Edição 01 - 30 de Janeiro de 2013
ESPECIAIS
AUSCHWITZ, PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA EXPLICADOR
AFINAL O QUE É QUE SE PASSA NO IÉMEN?
MUNDO WikiLeaks afirma que Google forneceu aos EUA informações privadas
CIÊNCIA
PAÍS Nova geração de espanhóis está a redescobrir Portugal
ECONOMIA
POLÍTICA
CULTURA Woody Allen volta à ópera e leva Placido Domingo
ENTREVISTA
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ÌNDICE |
Um novo desafio Comecei nestas andanças em 1995, quando Cavaco Silva dava os últimos passos como primeiro-ministro. Desde aí passei por vários jornais: Semanário, Notícias de Leiria, Diário Económico, Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Sol. Em alguns fui jornalista, noutros editor de política, grande repórter ou editor executivo. Aprendi muito, lutei por ser melhor. Dou tudo a cada dia que passa por levar a melhor informação aos leitores, com a máxima transparência, rigor e humildade. Será assim aqui, no Observador. Com a vantagem de estar ligado a cada um de vós a cada segundo. Aqui estarei, ao vosso dispor.
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MUNDO PAÍS CULTURA CIÊNCIA ESPECIAIS ECONOMIA POLÍTICA ENTREVISTA EXPLICADOR VAIDADES w w w . cowor k li s b oa . p t OPINIÃO
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| MUNDO
WIKILEAKS AFIRMA QUE GOOGLE FORNECEU AOS EUA INFORMAÇÕES PRIVADAS DE MEMBROS DO PORTAL O WikiLeaks acusou a empresa de serviços de Internet Google de ter fornecido à Administração dos EUA conteúdo das mensagens de correio eletrónico de membros do portal fundado por Julian Assange.
O WikiLeaks revelou, este domingo, que empresa norte-americana de serviços de Internet Google forneceu à Administração dos Estados Unidos conteúdo das mensagens de correio eletrónico e outras informações privadas de membros do portal fundado por Julian Assange. Documentos difundidos pelo WikiLeaks, aos quais a agência Efe teve acesso, mostram a existência de três ordens judiciais, emitidas a 22 de março de 2012 pelo juiz norte-americano John F. Anderson, nas quais solicita à Google a entrega, antes de 05 de abril desse ano, de toda a informação que dispõe relativamente a três destacados funcionários do portal da Internet. Estes três jornalistas associados desde 2010 ao WikiLeaks são Joseph Farrell, que trabalha com Assange na embaixada do Equador em Londres — onde o informático australiano se encontra refugiado desde 19 de junho de 2012 –, a diretora de investigações Sarah Harrison e o porta-voz Kristinn Hfransson. Segundo o portal, estas três pessoas apenas foram informadas pela Google de que tinha submetido informações suas — listas de contactos, conteúdos de mensagens enviadas e eliminadas ou
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“É um problema económico, mas é acima de tudo um problema social.”
dados dos computadores — a 23 de dezembro de 2014, com o argumento de que a empresa estava sujeita ao segredo de justiça. O portal WikiLeaks considera que a emissão das ordens faz parte da investigação encetada, em 2010, pela Justiça norte-americana ao portal pela divulgação de milhares de telegramas secretos e a Assange, acusado de espionagem. Também sublinha que o gigante da Internet acedeu ao pedido das autoridades sem as questionar, o que abre um prejudicial precedente para a profissão de jornalista e para outros utilizadores do Google. O diretor da equipa jurídica de Assange, o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, tenciona mostrar as três ordens judiciais emitidas contra os jornalistas da WikiLeaks ainda hoje em conferência de imprensa, a ter lugar em Genebra, depois de a Suécia responder ao relatório da ONU sobre a situação dos direitos humanos nesse país. Ao rever o caso da Suécia, as Nações Unidas, que realizam relatórios periódicos de todos os países membros, teve em conta várias queixas apresentadas por organizações internacionais sobre o tratamento que Assange tem recebido. Assange foi
MUNDO | detido em Londres a 07 de dezembro de 2010, a pedido do Estado sueco, o qual pretende interrogá-lo por alegados crimes sexuais que o australiano nega ter cometido e relativamente aos quais não foi formalmente acusado. Após perder no Reino Unido a sua batalha legal contra a extradição, o fundador do portal WikiLeaks, que durante o processo esteve sob prisão domiciliária em Inglaterra, refugiou-se em junho de 2012, na embaixada do Equador, país que lhe viria a conceder asilo político. Contudo, Assange não pôde viajar para aquele país da América Latina porque as autoridades britânicas recusaram o pedido de emis-
de correio eletrónico e outras informações privadas de membros do portal fundado por Julian Assange. Documentos difundidos pelo WikiLeaks, aos quais a agência Efe teve acesso, mostram a existência de três ordens judiciais, emitidas a 22 de março de 2012 pelo juiz norte-americano John F. Anderson, nas quais solicita à Google a entrega, antes de 05 de abril desse ano, de toda a informação que dispõe relativamente a três destacados funcionários do portal da Internet. Estes três jornalistas associados desde 2010 ao WikiLeaks são Joseph Farrell, que trabalha com Assange na embaixada do Equador em Londres — onde o in-
“É um problema económico, mas é acima de tudo um problema social.” são de um salvo-conduto diplomático. O informático, de 43 anos, acredita que se for entregue à Suécia este país poderá extraditá-lo para os Estados Unidos, onde teme não ter acesso a um julgamento justo. Os Estados Unidos pretendem julgar Assange pela divulgação na Internet de centenas de milhares de telegramas secretos dos serviços diplomáticos norte-americanos e comunicações militares secretas sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. O WikiLeaks revelou, este domingo, que empresa norte-americana de serviços de Internet Google forneceu à Administração dos Estados Unidos conteúdo das mensagens Agência Lusa
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| MUNDO Hugo Amaral
MUITA NEVE, MUITO TRANSTORNO, MUITA BRINCADEIRA A tempestade juno atingiu a costa leste dos Estados Unidos. Serviços fechados, carros sem poder circular e os cidadãos aconselhados a ficar em casa, mas também muitas inesperadas brincadeiras. Juno é o nome do nevão histórico que durante a noite pintou de branco a costa leste dos Estados Unidos da América. Será difícil encontrar alguma coisa aberta em Nova Iorque, Filadélfia, Pensilvânia, Connecticut, Boston, Rhode Island, Nova Jérsia ou no Maine. As autoridades aconselham o recolher e os serviços públicos estão fechados, mas isso não impediu alguns cidadãos de se divertirem. Nova Iorque, uma das cidades mais afetadas, foi considerada pelo Telegraph a “cidade fantasma” até o metro foi encerrado, o que nunca tinha acontecido desde a abertura. Em Boston, onde a neve atingiu camadas de 80 centímetros, as autoridades pediram às pessoas que se mantivessem em casa. Hugo Amaral
ALEXIS TSIPRAS RECLAMA VITÓRIA “A ERA DA TROIKA ACABOU” Quando os votos deixavam o Syriza ainda sem maioria absoluta, Tsipras já enviava uma mensagem aos credores onde dizia que a Grécia não se irá curvar perante as exigências dos credores. “A era da troika acabou”. Foi assim que Alexis Tsipras reclamou hoje a vitória do Syriza nas eleições gregas, com uma larga maioria mas sem maioria absoluta, numa altura em que mais de metade dos votos já tinham sido contados. Perante uma multidão eufórica, Alexis Tsipras mandou uma mensagem aos credores a partir de Atenas: não haverá nenhum “embate desastroso” com os credores, mas a Grécia também não se irá “curvar às suas exigências”. O discurso de vitória de Tsipras, que com metade dos votos contados vê o seu partido a apenas três deputados da maioria absoluta, tentou também ser um discurso de unidade, dizendo que a grande prioridade do Syriza será curar as feridas provocadas pela crise.
O SYRIZA NO SEU LABIRINTO SEM FIO DE ARIADNE
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uase tudo se disse sobre a vitória do Syrisa e pouco lhe acrescentarei, por despiciendo. Mas uma coisa me surpreende e não me parece bom sinal: o acordo com o ANEL, partido dos gregos independentes liderado por Pannos Kammenos. A esquerda radical preferiu aliar-se rapidamente a um partido de direita conservador e eurocéptico em vez de procurar aliados mais perto da sua esfera ideológica.
www.cowo rk lis boa.pt Paulo de Almeida Sande
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| PAÍS
NOVA GERAÇÃO DE ESPANHÓIS ESTÁ A REDESCOBRIR PORTUGAL O administrador do Turismo de Portugal considerou que a nova geração de espanhóis está a descobrir Portugal como destino turístico, atraídos por ofertas diferenciadoras.
