13 Ano 13 Mar/Abr #73 R$ 10,00 Manoa Drollet Teahupo'o (inverso) por Fred Pompermayer
WORLD’S MOST ADVANCED WETSUIT
F U R N A C E PA R KO K N O W S T H E F E E L I N G …
SISTEMA XERO DRY_
A membrana interna cria uma barreira para impedir a entrada de água.
REVESTIMENTO DRYMAX_ O material térmico mais avançado do mundo.
NEOPRENE AX1 AIRLITE SUPERFLEX_ Neoprene super leve e macio que possui uma ótima retenção térmica, além da flexibilidade e durabilidade.
por Romeu Andreatta
Fred Pompermayer
– EDITORIAL
Transcender
A humanidade, o indivíduo, evolui sempre, sem parar. Pode parecer que não, mas é inexorável a tudo e ao todo. Essa evolução está acontecendo aqui e agora. Nossa consciência se expande sem parar. Cada vez mais, temos acesso ao conhecimento, e adquirimos técnicas para isso. Nosso desejo maior é o de conexão com o universo... Fazemos a evolução tridimensionalmente entre corpo, mente e espírito. E esses passos são dados quando transcendemos nossos limites físicos, de conhecimento e consciência. Celebro este ano, com reverência, a transcendência a que temos assistido; e que nos mostra o quanto já estamos em novos tempos e o quanto podemos ainda buscar. No esporte, junto às epopeias do surf gigante na remada sem tecnologia, vimos este inverno o hemisfério norte nos presentear com incríveis retratos de garotos e garotas surfando Waimea. Assistimos também às remadas de SUP com distâncias incríveis e descobertas de picos com ondas enormes no Nordeste e em Noronha, que fizeram deste nosso verão uma temporada verdadeiramente transcendente de ondas neste que é o hemisfério sul.
Que espécie humana é a geração Medina! Como se prepara um surfista que só faz quebrar limites de performance no cenário mundial, e que inventou e completou manobras inimagináveis! E pensar na cultura de surf e praia na Rússia... Transcende a sua visão? E mesmo pensar em wetsuit como prêt-à-porter? Superfashion e modulando as curvas das meninas nas praias e baladas. Transcendemos ao catalogar um ensaio que mistura flores, imagens da natureza, ondas e surf, a ponto de ser capa da edição tema: “Transcender”. Tudo isso junto com nossas performances e conquistas de Alma, na praia… Somos a maior plataforma de comunicação de surf e praia do mundo, somos para todos; surfistas, simpatizantes, pensadores, designers, músicos, cineastas. Somos quem experimenta... SOMOS QUEM TRANSCENDE! Aloha transcendente para você. 6
Romeu twitter @almaromeu
L O C A T I O N / M E X I C O
T H E
B A L A N C E
R V C A . C O M
O F
O P P O S I T E S
– nota do editor Transcender como a gota que espelha a fotografia de uma onda gigante. Do líquido para a imagem e da imagem para o líquido. Experiências da Nova Era da Transformação; com amor, paixão, tesão, conexão, inspiração. No ensaio de flores e folhas, a luz transporta a natureza à gota, que atua como um casulo constituído de água que transcende o tempo. Vivemos como semideuses energizados de tecnologia e criação. Hoje podemos tudo. Somos donos do show. ADRIANO VASCONCELLOS
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Fred Pompermayer
– ÍNDICE do
Fred Pompermayer
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nº73 mar/abr 2013 Improve Produção e Curadoria Editorial SA Maria Dias Carvalho
Billabong
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Publisher: Romeu Andreatta Filho
Ru s s i a p ro i b i d a
Editor-chefe: Adriano Vasconcellos vasconcellos@almasurf.com.br Direção de Arte: Felipe Barros arte@almasurf.com.br Direção Executiva: Felipe Baracchini felipe@almasurf.com.br Redação: Guilherme Felberg guilherme@almasurf.com.br Flávio Costacurta D'Almeida flavio@almasurf.com.br Designer: Rafael Martins arte2@almasurf.com.br Revisão: Francisco José M. Couto
Chris Burkard e Ben Weiland
e
Colaboradores Textos Ben Weiland Fred Pompermayer Kauli Seadi Taiu Bueno
K amt c h at k a transcendental
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Felipe Baracchini
Fotografias Basilio Ruy Caio Palazzo Chris Burkard Fred Pompermayer Paulo Dias Maria Fernanda Souza
Direção Comercial: Guilherme Berenguer comercial@almasurf.com.br Assistente: Luis Bachmann luis@almasurf.com.br Financeiro: Fabio Pilch financeiro@almasurf.com.br Eventos: Patricia Mekitarian patricia@almasurf.com.br Tráfego: João Carlos Ferreira de Araújo Serviço: Dóricas Rodrigues Xavier Distribuição: Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicações Impressão: IBEP Gráfica Jornalista Responsável: Adriano Vasconcellos MTB 45720 A revista Alma Surf é uma publicação bimestral da Improve Produção e Curadoria Editorial Ltda. As matérias publicadas não refletem necessariamente a opinião da revista e sim a de seus autores.
