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C Á E N TRE N ÓS
Renda extra para o setor de cana!
N
esta época de crise, um dos assuntos mais quentes é: como obter uma renda extra? Segundo especialistas no assunto, não basta saber como gerar renda extra, tem que por a mão na massa! Realizar no-
vas experiência, como serviços adicionais, nova profissão, fora do horário de expediente normal, diferentemente do seu plano A, de seu trabalho ou atividade tradicional, para então poder gerar uma renda extra. Quer dizer que gerar renda extra nada mais é do que um negócio como outro qualquer e, como tal, requer esforço, dedicação, trabalho, investimento e suor. Normalmente o que dá mais certo é construir um negócio dentro do próprio negócio, ou seja, incrementar alguma parte de sua atividade que não está sendo bem aproveitada e que tem potencial para gerar essa renda extra.
Nesta edição trazemos dois exemplos de oportunidade de renda extra. Um deles é a dobradinha amendoim/cana. Cultivar amendoim em áreas de renovação de canavial não é novidade, mas a evolução na cultura do grão e o aumento dos benefícios agronômicos como os com a meiosi, tornam mais atraente esse consórcio. A outra opção de renda extra que está dominando o setor é o recolhimento de palha de cana, para fins como geração de energia, etanol de segunda geração, produção de pelletes, alimentação para o gado, ou comercialização de biomassa. O melhor é que a busca por renda extra, além de reforçar o caixa, impulsiona o setor a inovar, se redescobrir, a criar. É assim que o negócio se torna sustentável.
Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br
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ÍN D I C E
Capa
Não é fogo de palha! Holofote
Especial Amendoim
- Qual valor estimulará o setor a investir em bioeletricidade?
- O amendoim começa pela semente
Segurança Tendências
- É fogo!!!
- A suinocultura até o final do ano: ventos a favor, mas com turbulências
Insectshow
Especial Amendoim - O amendoim é parte do pacote sustentável da cana
- Sphenophorus ganha status de principal praga nos canaviais de São Paulo
Tecnologia Industrial - Mais impurezas e mais palha, como fica a indústria?
Economia - “Setor canavieiro precisa se organizar, do campo ao banco”, dizem especialistas
Gestão de Pessoas Logística - Área de suprimentos requer uma logística redonda
- O bê-á-bá do campo
Dica de Leitura - Equipes solidárias Por que em grupo e não sozinho?
Editores: Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br Redação: Adair Sobczack Jornalista adair@canaonline.com.br Leonardo Ruiz Jornalista leonardo@canaonline.com.br Marketing Regina Baldin Comercial comercial@canaonline.com.br Editor gráfico Thiago Gallo
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www.canaonline.com.br CanaOnline é uma publicação digital da Paiva& Baldin Editora
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Em torno de R$ 280,00
B
aseado em algumas premissas de al-
interessante. Acaba sendo um incentivo para o gerador.
gum tempo atrás, acredito que seja
Onorio Kitayama, consultor e um
remunerador um teto no leilão de R$ 280.
dos maiores especialistas no tema
Mas a dificuldade é a obtenção de crédito. Já bancar a linha de transmissão é uma questão polêmica. A implantação de um projeto de cogeração precisa ter viabilidade técnica e econômica. O empre-
Perto de R$ 300 o MWh
N
a Paraíba, três empresas estão inscritas como termoelétricas (Japungu,
sário tem que considerar o investimento
Miriri e Giasa), mas têm preferido destinar
na térmica e na conexão. O projeto é vi-
energia para irrigar os canaviais. Somente a
ável se levar em consideração a distân-
Giasa é conectada ao Sistema Elétrico Na-
cia do ponto de conexão. Se a usina está
cional. Mas com preço próximo a R$ 300 o
a 50 km, 60 km da conexão, não pode
MWh, a geração de energia passaria a ser
ter um projeto de apenas 12 MW ou de
atrativa para as usinas do estado, que hoje
15 MW. Para ser viável, tem que gerar 50
destinam o que sobra do bagaço para ou-
MW, 80 MW. Mas se levamos em conta os
tras finalidades, como ração animal.
projetos das Hidroelétricas de Santo Antonio e Jirau, a linha básica vai até perto de Porto Velho. Os pontos de conexão para as duas usinas ficam próximos, porque o pessoal do setor elétrico já sabia que tinha que brigar por isso. Sobre a proposta de dividir o investimento com a cone-
Edmundo Barbosa, presidente
xão em três (entre governo,
do Sindálcool-PB
conces-
sionária de energia e gerador), pode ser
Mínimo de R$ 330,00 por MWh
E
ntendemos que hoje o patamar ideal de preço para a energia da biomassa da
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H O LOFOTE cana, que viabilize boa parte dos projetos
rado que aumente a viabilidade de novos
de bioeletricidade das usinas do país, é de
projetos de energia de biomassa.
no mínimo R$ 330,00 por MWh. Para esti-
Plínio Nastari, presidente
mular a bioeletricidade, falta uma visão de
da Datagro Consultoria
longo prazo e a valorização das vantagens de menor investimento e perdas em transmissão. Apesar dos avanços já verificados nas políticas voltadas à eletricidade advinda da biomassa, a maioria das empresas sucroenergéticas não tem interesse em participar dos certames de energia. No Leilão A-5, que ocorreu no final de abril, poucos
Cada unidade tem uma realidade
É
difícil ter preço-teto padrão, pois cada usina tem uma eficiência de proje-
to. Não é simples fazer esse cálculo, uma
projetos de energia de biomassa participa-
vez que o setor é bastante heterogêneo
ram. A tarifa girou em torno de R$ 278,50
e cada unidade tem sua realidade. O re-
por MWh. Mas entendemos que este é um
sultado do Leilão A-5 [do final de abril de
nível de tarifa que começa a fazer sentido
2015] não foi frustrante, já que os projetos
para a expansão da cogeração no setor su-
já são cadastrados anteriormente e havia
croenérgetico. Caso nos próximos leilões
poucos projetos de biomassa cadastra-
de energia térmica sejam definidos valores-
dos. Porém, o mais impor-
teto em torno de R$ 300 por MWh é espe-
tante é que a política voltada à biomassa nos próximos leilões seja mantida e continue sendo aprimorada, para que possamos ter o estímulo do a p ro v e i t a m e n to da palha e de projetos retrofit.
Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar)
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Bioeletricidade em Minas Gerais
N
o Leilão A-5, que ocorreu no final de abril, o preço foi interessante para a
energia da biomassa, próximo de R$ 280 por MWh. Acreditamos que nesses pre-
Acima disso começa a viabilizar alguns investimentos de médio e longo prazo, mas não em grande escala ainda. Para termos investimentos em escala representativa, precisaríamos de algo a partir de R$ 250/ MWh.
Luiz Gustavo
ços, diversos projetos possam ser viabilizados. Em Minas Gerais existem 37 usinas em operação, das quais 19 vendem energia para o sistema elétrico. A capacidade instalada de geração de energia de todas as usinas do estado soma cerca de 6% do parque gerado de MG. Em 2014 foram
Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana
produzidos 3 milhões de MWh, dos quais 1,85 milhões foram vendidos ao sistema, e o restante utilizado na fabricação de açúcar e etanol.
Mário F. Campos Filho, presidente da SIAMIG (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG) e economista
Alta Mogiana: aposta na cogeração
A
s usinas de açúcar e etanol, no ge-
Uma solução para a conexão
A
credito que as tarifas aplicadas nos últimos leilões, e precisamente no último
[de abril deste ano] foi uma tarifa que sim
ral, enxergaram como algo importan-
pode arregimentar um bom número de pro-
te e estratégico para o negócio aumentar
jetos futuros, na casa de R$ 281. Uma ou ou-
a participação da energia em seu portfó-
tra que precisa de valores acima de R$ 300,
lio. É o caso da Alta Mogiana, que comer-
R$ 320 para que o investimento se viabilize.
cializa entre 150 mil e 180 mil MW por
Muito embora, várias empresas estejam sem
ano, dependendo do nível da moagem.
condições de buscar novos financiamentos.
Para isso, investimos muito em cogera-
Estão muito alavancadas. No estado de SP,
ção nos últimos anos. Sobre isso, acredito
a Cogen fez nos últimos seis meses um le-
numa régua superior a R$ 200 por MW/h.
vantamento com alguns grupos. Segundo o
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H O LOFOTE estudo, estas unidades poderiam adicionar
governo tem reclamado que realiza os lei-
entre 750 e 800 MW, além do que já pro-
lões e as usinas não vendem energia. Com
duzem. Na maioria dos casos, houve grande
o valor de R$ 280, do último leilão, é pos-
dificuldade com a linha de transmissão. Para
sível que investimentos aconteçam. Mas o
estas empresas se incumbirem também da
maior problema é que governo exige que
conexão, precisariam de uma tarifa de valo-
a usina faça toda a conexão. Mas com esse
res acima de R$ 300, R$ 320, R$ 330. O que a
preço, não se consegue fazer isso. Com
Cogen advoga é que Aneel (Agência Nacio-
esta tarifa a usina precisa fazer um investi-
nal de Energia Elétrica) e o Ministério de Mi-
mento alto na planta, depois precisa arcar
nas e Energia viabilizem um modelo tripar-
com a linha de transmissão, e depois ainda
tite de custeio da conexão, sendo um terço
é obrigada a doar a linha. Cada quilôme-
do investimento para o gerador, um terço
tro de linha de transmissão sai por cerca
para a distribuidora (que no futuro herdará
de R$ 500 mil para a usina. Se a extensão
a linha), e um terço pela sociedade (gover-
da linha é de 20 km, por exemplo, imagi-
no), que terá a vantagem de ter uma ener-
ne quanto fica essa conta. E o tratamento
gia renovável. Seria forma de dividir o risco
com a eólica é diferente. A responsabili-
e mitigar os custos da conexão.
dade da linha é do governo. Sobre os próximos leilões de energia [haverá um leilão A-3 em 24 de julho], não acredito que teremos evolução. As usinas em si estão em condições difíceis. Precisam de nova linha de crédito, com melhoria quanto às garantias reais e recurso inicial
Newton Duarte, presidente executivo da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia)
de investimento. Senão, pode-se ter até um preço de energia viável, mas o empresário não vai ter condição de fazer
O problema não está apenas no preço da energia
E
m abril houve um leilão de energia A-5, com pequena participação do setor. O
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o projeto. Não acredito que vamos ter muita surpresa.
Antonio Gilberto Gallati, diretor da TGM
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TE N D ÊN CIAS
A suinocultura até o final do ano:
ventos a favor, mas com turbulências Ana Malvestio1 e Lara Moraes2
A
suinocultura brasileira passou por
queda na rentabilidade do setor.
momentos difíceis nos anos de
Em 2014, a suinocultura apresentou
2012 e 2013. Elevada oferta frente
melhores resultados. Embora os volumes
à demanda, retração no consumo, defasa-
produzidos pelo Brasil não tenham sofri-
gem de preços, alta nos custos de produ-
do grandes alterações, a rentabilidade do
ção e problemas com os embarques para
setor melhorou bastante. Importantes ex-
o mercado internacional, resultaram em
portadores como Estados Unidos e alguns
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países da Europa foram afetados por pro-
do internacional deve dar continuidade
blemas sanitários e o preço da carne suí-
ao ajuste de oferta e demanda que se ini-
na subiu em função da menor oferta mun-
ciou em 2014 e com isso os preços da car-
dial do produto.
ne suína devem permanecer em patama-
No mesmo ano, a Rússia aumentou a
res elevados.
compra da carne brasileira, depois do es-
Em relação ao mercado externo, o
tremecimento das relações com a União
dólar valorizado deve contribuir para a ge-
Europeia e Estados Unidos por conta do
ração de receita com as exportações. Ou-
conflito com a Ucrânia. Além disso, o cus-
tro ponto importante é a reabertura do
to de produção da carne suína também
mercado sul africano que ocorreu no fim
contribuiu para o melhor desempenho do
do ano passado. A África do Sul já chegou
setor. As menores cotações do milho fize-
a ser o quarto maior destino das exporta-
ram o custo de produção permanecer em
ções de carne suína do Brasil, mas não con-
patamares mais baixos.
sumia a carne brasileira desde 2005, quan-
O que podemos esperar para a sui-
do restringiu sua entrada devido aos focos
nocultura até o final de 2015? O merca-
de febre aftosa em bovinos registrados no
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TE N D ÊN CIAS Paraná e Mato Grosso do Sul. Com a reabertura, podemos esperar novos negócios e incremento de volumes comercializados.
Consumo Do lado do consumo, a demanda permanece firme, principalmente nos países emergentes que apresentam elevado crescimento populacional e melhora nas condições de vida. A China, por exemplo, elevou o seu consumo de carne suína em 3% no ano de 2014 quando comparado a 2013. O Brasil possui alto potencial para a
A Rússia é o maior importador de carne suína do Brasil
produção e exportação de carne suína e a manutenção de uma demanda mundial elevada é essencial para impulsionar o setor no Brasil.
pontos merecem atenção. Um deles é frequentemente discutido pelos integrantes do setor: o custo de
Desse modo, tudo indica que 2015
produção. A ração a base de milho deve
será um ano mais animador para a suino-
subir de forma moderada em 2015 e, por-
cultura e que as turbulências que afetaram
tanto, não deverá se configurar em uma
o setor em anos anteriores, aparentemen-
preocupação para os suinocultores. No
te, ficaram para trás. No entanto, alguns
entanto, outros componentes do custo já tiveram alta nesse ano: energia, água e combustível. Os produtores vão precisar gerir o negócio com atenção para equacionar os seus gastos e evitar possíveis perdas na rentabilidade.
Em relação ao mercado externo, o dólar valorizado deve contribuir para a geração de receita com as exportações
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entre Ucrânia e Rússia, estejam implementados. Com a consolidação do acordo de cessar-fogo, União Europeia e Estados Unidos pretendem retirar ou abrandar as sanções contra o governo russo, o que abriria novamente as portas da Rússia para a carne desses países. No cenário interno, a situação econômica em 2015 não é muito favorável. De acordo com o Banco Central, a inflação deve chegar a 8,3% a.a. e o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter uma retração de 1,2%. Esses fatores podem levar a uma diminuição do consumo de proteína animal Outro ponto é o relacionamento do
de forma geral.
governo brasileiro com a Rússia, hoje, se-
Portanto, se de um lado temos pre-
gundo dados do Ministério da Agricultura
ços e exportações elevados, do outro te-
Pecuária e Abastecimento (Mapa), o maior
mos potencial elevação dos custos de
importador de carne suína do Brasil, res-
produção, possíveis quedas no consumo
ponsável por mais de 50% do valor gera-
interno e potenciais turbulências na diplo-
do pelas exportações brasileiras. A manu-
macia comercial. Caberá aos produtores e
tenção do vínculo político e econômico
empresas se prepararem para os riscos do
com este país requer cautela. Não pode-
setor e finalizar mais um ano com um bom
mos nos esquecer de que, recentemente,
desempenho dentro e fora do país.
vivenciamos um período de barreiras técnicas e embargos aos frigoríficos impostos pela Rússia à carne brasileira.
Alerta russo Adicionalmente, terminada a crise política entre Rússia, União Europeia e Estados Unidos, o apetite russo pela carne brasileira pode diminuir. Isso deve acontecer até o fim do ano, quando está previsto que todos os termos do Acordo de Minsk,
Sócia da PwC Brasil e líder de Agribusiness para o Brasil e Américas 1
Analista sênior do Centro PwC de Inteligência em Agronegócio 2
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E SP E C IAL AME N D OIM
O amendoim テゥ parte do pacote sustentテ。vel da cana NA BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE, A CANA Nテグ PODE DESCARTAR O AMENDOIM, POIS ELE CONTRIBUI AGRONOMICAMENTE, ECONOMICAMENTE E SOCIALMENTE
Cana e amendoim: dobradinha de sucesso
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APOIO
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E SP E C IAL AME N D OIM
Luciana Paiva e Leonardo Ruiz
O
leitor que conhece pouco so-
simbiótica de nitrogênio de 30 a 40 Kg/ha
bre lavoura canavieira pode es-
deixados no solo. Gera renda extra ao pro-
tranhar o fato de várias páginas
dutor e reduz o custo do plantio de cana –
da CanaOnlline destacarem a cultura do
estimativas indicam que cerca de 20% dos
amendoim, uma vez que a revista é diri-
custos de plantio de cana se consegue re-
gida à cana-de-açúcar. Mas é que o amen-
duzir no composto dos benefícios da ro-
doim faz parte do pacote sustentável da
tação com amendoim. Outro ponto que
agroindústria canavieira, como diz Ismael
contribui para o balanço sustentável é que
O amendoim é um produto alimentício com diversas vantagens nutricionais
Perina Júnior, produtor de cana e amen-
a dobradinha cana/amendoim aumenta a
doim e presidente da Câmara Setorial da
geração de alimentos na mesma área. Essa
Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool.
prática faz muito bem à imagem da cana.
A colocação de Perina decorre dos
“Nessa busca pela sustentabilidade, o se-
seguintes fatores: ao plantar amendoim
tor sucroenergético não pode descartar o
nas áreas de reforma de cana, a legumino-
amendoim, pois ele contribui agronomi-
sa oferece ganhos agronômicos, como in-
camente, economicamente e socialmen-
corporação de material orgânico e fixação
te”, salienta Perina.
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E SP E C IAL AME N D OIM E como o objetivo da CanaOnline é
de 1 milhão de toneladas, sendo que par-
apresentar soluções que levem ao desen-
te considerável da produção era trans-
volvimento sustentável da cana, o amen-
formada em óleo. No decorrer dos anos,
doim sempre teve espaço em suas pági-
a soja foi ocupando as áreas de amen-
nas. E durante as quatro próximas edições
doim, afinal, oferecia maior produtivida-
esse grão terá maior destaque, por meio
de, maior demanda e, com isso, melhor
do Especial Amendoim, em que traremos
remuneração.
matérias que vão da evolução do cultivo
Segundo José Arimatéa Calsaverini,
até os cuidados com cliente final. O Espe-
superintendente da Coplana (Cooperativa
cial, que conta com o apoio da BASF, terá a
Agroindustrial), situada em Jaboticabal, SP,
Coplana, a Copercana, a Coopercitrus e o
o amendoim era uma cultura rudimentar,
IAC entre os parceiros de conteúdo.
tinha quantidade, mas não qualidade. Tanto que, na década de 1980, o amendoim
A recuperação da cultura do amendoim
desabou de vez, quando se constatou que
Na década de 1970, a produção por
do. “Tinha condições sanitárias péssimas e
safra de amendoim no Brasil batia a casa
índices de aflotoxina (fungo tóxico, nocivo
o produto brasileiro era pouco controla-
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RAFAEL MERMEJO - COPERCANA
Cerca de 80% da produção de amendoim no País está estabelecida em áreas de rotação com canavial e pastagens
APOIO
ao ser humano e animais) não toleráveis.
cultura do amendoim renascesse ao longo
Com isso, a cultura do amendoim chegou
dos últimos doze anos, saltando de 150
ao fundo do poço: caiu de 1 milhão de to-
mil toneladas para cerca de 376 mil tone-
neladas para 150 mil toneladas.”
ladas (367 mil no plantio de água e 9 mil
Não foi fácil, mas veio a retomada.
no plantio de seca) na safra 2014/15. Em
Plantio mecanizado de amendoim
Agricultores, cooperativas, indústria, pes-
relação à temporada anterior, a atual safra
quisadores e fabricantes de máquinas se
deverá registrar um incremento de 40% na
uniram. Uma conjunção de fatores, como
produção e 24% na produtividade média.
variedades produtivas, controle sanitário
A pesquisadora do IEA (Instituto de Eco-
e adoção da mecanização, permitiu que a
nomia Agrícola), Renata Martins, explica
21
E SP E C IAL AME N D OIM
IAC liberou quatro variedades da cultura nos últimos cinco anos
que, no ano passado, a produção foi me-
belecida em áreas de rotação com cana e
nor devido ao clima mais seco. O rendi-
pastagem.
mento médio das lavouras, que era de 3 mil quilos por hectare, recuou para 2.721 mil quilos na safra passada. “Essa é uma safra de recuperação,
Inovações tecnológicas impulsionam a cultura do amendoim
com a retomada da produtividade das
O IEA destaca que na última década,
plantações. Nesse ciclo, o clima contribuiu
a cultura do amendoim tem experimenta-
para o bom desenvolvimento das lavou-
do a ampliação dos volumes de produção,
ras. Também tivemos um aumento de 13%
impulsionada principalmente pelos ga-
na área cultivada com amendoim, princi-
nhos em produtividade. Segundo os pes-
palmente em áreas de renovação de ca-
quisadores do IEA, essa dinâmica encon-
naviais e pastagens”, afirma Renata. O Es-
tra referências nas mudanças tecnológicas
tado de São Paulo, historicamente, é o
e institucionais incorporadas à produção
principal produtor nacional, com partici-
que, também, se estenderam ao beneficia-
pação de 85% do total. E cerca de 80% da
mento e processamento do grão com ga-
produção de amendoim no País está esta-
nhos em qualidade.
