TCC arqurbuvv + Neurociência aplicada a ambientes corporativos

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

ALINE PELISSARI BONGIOVANI NUNES

NEUROCIÊNCIA APLICADA A AMBIENTES CORPORATIVOS

VILA VELHA 2020 i


ALINE PELISSARI BONGIOVANI NUNES

NEUROCIÊNCIA APLICADA A AMBIENTES CORPORATIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Vila Velha como pré-requisito do Programa de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Professora Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira.

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Dedico este estudo: Aos meus pais, Denair e Aureomar, e a toda a minha famĂ­lia e amigos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido sabedoria e graça para a realização deste projeto de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final. Sou grata à minha família e amigos pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida. Agradeço especialmente aos meus pais, Denair e Aureomar, por todo o esforço investido na minha educação. Deixo um agradecimento especial a minha orientadora, Melissa Ramos da Silva Oliveira, pelo incentivo e pela dedicação de seu tempo ao meu projeto de pesquisa. Obrigada por me manter motivada durante todo o processo. Gratidão pela participação do professor Geraldo Benício da Fonseca, cuja dedicação e atenção no decorrer do Trabalho de Conclusão de Curso 1 foram essenciais para este trabalho. Agradeço também ao colega de curso Gabriel Andrade Rodrigues, pela execução dos mapas de calor e manuseio do equipamento Eye Tracker. Agradecimento especial a todos os voluntários que participaram da pesquisa de campo virtual e responderam as questões do trabalho. Também quero agradecer à Universidade Vila Velha e a todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo por todo ensino a mim proporcionado.

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RESUMO

É apresentado neste estudo, itens como mobiliário, cor do ambiente, forma, iluminação, aberturas, entre outros fatores, influenciam de forma direta ou indireta o ambiente ocupado e o processo de criatividade e produtividade do funcionário, que tem como consequência direta a autoestima do mesmo, que pode ser elevada ou diminuída de acordo com seu rendimento profissional. Esta monografia tem como objetivo relacionar a neurociência aplicada a arquitetura no ambiente corporativo, chegando à elaboração de uma pesquisa com voluntários de um projeto de escritório de marketing, onde são apresentadas as variáveis e analisadas as reações e sentimentos. Este conceito tem como função explicar as interações entre o ambiente construído e as nossas percepções, mostrando que podem ocorrer de forma consciente ou inconsciente. Os resultados obtidos foram: maiores informações sobre o tema proposto e também informações complementares relacionadas ao conforto do ambiente corporativo, resultados de uma pesquisa comprovando a eficácia das variáveis de projeto, apresentando vantagens para a empresa e principalmente para o funcionário.

Palavras-chave: neuroarquitetura, neurociência, arquitetura, ambientes corporativos.

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ABSTRACT

In this study, items such as furniture, color of the environment, shape, lighting, openings, among other factors, directly or indirectly influence the occupied environment and the employee's creativity and productivity process, which has a direct consequence of self-esteem. even, which can be increased or decreased according to your professional performance. This monograph aims to relate neuroscience applied to architecture in the corporate environment, arriving at the elaboration of a research with volunteers from a marketing office project, where the variables are presented and the reactions and feelings are analyzed. This concept has the function of explaining the interactions between the built environment and our perceptions, showing that they can occur consciously or unconsciously. The results obtained were: more information on the proposed theme and also complementary information related to the comfort of the corporate environment, results of a survey proving the effectiveness of the design variables, presenting advantages for the company and especially for the employee.

Keywords: neuroarchitecture, neuroscience, architecture, corporate environments.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Esquema Lobos Cerebrais...........................................................................8 Figura 2 – Instituto Salk...............................................................................................30 Figura 3 – Implantação...............................................................................................30 Figura 4 – Instituto Salk...............................................................................................31 Figura 5 – Instituto Salk...............................................................................................32 Figura 6 – Eixo Instituto Salk ......................................................................................32 Figura 7 – Circulação vertical Instituto Salk.................................................................33 Figura 8 – Mapa de calor.............................................................................................35 Figura 9 – Projeto básico sem variáveis......................................................................39 Figura 10 – Planta de forro do projeto inicial................................................................39 Figura 11 – Vista 3D do projeto inicial. Ponto de vista entrada....................................42 Figura 12 – Vista 3D do projeto inicial. Ponto de vista usuário 1..................................42 Figura 13 – Vista 3D do projeto inicial. Ponto de vista usuário 2..................................43 Figura 14 – Vista entrada – Cena 1.............................................................................48 Figura 15 – Vista usuário – Cena 1..............................................................................49 Figura 16 – Vista usuário – Cena 1..............................................................................49 Figura 17 – Vista entrada – Cena 2.............................................................................52 Figura 18 – Vista usuário – Cena 2..............................................................................53 Figura 19 – Vista usuário – Cena 2..............................................................................53 Figura 20 – Vista entrada – Cena 3.............................................................................56 Figura 21 – Vista usuário – Cena 3..............................................................................57 Figura 22 – Vista usuário – Cena 3..............................................................................57 Figura 23 – Vista entrada – Cena 4.............................................................................60 Figura 24 – Vista usuário – Cena 4..............................................................................61 Figura 25 – Vista usuário – Cena 4..............................................................................61 Figura 26 – Vista entrada – Cena 5.............................................................................64 Figura 27 – Vista usuário – Cena 5..............................................................................65 Figura 28 – Vista usuário – Cena 5..............................................................................65 Figura 29 – Vista entrada – Cena 6.............................................................................68 vii


Figura 30 – Vista usuário – Cena 6..............................................................................69 Figura 31 – Vista usuário – Cena 6..............................................................................69 Figura 32 – Vista entrada – Cena 7.............................................................................72 Figura 33 – Vista usuário – Cena 7..............................................................................73 Figura 34 – Vista usuário – Cena 7..............................................................................73 Figura 35 – Vista entrada – Cena 8.............................................................................76 Figura 36 – Vista usuário – Cena 8..............................................................................77 Figura 37 – Vista usuário – Cena 8..............................................................................77 Figura 38 – Comparativo de cores..............................................................................81 Figura 39 – Comparativo de aberturas........................................................................81 Figura 40 – Comparativo de decoração......................................................................82 Figura 41 – Comparativo sem variável x abertura com entorno de cidade..................82 Figura 42 – Comparativo com abertura e entorno de jardim x decoração com vegetação...................................................................................................................82 Figura 43 – Comparativo de janelas através do equipamento eye tracker – 1.............86 Figura 44 – Comparativo de janelas através do equipamento eye tracker – 2.............86 Figura 45 – Comparativo de janelas através do equipamento eye tracker – 3.............87 Figura 46 – Comparativo de ambiente com abertura e sem abertura através do equipamento eye tracker............................................................................................89 Figura 47 – Comparativo de ambiente com vegetação e abertura com entorno de jardim através do equipamento eye tracker.................................................................91

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LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 1.........................50 Gráfico 2 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 1.........................51 Gráfico 3 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 1...........51 Gráfico 4 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 1......52 Gráfico 5 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 2.........................54 Gráfico 6 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 2.........................55 Gráfico 7 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 2...........55 Gráfico 8 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 2......56 Gráfico 9 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 3.........................58 Gráfico 10 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 3.......................59 Gráfico 11 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 3.........59 Gráfico 12 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 3....60 Gráfico 13 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 4.......................62 Gráfico 14 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 4.......................63 Gráfico 15 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 4.........63 Gráfico 16 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 4....64 Gráfico 17 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 5.......................66 Gráfico 18 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 5.......................67 Gráfico 19 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 5.........67 Gráfico 20 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 5....68 Gráfico 21 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 6.......................70 Gráfico 22 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 6.......................71 Gráfico 23 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 6.........71 Gráfico 24 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 6....72 Gráfico 25 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 7.......................74 Gráfico 26 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 7.......................75 Gráfico 27 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 7.........75 Gráfico 28 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 7....76 Gráfico 29 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 8.......................78 ix


Gráfico 30 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 8.......................79 Gráfico 31 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 8.........79 Gráfico 32 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 8....80 Gráfico 33 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 1.......................83 Gráfico 34 – Qual ambiente causa maior mal-estar? – Comparativo 1.......................84 Gráfico 35 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 1...........84 Gráfico 36 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 2.......................85 Gráfico 37 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 2...........85 Gráfico 38 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 3.......................87 Gráfico 39 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 3...........88 Gráfico 40 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 4.......................88 Gráfico 41 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 4...........89 Gráfico 42 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 5.......................90 Gráfico 43 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 5...........91

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1. CONCEITUAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 5 1.1 ARQUITETURA ................................................................................................. 5 1.2 NEUROCIÊNCIA................................................................................................ 6 1.3 NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA (NEUROARQUITETURA) ..... 9 1.4 ERGONOMIA ................................................................................................... 10 1.4.1 Aplicabilidade em espaços corporativos .............................................. 12 1.4.2 Benefícios ................................................................................................ 13 2. MOTIVAÇÃO E TRABALHO ................................................................................ 15 2.1 PERSONALIDADES ........................................................................................ 15 2.2 INSTINTOS ...................................................................................................... 16 2.3 AUTOESTIMA .................................................................................................. 17 2.4 HIERARQUIA ................................................................................................... 19 3. SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO ............................................................................... 21 3.1 SISTEMA SENSORIAL E SUA APLICABILIDADE .......................................... 21 3.2 SENTIR X FAZER ............................................................................................ 23 3.3 CROMOTERAPIA ............................................................................................ 25 3.4 PATOLOGIAS .................................................................................................. 27 4. REFERÊNCIAS E ESTUDO DE CASO ................................................................ 29 4.1 REFERÊNCIA - INSTITUTO SALK .................................................................. 29 4.2 ESTUDO DE CASO - WHERE DO WE LOOK?............................................... 34 5 MÉTODO................................................................................................................ 36 5.1 EQUIPAMENTO............................................................................................... 37 5.2 PARTICIPANTES............................................................................................. 37 5.3 PROJETO BÁSICO .......................................................................................... 38 5.4 VARIÁVEIS DE PROJETO .............................................................................. 40 5.5 VISTAS DO AMBIENTE ................................................................................... 41 5.6 CENAS ............................................................................................................. 43 5.7 QUESTÕES ..................................................................................................... 44 5.8 PROTOCOLO DA EXECUÇÃO DA COLETA DE DADOS .............................. 45 5.8.1 Grupo 1 .................................................................................................... 45 5.8.2 Grupo 2 .................................................................................................... 45 5.8.3 Grupo 3 .................................................................................................... 46 xi


5.9 PROTOCOLO DE ANÁLISE DOS DADOS ...................................................... 46 6. RESULTADOS ...................................................................................................... 48 6.1 CENA 1 ............................................................................................................ 48 6.2 CENA 2 ............................................................................................................ 52 6.3 CENA 3 ............................................................................................................ 56 6.4 CENA 4 ............................................................................................................ 60 6.5 CENA 5 ............................................................................................................ 64 6.6 CENA 6 ............................................................................................................ 68 6.7 CENA 7 ............................................................................................................ 72 6.8 CENA 8 ............................................................................................................ 76 6.9 CENAS COMPARATIVAS ............................................................................... 80 6.9.1 Comparativo 1 ......................................................................................... 83 6.9.2 Comparativo 2 ......................................................................................... 85 6.9.3 Comparativo 3 ......................................................................................... 87 6.9.4 Comparativo 4 ......................................................................................... 88 6.9.5 Comparativo 5 ......................................................................................... 90 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 92 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 93 SITES..................................................................................................................... 94 VÍDEOS ................................................................................................................. 96

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INTRODUÇÃO Como projetar espaços comerciais, utilizando a arquitetura e a neurociência? Como o ser humano reage de acordo com as variáveis dos ambientes? Essas duas questões delinearam o início dessa pesquisa. A arquitetura corporativa se define pela especialização de um projeto com diretrizes focadas ao ambiente de trabalho, onde o arquiteto busca proporcionar ao usuário um ambiente propício e confortável para a execução de suas funções. Podemos notar que o ambiente em que trabalhamos é onde passamos boa parte do nosso dia. Portanto, este deve nos atender e nos fazer sentir confortáveis. Conforme a pesquisa apresentada neste trabalho, itens como mobiliário agrupado ou individual, espaços abertos ou enclausurados, cores presentes no ambiente, elementos de decoração, entre outros, influenciam diretamente na criatividade, produtividade e bem-estar dos funcionários, assim como nas emoções e sentimentos daqueles que frequentam o local. A neurociência é o estudo do sistema nervoso e do funcionamento da mente humana, que funciona como um regulador da interação com o ambiente (DAMÁSIO, 1996). Sendo assim, existem diferentes formas de estimular o sistema nervoso por meio do ambiente em que o ser humano se encontra. Os sistemas sensoriais também fazem parte desse meio, onde são colocados em funcionamento e juntamente com o sistema nervoso provocam reações e emoções diferentes de acordo com cada situação ou variável. Visando compreender como é possível criar espaços que estabeleçam melhor convivência entre pessoas e ambientes e influenciar o comportamento do ser humano foi elaborada a monografia a seguir, que mostra estratégias e problemáticas encontradas a partir de pesquisas e experiências pessoais. A busca pelo aumento do bem-estar e da produtividade dos funcionários vem sendo cada vez maior, e também tem sido tema frequente de debates. O estudo da neurociência aplicada à arquitetura consegue demonstrar nitidamente a influência do ambiente no cérebro e, consequentemente, no comportamento humano (EBERHARD, 2009). 1