O administrador do Turismo de Portugal, Luís Matoso, considerou esta segunda-feira que a nova geração de espanhóis está a descobrir Portugal como destino turístico, atraídos por ofertas diferenciadoras como os festivais de música e o surf. “Hoje, depois de anos de costas voltadas, acho que os espanhóis estão a descobrir Portugal e é bom que um povo que viaja muito dentro do seu país entenda que pode vir a um país ao lado”, disse Luís Matoso à agência Lusa, em declarações a propósito da participação portuguesa na Feira Internacional de Turismo de Madrid (FITUR), que arranca na quarta-feira. Uma das estratégias do turismo português, explicou Luís Matoso, passa precisamente por “insistir nesse tema”. “Os espanhóis que vão passar férias ao mesmo sítio, a Marbella ou à Andaluzia, vinte vezes seguidas, por um pouco mais vão a um país novo e diferente. Achamos que isso pode ser positivo e uma vantagem competitiva para Portugal”, disse o mesmo responsável, acrescentando que, até novembro de 2014, Portugal registou 1,353 milhões de hóspedes espanhóis, ou seja um em cada seis de todos os estrangeiros que visitaram Portugal. Segundo Luís Matoso, “os números dizem que os festivais musicais têm uma adesão
“Os festivais musicais têm uma adesão enorme do público espanhol.”
enorme do público espanhol e isso mostra que uma área em que Portugal não tinha competência há uns anos agora é reconhecida”. “Dão mais atenção aos festivais e ao surf, hoje em dia, do que, se calhar, davam ao fado, há uns anos”, afirmou Luís Matoso. Matoso realçou que os portugueses têm de estar “confiantes no bom produto” que têm.“Nós temos boas praias, mas os espanhóis também. Já no surf, somos o melhor destino da Europa e isso não é comparável com mais nenhum país”, sublinhou. O administrador do Turismo de Portugal reconheceu que as novas ligações aéreas e a melhoria nas acessibilidades “melhorou imenso [o fluxo]” de turistas espanhóis, mas disse acreditar que esta alteração “resulta também de uma forma diferente de os portugueses olharem para si próprios”.“Falamos dos festivais, da cidade de Lisboa, com a oferta e a vida noturna. Enfim, somos um país mais aberto, temos um posicionamento e uma forma que eu acho que os espanhóis gostam”, declarou.Para tirar ainda mais proveito do mercado espanhol, afirmou Luís Matoso, Portugal terá de retirar mais proveito da região espanhola da Catalunha. “Há um potencial enorme. Dos espanhóis que viajam, os catalães representam 27 por cento. Hugo Amaral
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PAÍS |
INVESTIGAÇÃO PORTUGUESA ESTÁ “EXCESSIVAMENTE” DEPENDENTE DO ESTADO DIZ ESTUDO O administrador do Turismo de Portugal considerou que a nova geração de espanhóis está a descobrir Portugal como destino turístico, atraídos por ofertas diferenciadoras. Um estudo assinado pelos cientistas Carlos Fiolhais e Armando Vieira conclui que o sistema de Investigação e Desenvolvimento (I&D) português “parece estar excessivamente dependente do Estado”. Os dois cientistas, num estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, questionam a sustentabilidade do sistema de I&D português, considerando que “os jovens doutorados, formados em número significativo, constituem uma mão-de-obra especializada que não encontra acolhimento no tecido empresarial português, vendo-se em muitos dos casos forçados a emigrar”. De acordo com as conclusões do estudo, intitulado “Ciência e Tecnologia em Portugal – Métricas e impacto (1995-2011)”, “as empresas, em parte por falta de conveniente perceção dos respetivos responsáveis, não têm conseguido aproveitar e canalizar para benefício de mais gente as mais-valias” da formação de profissionais qualificados. Os investimentos públicos realizados, “sobretudo em formação de recursos humanos, acabaram por não
“Sobretudo em formação de recursos humanos, acabaram por não ser absorvidos pelo sistema económico”
ser absorvidos pelo sistema económico”, aponta o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Apesar de observarem essa dependência do Estado, Carlos Fiolhais e Armando Vieira consideram que “seria um erro diminuir o investimento público em ciência”, defendendo que tem de haver “alguma inteligência na colocação desse investimento”. Na análise, os autores também recaem sobre a atual política durante a crise, considerando que esta está “a ter consequências na ciência, sendo claro que foi interrompido nos últimos anos o ciclo de crescimento na parcela de I&D, tanto público como privada”. Os autores frisam que “o discurso governativo sobre a ciência tem oscilado entre a defesa da “excelência” (um conceito que nunca foi precisado) e a referência à necessidade de reforço da “ligação às empresas” (que não é acompanhada da indicação do modo de concretizar esse reforço)”.Nas conclusões do estudo, são apontados vários pontos fracos ao estado da ciência e tecnologia em Portugal, como o “reduzidíssimo número.
Hugo Amaral
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| PAÍS Hugo Amaral
“A CÂMARA DE LISBOA ESTÁ A ENTRAR EM CAMPO MINADO” A fiscalização da venda de bebidas para consumo na rua após a 1h deixa um grupo de moradores reticente. “Vai correr pessimamente”, dizem, acusando ainda a câmara de ter medo de “impopularidade”. As coisas mudaram pouco. Pelo menos é isso que dizem Isabel Sá da Bandeira e Miguel Velloso, elementos do grupo de moradores “Nós Lisboetas” que representa as zonas do Cais do Sodré e Santos. Desde sexta-feira passada, 23 de janeiro, entrou em vigor um despacho que obriga os bares a fecharem às 2h durante a semana e 3h aos fins de semana. As lojas de conveniência passaram a encerrar às 22h, quando antes estavam autorizadas a funcionar até às 2h. A medida “mais inovadora”, como lhe chamou Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, prendia-se com a inibição de venda de bebidas alcoólicas para consumo na via pública a partir da 1h. Qual era o objetivo? “Diminuir o número de pessoas na rua”, explicou a presidente. Hugo Amaral
OS ERROS E AS DIFICULDADES DOS PROFESSORES NA PROVA DE AVALIAÇÃO De 2490 professores, chumbaram 854. Erros de ortografia estão a chocar o Ministério, mas perguntas onde houve maiores dificuldades foram de raciocínio lógico. Contestação promete voltar em fevereiro. Trocar o c de cedilha por um c sem cedilha, trocar o a com h pelo a sem h, ou sinais de pontuação fora do sítio foram alguns dos erros mais cometidos pelos 2490 professores que em dezembro realizaram a componente comum da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC) e cujos resultados foram divulgados esta semana. A ortografia deixou nódoas em muitas das provas, mas foi nas perguntas de raciocínio lógico que os professores mais encalharam. No total, chumbaram 854 candidatos (34,3%), que ficam assim impedidos de lecionar no próximo ano. A prova, que era composta por 32 questões de escolha múltipla e por uma pergunta de resposta aberta, que implicava a redação de um pequeno texto de opinião, destinava-se a todos aquele.
