DOMINIC PAULINE GARCIA LIMA Orientador: Prof. Dr. Alessandro Castroviejo
Trabalho Final de Graduação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie SÃO PAULO 2020
TFG 2020.08
P Á T I O S e Laboratório Gastronômico no Brás
Dominic Pauline Garcia Lima TIA 41452518 Orientador Geral: Prof. Dr. Alessandro José Castroviejo Ribeiro Orientador de Projeto: Prof. José Luiz Tabith Diagramação: Allan Kenzo Tacoshi
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
“Room Series”, desenho por Mathew Borrett - “drawing 4”
Dedico este trabalho aos meus maiores exemplos minha MĂŁe, Aurora, minha avĂł, Maria.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter chegado até aqui. Aos meus pais, Aurora e Geraldo, que me deram a oportunidade de escolher uma profissão e cursar a faculdade que tanto sonhei, além do apoio incondicional, motivação, amor e carinho. Ao meu irmão, Diogo, por sempre me dar as broncas e me fazer rir nas horas certas. Ao meu namorado, Leandro, por toda ajuda nas maquetes, visitas técnicas, fotografias, leituras de trabalhos, pela paciência e incentivo. Aos orientadores, Prof. José Tabith e Prof. Alessandro Castroviejo, por todas as orientações e ensinamentos nesse caminho. Aos meus amigos que fizeram essa caminhada muito mais leve e divertida, Jéssica, Mariana, Thamires, Valeska, Allan, Athos, Michelle, Juliana, Guilherme, Aline e Fabiana.
SUMÁRIO
Introdução O VAZIO, A ARQUITETURA E A ESPACIALIDADE
01 02
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Definições de Vazio 21 .1 Cheios e Vazios 22 .2 Espacialidade e Ergonomia 24 .3 Giambattista Nolli e Giovanni Battista 29 .4
Piranesi
SOBRE PÁTIOS Conceituação 37 .1 O tipo pátio 40 .2 Percorrendo pátios 44 .3
O PROJETO: LABORATÓRIO GASTRONÔMICO NO BRÁS
03
.1 .2
Contexto Urbano e histórico
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Laboratório Gastronômicos no Brás
97
Considerações finais 109
Bibliografia
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INTRODUÇÃO Ao passo que fui sendo apresentada aos diversos ramos da arquitetura ao longo da graduação, pouco a pouco me interessava cada vez mais a temática dos cheios e vazios. Contudo, o maior interesse foi pelos vazios, refletindo no assunto escolhido para meu trabalho de conclusão da graduação. Com isso decidi me ater ao tema do vazio que configura o espaço. Aos poucos procurando qual era este vazio, me deparei com o pátio, suas definições e derivações. Senti a necessidade de iniciar o primeiro capítulo pontuando ele-
mentos que contribuem para a compreensão do pátio. Fazer considerações acerca do vazio, definindo-o, bem como a relação que há com o cheio e como isso contribuir para a compreensão do espaço. Buscando mencionar sobre como entendemos a espacialidade através do corpo, das experiências, trocas, vivências e percepções, para melhores exemplos destaquei algumas concepções de Nolli e Piranesi, usando seus desenhos como fonte de inspiração do olhar arquitetônico que fez parte do processo. A continuação do trabalho se-
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gue ao se fazer uma conceituação de obras escolhidas, utilizando-os como base para direcionar o olhar e percorrer alguns pátios ao longo do tempo. Tendo o propósito de trazer a percepção de como ele mudou em conjunto às crescentes aglomerações urbanas, saindo aos poucos da casa para ocupar as cidades, sem deixar sua essência protetiva, sendo um elemento organizador espacial até os dias de hoje. Todo esse estudo serviu como partido para a elaboração do projeto presente no final deste trabalho, o Laboratório Gastronômico no bairro do Brás. A intenção é mostrar como o contexto urbano e sua história colaboraram para que pátios urbanos fossem o ponto de interesse principal, retomando esse conceito presente em diversas obras ao longo da história da humanidade, independente da civilização e do tempo. Assim, desenhos técnicos e perspectivas mostrarão a estética do edifício, atrelando o estudo teórico ao prático.
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01
O VAZIO, A ARQUITETURA E A ESPACIALIDADE
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É válido iniciar o primeiro capítulo pontuando elementos que contribuem para a compreensão do pátio. Fazer considerações acerca do vazio, definindo-o, bem como a relação que há com o cheio e como isso contribui para a compreensão do espaço. A partir disso, discorrer sobre como entendemos a espacialidade a partir de nosso corpo, nossas experiências, trocas, vivências e percepções. Nolli e Piranesi aparecem como fonte de inspiração do olhar arquitetônico que fez parte do processo.
Definições de Vazio
1.1 21
De acordo com dicionário Houaiss (2003), o vazio é um espaço desocupado, limpo, livre, oco. Desabitado, desguarnecido. No sentido figurativo, é falta de algo, carência ou até mesmo um sentimento de saudade. Já no dicionário Aurélio (1999), “aquilo que não contém nada, ou só contém ar”, destituído, desprovido de algo. Vácuo. Espaço concebido por um receptáculo desocupado
com ou sem limites. Chega a dizer que a significação do vazio o relaciona com a autonomia entre ele e sua matéria formal e funcional. Parte do significado trazido pelos dicionários está relacionado à arquitetura, ao espaço e à relação de composição entre algo mais abstrato, no caso sendo denominado de matéria formal e funcional, o qual nos remete a relação entre eles. Com base nestas conceituações,
é possível fazer a primeira aproximação a uma das dicotomias essenciais de todo projeto arquitetônico, urbanístico, paisagístico, em qualquer escala. Esta intrigante e intrínseca dicotomia, entrelaça a coexistência de ambos na arquitetura
1.2 22
Cheios e Vazios “Cheio: (...) Porção de paredes desprovidas de envasaduras, portas ou janelas. Espaços entre dois vãos. Um dos importantes princípios de composição arquitetônica é o que determina perfeito equilíbrio entre os cheios e os vazios nos parâmetros verticais, levando em consideração as proporções das superfícies e dos volumes, as cores e texturas dos materiais. (...)” (CORONA; LEMOS, 1989)
Corona e Lemos (1989) trazem a definição de que um cheio é determinado por paredes, portas ou janelas, então podemos dizer que elementos arquitetônicos os determinam. Os li-
mites determinam o cheio. O cheio e o vazio trabalham em contraposição, tal qual uma dicotomia que se complementa. O vazio é responsável por determinar abertu-
ras, vãos, passagens em meio urbano, crucial para se pensar no meio arquitetônico. Ele é encarregado por determinar a composição visual e espacial. (CORONA;LEMOS; 1989) Pode-se dizer inclusive que é o aspecto que se sobrepõe como característica em relação ao assunto estudado, é a de sua colocação no projeto arquitetônico, pois atua como se fosse a afirmação sobre o equilíbrio quanto aos parâmetros de elementos arquitetônicos e suas proporções, ou seja, uma relação que traz harmonia para a composição arquitetônica que está intrinsecamente ligado ao que entendemos como espaço. Alguns exemplos de pátios a seguir, deixam mais claro as relações entre estes, os espaços, suas composições e ergonomias. Corona e Lemos (1989) trazem a definição de que um cheio é determinado por paredes, portas ou janelas, então podemos dizer que elementos arquitetônicos os determinam. Os limites determinam o cheio.
