A CONTRIBUIÇÃO DA ARQUITETURA PARA A APLICAÇÃO DO MÉTODO MONTESSORI E NO APRENDIZADO INFANTIL THE CONTRIBUTION OF ARCHITECTURE FOR THE APPLICATION OF THE MONTESSORI METHOD AND CHILD LEARNING ALINE DE PAULA ALVES1 1. Acadêmica do curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UNILESTE-MG.
RESUMO O presente artigo consiste em analisar a importância da arquitetura na aplicação do método de ensino-aprendizado Montessoriano. A pesquisa busca entender os espaços adequados para se realizar atividades lúdicas e desenvolver o aprendizado na educação infantil dentro da sala de aula Montessori, bem como as interações e a autonomia que nela se estabelecem. Para tal, embasou-se em referenciais teóricos e utilizou-se como exemplo uma Escola Montessoriana, localizada na cidade de Ipatinga, Minas Gerais. Apoiando-se no que foi observado na escola supracitada e nas pesquisas bibliográficas realizadas, foi possível extrair fatores importantes para o planejamento desses espaços, como: estética, espacialidade, mobiliário, iluminação, cor, acústica, qualidade do ar e relação com o ambiente externo. Nesse sentido, o trabalho aborda pontos como o resgate de fatos significativos da trajetória da arquitetura escolar no mundo; a abordagem das ideias básicas da pedagogia científica desenvolvida por Maria Montessori, dos princípios que fundamentam seu método educativo; a proposta de arquitetura para as escolas montessorianas e a realização de uma pesquisa de campo em uma Escola Montessori de Ipatinga, onde foi efetuado uma análise crítica entre a teoria e sua aplicação de forma prática. Palavras-chaves: Arquitetura. Método Montessoriano. Espaço físico. EnsinoAprendizado.
ABSTRACT This article is to analyze the importance of architecture in the application on the montessorian teaching-learning method. The research seeks to understand the appropriate spaces to carry out recreational activities and develop learning in early childhood education in the Montessori classroom, as well as the interactions and autonomy established therein. For this, it underwrote in theoretical references and used the example of a Montessori School, located in Ipatinga, Minas Gerais. Based on what was observed in the abovementioned school and bibliographic research conducted, it was possible to extract important factors for planning these spaces, such as aesthetics, spaciousness, furniture, lighting, color, acoustics, air quality and contact
with the outside and nature . In this sense, the work addresses issues such as rescuing significant facts of history of school architecture in the world; the approach of the basic ideas of scientific pedagogy developed by Maria Montessori, the principles underlying its educational method; the proposed architecture for the Montessori schools and conducting field research in a Montessori School of Ipatinga, where was made a critical analysis of the theory and its application in a practical way. Keywords: Architecture. Montessorian method. Physical space. Teaching-Learning.
1 INTRODUÇÃO O ato de educar constitui uma prática fundamental desde os primórdios da humanidade. Segundo Azevedo (2002), da mesma maneira que as ideias pedagógicas acompanharam o homem durante a sua evolução, a arquitetura escolar acompanhou a evolução da pedagogia, estabelecendo uma relação entre o ambiente construído e as atitudes pedagógicas. Porém, percebe-se que o cenário atual das escolas infantis revela uma outra realidade, pois grande parte destas, ainda não conseguem explorar e manifestar os principais sentidos das crianças, pois são compostas por espaços comuns e fechados que não dão abertura e liberdade para a imaginação, interação e aprendizado com o mundo real dos pequenos, forçando-lhes a vivenciar todos os dias uma atmosfera que muitas vezes não é apropriada para o seu desenvolvimento acadêmico.
O sistema educacional precisa dar suporte aos métodos de ensino, mas a qualidade da educação depende da criação de um ambiente escolar composto por material didático, móveis, equipamentos e a forma do espaço físico. O conforto que este oferece para o desenvolvimento das suas funções deve ser levado em conta. (KOWALTOWSKI, 2011, p.36).