O estudo da Neurociência aplicada à Arquitetura é uma área de pesquisa recente, e que têm despertado o interesse de estudiosos a respeito do assunto, tais como (EBERHARD, 2009). A ANFA (Academy of Neuroscience for Architecture) foi criada no intuito de promover e aprimorar o conhecimento que vincula a neurociência a uma crescente compreensão das respostas humanas ao ambiente construído, estimulando o conceito proposto de implantar em cada vez mais lugares a compreensão e o uso da técnica para a melhoria do bem-estar das pessoas e promovendo a troca de conhecimentos relacionados à arquitetura aplicada à neurociência. A criação de uma academia específica para discutir a neurociência aplicada à arquitetura demonstra que esse tema vem ganhando cada vez mais espaço no meio arquitetônico internacional. No Brasil, é principalmente utilizado para ambientes comerciais; entretanto, também pode ser aplicado a ambientes residenciais ou escolares, por exemplo. Analisar e entender como o espaço é capaz de influenciar as pessoas, a forma como se sentem, o que pensam e como agem é um ponto importante capaz de contribuir na qualidade do espaço que será projetado e vivenciado. A escolha do ambiente corporativo para a aplicação desse estudo aconteceu após estagiar por dois anos em um órgão público onde era evidente a insatisfação dos funcionários com seu local de trabalho. Após observar estes e outros ambientes empresariais, foi possível observar que boa parte dos profissionais se sentem incomodados com certas metodologias de desenvolvimento do trabalho e distribuições espaciais nos ambientes. Muitas vezes, tentávamos deixar o espaço o mais aconchegante possível, para que nossas atividades fossem feitas com maior satisfação; entretanto, nem sempre isso era possível. Assim ocorreu a escolha da neurociência aplicada a arquitetura como tema de trabalho de conclusão de curso, para abordar de forma mais específica as técnicas utilizadas e os problemas encontrados, trazendo também soluções e mostrando, em forma de projeto arquitetônico, como isso seria aplicado em um escritório. Considerando isso, buscaremos analisar e evidenciar como escolhas e definições de projetos podem impactar diretamente no bem-estar das pessoas, nas suas sensações, ações, emoções e sentimentos. A partir desse estudo, será possível entender e relacionar a forma como agimos e nos sentimos com o espaço onde estamos inseridos. 2


Objetivo principal Este trabalho tem como objetivo principal estudar e analisar os impactos psicológicos e sensoriais que a arquitetura de interiores proporciona nos usuários em seu ambiente de trabalho. Visa entender como a disposição do layout de um projeto, a escolha de cores, formas, materiais e a iluminação natural e artificial de um ambiente impactam na produtividade e na qualidade de vida das pessoas. Objetivos secundários A fim de alcançar o objetivo geral proposto, foram desenvolvidas as seguintes ações específicas que visam: a) A partir da teoria da neurociência, compreender os mecanismos cerebrais vinculados às emoções, sentimentos e cognição. b) Correlacionar esses conceitos à arquitetura, neurociência e projeto de interiores; c) Estudar sobre os espaços corporativos e os principais critérios de projeto utilizados; d) Mapear o comportamento dos dados físicos, cognitivos e fisiológicos dos voluntários durante a visualização do projeto proposto; e) Interpretar e analisar as informações obtidas; Estrutura Esta monografia foi dividida em duas partes, sendo elas a parte teórica e a parte de pesquisa. Na parte teórica as informações foram obtidas através de artigos, livros, pesquisas, vídeos de estudo, sites de pesquisa confiáveis. Foram realizados ainda estudos de caso com referências ao tema. Além de experiências pessoais e pesquisas com outras pessoas, a fim de determinar se as variantes e espaciais seriam capazes de influenciar na produtividade e sua sensação de bem-estar. A segunda etapa do estudo contemplou a realização da pesquisa com os voluntários. A pesquisa foi realizada de modo tele presencial com 20 voluntários, onde foram mensurados a percepção do usuário no projeto executado, logo após foi realizada a análise do resultado. Ressalta-se que a pesquisa de campo teve que ser realizada de modo remoto devido as restrições de isolamento social impostas pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Estado do Espírito Santo em função da pandemia de COVID-19. 3


No decorrer desta monografia serão apresentados sete capítulos, sendo eles: (1) Definições, onde serão apresentados os conceitos de arquitetura, neurociência, neuroarquitetura, marketing e ergonomia; (2) Motivação e trabalho, onde serão abordados temas específicos ao comportamento dentro do ambiente de trabalho, como as personalidades, instintos, autoestima e hierarquia; (3) Sensação e percepção, este capítulo tem como foco o estudo do sistema sensorial humano, as reações do sentir x fazer, o estudo das cores (cromoterapia), e algumas patologias que podem ser encontradas em um ambiente de trabalho; (4) Estudos de caso, onde foram abordados dois estudos, sendo um local e uma pesquisa relacionada; (5) Métodos, especificando a metodologia da pesquisa, assim como, dados mais específicos; (6) Resultados, apresentando as imagens que fizeram parte do estudo com os voluntários, análise dos participantes durante o teste e os gráficos com as respostas.

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1. CONCEITUAÇÃO TEÓRICA Para o melhor entendimento da monografia a ser apresentada, neste capítulo serão apresentadas definições dos principais conceitos utilizados no trabalho, que irão embasar teoricamente a pesquisa. . Define a junção de dois campos do conhecimento nomeados Neuroarquitetura, a Arquitetura e a Neurociência, e apresenta o que cada uma delas estuda e o que pode resultar em cada uma delas. 1.1 ARQUITETURA A arquitetura é uma arte e uma ciência para pessoas. Existem diversas definições para a arquitetura. Entretanto, sabe-se que esta estará sempre em constante avanço e mudanças. Portanto, deveremos nos adequar e crescer junto.

Devido às inúmeras formas que pode assumir e à necessidade de que funcione de modos específicos, a arquitetura deve ser considerada tanto uma arte como uma ciência. Ela é uma disciplina artística que busca inventar por meio do projeto. Ela também é uma profissão que conta com técnicas de produção específica. (CHING, 2014, p.2).

Podemos dizer que a arquitetura é feita por pessoas e para as pessoas, buscando sempre a melhoria da população como um todo, visando bem-estar, saúde, sustentabilidade, conforto, entre outras várias funções. Um de seus principais objetivos é a interação do ser humano com o ambiente em que vive, em que trabalha, estuda ou simplesmente em que está no momento. A arquitetura está presente em todos os momentos do nosso dia e em tudo o que fazemos, promovendo a comodidade e o bem-estar de seus usuários.

[...] A arquitetura é realizada por e para pessoas, que têm necessidades e desejos, crenças e aspirações; que tem sensibilidade estéticas afetadas pela sensação de calor, tato, olfato, som, bem como por estímulos pessoais; que fazem coisas e cujas atividades têm exigências práticas; que veem sentido e significado no mundo ao seu redor. (UNWIN, 2013, p.24).

A arquitetura abrange desde a necessidade da sobrevivência até o prazer de aliar tecnologias, utilidade e beleza às edificações. Podemos dizer que a arquitetura é uma intervenção no meio ambiente com intenção de satisfazer determinada expectativa, criando novos espaços de forma a gerar interação e conforto.

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A arquitetura surgiu da necessidade de organizar e adornar espaços, sobretudo os espaços urbanos. É uma arte que surge da relação entre o ser humano e o espaço, com intuito de organizar os ambientes onde este desempenha suas atividades. Em todas as possíveis definições para a Arquitetura, pode-se observar que está sempre sobre constantes melhorias, onde tem como foco principal o bem-estar da população, seja de forma individual ou coletiva, assim como a saúde mental e física das pessoas, buscando cada vez mais a maior aplicabilidade do direito de ir e vir de todos e também a sustentabilidade.

1.2 NEUROCIÊNCIA A neurociência é um conjunto de disciplinas que tratam do sistema nervoso, e que se originou da busca das bases de funcionamento da mente humana. A partir dessa informação, segundo o Professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, Roberto Lent, classificamos os profissionais da área em dois tipos: os neurocientistas, que têm como base a pesquisa científica em neurociência, e os profissionais da saúde, que têm como objetivo preservar e restaurar o desempenho funcional do sistema nervoso. Segundo Roberto Lent (2008), o estudo da neurociência pode ser classificado em cinco grandes disciplinas. Seriam elas: a neurociência molecular, que estuda o sistema nervoso e suas interações; a neurociência celular, que estuda a estrutura e função do sistema; a neurociência sistêmica, que estuda as células nervosas que constituem os sistemas funcionais; a neurociência comportamental, que estuda as estruturas neurais que produzem comportamentos e outros fenômenos psicológicos; e por último a neurociência cognitiva, que trata das capacidades mentais mais complexas, como linguagem, autoconsciência, memória, etc. Ultimamente, outros profissionais vêm se interessando pelo estudo da neurociência para obter melhores resultados em suas áreas. As intenções vão desde a melhoria em algo que estimule o ser humano, até o estudo da neurociência para a elaboração de robôs que desempenham funções correspondentes ao homem.

Para António Damasio, neurologista da Universidade de Iowa, nos EUA, a emoção não é uma abstração mental, mas um processo que nasce da

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interação entre o corpo e o cérebro, ou na verdade uma sequência de dois processos: ter uma emoção, e depois senti-la. Ter uma emoção seria o que acontece quando o cérebro, induzido por uma lembrança, uma cena ou uma situação real, provoca alterações no corpo [...]. Sentir a emoção, ou ter um sentimento, é o que aconteceria no passo seguinte, quando o cérebro registra essas alterações no corpo. (LENT, 2008, p.16).

O sistema nervoso funciona como um regulador da interação com o ambiente. Sendo assim, ele é um elemento essencial no comportamento dos animais. E, por sua vez; o comportamento que o organismo adota em novos ambientes é encarregado de determinar o curso evolutivo de sua espécie a partir dali. Nota-se assim a importância do sistema nervoso para o ser humano e seu bem-estar, de como tudo funciona sem que seja 100% controlado pelo nosso consciente. Os sentidos se definem como estímulos ao sistema nervoso que recebe as reações das formas de energia que incidem sobre o organismo, o que permite que se obtenha uma percepção das coisas. Os sistemas sensoriais representam os conjuntos de estruturas neurais, que ficam encarregadas do processo de tradução dos estímulos. (LENT, 2010). A percepção é uma das consequências da sensação, que nem sempre está inteiramente disponível à nossa consciência, pois é “ativada” pelos mecanismos do nosso corpo como atenção, emoção ou sono, entre outros. Ela é mais seletiva que os sentidos, pois o sistema nervoso tem a capacidade de bloquear informações sensoriais que não sejam úteis a cada momento na vida do indivíduo, classificando assim as informações, conforme sua urgência e relevância.

A percepção começa quando uma forma qualquer de energia incide sobre as interfaces situadas entre o corpo e o ambiente, sejam elas externas (na superfície corporal) ou internas (nas vísceras). Nessas interfaces localizamse células especiais capazes de traduzir a linguagem do ambiente para a linguagem do sistema nervoso: os receptores centrais. (LENT, 2010, p.184).

A partir de estudos de Robert Lent e Antonio Damásio, pode-se afirmar que para o sentimento surgir e existir, para utilizarmos os sentidos, memória, dentre outras partes, são utilizadas algumas partes do cérebro (figura 1), onde podemos citar: (1) Lobo Parietal, que tem como foco a recepção das sensações; (2) Lobo Frontal, onde ocorre o planejamento de ações e movimentos; (3) Lobo Temporal, que tem como 7


função o gerenciamento da memória; (4) Lobo Occipital, que foca apenas em funções visuais. O hipotálamo também tem grandes interferências e importantes funções, pois através dele acontece o equilíbrio das funções internas no corpo humano.

Figura 1 – Esquema Lobos Cerebrais

Fonte: Infoescola – anatomia humana. Por: Marcelo Oliveira.

Ainda segundo Robert Lent (2010), as emoções podem ser divididas como positivas (que provocam prazer) ou negativas (que provocam desprazer), entretanto, também podem ser classificadas em três grupos, são eles: (1) Emoções primárias ou básicas, que são aquelas inatas e que existem em todas as pessoas, independentes de fatores culturais ou sociais, como alegria, tristeza, medo, raiva, nojo e surpresa; (2) Emoções secundárias, são aquelas influenciadas por um contexto social e cultural, são aprendidas, como culpa, vergonha, orgulho, por meio delas o ser humano obedece, ou não, às regras de comportamento impostas pela sociedade; (3) Emoções de Fundo. As emoções de fundo compreendem uma categoria definida por Antônio Damásio (2006) que refere-se a estados gerais de bem-estar ou mal-estar, ansiedade ou apreensão, calma ou tensão, ou seja, você as sente continuamente durante um 8


determinado

período,

influenciando

as

emoções

primárias

e

secundárias

simultaneamente. É possível que esses estados são relacionados com o conjunto das informações que nosso corpo veicula ao cérebro constantemente, e que ativam o sistema interoceptivo.

1.3 NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA (NEUROARQUITETURA) Neuroarquitetura é a denominação popular para a ciência interdisciplinar que aplica evidências neuro científicas à relação entre o ambiente construído e as pessoas que dele fazem uso. É um termo popular, e que não se define como uma nova ciência, mas sim, como a junção de uma ciência, a neurociência, e uma ciência social aplicada, a arquitetura. A arquitetura tem profunda relação com o nosso cérebro, visto que todo o ambiente que frequentamos nos traz alguma lembrança ou um sentimento, que são incontroláveis. Segundo Andréa de Paiva e Robson Gonçalves (2006), as interações entre nosso cérebro, corpo e meio ambiente são muito complexas. Portanto, notamos que certas construções ou ambientes nos trazem emoções que muitas vezes são inexplicáveis. A estimulação de partes diferentes no nosso cérebro cria instantaneamente experiências sensoriais, emotivas e instintivas.

O espaço é uma das dimensões sensoriais mais ricas. Interagimos com o espaço não só por meio da visão. Todos os nossos sentidos influenciam na nossa percepção do espaço e no nosso comportamento em determinado ambiente[...] (PAIVA e GONÇALVES, 2006, p. 290).

