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O ESTADO DE S. PAULO

QUARTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2012

DIRETO DA FONTE SONIA RACY

Colaboração Daniel Japiassu daniel.japiassu@estadao.com Marilia Neustein marilia.neustein@estadao.com Mirella D’Elia mirella.delia@estadao.com Thais Arbex thais.arbex@estadao.com

estadão.com.br/diretodafonte Blog: Sofia Patsch sofia.patsch@estadao.com

JOÃO MIGUEL/TV GLOBO

Sem trégua

Por que só eles?

Aguerraporcausadopolêmico projeto da nova Lei Orgânica da AGU não tem fim. Advogadospúblicosfederaisentraram comaçãonoSupremoparatentar barrar a proposta, enviada ao Congresso pela Casa Civil.

E a indústria está com inveja das novas regras tributárias para o mercado automotivo.

Eles são contra a possibilidade de profissionais sem concursoassumirempostosdecomandonoórgão.OjuristaCelsoAntonioBandeiradeMello e Carlos Velloso, ex-presidente do STF, apoiam a causa.

Haja glitter

Terceirização? Tony Blair – contratado pelo MovimentoBrasilCompetitivo para prestar consultoria ao Estado de São Paulo – sondou a McKinsey para ajudá-lo. O MBC acertou pagamento de R$ 12 milhões para tanto.

Abstenção

Setores da linha branca e móveis querem também um “turbinador de crédito de IPI”.

Para fechar o duelo, Madonna chega em dezembro.

Glitter 2 O show de Madonna, aliás, vem impressionando bastante o público, por onde passa. A rainha do pop dança muito mais do que em sua última turnê. Pontos altos? Like a Virgin e Express Yourself – música em que provoca Lady Gaga.

Foi a Roma, onde participa de encontrodoqualéo organizador:oSínododosBispos–reunião do papa Bento XVI com bispos de todo o mundo.

Bom filho

A ABL reforça segurança para visita de Sarney, amanhã. Quando abre a exposição em homenagem aos 80 anos do acadêmicoEduardoPortella.

FOTOS JUAN GUERRA/AE

2.

O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de SP, não votou no domingo.

Sarney na ABL

Anderson Silva treinou Ronaldo sem dar moleza, sexta, no Rio. A cena será apresentada no Fantástico deste domingo.

A T4F está lidando com um “congestionamentodedivas”.Apósreceber Liza Minnelli, a empresa traz Lady Gaga, que se apresenta no mesmo dia (9 de novembro) de JossStone.Aprimeira,noMorumbi;asegunda,noCredicardHall.

3.

1.

Direto da Polônia, onde a seleção brasileira está concentrada para os próximos dois amistosos, Andrés Sanchez manda recado: ouviu de Kaká que o craque está muito confiante nesta sua volta à equipe.

4.

PAULO GIANDALIA/AE

1. Sergio Chaia, no lançamento do livro de Fernanda Young. 2. Elen Leirner e 3. Carol Martins também prestigiaram. 4. A autora. Anteontem, no MIS.

Suspense Entra em pauta hoje, no Cade, a fusão entre Gol e Webjet.

Para titia Na segunda-feira, Serra fez questão de passar pela Mooca. ParavisitarsuatiaTeresa–que completou 92 anos. Tia Carmen também estava.

à sociedade. Para fazer de Paris uma capital da arte. Lá, quando falei a respeito do projeto, encontrei muita gente conservadora. Aliás, eu sou um problema para pessoas conservadoras (risos). Só que o custo para o estado e para a sociedade é zero. Qual o retorno? Como o objetivo é dar oportunidade e liberdade às pessoas, essa iniciativa gera respeito, força, valor para as empresas. E a pessoa que recebe algo assim quer devolver o que ganhou – é um multiplicador de ações criativas e benéficas. Eis a economia positiva em ação.

“Só a criatividade salvará o mundo” Pouco antes do acordo na Justiça, que liberou o Grupo Allard, esta semana, a construir um “ trade art center” gigante no lugar do antigo Hospital Matarazzo (pelo qual pagou R$ 117 milhões), Alex Allard falou à coluna sobre seu sonho. Com direito a teatro no subsolo, lojas artesanais, hotel e escritórios. Tudo dentro de uma área de 4 hectares. “Conheci o Brasil há 23 anos, com um amigo que me apresentou de Toquinho a Chico Buarque, passando pela casa de Caetano Veloso, onde me hospedei. E me apaixonei pelo País. Desde então, tento fazer algo por aqui”, conta o empresário, nascido em Washington, criado na Costa do Marfim e radicado em Paris. Sua ambição não é pequena: o projeto, de R$ 1 bilhão, inclui até teatro subterrâneo, cercado de lojas artesanais, hotel e escritório. Desenho arquitetônico de Philippe Starck, sendo que a capela será reformada por... Jean Nouvel. Foram muitas idas e vindas até que a Previ acertasse os ponteiros da venda do imóvel, abandonado há quase 20 anos. A seguir, os principais trechos da conversa.

