"Transversal de Luz e Sombras" de Rui Mourato

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Editora

Mindaffair Lda Coordenação Editorial

Litó Godinho Editor

Jorge Pinto Guedes De s i g n / P r o d u ç ã o

Mindaffair Lda

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Maio 2017 www.issuu.com/almalusa.org © Copyright. Todos os Direitos Reservados

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Noire et Blanche à l’inverse


prefácio A fotografia desempenha múltiplos papéis nas nossas vidas, desde a vulgar recordação para a posteridade, até ao papel informativo, passando, inelutavelmente, pela sua função estética e artística. Por outro lado, cada fotograma tem sempre, pelo menos, duas interpretações possíveis: a do seu autor e a do observador… a de cada observador ...o que nos conduz a ziliões de possibilidades... todas diferentes, que dependem somente da criatividade e da imaginação do indivíduo. Este é o papel em que a fotografia supera quase todas as outras formas de comunicação ou de expressão artística, deixando-a apenas em pé de igualdade com a pintura: o de estimular a imaginação – tanto de quem a concebe como de quem a observa. Porém, e da mesma forma que tudo o resto, quanto mais convencional for a foto menos ela dará que pensar. O presente trabalho coloca-nos perante um conjunto de fotografias que nada têm de convencional, ou de icónico e onde o óbvio não tem lugar. Surgem agrupadas numa sequência temática que nos transporta numa viagem absolutamente transversal – conforme, aliás, a actividade fotográfica do seu autor – através de locais urbanos e paisagens naturais, atravessando lugares pouco comuns, povoados de protagonistas sem qualquer mediatismo, até à condição mais simples da nudez humana. Com muito boa qualidade técnica, e reforçadas pela sua organização conceptual, são fotos capazes de nos remeter para os lugares do imaginário que formos competentes para alcançar. Transversal é, sem dúvida, a designação mais adequada para este trabalho de Rui Mourato, já que um livro mono temático deste autor não seria justo e resultaria, inevitavelmente, pobre. Este livro só peca pela demora! leonor fernández Maio/2017

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Viagem Trabalho inspirado pelo quadro, de Edward Hopper, “Compartment C, Car 193 (1938)”

Se houver um querer, haverá um caminho! Se houver um caminho, irei! (Rui Mourato - 2008)

Índice de Fotos página nº: 07 • Embarque 08 • Em viagem 09 • Etapa 1 10 • Etapa 2 11 • Chegada


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Locais Urbanos As cidades são como as pessoas, mostram ao viajante diversas personalidades. Dependendo da cidade e do viajante, pode começar um amor mútuo ou uma inexplicável aversão; atracção ou repulsa. O que fará feliz um indivíduo, possivelmente destruirá um outro. Somente através da viagem podemos perceber o que nos atrai e o que nos afasta, onde pertencemos ou não. (Rui Mourato - Maio/2017)

Índice de Fotos página nº: 13 • Sábado à tarde (Lisboa) 14 • Dia de tempestade (Lisboa) 15 • Nave de sonhos (Lisboa) 16 • A “visão” da fera (Paris) 17 • Feliz ano novo! (Lisboa) 18 • “Bistrot” (Bruxelas) 19 • Mercado das pulgas (Bruxelas) 20 • Caminhos de Santiago (Liége) 21 • Museu à beira-rio (Antuérpia) 22 • Gondoleiros (Veneza) 23 • Casario de Burano (Veneza) 24 • Sobre as águas (Londres) 25 • Ponto de encontro (Londres) 26 • Praça Preseren (Liubliana) 27 • Parlamento húngaro (Budapeste) 28 • Torre redonda (Nuremberga) 29 • Napoleão (Bratislava) 30 • O Moldava (Cesky Krumlov) 31 • Casa dançante (Praga) 32 • Girante florido (Viena) 33 • Família guindaste (Barcelona) 34 • Tempos modernos (Luxemburgo) 35 • Raios d’aço (Winnipeg) 36 • Cidade a seus pés (Toronto) 37 • Horizonte nocturno (Toronto) 38 • Relógio a vapor (Vancouver) 39 • “Waterfront” (Vancouver) 40 • Através da bruma (Juneau) 41 • “Minas” de salmão (Ketchikan) 42 • Rumo às montanhas (Anchorage) 43 • “Isto” é como nos filmes! (Skagway)


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Locais Naturais Ao contrário das paisagens humanizadas, especialmente as urbanas, que nos atraem ou repelem pela personalidade com que nos envolvem, enquanto entes socialmente vivos interagindo com a nossa própria sensibilidade, as naturais podem ser aprazíveis e relaxantes quando tranquilas e acolhedoras mas esmagadoras e assustadoras quando agrestes ou descontroladas, situações em que nos fazem sentir minúsculos, impotentes e, mesmo quando presunçosos e arrogantes, reduzidos à nossa insignificância de seres ocasionais e efémeros – uma infinitésima fracção de segundo na “eternidade universal”. (Rui Mourato - Maio/2017)

Índice de Fotos página nº: 45 • O poder (Dettifoss) 46 • Tranquilidade (Islândia) 47 • A beleza (Godafoss) 48 • Praia dos diamantes (Jokulsarlon) 49 • Icebergues azuis (Jokulsarlon) 50 • Águas do arco-da-velha (Skogafoss) 51 • Musgo sobre lava (Vik) 52 • Montanha morcego (Vesturhorn) 54 • Mamute na praia (Hunafloi) 55 • Águas cor-de-céu (Bruarfoss) 56 • Garganta (Kolufossar) 57 • Banho dos deuses (Aldejarfoss) 58 • Por trás da cortina (Seljalandsfoss) 59 • O sol vai chegando… (Kirkjufell) 60 • Luzes do norte (Dyrholavegur) 61 • Serranias (Serra da Estrela) 62 • Praia da ursa (Sintra) 63 • Invasora (Pateira de Fermentelos) 64 • Montanhas Rochosas (Canadá) 65 • A ferradura (Cataratas do Niagara) 66 • Margerie glacier (Alasca)


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Através da rua e do dia Ilustração do poema


Para acordar no dia na confusão real. Lâmpadas, olhos fáceis. Fachadas, pedras, faces.