As buscas pelo significado da arquitetura mostram intenções físicas, concretas e objetivas. A estética, harmonia e proporcionalidade são elementos que estão ligados à percepção, à forma como nossos sentidos passam informações para o cérebro e como ele reage a cada forma e composição de volumes. O afeto pode ou não representar um sentimento bom, pois tem como significado uma sensação obtida pela relação entre pessoas, assim como entre pessoas e o ambiente

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em que se encontram, incluindo estruturas arquitetônicas presentes no local, seja interno ou externo.

[...] o ambiente construído, os espaços e formas arquitetônicas nos causam essas sensações, esses afetos. E, como todo sentimento desse tipo, podem gerar boas ou más impressões, muitas delas não cognitivas como simplesmente bem-estar, opressão, contrição ou a simples sensação de liberdade. (PAIVA e GONÇALVES, 2006, p..292).

Os estudos quanto aos efeitos do ambiente no comportamento das pessoas sempre se caracterizaram como um tema importante para os arquitetos e psicólogos. Porém, tais estudos dependiam somente de observar as reações e os comportamentos do ser humano em determinados edifícios e realizar um estudo pós-ocupação, na intenção de analisar e comprovar o impacto da edificação no indivíduo. É válido lembrar que tais estudos são baseados em evidências e referências neuro científicas, que significa que são direcionadas a um público específico. Ou seja, nem tudo que é testado e utilizado para um local específico poderá ser utilizado em outro; é necessário que se faça um estudo do local e das pessoas que irão frequentar o mesmo, assim como do perfil de empresa que será abordado no projeto, para que haja um direcionamento específico dos estímulos a serem causados nos profissionais que ali frequentarão. A percepção usa um conceito bastante discutido: o wayfinding, utilizado primeiro por Kevin Lynch, nos anos 60, no campo da arquitetura e urbanismo. Simboliza a nossa capacidade de localização no espaço. Ao fazer um projeto, deve-se estimular tal sentido para que a pessoa possa ir e vir de algum espaço dentro da edificação sem que se perca; consequentemente, poupa-se tempo e evita-se estresse. Este conceito utiliza pistas (elementos visuais, auditivos, táteis, entre outros) que sirvam de pontos referenciais ao cérebro, contribuindo para que as pessoas consigam se localizar nos ambientes.

1.4 ERGONOMIA

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Desde épocas mais antigas o homem sempre buscou melhorar os itens que seriam úteis no seu cotidiano. Inicialmente a produção era artesanal, não eram necessários requisitos projetuais. Com o passar do tempo, com a evolução tecnológica, e as invenções, se tornou necessário aumentar os conhecimentos sobre o homem, para que fosse possível a busca de melhorias ao cotidiano do ser humano.

A ergonomia se constituiu a partir da reunião de psicólogos, fisiólogos e engenheiros. A psicologia e a fisiologia são as duas principais ciências que fornecem aos ergonomistas referências sobre o funcionamento físico, psíquico e cognitivo do homem. (MORAES e MONT’ALVÃO, 2017. p.12).

Os engenheiros juntaram-se com os psicólogos e fisiólogos para que fosse possível a adequação operacional dos equipamentos, ambientes e tarefas perante os aspectos neuropsicológicos da percepção sensorial. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo psicólogo inglês K. F. Hywell Muffel em julho de 1949, quando pesquisadores resolveram estudar os seres humanos em seu ambiente de trabalho. O termo aplica-se ao estudo do movimento associado a qualquer atividade humana que tenha como propósito envolver algum grau de experiência ou esforço. Segundo a IEA (The International Ergonomics Association), apresentado pela Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO, 2007), a ergonomia se define por uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, por meio da aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. Segundo Itiro Iida (2000) a ergonomia é um estudo da adaptação do trabalho do homem, tendo uma acepção bem ampla, abrangendo não apenas máquinas e equipamentos, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho. Envolvendo não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como o trabalho é programado e controlado para reproduzir os resultados esperados. Para que se torne possível a realização de seu objetivo, a ergonomia estuda os aspectos do comportamento humano no trabalho e alguns outros fatores importantes, como: o homem, a máquina, o ambiente, as informações, a organização e as 11


consequências do trabalho. Esses objetivos práticos caracterizam a segurança, a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores perante seu sistema produtivo, que tem como resultado a eficiência. Os domínios de especialização da ergonomia são: a ergonomia física, relacionada com características da anatomia humana; a ergonomia cognitiva, referindo-se aos processos mentais; e a ergonomia organizacional, caracterizando a otimização dos sistemas sócio técnicos. De acordo com Mario Bunge, a ergonomia pode atuar tanto como teoria tecnológica substantiva quanto como teoria tecnologia operativa.

1.4.1 Aplicabilidade em espaços corporativos A adaptação a um trabalho para o ser humano, nem sempre tem uma solução que é apresentada de primeira proposta, sempre é necessário que se faça ajustes. Geralmente sempre é um problema complexo, com diversas tentativas de idas e vindas. Pesquisas podem fornecer um enorme acervo de conhecimentos, princípios, medidas básicas das capacidades físicas do homem, do desempenho e dos fatores relacionados com o projeto e com o funcionamento das máquinas e do ambiente de trabalho. Segundo Anamaria de Moraes e Claudia Mont’Alvão (2017) as atividades que são propostas no ambiente de trabalho, em seu ambiente físico e social, exercem sobre o trabalhador diversos constrangimentos, que exigem gastos de diversas naturezas como: físico, mental, emocional, afetivo, que por sua vez podem acarretar desgastes e custos para o trabalhador. A atividade profissional pode proporcionar prazer e satisfação e diversos níveis, variando de acordo com a tarefa, entretanto, desde que realizada de forma saudável de adequada, colocando os problemas das condições de trabalho em termos de custos que devem ser reduzidos. O desempenho das atividades

realizadas,

em

condições

que

proporcionam

mais

ou

menos

constrangimentos, determinam os níveis dos efeitos da atividade.

...a ergonomia deve ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de uma máquina, ambiente ou local de trabalho. Estas devem sempre incluir o ser humano como um de seus componentes. Assim, as características desse operador humano devem ser consideradas conjuntamente com as

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características ou restrições das partes mecânicas ou ambientais, para se ajustarem mutuamente uns aos outros. (IIDA, 2000. p. 9).

Conforme Itiro Iida (2000), a ergonomia inicialmente se limitava com a aplicação às indústrias e aos setores militar e espacial. Há alguns anos, foi expandida também para a agricultura, ao setor de serviços e ao dia-a-dia do cidadão. Exigindo assim, novos conhecimentos sobre cultura de trabalho. O setor de serviços é o que mais se expande perante a modernização, pois tende a crescer criando sempre novas necessidades para com a sociedade. Atualmente existem muitos pesquisadores em ergonomia envolvidos com projeto e racionalização de sistemas, centros de processamento de dados, até sistemas operacionais complexos.

1.4.2 Benefícios Em uma empresa, todas as decisões a serem tomadas devem ser baseadas na análise do custo e benefício. Sendo assim, os investimentos somente serão realizados caso os benefícios previstos forem maiores que os custos para implantação. Assim também acontece com a ergonomia, para que seja aceita pelos superiores de uma empresa, deverá estar preparada com argumentos suficientes para comprovar, de forma objetiva, que as propostas produzem benefícios que superarão os custos. Segundo Itiro Iida (2000), a análise de custo e benefício no caso da ergonomia, não é tão simples quanto em outros casos, visto que os benefícios não são tão facilmente quantificados. Na parte referente aos custos, geralmente é realizada com maior facilidade já que costuma incidir a pouco prazo, porém os benefícios, que geralmente incluem itens como conforto e segurança dos trabalhadores, nem sempre podem ser vantajosos em termos monetários, ao menos não a curto prazo. Deve-se observar os casos que são representados por fatores intangíveis como acidentes ou degradações que foram evitados graças à aplicação da ergonomia. Os benefícios são representados por meio dos bens e serviços que foram produzidos. Devem ser observados e estimados aumentos de produtividade, assim como aumentos na qualidade do serviço e/ou produto, a redução dos desperdícios, economia de energia, mão-de-obra, entre outros fatores que influenciam. Existem 13


também outros benefícios que são mais difíceis de ser computados, como a redução de faltas de trabalhadores devido acidentes e doenças ocupacionais, assim como, existe também um objetivo estimado que é a satisfação do trabalhador, o conforto, a redução de rotatividade de cargos, aumento de motivação e a moral dos trabalhadores. Ainda segundo Itilo Iida (2000), a ergonomia tem feito progressos notáveis nas últimas décadas, entretanto, ainda existe muito a ser estudado e pesquisado, para que seja possível dar continuidade ao progresso do bem-estar da população.

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2. MOTIVAÇÃO E TRABALHO Para que um ambiente de trabalho se torne motivador, primeiramente devemos estar fazendo o que gostamos; além disso, deve-se estar em um ambiente adequado para o serviço que vamos fazer. No caso de um escritório de marketing, que é o foco desta monografia, o ideal seria um ambiente de trabalho descontraído, que estimule a criatividade e que se mostre adequado para a realização do serviço e para atingir as metas propostas, como serão aqui apresentados. Itens como mobiliário, distribuição do layout no ambiente, iluminação, formas, elementos de decoração, aberturas, presença de vegetação, cores, são componentes espaciais que podem ser citados de exemplo. São itens que podem estimular os sentidos e as emoções, despertando assim a criatividade e o bem-estar da pessoa.

2.1 PERSONALIDADES Em um ambiente de trabalho lidamos com diversas personalidades e, por isso, devemos sempre estar dispostos e prontos para tudo o que possamos encontrar. Lidar com pessoas em geral, é difícil, pois ninguém é igual a ninguém e isso pode acabar dificultando algumas situações nas relações de trabalho. Nossas atitudes, comportamentos e até mesmo nossas percepções acabam sendo influenciadas pelas pessoas que estão ao nosso redor. Ao adentrar em um ambiente de trabalho, devemos ter a ciência de que estamos lidando com pessoas e personalidades diferentes, às vezes com outras culturas e outros princípios. O respeito deve sempre reinar nessas situações, para que evite constrangimentos nas relações ali existentes, assim como para não prejudicar as relações de trabalho. Muitas vezes, o trabalho pode ser sobrecarregado em algumas funções e por consequência acabar gerando transtornos ou até mesmo algumas doenças. São exemplos a ansiedade, a depressão e outra doença, ainda não muito conhecida, chamada de Síndrome de Burnout. A Síndrome de Burnout é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, causadas por situações de trabalho desgastantes, que demandam do funcionário extrema responsabilidade e competitividade. Sua principal 15


causa é exatamente o excesso de trabalho, e é muito comum em pessoas que estão atuando diretamente em situações nas quais estão sob pressão e com constantes responsabilidades. Assim como essa doença pode ser causada pelo excesso de trabalho, também pode ter como causa indireta a autoestima do funcionário, pois se o mesmo planeja ou é designado para objetivos difíceis e complicados, pode pensar que não tem condições ou capacidade de fazer tal serviço. Essa situação pode favorecer sua baixa autoestima, e a partir daí desencadear esta doença, que pode até mesmo levar o funcionário a um quadro de depressão profunda. Por fim, podemos dizer que lidar com diferentes personalidades pode ser muito difícil e complicado. Devemos sempre tomar cuidado com o modo com que falamos com as pessoas para não as desmotivar, assim como aprender a lidar com diferentes personalidades para manter relações saudáveis e agradáveis no ambiente de trabalho.

2.2 INSTINTOS O instinto é uma reação espontânea que obtemos a partir de determinada ação e é muito complexo, sendo extremamente utilizado em todos os ambientes em que frequentamos. O homem pensa e vive em um certo ambiente e cultura, a partir do momento que isso mude repentinamente, o nosso instinto pode fazer com que tenhamos uma reação inesperada, sendo inconsciente, pode ser tanto uma reação positiva como negativa. Por isso, devemos sempre estar preparados emocional e psicologicamente para toda e qualquer situação que possamos encontrar em um ambiente de trabalho. Existem alguns padrões determinados e fixos para o comportamento humano: em certas situações podemos agir por um impulso natural, que é o que estamos predispostos a fazer, e que é comum a todos os seres humanos. Assim é, por exemplo, com o instinto de sobrevivência: estamos sempre atentos e predispostos a reagir a cada situação que nos é proposta, pensando apenas em nos manter vivos. Segundo Sigmund Freud, que foi um dos que mais refletiu sobre o assunto, a parte racional e consciente da mente age como uma barreira que oculta o instinto e a mente inconsciente que está em contato com a parte “animal” do ser humano. Freud também 16


afirma que os humanos são guiados por duas forças, os eros, que é o instinto da vida e é destinado à conservação da vida em todas as formas, e o tanatos, que é o instinto da morte e expressa o impulso à destruição da própria existência. De acordo com cada instinto que obtemos a partir de cada situação, podemos ter comportamentos variados, que podem ser comportamento alimentar, de defesa, ataque, entre outros.

[...] o hipotálamo é uma peça fundamental no controle da homeostasia no meio interno, bem como está criticamente envolvido no controle neural de comportamentos que garantem a preservação do indivíduo ou da espécie (“homeostasia” comportamental) e são, portanto, cercados de alto teor emocional. (LENT, 2008. P.229).

No ambiente de trabalho é importante que saibamos respeitar o comportamento do próximo, assim como também é de extrema importância sabermos controlar nossas reações e nossos comportamentos, sabendo nos adequar a cada ambiente e também utilizar o nosso instinto a nosso favor, nos beneficiando de tais situações para que sejamos melhores no que fazemos. Logicamente o ambiente construído tem muita influência no nosso comportamento e no nosso instinto, pois como foi dito anteriormente baseado nos estudos feitos por Roberto Lent, Professor Titular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nosso corpo através do subconsciente reage instantaneamente de forma diferente de acordo com o ambiente em que estamos, seja ele um ambiente de trabalho, de estudos, hospitalar, etc. Todos os elementos que compõem o ambiente são de extrema relevância para a reação de cada pessoa, pois traz referências de momentos que o indivíduo viveu.

