Maria Teresa Vitorino: Momentos

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Momentos / de

Maria Teresa Vitorino

Colecção Olhar Português V o l . III


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Arrábida Conjunto de 10 fotos que captei em alguns dos muitos recantos da bela e sedutora Arrábida.


PEDRA DA ANICHA R e i n o E n c a n t a d o - Arr á b i d a …

“É um afloramento rochoso, pertencente a uma antiga linha de costa, a 100 metros da praia e é Reserva Zoológica do Parque Natural da Arrábida, pela sua fauna marinha e algumas algas.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Portinho_da_Arr%C3%A1bida Este é um lugar de Mistério da grandiosa “Serra Mãe” (como lhe chama Sebastião da Gama) cuja energia se sente como algo vindo do interior que transmite paz de espírito e convida à reflexão perante a maravilhosa paisagem que se apresenta também à nossa visão. Olhar a serra é viver cada dia renovado. http://momentos-perfeitos.blogspot.pt/2010/08/pedra-da-anicha-arrabida.html

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Recantos I Arr á b i d a

Serenamente olho-te e digo De mim para comigo: - Onde encontrarei melhor lugar para ir, Que me ofereça de generosidade tamanha, Este límpido verde-esmeralda e sabor a sal, Este infinito azul de encanto que no mar se espelha, Esta brisa que me traz doce aroma de maquis, De malva e maresia, da bravia e mítica serra. E tu respondes-me em doce ecoooo Devolvido pelas escarpas e falésias… Eu oiço sem saber se és tu que me respondes Ou se é meu coração em êxtase a bater. Maria Vitorino


Recantos II... Depois de um dia de chuva a serra adormece assim... Esbelta silhueta que em doce declive se aproxima, Com a ternura de noiva bela encantada, A serra mergulha e beija as lĂ­mpidas ĂĄguas E adormece no seu lindo e suave leito. Maria Vitorino

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A tua altivez serena Não importa o ângulo, o ponto geográfico, Arrábida bela e majestosa impõe-se-nos. Sem qualquer vã pretensão de ombrear com o poeta, Tal é a minha insignificante pequenez, Quando de longe a contemplo, A sua altivez serena tira-me a razão e emudece-me.

Cito Luís Vaz de Camões, in “Sonetos” “Quando não te vejo perco o siso”. Maria Vitorino

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Meus recantos saudáveis Conjunto de 30 fotos, que retratam pormenores que alegram os meus dias, do local onde habito (recantos, produtos da horta e jardim, alguns pôr-do-sol que vou registando dia a dia) em Melides.


Foi esta a tela Quando abri a janela natural de “Meus recantos saudáveis”, foi esta a tela que a mãe Natureza me ofereceu e eu agradecida fiz o registo. Maria Vitorino

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Esta luz que vem de mim Esta luz que vem de mim É a força que me impele A seguir e a caminhar em frente Não importa se curvas tem o caminho. Esta luz que me impele tem a força da aura E o impulso das batidas compassadas do coração. Brota em profusão dos silêncios das palavras Que rasgam caminhos e estradas que não percorri Voam em redemoinho nos recantos da imaginação. Maria Vitorino


Esta é a tela No horizonte distante esta é a tela, A minha varanda tímido camarote. O quintal meu pequeno reino Que me permite assistir em êxtase Ao desenrolar de nostálgico filme. Rei sol cansado de árdua batalha, Veste-se de trajes de dormir Sempre diferentemente coloridos, Despede-se do reino já adormecido E em súplica pisca-me o olho e diz: - Espera por mim, aqui, amanhã! Maria Vitorino

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Irmãs sim gémeas não Este poema em forma de rosas vermelhas Rosas que todos os dias admiro no meu jardim Rosas que crescem irmãs, mas não gémeas Rosas que têm a cor e os espinhos da dor Mas possuem a beleza que decora a vida. Maria Vitorino


Flor de courgette Num dos recantos da minha horta nasceu cresceu e desenvolveu-se esta flor de courgette. Com carinho, dedicação e vontade a horta vai sublimando desejos com a simplicidade de plantar viçosas alfaces em profusão de amizades. Mas para que tal amor seja reciproco e aconteça é imprescindível, para além de semear, cultivar é preciso amar, cuidar! É neste desejo de fazer da vida uma horta, plantando apenas aquilo que desejo colher, que se vão somando os meus dias na ânsia do florescimento renovado. Maria Vitorino

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Hoje o dia amanheceu feliz e é teu Esta rosa mesmo rosa tem a cor do amor, Tem a cor da dor de noites mal dormidas, Tem a ternura e o cheiro puro de mãe. É uma rosa que leva em cada pétala Beijos, abraços, afagos, lágrimas e carinho de mãe. Uma rosa para todas as mães em especial para a minha. Maria Vitorino


Beleza e simplicidade A Beleza e simplicidade de uma flor de batateira. Tal como na vida, nas coisas mais humildes e simples Descobrimos muitas vezes verdadeiras pĂŠrolas. Maria Vitorino

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Natureza Conjunto de 24 fotos que captei por aqui e por ali, onde o meu olhar me levava.


