já ia se desmantelando financeiramente, nem tampouco se limitou, a querer salvar a materialidade da obra dos seus pais ou a grandiosidade da antiga Fazenda Andrade, mas, a simbologia, afinal, o Casarão hoje é muito mais do que uma casa ou séde de uma chácara. D. Cymodócea quis sim, assegurar que as idéias ali concebidas, cultivadas e acalentadas pelos sonhos do Major Neca Andrade, da sua esposa D. Anna Dulcelina e da mãe desta, D. Anna Joaquina, se estendam, como bênçãos, aos seus filhos e aos filhos dos seus filhos e aos filhos dos seus netos e aos filhos de todas as próximas gerações, na esperança de que essas bençãos possam proteger e incentivar também aos sitienses (atualmente seriam os Antôniocarlenses). Ela soube avaliar a dimensão da obra dos seus pais e teve a visão da importância que essa obra teria para as gerações que a sucederiam e foi generosa, ainda que austera, pois planejou repartir com seus irmãos, filhos e descendentes e conterrâneos, o privilégio para também desfrutarem, não só do prazer renovado de viver no Casarão, ainda que por alguns dias, mas do espírito e a própria obra do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina, através da preservação do único e mais importante ativo remanescente das empresas criadas por eles, mas cujo real valor, ainda que material, não pode ser avaliado

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo em moeda, por ser intangível: a sede onde conceberam os seus sonhos e celebraram a vida - o Casarão, onde o versinho cantarolado pela Vovó Anninha, foi entoado tantas vezes e por mais de uma geração... E ... lá do céu desceu um anjo..., com um papelzinho na mãão..., o papelzinho assim dizia..., vivaaa, vivaaa... essa uniãão !

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Mensagem final ao povo de Sítio (Antônio Carlos)

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lema de Manoel Carlos Pereira de Andrade (o Major Neca Andrade) e de sua esposa D. Anna Dulcelina Machado de Andrade (D. Aninha) era “Olhos no futuro, pés no presente e mãos à obra”. “Olhos no futuro” é sonhar, ter um objetivo, é eleger um foco, é escolher um caminho. “Pés no presente” é entender o passado, reconhecer os erros e aprender com os acertos. “Mãos à obra” é pôr em prática, construir, trabalhar, fazer acontecer. O Caminho Novo pode ser um novo caminho, também para o Sítio da Borda do Campo (atual Antônio Carlos, MG), pois o conhecimento, a preservação, o cultivo e a divulgação sobre os verdadeiros protagonistas da sua história, além do exemplo, poderá inspirar novas iniciativas sociais, novos eventos culturais e novas atividades econômicas que venham a se multiplicar em outras ações indutoras e recolocar a comunidade na rota do desenvolvimento e, o município, no mapa do turismo histórico brasileiro. “Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida.” Lao Tsé * * (Lao Tsé foi um importante filósofo da China antiga. Conhecido como autor do Tao Te Ching, obra basilar da filosofia taoísta. Nasceu em Guo Yang, província de Na Hue, China, em 604 a.C.)

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Genealogia, perfĂ­s e descendĂŞncias A seguir constam a genealogia e o delineamento de perfis dos descendentes de Manoel Carlos Pereira de Andrade e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, organizados conforme os casais formados a partir dos seus filhos.

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Eudoro Lasthenes de Andrade e Aurelina Duffles Teixeira................................................187 Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes e José Coelho de Magalhães Gomes...................................192 Paulo Andrade de Magalhães Gomes e Francisca Oliveira de Magalhães Gomes........................194 Cícero Andrade Magalhães Gomes e Iracema Duffles Teixeira Magalhães Gomes..................198 Fernando Andrade Magalhães Gomes e Rachel Noce Magalhães Gomes......................................200 Vinicio Noce de Magalhães Gomes e Oliva Virginia Gonzaga Magalhães Gomes...................211 Lygia Magalhães Machado e Geraldo Machado...........................................................215 Lucy Maria Noce Magalhães de Paulo Maciel e Carlos Maurício de Paulo Maciel...................................220 Marcos Fernando Magalhães Gomes e Nice Miranda Magalhães................................................223 184 Livro Casarao.indd 184

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Carlos Vital De Magalhães Gomes e Lucardiz de Medeiros Magalhães Gomes.......................226 Eloíza Raquel Magalhães de Almeida e Luiz Eloy de Almeida......................................................229 Fabio Noce Magalhães Gomes e Elizabeth Magalhães Gomes...........................................232 Carlos Alberto Noce Magalhães Gomes e Cleise de Castro Magalhães Gomes................................236 Cleusa Magalhães Gonçalves e Alfredo Malta Gonçalves................................................238 Clovis Andrade de Magalhães Gomes e Amélia Pereira Magalhães Gomes..................................244 Maurilo Andrade de Magalhães Gomes e Guiomar Correia Magalhães Gomes.............................247 Mário Baptista de Andrade e Elvira Duval de Andrade................................................259 Pompéia Noêmia Andrade Leite Magalhães Gomes e Geraldo Leite Magalhães Gomes....................................262 185 Livro Casarao.indd 185

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Edméia Iracema Andrade Duffles Teixeira da Costa e Thomaz Duffles da Costa Teixeira.................................271 Pompeu de Andrade e Marianna Duffles de Andrade........................................280 Octávio de Andrade e Anita Dutra de Andrade.................................................284 Edmundo de Andrade e Djanira Soares Andrade.................................................285 Guiomar de Andrade e Carlos Tomaz Magalhães Gomes...................................286 Dagmar de Andrade Duffles e Pio de Camargo Duffles..................................................294 Antonina Marchetti Maciel e Joaquim Soares Maciel....................................................297 Nas páginas seguintes, as descendências de cada um dos filhos do casal Anna Dulcelina Machado de Andrade e Manoel Carlos Pereira de Andrade, incluindo até o mais recente de seus descendentes, identificado pelo autor, além de uma exceção: a descendência do casal Antonina Marchetti Maciel e Joaquim Maciel, pais do Carl’s Paulo, que foram amigos e companhia constante de D. Cymodócea, nas férias passadas em Sítio.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Eudoro Lasthenes de Andrade e Aurelina Duffles Teixeira de Andrade Eudoro Lasthenes de Andrade nasceu na Fazenda do Registro Velho, em Sítio-MG (atual Antônio Carlos), em 1866, filho de Manoel Carlos Pereira de Andrade (o Major Neca Andrade) e de D.Anna Dulcelina Machado de Andrade; casou-se com Aurelina Duffles Teixeira (neta do empreiteiro Thomaz Duffles, que construiu a Estrada de Ferro Pedro II). Eudoro e Aurelina tiveram os seguintes filhos (netos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Mário Duffles Teixeira de Andrade nasceu em Sítio (atual Antônio Carlos) em 1890, formou-se Engenheiro na Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto e após se casar adquiriu uma casa em Sá Fortes (distrito de Sítio) onde residia com a esposa Maria do Carmo e os filhos. Como Mário Duffles faleceu prematuramente aos 33 anos e, pouco tempo depois, também a pequena Marília, Maria do Carmo, que era Professora, decidiu lecionar e consolidar a criação da Escola Normal de Curvelo-MG, para onde se mudou com os dois filhos. Anos depois, transferiu-se para Belo Horizonte, onde integrou o corpo docente do Instituto de Educação de Minas Gerais e onde viria a fazer parte do grupo que criou a PUC-MG, inicialmente instalada no Palacete Dantas, próximo à Praça da Liberdade. • Antonieta Duffles Teixeira de Andrade Amarante (Professora), foi casada com Antônio José Amarante Neto (Engenheiro), com quem teve um filho: Antônio José. Após ficar viúva, casou-se com o então também viúvo, Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, o Marechal Lott. (Até a edição deste livro o autor não conseguiu outros dados e nem contato com representante desta descendência). • Jorge Duffles Teixeira de Andrade (Capitão do Exército, falecido em combate durante a revolução de 1932, no Túnel da Mantiqueira), casado com Aurea Amorim de Andrade. (Até a edição deste livro o autor não conseguiu outros dados e nem contato com representante desta descendência).

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Alfredo Malta São netos de Aurelina e Eudoro (bisnetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade e sobrinhos-netos de D.Cymodócea): • Marina Duffles Andrade Almeida Neves, nascida em Sá Fortes (distrito de Sítio, atual Antônio Carlos-MG), a 29/12/1925, é uma das pioneiras do curso de Biblioteconomia, tornando-se Bibliotecária da Escola de Engenharia da UFMG. Foi casada com Antônio Almeida Neves, Engenheiro Calculista e Construtor, com quem teve cinco filhos. Marina é filha de Mário Duffles Teixeira de Andrade e de Maria do Carmo Duffles Teixeira de Andrade. • Márcio Figueiredo Duffles Andrade, médico pela UFMG, nascido em Ouro Preto, a 09/10/1924, foi casado com Luiza Gertrudes Duffles Andrade, e tiveram dois filhos. Márcio vivia nos EUA, onde Luiza continua residente. Márcio era filho de Mário Duffles Teixeira de Andrade e de Maria do Carmo Figueiredo Duffles Andrade. • Antônio José Teixeira de Andrade Amarante, nasceu em.......................a .../..../......., é empresário e reside no estado do Rio de Janeiro. Antônio José é filho de Antonieta Duffles Teixeira de Andrade Amarante e de Antônio José Amarante Neto. Foi protagonista da foto e da famosa frase proferida por D. Anna Joaquina de Andrade Machado, a “Vovó Cota”: “Meu neto, dê cá seu neto!” • Neila Duffles Andrade Donato, nasceu em.......................a .../..../......., falecida em 2014, foi casada com o empresário Jorge Donato, também já falecido, com quem teve quatro filhos: Marly, Jorginho, Monica e Marta. Era filha de Jorge Duffles Teixeira de Andrade (o “Capitão Jorge Duffles”) e de Aurea Amorim de Andrade. • Marly Duffles Andrade nasceu em.......................a .../..../......., é casada com Geraldo e reside no Rio de Janeiro-RJ. Marly é filha de Jorge Duffles Teixeira de Andrade (o “Capitão Jorge Duffles”) e de Aurea Amorim de Andrade • Mário Sidney Duffles Andrade nasceu em.......................a .../..../...... . Mário é filho de Jorge Duffles Teixeira de Andrade (o “Capitão Jorge Duffles”) e de Aurea Amorim de Andrade.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Luís Carlos Duffles Andrade nasceu em.......................a .../..../....... . Luís Carlos é filho de Jorge Duffles Teixeira de Andrade (o “Capitão Jorge Duffles”) e de Aurea Amorim de Andrade. São bisnetos de Aurelina e Eudoro (trinetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade e sobrinhos-bisnetos de D.Cymodócea): • Mário Augusto Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 26/09/1956, é Engenheiro Civil, casado com Liggiane Luchesi, é filho de Marina e Antônio Almeida Neves. • Fernando Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 20/11/1957, é Engenheiro Metalúrgico, casado com Kátia Alvarenga, filho de Marina e Antônio Almeida Neves. • Tarcísio Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 25/12/1958, é Engenheiro Eletricista, residente em Florianópolis, Santa Cararina, foi casado em primeiras núpcias com Letícia Valadares e em segundas núpcias com Patrícia Coutinho. Tarcísio é filho de Marina e Antônio Almeida Neves. • Marília Teixeira Duffles Andrade, nascida em Belo Horizonte a 06/02/1958, é casada com Mark Dunkerley e residem em WashingtonDC, nos EUA. Marília é filha de Márcio Figueiredo Duffles Andrade e Luiza Gertrudes Duffles Andrade. • Márcio Christopher Duffles, nascido em 12/10/1960, é Engenheiro Aeronáutico, residente em Washington-DC, nos EUA; foi casado em primeiras núpcias com Debbie Clark Duffles, com quem teve o filho Trevor Kyle Duffles e em segundas núpcias com Tracey Weisler Duffles, com quem teve o filho Jacob Michael Duffles. Márcio Christopher é filho de Márcio Figueiredo Duffles Andrade e Luiza Gertrudes Duffles Andrade. • Ana Lúcia Andrade Neves, nascida em Belo Horizonte-MG a 03/01/1961, é Economista e atualmente cursa Direito, casada com José Vinicius Chucre Dias, é filha de Marina e Antônio Almeida Neves.

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Alfredo Malta • Gustavo Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 14/01/1966, é Economista, residente em João Pessoa, Paraíba; foi casado em primeiras núpcias com Tania Quaresma, com quem teve a filha Bárbara Quaresma Andrade Neves e em segundas núpcias com Adriana Bagno Alves Pinto. Gustavo é filho de Marina e Antônio Almeida Neves. São trinetos de Aurelina e Eudoro (tetranetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade e sobrinhos-trinetos de D.Cymodócea): • Carolina Andrade Neves, nascida em Belo Horizonte-MG a 06/10/1988, é Advogada e atualmente cursa Arquitetura. Carolina é filha de Fernando Andrade Neves e Kátia Alvarenga. • Thiago Valladares Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 12/02/1987, é Engenheiro Eletricista e é filho de Tarcísio de Andrade Neves e Letícia Valadares. • Fernanda Valladares Andrade Neves, nascida em Belo Horizonte -MG a 10/08/1992, cursa Direito e é filha de Tarcísio Andrade Neves e Letícia Valladares. • Bárbara Andrade Neves, nascida em Belo Horizonte-MG a 07/12/1989, era estudante de Relações Públicas quando faleceu, prematuramente e tragicamente, em 23/05/2012, aos 22 anos. Bárbara era filha de Gustavo Andrade Neves e Tânia Quaresma. • Rafael Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 28/11/1992, cursa Engenharia de Controle e Automação e é filho de Fernando Andrade Neves e Kátia Alvarenga. • Felipe Andrade Neves Dias, nascido em Belo Horizonte-MG a 30/03/1995, cursa Engenharia de Produção, é filho de Ana Lúcia Andrade Neves e José Vinicius Chucre Dias. • Trevor Kyle Duffles, nascido em Washington-DC, nos EUA, a 27/02/1991, é formado em Business Administration e é filho de Márcio Cristopher Duffles Andrade e Debbie Clark Duffles.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Jacob Michael Duffles, nascido em Washington-DC, nos EUA, a 07/08/2001, cursa High School e é filho de Márcio Duffles e Tracy Weisler Duffles. • Pedro Coutinho Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 05/08/2011, é filho de Tarcísio Andrade Neves e Patrícia Coutinho. • Júlia Bagno Alves Pinto Andrade Neves, nascida no Rio de Janeiro-RJ a 08/01/2007, é filha de Gustavo Andrade Neves e Adriana Bagno Alves Pinto. • Lucas Luchesi Andrade Neves, nascido em Belo Horizonte-MG a 26/12/2012, é filho de Mário Augusto Andrade Neves e Liggiane Luchesi.

Situação deste ramo familiar registrada em: 14/04/2015 Pessoa de contato com este ramo familiar: Ana Lúcia Andrade Neves Telefone: (31)3287-0341 ; Celular: (31) 8758-0215 E-mail: ana.lucianeves@globo.com Endereço: rua Caraça, no. 664 – Apto. 300 Bairro: Serra – Belo Horizonte-MG CEP 30220-260

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Descendência do casal Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes e José Coelho de Magalhães Gomes Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes nasceu na Fazenda do Registro Velho, em Sítio-MG (atual Antônio Carlos), a 2 de Junho de 1867, filha do casal Manoel Carlos Pereira de Andrade, o Major Neca, e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade, a Vovó Ninha. Em 1892, Cymodócea se casa com o Dr. José Coelho de Magalhães Gomes (conhecido no seio da família como Jujuca), formado Bacharel em Direito, pela lendária Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, nascido a 21 de Julho de 1863, da mesma família ouropretana de dois outros genros do Major Neca Andrade (Geraldo, Advogado casado com Pompéia e Carlos Tomaz, Engenheiro casado com Guiomar). Dr. José Coelho (o Vovô Juca) fora designado juiz, para atuar na nova capital de Minas Gerais e o casal foi morar em Belo Horizonte; entretanto, em 1921 ele faleceu, após um período de enfermidade. Cymodócea e José Coelho tiveram os seguintes filhos (netos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Paulo Andrade de Magalhães Gomes (Engenheiro, Professor da Escola de Minas de Ouro Preto), casado com Francisca de Oliveira Magalhães Gomes (1ª mulher Bacharel Farmacêutica e odontóloga em Minas Gerais). • Cícero Andrade de Magalhães Gomes (Engenheiro do DNER), casado com Iracema Duffles Teixeira Magalhães Gomes (Professora), sua prima-irmã. • Fábio Andrade de Magalhães Gomes, falecido na infância. • Fernando Andrade de Magalhães Gomes (Médico Pediatra, autor de livros especializados), casado com Rachel Noce Magalhães Gomes.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Maurilo Andrade de Magalhães Gomes (Médico e Fazendeiro), casado com Guiomar Corrêa Magalhães Gomes. • Clovis Andrade de Magalhães Gomes (General do Exército e Oficial de Gabinete do Ministério da Guerra), casado com Amélia Pereira Magalhães Gomes (Professora), em primeiras núpcias, e com Leonídia Pereira, em segundas núpcias.

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Descendência do casal Paulo Andrade de Magalhães Gomes e Francisca Oliveira de Magalhães Gomes Paulo Andrade de Magalhães Gomes, primogênito do casal Cymodócea e José Coelho de Magalhães Gomes, (Vovô Juca ou Jujuca, na intimidade), nasceu em Ouro Preto-MG, a 16/03/1896 onde seus pais residiam. Com a transferência do governo do Estado de Minas Gerais para Belo Horizonte - em 1987 - seu pai, Advogado do Tribunal da Relação (hoje Tribunal de Justiça) também foi transferido para a nova capital, levando consigo a família, que se instalou em uma casa da rua Ceará - no bairro Funcionários - onde Paulo viveu até matricular-se na Escola de Minas de Ouro Preto. Nessa escola, hoje vinculada à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), diplomou-se como Engenheiro Civil e de Minas, em 21/07/1921. Iniciou sua carreira profissional como Engenheiro da “Companhia Locativa e Construtora”, filial de Niterói-RJ, onde permaneceu entre 1921 e 1926, havendo ainda uma ligeira passagem pela Inspetoria de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais. Em Niterói, teve a companhia de sua mãe Cymodócea, já viúva devido ao falecimento do vovô Jujuca, que ocorrera em 1921. Em 09/10/1926, ingressou na Escola de Minas de Ouro Preto como Secretário, em 1931 passou a Bibliotecário e em seguida prestou concurso para uma cátedra nessa escola. Em 2 de março de 1936, foi nomeado Professor Catedrático da referida escola, lecionando na cadeira de Desenho Técnico e ao longo de sua carreira acadêmica, como membro da congregação da célebre Escola de Minas, sempre adotou uma postura de independência e mantinha relação de cordialidade com os alunos, o que lhe granjeou admiração e afeto por parte de seus discípulos. Apesar da aposentadoria compulsória da cátedra em 1964, por idade, manteve-se em atividade como professor contratado do curso de geologia, onde chefiou ainda o Serviço de Anais e Apostilas, sendo coautor e principal responsável pelas edições de 1966 e, em 1976, do livro comemorativo do centenário da Escola de Minas; sua carteira profissional, nesta fase da vida, é registrada como “escritor”. Na Escola de Minas, Dr. Paulo ocupou ainda várias outras posições de liderança, tanto à frente da Casa do Estudante de Ouro Pre-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo to, quanto como Secretário, por décadas, da Associação dos Antigos Alunos da Escola de Minas (A3EM). Em 1981, aos 85 anos de idade, pediu exoneração por motivo de saúde. Embora tenha usufruído da fase de esplendor da Fazenda Andrade, em companhia de primos, primas, amigos e amigas da família, que lá se reuniam para passar férias na adolescência, a Paulo e ao seu irmão Cícero coube o pesado encargo de administrar a recuperação da hipoteca que recaíra sobre a propriedade da família de sua mãe. Devido a esse episódio, que hoje lembramos com profundo respeito, admiração e sentimento de gratidão pela abnegação e pelo senso de profundo amor filial e fraternal, Dr. Paulo teve que postergar a data do desejado casamento com D. Francisca Oliveira de Magalhães Gomes, que veio a ocorrer em 02/03/1930. Mesmo tendo cumprido essa tarefa, Dr. Paulo continuou a ajudar D. Cymodócea na administração da fazenda e prosseguiu, mesmo após a morte de sua mãe, administrando a propriedade familiar até o final dos anos 70 do século 20, como evidencia o registro de uma escritura de compra e venda de propriedade em Sítio e que consta no cartório de registro de imóveis de Barbacena, com a data de 17 de Agosto de 1978. Dr. Paulo faleceu em 09 de Março de 1983. Sua esposa, Tia Chiquita, como era carinhosamente conhecida no seio da família, nasceu em São João d’El Rey-MG a 10/09/1892. Era filha do casal João Paulo de Oliveira Carvalho e Maria José Fiusa da Rocha Oliveira: ele militar, Major do Exercito, e ela professora de altos méritos ao tempo em que Ouro Preto era a capital. Sua meninice, por longos 15 anos cheios de lembranças, foi passada no Rio Grande do Sul, em cidades fronteiriças com Uruguai, onde seu pai prestava serviços. Tia Chiquita diplomou-se em odontologia no ano de 1915, em antigo curso mantido pela Escola de Farmácia de Ouro Preto. Prosseguindo os estudos, bacharelou-se com distinção como Farmacêutica - em 1921, pela mesma escola, no mesmo ano em que seu futuro esposo, Paulo, também se diplomava em engenharia civil e de minas. Exerceu atividade profissional juntando-se à sua irmã Ester, proprietária da Farmácia Ouropretana, até seu casamento com Paulo, em 02/03/1930, em Ouro Preto-MG. Tia Chiquita era conhecida pela boa prosa e pela extraordinária memória, inclusive socorrendo os filhos ao “cantar”, de cor, os pesos atômicos dos elemen-

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Alfredo Malta tos da Tabela Periódica para seus deveres escolares de química. Após uma vida profícua, Tia Chiquita faleceu em 20/02/1987. Paulo e Chiquita tiveram os seguintes filhos (netos de D. Cymodócea e bisnetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Celso Oliveira Magalhães Gomes, nascido em Ouro Preto-MG, a 09/06/1932, formado em Engenharia – turma de 1958, casado com Ilma de Menezes Granha Magalhães Gomes, natural de Conselheiro Lafaiete-MG, nascida em 13/03/1939. Celso faleceu em 2011. • Elza Maria Magalhães Gomes, nascida em Ouro Preto-MG, a 13/04/1934, Farmacêutica formada em 1956. • Lúcia Oliveira Magalhães Gomes, nascida em Ouro Preto-MG, a 30/03/1936. São netos de Paulo e Chiquita (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e D. Anna Dulcelina): • Flávia Granha Magalhães Gomes Jardim, nascida em Conselheiro Lafaiete-MG, a 07/11/1963, filha do casal Celso e Ilma. É Professora de Inglês e formada em Administração - Comercio Exterior. Flávia casouse em 28/04/1984, com Thomaz Neto Jardim, empresário. • Renata Granha Magalhães Gomes, nascida em Conselheiro Lafaiete -MG, a 26/12/1964, filha do casal Celso e Ilma. É empresária e decoradora. • Eduardo Granha Magalhães Gomes, nascido em Conselheiro Lafaiete-MG, em 27/10/1969, filho do casal Celso e Ilma. Eduardo graduou-se em Engenharia, Administração e é Mestre em Administração Pública.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo São bisnetos de Paulo e Chiquita (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Thiago, nascido em Belo Horizonte, a 19/11/1984, filho do casal Flávia e Thomaz Jardim. • Carolina, nascida em Belo Horizonte, a 16/04/1986, filha do casal Flávia e Thomaz Jardim. • Amanda, nascida em Belo Horizonte, a 24/12/1995, filha de Renata e Renato Silva.

Situação deste ramo familiar registrada em 24/07/2014 Pessoa para contato com este ramo familiar: Renata Granha Magalhães Gomes Fone: (31) 3223-1766 / Celular:(31) 8618-9739 E-mail: renata@renatagranha.com.br Endereço: Rua Antônio de Albuquerque, 315 – Apto. 1302 Bairro: Funcionários – Belo Horizonte-MG CEP 30.112-010

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Descendência do casal Cícero Andrade de Magalhães Gomes e Iracema Duffles Teixeira Magalhães Gomes Cícero Andrade de Magalhães Gomes, segundo filho do casal Cymodócea e José Coelho de Magalhães Gomes (Jujuca), nasceu em Ouro Preto-MG a 12/04/1898, onde seus pais residiam. Com a transferência do governo do Estado de Minas Gerais para Belo Horizonte - em 1987 - seu pai, Advogado do Tribunal da Relação (hoje Tribunal de Justiça) também foi transferido para a nova capital, levando consigo a família, que se instalou em uma casa, na rua Ceará - no bairro Funcionários. Após o falecimento de seu pai em 1921, muda-se com a mãe, D. Cymodócea, para Niteroi - RJ, convivendo por períodos com seus irmãos Paulo, Fernando, Maurilo e Clóvis (à época os três últimos eram ainda meninos). Cícero cursou a Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto, hoje vinculada à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), diplomando-se como Engenheiro Civil e de Minas. Iniciou sua carreira profissional na construção de estradas, atividade que o levou a constantes deslocamentos pelo interior do Brasil, em especial interior do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais como Engenheiro do DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – sediado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, pelo qual se aposentou. Embora também tenha usufruído da fase de esplendor da Fazenda Andrade, em companhia de seu irmão Paulo, primos, primas, amigos e amigas da família, que lá se reuniam para passar férias na adolescência, dividiu com Paulo o pesado encargo de arcar com a recuperação da hipoteca que recaíra sobre a propriedade da família de sua mãe. A lembrança que temos dêle é a de um homem doce, de jeito tímido e quieto, sempre com um sorriso maroto nos lábios, a compor a expressão de eterno menino, mas devemos lembrar dêle também como homem forte e determinado, alvo de profunda admiração, respeito e sentimento de gratidão por parte de todos nós, pois afinal, foi com o concurso da sua abnegação e de seu igual senso de amor filial e fraternal, que D. Cymodócea e seu irmão Paulo contaram para a difícil tarefa de salvar o CASARÃO, as terras da Fazenda Andrade, que então restavam, e ainda, de educar os irmãos mais novos.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Cumprida essa tarefa, Dr. Cícero continuou a assistir D. Cymodócea, no verdadeiro rodízio residencial que ela adotou, após ter seus filhos encaminhados na vida, ao alternar temporadas na casa da família em Sítio, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, nas casas de seus filhos e sobrinhos. Durante anos, Cícero permaneceu solteiro, como que à espera de ser revogada a proibição de sua avó Anna Dulcelina sobre casamentos entre primos e, anos após a morte desta, realizou seu sonho de uma vida inteira: casar-se com sua prima-irmã Iracema Duffles de Andrade. Morando no Rio de Janeiro, os dois viveram felizes por muitos anos, mas o casal não teve filhos, talvez reprimido pela severa preocupação de sua avó Anna Dulcelina. Tio Cícero faleceu em seu apartamento do Largo de São Francisco, no Rio de Janeiro, deixando viúva aquela que foi a paixão de sua vida - a também doce Tia Iracema - que o sobreviveu por mais alguns anos. Deles, as melhores lembranças; a eles também, a nossa admiração.

