TFG 2: Centro de Apoio ao Paciente Oncológico em Poços de Caldas - MG

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Centro de Apoio ao Paciente Oncológico em Poços de Caldas ALINE SILVA CARROZZA LEMOS



PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS CAMPUS POÇOS DE CALDAS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo CENTRO DE APOIO AO PACIENTE ONCOLÓGICO EM POÇOS DE CALDAS Aline Silva Carrozza Lemos Orientadores TFG I: Larissa de Souza Pereira e João Marcelo Danza Gandini Orientadoras TFG II: Rosana Soares Bertocco Parisi e Esther Aparecida Cervini de Melo Poços de Caldas, abril de 2021.



Aline Silva Carrozza Lemos

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO: Centro de Apoio ao Paciente Oncológico em Poços de Caldas

Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo, como parte do requisito para a obtenção do titúlo em Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Profa. Larissa de Souza Pereira (Orientadora e Examinadora da Banca I) Prof. João Marcelo Danza Gandini (Orientador e Examinador da Banca I) Profa. Esther Aparecida Cervini de Melo ( Orientadora e Examinadora da Banca II) Profa. Rosana Soares Bertocco Parisi ( Orientadora e Examinadora da Banca II) Poços de Caldas, outubro de 2020.


Dedico esse trabalho a todas as pessoas que lutam o já lutaram contra o câncer, e à todos

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aqueles que estiveram ao lado de vocês. Desconsiderando quaisquer resultados, todos são vencedores dessa experiência, assim como são bem mais grandiosos e infinitos que ela.


AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar à minha família, que sempre me apoiou e acreditou em mim. Aos meus avós, Maria Nice e José, por serem exemplos de seres humanos e de companheirismo; a minha tia Mariinha, por todo apoio e carinho; aos meus pais, Márcio e Neuza, por tornarem toda minha jornada possível, por me darem suporte e por terem me auxiliado na construção de quem sou; ao meu irmão Murilo, por ser um exemplo de caráter e persistência; ao meu pequeno companheiro de vida Crash, por ter dividido sua vida comigo e me ensinado a forma mais pura de amor. Agradeço ao meu companheiro, Amauri, por todo cuidado, respeito e amor que troca comigo diariamente. Por estar do meu lado em todas situações me ajudando a evoluir a cada dia, por acreditar em mim e por me incentivar a crescer. Agradeço à todas as minhas amizades, que de alguma forma me ajudaram a chegar até aqui, que me auxiliam diariamente na jornada da vida e que tornam todo meu trajeto mais claro e prazeroso. Minha profunda gratidão por todas as pessoas envolvidas na minha vida, as que foram e as que não foram citadas, que fazem parte da minha história e do meu ser. Agradeço ao Universo, à todas entidades divinas e espíritos de luz, que me guiam nessa trajetória incrível que é a vida. Agradeço à oportunidade de ser, de existir e ter o privilégio da vida e da saúde. Agradeço à Natureza, por se manifestar nas mais incríveis formas e permitir nossa existência e contemplação de sua perfeição. E, por fim, mas não menos importante, agradeço às minhas orientadoras Larissa de Souza Pereira, Rosana Soares Bertocco Parisi, Esther Aparecida Cervini de Melo e ao meu orientador João Marcelo Danza Gandini pelo exemplo de profissionalismo e por todo suporte, interesse e auxílio oferecido para a execução deste trabalho.

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"Enxergar na voz que as novas narrativas gostam de ser convidas pra entrar e ficar Enxergar no vento que como me identifico com a brisa também sou inevitável Enxergar no rio que a queda da cachoeira procede o movimento contínuo Enxergar no mar que infinito não assusta se eu estiver disposta a preencher Enxergar na mata que é preciso saber ouvir pra sentir a vida Enxergar no fogo que coisas gigantes iniciam em faíscas Enxergar na terra que areia movediça não afunda quem é lama Enxergar no tempo a necessidade de separar o que deixar e o que celebrar Enxergar nas folhas que o mundo deixou ao nosso alcance as chances de cura. "

- RYANE LEÃO

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RESUMO O seguinte trabalho final de graduação tem como finalidade a concepção de um ambiente de auxílio para pacientes em tratamento oncológico na cidade de Poços de Caldas - Minas Gerais, visando garantir um edifício que se enquadre no conceito estudado sobre “ambientes restauradores”. Neste trabalho foi analisado questões referentes ao câncer, o conceito de ambiência e ambientes restauradores, análises sobre onde são ofertados os tratamentos oncológicos na cidade e região, quais os centros de apoio disponíveis no município, estudos de caso de uma rede de centros de apoio, análise do local de implantação e estudos iniciais para a proposta do edifício. Tem como intuito, a concepção de um espaço que respeite as subjetividades dos pacientes oncológicos e seus familiares e que auxilie estes no processo de recuperação e bem-estar durante este momento de suas vidas, com a integração entre conceitos da psicologia ambiental e arquitetura. O espaço será destinado para homens e mulheres a partir da idade adulta que realizam algum tratamento oncológico na cidade e para seus familiares/acompanhantes. Ressalva-se ainda a utilização da arquitetura como aliada no processo de terapia, incluindo técnicas e materiais naturais.

PALAVRAS-CHAVE:

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Ambientes restauradores. Ambiência. Poços de Caldas. Tratamento Oncológico. Centro de apoio. Recuperação.


ABSTRACT The following final graduation work aims to design a support environment for patients undergoing cancer treatment in the city of Poços de Caldas - Minas Gerais, in order to guarantee a building that fits the studied concept of “restorative environments”. In this work, issues related to cancer were analyzed, the concept of ambience and restorative environments, analyzes of where cancer treatments are offered in the city and region, which support centers are available in the municipality, case studies of a network of support centers, analysis of the implantation site and initial studies for the building proposal. It aims to design a space that respects the subjectivities of cancer patients and their families and that helps them in the recovery and well-being process during this moment of their lives, with the integration between concepts of environmental psychology and architecture. The space will be destined for men and women from adulthood who carry out some cancer treatment in the city and for their family members / companions. The use of architecture as an ally in the therapy process is also emphasized, including techniques and natural materials.

KEY WORDS: Restorative environments. Ambience. Poços de Caldas. Oncological treatment. Support center. Recovery.

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FIGURA 1: O que causa o câncer?........................................................................... 29 FIGURA 2: Mapa do entorno de Poços de Caldas..................................... 46 FIGURA 3: Brasil, com destaque na região sudeste do país.............. 50 FIGURA 4: Minas Gerais, estado localizado na região sudeste.......50 FIGURA 5: Mesorregião Sul/Sudoeste de Minas Gerais..................... 50 FIGURA 6: Microrregião Poços de Caldas....................................................... 50 50 FIGURA 7: Município de Poços de Caldas........................................................ 51 FIGURA 8: Cristo Redentor.......................................................................................... 52 FIGURA 9: Morfologia de Poços de Caldas...................................................... 53 FIGURA 10: Bacias Hidrográficas de Poços de Caldas........................... 54 FIGURA 11: Gráfico de temperaturas médias................................................. 54 FIGURA 12: Temperatura média horária.......................................................... 55 FIGURA 13: Probabilidade de precipitação média diária.................... 55 FIGURA 14:Níveis de conforto em umidade................................................... 56 FIGURA 15: Velocidade média do vento............................................................ 56 FIGURA 16: Nascer e pôr do sol com crepúsculo........................................58 FIGURA 17: Santa Casa de Poços de Caldas.....................................................62 FIGURA 18: Centros de Apoio em Poços de Caldas..................................63 FIGURA 19: Logo ALV.......................................................................................................64 FIGURA 20: Sala de Estar................................................................................................64 FIGURA 21: Sala de Jantar...............................................................................................64 FIGURA 22: Quarto compartilhado feminino.............................................. 64 FIGURA 23: Quarto compartilhado masculino...........................................64 FIGURA 24: Casa sede da ALV..................................................................................65 FIGURA 25: Prédio AVOCC........................................................................................ 66 FIGURA 26: Logo AVOCC............................................................................................ 66 FIGURA 27: Sala de fisioterapia................................................................................ 66 FIGURA 28: Quarto compartilhado...................................................................... 66 FIGURA 29: Sala de cultos e televisão................................................................... 67 FIGURA 30: Logo GAAPO............................................................................................ 68 FIGURA 31: Recepção........................................................................................................68 FIGURA 32: Recepção...................................................................................................... .

FIGURA 33: Salão.................................................................................................................68 FIGURA 34: Depósito........................................................................................................ 68 FIGURA 35: Bazar............................................................................................................... 68 FIGURA 36: Sala de psicólogo.................................................................................... 68 FIGURA 37: Logo Maggie............................................................................................. 73 FIGURA 38: Maggie de Leeds.................................................................................... 74 75 FIGURA 39: Terreno Maggie de Leeds.............................................................. 75 FIGURA 40: Implantação Maggie de Leeds..................................................... 75 FIGURA 41: Esquema de Estrutura......................................................................... 76 FIGURA 42: Detalhe do encaixe da madeira................................................... 76 FIGURA 43: Interior do Maggie de Leeds......................................................... 77 FIGURA 44: Planta............................................................................................................... 77 FIGURA 45: Interior do Maggie de Leeds.........................................................78 FIGURA 46: Maggie de Manchester...................................................................... 79 FIGURA 47: Implantação Maggie de Manchester......................................79 FIGURA 48: Interior do Maggie de Manchester.......................................... 80 FIGURA 49: Detalhes da estrutura......................................................................... 80 FIGURA 50: Interior do Maggie de Manchester.......................................... 81 FIGURA 51: Estufa................................................................................................................ 81 FIGURA 52: Planta................................................................................................................82 FIGURA 53: Casa no Campo........................................................................................83 FIGURA 54: Paredes externas de taipa.............................................................. 83 FIGURA 55: Pergolado de aço................................................................................... 84 FIGURA 56: Interior da Casa no Campo........................................................... 84 FIGURA 57: Interior da Casa no Campo............................................................ 84 FIGURA 58: Interior da Casa no Campo............................................................ 85 FIGURA 59: Interior da Casa no Campo............................................................ 85 FIGURA 60: Interior da Casa no Campo........................................................... 85 FIGURA 61: Planta................................................................................................................. FIGURA 62 e 63: Poços de Caldas com demarcação da área a 90 ser analisada............................................................................................................................. 91 FIGURA 64: Macrozoneamento de Poços de Caldas............................. . .

Lista de Figuras

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FIGURA 65: Regiões Urbanas Homogêneas................................................. 91 FIGURA 66: Mapa Isodeclividade e Drenagem............................................92 FIGURA 67: Uso e Ocupação do Solo e Hierarquia de Vias.............. 93 FIGURA 68: Mapa Análise do Entorno.............................................................. 94 FIGURA 69: Mapa Análise do Entorno Imediato........................................ 95 FIGURA 70 e 71: Rua Presidente Kenedy...........................................................95 95 FIGURA 72 e 73: Avenida Champagnat............................................................ 97 FIGURA 74: Mapa do terreno................................................................................... 97 FIGURA 75 a 77: O terreno........................................................................................... 103 FIGURA 78: Alguns materiais utilizados na bioconstrução............ 105 FIGURA 79: Aspecto ideal da massa de terra.............................................. 106 FIGURA 80 e 81: Processo da Taipa de Pilão................................................ 107 FIGURA 82: Sapata Corrida....................................................................................... FIGURA 83: Parede de Taipa do Centro Cultural do Deserto 107 Nk’Mip / DIALOG................................................................................................................. 108 FIGURA 84: Tijolos de Adobe................................................................................... 109 FIGURA 85: Assentamento do Adobe............................................................... 109 FIGURA 86: Vantagens do Adobe......................................................................... 110 FIGURA 87 e 88: Tintas de Terra............................................................................ 111 FIGURA 89: Esquema de ventilação Cruzada.............................................. 111 FIGURA 90: Sistema de Iluminação Zenital................................................... 112 FIGURA 91 a 93: Elementos de proteção solar.............................................. 113 FIGURA 94: Compostagem.......................................................................................... 114 FIGURA 95: Como funciona a composteira?............................................... 115 FIGURA 96: Concreto permeável........................................................................... 115 FIGURA 97: Placas Fotovoltaicas............................................................................ 116 FIGURA 98: Telha Solar................................................................................................... 116 FIGURA 99: Horta Elevada........................................................................................... 122 FIGURA 100: Fluxograma............................................................................................. 123 FIGURA 101: Organograma.......................................................................................... 124 FIGURA 102: Vista aérea................................................................................................ 125 FIGURA 103: Implantação.............................................................................................

FIGURA 104 e 105: Elevação Norte e Elevação Sul................................... 126 FIGURA 106 e 107: 3D Elevação Norte e Sul com detalhes................. 127 FIGURA 108 e 109: Elevação Leste e Elevação Oeste............................... 128 FIGURA 110 e 111: Soluções estéticas Leste e Oeste..................................... 129 FIGURA 112: Planta Térreo........................................................................................... 131 FIGURA 113 e 114: 3D........................................................................................................... 132 FIGURA 115 e 116: 3D vista oeste e sul................................................................... 133 135 FIGURA 117: Planta 2º Pavimento............................................................................ 137 FIGURA 118: Planta Pátio.............................................................................................. 138 FIGURA 119 e 120: 3D Pátio........................................................................................... 139 FIGURA 120 e 121: 3D Social - Público.................................................................. 141 FIGURA 122: Planta Níveis Sociais - Públicos............................................... 143 FIGURA 123: Planta Subsolo...................................................................................... 144 FIGURA 124: Planta Casa de Máquinas.............................................................. 145 FIGURA 125: Planta de Cobertura......................................................................... 146 FIGURA 126 e 127: Cortes 1 e 2.................................................................................... 147 FIGURA 128 e 129: Cortes 3 e 4.................................................................................. 148 FIGURA 130 a 134: Maquete da proposta estrutural................................

Lista de Figuras

15



TABELA 1: Estatísticas de novos casos de câncer em homens............................................................................................ 30 TABELA 2: Estatísticas de novos casos de câncer em mulheres........................................................................................ 31 TABELA 3: Taxas de mortalidade em 2018 para homens...................................................................................................... 32 32 TABELA 4: Taxas de mortalidade em 2018 para mulheres................................................................................................... 59 TABELA 5: Dados CACON....................................................................................................................................................................... 59 TABELA 6: Dados CACON....................................................................................................................................................................... TABELA 7: Estudo de mortalidade por câncer segundo municípios e localização primária entre 1998 a 60 2002..................................................................................................................................................................................................................... TABELA 8: Distribuição de óbitos por cânceres (pulmão, leucemia e linfoma) por município de 60 residência e sexo entre 1999 a 2005................................................................................................................................................... TABELA 9: Distribuição do total de casos de câncer, por localização do tumor primário, segundo o 61 sexo, em Poços de Caldas em 2005..................................................................................................................................................... TABELA 10: Distribuição dos linfomas e leucemias, segundo tipo histológico, por sexo, em Poços de 61 Caldas em 2005............................................................................................................................................................................................. 86 TABELA 11 - Síntese das Referências Projetuais......................................................................................................................... 91 TABELA 12: Parâmetros Urbanísticos de Ocupação e Parcelamento do Solo, para ZPE-................................... 117 TABELA 13: Áreas de atendimento.................................................................................................................................................... 118 TABELA 14, 15 e 16: Áreas de Social Interno, Acolhimento e Administração............................................................. 119 TABELA 17: Áreas sociais externas.................................................................................................................................................... 120 TABELA 18: Áreas de infraestrutura................................................................................................................................................ 121 TABELA 19: Programa de Necessidades.......................................................................................................................................... 130 TABELA 20: Ambientes nível térreo................................................................................................................................................. 134 TABELA 21: Ambientes do 2º Pavimento....................................................................................................................................... 136 TABELA 22: Ambientes do pátio......................................................................................................................................................... 140 TABELA 23: Ambientes nível social-público............................................................................................................................... 142 TABELA 24: Ambientes nível Subsolo............................................................................................................................................. 144 TABELA 25: Ambientes Casa de Máquinas................................................................................................................................... 144 TABELA 26: Informações das coberturas......................................................................................................................................

Lista de Tabelas

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CACON SUS INCA SIM MS PA EPA ART PET IBGE UNACON RHC RCBP AVOCC ALV GAAPO NBR DML

Cento de Alta Complexidade em Oncologia Sistema Único de Saúde Instituto Nacional do Câncer Sistema de Informações sobre Mortalidade Ministério da Saúde Psicologia Ambiental Estudo Pessoa-Ambiente Teoria da Restauração da Atenção (Attention Restoration Theory) Teoria da Recuperação Psicofisiológica ao Estresse (Psychoevolutionary Theory) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Unidade de Alta Complexidade em Oncologia Registro Hospitalar de Câncer Registro de Câncer de Base Populacional Associação do Voluntariado Contra o Câncer Associação Lenços ao Vento Grupo de Apoio e Assistência ao Paciente Oncológico Normas Brasileiras de Representação Depósito de Material de Limpeza .

Lista de Siglas

19


1

INTRODUÇÃO

2

CONTEXTO

1.1 Tema.................................................... 24 1.2 Objetivos Gerais........................... 24 1.3 Objetivos Específicos................ 25

2.1 O Câncer: 2.1.1 Definição e Surgimento........ 2.1.2 Causas e Prevenção............... 2.1.3 Tratamentos Oncológicos.. 2.1.4 Cuidados Paliativos................ 2.1.5 Estatísticas...................................

28 28 29 29 30

2.2 A arquitetura como aliada no processo de cura: 2.2.1 Introdução................................... 3 3 2.2.2 Ambiência.................................. 3 5 2.2.3 Ambientes Restauradores 36 2.2.3.1 Rachel e Stephen Kaplan. 37 2.2.3.2 Roger Ulrich.......................... 3 8 2.2.4 Conclusão................................... 40

Sumário

3

ANÁLISE

4

A CIDADE:

3.1 Análise dos Atendimentos Oncológicos na região.................... 46

4.1 Localização..................................... 50 4.2 Informações.................................. 51 4.3 Caracterização: 4.3.1 Vegetação.................................... 4.3.2 Relevo........................................... 4.3.3 Hidrografia................................ 4.3.4 Clima............................................