Alex Allard posa, orgulhoso, no antigo prédio do Hospital Matarazzo – que será transformado em complexo imobiliário de R$ 1 bilhão.

o que a Europa e os Estados Unidos foram nos anos 60. ● Isso é uma visão pessimista

● O Grupo Allard tem negócios em boa parte do mundo...

Tive muita sorte ao criar minha primeira empresa, ainda jovem. E hoje temos negócios na Rússia, nos EUA, na China, em muitos lugares. Mas sempre acreditei no potencial dos países do hemisfério sul, principalmente o Brasil. Queria fazer algo diferente aqui – porque acho que o Brasil pode fazer diferença no mundo. Tenho certeza de que o país será

● O que mais agrada no Brasil?

POLAROID •••

do primeiro mundo?

Tem gente que me acha maluco – e eu sou mesmo (risos). Mas a realidade é que o planeta está morrendo. Temos democracia – falando de modo geral –, ela funciona, mas não está nos levando a lugar algum. Do ponto de vista religioso, a oposição entre islamismo e cristianismo nunca esteve tão grande. Politicamente, tem-se gastado mais dinheiro em suítes de hotel do que em

ações que melhoram a vida das pessoas. No campo econômico idem: toda vez que se fala em reorganizar o sistema bancário, por exemplo, é uma grita. Estão levando o mundo para o colapso. A verdade é que o dinheiro manda, e estamos perdendo o respeito por quem trabalha. Estamos sendo governados por gente do sistema financeiro, que dita as regras. O mundo está ficando desumanizado. Estamos perdendo a noção de nossos cinco sentidos. Só que o mundo, para ser salvo, depende deles e da nossa criatividade.

● O que é a economia positiva de que você tanto fala?

É uma economia que respeita o talento das pessoas – o capitalismo nos ensina (e talvez seja a única coisa boa que nos ensina) a respeitar o trabalho, respeitar mais quem trabalha mais. É a utilização da genialidade, do talento, em prol da coletividade, da sociedade. Isso representa valor para todos. ● E como fazer isso?

Com projetos como este que vamos fazer aqui. Na França, por exemplo, temos um centro do tipo dedicado inteiramente

No decorrer dos últimos cinco séculos, o Brasil criou uma comunidade (não digo perfeita, claro) que aprendeu a lidar com as diferenças. Fantástico. Por exemplo: aqui vocês têm uma imensa colônia libanesa. Nova York também tem. Mas lá, os libaneses falam árabe. Aqui, fui conversar com o prefeito, Kassab, e ele não sabe falar árabe. Isso demonstra algo importante: as pessoas que vivem no Brasil são brasileiras, apesar de pertencerem a diversas etnias. Essa característica, para mim, é um modelo para o mundo. E o ambientalismo? Embora as empresas brasileiras ainda não sejam um exemplo de boa gestão nesse aspecto, quando o Brasil fala sobre meio ambiente, o mundo ouve. ● E por que escolheu este lugar em São Paulo?

Há cerca de seis anos, pedi a uma equipe na França para encontrar lugares para investir e criar o futuro. Lugares com passado, com raízes. Ah, e que fossem grandes, para que eu pudesse fazer centros culturais e de criação, para reunir gente do mundo inteiro.

● O lugar está abandonado há muitos anos. Por que acha que ninguém teve esta sua ideia?

Costumo dizer que eu tive uma visão de futuro. Uma ideia pode se perder no tempo, uma visão não, principalmente pela principal razão por que estou aqui: acredito no Brasil. É um país canibal, que se alimenta de todas as culturas. Como se fosse uma máquina: você coloca todo tipo de cultura de um lado e, do outro, sai algo simplesmente original. ● Quais os planos?

Vamos recuperar e renovar os prédios e criar um lugar onde possamos reunir desde pequenos artesãos até os maiores artistas do mundo. Será um “trade art center”. E estará aberto ao público. Teremos galerias, salas de exposição, de música, cinemas, estúdios. E um hotel, para que os visitantes possam estar no lugar, ficar lá. ● É algo que não existe em SP.

Claro que não existe. Senão, por que fazê-lo? (risos) Já conversamos com muitos artistas brasileiros – cujos nomes ainda não posso divulgar – e temos como parceira uma empresa de arquitetura brasileira, a Königsberger Vannucchi... eles são mais doidos do que eu (risos). O Jean Nouvel também está envolvido. Ah, e o diretor criativo do espaço será Philippe Starck. Porque a missão é aguçar a criatividade das pessoas, abrir suas mentes, fazer com que elas saiam de lá pensando em cultura e em como ser mais criativas. Para mim, não há nada mais lindo do que isso. Chego mesmo a chorar. Nada é mais poético do que o sentido de criatividade – porque é a razão de ser da humanidade, é a única maneira de salvar o mundo e a nós mesmos.


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