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Descendência do casal Fernando Andrade de Magalhães Gomes e Rachel Noce Magalhães Gomes Fernando Andrade de Magalhães Gomes, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, a 8 de Setembro de 1902, filho do Dr. José Coelho Magalhães Gomes, Advogado pela Faculdade do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo e 1º secretário do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, instalado inicialmente em Ouro Preto e depois em Belo Horizonte, e de D. Cymodócea Andrade Magalhães Gomes, herdeira da Fazenda de Sant’Anna de Sítio (situada na atual cidade de Antônio Carlos). Dr. Fernando iniciou seus estudos na Escola Estadual Afonso Pena, em Belo Horizonte, onde se formou no ciclo primário em 1914; cursou o ciclo ginasial secundário no Colégio Mineiro (à epoca, localizado na Av. Augusto de Lima, no Barro Preto e atualmente em Lourdes, hoje conhecido como Colégio Estadual de Minas Gerais), onde se formou em 1919, época em que foi contemporâneo de diversas personalidades da vida acadêmica, política e pública de Minas Gerais e do Brasil, tais como Gustavo Capanema, Carlos Drummond de Andrade e Afonso Arinos de Melo Franco. Não se sabe se por influência da carreira bem sucedida do seu avô, Dr. Carlos Thomaz Magalhães Gomes, que foi Médico em Ouro Preto, ou por este receber como pagamento de seus honorários, além de ovos e galinhas, também doces diversos, ou ainda, se pela vocação própria que já se manifestava, desde cedo o menino Fernando demonstrou interesse pelas lides da medicina e pelo futebol, então esporte recem chegado ao país e praticado à sua época de forma amadora, pelos jovens da elite. Assim, até 1920, fez parte do time principal do Clube Atlético Mineiro, na posição de “center half ”, formando ao lado de Lourival, Godin, Coutinho, Furtadinho, Antunes, Dequinho, Quetinho, Papaísca, Moretzsohn, Mário Lott e Ernani Negrão, considerada por muitos anos e até hoje , como uma equipe de craques não só de futebol, mas de destacados intelectuais. Um parêntesis para uma curiosidade sobre sua fase de futebolista: o jovem Fernando era míope (como o foi ao longo de sua vida adulta), precisava de óculos para poder jogar e os amarrava à cabeça com barbante, o que certa-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo mente era um perigo, já que naquela época as lentes dos óculos eram de cristal e, se quebradas durante uma jogada mais afoita, poderiam causar ferimentos perigosos no jovem futebolista; isso causava enorme preocupação à família e foi a razão de ter deixado os campos de futebol, alguns anos depois. Voltando ao seu interesse pela medicina, Fernando perseguiu o seu sonho e, embora tenha iniciado sua formação acadêmica em Belo Horizonte, graduou-se Médico pela Faculdade Nacional de Medicina em 1925 (quando contava 23 anos), no Rio de Janeiro. Após o regresso a Belo Horizonte, conheceu a bela jovem Rachel Noce, filha do casal italiano Caetano Noce e Dona Rosina Rizzo Noce e, por ironia desportiva, também irmã de dois fundadores do Palestra Itália (atual Cruzeiro Esporte Clube, entre cujos fundadores estavam seus irmãos Aurélio e Alberto Noce) e, após um recatado namoro em que não faltaram cartas apaixonadas, pediu-a em casamento. Em dia de jogo era um suplício para a jovem noiva: em meio à torcida do Palestra Itália, torcia para o noivo atleticano (mas sempre foi cruzeirense no coração). Fernando e Rachel se casaram em 16 de Dezembro de 1926 e tiveram 9 filhos : Vinício, Lygia, Lucy, Marcos Fernando, Carlos Vital, Eloíza, Fábio, Carlos Alberto e Cleusa. Além do esporte, desde a juventude Fernando manifestou interesse pela literatura, pelos concertos e pela música clássica, especialmente por Beethoven, que com o decorrer dos anos, passou a ouvir diariamente. Eventualmente, sentava-se ao piano para arremedar marchinhas, choros e valsinhas do repertório popular. Em 1926 era Médico do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte que, como até hoje, era sediado no bairro Cruzeiro nos altos da Avenida Afonso Pena, para onde se deslocava diariamente a cavalo, desde o bairro do Carlos Prates, onde passou a residir tão logo se casou, até se mudar em 1935, para a casa que construiu na Av. Bernardo Monteiro nº 414, no bairro Funcionários. Convocado para servir no corpo médico, participa das forças revolucionárias tanto em 1930, quanto em 1932, apesar de não ter formação ou mesmo gosto pelas lides militares. Em meio aos infortúnios da guerra, se dá conta que o tempo em que está vivendo é tumultuado e se multiplica em dramas quotidianos; tanto quanto proliferam as condições insalubres, se multiplicam as neuroses e os desajustamentos.

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Alfredo Malta Como cidadão, embora tenha admirado Getúlio Vargas em sua fase inicial de defensor dos interesses nacionais e promotor de importantes mudanças sociais, como veio a ser a criação da Consolidação das Leis do Trabalho, deixou de apoiá-lo quando dos desvios ditatoriais da época Vargas e, como era um liberal democrata e defensor entusiástico de mudanças pelo poder do voto, percebe com crescente simpatia o aparecimento no cenário político brasileiro da UDN – União Democrática Nacional. Da mesma forma, no plano da sua vida religiosa, mesmo sendo um católico praticante e tradicional - de missa, missal e comunhão dominical, viu com entusiasmo a criação do movimento Ação Católica, ainda nos seus primórdios, que pretendia a democratização da prática religiosa, através de uma participação mais intensa nas mudanças da sociedade, permeando os aspectos da política, da cultura e da promoção social. É nessa época que decide pôr em prática seu senso de solidariedade humana de forma efetiva e decide que pelo menos uma parte do seu trabalho em pediatria e mais tarde em psicologia infantil, seriam a título de “pro bono” e doa seu tempo, seu conhecimento, seu calor humano e, ainda que parcos, até mesmo recursos materiais aos menos favorecidos, através da Sociedade Beneficiente São Vicente de Paula, de quem foi incansável colaborador. Como muitos intelectuais da sua época, Dr. Fernando dominava línguas estrangeiras tais como a espanhola, a inglesa, a francesa e mesmo o Latim, que lhe permitiram o acesso a muitos textos originais, fossem eles no campo da medicina ou da literatura em geral. Assim, através da literatura especializada, tomou conhecimento de que nos Estados Unidos da América, a questão da prevenção eugênica e higiene mental da criança, já eram preocupações no campo da medicina desde 1909, como também vieram a ser na França e no Brasil a partir da década de 30, assimila o conceito de que a infância tem sua ordem própria de existência e racionalidade e passa acompanhar as atividades desenvolvidas em Belo Horizonte por um grupo de intelectuais, filantropos e representantes da sociedade, incluindo não só Médicos e Psicólogos, mas também Advogados, Engenheiros, Padres, entre outros, que haviam criado a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Até então, as crianças que apresentavam alguma anomalia no comportamento pareciam aos educadores não serem sadias, porém quando encaminhadas aos Médicos, não revelavam uma doença propriamente dita: como tratá-las? Impunha-se a necessidade de criação de normas de saúde mental e a interpretação do comportamento psico-social específico para a infância e passa a se aprofundar nas experiências realizadas na França, onde à época, foram criadas instituições para cuidar da saúde infantil, voltadas para a psico-pedagogia, tendo como grande inovação o fato de serem derivadas do sistema escolar e não do sistema psiquiátrico tradicional, então voltado apenas para a idade adulta. Acompanha com interesse a fundação em Belo Horizonte, do Instituto Pestalozzi, em 5 de Abril de 1935, órgão oficial da Secretaria da Educação e Saúde Pública de Minas Gerais; o Instituto se constituía do Consultório Médico-Pedagógico, de Classes Especiais e de Oficinas anexas, desenvolvendo também atividades de ensino, estudos e pesquisas sobre a “infância excepcional” e torna-se colaborador do Instituto, tanto como Médico, quanto como Professor. O Dr. Oscar Cirino, Mestre em Filosofia e Preceptor de Residência em Psiquiatria da Infância e Adolescência da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), cita a respeito, em seu livro “O DESCAMINHO DAQUELE QUE CONHECE”, à página 62, um trecho de autoria do Dr. Fernando Magalhães Gomes (então atuando na Pediatria, na Psiquiatra e Psicologia infantis, ligado ao Instituto Pestalozzi): “ Não sei se será otimismo exagerado da nossa parte em esperar muito da Pedagogia, da Higiene Mental e da Eufrenia, nas crianças acometidas de lesões orgânicas, congênitas ou adquiridas. Poderosa é a força da hereditariedade; mas indiscutível é o poder da educação e das ciências afins, criando novas atitudes, moderando a predisposição herdada, solicitando as boas tendências latentes do psiquismo. Mas, se nessas crianças em que é forte a carga de tétrica herança, aprofundamos o nosso inquérito, veremos que, muitas vezes aos pais, aos antepassados cabe toda a responsabilidade dos males que elas sofrem. O álcool, a sífilis, as intoxicações crônicas, os traumatismos, a educação e o ambiente inadequados constituem os fatores determinantes mais freqüentes da infância excepcional.

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Alfredo Malta Se as causas da anormalidade mental, são em grande parte, removíveis, façamos uma intensa campanha de higiene mental e eufrenia, salientando o perigo do álcool e da sífilis, na sua ação degenerativa do indivíduo e degenerizante da raça...” Voltando à carreira do Médico Dr. Fernando, nos anos 40 já é possível perceber que não se contentava em apenas apoiar propostas políticas de mudanças na sociedade e, assim de forma sinérgica, traduz as propostas em especialização da medicina da criança e no desenvolvimento e divulgação da psicologia infantil. É nesse mesmo período que o vemos no hospital da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, praticando a Pediatria na sua mais abrangente definição, como sanitarista, neonatologista, puericultor e verdadeiro mestre na introdução da psiquiatria e psicologia infantis, tornando-se um dos precursores nessas especialidades em Minas Gerais, juntamente com os Professores Dr. João Afonso Moreira, Dr. Berardo Nunan e com os Drs. Paulo Roxo da Motta, Delorne de Carvalho, Abrahão Salomão, Augusto Severo, Antônio Fiúza, Armando Achiles Tenuta e Alcindo Amado Henriques. Em 1945, é indicado Pediatra-Chefe da Fundação Benjamin Guimarães (atual Hospital da Baleia) onde permaneceu contribuindo para o desenvolvimento da Pediatria e da saúde infantil. No mesmo período vai trabalhar com a Dra. Helena Antipoff (18921974), psicóloga de renome internacional, que fora convidada em 1929 para lecionar psicologia educacional na Escola de Aperfeiçoamento, mas que permaneceria o resto de sua vida em Belo Horizonte, passando a fazer parte do seu grupo, através do qual iniciou o atendimento especializado pioneiro para crianças portadoras de deficiências e /ou excepcionalidades (hoje denominadas crianças especiais) e estabelecendo os critérios e padrões que iriam regular o exercício e o desenvolvimento dessa hoje importante vertente da Pediatria. No período de 1925 a 1945, Dr. Fernando publica 28 trabalhos científicos ligados aos temas de Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria e, em Agosto de 1946, publica seu primeiro livro “SEI CRIAR E EDUCAR MEU FILHO” com 358 páginas, editado pela Livraria Inconfidência, em coautoria com o Dr. Clovis Salgado, em cuja 2ª edição contou com a contribuição da Dra. Helena Antipoff.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Em Novembro de 1947, juntamente com os pares da Pediatria citados acima, é um dos fundadores da Sociedade Mineira de Pediatria, sendo escolhido para ser seu primeiro Presidente a partir de 1948. Passa a participar, como representante dessa entidade e por vezes como conferencista, apresentando seus trabalhos em vários seminários e congressos, nos vários estados brasileiros; é nessa fase que Dr. Fernando publica vários outros artigos em revistas especializadas, entre elas a da Associação Médica de Minas Gerais e a da Sociedade Brasileira de Pediatria (da qual também foi sócio efetivo, a partir 1953). Seu segundo livro “FAÇA O SEU FILHO FELIZ”, com 403 páginas, é publicado em 11 de Maio de 1949, pela Editôra José Olympio, abrangendo de forma geral a Puericultura, a Higiene Mental e a Educação Psico-Pedagógica cobrindo desde a fase do nascimento, passando pela idade pré-escolar e até a adolescência. Essa obra, que teria mais duas edições ampliadas e atualizadas, em 1958 e em 1962, foi adotada como livro didático em diversas cidades e instituições educacionais do estado de Minas Gerais: tornou-se um manual obrigatório tanto em cursos da rede oficial (onde Dr. Fernando foi professor nessa matéria), quanto da rede particular e de escolas de medicina. Por esta razão, além do reconhecimento como médico pioneiro e escritor, também recebeu profundo reconhecimento como professor e orientador. Em certo ponto do prefácio da 2ª edição de seu livro, Dr.Fernando sintetiza o que o movia profissionalmente e dá, sem saber, um testemunho sobre o seu estilo e sobre o próprio pioneirismo: “No exercício da profissão de pediatra e psicólogo, cada vez mais se robustece a nossa convicção de que é crescente essa sede de conhecimentos dos pais, por tudo que se refira à criança e ao adolescente. No que diz respeito à Puericultura, a imensa bibliografia nacional atesta o interesse pela saúde corporal de seus filhos, contribuindo para baixar a mortalidade infantil e para decrescer as doenças que acometem a criança de lares alfabetizados. Mas, esses livros geralmente silenciam sobre a saúde mental, podendo dar aos pais a falsa impressão de que não lhes assiste a responsabilidade na formação psíquica de seus filhos.

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Alfredo Malta Mais grave é essa lacuna ao tentarmos para a ignorância de muitos pais nos problemas de educação, pois, se alguns continuam presos à rotina dos métodos tradicionais, incompatíveis com os novos tempos, outros não sabem como se orientar, mal assimilando e pior praticando o que ouviram. E a criança é a primeira a sofrer dessa ignorância e desorientação, apresentando multiformes anomalias de comportamento e quiçá doenças mentais. É verdade que alguns livros de Higiene Mental e Educação já foram publicados, sendo de louvar a ação das clínicas médico-pedagógicas. Força é confessar, porém, que muito pouco se tem feito em benefício da saúde psíquica da criança e, sobretudo, do adolescente. Malgrado o benefício que esses livros de divulgação, ressentem-se quase todos eles de uma visão unilateral. Ora, o homem é um todo, em que se entrelaça intimamente corpo e alma. Não se pode descuidar de um sem afetar o outro. Tão estreitas são essas relações que se pode afirmar que não há doença orgânica sem o componente psíquico e vice-versa. É o pleno domínio da medicina psicossomática, cuja atuação tem sido das mais eficazes no tratamento das enfermidades. Mais do que o adulto, a criança e o adolescente sofrem a carência dos cuidados corporais e psíquicos. Fácil é, pois, concluir a importância do trabalho que visa a prevenir os fatores tanto físicos como mentais das doenças, integrando a criança e o adolescente num todo harmônico – a personalidade. É o que pretende realizar este livro, chamando a atenção de seus leitores para essa noção fundamental de que a criança ou o adolescente é uma personalidade única, complexa, em contínua formação, que merece de ambos os pais cuidados tanto do corpo como da mente, e que os seus filhos só podem crescer sadios num meio harmonioso – a família. A nossa satisfação será total, compensando-nos de todo trabalho realizado na confecção deste livro, se de algum modo contribuir para que

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo os pais possam colimar os dois objetivos – a saúde do corpo e da alma da criança e do adolescente, que se consubstanciam no ideal – fazer o seu filho feliz (do livro “FAÇA SEU FILHO FELIZ”- 2ª edição, páginas 13, 14 e 15 – Editora Itatiaia). Na década de 50, Dr. Fernando torna-se articulista do Jornal “O Estado de Minas” através de coluna especializada em Pediatria e Psicologia Infantil e apresenta programa semanal na TV Itacolomy, sobre os mesmos temas. Ao final dessa mesma década, torna-se mais uma vez um dos pioneiros na Pediatria brasileira, ao criar uma clínica médico-pedagógica em Belo Horizonte, contando com a inestimável participação do Psicólogo Dr. Daniel Antipoff, com quem trabalhou e desenvolveu importante trabalho no campo do que hoje conhecemos por Psicologia Infantil. Embora tenha se aposentado no Hospital da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, na patente de Tenente-Coronel Médico, sua carreira prosseguiu e a par de seus diversos papéis, como médico nos hospitais e clínicas, também atuou como médico de família, através de seu consultório particular e das incansáveis visitas às residências de seus inúmeros clientes na cidade de Belo Horizonte, onde ainda hoje é possível ouvir de seus ex-pequenos pacientes, histórias emocionantes, emolduradas em profunda e sincera gratidão. Até 1963, publicou 54 trabalhos científicos, diversos artigos em jornal, participou de diversos programas televisivos semanais, publicou 2 livros em 5 edições, além de um livro iniciado nos primeiros anos da década de 60 que deixou inacabado à página 54, embora perfeitamente definido e estruturado, intitulado “PAIS PROBLEMA”. Do índice dos capítulos constam os seguintes temas: Parte I – Pais Problema Pais Autoritários - Pais Severos - Pais Tolerantes - Pais Exigentes - Pais Exageradamente Ambiciosos - Pais Ausentes – Pais com Predileções - Pais Ansiosos – Pais-“Coruja” - Pais Excessivamente Responsáveis - Pais Super-protetores – Pais que abandonam os Filhos - Pais Puritanos - Pais Incompatíveis.

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Alfredo Malta Parte II– Familiares Problema Avós Problema – Avós Super Protetores – Avós Intrometidos – Avós com Predileções – Avós Exageradamente Ambiciosos – Avós Severos – Avós Incompatíveis – Avós Puritanos – Tios Problema – Madrinhas, Amas e Primos Problema – Irmãos Problema. Parte III– Educadores Problema Professores Problema – Professores Exigentes – Professores com Predileções – Professores Auto-suficientes – Professores que Incentivam Competições – Professores Sádicos – Professores Moralistas. Parte IV– Crianças Excepcionais Definição – Classificação – Departamento de Assistência e Proteção à Infância Excepcional – Definição de Criança Problema – Inibições – Conflitos emocionais – Ansiedade – Diferenças Individuais – Classificação da Criança Problema – Normas Gerais – Psiconeuroses – Doenças ou Sintomas Orgânicos de Origem Emocional – Crianças Nervosas – Crianças com Deficiências Mentais – Crianças com Conduta Anti-social e Conduta A-social – Clínica de Orientação Infanto-juvenil e Suas Finalidades. Sua carreira se encerra verdadeiramente ao encontrar a outra dimensão, com que se encerra a fase terrena a que todos viemos, em 5 de Julho de 1968. Sua cidade, representada pelo Ilmo. Prefeito Luiz de Sousa Lima, prestoulhe significativa homenagem ao denominar um logradouro do bairro Jaraguá, Rua Dr. Fernando Andrade Magalhães Gomes, com base na lei municipal nº 1 620/69, de 4 de Março de 1969. Em 01 de Agosto de 2005, Dr. Francis Magalhães Gonçalves, Médico Pediatra como o avô, que depois viria a se especilizar em cardiologia, recebeu em nome dos descendentes e das mãos do Dr. José Orleans da Costa, Presidente da AMP, a homenagem póstuma que indicou Dr. Fernando Andrade Magalhães Gomes, como Patrono da Academia Mineira de Pediatria, pela sua contribuição àquela especialidade médica. Em nome dos familiares, Dr. Francis ofereceu ao Presidente da Academia Mineira de Pediatria, encadernações dos livros escritos por seu avô, para constarem do acervo da Academia.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Mas, embora tendo sido um intelectual brilhante, foi como o homem simples que também soube ser pai de 9 filhos, avô de 37 netos e bisavô de 33 bisnetos, que o Dr. Fernando Andrade Magalhães Gomes se realizou no plano pessoal e familiar, sempre com a participação fundamental daquela que, além de sua escolhida, foi companheira leal e incansavelmente dedicada a ele, aos filhos e aos netos: Rachel Noce Magalhães Gomes. Vovó Rachel, ou Vovó “Que-quel” como lembramos com muita saudade dela, cresceu sem a presença da mãe biológica, que faleceu quando Rachel tinha 2 anos de idade, porém foi criada pela irmã Aida (casada com Eugênio), que para ela fez o papel de mãe, além de cercada de cuidados e pelo carinho dos demais irmãos: Aurélio (casado com Branca e depois com Ivone), Alberto (casado com Helena - nossa querida Tia Helena, também de doces memórias), Baptista (casado com Olga), Ermelinda (casada com Buzzachi), Elvira(solteira), estes nascidos na Itália, Alfredo (casado com Nadege) e Humberto (casado com Lourdes). Moça de educação esmerada e muito bonita, Rachel tornou-se Professora de Piano, atividade que desempenhou até casar-se com Fernando. Só quem teve o privilégio de privar no convívio com ela, sabe realmente quem ela foi e como adorava ler livros e de se informar lendo jornais e revistas atualizadas pela manhã e, à noite, não dispensava assistir ao “Jornal Nacional” e à “novela das oito”, sobre os quais comentava no dia seguinte, com entusiasmo. Como não poderia deixar de ser, descendente de italianos como ela era, a Itália era sua segunda pátria (a bem da verdade, a primeira...) e tudo que era italiano, para ela era tido como o que poderia haver de melhor. Era delicada e doce no convívio social, mas enérgica nas lides maternais e de dona de casa; considerava encerradas suas obrigações educacionais tão logo os filhos e filhas casavam, mas sempre acolheu genros e noras como se fossem seus próprios filhos, sem jamais interferir na vida dos casais. Sob tanta discrição, havia uma capacidade inabalável para liderar a família nos momentos difíceis e até hoje, me admiro de sua firmeza para superar, em absoluto silêncio e sob imperceptivel estado de contenção emocional, situações que abalariam até as pessoas mais vividas no enfrentamento das duras realidades com que a vida pode nos surpreender.

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Alfredo Malta Fernando, seus filhos, filhas, genros, noras e até alguns netos, receberam da vida o privilégio, o prazer e o conforto de terem convivido com essa mulher excepcional, cuja importância é muito maior na história da sua família, do que sugere a singela repercussão do seu papel, verbalizada pelos descendentes – eu sempre a admirarei. Fernando e Rachel tiveram os seguintes filhos: • Vinício Noce Magalhães Gomes • Lygia Magalhães Machado • Lucy Maria Magalhães de Paula Maciel • Marcos Fernando Magalhães Gomes • Carlos Vital de Magalhães Gomes • Fábio Noce Magalhães Gomes • Eloíza Raquel Magalhães de Almeida • Carlos Alberto Noce Magalhães Gomes • Cleusa Magalhães Gonçalves Nas páginas seguintes, as descendências de cada um dos filhos do casal Fernando e Rachel.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Vinicio Noce de Magalhães Gomes e Oliva Virginia Gonzaga Magalhães Gomes Vinício Noce de Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte-MG a 06 de Julho de 1928, formou-se em Engenharia Civil, de Minas e Geologia pela Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto, turma de 1955, filho do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes e de D. Rachel Noce Magalhães Gomes, portanto, neto de Cymodócea Andrade e de José Coelho de Magalhães Gomes e bisneto de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade. Vinício desenvolveu sua vida profissional nos quadros da CEMIG – Centrais Energéticas de Minas Gerais, construindo usinas hidroelétricas, algumas muito conhecidas, tais como “Três Marias”, “Camargos”, “Salto Grande”, “Jaguara”, “Nova Ponte”, entre outras, e se aposentou na função de Superintendente de Construção de Usinas e Barragens Hidrelétricas daquela empresa. Casou-se em Belo Horizonte com Oliva Virginia Baeta Neves Gonzaga (que passou a assinar Oliva Virginia Gonzaga Magalhães Gomes), em 25/09/1956. A nossa querida Lolí, nasceu a 09/01/1935 em Belo Horizonte -MG, onde estudou no Colégio Sacré Couer de Marie e é filha do casal Maria Virginia Baeta Neves Gonzaga e Jurandir Navarro Gonzaga. Lolí e Vinício tiveram os seguintes filhos (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos de D.Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): Alexandre Gonzaga Magalhães Gomes nasceu em Belo Horizonte a 05/08/1958, é Engenheiro Metalúrgico, formado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG, turma de 1980 e desenvolveu sua carreira profissional na empresa fabricante de alumínio Alcoa, onde desempenhou diversas funções no Brasil, no Canadá e inclusive em uma unidade localizada na China continental. Atualmente Diretor da Votorantim – Unidade Sorocaba, Brasil. Alexandre é casado com a Dra. Ana Cristina Fernandes de Andrade, natural de Salvador-BA, onde nasceu a 13/05/1962, formou-se Médica Otorrinolaringologista, pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, turma de 1985 e pós-graduou-se em Acupuntura pelo INCISA IMAM, de Belo Horizonte-MG.

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Alfredo Malta Virgínia Magalhães Gomes Kraemer, nascida em Belo Horizonte-MG, a 12/12/1959, é Engenheira Civil, graduada pela PUC-MG, turma de 1983, Tecnóloga em Gestão Ambiental e Recursos Hídricos e mestre em Engenharia Sanitária pela UNESCO – IHA, Holanda. Virginia foi casada com Luis Carlos Kraemer Filho em primeiras núpcias e com Frank Jaspers em segundas núpcias Marcelo Gonzaga Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte a 15/08/1961, é Engenheiro Eletricista, formado pela Faculdade de Engenharia da PUC-MG turma de 1986; casou-se em 08/07/1988 com Vanessa Proença Simão Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte a 10/07/1961, onde cursou Psicologia na PUC-MG, a partir de 1985. Renato Gonzaga Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte-MG, a 30/09/1962, é Engenheiro Civil, formado pela Escola Fumec, turma de 1986. Renato foi anteriormente casado com Cláudia Campos do Amaral e depois com Telma Veloso Pinto, de quem ficou viúvo; atualmente, é casado com Martânia de Vasconcelos Santos nascida em Palmeira dos Índios-AL, a 07/03/1969, formada em Odontologia pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas) – 1991. Roberto Gonzaga Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte-MG, a 02/07/1964, é Engenheiro Mecânico, formado pela Escola de Engenharia da UFMG, turma de 1988; é casado com a Dra. Lucianna Magalhães de Almeida, nascida em Belo Horizonte a 20 de Maio de 1972, formada em Medicina pela FCMMG – turma de Dezembro de 1996 é Intensivista e Professora da FCMMG. Roberto (filho do Vinicio e Lolí) e Luciana (filha da Eloiza e Luiz Eloi) são primos e, ambos, bisnetos da Vovó Cymodócea e trinetos de D.Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade. Valéria Magalhães Gomes Mesquita, nascida em Belo Horizonte-MG, a 09/10/1965 é formada em Administração de Empresas, pela FUMEC, turma de 1990. Valéria casou-se em 05/05/1990 com Marcos Robério Mesquita, formado em Administração de Empresas pelo ICES-Instituto Champagnat de Ensino Superior, turma de 1990.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Lolí e Vinício têm os seguintes netos (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos de D.Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Rafael Magalhães Gomes Kraemer é estudante de Engenharia de Telecomunicações, pela FUMEC, nascido em Belo Horizonte, a 01/04/1987 e é filho de Virginia e Luiz Kraemer. • Matheus Proença Simão Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte, a 20/11/1988, é Biomédico pela Universidade FUMEC de Belo Horizonte-MG e mestrando do Departamento de Biologia Celular da UFMG, filho do casal Marcelo e Vanessa. • Maitê Campos de Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte, a 10/02/1990, formou-se em Direito pela PUC-MG e é filha de Cláudia Campos e Renato. • Cecília Magalhães Gomes Kraemer é estudante de Engenharia de Produção Civil, pela FUMEC, nascida em Belo Horizonte a 30/01/1991 e é filha de Virginia e Luiz Kraemer. • Felipe Magalhães Gomes Mesquita, nascido em Belo Horizonte, a 08/06/1993, é estudante do Colégio Magnum, é filho do casal Valéria e Marcos Robério. • Clara Andrade Magalhães Gomes, nascida a 20/04/1994, em Salvador–Ba, é estudante de Relações Internacionais da PUC-MG, é filha do casal Ana Cristina e Alexandre. • Letícia Proença Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte, a 02/12/1994, é estudante do 3º ano do ensino médio do Instituto Sagrada Família, filha do casal Vanessa e Marcelo. • Gabriel Pinto de Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte, a 09/11/1996 é estudante do 1º ano do ensino médio do CEFET-RJ e é filho de Telma e Renato.