52 52 53 55

4.4 Histórico e Dados....................... 58 4.5 Centros de Apoio....................... 62


5

REFERÊNCIAS 5.1 Centros Maggie............................ 72 5.2 Maggie de Leeds......................... 7 4 5.3 Maggie de Manchester............ 7 8 5.4 Maggie de Oldham..................... 82 5.5 Conclusão....................................... 86

6

IMPLANTAÇÃO

6.1 Localização..................................... 90 6.2 Legislação Vigente.................... 9 1 6.3 Isodeclividade e Drenagem.. 92 6.4 Uso e Ocupação do Solo e Hierarquia de Vias............................ 9 3 6.5 Análise do Entorno.................... 9 4 6.6 Entorno Imediato...................... 9 5 6.7 O terreno........................................ 9 7

7

7.3 Materialidade............................... 10 4

7.4 Técnicas Construtivas: 7.4.1 Taipa de Pilão............................ 10 6 7.4.2 Tijolo de Adobe........................ 10 8 7.5 Redução do Impacto Ambiental...................................... 110 7.6 Programa de Necessidades.. 7.7 Fluxograma................................... 7.8 Organograma.............................. 7.9 Implantação.................................. 7,10 Elevações...................................... 7.11 Plantas............................................. 7.12 Cortes............................................. 7.13 Sistema Estrutural....................

8 9 10

1 17 1 22 12 3 1 25 12 6 130 146 1 48

BIBLIOGRAFIA......... 151

O PROJETO: 7.1 Partido Arquitetônico.............. 10 0 7.2 Conceito 7.2.1 O que é a Bioconstrução?.... 1 0 2 7.2.2 Por quê Bioconstruir?......... 1 0 3

APÊNDICE................ 1 59 C OM O RE FE RE NC I AR E S T E T RA BAL H O. . . . .16 9



1.1 Tema 1.2 Objetivos Gerais 1.3 Objetivos Específicos

1

INTRODUÇÃO


1 Introdução

24

1.1 TEMA

1.2 OBJETIVOS GERAIS

O projeto apresentado neste Trabalho Final de Graduação refere-se à implantação de um Centro de Apoio ao Paciente Oncológico, na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais, onde, através do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), recebe pacientes de cerca de 80 cidades da região e oferece tratamentos através do Sistema Único de Saúde (SUS) como quimioterapia, cirurgia oncológica e radioterapia. O Centro terá como intuito abrigar, assistir e oferecer apoio social, psicológico e técnico aos pacientes e seus acompanhantes através de um projeto respaldado no conceito de ambientes terapêuticos, com a utilização de técnicas e materiais naturais, fugindo do caráter hospitalar e voltando-se para uma arquitetura residencial que promova conforto e bem-estar.

Oferecer dignidade, respeito e auxílio para pacientes oncológicos, principalmente os de baixa renda, a fim de garantir a estes conforto para que enfrentem esse momento desafiador. Que, através do contato e integração com o espaço construído, a natureza, à outras pessoas na mesma situação, à uma equipe multidisciplinar e, principalmente, em contato com si mesmos, encontrem forças e esperança suficientes para atravessar esse momento de vulnerabilidade e alcançar a cura – emocional, espiritual e física.


1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Implantar um Centro de Apoio ao Paciente Oncológico próximo ao atendimento do CACON, em Poços de Caldas – MG; Acolher pacientes e acompanhantes do município e da região; Oferecer hospedagem, apoio psicológico, nutricional, jurídico, fisioterápico, além de fornecer refeições para os hóspedes e cestas básicas para famílias carentes; Oferecer atividades como jardinagem, oficinas de artesanato, yoga, meditação, pilates. Projeto de uma horta que permita que os hóspedes se dediquem a ela. Implementar espaços para formas alternativas de cura que serão complementares aos tratamentos médicos; Utilizar de materiais e técnicas construtivas naturais para reforçar a ligação ser humano – natureza e gerar menos impacto ambiental; Demonstrar a importância da arquitetura no processo de recuperação no âmbito da saúde;

25



2.1 O Câncer: 2.1.1 Definição e Surgimento 2.1.2 Causas e Prevenção 2.1.3 Tratamentos Oncológicos 2.1.4 Cuidados Paliativos 2.1.5 Estatísticas

2

2.2 A arquitetura como aliada no processo de cura: 2.2.1 Introdução 2.2.2 Ambiência. 2.2.3 Ambientes Restauradores 2.2.3.1 Rachel e Stephen Kaplan 2.2.3.2 Roger Ulrich 2.2.4 Conclusão

CONTEXTO


2 Contexto 2.1 O CÂNCER 2.1.1 Definição e Surgimento De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer é a denominação de mais de cem doenças que apresentam um crescimento muito acelerado de células agressivas, atingindo tecidos e órgãos e causando a formação de tumores. Os carcinomas são iniciados em tecidos epiteliais, e os sarcomas começam nos tecidos conjuntivos. A diferenciação dos tipos de câncer se dá pelas diferenças das células do corpo, pela velocidade de multiplicação destas e pela possibilidade de se espalharem para outras regiões do corpo (metástase). O surgimento da doença é ocasionado por alguma alteração sucedida no DNA da célula, e esta vai começar a se comportar de forma diferente em suas atividades habituais. A formação do câncer (carcinogênese) geralmente é lenta, sendo determinada pela exposição aos agentes 28

cancerígenos e pela acumulação e interação entre estes. O processo da carcinogênese passa por três estágios: Iniciação: Alteração dos genes pelos agentes cancerígenos; Promoção: Transformação gradual da célula saudável para célula maligna; Progressão: Multiplicação desordenada das células alteras.

2.1.2 Causas e Prevenção O câncer pode ser causado por questões internas, como mutação genética, hormônios, condição imunológica e fator hereditário, e por questões externas, como estilo de vida, tabagismo, alcoolismo, hábitos alimentares, exposição ao sol, exposição a agentes químicos, entre outros. Além disso, pode-se ter a junção de mais de um agente cancerígeno. Entretanto, algumas pessoas estão mais suscetíveis a desenvolver a doença por meio de agentes ambientais


(externos) do que outras, devido a fatores genéticos. De modo geral, são raros os casos exclusivos de fator hereditário. A prevenção primária impede o desenvolvimento da doença através de hábitos de vida mais saudáveis e a não exposição aos fatores de risco. Já a prevenção secundária é o tratamento de doenças pré-malignas. Figura 1: O que causa o câncer? Fatores Hereditários

Exposição à fatores de risco 0

20

40

60

80

Fonte: MS / Instituto Nacional do Câncer (2018), com alterações da autora.

2.1.3 Tratamentos Oncológicos Os tipos de tratamento para pacientes oncológicos são: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e transplante de medula, poden-

do ter ou não a combinação de mais de um. Tendo em vista que os tratamentos apresentam efeitos colaterais, é de extrema importância que o ambiente construído possa auxiliar os pacientes oncológicos a se recuperarem, com bem-estar, dignidade, apoio, autonomia e segurança.

2.1.4 Cuidados Paliativos É a promoção da qualidade de vida a pacientes com doença grave e seus familiares através da prevenção, alivio do sofrimento e dor física. Deve abordar o cuidado físico, psicológico, social e espiritual. Esse cuidado é oferecido por uma equipe multidisciplinar, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, entre outros, além de cuidadores e voluntários. Esse tipo de cuidado pode ser oferecido nos ambulatórios do hospital ou no domicilio do paciente. A análise das necessidades dos pacientes nesse tipo de cuidado garantirá a concepção de um edifício integro, que respeite sua situação e sua subjetividade. 29


Um ambiente restaurador de caráter de suporte deve atender as demandas dos seus usuários, possibilitando o apoio de profissionais, de amigos e familiares do paciente, oferecer espaços destinados à espiritualidade e contemplação e atividades do seu gosto. Além disso, a qualidade do ambiente construído está associada ao bemestar e processo de recuperação das pessoas nele inseridos.

2.1.5 Estatísticas Os dados da tabela a seguir mostram a estimativa de novos casos da doença no Brasil em 2020, separado por tipos de câncer e sexo, tendo seus números sendo provenientes dos Registros de Câncer e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS).

Tabela 1 - Estatísticas de novos casos de câncer em homens no Brasil. Localização Primária

|

Casos Novos

|

%

Próstata

65.840

29,2

Cólon e Reto

20.540

9,1

Traqueia, Brônquio e Pulmão

17.760

7,9

Estômago

13.360

5,9

Cavidade Oral

11.200

5,0

Esôfago

8.690

3,9

Bexiga

7.590

3,4

Laringe

6.470

2,9

Leucemias

5.920

2,6

Sistema Nervoso Central

5.870

2,6

Todas neoplasias, exceto pele não melanoma Todas as neoplasias

225.980

100,0

309.750

Fonte: MS/INCA/ Estimativa do Câncer no Brasil (2020), com alterações da autora.

30


Tabela 2 - Estatísticas de novos casos de câncer em mulheres no Brasil. Localização Primária

|

Casos Novos

|

%

Mama feminina

66.280

29,7

Cólon e Reto

20.470

9,2

Colo do Útero

16.710

7,5

Traqueia, Brônquio e Pulmão

12.440

5,6

Glândula Tireoide

11.950

5,4

Estômago

7.870

3,5

Ovário

6.650

3,0

Corpo do Útero

6.540

2,9

Linfoma Não-Hodgkin

5.450

2,4

Sistema Nervoso Central

5.230

2,3

Todas neoplasias, exceto pele não melanoma Todas as neoplasias

225.110

100,0

316.280

Fonte: MS/INCA/ Estimativa do Câncer no Brasil (2020), com alterações da autora.

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer sobre a Estimativa do Câncer no Brasil, o número de novos casos de câncer em Minas Gerais em 2020, sem divisão por sexo, é: Mama Feminina: 8.250 Próstata: 6.420 Cólon e Reto: 4.000 Traqueia, Brônquio e Pulmão: 2.990 Estômago: 2.460 Colo do Útero: 1.270 Cavidade Oral: 1.620 Glândula Tireoide: 1.560 Esôfago: 1.870 Linfoma não Hodgkin: 1.240 Sistema Nervoso Central: 1.240 Bexiga: 980 Leucemias: 960 Pele melanoma: 870 Laringe: 810 Corpo do Útero: 670 Ovário: 630 Linfoma de Hodgkin: 220 Outros: 11.560 Todas neoplasias, exceto pele não melanoma: 49.620 Pele não melanoma: 17.690 Todas as neoplasias malignas: 67.310

31


Tabela 3 - Taxas de mortalidade no Brasil em 2018, para homens. Localização Primária

| Óbitos |

%

Localização Primária

|

Casos Novos

|

%

Traqueia, Brônquio e Pulmão

16.371

13,9

Mama

17.572

16,4

Próstata

15.576

13,3

Traqueia, Brônquio e Pulmão

12.346

11,5

Cólon e Reto

9.608

8,2

Cólon e Reto

9.995

9,3

Estômago

9.387

8,0

Colo do Útero

6.526

6,1

Esôfago

6.756

5,8

Pâncreas

5.601

5,2

Fígado e vias biliares

6.181

5,3

Estômago

5.374

5,0

Pâncreas

5.497

4,7

Sistema Nervoso Central

4.506

4,2

Cavidade Oral

4.974

4,2

Fígado e vias biliares

4.369

4,1

Sistema Nervoso Central

4.803

4,1

Ovário

3.984

3,7

Laringe

3.859

3,3

Leucemias

3.316

3,1

Todas as neoplasias

117.477

100,0

Todas as neoplasias

107.235

100,0

Fonte: MS / Instituto Nacional do Câncer (2020), com alterações da autora.

32

Tabela 4 - Taxas de mortalidade no Brasil em 2018, para mulheres.

Fonte: MS / Instituto Nacional do Câncer (2020), com alterações da autora.


O Instituto Nacional do Câncer ainda fornece um gráfico das taxas brutas do câncer em 2020 para Minas Gerais e a capital, Belo Horizonte, que demonstra o câncer de próstata e o câncer de mama como sendo os mais recorrentes em homens e mulheres, respectivamente. Além disso, de acordo com a Unidade da Federação, a estimativa de casos de neoplasias malignas (exceto pele não melanoma) para o ano de 2020 em Minas Gerais é 237,65 casos para cada 100 mil homens e 137,61 casos para cada 100 mil mulheres. Concluindo, os dados apresentados são necessário para a desmitificação acerca da doença, suas estatísticas e seu percentual de mortalidade. Fornecidos os dados, há a estimulação do pensamento de como muitos pacientes se recuperam e vencem o câncer, e, nesse contexto, pode-se perceber a importância de um Centro de Apoio para aqueles pacientes que estão em tratamento.

Como será mencionado mais a frente neste trabalho, a cidade de implantação, Poços de Caldas, possui o Registro Hospitalar do Câncer e o Registro de Câncer de Base Populacional, que coleta dados sobre o número de casos no município e os fornece para o INCA, que contabiliza em seus números.

2.2 A ARQUITETURA COMO ALIADA NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTES. 2.2.1 Introdução Segundo Jorge Ricardo Santos de Lima Costa (2001) , a função de um espaço construído vai muito além de sua forma. Ele abre interpretações, subjetividades e a relação interna de um indivíduo a aquele ambiente, ou seja, é onde desperta no usuário conteúdos conscientes e inconscientes, podendo ser sensações benéficas ou traumatizantes. Contudo, um ambiente se torna um marco, um símbolo na memória de quem o utilizou, e a lembrança de um ambien33


te pode ativar a memória corporal deste e trazer à tona as experiências vividas no local. A sustentabilidade dessa integração é de total importância pra o funcionamento de um espaço. O processo de tratamento de saúde aguça a percepção da pessoa doente no ambiente inserido. Os sentidos físicos e psicológicos são ativados por muitas informações do espaço e as trocas com o ambiente se dão a todo momento, como as cenas dolorosas, o sofrimento, a insegurança, o medo, os cheiros de remédios. Sendo assim, o projeto arquitetônico tem a função de orientar a percepção do sujeito no ambiente, amenizando os desconfortos gerados naturalmente pela situação da doença. O estresse ocasionado pela tensão em ambientes de saúde está associado a dor física e sofrimento emocional, podendo despertar depressão e ansiedade nos usuários do ambiente. Além dos ambientes hospitalares, as exigências do cotidiano também afetam negativamente o ser huma34

no. Cada lugar é qualificado por sentimentos e pensamentos, ou, em outras palavras, é associado a algum tipo de experiência do ser humano naquele ambiente. Um ambiente destinado ao tratamento de saúde tem sua ambiguidade: de um lado a possibilidade de recuperação, de esperança e vida, e de outro a dor, o sofrimento e a morte. Sendo assim, ambientes de auxílio devem contemplar um certo afeto, com respeito à dignidade e privacidade do usuário, além gerar uma ambiência adequada para o processo de recuperação e bem-estar, tendo em vista as múltiplas formas de cada ser humano de passar por um processo de tratamento. Além de tudo, a saúde do ser humano é intrínseca à saúde do edifício construído, se o edifício não tiver técnicas corretas, sentido e harmonia, gera também doenças físicas e psíquicas em seus usuários. Portanto, a arquitetura pode ser fonte de estresse ou pode contribuir para a promoção de bemestar e saúde.


2.2.2 Ambiência A ambiência é um conceito dado para um ambiente construído em consonância com os efeitos e experiência que este causa nas pessoas que o habitam. A subjetividade desse local está ligada às condições dos indivíduos, como questões psicológicas, físicas, culturais, etc. Sendo assim, um projeto arquitetônico deve englobar aspectos técnicos, formais, estéticos e também as condições ambientais e espaciais percebidas pelos usuários. Os ambientes destinados a cura devem ser feitos buscando uma maior humanização e protagonizando os seus usuários acima de tudo. Tendo isso em vista, em 2006 foi lançada a Cartilha de Ambiência pelo Ministério da Saúde, com o intuito de humanizar os projetos de saúde, tendo seu tripé de formação: confortabilidade (com foco na privacidade, conforto gerado por aspectos como som, temperatura, segurança, autonomia), produção de subjetividades (como sendo uma reflexão

da equipe profissional sobre o processo de trabalho) e a utilização do espaço como ferramenta facilitadora do processo de trabalho (como sendo a melhor gestão dos recursos disponíveis e atendimento e acolhimento de qualidade para os pacientes). Relacionada com os eixos da Cartilha e com aspectos da psicologia ambiental (PA), o conceito de ambiência possui três atributos primordiais: Territorialidade: Ligado ao enraizamento, a conexão e a identidade que o usuário pode ter no local. Está diretamente ligado ao conforto que um paciente sente em um determinado espaço; Privacidade: Ligada a proteção da intimidade e dignidade de um paciente, que, por estar em algum tipo de tratamento, já passa por procedimentos invasivos e constrangedores e que podem repercutir em estresse e ansie35


dade; Apropriação: É a identificação e sensação de pertencimento do usuário no ambiente no qual está inserido. A possibilidade de personalização do ambiente permite uma maior identidade do sujeito. Um ambiente com essa característica gera vínculos e reações afetivas, causando bem-estar.

2.2.3 Ambientes Restauradores As pesquisas que vão desde o campo da medicina até o campo da Psicologia Ambiental (PA) auxiliam os arquitetos a conceber um projeto de ambiente terapêutico, destacando seus vários benefícios para a saúde do ser humano. O intuito da psicologia ambiental é analisar as relações entre indivíduos e o entorno, e quais reações esse entorno gera nos processos afetivos e cognitivos da pessoa. A PA e a arquitetura, unidas, apresentam uma ótima ferramenta para a concepção de es 36

espaços saudáveis e restauradores. Na década de 80, alguns pesquisadores começaram a fazer estudos sobre preferência ambiental, com foco na área de Estudos Pessoa-Ambiente (EPA). O termo “ambientes restauradores” surgiu com os principais pesquisadores da área, Roger Ulrich, Rachel e Stephen Kaplan, como uma forma de analisar a percepção de bem-estar das pessoas no espaço. Com teorias distintas, conduziram pesquisas sobre a fadiga da atenção e o estresse do ser humano e seu processo de recuperação. Enquanto Ulrich demonstra como os espaços construídos apresentam efeitos no sistema psicofisiológico, Kaplan e Kaplan explicam sobre a capacidade de recuperação de atenção. É importante salientar que, embora apresentando distinções, as teorias podem ocorrer de forma simultânea ou individual e, em algumas situações, podem ser fruto um do outro.