Estudos realizados pela arquiteta Doris Kowaltowski (2004), mostram que o ambiente escolar pode ter um impacto significativo sobre o aprendizado e o comportamento dos alunos. Porém, no Brasil, indicadores do ensino-aprendizagem tem sido objetos de muitas discussões em razão dos resultados negativos obtidos. Apenas 0,6% das escolas brasileiras têm infraestrutura próxima da ideal para o ensino-aprendizagem, isto é, contendo ambientes como: biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, laboratório de ciências e dependências adequadas para
atender a estudantes com necessidades básicas (SOARES NETO; JESUS; KARINO; ANDRADE, 2013). Segundo a pedagoga Maria Montessori é importante que a criança se relacione com o ambiente em que vive. Pois ela se descobre e conecta o mundo através da interseção sensitivo motora. É assim que ela aprende como se comportar em determinadas situações, pois o conhecimento é adquirido através das suas interações com o meio e tudo o que nele se encontra, dessa forma, surge a necessidade de descobrir novas sensações para que possa descobrir o mundo ao seu redor (MACHADO, 2008). O ambiente escolar deve proporcionar às crianças melhor compreensão do seu corpo e suas necessidades, além de favorecer as relações de afetividade e respeito com limites espaciais. Para que elas possam perceber os seus sentidos e emoções podendo afetar a fala e a forma de expressão (DAL PRÁ, 2011). Atrelado à arquitetura, existem muitos estudos pedagógicos como o método Montessori e Waldorf, que possuem a missão de desenvolver não só o lado intelectual das crianças, mas também, o emocional, o psicológico, o intuitivo e a experiência concreta. Dentro deste contexto, a experiência espacial que toca a criança, física e criativamente, é considerada tão significativa quanto o ensino das matérias que alimentam a capacidade intelectual e social da criança (ALVARES, 2010). Consequentemente, existe uma preocupação em proporcionar aos alunos espaços físicos adequados ao processo de ensino. Este fato se reflete na arquitetura de seus edifícios, que se destacam por suas formas peculiares, caracterizando um tipo arquitetônico (ALVARES, 2010). Tendo em vista a importância da arquitetura para o processo de aprendizado, a realização da pesquisa se justifica pelo fato das escolas que temos como referência hoje, serem obsoleta, no sentido de não refletir a realidade cultural e socioambiental atual. Assim sendo, na presente pesquisa tem-se como objetivo entender a relação do ambiente físico escolar com o método Montessori.
2 METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa classifica-se como exploratória e qualitativa. As informações utilizadas para análise partiram de um levantamento de dados realizado através de
fotografias, observações e medição dos espaços de uma escola Montessori na cidade de Ipatinga, onde foram observadas as relações entre o espaço físico da escola e os aspectos propostos pela idealizadora do método Montessori. Esse estudo se baseou em pesquisas bibliográficas e análise de normas e parâmetros utilizados pelo método Montessori.