O cheio e o vazio trabalham em contraposição, tal qual uma dicotomia que se complementa. O vazio é responsável por determinar aberturas, vãos, passagens em meio urbano, crucial para se pensar no meio arquitetônico. Ele é encarregado por determinar a composição visual e espacial. (CORONA;LEMOS; 1989) Pode-se dizer inclusive que é o aspecto que se sobrepõe como característica em relação ao assunto estudado, é a de sua colocação no projeto arquitetônico, pois atua como se fosse a afirmação sobre o equilíbrio quanto aos parâmetros de elementos arquitetônicos e suas proporções, ou seja, uma relação que traz harmonia para a composição arquitetônica que está intrinsecamente ligado ao que entendemos como espaço. Alguns exemplos de pátios a seguir, deixam mais claro as relações entre estes, os espaços, suas composições e ergonomias.
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1.3
Espacialidade e Ergonomia
24 A compreensão da espacialidade também é decorrente da ergonomia, uma vez que o ser humano entende e vivência o espaço a partir de seu próprio corpo. O volume que ele ocupa quando está experimentando um lugar, as sensações trazidas pelas proporções comparativas entre seu corpo e o espaço. O corpo em parte é a medida do espaço, através dos passos, dos braços abertos, dos polegares e assim por diante. Neste sentido, Leonardo Da
Vinci concebeu a figura do Homem Vitruviano (figura 1) baseado no tratado do arquiteto Vitruvius, seguido também por Leon Batiste Alberti posteriormente. Vitruvius, defendia o pensamento no qual a figura humana se tornasse padrão e premissa para a concepção de qualquer espaço de arquitetura. (ARELLANO,2019) O Homem Vitruviano fez parte de um processo artístico e investigativo, e também de representação
25 Figura 1. Imagem do homem vitruviano e o Modulor. Fonte: Archdaily
do antropocentrismo renascentista, visto que tem a intenção de simbolizar a união de conceitos da arte com a matemática e a cultura. O estudo do corpo humano e suas proporções advém das antigas formas de medida usadas como pés, polegadas, palmas entre outros. (KIECOL, 2017) Essa concepção antropocêntrica revolucionou o olhar no renascimento. Mais tarde, houve a necessidade
de um padrão de medidas devido as revoluções tecnológicas industriais, instaurando o metro como padrão. Porém o metro representava a décima-milionésima parte do meridiano terrestre, algo que era preciso para que fosse mundialmente padronizado, mas que não havia comparativo ao corpo humano. (ARELLANO, 2019) Nesse contexto, Le Corbusier
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também traz sua versão de homem ideal, O Modulor (figura 1) mais aprimorado em 1953, e faz com que a arquitetura pense nos espaços com o corpo humano sendo ponto de partida, desta vez em definitivo, tal qual era desejado por Vitruvius. O conceito trazido pelo Modulor, nos fez desenvolver ainda mais o olhar de ergonomia não somente para o homem ideal, mas também chegando a adaptações de casos específicos como a NBR9050, norma técnica de acessibilidade brasileira, dentre ou-
tras, e isso influenciou diretamente na concepção e vivência espacial atual. Argan (1961) coloca o espaço na dimensão do tempo histórico. A compreensão não depende somente do espaço no qual estamos inseridos, mas também de seu contexto. A envoltória, os edifícios, a cultura presente, além das camadas de história presentes, tudo nos faz ler e associar àquele local. Mais recentemente, Pallasmaa (2018), discorre sobre o espaço exis-
“Quando falamos de espaço nos referimos a uma realidade definida, com um desenvolvimento histórico, com uma estrutura estável, mas a um conceito, é dizer, uma ideia que tem um desenvolvimento histórico próprio e suas transformações são expressadas totalmente em parte pelas formas arquitetônicas em particular e pelas formas artísticas em geral.(...) Premissa desta concepção histórica é que o espaço não é verificável somente em cada uma das formas arquitetônicas, mas também, no conjunto dos edifícios , na relação que existe entre eles, e também em um aspecto mais amplo do desenvolvimento do urbanismo, e em aspecto essencial do desenvolvimento histórico desde o Renascimento aos dias de hoje.”(ARGAN,1961).
tencial, afirmando que vivemos em um mundo mental, onde a matéria, o espírito, o imaginado e o vivenciado se fundem. Este espaço não se baseia somente em suas formas e proporções geométricas, quando vivido estrutura-se a uma série de fatores ligados ao indivíduo como os significados, valores e intenções dele, de forma consciente ou inconsciente. Também será associado à sua memória, fantasia, desejo, percepção e cada pessoa irá interpretar o espaço de diferentes maneiras, associará a diferentes sensações e outros lugares aos quais já estiveram. Pallasmaa ainda afirma que a experiência é tal qual uma troca, a medida que nos assentamos a um espaço, este mesmo assenta-se em nós. De forma inconsciente absorvemos o entorno e o internalizamos, ao mesmo tempo em que lançamos nossos corpos para que experiênciem o lugar. Desta forma, a memória trabalha com a lembrança como
um ato de corporificação, projeção e fantasia (PALLASMAA, 2018).