O objetivo da arquitetura aqui é proporcionar ambientes funcionais que garantam o bem-estar e a subjetividade de seus usuários, ajudando na segurança, circulação e higienização correta dos espaços, além de auxiliar na recuperação dos pacientes. 2.2.3.1 Rachel e Stephen Kaplan Teoria da Restauração da Atenção - ART (1989) A atenção é um fator da mente humana que está em constante funcionamento enquanto a pessoa se apresenta consciente, porém com graus de variância de acordo com a atividade executada. A atenção pode ser dirigida (voluntária), quando se há a necessidade de prestar atenção em algo, ou pode se apresentar como fascinação (involuntária). Nos estudos realizados pelo o casal sobre cognição e preferência ambiental, a conclusão foi de que a mente humana apre-

senta fadiga quando se concentra por muito tempo em alguma coisa ou quando é submetida a momentos de estresse, necessitando, então, de algum fator para recuperar seu estado normal. A fadiga gera dificuldade para planejar e executar atividades que necessitam de atenção direta, distrações constantes e dificuldade em lidar com relações interpessoais, ocasionando o estresse. Para eles, os ambientes hospitalares causam um caos cognitivo no usuário pelo excesso de informações complexas que apresentam e por não apresentar nenhuma afinidade com estes, portando, a restauração mental está diretamente ligada à recuperação da saúde. De acordo com a teoria, a restauração é importante para devolver a função cognitiva do indivíduo, e acontece em alguns processos, sendo estes: Fascinação: é uma forma de atenção involuntária, ou seja, que não demanda 37


esforço, ocorrida em momentos interessantes em que a pessoa é naturalmente atraída. É dividida em fascinação soft ou hard, sendo a primeira a ideal para a restauração, ocasionada em momentos agradáveis que permitem a contemplação, comumente ocorrida em ambientes naturais; Afastamento: seria o distanciamento físico e/ou psicológico de situações corriqueiras e estressantes das obrigações casuais, com intuito de retirar a atenção desses fatores; Extensão: trata-se de um ambiente que possibilite imersão e desperte a curiosidade de interpretação do usuário, não gerando tédio; Compatibilidade: é quando um ambiente construído dispõe a possibilidade da realização de certas atividades e ações que o usuário tem afinidade e capacidade de executar. Por exemplo: ambientes para caminhada, 38

para jardinagem, para contemplação e silêncio, para interação, ou seja, o ambiente construído deve ser compatível com as subjetividades do sujeito

2.2.3.2 Roger Ulrich Teoria da Recuperação Psicofisiológica ao Estresse - PET (1983) De acordo com Ulrich, o ser humano apresenta comportamentos estratégicos e tomadas de decisão afetiva a todo instante, sendo por repulsão ou aproximação, que são decisivas para o bem-estar do indivíduo. Entretanto, esse estado de decisão constante gera o estresse psicofisiológico, que, além de emoções negativas, como raiva, medo, ansiedade e tristeza, gera mudanças no sistema fisiológico e causa o estado de vigilância, aumento da pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos, diminui a atividade imunológica do organismo, entre outros efeitos.


O estresse também pode ser definido aqui como sendo a resposta psicofisiológica para situações que ameacem o bem-estar do indivíduo, tendo que se recuperar do estresse nos âmbitos afetivos, comportamentais, cognitivos e fisiológicos. Nessa sua teoria, Ulrich apresenta estudos empíricos em que, ao ser exposto a fatores que geram uma reação afetiva positiva associada a percepção estética e agradável do ambiente, o indivíduo tende a ter uma redução significativa em seu estado de estresse. O contato com ambientes com características restauradoras gera sensações como prazer, felicidade e tranquilidade, suprimindo o estresse. Ambientes visualmente prazerosos e com a presença de aspectos naturais são capazes de promover a recuperação do indivíduo. Os resultados de um de seus estudos mostraram que pacientes que fizeram cirurgia e foram expostos a um ambiente com aproximação da natureza, tinham um

melhor tempo de recuperação, com um dia a menos de internação, 21% menos uso de analgésicos e demonstraram menos ansiedade, refletindo também em um menor custo de internação. Para ele, as distrações positivas em ambientes de saúde estariam incorporadas em elementos da natureza, em faces humanas simpáticas e positivas e em animais amáveis. Jardins, aquários, fontes, arte representativa de elementos naturais, pinturas no teto são alternativas para a concepção desses espaços. A arte deve ser muito positiva, com paisagens ensolaradas com profundidade e pouco uso da cor marrom. Além disso, de acordo com o autor, os ambientes restauradores precisam apresentar complexidade moderada, ponto focal, profundidade moderada, ordem e harmonia, limites bem definidos e ausência de ameaças.

39


Teoria do Design de Suporte (1991) Nessa proposta de Ulrich, é defendida a ideia de que ambientes destinados à saúde só apresentam suporte se possuir um efeito suplementar ao tratamento médico, com suporte social (apoio de familiares, amigos e profissionais), acesso a distração positiva e eliminação de distração negativa. Portanto, nesse conceito, é relevante e importante que o usuário do ambiente possua determinado controle sobre o espaço, podendo personalizá-lo conforme suas necessidades e desejos. A eliminação de ruídos e acesso a natureza também são de suma importância para o bem-estar do paciente e seus acompanhantes. Design Baseado em Evidência (2010) Um design baseado em evidência nada mais é que a relação pessoa-ambiente, debatido na psicologia ambiental e na arqui40

tetura, e tem o intuito de assegurar a sustentabilidade e o bem-estar em espaços destinados à saúde. Seu conceito remete a integração de elementos do ambiente físico construído – sendo dividido em ambiente sonoro, ambiente visual, segurança, sistema de localização de percursos, sustentabilidade, quartos de internação, espaços de apoio para a família, espaços de apoio para os profissionais da saúde – com os aspectos psicofisiológicos, sociais e econômicos – como estresse, fadiga, dor, depressão, ansiedade, qualidade do sono -, as interações sociais, execução de trabalho e demanda institucional.

2.2.4 Conclusão A qualidade de uma edificação de atenção à saúde está intimamente ligada à capacidade do arquiteto de projetar ambientes sensíveis e subjetivos, que podem gerar uma ambiência do espaço e, consequentemente, causar maior acolhi -


mento, identidade e melhorar a percepção do usuário do local, auxiliando, dessa forma, em seu processo de recuperação. Em contextos de grande vulnerabilidade, como no caso de tratamentos oncológicos, é de suma importância a concepção de ambientes que auxiliem o conforto dos pacientes e seus familiares, uma vez que a situação da doença requer um elevado grau de adaptação desses sujeitos, o que ocasiona grande estresse. O que as teorias dos autores apresentam em comum é a inclinação pela preferência à ambientes naturais, porém, quando este não é possível, a recuperação pode ocorrer também por ambientes mediados, como por exemplo, obras de arte ou programas de televisão que exibam imagens realistas e com profundidade de vistas naturais positivas. Um ambiente restaurador mediado é melhor que nenhuma informação da natureza real, e um ambiente restaurador natural é melhor que o media -

do é melhor que nenhuma informação da natureza real, e um ambiente restaurador natural é melhor que o mediado. Junto com a recuperação do estresse e de desgastes cotidianos, a exposição à ambientes naturais também gera vínculos emocionais ao indivíduo. Outros estudos sugerem que a escolha de um ambiente restaurador também pode ser respaldada no contexto social, diferenciação de faixas etárias e características individuais. Por exemplo, em geral, nos jovens a interação com os amigos é importante para sua recuperação, já nos adultos e idosos há uma preferência pelo contato familiar. Além disso, outras questões também tem impacto sobre o bem-estar, como: iluminação natural, iluminação artificial apropriada, espaços aconchegantes para os familiares dos pacientes, a possibilidade de individualidade do paciente no quarto a ser acomodado, junto apenas com acompa 41


nhante, que melhora de forma significativa a qualidade do sono. Se não for possível ter quartos individuais, é necessário a separação visual e física entre os leitos ou camas. Os quartos dos pacientes devem apresentar aberturas amplas e de peitoril baixo para garantir a vista de vegetação, a ventilação e iluminação adequada. Devem possibilitar a personalização e adaptação do usuário, a realização de atividades e respeitar as necessidades de cada faixa etária. Devem também ter suporte adequado para os acompanhantes, como mobiliários confortáveis. Os ambientes devem permitir a visualização do trabalho dos funcionários e também é de extrema importância a supressão da aparência hospitalar, dando lugar a um ambiente mais familiar e aconchegante. Devem, também, proporcionar níveis moderados de estimulação para a mente humana. Estimu 42

lação de menos gera tédio e desinteresse, estimulação de mais gera estresse e interfere nos processos cognitivos. Sucintamente, um ambiente necessita ter um grau moderado de complexidade e mistério. Algumas pesquisas mostram a significativa importância da possibilidade de exercício e exposição ao sol para usuários idosos, a importância de salas de meditação para ativar os sentidos e reduzir a fadiga e os ambientes de cunho espiritual que permitem a reflexão e dispersão de informações negativas. A experiência de restauração depende também da relação entre a afinidade do usuário com o local no qual foi inserido (sugerido no ART como compatibilidade) e é importante destacar que um ambiente só é restaurador se o usuário se sentir seguro nele.


atividades

espaço como um todo

possibilidade de realizar atividades físicas.

vista de ambientes naturais; inclusão da natureza no interior.

espaço para meditação.

Interações afetivas. Jovens preferem interagir com amigos, adultos e idosos preferem interagir com a família.

espaço para práticas espirituais.

possibilidade de realizar atividades do próprio interesse.

possibilidade de exposição à luz solar.

Uso adequado da luz artificial.

Priorizar o uso da luz natural.

quartos priorizar quartos individuais (apenas com acompanhantes)

|

quartos compartilhados: divisórias físicas e visuais entre camas.

Banir o aspecto hospitalar do projeto e usar um aspecto mais familiar. Ambientes mediados: Quadros, TV ou fotos de ambientes naturais com profundidade e imagens positivas e realistas.

mobiliário específico e confortável para acompanhantes.

aberturas para visualização do trabalho dos funcionários.

aberturas amplas e com peitoril baixo, para melhor visualização da natureza e entrada de luz natural.

possibilidade do usuário personalizar o ambiente, a decoração, e dispor de elementos pessoais no espaço.

43



3.1 Análise dos Atendimentos Oncológicos na Região.

3 ANÁLISE


Figura 2: Mapa do entorno de Poços de Caldas

46

60km Fonte: Instituto Pristino, com alterações da autora (2020)


Alfenas - MG

3 Análise 3.1 ANÁLISE DO TRATAMENTO ONCOLÓGICO NA REGIÃO Algumas cidades próximas, aqui consideradas cidades a menos de 3 horas de distância da cidade de implantação do projeto, também apresentam unidades de tratamento oncológico pelo SUS, são elas: Fonte dos dados: Google Maps

distância: 105km, aprox. 1h36min

Araras - SP

distância: 158km, aprox. 2h21min

Campinas - SP

distância: 164km, aprox. 2h20min

Jundiaí- SP

distância: 203km, aprox. 2h46min

Limeira- SP

distância: 167km, aprox. 2h30min

Mogi Guaçu - SP

distância: 103km, aprox. 1h38min

Passos - MG

distância: 176km, aprox. 2h35min

Piracicaba - SP

distância: 211km, aprox. 2h57min

Pouso Alegre - MG

distância: 103km, aprox. 1h45min

Ribeirão Preto - SP

distância: 197km, aprox. 2h47min

Rio Claro - SP

distância: 189km, aprox. 2h37min

LEGENDA: Cidades próximas com tratamento oncológico Cidade de implantação do projeto

São Carlos - SP

distância: 184km, aprox. 2h42min

São João da Boa Vista - SP

distância: 43,6km, aprox. 55min

Varginha - MG

distância: 152km, aprox. 2h17min

47



4.1 Localização 4.2 Informações 4.3 Caracterização: 4.3.1 Vegetação 4.3.2 Relevo 4.3.3 Clima 4.4 Histórico e Dados 4.5 Centros de Apoio

4 A CIDADE


4 A cidade 4.1 LOCALIZAÇÃO Figura 3 - Brasil, com destaque na região sudeste do país.

Figura 4 - Minas Gerais, estado localizado na região sudeste.

Figura 7 - Município de Poços de Caldas, com demarcação da área urbana.

50

Fonte: Diretório de Rua, com alterações da autora (s.d.)

Figura 5 - Mesorregião Sul/Sudoeste de Minas Gerais.

Figura 6 - Microrregião Poços de Caldas, localizado no sudoeste da Mesorregião.


4.2 INFORMAÇÕES Área territorial: 546,958km² 2019 População Total: 168.641 hab. (população estimada -2020) População Urbana: 97,57%. População Rural: 2,43%. Densidade Demográfica: 278,54 habitantes por Km² IDHM: 0,799 2010 Fonte: IBGE 2010, 2016, 2019 e 2020. Figura 8 - Cristo Redentor Fonte: Guia Turístico Poços de Caldas (s.d.)

51


4.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA 4.3.1 Vegetação A cidade apresenta vegetação de campo, composta por gramíneas, arbustos baixos de caule retorcido e casca grossa; e floresta tropical atlântica pouco densa que favorece a entrada de luz solar e permite o crescimento de vegetação arbustiva e herbácea. Pela altitude da cidade, é comum o aparecimento de pinheiros (araucária angusifolia).

pela Serra de Poços de Caldas, e a leste pela Serra do Selado e o Serrote do Maranhão. Os solos têm diferentes características geológicas, sendo formados por extensa intrusão de rochas alcalinas e por formações arqueanas e, em geral, são argilosos, pobres em nutrientes. Apresenta grandes reservas de minérios ferrosos, não ferrosos e radiativos. A morfologia poços-caldense mostra a seguinte conformação topográfica: Figura 9: Morfologia de Poços de Caldas Relevo Plano 7%

4.3.2 Relevo O relevo do município caracteriza-se por planalto elíptico de uma caldeira vulcânica, tendo uma área aproximadamente de 750 km², altitude média de 1300 m e campos suavemente ondulados. Circundado de montanhas com altitudes entre 1600 m e 1800 m,, encontra-se limitado ao norte pela Serra de São Domingos, ao sul pela Serra do Gavião e a do Caracol, ao oeste 52

Montanhoso 36%

Ondulado 57%

Fonte: Prefeitura de Poços de Caldas, com alterações da autora (2017).


4.3.3 Hidrografia O rio das Antas é quem drena o município e detém a maior bacia do planalto (70% da área), adentrando pelos limites com Andradas, passando pela Alcoa. Na represa Bortolan é barrado e forma o Véu das Noivas, passando pelo estádio municipal Ronaldo Junqueira e recebendo o Ribeirão de Caldas, forma as cascatas das Antas e Andorinhas e deságua no Rio Pardo com o nome de Rio Lambari Figura 10: Bacias Hidrográficas de Poços de Caldas. Fonte: Prefeitura Municipal de Poços de Caldas (2006).

53


4.3.4 Clima

agosto, a temperatura máxima fica abaixo de 20ºC e mínima de 6ºC.

Poços de Caldas apresenta um clima temperado úmido de invernos secos, apresentando seu período de frio de abril a setembro – podendo apresentar geadas entre maio e julho - e seu período de calor de outubro a março, com alto índice de chuva. Apresenta temperatura média anual de 17º C, variando entre 6ºC a 26ºC, raramente com mínima podendo chegar a -6º C e máxima à 31,7º C. O índice pluviométrico anual é de 1745 mm, podendo chover durante 190 dias do ano. A umidade relativa média é de 79%. Os ventos são moderados e sopram na direção NE ou com a entrada de frentes frias no planalto, se invertem para SW-W.

Figura 11: Morfologia de Poços de Caldas

Temperatura De 30 de dezembro a 6 de abril, a cidade apresenta temperatura máxima média de 25ºC e mínima de 16ºC. De 15 de maio até 1 de 54

Fonte: Weather Spark (2020). Figura 12: Temperatura média horária

Sendo que: Eixo vertical = horário do dia Eixo horizontal = meses do ano Faixas coloridas = temperatura média Faixa sombreada = crepúsculo e noite. Fonte: Weather Spark (2020).


Precipitação e chuva Poços de Caldas apresenta níveis de precipitação e chuva em épocas bem definidas, tendo seu período de precipitação máxima de 18 de outubro a 1 de abril, com probabilidade acima de 40%, os 31 dias ao redor do dia 3 de janeiro são os que mais chovem, e a estação seca que vai de 1 de abril a 18 de outubro, com período de menos chuva por volta do fim de julho. Figura 13: Propabilidade de precipitação diária

Umidade A variação na sensação de umidade da cidade é bem definida ao percorrer do ano. O nível de conforto de umidade é verificado pelo ponto de orvalho; se o ponto de orvalho estiver baixo, há a sensação de tempo seco, se o ponto estiver alto, há a sensação de abafamento. O período abafado vai de 25 de outubro a 14 de abril e no final de junho há a supressão total de qualquer condição abafada. Figura 14: Níveis de conforto em umidade

Fonte: Weather Spark (2020).

Fonte: Weather Spark (2020).

55


Ventos Os ventos predominantes da cidade são da direção norte–nordeste (NE), podendo chegar também da direção sul–sudoeste. A velocidade dos ventos é moderada, entre 7,9km/h e 11,2km/h. Figura 15: Velocidade média do vento

Figura 16: Nascer e pôr do sol com crepúsculo.

Fonte: Weather Spark (2020).

Fonte: Weather Spark (2020).

Sol A duração do dia ao longo do ano varia entre os meses e estações, sendo o dia mais curto em 20 de junho com 10h48min de iluminação e o mais longo em 21 de dezembro com 13h28min. O dia em que o sol 56

nasce mais cedo é 27 de novembro (05h14min) e o mais tarde é em 5 de julho (06h45min). O por do sol mais cedo é em 6 de junho (17h30min) e o mais tardio é em 15 de janeiro (18h54min).

Conclusão Os dados mostrados nos últimos itens servirão para guiar o projeto arquitetônico do Centro, definindo as aberturas, a utilização de proteção solar e proteção contra chuva, além de valorizar a ventilação


e a iluminação natural. A análise é importante para gerar conforto e bem-estar na edificação. Como trata-se de uma cidade que apresenta períodos de seca e frio e períodos de calor e chuva, a arquitetura deve se adequar para ser funcional e ao mesmo tempo aproveitar ao máximo os ciclos da natureza. Para isso, a orientação correta das aberturas vai se basear no estudo solar e no estudo dos ventos, bem como a proteção que estas vão receber, como brises, pergolados, alongamento da cobertura ou cobogós. Os acessos devem apresentar proteção levando em consideração os períodos chuvosos, para facilitar o fluxo dos pacientes. Já a caracterização da vegetação nativa ajuda na concepção de um paisagismo que inclua plantas da própria região, levando em consideração a grande proximidade com a Serra de São Domingos Contudo, a caracterização física da cidade é importante para salientar a beleza da natureza local, respeitando seus ciclos e ga-

rantindo que a arquitetura não vá em contramão às suas peculiaridades , e sim que haja interação entre elas.