2.3 AUTOESTIMA A autoestima é o jeito de olhar para si mesmo, de perceber as qualidades, são as crenças e sentimentos de importância e valor. A autoestima é expressa através do comportamento da pessoa, de forma geral, pode ser construída positivamente pela própria pessoa a partir do momento em que se interessar e resolver evoluir. Alguns indivíduos conseguem desenvolver sua autoestima sozinhos, outros precisam de ajuda em psicoterapia. Ter uma autoestima elevada é importante porque influencia 17


em toda a nossa vida, afetando nosso comportamento, nossa motivação e alterando nosso equilíbrio físico e mental. Entretanto é importante diferenciar autoestima de autoconfiança, pois enquanto a autoestima trata da percepção que a pessoa tem sobre si mesma, a autoconfiança simboliza como a pessoa vê que desempenha as tarefas a serem realizadas no diaa-dia, como enxerga sua capacitação. A autoestima está nitidamente ligada com o autoconhecimento. Pois a partir do momento que definimos a autoestima como o quanto gostamos, respeitamos e confiamos em nós mesmos, o autoconhecimento nos faz identificar tudo isso. O autoconhecimento tem como objetivo reconhecer as qualidades e competências, valorizando o que temos de melhor como característica e também nos ajudando a reconhecer nossos defeitos e limitações para que possamos tratar. Seria em um geral, um ponto de elevação para a nossa evolução e melhoria continuamente. No ambiente de trabalho é importante que se mantenha com a autoestima elevada, pois um profissional com baixa autoestima, não se sente capaz de produzir, não confia no seu potencial, não reconhece suas habilidades e por consequência acaba perdendo muitas oportunidades de crescimento. Considera-se que para um profissional é quase tão importante ter uma autoestima elevada quanto ter um bom currículo, pois não adianta ter muitas capacitações e especializações se o indivíduo não se sente capaz e competente para realizar todas as exigências que o cargo demandar. Uma pesquisa feita pela International Stress Management Association (ISMA-BR) com 760 profissionais que atuavam em multinacionais mostrou que 59% dos trabalhadores têm baixa autoestima. Segundo Maria Cecília de Abreu e Silva, psicóloga e orientadora profissional, a falta de autoestima pode atrapalhar o processo de aprendizado e isso no ambiente corporativo pode afetar a capacidade de avaliação de diversas situações com clareza, dificultando na resolução de problemas e consequentemente impedindo a exposição de boas ideias. Tais situações podem ser desconfortáveis pois acaba limitando o reconhecimento do valor do profissional. Uma boa autoestima também impõe o respeito a si mesmo, que permite respeitar o próximo com mais facilidade. 18


Logicamente o ambiente construído tem importância na forma como o trabalhador irá se sentir. Entretanto, é de maior importância que a autoestima do funcionário seja elevada para que o mesmo se sinta capaz de evoluir e se manter confiante e produtivo dentro da empresa em que trabalha. Assim o indivíduo se sentirá valorizado e a empresa também o valorizará.

2.4 HIERARQUIA A hierarquia se define por uma ordem de elementos de acordo com seu valor, ou seja, constitui uma ordem, descendente ou ascendente, que se associa ao poder para fazer algo ou o domínio para mandar. Quem ocupa as posições mais altas na escala de hierarquia tem o poder para mandar. Esta ordem hierárquica se origina de estudos e experiências que são aprimoradas durante certo tempo para que cada membro de equipe possa contribuir de forma positiva à empresa. No quesito empresarial, geralmente a hierarquia se divide em basicamente três áreas: a área estratégica, que é ocupada por presidentes, membros da diretoria e outras pessoas que decidem as políticas e diretrizes da empresa; a área tática, responsável pelas ações cotidianas relacionadas à empresa e também pela motivação dos funcionários em cada setor; e, por fim a área operacional, que é responsável pela execução e realização das atividades de produção. Em um projeto despojado como o ambiente de trabalho de um escritório de marketing, podemos dizer que o layout pode ser mais descontraído; ou seja, os níveis de hierarquia não precisam ser explícitos em planta. Podem existir salas onde os chefes de equipe terão privacidade para recepção de pessoas externas. Entretanto, podemos mostrar que, ao apresentarmos uma divisão mais aberta, podemos também estimular a criatividade e a produção dos funcionários, assim como a interação dos mesmos, o que torna mais fácil a comunicação com os que têm mais dificuldades. Um projeto pode dizer muito sobre a hierarquia presente no ambiente de trabalho, mas existem formas diversas de demonstrá-la. Podemos dividir o espaço em salas: pessoas que estão no topo da hierarquia possuem salas individuais, e assim por diante, ou podemos dispor de um ambiente completamente aberto, onde os chefes de equipes e pessoas do topo da hierarquia possam estar posicionados em locais 19


estratégicos, de modo que ao mesmo tempo que acompanham a produção de seus funcionários, também podem interagir e colaborar com os mesmos. Entretanto, para essa última opção, seriam necessárias salas que dispusessem de layouts alternativos e fossem capazes de reunir pessoas externas ou até mesmo internas, onde houvesse a privacidade necessária. Sendo assim, podemos chegar à conclusão de que o ser humano pode mostrar e obter o melhor de si quando está fazendo o que gosta, ou seja, quando ele se encontra com sua natureza. Sendo biológico, com comportamentos instintivos e atento ao que acontece ao seu redor, sendo racional, buscando evoluir e respeitando cada necessidade biológica e sendo político, buscando sempre a integração e o entendimento. Cada funcionário demonstra comportamentos diferentes, que podem ou não estar relacionados à hierarquia que a empresa impõe. Existem comportamentos eficazes, produtivos e com conduta madura e responsável, harmonizando interesses, buscando esforços e sempre respeitando a hierarquia proposta, ajudando o grupo a crescer e evoluir. Assim como, também existe o oposto: funcionários que não possuem boa experiência em lidar com outras pessoas, ou que têm comportamentos inadequados perante o restante do grupo; entretanto, tudo isso deve ser analisado durante o período da experiência do indivíduo no ambiente corporativo.

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3. SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO Esses dois processos se correlacionam, auxiliando-nos a ter experiências e a interpretar as coisas que acontecem ao nosso redor. São processos de diferentes definições; entretanto, possuem muitas semelhanças e até mesmo compartilham objetivos, tendo a finalidade de garantir o bem-estar das pessoas em sua adaptação ao meio em que estão dispostas a frequentar. De forma resumida, o ser humano capta o ambiente a partir da sua sensação, não se limitando apenas aos cinco sentidos que conhecemos, e dá o significado às sensações a partir de uma interpretação, que podemos chamar de percepção. A sensação tem baixo nível de complexidade, enquanto a percepção possui alto nível de complexidade.

3.1 SISTEMA SENSORIAL E SUA APLICABILIDADE A percepção do mundo e de tudo o que acontece ao nosso redor, assim como aspectos internos, ou seja, as coisas que acontecem entre nós mesmos, dependem das atividades realizadas e sentidas pelos nossos sistemas sensoriais, nossas reações, que por sua vez alimentam o sistema nervoso central com grande variedade de informações. A representação dos eventos sensoriais origina-se das propriedades de neurônios individuais como partes de um circuito, que se estende desde a entrada sensorial periférica, onde começamos a perceber os sentidos. Essa entrada possui seletividade e sensibilidade a alguns estímulos e podem ser rastreadas até os elementos dos receptores sensoriais. Qualquer forma de variação energética pode servir de estímulo sensorial. Sendo assim, os sentidos são ativados de acordo com as variações que são obtidas em cada nível que são expostos.

[...] existem receptores sensoriais especializados para cada categoria de estímulo, ou seja, certas classes de receptores são especialmente sensíveis à luz, outras a estímulos mecânicos cutâneos superficiais, outras à deformação tecidual causadas pelo movimento das articulações e assim por diante. (LENT, 2008, p. 136).

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Cada sentido do corpo humano possui uma função. Cada um deles também traz memórias e reações ao indivíduo. Ao estimularmos tais sentidos, podemos obter resultados positivos de acordo com o que queremos que o mesmo sinta ou produza. Sendo assim, podemos analisar onde e como cada um deles poderá influenciar nas reações necessárias à melhoria da produção no ambiente de trabalho. O visual é muito importante pois traz à memória situações importantes já vividas pela pessoa e pode também contribuir com essas memórias caso o indivíduo esteja em um ambiente mais despojado, o estímulo das cores no ambiente é um ponto muito importante e que pode contribuir muito para isso. Ao mexer na forma, espaço e ordem do ambiente, também estimulamos o sentido da visão, e cada um tem sua importância em desenvolver algum sentimento na pessoa. Cada espaço é responsável por acumular e estimular diversas funções, ele dá um propósito a uma edificação. Pode ser definido com um vazio existente entre as formas, e é o principal meio da arquitetura, pois pode ser habitado.

A arquitetura é um ambiente que é experimentado por seus habitantes. Quem cria essa experiencia é o arquiteto – ela é resultado direto do projeto. Embora o espaço seja o principal meio da arquitetura, ele também é definido e contido pelas formas. Assim, manipula-se a forma de modo a determinar suas características em termos de organização, programa de necessidades e experiências. (CHING, 2014, p. 80).

A ordem com que acontecem e são executadas o mobiliário e os ambientes dentro de uma edificação também estimula nitidamente o sentido da visão, visto que pode localizar alguém dentro do ambiente, e determina o caráter público ou privado de um espaço. Conforme Francis D. K. Ching (2014) citou em “Introdução à Arquitetura”, os princípios de ordenação determinam a sequência na qual as áreas são encontradas. Eles definem a lógica pela qual as características espaciais ou as funções são distribuídas por meio da composição de uma edificação. Assim como a visão, o olfato também representa um papel importante nas memórias do ser humano, pois traz consigo recordações que podem estimular a criatividade e o desenvolvimento, assim como trazer uma sensação de segurança e estabilidade. O público a ser atingido deve ser devidamente estudado, e manter o ambiente com cheiros agradáveis pode colaborar muito com o indivíduo. 22


O sistema sensorial auditivo representa um sistema fundamental, juntamente com a fonação, que é a forma como a pessoa desenvolve a fala, na comunicação entre os indivíduos. Além disso, também serve para a localização de outras fontes sonoras no ambiente. Na audição, o indivíduo precisa carregar consigo tanto a fonte como o receptor da energia a ser usada na localização de objetos, implicando em um gasto energético adicional.

[...] a variação energética que constitui o estímulo acústico é entregue às células mecanorreceptivas por um aparelho complexo, formado por várias estruturas que filtram, amplificam e ajustam a estimulação das células sensoriais. (CHING, 2014, p. 151).

Por fim, podemos concluir que todos os sentidos são nitidamente estimulados em um ambiente de trabalho e que todos os fatores, desde a disposição do mobiliário, até a temperatura do ar condicionado ou os odores que são aplicados ao ambiente impactam nas reações dispostas pelo indivíduo, e devem ser trabalhadas diariamente. Assim será possível refletir de maneira positiva tanto para o funcionário como para a empresa que optou por aplicar a neurociência e a arquitetura no dia-a-dia de seu local de trabalho, visando a melhoria dos trabalhadores e da empresa em questão. Conforme o que Antônio Damásio (1996) cita em seu livro “O Erro de Descartes”, o ser humano não precisa reconhecer o sentimento ou determinada característica para que o corpo provoque uma resposta, a reação emocional imposta por si só já atinge objetivos úteis. Um sentimento em relação a um determinado objeto baseia-se na subjetividade da percepção do objeto, da percepção do estado corporal criado pelo objeto e da percepção das modificações de estilo e eficiência do pensamento que ocorrem durante todo esse processo. (DAMASIO, 1996, p. 178).

3.2 SENTIR X FAZER Muitas vezes temos a sensação de que tivemos alguma ideia “do nada”. Entretanto, existem diversos fatores que podem nos influenciar a pensar em determinado assunto com criatividade, ou seja, gerar novas ideias sobre tal tema. Segundo Carl Jung existe uma polaridade, uma oposição entre o inconsciente e o consciente. Como se o 23


consciente tratasse de um relacionamento compensatório, o consciente controla as partes ilógicas do inconsciente, e este evita que o consciente e baseie no racional frio, banal e vazio. Essa compensação pode funcionar também para algumas situações especificas, ou seja, quando mais dúvidas inconscientes temos sobre um assunto, maior é a defesa que fazemos sobre tal assunto no consciente. Conforme Rollo May em “A coragem de criar” o inconsciente parece sentir um prazer especial (se podemos nos exprimir assim) em atravessar – subindo – as barreiras que defendem nossas convicções conscientes mais arraigadas. Com base nisso e ainda segundo o escritor Rollo May, podemos afirmar que o sentimento mais importante além da culpa e da ansiedade, é o de gratificação, quando vemos algo novo e que funciona bem, e nos admiramos por termos feito parte daquilo. Sendo assim, observamos que ao estimular a criatividade no ambiente de trabalho, e fazendo com que o funcionário se sinta produtivo e extremamente útil à empresa, podemos contribuir com a elevação da autoestima do mesmo, e por consequência o trabalhador se sentirá melhor e produzirá ainda mais, apresentando melhorias a si mesmo e também contribuindo ainda mais ao seu ambiente de trabalho. O sentir tem um grande impacto no fazer, pois quando você se sente capaz e se sente bem com o que está produzindo, automaticamente o produto será de maior e melhor qualidade, entretanto, deve ser uma junção de estímulos de pessoas diversas, onde a hierarquia da empresa deverá contribuir para que o produto seja elaborado. Por consequência, se o funcionário não se sentir estimulado, não produzirá tanto. O local onde você está desenvolvendo sua ideia impacta bastante no seu desenvolvimento, observamos anteriormente que tudo que está ao nosso redor pode ter influências em nossa vida, assim também acontece com nossas ideias, foi dito que o nosso inconsciente colabora na produção e na criação de determinada coisa. Então a partir do momento em que focamos em algo, nosso inconsciente trabalha ainda mais para que possamos nos realizar e nos satisfazer com ideias produtivas.