3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Os primeiros espaços destinados ao ensino
As primeiras construções destinadas exclusivamente à educação possuíam projetos-tipo, sendo erguidas de modo mais rápido, em maior quantidade e com custo reduzido, contratavam-se arquitetos apenas para desenharem fachadas distintas, para que as edificações fossem distinguidas umas das outras (BUFFA; PINTO, 2002). No período republicano, novos paradigmas foram introduzidos em relação a projetos escolares, em que os ambientes de ensino, apesar de já apresentarem uma qualidade mínima, ainda eram deficientes e insuficientes (BUFFA; PINTO, 2002). Isso porque se tratavam de locais que seriam enriquecidos somente com a evolução da arquitetura escolar, pois possuíam um programa de necessidades carente de recintos administrativos. Surge então, um espaço construído destinado especificamente ao uso escolar, que passou a exigir locais adequados para exercer suas funções, como a divisão por classes e ambientes mais demarcados. Segundo Azevedo (2002), a partir do início do século XX, a educação vive um período de inovações com inúmeras propostas de reformas, novas filosofias e métodos pedagógicos que tornaram o processo educativo mais eficiente. A Escola Nova, nome do movimento que se opõe a escola tradicional capitalista, criticava esta por ser autoritária e disciplinadora, como também seus métodos que incentivavam a repetição e o acúmulo de conteúdo, tendo o aluno uma participação passiva no processo de aquisição do conhecimento. A maneira de pensar e de conceber o processo educativo da Escola Nova desloca o eixo até então proposto pela escola tradicional, uma vez que as escolhas do movimento passam por mudanças radicais e significativas apontando para um deslocamento da centralidade da educação tradicional, para um exercício de livre
escolha no qual o professor exerce o papel de mediador e o aluno é convidado a buscar suas próprias respostas, mediante o constante exercício de olhar baseado no concreto e no que seus sentidos percebem para a abstração dos saberes necessários para a vida. Entre os educadores do movimento Nova Escola, destaca-se John Dewey e Maria Montessori. John Dewey foi o primeiro a formular o novo ideal pedagógico, afirmando que o ensino deveria dar-se pela ação e não pela instrução, portanto, sua proposta de educação era principalmente baseada na prática. Ele idealizava a escola como um espaço de produção e reflexão de vida social (GADOTTI, 2005). Nessa mesma direção, a médica e educadora italiana Maria Montessori acreditava que a criança, realiza sua própria construção através da exploração e da absorção do ambiente que a circunda. Sua inteligência atua em função do "externo" e das relações superficiais existentes entre os objetos e suas qualidades. É um período essencialmente sensorial. Por essa razão, a educadora pensava ser importante potencializar a escola, para que o ambiente físico contribuísse de forma positiva no ensino-aprendizado (MONTESSORI,1965).
4 O MÉTODO MONTESSORIANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM A pedagogia Montessoriana, cuja responsável pela elaboração de seu modelo pedagógico foi a médica Maria Montessori. É um exemplo que foi criado em contrapartida ao modelo tradicional de ensino, pois propõe em seu método conhecer plenamente as crianças e respeitar seu desenvolvimento, para que desta forma a educação acompanhe o processo natural da vida. Pensando o espaço neste sentido, sugere-se um ambiente preparado para a criança no qual deve haver elementos proporcionados a sua escala, que permitam dirigir a criança ao conhecimento. Os objetos não devem ser muitos, e sim a quantidade justa e necessária para a aprendizagem. Os elementos e suas formas devem ser simples; o espaço, fácil de se manter limpo, sem elementos que se interponham ao fluir do ambiente; de tal forma, várias atividades devem poder ser realizadas simultaneamente, conforme ilustra as imagens (Figura 1 e 2) a seguir:
Figura 1 – Sala de Aula Montessori. Fonte: https://healthybeginningsmontessori.wordpress.com
Figura 2 – Sala de Aula Montessori. Fonte: https://healthybeginningsmontessori.wordpress.com
Dentro de uma sala Montessori as atividades atendem a cada criança em apresentações individuais ou em pequenos grupos assegurando o respeito ao ritmo de cada aprendiz e o sucesso da aprendizagem. É uma gama infinita de atividades que desenvolve a concentração, a motivação para aprender e a autodisciplina, assim como o amor por aprender. E como as crianças desta idade precisam de movimento e não de ficar sentadas ouvindo a professora elas podem agir no ambiente preparado para elas utilizando os materiais que de uma forma lúdica “ensinam” conceitos, desenvolvem habilidades, tornando-as competentes.
O material criado por Montessori tem papel importante no seu trabalho educativo pois pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função a estimular e desenvolver na criança. Os materiais são separados em 5 áreas especificas: Exercícios Para a Vida Cotidiana; Material Sensorial; Material de Linguagem/Arte; Material de Matemática e Material de Ciências.
