"Contos do Avô Fi" por António Feliciano

Page 1

António Feliciano

Contos do Avô Fi




Título

Contos do Avô Fi

Autor

António Feliciano

Capa

Nuno Almeida (facebook. com/fellscott)

Editora

Journey Spirit

Direção e Coordenação Editorial Jorge Pinto Guedes

Editor Responsável Maria João Pinto

Design/Produção

Nuno Almeida (facebook. com/fotoscott)

Data de Publicação julho 2019

ISBN: 0000 Depósito Legal: 00000 w w w. i s s u u. c o m / a l m a l u s a. o r g © Copyright. Todos os Direitos Reservados


Antรณnio Feliciano



Introdução

N

ada acontece ou existe por acaso, todas as coisas têm uma razão de ser ou existir ainda que não sejam conhecidas e se confinem num mistério. Assim este livro não foge a regra e algo, ou muitas coisas aconteceram para que você caro leitor o tenha na sua mão. O título, o conteúdo e a edição, penso serem as três razoes que podem suscitar alguma curiosidade. Título, é sempre algo que dá que pensar ao autor, pois as hipóteses são milhentas. – Contos do Avô Fi, porquê? Simplesmente porque em tempos era esse o nome carinhoso pelo qual me chamava a minha neta Martinha, a pessoa que me fez sentir Avô de verdade, e por arrastamento, outros familiares mais próximos, também assim trataram-me durante muitos anos. Tempo esse que me fez muito feliz e do qual guardo boas lembranças. Portanto este título é dedicado a minha querida neta Marta Picado. – O conteúdo. Os contos e o seu estilo, foram rebuscados na memória dos tempos em que na minha casa não existia luz elétrica, nem rádio nem TV, nem sequer ainda um livro de histórias aos quadradinhos, sendo a “Folhinha Borda D’água” que a minha Avó comprava por um ovo, o único impresso que tinha para ler o ano todo e onde aprendi a ler antes de entrar para a Primária às sete anos. Porém, nos anos 50 do século passado, existia algo que deixou de existir. Existia na 7 |


António Feliciano

minha casa um Bisavô, um Avô e uma Avó que me deliciavam com histórias por eles contadas, algumas delas inventadas na hora quando já tinham dado a volta a todas as que sabiam e tinham-me contado. O conteúdo deste livro é por isso uma homenagem a meu Bisavô José Francisco Feliciano que nasceu em 1855 e faleceu quando eu tinha 10 anos, em 1952. Foi ele que me contou algumas das histórias que constam neste livro, a meu Avô Bernardino dos Santos que também me contava histórias enquanto fazia para mim brinquedos de cana cortada a canivete e a minha Avô Olímpia da Conceição, que foi “Criada de Servir” em Lisboa no ano em que mataram o Rei D. Carlos no Terreiro do Paço. Foi ela que me ensinou o A E I O U mais os 10 algarismos que já sabia fazer quanto entrei na Escola Primária aos 7 anos. Todos de saudosa memória e quem devo muito do que sou. – A Edição. Desde há muitos anos que tenho por hábito rascunhar memórias, acontecimentos, notas do dia, estados de alma, poesias, apontamentos etc. Tudo ia ficando em blocos, mais tarde no computador em arquivos dispersos. Em 2007 editei o meu primeiro livro com o título SALPICOS DE POESIA, por motivos diferentes deste e que não vêm agora a propósito explicar. Entretanto, a edição de Contos do Avô Fi Acontece que não queria deixar cair no esquecimento as histórias bonitas e curiosas que me contaram na minha infância e assim com estes modesto trabalho na área da escrita que fica mais uma pegada da minha passagem por este Planeta.