A inconsciência é a dimensão de profundidade do consciente, e, quando se transforma em consciência pela luta dos dois polos, o resultado é a intensificação do consciente. Amplia a capacidade de pensar e o processo sensorial, e, sem dúvida, fortalece a memória. (MAY, 2002, p. 61).

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Considera-se importante que haja um ambiente de descontração para que possamos nos distrair e abrir espaço para novas ideias, pois ainda segundo Rollo May, o inconsciente somente atravessará as barreiras impostas se a intensidade do trabalho for alternada com o descanso, podendo fazer com que a ideia surja nesse momento de descanso. A mente, às vezes, precisa se libertar da rigidez do controle, da pressão que é imposta diariamente, para que as ideias originais apareçam. Ainda Segundo Rollo May em “A coragem de criar”, as pessoas, sob o peso de tais preocupações constantes, dificilmente permitirão que a inspiração inconsciente atravesse a barreira que lhes é imposta. O trabalho do inconsciente somente poderá se fazer possível e trará resultados positivos se for acompanhado do trabalho do consciente, ou seja, não adianta esperar que o subconsciente faça todo o trabalho sozinho, também é necessário que haja a contribuição com pesquisas, esforço, entre outros. Um ambiente de trabalho descontraído pode gerar essa descompressão que é necessária, assim como a interação para a constante troca de ideias e pontos de vista.

3.3 CROMOTERAPIA

Segundo Eneida Duarte (2002) os animais e vegetais usam as cores como veículos de informações. As cores podem ser usadas também para facilitar a procriação. A espécie humana também utilizou das cores como meio de comunicação desde o início de sua evolução. No início as cores foram utilizadas para tingir o corpo e os cabelos, geralmente como parte de rituais ou para colorir pinturas nas paredes ou objetos; posteriormente, as cores começaram a ser aplicadas em tecidos. Com o passar do tempo, as cores começaram a assumir significados diversos, entrelaçados com substâncias e fenômenos naturais que se familiarizavam a cada população. Conforme Eneida Duarte (2002), a percepção do efeito psicológico que as cores exercem sobre as espécies constitui a origem da cromoterapia. A cromoterapia é uma técnica, que visa trazer equilíbrio ao organismo. Em casos mais graves, a cromoterapia funciona como técnica de apoio, servindo para tornar o organismo receptivo e aumentar as respostas para outros tipos de tratamentos terapêuticos. 25


Existem várias maneiras de utilizar dos efeitos físicos e psicológicos das cores. Porém, é indispensável que se estude e compreenda de forma clara o funcionamento da ação das cores quanto a luz e pigmento, pois a confusão na aplicação das cores pode levar a utilizá-las de maneira incorreta, e obter efeitos opostos aos desejados. As cores em um ambiente podem representar um modo de utilização das mesmas, em que as pessoas menos refletem a respeito dos efeitos que estão submetidas. Entretanto, é aí que se obtém o efeito mais intenso e permanente sobre os seres humanos. Geralmente as cores são escolhidas de acordo com o gosto pessoal de cada um, ou então são escolhidas conforme a moda mais recente. Então, ocorrem situações inadequadas e que podem acabar influenciando de forma indesejada os efeitos correspondentes (DUARTE, 2002). De acordo com Eneida Duarte (2002), para evitar esse tipo de problema, é ideal que as cores indicadas a cada ambiente sejam planejadas conforme estudos confiáveis e com bastante cuidado. Para tornar o ambiente confortável, devem ser levados em conta fatores como iluminação e o tipo de uso do local, além do gosto pessoal. Em casos que o local é muito iluminado, pode se utilizar de cores mais escuras sem deixar o ambiente com aspecto pesado. Entretanto, o uso de uma única cor gera monotonia. Depois de certo tempo, os efeitos das cores acabam se anestesiando, podendo causar depressão e problemas psicossomáticos. Para este estudo foram adotadas as cores azul, vermelho e verde aplicadas em apenas uma das paredes no ambiente, mostrando assim o impacto de cada uma delas no ambiente e nas pessoas que utilizarão do mesmo. Cada cor conta com propriedades positivas e negativas, a positividade da cor depende da dosagem e da sua intensidade no ambiente, o mesmo serve para a negatividade da cor, que pode ser causada pela sua falta ou pelo seu excesso. Segundo Eneida Duarte (2010), a cor azul é a cor da razão, da mente desligada e da ausência de emoções, é considerado uma cor calmante, analgésica e equilibradora. O azul significa uma baixa excitabilidade geral ou localizada, o que se torna útil para a melhoria do estado de tensão. Ainda segundo Eneida Duarte (2010) no livro “Cromoterapia: cores para a vida e para a saúde”, a cor vermelha é a cor mais quente e mais estimulante de todas, o efeito 26


primordial do vermelho é o estímulo da circulação, com o calor, os vasos sanguíneos se dilatam e os batimentos cardíacos se aceleram. O vermelho pode causar desconforto quando há dor, pois, ele estimula as terminações nervosas e aumenta a sensibilidade, o que pode intensificar a sensação dolorosa. O vermelho está ligado ao mundo dos instintos e das emoções, dentre elas a raiva, paixão, irritabilidade e sensualidade. Conforme Eneida Duarte (2010), a cor verde é a cor da absorção, da construção e do crescimento, a cor da esperança. Todas as características físicas do verde o colocam como a cor mais semelhante do branco, é como se o branco e o verde tivessem o mesmo efeito físico sobre os corpos. O verde tem um efeito fisiológico importante de relaxamento, atuando diretamente nos músculos e vasos sanguíneos. O verde é particularmente útil para pessoas cuja tensão corporal ou mental é resultante do cansaço, do excesso de atividades durante um longo período.

3.4 PATOLOGIAS Como já foi analisado nos capítulos anteriores, pudemos notar que um projeto executado sem os devidos estudos acaba sendo prejudicial a algumas pessoas que, por sua vez, necessitam de algumas técnicas para que possam executar seu trabalho com maior qualidade. Podemos observar que um ambiente despreparado pode trazer pontos negativos a uma empresa, desde a redução da produtividade até a insatisfação dos funcionários. Obviamente a qualidade do produto da empresa e da satisfação dos indivíduos que ali frequentam, não dependem unicamente do ambiente construído, mas, tal ambiente pode contribuir com a melhoria de tais fatores. Através dos estudos analisados até aqui, podemos notar que é válido estimular os funcionários diariamente, seja através de mensagens motivacionais ou elogios perante algum projeto. Porém, conforme dito anteriormente, é necessário que haja um ambiente de descompressão, para que o funcionário possa distrair o consciente e consequentemente deixar com que o subconsciente “apresente” a ideia. A ausência de um bom projeto pode trazer consequências, como a falta de organização, falta de imposição da hierarquia, chegando em alguns casos, a 27


ocasionar o desvio de função. Tudo deve ser bem analisado para a elaboração de um layout. Devemos analisar desde a recepção de pessoas externas, a demanda por privacidade, a demanda de conversas e barulhos necessárias ao desenvolvimento do trabalho, até a necessidade de proximidade de funcionários e funções. Além disso, devemos analisar as técnicas para o estímulo de produção, que abrangem desde as cores a serem implantadas no ambiente até o tipo de mobiliário a ser colocado.

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4. REFERÊNCIAS E ESTUDO DE CASO 4.1 REFERÊNCIA - INSTITUTO SALK Foi escolhido como estudo de caso o Instituto Salk, que é uma referência da neurociência aplicada à arquitetura. Lá são realizados encontros para estudos de referência da Academia de Neurociência para Arquitetura, além de outros eventos. Foi criado pelo Dr. Jonas Salk, inventor da vacina de poliomielite, em 1960 com sua construção sendo iniciada em 1962. O arquiteto do projeto foi Louis Kahn. A parceria deles deu início ao Instituto Salk, para eles, a arte e a ciência deveriam estar unidas. O Instituto foi elaborado com a intenção de atrair pesquisadores e pensadores de todo o mundo, e desde então, tem conseguido atingir seu objetivo. O instituto tem sido colocado no topo do ranking de instituições de pesquisas biomédicas com frequência, além de cinco cientistas que foram treinados no Instituto Salk e receberam o prêmio Nobel. Salk disse sobre seu instituto: O Instituto Salk é um lugar curioso, de difícil compreensão, e a razão disso é que este é um lugar no processo de criação. Está sendo criado e está envolvido em estudos da criação. Não podemos ter certeza do que acontecerá aqui, mas podemos ter certeza de que isso contribuirá para o bem-estar e a compreensão do homem.

Atualmente, o Instituto conta com aproximadamente 850 pesquisadores, divididos em 60 grupos de trabalho. Prioriza a funcionalidade do ambiente, ou seja, os laboratórios são separados dos espaços de estudo individuais, para respeitar as necessidades de cada atividade. O conjunto foi setorizado na intenção de obrigar os pesquisadores a ter um contato com o ambiente externo e a socialização ou convivência nos pátios e corredores, sendo isso, fundamental e importante mudança na característica profissional de pesquisa. As salas individuais dos pesquisadores chefes, que são responsáveis por áreas de pesquisas, são inclinadas e se localizam ao redor do grande pátio, e possuem a melhor vista.

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Figura 2 – Instituto Salk

Foto: Fábio Lanfer (2015) Fonte: Lanfer Arquitetura.

O Instituto Salk está localizado em La Jolla, Estados Unidos da América. Implantado em um terreno isolado, ou seja, uma localização privilegiada, em um ambiente tranquilo e aproveitando da abundância de luz natural. Figura 3 – Implantação do Salk Institute

Fonte: Igor Fracalossi (2013)

O Instituto Salk é uma proposta simétrica de duas estruturas espelhadas e separadas por um pátio vazio. Existe um curso d’água estreito que passa pelo eixo do pátio, direcionando as vistas a paisagem.

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Figura 4 – Instituto Salk – prédios e o espelho d’água

Fonte: Igor Fracalossi (2013)

Cada edifício possui seis pavimentos, sendo que, os três primeiros pavimentos são destinados à laboratórios e os três últimos são destinados a áreas de apoio. São conectados a torres que abrigam locais para estudos individuais. A torre ao leste contém sistemas de aquecimento, ventilação, entre outros, já a torre ao oeste apesenta seis pisos de escritórios com face ao Oceano Pacífico, que por sua vez, proporciona um ambiente acolhedor e tranquilo para maior concentração. Por conta do zoneamento da região, os dois primeiros pavimentos são subterrâneos, onde estão localizados laboratórios, e contam com uma série de lightwells para a recepção de luz solar em todos os lados do edifício, que possui 12 metros de comprimento e 7,5 metros de largura. Já os laboratórios acima, são iluminados por meio de grandes painéis de vidro.

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Figura 5 – Instituto Salk - prédios

Fonte: Igor Fracalossi (2013)

Os materiais utilizados no Instituto Salk são: concreto, madeira, chumbo, aço e vidro. O concreto que é feito a partir do estudo de uma técnica da arquitetura romana, não obteve toques adicionais de acabamento, para que fosse possível propiciar o brilho natural do concreto. O pátio vazio é de mármore travertino, com vista direcionada para o mar, através do fio d’água que passa em seu eixo. Figura 6 – Eixo Instituto Salk

Fonte: Igor Fracalossi (2013)

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As circulações verticais por escadas são localizadas nas laterais do pátio principal, junto às salas de gabinete. São integradas aos fossos de ventilação, formando “subpátios” no subsolo. Tudo extremamente ventilado e iluminado. O Instituto Salk tem como missão explorar os fundamentos da vida, e buscar sempre novos conhecimentos relacionados a neurociência, genética, imunologia, biologia vegetal, entre outros. Suas principais áreas de estudo são envelhecimento e medicina regenerativa, biologia do câncer, biologia sistema imunológico, metabolismo e diabetes, neurociência e doenças neurológicas e biologia vegetal. Figura 7 – Circulação vertical Instituto Salk

Foto: Fábio Lanfer (2015) Fonte: Lanfer Arquitetura.

Lá são realizadas conferência e reuniões da ANFA, que é a Academia de Neurociência aplicada a Arquitetura, justamente por ter os princípios da aplicabilidade dos estudos

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realizados por ela. Portanto, O Instituto Salk foi o local escolhido para a realização de tais feitos. Analisando o projeto, as fotos e as descrições disponibilizadas, podemos notar que é um local aconchegante e que prioriza o bem-estar dos que ali frequentam. Para a realização, foram estudadas técnicas para o melhor funcionamento do local, que tem como objetivo atrair pesquisadores de todo o mundo, sendo um centro de referência.

4.2 ESTUDO DE CASO - WHERE DO WE LOOK? O artigo Where do we look? An Eye-Tracking study of architectural features in building design1 foi utilizado como objeto de estudo de caso pois apresenta de forma simplificada o modelo proposto para o trabalho aqui representado. O artigo mostra o estudo realizado por ZOU e ERGAN (2019), que analisam um projeto arquitetônico pode influenciar a saúde e o bem-estar, desde que as pessoas passem maior parte do tempo em determinado ambiente. Neste estudo é comprovado que a presente de certas características como: presença de janelas, tamanho das janelas, presença de luz natural, presença de vistas naturais, dentre outros, influenciam nas emoções humanas e impactam na saúde, bem-estar e produtividade. No resultado serão apresentados de forma estatística o mesmo ambiente, porém com modificações pequenas como as citadas anteriormente. Mostrando o foco do olhar da mesma pessoa, contendo variantes no ambiente. Foram utilizados como parâmetro base para o estudo os seguintes pontos: (1) área de interesse – pontos contendo recursos como janelas, quantidade de luz natural, presença da natureza; (2) mapa de calor – distribuição visual de atenção, foco da atenção; (3) número de fixações – ordem e quantidade de vezes em que os olhos do entrevistado são fixados em direção a um objeto específico; (4) hora da primeira fixação – o tempo que o entrevistado levou para olhar um objeto específico; (5) tempo gasto – tempo que o entrevistado se manteve olhando para um objeto.