Figura 3 – Material Sensorial. Fonte: http://www.myfirst2000days.com/montessorimath/
Figura 4 – Material Sensorial. Fonte: http://www.myfirst2000days.com/montessorimath/
Num ambiente preparado, de acordo com as necessidades do aluno, este aprende a se desenvolver por si mesmo, guiado por suas potencialidades inatas. Não há limite para o que as crianças desejam criar. Assim, suas habilidades podem crescer livres. Nas salas Montessorianas, segundo a representante do Instituto Maria Montessori na cidade de Ipatinga, as classes recebem grupos de idades mistas, reunindo três idades: 0 a 3 anos (Sub dividida em Infants e Toddlers) e de 3 a 6 anos (Primary). Esta constante interação possibilita uma rica troca entre as crianças, favorecendo a aprendizagem entre os iguais e a socialização. Crianças são instigadas naturalmente a buscar a solução dos pequenos problemas do cotidiano e atuam muitas vezes como mediadoras. Os vários níveis de trabalho que fluem na classe acolhem as diferenças individuais e os diferentes tipos de inteligência, incentivando a colaboração e a solidariedade, fortalecendo a autoestima e a socialização. Segundo Montessori (1965), do nascimento aos seis anos, a criança realiza sua própria construção através da exploração e da absorção do ambiente que a
circunda. Sua inteligência atua em função do "externo" e das relações superficiais existentes entre os objetos e suas qualidades, é um período essencialmente sensorial O Educador montessoriano é um moderador da obtenção de conhecimento dos alunos. Ele não é o possuidor da sabedoria, mas sim aquele que estará ajudando o aluno a descobrir por ele mesmo a aprender pela pratica. Ele auxilia o estudante na compreensão de seu ambiente, na tomada de decisões e na opção de suas atividades, na relação com o meio e com os outros. É um mediador, incentivando a conquista da independência. Podemos perceber essa relação entre o educador e os alunos nas figuras 5 e 6.
Figura 5 – O Educador Montessoriano. Fonte: International Montessori Teacher Training Institute, 2015.
Figura 6 – O Educador Montessoriano. Fonte: International Montessori Teacher Training Institute, 2015.
5 A ARQUITETURA ESCOLAR MONTESSORI O Projeto de uma Escola Montessori deve utilizar a visão, necessidades, condições do local e contexto de cada escola, para que cada um se torne uma criação única. No entanto, a filosófica e a pedagogia permanecem as mesmas e este fundamento
leva
a
algumas
características
e
elementos
de "Arquitetura
Montessori". O processo de projeto considera essas semelhanças, bem como os aspectos únicos de cada escola. Para a elaboração de um projeto arquitetônico destinado a uma escola Montessori, alguns princípios devem ser aplicados, a fim de capacitar a abordagem Montessori. O ambiente preparado deve seguir as orientações seguintes (Quadro 1),
conforme a idealizadora do método concebeu em seu livro Pedagogia Científica (1965): CARACTERÍSTICAS
ESTÉTICA
O ambiente deve conter harmonia e simplicidade, um ambiente agradável que represente um lugar para viver. A beleza não é produzida por excesso ou luxo, mas pela graça e harmonia de linha e cor, combinada com absoluta simplicidade exigida pela leveza do mobiliário. "A beleza tanto promove a concentração de pensamento e oferece refrescamento do espírito cansado.” (Maria Montessori)
ESPACIALIDADE
Liberdade de movimento na forma e tamanho das salas de aula. De maneira que permita que haja uma maior separação efetiva das ações. Um ambiente que permita que as crianças se desloquem livremente pela sala de aula.
MOBILIÁRIO
O mobiliário deve ter uma altura proporcional à criança, para que ela se sinta livre, e dessa forma se desenvolva mais em um ambiente propício para ela. Cadeiras baixas, mesas com altura infantil, espelhos e até quadros ficam no campo de visão miniaturizado. Deve haver um diversidade no tipo de mobiliário proposto, para que várias atividades possam acontecer ao mesmo tempo e de forma que proporcione uma interação entre os alunos.