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Alfredo Malta • Tomás Andrade Magalhães Gomes, nascido em Salvador-BA, em 04/10/1999, é estudante cursando a 8a série do ensino médio no Colégio Santo Agostinho, em Nova Lima e é filho do casal Ana Cristina e Alexandre. • Ícaro Vasconcelos de Magalhães Gomes, nascido no Rio de Janeiro a 17/05/2006 é filho do casal Martânia e Renato. • Sofia Noce de Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte a 07/08/2008 é filha do casal Luciana e Roberto. • Lorena Noce de Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte a 27/06/2011 é filha do casal Luciana e Roberto.

Situação deste ramo familiar registrada em: 24/03/2012 Pessoa para contato com este ramo familiar: Ana Cristina Fernandes de Andrade Telefon; es: (31) 3541–8920 Celular: (31) 8711-0094 E-mailcrisaosol@hotmail.com Endereço: Rua Ipê Amarelo, no. 17 Bairro : Condomínio Serra dos Manacás - Nova Lima - MG CEP = 34000-000 Outros contatos deste ramo familiar: Valéria e/ou Virgínia (31) 3223-2346 (casa da Tia Loli) Marcelo (31) 3412-1566 Renato (21) 2244 – 7129 Tomás (filho do Alexandre): (31) 3541 – 8920 Luciana (31) 8899 – 5620

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Lygia Magalhães Machado e Geraldo Machado Lygia Magalhães Machado nasceu em Belo Horizonte, 09/03/1930, filha do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes e de D. Rachel Noce Magalhães Gomes e, portanto, neta de D. Cymodócea e bisneta do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina de Andrade. Embora tenha se formado em Dezembro de 1945, no curso ginasial do Colégio Marconi (à época pertencente à Associação dos Colonos Italianos Dr. Braz Pelegrini), dedicou-se às prendas domésticas e à administração dos 3 empregados que cuidavam da residência familiar, que além de abrigar o casal e os nove filhos que seus pais teriam, recebia com certa freqüência parentes do interior, ou de outras regiões do país, que vinham a Belo Horizonte e se hospedavam na casa de seus pais. Lygia exercitou o papel materno desde jovem, pois ajudava sua mãe a cuidar dos 5 irmãos mais novos, os da “segunda leva”, como costumamos dizer. Lygia casou-se com Geraldo Machado, em 16/09/1953, na Igreja da Boa Viagem em Belo Horizonte-MG, e foi durante a recepção na casa de seus pais que se iniciou uma tradição familiar: foram servidos os famosos canudinhos e outros quitutes preparados pelas banqueteiras Gema & Piquitita, de Santa Luzia. Lygia é de gênio muito alegre e é muito conversadeira e sempre encontrou tempo para se dedicar também às obras sociais, como a da paróquia Menino Jesus e, após os 5 filhos se casarem e se tornarem independentes, passou a integrar a Legião de Maria, onde se dedica à Pastoral Domiciliar. Gegê, como Geraldo era chamado carinhosamente no seio da família Noce Magalhães Gomes, nasceu em Araçaí - MG, a 07/10/1922, filho do casal Isauro Dias Machado (Cirurgião Protético) e D. Ligia Avelar Dias Machado (dedicada às prendas domésticas); ainda pequeno se mudou com seus pais para Jequitibá - MG onde concluiria o curso ginasial e mais tarde, para Sete Lagoas - MG, onde se formaria em Ciências Contábeis, pela Escola Técnica de Comércio Dr. Maurício Peixoto. Geraldo desde cedo revelou excepcional tino para os negócios: ainda pequeno em Jequitibá, para ajudar na renda familiar, já vendia com sucesso os doces e biscoitos que sua mãe fazia e cresceu profissionalmente a partir de sua formatura,

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Alfredo Malta quando passou a trabalhar com o Tio Pereira, que possuía uma distribuidora de cereais em Curvelo - MG, para onde se mudou após o casamento com Lygia. Algum tempo depois, o casal se mudou para Belo Horizonte e Geraldo passou a atuar individualmente no ramo de distribuição de cereais por atacado, além de também se revelar empresário bem sucedido no ramo da construção civil. Normalmente quieto e até introspectivo, Geraldo sentia-se confortável entre os familiares e então, se tornava risonho e comunicativo. Foi um nobre homem de dois extremos: hábitos econômicos e espartanos, mas ao mesmo tempo de grande generosidade e despreendimento. Foram inúmeras as situações em que demonstrou sua verdadeira essência de vida, em especial para com a família dos sogros, cunhados e concunhados, que o tinham como mais um dos filhos, mais um dos irmãos, mais um dos cunhados, e, sua generosidade sempre foi plena, incondicional e a mais verdadeira, pois sempre foi praticada da maneira mais discreta, sem que a maioria das pessoas percebesse. Quando eu era estudante e vinha a Belo Horizonte, para namorar a Cleusa, Geraldo “inventava” umas aulas que eu tinha que dar para o José Alberto, ou alguma regulagem no seu automóvel DKW – Vemag e, assim, eu tinha a oportunidade de “filar a bóia” na sua casa e economizar minha mirrada “mesada”. Em outras oportunidades, me convidava para dirigir o DKW até São Paulo, nas viagens anuais que fazia com a família à praia de Bertioga-SP e esta era mais uma das suas formas de ser generoso sem ser ostensivo: embora me pedisse para lhe fazer um favor, na verdade era ele que me fazia, pois, eu economizaria a passagem de volta a São Paulo. Muitos anos depois, quando vim com a família de Ipatinga para Belo Horizonte, a casa da Lygia e do Geraldo passou a ser a “base de apoio” dos meus filhos, que se viram obrigados a abrir mão da independência, segurança e tranquilidade, de que desfrutavam em Ipatinga e passaram a enfrentar a “agitação” da vida em Belo Horizonte. Era para lá que iam, após a escola, para aguardar a Cleusa buscá-los na escola, após o seu trabalho. Lygia e Geraldo também fizeram uma parte do papel dos avós, que meus filhos não puderam conhecer. Geraldo nos deixou em 01/08/1998. Lygia e Geraldo tiveram os seguintes filhos (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e D. Anna Dulcelina de Andrade):

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • José Alberto Magalhães Machado nascido em Belo Horizonte-MG, a 29/09/1954, é formado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da PUC-MG, turma de 1978 e empresário do ramo de construção civil. É casado com Silvana Costa Machado, formada pela Escola de Psicologia da PUC-MG e empresária do ramo alimentício. • Herbert Magalhães Machado, nascido em Belo Horizonte-MG, a 12/02/1956, após cursar 2o. GRAU pela Escola Pitágoras, trabalhou inicialmente na indústria da construção metálica, época em que também cursou Desenho Técnico Industrial e, mais tarde, participou da administração nos empreendimentos de construção civil desenvolvidos por seu pai. Foi casado com Edir Campelo Machado, nascida em Belo Horizonte a 10/11/1956, formada em Contabilidade pela Escola Técnica João Herculino, de Sete Lagoas, turma de 1977. Herbert nos deixou no final de 2014. • Petrônio Magalhães Machado, nascido em Belo Horizonte-MG, a 27/07/1957, é formado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da PUC-MG, turma de 1983, além de empresário do ramo de construção civil; é casado com Cibele Houara de Castro Machado, nascida em Belo Horizonte, a 11/10/1962 formada em Pedagogia, pela PUC-MG, turma de 1983. • Sonia Bernardete Magalhães Machado, nascida em Belo Horizonte -MG, a 26/06/1958, é formada pela Escola de Pedagogia da PUC-MG, turma de 1979 e atualmente exerce o magistério no Estado de Minas Gerais; foi casada com Haroldo de Castro Simão, nascido em Santo Antônio do Amparo a 16/05/1954, formado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da PUC-MG, turma de 1978. • Vanessa Maria Magalhães Machado, nascida em Belo Horizonte-MG, a 05/11/1960 formou-se em Administração de Empresas pela Escola UNA, no ano de 1985, e atualmente é casada com Roberto Marcondes Rodrigues, nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 03/03/1955, formado Engenheiro Civil pela Faculdade Gama Filho em 1980; anteriormente foi casada com Paulo José Buarque, nascido a 22/07/1951, em Simão Dias-SE.

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Alfredo Malta São netos de Lygia e Geraldo (e trinetos do Major Neca Andrade e D. Anna Dulcelina): • José Andrade Franco Neto, nascido em São Gotardo - MG, a 4/05/1980, filho de Petrônio Magalhães Machado e de Nadia de Castro Franco, é Médico formado pela Faculdade de Medicina de Itajubá. • Karina Machado de Castro Simão, nascida em Belo Horizonte-MG, a 10/05/1980, filha do casal Sonia Bernardete Magalhães Machado e Haroldo de Castro Simão, formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais e é solteira. • Daniella Costa Machado, nascida em Belo Horizonte-MG, a 17/10/1980, filha do casal José Alberto Magalhães Machado e Silvana Costa Machado, formou-se em Administração e Comunicação Social pela PUC-MG, é casada com Otávio Pedrosa Parreiras, nascido a 05/10/1976, em Belo Horizonte-MG, graduado em Administração e Comunicação Social, pela PUC–MG. • Alexandre Costa Machado, nascido em Belo Horizonte-MG, a 01/05/1983, filho do casal José Alberto Magalhães Machado e Silvana Costa Machado, formou-se em Engenharia Civil pela FUMEC-MG e é solteiro. • Rebeca Machado Buarque, nascida em Belo Horizonte-MG a 2/11/1989, filha de Vanessa Maria Magalhães Machado e de Paulo José Buarque, cursa Ensino Fundamental em Administração e Economia, na Escola Bicultural Fundação Torino e é solteira. • Henrique Campelo Machado, nasceu em Belo Horizonte -MG, a 3/02/1990, filho do casal Herbert Magalhães Machado e Edir Campelo Machado, é engenheiro civil. • Ludmila Houara Castro Machado, nascida em Belo Horizonte-MG, a 26/06/1990, filha do casal Petrônio Magalhães Machado e Cibele Houara de Castro Machado, cursa Faculdade de Medicina em Barbacena e é solteira.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Victor Houara Castro Machado, nascido em Belo Horizonte-MG, a 26/12/1992, filho do casal Petrônio Magalhães Machado e Cibele Houara de Castro Machado, cursa o Ensino Fundamental no Colégio Pitágoras e é solteiro. • Rodolfo Machado Buarque, nascido em Belo Horizonte-MG, a 27/07/1993, filho de Vanessa Maria Magalhães Machado e de Paulo José Buarque, cursa Administração e Economia, na Escola Bicultural Fundação Torino e é solteiro.

Situação deste ramo familiar registrada em: 23/11/2006 Pessoa para contato com este ramo familiar: Vanessa Maria Magalhães Machado Telefone: (31)3378-8480 E-mail= vanessam3@uol.com.br Endereço: rua Maria Heilbuth Surette, n° 447apto.301 Bairro: Buritis – Belo Horizonte-MG CEP 30575 -100

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Descendência do casal Lucy Maria Noce Magalhães de Paulo Maciel e Carlos Maurício de Paulo Maciel Lucy Maria Noce Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte-MG, a 16/05/1931 e faleceu no Rio de Janeiro, em 22/04/2013; era a terceira entre os filhos do casal Fernando e Rachel, neta de D.Cymodócea e bisneta do casal Neca Andrade e Anna Ducelina. Passou a assinar Lucy Maria Noce Magalhães de Paulo Maciel após o casamento com Carlos Maurício de Paulo Maciel, celebrado em 1953, após anos de namoro, desde que eram duas crianças, como já foi mencionado anteriormente. Carlos Maurício de Paulo Maciel (Carl’s Paulo, Pom-pom ou Maciel) nasceu em Belo Horizonte-MG, a 19/07/1929, foi Jornalista, Publicitário, Diretor do Jornal “O DIA”, Empresário de Comunicação e Bacharel, formado pela Faculdade de Direito da UFMG, turma de 1958. Faleceu em 13/06/1988. Lucy e Carlos tiveram os seguintes filhos (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Carlos Maurício de Paulo Maciel, nascido em Belo Horizonte-MG a 06/11/1954, é Médico, formado pela Universidade Gama Filho, turma de 1978, casado com Andria Oiamore de Siqueira, nascida em BrasíliaDF, a 19/08/1970. • Marco Cícero Noce de Paulo Maciel, nascido em Belo Horizonte-MG, a 28/05/1956, formado em Administração Pública pela EBAP-FGV, turma de 1978 e Doutor em Economia pela UNICAMP, ano de 1999. • Marco Antônio de Paulo Maciel, nascido no Rio de Janeiro-RJ a 04/08/1963, formado em Economia pela UFRJ, turma de 1986, Mestre em Economia pela UFRJ, Mestre em Economia Matemática pela Cornell University- NY/USA e Doutor em Economia pela New School For Social Research-NY/USA. Marco Antônio reside em São Paulo e foi casado com Valéria Sereno Maciel, nascida no Rio de Janeiro-RJ a 22/02/1972, formada em Economia pela Faculdade Candido Mendes – Ipanema, em 1993.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Lucy e Carlos tiveram as seguintes netas (trinetas de D. Cymodócea e tataranetas do Major Neca Andrade e de d. Anna Dulcelina): • Ana Carolina Pessolania de Paulo Maciel, nascida a 04/10/1980, no Rio de Janeiro-RJ, formada em Arquitetura pelas Faculdades Integradas Bennett, turma de 2006 e é filha de Carlos Maurício e de Denise Cristina Teixeira Pessolani, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 19/08/1955, formada em Pedagogia pela Faculdade Notre Dame. • Ana Cristina Pessolani de Paulo Maciel, nascida a 04/11/1982, no Rio de Janeiro-RJ, graduou-se em Direito pela Faculdade Candido Mendes, é filha de Carlos Maurício e de Denise Cristina Teixeira Pessolani e é casada com Jaime Gestal Alves, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 11/04/1981, graduado em Administração de Empresas. • Ana Luísa Pessolani de Paulo Maciel, nascida a 17/04/1984, no Rio de Janeiro-RJ, estuda na Universidade de Turismo e é filha de Carlos Maurício e de Denise Cristina Teixeira Pessolani. • Juliana Sant’Anna de Paulo Maciel, nascida a 16/09/1982, no Rio de Janeiro-RJ, graduou-se em Desenho Industrial, pela PUC-RJ, turma de 2005, e MBA pela Hult International Business School de San Francisco-EUA, em 2013. Juliana é filha de Marco Cícero e da nossa querida Claudia Marcia de Sant’Anna, nascida a 11/09/1955 no Rio de Janeiro-RJ, formada em Administração de Empresas pela FGV, turma de 1978, em Letras pela PUC-RJ, turma de 1978 e é Mestra em Lingüística, pela UNICAMP-SP, turma de 1981. Juliana foi casada com Jan Enrico Hofmann, nascido em Zürich - Suiça, a 07/10/1985, graduado em Administração de Empresas, pela Zürich University of Applied Sciences, turma de 2010 e MBA pela Hult International Business School de San Francisco-EUA. • Nina Oiamore de Paulo Maciel, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 23/10/2002, filha de Carlos Maurício e de Andria Oiamore de Siqueira. • Mila Oiamore de Paulo Maciel, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 27/06/2005, filha de Carlos Maurício e de Andria Oiamore de Siqueira.

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Alfredo Malta São bisnetos de Lucy e Carlos (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Ana Beatriz Pessolani Gestal, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 12/10/2011, é filha de Ana Cristina e Jayme. • Philipe Francis Maciel Hofmann, nascido em Zürich-Suiça, a 05/01/2014 é filho de Juliana e Jan.

Situação do ramo familiar registrada em: 20 / 09 / 2007 Pessoa para contato com este ramo familiar: Marco Cicero Telefone:(21)2286-5168 / Celular: (21) 8119-6525 E-mail: marco_cicero@uol.com.br Endereço: Rua Baronesa de Poconé, n°141-Apto 402, bloco 1 Bairro: Lagoa - Rio de Janeiro-RJ CEP 22471-270

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Marcos Fernando Magalhães Gomes e Nice Miranda Magalhães Gomes Marcos Fernando Magalhães Gomes nasceu em Belo Horizonte, a 09/09/1932, filho do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes e de D. Rachel Noce Magalhães Gomes, portanto, neto de Cymodócea Andrade e de José Coelho de Magalhães Gomes e bisneto de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade. Marcos desde jovem foi um destacado desportista, conquistando diversos campeonatos nas modalidades de natação, basquete e vôlei, sendo que nesta última se tornou campeão mineiro, brasileiro e sul-americano. O desejo de independência precoce levou Marcos a tentar carreira administrativa na Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, mas a paixão pelo esporte o levaria de volta às quadras, na função de Técnico, obtendo sucessos que lhe são inesquecíveis. Foi convidado a integrar a equipe da recém-criada Alfa Publicidade Ltda., tornando-se um destacado profissional de Publicidade cujo talento é reconhecido pelo mercado de Comunicação de Minas Gerais. Foi Diretor Comercial da Alfa Publicidade Ltda., época em que dividiu grandes conquistas profissionais com Carlos Maurício de Paulo Maciel (o “Maciel”). Em 1969, decidiu abrir sua própria agência (“Agência Empresa de Propaganda Ltda.”) que continua a dirigir com a participação de seu primogênito Ronald e sua filha Carla, dois destacados profissionais de Publicidade. Foi casado com Nice Miranda Magalhães Gomes, uma belíssima mulher, sob vários aspectos: pela sua beleza feminina, pelo espírito combativo e de companheirismo, pela dedicação incansável como mãe, pelo espírito de solidariedade para com os moradores de rua, pelo senso artístico incomum e, mais recentemente, como criadora e provedora de uma casa de assistência aos pequeninos ignorados pela sorte e por boa parte da nossa sociedade. O casamento foi celebrado em Belo Horizonte, a 09/05/1959. Nice nasceu em Formiga a 30/05/1932, filha de Graciana Miranda e Altair Coutinho Miranda. Marcos Fernando e Nice tiveram os seguintes filhos (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina):

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Alfredo Malta • Ronald Magalhães Gomes nascido em Belo Horizonte, a 20/08/1960, é Publicitário e, a partir de 1981, passou a integrar a empresa Agência Empresa de Propaganda, criada por seu pai. Ronald desde menino revelou sensibilidade artística e é um exímio saxofonista, que gosta de dar suas “canjas” em casas famosas de Belo Horizonte; é casado com Rosana Oliveira Silva. Foi do saxofone do Ronald que emanou a trilha sonora que encantou a todos os presentes, em 2008, ao casamento de Francis e Cristina, realizado em Sítio-MG (atual Antônio Carlos), no CASARÃO. • Viviane Magalhães Gomes nascida em Belo Horizonte, a 25/10/1961, era gêmea do Wagner, que vem a seguir e foi casada com Luiz Antônio Moreira. Viviane, faleceu prematuramente a 30/08/1998, vítima de uma insuficiência renal grave crônica. • Wagner Miranda de Magalhães Gomes nascido em Belo Horizonte, a 25/10/1961, gêmeo da Viviane, é Publicitário de grande talento, formado pela PUC-MG, é casado com Sandra Regina dos Santos Resende. • Carla Tereza Magalhães Gomes nascida em Belo Horizonte, a 12/05/1964, é Publicitária, integra a empresa criada por seu pai Agência Empresa de Propaganda desde 1991. • Marcos Vinicius Magalhães Gomes nascido em Belo Horizonte, a 29/04/1967, é bacharel em Educação Física, formado pela UFMG, foi casado com Soraia Cristina Magalhães Gomes. • Paola Magalhães Gomes nascida em Belo Horizonte, a 12/07/1969, é Empresária do Comércio e foi casada com Paulo Antônio Muzzi. Marcos Fernando e Nice têm os seguintes netos (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Raphael Magalhães Gomes Moreira, nascido em Belo Horizonte a 08/09/1982, é filho do casal Viviane e Luiz.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Gabriela Magalhães Gomes Moreira, nascida em Belo Horizonte a 12/08/1985, é filha do casal Viviane e Luiz. • Daniel Brum Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte a 12/11/1990, é filho do casal Marcus Vinicius e Soraia. • Bruna Magalhães Gomes Muzzi, nascida em Belo Horizonte a 24/04/1991, é filha do casal Paola e Paulo. • Henrique Brum Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte a 25/09/1996, é filho do casal Marcus Vinicius e Soraia. • Arthur Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte a 01/10/1996, é filho de Ronald e Andreísa Simone dos Santos. • Bárbara Oliveira Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte a 29/12/1999, é filha do casal Ronald e Rosana. • Alice Resende Magalhães, nascida em Belo Horizonte a 25/02/2007, é filha do casal Wagner e Sandra.

Situação deste ramo familiar registrada em 27/11/2008 Pessoa para contato com este ramo familiar Carla Tereza Magalhães Gomes Telefone: (31) 3273-1318 – Celular (31) 9619-3530 E-mail: agenciacarla@terra.com.br Endereço: Av. Bernardo Monteiro, 52. Bairro : Floresta - Belo Horizonte / MG CEP 30.150-280

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Alfredo Malta

Descendência do casal Carlos Vital de Magalhães Gomes e Lucardiz de Medeiros Magalhães Gomes Carlos Vital de Magalhães Gomes é o quinto filho do casal Rachel Noce e Fernando Andrade de Magalhães Gomes, nasceu em Belo Horizonte, a 28/11/38, inicialmente se dedicou à preparação para a vida religiosa em Conventos Dominicanos de Belo Horizonte, onde foi noviço em 1960 e de São Paulo, onde fez os estudos de Filosofia e Teologia de 1961 a 1965, tendo atingido alto nível acadêmico e cultural. É, portanto, neto de Cymodócea Andrade e de José Coelho de Magalhães Gomes e bisneto do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina. Decidiu voltar à vida leiga em 1966 e, com a formação cultural adquirida, estava preparado para desempenhar diversas atividades e, então, dedicouse à Publicidade, onde já tinha dois irmãos: Marcos e Carlos Alberto, além do cunhado, Carlos Maurício de Paulo Maciel. De 1967 a 68 cursou Ciências Sociais na FAFICH - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da UFMG, mesma época em que a sua irmã Cleusa começou a estudar Geografia e íam juntos para a faculdade. Em 1971 ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, mas continuou desempenhando suas atividades profissionais na área de Comunicação. Tatal, como é carinhosamente conhecido no seio da família, casou-se em 23/12/73 com Lucardiz de Medeiros Magalhães Gomes, nossa querida Luca, que é Bacharel, e Pós Graduada, em Educação Física pela UFMG, nascida em São João do Sabugi, Rio Grande do Norte, a 23/04/51, filha do casal Napoleão Amâncio da Silva e Odorina Medeiros Silva. Embora não tenha usufruído da fase de esplendor da Fazenda Andrade, Carlos Vital lá passou vários períodos de férias em companhia de sua avó Cymodócea e de primos, primas, amigos e amigas da família. Nessa época em que eram crianças, iam a Sítio juntamente com seus irmãos e irmãs, viajando de trem, chamado “Maria Fumaça” (por causa nuvem de pó de carvão que saía da locomotiva), com duração de 6 a 8 horas, dependendo das barreiras que caíam durante o chuvoso mês de janeiro.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Duas memórias do Tatal, de quando era criança e ia a Sítio: “...Vovó, sem nenhuma cerimônia, gostava de ler solenemente para os presentes em Sítio, as cartas que recebia. Bom que se diga, a carta era o principal meio de comunicação entre as pessoas naqueles tempos. No endereçamento do envelope, os parentes colocavam na frente de “Antônio Carlos”, “Ex-Sítio” pois a família foi contra a mudança do nome original, quando a cidade se emancipou...” Outra memória forte era o pomar: “...em Belo Horizonte, tínhamos pouco acesso às frutas importadas e em Sítio era uma abundância sem tamanho de pêssego, caqui demais, figo, maçã, pêra e principalmente muita uva, branca, rosa e pretinha. Era uma farra!” Na fase da sua adolescência, Tatal e os primos iam a Sítio para a temporada das jabuticabas e, nessa época, as viagens passaram a ser feitas de carro. Durante os períodos em que passavam férias em Sítio, Tatal arreliava suas irmãs e, em especial, sua prima Bartyra que, não sabendo como suportar as brincadeiras do Tatal, chorava e ia procurar apoio com sua Vovó Dagmar e com a irmã desta, Vovó Cymodócea. Era ver o Tatal e a Bartyra já abria o berreiro... Carlos Vital e Luca tiveram os seguintes filhos (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Ivan Magalhães Gomes nascido em Belo Horizonte, a 15/05/1976, é graduado em Educação pela UFMG, é casado com Fernanda de Moura Guimarães, nascida em Belo Horizonte a 04/05/1979, formou-se Bacharel em Direito pela PUC – MG, turma de 2004, e atualmente é Analista do Ministério Público. • Paulo Medeiros Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte a 26/06/1979, é Advogado, formou-se Bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos, é casado com a Dra. Mariana Vaconcelos Barros Poggiali, nascida em Belo Horizonte a 16/05/1979, formou-se Médica pela Faculdade de Ciências Médicas – MG, turma de 2002, especializou-se em Pediatria e faz parte do corpo de médicos do Hospital Mater Dei. São netos de Luca e Carlos Vital (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade):

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Alfredo Malta • Rafael Poggiali Magalhães Gomes nasceu em Belo Horizonte, a 11/06/2011 e é filho de Mariana e Paulo. • Eduardo Poggiali Magalhães Gomes nasceu em Belo Horizonte, a 15/08/2013 e é filho de Mariana e Paulo. • Laura Guimarães Gomes nasceu em Belo Horizonte, a 07/06/2015 e é filha de Fernanda e Ivan.