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ARQUIVO IAC
E SP E C IAL AME N D OIM
IAC OL3: mais ajustado ao período de renovação dos canaviais (125-130 dias)
O engenheiro agrônomo e respon-
novas moléculas para a cultura do amen-
sável técnico comercial da Coopercitrus
doim, tornando o manejo mais eficiente e,
- Monte Alto, Daniel Pierre Vitória, afir-
consequentemente, menos agressivo ao
ma que, sem dúvidas, houve uma evolu-
meio ambiente”, diz.
ção significativa e positiva no manejo da
Segundo ele, uma dessas empre-
cultura do amendoim. Ele conta que o de-
sas é a alemã BASF, que possui um am-
senvolvimento de novas tecnologias no
plo portfólio para a cultura, desde o trata-
setor de máquinas e insumos aprimora-
mento de semente com o STANDAK TOP,
ram a eficiência do trabalho do produtor
que mantém o stand nos primeiros mo-
rural, que, em alguns casos, se profissio-
mentos de arranque da cultura; o PLATE-
nalizou, tornando-se um empresário ru-
AU, um herbicida padrão de mercado para
ral estruturado com visão macro da cul-
o controle de plantas daninhas; o OPERA,
tura. “Ao longo dos últimos anos, houve
fungicida indispensável no manejo e rota-
grandes investimentos por parte de di-
ção de produtos, evitando resistência dos
versas empresas multinacionais de defen-
fungos; e o OPERA ULTRA, uma evolução
sivos na forma de pesquisa e registro de
no controle de doenças fúngicas. “Ainda
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APOIO
fazem parte desse portfólio uma varieda-
peração da cultura do amendoim. Visan-
de de inseticidas de vários grupos quími-
do o desenvolvimento de variedades que
cos que se encaixam e auxiliam no contro-
atendam às necessidades da produção
le das pragas”, salienta.
agrícola e do processamento industrial do
“Outras soluções da Basf estão che-
amendoim, o Instituto Agronômico (IAC)
gando, como o ORKESTRA”, informa Pier-
da Secretaria de Agricultura e Abasteci-
re Vitória, explicando que o novo produ-
mento do Estado de São Paulo, liberou
to se trata de um fungicida resultante da
quatro variedades da cultura nos últimos
mistura de piraclostrobina com uma nova
cinco anos. O pesquisador do IAC, Igná-
molécula fluxapiroxade, que promete tra-
cio José de Godoy, conta que todas são do
zer grandes resultados para a cultura.
tipo rasteiro e de alto potencial produtivo. “Elas possuem em comum a característica
Novas variedades
‘Alto oleico’. Grãos com alto teor deste áci-
As pesquisas de melhoramento ge-
do graxo conferem ao produto uma maior
nético é parte fundamental para a recu-
resistência à rancificação, prolongando o
Arranquio dos pés de amendoim
25
E SP E C IAL AME N D OIM seu tempo de armazenamento”.
não haver impedimento para a semente
Duas das variedades (IAC OL3 e IAC
germinar. O pesquisador Godóy conta que
OL4) têm ciclo mais ajustado ao período
há uma tendência de que, num futuro pró-
de renovação dos canaviais (125-130 dias).
ximo, o plantio seja feito sobre a palhada
Já as outras duas (IAC 503 e IAC 505) são
da cultura anterior (plantio direto ou cul-
de ciclo mais longo (130-140 dias), mas
tivo mínimo).
têm como vantagem a menor suscetibili-
O agrônomo da Coopercitrus obser-
dade da cultura às doenças foliares, pro-
va que, na região abrangida pela Coope-
piciando maior estabilidade de produção.
rativa, localizada em Bebedouro, SP, é co-
Para o futuro, o Instituto tem traba-
mum encontrar produtores que plantam
lhado em duas linhas alternativas no de-
100 e 150 alqueires, sendo que alguns
senvolvimento de novas variedades: obtenção de plantas com ciclo inferior a 130 dias e resistência a doenças foliares, ne-
Após o arranquio, entra a colhedora
matoide e ao vírus “vira cabeça”, uma doença emergente na cultura do amendoim. Atualmente, são plantadas no Estado de São Paulo de sete a oito variedades, das quais, seis são IAC.
Cultura altamente mecanizada E é na mecanização que se encontra uma das grandes evoluções da cultura ao longo dos últimos anos. Fato esse que revolucionou o manejo e abriu novos horizontes para a expansão e exploração de grandes áreas. Atualmente, grande parte dos produtores ainda faz o plantio de amendoim de forma tradicional. Na hora do preparo de solo é realizada uma ou duas gradagens pesadas e outra a fim de nivelar o terreno. Em algumas situações, é feita, também, uma subsolagem, com o objetivo de deixar o solo destorroado para
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APOIO
chegam a mais de 700. “E tudo isso com
arranquio, por exemplo, depende de fato-
pouca mão de obra. Praticamente com
res nos quais o agricultor não pode con-
operadores de máquinas e motoristas.”
trolar, como a época de colheita atrasada
Ocorre que as atuais máquinas pos-
por causa das condições climáticas adver-
suem um nível tecnológico bastante gran-
sas. Isso acarreta uma grande quantidade
de, sendo que ainda continuam em cons-
de vagens que ficam no solo, reduzindo a
tante evolução. A quantidade de ruas
produtividade. “Seria um sonho se existis-
que se consegue colher hoje, por exem-
se uma máquina que recolhesse essas va-
plo, já é três vezes maior do que há al-
gens do solo”.
guns anos. Porém, existem alguns proces-
Atualmente, a colheita do amendoim
sos que ainda devem ser melhorados. O
se dá em duas etapas. A primeira é o arranquio, feito com arrancadores/invertedores que arrancam as plantas com lâminas que seccionam as raízes logo abaixo da região das vagens, elevam as plantas em uma esteira e as colocam novamente no solo, porém, invertidas (com as vagens voltadas para cima). Já o recolhimento das plantas e despendoamento das vagens é feito com uma máquina colheitadeira. Lembrando que, para que esta operação atinja uma boa qualidade, ela deve ser feita após um determinado número de dias de exposição das plantas recém-arrancadas, ao sol (“cura”). Mas uma boa colheita não depende apenas das máquinas. Ignácio José de Godoy, do IAC, afirma que a boa condi-
DIVULGAÇÃO COOPERCITRUS
ção (vigor e sanidade) das plantas é um fator determinante, assim como a qualidade e boa regulagem dos equipamentos. “A má qualificação do operador e os terrenos de topografia irregular, ou que não foram bem preparados, também podem prejudicar as operações de colheita.”
27
RICARDO CARVALHO
E SP E C IAL AME N D OIM
Plantio de amendoim: é fundamental que seja com sementes tratadas
O amendoim começa pela semente O SUCESSO DO CULTIVO DE AMENDOIM É ALTAMENTE DEPENDENTE DE UMA BOA SEMENTE. POR ISSO, SÃO FUNDAMENTAIS O TRATAMENTO CORRETO E OS CUIDADOS NO PLANTIO
Luciana Paiva e Clivonei Roberto
Q
uando os portugueses chegaram
mestre da cultura nacional ainda registra
ao Brasil, o amendoim era um
uma interessante particularidade do ritu-
dos poucos alimentos cultivados
al de cultivo do amendoim: por ser muito
pelos índios, junto com a mandioca, o mi-
delicado e de difícil germinação, seu plan-
lho, a batata, o cará e o inhame. Era sabo-
tio só podia ser feito por mulheres e, além
reado cru, assado ou cozido e ainda havia
disso, a planta tinha de ser semeada e co-
a extração do óleo e, por isso, era cobi-
lhida pela mesma mulher, índia ou mesti-
çadíssimo, conforme ressalta Luís Câma-
ça. Vigorava a crença de que, se o homem
ra Cascudo em “História da Alimentação
tocasse na planta, arruinaria a colheita.
no Brasil” (Editora Global, 1967). O grande
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Há quase 60 anos, o produtor rural
Junho · 2015
APOIO
Otávio Antonio Leonel, também conheci-
rotação de cultura nas áreas de reforma de
do por Vicão, planta amendoim. Por sorte,
seus canaviais. Além disso, planta amen-
quando entrou na atividade não vigorava
doim em terras arrendadas pelos lados de
mais o ritual indígena de cultivo do grão,
Bonfim Paulista e Cravinhos.
mas persistia a fama de que o amendoim
Leonel, que já ajudou muito o pai a
era enjoado para nascer, apresentava mui-
arrancar as ramas de amendoim à mão pe-
tas falhas e muitos dos pés que germina-
los idos dos anos de 1950, fala com admi-
vam não tinham vigor, produziam pouco e
ração das máquinas que passaram a do-
geravam grãos raquíticos.
minar a lavoura, cada vez maiores e mais
O interior paulista é responsável por
potentes, com grande velocidade. Todo
80% do amendoim produzido no Brasil.
ano, Leonel cultiva ao todo entre 50 e 60
A região de maior destaque é a de Ribei-
alqueires com amendoim. “Um tempo
rão Preto, onde o grão é cultivado nas áre-
atrás até plantávamos mais. Hoje estamos
as de renovação com cana. Leonel produz
tendo mais dificuldade para as usinas libe-
cana nos municípios de Dumont, Guata-
rarem área.” Desde 1980, a produtora rural CarCANAONLINE
pará, Pradópolis e cultiva amendoim em
Otávio Antonio Leonel: satisfeito com a evolução tecnológica na cultura do amendoim
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E SP E C IAL AME N D OIM men Izildinha Penariol acompanha a cul-
mas elogiam a incorporação da tecnolo-
tura de amendoim, é tradição de família.
gia pelos amendoinzeiros, não apenas na
Conta que, quando começou, a lavoura
mecanização das operações, mas princi-
era muito diferente, todo o processo era
palmente na parte de fitossanitários, pois o
manual. Lembra que cabia a ela a negocia-
amendoim começa por uma semente sadia.
ção com catadores de amendoim e com canizado. Este ano, Izildinha e seus sócios
A semente do amendoim sob o ataque de pragas e doenças
plantaram 420 hectares com amendoim,
Entre os componentes de produção
entre terras próprias e arrendadas, tudo
dessa cultura destaca-se a qualidade das
em área de renovação com cana, a maioria
sementes utilizadas na implantação da la-
em Jaboticabal. Mas Izidinha diz que a re-
voura. As sementes de amendoim apre-
dução na disponibilidade de terra por par-
sentam frequentemente baixos percentu-
te das usinas levou-os a cultivar áreas mais
ais de germinação e vigor, em função de
distantes, para os lados de Santa Ernestina
suas características químicas e estruturais
e São Lourenço do Turvo.
e das condições de cultivo, maturação, co-
os saqueiros. Agora o processo é todo me-
Tanto Leonel como Izildinha lamen-
Muitas doenças e pragas danificam a
EWERTON ALVES
tam a redução de áreas para amendoim,
lheita e pós-colheita
Cultura do amendoim se dá 80% em área de renovação de cana
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CANAONLINE
APOIO
Em dia de Campo, Mauro Cottas fala sobre o portfólio BASF dirigido à cultura do amendoim
semente do amendoim no plantio. Consi-
reza física e da qualidade fisiológica. Estes
derando que, para o produtor formar a la-
consomem os tecidos de reserva e o em-
voura da cultura, 37% do custo é com se-
brião, determinando a perda de matéria
mente, esse problema traz grande prejuízo
seca indispensável para as atividades vi-
pela queda de produtividade que ocasio-
tais. Além disso, a simples injúria no tegu-
na. Mauro Cottas, da área de Desenvolvi-
mento pode favorecer o desenvolvimento
mento de Mercados da BASF, explica que
de micro-organismos e provocar um au-
no plantio, vão de 130 a 150 quilos de se-
mento na atividade respiratória das se-
mente por hectare e o preço do quilo da
mentes armazenadas, com consequente
semente está em torno de R$ 4. A menor
redução de vigor.
germinação também significa perda de investimento. E o amendoim demora em
Tratamento de sementes
torno de oito dias para emergir do solo, fi-
Mauro Cottas recomenda sempre o
cando todo esse tempo sob a ação de pra-
uso de sementes de alta qualidade (ger-
gas e patógenos.
minação e vigor), pois o sucesso do culti-
Diversos são os tipos de danos causados por pragas e doenças às sementes, destacando-se as perdas de peso, de pu-
vo de amendoim é altamente dependente de uma boa semente. É por isso que a Cooperativa Agroin-
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E SP E C IAL AME N D OIM dustrial (Coplana), em Jaboticabal, criou o
em casca, seco e limpo), em uma área de
Programa de Qualidade Semente Coplana.
22.800 hectares.
Fundada em 1963, a cooperativa era fo-
A Coplana implantou o processo de
cada principalmente na cultura canavieira,
rastreabilidade que envolve o cultivo e o
mas em 1987 iniciou o estímulo à cultura
processamento do amendoim, a começar
do amendoim com a agregação de valor
pela seleção da semente certificada, que
ao cultivo, mecanização no campo, pes-
obedece ao Programa de Qualidade Se-
quisa sobre novas variedades e uso de tec-
mente Coplana. Segundo Stael Bessa Tei-
nologia no beneficiamento.
xeira da Cunha, gerente do projeto Se-
A dedicação à lavoura de amendoim,
mentes da Coplana, o objetivo é oferecer
levou a Coplana a ser a maior produtora
sementes com alta qualidade, para que a
do grão do Brasil, com cerca de 160 pro-
cultura do amendoim alcance o mesmo
dutores que o cultivam nos Estados de São
nível das sementes de milho e soja, com
Paulo, Minas Gerais e Tocantins. A estima-
total pureza genética. Nesta safra, Izildinha e seus sócios
2015 é de produção superior a 500 mil to-
colheram 66.800 sacas de 25 quilos de
neladas, produzidas em uma área de plan-
amendoim, a produção é inteiramente en-
tio em torno de 130 mil a 150 mil hecta-
tregue na Coplana, e destinada à prepara-
res. A produção paulista foi entre 430 mil
ção de semente. A Cooperativa conta com
a 450 mil toneladas, sendo que a Copla-
a produção de outros cinco produtores de
na produziu 82.250 toneladas (amendoim
“Semente de Amendoim”. Para o plantio COPLANA
tiva da safra brasileira de amendoim em
Unidade de grãos da Coplana, em Jaboticabal
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APOIO
Stael, especialista em tratamento de sementes
Coplana
informa
que é oferecido ao produtor de amenCOPLANA
doim da Coplana um pacote tecnológico que inclui as da próxima safra, Izildinha e seus sócios
sementes tratadas. O tratamento quími-
reservaram 5.000 sacas. “Todo produtor
co de sementes é uma das técnicas mais
de amendoim da Coplana utiliza semen-
utilizadas na agricultura atual. O seu prin-
te tratada, é uma das garantias da sanida-
cípio baseia-se na existência de produtos
de do produto. O amendoim da Coplana é
eficientes contra os alvos que se deseja
rastreado”, salienta Izildinha, que integra a
atingir, que apresentam baixa fitotoxicida-
direção da cooperativa.
de e sejam pouco tóxicos ao homem e ao
Com a rastreabilidade é possível co-
ambiente. Stael explica que os amendoins
nhecer etapas do plantio até a entrega do
que consumimos são denominados grãos,
produto no destino final. O cliente ob-
já os que são utilizados no plantio são se-
tém informações sobre a origem da maté-
mentes selecionadas e tratadas quimica-
ria-prima, insumos utilizados, registros de
mente com produtos para proteção sani-
qualidade e movimentação desse produ-
tária (fungicidas), proteção de plântulas
to. A Coplana é a maior exportadora de
(inseticidas) e bioestimulantes.
amendoim do Brasil, responsável por mais toneladas de amendoim em grão. A quali-
Desenvolvimento fitotécnico em prol do amendoim
dade do amendoim nacional está entre as
Mauro Cottas salienta a importância
melhores do mundo, ao lado do produto
que a BASF direciona ao amendoim, ofe-
norte-americano. A China e a Índia são os
recendo o maior portfólio do mercado de
maiores produtores, porém, com qualida-
produtos dirigidos à essa cultura. Nessa
de inferior.
fase de tratamento de sementes, Cottas
de 40%. No ano passado, exportou 32 mil
A gerente do projeto Sementes da
destaca o Standak® Top, uma mistura pron-
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COPLANA
E SP E C IAL AME N D OIM
Não mão direita a semente de amendoim; na esquerda, a semente tratada (mais vermelha com a inserção do inseticida, fungicida e bioestimulante)
ta contendo o inseticida Fipronil, do grupo
Stael reconhece a eficiência do Stan-
pirazol, e os fungicidas Piraclostrobina do
dak® Top. “Oferece uniformidade de ger-
grupo das Estrubirulinas e Metil Tiofana-
minação, garante manutenção do stand e
to do grupo dos Benzimidazois. O produto
maior rapidez no arranque das plântulas”,
é seletivo para amendoim, e quando utili-
salienta. O produtor Leonel conta que uti-
zado em tratamento de sementes protege
liza muito os produtos da BASF. “Fungi-
as plântulas contra o ataque de pragas, e
cida aplicamos o Opera®. Já o Plateau® é
fungos de sementes no período inicial de
um herbicida seletivo importantíssimo no
desenvolvimento da cultura. “A proposta
combate das ervas daninhas do amendoim.
do Standak® Top é evitar os estresses ini-
E com Standak® Top, praticamente não per-
ciais no desenvolvimento da planta, acele-
demos semente. O stand é bem uniforme,
rando o arranque, mantendo número ide-
além de ajudar no enraizamento. Também
al de plantas por hectare e promovendo
parece que o amendoim ganha mais vigor.”
maior engalhamento. Tem longo poder re-
Mauro Cottas explica que esse maior
sidual, protegendo a planta até os primei-
vigor é devido aos benefícios do AgCe-
ros 25, 30 dias”, diz.
lence®, resultado de efeitos fisiológicos
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APOIO
formidade de germinação e maior vigor, e
ce maior rapidez no estabelecimento da
salienta que o menor tempo que a plan-
cultura, melhor desenvolvimento do sis-
ta emerge do solo não só contribui para
tema radicular e alto índice de área foliar.
a sanidade da semente, como possibilita
Ele explica que na cultura do amendoim
entregar mais rápido a área para a usina
os benefícios AgCelence® provenientes
entrar com o plantio de cana. “O fato de
do Standak® Top podem ser divididos en-
o amendoim nascer dois dias antes pode
tre vantagens operacionais e diferenciais
parecer pouco tempo, mas para nós faz
agronômicos. A vantagem operacional se
muita diferença. As usinas nos pressionam
dá pelo longo período em que é possí-
para entregar a área e quanto antes libe-
vel utilizar o produto sem que este inter-
rarmos, menor dor de cabeça e mais chan-
fira ou altere o poder germinativo da se-
ces de renovar a parceria com as usinas.”