É muito importante para o desempenho dos alunos, além de melhorar a aprendizagem e a saúde. A salas de aula Montessori deve haver abundância de luz natural através de janelas atraentes que podem ser abertas para permitir que o ar flua.
ILUMINAÇÃO As janelas para as crianças de 0 a 3 anos, devem chegar a quase altura do piso para permitir que as crianças possam ver externamente sem se esticar. Observar o ambiente exterior é importante, bem como assistir as outras crianças de outras classes.
COR
A cor tem uma influência sobre a pressão sanguínea e o comportamento (Taylor, 1988). As cores quentes aumentam a pressão arterial e atividade muscular, enquanto cores frias reduzir. Além disso, estudos têm mostrado que o uso da cor da natureza, ou seja, azuis, verdes e castanhos; criam um ambiente confortável e descontraído. A combinação de cores nas salas de aula Montessori deve ser leve e natural. A utilização de vermelhos brilhantes, amarelos e laranjas, deve ser limitado. Eles podem ser eficazmente utilizados em materiais de aprendizagem para propiciar um aspecto mais interesse.
ACÚSTICA
Ambientes ruidosos tendem a resultar em um pior rendimento acadêmico. Nas salas de aula Montessori deve ter a consciência do nível de ruído e seus efeitos sobre a aprendizagem. Os materiais devem ser absorventes para poder melhorar a qualidade dos sons, consequentemente melhorando a experiência de aprendizagem.
QUALIDADE DO AR
A ventilação natural deve acontecer de forma abundante com um bom fluxo de ar através de janelas e portas.
AMBIENTE EXTERNO
Idealmente, cada classe deve ter pelo menos um acesso para o ambiente exterior, que por sua vez, deve ser um cenário natural de jardins, florestas ou campos. Pelo menos uma porta deve levar para o ambiente externo, permitindo que as crianças passem livremente de dentro para fora.
Quadro 1 – Orientações para a elaboração de um projeto arquitetônico para Escola Montessori. Fonte: Montessori, 1965
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Como parte complementar da pesquisa foi utilizada como exemplo para o entendimento da relação entre o espaço arquitetônico e o método montessoriano uma escola Montessori localizada da cidade de Ipatinga. A planta da escola representada
na imagem a seguir (Figura 7), mostra a disposição dos ambientes e das salas de aula.
Portão de Entrada dos Alunos
Infants: 4 meses a 1 anos e meio
Toddlers: 1 ano e meio a 3 anos
Primary: 3 a 6 anos
Figura 7 – Planta Baixa Escola Montessori. Fonte: Autor.
As salas de aula revelam, em seu formato e disposição dos ambientes, uma contradição em alguns quesitos para a elaboração do ambiente escolar Montessoriano. A planta baixa da escola, representada na figura a cima (Figura 7), mostra um grande problema de fluxo e mobilidade, pelo fato de se acessar alguns ambientes, como banheiro e cozinha, passando por dentro das salas de aula. Essa circulação resulta em um grande conflito de atividades, o que pode causar uma interrupção de momentos de concentração. Outro aspecto muito notável na planta da escola é a insuficiente, ou até mesmo ausente conexão entre os ambientes internos e externos. As figuras a seguir (Figuras 8, 9 e 10) reforçam essa deficiência, apresentando como as crianças não possuem livre e fácil acesso ao ambiente natural.