Situação do ramo familiar registrada em 19/09/2013. Pessoa para contato com este ramo familiar: Carlos Vital de Magalhães Gomes Telefone (31)3344-1357 E-mail: tatalgomes@yahoo.com.br Endereço: rua Guandaus, n° 60 – Apto. 202, Bairro: Santa Lúcia - Belo Horizonte – MG CEP 30350-640

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Eloiza Rachel Magalhães de Almeida e Luiz Eloy de Almeida Eloiza Rachel Magalhães de Almeida nasceu em Belo Horizonte, no dia 16/02/1940, filha do Dr. Fernando Andrade de Magalhães Gomes e de D. Rachel Noce Magalhães Gomes, portanto, neta de Cymodócea Andrade e de José Coelho de Magalhães Gomes e bisneta de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade. Eloisa Rachel cursou Psicologia na Escola de Filosofia da PUC-MG e em 08/09/1962 casou-se com o Dr. Luiz Eloy de Almeida, em Belo Horizonte. Eloiza é a sexta, entre os nove filhos do Dr. Fernando e D. Rachel. Luiz Eloy de Almeida nasceu em Diamantina, no dia 06/03/1934, filho do casal Humberto Ramos de Almeida e Maria das Dores Costa Almeida. Luiz Eloy é Engenheiro Civil, formado pela Escola de Engenharia da UFMG, turma de 1961, e desenvolveu sua trajetória profissional na Rede Ferroviária Federal S.A., onde se aposentou. Apesar disso, após a aposentadoria continuou em atividade, dedicando boa parte de seu tempo à administração e preservação do CASARÃO. É um apaixonado por música clássica e adora enigmas matemáticos. O apoio que recebi desse casal, desde que iniciei o namoro com a Cleusa, foi inestimável. Luiz Eloy e Eloiza Rachel tiveram os seguintes filhos (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca e de D. Anna Dulcelina): • Cristina Magalhães de Almeida, nasceu em Belo Horizonte no dia 04/06/1963, é Terapeuta Ocupacional, formada pela FCMMG, turma de 1985, e em Nutrição pela Universidade Newton de Paiva, turma 2008. Cristina foi casada com o Engenheiro Civil João Acelino de Andrade Neto. • Fernanda Magalhães de Almeida, nascida em Araxá no dia 03/10/1964, é solteira, adora cinema e vender “produtos” de sua própria criação para os familiares. • Leonardo Magalhães de Almeida, nascido em Teófilo Otoni no dia 12/04/1966, é Engenheiro Mecânico, formado pela PUC-MG, turma

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Alfredo Malta de 1990, Pós-Graduado em Engenharia Clínica pelo CEFET – 2003 e atua no Ministério da Saúde, em Brasília; é casado com Elen Cristina Fernandes Reis de Almeida, formada em Enfermagem pela PUC-MG, em Junho de 2000. • Julianna Magalhães de Almeida, nascida em Belo Horizonte, no dia 20/05/1972, formada em Odontologia pela PUC-MG - turma de Julho de 1994 é Mestra em Ortodontia pela UFMG e é casada com Marcos José Dias Moura, formado em Odontologia pela UFMG, em Julho de 1994, com Especialização em Prótese Dentária, pela UFMG. • Lucianna Magalhães de Almeida, nascida em Belo Horizonte no dia 20/05/1972, formada em Medicina pela FCMMG – turma de Dezembro de 1996 é Intensivista, Professora da FCMMG e é casada com Roberto Gonzaga Magalhães Gomes, formado em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia da UFMG, turma de 1988. As Dras. Julianna e Lucianna são gêmeas e quando pequeninas, ficaram conhecidas na família como “as Neném”, que era como a nossa saudosa Tia Helena Noce as chamava. São netos da Eloiza e do Luiz Eloy (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • João Lucas de Almeida e Andrade, nascido em Belo Horizonte no dia 21/06/1995, filho de Cristina e de João Acelino, é estudante. • Luiza Magalhães de Almeida e Andrade, nascida em Belo Horizonte no dia 18/09/1996, filha de Cristina e de João Acelino, é estudante. • Mariana Fernandes de Almeida, nascida em Brasília no dia 05/07/2007, filha de Elen e Leonardo. • Matheus Magalhães Moura, nascido em Belo Horizonte no dia 25/03/2008, filho de Julianna e Marcos.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Sofia Noce Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte no dia 07/08/2008, filha de Lucianna e Roberto. • Lorena Noce Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte no dia 27/06/2011, filha de Lucianna e Roberto. • Luiz Fernando Fernandes de Almeida nascido no dia 11/03/2012, em Brasília, filho de Elen e Leonardo.

Situação do ramo familiar registrada em 17/03/2014. Pessoa para contato com este ramo familiar: Cristina Magalhães de Almeida. Telefones: (31)3225-7751 / Cel. (31)9219-8882 / 8859-2128 E-mail: crismnutri@gmail.com Endereço: Rua Henrique Passini, n° 619, apto 701 Bairro: Serra-Belo Horizonte-MG CEP: 30220380

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Alfredo Malta

Descendência do casal Fabio Noce Magalhães Gomes e Elizabeth Magalhães Gomes Fabio Noce Magalhães Gomes é o sétimo filho do casal Rachel Noce e Fernando Andrade de Magalhães Gomes, nasceu em Belo Horizonte, a 30/11/41, onde cresceu junto aos irmãos mais novos e amigos da vizinhança e atravessou a adolescência no final dos chamados “anos dourados”; em 1961, ingressou na Escola de Engenharia da UFMG. Em 1966, com a formação acadêmica adquirida, passou a desempenhar suas atividades profissionais como Engenheiro Mecânico, tendo adquirido sua experiência profissional nas empresas John Case, produtora de equipamentos agrícolas e, à época com fábrica em Conselheiro Lafaiete-MG. Um ano depois foi contratado pela Cia. Industrial Santa Matilde, tradicional fabricante de vagões, equipamentos ferroviários e grandes estruturas metálicas. Em 1971, já experiente nas lides de produção de estruturas e equipamentos pesados, foi convidado para integrar a equipe de Engenharia responsável por construir a Usina de Beneficiamento de Minério de Ferro do Pico do Cauê, para a Cia. Vale do Rio Doce, em Itabira-MG, onde ampliou sua capacitação e adquiriu relevância na estrutura gerencial do Consórcio Convap-Morrison Knudsen (Convap-MK); ainda pela Convap-MK, foi designado para integrar a equipe de construção da Ponte de Iapú, nas proximidades de Ipatinga-MG, empreendimento integrado no esforço de promoção do uso do aço na construção civil pesada, desenvolvido pela USIMINAS e que foi marco da engenharia brasileira à época, pelo maior vão metálico. Com a sucessão da Convap-MK pela empresa Alcindo Vieira – Convap S.A., participou de inúmeros Projetos importantes, atuando na sede da empresa, em Belo Horizonte-MG, inicialmente como Coordenador Técnico Geral das diversas unidades, depois como Gerente de Projeto e a seguir como um virtual Diretor. Em 1985, desligou-se da Convap para assumir a Gerência do Projeto de construção da 1ª Ponte rodo-ferroviária sobre o Rio Tocantins, para a Cia. Vale do Rio Doce, através da empresa de gerenciamento e engenharia EPC – ao final do qual foi convidado para assumir a Gerência de Manutenção de Vagões da E.F. Carajás, sediado em São Luiz-MA, onde permaneceu até 1992.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Em 1993 mudou-se com a família para Vila Velha-ES e, ainda funcionário da CVRD, passou a atuar como Assessor da Superintendência da E.F. Vitória-a-Minas, até aposentar-se em 1995. Ao longo de sua carreira profissional, o Eng.° Fábio, além de promover oportunidades para vários outros Engenheiros, tornou seu nome uma referência nos meios de Engenharia de Minas Gerais, Maranhão, Pará e Espírito Santo. Durante o período em que foi estudante de Engenharia, era comum passar férias na casa de sua irmã Lucy, no Rio de Janeiro onde, sempre que possivel, freqüentava os famosos bailinhos em companhia de sua prima Bartyra, e foi em um deles que conheceu aquela que viria a se tornar sua esposa – Elisabeth, a Beth, apresentada pela prima Bartyra. Elizabeth Ferreira Carneiro após o casamento passou a assinar Elizabeth Magalhães Gomes, mas que para nós é “a” Beth, é nascida no Rio de Janeiro, a 08/10/1944, filha do casal Aurora Victorina Ferreira e Luis Gonzaga Carneiro e divide seu tempo entre as lides domésticas e as artes plásticas. Fabinho, como é carinhosamente conhecido no seio da família, casou-se com a Beth em 10/06/67, no Rio de Janeiro. Embora freqüentasse o CASARÃO na época das férias, em companhia de seus amigos e primos contemporâneos, não chegou a viver a fase de esplendor da Fazenda Andrade, porém, na memória do Fábio permanecem algumas passagens pitorescas que viveu no CASARÃO na festa de 80 anos da Vovó Cymodócea: de tanto fazer buracos e fincar os bambus para enfeitar a praça, ficou com as mãos cheias de sangue. Quando tinha entre 8 e 9 anos, jogando “finca”, cravou a mesma no meio do pé. O Sr.Euclides (Farmacêutico de Sítio) foi até a Fazenda, fez a limpeza e, com muito cuidado, aplicou o soro antitetânico. Outra foi a viagem bem atribulada, de Sitio para BH, em companhia da irmã Lygia: nesse dia choveu muito, o trem se deteve em Conselheiro Lafaiete e Tatal, Eloíza, Fabio e Bebeto foram obrigados a dormir lá. No dia seguinte, voltaram à estação para tomarem o trem, rumo a BH, mas, como chegaram atrasados e o trem já ia saindo, Lygia teve de correr atrás do trem para fazê-lo parar e então ...embarcaram! Fabio até hoje não come sobremesa por causa da Vovó Cymodócea: ela só deixava comer sobremesa, quem estivesse sentado à mesa até o final da re-

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Alfredo Malta feição, mas como todos sabemos, Fábio era e continua sendo, muito inquieto e não conseguia esperar o final e, então, ficava sem a desejada sobremesa. Fábio gostava muito de comer frutas no pé: pêra dura, caqui e jabuticaba – lembra que seu pai dizia brincando, que “...só se deve parar de chupar jabuticaba, depois do terceiro arroto...” e, além de nadar na represa (próxima à fábrica de cigarros que havia sido do seu bisavô), em cumplicidade com o pai Fernando, ia “roubar” uvas nas terras que passaram a ser propriedade do Tio Mario Andrade. Fábio e Beth tiveram os seguintes filhos (bisnetos da Vovó Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Fábia Ferreira Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte, a 04/05/1969, é graduada em Engenharia Elétrica pela UFES – turma de 1992, atualmente trabalha em Gerenciamento de Projetos e é casada com Raul Roberto Alle Bezerra, nascido a 05/09/1979, em Corumbá-MS, graduado em Engenharia Civil, pela Universidade Federal de Campo Grande – turma de 1994, Pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho. • Fernando Magalhães Gomes, nascido em Belo Horizonte a 16/10/1971 é Arquiteto e Urbanista, formou-se pela Faculdade Isabella Hendrix da Universidade Metodista de Minas Gerais, turma de 1994, atualmente vive em São Paulo-SP e é solteiro. • Rachel Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte, a 26/04/1980, é graduada em Educação Física, pela Universidade de Vila Velha – UVV - turma de 2003, atualmente é proprietaria da Academia “De Bem Com a Vida”, vive em Vila Velha-ES e é casada com Hercules Malacarne Segrini, nascido em 16/03/1980, é graduado em Relações Internacionais, pela Universidade de Vila velha - UVV turma de 2003 e atualmente administra a Academia “De Bem Com a Vida”.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo

Situação deste ramo familiar registrada em 01/07/2012 Pessoas para contato com este ramo familiar: Fabio Noce Magalhães Gomes Telefones: (27) 3329-1998 - Celular (27) 8114-9856 E-mail: fabinoce@terra.com.br Endereço: Av. Hugo Musso, n° 684 - apto. 502 Bairro: Praia da Costa - Vila Velha–ES CEP 29101-280 Rachel Magalhães Gomes Telefones: (27) 3062-0519 celular (27) 8118-2426 E-mail: ra_xeu@hotmail.com Endereço: Rua Dom Jorge de Menezes, n°450 Bairro: Praia da Costa - Vila Velha-ES CEP 29101-025

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Descendência do casal Carlos Alberto Noce Magalhães Gomes e Cleise de Castro Magalhães Gomes Carlos Alberto Noce Magalhães Gomes é o oitavo filho do casal Rachel Noce e Fernando Andrade de Magalhães Gomes, nasceu em Belo Horizonte, a 10/10/1943, inicialmente se dedicou à Publicidade e, em 1969 formouse Psicólogo pela Escola de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, mas continuou desempenhando suas atividades profissionais na empresa Alfa Publicidade Ltda. cuja administração dividia com seu irmão Marcos, além do cunhado, Carlos Maurício de Paulo Maciel e da qual viria a se tornar sócio. Atualmente Carlos Alberto é editor de livros didáticos (Alfa Educativa LTDA). Carlos Alberto é neto de D. Cymodócea, bisneto do Major Neca Andrade e de d. Anna Dulcelina Machado de Andrade. Bebeto, como é carinhosamente conhecido no seio da família, casouse em 07/12/1968, com Cleise de Castro Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte-MG, em 27/03/1945, filha do casal José Mundim Pena e Cleonice de Castro Pena, inicialmente tornou-se Professora primária, buscando novos caminhos através do Design de Ambientes (UEMG) e, hoje, é técnica em capacitação do “Programa Alfa e Beto” (ALFA EDUCATIVA). Como seus irmãos e irmãs mais novos, Bebeto passou vários períodos de férias em Sítio, na companhia de sua avó Cymodócea e de primos, primas, amigos e amigas da família, no começo viajavam de trem e, quando a estrada de rodagem se tornou mais segura, também iam de automóvel. Na juventude e já adulto, Bebeto voltaria muitas vezes ao Casarão, para as temporadas das jabuticabas; suas reminiscências remontam ao aniversário de 80 anos da Vovó Cymodócea. Carlos Alberto e Cleise tiveram as seguintes filhas (bisnetas da Vovó Cymodócea e trinetas do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Priscilla Magalhães Gomes Lins, nascida em Belo Horizonte, a 04/09/1969, é graduada em Economia, pela PUC-MG – turma de 1992 e Pós-graduada em Negócios Internacionais, pela Fundação Getúlio Vargas, em Marketing pela Escola Superior de Propaganda & Marketing de São Paulo e em Administração Rural, pela Fundação João Pi-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo nheiro. Priscilla casou-se em 08/04/2000 com Henrique Santana Lins, nascido em Belo Horizonte a 06/01/1972, graduado em Economia, pela PUC-MG – turma de 1995. • Débora de Castro Magalhães Gomes, nascida em Belo Horizonte a 16/09/1972, é Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Izabela Hendrix – turma de 1995. • Lilian Magalhães Gomes Couto, nascida em Belo Horizonte a 25/11/1980, é Administradora de Empresas, pela PUC-MG - turma de 2003, e Pós-graduada em Gestão, com ênfase em Marketing, pela Fundação Dom Cabral. Lilian casou-se em 09/07/2011 com Leonardo Rodrigues Belo Couto, nascido em Belo Horizonte - MG, a 08/01/1980, graduado em Direito pela FUMEC. São netas da Cleise e do Carlos Alberto (trinetas de D. Cymodócea e tataranetas de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Beatriz Magalhães Gomes Lins, nascida em Belo Horizonte a 11/12/2009, filha de Priscilla Magalhães Gomes Lins e Henrique Santana Lins. • Júlia Magalhães Gomes Lins, nascida em Belo Horizonte a 11/12/2009, filha de Priscilla Magalhães Gomes Lins e Henrique Santana Lins.

Situação deste ramo familiar registrada em: 27/02/2014 Pessoa para contato com este ramo familiar: Priscilla Magalhães Gomes Lins Telefone: (31) 3284-2608 E-mail: phlins@terra.com.br Endereço: Rua Trifana, n° 255 - apto 601 Bairro: Serra - Belo Horizonte–MG CEP 30 210-570

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Descendência do casal Cleusa Magalhães Gonçalves e Alfredo Malta Gonçalves Cleusa Noce Magalhães Gomes nasceu em Belo Horizonte - MG, a 10 de Setembro de 1945, filha do Dr. Fernando Andrade Magalhães Gomes e de D. Rachel Noce Magalhães Gomes, formou-se Geógrafa em 1970 pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Cleusa é neta de Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes e do Dr. José Coelho de Magalhães Gomes (o Vovô Juca) e, portanto, bisneta do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina. Cleusa casou-se em Belo Horizonte a 19/12/1970, com Alfredo Malta Gonçalves, e, após o casamento, passou a assinar Cleusa Magalhães Gonçalves. Alfredo Malta Gonçalves é nascido em Santos-SP, a 02/07/1947, filho de Alfredo Santos Gonçalves e Maria Malta Gonçalves, formado em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia Industrial da PUC-SP, em 1972, Pósgraduado em Gestão Empresarial – UMSA / FDC (1995), Gestão de Projetos PMI, Theory of Constrain on Project Management – Avraham Y. Goldratt Institute (1998) fez Especialização em Projeto, Cálculo e Construções em Estruturas Metálicas - Escola de Minas de Ouro Preto – UFOP, Especialização em Engenharia Ferroviária - SIMEFRE – SP e Pós-graduação em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho- Fundacentro/FAAP-SP (1975). Após atuar como Gerente de Marketing e Desenvolvimento de Negócios Internacionais na Usiminas Mecânica S.A., Malta (como é conhecido no meio profissional) foi executivo do grupo canadense SNC-LAVALIN, a seguir foi Diretor da empresa norte-americana PSI e depois Diretor da empresa australiana de Engenharia, AUSENCO. Cleusa é a caçula do casal Fernando e Rachel e teve uma infância alegre em meio a muitas crianças da vizinhança onde morava: av. Bernardo Monteiro, n° 414 – bairro Funcionários, Belo Horizonte – MG (endereço que decorei, pois, escrevi centenas de vezes nos envelopes das cartas semanais, por vezes diárias, que escrevi para ela durante a fase de namoro). Nona entre os filhos de Fernando e Rachel, a menina Cleusa ficava sob a responsabilidade das irmãs mais velhas Lygia e Lucy (Cleusa a chamava de Chi-chi), e não distinguia entre brincadeiras de menina e de menino - parti-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo cipava de todas e levava a competição a sério, a ponto de ter deixado muitos meninos machucados com seus pontapés, socos e pedradas certeiras. Cleusa cresceu em meio à segurança proporcionada pela família bem estruturada, pela convivência com muitos amigos da vizinhança e com os irmãos mais velhos, todos orgulhosos do pai intelectual e Médico de reconhecida competência, abrindo os caminhos da Pediatria em Belo Horizonte. Embora sua mãe Rachel fosse rigorosa nos quesitos de educação, lhe tratava com a amável cumplicidade que existe entre as mulheres e com especial atenção, talvez por ser a caçula, entre tantos filhos. D. Rachel a chamava de Cleusinha. Cleusa se lembra com clareza como era o dia-a-dia de sua casa: os quitutes da “Véia” (apelido da empregada doméstica chamada Isolina, alta, de origem africana, uma trabalhadora incansável), sua mãe lendo os livros de que tanto gostava pela manhã o “Sola”, ordenança do pai, então Coronel - Médico do Hospital Militar, trazendo sacos de arroz, de feijão, de batatas (as compras eram volumosas, pois a família era numerosa), a Cleusa na “cacunda” do “Sola”, o almoço com a presença do pai e dos irmãos (exceto Vinício, que então estudava na Escola de Minas de Ouro Preto), as reprimendas do pai quando os filhos não se portavam bem à mesa, ou quando haviam “aprontado alguma”, a hora da “sesta”, mais brincadeiras enquanto o pai voltava ao seu consultório médico, na av. Afonso Pena e...chegava a hora do banho, da Lygia esfregar a Cleusinha, encardida de tanta sujeira, ...a “Ave-Maria”, ...a chegada do pai - retornando do consultório - as visitas (....), ...o pai lendo livros de medicina e escrevendo os seus livros, o jantar – hora de silêncio ! Papai está escutando música clássica – que tal uma saidinha até à calçada em frente? Brincar de pix, cabra-cega, ....olha: o Pom-pom está chegando...Chi-chi, Chi-chi! O Pom-pom está chegandooo....ah!..Como era bom! Cleusinha adorava ir à moderna e enorme loja de departamentos do Tio Aurélio, que ficava no edifício Sul América (Tio Aurélio era irmão de D. Rachel, então um homem bem sucedido nos negócios, muito gentil e caloroso com os sobrinhos); ía não só para ver as novidades, os brinquedos, mas principalmente para comer as pipocas preparadas na máquina automática, então inédita em Belo Horizonte e sempre ganhava algum presentinho da Tia Ivone. Iniciou os estudos no Instituto de Educação, na rua Álvares Maciel e a partir do 4º ano primário (atual 4ª serie do ensino fundamental), passou a freqüentar o Colégio Santa Maria, no bairro Floresta.

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Alfredo Malta Era uma época de tranqüilidade na capital mineira, Cleusa e as amiguinhas iam para o colégio, na maior parte das vezes, a pé. As escolas mineiras da época eram famosas pelo estímulo à prática de esportes e, como já acontecia com seus irmãos mais velhos, Cleusinha se inicia no “Volley-ball” (como ainda se escrevia na época): foi paixão à primeira vista e a jovem colegial começa a se destacar nas quadras, tanto pela habilidade no jogo, quanto pela beleza física que o jogo ajudava a mostrar, burlando o extremo rigor de uma época em que a “tradicional família mineira” ditava a maneira como as pessoas deviam se comportar em público, o que se podia vestir, até onde podia se mostrar o corpo, enfim, era uma época de muita repressão moral. Certamente isso tinha a ver com a forte influência que a Igreja Católica sempre exerceu sobre a sociedade local. Cleusa tinha um bom desempenho na escola, ainda que os jogos de vôlei passassem a ter cada vez mais importância na sua vida, inclusive lhe rendendo popularidade na adolescência, que transcorreu ao longo da época conhecida como “os anos dourados”. Cleusa freqüenta festinhas - as “horas dançantes” como se dizia na Belo Horizonte de então, onde o ambiente era propício para despertar os primeiros flertes, as “paixonites” (mas, só podia ir, se acompanhada por um dos irmãos, como preconizava a “tradicional família mineira”) e depois de alguns namoricos platônicos, chega o primeiro namorado: Sérgio, um jovem muito bonito, que lhe deu os primeiros beijos. Entre as colegas e vizinhos, começam a se definir verdadeiras amizades: Vânia, Eliane Veloso, Eliana Ferreira (Pelé), Lea Leda, Lea Kalil, Maria Beatriz, Maria da Conceição (Neguinha), Adélia Teixeira, Paulo César (Paulinho, com quem chegou a namorar), Henrique de Souza Filho (Henfil), Fernando Horta, Vicente Horta, Júnia Horta. Em 1965 vai com os pais para São Paulo, onde Dr. Fernando foi se tratar de uma esclerose precoce e onde participa de um grupo teatral amador, formado por alguns dos seus colegas do Colégio Alberto Conte, além de outros estudantes: o “Grupo Espontâneo” (sic), na verdade um disfarce, cujo verdadeiro objetivo era participar da resistência contra a ditadura militar que então dominava o Brasil em alternativa à militância da UNE (União Nacional dos Estudantes), já dissolvida pelos militares, que julgavam poder assim, literalmente amordaçar a classe estudantil.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Em meio aos ensaios de teatro e festas freqüentadas pelo grupo estudantil, Cleusa conhece Alfredo e, após algum tempo iniciam um namoro, que iria durar 5 anos levando os dois jovens ao difícil teste de alimentarem um relacionamento, separados por 586 km de distância, pois, ao final do ano de 1965, Cleusa e seus pais voltariam para Belo Horizonte. Cleusa sempre foi uma namorada muito recatada e contida pela educação então preconizada pela ”tradicional família mineira”, uma realidade muito diferente do ambiente ousado e cosmopolita de São Paulo, onde Alfredo cresceu. Mas para ele, a forte atração do inexplicável “amor à primeira vista”, transformou-se em uma profunda paixão, que iria se revelar inextinguível ao longo dos anos, e que tem perdurado nestes mais de 43 anos, desde que se conheceram. Em 1970, Cleusa (recem formada na universidade) e Alfredo Malta (então no 3º ano do curso de Engenharia e já trabalhando numa indústria paulista) se casam e iniciam a vida a dois em São Paulo-SP; em 1976 vão morar em Ipatinga-MG, onde os dois filhos nascidos em São Paulo-SP, Rodrigo e Christian, e depois Francis, nascido em Belo Horizonte-MG, usufruiram de uma infância feliz, com muita independência (podiam ir ao clube sózinhos, andar de bicicleta pelo bairro do Horto sem perigos), usufruindo de tres clubes (Morro do Pilar, Usipa – pelo qual se tornaram atletas da Federação Brasileira de Natação e Lagoa Silvana, onde dispunham de uma lancha e faziam passeios pelos braços da lagoa), além de excursões a locais pitorescos como Parque Estadual do Rio Doce. No final de 1981, mudaram para Belo Horizonte-MG, quando Alfredo Malta foi transferido para atuar na sede da empresa Alcindo Vieira-Convap e onde residiram até 2009. Cleusa e Alfredo tiveram os seguintes filhos (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Rodrigo Magalhães Gonçalves, nascido em São Paulo-SP, a 04/09/1972, formou-se Arquiteto pela Faculdade de Arquitetura Izabela Hendrix da Universidade Metodista de Minas Gerais, turma de 1998. Rodrigo especializou-se em Arquitetura de Projetos Residenciais, Industriais e de Telecomunicações, tornando-se empresário do ramo de Arquitetura. É ca-

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Alfredo Malta sado com Camila Bohessef Gonçalves Tibo, nascida em Belo Horizonte a 15/10/1982, publicitária com especialização em Promoção de Eventos, filha do casal Nádia Maria Bohessef Tibo e Delson Nogueira Tibo. • Christian Magalhães Gonçalves, nascido em São Paulo-SP, a 14/12/1974, formou-se em Comunicação e Publicidade pela Universidade de Belo Horizonte UNI-BH, turma de 2000. Christian é executivo de Marketing, e empresário; foi casado com Patricia Crosara Brasil de Lima. • Francis Magalhães Gonçalves, nascido em Belo Horizonte-MG, a 29/12/1977, formou-se Médico pela Escola de Medicina da Fundação Lucas Machado - FCMMG, turma de 2004. Francis dedicou-se, como o avô Fernando à Pediatria, com especialização em Cardiologia Pediátrica e mestrado em Ciências da Saúde, da Criança e do Adolescente; é casado com Cristina Borim Codo Dias, Médica pela Escola de Medicina da Fundação Lucas Machado - FCMMG, turma de 2006, que se especializou em Endocrinologia Pediátrica. Cristina nasceu em Belo Horizonte-MG, a 22 de Setembro de 1980, filha do Dr. José Codo Albino Dias (Médico Endocrinologista) e de Sílvia Maria Borim Codo Dias (Bioquímica). • Isabella Magalhães Gonçalves, nascida em Belo Horizonte-MG, a 16/10/1981, formou-se Arquiteta pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – turma de 2005 - especializou-se em Projeto e Decoração de Interiores, é Pós-graduada em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, turma de 2008 e empresária. São netos de Cleusa e Alfredo (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Lucca Brasil, nasceu em Belo Horizonte, a 03/03/2003 é filho de Christian e Patrícia e é estudante.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Gabriel Borim Coda Gonçalves, nasceu em Belo Horizonte, a 13/07/2013 e é filho de Cristina e Francis.

