Reabilitação Urbana - A temporalidade dos espaços interrelacionais

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FORÇA

CONSCIÊNCIA



CENTRO UNIVERSITÁRIO DO TRIÂNGULO – UNITRI CURSO ARQUITETURA E URBANISMO

A TEMPORALIDADE DOS ESPAÇOS INTERRELACIONAIS ALICE MARTINS POLARO Monograa apresentada pela aluna Alice Martins Polaro como requisito parcial para a conclusão do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, no Centro Universitário do Triângulo.

UBERLÂNDIA - MG 2020


RESUMO O trabalho tem como tema a Reabilitação Urbana no bairro Patrimônio, situado na cidade de Uberlândia/MG. Elaborado em cinco capítulos, os textos e as análises espaciais procuram construir uma proposta projetual nal que dialogue com as diversas manifestações culturais nos territórios urbanos e nos espaços de memória. O texto busca tecer uma pesquisa teórica em temas cujas terminologias essenciais abrangem as Intervenções Urbanas tais como: Requalicação, Renovação, Gentricação, aprofundando no tema proposto, a Reabilitação Urbana. Neste ponto também será imprescindível a abordagem da relação homem e espaço, como sendo os principais atores da execução das práticas sociais para a consolidação e reprodução da identidade do bairro. Essa análise é balizada com a elaboração e leitura de mapas que conguram a espacialização do patrimônio cultural contido na área de intervenção. Em seguida, apresenta-se um estudo de correlatos, analisando 3 projetos de âmbito nacional e internacional, relacionando com a natureza da pesquisa. E por m, uma proposta projetual seguindo as diretrizes encontradas nas resoluções de pesquisa criando visão estratégica para o bairro Patrimônio.

Palavras-chave: reabilitação urbana, gentricação, identidade, patrimônio cultural planejamento urbano.


ABSTRACT The theme of the work is Urban Rehabilitation in the Patrimônio neighborhood, located in the city of Uberlândia / MG. Elaborated in ve chapters, the texts and spatial analyzes seek to build a nal project proposal that dialogues with the diverse cultural manifestations in urban territories and in memory spaces. The text seeks to weave a theoretical research on themes whose essential terminologies cover Urban Interventions such as: Requalication, Renovation, Gentrication, deepening the proposed theme, Urban Rehabilitation. At this point, it will also be essential to approach the relationship between man and space, as being the main actors in the implementation of social practices for the consolidation and reproduction of the neighborhood's identity. This analysis is guided by the elaboration and reading of maps that congure the spatialization of the cultural heritage contained in the intervention area. Then, a study of correlates is presented, analyzing 3 projects of national and international scope, relating to the nature of the research. Finally, it is a project proposal following the guidelines found in the research resolutions creating a strategic vision for the Patrimônio neighborhood.

Keywords: urban rehabilitation, gentrication, identity, cultural heritage urban planning




Lista de guras Figura capa: Histórias da resistência - Fonte: Autora Figura frase: Fonte:https://i.pinimg.com/originals/31/a6/e2/31a6e20a80179b db282798d9b697a404.jpg Figura 01: Tramas africanas capas capítulos - Fonte: https://www.africanfabric.co.uk/ Figura 02: Grita cidadão - técnica Colagem digital - Fonte: Autora Figura 03: Sequência de fotos ilustrando a Visão Serial aplicada na área do projeto - Fonte: Autora Figura 04: Paisagem urbana: a indenição do espaço - técnica Colagem digital - Fonte: Autora Figura 05: A festa Congadeira - Fonte: https://www.uberlandia.mg.gov.br/ Figura 06: Folia de Reis - Fonte: https://pt.aleteia.org/ Figura 07: A mostra Congadeira - técnica de Colagem digital - Fonte: Autora Figura 08: Mapa Uberlândia 1891 - Fonte: https://www.uberlandia.mg.gov.br/ Figura 09: Esse não serei Eu - técnica de Colagem Digital - Fonte: Autora Figura 10: Sonhe alto pequeno - técnica de Colagem Digital - Fonte: Autora Figura 11: Escola de Samba Tabajaras 1960 - Fonte: http://www.museuvirtualdeuberlandia.com.br/ Figura 12: Escola de Samba Tabajaras 1960 - Fonte: http://www.museuvirtualdeuberlandia.com.br/ Figura 13: Mapa Cultural - Folia de Reis - técnica de Colagem digital - Fonte: Autora Figura 14: Mapa de Delimitação da área - Fonte: PORTOVIVO SRU - http://www.portovivosru.pt/ Figura 15: Baía do Rio Douro - Fonte: Arquivo pessoal Autora Figura 16: Mapa das estratégias propostas - Fonte: PORTOVIVO SRU - http://www.portovivosru.pt/ Figura 17: Imagens Centro Histórico Porto - Fonte: Arquivo pessoal da Autora Figura 18: Mapa de Intervenção Proposta - Fonte: PORTOVIVO SRU - http://www.portovivosru.pt/ Figura 19: Mapa das Habitações - Fonte: PORTOVIVO SRU - http://www.portovivosru.pt/ Figura 20: Mapa das unidades com estado de Conservação - Fonte: PORTOVIVO SRU - http://www.portovivosru.pt/ Figura 21: Mapa dos edifícios patrimoniais - Fonte: PORTOVIVO SRU - http://www.portovivosru.pt/ Figura 22: Cinema - Intervenção em obras - Fonte: Arquivo pessoal da Autora Figura 23: Jardim da Cordoaria - Intervenção de 2001 - Fonte: Arquivo pessoal da Autora Figura 24: Mapa área de Intervenção - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 25: Imagem Igreja Matriz - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 26: Esquema do perl viário de intervenção - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 27: Imagem Patrimônio histórico - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 28: Mobiliários urbanos - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 29: Imagem da intervenção proposta - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-188243/ Figura 30: Esquemas de Uso e estratégias - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-188243/ Figura 31: Parque da Águas - Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-188243/ Figura 32: Imagem Orla Marítima - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 33: Esquemas conceituais - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 34: Mapa das intervenções - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/ Figura 35: Corte da área - Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/


Figura 36: Mapa das intervenções - Fonte: https://big.dk/ Figura 37: Imagem calçadão proposto - Fonte: https://big.dk/ Figura 38: Imagem Praça - Fonte: https://big.dk/ Figura 39: Mapa das conexões pedonais atuais - Fonte: https://big.dk/ Figura 40: Mapa das conexões pedonais - Fonte: https://big.dk/ Figura 41: Imagem beco proposto - Fonte: https://big.dk/ Figura 42: Diagramas viários conceituais - Fonte: https://big.dk/ Figura 43: Imagem Praça proposta - Fonte: https://big.dk/ Figura 44: Imagem Via pedonal proposta - Fonte: https://big.dk/ Figura 45: Imagem design da pavimentação - Fonte: https://big.dk/ Figura 46: Imagem via pedonal - Fonte: https://big.dk/ Figura 47: Imagem Rua Willoughby - atual - Fonte: https://big.dk/ Figura 48: Imagem Rua Willoughby - proposta - Fonte: https://big.dk/ Figura 49: Esquema de localização Brasil e Minas Gerais - Fonte: Editado autora Figura 50: Esquema de setorização município Uberlândia - Fonte: Editado autora Figura 51: Desenho urbano Skyline da cidade de Uberlândia - Fonte: Lilian Tibery - artista plástica Figura 52: Imagem aérea do bairro Patrimônio 1960 - Fonte: Acervo pessoal-Suely Del Grossi Figura 53: Imagem calçada do bairro - Fonte: Autora Figura 54: Imagem calçada do bairro - Fonte: Autora Figura 55: Mapa de sistema viário bairro Patrimônio - Fonte: Autora Figura 56: Imagem do bairro - Rua Tenente Rafael de Freitas - Fonte: Autora Figura 57: Imagem do bairro - Rua Tenente Rafael de Freitas - Fonte: Autora Figura 58: Mapa de gura fundo bairro Patrimônio - Fonte: Autora Figura 59: Imagens do bairro - vazios urbanos - Fonte: Autora Figura 60: Imagens do bairro - vazios urbanos - Fonte: Autora Figura 61: Mapa de cheios e vazios bairro Patrimônio - Fonte: Autora Figura 62: Imagens do bairro - áreas residenciais - Fonte: Autora Figura 63: Imagens do bairro - áreas residenciais - Fonte: Autora Figura 64: Mapa de uso e ocupação bairro Patrimônio - Fonte: Autora Figura 65: Grácos de temperaturas - Fonte: Autora Figura 66: Grácos de chuvas - Fonte: Autora Figura 67: Carta Solar - Uberlândia - Fonte: Editado autora SoLLAR Figura 68: Mapa Bioclimático - Fonte: Autora Figura 69: Mapa Site Analysis - Fonte: Autora Figura 70: Bairro Patrimônio: espaço-tempo da memória - técnica de Colagem digital - Fonte: Autora


SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO .......................................14 1.1 - JUSTIFICATIVA ..............................14 1.2 - OBJETIVO .....................................15 1.3 - METODOLOGIA ............................16

CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1 - ESPAÇO: INTERVENÇÕES E CONSTRUÇÃO DA VIDA HUMANA ................................................................................................20 ...........................................................25 2.2 - MEMÓRIA, PAISAGEM E VALORES 2.3 - A CULTURA POPULAR NO CENÁRIO DOS FENÔMENOS VIVIDOS ...................................................................................................29 2.4 - BAIRRO PATRIMÔNIO: IDENTIDADE LOCAL ......................................33

REFERÊNCIAS PROJETUAIS 3.1 - PORTO VIVO S.R.U ...........................................................44 3.2 - CONCURSO CENTRO HISTÓRICO SÃO JOSÉ - SANTA CATARINA ..................................................49 3.3 - REQUALIFICAÇÃO BROOKLYN - NEW YORK ...................54 3.4 - PROJETO NOVA LUZ ........................................................58


DIAGNÓSTICO DA ÁREA . E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ......................................62 4.1 - LOCALIZAÇÃO 4.2 - ANÁLISE MORFOLÓGICA ....................................................................64 4.3 - ANÁLISE BIOCLIMÁTICA ......................................................................72 4.4 - SITE ANALYSIS ......................................................................................74

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PROPOSTA PROJETUAL 5.1 - CONCEITO ...........................78 5.2 - PARTIDO ...............................78 5.3 - PROPOSTA PROJETUAL .........80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................77


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I N T R O D Ç Ã O


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Figura 01:Tramas africanas

Fonte: https://www.africanfabric.co.uk/


1 - Introdução A maneira que consolidamos a visão de um ambiente físico é realizada a partir da sentimentalidade desenvolvida pelo ser humano ao p e r c e b e r- s e e m u m e s p a ç o q u e e v o c a sensibilidades e percepções. A Topolia foi objeto de pesquisa para Tuan, 1974 e nada mais é que um sentimento e/ou elo afetivo que o homem possui com o ambiente físico. Dessa forma, a casa, a rua, o bairro e a cidade tornam-se protagonistas das inúmeras histórias dos seres humanos, fazendo-se presente no cotidiano dos grupos sociais.

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Os agrupamentos humanos, segundo a Sociologia, ocorrem por carência do homem e realizam-se por classes sociais, anidades religiosas, simbólicas, culturais, entre outras, que deixam marcas físicas no ambiente. Profundas e múltiplas interações sociais são produto natural desse processo. Como parte importante, a paisagem não só participa desses encontros interpessoais, como concebe a dinâmica cultural uma dependência física com o espaço, para manutenção das memórias, identidades, coesão e perpetuação desses aspectos às futuras gerações. Assim sendo, a vida humana inexiste sem a vivência em sociedade, e para a cultura sua perpetuação inexiste sem os agrupamentos sociais.