Kauli Seadi
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www.almasurf.com
almasurfoficial
Correspondência: Rua Dr. Fonseca Brasil, 295 Morumbi • São Paulo • SP • 05716-060 Fone: 55 (11) 3744-3711 Tiragem desta edição: 25.000 exemplares Foto da capa: Fred Pompermayer almasurf_
almasurf_instagram
pinterest.com/almasurf
almasurf@almasurf.com.br
flexo RE
do
A sĂŠrie Danilo Couto, "duck diving" em Cloudbreak, Fiji
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ensaio fotográfico Fred Pompermayer
TRANSCENDING WAVES TO FLOWERS “Reflexo do Real” apresenta resultados de uma nova proposta fotográfica, que
une desafios técnicos e interações poéticas na produção de imagens
ligadas ao
universo do surf
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Wetsuits femininos inspirados na Calif贸rnia dos anos 70 Shape Retr么 - atmosfera nost谩lgica Ra铆zes da Billabong
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perfume vintage opção ao tradicional
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moda wetsuit
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com boardshort ou biquĂni
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รกguas frias e dias ensolarados
Billabong Girls Surf Capsule Collection
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Imagens que consistem no recorte ou delimitação
da cena contida em gotas d’ água, estrategicamente montadas para o uso
específico da fotografia , registro marcadas peloregistro registro da “foto pela foto”
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Fred Pompermayer
flexo
RE
do
19 Danilo Couto, Teahupo'o, Tahiti
K e i t h MM aa ll ll oo yy , TTrreevvoor r G Go or rd do on n , C Cy ry ur us s S uStu tt ot on n ,D aD na ne e G Gu ud daauu ss kk aa ss ,
Keith
K amt c texto Ben Weiland fotos Chris Burkard edição de imagens Felipe Barros tradução Flavio Costacurta D'Almeida
F o s t e r HHu un tn it ni gn tgot no ,n
Foster
Ben Weiland
Ben Weiland,
C h r i s BBuur rk ka ar dr ,d
Chris
Lena
Lena
Serguêi
Serguêi
h at k a
Rússia proibida e transcendental Viagem
bélica à vulcânica Kamtchatka
Ru s s i a p ro i b i d a
e
Paz Viagem bélica à vulcânica Kamtchatka Paz, Surf, Inspiração... a península Surf
transcendental
Inspiração
...a península
Kamtchatka
beachbreak russo = beachbreak russo
Após um ano de planejamento e preparação, chegamos à Rússia, no litoral da península de Kamtchatka, a região mais vulcânica do planeta. A península fica no leste da Sibéria, em sua parte mais remota, com tempo pior e mais ursos. Nossa equipe incluía Keith Malloy, Trevor Gordon, Cyrus Sutton, Dane Gudauskas, Foster Huntington, Ben Weiland e Chris Burkard. Dois russos se juntaram a nós: Lena, cozinheira e tradutora, e Serguêi, motorista do caminhão e navegador. Nós nove compusemos uma completíssima expedição de surf, com todos os ingredientes de uma aventura inesquecível. Nossa chegada quebrou todas as expectativas. Ventos quentes desceram das montanhas para o mar. Uma onda de calor. O que não é primeira coisa que vem à mente quando se pensa no norte da Rússia. Na real, estava perfeito para acampar e explorar.
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Tínhamos à nossa disposição um veículo de transporte militar, um helicóptero soviético e 14 dias para acessar ondas distantes. Na época da União Soviética, os russos construíram em Kamtchatka uma base nuclear submarina secreta, escondida em uma baía cercada por vulcões. Descobrimos que, mesmo agora, a península ainda guarda seus segredos. Ninguém tinha a menor ideia do que iríamos descobrir.
The surfers: Keith Malloy, Trevor Gordon, Dane Gudauskas e Cyrus Sutton
Vento O caminhão se arrastou ao longo da praia. Uma praia sem fim... Do teto, Keith Malloy estudava o mar. Sua pele estava queimada, e sua barba, bem desenhada pelo tempo, com olhos que refletiam brilho pelas finas fendas. Uma série se aproximou. Ele bateu na cabine do motorista e o caminhão parou. Ele olhou através do binóculo. A poucos quilômetros de distância, onde um banco de areia encontrava o céu, o ar vibrava com o calor. Mais além, um vento terral soprava plumas brancas do topo das ondas. Mas era uma promessa vazia. A bancada estava em uma base militar restrita. Não estávamos surpresos. Militares russos permeavam toda a região – política, econômica e culturalmente. Há vinte anos, Kamtchatka era proibida a todos os forasteiros, até mesmo civis russos. Os soviéticos construíram uma base submarina ultrassecreta em uma baía de um azul profundo e cristalino, situada entre montanhas fumegantes. Para circular nos irregulares terrenos da península, soldados dirigiam caminhões de seis rodas blindados. Também
podiam acessar as instalações de pesquisa geotérmica espalhadas por todo o interior da península. Cada um dos veículos tinha suas variações de projeto, mas todos compartilhavam o mesmo conceito básico: uma cabine do motorista na frente e uma cabine para oito pessoas atrás, que parecia um abrigo antibomba móvel. Quando a União Soviética colapsou, Kamtchatka se abriu para o mundo. O orçamento militar se atrofiou, e vários dos caminhões foram vendidos para civis. Vinte anos depois, eles ainda eram a melhor maneira de se locomover. O caminhão do Serguêi tinha espaço suficiente para nossas pranchas, estoque de alimentos, material de pesca e equipamentos de camping. Ainda assim, apesar de Kamtchatka estar aberta há vinte anos, os militares ainda geriam com rigidez todos os seus territórios. Mesmo com nosso abrigo antibomba móvel, não podíamos chegar a todos os lugares que queríamos.
