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2.5. Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas

A realidade da cidade do Recife não inclui tanta preocupação com a vegetação situada na mesma, que se apresenta muitas vezes sem a manutenção apropriada, incoerente com o contexto em que estão localizadas, organizadas de forma desagradavelmente espaçada, em escassez, etc.

Por meio de análises sobre o sí�o estudado, percebe-se que a vegetação, em sua maioria de grande porte, juntamente com calçadas estreitas e poucos espaços compar�lhados entre meios públicos e privados, acabam por gerar dificuldades para a caminhabilidade, como pode ser observado na Figura 2.5.3, onde o pedestre opta por caminhas na pista de carros por conta do desconforto das calçadas do local.

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As calçadas Verdes funcionaram como um prolongamento da calçada, avançando para parte do asfalto, com o intuito de reduzir a velocidade dos veículos e oferecer uma “ilha” de segurança para o pedestre, proporcionando mais espaço caminhável.

A manutenção das calçadas e da vegetação urbana deve ser efetuada de forma mais regular, ela é necessária para controlar interferências na rede elétrica e assegurar que as árvores não bloqueiem ou dificultem a passagem dos pedestres e outros meios de transporte.

A vegetação é importante para proporcionar conforto térmico e gerar biofilia, oferecendo sombras nas ruas, promovendo assim, a caminhabilidade.

Para diminuir esse conflito entre calçadas, postes, árvores e pedestres, é possível aplicar uma forma de acupuntura urbana que foi feita na cidade de Curi�ba, as “calçadas verdes”(Figura 2.5.4).

Outra proposta é a de projetar faixas de pedestres, de acordo com a necessidade local, seguindo um fluxo deslocado pré-existente.

Um exemplo aplicado é na cidade de São Paulo (Figura 2.5.5), onde foram pintadas faixas para suprir uma demanda da população de se deslocar em diferentes direções, pois o local dispõe duas vias de grande porte e as opções de deslocamento dos pedestres por entre essas vias não eram suficientes.

LEGENDA:

Árvores de grande por t e Árvores de médio por t e

Árvores de pequeno por te

Árvores intralote que sombreiam a calçada Poste de iluminação para carros Poste de iluminação para pedestres

Por meio da análide deste mapa, é possível perceber onde o posteamento choca-se com a arborização, e também que a área possui poucos postes para pedestres, sabendo que os postes para carros são mais altos, pode-se chegar a conclusão de que esse posteamento juntamente com a grande quan�dade de árvores de grande porte (que podem obstruir o caminho da luz, por conta de suas copas) não são suficientes para manter a rua confortável durante a noite. A distancia entre as árvores e os postes também revela calçadas que estão geram espaços residuais.

LEGENDA:

Residencial

Comercial

Misto

Serviço

Em construção

Imovel vazio

Educacional

In�tucional

Espaço público

Terreno vazio ( Religioso

Espaços com potencial para permanêcia

2.6.a. Importância de misturar os usos

Edificações com uso misto facilitam a vida co�diana, não sendo necessário percorrer longas distâncias em veículos privados ou públicos para conseguir sa�sfazer certas necessidades diárias.

Tais percursos podem ser feitos través de caminhadas ou pedaladas, economizando tempo e dinheiro. Além disso, favorecem o trânsito, evitando engarrafamentos, melhoram as vendas dos comerciantes locais, amenizam e diminuem a poluição ambiental.

Com habitações, usos e serviços agrupados em uma única edificação, ocorre uma economia e facilita a inserção de instalações de infraestrutura de alto desempenho, evitando diversos rasgos no solo natural.

Os espaços públicos em geral, também são beneficiados, pois a tendência é que ocorra maior movimentação e vitalidade nas ruas, evitando a insegurança e medo em permanecer nas áreas abertas e públicas.

Por fim, construções agrupadas em seu corpo diversidades de usos e serviços, evita a sobrevivência de espaços monofuncionais, abrindo espaço para uma nova demanda de mercado, da qual favorece os cidadãos, o meio ambiente e o urbanismo sustentável.

construído, trazendo male�cios para a área, pois a integração entre usos e pessoas fica debilitada e deixa o percurso dos cidadãos inseguro, dificultando a caminhabilidade e dinamicidade do local.

Áreas vagas apresentam potencial de abrigar edificações de uso misto, as quais no térreo contenham serviços/comércio e nos demais andares habitações. Já a outra parcela dos espaços ociosos, possibilitam a preservação de generosas áreas verdes, dando início aos primeiros conceitos do urbanismo sustentável.

No mapa de usos (ver mapa pagina 18) pode-se verificar que a área é composta por grandes variações no uso do solo, no entanto, a maioria não estão inseridas na mesma edificação. Os espaços u�lizados para serviços estão em maior quan�dade, habitações ficando em segundo e comércio em terceiro, já os lotes vazios ou sem u�lização encontram-se em menor quan�dade, mas, se comparado com os espaços educacionais, podem ser denominados como elevados.