mente. E o grande diferencial agronômico é relacionado à alta eficiência no controle das doenças e pragas de solo, que poderão causar perda do stande caso não se-
RICARDO CARVALHO
da piraclostrobina na planta, que ofere-
jam contidas. Cottas também salienta outro importante benefício do Standak® Top: consegue reduzir entre um e dois dias o tempo que a semente emerge do solo. “Quanto mais rápido conclui esse processo, menos risco de contrair doenças; 70% das infestações acontecem nessa fase”, diz. Stael observa que esta é uma grande vantagem do produto, pois a redução no tempo contribui para que haja menor exposição da semente às pragas e fungos do solo. Izildinha Penariol também conhece os benefícios do Standak® Top, como uni-
O quanto antes o amendoim nasce, mais cedo é a colheita e liberação da área para a usina entrar com o plantio de cana
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SE G U R AN ÇA
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É fogo!!! EM 2014, INCÊNDIOS CRIMINOSOS OU ACIDENTAIS, SEGUNDO A UNICA, DIMINUÍRAM A PRODUÇÃO DE CANA EM 15%. AS PERDAS CHEGARAM A CERCA DE 40 MILHÕES DE TONELADAS
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SE G U R AN ÇA
Leonardo Ruiz
Q
uem diria que uma simples bituca de cigarro, jogada quase que “sem querer” da janela de um
carro que está transitando por uma rodovia ou estrada rural, pode causar grandes prejuízos para as empresas do setor sucroenergético. O ato, praticado por inúmeras pessoas, tem uma ação parecida com a de um lança-chamas, incendiando matas e plantações de beiras de estradas, entre as
Mário Márcio: “os incêndios, quando não controlados por uma brigada devidamente treinada, podem trazer inúmeros impactos”
quais, lavouras de cana-de-açúcar. Mas não são apenas os cigarros que
junto com o período de estiagem, permite
figuram como os principais causadores de
a propagação rápida do fogo em caso de
incêndios. Queima de lixo e aquelas não
incêndios, pois se encontra bastante seca
controladas em pastos e canaviais, foguei-
e solta sob a superfície do solo”.
ras, quedas de balões e rompimentos de
E 2014, que se apresentou como o de
cabos de alta tensão, além dos constan-
menor pluviosidade dos últimos 45 anos
tes atos de vandalismo, também estão as
em alguns estados da região Centro-Sul,
maiores causas.
foi uma prova-viva desse fato. Dados da
O período de estiagem, que vai de
Polícia Ambiental indicam que, nos nove
abril a setembro no Centro-Sul, oferece o
primeiros meses do ano, foram registra-
cenário perfeito para o aumento dos in-
dos quase três mil focos de queimadas e
cêndios nos canaviais. Segundo o diretor
incêndios florestais no Estado de São Pau-
-presidente do Grupo de Saúde Ocupa-
lo. Um crescimento de 140% em relação
cional da Agroindústria Sucroenergética
ao mesmo período de 2013. Para a União
(GSO), Mário Márcio dos Santos, essa épo-
da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica),
ca é marcada pelo tempo seco e baixa
esses incêndios diminuíram a produção de
umidade do ar. Fatores esses que, associa-
cana em 15%. As perdas chegaram a cerca
dos com o vento e picos de temperatura,
de 40 milhões de toneladas.
aumentam o risco de incêndios em áreas rurais e urbanas. “A palha deixada no cam-
Prejuízos
po pela colheita mecanizada traz inúme-
O diretor-presidente do GSO explica
ros benefícios à cultura, porém, em con-
que os incêndios, quando não controlados
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Junho · 2015
por uma brigada devidamente treinada,
“Caso o incêndio ocorra quando
podem trazer inúmeros impactos, como
a cana estiver no período de colheita, a
destruição de plantações e construções
mesma será colhida e processada na in-
rurais; perda de remanescentes florestais;
dústria. Já quando a queima ocorre em
morte de animais silvestres, inclusive de
épocas fora do período de safra, a cana é
espécies ameaçadas de extinção; poluição
colhida para que haja a brotação e descar-
do ar, devido à emissão de material par-
tada, representando prejuízo à empresa”.
ticulado e de gases poluentes; agravos à
Santos conta ainda que, em casos em
saúde da população, desencadeados pela
que a cana está em estágio inicial de bro-
poluição; contribuição para o aquecimen-
tação ou cana-planta, quando não ocor-
to global, em decorrência da emissão de
re a recuperação da planta (naturalmen-
gases de efeito estufa; e acidentes com
te com chuvas ou por meio do salvamento
queimaduras ou mortes de pessoas.
por irrigação ou fertirrigação), é realizado uma roçada para brotação da mesma. “Acredito que estes casos são os que re-
A palhada, em conjunto com o período de estiagem, permite a propagação rápida do fogo em caso de incêndios
presentam maior prejuízo à empresa, pois afetam diretamente a produtividade da safra seguinte”.
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SE G U R AN ÇA
Caso o incêndio ocorra quando a cana estiver no período de colheita, a mesma será colhida e processada na indústria
Prevenção e combate
A empresa deve possuir, ainda, um
Diante desse cenário, é vital que as
bom número de equipamentos, que de-
empresas adotem algumas práticas visan-
vem estar em excelentes condições de uso
do minimizar a propagação do fogo du-
e posicionados em pontos estratégicos,
rante o combate aos incêndios. Uma des-
de preferência em terrenos altos, para que
sas técnicas é o cultivo da palha, onde a
os funcionários, munidos de binóculos e
usina incorpora o resíduo deixado pela
rádios, possam fazer a vigilância dos ca-
colheita mecanizada ao solo, não perden-
naviais. Mirantes, caminhões-pipa (ou ca-
do seus benefícios e reduzindo a velocida-
minhões-bombeiro), abafadores, mango-
de de propagação. A realização de aceiros
tes, mangueiras, esguichos, EPIs, veículos
também já é uma técnica amplamente uti-
leves para apoio, ambulâncias (caso ocor-
lizada pelas empresas. Os aceiros consis-
ram emergências com vítimas), kits para
tem em faixas ao longo das cercas, divisas
aplicação de espuma (que visam abafar a
ou da área a ser queimada, cuja vegeta-
propagação do fogo e economizar água)
ção é completamente removida da super-
são algumas das ferramentas que devem
fície do solo, com a finalidade de preve-
estar de plantão 24 horas por dia com o
nir a passagem do fogo para fora da área
intuito de inibir e identificar possíveis fo-
delimitada.
cos de incêndio com maior rapidez.
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Junho · 2015
DIVULGAÇÃO ALPHA SEG TREINAMENTOS
A importância das Brigadas de Incêndio
Empresas devem possuir um bom número de equipamentos, que precisam estar em excelentes condições de uso
T
ão importante quanto um bom
Técnica n.º 17 do Corpo de Bombei-
equipamento são as brigadas, que
ros. Na hora da formação da brigada,
devem contar com pessoas capaci-
é importante que as pessoas envolvi-
tadas para prevenção e combate a incên-
das apresentem aptidões adequadas
dios. Na área agrícola, o número de inte-
para as atividades que serão desenvol-
grantes pode ultrapassar 100 pessoas. Já
vidas. Obesos podem ter dificuldades
na área industrial, devem ser seguidas al-
em determinadas situações. Pessoas
gumas normas específicas da Instrução
muito magras podem não apresentar
41
DIVULGAÇÃO ALPHA SEG TREINAMENTOS
SE G U R AN ÇA
Empresas também optam por aperfeiçoar os conhecimentos de seus brigadistas nas questões de proteção respiratória
condições para carregar extintores e equipamentos de peso elevado.
A empresa, especializada em formação e reciclagem das brigada de combate
O instrutor e proprietário da Al-
a incêndio em canavial, forma, em média,
pha Seg Treinamentos, Eduardo Ferrei-
53 turmas anuais, sendo que basicamente
ra Mendes, afirma que uma brigada deve
todas estão em atividade. “Os treinamen-
ser constituída de pessoal treinado e ca-
tos (teóricos e práticos) são anuais e capa-
pacitado para esse tipo de atendimento,
citam quanto aos métodos preventivos e
que deve estar apto para o uso dos EPI’s
de combate a incêndios. Também é apli-
necessários, dos caminhões-bombeiro e
cado um curso de primeiros socorros e de
manuseio de mangueiras. “Além disso,
uso adequado de EPI”, afirma Mendes.
os integrantes precisam estar preparados
Ele conta, ainda, que boa parte das
para ministrar primeiros socorros se for
empresas também opta por aperfeiçoar
necessário”.
os conhecimentos de seus brigadistas nas
42
Junho · 2015
questões de proteção respiratória, pro-
formações, temos a condição de indicar a
dutos químicos, segurança com eletrici-
melhor forma de treinamento, de dizer se
dade, entre outros. Muitos treinamentos
é necessário um novo dimensionamento
ocorrem dentro das usinas, onde, a prin-
dessa brigada, determinar carga horária
cípio, é realizada uma reunião com os in-
e conteúdo programático adequado con-
tegrantes da engenharia e segurança do
forme legislação vigente”. É importante ressaltar que, mesmo
de cada unidade, como se já possuem, ou
com a brigada alerta 24 horas por dia,
não, uma brigada formada. “Após essas in-
muitas vezes acontece mais de um chama-
DIVULGAÇÃO ALPHA SEG TREINAMENTOS
trabalho para saber detalhes operacionais
O pessoal deve ser treinado e capacitado para esse tipo de atendimento
43
SE G U R AN ÇA
do ao mesmo tempo, dificultando o tra-
criminosos, a Unidade acionou a sua bri-
balho. Situação esta vivida pela Unidade
gada e o Corpo de Bombeiros do municí-
Costa Rica, da Odebrecht Agroindustrial,
pio, com um grupo de, aproximadamente,
localizada em município homônimo no in-
100 pessoas. Até o momento, a Odebrecht
terior do Mato Grosso do Sul, em meados
Agroindustrial amarga um prejuízo de cer-
de junho. Ao todo, foram registrados oito
ca de R$ 3 milhões de reais. Valor que po-
focos de incêndio simultâneos em fazen-
derá aumentar, pois nessa conta ainda não
das que fornecem cana-de-açúcar para a
foram contabilizados os custos da opera-
Usina, totalizando cerca de 1.870 hectares.
ção de combate ou a perda de sacarose
Para combater os incêndios, com indícios
que a queima provocará à cultura.
O controle dos incêndios no Polo Taquari da Odebrecht Agroindustrial
Cada uma das duas usinas do Polo Taquari possui cerca de R$ 100 milhões de reais em patrimônio da brigada de incêndio
A 44
o longo de 2014, a Unida-
da no munícipio mato-grossense de
de Alto Taquari, da Odebre-
mesmo nome, registrou 23 ocorrên-
cht Agroindustrial, localiza-
cias de incêndios, sendo 60% de ori-
Junho · 2015
gem desconhecida, 27% decorrente de fatores climáticos e 13% por problemas operacionais. Já na unidade Costa Rica, que se encontra no Mato Grosso do Sul, na cidade de mesmo nome, o número foi ainda maior: 49 incêndios (12% operacionais, 33% por fatores climáticos e 55% de origem desconhecida). Porém, se não fosse pela alta experiência da empresa em combates, os prejuízos seriam enormes. O superintendente do Polo Taquari, formado pelas duas unidades citadas, da Odebrecht Agroindustrial, Luiz Paulo Sant’Anna, conta que cada uma das
“Antes do início da safra, todos esses trabalhadores passam por cursos de reciclagem, a fim de renovar e adquirir novos conhecimentos”, relata Sant’Anna
duas usinas possui cerca de R$ 100 milhões de reais em patrimônio da
Rica, o número é de 62. “Esses núme-
brigada de incêndio. Toda a estrutura
ros incluem brigadistas, motoristas e
conta com caminhões-bombeiros, ca-
supervisores que se dividem em três
minhões prancha, caminhonetes para
turnos. É importante ressaltar, tam-
apoio, tratores, tanques para trans-
bém, que, todos os anos, antes do iní-
porte de água, motobombas, aleira-
cio da safra, todos esses trabalhado-
dores de palha, kits de incêndios ins-
res passam por cursos de reciclagem,
talados em 100% das colhedoras de
a fim de renovar e adquirir novos co-
cana e outros equipamentos. “Além
nhecimentos”, relata Sant’Anna.
disso, todas as nossas frentes de tra-
O superintendente conta que to-
balho possuem uma brigada de incên-
dos os funcionários da empresa pos-
dio de emergência”.
suem formação mínima para agir em
Mas não é apenas de equipamen-
casos de incêndio. “Quando ocorrer
tos que vive uma brigada. Em Alto Ta-
um foco de baixa proporção, chama-
quari, 72 pessoas constituem as equi-
do de nível um, onde apenas uma pe-
pes de combate a incêndio. Em Costa
quena parcela do canavial é afetada,
45
SE G U R AN ÇA
A maioria dos incêndios é de origem desconhecida
o próprio trabalhador do campo pode
servação, com cerca de 40 metros de
contê-lo, utilizando extintores ou os
altura, onde um brigadista observa as
kits de incêndio da colhedora.”
áreas a fim de localizar, rapidamente,
O nível dois, segundo Sant’An-
os focos de incêndios e passar as in-
na, consiste num incêndio mediano,
formações necessárias para o restan-
onde apenas um caminhão-bombeiro
te da equipe. “Em Costa Rica, inclusi-
é suficiente para apagar o fogo. Nes-
ve, possuímos câmeras de vigilância
sa hora, o bombeiro e o líder da frente
que nos proporcionam maior rapidez
de trabalho atuam juntos no comba-
na identificação de problemas”, conta
te. “Porém, caso o incêndio chegue ao
o superintende.
nível três, procuramos paralisar toda a
Outro destaque da empresa é o
operação de colheita, evacuar o entor-
uso do Termo-Higrômetro, que mede
no e acionar, imediatamente, a briga-
a umidade e temperatura do ar e a ve-
da, que vai para a área munida de to-
locidade do vento. Com o aparelho, o
dos os equipamentos necessários.”
brigadista consegue analisar a proba-
Para a prevenção, cada Unidade
bilidade da ocorrência de um incêndio,
do Polo conta com uma torre de ob-
que é mais provável quando a umida-
46
Junho · 2015
de do ar for inferior a 20%, a tempera-
remover a palha dos equipamentos
tura superior a 33 graus e a velocida-
e limpá-los corretamente, deixando
de do vento acima de 15 km por hora.
-os fora de risco. Agora, se os três ele-
“Quando um desses três elementos
mentos apresentaram sinais destoan-
estiver fora do normal, é enviado um
tes, paralisamos as operações, pois os
sinal de alerta para as equipes. Caso
riscos de incêndios são muito altos”,
dois estejam irregulares, procuramos
explica Luiz Paulo Sant’Anna.
Contratação de Seguro, para que nem tudo vire cinzas
Fogo descontrolado queima a cana e não a palha, transformando o canavial em cinzas
C
om tantos incêndios, se tor-
ra frente à ocorrência de incêndio aci-
nou comum que usinas e for-
dental ou criminoso no período de
necedores contratem planos
entressafra. O diretor geral de segu-
de seguros agrícolas, um importan-
ros rurais do Grupo Segurador Banco
te instrumento que garante cobertu-
do Brasil e MAPFRE, Wady Cury, afirma
47
DIVULGAÇÃO GRUPO SEGURADOR BANCO DO BRASIL E MAPFRE
SE G U R AN ÇA
que a contratação do seguro garantirá que o produtor, em caso de perdas, receba a indenização de forma a quitar seus débitos referentes à implantação e condução do canavial e, dessa maneira, mantenha-se na atividade. “Nosso seguro é adquirido por produtores individuais fornecedores de cana-de- açúcar para usinas. No período de 2008 a 2015, tivemos 36 registros de incêndio de um total de 11.500 apólices contratadas, o que representa uma frequência de 0,30%. A maior concentração ocorreu ano pas-
“A contratação do seguro garantirá que o produtor, em caso de perdas, receba a indenização de forma a quitar seus débitos referentes à implantação”, diz Wady Cury
sado, quando o BB e MAPFRE recebeu 20 avisos de sinistro”.
quia. O cálculo de indenização é de-
Cury explica que o objetivo do
terminado pela perda porcentual da
seguro é garantir as perdas decorren-
produtividade após a ocorrência de
tes de incêndio, seca, geada, granizo,
um sinistro, multiplicada pelo valor do
chuva excessiva, tromba d´agua, ven-
custeio de implantação e/ou condição
tos fortes e frios, que resultam na que-
do canavial definidos no momento da
bra de produtividade nos canaviais
contratação. O porcentual de perda é
segurados. “O aviso de sinistro pode
resultado da divisão da produtivida-
ser comunicado a qualquer momen-
de obtida na colheita do canavial pela
to dentro da vigência, porém, a deter-
produtividade esperada, determina-
minação das perdas somente ocorrerá
da pela seguradora no momento da
no momento da colheita”.
contratação. “Para efeito de seguro, a
O custo desse tipo de seguro é
queima parcial ou total do canavial irá
determinado pela localização (municí-
determinar a intensidade das perdas,
pio e estado), idade e pelo custo de
porém a relação entre incêndio parcial
produção necessário para a implan-
e total não é proporcional às perdas
tação e a condução do canavial. Além
decorrentes do incêndio”, relata o di-
disso, não existe aplicação de fran-
retor geral de seguros rurais.
48
Junho · 2015
ABAG/RP lança campanha institucional de conscientização, prevenção e combate aos incêndios
Cana e queimada: cada vez mais distantes
D
iante da grande quantidade de
plano de comunicação regionalizado e
incêndios ocorridos em 2014 na
voltado à sociedade civil, órgãos de fisca-
região de Ribeirão Preto, SP, a
lização do Poder Público, jornalistas, for-
ABAG/RP (Associação Brasileira do Agro-
madores de opinião e público em geral,
negócio da região de Ribeirão Preto) as-
demonstrando a realidade tecnológica
sumiu a missão de promover uma ampla
do setor que usa muito pouco do recur-
Campanha Institucional de Conscientiza-
so de queima para colher cana. “A pro-
ção, Prevenção e Combate aos Incêndios,
posta da campanha tem como estratégia
feita em parceria com associações de pro-
de comunicação desassociar a ocorrência
dutores rurais e diversas usinas localizadas
dos incêndios do setor produtivo”, adian-
na Bacia do Rio Pardo e fora dela também.
ta o diretor executivo da ABAG/RP Mar-
O objetivo é o de estabelecer um
cos Matos.
49
IN S E C TSHOW
Sphenophorus ganha status de principal praga nos canaviais de São Paulo PERDAS DE QUASE 30 TONELADAS POR HECTARE E ANTECIPAÇÃO DA RENOVAÇÃO DO CANAVIAL ESTÃO ENTRE OS DANOS GERADOS POR ESSA PRAGA
Luciana Paiva
O
estado de São Paulo responde
Aloisio Ravagnani Dias, do departamento
por 60% da produção de cana no
Técnico Agropecuário da Coopercitrus, o
Brasil. Assim, quando uma praga
Sphenophorus em várias regiões do Cen-
afeta os canaviais paulistas acende o sinal
tro-Sul, principalmente São Paulo, assumiu
de alerta. É o que está ocorrendo com o
o primeiro lugar entre as pragas que mais
Sphenophorus levis, conhecido popular-
causam danos ao canavial, em decorrên-
mente como bicudo-da-cana.
cia da dificuldade de seu controle e pela
Segundo o engenheiro agrônomo
50
severidade de seu ataque, que provoca di-
Junho · 2015
Canavial atacado por Sphenophorus: morte da soqueira
minuição drástica da produtividade agrí-
Ravagnani Dias salienta que o fim da
cola e renovação antecipada do canavial,
queima da cana é um fator considerável
podendo ser até no segundo corte. A bro-
para a expansão da praga e o corte me-
ca-da-cana continua liderando o ranking
canizado é uma das fontes de dissemina-
nacional das pragas canavieiras, mas seu
ção. O engenheiro explica que os danos
controle é amplamente conhecido, além
são causados pelas larvas que broqueiam
de mais fácil do que o do Sphenophorus.
os rizomas e os primeiros entrenós basais
Identificado inicialmente na região
que refletem no número, tamanho e diâ-
de Piracicaba, SP, o bicudo-da-cana se es-
metro dos colmos finais para a colheita,
palhou rapidamente pela região Centro-
sendo que as perdas econômicas podem
Sul utilizando como meio de transporte os
ser estimadas com a redução nas tonela-
caminhões com mudas de cana sem sani-
das de cana esperadas por hectare. Em al-
dade que seguiam para as áreas de reno-
guns locais têm-se detectado de 50 a 60%
vação ou de formação de novos canaviais,
de perfilhos atacados, ocasionando redu-
para atender a expansão canavieira imple-
ções em torno de 20 a 30 toneladas por
mentada de 2003 a 2009.
hectare (ha).