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28
Giambattista Nolli e Giovanni Battista Piranesi
1.4 29
Figura 2. Mapa de Roma Giambattista Nolli, 1748. Fonte: City eu
Giambattista Nolli (1692-1756) era um cartógrafo e foi responsável por desenhar o mapa de Roma em 1748, de forma a evidenciar as características da cidade, através da técnica de figura e fundo. (CEEN, 2020) Com isso, Nolli ressalta os cheios e vazios da cidade de Roma, o traçado das ruas, em conjunto aos térreos de alguns edifícios cívicos para informar que pertenciam a esfera pública e as quadras densas, em contraposição. (figura 2)
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Figura 3. – Gravuraz Praça de São Pedro realizada por Giovani Battista Piranesi. Fonte: The Metropolitan museum of art
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Figura 4. Gravura do Arco do Triunfo Giambattista Piranesi. Fonte: The Metropolitan museum of art.
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Giovani Battista Piranesi (1720-1778) era arquiteto e gravurista italiano. Em suas gravuras (figuras 3,4 e 5) percebe-se o detalhamento e o estudo de importantes edifícios históricos através de um olhar de viés humanista e também, sua predileção pela perspectiva, as diversas escalas tanto de monumentos como de interiores. (THOMPSON, 2003) Algo bastante significativo do autor foi a escolha de fazer gravuras em preto e branco, já que nessa época havia as pinturas feitas com tintas óleo ou temperas, coloridas. Devido a isso, ressalta informações às quais ele quer que se note, assim como àquelas que ele quer dar menos ênfase. Nesta gravura em particular, (figura 5) nota-se o jogo de luz e sombra na definição dos planos e por consequência dos espaços; e das espacialidade. A intenção de trazer estes dois autores e suas respectivas obras, foi tomá-las como inspiração para fazer análises de algumas obras escolhidas de arquitetura ao longo do tempo no próximo capítulo, com o propósito de destacar alguns elementos e aspectos que caracterizam os pátios.
Figura 5. Gravura do interior de uma prisão de Giovani Basttista Piranesi. Fonte: The Metropolitan museum of art
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02
SOBRE PÁTIOS
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É relevante fazer uma conceituação de obras escolhidas, utilizando-as como base para direcionar o olhar e percorrer alguns pátios ao longo do tempo, trazendo a percepção de que sua mudança em conjunto às crescentes aglomerações urbanas, saindo aos poucos da casa para ocupar as cidades, sem deixar sua essência protetiva, sendo um importante elemento organizador espacial até os dias de hoje.
Conceituação
2.1 37
“O homem necessita de um espaço de paz e recolhimento que te proteja do espaço interior, hostil e desconhecido, mas que, sem dúvida, participe do dia e da noite, do sol e da lua, do calor, do frio e da chuva. Este espaço, que está submetido ao passar dos dias e das estações, a dizer, às regras que determinam a existência, é o pátio. ” (BLASER,1985)
Werner Blaser (1985) em seu livro Pátios:5000 anos de evolução da antiguidade até os dias de hoje, traz diversos fragmentos acerca dos pátios, passando por construções da antiga China até as casas pátio de Mies Van der Rohe.
No trecho acima, o autor cita o pátio como elemento necessário para que o homem se sinta acolhido, mas que ao mesmo tempo participe do que está acontecendo fora, uma vez que não há uma cobertura neste espaço. É um recinto exterior e que
transmite segurança ao homem, sendo ligado geralmente à casa. Os pátios também têm se mantido como o lugar central e aberto da casa, em oposição aos lugares fechados. Corona e Lemos (1989), no livro Dicionário da Arquitetura Brasileira, também lançam uma definição de pátio:
“Recinto descoberto no interior de uma construção, ou área a ela encostada. Quintal murado. Átrio, vestíbulo. Grande saguão. (...)” (CORONA E LEMOS,1989)
38 Com pouca diferença de tempo entre o ano de publicação dos dois livros, visto que o primeiro é de 1985 e o segundo de 1989 é conveniente entender o contexto dos autores. Werner Blaser (1924-2019) era arquiteto suíço e foi contemporâneo a Mies Van der Rohe, conhecendo-o em suas visitas à Chicago. Este contato corroborou com o estudou acerca das casas clássicas chinesas e japonesas, assim como na obra de
Mies através dos recorrentes temas projetuais em torno das casas-pátio. Já Corona e Lemos, escreveram um dicionário informativo, nele estão contidos elementos arquitetônicos, métodos construtivos, materiais nativos, registrando a história arquitetônica do nosso país. (LEITÃO, 2018)
“Numa organização geométrica pátio/ átrio o espaço central é ainda importante como centro organizativo, mas não é predominante, sendo no máximo de igual importância em relação aos espaços que o circundam. Em algumas situações há uma equivalência, em outras os espaços da periferia são os mais importantes. A diferença óbvia entre um edifício com pátio e outro com átrio é que, no primeiro, o espaço central é aberto, e, no segundo, é sempre coberto. ” (MAHFUZ, 1995)
39 Corona e Lemos (1989) trazem a derivação de outros elementos arquitetônicos a partir do pátio, como o átrio, o vestíbulo, o quintal murado, até mesmo o claustro, que definem como sendo um pátio descoberto envolto por arcarias em um convento. É adequado trazer esta discussão do pátio e suas variações, pois apesar de serem semelhantes, algumas não possuem a característica
principal, ser descoberto. Além de serem elementos com a mesma função, serem o centro organizativo espacial. O átrio e o vestíbulo são elementos que possuem cobertura, pois geralmente estão dentro do edifício. O quintal murado e o claustro, por sua vez são pátios em essência possuindo todas as características citadas pelos autores e tomadas como base para este trabalho.
2.2
O tipo pátio
40 “O tipo vai se constituindo, pois de acordo com as necessidades e com as aspirações de beleza; único, mas variadíssimo em sociedades diferentes, ele está ligado à forma e ao modo de vida. ” (ROSSI, 2001)
O pátio é considerado uma tipologia de acordo com a Rossi (2001), pois derivou variações ao longo do tempo, adaptando-se às mais diferentes culturas, programas, edifícios públicos ou privados, também aos mais diversos espaços e formas. Podemos tecer a ideia derivando de um pensamento menos espe-
cífico do funcionamento da mente humana, dizendo que a psique humana é muitas vezes arraigada de pensamentos que derivam de um processo histórico, vislumbrando predecessores. Tudo isso em um contexto geral, servindo para arquitetura, bem como para outros assuntos.
