ÁRVORES E PEDRAS DE PORTUGAL Fotografias Zito Colaço Texto Nuno Costa
Titulo ÁRVORES E PEDRAS DE PORTUGAL Autor ZITO COLAÇO Fotografias ZITO COLAÇO Texto NUNO COSTA Prefácio PEDRO TEIXEIRA MOTA Revisão LUIS DAEHNHARDT Colaboradores SUSANA SÉNICA LUIS CORREIA MARC P.LAMMERINK Editora MINDAFFAIR Lda Direcção JORGE PINTO GUEDES Design/Produção MINDAFFAIR WWW.BILMA.PT Data de Publicação DEZEMBRO 2014 ISBN 978-989-8654-66-3
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Pinheiro-manso “Sereia” Pinus pinea, Mata dos Medos, Charneca de Caparica.
Dedicamos este livro a todos os que amam árvores. Incluímos, por isso, nesta dedicatória técnicos de conservação, investigadores, amantes da natureza e, em especial, os bombeiros que continuam a arriscar e a perder, infelizmente, de forma crónica a vida. Para eles, abrimos Árvores e Pedras de Portugal, com a fotografia da Sereia da Mata dos Medos. Porque é esta a árvore que serviu de inspiração para fazer este livro. E porque, Verão após Verão, com as sirenes a anunciar o País a arder, importa lembrar que a maior arma das sereias não é o seu canto, mas o seu silêncio. São também devidos os nossos agradecimentos aos seguintes: Ao Noah, Nuno Dias, Carlos Didelet, Luís Cabrita, Sandra Gonçalves, Teresa Ferreira, Paulo Pereira Gomes, Flávia Carlini, Bruno Silva, Pedro Machado, João Pinguinha, Paulo Oliveira, Ilídio Teixeira, Pedro Duarte, Maria João Ferreira, Tito Calado, Jorge Firmino, Filipe Brito, Helena Morais, Marco Fonseca, Paula Alveno, Nuno Moreira, Sandro Costa, Rui Costa, José Manuel Marques, Luís Baltazar, Bruno Peres, Vasco Célio, Artur Lourenço, João Cabral, Tiago Frazão, Ricardo Santos, Pedro Simões, Luís Correia, Teresa Morais, Pilar Miguel, Ricardo Lima, Mário Simões, Gisela Amaral, Paula Sénica, José Sénica, Maria de Lourdes dos Santos, António Sousa Santos, Hélia Colaço, Fátima Colaço, Luís Colaço e, em especial, à Susana Sénica que se disponibilizou encarecidamente para fazer esta obra que é as Árvores e Pedras de Portugal.
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“Tree of Sintra”, Peninha, Serra de Sintra.
Prefácio O culto das pedras, penedos e grutas, árvores e bosques vem dos tempos mais primordiais do ser humano, quando neles se abrigava ou habitava e assim se defendia dos animais e das intempéries, ou quando deles fez morada dos espíritos ou mesmo os consagrou a Deuses. Com durações de vida bem maiores que as nossas (há rochas com biliões de anos e árvores com 4 a 5 mil anos), não admira que o Tempo, esse escultor maravilhoso ou divino, tenha de modos surpreendentes especializado e modelado qualitativamente alguns exemplares de montanhas, penedos ou árvores, suscitando assim um culto ou uma utilização especial. Em Portugal, na Europa e no mundo, apesar das vicissitudes a que a Natureza e os seus seres e obras de arte são submetidos diariamente, há ainda exemplares de tais pedras e árvores cumprindo as suas funções energéticas de ligação entre a Terra e o Cosmos, adquirindo por vezes grandes auras, e que merecem a nossa admiração ou mesmo culto, tal como vemos em especial no Japão, onde são considerados Kami, ou habitações deles, significando no primeiro caso um ser superior, no segundo caso um espírito, certamente especial, sendo envolvidos por grossas cordas, com fios ou formas em zig zag pendentes, indicando a sua sacralidade e sugerindo as bênçãos que deles se derramam... E eis algo que se poderia implementar entre nós... Há alguns seres humanos que, por motivos subtis ou semi-conscientes, têm um amor maior pelas árvores e pedras e as buscam, quer para admirar e sentir, quer para fotografar e partilhar. É o caso do Zito, com um trabalho consistente de fotografia e de amor vivencial com elas, ou de eu e outros, e por isso aqui estamos todos de braços dados à volta desta obra que vai partilhar belamente a existência de alguns seres vivos (em Portugal, próximos...) merecedores da nossa admiração, amor, culto ou mesmo trabalho de intercâmbio energético... Certamente, todos desejamos que as grandes árvores ou penedos, bosques ou montanhas sejam compreendidos e protegidos como seres muito especiais, que têm muito para nos dar e cujo cultivo, abraço e meditação é sempre benéfico e harmonizador. Possa a Fraternidade e o Amor da Humanidade com a Natureza e os seus Espíritos melhorar com a leitura, contemplação e assimilação deste livro magnífico do Zito são então os nossos votos, como folhas, pedras e cristais reflectores da Luz Divina na Natureza... Pedro Teixeira da Mota
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“Pedras Irmãs”, Peninha, Serra de Sintra.