SOBRE OS (MAUS) PROFESSORES
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a Finlândia, entrar num curso para se ser professor é quase tão difícil quanto entrar nas melhores universidades do mundo. O candidato tem de se submeter a um exame de acesso e, se aprovado, ser avaliado numa exigente entrevista. Em média, apenas um em cada dez candidatos consegue e, no caso dos cursos de ensino básico, a média é ainda inferior: na universidade de Helsínquia (2011-2012), candidataram-se 1789 a somente 120 vagas. Alexandre Homem Cristo
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PAÍS |
POLÉMICA SOBRE QUALIDADE DE CARNE PICADA NA COMISSÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR A qualidade da carne picada à venda em Portugal, posta em dúvida num estudo divulgado esta semana, vai ser hoje o tema de uma reunião da Comissão da Segurança Alimentar, criada em 2014. A Comissão vai analisar um estudo da Deco (Defesa do Consumidor) que colocou em causa a qualidade da carne picada em 26 talhos, devido a problemas de conservação, higiene e temperatura de venda. Na maior parte dos talhos foram encontrados sulfitos (que dão aparência de frescura) proibidos. O estudo foi divulgado na terça-feira e nesse mesmo dia a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) esclareceu que os sulfitos detetados podem ser utilizados por serem aditivos alimentares aprovados como conservantes. Na quarta-feira a Deco voltou a garantir que a utilização de sulfitos na carne picada é proibida por lei e disse que a ASAE “lançou uma injustificá-
“Lançou uma injustificável confusão.”
vel confusão” sobre o objeto do estudo, que foi a carne picada à venda em alguns talhos. A ASAE e a Deco são duas das entidades representadas na Comissão que hoje se vai reunir e na qual participam também o secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira de Brito, e o secretário de Estado adjunto e da Economia, Leonardo Mathias. A Comissão, criada em maio de 2014, tem por missão propor medidas que garantam não existirem alimentos à venda que não sejam seguros, e de informar as pessoas sobre suspeitas legítimas de riscos para a saúde.A Comissão vai analisar um estudo da Deco (Defesa do Consumidor) que colocou em causa a qualidade da
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José Coelho
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| CULTURA
WOODY ALLEN VOLTA À ÓPERA E LEVA PLACIDO DOMINGO A partir de 12 de setembro, para celebrar o aniversário da Ópera de Los Angeles, estará em cena um espetáculo encenado por Woody Allen e interpretado por Placido Domingo.
Está a ser um ano de novidades para Woody Allen. Primeiro, uma série televisiva; agora, uma ópera. Para celebrar os 30 anos da Opera de Los Angeles o realizador americano juntou-se a Placido Domingo e os dois estarão presentes, como encenador e tenor, numa ópera que poderá ser vista ainda este ano. O projeto terá como base um personagem do Inferno de Dante e a comédia de Puccini, Gianni Schicchi. Woddy Allen trabalhou as duas com constantes alusões ao cinema italiano e aos dias de hoje. O britânico Independent promete que não vão faltar as marcas que definem o realizador, nomeadamente um ritmo frenético. Esta não é uma completa estreia neste área para o realizador, que celebra 80 anos em dezembro deste ano. Woddy Allen já em 2008 se tinha estreado na ópera com esta mesma peça, mas a diferença é que agora conta com o nome de peso do tenor italiano. Na altura essa versão da ópera foi aclamada pela crítica, inclusive pelo conhecido e exigente Rupert Christiansen, que a caracterizou como sendo uma “pura delícia”, tal como lembra o Telegraph. Na altura o realizador explicou a incursão que o fez sair da tela e passar ao palco: “Placido Domingo falou-me, em várias ocasiões, sobre a encenação de
“Agora, como dentro de três anos vou estar morto, sabem, e nunca mais iria acontecer, então disse ‘está bem’.”
uma ópera. Eu sempre me afastei ou consegui escapar. Agora, como dentro de três anos vou estar morto, sabem, e nunca mais iria acontecer, então disse ‘está bem’. E como não morri, fiz a ópera na esperança de o material de Puccini ser suficientemente forte para não sair ferido. É que, ao contrário do cinema, eles vaiam na ópera.” Woddy Allen já tinha mostrado ser um apaixonado pela ópera, como no filme de 2012 “De Roma com Amor”. Agora vai poder mostrá-lo outra vez em setembro em Los Angeles. O anúncio da reposição da ópera foi feito através do lançamento do cartaz cultural da sala de espetáculos para 2015-2016, temporada em que serão vários os eventos especiais destinados a celebrar o aniversário da casa que é dirigida pelo tenor.. Está a ser um ano de novidades para Woody Allen. Primeiro, uma série televisiva; agora, uma ópera. Para celebrar os 30 anos da Opera de Los Angeles o realizador americano juntou-se a Placido Domingo e os dois estarão presentes, como encenador e tenor, numa ópera que poderá ser vista ainda este ano. O projeto terá como base um personagem do Inferno de Dante e a comédia de Puccini, Gianni Schicchi. Woddy Allen trabalhou as duas com constantes alusões ao cinema italiano e Hugo Amaral
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CULTURA | Hugo Amaral
CINCO EM UM VAI NASCER O MUSEU DE LISBOA Cinco núcleos bem conhecidos do público, entre os quais o Palácio Pimenta e a Casa dos Bicos, vão dar origem ao novo Museu de Lisboa. O Museu da Cidade está prestes a desaparecer. Palácio Pimenta, onde fica o Museu da Cidade, Teatro Romano, Casa dos Bicos, Museu de Santo António e o Torreão Poente do Terreiro do Paço vão dar origem ao novo Museu de Lisboa, que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai apresentar ao público no sábado, às 17h00. Resultado da reformulação programática do Museu da Cidade, que o município tem vindo a proceder, através do Pelouro da Cultura, o Museu de Lisboa “tem também a partir de agora a sua marca própria”, escreve a CML, em comunicado. O projeto vai ser apresentado na inauguração da exposição temporária “Varinas de Lisboa – Memórias da Cidade”, precisamente no Museu da Cidade, que agora passará a ser conhecido como Museu de Lisboa / Palácio Pimenta. Hugo Amaral
BLOCO DE NOTAS DO MATEMÁTICO ALAN TURING VAI A LEILÃO O bloco são só 56 páginas manuscritas, mas, sem dúvida, muito valiosas: a leiloeira Bonhams espera conseguir alcançar a soma de um milhão de dólares. O filme sobre a vida do matemático Alan Turing, O Jogo da Imitação, chegou aos cinemas nas últimas semanas, em Portugal. Nesta terça-feira, o nome do matemático volta a ser falado, mas, desta vez, sem referências ao ator Benedict Cumberbach. Um bloco de notas que pertenceu ao pai da computação moderna vai a leilão em abril, segundo o Financial Times, e espera-se que as licitações cheguem ao valor de um milhão de dólares. O bloco data de 1942, ano em que Turing liderava uma equipa de criptólogos (decifradores de códigos) em Bletchley Park, para decifrar códigos nazis – o mesmo período de vida que aparece no filme nomeado para os Óscares. O bloco são só 56 páginas manuscritas, mas, sem dúvida, muito valiosas.