57


4.4 HISTÓRICO E DADOS

Figura 17 - Santa Casa de Poços de Caldas

Hospital da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas O hospital da Santa Casa foi fundado em fevereiro de 1904 por uma equipe que tinha o intuito de levar a saúde para as pessoas de baixa renda. Sua primeira instalação foi fruto da doação de uma casa na Rua Marquês de Paraná (atual Assis Figueiredo) pela Dona Maria do Rosário das Dores. Em meados dos anos 30, foi construído um prédio para o hospital na Rua XV de Novembro, com maior quantidade de leitos e uma ala para maternidade. Um movimento iniciado em 1945 pela comunidade resultou na construção do atual Hospital da Santa Casa em 20 de maio de 1962, uma vez que já tinha uma grande demanda de pacientes de toda região e necessitava de um maior espaço. Além disso, o imóvel onde se encontra a Santa Casa é um patrimônio histórico da cidade. (SANTA CASA DE POÇOS DE CALDAS, s.d.). 58

Fonte: Wander Souza (2020).

Unidade de de Atendimento de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). A Unacon foi fundada em 2003 com o intuito de atender pacientes oncológicos de Poços de Caldas e de mais outras 80 cidades, oferecendo cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Para isso, possuem uma equipe multidisciplinar e mais de vinte médicos de diversas especialidades e apoio da Associação Amigos Voluntários da Santa Casa, que oferecem café da manhã para os


pacientes. A Unacon de Poços de Caldas é um dos centros de referência de alta complexidade no SUS para assistência do câncer. O Registro Hospitalar de Câncer (RHC) foi implantado no hospital em 2006, apresentando técnicos capacitados. A cidade apresenta também o Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP), que é um centro de coleta, análise e processamento de informações da incidência da doença na população. Tabela 5- Dados CACON

Pacientes em tratamento com hormônioterapia (por mês)

Cirurgia de pele

25

Cirurgia de mama

8

Cirurgia urologia

35

Cirurgia cabeça e pescoço

8

Cirurgia oncológica geral

20

Fonte: dados fornecidos pelo enfermeiro chefe do CACON, elaborado pela autora (2020)

O câncer na cidade nº

Leitos

Tabela 6 - Dados CACON

16

Pacientes em tratamento e acompanhamento (aprox.)

4.000

Pacientes cadastrados no serviço

10.000

Pacientes em tratamento quimioterápico por mês

450

Quimioterapias realizadas no mês

820

Fonte: dados fornecidos pelo enfermeiro chefe do CACON, elaborado pela autora (2020)

Em 2010 foi lançado um livro denominado “Projeto Planalto Poços de Caldas: Pesquisa Câncer e Radiação Natural”, coordenado pela colaboração entre Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde, Instituto Nacional de Câncer, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e Comissão Nacional de Energia Nuclear, com o intuito de investigar a radiação natural como fator de risco para o câncer na cidade, uma vez que a cidade se 59


encontra no denominado Planalto Poços de Caldas e apresenta anomalias geológicas com alta concentração de materiais radioativos. No Planalto se encontra o Morro do Ferro, apresentando uma das maiores taxas de dose externa natural do mundo, e também a primeira mineração de urânio para fins comerciais no país. A conclusão de toda a pesquisa realizada foi de que, mesmo com as taxas de radiação sendo maiores que em outras regiões, não foi atribuído um risco isolado à causa de câncer na população local. De acordo com informações do RCBP de Poços de Caldas em 2018, os tipos mais frequentes de câncer na cidade é o câncer de próstata nos homens e o câncer de mama nas mulheres e, em segundo lugar nos dois sexos, é o câncer de cólon e reto ou câncer de intestino. É importante destacar que os dados que serão apresentados a seguir, retirados do Projeto Planalto (2010), estão desatualiza60

dos, contendo informações de 1998 a 2005, não sendo tão pertinentes para os dias atuais. Tabela 7 -Estudo de mortalidade por câncer segundo municípios e localizações primarias entre 1998 a 2002.

Fonte: Projeto Planalto Poços de Caldas, com alterações da autora (2010) Tabela 8 -Distribuição de óbitos por cânceres (pulmão, leucemia e linfoma) foi município de residência e sexo entre 1999 a 2005.

Fonte: Projeto Planalto Poços de Caldas, com alterações da autora (2010)

Os dados das tabelas a seguir foram fornecidos pela Santa Casa em 2005 para o Projeto Planalto. Com isso, sabe-se que em 2005, 60% dos canceres foram por 5 localizações primárias: mama, próstata, pele, cólon e sistema hematopoiético e reticuloendotelial.


Tabela 9 Distribuição do total de casos de câncer, por localização do tumor primário, segundo o sexo, em Poços de Caldas em 2005. Fonte: Projeto Planalto Poços de Caldas, com alterações da autora (2010)

Tabela 10 Distribuição dos linfomas e leucemias, segundo tipo histológico, por sexo, em Poços de Caldas em 2005. Fonte: Projeto Planalto Poços de Caldas, com alterações da autora (2010)

61


4.5 CENTROS DE APOIO EM POÇOS DE CALDAS A cidade conta com três centros de apoio ao paciente oncológico e seus familiares, sendo a Associação do Voluntariado Contra o Câncer (AVOCC), a Associação Lenços ao Vento (ALV) e o Grupo de Apoio para Pacientes Oncológicos (GAAPO).

62

LEGENDA: Hospital Santa Casa AVOCC GAAPO ALV Local de implantação do projeto

Figura 18 - Centros de Apoio em Poços de Caldas. Fonte: Instituto Pristino, com alterações da autora.


Associação Lenços ao Vento ALV A associação foi fundada em 04 de fevereiro de 2019 com a presidenta Patrícia Gil. Sua sede é estabelecida na Rua Assis Figueiredo, número 89/99, e oferece aos pacientes oncológicos e seus acompanhantes uma Casa de Apoio com hospedagem 24 horas, além dos seus três pilares de apoio: apoio psicológico para os pacientes e familiares; apoio nutricional através de doação de cestas básicas, acompanhamento de nutricionista e refeição disponibilizada; e apoio social, envolvendo apoio jurídico. A intenção da fundadora era criar um ambiente acolhedor que remetesse a morada dos próprios pacientes, garantindo o apoio, o bem estar, a manutenção de diálogos e convivência. Em sua estrutura, a casa conta com um ambiente para as refeições, uma sala com televisão, cozinha, depósito, dois banheiros acessíveis, dois quartos de hóspedes, totalizando 12 camas, e

o espaço destinado para o bazar beneficente. Oferecem para os hóspedes o direito a cinco refeições por dia, e, se caso forem sair da casa para realizar algum tratamento, oferecem transporte gratuito. A equipe é toda composta por voluntários, sendo os membros da diretoria amigos e parentes próximos. Figura 19- Logo ALV

Fonte: Associação Lenços ao Vento (2020)

63


Figura 20 - Sala de Estar

Figura 21 - Sala de Jantar

Fonte: Foto autoral (2020) Figura 22 -Quarto compartilhado feminino

Fonte: Foto autoral (2020)

64

Fonte: Foto autoral (2020)

Figura 24 - Casa sede da ALV

Figura 23 - Quarto compartilhado masculino

Fonte: Lenços ao Vento (2019)

Fonte: Foto autoral (2020)


Associação do Voluntariado Contra o Câncer O trabalho começou em 1999, através da iniciativa de Luiz Henrique Ferreira Salles de oferecer transporte para pacientes de baixa renda. Com o a união de outros voluntários, teve início a associação de forma oficial em 03 de maio de 2000. O grupo começou a realizar bazares e eventos para arrecadação de verba, além de buscar apoio de empresas e da prefeitura. Em 2002 fechou parceria com a Alcoa Alumínio S/A, Mineração Curimbaba, Furnas centrais elétricas, Caixa Econômica Federal e MC Donald’s. Figura 25 - Prédio AVOCC

Fonte: Vídeo AVOCC (2020)

Até 2004 não apresentavam uma sede. A partir desse ano foi alugada uma residência na Rua Paraná que tinha capacidade para 19 pessoas. Em 2005 o centro muda para a Rua Major Cobra, ainda com a mesma capacidade e, em 2008, recebe a doação – com o auxílio da mineração Curimbaba - de camas e passa a acomodar 31 pacientes. No mesmo ano, a Furnas equipou a cozinha da casa. Atualmente, a sede está localizada na Rua Vinte e Um de Abril, no bairro Jardim Esmeralda, em um prédio de três andares, sendo 6 quartos com até 7 leitos cada e com banheiro em todos, cozinha com refeitório, dispensa, sala de enfermagem, sala de fisioterapia, sala de atendimento psicológico e social, bazar, farmácia gratuita, espaço ecumênico, sala de administração e de tele doações. Além disso, dispõe de uma ambulância, transporte para os pacientes, camionete para arrecadação de doações e carro para apoio administrativo. Oferecem também 5 refeições diárias. 65


Além da casa de apoio, a equipe assiste cerca de 30 famílias de baixa renda que possui algum membro com câncer, doando cestas básicas e oferecendo atendimento psicológico e fisioterápico. Também conta com mais de mil equipamentos de saúde que emprestam para a comunidade. A equipe multidisciplinar é composta por 2 assistentes sociais, nutricionista, 2 psicólogos, 1 enfermeiro, fisioterapeuta, advogado, 2 terapeutas, 1 farmacêutica. A diretoria é composta por presidente, tesoureiro e secretário, 3 conselheiros fiscais e 4 administrativos.

Figura 27 - Sala de fisioterapia

Fonte: Vídeo AVOCC (2020) Figura 28 - Quarto compartilhado

Figura 26 - Logo AVOCC Fonte: Vídeo AVOCC (2020) Figura 29 - Sala de Cultos e televisão

Fonte: Vídeo AVOCC (2020)

66

Fonte: Vídeo AVOCC (2020)


Grupo de Apoio ao Paciente Oncológico - GAAPO O grupo surgiu em 2016 realizando atos voluntários no município e no CACON, tendo Claudia Rocha como fundadora. A sede foi aberta em 2018 com o intuito de acolher os pacientes e acompanhantes durante o dia, servindo para os pacientes conversarem, assistir tv, tomar café e receber apoio. Atualmente o centro se encontra ao lado do Hospital Santa Casa, na Rua Piauí, numero 451. A estrutura do espaço conta com uma sala de entrada, um bazar, depósitos, salão de cabelereiro e de doação de perucas, sala de psicólogo, cozinha. O grupo conta com psicólogos voluntários, advogados jurídicos, cabeleireira para doações de cabelo, distribuição de perucas, lenços, próteses de mama, micropigmentação de sobrancelha e micropigmentação paracirúrgica. Oferecem oficinas para os pacientes, como artesanato e arte terapia. A GAAPO firmou

parceria com algumas empresas, profissionais e instituições ao passar dos anos. Além da casa, a GAAPO oferece suporte para famílias de baixa renda com pelo menos um membro em tratamento oncológico, doando cestas básicas. Figura 30 - Logo GAAPO

Fonte: Projeto União Rosa (2018).

O grupo tem a diretoria composta pela presidenta Claudia, vice presidente, tesoureira, segunda tesoureira, secretária e segunda secretária, uma funcionária e voluntários. 67


Uma das missões do GAAPO é melhorar a estrutura da ala oncológica da Santa Casa. Em 2019 junto com o Lions, a Maçonaria, o Instituto Curimbaba, e várias outras empresas, trocaram 12 camas da ala oncológica, sendo que agora as novas camas são as mesmas da área particular do atendimento oncológico da Santa Casa. Além disso, já conseguiram colocar TVs, sistema de som, microfone, trocaram os bancos dos acompanhantes, tudo para melhorar a estrutura e tornar o tratamento mais confortável.

Figura 33 - Salão

Figura 34 - Depósito

Figura 35 - Bazar

Figura 31 - Recepção

Figura 32 - Recepção

Fonte: Fotos autorais (2020)

68 Figura 36- Sala de psicologa


Conclusão Como é possível perceber, os Centros de Apoio existentes na cidade, por mais que sejam iniciativas bem pautadas e que atendam os pacientes, não possuem estruturas totalmente adequadas para a função. Os espaços são bastante improvisados, não possuem áreas amplas de convívio ou de contato com a natureza. Em um dos casos é possível observar a ausência de janelas, portanto sem iluminação e ventilação natural, tornando o espaço abafado, escuro e com muito uso de luz artificial. Nos edifícios que dispõe de hospedagem também é possível observar que os quartos são compartilhados e as camas não possuem barreiras físicas apropriadas entre elas. É interessante observar aqui o programa de necessidades utilizados por esses edifícios, bem como observar suas faltas e falhas para uma posterior correção no projeto a ser proposto.

De modo geral, as ideias que podem ser extraídas desses edifícios para o programa de necessidades são: recepção, bazar beneficente, salas para atendimento psicológico, nutricional e social, farmácia popular, sala de fisioterapia, sala de estar, banheiros acessíveis, enfermagem, espaço destinado à prática espiritual, dispensa, sala de administração. Além das ideias de alguns dos espaços, também vale ressaltar a atenção para as falhas e faltas dos ambientes apresentados. Os espaços devem ser amplos, confortáveis, com aspecto domiciliar, com disposição adequada de aberturas para iluminação, ventilação e contato com a paisagem, espaços para atividades de lazer e exercícios, bem como ambientes privativos, espaços adequados para acompanhantes e, se possível, quartos privativos ou com baixo número de hóspedes por quarto. Demais detalhes serão avaliados posteriormente para a composição do projeto. 69



5.1 Centros Maggie 5.2 Maggie de Leeds 5.3 Maggie de Manchester 5.4 Maggie de Oldham

5 REFERÊNCIAS PROJETUAIS


5 Referências 5.1 CENTROS MAGGIE Introdução Segundo o Maggie's (s.d.), os Centros Maggie são espaços mantidos por uma instituição filantrópica que oferece suporte físico e psicológico gratuito para pacientes em tratamento de câncer e seus familiares. A filosofia do Centro é que a arquitetura de qualidade e a arte são uma das principais ferramentas para promover a saúde e o bem estar dos pacientes oncológicos. A fundadora Maggie Keswick Jencks usou sua própria experiência com a doença para criar um novo tipo de auxílio durante o tratamento. Junto de seu marido Charles e com a ajuda de alguns arquitetos, criaram o projeto dos centros. O primeiro centro foi inaugurado em Edimburgo em 1996, e hoje conta com 30 centros, sendo 27 no Reino Unido e 3 no exterior, além de oferecer apoio online.

Os fundadores Maggie Keswick Jencks (1941-1995) foi jardineira, escritora e designer. Em 1988 foi diagnosticada com câncer de mama, e, em 72

1993, foi informada de que o câncer havia retornado. Depois da notícia, ela e seu marido Charles foram levados para um corredor sem janelas e iluminado por luzes incandescentes, para processar o acontecido. Sentados nesse local, eles conversaram sobre a importância de um lugar aconchegante e fora do hospital para as pessoas na mesma situação irem. Após esse episódio, trabalhou em colaboração com sua equipe médica para desenvolver uma nova abordagem para o tratamento oncológico, idealizando um local onde os pacientes em tratamento pudessem receber diversos tipos de apoio. Ela estava decidida de que os pacientes não deveriam “perder a alegria de viver com medo de morrer”. (MAGGIE'S, s.d.). Charles Jencks (1939 - 2019) foi um renomado teórico cultural, paisagista e historiador da arquitetura. Charles atuou como membro fundador do Centro até falecer. Trouxe suas boas conexões na comunidade de arquitetura para encorajar os melhores arquitetos a trabalharem com o Centro. (MAGGIE'S, s.d.).


Sobre os Centros Ainda de acordo com o Maggie's (s.d.), a ideia central dos Centros Maggie é usar a arquitetura como facilitadora do processo de recuperação, com espaços privativos, luz natural e integração da natureza. De acordo com Maggie, os pacientes podiam adotar novas posturas perante a doença com incentivo e com as informações e o apoio corretos. Além disso, queria reunir as pessoas em um espaço positivo que as ajudasse a encontrar esperança. Os centros auxiliam os pacientes com suporte profissional para todos os casos, como com efeitos colaterais do tratamento, preocupações financeiras, apoio psicológico e emocional. Indo em contramão a ambientes clínicos e adotando uma arquitetura mais residencial, todos os centros contam com um ambiente onde os pacientes podem se reunir, salas de espera, bibliotecas, e ambientes privados para consultas. Vistas e acesso aos jardins são características importantes, e a maioria das janelas emolduram os espaços verdes. Também sé notável o uso de materiais natu-

Figura 37: Logo Maggie

Fonte: Maggie's (s.d.)

rais. A missão dos centros é proporcionar atendimento gratuito e global através de uma boa arquitetura, que funciona como uma terapia secundária, usando arquitetos e designers renomados – como Richard Rogers, Rem Koolhaas, Zaha Hadid, Steven Holl por exemplo - para criar espaços de qualidade. Embora a lista de arquitetos renomados seja grande graças à posição dos Jencks na profissão, a escolha de cada arquiteto se dá pela inteligência emocional destes para atender às necessidades dos pacientes. Nessa escolha dos arquitetos, concentram-se nas equipes com um senso de domesticidade flexível o suficiente para acomodar pessoas de diversas idades e origens. (MAGGIE'S, s.d.) 73


5.2 MAGGIE DE LEEDS

Figura 38 - Maggie de Leeds Fonte: Archdaily (2020)

74

Nome do Projeto: Maggie de Leeds Local: Campus do Hospital Universitário St. James, Harehills - Inglaterra Data de início do projeto: 2012 Data do término: 2020 Área : 462m² Arquitetos: Heatherwick Studio


Contexto

Figura 40 - Implantação

O projeto do centro é o 26º edifício da rede e consolidou diversos princípios arquitetônicos "saudáveis” e técnicas de economia de energia (HEATHERWICK, 2020), levando em consideração de que a arquitetura e o design de qualidade têm funções terapêuticas para o paciente.

Implantação e entorno O centro fica localizado em meio a edifícios médicos, farmácias, cafeterias e estacionamentos. ( GOOGLE MAPS, s.d.). O lote designado era um dos únicos espaços verdes da região e preservar a área se tornou um partido do projeto. Portanto, conta com uma cobertura em telhado jardim e diversas espécies vegetais dentro e fora do edifício. Figura 39 - Terreno para o projeto.