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Figura 6. Exemplificação de pátios. Fonte: Vitruvius
Um autor que explora o nicho das possibilidades é Jung (2018), com o conceito de arquétipos, que representam essencialmente um conteúdo do inconsciente (no caso, coletivo), o qual vai se modificando através do tempo à medida que se toma consciência e percepção deste fenômeno, que varia de acordo com
cada indivíduo. Assim, o pátio é uma tipologia e também um arquétipo. Outra discussão relevante é acerca da forma dos pátios, que está intrinsecamente ligada à composição das edificações e a proporção aos quais os co-formam. (figura 6)
“A forma do espaço da planta não é fixa, pode ser quadrado, retangular ou curvo. Tampouco tem tamanho determinado; sem dúvida, sua extensão é limitada já que é preciso existir uma determinada proporção com os muros que o delimitam” (BLASER, 1985)
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Segundo Blaser (1985), o pátio não tem uma forma específica, apesar de ter limitações, mas é imprescindível que mantenha uma proporção na qual ainda leve a pessoa que estará usufruindo este espaço para uma atmosfera protetiva. Na imagem anterior (figura 6), vemos alguns estudos que trazem a relação entre logradouro, edifício e o pátio. Isso nos faz ver que a forma do pátio depende de quais condicionantes iremos encontrar, bem como a posição da edificação como um todo. (REIS-ALVES, 2005)
Nota-se que o pátio pode ser mais aberto ou mais fechado, ter diversos acessos inclusive com o exterior do logradouro ou a rua, mas em todos os casos ele mantêm uma proporção com a edificação lindeira, isso se dá através de uma relação topológica.
“Relações topológicas, ao contrário das geométricas, não se baseiam em em ângulos permanentes, distâncias ou áreas definidas. Elas se baseiam em esquemas como proximidade, separação, sucessão dos espaços, fechamento (dentro, fora), e continuidade. ” (MAHFUZ, 1995)
Os pátios estão em uma instância relacional com os demais espaços a sua volta, onde não há necessidade de simetria, distâncias ou áreas definidas, segundo Mahfuz (1995) depende de como se dá os elementos de separação, proximidade, sucessão espacial. Como já mencionado, o ser humano compara e entende os espaços a partir de seu próprio corpo, isso causa sensações, percepções. Portanto, mesmo que o pátio seja público ou semi-público, é essencial que transmita a sensação de segurança.
Esta questão vai muito além de elementos formais como barreiras físicas, também está relacionado em como este espaço está disposto com relação ao programa, a composição, qual a materialidade do edifício, se ele permite conectividade direta com o interior, ou se há um conjunto de arcadas no seu entorno de forma que potencialize o percurso, entre outros fatores que refletem na organização dos espaços adjacentes.
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2.3
Percorrendo pátios
44 Veremos alguns pátios e seus aspectos históricos, sociais e ambientais. Nolli e Piranesi, foram a inspiração para as imagens deste capítulo, destacando as relações geométricas, topológicas e espaciais através de proporção, composição, os cheios e vazios, luz e sombra e escalas deste elemento. Há evidências da existência de casas-pátio nas civilizações mais antigas, na China e na Índia desde o ano 3.000 a. C., assim como na Grécia como em Cnossos, um dos maio-
res palácios cretenses já existentes no ano de 2.000 a. C..(BLASER, 1985) Na Grécia as cidades eram formadas por aglomerações de famílias que tomaram sua moradia como ponto de partida para construir seus espaços públicos e privados, no qual mantinham relações sociais, políticas, comerciais, culturais e religiosas em grupo. O pátio nesta sociedade era o lugar de transição, uma vez que a esfera pública e privada era bem demarcada. Ao mesmo tempo que era o es-
Figura 7. Esquema de casa romana estilo domus Fonte: site História da arte e arquitetura
paço protetivo de seu seio familiar, também era o lugar que se recebia visitas e logo começou a ser uma parte social importante das residências. (ARENDT, 2007) Herdado do primitivismo, era comum nas casas romanas terem um átrio descoberto de proporções pequenas no cômodo em que ficasse a lareira, apenas para que saísse a fumaça. Porém, no século II a. C. por causa da influência grega, o modo de morar mudou introduzindo o pátio como parte principal da casa. (PEREIRA, 2012) Pereira (2012), cita três estilos de casas romanas, a mais comum delas era o estilo domus que deu origem à casa tradicional mediterrânica. Ela possuía um ou dois pavimentos praticamente fechados para o exterior, de forma que seus cômodos eram agrupados de forma axial e simétrica em torno do átrio ou de um ou mais pátios.
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O pátio nas casas romanas também era acompanhado pelo peristilo1, que separa a zona diurna, mais próxima das partes mais acessíveis ao público, enquanto ao fundo ficava a zona noturna, menos acessíveis. As fachadas da rua eram planas e sem janelas ou eram destinadas ao comércio. (figura 7) (PEREIRA, 2012)
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Figura 8. Fotografia atual do Palácio de Diocleciano, Croácia. Fonte: Croatia full of life
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De acordo com Aulete e Valente (2020) é um conjunto de colunas em torno ou em frente de um pátio, de um prédio.
Figura 9. Planta do Palácio de Diocleciano. Fonte: Introdução à história da arquitetura: Das origens ao século XXI
Figura 10. Diagrama de Cheios e vazios do Palácio de Diocleciano. Fonte: Autoria própria
Mais tarde, há o movimento de monumentalização das casas domus que dão origem aos palácios imperiais, então os pátios são internalizados na cultura ocidental. Isso também aparece no último palácio construído do Império Romano, 300 d.C., o Palácio de Diocleciano em Spalato, atual Croácia. (PEREIRA, 2012) Através da ilustração do Palácio de Diocleciano percebe-se o peristilo em conjunto ao pátio logo na entrada da construção, na zona diurna, dá acesso não só ao palácio em si como as salas nas laterais, muito semelhante ao que acontece na casa domus romana. (figura 9) Observando o diagrama de cheios e vazios (figura 10), percebe-se a simetria dos pátios em relação ao todo da construção, como ele organiza o espaço de forma equilibrada, determinando os corredores e locais de per-
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Figura 11. Ilustração do Palácio de Diocleciano. Fonte: Viaje e Ideias
manência. Assim como há dois pátios que servem a zona diurna e dois para a zona noturna, fazendo distinção de uso e de quem o usufruiria. Tanto na planta quanto na ilustração do palácio (figuras 9 e 11), podemos notar os caminhos feitos através do peristilo, um local onde ocorre o encontro das pessoas, fazendo uma setorização bastante simétrica, assim como podemos ver a presença dos pátios fazendo parte da composição espacial. O tamanho do palácio se assemelhava ao de uma cidade amuralhada, então os pátios também possuíam a função de entrada de luz e ventilação importante. (PEREIRA, 2012) Além desta ascendência também houve a influência oriental a partir da ocupação de parte da Espanha pelos Mouros, levando mais uma vez a tipologia dos pátios internos e ajardinados para o Ocidente.