A 1,5 km de nosso acampamento, ótimas ondas em uma base militar estavam, por pouco, fora de alcance. Passamos várias horas imaginando como poderíamos conseguir o acesso. Depois de negociar com um guarda militar, ganhamos uma janela de 40 minutos para atravessar
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Kamtchatka
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Tran
Nosso caminhão fora usado originalmente como transporte militar off-road nos tempos de União Soviética. Dirigimos por vários quilômetros ao longo da costa à procura do pico perfeito. Ao encontrarmos o lugar ideal, o caminhão parou, descarregamos as pranchas e surfamos até que a maré mudasse
nscender transcender
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Kamtchatka
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Tempo Montamos acampamento antes de escurecer. Malloy juntou as estacas da barraca em um pedaço de grama e cobriu com sua capa de chuva. Abriu seu sarcófago (mala de pranchas) e pendurou seu wetsuit – ainda úmido de uma surf session. Tinha levado múltiplas roupas de borracha: fina, grossa, com capuz, sem capuz, botas, luvas – tudo. O que foi bom, porque, apesar do calor em terra, a temperatura da água variava em torno de 5ºC. A poucos metros dali, Trevor Gordon sacou uma vara de fly fishing com uma bolsa de náilon na ponta e fixou-a ao lado de sua barraca – uma biruta. Cyrus Sutton examinava suas pranchas para ver se alguma delas tinha sofrido avarias pela violenta aventura de caminhão na floresta. Ele tinha embalado uma ampla variedade de pranchas prevendo qualquer tipo de condição, fosse point break, beach break ou shore break. Tudo parecia OK. Dane Gudauskas armou sua barraca, e na sequência encontrou um toco de árvore apodrecido no meio do camping. Pegou um machado no caminhão e picou a madeira em gravetos. Trevor empilhou-os em forma de tenda, e juntos eles fizeram uma fogueira assim que o sol se pôs e o ar ficou mais frio. Acampar não era recreativo, era um trabalho. Nós acordávamos com mau jeito no pescoço, nos acostumamos a banho frio no rio e levávamos o aroma de mato queimado para onde quer que fôssemos. Nosso cabelo se transformara em algo parecido com um ninho de roedores russos. O brilho da civilização deslizou para fora de nós, uma camada de sujeira o substituiu, e nos adaptamos. Nos simplificamos. Essenciais e não essenciais se tornaram de simples trato. Alguns começaram a usar as mesmas roupas todos os dias. Nós as chamávamos, as roupas, de “uniformes”. Os panos tornaram-se parte de nós. O tempo, infinito de luz do dia e da noite, nos deu mais tempo e energia, sem a necessidade de nos preocuparmos com a aparência, e nos revelou a liberdade.
Molduras do tempo
Kamtchatka
Ondas Ondulações de praticamente qualquer direção podem entrar aqui. Swells de leste chegavam em pulsos curtos que duravam apenas algumas horas. Estávamos sempre alertas. Pequenas esquerdas e direitas se formavam nas bancadas de areia. Os intervalos eram curtos também. E as séries praticamente se atropelavam. Mas esperamos pelo swell de sul, que deveria chegar a qualquer hora. Ondulações de sul tinham um período mais robusto. E quando finalmente o swell entrou, eram só direitas – longas, rápidas e acompanhadas por forte correnteza. O banco de areia era bem raso, e as ondas eram sugadas ao longo das bordas da bancada. Elas detonavam em águas de 30 cm de profundidade, numa areia escura e quente, com a face na altura da cabeça (head-high / 5” / 5 pés), cavadas e cristalinas. A temperatura da água era gélida. Entrar no mar era doloroso. Dane e Trevor já estavam na água usando botas e luvas. Corri para me juntar a eles, mas sem luvas. O ar estava quente e eu tinha me esquecido completamente de colocá-las. No instante em que minhas mãos encostaram na água, a dor atravessou-as. Em questão de segundos me vi virando para o outro lado e deslizando de volta em uma espuma branca.
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Todos os membros da equipe tiveram que passar por meticuloso processo de aplicação de visto para conseguir entrar na Rússia. Cyrus Sutton, correndo contra o lip, após passar pelo controle russo
Enquanto isso, Dane Gudauskas abria caminho no pico. Ele achou uma onda da série e acelerou em uma sequência de bottom turns e rasgadas no crítico, formando estreitos arcos e mandando sprays de água lá no alto. Trevor dropou a próxima e viajou em uma corrida contra o tubo, finalizando com um envolvente cutback. Mais longe, Keith pôs pra dentro de uma parede tubular de backside e foi lançado pra fora da sessão no inside. Cyrus esperou pela próxima onda no outside. Remou no início e desenhou uma veloz linha ao longo da face com sua prancha assimétrica. Segurou a borda e pôs pra dentro. No finalzinho, o tubo fechou. Ele abandonou a prancha e surfou o resto da onda de jacaré até a areia.