| 8


Contos do Avô Fi

A Cobra e o Lagarto

E

ra uma vez uma Cobra Malhada e um Lagarto Pintado, ambos partilhavam o mesmo carreiro para atravessarem da zona dos silvados para irem á horta do «Tio José». O Ti Zé já tinha assistido a várias escaramuças entre eles, pois, de há muito sabia que cobra e lagarto não se podem ver e tem uma raiva de morte um pelo outro. Naquele dia ficou muito preocupado, pois, olhando para o carril poeirento, viu o rasto das patas do Lagarto e o ondulado deixado pela Cobra. Deduziu de imediato, que ambos estavam a usar o mesmo trilho e mais tarde ou mais cedo iam encontrar-se se seria uma desgraça. Para evitar que eles se matassem um ao outro, um dia esperou pela Cobra para lhe falar. Era uma cobra bem lustrosa e bem tratada, media perto de um metro de comprimento, era acinzentada de listas castanhas e tinha uns olhos que brilhavam como dois diamantes. Quando a cobra saiu de trás do Marmeleiro, mandou-a parar e falou com ela dizendo: – Cobra Malhada, gosto muito de ti e gosto que passes pela minha horta, sei que apanhas os ratos que andam por lá a roer as minhas batatas, mas aconselho a que não passes por este carreiro, pois, também passa por aqui o Lagarto Pintado, que é muito mau e pode dar cabo de ti. A cobra não gostou e retorquiu: – Isso é que era bom…. ele que experimente a enfrentar-me, vai ver que nunca mais come escaravelhos. Mas o dono da horta insiste: – Olha que é 9 |


António Feliciano

melhor um acordo que uma boa guerra, eu sei que dum confronto entre vocês, poderá resultar uma desgraça para ambos e eu preciso do Lagarto Pintado para comer os escaravelhos que infestam a minha horta, e de ti para que os ratos não me comam as batatas-doces. A cobra foi-se embora sem dar mais resposta e o Ti Zé, apreensivo foi dar uma volta pela horta é procura do lagarto. Encontrou-o refastelado ao Sol, num carril poeirento que conduzia até á nora. Era um belo exemplar, tinha perto de 40 cm de comprimento, estava gordo, pois tinha comida com fartura naquela horta. Como tinha mudado de pele há pouco tempo estava verde com pintas pretas, amarelas e azuis, de olhos grandes e brilhantes. O Ti Zé, aproxima-se e começa falar com ele: – Lagarto Pintado, tenho muito gosto de ver-te por aqui, vejo que estás gordo e tens a barriga cheia de escaravelhos. O lagarto espreguiça-se, levanta o pescoço abriu a sua grande boca que até deixava ver o rosado do fundo da garganta e diz: – E eu também gosto muito de passear pela tua horta, aqui há de tudo, borboletas pachorrentas que se deixam apanhar, joaninhas distraídas e escaravelhos preguiçosos, que só servem para te roer as ramas das batateiras, mas vou dando conta deles todos. -Muito bem! Continua o Ti Zé, mas tenho uma recomendação a fazer-te. Eu sei que passas pelo mesmo carreiro que a Cobra Malhada, e isso pode dar problemas, pois, eu sei da raiva que existe entre as vossas famílias. O lagarto não se fez esperar e responde: – Ela que não se atreva a cruzar-se comigo, pois, lhe esmago a cabeça em menos de nada. O Ti Zé…homem experiente e de bom senso, continua: – Lagarto Pintado, pensa bem no que te digo. A horta é grande e o «carreiro dos silvados» também, tu bem sabes que tem um Marmeleiro a meio, onde passaste ainda hoje. Aconselho-te a que passes pelo lado sul do Marmeleiro e deixando o caminho livre para a | 10


Contos do Avô Fi

Cobra Malhada do lado norte. O lagarto dando ao rabo, ri-se do Ti Zé, e sem lhe prestar mais atenção foi-se embora. Passados algumas semanas, á hora da sesta, uma hora em que estava muito calor, o Ti Zé, lembrou-se que é nestas horas de calor que as cobras e lagartos gostam de passear e resolveu também ele ir até á horta ver o que passava por lá. Seguia pelo carreiro habitual, …e olhando ao longe avista um vulto no trilho empoeirado, que parecia um novelo de corda. De imediato teve um mau pressentimento e apressou o passo para ver o que era aquele misterioso vulto. Ao chegar junto do Marmeleiro, viu que era a Cobra Malhada toda feita num novelo, não se descobrindo onde tinha a cabeça. Na esperança de salvar a situação que temia, começou a desenrolar a Cobra puxando-a com jeito, mas á medida que desenrolava a cobra foi descobrindo o corpo do Lagarto Pintado que estava no meio do novelo. Desconsolado, verifica que ambos tinham já morrido … a cobra morreu asfixiada com a cabeça dentro da boca do lagarto e este não resistiu ao esmagamento a que foi sujeito pelo aperto da cobra em volta do seu corpo. Moral da história: Nunca se deve desprezar uma proposta de acordo, é sempre preferível um acordo, ainda que não seja o ideal, a uma guerra cujos resultados são sempre imprevisíveis e desastrosos.