Presente na jornada das invasões mouras na Europa, encontra-se a cidade murada de Alhambra em Granada, Espanha. (figura 12) Datado de 1238, este palácio abrigou os mouros até 1492. (BASCLO, 2016) Cada segmento desta pequena cidade tem seu próprio pátio, que possui vegetação e água, trazendo a influência islâmica que em suas construções são responsáveis pelo microclima da moradia. (figuras 13 e 14) É notável a diferença em comparação ao Palácio de Diocleciano, percebe-se que há uma dimensão maior em Alhambra. Bem como a preocupação com a simetria foi deixada um pouco de lado para se adaptar ao sítio, isso é importante pois denota a principal mudança que ocorreu no passar dos anos e da influência cultural que foi adicionada. (figura 15) É possível observar a importân-
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50 Acima, Figura 12. Ilustração de Alhambra. Fonte: Think Ling
Deireita, Figura 13. Pátio dos Leões, Alhambra. Fonte: Urban Networks
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Figura 14. Pรกtio de Arraynes, Alhambra. Fonte: Urban Networks
Figura 15. Planta de Alhambra, Granada, Espanha. Fonte: Urban Networks
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Figura 16. ilustração de cheios e vazios em Alhambra. Fonte: Livro Introdução à história da arquitetura: das origens ao século XXI
cia espacial dos pátios (figura 16) que foi mantido ao longo dos anos de uma maneira quase cristalizada, nesse caso específico um para cada seguimento do palácio. Isso ocorre para que seus desfrutadores tenham um lugar intimo para si mesmos ou para receber, bem como já era na Roma antiga nas estruturas com peristilo. As construções eclesiásticas também adotaram este elemento, com o nome de claustro em anexo às igrejas. Cole (2009) fala sobre o estilo Românico, que é amplamente difundido entre os séculos XI e XII. Com o movimento do clero foi criado um novo tipo de construção, os mosteiros. Como os monges cristãos tinham a missão de construir em lugares distantes dos grandes centros urbanos e que tivesse grande fluxo de pessoas eram encarregados por abrigar o clero e os viajantes, além de ter um local para a produção de comida, uma biblioteca, uma enfermaria e etc., tal qual criar uma cidade do zero. (FERNANDES, 2020)(figura 18) A setorização era muito impor-
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tante para separar a Igreja que abrigava a todos, do espaço íntimo do clero, o pátio tinha esta função, além de servir como espaço de reclusão. O Mosteiro dos Jerônimos em Lisboa, Portugal, datado do século XV, é um bom exemplo de como se dá a conexão com uma das naves laterais da igreja ao peristilo, sucedendo ao pátio e aos aposentos dos eclesiásticos. Nesta obra, o pátio (figura 18) faz parte inteiramente da zona mais intima do clero, o que sugere uma ruptura de pensamento do pátio ser um espaço de transição. Nota-se no diagrama de cheios e vazios (figura 19) que o pátio era proporcional pequeno em comparação ao corpo do edifício, o que reforça a intenção de ser reservado. No decorrer do tempo houve a difusão do tipo-pátio, criando derivações necessárias para se adaptar aos mais diversos programas de necessidade, assim continuando as
55 Acima, Figura 17. Ilustração esquemática de mosteiro medieval. Fonte: Arte em ação
Topo à esquerda, Figura 18. Planta do Monastério dos Jerônimos, Lisboa, Portugal. Fonte: Portugal 360°
Abaixo à esquerda, Figura 19. Diagrama de cheios e vazios do Mosteiros dos Jerônimos. Fonte: Autoria própria.
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alterações, como as supracitadas do que foi incorporado das outras culturas. Foi então que no século XIX com o iluminismo francês, as mudanças começam a ser mais significativas, separando o Humanismo da Idade moderna, por meio de revoluções sociais, culturais, demográficas, técnicas e científica. Este século de transição, houve os historicismos arquitetônicos, a busca pela origem, que trouxe em voga a separação da arquitetura e da roupagem, ou o estilo típico do ecletismo. Ildefonso Cerdá idealizou a Teoria geral da urbanização que está por trás do plano. Ao imaginar a cidade de dentro para fora, define como elemento primário a quadra, cujo agrupamento determina o bairro e este por sua vez, o setor urba-
no. Considera a cidade como a soma destes setores urbanos estruturados linearmente pela avenida principal (PEREIRA, 2012). O plano foi feito para que a cidade de Barcelona (figura 21), pudesse se desenvolver fora da porção medieval, fazendo diálogo com a cidade histórica. O desenho das quadras chama atenção devido à ocupação perimetral que permite criar um vazio interno (figura 22). Este vazio, à princípio, pode ser um pátio no meio urbano ou pode ter construções mais baixas. Cerdá, elevou a importância do vazio para a dimensão urbana. O pátio no interior destas quadras apesar de ser de uso coletivo, traz a sensação de segurança por causa do afastamento do meio urbano. Percebe-se uma proporcionali-
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Figura 20. Claustro do Monastério dos Jerônimos. Fonte: Portugal 360°
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dade com o edifício perimetral fazendo parte da composição morfológica do planejamento urbano. No diagrama de cheios e vazios (figura 22), vê-se a interação do traçado das ruas medievais e as do plano, assim como as quadras totalmente preenchidas construtivamente, enquanto as do plano dão a oportunidade de criar um lugar de interação mais reservado para a comunidade, sem que as praças deixem de existir e ter seu papel como local de encontro e trocas sociais. Com as cidades cada vez mais densas, construtivamente e demograficamente, vieram também programas de necessidade mais complexos que exigiram repensar os espaços e composição arquitetônica, assim como a organização dos acessos e conexões. Um exemplo disto é a penitenciária La Santé, que abriga a câmara de vereadores, o juizado e a penitenciária. (PEREIRA, 2012)
Neste caso, os pátios são responsáveis por sobressair a proposta inovadora de um pensamento radial (figura 24), colaborando com a segurança de quem está dentro e fora do edifício, descriminando quem irá ter acesso à determinado pátio e à determinada edificação. Decorrente de tantas mudanças ao longo do século XIX, o século XX traz a necessidade de novas afirmações, a principal contribuição vem das vanguardas artísticas e o experimentalismo após 1° guerra mundial. Isso implica em um método arquitetônico e permite propor o movimento moderno. (PEREIRA, 2012) Ainda seguindo as ideias de Pereira (2012), percebe-se que os movimentos modernos teriam peças abstratas, como mínimos funcionais e existenciais, que se decompõe e recompõe formando outros elementos e combinações. Desta forma, a moradia é consi-
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Acima, Figura 21. Imagem de satĂŠlite da cidade de Barcelona Espanha. Fonte: Google Earth
Esquerda, Figura 22. Diagrama de cheios de vazios da cidade de Barcelona. Fonte: Autoria PrĂłpria
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derada como unidade mínima. Le Corbusier, determinou que as formas puras, as proporções e os traçados reguladores seriam a base da arquitetura moderna, lançando os 5 pontos da arquitetura: Planta livre, estrutura independente, fachada livre, terraço jardim, pilotis e janela em fita. (PEREIRA, 2012) A Villa Savoye, 1929, é uma residência que Le Corbusier pôde aplicar os conceitos que ele instituiu da arquitetura moderna. Foi projetada para ser uma casa de fim de semana, em Poissy, França. Também aplicou um novo material, o concreto armado e a tecnologia de impermeabilização. (KROLL, 2010)
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Figura 25. Villa Savoye. Fonte: Archdaily
Topo à esquerda, Figura 23. Penitenciária Panóptica de Oviedo, planta baixa. Fonte: Introdução Abaixo à esquerda, Figura 24. Diagrama de cheios e vazios. Fonte: Autoria própria.