Surf Kamtchatka = Surf Kamtchatka
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Tr a ns c en de r Kamtchatka
tr a
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e 30 r
Nenhum de nĂłs sabia que tipo de onda esperar, entĂŁo todos levamos uma ampla variedadede pranchas e utensĂlios de surf. Keith levou vantagem nos dias pequenos com sua bandeja de lanchonete
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Kamtchatka
32 Keith Malloy fisherman = Keith Malloy fisherman
Bombas Conforme a maré enchia, a onda perdia sua formação. No outro lado do rio, outra onda aparecia, quebrando mais no raso e mais tubular. Nós atravessamos o rio e marchamos avante. O cenário de praia de final de semana desaparecia atrás de nós. De repente, um guarda militar surgiu sem fazer barulho. A poucos metros de distância, ele nos estudava do mesmo jeito que nós estudávamos o surf. Ele não disse nada. Fui até lá e me apresentei. Perguntei se ele nos permitia checar as ondas mais perto da praia. Ele balançou negativamente a cabeça... Continuamos a olhar as ondas. Tentei outra vez. Perguntei se ele poderia vir conosco, nos escoltando. Ele declinou novamente. Mas desta vez não parecia tão confiante. Percebi que ele precisava ser persuadido. Avidamente, explicamos que as ondas estavam melhores mais adiante. Ainda assim, ele não parecia convencido.
Fiscais da fronteira
“Melhor ali”, ele retrucou. “Cavada”, Chris Burkard replicou. Fez um movimento circular com a mão. “Entubando.” O guarda mal conseguia entender inglês, muito menos linguajar de surf, mas entendeu nosso entusiasmo. E finalmente cedeu. Ele nos levou para um lugar onde a areia se projetava para o mar. No começo, a condição parecia flat, mas do nada uma onda de 1,5 m (overhead) se formava sobre um banco de areia que parecia o contorno de uma laje. A onda era sugada e dobrava quase tão grossa quanto sua altura. Dane dropou na primeira onda da série e foi engolido pela fechadeira. O lip detonou em 30 cm de profundidade. Trevor se juntou a ele no lineup. Algumas ondas se levantaram e atingiram a bancada com perfeição. Abriam apenas durante o tempo suficiente para escapar antes que a coisa toda explodisse seca na areia. Estava ficando tarde, e o guarda indicava que era hora de sair.
A maioria das regiões de Kamtchatka é tão remota que é necessário um helicóptero para acessá-las. Keith e Dane em missão para encontrar novas ondas
“Adoro o desafio de surfar lugares deste tipo”, explicava Dane, enquanto caminhávamos de volta. “Não é fácil. Mas quando tudo se ajeita, faz valer muito mais a pena.” O guarda nos seguiu até o rio e esperou enquanto atravessávamos. Ficou nos observando de braços cruzados, certificando-se de que não voltaríamos. Os dias passaram. Prefiro contar mais nas legendas, ou pelas próprias imagens... Os dias em Kamtchatka.
Dane; melhor após o rio
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Kamtchatka
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O acesso à costa de Kamtchatka é extremamente limitado. Para ficarmos perto das ondas, acampamos durante todo o tempo. Aqui, o pessoal em volta da fogueira após um dia de busca, surf e pesca
Rússia proibida e transcendental Viagem bélica à vulcânica Kamtchatka
Ru s s i a p ro i b i d a
e
Paz
K amt c h at k a Surf
transcendental Inspiração
...a península
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Na presença da forma delicada da pequena gota,
GIGANTES***toneladasdeágua à beira
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de flores e folhas delineadas,
Fred Pompermayer
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do
registradas com muita
luz , tran scender
que fez os
limites da fotografia documental
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caio palazzo - Instituto mar azul / SĂŁo Paulo
Quando corpo e mente transcendem o espĂrito
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“Tô indo pra São Paulo segunda de manhã e fico a semana inteira pra fazer meus treinos antes de ir pra Austrália. Podemos falar sobre treinamento e planejamento lá na academia. Abraço! Gab”
texto Felipe Baracchini fotos Caio Palazzo e Paulo Dias edição Adriano Vasconcellos arte Felipe Fanning ilustras Rafike Martins
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Paulo dias / Holistic Pro Health Performance - Gold Coast
Projeto Medina
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PLANNING & TRAINING Gabriel Medina, uma das maiores promessas do surf mundial, mora na praia de Maresias. Altas ondas. Mas sobe a serra para treinar em São Paulo. Manhã de sol e sem trânsito na capital... Fui encontrar com o Gabriel em uma espécie de centro de treinamento próximo do Estádio do Pacaembu. Dentre outras experiências, entendi que esse cara tem um plano. O Circuito Mundial é formado pelos 36 melhores surfistas do mundo, e é dividido entre atletas considerados veteranos e novatos. Em ambos os grupos, o nível de surf é espetacular. As notas saem muito mais por uma conjunção de fatores do que só por dom natural. E é aí que entra foco e planejamento. Percebi logo na recepção que onde eu estava ia muito além de uma academia. Estava no lugar certo para construir um projeto. Um instituto de treinamento de medicina esportiva multidisciplinar formado por preparador físico, médico, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, acupunturista e terapeuta, dedicados à promoção da saúde, prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida e da performance esportiva. Escutei uns passos com o ranger do assoalho... Vestindo um jaleco por cima de um uma camisa azul e uma gravata agradável, um homem de postura correta, meio grisalho e barba por fazer, veio checar a movimentação. – Você é que veio fazer a matéria com o Gabriel? Então seja bem-vindo. O dr. Macelo Baboghluian fez um tour pelo espaço e explicou o processo de começo – meio – e fim, a proposta daquele centro de treinamento. Nesse meio-tempo, eu soube que muito mais gente subia a serra para evoluir dentro d’água salgada. Atletas como os tops Adriano de Souza e Jadson André, o casca-grossa do Danilo Costa, o clássico Renan Rocha e a gatinha da Claudinha Gonçalves são alguns personagens frequentes do Instituto Marazul, situado a quilômetros do mar, que recebe pessoas que têm um plano. Gabriel chegou acompanhado do pai, o escudeiro Charles. Conversou primeiro com o dr. Marcelo, depois com a nossa equipe e logo foi abordado pelo educadores. Deu pra sentir um clima legal de respeito e amizade. E foi bacana.