51
IN S E C TSHOW “É muito importante o monitoramen-
Faz-se a destruição mecânica das soquei-
to bem feito determinando nível do dano
ras no período de picos de larvas ( junho
econômico. Para isso, fazer a inspeção des-
a outubro), procurando expor ao máximo
ta praga com equipe treinada e orienta-
essa forma de inseto aos seus predadores
da somente para este trabalho de levan-
e ao secamento dos rizomas. Esta exposi-
tamento” diz Ravagnani Dias , que sugere:
ção pode ser de uma única vez, ou pulan-
deve-se amostrar 2 a 4 pontos por hecta-
do duas linhas para que se retorne nestas
re, analisando minuciosamente de meio a
após 15 a 20 dias.
Os danos são causados pelas larvas que broqueiam os rizomas e os primeiros entrenós basais
um metro de socaria (TA e larva), e fazer
O pesquisador e entomologista New-
iscas no período de outubro a novembro
ton Macedo observa que o eliminador de so-
(adultos).
queira é eficiente na redução de populações da praga, mas tem custo inicial e operacional
Controle mecânico
elevados, e baixo rendimento. O uso de gra-
Feito o levantamento, e tomada a
des aradoras de 34”+ intermediária de 28”
decisão, o controle pode ser cultural, no
fazem trabalho equivalente a custos e tem-
caso de canaviais próximos da reforma.
po operacionais menores que o eliminador.
52
Junho · 2015
53
IN S E C TSHOW
Eliminador e grade necessitam de cuidados e condições operacionais especiais, como:
Eliminando as soqueiras
1. O momento da destruição é o período seco ( junho a setembro) não fazendo em dias de chuvas e/ou solo muito úmido. Tanto o eliminador como a grade devem trabalhar levantando poeira; 2. Passar o eliminador em faixas alternadas, com retorno em 15 dias para o bom secamento do material vegetal e a ação de predadores (principalmente carcarás). Depois da total eliminação, passar uma grade, ainda no período seco; 3. Na destruição por grade, executar no mínimo três passadas (1ª. grade de 34”; 2ª e 3ª de 28”) cruzadas, espaçadas em uma semana entre elas, para secamento do material vegetal e do solo, causando a mortalidade das formas biológicas por exposição ao sol e pelos predadores; 4. Ambos os equipamentos (Eliminador e Grades) são eficientes na eliminação das formas jovens (ovos, larvas e pupas), mas não eliminam a maioria dos adultos; 5.Rotação de culturas (amendoim e soja) reduzem a população de Sphenopho-
54
Junho · 2015
rus, mas áreas com altas infestações que não terão rotação de cultura devem receber uma aplicação de inseticida incorporado em área total na 3ª.gradagem. Observação: Uso de glifosato antes da destruição. O desaleiramento da palha da linha de cana, após a colheita, facilita a aplicação (cortando a soqueira), melhorando a performance dos produtos; 7. Áreas cujo levantamento pós-colheita indicam presença da praga, mesmo com baixo índice de tocos atacados, devem receber o tratamento de soqueira em área total; 8. Áreas de cana bis - fazer 2 tratamentos químicos da soqueira: 1º. logo após a colheita (cortando a soqueira) e 2º. na primavera/verão (drench); 9. Áreas de colheita precoce, com infestações entre 10 e 30% de TA, fazer 2 tratamentos químicos: 1º. logo após a colheita (cortando a soqueira) e 2º. na primavera/verão (drench); 10. Áreas com infestações superiores a 30% de TA, programar para a reforma imediata.
Utilizando a grade
55
IN S E C TSHOW
Danos na soqueira
Controle químico
ha); Talisman (5l/ha); Imidaclopride (1,5l/
Apesar da eficiência da destruição
ha); Actara (1Kg/ha); Engeo Pleno (1,5 a
mecânica da socaria, Ravagnani Dias sa-
2l/ha).
lienta que somente essa medida não é su-
Ravagnani Dias diz que no contro-
ficiente para reduzir as populações abai-
le químico deve-se obedecer e observar
xo do NDE (nível de dano econômico) em
alguns critérios como: aplicação entre os
áreas com médias ou altas infestações. Por
períodos entre junho a outubro com dis-
isso, o uso de inseticidas no plantio se faz
co de corte (5 a 10 cm de profundidade),
necessário, e é fundamental para o mane-
com vazão de aplicação entre 120 a 150 l/
jo, com bons resultados de controle em
ha, e períodos de novembro e dezembro
cana-planta e cana-soca. Após o primei-
em drench é suficiente, lembrando que
ro corte, e com monitoramento eficiente
quanto maior infestação, mais difícil é o
e ainda existindo a presença da praga, re-
controle.
comenda-se aplicação do químico, dentre
O engenheiro também chama a
eles: Regent (250g/ha), Regent Duo (1,1l/
atenção para a necessidades de cons-
56
Junho · 2015
cientização dos funcionários (equipe de
Júlio Márcio Pereira de Oliveira, só-
pragas e operadores de máquinas) en-
cio-propreitário da Agrodoce conta que a
volvidos neste manejo, orientação dos ri-
presença da praga foi diagnosticada em
cos de disseminação e medidas a serem
2013 e eles optaram pelo uso do Regent
adotadas, como por exemplo, limpeza de
Duo, da Basf, e a praga foi controlada. “O
todo o tipo de equipamento, máquinas
produto possui dois princípios ativos, o
(colheitadeiras), transporte, mudas sa-
que aumenta sua eficiência”, diz. A Agrí-
dias, variedades reconhecidamente boas
cola Agrodoce conta com 10 mil hectares
de soca.
de cana e produção em torno de 640 mil toneladas.
Controle de Sphenophorus e aumento de produtividade
gundo o produtor, é que o Regent Duo,
No interior paulista, a região de Ri-
além de controlar a praga, aumenta a pro-
beirão Preto, de acordo com a Datagro
dutividade da cana. “Nossa equipe já re-
Alta Performance, é a que registra maior
gistrou esse efeito. Como a safra está no
incidência da praga, cerca de 60% dos ca-
começo, nossos números ainda são preli-
naviais apresentam Sphenophorus. Mas o
minares. Mas no final da safra teremos um
bicudo já chegou à região do Vale do Tie-
levantamento sobre os ganhos de produ-
tê, onde fica a Agrícola Agrodoce, no mu-
ção com o Regent Duo”, salienta Júlio Már-
nicípio de Pederneiras.
cio. E a CanaOnline vai mostrá-los.
O que também chama a atenção, se-
Cortando a soqueira para inserir o inseticida
57
C A PA
Fardos de palha passam a compor o cen谩rio canavieiro
58
Junho 路 2015
Não é fogo de palha! RECOLHIMENTO DE PALHA DE CANA ESTÁ EM ALTA NO SETOR. O PROCESSO AINDA ESTÁ SENDO APERFEIÇOADO, MAS JÁ SE SABE QUE VEIO PARA FICAR
59
C A PA
Luciana Paiva
A
fotografia dos canaviais brasilei-
palha sempre foi fornecida ao Grupo Zilor.
ros tem mudado muito nos úl-
A partir da iniciativa de Dalben, o canavial
timos tempos. Cada vez mais o
ganhou a presença de aleiradores, enfar-
fogo sai de cena e com ele a figura ene-
dadoras de palha, fardos e pranchas para
grecida do cortador de cana. As máquinas
embarque.
ocupam o espaço dos facões e ao fazer a
Durante um bom tempo, o exem-
colheita encobrem o solo com uma chuva
plo de Lençóis Paulista de recolhimento
de palha de cana.
de palha de cana era o único no setor, ou
Muitos defendiam outras finalidades
pelo menos o mais conhecido. Até surgir
para a palha da cana, além da missão de
a Granbio, em 2011, lá em São Miguel dos
proteger, nutrir o solo e preservar a umi-
Campos, em Alagoas, com a primeira fá-
dade. Mas um dos primeiros a enfardá-la
brica de produção de etanol celulósico. E
e levá-la para a indústria para que fosse
como a palha é uma das matérias-primas
transformada em energia foi o produtor e
do etanol de segunda geração, a Granbio
engenheiro agrônomo Luiz Carlos Dalben,
iniciou no setor um recolhimento “mons-
diretor da Agrícola Rio Claro, de Lençóis
tro” de palha, montando uma área de ar-
Paulista. A prática teve início em 2004 e a
mazenamento para 400 mil toneladas. O processo adotado pela Granbio é o de aleirar e enfardar a palha inteira deixada no campo. Os fardos de palha chegam à indústria, passam por um processo de trituração e limpeza de impurezas, para depois seguir para o pré-tratamento. Segundo Manoel Carnaúba, vice-presidente de Operações da GranBio, por se tratar de um processo relativamente novo no setor, haverá espaço para melhorias. E estão atentos para avaliar outras soluções que tornem a prática mais competitiva. Atualmente a Granbio utiliza a palha apenas na produção de etanol 2G. “Mas
Dalben começou a recolher palha em 2004 e virou exemplo no setor
60
estamos avaliando a possibilidade da utilização para produção de energia tam-
Junho · 2015
GRANBIO
Enfardamento de palha na Granbio com palha inteira que será triturada na indústria
bém. Hoje, a produção integrada de vapor
dade, cerca de 13% e gera 3.200 kgcal/kg,
e energia elétrica é feita a partir do ba-
enquanto que o bagaço com umidade de
gaço da cana e da lignina, um subprodu-
50% gera 1.800 kgcal/kg.
to gerado no processo do etanol 2G”, diz Carnaúba.
A boa remuneração da energia somada ao excelente desempenho da palha, foi o empurrão que o setor precisava para
Mercado de energia elétrica promove o boom da palha
incrementar o uso dessa biomassa. Segun-
Além da Granbio, muitas empresas
equipamentos de cana-de-açúcar AGCO,
avaliam recolher palha para a produção de
um dos estudiosos no assunto, o recolhi-
energia elétrica, é que o produto passou
mento de palha está presente em cerca de
a ser o mais remunerador do setor. E os
3% dos canaviais. Este número representa
números da palha empolgam: para a pro-
aproximadamente 2 milhões de toneladas
dução de energia, cada tonelada de palha
de palha recolhidas anualmente.
do Samir Azevedo Fagundes, gerente de
de cana equivale a 1,7 tonelada de baga-
“Apesar da expressiva quantidade de
ço. Além disso, a palha tem menor umi-
biomassa já recolhida ainda há uma enor-
61
C A PA
me quantidade de palha disponível. A re-
as expectativas para o etanol celulósico
cente demanda por energias alternativas à
no médio prazo, a palha de cana-de-açú-
da produzida pelas hidrelétricas, aliada ao
car deve se consolidar como matéria-pri-
contínuo desenvolvimento do Etanol 2G
ma tanto para geração de energia elétrica
(independente da rota a ser utilizada), irão
adicional, quanto para produção de eta-
colaborar no aumento da quantidade de
nol celulósico”, observa. De acordo com
palha recolhida”, diz Samir.
Henrique, o crescimento do uso da palha
Para Henrique Mattosinho D’avila,
no setor dependerá de fatores de merca-
Especialista em Negócios do Centro de
do (elétrico e biocombustível), do nível de
Tecnologia Canavieira (CTC), o uso da pa-
investimento e da capacidade de cogera-
lha tem mostrado um grande potencial
ção e de produção de etanol celulósico
para o aproveitamento de oportunidades
nas usinas.
de mercado no setor. “Com o aquecimenna safra 2014/15, com os novos patamares
Zilor amplia parceria para uso da palha
de preços dos leilões de biomassa e com
Nesta safra, os canaviais do Vale do
to dos preços da energia elétrica iniciado
62
Junho · 2015
Tietê, região de Lençóis Paulista, onde o Dalben recolhe palha, foram invadidos por fardos. É que A Zilor ampliou a parceria para outros oito produtores de cana,
Armazenamento de palha na Granbio, em São Miguel dos Campos, AL: área para 400 mil toneladas
lembrando que a empresa não tem cana própria. A Zilor nos informou que realizou adaptações em suas unidades industriais para o recebimento e utilização direta nas caldeiras da palha triturada no campo; com isso, aumentou de 85 mil (2014/2015) para 200 mil toneladas (safra 2015/2016) o recebimento da biomassa, fornecido por nove produtores. Além de aumentar a sua disponibilidade de palha para a geração de GRANBIO
energia elétrica limpa e renovável, a empresa garante ao fornecedor receita extra, compartilhando com a cadeia o valor agre-
Júlio Márcio e o transporte de palha da Agrodoce para a Zilor
63
C A PA gado que a energia traz para o negócio.
Agrodoce, de Pederneiras,
A empresa afirma que há a possibili-
distante cerca de 30 qui-
dade de contribuir para a matriz energética
lômetros de Lençóis. Com
durante o ano todo, não apenas no perío-
10 mil hectares cultivados
do da safra, desde que o governo apre-
com cana e produção por
sente um modelo com reconhecimento do
safra em torno de 640 mil
diferencial da energia gerada a partir da
toneladas, a Agrodoce se
biomassa como limpa e renovável, gerada
destaca pela qualidade no
no período de menor vazão dos reserva-
manejo com a cultura.
tórios das hidrelétricas. Atualmente a em-
Sobre o fornecimen-
presa gera mais de 1.000.000 MWh/ano e
to de palha para a Zilor,
comercializa 600.000 MWh/ano, em Con-
Júlio Márcio Pereira de Oli-
tratos de Longo Prazo com vendas realiza-
veira, diretor da Agrodoce,
das nos leilões de 2006 e também no mer-
conta que esse novo plano do Grupo, que
cado spot.
possibilita ampliar a aquisição de palha, reviu valores e ampliou a distância para
Agrícola Agrodoce passa a recolher palha
fornecimento entre a indústria e o local de
Entre os novos parceiros de forne-
templando a Agrodoce. Júlio Márcio explica que o processo COMUNICAÇÃO NARDINI
cimento de palha da Zilor está a Agrícola
recolhimento de palha, o que acabou con-
Aleiramento de palha na Nardini
64
Junho · 2015
Enfardamento de palha na Nardini
dustrial, localizada em Vista Alegre do Alto, SP, recolhe palha de cana para a proCOMUNICAÇÃO NARDINI
dução de energia. “Somos uma das empresas pioneiras do setor”, diz Oscar Carrasque, gerente industrial. Nesta safra serão recolhidas 40 mil toneladas de palha. A Nardini gera por ano, 150.000 Mw, a palha responde por 15% da energia pro-
de recolhimento é por enfardamento de
duzida. A empresa destina 65% da energia
palha picada no campo (a enfardadora re-
para o contrato de fornecimento de lon-
colhe a palha, pica e libera os fardos), a Zi-
go prazo e 35% negocia no mercado spot.
lor quer receber a palha picada para não
José Carlos Berto, gerente de plane-
ter a operação de tritura-la na indústria.
jamento e controle agrícola, informa que
Diariamente estão sendo recolhidos nos
35% a 40% da palha fica na lavoura, o res-
canaviais da Agrodoce de 60 a 90 tonela-
tante é aleirada quando a umidade atin-
das de palha, com umidade em torno de
ge um índice de 15%. Em seguida, é feito
14,5%, cerca de 50% de palha permane-
o enfardamento e, posteriormente, o car-
ce no solo. Júlio Márcio conta que a Zilor
regamento e transporte até a usina. Hoje,
criou uma tabela com índices de impure-
100% da palha recolhida pela Nardini está
za, por exemplo: palha com impureza en-
em áreas próprias e arrendadas. “Pensa-
tre 3% a 6%, serão descontados 10% do
mos em adquirir dos fornecedores desde
valor da tonelada. “Isso nos leva a melho-
que o valor seja compatível com o merca-
rar cada vez mais o processo”, salienta. Os
do. Se o fornecedor solicitar, dependendo
fornecedores de palha da Zilor acompa-
da distância, podemos fazer o recolhimen-
nham online a quantidade de palha forne-
to a custo zero, facilitando, assim, o pro-
cida, grau de umidade e impureza.
cesso de cultivo de soca, já que menos palha facilita o plantio”, diz.
A experiência da Nardini no recolhimento de palha
lha, segundo a empresa, deve crescer, mas
Há três anos que a Nardini Agroin-
desde que todo o processo de geração de
A prática do recolhimento de pa-
65
C A PA energia seja economicamente viável. Para
de é a principal variável que define reco-
quem está pensando em passar a recolher
lher, ou não, a palha no campo, concretizar
palha, José Carlos orienta: “Se for usina,
a estimativa vai depender muito das con-
montar o sistema de cogeração, colocar
dições climáticas”, salienta Luís Fernando
um triturador de palha e adquirir os equi-
Pinheiro da Silva, encarregado de Produ-
pamentos necessários para o enfardamen-
ção Agrícola-Energias Renováveis.
to e transporte. Para o fornecedor que qui-
A Alta Mogiana mantém entre 40%
ser vender palha enfardada, fazer contrato
e 60% da palha na lavoura, para a manu-
com o comprador, adquirir os equipamen-
tenção da umidade do solo e benefício da
tos necessários e não se esquecer de le-
brotação das soqueiras. Luis Fernando ex-
vantar os custos para viabilizar o negócio.”
plica que depois do corte, a palha com cerca de 5 dias na lavoura, atinge 15% de
Alta Mogiana inicia recolhimento de palha
umidade, que é o ideal para o enfarda-
Esta será a safra de estreia no recolhi-
a efetividade da queima da palha é 50%
mento de palha da Usina Alta Mogiana, lo-
maior que a do bagaço. Ou seja, 1 tone-
calizada, em São Joaquim da Barra, SP. Há
lada de palha equivale a 1,5 toneladas de
estimativa é de recolher 28.336 toneladas,
bagaço, em função do poder calorifico. Em
até o final da safra. “Uma vez que a umida-
função da baixa densidade e grande volu-
mento. “Nessas condições, estima-se que
COMUNICAÇÃO ALTA MOGIANA
Área de recolhimento de palha na Alta Mogiana
66
Junho · 2015
A parceria certa em agroenergia!
D
esde 1985, a Hengel atua no segmento de comercialização e transporte de biomassa e locação de máquinas para movimentação da biomassa no pátio das industrias. Possuí grande experiência para auxiliar tecnicamente os clientes sobre armazenamento, compactação e movimentação no carregamento e descarregamento do bagaço de cana.
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67
me, a palha não é enviada sozinha às cal-
te da cana e na moenda a extração é me-
deiras, ela sempre é misturada ao bagaço.”
lhor, com menor desgaste do equipamen-
O método de recolhimento adota-
to. Nesse processo, a palha que ficou na
do pela Alta Mogiana é o de enfardamen-
lavoura é recolhida, enfardada em blocos
to com palha inteira e envio na indús-
que atingem até 500kg de palha (variável
tria onde será triturada. Segundo Ronildo
conforme a umidade), chegando na indús-
Campos da Silva, gerente de Extração do
tria a palha é recebida numa esteira inde-
Caldo, a colheita mecanizada permite o
pendente da moagem da cana, é cortada
corte das ponteiras ainda no campo e o
em partes menores e juntam-se ao baga-
envio da cana picada sem excessos vege-
ço para alimentar as caldeiras.
tais, assim o caldo é processado com me-
A previsão de moagem da Alta Mo-
nos impurezas. O processo de enfarda-
giana para a safra 2015, informa Val-
mento de palha, ao invés do método de
cir José Bardon Aceti, gerente do Proces-
envio de cana com palha para retirada na
so-Energias Renováveis, é de 5,3 milhões
indústria, possibilita maior densidade de
de toneladas de cana e 163.024 MWh de
carga de cana, menor custo de transpor-
energia cogerada, exportando cerca de
COMUNICAÇÃO ALTA MOGIANA
Enfardamento na Alta Mogiana
68
Junho · 2015
COMUNICAÇÃO RAÍZEN
32kW/h por tonelada. E a Energia elétrica produzida com a palha está estimada em 12.144MW, aproximadamente 7,5% do total anual. Sobre os custos do processo de recolhimento, Valcir diz que ainda não é possível determinar, mas estimam que o investimento seja recuperado dentro de dois anos.