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Esquerda, Figura 26. Pรกtio Villa Savoye. Fonte: Archdaily
“A arquitetura árabe nos dá um ensinamento precioso. Ela é apreciada no percurso a pé; é caminhando, se deslocando que se vê desenvolverem as ordenações da arquitetura. Trata-se de um princípio contrário à arquitetura barroca que é concebida sobre o papel, ao redor de um ponto teórico fixo. Eu prefiro o ensinamento da arquitetura árabe”(MACIEL, 2002 APUD LE CORBUSIER,1947)
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Le Corbusier, trouxe a inovação dos terraços-jardim para a Villa Savoye (figura 26), criando um pátio interno que liga a área social da casa ao 1° pavimento por meio de uma escada em caracol (figura 27), dando acesso ao ambiente doméstico mais íntimo que, por sua vez é adjacente ao pátio central, um terraço jardim. Este, tem uma rampa de conexão ao pavimento de superior com outro terraço-jardim (PEREIRA, 2012).
Interligar os acessos aos terraços-jardim formando um percurso era o que o Le Corbusier chamava de promenade architeturale, lição que aprendeu com a arquitetura islâmica, que tem como premissa ser apreciada através da caminhada, negando o método tradicional. (MACIEL, 2002) É notável a permanência do elemento principal dos pátios. A mesma essência do que existia na casa
Figura 27. Planta 1 °pavimento da Villa Savoye. Fonte: Google Earth
romana ainda se segue como elemento de organização principal as zonas sociais e íntimas, mesmo que modificado. Le Corbusier elevou o terraço-jardim ao 1° pavimento de modo que não é possível vê-lo de fora da casa, trouxe a essência do pátio
Figura 28. Diagrama de cheios e vazios da Villa Savoye. Fonte: Autoria própria
à tona. Por meio do diagrama de cheios e vazios (figura 28), nota-se a proporcionalidade e o quando ambos se complementam de forma mais orgânica, por causa das paredes curvas, quebrando paradigma da forma perfeita.
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Figura 29. Convento de La Tourette. Fonte: Archdaily
Figura 30. Pátio La Tourrette Fonte: Archdaily
67 Outra obra relevante de Le Corbusier é o Convento de La Tourrette, 1960. Mais uma vez, trouxe uma construção em torno de um pátio, no caso um claustro. (figura 30) Através dos diagramas de cheios e vazios, é possível trazer dois olhares, da composição das bordas do conjunto, formado pelos edifícios principais, e das passarelas. (figuras 34 e 35) Nesta construção o claustro une um volume laminar, a igreja, e o volume em U, que abriga uma biblioteca comunitária, cem celas, salas de
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Acima, à esquerda Figura 31. Planta 1° pavimento. Fonte: Archdaily Acima, à direita Figura 32. Planta 2° pavimento. Fonte: Archdaily
Figura 33. Planta 3° pavimento. Fonte: Archdaily
Figura 34. Diagrama de cheios e vazios, primeiro olhar. Fonte: Autoria prรณpria.
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Figura 35. Diagrama de cheios e vazios, segundo olhar. Fonte: Autoria prรณpria.
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aula e refeitório. Por causa do desnível, o pátio tem acesso pela lateral da igreja, e é contemplado por meio do percurso de concreto e vidro, de dentro do edifício ou no próprio pátio. (SOUZA, 2013) Além disso, as passarelas subdividem o espaço interno ajardinado em uma quadricula. (figura 35) Também volta-se para dentro, e então vemos uma relação de topológica mais distinta do que os exemplos anteriores, uma vez que agora devido à estrutura independente, a proporcionalidade e proximidade dos elementos, se sobrepõe à simetria perfeita, mas a harmonia do conjunto ainda é feita por meio dos pátios. O tema da Casa-pátio, perpassa pelo movimento moderno tanto com Le Corbusier, quanto com Mies Van der Rohe no Pavilhão Barcelona.
O Pavilhão de Barcelona era uma construção temporária que representaria o futuro da arquitetura. Ele foi construído para a Exposição Internacional de Barcelona, portanto não possui um programa específico, mas traz informações importantes acerca do novo “ estilo internacional”. Apesar de ter sido desmontado, foi remontado novamente nos anos 1980. (MMEB ARQUITETOS, 2020) Pereira (2012) explica que o centro do objeto projetual é o plano, as paredes policromadas, painéis de vidro, transparentes e translúcidos, a parede de luz havia se tornado realidade. Explora ao máximo os materiais puros, como cor e reflexo, o vidro e o espelho d’água, o mármore, tendo somente a escultura da bailarina de Georg Kolbe como elemento figurativo. (figura 38)
Figura 36. Planta baixa do PavilhĂŁo de Barcelona. Fonte: Viva Decora
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Figura 37. PavilhĂŁo Barcelona vista interna. Fonte: MMEB arquitetos.