FIM

11 |


António Feliciano

A Lagarta e a Borboleta

C

erto dia um homem já sexagenário com seu bigode branco e retorcido, estava sentado no jardim em frente de sua casa a apanhar o Sol da manha. Eis quando olha numas ervas tenras e muitos verdes passeava uma lagarta que devorava as folhas a toda a pressa. Então o homem disse para a lagarta: senão paras já de comer essas ervinhas que tanto preciso para os meus coelhos eu mato-te já, ponho-te um pé em cima e esborracho-te. A lagarta parou um bocadinho de comer e disse-lhe: não me faças isso, pois tens muitas mais ervas, e eu dentro em breve já não como mais, tenho pouco tempo para comer. Pouco tempo? Diz o homem desconfiado. Então voltarei aqui todos os dias para ver quando paras de me roer as ervas, dou-te apenas uma semana. Está bem diz a lagarta. . esse tempo me chega vou fazer te uma surpresa por seres bom para mim. – Uma surpresa?? Mas que surpresa me pode fazer uma lagarta feia e peçonhenta como tu? – Pois fica a saber que nem tudo o que é feio é mau e nem tudo o que é bonito é bom, se julgas as coisas pelas aparências podes ter algumas desilusões na tua vida. – Mas que raio de lagarta esta que me havia de aparecer. Não

| 12


Contos do Avô Fi

querem lá ver agora uma lagarta das ervas a dar lições a um homem? vou ficar atento ao que disseste, mas explica isso melhor! – Então a lagarta que continuava a comer parou de novo e disse: Uma coisa é boa ou má não pelo que te parece ser, mas pelo que dessa coisa pode resultar. Dou-te um exemplo. A decisão que tomaste de me deixar comer mais uma semana, foi uma boa decisão, mas só daqui a mais algum tempo poderás ver o resultado e concluir por ti se a tua decisão foi boa ou má. O homem ficou a pensar no que a Lagarta disse e ficou de olho na Lagarta, passando a visitá-la todos os dias para ver o que acontecia Uma semana mais tarde repara que a Lagarta estava a ficar diferente, já não comia, estava muito quieta, e parecia mais gorda e mais curta, tinha deixado o seu formato longo e esguio. Intrigado, perguntou-lhe: Lagarta que te aconteceu? Porque já não comes, será que estás doente? Então a Lagarta numa voz muito baixa quase sumida. diz: Eu não te disse que precisava apenas de uma semana, eu não estou doente mas sim a descansar e a preparar-me para a surpresa que te vou fazer. E continuou, agora vais ter paciência mais uns tempos e não me incomodes nem faças mais perguntas. E se me vires a dormir, deixa me estar e não me acordes. O homem ficou continuava intrigado com toda aquela conversa, mas como a Lagarta tinha cumprido a sua palavra, pois já não roía mais as suas ervas que ele queria guardar para alimentar os seus coelhinhos, resolveu aguardar tal com a Lagarta lhe tinha pedido. Passaram dias, semanas, meses até que um dia já as plantas tinham perdidos as folhas verdes, restavam os ramos já duros e algumas folhas amarelas e castanhas. Era já Outono. As folhas caíram e amontoaram-se pelo canteiro e a lagarta desapareceu como que por encanto. 13 |


