Diagramação gruta bela alta

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Bom Jesus - PI 2013


Capa

Aline Santiago Pedro Leo

Diagramação/ Arte Final

Revisores

Cláudia da Silva Magalhães Edneide Ferreira de Sousa Maria Elizabeth Borges Zanon

Pedro Leo

Ilustração Aline Santiago

Projeto Grafico Oxê! Publicidade

C853h

Coutinho, Janailton Uma horta na Gruta, que Bela Horta / Janailton Coutinho; [et. al.]. - Bom Jesus, 2012. .: il. 1. Agricultura - Cartilha. 2. Educação Rural - Bom Jesus Piauí. 3 Agricultura Orgânica. 4. Agroecologia. I. Catenacci, Lilian Silva. II. Xavier, Leandro Pinto, III. Moura, Sinevaldo Gonçalves de. IV. Porton, Dayara Lins. V. Aires, Maria Selma da Cruz. VI. Sousa, Júlio Cesar Galdino de. VII. Título. CDD 630.715


Autores

Janailton Coutinho Lilian Silva Catenacci Leandro Pinto Xavier Sinevaldo Gonçalves de Mourav Maria Selva de Aires Vivian Silva Catenacci Júlio Cesar Galdino de Sousa Daiara Lins Porto

Agradecimentos: SENAR, Comunidade rural Gruta Bel, Assentamentos envolvidos, Prefeitura Municipal de Bom Jesus, Pro-reitoria de Extensão/UFPI e Universidade Federal do Piauí


Apresentação De um sonho de brincar, estudar, aprender, trocar e narrar saiu esta Cartilha. Depois de mais de dois anos trabalhando numa comunidade rural do Sertão do Piauí, em um município chamado Bom Jesus, apresentamos a todos vocês nossas experiências sobre como é possível alimentar sonhos e bocas de maneira fácil e agradável e com muita diversão e coletividade. Agradecemos desde já cada pessoa de 0 a 290 anos de idade que fizeram com que as ações da Comunidade Gruta Bela acontecessem de maneira tão prazerosa e repleta de amizades. Um “xêro” mais que especial aos alunos, diretores e professores da Escola Municipal Marco Julio, que sempre acreditaram no nosso trabalho. E um abraço “bem dado” a Secretaria de Ação Social da Prefeitura Municipal de Bom Jesus e aos alunos da Universidade Federal do Piauí que saíram dos muros da Universidade para ensinar e aprender com a sociedade. Os autores...


Nilton, que todos em casa chamam de Niltinho, é um menino pequeno para tanta curiosidade que mora dentro dele. Todo fim de tarde, Niltinho corre para a casa do Seu Roque, e não sossega enquanto o velho amigo não deixa os afazeres de lado para contar-lhe histórias.

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Atraídos pelo barulho do vento nas palmas do buriti, os dois se acomodam na sombra dessa palmeira, onde são narradas histórias de homens e mulheres que, vindos de vários cantos do Brasil, fizeram das terras do sertão do Piauí a sua morada.

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Gruta Bela é o nome do povoado, que fica na zona rural da cidade de Bom Jesus, onde mora o menino e todos os personagens das histórias que saem da boca do Seu Roque. Na imaginação de Niltinho, essas histórias são encantadas, assim como aquelas que se passam no tempo do “Era uma vez...”.

Mas, ao invés de príncipes, são vaqueiros venturosos que se enamoram por belas donzelas; no lugar dos nobres cavalheiros, os heróis que atravessam grandes distâncias a fim de conquistarem novas terras, são agricultores destemidos, que carregam alguns filhos nos braços, enquanto outros caminham agarrados às barras das saias das mães.

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Se vocês estão pensando que Niltinho guarda essas histórias só para ele, estão muito enganados. Assim que bate o sinal da Escola Marco Júlio, o menino e seus amigos correm para a beira do Riacho Brejinho. Lá, as crianças passam um bom tempo jogando pedrinhas na água e ouvindo o que Niltinho tem para contar. Elas olham em volta e o que veem é muito diferente do lugar que imaginam como cenário daquelas histórias.