A globalização trouxe a partir do êxodo rural, maior número de moradores e futuros participantes do drama urbana aos centros, e forçando de maneira abrupta – em um curto período de tempo – planejamento urbano apto a comportar na cidade, migrantes de diversas regiões. O centro tornou-se a parte mais cosmopolita, atrativa aos olhares das famílias mais abastadas e da instalação da evolução industrial. Foi dessa maneira que Uberlândia foi inando seu bairro central, e cabia assim para as áreas periféricas abraçar a causa dos mais necessitados. O bairro Patrimônio tornou-se então o abrigo para a população marginalizada, sendo reduto para os gritos culturais e emoções topofílicas. Atualmente, o mercado imobiliário tem atraído seus olhares para o bairro, instalado em uma zona de transição entre as áreas mais valorizadas e sendo o detentor de baixos valores. Observa-se que na maioria das grandes e médias cidades, o crescimento urbano está baseado no “espraiamento” de seus territórios, ou melhor dizendo para a especulação de áreas culturais, transformando-as em “cenários” e “vitrines”. Ao desconsiderar a cultura latente nos territórios urbanos e pautar um crescimento ancorado no capital, o planejamento urbanístico distancia-se dos princípios de cidades inteligentes1, e aproxima-se do conceito de gentricação.

¹ PRINCIPIOS DE CIDADES INTELIGENTES: capital humano, coesão social, economia, valorização cultural, preservação do meio ambiente, boa governança, planejamento urbano, alcance internacional, tecnologia, mobilidade e transporte de qualidade alta. TANSCHEIT, 2007.


A política de gestão urbana do tipo reabilitação e requalicação, considerando as dinâmicas sócio simbólico culturais vivas, vem a ser uma das maneiras práticas e teóricas de melhoramento do atual plano diretor que guia a cidade. O planejamento urbano para área de requalicação serve como anteparo para as futuras condutas urbanísticas na zona tratada, dando assim continuidade aos bons projetos. Dessa maneira, a dissertação ndará em diretrizes urbanas para gerir o bairro considerando as mudanças já propostas no então projeto. Mobilidade, habitabilidade, preservação do patrimônio e estímulo à novos usos no bairro impulsionarão crescimento econômico e nanceiro para moradores e para a comunidade, sem que esqueçam seu papel de percursor da identidade cultural do município de Uberlândia. Reconhecido por seus moradores como o Patrimônio de Nossa Senhora da Abadia, o bairro de formação negra de baixa renda foi apropriado e reconhecido como território da classe expurgada² diante as dinâmicas socioculturais da época. As disputas territoriais com fundos capitalistas não se limitaram a uma única migração dos expurgados rumo a zona periférica, mas a realidade atual é de gentricação do bairro. Este é um fenômeno que causa alteração da dinâmica composta no local, substituindo as paisagens de caráter popular por construções típicas de áreas nobres.

Reabilitar uma área na qual pressupõe-se que exista memória cultural e topolia, após as justaposições entre as pesquisas realizadas, requer bastante embasamento ndando ao modelo adequado de projeto, fazendo entender as necessidades que o bairro carece, as estruturas sociais presentes e evitar as gentricações capitalistas. Optar por esse tipo de processo urbano para região, permitirá que a historicidade seja valorizada, pelo patrimônio cultural do bairro assegurando a continuidade da função social que a população enraizada oferece por suas ocupações residenciais. O objetivo do presente trabalho é realizar uma proposta de reabilitação urbana para o bairro Pa t r i m ô n i o s i t u a d o e m U b e r l â n d i a , M G. Coincidindo com pesquisas teóricas e de diagnósticos que demonstrem a latente necessidade de um novo planejamento urbano para a área, minimizando o processo de gentricação do local e reforçando a existência dos agentes sociais. Para que isso ocorra, impulsiona-se melhorias no cotidiano dos moradores para se sentirem adeptos as novas adaptações (infraestrutura urbana, mobilidade e habitabilidade) e levantando quão importante é a sua permanência para continuidade das práticas sociais e consolidação do patrimônio imaterial.

² CLASSE EXPURGADA: Racismo estrutural, o qual expulsava os povos negros por serem impuros para estarem habitando a região nobre da cidade com seus ritmos profanos. Conhecidos também, como povo dos “pés vermeio”. DA SILVA, 2012.

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Seguindo os métodos desenvolvidos por Côn. Dr. Martin Segú Girona, a metodologia será do tipo cânone. Utilizar-se-á de quatro etapas processuais: o método exegético (sendo a exposição do tema e quais os subtemas são pertinentes), método prático (a aplicação dos temas para o contexto e efetivação do trabalho), método histórico (apresentação da história do tema) e método sistemático (quão e como é efetivo o trabalho para o contexto atual).

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reprodução dos manifestos culturais³ é então a consolidação da identidade popular inserida em um espaço de conforto. E utilizando da frase de Mahatma Gandhi, “Seja a mudança que você quer ver no mundo“ que inicío a elaboração da melhor versão de transformação seguindo os preceitos culturais.

O projeto será produzido com base num referencial de formatação teórica que será pesquisado em teses, artigos cientícos, publicações em revistas, congressos, pesquisa online digital, documentário e entrevistas com prossionais de diversas áreas do conhecimento para trazer questões de diferentes cunhos e abrangências, tanto pela complexidade do tema abordado. Outros projetos de mesmo cunho serão estudados para se compreender como estão sendo realizadas as cidades da contemporaneidade, para então, o projeto começar a ser concretizado. É papel dos arquitetos e urbanistas, ter o entendimento pelas partes já existentes de uma cidade, sua história, formação, conguração espacial, a população residente e a dinâmica cultural. Todos esses elementos não são imutáveis e vão sofrer remodelações temporais, porém o reconhecimento da importância dos mesmos os tornam peças simbólicas da história urbana, a ³ MANIFESTOS CULTURAIS: para a antropologia, são formas de expressão humana seja verbal, corporal e ou escrita.


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C O N T E X T U A L I Z A Ç Ã O


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Figura 01:Tramas africanas

Fonte: https://www.africanfabric.co.uk/


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2.1 - Espaço: intervenções e construção da vida humana

lugar de existência e concepção do habitar sociocultural. (SANTOS, 1996)

O espaço, sempre muito interligado as concepções intelectuais do tempo, depende de uma forma única que o tempo ocasione suas ações para o espaço existente como matéria de estudo, e de uma forma reversa, o tempo necessita estar envolto por um espaço para que os eventos históricos, presentes e/ou futuros aconteçam. Dessa maneira, o espaço juntamente com o tempo, fazem-se de parceiros nas investidas humanas a historicidade da evolução da vida.

O meio urbano, caracterizado como o espaço geográco de aglomeração humana destinadas à moradia, trabalho, cultura, lazer e comercio, desempenha um papel notável de ocasionador das rotinas vividas pelos seres humanos. Em constante evolução, o meio urbano acomete em seus cidadãos mais que um local de registro, ele é o próprio representante da identidade de um indivíduo somadas para uma comunidade. A relação entre a unidade e sua totalidade indivíduo–sociedade é gerida por uma forte ligação ao espaço o qual é experienciado esse relacionamento.

Para se compreender melhor os conteúdos que abrangem o tema abordado é preciso saber quão importante é a grandeza espacial, em uma análise conceitual maior do que as denições arquitetônicas, e focalizada em como o ser humano se comporta e interpreta o espaço. Dentro do campo multidisciplinar contido nos projetos de intervenção urbana, a Geograa Cultural contribui para o entendimento das relações humanas, essas, imersas na fenomenologia4, a Psicologia Ambiental estará envolto entre as emoções do homem com o espaço e o tempo. Pois, a partir do momento em que a vida se dá em locais determinados para a apropriação espacial, as congurações não são mais a mesma das características formais pois desde aquele ponto em diante os acréscimos humanos fazem daquele determinado território, 4

FENOMENOLOGIA: Fenomenologia: descrição losóca dos fenômenos, em sua natureza aparente e ilusória, manifestados na experiência aos sentidos humanos e à consciência imediata.

A priori o espaço é composto por tudo que permeia a vida humana podendo ser um tema de enormes discussões conceituais. O espaço enquanto grandeza de estudo, assim como o tempo, torna-se necessário para manutenção das práticas sociais, podendo ser divido em grandes esferas de compreensão. Partindo da ideia de Chombart de Lauwe, temos que analisar como o meio ambiente expressa e interfere nas interações sociais, ndando na concepção da palavra “espaço social”. As ideias apresentadas para espaço social “conota uma hierarquia de espaços, dentro dos quais os grupos vivem, movem-se e interagem” (SANTOS,1986, pág. XX). Ainda na linha de pensamento de Lauwe, as esferas dos espaços sociais estariam começando pelo


pelo espaço familiar, rede de relacionamentos (nível doméstico de interação social), o espaço de vizinhança e o espaço econômico (centro de empregos). Entre as marcas físicas acrescidas pelo o ser humano ao apropriar-se dos espaços, os seus bairros fazem com que os seus moradores não só apropriem do local como também o reconheça enquanto sua área, o lugar de pertence. A cidade em suas pequenas porções de áreas, diferentemente das zonas rurais acomete em seus cidadãos inuencias psicossomáticas (MOSER, 1998) com o espaço, pois assim como é visto sendo o meio de reprodução das práticas sociais, ele carrega em si a própria capacidade de gerar sentimentos em seus usuários, sejam bons ou ruins. De maneira mais ampla, a cultura nasce a partir das práticas sociais frequentes imersa em territórios de reconhecimento comunitário, ao modo que o espaço ao estar atrelado de maneira forte com o tempo, e somadas as relações humanas. O conceito de Topolia, diz respeito justamente a capacidade humana de gerar elos afetivos entre as pessoas e os lugares físicos, sendo o sentimento difuso em termos conceituais, porem vivido e concreto nas experiências pessoais (TUAN,1974). Ao ter sido denido o estudo topofílico como obra referência para o trabalho, pode-se compreender que as paisagens perdem seu posto de meras imagens visuais, a partir de suas

afetividades com as pessoas e evoluem para áreas imantadas de signicado. A perpetuação e continuidade da topolia, depende necessariamente da preservação da unidade potencial dos espaços sociais, cultuando a atualização planejada e sistematizada dos espaços e empoderamento das atitudes comunitários. Dessa forma são por intermédio das atitudes atreladas aos espaços sociais que a cultura possuirá maior estabilidade dos que as próprias percepções objetivas dos territórios, tornando-se relação intrínseca entre homem e espaço. O espaço social objetivo denia-se como a “estrutura espacial em que vivem os grupos; grupos cuja estrutura e organização social foram condicionadas por fatores ecológicos e culturais. O espaço social subjetivo era denido como “espaço tal como o percebem os membros de grupos humanos particulares. Em muitos casos, os “espaços “objetivo e subjetivo não coincidiam” – o espaço subjetivo reetia valores, aspirações e tradições culturais que consciente ou inconscientemente distorciam as dimensões objetivas do ambiente. (CHOMBART, Lauwe apud BUTTIMER, 1986 pág. XX)

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Compreender o espaço, é ter a noção de suas múltiplas ações dentro do tempo, e como isso afeta o ser humano na realização da tarefa existencial, ao tentar sempre se situar no espaço e no tempo. O território então, demostra qual seria o alcance, das práticas sociais em determinados espaços com o passar do tempo, e quais seriam suas área de presença/domínio para com o meio que apropriam.