“Para onde olhamos? Um estudo atraente das características arquitetônicas no projeto de edifícios” (Tradução nossa). 1

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Com a utilização de óculos Eye Tracker, as pessoas foram apresentadas a ambientes virtuais diferentes e convidadas a executar atividades diversas, assim, o óculos captava as áreas de interesse em cada ambiente proposto. Figura 8- Mapa de calor.

Fonte: ZOU, ERGAN, 2019, p.7.

Onde as cores mais quentes (vermelho) indicam maior índice de atenção e as cores mais frias (verde) indicam menor atenção, nota-se que na primeira imagem da figura 8, o foco se manteve no computador, diferente da segunda imagem, onde nitidamente percebe-se a dispersão do entrevistado em pontos diversos do ambiente. Com o estudo de ZOU e ERGAN (2019) foi possível concluir que os componentes do ambiente estão de fato relacionados às emoções e sensações do ser humano e podem ter influências positivas nas reações em qualquer ambiente, seja ele residencial, corporativo, institucional, dentre outros.

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5 MÉTODO Essa pesquisa utiliza o instrumental da neurociência para desenvolver uma investigação no âmbito da arquitetura, aplicado ao projeto de interiores de um espaço corporativo. Como protocolo usual desse tipo de pesquisa, a coleta de informações é realizada em laboratório, com a utilização de equipamentos que possam fazer a aferição comportamental dos usuários, dentro de um ambiente pré-determinado. Todavia, o segundo semestre de 2020 passou por uma situação atípica na qual a sociedade vivenciou a crise de saúde mundial derivada da presença do vírus COVID19, que obrigou a população a ficar em casa - em isolamento social - como medida de combater a disseminação do vírus. Por esse motivo, houve a impossibilidade de realizar a aferição de dados em laboratório na Universidade. Em respeito ao isolamento determinado pelo Ministério da Saúde, buscou-se outras alternativas para efetuar a análise comportamental dos usuários, considerando cada um dentro da sua casa como recomenda as normas de distanciamento social impostas pelo Governo. A proposta inicial da fase de coleta de dados comportamentais dos usuários iria realizar a aferição com o equipamento Eye-Tracker em todos os participantes voluntários durante o processo de contato com o projeto e respostas às perguntas sobre suas sensações e percepções. Dada a situação de isolamento, a coleta de dados foi revista e contemplou assim duas etapas de pesquisa, com três grupos de análise, ambos com participantes dentro da sua casa e sem contato social ou aglomeração. O grupo 1, composto por um participante, fez análise dos comparativos utilizando o dispositivo Eye Tracker. O grupo 2, composto por participantes que moram em casas distintas, respondem as questões, de maneira individual e sem contato físico, de dentro de suas casas, de modo tele presencial. O grupo 3 – formado por duas pessoas de uma mesma família – responderam as questões utilizando o Smartwatch. Ressalta-se que há consciência dos prejuízos que a impossibilidade de aferição de dados em Laboratório acarretou para a pesquisa. Todavia, ressalta-se que se buscou soluções para realizar a pesquisa da melhor maneira possível dentro do quadro atual de isolamento. Considerou-se, em primeiro lugar, a saúde dos pesquisadores e dos entrevistados. 36


5.1 EQUIPAMENTO No grupo 1 de análise, utilizou-se a técnica do Eye-tracking ou rastreamento ocular, que auxilia pesquisadores a entender a atenção visual por meio do mapeamento do campo visual de um indivíduo. Blascheck et al (2017) ressaltam que o rastreamento ocular é importante para avaliar o comportamento do usuário e detectar para onde exatamente eles estão olhando em um determinado ponto, por quanto tempo eles olham para esse ponto, bem como os percursos que seus olhos seguem. Por meio do rastreamento ocular é possível medir a posição e o comportamento do movimento ocular, que captam movimentos oculares mínimos e, a partir destes dados, conseguem elaborar uma avaliação comportamental implícita. O Eye-tracker pode analisar as seguintes variáveis: (1) Fixação visual; (2) Movimento ocular; (3) Dilatação pupilar; (4) Excitação emocional; (5) Foco atencional. Essa técnica pode analisar a eficácia de layout, interface e da experiência de navegação em websites, analisar o comportamento do consumidor em lojas observando disposição da colocação dos produtos e materiais, testar publicidades e campanhas e determinar hierarquia de percepção visual.

5.2 PARTICIPANTES A escolha dos participantes foi limitada por razões de isolamento social, por causa da pandemia do COVID-19. No total da investigação foram testadas em 15 mulheres e 5 homens, com idade entre 18 a 70 anos, totalizando 20 pessoas, podendo ou não ter convivência em ambientes corporativos. As pessoas foram divididas em três grupos. O grupo 1 contemplou um usuário que foi testado com o equipamento Eye-tracker da marca Pupil Lab, o projeto e suas variáveis, além das questões sobre percepção. O grupo 2 contempla os usuários que foram testados apenas com o projeto e suas variáveis, além das questões sobre percepção. 18 pessoas residentes em casas distintas, responderam às questões, de maneira individual e sem contato físico, de modo tele presencial, respeitando as normas de isolamento. Desse grupo, 5 homens e 13 mulheres, com idade entre 18 e 70 anos. 37


O grupo 3 contempla os usuários que foram testados com um relógio que mede os batimentos cardíacos (smartwatch), o projeto e suas variáveis, além das questões sobre percepção. O grupo contempla 2 pessoas de uma mesma família, que residem na mesma casa.

5.3 PROJETO BÁSICO O projeto analisado nessa pesquisa, contempla um ambiente corporativo hipotético, pertencente a uma empresa de marketing, criado para nele se inserir as variáveis de projeto a serem analisadas. O ambiente possui 32,80m², com medidas de 8,20m x 4,00m. O “projeto básico” não possui aberturas, ou seja, janelas. A iluminação utilizada no projeto básico é relativamente simples: comtempla duas arandelas na área de entrada do escritório (como podemos observar na imagem da Figura 10), além das luminárias de teto que tiveram espaçamento entre si de 1,5m. O espaço foi pensado para seis funcionários. O layout do projeto básico contempla mobiliário com um sofá de dois lugares, um armário baixo com gavetas, seis cadeiras de escritório para funcionários, uma mesa grande com medidas de 2,85 x 1,35 m, seis computadores completos, uma tela grande com dimensões de 2,00 x 1,50 m para apresentação de projetos, como mostra a Figura 9.

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Figura 9 – Projeto básico sem variáveis

Fonte: Autora, 2020

Figura 10 – Planta de forro do projeto inicial.

Fonte: Autora, 2020

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5.4 VARIÁVEIS DE PROJETO O ambiente afeta diretamente a percepção e o comportamento humano. As emoções e sentimentos afetam diretamente

as reações de cada ser humano e,

consequentemente, sua produtividade dentro do ambiente corporativo. O espaço pode afetar ainda o bem-estar dos usuários, dependendo de como é a disposição e as características de cada ambiente. Todas as variáveis de projeto foram pensadas para avaliar como o ambiente pode influenciar as emoções e sentimentos de quem as observa. Para a análise comportamental dos ambientes foram definidas três variáveis de projeto: (1) cores; (2) luz natural; (3) elementos de decoração. O primeiro item de avaliação de projeto foi a cor, pois cada uma possui propriedades específicas que podem influenciar emoções e sentimentos dentro de cada ser humano. Através do livro: “Cromoterapia: cores para a vida e para a saúde”, escrito por Eneida Duarte, foi possível fazer o estudo das cores e suas simbologias. Foi possível observar que cada uma das cores possui efeitos no corpo humano, os quais podem ser positivos ou negativos, dependendo da intensidade e quantidade de uso no ambiente. A partir disso foram escolhidas as cores vermelha, azul e verde para serem aplicadas no projeto. A cor vermelha é uma cor quente e estimulante, entretanto o seu excesso pode causar o excesso de tensão. A cor verde é caracterizada como a cor da construção, da absorção e do crescimento, é uma cor equilibrada e tem efeito de relaxamento. O azul é uma cor concreta, é a cor da percepção e da vontade, da clareza e da ação, ligado diretamente a criatividade. O segundo item de avaliação foi a presença de luz natural, por meio da inserção de janelas no ambiente. As janelas foram adicionadas para mostrar como a conexão do usuário com o entorno pode influenciar na percepção de quem vê o ambiente e também de quem o utiliza. O contato com a luz natural e com o ambiente externo é de extrema importância para os usuários do ambiente, pois traz a vivência e o contato externo a quem está presente no local. Quando se está em um ambiente fechado, pode-se ter a sensação de enclausuramento, além de não ter os sentidos estimulados. O entorno do ambiente também traz notórias diferenças. Por esse motivo, nessa 40


pesquisa optou-se por utilizar duas situações distintas vistas a partir da janela: o entorno construído, referindo-se à cidade e o entorno com um jardim para remeter à presença da natureza. O terceiro item de avaliação de projeto foi a presença de elementos de decoração tais como quadros e vegetação interna. A decoração tem o intuito de mostrar que componentes presentes no ambiente podem trazer a sensação de um ambiente mais confortável e bem cuidado, onde o bem-estar dos usuários é levado em consideração. Os quadros foram adicionados com a intenção de um contato, mesmo que como paisagem, com o exterior para o caso de ambientes que não tenham o uso de janelas para a área externa, assim como a variável de vegetação, que tem o mesmo objetivo, que segundo estudos pode trazer calma para os usuários do ambiente, além de deixálo aparentemente mais agradável. A inserção interna de vegetação foi pensada como uma possibilidade para ambientes sem janelas.

5.5 VISTAS DO AMBIENTE Os participantes tiveram acesso à três vistas do ambiente em cada simulação de projeto. A primeira vista (Figura 11) foi gerada próximo à entrada, considerando a posição do usuário em pé e elevação do olho a 1,65m do chão. A segunda vista (Figura 12) mostra o usuário sentado na última cadeira da esquerda, também em posição de trabalho, com elevação do olho a 1,35m do chão e olhar direcionado à entrada do escritório. A terceira vista (Figura 13) mostra o usuário sentado na primeira cadeira da esquerda com elevação do olho a 1,35m do chão direcionado a sua frente, como em posição de trabalho, abrangendo sua vista do entorno.

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Figura 11 – Vista 3D do projeto inicial. Ponto de vista entrada.

Fonte: Autora, 2020.

Figura 12 – Vista 3D do projeto inicial. Ponto de vista usuário 1.

Fonte: Autora, 2020

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Figura 12 – Vista 3D do projeto inicial. Ponto de vista usuário 2.

Fonte: Acervo pessoal.

5.6 CENAS A partir das três variáveis de projeto descritas (cor, luz natural e elementos decorativos) e as variáveis de três vistas (pensadas a partir do posicionamento do usuário no ambiente de trabalho), foram geradas no total vinte e quatro perspectivas dos ambientes. Nessa pesquisa, cada ambiente foi denominado de “cena”. No total, tem-se oito variações de projeto a saber: (1) Projeto básico inicial; (2) Projeto com inclusão da cor azul em uma das paredes; (3) Projeto com inclusão da cor verde em uma das paredes; (4) Projeto com inclusão da cor vermelha em uma das paredes; (5) Projeto com adição de janela e com entorno de jardim; (6) Projeto com adição de janela e entorno de cidade; (7) Projeto com inclusão de quadros; (8) Projeto com inclusão de vegetação. Todas as variantes tiveram como base o projeto básico inicial. Considerando três vistas para cada variação de projeto, no final resultaram 24 cenas para serem avaliadas. Ademais das cenas individuais de cada variação de projeto, no final foram ainda efetuadas comparações de cenas nos seguintes temas: (1) comparativo de cores Ambiente com a cor branca (projeto básico), com a presença da cor vermelha, ambiente com a presença da cor azul e ambiente com a presença da cor verde; (2) 43


comparativo com a presença de janela com entorno de cidade e ambiente com a presença de janela com entorno de jardim; (3) Ambiente com a presença de quadros e ambiente com a presença de vegetação; (4) Ambiente com a cor branca (projeto básico) e ambiente com a presença de janela com entorno de cidade; (5) Ambiente com a presença de janela com entorno de jardim e ambiente com a presença de vegetação – ambos utilizando a vista do ponto de entrada com o usuário em pé.

5.7 QUESTÕES Para se realizar a análise comportamental dos participantes, tanto do grupo 1 quanto do grupo 2 e grupo 3, em cada variante de projeto, foram definidas algumas questões. Por meio de perguntas específicas, uso do relógio para medir batimentos cardíacos (smartwatch) e o uso do Eye-tracker buscou-se identificar aspectos relativos ao bemestar, emoções e sentimentos ao observar pela primeira vez cada imagem. Para avaliação das cenas individuais dos projetos, durante a apresentação das imagens foram realizadas as seguintes perguntas: •

O que mais te chama atenção neste ambiente? – com respostas livres;

O que você sente ao olhar para este ambiente? – com respostas livres;

Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – com respostas livres;

Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – com respostas livres.

Vale ressaltar que essas perguntas foram aplicadas após a exibição das três cenas de cada variação de projeto. Para a análise das cenas comparativas, inseridas no final da apresentação, forma realizadas as seguintes perguntas: •

Qual dos ambientes causou maior bem-estar?

Qual dos ambientes causou maior mal-estar? – pergunta feita apenas no comparativo de cores;

Qual dos ambientes escolheria para trabalhar?

