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EDITORIAL
MOMENTOS DESAFIANTES
Davide Vicente Diretor da IACA
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Nos últimos 2 anos temos vivido tempos muito desafiantes, temos sido sujeitos e ultrapassado adversidades que julgávamos não serem possíveis de superar.
Em fevereiro de 2020, quando surgiu a pandemia da COVID, foi para todos nós uma grande catástrofe social e acima de tudo com previsão de ter grandes impactos económicos nas empresas e respetiva sociedade.
Com início no cerco sanitário de Ovar, que era de todo impensável em pleno século XXI, vários Estados de calamidade e de emergência e dois períodos de confinamento, foram meses de muita angústia por não se saber quando iria terminar e com que consequências futuras.
Até que no passado mês de fevereiro, numa altura em que estávamos a recuperar da pandemia, surge a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o mundo ficou escandalizado por assistir a algo que as nossas gerações julgavam pertencer à história da nossa Sociedade.
Hoje falta tudo e não falta nada, a especulação é enorme e a escassez de vários componentes, desencadeia o aumento de outros. O Covid e a guerra são justificação para todas as subidas quando sabemos que nem sempre é verdade, são os mercados a funcionar de forma cada vez mais intensa.
A realidade é que parte dos problemas existiam antes da Guerra e a IACA já tinha alertado publicamente para esta conjuntura, a partir do primeiro trimestre de 2021.
Infelizmente estamos a fazer parte da História, todos os dias se têm batido recordes de preços que impactam diretamente com o custo de vida das populações.
Esta guerra está a trazer-nos muitos mais impactos económicos em 7 meses do que o Covid nos trouxe em mais de dois anos e meio. O mundo está louco de especulação e isto terá consequências que serão difíceis de recuperar. Todas estas subidas repentinas e assustadoras do gás (cerca de 15 vezes mais caro), da energia (6 vezes mais cara), do ferro, do inox, dos materiais em geral, estão a ter consequências imediatas nas empresas que já se estão a refletir na diminuição do poder de compra das pessoas.
Algo terá de ser feito para inverter este cenário que está a diminuir a qualidade de vida da sociedade e colocar em causa a competitividade e viabilidade das empresas em toda a Fileira Pecuária.
Imperam cada vez mais as políticas de eficiência energética, economias de escala e reorganização das nossas estruturas produtivas.
As alterações climáticas, com a falta de água, seja para os humanos, mas sobretudo para animais e culturas, em nada têm ajudado em toda esta crise, este fator está a alavancar ainda mais os preços das matérias-primas, impõem-se políticas fortes de poupança de água, e precisamos que o governo tenha uma palavra forte com medidas rápidas também ao nível da subsidiação das nossas Indústrias.
Necessitamos de diminuir rapidamente a nossa dependência energética, temos de produzir mais, caso contrário ficaremos para trás, deixamos de ser competitivos.
Tivemos semanas com grande dificuldade no carregamento dos cereais nos portos que nos obrigou a reformular diariamente, com custos ainda mais acrescidos, a somar a preços de matérias-primas nunca vistos, o impacto económico para as nossas empresas é muito exigente financeiramente, adicionalmente as taxas de juro em alta, o esforço que estamos a fazer é muito grande.
É de enaltecer o trabalho da IACA nos últimos tempos, que tanto tem contribuído para atenuar todo este ciclo negativo do setor e a forma como tem sabido comunicar para o exterior.
Para terminar, considero que as indústrias Portuguesas são muito competitivas, produzimos produtos de alta qualidade e damos garantias disso aos nossos consumidores.
Somos um setor forte e capaz de superar todas estas adversidades. Quem trabalha bem não pode ter medo da concorrência.