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Figura 38 . PavilhĂŁo de Barcelona, Bailarina de Georg Kolbe. Fonte: Viva Decora
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Olhar para o Pavilhão de Barcelona é perceber como as premissas da arquitetura moderna permitem que a ambiência do pátio entre na construção, e vice-versa, se tornando uma extensão e não mais uma separação de zonas de uso como era anteriormente. (figura 37) Como determinar o cheio e o vazio na arquitetura moderna, se a premissa são planos não opacos e que não fazem mais a mesma divisão rígida de antes? Através da projeção de um plano horizontal, a cobertura? Ou do plano vertical que me impede de caminhar até o lado externo, mas não é opaco? Todas estas perguntas só são possíveis devido à quebra da caixa. Muitas vezes a barreira entre o dentro e o fora é um conceito, uma linha, algo imaterial e não mais uma barreira física. Portanto, não cabe fazer um estudo por meio do diagrama de cheios e vazios, uma vez que redu-
ziria o potencial e o conceito envolto nesta arquitetura. Enquanto as antigas construções precisavam do pátio para equilíbrio de um microclima devido as grossas paredes, fazendo com que o calor ficasse do lado de fora por mais tempo, e também um elemento de transição de uma zona social para a intima, agora é a mesma ambiência. Mesmo com limitações, não é mais como tradicional “quintal murado” das casas romanas, foi resinificado como extensão da construção. O pátio também participa diretamente do clima e intimidade da edificação, uma vez que há a translucidez dos materiais, com janelas e planos de vidro maiores, há a entrada de luz e calor pela própria característica dos materiais. Isso muda o modo de morar e habitar as cidades, assim como a percepção e utilização dos espaços. A discussão que Cerdá iniciou
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Figura 39. Construção laminar em pilotis esquemática. Fonte: Vitruvius Figura 40. Quadra pós-moderna contextualista. Fonte: Vitruvius
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Acima Figura 41. Esquema de quadra aberta. Fonte: Vitruvius
acerca da morfologia das quadras, com o passar do tempo tomou novas proporções. Os pilotis em escala de edifício foi o elemento que abriu a quadra, permitindo transitar ou permanecer abaixo das construções mesmo sem um programa ou objetivo em específico. (figura 39) Uma discussão relevante para a cidade pós-moderna é a da quadra contextualista que recupera o desenho tradicional da rua, valoriza-se a esquina como referencial urbano e volta a assumir o papel de espaço coletivo, onde recebe equipamentos públicos e áreas verdes. (FIGUEROA, 2006) (figura 40) A principal contribuição da quadra aberta foi a possibilidade de gerar pátios entre os edifícios construídos, fazendo com que as pessoas tivessem a oportunidade de percorrer e permanecer em um local mais íntimo e seguro, devido à sua escala e proporcionalidade, mesmo sendo um espaço semi-público, ou público. (FIGUEROA, 2006) (figura 41)
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Figura 42. Centro Paula Souza, Spadoni Arquitetos associados. Fonte: Archdaily
Figura 43. Centro Paula Souza, Spadoni Arquitetos. Fonte: Archdaily
Figura 44. Planta térreo Centro Paula Souza, Spadoni AA. Fonte: Archdaily
Figura 45. Diagrama de cheios e vazios Centro Paula Souza. Fonte: Archdaily
Também proporcionou a quebra de paradigma do formato do pátio, saindo das formas tradicionais mais puras, o círculo perfeito, as formas retangulares e quadradas perfeitas, fazendo com que também sejam passagens urbanas significativas que encaminham o pedestre aos acessos ou que tragam sensações e percepções distintas. Para finalizar a fala sobre os pátios, há dois exemplos mais recentes, o Centro Paula Souza e o Young Memorial Museum. O Centro Paula Souza, 2013, realizado pelo escritório Spadoni AA, abriga um importante programa de escola técnica e faculdade. O escritório cria um pátio central que permeia a quadra. Faz a união do conjunto de dois edifícios que abrigam diversos cursos, salas de aulas, auditórios, áreas expositivas, laboratórios entre outros (figuras 44 e 45).
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Aqui há dois pátios em um. Em parte, há um jardim, que é a área de respiro visual, de ventilação e iluminação para o subsolo, e área permeável. E a parte seca, em concreto, interliga a rua, os dois blocos, o jardim e os acessos de um dos edifícios. Nota-se que o pátio faz a articulação entre a atmosfera mais privativa e a rua, ele é o espaço de transição novamente. No térreo do próprio edifício os usos são voltados
para o público, há o auditório, foyer, espaço para exposições, cafeteria, restaurantes, podendo ser usados por estudantes ou não-estudantes da instituição. É importante ressaltar que este complexo educacional se situa no bairro da Luz, em São Paulo. Este bairro fica próximo do centro da cidade e assim como ele, ainda sofre o esvaziamento após o término do horário comercial. O Centro Paula
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Figura 46. Vista de satélite do Young Museum. Fonte: Google Earth
Figura 47. Esquema de representação do Young Museum. Fonte: wikiarquitectur
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Acima Figura 48. Pรกtio Young Museum. Fonte: Archdaily
Esquerda Figura 49. Pรกtio Young Museum. Fonte: Archdaily
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Figura 50. Vista do mirante do Young Museum. Fonte: Archdaily
Figura 51. Planta Térreo do Young Museum. Fonte: Wikiarquitetura.
84 Souza traz um uso noturno para este lugar. (ARCHDAILY BRASIL, 2015) Observa-se que o diagrama de cheios e vazios denota uma passagem urbana significativa para a escala de bairro, além de ter permeabilidade visual, possibilita um novo percurso, algo próximo do conceito de promenade architeturale de Le Corbusier, desta vez em escala urbana.