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5.8 PROTOCOLO DA EXECUÇÃO DA COLETA DE DADOS Como descrito anteriormente, os participantes que fizeram o teste foram divididos em três grupos, ambos assistiram às mesmas cenas, porém em condições e com objetos de avaliação distintos. Como apresentado nos subtópicos a seguir. 5.8.1 Grupo 1

A sequência do participante do grupo 1 se constitui em: • Sentar-se em uma cadeira de frente ao computador; • Colocar o equipamento Eye-tracker com acompanhamento do pesquisador. • Realização dos testes de configuração da visualização e conexão do dispositivo, juntamente com o pesquisador. • Colocação dos fones de ouvido com música pré-definida pelos pesquisadores; • Em um dispositivo móvel, iniciar a gravação do participante, de modo que sua feição e reações possam ser gravadas. • Iniciar a gravação do Eye Tracker. • Assistir à exibição do vídeo, contendo tempo pré-determinado entre as cenas para que o participante possa visualizar cada uma. E após s sequência de três cenas da mesma variação de projeto responder às perguntas feitas após cada cena. Na parte final, responder às questões específicas relativas ao comparativo de projeto. • Finalizar a gravação do dispositivo móvel. • Finalizar a gravação do Eye Tracker. • Geração dos Heat Maps (Mapas de Calor) a partir das imagens gravadas.

5.8.2 Grupo 2 A sequência do participante do grupo 2 se constitui em: • Sentar-se em uma cadeira de frente ao computador; • Colocar fones de ouvido com música pré-definida pelos pesquisadores; • Em um dispositivo móvel, iniciar a gravação do participante, de modo que sua feição e reações possam ser gravadas. 45


• Se conectar com os pesquisadores pelo Skype, que irão acompanhar o procedimento de modo tele presencial. • Compartilhar a tela com a apresentação do vídeo. • Assistir à exibição do vídeo, contendo tempo entre cenas para que o participante possa visualizar cada uma. E após s sequência de três cenas da mesma variação de projeto responder às perguntas feitas após cada cena. Na parte final, responder às questões específicas relativas ao comparativo de projeto. • Finalizar a gravação do dispositivo móvel.

5.8.3 Grupo 3 A sequência do participante do grupo 3 se constitui em: • Sentar-se em uma cadeira de frente ao computador; • Colocar fones de ouvido com música pré-definida pelos pesquisadores; • Ligar o smartwatch; • Em um dispositivo móvel, iniciar a gravação do participante, de modo que sua feição e reações possam ser gravadas. • Se conectar com os pesquisadores pelo Skype, que irão acompanhar o procedimento de modo tele presencial. • Compartilhar a tela com a apresentação do vídeo. • Assistir à exibição do vídeo, contendo tempo entre cenas para que o participante possa visualizar cada uma. E após s sequência de três cenas da mesma variação de projeto responder às perguntas feitas após cada cena. Na parte final, responder às questões específicas relativas ao comparativo de projeto. • Finalizar a gravação do dispositivo móvel. • Desligar o smartwatch.

5.9 PROTOCOLO DE ANÁLISE DOS DADOS A etapa de análise de dados foi dividida em sete etapas. 1. Tabulação de dados das perguntas respondidas pelos usuários do grupo 1, grupo 2 e do grupo 3. 46


2. Visualização dos vídeos gravados durante a coleta de dados. 3. Classificação das respostas por padrão. Elaboração de gráficos. 4. Análise das respostas. Elaboração de gráficos. 5. Geração dos Heat Maps (mapas de calor) a partir do Eye Tracker em cada cena visualizada pelo participante do Grupo 1; 6. Análise dos Heat Maps; 7. Análise dos gráficos dos batimentos cardíacos; 8. Comparação de resultados da tabulação das questões, do gráfico de batimentos cardíacos e do Eye Tracker. 9. Elaboração de gráficos para apresentação de resultados.

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6. RESULTADOS Ao finalizar a pesquisa e fazer a tabulação dos resultados obtidos, pode ser observado que em algumas cenas os resultados são bem dispersos e aleatórios, já em outras cenas, os resultados são quase que unanimes, onde há poucas opiniões e sensações diferentes. Como mostrado nos gráficos apresentados abaixo.

6.1 CENA 1 A primeira cena trata-se do projeto básico, sem variáveis. Foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 14, figura 15 e figura 16) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados. Figura 14 – Vista entrada – Cena 1.

Fonte: Autora, 2020.

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Figura 15 – Vista usuário – Cena 1.

Fonte: Autora, 2020.

Figura 16 – Vista usuário – Cena 1.

Fonte: Autora, 2020.

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Ao fazer a análise da cena 1, pode-se observar que boa parte dos participantes não esboçaram nenhum tipo de reação visível ao primeiro contato com as imagens. Entretanto, foi notório e expressado verbalmente que o ambiente despertava a impressão de um local com bastante seriedade, porém nada que fosse incômodo aos olhos de quem observa, apenas quatro pessoas apresentaram reações negativas de desconforto, tristeza ou tensão. Na primeira pergunta relacionada a cena 1, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foram obtidas no total nove respostas distintas, onde três respostas se destacaram, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 1), sendo elas: (1) Iluminação; (2) Sofá; (3) Computadores, ambas com 20% de escolha, sendo quatro votos para cada uma. Gráfico 1 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 1.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total dez respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela o sentimento de tranquilidade, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 2), que representou 25% das respostas, sendo cinco votos.

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Gráfico 2 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 1.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total dez respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a iluminação, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 3), que representou 25% das respostas, sendo cinco votos. Gráfico 3 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 1

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total nove respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de nada incomoda, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 4), que representou 40% das respostas, sendo oito votos.

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Gráfico 4 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 1

Fonte: Autora, 2020.

6.2 CENA 2 A segunda cena trata-se do projeto com variável de cor, no tom azul. Foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 17, figura 18 e figura 19) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados. Figura 17 – Vista entrada – Cena 2.

Fonte: Autora, 2020

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Figura 18 – Vista usuário – Cena 2.

Fonte: Autora, 2020. Figura 19 – Vista usuário – Cena 2.

Fonte: Autora, 2020.

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Analisando as reações dos participantes no contato com as imagens da cena 2, é possível notar que as reações são normais, como o tom de azul utilizado foi bem claro, ele acaba suavizando o impacto da cor, e, em alguns casos, intensificando a sensação de tranquilidade que se faz presente no ambiente. Os gráficos mostram também que as reações negativas nessa cena são quase que nulas, apenas duas pessoas se sentiram incomodadas com essa variável de cor, sendo ela escolhida em 55% dos casos como ambiente para trabalhar. Na primeira pergunta relacionada a cena 2, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foram obtidas no total sete respostas distintas, onde apenas uma resposta se destacou, o que mais chamou a atenção dos participante foi a cor, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 5), com 45%, sendo nove votos. Gráfico 5 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 2.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total nove respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela o sentimento de tranquilidade, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 6), que representou 45% das respostas, sendo nove votos.

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Gráfico 6 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 2.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total dez respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a iluminação, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 7), que representou 20% das respostas, sendo quatro votos. Gráfico 7 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 2

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total oito respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de nada incomoda, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 8), que representou 45% das respostas, sendo nove votos. 55


Gráfico 8 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 2.

Fonte: Autora, 2020.

6.3 CENA 3 A terceira cena trata-se do projeto com variável de cor, no tom verde, foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 20, figura 21 e figura 22) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados. Figura 20 – Vista entrada – Cena 3.

Fonte: Autora, 2020.

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Figura 21 – Vista usuário – Cena 3.

Fonte: Autora, 2020. Figura 22 – Vista usuário – Cena 3.

Fonte: Autora, 2020.

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A variável de cor verde teve impactos positivos e impactos negativos, ao fazer a análise dos participantes e suas reações durante o teste, essa cor trouxe reações apreensivas, algumas pessoas mudaram a expressão facial de forma negativa, se retraindo, outras ficaram sérias, entretanto, algumas poucas pessoas apresentaram expressões e sentimentos positivos. Esse ambiente obteve 15% dos votos como ambiente que causa maior mal-estar, porém, também foi escolhido por 10% dos participantes como ambiente escolhido para trabalhar, ele não foi mencionado na pergunta do ambiente que traz maior bem-estar. Na primeira pergunta relacionada a cena 3, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foram obtidas no total três respostas distintas, onde apenas uma resposta se destacou, que obteve quase todos os votos, o que mais chamou a atenção dos participante foi a cor, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 9), com 90%, sendo dezoito votos. Gráfico 9 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 3.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total treze respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela o sentimento de incomodo, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 10), que representou 20% das respostas, sendo quatro votos.

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Gráfico 10 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 3.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total onze respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de que nada agrada, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 11), que representou 25% das respostas, sendo cinco votos. Gráfico 11 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 3.

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total seis respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de cor, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 12), que representou 55% das respostas, sendo onze votos. 59


Gráfico 12 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 3.

Fonte: Autora, 2020.

6.4 CENA 4 A quarta cena trata-se do projeto com variável de cor, no tom vermelho, foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 23, figura 24 e figura 25) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados. Figura 23 – Vista entrada – Cena 4.

Fonte: Autora, 2020.

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Figura 24 – Vista usuário – Cena 4.

Fonte: Autora, 2020. Figura 25 – Vista usuário – Cena 4.

Fonte: Autora, 2020.

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A cena que apresenta a variável de cor vermelha foi a mais impactante conforme análise dos participantes. A maioria deles expressou reação negativa ao primeiro contato com as imagens, onde desses, houveram casos que a pessoa se assustou, expressões como “nossa” ou “uau” foram comumente utilizadas durante a apresentação das imagens dessa cena, em outras situações, alguns participantes se afastaram do computador por sentir incomodo ao olhar para a imagem. Nos casos que os participantes utilizavam o “smartwatch”, os batimentos cardíacos se aceleraram durante a cena, mostrando certa agitação causada pela cor vermelha. Essa cena teve impactos positivos em apenas dois participantes, que se sentiram confortáveis e alegres durante a cena, entretanto, ela aparece como ambiente que causa maior bem-estar e como ambiente escolhido para trabalhar apenas uma vez, já na pergunta de qual ambiente causa maior mal-estar, ela foi citada em 85% dos casos. Na primeira pergunta relacionada a cena 4, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foram obtidas no total duas respostas distintas, onde apenas uma resposta se destacou, que obteve quase todos os votos, o que mais chamou a atenção dos participante foi a cor, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 13), com 95%, sendo dezenove votos. Gráfico 13 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 4.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total doze respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela o 62


sentimento de incomodo, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 14), que representou 25% das respostas, sendo cinco votos. Gráfico 14– O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 4.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total seis respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de que nada agrada, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 15), que representou 30% das respostas, sendo seis votos. Gráfico 15 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 4.

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total quatro respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de cor, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 16), que representou 80% das respostas, sendo dezesseis votos. 63


Gráfico 16 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 4.

Fonte: Autora, 2020.

6.5 CENA 5 A quinta cena trata-se do projeto com variável de janela, com entorno de cidade, foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 26, figura 27 e figura 28) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados.

Figura 26 – Vista entrada – Cena 5.

Fonte: Autora, 2020.

64


Figura 27 – Vista usuário – Cena 5.

Fonte: Autora, 2020. Figura 28 – Vista usuário – Cena 5.

Fonte: Autora, 2020.

65


Ao apresentar a cena 5 aos participantes, todos eles apresentaram reações positivas, foi o primeiro contato com aberturas durante o teste, os sentimentos variaram dentro da positividade, as reações em sua grande maioria se basearam em leves sorrisos ou até mesmo acenando de forma positiva com a cabeça, como se estivesse concordando e gostando da imagem. Dentro de seu comparativo entre aberturas, não teve resultado positivo, por sua comparação ser com um entorno de vegetação, entretanto, em seu comparativo com o ambiente sem variáveis fez grande sucesso, com 100% dos votos nas duas perguntas respondidas pelos participantes. Na primeira pergunta relacionada a cena 5, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foram obtidas no total três respostas distintas, onde apenas uma resposta se destacou, o que mais chamou a atenção dos participante foi a iluminação, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 17), com 55%, sendo onze votos. Gráfico 17 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 5.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total doze respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela o sentimento de tranquilidade, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 18), que representou 35% das respostas, sendo sete votos.

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Gráfico 18– O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 5.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total cinco respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de janelas, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 19), que representou 45% das respostas, sendo nove votos. Gráfico 19 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 5.

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total sete respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de nada incomoda, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 20), que representou 65% das respostas, sendo treze votos. 67


Gráfico 20 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 5.

Fonte: Autora, 2020.

6.6 CENA 6 A sexta cena trata-se do projeto com variável de janela, com entorno de jardim, foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 29, figura 30 e figura 31) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados. Figura 29 – Vista entrada – Cena 6.

Fonte: Autora, 2020.

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Figura 30 – Vista usuário - Cena 6.

Fonte: Autora, 2020. Figura 31 – Vista usuário – Cena 6.

Fonte: Autora, 2020.

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A cena 6 obteve sorrisos explícitos e acenos positivos com a cabeça, por suas imagens contarem com aberturas e vegetação, chamou bastante atenção dos participantes, além de ser muito desejada como ambiente para trabalhar. Entretanto, a grande incidência de raios solares no ambiente causou incomodo à algumas pessoas. Ela obteve 95% dos votos em ambas perguntas comparativas ao competir com a cena contendo aberturas com entorno de cidade, já no comparativo com a vegetação, ela obteve 90% dos votos como ambiente que causa maior bem-estar e 100% como ambiente escolhido para trabalhar. Na primeira pergunta relacionada a cena 6, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foram obtidas no total duas respostas distintas, onde apenas uma resposta se destacou, que obteve quase todos os votos, o que mais chamou a atenção dos participante foi a paisagem, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 21), com 90%, sendo dezoito votos. Gráfico 21 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 6.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total doze respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela o sentimento de tranquilidade, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 22), que representou 20% das respostas, sendo quatro votos.

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Gráfico 22 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 6.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total seis respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de vegetação, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 23), que representou 55% das respostas, sendo onze votos. Gráfico 23 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 6.

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total sete respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de nada incomoda, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 24), que representou 65% das respostas, sendo treze votos. 71


Gráfico 24 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 6.