Durante uma hora e trinta, acompanhei e execução de todos os exercícios que estavam cuidadosamente preparados nas pranchetas. Força, resistência, equilíbrio e concentração, muita concentração. Dava pra ver nos olhos do predestinado...
Cloudbreak, contra ninguém menos do que o 11x campeão do mundo Kelly Slater, que recentemente lhe rendeu o prêmio ‘Onda do Ano’ em um evento realizado na Austrália, oficializando a abertura da nova temporada 2013.
Numa sala mediana com umas 10 pessoas, Medina treinou como se estivesse sozinho no quintal de casa, não se importou com as câmeras nem com os toques de celular.
Medina finalizou 2012 em 7º lugar e somou 41.350 pontos. E o bicho acertou dois back flips no Hawaii na mesma semana...
Tive uma longa conversa com Charles, que aos poucos foi soltando as estratégias. O “pai” reforçou que não era só o Gabriel que treinava. A família inteira entrava no jogo.
THE GAME Geralmente eles viajam todos juntos para fazer ele se sentir em casa. Tudo gira em torno de o ‘Gab’ ser o campeão mundial de surf. Falou também que eles fazem o possível para blindar o moleque contra questões chatas de logística e burocracia. Vistos, passagens, hotéis, aluguel de carros, e o que mais puder tirar o foco e a concentração do Gab são responsabilidade do Charles. Charles inclusive dosa as informações e as vai comunicando de acordo com as suas estratégias. Por exemplo, ele só avisa a data da próxima viagem com poucos dias de antecedência para não atrapalhar o foco. Para eles, os detalhes são muito importantes. “Quando está surfando em casa ou em algum outro lugar com os amigos, o Gab é esse moleque sempre brincalhão e sorridente. Mas quando está prestes a enfrentar uma bateria, vejo a face dele mudar. O que mais importa no mundo pra ele naquele momento é vencer”, disse Charles com orgulho estampado. Já que o planejamento é uma ferramenta que possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos e construir um referencial futuro, decidi analisar o Gabriel nos últimos 12 meses. Como sobre uma linha tênue do Circuito Mundial, entre físico versus psicológico, sai um questionário customizado. Em 2012 os resultados mais expressivos no WCT foram a vitória na etapa do mundial de Trestles, na Califórnia, e o 2º lugar em uma das finais mais incríveis da história do WCT em termos de condições de surf, em
Já o campeão mundial Joel Parkinson terminou 2012 com 58.700 pontos. Gabriel, para atingir seu objetivo, ficou devendo 17.401 pontos. Quem acompanhou o tour sabe que oportunidades não faltaram para ele ganhar mais pontos na ultima temporada. Como na final em Portugal, onde a perspectiva pareceu confrontar a lógica. Naquela semana turbulenta, uma onda de protestos circulou pelas redes. Até Kelly Slater publicou seu manifesto: “Todos têm uma opinião. Eu acho que Medina venceu a final. Mas você sempre terá vitórias e derrotas que não deveria ter em sua carreira. Todos têm ondas mal julgadas, e é isso o que acontece com um sistema de notas subjetivo. É difícil acabar com isso”. Mas aí eu já estou perdendo o foco desse artigo... Acompanhamos de perto o início dos preparativos para a temporada deste ano: com o mesmo preparador do Instituto Marazul, Gabriel voou para a Costa Rica, onde ficou 10 dias executando um treinamento físico mais do que especial. Ele ficou mais forte, ganhou mais concentração e muita sede de vitória. Ok. O preparador Rodrigo Bertonha foi quem recebeu Gabriel Medina na Austrália, na abertura desta temporada profissional; e intensificou os treinamentos, a preparação. Lá em Coollangatta, o Pro ganhou consciência de bem-estar e equilíbrio mental. Esse é o foco do trabalho na Holistic Pro Health Performance, que é dirigida por Bertonha, brasileiro radicado há 12 anos na Gold Coast; que agora vê florescer os frutos de seu trabalho.
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Paulo dias
“O trabalho com o Gabriel envolve bastante core, estabilidade, ganho de força, técnicas de rotação e trabalho neuromotor, todos voltados para o surf”, diz Bertonha, que valoriza principalmente o que ele chama de parte psicológica. “Gabriel tem um grande carisma. É um atleta muito concentrado, calmo e sabe o que quer. A família o acompanha sempre, e isso é de grande importância para o desenvolvimento de um jovem. Nada melhor do que o controle e o amor da família. Muitos atletas novos se perdem com festas, novas experiências, álcool, mulheres, etc. E nisso o Gabriel está muito bem estruturado mentalmente. Ele é competitivo até nas brincadeiras. É bem-humorado e focado. Só tem 19 anos, mas denota maturidade muito além da sua idade. E tem uma genética privilegiada, muito acima da média.”