O Young Memorial Museum de autoria de Herzog e de Meuron, está situado em São Francisco, EUA. Anteriormente havia um museu neste mesmo sítio, construído em 1898, porém ele foi destruído por um furacão em 1989, sendo reconstruído e aberto em 2005. (figura 46)
Figura 52. Diagrama de cheios e vazios do Young Museum. Fonte: Autoria Própria
85 Antes de ser destruída, a construção já era um símbolo, tinha 100 anos de história atraindo turistas e moradores para o Golden Gate Park, onde está situado. Devido à importância do contexto, o escritório optou por deixar elementos já existentes no entorno que remetem à história, inovando na forma e nos materiais utilizados. Optaram pelo cobre e vidro, nas fachadas, a
madeira e a pedra para constituir a estética experimental e contemporânea. (CALIFORNIA, 2020) (figuras 48 e 49) Nota-se rasgos nesta construção, na verdade são pátios que abrigam os acessos do edifício, trazem iluminação natural e novamente, se mostram como elemento de transição entre uma zona pública e uma zona mais reservada, fazendo parte
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do acolhimento destinado ao desfrutador do museu. Além disso, as pessoas podem observá-los através do mirante existente, o que traz uma nova percepção espacial e visual dos rasgos, da arquitetura e do entorno. (figura 50) O programa que as entradas dão acesso são atividades mais públicas, como o auditório, café, espaços livres de exposição e os acessos para os andares superiores. Por meio do diagrama de cheios e vazios nota-se que os pátios têm uma geometria singular, não obedecem nenhum tipo de padrão, dependem de outros fatores como os materiais e o sistema estrutural adotado. Por causa desta geometria, os espaços se tornam únicos, isolados também pela altura do edifício. É relevante trazer esta obra, uma vez que há a quebra das formas perfeitas as quais os pátios estavam presos, assim como da simetria das arquiteturas até o século XX. Quanto mais a tecnologia da construção avança, a arquitetura se torna mais fluída, se expressando de novas maneiras, com uma outra roupagem, mas o pátio sempre é uma solução que está presente.
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03
O PROJETO: LABORATÓRIO GASTRONÔMICO NO BRÁS
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Em conjunto ao estudo da teoria acerca dos pátios, houve a elaboração da proposta projetual arquitetônica, um Laboratório Gastronômico no bairro do Brás. A intenção é mostrar como o contexto urbano e sua história colaboraram para que pátios urbanos fossem o ponto de partida projetual, assim como desenhos técnicos e perspectivas mostrando a estética do edifício.
Contexto Urbano e histórico
3.1 91
Observa-se no mapa de vazios urbanos do bairro do Brás que há poucos vazios nas quadras, fruto de uma legislação atuante nas épocas em que as edificações foram construídas. Através do mapa de leitura urbana, constata-se a riqueza em equipamentos culturais na envoltória, assim como edifícios destinados à educação e patrimônios históricos
tombados. Tais como Cata-vento Cultural, Mercado Municipal de São Paulo, antiga Tecelagem Mariângela, Sesc Parque D. Pedro, Zona Cerealista. (figura 55) Foi na Rua Polignano a Mare que parte do bairro do Brás começou. Com a instalação da Antiga Tecelagem Mariângela, vieram as mulheres imigrantes italianas para trabalhar. Com devoção a São Vitto
Figura 54. Mapa de vazios urbanos do bairro do Brรกs Fonte: Geosampa
92 Figura 55. Mapa de estudo do contexto urbano. Fonte: Autoria Prรณpria
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Figura 56. Aproximação do local de inserção do projeto. Fonte: Autoria própria e imagens do google maps.
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Martir, fundaram a igreja e desde então acontece as festividades em homenagem à ele nesta rua. Hoje possui poucos bares e restaurantes, a igreja de São Vitto e a associação. Muitos dos edifícios são usados como galpões de armazenamento em apoio a zona cerealista na Av. Mercúrio. Uma vez que esta rua não possui muito movimento de pedestres, serve como estacionamento a maior parte do tempo, pois faz parte da Zona Azul, sistema de estacionamento público e rotativo de São Paulo.
Figura 59. Masterplan. Fonte: Autoria própria.
Figura 57. Masterplan. Fonte: Autoria Prรณpria
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Figura 58. Diretrizes urbanas micro. Fonte: Autoria Prรณpria
Laboratório Gastronômicos no Brás
3D com lotes ao redor
3.2 97
À esquerda, Perspectiva pela esquina da rua Assunção x da Alfândega À direita, Perspectiva pela esquina da rua da Alfândega x Fernandes Silva
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Planta do Térreo
Corte AA’.
99
Planta do 1° pavimento
Corte BB’
100
Planta do Subsolo
Corte CC’.
101
Planta do 2° pavimento
Elevação Rua da Alfândega
102
Primeiro desenho. Elevação pela Rua Fernandes Silva. Segundo desenho Elevação pela Rua do Lucas
103
Primeiro desenho Ampliação da cozinha Industrial (1° andar) Segundo desenho Ampliação da cozinha de apoio (Térreo).
104
Detalhes do brise na fachada.
107
CONSIDERAÇÕES FINAIS
110
Ao final do presente estudo, fica evidente que desde a antiguidade nas casas gregas e romanas a presença do pátio como elemento de composição e separação da zona diurna e noturna da casa. Influenciando no modo de ocupação dos espaços, nas relações entre o vazio e os recintos adjacentes. Isso foi fundamental para que houvesse a possibilidade de percorrer alguns pátios e reconhecer a importância deste elemento dentro da história humanidade, percebendo as mudanças pelas quais passou de uma atmosfera totalmente privada para tornar-se parte do meio urbano.
Também percebe-se que isso se deve às alterações culturais, revoluções técnicas, cientificistas, das artes em geral. É preciso considerar as condicionantes e os elementos aos quais o olhar foi direcionado e retomar como repertório para saber nos dias de hoje como se deu este caminho. Para a fundamentação projetual, olhar para o Bairro do Brás, em São Paulo, e reconhecer que a presença de um elemento como o pátio, poderia dar oportunidade para um espaço mais seguro em conjunto aos calçadões, foi o que direcionou o projeto.
Um Laboratório Gastronômico traz estudantes e ao mesmo tempo, pessoas para trabalhar, aprendendo nas cozinhas industriais, assim como consumidores e moradores. Ceder pátios e calçadões para que a Igreja faça uso deste espaço através da Festa de São Vitto, também. O propósito, foi chamar atenção através da comida, para os patrimônios históricos e o próprio ponto de origem do bairro, assim como os espaços de pausa, visto que são poucos no centro da cidade. O pátio transcende no tempo, e de fato nos faz pensar na essência da arquitetura. Apesar das derivações deste
elemento, como o átrio e o claustro, permaneceu de modo fundamental se atualizando para adequar-se ao meio público como pude demonstrar ao longo dessa monografia.
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BIBLIOGRAFIA
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Universidade Presbiteriana Mackenzie 2020