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Os processos de evolução do pensamento espacial, adentra ainda na denição do que seria a compreensão do território. Importante para a interpretação da identidade social, território é entendido como a área de inuência de determinado grupo social na paisagem do lugar. (AMORIM FILHO, apud GOIS, 2013) Dentro da esfera da geograa religiosa, que compreende que a religião também é fruto da fenomenologia e produção cultural, busca entender, como o espaço vivido incube as pessoas um lugar de sentido, lugar de existência. Desse modo a dimensão espacial, ocasionada pela inuência da parcela cultural denominada religião, torna-se território. Todavia, um sujeito ou grupo não está em todo o planeta, mas em uma porção delimitada do mesmo. Essa porção é o seu território. (GOIS, 2013)

As sociedades, no entanto, se deparam com grandes obstáculos para permearem ao meio urbano, aos prestígios de determinadas áreas urbanas e a demarcação espacial inuenciadas pela hierarquização do centro, evidenciando que a periferia seria inferior entre as zonas urbanas. (DA MATTA, 1997) A correlação entre tempo e espaço só rearma como as elaboradas construções metafísicas humanas podem se superinacionar quando o espaço se presta ao tempo, e o tempo interfere na visão do espaço. A carga simbólica que os espaços sociais carregam, sobe a ótica do tempo e da cultura transportam o idealismo dos centros urbanos. O começo do processo de urbanização das cidades brasileiras, foi com a xação das grandes edicações urbanas no alto e centro da cidade, forçando com que as periferia fossem então habitadas e apropriadas por edicações residenciais de menor valor. (SANTOS,1993) Nesse primeiro processo de urbanização da cidade, as relações humanas com o espaço por parte dos grupos sociais menos abastados foram ocasionadas por sentimentos de exclusão urbana, que com o mais tardar seria reconhecido como território cultural pelo mesmo. Com o passar do tempo a relação humana de comunidades excluídas da vida idealizada do centro, se tornou um reconhecimento de pertence a periferia por tanto ter sido desprezada espacialmente. Por estarem os dois


a margem da vida urbana, espaço e comunidade nasceu ali em meados da metade do século XX, uma identidade sócio-espacial. (TUAN,1974) Em meados do século XIV, o Brasil motivado pelo capitalismo estrangeiro inava suas regiões metropolitanas para estimular a tardia industrialização. E evidenciava as desestruturas urbanas, para comportar o alto número de novos moradores. A generosidade das ações temporais com os espaços urbanos, conduziram a dispersão horizontalizada da cidade, impulsionada pelas crises habitacionais. Nomeada, em urbanização espraiada brasileira reformulava as dinâmicas territoriais dos centros urbanos e ressaltava a ineciência do planejamento urbano da época. Deixada para trás a idealizada formação espacial urbana, as comunidades pobres iniciaram as apropriações espaciais nas zonas periféricas. O denominado espaço social, reconhecido para a então pesquisa como sendo o espaço urbano, direciona a uma fonte de pensamento a materialização dos fatos históricos analisados, as apropriação dos territórios, as disputas entre as classes e sua segregação espacial, e pôr m a descrição do que seria as estruturas permanentes da urbanização brasileira. Com as tardias investidas para uma formação consolidada das cidades, o Brasil se via em meados dos séculos XX, necessitado de maior capacidade nos espaços urbanos, uma

que fazia-se frente as apropriações espaciais mediadas pelo mercado industrial. O centro continuava com seu grande prestigio socioeconômico, e a periferia encarregava-se do aumento das habitações populares, assim foi se consolidando a dispersão das grandes, medias e pequenas cidades. A periferização urbana consta na urbanização das cidades brasileiras, como intermédio das apropriações territoriais (CASTRIOTA, 2003). Usada como alternativa ainda nos tempos atuais, o espraiamento concede aos seus moradores decadência em serviços públicos e segregação espacial por classes. Armava, Santos, 1993 que não seria benéco analisar os dados de peso demográco entre o crescimento da urbanização brasileira, pois os mesmo não eram enriquecidos por dados sociais. O espaço urbano, também visto como sendo o espaço social, se vê frente as diculdades das sociedades de permanência em meio aos interesses públicos de comercialização de seus territórios. A topolia então, rompe seu laço com seus moradores antigos por incapacidade de análise da consciência de que o espaço social, seja ele também o espaço urbano é produzido pelo trabalho unicamente humano e que o entrave entre o a produção humana e a continuidade do mesmo depende dos ns lucrativos. (SANTOS,1993

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A chamada urbanização da sociedade foi o resultado da difusão, na sociedade, de variáveis e nexos relativos à modernidade do presente, com reexos na cidade. A urbanização do território é a difusão mais ampla no espaço das variáveis e dos nexos modernos. (SANTOS, 1993, p. 125)

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Se de um lado analisa-se o espaço social enquanto área de produção humana, e o espaço urbano como produto do espaço social em meio urbano, o desao maior seria o de compreender a existência desses locus5 para a vida e perpetuação das virtudes humanas. Reconhecer o território e ter domínio sobre ele, depende unicamente das práticas sociais para manutenção das tradições culturais diante das ações temporais. Além disso, os movimentos motivacionados pelo capitalismo determinam que os espaços sejam apropriados de uma outra maneira. O termo então aqui referenciado é a gentricação, usado de maneira complexa para designar processos vocacionados pelo capital que permite a transformação socioespacial dos espaços urbanos. A comunidade menos abastada passa a não residir em seu próprio locus por intervenções urbanas não planejadas, que não identicam e reconhecem sua importância espacial no cotidiano dos moradores. A localização e os valores imobiliários baixos, passam a ser os fundamentos básicos para a gentricação. 5

LOCUS: ETIM lat. lôcus,i, pl. lôci (masc.) e lôca,orum (neutro) 'lugar, posição, local, posto

Como sendo o espaço urbano, bem mutável as ações temporais e ao poder público, favorece-se aos benefícios lucrativos das condições imobiliárias e assim as famílias se vendem de maneira direta sem terem a dimensão das consequências futuras. A topolia se quebra, o lugar deixa de compreender a sua existência e a expansão horizontal ganha suporte. A grande problemática aqui discutida, é a de reapropriação dos espaços por meio da segregação espacial motivados pelo fundo capital, sem planejamento e sem compreensão das especialidades do espaço adquirido. (BARACUHY, SCOCUGLIA, 2011) As grandes críticas as intervenções urbanas, são como esse processo inicia-se ao elencar certos espaços e passar a incorporar signicados à imagem urbana, promovendo-a como um marketing da urbanidade. Ao efetuar uma seleção de áreas ligeiramente ditas como importante para a historicidade do espaço urbano, o compromisso da sociedade transforma- se e o pseudônimo gentricação ganha força. Passado a ser visto, como cartão postal turístico, as intervenções selecionadas, gentricam e segregam os espaço. Como uma espécie de patrimonialização espacial, os espaços enfraquecem seus laços simbólicos e relações afetivas com os seus residentes. Os lugares devem então, persistirem em seu compromisso social de ser entendido como uma política de residência e como fruto disso, a produção da cultura e identidade comunitária. A gentricação além de quebrar o laço afetivo aos espaços, a Topolia, passa a também enfraquecer a memória e os valores simbólicos com o mesmo.


2.2 - Memória, paisagem e valores Entender os mecanismos da mente humana para estabelecer vínculos com os lugares, interpola o espaço e a memória. A transmissão dos acontecimentos passados com a consciência dos problemas encarados direciona o sentimento de uma sociedade. Por denição a memória é fruto da produção individual das experiências humanas, mas ao serem compartilhadas tomam dimensões históricas muitas vezes não denidas ou planejadas. As memórias sociais, surgem a partir da historicidade dos fatos e oscilação entre o vivido e o imaginário, introduzindo aos membros sociais realidades forjadas pela memória. (CASTELLO, 2000)

Figura 02: Grita Cidadão

Fonte: Autora

As memórias sociais, na verdade conhecida também como memória por tabela, são transferências de experiências, de fatos vivenciados e/ou projeções enunciadas. Nesse transferir, a caracterização da memória possuirá fatos mutáveis e utuantes por partes dos personagens aqui entendido, porém haverá momentos tão cruciais e semelhantes para a identidade e reconhecimento social, que não se permitirá ser mudado ou historiado diferente. Com isso, a memória constituirá poder simbólico e coletivo, mas em constantes evolução e fruto permanente dos grupos sociais. “A memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente” (NORA, 1993, pg. 9).

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Sem dúvida que é impossível conviver com espaços e não lidarmos com as memórias que estes proporcionam em âmbito individual ou coletivamente. Os lugares ganham sentimentos e ganham participação ativa a memória individual, os quais tornam-se também memória de fatos não mais habitáveis porém memoráveis. A memória nivela através da assimilação cognitiva com os museus, templos religiosos, celebrações e festas; a concepção do que seria a ideia de tempo, desvinculando o tempo original de produção para o tempo do observador enquanto pertencente ao grupo social.

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O s Lu g a r e s d e M e m ó r i a , p o d e m s e r concebidos a partir de manifestações sociais sejam elas de bens materiais ou bens imateriais. Esses espaços não recriam a mesma atmosfera vivida, mas simboliza um momento memorável para os grupos sociais. As essências dos lugares de memória está em compreender os fatos importantes que a sociedade já viveu e formaliza-lo para dar continuidade na identidade social. No vai-e-vem do presente e passado que a cidade incorpora os lugares como símbolo e ultrapassa seu sentido temporal, trazendo sentido ao cotidiano humano. (NORA, 1993) Pensar sobre a vivência urbana, implica pensar sobre suas denições enquanto grandeza de estudo e reetir sobre as tantas inuência que o espaço acarreta no cotidiano humano. O espaço é então a

maior parte de uma reexão total que sofremos, atrelado as práticas sociais. Outro ponto de grande suporte a pesquisa é a contextualização da paisagem enquanto valor signicante para o campo da visibilidade e identidade do indivíduo e as práticas culturais. A paisagem é por denição associada as ideias formais, visíveis sobre a superfície da terra. Apesar de não ser fácil de conceber uma noção única sobre o que deniria a paisagem inteiramente, a priori vincula-se a ideia de que seria a capacidade de ver e ter noção do mundo e como se articula, e como se compõe enquanto uma cena vista, seria então seu fundamento. Para a arquitetura, CULLEN (1961, pag.10) foi o que tentou chegar na mais próxima e gentil compreensão de como descrever a paisagem estando esta imposta em meio ambiente urbano. A ótica, o local e o conteúdo seria sua trilogia conceitual, pois o homem sendo dotado pelo sentido visão, está em uma busca incessante de entender o local o qual está e começaria a ter noção do conteúdo que abrange aquele determinado ângulo de visão. A inteligência humana, faz com todas essas pontualidades sejam organizadas, para posteriormente selecionar os elementos importantes para a memória do espaço visto. A organização visual depende do espectador, enquanto corpo revestidos de signicações diante dos comportamentos sociocultural.


pontuada por uma série de contraste súbitos que têm grande impacto visual e dão vida ao percurso [...]. (CULLEN, 1961, pg. 15).

A paisagem seria algo intimamente ligado ao espaço e como o percebemos, mediante a cada situação visual. Por se tratar de algo tão pessoal, seria a paisagem urbana difícil de descrevê-la em suas características formais por estarem ligadas às cenas vistas? Se entendermos como sendo fenômeno vivido, estaríamos vendo além de suas características formais, ao passo que a paisagem é bem mutável, e proveniente das capacidades humanas. É preciso saber que, a paisagem é denida pelo compilamento das representações formais semelhantes, impulsionadas pela organização afetiva do sujeito. Ao conceber-se então uma imagem da paisagem urbana, estariam sendo formadas ideias apenas usando a mesma como espelho da afeições individuais.

As visões seriais, auxiliam na compreensão e entendimento da paisagem diante a morfologia6 e 7 fenomenologia . As inuências que esses dois campos de estudos acometem na vivência do moradores, é na memória da cidade, fazendo-se ser percebidas em suas formas e elementos estruturantes. Outro ponto de estudo, vocacionado na descrição da paisagem urbana, é a teoria desenvolvida por Kevin Lynch, teórico que desbravou suas pesquisas nas maneiras que o cognitivo desenvolvia a Imagem da cidade. Os espectadores da cidade segundo LYNCH, 1960 estaria depostos como elementos móveis da composição da imagem da cidade, e por serem produtores e percursores das diversas dinâmicas sociais estariam a possuir numerosas relações com o ambiente urbano, pois estariam impregnados de signicações e memórias, ou seja, evocados por sentimentos anteposto a leitura espacial.