Raízen estuda recolhimento de palha desde 2004 A Raízen é a maior produtora de energia elétrica do mundo, a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, cogera 940 MW e tem capacidade instalada e comercialização anual de energia elétrica de 2,2 milhões de MWh. Todas as 24 unidades do grupo são autossuficientes no
Recolhimento de palha em canavial da Raízen
consumo de energia e 13 de suas unidades já têm contratos de longo prazo para
Usina da Barra, em Barra Bonita, SP, con-
a venda de energia. Dez delas têm o Selo
ta Antonio Fernando Lima, diretor de pro-
Energia Verde, desenvolvido pela União da
dução agrícola da Raízen. Foi por meio do
Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em
enfardamento de palha. De lá para cá, os
um acordo de cooperação com a Câma-
estudos se intensificaram, e ocorrem nas
ra de Comercialização de Energia Elétrica
unidades que contam com estação de lim-
(CCEE) e concedido às usinas geradoras de
peza a seco como a Ipaussu e Rafard, pois
bioeletricidade que atendem a critérios de
a quantidade de terra que segue com a
sustentabilidade constantes do Protoco-
palha é grande, segundo Antonio Fernan-
lo Agroambiental do Setor Sucroenergéti-
do, em torno de 8 a 10 quilos por tonelada
co Paulista, assinado pelo governo de São
de palha, e sem equipamentos que redu-
Paulo e o setor em 2007, e requisitos de
zem a quantidade de impurezas, os danos
eficiência energética.
na indústria são grandes.
A primeira experiência com recolhi-
O recolhimento da palha é por meio
mento de palha do Grupo Raízen foi em
de enfardamento de palha inteira, na in-
2004, por meio de um projeto piloto na
dústria há um sistema de desenfardamen-
69
C A PA
COMUNICAÇÃO RAÍZEN
Antonio Fernando: “só haverá investimentos se houver garantia de retorno”
to, onde são retiradas as cordinhas, depois a palha segue para o triturador. Antonio Fernando salienta que a Raízen está atenda à evolução do processo de uso da palha, mas que maiores investimentos só ocorrerão se houver garantias de retorno. “Hoje, infelizmente, o governo não nos dá segurança.”
Quando é economicamente viável recolher a palha? ver se os investimentos compensam. Fran-
ção ás energias renováveis, realmente as-
cisco Linero, Especialista Agroindustrial do
susta o setor, que faz muitas contas para
CTC, diz que a viabilidade em recolhimenCOMUNICAÇÃO ALTA MOGIANA
A instabilidade do governo em rela-
Carregamento de fardos na Alta Mogiana
70
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Soluções Integradas para o aproveitamento da biomassa
Sistema para processamento de palha enfardada
A
FRAGMAQ é uma empresa especializada em fornecer soluções para trituração de materiais através de trituradores de baixa potência e alto torque. Possui uma área especializada em processamento de biomassa principalmente no segmento de palha de cana-de -açúcar para aproveitamento na indústria como combustível para geração de vapor e Etanol 2G. Oferece completa análise técnica e financeira para o desenvolvimento de projetos de recolhimento de palha, que abrange todo o processo: do canavial à entrega do fornecimento de energia. A FRAGMAQ disponibiliza tecnologia dirigida para o mais eficiente aproveitamento da palha de cana, como: trituradores, desenfardadores com retirada de cordoalha automática, esteiras transportadoras, peneiras e todos os equipamentos necessários para um sistema completo de processamento. Confie na qualidade da Fragmaq. Entre em contato com a Fragmaq e conheça suas soluções integradas que o ajudarão a desenvolver o melhor projeto para aproveitamento da biomassa.
A Fragmaq oferece equipamentos necessários para um sistema completo de processamento
Desenfardador com retirada de corda
Fragmaq Indústria e Comércio de Máquinas Rua José Bonifácio, 1.925 - Serraria - Diadema / SP (11) 4056-8057 / 4056-5426 / 4056-7890 fragmaq@fragmaq.com.br · www.fragmaq.com.br
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C A PA to de palha se faz a partir de uma análi-
panorama de mercado atual, e para usinas
se específica para cada usina e depende-
com potencial de exportação de energia
rá das estratégias comerciais, capacidade
elétrica adicional, em geral preços acima
tecnológica, fatores de mercado, indicado-
de R$ 200,00/MWh viabilizariam projetos
res de custo benefício, custo de oportuni-
de recolhimento de palha.
É preciso ter cuidado para não aumentar a compactação do solo
dade e capacidade de investimento. Uma
Samir Fagundes salienta que a bio-
vez que esse grupo de fatores se mostre
massa palha é utilizada em diferentes ro-
favorável e com índices atrativos à usi-
tas, as de maior destaque são: Energia e
na, os projetos e investimento em recolhi-
Etanol 2G. A crescente demanda por ener-
mento de palha tornam-se viáveis. Para o
gia, principalmente no Centro-Sul, tem
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promovido o uso da palha na cogeração
picada custa em torno de R$ 600 mil, de-
de energia. A recuperação dos valores
pende do valor do dólar, pois é importa-
pago por MWh está viabilizando a reto-
da, para tracioná-la é necessário trator de
mada dos investimentos em recolhimen-
270 cavalos, fora os demais implementos,
to de palha. Em termos gerais, valores de
como aleiradores, mas a expectativa é que
MWh acima de R$ 160,00 tendem a tor-
o negócio se pague em dois anos. Porém,
nar o processo de recolhimento de palha
Júlio alerta: recolhimento de palha com
viável.
distância acima de 50 quilômetros não é
O custo da matéria-prima, no caso o
viável. Também é preciso mensurar danos
fardo, observa Samir, deve ser levado em
com compactação de solo e perdas agro-
conta no balanço de viabilidade do uso da
nômicas com a maior retirada da palha.
palha. O custo do fardo está relacionado
res irá refletir diretamente no custo do far-
Análise de viabilidade técnica e financeira para recolhimento de palha
do produzido. Ou seja: umidade adequada
O aumento do interesse do setor no
+ baixo nível de impureza + maior densi-
uso da palha tem atraído parceiros de ou-
dade = menor custo. Além disso, quanto
tros segmentos, como é o caso da Frag-
melhor a qualidade da matéria-prima pro-
maq Indústria e Comércio de Máquinas,
duzida, melhor a otimização do uso dos
de Diadema, SP. Um dos serviços presta-
barbantes que amarram os fardos.
dos pela empresa é a análise de viabilida-
a três fatores: Umidade; Impureza mineral; Densidade. A combinação destes três fato-
Mas Samir salienta que, assim como
de técnica e financeira para recolhimen-
na colheita da cana, o custo do recolhi-
to de palha, que abrange todo o processo:
mento da palha pode variar de um canavial
do canavial a entrega ao fornecimento de
para outro. A otimização logística da ope-
energia. Segundo Carlos Zanchini, da Frag-
ração é fundamental para redução de cus-
maq, a análise considera itens como: dis-
tos. O dimensionamento dos equipamen-
ponibilidade de área e de biomassa, raio
tos e das frentes de colheita deve garantir
médio de distância, integridade do ca-
um fluxo contínuo de abastecimento de
navial, consumo de combustível, equipa-
biomassa. Uma operação “piloto” é sem-
mentos apropriados para cada operação,
pre recomendada para adequação do pro-
custos de insumos (cordas e faquinhas) e
cesso às especificidades de cada cliente.
avaliação das oportunidades de mercado.
Para o recolhimento de palha, Júlio
Zanchini sabe que cada caso é um
Márcio diz que o investimento é alto, só a
caso, mas apresenta como exemplo o ga-
enfardadora que produz fardos com palha
nho de uma empresa, que moi 1,5 milhão
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FRAGMAQ
C A PA
Análise econômica do uso da palha de cana
de toneladas de cana e com produtividade
biomassa são: 1. Palha solta (Colheita Par-
média de 75 toneladas por hectare, adi-
cial de Palha junto com a cana) e 2. Palha
ciona a palha de cana entre suas matérias
em fardos. A viabilidade de cada um dos
-primas: veja imagem.
métodos novamente dependerá das particularidades de cada usina vinculadas, den-
Qual o método mais viável de recolhimento de palha?
tre outros fatores a: 1. Participação de área
Francisco Linero, Especialista Agroin-
Raio de recolhimento de cana; 3. Estrutu-
dustrial do CTC, explica que atualmente as
ras industriais para recebimento de cana
duas principais formas de obtenção dessa
e processamento de palha; 4. Disponibi-
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de colheita própria e de fornecedores; 2.
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lidade de equipamentos agrícolas (para
mato dos mesmos são as principais carac-
colheita de cana e para as frentes de en-
terísticas que garantem o sucesso desta
fardamento) e mão de obra; 5. Demanda
tecnologia. Porém a operação no campo
diária por cana na indústria; 6. Quantida-
ainda passa por outros dois processos: o
de de palha que se deseja processar, etc.
aleiramento (anterior ao enfardamento) e o
Para algumas usinas o enfardamento pode
recolhimento do fardo (posterior ao enfar-
ser o mais viável, para outras a colheita de
damento). Ou seja, da mesma maneira que
palha solta ( junto a carga de cana) e para
ocorre na colheita da cana, a complexidade
outras, ainda, a integração de ambos os
da operação faz com que o recolhimento
métodos pode ser viabilizada. De modo
da palha seja um processo dinâmico sem-
geral, os estudos realizados pelo CTC indi-
pre em busca de melhores soluções para
cam que para raios de recolhimento acima
cada operação específica”, salienta Samir.
de 8 km, justificariam a adoção da rota de palha enfardada.
Veja vídeo de aleiramento na Agrícola Rio Claro
Veja vídeo do enfardamento de palha na Agrícola Rio Claro
Experiência no assunto não falta para Dalben, a Agrícola Rio Claro conta com Nos últimos 10 anos, diz Samir, fo-
8.611 hectares de cana, com produção de
ram estudados diferentes formas de apro-
cana entre 500 mil e 600 mil toneladas. O
veitamento da palha, onde diversas tec-
método de recolhimento de palha adota-
nologias foram colocadas à prova, tanto
do pela Rio Claro é o enfardamento, se-
no campo quanto na indústria. Segundo
gundo ele, mais eficiente do que levar a
ele, no campo, o conceito que apresentou
cana com palha para a indústria.
maior destaque foi o recolhimento da pa-
A Agrícola Rio Claro testou enfarda-
lha após a colheita mecanizada utilizando
mento com rolos redondos com palha in-
as enfardadoras ditas “gigantes”.
teira, mas passou para o enfardamento
“A densidade obtida nos fardos pro-
com a máquina que tritura a palha e forma
duzidos por estas máquinas aliada ao for-
fardos retangulares. De acordo com Dal-
75
FRAGMAQ
C A PA ben, as vantagens em relação aos fardos redondos são: os retangulares têm maior rendimento operacional - 400 kg, contra 120 a 160 kg dos redondos que acarretam perdas em densidade de carga no transporte na acomodação na carroceria e carretas; nos retangulares, o processo é de prensagem, já nos redondos, amarração, tendo este último maior dificuldade em desenfardar na indústria. Para Dalben, é mais vantagem levar os fardos de cana com palha triturada para a indústria, inclusive, é uma das exigências da Zilor, os nove fornecedores de palha da empresa adotaram o mesmo sistema de Dalben.
Veja vídeo do triturador de palha da Fragmaq
dos com palha inteira, Carlos Zanchini, da Fragmaq, diz que a empresa oferece soluções para trituração da palha por meio de trituradores de baixa potência e alto torque, instalados na indústria. “Além dos
Mas nem tudo são flores no negó-
trituradores, temos ainda em nosso por-
cio de recolhimento de palha, Dalben aler-
tfólio desenfardadores com retirada de
ta que as enfardadoras são de alto custo e
cordoalha automática, esteiras transporta-
importadas, além da valorização do dólar,
doras, peneiras e todos os equipamentos
o importador ainda paga 45% de imposto.
necessários para um sistema completo de
“As peças também são importadas, são ca-
processamento.”
ras e demoram para chegar.”
Zanchini salienta que é fundamen-
Mas a maioria dos exemplos de re-
tal reduzir o volume de impurezas mine-
colhimento de palha de cana são de far-
rais que segue com a biomassa e as solu-
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Projeto da Fragmaq em unidade sucroenergética
ções de sua empresa contribuem para isso
Henrique Mattosinho D’avila explica
e, já há vários projetos em funcionamen-
que, no caso da palha enfardada destaca-
to ou em desenvolvimento em unidades
se a construção da planta de demonstra-
sucroenergéticas.
ção em escala comercial na usina Ferrari, com capacidade de processamento de
O CTC tem projetos para recolhimento da palha da cana
100.000 t de palha/safra, a qual deve ini-
O CTC possui projetos em fase co-
disso, apoiado pelos 40 anos de experi-
mercial para o processamento industrial
ência nesse segmento, o CTC entrega ao
de palha de cana-de-açúcar, tanto para a
mercado uma solução que visa a otimiza-
rota de palha solta – cuja estrutura indus-
ção do aproveitamento de palha de cada
trial de separação e processamento deno-
usina, considerando os aspectos agronô-
mina-se como Sistema de Limpeza a Seco
micos, agrícolas e industriais, garantindo a
– quanto para a rota de palha enfardada.
sustentabilidade do sistema.”
ciar as operações em julho de 2015. “Além
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C A PA
Forrageiras entram no canavial PROCESSO DE PALHA DE CANA PICADA POR FORRAGEIRA APRESENTA MENOR QUANTIDADE DE IMPUREZAS, GRANULOMETRIA HENGEL
UNIFORME E REDUÇÃO NO CUSTO DA OPERAÇÃO
Transbordo bascula no caminhão de transporte de biomassa a palha picada pela forrageira
N
a busca por alternativas mais vi-
Bio Palha, em uma frota equipada para o
áveis para o recolhimento de pa-
transporte adequado de palha, bagaço,
lha da cana, a Hengel / Bio Palha,
cavaco de madeira, biomassa em geral.
empresa localizada em Assis, SP, tira a en-
Essa opção não se trata de uma práti-
fardadora do canavial e coloca a forragei-
ca de quem não entende do assunto, mui-
ra. O processo é o seguinte: a palha é alei-
to pelo contrário, a Hengel desde 1985
rada (como no processo tradicional), em
atua nas locações de máquinas para movi-
seguida entra a forrageira picando a pa-
mentações de bagaço, transportes de bio-
lha e transferindo-a para o transbordo que
massa, recolhimento de palha e comercia-
se movimenta ao lado da forrageira. Assim
lização de biomassa.
que o transbordo completa sua carga, se-
A empresa iniciou o trabalho com re-
gue para bascular a palha nos caminhões
colhimento de palha, por meio de enfar-
de transporte de biomassa. A Hengel /
damento de palha inteira, em 2006. Além
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negócios, é combinar inovação com viabilidade econômica, por isso, o desenvol-
Veja vídeo com a ação da forrageira no canavial
vimento tecnológico não para. Há dois anos, iniciaram a prática de recolhimento de palha de cana com forrageira. A qualificação e o envolvimento dos profissionais da Hengel / Bio Palha, possibilitaram o aperfeiçoamento do processo, a tal ponto de Danilo afirmar que: “quando olhamos a operação completa agrícola + lo-
de realizar o aleiramento, enfardamento
gística + indústria não temos dúvida que
e transporte dos fardos até a indústria, a
a operação com forrageira picando na la-
Hengel / Bio Palha, desenvolveu um pi-
voura mostra ser a melhor opção.”
cador de palha, chamado de moinho. O
Para embasar sua colocação, Danilo
equipamento fica na indústria e mói os far-
apresenta os ganhos diretos com a entra-
dos de palha, que depois será incorpora-
da da forrageira:
da ao bagaço. O picador já se encontra em
- Grau de impureza mineral entre 2%
várias empresas que utilizam a biomassa
a 3% por tonelada de palha (no processo
como fonte de energia, não só unidades
de enfardamento varia de 6% a 9%;
sucroenergéticas.
- Granulometria baixa de 1,5 a 2,5 cm; - Menor compactação do solo, de-
Confira o vídeo do moinho de palha em operação na indústria
HENGEL
vido a diminuição de equipamentos no processo; - Reduz a movimentação no pátio da indústria e a quantidade de funcionários envolvidos na operação; - Elimina área de armazenamento dos fardos (diminuindo o risco de incêndio), é utilizada a estrutura já existente de recebimento de outras biomassas como bagaço e cavaco; Mas a proposta da Hengel / Bio Palha, segundo Danilo Monteiro, gestor de
- Elimina o custo com as cordinhas e com o desfardamento;
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C A PA
Forrageira possibilita palha picada com granulometria uniforme
toneladas, já a carga com a palha picada varia de acordo com a umidade da palha colhida, mas é em torno de 14 toneladas. Mesmo com essa menor quantidade de palha transportada no processo da forrageira, essa opção continua mais viável economicamente, afirma Danilo. “Não comparamos apenas o peso, o custo de frete, do barbante e do operacional, mas sim a operação como um todo, incluindo a menor quantidade de impurezas e a granulometria uniforme.” De acordo com Danilo, a prática de recolhimento de palha picada com forrageira aprimorada pela Hengel / Bio Palha, já está em desenvolvimento em empresas sucroenergéticas como Raízen. A empresa também presta serviço no recolhimen- Economia de energia sem o uso do picador, além de não haver mais o custo de manutenção do equipamento, com desgaste das facas, por exemplo.
to de palha para produtores de cana, atendendo a região Centro-Sul. Danilo observa que para Hengel sempre há espaço para melhorias contínu-
A menor quantidade de impurezas
as, por isso, as pesquisas e os investimen-
e a granulometria uniforme para atender
tos não param, e além de continuar o apri-
o melhor funcionamento da indústria são
moramento do recolhimento da palha de
resultado de adaptações que a Hengel /
cana, a empresa tem no forno outras ino-
Bio Palha, realizou na forrageira e de acer-
vações que contribuirão para incrementar
tos no processo.
o uso da biomassa.
Danilo observa que o caminhão ao transportar os fardos, carrega de 25 a 30
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Não perca nas próximas edições da CanaOnline.
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TE C NOLOGIA IN D U STRIAL Cana, palha e impurezas seguem para a indústria
Mais impurezas e mais palha, como fica a indústria? OS EFEITOS DO AUMENTO DO CORTE MECANIZADO DE CANA CRUA O USO DA PALHA NAS INDÚSTRIAS SUCROENERGÉTICAS
Luciana Paiva e Leonardo Ruiz
A
vida da indústria sucroenergética
ção do Protocolo Agroambiental, assinado
não tem sido fácil para se adap-
em 2007 e que estipulou a erradicação da
tar às inúmeras mudanças ao lon-
queima da cana-de-açúcar para o ano de
go dos últimos anos. A maior delas foi a
2014 em áreas mecanizáveis, provocaram
transição da colheita manual para a me-
uma corrida para se estabelecer a mecani-
canizada de cana crua. A escassez de mão
zação da lavoura.
de obra e, no caso de São Paulo, a cria-
82
Essa “correria” para se adaptar à me-
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para indústria. Os profissionais do Centro
deles é o aumento de impurezas minerais
de Tecnologia Canavieira (CTC), Francisco
(3 a 4%) e vegetais (12 a 15%) na indús-
Linero, Especialista Agroindustrial e Hen-
tria. As impurezas sobrecarregam os equi-
rique Mattosinho D’avila, Especialista em
pamentos de recepção, preparo e extração
Negócios, explicam que tanto a palha sol-
(aumento da carga e do consumo de po-
ta, quanto a palha enfardada requerem es-
tência), bem como os sistemas de trans-
truturas industriais específicas para sepa-
porte e movimentação de bagaço, redu-
ração e processamento dessa biomassa.
zem a capacidade de moagem, a extração
De modo geral em ambos os casos, a pa-
DIVULGAÇÃO ZANINI
canização acabou gerando problemas, um
Recolhimento de palha precisa de cuidados para levar menos terra para a indústria
do caldo e o índice de percolação nos di-
lha passa por uma sequência de proces-
fusores, e desgastam, prematuramente, os
sos que incluem o recebimento, abertura,
equipamentos, dificultando os tratamen-
limpeza e trituração do material para que
tos de caldo e aumentando o custo do
possa ser adequadamente utilizado como
transporte da cana.
combustível em caldeiras.