UMA HISTÓRIA DOS TROLLS
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alvez lhe apeteça, de vez em quando, juntar-se a uma conversa algures na internet. Afinal, a net é a grande ferramenta democrática, que nos permite a todos dizermos as nossas verdades. O problema é que é bem capaz de se sentir intimidado, porque as caixas de comentários estão a rebentar de pessoas cheias de ódio. Não se deixe intimidar. São apenas trolls. Lucy Pepper
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| CIÊNCIA
LOVEJOY, O COMETA QUE SÓ VOLTA DAQUI A OITO MIL ANOS Com um tom esverdeado e cauda longa, o cometa pode ser visto no céu escuro, portanto evite as zonas urbanas. Além do cometa, tente ver os restantes planetas que continuam visíveis no céu de fevereiro. Se procura uma ideia romântica para o mês dedicado à celebração dos namorados, procure um local longe das cidades onde o céu esteja suficientemente escuro para se verem as estrelas. Olhe para cima e procure o cometa Lovejoy de cauda esverdeada que se dirige para noroeste. Mas só até dia 6 de fevereiro. A partir dessa data, além de uma boa companhia, terá de se fazer acompanhar de um telescópio também, explica o Observatório Astronómico da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Sem precisar de recorrer a telescópio, e consoante a hora da noite escolhida, poderá observar qualquer um dos planetas do Sistema Solar até Saturno – Úrano e Nep-
tuno estão longe demais para serem visíveis a olho nu. O cometa C/2014 Q2, também chamado Lovejoy em honra do astrónomo amador, Terry Lovejoy, que o descobriu em agosto de 2014, demora oito mil anos a completar a órbita em torno do Sol. À medida que o cometa se aproxima do Sol, o calor derrete o gelo que se forma nas regiões mais frias do sistema solar ou da galáxia libertando gases e poeiras. Os ventos solares empurram os gases – cianogénio, (CN)2, e carbono diatómico, C2 – que, com o calor, criam uma cauda fluorescente – uma mistura de azul por causa do (CN)2 e verde causada pelo C2. De olhos postos no céu noturno pode aproveitar para ver os planetas do sistema solar, José Coelho
Cobras A lançar o terror no mundo há 170 milhões de anos Cobras — a atormentar o mundo há 167 milhões de anos. Pelo menos. A revista Nature Communications publicou esta terça-feira um estudo que vem demover as anteriores conclusões quanto à história das cobras. Afinal, estes répteis não existem só há 100 milhões de anos. Os cientistas em causa analisaram fósseis de quatro cobras pré-históricas que tinham idades compreendidas entre os 140 e os 167 milhões de anos. Eophis underwoodi é a cobra mais antiga registada pelos autores do estudo. Foi encontrada perto de Kirtlington, no sul de Inglaterra. Segundo os autores da investigação, as cobras da altura têm semelhanças com as cobras de hoje. Referem, por exemplo, os “dentes curvos” e a fisionomia dos maxilares. Michael Caldwell. Hugo Amaral
Nova técnica de terapia celular promete fazer crescer cabelo. Literalmente Uma equipa do Sanford-Burnham Medical Research Institute afirma ter resolvido o problema da calvície. Criou uma nova técnica capaz de transformar células estaminais em células capazes de desencadear o crescimento de cabelos. Ao contrário do transplante, que implica “transportar” a raiz do cabelo de um lado para outro, esta nova técnica “fornece uma fonte ilimitada de células do doente e não é limitada pela disponibilidade de folículos capilares existentes”, explica o investigador Alexey Terskikh. O cientista diz, também, que as células da papila da derme cultivadas in vitro (em laboratório) não são um método eficaz, uma vez que não conseguem desenvolver-se em quantidade suficiente. Hugo Amaral
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POLÍTICA |
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| ESPECIAIS
AUSCHWITZ, PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA 27 de Janeiro de 1945. O exército soviético abria as portas de Auschwitz, o maior, o mais completo, o mais perfeito dos campos de extermínio. 70 anos depois, ainda não nos compreendemos sem Auschwitz. A torre de Birkenau fica mais ou menos a meio do longo edifício de tijolo vermelho. Mesmo em cima do arco por onde entravam os comboios. Lá do alto o nosso olhar pode pousar sobre o imenso campo que um dia foi de extermínio. Pode perder-se na sua imensidão. À direita, meia dúzia de barracões de madeira escura são conservados como testemunho do tempo em que ali se acumulavam os prisioneiros. À nossa frente, a linha do comboio e as plataformas onde os SS dividiam os que chegavam entre os que iam diretamente para as câmaras de gás e aqueles que ainda serviam para trabalho escravo. Lá ao fundo, antes da fita verde do bosque de bétulas, estão os restos dos fornos crematórios e das câmaras de gás, feitos explodir pouco tempo antes de os soldados soviéticos chegarem, numa tentativa inglória de esconder o que aqui se tinha passado. De resto, a toda a volta, a planície parece vazia. Do complexo de morte que aqui existia sobram pouco mais do que as ruínas das chaminés que existiam em cada uma das barracas. O olhar esvai-se na distância sem que consigamos perceber onde estão os limites do campo.
A máquina de matar 20 mil por dia Há espaços que não cabem dentro de uma fotografia ou de um filme, e este campo de Auschwitz II, o campo de Birkenau, é um espaço desses. Em parte pela sua imensidão: só este campo, o que estava dedicado ao extermínio, ocupa uma área que, se pousada sobre a cidade de Lisboa, ocuparia toda a zona que vai do rio até uma linha imaginária que fosse do Palácio de São Bento à Graça, passando pelo Rossio (no Porto podemos imaginar um espaço semelhante: o que estaria entre o rio.
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Os judeus que ajudavam a matar judeus
Shlomo Venezia é o único sobrevivente de Auschwitz com quem tive oportunidade de conversar. Faz agora sete anos. Sendo que não é um sobrevivente qualquer: judeu de origem grega, nascido em Salónica, foi obrigado a fazer parte dos Sonderkommando, e isso era quase sempre muito pior do que ter morte imediata, pois eles eram os judeus que ajudavam a matar judeus. Eram essas equipas que faziam o trabalho mais abominável de limpeza das câmaras de gás e de levar os cadáveres para os fogos crematórios. No caso de Shlomo, a sua tarefa era cortar os cabelos às mulheres. O seu irmão tinha de arrancar os dentes de ouro da boca das vítimas. “Aquilo que tínhamos de fazer era tão duro, tão impossível de acreditar, que por vezes o meu irmão ainda se interroga se não foi tudo um sonho ou se aconteceu mesmo”, disse-me quando conversámos. Só que aconteceu mesmo, por muito que custe perceber o que fez e como o fez: “Éramos autómatos, pois uma pessoa normal não resistiria. Acho que, ao fim de um certo tempo, nos transformámos em robots. É algo que nunca poderemos esquecer, algo que ficou connosco para sempre, pois em cada dia que passava não éramos mais a mesma pessoa.” O seu trabalho era conviver com a morte no dia-a-dia. Uma morte concreta, física, de interação com os que iam morrer e
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“Shlomo Venezia tinha como tarefa cortar os cabelos às mulheres, que depois seriam utilizados para fabricar isolantes para os submarinos.”
Ver em cada vítima um ser humano igual a qualquer um de nós
da execução mecânica das tarefas que lhe estavam destinadas depois das portas dos “chuveiros”-câmaras de gás se abrirem e ser necessário tratar dos cadáveres. Eis como ele recorda essa experiência:“Coube-me cortar os cabelos das mulheres e enfiá-los em sacos enormes. O meu irmão tinha de arrancar os dentes de ouro e devia fazê-lo depressa, pois era muito mais difícil quando os cadáveres arrefeciam e endureciam. Nos primeiros dias foi muito difícil, nunca tinha visto um morto. Mas depois tornei-me num especialista.” Sabia para onde iam os cabelos? Impressionou-se quando voltou a Auschwitz e viu os tecidos que estão no museu? “Não sabia, só soube muito depois. Parece que serviam sobretudo para o isolamento acústico dos submarinos. E no museu hoje aquilo já só é uma massa acinzentada. Mesmo quem lá vai e vê esses tecidos não pode imaginar o que nós tínhamos de fazer”. Mas não é apenas o espaço imenso que perturba. É mais o vazio atual que nos deixa imaginar o tempo em que aqui se podiam exterminar, matando e fazendo desaparecer os restos, até 20 mil seres humanos por dia. De forma eficiente, rotineira e implacável. Mas não é apenas o espaço imenso que perturba. É mais o vazio atual que nos deixa imaginar o tempo em que aqui se podiam exterminar, matando e fazendo desaparecer os restos, até 20 mil seres humanos por dia. De forma eficiente, rotineira e implacável.
Recordemos, por exemplo, A Lista de Schindler. Lembram-se como, em todo o filme a preto e branco, há apenas uma imagem a cor, a de uma miudinha com um casaco vermelho? E recordam-se por que é tão importante a sua fugaz passagem pelo ecrã? A resposta pode não ser óbvia mesmo para quem viu o filme mais de uma vez. E só a conhecemos porque Schindler, até aquele momento um industrial alemão que aderira ao nazismo, via judeus como seres sub-humanos e beneficiava da sua redução à escravatura, nos disse, muitos anos depois, que foi por ter visto essa rapariga e, depois, o mesmo casaco vermelho entre os despojos dos que tinham sido assassinados, que o despertou para a realidade do Holocausto. Depois tornou-se num “justo”, isto é, em alguém que passou a arriscar a vida e a fortuna para salvar judeus. Mario Sinay, que foi director do departamento para a educação do Holocausto no Yad Vashem, em Jerusalém, não tem uma resposta segura. “Não sei se algum dia vamos conseguir responder de forma definitiva ao problema de saber como foi humanamente possível. Há anos que estudo o Holocausto o número de questões que se me colocam não param de aumentar.” Algo que a sua mulher confirmou ao recordar-nos o impacto. Recordemos, por exemplo, A Lista de Schindler. Lembram-se como, em todo o filme a preto e branco, há apenas uma imagem a cor, a de uma miudinha com um casaco vermelho? Recordemos, por exemplo, A Lista de Schindler. José Manuel Fernandes
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| ECONOMIA
BPI TEVE 161,6 MILHÕES DE EUROS DE PREJUÍZOS EM 2014 Resultados negativos do BPI surgem num dia em que a ação tocou o valor mais baixo desde julho de 2013 em bolsa. Na atividade doméstica, o banco perdeu 287,7 milhões de euros.