Fonte: Archdaily (2020)

Estrutura

A estrutura do edifício foi realizada totalmente através de sistemas préfabricados em madeira de abeto de origem sustentável (DEEZEN, 2020). O projeto se deu através de três volumes - de tamanhos distintos e com bordas arredondadas encaixados na inclinação do terreno. Em cada um desses volumes fica uma instalação privativa do edifício, como salas de aconselhamento, e em torno deles ficam as áreas comuns (ARCHDAILY, 2020). Figura 41 - Esquema da estrutura

Fonte: Heatherwick Studio (2020) Fonte: Heatherwick Studio (2020)

75


Figura 42 - Detalhe do encaixe das madeiras

O material utilizado na concepção da estrutura foi a madeira de abeto, além do uso de vidro nas aberturas. (DEEZEN, 2020).

O projeto

Fonte: Archdaily (2020)

Materiais O gesso de cal foi escolhido para as paredes por sua característica porosa que colabora com a manutenção da umidade no interior do edifício. (DEEZEN, 2020). Figura 43 - Interior do Maggie de Leeds

Fonte: Archdaily (2020)

76

O projeto conta com um programa de necessidades comum da rede e faz uso do design biofílico para a concepção de ambientes de descanso e convívio (SUSTENTARQUI, 2020): abriga salas de aconselhamento e banheiros nas áreas privativas. Sala de ginástica, sala de estar e biblioteca nas áreas sociais. (ARCHDAILY, 2020). As paredes externas envidraçadas dão para os jardins. Foi utilizado materiais naturais e iluminação natural difusa, criando ambientes aconchegantes. Alguns mobiliários foram projetados pela equipe, que reproduzem as formas da estrutura (ARCHDAILY, 2020). Além disso, o interior também tem a inclusão de vegetação. Os terraços vivos incorporam espécies nativas e espécies perenes, sendo cerca de mais de 23.000 mil bulbos e 17.000 plantas, e são abertos para a interação com os visitantes (HEATHERWICK, 2020),


Figura 44 - Planta Fonte: Archdaily (2020)

Figura 45 - Interior do Maggie de Leeds Fonte: Archdaily (2020)

Características do design biofílico

2 5

3

4

6

1

1. Uso de cores terrosas; 2. Uso de materiais naturais: madeira; 3. Iluminação natural e difusa; 4. Uso e vegetação no interior e vistas para o jardim; 5. Formas biomórficas; 6. Luz artificial quente: gera aconchego. (SUSTENTARQUI, 2020) 77


Nome do Projeto: Maggie de Manchester Local: Próximo ao Hospital Christie, Manchester - Inglaterra Data de início da construção: 2013 Data do término: 2016 Área do Terreno: 1922m² Área total construída: 1646m² Arquitetos: Foster + Partners

Figura 46 - Maggie de Manchester Fonte: Archdaily (2016)

78

5.3 MAGGIE DE MANCHESTER


Contexto Localizado em Manchester, na Inglaterra, o projeto naturalmente foi designado para Norman Foster, fundador do escritório Foster + Partners, devido sua experiência com o câncer e por ter nascido na cidade. Foster, tendo uma visão muito clara de como o ambiente deveria ser, envolveu-se diretamente com todo o processo da obra, o design, os acabamentos e a escolha dos móveis (ARCHITECT MAGAZINE, 2017).

Implantação e entorno O edifício fica localizado próximo a unidade de oncologia do Hospital Christie. Seu entorno também conta com acomodação para estudantes, estacionamento (GOOGLE MAPS, s.d.), residências de gabarito baixo e o terreno se encontra em uma rua arborizada. Sendo assim, o edifício foi concebido respeitando a escala do entorno, e com a intenção de criar ambientes ajardinados para refletir a arborização local (ARCHDAILY, 2016).

Figura 47 - Implantação

Fonte: Archdaily (2016)

Materiais São empregados materiais com uma superfície tátil, madeira de abeto na estrutura e vidro nas aberturas (FOSTER + PARTNERS, 2016). Figura 48 - Interior do Maggie de Manchester

Fonte: Archdaily (2016)

79


Estrutura Foi feita em madeira de abeto, sendo uma estrutura de 17 molduras de portal de madeira, espaçadas de 3 em 3 metros. As molduras dividem os espaços privativos do edifício enquanto as áreas comuns são definidas pelas vigas laterais. As vigas e colunas são projetadas como uma treliça, com madeira laminada folheada com o intuito de criar um padrão. Nas intersecções, os membros são parafusados em um “nó” de madeira triangular. Enquanto isso, o átrio central é erguido para abrigar um mezanino. O ambiente todo é iluminado por claraboias triangulares suportado por vigas de madeira de treliça leves (ARCHDAILY, 2016).

O projeto A obra, realizada em um único pavimento retilíneo, abriga espaços como biblioteca, sala de ginástica, uma sala de estar com lareira, a cozinha se encontra no centro do edifício. As áreas privativas, como salas de apoio, ficam localizados no mezanino e os banheiros e depósitos se encontram abaixo destes. (FOSTER + PARTNERS, 2016). Em toda a extensão do edifício existem pontos com vistas para a paisagem, sendo a fachada leste toda contemplada com uma varanda com grandes beirais e todos os cômodos com essa orientação apresentam seu próprio jardim (ARCHDAILY, 2016). Figura 50- Interior do Maggie de Manchester

Figura 49 - Detalhes da estrutura

Fonte: Archdaily (2016)

80

Fonte: Archdaily (2016)


Na fachada sul se encontra uma estufa, elemento marcante da obra, que oferece um jardim mais privativo, onde as pessoas podem se reunir, contemplar a natureza ou se envolver com as técnicas de jardinagem. Essas opções oferecem uma aproximação dos pacientes com a natureza e possuem qualidades terapêuticas (ARCHDAILY, 2016).

Figura 52 - Planta

Figura 51 - Estufa

Fonte: Archdaily (2016)

Fonte: Archdaily (2016)

81


Nome do Projeto: Casa no Campo Local: Blanco, Estados Unidos Data do término: 2018 Área: 413m² Arquitetos: Jobe Corral Architects

5.4 CASA NO CAMPO

Figura 53 - Casa no Campo Fonte: Archdaily (2020)

82


Implantação e entorno A residência fica localizada no Texas Hill Country, EUA, e a principal preocupação da equipe de projeto foi a integração dela com o campo. Sendo assim, queriam integrar a estrutura com o meio ambiente.

Estrutura e materiais A família já possuía um encanto com a terra, que impulsionou a equipe a trabalhar com ela. Na área externa do pátio, foram feitas paredes de 60cm de taipa, que dão a impressão de integração da natureza. Também foram utilizados pergolados de aço e cortinas verticais de madeira para ajudar na proteção solar.

A espessura da parede (que gera um bom conforto térmico) e os elementos de sombra permitem a inclusão de grandes espaços envidraçados com vistas para o campo e o rio. A taipa se caracteriza por sua inércia térmica, um grande conforto hidrotérmico e sua emissão muito baixa de CO2, uma boa capacidade de isolamento acústico dada a sua densidade e espessura. Além disso, a mistura de minerais de sua composição funciona como inibidora de fogo ao reagir. Seus elementos são solúveis em água e se forem suficientemente umedecidos perdem a compacidade característica do material, que será, então, maleável e plástico, o que faz dele um elemento reciclável. (ARCHDAILY, 2020)

Figura 54 - Paredes externas de taipa

Figura 55 - Pergolado de aço

Fonte: Archdaily (2020)

Fonte: Archdaily (2020)

83


O projeto

Figura 57 - Interior da Casa no Campo

O programa de necessidades da residência conta com um pátio, onde fica a área principal da casa, área de lazer com piscina e uma ala para hóspedes. No pátio central existe uma cisterna subterrânea para a reserva de água que abastece a casa toda. Ainda existem alguns alpendres e terraços com plantas nativas, feitos em calcário, que facilitam a transição entre os volumes e a paisagem natural. Figura 56 - Interior da Casa no Campo

Fonte: Archdaily (2020) Figura 58 - Interior da Casa no Campo.

Fonte: Archdaily (2020)

84

Fonte: Archdaily (2020)


O projeto tem como objetivo levar sensação de proteção aos habitantes e visitantes contra às intempéries, além da sensação de integração com a natureza.

Figura 61 - Planta

Figura 59 - Interior da Casa no Campo

Fonte: Archdaily (2020) Figura 59 - Interior da Casa no Campo

Fonte: Archdaily (2020)

Fonte: Archdaily (2020)

85


5.5 CONCLUSÃO Tabela 11 - Síntese das Referências Projetuais. Nome

5.1 Centros Maggie

Conceitos da sua criação: Utilização da arquitetura no processo de cura e bem-estar; uso de elementos naturais; integração da natureza; promoção de ambientes para socialização e espaços mais reservados para contemplação; Oferecer apoio físico, psicológico e social aos pacientes.

5.2 Maggie de Leeds

Horta para os pacientes cuidarem; teto vivo; formas biomórficas; programa de necessidades; uso de elementos naturais como madeira; integração da vegetação dentro do edifício ; cores terrosas e suaves. uso da iluminação natural e luzes artificiais quentes.

5.3 Maggie de Manchester

Uso da jardinagem como ferramenta terapêutica; estufa; nível único; cores suaves; uso de claraboias; uso da iluminação natural.

5.4 Casa no Campo

Integração da natureza com a residência; uso da taipa como elemento principal de estrutura e vedação, respeitando e aproveitando sua aparência natural. Junção de elementos naturais com estrutura metálica, com um design contemporâneo.

Fonte: elaborado pela autora (2020)

86

Pontos que poderão ser utilizados




6.1 Localização 6.2 Legislação Vigente 6.3 Isodeclividade e Drenagem 6.4 Uso e Ocupação do Solo e Hierarquia de Vias 6.5 Análise do Entorno 6.6 Entorno Imediato 6.7 O terreno

6

IMPLANTAÇÃO


6 Implantação 6.1 LOCALIZAÇÃO

Figura 62 - Poços de Caldas, com demarcação da área a ser analisada.

O lote escolhido para a implantação do projeto fica no Bairro São Domingos, tendo entrada pela a Av. Champagnat e pela Rua Presidente Kenedy. O terreno apresenta 1.182,83m² e está localizado à uma distância de 1,6km da Santa Casa, onde são realizados os tratamentos oncológicos pelo Cacon. Figura 63 - Ampliação do mapa de Poços de demarcação da área a ser analisada.

90

Fonte: Instituto Pristino, com alterações da autora (2020)

Fonte: Google Earth Pro, com alterações da autora (2020)


6.2 LEGISLAÇÃO VIGENTE Figura 64 - Macrozoneamento de Poços de Caldas (com aproximação e demarcação da área do terreno)

Fonte: Prefeitura de Poços de Caldas, com alterações da autora (2019).

Figura 65 -Regiões Urbanas Homogêneas

Como pode-se observar nos mapas, o lote está localizando na Região Urbana Homogênea V (RUH V), em uma ZPE1, Zona de Proteção Especial 1. De acordo com o Plano Diretor, Lei Complementar n° 92/2006, a ZPE "Compreende as áreas com restrição à verticalização, visando à preservação das fontes de águas frias e termais, da ambiência e do cenário urbano existentes". A ZPE-1 é uma subdivisão que "Compreende áreas sujeiras à manutenção de baixas densidades e ao controle de altimetria, visando assegurar a ambiência existente e as visadas da Serra de São Domingos e da Represa Bortolan, observando-se no mínimo o seguinte:" Tabela 12- Parâmetros Urbanísticos de Ocupação e Parcelamento do Solo, para ZPE-1.

Fonte: Câmara Municipal de Poços de Caldas, com alterações da autora (2018).

Coeficiente de Aproveitamento (CA)

1,50

Tamanho mínimo do lote (m²)

450

Taxa de Ocupação (%)

70

Taxa de Permeabilidade (%)

10

Altura máxima da edificação (m)

9,0

Testada mínima do lote (m)

12

Fonte: Lei Complementar 92, 2006, pag 28. Elaborado pela a autora.

91


6.3 ISODECLIVIDADE E DRENAGEM Figura 66 -Mapa: Isodeclividade e Drenagem

Fonte: Instituto Pristino, Google Earth Pro, com alterações da autora

92

LEGENDA: Curvas de nível de 5 em 5m Rio Lambari -------------- Terreno de implantação


6.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E HIERARQUIA DE VIAS Figura 67- Mapa: Uso e Ocupação do solo e Hierarquia de Vias

Av. Cham pagnat

Av. João Pin heiro Fonte: Instituto Pristino, Google Maps, com alterações da autora

LEGENDA: Uso Misto

Terreno de implantação

Uso Residencial

Via Local

Uso Institucional

Via Coletora

Uso Comercial

Via Estrutural

Área de Preservação

93


6.5 ANÁLISE DO ENTORNO Figura 68 - Mapa: Análise do entorno

Fonte: Instituto Pristino, Google Maps, com alterações da autora

LEGENDA: Terreno

94

Bairro Marçal Santos

Escola Municipal

Bairro São Domingos

Pontos de Ônibus

Bairro João Pinheiro

Studio Hou Wan

Bairro Jardim do Ginásio


LEGENDA: Poste de iluminação

6.6 ENTORNO IMEDIATO

Pontos de Ônibus Lixo

Figura 69- Mapa: Entorno Imediato Fonte: Instituto Pristino, Google Maps, com alterações da autora.

Indicação da direção em que a foto de correspondente cor foi tirada

30m Colégio Municipal

.vA L irA .etmoC onouB sepo

Av. Champagnat

Figura 70 - Rua Presidente Kenedy Fonte - Fotos autorais (2020).

Studio Hou Wan

Rua Presidente Kenedy

Figura 71 - Rua Presidente Kenedy

Figura 72 - Av. Champagnat

Figura 73 - Av. Champagnat


Isodeclividade e drenagem O primeiro mapa apresentado refere-se à topografia da região onde vai ser implantado o projeto, bem como a drenagem do local.

Uso e Ocupação do Solo e Hierarquia de Vias Como pode ser observado no mapa, a região é predominantemente residencial, com mais áreas comerciais e de uso misto na principal via estrutural da cidade: A Avenida João Pinheiro. Na região ainda existe a Serra de São Domingos, que é protegida por lei e denominada como Área de Proteção Permanente. O terreno fica entre uma via coletora (Av. Champagnat) e uma via local (Rua Presidente Kenedy). A Av. Champagnat é a principal conexão do terreno com o Hospital Santa Casa de Poços de Caldas, onde os pacientes recebem o tratamento oncológico pelo SUS.

Análise do Entorno O mapa de análise do entorno mostra as divisões da região em quatro bairros, sendo 96

que o terreno de implantação encontra-se no limite do Bairro São Domingos, de encontro com o Bairro Marçal Santos. Além disso, mostra os pontos de ônibus do local, que é de grande importância para a locomoção das pessoas, tanto funcionários, quanto pacientes.

Entorno Imediato No mapa de entorno imediato fica visível a presença dos pontos de lixo, postes de iluminação e pontos de ônibus ao redor do terreno. Próximo ao terreno de implantação do projeto também encontrase o Colégio Municipal Dr. José Vargas de Souza, e logo ao seu lado direito encontra-se uma academia de artes marciais, chamado Hou Wan. Nas fotos do entorno é possível observar a situação das calçadas, que não são adequadas e apresentam grandes trincas e falhas.


6.7 O TERRENO Figura 74 - Mapa: Terreno 30m Figura 75- Terreno

35,11 m 16,13 4,62 m

31,85 m

15,92 m

Figura 76 - Terreno

38,42 m Fonte: Instituto Pristino, MD Poços de Caldas, com alterações da autora

LEGENDA: Indicação da direção em que a foto de correspondente cor foi tirada.

O terreno escolhido apresenta uma área de 1.182,83 m²), fica localizado entre uma avenida coletora e uma via local, sendo esta bem arborizada, não possui uma topografia muito acidentada, com cerca de 4 m de inclinação, tem grande vista da paisagem da Serra de São Domingos e uma proximidade de 1,6km do Hospital Santa Casa.

Figura 77 - Terreno Fonte - Fotos autorais (2020).

97



7.1 Partido Arquitetônico 7.2 Conceito 7.3 Materialidades 7. 4 Técnicas Construtivas 7.5 Elementos Construtivos 7.6 Programa de Necessidades 7.7 Fluxograma 7.8 Organograma 7.9 Estudo Volumétrico] 7.10 Implantação

7 O PROJETO


7 O Projeto 7.1 PARTIDO

O partido arquitetônico é importante para demonstrar quais foram as escolhas projetuais seguidas, afim de respeitar a ideia do acolhimento, segurança, sustentabilidade e o conceito da bioarquitetura. Para isso, algumas questões serão trabalhadas e aprofundadas na etapa do projeto, sendo elas: Terreno 1. Visada da Serra de São Domingos: Em harmonia com o Plano Diretor, Lei Complementar nº 92/2006 para a ZPE-1, que, através dos parâmetros urbanísticos de uso e ocupação do solo, visa assegurar as visadas da Serra de São Domingos, o projeto será feito garantindo o máximo de visualização da Serra por parte dos usuários. Para isso, serão bem trabalhadas as aberturas voltadas para o norte, com as adequações e proteções necessárias para a qualidade da luz no interior e pa100

ra evitar o excesso de aquecimento. 2. Declividade do terreno: O projeto tem como um de seus fundamentos a pouca movimentação de terra, tentando respeitar ao máximo a declividade natural. 3. Acessibilidade e ergonomia: Prevista nas Normas Brasileiras de Representação (NBR) 9050. Permitir acessos; criação de alternativas visuais, táteis e auditivas; ergonomia visual e física, para possibilitar a maior integração e conforto para os pacientes, que muitas vezes encontram dificuldade de locomoção em efeitos dos tratamentos. Elementos Construtivos 1. Técnicas e materiais naturais: Com o intuito de gerar menos impacto ambiental e reforçar a união do ser humano com a natureza, a concepção do projeto será utilizando preceitos da bioarquitetura, integrando a terra como material principal e a melhor técnica se-


rá estudada e abordada posteriormente. 2. Na impossibilidade de uso de materiais naturais: caso seja necessário a utilização de materiais que não seja a terra, será priorizado o uso de materiais reciclados ou reutilizados. Sustentabilidade: 1. Escolha do terreno: se deu pela proximidade de formas de transporte coletivo com fluxo frequente e por ficar em uma localização que favorece o acesso ao Hospital Santa Casa, onde acontecem os tratamentos; Além disso, não se trata de uma área sensitiva e fica dentro do limite de área urbana; 2. Redução das ilhas de calor: Será feito o tratamento adequado das superfícies, priorizando cores claras e suaves; a utilização de terraço jardim, áreas de vegetação e uso de corpos d'água também são diretrizes para contribuir com o conforto bio-

climático. 3. Design biofílico: o design do edifício e das áreas externas será feito nos métodos do design biofílico com uso de elementos ambientais, formas, padrões e processos naturais, com o uso adequado da luz e do espaço, com a ralação entre cultura e lugar e com a relação humana-natureza. 4. Implantação de vegetação nativa: o projeto de paisagismo será feito em consonância com o projeto arquitetônico, e com a integração da vegetação natural do município e com estudos para a atração de pássaros presentes na região.