Fonte: Autora, 2020.

6.7 CENA 7 A sétima cena trata-se do projeto com variável de decoração, com a presença de quadros, foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 32, figura 33 e figura 34) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados. Figura 32 – Vista entrada – Cena 7.

Fonte: Autora, 2020.

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Figura 33 – Vista usuário – Cena 7.

Fonte: Autora, 2020. Figura 34 – Vista usuário – Cena 7.

Fonte: Autora, 2020.

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Ao apresentar a cena 7, muitos participantes sentiram falta das janelas e expressaram leve sorriso, em alguns casos com um pouco de apreensão. Porém, as imagens do quadro trouxeram harmonia com o ambiente apresentado anteriormente, diminuindo um pouco o impacto da falta de janelas. Em sua grande maioria, os sentimentos causados pelos quadros foram positivos e poucas pessoas se sentiram incomodadas com o ambiente, em seu comparativo, obteve 40% dos votos como ambiente que causou maior bem-estar e 30% dos votos como ambiente escolhido para trabalhar. Na primeira pergunta relacionada a cena 7, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foi obtida apenas uma resposta, que obteve todos os votos, o que mais chamou a atenção dos participante foram os quadros, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 25), com 100%, sendo vinte votos. Gráfico 25 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 7.

Fonte: Autora,2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total quatorze respostas distintas, onde duas se destacaram, sendo elas o sentimento de alegria e normal, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 26), que representou 15% das respostas, sendo três votos cada uma.

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Gráfico 26 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 7.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total sete respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de quadros, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 27), que representou 65% das respostas, sendo treze votos. Gráfico 27 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 7.

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total sete respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de nada incomoda, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 28), que representou 45% das respostas, sendo nove votos. 75


Gráfico 28 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 7.

Fonte: Autora, 2020.

6.8 CENA 8 A oitava cena trata-se do projeto com variável de decoração, com a presença de vegetação, foram apresentadas três imagens do ambiente (figura 35, figura 36 e figura 37) nessa mesma ordem, e na terceira imagem foram feitas as quatro perguntas, as quais tiveram os resultados a seguir apresentados. Figura 35 – Vista entrada – Cena 8.

Fonte: Autora, 2020.

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Figura 36 – Vista usuário – Cena 8.

Fonte: Autora, 2020. Figura 37 – Vista usuário – Cena 8.

Fonte: Autora, 2020.

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Na cena 8, foi inserido no ambiente a vegetação, que trouxe sorrisos acentuados, porém com certa apreensão notória, em um geral foram reações positivas, poucas pessoas se sentiram incomodadas com a presença da vegetação, algumas por sentir falta de mais plantas e outras por sentir excesso. A vegetação no ambiente se mostrou bem eficaz em casos que são impossíveis de colocar aberturas, além de deixar o ambiente aparentemente agradável. Poucos foram os sentimentos de forma negativa ao ambiente. Na primeira pergunta relacionada a cena 8, definida por: “o que mais te chama atenção neste ambiente?”, foi obtida apenas uma resposta, que obteve todos os votos, o que mais chamou a atenção dos participante foi a vegetação, como pode ser observado no gráfico abaixo apresentado (gráfico 29), com 100%, sendo vinte votos. Gráfico 29 – O que mais te chama atenção neste ambiente? – Cena 8.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta foi: “o que você sente ao olhar para este ambiente?”, foram obtidas no total onze respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela o sentimento de tranquilidade, como mostrado no gráfico abaixo (gráfico 30), que representou 30% das respostas, sendo seis votos cada uma.

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Gráfico 30 – O que você sente ao olhar para este ambiente? – Cena 8.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta foi: “Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total quatro respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de vegetação, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 31), que representou 80% das respostas, sendo dezoito votos. Gráfico 31 – Alguma coisa te agrada neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 8.

Fonte: Autora, 2020.

A quarta pergunta foi: “Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que?”, foram obtidas no total sete respostas distintas, onde apenas uma se destacou, sendo ela a opção de nada incomoda, como apresentado no gráfico abaixo (gráfico 32), que representou 55% das respostas, sendo onze votos. 79


Gráfico 32 – Alguma coisa te incomoda neste ambiente? Se sim, o que? – Cena 8.

Fonte: Autora, 2020.

6.9 CENAS COMPARATIVAS Após mostrar as cenas separadas com as variáveis, foram apresentadas cinco imagens de comparativos utilizando as cenas previamente mostradas. De forma a identificar qual ambiente traz maior bem-estar e qual a pessoa escolheria para trabalhar. Na maioria dos casos, o ambiente de maior bem-estar era o mesmo escolhido para trabalhar. Entretanto, em alguns poucos casos, era escolhido ambientes diferentes. A seguir, os comparativos, sendo eles: (1) Comparativo de cores, como mostrado na figura 38, apresentando a cena sem variável juntamente com as cenas com variável de cor azul, verde e vermelha; (2) Comparativo de aberturas, como mostrado na figura 39, apresentando as cenas com aberturas de janelas, sendo uma com entorno de cidade e outra com entorno de jardim; (3) Comparativo de decoração, como mostrado na figura 40, apresentando as cenas com variável de quadro e outra com variável de vegetação; (4) Comparativo da cena sem variável com a cena contendo abertura de janela com entorno de cidade, como mostrado na figura 41; (5) Comparativo da cena contendo abertura de janela com entorno de jardim com a cena de decoração com vegetação, como mostrado na figura 42. Lembrando que as imagens utilizadas para fazer o comparativo de cada cena foram as imagens com vista de entrada no 80


ambiente, onde tem-se uma melhor visualização do local, podendo observar como um todo. Figura 38 – Comparativo de cores.

Fonte: Autora, 2020. Figura 39 – Comparativo de aberturas.

Fonte: Autora, 2020.

81


Figura 40 – Comparativo de decoração.

Fonte: Autora, 2020. Figura 41 – Comparativo sem variável x abertura com entorno de cidade.

Fonte: Autora, 2020 Figura 42 – Comparativo com aberturas e entorno de jardim x decoração com vegetação.

Fonte: Autora, 2020.

82


6.9.1 Comparativo 1 Para o comparativo de cores, foram necessárias três perguntas, diferente dos outros comparativos que necessitaram de apenas duas. Após apresentar os comparativos e fazer as perguntas, obtivemos os seguintes resultados. No comparativo 1, que foi o comparativo de cores, os resultados da primeira pergunta definida por “qual ambiente causa maior bem estar?”, foram com apenas três opções das quatro apresentadas inicialmente, sendo elas a cor branca, que é o projeto sem variáveis, a cor vermelha e a cor azul. Como pode ser apresentado no gráfico 33, a cor predominante foi a branca, com 60% das respostas, que representa doze votos. Gráfico 33 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 1.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta, definida por “qual ambiente causa maior mal estar?”, tiveram como resultado apenas duas opções das quatro apresentadas inicialmente, sendo elas a cor vermelha e a cor verde. Como pode ser apresentado no gráfico 34, a cor predominante foi a vermelha, com 85% das respostas, que representa dezessete votos.

83


Gráfico 34 – Qual ambiente causa maior mal-estar? – Comparativo 1.

Fonte: Autora, 2020.

A terceira pergunta, definida por “qual ambiente você escolheria para trabalhar?”, teve como resultado todas as opções de respostas. Como pode ser apresentado no gráfico 35, a cor predominante foi a azul, com 55% das respostas, que representa onze votos. Gráfico 35 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 1.

Fonte: Autora, 2020.

84


6.9.2 Comparativo 2 No comparativo 2, que foi o comparativo de aberturas, os resultados da primeira pergunta definida por “qual ambiente causa maior bem-estar?”, como pode ser apresentado no gráfico 36, foram predominantes para a opção de janela com entorno de vegetação, com 95% das respostas, que representa dezenove votos. Gráfico 36 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 2.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta, definida por “qual ambiente você escolheria para trabalhar?”, tiveram como resultado todas as opções de respostas. Como pode ser apresentado no gráfico 37, a opção predominante foi a de janela com vegetação, com 95% das respostas, que representa dezenove votos. Gráfico 37 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 2.

Fonte: Autora, 2020.

85


Ainda no comparativo 2, pode-se observar, através dos participantes que foram testados com o equipamento Eye-Tracker, o foco quase que por inteiro localizado no ambiente que possui o entorno de jardim, como mostrado na figura 43, figura 44 e figura 45, o que nos ajuda a enxergar os resultados apresentados nos gráficos anteriores. Figura 43 – Comparativo de janelas através do equipamento Eyer tracker – 1.

Fonte: Equipamento Eye Tracker. Figura 44 – Comparativo de janelas através do equipamento Eye Tracker – 2.

Fonte: Equipamento Eye Tracker

86


Figura 45 – Comparativo de janelas através do equipamento Eye Tracker – 3.

Fonte: Equipamento Eye Tracker.

6.9.3 Comparativo 3 No comparativo 3, que foi o comparativo de decoração, os resultados da primeira pergunta definida por “qual ambiente causa maior bem-estar?”, como pode ser apresentado no gráfico 38, foram predominantes para a opção de vegetação, com 60% das respostas, que representa doze votos. Gráfico 38 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 3.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta, definida por “qual ambiente você escolheria para trabalhar?”, tiveram como resultado todas as opções de respostas. Como pode ser apresentado no gráfico 39, a opção predominante foi a de vegetação, com 70% das respostas, que representa quatorze votos. 87


Gráfico 39 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 3.

Fonte: Autora, 2020.

6.9.4 Comparativo 4 No comparativo 4, que foi o comparativo de opção sem variáveis e a opção de abertura de janela com entorno de cidade, os resultados da primeira pergunta definida por “qual ambiente causa maior bem-estar?”, como pode ser apresentado no gráfico 40, foram unanimes para a opção de janela com entorno de cidade, com 100% das respostas, que representa vinte votos. Gráfico 40 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 4.

Fonte: Autora, 2020

88


A segunda pergunta, definida por “qual ambiente você escolheria para trabalhar?”, tiveram como resultado apenas uma opção de resposta. Como pode ser apresentado no gráfico 41, a opção de janela com entorno de cidade foi unanime, com 100% das respostas, que representa vinte votos. Gráfico 41 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 4.

Fonte: Autora, 2020.

Ainda no comparativo 4, pode-se observar na figura 46 que quase toda a atenção do usuário permaneceu focada no ambiente que possui aberturas, a intensidade da cor vermelha deixa claro os resultados apresentados nos gráficos, representando 100% dos votos no ambiente com janelas em ambas perguntas. Figura 46 – Comparativo de ambiente com abertura e sem abertura através do equipamento Eye Tracker.

Fonte: Equipamento Eye Tracker.

89


6.9.5 Comparativo 5 No comparativo 5, que foi o comparativo de opção de decoração com vegetação e a opção de abertura de janela com entorno de jardim, os resultados da primeira pergunta definida por “qual ambiente causa maior bem-estar?”, como pode ser apresentado no gráfico 42, foi predominante para a opção de janela com entorno de jardim, com 90% das respostas, que representa dezoito votos. Gráfico 42 – Qual ambiente causa maior bem-estar? – Comparativo 4.

Fonte: Autora, 2020.

A segunda pergunta, definida por “qual ambiente você escolheria para trabalhar?”, tiveram como resultado apenas uma opção de resposta. Como pode ser apresentado no gráfico 43, a opção de janela com entorno de jardim foi unanime, com 100% das respostas, que representa vinte votos.

90


Gráfico 43 – Qual ambiente você escolheria para trabalhar? – Comparativo 5.

Fonte: Autora, 2020

Neste comparativo também se obteve resultados nítidos no ambiente que conta com aberturas e entorno de jardim, mostrando que por mais que o ambiente com vegetação tenha demonstrado boa eficácia, as aberturas prevalecem chamando a atenção do ser humano (figura 47). Neste teste 100% dos participantes escolheriam trabalhar em um ambiente que conta com janelas, principalmente pela sensação de poder observar o exterior, a vegetação também se mostra um meio tranquilizante e atraente para o ambiente de trabalho. Figura 47 – Comparativo de ambiente com vegetação e abertura com entorno de jardim através do equipamento Eye Tracker.

Fonte: Equipamento Eye Tracker.

91


CONCLUSÃO O estudo teve como objetivo o melhor entendimento da neurociência, sendo assim, o melhor entendimento do sistema nervoso e da mente humana, assim como a sua aplicabilidade na arquitetura. Foram abordados no decorrer da monografia temas relacionados para que fosse possível um resultado mais preciso, como o estudo da cromoterapia, o relacionamento no espaço de trabalho e suas consequências no psicológico do funcionário, assim como, a disposição do layout no local de trabalho sendo utilizado como divisão hierárquica. A pesquisa teve como objetivo identificar as emoções e sentimentos presentes em cada cena mostrada aos participantes, assim como, fazer um comparativo das reações de cada usuário. As emoções e sentimentos afetam diretamente as reações de cada ser humano e sua produtividade dentro do ambiente, também pode afetar o bem-estar dos usuários dependendo de como é a disposição e as características de cada ambiente. A partir dos comparativos podemos perceber qual das variáveis e quais características seriam optadas por cada usuário para ser seu ambiente de trabalho. Com o uso do Eye-Tracker podemos observar também qual o objeto ou local que chamou mais atenção do participante. Durante a análise dos resultados da pesquisa, foi possível concluir que itens como: (1) Biofilia, que é o instinto, que pode ou não ser aprimorado, do ser humano em relação a natureza ou a características do ambiente que remetem a sentimentos positivos e de bem-estar; (2) Luz natural, sendo as aberturas, independentemente do entorno, podendo ser com construções ou vegetação; (3) Cores, cada cor contém diferentes propriedades, onde deve ser feito o estudo das cores e posteriormente avaliar qual trás melhores resultados e a intensidade ou quantidade das cores; (4) Elementos decorativos, que na pesquisa foram utilizados quadros, porém, pode ser utilizado também outros itens.

92


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