O estudo da paisagem não é apenas para uso da descrição e análise dos processos humanista que se acomete, mas em compreender as relações existentes com o entorno, e como isso afeta o indivíduo. Sendo assim, Cullen em sua teoria ndaria no conceito de Visão Serial, o qual o ser humano é produtor de inúmeras paisagens diante os diversos ângulos visuais. A visão serial seria então:

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O percurso de um extremo ao outro da planta a passo uniforme, revela uma sucessão de pontos de vista, conforme se procura exemplicar através desta série de desenhos. [...] A progressão uniforme do caminhante vai sendo 6

MORFOLOGIA: Estudo da aparência, da forma e dos aspectos externos da matéria analisada. FENOMENOLOGIA: descrição losóca dos fenômenos, em sua natureza aparente e ilusória, manifestados na experiência aos sentidos humanos e à consciência imediata. 7


Compreender a paisagem urbana, implica conhecer a sociedade que a habita e o que essa sociedade percebe sobre o ambiente vivido. A demanda dos grupos e/ou indivíduos em compartilharem as imagens e percepções das leituras do meio urbano, implica em signicância e memória da paisagem, pela releitura dos processos cognitivos. O espaço enquanto fenômeno da paisagem urbana, é detentor em sua fundação dos acréscimos humanos para apropriação espacial e produtor das memórias aos lugares vivenciados.

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Figura 03: Sequência de fotos ilustrando a Visão Serial aplicada na área do projeto Fonte: Autora


2.3- A cultura popular no cenário dos fenômenos vividos Assim como o espaço e a paisagem são de denições difíceis e complexas, a cultura popular por ser o produto dos feitos humanos nos ambientes referidos anteriormente, iria possuir denição semelhante em termos de complexidade. De conceito impreciso, a cultura vem sendo transformada e redenida desde os tempos do século XIX até o momento atual.

Figura 04: Paisagem urbana: indenição do espaço

Fonte: Autora

O início de sua trajetória conceitual, a cultura popular foi classicada como conjunto homogêneo diante a diversidade das manifestações culturais, até então analisados no meio rural. Entre as prossões de artesãos, tecelões, pastores, lavradores, etc. os valores culturais eram totalmente inuenciados pela natureza, ainda forte no convívio humano. Motivacionados pelo crescimento das zonas urbanas, a industrialização e alfabetização da população, os tempos modernos traziam aos estudiosos da época uma crescente necessidade de catalogar, registrar e documentar os produtos das tradições sejam eles materiais ou imateriais. (COSTA, 2015)

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I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações cientícas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edicações e demais espaços destinado às manifestações artísticoculturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e cientico. Parágrafo 1. O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro por meio de registros, vigilâncias, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. (BRASIL, 1988 apud CASTRO, 2008)

Em meados do século XX, a expressão “cultura popular” é acrescida pelo termo folclore8, cultura tradicional e cultura de massa. Esses termos não denem a totalidade que a cultura popular possui, mas o liga diretamente para entendimento compreensível. A palavra popular é usada no sentido enquanto mais acessível à população, ou seja em seu populismo, e enquanto a popularidade, ao modo de sua repercussão fácil.

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Diante isso, cultura popular nos tempos contemporâneos é entendida como nada menos do que a propriedade humana ao produzir práticas sociais e processos de comunicação, que assim gera interação humana baseada em formas simbólicas para os grupos sociais. A cultura popular é a própria identidade simbólica dos grupos. Para salvaguardar as propriedades excepcionais que a cultura popular tem, foram criadas legislações especicas de nalidade de sensibilizar a comunidade e o governo Federal da importância da preservação e proteção dos patrimônios culturais. Art.216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais incluem: 8

Figura 05: A festa Congadeira

FOLCLORE: Palavra vinda do inglês “folk-lore” de signicado sabedoria popular. É o modo de expressar o modo de pensar, agir e sentir das sociedades humanas. São manifestações dos costumes tradicionais, superstições, cantos, festas, indumentárias, lendas, crenças e artes transmitidas a cada geração. (SENAC MINAS)

Fonte: https://www.uberlandia.mg.gov.br/


As associações simbólicas de teor material ou imaterial, são mediadas pela inevitável necessidade de estruturar as identidades sociais que os grupos praticam para rmarem-se em comunidade. Os elementos estruturais desempenham valores e signicados a percepção ambiental. Usada como ferramenta para o compartilhamento das práticas sociais, os elementos estruturais conferem memória espacial, percepção ambiental e concretizam as referências culturais. Essas por sua vez, são esculpidas a partir das diversas manifestações que a comunidade determina um uso, e o utiliza com frequência, dentro dos espaços simbólicos do meio urbano. Desse modo, “Signicados que acabam por conferir valor aos espaços urbanos, transformando-os em referências socio-culturais.” (CARR, 1967 apud CASTELLO, 2000) O simbolismo utilizado na cultura popular, transforma simples objetos em instrumentos de expressão do patrimônio cultural, como já citado podendo ser material ou imaterial. A diferenciação do bens culturais materiais para os imateriais, está na sua essência, os imateriais são transmitidos sem uma forma física e capazes de se permitir recriar-se entre as comunidades transpassados pelo tempo, pois assim sua reformulação estaria contribuindo para a promoção do respeito as diversidades culturais e estimulando a criatividade humana.

A passagem do tempo é item importante para impulsionar as dinâmicas sociais, de cunho cultural. Com a diversidade no seu repertório de usuários, a cultura transpassa o tempo com consistência em seus elementos simbólicos, a m de evidenciar os valores de nível estético, histórico, cientico, social ou espiritual. Ao modo que a cultura popular está incorporada em um sitio, tudo que estiver em consonância com o local estará sendo causa e feito da manutenção da signicância cultural. Os pilares estruturais para a composição de uma signicância cultural estão nas associações diretas feitas pelo uso da memória, coletiva ou individual usando de estrutura de recordação os instrumentos simbólicos da memória da sociedade. Com isso o simbolismo e a signicância cultural, determinados pelo uso das estratégias de reconhecimento subjetivo representa um importante instrumento para valorização das manifestações culturais. As percepções subjetivas das sensações que o espaço, enquanto paisagem urbana fornece aos atores da dinâmica social trazem consciência ao uso dos recursos visuais e táteis da cultura, a partir do acionamento da memória interagindo com os bem patrimoniais. As experiências inter-relacionais entre bem patrimonial (material ou imaterial) e paisagem urbana acabam a atribuir valores e signicados para com a identidade social. (ZANCHETTI, MAGALHÃES, 2014)

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A face exposta dos bens culturais competem com a percepção, sensação e memoria da qualidade dessa exposição, quanto melhor conservada e bem cuidada maior será sua perpetuação.

Figura 06: Folia de Reis

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Fonte: https://pt.aleteia.org/

Com a nalidade de estar sempre estimulando a valorização da cultura popular, ao saber que esta inuência a identidade social o comportamento do bem patrimonial é ponto importante. A contemporaneidade trouxe consigo discussões de como garantir a preservação dos bem patrimoniais em sociedades tão factíveis a mudanças e transformações espaciais. As especicidades produzidas nos espaços a partir da expressão cultural depende da dinâmica entre a conservação dos bens patrimoniais e da signicância dos valores culturais. A maneira com que o bem patrimonial se conserva entre as ações temporais determina o modo que os usuários irão compreendê-la.

A conciliação entre o entendimento do espaço enquanto fenômeno da paisagem urbana vivida, possuidora de lugares que impulsionam memórias e bens culturais que dependem dos signicados e valores simbólicos atribuídos para manutenção do mesmo, apresenta assim a nova dinâmica que os arquitetos e urbanistas contemporâneos devem compreender para o desenvolvimento sustentável do novo urbanismo.


2.4 - O bairro Patrimônio: identidade local A cidade de Uberlândia, possui grandes particularidades em sua formação e construção histórica, desde as maneiras com a qual foi a apropriação espacial até as resoluções formais da paisagem urbana. A data do início de sua trajetória, é por volta de 1818, quando um grupo de tropeiros paulistas passaram pela região e apelidaram em Sertão da Farinha Podre. Até então, no local residia a sede da fazenda São Francisco, da sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro a se xar nesta região. Em 1835, ocorreu a venda de parte da propriedade das terras de Rocha, que foram de aquisição dos irmãos: Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, as áreas ainda pertencem atualmente as zonas rurais do município. (PMU – Uberlândia)

Figura 07: A mostra Congadeira

Fonte: Autora

No vilarejo já se abrigava uma porção numerosa dos habitantes. Os moradores já pensando em consolidar o município, requisitaram ao Bispado, permissão para simbolizaram esse feito a partir da construção de uma igreja em homenagem a Nossa Senhora do Carmo. Concluída em 1861, tornou-se símbolo da futura identidade uberlandense e igreja matriz. (PMU- Cartilha Nossas Histórias). O Arraial posteriormente foi nomeado em Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha.

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religiosidades na praça da igreja do centro, e que após os crescimentos urbanos do município não deveriam residir no mesmo. (RODRIGUES, João Mestre Bolinho, 2017)

Figura 08: Mapa Uberlândia 1891 - destaque para a área do projeto Fonte: https://www.uberlandia.mg.gov.br/

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Entre outros feitos realizados por moradores para “urbanização”, está na incorporação de doze alqueires pelo senhorio José Machado Rodrigues a igreja de nossa Senhora da Abadia, no ano de 1857. Localizado na zona Sul atualmente, esta área deu origem ao Bairro Patrimônio. Em 1888, a cidade havia sido emancipada e tornar-se-ia de nome Uberlândia, no mesmo momento foi realizada a abolição ocial da escravatura. A concepção do bairro Patrimônio foram em meados de 1883, por meio da doação de terras por parte da igreja a comunidade, visto que o centro estava ocupado predominantemente por classes mais abastadas. A população que passou a residir nas proximidades da capela Nossa Senhora da Abadia, eram por formação negros que manifestavam suas

Foi a partir desse primeiro processo de expulsão dos negros libertos, que as margens brejosas e a região ilhada entre o Ribeirão de São Pedro e o Rio Uberabinha foram sendo ocupadas. Com enorme oferta de mão de obra e localização adequada que na área foi instalado em 1894, o Matadouro Municipal e em 1922 instalou-se a charqueada Ômega. E denominou-se então o “Bairro de Pretos” em 1938, o qual era uma verdadeira ilha de entorno imediato aos bairros de classe média alta, constituído por 55 casebres e 320 moradores. O papel da proximidades do Rio Uberabinha então Patrimônio foi em acolher e propiciar as práticas sociais, logo a paisagem urbana do bairro é excepcionalmente importante para a comunidade Congadeira. Sem o espaço não haveria cultura e sem a cultura não teria identidade social. A comunidade do Patrimônio de Nossa Senhora da Abadia, relacionava-se com o território em construção como lugar de pertencimento, lugar renegado abrigando pessoas desqualicadas. Foi a partir dessas pr e m i s s as que os m or ador e s , tor n ar am e conceberam um bairro com raízes identitárias fortes.