Situação deste ramo familiar registrada em: 19/09/2013 Pessoa para contato com este ramo familiar: Cleusa Magalhães Gonçalves Telefones: (31)3223-3564 celular (31)8812-3564 E-mail: cleusa.professora@gmail.com.br Endereço: Praça das Araucárias, n° 83 Bairro: Condomínio Le Cottage - Nova Lima - MG CEP 34 000-000

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Alfredo Malta

Descendência do casal Clovis Andrade de Magalhães Gomes e Amélia Pereira Magalhães Gomes Clovis Andrade de Magalhães Gomes nasceu em Belo Horizonte-MG, a 18/08/1906, entrou na Escola Militar de Realengo-RJ em 01/04/1926, formouse Oficial Militar em 1932 e obteve todas as promoções de carreira: 2º Tenente/1932, 1ºTenente/1933, Capitão/1937, Major/1948, Tenente Coronel/1952, Coronel/1959, Coronel de Brigada/1974, Coronel de Divisão/1978, atingindo a patente de General do Exército Brasileiro, além de prestar contribuição ao país como Oficial de Gabinete do Ministério da Guerra, no período entre 1956 e 1961. O General Clovis Andrade Magalhães Gomes faleceu a 05/09/1989, no Rio de Janeiro. Casou-se em primeiras núpcias a 08/09/1938, com D. Amélia Pimentel Pereira, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 24/07/1910, filha do casal Adriano Pereira e Amélia de Souza Pimentel Pereira, passando a assinar Amélia Pereira Magalhães Gomes. Após o falecimento de sua primeira esposa, tia Amelita, como ficou carinhosamente conhecida no seio da família, em 09/11/1984, Tio Clovis casou-se em segundas núpcias com a Sra. Leonidia Pereira, em 13/06/1985. O General Clovis e D. Amélia tiveram uma única filha (neta de D. Cymodócea e bisneta de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Beatriz Pereira de Magalhães Gomes, nasceu no Rio de Janeiro-RJ a 12/09/1941, formou-se Professora pelo Instituto de Educação – turma de 1959 - e em Pedagogia pela UERJ – turma de 1964 e, ainda, em Psicologia pela PUC-RJ – turma de 1970). Casou-se em 17/01/1974 com Michel Fernand Etienne Guériot, nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 16/12/1931. Para Beatriz, o casarão de Sítio é um ícone, um lugar de repouso para o espírito. A casa, antiga, os pinheiros ao lado, as jabuticabeiras, tudo, tudo transmite paz. Lembra que certa vez teve paratifo e foi levada para convalescer em Sítio: “ainda me lembro do abraço forte e carinhoso que vovó me deu, dizendo - você está fraquinha, vou lhe dar um doce; levou-me para a copa onde

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo havia um lanche na mesa e me ofereceu geléia de pêra, que ela mesma fazia e que era deliciosa! Trouxe 2 vidros para minha casa no Rio e infelizmente não pedi a receita e creio que essa se perdeu. Todas as vezes em que Beatriz monta o presépio, lembra que o General Clovis contava sobre a magia que era armar o presépio no CASARÃO de Sítio, no Natal: “Ele e os irmãos e todos os demais que lá estavam, buscavam musgo nas pedras das matas para cobrir a gruta e faziam morros com cartolina e até um lago, com um repuxo artesanal, para abrilhantar tudo. Dispunham as figuras com todo respeito e depois apreciavam, contentes, a obra de arte. Isso servia para unir a família, envolvendo todos numa forte aura de espiritualidade. Todos os anos sinto a mesma aura me envolvendo - é como se, de alguma maneira, meu pai, meus tios e avós estivessem me acompanhando ao armar o meu presépio e me ajudando. São netas do General Clovis e de D. Amélia (bisnetas de D. Cymodócea e trinetas de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Andréa Magalhães Gomes Guériot, nascida no Rio de Janeiro-RJ, em 4/10/1977, formada em Desenho Industrial pela PUC-RJ, casada em 11/06/2011, com Fernando Marcolino. • Adriana Magalhães Gomes Guériot, nascida no Rio de Janeiro-RJ, em 14/11/1979, formada em Direito pela Universidade Cândido Mendes, casada em 01/05/09 com Danilo Valverde Pedreira. • Diana Magalhães Gomes Guériot, nascida no Rio de Janeiro-RJ, em 10/11/1982, formada em Comunicação pela PUC-RJ e atualmente cursando Psicologia pela PUC-RJ. São bisnetos do General Clovis e de D. Amélia (trinetos de D. Cymodócea e tataranetas de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Antônio Guériot Marcolini, nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 13/06/13 (dia de Santo Antônio, para alegria da família), filho de Andrea e Fernando.

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Alfredo Malta • Rafael Guériot Pedreira, nascido no Rio de Janeiro, em 08/01/14, filho de Adriana e Danilo.

Situação do ramo registrada em: 19/09/2013 Pessoa de contato deste ramo familiar: Diana Guériot Telefone: (21)2558-8950 / 4256 celular (21)9228-9117 E-mail: dianagueriot@gmail.com Endereço: Rua Professor Olinto de Oliveira, nº 01 (casa) Bairro: Santa Tereza – Rio de Janeiro-RJ CEP 22241-050

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Maurilo Andrade de Magalhães Gomes e Guiomar Correia Magalhães Gomes Maurilo Andrade de Magalhães Gomes nasceu em Belo Horizonte-MG, a 02/12/1908, filho de D. Cymodócea Andrade de Magalhães Gomes e Dr. José Coelho de Magalhães Gomes, portanto neto de D.Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade, formou-se Médico em Outubro de 1932, pela Escola de Medicina da Universidade de Minas Gerais (atual UFMG). Dr. Maurilo casou-se, em 24/02/1931, com D. Guiomar Corrêa Magalhães Gomes, nascida a 10/05/1919, filha do casal Fradique Corrêa da Silva e Olinda Corrêa Borges, residentes em Campina Verde-MG. O menino Maurilo cresceu em Belo Horizonte, onde a única revista em quadrinhos a que as crianças tinham acesso era o “Tico-tico”, que adotava um linguajar quase erudito e, se Maurilo não estivesse brincando com a molecada, trancava-se na biblioteca do pai, onde havia uma coleção de obras célebres: Milton, Schopenhauer, Leibnitz, Sófocles, Demóstenes, Heródoto…, que ele “devorou” e que , segundo ele próprio, lhe deu certa cultura e muito lhe valeu. Lembra que só muito mais tarde é que foi conhecer as revistas em quadrinhos do Superman, do Fantasma (dos quais nunca gostou) e as Aventuras do Tio Patinhas, do Professor Pardal, dos Três Porquinhos, do Gastão, do Pluto, nas quais achava muita graça e confessou que disputava com os filhos e netos, a primazia de ler as revistinhas em primeiro lugar. Mas, Maurilo também sempre gostou de esportes e a partir da época em que foi aluno do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, praticou atletismo, disputando com sucesso, provas de salto em altura, salto de vara e corridas de cem metros com obstáculos e a grande paixão mesmo era o futebol, em que atuou desde os tempos do Colégio Pedro II, na posição de “meia-esquerda”, em que prosseguiu durante o curso de Medicina e sobre o que dizia “ter uma sorte fenomenal para furar goal”. Torcia “...para o Atlético em Belo Horizonte, para o Flamengo no Rio de Janeiro e para o Corinthians em São Paulo e, na época de estudante, ia cedo para os estádios, de modo a assegurar um lugar com boa visão do campo.” Maurilo anotou, em suas memórias, lembranças da infância despreocupada na companhia dos irmãos: “A nossa mesada era de um mil reis por sema-

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Alfredo Malta na: um tostão para o bonde, de ida, e outro para a volta; quinhentos reis para a entrada da matinée, um tostão de bala, outro de sorvete e sobrava um tostãozinho ainda, ...fumávamos escondido e se nós, os irmãos, brigássemos, ficávamos sem a mesada e não sairíamos no domingo...perder as fitas em série dos ‘Mistérios das Sete Pérolas’, ‘Ravengar’ e as fitas de George Whass, Edie Pólo, William Hart...era uma tristeza para a gente.Se brigássemos, ficaríamos privados da matinée do domingo”. “O meu irmão Clovis tinha um ‘savoir vivre’ notável: às vezes estávamos no auge da briga – eu o xingava de ‘alemão’, por ser alourado, e ele me chamando de ‘africano’, por ser bem moreno, e...quando ouvíamos os passos da mamãe... bastava ela chegar e ficava todo risonho e logo ia dizendo – ‘estamos só brincando, mamãe!’.” “Gozado esse meu irmão. Quantas vezes, passados os anos, nas silenciosas madrugadas do Internato Pedro II, ouvindo o ressonar de centenas de alunos, eu revivia essas cenas e chorava baixinho numa grande saudade da minha meninice tão feliz e despreocupada.” Tio Maurilo, como passei a chamá-lo desde que o conheci, se dizia muito sortudo: “...nasci empelicado, com sorte e essa sorte nunca me abandonou, nem na minha vida privada, nem nas minhas atividades clínicas e cirúrgicas. Fiz o primário com a competente Professora D. Guilhermina Meireles e, após o falecimento do meu pai, em 1921,quando gastamos os poucos recursos que tínhamos com o tratamento da sua doença, no Rio de Janeiro, inclusive a nossa casa que foi vendida por trinta contos de reis, vi-me, o filho caçula, o ‘doi-doi do papai’, sem condições de seguir o curso ginasial. Acontece que naquele tempo era Ministro da Justiça o Senador João Luiz Alves, colega do papai no Caraça, onde estudava toda a elite intelectual daquela época e por onde passou também o meu avô Médico, os meus tios Lilixo e Alberto, catedráticos da Escola de Minas de Ouro Preto e ainda, tio Geraldo – Juiz de Direito, tio Janjão – Médico, tio Henrique – Farmacêutico e tio Mario – Engenheiro. Conto isso, não para vangloriar-me, mas sim para mostrar o valor que a família dava à instrução, sendo o título de ‘Doutor’ a meta

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo ambicionada por todos os Magalhães Gomes. Envergonho-me de dizer, que nunca fiz um café ou arrumei uma cama. Meus pais exigiam de mim somente o estudo e mais nada. Entrei como aluno gratuito no melhor colégio do Brasil, o paradigma de todos os colégios – o Internato Pedro II. Faltava o enxoval: recebi da família rica do meu primo Públio Rache, que falecera num acidente quando se preparava para ir estudar em Ouro Preto e cujo pai era dono da usina de ferro em Itabirito; de início, o aluno pobre, gratuito do internato, entrou com as melhores roupas do colégio. Tinha de tudo e do mais caro e fino. Necessitava agora dos livros. A minha sorte fez com que o bibliotecário daquela época fosse um naturalista, que havia recebido do meu tio Carlos Tomaz Magalhães Gomes, conhecido por Professor Lilixo, o régio presente de um quilo de borboletas. Dada a essa amizade científica, recebi todos os livros adotados. Não senti nenhuma humilhação em ser aluno pobre, gratuito, lá no internato. A minha obrigação era não ser reprovado. De natural estudioso, algo arreliento, fazendo as artes próprias da idade, angariei grandes amizades com os professores, colegas e serventuários. Começamos cento e tantos alunos no primeiro ano e terminamos o curso, em 1925, somente treze colegas. Que saudades tenho dos cinco anos que lá passei, da paz de espírito, do curso eficiente e básico, das amizades duradouras e da bóia gostosa e farta, principalmente do bife de chapa das segundas feiras, cheiroso e apetitoso, tomando todo o largo prato. Saí do Pedro II com 16 anos e com o grave problema do curso superior. Formados eu tinha os dois irmãos mais velhos ambos Engenheiros, mas ganhavam pouco e estavam assoberbados em salvar a Fazenda de Sítio, hoje Antônio Carlos, a paixão da mamãe, onde fôra criada e acostumada a reunir dezenas de parentes. E mamãe, lidando com antigas amizades de meu pai, havia arranjado para mim um lugar gratuito na Escola de Agronomia de Viçosa. Mas eu queria ser Médico! Meu avô foi Médico, tinha tios por ambos os lados Médicos, meu irmão Fernando estava no último ano de medicina, eu sentia vocação chamar-me fortemente para a ciência de Hipócrates. Bati o pé, soli-

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Alfredo Malta citei quatrocentos mil reis emprestados ao tio Lilixo, o rico e sempre bondoso chefe dos Magalhães Gomes e pedi que me voltassem em Belo Horizonte. Eu me viraria. Lá chegando, fui morar com uma tia que era minha madrinha. Com a forte base que trouxe do ‘Pedro II’, não havendo o pré-médico ou científico, necessitava estudar um pouco mais de Física, Química e a evolução das espécies, de Darwin, Lamarque e outros ‘bichos papões’ que ignorava. Meti os peitos e estudava dia e noite para o vestibular. Tomei professores particulares. A matrícula era pesada, acima das minhas posses... o diretor de então da Escola de Medicina era o professor Hugo Werneck, velho amigo da família...pedi uma audiência e fui atendido. Solicitei uma gratuidade na matricula e recebí, de início, um não formal. Levantei-me, ia retirando-me quando ele me chamou: ‘Você é muito orgulhoso, rapaz.’ E eu disse: Professor, eu expuz a minha situação e ninguém melhor que o senhor é conhecedor dos problemas financeiros da minha família. Disse não e eu ia retirar-me. ‘Bem, rapaz, estude bastante, tire uma boa nota no vestibular e eu lhe concedo cincoenta por cento.’ Está bem e muito lhe agradeço. Saí e fui estudar mais ainda. Tirei a tal boa nota e paguei somente metade da matricula. Mas, sendo ‘empelicado’ e com sorte, logo após, o Presidente Antônio Carlos funda a Universidade de Minas Gerais e eu e mais dois colegas nas mesmas condições dos cincoenta por cento, fizemos um requerimento ao presidente, solicitando-lhe gratuidade completa, para pagarmos depois de formados. Deferida a petição, ficou resolvida a anuidade universitária. Antecipando os fatos, para liquidar o assunto do pagamento da matrícula, informo aos meus descendentes e possíveis leitores, que em fins de 1933 paguei tudo, para que outros colegas pobres usufruíssem desta facilidade. Quanto aos caros livros de Medicina, principalmente o‘Testut’ quatro grossos volumes de Anatomia - eu havia herdado do meu tio,

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Dr. Pompeu de Andrade. Outros livros obtive, de meu irmão Fernando, então iniciando a Pediatria em Belo Horizonte. Morei uns tempos com esse bom irmão. Ele foi sempre um dos primeiros da classe, C.D.A., primeiro Presidente da Associação Médica de Pediatria, freqüentador de vários congressos médicos, no norte e no sul do país, onde apresentava valiosos trabalhos e deixou três livros publicados – ‘Sei criar e educar meu filho’, ‘Faça seu filho feliz’ e outro, de Psico-pedagogia, ainda no prelo, quando um edema agudo do pulmão fulminou-o aos sessenta e cinco anos de idade. A sua orientação, o seu estímulo e exemplo, constituíram um firme apoio na realização do meu ideal de ser um bom Médico. Quando estava no segundo ano de Medicina, morei um ano numa república. Deixei a casa do meu irmão Fernando, pois o mesmo era Médico no bairro Carlos Prates, distante demais da Escola. Eu sou o Gastão do Tio Patinhas... a sorte encaminhou para meu companheiro de estudo, e de quarto, um paulista rico que tinha quase todos os livros necessários...estudando junto, eu filava os livros do meu colega Walter Faustino Pereira.Tinha nessa ocasião uma namorada firme e granfina...telefonou-me que ia a uma recepção na casa de um magnata, festa essa que exigia um traje novo e completo. Como meu terno de ir à missa não estava nessas condições fiquei constrangido e contrariado, impossibilitado de estar com a pequena. Fui então dormir cedo, após comentar com o meu companheiro de quarto, o meu azar. Bem dormia o meu primeiro sono, quando fui acordado pelos colegas e companheiros de república, cada um com o melhor que tinha... o alinhadíssimo terno do Humberto, o sapato de verniz do Nassim, a camisa de palha de seda do Vono – vulgo compadre Belarmino do rádio- o colarinho duro do João Grande e a gravata do Walter. Vestiram-me para valer, da cabeça aos pés, chique a valer... todo perfumado, o cabelo esticado com vaselina à moda Valentino. Tomei um táxi, meteram-me um charuto na boca, roubado do pretão Coringa...fizeram-me um discurso bestialógico e eu o respondi com outro e lá fui ver a namorada, beber champagne e dançar ao som de orquestra vinda do Rio.”

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Alfredo Malta Ainda antes de se formar, então com 18 anos, Tio Maurilo aproveitou um recesso da escola de Medicina, em decorrência da revolução de 1932, para estudar e prestar exame para o hospital da Santa Casa e consegue o ambicionado título de Interno da Santa Casa e seria chefe do plantão, então com seiscentos doentes. Formou-se ao final desse ano e alguns dias depois, já estava a caminho de Uberaba, onde chegou após vinte e quatro horas de viagem de trem, pela E.F.Oeste de Minas. Seu destino final, entretanto, era Campo Belo do Prata (atual Campina Verde)por indicação de seu tio, o Dr. Pompeu de Andrade, que já estava aposentado e não se dispunha mais a enfrentar as estradas do interior em lombo de cavalo . Como não havia linha de ônibus, ou mesmo de ‘jardineira’, entre Uberaba e Campo Belo do Prata Maurilo pernoitou por duas noites em Uberaba, aguardando o Ford do Dr. Nicodemus, Engenheiro, fazendeiro e casado com sua prima-irmã Zininha, a qual viria a se revelar uma segunda mãe para o jovem Médico. Em Campo Belo do Prata haviam lhe recomendado a pensão de João Mamede, onde chegou já noite e, após se acomodar, chegou à janela do seu quarto e enfrentou a realidade de uma cidade do interior desconhecida : escuro total, chuva fina caindo incessantemente, sapos coaxando, grilos trititando : “Deu-me o tal nó gorgomilo e apalpei os duzentos mil reis que me restavam no bolso. Era o que sobrara dos três contos de reis que o mano Cícero me dera, após trabalhar mais de dois meses no sertão agreste, lá pelas bandas de São Romão, no norte de Minas Gerais. Ele e o Paulo foram verdadeiros irmãos, nada me deixando faltar. E, graças a Deus, essa união entre os irmãos se mantém até hoje. No meu quarto – uma cama estendida, uma mesa, um lavabo com bacia e jarra esmaltada e uma vela! E o mocinho de Belo Horizonte e Rio que somente conhecia o interior na fazenda do meu avô em Sítio (hoje Antônio Carlos) ali estava no distrito da comarca do Prata, num lugar sem luz elétrica, sem água encanada, sem esgoto, sem rádio, sem o mínimo conforto com o qual estava acostumado, pois, nasci na capital de Minas onde fiz o curso primário, morei cinco anos no Rio onde terminei o curso secundário no Pedro II e voltei a Belo Horizonte, onde me formei.”

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo A verdade é que o Dr. Maurilo se lançou ao sacerdócio que era a Medicina no interior daquele tempo em que ele clinicou, onde toda ajuda e referência com que o Médico contava, era a sua própria, era o seu aprendizado do dia-a-dia, que realimentava sua capacitação e ela se multiplicava em variadas experiências porque lá não havia Médicos especialistas como hoje temos nas grandes cidades, era preciso cuidar dos pacientes, fosse qual fosse o caso, ainda que aproveitasse todas as oportunidades de visita a centros desenvolvidos, para se atualizar nas técnicas mais recentes. E o Dr. Maurilo se revelou o bom Médico de todos e, na verdade, a julgar por suas memórias, foi um Médico admirável. Quando chegou a Campo Belo do Prata (atual Campina Verde), o jovem Dr. Maurilo trazia algumas cartas de apresentação escritas pelo seu tio , o Dr. Pompeu de Andrade; uma delas era endereçada ao Sr. Fradique Corrêa da Silva : “...um homem bonito, másculo, de simpatia irradiante, um líder nato, um condutor de homens e que tinha paixão pela política.Tratoume sempre bem, fui Médico de toda sua família e era só vender boi, ia acertar comigo, não regateando preço. Esse homem que, em 1937, acabou sendo meu sogro . Foi um pai para mim. Logo que me casei com sua única filha, foi morar comigo, juntamente com minha sogra. Bondoso, compreensivo ao extremo, era adorado pelos seus retireiros e subordinados, amigo certo nas horas certas, inclusive dos adversários políticos e respeitado por eles. Chefe do PSD local, Presidente da Câmara, Prefeito, deu início à cidade de Campina Verde, construindo o Fórum, a cadeia e conseguindo elevar o município a comarca. ‘-Maurilo, comprei cem bezerros para você! Você tem tanto comigo e me deve tanto...’ Eu trabalhava na Medicina e pagava o meu débito. ‘-Maurilo, comprei esse ano duzentos bezerros. Está me devendo tanto...’ Eu trabalhava e pagava. Aumentando o número de cabeças, comprou para mim uma parte de terras e depois mais duas, terrenos de furnas, de primeira.

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Alfredo Malta Sua mulher, minha sogra D. Olinda, era a esposa ideal para ele. Embora autoritária e mandona, é uma pessoa que centraliza a atenção numa reunião com a sua prosa inteligente e divertida. E um chefe político necessita de uma mulher assim. Angariando também muitos eleitores, portava-se com discrição e compostura na época das eleições, sem se imiscuir com o eleitorado. Deixou em Campina Verde o cunho da sua personalidade e hoje reside comigo em Barretos, rezando, agüentando o seu genro único e ‘predileto’, pensando somente no futuro de seus netos e bisnetos e fazendo crochet. Reverencia a memória de seu marido querido e usa, até hoje, um medalhão com o retrato dele preso em um colar de prata. Ele se impunha à primeira vista. Nas reuniões políticas e de prefeitos, entretanto, sempre se sobressaía. Vi-o conversar com o presidente Dutra, com o Governador Milton Campos, com senadores e deputados. Aquela fisionomia franca e simpática trazia a confiança imediata. A sua morte, quase súbita pode ser comparada a uma árvore, gigante da floresta e fulminada pelo raio. Na sua queda, a clareira era grande, imensa. Não mais passarinhos cantariam e fariam ninhos na sua copa e ninguém mais se abrigaria à sua sombra. Flores e frutos apodreceriam no chão, inúteis e murchos. Foi um baque para a população. Gente acorreu de todas as partes. Aviões cruzaram os céus e um deles, do Alcides Gouvêa, chegou mesmo já com o dia escuro. Automóveis encheram as ruas e os humildes vieram a cavalo prestar a última homenagem àquele que dera sua vida ao trabalho, à família, aos amigos e à coletividade. Paz à sua alma e o meu reconhecimento de filho. Dr. Maurilo e D. Guiomar tiveram os seguintes filhos (netos da Vovó Cymodócea e Vovô Juca, e bisnetos do Major Neca Andrade e D. Anna Dulcelina):

* (texto em itálico, retirado do manuscrito das memórias do Dr. Maurilo Andrade de Magalhães Gomes, gentilmente cedido pelo seu filho Carlos Tomás Correa Magalhães)

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Marita Corrêa Magalhães de Paula, nascida em Uberaba-MG a 04/09/1939, formou-se para o Magistério em Barretos - SP, pela Escola Nossa Senhora Auxiliadora – turma de 1959. Marita casou-se com Carlos Alberto Macedo de Paula, dedicado ao Agro-negócio. • Ivone Corrêa Magalhães de Souza, nascida em Campina Verde-MG a 19/05/1941, formou-se para o Magistério em Barretos - SP, pela Escola Nossa Senhora Auxiliadora – turma de 1960. Ivone casou-se com Adolpho Ferreira de Souza, nascido em Maracajú - MS, a 05/12/1935, Médico formado pela Escola Nacional de Medicina e dedicou-se ao Agro-negócio, na Fazenda Recordação, em Maracajú-MS. • Lilia Corrêa Magalhães de Carvalho, nascida em Uberaba-MG a 28/09/1943, inicialmente formada para o Magistério, pelo Colégio Maria Auxiliadora, fez cursos especializados de pinturas em porcelana em São Paulo e no Rio de Janeiro, tornando-se Artista Plástica premiada, participando de exposições tanto no Brasil quanto no exterior. Lilia foi casada com José Parassú Camargo de Carvalho, natural de Barretos-SP, produtor rural em Jataí-GO. • Fradique Corrêa Magalhães Gomes, nascido em 23/07/1947 e falecido na mesma data. • Carlos Tomáz Corrêa Magalhães, nascido em Barretos a 18/01/1949, formado em Zootecnia, pelo Instituto de Zootecnia e Indústria Pecuária Fernando Costa, em Pirassununga-SP, turma de 1969, atualmente é empresário de Agro-negócios. Magalhães, como é conhecido no seio familiar, é casado com Abrilina Maria Mucciolo Corrêa Magalhães, a Brila. São netos do Dr. Maurilo de D. Guiomar (bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Fradique Magalhães de Paula, nascido em Barretos-SP a 09/04/1962, filho do casal Marita e Carlos Alberto, dedicou-se ao Agro-negócio, é casado em segundas núpcias com Regiliane.

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Alfredo Malta • Olguita Corrêa Magalhães de Souza, nascida em Barretos-SP a 16/06/1963, filha do casal Ivone e Adolpho, formada em Psicologia e é Professora de Inglês, casada com Cláudio Nascimento Soares, Médico cardiologista, moram em Campo Grande-MS. • Carlos Alberto Magalhães de Paula, nascido em Barretos-SP a 31/03/1964, filho do casal Marita e Carlos Alberto, dedicou-se ao Agro -negócio, é casado com Luciana. • Maurilo Corrêa Magalhães de Souza, nascido em Barretos-SP a 09/09/1964, filho do casal Ivone e Adolpho, formado em Arquitetura pela Escola Nacional de Arquitetura - RJ dedicou-se ao Agro-negócio, é casado com Raquel Andrade de Souza. • Renata Magalhães de Paula, nascida em Barretos-SP a 17/06/1967, filha do casal Marita e Carlos Alberto, formada em Pedagogia, dedicouse às Artes Plásticas e é solteira. • Eduardo Corrêa Magalhães de Souza, nascido em Dourados-MS a 08/05/1970, filho do casal Ivone e Adolpho, formado em Agronomia pela Universidade de Londrina - PR dedicou-se ao Agro-negócio, é casado com Claudia Davecchi de Souza, formada em Fisioterapia. • Adriano Corrêa Magalhães de Souza, nascido em Dourados-MS a 02/05/1971, filho do casal Ivone e Adolpho, dedicou-se ao Agro-negócio, é casado com Luciana Almeida de Souza, formada em Psicologia, em Campo Grande-MS. • José Parassú de Carvalho Neto, nascido em Barretos, a 09/10/1969, filho do casal Lilia e Parassú, é Produtor Rural em Jataí-GO, formado Técnico Agrícola, casado com Ana Letícia Casseb Hose de Carvalho, Advogada, natural de Barretos-SP. • Vanessa Magalhães de Carvalho, nascida em Barretos, a 09/10/1971, filha do casal Lilia e Parassú, é Bacharel em Letras – Tradutora e In-

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo terprete – pela UNAERP, de Ribeirão Preto-SP, atualmente cursando pós-graduação em Leadership, na Pheifer University – em Charlotte, Carolina do Norte-USA. • Luis Cláudio Magalhães de Carvalho, nascido em Barretos a 20/11/1972, filho do casal Lilia e Parassú, formado em Administração de Empresas, pela FAAP-SP, foi empresário em São Paulo durante 10 anos e atualmente é Produtor Rural em Jataí-GO, casado com Ana Letícia Abocafer Costa de Carvalho, Advogada, natural de Uberaba-MG. • Alexandre Mucciolo Corrêa Magalhães, nascido em São Paulo-SP a 08/03/1972, filho do casal Brila e Magalhães, formado em Administração de Empresas, pela UFMG, dedicou-se ao Agro-negócio e é casado com Tricia Paiva Magalhães. • Leonardo Mucciolo Corrêa Magalhães, nascido em São Paulo-SP a 08/01/1974, filho do casal Brila e Magalhães, dedicou-se ao Agro-negócio. São bisnetos do Dr. Maurilo e de D. Guiomar (trinetos de D. Cymodócea e tataranetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Fradique Magalhães de Paula Jr., nascido em Barretos-SP a 18/09/1983, filho do casal Elce e Fradique, estuda Publicidade, e é solteiro. • Frederico Magalhães de Paula, nascido em Barretos-SP a 10/12/1984, filho do casal Elce e Fradique, estuda Engenharia, e é solteiro. • Felipe Magalhães de Paula, nascido em Barretos-SP a 06/11/1987, filho do casal Elce e Fradique, estuda Administração de Empresas, e é solteiro. • Helena Andrade de Souza, nascida em Barretos-SP a 28/06/1992, é filha do casal Raquel e Maurilo, estuda e é solteira.

