RAQUELISIDORO Aartefeminina
-biografiavisual-
AliceHorta
GeovannaVidotti
MarianaElisa ThiagoMachado
UnidadeCurricular:Fotojornalismo
Orientação:Prof.BrunaMibielli
PUCMinas(PraçadaLiberdade)
NascidaemBeloHorizontenodia09defevereirode1965,RaquelIsidoroé artistaplástica,fundadoradoGalpãoParaíso.Enxergaaarte,aespiritualidade,a famíliaesuatrajetóriacomocombustíveisquemantémacesaachamadeuma almaeternamenteligadaàcriaçãovisual.Sejanostrabalhosounasescolhas doscaminhosemsuavida,Raquelnuncaescondeuseuamordomundoe, desdequeiniciounaarte,produzpeçasmaravilhosasqueencantamosolhos dequemasvê.Tivemosahonradeouvirumpoucodesuahistóriaeentendera maneiracomoelasensibiliza,toca,acolhe,encantaeensinapormeiodasua
Como sua infância em Belo Horizonte e sua família influenciaram o seu desenvolvimento artístico ?
Minha infância sempre girou em torno de música, tive pais e avós sempre muito criativos. Meu pai nas pedras, arrasando com trabalhos manuais, minha mãe nas costuras e na música, eu no piano. Me deram aulas de piano, fomos andando e caminhando na música, e com 14 anos a gente tinha uma banda. Eu também cantava, tudo começou na música. No mesmo período, eu era feirante na Feira Hippie, contava dinheiro todo domingo.
E que tipo de música você gostava?
Sou da MPB, enraizada em Minas, no Clube da Esquina: Milton, Beto Guedes, Lô Também Caetano, Gil, Gal, Chico, Djavan Milhares de referências Gosto muito do samba, não sou do rock ‘n’ roll, por mais que ele tenha influência importante para mim, pois ouvíamos quando a gente não tinha internet Sentávamo-nos, não fumávamos nem bebíamos, mas ouvíamos LP’s por horas Aí vinha o rock de fora: Queen, Beatles, muita coisa boa
Você nos contou que foi proprietária de uma loja de decoração de festas. Como foi a transição dessa carreira para a de artista plástica?
Foi quase um grito de liberdade. Eu falava que não ia morrer fazendo festa, apesar de anos de dedicação era tudo muito personalizado, e naquela época isso era notável. Acabou que meu segundo filho nasceu, me separei e decidi largar a carreira de festas. Fiz vestibular e passei. Meu primeiro dia de aula foi no meu aniversário, ganhei o curso de presente. A partir daí, tudo mudou.
Transforme-se.
Viaje e transforme-se. Olhe para dentro e se conheça.
Quais foram as principais influências em sua vida que despertaram seu interesse pela arte?
Não sei... tive pessoas próximas artistas. Um tio meu, maravilhoso, era da TV Itacolomi, fazia novelas de rádio: Salvador Alberto Piti. Uma voz maravilhosa Ele me ensinou a mexer com arte, me levou para a Feira. Ele sabia que eu era artista e me dava “altas cordas”. Me inspiro muito nele. Agora, artistas existem muitos nos campos da música e artes plásticas
ESCOLA GUIGNARD
Na verdade, minha relação com artes visuais foi pós Guignard. Eu curtia exposições, mas não era minha vivência. Trabalhava de segunda a segunda com eventos, tinha casa de festas Para mim foi uma “ilha”, por isso eu falo que tenho uma vida antes e outra depois. Eu olhava para as árvores e enxergava milhões de tons de verde, coisa que eu não via. Eu via na luz que colocava lá, na cenografia que fazia no palco, nas mesas que fazia Mas quando você leva isso para a arte é outra história. Eu cheguei num momento que a arte que eu gostava, como Monet, artes antigas, já não tinham o mesmo valor. “Cheguei errado na hora errada”.
Você também foi professora no Pitágoras. Como foi sua experiência como professora no colégio?
Foi maravilhoso. Entrei no Pitágoras com 18 anos, havia acabado meu magistério. O maior desfaio foi ter que, ainda muito jovem, cuidar de 20 crianças de 3 anos dentro de sala de aula. Esse desafio foi maravilhoso, aprendi para caramba com esses meninos. Como aprendizado, senti que, depois que venci o Pitágoras, posso trabalhar em qualquer lugar
De que maneira ser professora influenciou sua carreira artística?