Como já visto, as identidades culturais são formadas das dinâmicas sociais, que permitem a produção de elementos estruturais para a signicância cultural. No bairro Patrimônio, os moradores são de predominância afro descentes e com isso aoraram seu lazer cultural para as festividades religiosas de matrizes africanas. O congado, no ano de 2008, foi registrado como Patrimônio Imaterial Municipal pelo decreto de número 11.321, sendo assim inscrito no livro de celebrações I, página 03. A festa de Folia de Reis, tardiamente passou pelo mesmo processo no ano de 2016, pelo decreto de número 16.836, inscrito no livro II, página 04. (PMU- Uberlândia) Além desses, o carnaval e as rodas de Samba são elementos referência da historicidade do bairro. A festa intitulada Congado, é em louvores a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Uberlândia. Celebrados nos meados do mês de agosto, reunindo todos os Ternos Moçambiques, Conguês, Catupés, Caboclinhos e Marujos. O objetivo do ressoar dos tambores é em culto a liberdade enquanto símbolo da fé e esperança, e a partir dele resulta-se também nas visitas ao seus devotos, rezas de terços e realização de leilões pela cidade. A verdade por trás das celebrações, está no feito das comunidades africanas em cristianizarem suas Figura 09: Esse não serei Eu Fonte: Autora crenças. A santa negra de nome Santa Egênia, não A base das relações afetivas eram próprias das era aceita pela comunidade branca e os senhores de Escravos não permitam que os mesmos continuassem dinâmicas sociais, que viriam a ser a cultura popular. com as suas práticas religiosas diversas da deles, desse Rodas de Sambas, Carnaval, a festa de Folia de Reis e o modo a fé e os ritos religiosos foram moldadas para Congado são as manifestações concebidas no ressinto. serem aceitos socialmente. (BRASILEIRO, 2001)

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Dos ternos existentes para com os que foram extintos, tem-se uma relação protagonizada por Brasileiro, escritor negro que catalogou um total 15 ternos de congados residentes da cidade de Uberlândia atualmente. A trama da história dos ternos congo, é relatada por duas dimensões historiográcas, dentro da realidade Uberlandense a história conta com a xação da comunidade negra praticante do congo, na antiga região de Santa Maria (atualmente distrito de Miraporanga) que após terem suas terras tomadas foram para as proximidades do rio Uberabinha – atualmente o conhecido bairro Patrimônio – abrigarem-se. A segunda versão, conta de forma mais generalizada, pois foi a partir do lendário Velho André que bateu o tambor como símbolo de resistência das liberdades vetadas do seu povo, enquanto criolos e negros cheios de cansaço dos trabalhos desumano, escutavam os tambores e estruturaram em rito para celebrar a liberdade dos povos dominados. (BRASILEIRO, 2001) Ambas demostram a capacidade de resistência da manifestação cultural mesmo pelos conitos vividos e em ainda serem vistas como atos de lutas libertárias, em culto a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Além disso, demonstraram que o local de resistência foi item importante para que as práticas sociais se consolidassem nas dinâmicas culturais do município. As diculdades encontradas pelos negros de cultuarem suas religiosidades, era proveniente da necessidade da alta sociedade de distanciamento

entre classes. Os cultos religiosos em razão da fé dedicada à Nossa Senhora do Rosário e São Benedito passou por diversos conitos territoriais na cidade, e ritos clandestinos por conta do racismo. A igreja assim como as ruas da cidade, dividiam os usos como forma de ainda resistir as investidas das pessoas de “cor” em terem voz e discurso sociocultural. O que faz com que ainda tenha resistência da festa Congadeira, é em como ela se designa como reunião de todos os ternos, numa autoridade chamada “Capitão-mor”, em meio aos espaços que são possíveis o desenvolvimento das teias de contato e união anual de todos os grupos na igreja matriz. A iconograa construída anualmente pelos grupos, descrevem em suas cores, vestimentas e adornos as signicância dos símbolos materiais importantes para dar suporte à memória e a composição cênica junto a festa. Por ter sido o primeiro abrigo e reduto da liberdade das manifestações culturais de raízes africanas, o bairro Patrimônio possuí atualmente 4 ternos de congos que pertence efetivamente as rotinas culturais, sendo eles: Terno Congo Sainha caracterizado pelas cores branca e azul clara e as sanfonas, caixas de couro, cuíca, violão, chocalhos e reco-reco; Congo Camisa Verde com cores branco, verde e amarelo (homenagem a bandeira nacional), pandeiros, caixas, tamborins, reco-reco, chocalhos,


chocalhos, viola, violão, cavaquinho e cuíca; Moçambique Princesa Isabel de ojá azul, camisa branca, ta azul na cintura, saiote azul-claro, calça branca e tênis branco; e por m Moçambique Pena Branca de Nossa Senhora do Rosário usando camisa azul marinho, calça branca, lenço branco e faixa amarela como suas cores principais e tendo nos instrumentos o maracanã, surdo, surdinho, surdão, chocalhos e ripiliques. (BRASILEIRO, 2001) Outra manifestação cultural também vista no bairro e na cidade é a festa de Folia de Reis, de cunho devocional da religião católica. A festividade é realizada na jornada de 7 dias entre o dia 06 à 20 do mês de Janeiro. Essa tradição sem mantêm na cidade c o m m a i s d e 5 0 g r u p o s d e Fo l i a , c o m aproximadamente 12 componentes cada, que a partir dos cantos e rezas feitas acreditam estar em um ritual para dialogar com Deus e os Santos Reis para proteção das contingências da vida. Esse rito é uma forma de homenagear as trajetórias feitas pelos três reis Magos ao levaram os presentes para o nascimento do menino Jesus, em Belém de Judeia.

Figura 10: Sonhe alto pequeno

Fonte: Autora

Os personagens sempre emblemáticos da festa, são: o palhaço o qual representa quase sempre os soldados de Herodes que foram perseguidores do menino Jesus, e os três reis magos Baltazar, Belchior e Gaspar. O estandarte ou bandeira é o item iconográco da festividade, seu propósito é ser levado pelos mais diversos devotos que solicitam sua presença

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em suas residências. É a aura da sacralidade do evento e a materialização do sagrado entre cores, imagens divinas, tas, franjas e outros elementos decorativos. O foliões elaboram suas vestimentas muitas delas manualmente, com cores branca, verde, azul e amarelo. Enchendo de vigor, alegria e mostrando suas estruturas referencias para a memória cultural, a folia de Reis também é patrimônio imaterial presente no bairro. (KODAMA, 2009)

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O carnaval da cidade de Uberlândia iniciou-se no século XX, provavelmente 1907 por iniciativa do capitão Henrique de Castro. O bloco Caricatos, era formado por jovens de São Pedro do Uberabinha que saíram às ruas para fazer folia e críticas aos fatos políticos da época. A participação popular, especicamente da comunidade negra, foi na década de 30 quando tenentes atravessaram a cidade para adentrarem-se a Avenida Afonso Pena, que até esse momento era local festivo para a classe elitista uberlandense. Esse grupo foi até a avenida como forma de liberdade de expressão e participação da cultura popular, era chamado de bloco do Tenente Negro, de base do bairro Patrimônio, foi o bloco que deu origem a primeira escola de Samba em 1948 por Devanir dos Santos. (LOTINHO, 1992)

A escola de samba que viria da participação popular do bloco do Tenente Negro, em 1953 foi ocialmente criada pelos mestres pato e Lotinho, a escola de Samba Tabajaras. A Escola de Samba Tabajaras foi criada em 1954, a partir do bloco carnavalesco com sede no extinto bar "Caba Roupa" ou José do Patrocínio, reduto dos negros. A rádio Educadora, vendo o envolvimento da população com o carnaval, decidiu em 1956 realizar o primeiro concurso de escolas de samba da cidade, sendo a Tabajaras sua primeira campeã. Também foi vencedora do primeiro carnaval ocial de Uberlândia em 1957. Seu nome foi inspirado na Orquestra Tabajaras, de Severino Araújo, e também em homenagem aos índios Tabajaras, inspiraram a primeira fantasia de seus componentes foliões.

Figura 11: Escola de Samba Tabajaras 1960 useuvirtualdeuberlandia.com.br/

Fonte:http://www.m


A comunidade negra nem sempre foi muito aceita nos carnavais, e como forma de reduzirem os expectadores e o intercâmbio entre brancos e negros, o carnaval nos clubes foram crescendo para mudança no convívio. Mesmo com essa tentativa, as escolas de Samba e antigos blocos seguiam na avenida levando alegria e cor. Tornaram-se famosos, os festejos carnavalescos em clubes, mas o calor da cultura popular ressaltava a capacidade da cultura unir pessoas.

Figura 12: Escola de Samba Tabajaras 1960 tualdeuberlandia.com.br/

Fonte:http://www.museuvir

Em meio a tantos festejos que a comunidade do bairro Patrimônio vivência e já vivenciou, as grandes mudanças físicas de caráter nanceiro levaram para outra realidade visual do bairro. Os questionamentos bastante pertinentes de teor da resistência cultural, foram ocultadas na segregação espacial. O primeiro processo de gentricação se deu pela determinação territorial dos espaços entres os dos brancos e dos negros, respectivamente centro e periferia.

Agora, após o disfarce desse processo passado, a fase se repete nos meados dos anos de 1970 a 2000 em que ocorreu grande desenvolvimento econômico do município. O processo de imigração da população do campo para os centros urbanos na mesorregião do triangulo mineiro e alto Paranaíba se comportou de forma massiva tanto para os imigrantes camponeses ao deixarem suas moradias como para o centro urbano receptor dos seus imigrantes (Fundação IBGE, 1996). O município mais uma vez se via em grande processo de transformação territorial vocacionado pelo crescimento econômico, e necessitaria de planejar o uso e a ocupação do território para que a forma espacial obtivesse controle aos limites territoriais. Essa seria a expectativa que a população deveria ter dos seus governantes em suas campanhas partidárias, porem a realidade é bem diversa. O centro inou e perdeu seu tanto e querido prestigio, cabendo a periferia e se moldar aos novos paradigmas modernos. Edifícios novos, ruas mais movimentadas, baixo número de habitações comerciais e população em busca de trabalho foram os pontos primordiais da segunda segregação espacial em Uberlândia. Ao passo do crescimento antevia a gentricação da periferia. O bairro Patrimônio, localizado na zona Sul da cidade, passava por questionamentos territoriais, que se ali deveriam ainda permanecerem

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pessoas desqualicadas para a nova área de prestigio urbano. O morar na zona sul nunca foi tão disputado, e nada mais evidente do que precicar as paisagens urbanas entremeadas de símbolos memoráveis. Como meio de negócio, a comunidade se vendo em constante necessitada de fundos nanceiros tornaram a venda de suas residências uma alternativa.

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Na tentativa de rever as pressões imobiliárias, no dia 6 de setembro de 2013 foi iniciado discussões sobre a possibilidade de tornar o bairro um quilombo urbano, onde a comunidade reuniu-se com representantes da Superintendência de Igualdade Racial - SUPIR, no Centro de Formação do bairro Morada da Colina. As reivindicações era de possibilitar a criação na região da cidade de Uberlândia uma área tombada territorialmente por suas questões históricas, tradicionais e manifestações culturais da comunidade negra. A mudança da visão da paisagem urbano do bairro para quilombo urbano, iria propiciar a preservação das culturais materiais e imateriais. E a partir da preservação também da delimitação territorial, minimizando as mudanças que segundo moradores foram desaparecendo as identidades territoriais do bairro. (MENDES, 2014) Vale acrescentar que a ausência de políticas públicas que assegurem a permanência de moradores no bairro escancarou a alternativa de negociação do terrenos. Atualmente, o bairro vive um

um processo ainda que reversível de gentricação, mas que gradualmente podem enfraquecer a topolia e os lugares de memória presentes. Portanto as intervenções urbanas, vem em confronto direto a um apelo nostálgico de reabilitar um espaço temporal em que as convivências e as possibilidades de relacionamentos e trocas nas paisagens urbanas eram notarialmente mais intensa.