Figura 8 – Sala de Aula Primary Fonte: Autor
Figura 9 – Sala de Aula Toddlers 1 Fonte: Autor
Figura 10 – Sala de Aula Toddlers 2 Fonte: Autor
A falta de abertura para o ambiente externo prejudica o fluxo de ventilação dentro das salas de aulas, não permitindo que os ambientes sejam arejados e com ar de qualidade. Essa falta de aberturas prejudica também a entrada de iluminação natural nos ambientes, fazendo com que as salas de aulas não recebem iluminação suficiente para as atividades exercidas, sendo necessária a utilização de iluminação artificial durante todo o dia. Nas questões de mobiliário, percebe-se a incorporação da metodologia concretizada. Os mobiliários são apropriados à criança. Estes aspectos evidenciam uma maior liberdade de movimento e espontaneidade. A movimentação possibilita a uma criança ativa autonomia nos movimentos e escolha dos materiais. Ao mesmo tempo, os materiais estão dispostos segundo organização didática, com limites préestabelecidos, sistema que induz pela prática, à disciplina dos educandos, pela exigência, reiterada pelo professor, de que sejam utilizados e, depois do uso, recolocados em seus devidos lugares e na mesma ordem. Nas fotos abaixo (Figuras 11, 12 e 13), pode-se ver essa relação dos mobiliários. Outro aspecto a ser ressaltado na imagem é a possibilidade de acontecer diversas atividades de forma simultânea. O tapete e as mesas limitam o espaço para essas atividades. Tanto o tapete quanto objetos próprios para cada criança estabelecem concretamente a noção de limite na relação com o objeto e na interação com o outro.
Figura 11 – Sala de Aula Primary Fonte: Autor
Figura 12 – Sala de Aula Toddlers 2 Fonte: Autor
Figura 13 – Sala de Aula Toddlers 2 Fonte: Autor
Outro aspecto importante para a arquitetura Montessori, é a utilização das cores.
Pode-se perceber a aplicação de cores nos tons neutros, conforme
recomendado pela idealizadora do método. A utilização do espelho na altura das crianças também segue a recomendação como mostra a imagem a seguir (Figura14). O espelho é importante para que os pequenos possam reconhecer seu próprio rosto as possibilidades de movimento dele e as partes de seu corpo.
Figura 14 – Sala de Aula Infants Fonte: Autor
Nas imagens (Figura 15 e 16) mostra a figura do professor, mas em posição e atitude muito diferentes das convencionais. Neste recorte, é um adulto em meio a crianças, aparentemente com a função de observar e orientar.
Figura 15 – O educador Montessoriano Fonte: Autor
Figura 16 – Sala de Aula Toddlers 1 – O Educador Montessoriano Fonte: Autor
CONCLUSÃO A organização dos espaços na educação infantil é indispensável para o desenvolvimento da criança, ampliando suas capacidades e sugerindo novas habilidades motoras, intelectual ou afetivas. A arquitetura Montessoriana procura proporcionar um ambiente que respeite a individualidade, as necessidades e possibilidades dos alunos, utilizando princípios fundamentais da ordem, respeito e liberdade. Os ambientes Montessori devem ser intencionalmente projetados para promover a concentração, colaboração e comunicação entre as crianças. Porém, na observação do espaço físico da escola Montessori da cidade de Ipatinga, foi perceptível que os planejamentos dos ambientes não foram destinados a essa função e que também não houve uma adequação para atender as necessidades espaciais para a aplicação do método. A escola ocupou um edifício projetado para ser uma residência. Essa falta de planejamento implica em diversos obstáculos para a aplicação efetiva dos princípios Montessoriano, pois não permite interação com o ambiente externo, o que gera uma insuficiência na qualidade de iluminação e ventilação, promovendo um ambiente onde se necessita a utilização de equipamentos elétricos, como luz artificial e ar-condicionado durante todo o período da aula. Outros grandes
problemas ocasionados pela falta de planejamento são a mobilidade e a espacialidade, pois como o ambiente não foi planejado para essa atividade, seus cômodos tem dimensões limitadas e acessos ineficientes. Os aspectos observados na visita técnica à Escola Montessori, assim como todas as pesquisas bibliográficas realizadas nessa pesquisa, servirão como base para a criação de diretrizes que conduzirão a elaboração de um projeto arquitetônico de uma escola Monstessoriana.
REFERÊNCIAS
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