A prática do recolhimento da pa-
Em termos financeiros, a chegada de
lha, que cresce no setor em decorrência
palha na indústria implica no aumento da
dos bons preços da energia, engrossa ain-
disponibilidade de biomassa, possibilitan-
da mais a quantidade de terra que segue
do, inclusive, incrementos significativos de
83
TE C NOLOGIA IN D U STRIAL receita com a exportação de energia elétrica adicional em períodos de entressafra. Mas é preciso cuidados no campo durante o processo de recolhimento da palha para levar menos terra para a indústria. O Grupo Zilor, que desde 2004 utiliza palha para a produção de energia, emprega uma tabela de porcentagem de impurezas da palha recebida, por exemplo, se o índice for entre 3 a 6%, o desconto no valor pago pela tonelada é de 10%, quanto mais impureza, maior a porcentagem de desconto.
Mas será que a indústria está pronta para receber essas impurezas? Santa Cândida e Paraíso, do Grupo Tonon, Antônio Carlos Viesser, afirma que, em sua maioria, as indústrias não estão preparadas para processar esse volume de impurezas vegetais (palha) que tem chego às unidades. “Isso se deve, primeiramente, ao aumento forçado da mecanização devi-
DIVULGAÇÃO TONON BIOENERGIA
O gerente industrial das unidades
do à antecipação da não queima da cana. Além disso, o momento financeiro em que vive o setor impossibilitou as usinas de investir em novos processos e melhorias em equipamentos”. Ele conta que diversos foram os impactos na indústria, sendo o maior deles na moenda, pois, com o aumento da palha, se tem mais fibra, sendo a moenda um equipamento volumétrico calculado para processar fibra, acaba-se tendo duas ver-
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Para Viesser, as indústrias, em sua maioria, não estão preparadas para processar esse volume de impurezas vegetais (palha) que tem chegado às unidades
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As caldeiras estão entre as partes da indústria mais sensível às impurezas
tentes, onde o volume de cana processado e a extração da moenda são menores. Outros empecilhos são o aumento de torta de filtro e, por consequência, maiores perdas na torta; maiores desgastes com facas, martelos, pentes e camisas de moendas; maior consumo de eletrodo de chapisco; maiores desgastes com chaparia de esteira de cana e bagaço; desgastes prematuros de tubulações de caldeiras, dificuldades operacionais com sistema de lavagem de gases das caldeiras; aumento dos insumos na fábrica de açúcar; interferência da qualidade do açúcar em relação aos níveis de amido, cinzas e insolúveis no açúcar e problemas na fer-
Crise reduz investimentos em tecnologias que “protegem” a indústria das impurezas
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DIVULGAÇÃO ZANINI
Separador de palha e terra
Marcus Menato: “A demanda por novos equipamentos voltados a essa nova realidade do setor aumentou consideravelmente”
mentação relacionados à maior presença de ácido aconítico. O gerente industrial afirma que, com esse cenário, as dificuldades são inúmeras, pois, para mitigar esses impactos, são necessários novos investimentos que, por hora, estão proibidos no setor. “No momento, cabe a cada empresa usar da criatividade para superar esses desafios.”
Indústria aos poucos se ajusta as novas tendências Para o engenheiro de processos (Engenharia de Açúcar e Álcool – Zanini Indústria e Montagens Ltda), Marcus Menato, as indústrias estão, aos poucos, se adaptando a essa realidade, investindo em equipamentos e adequação de processos que possibilitem a retirada/separa-
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DIVULGAÇÃO ZANINI
ção dessa palha antes de passar pela moenda. “Foram realizadas alterações, desde o sistema de recepção da cana (mesas e tombadores laterais); instalação dos sistemas de limpeza de cana a seco, de telas perfuradas nos equipamentos de recepção e de separadores de impurezas minerais; aquisição de equipamentos para processamento e picagem de palha, além de desenfardadores; substituição do aço carbono pelo inox; aumento do tempo de retenção nos decantadores; modificação e uso do inox nos geradores de vapor (caldeiras) e redimensionamento das esteiras de bagaço e dos sistemas de filtração do lodo”. O engenheiro conta que a demanda por novos equipamentos voltados a essa nova realidade aumentou consideravelmente, sendo que a maioria das usinas está projetando seus investimentos no sentido de se adequar e, ainda, aproveitar os benefícios da palha no processo de cogeração. E os sistemas de limpeza de cana a seco se encaixaram perfeitamente nesses planos e já se tornaram uma das principais saídas das usinas para superar esses desafios. A finalidade principal dessa tecnologia é a de separar a palha e a terra da cana colhida mecanicamente. O conceito pode ser aplicado tanto para o processamento da cana inteira (mesas alimentadoras) como picada (descarga direta). O processo, que veio para substituir efetivamente a
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DIVULGAÇÃO ZANINI
TE C NOLOGIA IN D U STRIAL
Sistema para limpeza de cana a seco e aproveitamento da palha ajuda a diminuir o nível de impurezas mineiras e vegetais na indústria
lavagem da cana, possui eficiência de re-
rar as impurezas minerais e aproveitar as
moção de impurezas entre 40% e 70%.
vegetais”. Além dos benefícios já citados, Costa
Em 90% da cana processada na Barralcool é utilizado o sistema de limpeza a seco via úmida
Neto afirma, ainda, que o sistema proporciona um aumento de biomassa na usina e, consequentemente, uma maior oferta de comercialização de energia.
Uma das usinas que já adotou essa
Bugres. Segundo o gerente industrial,
Usina Pitangueiras recolhe palha e tem baixa incidência de impurezas
José Raimundo Costa Neto, em 90% da
Na Usina Pitangueiras, localizada
cana processada na usina é utilizado o
no município paulista de mesmo nome,
sistema de limpeza a seco via úmida. “O
o combate às impurezas é feito ainda no
processo, utilizado desde 2009, visa reti-
campo, ou seja, a estratégia da Usina é a
tecnologia é a Barralcool, localizada no município mato-grossense de Barra do
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de levar cana limpa para a indústria. O ge-
tor. “Na safra passada, fechamos com índi-
rente industrial da unidade, Gilmar Galon,
ce de perda de 1,8% e obtivemos a média
conta que foram feitas alterações nas co-
de 60 kg/t de impureza vegetal e 55 kg/t
lhedoras a fim de evitar que a palha e a
de impureza mineral. A média do setor é
terra sejam levadas para a área industrial
de 80 kg/t vegetal e 78 kg/t a mineral. O
junto da matéria-prima.
segmento precisa melhorar a eficiência e
Outra estratégia da Pitangueiras é
grande parte dessa melhoria deve ser na
trabalhar a conscientização do pessoal da
área agrícola, pois o açúcar é feito no cam-
agrícola, por meio de muito treinamento,
po, para a indústria cabe a recuperação”.
controle rígido e oferecendo prêmio pelo
Outras medidas que podem ser ado-
resultado obtido, isso é fundamental, os
tadas pelas empresas visando mitigar os
funcionários se empenham mais.
impactos incluem buscar junto aos forne-
Os métodos têm dado certo, pois
cedores materiais mais resistentes a abra-
mesmo após ter adotado, a partir da sa-
são, intensificar a aplicação de eletrodos
fra passada, a prática de recolhimento
nas moendas “chapisco”, e, na medida do
de palha para a produção de energia, a
possível, aumentar os diâmetros das cami-
quantidade de impurezas da cana da Pi-
sas da moenda visando garantir moagem/
tangueiras está entre os menores do se-
hora efetiva e extração.
Mesmo com o recolhimento de palha, a Usina Pitangueiras apresenta baixo índice de impurezas
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Área de suprimentos requer uma logística redonda
Logística é assunto sério na Jalles Machado
GESTÃO PROFISSIONAL EM LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS GARANTE RESULTADOS COM SEGURANÇA PARA AS USINAS
Clivonei Roberto funcionamento de uma usina de
O
Estes são apenas alguns exemplos
açúcar, etanol e energia é com-
de processos que fazem parte do dia-a-
plexo. Tem uma rotina compos-
dia da usina, mas que ficam comprometi-
ta por uma infinidade de processos dife-
dos ser houver falha em algum ponto da
rentes. Quando a safra começa, a indústria
logística de suprimentos. Afinal, se o car-
inicia a moagem da cana que chega da la-
regamento com produtos químicos atra-
voura; as colhedoras precisam operar a
sar, a fabricação de açúcar e etanol pode
todo vapor para não faltar matéria-prima
parar. Se não chega “faquinha” para as co-
nas moendas e o departamento de supri-
lhedoras, a colheita pode ser interrompida
mentos fica atento com toda a demanda
e vai faltar cana na esteira. Se a peça não
de insumos, para garantir o bom funcio-
chegar, a oficina atrasa suas demandas e
namento de todas as áreas envolvidas no
se calcário para fertilizar o solo não é en-
processo.
tregue na data marcada, o plantio de cana
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JALLES MACHADO
LO G Í S TICA
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LO G Í S TICA
vai ter que ficar para depois. O funcionamento adequado de to-
dre Otávio, analista de logística do Grupo Jalles Machado.
dos os departamentos da usina requer
Para ele, a área de logística de supri-
uma infinidade de suprimentos, que pre-
mentos é fundamental para o perfeito an-
cisam ser transportados até a usina com
damento de uma usina sucroenergética.
pontualidade e segurança. “Uma usina
Mais ainda quando a unidade fica distan-
consome vários itens. Desde equipamen-
te dos principais polos fornecedores de in-
tos caros, com alta tecnologia, até um
sumos para o setor, que é o caso da Jalles
equipamento de proteção individual (epi),
Machado, situada na cidade de Goianésia,
incluindo ainda produtos críticos, como
170 km a norte de Goiânia. Alguns itens utilizados na usina são
fornecedores específicos, ou simplesmen-
comprados na capital goiana, ou mesmo
te uma resma de papel. Se houver erro no
em outras localidades do estado, como
sistema logístico ou o transportador não
Itumbiara. No entanto, boa parte dos su-
conseguir cumprir com a programação,
primentos usada pela unidade tem que
pode haver tanto atrasos pontuais, como
ser transportada do estado de São Paulo
a interrupção do processo da usina, com
até Goianésia. “Daí a importância de um
grande prejuízo”, explica Ricardo Alexan-
departamento de logística funcional e efiJALLES MACHADO
os químicos, peças encomendadas junto a
A produção não pode parar por atraso de suprimentos
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dível a interação entre a equipe da área de suprimentos da usina com a empresa que presta serviços logísticos. Para o suprimento de rotina da usina, existe um fluxo de compras que a empresa realiza em várias localidades, como Goiânia e Itumbiara, GO, e Sertãozinho, Piracicaba e São Paulo, SP. “O operador logístico contratado recebe as informações diariamente das unidades dos pedidos disponíveis para coleta. Uma vez o pedido disponível, o mesmo entra no sistema da transportadora, que faz o contato com o forneceRicardo Alexandre Otávio: a usina requer uma infinidade de suprimentos, que precisam ser transportados com pontualidade e segurança
dor para o agendamento. Todo o trâmite da mercadoria fica disponível no portal do operador logístico, com dados como dia da
caz para a usina. É preciso fazer a avalia-
coleta, nome do fornecedor, nota, prazo de
ção dos materiais, do ponto de pedido,
viagem, até a chegada à unidade com com-
compreender toda a dinâmica da logísti-
provante de entrega”, explica.
ca, para que nenhum item falte na unidade”, salienta Alexandre.
De acordo com ele, é importante para a usina contratar um operador logís-
O desafio da área logística da usina
tico que tenha condições de atender suas
é otimizar a entrega dos diferentes produ-
demandas. “A usina tem que se preocupar
tos a partir do fornecedor, e sempre en-
apenas em produzir cana e fabricar açúcar,
tendendo a necessidade do cliente inter-
etanol, energia. Por isso, para ter tranqui-
no. Alexandre salienta que a logística de
lidade no dia-a-dia, é importante incum-
suprimentos bem-feita consegue reduzir
bir um operador logístico especializado
custos para a empresa. “Isto ocorre quan-
no setor e que ofereça vários benefícios.”
do esse produto é fabricado e entregue
Para Alexandre Otávio, é necessá-
ao cliente no menor tempo e a um custo
rio tomar alguns cuidados para não correr
competitivo.”
o risco de ficar na mão. É preciso ter um
Alexandre Otávio explica que a Jalles
operador logístico que tenha rotinas mui-
Machado tem um contrato de prestação
to bem definidas; tecnologia de informa-
de serviços com um operador logístico. E
ção ágil e completa; frota moderna e con-
para o êxito de cada entrega, é imprescin-
fiável, dotada de equipamento com baixa
93
LO G Í S TICA emissão de gases poluentes; serviço de
nou referência em logística de suprimen-
follow-up; além de licenças e certificações.
tos para o mercado de açúcar e etanol em
“Para oferecer serviços logísticos para
todo o Centro-Sul.
a Jalles Machado é pré-requisito ter todas
Segundo Ricardo Amadeu da Silva,
as autorizações e licenças exigidas pela le-
CEO da TE, sua empresa atende hoje os
gislação. No caso de transporte de produ-
maiores grupos sucroenergéticos do país,
tos químicos, exigimos da transportadora
como Adecoagro, Bunge, Raízen, São Mar-
pelo menos uma certificação, que é o SAS-
tinho, Odebrecht Agroindustrial, Guarani,
SMAQ (Sistema de Avaliação de Seguran-
Noble, Biosev, BP Biocombustíveis, SJC,
ça, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade).”
Cargil, JBS, Jalles Machado, dentre inúmeros outros, que são cases de sucesso em
Credibilidade e fidelização
logística de suprimentos neste segmento.
Pela importância da logística de su-
Ele frisa que um portfólio deste nível
primentos para o Grupo, a Jalles Macha-
é fruto da credibilidade que a TE conquis-
do procurou no mercado um operador lo-
tou junto a este setor. “A credibilidade que
gístico com experiência no atendimento
temos neste mercado e a fidelização dos
do setor sucroenergético. Firmou contrato
nossos clientes são o nosso maior patrimô-
com a TransEspecialista (TE), empresa se-
nio, resultado de muito trabalho. É uma his-
diada em Sertãozinho, SP, que já se tor-
tória de quinze anos de comprometimento
Ricardo, CEO da TE, “a relação com cada cliente precisa ser muito bem conduzida, com acompanhamento e suporte personalizado”
94
Junho · 2015
95
LO G Í S TICA com o setor, o que faz da TransEspecialista um ‘porto seguro’ para a agroindústria canavieira na área de logística de suprimentos”, confidencia Ricardo Amadeu.
Refinamento do processo O know-how no atendimento da logística de suprimentos de uma usina é fruto do refinamento permanente das rotinas. Desde o follow-up, aprimoramento contínuo dos processos, muita seriedade e comprometimento de toda a equipe. Um bom layout operacional, com SLA definido, a integração entre as equipes e o operador Logístico, o que garante
Constante renovação de frota
avanços nas rotinas e gera gradativamente mais resultados. “O refinamento permanente das rotinas é crucial para a sobrevivência das or-
energético. O nível de serviço disponibilizado é fruto de um trabalho especializado em logística de suprimentos.
ganizações nesse novo mercado. Por isso,
Para Ricardo Amadeu, cada cliente da
sempre buscarmos a melhoria é a nossa
TE é muito mais do que um contrato. Exi-
tônica”, diz Cesar Montenegro, GOC da TE.
ge um relacionamento atencioso e perso-
A melhoria constante somente é pos-
nalizado por parte das diferentes equipes
sível porque a TransEspecialista realiza um
do operador logístico. “A relação com cada
trabalho especializado, ímpar no mercado.
cliente precisa ser muito bem conduzida,
Ricardo alicerça-se na vontade, energia e
com acompanhamento e suporte perso-
dedicação da equipe, como “ponta de lan-
nalizado às suas demandas. Este suporte
ça” para o sucesso. Segundo ele, a “equi-
é fundamental para que os compromissos
pe” é o segredo do sucesso e diferencial
assumidos sejam efetivamente cumpridos
de competitividade da TransEspecialista.
pelo operador. É importante estar sempre próximo do cliente e, em todas as ques-
Equipe afinada e compromisso com o cliente
tões, é preciso uma integração e um diálo-
A TransEspecialista oferece um pro-
cada vez mais criativo e sustentável, sem-
duto diferenciado para o mercado sucro-
96
go inteligente. Assim, criamos um modelo pre aplicando a relação ganha-ganha.”
Junho · 2015
ços TE foram configurados nos novos contratos, conforme SLA pactuado”, destaca o CEO da empresa. Segundo Ricardo Amadeu, “isto é resultado de um esforço em conjunto de todos, com ajuste em tabelas, maior maturidade das equipes, maior integração entre as áreas comercial/ operacional, além de
DIVULGAÇÃO TRANSESPECIALISTA
criatividade, para se adequar ao momento difícil, sem perder em qualidade.” Com essas ações, a empresa consegue executar uma logística enxuta e eficaz, com resultados comprovados pelos clientes. “A TE se preocupa em “entregar o seu produto” de forma sistêmica, o que é nossa marca nos nossos quinze anos de mercado”, finaliza.
Mesmo com a crise, a TransEspecia-
De acordo com ele, a TransEspecia-
lista mantém a qualidade operacional e
lista acredita muito na força do setor bio-
os diferenciais de serviços oferecidos para
energético, certa de que os combustíveis
o mercado. Exemplos disso são a manu-
fósseis serão substituídos, que o País pre-
tenção dos entrepostos e centros de dis-
cisará de energia e alimento, e que a in-
tribuição, a renovação de frota, os treina-
dústria da cana entrará novamente num
mentos e os investimentos em tecnologia.
novo ciclo de crescimento.