Ali, cercando o Brejinho, tudo o que enxergam é o azul do céu e o vermelho da terra. E o verde das folhas, o colorido das flores e dos frutos? Como gostariam que a Gruta fosse mais Bela... Se pelo menos tivesse um pouco do verde da horta do quintal da casa das crianças lá no pátio da escola, já seria um bom começo.

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As casas de Niltinho e seus amigos ficam em um dos assentamentos da Reforma Agrária. Lá, o pai do menino e seus vizinhos plantam macaxeira, alface, coentro, cenoura, beterraba, cebolinha, rúcula e muitas outras hortaliças. Tudo o que produzem nas hortas, além de colorir aquele cenário tão árido, é vendido na comunidade de Bom Jesus e em outras cidades também.

Na hora do almoço, ao voltar do Riacho Brejinho, Niltinho ficou observando a horta da sua casa e pôs-se a pensar: “ Lá na nossa escola não tem nenhum pé de planta. É tudo tão sem cor e nossa merenda não é muito saborosa. Se fizermos a horta, a escola ficará mais bonita e nossa merenda muito mais nutritiva, como a comida que a mamãe faz aqui em casa, com o que colhe no nosso quintal.”

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Naquela noite, Niltinho deitou em sua cama, fechou os olhos, dormiu um sono tranquilo e cheio de sonhos.

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Ao amanhecer, assim que o sol lançou seus primeiros raios na terra sertaneja, o menino acordou pensando na ideia da horta e, ansioso para contar à professora, foi correndo para a escola.

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Chegando lá, encontrou os amigos, que também não viam a hora de colocar a mão na terra.

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As crianças ficaram no portão, esperando a professora chegar. Assim, ao pisar no pátio da escola, ela foi cercada por seus alunos, que gritavam empolgados:


“Professora nós tivemos uma ideia!”, disse Niltinho. “É uma ideia ótima!”, gritaram as crianças.

“Nós vamos embelezar o pátio da escola e também deixar nossa merenda mais gostosa!”, acrescentou Niltinho.

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“O quê, crianças? Do que vocês estão falando?”, perguntou a professora, ainda sonolenta e sem entender nada. “Só precisamos fazer uma horta!”, as crianças disseram. “Uma horta? Como assim? Tenho tanta coisa para ensinar para vocês... Os livros estão cheios de textos que ainda não lemos e atividades que não fizemos. Não temos tempo para isso. Além do mais, vocês precisam pensar grande. Que horta coisa nenhuma! Vocês precisam aprender outras coisas, para arranjarem emprego na cidade e ganharem bastante dinheiro. Agora, chega de conversa, criançada! Vamos, vamos logo para a sala!”, disse a professora, encerrando o assunto.

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As crianças ficaram tão chateadas que, naquela manhã, mal conversaram umas com as outras durante a aula. Estavam muito confusas, sem entender o que a professora havia dito. Afinal, seus pais trabalhavam nas suas próprias terras, cultivando hortas, inclusive. E, apesar de não ganharem muito dinheiro, eram tão ricos!

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A professora estranhou aquele silêncio todo, pois tinha uma turma sempre muito alegre e tagarela.


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Quando as outras professoras e a diretora perguntaram o que havia acontecido, ela contou sobre a ideia das crianรงas de fazer uma horta.

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Para sua surpresa, a diretora ficou muito animada. Isso porque ela tinha acabado de receber a visita de pesquisadores e alunos da Universidade Federal do Piauí, dispostos a realizar algumas atividades dentro da escola. Aquela era a oportunidade perfeita para começarem uma boa parceria!

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Ao receberem o telefonema da diretora, os universitรกrios ficaram muito entusiasmados e marcaram um primeiro encontro para ouvirem a ideia da crianรงada.

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No dia e horário marcado estavam todos juntos, sentados no pátio da escola. Niltinho foi escolhido para falar aos seus novos amigos sobre o desejo de cultivar hortaliças na escola.