António Feliciano

O homem começou a pensar então que tinha sido enganado pela lagarta, pois continuava a ir todos os dias ao Jardim, excepto quando chovia e fazia muito vento. pois já era Inverno. Mas passam mais uns meses e começam a despontar ervas verdes e tenrinhas no canteiro. As Roseiras começam dar botões e em breve aparecem as Rosas. Então o homem lembra-se que era assim que o Jardim estava quando viu a Lagarta pela primeira vez e disse para consigo: Vou passara vir aqui ao Jardim todos os Dias para ver se a Lagarta aparece de novo. E todos os dia quando o Sol já ia alto, lá vinha ele sentar-se num cadeirão que tinha colocado debaixo de uma Roseira grande e já velha mas que continuava todas as Primaveras a encher-se de Rosas muito bonitas e perfumadas. Passa um dia passa outro e o homem continuava a olhar todas as ervas do canteiro, todas as ervas verdes e tenras na esperança de ver a Lagarta, mas nada. O homem estava a ficar triste e cada vez mais se convencia que a Lagarta o tinha enganado e que quis apenas regalar-se com as ervas verdes e tenras. Mas mesmo assim continuava a vir todos os dias sentar-se debaixo da Roseira, mas como já estava aborrecido de tanto olhar para as ervas do canteiro, passou a trazer um livro para ler. Eis que num belo dia de Sol e sem vento, mesmo daquele em que sabe bem passear nos Jardins, o homem passeou pelo jardim olhou mais uma vez para todas as ervas verdes, já cansado sentou-se num murete que tinha por de traz uma sebe de «buxo« muito verdinho e na sua frente um canteiro de amores-perfeitos e começou a ler um livro de Paulo Coelho que lhe tinha sido oferecido por uma grande amiga que vivia muito longe. Estava ele absorto na sua leitura quando muito de mansinho um | 14


Contos do Avô Fi

bela borboleta grande e colorida vem pousar num dos cantos do livro. O homem olha fica admirado com a beleza das cores, com a graciosidade dos recortes no desenho das asas, com as duas grandes pintas azul arroxeado, uma em cada asa, que mais pareciam dois grandes olhos a olharem para ele. Mas ao mesmo tempo ficou intrigado, porque a borboleta ali estava movendo as asas muito suavemente e ali continuava sem mostrar qualquer incómodo. O homem suspende a leitura, pois estava tão maravilhado com a borboleta ali pousada no canto do livro, que se fosse volta a página certamente a borboleta fugia e ele não se importava nada de ficar alia contemplar a borboleta uma tarde inteira. Não resistindo mais diz para a borboleta: Mas que ousadia a tua, pousares aqui mesmo em cima de meu livro, olha se eu fosse um colecionador de borboletas a esta hora estarias já espalmada dentro das folhas deste livro. – E então eu não sei que tu não és daqueles que não faz mal nem sequer a uma mosca que te pouse no prato? – Ummmh…diz o homem intrigado mais do que nunca, . . mas afinal que sabes a meu respeito? – Sei muito, muito mais do que possas imaginar, por exemplo não és tu que tens por o hábito apanhar Sol pela manhã ali sentado no cadeirão que está ali junto daquela roseira «Bela Portuguesa»? O homem fica estupefacto abre muito os olhos e a boca e não diz uma palavra. – E mais ainda, não és tu que ralhavas com uma lagarta para que ela não comesse as ervas tenrinhas que querias levar para teus coelhinhos? – O Homem rendeu-se e balbuciando, sim sou eu…mas como sabes tudo isso? 15 |


António Feliciano

Olha meu velhote, não te lembras que a lagarta te disse que se não lhe fizesses mal, que um dia te faria uma agradável surpresa? – Sim, sim lembro muito bem daquela lagarta feia e peçonhenta! – Pois muito bem, aqui me tens de novo, a tal lagarta feia e peçonhenta como dizias sou eu. E como o prometido é devido aqui estou a fazer-te a surpresa prometida por não teres esborrachado e deixado decorrer a minha vida normalmente. O homem emocionou-se de tal forma que as lágrimas lhe rolavam duas a duas abundantemente pela face, enquanto colocava as mãos abertas aberta em forma de prece e sem palavras olhava para o céu. Naquele momento mágico foi então que o borboleta quebrou o silencio dizendo: Voa, voa com o teu espírito, meu irmão que eu vou voar com as minhas asas. E lá se foi embalada por uma brisa leve e morna que se fazia sentir. O Homem acompanhou-a com o olhar até ao infinito, enquanto na sua cabeça matraqueavam as últimas palavras da borboleta: «Voa, voa com o teu espírito meu irmão, que eu vou voar com as minhas asas

