Retratos e Cores (das Aves) / de
Luís Arinto colecção O Mundo das Aves / série I Volume VI /
imagem de capa | Chapim-azul | Cyanistes caeruleus
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L u às • A r i n t o
P r e fá c i o Quem gosta da natureza encontra na fotografia das aves um excelente pretexto para percorrer e descobrir paisagens de belezas deslumbrantes, ter um contacto directo com habitats diversos e pouco frequentados e visualizar, para além das aves, a fauna, a flora e interesses locais. O percurso ao longo do dia traz mudanças de luz e côres espectaculares e ao longo do ano os seus habitantes também se alteram com as estações e as migrações. Muitas aves modificam a sua rotina territorial em busca de alimento, procurando as margens dos rios na maré baixa e os campos e lagoas na maré alta, ou locais de culturas agrícolas especificas ou terrenos a serem lavrados ou com restolho, pelo que não há dois dias iguais. Considerando que na Europa ocorrem com regularidade 540* espécies de aves e que em Portugal continental conseguimos registar 463**, comprova-se que vivemos num território de eleição, para não dizer num paraíso, onde as aves encontram refúgio e recursos naturais para alimento, descanso e reprodução. Conhecer locais e as espécies é um auxílio precioso. Começa-se nos lugares mais próximos e, passado algum tempo, sente-se a vontade de procurar áreas especificas por todo o país, consoante as espécies residentes ou de passagem. Fotografar aves tanto pode ser uma actividade diurna como nocturna, em planícies ou em serras altas, ou em lagoas, rios ou mares. A diversidade de espaços e habitats é enorme e as técnicas são variadas, já que se pode fotografar a pé, de carro, escondido, em abrigos, em hidro-hides, com sensores de movimento, com drones e até em aviões. Em termos pessoais, requer vontade, muita paciência e persistência, porque nem sempre se vê o que se quer, ou se vê e não se consegue fotografar, ou se fotografa mas não se consegue uma imagem digna de se guardar. Há que aceitar que o instantâneo é coisa de uma fracção de segundo e a ocasião muitas vezes irrepetível, pelo que o ver e o registar situam-se num patamar muito incerto. Entre estas realidades fugazes e frágeis, e a procura de as traduzir em momentos infinitos na demora da contemplação, existe um profundo paradoxo e um desafio que faz do fotógrafo um coleccionador de aparições. Na sua incrível fixidade,
permanência e beleza, a fotografia parece sempre desmentir as mil frustações que genera o improvável. O equipamento para este tipo de fotografia exige algum investimento, a começar no corpo da própria câmara, nas lentes e teleobjectivas, nos conversores, tripés, cartões, baterias, binóculos e até na indumentária. Captadas as imagens na câmara, as tarefas seguintes são a leitura, a escolha, o tratamento e o arquivo das imagens digitais no computador. Cada fotógrafo tem os seus lugares de predilecção, as suas romarias geográficas, as suas demandas, as aves mais desejadas, as raridades que testemunhou e muitas histórias por detrás de cada espécie retratada. A captação da imagem é sempre um acto único e um desafio para se conseguir mais e melhor. Ficam gravados na memória os deslumbramentos de cada nova espécie descoberta e o orgulho da captação de certos registos. O olhar de cada fotógrafo é como uma impressão digital, não há dois iguais. Ver depois as imagens no computador ou no papel promove um segundo olhar que dilata o fenómeno de ver e, com ele, de saber apreciar. A distância de aproximação que cada ave consente nos seus habitats não permite traduzir a beleza, quer da ave em si quer das côres que ostenta. Daí o tema para este livro que não é mais do que tentar evidenciar ambas, quer por uma vista mais próxima quer pelas tonalidades das suas plumagens, mas numa abordagem que se quer tanto cientifica, com as caracteristicas físicas que definem a ave, como estética, com as caracteristicas que definem os olhares de Luis Arinto. Quatro anos depois do início desta actividade pelo autor, convido-vos a ver e disfrutar os Retratos e as Cores que ele escolheu para vós. A sequência das imagens no livro respeita a ordenação alfabética das Ordens de Aves, e as imagens mostram aves fotografadas exclusivamente no estado selvagem. Agnès Le Gac * Helena Geraldes em Wilder, 22Mai2017 ** Portal Aves de Portugal - Lista de Espécies2017 5_
A c c i p i t r i f o r m e s
Grifo (Gyps fulvus) _6
Grifo juvenil (Gyps fulvus) »»
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A n s e r i f o r m e s
Arrabio (Anas acuta)
Marrequinha (Anas crecca), macho, em plumagem nupcial _18
Bando de Marrequinhas (Anas crecca)
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A p o d i f o r m e s
Andorinhão-pálido (Apus pallidus) _26
Abibe (Vanellus vanellus) »»
C h a r a d r i i f o r m e s
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Maรงarico-de-bico-direito (Limosa limosa), Macho, em plumagem nupcial
Bando de Maรงaricos-de-bicodireito
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C i c o n i i f o r m e s
Garรงa-real (Ardea cinerea)
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Garรงa-real (Ardea cinerea)
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C o r a c i i f o r m e s
Guarda-rios (Alcedo atthis) _64
Guarda-rios (Alcedo atthis) 
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G r u i f o r m e s
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CaimĂŁo-americano (Porphyrio martinicus)
Franga-d’agua-americana (Porzana carolina)
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Estorninho-malhado (Sturnus vulgaris)
Estorninho-preto (Sturnus unicolor) _100
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P e l e c a n i f o r m e s
Ganso-patola ou Alcatraz (Morus bassanus)
Alcatraz-pardo ou Atobá (Sula leucogaster) _132
Alcatraz-pardo ou Atobá (Sula leucogaster) L u í s • A r i n t o
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P i c i f o r m e s
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Pica-pau-malhado-grande (Dendrocopos major)
P o d i c i p e d i f o r m e s
Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis), em plumagem nupcial L u í s • A r i n t o
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S t r i g i f o r m e s
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Mocho-galego (Athene noctua)
Coruja-das-torres (Tyto alba)
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Os Retratos e as Cores (das Aves)
ALG
Os pais quiseram que nascesse na sua aldeia natal, nos Linhares, na Serra do Açor, mas foi em Lisboa primeiro e na Amadora depois que viveu a infância e até ao final dos anos 80, adoptando depois Lisboa como cidade de residência. Na juventude, o desporto e a música estiveram sempre presentes. Aos 15 anos iniciou uma carreira bancária de 43 anos bem como a prática de vários desportos, tendo sido no andebol que obteve maior destaque. Nos anos 70 as muitas viagens pela Europa e a revolução dos cravos foram determinantes na sua formação pessoal. Da poesia, ao ‘flower power’, às novas influências musicais das bandas e da música de intervenção, segue-se a consolidação da família e uma longa carreira profissional. Quem o conheceu como director na banca não o conheceu como atleta nos jogos de andebol nem o ouviu cantar e tocar com os amigos, os projectos foram sempre autónomos. A maior consciência sobre a natureza e o gosto pelas aves e flora que fotografava na quinta em Torres Vedras, bem como a viabilidade de uma reforma antecipada, permitiu a disponibilidade necessária para desenvolver e intensificar esta outra paixão e investir em mais equipamento, formação e conhecimento da actividade. A fotografia, em especial da natureza e das aves, a música, como membro de uma banda de rock e o padel, como actividade desportiva complementar, são as suas actuais ocupações preferidas. Casado e com três filhos, vê na família e nos amigos, sempre presentes, a sua maior riqueza.