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Ele começou contando algumas das histórias que tinha ouvido do Seu Roque e terminou dizendo que, ele e seus amigos, gostariam de mudar um pouco o cenário daquelas narrativas. Todos ficaram emocionados com as palavras daquele menino tão pequeno


e entenderam que seria importante construĂ­rem a tĂŁo sonhada horta juntos.

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Desse dia em diante, eles brincaram e aprenderam de montão!

Como primeira brincadeira, todos foram visitar a horta da casa do Niltinho. Então, as crianças e seus pais participaram de alguns cursos sobre coisas que nunca tinham ouvido falar, mas depois viram que faziam há muito tempo: Agroecologia e Agricultura Orgânica.

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Todos, principalmente Niltinho, ficavam encantados com o que aprendiam todos os dias nos cursos. Percebiam que jรก colocavam muita coisa em prรกtica em suas hortas, mas que sempre dava para melhorar.

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Depois de algum tempo de cursos, troca de experiências, atividades divertidas e muito bate papo, as crianças, as professoras e a diretora se reuniram no pátio da escola, para compartilharem o que haviam aprendido: “Agricultura orgânica é um sistema de produção que evita ou exclui amplamente o uso de fertilizantes, agrotóxicos e outros produtos químicos”, começou Niltinho. “Isso mesmo! E também depende de rotações de culturas, restos de plantas, esterco de animais, adubos verdes e respeita o meio ambiente”, completou Antônio. “Assim, as lagartas e outros insetos ficam longe da nossa horta!”, disse Gracileia. “Ah, e tem também uma tal AGROECOLOGIA. Ela é uma mistura de tudo que queremos de bom para nossa comunidade e para todo o nosso planeta”.

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“Muito bem, Niltinho! Com respeito ao meio ambiente, alimento de qualidade, educação voltada para a realidade de cada um e saúde para todos, vamos conseguir criar um mundo economicamente viável, socialmente justo, ambientalmente sustentável e uma vida no campo culturalmente aceita”, discursou empolgada a diretora da escola. “Não vai ter como alguém não gostar dessa tal AGROECOLOGIA!”, Niltinho acrescentou sorrindo. “E agora, meus amigos, mãos à obra! Ou melhor, mãos na terra!”

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As crianรงas mal podiam acreditar que havia chegado a hora de montarem a horta. Estavam preparadas e muito bem acompanhadas para colocar em prรกtica todas as dicas que haviam recebido e verem aquele sonho tornar-se realidade.

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“VAMOS FAZER NOSSA HORTA, CRIANÇADA?”, perguntaram os amigos da Universidade.

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foi a resposta dos meninos e meninas, que fizeram sua Gruta ficar mais Bela.


Agora é a sua vez! Acompanhe o trabalho das crianças da Gruta Bela e crie também uma horta na sua casa ou na sua escola.

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Agora, vamos entender realmente como se faz uma horta. Para começar, temos que saber o que é uma horta e que ela pode ser agroecológica. Nela precisa ter verduras, frutas, legumes, temperos, ervas medicinais e outras plantas que possam embelezar o ambiente como, por exemplo, muitas flores. Não pode usar agrotóxico e deve ser ecologicamente correta. Ou seja, não deve queimar as plantas sobre a terra e cuidar muito bem do solo.

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A horta dá uma boa economia no fim do mês. Ela oferece uma alegria extra à decoração da residência e pode-se viver dela para ter uma renda mensal para as famílias. Essa também pode ser uma boa dica para iniciar o contato das crianças com a natureza. Depois de saber o que é horta, temos que colocar em prática os 10 passos para sua construção.

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01º Passo: Escolher junto com a comunidade o local da horta. A comunidade reunida poderá fornecer um local para fazer a horta, podendo ser um terreno não utilizado, o quintal da sua casa ou da escola da comunidade. Este local deve ter um espaço que fica parcialmente exposto ao sol durante o dia. Não importa o tamanho, porém, quanto maior o espaço, mais diversidade de plantas você poderá cultivar.