101


7.2 CONCEITO O projeto arquitetônico do Centro de Apoio ao Paciente Oncológico, proposto para a cidade de Poços de Caldas, tem como conceito as técnicas da bioconstrução.

7.2.1 O que é a Bioconstrução A bioconstrução é a forma de conceber e construir uma obra considerando que o espaço construído é um ser vivo, observando sua cadeia produtiva, consumo de matéria prima, geração de dejetos e bem estar dos usuários da obra. A partir desse olhar sistêmico sobre os recursos naturais e as necessidades, as diretrizes projetuais devem ser pensadas para integrar a preservação das condições naturais, as necessidades pessoais e globais, a saúde e o bem estar. O ato de bioconstruir se inicia em uma leitura sensível e técnica das condições naturais vigentes, o que já exprime as características e potenciais do local e região, mostrando como a construção e a ocupação devem acontecer. Dessa forma o projeto de ocupação humana de um ambiente surge da personalidade do local. 102

O que difere a bioarquitetura da construção ecológica é a prioridade que se dá para o uso de materiais naturais e atóxicos, como paredes de terra ou de pedra, que devem ser compatíveis com o clima e com os usos. Isso agrega valor ecológico na obra e salubridade nos ambientes. Outras características, além dos materiais vernaculares, são: (BIOHABITATE, 2020). 1. Uso de sistemas de saneamentos ecológicos produtivos; 2. Implementação de tetos vivos; 3. Uso de Rebocos naturais; 4. Fundações compatíveis com o local; 5. Estudos bioclimáticos na implantação; 6. Relação com o entorno; 7. Captação e reuso da água de chuva, 8. Implementação de sistema de geração de energia fotovoltaica.


7.2.2 Por quê Bioconstruir? Já é de grande conhecimento que a indústria da construção civil é uma das maiores causas da poluição e do impacto ambiental no planeta, sendo uma das atividades menos sustentáveis que existe. Dados apontam que a indústria consome cerca de 50% dos recursos naturais do mundo, além de ser responsável por entre 30 a 40% das emissões de CO², ou seja, é a indústria que mais gera resíduos do planeta. (SUSTENTARQUI, 2019) Felizmente, existem várias escolhas que podemos adotar para tornar uma edificação mais sustentável e amenizar a pressão sobre o meio ambiente. Um exemplo desse é a escolha dos materiais a serem empregados na obra. De modo geral, é sempre melhor partir da naturalidade. Os materiais retirados diretamente da natureza (terra, pedras, madeira), elaborados por fontes orgânicas e inorgânicas, recicláveis e reutilizáveis são muito mais saudáveis do que materiais industrializados (BRIAN EDWARDS, 2001). Neste contexto, a bioconstrução se torna uma grande aliada, uma vez que se trata de

uma forma de construção milenar que se baseia na concepção de espaços a partir de técnicas e materiais naturais e recicláveis. Atualmente vemos a volta e a aprimoração dessas técnicas como forma de driblar a grande crise ambiental em que vivemos. Figura 78 - Alguns materiais utilizados na bioconstrução.

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

103


7.3 MATERIALIDADE O principal material escolhido para o projeto do centro é a terra, usada para a concepção das paredes e tintura a base do material. Terra A Construção com Terra é a denominação que se dá ao conjunto de técnicas construtivas que tem como principal material o solo sem queima. As técnicas existentes são: taipa de pilão, pau a pique, tijolos de adobe, terra ensacada, bloco de terra comprimida (BTC) e lançamento de terra. A terra se mostra um material de grande alcance do ser humano em todos os continentes e durante todo o decorrer da história, seja pelo custo, pela abundância, durabilidade e trabalhabilidade. De acordo com Mink (2001), cerca de 1/3 da população mundial vive em construções com terra (BIOHABITATE, 2020). Após a revolução industrial, com a chegada dos materiais de construção convencionais, a construção com terra sofreu um grande estigma de ser uma forma precária de habi104

tação. O que ocorre, na verdade, é a falta de conhecimento que levou as construções de terra a serem executadas sem as técnicas corretas, ocasionando várias patologias. Atualmente sabemos que a construção com terra tem um grande potencial e, se executada corretamente, apresenta muitas vantagens comparada aos materiais convencionais: Abundância: O solo é um dos recursos naturais mais representativos para suprir a necessidade da moradia. As zonas com potencial de construção com terra abrangem 1/3 da área dos continentes. Economia: A facilidade de acesso ao material diminui os custos de transporte do material. Além disso, o excelente isolamento termoacústico resulta na não necessidade de climatização interna artificial. Baixa manutenção: A manutenção se dá entre 10 e 20 anos com a aplicação de uma camada de selante natural, que é um processo rápido.


Ambientes saudáveis: As construções com terra tendem a ser mais salubres devido à baixa variação de umidade, sendo capaz de absorver e perder a umidade mais rápido e numa maior extensão do que qualquer outro material, podendo absorver até 30 vezes mais umidade do que o tijolo cozido. A terra não é tóxica nem poluente e “respira”, o que proporciona ambientes com melhor qualidade de ar interno. Menos impacto ambiental: A terra possui uma baixa energia incorporada, sendo equivalente a 1% da energia necessária para a produção, e transporte de tijolos cozidos ou concreto armado. No caso da utilização de terra escavada do próprio terreno ou próxima a ele, não há poluição causada pelo transporte. Em caso de demolição posterior da obra, não há geração de resíduos por ser um material natural. Além disso, pode ser reciclado e reutilizado. Isolamento termoacústico: devido a densidade do material e à espessura das paredes, a variação de temperatura interna do edifício e a transmissão de

ruído são muito baixas comparada à outros materiais. Durabilidade: A terra é um material que não entra em ciclo de degeneração. Existem habitações com terra em na Turquia datadas a mais de 8000 anos AC. Também já foram encontradas obras com mais de 9.000 anos em sítios arqueológicos e patrimônios históricos de civilizações como a chinesa, a egípcia, a romana e americanas précolombianas. A grande muralha da China foi construída há 4000 anos e teve parte da sua obra feita em terra. Figura 79 - Aspecto ideal da massa de terra.

Fonte: Biohabitate (2020)

105


7.4 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

paredes externas e do primeiro pavimento. Figura 80 - Processo da Taipa.

Foram definidas duas técnicas de construção com terra para este projeto, sendo elas a Taipa de Pilão e Tijolos de Adobe. 7.4.1 Taipa de Pilão Com origem na China, entre 2600-1900 a.C., a Taipa de Pilão é o nome dado a técnica em que se utiliza a terra com um percentual maior de areia em sua composição granulométrica, com coesão suficiente para agregar as partículas em estado úmido, inserida e compactada em camadas de 10 em 10 centímetros, numa fôrma, denominada taipal. Geralmente é utilizado a combinação de 30% de argila e 70% de areia para a técnica. Sua utilização fornece paredes estruturais espessas, com cerca de 30 a 40cm, com um ótimo isolamento termoacústico. Essa técnica gera estruturas sólidas e impermeáveis, sem rachaduras ou trincas devido à compactação, além de ser atóxica, à prova de fogo e é resistente ao cupim. A técnica será utilizada principalmente em 106

Fonte: Biohabitate (2020) Figura 81 - Como fazer uma parede de taipa de pilão

Fonte: Ugreen (2019)


A técnica em taipa, como em qualquer construção com terra crua, precisa de uma fundação impermeabilizada que fique acima do solo. A solução mais utilizada são as sapatas corridas, que permitem uma distribuição de cargas uniformes no solo e dificultam a capilaridade (fenômeno natural, onde a água do solo infiltra a base das paredes). As sapatas corridas podem ser feitas de pedra, com ou sem concreto.

Figura 83 - Parede de Taipa do Centro Cultural do Deserto Nk’Mip / DIALOG

Figura 82 - Sapata corrida

Fonte: Clube do Concreto (2019) Fonte: Archdaily (2014)

107


108

7.4.2 Tijolos de adobe

Figura 84 - Tijolos de adobe

O adobe é uma das técnicas mais tradicionais de construção com terra. Existem datações de construções e ruínas de adobe com mais de 10 mil anos e ainda é usado em países da Europa, Ásia, América do Sul e do Norte. Aqui no brasil o adobe também tem sua tradição com as cidades coloniais históricas com muitas obras de adobe. Além disso, em 2019 o Brasil teve a aprovação da norma ABNT NBR 16814/2019, sendo então a única técnica normatizada do país. A técnica consiste em um bloco de terra modelado em forma (metálica ou de madeira), seco ao sol ou à sombra, sem tamanho padrão para ser feito, mas o recomendado é de 15cm de altura e largura tem comprimento máximo de 30cm. A terra deve ter argila suficiente para dar liga e areia suficiente para conferir resistência ao bloco quando ele secar, e menor índice de retração e trinca na cura. Uma boa proporção é de 40% a 60 % de areia e pelo menos 40% de argila. Além disso, a massa deve ser pisoteada para não conter ar.

Fonte: Biohabitate (2020)

Os adobes necessitam ser moldados com antecedência para que possa curar (secar) totalmente para serem usados e é recomendado preparar, com antecedência, um local plano para secagem dos adobes com opção de cobertura das peças caso chova. Para ligação dos adobe é necessário o uso de argamassas de assentamentos. O ideal é que seja o mais parecido possível com a composição da massa utilizada para fabricação dos adobes afim de garantir coe-


ficientes de dilatação e retração e resistência parecida entre os adobes e a argamassa de assentamento. Figura 85 - Assentamento do adobe

Deve-se ter atenção para evitar que a parede pronta receba muita água e permaneça úmida. Por isso, devem ser feitos beirais largos e sapatas corridas até o nível do solo, bem como no sistema de taipa de pilão. No projeto do Centro de Apoio, será utilizada a técnica nas paredes internas e paredes do segundo pavimento. Figura 86 - Vantagens do adobe

Fonte: Biohabitate (2020)

As paredes podem receber revestimento acabamento a base de terra e podem receber revestimento normalmente. Os tijolos podem ser usados de forma estrutural ou como vedação, sendo que no último caso há a necessidade de um sistema estrutural com pilares e vigas (concreto, madeira).

Fonte: Canal Rural (2016)

109


7.5 REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL Para a concepção do centro, visando um melhor aproveitamento energético e diminuição de impactos ambientais, alguns elementos construtivos serão incorporados ao projeto, são eles:

Nesse contexto, as tintas devem ser a base de terra ou cal, sendo as de terra uma melhor opção pois, além de serem atóxicas, deixam a parede respirar, não poluem, não possui risco para a saúde e dão um ar aconchegante com cores vivas para as paredes. Figura 88: Paleta de cores

Tintas de terra As paredes de terra não podem receber tinta convencionais, uma vez que são tóxicas por apresentar compostos voláteis orgânicos, metais pesados e também não deixam a parede respirar. Figura 87: Tinta de terra

Fonte: Biohabitate (2020)

110

Fonte: Biohabitate (2020)

Aberturas As aberturas bem dimensionadas e posicionadas garantem uma melhor ventilação e iluminação natural, o que contribui para o conforto térmico e uma melhor saúde do edifício e seus usuários, além de ser uma ótima solução para evitar o uso de climatização e iluminação artificial, reduzindo os custos do edifício. É também uma grande aliada para a recuperação, uma vez que permite a visualização e contemplação da natureza e dos ciclos naturais que se passam no exterior do edifício.


1. Ventilação Cruzada: A ventilação cruzada acontece quando se tem aberturas em paredes opostas ou adjacentes e sua vantagem é a melhor circulação do ar. É necessário um bom posicionamento e estratégia para que o ambiente não esfrie muito nas épocas mais frias do ano e não ocasionar correntes de ar desagradáveis. Figura 89: Esquema de ventilação cruzada

2, Iluminação zenital: É a forma de ter entrada de luz a partir da cobertura, afim de maximizar a iluminação natural. Durante o projeto será analisado qual sistema é mais indicado para a função, podendo ser claraboia, lanternin, sheds, entre outros. Figura 90: Sistema de Iluminação Zenital

Lanternin

Sheds

Claraboia

Fonte: Dicas de arquitetura (2019)

Átrio

Fonte: Archdaily (2018), com alterações da autora.

111


Proteção solar O uso de elementos de proteção solar se mostra necessário para o controle da quantidade de luz solar que vai adentrar o edifício, a fim de manter uma temperatura e luminosidade agradáveis. Esses elementos podem ser horizontais ou verticais, fixos ou móveis. O uso de elementos na horizontal se mostra necessário nas fachadas norte e sul quando o sol está a pino, e na vertical nas fachadas quando se quer proteger do sol mais baixo ou quando o percurso solar está na diagonal em relação à fachada. Poderão ser utilizados no projeto os brises, os pergolados, os cobogós e a própria vegetação como forma de sombreamento.

Figura 92: Brise Vegetal

Fonte: Hometeka (2014) Figura 93: Pergolado de Madeira

Figura 91: Cobogó

Fonte: Casa Abril (2019)

112

Fonte: Madeireira Eco Brasil (2018)


Cisternas A cisterna é um reservatório que serve para captar, armazenar e conservar a água, podendo ser da água potável, água da chuva ou água de reúso. Existem diversos tipos de cisternas, sendo de alvenaria ou de plástico. A cisterna possibilita uma economia de água de até 50% no valor da conta, já que viabiliza o aproveitamento tanto da água da chuva quanto da água cinza proveniente de banhos, máquinas de lavar roupa e lavatórios de banheiro. A cisterna pode ser acoplada diretamente nas calhas para a captação da água. A água da chuva é levada pelas calhas a um filtro, em que as impurezas, como folhas ou pedaços de galhos, são eliminadas mecanicamente. Também há a opção de enterrar a cisterna no solo. A cisterna do projeto fica no subsolo e será utilizada para limpar pisos, quintais, calçadas, irrigar plantas, jardins e dar descargas. Composteira A maior parte do resíduo que o geramos é orgânico, formado por rejeitos alimentares

e, quando descartado em aterros e lixões, junto com materiais tóxicos, acaba produzindo efluentes que contaminam o meio ambiente. A compostagem transforma esse resíduo orgânico em húmus (adubo orgânico) através de seres detritívoros e decompositores como as minhocas californianas. Figura 94: Compostagem

Fonte: Revista Casa e Jardim (2018)

Basicamente, a composteira convencional é formada por três caixas empilhadas, uma pequena quantidade de composto contendo muitos micro-organismos e algumas mi113


minhocas californianas. Na primeira caixa é onde os resíduos são depositados, seguidos de uma cobertura com matéria seca para evitar umidade em excesso. São nas duas primeiras caixas que os organismos presentes na camada de terra atuarão para transformar os resíduos em adubo orgânico, num processo que dura cerca de dois meses. A última caixa serve como coletora do chorume (adubo líquido ou biofertilizante), Figura 95: Como funciona a composteira?

Fonte: Urban Eco (s.d.)

114

que também serve como pesticida natural. Esse chorume não é toxico e para ser utilizado deve ser dissolvido em água nas proporções adequadas. Para ser eficaz é preciso equilibrar a umidade com o acréscimo de matéria seca e não pode exceder os 70°C e manter a umidade entre 50 e 60%. A composteira será utilizada no projeto para minimizar os resíduos, e seu chorume será utilizado na própria horta existente. Concreto permeável O concreto permeável, drenante ou poroso, tem como função o aumento da permeabilidade de pavimentos submetidos a cargas reduzidas. Ele dispõe de proporções maiores de pedra e pouca ou nenhuma areia. A vantagem da utilização desse material é absorver certa quantidade de água, fazendo a recarga do lençol freático, ou escoar essa água através de dutos e drenos posicionados abaixo do pavimento, além de reduzir enxurradas e enchentes. Para que o funcionamento ocorra de ma-


neira correta, o concreto permeável precisa estar associado à uma base e sub-base granular (pedras ou britas), para que a água absorvida seja armazenada nessa estrutura. Já se sabe, também, que nos primeiros dois anos existe a tendência de o concreto poroso perder 50% da capacidade de permeabilização e continua perdendo o restante gradativamente até completar sete anos, quando os vazios estão entupidos na superfície. A manutenção é feita com a retirada de 3 cm ou 4 cm da camada mais externa, que é substituída por uma nova. Se o sistema for de blocos, as opções são trocálos por novos ou virá-los lado. Será utilizado nas calçadas e passeios externos do Centro de Apoio.

A energia solar fotovoltaica é energia do sol captada por placas solares convertida em energia elétrica para o consumo do edifício, sendo considerada sustentável por ser limpa e renovável. As placas solares podem ser usadas como elemento de fachada, coberturas, e até nas próprias telhas, como no caso das telhas solares. No projeto será utilizado o sistema on grid, onde as placas solares estão ligadas à rede municipal. Ou seja, quando as placas geram mais energia do que o necessário, a rede municipal absorve a energia excedente, gerando créditos, ou se o centro precisar de mais energia, a rede municipal fornece.

Figura 96: Concreto permeável

Figura 97: Placas Fotovoltaicas

Fonte: Tecnosil (s.d.)

Fonte: Ugreen (2021)

Placas fotovoltaicas

115


As vantagens de aderir o sistema são várias: economia na conta de energia elétrica, vantagens competitivas, fácil instalação e manutenção, fácil adaptação ao edifício, não ocupa espaço, menores perdas por transmissão e distribuição de energia. A desvantagem é que tem um alto custo inicial e que o sistema pode estar sujeito a sombreamento no futuro por alguma construção próxima.