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Figura 13: Mapa cultural - Folia de Reis

Fonte: Autora


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R E F E R Ê N C I A S

P R O J E T U A I S


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Figura 01:Tramas africanas

Fonte: https://www.africanfabric.co.uk/


3.1 - PORTO VIVO S.R.U. Ficha técnica Autor: Câmara Municipal do Porto (CMP) Ano: 2008 Local: Porto - Portugal Idealizador do projeto: Câmara Municipal do Porto

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No dia 5 de Dezembro de 1996, em seus grandes encontros, na cidade de Mérida-México, a UNESCO incluiu o Centro Histórico do Porto na lista dos Patrimônios Mundiais, colocando a cidade na rota dos grandes sítios de valores culturais para com a humanidade. Ao inscreve-lo utilizou-se do IV Critério Figura 14: Mapa de Delimitação da área Fonte: PORTOVIVO SRU Cultural, por considerar que o “Bem possui notável valor universal pelo seu tecido urbano e pelos seus As importâncias levantadas pela UNESCO, inúmeros edifícios históricos que testemunham o colocava o município a cargo de uma conservação e desenvolvimento ao longo do último milênio de uma continuação dos legados portugueses. Visando ressaltar o sítio patrimonial, o desenvolvimento do cidade Europeia virada para o Ocidente pelas suas projeto à longo prazo necessitava ser sempre ligações comerciais e culturais.” (PORTOVIVO SRU) planejado. A Câmara Municipal do Porto, O título de patrimônio Mundial, não só dava um valor universal as dinâmicas culturais do local, como também o revestia de caráter excepcional para as presentes e futuras gerações. Assim sendo, a proteção permanente deste patrimônio é de maior importância para toda a comunidade internacional também.

promoveu desde o dia 5 de dezembro de 2008 estratégias de melhorias ao patrimônio Mundial, Centro Histórico do Porto, e em toda a comunidade participante da dinâmica municipal. O pensamento desenvolvido em todos os planos sempre foi que apesar dos limites históricos serem no centro, as intervenções seriam incluídas a nível total do município, construindo uma solída estrutura urbana. (PORTO VIVO - SRU)


“Proteger, Preservar, Valorizar e Promover o Centro Histórico do Porto Património Mundial, Expressão Física da Natureza Universal da Criatividade Humana, Coração e Alma da Cidade, Fonte de Vida e Inspiração das Gerações Atuais e Futuras.” (Câmara Municipal do Porto, 2008, p. 152)

O projeto de reabilitação urbana iniciou-se com o desenvolvimento de um plano de gestão e apontamento dos principais problemas enfrentados. O plano de gestão serviu como grande diretriz urbana para as tomadas de decisões, os primeiros 2 volumes referem-se à parte de diagnóstico das áreas, com a caracterização, reexão e proposta de estratégias. Para que isso ocorresse a maior diretriz era a preservação, valorização e salvaguarda do território pois assim garantiria a sua vitalidade em longo prazo.

Figura 15: Baía do Rio Douro

Fonte: Autora

Figura 16: Mapa das estratégias proposta

Fonte: PORTOVIVO SRU

O Plano de Gestão foi organizado em 3 Volumes, sendo que os dois primeiros eram, sobre o diagnóstico do sítio, caracterização, reexão sobre as principais oportunidades e desaos e proposta de estratégia, foram objeto de uma publicação. O Volume 3 corresponde a um conjunto de anexos que serviram de base à elaboração deste Plano. Conforme o n.º 1 do artigo 3.º dos Estatutos da Sociedade, a Porto Vivo, SRU tem como objeto social a promoção da reabilitação urbana na cidade do Porto através da: a)Coordenação e gestão da reabilitação nas unidades de intervenção com documentos estratégicos aprovados;

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b)Coordenação, gestão, acompanha-mento e avaliação das operações de reabilitação urbana aprovadas na cidade do Porto, em que a Porto Vivo, SRU seja designada gestora, nos termos do disposto no Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, na sua versão atualmente em vigor; c)Reabilitação do parque habitacional da cidade, identicados na estratégia municipal de habitação do Porto, com exclusão dos edifícios destinados a habitação de interesse social, designadamente através da construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e gestão dos edifícios destinados à habitação a custos acessíveis ou das habitações localizadas nas denominadas “ilhas” da cidade.

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As estratégias pontuadas nas fortes necessidades de valorização cultural do patrimônio da cidade, a partir da reabilitação urbana foram designadas por meio da coletânea de mapas de diagnóstico da área de projeto, nas guras 18 e 19 nota-se como foram especícos e detalhados os estudo do local.

Figura 17: Imagens Centro Histórico Porto

Fonte: Autora

Figura 18: Mapa de Intervenção proposta

Fonte: PORTOVIVO SRU

Figura 19: Mapa das Habitações

Fonte: PORTOVIVO SRU


Os mapas são elementos importantes, para pontuar as edicações no nível municipal. Além de conseguir catalogar ao serem dispostos em um mapa, a edicação cará marcada perante suas características como patrimônio material. Nos mapas anteriores, pode-se notar que foi necessário uma divisão internas entre quarteirões, para controlar determinadas regiões diante os documentos estratégicos, colocando datas e normas especícas para os mesmos. Por se tratar de um município antigo, com marcos históricos de 711 D.C ( depois de Cristo), foi preciso também entender como as antigas muralhas se comportam com o espaço e como elas denem a paisagem urbana. Visto nas guras 20 e 21.

Figura 20: Mapa das Unidades com estado de conservação

Figura 21: Mapa dos edifícios patrimoniais

Fonte: PORTOVIVO SRU

Fonte: PORTOVIVO SRU

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CONTRIBUIÇÃO PROJETUAL: O projeto PORTOVIVO, contribuiu para a percepção e avaliação de como se devem proceder as intervenções urbanas, que incluam bem patrimoniais de nivel municipal, nacional e internacional. Compreender a dinâmica desenvolvida permitiu entender o qual é importante ter uma visão da totalidade para se obter uma ação de melhor planejamento.

48

As mudanças feitas na cidade de Porto, ainda estão em desenvolvimento, mas as transformações visuais de grande porte já beneciaram grande parte da população. Foi possível ver que projetos como Plano Inclinado, de impulsionamento das habitações, criaram pontes de dinamismo de uso e moradores.O uso do comércio nos primeiros andares dessas habitações reabilitadas beneciaram a

Figura 22: Cinema - Intervenção em obras

Fonte: Autora

Figura 23: Jardim da cordoaria - Intervenção 2001

Fonte: Autora

atividade comercial e tornaram as vias com ciclos de vida maiores. As praças sempre vivas, ruas sempre bastante frequentadas e habitações com grandes ofertas diversicaram o modo de vida português. Há um ponto que deve ser pensado, e ser considerado, Portugal é frequentemente visitado durante o ano, e com isso as politicas habitacionais também vieram como possível solução para uma futura gentricação. Os alojamentos locais, são estabelecimentos que não se enquadram como empreendimentos turísticos mas estão a prestar serviços temporários, notadamente turístico. Dessa maneira, ocorre uma proteção do imóvel perante a paisagem urbana, com modicações internas para cumprirem o papel de alojamento. Visto que o projeto teve um planejamento urbano, as medidas adotadas foram capazes de desenvolver a cidade. Seria mais possitivo o projeto se tivesse desenvolvidas marcas a nivel dos usuários, mobiliários urbanos de identidade.


3.2 - CONCURSO CENTRO HISTÓRICO SÃO JOSÉ - SANTA CATARINA Ficha técnica Autor: Camila Thiesen, Cássio Sauer e Elisa Martins, Diogo Valls e Jaqueline Lessa Ano: 2014 Local: São José - Brasil Idealizador do projeto: IAB-SC (Instituto de Arquitetos Brasileiro, Departamento Santa Catarina) A proposta era para o trecho norte-sul do eixo viário do município. Entre as áreas imersas nesse trecho, estavam localizadas os principais pontos

Figura 24: Mapa área de intervenção

patrimônio histórico-cultural da comunidade, entre elas duas igrejas, teatro municipal e o parque do Beco do Carioca.

Figura 25: Imagem Igreja Matriz

Fonte:http://www.metropolitano.arq.br/

Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/

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O plano é baseado em intervenções a longo prazo que visa considerar reformulações no Plano Diretor adequando-o as diretrizes do Estatuto da Cidade. Com isso, algumas questões foram pontuadas para melhorar a permeabilidade da malha vária. A diminuição progressiva dos uxos de carros, ônibus e caminhões no núcleo histórico.

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Para que isso ocorresse, foi proposto maior utilização da BR-101, por parte dos moradores, construindo uma alça de contorno da rodovia e recentralização o centro histórico. A decorrência desses feitos foi visando uma valorização do Patrimônio histórico e cultural do município e reaver a relação com a orla marítima e assim com a água. Para isso foram propostos passarelas e circuitos de

Figura 27: Imagem Patrimônio histórico

Fonte:http://www.metropolitano.arq.br/

caminhadas para reativar a circulação peatonal e cicloviário no entorno da orla. Com a reformulação dos espaços públicos foi preciso fazer um tratamento de todo o tipo de pavimentação, iluminação, mobiliário urbano e sinalizações grácas criando ambiência visual e proporcionando identidade ao projeto. A priorização do pedestre direcionou toda as referências projetuais que a intervenção urbana seria conduzida. O dinamismo na vida cotidiano dos pedestres combinado com edifícios históricos, traduziram como é importante potencializá-los para um uso planejado no urbanismo e para o turismo.

Figura 26: Esquema do perl viário de intervenção

Fonte:http://www.metropolitano.arq.br/


Figura 29: Imagem da intervenção proposta

Fonte:Archdaily

51 Figura 28: Mobiliários urbanos

Fonte: Metropolitano Arquitetos

O tecido urbano de São José é bastante rico, tanto em sua temporalidade quanto em caracterização. Desse modo, o grupo teve que subdividir as camadas das intervenções para ndar em uma composição a partir da sobreposição dos: edifícios históricos, igrejas, praças, orla marítima, percurso peatonal, circulação de veículos, circulação de bicicletas, conexões viárias, equipamentos públicos, equipamentos culturais, iluminação, vegetação e áreas verdes.

Figura 30: Esquema de possibilidade de uso e estratégias na Praça Arnoldo e Praça Hercílio Luz

Fonte: Archdaily


Entre as praças Arnoldo e Hercílio Luz, existe a Câmara Municipal, para a proposta seria importante a remoção do edifício, para integrar melhor os espaços públicos de São José, que necessitam resgatar as conexões históricas. A partir dessa tomada de decisão, o espaço liberado possibilita conexão entre Igreja Matriz e a orla, além de aumentar a área verde da região por proporcionarem o Parque das Águas, trazendo ao coração da cidade atividades do convívio do passado de São José.

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Figura 32: Imagem Orla Marítima

Fonte:http://www.metropolitano.arq.br/

O parque do Beco do Carioca, após a nova conguração da intervenção urbana ganha título de Patrimônio natural e juntamente com o Parque das Águas ganham destaque na paisagem urbana.

Figura 33: Esquemas conceituais

Figura 31: Parque das Águas

Fonte: Metropolitano Arquitetos

Fonte:http://www.metropolitano.arq.br/

Pensando mais uma vez na priorização do pedestre como uso mais dinâmico das vias, é acentuado a elevação da via nas esquinas. O compartilhamento entre veículos e pedestres além de auxiliar na diminuição da velocidade dos veículos, busca proporcionar uma circulação peatonal acessível e convidativa.


CONTRIBUIÇÃO PROJETUAL: O projeto possui uma linearidade de pensamento urbanístico, ao modo que propuseram a diminuição dos veículos no centro histórico, desenvolveram artícios para que a caminhabilidade fosse algo mais uído para que se torne hábito para os moradores. A nova alça para a rodovia BR-101, veio como manobra viária de conceber esse feito. As contribuições projetuais, parte de uma percepção e compreensão da unidade potencial de um local em suas características históricas e culturais, que são os princípios formadores da identidade cultural. A inserção de mobiliários urbanos desenvolvidos para a intervenção urbana, considerados como expressão gráca da paisagem urbana, estruturava mais uma vez as referências visuais ao nível do pedestre.

Figura 34: Mapa das intervenções

Figura 35: Corte da área

Fonte: http://www.metropolitano.arq.br/

O intuito de valorização do patrimônio Histórico e Cultural da cidade foi promovido em concordância à ambiência visual a partir da unidade da paisagem urbana evidenciada, que podemos observar nos cortes esquemáticos realizados. A promoção de espaços públicos voltados para o turismo podem impulsionar um processo de gentricação nas zonas de intervenção e por se tratar de um concurso não cou muito explícito quais seriam as benfeitorias para assegurarem antigos pescadores que moram na orla marítima, de permaneceram no local.