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Alfredo Malta • Maria Claudia Andrade de Souza, nascida em Campo Grande-MS a 16/11/1993, é filha do casal Olguita e Cláudio, estuda e é solteira. • Rafael Magalhães de Paula, nascido em Barretos-SP a 30/07/1999, filho de Carlos Alberto (divorciado), é estudante. • Antônio Almeida de Souza, nascido em Campo Grande-MS a 31/08/1999, filho do casal Luciana e Adriano, é estudante. • Sofia Paiva Mucciolo Magalhães, nascida em Uberlândia-MG a 24/10/2000, filha do casal Tricia e Alexandre, é estudante. • Lucas Magalhães de Paula, nascido em Barretos-SP a 24/04/2001, filho de Carlos Alberto (divorciado), é estudante. • Bárbara Vieira Mucciolo Magalhães, nascida em Uberlândia-MG a 22/02/2002, filha de Leonardo (divorciado). • Rodrigo Paiva Mucciolo Magalhães, nascido em Uberlândia-MG a 18/07/2004, filho do casal Tricia e Alexandre. • Fernanda Almeida de Souza, nascida em Campo Grande-MS a 01/08/2004, filha do casal Luciana e Adriano.

Situação deste ramo familiar registrada em: 02/02/2007 Pessoa para contato com este ramo familiar: Magalhães (Carlos Tomás Correa Magalhães) Telefone (34) 3235-9304 / Celular: (34)9912-1426 E-mail: magalhães@triang.com.br Fax: (34) 3236-9427 Marita – fone: (17) 3322-2936 E-mail: Ivone – fone: (67) 3321-0155 E-mail: fahxavier@hotmail.com Lilia – fone: (17) 3322-5501 E-mail:

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Mário Andrade e Elvira Duval de Andrade Mário Andrade, terceiro entre os filhos do casal Major Neca Andrade e D.Anna Dulcelina, nasceu em Sítio-MG, em 1875, casou-se com D. Elvira Duval de Andrade, nascida no Rio de Janeiro, a 23/05/1880 e atuou como empresário. Mário e D. Elvira tiveram os seguintes filhos (sobrinhos de D.Cymodócea e netos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Lincoln Duval Andrade, primogênito, nasceu em Sítio-MG, a 02/02/1903, formou-se Engenheiro pela Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto (atual UFOP), turma de 1924. Em 02/02/1925, Lincoln casou-se com Dalila Fernandes da Silva, filha de Manoel Fernandes da Silva e de D. Carolina Fernandes da Silva, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 19/04/1909. • Moacir Duval Andrade, nasceu em Sítio-MG, a 04/02/1904, formou-se Engenheiro pela Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto (atual UFOP), turma de 1926. Em 1927, Moacir casou-se com Zélia Andrade. Lincoln e Dalila tiveram os seguintes filhos (netos de D. Elvira e Mario Andrade, sobrinhos netos de D. Cymodócea e bisnetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Waldir Andrade, nascido em Sítio-MG, a 10/11/1926, casou-se com Florência da Silva Lessa. • Wilma Andrade Westin, nascida em Sítio-MG, em 1927, casada com Dr. Cid Westin, natural de São João da Boa Vista-SP. • Newton Andrade, Industrial, nascido em Sítio-MG e casado com Dulce de Paula, natural de Belo Horizonte-MG. • Naly Andrade Savassi, nascida em Sítio-MG e casada com Danilo Savassi, Advogado que foi Juiz e Industrial, natural de Belo Horizonte-MG.

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Alfredo Malta • Dalila Andrade Amorin, natural de Belo Horizonte, casada com Walter Amorin, natural do Rio de Janeiro-RJ, Oficial da Aeronáutica. • Maria Lúcia Andrade Costa, nascida em Belo Horizonte-MG, casada com Naylor Costa, natural de Belo Horizonte. São bisnetos de Mario Andrade e de D. Elvira (sobrinhos bisnetos de D. Cymodócea e trinetos do Major Neca Andrade e de d. Anna Dulcelina): • Sérgio Paulo de Andrade Westin (filho do casal Wilma e Cid Westin) • Thais de Andrade Westin (filha do casal Wilma e Cid Westin) • Nelson Luiz de Andrade Westin (filho do casal Wilma e Cid Westin) • Márcia de Andrade Westin (filha do casal Wilma e Cid Westin) • Dalton de Andrade Westin (filho do casal Wilma e Cid Westin) • Sérgio Marcus de Andrade Savassi (filho do casal Naly e Danilo Savassi) • Márcio Luiz de Andrade Savassi (filho do casal Naly e Danilo Savassi) • Liliane de Andrade Savassi (filha do casal Naly e Danilo Savassi) • Cristiane de Andrade Savassi (filha do casal Naly e Danilo Savassi) • Ana Cristina Silva de Andrade (filha do casal Florência e Waldir Andrade) • Cláudia Beatriz Silva de Andrade (filha do casal Florência e Waldir Andrade) • Andrea Silva de Andrade (filha do casal Florência e Waldir Andrade) Maria Tereza Silva de Andrade (filha do casal Florência e Waldir Andrade) • Lincoln Silva de Andrade (filho do casal Florência e Waldir Andrade) • Carla de Andrade Costa (filha do casal Maria Lúcia e Naylor Costa)

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Naylor Costa Junior (filho do casal Maria Lúcia e Naylor Costa) • Adriana de Andrade Costa (filha do casal Maria Lúcia e Naylor Costa) • Gustavo de Andrade Costa (filho do casal Maria Lúcia e Naylor Costa) • Rosane Andrade Amorin (filha de Dalila e Walter Amorin) • Maisa de Andrade Amorin (filha de Dalila e Walter Amorin) • Carla de Andrade Amorin (filha de Dalila e Walter Amorin) • Márcia de Andrade Amorin (filha de Dalila e Walter Amorin) • Luiz Paulo de Paula Andrade (filho de Dulce e Newton Andrade) • Ana Laura de Paula Andrade (filha de Dulce e Newton Andrade) • Newton Ricardo de Paula Andrade (filho de Dulce e Newton Andrade) • Tereza Cristina de Paula Andrade (filha de Dulce e Newton Andrade) • Alexandre de Paula Andrade (filho de Dulce e Newton Andrade) • Dulce Maria de Paula Andrade (filha de Dulce e Newton Andrade) • Paula de Paula Andrade (filha de Dulce e Newton Andrade) • Vera Lúcia de Paula Andrade (filha de Dulce e Newton Andrade) • Kátia de Paula Andrade (filha de Dulce e Newton Andrade) • Karina de Paula Andrade (filha de Dulce e Newton Andrade)

NOTA – Até a edição deste livro, o autor não obteve outros dados e não conseguiu retomar contato para este ramo familiar. Entretanto, os dados eventualmente recebidos, após esta edição, deverão ser incorporados numa futura edição, devidamente atualizada, com os dados atualmente faltantes e também dos mais novos descendentes.

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Alfredo Malta

Descendência do casal Pompéia Noêmia Andrade de Magalhães Gomes e Geraldo Leite Magalhães Gomes Pompéia Noemia Andrade de Magalhães Gomes nasceu em Sitio a 16/10/1878, a sexta entre os filhos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina, casou-se em Ouro Preto, com Geraldo Leite Magalhães Gomes, formado Bacharel em Direito. Pompéia e Geraldo tiveram os seguintes filhos (sobrinhos de D. Cymodócea e netos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Américo Andrade de Magalhães Gomes, nascido em Bias Fortes, município de Barbacena - MG, em 12/10/1897, fez os cursos primário e ginasial na cidade de Bananal - SP, onde seu pai foi Juiz de Direito; formou-se em Engenharia pela Escola de Engenharia de Minas, casou-se com Aracy Lott Magalhães Gomes e não tiveram filhos. • Nair Andrade de Magalhães Lott, nasceu na cidade de Bias Fortes, município de Barbacena - MG, em 24/12/1898, fez os cursos primário e ginasial na cidade de Bananal-SP, onde seu pai foi Juiz de Direito; formou-se Professora pelo Instituto de Educação, em Belo Horizonte - MG. Casada com o médico Dr. Mário Hermanson Lott, cujos deslocamentos os levaram a morar em diversas cidades do interior de Minas Gerais. Nair teve uma vida muito laboriosa, sempre lutando com muita garra, sem se deixar abater por nada e sempre tinha o sorriso e a fé em deus, como suas armas estratégicas, para vencer as batalhas do dia-a dia; faleceu em 13/01/1981. (fonte: livro “Lembranças de Nair Andrade de Magalhães Lott – 1898/1998”, da autora Stella Lott de Almeida Cunha). • Sylvia Andrade de Magalhães Lott, nascida Andrade Magalhães Gomes, na cidade de Bias Fortes-MG, comarca de Barbacena, em 12/10/1900 e estudou em Bananal-SP, onde seu pai foi Juiz de Direito. Sylvia casou-se com o Capitão do Exército Eduardo Baptista Teixeira Lott; ambos são falecidos e não tiveram filhos.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Célia Andrade de Magalhães Alvim, nascida em Belo Horizonte a 19/09/1916, formou-se em magistério pelo Instituto de Educação e casou-se, a 06/04/40 em B.Horizonte, com Sebastião Campos Alvim, formado em Odontologia pela UFMG. São netos de Pompéia e Geraldo (bisnetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina, sobrinhos netos de D. Cymodócea): • Maurício Magalhães Lott, nasceu em Belo Horizonte-MG em 04/11/1922 e faleceu em 23/03/2003. Filho de Nair e Mário Hermanson Lott formou-se Engenheiro Civil e trabalhou na Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado de Minas Gerais, assessorando o desenvolvimento técnico de projetos e construindo grupos escolares em várias cidades mineiras. Especializado em cálculo de estruturas em concreto armado, participou da construção de vários edifícios em Belo Horizonte. Casou em primeiras núpcias com Cide Salomão (falecida em janeiro de 1952), filha de D. Collete Nacif Salomão e de Jorge Salomão, e em segundas núpcias com Clélia Fernandes, filha de D. Maria Luiza de Araujo Fernandes e de Antônio Fernandes. • Milton Magalhães Lott, nasceu na cidade de Guanhães - MG, em 21/10/1924. Filho de Nair e Mário Hermanson Lott participou dos serviços de topografia para localização e construção da Cidade Industrial de Minas Gerais e estudou na Escola de Cadetes da Aeronáutica, onde se formou Oficial Militar do Ar, em 1945. Fez cursos de aperfeiçoamento nos Estados Unidos da América, lotado na Base Aérea Naval de Whiting Field, em Pensacola-Fl.(treinamento para pouso em porta-aviões) e na Base Aérea de Corpus Christi , em Corpus Christi –Tx.(pilotagem de avião de bombardeiro Liberator B-24). Retornando ao Brasil, serviu na Base Aérea de Natal - RN e na Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica em Barbacena-MG. Foi ainda Instrutor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica (EAOAR) e do curso de Comando do Estado Maior. Durante sua vida profissional recebeu da Força Aérea Brasileira, as medalhas de Bronze e de Prata além da medalha de Santos Dumont, esta conferida pelo Governo do Estado de Minas Gerais; recebeu ainda 17 elogios individuais e 5 coletivos e passou para

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Alfredo Malta a reserva remunerada em 13/10/1970. Casou-se com D. Alpherina Marçolla, filha de Victório Marçolla e de D. Alpherina Marçolla. Após a reserva, trabalhou na implantação da Fábrica de Laticínios da Itambé, em Minas Gerais e, como oficial executivo da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – INFRAERO, administrou o Aeroporto da Pampulha durante 5 anos. • Moacyr Magalhães Lott, nasceu em Guanhães-MG, em 15/06/1926, filho de Nair e Mário Hermanson Lott, formou-se Engenheiro Agrimensor e Civil e casou-se com a Professora Leoni Maria Bianchini, nascida em 01/03/1933, na cidade de Lavras-MG, filha de João Bianchini e de D. Anita Lúcio Bianchini. Após a formatura, Moacyr foi chefe do Setor de Levantamento e Projetos Topográficos da Secretaría de Viação e Obras Públicas do Estado de Minas Gerais, para a construção da Cidade Industrial de Belo Horizonte e, em seguida, tornou-se funcionário da Usiminas - Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais – onde foi Chefe da Seção de Cálculos e Projetos, participou da fiscalização das obras de construção da Fábrica de Oxigênio e da montagem da estrutura metálica da Laminação de Tiras a Quente, foi chefe da Seção de Manutenção Civil, Assessor da Superintendência de Engenharia de Detalhamento e de Engenharia Especializada do Departamento de Engenharia Civil. A partir de 1964, com a emancipação da cidade de Ipatinga, ocupou durante 4 anos o cargo de Secretário de Obras Públicas. • Múcio Magalhães Lott, nasceu em Itabirito-MG, a 08/06/1928, filho de Nair e Mário Hermanson Lott, e, após formar-se Engenheiro Civil, casou-se em primeiras núpcias com Selma Helena Moura (falecida em 07/01/1967), filha de Sebastião Moura e de D. Leony Orlandi e trabalhou na Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais. A seguir, como Engenheiro da Montreal Engenharia, participou da ampliação da Fábrica de Polietileno, da construção do Alto Forno no. 2 e da construção da Coqueria da Usiminas - Usina Siderúrgica de Minas Gerais; trabalhou ainda na Fábrica Nacional de Vagões. Casou-se em segundas núpcias com Valmira da Conceição Silveira, filha de Miguel Silveira e de D.Maria Thereza Orlandi.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Mário Lott Junior, nasceu em Itabirito-MG, a 11/11/1929, filho de Nair e Mário Hermanson Lott e formou-se Engenheiro Civil. Atuando como Engenheiro Consultor, participou do trabalho de levantamento de todas as pontes em concreto armado, com vão superior a 10 m, para obtenção de financiamento visando restaurações e duplicações, junto ao B.I.D. . No DERMG - Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais onde ocupou as seguintes funções: Diretor de Construção e Presidente da Comissão de Licitação, Supervisor de construção da Via Expressa em Belo Horizonte-MG e de duplificação da BR-381. Casou-se com Dila Moura, falecida em 02/11/1988, filha de Sebastião Moura e de D. Leoní Orlandi. • Stella Lott de Almeida Cunha, nascida em Itabirito-MG, em 1930, é filha de Nair e Mário Hermanson Lott, formou-se Professora e casouse com José Carlos de Almeida Cunha, Engenheiro Civil, filho de Roberto de Almeida Cunha, e de D. Maria Luiza de Almeida Cunha, que atuou nas empresas Usiminas - Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais, Usiba-Usina Siderúrgica da Bahia, Planenge, Montec/Magnesita, Construtora Mendes Júnior é membro da Academia Municipalista de Letras, professor em várias Universidades (Una, Fumec etc.) e é fundador do Instituto Mineiro de Grafologia. • Neida Magalhães Lott, filha de Nair e Mário Hermanson Lott, falecida. • Mauro Magalhães Lott, filho de Nair e Mário Hermanson Lott, falecido. • Marcos de Magalhães Lott, nasceu em Belo Horizonte-MG, em 02/01/1939, filho de Nair e Mário Hermanson Lott, formou-se Bacharel em Direito, foi Diretor da Secretaría da Quarta Junta de Conciliação e Julgamento e Diretor Geral do Tribunal Federal Regional- 3a Região ; é casado com Lilia de Carvalho, filha de Humberto da Silva Carvalho e de D. Stela Dalva Maia de Carvalho. • Márcio Magalhães Lott, nasceu em Belo Horizonte-MG, em 10/10/1940, filho de Nair e Mário Hermanson Lott, desde a infância segue a carreira artística. Atualmente é desquitado; foi casado com Luna Candido, mas não tiveram filhos.

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Alfredo Malta • Pompéa Maria Magalhães Alvim, nascida em Belo Horizonte, a 18/05/1941, filha de Célia e Alvim, formada em Ciências Contábeis, atualmente é aposentada. • Suzette Magalhães Alvim Tayar, nascida em Belo Horizonte, a 22/08/1942, filha de Célia e Alvim, casada com Dalmy Tayar, atualmente aposentada. • Norman Magalhães Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 21/09/1944, filho de Célia e Alvim, casado com Vera Lúcia Vargas Alvim, atualmente é aposentado. • Mônica Magalhães Alvim, nascida em Belo Horizonte, a 30/08/1946, filha de Célia e Alvim, foi casada com Dílson Eustaquio Oliveira da Silva, atualmente é aposentada. • Américo Magalhães Alvim, nascido em Belo Horizonte a 30/12/1948, filho de Célia e Alvim, casado com Maria Domingas Ferreira Alvim. • Rogério Magalhães Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 10/12/1950, filho de Célia e Alvim, divorciado de Maria do Rosário Garcia Alvim, mora com Lúcia Helena Vieira; • Cláudio Magalhães Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 28/06/1953, filho de Célia e Alvim, formou-se Engenheiro em 18/12/1978, foi casado com a Professora Laila Hamdan Alvim, Bacharel em Língua Portuguesa pela Faculdade Newton de Paiva. • Clever Magalhães Alvim, nascido Belo Horizonte, a 03/09/1955, filho de Célia e Alvim, divorciado de Ivanete Capachi. • Tânia Magalhães Alvim, nascida em Belo Horizonte, a 21/08/1956, filha de Célia e Alvim, formada em Enfermagem pela PUC-MG, é divorciada de Marcus Vinicius Duarte Braga. São bisnetos de Pompéia e Geraldo (trinetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina, sobrinhos bisnetos de D. Cymodócea): • Leonardo Alvim da Silva, nascido em Belo Horizonte, a 05/08/1970, filho de Mônica e Dílson.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Clayton Vargas Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 17/07/1972, filho de Norman e Vera Lúcia, é formado em Engenharia pela UFMG e é casado com Sirley Alvim. • Érica Alvim da Silva, nascida em Belo Horizonte, a 05/03/1973, filha de Mônica e Dílson, é formada Técnóloga em Enfermagem, é casada com Pethrus. • Rodrigo Garcia Alvim, nascido no Paraná, a 02/01/1974, filho de Rogério e Maria do Rosário, é formado pela Universidade Rural do Rio de Janeiro e vive com Renata. • Kelly Cristina Ferreira Alvim, nascida em Belo Horizonte, a 27/01/1974, filha de Américo e Maria Domingas, é formada em Pedagogia pela Faculdade Padre Anchieta – Guarapari. • Douglas Vargas Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 24/06/1974, filho de Norman e Vera Lúcia, é formado em Engenharia pela UFMG. • Frederico Augusto Ferreira Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 05/03/1975, filho de Américo e Maria Domingas. • Leandro Alvim da Silva, nascido em Belo Horizonte, a 26/7/1975, filho de Mônica e Dílson, é casado em Thalita da Silva. • Rosana Garcia Alvim, nascida em Lambari-MG, a 19/08/1975, filha de Rogério e Maria do Rosário, é formada em Direito pela Faculdade de Bragança Paulista. • Fabrício Alvim Tayar, nascido em Belo Horizonte, a 30/08/1975, filho de Suzette e Dalmy, é estudante de Propaganda e Marketing; • Ismara Vargas Alvim, nascida em Belo Horizonte, a 25/07/1976, filha de Norman e Vera Lúcia, é formada em Ciência da Computação pela UFMG. • Rosangela Garcia Alvim, nascida em Lambari-MG, a 15/05/1977, filha de Rogério e Maria do Rosário, é formada em Administração de Empresas pela UNA-MG. • Riordam Vargas Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 01/04/1979, filho de Norman e Vera Lúcia, é formado em Engenharia pela UFMG.

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Alfredo Malta • Renata Alvim da Silva, nascida em Belo Horizonte, a 25/10/1979, filha de Mônica e Dílson (adotada). • Jordana Alvim, nascida em Belo Horizonte, a 04/03/1980, filha de Clever e Grécia. • Marcelo Handam Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 12/04/1982, filho de Cláudio e Laila, atualmente cursa Engenharia na PUC-MG. • Poliana Vargas Alvim, nascida em Betim-MG, a 23/01/1983, filha de Norman e Vera Lúcia, atualmente cursa Engenharia na UFMG. • David Capachi Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 09/06/1983, filho do Clever e Ivanete, atualmente cursa Matemática na UFMG. • Mariana Alvim Braga, nascida em Belo Horizonte, a 07/07/1984, filha de Tânia e Marcus, atualmente cursa Veterinária na PUC-MG. • Mateus Handam Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 31/12/1984, filho de Cláudio e Laila, atualmente cursa Engenharia na PUC-MG. • Tiago Handam Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 01/07/1986, filho de Cláudio e Laila. • Marcela Alvim Braga, nascida em Belo Horizonte, a 10/10/1987, filha de Tânia e Marcus. • Marina Alvim Braga, nascida em Belo Horizonte, a 10/10/1987, filha de Tânia e Marcus, atualmente cursa Ciências Biológicas na UNI-BH. • Naila Ferreira Alvim, (adotiva), nascida em Guarapari, a 18/05/1998, filha de Américo e Maria Domingas. • Leonardo Vieira Alvim, nascido em São Paulo-SP, a 12/03/2002, filho de Rogério e Lúcia. São trinetos de Pompéia e Geraldo (tataranetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Lucas Faria Alvim Tayar, nascido em Belo Horizonte, a 18/08/1994, filho de Fabrício e Paula.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Brenda Alvim, nascida em Guarapari - ES, a 16/05/1997, filha de Frederico. • Renan Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 06/09/1999, filho de Clayton e Sirley. • Pedro, nascido em Guarapari, a 08/11/1999, filho de Kelly e Alexandre. • Julia Alvim, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 07/02/2001, filha de Rodrigo e Renata. • Phillipe, nascido em Guarapari, a 10/05/01, filho de Kelly e Alexandre. • Renzo Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 22/05/2001, filho de Clayton e Sirley. • Izabella Alvim, nascida em Belo Horizonte, a 26/06/2002, filha de Leonardo e Andréia. • Diogo Alvim, nascido em Belo Horizonte, a 10/08/2003, filho de Clayton e Sirley. • Carolyne, nascida em Cambridge-EUA, a 01/06/2004, filha de Erica e Pethrus (neta da Mônica). • Túlio, nascido em Belo Horizonte, a 02/03/2005, filho de Renata e Giovani (neto da Mônica) • João Gabriel, nascido em Rio de Janeiro, a 02/05/2005, filho de Rodrigo e Renata (neto de Rogério). • Thales, nascido em Belo Horizonte, a 06/05/2008, filho de Leandro e Thalita (neto da Mônica). • Elias, nascido em Cambridge-EUA, a 19/11/2009, filho de Rosana e Lazlo (neto do Rogério). • Gabrielle, nascida em Cambridge-EUA, a 31/12/2010, filha de Erica e Pethrus (neta da Mônica). • Carolina, nascida em Rio de Janeiro, a 08/01/2011, filho de Rodrigo e Renata (neto de Rogério).

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Alfredo Malta • Vitor, nascido em Betim, a 07/03/2013, filho de Riordan e Izabela (neto do Norman). • Zaki, nascido em Boston-EUA, a 08/10/2013, filho de Rosana e Lazlo (neto do Rogério). • Pedro, nascido em Belo Horizonte, a 03/10/2014, filho de Fabrício e Juliana (neto da Suzette). • Samuel, nascido em Belo Horizonte, a 01/02/2015, filho de Mariana e José Oliveira (neto da Tânia). • Katherine, nascida em Betim, a 26/03/2015, filha de Douglas e Daniela (neta do Norman).

Situação deste ramo familiar registrada em: 2010 Pessoa para contato com este ramo familiar: Cláudio Alvim Telefone: (31) 3879-2806 / Celular :(31) 9122-8249 E-mail: claudioalvim@hotmail.com Endereço: Rua Gonçalves Dias 2536, aptº 401 Bairro: Lourdes - Belo Horizonte-MG CEP 30.140-092

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Edméia Iracema Andrade Duffles da Costa Teixeira e Thomaz Duffles da Costa Teixeira Edméia Iracema Andrade Duffles da Costa Teixeira, nasceu em Sítio -MG, em 1879, sétima entre os filhos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade. Os negócios entre o Major Neca e Thomaz Duffles tornaram as visitas que Thomaz Duffles da Costa Teixeira (o Thomazinho), fazia a Sítio muito freqüentes e, em dado momento, Edméia Iracema e Thomazinho se deram conta de que se gostavam muito e o namoro entre os dois foi uma conseqüência natural ... daí ao noivado... e “... em 07/01/1899, mais um elo de ligação entre as famílias Duffles e Andrade se fecha: Thomazinho e Edméia Iracema se casam em Sítio-MG e a recepção aconteceu no CASARÃO.” Edméia Iracema e Thomazinho tiveram os seguintes filhos (sobrinhos de D. Cymodócea e netos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Romeu Andrade Duffles Teixeira foi o primogênito, nasceu em Sítio-MG (atual Antônio Carlos), a 04/02/1900, formou-se Engenheiro Urbanista pela Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro, viveu solteiro e faleceu em 1978. • Iracema Duffles Teixeira Magalhães Gomes (Professora), casada com Cícero Andrade Magalhães Gomes (Engenheiro), filho de Cymodócea e José Coelho Magalhães Gomes, anteriormente citados, ambos falecidos e sem filhos. • Gilberto Andrade Duffles Teixeira, casado com Iracema Novais Duffles Teixeira. • Juracy Andrade Duffles Teixeira (morreu solteira). • Jacira Andrade Duffles Teixeira, foi funcionária do DCT, (atual “Cor
reios”), era irmã gêmea de Jandira, que vem a seguir; faleceu em 2007.