A empresa mantém benefícios, como empilhadeiras comodatadas, follow-up integrado, janelas de entrega com veículos dedicados em rotas fixas, desenvolvimentos e assessoria. “Todos estes servi-
A TE se preocupa em entregar o produto de forma sistêmica
97
E CON OMIA
“Setor canavieiro precisa se organizar, do campo ao banco”, dizem especialistas
Marcos Fava Neves, Fabiana Balducci, Ismael Perina, Rodolfo Geraldi, Waldemar Deccache e Edvaldo Vellini
Andréia Moreno, da MBF Agribusiness
O
rganizar a gestão, desde o cana-
para a Gestão Agroindustrial. Entre os pa-
vial, dando atenção às questões
lestrantes e debatedores do evento “O Se-
de tratos culturais e aumento de
tor Bioenergético: Uma Resposta à Rea-
produtividade, passando pela integração
lidade” participaram o jornalista Carlos
das áreas industrial, administrativa e finan-
Alberto Sardenberg; Marcos Fava Neves –
ceira até chegar ao banco, para aumentar
Markestrat / FEA USP; Edivaldo Domingues
sua credibilidade junto ao mercado. Essa
Velini - CNTBio e UNESP; Fabiana Balduc-
foi a mensagem deixada por diversos es-
ci – Credit Suisse; Ismael Perina – Câmara
pecialistas, ao relatar os principais proble-
Setorial da Cadeia Produtiva de Açúcar e
mas e soluções para a crise do segmen-
Álcool; Rodolfo Geraldi – Vértice Assesso-
to sucroenergético, no dia 28 de maio, em
ria e Consultoria Agronômica e Waldemar
Ribeirão Preto, SP, durante lançamento da
Deccache – Deccache Associados.
empresa Organize – Soluções Integradas
98
Os executivos comentaram que no-
Junho · 2015
plementados no setor para atender ao re-
A importância da gestão de qualidade
quisito de consistência e resultados nas
Fabiana Balducci, do Banco Credit
empresas. “Somente assim o mercado fi-
Suisse, foi enfática em dizer que o gran-
nanceiro deverá olhar para o setor de for-
de desafio do segmento é ganhar produ-
ma mais flexível, proporcionando a re-
tividade, organizar a gestão e cortar cus-
tomada dos financiamentos. A Organize
tos. “Falta gestão ativa, o setor aplica mal
surge com o apoio financeiro de grandes
o seu dinheiro. É preciso buscar a aliança
players do setor, que precisam ter uma
com os bons fornecedores, pois a questão
empresa qualificada com o aval de que o
preço não garante a qualidade. Estou fe-
crédito possa ser destinado às empresas e
liz com o lançamento da empresa Organi-
que serão bem utilizados”, revelou o só-
ze, pois poderá enxergar os problemas das
cio-diretor da Organize, Marcos Françóia,
empresas e solucioná-los”, disse.
vos modelos de gestão precisam ser im-
da MBF Agribusiness.
Ismael Perina, presidente da Câma-
Público conhece os diferencias da Organize e se atualiza sobre o cenário do setor
99
E CON OMIA ra Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar
sem infraestrutura, sem planejamento fi-
e do Álcool, ligada ao Ministério da Agri-
nanceiro e sem logística adequada. Não
cultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
há capacitação e sem planejamento não
enfatizou que juntar um time com reno-
dá para sobreviver”, resumiu.
mados consultores como aconteceu com
Weber Valério, sócio-diretor da Or-
a Organize é uma ótima oportunidade
ganize e da Consult Agro, lembrou que
para ajudar o setor e concordou com Fa-
o segmento está à deriva e desorganiza-
biana, na importância da gestão e do con-
do. “Precisamos organizar o setor com so-
trole de custos nas empresas.
luções integradas em todas as áreas. Não
O sócio-diretor da Organize Rodolfo
dá para elaborar um orçamento sem inte-
Geraldi, da Vértice, ressaltou que o futu-
grar a área agrícola, industrial e área ad-
ro pode ser promissor se o setor enxergar
ministrativa e financeira. Deve haver uma
seus erros e estudá-los para não cometê
sinergia. É possível produzir num nível de
-los novamente. “Havia muita euforia du-
lucratividade e produtividade e reduzir
rante a expansão do setor e muitas usinas
despesas. Não podemos entregar os pon-
foram instaladas em locais impróprios,
tos, temos que lutar”, finalizou.
“Precisamos organizar o setor com soluções integradas em todas as áreas”, salientou Valério
100
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101
GE S TÃ O D E P E SSOAS
O bê-á-bá do campo É PELA DIFUSÃO DO CONHECIMENTO QUE SE APRENDE A DOMINAR AS FERRAMENTAS AGRÍCOLAS, DA ENXADA À AGRICULTURA DE PRECISÃO
O bê-á-bá do campo passou a ser ensinado em outras lousas
Luciana Paiva
A
ntes mesmo de as máquinas se
as safras, a difusão de conhecimento so-
espalharem pelos campos brasi-
bre práticas agrícolas já fazia a diferença
leiros, na época em que as mãos
para a obtenção de maior produtividade e
humanas dividiam com a tração animal o trabalho de lavrar o solo, semear e colher
102
redução de custos. Até mesmo as operações agrícolas
Junho · 2015
Para encabar a enxada de forma correta é preciso de aprendizado
mais simples têm seus segredos. O bom
posição que facilite o corte com perfeição.
é que existe gente que consegue desven-
Resumindo: encabar a enxada é
dá-los e perpetua o descobrimento ao re-
como afinar violão, é uma arte. Por isso,
passá-lo aos demais. Um exemplo é a ta-
havia até os “mestres encabadores”, re-
refa de carpir o mato, o sucesso da prática
quisitados no meio rural para realizarem o
começa ao encabar a enxada. O primeiro
serviço ou ensinarem o ofício. E a aula se
passo é o cuidado com o cabo: é preci-
estendia para a forma precisa de amolar
so raspá-lo, deixá-lo bem lisinho para não
a enxada e finalizava com o jeito de ma-
machucar a mão.
nipular a ferramenta. O mestre salientava
Finalizada a operação, o passo se-
que na hora de carpir, o trabalhador deve
guinte é realizar um cirúrgico corte vertical
prestar atenção na sua postura. Manter as
no final do cabo, um talho de alguns cen-
costas eretas, uma perna à frente da outra
tímetros, onde será fincada uma estaca de
e deixar o pé que está na frente na posição
madeira, chamada cunha. O cabo é intro-
vertical, para que a enxada não bata na ca-
duzido na enxada e aquele talho fica após
nela e o machuque. A enxada não é para
a enxada, onde a cunha é fixada para a en-
podar o mato, mas cortá-lo pela raiz. Por
xada não sair. O encaixe da cunha preci-
isso, atenção para não ficar embolando o
sa possibilitar que a lâmina esteja em uma
mato com a terra, ele vai brotar.
103
GE S TÃ O D E P E SSOAS Esse aprendizado do campo foi repassado por gerações. Assim acontecia nas primeiras culturas agrícolas que tombaram o solo brasileiro: cana-de -açúcar, café, algodão e nos roçados com lavouras de subsistência.
O bê-à-bá do campo ganha novas vertentes Mas no século XX, o país passou da tração animal para a máquina, da subsistência para a economia de escala no campo, do feudo para a agroindústria. A primeira colheita mecanizada de arroz no Brasil aconteceu nos anos de 1930 no Rio Grande do Sul. Em 1952, o então presidente Getúlio Vargas criou o programa ‘Plantai Trigo’ com estímulo à mecanização agrícola. A partir desse momento, ini-
O apre ndizad od repass ado po as operações nas co r gera manu lheitas de café ções, como a ais era co no iníc io do s ntecia éculo X X
ciou a importação de tratores e máquinas agrícolas.
máquinas, era preciso ter volume e repas-
Por volta de 1960, teve início à fabri-
sar novos conhecimentos. Roberto Rodri-
cação de máquinas pesadas e implantou-
gues, produtor rural e ex-Ministro da Agri-
se a produção nacional de tratores. Defi-
cultura, lembra que na década de 1970,
nitivamente, o campo brasileiro não era
a agricultura se intensificava no Brasil. O
mais o mesmo. Estava em curso um pro-
crescimento acelerado da população e da
cesso evolutivo que teria consequências
renda per capita, e a abertura para o mer-
não apenas na economia, mas em toda a
cado externo mostravam que, sem inves-
sociedade.
timentos em ciências agrárias, o País não
E o bê-á-bá do campo ganhou no-
conseguiria reduzir o diferencial entre o
vas línguas, novos traçados, novos per-
crescimento da demanda e o da oferta de
sonagens. O aprendizado não dava mais
alimentos e fibras.
para seguir o ritmo da enxada, mas o das
104
Essa conjuntura levou à criação, em
Junho · 2015
dezembro de 1972, da Empresa Brasilei-
cas edafoclimáticas do país, danificavam o
ra de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
solo ao invés de preservá-lo.
“Pero Vaz de Caminha, quando escreveu a
As descobertas dos pesquisadores
primeira carta sobre o Brasil, fez uma pro-
precisavam ser repassadas ao público ru-
paganda errada, de que ‘o que se planta
ral. Um dos agentes dessa transmissão
aqui tudo dá’. Com isso, as pessoas, os go-
de conhecimento foi a Empresa Brasilei-
vernos, ficaram achando que é fácil desen-
ra de Assistência Técnica e Extensão Ru-
volver a agricultura no Brasil. Não é nada
ral (Embrater), criada em 1975. A pesquisa
disso, precisa de muito investimento, mui-
e a difusão de conhecimento permitiram
ta pesquisa, manejo e tecnologias dife-
a abertura de novas fronteiras agrícolas. A
renciadas, pois o Brasil tem características
Embrater foi extinta em 1990, no gover-
próprias”, salienta Roberto Rodrigues.
no Fernando Collor. Porém, a roda do co-
Embasados
nestas
características
nhecimento não podia parar, o que levou
próprias, os pesquisadores da Embrapa
produtores, entidades rurais e empresas
personalizaram o manejo agrícola brasi-
fornecedoras de produtos e serviços a se
leiro para atender às condições impostas
unirem pela continuidade do processo.
pela região tropical. Até então, as práticas
Uma dessas ações foi a criação, em
agrícolas eram uma cópia das europeias
1991, do Serviço Nacional de Aprendiza-
e, como não respeitavam as característi-
gem Rural (Senar). A entidade conta com
As primeiras frotas de tratores no campo brasileiro
105
GE S TÃ O D E P E SSOAS
Máquinas na colheita da soja no Rio Grande do Sul na década 1960
27 Administrações Regionais que promo-
feitura entrar em contato. “Os cursos são
vem cursos e capacitações para desenvol-
gratuitos e vão desde práticas rurais à pre-
ver competências profissionais e sociais
servação da cultura regional. Atende des-
em aproximadamente 300 profissões do
de pequenos agricultores a grandes em-
meio rural. Segundo o Senar, em 20 anos
presas agrícolas”, diz Ribeiro.
foram atendidos 60 milhões de produtores e trabalhadores rurais. Sérgio Perrone Ribeiro é coordenador geral Administrativo e Técnico do Senar-São Paulo. Ele conta que a entidade desenvolve ações em parceria com 570 sindicatos rurais do estado, mas mesmo as cidades que não têm sindicato também podem usufruir dos cursos. Basta a pre-
Sérgio Perrone Ribeiro: cursos gratuitos e atendimento de pequenos a grandes produtores
106
Junho · 2015
O bê-à-bá da alfabetização A
intensificação
do uso de máquinas no
DIVULGAÇÃO SENAR-RS
Programa ALFA – Alfabetizando para Profissionalizar
campo foi um dos principais fatores que ajudou a impulsionar a
para Profissionalizar).
produção agrícola brasileira nos últimos
Seres Helena Martins, gestora do
anos, permitindo o cultivo em larga es-
ALFA, explica que o Programa é ministra-
cala, viabilizando a produção de mais de
do por educadores residentes na comu-
uma safra por ano em algumas regiões, e
nidade onde é constituída a turma. Esse
suprindo a redução de trabalhadores ru-
educador deve ter no mínimo magistério
rais no país.
e preferencialmente ter experiência do-
Mas, diferente da enxada, a máquina,
cente em alfabetização. É dada a oportu-
para ser manipulada, exige não só conhe-
nidade a Educadores que já se encontram
cimento prático, mas alfabetização. O que
aposentados da profissão. O Senar-RS tra-
levou o Senar do Rio Grande do Sul a criar,
balha por regiões no estado. Cada região
em 1998, o Programa ALFA (Alfabetizando
tem uma Coordenação Pedagógica Regional que dá apoio pedagógico para mais ou menos de 10 a 15 professores. Segundo Seres, o Programa ALFA tem este ano a duração de 219 horas por turma, distribuídas no máximo três horas/ dia durante três dias semanais, totalizando 73 dias letivos, tendo início em abril e devendo terminar na primeira quinzena de outubro. “A faixa etária dos alunos varia de região para região; neste ano estamos com alunos entre 20 a 90 anos. Também iniciamos um projeto piloto no município de São Francisco de Assis, no Centro de
107
GE S TÃ O D E P E SSOAS Atenção Psicossocial (CAPS), de alfabetização para uma turma da APAE. ”
mas e formou 20.990 alunos. Seres relata que a história de vida dos participantes do Programa ALFA é um
fabetizando para Profissionalizar’; o pro-
fator motivador para os integrantes do
fissionalizar vem do objetivo de ensinar
Senar/RS. “Eles trazem uma bagagem ri-
a escrever seu nome para poder realizar
quíssima. São muitas as vitórias dos par-
os cursos oferecidos pelo Senar-RS”, expli-
ticipantes que para nós parecem simples
ca Seres. De acordo com Seres, o públi-
atos, mas para eles, uma janela que se
co masculino faz especificamente o pro-
abre para o mundo. ” O Programa ALFA é
DIVULGAÇÃO SENAR-RS
“O slogan do Programa ALFA é ‘Al-
Alunos de 20 a 90 anos
grama com o objetivo de tirar a carteira
reconhecido com o TOP Cidadania ABRH
de motorista para estar apto para realizar
2009 e Prêmio Oswaldo Checcia ABRH Na-
o curso de Tratores Agrícolas, Colheitadei-
cional 2010 - categoria sustentabilidade e
ras, cursos mais voltados para a lavoura,
responsabilidade social e o TOP de Marke-
para a área da aprendizagem. Já o femi-
ting ADVB 2011.
nino (maioria dos alunos) volta-se para o Feminino e Masculino. Até o ano de 2014
Aprendizagem para adestrar a máquina
o Programa ALFA já completou 1.261 tur-
A alfabetização e aprendizagem
Artesanato, Panificação, Doces, Vestuário
108
Junho · 2015
abrem até mesmo a janela para dominar
fabricam máquinas de AP.
as grandes máquinas com tecnologia em-
A participação de empresas de má-
barcada. É que depois de aprovados nos
quinas e implementos tem sido funda-
cursos de aprendizagem, os alunos do
mental para o desenvolvimento da agri-
ALFA podem realizar o Curso de Agricul-
cultura brasileira. Um exemplo é a Jacto,
tura de Precisão (AP) oferecido pelo pró-
uma das maiores fábricas de pulveriza-
prio Senar.
dores agrícolas do mundo, localizada em
O curso é dirigido a produtores ru-
Pompéia, SP, que criou, em 1979, a Fun-
rais, suas famílias, jovens e trabalhado-
dação Shunji Nishimura de Tecnologia. Em
res do meio rural. Tem carga horária de
1982, inaugurou o Colégio Técnico Shun-
120 horas e é desenvolvido em módulos
ji Nishimura, e em 2005 a Escola Profissio-
como: AP para todos; Piloto Automático;
nalizante Chieko Nishimura. Só o Colégio
Semeadora a taxa variável; Distribuidores
técnico já formou mais de mil alunos. Há
a taxa variável. Para ampliar o programa,
também a unidade Fatec (Faculdade de
o Senar Nacional firmou parcerias com a
Tecnologia do Estado de São Paulo) uni-
Embrapa, universidades e empresas que
dade Pompéia-Shunji Nishimura, que ofe-
Rafael Arcuri Neto: na Jacto, aprendizagem já é tradição
109
GE S TÃ O D E P E SSOAS rece o curso de Mecanização em Agricultura de Precisão. Rafael Arcuri Neto, coordenador de Treinamento da Jacto, conta que além dos cursos realizados em Pompéia, são promovidos diversos treinamentos Brasil afora, em parceria com o Senar, Senai e grandes empresas clientes. São treinamentos técnicos voltados para treinar a equipe de vendas das concessionárias, consultores agrícolas, eletricistas e mecânicos e para o pessoal operacional, como aplicadores de defensivos – desde o costal até os operadores dos grandes pulverizadores com agricultura de precisão. Para facilitar a aprendizagem e au-
Produção de vídeos para educação a distância
mentar o número de pessoas treinadas,
Há mais de 70 anos, a Jumil, locali-
a Jacto também desenvolveu seu simula-
zada em Batatais, SP, produz implementos
dor para treinamento de operadores de
agrícola. Patrícia Morais, diretora da em-
pulverizadores. As supermáquinas dis-
presa, conta que em 1942, a empresa fa-
põem de tecnologia de precisão e mui-
bricou a primeira plantadora e adubadora
tos recursos que proporcionam aplicação
do Brasil. Outro exemplo de pioneirismo,
mais eficiente e com menor perda, mas
veio em 1992, a Jumil também foi a pri-
para dominá-la é fundamental capacitar
meira empresa de implementos no Brasil a
os operadores.
apresentar o Sistema Pneumático de Distribuição de Sementes (Exacta Air). O lema da empresa é: ‘Inovação e
Confira em vídeo entrevista de Rafael à CanaOnline, em que explica como funciona o simulador
simplicidade de uso’. Patrícia explica que adotam esse conceito, porque se a tecnologia for difícil para ser aplicada, o produtor e o operador não vão conseguir reverter os benefícios em ganho. Mesmo sendo implementos com tecnologia embarcada, mas de uso simplificado, a empresa não abre mão de explicar, mostrar, treinar o
110
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e clientes. A linguagem é de fácil entendimento e o processo apresentado tem o passo a passo para tirar o máximo aproveitamento dos implementos Jumil.
Vitor, Patrícia e Elton: inovação, simplicidade e aprendizagem
cliente como utilizá-los corretamente. Para isso, a Jumil mantém um depar-
Confira um dos vídeos produzidos pela equipe de Treinamento da Jumil
Bê-á-bá do campo tem academia do saber
tamento de Treinamento muito ativo, se-
Em 19 de fevereiro de 2014, a AGCO
gundo Elton Pereira, coordenador de Trei-
– fabricante e distribuidora mundial de
namento, o principal meio de divulgação
equipamentos agrícolas – responsável pe-
do conhecimento é por meio de uma pla-
las marcas Challenger, Fendt, GSI, Massey
taforma de Ensino a Distância (EAD). Os
Ferguson e Valtra –, inaugurou na cida-
profissionais desse departamento produ-
de de Campinas, SP, o Centro de Treina-
zem vídeos com a equipe técnica da em-
mento AGCO Academy. Segundo Alexan-
presa que explicam os detalhes do im-
dre Landgraf, gerente da AGCO Academy,
plemento, como utilizar de forma certa e
o espaço é uma plataforma de difusão
como fazer manutenção.
de conhecimento e capacitação técnica
Vitor da Silveira Leite, da área de
e operacional às redes de concessioná-
Criação de Materiais do departamento de
rias das marcas Massey Ferguson e Valtra
Treinamento, diz que 70 profissionais es-
nos países da América do Sul e Central. As
tão envolvidos nesse processo de apren-
equipes de vendas, peças originais e as-
dizagem e já foram produzidos mais de
sistência técnica pós-venda são multipli-
15 cursos. A equipe de venda é a primei-
cadoras de conteúdo.
ra a ser treinada. Os vídeos são disponibi-
O complexo, construído em uma
lizados em um canal online que pode ser
área de mais de 3 mil m², recebeu investi-
acessado pelos revendedores, consultores
mentos de R$ 8 milhões para abrigar uma
111
DIVULGAÇÃO AGCO
GE S TÃ O D E P E SSOAS
Centro de Treinamento AGCO, em Campinas
infraestrutura
extremamente
moderna
ria com Canal Rural, são realizados cursos
em equipamentos e tecnologia industrial,
a distância via televisão e com uma abran-
tudo para permitir aos alunos a possibili-
gência maior de locais acessados e ho-
dade de ter contato com as mais recen-
rários flexíveis. Isso está disponível para
tes novidades tecnológicas presentes nas
toda a rede de concessionários e clien-
linhas de tratores, colheitadeiras, pulveri-
tes. As gravações são feitas no estúdio e
zadores e implementos.
também nas salas técnicas, onde estão os
Landgraf salienta que a essência do
componentes e as máquinas.
Espaço do Conhecimento é a capacitação
Mas as ferramentas da empresa dire-
técnica. Por sua vez, ele oferece um am-
cionadas à difusão de conhecimento vão
biente multiuso, onde acontece muitas
além da AGCO Academy. Landgraf diz que
outras atividades, como visitas de concessionários, de colaboradores internos e inlizadas reuniões, palestras e lançamentos. O centro conta com uma área para filmagens técnicas e transmissões de cursos e/ ou entrevistas.