Foi maravilhoso. Entrei no Pitágoras com 18 anos, havia acabado meu magistério. O maior desfaio foi ter que, ainda muito jovem, cuidar de 20 crianças de 3 anos dentro de sala de aula. Esse desafio foi maravilhoso, aprendi para caramba com esses meninos. Como aprendizado, senti que, depois que venci o Pitágoras, posso trabalhar em qualquer lugar.
Como o galpão estava fechado, eu consegui reunir meus trabalhos que produzia. O galpão, além de galeria, era meu ateliê. Consegui ver o que tinha e falar para mim mesma: “Você tem tanta coisa legal, vamos expor! É a hora de trabalhar o individual”
Estar perto da natureza foi uma escolha fundamental, depois disso não consigo me afastar...
O galpão durou de 2014 a 2019 Em setembro já havia encerrado, até que a pandemia veio em 2020. Na virada de 2019 para 2020, já estava no meu deserto de tristeza... Sem fonte de renda, sem grana, até que consegui um locatário para o galpão. Daí fomos para o sítio, pois era a pandemia e tinha que cuidar dos meus filhos Foi outro momento crucial para mim, assim como ter o galpão, trabalhar no Pitágoras, trabalhar com montagem de eventos...
Dessa forma consegui cuidar da minha família e, ainda, idealizar minha exposição. Tive um patrocínio e, com isso, reformei minha casa para que fosse uma galeria, com iluminação bacana, e ocupei o lugar com meu trabalho. Consegui fazer um portfólio e um filme, exibido online. Foi incrível. Vendi 45% da exposição, apesar da pandemia.
Sobre as exposições, você já fez exposições individuais e coletivas. Quais eram as diferentes sensações?
A minha primeira individual foi a no sítio, em 2021 Porém, a experiencia coletiva é incrível. A primeira que participei foi na FAOP, litogravura. O galpão me levou para dentro do SESCPaladium A casa Camelo nos convidou, foi lindo! Ficamos uma semana, levei minha mobília do galpão Ocupamos por uma semana A Fartura foi o grande Q do galpão Nossa primeira exposição, participei com artista, produtora, curadora, montadora... Mira foi uma exposição sobre arte indígena, que a UFMG preferiu não manter, levamos uma tribo para o galpão, que agora fez a Bienal de Veneza. O galpão foi vanguarda.
Você já passou por algum tipo de discriminação por dificuldades na arte?
Nem fala! Primeiro, quebrando os paradigmas da galeria dominar o circuito de arte Entrei mulher e quebrei as galerias, no sentido de mostrar que o artista pode ser independente Comecei a juntar amigos e fizemos nossa primeira reunião com 54 artistas Para mim o coletivo é isso Ali definimos todos os detalhes da exposição, maravilhoso.
O galpão era uma ilha em BH
Era o Paraíso.
ARTE FEMINISTA
Acho que eu faço arte feminista. Falo para mulheres, pois precisamos nos unir, nos ajudar, coisa que não vivi há pouco tempo. Existe uma luta de uma mulher de 59 anos, 3 vezes divorciada e com dois filhos para chegar aonde cheguei Trabalhei muito A luta como mulher não para Tive um curador que falou que meu suposto “jeito masculino daria super certo”. Uma mulher bela, recatada e do lar não pode, em teorias machistas, ficar em um galpão, pelo estresse do ambiente. Minha obra demonstra que a vida é luta o tempo todo.
Como se manter inspirada para continuar inovando em sua arte?
Tenho fibromialgia, adoro cannabis Acho que me ajuda muito a liberar a criatividade. Além disso, visitar exposições, ler, ouvir música, me sensibilizar na natureza, acho que isso traz inspiração para nossa vida. Dentro do quarto não há inspiração A arte está lá fora
Quais seus planos futuros, tanto pessoal quanto profissionalmente?
Primeiro, que o Brasil continue de esquerda. Segundo, que consiga sobreviver de arte, essa é minha esperança O plano é ficar um tempo fora produzindo em algum lugar e trazer este trabalho. Quero conhecer gente, cultura, arte, pessoas e lugares. Quase um trabalho de campo para produzir pintura
Onde você mais gostaria de ir?
Quero ir para a Itália, algum litoral do país. Tenho raiz italiana.
Tem que mover.
Não pare, mova-se.
A arte e a espiritualidade, a conexão são fundamentais. Minha religião é a natureza, e tem que ser, até porque não dá para parar.