Fonte: Metropolitano Arquitetos

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3.3 - REQUALIFICAÇÃO BROOKLYN - NEW YORK Ficha técnica Autor: Bjarke Ingels Group (BIG) e WXY Studio Ano: 2019 Local: Brooklyn - New York - EUA Idealizador do projeto: Downtown Brooklyn A região central de Brooklyn em seus 240 acres, é um dos distritos mais multifacetado de Nova York, em suas lojas, instituições educacionais, culturais e no setor residencial em expansão que proporciona a mistura de moradores e visitantes nos espaços públicos.

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O plano de intervenção urbana se baseia em proporcionar novas experiências aos moradores e visitantes por meio de uma vida mais verde, sustentável e de maior integração humana.

Figura 36: Mapa das intervenções

Fonte: https://big.dk/

Figura 37: Imagem calçadão proposto

Fonte: https://big.dk/

A população no centro do distrito aumentou 30% e foram gerados 26% novos empregos após o zoneamento de 2004, com isso houve uma necessidade de atender as novas mudanças nos usos e nos usuários.

Figura 38: Imagem Praça

Fonte: https://big.dk/


Figura 39: Mapa das conexões pedonais atuais

Fonte: https://big.dk/

A proposta é de poder criar um signicado grande para o distrito de Brooklyn e para que o plano seja reproduzido em diversas vielas e ruas, transformando-as ao modo do compartilhamento da via e ou do fechamento total priorizando os pedestres e o bem-estar ao usufruto dessas áreas. Essa importante iniciativa traz uma remodelação das calçadas e acaba a recriar um design nas pavimentações de piso como uma espécie de tapete colorido, desenvolvendo uma rede involuntária de apoio, proteção e preservação da identidade local imersas em um ambiente urbano lúdico. Apesar de não terem desenvolvido um mobiliário urbano único para o espaço, este é o conceito da proposta, pois da colaboração popular os espaços irão ser preenchidos.

Figura 40: Mapa das conexões pedonais

Fonte: https://big.dk/

O objetivo do projeto é criar novos ambientes públicos para os moradores e visitantes por meio de áreas verdes e novas conexões pedonais. Nos mapas de gura 40, podemos vericar a setorização dos espaços que projetam expansões pedonais, faixas de pedestres destacadas e vias compartilhadas.

Figura 41: Imagem beco proposto

Fonte: https://big.dk/

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56

O ponto de prestígio da proposta é em requalicar o centro por meio de intervenções na infraestrutura urbana. Na gura 42, podemos ver o conceito para as mais diversas situações que a centralidade do Brooklyn possui. Nela vemos as intenções projetuais para a expansão dos calçadões, suavização das esquinas, remoção dos niveís nas vias pedonais, criação das vias compartilhadas e uso de pavimentação lúdica para setorizar nas vias os Figura 43: Imagem praça - proposta modais de transporte permitidos e sua área de utilização. Essas foram as premissas do plano de ações que o BIG realizou. Além disso, a arborização na área do projeto foi por meio de 900 novas copas de árvores plantadas. Um método para tornar o clima melhor e aumentar a oxigenação da área.

Figura 44: Imagem via pedonal proposta

Figura 42: Diagramas viários conceituais

Fonte: https://big.dk/

Figura 45: Imagem design da pavimentação

Fonte: https://big.dk/

Fonte: https://big.dk/

Fonte: https://big.dk/


CONTRIBUIÇÃO PROJETUAL: A maior contribuição da referência projetual vista é a percebepção do espaço enquanto proporcionador de boas experiências aos diversos usuários. Ao determinar melhor uso de pequenas ruas para vias pedonais, bem arborizadas, mobiliadas de acordo com a participação coletiva e pavimentações de design ousado, acabam a proporcionar melhores visões da paisagem urbana.

Figura 47: Imagem Rua Willoughby - atual

Fonte: https://big.dk/

Ao tomarem como objeto de estudo em suas particularidades históricas, a área central de Brooklyn se transforma em padronagens na pavimentação inspirada na identidade cultural que é absorvida de maneira involutária. Sua contribuição resume-se em: infraestrutura urbana+vias pedonais+pavimentação identidária.

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Figura 48: Imagem Rua Willoughby - proposta

Figura 46: Imagem via pedonal

Fonte: https://big.dk/

Fonte: https://big.dk/

“A esfera publica do Downtown Brooklyn é imaginada como um ambiente lúdico, focado na experiência dos pedestres - um lugar onde moradores, trabalhadores e visitantes podem desfrutar de espaços de convivência ao ar livre, praticar esportes e celebrar a cultura diversicada“ (INGELS, 2019)


3.4 - PROJETO NOVA LUZ - SÃO PAULO Ficha técnica Autor: Secretaria de Desenvolvimento Urbano Prefeitura de São Paulo Ano: 2011 Local: São Paulo - SP - Brasil Idealizador do projeto: Operação Urbana Consorciada

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O projeto da Nova Luz abrange 45 quadras da capital São Paulo, que dialogam entre novos projetos arquitetônicos e urbanísticos com marcos históricos da paisagem urbana.

Figura 49: Mapa área de intervenção

Figura 50: Imagem Estação da Luz

Fonte: Projeto Urbanistico Especíco - SP

A dinâmica imobiliária que a região hoje sofre é imposta pela expansão urbana, reduzindo o uxo de pessoas pela zona central e congestionando outras regiões fazendo com que essa região sofresse com a gentricação parcial de lotes e imóveis. A desvalorização dos patrimônio históricos foi o que também motivou o projeto Nova Luz, uma que vez que grandes marcos da historicidade Paulista fosse se deteriorando pelo mau uso. A proposta projetual visa uma reforma na dinamica economica, institucional, social e imobiliária. O principio parte da legislação urbanística de incentivo à produção habitacional na área central e da delimitação de um perímetro de ZEIS 3, consolidando a possibilidade de produção de habitação de interesse social na área central associado a um projeto de transformação urbana. Necessitando das determinações de concessão urbanística, que reforça os incentivos existentes para o uso residencial e para a restauração dos imóveis tombados propiciados pela Operação Urbana Centro.

Fonte: Prefeitura de São - Projeto Urbanistico Especíco


Para pontuar os objetivos, metas e propostas de intervenção o Projeto Nova Luz, elaborou um quadro de plano de ações, o qual elenca todos os pontos a nível urbano, paisagístico e arquitetônico que deveram ser abraçados pelo projeto, ao modo de também destinar os custos e prazos de operação.

Figura 52:Mapa de estrutura urbana do projeto Fonte: Projeto Urbanístico-SP

CONTRIBUIÇÃO PROJETUAL:

Figura 51: Quadro Plano de Ações Fonte: Projeto Urbanistico Especíco - SP

O plano se norteiam em melhoramento dos uxos tanto para pedestres, como para ciclistas, transporte publico e como consequência o melhoramento dos congestionamento central. Alem disso, plano opta pelos princípios do Novo Urbanismo que dene setores de uso misto e edifícios âncoras.

A maior contribuição da referência projetual vista é a percebepção do espaço e sua singularidade formal de serem revistas a partir do cotidiano já existente. O plano se fundamenta pelo melhoramento do espaço sem que se retire sua identidade local. Apesar do projeto não ter sido implementado a pesquisa foi muito bem embasada no que se hoje se vem de uma zona central da maior capital brasileira que sofre com a gentricação e espaços de medos. A falta de uma gestão que consiga bons associados neste projeto iria alancar a região central do município paulista.

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60

D I A G N Ó S T I C O

D A Á R E A


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Figura 01:Tramas africanas

Fonte: https://www.africanfabric.co.uk/


4 - Diagnóstico da área 4.1- Localização e caracterização da área de estudo A cidade de Uberlândia está situada na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, do estado de Minas Gerais pertencente a região sudeste do país. Possui uma extensão territorial de 4.115 km² (IBGE, 2010) e de 691 305 habitantes em 2019 (IBGE,2019). O município é atualmente, o segundo município mais populoso do interior do estado. A gura 49 abaixo ilustra a localização da cidade de Uberlândia, dentro do estado e país.

De área territorial equivalente a 0.95 km² e de 4.420 moradores, o bairro abrangem em seu território, cerca de 2.133 domicílios. Dessa forma, podemos notar que o vocação prioritária são as residenciais, sejam elas unifamiliar ou multifamiliar. (IBGE, apud PMU-Uberlândia, 2010) Esses números demostram como a apropriação espacial acomete ainda as ações ao bairro.

SETOR SUL

62 UBERLÂNDIA Figura 54: Esquema de setorização município Uberlândia

BRASIL

MINAS GERAIS

Figura 53:Esquema de localização Brasil-Minas Gerais

Fonte: Editado autora

O bairro Patrimônio está situado na região Sul da cidade. O espaço foi escolhido por seu grande potencial para a cultura popular e por sua carga histórica, importante para a memória do município.

Fonte: Editado autora

O projeto busca consolidar uma proposta de intervenção urbana para alivio dos principais problemas enfrentados no bairro. Na localidade, a cultura popular é fortemente entrelaçada a consolidação do bairro, e introduzir novas dinâmicas sociais prezando como elemento estrutural a cultura conduzirá as propostas. Além disso, a área escolhida possui grande parte dos Patrimônios Culturais imateriais do município como: Congado, Folia de Reis, Carnaval e Rodas de Sambas.


Os problemas vão desde a reconguração do local que gerou um processo de gentricação e expulsão da população negra e pobre do bairro até a qualidade das calçadas, ruas, arborização, acessibilidade dos passeios e vias, velocidade excessiva dos veículos automotores. Para se compreender a totalidade do projeto é preciso entender o comportamento atual do local, por meio dos mapas urbanos exibidos a seguir será feita uma análise do espaço urbano que permitirá identicar as melhorias que devem ser realizadas. Figura 56: Imagem área bairro Patrimônio 1960 Suely Del Grossi

Fonte: Acervo pessoal-

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Figura 55: Desenho Urbano Skyline da cidade de Uberlândia

Fonte: Lilian Tibery - artista plástica


4.2- Análise Morfológica

MAPA DE SISTEMA VIÁRIO O espaço se congura de forma espontânea sobre a identidade do bairro sendo visto na sua malha viário. As vias coletoras estão situadas muito próximas umas das outras, além de impulsionarem um maior volume de carros. As vias por serem muito próximas, acabam a criar setores de vias coletoras que ampliam o uso e ocupação nos terrenos por edifícios maiores nesses setores. Acreditando ser a caminhada, o meio de transporte de maior uso dos seres humanos foi preciso utilizar dos seis indicadores desenvolvidos pelo ITDP Brasil para avaliar as condições do espaço urbano para pedestre. A partir os indicadores foi visto que as calçadas possuem uma largura insuciente com buracos e desníveis. A mobilidade é boa pois a conguração orgânica das quadras do bairro favoreceu esse ponto, possuindo em maioria quadras<750m. As travessias estão faltantes no bairro, e grande parte delas estão apagadas ou inexistem, gerando insegurança viária.

Figura 57 e 58: Imagens calçadas do bairro

Fonte: Autora


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LEGENDA VIA ESTRUTURAL VIA ARTERIAL VIA COLETORA VIA LOCAL

Figura 59: Mapa de sistema viário bairro Patrimônio - Uberlândia

Fonte: Editado autora

Escala: 1/7500


4.2- Análise Morfológica

MAPA FIGURA FUNDO Para o mapa de gura fundo, podemos compreender a dinâmica do local desde suas características formais e culturais. Por ser um bairro de formação negra, há a presença de desenhos que relembram retalhos, como se a malha viária fosse concebida a partir das antigas ideias de colônias africanas, onde o adensamento entre as grandes famílias, que de forma espontânea xaram-se ali. Podemos ver que não há muitas áreas dedicadas a uso coletivo, e que não possuírem praças de encontros as vias tomam esse papel visto nas imagens XX. As pontualidade positivas das distribuição das quadras é em sua dimensão em sua grande maioria < 750m. Porém, os ambientes considerados públicos como a Praça Sebastião José Naves e Praça Canto Maior dos Palmares não atraem pedestres por estarem em um cruzamento, sobre uma rotatória. E no caso da Praça Primo Crosara inesxite atualemte, pois hoje abriga o estacionamento do Praia Clube. E desse modo, os moradores migraram para meios de vias para utilizarem como espaço publico, como no caso da Rua Tenente Rafael de Freitas - rua da feira Livre.