FIM

| 16


Contos do Avô Fi

A Mãe Perdiz

H

ora da sesta sol a pique, uma estrada municipal com pouquíssimo movimento ladeada por terras de restolho onde se havia já ceifado o trigo. A estrada é estreita é uma recta onde o asfalto foi renovado, Avô Fi rodava então com o seu Mitsubichi a 80 Km/hora, nada de especial se não fora uma patrulha da GNR que seguia a umas centena de metros à minha frente, ter encostado e com os quatro piscas ligados e lhe fazer sinal para parar. Surpreso com a atitude das autoridades mas tranquilo encostou à berma, abrui a porta e saíu do carro. Um dos guardas sorri, e gestualmente sem falar aconselha-lhe calma. Não foram precisas palavras pois de imediato percebeu o que se estava a passar. Era nem mais nem menos que uma mãe perdiz com um numeroso carreiro de perdigotos a traz de si que atravessava a estrada. Bela imagem, muito rara, mas que já algumas vezes tinha presenciado. Para quem não sabe, fique agora a saber que uma perdiz com filhotes, nunca atravessa uma estrada ou caminho sem parar na berma alguns minutos e certificar-se de que o pode fazer em segurança. Foi o que aconteceu ali, a Brigada vinha atenta viu a perdiz na valeta espreitando a estrada, e avisadamente resolveram parar não 17 |


António Feliciano

só para ver o espectáculo mas para prevenir que qualquer condutor mais apressado e menos atento molestassem aquela maravilhosa e rara ninhada de perdigotos muitos jovens ainda. Belos exemplos nos dão estas «mães perdizes». Quantas vezes vemos «mães mulheres» a atravessar artérias movimentadas quando levam crianças pela mão ou empurram um carrinho com bebe? Fazem-no muitas vezes de uma forma ostensiva, pensando que estão mais protegidas ou com mais direitos pelo facto de levarem a criança pela mão ou empurrarem o carrinho. Pensam que os condutores terão mais cuidado ou serão obrigados a parar por se tratar de uma criancinha a atravessar. Nada de mais errado e irresponsável, pois se a distracção ou a falha mecânica tiver que acontecer não é facto de a «mamã» empurrar o carrinho ou levar o menino pela mão que elas não acontecem. Avô Fi, aconselha a todas as Mamãs a seguir o exemplo da mãe Perdiz

FIM

| 18


Contos do Avô Fi

A Raposa e a Abelha

C

erto dia numa Floresta, a Raposa encontrou uma Abelha começaram a conversar sobre quem seriam os mais fortes, se os animais que corriam pela Floresta e os que nadavam nos lagos e nos rios ou os que voavam pelo ar e pousavam nas plantas e nas árvores. A Raposa dizia que todos os animais terrestres e os peixes eram mais fortes, a Abelha dizia que todas as aves e os insectos eram os mais fortes. Como não chagavam a acordo, a Raposa. disse: – Proponho uma batalha entre todos os animais terrestres contra vocês que voam e os andam pelas árvores, veremos então quem são os mais fortes. A Raposa pensava que a Abelha se assustava e não aceitava a batalha, mas esta disse prontamente: – Está aceite a tua proposta, vamos marcar já o local para a batalha, e mais ainda, quem ganhar a batalha terá direito a eleger o Rei da Floresta. – Esta aceite diz a Raposa toda contente espetando as orelhas elevando a sua cauda peluda e agitando-a de um lado para o outro. Este pormenor não escapou á abelha, que dele tomou boa nota. A Raposa volta-se para traz e pergunta, onde queres então que façamos a batalha?Até te dou a preferência de escolher o local. – Então escolho a Grande Clareira que fica no meio da Floresta 19 |


Nada acontece ou existe por acaso, todas as coisas têm uma razão de ser ou existir ainda que não sejam conhecidas e se confinem num mistério. Assim este livro não foge a regra e algo, ou muitas coisas aconteceram para que você caro leitor o tenha na sua mão. O título, o conteúdo e a edição, penso serem as três razoes que podem suscitar alguma curiosidade. – Contos do Avô Fi, porquê? Simplesmente porque em tempos era esse o nome carinhoso pelo qual me chamava a minha neta Martinha, a pessoa que me fez sentir Avô de verdade, e por arrastamento, outros familiares mais próximos, também assim me trataram durante muitos anos. Tempo esse que me fez muito feliz e do qual guardo boas lembranças. Portanto este título dedico-o a minha querida neta Marta Picado.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.