Introdução Grandes, pequenas, formosas, circunspectas, imponentes ou frágeis. Dão, sem pedir nada. E são, simplesmente. Respiram, respiram-nos e fazem respirar. Amam, amam-nos e fazem-nos amar. São as Árvores de Portugal. Monumentais e de classificação científica. Ou seres alados de existência etérea. Na floresta, à beira-mar ou completamente despercebidas entre o bulício da cidade. Mas não se resumem apenas a um roteiro de processos biológicos. São mapa de sonhos e geografia de imaginários indizíveis. Contamnos histórias, reais ou oníricas, que alimentam a alma de um povo. São um património vivo, rebelde e, felizmente, ainda imaculado no território nacional. Tal como as árvores, existe um outro tesouro que passa amiúde despercebido no foco das atenções mediáticas. As Pedras de Portugal. Também as há para todos os gostos e feitios. Dimensões e densidades. Uma pedra é muito mais, na sua essência, do que a sua manifestação individual aparenta. Sozinha é símbolo, no seu conjunto é templo. Por isso, desde sempre os homens a veneraram como obra que recria o mistério da vida – o grande assombro. E este é o livro de muitos desses assombros que se tornam mistérios ocultos por detrás da agitação dos dias em tempos de aceleração vertiginosa. Mistérios que aqui e agora lhe relevamos. Sem precisar de ficar high (ou apanhar uma pedra). Afinal, quem precisa de uma pedrita quando pode ter acesso às melhores e maiores de Portugal? Uma trip consciente, lúcida, sem drogas ilegais ou consentidas. Nem a acidez de comprimidos de rua nem o cimento de avenidas e rotundas de primeiras e segundas circulares. Uma viagem rumo à consciência de que este País é para velhos, novos, recém-nascidos, meia-idade, toda a gente e mais alguma. Porque a Natureza terá sempre lugar para os seus filhos-pródigos. O retorno às origens, não como um mecanismo de fuga, mas como actualização psíquica e em harmonia com a civilização da tecnologia. Um despertar. Para acordar o que em nós ainda são as raízes luminosas da Árvore da Vida. Ou, então, restar-nos-á caminhar como zombies num vale de sombras. Nuno Costa
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Azinheiras Quercus Ilex, Baixo Alentejo.
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Palmeira-das-canárias Phoenix canariensis, Rio Douro, Porto.
DOURO LITORAL Vila do Conde, capital portuguesa dos festivais de curtas-metragens (título que lhe advém do reconhecimento que alcançou pelo certame que alberga com sucesso há anos) dispõe na Praia do Norte de uma personagem fixa do melhor surrealismo onírico. Conhecido de poucos, o Elefante-Marinho que vigia a praia poderia perfeitamente servir as deambulações oníricas de jovens realizadores a pré-ensaiar uma revisão contemporânea de Lot of Sodom. Do onirismo para o romantismo. Um copo de vinho do Porto, como convém, a neblina certa e a companhia adequada e as árvores fazem o resto. Estamos a falar da zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia, onde destacamos as imponentes fileiras de pinheiros-mansos. E, como a palavra de ordem é o romance, um salto até ao mais romântico jardim oitocentista do Porto. Um jardim dominado pela presença dos plátanos que ladeiam as estátuas de Ramalho Ortigão e António Nobre. E com uma vista soberba sobre o Douro. Naturalmente, o refúgio de todos os enamorados.
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Eucalipto Eucalytus, Satão, Viseu.
“Cabeça da Velha”, Seia. | 39
Serra de Sintra.
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Azinheira “A Gigante” Quercus ilex, Corte Pequena, Mértola.
Oliveiras de “Serpa” Olaea europaea, Serpa. | 97
Lagoa do Canรกrio, Sรฃo Miguel.
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Quando alguém disser que esteve no coração da Serra da Estrela já não se trata de uma figura de estilo. Uma configuração com esta forma, a rondar os 370 metros de altura e 180 de largura, constituída por algumas dezenas de carvalhos foi recentemente descoberta pelo fotógrafo português Zito Colaço. As árvores encontram-se localizadas na encosta de São Gabriel, em Manteigas, e quem quiser observar este fenómeno natural poderá fazê-lo a partir do miradouro das moitas perto do Poço do Inferno. Os caprichos criativos da mãe natureza não ficam por aqui, já que um lagarto em forma de pedra, situado atrás do miradouro, apresenta-se como uma espécie de guarda oficial do coração. Foi à beira da estrada que serpenteia a serra, que Zito Colaço fez mais esta descoberta durante um trabalho de recolha e investigação para os livros Árvores do Amor – As Árvores Misteriosas de Portugal e Pedras do Amor - As Pedras Misteriosas de Portugal.
Zito Colaço, como é conhecido profissionalmente, nasceu, Luís Alexandre dos Santos Colaço, em Almada em 1977. Cedo percebeu que mexia com fotografia e era a fotografia que mais mexia consigo. Por altura do serviço militar obrigatório, trocava a limpeza da G3 pela clássica Canon AE1 e produzia, na semana de campo, um dos seus primeiros trabalhos fotográficos. Foi instruendo no Instituto Português de Fotografia e no Cenjor e, publicou em vários jornais e revistas nacionais e internacionais. Atualmente, é jornalista, e trabalha como repórter-fotográfico e de imagem numa empresa prestigiada.
Nuno Costa é realizador das curtas-metragens Lucy (vencedora de Março de 2010 no Shortcutz Lisboa, nomeada para melhor filme na 1ª edição dos Prémios Shortcutz, selecção nacional Fantasporto 2011), e Gerações à Rasca, da média-metragem Um Documentário Bestial (selecção oficial Festróia 2013 e Animal Behavior Society Film Festival EUA 2013), trabalhando actualmente na primeira longa-metragem de ficção, Frank. Licenciado em História, foi chefe de redacção da revista VIP, jornalista do programa Rumos da RTP África e free-lancer no jornal Tal&Qual e revistas Volta ao Mundo e Focus. É autor do livro Parapsicologia, Entre a Crença e a Ciência.