Horta Sustentável A horta permite que o centro tenha alimentos frescos e saudáveis sempre disponíveis. O modelo adotado no projeto será a horta elevada, uma vez que são ergonômicas e facilitam o manuseio por ficarem na altura das mãos. Figura 99: Horta Elevada

Figura 98: Telha solar

Fonte: Ugreen (2020)

Fonte: Desenvolvimento Rural (2016)

116

Para ter uma boa condição climática o lugar perfeito para uma horta é voltado para o leste e sombreado na parte oeste, além disso serão criadas barreiras para proteger do vento excessivo. Boas opções para plantio são: Salsa, cebolinha, hortelã, alecrim, tomate cereja, alface, rúcula, agrião, couve, morango, gengibre, brócolis, batata doce, cenoura, pepino, beterraba, entre outros.


7.6 PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa será dividido em áreas de administração, infraestrutura, atendimento, social interno, social externo e acolhimento. O lote escolhido para o projeto tem uma área de 1.182,83 m² e uma taxa de ocupação prevista pela legislação da cidade de 70% (PLANO DIRETOR, LEI COMPLEMENTAR Nº 92/2006), que resulta em uma área de 827,98m² disponível de projeção.

O programa de necessidades surge como uma solução das situações estudadas anteriormente e as próximas questões que ainda surgirão, afim de garantir espaços eficientes de forma técnica e estética, respeitando o entorno, o terreno e o público aAtendimento ser atendido. Tabela 13: Áreas de atendimento Setor Ambiente

População

Qtd.

Descrição

Área m²

oiopA oãçpeceR otnemidnetA

Hall de Entrada

-

4V

1

Espaço para recebimento dos visitantes

19,46

Recepção

2F

2V

1

Espaço para atendimento dos visitantes

8

Psicologia

1F

2V

1

Sala de apoio psicológico

12,57

Nutricionista

1F

2V

1

Sala de apoio nutricional

12,57

Jurídico

1F

2V

1

Sala de apoio jurídico

12,57

Enfermaria

1F

2V

1

Atendimento por enfermeiros

12,57 Subtotal

77,74

Fonte: Elaborado pela autora

117 otne


Tabela 14: Áreas sociais internas Setor Ambiente

População

Qtd.

Descrição

Área m²

onretnI laicoS

Sala de Estar

-

8V

1

Sala de encontro social

29,35

Sala de Jantar + Cozinha

1F

16 V

1

Sala de jantar e Cozinha Compartilhada

36,95

Fogueira

-

8V

1

Área de convivência e contemplação

20,33

Sanitários

-

3V

2

Instalação sanitária acessível

13,86 114,35

Subtotal Fonte: Elaborado pela autora Tabela 15: Áreas de acolhimento otnemihlocA

Ambiente Dormitório

População -

2V

Qtd. 10

Descrição Suíte individual + acompanhante

25,60 Subtotal

Fonte: Elaborado pela autora Tabela 16 : Áreas de administração Ambiente Setor

Área m²

População

Qtd.

Descrição

Área m²

OÃÇARTSINIMDA

Direção

1F

2V

1

Sala da direção

12,57

Coordenação

1F

2V

1

Sala da coordenação

12,57

Reunião

-

8V

1

Sala para reuniões com funcionários

18,5

Secretaria

4F

2V

1

Sala para secretaria, tesouraria

26,87

Sanitário

-

3V

2

Instalação sanitária acessível

13,86 Subtotal

118

256

Fonte: Elaborado pela autora

84,37


Tabela 17 : Áreas sociais externas Setor Ambiente

População

Qtd.

Descrição

Área m²

1F

15 V

1

Área para prática de jardinagem

25,44

Horta comunitária

-

8V

1

Horta comunitária usada pelos visitantes

32,55

Oficinas de arte

1F

10 V

1

Espaço para práticas artísticas

25,46

Fisioterapia

2F

4V

1

Espaço para fisioterapia e pilates

26,84

-

15V

1

Espaço para yoga ou eventos ocasionais

49,00

-

2V

2

Instalação Sanitária Acessível

9,60

-

-

-

Área de contemplação da natureza

x

-

x

1

Área de convivência externa

x

1F

4V

1

Área para venda de roupas para arrecadação de verba

15,00

1F

2V

1

Salão para arrecadação de doações de cabelo para confecção de perucas

15,00

1F

4V

1

Área de farmácia para a população

20,00

Estufa sedadivitA laicoS onretxE laicoS

Sala multifuncional Sanitários Paisagismo Área de Estar

ocilbúP

Bazar beneficente Salão de beleza Farmácia popular

Subtotal

228,49

Fonte: Elaborado pela autora

119


Tabela 18: Áreas de infraestrutura Setor Ambiente

População

Qtd.

Descrição

Área m²

augÁ sáG soudíseR zuL ARUTURTSEARFNI otnemanoicatsE

Reservatório subterrâneo

-

-

1

Espaço para cisternas de armazenamento

9,20

Caixa d1água

-

-

1

Espaço de caixa d'agua

9,90

Tratamento da água

-

2V

1

Instalação de tratamento

4,00

GLP

-

-

1

Armazenamento de GLP

4,76

Tratamento de resíduos

-

-

1

Instalação para o tratamento de esgoto

4,00

Composteira

-

2V

1

Compostagem de resíduos orgânicos

4,00

Depósito de resíduos

-

1V

1

Armazenamento de resíduos gerados

13,70

Painel fotovoltaico

-

-

-

Espaço de placas voltaicas

Central elétrico

-

-

1

Vaga deficientes físicos

-

-

2

Vaga motos

-

-

5

Vaga para motos

2,00

Vaga veículos

-

-

5

Vaga para veículos

11,00

Guarita

1F

-

1

Sala de monitoramento e segurança

6,00

-

1V

1

Oficina para manutenção ocasional.

11,56

-

1V

1

Espaço para lavanderia

11,22

-

2V

1

Espaço para armazenagem de alimentos

25,00

-

x

4

Espaço destinado a elevadores e escada

33,60

-

1V

2

Depósito de Materiais de Limpeza

Manutenção (oficina) Área de Serviço Dispensa Acesso Vertical DML

1 2 0 Fonte: Elaborado pela autora

1,00

Espaço de painel elétrico Vaga para veículos de deficientes físicos

Subtotal

17,76

1,92 236,38


Conclusão O programa de necessidades sugere uma área total construída de 992,15 m². Para não chegar ao limite da área de projeção permitida pela taxa de ocupação, que é de 827,98 m², o edifício e está disposto nos níveis Térreo, 2º Pavimento, Pátio, Subsolo, além dos níveis públicos escalonados e respeita a altura máxima permitida de 9,0 m.

O edifício está sendo pensado para acolher 100 visitantes, entre pacientes e acompanhantes, e que desses 100, 20 são hóspedes. Os números fixos demonstram a quantidade de funcionários previstos necessários, enquanto os números variáveis demonstram a circulação possível da edificação, e excede os 100 visitantes pelo fato de prever áreas de serviços prestados ocasionalmente, áreas de uso ocasional (como sanitários), entre outros.

Tabela 19: Programa de Necessidades. Setor Administração sedadisseceN ed amargorP

Infraestrutura Atendimento Acolhimento Social Interno Social Externo

Fonte: Elaborado pela autora

Pop. Total 6F

18 V

1F

8V

6F

Descrição

Setor administrativo

Subtotal 84,37 m²

Áreas de Infraestrutura do edifício

236,38 m²

16 V

Setor de atendimento aos visitantes

77,74 m²

-

20 V

Setor de acolhimento aos hóspedes

256,00 m²

1F

37 V

Setor de convivência interna

114,35 m²

Setor de convivência externa e áreas de acesso público Subtotal 21 F 139 V

223,31 m²

7F

66 V

997,33 m²

Onde: (V) = Variáveis e (F)= Fixos

121


7.7 FLUXOGRAMA O fluxograma é a representação gráfica dos elementos do ambiente construído, ou seja, mostra quais ambientes devem estar próximos uns dos outros. Nesse caso foi feito um fluxograma geral dos setores existentes.

Figura 100: Fluxograma

Fonte: Elaborado pela autora

122


7.8 ORGANOGRAMA

LEGENDA: Administração Atendimento

A função do organograma é mostrar a hierarquia e a organização esperadas para o uso do edifício, mas não exatamente a disposição dos elementos na planta projetual.

Infraestrutura Social Interno Acolhimento Social Externo

Figura 101: Organograma Recepção Bazar Beneficente

Estufa Salas de Apoio

Sala de Estar

Sanitários

Sala de Jantar + Cozinha

Fogueira

Estacionamento

Salão de Cabelo Horta Farmácia

Acessos

ADM

Quartos

Serviços

Oficina de Arte

Fisioterapia

Sala Multiuso

Fonte: Elaborado pela autora

123


Figura 102: Vista aérea Fonte: Elaborado pela autora.

124


7.9 IMPLANTAÇÃO Figura 103: Implantação.

4

I

0

Fonte: Elaborado pela autora.

Av. Champagnat

1

3

5

2

4 Rua Presidente Kenedy

LEGENDA: 1 2

Entrada Principal 3 Entrada de veículos 4

Acesso público Acesso secundário 113

5 Lago ornamental

125


7.10 ELEVAÇÕES Figuras 104 e 105: Elevação Norte e Elevação Sul Fonte: Elaborado pela autora.

2

I

0

Norte

C.M Cobertura ......................... 10,24

Casa de Máquinas ......................... 8,04

......................... Cobertura 6,20

2º Pavimento ......................... 3,10 1º Social - cobertura ......................... 1,97 ......................... 2º Social - cobertura

1,32 .........................

Térreo 0,00

......................... 1º Social -1,13

2

I

0

Sul

C.M Cobertura ......................... 10,24

Casa de Máquinas ......................... 8,04

........................

Cobertura 6,20

2º Pavimento ......................... 3,10

126

.........................

Térreo 0,00

.........................

Pátio -3,10


Figuras 106 e 107: 3D Elevação Norte e Elevação Sul Fonte: Elaborado pela autora.

127


Figuras 108 e 109: Elevação Leste e Oeste

2

I

0

Fonte: Elaborado pela autora.

Leste

C.M Cobertura ......................... 10,24

Casa de Máquinas ......................... 8,04

......................... Cobertura 6,20

2º Pavimento ......................... 3,10 1º Social - cobertura .........................

1,97

......................... 2º Social - cobertura

1,32 ......................... 3º Social - cobertura 0,67

.........................

Térreo

.........................

1º Social

.........................

2º Social

......................... .........................

3º Social

0,00

-1,13 -1,78 -2,43

Pátio -3,10

2

I

0

Oeste C.M Cobertura ......................... 10,24

Casa de Máquinas ......................... 8,04

........................

Cobertura 6,20

2º Pavimento ......................... 3,10

128

.........................

Térreo 0,00

.........................

Pátio -3,10


Figuras 110 e 111: Soluções estéticas Leste e Oeste Fonte: Elaborado pela autora.

129


7.11 PLANTAS Térreo: 0,00 m

130

Ambiente

Área

1

Recepção

27,46 m²

27,46 m²

2

Sala de Jantar + Cozinha

36,95 m²

36,95 m²

3

Sala de Estar

29,35 m²

29,35 m²

4

Apoio Nutricional

12,57 m²

12,57 m²

5

Apoio Psicológico

12,57 m²

12,57 m²

6

Sanitários

2x 13,86 m²

27,72 m²

7

Enfermaria

12,57 m²

12,57 m²

8

Apoio Jurídico

12,57 m²

12,57 m²

9

DML

1,92 m²

1,92 m²

10

Fogueira

20,33 m²

20,33 m²

11

Acesso vertical

33,60 m²

33,60 m²

12

Sanitário

5x 4,80 m²

24,00 m²

13

Quarto

5x 17,15 m²

85,75 m²

14

Varanda

5x 3,69 m²

18,45 m²

Tabela 20: Ambientes nível térreo Fonte: Elaborado pela autora.

Subtotal

LEGENDA: Administração Atendimento Infraestrutura Social Interno Acolhimento Social Externo

Área Total: 544,66 m²


1

4

2

I

0

1

4

5 6

2

6

3

7 8

3

14

13

3

9

2

2

11

10

12

131 Figuras 112: Planta Térreo Fonte: Elaborado pela autora.

1

4


Figura 113 e 114: 3D Fonte: Elaborado pela autora.

132


Figuras 115 e 116: 3D vista oeste e sul Fonte: Elaborado pela autora.

133


2º Pavimento: 3,10m Ambiente

Área

1

Secretaria

26,87 m²

26,87 m²

2

Direção

12,57 m²

12,57 m²

3

Coordenação

12,57 m²

12,57 m²

4

Sanitários

2x 13,86 m²

27,72 m²

5

Sala de Reunião

18,50 m²

18,50 m²

6

DML

1,92 m²

1,92 m²

7

Acesso vertical

33,60 m²

33,60 m²

8

Sanitário

5x 4,00 m²

20,00 m²

9

Quarto

18,19 m²

90,95 m²

10

Varanda

5x 3,69 m²

18,45 m²

Subtotal

Área Total: 422,70 m² Tabela 21: Ambientes do 2º Pavimento Fonte: Elaborado pela autora.

134

LEGENDA: Administração Atendimento Infraestrutura Social Interno Acolhimento Social Externo


4

0

2

I

1

2

1

3 4

4

5

10

3

9

6

3 2

2

7

1

8

4

135 Figura 117: Planta 2º Pavimento Fonte: Elaborado pela autora.


Pátio: -3,10 m Ambiente

Área

1

Dispensa

25,00 m²

25,00 m²

2

Lavanderia

11,22 m²

11,22 m²

3

Oficina de Manutenção

11,56 m²

11,56 m²

4

Central de GLP

4,76 m²

4,76 m²

5

Sanitários

2x 9,60 m²

19,20 m²

6

Depósito de Resíduos

13,70 m²

13,70 m²

7

Acesso vertical

33,60 m²

33,60 m²

8

Guarita

6,00 m²

6,00 m²

9

Oficina de Artes

20,28 m²

20,28 m²

10

Sala de Fisioterapia

26,84 m²

26,84 m²

11

Sala Multiuso

49,00 m²

49,00 m²

12

Horta elevada

32,55 m²

32,55 m²

13

Estufa

25,44 m²

25,44 m²

Subtotal

Área Total: 363,25 m² Tabela 22: Ambientes do pátio Fonte: Elaborado pela autora.

136

LEGENDA: Administração Atendimento Infraestrutura Social Interno Acolhimento Social Externo


2

4

0

2

I

1

13

1

3

12

5

4

4

6

3

9

2

10

3

11

2

7 8

1

4

137 Figuras 118: Planta Pátio Fonte: Elaborado pela autora.


Figuras 119 e 120: 3D Pátio. Fonte: Elaborado pela autora.

138


Figuras 120 e 121: 3D Social - Público. Fonte: Elaborado pela autora.

139


Nível Social - Público: Ambiente

Área

Subtotal

1

Bazar Beneficente

15,00 m²

15,00 m²

2

Salão de Beleza

15,00 m²

15,00 m²

3

Farmácia

20,00 m²

20,00 m² Área Total: 95,20 m²

LEGENDA: Administração Atendimento Infraestrutura Social Interno Acolhimento Social Externo

Tabela 23: Ambientes nível social-público Fonte: Elaborado pela autora.

Área Total: 363,25 m²

140


Figuras 122: Planta Níveis Sociais - Públicos Fonte: Elaborado pela autora.

3

I

0

1

2

3

141


Subsolo: -6,30 m Ambiente

Área

1

Rampa para veículos

25,00 m²

25,00 m²

2

Estacionamento

11,22 m²

11,22 m²

3

Acesso vertical

33,60 m²

33,60 m²

4

Espaço para cisterna

6,00 m²

6,00 m²

Subtotal

LEGENDA: Administração Atendimento Infraestrutura Social Interno Acolhimento Social Externo

Área Total: 352,10 m² Tabela 24: Ambientes nível Subsolo Fonte: Elaborado pela autora.

Área Total: 363,25 m²

142


0

2

I

1

4

2

1 1 3

3

2

2

3 4

Figuras 123: Planta Subsolo. Fonte: Elaborado pela autora.

1

4

143


Casa de Máquinas: 6,20 m Ambiente

Área

1

Elevador/Casa de Máquinas

10,43 m²

2

Escada Marinheiro

0,87 m²

3

Caixa d'água

1

6,45 m² - 11,93 m³

3

2

Área Total: 20,73 m² Tabela 25: Ambientes Casa de Máquinas Fonte: Elaborado pela autora.

Planta de Cobertura Cobertura

Inclinação 8%

1

Duas águas invertido

Telha metálica

2

Cobertura Casa de Máquinas

-

-

3

Teto verde

Teto verde

-

4

Duas águas

Vidro e aço

30%

5

Uma água

Telha metálica

8%

6

Uma água

Telha metálica

28%

Tabela 26: Informações das coberturas. Fonte: Elaborado pela autora.

144

Material

Figura 124: Planta Casa de Máquinas Fonte: Elaborado pela autora.


1

4

2

I

0

5 4 6

1

3

5

3

2

2

2

3

1

Figura 125: Planta de Cobertura. Fonte: Elaborado pela autora.

145 4


orte 1

7.12 CORTES

Figuras 126 e 127: Cortes 1 e 2

C.M Cobertura ......................... 10,24

2

I

0

Fonte: Elaborado pela autora.

Corte 1

Casa de Máquinas ......................... 8,04 Cobertura ........................ 6,20 .........................2º Pav. - forro 2,60

2º Pavimento ......................... 3,10 .........................Térreo - forro 2,60

Térreo ......................... 0,00 ......................... Pátio - forro -0,50

.........................

.........................

Pátio -3,10

Subsolo -6,30

2

I

0

C.M Cobertura ......................... 10,24

Corte 2

Casa de Máquinas ......................... 8,04 Cobertura ........................ 6,20 .........................2º Pav. - forro 2,60

2º Pavimento ......................... 3,10 ......................... Térreo - forro 2,60

Térreo 0,00 Pátio - forro ......................... -0,50 .........................

146

.........................

Pátio -3,10

.........................

Subsolo -6,30


Figuras 128 e 129: Cortes 3 e 4 Fonte: Elaborado pela autora.

2

I

0

Corte 3

Caixa d'água: 11,93 m³ Capacidade: 11.930,00 L

C.M Cobertura ......................... 10,24

Casa de Máquinas ......................... 8,04 Cobertura ........................ 6,20 .........................2º Pav. - forro 2,60

2º Pavimento ......................... 3,10 .........................Térreo - forro 2,60

Térreo 0,00 ......................... ......................... Pátio - forro -0,50

.........................

.........................