O BPI obteve resultados líquidos consolidados negativos de 161,6 milhões de euros em 2014, de acordo com o comunicado que foi enviado esta quinta-feira pela instituição financeira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Os prejuízos, justifica a instituição financeira, incluem custos e perdas não recorrentes no valor de 264,3 milhões de euros na atividade doméstica. Caso não houvesse estes registos nas contas do banco, o BPI teria alcançado um resultado positivo consolidado de 102,6 milhões de euros. A atividade internacional, centrada em Angola, “contribuiu positivamente para os resultados consolidados com um lucro de 126,1 milhões de euros”, um crescimento de 32,5% em relação a 2013. Mas, nas operações domésticas, o banco perdeu 287,7 milhões de euros. O BPI é o primeiro grande banco a apresentar os resultados anuais. O CaixaBI estimava que o BPI tivesse fechado o exercício de 2014 com um prejuízo de 83,1 milhões de euros, o que compara com o lucro de 66,8 milhões registado no anterior. Nesta quinta-feira, em antecipação ao conhecimento público das contas do banco, as cotações registaram uma queda de 5,31% na Euronext Lisbon e fecharam a valer 82 cêntimos. A instituição explica a origem
“Contribuiu de forma positiva para os resultados com um lucro de 126,1 milhões de euros.”
dos prejuízos apresentados com o contributo da atividade doméstica que “foi negativo em 287,7″ milhões de euros, número que “incorpora 264,3 milhões de euros relativos ao impacto após impostos” das “menos-valias de 137,5 milhões de euros (105.9 milhões após impostos) realizadas principalmente no primeiro trimestre” de 2014 “com a venda de Dívida Pública de médio e longo prazo de Portugal e Itália”. A instituição financeira dirigida por Fernando Ulrich adianta, também, que o resultado negativo se deveu a “custos de 26,7 milhões de euros (20,5 milhões após impostos)”, relativos aos primeiros seis meses do ano, “com juros das obrigações subordinadas de conversão contingente (CoCo)”, valores correspondentes à remuneração paga ao Estado em contrapartida pela ajuda recebida pelo BPI no âmbito dos apoios para a recapitalização dos bancos previstos no envelope de 78 mil milhões de euros emprestado pela troika a Portugal. O banco explica, ainda, que os resultados negativos se deveram a encargos de 32,5 milhões de euros com reformas antecipadas, à anulação de 50,9 milhões de euros de impostos diferidos referentes aos prejuízos verificados durante o exercício de 2011, a idêntica operação, realizada no quarto. Edgar Caetano
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ECONOMIA | Catarina Falcão
SALGADO DETALHA ENCONTROS COM CAVACO E PORTAS Ricardo Salgado escreveu hoje à comissão de inquérito ao BES, onde detalha todos os encontros que teve com personalidades políticas no início de 2014. O Observador teve acesso à missiva. Ricardo Salgado admitiu um encontro com Cavaco Silva em Belém, mas agora, o antigo banqueiro revela que afinal teve duas reuniões com o Presidente da República. Numa carta dirigida à comissão de inquérito ao BES – e a que o Observador teve acesso em exclusivo -, Ricardo Salgado diz ainda que se encontrou duas vezes com Pedro Passos Coelho, com Maria Luís Albuquerque, uma vez com Carlos Moedas, então secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, uma vez com Durão Barroso, então presidente da Comissão Europeia e ainda com Paulo Portas, vice-primeiro-ministro. Se uma grande parte destes encontros já era conhecida, revelada pelo próprio aquando da sua audição na comissão de inquérito no início de dezembro. as datas de todos. Hugo Amaral
COMBATE À FRAUDE E EVASÃO FISCAL EM 40 MEDIDAS São 40 medidas prioritárias que o Ministério das Finanças divulga esta quinta-feira para combater a economia paralela e a fuga do Fisco entre 2015 e 2017. Como? Cruzando dados e novas tecnologias. O Ministério das Finanças divulgou esta quinta-feira o Plano Estratégico de Combate à Fraude e Evasão Fiscais e Aduaneiras para o triénio 2015-2017, que visa promover uma “equidade fiscal na repartição do esforço coletivo de consolidação orçamental”, com 40 medidas prioritárias, que se baseiam no cruzamento de dados e nas novas tecnologias. Naquele que é o primeiro plano de combate à fuga ao Fisco pós-troika, a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais adianta que o programa anterior terminou “com sucesso” e que a “eficácia” da administração fiscal foi “decisiva” para a eficiência do sistema fiscal.O Ministério das Finanças divulgou esta quinta-feira o Plano Estratégico de Combate à Fraude e Evasão Fiscais e Aduaneiras para o triénio 2015.
O SIGNIFICADO E OS RISCOS DA DECISÃO DO BCE
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BCE anunciou hoje um programa de compra de activos que irá adicionar a compra de títulos soberanos aos programas existentes de compra de activos do sector privado, lançados no ano passado. O BCE irá realizar compras mensais totais de títulos privados e soberanos num montante de € 60 mil milhões. As compras durarão até pelo menos Setembro de 2016 e, em qualquer caso até que o Conselho do BCE veja um ajustamento sustentado da trajectória da inflação. de alcançar taxas de Paulo de Almeida Sande
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| POLÍTICA
PORTUGAL QUER SER PIONEIRO NA LUTA CONTRA DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO O ministro Mota Soares diz que Portugal quer ser pioneiro a lançar o combate, ao nível da União Europeia, ao desemprego de longa duração, a exemplo do juvenil.
O ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Mota Soares, disse em Bruxelas que Portugal quer ser pioneiro a lançar o combate, ao nível da União Europeia, ao desemprego de longa duração, a exemplo do juvenil. “Da mesma forma que Portugal foi pioneiro na discussão e na aplicação da Garantia Jovem, entendemos que é muito importante agora sermos pioneiros a falar do caso do desemprego de longa duração porque é também certamente um problema forte a nível europeu”, disse à agência Lusa Pedro Mota Soares. O desemprego de longa duração, salientou o ministro, “é um problema económico, mas é acima de tudo um problema social”, adiantando a necessidade de encontrar medidas para combatê-lo. Portugal vai lançar dois programas específicos dirigidos a desempregados de longa duração com mais de 30 anos “porque reconhecemos que o desemprego de longa duração continua a ser um problema efetivo para muitos portugueses”. Mota Soares adiantou que uma das medidas – Vida Ativa — serve para “dar formação em meio de trabalho, em local de trabalho, a desempregados de longa duração”. Ao mesmo tempo, salientou, o Governo vai lançar o programa Reativar, que prevê a cria-
“É um problema económico, mas é acima de tudo um problema social.”
ção de estágios “para dar uma segunda oportunidade”. Com a medida Vida Ativa, de formação de desempregados de longa duração em contexto de local de trabalho, o Governo vai gastar 30 milhões de euros e pretende atingir 20 mil trabalhadores até abril, bem como a medida Reativar, que visa criar oportunidades para desempregados com mais de 31 anos. Com esta medida, que conta com uma majoração no caso de os beneficiários serem desempregados com mais de 45 anos, o Governo quer atingir 12 mil portugueses ao longo de todo o ano, estimando investir neste programa 43 milhões de euros. Mota Soares falava à Lusa à margem de uma conferência sobre desemprego juvenil. A medida ativa de emprego — REATIVAR — tem como objetivo promover a reintegração profissional de pessoas desempregadas de longa duração e de muita longa duração, com mais de 30 anos de idade, através da realização de estágios profissionais. Estes estágios profissionais destinam-se a desempregados inscritos há pelo menos 12 meses nos centros de emprego e que nunca tenham sido abrangidos por uma medida ativa de emprego deste género. Os estagiários receberão uma bolsa que pode variar entre o valor de 1 Indexante dos Hugo Amaral
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POLÍTICA |
PRIMEIRO-MINISTRO DIZ QUE DECISÃO DO BCE É “BEM-VINDA” E ESPERA QUE SEJA EFICAZ O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que é "bem-vinda" a decisão do Banco Central Europeu de comprar dívida pública e que espera que ela "seja tão eficaz quanto se deseja". O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse esta sexta que é “bem-vinda” a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de comprar dívida pública e que espera que ela “seja tão eficaz quanto se deseja”. “Este financiamento do BCE não é para os Governos nem para os Estados, é para os bancos e para a economia e portanto o BCE, ao contrário do que algumas pessoas defendiam, não alterou o seu mandato, os seus estatutos, o seu objetivo que é de política monetária e não está a financiar os Estados, está a financiar os bancos e a economia”, afirmou o chefe de Governo. Confrontado com as acusações do líder do PS, António Costa, que considerou que a decisão do BCE cons-
.“Aproveitei para revisitar as declarações que tenho feito.”