Por certa setorização dos usos, ocorre a ineficiência no diálogo entre pedestres e o espaço

FERRAGEM

LOCAL PARA CULTO

CLUBE OU EQUIPAMENTO

SUPERMERCADO

LOJA DE CONVENIÊNCIA

ESCOLA

BIBLIOTECA

RESTAURANTE

BANCO

CABELEREIRO

FARMÁCIA

HABITAÇÃO COM ESPAÇO DE TRABALHO

DELEGACIA E POSTO DE BOMBEIROS

CONSULTÓRIOS MÉDICOS E ODONTOLÓGICOS

ÁREA COM BOA COMPLETUDE

ÁREA COM SATISFATÓRIA COMPLETUDE

Nível de completude do bairro

Percentual dos usos presentes num raio de 400m²

Bom 70% ou mais

Sa�sfatório

Mínimo

Insuficiente

30-70% 10-30% menos de 10%

Entende-se que a população urbana depende para o seu bem estar, não só de educação, cultura, e equipamentos públicos, mas também de um ambiente com qualidade.

À medida que as cidades se expandem, elas se apropriam demasiadamente dos recursos naturais, pois se tornaram o local em onde grande parte da população mundial se concentra, e a consequência disso é a transformação do espaço natural.

Ao ocupá-lo e u�lizá-lo para a construção das cidades e/ou sua expansão, a sociedade altera o meio natural através da re�rada da cobertura vegetal para construir estradas, casas e equipamentos públicos sem planejar os espaços que estão sendo alterados. Com essas mudanças, são criados espaços livres abertos e compar�lhados, mas também, surgem espaços que ficam negligenciados.

“Entre os espaços mais negligenciados no planejamento urbano estão os parques e as praças de bairro que podem ser acessados por pedestres”(Douglas Farr, 2013).

Os espaços negligenciados, muitas vezes apresentam degradação e lixo acumulado, jogado pela própria população, e não são vistos como locais de permanência, por não serem convida�vos e muitas vezes são encontrados vazios, que causa uma sensação de insegurança(Figura 2.7.1).

Os espaços abertos desempenham papel fundamental para o aumento da qualidade de vida nas áreas urbanas, tanto do ponto de vista ambiental como social, sendo muitos os prejuízos causados pela falta de incen�vo ao uso e a sua conservação.

Espaços com áreas verdes, são importantes para a qualidade ambiental das cidades, gerando biofilia, já que assumem um papel de equilíbrio entre o espaço modificado para o assentamento urbano e o meio ambiente.

A falta de arborização, por exemplo, pode trazer desconforto térmico e possíveis alterações no microclima, e como essas áreas também assumem papel de lazer e recreação da população, a falta desses espaços interfere na qualidade de vida desta.

Espaços abertos, de livre acesso e com vegetação vem a formar o chamado “terceiro lugar”, que reúne pessoas de variadas esferas sociais, promovendo mais interação e assim impulsionando a vivacidade das cidades, um exemplo disso é o Parque da Jaqueira(Figura 2.7.2).

A sociedade atual tem priorizado a construção de ambientes monofuncionais, que suportam a separação, o conceito de autonomia e consumo par�cular, como resposta a isso, cada vez mais as a�vidades tornam-se divididas em territórios.

Essa prá�ca é extremamente prejudicial para as cidades, pois o ideal seria planejar as cidades buscando completude, por meio de construções mul�funcionais, que ajudam a mesclar diferentes públicos, despertando respeito mútuo e mantendo a consciência em alerta.

Lugares mul�funcionais, dispostos de forma a gerar completude interligados por ruas bem arborizadas, com uma boa conec�vidade, são essenciais para a vitalidade do meio urbano, e perpetuam a noção de cidadania, reforçando na população, o sen�mento de que o espaço público é propriedade e responsabilidade de todos.

“A medida que a vitalidade dos espaços públicos diminui, perdemos o hábito de par�cipar da vida urbana da rua” (Richard Rogers, 1997)

2.7.A Mapa da funcionalidade das edificações

LEGENDA: edificações mul�funcionais edificações monofuncionais

No polígono estudado, observa-se a escacez de edificações com mul�funcionalidade.

2.7. Preserve espaços abertos e ambientes em situação crí�ca

Analisando o perímetro de estudo, observa-se que existem nele poucas áreas verdes públicas, sendo um total de três praças que estão abandonadas pelo público, sempre vazias, com iluminação e segurança precárias, ou seja, não convida�vas.

Além disso, existem poucas edificações de uso misto, e a visão geral das vias é de serem espaços negligenciados, pois não recebem os devidos cuidados tendo em vista seu papel de suma importância para a formação de uma cidade sustentável.

Contudo, pode-se iden�ficar terrenos abandonados ou mal u�lizados que se tornam potenciais de ambientes compar�lhados, abertos e com vegetação.

LEGENDAS:

Espa Os Verdes P Blicos

TERRENOS BALDIOS JARDINS FRONTAIS

ÁREAS LIVRES ENTRE LOTES

As praças localizadas na área de estudo podem ser consideradas negligenciadas pois não cumprem seu papel de ambiente aberto agregador, sempre encontram-se vazias e abandonadas.

Os jardins frontais, quando compar�lhados com o ambiente da rua, contribuem com a biofilia. Terrenos baldios podem ser vistos como locais com potencial de serem mul�funcionais, abertos e com vegetação.

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