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Alfredo Malta • Jandira Andrade Duffles Teixeira (falecida aos 4 anos), irmã gêmea de Jacira, acima citada. • Ceci Andrade Duffles Teixeira (Professora). • Delson Andrade Duffles Teixeira nasceu em Belo Horizonte-MG, a 27/02/1915, formou-se em Ciências Contábeis no Rio de Janeiro-RJ e faleceu a 26/11/1963. Em 29/12/1945, Delson casou-se com Maria do Carmo Souza Duffles Teixeira, nascida em Andrelândia - MG, a 16/07/1920. • Celso Andrade Duffles Teixeira, nascido em Belo Horizonte-MG, a 06/09/1918, formou-se Engenheiro Agrônomo pela Escola de Agronomia de Lavras, turma de 1944 e faleceu em 27/09/1985. Celso casou-se com Wanda Rodrigues Duffles Teixeira a 14/09/1945. 
Wanda nasceu em São João Del Rey-MG, a 14/09/1924, filha do casal Hildebrando José Rodrigues e Ana Bartolozzi Rodrigues. 
 São netos de Edméia Iracema e Thomaz Duffles (sobrinhos-netos de Cymodócea e bisnetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca): • Carlos Rogério Duffles Teixeira (26/05/1933), médico, já falecido, filho de Gilberto Andrade Duffles Teixeira e Iracema Novaes Duffles Teixeira. • Edméa Maria Duffles Braga (25/01/35), casada com Luiz Fernando Botelho Braga ( falecido). • Gil Ney Duffles Teixeira (18/11/1936), casado com Maria das Mercês Duffles Teixeira (nascida dos Santos Géo), reside em Belo Horizonte-MG. • Juracy Duffles Teixeira, falecida. • Ângela Duffles Teixeira (15/01/1942), casada com François de Broucket, residem em Belo Horizonte-MG. • Geraldo Aloísio Duffles Teixeira (o Ísio) (16/10/ ) , casado com Maria Emília Faleiro. • Marcos Rodrigues Duffles Teixeira, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 13/09/1946, é professor de Português formado pela PUC-MG, turma de

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo 1971, casado com Maria da Conceição Marangon Duffles Teixeira (Nena), Pedagoga formada pela UNI-BH. Marcos é filho do casal Celso e Wanda. • Neide Duffles Fernandes Pereira, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 14/12/1946, é casada com Paulo Fernandes Pereira e é filha do casal Delson e Maria do Carmo. • Edson Rodrigues Duffles Teixeira, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 30/06/1948, é Engenheiro Eletricista formado pela UFMG, turma de 1971, casado com Maria do Socorro Marçal Duffles Teixeira, Psi- copedagoga formada pela UNI-BH. Edson é filho do casal Celso e Wanda. • Nilton Souza Duffles Teixeira, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 25/11/1949, foi casado em primeiro matrimônio com Denise e em segundo matrimônio com Miriam. Nilton é filho do casal Delson e Maria do Carmo. • Maria do Carmo Duffles Aldon (11/04/52), casada com Phillipe Aldon, residem na França. • Fabio Rodrigues Duffles Teixeira, nascido em Belo Horizonte-MG, a 03/11/1950, é Administrador de Empresas, formado pela UFMG, casado com Solange Quites Machado Duffles Teixeira, Administradora de Empresas formada pela PUC-MG. Fabio é filho do casal Celso e Wanda. • Edna Duffles Teixeira Ribeiro dos Reis, nascida em BeloHorizonte-MG a 19/03/1953, é Administradora de Empresas, formada pela PUC-MG, casada com Antônio Carlos Ribeiro dos Reis (Kaká), Administrador de Empresas formado pela FUMEC. Edna é filha do casal Celso e Wanda. • Marcia Duffles Miranda de Brito, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 14/10/1955, é casada com Celso Miranda de Brito. Marcia é filha do casal Delson e Maria do Carmo. • Luiz Souza Duffles Teixeira, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 13/09/1959, é casado com Denise Gabriel Duffles Teixeira. Luiz é filho do casal Delson e Maria do Carmo. • Cláudio Rodrigues Duffles Teixeira, nascido em Belo Horizonte-MG, a 25/09/1962, é Administrador de Empresas, formado pela PUC-MG,

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Alfredo Malta casado em segundas núpcias com Mara Lívia, Advogada e Fisioterapeuta, pela Universo. Cláudio é filho do casal Celso e Wanda. • Kátia Rodrigues Duffles Rocha Franco, nascida em Belo Horizonte -MG, a 09/05/1965, é formada em Comunicação Visual pela FUMA, casada com Willer Rocha Franco, Engenheiro. Kátia é filha do casal Celso e Wanda. 
 São bisnetos de Edméia Iracema e Thomaz Duffles (trinetos do Major Neca e de D. Anna Dulcelina): • Paulo César, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho do casal Neide e Paulo. • Ana Márcia, nascida em Belo Horizonte-MG, Professora de Português, 
filha do casal Marcos e Nena. • Adriana, nascida no Rio de Janeiro-RJ, filha do casal Neide e Paulo. • Mônica Duffles Braga (13/04/1957), reside em Belo Horizonte-MG. • Maria Cristina Braga Lobato (19/07/1958) é casada com Roberto Lobato e reside em Belo Horizonte. • Flávia Duffles Braga (27/02/1960) é casada com Paulo, reside em Lavras Novas-MG. • Ana Luiza Duffles Braga (05/08/1961) é casada com Marcos Antônio Gonzaga e reside em Los Angeles-EUA. • Adriana Géo Duffles Teixeira Musman (15/04/1962), Bióloga, casada com Sílvio Musman, reside em Rio Acima-MG. • Luciano Géo Duffles Teixeira (12/01/1964). • Luiz Fernando Duffles Braga (15/06/1964), casado com Rachel Rabelo. • Helga Maria Duffles Braga (27/05/1965), casada com Otávio Campos. • Gilberto Anselmo Duffles Teixeira (Setembro de 1965), casado com Mara, residem no Rio de Janeiro. • Daniel Géo Duffles Teixeira (19/07/1966).

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Myrian Anselmo Duffles Teixeira (Fevereiro de 1968) , é solteira e reside em São Paulo. • Cláudia Duffles Gonçalves (23/03/1969), casada com Cícero Cataldi. • Daniella Faleiro Duffles(16/03/1971), casada com Rodrigo Vieira Diniz. • Carla Duffles (Janeiro de 1973), é Fonoaudióloga e reside no Rio de Janeiro. • Alexia Faleiro Duffles Drummond (Outubro/1973), é casada com André Filizolla Drummond • Patrícia Anselmo Duffles Teixeira (Fevereiro de 1977), é Geóloga, casada com Lucas Nogueira, residem no Espírito Santo. • Luc Antoine Duffles Aldon (23/10/1994). • Flávio, nascido em Belo Horizonte-MG, Representante Comercial, filho do casal Marcos e Nena. • Bárbara, nascida no Rio de Janeiro-RJ, filha do casal Marcia e Celso. • Aline, nascida em Belo Horizonte-MG, Psicóloga, filha do casal Edson 
e Socorro. • Natália, nascida no Rio de Janeiro-RJ, filha do casal Marcia e Celso. • Daniel, nascido em Belo Horizonte-MG, Profissional de Educação Física, filho do casal Marcos e Nena. • Alysson, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho do casal Marcia e Celso. • Henrique, nascido em Belo Horizonte-MG, Profissional de Educação 
Física filho do casal Edson e Socorro. • Fabiano, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho do casal Nilton e Denise. • Lívia, nascida em Belo Horizonte-MG, Bibliotecônoma, filha do casal Marcos e Nena. • Fabrício, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho do casal Nilton e Denise.

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Alfredo Malta • Letícia, nascida em Belo Horizonte-MG, Engenheira de Minas, filha do 
casal Edna e Kaká. • Fabíola, nascida no Rio de Janeiro-RJ, filha do casal Nilton e Denise. • Lílian, nascida em Belo Horizonte-MG, Psicóloga, filha do casal Fábio e Solange. • Rebeca, nascida em Vitória-ES, filha do casal Nilton e Miriam. • Thais, nascida em Belo Horizonte-MG, Psicóloga, filha do casal Edson 
e Socorro. • Yuri, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho do casal Luiz e Denise. • Gustavo, nascido em Belo Horizonte-MG, Engenheiro Civil, filho do casal Fábio e Solange. • Caio, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho do casal Luiz e Denise. • Eduardo, nascido em Belo Horizonte-MG, Publicitário, filho do casal 
Edna e Kaká. • Mariana, nascida em Belo Horizonte-MG, estudante, filha do casal Cláudio e Eliane. • Stéphanie, nascida em Belo Horizonte-MG, estudante, filha do casal Kátia e Willer. • Fabiana, nascida em Belo Horizonte-MG, estudante, filha do casal Fábio e Solange. • Viviane, nascida em Belo Horizonte-MG, estudante, filha do casal Cláudio e Eliane. • Ruggeri, nascido em Belo Horizonte-MG, estudante, filha do casal Kátia e Willer; • Izabela, nascida em Belo Horizonte-MG, estudante, filha do casal Cláudio e Mara.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo São trinetos de Edméia Iracema e Thomaz Duffles (tetranetos do Major Neca e de D. Anna Dulcelina) 
 • Raquel, nascida em Belo Horizonte-MG, estudante, filha de Ana Márcia. 
 • Luis Paulo, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho de Paulo César.
• Juliana, nascida em Belo Horizonte-MG, estudante, filha de Lívia. 
 • Rodrigo, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho de Paulo César. 
 • Laura, nascida no Rio de Janeiro, filha de Adriana. 
 • Luana, nascida em Belo Horizonte-MG, filha de Henrique. 
 • Ana Carolina, nascida no Rio de Janeiro, filha de Fabiano. 
 • Sofia, nascida em Belo Horizonte-MG, filha de Flavio. 
 • Cauã, nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho de Fabiano. 
 • Juliana, nascida em Belo Horizonte-MG, filha de Lívia 
 • Lucca, nascido em Belo Horizonte-MG, filho de Henrique 
 • Lucas, nascido em Belo Horizonte-MG, filho de Letícia 
 • Sofia, nascida em Belo Horizonte-MG, filha de Flávio 
 • Davi, nascido em Belo Horizonte-MG, filho de Thais 
 • Sofia, nascida em Belo Horizonte-MG, filha de Letícia 
 • Caterine Duffles, filha de Gilberto Anselmo e Mara, reside em Florianópolis 
 • Eduarda, nascida em Belo Horizonte-MG, filha de Thais 
 • Helena Duffles Braga, (Julho/1989), filha de Mônica 
 • Ivan Duffles Teixeira, (Novembro/1990), filho de Carla

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Alfredo Malta • Bernardo Duffles Braga, (Junho/1990), filho de Mônica 
 • André Duffles Teixeira, (Maio/1997), filho de Carla 
 • Pedro Braga Lobato, filho de Maria Cristina e Roberto Lobato 
 • Roberto Braga Lobato, filho de Maria Cristina e Roberto Lobato 
 • Thiago Braga Lobato, filho de Maria Cristina e Roberto Lobato 
 • Maria Eduarda Braga Lobato, filha de Maria Cristina e Roberto Lobato 
 • Rodrigo Duffles Braga Gonzaga, filho de Ana Luiza e Marcos Antônio Gonzaga é casado com Ingrid. 
 • Felipe Duffles Braga Gonzaga, filho de Ana Luiza e Marcos Antônio Gonzaga, é casado com Martina e reside em Santa Catarina. 
 • André Duffles Braga Gonzaga, filho de Ana Luiza e Marcos Antônio Gonzaga. 
 • Júlia Braga – filha de Helga 
 • Antônio Jacques Braga – filho de Helga 
 • Sofia Géo Duffles Musman (24/02/1996), filha de Adriana Géo Duffles Teixeira Musman e Silvio Musman. 
 • Thomaz Géo Duffles Musman, (15/09/1997) , filho de Adriana Géo Duffles Teixeira Musman e Silvio Musman. 
 • Briza Faleiro Duffles Diniz, (06/12/1998), filha da Daniella e Rodrigo 
 • Yasmin Géo (01/01/1999) 
 • João Pedro Gonçalves, (Março/2003), filho de Cláudia 
 • Felipe Duffles Drummond, (29/08/2008), filho de Alexia e André 
 • Túlio Duffles Drummond, (22/07/2011), filho de Alexia e André

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo São tetranetos de Edméia Iracema e Thomaz Duffles (pentanetos do Major Neca e de D. Anna Dulcelina) 
 • Gilberto Duffles, (Março/2008), filho de Caterine 
 • Ayla Duffles, (Outubro/2011), filha de Caterine 
 • Ryan – filho de Helena 
 • Caio – Filho de Helena 
 • Ana Beatriz – filha de Rodrigo e Ingrid 
 • Chloé – filha de Rodrigo e Ingrid 
 • Bruno – filho de Felipe e Martina 
 • Pedro – filho de Felipe e Martina

Situação deste ramo familiar registrada em: 08/08/2015 Pessoa para contato com este ramo familiar: Edson Rodrigues Duffles Teixeira Telefone: (31) 3283-2805; cel (31)9981-4742 E-mail: eduffles@yahoo.com.br Endereço: Av. Brasil, nº 1693 – apto 1201 Bairro: Savassi – Belo Horizonte-MG CEP 30.140-002

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Alfredo Malta

Descendência do casal Pompeu de Andrade e Marianna Duffles de Andrade Dr. Pompeu de Andrade nasceu em Sítio-MG, a 04 de Setembro de 1880, filho do casal Manoel Carlos Pereira de Andrade, o Major Neca Andrade e Anna Dulcelina Machado de Andrade, conhecidos no seio familiar como Vovô Neca e Vovó Ninha. Dr. Pompeu formou-se Médico pela Escola Nacional de Medicina do Rio de Janeiro - turma de 1897; após se formar, Dr. Pompeu viveu em Campina Verde-MG, Sítio-MG, Ribeirão Preto-SP, Sertãozinho-SP, Barretos-SP, Santos-SP e São Paulo-SP. Dr Pompeu foi um grande amante do xadrez e, com mais de 80 anos sagrou-se campeão do Clube de Xadrez de Santos-SP. Faleceu em 1983, no dia em que comemorava seu 104º aniversário. Em 1905, casou-se com D. Marianna Duffles de Andrade. Dona Marianna nasceu em Niterói-RJ, em 11/11/1882, tornando-se uma exímia pianista e, em tôdas cidades onde morou, patrocinou saraus e encontros musicais. D. Marianna faleceu prematuramente na década de 30 do século 20 e desde então, Dr.Pompeu permaneceu viúvo. Pompeu e Mariana tiveram os seguintes filhos (netos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Yeda Duffles de Andrade, nascida em Sítio-MG a 09 de Setembro de 1908, formada pela Faculdade de Farmácia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, solteira, permaneceu muito ativa em seus saudáveis 99 anos, mantendo-se independente, como membro atuante da Igreja Evangélica Paulistana, além de fazer parte da Congregação dos Atletas de Cristo, à qual emprestou sua inata capacidade de desenvolver marketing e promover vendas, divulgando sua fé e gerando receitas para sua comunidade religiosa, por meio de livros que versam sobre depoimentos e experiências vividas por esses atletas. Era uma pessoa delicada, que, em nada, sugeria a força que se escondia sob a forma mansa, porém não menos poderosa, com que exercitava sua vontade de viver e a sua capacidade de mobilizar pessoas. Faleceu em 2008. • Ruben Duffles de Andrade, nascido em Barretos-SP a 12 de Setembro de 1910, formou-se Engenheiro, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) - turma de 1933. Foi um precursor, no

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Brasil, na tecnologia de concreto protendido e se tornou empresário industrial, ao explorar essa tecnologia na fabricação de postes e outros elementos estruturais, através de sua empresa: “Concreto Protendido Ltda.” Em 03 de Abril de 1937, casou-se com Frances Elizabeth Anderson e, em 2007, completaram 70 anos de casados! • Milton Duffles de Andrade, nascido em Barretos-SP a 04 de Março de 1914, formou-se Médico pela Escola de Medicina - Pinheiros da Universidade de São Paulo – turma de 1940. Em 10 de Maio de 1941, casou-se em primeiras núpcias, com Nylza Meirelles Pinto de Azevedo, falecida em 1979. Em 1984, casou-se, em segundas núpcias, com Onélia Salum, professora de Filologia da Faculdade de Letras da USP, hoje aposentada. Pompeu e Marianna tiveram os seguintes netos (bisnetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Joyce Anderson Duffles Andrade é filha de Ruben e de Frances, nascida em São Paulo-SP a 03 de Maio de 1938, formou-se em História Natural pela USP - turma de 1960, é solteira. Foi professora de Genética da Escola Federal de Medicina, em São Paulo-SP e recebeu prêmios pela sua atuação nesse campo. Atualmente está aposentada e vive em Campinas-SP. • Eduardo Anderson Duffles Andrade é filho de Ruben e de Frances, nascido em São Paulo-SP, a 14 de Março de 1941, formou-se Economista pela Escola de Economia da USP e também em Música. Atualmente é Professor da cadeira de Maestro, Unicamp – Universidade de Campinas-SP. Eduardo é casado com Ivanisa Alcântara de Andrade e não tem filhos. • Marcos Anderson Duffles Andrade é filho de Ruben e de Frances, nascido em São Paulo-SP a 14 de Dezembro de 1943, formou-se em Geografia e Química, ambas pela USP. Recebeu vários prêmios como fotógrafo amador. É casado com Antônia Sebastiana Gomes de Andrade. • Henedina Anderson Duffles Andrade é filha de Ruben e de Frances, nascida em São Paulo-SP a 25/09/1944, formou-se em Belas Artes e estudou Computação na Unicamp. É divorciada e vive em Campinas-SP. • Milton Azevedo Andrade é filho de Milton e de Nylza, nascido em São Paulo-SP a 02 de Março de 1942, formou-se Engenheiro pela Escola

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Alfredo Malta Politécnica da Universidade de São Paulo-turma de 1965, é casado com Sônia Castaño Mattos Andrade, desde 1966. • Diva Azevedo Andrade Mazbouh é filha de Milton e de Nylza, nascida em São Paulo-SP, a 27 de Janeiro de 1944, formou-se em Letras (Português, Francês, Latim) pela PUC-SP - turma de 1967 e se aposentou como Professora. Diva casou-se em 07de Julho de 1967, com Edison Sales Mazbouh, Engenheiro Eletrônico formado pela Universidade Mackenzie – turma de 1964. • Roberto Azevedo Andrade é filho de Milton e de Nylza, nascido em São Paulo-SP a 26 de Julho de 1948, formou-se Médico pela Escola de Medicina da Universidade de São José do Rio Preto. É divorciado. São bisnetos de Pompeu e Mariana (trinetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Mariana Mattos Azevedo Andrade é filha de Milton Azevedo Andrade e de Sônia Castaño Mattos Andrade, nasceu em São Paulo-SP a 10 de Maio de 1977 e é formada Arquiteta pela Universidade Mackenzie de São Paulo. • Alexandre Andrade Mazbouh é filho de Diva Azevedo Andrade Mazbouh e Edison Sales Mazbouh, nasceu em São Paulo-SP a 07 de Setembro de 1968, é Advogado, casado com Márcia Regina Pereira Mazbouh. • Sérgio Andrade Mazbouh é filho de Diva Azevedo Andrade Mazbouh e Edison Sales Mazbouh, nasceu em São Paulo-SP a 03 de Dezembro de 1969, é Médico, casado com Naida Burkovski Barciella Mazbouh. • Victor Andrade Mazbouh é filho de Diva Azevedo Andrade Mazbouh e Edison Sales Mazbouh, nasceu em São Paulo-SP a 22 de Outubro de 1976, é Dentista e solteiro. • Roberto Azevedo Andrade Jr. é filho de Roberto Azevedo Andrade e de Sandra Ortega Reston, nasceu em São Paulo a 03 de Fevereiro de 1981 e é formado em Direito.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Rafael Reston Andrade é filho de Roberto Azevedo Andrade e de Sandra Ortega Reston, nasceu em São Paulo a 20 de Janeiro de 1983, estuda Hotelaria e é solteiro. • Rodrigo Reston Andrade é filho de Roberto Azevedo Andrade e de Sandra Ortega Reston, nasceu em São Paulo a 27 de Maio de 1984, estuda Publicidade e é solteiro. • Renato Reston Andrade é filho de Roberto Azevedo Andrade e de Sandra Ortega Reston, nasceu em São Paulo a 12 de Julho de 1985, estuda Engenharia da Computação e é solteiro. Pompeu e Marianna tiveram os seguintes bisnetos (trinetos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Sabrina Barciella Mazbouh é filha de Sérgio Andrade Mazbouh e de Naida Burkovski Barciella Mazbouh e nasceu em Guarulhos-SP, a 07 de Julho de 2003. • Letícia Pereira Mazbouh é filha de Alexandre Andrade Mazbouh e de Márcia Regina Pereira Mazbouh e nasceu em Guarulhos-SP, a 25 de Março de 2005. • Murilo Barciella Mazbouh é filho de Sérgio Andrade Mazbouh e de Naida Burkovski Barciella Mazbouh e nasceu em Guarulhos-SP, a 15 de Agosto de 2005.

Situação deste ramo familiar registrada em: 03/05/2007 Pessoa para contato com este ramo familiar: Diva Azevedo Andrade Mazbouh Telefone: (11)3862-7957 E-mail: diva.am@uol.com.br Endereço: Rua Tefé, n° 285 Bairro: Sumaré - São Paulo-SP CEP 01251-050

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Descendência do casal Octávio Andrade e Anita Dutra de Andrade Octávio Andrade nasceu em Sítio-MG, em 1883 e era o oitavo entre os filhos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade, casou-se com Anita Dutra de Andrade e após o casamento, radicaram-se em São Paulo-SP. Octávio e Anita tiveram os seguintes filhos (sobrinhos de D. Cymodócea e netos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Myriam Andrade. • Rogério Andrade • Aloísio Andrade

NOTA – Até a edição deste livro, o autor não obteve outros dados e não conseguiu identificar contato para este ramo familiar. Entretanto, os dados eventualmente recebidos, após esta edição, deverão ser incorporados numa futura edição, devidamente atualizada, com os dados atualmente faltantes e também dos mais novos descendentes.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Edmundo Andrade e Djanira Soares Andrade Edmundo Andrade nasceu em Sítio-MG, em 1884 e era o décimo primeiro entre os filhos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade. Casou-se com Djanira Soares de Andrade e após o casamento, radicaram-se em Sítio -MG (atual Antônio Carlos). Edmundo e Djanira tiveram os seguintes filhos (sobrinhos de D. Cymodócea e netos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Manoel Carlos de Andrade. • Maria do Carmo de Andrade. • Milton de Andrade.

NOTA – Até a edição deste livro, o autor não obteve outros dados e não conseguiu identificar contato para este ramo familiar. Entretanto, os dados eventualmente recebidos, após esta edição, deverão ser incorporados numa futura edição, devidamente atualizada, com os dados atualmente faltantes e também dos mais novos descendentes.

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Descendência do casal Guiomar Andrade e Carlos Thomaz de Magalhães Gomes Guiomar Andrade Magalhães Gomes nasceu em Sítio-MG, em 1885, filha de Manoel Carlos Pereira de Andrade (o Major Neca Andrade) e de D. Anna Dulcelina Machado de Andrade. Em 25/05/1906, Guiomar casou-se com Carlos Thomaz de Magalhães Gomes, na capela de Sant’Anna de Sítio e a festa, como em tantas outras ocasiões especiais, aconteceu no CASARÃO. Carlos Thomaz nasceu em Ouro Preto-MG, a 10/02/1865 e era o nono filho do casal Carlos Thomaz de Magalhães Gomes (médico-cirurgião formado pela Escola de Medicina da Côrte) e Maria Benicia Bicalho Coelho de Magalhães Gomes, prima do esposo. Quando pequeno Carlos Thomaz era chamado de Carlinhos, que depois passou para Carlicho, depois para Lilicho ou Lilixo e assim ficou carinhosamente conhecido na família: o Tio Lilixo. Quando Belo Horizonte passou a ser a capital da província, seu irmão José Carlos (que sucedera ao pai na chefia da família) é remanejado para lá, pois ocupava um cargo no govêrno e, então, Carlos Thomaz (o Tio Lilixo) toma para si a liderança da família, que ficara em Ouro Preto e assume responsabilidade pela educação dos sete filhos de seu irmão José Carlos, além dos filhos de uma irmã, recentemente viúva. Ao todo cuidava de catorze crianças em sua casa , onde ele e D. Dolores faziam as vezes de professores e acabaram por atrair mais crianças de amigos e vizinhos, formando um verdadeiro colégio, que ficou conhecido como Collegio Carlos Thomaz e revelando ser um educador carinhoso, respeitando a diversidade de personalidades dos alunos (embora os dirigisse com mão firme). Como complemento à boa educação, determinou método de vida, preenchido diariamente com diversas atividades, tais como : aulas de ginástica, música, dança, peças teatrais - algumas de sua própria autoria - prática de esportes e, todas as quintas-feiras passeios matinais, que por vezes terminavam na Lagoa do Gambá, ocasião em que ensinava natação. A título de curiosidade, eis um programa típico do colégio Carlos Thomaz:

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo – Apresentação diária – Aula de Gymnastica – Noções de Hygiene – Recreio – Reprehensão – Refeição – Aula de Música – Estudo

– Folguedos de Santa Cruz – Aula de Dança – Oração – Evoluções Militares – Baptizado de Bonecas – Pic-Nic – Teatro Infantil – Pessoal Superior (pessoas adultas da casa)

Carlos Thomaz gostaria de ter seguido a carreira do pai, mas formouse em Engenharia pela Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto (atual UFOP), pela turma de 1885. Lilixo lecionou nesta escola, na cátedra de Química, lecionando Química Orgânica, Química Analítica e Química Industrial; foi um dos fundadores do Ginásio de Ouro Preto, foi Vice-Diretor, Diretor da Escola de Minas e foi Presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto-MG. Guiomar faleceu prematuramente aos 27 anos (01/12/1912) em Ouro Preto, devido a complicações e infecções causadas pelo parto de Vera, sua terceira filha. Carlos Thomaz casou-se, em segundas núpcias, com D. Albertina de Andrade Machado (Betina), que era irmã mais nova de sua sogra e, portanto, tia de Guiomar. Tio Lilixo faleceu no Rio de Janeiro em 24/05/1944. Guiomar e Carlos Tomaz tiveram os seguintes filhos (netos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Diva Andrade Magalhães Gomes, nascida em Ouro Preto-MG, a 05/06/1908, formou-se Professora, e embora vivendo uma vida monástica, nunca entrou para um convento mas, dedicou sua vida à causa dos menos favorecidos pela sorte. Faleceu solteira, em Barbacena-MG, nos anos 80 do século XX. • Amaro Andrade Magalhães Gomes, nascido em Ouro Preto-MG, a 19/06/1910, formou-se Engenheiro de Minas, pela Escola de Minas de Ouro Preto (atual UFOP), turma de 1934, foi Engenheiro do DEPIM / Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e se revelou eclético: pesquisava livros de Homeopatia, tratando dos filhos com muita dedicação, aplicando in-

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Alfredo Malta jeções e emplastros e fazendo curativos. Além de tocar os “clássicos” ao piano, tinha por hobby a fotografia, possuindo laboratório próprio em sua casa, onde revelava seus filmes e copiava as fotos, chegando a ganhar prêmios. Registrou mais de dez mil fotos, tanto da família quanto da natureza. Amaro casou-se com Clymène Albuquerque de Magalhães Gomes em Aparecida do Norte-SP, a 17/07/1937. Clymène nasceu em Belo Horizonte-MG, a 08/10/1912, filha do casal Daisy Luisa Medrado de Albuquerque e Odorico Rodrigues de Albuquerque (Professor de Geologia na Escola de Minas de Ouro Preto), era Professora, muito carinhosa e era uma líder nata, mantendo a família sempre unida e educando os filhos de forma primorosa, tanto nos aspectos formais quanto nos aspectos sociais, resultando ém rígida formação de caráter e raciocínio escorreito. O casal Amaro e Clymene era muito unido, proporcionando proteção, tranquilidade e uma infância feliz aos filhos. Residiram em Botafogo, Rio de Janeiro-RJ, onde Amaro veio a falecer em Novembro de 1980, sendo que Clymène faleceu em 28/09/1996, em Brasília-DF. • Vera Andrade Magalhães Gomes, nascida na rua Claudio Manoel, nº 38, Freguesia de Antônio Dias, em Ouro Preto-MG, a 04/11/1912, formou-se Bacharel em Letras e Farmácia, pela Escola de Farmácia de Ouro Preto, casou-se com João Baptista Campos Paiva, no Rio de Janeiro-RJ, a 27/11/1943. João Baptista formou-se Engenheiro Químico pela Escola de Engenharia de Ouro Preto e era natural do Ceará, onde nasceu a 23/10/1900. Vera e João Baptista residiram no bairro da Urca, no Rio de Janeiro-RJ, onde Vera trabalhou no Laboratório de Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia. João Baptista faleceu a 08/03/2003 e Vera faleceu a 24/07/2006, na cidade que adotaram para viver. São netos de Guiomar e Carlos Thomaz (bisnetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • José Albuquerque de Magalhães Gomes, nascido no Rio de Janeiro -RJ, a 30/12/1940, formou-se Engenheiro Eletrônico pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (atual UFRJ), turma de 1967. Foi casado com Márcia Ramos de Magalhães Gomes, Médica,