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02º Passo: Embelezar o espaço da horta com muitas plantas para que este se torne agradável. Agora que a comunidade já escolheu o local a ser plantado, temos que embelezálo com: flores, árvores, plantas medicinais e outras que você ache bonitas, deixando-o bem agradável e alegre.

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03º Passo: Construção dos canteiros. Os canteiros devem ser construídos logo após o preparo do terreno. Dependendo do local escolhido é preciso verificar o tamanho dos canteiros para saber a metragem de cada um. Podese utilizar um comprimento de 10 m para cada canteiro. Esse tamanho depende da disponibilidade de terreno.

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04º Passo: Preparar a terra para receber seus filhos, ou seja, as sementes, futuras plantas. A terra deve ser preparada com adubos que dêem mais energia para a terra e para as plantas. Pode ser esterco (cocô) de boi, cabras, galinhas, aves e cascas de frutas. Também se utiliza palha de restos culturais, como: cana, milho, banana, arroz. Além disso, deve-se colocar nos canteiros um pouco de areia. Em seguida, coloca-se sobre o canteiro um dos tipos de adubos que você escolheu e mistura com um pouco de areia, mexendo bem, deixando a terra solta e fofa. Por fim, molhe os canteiros com água. Não se esqueça: se você gosta de beber água, as plantas gostam mais ainda.

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05º Passo: Escolha coletiva das plantas adequadas à comunidade. As hortaliças que deverão ser colocadas na horta devem ser escolhidas por todos os moradores da comunidade e devem ser plantas conhecidas.

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06º Passo: Cuidar todos os dias para que a planta cresça linda e saudável. Normalmente, não se verifica problemas com doenças se cuidarmos bem dos canteiros, das plantinhas.

É preciso visitar os canteiros todos os dias, para dar uma olhadinha nas plantas, observando se elas estão todas bem sadias. Se algum dia você for ao canteiro e vir alguma planta toda furadinha, é porque alguma formiga passou por ali. Ou ainda, se ela estiver murchinha ou triste, você deve retirála do canteiro ou aplicar preparo natural que evite a entrada de insetos e doenças no corpo da planta.

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Para evitarmos esses problemas temos que cuidar bem da limpeza, da saúde das plantinhas, como devemos fazer com a gente.


07º Passo: Fornecer água regularmente para as plantas. Os canteiros devem ser irrigados pela manhã ou à tardinha. Podendo ser molhado com regador. Fazendo isso todos os dias, nos mesmos horários, as plantas não morrerão.

08º Passo: Proteja as plantas da horta com outras plantas para que elas fiquem livres de doenças e ataque de insetos. A comunidade poderá proteger a horta contra doenças e insetos de maneira bem simples: deixando os canteiros limpos, fazendo sua irrigação todos os dias, de maneira a não encharcar os canteiros e evitando pisar neles. Essa é a melhor forma de proteger e manter a horta um ambiente agradável.

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09º Passo: Depois de tudo isso, você poderá colher lindas folhas, frutos, raízes e sementes que poderão alimentar você, sua família, a escola e a comunidade.

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Após a realização de todos esses passos, a comunidade poderá se beneficiar dos produtos que a horta tem a oferecer.


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10º Passo : Faça uma linda festa para comemora r e agrade cer os dons e riquezas q ue a terra lhe ofereceu.

A comunid ade reunid a faz uma linda festa com os fru tos, verdu e legumes ras obtidos na horta. Faze uma confr m aternizaçã o bem bon onde cada ita, pessoa lev a um prato d alimento q o ue foi colh ido na hort Todos reu a . nidos apre ciam o alim de forma b ento em feliz e veem com são import o eles antes na v ida de cad a um.