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Basilio Ruy / Surf - Costa Rica
Rodrigo Bertonha procurou na Austrália outro estilo de vida, e transcendeu as indefinições que vivia no Brasil. Foi na Gold Coast que o surfista-terapeuta ganhou vida e principalmente conquistou bem-estar. Nesse período, ele já treinou grandes nomes do surf mundial, como os próprios Adriano de Souza e Silvana Lima, dois brasileiros campeões de Bells, além dos australianos Mick Fanning, Stephanie Gilmore e Jamie Mitchell. E obteve êxito em todos. “Passo para os atletas o que busco para mim mesmo: contato com a natureza, paz, segurança, meditação, uma boa conduta – em todos os sentidos, da alimentação ao comportamento – e treinos, muitos treinos; que fazem circular toda a parte holística do homem, que envolve o corpo humano na física e na metafisica. O fundamental é amar o que se faz. E nisso vejo o Gabriel Medina um passo a frente, porque ele é um apaixonado pelo trabalho e tudo que envolve o surf.”
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caio palazzo
Projeto Medina
SEMIDEUS But... Neste início de temporada apareceu um detalhe crucial, já que estamos falando de corpo: acidentes acontecem. E Medina torceu o pé na primeira etapa do Mundial. Saiu da agua e voltou para finalizar a bateria... O semideus do surf brasileiro já melhorou. Voltou para o Brasil. Encontramos com ele em Perdizes, e o moleque-homem está a mil, olhando pra todas as mulheres que passam. Então, está bem e motivado. No surf, cada vez mais, as manobras estão ficando mais ‘power’. Uma resposta clara do corpo humano a um treinamento embasado em detalhes. Observei ao máximo as mudanças que sofreu nestes últimos dois anos. Evoluções e resultados. E acho que sempre vou ficar fazendo comparações depois que passei a entender um pouco de tudo que envolve esse fenômeno do esporte. As expectativas sobem muito. As comemorações crescem também a cada passo bem-sucedido. Essa história de Medinamania ainda vai render muitos capítulos, está só no começo. Medina superatleta; semideus; que cuida do corpo e da mente, e dessa forma transcende o espírito. Arrebenta.
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Vai, Medina!
caio palazzo
_____________________________________________________________________________________________________ *O planejamento é uma ferramenta administrativa que possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, estruturando o trâmite adequado, e reavaliar todo o processo a que se destina, sendo, então, o lado racional da ação. Tratando-se de um processo de deliberação abstrato e explícito, que escolhe e organiza ações, antecipando os resultados esperados, essa deliberação busca alcançar, da melhor forma possível, alguns objetivos predefinidos. **SEMIDEUS: mitologia; personagem de natureza superior à dos homens e inferior à dos deuses. Herói divinizado pelos seus feitos.
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muito apropriado p ara este
48 P么r do sol em Venice Beach, Calif贸rnia
e
m que
Fred Pompermayer
est
....... amos
i i i i i ii i iiiii iii iii iiiiiiiiiiiiiii ii i iiiiiiiii ii mersos, iiiiii que orienta a observação do
pequeno universo ali registrado. Considero que o foco deste trabalho gira em torno da possibilidade fotográfica como meio da representação do real, sem deixar de ser fiel ao estilo pessoal, mantendo a
entidade com
A natureza.
flexo RE
do
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Steven; wind gostoso
por Kauli Seadi fotos Maria Fernanda Souza
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Kauli; sup urca
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nova fronteira do nordeste
Gostoso é um paraíso que está sendo descoberto pelos brasileiros e pelo mundo. Apaixonei-me pelo vilarejo em uma investida acompanhado de amigos estrangeiros em 2009, e de lá pra cá já curti muitas vezes as maravilhas desse mar. Uma microrregião que Aquecido pelo Sol e os Boardsports transcendeu as fronteiras do Brasil e ganhou reconhecimento nobre. O Minhoto da Urca, então, ainda nem apareceu no mapa... que bom... verão o ano inteiro. São Miguel do Gostoso fica a 105 km do aeroporto de Natal, no Rio Grande do Norte. A cidade desenvolveu-se nos últimos cinco anos por causa das condições climáticas perfeitas para a prática de esportes aquáticos; windsurf, kitesurf e stand-up paddle; que aqueceu o turismo da região. As lindas e límpidas praias convidam os turistas ao banho de sol e às investidas nos esportes. Realmente o lugar é um refúgio que parece viver um endless summer em clima de verão que não acaba nunca. Conheci Gostoso há cerca de quatro anos, quando fui convidado por meus patrocinadores europeus a fazer um evento promocional no Rio Grande do Norte. Foi realmente amor à primeira vista com a cidade, que proporciona uma viagem única. Os nativos são puros e doces, amigáveis e positivos em relação a tudo. Eles procuram sempre receber bem os visitantes e certificar-se de que tenham uma ótima estadia. Os caiçaras não são ambiciosos e não demonstram diferenças. Eles são felizes por viverem em circunstâncias simples, apreciam ter tempo para passar cada pôr do sol na praia com os amigos, degustar muitas frutas de seus próprios jardins e pescar peixes frescos a bordo de jangadas. São Miguel do Gostoso não tem pressa. A vida deixa as coisas fluírem naturalmente, o que soa como a filosofia ideal para os dias de hoje, em que normalmente vivemos o amanhã em vez de degustar o presente.