titui uma pesada derrota política e doutrinária para o primeiro-ministro, Passos Coelho frisou que, da sua parte, “nunca houve contradições”.“Aproveitei para revisitar as declarações que tenho feito sobre esta matérias e elas são particularmente coerentes”, frisou.O Banco Central Europeu anunciou na quinta-feira que vai comprar mensalmente 60 mil milhões de euros de dívida pública e privada até setembro de 2016. A compra inicia-se em março e durará pelo menos até ao fim de setembro de 2016. O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse esta sexta que é “bem-vinda” a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de comprar dívida pública e que espera que ela “seja tão eficaz quanto. dese. José Coelho
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| POLÍTICA Hugo Amaral
DEFESA DIZ QUE PROVAS DE SÓCRATES SÃO “PROIBIDAS” Recurso da defesa de Sócrates não contesta os factos, apenas alega que as provas sobre o rasto do dinheiro na Suíça não poderão ser usadas em tribunal. E aponta o dedo ao juiz Carlos Alexandre. Já se conhece o extenso recurso da defesa de José Sócrates contra a prisão preventiva, que deverá dar entrada no Tribunal da Relação de Lisboa esta semana. São mais de 70 páginas de argumentação onde a defesa do ex-primeiro-ministro, sem nunca negar os factos, procura mostrar que as provas de que o procurador titular do processo estará à espera são “provas proibidas” e, por isso, não poderão ser usadas em tribunal, avança o jornal Público. A defesa está otimista. “[O recurso] tem ótimos fundamentos e vai resultar”, disse o advogado João Araújo à Renascença. No recurso, que é subscrito pelos dois advogados, João Araújo e Pedro Delille, a defesa não procura analisar concretamente os factos que imputam a Sócrates os crimes de corrupção. Hugo Amaral
PARLAMENTO DISCUTE SISTEMA FISCAL PRÓPRIO PARA A MADEIRA A Assembleia da República discute hoje cinco propostas de lei aprovadas a 8 de janeiro no parlamento da Madeira, uma das quais visa a criação de um sistema fiscal próprio para o arquipélago. A Assembleia da República discute hoje cinco propostas de lei aprovadas a 8 de janeiro no parlamento da Madeira, uma das quais visa a criação de um sistema fiscal próprio para o arquipélago. A discussão e votação destas propostas da Madeira acontecem dois dias depois do Presidente da República, Cavaco Silva, ter declarado a dissolução da Assembleia Legislativa da Madeira e marcado eleições regionais antecipadas para 29 de março, o que não faz caducar as iniciativas. Quanto à proposta de lei para a fixação de um sistema fiscal próprio, surgiu de uma iniciativa do deputado da bancada da maioria do PSD na Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) Miguel de Sousa e foi aprovada no plenário de 08 de janeiro com os votos favoráveis do PSD e do CDS-PP.
SÓCRATES É A BAZUCA DE ANTÓNIO COSTA
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ario Draghi usou a “bazuca” e o Syriza obteve uma vitória histórica na Grécia. Em apenas quatro dias, tudo se alterou na Europa? Há quem queira acreditar que sim. Mas, mais revelador, é assistir a que cada vez mais gente no PS defenda a necessidade de mudar o rumo da política nacional, por via de substituir as medidas de contenção da despesa do Estado por uma aposta forte no investimento público. Soa familiar? Sim, porque o é: foi este o debate que marcou as legislativas de 2009. Paulo de Almeida Sande
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POLÍTICA |
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| ENTREVISTA
PEDRO ABRUNHOSA OU A ENTREGA POR “INTEIRO” 20 ANOS DEPOIS Os 20 anos sobre "Viagens" dão o mote à nova digressão de Pedro Abrunhosa, uma viagem ao passado com olhos no futuro. "Não Posso Mais" marcou o início. Duas décadas depois, ele ainda pode tudo. Em 1994, quando os CD ainda eram um bem precioso e o top de vendas português era ocupado por nomes como Mariah Carey, Michael Bolton e Bon Jovi, Pedro Abrunhosa embarcou numa viagem chamada Viagens. Num só disco, os portugueses encontraram funk, rock, jazz, rythm&blues, sexo, palavrões. E gostaram. Gostaram tanto, que fizeram dele um dos discos mais vendidos do ano, com tripla platina.
Vai dar três concertos seguidos no Coliseu do Porto. A última vez que um fenómeno como este em português aconteceu foi com a febre do regresso dos Ornatos Violeta, em 2012. Como é que se chega até aqui? Acho que se chega, em primeiro lugar, com repertório, com a construção de repertório ao longo dos anos, em discos, que é reconhecido pelo público e que o público toma como seu. A geração que foi apanhada pelo Viagens, há 20 anos, tem agora mais de 30 anos. Esses vão ver [o concerto]. Muitos passaram aos irmãos mais novos, aos filhos, também. Há ali um abarcar geracional. Cada um dos sete discos marcou à sua maneira.
“Inteiro” é um espetáculo apresentado como sendo “sobre o passado, sobre o presente e sobre o futuro”. Traduzindo: o que é que o público vai poder ver? Viagens de uma ponta à outra, finalmente? É mais um espetáculo sobre o futuro, por paradoxal que possa parecer, mas é uma vista do passado para o futuro. Nos concertos eu vou abandonando algumas canções, os ‘mega mega êxitos’, mas substituo por outras porque faço outras. É quase como na psicoterapia: “Ok, acabou o amor, mas vamos lá então avançar”. Nem sei sequer se é uma substituição. Mas o público não fica defraudado porque sai uma música e entra uma nova. O público gosta de
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ouvir músicas novas, eu noto nas reações ao longo destes anos todos de palco. Claro que as músicas consagradas têm um certo peso, mas se o espetáculo não tem músicas novas, contemporâneas, há uma certa nostalgia no espetáculo. E os meus espetáculos não são nostálgicos, eles não vivem do passado, vivem do presente e do futuro. Eu agora vou é revisitar outra vez essas canções, mas com uma visão contemporânea, vou retocá-las.
Tinha ideia de que não gostava de voltar ao passado, por isso evitava centrar os concertos em sucessos do passado. Porque é que decidiu fazer esta retrospetiva? Eu não gosto mesmo de voltar ao passado, não gosto de ficar sentado a olhar para aquilo que fiz. Eu uso para mim próprio, para justificar esse desapego do passado, a imagem dos escritores de quem gosto. Por exemplo, eu não estou a ver o Lobo Antunes a ir ler os livros passados e a discorrer agora sobre Os Cus de Judas [livro lançado em 1979], ou sobre o Memória de Elefante. Não estou a ver, não é? Também não estou a ver a Lídia Jorge a fazer isso com A Costa dos Murmúrios. Portanto, o que a mim me interessa é que aquilo aconteceu, está lá, está publicado e participou na existência cultural e identitária do país, mas a partir daí é olhar para a frente.
“Viagens” foi reeditado em novembro de 2014. ©D.R.
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| EXPLICADOR
AFINAL O QUE É QUE SE PASSA NO IÉMEN? Onde fica o Iémen? Colocado no fundo da Arábia Saudita mesmo no calcanhar da bota arábica, o Iémen é vizinho do pacífico Omã e tem África a poucos quilómetros de mar vermelho de distância. O país fica no cruzamento entre a península arábica, a Ásia e a África e a sua cultura e tradição estão ligadas a esta posição de entreposto entre múltiplas culturas. Com lugar de destaque nas ancestrais rotas de especiarias, foi definido pelos romanos como Arabia Felix, em contraponto à Arabia Deserta do norte (atual Arábia Saudita). Habitam o Iemen 25 milhões de pessoas, quase todas muçulmanas, quase todas dependentes de uma economia que se baseia em produtos básicos como o café, o peixe e o algodão. O grande motor da economia é o petróleo, que não chega às mãos da imensa maioria da população.