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vamos rever os

1 0 a nossa horta

passos para construirmos

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01º Passo: Escolher junto com a comunidade o local da horta. 02° Passo: Embelezar o espaço da horta com muitas plantas para que este se torne agradável. 03º Passo: Construção dos canteiros. 04º Passo: Preparar a terra para receber seus filhos, ou seja, as sementes, futuras plantas. 05º Passo: Escolha coletiva das plantas adequadas à comunidade. 06º Passo: Cuidar todos os dias para que a planta cresça linda e saudável. 07º Passo: Fornecer água regularmente para as plantinhas. 08º Passo: Proteja as plantas da horta com outras plantas para que elas fiquem livres de doenças e ataque de insetos. 09º Passo: Depois de tudo isso, você poderá colher lindas folhas, frutos, raízes e sementes que poderão alimentar você, sua família, a escola e a comunidade. 10º Passo: Faça uma linda festa para comemorar e agradecer os dons e riquezas que a terra lhe ofereceu.

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Equipe técnica do LABOER Ana Cláudia Alves Pereira,Ana Marta Martins de Sousa,Arlete Leite Lima, Charles Moura Lopes, Danubia Rodrigues Pinto, Eloisa Alves Gomes, Juscelina Fernandes de Castro, Larice Matos Fonseca, Maria das Mercês Barros Santiago, Milena Ilma Matos da Luz, Pamella Fernandes dos Santos, Shirlley Souza, Leidiane Negreiros da Rocha, Débora Ferreira da Silva, Ithauany Rodrigues Sousa, Luã Carvalho Resplandes, Franklin Eduardo Melo Santiago, Betiara Dias Guarino, Danilo Dias de Araújo, José Raimundo Luduvico de Sousa, Juvenal Pereira da Silva Júnior, Rodrigo Avelino Cirqueira, Victor Bruno Barbosa Neves, Maria das Mercês dos Anjos Leal, Raissa Brenda Soares Silva, Tamires Rodrigues da Silva, Hiêgo dos Santos Silva, Raimunda Nonata Ferreira da Silva, Tais Paula Martins Nunes, Deilane Alves de Jesus, Adalberto Carvalho, Alcilane Arnaldo da Silva, Eudinete Ribeiro de Sousa, Keilane Menês da Silva, Evandro Ribeiro Borges, Dayara Vieira Silva, Stela Leal de Almeida, Francineide Firmino, Laísa Maria Martins Azevedo, Rômulo Paulo Guimarães, Waltermária Helena da Luz, Daiara Lins Porto, Dienízia Rodrigues Pereira.

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O que é Gruta Bela? Gruta Bela é uma comunidade que está a 12 Km da sede do município de Bom Jesus-PI. Foi criada na década de 70, pelo então prefeito Antônio Pinheiro, que comprou aquela gleba de terra do Coronel Marcos Júlio e doou às famílias que ali viviam e eram trabalhadoras dos fazendeiros locais. Tem um total de aproximadamente 400 habitantes e a maioria vive do cultivo da terra, o qual é feito em propriedades de fazendeiros locais, através de arrendamentos. Os principais produtos cultivados são: feijão, arroz, milho, mandioca, dentre outros, os quais são comercializados na própria localidade e no município de Bom Jesus, aos sábados, quando acontece a feira. Também fazem parte da Associação Colônia de Pescadores, onde uma vez ao ano recebem auxílio e ajuda para vender seu pescado. A escola é um importante meio de socialização de crianças, adolescentes e adultos; sua fundação em 1975 foi um marco para a comunidade que até então dependia de pagar professores particulares para alfabetizar seus fi lhos. Atualmente a escola é um ponto de referência; é nela que acontecem reuniões de associações, encontros religiosos, capacitações, cursos profi ssionalizantes e momentos lúdicos para a comunidade. Gruta Bela possui dois Padroeiros: São Sebastião (janeiro) e Santo Antônio (junho), trazendo nessas festividades uma nova opção de renda para as famílias locais.