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Gostosa liberdade A magia de São Miguel do Gostoso se faz em coisas reais. Aqui o tempo desfruta das coisas simples, como ficar com os amigos e família, muito diferente de outros lugares que conheci, que sempre imprimem certo status. Eu andava meio chateado pela forma como o sistema nos pega e nos torna consumidores materialistas, que pensam em dinheiro o tempo todo. No final das contas, o computador acaba virando o melhor amigo, pois acaba se gastando muitas horas do dia na frente da tela, ou preso no trânsito no meio da poluição tendo apenas como companhia o celular... Eu sempre senti que isso é errado... E Gostoso faz a gente se sentir livre do sistema, livre de novo.
O clima tropical dá muita energia para ficar na água o dia inteiro. Pode-se pegar frutas nas árvores e ir a quase todo lugar de bicicleta... E a melhor coisa é que só se precisa de um boardshort, uma camiseta para o vento da noite, um par de chinelos, protetor solar, óculos escuros para proteger do sol... O lugar tem uma atmosfera romântica e paradisíaca, praias virgens, é totalmente intacto, repleto de coqueiros altos, lagoa beirando o mar e é cercado por densa e verde floresta de coqueiros e cajueiros. As noites são calmas, lindas e luminosas, e cheias de estrelas no céu, com uma lua superbrilhante, onde fica tudo Gostoso.
Esporte e vento
Desde que vim morar em São Miguel de Gostoso, os ventos têm sido extremamente consistentes. Em apenas três meses do ano podemos considerar menos vento e alguma chuva, que acontece em abril, maio e junho. Já os meses de julho, agosto e setembro são considerados o início de temporada para o windsurf, mas os ventos ainda estão um pouco mais terrais (offshore). Então o foco fica para o velejo no recife de fora, em busca dos ventos limpos. Contudo, mesmo assim, pode-se pegar dias de ventos fortes. O mar é flat durante quase todo o tempo, e de outubro a fevereiro considero o melhor período para velejar. Temos swells a cada semana, e os ventos sopram com muita consistência, em uma média de 18 a 25 nós.
Windsurf aqui é definitivamente uma experiência única. É uma loucura como a água do mar é quente. Na maioria das vezes se sente mais calor dentro do que fora d’água. A temperatura do ambiente varia de 27˚ a 30˚C durante o dia, mas é superagradável porque há o vento para refrescar. A brisa se mantém.
Para se ter uma ideia, uso durante toda a temporada uma vela 4.8, só alternando a prancha de freestyle para a de onda, quando acontece uma brincadeira. Este ano, de dezembro passado a abril, velejei algumas vezes de 4.2 e 4.5 em busca de mais flexibilidade. E a maioria dos meus convidados veleja de 4.7 até 5.4, dependendo do peso e da habilidade.
Eu vejo Gostoso como uma “cidade ventilador”, e é por isso que decidi fazer minha estação de windsurf – clubekauliseadi.com – em São Miguel do Gostoso, e torná-la um braço do projeto de Ibiraquera-SC.
Devido à posição geográfica, temos dois meses a mais de temporada do que a maioria dos outros pontos da costa nordeste brasileira. O pico está localizado bem na esquina do Brasil.
Kauli e o vento do nordeste
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nova fronteira do nordeste
Touro e galos de sal Eu e meu amigo belga Steven Van Broeckhoven tivemos ótimos dias de windsurf durante a visita dele a Gostoso. Tinha bastante vento e estava bom para saltos e aéreos freestyle. Steven, como eu é windsurfista profissional, quebrou nos giros. No início da trip tivemos marés baixas durante o meio do dia, o que foi perfeito para Steven, Dieter, Rec, Adraz, Poulet e Jacopo, todos pros, praticarem um louco repertório de freestyle com incríveis manobras power. O recife fica pra fora da água e se torna uma proteção natural das pequenas ondas, mas a ondulação continua a entrar. Com isso o mar se mantem estável, com algumas rampas realmente limpas. Também houve swells divertidos para brincar com o windsurf nas ondas do beach break na maré baixa. Na maré alta podíamos ir para o recife de dentro, na frente da estação, para brincar nas ondas e mandar pulos perto da praia. Foi legal.
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Como moldura, as dunas
Também fizemos algumas divertidas sessões matinais de SUP na praia de Tourinhos antes de o vento da manhã entrar. Aliás, Gostoso e Tourinhos são um paraíso para aprender a andar de stand-up. A onda é superamigável, com um grande canal e linda vista da falésia. A lagoa do Sal é outro lugar que oferece um surf muito divertido em ondas bem manobráveis. Fica nos entornos de Gostoso, e vale conferir. Também fizemos um bate-volta de carro até Galinhos e encontramos ótimos lugares para velejar, cercados por manguezais e grandes dunas de areia que terminam dentro da água. Este é outro belo local para o freestyle. O visual é hipnotizador.