2

I

0

Pátio -3,10

Subsolo -6,30

......................... C.M Cobertura 10,24

Corte 4 Casa de Máquinas ......................... 8,04 Cobertura ........................ 6,20 ......................... 2º Pav. - forro 2,60

.........................

2º Pavimento 3,10

1º Social - Cobertura 1,97 2º Social - Cobertura 1,32 3º Social - Cobertura ......................... 0,67

.........................

.........................

.........................

Térreo 0,00

1º Social - Cobertura -1,13

.........................

2º Social - Cobertura ......................... -1,78

......................... 3º Social - Cobertura .........................

-2,43

Pátio -3,10

147


7.13 SISTEMA ESTRUTURAL A estrutura do Centro de Apoio foi pensada com o uso de um sistema de pilar e viga de concreto, juntamente com o uso das paredes de taipa de pilão que são autoportantes. Em algumas situações, como nas paredes de taipa do pátio, foi utilizada também o sistema pilar-viga, uma vez que as paredes recebem muita carga e apresenta grandes vãos, o que diminui a capacidade de resistência da terra. Dessa forma, o sistema une as duas técnicas. Já nas paredes da área pública, foi utilizada somente a taipa de pilão como própria estrutura. Na parede de taipa que ultrapassa os 6,00 m de altura, também foi previsto um reforço com viga de concreto. Nos demais pavimentos foi utilizado o sistema pilar e viga. A fundação pensada foi a de sapata corrida (cimento e pedras) com dimensão de 1,50m x 0,60 m para as bases de terra e estaca para o restante da estrutura. 148

Figuras 130e 131: Maquetes da proposta estrutural. Fonte: Elaborado pela autora.

LEGENDA: 2

Pilar - Viga Taipa de Pilão

4 5

3

Taipa com Pilar

6

1

Caixa d'água Sapata corrida Cobertura


6 6

4

6

2

1

3

2

5

Figuras 132 e 133: Maquete da proposta estrutural Fonte: Elaborado pela autora.

6 6

4

6

1 3

3 5 149



ASSOCIAÇÃO LENÇOS AO VENTO. Foto de perfil. Poços de Caldas, 26 de fev. de 2020. Facebook: Lenços ao Vento @lencosaoventocancerdemama. Disponível em: <https://www.facebook.com/lencosaoventocancerdemama/photos/a.880806351989225/2704274036309105 />. Acesso em: 11 de set. de 2020. BASE de dados aponta tipos mais comuns de câncer em Poços de Caldas e integra estimativa nacional. G1, 2018. Disponível em: <https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/mg/sul-de-minas/noticia/base-dedados-aponta-tipos-mais-comuns-de-cancer-em-pocos-de-caldas-e-integra-estimativa-nacional.ghtml>.. Acesso em: 12 de set. de 2020. BLOCK, India. Heatherwick Studio designs plant-filled Maggie's Centre in Leeds. Dezeen, 12 de jun. de 2020. Disponível em: <https://www.dezeen.com/2020/06/12/heatherwick-studio-maggies-centre-leedsarchitecture/>. Acesso em 19 de ago. de 2020. BRASIL – estimativa dos casos novos. Instituto Nacional do Câncer, 2020. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/estimativa/estado-capital/brasil>. Acesso em: 28 de ago. de 2020. BUESCU, Taissa. Design que cura. Archtrends Portobello, 03 de jul. de 2020. Disponível em <https://archtrends.com/blog/design-que-cura/ >. Acesso em 20 de ago. de 2020. CENTRO de tratamento de câncer Manchester / Foster + Partners. Archdaily, 04 de maio de 2016. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786620/centro-de-tratamento-de-cancer-manchester-foster-pluspartners>. Acesso em: 08 de ago. de 2020. COMPLETION of Maggie’s Leed. Heatherwick Studio, 11 de jun. de 2020 Disponível em: <http://www.heatherwick.com/studio/news/completion-maggies-leeds/ >. Acesso em: 19 de ago. de 2020.

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ENTREVISTAS REALIZADAS NA GAAPO E NO ALV Perguntas realizadas: 1. Como se iniciou o grupo? 2. O que o grupo oferece para os pacientes? (hospedagem, doação, apoio psicológico, atividades) 3. Como é composta a equipe? 4. Como é a estrutura? O que acham que falta? 5. Quais cidades mais atendem? 6. Quantos hóspedes e acompanhantes recebem? 7. Quais são as maiores dificuldades que enfrentam? 8. Como é feita a arrecadação de verbas/mantimentos?

GAAPO O grupo surgiu em 2016, mas a história começou um pouco antes. A Claudia trabalhava na área comercial da veterinária e em 2011, com 34 anos e um filho de 9 anos,

teve câncer de mama. Por essa razão, parou de trabalhar para ficar em casa. Em 2016 ela conheceu a Suzi, uma mulher de 24 anos, que estava se formando em veterinária, que estava com câncer de mama. A Suzi tinha um casamento para ir, e por conta das quimioterapias ela não queria ir porque não estava se reconhecendo – por estar sem sobrancelha, sem cabelo. A irmã da Suzi era maquiadora, e fez uma maquiagem na Suzi para o casamento. Com isso, a Suzi se reconheceu e a partir dai ela começou a acreditar que iria se recuperar, dizendo “eu ainda estou aqui, eu vou voltar a ficar boa”. Com essa conversa com a Suzi, a Claudia se sentiu inspirada em ajudar outras mulheres a se sentirem bem consigo mesmas e começou a desenvolver uma ideia para o outubro Rosa de 2016, que seria uma tarde de maquiagem para mulheres em tratamento. Sua ideia foi crescendo e ela queria fazer esse evento para quinze mulheres. Levando seu projeto no Cacon, suas ideias foram descartadas pois passavam em média 100 a 150 pessoas por dia no centro de tratamento,

Apêndice

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e fazer um evento para apenas 15 mulheres era muito inviável. Dessa forma, Claudia expandiu o evento para atender 100 pacientes. O primeiro evento realizado foi em outubro de 2016, com o nome de Encontro União Rosa. Compareceram 60 mulheres nesse primeiro encontro, e com ele conseguiram arrecadar muitas doações. Esse evento se tornou uma tradição e, desde então, é realizado anualmente, sempre na primeira segunda-feira de outubro. Nesse evento, conta com a ajuda de maquiadoras, fotógrafos profissionais – as fotos tiradas depois são usadas para fazer exposições no Shopping, na Câmara Municipal e outros lugares – além de oferecer café, lanches da tarde, brindes, escalda pés, massagem facial, hidratação facial, distribuição de perucas e próteses de mama. Também oferecem palestras durante toda a tarde. A partir desse primeiro evento, a Claudia começou a perceber as demandas que precisavam ser supridas no Cacon. O Cacon conta com uma equipe multidisciplinar, onde

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é feito o atendimento oncológico de Poços de Caldas e de outras 82 cidades da região, mas não era ofertado nenhum acolhimento para esses pacientes, por causa da rotina muito puxada. Com isso, a Claudia começou a desenvolver ações no local. Em janeiro de 2017 ela procurou a direção da Santa Casa e fez um cronograma do ano – junto com algumas amigas – para realizar algumas atividades. Até então, não era nada documentado. Começou a fazer parcerias com outras pessoas e ONGs: Rapunzel Solidária – que faz e distribui perucas, uma mulher que fazia prótese mamária de alpiste. Também conseguiu muitas doações de lenços, e montou uma banca de lenços. Além de oferecer ajuda para as mulheres, também começou a fazer ações para os homens, mesmo sendo uma demanda totalmente diferente. Quando precisou se tornar uma ONG oficialmente constituída e documentada, para ter um CNPJ e ampliar suas ações, não sabia qual nome aderir, pois até então se denominavam Grupo União Rosa. Então se lembrou de como ela se


anunciava nos locais “Bom dia, eu sou a Claudia do União Rosa, que é um Grupo de Assistência e Apoio a Pacientes Oncológicos” e assim surgiu a sigla GAAPO. Até 2018 não tinham sede, todos as ações eram realizadas no Cacon de duas a três vezes por semana. Em 2018 tiveram a ideia de abrir uma casa com o intuito de acolher as pessoas que vem de fora, que são muitas. Vem muitos pacientes de longe, como Paraisópolis, Extrema, Itajubá, que saiam de casa entre 3:00 e 4:00 para vir fazer tratamento em Poços. No Cacon eles são recebidos com café da manhã pela ONG SOS Santa Casa, que fica ofertado até as 08h30min. Depois desse horário, só comia quem tinha dinheiro para comprar alimento, e quem não tinha condições ficava sem comer até a noite, quando chegava em suas cidades. Os pacientes vinham juntos de van ou micro ônibus, e só retornavam para suas cidades quando todos haviam completado seus tratamentos. Com isso, a casa foi uma solução para acolher essas pessoas e seus acompanhantes durante o dia.

A casa sede da GAAPO serviu para acolhimento, para conversas e apoio, não oferecem estrutura de hospedagem, funcionando apenas durante o dia. As pessoas podem usá-la para passar o dia, conversar, assistir tv, tomar café, esquentar suas marmitas no microondas. A casa conta com psicólogos voluntários, cabeleireira que corta cabelos gratuitamente (1 vez por semana) de quem quer fazer doações, distribuem perucas, lenços, próteses de mama. O trabalho foi se ampliando. Hoje contam também com trabalho voluntário de advogados jurídicos em casos relacionados ao tratamento. Realizam ações educativas durante o ano todo, mas principalmente no Outubro Rosa, em escolas, Igrejas, empresas. Recebem algumas doações de empresas e redistribuem, sendo suplementos, medicamentos, fraldas geriátricas, alimentos. Emprestam algumas cadeiras de rodas e cadeiras de banho que possuem. Oferecem também micropigmentação de sobrancelha e micropigmentação paracirúrgica (para reconstrução das auréolas da mama de

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quem fez mastectomia) gratuitamente. A casa também tem um bazar de sapatos e roupas usadas, mas também distribuem algumas roupas para os pacientes que precisam, já que muitos vem de cidades muito mais quentes que a nossa. Na casa são ofertadas algumas oficinas. Na oficina de artesanato, que é aberta para toda a comunidade, são produzidas peças para vender num bazar de fim de ano. A oficina de arte-terapia, ministrado por uma arteterapeuta, trazendo a arte como um processo de cura. As oficinas estão paralisadas por conta da pandemia, mas quando aconteciam agrupavam cerca de 20 pessoas em cada encontro. Mesmo com a casa, continuam suas atividades no Cacon. Nunca tiveram a intenção de ser uma ONG assistencialista, mas, com a pandemia, tiveram a ideia de fazer uma campanha e de distribuírem cestas de frutas para complementar a alimentação dos pacientes. Mas, chegando na casa de alguns pacientes, viam que eles não tinham muito o que comer e assim começa-

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ram a arrecadar cestas básicas para essas famílias. Do dia 24 de março até o dia 24 de julho de 2020 completaram 500 cestas (básicas e de frutas) distribuídas para famílias com pelo menos um membro em tratamento oncológico. Essas ações só são possíveis com parcerias com empresas que arrecadam com seus funcionários, com escolas. A cada vez que o mês vira, o GAAPO não sabe se vai ter cestas para distribuir, mas até agora não teve nenhuma falta. Com isso, doam cestas básicas, produtos de higiene pessoal, álcool em gel, produtos de limpeza. Em todos esses anos, firmaram outras parcerias: Com a PUC, com o corte de cabelo solidário, onde o cabelo é doado para a Rapunzel Solidária que faz as perucas e doa as perucas para a GAAPO; Com a Odonto do Pitágoras, que vão uma vez a cada seis meses na GAAPO para falar sobre escovação e distribuir kits para os pacientes; No shopping também tem a arrecadação de doações de cabelo, onde a Rapunzel Solidária já trabalhava antes da existência da GAAPO, mas não tinham um ponto de distribuição fi-


xo. Hoje andam juntos com a GAAPO. A ONG se constitui de uma diretoria composta pela presidenta Claudia, vice presidente, tesoureira, segunda tesoureira, secretária e segunda secretária. Hoje tem uma funcionária que fica encarregada de abrir e fechar a casa, organizar os papeis e várias outras atividades. A Lena comparece todos os dias no Cacon para conversar, levar roupas de frio (toucas, luvas, lenços, cachecóis) e convida os pacientes para conhecer a casa da GAAPO – já que a rotatividade de pacientes do Cacon é muito grande. A GAAPO fica aberta de segunda a sexta-feira das 09:00 as 17:00. Fora esses funcionários, todos os outros são voluntários. Antes da pandemia contavam com duas voluntárias de manhã e duas de tarde, porém tiveram que ser afastadas por serem grupo de risco. As maiores dificuldades que enfrentam são financeiras. Antes da pandemia, realizavam bingos semanais, onde tinham uma grande presença de pessoas e conseguiam se manter do bingo e de outros

eventos, como jantares e festas. Uma das missões do GAAPO é melhorar a estrutura da ala oncológica da Santa Casa, que é onde atendem os pacientes do SUS. Em 2019 realizaram uma campanha com o Lions, a Maçonaria, o Instituto Curimbaba, e várias outras empresas, e conseguiram trocas 12 camas da ala oncológica que estavam no hospital a mais de 20 anos. As novas camas são as mesmas da área particular do atendimento oncológico da Santa Casa (inaugurado semana passada), com a mesma qualidade e conforto. Além disso, já conseguiram colocar TVs, sistema de som, microfone, trocaram os bancos dos acompanhantes, tudo para melhorar a estrutura e tornar o tratamento mais confortável. A demanda dos homens e das mulheres é muito diferente. As mulheres são mais abertas para conversar, procuram ajuda, enquanto os homens evitam conversar sobre o assunto. Fonte: Entrevista concedida pela presidenta da GAAPO, Cláudia Rocha, em 10 de ago. de 2020.

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ALV A história da associação começou com a Patrícia Gil que, em 2015, foi diagnosticada com câncer de mama. Mãe de três filhos, esteticista e natural do Rio de Janeiro, começou a usar seu Facebook para contar sua história na luta contra o câncer e desmascarar a doença, como não sendo uma “sentença de morte”. Através da sua página, denominada Lenços ao Vento, compartilhou com outras pessoas suas rotinas de tratamento, ganhando bastante visibilidade e interação de muitos pacientes em todo o Brasil, e assim foi convidada por uma associação do Rio de Janeiro chamada Laço Rosa para ser garota propaganda da campanha do Outubro Rosa. Durante seu próprio tratamento, começou a se questionar sobre o apoio que poderia dar a outras pessoas na mesma situação e o que fazer para ajudar no aumento e manutenção da autoestima das mulheres com câncer. Depois do seu tratamento, motivada pela vontade de ajudar pessoas que estavam pas-

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sando pela mesma situação que ela tinha enfrentado - uma vez que ela mesma sentiu falta de receber esse apoio - começou a realizar trabalhos voluntários no Cacon, mantendo diálogos com os pacientes e doando perucas e lenços que vinham do Laço Rosa - que se tornaram parceiros. Um tempo depois, foi representar o Laço Rosa em uma sala emprestada em um posto de saúdede Poços de Calda s, mantendo conversas e oferecendo apoio para pacientes, e, logo em seguida foi trabalhar no SOS, onde permaneceu por aproximadamente um ano. A associação Lenços ao Vento foi registrada em outubro de 2018, mas sua sede só foi realizada em setembro de 2019. Até hoje, seu trabalho continua no Cacon, onde tem uma mesa para conversar com os pacientes. A intenção da fundadora era criar um ambiente bem longe do hospitalar, e sim como uma casa bem aconchegante e acolhedora que remetesse a morada dos próprios pacientes para garantir o apoio, o bem estar, a manutenção de diálogos e convivência. Em sua estrutura,


a casa conta com um ambiente para as refeições, uma sala com televisão, cozinha, depósito, dois banheiros acessíveis, dois quartos de hóspedes – sendo um para homens e outro para mulheres – totalizando doze camas, e o espaço destinado para o bazar beneficente. Os três pilares da Associação é oferecer apoio psicológico, apoio nutricional e apoio social. Para o apoio psicológico, contam com uma psicóloga que trabalha de forma voluntária com agendamentos dos pacientes, hóspedes e até mesmo membros da família destes. O apoio nutricional conta com a doação de cestas básicas, acompanhamento de nutricionista voluntária e o almoço que é disponibilizado para todos, todos os dias. O apoio social envolve apoio jurídico, tendo serviço voluntário de advogados que esclarecem as dúvidas dos pacientes. Além desses três apoios, oferecem para os hóspedes o direito a cinco refeições por dia, e, se caso forem sair da casa para realizar algum tratamento, oferecem transporte gratuito.

A equipe é toda composta por voluntários, sendo os membros da diretoria amigos e parentes próximos. Recebe a ajuda de seu marido, dos seus pais, da Vanessa que cuida do bazar, a Alice que geralmente cozinha e faz limpeza, entre algumas outras pessoas. O restante dos voluntários atua em diversas áreas. A fundadora relatou que não são feitas muitas campanhas porque requer verba e que não tem feito atividades e oficinas pois depende muito do comprometimento de outras pessoas, que muitas vezes começam uma proposta e não levam adiante. Atualmente, conta com oficinas e atividades durante o mês da mulher e durante o Outubro Rosa. Após a pandemia o número de hóspedes caiu bastante devido a redução dos tratamentos realizados no Cacon, mas ainda conta com um bom fluxo de pessoas que recebem o auxilio da ONG, sendo em cerca de 50 pessoas atendidas por dia – incluindo almoços, marmitas oferecidas, doações de perucas, próteses e cestas básicas.

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Para a arrecadação de verba, contam com o Bazar Beneficente e com o Almoço Solidário, sendo que por um preço fixo de R$8,00 qualquer pessoa pode almoçar na casa. Entretanto, ainda relatou que há sim uma dificuldade em relação a verba, pois tudo custa muito dinheiro e tudo que recebem é pelo bazar, almoços e doações. Quando algum paciente ou hóspede precisa de algo que eles não conseguem por meio de doações, a ONG mesmo custeia o produto requisitado (como medicamento, aparelho fisioterápico). Fonte: Entrevista concedida pela presidenta e fundadora da ALV, Patrícia Gil, em 18 de ago. de 2020.

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LEMOS, Aline Silva Carrozza. Centro de Apoio ao Paciente Oncológico em Poços de Caldas. Orientadora: Larissa de Souza Pereira. 2020. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) PUC Minas, Poços de Caldas. 2020.

Como Citar este TFG.

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Aline Silva Carrozza Lemos 2021


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