Amostra_ Diagramação de "Poesia Imperativa"

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Meu primeiro livro, “Maria Rejeitadinha e Outros Poe-

mas” (2011), nasceu da vontade de reunir minha poesia, então desorganizada, em único lugar. Além disso, eu queria sentir de que forma minhas palavras tocavam as pessoas. O “Maria Rejeitadinha” mostrou que eu me comunico bem por meio da arte. Fortalecida com isso, em 2015, escrevi o “Sob Encomenda: Contos”, ficando ainda mais perto das pessoas, dialogando diretamente com elas, fazendo-as co-criadoras da minha ficção.

pOESIA imperativa

“Poesia imperativa” é fruto de igual sentimento: comu-

nicar-me por meio da arte, que é a única comunicação possível para mim.

Por isso, mais uma vez, resolvi reunir minhas poesias – dis-

sipadas em cadernos, blogs, redes sociais, papéis avulsos – em um só lugar. Por algumas delas, tenho um carinho especial, por exemplo, Sintonia, que foi campeã do Concurso Pão e Poesia (2017), de Blumenau (SC) e Parto, 2º lugar no Concurso Literário da Semana de Letras da Universidade Federal do Paraná.

Está, de novo, reunida a poesia. Espero que este livro

siga o idêntico caminho dos anteriores. Isto é, que possa provocar de forma sensível e sincera a essência de quem o lê.

Alana Regina alanareginasm@hotmail.com Instagram: @alanareginasm

ALANA REGINA



Diagramadora e capista: Aline Fortunato


pOESIA imperativa

ALANA REGINA



SUMÁRIO Travessia       Estatística       Com quem amas       Gestação       Eu, passarinho       Sintonia       Não ouso nomear       Exorcismo       Parto       Ressentimento       Deus nu       Sobre tempo e finitude       Mais um clichê sobre saudade

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. do i       Quarteto       Tempestivo       Quando e depois       O tempo do menino       Ainda e mesmo que       Pelos muros, pelos futuros       Um poeminha ingênuo       Musa inspiradora       Quadrilha da vida real       Nacional       Conselho

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Travessia 8


As virgens, as damas e as adúlteras As hereges, as bruxas e as prostitutas Sopram as cinzas da lírica erudita Sepultam a farsa da cortesia escrita Com suas próprias mãos: as covas De suas bocas o adeus à cavalaria Hoje, não precisam de falsas trovas Pois nas chefias e mandatos, há Marias Há Evas, Madalenas e heresia Há nudez, sexo e bruxaria O corpo é sua própria travessia: O que era mudo, hoje é poesia.

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Estatística

Capitus, Julietas, Macabéas Emmas Bovary, Antígonas, Medeias Dalloways, Sallys, Aurélias É hora das estrelas e das ciganas, é tempo das envenenadas Tempo das vertigens, Das colagens Das coragens de dizer :não. Mortas, feridas, mutiladas pa-ra-li-sa-das É tempo do movimento, dos ventos com cheiro bom

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Dias de erguer as placas, imprimir as notícias, gritar na televisão Nas gavetas, a estatística Nos entrega – todo dia – Mais de uma no caixão Vão com elas tapas, xingamentos, agressão Conosco ficam as memórias, arquivos, resignação O esconderijo é debaixo do nosso nariz: tem lágrima no fogão, tem sangue no feijão e aquele ali está com cabelo na mão.

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