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo nascida no Rio de Janeiro. José Albuquerque de Magalhães Gomes faleceu em 09/09/1996 e era filho do casal Amaro e Clymène. • Marcos Albuquerque de Magalhães Gomes, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 04/04/1942, formou-se Geólogo pela Universidade do Brasil (atual UFRJ), turma de 1966, trabalhou em diversas empresas, na Amazonia e foi Geólogo Supervisor de Projetos na CPRM, no Rio de Janeiro-RJ. A partir de 1994, concursado, passou a integrar a Secretaria da Receita Federal onde continua exercendo suas atividades. Marcos casou-se com Ana Maria Oliveira de Magalhães Gomes, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 20/08/1946, Advogada, Museóloga e Professora atuando na Secretaria Municipal de Educação, no Rio de Janeiro-RJ e não tiveram filhos. Marcos é filho do casal Amaro e Clymène. • Carlos Thomaz Albuquerque de Magalhães Gomes, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 23/07/1943, formou-se Engenheiro Eletrônico pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (atual UFRJ), turma de 1967. Foi casado com Françoise Caroline Simone Anne Galler de Magalhães Gomes e atualmente reside em Florianópolis, onde trabalha na ELETROSUL Centrais Elétricas S.A. Carlos Thomaz é filho do casal Amaro e Clymène. • Maria de Lourdes Magalhães Gomes Pessoa, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 13/04/1945, formou-se Nutricionista pelo Instituto de Nutrição Annes Dias, no Rio de Janeiro-RJ, turma de 1969 e, revelou-se uma artista plástica nata, desenvolvendo um excepcional talento na Pintura, além de ser uma pessoa encantadora. Lourdes casou-se com Eduardo Nelson Ladeira Pessoa, nascido em Belo Horizonte-MG, a 18/11/1942, formado em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, turma de 1970, e em Administração de Empresas, pela Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas Moraes Junior, no Rio de Janeiro-RJ, turma de 1973. Lourdes é filha do casal Amaro e Clymène. • Eliana Campos Paiva, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 01/08/1946, formou-se Nutricionista, pelo Instituto de Nutrição do Estado da

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Alfredo Malta Guanabara (atual RJ), turma de 1970 e, a 28/02/1976, casou-se com Eric Borge Kollgaard, nascido em Oneonta-NY/USA, a 30/10/1927, filho do casal dinamarquês Christian Kollgaard e Sara Skerning Kollgaard. Eric formou-se Engenheiro Civil, pela University of Michigan, turma de 1957 e trabalhou por 37 anos para a International Engineering Company, uma subsidiária da famosa construtura norte-americana Morrison Knudsen, onde se aposentou em 1993, mas, continua atuando como Consultor Independente de Grandes Barragens, para diversos clientes internacionais. Eric e Eliana, que adotou o sobrenome Kollgaard, residem em San Francisco-CA/USA. Eliana é filha do casal Vera e João Baptista. • Marina Albuquerque de Magalhães Gomes, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 05/09/1947, formou-se em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, turma de 1969 e, no mesmo ano, também se formou Professora de Inglês, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Marina casou-se com Henry Sandberg, Técnico Industrial nascido em Estocolmo, a 20/09/1941, naturalizado canadense. Marina é Tradutora e Professora de Português e de Inglês na Escola de Educação Continuada da Universidade de Toronto, no Canadá, onde vive com Henry, fazem parte do clero da religião Eckankar e não tiveram filhos. Marina é filha de Amaro e Clymène. • Rogério Campos Paiva, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 28/07/1950, prestou serviço militar na Marinha do Brasil, formou em Engenharia pela PUC-RJ, turma de 1973 e casou-se com Lucia Moreira Campos Paiva, Bióloga pela UFRJ, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 23/10/1976. Rogério trabalhou como Engenheiro na Telerj, hoje trabalha na Embratel e é filho de Vera e João Baptista. • Solange de Magalhães Gomes Pereira Nunes, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 11/08/1950, formou-se em Artes Plásticas pela Faculdade Integrada Bennett, no Rio de Janeiro-RJ, turma de 1980 e casou-se com Evandro Pereira Nunes, Biólogo pela Faculdade Souza Marques, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 02/02/1952. Solange é filha de Amaro e Clymène.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Márcia Campos Paiva, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 01/02/1953, casou-se com Pedro Maurin Krusulovic, natural de Santiago-Chile, que emigrou para o Brasil nos anos 70, onde passou a trabalhar numa fábrica de âncoras, em Niterói, da qual é hoje Vice – Presidente. Márcia é filha de Vera e João Baptista. Márcia também é conhecida como Márcia McFields pois, simpatizante que é da cultura escocesa, adotou o apelido McFields, fazendo alusão, na língua inglesa, ao sobrenome Campos. São bisnetos de Guiomar e Carlos Thomaz (trinetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • José Ramos de Magalhães Gomes, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 09/03/1969, é solteiro, filho do casal José Albuquerque de Magalhães Gomes e Márcia Ramos de Magalhães Gomes. • Cláudio Ramos de Magalhães Gomes, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 05/04/1971, formou-se Economista pela UFRJ, turma de 1994, é solteiro e filho do casal José Albuquerque de Magalhães Gomes e Márcia Ramos de Magalhães Gomes. • Tatiana Magalhães Gomes Pessoa, nascida em São Paulo-SP, a 09/04/1974, formou-se em Publicidade pela CEUB, de Brasília-DF, turma de 1995, e em Desenho Industrial pela UEMG, de Belo Horizonte, turma de 2001; é solteira e trabalha como Publicitária em São Paulo-SP. Tatiana é filha do casal Maria de Lourdes Magalhães Gomes Pessoa e Eduardo Nelson Ladeira Pessoa. • André Fernando Maurin Krsulovic, nascido a 27/11/1975, no Rio de Janeiro-RJ, é Advogado (pela Faculdade Bennett, turma de 1997), casouse com Carla de Castro Amorin Maurin Krsulovic, Advogada, nascida no Rio de Janeiro-RJ a 28/07/1974. André Fernando é filho de Márcia Campos Paiva Maurin Krsulovic e de Pedro Fernando Maurin Krsulovic. • Felipe Augusto Maurin Krsulovic, nascido a 30/11/1976 no Rio de Janeiro-RJ, é Biólogo, pela UNIRIO, turma de 2000, e é casado com Fernanda Araújo Casares, nascida no Rio de Janeiro-RJ, Bióloga (pela UNIRIO, turma de 2003). Felipe Augusto é filho de Márcia Campos Paiva Maurin Krsulovic e de Pedro Fernando Maurin Krsulovic.

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Alfredo Malta • Carolina Adriana Galler de Magalhães Gomes, nascida em Florianópolis, a 10/12/1977, formou-se em Administração de Empresas, é solteira e filha de Françoise Caroline Simone Anne Galler de Magalhães Gomes e Carlos Thomaz Albuquerque de Magalhães Gomes. • Rafael Moreira Campos Paiva, nascido a 04/02/1979, no Rio de Janeiro-RJ, Biólogo (pela UFRJ, turma de 2003), é casado com Carolina Alves Lemos, nascida no Rio de Janeiro-RJ, é Bióloga (pela UFRJ, turma de 2003. Rafael é filho de Rogério Campos Paiva e de Lucia Moreira Campos Paiva. • Frederico Luciano Galler de Magalhães Gomes, nascido em Florianópolis, a 09/09/1979, é estudante, solteiro e é filho do casal Françoise Caroline Simone Anne Galler de Magalhães Gomes e Carlos Thomaz Albuquerque de Magalhães Gomes. • Patrícia Magalhães Gomes Pessoa, nascida em São Paulo-SP, a 31/03/1980, formou-se em Administração de Empresas, pela Universidade FUMEC, em Belo Horizonte-MG, turma de 2001. Trabalha como Administradora no INDG – Instituto de Desenvolvimento Gerencial, em Belo Horizonte-MG, é solteira e filha do casal Maria de Lourdes Magalhães Gomes Pessoa e Eduardo Nelson Ladeira Pessoa. • Tatyana Moreira Campos Paiva, nascida a 31/08/1980, no Rio de Janeiro-RJ, é Bacharel em Historia pela PUC/RJ, turma de 2003, fez Doutorado em História Social da Cultura” na PUC-RJ, em 2011, e também atua como Dj. Casou-se em 15/05/2010 com Flávio Canetti, nascido a 31/01/1977, no Rio de Janeiro-RJ, onde residem. Tatyana é filha de Rogério Campos Paiva e de Lucia Moreira Campos Paiva. • Luís Felipe de Magalhães Gomes Pereira Nunes, nascido no Rio de Janeiro-RJ, a 07/11/1980, formou-se Técnico de Computação, em 1998, e graduou-se em Rede de Computadores, pela Faculdade Estácio de Sá, turma de 2011. É casado com Andrea Fonseca Ferreira e filho do casal Solange de Magalhães Gomes Pereira Nunes e Evandro Pereira Nunes. • Rita de Cássia de Magalhães Gomes Pereira Nunes, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 07/11/1983, é graduada em Pedagogia pela Faculdade de

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Educação da Universidade Federal de Goiás - turma de 2010, é solteira e filha do casal Solange de Magalhães Gomes Pereira Nunes e Evandro Pereira Nunes. São trinetos de Guiomar e Carlos Thomaz (tetranetos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina): • Bernardo de Castro Amorin Maurin Krsulovic, nascido a 20/03/2010, no Rio de Janeiro-RJ.É filho de André Fernando Maurin Krsulovic e Carla de Castro Amorin Krsulovic. • Laura Lemos Campos Paiva, nascida a 19/06/2010, em Porto Alegre -RS, filha de Rafael Moreira Campos Paiva e Carolina Alves Lemos. • Gabriella Elise Galler Sobotka, nascida a 15/11/2011,é filha de Carolina Adriana Galler de Magalhães Gomes e Glenn Sobotka. • Miguel de Magalhães Gomes Pereira Nunes, nascido a 01/04/2012, em Goiania-GO, é filho de Rita de Cássia de Magalhães Gomes Pereira Nunes.

Situação deste ramo familiar registrada em: 14/03/2014 Pessoas para contato com este ramo familiar: Lourdes Magalhães Gomes Pessoa Telefone: (31)3547-2030 ; Celular : (31)8777-1945 E-mail: lourpes@globo.com Endereço: Av. Pinheiro, 823 – Bairro: Cond. Retiro das Pedras Brumadinho-MG CEP : 35.460-000 Márcia Campos Paiva (Márcia McFields) Telefone:(21)2543-7569; Celular :(21)98853-1430 E-mail: marciamcfields@gmail.com Endereço: Rua Candido Gaffrée, 47 - apto 201 Bairro: Urca – Rio de Janeiro CEP : 22.291- 080

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Descendência do casal Dagmar Andrade Duffles e Pio de Camargo Duffles Dagmar Andrade Duffles, era a 12ª filha entre os filhos do Major Neca Andrade e de D.Anna Dulcelina, nasceu em Sítio-MG, a 26 de Maio de 1889, e após a formação escolar se dedicou às prendas domésticas. Tia Dagmar, como era conhecida carinhosamente na família, casou-se com o Dr. Pio de Camargo Duffles em 1907. Dr. Pio de Camargo Duffles nasceu em Rio Acima-MG a 21 de Setembro de 1879, filho do casal Aureliano de Camargo Duffles e Maria Luiza de Souza Duffles; formou-se Médico em 25 de Janeiro de 1906, pela Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro-RJ. Após o casamento, foram morar em Sertãozinho-SP onde o Dr. Pio veio a falecer prematuramente, deixando viúva a jovem Dagmar, que então, retornou à casa paterna, como era costume na época. Entretanto, tia Dagmar não ficara desamparada financeiramente, pois o Dr. Pio lhe deixou recursos suficientes para uma vida digna, mas ao retornar ao ceio familiar em Sítio-MG, investiu valor considerável na Sociedade Anonyma Companhia Andrade, que logo iria desmoronar financeiramente, consumindo os recursos aplicados. Mas isso não tiraria da jovem Dagmar a capacidade de criar seus filhos e assim, com a derrocada da Anonyma, após algum tempo Dagmar se muda com seu irmão Eudoro e familiares, para a Ilha de Paquetá-RJ, onde educaria seus filhos. Dr. Pio e Dagmar tiveram os seguintes filhos (sobrinhos de D.Cymodócea e netos do Major Neca Andrade e de D. Anna Dulcelina): • Amaury Duffles nascido em em Sertãozinho-SP em 15 de Junho de 1909 casou-se D. Anita Duffles. • Jurema Duffles de Freitas, nascida em Sertãozinho-SP em 15 de Junho de 1910, era Auditora Fiscal do Tesouro Nacional, formada pela Academia de Comércio, na cidade do Rio de Janeiro, se casou em 13 de Dezembro de 1933, com Moacir Mendonça de Freitas, Advogado,

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo formado pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Rio de Janeiro. Jurema também ficaria viúva prematuramente, como sua mãe e viveu até os anos 80 do século XX. • Jacy Duffles Ruben, nascida em Sertãozinho-SP em 23 de Dezembro de 1911, foi Membro da Comissão Brasileira de Aeronáutica em Washington-DC / EUA, formada pela Academia de Comércio, na cidade do Rio de Janeiro e se casou com Bruce Lloyd Ruben, cidadão Norte-Americano, funcionário da CIA – Agência Central de Inteligência do governo Norte-Americano o casal viveu nos EUA, onde Jacy veio a falecer em 1997. • Jupyra Duffles Barreto, nascida em Sertãozinho-SP a 18 de Setembro de 1913 e falecida em Belo Horizonte a 29/12/2011, era Professora Catedrática do Conservatório de Música da UFMG, formada pela Escola Nacional de Música - RJ, estudiosa da Música e da História, foi compositora (há partitura de sua autoria exposta no CASARÃO), casou-se com Dr. Amaro Barreto, Cirurgião Dentista, natural de Diamantina, nascido em 1910 e falecido em 1965. O casal Jupyra e Amaro não teve filhos, mas Jupyra adotou uma família à qual devotou muito carinho e da qual recebeu justa retribuição enquanto era viva, nada melhor para honrar a memória dessa pessoa tão especial; quem a conheceu, sabe muito bem a que me refiro. Jupyra é responsável pela existência deste livro: a ela toda glória! São netos do Dr. Pio e de D. Dagmar (sobrinhos netos de D. Cymodócea e bisnetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Alderico Duffles, filho do casal Amaury e Anita Duffles, já falecido. • Amaury Duffles Filho, filho do casal Amaury e Anita Duffles, é Advogado. • Luís Antônio Duffles, filho do casal Amaury e Anita Duffles, já falecido. • Anderson Duffles, filho do casal Amaury e Anita Duffles,

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Alfredo Malta • Mônica Duffles, filha do casal Amaury e Anita Duffles. • Dra. Bartyra Maria Duffles de Freitas, nascida em Belo Horizonte MG a 29 de Outubro de 1944, filha do casal Jurema Duffles de Freitas e Moacir Mendonça de Freitas, Bacharel em Direito pela Faculdade Nacional de Direito – RJ, no ano de 1968. Solteira e de educação e culturas refinadas, reparte seu tempo entre o seu apartamento no Rio de Janeiro e diversos países do mundo, que tem visitado com certa freqüência ao longo destes anos, inicialmente em companhia de sua mãe e de sua tia Jupyra. Quando pequenina Bartyra viveu no Casarão, em companhia de sua avó Dagmar, de sua tia-avó Cymodócea e de sua mãe, Jurema, que ficara viúva precocemente. • Leslie Ann Maddings, filha do casal Jacy e Bruce Lloyd, vive nos EUA e é casada com Richard Maddings. • Bryan Benjamin Ruben, filho do casal Jacy e Bruce Lloyd, vive nos EUA e é casado com Sthefanie Ruben. Bryan e Sthefanie não têm filhos. São bisnetos do Dr. Pio e de D. Dagmar (sobrinhos bisnetos de D. Cymodócea e trinetos de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade): • Raleigh Maddings, filho do casal Leslie e Richard, vive nos EUA. • Vaughn Maddings, filho do casal Leslie e Richard, vive nos EUA. • Dane Maddings, filha do casal Leslie e Richard, vive nos EUA.

Situação do ramo familiar registrada em: 23/05/2007 Pessoa para contato com este ramo familiar: Bartyra Maria Duffles de Freitas Telefone: (21)2558-4256 E-mail: Endereço: Av.NªSª de Copacabana, nº1376, apto.1102 Bairro : Copacabana – Rio de Janeiro-RJ CEP 22070-012

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo Descendência do casal Antonia Marchetti Maciel (D. Nina) e Joaquim Soares Maciel (Sr. Maciel) Embora este casal e nem todos os seus decendentes sejam descendentes de D. Anna Dulcelina e do Major Neca Andrade, não poderia deixar de constar deste livro, pois além de sogros da Lucy - neta de D. Cymodócea - se tornaram muito amigos de D. Cymodócea e freqüentaram Sítio com tanto prazer, durante os anos 50 e 60, a tal ponto, que não há como falar da história do CASARÃO sem incluí-los e, assim, também se tornaram personagens desta história. Especialmente D. Nina, que foi presença constante e alegre nas férias de seus netos e netas em Sítio, até os anos 70. Antonia Marchetti Maciel, a D. Nina, nasceu em Onório Bicalho, a 05/10/1905 e se tornou uma pessoa adorável, extremaamente comunicativa, dona do melhor humor e do melhor tempero do mundo, capaz de transformar qualquer refeição num verdadeiro banquete...mas... ai de quem não elogiasse os seus quitutes! Então, D. Nina, aqui vai: não esqueço jamais da sua torta de morangos, creme de Chantilly e gelatina vermelha ...humm...sinto água na boca até hoje! Mãe zelosa de dois filhos maravilhosos, foi a avó que todos gostariam de ter e, além das suas habilidades culinárias, D. Nina fazia belas peças em crochê, apreciava peças ornamentais antigas e se integrava alegremente às festas familiares.Viveu intensamente ao longo de sua feliz existência e faleceu no Rio de Janeiro, em 25/10/1986. Joaquim Soares Maciel (o “Seu Maciel”) nasceu em Conceição do Mato Dentro-MG, a 19/02/1896. Pessoa muito amiga, tranqüila e extremamente inteligente, foi Jornalista e um grande contador de estórias. Uma delas deixou uma lembrança muito divertida: segundo ele, numa bela manhã de verão, quando era estudante, resolveu matar aula para tomar banho, pelado, no rio. Seu pai, que o seguira, recolheu suas roupas como castigo e foi embora com elas para casa. O pobre coitado do menino Joaquim, para poder voltar para casa, foi obrigado a se cobrir com duas folhas, uma na frente e outra para a parte de trás, e teve de cruzar toda a cidade dessa maneira. Muito paciente, essa característica, fez dele um grande professor de “Buraco”, jogo que ensinou com muita competência para o Bebeto, para a Cleusinha e também para os seus netos. “Seu” Maciel faleceu no Rio de Janeiro, em 1967.

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Alfredo Malta D. Nina e “Seu” Maciel (como eram carinhosamente conhecidos no seio da família) tiveram os seguintes filhos: • Carlos Maurício de Paulo Maciel (Carl’s Paulo, Pom-pom ou Maciel) nasceu em Belo Horizonte-MG a 19/07/1929, foi Jornalista, Publicitário, Diretor do Jornal “O DIA”, Empresário de Comunicação e Bacharel, formado pela Faculdade de Direito da UFMG, turma de 1958 e foi casado com Lucy Maria Noce Magalhães Gomes, que passou a assinar Lucy Maria Noce Magalhães de Paulo Maciel (bisneta do casal Neca Andrade e Anna Ducelina) . Carlos faleceu em 13/06/1988. • Lucy Maciel Neiva, nascida em Belo Horizonte, a 26/10/1924, era conhecida no seio da família por “Vivi”. Vivi tornou-se funcionária graduada da Câmara Federal em 1953 e foi casada com Fernando Moitinho Neiva. Sempre se caracterizou pela inteligência e verve com que retratava os principais eventos, fossem eles da vida familiar ou da vida política do país; muito alegre, Vivi foi grande companheira do irmão, Carls’Paulo, principalmente quando se tratava de pregar peças nos outros... . Vivi aposentou-se como funcionária da Câmara Federal, em Brasília-DF, para onde se mudou com a transferência da administração federal do Rio para a nova capital. Fernando Neiva, como ficou conhecido seu marido no seio dos Andrade Magalhães Gomes, nasceu a 08/07/1925, no Rio de Janeiro; formou-se em 1947 pelo Instituto Brasileiro de Contabilidade-RJ, tendo atuado inicialmente como Relações Públicas e Jornalista e, após mudar-se para Brasília-DF, formou-se Advogado pelo CEUB, em 1979. Fernando aposentou-se como Diretor de Relações Públicas da Câmara Federal, em Brasília-DF." São netos de D. Nina e de Seu Maciel: • Carlos Maurício de Paulo Maciel, nascido em Belo Horizonte-MG a 06/11/1954, é Médico, formado pela Universidade Gama Filho, turma de 1978, casado com Andria Oiamore de Siqueira, natural de BrasíliaDF, em 19/08/1970. • Marco Cícero Noce de Paulo Maciel, nascido em Belo Horizonte-MG a 28/05/1956, formado em Administração Pública pela EBAP-FGV, turma de 1978 e Doutor em Economia pela UNICAMP, ano de 1999.

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O Casarão de Sítio da Borda doCampo • Claudia Neiva Peixoto, nasceu no Rio de Janeiro a 20/10/1955, é funcionária da Câmara Federal, formada em Jornalismo pela IESB e é casada com Marcelo Terra Peixoto, nascido em Campos-RJ a 10/02/1949, formado em Engenharia Civil pela Universidade de Brasília, turma de 1972. Marcelo é Empresário do ramo de emulsão asfáltica. • Lídia Neiva Macedo, nasceu no Rio de Janeiro, a 16/10/1957, filha de Vivi e de Fernando Neiva, é formada em Relações Públicas pelo CEUB, turma de 1982 e é casada com Juliano Magalhães Macedo, nascido em Santa Bárbara – MG, a 24/03/1956. Juliano é formado em Engenharia Geológica pela UFOP, turma de 1981 e é Doutor em Geologia Estrutural e Sistemas Petrolíferos, pela Universidade de Illinois-USA, em 1997; atualmente é Executivo do ramo de óleo e gás. • Marco Antônio de Paulo Maciel, nascido no Rio de Janeiro-RJ a 04/08/1963, formado em Economia pela UFRJ, turma de 1986, Mestre em Economia pela UFRJ, Mestre em Economia Matemática pela Cornell University- NY/USA e Doutor em Economia pela New School For Social Research - NY/USA, foi casado com Valéria Sereno Maciel, nascida no Rio de Janeiro-RJ a 22/02/1972, que é formada em Economia pela Faculdades Candido Mendes - Ipanema em 1993. Marco Antônio mora em São Paulo-SP. São bisnetos de D.Nina e Seu Maciel (entre os quais, seis são trinetas* de D. Cymodócea e tataranetas do Major Neca Andrade e de d. Anna Dulcelina): • Ana Carolina Pessolania de Paulo Maciel*, nascida a 04/10/1980, no Rio de Janeiro-RJ, formada em Arquitetura pelas Faculdades Integradas Bennett, turma de 2006 e é filha de Carlos Maurício e de Denise Cristina Teixeira Pessolani, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 19/08/1955, formada em Pedagogia pela Faculdade Notre Dame. • Ana Cristina Pessolani de Paulo Maciel*, nascida a 04/11/1982, no Rio de Janeiro-RJ, estuda Direito na Faculdade Candido Mendes e é filha de Carlos Maurício e de Denise Cristina Teixeira Pessolani. • Ana Luísa Pessolani de Paulo Maciel*, nascida a 17/04/1984, no Rio de Janeiro-RJ, estuda na Universidade de Turismo e é filha de Carlos Maurício e de Denise Cristina Teixeira Pessolani.

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Alfredo Malta • Juliana Noce Santana de Paulo Maciel* nasceu a 16/09/1982, no Rio de Janeiro-RJ, e formou-se em Desenho Industrial, pela PUC-RJ, turma de 2005. Juliana é filha de Marco Cícero e da nossa querida Claudia Marcia de Sant’Anna, nascida a 11/09/1955 no Rio de Janeiro-RJ, formada em Administração de Empresas pela FGV, turma de 1978, e em Letras pela PUC-RJ, em 1978, é Mestra em Lingüística, pela UNICAMP-SP, turma de 1981. • Nina Oiamore de Paulo Maciel*, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 23/10/2002, filha de Carlos Maurício e de Andria Oiamore de Siqueira. • Mila Oiamore de Paulo Maciel*, nascida no Rio de Janeiro-RJ, a 27/06/2005, filha de Carlos Maurício e de Andria Oiamore de Siqueira. • Ana Paula Neiva Peixoto, nascida em Brasília, a 29/12/1979, estuda Direito na UNIDF e é filha de Claudia e Marcelo. • Fernanda Neiva Peixoto, nascida em Brasília, a 20/10/1981, formada em Publicidade e Propaganda pelo IESB, turma de 2006, é filha de Claudia e Marcelo. • Marcela Terra Peixoto, nascida em Brasília a 31/08/1985, estuda Psicologia no Ceub, e é filha de Claudia e Marcelo, • Henrique Neiva Macedo, nascido em Belo Horizonte, a 08/01/1983, estuda Engenharia de Audio, no SAE Institute UK, e é filho de Lidia e de Juliano. • Andréa Neiva Macedo, nascida em Belo Horizonte, a 04/04/1987, estuda Arquitetura na Universidade Gama Filho e é filha de Lídia e Juliano.

Situação do ramo familiar registrada em 31/08/2008 Pessoa para contato com este ramo familiar: Lidia Neiva Macedo Telefone (21) 25296798 E-mail: lidianmacedo@terra.com.br Endereço: Rua Sambaíba, n°587 - Apto. 602 Bairro: Leblon - Rio de Janeiro - RJ CEP 22450 -140

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Bibliografia

ACICGH - Actas do 17º Congresso Internacional de Ciências Genealógica e Heráldica. Lisboa: Instituto Português de Heráldica, 1986. ANDRADE, Luiz Edgar de. Revista Manchete, Rio de Janeiro, n. 1996, p. 67, 21 jul. 1990. ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982. AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. São Paulo: Nova Fronteira, 1990. BARBOSA, Waldemar de Almeida. A decadência das minas e a fuga da mineração. Belo Horizonte: UFMG, 1971. BASTOS, Wilson de Lima, Mariano Procópio Ferreira Lage - Sua vida, sua obra, descendência, genealogia. Rio de Janeiro: Cia Brasileira de Artes Gráficas, 1991. BIBLIOTECA NACIONAL, Arquivo da Casa dos Contos. Anais da Biblioteca Nacional, LXV, 248-252. Rio de Janeiro, 1945. BOGACIOVAS, Marcelo Meira Amaral. O Estado de São Paulo, São Paulo, 9 mar. 1997. CARRATO, José Ferreira. Igreja, iluminismo e escolas mineiras coloniais. São Paulo : Cia. Editora Nacional, 1968.

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