O meu brilho na noite O sol adormeceu devagar, devagarinho E calmamente foi-se deitar. Nos olhos da noite apressada Fico eu, afinal quase nada Sรณ flor que prende o olhar. Sem sono e teimosamente Continuo a doar meu brilho De flor pura abenรงoada. Enquanto a noite bela e escura cresce Eu fico silenciosamente de vela, A noite essa nรฃo cessa de crescer Teimosamente e decidida A meu brilho esconder. Maria Vitorino

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As cinco chagas de Cristo Intenso e forte é o odor, Que escuras e viscosas folhas exalam Da mãe esteva, onde habitas. Odor que de perfume embeleza a serra Quando o rei sol vai a pino, Lhe intensifica o intenso odor E lhe traça a oiro e fogo o destino. Tens a alvura de vermelho manchada, Teus cabelos de oiro são deleite, De muito inseto polinizador Que sacia seu vorás apetite, Na sedosa e delicada flor. Da boca do povo eu oiço, Desde minha infância ladina, Como se adivinha fora: Tuas manchas de vermelho carregado São o símbolo acarinhado De Cristo mártir o redentor. Maria Vitorino

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Pequena e frágil A flor Dente-de-leão possui o significado de liberdade, otimismo, esperança e luz espiritual. Em determinada fase, quando a flor é soprada ela se desfaz com facilidade. As sementes são levadas pelo vento, se espalham e, no período certo, florescem novamente. Devido a essa característica é também conhecida pelo nome “esperança”. A frase “abre as janelas e deixa a esperança entrar na tua casa trazida pelo vento da tarde” é uma referência ao Dente-de-leão. http://www.significados.com.br/flor-dente-de-leao/


Em lágrimas... Chovem lágrimas em mim Que secam longos outonos. E iluminam minhas pálidas cores. Chovem lágrimas em mim E a chuva chove mansamente Como um sono que tranquiliza, Pacifica, apazigua minha dor. Chovem lágrimas em mim E a chuva chove mansamente... A chuva é a música do meu poema. Maria Vitorino

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Paraísos ao Sul Conjunto de 34 fotos que captei em vários lugares a Sul do Rio Tejo..


1. Silhueta de Melides Melides a minha bonita aldeia em contraluz ao pĂ´r-do-Sol.

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PĂ´r-do-Sol em Melides Ao longe a linha do horizonte anima-se de bela luz e de um leque de iridescentes cores, que roubam o brilho Ă Natureza, na penumbra, em silencio as silhuetas assistem impotentes perante tamanha grandeza. Maria Vitorino

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Prestes a pousar Cegonhas

Foto de homenagem à cegonha e a Carlos Paião “Olá cegonha, gosto de ti!”

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Após sessenta e dois anos de alguma experiência de vida e um belo período de trinta e seis anos em exercício de atividade pedagógica no Ensino Básico, sempre no meio citadino, eis que por opção inerente a doenças de familiares, retorno à minha bela aldeia, Melides e ao meu Alentejo de amplos e belos horizontes feitos de céu, verde e mar. Aqui o impacto da luz e de belas imagens é uma constante para o olhar. Potenciando essa beleza constante que nos inunda veio o desafio de um amigo. Comecei então a fotografar, impelida pelos muitos estímulos e porque admiro todas as formas de arte. A fotografia, cumpre esse plano com perícia, sendo a arte de captar a essência de que é feita uma vida ”Momentos”. Momentos que são únicos e irrepetíveis, basta um clic para que algo que seria finito passe a um plano supremo e imagético da memória, deixando registado entre sombras e luz sentimentos e afetos. Eis-me aqui perante vós partilhando esses momentos. Gostaria ainda de partilhar convosco esta simples dedicatória, a minha família que me desculpe, mas ela é para o meu falecido pai, que na sua sabedoria de 88 anos de existência, despertou em mim o prazer de palavras mágicas: olhar, conhecer, descobrir, fazer…. Com elas, muito empenho, pesquisa e muitas pestanas queimadas o mundo seria meu!... Obrigado pai, pela razão que te assistia e que ajudou a edificar tudo o que sou.


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