Figura 60 e 61: Imagens do bairro - Rua Tenente Rafael de Freitas

Fonte: Autora


67

LEGENDA ESPAÇO PRIVADO ESPAÇO PÚBLICO

Figura 62: Mapa de gura fundo bairro Patrimônio - Uberlândia

Fonte: Editado autora

Escala: 1/7500


4.2- Análise Morfológica

MAPA CHEIOS E VAZIOS Observando o mapa de cheios e vazios (Figura xx), podemos perceber que grande parte das quadras possuem algum lote vazio, ou muitas vezes são vazios por ele todo. Essa situação é um problema para a conguração espacial uma vez que grandes latifúndios sofrem com especulações, pressionando a venda dos pequenos lotes para a construções de residênciais multifamiliares e/ou edifícios comerciais. Nos pequenos lotes vazios do bairro, podemos vericar resquícios das antigas congurações de colônias familiares, que seguem o uxo de pressão imobiliária para futuras edicações. As legislações de membramento de pequenas porções de lotes que produzem as pressões imobiliárias na região, pois não asseguram aos proprietários permanecerem perante grandes ofertas de compra e venda. Vale ressaltar que ao permitir locais mais adensados, ou seja, edicações multifamiliares, devem-se proporcionar maior números de área públicas.

Figura 66 e 67: Imagens do bairro - Vazios urbanos

Fonte: Autora


67

LEGENDA ÁREA OCUPADA VAZIOS SISTEMA VIÁRIO

Figura 68: Mapa de cheios e vazios bairro Patrimônio - Uberlândia

Fonte: Editado autora

Escala: 1/7500


4.2- Análise Morfológica

MAPA DE USO E OCUPAÇÃO Foi realizado um estudo de mapeamento para analisar o uso e ocupação dos lotes, dentro do perímetro do bairro e o seu entorno imediato de 500 m. Pode-se notar que por se tratar de um setor residencial há uma grande quantidade de lotes voltados para esse tipo de uso, podemos observar que em alguns pontos próximos ao perímetro do curso d`agua, os lotes estão tão próximos que inexiste Área de Preservação Permanente e, além disso, não há nenhum tipo de conexão da própria população com o Rio Uberabinha. Isso demostra como as políticas públicas não foram planejados para evitar as aproximações do rio. Esse ponto é bastante importante pois ao longo do curso do rio apesar de estar na categoria de Área Verde há uma grande parte de imóveis dedicados à lotes institucionais particulares e antigas áreas de chácaras que foram vendidas para serem residenciais do tipo multifamiliar. Diante do baixíssimo número de lotes de uso misto nas vias coletoras, arteriais e arteriais estruturais as mesmas não dinamizam 9 sua ocupação e acabam a criar locais inóspitos . As área verdes de uso públicos são poucas e difíceis de serem utilizadas, como no caso da Praça Sebastião José Naves e Praça Canto Maior dos Palmares, praças que são rotatórias viárias sem conguração espacial de área pública e priorizando veículos automotores, de difícil acesso.

Figura 69 e 70: Imagens do bairro - Áreas residenciais

Fonte: Autora

9 Inóspitos: Regiões/locais em que não se pode viver; rude, áspero. Desacolhedor. Não são habitáveis por não terem uso em outros horários do dia e ou semana.


69

LEGENDA INSTITUCIONAL COMÉRCIO/SERVIÇO RESIDENCIAL MISTO VAZIOS ÁREA VERDE Figura 71: Mapa de uso e ocupação bairro Patrimônio - Uberlândia

Fonte: Editado autora

Escala: 1/7500


4.3- Análise Bioclimática

MAPA BIOCLIMÁTICO A cidade de Uberlândia, possui uma característica de precipitações no ano entre os meses de Outubro a Janeiro e de estação seca em entre os meses de Maio a Agosto, com clima árido e frio . Durante o ano inteiro, as temperaturas giram em torno de 15 °C a 30 °C, sendo um clima razoavelmente morno. E raramente é inferior a 11 °C ou superior a 34 °C. Porém com as realidades de aquecimento global, as zonas urbanas passam a sofrer com as intempéries do efeito estufa, e com a ausência de alternativas para minimizarem a produção de calor por industrias e automóveis, as mudanças climáticas estão se tornando rotineiras.

Figura 72 e 73: Grácos de temperaturas e chuva

Fonte: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/


VENTOS DOMINANTES DEZEMBRO A FEVEREIRO

VENTOS DOMINANTES MARÇO A NOVEMBRO

73 SOL POENTE

Figura 74: Carta Solar - Uberlândia

SOL NASCE

Fonte: Editado autora-SoLLAR Figura 75: Mapa bioclimático bairro Patrimônio - Uberlândia

Escala: 1/7500 Fonte: Editado autora


74

4.4- Site Analysis

MAPA SITE ANALYSIS A partir da sobreposição dos mapas elaborados anteriormente, é possível se ter um resumo gráco do ponto de partida do desenvolvimento do trabalho. Levando em consideração toda sua parte morfológica, bioclimática e aspectos históricos e sociais. O intuito da sobreposição é sensibilizar e encaminhar as principais diretrizes do planejamento urbano da área, para que o desenvolvimento seja por meio das estratégias mais ecientes.


4.4- Site Analysis

75

Figura 76: Mapa Site Analysis bairro Patrimônio - Uberlândia

Fonte: Editado autora

Escala: 1/7500


76

P R O P O S T A

P R O J E T U A L


77

Figura 01:Tramas africanas

Fonte: https://www.africanfabric.co.uk/


5.1- Conceito

5.2 - PARTIDO ARQUITETÔNICO

ESPAÇO-TEMPO A relação entre Tempo-Espaço torna-se a proposta conceitual por sua leitura dinâmica da paisagem cultural. Sendo ela congurada pela ocorrência das produções humanas em uma paisagem que transcende o desenvolvimento humano. Assim como a cultura, é construída pela somatória: sociedade+ paisagem + tempo.

78

O projeto terá como princípio as construções humanas pela ótica da geograa cultural, sempre vendo e revendo a paisagem como um fenômeno em constante transformação. A proposta conceitual tratará que espaço em não é importante em suas características formal, mas a partir dos elementos produzidos pelo homem em interação com o espaço, e como esse espaço é necessário para dar continuidade em suas interações nas linhas temporais. A temporalidade afeta como o espaço interfere nas interações interrelacionais. E que ao modo que as produções se perpetuam no espaçotempo a cultura popular se consolida. Figura 77: Bairro Patrimônio: espaço-tempo da memória

Fonte: Autora


MUSEU LUGAR DE MEMÓRIA

EDIFÍCIO USO MISTO REABILITAÇÃO PRAÇA PRIMO CROSARA

ALTERAÇÃO SENTIDO DA VIA

LEGENDA MARCO - ELEMENTO MEMORÁVEL VIA COMPARTILHADA ÁREA VERDE PRAÇA SECA - LARGO

REABILITAÇÃO POLIESPORTIVO

EDIFÍCIO USO MISTO PARQUE (APA)

Figura 78: Plano de setorização das intervenções

EDIFÍCIO USO MISTO

Fonte: Autora

79


5.3 - PROPOSTA PROJETUAL

80

Figura 79: Masterplan do projeto

esc.: 1/7.500

Fonte: Autora


MAPA HUMANIZADO

PERFIL E PLANTA VIÁRIA 0

1

5m

CALÇADA

CALÇADA

FAIXA EXCLUSIVA ONIBUS

FAIXA VEICULAR

FAIXA VEICULAR

CICLOVIA

ESTACIONAMENTO

0

1

5m

MAPA SEM ESCALA

MAPA DE ZONEAMENTO 2,40m 1,50m

3,55m

3,00m

3,00m

4,00m

2,55m

Perl viário Av. Francisco Galassi - Via Arterial

81 0

1

5m

LEGENDA - ZONEAMENTO ZEIS: ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL ZC-ZEIS: ZONA CENTRAL LIDEIRA ZEIS

3,25m

MAPA SEM ESCALA

ZPA - PROTEÇÃO AMBIENTAL ZONA RESIDENCIAL

MAPA DE SISTEMA VIÁRIO

2,0m 1,2m

4,05m

LEGENDA - VIÁRIO VIA ARTERIAL VIA COLETORA VIA COMPARTILHADA

Figura 80:Diagrama mapas bairro

3,0 m

3,0 m

3,0 m

3,0 m

2,5 m

Perl viário Av. Liberdade - Via Coletora

VIA ESTRUTURAL

VIA LOCAL

3,05m 1,7m 1,7m

MAPA SEM ESCALA

Fonte: Autora

4,6m

0,7m 2,0m

Perl viário R. São Conrado - Via Compartilhada


O novo zoneamento do bairro Patrimônio traz 3 novas zonas. A ZEIS são zonas dedicadas a uma fração importante para a memória do bairro por seus antigos moradores. Pos-suindo legislações novas e lotes dedicados a habita-ções de interesse social. A ZC-ZEIS são parcelas do bairro que são consideradas centrais em uma via que exercem estruturação ao bairro e municipio, mas ainda assim possuem legislações especifícas e lotes voltados para a misticação do uso, perante habitações sociais.

82

A terceira zona acrescida, é a ZPA dedicada a proteção ambiental na beira do Rio Uberabinha, onde atual-mente temos um clube e uma proposta de novo parque

Figura 81:Imagem Praça Mestre dos Tambores

Fonte: Autora


PLANO DE AÇÕES: PROPOSTAS E OBJETIVOS

83


Como proposta a minimizar os danos do processo da gentricação do bairro, a Avenida Francisco Galassi torna-se uma via de mão única, sentido Centro para Zona Sul. Atuando como um sistema binário com a atual Rua das Américas, que assim sua categoria altera-se de via local para via coletora, sentido Zona Sul para o Centro.

84

A ZC-ZEIS propõe no bairro um zoneamento onde a Avenida Francisco Galassi ganha importância como via central, na qual exerce estruturação ao bairro como para o município. Ainda assim possuindo legislações especícas e lotes voltados para a misticação do uso, perante habitações de interesse social, e coibindo o membramento de lotes na ZEIS.

Figura 82:Imagem Centro de Educação, Arte e Cultura Afro

Fonte: Autora

MAPA GUIA

Esc.: 1/10.000


Visando trazer as zonas comerciais para a via, exibiliza-se o prolongamento dos estabelecimentos comerciais como: restaurantes, cafes, padarias, mercados, lojas (comerciantes locais), a criaram esplanada (faixa comercial na calçada e/ou o uso de parklet).

85

Figura 83:Setor de detalhamento Avenida Francisco Galassi Esc.: 1/3.000


Diagrama Cruzamento Av. Liberdade

MAPA GUIA

Sendo a proposta trazer as zonas comerciais para a calçada, cria-se maior permanência das pessoas nas áreas livres do bairro e interliga as praças reabilitadas.

Esc.: 1/10.000

SEM ESCALA

86

Figura 84:Setor de detalhamento Avenida Liberdade

esc.: 1/2.000

Seguindo o conceito de reconstruir de maneira simbólica os quilombos, elementos como água, tendas, palmeiras e vegetações mais densas foram implantadas na Praça Canto Maior Palmares, juntamente com Mestre dos Tambores. A proposta urbanística na Avenida Liberdade é criar uma estruturação central ao bairro onde as manifestações culturais, as relações comerciais e a circulação dos moradores sejam interligados de maneira a valorizar a identidade .

Fonte: Autora


Figura 84:Praรงa Canto Maior Palmares Esc.: 1/3.000

87


88


89


6 - Referências bibliográcas

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