A última coisa que não posso me esquecer de mencionar sobre Gostoso é a variedade de restaurantes com menus excelentes de frutos do mar: La Brisa, Hibiscus, Bar do Tico. Massas: Malagueta, Mar de Estrelas. Pizza: Quintal e Spaço Mix. Comida mexicana: Jardim do Seridó. E carne: Churrasquinho. Apenas lembre-se de trazer dinheiro porque a maioria deles ainda não aceita cartões de crédito, afinal o lugar é roots. A cidade também oferece uma boa estrutura geral, com farmácia, assistência médica, supermercados, correios, e um caixa eletrônico, mas vale avisar que nem todos os cartões são aceitos. E boa infraestrutura de acomodação, com muitas pousadas na cidade, que oferecem um serviço muito bom, como o Bangalô, que fica ao lado da estação e na frente dos belos bangalôs particulares, com vista para o mar e para a lagoa. Em Gostoso, fique seguro que, além de muito esporte e natureza exuberante, a estadia oferece muita diversão, bons ventos e sol, muito sol!
Existem outras atividades para serem exploradas na região de Gostoso SUP cross rio abaixo; até encontrar o mar que aparece no meio da vegetação nativa e das dunas. Snorkel em Perobas; um recife que fica cerca de 5 km da costa. O acesso acontece de jangada ou barco convencional, e existem serviços disponíveis para snorkel. Passeio de buggy até Galinhos pela areia. Kitesurf, windsurf, SUP, aluguel e aulas. Passeio a cavalo nas praias. Lindo pôr do sol em Tourinhos; sem se esquecer de experimentar o risoto de manga e o risoto de camarão e castanha de caju, receitas únicas. Parque aquático de Maracajaú. Com alguma sorte, você pode presenciar o nascimento de tartarugas marinhas na praia. Com água doce e areia branca, a lagoa Grande é uma ótima opção de kite trip quando o vento está terral.
Sup Gostoso
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nova fronteira do nordeste
Uma esticada na Urca do Minhoto Depois de ter velejado todos os dias e praticado à exaustão kite e windsurf em condições perfeitas, senti muita vontade de realmente pegar umas ondas, surfar de verdade. Na fissura, fui atrás de uma lenda chamada Urca do Minhoto, uma bancada em alto-mar com muita onda. E encontrei... O pico fica em Galinhos e está a 34 km da costa, o que dá uma média de 3 horas de barco. É incrível, no meio do nada, no marzão, uma onda cresce sobre uma bancada de pedras que aflora na maré baixa. O swell viaja em alta velocidade por áreas profundas, e ao atingir bruscamente esse trecho de relevos baixos proporciona uma onda de visual espetacular. A onda da Urca do Minhoto vem com volume de água de tais dimensões que chega a impressionar. E olha que eu já surfei muitas ondas pelo mundo. Depois dessa, agora o pico se transformou, e proporciona outras sensações para uma viagem de férias ou treino. Surf, Sup, kite e windsurf – tudo em um raio de 100 km, que maravilha! Vá para São Miguel do Gostoso, estique até a Urca do Minhoto e faça a cabeça no Rio Grande do Norte. Aloha Kauli
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Sup no verão do Rio Grande do Norte
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transcende as
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para
Fred Pompermayer
REfl ex o
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que se transformam em
grandes universos representados na forรงa da imagem.
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A transformação de uma pessoa é tão intensa na fase de crescimento, que já aconteceu de eu quase não cumprimentar um garoto conhecido, que, depois de três ou mais anos sem encontrar, mal reconheci. O mundo é dinâmico. E o homem é o ser mais mutante. Somos dotados de inteligência. O surf, porém, transcende. É o triângulo intimidade, identidade e evolução espiritual. A interação com o mar e as ondas gera intimidade com o oceano líquido. E é ali no mar que se aprende a lidar com as transformações. Ter o hábito de surfar e manter-se surfando durante a vida, ter essa interação e intimidade com o mar difunde conhecimentos únicos para o indivíduo. Os nossos hábitos e valores são transformados para o bem. O surfista é um ser que se torna um amante do mar. A disciplina passa a fazer parte dos seus valores. Os hábitos passam a ser saudáveis. E o ser transcende em uma alma alegre dentro de um corpo atlético e bonito. Essa identidade surfística, que nasce da transformação de horas e anos no oceano, fica incorporada para sempre. Deslizar com velocidade e em pé, livre numa onda e controlando os seus próprios caminhos, é indescritível. No meu caso, surfei por 20 anos e já estou sem surfar faz 20 anos. Neste último período meu surf foi mental. Quando voltei a surfar, com a minha prancha adaptada, propulsionada pelo espírito ALOHA dos amigos de fé... recuperei a sensação dos real feeling. Expressos com drop, curva, sessão, velocidade e adrenalina. A identidade que eu havia construído estava dentro mim o tempo todo. O meu sistema entrelaçado com a minha mente propulsionou o maior flashback de satisfação da minha vida. Da praia das Astúrias, fui direto para Waimea. Sou muito grato a DEUS, o grande Criador desse espetáculo de transformação. Porque as transformações não param... E o lance é surfar todas elas. Transcenda. Viva pra frente. O momento está pedindo. ALOHA!
– SURF ETERNO por Taiu Bueno
Transformação
Chris Burkard
Em nossa passagem pelo planeta Terra, no que chamamos de vida, tudo é transformação. Desde quando somos concebidos, crescemos como embriões e depois bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos, seniores...
TRANSCENDING WAVES TO
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"Home Studio", onde a mรกgica acontece
Fred Pompermayer
REfl ex o
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ASPEN/SNOWMASS OSKLEN FREESTYLE SNOWBOARD TEAM