Qual é a situação político-económica do Iémen? O primeiro aspeto que importa reter sobre o Iémen é que mais de metade da população vive com menos de dois dólares por mês. As Nações Unidas estimam que perto de 60% da população necessite de apoio humanitário para sobreviver. O Iémen tem vivido numa instabilidade crónica desde o fim dos anos setenta, graças a um regime pouco democrático liderado por Ali Abdullah Saleh, que durou até novembro de 2011. No rescaldo das primaveras árabes, o país viveu um período de euforia pró-democrática que teve pouca concretização prática. Ao fim de pouco mais de três anos, a situação política piorou e o país tem estado envolvido numa guerra civil que é motivada por questões religiosas mas principalmente pelas limitações económicas.
Quem manda no Iémen? Formalmente é o presidente Mansour Hadi e a sua guarda presidencial. Mas o presidente, escolhido em 2011 para assegurar a transição democrática no país, tem pouco poder real. Neste momento grande parte da capital Sanaa está sob controlo dos rebeldes xiitas houthi, provenientes do norte do país e fortemente apoiados pelo regime iraniano. As fações mais extremistas gostariam de recuperar o Imanato Zaidi, que governou o norte do Iémen durante quase mil anos. Também os grupos da Al-Qaeda controlam parte do território, impondo uma lei islâmica absolutista que permite treinar jihadistas que depois são enviados para a Síria e o Afeganistão. As forças houthi combatem as forças da al-Qaeda pelo controlo do território, graças ao apoio que têm de Teerão. Entre estes três poderes, o exército tem a lealdade dividida e não responde de forma unificada às forças civis. É um exemplo perfeito que vem nos manuais de estados falhados.
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EXPLICADOR | O que está a acontecer na capital? Sanaa, a capital do Iémen, está literalmente sitiada. Um grupo de rebeldes Houthi oriundo do norte do país montou um cerco ao palácio presidencial desde o fim de semana, o que tem resultado em violentos tiroteios com as forças leais ao Presidente Mansour Hadi. Apesar do anúncio de um cessar-fogo na última segunda-feira, os combates não cessaram. Exigindo maior autonomia para as províncias do norte e a melhoria das condições económicas, os Houthi recusam recuar nas exigências. E esta situação segue-se aos intensos combates nas últimas semanas entre os representantes da Al-Qaeda e os Huothi, que de acordo com a Reuters terão já provocado muitas dezenas de mortos.
E qual é a relação do Iémen com o ataque ao Charlie Hebdo? Os culpados do atentado ao Charlie Hebdo treinaram no Iémen em 2011. Os serviços secretos europeus já confirmaram que ambos os irmãos Koauchi estiveram no território, como os próprios tinham anunciado – tendo inclusivamente sido financiados por Anwar al-Awlaki há quatro anos, um muçulmano associado à violência promovida pelo grupo terrorista de Bin Laden. A própria Al-Qaida da Península Arábica, sediada no Iémen, assumiu publicamente a responsabilidade pelo ataque. Assim sendo, o ataque teria sido ordenado por al-Zawahri, o líder supremo da Al-Qaeda, em consequência direta dos repetidos cartoons tendo por alvo os muçulmanos. Esta narrativa tem sido tratada com algum ceticismo pelos investigadores franceses. Se é verdade que os irmãos Kouachi treinaram no Iémen em 2011 e receberam fundos para atentados, isso pode ter pouco a ver com o que aconteceu em Paris quatro anos depois. Os fundos e a coordenação podem ter vindo de outras fontes, incluindo o Estado Islâmico, que disputa com a al-Qaeda a liderança da violência em nome de Alá e tem procurado ações com grande impacto mediático.
Quem controla o petróleo que o país produz?* * questão colocada por uma leitora A produção de petróleo equivale a 70% da riqueza do país, mas tem vindo a decair desde 2010. De acordo com o Financial Times, em 2013 o Iémen importou mais petróleo do que aquele que exportou, situação inédita nos últimos trinta anos. Este défice energético é um sinal da desagregação económica do país graças à continuada crise política e económica. Perto de metade do petróleo recolhido é refinado no país para satisfazer a procura interna, sendo altamente subsidiado pelo governo e chegando ao mercado a preços baixos. A outra metade, que corre em dois oleodutos, é exportada por mar para os países asiáticos que preenchem a lista de clientes. Mas a província de Hadramawt, que produz mais de metade do petróleo do país, tem fugido ao controlo da empresa estatal criada para gerir essa exploração. Vários ataques aos poços e ao oleoduto têm limitado a produção corrente, com o governo a colocar a culpa em milícias tribais e na influência da Al-Qaeda na região. Já na província de Marib os Houthi tomaram o controlo da produção petrolífera e ameaçam não a devolver ao governo central – utilizando-a como forma de pressão para as suas exigências políticas. Este relatório da Chatam House, um grupo de reflexão sobre política e economia internacional sediado em Londres, fornece excelentes indicaçaões sobre o contexto histórico da produção petrolífera do país. E esta análise do governo americano fornece o ponto de situação do que se passava no terreno há escassos meses – em que já eram notórios os problemas de segurança do país.
A que pergunta ainda não respondemos? Com as atenções mediáticas viradas para o Iémen, os pormenores sobre a situação no terreno vão sendo conhecidos com mais detalhe. Por isso iremos atualizar regularmente este Explicador, de forma a acompanhar a atualidade. Se quiser ver alguma questão respondida, é só enviar um email: foi isso que fez a leitora que colocou a questão mesmo antes desta. Diogo Queiroz de Andrade
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| EXPLICADOR
510 COMENTÁRIOS 293,000 ESTADOS 136,000 FOTOS
FACEBOOK EM NÚMEROS O facebook apresentou esta semana alguns dados relativos a 2014.
950 MILHÕES UTILIZADORES UTILIZADORES DO FACEBOOK
91%
13H E AS 15H MAIOR TRÁFICO
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ADULTOS ONLINE TEM FACEBOOK
Foram divulgados os dados estatísticos relativos ao ano de 2014, da rede social que tem vindo a obter cada vez mais utilizadores, facebook. Nat itrescer que ta venatrum conticiem imus cone merfeciteme con sent? Tum intideo, es, Ti. Qua mo vis ad nos pra inam vitero cons habem tem sula sentrum hem pulossu mo egerdis voltor atintem iaedempraris Ahaberfectum liero, sena, caet, dit; etoditum nonsule gitium audees pultorsuppl. Odieni poena, publius quidess ignonestum cae temus bonsuam us, esident enicaet viviviripio, aceperei sedium, etiaet iam erevis, ta tiusquo videt? Unc fue omnitusquam imorum se, quam inaturs sendam norur hae quam re inat gra nondet ex noximantu vis, Cupio, quiustanu vit potem tem in te apese propubit gravo, caut crio iam hina, vis. Grae cus et? Go endum nostam am testrata efacrum in sulicatiaet
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| VAIDADES
LUZES E SOMBRAS DA PASSADEIRA VERMELHA A distinção anual do Sindicato dos Atores dos EUA convidou a desfilar nomes sonantes, tanto de artistas como de marcas de roupa. Desde o Givenchy de Julia Roberts ao discutível Dior de Emma Stone. A 21º edição do evento anual Screen Actors Guild Awards levou à passadeira vermelha, este domingo à noite, um desfile de estrelas. A cidade de Los Angeles parou para ver passar artistas do grande e pequeno ecrã, numa noite destinada a celebrar a arte da representação: nesse campo, as maiores honras couberam a Eddie Redmayne, de “A Teoria de Tudo”, Julianne Moore, a propósito de “O Meu Nome é Alice”, e Viola Davis, pela sua participação na série “Como Defender um Assassino”, entre outros. Prémios à parte, falemos de moda e de quem vestiu o quê. Para o Huffington Post, uma Jennifer Aniston de 45 anos roubou a noite com um visual “divinal”: um vestido dourado, ao estilo vintage, com a assinatura de Galliano. A revista People, no entanto, confessa que estava à espera