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Pessoas e personagens Sem querer atrever-me, ao retrato puro, juntei imagens de gente anónima no seu quotidiano – fotografia de rua – (pessoas), com outras, de modelos em sessões temáticas e adicionei uma introdução ao meu mais recente interesse – “fotografia de cena” (imagens de representações teatrais) – (personagens). Pretendi assim, representar a multiplicidade do humano. (Rui Mourato - Maio/2017)

Índice de Fotos página nº: 77 • Toda a tristeza do mundo 78 • Entardeceres… 79 • Contrastes 80 • Papá! Estou no filme! 81 • Se numa noite de Inverno um viajante… 82 • O homem que não lia romances de amor 83 • Chapeleiro Louco (Hugo Miguel) 84 • Violinista diabólica (Akasha Bathóry) 85 • A dama do lago (Cláudia Cecílio) 86 • Bonecas rituais (Helena Caldeira) 87 • M. Orgon (Luís Guilherme in “Pancadas de Molière”) 88 • Jessica (Elsa Santos in “Vamos viajar”) 89 • Principezinho (Eulália Martins in “Conversas com o Principezinho”)


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O nu Enquanto género artístico da arte ocidental, surgiu na Grécia clássica como uma forma de aproximação à representação dos deuses e tentando mostrá-los na perfeição forçosamente associada à divindade. Foram inúmeras as representações de nus masculinos e femininos feitos pelos artistas até que o conceito religioso de “à semelhança de Deus” os obrigou a cobrir a nudez. Se a fotografia, directamente comparada à pintura, já teve tarefa árdua para ser reconhecida como arte, foi hercúleo o esforço para obter a aceitação como artísticas das fotos de corpos nus dissociando-as da pornografia e devassidão a que a facilidade de execução (rapidez), a deliberação do acto (retirar a roupa com a finalidade de o expor para ser registado por uma câmara) e a moralidade hipócrita vigente, impiedosamente as associavam. Mesmo no século XXI e na sociedade ocidental ainda não é universal que seja social e moralmente aceitável. Cabe aos fotógrafos a missão de, apenas com os seus limites de pudor e bom gosto, enfrentar esses preconceitos. (Rui Mourato - Maio/2017)

Índice de Fotos página nº: 91 • Silêncios… (Andreia) 92 • Caída (Cristina) 93 • Véu integral (Thora) 94 • Sinceridade inabitual (Joana) 95 • Esplendor à beira do pântano (Thora) 96 • Ascensão (Joana) 97 • Ousadias (Thora)


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Homenagem a Man Ray Em Agosto de 2010, com a Rita Oliveira como modelo, a propósito do 120º aniversário do nascimento de Man Ray (Emmanuel Radzitsky de seu nome real), fotógrafo, pintor, escultor, anarquista e figura incontornável do Surrealismo e do Dadaísmo, fiz um trabalho constituído por duas séries de fotografias inspiradas em famosas obras suas. Para encerrar (e iniciar – foto da capa) este livro, reiterando o tributo ao génio, incluir excertos dessa minha homenagem foi o que me ocorreu. (Rui Mourato - Maio/2017)

“Seguramente, haverá sempre aqueles que olham apenas para a técnica, que perguntam ‘como’, enquanto outros, de natureza mais curiosa, perguntarão ‘porquê’. Pessoalmente, sempre preferi a inspiração à informação.” Man Ray (1890 – 1976)

Índice de Fotos página nº: 99 • Noire et Blanche 100 • Blanc et noir #1 101 • Blanc et noir #2


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biografia

Rui Mourato Alentejano de Marvão, nascido em Janeiro de 1957, apaixonou-se pela fotografia aos 15 anos, na sequência de um aliciamento perpetrado pelas estruturas para a juventude do ’Estado Novo’ via um tal “Curso Prático de Fotografia e Laboratório a Preto e Branco (NFMP)” que frequentou em 1972/73. Quadro e empresário das Tecnologias de Informação e Comunicação, a actividade profissional adormeceu-lhe a paixão. Embora nunca tivesse deixado de fotografar fê-lo apenas com intenções lúdico-documentais. Ao virar dos “cinquenta” surgiu-lhe a necessidade de “dizer”, de “contar histórias” e de experimentar “ideias”, enfim de expressar a sua visão das “coisas”, usando a fotografia e as técnicas a ela associadas/associáveis. Frequentou e organizou diversas acções de formação e “workshops” de especialização, participou em diversas exposições colectivas, abertas e bienais prestigiadas. Trabalhos seus foram premiados nacional e internacionalmente e alguns publicados nos média quer tradicionais quer digitais. Agora, aos sessenta, tenta neste livro resumir estes seus mais recentes 10 anos. Promete continuar. Lisboa, Maio/2017 Foto: Leonor Fernández


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