DIVULGAÇÃO AGCO
clusive de clientes. Além disso, lá são reaLandgraf salienta que a essência do Espaço do Conhecimento é a capacitação técnica
Há um estúdio exclusivo para gravações, filmagens e transmissões. Em parce-
112
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113
GE S TÃ O D E P E SSOAS o conjunto de ações já atendeu cerca de
segundo a Datagro Consultoria, é de 653
35 mil pessoas. Entre as iniciativas, o exe-
milhões de toneladas, com 354 usinas em
cutivo dá como exemplo a parceria com o
funcionamento. A média de corte meca-
Serviço Nacional de Aprendizagem Indus-
nizado com cana crua no setor (nível Bra-
trial do Mato Grosso do Sul (Senai/MS), fir-
sil) beira os 85% e o plantio, 63%. Porém,
mada em 2011, onde uma Unidade Móvel
a cultura canavieira, presente no Brasil há
de Treinamento foi equipada com toda a
quase 500 anos, foi a última das grandes
tecnologia para a realização de cursos para
lavouras a aderir à mecanização nos pro-
operadores de máquinas agrícolas, opera-
cessos de colheita e plantio.
dores/mantenedores, mecânicos, além de
O primeiro lançamento nacional de
outros, como especialização em agricultu-
colhedora de cana foi em 1960, pela famí-
ra de precisão, atendendo a área de grãos,
lia Ribeiro Pinto, proprietária da Santal In-
cana e carnes. O Senai entra com os recur-
dústria de Máquinas e Equipamentos, lo-
sos humanos e a AGCO, com a estrutura e
calizada em Ribeirão Preto, SP (a Santal foi
equipamentos para laboratório.
adquirida pela AGCO em 2012). Porém, a proposta de mecanizar o corte não agra-
A cana se rende à maquina
dou o público-alvo. O corte mecanizado
O Brasil é o maior produtor de cana
era mais caro que o manual e a máquina
do mundo. A previsão da safra 2015/16,
gerava perdas. Mas os Ribeiro Pinto não
Interior de uma das 11 salas de aula da AGCO Academy
114
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Primeira colhedora de cana produzida no Brasil, na década de 1960
desistiram. Na década de 1980 lançaram
croenergético Paulista. Grande passo para
outro modelo e nos anos de 1990, inova-
a mecanização, pois São Paulo responde
ram de vez ao apresentar ao mercado a
por 60% da cana produzida no país.
primeira colhedora de cana crua do mun-
Com o Protocolo, 170 unidades
do, a Amazon. Nessa época, a presença da
agroindustriais e 29 associações de for-
colhedora ainda era muito tímida. Em São
necedores (que representam 5.997 for-
Paulo, estima-se que em 1996 a mecaniza-
necedores de cana signatários), que jun-
ção da colheita não passava de 16% e ha-
tos significam mais de 90% da produção
via cerca 600 mil cortadores de cana.
paulista, se comprometeram a antecipar o
A cultura canavieira só se rendeu à
fim da queima da palha para 2014 nas áre-
máquina nos anos 2000. Fatores como
as mecanizáveis e para 2017 nas áreas não
proibição da queima, escassez de mão de
mecanizáveis.
obra e aumento do custo trabalhista pesa-
Segundo o IEA (Instituto de Econo-
ram na decisão. Mas a mudança veio mes-
mia Agrícola, da Secretaria de Agricultu-
mo a partir de 2007, quando o setor su-
ra do Estado de São Paulo), em 2007 havia
croenergético paulista, em parceria com as
163 mil cortadores manuais no estado, e a
Secretarias do Meio Ambiente e da Agri-
mecanização da colheita era de 58,3%. Na
cultura do Estado de São Paulo, assinou
safra 2014/15 o índice de mecanização da
o Protocolo Agroambiental do Setor Su-
colheita atingiu 90%. Estima-se que o nú-
115
GE S TÃ O D E P E SSOAS mero de trabalhadores do corte de cana
ações, a qualificação e a recolocação dos
tenha reduzido para cerca de 50 mil no fi-
desempregados com a mecanização.
nal de 2014. Mesmo com a mecanização, a agroin-
Projeto RenovAção
dústria canavieira ainda é o segmento
Para minimizar o problema e, em con-
agrícola que mais emprega mão de obra
trapartida, atender a demanda por traba-
no país. A redução do número de cortado-
lhadores com um novo perfil, foi criado o
res de cana tem relação direta com a en-
projeto RenovAção, um trabalho da União
trada das máquinas, cada colhedora subs-
da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica),
titui cerca de 80 pessoas. Mas o início de
que contou com a parceria da Feraesp (Fe-
operação da máquina abre novos postos,
deração dos Empregados Rurais Assalaria-
como operador de colhedora e de trans-
dos do Estado de São Paulo) e patrocínio
bordo, assistente de transbordo, eletricis-
da Fundação Solidaridad e de empresas
ta, soldador. Por isso, o Protocolo Agro-
fornecedoras de produtos e serviços. Os
ambiental também contempla, entre suas
cursos foram ministrados pelo Senai/SP e
Inovação brasileira: primeira colhedora de cana crua do mundo, desenvolvida pela Santal na década de 1990. Cada colhedora equivale a 80 cortadores
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GE S TÃ O D E P E SSOAS qualificou profissionais para atuar no setor
nibilizados pelo Pronatec, muitos deles
da cana e para outros segmentos.
personalizados para atender as demandas
O Projeto RenovAção apresentou um
da cana, a experiência adquirida no Reno-
grande diferencial: o colaborador se dedi-
vAção é o principal fator para esse maior
cava integralmente ao curso, mas as usi-
espaço no programa.
nas pagam os salários, transporte, alimen-
O RenovAção capacitou 6.656 profis-
tação e PIS. “Esse modelo de dedicação
sionais, um deles é Deison da Silva Soares,
exclusiva ao treinamento com remunera-
que há sete anos veio do Piauí para ten-
ção foi condição importante para a ma-
tar uma vida melhor em São Paulo. “Entrei
nutenção desse profissional nas turmas.
na Usina da Pedra, em Serrana, para cortar
Com esta fórmula, resolveu-se um pro-
cana e há cinco anos fui indicado para par-
blema complicado: a dificuldade de o cor-
ticipar do Projeto RenovAção. Cursei o Se-
tador de cana conciliar o trabalho na co-
nai e hoje sou mecânico hidráulico, tenho
lheita durante o dia e os estudos à noite”,
uma profissão. O salário melhorou, assim
Maria Luiza Barbosa, consultora da Unica
como a autoestima. Passei a ter mais con-
na área de Responsabilidade Social.
tato com as pessoas, casei e estou cons-
O projeto funcionou de 2010 a 2014,
truindo a minha casa”, conta.
quando o setor passou a ser atendido pelo Técnico e Emprego (Pronatec). A agroin-
O bê-à-bá no maior grupo sucroenergético do mundo
dústria canavieira é o setor com maior nú-
Além do Projeto RenovAção e do
mero de alunos inscritos e cursos dispo-
Pronatec, as usinas também desenvolvem
Programa Nacional de Acesso ao Ensino
seus próprios projetos. A Raízen, uma das maiores empresas de energia do mundo, com 40 mil funcionários, além de ser o maior grupo sucroenergético, com 24 unidades produtoras, tam-
“Fui indicado para o projeto RenovAção. Cursei o Senai e hoje sou mecânico hidráulico, tenho uma profissão”, diz Deison
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DIVULGAÇÃO: RAÍZEN
Com a mecanização, a força bruta perdeu espaço, ampliando a presença feminina nos canaviais
bém é grande quando o assunto é difusão
Os Programas são:
de conhecimento. Lúcia Teles, gerente de
• Motoristas Cana Picada
responsabilidade social e formação profis-
• Operador Colhedora
sional da Raízen, conta que, desde 2011,
• Operador Colhedora Mantenedor
o negócio do segmento de Etanol, Açúcar
• Operador Plantio Mecanizado
e Bioenergia (EAB) da Raízen, possui uma
• Operador Plantio Mecanizado
área de Formação Profissional com três pi-
Mantenedor
lares de atuação: Formação, Capacitação e
• Operador Trator
Desenvolvimento Estratégico:
• Técnico Man. Preditiva Formação
- O Pilar Formação possui programas DIVULGAÇÃO: RAÍZEN
que desenvolvem e preparam profissionais internos para desempenhar sua função com maior performance, assim como para assumir oportunidades na companhia.
Lúcia Teles: 22.220 pessoas passaram por ações de desenvolvimento da Raízen
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GE S TÃ O D E P E SSOAS - Pilar de Capacitação possui progra-
cializando a sua atuação. Os programas
mas de aprimoramento e/ou atualização
dão suporte para preparar profissionais
dos conhecimentos baseado nos gaps dos
para novos desafios e oportunidades.
resultados obtidos pelas áreas a cada sa-
• Escola de Líderes
fra. Alguns programas de capacitações:
• Geração Raízen
• Colheita Mecanizada • Plantio Mecanizado • Transporte de cana – público Moto-
• Educar – Escola de Educação formal (alfabetização, Ensino fundamental e médio) • Desenvolvimento dos Estagiários.
ristas Canavieiros e liderança do transporte • Manutenção Automotiva: Mecânica de Colhedora e Elétrica
Segundo Lúcia, das 22.220 pessoas que passaram por ações de desenvolvimento, 80% permanecem ativos, ou seja,
• Produção de açúcar, etanol
trabalham na empresa. Deste montante, 18
- Pilar de Desenvolvimento Estraté-
mil profissionais são da área agrícola. Hoje,
gico possui programas que viabiliza a as-
97% da colheita de cana da Raízen é meca-
censão profissional do funcionário, poten-
nizada e 87% do plantio. A expectativa de DIVULGAÇÃO: RAÍZEN
• Manutenção Industrial
Na Raízen: simulador de colhedora
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Unidade Móvel de Treinamento da Raízen
produção para esta safra é de aproximada-
sua Unidade Móvel de Treinamento, com
mente 60 milhões de toneladas de cana.
15 metros de comprimento por 4,3 metros
A área de Formação da Raízen con-
de altura e 2,7 metros de largura. O es-
ta com 70 profissionais. Os cursos além
paço tem capacidade para atender até 24
de acontecerem em sala de aula, também
alunos por curso, com uma estrutura mo-
são vivenciados na prática, com orienta-
derna e equipamentos de última geração
ção dos instrutores no canavial. Uma das
e possibilita total acessibilidade às pesso-
ferramentas que contribuem muito para o
as com deficiência e mobilidade reduzida.
aprendizado, observa Lúcia, é o simulador
A Unidade Móvel tem estrutura para
de colheita, ferramenta que presenta com
realizar mais de 30 cursos profissionali-
alta fidelidade as condições da colheita de
zantes, dentro do escopo de manutenção,
cana. Em julho, a Raízen também contará
elétrica e automação, a unidade atende
com o simulador de caminhão para quali-
cerca de 100 pessoas ao ano.
ficação de motoristas.
O Senai é campeão na modalidade Escolas Móveis. Atualmente, só o Senai
O bê-á-ba do campo sobre rodas
-SP possui 79 unidades móveis que aten-
Escolas móveis que vão onde os alu-
to é realizado em parceria com empresas,
nos estão passaram a ser importantes fer-
no caso do setor sucroenergético, há al-
ramentas de disseminação de conheci-
guns anos existem as carretas para forma-
mento no campo. A própria Raízen tem
ção de operadores de máquinas agrícolas,
dem diversas áreas tecnológicas. O proje-
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GE S TÃ O D E P E SSOAS mas durante a Agrishow 2015, foi lançada
dutor de cana, café, suco de laranja e se-
a escola de Manutenção de Máquinas Co-
gundo em soja, mas o mundo vai preci-
lhedoras de Cana.
sar muito mais de alimentos. Ainda bem que os nossos heróis do campo agora são
em Educação Profissional, do Senai, expli-
high-tech, manipulam joystick, mapeiam
ca que a nova escola móvel é formada por
o solo com os drones, planejam safras na
dois semirreboques. Quando acopladas, as
tela e acionam máquinas com a ponta do
duas carretas somam 165 metros quadrados
dedo. Mas tudo isso é possível porque é
e têm capacidade para atender, simultanea-
dada a oportunidade de aprender o bê-á-
mente, até duas turmas com 12 alunos cada.
bá do campo. DIVULGAÇÃO AGCO
Antonio Cirilo de Souza, especialista
Escola Móvel de Manutenção de Máquinas e Colhedoras de Cana do Senai
Interior da Escola Móvel: todas as partes de uma colhedora
Entre os cursos oferecidos estão os de auxiliar de climatização automotiva, mecânico de manutenção de máquinas agrícolas, eletricista de máquinas agrícolas e transmissão mecânica em máquinas agrícolas. A Valtra é parceira no projeto. O Brasil já é o maior pro-
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Junho · 2015
D I C A DE LE ITU RA
Equipes solidárias
Por que em grupo e não sozinho? RENATA DI NIZO EXPLICA NESTE LIVRO A LÓGICA DO BOM FUNCIONAMENTO DOS GRUPOS NO AMBIENTE CORPORATIVO, ABORDANDO PONTOS NEVRÁLGICOS COMO O INDIVIDUALISMO E A DESCONSIDERAÇÃO DO OUTRO. PARA ELA, SOMENTE OS LAÇOS SOLIDÁRIOS MOBILIZAM A SOLIDARIEDADE NECESSÁRIA AO BOM DESEMPENHO
A
partir de constantes mudanças, avanços tecnológicos e forte necessidade de inovação, o universo corporativo virou uma
torre de babel, impondo às empresas um ambiente multicultural. Diante desse cenário é preciso estimular uma ética comportamental capaz de valorizar o semelhante e, incondicionalmente, ser receptivo às distintas culturas, ao outro, ao grupo, à integração. Segundo Renata Di Nizo, garantir um clima aberto à cooperação é condição de sobrevivência necessária à natureza intrínseca da inteligência coletiva. No livro Equipes solidárias – Por que em grupo e não sozinho? (120 p., R$ 39,80), lançamento da Summus Editorial, ela faz uma reflexão sobre a necessária transição do mundo individualista para aquele em que os grupos são possíveis, mesmo diante da contínua dualidade entre real e virtual. Para ela, somente os laços solidários mobilizam o bom desempenho no ambiente corporativo. “Sabe-se hoje que uma boa política de cargos e salários não é suficiente para reter talentos”, afirma Renata. Segundo ela, as empresas reconhecem a importância de ter
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D I C A DE LE ITU RA uma pessoa inovadora? Como se comporta um gestor de ideias? De que maneira fomentar a geração de ideias em grupo? O primeiro passo, segundo Renata, é adotar uma atitude responsável para romper as resistências e propor, incansavelmente, um olhar de descoberta sobre a realidade. Partindo da dinâmica dos grupos de ajuda mútua – como Alcóolicos Anônimos, Tabagistas e Mulheres que Amam Demais Anônimas, entre outros –, a autora explica a lógica do uma proposta estruturada que assegure o
bom funcionamento grupal no ambiente
engajamento – o vínculo afetivo, a vonta-
corporativo. Baseando-se em leis e pre-
de de ir além, o entusiasmo pelo trabalho
missas que orientam e auxiliam indi-vídu-
e pela organização. Para que isso se con-
os que não teriam sucesso sem o apoio
cretize, diz ela, nada confere tanto peso
dos pares, ela aborda pontos nevrálgicos
como a liderança se importar genuina-
que atingem as organizações, como o indi-
mente com o desenvolvimento das equi-
vidualismo e a desconsideração do outro.
pes e de cada pessoa. “Sustentar a força
Segundo Renata, alguns gaps comporta-
grupal que move montanhas é remar a fa-
mentais incidem negativamente no de-
vor da diversidade”, complementa a au-
sempenho das equipes e, por conseguin-
tora, lembrando que a criatividade das
te, no resultado dos negócios. “Por mais
pessoas está intimamente relacionada à
que se busquem novas estratégias de ges-
qualidade dos relacionamentos.
tão de pessoas, é importante saber como
Dividida em seis capítulos, a obra mostra que o grande desafio é a mudança
motivá-las. Promover um foco compartilhado de propósito não basta”, afirma.
cultural. Na avaliação da autora, uma cul-
A autora mostra que assegurar uma
tura de inovação exige valores e atitudes
cultura de valor norteada por uma pers-
condizentes, demanda traduzir em miú-
pectiva ética e pelo princípio da responsa-
dos o comportamento inovador. O que faz
bilidade é uma estratégia clara e simples
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Junho · 2015
que implica direção e, consequentemente,
cia e a eficácia do capital social dizem res-
visão de futuro. Em função do dinamismo
peito aos processos e às dinâmicas grupais,
do mercado globalizado, ações comuns e
à qualidade de relacionamento e à comu-
colaborativas tornam-se mais ágeis e ca-
nicação. Para tanto, é fundamental a troca
pazes de antecipar respostas, assegurando
de experiências, a disseminação de estraté-
uma vantagem competitiva. “Essa sincro-
gias, informações e conhecimentos”, expli-
nia essencial depende de relacionamento,
ca a autora.
ajuda mútua e integração. Daí a necessi-
Para ela, cada indivíduo necessi-
dade de fortalecer constantemente os vín-
ta, diariamente, renovar seu propósito,
culos de confiança e a comunicação face a
ver reconhecidos seus esforços e celebrar
face”, explica. Trata‑se, diz ela, de garantir
suas conquistas. Sustentar uma visão com
uma cultura de inovação que depende da
metas claras e persegui-las sem esmore-
gestão de conhecimento, ou seja, aprendi-
cer – o que pode ser um desafio hercúleo,
zagem decorrente de um processo contí-
às vezes solitário. Por isso a importância
nuo de interação.
da força grupal, do clima de cumplicida-
Por que em rede e não sozinho? Se-
de, possível graças aos vínculos solidá-
gundo Renata, o potencial colaborativo,
rios. Estes, por sua vez, só existem quando
por meio de redes de inovação entre indiví-
há transparência e confiança. “Trata‑se, na
duos e entre empresas, parece fornecer res-
verdade, do estímulo ao diálogo: conhe-
postas mais adequadas às demandas ambientais. Em vista disso, pessoas e organizações estão interligadas por um conjunto de relacionamentos e redes que surgem, com base em elos de confiança, como uma linguagem de vínculos. É uma maneira compartilhada de interagir com a realidade, de enxergar e explorar limitações, diferenças e distintos aspectos de um problema. “A eficiên-
125
D I C A DE LE ITU RA cer e dar-se a conhecer”, conclui Renata.
na. Em seguida, dedicou-se à pesquisa e
A obra inclui depoimentos de fun-
à experimentação da criatividade em gru-
cionários dos mais diversos escalões que
pos, no Instituto de Ciências da Educação
participaram de treinamentos em Recur-
da Universidade Central de Barcelona. Em
sos Humanos conduzidos pela autora.
Paris, estudou teatro com Augusto Boal e juntou-se a outros educadores, empenhados em fomentar metodologias arrojadas.
A autora
Estudou criatividade em Paris com o sociólogo Guy Aznar e dinâmica e funcionamento de grupos na pós-graduação da Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupos e Coaching Integrado (International Coaching Institute). Em 2000, criou a Casa da Comunicação, empresa especializada em soluções de aprendizagem que visam estimular a expressão criativa e o diálogo multicultural, repensar velhas formas de fazer as coisas e buscar outras melhores, inovando – em conjunto – continuamente. Sua prática profissional inspirou e embasou diversos livros, que constituem importantes subsídios para o desenvolvimento de competências de comunicação e criatividade.
Renata Di Nizo formou-se pela
Título: Equipes solidárias – Por que em grupo e não sozinho?
tradicional Es-
Autora: Renata Di Nizo
cola
Editora: Summus Editorial
Superior
de Arte Dramá-
Preço: R$ 39,80 (Ebook: R$ 25,30)
tica de Barcelo-
Páginas: 120 (14 x 21 cm) ISBN: 978-85-323-1018-7 Atendimento ao consumidor: (11) 3865-9890 Site: www.summus.com.br
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