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O que é LABOER? O Laboratório de Estudos Rurais – LABOER, foi criado no ano de 2010 com o intuito de estudar as diversas instituições, movimentos e grupos que fazem parte do meio rural na região Sul do estado do Piauí. Ao longo dos anos vem promovendo encontros semanais com alunos que são bolsistas dos inúmeros projetos desenvolvidos pelo grupo. Com o objetivo de aproximar-se dos agentes locais são proporcionados constantes diálogos, visitas e a participação do grupo em diversas atividades dentro e fora da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Um bom exemplo é o “Café com segurança alimentar”, momento em que uma comunidade é convidada para apresentar sua “cara”, ou seja, as principais atividades culturais da localidade, fi nalizando com um lanche coletivo, com alimentos saudáveis, preparado pelo LABOER e pela comunidade. O LABOER vem identifi cando os agentes, os órgãos e as instituições que estão vinculadas direta ou indiretamente com a questão agrária no Sul do Piauí. Assim, dialogamos diretamente com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Sem terra (MST), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Movimento da Pedagogia da Alternância e outros que podem contribuir na construção de novos saberes. Desta maneira, o Laboratório de Estudos Rurais é um instrumento de formação e aprendizado, não apenas dentro da Universidade, mas também dos grupos sociais organizados, visando o entendimento e a compreensão da dinâmica agrária no estado do Piauí.

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Gruta Bela e UFPI: Projetos e aprendizados

Esta cartilha faz parte de projetos de extensão e pesquisa desenvolvidos pelo Campus professora Cinobelina Elvas da Universidade Federal do Piauí em Bom Jesus que discute os temas do meio ambiente e cidadania no campo. Quando chegamos em Bom Jesus percebemos que havia uma BELA GRUTA na área rural de Bom Jesus chamada de GRUTA BELA. Criamos o Laboratório de Estudos Rurais em maio de 2010 para discutir e entender as questões inerentes ao mundo rural brasileiro e piauiense. Começamos a realizar visitas na Gruta Bela e entendê-la como problema de pesquisa e espaço de extensão universitária com demandas específi cas de uma comunidade que demanda inúmeras políticas públicas e atividades de extensão universitária. Assim, foram criados projetos de extensão e de pesquisa para dialogar com a comunidade e poder aprender novas práticas educativas. Estes projetos desenvolvidos e em desenvolvimento criaram um ambiente de entrozamento e troca de saberes entre estudantes e professores da UFPI e as comunidades envolvidas, especialmente a Gruta Bela.

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Assim, estão sendo realizados os seguintes projetos: • “Implantação de horta comunitária na comunidade Gruta Bela, Bom Jesus- PI.” • “Movimentos sociais e Agroecologia: novos aprendizados a partir das organizações camponesas.” • “Educação ambiental nas comunidades rurais de Bom Jesus.” • “Uso sustentável dos recursos ambientais no meio rural.” • “Uso da tecnologia da informação em práticas sustentáveis com a juventude da agricultura familiar.” • “Universidade e mobilização social: comunicação e interação.” • “Saúde alternativa com remédios caseiros e cultura popular sobre o uso de plantas medicinais no assentamento taboca, Currais- PI.” • “Aplicações e manejo do uso de Agrotóxico no Assentamento Taboca, Currais-Piauí.” • “Aí acabou”; razões da evasão escolar no mundo rural de Palmeira do Piauí. • “Educação do campo: práticas educativas.” • “A relação da aprendizagem com o conforto da sala de aula.” • “O uso da tecnologia como ferramenta de ensino” Estes projetos desenvolvidos e em desenvolvimento criaram um ambiente de entrosamento e troca de saberes entre estudantes e professores da UFPI e as comunidades envolvidas, especialmente a Gruta Bela.

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Gente E Árvores

Vanessa Sá Dos Santos - 8A Série Na Gruta Bela tem muitas árvores: Árvores que plantam árvores que brotam Árvores que dão sombra; Gente que gosta de estar debaixo de árvores Tem árvores de todo jeito aqui. Tem árvores pequenas; Árvores grandes; Árvores bonitas; Árvores feias; Tem de todo jeito, e assim também têm as pessoas. Muitas pessoas daqui gostam de ir para roça plantar arroz, feijão, milho e depois os colhe. Tem gente também de todo jeito: Tem gente que planta: Gente que colhe; Gente esperta; Gente preguiçosa; Gente bonita; Gente feia; Gente legal; Tem gente de todo jeito.

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