de algo mais arriscado, mas não deixa de elogiar o look completo. Os adjetivos mais rasgados desta publicação não falharam o alvo e destinaram-se a Sofia Vergara e ao Donna Karan Atelier por ela escolhido, chegando mesmo a falar em “perfeição”. Felicity Jones, protagonista na longa-metragem “A Teoria de Tudo”, encantou pela imagem de elegância à qual já nos acostumou, e Julia Roberts não deixou ninguém indiferente num fato by Givenchy by Ricardo Tisci. Se nos Globos de Ouro Emma Stone foi o centro de todas as atenções ao exibir um muito cobiçado Lanvin, desta vez a atriz de “Birdman” deixou os críticos divididos por conta do seu Dior Haute Couture. Por esse motivo, é a primeira vez que a estrela entra nas categorias de “Mais Bem Vestida” e “Escolha Arriscada”. José Coelho
Uma semana de luxo e alta costura em Paris A semana de moda de Alta Costura em Paris começou no domingo, dia 25 de janeiro, e termina na quinta-feira, dia 29. Até lá, alguns dos espaços mais luxuosos da cidade, como o Grand Palais, o Hotel Salomon de Rothschild ou o Teatro Nacional de Chaillot, recebem as propostas de nomes como Jean Paul Gaultier, Valentino, Versace ou Elie Saab. Há desfiles a acontecer desde as 10 da manhã até às 21h. A semana do luxo na moda está aberta. Veja, para já, as propostas de Chanel, Versace e Christion Dior já apresentadas na capital francesa.A semana de moda de Alta Costura em Paris começou no domingo, dia 25 de janeiro, e termina na quinta-feira, dia 29. Até lá, alguns dos espaços mais luxuosos da cidade, como o Grand Palais, o Hote .A semana de moda de Alta Costura em Paris começou no domingo, dia 25 quinta-feira, dia 29. Hugo Amaral
Ronaldo deseja as “melhores felicidades” a Irina “Depois de cinco anos de namoro, a minha relação com Irina Shayk chegou ao fim. Acreditamos que foi melhor para os dois tomarmos esta decisão agora”. Foi assim que Cristiano Ronaldo ditou oficialmente o fim da relação com a modelo russa de 29 anos, num comunicado enviado esta terça-feira à Associated Press. “Desejo à Irina as maiores felicidades”, reforçou. A declaração foi feita com o intuito de acabar com as especulações em torno da relação. Nos últimos dias foram publicadas notícias que apontavam para um desentendimento entre a modelo e a família do avançado português. Mas há mais. Se por um lado a imprensa escreveu sobre o alegado romance de Cristiano Ronaldo com uma jornalista espanhola de 26 anos, por outro, esta terça-feira é notícia que o ator Dwayne ‘The Rock’ Johnson, com quem Irina. Hugo Amaral
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VAIDADES | Ana Cristina Marques
CONVENCIDO? ARROGANTE? BIEBER PEDE DESCULPA AOS FÃS Pouco depois de ter sido entrevistado por Ellen DeGeneres, o cantor publicou um vídeo onde se mostrou arrependido pela atitude dos últimos tempos. “Eu não sou o que estava a fingir ser”. Justin Bieber, o arrependido. A estrela que tem tido vários problemas com a lei publicou um pedido de desculpa nas redes sociais, esta quarta-feira, onde lamenta o comportamento “arrogante” e “convencido” dos últimos tempos. O vídeo vem na sequência da sua participação no programa apresentado pela norte-americana Ellen DeGeneres, uma entrevista que terá deixado o artista “muito nervoso”. Esta foi a primeira aparição na televisão, escreve a US Weekly, depois de Bieber ter recebido várias críticas a propósito da sua conduta de “bad boy”. Bieber filmou-se a si próprio a falar, num vídeo curto e com pouca luz, num registo de arrependimento. “Acho que estava nervoso porque tinha medo do que as pessoas estão a pensar de mim”, explicou. Ana Cristina Marques
É ESTE O FIM DO CASAMENTO DE GEORGE CLOONEY? Uma revista norte-americana está a noticiar o fim do casamento entre o ator e a advogada, um divórcio que poderá ascender a quase 200 milhões de euros. Oficialmente, não há comentários. Quatro meses depois, o casamento de sonho protagonizado por George Clooney e Amal Alamuddin pode ter chegado ao fim. Pelo menos é o que diz a história que faz capa na nova edição da revista norte-americana InTouch Weekly, que chegou às bancas daquele país na terça-feira (27 de janeiro). A publicação aborda o alegado comportamento mulherengo do ator, o temperamento de “diva” da advogada de direitos humanos, que alegadamente tem problemas com os amigos de Hollywood do marido, entre outros temas de uma vida a dois. Citando uma fonte anónima, a revista dá como certo o rumor que aponta no sentido do divórcio. A fonte alega que, apesar de as demonstrações públicas de afeto, nos bastidores o casal discute com frequência.
FAVOR APRENDER A LÍNGUA
O
utro dia, estava eu numa estação de metro, na fila da bilheteira, quando ouvi uma senhora brasileira a perguntar o que era um “autocarro”, depois da senhora do metro lhe ter dito para apanhar um “autocarro”. A turista brasileira não sabia mesmo o que era um “autocarro” e a funcionária do metro também não sabia mesmo que, no Brasil, se diz “ônibus” (nem eu, e assim, não ajudei nada). Paulo de Almeida Sande
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| OPINIÃO
O CERTO E
O INCERTO
Não rio de cartoons sulfúricos ou obscenos. Mas teria sem sombra de hesitação ido para a rua, comungando do mesmo luto e da mesma raiva, enrolada na bandeira da “diferença” da minha civilização.
lizada, cosmopolita, misturada, excêntrica, criativa, solene, desapressada. Sempre me espantou por exemplo a valsa vermelha dos seus ‘Bus’ deslizando por entre a cadência ritmada do trânsito ou a proeza que só ali vejo dos táxis rodando sobre si mesmos em inversão de marcha nas mais acanhadas ruas, sem que se ouça um insulto ou sequer uma buzinadela, talvez nem se usem buzinas. Capazes disso são os ingleses, sempre tão peculiares. Voltei aos museus imensos (e imensamente aquecidos, só em Portugal é que há frio), ao comércio pujante, tão depressa ultra conservador como imaginativamente alternativo — às vezes não se percebendo mesmo de onde sai o “recheio” de um e de outro, tão insólito pode ele ser; aos mercadinhos de rua, ajoujados de “preciosidades” sem idade ou de velharias com charme; aos festivos e ensolarados parques – oito dias cheios de luz – com os termómetros a registar as mais baixas temperaturas desde há décadas – mas que importância, com um sol tão radioso e raro (sob o qual circulavam a altíssima velocidade as trotinetas dos netos). um sol tão radioso e raro (sob o qual circulavam.
Uma família (quase) toda fora de portas e uma mão queimada ditaram-me uma dupla distância — geográfica e motora — do meu habitual convívio com o Observador. Em Londres não havia computador, mas se o tivesse não tinha mão direita para nele escrever. Apesar destas faltas — e como faz falta uma mão! — saboreei quanto pude a doçura de umas férias familiares, o ouvido apurado para cada andamento da gloriosa “sinfonia” Londres. Quase com mais turistas que ingleses, a cidade resplandecia ainda sem a sombra da nova investida da barbárie, no outro lado da Mancha. Londres, seja em que circunstância, estação ou época da vida for, mas sempre estampada na sua inamovível “marca” – posta por ordem, elegante, civi-
José Coelho
Alexandre Homem Cristo
Helena Matos
João Marques de Almeida
A ILUSÃO DA SEGURANÇA
O PROBLEMA SOMOS NÓS
UMA LEI DECISIVA
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epois do choque, o dia seguinte. E, com ele, o inevitável sentimento de insegurança, ao qual os governantes tentam ansiosamente responder. Olhando para a forma como o têm feito, fica claro que a precipitação continua a ser a primeira consequência política dos atentados terroristas em solo europeu ou americano. É que, passados dias desde os ataques à redacção do Charlie Hebdo, a Europa, dezenas rações.
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ós, europeus, temos um problema sério. Não com os terroristas que por mais chocante que seja escrevê-lo nestes dias não é a nós, ocidentais, que causam maior dor: enquanto na Europa se repetia “Todos somos Charlie”, na Nigéria o Boko Haram matava 2000 pessoas, na sua maioria mulheres, crianças e velhos sem que alguém se indignasse ou sequer admirasse. Não há semana em que na Nigéria, no Paquistão.
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á questões importantes que nunca se tornam notícias. Algumas surgem sem ninguém notar e desaparecem do mesmo modo. Outras estariam destinadas ao esquecimento até que um acontecimento inesperado as recupera. Os ataques de Paris recuperaram uma proposta legislativa da Comissão Europeia, perdida nos gabinetes do Parlamento Europeu. Em Fevereiro de 2011 (há quase quatro anos), a Comissão Europeia.